Capítulo 1
- Boa tarde, pessoal. Como estão todos? Se agrupem, por favor. Tenho anúncios importantes para fazer hoje.
Ninguém saiu dos lugares. Como autoridade, a professora segurou o ímpeto de revirar os olhos. Ela ainda não entendia como o grupo não se misturava. Todos eram mais parecidos do que podiam imaginar. Entretanto, até o final da estação, eles estariam mais próximos.
Teriam que estar.
- Alguns já devem ter percebido que estamos a poucas semanas de entrar no outono. – e as amigas trocaram olhares cheios de significados, sabendo o que estava por vir – Como de costume, o clube vai assumir os eventos da estação. Estou abrindo as inscrições para o Festival de Dança.
O burburinho começou e a mulher se viu na necessidade de aguardar um pouco para que retomassem o foco. Era interessante para ela ver o real interesse dos alunos.
- Continuando... – limpou a garganta – Mas antes que façam as inscrições, gostaria de anunciar algumas mudanças no evento. A apresentação final não será mais realizada por um grupo de alunos montado por vocês. A direção quer fazer uma seleção dos melhores e depois montar um espetáculo a partir dessas escolhas. As audições continuam sendo feitas por uma banca de professores. Vocês podem montar um teste solo ou em grupo.
- Qual é o sentido de fazermos testes em grupo, se nem todos vão passar? – alguém no fundo perguntou.
- Aí eu devolvo com outra pergunta para vocês: por que vocês se apresentariam para nem todos passarem? Se esforcem. Façam ficar difícil para a banca. Adoraria um encerramento da estação com todos.
Enquanto a mulher tirava as dúvidas, sentiu o próprio celular vibrar.
“Este ano iremos participar. As chances vão ficar pequenas para você e suas amigas. Assustada, ?”, era o que dizia a mensagem.
arqueou as sobrancelhas, buscando a rival na sala, encontrando-a próxima da parede de espelhos. Ambas trocaram olhares fuziladores antes dos dedos dela dispararem contra a tela.
“Pode vir. Acha que consegue passar pelo menos das seletivas?”, respondeu, achando graça. Sentada no chão, dobrou uma das pernas, apoiando o queixo no joelho.
- Além dessa mudança, temos outra regra limitadora esse ano: alunos com alguma média baixa ou pendências com algum professor não poderão participar da apresentação final.
O sorriso confiante da murchou instantaneamente.
A Academia Floriana de Artes era um colégio de elite para estudantes interessados na formação de excelência em artes. Além das disciplinas comuns, como economia doméstica e geografia, havia três pilares principais que sustentavam e dividiam os alunos na AFA: a dança, a música e o teatro.
Não bastasse os esforços inumanos que fizessem pela carreira, agora eles precisavam pontuar bem em tudo. temeu de verdade que não fosse conseguir participar de um festival pela primeira vez.
- Isso é tão ridículo! O que as outras disciplinas têm a ver com a dança? – vociferou.
- , não é porque estou repassando a informação que eu concordo. Foi uma decisão da Direção e eu estou cumprindo ordens. – a professora retrucou, por mais que entendesse a indignação.
Do lado oposto, acompanhada do próprio grupo que estava escorado na parede, Ohana assobiou provocativa.
- Toma, princesinha. O desespero por sustentar poucos neurônios bateu, foi?
se ergueu do chão, nervosa.
- Para quem brinca de rebelde evoluída, sua mente está pensando bem pequeno nessa situação, Ohana. Minhas habilidades vão além de uma nota baixa. – deu uma risada nasalada – Ao invés de zombar de mim, deveria se certificar de que ninguém do seu grupinho vai ser afetado por esse cu de regra.
- ... – a professora alertou para que cuidasse do palavreado.
- Corrigindo: esse orifício anal de regra.
Enquanto alguns alunos riam, Ohana se virou para os integrantes do grupo, observando cada um com preocupação. Por mais que o instinto de debochar da fosse impossível de frear, ela tinha razão. Com um olhar inquisidor, quis saber quem dos dela estava na corda bamba.
- Para os próximos encontros, gostaria que preparassem uma prévia para que pudéssemos conversar melhor, pode ser? Com a adição das regras novas, não vou ter tempo para acompanha-los a fundo, mas ainda podemos trocar uma ideia durante os horários, dentro do clube.
✨✨✨
- O que tem de errado com a nossa dança? – Ohana esbravejou.
- Garotos, vocês vão precisar ensaiar um pouco mais, se quiserem surpreender os avaliadores. Não tem nada de errado com o estilo, mas precisaremos lapidar alguns pontos. Temo que só os horários no clube não sejam suficientes, pois tenho que dar atenção para todos igualmente. Procurem por . O grupo dela está bem acostumado com os festivais. Tenho certeza que ela vai poder instruí-los.
Dito, a mulher deixou o grupo para assistir o próximo.
Ohana fechou os olhos com força e mordeu o lábio inferior para não soltar vários palavrões. Era como se acabasse de ser atingida por um cometa. Ela nem sabia por onde começar. Aquele era um péssimo dia para ter saído da cama, concluiu. Dos colegas, ela era a mais nova na AFA. Desde o começo, foi contra a escolha dos pais de a matricularem na instituição. Estava escancarado que o estilo clássico era muito mais valorizado e por conta disso, o contemporâneo, que era sua paixão, não tinha lugar nas aulas.
- Eu me recuso a me humilhar para aquela patricinha.
- Estamos fodidos, porque ela também não nos ajudaria a troco de nada.
Ninguém saiu dos lugares. Como autoridade, a professora segurou o ímpeto de revirar os olhos. Ela ainda não entendia como o grupo não se misturava. Todos eram mais parecidos do que podiam imaginar. Entretanto, até o final da estação, eles estariam mais próximos.
Teriam que estar.
- Alguns já devem ter percebido que estamos a poucas semanas de entrar no outono. – e as amigas trocaram olhares cheios de significados, sabendo o que estava por vir – Como de costume, o clube vai assumir os eventos da estação. Estou abrindo as inscrições para o Festival de Dança.
O burburinho começou e a mulher se viu na necessidade de aguardar um pouco para que retomassem o foco. Era interessante para ela ver o real interesse dos alunos.
- Continuando... – limpou a garganta – Mas antes que façam as inscrições, gostaria de anunciar algumas mudanças no evento. A apresentação final não será mais realizada por um grupo de alunos montado por vocês. A direção quer fazer uma seleção dos melhores e depois montar um espetáculo a partir dessas escolhas. As audições continuam sendo feitas por uma banca de professores. Vocês podem montar um teste solo ou em grupo.
- Qual é o sentido de fazermos testes em grupo, se nem todos vão passar? – alguém no fundo perguntou.
- Aí eu devolvo com outra pergunta para vocês: por que vocês se apresentariam para nem todos passarem? Se esforcem. Façam ficar difícil para a banca. Adoraria um encerramento da estação com todos.
Enquanto a mulher tirava as dúvidas, sentiu o próprio celular vibrar.
“Este ano iremos participar. As chances vão ficar pequenas para você e suas amigas. Assustada, ?”, era o que dizia a mensagem.
arqueou as sobrancelhas, buscando a rival na sala, encontrando-a próxima da parede de espelhos. Ambas trocaram olhares fuziladores antes dos dedos dela dispararem contra a tela.
“Pode vir. Acha que consegue passar pelo menos das seletivas?”, respondeu, achando graça. Sentada no chão, dobrou uma das pernas, apoiando o queixo no joelho.
- Além dessa mudança, temos outra regra limitadora esse ano: alunos com alguma média baixa ou pendências com algum professor não poderão participar da apresentação final.
O sorriso confiante da murchou instantaneamente.
A Academia Floriana de Artes era um colégio de elite para estudantes interessados na formação de excelência em artes. Além das disciplinas comuns, como economia doméstica e geografia, havia três pilares principais que sustentavam e dividiam os alunos na AFA: a dança, a música e o teatro.
Não bastasse os esforços inumanos que fizessem pela carreira, agora eles precisavam pontuar bem em tudo. temeu de verdade que não fosse conseguir participar de um festival pela primeira vez.
- Isso é tão ridículo! O que as outras disciplinas têm a ver com a dança? – vociferou.
- , não é porque estou repassando a informação que eu concordo. Foi uma decisão da Direção e eu estou cumprindo ordens. – a professora retrucou, por mais que entendesse a indignação.
Do lado oposto, acompanhada do próprio grupo que estava escorado na parede, Ohana assobiou provocativa.
- Toma, princesinha. O desespero por sustentar poucos neurônios bateu, foi?
se ergueu do chão, nervosa.
- Para quem brinca de rebelde evoluída, sua mente está pensando bem pequeno nessa situação, Ohana. Minhas habilidades vão além de uma nota baixa. – deu uma risada nasalada – Ao invés de zombar de mim, deveria se certificar de que ninguém do seu grupinho vai ser afetado por esse cu de regra.
- ... – a professora alertou para que cuidasse do palavreado.
- Corrigindo: esse orifício anal de regra.
Enquanto alguns alunos riam, Ohana se virou para os integrantes do grupo, observando cada um com preocupação. Por mais que o instinto de debochar da fosse impossível de frear, ela tinha razão. Com um olhar inquisidor, quis saber quem dos dela estava na corda bamba.
- Para os próximos encontros, gostaria que preparassem uma prévia para que pudéssemos conversar melhor, pode ser? Com a adição das regras novas, não vou ter tempo para acompanha-los a fundo, mas ainda podemos trocar uma ideia durante os horários, dentro do clube.
- O que tem de errado com a nossa dança? – Ohana esbravejou.
- Garotos, vocês vão precisar ensaiar um pouco mais, se quiserem surpreender os avaliadores. Não tem nada de errado com o estilo, mas precisaremos lapidar alguns pontos. Temo que só os horários no clube não sejam suficientes, pois tenho que dar atenção para todos igualmente. Procurem por . O grupo dela está bem acostumado com os festivais. Tenho certeza que ela vai poder instruí-los.
Dito, a mulher deixou o grupo para assistir o próximo.
Ohana fechou os olhos com força e mordeu o lábio inferior para não soltar vários palavrões. Era como se acabasse de ser atingida por um cometa. Ela nem sabia por onde começar. Aquele era um péssimo dia para ter saído da cama, concluiu. Dos colegas, ela era a mais nova na AFA. Desde o começo, foi contra a escolha dos pais de a matricularem na instituição. Estava escancarado que o estilo clássico era muito mais valorizado e por conta disso, o contemporâneo, que era sua paixão, não tinha lugar nas aulas.
- Eu me recuso a me humilhar para aquela patricinha.
- Estamos fodidos, porque ela também não nos ajudaria a troco de nada.
Capítulo 2
Com a recusa de Ohana, coube a encontrar uma saída para a situação deles. O cérebro rodou e rodou outra vez até entender que era inevitável um dedo da no meio. Como se não tivesse orgulho algum, ele procurava a bailarina por todos os cantos.
- Hey! – gritou para duas garotas que passavam no corredor – Vocês andam com a , sabem onde ela está?
- Andamos juntas, gato, mas não nascemos grudadas. – a dupla riu e ao perceber que não tinha entrado na brincadeira, ficaram sérias outra vez.
- Acho que ela tinha comentado que passaria na biblioteca...
- Valeu! – agradeceu e saiu em disparada, sem nenhuma chance de ouvi-las praguejarem:
- Grosso.
- Mal educado.
- Mas que é bonito, é.
Da entrada, recebeu um aviso por estar correndo. Depois das desculpas, o estudante adentrou a biblioteca com passos largos, olhando freneticamente para os dois lados, esperando avistar entre qualquer uma das estantes. Quando estava quase certo de que a garota não estava ali, avistou a figura em uma das mesas de estudo, com uma pilha de livros grossos ao lado.
Chegando mais perto, ele percebeu que todos eram volumes didáticos de Física. Sorriu automaticamente, ganhando confiança para o que estava prestes a fazer.
- ! – chamou-a com um tom dissimulado, puxando a cadeira da frente para se acomodar.
- A menos que tenha as respostas da prova de física ou uma poção que me faça aprender física, não estou interessada. – comentou, sem tirar os olhos das páginas que folheava com pressa.
- Era exatamente sobre isso que gostaria de conversar. Presta atenção, ! – espalmou a mão em cima do livro dela, causando um susto.
- Saco! Fala, , que meu tempo é ouro.
- O que acha de eu te dar algumas aulas da disciplina?
Ela gargalhou descrente do que ouvira, recebendo reclamações dos outros presentes pelo barulho excessivo. Então, baixou o volume, mas continuou achando graça.
- Ah, certo. E você é quem, querido? O deus da Física?
- Não sou, mas estou quase lá. – deslizou o celular com a tela ligada em uma foto.
Desconfiada, se inclinou e viu que se tratava do histórico de médias dele. Notas impecáveis, o oposto das delas na matéria. Sem dar o braço a torcer, a estudante se manteve passiva.
- Por que eu aceitaria isso?
- Porque o Clube de Dança é importante para você.
ponderou, com o maxilar contraído, entendendo o ponto dele.
- Certo. – cerrou os olhos – A troco de quê?
Não havia porque enrolar. Eles eram crescidos e sabiam ser objetivos. nem ao menos pensou em uma história esfarrapada, abriria o jogo com a rival:
- Precisamos de assistência com o grupo de dança. – soprou rapidamente, como alguém arrancando o curativo de uma ferida.
Quando mais rápido admitisse, menos doeria e por mais que tivesse um tombo por ela, ainda era muito humilhante assumir que os amigos e ele precisavam dela. sorriu perigosamente, compreendendo o que estava à prova.
- Ohana deve ter perdido os cabelos para aceitar uma proposta dessas. – riu – Interessante. O que exatamente poderia fazer por vocês? Dança inclui talento e esforço e esses fatores não dependem da minha bondade.
- Baixa a bola, chata. A professora disse que quando você nos visse dançar, saberia exatamente o que arrumar.
✨✨✨
Ohana achava toda aquela situação patética. Desde que adentrara a sala de dança com do lado, ela estava estrangulando inúmeros gritos. A outra não era mais que eles, então por que deveriam se sujeitar à análise dela? Quando a música que eles ensaiavam terminou, viu correr para se alinhar à rival, apreensivo, como se fosse um cão esperando pela aprovação da dona.
- E então? – ele quis saber.
Havia um clima hostil no ambiente. sabia bem que não era bem-vinda por Ohana, assim como todas as pessoas que estavam ao lado dela, mas a coragem não diminuiu. Ela tinha um trato com e assim seguiria.
As pessoas nascem diferentes umas das outras. Eles eram como água e óleo, não se misturavam por forças naturais. Se Ohana estivesse de um lado, estaria no outro. Era assim que elas eram desde que viraram colegas de turma na AFA. A criação do Clube de Dança apenas acirrou o instinto competitivo que nutriam entre si. Uma sempre queria entregar mais desempenho do que a outra e por mais errado que fosse, o garoto concluía que a rivalidade as fortalecia: uma sempre puxaria a outra para melhorar e mostrar a melhor versão de si.
- A música é muito boa. – cruzou os braços – Meus elogios acabam aí. A Banca gosta de história, de conceito. O que eu acabei de ver é um punhado de passos aleatórios. – os dedos de Ohana tremeram em tique raivoso – A letra retrata um cenário mais sensual, vocês como centros não passam nada disso. – apontou para e depois Ohana – Falta uma troca, olhares... Entrega. Parecem melhores amigos ao invés de um casal.
- Talvez porque sejamos melhores amigos? – Ohana debochou com todo o veneno, aproximando-se da frente da sala, onde a outra estava – Dançar é sobre intuição, deixar o corpo se levar... É diversão, garota. Você sabe o que é isso? – deu um passo adiante.
- Nunca disse que não era. – semicerrou os olhos – Por isso, fui clara ao constatar que a Banca gosta de conceito. Não estou julgando sob a minha lente. Outra coisa: se vocês são amigos ou amantes fora de cena, pouco importa! O público quer emoção, intensidade! Se comprarem os avaliadores, compram qualquer um.
No entanto, a líder do grupo ainda estava ressentida em aceitar as palavras da rival dos palcos. Pensar que aquilo tudo era só para as seletivas fazia o estresse subir.
- Agora, sobre a parte técnica: falta um quê de impacto. Vocês precisam ensaiar muito mais. – naquela altura da discussão, podia sentir os raios dos olhos do grupo sendo direcionados com violência para si – Mas não sozinhos. Como grupo mesmo. Mais uma vez: podem ser amigos, mas falta sincronia e sintonia.
- Cala a boca! – Ohana perdeu a paciência e deu um passo involuntário para frente, preparando-se para entrar no meio, caso elas brigassem – Você não sabe nada sobre nós! Por que não volta para o seu ballet chato? Lá pelo menos vai ter gente com paciência para sustentar esse seu ego do tamanho do mundo!
Contudo, não poderia estar menos ofendida. A bailarina forçou um riso escandaloso. Ao invés de replicar Ohana, direcionou-se a , sentindo a paciência diminuir também:
- Olha só no que você foi me meter! – tomou liberdade para desferir um tapa no peito dele, agravando a irritação de Ohana – Eu avisei que não ia dar certo. Ela não sabe ouvir, sem querer pular nos meus cabelos.
- Errada não está... – Ohana cortou, entredentes.
- Você poderia falar com mais jeitinho também. – defendeu os amigos – Usa toda aquela delicadeza que você tem com as sapatilhas e aplica aqui, . Seu tom tira toda a sua credibilidade.
- Eu não estou falando na maldade. – desviou o olhar para um ponto perdido do piso – O meu está na reta também.
Os demais acompanhavam a conversa que era ora com Ohana, ora com , mas sempre com , calados. Já havia barulho demais. Ohana não sabia exatamente do que a outra falava, mas sentiu que aquele foi o único instante em que a rival desceu todas as barreiras.
- Enfim... – tornou a falar – Vou deixar que as imagens falem por mim. – de repente, sacou uma câmera que escondia entre os braços cruzados, fazendo todos se questionarem se ela carregava o objeto consigo desde o começo – Deixei gravando a apresentação de vocês, enquanto assistia. Quando a gente dança, o foco acaba indo inteiramente para nós mesmos. Nada além de manter uma expressão bonita no rosto e não esquecer a sequência de passos. Quem sabe vocês se assistindo, as minhas palavras comecem a fazer mais sentido. – deixou a câmera com eles – , manteremos contato. – foi dando as costas a todos.
- Não acha que está indo longe demais por uma seletiva, ? – Ohana questionou de olhos semicerrados, alternando entre a bailarina que se preparava para sair e a câmera – Investindo energia e tempo falando tanta abobrinha, sem saber se vamos te seguir ou não. Até uma câmera você trouxe! – riu, embasbacada com os métodos.
Mais uma vez, a diferença entre os grupos estava escancarada. Enquanto Ohana e os amigos gostavam de seguir a intuição para ver no que daria, era uma adepta à seguir padrões e regras.
- Achei que soubesse. – interrompeu os passos, mirando-a por cima dos ombros – Trabalho para ser a melhor. Se vocês acham os meus métodos exagerados ou antiquados, tanto faz. – o olhar sério escorregou para por poucos segundos e depois retornou à Ohana – Não é como se eu fosse a boa samaritana aqui. Temos um trato e eu odeio falhar, é só isso.
Dito, foi embora sob os olhos nada contentes dos demais.
- Odeio essa convicção com que ela fala as coisas, como se tivesse absoluta razão em tudo.
Pela fala da amiga, se viu obrigado a arquear as sobrancelhas.
- E nós não somos iguais?
- Hey! – gritou para duas garotas que passavam no corredor – Vocês andam com a , sabem onde ela está?
- Andamos juntas, gato, mas não nascemos grudadas. – a dupla riu e ao perceber que não tinha entrado na brincadeira, ficaram sérias outra vez.
- Acho que ela tinha comentado que passaria na biblioteca...
- Valeu! – agradeceu e saiu em disparada, sem nenhuma chance de ouvi-las praguejarem:
- Grosso.
- Mal educado.
- Mas que é bonito, é.
Da entrada, recebeu um aviso por estar correndo. Depois das desculpas, o estudante adentrou a biblioteca com passos largos, olhando freneticamente para os dois lados, esperando avistar entre qualquer uma das estantes. Quando estava quase certo de que a garota não estava ali, avistou a figura em uma das mesas de estudo, com uma pilha de livros grossos ao lado.
Chegando mais perto, ele percebeu que todos eram volumes didáticos de Física. Sorriu automaticamente, ganhando confiança para o que estava prestes a fazer.
- ! – chamou-a com um tom dissimulado, puxando a cadeira da frente para se acomodar.
- A menos que tenha as respostas da prova de física ou uma poção que me faça aprender física, não estou interessada. – comentou, sem tirar os olhos das páginas que folheava com pressa.
- Era exatamente sobre isso que gostaria de conversar. Presta atenção, ! – espalmou a mão em cima do livro dela, causando um susto.
- Saco! Fala, , que meu tempo é ouro.
- O que acha de eu te dar algumas aulas da disciplina?
Ela gargalhou descrente do que ouvira, recebendo reclamações dos outros presentes pelo barulho excessivo. Então, baixou o volume, mas continuou achando graça.
- Ah, certo. E você é quem, querido? O deus da Física?
- Não sou, mas estou quase lá. – deslizou o celular com a tela ligada em uma foto.
Desconfiada, se inclinou e viu que se tratava do histórico de médias dele. Notas impecáveis, o oposto das delas na matéria. Sem dar o braço a torcer, a estudante se manteve passiva.
- Por que eu aceitaria isso?
- Porque o Clube de Dança é importante para você.
ponderou, com o maxilar contraído, entendendo o ponto dele.
- Certo. – cerrou os olhos – A troco de quê?
Não havia porque enrolar. Eles eram crescidos e sabiam ser objetivos. nem ao menos pensou em uma história esfarrapada, abriria o jogo com a rival:
- Precisamos de assistência com o grupo de dança. – soprou rapidamente, como alguém arrancando o curativo de uma ferida.
Quando mais rápido admitisse, menos doeria e por mais que tivesse um tombo por ela, ainda era muito humilhante assumir que os amigos e ele precisavam dela. sorriu perigosamente, compreendendo o que estava à prova.
- Ohana deve ter perdido os cabelos para aceitar uma proposta dessas. – riu – Interessante. O que exatamente poderia fazer por vocês? Dança inclui talento e esforço e esses fatores não dependem da minha bondade.
- Baixa a bola, chata. A professora disse que quando você nos visse dançar, saberia exatamente o que arrumar.
Ohana achava toda aquela situação patética. Desde que adentrara a sala de dança com do lado, ela estava estrangulando inúmeros gritos. A outra não era mais que eles, então por que deveriam se sujeitar à análise dela? Quando a música que eles ensaiavam terminou, viu correr para se alinhar à rival, apreensivo, como se fosse um cão esperando pela aprovação da dona.
- E então? – ele quis saber.
Havia um clima hostil no ambiente. sabia bem que não era bem-vinda por Ohana, assim como todas as pessoas que estavam ao lado dela, mas a coragem não diminuiu. Ela tinha um trato com e assim seguiria.
As pessoas nascem diferentes umas das outras. Eles eram como água e óleo, não se misturavam por forças naturais. Se Ohana estivesse de um lado, estaria no outro. Era assim que elas eram desde que viraram colegas de turma na AFA. A criação do Clube de Dança apenas acirrou o instinto competitivo que nutriam entre si. Uma sempre queria entregar mais desempenho do que a outra e por mais errado que fosse, o garoto concluía que a rivalidade as fortalecia: uma sempre puxaria a outra para melhorar e mostrar a melhor versão de si.
- A música é muito boa. – cruzou os braços – Meus elogios acabam aí. A Banca gosta de história, de conceito. O que eu acabei de ver é um punhado de passos aleatórios. – os dedos de Ohana tremeram em tique raivoso – A letra retrata um cenário mais sensual, vocês como centros não passam nada disso. – apontou para e depois Ohana – Falta uma troca, olhares... Entrega. Parecem melhores amigos ao invés de um casal.
- Talvez porque sejamos melhores amigos? – Ohana debochou com todo o veneno, aproximando-se da frente da sala, onde a outra estava – Dançar é sobre intuição, deixar o corpo se levar... É diversão, garota. Você sabe o que é isso? – deu um passo adiante.
- Nunca disse que não era. – semicerrou os olhos – Por isso, fui clara ao constatar que a Banca gosta de conceito. Não estou julgando sob a minha lente. Outra coisa: se vocês são amigos ou amantes fora de cena, pouco importa! O público quer emoção, intensidade! Se comprarem os avaliadores, compram qualquer um.
No entanto, a líder do grupo ainda estava ressentida em aceitar as palavras da rival dos palcos. Pensar que aquilo tudo era só para as seletivas fazia o estresse subir.
- Agora, sobre a parte técnica: falta um quê de impacto. Vocês precisam ensaiar muito mais. – naquela altura da discussão, podia sentir os raios dos olhos do grupo sendo direcionados com violência para si – Mas não sozinhos. Como grupo mesmo. Mais uma vez: podem ser amigos, mas falta sincronia e sintonia.
- Cala a boca! – Ohana perdeu a paciência e deu um passo involuntário para frente, preparando-se para entrar no meio, caso elas brigassem – Você não sabe nada sobre nós! Por que não volta para o seu ballet chato? Lá pelo menos vai ter gente com paciência para sustentar esse seu ego do tamanho do mundo!
Contudo, não poderia estar menos ofendida. A bailarina forçou um riso escandaloso. Ao invés de replicar Ohana, direcionou-se a , sentindo a paciência diminuir também:
- Olha só no que você foi me meter! – tomou liberdade para desferir um tapa no peito dele, agravando a irritação de Ohana – Eu avisei que não ia dar certo. Ela não sabe ouvir, sem querer pular nos meus cabelos.
- Errada não está... – Ohana cortou, entredentes.
- Você poderia falar com mais jeitinho também. – defendeu os amigos – Usa toda aquela delicadeza que você tem com as sapatilhas e aplica aqui, . Seu tom tira toda a sua credibilidade.
- Eu não estou falando na maldade. – desviou o olhar para um ponto perdido do piso – O meu está na reta também.
Os demais acompanhavam a conversa que era ora com Ohana, ora com , mas sempre com , calados. Já havia barulho demais. Ohana não sabia exatamente do que a outra falava, mas sentiu que aquele foi o único instante em que a rival desceu todas as barreiras.
- Enfim... – tornou a falar – Vou deixar que as imagens falem por mim. – de repente, sacou uma câmera que escondia entre os braços cruzados, fazendo todos se questionarem se ela carregava o objeto consigo desde o começo – Deixei gravando a apresentação de vocês, enquanto assistia. Quando a gente dança, o foco acaba indo inteiramente para nós mesmos. Nada além de manter uma expressão bonita no rosto e não esquecer a sequência de passos. Quem sabe vocês se assistindo, as minhas palavras comecem a fazer mais sentido. – deixou a câmera com eles – , manteremos contato. – foi dando as costas a todos.
- Não acha que está indo longe demais por uma seletiva, ? – Ohana questionou de olhos semicerrados, alternando entre a bailarina que se preparava para sair e a câmera – Investindo energia e tempo falando tanta abobrinha, sem saber se vamos te seguir ou não. Até uma câmera você trouxe! – riu, embasbacada com os métodos.
Mais uma vez, a diferença entre os grupos estava escancarada. Enquanto Ohana e os amigos gostavam de seguir a intuição para ver no que daria, era uma adepta à seguir padrões e regras.
- Achei que soubesse. – interrompeu os passos, mirando-a por cima dos ombros – Trabalho para ser a melhor. Se vocês acham os meus métodos exagerados ou antiquados, tanto faz. – o olhar sério escorregou para por poucos segundos e depois retornou à Ohana – Não é como se eu fosse a boa samaritana aqui. Temos um trato e eu odeio falhar, é só isso.
Dito, foi embora sob os olhos nada contentes dos demais.
- Odeio essa convicção com que ela fala as coisas, como se tivesse absoluta razão em tudo.
Pela fala da amiga, se viu obrigado a arquear as sobrancelhas.
- E nós não somos iguais?
Capítulo 3
O cérebro de tinha sido tão forçado naquela tarde, que não estranharia se a qualquer momento saísse fumaça pelos ouvidos. Esfregou as mãos pelo rosto nervosamente.
- Está me acompanhando, ? – a voz de parou a leitura de um enunciado para chamá-la.
- Estou! – a resposta saiu de má vontade e abafada pelas mãos que ainda lhe cobriam a cara – Infelizmente.
O garoto não conseguiu deixar de rir. “Ela até que ficava fofa toda desesperada”, pensou. Engoliu seco. Não importava a manha que estivesse fazendo, ele não poderia aliviar.
Eles tinham um trato e ele estava tão disposto quanto ela para fazer dar certo.
- Vamos lá, essa é teórica. Nem precisa fazer contas. – tentou incentivar.
- Puxa, que legal! Pena que não faz diferença para mim. – ironizou.
- Você quer ou não ser liberada para o Festival de Outono?
A simples menção do evento fez ajustar a postura e então os olhos atentos de viram que se quisesse ter algum sucesso, precisaria trabalhar na base da chantagem emocional com ela, usando a relação que tinham com a dança.
✨✨✨
e tinham um trato, mas ninguém além deles sabia o que estava acordado e isso levantava suspeitas em Ohana.
- Você deve ter proposto algo muito importante para ela estar nos ajudando assim. – comentou assustada, acompanhando dar algumas dicas aos amigos.
Ohana ainda questionava se havia feito o certo, mas a presença da outra bailarina estava mais tolerável. parecia outra garota quando adotava a postura de treinadora. Apesar da postura mesquinha e do tom arrogante nos comentários, era notável entrega de com relação ao grupo.
- Nem vem. – retrucou após um gole de água da garrafinha – É assustador para mim também. – os olhos pousaram na garota que repassava um passo com os dançarinos laterais – Ela leva esses festivais muito a sério e temos que aproveitar isso.
No canto oposto, continuava demonstrando o que cada um do grupo ainda precisava corrigir na postura.
- Vocês precisam deslizar o pé assim. - esticou o pé direito para frente e com ele desenhou metade de um círculo, puxando a perna para trás – Se eu coloco o pé no ponto inicial e depois só o levo até o ponto final do semicírculo imaginário... – demonstrou – Continuo levando o mesmo tempo para me movimentar, mas fica menos suave. Como a transição da música nesse instante está em um instrumental menos agressivo, é melhor deslizar. Se tivessem batidas mais fortes e pontuais, concordo que a outra opção pegaria melhor. Podemos seguir assim?
A dupla que escutava com atenção deu um aceno com a cabeça.
Finalizando com eles, deixou escapar um bocejo. Os últimos dias estavam sendo bem exaustivos para ela. Por outro lado, nunca havia sido tão produtiva. Além das aulas básicas, havia as sessões extras de física com , o próprio grupo de dança que ministrava, sem contar as sessões do Clube de Dança, onde tinha que absorver as críticas e adaptar. Depois, vinha o grupo de Ohana e ao fim do dia, ainda precisava reservar um tempo para si. O cérebro dela deveria estar transcendendo com tanto aprendizado.
E no meio do caos, a data da prova final estava logo ali.
deu passos curtos até o casal principal da apresentação enquanto balançava os braços e esticava o pescoço.
- Agora, vocês. – bocejou outra vez
O desaparecimento do tom de implicância denunciava que só estava muito cansada.
- O que precisamos fazer? – esfregou a palma de uma mão contra a outra para se aquecer.
- Vamos repassar o solo de vocês dois.
Sentindo que estavam dando voltas no mesmo lugar, com o casal repassando várias vezes os mesmos trechos do ensaio sem muita diferença, acabou interrompendo os dois no meio do processo.
- Isso está bem meia boca. – fez uma careta – E a culpa é sua, . – balançava os braços desesperada
- Minha? – o garoto se ofendeu e Ohana riu, satisfeita.
- Sim? – depositou as mãos na cintura, aproximando-se de onde eles estavam – Pode se afastar um pouco, queridinha? – Ohana imediatamente recuou – Obrigada. – e a atenção foi inteiramente para – Repassa comigo. Você faz aquele círculo com os braços. – ele obedeceu – Eu vou entrar nele usando meu tronco, começando pela cabeça. – eles repetiram as ações – Depois, cada um dá um passo para o lado. Nessa hora, Ohana estaria correndo para você. – deu passos lentos até estarem de frente para o outro – Até aqui ok. Então, ela levanta um dos joelhos e depois estica a perna para o alto. Nesse momento... – as mãos dela buscaram as dele – Você segura com força. – depositou a palma dele na lateral da própria coxa e fez pressão, para que ele seguisse o pedido – Para de ter receio de fazer contato, ainda mais quando estão dançando em dupla!
Os movimentos foram automáticos, impulsionados pela descrença da garota sobre as próprias capacidades. espalmou a mão na perna dela, dando um impulso que a içasse mais para perto de si, já a livre enlaçou a cintura dela, possessiva, causando um baque e consequentemente, uma aproximação perigosa.
- Assim? – sussurrou na cara dela, soando mais rouco do que imaginava.
Pega de surpresa, os lábios de se entreabriram um pouco em choque, atraindo a atenção dos olhos traidores do garoto para a região. O cérebro dela tinha dado pane. Desconcertada pelo frio na barriga que tinha sentido e sem capacidade para formular uma resposta boa, a estudante assentiu encabulada.
Os olhos de Ohana faiscaram ao sentir que havia algo a mais no ar. De repente, o ar pareceu ficar mais denso. Cerrou os olhos. A própria presença parecia sobrar naquele momento, apesar de ser a peça principal para a cena. teria que ouvir mais tarde. Os ensaios eram importantes demais para que ficasse de flerte com a Chatinha. Então, um sorriso maldoso nasceu. A garota que havia sido esquecida mordeu os lábios antes de limpar a garganta exageradamente, a fim de atrair a atenção do casal para si.
- Acho que entendi. – Ohana começou, forçando uma ingenuidade que destonava do sorriso lançado, instantes atrás – Mas assim... – cruzou os braços – Não teria sido melhor que tivesse feito a demonstração comigo e você tivesse acompanhado de fora para apontar onde ele deveria ou não pegar, Princesinha?
puxou o ar pelas narinas com força e recuou, quebrando o contato com .
- Er... – tossiu – Claro! – passou as mãos pela extensão toda dos cabelos, envergonhada, causando mais divertimento para a outra – Desculpa. Podemos seguir assim. Podem passar os passos de novo, por favor? – forçou outra tossida – Vou beber uma água antes.
Assim que ficaram a sós, Ohana não pensou duas vezes em disparar um soco contra o braço de .
- Idiota! Precisava disso tudo?
- Tudo o quê? – ofereceu a melhor cara de desentendido que tinha.
- Agarrar a chatinha, para depois sussurrar como se estivesse pronto para devorá-la. – um arrepio lhe subiu a espinha, de desgosto – Eca!
- ‘Tá doida? – bagunçou os fios de cabelos suados da nuca – Como é a expressão que o grupo da vive soltando para essas situações mesmo? – pensou um pouco – Ah, sim... Fanficou toda, amore!
Ohana gargalhou, ainda encarando o amigo com suspeitas. Sabia que daqueles dois saía alguma coisa.
- Sei... A rainha aqui nunca erra. até saiu correndo, fingindo que ia beber água.
- Fingindo?
- A garrafinha dela está intocada até agora lá no canto. – rolou os olhos, apontando para um objeto rosa em uma das quinas da sala de espelhos.
Então, a conversa entre a dupla morreu, visto que o assunto chegara.
- Mas garota, o que aconteceu com você? – Ohana encarava a rival em choque – Foi beber água no bebedouro ou tomar banho?
estava encharcada, a jaqueta que usava por cima do uniforme estava visivelmente mais escura em alguns pontos, denunciando o líquido que ela tentou secar às pressas inutilmente.
- Eu me afoguei. – contou enfezada ao perceber que estava atraindo mais olhares do que gostaria, afrouxando a gola da camisa branca simultaneamente – Não precisam me olhar assim, assustados, vai por mim... Eu precisava disso. – complementou, em choque, pelos pensamentos errados que tivera, envolvendo um alguém de sobrenome .
Ohana prendeu o riso, falhando ao permitir que o ar escapasse pelo nariz.
- Está me acompanhando, ? – a voz de parou a leitura de um enunciado para chamá-la.
- Estou! – a resposta saiu de má vontade e abafada pelas mãos que ainda lhe cobriam a cara – Infelizmente.
O garoto não conseguiu deixar de rir. “Ela até que ficava fofa toda desesperada”, pensou. Engoliu seco. Não importava a manha que estivesse fazendo, ele não poderia aliviar.
Eles tinham um trato e ele estava tão disposto quanto ela para fazer dar certo.
- Vamos lá, essa é teórica. Nem precisa fazer contas. – tentou incentivar.
- Puxa, que legal! Pena que não faz diferença para mim. – ironizou.
- Você quer ou não ser liberada para o Festival de Outono?
A simples menção do evento fez ajustar a postura e então os olhos atentos de viram que se quisesse ter algum sucesso, precisaria trabalhar na base da chantagem emocional com ela, usando a relação que tinham com a dança.
e tinham um trato, mas ninguém além deles sabia o que estava acordado e isso levantava suspeitas em Ohana.
- Você deve ter proposto algo muito importante para ela estar nos ajudando assim. – comentou assustada, acompanhando dar algumas dicas aos amigos.
Ohana ainda questionava se havia feito o certo, mas a presença da outra bailarina estava mais tolerável. parecia outra garota quando adotava a postura de treinadora. Apesar da postura mesquinha e do tom arrogante nos comentários, era notável entrega de com relação ao grupo.
- Nem vem. – retrucou após um gole de água da garrafinha – É assustador para mim também. – os olhos pousaram na garota que repassava um passo com os dançarinos laterais – Ela leva esses festivais muito a sério e temos que aproveitar isso.
No canto oposto, continuava demonstrando o que cada um do grupo ainda precisava corrigir na postura.
- Vocês precisam deslizar o pé assim. - esticou o pé direito para frente e com ele desenhou metade de um círculo, puxando a perna para trás – Se eu coloco o pé no ponto inicial e depois só o levo até o ponto final do semicírculo imaginário... – demonstrou – Continuo levando o mesmo tempo para me movimentar, mas fica menos suave. Como a transição da música nesse instante está em um instrumental menos agressivo, é melhor deslizar. Se tivessem batidas mais fortes e pontuais, concordo que a outra opção pegaria melhor. Podemos seguir assim?
A dupla que escutava com atenção deu um aceno com a cabeça.
Finalizando com eles, deixou escapar um bocejo. Os últimos dias estavam sendo bem exaustivos para ela. Por outro lado, nunca havia sido tão produtiva. Além das aulas básicas, havia as sessões extras de física com , o próprio grupo de dança que ministrava, sem contar as sessões do Clube de Dança, onde tinha que absorver as críticas e adaptar. Depois, vinha o grupo de Ohana e ao fim do dia, ainda precisava reservar um tempo para si. O cérebro dela deveria estar transcendendo com tanto aprendizado.
E no meio do caos, a data da prova final estava logo ali.
deu passos curtos até o casal principal da apresentação enquanto balançava os braços e esticava o pescoço.
- Agora, vocês. – bocejou outra vez
O desaparecimento do tom de implicância denunciava que só estava muito cansada.
- O que precisamos fazer? – esfregou a palma de uma mão contra a outra para se aquecer.
- Vamos repassar o solo de vocês dois.
Sentindo que estavam dando voltas no mesmo lugar, com o casal repassando várias vezes os mesmos trechos do ensaio sem muita diferença, acabou interrompendo os dois no meio do processo.
- Isso está bem meia boca. – fez uma careta – E a culpa é sua, . – balançava os braços desesperada
- Minha? – o garoto se ofendeu e Ohana riu, satisfeita.
- Sim? – depositou as mãos na cintura, aproximando-se de onde eles estavam – Pode se afastar um pouco, queridinha? – Ohana imediatamente recuou – Obrigada. – e a atenção foi inteiramente para – Repassa comigo. Você faz aquele círculo com os braços. – ele obedeceu – Eu vou entrar nele usando meu tronco, começando pela cabeça. – eles repetiram as ações – Depois, cada um dá um passo para o lado. Nessa hora, Ohana estaria correndo para você. – deu passos lentos até estarem de frente para o outro – Até aqui ok. Então, ela levanta um dos joelhos e depois estica a perna para o alto. Nesse momento... – as mãos dela buscaram as dele – Você segura com força. – depositou a palma dele na lateral da própria coxa e fez pressão, para que ele seguisse o pedido – Para de ter receio de fazer contato, ainda mais quando estão dançando em dupla!
Os movimentos foram automáticos, impulsionados pela descrença da garota sobre as próprias capacidades. espalmou a mão na perna dela, dando um impulso que a içasse mais para perto de si, já a livre enlaçou a cintura dela, possessiva, causando um baque e consequentemente, uma aproximação perigosa.
- Assim? – sussurrou na cara dela, soando mais rouco do que imaginava.
Pega de surpresa, os lábios de se entreabriram um pouco em choque, atraindo a atenção dos olhos traidores do garoto para a região. O cérebro dela tinha dado pane. Desconcertada pelo frio na barriga que tinha sentido e sem capacidade para formular uma resposta boa, a estudante assentiu encabulada.
Os olhos de Ohana faiscaram ao sentir que havia algo a mais no ar. De repente, o ar pareceu ficar mais denso. Cerrou os olhos. A própria presença parecia sobrar naquele momento, apesar de ser a peça principal para a cena. teria que ouvir mais tarde. Os ensaios eram importantes demais para que ficasse de flerte com a Chatinha. Então, um sorriso maldoso nasceu. A garota que havia sido esquecida mordeu os lábios antes de limpar a garganta exageradamente, a fim de atrair a atenção do casal para si.
- Acho que entendi. – Ohana começou, forçando uma ingenuidade que destonava do sorriso lançado, instantes atrás – Mas assim... – cruzou os braços – Não teria sido melhor que tivesse feito a demonstração comigo e você tivesse acompanhado de fora para apontar onde ele deveria ou não pegar, Princesinha?
puxou o ar pelas narinas com força e recuou, quebrando o contato com .
- Er... – tossiu – Claro! – passou as mãos pela extensão toda dos cabelos, envergonhada, causando mais divertimento para a outra – Desculpa. Podemos seguir assim. Podem passar os passos de novo, por favor? – forçou outra tossida – Vou beber uma água antes.
Assim que ficaram a sós, Ohana não pensou duas vezes em disparar um soco contra o braço de .
- Idiota! Precisava disso tudo?
- Tudo o quê? – ofereceu a melhor cara de desentendido que tinha.
- Agarrar a chatinha, para depois sussurrar como se estivesse pronto para devorá-la. – um arrepio lhe subiu a espinha, de desgosto – Eca!
- ‘Tá doida? – bagunçou os fios de cabelos suados da nuca – Como é a expressão que o grupo da vive soltando para essas situações mesmo? – pensou um pouco – Ah, sim... Fanficou toda, amore!
Ohana gargalhou, ainda encarando o amigo com suspeitas. Sabia que daqueles dois saía alguma coisa.
- Sei... A rainha aqui nunca erra. até saiu correndo, fingindo que ia beber água.
- Fingindo?
- A garrafinha dela está intocada até agora lá no canto. – rolou os olhos, apontando para um objeto rosa em uma das quinas da sala de espelhos.
Então, a conversa entre a dupla morreu, visto que o assunto chegara.
- Mas garota, o que aconteceu com você? – Ohana encarava a rival em choque – Foi beber água no bebedouro ou tomar banho?
estava encharcada, a jaqueta que usava por cima do uniforme estava visivelmente mais escura em alguns pontos, denunciando o líquido que ela tentou secar às pressas inutilmente.
- Eu me afoguei. – contou enfezada ao perceber que estava atraindo mais olhares do que gostaria, afrouxando a gola da camisa branca simultaneamente – Não precisam me olhar assim, assustados, vai por mim... Eu precisava disso. – complementou, em choque, pelos pensamentos errados que tivera, envolvendo um alguém de sobrenome .
Ohana prendeu o riso, falhando ao permitir que o ar escapasse pelo nariz.
Capítulo 4
Era dia de resultado.
Aquele era o dia em que as aprovações da seletiva para o Festival de Outono sairiam. Ohana não imaginou que ficaria tão ansiosa por uma droga de postagem na página da AFA, mas lá estava ela, trancafiada em uma das salas de aula, acompanhada do próprio grupo de dança, segurando o ímpeto de roer as unhas pela quarta vez.
- Saiu alguma coisa já?
- Não!
Todos tinham os olhos vidrados nos celulares, recarregando insistentemente a aba do Clube de Dança da escola.
- Droga, que horas a professora disse que lançaria os resultados?
- Às 20 horas.
- Que horas são?
- Ela está atrasada em três minut...
- Saiu!
Um frenesi tomou conta dos presentes que por um milésimo de segundo hesitaram em atualizar a página por uma última vez naquele dia.
- E aí? – Ohana tinha um olho aberto e outro fechado, sem coragem de conferir a lista.
- Porra!
- E aí? – ela repetiu ansiosa.
- Passamos!
- Todos nós?
- Caralho, sim!
Todos se calaram para trocarem olhares orgulhosos e vitoriosos para, em seguida, explodirem em comemoração. Após muitos abraços grupais, gritos e pulos no ar, foi o primeiro a dar sinal de que estava saindo. Era uma surpresa que ninguém tivesse aparecido para repreendê-los de toda algazarra feita no meio da AFA em pleno horário de jantar.
- Você vai contar para ela, não é? – Ohana indagou quando estava quase cruzando a porta da sala.
- Vou. – escondeu as mãos nos bolsos, ansioso.
- Foi mérito nosso as aprovações na seletiva.
- Eu sei. – concordou – Mas ela ajudou, Ohana, e eu detesto ser mal agradecido.
- Detesta estar longe da Princesinha , isso sim. – revirou os orbes – A gente está percebendo qual é a sua nesses últimos tempos. – foi franca, recebendo acenos de cabeça em apoio.
- Nada a ver. – desconversou.
- Ele não quer dar o braço a torcer, pessoal! – Ohana achou graça – Então, vai lá demonstrar toda a sua gratidão, garotão – frisou, arrancando risadas.
- Palhaços! – reclamou desaforado, correndo para o lugar em que tinha certeza que a garota estaria.
Aquele era o dia em que as aprovações da seletiva para o Festival de Outono sairiam. Ohana não imaginou que ficaria tão ansiosa por uma droga de postagem na página da AFA, mas lá estava ela, trancafiada em uma das salas de aula, acompanhada do próprio grupo de dança, segurando o ímpeto de roer as unhas pela quarta vez.
- Saiu alguma coisa já?
- Não!
Todos tinham os olhos vidrados nos celulares, recarregando insistentemente a aba do Clube de Dança da escola.
- Droga, que horas a professora disse que lançaria os resultados?
- Às 20 horas.
- Que horas são?
- Ela está atrasada em três minut...
- Saiu!
Um frenesi tomou conta dos presentes que por um milésimo de segundo hesitaram em atualizar a página por uma última vez naquele dia.
- E aí? – Ohana tinha um olho aberto e outro fechado, sem coragem de conferir a lista.
- Porra!
- E aí? – ela repetiu ansiosa.
- Passamos!
- Todos nós?
- Caralho, sim!
Todos se calaram para trocarem olhares orgulhosos e vitoriosos para, em seguida, explodirem em comemoração. Após muitos abraços grupais, gritos e pulos no ar, foi o primeiro a dar sinal de que estava saindo. Era uma surpresa que ninguém tivesse aparecido para repreendê-los de toda algazarra feita no meio da AFA em pleno horário de jantar.
- Você vai contar para ela, não é? – Ohana indagou quando estava quase cruzando a porta da sala.
- Vou. – escondeu as mãos nos bolsos, ansioso.
- Foi mérito nosso as aprovações na seletiva.
- Eu sei. – concordou – Mas ela ajudou, Ohana, e eu detesto ser mal agradecido.
- Detesta estar longe da Princesinha , isso sim. – revirou os orbes – A gente está percebendo qual é a sua nesses últimos tempos. – foi franca, recebendo acenos de cabeça em apoio.
- Nada a ver. – desconversou.
- Ele não quer dar o braço a torcer, pessoal! – Ohana achou graça – Então, vai lá demonstrar toda a sua gratidão, garotão – frisou, arrancando risadas.
- Palhaços! – reclamou desaforado, correndo para o lugar em que tinha certeza que a garota estaria.
Capítulo 5
Era o primeiro encontro deles depois dos resultados. A professora havia simplesmente deixado a sala sob o pretexto de dar a liberdade necessária para que decidissem, em conjunto, como prosseguiriam com as dinâmicas dali para frente. Dentre as decisões que o grupo formado para a apresentação final do Festival de Outono teria que tomar estava: eleger um líder e o tema da coreografia.
- Não, não, não! – Eveline bateu os pés, sendo acompanhada pelas amigas, ao ouvir a proposta do outro grupo para a apresentação final do Festival de Outono.
- Por que não? – bateu de frente.
- Porque o público não nos enxergaria nessas posições de fundo. – entrou na discussão, brava – Coincidentemente não tem ninguém de vocês conosco, só as meninas e eu. – os olhos faiscaram – Não vamos ser fundo de cenário para vocês.
- Está sendo ridícula, . – Ohana cruzou os braços, peitando-a – Nós não vamos dançar clássicos, como vocês querem.
- Pelo menos, fomos justas. – fez pressão contra o corpo da outra, diminuindo a distância entre os rostos – Todos têm um papel igualmente relevante na nossa proposta. Acha que a professora penderia para que lado? – deu um sorriso ladino.
- Ah, não! Você não ousaria apelar... – rangeu os dentes – Não teria coragem de usar o fato de ser a queridinha dela para ganhar vantagem...
- Por que não? – recuou alguns passos – Nós teríamos o que queremos, vocês ainda participariam. Todo mundo ficaria feliz.
- Somos um grupo agora, garotas. – tentou apaziguar, cansado da mesma ladainha de sempre – Podemos pensar algo em conjunto.
- Para de fingir que é um diplomata! – se exaltou – Estava querendo empurrar a ideia de vocês para cima de nós instantes atrás e...
- Já entendi que vocês não gostaram! – rolou os olhos – Poderíamos usar esse tempo para pensar algo em conjunto, não acham? Somos mais de dez cabeças aqui. Algo que preste deve sair. Não digo a versão final dessa porra toda, mas um começo estaria bom.
Ohana e ainda se matavam pelos olhos, com os ombros subindo e descendo pelo desaforo.
- Falou uma coisa sensata pela primeira vez. – Eveline bateu as mãos em deboche.
- Sou sempre assim com gente racional, linda. – devolveu com um sorriso igualmente debochado.
- Já sei. – sorriu largamente com as cenas que passava em mente e a rival rolou os olhos de forma automática, descrente do potencial da ideia que surgiria – Vamos fazer o que sabemos de melhor... Brigar.
- Eu estava doida esperando para que esse dia chegasse. – Ohana sorriu empolgada, erguendo os punhos em postura de combate – Cai dentro, Princesinha.
rolou os olhos.
- Não desse jeito, Garota-Sem-Classe. – retrucou, enfezada, ainda que achasse que em um enfrentamento, a outra é quem sairia numa maca – Aproximem-se mais, pessoal, porque vocês vão adorar a minha ideia brilhante. – continuou sustentando o sorriso de rasgar.
✨✨✨
- Cinco, seis, sete e oito...
Enquanto o grupo dançava, a docente se locomovia entre cada um deles, avaliando as posturas gerais. A nomeação em consenso de e Ohana como líderes havia a satisfez muito, ainda que não fosse surpresa. Pelo menos, os jovens trocavam uma dúzia de palavras entre si sem querer arrancar os olhos dos outros. Inesperadamente, as duas alunas mais explosivas da turma trabalhavam bem em conjunto, confirmando as próprias suspeitas: uma completava a outra.
era sempre impecável em seus passos e na entrega, mas a mulher sentia falta, às vezes, da espontaneidade e efervescência que Ohana carregava dentro de si. Por outro lado, para a segunda, faltava muita disciplina e paciência para lidar com regras e isso acabava impedindo que tivesse resultados mais satisfatórios. De fato, a companhia de uma para a outra traria muitas vantagens mútuas.
O conceito que haviam trazido até sua mesa era a essência pura do que aquela turma era nas aulas. Ela investiria na ideia dos estudantes de tentar mesclar o clássico com o contemporâneo, tendo cada grupo em sua zona de conforto para depois misturarem.
Todo ano, ela se pegava emocionada com a arte que saía das apresentações, mas como professora que acompanhava cada um deles há anos, o significado da junção deles fazia um arrepio lhe percorrer a espinha. A entrega de cada um deles gritava crescimento.
Ao fim de mais uma sessão do Clube de Dança, a docente fez questão de aplaudir toda a evolução que eles estavam demonstrando nas habilidades e especialmente nas relações pessoais.
- Bom trabalho! – trocou um high-five com Ohana.
- Você também, professora.
Afastada, imitava os outros colegas, recolhendo os próprios pertences para ir tomar um banho. Enquanto esperava o suor secar com uma toalha no pescoço, conferia as notificações do celular com uma das mãos, tendo a outra abraçada na garrafinha quase vazia.
- Oi.
A voz de a fez levantar o rosto.
- Oi? – retribuiu suspeita.
- Não conversamos depois da sua prova.
- Sim. – socou o celular no bolso da jaqueta – Por quê?
- Como foi lá?
fez uma careta e precisou passar a mão no nariz de leve para disfarçar o riso.
- Você quer mesmo conversar sobre isso? – a expressão engraçada não saía do rosto dela – Porque olha... – balançou a cabeça – Você fez a sua parte, se é isso que te preocupa.
Não era.
Por mais duro que fosse admitir, mesmo que só internamente, ele estava preocupado com a permanência dela no Clube. Os amigos também tinham baixas, mas ele desconhecia pessoa com média tão baixa em uma disciplina como a garota. Todo encontro para estudar parecia um parto. se divertia, no entanto isso não excluía o temor de não terem dado conta.
- Faz quase duas semanas desde a aplicação, né?
- Acho que sim. – não estava dando muita importância – O que foi? Está acompanhando meus passos? – franziu o cenho.
- E o Roggers ainda não soltou as notas?
- Não. – respondeu curta.
- Quando saírem me avisa ou me dá um retorno, por favor?
- Ok? – a expressão de suspeita retornou – Posso ir para o banho agora? Está me dando agonia ter que ficar tão perto de você estando fedida.
- Não esquenta, já suportei catingas piores. – provocou.
fez um estalo com a língua e não hesitou em acertá-lo com o vidro da garrafa com força.
- Não abusa, . Não temos essa intimidade. – foi saindo.
- Se quiser, podemos criá-la agora mesmo. – seguiu, apoiando o braço sobre a toalha que ela tinha envolvido no pescoço, enganchando-a para mais perto. titubeou com o puxão, tropeçando sobre os próprios pés.
- Você vai ver a intimidade quando minha mão entrar em contato com a sua cara. – rosnou.
- Tapa de amor não dói, Princesa . – se divertia.
- Vamos testar, amor? – abriu um sorriso travesso, depositando o máximo de força que tinha em um dos pés para em seguida pisotear o pé mais próximo dele.
urrou de dor, sentindo a perna fraquejar por um instante, também mordeu a própria boca para não fazer mais escândalo.
- Filha da mãe! – praguejou com os olhos mais úmidos que o normal – Isso tem volta! – as mãos grandes foram em direção dos cabelos dela, bagunçando os fios para todos os lados, sem piedade.
- Para! – as mãos dela tentaram sobrepor as dele para conter a bagunça, mas foi ignorada – , se não quiser perder a chance de ter filhos, dá um passo para trás, agora. – ameaçou.
- Olha só para ela, toda bravinha! – caçoou em tom mortal – Como fica fofinha! – então, o foco foi para as bochechas dela.
- Me solta! – o timbre de ia ficando mais agudo.
- Err... ?
- ?
Eveline e Ohana não sabiam mais o que dizer com aquela cena. Duas pessoas crescidas quase saindo no tapa, no meio do corredor. O casal que fervia virou o rosto em direção das vozes em sincronia.
- O quê você está fazendo? – Ohana se dirigiu ao amigo que não tirou as mãos do rosto de em nenhum momento.
- Não está vendo? – replicou entredentes – Estou criando intimidade com .
Os olhos de Eveline se arregalaram com a afirmação, ora sobre , ora sobre totalmente descabelada.
- Vocês dois... – ela tentou formular uma frase – Nossa... ... Quer saber... Meu Deus... – caiu na risada, arrastando Ohana consigo – Achei que a primeira com quem você sairia no braço seria a Ohana.
- Quem diria... – a própria Ohana assobiou.
- Não, não, não! – Eveline bateu os pés, sendo acompanhada pelas amigas, ao ouvir a proposta do outro grupo para a apresentação final do Festival de Outono.
- Por que não? – bateu de frente.
- Porque o público não nos enxergaria nessas posições de fundo. – entrou na discussão, brava – Coincidentemente não tem ninguém de vocês conosco, só as meninas e eu. – os olhos faiscaram – Não vamos ser fundo de cenário para vocês.
- Está sendo ridícula, . – Ohana cruzou os braços, peitando-a – Nós não vamos dançar clássicos, como vocês querem.
- Pelo menos, fomos justas. – fez pressão contra o corpo da outra, diminuindo a distância entre os rostos – Todos têm um papel igualmente relevante na nossa proposta. Acha que a professora penderia para que lado? – deu um sorriso ladino.
- Ah, não! Você não ousaria apelar... – rangeu os dentes – Não teria coragem de usar o fato de ser a queridinha dela para ganhar vantagem...
- Por que não? – recuou alguns passos – Nós teríamos o que queremos, vocês ainda participariam. Todo mundo ficaria feliz.
- Somos um grupo agora, garotas. – tentou apaziguar, cansado da mesma ladainha de sempre – Podemos pensar algo em conjunto.
- Para de fingir que é um diplomata! – se exaltou – Estava querendo empurrar a ideia de vocês para cima de nós instantes atrás e...
- Já entendi que vocês não gostaram! – rolou os olhos – Poderíamos usar esse tempo para pensar algo em conjunto, não acham? Somos mais de dez cabeças aqui. Algo que preste deve sair. Não digo a versão final dessa porra toda, mas um começo estaria bom.
Ohana e ainda se matavam pelos olhos, com os ombros subindo e descendo pelo desaforo.
- Falou uma coisa sensata pela primeira vez. – Eveline bateu as mãos em deboche.
- Sou sempre assim com gente racional, linda. – devolveu com um sorriso igualmente debochado.
- Já sei. – sorriu largamente com as cenas que passava em mente e a rival rolou os olhos de forma automática, descrente do potencial da ideia que surgiria – Vamos fazer o que sabemos de melhor... Brigar.
- Eu estava doida esperando para que esse dia chegasse. – Ohana sorriu empolgada, erguendo os punhos em postura de combate – Cai dentro, Princesinha.
rolou os olhos.
- Não desse jeito, Garota-Sem-Classe. – retrucou, enfezada, ainda que achasse que em um enfrentamento, a outra é quem sairia numa maca – Aproximem-se mais, pessoal, porque vocês vão adorar a minha ideia brilhante. – continuou sustentando o sorriso de rasgar.
- Cinco, seis, sete e oito...
Enquanto o grupo dançava, a docente se locomovia entre cada um deles, avaliando as posturas gerais. A nomeação em consenso de e Ohana como líderes havia a satisfez muito, ainda que não fosse surpresa. Pelo menos, os jovens trocavam uma dúzia de palavras entre si sem querer arrancar os olhos dos outros. Inesperadamente, as duas alunas mais explosivas da turma trabalhavam bem em conjunto, confirmando as próprias suspeitas: uma completava a outra.
era sempre impecável em seus passos e na entrega, mas a mulher sentia falta, às vezes, da espontaneidade e efervescência que Ohana carregava dentro de si. Por outro lado, para a segunda, faltava muita disciplina e paciência para lidar com regras e isso acabava impedindo que tivesse resultados mais satisfatórios. De fato, a companhia de uma para a outra traria muitas vantagens mútuas.
O conceito que haviam trazido até sua mesa era a essência pura do que aquela turma era nas aulas. Ela investiria na ideia dos estudantes de tentar mesclar o clássico com o contemporâneo, tendo cada grupo em sua zona de conforto para depois misturarem.
Todo ano, ela se pegava emocionada com a arte que saía das apresentações, mas como professora que acompanhava cada um deles há anos, o significado da junção deles fazia um arrepio lhe percorrer a espinha. A entrega de cada um deles gritava crescimento.
Ao fim de mais uma sessão do Clube de Dança, a docente fez questão de aplaudir toda a evolução que eles estavam demonstrando nas habilidades e especialmente nas relações pessoais.
- Bom trabalho! – trocou um high-five com Ohana.
- Você também, professora.
Afastada, imitava os outros colegas, recolhendo os próprios pertences para ir tomar um banho. Enquanto esperava o suor secar com uma toalha no pescoço, conferia as notificações do celular com uma das mãos, tendo a outra abraçada na garrafinha quase vazia.
- Oi.
A voz de a fez levantar o rosto.
- Oi? – retribuiu suspeita.
- Não conversamos depois da sua prova.
- Sim. – socou o celular no bolso da jaqueta – Por quê?
- Como foi lá?
fez uma careta e precisou passar a mão no nariz de leve para disfarçar o riso.
- Você quer mesmo conversar sobre isso? – a expressão engraçada não saía do rosto dela – Porque olha... – balançou a cabeça – Você fez a sua parte, se é isso que te preocupa.
Não era.
Por mais duro que fosse admitir, mesmo que só internamente, ele estava preocupado com a permanência dela no Clube. Os amigos também tinham baixas, mas ele desconhecia pessoa com média tão baixa em uma disciplina como a garota. Todo encontro para estudar parecia um parto. se divertia, no entanto isso não excluía o temor de não terem dado conta.
- Faz quase duas semanas desde a aplicação, né?
- Acho que sim. – não estava dando muita importância – O que foi? Está acompanhando meus passos? – franziu o cenho.
- E o Roggers ainda não soltou as notas?
- Não. – respondeu curta.
- Quando saírem me avisa ou me dá um retorno, por favor?
- Ok? – a expressão de suspeita retornou – Posso ir para o banho agora? Está me dando agonia ter que ficar tão perto de você estando fedida.
- Não esquenta, já suportei catingas piores. – provocou.
fez um estalo com a língua e não hesitou em acertá-lo com o vidro da garrafa com força.
- Não abusa, . Não temos essa intimidade. – foi saindo.
- Se quiser, podemos criá-la agora mesmo. – seguiu, apoiando o braço sobre a toalha que ela tinha envolvido no pescoço, enganchando-a para mais perto. titubeou com o puxão, tropeçando sobre os próprios pés.
- Você vai ver a intimidade quando minha mão entrar em contato com a sua cara. – rosnou.
- Tapa de amor não dói, Princesa . – se divertia.
- Vamos testar, amor? – abriu um sorriso travesso, depositando o máximo de força que tinha em um dos pés para em seguida pisotear o pé mais próximo dele.
urrou de dor, sentindo a perna fraquejar por um instante, também mordeu a própria boca para não fazer mais escândalo.
- Filha da mãe! – praguejou com os olhos mais úmidos que o normal – Isso tem volta! – as mãos grandes foram em direção dos cabelos dela, bagunçando os fios para todos os lados, sem piedade.
- Para! – as mãos dela tentaram sobrepor as dele para conter a bagunça, mas foi ignorada – , se não quiser perder a chance de ter filhos, dá um passo para trás, agora. – ameaçou.
- Olha só para ela, toda bravinha! – caçoou em tom mortal – Como fica fofinha! – então, o foco foi para as bochechas dela.
- Me solta! – o timbre de ia ficando mais agudo.
- Err... ?
- ?
Eveline e Ohana não sabiam mais o que dizer com aquela cena. Duas pessoas crescidas quase saindo no tapa, no meio do corredor. O casal que fervia virou o rosto em direção das vozes em sincronia.
- O quê você está fazendo? – Ohana se dirigiu ao amigo que não tirou as mãos do rosto de em nenhum momento.
- Não está vendo? – replicou entredentes – Estou criando intimidade com .
Os olhos de Eveline se arregalaram com a afirmação, ora sobre , ora sobre totalmente descabelada.
- Vocês dois... – ela tentou formular uma frase – Nossa... ... Quer saber... Meu Deus... – caiu na risada, arrastando Ohana consigo – Achei que a primeira com quem você sairia no braço seria a Ohana.
- Quem diria... – a própria Ohana assobiou.
Capítulo 6
O espírito de estava inquieto nos últimos dias. Apesar de tudo estar correndo bem consigo, havia um tema que estava deixando uma coceira atrás da orelha e ele queria tirar a limpo o quanto antes.
- Roggers, poderia me responder uma dúvida?
Aparecer na sala dos professores, de súbito e sem horário marcado era um pouco exagerado, talvez, mas por que não?
- Para um dos meus melhores alunos? Mas é claro! Diga, .
- Quando o senhor pretende soltar as notas das provas finais?
O homem de idade com uma barriga saliente ajustou os óculos.
- Ora, mas elas já foram postadas. Lembro-me de ter corrigido todas no mesmo dia e devolvido no dia seguinte para colher as assinaturas dos alunos.
- Ah... – não conseguiu omitir a surpresa – É mesmo? Eu devo ter perdido alguma coisa, então. – riu, coçando a nuca.
- Se esteve procurando nos murais da turma, não vai encontrar mesmo. Como são poucos os que chegam até esse ponto, os professores não tem a obrigação de abrir um edital, mas quem fez a minha prova já recebeu os resultados.
- Hm. – foi só o que saiu.
Os olhos de se semicerraram automaticamente. havia mentido e ele caiu feito um bobo. Sempre foi visível que aquela garota tinha alguns parafusos a menos, mas um motivo para lhe esconder a informação não vinha à mente.
- Qual é o seu interesse, ?
Então, ele se lembrou de que ainda estava sob a presença do professor de física.
- Será que teria problema se você me mostrasse os resultados de só uma pessoa? – sentiu o olhar de desconfiança crescer sobre si – Só os de , professor. Ela acabou vindo atrás de mim, pedindo por ajuda. – mentiu – Estava curioso para saber se fui de alguma utilidade.
A sala dos professores ficou em um silêncio por breves segundos.
- fez isso mesmo? – o mais velho ajustou os óculos outra vez – Que engraçado, jurava que vocês não se misturavam.
- Ainda não somos os maiores fãs do outro, professor. – apressou-se em alegar.
- Claro, claro... E isso não é da minha conta. Bom, te adianto que tenho uma boa e uma má notícia. – permaneceu quieto e atento, um pouco apreensivo também pelo que poderia vir – A notícia ruim é que a senhorita não alcançou a média necessária. – o aluno sentiu o estômago afundar – A boa é que ela teve uma melhora considerável com relação ao semestre todo. Faltou muito pouco, mas isso não a prejudicará no que se refere ao ano todo. Ela vai passar tranquilamente.
Enquanto permanecia estacado no mesmo lugar, com o olhar vago, digerindo as notícias, Roggers andou até onde estava guardada sua maleta e de lá tirou uma pilha de papéis.
- É um ótimo aluno e muito bom professor, . Olhe... – esticou algumas folhas grampeadas – É perceptível que tem muita dificuldade na minha matéria, mas eu não ligo para números. Estou realmente feliz por tê-la visto melhorar tudo isso nessa última prova. Uma pena que tenha demorado tanto para te encontrar. Um acompanhamento anual a teria feito muito bem.
Se era ético, ou não, ter acesso à prova da colega, ele estava se lixando. Os olhos passeavam atentos pelo papel, admirando a caligrafia delicada e os cálculos impecavelmente dispostos após os enunciados de cada questão. Uma pena que estavam errados. Em alguns exercícios, era visível que ela não tinha a mínima noção do que estava fazendo.
Um suspiro pesaroso preencheu o recinto.
Tempos atrás, estaria rindo, certo de precisava de uma rasteira da vida para se dar conta de que o mundo perfeito onde achava que vivia não existia, eram apenas privilégios. Então, por que não se sentia melhor?
✨✨✨
Nos jardins da AFA, e as amigas estavam estiradas sobre a grama, conversando sobre os planos para as férias que se aproximavam.
- Souberam que o Stubby vai reabrir? – Jena disse, lembrando-se das fofocas que capturou no banheiro próximo das quadras de esportes.
O grupo rapidamente fechou em uma rodinha, deitadas de barriga para baixo atentas às novidades.
Stubby era o lugar favorito de todos os alunos da região que procuravam por uma boa diversão, com um quê especial para os aspirantes à artista. O lugar funcionava como uma balada enorme que dava chance para qualquer iniciante se expressar.
De todos os momentos que só aquele lugar era capaz de proporcionar, os favoritos de seriam sempre as batalhas de dança. Definitivamente, não havia nada mais High School Musical em seus conceitos do que aquele lugar. Um bando de jovens descontrolados e reunidos, que poderiam tomar os microfones para assumir as melodias a qualquer instante. Mais do que isso: eles podiam dançar. Não importava o estilo ou as habilidades, quando se tratava da arte de se expressar de cada um, todos se tornavam iguais.
- Quem disse isso?
- A gente precisa ir!
- É sério mesmo?
Todas começaram a falar por cima das outras.
- Eu estou sem vontade para nada. Acho que vou ficar só quieta, no meu canto. – Eveline cortou a empolgação, girando até ficar de barriga para cima, olhando para o céu nublado, recebendo um monte de vaias.
se divertia empurrando a outra pela mentira escancarada que ouviram.
- Cala a boca! – protestou – Você sempre fala isso, mas nunca apaga o fogo no rabo.
- Sim! – uma terceira entrou para a discussão – Sempre está falando que não está a fim de festas ou que não vai ficar muito tempo, mas é a primeira do grupo a precisar ser carregada para fora. – rolou os olhos.
- Vocês ficam engraçadas à beça quando bêbadas. – Jena completou.
As risadas foram gerais, tendo uma ou outra mostrando o dedo do meio e a língua para as demais. As memórias mais desgraçadas eram também as mais engraçadas e elas eram muito felizes por compartilharem tantas. As gargalhadas estrondosas do grupo foram morrendo gradativamente com a chegada desaforada de um colega já bem conhecido.
- Quero falar sozinho com a .
O tom hostil fez com que as garotas se sentissem como um rebanho de ovelhas avistando o lobo mal. Todas da roda, com exceção de , trocaram olhares, entendendo o recado, disparando para levantar de modo desajeitado e em seguida correr para longe.
- Otárias... – murmurou vendo uma tropeçar no nada, enquanto se erguia sozinha, batendo uma mão contra a outra para remover os fios de grama – Se sente mais homem falando assim com elas, idiota? – exibia uma leve irritação ainda dando batidinhas no uniforme.
- Onde está a nota da sua prova?
A menção daquele assunto a fez perder o pouco da paciência que já não era grande.
- De novo esse assunto? Eu, hein! Já te falei que ainda não saiu. – deu um passo para o lado, pronta para seguir o mesmo caminho das garotas – Me deixa em paz! Parece meu pai.
Contudo, não estava disposto a deixa-la fugir com tanta facilidade.
- Por que está mentindo? – o garoto se enfiou na frente, segurando-a pelos pulsos.
- Me solta! – ela ordenou ameaçadora.
- Não antes de você me falar o porquê de estar mentindo.
- Mentindo sobre o quê, garoto? – balançava os braços, em uma tentativa de se desvencilhar do toque dele.
- O senhor Roggers me mostrou a sua prova.
ficou imóvel por um instante. Entretanto, não queria deixar a máscara cair, logo tratou de esconder a surpresa para exibir a mesma cara de irritação de antes.
- Se você já sabe que eu não passei, por que é que está aqui torrando a minha paciência? – olhou-o fulminante – Ah, entendi. – riu forçadamente – Veio jogar na minha cara o quão burra sou, pois eu dispenso. – desviou o olhar, tentando escapar outra vez.
- Eu nunca faria isso. – mas não conseguiu levar a fala a sério – Não agora que somos... – ela o encarou com mais atenção – Estamos colaborando uns com os outros. – corrigiu.
não abriu a boca, tampouco deu sinais de que tentaria correr mais uma vez. Sendo assim, ele a soltou, dando um passo para trás.
- Por que continuou nos ajudando mesmo depois de saber o resultado da prova?
- Desculpa, acho que queimei os meus últimos neurônios com essa merda de avaliação. Poderia traduzia a sua pergunta?
- O nosso trato era a sua aprovação na matéria pelas assistências para a apresentação de outono. – ambos se encararam sérios – Podia ter parado de ajudar o grupo quando Roggers deu as notícias. Segundo minhas contas, a sua nota saiu muito antes das seletivas. Você continuou com a gente por duas semanas a mais. Por quê? – franziu o cenho.
- Nós temos um trato, . Ainda que eu não tenha conseguido o meu objetivo, meu trabalho não acabou com vocês. Quando dou a minha palavra, pretendo ir com ela até o fim, achei que essa parte estava escancarada. Seria mesquinho, da minha parte, ferrar todo mundo, porque simplesmente não consegui o que eu queria, não acha?
Com os olhos levemente esbugalhados, acenou com a cabeça.
- Surpreso, querido? – ela riu, sem achar graça – Vocês realmente esperam muito pouco de mim sempre. Realmente, é muito difícil ser eu.
- Quem mais sabe?
- Ninguém, tirando você que é um intrometido.
revirou os olhos.
- E quando pretende contar para todo mundo?
- Não vou contar.
- Por que não?
- Por que tenho que contar? – inverteu a pergunta.
- É um direito do clube! Seu teatro de imbatível só vai durar até a professora receber a relação de notas. Está ensaiando com todos, fingindo que sua situação está ok, quando na verdade não vai poder se apresentar junto.
deu um riso escárnio.
- Eu vou me apresentar com todos. – garantiu com confiança.
- Como? Vai passar por cima das ordens da Direção?
- Essa parte só cabe a mim. – massageou as têmporas pelo excesso de questionamentos – Não acha que está sendo inconveniente demais?
- O que pretende fazer, ? – ignorou a pergunta dela – Fazer loucura não é a sua cara.
- Está tudo sob controle.
✨✨✨
O professor de física estava começando a se sentir popular com tantas visitas que vinha recebendo ultimamente.
- Por favor, professor! Eu imploro!
tinha ido para a sala dos professores disposta a perder toda a dignidade que fosse necessária para dar um jeito de recuperar a média mínima na disciplina infernal.
- O senhor quer que eu fique de joelhos? Posso lavar o seu carro! Carrego suas coisas para você durante um mês. Qualquer coisa, mas me passa um trabalho extra para recuperar a nota, por favorzinho!
A estudante estava com os dedos das mãos entrelaçados em frente ao peito, em súplica. Havia até coçado um pouco os olhos para deixa-los levemente irritados antes de entrar para dar um drama.
- Senhorita ... – o homem ajustou os óculos de armação redonda sobre o nariz – O que te faz pensar que eu abriria essa exceção para você? Todas as oportunidades foram dadas.
- Você faria isso, porque é o melhor professor do mundo! – bajulou na cara dura – Por favor! Eu prometo me esforçar mais, você viu que estou tentando mesmo, Roggers!
- Eu sei que está, ! – o mais velho suspirou – Sente-se, por favor – indicou a cadeira vaga no lado oposto da mesa ao mesmo tempo em que se sentava – Mas é que se abrir essa exceção, terei que abrir para todos. Não sei se quero mais esse estresse para lidar.
A bailarina segurou muito forte a vontade de rolar os olhos.
- Me ajuda, professor! Pelo amor de tudo que é mais importante ao senhor!
- Senhorita...
- Um trabalho extra! – torceu para que os olhos estivessem brilhantes o suficiente para amolecer o coração do homem – Não estou te pedindo nota de graça. Quero mais que tudo fazer por mérito próprio! Senhor Roggers... – chamou em tom choroso – Vai dormir em paz sabendo que poderia ter feito diferente?
- Certo! – as mãos contendo algumas rugas aparentes bateram contra a mesa – Se a senhorita está tão disposta a se doar pela física, assim vai ser. Vou pensar no que faço e mando as instruções via e-mail. Avise aos seus outros colegas pendurados que estarei abrindo essa oportunidade. Os interessados devem entrar em contato.
- Meu Deus! – exclamou em êxtase – Sim, senhor! Pode deixar! Deus te abençoe! Muito obrigada mesmo, senhor Roggers!
- Tá, tá! Vai embora, .
- Já disse que o senhor é o professor mais bonito e inteligente da AFA?
- , saia antes que resolva te deixar com menos nota do que quando entrou minutos atrás. – alertou, escondendo um sorriso.
- Sim! Sim! – concordou eufórica – Obrigada mesmo, professor! Não vai se arrepender! – saiu pela porta apressada
- Já estou me arrependendo. – murmurou sozinho, coçando a testa.
Do lado de fora, escorado no batente, havia capturado a conversa toda.
- Era a essa cena deplorável que você se referia quando disse que tinha tudo sob controle? – indagou incrédulo.
- ... – fechou os olhos e ergueu as mãos em um gesto para que ele se calasse – Eu estou muito feliz e você não vai destruir isso.
- Não acha que exagerou quando disse que o Roggers era o homem mais lindo do mundo? Sei lá... – deu os ombros – Pareceu mais um deboche.
- Claro que não! – pôs se a andar com o garoto acompanhando – Meus elogios são sempre muito sinceros, eles vêm do fundo do coração e é por isso que você nunca recebeu um.
fingiu tomar um tiro.
- Não sabia que tínhamos intimidade suficiente para me maltratar assim. – utilizou o mesmo argumento que ela fez uso tempos atrás.
- Se parasse de me seguir, não levaria tantos coices.
- Mas aí perderia a minha direção.
sentiu os pelos da nuca se arrepiarem, horrorizada.
- O que deu em você, homem? Está me assustando! – deu mais dois passos para o lado – Se afasta! – esfregou os braços – Pode ser contagioso.
- É a doença do amor, coração. – encarou-a nos olhos, mas não aguentou a pose e acabou caindo na risada – Você devia ter visto a sua cara. Relaxa, ‘tá? Essas coisas nunca aconteceriam.
- Por que nunca? Eu sou uma princesa e, se quisesse, faria você lamber o meu chão sem muito esforço.
Ambos se encararam com olhos semicerrados, balançando a cabeça como se conversassem por telepatia. Era como um ímã. queria quebrar o contato, mas não conseguia. O olhar se prolongou tanto que um fino sorriso foi nascendo em .
- Amiga! !
A garota conseguia capturar uma voz no fundo chamando-a pelo nome, contudo os orbes não se desprendiam do .
- !
Era Eveline.
- Saco! Por que toda vez que viramos a cara você já está andando pelos cantos com o ?
Por fim, ela piscou pesadamente, retornando à realidade.
- Hum? – foi só o que saiu, alheia.
- Vamos, mulher! Precisamos arrumar algumas coisas no quarto.
Enquanto era puxada pela mão, ainda se atreveu a olhar para trás, deparando-se com a mesma expressão serena de antes no garoto. Mais uma vez, o estômago revirou.
Ela precisava sufocar aquelas borboletas fazendo cócegas.
- Roggers, poderia me responder uma dúvida?
Aparecer na sala dos professores, de súbito e sem horário marcado era um pouco exagerado, talvez, mas por que não?
- Para um dos meus melhores alunos? Mas é claro! Diga, .
- Quando o senhor pretende soltar as notas das provas finais?
O homem de idade com uma barriga saliente ajustou os óculos.
- Ora, mas elas já foram postadas. Lembro-me de ter corrigido todas no mesmo dia e devolvido no dia seguinte para colher as assinaturas dos alunos.
- Ah... – não conseguiu omitir a surpresa – É mesmo? Eu devo ter perdido alguma coisa, então. – riu, coçando a nuca.
- Se esteve procurando nos murais da turma, não vai encontrar mesmo. Como são poucos os que chegam até esse ponto, os professores não tem a obrigação de abrir um edital, mas quem fez a minha prova já recebeu os resultados.
- Hm. – foi só o que saiu.
Os olhos de se semicerraram automaticamente. havia mentido e ele caiu feito um bobo. Sempre foi visível que aquela garota tinha alguns parafusos a menos, mas um motivo para lhe esconder a informação não vinha à mente.
- Qual é o seu interesse, ?
Então, ele se lembrou de que ainda estava sob a presença do professor de física.
- Será que teria problema se você me mostrasse os resultados de só uma pessoa? – sentiu o olhar de desconfiança crescer sobre si – Só os de , professor. Ela acabou vindo atrás de mim, pedindo por ajuda. – mentiu – Estava curioso para saber se fui de alguma utilidade.
A sala dos professores ficou em um silêncio por breves segundos.
- fez isso mesmo? – o mais velho ajustou os óculos outra vez – Que engraçado, jurava que vocês não se misturavam.
- Ainda não somos os maiores fãs do outro, professor. – apressou-se em alegar.
- Claro, claro... E isso não é da minha conta. Bom, te adianto que tenho uma boa e uma má notícia. – permaneceu quieto e atento, um pouco apreensivo também pelo que poderia vir – A notícia ruim é que a senhorita não alcançou a média necessária. – o aluno sentiu o estômago afundar – A boa é que ela teve uma melhora considerável com relação ao semestre todo. Faltou muito pouco, mas isso não a prejudicará no que se refere ao ano todo. Ela vai passar tranquilamente.
Enquanto permanecia estacado no mesmo lugar, com o olhar vago, digerindo as notícias, Roggers andou até onde estava guardada sua maleta e de lá tirou uma pilha de papéis.
- É um ótimo aluno e muito bom professor, . Olhe... – esticou algumas folhas grampeadas – É perceptível que tem muita dificuldade na minha matéria, mas eu não ligo para números. Estou realmente feliz por tê-la visto melhorar tudo isso nessa última prova. Uma pena que tenha demorado tanto para te encontrar. Um acompanhamento anual a teria feito muito bem.
Se era ético, ou não, ter acesso à prova da colega, ele estava se lixando. Os olhos passeavam atentos pelo papel, admirando a caligrafia delicada e os cálculos impecavelmente dispostos após os enunciados de cada questão. Uma pena que estavam errados. Em alguns exercícios, era visível que ela não tinha a mínima noção do que estava fazendo.
Um suspiro pesaroso preencheu o recinto.
Tempos atrás, estaria rindo, certo de precisava de uma rasteira da vida para se dar conta de que o mundo perfeito onde achava que vivia não existia, eram apenas privilégios. Então, por que não se sentia melhor?
Nos jardins da AFA, e as amigas estavam estiradas sobre a grama, conversando sobre os planos para as férias que se aproximavam.
- Souberam que o Stubby vai reabrir? – Jena disse, lembrando-se das fofocas que capturou no banheiro próximo das quadras de esportes.
O grupo rapidamente fechou em uma rodinha, deitadas de barriga para baixo atentas às novidades.
Stubby era o lugar favorito de todos os alunos da região que procuravam por uma boa diversão, com um quê especial para os aspirantes à artista. O lugar funcionava como uma balada enorme que dava chance para qualquer iniciante se expressar.
De todos os momentos que só aquele lugar era capaz de proporcionar, os favoritos de seriam sempre as batalhas de dança. Definitivamente, não havia nada mais High School Musical em seus conceitos do que aquele lugar. Um bando de jovens descontrolados e reunidos, que poderiam tomar os microfones para assumir as melodias a qualquer instante. Mais do que isso: eles podiam dançar. Não importava o estilo ou as habilidades, quando se tratava da arte de se expressar de cada um, todos se tornavam iguais.
- Quem disse isso?
- A gente precisa ir!
- É sério mesmo?
Todas começaram a falar por cima das outras.
- Eu estou sem vontade para nada. Acho que vou ficar só quieta, no meu canto. – Eveline cortou a empolgação, girando até ficar de barriga para cima, olhando para o céu nublado, recebendo um monte de vaias.
se divertia empurrando a outra pela mentira escancarada que ouviram.
- Cala a boca! – protestou – Você sempre fala isso, mas nunca apaga o fogo no rabo.
- Sim! – uma terceira entrou para a discussão – Sempre está falando que não está a fim de festas ou que não vai ficar muito tempo, mas é a primeira do grupo a precisar ser carregada para fora. – rolou os olhos.
- Vocês ficam engraçadas à beça quando bêbadas. – Jena completou.
As risadas foram gerais, tendo uma ou outra mostrando o dedo do meio e a língua para as demais. As memórias mais desgraçadas eram também as mais engraçadas e elas eram muito felizes por compartilharem tantas. As gargalhadas estrondosas do grupo foram morrendo gradativamente com a chegada desaforada de um colega já bem conhecido.
- Quero falar sozinho com a .
O tom hostil fez com que as garotas se sentissem como um rebanho de ovelhas avistando o lobo mal. Todas da roda, com exceção de , trocaram olhares, entendendo o recado, disparando para levantar de modo desajeitado e em seguida correr para longe.
- Otárias... – murmurou vendo uma tropeçar no nada, enquanto se erguia sozinha, batendo uma mão contra a outra para remover os fios de grama – Se sente mais homem falando assim com elas, idiota? – exibia uma leve irritação ainda dando batidinhas no uniforme.
- Onde está a nota da sua prova?
A menção daquele assunto a fez perder o pouco da paciência que já não era grande.
- De novo esse assunto? Eu, hein! Já te falei que ainda não saiu. – deu um passo para o lado, pronta para seguir o mesmo caminho das garotas – Me deixa em paz! Parece meu pai.
Contudo, não estava disposto a deixa-la fugir com tanta facilidade.
- Por que está mentindo? – o garoto se enfiou na frente, segurando-a pelos pulsos.
- Me solta! – ela ordenou ameaçadora.
- Não antes de você me falar o porquê de estar mentindo.
- Mentindo sobre o quê, garoto? – balançava os braços, em uma tentativa de se desvencilhar do toque dele.
- O senhor Roggers me mostrou a sua prova.
ficou imóvel por um instante. Entretanto, não queria deixar a máscara cair, logo tratou de esconder a surpresa para exibir a mesma cara de irritação de antes.
- Se você já sabe que eu não passei, por que é que está aqui torrando a minha paciência? – olhou-o fulminante – Ah, entendi. – riu forçadamente – Veio jogar na minha cara o quão burra sou, pois eu dispenso. – desviou o olhar, tentando escapar outra vez.
- Eu nunca faria isso. – mas não conseguiu levar a fala a sério – Não agora que somos... – ela o encarou com mais atenção – Estamos colaborando uns com os outros. – corrigiu.
não abriu a boca, tampouco deu sinais de que tentaria correr mais uma vez. Sendo assim, ele a soltou, dando um passo para trás.
- Por que continuou nos ajudando mesmo depois de saber o resultado da prova?
- Desculpa, acho que queimei os meus últimos neurônios com essa merda de avaliação. Poderia traduzia a sua pergunta?
- O nosso trato era a sua aprovação na matéria pelas assistências para a apresentação de outono. – ambos se encararam sérios – Podia ter parado de ajudar o grupo quando Roggers deu as notícias. Segundo minhas contas, a sua nota saiu muito antes das seletivas. Você continuou com a gente por duas semanas a mais. Por quê? – franziu o cenho.
- Nós temos um trato, . Ainda que eu não tenha conseguido o meu objetivo, meu trabalho não acabou com vocês. Quando dou a minha palavra, pretendo ir com ela até o fim, achei que essa parte estava escancarada. Seria mesquinho, da minha parte, ferrar todo mundo, porque simplesmente não consegui o que eu queria, não acha?
Com os olhos levemente esbugalhados, acenou com a cabeça.
- Surpreso, querido? – ela riu, sem achar graça – Vocês realmente esperam muito pouco de mim sempre. Realmente, é muito difícil ser eu.
- Quem mais sabe?
- Ninguém, tirando você que é um intrometido.
revirou os olhos.
- E quando pretende contar para todo mundo?
- Não vou contar.
- Por que não?
- Por que tenho que contar? – inverteu a pergunta.
- É um direito do clube! Seu teatro de imbatível só vai durar até a professora receber a relação de notas. Está ensaiando com todos, fingindo que sua situação está ok, quando na verdade não vai poder se apresentar junto.
deu um riso escárnio.
- Eu vou me apresentar com todos. – garantiu com confiança.
- Como? Vai passar por cima das ordens da Direção?
- Essa parte só cabe a mim. – massageou as têmporas pelo excesso de questionamentos – Não acha que está sendo inconveniente demais?
- O que pretende fazer, ? – ignorou a pergunta dela – Fazer loucura não é a sua cara.
- Está tudo sob controle.
O professor de física estava começando a se sentir popular com tantas visitas que vinha recebendo ultimamente.
- Por favor, professor! Eu imploro!
tinha ido para a sala dos professores disposta a perder toda a dignidade que fosse necessária para dar um jeito de recuperar a média mínima na disciplina infernal.
- O senhor quer que eu fique de joelhos? Posso lavar o seu carro! Carrego suas coisas para você durante um mês. Qualquer coisa, mas me passa um trabalho extra para recuperar a nota, por favorzinho!
A estudante estava com os dedos das mãos entrelaçados em frente ao peito, em súplica. Havia até coçado um pouco os olhos para deixa-los levemente irritados antes de entrar para dar um drama.
- Senhorita ... – o homem ajustou os óculos de armação redonda sobre o nariz – O que te faz pensar que eu abriria essa exceção para você? Todas as oportunidades foram dadas.
- Você faria isso, porque é o melhor professor do mundo! – bajulou na cara dura – Por favor! Eu prometo me esforçar mais, você viu que estou tentando mesmo, Roggers!
- Eu sei que está, ! – o mais velho suspirou – Sente-se, por favor – indicou a cadeira vaga no lado oposto da mesa ao mesmo tempo em que se sentava – Mas é que se abrir essa exceção, terei que abrir para todos. Não sei se quero mais esse estresse para lidar.
A bailarina segurou muito forte a vontade de rolar os olhos.
- Me ajuda, professor! Pelo amor de tudo que é mais importante ao senhor!
- Senhorita...
- Um trabalho extra! – torceu para que os olhos estivessem brilhantes o suficiente para amolecer o coração do homem – Não estou te pedindo nota de graça. Quero mais que tudo fazer por mérito próprio! Senhor Roggers... – chamou em tom choroso – Vai dormir em paz sabendo que poderia ter feito diferente?
- Certo! – as mãos contendo algumas rugas aparentes bateram contra a mesa – Se a senhorita está tão disposta a se doar pela física, assim vai ser. Vou pensar no que faço e mando as instruções via e-mail. Avise aos seus outros colegas pendurados que estarei abrindo essa oportunidade. Os interessados devem entrar em contato.
- Meu Deus! – exclamou em êxtase – Sim, senhor! Pode deixar! Deus te abençoe! Muito obrigada mesmo, senhor Roggers!
- Tá, tá! Vai embora, .
- Já disse que o senhor é o professor mais bonito e inteligente da AFA?
- , saia antes que resolva te deixar com menos nota do que quando entrou minutos atrás. – alertou, escondendo um sorriso.
- Sim! Sim! – concordou eufórica – Obrigada mesmo, professor! Não vai se arrepender! – saiu pela porta apressada
- Já estou me arrependendo. – murmurou sozinho, coçando a testa.
Do lado de fora, escorado no batente, havia capturado a conversa toda.
- Era a essa cena deplorável que você se referia quando disse que tinha tudo sob controle? – indagou incrédulo.
- ... – fechou os olhos e ergueu as mãos em um gesto para que ele se calasse – Eu estou muito feliz e você não vai destruir isso.
- Não acha que exagerou quando disse que o Roggers era o homem mais lindo do mundo? Sei lá... – deu os ombros – Pareceu mais um deboche.
- Claro que não! – pôs se a andar com o garoto acompanhando – Meus elogios são sempre muito sinceros, eles vêm do fundo do coração e é por isso que você nunca recebeu um.
fingiu tomar um tiro.
- Não sabia que tínhamos intimidade suficiente para me maltratar assim. – utilizou o mesmo argumento que ela fez uso tempos atrás.
- Se parasse de me seguir, não levaria tantos coices.
- Mas aí perderia a minha direção.
sentiu os pelos da nuca se arrepiarem, horrorizada.
- O que deu em você, homem? Está me assustando! – deu mais dois passos para o lado – Se afasta! – esfregou os braços – Pode ser contagioso.
- É a doença do amor, coração. – encarou-a nos olhos, mas não aguentou a pose e acabou caindo na risada – Você devia ter visto a sua cara. Relaxa, ‘tá? Essas coisas nunca aconteceriam.
- Por que nunca? Eu sou uma princesa e, se quisesse, faria você lamber o meu chão sem muito esforço.
Ambos se encararam com olhos semicerrados, balançando a cabeça como se conversassem por telepatia. Era como um ímã. queria quebrar o contato, mas não conseguia. O olhar se prolongou tanto que um fino sorriso foi nascendo em .
- Amiga! !
A garota conseguia capturar uma voz no fundo chamando-a pelo nome, contudo os orbes não se desprendiam do .
- !
Era Eveline.
- Saco! Por que toda vez que viramos a cara você já está andando pelos cantos com o ?
Por fim, ela piscou pesadamente, retornando à realidade.
- Hum? – foi só o que saiu, alheia.
- Vamos, mulher! Precisamos arrumar algumas coisas no quarto.
Enquanto era puxada pela mão, ainda se atreveu a olhar para trás, deparando-se com a mesma expressão serena de antes no garoto. Mais uma vez, o estômago revirou.
Ela precisava sufocar aquelas borboletas fazendo cócegas.
Capítulo 7
O teatro da Academia Floriana de Artes estava em sua lotação máxima. Pais, professores, funcionários, olheiros e profissionais da dança eram alguns do que compunham o público da noite repleta de apresentações impressionantes.
O momento pelo qual todos lutaram chegou. A apresentação final. Pela última vez na noite, os holofotes se apagaram, deixando todos em um breu que incitava os telespectadores a criarem expectativa do que viria.
Os integrantes do Clube de Dança foram se distribuindo em passos cautelosos por toda a extensão do palco. Se forçassem um pouco a vista, veriam as silhuetas dos colegas, mas nada mais que isso.
- Pronta para brilhar? – Ohana perguntou sustentando um sorriso maroto, olhando para frente, ainda que não enxergasse nada direito e nem pudessem ver sua expressão de satisfação.
- Eu não preciso nem tentar. Nasci para isso!
O momento pelo qual todos lutaram chegou. A apresentação final. Pela última vez na noite, os holofotes se apagaram, deixando todos em um breu que incitava os telespectadores a criarem expectativa do que viria.
Os integrantes do Clube de Dança foram se distribuindo em passos cautelosos por toda a extensão do palco. Se forçassem um pouco a vista, veriam as silhuetas dos colegas, mas nada mais que isso.
- Pronta para brilhar? – Ohana perguntou sustentando um sorriso maroto, olhando para frente, ainda que não enxergasse nada direito e nem pudessem ver sua expressão de satisfação.
- Eu não preciso nem tentar. Nasci para isso!
Fim.
Nota da autora: Sim, senhoras, mais um clichê dos clichês. Pegaram todas as referências de Rebelde (mexicano), amadas? Essa short tem um spin-off no ficstape de Starstruck, em 06. Party Up. Obrigada por dar uma chance à história e por acompanha-la até o fim!
Beijos,
Ale.
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Outras Fanfics:
Felicitatem Momentaneum [Harry Potter/Shortfic] – principais interativos
Finally Champion [Harry Potter/Shortfic] – Olívio Wood é o principal
Finally the Refreshments [Harry Potter/Shortfic – Restrita] – Sequência de Finally Champion
10. Fuego [Ficstape Rebelde/Restrita]
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