Última atualização: 03/11/2020

Capítulo Único

Naquele dia acordei decidida contar aos meus pais que eu iria seguir meus planos e fazer meu intercâmbio mesmo sem o apoio deles, era aquilo o que eu mais queria e sabia que isso iria trazer algo a mais em meu currículo, eu também tinha o mesmo receio que eles de acabar indo parar em uma família louca mas precisava fazer aquilo, fui até a sala onde os encontrei sentados no sofá assistindo televisão como era de praxe.

- Pai, mãe, precisamos conversar.
- Lá vem você de novo , vai falar do tal intercâmbio novamente? – Meu pai se ajeitou no sofá e me encarou sério.
- Sim, vou falar disso e avisar vocês que semana que vem eu estarei indo para Montréal.
- Não vamos permitir.
- Acontece que já tenho vinte e um, idade legal para poder fazer o que eu quiser no mundo todo. – Suspirei enquanto entrelaçava meus dedos para tentar manter aquela conversa o mais pacífica possível. – Eu vou quer vocês queiram, quer não.
- , tente entender, nós estamos fazendo o que pensamos ser melhor para você.
- Melhor para mim mãe? Então é melhor eu ficar aqui nessa cidade pacata onde eu simplesmente não consigo um trabalho decente? Melhor então eu continuar trabalhando como freelancer em uma loja de roupas? É sério isso?
- , não fale assim com a sua mãe! – Meu pai gritou se levantando do confortável sofá.
- Eu cansei disso tudo! Eu vou e pronto, quer vocês queiram, quer não! – Senti lágrimas brotando em meus olhos mas me mantive firme enquanto elas escorriam pelo meu rosto. – Vou na semana que vem, a passagem está comprada e o visto já está em meu passaporte.
- Então vai! – Meu pai caminhou duramente até o quarto e bateu a porta, me sentei na poltrona e deixei as lágrimas rolarem.
- Filha, estamos com medo, é só isso.
- Não mãe, não é, ele não está me apoiando em minhas decisões e você sabe disso.

Ela apenas passou a mão em meus cabelos e me abraçou. A semana se passou e meu pai não falou mais comigo, quando chegou o dia da minha viagem ele apenas se despediu rapidamente antes de eu entrar no uber que me levaria ao aeroporto de Campinas. Durante o voo coloquei meus fones e a primeira música que ouvi foi Perfect do Simple Plan, música a qual me fez desabar em choro lembrando de tudo o que aconteceu para mim era exatamente aquilo em cada frase que ele falava eu sentia como se fosse eu falando para meu pai, quando desembarquei no aeroporto de Montréal encontrei o Jay, pessoa a qual eu iria ficar na casa durante meu intercâmbio, eu tinha decidido por Montréal para poder estudar o inglês e francês ao mesmo tempo.
Fui com ele até a casa onde ele morava, no caminho fomos conversando sobre gostos musicais e coisas do gênero admito que estava com um pouco de medo ainda, mas assim que chegamos na casa fomos recebidos pela esposa dele sorridente na porta de entrada, quando entramos na casa logo o Jay e a Mel me mostraram onde eu iria ficar, coloquei minhas malas ali e os segui até a sala onde nos sentamos no sofá cinza para conversarmos um pouco.

- tenho algo para te contar. – O Jay se sentou com o celular na mão. – Meu irmão irá vir passar uns dias aqui ele não tem lidado muito bem com meus pais, ele irá ficar no quarto ao lado do seu.
- Tá... – Respondi completamente confusa, até então eu não havia lembrado do sobrenome do Jay.
- Bom, se você está de acordo então vou avisar ele que não tem problemas.
- Jay, não entendi o porquê teria problemas, afinal a casa é sua.
- Bom, não custava te avisar. – Ele sorriu e aquele sorriso me lembrou alguém, eu sorri de volta e fui checar meu celular.

Fui para meu quarto já que eu tinha muitas mensagens para responder, principalmente de minha mãe que estava nitidamente desesperada para falar comigo, me sentei na cama e comecei a trocar mensagens com ela que logo me ligou para saber como estavam as coisas, com ela a conversa correu perfeitamente bem mas quando ela passou para meu pai surgiu o problema.

- Não pai, eles não são loucos, são uma família normal. – Suspirei me jogando na cama e apoiando meu braço sobre a testa. – São um casal recém casados e bem tranquilos.
- Volta para cá filha, vai ser melhor, o está preocupado com você.
- Não, eu não vou voltar e você vai ter que se conformar com isso! Assim como não quero mais ver o na minha frente, ele me fez muito mal dá para você entender isso!? – Falei com toda a calma que me restava e me sentei na cama.
- Filha você não sabe o que é bom para você, ele está arrependido só que fez e quer te dar outra chance.
- Pai, pelo amor de deus eu já tenho vinte e um anos, quase vinte e dois para ser bem exata, está na hora do senhor notar que eu posso e devo decidir por mim mesma sobre minha vida! – Bufei com a última frase dele. – Quanto ao faz um favor para mim, mande ele para a puta que pariu, não quero vê-lo nem pintado de ouro na minha frente.
- Não concordo com essa sua decisão! Não espere que eu a apoie! Você sabe que se eu pudesse decidir você ficaria aqui e casaria com !
- Por mim pode não apoiar mas respeito é o mínimo, isso foi o que você sempre me falou! – Comecei a andar em círculos pelo quarto nitidamente brava. – Pai você tem que entender que eu não vou seguir os seus sonhos, eu vou seguir os meus e se meu sonho é fazer um intercâmbio para que eu possa aprimorar meu currículo na área que quero trabalhar, o mínimo que eu esperava era seu apoio, mas pelo jeito eu não posso contar com isso, quanto ao pare de fantasiar que nós dois somos o casal perfeito você sabe muito bem que ele não é tão bom assim, tenha um ótimo dia Pai.

Desliguei o telefone e me deitei na cama novamente colocando meus fones e ouvindo a banda que sempre me ajudou nesses momentos por mais que eles tivessem só um cd lançado até então as músicas pareciam escritas por mim, sentindo meu corpo pesar por causa da discussão rolei para o lado abraçando minhas próprias pernas e olhei para a porta, ali eu vi um rosto conhecido passando podia jurar ser coisa da minha da minha mente, afinal eu estava ouvindo a voz dele nos fones, foi quando ele parou e bateu levemente na porta do quarto enquanto sorria.

- Você deve ser a – Ele sorriu abrindo um pouco mais a porta que até então só tinha uma fresta aberta.
- Ah, oi, você deve ser o irmão do Jay. – Levantei me atrapalhando com o fio dos fones, que por sinal estavam bem altos.
- Está tudo bem?
- Sim, só me atrapalhei com o fone – Sorri enquanto o cumprimentava. – Jay falou que vai passar uns dias aqui? – Tentei agir naturalmente mas tudo o que eu queria era abraçar ele e tirar fotos, entrelacei meus dedos na tentativa de me conter.
- Sim, era a melhor alternativa diante de toda a situação que eu tenho enfrentado.
- Ah você está aí! – Jay apareceu atrás do irmão sorridente. – Estava te procurando, vamos dar uma volta, quer ir? Pierre, para de encher a cabeça da garota com seus problemas. – Ele falou brincando e deixou o irmão sem graça.
- Claro! Só vou trocar de roupa.

Eles foram para a sala me esperar, fechei a porta do quarto eu não sabia se eu saia pulando pelo quarto de felicidade, se apenas dava risada da coincidência ou se fazia tudo ao mesmo tempo, acabei fazendo tudo ao mesmo tempo enquanto me vestia, como estava um dia agradável escolhi por uma calça jeans comum e uma camiseta preta básica, nada fora do que eu já usasse sempre.
Fomos para o La Fontaine Park que para ser bem sincera me lembrou muito o parque do Ibirapuera em São Paulo, caminhamos, aproveitamos a grama para fazer um piquenique, a Mel, esposa do Jay, havia preparado uma cesta bem recheada com doces caseiros, sucos e um vinho acabamos passamos a tarde por lá, na volta o Jay pediu ao Pierre para me levar até a escola onde eu iria cursar inglês e francês, ele prontamente aceitou me levar, entramos no carro e para ser sincera o estado de choque tomou conta de mim afinal era o vocalista da minha banda favorita ali ao meu lado, ele notou que eu estava nervosa e tentou quebrar o silêncio.

- Bom, você é de onde ?
- Sou do Brasil, uma cidade chamada Águas de São Pedro. – Respondi encarando o lado de fora da janela.
- Não conheço muito bem o Brasil, onde fica essa cidade?
- Interior de São Paulo, mais ou menos duas horas de viajem. – O olhei e senti meu rosto corar levemente. – Quem sabe quando você estiver por lá eu não te apresento a cidade.
- Seria uma ótima idéia! Morro de vontade de conhecer esse país.

Ele estava apenas começando a carreira com a banda no auge dos seus vinte e quatro anos, provavelmente não sabia o quanto já estava conhecido por causa da música Perfect, me limitei a sorrir para ele e continuar conversando sobre as belezas do Brasil, quando chegamos na escola ele me esperou entrar e fazer minha matrícula, saí de lá com os livros em mãos e ele se ofereceu para carregar até o carro para mim. Voltamos em silêncio até a casa do Jay que é o irmão mais velho do Pierre, quando paramos na frente da casa ouvimos uma discussão vindo lá de dentro.

- Pelo jeito meu pai está aí. – Ele suspirou enquanto puxava o freio de mão. – Quer jantar fora? Podemos ir comer no McDonald’s, o que acha?
- Para ser bem sincera eu aceito a idéia, não aguento mais brigas por hoje, ainda mais quando é relacionada a pais.
- Então vamos, ai se quiser você pode me contar o que houve. – Ele sorriu e saiu com o carro em direção ao McDonald’s mais próximo. – Pegamos pra viagem ou comemos aqui?
- Por mim podemos comer aqui, tem o estacionamento ao lado.

Ele estacionou o carro e entramos no restaurante, fizemos nossos pedidos que saíram bem rápido até e nos sentamos em uma mesa, eu comecei a comer e o silêncio constrangedor tomou conta de nós.

- Ah Pierre, eu não aguento mais meu pai me dizendo o que eu devo ou não fazer sabe?
- Te entendo perfeitamente .
- Sei que entende. – Senti meu rosto corar levemente e ele me olhou confuso. – Bom, quando comecei a me organizar para vir fazer intercâmbio eu acabei caindo em um vídeo de uma música, inclusive estava ouvindo ela mais cedo quando você bateu na porta do quarto.
- Qual música? Quem sabe eu conheço...
- Perfect, por sinal é a sua banda. – Eu o olhei e notei que ele estava completamente corado. – Inclusive a música é ótima! Por isso falei que sei que me entende.
- Eu não esperava que alguém de outro país falasse que conhece minha banda, a gente começou há pouco tempo...
- Bom, na verdade a primeira banda que ouvi foi Reset, ai fui atrás de mais músicas e caí em Perfect. – Dei de ombros e sorri para ele. – Vocês estão pensando em fazer algum show esses meses?
- Na verdade sim, queremos fazer um show na semana que vem, inclusive é por isso que acabei indo para a casa do Jay, meu pai resolveu que não quer mais que eu trabalhe na banda, por ele eu teria qualquer outra carreira já que “música não dá dinheiro” segundo ele e olha que ele mesmo já teve uma banda. – Ele estava nitidamente triste pela falta de apoio do pai.
- Pierre, acho que você e sua banda deveriam se preparar para o boom mundial que vocês vão fazer. – O olhei e notei que ele estava me observando confuso. – Quanto ao seu pai, bom, siga os seus sonhos, uma vez ouvi em alguma música ai que não podemos ser perfeitos, por mais que as palavras sejam duras e que a gente não as esqueça tão cedo, temos que seguir nossos sonhos.
- ... – Ele sorriu sem jeito. – Quantas vezes você ouviu essa música?
- Milhares de vezes, e tem me ajudado a lidar com tudo isso.
- Como assim boom mundial?
- Bom, vocês tem toda a capacidade do mundo Pierre, e é nítido que você e sua banda fazem isso por amor, só não podem se deixar levar pela fama e esquecer que vocês vão crescer graças aos fãs.
- Jamais esqueceremos.

Terminamos nossos lanches e fomos passear de carro, ele me levou em um lugar onde dava para ver um pedaço da cidade e a vista de lá era linda, o que me fez refletir sobre a vida e tudo o que eu havia aberto mão até então para poder começar a seguir meu sonho, sonho o qual era difícil porém não impossível de alcançar, tudo o que eu queria era fazer a empresa que eu estava criando crescer, não seria difícil de crescer porém também não seria fácil, o meio do entretenimento é muito vasto.
Ele se sentou ao meu lado e eu apoiei a cabeça no seu ombro ainda apreciando à vista, senti uma paz tomar conta de mim por estar ali com o Pierre, ele passou a mão pela minha cintura em uma espécie de abraço e ficamos ali apenas observando a cidade em silêncio. Não sabia ao certo quanto tempo havia se passado, só me dei conta que provavelmente estávamos naquela posição há algum tempo por causa da dor que se manifestou em meu pescoço, ajeitei minha postura enquanto levava a mão ao local dolorido, ele se espreguiçou ao meu lado chamando minha atenção. Notei que ele me encarava como quem queria falar algo mas ele apenas respirou fundo desviando o olhar para o carro.

- Vamos?

Suspirei pesadamente e concordei, enquanto entrava no carro me perguntava o motivo daquela sensação de frustração que tomava conta de mim. Quando chegamos o Jay estava preocupado com a gente, deixei o Pierre explicando tudo enquanto fui para o chuveiro, dei boa noite a todos e fui para a cama, minha cabeça ainda estava a mil criando planos para o futuro e acabei adormecendo em meio aos pensamentos.
No dia seguinte o Pierre me acompanhou até a escola para meu primeiro dia de aula, senti meu rosto corar quando passei pela porta no final da aula e o vi parado encostado no carro, fomos ao shopping dar uma olhada nas lojas já que eu precisaria comprar roupas para o inverno que estava próximo já, depois de olharmos tudo e particularmente eu não gostar de quase nada nos sentamos em um dos bancos dos corredores do shopping já cansados.

- você precisa de roupa de frio, é sério o inverno daqui para quem não está acostumado é horrível.
- Eu sei, mas é tudo tão cheio das frescuras, quando não tem brilhos é rosa neon ou com rendas, assim não rola. – Suspirei encarando o chão. – Quem sabe na sessão masculina consigo encontrar algo que goste.
- Existe a chance. – Ele falou pensativo. – Já sei, vem comigo.

Ele me levou em uma loja fora do shopping e que a parte exterior mais parecia um brechó do que qualquer outra coisa, entramos e eu fui olhar as coisas, o interior da loja era bem interessante e diferente das lojas que eu havia ido até então, as luzes focadas nas roupas realçando as cores e detalhes e uma luz leve e ambiente no restante da loja tornando um ambiente agradável de se ficar, eu achei uns quatro casacos que me interessaram e fui atrás de algum vendedor para saber onde ficava o provador.

- Então é ela que está ficando na casa do Jay?
- Sim Pat, trouxe ela aqui por que não achamos nada nas lojas do shopping. – Os dois me olharam assim que cheguei.
- Então, onde fica o provador?
- Ah sim, fica ali naquelas cortinas. – O loiro falou empolgado.
- , esse é o Patrick, Pat, essa é a . – O Pierre falou meio sem jeito.

Sorri para eles e fui experimentar as roupas, no caminho encontrei mais algumas peças para poder experimentar, depois de vestir uma por uma e acabar decidindo por metade delas voltei ao encontro do Pierre que ainda estava apoiado no caixa conversando com o amigo, coloquei todas as roupas na bancada e suspirei sorrindo.

- Finalmente roupas decentes. – Eles deram risada. – Que? É sério, não gosto daquelas roupas cheias de brilhos ou flores.
- Definitivamente te trouxe para o lugar certo então.
- Acho que sim, consegui encontrar tudo, camisetas, casacos e calças, tudo o necessário.
- É realmente você não tem cara de quem usa coisas com brilhos. – O Patrick falou me analisando. – Mas que tal essa camiseta? – Ele pegou um com o escrito “role model” em rosa e eu identifiquei a marca na hora, era a marca da camiseta que o Chuck usa no clipe de Perfect.
- Deixa eu experimentar ela para ver como fica.

Voltei ao provador e como imaginado a camiseta ficou ótima, eu sai já procurando por mais alguma para poder levar pelo menos umas duas delas, depois de compras feitas marcamos de ir beber a noite com o Patrick e mais alguns amigos deles, voltamos para a casa do Jay e aparentemente os pais deles estavam lá, eu me limitei a cumprimenta-los e ir direto para o quarto eu precisava estudar e era exatamente isso que eu iria fazer, fechei a porta atrás de mim e assim que entrei no quarto comecei a ouvir eles discutindo na sala, coloquei meus fones e me concentrei nos estudos. Minha atenção foi desviada quando meu pai me ligou, eu sinceramente fiquei na dúvida se iria atender ou não mas preferi atender.

- Oi pai.
- Oi filha, liguei para saber se precisa de algo.
- Não pai, obrigada.
- Se precisar conta com a gente tá?
- Pai, eu fiz uma boa reserva para vir pra cá, contabilizei roupas, comida, estadia e a escola de idioma, eu contei isso tudo para vocês.
- Não me lembro.
- Claro que não, você sempre levantava e saia andando quando falava disso. – Falei triste.
- Filha tente entender que eu só quero o melhor para você.
- O melhor para mim sem me apoiar nos meus sonhos pai? Sabe eu tento deixar você orgulhoso de mim mas do jeito que tá parece que só te decepciono! – Falei brava. – Parece que não importa o que eu faça nunca vai ser o suficiente.
- Não é isso! É só o meu jeito de mostrar que fico preocupado com você.
- Bom eu não aguento mais brigar e me desentender com você por isso, e vou seguir meus sonhos e tudo o que eu queria era contar com vocês.
- Você pode contar com a gente filha, não significa que eu concorde com suas decisões mas sempre estarei aqui.
- Tá vendo!? Um pouco de incentivo não custa nada! – Falei irritada. – Me ligou para que afinal de contas?
- Saber se você está bem.
- Sim estou e tenho que estudar. – Respirei fundo tentando conter a irritação. – Tchau pai, eu amo vocês, depois nos falamos.
- Tchau filha, também te amamos.

Me joguei na cama e desabei em choro, agora eu estando longe ele resolve que vai ser fofo comigo e dizer que me apoia, depois de quantas mil discussões por não aceitar o que quero fazer? Eu não sei mas não aguento mais isso, eu entro na defensiva toda vez que ele vem falar comigo não importa o que seja, estou tão cansada disso tudo que eu vou provar para ele por questão de orgulho que eu sou capaz sim, vou conseguir seguir meu sonho e ser uma mulher bem sucedida.
Eu acordei cerca de duas horas depois sem nem perceber que havia dormido com alguém batendo na porta do quarto, quando abri me deparei com o Pierre triste eu o deixei entrar e tentei conter as lágrimas que estavam querendo surgir novamente, ele notou meu rosto vermelho e me abraçou suspirando pesadamente, naquele abraço eu apenas desabei em choro, sentia minhas pernas trêmulas e comecei a caminhar em direção a cama sem soltar ele.

- O que foi pequena?
- Briguei com meu pai novamente, ele me ligou e insistiu que eu deveria desistir dos meus sonhos, falou que tudo isso é bobagem e que eu já tinha uma vida iniciada lá... – Fui interrompida por um soluço. – Sabe, o que mais me dói e ver ele desapontado comigo, parece que nada que eu faço está bom para ele, que não importa o que eu decida fazer eu vou decepciona-lo de alguma forma. – Senti ele apertar levemente o abraço e me aconcheguei em seu peitoral. – Eu estou tão cansada disso tudo, sinto que infelizmente ele não irá aceitar minhas escolhas, ele não quis se despedir de mim no dia que eu vim para cá escolheu me dar um tchau e voltar para a televisão dele.
- Pequena, eu te entendo.
- Sei que entende e sei que posso contar com você. – O olhei sentindo meus olhos ardendo. – Sabe, a sua música traduz perfeitamente o que eu venho passado com meu pai.
- Então escrevi a música perfeita, é isso?
- Não comece a ficar convencido! – Empurrei ele levemente enquanto sorria.
- É esse sorriso que eu quero ver, estamos juntos nessa pequena, não vou te deixar para trás.
- Com certeza estamos, um apoia o outro a continuar, já te falei que a sua banda vai fazer sucesso mundial, é só questão de tempo.

Ele sorriu e vi suas bochechas corarem levemente, ficamos nos olhando durante um tempo até ele vencer o pequeno espaço entre nós e selar nossos lábios, senti borboletas revirando no meu estômago quando deixei ele aprofundar o beijo, as coisas estavam esquentando sentia as mãos quentes dele acariciando minhas costas por baixo da camiseta, foi quando fomos interrompidos pelo celular dele acusando mensagem do Patrick. Fomos ao bar encontrar o Patrick e o restante da banda do Pierre passamos a madrugada falando sobre o Brasil e como eles queriam conhecer o mundo, falei para todos o mesmo que eu já havia falado para o Pierre, era uma questão de tempo até terem fama mundial.

- Olha, o Pierre não para de falar de você!
- Como assim Pat!? – Olhei para o Pierre e ele estava mais vermelho do que um tomate.
- Bom, quando você foi ao provador ele estava todo contente me contando que você já havia ouvido as músicas dele... – O Pierre lançou um olhar fuzilante ao amigo. – Também estava falando que ele queria aproveitar bem o tempo com você.
- Hm...
- É por que vocês são realmente parecidos, segundo ele. – O Pat deu um gole na cerveja. – Mas agora conversando com você fica nítida a semelhança entre vocês. – Senti meu rosto queimar com a frase dele.
- Bom, pode ter certeza que algumas dessas semelhanças nós não desejamos a ninguém. – Sorri para o Pierre que apenas acenou concordando.
- Olha, eu aprovo o casal. – O Jeff falou rindo.
- JEAN! – O Pierre exclamou bravo com o amigo.
- O que foi? Do jeito que você fala dela é difícil não aprovar.

Admito que me diverti muito naquela noite e nos meses seguintes eu e o Pierre estávamos constantemente juntos, inclusive chegamos a ficar várias vezes e pude acompanhar de perto a carreira deles começando a caminhar, isso sinceramente não tem preço, ver aqueles caras tão felizes e orgulhosos de si próprios por algo que eles estavam conquistando, tinha até quem dizia que eu e o Pierre estávamos namorando e honestamente parecia mesmo, mas nunca falamos sobre o assunto então não foi nada sério.

- Você tem mesmo que ir embora semana que vem? – Ele fez uma expressão de cão sem dono que sabia que eu não resistia.
- Tenho Pie, as coisas no Brasil começaram a andar e preciso estar presente na inauguração da empresa.
- Empresa de que mesmo você está abrindo?
- Eventos, vai se chamar Time for Fun a ideia é a gente levar bandas e concertos para o Brasil.
- Quem sabe um dia minha banda vai para lá com a sua empresa... – Ele falou pensativo.
- Eu realmente espero que sim, assim poderemos nos ver novamente. – Sorri enquanto acariciava o rosto dele.

Ele se aproximou e me beijou, foi mais intenso que das últimas vezes, com um certo desejo nos toques tanto meus em seu corpo quanto dele em meu corpo, as roupas foram tiradas em uma fração de segundos e eu simplesmente me deixei levar e aproveitei aquele momento, momento o qual eu sabia que iria ficar guardado eternamente em minha memória. A semana passou mais rápido que eu gostaria, quando cheguei de volta ao Brasil encontrei meu pai e minha mãe à minha espera no aeroporto, os cumprimentei com um longo abraço e fomos para a casa da minha tia que mora em São Paulo.

- Você tem certeza que quer fazer isso filha? – Minha mãe perguntou preocupada se referindo a empresa.
- Sim mãe, é meu sonho. – Vi meu pai bufar e revirar os olhos. – Fala pai, o que foi?
- Nada, só não concordo com sua escolha, mas te desejo todo o sucesso do mundo filha.
- Hm. – Falei encarando meus pés e lembrando do Pierre. – Obrigada, vai dar tudo certo, na realidade já deu, temos parceria com algumas casas de shows já.
- Isso é ótimo filha.

Dez Anos depois.

Apesar dos anos terem passado eu nunca o esqueci e como eu havia dito para ele, a fama mundial realmente chegou e novamente minha empresa estava os trazendo ao Brasil eles já haviam vindo outras vezes porém eu nunca tinha tido o prazer de estar aqui em território nacional quando eles vieram, dessa vez eu irei busca-los no aeroporto já que a moça que normalmente faz a recepção deles não está mais trabalhando com a gente.
Enquanto esperava por eles na sala de desembarque senti as velhas e conhecidas borboletas no estômago, me senti novamente uma menina de vinte e poucos anos ansiosa por estar aprendendo um idioma novo, sorri com a lembrança daqueles nove meses que passei na casa do Jay, eu estava usando uma camiseta da role model já meio surrada e um jeans velho estava mais parecendo uma fã do que uma CEO de uma empresa do porte que a Time já tinha, os vi desembarcando meio atrapalhados com as malas, o primeiro a me ver foi o Jeff que logo avisou ao Pierre, eu não sabia exatamente o que ele havia falado mas vi o Pierre me olhar meio confuso, caminhei até eles calmamente com as mãos no bolso da calça.

- Bom, depois que pegarem as malas vou guiar vocês até a van ao lado de fora do aeroporto. – Sorri para eles e caminhei de volta até a porta de entrada.
- Moça, você não pode acompanhar eles, estamos esperando a representante da Time for Fun... – Um dos staffs falou para mim parando ao meu lado.
- Prazer, , acho que esqueci de pedirem para informar que infelizmente a Yana não trabalha mais conosco, sendo assim como sou uma das únicas a falar inglês e francês vim recepcionar e acompanhar a banda. – Estendi a mão e o moço de cabelos longos e pretos prontamente a apertou.
- Me desculpe, não sabia. – Ele sorriu. – Prazer te conhecer!
- O prazer é meu, você é...?
- Chris. – Ele chamou uma moça loira que rapidamente estava ao lado dele. – Essa é a Gabe, maquiadora deles.
- Olá Gabe!
- Olá...
- Ela é quem a Time for Fun designou para nos acompanhar na turnê.
- Ah! Bacana, qual o seu nome? – Ela perguntou empolgada.
- ? – O Pierre chegou interrompendo nossa conversa e perguntou confuso.
- Pie quanto tempo! – Sorri sentindo meu rosto queimar meu deus mesmo depois de dez anos ainda tenho essa reação!?
- Nossa quase não te reconheci! – Ele abriu os braços e veio em minha direção, rapidamente retribui o gesto o abraçando. – Eu achava que nunca mais iria te encontrar pequena!
- Bom, vida de empresária não é fácil. – Dei risada apertando um pouco o abraço enquanto ele me levantou do chão.
- E como tão as coisas? – Ele me colocou no chão e sorriu me olhando enquanto ajeitava uma mecha do meu cabelo.
- Olha a vida tá corrida mas tem estado bom, e você? Fiquei sabendo que casou e já está com filhas... – Vi o Seb olhando para mim e fazendo sinal para não tocar no assunto.
- Bom... Na realidade eu casei com quem eu achei que seria o amor da minha vida mas me enganei... – Ele deu de ombros. – Tive duas filhas com ela, são meus amores inclusive.
- Então estamos literalmente no mesmo barco. – Passei minha mão pelas costas dele que logo colocou o braço em meus ombros. – Casei com um homem que me prometeu o mundo, porém depois que tivemos nossos filhos não foi bem assim, ele queria até que eu largasse a empresa.
- Não acredito nisso! – Ele falou indignado. – Fala que você mandou ele embora?
- Mas é ÓBVIO! O Pierre e o super entenderem apesar de ainda muito novos, ficaram ao meu lado.
- Pierre e ?
- Sim, são meus filhos, um tem dez o outro oito anos.
- Regulam de idade com as minhas filhas!

Demos risada da coincidência de como nossas vidas acabaram sendo tão parecidas e fomos até a van, no caminho havia um mutirão de fãs que eu organizei para eles conseguirem atender a todos da melhor forma, entramos na van e fomos juntos até o hotel onde eu já havia deixado meu carro no caminho eles me contavam o como estava sendo incrível ter a fama que eles tinham e eu contei um pouco sobre como estava minha vida.
Quando chegamos eu fui até a recepção e peguei a chave do quarto de cada um e entreguei para eles, o Pierre fez questão que eu subisse com ele para podermos conversar sobre a vida.

- Bom agora me conta com calma tudo o que aconteceu desde que você voltou.
- Em resumo? A empresa deu super certo, eu casei e separei em questão de oito anos, o babaca ainda está no meu pé querendo voltar comigo mas deus me livre. – Olhei para ele sorrindo. – A única coisa boa desse casamento foram meus filhos, para ser bem sincera com você casei com ele porque descobri que estava grávida do segundo filho dele, foi o único momento que fiz algo que o meu pai queria e olha só né.
- E ele com isso tudo?
- Bom, fica contente pelo meu sucesso e me pede desculpas até hoje por conta de não ter me apoiado. – Suspirei e encarei minhas unhas que estavam precisando urgentemente de um trato. – Mas ele ainda espera que eu retome meu casamento, esse é um dos motivos que a gente se desentende até hoje.
- Mas ele não vê o que o cara te fez? – Dei de ombros e ele bufou. – Isso é surreal, o mesmo acontece comigo, ela está no meu pé até hoje, terminamos ano passado e até agora a mídia não sabe sobre, meu pai vive falando para eu pensar no bem das minhas pequenas...
- Nossa é a mesma coisa que meu pai fala!
- Mano nossas vidas estão muito iguais .
- Sim, só não sei se é bom ou ruim. – Demos risada juntos e o silencio tomou conta em seguida. – Bom, eu tenho que ir, meus pequenos devem estar preocupados. – Quebrei o silêncio enquanto me levantava da cama.
- É, eu tenho que resolver as coisas para o show amanhã.
- Estarei esperando por vocês na casa de shows.

Me despedi dele com um abraço e fui em direção ao meu carro, me sentei apoiando a testa no volante e me perguntando o motivo daquela agitação toda que eu estava sentindo, liguei o rádio e dirigi até minha casa onde encontrei meus filhos sentados no sofá junto com minha irmã, dei banho e os coloquei na cama, afinal no dia seguinte eles teriam um show para assistir de camarote, eles cresceram ouvindo Simple Plan pelo simples motivo que eu não parava de ouvir, inclusive sonhava com o dia em que eles iriam vir fazer show e seria eu a recepciona-los no aeroporto.

- E aí, como foi reencontrar ele? – Minha irmã perguntou assim que me joguei no sofá ao seu lado.
- Foi bom e ao mesmo tempo estranho.
- Estranho por que?
- Descobri que nossas vidas são muito parecidas, ele também se casou e se separou, tem duas filhas que por sinal regulam de idade com os pequenos.
- , ele tem três vocês só não sabem.
- Olha você não começa não.
- É sério, depois que ele ficou famoso tem um monte de fotos dele criança na internet, e o pequeno é igual a ele.
- Não posso negar a semelhança mas fizemos o teste né. – Me levantei dando um beijo na bochecha dela. – Boa noite mana, te encontro amanhã no pré show.
- Boa noite, até amanhã.

Acordei com o sol entrando pela fresta da janela rolei na cama sentindo a preguiça querendo tomar conta de mim mas, antes que eu pudesse tirar aquela soneca de mais cinco minutos meu quarto foi invadido por dois pequenos saltitando.

- É hoje mãe! Vamos poder assistir ao show, né? – O pequeno Pierre entrou no quarto e por alguns instantes fiquei indignada com a semelhança dele com o Bouvier.
- Claro filho, agora deixa a mãe levantar com calma tá?
- Vou contar para ele que meu nome é em homenagem a ele! – Ele falou animado se sentando na cama ao lado do irmão.
- Tá bom filho. – Sorri para ele enquanto me levantava. – Agora, vocês vão de pijama é?
- Claro que não mãe!
- Então que tal irem se vestir? Vamos logo cedo para lá, assim vocês podem aproveitar até o camarim com eles!
- EBAAAA – Os dois saíram correndo em direção aos seus quartos.

Me encarei no espelho e estava nitidamente destruída tomei uma ducha rápida e me arrumei conforme o que tinha planejado na noite anterior, conferi a roupa das crianças, peguei uma bolsa térmica que tinha lanches e sucos e fomos em direção à casa de show, como era próximo de onde eu morava demoramos cerca de meia hora por causa do transito, entramos pela lateral da casa e fomos em direção ao camarim, os pequenos estavam eufóricos querendo correr pelo lugar todo.

- Crianças, vamos ao camarim primeiro, depois vocês podem ir até o palco ok?
- Tá bom mãe.
- Comportem-se, por favor. – Falei abrindo a porta do camarim.
- você veio!
- Claro que vim! – Sorri para o Pierre e dei risada em seguida pelo fato dos dois terem se escondido atrás de mim.
- E quem são esses pequenos?
- Esse é o Pierre e esse é o , que tal vocês darem oi?
- Oi. – Os dois acenaram para ele mas não se moveram.
- Gente, vamos a mamãe precisa ajudar eles, lembra o que conversamos sobre virem mas a mamãe tem que trabalhar? – Falei colocando a mão sobre o ombro dos dois.
- Tá bom.

Logo os dois já estavam conversando com todos e explorando o lugar, quando vi o quão bem recebido eles foram eu me sentei no sofá e relaxei, o Bouvier logo se sentou ao meu lado sorrindo observando as crianças, ele estava com uma expressão de quem iria perguntar algo.

- Sabe, o nome dele é em sua homenagem.
- Você tá brincando?
- Não, é sério.
- Olha, a mamãe não queria que eu te contasse... – O pequeno Pierre parou na frente do Bouvier. – Mas meu nome é em sua homenagem!
- Olha só! E quantos anos você tem mesmo? – Ele perguntou analisando os traços do pequeno.
- Dez! – Ele olhou para mim. – Mãe, podemos ir no palco com o Chris?
- Claro filho, só tomem cuidado e não mexam em nada ok?
- Combinado!
- Espera... – O Bouvier falou confuso assim que eles saíram pela porta junto com o Chris. – Ele tem dez anos...
- Sim. – Olhei para ele e ele estava nitidamente fazendo contas de cabeça. – Não Bouvier, não é seu filho, é do meu ex.
- Are you sure about that? - Yes honey. – Acariciei o rosto dele. – Meu ex fez questão de fazer exame de dna, na época até eu fiquei confusa, afinal ele nasceu de oito meses de gestação.
- ...
- Quer fazer o teste? Podemos fazer, mas te garanto que não é seu filho.
- Não precisa, eu confio em você.

Ele sorriu e foi fazer o aquecimento para o show enquanto eu fui organizar a fila do pré show, depois que eles tocaram duas músicas desceram para tirar fotos com os fãs que estavam ali, como era de costume em todos os shows, eu voltei ao camarim deixando as crianças com a minha irmã que havia ido para o show também, me sentei em um canto e fiquei mexendo no celular, o primeiro a chegar foi o Bouvier. Depois de um tempo conversando o silêncio constrangedor tomou conta do ambiente, ele se aproximou lentamente e selou nossos lábios, foi um beijo intenso e cheio de saudades ele me puxou para seu colo e foi naquele momento que eu percebi que era hora de parar.

- Bouvier, aqui não é nem momento nem lugar para isso.
- Vai para o hotel comigo hoje. – Ele falou ofegante.
- Prometo pensar sobre. – Dei um selinho nele e me levantei.

Assim que me levantei ajeitando o cabelo o Seb abriu a porta entrando no camarim, nós dois assustamos com o barulho e o Seb assim que viu deu risada, o show se passou e eu admito que chorei que nem uma criança quando tocou Perfect o Bouvier me viu chorando e me entregou uma palheta, honestamente foi o que me fez chorar mais ainda, depois do show levei as crianças e minha irmã de volta para casa pedi para a Mel cuidar das crianças pois eu precisava voltar ao hotel para resolver algumas coisas.
Chegando no hotel fui direto ao quarto do Pierre bati levemente na porta e ele logo a abriu, assim que entrei eu o beijei empurrando a porta atrás de mim que fechou com um estrondo, as roupas foram ficando pelo quarto e nossas respirações mais ofegantes conforme chegávamos mais perto da cama, ele me deitou gentilmente na cama se deitando sobre mim enquanto distribuía beijos pelo meu corpo, ali naquele quarto eu me senti novamente com vinte e poucos anos revivendo o momento que ainda estava tão vivo em minha mente. Acordei no dia seguinte antes dele, pude notar o como o tempo havia passado, ele já tinha pequenos fios brancos pela barba e pelo cabelo castanho, algumas rugas de expressão aparecendo mesmo quando ele estava dormindo, enquanto me levantava notei a marca da aliança no dedo da mão esquerda sinal que ela estivera lá durante alguns anos, olhei minha mão e encarei o anel que eu havia ganhado de minha avó, que agora ocupava o lugar da aliança de casamento.

- Já vai? – Ele falou sonolento enquanto se sentava na cama.
- Na verdade vim me vestir para pedir o café, minha irmã está cuidando das crianças então temos mais um tempo.
- Nossa, por alguns minutos achei que você tinha que ir para a aula de francês. – Ele se espreguiçou enquanto sentava na cama.
- Isso já fazem dez anos... – Sorri com a lembrança que veio à minha mente, conferi meu celular e haviam dez ligações perdidas do , meu ex. – Bouvier, preciso retornar essa ligação, por mais que eu não queira.
- Fica tranquila, qualquer coisa eu estou aqui. – Sorri para ele e me sentei ao seu lado enquanto o telefone chamava.
- O que foi?
- É assim que você me atende? – Ele falou irônico do outro lado da linha e pude ouvir ao fundo a voz de meu pai.
- Ué, você me ligou dez vezes durante a madrugada ! Eu imagino que seja algo importante.
- Era só para saber se você iria vir almoçar na casa da sua mãe, mas sua irmã já me avisou que você não dormiu em casa, só queria avisar que eu viria.
- Eu não acredito nisso. – Fechei meu punho e soquei a cama. – Você tem que entender que não faz mais parte desta família .
- Vim a convite do seu pai, se ele me quer aqui não sou eu quem vou negar.
- É claro que não vai, afinal tudo o que você mais quer é voltar comigo.
- Por que acha isso? Você me traiu com aquele cantorzinho.
- MENTIRA E VOCÊ SABE DISSO! Nós não estávamos mais juntos quando fiz meu intercâmbio porque VOCÊ já tinha me traído com aquela loira de Campinas! – Falei perdendo totalmente a linha e sentindo a mão do Bouvier em meu ombro.
- Eu nunca te traí Bi, você sabe disso, eu te provei meu amor a você quando você descobriu que estava grávida e por pena eu fiquei com você.
- Pena o cacete, o filho é teu e você sabe disso, até teste foi feito!
- Não acredito naquele teste até hoje e você sabe bem disso.
- Ah é? Pois venha a São Paulo, aproveita que o cantor está aqui e está disposto a fazer o teste!
- Estarei aí hoje à noite com o pequeno, nos encontraremos então na clínica
- Marcado, oito da noite na porta da clínica, mas não iremos na mesma eu te mando o endereço por mensagem. – Bufei brava. – Deixa eu falar com meu pai, por favor?
- Claro. – Ouvi ele contando brevemente sobre o que eu havia conversado com ele para meu pai. – Oi filha.
- Oi pai, o que ele está fazendo aí?
- Filha ele te deu abrigo quando você estava grávida.
- Era a obrigação dele pai.
- Não, não era já que o filho não é dele e você sabe disso, a diferença física entre as crianças é gritante.
- Pai pelo amor de deus já falamos sobre isso, marquei com o hoje às oito na clínica, caso você queira pode vir junto para todos nós colocarmos um ponto final bem grande nisso.
- Eu irei e se realmente der negativo eu não aceito mais ele na minha casa.
- Acontece que eu tenho falado há anos para você o quão mal ele me fez, já não basta toda falta de apoio que você me deu durante anos da minha vida ainda tenho que engolir meu ex aí toda vez que visito vocês.
- , ele é filho da melhor amiga da sua mãe.
- E eu filha de vocês. – Me joguei na cama e encontrei apoio naqueles olhos castanhos. – Tá, até mais tarde pai.
- Filha se tiver como, o tá desempregado...
- Você não vai pedir para que eu de dinheiro a ele, não é?
- Na verdade ia pedir para pagar a gasolina até São Paulo.
- Vocês podem vir com a , ela está com meu carro. – Suspirei. – Para voltar eu pago a sua passagem, o que se vire, tenho que ir pai, beijo até mais tarde.
- Ok... – Desliguei o telefone antes que ele falasse mais alguma coisa e rolei abraçando minhas pernas.
- Ei, o que houve?
- Ah Pie, são tantas coisas, meu ex tá na casa dos meus pais para o almoço típico de sábado, ele que me ligou dez vezes essa noite para saber se eu iria. – Virei se frente para ele. – Agora ele volta no assunto de que o filho não é dele e que me fez um favor em assumir a criança porque supostamente você não iria assumir, meu pai entra na onda de concordar com o toda vez, eu tô cansada por ser sempre a mesma coisa.
- Mas não foi feito o teste e deu que ele é o pai? – Eu concordei com a cabeça. – Ele quer o que? Outro teste? Pois iremos fazer hoje se ele quiser!
- Que bom que concorda, é exatamente o que ele quer, marquei com ele as oito da noite hoje.
- Perfeito, vou avisar o restante da banda que irei sair com você a noite. – Ele se levantou irritado e saiu do quarto.

Eu estava tão cansada disso tudo, finalmente pude ver uma luz no fim do túnel porque quem sabe com o Pierre ali aceitando fazer o teste eu desci até o restaurante e fui comer algo, no caminho o Jeff me acompanhou falando sobre meus filhos e sobre a vida, assim que sentamos em uma mesa ele se calou e me olhou sério.

- Ih, lá vem.
- ele é igual ao Bouvier, você tem certeza que ele não é o pai?
- Olha, fizemos o teste de paternidade com meu ex e deu positivo, porém iremos fazer hoje de novo.
- O Bouvier me falou, vou junto com vocês, já passei por isso então acho que posso dar um bom suporte.
- Obrigada Jeff.

O dia passou corrido com eles indo a entrevistas e eu sem tempo nem para pensar direito, o Pierre ficava mais nervoso conforme as oito horas iam se aproximando. Eram sete e meia quando saímos do hotel em direção a clínica para fazermos o teste, o havia me avisado que estava chegando no endereço marcado, eu já havia ligado na clínica e avisado que precisava de teste de DNA porém precisava de restrição total do local já que se tratavam de pessoas públicas, eu, o Pierre e o Jeff que havia ido para dar suporte ao amigo. Chegamos na clínica e vi o , a , meu pai e o pequeno na entrada sem entender o porquê não podiam entrar tranquilamente, bati três vezes na porta de vidro e uma moça morena veio nos atender sorrindo, minha irmã se despediu de nós falando que precisava resolver algumas coisas e nos encontraria depois.

- ?
- Isso, obrigada por atender ao meu pedido de restrição.
- Por nada, todos eles vão entrar?
- Sim. – Ela deu espaço e passamos pela porta, ela pegou três fichas e nos trouxe.
- Certo, essa é para a criança mas a mãe preenche. – Ela me entregou a ficha e uma caneta, eu me sentei no sofá e comecei a preencher os dados. – Essa é para os dois que forem fazer o teste.

O Pierre e o pegaram as fichas e se sentaram um de cada lado do sofá já começando a preencher, como o Pierre falava muito pouco de português eu tive que o ajudar a preencher corretamente, entregamos de volta as fichas e logo veio a enfermeira para tirar sangue dos três, o pequeno ficou no meu colo enquanto tiravam o sangue dele tentando não olhar para o braço, a enfermeira levou as amostrar e nos avisou que demoraria cerca de meia hora, meia hora que pareceram uma eternidade até ela voltar com o envelope, eu por mais que soubesse que o meu filho não era do Bouvier estava tão nervosa quanto os dois.

- Olha , não podemos deixar você sair com esse teste em mãos. – A médica falou seria segurando o envelope. – Precisamos de mais material genético dos dois e dessa vez seu também.
- O que? Por que? – Meu pai perguntou confuso.
- Deu resultado inconclusivo, precisamos fazer o teste de marcadores genéticos e por precaução vamos pegar amostra do sangue dela também.
- Mas espera, você está com dois envelopes na mão...
- Sim, um deu negativo e o outro inconclusivo, mas prefiro entregar os dois juntos se não se importarem, assim temos refazer os dois testes sem custos adicionais.
- Ok, eu só quero sair daqui com o resultado certo. – Suspirei enquanto estendia o braço para a enfermeira. – Quanto tempo demora?
- Como você pediu restrição do local vamos agilizar o processo, vai demorar cerca de duas horas, caso vocês queiram comer algo recomendo o Ifood ou o restaurante na rua de trás.
- Vou pedir algo no ifood, é mais seguro.

Pedimos o que cada um queria comer pelo meu celular e enquanto esperávamos o silêncio tomou conta do local, eu sinceramente estava curiosa para saber qual já havia dado como negativo logo de cara, tinha minhas desconfianças mas não tinha mais certeza de nada. O entregador chegou com nossos pedidos e meu pai foi buscar a comida acompanhado pela recepcionista do local, nós jantamos e ficamos esperando a médica voltar e isso acabou demorando um pouco mais que o esperado, quando ela apareceu estava nitidamente preocupada com a reação deles ela se sentou em nossa frente e entregou o envelope com o nome de cada um para eles, a recepcionista ficou o tempo todo com o celular em mãos e eu estava a ponto de surtar por conta daquela pressão toda que se instalou no lugar.

- Me ajuda? – O Pierre me entregou o teste dele para traduzir, tirei o papel do envelope e fiquei completamente em choque com o resultado, estava escrito em letras garrafais e em negrito “Não excluído como pai biológico” – O que foi ?
- Você fala inglês ou francês? – Perguntei para a médica e para a recepcionista.
- Eu falo inglês. – O assistente da médica se pronunciou do fundo da sala, me limitei a entregar o teste e apontar na direção do Pierre, o moço prontamente traduziu o teste e o Pierre ficou sem palavras por causa do resultado.
- Eu tinha certeza. – O se levantou furioso e veio em minha direção, minha única reação foi me encolher no sofá, o Jeff viu a cena e entrou na minha frente com os braços cruzados.
- Você não vai chegar perto dela dude.
- Ela mentiu para mim durante dez anos!
- Eu não menti, fizemos o teste e inclusive tenho ele até hoje. – Falei sem me mover no sofá.
- Você tem ele aí? – A médica veio em minha direção dando a volta no sofá e ficando o mais longe possível do .
- Tenho. – Entreguei o papel a ela.
- Bom, esse teste está errado, consigo ver três falhas nele que foi o que fizeram dar positivo.
- Como é?
- Vocês não viram que essa clínica foi fechada há uns oito anos por manipulação errada na hora dos testes?
- Para ser sincera não.
- Então, essa clínica foi fechada, eles erraram em oitenta a cada cem testes durante os dez anos que ficaram abertos, inclusive nós fizemos campanha para refazer esses testes errados na época, te garanto que o teste que vocês tem em mãos agora está correto. – Ela olhou para o e parou na frente dele. – Essa moça não te enganou, foi a empresa que te enganou, processe eles faça o que quiser com eles mas deixe ela em paz, ela está nitidamente chocada também então mantenha a calma por favor.
- Calma? Você fala isso por que não foi você quem pagou pensão durante três anos para um filho que não é seu! Eu vou processar ela sim por danos morais.
- É o dinheiro da pensão de três anos que você quer? – O Bouvier se levantou do sofá bravo e falando aquele português meio enrolado. – Pois pode deixar que eu deposito na sua conta todo o valor e com juros, não se preocupe com isso, você terá seu dinheiro de volta, quanto é a pensão que você paga?
- Quatrocentos reais por mês. – Falei revirando os olhos. – Isso quando paga.
- Isso dá o que, quinze mil reais no total dos três anos? Pode deixar, pensando na cotação do dólar de hoje isso é cerca de três mil dólares, me fala qual a sua conta que te transfiro agora na sua frente! – Ele pegou o celular bruscamente fazendo o dar um passo para trás. – E aí, estou esperando você me dar sua conta.
- Gente vamos nos acalmar. – O Jeff falou sereno. – Cadê o pequeno?
- Eu o deixei descansar na maca da sala de consultas, sabia que isso iria acontecer. – A médica falou seria. – Te conheço bem , sei como você é. – Ele bufou e revirou os olhos.
- Espera, você é a Thabata – Falei olhando para a médica. – Você é a loira que ele ficou enquanto nós namorávamos ainda.
- Sim e posso te dizer que sinto muito por tudo, você devia ter ficado no Canadá, seria melhor para você. – Ela se levantou. – Enfim, agora é com vocês.

O silêncio tomou conta novamente do local, o Pierre estava com o cartão do em mãos vendo a conta dele e eu honestamente não sabia mais como seria a minha vida a partir desse momento eu queria impedir o Pierre de fazer aquilo mas fiquei completamente sem reação no momento, o foi embora com meu pai logo após o Pierre mostrar o comprovante de transferência eu peguei o pequeno e fomos em direção ao carro, pedi que o Pierre dormisse na minha casa para podermos conversar sobre tudo, deixamos o Jeff no hotel e fomos para casa, no caminho a única coisa que rondava minha mente era que o pequeno tinha o direito de ter o nome do pai biológico nos documentos. Chegamos em casa e o Pierre carregou o pequeno para a cama fechando a porta do quarto quando saiu.

- , eu preciso te falar uma coisa. – Ele se sentou no sofá cruzando as pernas e ficando de frente para mim.
- O que foi?
- Você sempre foi o amor da minha vida, quando você saiu de Montréal eu senti que um pedaço meu estava indo embora, agora com trinta e quatro anos eu tenho consciência de que esse amor é real, eu acompanho você pelas redes sociais e torço por suas conquistas, eu te amo e tudo o que eu quero é ficar junto com você.
- Pierre...
- Não, eu não estou falando isso por ter descoberto que o filho é meu, eu estou falando isso por já ter planejado desde que eu descobri que iríamos vir ao Brasil, meu plano era te encontrar e conversar, te contar tudo isso.
- Bom, acontece que eu sinto o mesmo, até hoje me arrependo de ter saído de lá para voltar, eu sinto que se eu tivesse ficado a vida seria diferente mas diferente para melhor.
- , vou te perguntar o que já deveria ter perguntado há anos você quer namorar comigo? Sei que não vai ser fácil mas acredito que temos a maturidade o suficiente para fazer dar certo.

Eu senti meus olhos marejarem e pulei em cima dele selando nossos lábios como resposta, ele rapidamente retribuiu aprofundando o beijo e eu finalmente senti que aquilo era o certo, que eu deveria ter seguido meus instintos desde o começo, passamos a noite juntos na minha casa e na manhã seguinte fomos os quatro juntos até o cartório mudar os documentos do pequeno, ele estava tão empolgado por descobrir que o pai dele não era um perfeito babaca que havia feito tudo o que fez comigo, já o pequeno estava meio chateado.

- Ei, não fica triste não. – O Pierre pegou o no colo. – Sabe, não é porque você biologicamente é filho de outra pessoa que você não tem um lugar no meu coração, eu amo a sua mãe e vou tratar você como meu filho também, eu te prometo que jamais vou fazer alguma diferença ok?
- Promete? E promete que vai cuidar da minha mãe como ela merece?
- Mas é claro! Vou cuidar dela e de vocês! – ele colocou o no chão que aproveitou para abraçar o Pierre.
- Obrigado. – O coçou os olhos tentando esconder que estava chorando.
- Ei. – O Bouvier agachou na frente do pequeno . – Não tem problema nenhum chorar tá? É um sentimento normal e saudável, isso é sinal que você se preocupa com a sua mãe e está feliz por ela estar com alguém que a ama muito.

O concordou com a cabeça abraçando novamente o Bouvier escondendo o rosto no abraço, ele sorriu enquanto o pegava no colo para vir ao meu encontro para assinar os papéis de paternidade. Um ano se passou e o Pierre fez por onde para estar presente na vida das crianças, no natal ele fez questão até de vir passar conosco trouxe presentes incríveis para as crianças que ficaram maravilhadas e não sabiam como agradecer, sinceramente nem eu sabia, o ano novo fomos para o Canadá passar com a família dele e tudo parecia um sonho, finalmente meu pai havia parado de insistir em coisas sem sentido, parado de vez de dar opinião sobre minha vida. Depois de dois anos juntos resolvemos morar juntos e escolhemos por morar no Brasil já que no meu emprego eu precisava estar presente sempre, ele viajava para o Canadá em época de gravação do CD o que era uma vez por mês, ele ia e passava uma semana e depois voltava, estava tudo perfeito quando em uma dessas idas dele para lá o apareceu na porta da minha casa nitidamente bravo.

- eu quero a guarda do meu filho. – Ele falou assim que abri a porta.
- Oi para você também, bom você entra na justiça então, não vou deixar meu filho ser criado por um babaca que nem você que vem na porta da minha casa brigar comigo, eu vou brigar até o último momento na justiça para ele ficar comigo.
- Mas sem dúvidas eu vou entrar na justiça, vou alegar que você colocou um cara de má índole para dentro de casa.
- EXCUSE ME? – Dei um passo em direção a ele.
- É o que você ouviu, um cara que não faz nada da vida a não ser cantar, um completo vagabundo. – Ele fechou o punho me fazendo recuar dois passos. – Um péssimo exemplo para o meu filho e se me der na telha ainda coloco no processo que paguei pensão e cuidei do filho dele durante anos e peço a guarda da criança também.
- MEU ANJO? Ele ganha mais do que você trabalhando com o que ele trabalha, se você entrar na justiça alegando isso vai comprar uma briga mundial! Você NUNCA vai conseguir a guarda deles!
- Eu quero meus filhos comigo, nos vemos no tribunal!
- Ah pronto agora quer falar que o petit Pierre é seu filho! Não foi você quem armou aquele escarcéu todo quando fizemos o último teste? Até a médica ficou com medo de você!
- Você não me provoca ! – Ele deu um passo em minha direção e eu me mantive firme.
- Então você tenta algo, eu terei provas do que você fez dessa vez, tenho câmeras na entrada de cada inteira, sorria você está sendo filmado e com direito a áudio.

Fechei a porta e enviei uma mensagem para o Pierre contando o que aconteceu, ele rapidamente me ligou preocupado.

- Você está bem?
- Estou assustada mas bem.
- Ele tentou algo com você?
- Está nas câmeras, vamos usar isso contra ele no tribunal.
- Eu não acredito que ele falou que quer a guarda dos pequenos, ele não vai conseguir.
- Pierre traz todos os documentos possíveis, vamos precisar provar que ele é um bosta, inclusive quero ordem de restrição contra ele.
- Toda vez que venho para cá fico preocupado em te deixar aí.
- Foi por isso que colocamos câmeras, agora temos provas em vídeo de que ele tentou me agredir, que ele me ameaçou e ainda desmereceu seu trabalho, ele não irá ganhar. – Respirei fundo. – Ainda vou tirar até o último centavo daquele filho da puta.
- , se for para ele te deixar em paz deixa a pensão para lá, não precisamos disso amor.
- Bouvier essa nem é a questão, eu quero indenização por danos morais e invasão de propriedade privada, liguei na portaria do condomínio, ele literalmente pulou o muro para não se identificar na portaria!
- Junte tudo o que você precisar aí também, estarei de volta em breve, por favor tome cuidado, eu tenho que ir para terminar a gravação. – Ele suspirou do outro lado da linha. – Eu te amo e amo as crianças, se cuida.

Duas semanas depois chegou a intimação em casa o Pierre se programou para ficar direto três meses em casa o que não sabíamos é que demoraria muito mais que isso já que a justiça brasileira é enrolada, na primeira audiência já levamos provas de que o queria a guarda apenas para pedir pensão depois, também provamos que ele era uma pessoa agressiva, alegamos que ele não precisaria pagar a pensão mas que queríamos indenização por danos morais, no final da segunda audiência que a banda inteira estava com a gente para dar os depoimentos o fez questão de nos parar para conversar dentro do fórum.

- Você não presta . – Ele parou em nossa frente e nossos advogados tomaram a frente.
- Você não está no direito de dirigir a palavra a eles. – Um dos advogados falou sério.
- Não me interessa, eu vou falar e ela vai ouvir. – O advogado não se moveu e ele continuou. – Você não presta, você voltou daquela viagem grávida, eu te acolhi, você está sendo ingrata.
- INGRATA? – Berrei e o Pierre colocou a mão em meu ombro, me olhou como quem pedisse para eu ficar calada. – Sorry love. – Sussurrei e dei um passo para o lado para enxergar o . – Ingrato é você que não vê o que fiz para te ajudar, no lugar de você pagar a pensão mensalmente quantas vezes te mandei dinheiro para você comprar comida para o mês?
- Isso nunca aconteceu.
- Sim aconteceu e tenho provas querido.
- Isso nunca aconteceu. – Ele parou em minha frente a uma distância onde eu não poderia me esquivar caso tentasse algo.
- Olha só, melhor lugar para você me bater, vamos levante a mão para mim para ver se não é preso. – Ele fechou o punho e pude ver o ódio no olhar dele, ódio aquele que eu não tinha mais medo pois sabia que haviam pessoas ali para me defender, vi que meus advogados estavam gravando desde o começo e me mantive firme.
- Você é uma vagabunda , você não merece nem que eu encoste em você mais.
- Chega! – O Pierre e o Jeff falaram em core puxando para trás, o Pierre tomou meu lugar e encarou o . – Acabou a discussão, vai embora! Só para deixar claro ela é melhor que você, pelo menos teve coragem de seguir os próprios sonhos, e você? Fez o que da vida? Sobreviveu de que até agora!?
- E quem você pensa que é?
- Eu tô falando, chega! Essa discussão acabou, morre aqui!

Fomos em direção a saída cercados por policiais e advogados, pouco antes de entrar no carro o puxou o Pierre pelo casaco que virou bruscamente e o empurrou fazendo ele soltar o casaco e dar dez passos cambaleantes para trás, o Pierre ajeitou o casaco e entrou no carro bufando, o tentou colocar aquilo no processo mas não conseguiu já que tínhamos tudo gravado, desde a minha discussão com ele até o Pierre o empurrando. Conforme o processo foi rolando notei o ficando cada vez mais triste e se fechando para o mundo, vi nele o que eu havia passado quando pequena e fiz questão de mostrar Perfect para ele que ficava ouvindo em um looping eterno, foi quando percebi que a música do Simple se tornaria eterna, sempre iria ajudar alguém a passar por algum momento complicado com o pai.

- Finalmente acabou. – O Pierre se jogou no sofá. – Nunca mais quero ver a cara daquele imbecil.
- Foram longos três anos desse auê desnecessário. – Falei cansada me sentando ao lado dele. – Mas finalmente temos nossa ordem de restrição contra aquele babaca.
- Vamos beber essa noite para comemorar, aproveitar que as crianças não estão aqui. – Ele se moveu no sofá depositando um beijo em meu ombro no caminho. – Mas antes. – Ele se ajoelhou em minha frente com uma caixa vermelha de veludo nas mãos. – Heffuman, quer casar comigo? – Ele abriu a caixa revelando um anel dourado com um diamante em cima.
- Meu deus Bouvier! É óbvio que sim! – Eu me ajoelhei e o abracei, depositando vários beijos pelo rosto todo dele e por fim selando nossos lábios. – Mas agora eu tenho algo para te contar. – Sorri divertida e peguei o teste de gravidez que havia dado positivo na bolsa e entreguei a ele. – Não posso beber essa noite...
- Você está grávida? – Ele leu rapidamente o papel e me abraçou.
- Sim, e dessa vez não precisamos fazer teste de DNA. – Demos risada juntos. – Eu te amo.
- Eu também te amo, você é a mulher da minha vida. – Ele depositou um beijo em minha testa e senti meu rosto corar, eu sabia que estava segura e que ele iria estar ao meu lado.

Tivemos duas cerimônia discreta apenas para os amigos, uma no Brasil onde eu estava grávida ainda e uma no Canadá onde a pequena Louis, nome escolhido em homenagem a mãe do Pierre, já havia nascido, o quando completou dezesseis anos decidiu por continuar morando comigo, segundo ele era a melhor decisão. Por conta daquela gravidez eu entrei em pé de guerra com meu pai novamente e tenho certeza que será assim pelo resto da vida já que somos tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo, as vezes eu acho até que ele faz isso por não ter tido coragem de seguir os próprios sonhos quando era mais novo por medo do incerto dar completamente errado, fico contente pelas minhas escolhas terem dado certo até o momento e por ter um homem incrível ao meu lado, pessoa a qual há anos atrás eu tive medo de jogar tudo para o alto para ficar junto, mas como não podemos controlar tudo na vida o futuro nos fez ficarmos juntos e formarmos uma família incrível.


Fim.



Nota da autora: Pierre sendo absurdamente fofo e protetor com ela gente, eu definitivamente não sei lidar com isso
Não esqueçam de me contar o que acharam do ex da pp!
Espero que tenham gostado da fic, não esqueçam de deixar aquele comentário aqui em baixo <3





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