FFOBS - 06. Bellas Regionals, por Carou Meira


06. Bellas Regionals

Finalizada em: 16/06/2020

Capítulo Único

Era isso então, estava de volta a sua cidade natal depois de evitar a todo custo voltar para a Semana de Ação de Graças, e se pudesse, teria passado o Natal e o Ano Novo com Sienna, no conforto de seu pequeno apartamento. Mas Bill conhecia a irmã bem demais para confiar que ela viria para casa com as próprias pernas, então desviou 300 km de onde realmente tinha ido para uma reunião do trabalho e disse que só voltaria para casa quando estivesse com as malas dentro do carro “e com sua bunda pálida sentada no banco do carona”, logo ela não teve escolha. E agora estavam passando pela placa de boas vindas da pequena cidade em que viveu toda a sua vida.
Bill percebeu que a garota se encolheu no banco. Ao ver que se aproximavam de casa.
– Você não pode fugir do que aconteceu pra sempre, sabe disso, não sabe?
– É… Eu só queria ter certeza que superei que não vou fazer nenhuma merda se ver ele de novo.
– Tenho carta branca para intervir se for necessário?
– Você ia intervir até se eu dissesse pra você não se meter.
– Que bom que sabe, irmãzinha. - Apertou a bochecha dela, levando um tapa na mão em resposta.
Assim que Bill estacionou na frente da casa coberta pela neve, abaixou a cabeça contra o painel, respirando fundo e tomando coragem para sair do carro. Tinha certeza que ele estaria na sala ou na cozinha e o veria assim que passasse pela porta da frente.
– Se te ajuda, mamãe disse que esse ano seria diferente.
– Mamãe sempre fala que esse ano vai ser diferente.
E nunca era. Pelo menos não desde que e Daniel haviam terminado o namoro, no Sophomore Year. Como cresceram juntos e desde sempre ambas as famílias acreditassem que seriam o amor um da vida do outro, ninguém nunca havia parado para pensar que se um dia eles terminassem, as coisas ficariam estranhas nos momentos em família.
Além de que é muito difícil superar o seu ex quando ele é seu vizinho e vive enfiado dentro da garagem do seu pai, pois eles trabalham juntos.
Finalmente saiu do carro e foi acompanhada pelo irmão. Ela pegou a mochila com as poucas roupas que havia trago e o irmão pegou a mala dele. Bill foi à frente, tranquilo e balançando as chaves na mão como sempre vazia, era impossível para aquele homem se manter quieto ou se aproximar de alguém em silêncio.
Assim que entraram, o calor do aquecedor e da lareira tocaram as bochechas e o nariz de , ela sentiu o coração quentinho. Apesar de tudo, sentia falta de casa.
– Mamãe! - Bill chamou. - Chegamos.
– Na cozinha, querido! - A senhora respondeu e os irmãos foram atrás dela ainda com as malas nos ombros. - , por que você não me atende desde a ação de graças? - A mais velha perguntou assim que pôs os olhos na filha.
– Eu…
– Ela estava fugindo da gente. - Bill respondeu e ela quis chutar a canela do irmão.
– Onde está o papai? - Perguntou ignorando o assunto.
– Me abrace primeiro e depois pergunte sobre aquele velho babão. - A mulher ralhou abrindo os braços e ela riu se aproximando.
– Eu nunca tive essa recepção quando voltava da faculdade. - Bill reclamou e lançou um sorriso sapeca pro irmão.
– Você não é o filho favorito, e isso é a prova. - Alfinetou e ele ameaçou jogar as chaves na direção dela.
– Se você me acertar, é um homem morto, Bill . - Teresa disse soltando a filha. - Vão guardar suas coisas, seu pai não deve demorar a voltar. Foi comprar uma peça de sei lá o que com Daniel porquê o carro da prefeita deu problema e ela pediu com urgência.
E lá estava.
subiu escadaria acima para o seu quarto e jogou a mochila na cama enquanto tirava o casaco que lhe manteve quentinha do lado de fora mas agora começava a se tornar insuportável.
Pendurou-o atrás da porta e tirou as botas, indo em direção do armário atrás do par de pantufas que sabia ter deixado ali. Depois de devidamente vestida com um pijama, que era a única roupa possível para uma quarta-feira naquela casa, voltou para a cozinha e se ofereceu a ajudar a mãe com o que quer que ela estivesse fazendo.
Assaram bolos e pãezinhos para o café solidário que aconteceria na manhã seguinte no centro comunitário da cidade e então ficaram ali mesmo até o jantar estar pronto.
Quando tudo estava na fase que só deviam ficar no fogo e sendo olhado as vezes, Todd entrou em casa e saiu correndo em direção ao pai, que agarrou a filha num abraço carinhoso.
– Lembrou que tem casa? - Ele perguntou ainda segurando a filha.
– Lá é minha casa também. - Ela rebateu.
– Não, sua casa é onde sua caneca preferida está.
– Eu comprei uma caneca preferida nova.
– Céus, você nunca mais vai voltar, é isso?
– Não sei papai. Mas eu precisava de uma caneca lá também né?
– Espero que a daqui seja mais preferida.
Assim que se soltou do pai e viu quem estava atrás dele, seu sorriso vacilou, mas ela se forçou a mantê-lo.
– Oi, Dan. - Cumprimentou a distância.
– Oi, . - Devolveu o cumprimento sem jeito.
– Todd! - Teresa gritou da cozinha e o marido correu ao seu encontro.
– Como anda a faculdade? - Daniel perguntou e ao contrário do que pensou que faria, não quis sair correndo.
Entraram pela cozinha enquanto contava sobre tudo, assim como faria com o melhor amigo anos atrás. Os seis meses longe tinham realmente feito bem para ela.
Algumas pessoas consideram imaturidade, mas essa distância que tomamos de pessoas ou situações que nos machucaram é muito importante pro processo de reabilitação. E só descobriu isso agora, de volta a sua casa, sentada na cozinha de casa com seus pais e o ex-namorado que havia partido seu coração anos atrás, se viu tranquila. A mágoa que afogava seu coração sempre que colocava os olhos em Daniel não estava mais lá e ela não sentia muita coisa além de alegria por estar de volta ao seu lar.
Bill apareceu com uma cara amassada e Teresa mandou todos se aprontarem para o jantar, visto que teriam visitas. Daniel foi para sua casa, dizendo que não demoraria a voltar e Teresa subiu para o quarto acompanhando , dizendo que queria falar com ela.
– Pois não, senhora? - perguntou enquanto mexeu na mochila atrás de uma roupa apresentável.
– Quem vem jantar hoje é a família da Lisa.
– E o que tem?
– Bill não te contou?
– Contou mamãe, mas eu estou bem com isso. - Respondeu sincera. Achava até bom que Daniel agora estivesse namorando, evitaria que ela voltasse para a espiral problemática que um dia já esteve. - Eu estava meio receosa ainda, mas agora eu vi que passou, de verdade.
– Você conheceu alguém? - A mãe perguntou interessada e a garota revirou os olhos.
– Não. Eu só tenho outras coisas na cabeça agora.
– Porque não chamou aquela sua amiga para vir passar o natal conosco? - Ela se referia a uma das garotas a qual havia usado como desculpa para não vir para casa na ação de graças.
Era muito mais fácil dizer que não queria deixar Sienna sozinha do que assumir que tinha medo de voltar para casa e encarar o que ignorou nos últimos meses.
– Ela preferiu não vir. - Contou, lembrando-se da justificativa da amiga. - Mas desejou feliz natal pra você e pediu desculpas por me monopolizar durante o feriado.
– Eu entendo, imagino como deve ser complicado essas datas comemorativas sozinha.
– Ela disse que ia se sentir deslocada no meio da nossa família.
– E que preferia não conhecer o Daniel ou ia quebrar a cara dele. - Bill se meteu na conversa escorado no batente da porta.
Teresa gargalhou, havia visto Sienna algumas vezes durante as visitas rápidas a e no pouco que havia conhecido, achava a garota uma peça e tanto.
– Se ajeite, esteja linda, não me faça passar vergonha, faz muito tempo que eles não te veem.
– Ah, mamãe… Estou com preguiça.
– Sem desculpas. - Bill implicou.
– Eu devia ter ficado em casa. - Resmungou depois que a mãe saiu do quarto.
– Lá é casa agora?
– Sim, é esquisito, agora aqui é a casa da mamãe.
– Eles crescem tão rápido. - Bill fingiu secar uma lágrima tirando uma risada da irmã. - Vá tomar um banho, vou escolher uma roupa a caráter pra você. Lisa provavelmente vai aparecer como um cosplay da Barbie.
– Ela ficou loira de novo? - Perguntou da porta do banheiro, tinha uma careta no rosto.
– Dessa vez deu certo, juro.
– Tomara.
Quando saiu do banho, uma calça preta e uma camisa social lhe esperavam sobre a cama, ela franziu o nariz abrindo o guarda-roupa e ignorando a escolha do irmão, entrou num vestido simples, liso e longo que seria muito mais confortável e fácil de tirar antes de dormir.
-
, eu juro que se você não desligar esse telefone agora, vou jogá-lo pela janela. - Todd brigou pouco antes das visitas chegarem, enquanto a garota que conversava com Sienna por chamada de vídeo, contando como havia sido o reencontro com Daniel.
– Amiga, vou ter que desligar, meu pai está ficando bravo, se quiser, me manda mensagem antes de dormir, ok?
Bom jantar, enquanto isso, estarei aguardando minha solitária pizza.
– Eu te convidei!
Esse programa eu não quero! - Retrucou e revirou os olhos desligando na cara da amiga.
– Pronto? - Perguntou para o pai que assentiu uma única vez. Ela se sentiu com oito anos de novo.
A campainha tocou assim que Bill entrou na sala usando gravata o que arrancou uma crise de risos da irmã.
– Olá, engomadinho. - Ela zoou.
– Cale a boca, .
Os convidados chegaram todos juntos, e cumprimentou a todos com a simpatia que sempre fora característica dela. Recebeu com um sorriso genuíno os elogios de sua ex-sogra e foi ouvida com atenção enquanto contava sobre os projetos que lhe mantiveram longe da cidade o semestre inteiro. Lisa parecia esquisita em relação a garota, mas à medida que foram conversando durante a refeição, o clima esquisito mudou e elas até já riam das piadas uma da outra quando foram para a sala continuar a conversa.
Já estava bem tarde quando o telefone de tocou e ela pediu licença para atender, indo até a cozinha. Percebeu o olhar de seu pai mas ignorou, sabia que não teria sossego se rejeitasse a ligação de .
– Oi? - Atendeu com um sorriso no rosto quando já estava na cozinha.
Você voltou para a cidade e não me falou nada, estou decepcionado com você.
– Eu cheguei hoje!
E você acha que todo mundo não sabe? Já estão querendo saber onde você largou a criança. - Ele disse e ela riu, numa das visitas dele a mãe, ele havia descoberto que a fofoca que estava rolando na cidade sobre ela é que estava grávida do ex e por isso havia sumido.
– Agora que você já sabe estragou minha surpresa, meu bem. - Fez um bico mesmo que ele não fosse ver, sentou-se na bancada. - Eu ia aparecer sem avisar.
Agora não dá mais, vou aproveitar pra matar a saudade hoje mesmo.
– Vai ter que esperar.
Seu irmão me disse que iam ter visitas, me avisa quando terminar aí?
– Aviso sim, não vou mentir que também já estou com saudades.
Daniel entrou na cozinha e foi em direção a geladeira, onde Teresa havia dito que estava a outra garrafa de vinho. Havia ouvido parte da conversa e estava morrendo de curiosidade para saber com quem ela falava.
– Te ligo depois? - Perguntou, doida para desligar e voltar para a sala.
Ele está aí, né?
– Sim, mas 'tá tudo bem.
Estarei esperando, .
– Beijos. - Se despediu e desligou, levantando rápido ao ver que Daniel olhava pra ela.
– Não precisa correr de mim, eu não mordo.
– Eu sei que não, mas a conversa na sala estava tão legal...
– Se você tivesse parado de fugir de casa, não estaria com tanta saudade.
– Eu não fugi de casa, fugi de você e da sua dificuldade em respeitar meu espaço.
– Nós somos vizinhos, .
– E daí? A coisa toda era bizarra, você tem que assumir isso. E eu nem vou tirar minha parcela de culpa da situação, porque eu também tive. Mas é bom que você tenha seguido em frente e eu também.
– A gente se machucou pra caramba, né?
– Sim, mas agora já passou. - Ela falou e estava saindo da cozinha quando ele segurou-a pelo pulso.
– Me desculpa. - Pediu e ela olhou com desaprovação para a mão dele ao redor de seu pulso.
– Eu já desculpei. - Se soltou e saiu do cômodo.
Voltou a se sentar apertada com Bill na poltrona e deitou a cabeça no ombro do irmão enquanto se enturmava de novo na conversa.
-
Já era quase uma da manhã quando finalmente os convidados foram embora e correu para o andar de cima onde vestiu um sobretudo quente por cima do vestido e mandou uma mensagem para .

“Estou liberada.”


“Estou indo.”

“Volto hoje?”


“Nem nos seus sonhos.”
Sorriu com a resposta e desceu as escadas com as chaves no bolso do sobretudo e encontrou os pais arrumando a sala. Suas bochechas esquentaram no mesmo instante, por um instante havia esquecido que estava na casa dos pais.
– Onde a senhorita pensa que vai? - Todd perguntou enquanto ela ignorava o constrangimento e se sentava no sofá para esperar o aviso de .
– Vou sair.
– No meio da neve? Usando só isso?
– Pai… - Choramingou.
– Não vai atrás do Daniel, né? Sei que vocês conversaram na cozinha.
– Não! - Ela tinha as sobrancelhas franzidas em aversão a ideia. - Outra pessoa.
– Quem?
– Deixe a menina em paz, Todd, até parece que não foi jovem também. - Teresa intrometeu-se voltando da cozinha.
– Você está sabendo disso? Que a nossa filhinha sai de madrugada para encontrar “pessoas”? - Fez aspas com as mãos e revirou os olhos.
– Pai, eu já tenho vinte anos nas costas, pelo amor de Deus.
– O que vocês estão discutindo aí? Me chamem pra assistir. - Bill pediu do topo das escadas.
– Vai dormir! - mandou e o irmão riu, descendo as escadas já de roupas de dormir.
– Você vai sair, é? - Perguntou ao ver a irmã agasalhada.
– Que tipo de castigo divino é esse, senhor? - Perguntou olhando para cima.
– Com quem? Eu conheço? Se for as suas amigas de escola, saiba que eu vou ficar muito decepcionado.
– Tchau. - Disse se levantando quando sentiu o celular vibrar e uma buzina rápida soar do lado de fora.
Fugindo das perguntas e rezando para que não espiassem pela janela, correu pro lado de fora e quis abraçar ao ver que ele estava com o carro da irmã. Entrou no carro e deu um abraço e um selinho nele, que riu sabendo exatamente o que se passava dentro da casa.
– Cheguei na hora exata para o resgate? - Perguntou ao colocar o carro em movimento.
– Bill tinha acabado de começar o questionário.
– Precisamos falar com ele. - disse e ela se ajeitou no banco, agora com o cinto afivelado, mas meio de lado para olhá-lo.
– Contar pra ele não vai tornar as coisas muito sérias?
– As coisas já não estão muito sérias? - Perguntou enquanto fazia um carinho na perna dela com a mão que ficaria na marcha.
– Você quer mesmo tornar isso de conhecimento público aqui? - Ela perguntou encostando a cabeça no banco e começando um carinho no ombro dele com as mãos geladas. - Digo, eu não tenho dúvida alguma que estou sendo muito, muito feliz em ter você, mas eu tenho uma má fama desgraçada na cidade inteira e as pessoas vão cair na sua alma e…
– E eu me importo com isso desde quando, ?
– Não quero estragar as coisas entre nós.
– Meu bem, se você quiser eu faço um outdoor me declarando e mando colocarem no centro da cidade. - Ele disse a fazendo rir. - O que as pessoas acham ou deixam de achar de você, não importa, contanto que você continue beijando o meu pescoço, eu pulo até dá ponte com você.
– Você me dá muito poder, Sr. . - Foi tudo o que ela disse antes que ele parasse na frente do prédio da irmã. - Vamos visitar a Nicky?
– Ela foi passar o feriado com os sogros.
– E deixou a chave com você? Isso não parece algo que ela faria. - Perguntou com a sobrancelha arqueada.
O portão se abriu e eles entraram para a garagem. estacionou na vaga da irmã e soltou o cinto.
– Aproveitei que você sumiu o dia inteiro, se esquecendo completamente do seu pseudo-namorado, e fiz uma coisa pra você.
– É de comer?
– Não, isso aí é por sua conta.
! - Ralhou e ele riu saindo do carro.
também saiu e ele ativou o alarme antes de entrarem pro pequeno saguão. Subiram as escadas com as mãos geladas entrelaçadas, era um movimento completamente automático entre os dois, se estivessem próximos, estariam tocando o outro de alguma forma.
Já estavam caminhando para o segundo mês naquele romance indefinido. foi uma peça fundamental para a adaptação de na cidade nova, era bom ter um rosto conhecido no meio de todas aquelas pessoas novas. era o melhor amigo de Bill desde a escola, ele era mais do que um rosto conhecido, ele era um rosto de casa.
Foi pra que correu depois que Daniel esteve no estacionamento da universidade querendo falar com ela. Foi que levou ela num autocine e deixou-a levar uma tonelada de besteiras no dia que completaria um ano desde que havia brigado com Daniel pela última vez. Foi que mandou mensagem de bom dia todos os dias ao acordar. Foi que lhe ensinou onde comprar o melhor sanduíche da cidade. Foi quem fez ela se arrumar para sair pela primeira vez depois de tudo. E de repente, estava por todos os lados de sua vida, e ela não queria mudar aquilo.
Às vezes dormiam juntos no apartamento dele depois de um fim de semana fazendo skincare e bebendo vinhos como duas dondocas, às vezes o máximo que faziam era trocar uma mensagem de boa noite depois de um dia cheio.
Conversavam sobre tudo e sobre nada, saiam para comer em restaurantes chiques e mandavam lanches aleatórios um pro outro durante um dia em que haviam dito que estavam se sentindo mal. Cozinhavam juntos e mandavam links de receitas que nunca fariam, passavam horas jogados no sofá, embolados um no outro com um celular na mão vendo vídeos na internet.
Perdiam minutos sagrados das manhãs de segunda-feira apenas olhando um pro outro e matando a saudade que ainda nem haviam sentido, deitavam na cama apenas para ouvir música e trocar carinhos. O fundo de tela de um era o outro e tinham corações nos contatos.
– Feche os olhos. - Ele pediu enquanto soltou a mão dela para destrancar a porta e ela obedeceu. - Espere… - Pediu enquanto fechou a porta pelo lado de dentro e foi acender as luzes necessárias e o aquecedor.
Quando voltou, ainda estava de olhos fechados e tinha um sorriso pequeno no rosto, paciente.
– Me dá sua mão. - Ele pediu e ela abriu o sorriso obedecendo.
– O que você está aprontando, ?
– Você vai gostar, prometo.
– Se eu não gostar, como vai se redimir?
– Você vai gostar. - Garantiu e ela riu.
Quando já estavam do lado de dentro e ele já tinha trancado a porta, puxou-a pela mão pelo apartamento.
– Agora você pode abrir. - Disse, tirando o sobretudo que ela vestia dos ombros.
O quarto de hóspedes de Nicky estava exatamente normal, como esteve em todas as vezes que a mulher esteve ali. E ela se virou pra com uma expressão confusa.
E foi então que se deparou com ele segurando um par de alianças nas mãos e com um sorriso de orelha a orelha.
– Você é um idiota! - Ela disse sorrindo também.
– Você me fala isso faz tantos anos e ainda assim eu não consigo me convencer. Mas cala a boca, por favor. Vou falar bonitinho.
– A resposta é sim.
– Céus, você está estragando todo o momento. - Ele reclamou brincando e abraçou-a. - Mas então a resposta é sim? Você nem sabe a pergunta.
– É sim para qualquer coisa.
– Então, vai me convidar para passar o natal na sua casa ou vai pra minha?
– Já parou pra pensar no tanto que o Bill vai zoar a gente?
– Você não tem ideia… - Deu um selinho dela.
– Então, qual é seu primeiro ato como meu noivo? - Perguntou e ele gargalhou.
– Não me dê ideias. Preciso enfrentar seu pai sobre o namoro primeiro. Depois a gente vê esse negócio aí de noivado. Mas você vai querer na igreja ou não? E se a gente casar na praia? Acho que consigo um juiz de paz depois do ano novo, o que acha? - Foi a vez dela de rir.
– Minha mãe vai ter um ataque.
– Nem vai, eu sei que era a segunda opção dela.
– Não você, mas por eu não ter contado nada.
– Ela vai te encher de perguntas quando ver a aliança linda que o genro dela te deu.
– Eu já disse que te amo hoje?
– Pelas minhas contas, a última vez foi ontem. - Ele disse, roubando mais um selinho dela.
– Eu te amo, de verdade, . - Lhe deu um beijinho. - Agora deixa eu ver se você cometeu um crime ou não com o tamanho da aliança.
– Sienna me emprestou um anel seu.
– Eu sabia que ali tinha treita!
Ele colocou a aliança no dedo dela e realmente havia servido perfeitamente. Olhou a mão de diversos ângulos com um sorriso bobo enfeitando o rosto.
– Acha que combinou? - Ela perguntou com uma careta pomposa, colocando a mão perto do rosto.
– Acho que está parecendo a mulher da minha vida. - As bochechas de esquentaram e adorava quando ela ficava sem jeito daquela forma. Extremamente adorável. - Agora vamos ver aquele filme que você estava me aporrinhando pois eu só me levanto daquela cama amanhã quando formos pro centro comunitário.
– Eu não subi com a bolsa. - lembrou batendo a mão na testa.
, que havia se sentado na cama, puxou-a pela mão para perto até que ela parasse entre suas pernas, passou os braços ao redor da cintura dela. As mãos dela foram em direção ao cabelo dele, num carinho que fez ele se arrepiar e encolher ainda mais no abraço.
-
– Bom dia, bela adormecida. - desejou na manhã seguinte e apenas jogou a coberta pra cima do rosto. - Anda logo, . Fiz café.
– Aqui tá tão quentinho… - Murmurou e ele soube que ela já estava acordada.
– Sua bolsa está na cômoda. - Avisou dando um beijo no que julgou ser a cabeça da namorada antes de voltar para a cozinha. - Não se atrase.
Não demorou para que ela aparecesse na cozinha com o cabelo amassado e já vestida para ir até o centro comunitário.
– O que vamos levar? - Perguntou depois de dar um selinho nele.
– Minha mãe mandou mensagem pedindo manteiga e pão doce.
– Ah, então passamos na padaria e resolvemos isso.
– Sim, senhora.
Depois da rápida dose de cafeína, juntaram suas coisas e foram para o café beneficente.
-
Quando chegaram ao centro comunitário, estavam de mãos dadas e ostentavam os anéis em seus anelares esquerdos e o queixo de Teresa foi ao chão no exato instante que localizou sua filha com os olhos.
– Eu não sei se estou pronto pro seu irmão.
– Ele te conhece a vida inteira. Não tem muito pra perguntar.
– Acredite, ele vai.
? ? - Todd chamou. - Por que eu não estou surpreso?
– Bom dia, Sr. . Desculpe ter sequestrado sua filha de madrugada.
– A gente não liga, querido. - Teresa disse e puxou a filha. - Venha ajudar, você está atrasada.
– Meu bem, você busca as coisas no carro sozinho? - perguntou e ele assentiu.
Teresa arrastou a filha até onde estavam as caixas que elas deveriam esvaziar e não demorou mais que dez segundos para começar o questionário.
– Como isso aconteceu?
– Eu não sei. Só aconteceu.
– Quando?
– Faz alguns meses.
– Uau.
– Não comece.
Teresa ficaria se corroendo, porém respeitaria o momento de . Mas era chocante ver a filha com uma aliança de compromisso pela primeira vez na vida. E ainda tão rápido e repentinamente?
O café beneficente aconteceu e estava ciente do burburinho na mesa das antigas colegas de turma de e fez de tudo para mantê-la longe. pelo contrário, estava alheia, completamente focada e cumprir suas obrigações para com o evento.
Bill se aproximou da pequena bancada a qual ela estava sentada vendendo as últimas rifas.
– Eu não acredito que nem você, nem me contaram antes.
– Desculpa?
– Não. Eu teorizei sobre isso por anos! Tinha o direito de saber.
– Se serve de consolo, só oficializamos ontem. - Ela mostrou a aliança.
– Eu não acredito nisso! Vou matar o .
– O quê? Por quê? - perguntou realmente confusa.
– Eu fui buscar essa porcaria de alianças na cidade de vocês. - Disse perplexo. - E ele não me disse que era para você.
– Você nem sabia que a gente tinha algo.
– Ah, me poupe, . Você acha que eu não mexi meus pauzinhos? Mas eu devia ter desconfiado quando ele parou de falar de você. Era óbvio! - Bill bateu a mão na própria testa.
– Tinha dedo seu no meio! - Ela acusou.
– Claro, vocês eram tapados demais para notarem que se viam de forma diferente. Você porque estava ocupada com aquilo e porque tinha medo do papai.
– Não sei se te bato ou agradeço.
– Agradeça ao seu futuro padrinho de casamento. - Disse pomposo e ela revirou os olhos. - Dan está chocado.
– Uma pena...
– Vocês conversaram ontem?
– O básico.
– Certo, certo.
– Bill, eu não mandei você não aporrinhar sua irmã? - Teresa puxou o homem e foi lhe dar tarefas.
-
– Eu te disse que esse ano seria diferente. - Bill implicou.
– Mas você pode chamar seu namorado e a família dele também, querida! - A ex-sogra disse tomando mais um gole de seu chá.
– A gente ainda não decidiu como vai ser. - Explicou. - Pode ser que eu vá passar com eles.
Todd se engasgou com o próprio chá e precisou ser ajudado por Daniel, que lhe deu uns tapas nas costas.
– Não vai passar o natal com a gente? Eu vou ter que bater um papo muito sério com o . - Ele disse depois de se recuperar e revirou os olhos sem que ele visse.
– Falando no diabo… - Ela disse quando ouviu a buzina e se despediu saindo da casa dos vizinhos.
– As bochechas vermelhas são estresse, frio ou alegria em me ver? - perguntou de dentro do carro quando ela passou para entrar no banco do carona.
– Os três. O que está acontecendo com essa cidade? É o inverno mais frio da minha vida.
– Deus não dá cruz maior do que podemos carregar. Agora você me tem pra te manter quentinha, ele pode abusar. - Piscou fazendo-a rir leve.
As coisas pareciam sempre assim com , leves. Fosse o período de provas ou o estresse do estágio, a saudade de casa ou a vontade de sumir no mundo. fazia uma piada e tudo parecia menos difícil. Aquilo que eles tinham, que foi plantado e cuidado por tanto tempo e demorou tanto a germinar, agora dava lindas flores e apreciá-las tornava o existir um pouco menos difícil.


Fim



Nota da autora: Que coisa não? É a primeira vez em todos esses anos nessa indústria vital que me sinto soft desse jeito com um conto. Eu estou apaixonada pelo pp, ninguém me toca. Espero quevocês tenham gostado, porque eu sim hahaha.
BRB





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Droga, estou betando essa história antes das 9AM e já estou completamente soft e molenga para o dia que ainda vai começar. Parabéns pela história, Carou! ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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