08. How Many Times, How Many Lies

Finalizada em: 19/12/2018

Capítulo Único

They would try to tell me something
(Eles tentaram me contar algo)
Oh, but I was hearing nothing
(Mas eu não estava ouvindo nada)
When they said you was just playing me
(Quando eles falaram que você estava brincando comigo)


Seria o segundo ou terceiro?
havia perdido a noção do tempo e de quantas doses de tequila tinha tomado desde a hora que tinha chego ao bar. Só queria afogar as mágoas de uma decepção grotesca, papel de trouxa nível hardcore total. Foi por falta de aviso? Com certeza não. Perdeu as contas de quantos "eu te avisei" tivera que ouvir dos seus amigos que sempre lhe avisaram sobre o cafajeste e ela escolheu.
Fechar os olhos e fingir que estava em Nárnia com um boy – crush lixo – que era o príncipe mais encantado dos encantados, quer dizer, o cara fingiu ser um príncipe encantado num cavalo branco, mas que estava mais para um sapo em cima de um jegue. A verdade era que ela sabia desde o início que ele não era tão confiável assim, tinha uma fama de cafajeste, mas ele era um conjunto de rostinho bonito, lábia e pronto, ganhou o coração dela por inteiro. Deixou a testa encostar na madeira molhada do balcão enquanto pensava o quanto passou vergonha, totalmente arrasada com sua desgraça.


I didn't listen
(Eu não ouvi)
I didn't want to
(Eu não quis)
You couldn't find a blinder fool
(Você não pôde encontrar um tolo mais cego)
I'm here
(Estou aqui)
Searching through the wreckage
(Procurando pelos destroços)
Wondering why the message never got through
(Perguntando-me por que a mensagem nunca foi compreendida)
And I found I misplaced on my faith
(E eu descobri que estava apoiada na minha fé)
How could I put my faith in you?
(Como eu pude colocar minha fé em você?)


— Moço, me vê mais uma dose, por favor. - Pediu risonha enquanto levantava seu copinho agora, vazio em direção ao homem que estava indo de um lado ao outro atendendo outros clientes.
Sentia-se muito relaxada enquanto estava sentada naquele banco desconfortável. O bar que tinha uma pista de dança mais ao fundo, estava agitado naquele sábado à noite. Várias pessoas dançavam, bebiam e beijavam animadas como se não tivessem qualquer preocupação no mundo. Suspirou desanimada ao se lembrar que seis meses antes, ela era como eles, e não um destroço ambulante que se entope de chocolate e sorvete enquanto assiste um filme de romance trágico. sentia-se uma mistura de tristeza, raiva e uma dose de descrença, pois não conseguia entender como conseguiu ser tão cega. Todos enxergavam a verdade e ela não.
Como pôde ser tão boba? Tão cega? Tudo bem que tinha miopia e usava óculos o tempo todo, mas, então? O que justifica ter se permitido enganar dessa forma? Claro, ela acreditou nele, em todas as juras de amor e as provas de que realmente gostava dela.
Doce ilusão.
— Ai, . O que eu faço com você? - Perguntou uma voz conhecida atrás de si, assustando-a.
— Caramba, demorou! - Falou quase aos gritos por causa da bebida e da música alta que tocava, saltou do banquinho meio desajeitada enquanto tentava dar um abraço apertado em sua melhor amiga.
— Já começou os trabalhos sem mim? - Perguntou indignada enquanto retribuía o abraço desajeitado da amiga.
— Claro, você demorou pra caramba. Como ia ficar sóbria aqui sozinha? - Respondeu risonha enquanto pegava a nova dose de tequila e virava, tossindo um pouco ao sentir o líquido deixar um rastro de ardência em sua garganta.
— Opa, vai com calma, . Desse jeito não vai dar tempo de ficar no seu ritmo. - pediu ao garçom uma água e outra dose de tequila, fez a amiga tomar metade da água enquanto riam e conversavam.
Naquela noite de final de janeiro, as pessoas que lotavam o bar estavam fantasiadas, assim como as amigas, era um aquecimento para o carnaval. Por insistência de , as duas jovens se fantasiaram para a ocasião. A criativa estava fantasiada de pirata com um enorme chapéu, uma regata branca, um short jeans e colete vermelho enquanto seus cabelos castanhos com mechas vermelhas estavam soltos. E estava fantasiada de anjo caído que no improviso não tinha asas, dando a desculpa esfarrapada de que elas haviam se perdido na enorme queda do céu à terra.
— EU AMO ESSA MÚSICA! - Berrou animadamente já que a mistura do efeito do álcool com a música alta dificultava que se ouvisse alguma coisa num tom normalmente educado. Levantou atrapalhada do banco, agarrou uma das mãos da amiga e rumaram em direção à pista de dança. Seu único desejo era se divertir naquela noite, dançar até esquecer o idiota que lhe machucou.
Depois de dançarem mais ou menos uma hora sem parar, assustou a amiga, pois parou repentinamente e arregalou os olhos com uma cara de espanto cômica.
— O que houve? - perguntou aos gritos enquanto colocava uma de suas mãos no braço da amiga.
— Não olha agora! - Pediu gritando também, continuou – Ele está aqui! - Avisou em desespero, olhando para as costas da amiga. não se aguentou e virou para olhar rápido, fazendo com que a amiga a virasse com agressividade, impedindo que conseguisse ver alguma coisa.
— Não era para olhar! - Reclamou com a amiga, fazendo uma expressão de repreensão.
— Merda, . Ele te viu... - Falou irritada
— Que cara de pau, está vindo!
ficou estática encarando a amiga, sem qualquer coragem de virar e localizar a pessoa de quem estavam falando. Seu coração quase saiu pela boca por causa de seu nervosismo.
— Você por aqui, meu anjo. - Falou uma voz masculina próximo ao seu ouvido.
As milhares de doses de tequila não foram capazes de lhe prepararem para aquele encontro – realmente inesperado. Suas mãos suavam frio, seu estômago estava enjoado fazendo com que sentisse vontade de vomitar a qualquer momento todo o álcool que corria por suas veias e seu coração - pobrezinho – batia à mil por hora e as lágrimas já queimavam seus olhos. Não estava preparada para encontrar ali, depois de tudo que aconteceu e pior ainda, ele era insensível ao ponto de se aproximar da jovem como se nada de ruim tivesse acontecido entre eles. Poderia consumir todo o álcool daquele bar e não seria capaz de esquecer a forma que ele lhe machucou, ainda se lembrava da foto que tirou dele na festa de Anderson com outra garota, enquanto ela havia sido enganada, ficando em casa achando que o mesmo estaria de serviço naquela noite.
— Cai fora, ! - Ordenou num tom irritado enquanto sorria debochada tentando não chamar a atenção para eles. A amiga reagiu ao perceber que estava abalada o suficiente para não conseguir se afastar dele.
— Quem tem que decidir é ela e não você! - Falou imitando o tom de voz da amiga com um sorrisinho brincando em seus lábios enquanto se aproximava mais ainda de , ficando em pé próximo as costas dela.
Ela sabia que se virasse e olhasse aqueles olhos castanhos sedutores, iria perder totalmente as estribeiras e chorar ali, no meio da pista de dança. Ainda de costas, olhou suplicante para sua amiga tentando demonstrar que não tinha forças para encerrar aquele encontro.
— Já que você não vai, nós vamos! - Gritou irritada enquanto segurava gentilmente no braço de e puxava a amiga atordoada para fora da pista.
— Não! - Gritou segurando com força no braço da jovem, machucando-a, fazendo com que parassem abruptamente na pista. Perceberam que alguns olhares curiosos já estavam sobre eles. Sentir o toque quente da mão dele foi o suficiente para despertar a ira dela, trazendo a sua mente a foto dele beijando a morena voluptosa na festa. Ela se libertou das duas mãos que tentavam assumir o controle de seu corpo e virou em fúria na direção do rapaz, assustando-o.
— Some daqui, ! - Gritou irada enquanto algumas lágrimas frustradas escorriam por seu rosto. Foi machucada por ter entregue seu coração ao cara errado, tinha sua parcela de culpa, mas não iria se permitir sofrer e muito menos, deixar que ele acabasse com sua noite.
— Você acabou tudo e nem me deixou explicar o que aconteceu, apenas acreditou na foto manipulada que essa megera tirou! - Falou alto com uma expressão de pobre coitado, tentou tocar novamente nela que afastou a mão dele com um safanão.


There were so many times
(Havia tantas vezes)
There were so many lies
(Havia tantas mentiras)
I don't know why I stayed on you
(Eu não sei por que fiquei com você)
There were so many days
(Havia tantos dias)
There were so many games
(Havia tantos jogos)
I should've thrown your sad ass out
(Eu deveria ter te jogado fora)
But now the game is through
(Mas agora o jogo acabou)


As pessoas ao redor pararam de dançar e passaram a prestar atenção na discussão deles. tentou ignorar o público enquanto olhava bem no fundo daqueles olhos que amava observar. Se esforçou para parecer inabalável mesmo que estivesse arrasada, muito magoada. Não iria deixá-lo ter o prazer em vê-la sofrer.
— Você acha que depois de tudo que me fez, vou cair nos seus joguinhos? - Perguntou aos gritos enquanto olhava-o irritada. - Me poupe! - Pediu dando alguns passos para se afastar dele.
, não faz isso comigo! Manipularam você para nos separar! - Acusou apontando para que assistia tudo de braços cruzados e uma expressão de que tentava se segurar para não avançar nele.
— Então, não era você naquela festa? - Perguntou forçando uma expressão de deboche enquanto cruzava os braços na frente do corpo, tentando esconder a tremedeira de suas mãos.
ficou em silêncio, parecendo pensar em uma resposta.
— Sim ou não? - Perguntou impaciente.
— Eu te amo, . Você é a mulher da minha vida! - Declarou a plenos pulmões num tom apaixonado enquanto se ajoelhava e a olhava com uma expressão apaixonada.
gargalhou alto, bateu palmas surpreendendo a todos, inclusive que a encarou como se fosse louca. Começou a achar graça naquela situação, no desespero – no falso, pois todas as vezes em que desconfiava de suas atitudes, ele usava os sentimentos, palavras bonitas como forma de apaziguar a jovem, conseguindo facilmente.
, quantas vezes eu acreditei em você? E era tudo mentira. Chega! Some do meu caminho! - Falou magoada enquanto respirava fundo diversas vezes, lágrimas teimando em querer escorrer por seu rosto.
— Por favor, ! - Implorou ajoelhado enquanto tentava segurar nas pernas da jovem.
— Cara, sai daí e deixa a garota. - Pediu um rapaz que estava próximo enquanto se aproximava dos dois e tentava afastar .
respirou fundo enquanto tentava se recompor, sabia que precisaria de mais algumas doses para superar o vexame que passou naquela noite. O rebuliço de emoções foi tão grande que tinha certeza que o efeito do álcool havia passado. Segurou nas mãos da sua amiga, levantou sua cabeça e deu as costas para os protestos de , agora, sendo arrastado para fora da festa.
— Me desculpa por ter sido tão otária. - Pediu envergonhada ao abraçar sua melhor amiga em frente ao bar, agora, lágrimas tristes escorriam por suas bochechas, secou-as rapidamente.
— Tudo bem. Você sabe que também já passei por isso com o Fernando. - Relembrou revirando os olhos enquanto retribuía o abraço. Riram e se sentaram novamente no bar, pediram mais uma dose de tequila.
— Um brinde aos otários que nos fizeram sofrer! - Falou risonha.
— Um brinde à nós que conseguímos nos livrar dos embustes! - Falou ao encostar seu copo ao da amiga, viraram o líquido de uma só vez fazendo careta. Riram, se divertiram, dançaram como se não houvesse amanhã e acima de tudo, felizes por tentar superar um cara que não valia um fiapo do amor delas.

I opened up my eyes
(Eu abri os meus olhos)
Oh
Yeah






Fim.



Nota da autora: Oi, jovem! Quem nunca se enganou com um embuste? Sei que era uma música de sofrência, mas achei justo a pp desencanar desse embuste que era o pp. Espero que tenham gostado. Muito obrigada!

Outras fics:
05. Jet Black Heart – Ficstape #067: 5 Seconds of Summer – Sounds Good Feels Good [Finalizada]
01. Shut Up – Ficstape #079: Simple Plan – Still Not Getting Any... [Finalizada]
03. Hands – Ficstape #083: The Vamps Night & Day (Night Edition) [Finalizada]
Dark Boy in São Paulo – The Neighbourhood [Em Andamento]
Café com Pattinson – Robert Pattinson [Em Andamento]


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