Capítulo Único
- Eu não acredito que você me convenceu a vir nessa festa! – Eu disse, balançando a cabeça. Olhei para o lado, vendo meu irmão sorrir de lado. – Por que eu tenho que vir pra festa idiota da sua fraternidade?
- Porque, minha querida irmã, você perdeu a aposta.
- Porque você e seu amigo roubaram! – Dei um soco em seu ombro. – Você e aquele fedelho do me pegaram desprevenida. Jogaram baixo na hora que colocar as shots de whiskey.
- Não é minha culpa se você não sabe beber, . Não sabe brincar, não desce pro play.
- Christopher, às vezes, eu te odeio.
- Odiando ou não, você vai ter que vir pra essa festa. – Chris deu de ombros, saindo do carro logo em seguida. Bufei alto, saindo do carro também.
Tudo começou com uma bola de futebol. Não uma bola qualquer, mas a que meu pai tinha ganhado especialmente autografada pelo melhor jogador de todos os tempos, o único e magnífico Pelé. Chris, pelo simples motivo que tinha um pinto entre as pernas, ganhou a bola no seu aniversário de 18 anos e em vez de dar pra mim como ele prometeu que faria, decidiu ficar com a bola pra poder exibir pra todos os seus amigos do seu time. Claro que eu gritei, esperneie e até dei um chute no seu saco, mas mesmo assim, ele apenas deu de ombros e disse que eu nunca teria a bola enquanto ele estivesse vivo. Mas a vida, ela era imprevisível, e como um dos clichês mais velhos do mundo, Chris se apaixonou pela minha amiga Holly, então quando os seus pais viajaram e ela pediu pra ficar na minha casa, Chris viu a oportunidade perfeita de corteja-la e eu vi a oportunidade perfeita de ter a bola dos meus sonhos.
Era um jogo de batalha naval, onde os navios eram shots de whiskey, baseado em estratégias das quais eu era muito familiarizada pelos anos jogando com meus primos, eu estava certa de que meu time iria ganhar, por isso tinha aceitado o castigo de vir pra festa de Halloween da fraternidade do meu irmão vestida de sereia caso nos perdêssemos. Eu tinha o jogo nas minhas mãos, Holly e eu estávamos perto de ganhar, mas por alguma obra do destino eles conseguiram dar a volta por cima, pra falar a verdade, conseguiu dar a volta por cima e não tinha coisa pior do que o sorrisinho de lado malicioso de .
Já deu pra perceber que a minha relação com é baseada em a cada palavra que ele fala, eu reviro os olhos ou cada risinho de lado, eu mando o dedo do medo pra ele e a cada brincadeira sem graça eu dou um peteleco na cabeça dele. Eu e éramos desse jeito desde que nós nos conhecemos quando nos mudamos por causa do emprego do meu pai. e Chris viraram amigos logo de cara e não foi de muita ajuda quando sua melhor amiga desde a infância, Holly, virou minha melhor amiga. Resumindo: tinha entrado na minha vida e tinha entrado pra ficar. E era por isso que eu estava vestida de sereia, pronta pra encarar uma festa da qual eu não podia ver a hora de ir embora porque adorava me ver irritada.
- Olha, lá está a Holly. – Chris acenou para eles, fazendo com que eu voltasse meu olhar para frente. Holly estava conversando com nossa outra amiga, Blake, e alguns dos amigos de Chris.
- Chris! – Holly correu em direção ao meu irmão e o abraçou pelo pescoço. Chris, surpreendentemente, sorriu para ela e deu um beijo no topo da sua cabeça. E pela primeira vez, eu vi os olhos do meu irmão brilharem. Nem quando meu pai lhe deu o carro que ele tanto queria, ele olhou com tanta adoração do jeito que ele olhou pra Holly. Finalmente! Está mais do que na hora desses dois deixarem de ser frouxos, pensei, sorrindo. – não está com vocês?
- Mas é claro que não. – Respondi logo, revirando os olhos.
- Eu pensei que ele já estava aqui. – Chris a olhou confusa. – Você falou com ele?
- Só antes de vir. – Ela respondeu, se afastando dele. – Ele está doente, passou a semana inteira na cama com a virose. Disse que talvez viesse, mas acho muito difícil.
- Que merda, velho! estava louco pra vir pra essa festa, o dia das bruxas é a sua festa favorita.
- Ah, o pequeno não pode vir, nós sentiremos muito a falta dele. – Eu disse, colocando a mão em meu peito. – Karma is a bitch! Bem feito que ele não tenha conseguido vir pra essa festa onde ele apostou que eu usasse essa fantasia ridícula.
- Mas você está tão linda, . – Holly falou, apontando pra mim. – Se eu já não tivesse vindo de Mulan, eu viria de sereia com certeza.
- Nada contra as sereias, até gosto do fato de que elas usam do que os deuses lhe deram pra mostrar que quem vê cara, definitivamente não vê má intenções, mas essa calda está quase me impossibilitando de andar.
- Você poderia ter vindo com a versão de short ou calça. – Olhei pra Holly extremamente ofendida.
- E arruinar a fantasia?
- Não arruinaria a fantasia, ela só ficaria mais simples e confortável.
- Você sabe que se eu vou pra algum canto é pra arrasar, Holly, porque se não for pra tombar eu nem compareço. Aliás, eu não vou ficar muito tempo aqui mesmo, eu já cumpri minha parte.
- Mas a gente acabou de chegar, , vamos ficar mais um pouco.
- E eu tenho que tirar uma foto sua pra mandar pro , ele precisa ver o que ele está perdendo. – Chris puxou o celular.
- Que foto o que, Christopher! Guarda esse celular agora, se não eu não respondo por meus atos. – Falar com Chris era o mesmo que falar com uma porta quando se tratava de tirar sarro com minha cara, ele fazia questão me irritar até que algum desastre acontecesse. Da última vez o celular dele caiu dentro da privada e eu tive que pagar um novo com o meu salário. – Christopher, seu cérebro decidiu parar de funcionar de vez? Você não escutou a parte que eu disse que não quero foto? – Tentei desviar dos flashes, mas Chris apenas continuou tirando fotos, uma saindo mais feia e horrorosa que a outra, eu tenho certeza.
-Chris... – Holly disse, tocando no braço de meu irmão, o que fez com que ele olhasse pra ela e parasse.
- Tudo bem, eu paro. – Ele respondeu, levantando os braços.
- Inacreditável! Ela só precisou dizer o seu nome pra você parar.
- O poder do amor, irmãzinha. – Chris disse, enquanto mexia em seu celular, fazendo com que eu e Holly nos entreolhássemos. Eu podia ver os olhos dela brilhando enquanto ela olhava pra ele, e foi ai que eu tive a certeza que esses dois iam longe. – Pronto, mandei. – Chris disse, estendendo o celular pra eu ver a foto. Eu estava com uma cara zangada enquanto levantava minhas mãos pra evitar os flashes, porém todos os esforços pra não mostrar o meu rosto não conseguiram esconder o meu corpo, ou seja, teria uma bela visão da minha fantasia. Que maravilhoso, agora eu vou escutar sobre isso pelo o resto dos meus dias. Ótimo!
- Será que a gente pode ir dançar agora? – Respondi, me dando por vencida.
- Pensei que eu você nunca ia perguntar. – Holly me puxou por uma mão e Chris pela outra.
Tudo bem, talvez essa festa não fosse tão ruim. Claro que os caras da fraternidade do meu irmão eram bem idiotas, mas sabiam como dar uma festa, principalmente quando se tratava de uma festa tão grande como essa. Holly e eu dançamos até nossos pés começarem a doer, Chris ficou ao nosso lado o tempo todo parecendo um cão de guarda, tentando evitar qualquer cara que chegasse perto da gente. Chegava até a ser fofo Chris olhando com cara feia pra todo cara que se atrevesse a olhar de um jeito malicioso pra Holly.
- Eu vou buscar uma bebida. – Eu disse pra Holly, que assentiu com a cabeça.
- Quem sabe você não arruma pirata pra você. – Ela disse, rindo de lado.
- Pra minhas irmãs e eu sugarmos a vida dele e ficarmos eternamente jovens? É pra isso que eu vim, bebê. – Respondi, me afastando deles. Segurei na parte de baixo da minha calda pra que ninguém pisasse na minha obra de arte que demorou 3 horas pra ser feita.
- , oi. – Parei de andar quando um peitoral impediu que eu desse outro passo. Olhei pra cima, dando de cara com um dos amigos irritantes do meu irmão, não o meu arqui-inimigo, , mas sim o pseudo-cult George, que adorava falar dos vários livros que leu, de política, de como música pop não era “música de verdade” e que Beyoncé era superestimada. Já deu pra perceber que ele era um cara que tinha tipo um papo chato pra caralho e eu fugia dele como o Diabo fugia da cruz.
- Oi, George. Tchau, George. – Eu disse, tentando desviar dele, mas ele ficou em minha frente outra vez. – Será que dá pra você me dar licença? Eu tenho que pegar uma bebida.
- Eu posso pegar pra você.
- Muito obrigada, mas eu não aceito bebida de estranhos.
- Não confia em mim, ?
- Claro que não. – Respondi, tentando desviar dele, mas ele ficou em minha frente de novo. – Dá pra sair da minha frente ou tá difícil, hein, querido?!
- Você não precisa se fazer de difícil, , eu sei que você me quer.
- Em que universo você vive? Eu nunca, em um milhão de anos, me interessaria por você e nem dei a entender que queria alguma coisa contigo.
- Eu sei que você ficava de implicância com pra poder ficar perto de mim.
Eu juro que eu tentei, eu me segurei, mas antes que eu me desse conta, eu estava gargalhando e bem alto.
- Oh, George, eu implico com porque eu gosto de implicar com ele, não porque eu queria ficar mais perto de você. Você não faz meu tipo. – Dei um tapa em seu ombro. – Agora eu realmente tenho que ir. Tchauzinho. – Dessa vez eu consegui desviar dele e ir em direção a cozinha, porém, senti um puxão em meu braço, colidindo com o peito de George. Isso vai dar merda!
- Nenhuma garota ri assim na minha cara.
- Mas elas definitivamente riem nas suas costas. – Eu respondi, tentando achar uma saída rápida dessa situação. Bem que Holly disse que esse meu jeito debochada ia me meter em uma confusão.
- Admiti que o que eu disse é verdade.
- Será que homem não entende um não? Mas que porcaria! – Eu rolei os olhos. – Eu não estava, não estou e nunca estarei interessada em você, George. Você não faz meu tipo e o jeito que você usa os seus privilégios pra oprimir os outros não é bonito, só faz de você um bundão inseguro.
- Você é uma vadia.
- Muito original, chamando uma menina de vadia só porque ela não cedeu pra você. Sabe o que vadias fazem de melhor, George? Não levam desaforo pra casa.
Levantei meu joelho, dando uma joelhada no meio das suas pernas, fazendo com que ele me soltasse. Claro que eu não fiquei pra ver a cara de ódio dele e comecei a subir as escadas, segurando minha calda, o mais rápido que eu podia. Quando eu olhei pra trás George estava olhando pra mim com muito ódio. Ops, eu tinha que me esconder o mais rápido possível. O quarto do meu irmão estava fora de questão, não tinha um quarto aqui. Ai meu Deus, eu estava fodida! Olhei pro lado, dando de cara com uma porta que dizia “Telhado”, não pensei duas vezes antes de abrir a mesma e subir mais um lance de escadas. Empurrei a porta com toda força, chutando uma pedra que estava no meio do caminho a tempo de escutar a porta de baixo sendo aberta.
- Não deixa a porta... – Olhei pra frente, dando de cara com um cara vestido de pirata sentado no parapeito do prédio. – fechar.
A mesma fechou com um estrondo, fazendo com que ele tampasse os seus ouvidos. O pirata pulou do parapeito e andou em direção a porta, tentando abri-la. Ele puxou uma, duas, três vezes, mas a porta não abria.
- Ótimo! – Ele jogou as mãos para o alto. – Era só o que me faltava nesse dia de merda. – Ele andou em direção ao parapeito e sentou no mesmo. – Um resfriado de merda, uma festa de merda e uma vida de merda! – Ele se deitou no parapeito, olhando para o céu. A primeira coisa que eu pude ver do pirata era que ele era um gostoso, não que aparência fosse o principal, mas ficava bem difícil focar em outra coisa quando ele usava apenas uma calça, botas e uma máscara. Sem falar na voz rouca dele que não parecia nada de uma tentativa de ser sexy e sim de um resfriado mal curado.
- ! – Uma batida na porta fez com que eu pulasse para longe da mesma. Andei para trás, encarando a porta, pronta pra enfrentar o meu oponente. Porém, eu era uma sereia e minha calda era traiçoeira e antes mesmo de eu perceber, eu estava tropeçando e caindo no chão. Ou melhor dizendo, quase caindo no chão.
- Você deveria olhar pra onde anda, sereia . – O pirata disse, me colocando de pé outra vez. Virei-me para ele, podendo encará-lo de perto. Por conta da máscara, eu só podia ver seus olhos e alguma coisa me dizia que eu já tinha visto aqueles olhos em algum lugar.
- Será que não tem outra saída?
- Não. Aquela porta da qual você fechou só abre com uma chave, chave que está no pescoço do presidente da fraternidade.
- Ótimo! Eu estou completamente ferrada.
- Se você está preocupada com o brutamonte que está do outro lado da porta, eu tenho um conselho: não fique.
- Mas se ele achar o presidente, ele pode conseguir a chave e abrir a porta.
- Bem, acho que o presidente está muito ocupado agora. – O pirata andou até o parapeito e eu o segui. Ele apontou para um garoto que estava jogando futebol de salão usando apenas um short de academia e rodeado de mulheres.
- Ele não tem nenhuma chave ao redor do pescoço.
- Isso é porque ele deu para o seu homem de confiança.
- E quem seria esse?
- Algum pirata. – Olhei ao redor da festa, vendo que o que mais tinha eram piratas.
- Mas só o que tem nessa festa é pirata!
- Bem, a loja do centro estava em promoção com fantasias de pirata então pra que complicar a vida e procurar outra fantasia? – Ele se apoiou no parapeito de uma maneira que ficasse de frente pra mim. Claro que eu tomei a liberdade de encarar o seu peitoral e suas tatuagens.
- Ace. – Sussurrei, olhando para sua tatuagem do lado direito do seu peito.
- Você me chamou do quê?
- Ace. – Ele me olhou confuso. – Ace é o nome do personagem favorito da minha mãe, ele era um pirata que se apaixonou por uma princesa.
- Que pena que não era uma sereia.
- Na verdade, ela era a princesa do reino do fundo do mar portanto era uma sereia.
- Sorte a dele então.
- Não só dele. – Eu respondi, sorrindo de lado. – Ele também tinha uma tatuagem, um ás de copas e a frase "one life, one chance " igual a sua.
- Minha avó é apaixonada por baralho, ele sabe todos os jogos que você pode imaginar e toda vez que ela pegava um às ela diz: a vida é só uma, você só tem uma chance então continuei criando primeiras chances e vivendo o máximo que puder.
- Sua avó é uma mulher saiba.
- Diga isso pra enfermeira que tem que cuidar dela. – Ele se sentou no parapeito e estendeu a mão pra mim, me ajudando a sentar de frente pra ele. – Então, sereia , posso saber o motivo de você se esconder aqui nesse terraço?
- Fugindo de um brutamonte que não consegue ouvir um não como resposta. Você acredita que ele disse que eu implicava com só pra ficar perto dele? Tem gente que vive no mundo da imaginação.
- ? E esse brutamonte estava certo?
- é o melhor amigo pentelho do meu irmão. É claro que não, se eu implico com é porque eu gosto e porque ele consegue me irritar como ninguém. – Eu olhei pra ele que tinha um sorriso no rosto. – Mas não estamos aqui pra falar sobre , estamos aqui pra falar de você.
- De mim?
- É sim. Você já sabe meu nome, está na hora de eu saber o seu.
- Ace. – Ele respondeu, fazendo com que eu sorrisse.
- Não é justo, esse foi o nome que eu te disse.
- Isso é tudo que você vai conseguir, sereia . – Ele se aproximou de mim.
- Nem um sobrenome?
- Não.
- Uma ocupação?
- Nem insista. Eu não vou responder nenhuma pergunta sobre a minha identidade.
- Tudo bem então. Que tal, por que você está se escondendo nesse telhado?
- Isso eu posso responder. – Ele se deitou no parapeito, colocando os braços atrás da cabeça. – Minha vida vai de mal a pior. Primeiro eu peguei esse resfriado terrível que me deixou de cama por dias; segundo eu estou prestes a perder minha bolsa de natação porque um professor filho da puta não vai com a minha cara e terceiro, eu não posso aproveitar a festa porque ficar em um lugar lotado, quente e que cheira a bebida me deixa enjoado.
- Então por que você veio?
- Pra ver uma sereia. – Eu abaixei minha cabeça, escondendo meu sorriso. – Eu não estava muito a fim de vir, mas meu melhor amigo insistiu que eu viesse. – Ele se sentou novamente, e eu levantei o olhar pra encará-lo. – Eu passei míseros 10 minutos lá embaixo antes de me esconder aqui, eu não estou em clima de festa.
- Nem me fale. Meu irmão insistiu que eu viesse pra essa festa porque ele e minha melhor amiga estão de namorico, o pior de tudo foi que eu perdi uma aposta pro melhor amigo dele e tive que vir fantasiada de sereia.
- Obrigado, melhor amigo pentelho do seu irmão. – Ele disse, se aproximando mais de mim. – Agora você.
- Eu?
- É, pra responder minha pergunta.
- Isso é alguma espécie de jogo? 20 perguntas?
- Que tal 10 e não se fala mais nisso.
- Fechado.
- Por que você odeia tanto o melhor amigo do seu irmão?
- Eu não odeio o . Eu acho que ódio é uma palavra muito forte que é usada demasiadamente pra expressar um enorme desgosto. Falar que você odeia alguém é tão forte quanto falar que você ama alguém. e eu podemos ter nossas diferenças, mas tudo isso é só implicância, às vezes, quando ele quer pode ser um cara bem legal. – Dei de ombros, olhando pra ele. – A verdade era que e eu sempre somos dessa maneira desde que ele e meu irmão viraram melhores amigos. Pra falar a verdade, essa implicância começo porque eles viraram amigos e meu irmão começou a passar mais tempo com do que comigo, de certa forma, eu sentia como se fosse roubar o meu irmão de mim. Então eu comecei a implicar com ele pra ver se ele ia embora, o que ele não fez, porque ele praticamente mora na minha casa.
- Mas você ainda quer que ele vá embora? Você ainda tem ciúmes?
- Agora eu já superei. Eu conversei com meu irmão sobre isso e agora nós temos um trato de que a cada duas semanas a gente passa um final de semana juntos, só nós dois. – O pirata sorriu pra mim e de novo eu tive a sensação de que já tinha visto aquele sorriso em algum lugar. – Agora é sua vez.
- Faça o seu melhor, sereia .
- Por que você está se escondendo aqui?
- Você já perguntou isso.
- Eu sei, mas eu sinto que tem mais alguma coisa te incomodando. – Ace abaixou a cabeça, balançando a mesma.
- Minha avó está no hospital. – Ele respondeu, ainda olhando pra baixo. – Ela pegou uma gripe e mesmo que não seja nada grave, na idade que ela está, eu ainda fico muito preocupado. E o pior é que eu nem pude ir visitá-la porque eu também estou gripando, por isso a minha vontade de ficar em casa e melhorar logo pra poder visitá-la.
- Eu sei que você não faz mais do que sua obrigação, mas isso é muito fofo.
- Se você diz. – Ele deu de ombros, apoiando-se pra trás com suas mãos. – Minha vez: Qual sua cor favorita?
- Azul. Qual seu filme favorito?
- Moana.
- O meu também!
- Pensei que seria A pequena Sereia.
- Haha! Muito engraçado. Moana me fez chorar como um bebê do começo ao fim. Batata frita ou pizza?
- Batata frita, é claro. – Ele respondeu. – Banda favorita?
- A Day To Remember. A sua?
- Rolling Stones. Qual o seu curso?
- Design de Moda. E o seu?
- Engenharia Mecânica. Você acha que tomou a melhor decisão se escondendo nesse telhado?
- A melhor. – Eu sorri, mordendo meu lábio inferior. – E você, acha que melhor decisão em não me avisar sobre a porta antes dela fechar?
- A melhor. – Ace, o pirata, se levantou e estendeu a mão pra mim. – Você aceita dançar comigo, sereia ?
- Por que eu faria isso?
- Porque eu quero arrumar uma desculpa pra ficar mais perto de você.
- Então eu aceito. – Eu peguei em sua mão e ele me ajudou a levantar. Ace, o pirata, passou o braço pela minha cintura e logo quando sua mão quente em contato com a minha pele fria fez com que um arrepio passasse pelo meu corpo. Ele me puxou pra perto, aproximando nossos rostos.
- Sereia , você acredita em destino? – Ele perguntou, fazendo com que eu colocasse minha mão em sua nuca.
- Sim. E você, Ace, o pirata? Está esperando o que pra me beijar?
- Você pedir.
- Então me beija.
Ace sorriu antes de colar seus lábios nos meus. Seu beijo era delicado, porém seus braços me apertavam forte pela cintura, como se ele não quisesse que eu fosse embora. E deixa eu falar uma coisa sobre eu ir embora: eu não tinha nenhuma vontade de sair daquela porta que não fosse com ele ao meu lado. Tinha alguma coisa sobre Ace que me atraia para ele, alguma coisa sobre esse pirata misterioso, que tinha um sorriso lindo e tinha como filme favorito Moana, que fazia com que todas as minhas defesas desaparecessem. Pelo jeito que a conversa fluiu e a facilidade que foi conversar com ele, parecia que nós dois já nos conhecíamos. E sem falar pelo jeito que ele me beijava, como se fosse o primeiro e o último, usando todo o seu corpo como se fosse mais que uma conexão de corpo inteiro e sim uma conexão entre almas. Tinha alguma coisa sobre Ace que fazia eu querer, e Deus me ajudasse porque eu queria muito mais com esse pirata desconhecido.
- Você ainda tem uma pergunta. – Eu disse, me separando dele. Ace, acariciou meu rosto, e me deu um selinho.
- Você quer me ver depois de hoje, sereia ?
- Sim. – Eu respondi, dando um beijo de esquimó nele. – E você, Ace, o pirata, quer me ver depois dessa noite?
- Mais do que tudo nessa vida. – Ele aproximou nossos rostos outra vez, fazendo com que eu fechasse os olhos. Ace me beijou outra vez, de uma forma carinhosa e cheia de paixão, acho que nunca ninguém na minha vida tinha me beijado com tanta ternura e delicadeza como ele estava me beijando.
- ! – Escutei a voz de Holly do outro lado da porta. – , você está ai?
- Eu estou aqui, Holly! – Respondi, me afastando um pouco de Ace. – Holly, minha melhor amiga. – Ele assentiu, e eu me afastei dele.
- , abre a porta! – Agora foi a voz do meu irmão fazendo com que eu arregalasse os olhos. Segurei na minha calda e andei até a porta, Ace segurou na minha cintura, me ajudando.
- Me encontre no Carrión Bar, sexta as 19:00 horas. – Ele disse em meu ouvido, fazendo com que eu olhasse pra ele.
- Mas como eu vou saber que você é você? – Perguntei, me virando pra ele. – Você não me disse seu nome.
- Você vai descobrir na sexta. – Ace tirou o colar em forma de navio e colocou em meu pescoço. Ele colocou a mão em meu rosto, o acariciando novamente, e depois me deu um selinho demorado. Ele tirou a chave do bolso e colocou na porta.
- Ei, você tinha a chave o tempo todo! – Ace sorriu com a minha cara de indignada.
- Eu te encontro na sexta. – Ele começou a se afastar de mim.
- Espera! – Eu disse, fazendo com que ele parasse. Tirei uma das minhas pulseiras e coloquei em seu braço. – Pra você não me esquecer.
- Impossível, . Te encontro na sexta.
Ace abriu a porta e eu dei de cara com Holly e Chris, olhando pra mim aflitos.
- , você quer matar a gente de susto! – Chris me puxou pra um abraço.
- Eu estou bem, Chris, não precisa se preocupar. – Eu disse, me afastando dele e vendo a porta atrás de mim fechar com um estrondo.
- Por que você se escondeu no telhado? Por que você não me ligou? Por que eu tenho a impressão que não vou gostar da resposta?
- Hoje você está todo trabalhado nas perguntas, hein, irmãozinho?!
- Sem sarcasmo, .
- George tentou ficar comigo. Claro que eu recusei e como um bom homem hétero e privilegiado, ele não soube escutar um não como resposta então eu dei uma joelhada nele.
- E você estava ai sozinha?
- Não, com meu pirata.
- E esse pirata tem nome?
- Ace.
- ...
- Não se preocupe, irmãozinho, eu tenho um bom pressentimento sobre esse pirata. – Eu disse, apertando suas bochechas. – Agora vamos, essa festa já deu o que tinha que dar. – Segurei minha calda nos braços. – Eu quero ir pra casa e se vocês dois quiserem ficar eu pego um Uber e largo vocês aqui.
- Nós estávamos te procurando pra ir embora. – Holly respondeu.
- E, , mais uma coisa: – Meu irmão tirou o celular do bolso, o desbloqueou, e mostrou pra mim. – me mandou uma mensagem. – Olhei para a conversa onde tinha uma mensagem de logo debaixo da minha foto. “Que sereia irritada.” E logo embaixo tinha escrito “E linda. Já tenho um novo papel de parede pro meu celular.” Eu apenas rolei os olhos.
- Muito obrigada, Chris, eu nunca vou escutar o fim disso. – Comecei a descer a escada. – Mas no momento, eu não me importo, eu estou em um ótimo humor.
- Pra alguém que não queria vir, parece que você aproveitou bem a festa. – Holly disse, fazendo com que eu olhasse pra ele por cima do meu ombro.
- Você não imagina o quanto. – Eu respondi, soltando uma piscadela pra ela.
- O que você acha desse vestido? – Perguntei, me virando para Holly.
- É bonito. – Ela respondeu, dando de ombros. – Você não acha que está com as expectativas muito altas pra um cara que você conheceu em um telhado, que você não viu o rosto, não sabe o nome e muito menos as intenções? E se ele for serial killer?
- Holly, ele não é um serial killer.
- E como você sabe disso? Ele não te disse nem o nome! – Holly se levantou, cruzando os braços. – Como você pode confiar em uma pessoa que nem ao menos conhece?
- Esse é o problema, Holly, eu sinto como se eu já o conhecesse. O sorriso dele, eu juro que eu já vi aquele sorriso em algum lugar. – Eu respondi, colocando meus brincos. – Eu sei que parece loucura e que normalmente eu não faria isso, mas eu passei minha vida inteira seguindo a linha, Holly, está na hora de eu sair um pouco.
- Eu só estou preocupada com você. Eu tenho medo que algo possa acontecer.
- E é por isso que você é a melhor amiga que eu já tive na vida. – A puxei para um abraço apertado. – Que tal a gente fazer assim: quando eu chegar lá e conhecer Ace, eu te mando uma mensagem. Se eu responder kiwi quer dizer que eu estou encrencada, se eu responder morango está tudo bem. Me dá seu celular. – Holly estendeu seu celular e eu o peguei, abrindo nossa conversa e digitando: " Você quer que eu compre que fruta mesmo?" – Pronto. Agora você só tem que esperar minha resposta. – Meu celular começou a tocar, avisando que meu Uber tinha chegado. – Me deseje boa sorte.
- Boa sorte! – Ela me abraçou forte. – E espero que esse seu pirata encantado valha a pena.
- Somo duas!
Eu estava nervosa. E não tinha coisa que eu mais odiasse do que ficar nervosa, eu começava a morder minhas unhas, bater o pé freneticamente e imaginar os piores cenários possíveis para que tudo desse errado. A história de que Ace pode ser um serial killer começou a rodear minha cabeça e eu quase peço para o motorista voltar, porém, meu lado bad girl falou mais alto e eu meus pensamentos se voltaram para o tempo que nós passamos no telhado, o jeito que ele me segurou quando me beijou, o jeito que ele se abriu comigo e eu, assustadoramente, também me abri. Esse tipo de coisa não acontece com qualquer um ou com muita frequência, tinha lugar e hora para acontecer então estava na hora de perder o controle e deixar o destino falar mais alto.
Quando eu cheguei no Carrión, eu coloquei a minha melhor poker face e fui em direção ao bar. Eu sentei em um dos banco e tirei meu celular da bolsa. Holly já tinha deixado umas 20 mensagens, enquanto o barman preparava minha bebida, eu lia todas as mensagens e respondia. O barman trouxe minha bebida e eu comecei a bebê-la, nada melhor do que uma pouco de coragem liquida e gelada.
- Sereia . – Eu parei de digitar e fiquei tensa. Era agora! Agora era a hora da verdade. Guardei meu celular e sorri, me virando para o lado. Meu sorriso logo desapareceu quando eu dei de cara com nada mais nada menos com .
- , o que você está fazendo aqui? – Perguntei, me virando para a frente outra vez. – Você não tem outro lugar pra ir não? Outra pessoa pra encher o saco? – Eu continuei bebendo mais da minha bebida. Ótimo! Era tudo que eu precisava, o pentelho no mesmo bar que eu.
- Não existe outro lugar que eu gostaria de estar neste momento. – Ele se aproximou de mim e eu fiz cara de nojo pra ele.
- Vaza daqui, seu pentelho.
- E por que eu faria isso, sereia ? Eu estou com a pessoa que eu vim encontrar.
- Muito engraçado, . – Eu disse, começando a ignorá-lo outra vez. – Agora sai daqui que eu estou esperando alguém.
- Bem, não precisa mais esperar. – estendeu o braço para mim, fazendo com que eu olhasse pra ele e depois para o seu braço. Eu tive que checar duas vezes pra ver se meus olhos antes da minha afeição mudar completamente. Espere um segundo, o que está fazendo com minha pulseira? Ou melhor, a pulseira que eu dei para o Ace?
- O que você está fazendo com essa pulseira? Onde você conseguiu essa pulseira?
- Você me deu, sereia .
- Você está mentindo.
- Bem que você gostaria.
Quando sorriu largamente foi aí que eu percebi que ele não estava mentindo coisa nenhuma, ele era sim meu Ace. Eu sabia que eu conhecia aquele sorriso de algum lugar.
- Mas como? Isso é impossível, você não foi pra festa! Você estava doente, com a vaca louca, ou sei lá o que.
- Você está certa, eu estava muito doente, porém eu melhorei e decidi ir pra festa porque seu irmão insistiu. – Ele disse, começando a brincar com meus dedos que estavam em cima do balão do bar. – Mas quando eu cheguei lá, vi aquele amontoado de gente eu disse “que se foda” e decidi ir para o telhado. – Ele pegou minha mão e deu o beijo na mesma. – Foi aí que você apareceu, vestida de sereia e não me reconheceu. Então eu vi uma oportunidade de ficar com você e eu a não deixei passar. – Ele deu outro beijo em minha mão e eu apenas olhei pra ele, sem nenhuma reação. Desde quando era extremamente carinhoso? Desde quando ele dava uma de fofo? E desde quando eu deixava ser carinhoso comigo? Desde quando olhava pra enxergando mais do que um pentelho, melhor amigo do seu irmão, e sim um homão da porra que tinha os olhos mais lindos que eu já tinha visto? – Então, sereia , vamos para o nosso encontro?
- Isso tudo foi um erro! – Levantei, pegando minha bolsa e praticamente correndo pra fora do bar.
- , espera! – gritou e eu parei sem olhar pra trás. Isso não está acontecendo! Isso é um pesadelo!
- , eu não sei que espécie de jogo essa cabeça doentia está armando agora, mas já está mais do que na hora de você parar. – Eu disse, por cima do ombro, sem olhar pra trás.
- Por que você não acredita em mim? Por que você acha que eu estou brincando contigo?
- Porque você é o ! Você é o pentelho que vive arrumando desculpa só pra me ver irritada, me perdoe se eu não consigo ver além disso.
- , você é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço, mas as vezes você pode ser tão tola.
- Tola? – Me virei, pronta pra gritar com ele, porém eu não consegui porque parado na minha frente estava Ace. Não exatamente Ace, mas com a máscara dele. Parecia que meu pirata não era tão encantado quanto eu pensei.
- Vamos lá, sereia , eu sei que não esperava ver o melhor amigo do seu irmão, mas eu ainda sou o mesmo Ace que você encontrou no telhado, o mesmo Ace que você compartilhou o pouco de você que você sempre esconde. – Ele se aproximou de mim. – Por que você não me dar uma chance pra te mostrar que eu sou muito mais do que o melhor amigo pentelho do seu irmão? Por que você não me dar uma chance pra mostrar o porquê de eu não ter dito que te conhecia? Ou melhor, pra te mostrar o que eu sinto por você já faz um tempo.
Eu apenas balancei a cabeça ainda confusa com tudo que tinha acontecido, eu não sabia o que fazer ou sentir, só que eu precisava sair daqui. Me afastei de , começando a andar em direção ao final da calçada, mas foi nessa mesma hora que um ciclista decidiu subir a pista e quase me acertou. Quase sendo a palavra-chave, porque quando eu menos esperei estava me puxando para trás, fazendo com que meu corpo ficasse colado com o dele. O ciclista buzinou fazendo com que gritasse com ele e o mandasse para o inferno.
- Você está bem, ? – Ele perguntou, procurando meu olhar.
- Estou. – Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, talvez fosse o jeito que ele estava agindo comigo, mas eu estava sem palavras. Ou melhor dizendo, sem nenhum arsenal de respostas sarcásticas e como toda situação da minha vida, eu me via reagindo da maneira que eu menos esperava. – Tira a blusa. – Eu disse, me surpreendendo até com o meu pedido.
- Acho que não é hora e nem lugar pra isso. – Ele disse, sorrindo de lado.
- Não desse jeito, seu pentelho. – Eu respondi, rolando os olhos. – Sua tatuagem, eu quero ver sua tatuagem.
- Oh! – se afastou de mim e levantou a blusa como se fosse a coisa mais normal do mundo e logo eu pude ver a sua tatuagem em seu peitoral. Vamos lá, , chegou a hora da verdade. ”One life, one chance.” – Satisfeita? Posso abaixar agora?
- Por mim podia tirar, mas não é lugar e hora pra isso. – Eu disse, cruzando os braços. colocou a blusa de volta, e depois colocou as mãos no bolso. Ele mordeu o lábio inferior e eu pode ver que ele estava incerto do que ia fazer agora, o que chegava a ser até fofo. – Uma noite, . – Levantei o dedo indicador pra ele. – E se isso for alguma brincadeira de mal gosto sua e do meu irmão, eu juro que eu nunca mais falo com você.
andou até mim, me abraçou pela cintura e me rodopiou. Eu soltei um grito e dei um tapa em seu ombro.
- Me coloca no chão, seu pentelho! – Eu disse, me afastando dele e ajeitando meu vestido. – Agora: você vai me levar nessa “oh tão incrível” aventura que você preparou, ou eu vou esperar tanto que vou virar uma estátua?
sorriu de lado, me pegou pela mão e começou a me arrastar para o outro lado da rua.
- Você vai me dizer pra onde a gente vai? – olhou pra mim e apenas sorriu de lado. – Você sabe que eu odeio quando você sorri assim não sabe?
- Sei, e é por isso que eu faço. – me puxou para dobrarmos a rua.
- Esse lugar que você vai me levar, é muito longe? Eu estou salto alto e se nós andarmos muito meus pés vão começar a doer.
- Você pode tirar os sapatos. – Ele olhou pra mim, e eu me virei pra ele, fazendo cada de ofendida.
- Eu estou extremamente ofendida que você ao menos tenha cogitado essa ideia. – Eu disse, fazendo com que sorrisse pra mim.
- Claro que nada pode ficar entre você e o seu look.
- Hum, querido, não esqueça dessa calçada morta de suja? Prefiro meus pés doloridos do que cheio de germes, muito obrigada, de nada.
- Não precisa mais se preocupar, nós chegamos. – parou e eu parei também, olhando pra frente.
- O planetário? – Eu olhei pra ele, confusa. – , o planetário está fechado.
- Para meros civis sim, mas para nós, sereia e o pirata Ace, não. – me puxou em direção a entrada do planetário. Ele falou com segurança, que o cumprimentou e entregou as chaves pra ele.
- Nós estamos quites agora, . – O segurança foi embora e eu olhei para confusa.
- Longa história. – Ele disse, me puxando pra dentro do planetário e fechando o portão depois. – Um jogo de poker, umas bebidas e uma aposta. – Olhei para ele, esperando que ele abrisse a porta. – Parece que não é uma história tão longa assim.
- Aparentemente apostar é um habito quando se trata de você.
- Quando está no meu melhor interesse, sim. – Ele estendeu a mão para mim depois de abrir a porta para o planetário. – É melhor você segurar minha mão, você pode tropeçar em alguma coisa.
- Eu não tenho 12 anos, .
- É, mas você está usando um salto 15. E o planetário está escuro. – Eu segurei sua mão, vendo empurrar a porta do planetário. Ele estava certo, o lugar estava completamente escuro e como toda amante de filmes de terror, eu já estava deixando meus nervos falarem um pouco mais alto e por isso eu me aproximei mais de , segurando seu braço com minha outra mão. Eu não podia ver o rosto de , mas eu sabia que ele estava sorrindo.
- Eu te odeio. E pode tirar esse sorriso do seu rosto.
- Bem, vamos ver se você vai me odiar depois disso. – abriu a porta da sala de projeção do planetário e eu quase senti meu queixo bater no chão. A sala de projeção estava inteiramente decorada com velas, , de alguma maneira consegui arrastar um colchão de casal e o colocou no meio da sala. Ele também tinha trazido comida e pelo jeito do meu lugar favorito porque na sacola tinha um símbolo enorme da Barney’s Burguer.
- As velas são de plástico, – Ele começou fazendo com que eu olhasse pra ele. – Rick, o segurança estava todo preocupado em colocar velas de verdade por causa do cheiro, elas sujam e etc aí eu tive que comprar as de plásticos. – Ele andou até o colchão, ficando ao seu lado. – Eu também trouxe comida, seu preferido: Barney’s Burguer e popatoes balls.
- Você fez tudo isso pra mim? – Eu perguntei e ele riu de lado coçando a nuca.
- Ué, fiz. Exceto o documentário que a gente vai assistir, isso daí foi um bando de cientistas.
- E você escolheu o planetário por qual razão?
- Porque você adora os Cosmos, eu achei que estava mais do que na hora de você ter um verdadeiro show sobre o universo. Muito melhor do que aquele documentário que você vive assistindo na Netflix.
Deus, segura as minhas rédeas porque eu estou a ponto de atacar esse menino de um jeito que nem eu sei explicar, eu pensei, andando em direção a e parando em sua frente.
- Então acho melhor a gente começar, não acha? – Eu perguntei, tirando meus sapatos e sentando em cima do colchão. sorriu e sentou ao meu lado.
Eu amava tudo relacionado ao universo, minha família inteira sabia disso, até e e Holly sabiam e eu achava que nada na vida ia fazer com que eu ficasse mais encantada com a imensidão que é o nosso mundo, a nossa galáxia, porém , comendo batatas em forma de bolinhas e explicando tudo sobre as estrelas, mesmo com um apresentador já explicando tudo antes, era uma das coisas mais fofas e linda que eu já tinha visto. Existia uma galáxia inteiro dentro de da qual eu não conhecia, e eu não estou falando do corpinho sexy que ele tem debaixo dessa roupa porque esse eu tenho o privilégio de ver uma vez ou outras se eu tiver sorte, e sim das suas ideias, seus pensamentos, suas piadas, seus comentários fora de hora, seus desejos, tudo que eu não tinha curiosidade de saber antes porque estava muito ocupada implicando com ele. O pior disso tudo era que eu sentia como se eu tivesse perdido tempo, pensando em o quanto eu poderia ter aprendido sobre ele se eu pelo menos tivesse lhe dado uma chance, se eu tivesse visto além do meu ciúme pelo irmão. Entretanto, uma das coisas mais curiosas sobre o tempo era que ele não podia ser recuperado, mas podia ser recompensado e eu não via hora de recuperar todo o tempo perdido.
- Foi mal. – Ele disse, tirando o celular do bolso depois que ele tocou. Nós tínhamos parado um pouco a projeção para comer. começou a digitar alguma coisa e depois bloqueou o celular, porém outra mensagem apareceu e eu pode ver o seu papel de parede.
- Ei, essa é a foto que Chris tirou de mim! – Apontei para o papel de parede do seu celular. – Por que você tem minha foto como papel de parede do seu celular?
- Eu disse que ia colocá-la como papel de parede. – Ele se aproximou de mim, se apoiando em sua mão atrás de mim, fazendo com que seu rosto ficasse a um palmo longe do dele. mostrou o celular para mim outra vez e eu não pode segurar o riso, a foto que Chris tirou realmente tinha ficado engraçada. – Sem falar que você fica linda com raiva.
Foi ai que eu me perdi. Eu realmente não sei porque eu fiz, ou de onde veio a vontade enorme de beijar , mas quando eu menos esperei, eu estava colocando meus braços ao redor dele, o puxando para a perto e o beijando. Com gosto de hambúrguer, suja de molho e tudo. ficou surpreso, mas logo se recuperou e passou os braços pela minha cintura e aprofundou o beijo. E deixa eu te falar, beijava muito melhor do que a maioria dos casinhos que eu tive na faculdade, era como se ele soubesse exatamente tudo o que fazer para deixar uma garota louca e querendo mais. E Deus, como eu queria muito mais.
- Eu tenho outra coisa pra te dar. – disse, se separando de mim.
- O que mais você poderia fazer por mim?
- Eu vi hoje de manhã quando vim aqui e achei a sua cara, não tinha como eu não comprar. – Ele tirou algo do bolso e estendeu um colar pra mim com dois pingentes: um pingente em forma de estrela e outro em forma de sereia. – Os piratas antigamente usavam estrelas para guia-los nas suas navegações. – Ele colou o colar por cima da minha cabeça. Eu arrumei meu cabelo, pegando os dois colares que ele tinha me dado: um quando estava fantasiado de Ace e outro como . – E eu sei que você é uma sereia e, provavelmente, será minha ruína, mas você também é uma estrela que sempre me guia. – Ele olhou pra mim e depois acariciou meu rosto. – Você sabe o que eu quero dizer com isso não sabe ?! Gostar de você sempre deixou um gosto agridoce na minha boca porque eu sempre gostei de você, mas a única maneira que eu achei de chamar a sua atenção, de te ter mais perto, foi fazendo você me odiar.
- Eu não te odeio. – Eu respondi, dando de ombros e olhando pra baixo. – Eu nunca te odiei, era só ciúmes que eu sentia da sua relação com meu irmão. – Eu disse, mexendo com a barra da camisa dele. riu e deu um beijo no topo da minha cabeça. – Será que a gente pode voltar a olhar para os planetas? – Perguntei, olhando para ele e sorrindo de lado. – Só hoje vamos fingir que a gente ainda está naquele telhado, que somos a sereia e Ace o pirata e vamos apenas aproveitar?
- Tudo por você, minha sereia. – me deu um selinho e voltou a se deitar no coberto. Eu segurei seu braço e me deitei em seu peito, passando meu braço pela sua cintura.
Foi ai que eu percebi que não tinha lugar no mundo que eu preferia estar agora. E bem, não tinha outra pessoa que eu preferia que fosse Ace.
Desviei meu celular da tela do computador e olhei para o meu celular outra vez. Por que ele não me ligou? Já faz dois dias e nenhuma mensagem? O encontro mais épico do século e nenhum “oi !”? Balancei a cabeça voltando a minha atenção para o meu artigo. Se concentra, ! Foca no foco! Artigo pra amanhã. Foco!
- Você deveria ligar pra ele. – Desviei meus olhos do celular e olhei para o meu irmão.
- O quê? Pra quem? Eu não quero ligar pra ninguém!
- Eu sei que você quer ligar pro .
- Mas é claro que não. – Eu neguei rapidamente, porém Chris cruzou os braços, fazendo cara de deboche. – Tudo bem, talvez um pouco.
- Então o que está te impendido?
- O é um pentelho, Chris! – Eu respondi, me sentando na cama. – Eu não suporto aquele sorriso de lado que ele dar todas as vezes que consegue me irritar, ou quando ele me deixa sem palavras ou o jeito que ele consegue derrubar todas as minhas barreiras e quando eu vejo eu estou reagindo da pior maneira possível. Como daquela vez que ele me assustou, de madrugada, e eu taquei uma frigideira nele ou quando eu empurrei ele na piscina com celular e Ipad na mão.
- , como é que você ainda não percebeu?
- Tenho quase certeza que eu percebi, o é um pentelho. Isso está claro.
- Não, . – Ele balançou a cabeça. – O , ele gosta de você. Desde o dia que ele veio aqui em casa e te viu em prantos porque estava assistindo Moana. Sim, implicância não é a melhor maneira de mostrar pra alguém que você gosta dela, mas foi a única maneira que ele encontrou de ficar mais perto de você. Toda vez que ele entrava no mesmo recinto que você estava, você ficava logo emburrada e o ignorava completamente, você tinha que ver ele todo preocupado porque achava que você odiava ele. Até o dia daquela maratona de filmes da DC que vocês dois começaram a discutir e você foi pra cima dele com almofada e tudo. Ele queria alguma reação de você e, naquele dia, ele percebeu como ele conseguiria uma.
- Mas por que ele não me disse nada? Se ele gosta tanto de mim, por que não veio conversar comigo?
- E se ele tivesse feito, o que você faria? E responda sinceramente.
- Provavelmente soltaria uma gargalhada debochada. – Respondi abaixando a cabeça.
- E agora? O que você faria agora?
- Agora eu não tenho tanta certeza. – Eu disse, me jogando na cama. – Ele ainda é o , o pentelho, mas ele também é Ace, o pirata. E eu, assustadoramente, quero conhecer mais sobre .
- Então por que você não dá uma chance a ele? Como você disse: ele é sim, o pentelho que gosta de te ver você fulminando com raiva, mas ele também é o Ace, o pirata que não vê a hora da sereia dar uma chance pra ele. – Chris se sentou na cama e olhou pra mim.
- Por que você está tão de boas em relação à isso? Você não deveria dar uma de irmão protetor não namore minha irmãzinha ou alguma coisa do tipo?
- Porque eu vi o quanto o cara gosta de você, e eu sou um irmão legal que quer você feliz. E eu acho que ele pode te fazer feliz, sem falar que Holly adora vocês dois juntos. Alguma coisa sobre ship virando otp.
- Sim, você é. – Me sentei, abraçando meu irmão de lado.
- Que bom! – Chris se levantou e se virou pra mim. – Porque Ace/ está vindo pra cá nesse momento e eu estou indo pra casa da Holly.
- O quê?
- Eu chamei o pra dormir aqui, só que eu estou saindo porque eu quero que vocês dois se resolvam logo. – Chris saiu do meu quarto, andando e falando. – Você está bem desligada esses dias, hein, irmãzinha? – Chris olhou por cima do ombro e eu mandei o dedo do meio pra ele.
- Você armou pra mim?
- Na verdade, eu armei pra vocês dois. Tchau, irmãzinha. – Chris desceu as escadas e eu ouvi a porta bater lá embaixo. Olhei para os lados sem saber o que fazer depois olhei pra minha roupa e grunhi, eu estava usando pijamas. Corri para o meu guarda roupa, pegando alguma roupa que eu costumava usar dentro de casa e depois tomei um banho rápido. Quando eu estava colocando perfume, a campainha ecoou e eu tive um pequeno ataque de pânico. Ai meu Deus, chegou! O que está acontecendo com você, ? Te controla, mulher!
Desci as escadas em um tempo recorde e respirei fundo antes de abrir a porta. levantou o olhar do seu celular e olhou diretamente em meus olhos, eu apenas sorri e disse:
- Oi, .
- Oi, . – Ele disse sorrindo, colocando o celular no bolso. – Seu irmão está aí?
- Ele foi na casa da Holly, mas disse que ele já volta.
- Então eu vou esperar por ele no quarto. – deu um passo pra frente e eu dei um para o lado, deixando que ele passasse. começou a subir as escadas enquanto eu fechava a porta. COMO ASSIM APENAS UM “OI ”? COMO ASSIM? , eu pensei deixando a raiva falar. E como em qualquer outra situação na vida, eu me pegava reagindo da pior maneira, então eu peguei a bola de futebol do meu irmão e joguei na cabeça de . Ele parou de subir as escadas e se virou pra mim, me olhando incrédulo. – Por que você fez isso?
- Por que você não me ligou?
- O quê?
- Por que, depois de um dos melhores encontros que eu já tive, você não me ligou? – Eu disse, me aproximando da escada.
- Um dos melhores encontros, hein? – começou a descer as escadas, vindo em minha direção.
- Foco, ! Por que você não me ligou? Se você não quer mais sair comigo, é melhor você dizer logo, eu odeio incerteza. Então é isso, você não quer sair mais comigo? – parou em minha frente, pegando minhas mãos e me puxando pra perto.
- E por que eu faria isso? Por que, depois de tudo que eu passei, eu ia simplesmente te perder?
- Então por que não ligou?
- Porque eu estava preparando nosso próximo encontro, mais épico do que o primeiro então eu não tive muito tempo pra fazer outras coisas. Sem falar que minha avó saiu do hospital e eu tive que levá-la pra casa da minha tia, no interior junto com minha mãe. E também, eu queria te dar espaço para você pensar, digerir tudo que aconteceu. Desculpa por não te ligar. – Ele colocou as mãos em meu rosto, acariciando minhas bochechas.
- Você sabe que eu não preciso de uma série de encontros épicos, pra mim um balde de pipoca, um sofá e um filme já está de bom tamanho. – Eu respondi, dando de ombros, o abraçando pela cintura.
- Nós vamos ter alguns desses também, mas no momento, eu estou com um projeto: Os top 5 encontros mais épicos com . O que você acha? – Eu sorri, mordendo meu lábio, antes de ficar na ponta dos meus pés e beijá-lo. respirou fundo, aprofundando o beijo, quase me deixando sem fôlego.
- Que tal a gente começar a nossa lista de encontros não tão épicos agora? Que tal um filme? – Eu perguntei, me separando dele. escondeu seu rosto na curva do meu pescoço, me abraçando forte e beijando meu pescoço.
- Eu pego a pipoca. – Ele se separou de mim, indo em direção a cozinha enquanto eu me jogava no sofá. Liguei a televisão a fim de encontrar algo pra assistirmos, e aparentemente, eu tinha achado o filme perfeito.
- Então o que vamos assistir? – perguntou, se sentando ao meu lado no sofá. Ele colocou o braço por cima dos meus ombros e eu coloquei minha cabeça em seu peito.
- Moana está prestes a começar. – Respondi, pegando um punhado de pipoca. – ?
- Sim?
- Onde será nosso próximo encontro épico? – Perguntei, olhando pra ele.
- Ah, sereia , você vai ter que esperar pra ver.
- Mas odeio esperar!
- Pra isso, eu tenho a receita perfeita. – Ele respondeu, colocando a pipoca em cima da mesa de centro.
- E qual seria essa receita?
riu de lado, do jeito que ele sabia que eu odiava, antes de começar a beijar. Parece que no final das contas meu pirata era sim encantado.
Fim
Nota da autora: Sem nota.
Outras Fanfics:
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14. Easy Way Out [Ficstape Mcfly: Memory Lane/Finalizada]
06. The Mighty Fall [Ficstape Fall Out Boy: Save Rock and Roll/Finalizada]
09. Young Volcanoes [Ficstape Fall Out Boy: Save Rock and Roll/Finalizada]
03. Hands To Myself [Ficstape Selena Gomez: Revival/Finalizada]
03. Kiss It Better [Ficstape Rihanna: ANTi/Finalizada]
Bônus: Why Do You Love Me? [Ficstape Adele: 25/Finalizada]
Reminiscência [Outros/Andamento]
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