Capítulo Único
- Vamos lá, Suzana. Você consegue, garota! - continuei pacientemente ao lado da cabra que havia dado a luz ao primeiro dos seus filhotes há algum tempo, mas ela estava fraca demais e parecia não resistir. - Vamos lá, menina. Só falta um dos seus bebês! - E então ela finalmente conseguiu colocar o segundo para fora com muita dificuldade e depois de muito tempo, o primeiro filhote nasceu normalmente enquanto o primeiro parecia muito fraco e franzino. Poderia morrer em poucas horas. Enrolei ambos em uma toalha própria para os animais, enquanto tentava prestar socorros a cabra nigeriana anã, a mãe que por ser de pequeno porte tinha dificuldades para ter seus filhotes e eu temia que a mesma morresse. Depois de fazer alguns procedimentos que por anos havia visto meu pai fazer e ouvi falar na faculdade, a cabra ainda parecia fraca e foi quando ela soltou um guincho e faleceu. Não consegui conter as lágrimas que já tomavam conta do meu rosto, nunca era bom ver um animal partir. Peguei os dois cabritinhos, dando banho e logo colocando o sadio em um local apropriado e o pequeno e frágil para dentro de casa. Aparentemente ele tinha hipotermia e precisava de mais cuidados.
Em nossa fazenda havia algumas cabras. Antigamente tínhamos as cabras miotônicas, mas elas desmaiavam de susto porque seu DNA tinha tipo um probleminha com os nervos. Logo essas ficaram velhinhas e como sempre nos matavam de susto, passamos a aderir as nigerianas anãs.
Das miotônicas, sobraram duas: Bety e Vety. Eram velhinhas, mas as tratávamos como todo o resto da fazenda, como se fossem todos de estimação, então sempre fazíamos o melhor para que caso viessem morrer tivessem tido a melhor vida possível.
Com os dias, Nico - o cabritinho que teve hipotermia logo ao nascer - já estava mais sadio e pulava para lá e para cá atrás de mim enquanto eu alimentava alguns outros animais. Nico parecia um cachorro, pedia colo e também carinho.
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- Isso aqui é de má qualidade, e pequeno. - ele disse, especulando a injeção sobre a mesa do celeiro que era preparada para aplicar no gado. Eu não aplicaria esta, mas estava a preparando. - Por que ainda não tacou isso fora?
- Seu pinto também é pequeno e de má qualidade, por que você ainda não o cortou fora? - retruquei no automático, fazendo algumas pessoas e veterinários próximos gargalharem e logo taparem a boca como se estivessem apenas prestando atenção em seus trabalhos. A intenção não foi ser grosseira, apenas que ele parasse de interferir em meu trabalho, mas o mesmo ficou emburrado e saiu pisando duro para fora praguejando até minha quinta geração e me fazendo dar de ombros. Desde que eu e havíamos terminado qualquer coisa que tínhamos, as implicâncias eram rotineiras, e de alguma forma aquela cabeça de minhoca ainda achava que eu iria voltar para ele.
- Tá, eu sei que você vem, eu sei! O papai já me falou, que porra. - ele dizia ao telefone assim que sai com a minha maleta indo em direção ao carro.
- , precisamos acertar as finanças no escritório... - eu havia tido grandes gastos com as vacinas, mas ele era o maior trambiqueiro, sentia falta de quando senhor Noel estava em casa, e eu esperava que ele ficasse bom logo e voltasse para casa, afinal, as finanças locais estavam sendo cada vez mais prejudicadas com um no comando.
- Eu sei que você só quer ir pro escritório comigo, sua megera. - ele disse, gritando ainda com o telefone em um dos ouvidos.
- Achei que você só tinha problema com o pinto pequeno, agora eu vejo que tem no ouvido também. - gritei de volta, terminando de ajeitar as coisas no banco do carro.
- Jay Na não reclamou do que eu tenho entre as pernas. - ele soltou, se gabando com um sorriso sugestivo. - Quer vir conferir se é pequeno?
- Talvez ela tenha confundido com uma minhoca, por isso não reclamou. - soltei com um riso zombeteiro nos lábios, fitando o patético do na soleira da porta da enorme casa de sua família. - Talvez eu vá um dia, caso eu precise de iscas para peixes e tenha acabado. - dei de ombros, tirando meu jaleco branco.
- Você... - ele ia retrucar.
- Tchau, . – respondi, o ignorando e entrando no carro.
- , sua...- dei de ombros, esticando o dedo do meio para fora da janela em sua direção e logo acelerando pela estrada que dava para fora da fazenda.
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Point Of View
Estava de volta a fazenda do meu pai, a qual eu vim pouquíssimas vezes e apenas quando muito pequeno. Dessa vez por circunstâncias não tão boas, afinal, com meu pai doente eu teria que vir para organizar as finanças de perto, já que não dava para confiar em .
O Uber não quis me levar até a fazenda e me deixou no meio da estrada com mala e cuia. Enquanto eu caminhava pelo carreador que levaria até a fazenda, um carro grande esporte parou ao meu lado e abriu a janela.
- Oi, eu aposto que está indo para a fazenda dos Norwood, certo? Esse caminho só leva até lá. - a mulher soltou sorrindo breve, o semblante leve e assenti brevemente com a cabeça. - Entra, eu também estou indo para lá.
- Nossa, muito obrigado! – soltei, colocando minhas malas no banco traseiro. - Aposto que se fosse outro passaria direto. - ri breve junto a mulher que voltou a dirigir pela estrada. - O que vai fazer lá?
- Os cavalos estão doentes, vou examiná-los e quem sabe curar. - ela sorriu com o canto da boca e logo estacionou em frente a enorme casa do meu pai.
- Obrigado... – disse, tentando completar com o seu nome, aquele que eu ainda nem ao menos sabia.
- . - a mesma completou sorrindo e apertou minha mão, logo pegando uma maleta de dentro do carro e seguindo para a área que os cavalos ficavam soltos. – Olá, Bailey, como você cresceu... - ela dizia sozinha, ou melhor, com a égua ainda em transição de filhote para adulta enquanto acariciava a mesma. – Aliás, não querendo ser chata nem nada, mas você sabe que a contabilidade daqui está uma droga, não sabe?
- Eu sei, eu vim para cuidar disso. – soltei sorrindo breve, observando a mulher levemente enquanto seu olhar se perdia na enorme pelagem do cavalo a sua frente.
- Eu fui falar com ele ontem sobre os gastos do cavalo, mas ele estava com alguém no telefone e se limitou em ser um otário. – ela deu de ombros, continuando com seu trabalho.
- Então quer dizer que era você que estava discutindo com meu irmão ontem enquanto eu estava no telefone? – soltei, rindo me lembrando da gritaria do outro lado do telefone.
- Então era você que estava do outro lado da linha? – retrucou rapidamente, onde logo assenti com a cabeça. - Me desculpe, seu irmão sabe ser um otário de primeira.
- Sempre desconfiei. – soltei, finalmente puxando minhas malas em direção a porta de casa. – Te vejo mais tarde, ? – voltei meu olhar para a garota bonita que provavelmente era a veterinária local.
- Hoje provavelmente não, desculpe, estou ocupada. – ela sorriu fraco, mas ainda que negasse o meu quase convite, ela parecia estar sendo completamente sincera quanto ao assunto. Quando eu ia desistir e logo entrar, ela falou. – Mas...
- Sou todo ouvidos para você. – soltei, me virando em direção a ela mesmo estando há alguns passos. Ela se levantou com seu jaleco branquíssimo, que estampava um brasão com uma letra, provavelmente a do seu sobrenome.
- Estarei aqui na quinta. – ela sorriu contida, como se estivesse sendo completamente profissional, e eu não duvidava que estivesse. Puxou um cartão de visita do bolso e logo colocou no bolso da frente do meu jeans. – caso um dos cavalos daqui se machuquem novamente, já sabe para quem ligar.
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- Mas essa garota... A vizinha. - eu dizia, tentando lembrar o nome da garota que me dera carona até ali. Observei dar de ombros na mesa da cozinha e descaradamente observar a bunda da cozinheira.
- . - ele resmungou em contra gosto.
- Ela é realmente bonita. – soltei, observando as características da cozinha que há tempos eu não adentrava. - Sério, e ela é...
- Ih, meu chapa. - ele soltou com um riso sacana. - Pula fora, porque ela não presta.
- Como assim? Ela não parece ser do tipo que não presta... – Soltei, observando a feição do meu irmão mais velho.
- Ah, você sabe, mesmo se ela prestar, nunca vai querer ficar com você. - o mesmo desdenhou, enfiando uma batata frita roubada da mesa na boca, logo abrindo a boca como um otário afobado, provavelmente estava muito quente e ele havia queimado a boca. Bem feito. Eu queria perguntar o por que não, mas ele não estava nem aí e também parecia não ter muito interesse em responder perguntas que envolviam a garota.
A primeira noite ali foi estranha, ainda com o ar ligado, parecia que o clima era abafado. O silêncio contínuo e sons de grilo me deixavam agoniado, por anos morando em Boston e cuidando da exportadora da minha família eu realmente havia esquecido de como era o campo. Por fim, eu dormi, acordando apenas quando um sol estridente bateu sobre a janela de vidro, vindo diretamente em meu rosto e me fazendo rolar pela cama, finalmente acordando. Mal eu sabia que aquele dia eu iria trabalhar um pouco, acabei indo dar banho nos cavalos, o que ocupou parte da minha tarde, a qual eu até pensei em montar em um deles, mas lembrei que eu nem ao menos sabia montar naquilo e não estava afim de fazer as finanças com o braço quebrado, então desisti da idéia.
- Alô? – uma voz ao que parecia distante e distraída soou do outro lado da linha.
- Bom, você disse para eu ligar caso algum cavalo se... – iria continuar falando, mas ela logo me cortou.
- Onde foi o machucado? Eu posso ir para aí... – ela dizia em prontidão, me fazendo dar um breve riso.
- Não é isso, nenhum cavalo de machucou, mas eu queria te chamar para talvez beber alguma coisa, em forma de agradecimento pela carona daquele dia. – sorri torto, ainda que ela não conseguisse enxergar meu desconforto. Cocei minha cabeça, fazendo uma careta e esperando um não.
- Hm, ok. – ela disse simples, e depois de alguns minutos de silencio ela suspirou (aparentava estar fazendo qualquer outra coisa). – Eu estava mesmo saindo para comer algo na cidade, tem um ótimo bar bem em frente do McFerrin Park, sabe onde é?
- Hmm, não. – resmunguei, mesmo querendo dizer que sim. – Mas eu posso jogar no GPS.
- Ok, te vejo lá em uma hora? – ela questionou, recebendo um muxoxo em afirmação em seguida. – Qualquer problema me liga.
- Ok, te vejo lá. – soltei, logo desligando o telefone e indo tomar um banho, eu realmente não sabia o por que de ter ligado e a convidado para sair, afinal, no dia anterior meu irmão havia dito que ela não valia muito a pena, talvez ela não fosse uma pessoa de bom caráter, ou sei lá, definitivamente podia ser uma furada, uma coisa eu sabia, pelas conversas confusas que tive com meu irmão ele havia dito algo como ‘’cai fora, ela ta interessada em outro’’, então eu iria, mas sem pretensão alguma de que tivéssemos algo. Talvez fosse legal fazer uma amiga por aqui, pelo tempo que eu fosse ficar.
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A noite do bar foi legal, demos boas risadas e até arrisquei fazer algum passinho country entre uma gargalhada e outra, eu sabia que aquela garota iria alegrar meus dias.
Na manhã seguinte eu acordei com um gritaria no andar de baixo e quando apareci apenas com a calça de moletom recebi um olhar um pouco voraz demais para as nove da manhã de uma mulher que esticava um papel para meu irmão, que fazia completamente pouco caso. Depois da mulher quase ter me comido com os olhos, ela ignorou a situação e eu andando pela cozinha e continuou a brigar com .
- EU NÃO POSSO TER ESSE FILHO. – ela gritou com o mesmo que parecia não estar nem ai. – Não sozinha, não posso ser mãe solteira!
- Idai? Aborta. – ele retrucou e eu fingi que não estava ouvindo a conversa enquanto pegava um copo de água, ainda que estivesse prestando atenção dos absurdos que surgiam durante o bate boca.
- Você ‘tá louco? Eu não vou abortar, meu pai é médico, até o final da tarde, ele vai saber porque esse mesmo teste vai chegar no escritório dele... – ela ia continuar.
- Se vira. – o mesmo continuou com a impaciência.
- Olha aqui, , você fez, você vai assumir e nós vamos casar... – ela ia continuar e eles iriam permanecer naquele brigueiro por mais um bom tempo. Foi quando eu dei as costas, subindo de volta para o meu quarto e ignorando qualquer berreiro no andar de baixo. Voltei minha atenção para as planilhas e a contabilidade da empresa que eu costumava fazer em Boston.
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- Calma! – ela disse, alto rindo enquanto eu quase falhava em segurar o cavalo. – é muito fácil cavalgar, ! – ela ria com a mão escorada em meu ombro, seu cavalo já estava ao seu lado, pronto para quando ela quisesse montar e correr.
- Isso não é para mim. – retruquei rindo, e ela negou com a cabeça.
- Se até o animal do seu irmão sabe montar, você tira isso de letra. - ela soltou, sorrindo.
- Afinal, qual é da implicância sua e do meu irmão? – soltei rindo e finalmente ajeitando a cela no cavalo enorme cheio de manchas marrons no pelo, ela segurou em um lado e então fez com que eu subisse.
- Ele é uma espécie de ex. – ela soltou assim que eu subi no cavalo, quase me fazendo cair para o outro lado enquanto sua gargalhada soava naturalmente. – Eu sei, parece loucura.
- É, parece. – concordei com a mesma que subiu rapidamente em seu cavalo, ficando ao meu lado e indicando como eu deveria fazer para dar os comandos ao alazão. – Mas o que aconteceu?
- Bom, nós não tínhamos nada sério, mas tínhamos alguma coisa, e eu sabia que ele era um babaca, mas o peguei transando com uma colega na dispensa, bem na hora que fui pegar as coisas para preparar as vacinas dos gados. – ela soltou, rindo breve como se não se importasse. – Está vendo aquela montanha?
- Aham, o que tem? – questionei e a mesma soltou um sorriso vitorioso.
- Nós vamos cavalgar até lá. – ela afirmou e saiu num rompante, correndo com o seu cavalo em minha frente em direção ao sol, em meio a todo gramado levemente alto. Me debati um pouco tentando fazer com que o cavalo saísse do local, mas não parecia ir, até que ele foi, e consegui correr até alcançá-la, onde já havia diminuído o ritmo do seu cavalo, mas seus cabelos permaneciam voando junto ao vento tranquilamente, o sol em contato com a garota parecia deixá-la ainda mais bonita. – Já que estamos falando um pouco sobre tudo, desculpe perguntar, mas o que te trouxe para cá?
- Bom, meu pai adoeceu... – comentei, me lembrando do real motivo de estar ali. – E eu sempre tive minha vida em Boston, mas lá mesmo, ainda estando cursando a faculdade de economia, eu sempre administrei as finanças daqui e de uma das empresas da família de lá, mas isso com meu pai aqui sempre me atualizando de tudo e das finanças, mas você sabe, é meio burro e não sabe nada de finança, então quando meu pai adoeceu e tive que vir... Fazia tanto tempo que eu não vinha para cá.
- Quando foi a última vez? – ela me observou com aqueles olhos encantadores.
- Acho que quando eu tinha sete anos. – soltei, dando de ombros, fitando o terreno inclinado que os cavalos já subiam para a montanha.
- Uau, faz bastante tempo... – ela soltou um sorriso, me encarando nos olhos. – Como é voltar para cá depois de tantos anos?
- Nostálgico, mas parece que vai ser bom estar aqui. – ampliei meu sorriso, terminando o percurso e chegando ao topo onde tinha uma visão incrível para toda a fazenda.
Point Of View
Com os dias a presença de era diária em meu dia a dia, havia dias que eu acordava e quando descia as escadas lá estava ele preparando panquecas na minha cozinha, em outros ele me encontrava enquanto levava os carneiros para passear - o que eu não era louca de fazer andando, né. Dallas, o cavalo de raça que me acompanhava há muitos anos e Nico, iam até parte do caminho saltitando atrás de mim, me ajudando nessa tarefa. Eu sabia que nada ali era permanente. Eu não sabia o quanto tempo mais ele iria ficar, eu não sabia o que eu faria quando o ano virasse ou minha faculdade começasse pesar, afinal, eu havia cogitado de ir para cidade definitivamente, mas ainda assim eu amava muito aquilo para ficar longe de toda a fazenda. Nós não tínhamos nada ainda, mas confesso que depois de quase um mês de convivência eu já havia cogitado – em minha mente – beijá-lo, mas só estávamos levando um dia de cada vez, aproveitando a companhia um do outro e dando boas risadas do café da manhã até o dia acabar.
- Bom dia. - ele disse assim que empurrou a porta da minha cozinha, adentrando a casa pelos fundos. Apenas acenei com a cabeça ainda com a comida do café da manhã na boca. - Café? - assenti com a cabeça e ele me serviu em uma xícara ainda com um breve riso nos lábios. Eu nunca fazia café, na verdade, eu não sabia fazer café, sempre ficava ou amargo demais ou extremamente doce, então ele chegava todas as manhãs com a garrafa térmica da sua casa.
- Quais os planos para hoje? – questionei, sorrindo fraco assim que a comida finalmente desceu pelo meu canal digestivo.
- Além de te trazer esse lindíssimo convite... - ele dizia quase rindo, porém era visível que ele tentava segurar o riso, enquanto despejava o envelope branquíssimo de papel indiano em minha frente. Tinha uma fita de cetim verde claro, particularmente eu achei um pouco de mau gosto, mas não ousei questionar. - Vim te buscar para ir comigo até a cidade comprar um presente. - observei o brasão e quando fui para abrir a boca para questionar , ele riu me interrompendo, antes que eu perguntasse. - Sim, é o brasão da minha família, infelizmente. Aquele infeliz, meu pai doente e ele casando.
Flashback On
não valia muita coisa, talvez menos que o carro velho que seu pai ainda insistia em guardar em sua garagem, nós ficávamos quando era conveniente, eu sabia que ele não prestava, mas dava para o gasto. Ele era bonito, malhado e menos caipira do que o restante dos herdeiros de fazendas próximos, não que isso houvesse evoluído para sexo ou algo do tipo. É claro que eu não deixaria algo assim rolar com aquele idiota, mas tínhamos uma relação boa, nós ríamos e as vezes íamos a um bar ou outro, era sem compromisso, mas ainda assim o idiota achava que tinha alguma posse sobre mim, a qual eu sempre deixei claro que ninguém tinha ou teria. Eu até gostava dele, mas estava ciente de toda a situação e de quem ele era, então nunca dava muita importância. Cuidava dos cavalos deles, afinal, eu aprendi desde cedo cuidar e tratar dos animais. Minha avó era veterinária e cresci com ela me ensinando tais coisas, ainda que sem o diploma da faculdade eu fazia tais serviços para fazendas próximas, mas a de sua família era a qual eu sempre ia cuidar dos cavalos, o que acarretou na nossa proximidade. Adentrei a fazenda, logo parando o carro próximo a casa, retirando a minha maleta com as coisas. Adentrei a casa como sempre e subi para o andar superior, indo até a dispensa onde ficava armazenada parte das coisas que eu usaria. Fui entrando sem bater e logo de cara os gemidos e respirações ofegantes tomaram meus ouvidos. Havia uma "amiga" minha, Jay An, e o meu pseudo ficante suados e ofegantes sobre a mesa da dispensa.
- Desculpa atrapalhar, mas preciso pegar as vacinas e as cordas no armário... – assim que eu disse escorada no batente da porta os dois pararam com os olhos arregalados em minha direção.
- Amiga não é nada do que você está imaginando. – eu ri breve, negando com a cabeça, vendo o quão baixo eles poderiam ir.
- Certo, eu pego essas coisas mais tarde. – eu ri nervosa, saindo dali e descendo a enorme escada dos Norwood.
- É que...- ele disse meio sem jeito, gaguejando e correndo atrás de mim enquanto enfiava a calça jeans. - Você nunca liberava...
- Primeiro, para falar comigo enfia essa merda dentro das calças. – disse, o ignorando por completo enquanto batia com o dedo indicador e o polegar na seringa para sair qualquer ar do recipiente. - Você é quem eu quero, ela é quem eu... fodo. - o encarei com uma cara de desgosto e voltei a dar de ombros e focar no meu trabalho.
- Desculpa, eu não fico, gosto e muito menos namoro caras machistas, ainda mais os que classificam mulheres como para foder e para casar. – sorri cínica, voltando a ignorar o mesmo.
- Você não vai sair dessa casa. - ele disse de forma grosseira assim que eu ia pisando para fora. – Eu quero você.
- E eu sinto muito. – dei de ombros. – E eu saio se eu quiser. – assim que falei isso o homem segurou meu braço forte, impedindo que eu me movesse, tentando me agarrar.
- Me solta, . – vociferei e o mesmo parecia rir da minha posição.
- Não, só se você voltar para mim, porque eu sei que você quer, , eu sei que você gosta de mim... – ele soltou, se gabando, e então eu enfiei a agulha da injeção no braço dele com força, o fazendo ser espetado e gritar de susto, o que fez me largar. Ajeitei meu casaco.
- Desculpe, não recebo ordem de homens, e de ninguém. – dei de ombros, indo para fora da sala. – E seja o que for que tínhamos, está acabado.
Flashback Off
- vai casar em alguns dias. - afirmei em voz alta o que havia acabado de ler no convite, caindo na gargalhada com o homem sentado em minha frente. Era bizarro, o meu quase ex, e talvez atual cunhado estava se casando, o qual se achava tão másculo por tratar mulheres mal e pegar várias, o que sentia orgulho por ter qualquer pinto em meio a suas pernas, estava casando, e pasmem, com alguém que não amava.
Seria errado se eu dissesse que no momento o convite não me importava, porque estava tão bonito naquela manhã, a barba levemente baixa, diferente do restante dos dias os quais ele nunca deixava nem se quer a barba aparecer. Eu sabia que ele tinha a minha idade, mas logo seria seu aniversário, eu tinha dezenove até tal momento. Ele ria tranquilamente em minha frente enquanto eu bebericava o café ainda com olhos atentos no garoto, agora a veia do seu pescoço saltava levemente enquanto ele ria de um comentário que eu havia feito, e parecia continuar encantador, mesmo com a cara ainda levemente de sono.
- Então vai se trocar, mulher, vista suas botinas! – ele soltou, me apressando enquanto com o jornal do dia enrolado em bastão atingia meu braço de leve.
- Ei, eu não costumo usar botinas! – reclamei num breve riso.
- Botas? – ele entortou a cabeça como se estivesse realmente refletindo a respeito.
- Talvez. – dei de ombros num meio sorriso, o largando ali e subindo as escadas.
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Os dias passaram correndo e logo amanheceu na manhã do casamento de com Jay Na. O enorme campo de gramado verdinho exibia um casamento luxuoso no campo, organizadores corriam para lá e para cá com as suas pranchetas enquanto e eu me apertava no vestido de madrinha. Mais tarde encontrei na entrada que dava até onde estaria os noivos – e padrinhos – nos ajeitamos e quando foram chamando nossos nomes, entramos caminhando no enorme corredor de grama, cercado por flores caras e decorativas enquanto uma enorme platéia de convidados nos observava com olhos curiosos até chegarmos em nossos retrospectivos lugares e nos separarmos cada um para um lado do pupilo – padrinhos ao lado direito do noivo e as madrinhas ao esquerdo da noiva – vez ou outra trocávamos olhares cúmplices, sobre quem estava rindo de toda a situação por dentro, e vez ou outra aproveitava para flertar com a minha madrinha a minha esquerda que piscava sugestivamente para o noivo. O casamento fluía de uma forma fina – afinal eram uma família de grande prestigio em parte do país – e calmamente, sem contar que a infidelidade dos noivos era tão óbvia quanto um mais um é dois. havia deixado claro que só estava casando porque era necessário e ela estava grávida, mas não a amava e não faria muito para transformar aquilo em casamento de verdade, e a garota parecia não se importar com a situação em que aquilo não era um real casamento. A música de violinos fluía alta e clássica e as senhoras de chapéu e luvas faziam parte do publico, mas aquilo não durou muito tempo e logo a algazarra tomou conta do local.
- QUEM QUE É NESSAS BANDA? - Um homem com o semblante de cangaceiro, aqueles bem cabra macho chegou no meio do casamento, que recém tinha feito os votos matrimoniais. - Eu falo sério, é bom que ele se apresente se foi macho pra ir até lá nas minhas terras, tirar a virgindade da minha filha e ainda prometer casamento, vai ser macho pra ‘casá! Ou pra levar umas balas de borracha na bunda! - o homem saiu gritando.
- É o noivo! - um dos convidados gritou em meio a barulheira e o homem se direcionou com todo o ódio nos olhos para o altar feito de forma delicada com arranjos verdes, ao que parecia com uma trepadeira.
- O QUÊ? É O SEGUINTE, HOMEM, VOCÊ VAI HONRAR O QUE DISSE. - Ele saiu gritando e eu ainda estava no vestido rose de madrinha um pouco mais a frente.
- Ih, não vai dar não, ele já casou. - comentei rindo breve, observando me fuzilando com o olhar de cima do palco. - se eu fosse você o dava um coro de jeito, senhor!
- É, tem razão, eu vou balear tudo que tiver na minha frente até pegar esse corno! - o homem gritou junto a um "iha" e deu um tiro no chão e outro no ar, as pessoas começaram gritar e correr em círculos, parecia uma zona aquilo. O casamento caríssimo e tão bem feito estava arruinado, flores pisoteadas, mesa do bolo recém derrumada (e ainda no rosto de uma das madrinhas, a qual dava sua total atenção, ou melhor, flertava descaradamente durante a cerimônia). Vou balear toda a família desse desgraçado! Mostrar quem que é o manda-chuva nessas bandas! - ele gritou e , do outro lado, arregalou os olhos e então trocamos olhares cúmplices e corremos em mesma direção, contrária onde estava ocorrendo a cerimônia. Quando já estávamos um pouco longe, entrelaçamos nossas mãos.
- Aquele é o irmão do noivo! - alguém querendo causar mais confusão ainda gritou e por um momento o cangaceiro se virou para nós, encarando com cara feia.
- É à hora de sumirmos daqui. – soltei, rindo ao observar a cena completamente cômica, algumas madrinhas gritavam e um barro que eu não sei de onde havia surgido voava na cabeça de um convidado com o terno completamente polido. Apertei a mão de e corri para onde eu sabia que não iria nos achar, a enorme plantação de milho se estendia por parte da propriedade e nós corremos entre eles, meus saltos afundavam na terra fofa e eu segurava a barra do meu vestido para não arrastar no chão, com ao meu alcance enquanto riamos alto e começamos a brincar de algo com o que parecia de pega-pega ali naquela imensidão, onde a luz que nos atingia era apenas a das estrelas e da lua sob nossos olhos.
- Para, para, eu estou sem ar... - soltei rindo alto, finalmente parando em meio ao milharal com ao meu alcance, este que me agarrou pela cintura, me girando no ar.
- Eu daria tudo para ser uma mosca agora e ver levando um esporro daquele velho. - nós gargalhamos e dessa vez ele me colocou no chão, onde eu pude espalmar minha mão por seu smoking provavelmente caríssimo, ficando quase que colada ao corpo do mesmo. - Na real, acho que eu não queria ser uma mosca agora, eu estou muito bem sendo eu, estando perdido aqui no meio do nada com você... - enquanto o encarava nos olhos o clima era presente e a tensão também, nós sabíamos o que queríamos e não iríamos fugir disso, eu só queria ele nesse momento, vivendo um dia de cada vez e um momento atrás do outro, como sempre fazíamos, mas dessa vez, aproveitando como eu sempre imaginei aproveitar, e então finalmente eu colei nossos lábios e seus braços não demoraram para passar ao meu redor, me apertando levemente contra si quase que num abraço. Nossos lábios tinham uma sincronia incrível, um frio passou pela minha espinha e eu senti que estava tudo bem estar ali, em meio ao milharal, de baixo das estrelas com ele, estava tudo bem - muitíssimo bem - estar beijando ele em meio ao nada, nossas línguas se entrelaçaram e finalmente nossos lábios se desgrudaram junto a um breve riso que soou de nossos lábios. - Eu precisava fazer isso. - soltei, rindo breve envergonhada e colocando meu rosto na curva do pescoço do garoto. Logo fui embriagada com seu perfume. - Eu só não havia feito ainda porque sempre insistia em dizer que você estava afim de alguém, ou que estava com outro, sempre algo que me deixava incerto... - ele comentou de uma forma fofinha, ficando rubro de vergonha o que me fez acariciar sua bochecha. - Você não devia ouvir o que aquele idiota diz. – soltei, rindo breve.
Point Of View
Ela em meus braços era uma sensação sem igual, sua respiração calma e quente sobre meu pescoço fazia meus pelo se eriçarem. Acariciei o rosto da mesma enquanto fitava a imensidão e eu podia jurar, por mais blasé que possa soar, era como se alguma música country tocasse em minha cabeça. Me sentia em um filme de romance, me sentia como se tudo fosse possível se ela estivesse ali e eu a pudesse beijar. Entrelacei nossas mãos.
- Vem, eu conheço um lugar. - soltei caminhando na frente. - Isso se estivermos na direção certa né, porque nós rodamos tanto... - continuamos andando por algum tempo, e em meio ao gramado iluminado pela luz que vinha do céu, eu pude observar como o vestido de madrinha caia tão bem na garota, os saltos depois de andar algum tempo já não estava mais em seus pés e sim em suas mãos.
Nós chegamos até a enorme árvore que tinha em meio a um imenso gramado e que dava uma vista linda para o céu, nossa noite se estendeu até o nascer do sol, o qual assistimos entre alguns beijos e abraços, e resultou em voltar para casa entre risos, com os pés descalços e nossos sapatos nas mãos.
Os dias na presença da garota passavam rápido, e ainda que eu tinha questões maiores como quando meu pai melhoraria. Eu também tinha medos, afinal, uma hora eu deveria voltar para Boston. Com mais algum tempo engatamos um relacionamento, o qual obviamente não era aceito pelo meu irmão – o que não fazia diferença alguma para nenhum de nós dois – os dias com ela sempre eram diferentes um do outro, ríamos pela manhã ainda quando o bom humor era escasso e o sono ainda presente, conversávamos sobre futuro durante algumas tardes e até as vezes íamos para a cachoeira de noite, apenas para não cair numa rotina comum de fazer coisas nas horas que deveriam ser feitas. Ela fazia meu coração se aquecer e seu perfume sempre acabava impregnado nas minhas roupas.
Point Of View.
Havia dormido na casa do , realmente apenas dormido, ainda não havia rolado nada entre nós, além claro de alguns amassos. Eu teria que ir até a fazenda dos Norwood na manhã seguinte, afinal era quinta feira, e eu sempre cuidava dos cavalos da família de nesse dia, assim decidi ficar por lá. Ainda de manhã depois de tomar café fui para o estábulo para cuidar dos animais, como fazia semanalmente.
- Acho que esses cavalos estão com calor, né? – entrava no estábulo falando sozinho, com um enorme balde de água jogando um pouco em cada cavalo nas baias e logo jogando o restante do balde em mim.
- ! – gritei com raiva do mesmo, toda ensopada de água, saindo para fora do local. – assim que eu tiver seca eu te mato.
- Cuidado, ein, vai pegar uma hipotermia. – ele deu de ombros rindo, escorado em um dos cavalos. – Tomara que morra também. – ele resmungou enquanto eu entrava na casa dos Norwood, indo diretamente para o quarto de .
- Acho que você precisa...- ele soltou sorrindo, assim que desviou o olhar das planilhas na mesa e se virou para mim completamente encharcada. - De um banho, eu sei. – resmunguei, ainda brava pelo irmão do garoto ter me ensopado. – Posso usar seu banheiro? - Pode, na verdade nem precisa pedir, né? – ele soltou como sempre sorrindo. – E se me permite dizer, continua linda até ensopada. – ele se levantou, pegando uma toalha seca no armário e me entregando junto a um selinho. Depois de tomar banho e colocar um vestido seco que eu sempre carregava na bolsa para emergências, desci as escadas encontrando um misturando alguma gororoba na cozinha. Eu iria pegar apenas uma garrafa de vinho e subir, mas irritar também poderia ser válido. - Sabe que foi até bom você ter me ensopado?! – soltei, o fazendo me encarar no final da escadaria que quase dava acesso a cozinha. – Afinal, está calor mesmo e eu pude tomar banho com o seu irmão... - Da próxima eu jogo esterco. – ele resmungou com um sotaque um pouco puxado.
- Hm, da próxima vou precisar de uma banheira para ir com o então. – soltei sacana o fazendo revirar os olhos. – Na suíte presidencial tem, né? Acho que eu vou testar agora mesmo, .toUpperCase())... – soltei alto voltando para a escadaria, eu sabia que ficaria puto apenas pelo fato de confrontá-lo.
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Os caseiros estavam todos de férias, igualmente meus pais, o que acabou sobrando para mim e Brie, uma mulher que costumava nos ajudar com os serviços da casa, então eu acordava de manhã com um batendo na soleira da porta da cozinha, com a garrafa de café quando Brie não estava na casa, e logo ia recolher alguns ovos enquanto ria de algumas coisas com que sempre ficava indignado em ter que enfiar a mão quase que na bunda das galinhas para pegar o ovo – teoricamente, se fosse em outra ocasião e elas não botassem ovos seria constrangedor, afinal ele sempre ficava dizendo ‘’mas e se elas não se sentem como uma galinha? E se...’’ e começava refletir entre gargalhadas com suas teorias furadas sobre tirar ovos – ainda naquela semana demos seguimento a pintura do galinheiro, a qual acabávamos todos sujos de tinta e dançando no teto do local algum country que saia da caixinha de som ali próxima.
Na manhã seguinte recebi uma ligação da minha avó, ela tinha feito compotas, ela sempre vendia compotas na feira, -e quando eu era pequena as vezes ia com ela, eu simplesmente amava aquilo tudo- mas tinha uma consulta marcada e não poderia ir vender na feira de amanhã, seus clientes ficariam arrasados, afinal a vovó tinha clientes fieis que aguardavam a feira semanal para comprar seus produtos, mas justo naquela semana meu carro havia ido para o conserto, o que me fez ligar para e além de pedir para que ele fosse comigo, me levasse. Ele disse que viria, e então voltei minha atenção para o notebook que exibia parte do meu trabalho da faculdade, ainda incompleto.
- Ô DE CASA! – uma buzina estridente junto a um barulho que quase se assemelhava a um trator soou assim que apareci na soleira da porta de casa, quase gargalhando com a seguinte cena.Um no seu modo caipira, o qual era estereotipado, claro que ele estava daquela forma apenas pela vibe da feira e também para aproveitar para experimentar novos estilos, afinal, não era o seu, em uma picape antiga – daí vinha o quase barulho de trator – o garoto tinha um palito na boca – como aqueles sitiantes de idade costumavam fazer -, camisa xadrez – o que confesso ficou bem nele – e um chapéu de cowboy.
- Os ares da fazenda estão te corrompendo, senhor Norwood. – soltei rindo, finalmente colocando minhas botas (as quais também era uma vestimenta esperada de quem morasse no campo), ajeitando meu vestido e puxando um dos engradados com as compotas.
-Tá vendo? Agora só falta eu falar ‘’por essas bandas’’ e ‘’ocê ta ajeitada’’ – ele soltou dando uma piscadela, enquanto eu ria e colocava as coisas na traseira da caminhonete vermelha. - Mas olha só essa preciosidade de caminhonete, era do meu avô. – ele soltou orgulhoso, enquanto eu ria, e logo pegou um outro engradado da frente de casa, colocando na caçamba enquanto eu fazia o mesmo.
- Mas onde você achou isso? Nunca havia a visto... – ele maneou a mão no ar e fez sinal para entrarmos na caminhonete.
- Bom, o saiu ontem com o carro e não voltou até agora, ai fui obrigado caçar outra forma de irmos né, em uma garagem que a gente não usa estava essa belezura. - ele até arriscou um sotaque do interior na última palavra, o que nos fez gargalhar juntos. – Era do meu avô, né, sorte que funcionou.
- Isso aqui ta ótimo. – soltei sorrindo enquanto ligava o rádio que logo começou uma musica country que eu sempre ouvia quando mais nova. Ainda era cedo e nós já gargalhávamos na estrada.
- Agora só falta cercar o porco. – ele disse, me fazendo franzir o cenho sem fazer a mínima idéia do que ele estava falando, logo fazendo sinal de dúvida com as mãos esperando que ele traduzisse. – Ah, eu pesquisei algumas gírias na internet né, para ser um bom cowboy, e achei que você soubesse essa, ou até já tivesse ido cercar porcos. - ele continuou rindo. – Que é paquerar, ou seja, só falta começar te paquerar né... – ele deu uma piscadela e sua mão estava sobre minha coxa enquanto eu ria alto junto ao mesmo.
- Você quer gírias, bonitão?! – soltei rindo, entrando na brincadeira. – Então acelera esse possante para irmos torar a pamonha.
- Torar a pamonha? – Ele soltou, gargalhando alto.
- É como estar feliz a beça por vencer o rodeio, mas pamonha é gíria para dinheiro, então pode ser também como ‘’vamos ganhar todo o dinheiro’’. – dei de ombros, rindo junto ao meu namorado.
-‘Tá certo. – soltou com o seu sotaque, que na verdade não era seu. – Mas só se mais tarde você for moía as palavra comigo.
- Seria encher a cara né? – perguntei ainda confusa, fazia tempo que eu não falava ou ouvia essas gírias. Ele assentiu com a cabeça. – Ok, mas tem que ser mijo de égua. – ele parecia não entender. – Bebida que derruba, popularmente, pinga. – soltei, rindo. – Mas eu também aceito um vinho.
Depois de descermos na feira, ajeitarmos a barraca e atendermos muitos clientes da minha avó, alguns até me reconheceram de quando era mais nova, outros só conseguiam elogiar como ‘’formávamos um lindo casal’’. As compotas iam acabando, antes mesmo do horário da feira acabar. Compramos um hot dog na barraca da frente e ficamos sentados na traseira da picape do senhor Norwood enquanto ríamos e olhávamos o movimento.
- Certo, bunita. Agora vamo cortar capim. – ele soltou, tirando os braços dos meus ombros e saindo andando de um jeito peculiar, o que me fez gargalhar.
-! – eu o chamei, e ele se virou em minha direção. – Abandona essas gírias, ninguém sabe dessas por aqui! – eu ri ainda mais com a cara de confusão do homem que logo estendeu a mão em minha direção.
- Ok, a tradução é tomar o rumo de casa, é o que precisamos. – ele me puxou assim que peguei em sua mão, rapidamente me aproximando e beijando minha testa, pouco antes de acenarmos para uma mulher da barraca vizinha – amiga da minha avó – e adentrarmos a picape para cortar capim, como diria. – E pode parar de cortar meu coração sertanejo, senhorita !
Point Of View.
- Ei! – ela gritou rindo breve assim que eu desci da caminhonete que era do meu avô. A observei em frente ao galinheiro pintando as madeiras do mesmo, e logo balançou seu pincel o que fez respingar tinta azul em mim. – To começando achar que essa caminhonete combina com você, mas as gírias de cercar porco não.
- O que você está fazendo? – perguntei enquanto me aproximava, a apertando em meus braços, logo recebendo um selinho da mesma, ri do comentário sobre as minhas gírias. – Não dá esses coice de mula.
-Pintando, ué. – ela deu de ombros num breve riso enquanto mergulhava seu pincel na lata que estava no chão. – Isso aqui estava meio velho e sem graça, quer ajudar? – assenti com a cabeça, logo recebendo um pincel da garota. - E que droga é um coice de mula?
- Como quer que eu pinte? – comentei, a observando encostado na mesa ali próxima. Alguma música country soava ali perto, e por um momento, encarando aquela mulher que pintava uma tabua do galinheiro de uma cor eu percebi, eu não gostava de country, por ela eu até pensaria em dançar, alias a música não parecia tão ruim como eu tinha o preceito, e ela estava incrivelmente linda numa camisa xadrez e shorts curtos, o clichê que ela sempre questionou e que dificilmente aderia em qualquer outro dia. – Xadrez? – soltei e ela se virou rindo breve. - É que assim, se o cercar o porco não deu certo, o coice de mula atinge seu coração, entende? Tipo, quebrou meu coração com esse fora.
- Pode ser uma de cada cor, aleatoriamente, só não a mesma cor do lado da outra, né? – ela soltou como se tudo fosse tão obvio e eu ri do semblante da mesma. – Eu não quis sujar outra roupa, mas você sabe, o xadrez não é muito minha cara... E meu amor, abandona essas gírias.
- Você ficou linda de xadrez. – disse próximo a garota que sorriu com as bochechas levemente rubras. – É mais forte que eu. – soltei sobre o comentário dela sobre minhas gírias, ela riu breve negando com a cabeça.
Ainda naquele dia estávamos deitados na rede em frente a piscina da casa dela. Enquanto ela perdia seu olhar pelo céu eu pensava como poderia ser daqui para frente, ainda que a conclusão fosse: aproveitar o agora.
- Qual foi a idéia de ir para medicina veterinária e não a normal como seus pais? – questionei a mesma enquanto acariciava seu cabelo, vez ou outra parando para observá-la mais de perto.
- Sempre preferi cuidar de cavalos a ter que cuidar dos meus primos pequenos, acho que foi tipo um sinal. – ela riu breve e sorriu enquanto impulsionava seus pés no chão para a rede ir mais rápido.
- E que sinal. – eu ri, passando a grudar meus lábios no da garota.
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- Você está bem? – ela gritou assim que seu cavalo me alcançou, o meu cavalo havia caído no chão com tudo, me derrubando junto a ele em meio a algumas árvores já um pouco distante da casa da garota.
- Eu estou, mas acho que o Freud não esteja tanto assim... – comentei, me levantando e me agachando próximo ao bicho aparentemente ferido. Ela desceu do seu cavalo, vindo em nossa direção até que em alguns minutos ela observou: a pata, estava fraturada.
- Temos um chalé aqui perto, com uma baia para cavalos, podemos passar a noite lá, ele não vai conseguir voltar para casa agora porque é longe, talvez no chalé eu possa cuidar da sua pata. – ela começou falar preocupada com o animal.
- Tudo bem para mim. – comentei e então ela sorriu breve, enquanto caminhávamos, puxando os cavalos pelas rédeas levemente, até encontrarmos um chalé que era iluminado apenas pela luz da frente, o local parecia aconchegante, adentramos o mesmo depois de deixarmos os cavalos nas baias, Freud logo ficou deitado.
- Vou cuidar de Freud, e já volto. Fique a vontade. – ela sorriu breve, me deu um selinho e finalmente pegou a atadura dentro de uma gaveta. Em cerca de dez minutos eu havia preparado chocolate quente e ela entrou pela porta quase que congelando. – Ele torceu a pata, nada que não fique bom logo. – ela sorriu docemente.
- Chocolate quente? – questionei, me aproximando da mesma e passando meu braço ao seu redor enquanto a entregava a caneca.
- Parece bom para mim. – ela sorriu a bebericando e senti o vapor da minha caneca esquentar meu rosto. A noite caia enquanto estávamos jogados no sofá abraçados e algum filme passava, mas não era este que tinha a minha atenção, o cobertor cobria nossos corpos, mas eu não me importaria de ter que aquecê-la apenas com calor humano.
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- ! – Ela gritou, rindo assim que a bexiga d’água atingiu suas costas em cheio, a deixando encharcada. – Não é justo, eu não tenho bexigas desse lado!
- Então vem pegar. – soltei dando uma piscadela para a mulher que correu em minha direção para alcançar o balde aos meus pés, logo conseguindo pegar uma caída no gramado e me acertando. Grudei-a pela cintura, logo beijando o ombro exposto da mesma. Depois de algum tempo correndo e atirando bexigas um no outro, estávamos cansados e encharcados. Ela torcia sua camiseta parada em minha frente, com o cabelo completamente ensopado enquanto eu a observava ainda ofegante de ter corrido parte do campo, o deque de madeira da casa da mesma ficava as marcas dos nossos pés molhados como pegadas.
Ela me encarou e no momento eu apenas conseguia observar as gotículas de água que passeavam por seu pescoço e soavam tão convidativas, pensei em desviar o olhar, mas ela apenas deixou soltar um sorriso sacana e estendeu sua mão até a minha, me puxando para mais perto de si, eu esperava que ela se aproximasse de forma comum, mas ela grudou nossos corpos, fazendo nossas intimidades roçarem uma na outra no momento que nos aproximando. Ela me olhou de uma forma que sabia o que queria, e bom, essa eu jamais ousaria negar.
Point Of View.
Era óbvio que ambos queríamos aquilo há algum tempo, mas que talvez ainda fosse cedo demais, e agora era a hora, eu podia perceber seu olhar caindo sobre meu corpo ainda molhado da última brincadeira, ainda que desejasse que também estivesse molhado de outras formas, essas as quais não demorariam a vir, afinal, o garoto passou os braços ao redor de mim de uma forma um tanto brusca se comparada as outras e foi deslizando sua mão pelo cós do shorts curto, até que passou a apertar a minha bunda de uma forma calma, como se quisesse apalpar cada pedaço daquela pele sem pressa alguma enquanto nos beijávamos de uma forma agora mais quente que as demais. Enquanto me apertava contra si e apertava minha coxa, aproveitei para distribuir alguns beijos por seu pescoço, alguns passos para trás e estávamos sobre o sofá do deque. Arranquei-lhe a camiseta a qual provavelmente foi parar no chão.
- , você tem certeza que quer isso? – ele soltou num sussurro rouco próximo ao meu ouvido, enquanto eu estava quase que em seu colo, ele acariciou meu rosto enquanto nossos olhares estavam fixos um no outro, ele tinha um semblante calmo. – Eu sei que é sua primeira...
- Sh... – soltei, pedindo silêncio num breve grudar de lábios. – eu sei o que quero, e não começa com aquela idéia de que a primeira tem que ser especial, porque só de ser com você vai ser. – Passei a mão sobre o cós da sua calça, não me demorando por ali e logo deslizando a mesma para baixo até onde tampava seu membro, passando a mão por ali e acariciando sobre o jeans. O garoto sugava meu pescoço e eu acredito que ali ficariam marcas. O mesmo desabotoou minha camisa que logo foi se encontro a sua no chão, e se ajeitando sobre o sofá me puxando para seu colo, o que fez mais uma vez nossas intimidades roçarem uma na outra.
- Quarto? – concordei no mesmo momento enquanto rebolava levemente sobre ele, que espalmou a mão sobre minha bunda, me dando suporte para que permanecesse em seu colo enquanto ele se levantava, me carregando até o meu quarto, o que não foi uma tarefa fácil de chegar, afinal, no meio do caminho sempre acabávamos prensados em uma parede ou outra. Finalmente, depois de ter empurrado a porta do quarto com o pé, quase que aos tropeços, chegamos até a beira da cama, a qual ele me jogou não demorando em grudar seu corpo sobre o meu e logo as outras peças que ainda estavam em nosso corpo foram sumindo.
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Na manhã seguinte, acordei e ele não esta ao meu lado, ainda que dava para perceber que ele havia saído daquele lado da cama há pouco tempo. Observei a mesinha ao lado da cama, tinha um pequeno buque de margaridas amarelas, fiz minha higiene e desci, ainda vestindo a camiseta xadrez do mesmo, porque pelo que parecia ele tinha curtido aderir o xadrez vez ou outra. Ainda sonolenta e passando a mão sobre os olhos assim que terminei de descer as escadas, vi o tronco nu do garoto sorrindo abertamente em frente ao fogão, virando algumas panquecas no ar.
- Vim fazer seu café. – ele soltou rouco de ter acabado de acordar, e me puxou para perto de si beijando minha testa. – Bom dia, querida.
- Não vai mais usar suas gírias? Agora que eu estava me acostumando... – soltei divertida, depois de apertar a bunda do homem me sentei em uma das cadeiras ainda fitando-o. Como ele conseguia ser quem era? Tantos homens com um fardo de defeitos e ele com todos aqueles pequenos acertos, parecia até meio injusto com os outros caras.
- Bom dia, belezura! - ele virou a cabeça em minha direção corrigindo, me fazendo rir. – Café? – ele disse, esticando a caneca já com a bebida para mim.
- Bom dia, amor. - soltei sorrindo, pegando a caneca que ele estendia. – Você sabe que sim, agroboy.
So many night, so many days to all of the fights, ‘cause I never behave and I’m putting it right, hope isn’t too late, and I know, you know, I know we can’t let it end this way. |Tantas noites, tantos dias, para todas as lutas, porque eu nunca me comporto, e estou dando certo, espero que não seja tarde demais, e eu sei, você sabe, eu sei que não podemos deixar isso terminar assim.
Mas então os meses seguintes passaram correndo e quando eu vi, Nico, o meu pseudo cachorro, já estava grande e meu amor com maior ainda. Éramos acostumados com tudo, meus pais já haviam voltado de férias e os caseiros também o que nos dava mais tempo para fazer coisas aleatórias, e como tudo havia crescido, voltado, outras melhorado, senhor Norwood estava saudável e em sua casa mais uma vez, Jay An estava com uma barriga já aparente, ainda que de poucos meses, e estava na hora de voltar para Boston, afinal, ele não era dali, e eu sabia que esse dia chegaria, e infelizmente chegou.
Todo mundo tem uma história, aquela que é contada por fotos e memórias, as quais quando olhamos para trás vemos que somos quem sempre fomos, a mesma essência, a mesma alma e talvez o mesmo gosto por várias coisas, ainda que tenham sofrido mutações e nós amadurecimento. Somos a mesma criança das fotos, eu tinha uma história e eu a via espalhada por todos os porta retratos daquela casa, mas agora além das de sempre haviam várias que estampavam um garoto ao meu lado, um que não pertencia a toda minha história, ainda que de alguma forma eu desejasse que passasse a pertencer, ainda que tinha um significado enorme e um espaço imenso em meu peito, aquele que não estava mais em Nashville. E admitir que ele não estava mais ali doía um pouco, e me fazer lembrar de tudo que passamos enquanto ele esteve fazia meu coração se apertar, mas afinal eu sabia, a vida era como uma porteira, eu deveria abrir também para as dores, para que depois só viessem coisas boas.
Though I stopped calling you and I stopped taking your messages, never stopped loving you, and the one thing I regret is I stopped calling you, and I stopped taking you messages never stopped loving you, you’re still running through my head. | Embora parei de ligar, e eu parei de mandar mensagens, nunca parei de te amar, e a única coisa que me arrependo é, eu ter parado de te ligar, e eu tenha parado de responder suas mensagens, mas nunca parei de te amar, você ainda esta passando pela minha cabeça.
Point Of View.
A cobertura de um prédio com as paredes de vidro para a cidade movimentada nunca me pareceu tão entediante, eu deveria estar ali como estava, voltar para a faculdade de economia dia após dia, ainda que os cálculos me fizessem pensar em milhar, que me levava até ela, a cidade me fazia pensar no campo, nos cavalos e em quem cuidava deles, a música me fazia lembrar do country, que eu aprendi a gostar, tudo ali parecia não fazer mais parte de mim, mas eu sabia que no fundo, não era o lugar, era quem faltava nele.
So hold on, baby. Know you drive me crazy, It’s a sad song really, shit, you made me happy, oh. Ain’t always cool, but it’s alright, it’s not a sad song really, shit, you made me happy. | Então me abrace, querida. Saiba que você me deixa louco, é realmente uma música triste, merda, você me faz feliz, oh. Nem sempre é legal, mas está tudo bem, não é realmente uma música triste, merda, você me deixou feliz.
Flashback On’
- , eu não danço! – soltei, rindo em uma das festas que eram dadas. Havia música ao vivo e o country soava mais puro e local, algumas pessoas já dançavam.
- Mais vai aprender dançar. – ela continuou sorrindo e me puxou pela mão para o meio da pista que era bem no estilo clássico de filmes de fazendeiros, acorria numa espécie de celeiro, as luzes sobre nossas cabeças, as paredes de tabuas e o ritmo que levantava aquele lugar.
- ... – soltei ainda meio resmungão e rouco, e ela passou suas mãos ao redor do meu pescoço, automaticamente meus braços passaram por sua cintura.
- É fácil, é só se mover comigo. – ela sorriu e eu a fitei nos olhos, encostamos nossas testas e deixamos o ritmo nos levar.
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- Ei! - disse assim que a garota abriu as portas da enorme casa, os pés com as unhas pintadas de preto estavam descalços sobre o assoalho. - vim te buscar para dar uma volta.
- Está chovendo, queridão! - ela fez uma careta como se fosse óbvio.
- E depois eu que sou o garoto da cidade. - minha risada soou nasalada, enquanto revirei os olhos. - calce suas galochas, garota da roça, que vamos dar uma volta.
- Ei! Não me chame assim!- a puxei pela mão assim que ela calçou as botas na soleira da porta. - Aonde vai me levar?
- Só vem comigo. – soltei abrindo o guarda chuva assim que entrelaçamos nossas mãos, caminhamos algum tempo na chuva com uma conversa sobre o Nico, seu cabritinho de estimação, que por pouco não quis vir pulando atrás – ele pulava para lá e para cá o dia inteiro atrás da garota. Assim que entramos no celeiro da sua fazenda todo decorado para um jantar, ela me encarou surpresa, e no final daquela noite a pedi em namoro, e ela me fez carregá-la nas costas até em sua casa, onde ficamos vendo a chuva passar na varanda da fazenda.
Flashback’Off
Os dias passavam e eu decidi não responder as mensagens, parecia tão distante e eu quase nunca tinha tempo, quando conseguia responder era estranho, as ligações passaram a ser escassas, as ainda todas as noites eu me sentia perturbado com a sensação de que deveria estar em Nashville.
So many nights, we’re staying up late, scratches and bite, you screamin’my name, Is he loving you right, or am I too late? ‘Cause I know, you know, I know I can’t let it end this way. | Tantas noites, estamos ficando acordados até tarde, arranhões e mordidas, você grita meu nome,ele está te amando, ou estou muito atrasado? Eu sei, você sabe, eu sei que não posso deixar terminar assim.
Um mês depois nós conversamos rapidamente, ela não parecia muito contente, mas nós sabíamos que uma hora a vida ia bater em nossas portas e eu voltaria para Boston, mas eu não queria mais isso, eu sabia que precisava dela, só isso, os meus dias eram péssimos em Boston e meu trabalho estava uma merda, foi quando eu finalmente tomei uma decisão, ainda que parecesse tão louca e improvisada. Tinha uma floricultura logo ao lado do prédio da empresa do meu pai, e foi quando primeiro eu abandonei meu trabalho e fui para lá, eu encontrei um buque enorme, mas de margaridas as amarelas que ela gostava, e não rosas, rosas eram clichê demais para nós dois. O helicóptero me esperava no heliporto e eu entrei sem pensar mais de uma vez, ainda com as roupas sociais e sem nenhuma gíria nova na manga para fazê-la rir eu fui, dirigi por 1105 milhas, porém no ar, apenas na companhia de um enorme buque, talvez foi algumas horas no ar, mas não ousei olhar no relógio, estava perdido demais em pensamentos. Pousei o helicóptero em uma área de grama da fazenda da garota, mas estava tendo algum evento, pois pessoas transitavam para lá e para cá.
- ? – levei a sorte grande, afinal ela estava parada em minha frente ainda com um semblante tão confuso com o qual eu jurava estar.
- , eu sei que nossa rotina é diferente e que tudo correu rápido, mas eu dirigi algumas horas porque eu não aguentava mais ficar longe de você. – disse rápido, esticando o buque para a mesma e me ajoelhando. – Quer casar comigo? Eu amo você e não tive tempo de comprar aliança ou achar uma nova gíria sertaneja... – ela ainda me olhava apática.
So hold on, baby. Know you drive me crazy, It’s a sad song really, shit, you made me happy, oh. Ain’t always cool, but it’s alright, it’s not a sad song really, shit, you made me happy. | Então me abrace, querida. Saiba que você me deixa louco, é realmente uma música triste, merda, você me faz feliz, oh. Nem sempre é legal, mas está tudo bem, não é realmente uma música triste, merda, você me deixou feliz.
- Não. – ela disse séria, enquanto todos ao redor encaravam a cena, e então ela foi ampliando seu sorriso lentamente. – Ainda é cedo para casar, mas com certeza precisamos ficar juntos. – ela me puxou pela camisa social, grudando nossos lábios. – Eu amo você, agroboy. - Também te amo belezura. - soltei rindo breve e voltando a selar nossos lábios em meio a uma multidão que gritava e aplaudia, nos fazendo rir.
Em nossa fazenda havia algumas cabras. Antigamente tínhamos as cabras miotônicas, mas elas desmaiavam de susto porque seu DNA tinha tipo um probleminha com os nervos. Logo essas ficaram velhinhas e como sempre nos matavam de susto, passamos a aderir as nigerianas anãs.
Das miotônicas, sobraram duas: Bety e Vety. Eram velhinhas, mas as tratávamos como todo o resto da fazenda, como se fossem todos de estimação, então sempre fazíamos o melhor para que caso viessem morrer tivessem tido a melhor vida possível.
Com os dias, Nico - o cabritinho que teve hipotermia logo ao nascer - já estava mais sadio e pulava para lá e para cá atrás de mim enquanto eu alimentava alguns outros animais. Nico parecia um cachorro, pedia colo e também carinho.
- Isso aqui é de má qualidade, e pequeno. - ele disse, especulando a injeção sobre a mesa do celeiro que era preparada para aplicar no gado. Eu não aplicaria esta, mas estava a preparando. - Por que ainda não tacou isso fora?
- Seu pinto também é pequeno e de má qualidade, por que você ainda não o cortou fora? - retruquei no automático, fazendo algumas pessoas e veterinários próximos gargalharem e logo taparem a boca como se estivessem apenas prestando atenção em seus trabalhos. A intenção não foi ser grosseira, apenas que ele parasse de interferir em meu trabalho, mas o mesmo ficou emburrado e saiu pisando duro para fora praguejando até minha quinta geração e me fazendo dar de ombros. Desde que eu e havíamos terminado qualquer coisa que tínhamos, as implicâncias eram rotineiras, e de alguma forma aquela cabeça de minhoca ainda achava que eu iria voltar para ele.
- Tá, eu sei que você vem, eu sei! O papai já me falou, que porra. - ele dizia ao telefone assim que sai com a minha maleta indo em direção ao carro.
- , precisamos acertar as finanças no escritório... - eu havia tido grandes gastos com as vacinas, mas ele era o maior trambiqueiro, sentia falta de quando senhor Noel estava em casa, e eu esperava que ele ficasse bom logo e voltasse para casa, afinal, as finanças locais estavam sendo cada vez mais prejudicadas com um no comando.
- Eu sei que você só quer ir pro escritório comigo, sua megera. - ele disse, gritando ainda com o telefone em um dos ouvidos.
- Achei que você só tinha problema com o pinto pequeno, agora eu vejo que tem no ouvido também. - gritei de volta, terminando de ajeitar as coisas no banco do carro.
- Jay Na não reclamou do que eu tenho entre as pernas. - ele soltou, se gabando com um sorriso sugestivo. - Quer vir conferir se é pequeno?
- Talvez ela tenha confundido com uma minhoca, por isso não reclamou. - soltei com um riso zombeteiro nos lábios, fitando o patético do na soleira da porta da enorme casa de sua família. - Talvez eu vá um dia, caso eu precise de iscas para peixes e tenha acabado. - dei de ombros, tirando meu jaleco branco.
- Você... - ele ia retrucar.
- Tchau, . – respondi, o ignorando e entrando no carro.
- , sua...- dei de ombros, esticando o dedo do meio para fora da janela em sua direção e logo acelerando pela estrada que dava para fora da fazenda.
Point Of View
Estava de volta a fazenda do meu pai, a qual eu vim pouquíssimas vezes e apenas quando muito pequeno. Dessa vez por circunstâncias não tão boas, afinal, com meu pai doente eu teria que vir para organizar as finanças de perto, já que não dava para confiar em .
O Uber não quis me levar até a fazenda e me deixou no meio da estrada com mala e cuia. Enquanto eu caminhava pelo carreador que levaria até a fazenda, um carro grande esporte parou ao meu lado e abriu a janela.
- Oi, eu aposto que está indo para a fazenda dos Norwood, certo? Esse caminho só leva até lá. - a mulher soltou sorrindo breve, o semblante leve e assenti brevemente com a cabeça. - Entra, eu também estou indo para lá.
- Nossa, muito obrigado! – soltei, colocando minhas malas no banco traseiro. - Aposto que se fosse outro passaria direto. - ri breve junto a mulher que voltou a dirigir pela estrada. - O que vai fazer lá?
- Os cavalos estão doentes, vou examiná-los e quem sabe curar. - ela sorriu com o canto da boca e logo estacionou em frente a enorme casa do meu pai.
- Obrigado... – disse, tentando completar com o seu nome, aquele que eu ainda nem ao menos sabia.
- . - a mesma completou sorrindo e apertou minha mão, logo pegando uma maleta de dentro do carro e seguindo para a área que os cavalos ficavam soltos. – Olá, Bailey, como você cresceu... - ela dizia sozinha, ou melhor, com a égua ainda em transição de filhote para adulta enquanto acariciava a mesma. – Aliás, não querendo ser chata nem nada, mas você sabe que a contabilidade daqui está uma droga, não sabe?
- Eu sei, eu vim para cuidar disso. – soltei sorrindo breve, observando a mulher levemente enquanto seu olhar se perdia na enorme pelagem do cavalo a sua frente.
- Eu fui falar com ele ontem sobre os gastos do cavalo, mas ele estava com alguém no telefone e se limitou em ser um otário. – ela deu de ombros, continuando com seu trabalho.
- Então quer dizer que era você que estava discutindo com meu irmão ontem enquanto eu estava no telefone? – soltei, rindo me lembrando da gritaria do outro lado do telefone.
- Então era você que estava do outro lado da linha? – retrucou rapidamente, onde logo assenti com a cabeça. - Me desculpe, seu irmão sabe ser um otário de primeira.
- Sempre desconfiei. – soltei, finalmente puxando minhas malas em direção a porta de casa. – Te vejo mais tarde, ? – voltei meu olhar para a garota bonita que provavelmente era a veterinária local.
- Hoje provavelmente não, desculpe, estou ocupada. – ela sorriu fraco, mas ainda que negasse o meu quase convite, ela parecia estar sendo completamente sincera quanto ao assunto. Quando eu ia desistir e logo entrar, ela falou. – Mas...
- Sou todo ouvidos para você. – soltei, me virando em direção a ela mesmo estando há alguns passos. Ela se levantou com seu jaleco branquíssimo, que estampava um brasão com uma letra, provavelmente a do seu sobrenome.
- Estarei aqui na quinta. – ela sorriu contida, como se estivesse sendo completamente profissional, e eu não duvidava que estivesse. Puxou um cartão de visita do bolso e logo colocou no bolso da frente do meu jeans. – caso um dos cavalos daqui se machuquem novamente, já sabe para quem ligar.
- Mas essa garota... A vizinha. - eu dizia, tentando lembrar o nome da garota que me dera carona até ali. Observei dar de ombros na mesa da cozinha e descaradamente observar a bunda da cozinheira.
- . - ele resmungou em contra gosto.
- Ela é realmente bonita. – soltei, observando as características da cozinha que há tempos eu não adentrava. - Sério, e ela é...
- Ih, meu chapa. - ele soltou com um riso sacana. - Pula fora, porque ela não presta.
- Como assim? Ela não parece ser do tipo que não presta... – Soltei, observando a feição do meu irmão mais velho.
- Ah, você sabe, mesmo se ela prestar, nunca vai querer ficar com você. - o mesmo desdenhou, enfiando uma batata frita roubada da mesa na boca, logo abrindo a boca como um otário afobado, provavelmente estava muito quente e ele havia queimado a boca. Bem feito. Eu queria perguntar o por que não, mas ele não estava nem aí e também parecia não ter muito interesse em responder perguntas que envolviam a garota.
A primeira noite ali foi estranha, ainda com o ar ligado, parecia que o clima era abafado. O silêncio contínuo e sons de grilo me deixavam agoniado, por anos morando em Boston e cuidando da exportadora da minha família eu realmente havia esquecido de como era o campo. Por fim, eu dormi, acordando apenas quando um sol estridente bateu sobre a janela de vidro, vindo diretamente em meu rosto e me fazendo rolar pela cama, finalmente acordando. Mal eu sabia que aquele dia eu iria trabalhar um pouco, acabei indo dar banho nos cavalos, o que ocupou parte da minha tarde, a qual eu até pensei em montar em um deles, mas lembrei que eu nem ao menos sabia montar naquilo e não estava afim de fazer as finanças com o braço quebrado, então desisti da idéia.
- Alô? – uma voz ao que parecia distante e distraída soou do outro lado da linha.
- Bom, você disse para eu ligar caso algum cavalo se... – iria continuar falando, mas ela logo me cortou.
- Onde foi o machucado? Eu posso ir para aí... – ela dizia em prontidão, me fazendo dar um breve riso.
- Não é isso, nenhum cavalo de machucou, mas eu queria te chamar para talvez beber alguma coisa, em forma de agradecimento pela carona daquele dia. – sorri torto, ainda que ela não conseguisse enxergar meu desconforto. Cocei minha cabeça, fazendo uma careta e esperando um não.
- Hm, ok. – ela disse simples, e depois de alguns minutos de silencio ela suspirou (aparentava estar fazendo qualquer outra coisa). – Eu estava mesmo saindo para comer algo na cidade, tem um ótimo bar bem em frente do McFerrin Park, sabe onde é?
- Hmm, não. – resmunguei, mesmo querendo dizer que sim. – Mas eu posso jogar no GPS.
- Ok, te vejo lá em uma hora? – ela questionou, recebendo um muxoxo em afirmação em seguida. – Qualquer problema me liga.
- Ok, te vejo lá. – soltei, logo desligando o telefone e indo tomar um banho, eu realmente não sabia o por que de ter ligado e a convidado para sair, afinal, no dia anterior meu irmão havia dito que ela não valia muito a pena, talvez ela não fosse uma pessoa de bom caráter, ou sei lá, definitivamente podia ser uma furada, uma coisa eu sabia, pelas conversas confusas que tive com meu irmão ele havia dito algo como ‘’cai fora, ela ta interessada em outro’’, então eu iria, mas sem pretensão alguma de que tivéssemos algo. Talvez fosse legal fazer uma amiga por aqui, pelo tempo que eu fosse ficar.
A noite do bar foi legal, demos boas risadas e até arrisquei fazer algum passinho country entre uma gargalhada e outra, eu sabia que aquela garota iria alegrar meus dias.
Na manhã seguinte eu acordei com um gritaria no andar de baixo e quando apareci apenas com a calça de moletom recebi um olhar um pouco voraz demais para as nove da manhã de uma mulher que esticava um papel para meu irmão, que fazia completamente pouco caso. Depois da mulher quase ter me comido com os olhos, ela ignorou a situação e eu andando pela cozinha e continuou a brigar com .
- EU NÃO POSSO TER ESSE FILHO. – ela gritou com o mesmo que parecia não estar nem ai. – Não sozinha, não posso ser mãe solteira!
- Idai? Aborta. – ele retrucou e eu fingi que não estava ouvindo a conversa enquanto pegava um copo de água, ainda que estivesse prestando atenção dos absurdos que surgiam durante o bate boca.
- Você ‘tá louco? Eu não vou abortar, meu pai é médico, até o final da tarde, ele vai saber porque esse mesmo teste vai chegar no escritório dele... – ela ia continuar.
- Se vira. – o mesmo continuou com a impaciência.
- Olha aqui, , você fez, você vai assumir e nós vamos casar... – ela ia continuar e eles iriam permanecer naquele brigueiro por mais um bom tempo. Foi quando eu dei as costas, subindo de volta para o meu quarto e ignorando qualquer berreiro no andar de baixo. Voltei minha atenção para as planilhas e a contabilidade da empresa que eu costumava fazer em Boston.
- Calma! – ela disse, alto rindo enquanto eu quase falhava em segurar o cavalo. – é muito fácil cavalgar, ! – ela ria com a mão escorada em meu ombro, seu cavalo já estava ao seu lado, pronto para quando ela quisesse montar e correr.
- Isso não é para mim. – retruquei rindo, e ela negou com a cabeça.
- Se até o animal do seu irmão sabe montar, você tira isso de letra. - ela soltou, sorrindo.
- Afinal, qual é da implicância sua e do meu irmão? – soltei rindo e finalmente ajeitando a cela no cavalo enorme cheio de manchas marrons no pelo, ela segurou em um lado e então fez com que eu subisse.
- Ele é uma espécie de ex. – ela soltou assim que eu subi no cavalo, quase me fazendo cair para o outro lado enquanto sua gargalhada soava naturalmente. – Eu sei, parece loucura.
- É, parece. – concordei com a mesma que subiu rapidamente em seu cavalo, ficando ao meu lado e indicando como eu deveria fazer para dar os comandos ao alazão. – Mas o que aconteceu?
- Bom, nós não tínhamos nada sério, mas tínhamos alguma coisa, e eu sabia que ele era um babaca, mas o peguei transando com uma colega na dispensa, bem na hora que fui pegar as coisas para preparar as vacinas dos gados. – ela soltou, rindo breve como se não se importasse. – Está vendo aquela montanha?
- Aham, o que tem? – questionei e a mesma soltou um sorriso vitorioso.
- Nós vamos cavalgar até lá. – ela afirmou e saiu num rompante, correndo com o seu cavalo em minha frente em direção ao sol, em meio a todo gramado levemente alto. Me debati um pouco tentando fazer com que o cavalo saísse do local, mas não parecia ir, até que ele foi, e consegui correr até alcançá-la, onde já havia diminuído o ritmo do seu cavalo, mas seus cabelos permaneciam voando junto ao vento tranquilamente, o sol em contato com a garota parecia deixá-la ainda mais bonita. – Já que estamos falando um pouco sobre tudo, desculpe perguntar, mas o que te trouxe para cá?
- Bom, meu pai adoeceu... – comentei, me lembrando do real motivo de estar ali. – E eu sempre tive minha vida em Boston, mas lá mesmo, ainda estando cursando a faculdade de economia, eu sempre administrei as finanças daqui e de uma das empresas da família de lá, mas isso com meu pai aqui sempre me atualizando de tudo e das finanças, mas você sabe, é meio burro e não sabe nada de finança, então quando meu pai adoeceu e tive que vir... Fazia tanto tempo que eu não vinha para cá.
- Quando foi a última vez? – ela me observou com aqueles olhos encantadores.
- Acho que quando eu tinha sete anos. – soltei, dando de ombros, fitando o terreno inclinado que os cavalos já subiam para a montanha.
- Uau, faz bastante tempo... – ela soltou um sorriso, me encarando nos olhos. – Como é voltar para cá depois de tantos anos?
- Nostálgico, mas parece que vai ser bom estar aqui. – ampliei meu sorriso, terminando o percurso e chegando ao topo onde tinha uma visão incrível para toda a fazenda.
Point Of View
Com os dias a presença de era diária em meu dia a dia, havia dias que eu acordava e quando descia as escadas lá estava ele preparando panquecas na minha cozinha, em outros ele me encontrava enquanto levava os carneiros para passear - o que eu não era louca de fazer andando, né. Dallas, o cavalo de raça que me acompanhava há muitos anos e Nico, iam até parte do caminho saltitando atrás de mim, me ajudando nessa tarefa. Eu sabia que nada ali era permanente. Eu não sabia o quanto tempo mais ele iria ficar, eu não sabia o que eu faria quando o ano virasse ou minha faculdade começasse pesar, afinal, eu havia cogitado de ir para cidade definitivamente, mas ainda assim eu amava muito aquilo para ficar longe de toda a fazenda. Nós não tínhamos nada ainda, mas confesso que depois de quase um mês de convivência eu já havia cogitado – em minha mente – beijá-lo, mas só estávamos levando um dia de cada vez, aproveitando a companhia um do outro e dando boas risadas do café da manhã até o dia acabar.
- Bom dia. - ele disse assim que empurrou a porta da minha cozinha, adentrando a casa pelos fundos. Apenas acenei com a cabeça ainda com a comida do café da manhã na boca. - Café? - assenti com a cabeça e ele me serviu em uma xícara ainda com um breve riso nos lábios. Eu nunca fazia café, na verdade, eu não sabia fazer café, sempre ficava ou amargo demais ou extremamente doce, então ele chegava todas as manhãs com a garrafa térmica da sua casa.
- Quais os planos para hoje? – questionei, sorrindo fraco assim que a comida finalmente desceu pelo meu canal digestivo.
- Além de te trazer esse lindíssimo convite... - ele dizia quase rindo, porém era visível que ele tentava segurar o riso, enquanto despejava o envelope branquíssimo de papel indiano em minha frente. Tinha uma fita de cetim verde claro, particularmente eu achei um pouco de mau gosto, mas não ousei questionar. - Vim te buscar para ir comigo até a cidade comprar um presente. - observei o brasão e quando fui para abrir a boca para questionar , ele riu me interrompendo, antes que eu perguntasse. - Sim, é o brasão da minha família, infelizmente. Aquele infeliz, meu pai doente e ele casando.
Flashback On
não valia muita coisa, talvez menos que o carro velho que seu pai ainda insistia em guardar em sua garagem, nós ficávamos quando era conveniente, eu sabia que ele não prestava, mas dava para o gasto. Ele era bonito, malhado e menos caipira do que o restante dos herdeiros de fazendas próximos, não que isso houvesse evoluído para sexo ou algo do tipo. É claro que eu não deixaria algo assim rolar com aquele idiota, mas tínhamos uma relação boa, nós ríamos e as vezes íamos a um bar ou outro, era sem compromisso, mas ainda assim o idiota achava que tinha alguma posse sobre mim, a qual eu sempre deixei claro que ninguém tinha ou teria. Eu até gostava dele, mas estava ciente de toda a situação e de quem ele era, então nunca dava muita importância. Cuidava dos cavalos deles, afinal, eu aprendi desde cedo cuidar e tratar dos animais. Minha avó era veterinária e cresci com ela me ensinando tais coisas, ainda que sem o diploma da faculdade eu fazia tais serviços para fazendas próximas, mas a de sua família era a qual eu sempre ia cuidar dos cavalos, o que acarretou na nossa proximidade. Adentrei a fazenda, logo parando o carro próximo a casa, retirando a minha maleta com as coisas. Adentrei a casa como sempre e subi para o andar superior, indo até a dispensa onde ficava armazenada parte das coisas que eu usaria. Fui entrando sem bater e logo de cara os gemidos e respirações ofegantes tomaram meus ouvidos. Havia uma "amiga" minha, Jay An, e o meu pseudo ficante suados e ofegantes sobre a mesa da dispensa.
- Desculpa atrapalhar, mas preciso pegar as vacinas e as cordas no armário... – assim que eu disse escorada no batente da porta os dois pararam com os olhos arregalados em minha direção.
- Amiga não é nada do que você está imaginando. – eu ri breve, negando com a cabeça, vendo o quão baixo eles poderiam ir.
- Certo, eu pego essas coisas mais tarde. – eu ri nervosa, saindo dali e descendo a enorme escada dos Norwood.
- É que...- ele disse meio sem jeito, gaguejando e correndo atrás de mim enquanto enfiava a calça jeans. - Você nunca liberava...
- Primeiro, para falar comigo enfia essa merda dentro das calças. – disse, o ignorando por completo enquanto batia com o dedo indicador e o polegar na seringa para sair qualquer ar do recipiente. - Você é quem eu quero, ela é quem eu... fodo. - o encarei com uma cara de desgosto e voltei a dar de ombros e focar no meu trabalho.
- Desculpa, eu não fico, gosto e muito menos namoro caras machistas, ainda mais os que classificam mulheres como para foder e para casar. – sorri cínica, voltando a ignorar o mesmo.
- Você não vai sair dessa casa. - ele disse de forma grosseira assim que eu ia pisando para fora. – Eu quero você.
- E eu sinto muito. – dei de ombros. – E eu saio se eu quiser. – assim que falei isso o homem segurou meu braço forte, impedindo que eu me movesse, tentando me agarrar.
- Me solta, . – vociferei e o mesmo parecia rir da minha posição.
- Não, só se você voltar para mim, porque eu sei que você quer, , eu sei que você gosta de mim... – ele soltou, se gabando, e então eu enfiei a agulha da injeção no braço dele com força, o fazendo ser espetado e gritar de susto, o que fez me largar. Ajeitei meu casaco.
- Desculpe, não recebo ordem de homens, e de ninguém. – dei de ombros, indo para fora da sala. – E seja o que for que tínhamos, está acabado.
Flashback Off
- vai casar em alguns dias. - afirmei em voz alta o que havia acabado de ler no convite, caindo na gargalhada com o homem sentado em minha frente. Era bizarro, o meu quase ex, e talvez atual cunhado estava se casando, o qual se achava tão másculo por tratar mulheres mal e pegar várias, o que sentia orgulho por ter qualquer pinto em meio a suas pernas, estava casando, e pasmem, com alguém que não amava.
Seria errado se eu dissesse que no momento o convite não me importava, porque estava tão bonito naquela manhã, a barba levemente baixa, diferente do restante dos dias os quais ele nunca deixava nem se quer a barba aparecer. Eu sabia que ele tinha a minha idade, mas logo seria seu aniversário, eu tinha dezenove até tal momento. Ele ria tranquilamente em minha frente enquanto eu bebericava o café ainda com olhos atentos no garoto, agora a veia do seu pescoço saltava levemente enquanto ele ria de um comentário que eu havia feito, e parecia continuar encantador, mesmo com a cara ainda levemente de sono.
- Então vai se trocar, mulher, vista suas botinas! – ele soltou, me apressando enquanto com o jornal do dia enrolado em bastão atingia meu braço de leve.
- Ei, eu não costumo usar botinas! – reclamei num breve riso.
- Botas? – ele entortou a cabeça como se estivesse realmente refletindo a respeito.
- Talvez. – dei de ombros num meio sorriso, o largando ali e subindo as escadas.
Os dias passaram correndo e logo amanheceu na manhã do casamento de com Jay Na. O enorme campo de gramado verdinho exibia um casamento luxuoso no campo, organizadores corriam para lá e para cá com as suas pranchetas enquanto e eu me apertava no vestido de madrinha. Mais tarde encontrei na entrada que dava até onde estaria os noivos – e padrinhos – nos ajeitamos e quando foram chamando nossos nomes, entramos caminhando no enorme corredor de grama, cercado por flores caras e decorativas enquanto uma enorme platéia de convidados nos observava com olhos curiosos até chegarmos em nossos retrospectivos lugares e nos separarmos cada um para um lado do pupilo – padrinhos ao lado direito do noivo e as madrinhas ao esquerdo da noiva – vez ou outra trocávamos olhares cúmplices, sobre quem estava rindo de toda a situação por dentro, e vez ou outra aproveitava para flertar com a minha madrinha a minha esquerda que piscava sugestivamente para o noivo. O casamento fluía de uma forma fina – afinal eram uma família de grande prestigio em parte do país – e calmamente, sem contar que a infidelidade dos noivos era tão óbvia quanto um mais um é dois. havia deixado claro que só estava casando porque era necessário e ela estava grávida, mas não a amava e não faria muito para transformar aquilo em casamento de verdade, e a garota parecia não se importar com a situação em que aquilo não era um real casamento. A música de violinos fluía alta e clássica e as senhoras de chapéu e luvas faziam parte do publico, mas aquilo não durou muito tempo e logo a algazarra tomou conta do local.
- QUEM QUE É NESSAS BANDA? - Um homem com o semblante de cangaceiro, aqueles bem cabra macho chegou no meio do casamento, que recém tinha feito os votos matrimoniais. - Eu falo sério, é bom que ele se apresente se foi macho pra ir até lá nas minhas terras, tirar a virgindade da minha filha e ainda prometer casamento, vai ser macho pra ‘casá! Ou pra levar umas balas de borracha na bunda! - o homem saiu gritando.
- É o noivo! - um dos convidados gritou em meio a barulheira e o homem se direcionou com todo o ódio nos olhos para o altar feito de forma delicada com arranjos verdes, ao que parecia com uma trepadeira.
- O QUÊ? É O SEGUINTE, HOMEM, VOCÊ VAI HONRAR O QUE DISSE. - Ele saiu gritando e eu ainda estava no vestido rose de madrinha um pouco mais a frente.
- Ih, não vai dar não, ele já casou. - comentei rindo breve, observando me fuzilando com o olhar de cima do palco. - se eu fosse você o dava um coro de jeito, senhor!
- É, tem razão, eu vou balear tudo que tiver na minha frente até pegar esse corno! - o homem gritou junto a um "iha" e deu um tiro no chão e outro no ar, as pessoas começaram gritar e correr em círculos, parecia uma zona aquilo. O casamento caríssimo e tão bem feito estava arruinado, flores pisoteadas, mesa do bolo recém derrumada (e ainda no rosto de uma das madrinhas, a qual dava sua total atenção, ou melhor, flertava descaradamente durante a cerimônia). Vou balear toda a família desse desgraçado! Mostrar quem que é o manda-chuva nessas bandas! - ele gritou e , do outro lado, arregalou os olhos e então trocamos olhares cúmplices e corremos em mesma direção, contrária onde estava ocorrendo a cerimônia. Quando já estávamos um pouco longe, entrelaçamos nossas mãos.
- Aquele é o irmão do noivo! - alguém querendo causar mais confusão ainda gritou e por um momento o cangaceiro se virou para nós, encarando com cara feia.
- É à hora de sumirmos daqui. – soltei, rindo ao observar a cena completamente cômica, algumas madrinhas gritavam e um barro que eu não sei de onde havia surgido voava na cabeça de um convidado com o terno completamente polido. Apertei a mão de e corri para onde eu sabia que não iria nos achar, a enorme plantação de milho se estendia por parte da propriedade e nós corremos entre eles, meus saltos afundavam na terra fofa e eu segurava a barra do meu vestido para não arrastar no chão, com ao meu alcance enquanto riamos alto e começamos a brincar de algo com o que parecia de pega-pega ali naquela imensidão, onde a luz que nos atingia era apenas a das estrelas e da lua sob nossos olhos.
- Para, para, eu estou sem ar... - soltei rindo alto, finalmente parando em meio ao milharal com ao meu alcance, este que me agarrou pela cintura, me girando no ar.
- Eu daria tudo para ser uma mosca agora e ver levando um esporro daquele velho. - nós gargalhamos e dessa vez ele me colocou no chão, onde eu pude espalmar minha mão por seu smoking provavelmente caríssimo, ficando quase que colada ao corpo do mesmo. - Na real, acho que eu não queria ser uma mosca agora, eu estou muito bem sendo eu, estando perdido aqui no meio do nada com você... - enquanto o encarava nos olhos o clima era presente e a tensão também, nós sabíamos o que queríamos e não iríamos fugir disso, eu só queria ele nesse momento, vivendo um dia de cada vez e um momento atrás do outro, como sempre fazíamos, mas dessa vez, aproveitando como eu sempre imaginei aproveitar, e então finalmente eu colei nossos lábios e seus braços não demoraram para passar ao meu redor, me apertando levemente contra si quase que num abraço. Nossos lábios tinham uma sincronia incrível, um frio passou pela minha espinha e eu senti que estava tudo bem estar ali, em meio ao milharal, de baixo das estrelas com ele, estava tudo bem - muitíssimo bem - estar beijando ele em meio ao nada, nossas línguas se entrelaçaram e finalmente nossos lábios se desgrudaram junto a um breve riso que soou de nossos lábios. - Eu precisava fazer isso. - soltei, rindo breve envergonhada e colocando meu rosto na curva do pescoço do garoto. Logo fui embriagada com seu perfume. - Eu só não havia feito ainda porque sempre insistia em dizer que você estava afim de alguém, ou que estava com outro, sempre algo que me deixava incerto... - ele comentou de uma forma fofinha, ficando rubro de vergonha o que me fez acariciar sua bochecha. - Você não devia ouvir o que aquele idiota diz. – soltei, rindo breve.
Point Of View
Ela em meus braços era uma sensação sem igual, sua respiração calma e quente sobre meu pescoço fazia meus pelo se eriçarem. Acariciei o rosto da mesma enquanto fitava a imensidão e eu podia jurar, por mais blasé que possa soar, era como se alguma música country tocasse em minha cabeça. Me sentia em um filme de romance, me sentia como se tudo fosse possível se ela estivesse ali e eu a pudesse beijar. Entrelacei nossas mãos.
- Vem, eu conheço um lugar. - soltei caminhando na frente. - Isso se estivermos na direção certa né, porque nós rodamos tanto... - continuamos andando por algum tempo, e em meio ao gramado iluminado pela luz que vinha do céu, eu pude observar como o vestido de madrinha caia tão bem na garota, os saltos depois de andar algum tempo já não estava mais em seus pés e sim em suas mãos.
Nós chegamos até a enorme árvore que tinha em meio a um imenso gramado e que dava uma vista linda para o céu, nossa noite se estendeu até o nascer do sol, o qual assistimos entre alguns beijos e abraços, e resultou em voltar para casa entre risos, com os pés descalços e nossos sapatos nas mãos.
Os dias na presença da garota passavam rápido, e ainda que eu tinha questões maiores como quando meu pai melhoraria. Eu também tinha medos, afinal, uma hora eu deveria voltar para Boston. Com mais algum tempo engatamos um relacionamento, o qual obviamente não era aceito pelo meu irmão – o que não fazia diferença alguma para nenhum de nós dois – os dias com ela sempre eram diferentes um do outro, ríamos pela manhã ainda quando o bom humor era escasso e o sono ainda presente, conversávamos sobre futuro durante algumas tardes e até as vezes íamos para a cachoeira de noite, apenas para não cair numa rotina comum de fazer coisas nas horas que deveriam ser feitas. Ela fazia meu coração se aquecer e seu perfume sempre acabava impregnado nas minhas roupas.
Point Of View.
Havia dormido na casa do , realmente apenas dormido, ainda não havia rolado nada entre nós, além claro de alguns amassos. Eu teria que ir até a fazenda dos Norwood na manhã seguinte, afinal era quinta feira, e eu sempre cuidava dos cavalos da família de nesse dia, assim decidi ficar por lá. Ainda de manhã depois de tomar café fui para o estábulo para cuidar dos animais, como fazia semanalmente.
- Acho que esses cavalos estão com calor, né? – entrava no estábulo falando sozinho, com um enorme balde de água jogando um pouco em cada cavalo nas baias e logo jogando o restante do balde em mim.
- ! – gritei com raiva do mesmo, toda ensopada de água, saindo para fora do local. – assim que eu tiver seca eu te mato.
- Cuidado, ein, vai pegar uma hipotermia. – ele deu de ombros rindo, escorado em um dos cavalos. – Tomara que morra também. – ele resmungou enquanto eu entrava na casa dos Norwood, indo diretamente para o quarto de .
- Acho que você precisa...- ele soltou sorrindo, assim que desviou o olhar das planilhas na mesa e se virou para mim completamente encharcada. - De um banho, eu sei. – resmunguei, ainda brava pelo irmão do garoto ter me ensopado. – Posso usar seu banheiro? - Pode, na verdade nem precisa pedir, né? – ele soltou como sempre sorrindo. – E se me permite dizer, continua linda até ensopada. – ele se levantou, pegando uma toalha seca no armário e me entregando junto a um selinho. Depois de tomar banho e colocar um vestido seco que eu sempre carregava na bolsa para emergências, desci as escadas encontrando um misturando alguma gororoba na cozinha. Eu iria pegar apenas uma garrafa de vinho e subir, mas irritar também poderia ser válido. - Sabe que foi até bom você ter me ensopado?! – soltei, o fazendo me encarar no final da escadaria que quase dava acesso a cozinha. – Afinal, está calor mesmo e eu pude tomar banho com o seu irmão... - Da próxima eu jogo esterco. – ele resmungou com um sotaque um pouco puxado.
- Hm, da próxima vou precisar de uma banheira para ir com o então. – soltei sacana o fazendo revirar os olhos. – Na suíte presidencial tem, né? Acho que eu vou testar agora mesmo, .toUpperCase())... – soltei alto voltando para a escadaria, eu sabia que ficaria puto apenas pelo fato de confrontá-lo.
Os caseiros estavam todos de férias, igualmente meus pais, o que acabou sobrando para mim e Brie, uma mulher que costumava nos ajudar com os serviços da casa, então eu acordava de manhã com um batendo na soleira da porta da cozinha, com a garrafa de café quando Brie não estava na casa, e logo ia recolher alguns ovos enquanto ria de algumas coisas com que sempre ficava indignado em ter que enfiar a mão quase que na bunda das galinhas para pegar o ovo – teoricamente, se fosse em outra ocasião e elas não botassem ovos seria constrangedor, afinal ele sempre ficava dizendo ‘’mas e se elas não se sentem como uma galinha? E se...’’ e começava refletir entre gargalhadas com suas teorias furadas sobre tirar ovos – ainda naquela semana demos seguimento a pintura do galinheiro, a qual acabávamos todos sujos de tinta e dançando no teto do local algum country que saia da caixinha de som ali próxima.
Na manhã seguinte recebi uma ligação da minha avó, ela tinha feito compotas, ela sempre vendia compotas na feira, -e quando eu era pequena as vezes ia com ela, eu simplesmente amava aquilo tudo- mas tinha uma consulta marcada e não poderia ir vender na feira de amanhã, seus clientes ficariam arrasados, afinal a vovó tinha clientes fieis que aguardavam a feira semanal para comprar seus produtos, mas justo naquela semana meu carro havia ido para o conserto, o que me fez ligar para e além de pedir para que ele fosse comigo, me levasse. Ele disse que viria, e então voltei minha atenção para o notebook que exibia parte do meu trabalho da faculdade, ainda incompleto.
- Ô DE CASA! – uma buzina estridente junto a um barulho que quase se assemelhava a um trator soou assim que apareci na soleira da porta de casa, quase gargalhando com a seguinte cena.Um no seu modo caipira, o qual era estereotipado, claro que ele estava daquela forma apenas pela vibe da feira e também para aproveitar para experimentar novos estilos, afinal, não era o seu, em uma picape antiga – daí vinha o quase barulho de trator – o garoto tinha um palito na boca – como aqueles sitiantes de idade costumavam fazer -, camisa xadrez – o que confesso ficou bem nele – e um chapéu de cowboy.
- Os ares da fazenda estão te corrompendo, senhor Norwood. – soltei rindo, finalmente colocando minhas botas (as quais também era uma vestimenta esperada de quem morasse no campo), ajeitando meu vestido e puxando um dos engradados com as compotas.
-Tá vendo? Agora só falta eu falar ‘’por essas bandas’’ e ‘’ocê ta ajeitada’’ – ele soltou dando uma piscadela, enquanto eu ria e colocava as coisas na traseira da caminhonete vermelha. - Mas olha só essa preciosidade de caminhonete, era do meu avô. – ele soltou orgulhoso, enquanto eu ria, e logo pegou um outro engradado da frente de casa, colocando na caçamba enquanto eu fazia o mesmo.
- Mas onde você achou isso? Nunca havia a visto... – ele maneou a mão no ar e fez sinal para entrarmos na caminhonete.
- Bom, o saiu ontem com o carro e não voltou até agora, ai fui obrigado caçar outra forma de irmos né, em uma garagem que a gente não usa estava essa belezura. - ele até arriscou um sotaque do interior na última palavra, o que nos fez gargalhar juntos. – Era do meu avô, né, sorte que funcionou.
- Isso aqui ta ótimo. – soltei sorrindo enquanto ligava o rádio que logo começou uma musica country que eu sempre ouvia quando mais nova. Ainda era cedo e nós já gargalhávamos na estrada.
- Agora só falta cercar o porco. – ele disse, me fazendo franzir o cenho sem fazer a mínima idéia do que ele estava falando, logo fazendo sinal de dúvida com as mãos esperando que ele traduzisse. – Ah, eu pesquisei algumas gírias na internet né, para ser um bom cowboy, e achei que você soubesse essa, ou até já tivesse ido cercar porcos. - ele continuou rindo. – Que é paquerar, ou seja, só falta começar te paquerar né... – ele deu uma piscadela e sua mão estava sobre minha coxa enquanto eu ria alto junto ao mesmo.
- Você quer gírias, bonitão?! – soltei rindo, entrando na brincadeira. – Então acelera esse possante para irmos torar a pamonha.
- Torar a pamonha? – Ele soltou, gargalhando alto.
- É como estar feliz a beça por vencer o rodeio, mas pamonha é gíria para dinheiro, então pode ser também como ‘’vamos ganhar todo o dinheiro’’. – dei de ombros, rindo junto ao meu namorado.
-‘Tá certo. – soltou com o seu sotaque, que na verdade não era seu. – Mas só se mais tarde você for moía as palavra comigo.
- Seria encher a cara né? – perguntei ainda confusa, fazia tempo que eu não falava ou ouvia essas gírias. Ele assentiu com a cabeça. – Ok, mas tem que ser mijo de égua. – ele parecia não entender. – Bebida que derruba, popularmente, pinga. – soltei, rindo. – Mas eu também aceito um vinho.
Depois de descermos na feira, ajeitarmos a barraca e atendermos muitos clientes da minha avó, alguns até me reconheceram de quando era mais nova, outros só conseguiam elogiar como ‘’formávamos um lindo casal’’. As compotas iam acabando, antes mesmo do horário da feira acabar. Compramos um hot dog na barraca da frente e ficamos sentados na traseira da picape do senhor Norwood enquanto ríamos e olhávamos o movimento.
- Certo, bunita. Agora vamo cortar capim. – ele soltou, tirando os braços dos meus ombros e saindo andando de um jeito peculiar, o que me fez gargalhar.
-! – eu o chamei, e ele se virou em minha direção. – Abandona essas gírias, ninguém sabe dessas por aqui! – eu ri ainda mais com a cara de confusão do homem que logo estendeu a mão em minha direção.
- Ok, a tradução é tomar o rumo de casa, é o que precisamos. – ele me puxou assim que peguei em sua mão, rapidamente me aproximando e beijando minha testa, pouco antes de acenarmos para uma mulher da barraca vizinha – amiga da minha avó – e adentrarmos a picape para cortar capim, como diria. – E pode parar de cortar meu coração sertanejo, senhorita !
Point Of View.
- Ei! – ela gritou rindo breve assim que eu desci da caminhonete que era do meu avô. A observei em frente ao galinheiro pintando as madeiras do mesmo, e logo balançou seu pincel o que fez respingar tinta azul em mim. – To começando achar que essa caminhonete combina com você, mas as gírias de cercar porco não.
- O que você está fazendo? – perguntei enquanto me aproximava, a apertando em meus braços, logo recebendo um selinho da mesma, ri do comentário sobre as minhas gírias. – Não dá esses coice de mula.
-Pintando, ué. – ela deu de ombros num breve riso enquanto mergulhava seu pincel na lata que estava no chão. – Isso aqui estava meio velho e sem graça, quer ajudar? – assenti com a cabeça, logo recebendo um pincel da garota. - E que droga é um coice de mula?
- Como quer que eu pinte? – comentei, a observando encostado na mesa ali próxima. Alguma música country soava ali perto, e por um momento, encarando aquela mulher que pintava uma tabua do galinheiro de uma cor eu percebi, eu não gostava de country, por ela eu até pensaria em dançar, alias a música não parecia tão ruim como eu tinha o preceito, e ela estava incrivelmente linda numa camisa xadrez e shorts curtos, o clichê que ela sempre questionou e que dificilmente aderia em qualquer outro dia. – Xadrez? – soltei e ela se virou rindo breve. - É que assim, se o cercar o porco não deu certo, o coice de mula atinge seu coração, entende? Tipo, quebrou meu coração com esse fora.
- Pode ser uma de cada cor, aleatoriamente, só não a mesma cor do lado da outra, né? – ela soltou como se tudo fosse tão obvio e eu ri do semblante da mesma. – Eu não quis sujar outra roupa, mas você sabe, o xadrez não é muito minha cara... E meu amor, abandona essas gírias.
- Você ficou linda de xadrez. – disse próximo a garota que sorriu com as bochechas levemente rubras. – É mais forte que eu. – soltei sobre o comentário dela sobre minhas gírias, ela riu breve negando com a cabeça.
Ainda naquele dia estávamos deitados na rede em frente a piscina da casa dela. Enquanto ela perdia seu olhar pelo céu eu pensava como poderia ser daqui para frente, ainda que a conclusão fosse: aproveitar o agora.
- Qual foi a idéia de ir para medicina veterinária e não a normal como seus pais? – questionei a mesma enquanto acariciava seu cabelo, vez ou outra parando para observá-la mais de perto.
- Sempre preferi cuidar de cavalos a ter que cuidar dos meus primos pequenos, acho que foi tipo um sinal. – ela riu breve e sorriu enquanto impulsionava seus pés no chão para a rede ir mais rápido.
- E que sinal. – eu ri, passando a grudar meus lábios no da garota.
- Você está bem? – ela gritou assim que seu cavalo me alcançou, o meu cavalo havia caído no chão com tudo, me derrubando junto a ele em meio a algumas árvores já um pouco distante da casa da garota.
- Eu estou, mas acho que o Freud não esteja tanto assim... – comentei, me levantando e me agachando próximo ao bicho aparentemente ferido. Ela desceu do seu cavalo, vindo em nossa direção até que em alguns minutos ela observou: a pata, estava fraturada.
- Temos um chalé aqui perto, com uma baia para cavalos, podemos passar a noite lá, ele não vai conseguir voltar para casa agora porque é longe, talvez no chalé eu possa cuidar da sua pata. – ela começou falar preocupada com o animal.
- Tudo bem para mim. – comentei e então ela sorriu breve, enquanto caminhávamos, puxando os cavalos pelas rédeas levemente, até encontrarmos um chalé que era iluminado apenas pela luz da frente, o local parecia aconchegante, adentramos o mesmo depois de deixarmos os cavalos nas baias, Freud logo ficou deitado.
- Vou cuidar de Freud, e já volto. Fique a vontade. – ela sorriu breve, me deu um selinho e finalmente pegou a atadura dentro de uma gaveta. Em cerca de dez minutos eu havia preparado chocolate quente e ela entrou pela porta quase que congelando. – Ele torceu a pata, nada que não fique bom logo. – ela sorriu docemente.
- Chocolate quente? – questionei, me aproximando da mesma e passando meu braço ao seu redor enquanto a entregava a caneca.
- Parece bom para mim. – ela sorriu a bebericando e senti o vapor da minha caneca esquentar meu rosto. A noite caia enquanto estávamos jogados no sofá abraçados e algum filme passava, mas não era este que tinha a minha atenção, o cobertor cobria nossos corpos, mas eu não me importaria de ter que aquecê-la apenas com calor humano.
- ! – Ela gritou, rindo assim que a bexiga d’água atingiu suas costas em cheio, a deixando encharcada. – Não é justo, eu não tenho bexigas desse lado!
- Então vem pegar. – soltei dando uma piscadela para a mulher que correu em minha direção para alcançar o balde aos meus pés, logo conseguindo pegar uma caída no gramado e me acertando. Grudei-a pela cintura, logo beijando o ombro exposto da mesma. Depois de algum tempo correndo e atirando bexigas um no outro, estávamos cansados e encharcados. Ela torcia sua camiseta parada em minha frente, com o cabelo completamente ensopado enquanto eu a observava ainda ofegante de ter corrido parte do campo, o deque de madeira da casa da mesma ficava as marcas dos nossos pés molhados como pegadas.
Ela me encarou e no momento eu apenas conseguia observar as gotículas de água que passeavam por seu pescoço e soavam tão convidativas, pensei em desviar o olhar, mas ela apenas deixou soltar um sorriso sacana e estendeu sua mão até a minha, me puxando para mais perto de si, eu esperava que ela se aproximasse de forma comum, mas ela grudou nossos corpos, fazendo nossas intimidades roçarem uma na outra no momento que nos aproximando. Ela me olhou de uma forma que sabia o que queria, e bom, essa eu jamais ousaria negar.
Point Of View.
Era óbvio que ambos queríamos aquilo há algum tempo, mas que talvez ainda fosse cedo demais, e agora era a hora, eu podia perceber seu olhar caindo sobre meu corpo ainda molhado da última brincadeira, ainda que desejasse que também estivesse molhado de outras formas, essas as quais não demorariam a vir, afinal, o garoto passou os braços ao redor de mim de uma forma um tanto brusca se comparada as outras e foi deslizando sua mão pelo cós do shorts curto, até que passou a apertar a minha bunda de uma forma calma, como se quisesse apalpar cada pedaço daquela pele sem pressa alguma enquanto nos beijávamos de uma forma agora mais quente que as demais. Enquanto me apertava contra si e apertava minha coxa, aproveitei para distribuir alguns beijos por seu pescoço, alguns passos para trás e estávamos sobre o sofá do deque. Arranquei-lhe a camiseta a qual provavelmente foi parar no chão.
- , você tem certeza que quer isso? – ele soltou num sussurro rouco próximo ao meu ouvido, enquanto eu estava quase que em seu colo, ele acariciou meu rosto enquanto nossos olhares estavam fixos um no outro, ele tinha um semblante calmo. – Eu sei que é sua primeira...
- Sh... – soltei, pedindo silêncio num breve grudar de lábios. – eu sei o que quero, e não começa com aquela idéia de que a primeira tem que ser especial, porque só de ser com você vai ser. – Passei a mão sobre o cós da sua calça, não me demorando por ali e logo deslizando a mesma para baixo até onde tampava seu membro, passando a mão por ali e acariciando sobre o jeans. O garoto sugava meu pescoço e eu acredito que ali ficariam marcas. O mesmo desabotoou minha camisa que logo foi se encontro a sua no chão, e se ajeitando sobre o sofá me puxando para seu colo, o que fez mais uma vez nossas intimidades roçarem uma na outra.
- Quarto? – concordei no mesmo momento enquanto rebolava levemente sobre ele, que espalmou a mão sobre minha bunda, me dando suporte para que permanecesse em seu colo enquanto ele se levantava, me carregando até o meu quarto, o que não foi uma tarefa fácil de chegar, afinal, no meio do caminho sempre acabávamos prensados em uma parede ou outra. Finalmente, depois de ter empurrado a porta do quarto com o pé, quase que aos tropeços, chegamos até a beira da cama, a qual ele me jogou não demorando em grudar seu corpo sobre o meu e logo as outras peças que ainda estavam em nosso corpo foram sumindo.
Na manhã seguinte, acordei e ele não esta ao meu lado, ainda que dava para perceber que ele havia saído daquele lado da cama há pouco tempo. Observei a mesinha ao lado da cama, tinha um pequeno buque de margaridas amarelas, fiz minha higiene e desci, ainda vestindo a camiseta xadrez do mesmo, porque pelo que parecia ele tinha curtido aderir o xadrez vez ou outra. Ainda sonolenta e passando a mão sobre os olhos assim que terminei de descer as escadas, vi o tronco nu do garoto sorrindo abertamente em frente ao fogão, virando algumas panquecas no ar.
- Vim fazer seu café. – ele soltou rouco de ter acabado de acordar, e me puxou para perto de si beijando minha testa. – Bom dia, querida.
- Não vai mais usar suas gírias? Agora que eu estava me acostumando... – soltei divertida, depois de apertar a bunda do homem me sentei em uma das cadeiras ainda fitando-o. Como ele conseguia ser quem era? Tantos homens com um fardo de defeitos e ele com todos aqueles pequenos acertos, parecia até meio injusto com os outros caras.
- Bom dia, belezura! - ele virou a cabeça em minha direção corrigindo, me fazendo rir. – Café? – ele disse, esticando a caneca já com a bebida para mim.
- Bom dia, amor. - soltei sorrindo, pegando a caneca que ele estendia. – Você sabe que sim, agroboy.
So many night, so many days to all of the fights, ‘cause I never behave and I’m putting it right, hope isn’t too late, and I know, you know, I know we can’t let it end this way. |Tantas noites, tantos dias, para todas as lutas, porque eu nunca me comporto, e estou dando certo, espero que não seja tarde demais, e eu sei, você sabe, eu sei que não podemos deixar isso terminar assim.
Mas então os meses seguintes passaram correndo e quando eu vi, Nico, o meu pseudo cachorro, já estava grande e meu amor com maior ainda. Éramos acostumados com tudo, meus pais já haviam voltado de férias e os caseiros também o que nos dava mais tempo para fazer coisas aleatórias, e como tudo havia crescido, voltado, outras melhorado, senhor Norwood estava saudável e em sua casa mais uma vez, Jay An estava com uma barriga já aparente, ainda que de poucos meses, e estava na hora de voltar para Boston, afinal, ele não era dali, e eu sabia que esse dia chegaria, e infelizmente chegou.
Todo mundo tem uma história, aquela que é contada por fotos e memórias, as quais quando olhamos para trás vemos que somos quem sempre fomos, a mesma essência, a mesma alma e talvez o mesmo gosto por várias coisas, ainda que tenham sofrido mutações e nós amadurecimento. Somos a mesma criança das fotos, eu tinha uma história e eu a via espalhada por todos os porta retratos daquela casa, mas agora além das de sempre haviam várias que estampavam um garoto ao meu lado, um que não pertencia a toda minha história, ainda que de alguma forma eu desejasse que passasse a pertencer, ainda que tinha um significado enorme e um espaço imenso em meu peito, aquele que não estava mais em Nashville. E admitir que ele não estava mais ali doía um pouco, e me fazer lembrar de tudo que passamos enquanto ele esteve fazia meu coração se apertar, mas afinal eu sabia, a vida era como uma porteira, eu deveria abrir também para as dores, para que depois só viessem coisas boas.
Though I stopped calling you and I stopped taking your messages, never stopped loving you, and the one thing I regret is I stopped calling you, and I stopped taking you messages never stopped loving you, you’re still running through my head. | Embora parei de ligar, e eu parei de mandar mensagens, nunca parei de te amar, e a única coisa que me arrependo é, eu ter parado de te ligar, e eu tenha parado de responder suas mensagens, mas nunca parei de te amar, você ainda esta passando pela minha cabeça.
Point Of View.
A cobertura de um prédio com as paredes de vidro para a cidade movimentada nunca me pareceu tão entediante, eu deveria estar ali como estava, voltar para a faculdade de economia dia após dia, ainda que os cálculos me fizessem pensar em milhar, que me levava até ela, a cidade me fazia pensar no campo, nos cavalos e em quem cuidava deles, a música me fazia lembrar do country, que eu aprendi a gostar, tudo ali parecia não fazer mais parte de mim, mas eu sabia que no fundo, não era o lugar, era quem faltava nele.
So hold on, baby. Know you drive me crazy, It’s a sad song really, shit, you made me happy, oh. Ain’t always cool, but it’s alright, it’s not a sad song really, shit, you made me happy. | Então me abrace, querida. Saiba que você me deixa louco, é realmente uma música triste, merda, você me faz feliz, oh. Nem sempre é legal, mas está tudo bem, não é realmente uma música triste, merda, você me deixou feliz.
Flashback On’
- , eu não danço! – soltei, rindo em uma das festas que eram dadas. Havia música ao vivo e o country soava mais puro e local, algumas pessoas já dançavam.
- Mais vai aprender dançar. – ela continuou sorrindo e me puxou pela mão para o meio da pista que era bem no estilo clássico de filmes de fazendeiros, acorria numa espécie de celeiro, as luzes sobre nossas cabeças, as paredes de tabuas e o ritmo que levantava aquele lugar.
- ... – soltei ainda meio resmungão e rouco, e ela passou suas mãos ao redor do meu pescoço, automaticamente meus braços passaram por sua cintura.
- É fácil, é só se mover comigo. – ela sorriu e eu a fitei nos olhos, encostamos nossas testas e deixamos o ritmo nos levar.
- Ei! - disse assim que a garota abriu as portas da enorme casa, os pés com as unhas pintadas de preto estavam descalços sobre o assoalho. - vim te buscar para dar uma volta.
- Está chovendo, queridão! - ela fez uma careta como se fosse óbvio.
- E depois eu que sou o garoto da cidade. - minha risada soou nasalada, enquanto revirei os olhos. - calce suas galochas, garota da roça, que vamos dar uma volta.
- Ei! Não me chame assim!- a puxei pela mão assim que ela calçou as botas na soleira da porta. - Aonde vai me levar?
- Só vem comigo. – soltei abrindo o guarda chuva assim que entrelaçamos nossas mãos, caminhamos algum tempo na chuva com uma conversa sobre o Nico, seu cabritinho de estimação, que por pouco não quis vir pulando atrás – ele pulava para lá e para cá o dia inteiro atrás da garota. Assim que entramos no celeiro da sua fazenda todo decorado para um jantar, ela me encarou surpresa, e no final daquela noite a pedi em namoro, e ela me fez carregá-la nas costas até em sua casa, onde ficamos vendo a chuva passar na varanda da fazenda.
Flashback’Off
Os dias passavam e eu decidi não responder as mensagens, parecia tão distante e eu quase nunca tinha tempo, quando conseguia responder era estranho, as ligações passaram a ser escassas, as ainda todas as noites eu me sentia perturbado com a sensação de que deveria estar em Nashville.
So many nights, we’re staying up late, scratches and bite, you screamin’my name, Is he loving you right, or am I too late? ‘Cause I know, you know, I know I can’t let it end this way. | Tantas noites, estamos ficando acordados até tarde, arranhões e mordidas, você grita meu nome,ele está te amando, ou estou muito atrasado? Eu sei, você sabe, eu sei que não posso deixar terminar assim.
Um mês depois nós conversamos rapidamente, ela não parecia muito contente, mas nós sabíamos que uma hora a vida ia bater em nossas portas e eu voltaria para Boston, mas eu não queria mais isso, eu sabia que precisava dela, só isso, os meus dias eram péssimos em Boston e meu trabalho estava uma merda, foi quando eu finalmente tomei uma decisão, ainda que parecesse tão louca e improvisada. Tinha uma floricultura logo ao lado do prédio da empresa do meu pai, e foi quando primeiro eu abandonei meu trabalho e fui para lá, eu encontrei um buque enorme, mas de margaridas as amarelas que ela gostava, e não rosas, rosas eram clichê demais para nós dois. O helicóptero me esperava no heliporto e eu entrei sem pensar mais de uma vez, ainda com as roupas sociais e sem nenhuma gíria nova na manga para fazê-la rir eu fui, dirigi por 1105 milhas, porém no ar, apenas na companhia de um enorme buque, talvez foi algumas horas no ar, mas não ousei olhar no relógio, estava perdido demais em pensamentos. Pousei o helicóptero em uma área de grama da fazenda da garota, mas estava tendo algum evento, pois pessoas transitavam para lá e para cá.
- ? – levei a sorte grande, afinal ela estava parada em minha frente ainda com um semblante tão confuso com o qual eu jurava estar.
- , eu sei que nossa rotina é diferente e que tudo correu rápido, mas eu dirigi algumas horas porque eu não aguentava mais ficar longe de você. – disse rápido, esticando o buque para a mesma e me ajoelhando. – Quer casar comigo? Eu amo você e não tive tempo de comprar aliança ou achar uma nova gíria sertaneja... – ela ainda me olhava apática.
So hold on, baby. Know you drive me crazy, It’s a sad song really, shit, you made me happy, oh. Ain’t always cool, but it’s alright, it’s not a sad song really, shit, you made me happy. | Então me abrace, querida. Saiba que você me deixa louco, é realmente uma música triste, merda, você me faz feliz, oh. Nem sempre é legal, mas está tudo bem, não é realmente uma música triste, merda, você me deixou feliz.
- Não. – ela disse séria, enquanto todos ao redor encaravam a cena, e então ela foi ampliando seu sorriso lentamente. – Ainda é cedo para casar, mas com certeza precisamos ficar juntos. – ela me puxou pela camisa social, grudando nossos lábios. – Eu amo você, agroboy. - Também te amo belezura. - soltei rindo breve e voltando a selar nossos lábios em meio a uma multidão que gritava e aplaudia, nos fazendo rir.
Fim.
Nota da autora: Eai xuxus! Não se esqueçam de me contarem o que acharam dessa fic, ein? Obrigadinha por lerem!! O link da pagina do face é esse ai embaixo.
BEIJOS BELEZURASSSS, To indo corta capim!!!
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