Capítulo Único
- , eu realmente tenho que ir.
- , espera. – Segurei o braço dele que logo me olhou nitidamente triste. – Te verei novamente?
- Maybe one day. – Ele falou triste me dando um último selinho.
Eu o olhei triste sabendo que junto ele levaria um pedaço do meu coração, eu tinha certeza que minha vida não seria mais a mesma a partir daquele momento mas eu me determinei a encontrá-lo novamente, sabia que não seria fácil por sua vida corrida de rockstar, eu definitivamente não deixaria ele se esquecer de mim.
Dez anos se passaram daquela despedida dolorida e aqui estou eu, continuando minha vida da forma que dá, entrei em alguns namoros mas com a mesma velocidade que os iniciei eu terminei, sabia que não importava quem fosse eu iria procurar alguém igual a ele, também sempre soube que não vou encontrar outro igual afinal só existe um .
Novamente eu estava no aeroporto aguardando o desembarque da banda e torcendo para ele me reconhecer, sabia que a chance disso acontecer era mínima mas eu sinceramente torcia para ter marcado tanto a vida dele quanto ele marcou a minha, nós havíamos namorado há dez anos atrás por cerca de dois anos, então a banda dele explodiu mundialmente e ele saiu em busca do sonho e eu lógico que apoiei, mas não sabia o quanto aquilo iria ficar dolorido com o decorrer dos anos. Eles começaram a sair pela porta da sala de desembarque e eu vi a multidão de fãs indo atrás deles, decidi que seria uma boa idéia esperar por eles perto do estacionamento onde eu sabia que cada um iria em direção aos seus próprios carros assim que os vi se despedindo fiquei olhando para onde ele iria.
- Hey, . – Falei um pouco longe dele e notei que os outros pararam para ver quem era.
- ANA EU NÃO ACREDITO! – Ele correu em minha direção me abraçando. – Quanto tempo!
- Dez anos , fazem dez anos desde aquele último dia. – Sorri apertando ele. – Que saudades de você.
- . – Ele falou meio sem jeito. – Não sei se você sabe...
- Do que? Que você está casado? – O encarei arqueando uma sobrancelha. – O mundo sabe disso, , seria meio estranho se eu não soubesse. – Ele me encarou estático. – Mas relaxa, não sou o tipo de pessoa que acompanha cada passo seu não, só fiquei bem amiga do seu irmão, o Jay.
- Ah tá, que susto, achei que você fosse daquelas pessoas doidas que stalkeiam tudo. – Ele respirou aliviado.
- Relaxa . – Dei risada.
- Bom, o que acha de sair para jantar hoje?
- Adoraria mas onde?
- No nosso lugar.
- Oh... Está bem...
- Te busco às dezenove horas na sua casa.
- Estarei pronta te esperando ansiosa.
- Quer uma carona? – Ele apertou o alarme do carro.
- Olha, aceito – Sorri abrindo a porta da frente e me sentando no carro confortável.
Me sentei e fomos até minha casa em completo silêncio, um silêncio que chegava a ser constrangedor inclusive, quando paramos na frente da minha casa eu o olhei e pude notar uma leve tristeza em seus olhos, dei um beijo em sua bochecha e sai do carro, fiquei parada em frente à porta vendo ele partir e aquela sensação de perda tomou conta de mim novamente. Suspirei entrando em casa e vendo a bagunça que eu havia deixado, roupas espalhadas, pratos e copos sujos que provavelmente estavam lá há mais de uma semana, sapatos desorganizados pela sala, criei coragem e ajeitei tudo, coloquei a louça suja na máquina, roupas foram separadas em pilhas dentro de cestos para lavar, os sapatos aos poucos foram encontrando seus pares e voltando para a sapateira.
Tomei um banho e fiquei pronta para sair com ele, o relógio marcava dezenove e dez quando ouvi o barulho do carro dele se aproximando como eu já havia avisado a todos no restaurante que eu iria pegar a noite de folga, nesses dez anos minha vida havia virado do avesso meu pequeno restaurante havia ganhado uma proporção surreal comparado com o que ele era antes, eu já estava em quarto lugar dos mais indicados pela revista Canada’s Best 100 Restaurants.
- Bom, onde vamos? – Falei entrando no carro.
- Ao nosso lugar, o cantinho onde dá para ver a cidade toda, eu fiz uns lanches e trouxe uma toalha para podermos sentar. – Notei o rosto dele corando levemente.
- Então vamos passar no mercado e comprar um vinho! – Sorri para ele.
- Claro!
Fomos até o mercado mais próximo e compramos o vinho, de lá fomos direto para o lugar onde sempre íamos quando mais novos assim que ele estacionou o carro eu me senti nostálgica com a vista e principalmente a companhia. Desci do carro me apoiando no capô enquanto ele foi pegar as coisas no porta malas, fiquei observando aquela vista maravilhosa do pôr do sol junto com a cidade toda as vezes eu vinha até este lugar mesmo sem ele, normalmente eu vinha quando precisava colocar a cabeça em ordem e afastar os pensamentos estranhos que as vezes apareciam.
Ele veio para o meu lado com uma cesta a apoiando no capô do carro e estendeu um pano xadrez branco e vermelho no chão se sentando em seguida, deu dois tapinhas ao lado dele eu sorri e me sentei ele passou a mão pela minha cintura em uma espécie de abraço, o que me fez ficar com uma sensação de segurança e conforto, apoiei em seu ombro e suspirei.
- O que foi pequena?
- Ah nada.
- Como nada? – Ele deu risada. – Você não mudou nada mesmo.
- Bom, na verdade eu só estava pensando o quanto eu estava sentindo falta disso. – Sorri sentindo meu rosto queimar.
- Mas você ainda mora aqui e pode vir nesse lugar quando quiser.
- Eu venho, mas não é a mesma coisa. – Me levantei e fui em direção à cesta. – Bom, vamos comer e beber?
- Claro! – Ele deu risada.
- Acho que esquecemos as taças para o vinho. – Falei observando o que tinha dentro da cesta.
- Vamos fazer como nos velhos tempos. – Ele abriu a garrafa e deu um gole direto do gargalo.
- Adorei. – Peguei um lanche de dentro da cesta. – E ai, como tem sido a vida de rockstar?
- Corrida porém é muito gostoso, conheço pessoas novas todos os dias, cara semana em um país diferente, é exatamente o que eu sempre sonhei ! – Ele falou empolgado com um brilho nos olhos, aquele mesmo brilho que eu havia visto quando ele me falou que a banda havia feito sucesso. – E você, o que tem feito?
- Ah, sabe como Montréal é complicado né? Cada hora uma coisa. – Dei de ombros, eu sinceramente não queria contar para ele nesse momento sobre meu restaurante. – Mas juro que ainda vou em um show de vocês assim que tiver um tempinho.
- Era isso que eu ia te perguntar, você já chegou a ir em algum show nosso?
- Nunca consegui , todas as vezes eu estava extremamente atarefada. – Falei meio sem graça. – Prometo ir dessa vez!
- Te dou um ingresso, já deu sold out... – Ele falou meio triste pela minha justificativa.
- Não precisa, dessa vez eu comprei assim que abriram as vendas!
- Sério?
- Sim, enfrentei um dia debaixo do sol na fila para poder comprar meu ingresso. – Dei uma mordida no lanche que por sinal estava incrível. – Nossa que lanche bom, foi você quem fez?
- Vou ter que admitir que foi minha mãe.
- Dona Louise está de parabéns!
- Sabe, ela me falou que eu fiz cagada em casar com a , eu devia ter ficado com você. – Eu engasguei e o encarei confusa.
- Como? Que? Por que?
- Ela gostava muito de nós dois juntos. – Ele deu risada. – Sempre apoiou, já com a ...
- Ela não gosta da sua esposa?
- Não, ela acha que a quer só se aproveitar de mim. – Ele deu de ombros. – Mas já estou com ela há um tempinho eu não vejo isso.
- Bom, eu não a conheço então não posso opinar...
- Quem sabe um dia apresento vocês. – Ele falou pensativo. – Apesar de ela ter um ciúme surreal de você.
- Mas ela nem me conhece!
- Pois é, mas tem fotos nossas pela casa dos meus pais até hoje.
- Ah, bom, nesse caso faz sentido, eu também teria ciúme. – Sorri e dei um gole no vinho.
- Sabe do que eu mais sinto falta de antes da fama?
- O anonimato?
- Não, poder sair com quem eu quisesse, principalmente com você, sem ter paparazzis no meu encalço.
- Bom, hoje não vi nenhum...
- A gente conseguiu fugir bem né?
- Ninguém vem nesse canto , só a gente sabe que dá pra chegar aqui.
- Hm... - Ele se aproximou e sentou mais próximo de mim. – Sabe, semana passada eu sonhei com você.
- você é casado agora, nem começa.
- O que? Não posso mais falar que sonhei com você?
- Poder pode mas convenhamos que não devia né. – Arqueei uma sobrancelha enquanto o encarava. – Te conheço de muitos anos, sei bem que quando você fala isso é sinal de que está flertando.
- Não estou! Para de ser convencida! – Ele me deu um empurrão leve.
- Olha, te conheço tão bem que sei onde isso vai parar e assim, não que eu não queira, mas é errado... – Falei apoiando as duas mãos na grama atrás de mim e me jogando um pouco para trás.
- Então não é que você não queira hm... – Ele se aproximou mais de mim apoiando uma mão em minha coxa e ficando a milímetros de distância do meu rosto, eu podia sentir sua respiração falha batendo no meu rosto, ele deu um beijo demorado em minha bochecha e se afastou. – , você é meu ponto fraco, eu não consigo lidar com isso.
- Pois vai ter que aprender... – Falei sentindo meu coração acelerado e minha respiração descompassada. – Principalmente por que você também é meu ponto fraco mas pelo jeito você não sabia disso até agora. – Senti meu celular vibrar insistentemente e vi que era uma mensagem da Gabe que é a gerente do meu restaurante.
“, o Juan não está bem e eu não sei o que fazer”
“Vai pra casa Gabe, pede para a Laurence ficar em seu lugar.”
“Ela falou que demora dez minutos para chegar aqui.”
“Pois vá logo, seu filho é prioridade, enquanto a Laurence não chega peça para o Denys ficar de olho, ele é seu sub.”
“Ok, obrigada .”
- Está tudo bem?
- Sim, eram problemas no trabalho, já está resolvido. – Falei guardando o celular na bolsa. – Bom, onde vamos agora?
- Hm...
- Quer ir assistir um filme lá em casa? Podemos beber, comer pipoca, talvez pedir uma pizza e maratonar filmes.
- Nossa fechou. – Ele se levantou empolgado e me estendeu a mão, eu rapidamente aceitei a ajuda e ele me puxou para um abraço assim que me levantei.
- Bora... – Falei depois de um longo momento no abraço.
Nós recolhemos as coisas e entramos no carro, ele dirigiu completamente em silêncio até a minha casa, quando chegamos abri a garagem para que ele pudesse estacionar o carro em segurança e tranquilidade afinal eu morava próximo do antigo centro de Montréal e sabia que ali era um lugar bem movimentado. Descemos do carro e entramos em casa, fui direto para a cozinha e peguei outra garrafa de vinho e duas taças, apoiei as taças na mesa de centro e servi o vinho para nós dois, me sentei no sofá e notei que ele estava olhando minha coleção de CD’s eu sabia que ali haviam todos os CD’s já lançados deles, ele instantaneamente pegou os quatro discos na mão e se virou para mim arqueando uma sobrancelha.
- Não sou fã de vocês – Ele falou fazendo aspas com os dedos.
- Correção, não sou fã stalker de vocês. – Dei um gole no vinho. – Até porque já sei da vida toda de vocês todos não é mesmo?
- Sua frase faz bastante sentido. – Ele se sentou ao meu lado analisando cada CD.
- Bom, o que vamos assistir?
- Não sei, que tal Annabelle?
- Só se você dormir aqui, , eu morro de medo e você sabe disso.
- E quem disse que eu vou embora pequena? – Ele falou apoiando a mão no sofá atrás de mim e acariciou meu ombro.
Eu sorri sentindo borboletas no meu estômago e aproveitei a brecha para me aconchegar no peito dele, ele apoiou a mão na minha cintura e ficamos ali assistindo filme de terror até tarde, quando acabou o último filme que foi Invocação do mal 2 eu o olhei e ficamos nos encarando durante alguns instantes até ele vencer o espaço entre nós e selar nossos lábios, o beijo foi intenso e cheio de saudades a minha memória trouxe à tona tudo o que passamos há dez anos atrás, eu me deixei levar pelo momento e me entreguei aos meus desejos, minhas mãos já tinham vontade própria explorando aquele corpo em minha frente, ele também havia se entregado ao momento e suas mãos percorriam cada milímetro do meu corpo como se quisesse memorizar cada detalhe, ele colocou a mão quente por debaixo da minha blusa e então eu interrompi me afastando um pouco.
- Não sei se devemos... – Falei ofegante.
- Por que não? – Ele beijou meu pescoço. – Vai falar que não está com saudades disso?
- Nunca irei negar a falta que sinto, mas então vamos para o quarto assim é certeza que ninguém vai nos ver pela janela. – Falei sentindo um arrepio subindo pela minha coluna por causa dos beijos.
Nós nos levantamos e de mãos dadas com dedos entrelaçados eu o guiei até o meu quarto, quando entramos ele fechou a porta e ali naquele quarto iluminado apenas pela luz da lua e em cima dos lençóis rosa claro matamos a saudades que estávamos um do outro e em seguida adormecemos. Na manhã seguinte acordei com o meu despertador das sete da manhã berrando, me sentei na cama assustada jurando que tudo aquilo fora um sonho já que olhei para o lado e não tinha ninguém ali, tomei um banho e vesti a roupa que normalmente usava para fazer as compras do restaurante.
Assim que abri a porta do quarto o cheiro de panquecas e de café invadiu minhas narinas, caminhei lentamente até a cozinha onde eu esperava encontrar a Mica que é minha roommate mas assim que entrei no cômodo vi ele de costas sem camisa, a sensação que tive foi de que um buraco havia aberto debaixo de mim e eu estava sendo sugada para uma realidade paralela.
- Bom dia !
- Bom dia...
- Tá tudo bem? – Ele me olhou curioso e passou a mão pelo meu rosto. – Você está meio pálida.
- Está sim, é só que preciso comer algo. – Peguei uma fatia de pão com manteiga e dei uma mordida. – Hoje tenho que trabalhar...
- Eu imaginei, o que acha de sairmos a noite de novo, se você puder claro.
- Fechado. – Engoli o último pedaço do pão. – Mas me busca no trabalho hoje?
- Claro! Também te levo se quiser.
- Olha... – Falei batendo o olho no relógio e me dando conta que estava quase atrasada, eram dez para as oito já, repassei mentalmente se precisaria comprar algo novo mas me lembrei que já tinha tudo em estoque. – Eu aceito a carona, vou trabalhar em um restaurante hoje, o Le Mangiare.
- Sei onde fica, passei lá na última vez que vim para cá.
- Perfeito, mas preciso sair tipo agora.
- Então vamos!
Ele vestiu a camiseta que estava próxima, eu coloquei meu tênis preto que eu sempre usava para trabalhar, entramos no carro e fomos até o restaurante. Chegamos na porta em uns dez minutos eu agradeci ele pela carona e fui descer do carro, ele me puxou e selou nossos lábios em um longo selinho, depois sorriu e sussurrou “See you tonight.”
Senti meu rosto corar pela ação dele enquanto eu caminhava lentamente em direção a porta dos fundos, assim que sai do campo de visão dele me apoiei na parede e respirei bem fundo, quem sabe assim eu criava coragem para lidar com toda aquela situação que definitivamente estava dando um nó em minha mente.
- , está tudo bem? – A Gabe estava parada em minha frente provavelmente há algum tempo.
- Sim, bora começar o dia.
- Vamos! – Ela caminhou alegremente em direção a porta.
Era divertido ver a empolgação da Gabe todo dia de ir trabalhar lá comigo, sorri olhando a cena e entrei no restaurante, enquanto os meus chefs de cozinha já começavam a preparação eu e a Gabe fomos limpar todo o lugar, organizar as cadeiras e mesas nos seus devidos lugares, os garçons e garçonetes começaram a chegar e prontamente se propuseram a nos ajudar e, quando tudo finalmente ficou pronto, fui em direção a minha sala cuidar da parte administrativa.
Eu tinha uma bela equipe trabalhando ali então sabia que poderia deixar o restaurante na mão deles tranquilamente me sentei atrás da mesa grande de madeira maciça e comecei a cuidar da papelada, eram contas dos meses para analisar, currículos para marcar entrevista para a vaga de garçonete que estava vazia já que a Laurence era a sub gerente agora e inclusive a carteira de trabalho da Laurence para atualizar, fiquei horas cuidando daquilo e quando me dei conta já eram uma e meia da tarde.
Me levantei da cadeira já me espreguiçando e sentindo cada pedaço do meu corpo estalar e agradecer por me mover, fui para a cozinha pedir o meu almoço e assim que entrei vi uma das garçonetes sentadas em um canto olhando fixamente para o chão enquanto o Fred, sous chef trazia um copo grande de água.
- O que houve? – Perguntei olhando para ela e para o Fred.
- Até agora ela não conseguiu falar. – Olhei confusa para o Fred e apoiei a mão no ombro dela.
- Ei, o que aconteceu? – Ela me olhou e instantaneamente os olhos dela encheram de lágrimas. – Nossa, calma! – Eu a abracei e ela começou a chorar. – Fred, vê para mim algo para comer por favor?
- Claro, é para você almoçar? – Eu apenas concordei com a cabeça.
- Você está mais calma?
- Sim... Me desculpe e obrigada por isso.
- Fique tranquila, não deve pedir desculpas, o que aconteceu? Consegue me contar?
- Eu estava bem tranquila atendendo às minhas mesas quando chegou a banda que sou fã, me desculpe, não consegui lidar.
- Banda? Temos uma banda aqui dentro hoje então?
- Sim... – Ela me olhou confusa. – Você não vai ficar brava comigo?
- De jeito nenhum! Eu também sou fã de algumas bandas então eu te entendo. – Sorri para ela. – Fica tranquila e pode ficar aqui até você se recompor, vou pedir para a Gabe colocar alguém na área que você atende, você poderá atender o outro lado do salão.
- ANA!!! – A Gabe entrou desesperada na cozinha – PELO AMOR DE DEUS!
- Gente mas o que tá acontecendo hoje!?
- TÁ LA FORA!! NÃO DÁ!!!
- Ah tá. Entendi tudo agora. – Dei risada. – Gabe, pede para algum dos garçons atender eles, ela irá ficar com o outro lado do salão, ah e quer almoçar comigo?
- Tá. Quero, só não consigo sair daqui agora, acabei de falar com eles, ainda to em choque.
- Pode deixar, vou falar com o garçom. – Sai e parei o primeiro garçom que encontrei. – Você atende aquela parte do salão, certo?
- Sim...
- Você vai atender o outro lado hoje.
- Ok! – Ele falou empolgado. – Até prefiro para ser sincero.
Sorri para ele e voltei até as meninas que estavam na cozinha, a garçonete estava mais calma já avisei ela que ela iria atender o lado oposto e fui almoçar com a Gabe na minha sala, nós nos sentamos em minha mesa e começamos a comer.
- E ai como foi falar com eles?
- Foi super divertido! Eles todos são uns amores.
- É, eu sei... – Dei risada, me lembrei da noite passada e senti meu rosto queimar.
- Você já conhece eles ?
- Uhum. – Murmurei com a boca cheia e apontei para um porta-retratos.
- Então essa é você? – Ela estava encarando uma foto minha com o de muitos anos atrás, eu estava loira na época.
- Sim, por que?
- Tem gente por aí que fala que essa é a .
- Deixa falarem, é melhor, assim eu mantenho meu anonimato, não quero ser conhecida mundialmente como “a ex do .”
- Ex?
- Sim, qualquer dia te conto direito. – Alguém começou a bater na porta insistentemente, eu me levantei e a abri dando de cara com a garçonete. – Calma criatura, o que aconteceu?
- Eles.... Eles.... – Ela falou em choque.
- Respira fundo, organiza a idéia e fala.
- Eles pediram para falar com o gerente, aparentemente tem algo errado na conta. – Ela falou se atropelando nas palavras.
- ...
- Deixa que eu vou Gabe. – Respirei fundo, dei uma rápida olhada no espelho conferindo se estava tudo certo com a roupa e caminhei até a mesa onde a banda estava, assim que cheguei o ficou em choque e notei suas bochechas ficando coradas. – Oi gente, o que foi que aconteceu?
- Tem algo errado na comanda, não entendi o que é isso. – O me entregou apontando para o rodapé da nota que realmente tinha algo estranho. – Ah, oi ! Quanto tempo!
- Oi , realmente faz tempo que não nos vemos, não tanto quanto não via o . – Dei risada. – Deixa ver o que aconteceu e já volto ok?
- Ok!
Voltei a minha sala onde estavam a Gabe e a garçonete, me sentei atrás da mesa e comecei a analisar a conta comparando com as outras do dia anterior, depois de revirar até o sistema para entender o que tinha acontecido eu me rendi, achei que seria uma boa idéia chamar o moço que estava atendendo eles também, ele chegou e fiz menção para que ele se sentasse com a gente.
- Beleza, quem foi que colocou o número de telefone na comanda?
- Não fui eu – Os três falaram em coro
- Melhor falarem logo antes que eu pegue o celular e confira.
- Tá, fui eu. – A garçonete falou triste. – Tudo o que eu queria era dar meu número para o ... – Senti o meu sangue ferver e respirei fundo.
- Olha eu entendo que você é fã, mas convenhamos, passar número assim sem nem terem te pedido é errado, além de tudo ele é casado.
- Eu sei mas achei que seria uma boa idéia.
- Isso poderia ter nos prejudicado, você sabe disso?
- Sei... – Ela falou encarando o chão.
- Tá, conversamos depois, certo? – Ela concordou com a cabeça. – Vamos, voltem aos seus trabalhos. – Os dois saíram e a Gabe ficou me encarando.
- E ai, o que você vai fazer?
- O pior de tudo é ter que ir lá e explicar isso. – Falei brava. – E não deixar aparecer que fiquei puta da vida não pelo fato dela ter passado o telefone e sim por ser para ele.
- Ainda gosta dele então?
- Gabe, ele é o ex que falei que se ele me pedisse em casamento independente do momento da vida eu iria.
- Eita !
- É, lembra que já comentei algumas histórias de um ex meu?
- Claro que lembro, sempre fico empolgada quando você conta sobre isso.
- É ele...
Ela me olhou espantada enquanto eu me levantava com a nota deles na mão e ia em direção à mesa, cada passo que eu dava sentia minha perna tremer, borboletas tomaram conta do meu estômago, eu entreguei a nota nova para eles sem o tal número da garçonete e voltei quase correndo para minha sala, a Gabe já havia voltado para o salão e eu teria novamente a paz que eu precisava para quem sabe colocar a cabeça em ordem. Minha paz durou cerca de vinte minutos que foi o que ele demorou para me mandar mensagem.
“Quero te ver hoje à noite depois do show...”
“Minha casa, o que acha? Eu pago o jantar.”
“Estarei lá.”
Bloqueei o celular e o guardei na gaveta já planejando o que eu iria fazer de jantar, decidi por uma lasanha de queijo e presunto com molho ao sugo, fui até a cozinha enquanto vestia ao meu avental. Assim que entrei no lugar todos pararam e me olharam confusos, faziam meses que eu não entrava lá para cozinhar, avisei ao chef que iria apenas fazer um prato para o meu jantar e me dirigi a um canto da cozinha, o canto que era meu favorito por ser fresco e ventilado na medida certa. Fiz a lasanha e coloquei na geladeira com um aviso bem grande de que não era para mexer, quando me virei todos na cozinha estavam me olhando confusos.
- O que foi gente?
- Eles ficaram encantados com você cozinhando, .
- Bom, nesse caso, vou fazer mais algumas lasanhas e deixar prontas para vocês apenas esquentarem e mandarem, ok?
- Sim! – Eles falaram em coro.
Voltei novamente minha atenção aos ingredientes, pedi para que pegassem vinte potinhos de lasanha brancos, montei uma de cada vez com o maior carinho que podia ter naquele momento e deixei todas guardadas na geladeira eu mal terminei a última e chegou um pedido dela, aproveitei para mostrar o tempo exato de forno para todos ali e voltei para a minha sala.
O restante do dia passou em um piscar de olhos já que eu estava super atarefada com as coisas administrativas, quando terminei tudo eram seis e meia da tarde, corri para pegar a lasanha e fui para casa o mais rápido que pude, cheguei em casa colocando a lasanha na geladeira e fui ao show. Sinceramente foi incrível ver eles ali em cima do palco, a energia que eles tinham era maravilhosa assim como a da platéia, eles realmente conquistaram uma legião de fãs. Voltei para casa cansada depois do show, tomei uma ducha e coloquei a lasanha no forno para esperar pelo , cerca de meia hora depois ele chegou tocando a campainha insistentemente.
- Falei que eu iria vir. – Ele falou sorridente assim que abri a porta.
- Dessa vez fui eu quem me atrasei um pouco... – Falei sem jeito e deixando ele entrar. – O jantar já está no forno.
- O cheiro está ótimo!
- Em dez minutos eu desço, ok?
- Ok! – Ele se sentou na poltrona olhando uma revista.
Peguei a roupa que já estava separada e a vesti super rápido, quando desci ele estava olhando a lasanha dentro do forno e levou um susto comigo. Parei apoiada na bancada da cozinha com uma mão na cintura dando risada, ele se aproximou, passou a mão pela minha cintura e me puxou para mais perto, acariciou meu rosto de leve enquanto me olhava profundamente com aqueles olhos .
- Tenho sentido tanto sua falta ...
- Você não presta . – Suspirei quando senti a aliança dele encostando na minha pele. – Você definitivamente não presta mas eu não consigo ficar longe. – Fechei os olhos aproveitando o momento. – Bom, vamos jantar?
- Vamos! – Ele falou empolgado.
Peguei a travessa com a lasanha e coloquei na mesa que já estava com pratos, talheres e copos em seus devidos lugares. Me sentei e observei ele se sentando calmamente à minha frente, ele abriu o vinho e serviu para nós dois enquanto eu dividia a lasanha e servia em nossos pratos.
- Essa lasanha parece a que eu comi hoje no almoço. – Ele falou depois da primeira garfada.
- Bom, tenho algo que preciso te contar . – Notei ele me olhando sério. – Sabe o restaurante? Então, acontece que ele é meu. Há dez anos atrás lembra que eu te contei que tinha o sonho de ter meu próprio negócio? – Ele concordou com a cabeça. – Então, eu estudei gastronomia, administração e marketing, depois de anos estudando eu finalmente consegui abrir meu restaurante, aquele que você foi hoje no almoço é o meu restaurante.
- É sério ? Que ótimo! – Ele sorriu orgulhoso. – Fico tão feliz em ver que você conseguiu seguir seus sonhos!
- Assim como você também conseguiu!
- Em partes sim...
- Como assim?
- , quando te falei que queria você ao meu lado pelo resto da vida não era mentira, acontece que nossas vidas foram para caminhos opostos e, agora, depois de dez anos a gente se reencontrou.
- , eu sempre estive próxima de você, eu estava lá quando você conheceu a , também estava lá quando você e sua banda ganharam seu primeiro disco de platina...
- Eu... Eu não sabia...
- Você nunca parava para reparar direito com quem estava conversando , eu não de julgo por isso. – Peguei nossos pratos e levei para a pia. – Sabe, eu realmente espero que essa moça com quem se casou seja uma pessoa boa com você.
- Ela é ótima mas por que diz isso?
- Pelo que conheço dela parece que ela quer apenas se aproveitar sabe?
- Você não é a primeira que me diz isso e sinto que não será a última... – Ele falou encarando a taça de vinho.
Sorri caminhando em direção a ele e acariciei levemente seu rosto, peguei sua mão e o puxei em direção ao sofá onde nos sentamos para assistir algum filme. No meio do filme ele me puxou e me beijou, um beijo carinhoso e lento que me lembrava muito os da época em que namoramos, ficamos curtindo aquela noite juntos enquanto assistimos filme e depois fomos dormir.
No dia seguinte assim que acordei olhei para o lado e fiquei observando ele ali dormindo tranquilamente com um leve sorriso no rosto, vi o horário e me dei conta de que tinha que correr para dar tempo de chegar no trabalho, corri para me vestir, comer e tomar um gole de café. Sai de casa sem nem dar tchau para ele e esse pensamento tomou conta da minha mente durante o dia todo, eram cerca de uma hora da tarde quando meu celular apitou acusando mensagem dele.
“Bom dia, não te vi sair.”
“Desculpa, precisei correr...”
“Tudo bem, sabe eu estava pensando, quero muito sair com você de novo.”
“... Até onde isso vai?”
“Eu também não sei, só sei que tudo o que olho e penso eu lembro de você, eu definitivamente não consigo ficar mais longe.”
“Olha, eu te amo, eu sempre te amei, mas ficar nessa de ser amante não é legal. Não estou falando para você decidir, podemos curtir enquanto você está aqui em Montréal mas não quero me iludir novamente.”
“Eu já te iludi alguma vez ?”
“Sim, há dez anos atrás, você sabe bem disso, aquelas palavras ficam em minha mente até hoje.”
- , eu te amo. – Falei apoiando no ombro dele olhando para a cidade.
- Eu também te amo .
- Você já pensou em como vai ser quando você tiver a fama mundial?
- Espero chegar realmente a esse nível, mas nunca parei para pensar no que irá mudar na minha vida, a única coisa que sei é que eu jamais irei te deixar, quero você ao meu lado pelo resto da vida.
- E assim será! – Eu pulei em cima dele e nós rolamos no chão de terra.
Senti lágrimas tomando conta dos meus olhos por causa daquelas mensagens, eu realmente o amava mas sabia que ele já tinha uma vida formada e ela não me incluía, fui tirada dos meus pensamentos por um escarcéu que estava acontecendo no salão me levantei e caminhei calmamente até lá para tentar entender. Assim que abri a porta vi uma moça loira, alta e magra gesticulando com a garçonete como quem estava exigindo algo, eu não a reconheci logo de cara então me aproximei mais um pouco.
- É você mesma quem estou procurando! – Ela falou furiosa.
- Eu?
- Sim!! – Ela parou em minha frente e eu ainda tentava entender quem ela era. – Você sua vagabunda de segunda categoria, para de roubar o marido dos outros!
- Espera um segundo, eu nem sei quem você é! Você chega aqui, no meu restaurante e faz esse escarcéu todo como se fosse a dona do lugar!
- , agora está bem informada?
- Ah pronto... – Revirei os olhos e comecei a caminhar em direção a um canto mais afastado, notei ela bufando e me seguindo. – Agora você vai falar que a culpa é minha por ele ter feito sabe deus o que dessa vez?
- Você sabe muito bem... Ele estava na sua casa ontem.
- Sim, assistimos filmes e ele acabou dormindo lá, qual o problema nisso? Agora vai falar que ele não pode ter amigas?
- Quando a amiga é uma ex não pode.
- Hm, muito possessiva você, não?
- Claro que não! Eu sei bem o que vocês estavam fazendo ontem.
- Tá bom , eu não vou discutir com você, presta atenção só em uma coisa.
- No que? – Ela falou completamente arrogante.
- Quem é casado? Eu ou ele? Quem está errado? Os dois, certo? Mas quem é que tem um compromisso com outra pessoa? Ele. Eu sou solteira , fui falar com ele no aeroporto como amiga e não com segundas intenções então me faz um enorme favor e vá falar com ele, assim você me deixa em paz.
- Eu vou mas pode ter certeza que virei aqui falar com você novamente.
- Criatura abençoada, então fale tudo de uma vez caralho! – Olhei para trás dela e ele estava de braços cruzados a observando.
- Ele é meu marido eu conquistei ele e não vou perder ele para uma vadiazinha que nem você, está me escutando? – Ela deu mais um passo em minha direção e eu me mantive firme olhando fixamente para os olhos dela.
- Hm... – Dei de ombros.
- ? – O falou atrás dela a fazendo pular.
- Oi meu amor! – Ela falou toda fofa.
- Nem vem com “meu amor” – Ele fez aspas com os dedos. – Isso é jeito de tratar minha amiga de infância?
- Amiga... Você quer dizer sua ex?
- Pode até ser minha ex mas além disso é minha amiga, ela me deu uma força enorme quando estávamos começando a banda. – Ele a encarava com desgosto. – Se não fosse por ela eu teria desistido de tudo.
- Me desculpe ...
- Não , essa não é a primeira vez. – Ele suspirou. – Acho que precisamos conversar, mas vamos conversar em um lugar só nós dois. – Ele me olhou. – Até depois , me desculpe por isso.
- Imagina , até depois. – Olhei para a moça, que me fuzilou com o olhar enquanto acompanhava o até a saída.
- Era só o que me faltava... – Murmurei enquanto voltava para a minha sala.
Assim que entrei me joguei no sofá de couro preto e deixei meus pensamentos tomarem um rumo nada agradável por sinal, fiquei pensando que talvez, só talvez, o devia terminar com essa doida, mas também nem sei como seria a minha vida caso ele ficasse solteiro novamente, não sei se eu iria saber lidar com a fama dele e coisas assim. Perdida nesses pensamentos ouvi meu celular apitar várias vezes e quando fui ver as mensagens parecia que haviam aberto um buraco debaixo de mim.
“, eu sinto muito pelo ocorrido em seu restaurante.”
“Eu estava conversando com a e ela me contou que veio para cá me dar uma boa notícia mas assim que chegou minha mãe contou para ela que eu estava com você na noite passada.”
“Ela veio me contar que está grávida de dois meses.”
“Vamos voltar para os estados unidos no final de semana, queria te ver antes de voltar, podemos nos encontrar hoje?”
Fiquei encarando a mensagem sem saber o que responder, eu claramente não havia cogitado essa possibilidade de ela estar grávida sei que tenho que responder mas vou falar o que a não ser concordar com encontrar ele. Senti lágrimas começando a queimar meus olhos, respirei fundo e respondi para ele.
“As oito, no nosso lugar, estarei sozinha e espero que você também. See you.”
Ele visualizou a mensagem mas não a respondeu. Terminei minha rotina diária no trabalho e fui para casa as seis horas afinal eu precisava me arrumar para sair, por mais que eu soubesse o que estava por vir queria estar bem arrumada. Tomei um longo banho e vesti uma calça jeans e uma camiseta preta, peguei minha moto e fui para o local marcado, eu mal terminara de subir a montanha e já vi o carro dele estacionado, ele estava parado na frente do carro de braços cruzados nitidamente bravo.
- Hey, está bravo? – Falei descendo da moto.
- Sim, minha mãe obrigou a a refazer o exame dessa vez de sangue...
- Hm.
- Deu negativo, mandei ela de volta para o Estados Unidos sozinha e pedi o divórcio, não vou mais suportar essas coisas dela, não é a primeira vez.
- É sério isso? Você não está falando isso só por saber que seria o que eu iria adorar ouvir, não é?
- Claro que não !
Senti tudo rodar e escurecer, em seguida pude sentir o baque em minhas costas do chão duro seguido por um berro. Acordei alguns minutos depois meio desnorteada com o falando com alguém no telefone, ouvi nitidamente ele falando “Ela acordou Marrie, não se preocupa, tá tudo bem.” Tive que organizar as ideias para entender que ele estava falando com a minha mãe no telefone, me sentei lentamente ainda meio zonza e só então me dei conta de que não havia comido nada o dia inteiro.
- O que aconteceu?
- Parece cena de filme, mas você desmaiou quando te contei que terminei com a .
- Não acredito que você terminou com ela... Na real eu desmaiei porque não comi nada o dia todo.
- Bom, eu trouxe comida. – Ele pegou uma cesta com pães, queijos e doces de dentro do carro e a apoiou na minha frente. – Vamos comer!
- O que minha mãe queria?
- Ela ligou provavelmente para te contar que terminei com a , quando sai de casa ela estava conversando com a minha mãe.
Realmente minha mãe e Louise eram bem próximas foi isso que fez com que eu e fossemos amigos desde pequenos, suspirei e peguei um lanche que estava na cesta dando uma mordida, ficamos curtindo o restante da noite e a paisagem em silêncio enquanto comíamos. Cheguei em casa e fui direto para o chuveiro ainda me sentindo perdida em meio aos pensamentos e sentimentos que me rondavam depois daquela notícia, me deitei na cama mas não conseguia dormir os pensamentos como “como será a partir de agora”, “você sempre quis estar no lugar dela, agora é seu momento, aproveita!!” e o típico “quer saber? Não vou atrás, ele que se vire, a vida é dele e não minha.” Ficavam rondando minha mente insistentemente, eu em sã consciência sabia bem que devia deixar ele decidir o que fazer e que eu não poderia palpitar em nada, porém meu lado impulsivo insistia em mandar mensagens para ele e foi em meio a esse dilema que eu adormeci.
Acordei na manhã seguinte com meu celular apitando insistentemente, quando o peguei vi as mensagens do me convidando para ir à casa dos pais dele almoçar, respondi apenas um “ok” e fui me arrumar. Toquei a campainha e Louise veio abrir a porta, como sempre muito receptiva e sorridente me convidou para entrar, o estava sentado na mesa com uma expressão tristonha e eu sinceramente não fazia idéia do que estava acontecendo, ele apenas me olhou e encarou o chão novamente.
- Sente-se .
- Obrigada Louise. – Me sentei na mesa junto com o e o silêncio tomou conta da sala novamente. – Alguém vai me contar o motivo da tensão toda?
- Bom filha... – Minha mãe apareceu da cozinha carregando um prato com uma carne assada. – Eu e Louise estávamos conversando, sabemos que vocês dois não são mais crianças, já estão adultos mas...
- Ah, essa conversa novamente. – Falei seca. – Já conversamos muito sobre isso, não mãe?
- Filha...
- Não, vem , vamos dar uma volta, já somos adultos e temos nossa independência, não somos obrigados a ficar ouvindo essa historinha de que elas nos tiveram para nós nos casarmos. – Falei grossa pegando ele pelo braço e arrastando para fora da casa, ele me olhou confuso e agradecido. – Tem algum lugar que queira ir? Se não podemos ir para minha casa.
- Só vamos, não aguento mais elas falando disso de como fomos literalmente criados pensando que era para ficarmos um com o outro.
- Nossa nem me fale. – Falei dando partida na moto e esperando ele subir na garupa. – Bora.
Entramos em casa e a primeira coisa que fiz foi colocar meu pijama e me jogar no sofá com a cara fechada, ele foi buscar cervejas que tinham na geladeira me entregou uma e se sentou na poltrona ao meu lado, ele estava nitidamente bravo com a situação preferimos ficar em silêncio até que ambos nos acalmassem um pouco.
- Mano como raios elas podem fazer isso?
- Nem eu sei ...
- Pior, sua mãe provavelmente avisou a minha que você iria estar na cidade. – Me sentei cruzando as pernas em cima do sofá. – Duas semanas atrás minha mãe veio falar comigo e falou dessas ideias de novo, fiquei brava com ela e sai andando...
- Sabe que minha mãe também falou algo assim comigo. – Ele falou pensativo. – Não me conformo muito com elas mas ao mesmo tempo não julgo.
- Como assim?
- Pensa só, elas são amigas de infância, tiveram uma filha e um filho...
- Um filho lindo por sinal... – Murmurei e notei ele ficando completamente corado, foi quando percebi que havia pensado mais alto que devia. – Enfim, continue sua linha de raciocínio.
- Bom, elas queriam que ficássemos juntos para poderem ser oficialmente da mesma família.
- Acontece que elas já são né.
- Oi?
- Ah , vai falar que você não sabe?
- Do que você tá falando ?
- , a esposa do Jay...
- Ah sim, é sua prima, mas para elas isso não é suficiente e você sabe disso.
- Sei. – Eu bufei e me joguei para trás no sofá. - Enfim, qual a programação da noite? – Me ajeitei e olhei para ele que estava completamente vermelho e me olhando fixamente. – ?
- Que? Ah, desculpa, me distraí... – Ele desviou o olhar. – Programação da noite? Não sei, tem o que em mente?
- Sei lá, vamos pedir uma pizza e ficar por aqui mesmo.
- Eu topo.
Me levantei e fui em direção aos cardápios de pizzarias que eu gostava de pedir, infelizmente nenhuma delas estava no ifood então teríamos que pedir do jeito antigo, por telefone mesmo, enquanto eu pegava os cardápios senti ele se aproximando de mim e me abraçando por trás, me virei dentro do abraço e nossos olhares se encontraram, senti meu rosto corar e nesse momento ele venceu o pequeno espaço que separava nossos lábios.
- ... – Falei abrindo um pequeno espaço entre nós. – Temos que escolher a pizza.
- Você fica tão irresistível nesse pijama curto... – Foi quando me dei conta que estava usando um conjunto super curto e decotado, quem visse até podia pensar que foi de propósito. – Acho que a pizza pode esperar...
Ele selou nossos lábios novamente e me direcionou até o sofá, eu não iria negar que estava querendo tanto quanto ele o que estava por vir mas talvez ali no sofá não fosse uma boa idéia, a sala tinha muitas janelas as quais estavam com as cortinas abertas inclusive, puxei ele até o quarto onde teríamos mais privacidade e ali deixei as coisas acontecerem.
- Bom, pizza? – Falei ofegante deitada na cama.
- Pizza. – Ele respondeu sorrindo. – Mas vou tomar uma ducha antes.
- Quer companhia?
- Claro.
Nós tomamos banho juntos e em seguida pedimos a pizza de pepperoni, enquanto não chegava nos sentamos no sofá e ficamos assistindo a desenhos na televisão, bem como nos velhos tempos.
- Sabe, se tem algo que me arrependo é de não ter te dado valor no passado.
- Você deu valor , mas acontece que nossas vidas seguiram por rumos diferentes, sinceramente não sei se naquela época eu saberia lidar com a fama que você estava tendo.
- Então quer dizer que hoje em dia você conseguiria?
- Não sei e não tem como sabermos, minha vida é nessa cidade enquanto você é do mundo, entende a diferença?
- Claro que entendo, mas...
- , vamos apenas curtir o momento, sim?
- Está bem.
A partir daquele momento ele passou a semana em minha casa, semana a qual foi completamente incrível, nós realmente parecíamos um casal e sinceramente nossas mães estavam bem felizes com isso. Ele fazia literalmente de tudo para me ajudar, me levava e me buscava no trabalho, fazia café da manhã e me trazia na cama, foi uma semana maravilhosa com ele mas infelizmente o tempo passa e chegou o momento dele ter que se reunir com a banda para gravarem um novo cd, acompanhei ele até o aeroporto e lá eu tive a sensação de que não iria vê-lo novamente tão cedo.
O abracei forte e sussurrei um “je t'aime” Ele sorriu e me beijou ali, no meio de todos, um beijo lento e carinhoso do qual deixava o recado de que em breve ele estaria de volta. Dessa vez ele realmente voltou mas para me levar com ele para os estados unidos, eu como havia pego férias do trabalho estava pronta para ir, quando desembarcamos na Califórnia ele me levou até a casa dele.
- , vamos fazer um show essa noite e eu realmente quero você lá. – Ele me abraçou. – Eu escrevi uma música para você.
- Ah ... – Eu selei nossos lábios. – Eu já falei que te amo?
Ele sorriu e nós fomos até a casa de shows, ele falou para eu ficar na lateral do palco assistindo ao show e foi exatamente onde fiquei, a vista daquele canto era incrível eu podia ver todos eles ali e a platéia interagindo com eles. No meio do show quando eles dão uma pausa ele voltou sozinho para o palco carregando seu violão surrado, eu me lembrava bem daquele violão, ele devia ter pelo menos uns vinte anos e ainda tinha o adesivo que eu havia colado falando que iria dar boa sorte, ele parou na frente do microfone e começou a falar.
- Essa é em homenagem a mulher da minha vida, uma pessoa incrível da qual me arrependo de ter feito o que fiz no passado. Obrigada por tudo . – Ele falou me olhando e a platéia vibrou.
For everybody, but not for me?
Wish it could be easy
But it never goes that way
It's never like the movies
It's never like they say
But maybe one day I'll be back one my feet
And all of this pain will be gone
And maybe it won't be so hard to be me
And I'll find out just where I belong
It feels like it's taking forever
But one day things can get better
And maybe my time will come
And I'll be the lucky one
Notei algumas pessoas na platéia chorando e achei aquilo a coisa mais fofa do mundo, eu estava bem emocionada com a música ainda mais por ser em minha homenagem, realmente dizia bastante de como eu também me sentia em relação a ele e a tudo que nós passamos juntos.
How this life could be
I can keep pretending
But, honestly
Does it really make difference?
Does it really ever change a thing?
It's never like the movies
It's never like you think
But maybe one day I'll be back on my feet
And all of this pain will be gone
And maybe it won't be so hard to be me
And I'll find out just where I belong
It feels like it's taking forever
But one day things can get better
And maybe my time will come
And I'll be the lucky one
So give me a reason to keep holding on
Something that makes me believe that my life's gonna change
Seems like everyone else gets a shot, gets a break
I can't wait for that to be me
Senti meus olhos marejando e tentei segurar as lágrimas o máximo que pude mas foi em vão, tudo aquilo que passamos veio à tona na minha cabeça, desde o começo até aquele momento, nossas brigas, nossas reconciliações, nossos encontros escondidos de todos, tudo aquilo era tão gostoso de recordar mas ao mesmo tempo tão doloroso mesmo sabendo que hoje em dia nada nos impede de ficar juntos.
And all of this pain will be gone
(All of this pain will be gone)
Maybe it won't be so hard to be me
And I'll find out just where I belong
(Find out just where I belong)
Maybe one day I'll be back on my feet
And all of this pain will be gone
It feels like it's taking forever
But one day things can get better
And maybe my time will come
And I will be the lucky one
And I will be the lucky one
Ele terminou a última frase e a platéia vibrou eu já estava chorando muito por causa da música, das lembranças e por saber que nós somos um casal impossível que estamos tentando fazer certo pela primeira vez, ele caminhou até mim e me deu um selinho sussurrando “And now i am the lucky one.” Senti meu rosto queimar com a frase, depois de lá ele me levou para jantar em um restaurante incrível próximo da praia. Estávamos caminhando depois do jantar na beira do mar de mãos dadas quando alguns pensamentos tomaram conta de mim.
- Sabe... – Comecei a falar e ele olhou para mim, naquele momento senti uma confiança enorme. – Eu não sabia se ia saber lidar com seus fãs mas tenho que admitir que não é tão complicado.
- Você se acostuma com eles, lembra que tinha te dito isso? – Ele sorriu e passou a mão pela minha cintura.
- Claro que lembro.
- Então isso é sinal que eu realmente consegui uma outra chance para nós?
- Sim. – Dei risada sentindo meu rosto queimar.
- ! – Ele me abraçou pela cintura me levantando em seguida selando nossos lábios.
- Quero nem ver os hates que vou receber. – Falei rindo.
- Vai nada, quando postei uma foto nossa muitos fãs apoiaram.
- Apoiaram...?
- É, a gente como um casal. – Dei risada e o abracei.
Daquele dia em diante minha vida mudou de ponta cabeça, tudo o que eu não queria aconteceu os fãs dele descobriram onde ficava meu restaurante em Montréal, começaram a me seguir nas redes sociais e por consequência os paparazzi também ficavam atrás de mim para quem sabe conseguir algum furo para noticiar. Sinceramente eu não aguentava mais isso tudo quando veio a notícia de que eu seria mãe, sim, eu estava grávida de três meses já então eu mandei mensagem para ele.
“ venha a montreal urgente, eu preciso falar com você.”
“O que houve? Estarei chegando ai essa noite.”
“Ok, te conto chegando aqui.”
Tive o dia para montar o como eu iria contar para ele que iriamos ter um filho, escolhi por um jantar à luz de velas onde a sobremesa teria escrito “Daddy” em cima, quando ele finalmente chegou eu já estava com tudo pronto e tudo indicava que as coisas iriam correr bem.
- O que aconteceu amor? – Ele me abraçou preocupado.
- Já te conto, vamos jantar primeiro?
- Claro, estou morto de fome.
Nos sentamos na mesa e ele começou a contar como estava sendo a gravação do cd e dos clipes, eu contei como estava meio complicado lidar com os fãs e com os paparazzi e ele me prometeu que iria cuidar disso, terminamos de jantar e ele estava nitidamente nervoso para saber o motivo que eu havia o chamado lá, peguei as sobremesas e servi.
- antes de você olhar seu prato olhe para mim um instante. – Ele me olhou apreensivo. – Saiba que eu te amo ok?
- , o que foi? – Ele me olhava com medo.
- Olha seu prato agora.
- ... – Ele encarava o escrito e me olhava em seguida. – Você está...
- Grávida, três meses. – Sorri para ele entregando o papel do exame e o teste de farmácia.
- Isso é incrível meu amor! – Ele se levantou e me abraçou estava nitidamente emocionado. – Eu te amo e vou amar nosso bebê, vou cuidar bem de vocês, preciso avisar os caras para darmos uma pausa, até porque quero estar junto com você em todos os momentos da gravidez.
Ele pegou o celular e saiu andando pela casa fazendo ligações e mandando mensagens, eu fui me sentar no sofá para esperar por ele e quando finalmente ele chegou se ajoelhou na minha frente com os olhos marejados segurando uma caixinha vermelha de veludo.
- , eu queria ter feito isso antes mas não achava o momento certo, acontece que o momento certo chegou. – Ele abriu a caixa deixando à mostra um anel dourado com um brilhante. – Quer se casar comigo?
- Mas é claro que sim! – Pulei no colo dele e nós dois caímos no chão dando risada. – Eu te amo.
- Eu também te amo.
Assim como prometido por ele, os paparazzi pararam de ficar parecendo urubus em cima de mim e sua fanbase me deixou em paz durante um tempo, nós planejamos nosso casamento enquanto arrumávamos o quarto do bebê, ele ficou lá durante toda a minha gravidez, quando nosso filho nasceu eu escolhi o nome, Charlie em homenagem ao meu pai e ao . Nos casamos cerca de três anos depois, o Charlie entrou carregando nossas alianças, aquele foi um dos dias mais felizes de minha vida, eu finalmente estava casando com quem eu amava desde pequena e era nítido que era recíproco.
Fim.
Nota da autora: Oi gente!
Espero que tenham gostado dessa short <3
Não esqueçam de falar o que acharam aqui em baixo nos comentários, a opinião de vocês é super importante pra mim <3
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