Capítulo Único
Fevereiro, Nova York, 2010
bufou pela terceira vez seguida, checou o relógio pela terceira vez naquela hora, e sua frustração ao ver que só haviam se passado 16 minutos desde que o fizera pela última vez se manifestou em um suspiro entediado.
estava atrasado uma hora e quarenta minutos, há essa hora sua maquiagem já estava borrando pelo suor que escorria de seu roto, os cabelos que antes tinham cachos leves nas pontas, estavam presos em um coque frouxo, os pés descalços do salto e seu vestido novo completamente amassado.
Sua noite que foi planejada por vários dias estava completamente destruída, não apareceria para a comemoração do aniversário de namoro, só naquele mês era o terceiro bolo que levava do namorado, que estava preocupado com a carreira de ator e vivia preocupado com os novos amigos que tinham influencia e o fariam ser mais conhecido. estava triste, decepcionada e totalmente frustrada com o descaso do namorado de anos, mas tentava não falar nada para se compreensiva e entender o momento que o mesmo vivia e como seus sonhos eram importantes para ele.
Ela sabia disso melhor que ninguém, vivenciou cada detalhe do sonho dele ser construído, passou noites em claro o vendo ensaiar textos para as provas de teatro, tinha perdido as contas das vezes que tirava dinheiro de seu salário para lhe ajudar nos bilhetes de metrô para que cruzasse a cidade e chegasse no horário certo de suas audições. Emprestou seus ombros várias vezes, seus ouvidos foram o lugar de enterrar todas as reclamações dele.
E agora que ele estava famoso, sequer se lembrava de agradar a namorada. Quase não estava presente, vivia em festas e lugares de famosos e não a levava, a imprensa americana não tinha conhecimento que o aspirante a melhor ator de ano tinha uma namorada de seis anos.
Hoje eles estavam fazendo seis anos de namoro. E ele não tinha aparecido.
trocou de roupa colocando um conjunto de moletom confortável para passar a noite, caminhou até a sala de seu pequeno apartamento em Nova York onde uma pequena mesa estava posta com velas, talheres e uma garrafa de vinho dentro do gelo. Soprou as velas sentindo o ar lhe faltar no pulmão e junto com a corrente que liberou pelos lábios lágrimas escorreram por seus olhos, uma forma de liberar toda a mágoa que estava presa em seu peito.
Conforme desarrumava tudo, perguntas ecoavam sem sua mente.
O que estava acontecendo com seu relacionamento?
Onde estava o homem gentil por quem se apaixonou?
Quando seu havia virado o ator principal da série adolescente “Buises Troy”?
Quando os beijos se tornaram escassos, quando suas peles pararam de clamar uma pela outra?
Onde foi que tudo se perdeu?
Perguntas que ela não tinha resposta.
Sua sanidade gritava socorro dento de seu cérebro, pedindo para que raciocinasse e tirasse a venda de seus olhos para enxergar o que estava bem diante de seus olhos.
não era mais seu, era de um mundo falso e corrompido.
Alguns minutos após ajeitar tudo, lavou o rosto para eliminar qualquer rastro que estava por ali, deixando evidente seu sofrimento interno. A moça se deitou, abraçou seu travesseiro na tentativa de diminuir o vazio deixado pela falta de na cama.
Estava quase adormecendo quando escutou as chaves sendo giradas na porta e o barulho da mesma abrindo e fechando ecoou pelo apartamento. estava em casa. Ela não se moveu, permaneceu imóvel esperando ver qual reação teria.
Assim que o ator entrou no quarto percebeu o cheiro de álcool misturado com cigarro, claro que estava em uma festa, como em todas as vezes. Céus , como você é patética.
se despiu de suas roupas e correu para o banheiro, o chuveiro foi ligado e o cheiro do sabonete subiu as narinas da jovem que sentiu o estomago embrulhar de ódio.
Poucos minutos depois, o garoto saiu do banheiro vestindo também um moletom, as molas da cama reclamaram quando o mesmo soltou seu peso sobre o móvel, se chacoalhou até estar debaixo da coberta aproximou seu corpo até esse estar junto ao da italiana e abraçou-a, depositando vários beijos em seu pescoço.
– Baby, cheguei. – Sussurrou. – Acorde, estou em casa.
– Não estou dormindo. – Ela respondeu com a voz triste. – Você está atrasado, onde esteve? – Se desvencilhou dos braços do namorando deixando claro que estava irritada.
– Eu te disse que iria no Jass, é aniversário dele. – Respondeu tentando novamente tocar nela.
– Era nosso aniversario. – Empurrou os braços deles, chutando o edredom e pondo-se em pé. – Você me disse que estaria em casa as nove, para jantarmos juntos e comemorar que estamos juntos faz seis anos. – Fez o número seis com os dedos ilustrando a fala. – São duas da manhã , você chegou fedendo a álcool e cigarros, tudo para comemorar o aniversário do cara que conhece a duas semanas.
– Ele é influente, . – Disse exasperado. – Ele pode me apresentar para pessoas. Me arranjar patrocinadores e contratos, eu preciso disso pela minha carreira. – Ele também se levantou aproximando-se da moça, tocou-a nos braços. – Amor, eu te amo. Me desculpe não ter chegado na hora que prometi, mas é pela minha carreira, eu preciso que você entenda, é importante para mim.
– Eu entendo , eu entendo a seis anos. – O tom de voz estava frio e duro. – Eu estou ao seu lado todo esse tempo, lutando com você, sonhando com você. Não fale como se eu não me importasse, quando tudo que eu faço é justamente me importar.
– Eu não disse que você não se importa, eu disse que você precisa entender. Subiu as mãos pelos ombros, até estarem em suas bochechas. – Me desculpe, mas o seriado está fazendo sucesso, estou começando, logo isso acaba.
– Me leve com você. Por que não podem saber que tem uma namorada?
– Eu já te disse isso mil vezes. – Exclamou. – Um jovem ator solteiro traz mais ibope que um que é praticamente casado. Eu sei que isso te machuca, mas te peço só mais um pouco te tempo. E isso acaba, me dê mais 3 meses. As coisas já estarão mais firmes e eu te apresento ao mundo;
Beijou os lábios da namorada na tentativa de fazê-la abrir a cara, ele sabia qual era o ponto fraco daquela mulher, sabia como fazer com que cedesse e fizesse suas vontades.
– Dois meses. – Levantou dois dedos. – Nem mais um dia, e você me apresenta a todos como sua mulher. – Disse já amolecendo com os toques do jovem ator em seu corpo, os beijos em seu pescoço a desarmavam, droga de intimidade.
– Você é minha mulher, mesmo que eles não saibam ainda; – Distribuía beijos por toda a extensão de pescoço e nuca, sentindo se desmanchar sobre seus beijos, escorregou a mão por dentre seu moletom tocando sua pele quente, a moça gemeu. – Eu te amo.
– Também te amo.
XXX
Fevereiro, Roma, 2003
Na sexta feira de noite a mãe de pediu que a menina fosse até o mercado comprar alguns alimentos para o jantar, a morena estava com as sacolas de compras na mão, enquanto esperava o elevador, viu pelo canto do olho parar ao seu lado, antes de dizer qualquer palavra o moreno pegou as sacola de e esta ficou na ponta dos pés para depositar um beijo na bochecha do garoto, que era mais alto que ela.
sempre admirou as atitudes gentis de . Sempre ajudando a todos com carinho e um sorriso singelo no rosto, que quase sempre ficava vermelho devido à timidez.
– Está indo no Julian?
sabia que morava a poucas quadras do prédio dela e Julian, mas quase todos os dias o moreno estava por ali e não era nenhuma surpresa esbarrar com ele pelo prédio, Julian costuma dizer que o sofá já tem a forma do amigo por causa das tantas vezes que dorme lá.
– Vamos fazer campeonato de comida. – Os dois entraram quando as portas se abriram.
– Nosso pai, até imagino.– passou as mãos pelos cabelos e a encarou com cuidado ela tinha olhos muito bonitos ele nunca tinha reparado na beleza deles. – Mais tarde podemos assistir um filme, o que acha?
Perguntou, mas logo mordeu o lábio inferior com medo da resposta do garoto, estranho isso. Por que estava nervosa perto dele? Era verdade que de uns dias pra cá ela e se aproximaram de uma maneira brutal, mas não era nada demais eles sempre foram amigos, essa amizade só se fortaleceu mais.
– Claro que eu que... – Um barulho brutal foi ouvido e as luzes se apagaram e mais um barulho foi ouvido de alguma coisa travando. Era o elevador. – – ele chamou no escuro a respiração dela estava ofegante e isso o preocupou. – .– chamou de novo.
– Oi. – Ela respondeu com a voz um pouco tremula. – Cadê você? – perguntou estendendo a mão o procurando ele fez o mesmo quando suas mãos se tocaram uma corrente elétrica percorreu o corpo dos dois e um imã os puxou um para o outro.
As sacolas que segurava fizeram barulho no chão do elevador, deu um pulinho com o susto.
– Estou bem aqui. – Disse ainda segurando sua mão. – Você está tremendo. Está tudo bem?
– Não. – Respondeu segurando a mão dele com um pouco mais de força. – Eu tenho pavor de escuro, não gosto de ficar no escuro.
– Está tudo bem, fica calma. Vem aqui. – Ele passou o braço pelos ombros dela e ela segurou em seus braços. – Você quer sentar-se? – Perguntou com uma voz doce e calma, ela balançou a cabeça positivamente e eles encostaram-se à parede do elevador e agacharam – se na mesma. respirou fundo e deu um sorriso fraco, estava com o braço envolto nela que agora abraçava as próprias pernas. – Está melhor? – Perguntou.
Era bom ouvir a voz de no meio daquela escuridão assustadora, ela sentia-se um pouco mais segura conversando com ele.
– Me faz lembrar quando eu era pequena e o Giovanni me trancava no banheiro e apagava a luz, só porque ele sabia que eu tinha medo. – ela riu baixo – Não sei por que amo o idiota do meu irmão.
– Vai ficar tudo bem. – Ele sussurrou.– Daqui a pouco a luz vai voltar, vai ficar tudo bem. – Disse e ela acenou com a cabeça concordando.
Ele entrelaçou suas mãos com firmeza, estava em pânico era verdade, mas era muito bom segurar a mão do moreno, era bom estar perto dele. Permaneceram em silêncio por longos segundos, ele ainda segurava a mão dela, não queria soltá-la, nunca havia se sentido daquela maneira ao pegar na mão de uma garota. Ele não sabia como explicar aquilo, mas queria segurar as mãos dela e tentar afastar o medo que ela sentia, queria que sentisse segurança em estar perto dele. Ela sorriu quando sentiu o garoto acariciar levemente suas mãos com os dedos, e sentiu arrepios pelo corpo inteiro.
Talvez ela pudesse desmaiar ali mesmo.
tentou se controlar, mas não conseguiu e em um impulso passou a outra mão pela cintura dela puxando-a pra mais perto, ficando com o rosto a centímetros do dela.
ficou sem ar ao sentir a respiração do garoto batendo em seu nariz e percebeu que sua própria respiração havia acelerado, assim como seu coração. O cheiro de invadiu seus pulmões e ela sentiu-se tonta por um momento, o cheiro dele era inebriante e ela amava aquele cheiro ,já era viciada nele só pelos pouco segundos que sentira.
O garoto sorriu ao sentir que a boca dela estava quase tocando a dele e ele queria mais que tudo naquele momento, acabar com a mínima distância entre elas. Sentindo que não iria recuar, largou uma das mãos da garota e colocou a sua no rosto dela, fazendo-a fechar os olhos com o toque.
sorriu ao sentir a mão dele em sua bochecha, o seu corpo inteiro parecia paralisado e ela sentiu-se boba por não conseguir resistir ao loiro. Ele estava pronto pra aproximar-se um pouco mais dela e beijá-la, ficar perto dela era torturante. Mas nuns milésimos de segundo a luz voltou e as portas do elevador sem abriram e já estava cheio de gente na porta preocupada para saber se quem estava lá dentro, estava bem.
e se afastaram rapidamente e ele a ajudou a levantar, Giovanni irmão mais velho de correu até eles.
– Vocês estão bem? – Perguntou preocupado sabia do pânico da mais nova pelo escuro.
– Aham. Está tudo bem. – Ela respondeu. me ajudou no escuro. – ela sorriu olhando dentro dos olhos do amigo que estavam brilhando mais que tudo. – Obrigada.
– De nada. – Ele respondeu sentindo o coração disparado dentro do peito, estava quase saindo pela boca. – Foi um prazer te ajudar.
– Eu vou tomar um banho. – disse e eles saíram do elevado juntos. caminhou para a porta de Julia e seguiu até o final do corredor na porta onde morava.
Ela fechou a porta atrás de si e colocou a mão no peito tentando fazer o coração parar de acelerar, mas toda vez que fechava os olhos o rosto de vinha em sua mente, suas pernas tremiam e o coração disparava de uma forma totalmente fora do comum. Não sabia o que realmente estava sentindo, mas uma coisa óbvia os sentimentos dela tinham mudado em relação a , ela só não sabia dar nomes ainda.
Maio, Nova York ,2010.
estava se abraçando, protegendo-se do vento frio que resolvera escolher aquele momento para importuná-la, olhou para os dois lados da rua, na esperança de ver o carro de , mas nada. Encarou o relógio outra vez, 40 minutos de atraso. Ele tinha combinado de buscá-la na lanchonete em que trabalhava exatamente às dez da noite, o namorado disse que iria a uma reunião com seu agente e depois buscaria moça para que ela não voltasse sozinha tarde da noite.
Ele com certeza ficou preso com Brad na reunião, pensou ela. jamais a deixaria sozinha naquele horário sem algum motivo plausível, por isso começou a vascular o interior de sua bolsa, procurando pelo seu celular. Continuaria esperando o namorado, ele tinha combinado então com certeza viria. Durante a espera, nada melhor e mais relaxante que jogar o bom e velho tetris, assim estaria em boa companhia.
era natural da Itália, cresceu e lá morou por boa parte de sua vida. Filha de pais italianos, não conhecia outra cultura além daquela. Conheceu na escola aos 14 anos, o garoto era americano e tinha se mudado há pouco tempo para Roma com sua mãe, após o pai sair de casa e ambos precisarem melhorar de vida.
Quando se encontraram a primeira vez, com ele pedindo ajuda para encontrar a sala de aula, que era a mesma que a dela. Dali em diante jamais se desgrudaram, primeiro foram melhores amigos, depois deram o primeiro beijo e consequentemente experimentaram todas as primeiras vezes que um ser humano poderia ter na vida.
Desde os 15 anos, tinha o desejo de ser ator e era a maior apoiadora da carreira do namorado. A maior prova disso foi quando ele conseguiu um papel como coadjuvante em um seriado adolescente e sem pensar duas vezes colocou todas as suas roupas na mochila e o seguiu, pegando todo dinheiro que tinha guardado e investindo no relacionamento dos dois. Os primeiros meses foram incríveis, faziam amor todos os dias, comiam juntos, se divertiam e eram um casal feliz.
As coisas começaram a desandar quando começou a se enturmar com os astros do seriado, acreditando que isso traria fama e sucesso, e por eles foi orientado a esconder o relacionamento com para que o público feminino o aceitasse melhor. E depois disso, jamais saíram juntos, ele ia para seus compromissos profissionais e ficava em casa assistindo séries. Isso a levou a começar a trabalhar em uma lanchonete onde ganhava 15 dólares por hora para ajudar com as despesas, já que todo o dinheiro de naqueles meses era usado para melhorar sua imagem.
A jovem italiana estava entretida com os fones de ouvido, escorada na parede escura, o sobretudo preto cobria parte do copo tapando um pouco do frio, sorriu abertamente ao escutar uma buzina. Finalmente chegara e só precisou esperar duas horas, mas o semblante alegre se desfez no momento que percebeu que era um táxi qualquer.
– Precisa de um táxi? – O motorista questionou abaixando o vidro da janela.
se preparou para dizer não, porém os olhos bateram no relógio, quase meia noite, estava claro que não iria aparecer.
– Sim, por favor. – Respondeu triste, abriu a porta e escorregou para dentro. Sentiu o corpo relaxando sobre o estofado macio do carro, encostou a cabeça no vidro após dizer o endereço ao motorista e sentiu os olhos fecharem por conta do cansaço, então adormeceu sendo desperta somente quando o motorista lhe chacoalhou dizendo que estavam em casa.
Quando entrou pela porta do apartamento em que dividam, ainda não estava em casa, sentiu os ombros aliviados ao constatar que ele tinha ficado preso na reunião e não tinha se esquecido dela.
Era normal, afinal a vida de pessoas famosas era assim mesmo, não tinham hora para sair dos lugares. Não era culpa de , ela deveria entender que ele estava fazendo seu melhor e que em breve tudo isso acabaria, afinal ele a amava.
Por instinto se jogou no sofá, seu corpo exalando pelos poros sua estagnação mental, ainda decidindo se esperaria o namorado acordada ou não. Queria dormir e relaxar, mas também queria saber como a reunião de tinha se finalizado. Enquanto decidia o que fazer, pegou o celular para ver algumas coisas aleatórias, arregalou os olhos surpresa quando encontrou uma matéria totalmente inesperada.
“Novo casal? e Adele estão ‘se conhecendo melhor’’
Totalmente afobada a italiana abriu o conteúdo e começou a ler, as mãos trêmulas rolavam a notícia.
Será que vai ter novo casal no mundo dos famosos? De acordo com a revista New Ideia, o aspirante a ator de 21 anos, e a cantora Adele, de 28 anos, foram apresentados por meio de amigos em comum e estariam “se conhecendo melhor”.
Ainda de acordo com a matéria, o galã estaria fascinado pela diva. “Além de achá-la linda, ela o fisgou pelo senso de humor e jeito divertido toda vez que saem juntos ou conversam ao telefone. espera que essa paquera entre eles possa virar algo mais sério. Mas ele não tem certeza se Adele se sente da mesma forma. Ele está com a impressão de que ela não quer se comprometer tão cedo novamente”, diz uma fonte.
Os dois foram vistos hoje (09), por volta das oito da noite, após finalizar sua reunião com o empresário, o casal saiu para comer algo em um restaurante onde trocaram caricias intimas.
O instante em que terminou de ler foi mesmo que escolheu para entrar em casa, ele tinha os olhos presos no celular em mãos e sorria, talvez por isso não tenha percebido que a namorada estava no sofá com lágrimas nos olhos, totalmente desolada.
– Onde você estava? – se pronunciou chamando a atenção do jovem.
– Oi amor. – Ele sorriu tirando os olhos do celular e encarando a moça que chorava. – Eu estava na reunião.
– Mentira! – Lhe estendeu o celular. – Você estava em um restaurante com outra mulher, enquanto eu estava te esperando me buscar. Precisei voltar de táxi, sozinha, enquanto você se divertia com sua nova vida e seus novos amigos.
– Não começa com isso, . Você sabe que é só pela fama, eu e Adele só estamos fingindo. – Se aproximou, mas a outra deu alguns passos para trás.
– Você é um idiota! Você anda e fala como se você fosse alguma nova sensação do planeta terra. Não precisa de convite para sair fazendo merda, gasta todo seu dinheiro com idiotices de imagem, enquanto eu trabalho para comermos. E mesmo assim não fica satisfeito e continua inventando coisas que me magoam...
– , não é bem assim. Você está sendo egoísta. – tentou argumentar.
– Egoísta? – A mulher retrucou, estava nervosa e triste quase nas mesmas proporções. – Você realmente se importa com meus sentimentos ou só está preocupado em ter algum lugar para cair se tudo der errado? – indagou. – Você mudou. Seu sorriso mudou, está tudo tão plástico. Você focou tanto em ser alguém agradável a mídia que agora nem sabe mais ser o que eu conheci. Ou talvez, você nem seja ele mais...
– Eu estou tentando fazer o melhor para nós dois. Eu só estou tentando não depender mais de você, conseguir minhas próprias coisas. – aumentou o tom de voz.
– Não, não faça parecer que é por mim ou que tem algo sobre mim nessa conversa. – balançou a cabeça, quase não podia enxergar devido as lágrimas que insistiam em encher seus olhos. – Você não vê, não é? Não vê que só está rodeado de pessoas agora porque está bem, mas quando você não tiver nada mais a oferecer, quando você realmente precisar será que eles estarão do seu lado como eu estive? – Questionou apontando para si, os olhos estavam injetados de raiva e estava completamente trêmula.
– Você está certa, eu não te mereço. – desatou a chorar de repente, desarmando . – Eu sou um lixo, eu não mereço você. Você fez tudo por mim e eu estava tentando fazer alguma coisa boa, pensando que se eu fosse famoso poderia ser bom para nós dois, mas eu estraguei tudo como sempre. Eu sou um lixo, . Você fica melhor sem mim, eu não mereço você. – Ele desatou a falar.
– ...você não é um lixo, você...– sequer sabia o que pensar sobre aquela cena.
– Eu estava tentando fazer isso pela gente, sabe? Eles me fizeram fazer isso, eu disse que não queria, mas disseram que seria muito bom para minha carreira e que seria tudo de mentira. – ainda chorava. – Eu não queria, você sabe que eu só amo você. Mas eles quase me forçaram, se eu não aceitasse podia perder tudo que já conquistei até aqui. Você sabe como são essas víboras...
– , eu...eu nem sei o que dizer. – se sentia confusa. Ver ali, se debulhando em lágrimas, sofrendo por aquilo, sofrendo como ela.
– Não diga nada, eu errei. Eu não mereço você, eu mereço ficar sozinho. Você é tão boa para mim, você me ajuda tanto e eu me sinto tão perdido sem você. Eu preciso de você, . Mas eu sei que não te mereço.
– Eles realmente te forçaram a isso? – A italiana questionou confusa.
– Sim. Eles são tão cruéis, eu poderia perder meu papel se não aceitasse, acredita? Eles disseram que eu sou um ator, preciso me acostumar com isso. – se ajoelhou aos pés de . – Eu só tenho você, só posso confiar em você. Só você me entende, só você... – Ele fungou. – Por favor, não me abandone, não faz isso comigo. Por favor, eu termino tudo, eu os deixo destruírem minha carreira, mas não posso perder você.
– Não, . – tentou fazê-lo levantar. – Você não pode fazer isso, é o seu sonho.
– Mas é por você, se você me pedir para desistir de tudo eu desisto. Não tem problema, eu prefiro não ser nada a perder você, prefiro ser infeliz. – continuava a implorar. – Por favor, não me abandone.
– Eu não vou. – estava confusa, angustiada. Obviamente não ficava feliz com aquela situação, mas vê-lo implorar, dizer que precisava dela, vê-lo disposto a abandonar seu sonho por ela, bagunçava tudo por dentro. – Eu nunca pediria para você abandonar seu sonho. Nunca. – enfatizou e se ajoelhou ao lado do namorado.
– Fica comigo então? Eu só tenho você. – Ele pediu.
– Tudo bem. – A italiana respondeu e o envolveu num abraço acolhedor.
não sabia o que fazer, era apaixonada por e mesmo com suas atitudes mais recentes, ele era o homem incrível por quem se apaixonara na adolescência. Aquilo passaria, não é? Tudo logo voltaria ao normal e eles seriam como antes. também estava sobrecarregado, era forçado a fazer coisas que não queria, ele não tinha culpa.
Ela só tinha uma certeza, não poderia abandoná-lo naquele momento. Fazer isso seria se igualar aos amigos que ele tinha e que ela tanto acusava, ela ficaria ao lado dele, afinal era isso que devia fazer, não é?
Maio, Roma, 2004
Os alunos sempre acampavam uma vez por ano, era um programa estranho aos olhos de quem não morava na pequena cidade, mas para os alunos era algo totalmente adorado, muitos dele esperavam somente por aquela data, tendo em vista que o divertimento social da cidade girava em torno do time de futebol, e os adolescentes viviam nas praças e parques, por isso a empolgação enorme para aquela data.
E após uma tradição que vinha de pelo menos duas gerações antes, todos já estavam acostumados com o evento, que era organizado pelos alunos do último ano, para agradar todos da escola.
E como todo ano era mesma coisa, os alunos já estavam acomodados em seus quartos, geralmente duplos, meninas com meninas e meninos com meninos, obvio. Eram quatro dias, no primeiro havia uma festa, e era onde todos estavam naquele momento. Eles sequer arrumaram as coisas, somente jogaram de qualquer forma, e correram para a festa.
estava ali contra seu gosto, estava com muita cólica, Franca com quem dividia o dormitório e que também se tornou uma amiga próxima, o que fez muito bem a outra que só convivia com os meninos e seus livros, sabia que Franca e Taro estavam se gostando e torcia para que os dois amigos se ajeitassem logo, e mesmo a amiga tendo se oferecido para fazer companhia, sabia o quanto a outra desejava ir a festa e ver Taro.
Munier e Laune já estavam escondidos em algum canto da festa, por isso só estavam na roda de sempre, , Taro e Julian quando e Franca se aproximaram, os garotos abriram a roda para as duas amigas, Franca prontamente pegou uma cerveja e que não consumia bebida alcoólica tomava um refrigerante.
– , que dia vamos te ver embriagada? – Taro abraçou a amiga pelos ombros, arqueou a sobrancelha com a cena, algo dentro de si , não havia gostado da cena, apesar de ser algo completamente normal entre e eles.
-Bebida alcoólica faz mal, causa problemas no fígado. Eu não vou beber.
sorriu.
Já repararam como o sorriso dele era bonito? Era perfeito.
– É por isso que você, vai ser uma excelente médica. – que disse e não pode deixar de sorrir, além dos próprios pais, era quem mais a incentivava no sonho de Harvard, ele acreditava tanto em que nem por um momento duvidava que ela se formaria com honra ao mérito e traria orgulho para a nação italiana.
O moreno não conseguia desviar os olhos de , estava estupidamente bonita, o rosto um pouco pálido, o brilho dos olhos destacam mais por esse motivo, o contraste da pele bronzeada com a roupa escura, fazia irradiar dela um brilho que apagava todas as meninas daquele lugar, tinha certeza absoluta que era a menina mais linda daquele lugar.
– Não sei como nós te amamos, você é uma careta.
– Deve ser por todas as notas, que vocês têm nas minhas costas.
Taro começou a fazer cocegas na menina, e a gargalhada gostosa que invadiu os tímpanos do jovem, aqueceu seu coração.
Já passava da meia noite e sentia o estomago revirar. Seus músculos estavam atrofiando na região pubiana, imaginar que não estava sentindo dor não estava ajudando, e pela intensidade da cólica, nem mesmo os remédios que tomou ante de sair.
Ela caminhava de volta para o grupo, tinha indo buscar mais uma água gelada, a mais gelada que conseguiu, esperando que congelasse seu cérebro e também sua dor. Ela tinha endometriose, o que causava sempre muita cólica e dor, em parte já estava acostumada com os sintomas mais leves, a cólica, entretanto a destruía quase sempre, abaixava sua pressão, causava náuseas, e a desmontava sobre a cama para descansar.
– , acredita que finalmente o Taro tomou coragem e beijou a Franca? – Munier se pronunciou assim que viu a amiga se juntar na roda de amigos, a morena nada disse, pois estava fora se si, o rosto totalmente pálido, a garrafa de água despencou de sua mão e a única coisa que ela sentiu antes de fechar os olhos foi dois braços a impedindo de cair.
– .
Julian foi quem a segurou pelos ombros.
– O que aconteceu? – Laune perguntou preocupada, vendo Julian a pegar no colo e se sentar com ela nas cadeiras.
-Do nada ela desmaiou.
– Ela já estava um pouco pálida antes de desmaiar. – Foi quem observou, como sempre, sabia de cor todos os detalhes de .
Taro e Franca se aproximaram do grupo.
– O que aconteceu? – Perguntou afobada, mas nem deixou ninguém responder – Droga a pressão dela baixou, . – Franca deu um tapinha de leve no rosto dela. – Acorda, fala comigo vai.– Disse dando vários tapinhas na garota que abriu os olhos. – Ai, Graças a Deus, fiquei preocupada.
– Eu estou bem.
-Bem mal. – Franca completou. – Vamos para o dormitório agora. – Disse como uma ordem na verdade era.
– Como sabe que era a pressão? – Julian observou com cuidado Franca analisando a amiga.
– Porque ela estava com cólica. – Respondeu – E você me disse que tomou remédio. Caramba, cadê seu juízo? – A repreendeu séria, estava realmente preocupada.
Eu não quis preocupar vocês. Eu já estou melhor.
– Você vai com a gente para o dormitório. Vai tomar um banho e descansar. – Laune disse.
– Isso mesmo, você tem que tomar seu remédio.
– Está bem eu vou, mas vocês ficam aqui. Não quero que percam a festa.
– Ela está certa.– Laune concordou. – Eu vou com ela e vocês ficam.
– Não. – Munier discordou – Eu acho que o Taro e a Franca deviam ficar, porque vai que ela está bêbada e amanhã se esquece de você. Então é melhor aproveitar mais um pouco. – Disse fazendo os amigos rirem
– Ele tem razão. – Julian riu. – Ela deve estar muito chapada, para te beijar, você deve aproveitar bastante.
– Eu não estou bêbada. – Franca disse séria. -E eu vou lembrar-me dele amanhã de manhã.
– Não – negou. – Franca, por favor, fica.
– Você não vai sozinha.
observava a cena com cautela, tinha o lábio inferior preso entre os dentes, e não havia se pronunciado ainda, estava preocupado com , mas desde que se pegava pensando nela nos seus afazeres, sabia que algo estava diferente, e não queria que os amigos descobrissem, qualquer palavra errada, não seria perdoada. Naquele momento, seu lado racional, quer sempre mandava teve a voz calada, estava frágil, passando mal, e precisava de ajuda, e ele queria ajudar. Ele queria ser quem ela pudesse se apoiar, e antes mesmo que pudesse controlar a própria voz.
– Eu vou com ela. – Todos os olhares se voltaram para ele, sentiu o rosto arder e, como uma proteção cruzou os braços sobre o peito. – já estava com vontade de ir mesmo, eu a levo.
– Pronto, a leva. – Munier parecia eufórico com a notícia;
– Está bem então. -Franca finalmente concordou. – Mas qualquer coisa me avisa . E cuidado com ela, muito cuidado com ela.
– Eu aviso.– se aproximou e estendeu a mão para a mocinha se apoiar e se levantar. Quando a morena tocou a mão do jovem, todo seu corpo se aqueceu, abafando todo seu desconforto físico.
– Está conseguindo caminhar direitinho pequena? – Perguntou olhando a garota com a mão no peito, ela respirava com dificuldade.
– Sim, estou. – Respondeu. – Estou com um pouco de tonteira, mas só faltam dois quarteirões, eu consigo chegar.
– Olha só, você vai ficar me devendo. – Disse e ela não entendeu muito bem, mas tudo foi esclarecido quando ele agachou a sua frente. – Sobe aí.
– O quê? Não. , eu consigo andar – Disse tranquila. Isso já era abusar demais com garoto, ela sabia o quão galante o jovem era, as atitudes gentis e cavalheirescas eram típicas dele, porém não achava certo abusar dele, apesar da diferença de altura e peso, a levaria como uma pena.
– Deixa de besteira – Disse firme – Bom que me ajuda a gastar toda a caloria que ingeri hoje. Anda logo, sobe.
mordeu o lábio inferior na dúvida, estava cansada, com dor e tonta, pulou nas costas de , ele a segurou pelas pernas com firmeza, e total respeito. caminhava com leveza, sem pressa, não queria chegar rápido, queria aproveitar o momento a sós e íntimo com a garota, a sua garota.
– Prontinho ô bela adormecida – entrou no quarto com a menina no colo
– Muito obrigada – Ela se sentou na cama – Você é um anjo.
– Que isso – ele se sentou ao seu lado – Tenho certeza de que você faria o mesmo por mim
– Talvez não teria te carregado nas costas – sorriu, a menina levantou para pegar um pouco de água na geladeira do quarto, mais uma vez sua cabeça rodou e caiu nos braços de , que estava de prontidão para qualquer intercorrência.
– Cadê seu remédio? – Perguntou e ela apontou a escrivaninha ele correu até a cartela de comprimidos, pegou um copo com água garota tomou o remédio e deitou – Agora você vai dormir – Ele disse tirando os sapatos, brincos e o relógio para que não atrapalhassem o sono dela, colocou a garrafa de água na escrivaninha ao seu lado, caso ela sentisse sede de noite, foi apagar a luz pra ir para seu quarto, quando escutou sua voz.
– – Ele parou para escutá-la – Fica aqui. Eu não quero ficar sozinha. – Pediu manhosa e ele riu.
– Fico sim – Ele caminhou para perto dela novamente – Pode ficar tranquila – Sentou-se – se ao lado dela que colocou a mão direita na perna dele e segurou o pano de sua calça para garantir que ele realmente não iria a lugar nenhum. sorriu sozinho e colocou a mão por cima da dela, ele não entendia o que acontecia com ele, ele não iria sair dali. Não iria pelo mesmo motivo que ele veio com ela, pelo mesmo motivo que se sentou ao seu lado durante a prova do dia anterior e também na hora do almoço, ficar longe dela estava cada minuto mais difícil. Ele não entendia o motivo, mas qualquer que fosse era muito bom.
Junho, Nova York, 2010.
– Ai meu Deus! – exclamou assim que sentiu o corpo de cair pesado sobre o seu, suas respirações estavam ofegantes e seus corpos suados. – Isso foi demais, amor. – Ela lhe deu um selinho.
– Eu te amo. – riu dando um beijo na bochecha da namorada e a puxando para um abraço.
– Agora podemos jantar, estou com fome. – fez bico e riu mais ainda, estavam em casa em um dos únicos dias que o ator não tinha compromisso, queria sair, porém ele a convenceu a não saírem e curtirem a noite em casa mesmo.
– Comida chinesa? – perguntou e ela assentiu concordando, ela amava comida chinesa e ele sabia disso.
– O telefone está na agenda, vou tomar uma ducha. – Ele disse levantando-se da cama com o lençol amarrado ao corpo e rumou para o banheiro. se espreguiçou e depois se pôs em pé, pegando rapidamente a camisa do namorado e colocando no corpo, caminhou lentamente até a sala com seu celular em mãos, para ligar e pedir sua comida, seu estômago roncava de fome, sentou – se no sofá e abriu a gaveta do suporte do telefone, esperava encontrar uma agenda, mas não foi aquilo viu primeiramente.
Seus olhos bateram na sacola transparente com o conteúdo em pó dentro, no mesmo instante sua garganta fechou e seus olhos encheram de água, com certo nojo pegou a sacola, para ter certeza se era aquilo mesmo, poderia estar enganada, ela tinha que estar enganado.
tinha prometido, tinha prometido que não faria aquilo mais. Não depois do que aconteceu; não depois do falecimento de seu pai. Ele não poderia ter mentido para ela a esse ponto, ela viu a primeira lágrima descer de seus olhos quando com o dedão e o indicador, pegou um pouco da substância e constatou que era realmente aquilo mesmo que pensara.
fechou os olhos levando as mãos ao cabelo se afundando no sofá deixando o pacote transparente em cima da mesa de centro, não sabia o que pensar.
Quando descobriu que estava usando cocaína, foi compreensiva com a namorada e lhe ajudou a não cair em vicio, já que o pai da mesma tinha acabado de falecer de overdose. Ela lhe implorou entre gemidos e lágrimas que ele não usasse mais, não queria perder mais ninguém.
Ela o intimou a escolher, ou ela ou a aquela coisa, que na cabeça de era insuportável só de pensar no nome. E parece que tinha feito uma escolha.
Na cabeça de era insuportável pensar que havia mais uma vez a decepcionado, mais uma tinha deixado claro que ela não era mais sua prioridade como um dia foi.
– Já ligou, amor? – saiu do quarto de roupão e se deparou com a namorada sentada no sofá com os olhos vermelhos e o pacote em cima da mesa, fechou os olhos instantaneamente e se xingou por ter guardado aquilo no lugar errado.
– Será que você pode explicar o que significa isso aqui? – Perguntou firme e o homem sentiu naquele momento que tudo estava perdido.
estava estático em sua sala.
o encarava com olhos tristes e com dor estampado neles, já tinha visto aquele olhar antes, na primeira vez que ela pegou aquela mesma droga em sua casa e tinha prometido não usaria mais, após a morte do pai o mesmo olhar apareceu na face da moça
– Amor. – Ela começou a dizer, sem saber as palavras, não tinha ideia de como se explicaria. – , eu posso explicar.
– Não me chama de amor, você sequer sabe o que é isso. – Ela pediu se colocando de pé e o olhando com olhos duros. – Você perdeu o direito de me chamar de amor no momento em eu achei essa porcaria aqui de novo . Você disse que tinha parado.
– Mas eu tentei, eu juro que ten...
– Para de desculpas.– Interrompeu o homem – Eu fui compreensiva com você, eu te ajudei, te dei meu apoio, meu carrinho e mais uma vez, você mentiu para mim. – A voz de exalava dor, as lágrimas grossas e carregadas ilustravam isso, o coração da italiana estava despedaçado em seu peito.
– Eu fiquei com medo de perder você.– Tentou explicar. – Amor, me escuta – ele deu passos para perto da moça, que recuou.
– Não me chama de amor. – Repetiu. – você não tem mais direito, não mais – À mulher sentiu as dolorosas lágrimas descerem por seu rosto, seu coração queimava, ela não sabia que rumo tomar, não sabia nem sequer onde estava.
– Como assim ? – O coração de palpitava de tal maneira que ela achou que fosse morrer ali de ataque cardíaco e como queria que isso acontecesse, evitaria aquela dor, evitaria aquele momento e tudo que desejava era que seu coração parasse – Você está terminando comigo? Por favor, meu amor, não me deixe. Dá-me outra chance, eu te amo eu não consigo viver sem você, não existe vida longe de você. – O ator implorou se aproximando da namorada mais uma vez e a mesma deu um passo para trás novamente.
– Não chega perto de mim. – Disse firme secando uma lágrima. – Eu já te dei outra chance , eu fiquei ao seu lado, te ajudei, mas você não quis você continuou mentindo, continuou escondendo. Você não me ama, você me trata como lixo, já faz muito tempo que eu tento me enganar achando que é só uma fase, mas você mudou. E eu não gosto desse novo , mesquinho e fútil. – Despejou com nojo as palavras, a dor de era muito além de emoção, era física.
Parecia que muitas agulhas entravam em seu corpo, não era capaz de suportar aquela dor. Ela já estava se odiando demais por não conseguir aceitar que o namorado não era o mesmo de antes, estava empurrando algo com a barriga que já não havia mais jeito.
– Não, meu amor. – se ajoelhou – Eu juro, eu juro pela minha própria vida que se você me der outra chance eu vou parar, eu vou conseguir por você. – Ele se agarrou as pernas da namorada que parou por um instante, tentando se controlar para não abraçar , ou simplesmente tocá-lo. Ela o amava, mas não conseguiria suportar namorar um garoto que não era capaz de respeitar a própria história, que permitiu que a fama e o sucesso lhe corrompessem.
– Já chega ! – Exclamou. – Estou cansada de não ser amada, cansada de não ser reconhecida, você me esconde, me humilha com seus gestos. Eu cansei . – Ela o empurrou e o ator caiu sentado no chão, Prince foi direto para o quarto, pegou seu vestido enfiando-o pelo corpo sem perceber que ele estava do lado – avesso, começou a calçar as botas.
– Não vai embora, por favor, não me deixa, eu te imploro meu amor. – disse chegando à porta do quarto. O corpo de estava latejando, seu coração queimava vivo e ele podia sentir profundamente aquela dor emocional refletir em seu corpo, podia sentir seu sangue se esfriar, o ar faltar em seu pulmão, ela queria morrer, ela preferia morrer a ficar sem aquele homem.
Entretanto chegou em seu ponto máximo de limite, não permaneceria mais ali, não com aquele homem que ela não conhecia mais.
– Eu não sou seu amor , você escolheu a mentira ao invés de mim. – abriu a porta do guarda-roupa bruscamente, pegou um amontoado de roupas e jogou de qualquer jeito na bolsa, secou a última lágrima e saiu do quarto caminhando para sair do apartamento.
– Por favor, eu te imploro, eu amo você . – Pediu em um sussurro e parou em frente à porta e respirou fundo, ela não podia olhar para trás, se olhasse p desistiria, ela já tinha perdoado por vezes demais , tinha colocado tudo de si para ajudar aquele garoto, abriu mão de sonhos, planos para esta ao seu lado, e ela claramente não estava disposta a isso, claramente a escolha de , não havia sido .
– Você está caindo . Está caindo em um poço olhe para você. Veja seu reflexo no espelho, você mudou. Seu sorriso é falso, sua aparência é mesquinha. A verdade está embaçada, mas as mentiras estão ficando claras, eu não quero mais fazer parte disso. Isso não se trata mais de você, se trata de mim. Eu não quero mais isso, eu mereço mais que isso.
Em um último impulso saiu do apartamento, deixando o moreno para trás, de uma vez por todas.
precisou se escorar na parede mais próxima suas pernas estavam trêmulas, ele mal conseguia se equilibrar sobre elas, respirou fundo procurando recuperar sua respiração e quando entendeu que conseguiria caminhar deu dois passos e mais vez as pernas falharam, optou por segurar na parede se apoiando, seu coração palpitava e sua cabeça rodava.
Com a ajuda da parede ela caminhou até o elevador, porém não teve paciência de esperar que chegasse, queria sair logo dali, com os olhos encontrou a escada e foi em direção, quando deu o primeiro passo para descer caiu de joelhos na cerâmica dura e fria causando um incomodo pelo baque, apesar de não fazer qualquer diferença, seus músculos internos estavam anestesiados pelo momento e pela intensa dor que sentia, algo que jamais em toda a sua existência se comparou a nada, os machucados e acidentes físicos que sofreu durante a sua vida, era muito pouco perto do buraco que havia em seu peito.
Já fazia dias que tudo havia começado a desmoronar e nada parecia amenizar.
Amava mais que tudo na vida, não suportava pensar em alguma coisa em sua vida e ele não estava, queria se casar, ter filhos e morar em uma casa com jardim e cercas brancas, exatamente como ela tinha plantado em sua mente, quando assistiu diário de uma paixão.
Quando as coisas haviam se perdido? Quando ele tinha deixado de ser seu namorado carinhoso? Aquele que era puro e gentil, que não comia carne por amar aos animais e que agora parecia uma imagem distorcida do homem que ela conhecia. Quando ela havia parado de confiar nela? Quando começou esconder coisas e mentir? Tudo que ela fez foi entregar seu amor a ele, jurava seu amor a ele todos os dias, e com muito orgulho, orgulho de amar uma mulher com aquela intensidade enorme, e ser capaz de fazê-la feliz ao ponto de aceitar casamento. Não conseguia compreender onde tudo desandou.
Quando ele se corrompeu.
Ela encontrou a rua, soube, pois, foi inundada por gotas grossas de chuva, que em menos de um segundo estava completamente ensopada. Seus cabelos grudaram no rosto impedindo a visão de onde estava indo, seus pés estavam se movendo de maneira involuntária procurando qualquer abrigo que a protegesse.
Iniciou a travessia da rua, o único lugar que conseguia pensar em ir era para um hotel com a pouca economia que tinha, pelo menos para não dormir na rua.
O barulho da chuva no chão evocava seus ouvidos de uma maneira que parecia a deixar surda, quem dera conseguissem anular a voz de sentimentos que gritavam dentro de si.
Vozes que a impediam de acreditar que estava agindo certo, vocês que falavam para ela voltar, que precisava dela. Ela não poderia ir embora e deixá-lo sozinho.
E em sua cabeça, sua consciência dizia que deveria seguir em frente, que precisava ir e encontrar-se novamente, ela precisava ser alguém além dele.
Qual voz deveria ouvir?
O som que soou claro em seus tímpanos foi a buzina e seu corpo caiu sobre o capô do carro, por um milésimo de segundo não foi atropelada. Espalmou as mãos no metal do carro sustentando seu peso para então se recompor.
Nossa , será que vai conseguir se manter viva?
– Você é maluca moça? – O motorista do carro saiu se aproximando dela. Logo ficou encharcado também devido à chuva forte que caia. – Você apareceu do nada, devia olhar por onde anda.
– Me desculpe, eu.... só me desculpe
– Moça, você está bem? – A voz soou novamente e pelo timbre ela não soube reconhecer de quem era, piscou algumas vezes para se livrar da água aglutinada em seus cílios e viu, era um homem alto, tinha os cabelos cacheados molhados sobre a testa e sua expressão era de preocupação.
– Sim, eu ... sim estou. – respondeu incerta, o homem deu mais passo e tocou os braços dela.
– Você precisa de algo? Está sozinha na chuva, eu quase te atropelei. . – Questionou mais uma vez.
– Eu preciso ir. – Olhou para os lados preocupada.
– Está fugindo de alguém?
– De um passado que me prende, preciso andar rápido senão ele me alcança. – deu um sorriso mínimo, ajeitou a bolsa no ombro.
– Vamos Daniel, está chovendo. Ela já disse que não precisa de nada. – Outra voz se fez presente, dessa vez uma voz feminina que estava dentro do veículo. – Anda logo, amor.
O homem não desviou os olhos de , retirou o próprio casaco e colocou sobre os ombros da moça, mesmo estando molhado e não resolvendo de muita coisa, ela sorriu em agradecimento e os olhos dele brilharem quando o mesmo acompanhou o movimento.
– Obrigada. – Deu dois passos para se afastar, dessa vez mais calma e com cuidado para chegar ao seu destino em segurança.
– Moça. – Chamou. – Você vai conseguir, sempre tem como controlar o resultado da corrida da vida. Você conseguir seguir em frente. Eu acredito em você. – Ele sorriu mais uma vez, esticando o dedão em forma de joia, ela assentiu e voltou a caminhar.
Ele tinha razão. Ela era autora de sua própria vida, e tinha capacidade de reescrever sua história. Fechou os olhos e se concentrou na garota que era antes de , naquela que era cheia de vida e sonhos, que acreditava que podia conquistar o mundo. Mesmo em meio as dores sabia o que era certo, iria continuar doendo por mais um tempo, até os analgésicos da vida e do tempo acomodassem em seu coração fazendo cessar a dor.
Existia uma garota cheia de vida dentro de , uma que precisava voltar a dominá-la e lhe mostrar o caminho para retornar a sonhar.
Junho, Roma, 2005.
estava sozinha sobre uma pedra, um dos locais mais distantes da festa. Bebeu um gole de sua bebida e respirou fundo andando até ela. Se aproximou da garota com um sorriso tímido, parecia um anjo.
– Oi – Disse e ela levantou a cabeça para ele e sorriu, ela bateu ao seu lado na pedra chamando para sentar-se. – Está sozinha aqui por quê? Está passando mal?
– Eu estou bem – Tranquilizou – Eu estava olhando as estrelas. Elas me fazem pensar.
– Pensar em quê? – Ele disse e ofereceu um pouco da bebida que tomava, ela sorriu aceitando um pouco do suco.
– Como você se imagina daqui 10 anos?
observou as estrelas, e deixou que sua mente viajasse para seus maiores sonhos, não precisou de mais que 30 segundos para ter uma resposta elaborada.
– Ator principal dos filmes Marvel.
sorriu olhando para , ele tinha o rosto sereno, o brilho das estrelas parecia irradiar em suas íris, e a mocinha sentiu vontade de tocar o rosto do jovem, sentir a textura de sua pele, ao sentir o olhar pesado sobre si, o jovem virou o rosto para olha-la.
– Eu não tenho a menor dúvida que isso vai acontecer – Os olhos se cruzaram – Irei te aplaudir de pé.
segurou a mão dela, entrelaçando seus dedos, e então beijou cada nó que unia as juntas, arrepiou com o carinho.
– Assim como eu. Já tenho muito orgulho da minha doutora. A melhor do mundo. – sorriu sem graça, abaixou os olhos, ergueu seu queixo, voltando a conexão. – Daqui anos, quando seus sonhos se realizarem, quero estar ao seu lado.
– Eu também , eu também – Ela deitou a cabeça no peito do jovem, que imediatamente a abraçou pelos ombros, e mantiveram a outra mão entrelaçada. – Não existe nada mais perfeito que esse céu.
sentiu o cheiro de lavanda do cabelo dela, invadir suas narinas. Claro que existia algo mais perfeito, ou melhor, alguém. Toda vez que ela lhe abraçava, toda vez que assistia seus ensaios e o ajudava a decorar as falas, para ele aquilo era mais que suficiente, porque tudo que ele fazia queria ver a reação dela, era o que realmente importava.
– Você.
– Eu?
– Você é mais perfeita que esse céu. – Explicou e ela não soube o que dizer, na verdade ela só ria, os olhos dela brilhavam, ela gostava dele, gostava de estar perto dele, se sentia feliz com a presença dele, adorava as piadas sem graça dele porque para ela tinha graça tudo que ele fazia.
– Podemos dividir a perfeição juntos então;
– Essa é a hora que eu te beijo? – Perguntou, seus corpos já estavam a milímetros de distância, ele já ia fazer aquilo de qualquer jeito, só queria que ela dissesse sim.
– Essa é a hora que você tem que me beijar – Em menos de um segundo as duas bocas já estavam grudadas, eles ficaram assim nesse longo selinho por uns 10 segundos, mas entrelaçou seus dedos nos cabelos dele pedindo mais, ele colocou uma das mãos na cintura da menina a trazendo pra mais perto, a língua de invadiu a boca dela e sua língua o acompanhou naquela balada gostosa, as duas línguas brigavam por espaço e exploravam todos os espaços delicadamente como se quisessem guardar na memória cada pedacinho um do outro.
O coração estava completamente acelerado e batia tão alto que era improvável que as pessoas não escutassem essa era a parte boa de estarem só os dois ali. Eles se separaram por falta de ar, porque se dependesse deles ficariam naquele beijo para sempre, se pudesse parariam o tempo para ficar assim pela eternidade. lhe deu um beijo na testa, e voltaram a observar o banho de luz vinham do céu, eles realmente eram perfeitos, tão perfeitos como a melodia que vinha do luar.
Julho, Nova York, 2010.
Já passava das 02h00min da manhã, a balada estava insana, o DJ sabia muito bem como comandar o ritmo que fazia as pessoas dançarem. estava sentado no camarote com uma cerveja em mãos, os braços abertos e esticados sobre o banco, do seu lado esquerdo havia uma loira, do direito uma morena, ele beijava uma na boca, enquanto a outra distribuía beijos pelo seu pescoço, a expressão de tédio do ator era inexplicável.
Fazia dias que nada o satisfazia, qualquer mulher que passava em sua cama lhe dava um prazer momentâneo e no instante seguinte sentia a apatia invadi-lo novamente, em seus pensamentos ele precisava mesmo era de uma grande loucura.
Estava vazio por dentro e sentia-se completamente sozinho, mesmo estando rodeado de pessoas. fazia falta, ele não imaginou que sentiria tanta falta, achou que ela voltaria, achou que ela não seguiria sem ele e que permaneceria a sua sombra pela eternidade.
Estava redondamente enganado. sequer atendia seus telefonemas, estava aparentemente muito bem sem ele. Maldita vida. Ele soltou a mulher que beijava e virou o rosto para beija a outra, durante a transição seus olhos bateram na figura de um segurança do camarote que estava com o celular gravando tudo que acontecia, sentiu a fúria crescer dentro de si e se pôs de pé caminhando até ele.
– Você está me filmando? – Perguntou bravo.
– Estou, quanto você vai me pagar para não jogar essa gravação na internet? – O armário em forma de gente falou com um tom debochado. O sangue de esquentou, sua visão escureceu, seu cérebro pareceu parar de raciocinar e quando deu por si, alguém segurava um de seus braços e o armário que tinha o filmado acabara de levar um murro muito bem dado. – Você está ferrado , eu vou te denunciar!
– , pelo amor de Deus. – Josh, seu companheiro de seriado desesperou-se ao se deparar com a cena. tinha dom de se meter em confusões como ninguém, acontecia toda semana e às vezes eram mais de uma, os processos por agressão a jornalistas no final da balada já estavam em número elevado, os advogados não sabiam mais o que fazer para alertar o ator a sair das furadas, seu contrato com os maiores patrocinadores estava por um fio. – Vamos embora daqui agora, vêm. – O companheiro o puxou pela mão e os dois, com a ajuda de um segurança da boate que já era amigo dos homens, saíram pela porta dos fundos. – Você precisa parar de se mete em confusões, cara.
Josh avistou seu carro chegando com o manobrista, abriu a porta e jogou o outro no banco, depois correu para o lado do motorista, arrancando em seguida. Antes que pudesse colocar a segunda marcha, teve que pisar no freio, pois um fotógrafo havia pulado em frente ao carro e fotografava a situação que se encontrava, que era bastante precária.
– Eles não param, mas que inferno! – Josh bufou desviando com violência dos paparazzis.
O ator dirigia acima da velocidade e as vezes fazia ziguezagues pela pista, também havia bebido e embora estivesse melhor que , também estava visivelmente embriagado. não conseguia prestar muita atenção na estrada, sentia os olhos pesados e ardendo, precisava muito dormir.
Pode ver a distância as luzes vermelhas do semáforo e a cena que durou segundos pareceram horas aos seus olhos. Josh não conseguiu frear e se chocou na traseira do carro que aguardava a luz verde. O impacto forte o deixou dolorido e um pouco tonto.
Josh saiu como um furacão do carro e o seguiu, ainda confuso e cambaleante.
– Você não me viu? – O motorista do carro questionou.
– Meu carro, meu carro está acabado. – Josh se lamentou.
– Você está bêbado? Estão completamente bêbados. Vou chamar a polícia. – O motorista anunciou ao perceber o estado dos dois.
Flashes encheram o campo de visão de , que cobriu os olhos com as mãos e cambaleou um pouco. O acidente fora numa rua movimentada, cheia de restaurantes e agora a rua estava abarrotada de pessoas fitando fotos e filmando a cena, inclusive alguns paparazzis.
– Sorriam para as câmeras. – Um dos fotógrafos provocou.
não conseguiu se conter, estava tonto pelo álcool, mas não podia aceitar uma provocação como aquelas. Partiu em direção ao homem, tomou a câmera de suas mãos e a lançou no chão com violência, em seguida disferiu vários socos em seu rosto e tórax.
– Alguém chame a polícia. – Uma mulher gritou assustada.
ouviu gritos, sentiu alguns socos defensivos do paparazzo acertarem seu queixo e peito, mas não parou. Mais pessoas clamavam pela polícia, mais flashes e logo pode ouvir o barulho das sirenes de uma patrulha que importunamente passava pelo local.
foi pego de surpresa e um empurrão do paparazzo o desestabilizou, ele correu os olhos pela multidão de pessoas que se encontravam ali e pode ver Josh se afastando, ele se misturava as pessoas e caminhava distraidamente, como se sequer o conhecesse. Que covarde, pensou.
As pessoas no local começaram a gritar, pedindo pela prisão do ator e sentiu o desespero invadir seu corpo e mente. Era como uma cena de filme, os policiais com as mãos nos coldres caminhavam até ele, um tinha uma das mãos levantadas, pedindo calma. Eram altos e sentiu um pouco de medo. Ele gritou, gritou que não havia feito nada, que era inocente, mas parecia que eles não o ouviam.
– Vocês sabem quem eu sou? Eu sou , vocês não podem me prender. – berrava. – Vocês não podem me prender! Não podem me prender! Eu vou destruir vocês, meu advogado vai acabar com a sua carreira! – Gritava tentando se afastar dos policiais, mas as pessoas a sua volta pareciam o empurrar para eles.
– Senhor, se acalme! – Os policiais pediam.
– Não podem me prender, eu sou inocente. Não fiz nada, eu não fiz nada. – gritou e num lapso de bom senso, tentou correr, mas foi interceptado e jogado com força contra o capô da viatura.
sentiu a dor pelo choque com a viatura, depois seus braços foram puxados e imobilizados. Sentiu o aço frio envolver seus pulsos, estava sendo preso, algemado.
– Vocês não podem fazer isso! – Gritou e tentou se levantar, mas foi empurrado violentamente contra o capô. – Eu tenho dinheiro, eu pago. O que você quiser. – suplicou.
– Senhor, isso se chama suborno e é um crime. – Um dos policiais anunciou e apertou ainda mais o corpo de contra o carro. – O senhor está preso por dirigir embriagado, agressão, resistência à prisão e suborno.
– Pode aumentar a lista, Hayes. – O outro policial falou enquanto saia de dentro do carro de Josh, ele tinha em mãos dois pacotes com o pó branco já tão conhecidos por .
– O senhor tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser poderá ser usado contra você num tribunal. O senhor tem direito a um advogado... – O policial começou a recitar seus direitos enquanto o jogava dentro da viatura, nesse momento percebeu que estava perdido.
Estava na delegacia, um policial colhia suas impressões digitais, estava sendo fichado. Não se sentia culpado e ainda estava extremamente puto com toda aquela situação, seu agente e seu advogado tinham acabado de entrar na sala do delegado e não soube decifrar qual dos dois estava com a cara mais irada, estava apostando consigo mesmo quem lhe daria o primeiro tiro.
– Puta que pariu, ! – Adrian, seu agente berrou. – Esmurrar um paparazzo? E sem mencionar o segurança da boate. Você perdeu o pouco de juízo que ainda tinha na merda da cabeça?
massageou as têmporas e respirou fundo, controlando a vontade de mandar todos eles para o inferno e ir para casa dormir.
– Não foi minha culpa, a culpa foi totalmente daquele filho da puta. Dos dois filhos da puta. – Disse baixo e Adrian riu.
– E por acaso algum deles te bateu primeiro? – Questionou no mesmo tom de voz, sabia que nenhum dos dois seria idiota a esse ponto, ao contrário de seu próprio cliente.
– Não. – Bufou. – Mas porra, o segurança estava me filmando e aquele paparazzo idiota, tirando fotos sem permissão às três da madrugada, Adrian. Três. – gritou tentando enfatizar seu ponto.
– Você tem ideia na merda que fez? – Antes que pudesse responder, seu advogado voltou à sala parecendo estar a ponto de ebulição.
– O quão na merda eu estou? – se pôs de pé e perguntou sem rodeios, fazendo o advogado rolar os olhos e dar de ombros.
– Sinceramente, não sei se dessa vez tem volta. Você agrediu pessoas, tentou subornar dois oficiais com dezenas de testemunhas, resistiu à prisão, estava alcoolizado e ainda em posse de drogas. Você está muito ferrado. – O advogado disse.
– Fodeu. – suspirou e escorreu para a cadeira. E então um rosto piscou em sua mente, era isso, precisava da ajuda dela.
estava sentada nas cadeiras da delegacia, tinha as mãos sobre o colo e balançava as penas em sinal de ansiedade. Fazia alguns dias que estava tentando insistentemente falar com ela, pedindo para que fosse visitá-lo. No primeiro instante negou, mas sua psicóloga Fayola a aconselhou a fechar essa Gestalt* e ir visitar o ex-namorado.
Desde que se separaram voltou seu foco para si mesma. Iniciou a terapia, cortou os cabelos, saía de casa para passear e agora estava até fazendo alguns shows pela noite, sempre gostou de cantar e tinha talento musical, assim como seu pai que era um tremendo músico. Não tinha o sonho de seguir carreira, desejava fazer medicina, mas esse sonho se perdeu durante o tempo que abriu mão de si mesma, agora estava procurando outro caminho e a música lhe fazia feliz.
A porta se abriu e entrou, algemado e com policiais postados atrás dele, segurando seus braços. Estava irreconhecível aos olhos de , os olhos apagados, os cabelos que antes eram sedosos e brilhosos estavam grudados na cabeça, a pele pálida e seca, aquele homem em sua frente não tinha vida alguma.
– , você veio. – Ele sorriu e pousou as mãos sobre a mesa para segurar as de . – Eu senti sua falta, eu não sou o mesmo sem você. Eu preciso que me ajude.
recuou as mãos para que o homem não a tocasse, ela não amoleceu a expressão, permaneceu fria e firme.
– O que aconteceu?
– Eu pisei na bola, . Quando você me deixou, foi por sua causa. Foi porque você me deixou, eu não sei viver sem você. Preciso de ajuda, não tenho mais ninguém.
soltou uma risada pela boca, totalmente irônica.
– Não. – Negou com a cabeça. – Não foi porque eu te deixei, foi porque você se perdeu. Eu te disse que você estava caindo, que eles iriam te destruir, a culpa é sua, você não me ouviu.
– É verdade. – Ele enfatizou. – É culpa minha, eu sou um bosta. Não mereço você, nunca mereci. Mas eu te amo, , não posso viver sem você. – começou a chorar, antigamente teria amolecido o coração, agora, porém soltou um riso nasalado e franziu o cenho.
– Onde estão seus amigos agora? Porque alguém deveria estar lá quando você precisou de ajuda, no lugar onde eu costumava estar. – Retrucou. – Eu te disse que eles não eram seus amigos, te disse que iriam te destruir, olhe só para você. Seus olhos estão fixos em mim, mas não vejo nada. Seu sorriso é forçado e elástico, perdeu a essência a muito tempo.
– Mas se você voltar comigo, eu juro que...
– Não . – Interrompeu a fala dele. – Você me prometeu coisas demais, mas eram feitas de plástico, assim como você. Espero que você se reencontre e melhore, mas na minha vida não tem mais espaço para alguém como você.
Ela não esperou que o mesmo respondesse, se levantou e rumou para a porta, assentiu para os policiais que abriram a porta.
– Espere , não me abandone. Não faça comigo, como eles. Por favor, . – Ela fechou os olhos e tapou os ouvidos para não ouvir a voz dele em sua mente, nunca mais se deixaria manipular pelas palavras bonitas de homem nenhum. Nunca mais
Setembro, Nova York, 2012
abaixou o corpo e fez uma reverência ao sentir os agradecimentos do público. Sorriu e acenou para as pessoas, caminhado para o pedestal.
Mais um show, para seu primeiro disco de estreia estava em uma onda crescente de shows que era surreal e espetacular.
Tinha fechado seu contrato com a gravadora, estava vivendo um sonho que há pouco tempo tinha sido implantado em seu coração.
– Boa noite, Nova York. – Cumprimentou e foi ovacionada. – Eu escrevi essa música, como forma de superação, precisei me reencontrar depois de um momento da minha vida. Espero que vocês entendam que podem fazer qualquer coisa.
You walk and talk
Like you're some new sensation
You move in circles
You don't need an invitation
You spend your money
You can't get no satisfaction
You play it right so you can get the right reaction
Ela começou a se lembrar de seu relacionamento com . Como no início eram perfeitos um para o outro, se amavam, se respeitavam e eram cúmplices. Como ela o amou de tal forma, que abriu mão do que acreditava. E sofreu muito para conseguir sair de um relacionamento tóxico.
It won't be long, my darling
Pick up the phone, nobody's on it
Where are your friends now, baby?
How's anyone supposed to be there for
Depois, as imagens da reabilitação vieram. Das noites que chorou acreditando que estava errada. De como sentia que era uma péssima pessoa por não ter ficado. As crises de autoestima ao se olhar no espelho e não se reconhecer. O entender que faltava algo, e que não era . Na verdade, o que faltava era ela mesma. Ela quem se perdeu, ela que se deixou levar por um relacionamento que acreditou que seria melhor amanhã, r nunca chegava o amanhã.
You (you)
When you're falling down
The world starts spinning out
You (you)
When you're falling down
Now it's not all about
You (you)
When you're falling down
You know I'll be around
When you're falling down, falling down
Precisou de terapia, Fayola Davies foi sua psicóloga. Precisou trabalhar para se reerguer, precisou se olhar no espelho e se aceitar, autoestima, autoconfiança, autoconceito. Toda sua estrutura precisou ser varrida , desprendida e reativada. Para se olhar no espelho e saber, que não era sua culpa, que não era a errada, que tinha sido somente mais uma mulher manipulada por acreditar em um amor
(Smile for the camera, everybody's looking at ya)
(Smile for the camera, cause they're all about to trash ya)
(Smile for the camera, camera, camera, smile for the camera
Who's gonna catch ya?)
You (you)
When you're falling down
The world starts spinning out
You (you)
When you're falling down
Now it's not all about
You (you)
When you're falling down
You know I'll be around
When you're falling down, falling down
Mas ela venceu. Hoje se amava, se aceitava, se valorizava. Não fazia o que não queria, não aceitava menos do que merecia, sua melhor amiga era ela mesma. Jamais iria se diminuir para caber em lugares apertados, se não poderia ser quem era para estar em determinado lugar ou ao lado de alguém, não valia a pena.
estava livre das amarras da sociedade, agora ela ditava seu próprio ritmo de escrita no livro de sua vida.
estava no camarim, ajeitando suas últimas coisas para viajar novamente para mais um show. Estava cansada era verdade, mas apreciando sua nova vida profissional.
Era grata a James, dono do pub que lhe deu a oportunidade de cantar nas noites e fazer um dinheiro, assim foi descoberta por Jules, seu empresário que lhe apresentou pessoas e conseguiu seu contrato com a gravadora.
– . – Desviou seus olhos para a porta. – Tem um rapaz que diz ser seu velho amigo, quer te ver. .
sentiu o coração acelerar, a menção ao nome do ex-namorada foi forte, porém a atingiu menos do que esperou.
– Deixe entrar. – O segurança assentiu retirando-se segundos depois a figura magra de entrou pela porta.
Ele estava como ela se lembrava, os cabelos escuros estavam curtos, os olhos tinham um brilho como foi ao se conhecerem, as formas escutas constataram com sua pele clara, tinha as bochechas coradas e um sorriso nos lábios.
– Olá, !
– Como vai ? Já faz tempo. – Sorriu em cumprimento, e viu ele se aproximar mais, ela não recuou.
– Estou bem. Não preciso perguntar sobre Você, vejo que está magnífica.
– Realmente estou. O que faz aqui? Quer um autógrafo? Ou quem sabe uma foto? – Foi direta. Não estava entendendo o motivo dele estar ali, ainda mais depois de tudo.
– Vim conversar. Eu mudei , não sou mais aquele cara. Eu aprendi minha lição, cresci, amadureci. Eu precisava vir até Você, para te dizer isso. Eu ainda te amo. Eu te quero de volta. – estava com a voz embargada pelo choro que moldou seus olhos, as mãos estavam no bolso do jeans para relaxar sua musculatura.
– Não pode estar falando sério. – Ela riu incrédula.
– É sério, eu ainda te amo. Sei que você também me ama, vamos tentar de novo, eu posso te fazer feliz.
Ela deu um passo para trás balançando a cabeça negativamente, aquilo era uma piada do universo.
– Você está enganado. – voltou a arrumar suas coisas, e colocou sua bolsa no ombro. – Eu não te amo mais. Demorei muito, sofri muito, precisei de ajuda para entender. Hoje eu falo com toda convicção que existe, eu não te amo mais. – E era verdade, não amava mais a , respeitava o que tiveram, foi importante e de extremo aprendizado. Mas hoje era só isso, um cara babaca que ficou no passado. – Fico feliz que tenha amadurecido como diz, mas não quero mais. Nunca mais vou me envolver com homens como você. – Ela se aproximou dele, pegou a caneta que momentos atrás estava dando autógrafos, se posicionou e escreveu seu nome na camisa do ex-namorado.– Para você lembrar da mulher foda perdeu, passar bem .
Ela saiu porta a fora, deixando estático para trás. Junto com ele toda dor, tristeza e a história que viveram. Não voltaria a viver nunca mais como quando estava com ele, tinha se descoberto e o mundo agora era todo seu.
estava no aéreo-porto, iriam embarcar para a Inglaterra em poucos minutos. O voo estava atrasado, e isso a irritava, se soubesse que demorariam tanto teria colocado um sapato mais confortável.
Sentiu a bexiga reclamar, pela quantidade de água ingerida e precisava ir ao banheiro. Começou a caminhar em direção as cabines, quando sentiu um esbarrão em seu corpo e ao mesmo tempo sentiu algo a molhar.
Molhar seu vestido.
Seu vestido branco.
A onda de raiva que percorreu seu corpo foi incontrolável, a sensação do pano grudando em seu corpo a fez arrepiar, o tecido gelado em sua pele quente, teve que respirar fundo várias vezes para não gritar.
– Qual é o seu problema? Não enxerga por acaso. – Perguntou passando a mão inutilmente em seu vestido, tentando limpá-lo. Uma corrente de vento já percorria seu corpo, ainda não estava sentindo frio, porque a fúria lhe esquentava o sangue.
– Desculpe, foi sem querer. – Aquela voz rouca e sexy disse , porém não se deu nem ao trabalho de levantar a cabeça para olhar quem era, sua atenção estava totalmente em sua roupa, que agora estava transparente. – Vou pegar guardanapo. – Falou, a mulher rolou os olhos.
– Como se isso fosse limpar meu vestido. Pegue essa bebida e enfie no... – foi incapaz de concluir a frase, sua classe não permitia. E finalmente levantou a cabeça para encarar a pessoa em sua frente.
Ele tinha os olhos tão escuros que se olhasse mais de perto, se perderia em sua imensidão. A pele morena era o contraste perfeito com a sua própria. A expressão estava leve, talvez um pouco divertida, não soube decifrar muita coisa, sentias as mãos dele tentando tocar seu vestido com guardanapos, e ela lhe segurou o punho com força.
– Estou tentando ajudar. – O homem disse firme, a encarando. E a primeira coisa que percebeu, foi que ela não usava maquiagem e sua beleza era sem a menor dúvida estonteante.
– Me ajudaria muito não molhando meu vestido, devia prestar mais atenção por onde anda.
A cantora permaneceu falando, ele nada respondeu, seus olhos estavam fixos na transparência nítida do vestido, ele conseguia enxergar o umbigo dela e consequentemente o pedaço da barriga, sua imaginação o levou pensar em todo o resto.
– Hey – lhe empurrou. – Para de olhar assim para mim, seu tarado imbecil – A mulher exclamou perplexa, ao perceber os olhos escuros do homem a devorando lentamente.
– Eu não sou um tarado, mas também não sou cego. – Respondeu divertido, arqueou a sobrancelha.
– Engraçado que não parece. – Ela sentiu suas bochechas esquentarem. – Já que você me deixou, molhada.
O homem riu.
Uma risada rouca, e pervertida. Aquela mulher não tinha ideia da sensação que causou no homem, e ao perceber que ele se divertia, ela rolou os olhos e lhe estapeou.
– Espere um pouco. – O homem cerrou os olhos, observando com cautela os traços do rosto da bela mulher, tinha a sensação que o conhecia, buscou por dentre as memorias até que sua mente o transportou para um dia chuvoso em Nova York, estava indo para o aéreo-porto e quase atropelou uma mulher que estava desvairada. – Eu te conheço. – Disse sorrindo. – Eu quase te atropelei uns tempos atrás, você estava andando na chuva.
Toda a raiva de se dissipou e ela sorriu a se lembrar do ocorrido, o homem que havia sido extremamente gentil e lhe ajudado com palavras incentivadoras.
– Eu me lembro. – Sua postura relaxou. – Eu estava fugindo do meu passado.
– Sim, você disse. – Ele sorriu e soltou um barulho de alívio com a boca. – Sou Daniel. – estendeu a mão para cumprimentá-la.
– . – Apertou a mão do homem, sentindo seu toque firme e quente. – Obrigada por aquela noite.
– Foi um prazer. – Ele não soltou suas mãos e procurou os olhos dela com intensidade. – Ainda permanece fugindo do seu passado?
deu o sorriso mais lindo que Daniel pôde enxergar. O coração saltou no peito com o brilho que os olhos dela emanaram.
– Não, agora estou livre.
bufou pela terceira vez seguida, checou o relógio pela terceira vez naquela hora, e sua frustração ao ver que só haviam se passado 16 minutos desde que o fizera pela última vez se manifestou em um suspiro entediado.
estava atrasado uma hora e quarenta minutos, há essa hora sua maquiagem já estava borrando pelo suor que escorria de seu roto, os cabelos que antes tinham cachos leves nas pontas, estavam presos em um coque frouxo, os pés descalços do salto e seu vestido novo completamente amassado.
Sua noite que foi planejada por vários dias estava completamente destruída, não apareceria para a comemoração do aniversário de namoro, só naquele mês era o terceiro bolo que levava do namorado, que estava preocupado com a carreira de ator e vivia preocupado com os novos amigos que tinham influencia e o fariam ser mais conhecido. estava triste, decepcionada e totalmente frustrada com o descaso do namorado de anos, mas tentava não falar nada para se compreensiva e entender o momento que o mesmo vivia e como seus sonhos eram importantes para ele.
Ela sabia disso melhor que ninguém, vivenciou cada detalhe do sonho dele ser construído, passou noites em claro o vendo ensaiar textos para as provas de teatro, tinha perdido as contas das vezes que tirava dinheiro de seu salário para lhe ajudar nos bilhetes de metrô para que cruzasse a cidade e chegasse no horário certo de suas audições. Emprestou seus ombros várias vezes, seus ouvidos foram o lugar de enterrar todas as reclamações dele.
E agora que ele estava famoso, sequer se lembrava de agradar a namorada. Quase não estava presente, vivia em festas e lugares de famosos e não a levava, a imprensa americana não tinha conhecimento que o aspirante a melhor ator de ano tinha uma namorada de seis anos.
Hoje eles estavam fazendo seis anos de namoro. E ele não tinha aparecido.
trocou de roupa colocando um conjunto de moletom confortável para passar a noite, caminhou até a sala de seu pequeno apartamento em Nova York onde uma pequena mesa estava posta com velas, talheres e uma garrafa de vinho dentro do gelo. Soprou as velas sentindo o ar lhe faltar no pulmão e junto com a corrente que liberou pelos lábios lágrimas escorreram por seus olhos, uma forma de liberar toda a mágoa que estava presa em seu peito.
Conforme desarrumava tudo, perguntas ecoavam sem sua mente.
O que estava acontecendo com seu relacionamento?
Onde estava o homem gentil por quem se apaixonou?
Quando seu havia virado o ator principal da série adolescente “Buises Troy”?
Quando os beijos se tornaram escassos, quando suas peles pararam de clamar uma pela outra?
Onde foi que tudo se perdeu?
Perguntas que ela não tinha resposta.
Sua sanidade gritava socorro dento de seu cérebro, pedindo para que raciocinasse e tirasse a venda de seus olhos para enxergar o que estava bem diante de seus olhos.
não era mais seu, era de um mundo falso e corrompido.
Alguns minutos após ajeitar tudo, lavou o rosto para eliminar qualquer rastro que estava por ali, deixando evidente seu sofrimento interno. A moça se deitou, abraçou seu travesseiro na tentativa de diminuir o vazio deixado pela falta de na cama.
Estava quase adormecendo quando escutou as chaves sendo giradas na porta e o barulho da mesma abrindo e fechando ecoou pelo apartamento. estava em casa. Ela não se moveu, permaneceu imóvel esperando ver qual reação teria.
Assim que o ator entrou no quarto percebeu o cheiro de álcool misturado com cigarro, claro que estava em uma festa, como em todas as vezes. Céus , como você é patética.
se despiu de suas roupas e correu para o banheiro, o chuveiro foi ligado e o cheiro do sabonete subiu as narinas da jovem que sentiu o estomago embrulhar de ódio.
Poucos minutos depois, o garoto saiu do banheiro vestindo também um moletom, as molas da cama reclamaram quando o mesmo soltou seu peso sobre o móvel, se chacoalhou até estar debaixo da coberta aproximou seu corpo até esse estar junto ao da italiana e abraçou-a, depositando vários beijos em seu pescoço.
– Baby, cheguei. – Sussurrou. – Acorde, estou em casa.
– Não estou dormindo. – Ela respondeu com a voz triste. – Você está atrasado, onde esteve? – Se desvencilhou dos braços do namorando deixando claro que estava irritada.
– Eu te disse que iria no Jass, é aniversário dele. – Respondeu tentando novamente tocar nela.
– Era nosso aniversario. – Empurrou os braços deles, chutando o edredom e pondo-se em pé. – Você me disse que estaria em casa as nove, para jantarmos juntos e comemorar que estamos juntos faz seis anos. – Fez o número seis com os dedos ilustrando a fala. – São duas da manhã , você chegou fedendo a álcool e cigarros, tudo para comemorar o aniversário do cara que conhece a duas semanas.
– Ele é influente, . – Disse exasperado. – Ele pode me apresentar para pessoas. Me arranjar patrocinadores e contratos, eu preciso disso pela minha carreira. – Ele também se levantou aproximando-se da moça, tocou-a nos braços. – Amor, eu te amo. Me desculpe não ter chegado na hora que prometi, mas é pela minha carreira, eu preciso que você entenda, é importante para mim.
– Eu entendo , eu entendo a seis anos. – O tom de voz estava frio e duro. – Eu estou ao seu lado todo esse tempo, lutando com você, sonhando com você. Não fale como se eu não me importasse, quando tudo que eu faço é justamente me importar.
– Eu não disse que você não se importa, eu disse que você precisa entender. Subiu as mãos pelos ombros, até estarem em suas bochechas. – Me desculpe, mas o seriado está fazendo sucesso, estou começando, logo isso acaba.
– Me leve com você. Por que não podem saber que tem uma namorada?
– Eu já te disse isso mil vezes. – Exclamou. – Um jovem ator solteiro traz mais ibope que um que é praticamente casado. Eu sei que isso te machuca, mas te peço só mais um pouco te tempo. E isso acaba, me dê mais 3 meses. As coisas já estarão mais firmes e eu te apresento ao mundo;
Beijou os lábios da namorada na tentativa de fazê-la abrir a cara, ele sabia qual era o ponto fraco daquela mulher, sabia como fazer com que cedesse e fizesse suas vontades.
– Dois meses. – Levantou dois dedos. – Nem mais um dia, e você me apresenta a todos como sua mulher. – Disse já amolecendo com os toques do jovem ator em seu corpo, os beijos em seu pescoço a desarmavam, droga de intimidade.
– Você é minha mulher, mesmo que eles não saibam ainda; – Distribuía beijos por toda a extensão de pescoço e nuca, sentindo se desmanchar sobre seus beijos, escorregou a mão por dentre seu moletom tocando sua pele quente, a moça gemeu. – Eu te amo.
– Também te amo.
XXX
Fevereiro, Roma, 2003
Na sexta feira de noite a mãe de pediu que a menina fosse até o mercado comprar alguns alimentos para o jantar, a morena estava com as sacolas de compras na mão, enquanto esperava o elevador, viu pelo canto do olho parar ao seu lado, antes de dizer qualquer palavra o moreno pegou as sacola de e esta ficou na ponta dos pés para depositar um beijo na bochecha do garoto, que era mais alto que ela.
sempre admirou as atitudes gentis de . Sempre ajudando a todos com carinho e um sorriso singelo no rosto, que quase sempre ficava vermelho devido à timidez.
– Está indo no Julian?
sabia que morava a poucas quadras do prédio dela e Julian, mas quase todos os dias o moreno estava por ali e não era nenhuma surpresa esbarrar com ele pelo prédio, Julian costuma dizer que o sofá já tem a forma do amigo por causa das tantas vezes que dorme lá.
– Vamos fazer campeonato de comida. – Os dois entraram quando as portas se abriram.
– Nosso pai, até imagino.– passou as mãos pelos cabelos e a encarou com cuidado ela tinha olhos muito bonitos ele nunca tinha reparado na beleza deles. – Mais tarde podemos assistir um filme, o que acha?
Perguntou, mas logo mordeu o lábio inferior com medo da resposta do garoto, estranho isso. Por que estava nervosa perto dele? Era verdade que de uns dias pra cá ela e se aproximaram de uma maneira brutal, mas não era nada demais eles sempre foram amigos, essa amizade só se fortaleceu mais.
– Claro que eu que... – Um barulho brutal foi ouvido e as luzes se apagaram e mais um barulho foi ouvido de alguma coisa travando. Era o elevador. – – ele chamou no escuro a respiração dela estava ofegante e isso o preocupou. – .– chamou de novo.
– Oi. – Ela respondeu com a voz um pouco tremula. – Cadê você? – perguntou estendendo a mão o procurando ele fez o mesmo quando suas mãos se tocaram uma corrente elétrica percorreu o corpo dos dois e um imã os puxou um para o outro.
As sacolas que segurava fizeram barulho no chão do elevador, deu um pulinho com o susto.
– Estou bem aqui. – Disse ainda segurando sua mão. – Você está tremendo. Está tudo bem?
– Não. – Respondeu segurando a mão dele com um pouco mais de força. – Eu tenho pavor de escuro, não gosto de ficar no escuro.
– Está tudo bem, fica calma. Vem aqui. – Ele passou o braço pelos ombros dela e ela segurou em seus braços. – Você quer sentar-se? – Perguntou com uma voz doce e calma, ela balançou a cabeça positivamente e eles encostaram-se à parede do elevador e agacharam – se na mesma. respirou fundo e deu um sorriso fraco, estava com o braço envolto nela que agora abraçava as próprias pernas. – Está melhor? – Perguntou.
Era bom ouvir a voz de no meio daquela escuridão assustadora, ela sentia-se um pouco mais segura conversando com ele.
– Me faz lembrar quando eu era pequena e o Giovanni me trancava no banheiro e apagava a luz, só porque ele sabia que eu tinha medo. – ela riu baixo – Não sei por que amo o idiota do meu irmão.
– Vai ficar tudo bem. – Ele sussurrou.– Daqui a pouco a luz vai voltar, vai ficar tudo bem. – Disse e ela acenou com a cabeça concordando.
Ele entrelaçou suas mãos com firmeza, estava em pânico era verdade, mas era muito bom segurar a mão do moreno, era bom estar perto dele. Permaneceram em silêncio por longos segundos, ele ainda segurava a mão dela, não queria soltá-la, nunca havia se sentido daquela maneira ao pegar na mão de uma garota. Ele não sabia como explicar aquilo, mas queria segurar as mãos dela e tentar afastar o medo que ela sentia, queria que sentisse segurança em estar perto dele. Ela sorriu quando sentiu o garoto acariciar levemente suas mãos com os dedos, e sentiu arrepios pelo corpo inteiro.
Talvez ela pudesse desmaiar ali mesmo.
tentou se controlar, mas não conseguiu e em um impulso passou a outra mão pela cintura dela puxando-a pra mais perto, ficando com o rosto a centímetros do dela.
ficou sem ar ao sentir a respiração do garoto batendo em seu nariz e percebeu que sua própria respiração havia acelerado, assim como seu coração. O cheiro de invadiu seus pulmões e ela sentiu-se tonta por um momento, o cheiro dele era inebriante e ela amava aquele cheiro ,já era viciada nele só pelos pouco segundos que sentira.
O garoto sorriu ao sentir que a boca dela estava quase tocando a dele e ele queria mais que tudo naquele momento, acabar com a mínima distância entre elas. Sentindo que não iria recuar, largou uma das mãos da garota e colocou a sua no rosto dela, fazendo-a fechar os olhos com o toque.
sorriu ao sentir a mão dele em sua bochecha, o seu corpo inteiro parecia paralisado e ela sentiu-se boba por não conseguir resistir ao loiro. Ele estava pronto pra aproximar-se um pouco mais dela e beijá-la, ficar perto dela era torturante. Mas nuns milésimos de segundo a luz voltou e as portas do elevador sem abriram e já estava cheio de gente na porta preocupada para saber se quem estava lá dentro, estava bem.
e se afastaram rapidamente e ele a ajudou a levantar, Giovanni irmão mais velho de correu até eles.
– Vocês estão bem? – Perguntou preocupado sabia do pânico da mais nova pelo escuro.
– Aham. Está tudo bem. – Ela respondeu. me ajudou no escuro. – ela sorriu olhando dentro dos olhos do amigo que estavam brilhando mais que tudo. – Obrigada.
– De nada. – Ele respondeu sentindo o coração disparado dentro do peito, estava quase saindo pela boca. – Foi um prazer te ajudar.
– Eu vou tomar um banho. – disse e eles saíram do elevado juntos. caminhou para a porta de Julia e seguiu até o final do corredor na porta onde morava.
Ela fechou a porta atrás de si e colocou a mão no peito tentando fazer o coração parar de acelerar, mas toda vez que fechava os olhos o rosto de vinha em sua mente, suas pernas tremiam e o coração disparava de uma forma totalmente fora do comum. Não sabia o que realmente estava sentindo, mas uma coisa óbvia os sentimentos dela tinham mudado em relação a , ela só não sabia dar nomes ainda.
Maio, Nova York ,2010.
estava se abraçando, protegendo-se do vento frio que resolvera escolher aquele momento para importuná-la, olhou para os dois lados da rua, na esperança de ver o carro de , mas nada. Encarou o relógio outra vez, 40 minutos de atraso. Ele tinha combinado de buscá-la na lanchonete em que trabalhava exatamente às dez da noite, o namorado disse que iria a uma reunião com seu agente e depois buscaria moça para que ela não voltasse sozinha tarde da noite.
Ele com certeza ficou preso com Brad na reunião, pensou ela. jamais a deixaria sozinha naquele horário sem algum motivo plausível, por isso começou a vascular o interior de sua bolsa, procurando pelo seu celular. Continuaria esperando o namorado, ele tinha combinado então com certeza viria. Durante a espera, nada melhor e mais relaxante que jogar o bom e velho tetris, assim estaria em boa companhia.
era natural da Itália, cresceu e lá morou por boa parte de sua vida. Filha de pais italianos, não conhecia outra cultura além daquela. Conheceu na escola aos 14 anos, o garoto era americano e tinha se mudado há pouco tempo para Roma com sua mãe, após o pai sair de casa e ambos precisarem melhorar de vida.
Quando se encontraram a primeira vez, com ele pedindo ajuda para encontrar a sala de aula, que era a mesma que a dela. Dali em diante jamais se desgrudaram, primeiro foram melhores amigos, depois deram o primeiro beijo e consequentemente experimentaram todas as primeiras vezes que um ser humano poderia ter na vida.
Desde os 15 anos, tinha o desejo de ser ator e era a maior apoiadora da carreira do namorado. A maior prova disso foi quando ele conseguiu um papel como coadjuvante em um seriado adolescente e sem pensar duas vezes colocou todas as suas roupas na mochila e o seguiu, pegando todo dinheiro que tinha guardado e investindo no relacionamento dos dois. Os primeiros meses foram incríveis, faziam amor todos os dias, comiam juntos, se divertiam e eram um casal feliz.
As coisas começaram a desandar quando começou a se enturmar com os astros do seriado, acreditando que isso traria fama e sucesso, e por eles foi orientado a esconder o relacionamento com para que o público feminino o aceitasse melhor. E depois disso, jamais saíram juntos, ele ia para seus compromissos profissionais e ficava em casa assistindo séries. Isso a levou a começar a trabalhar em uma lanchonete onde ganhava 15 dólares por hora para ajudar com as despesas, já que todo o dinheiro de naqueles meses era usado para melhorar sua imagem.
A jovem italiana estava entretida com os fones de ouvido, escorada na parede escura, o sobretudo preto cobria parte do copo tapando um pouco do frio, sorriu abertamente ao escutar uma buzina. Finalmente chegara e só precisou esperar duas horas, mas o semblante alegre se desfez no momento que percebeu que era um táxi qualquer.
– Precisa de um táxi? – O motorista questionou abaixando o vidro da janela.
se preparou para dizer não, porém os olhos bateram no relógio, quase meia noite, estava claro que não iria aparecer.
– Sim, por favor. – Respondeu triste, abriu a porta e escorregou para dentro. Sentiu o corpo relaxando sobre o estofado macio do carro, encostou a cabeça no vidro após dizer o endereço ao motorista e sentiu os olhos fecharem por conta do cansaço, então adormeceu sendo desperta somente quando o motorista lhe chacoalhou dizendo que estavam em casa.
Quando entrou pela porta do apartamento em que dividam, ainda não estava em casa, sentiu os ombros aliviados ao constatar que ele tinha ficado preso na reunião e não tinha se esquecido dela.
Era normal, afinal a vida de pessoas famosas era assim mesmo, não tinham hora para sair dos lugares. Não era culpa de , ela deveria entender que ele estava fazendo seu melhor e que em breve tudo isso acabaria, afinal ele a amava.
Por instinto se jogou no sofá, seu corpo exalando pelos poros sua estagnação mental, ainda decidindo se esperaria o namorado acordada ou não. Queria dormir e relaxar, mas também queria saber como a reunião de tinha se finalizado. Enquanto decidia o que fazer, pegou o celular para ver algumas coisas aleatórias, arregalou os olhos surpresa quando encontrou uma matéria totalmente inesperada.
“Novo casal? e Adele estão ‘se conhecendo melhor’’
Totalmente afobada a italiana abriu o conteúdo e começou a ler, as mãos trêmulas rolavam a notícia.
Será que vai ter novo casal no mundo dos famosos? De acordo com a revista New Ideia, o aspirante a ator de 21 anos, e a cantora Adele, de 28 anos, foram apresentados por meio de amigos em comum e estariam “se conhecendo melhor”.
Ainda de acordo com a matéria, o galã estaria fascinado pela diva. “Além de achá-la linda, ela o fisgou pelo senso de humor e jeito divertido toda vez que saem juntos ou conversam ao telefone. espera que essa paquera entre eles possa virar algo mais sério. Mas ele não tem certeza se Adele se sente da mesma forma. Ele está com a impressão de que ela não quer se comprometer tão cedo novamente”, diz uma fonte.
Os dois foram vistos hoje (09), por volta das oito da noite, após finalizar sua reunião com o empresário, o casal saiu para comer algo em um restaurante onde trocaram caricias intimas.
O instante em que terminou de ler foi mesmo que escolheu para entrar em casa, ele tinha os olhos presos no celular em mãos e sorria, talvez por isso não tenha percebido que a namorada estava no sofá com lágrimas nos olhos, totalmente desolada.
– Onde você estava? – se pronunciou chamando a atenção do jovem.
– Oi amor. – Ele sorriu tirando os olhos do celular e encarando a moça que chorava. – Eu estava na reunião.
– Mentira! – Lhe estendeu o celular. – Você estava em um restaurante com outra mulher, enquanto eu estava te esperando me buscar. Precisei voltar de táxi, sozinha, enquanto você se divertia com sua nova vida e seus novos amigos.
– Não começa com isso, . Você sabe que é só pela fama, eu e Adele só estamos fingindo. – Se aproximou, mas a outra deu alguns passos para trás.
– Você é um idiota! Você anda e fala como se você fosse alguma nova sensação do planeta terra. Não precisa de convite para sair fazendo merda, gasta todo seu dinheiro com idiotices de imagem, enquanto eu trabalho para comermos. E mesmo assim não fica satisfeito e continua inventando coisas que me magoam...
– , não é bem assim. Você está sendo egoísta. – tentou argumentar.
– Egoísta? – A mulher retrucou, estava nervosa e triste quase nas mesmas proporções. – Você realmente se importa com meus sentimentos ou só está preocupado em ter algum lugar para cair se tudo der errado? – indagou. – Você mudou. Seu sorriso mudou, está tudo tão plástico. Você focou tanto em ser alguém agradável a mídia que agora nem sabe mais ser o que eu conheci. Ou talvez, você nem seja ele mais...
– Eu estou tentando fazer o melhor para nós dois. Eu só estou tentando não depender mais de você, conseguir minhas próprias coisas. – aumentou o tom de voz.
– Não, não faça parecer que é por mim ou que tem algo sobre mim nessa conversa. – balançou a cabeça, quase não podia enxergar devido as lágrimas que insistiam em encher seus olhos. – Você não vê, não é? Não vê que só está rodeado de pessoas agora porque está bem, mas quando você não tiver nada mais a oferecer, quando você realmente precisar será que eles estarão do seu lado como eu estive? – Questionou apontando para si, os olhos estavam injetados de raiva e estava completamente trêmula.
– Você está certa, eu não te mereço. – desatou a chorar de repente, desarmando . – Eu sou um lixo, eu não mereço você. Você fez tudo por mim e eu estava tentando fazer alguma coisa boa, pensando que se eu fosse famoso poderia ser bom para nós dois, mas eu estraguei tudo como sempre. Eu sou um lixo, . Você fica melhor sem mim, eu não mereço você. – Ele desatou a falar.
– ...você não é um lixo, você...– sequer sabia o que pensar sobre aquela cena.
– Eu estava tentando fazer isso pela gente, sabe? Eles me fizeram fazer isso, eu disse que não queria, mas disseram que seria muito bom para minha carreira e que seria tudo de mentira. – ainda chorava. – Eu não queria, você sabe que eu só amo você. Mas eles quase me forçaram, se eu não aceitasse podia perder tudo que já conquistei até aqui. Você sabe como são essas víboras...
– , eu...eu nem sei o que dizer. – se sentia confusa. Ver ali, se debulhando em lágrimas, sofrendo por aquilo, sofrendo como ela.
– Não diga nada, eu errei. Eu não mereço você, eu mereço ficar sozinho. Você é tão boa para mim, você me ajuda tanto e eu me sinto tão perdido sem você. Eu preciso de você, . Mas eu sei que não te mereço.
– Eles realmente te forçaram a isso? – A italiana questionou confusa.
– Sim. Eles são tão cruéis, eu poderia perder meu papel se não aceitasse, acredita? Eles disseram que eu sou um ator, preciso me acostumar com isso. – se ajoelhou aos pés de . – Eu só tenho você, só posso confiar em você. Só você me entende, só você... – Ele fungou. – Por favor, não me abandone, não faz isso comigo. Por favor, eu termino tudo, eu os deixo destruírem minha carreira, mas não posso perder você.
– Não, . – tentou fazê-lo levantar. – Você não pode fazer isso, é o seu sonho.
– Mas é por você, se você me pedir para desistir de tudo eu desisto. Não tem problema, eu prefiro não ser nada a perder você, prefiro ser infeliz. – continuava a implorar. – Por favor, não me abandone.
– Eu não vou. – estava confusa, angustiada. Obviamente não ficava feliz com aquela situação, mas vê-lo implorar, dizer que precisava dela, vê-lo disposto a abandonar seu sonho por ela, bagunçava tudo por dentro. – Eu nunca pediria para você abandonar seu sonho. Nunca. – enfatizou e se ajoelhou ao lado do namorado.
– Fica comigo então? Eu só tenho você. – Ele pediu.
– Tudo bem. – A italiana respondeu e o envolveu num abraço acolhedor.
não sabia o que fazer, era apaixonada por e mesmo com suas atitudes mais recentes, ele era o homem incrível por quem se apaixonara na adolescência. Aquilo passaria, não é? Tudo logo voltaria ao normal e eles seriam como antes. também estava sobrecarregado, era forçado a fazer coisas que não queria, ele não tinha culpa.
Ela só tinha uma certeza, não poderia abandoná-lo naquele momento. Fazer isso seria se igualar aos amigos que ele tinha e que ela tanto acusava, ela ficaria ao lado dele, afinal era isso que devia fazer, não é?
Maio, Roma, 2004
Os alunos sempre acampavam uma vez por ano, era um programa estranho aos olhos de quem não morava na pequena cidade, mas para os alunos era algo totalmente adorado, muitos dele esperavam somente por aquela data, tendo em vista que o divertimento social da cidade girava em torno do time de futebol, e os adolescentes viviam nas praças e parques, por isso a empolgação enorme para aquela data.
E após uma tradição que vinha de pelo menos duas gerações antes, todos já estavam acostumados com o evento, que era organizado pelos alunos do último ano, para agradar todos da escola.
E como todo ano era mesma coisa, os alunos já estavam acomodados em seus quartos, geralmente duplos, meninas com meninas e meninos com meninos, obvio. Eram quatro dias, no primeiro havia uma festa, e era onde todos estavam naquele momento. Eles sequer arrumaram as coisas, somente jogaram de qualquer forma, e correram para a festa.
estava ali contra seu gosto, estava com muita cólica, Franca com quem dividia o dormitório e que também se tornou uma amiga próxima, o que fez muito bem a outra que só convivia com os meninos e seus livros, sabia que Franca e Taro estavam se gostando e torcia para que os dois amigos se ajeitassem logo, e mesmo a amiga tendo se oferecido para fazer companhia, sabia o quanto a outra desejava ir a festa e ver Taro.
Munier e Laune já estavam escondidos em algum canto da festa, por isso só estavam na roda de sempre, , Taro e Julian quando e Franca se aproximaram, os garotos abriram a roda para as duas amigas, Franca prontamente pegou uma cerveja e que não consumia bebida alcoólica tomava um refrigerante.
– , que dia vamos te ver embriagada? – Taro abraçou a amiga pelos ombros, arqueou a sobrancelha com a cena, algo dentro de si , não havia gostado da cena, apesar de ser algo completamente normal entre e eles.
-Bebida alcoólica faz mal, causa problemas no fígado. Eu não vou beber.
sorriu.
Já repararam como o sorriso dele era bonito? Era perfeito.
– É por isso que você, vai ser uma excelente médica. – que disse e não pode deixar de sorrir, além dos próprios pais, era quem mais a incentivava no sonho de Harvard, ele acreditava tanto em que nem por um momento duvidava que ela se formaria com honra ao mérito e traria orgulho para a nação italiana.
O moreno não conseguia desviar os olhos de , estava estupidamente bonita, o rosto um pouco pálido, o brilho dos olhos destacam mais por esse motivo, o contraste da pele bronzeada com a roupa escura, fazia irradiar dela um brilho que apagava todas as meninas daquele lugar, tinha certeza absoluta que era a menina mais linda daquele lugar.
– Não sei como nós te amamos, você é uma careta.
– Deve ser por todas as notas, que vocês têm nas minhas costas.
Taro começou a fazer cocegas na menina, e a gargalhada gostosa que invadiu os tímpanos do jovem, aqueceu seu coração.
Já passava da meia noite e sentia o estomago revirar. Seus músculos estavam atrofiando na região pubiana, imaginar que não estava sentindo dor não estava ajudando, e pela intensidade da cólica, nem mesmo os remédios que tomou ante de sair.
Ela caminhava de volta para o grupo, tinha indo buscar mais uma água gelada, a mais gelada que conseguiu, esperando que congelasse seu cérebro e também sua dor. Ela tinha endometriose, o que causava sempre muita cólica e dor, em parte já estava acostumada com os sintomas mais leves, a cólica, entretanto a destruía quase sempre, abaixava sua pressão, causava náuseas, e a desmontava sobre a cama para descansar.
– , acredita que finalmente o Taro tomou coragem e beijou a Franca? – Munier se pronunciou assim que viu a amiga se juntar na roda de amigos, a morena nada disse, pois estava fora se si, o rosto totalmente pálido, a garrafa de água despencou de sua mão e a única coisa que ela sentiu antes de fechar os olhos foi dois braços a impedindo de cair.
– .
Julian foi quem a segurou pelos ombros.
– O que aconteceu? – Laune perguntou preocupada, vendo Julian a pegar no colo e se sentar com ela nas cadeiras.
-Do nada ela desmaiou.
– Ela já estava um pouco pálida antes de desmaiar. – Foi quem observou, como sempre, sabia de cor todos os detalhes de .
Taro e Franca se aproximaram do grupo.
– O que aconteceu? – Perguntou afobada, mas nem deixou ninguém responder – Droga a pressão dela baixou, . – Franca deu um tapinha de leve no rosto dela. – Acorda, fala comigo vai.– Disse dando vários tapinhas na garota que abriu os olhos. – Ai, Graças a Deus, fiquei preocupada.
– Eu estou bem.
-Bem mal. – Franca completou. – Vamos para o dormitório agora. – Disse como uma ordem na verdade era.
– Como sabe que era a pressão? – Julian observou com cuidado Franca analisando a amiga.
– Porque ela estava com cólica. – Respondeu – E você me disse que tomou remédio. Caramba, cadê seu juízo? – A repreendeu séria, estava realmente preocupada.
Eu não quis preocupar vocês. Eu já estou melhor.
– Você vai com a gente para o dormitório. Vai tomar um banho e descansar. – Laune disse.
– Isso mesmo, você tem que tomar seu remédio.
– Está bem eu vou, mas vocês ficam aqui. Não quero que percam a festa.
– Ela está certa.– Laune concordou. – Eu vou com ela e vocês ficam.
– Não. – Munier discordou – Eu acho que o Taro e a Franca deviam ficar, porque vai que ela está bêbada e amanhã se esquece de você. Então é melhor aproveitar mais um pouco. – Disse fazendo os amigos rirem
– Ele tem razão. – Julian riu. – Ela deve estar muito chapada, para te beijar, você deve aproveitar bastante.
– Eu não estou bêbada. – Franca disse séria. -E eu vou lembrar-me dele amanhã de manhã.
– Não – negou. – Franca, por favor, fica.
– Você não vai sozinha.
observava a cena com cautela, tinha o lábio inferior preso entre os dentes, e não havia se pronunciado ainda, estava preocupado com , mas desde que se pegava pensando nela nos seus afazeres, sabia que algo estava diferente, e não queria que os amigos descobrissem, qualquer palavra errada, não seria perdoada. Naquele momento, seu lado racional, quer sempre mandava teve a voz calada, estava frágil, passando mal, e precisava de ajuda, e ele queria ajudar. Ele queria ser quem ela pudesse se apoiar, e antes mesmo que pudesse controlar a própria voz.
– Eu vou com ela. – Todos os olhares se voltaram para ele, sentiu o rosto arder e, como uma proteção cruzou os braços sobre o peito. – já estava com vontade de ir mesmo, eu a levo.
– Pronto, a leva. – Munier parecia eufórico com a notícia;
– Está bem então. -Franca finalmente concordou. – Mas qualquer coisa me avisa . E cuidado com ela, muito cuidado com ela.
– Eu aviso.– se aproximou e estendeu a mão para a mocinha se apoiar e se levantar. Quando a morena tocou a mão do jovem, todo seu corpo se aqueceu, abafando todo seu desconforto físico.
– Está conseguindo caminhar direitinho pequena? – Perguntou olhando a garota com a mão no peito, ela respirava com dificuldade.
– Sim, estou. – Respondeu. – Estou com um pouco de tonteira, mas só faltam dois quarteirões, eu consigo chegar.
– Olha só, você vai ficar me devendo. – Disse e ela não entendeu muito bem, mas tudo foi esclarecido quando ele agachou a sua frente. – Sobe aí.
– O quê? Não. , eu consigo andar – Disse tranquila. Isso já era abusar demais com garoto, ela sabia o quão galante o jovem era, as atitudes gentis e cavalheirescas eram típicas dele, porém não achava certo abusar dele, apesar da diferença de altura e peso, a levaria como uma pena.
– Deixa de besteira – Disse firme – Bom que me ajuda a gastar toda a caloria que ingeri hoje. Anda logo, sobe.
mordeu o lábio inferior na dúvida, estava cansada, com dor e tonta, pulou nas costas de , ele a segurou pelas pernas com firmeza, e total respeito. caminhava com leveza, sem pressa, não queria chegar rápido, queria aproveitar o momento a sós e íntimo com a garota, a sua garota.
– Prontinho ô bela adormecida – entrou no quarto com a menina no colo
– Muito obrigada – Ela se sentou na cama – Você é um anjo.
– Que isso – ele se sentou ao seu lado – Tenho certeza de que você faria o mesmo por mim
– Talvez não teria te carregado nas costas – sorriu, a menina levantou para pegar um pouco de água na geladeira do quarto, mais uma vez sua cabeça rodou e caiu nos braços de , que estava de prontidão para qualquer intercorrência.
– Cadê seu remédio? – Perguntou e ela apontou a escrivaninha ele correu até a cartela de comprimidos, pegou um copo com água garota tomou o remédio e deitou – Agora você vai dormir – Ele disse tirando os sapatos, brincos e o relógio para que não atrapalhassem o sono dela, colocou a garrafa de água na escrivaninha ao seu lado, caso ela sentisse sede de noite, foi apagar a luz pra ir para seu quarto, quando escutou sua voz.
– – Ele parou para escutá-la – Fica aqui. Eu não quero ficar sozinha. – Pediu manhosa e ele riu.
– Fico sim – Ele caminhou para perto dela novamente – Pode ficar tranquila – Sentou-se – se ao lado dela que colocou a mão direita na perna dele e segurou o pano de sua calça para garantir que ele realmente não iria a lugar nenhum. sorriu sozinho e colocou a mão por cima da dela, ele não entendia o que acontecia com ele, ele não iria sair dali. Não iria pelo mesmo motivo que ele veio com ela, pelo mesmo motivo que se sentou ao seu lado durante a prova do dia anterior e também na hora do almoço, ficar longe dela estava cada minuto mais difícil. Ele não entendia o motivo, mas qualquer que fosse era muito bom.
Junho, Nova York, 2010.
– Ai meu Deus! – exclamou assim que sentiu o corpo de cair pesado sobre o seu, suas respirações estavam ofegantes e seus corpos suados. – Isso foi demais, amor. – Ela lhe deu um selinho.
– Eu te amo. – riu dando um beijo na bochecha da namorada e a puxando para um abraço.
– Agora podemos jantar, estou com fome. – fez bico e riu mais ainda, estavam em casa em um dos únicos dias que o ator não tinha compromisso, queria sair, porém ele a convenceu a não saírem e curtirem a noite em casa mesmo.
– Comida chinesa? – perguntou e ela assentiu concordando, ela amava comida chinesa e ele sabia disso.
– O telefone está na agenda, vou tomar uma ducha. – Ele disse levantando-se da cama com o lençol amarrado ao corpo e rumou para o banheiro. se espreguiçou e depois se pôs em pé, pegando rapidamente a camisa do namorado e colocando no corpo, caminhou lentamente até a sala com seu celular em mãos, para ligar e pedir sua comida, seu estômago roncava de fome, sentou – se no sofá e abriu a gaveta do suporte do telefone, esperava encontrar uma agenda, mas não foi aquilo viu primeiramente.
Seus olhos bateram na sacola transparente com o conteúdo em pó dentro, no mesmo instante sua garganta fechou e seus olhos encheram de água, com certo nojo pegou a sacola, para ter certeza se era aquilo mesmo, poderia estar enganada, ela tinha que estar enganado.
tinha prometido, tinha prometido que não faria aquilo mais. Não depois do que aconteceu; não depois do falecimento de seu pai. Ele não poderia ter mentido para ela a esse ponto, ela viu a primeira lágrima descer de seus olhos quando com o dedão e o indicador, pegou um pouco da substância e constatou que era realmente aquilo mesmo que pensara.
fechou os olhos levando as mãos ao cabelo se afundando no sofá deixando o pacote transparente em cima da mesa de centro, não sabia o que pensar.
Quando descobriu que estava usando cocaína, foi compreensiva com a namorada e lhe ajudou a não cair em vicio, já que o pai da mesma tinha acabado de falecer de overdose. Ela lhe implorou entre gemidos e lágrimas que ele não usasse mais, não queria perder mais ninguém.
Ela o intimou a escolher, ou ela ou a aquela coisa, que na cabeça de era insuportável só de pensar no nome. E parece que tinha feito uma escolha.
Na cabeça de era insuportável pensar que havia mais uma vez a decepcionado, mais uma tinha deixado claro que ela não era mais sua prioridade como um dia foi.
– Já ligou, amor? – saiu do quarto de roupão e se deparou com a namorada sentada no sofá com os olhos vermelhos e o pacote em cima da mesa, fechou os olhos instantaneamente e se xingou por ter guardado aquilo no lugar errado.
– Será que você pode explicar o que significa isso aqui? – Perguntou firme e o homem sentiu naquele momento que tudo estava perdido.
estava estático em sua sala.
o encarava com olhos tristes e com dor estampado neles, já tinha visto aquele olhar antes, na primeira vez que ela pegou aquela mesma droga em sua casa e tinha prometido não usaria mais, após a morte do pai o mesmo olhar apareceu na face da moça
– Amor. – Ela começou a dizer, sem saber as palavras, não tinha ideia de como se explicaria. – , eu posso explicar.
– Não me chama de amor, você sequer sabe o que é isso. – Ela pediu se colocando de pé e o olhando com olhos duros. – Você perdeu o direito de me chamar de amor no momento em eu achei essa porcaria aqui de novo . Você disse que tinha parado.
– Mas eu tentei, eu juro que ten...
– Para de desculpas.– Interrompeu o homem – Eu fui compreensiva com você, eu te ajudei, te dei meu apoio, meu carrinho e mais uma vez, você mentiu para mim. – A voz de exalava dor, as lágrimas grossas e carregadas ilustravam isso, o coração da italiana estava despedaçado em seu peito.
– Eu fiquei com medo de perder você.– Tentou explicar. – Amor, me escuta – ele deu passos para perto da moça, que recuou.
– Não me chama de amor. – Repetiu. – você não tem mais direito, não mais – À mulher sentiu as dolorosas lágrimas descerem por seu rosto, seu coração queimava, ela não sabia que rumo tomar, não sabia nem sequer onde estava.
– Como assim ? – O coração de palpitava de tal maneira que ela achou que fosse morrer ali de ataque cardíaco e como queria que isso acontecesse, evitaria aquela dor, evitaria aquele momento e tudo que desejava era que seu coração parasse – Você está terminando comigo? Por favor, meu amor, não me deixe. Dá-me outra chance, eu te amo eu não consigo viver sem você, não existe vida longe de você. – O ator implorou se aproximando da namorada mais uma vez e a mesma deu um passo para trás novamente.
– Não chega perto de mim. – Disse firme secando uma lágrima. – Eu já te dei outra chance , eu fiquei ao seu lado, te ajudei, mas você não quis você continuou mentindo, continuou escondendo. Você não me ama, você me trata como lixo, já faz muito tempo que eu tento me enganar achando que é só uma fase, mas você mudou. E eu não gosto desse novo , mesquinho e fútil. – Despejou com nojo as palavras, a dor de era muito além de emoção, era física.
Parecia que muitas agulhas entravam em seu corpo, não era capaz de suportar aquela dor. Ela já estava se odiando demais por não conseguir aceitar que o namorado não era o mesmo de antes, estava empurrando algo com a barriga que já não havia mais jeito.
– Não, meu amor. – se ajoelhou – Eu juro, eu juro pela minha própria vida que se você me der outra chance eu vou parar, eu vou conseguir por você. – Ele se agarrou as pernas da namorada que parou por um instante, tentando se controlar para não abraçar , ou simplesmente tocá-lo. Ela o amava, mas não conseguiria suportar namorar um garoto que não era capaz de respeitar a própria história, que permitiu que a fama e o sucesso lhe corrompessem.
– Já chega ! – Exclamou. – Estou cansada de não ser amada, cansada de não ser reconhecida, você me esconde, me humilha com seus gestos. Eu cansei . – Ela o empurrou e o ator caiu sentado no chão, Prince foi direto para o quarto, pegou seu vestido enfiando-o pelo corpo sem perceber que ele estava do lado – avesso, começou a calçar as botas.
– Não vai embora, por favor, não me deixa, eu te imploro meu amor. – disse chegando à porta do quarto. O corpo de estava latejando, seu coração queimava vivo e ele podia sentir profundamente aquela dor emocional refletir em seu corpo, podia sentir seu sangue se esfriar, o ar faltar em seu pulmão, ela queria morrer, ela preferia morrer a ficar sem aquele homem.
Entretanto chegou em seu ponto máximo de limite, não permaneceria mais ali, não com aquele homem que ela não conhecia mais.
– Eu não sou seu amor , você escolheu a mentira ao invés de mim. – abriu a porta do guarda-roupa bruscamente, pegou um amontoado de roupas e jogou de qualquer jeito na bolsa, secou a última lágrima e saiu do quarto caminhando para sair do apartamento.
– Por favor, eu te imploro, eu amo você . – Pediu em um sussurro e parou em frente à porta e respirou fundo, ela não podia olhar para trás, se olhasse p desistiria, ela já tinha perdoado por vezes demais , tinha colocado tudo de si para ajudar aquele garoto, abriu mão de sonhos, planos para esta ao seu lado, e ela claramente não estava disposta a isso, claramente a escolha de , não havia sido .
– Você está caindo . Está caindo em um poço olhe para você. Veja seu reflexo no espelho, você mudou. Seu sorriso é falso, sua aparência é mesquinha. A verdade está embaçada, mas as mentiras estão ficando claras, eu não quero mais fazer parte disso. Isso não se trata mais de você, se trata de mim. Eu não quero mais isso, eu mereço mais que isso.
Em um último impulso saiu do apartamento, deixando o moreno para trás, de uma vez por todas.
precisou se escorar na parede mais próxima suas pernas estavam trêmulas, ele mal conseguia se equilibrar sobre elas, respirou fundo procurando recuperar sua respiração e quando entendeu que conseguiria caminhar deu dois passos e mais vez as pernas falharam, optou por segurar na parede se apoiando, seu coração palpitava e sua cabeça rodava.
Com a ajuda da parede ela caminhou até o elevador, porém não teve paciência de esperar que chegasse, queria sair logo dali, com os olhos encontrou a escada e foi em direção, quando deu o primeiro passo para descer caiu de joelhos na cerâmica dura e fria causando um incomodo pelo baque, apesar de não fazer qualquer diferença, seus músculos internos estavam anestesiados pelo momento e pela intensa dor que sentia, algo que jamais em toda a sua existência se comparou a nada, os machucados e acidentes físicos que sofreu durante a sua vida, era muito pouco perto do buraco que havia em seu peito.
Já fazia dias que tudo havia começado a desmoronar e nada parecia amenizar.
Amava mais que tudo na vida, não suportava pensar em alguma coisa em sua vida e ele não estava, queria se casar, ter filhos e morar em uma casa com jardim e cercas brancas, exatamente como ela tinha plantado em sua mente, quando assistiu diário de uma paixão.
Quando as coisas haviam se perdido? Quando ele tinha deixado de ser seu namorado carinhoso? Aquele que era puro e gentil, que não comia carne por amar aos animais e que agora parecia uma imagem distorcida do homem que ela conhecia. Quando ela havia parado de confiar nela? Quando começou esconder coisas e mentir? Tudo que ela fez foi entregar seu amor a ele, jurava seu amor a ele todos os dias, e com muito orgulho, orgulho de amar uma mulher com aquela intensidade enorme, e ser capaz de fazê-la feliz ao ponto de aceitar casamento. Não conseguia compreender onde tudo desandou.
Quando ele se corrompeu.
Ela encontrou a rua, soube, pois, foi inundada por gotas grossas de chuva, que em menos de um segundo estava completamente ensopada. Seus cabelos grudaram no rosto impedindo a visão de onde estava indo, seus pés estavam se movendo de maneira involuntária procurando qualquer abrigo que a protegesse.
Iniciou a travessia da rua, o único lugar que conseguia pensar em ir era para um hotel com a pouca economia que tinha, pelo menos para não dormir na rua.
O barulho da chuva no chão evocava seus ouvidos de uma maneira que parecia a deixar surda, quem dera conseguissem anular a voz de sentimentos que gritavam dentro de si.
Vozes que a impediam de acreditar que estava agindo certo, vocês que falavam para ela voltar, que precisava dela. Ela não poderia ir embora e deixá-lo sozinho.
E em sua cabeça, sua consciência dizia que deveria seguir em frente, que precisava ir e encontrar-se novamente, ela precisava ser alguém além dele.
Qual voz deveria ouvir?
O som que soou claro em seus tímpanos foi a buzina e seu corpo caiu sobre o capô do carro, por um milésimo de segundo não foi atropelada. Espalmou as mãos no metal do carro sustentando seu peso para então se recompor.
Nossa , será que vai conseguir se manter viva?
– Você é maluca moça? – O motorista do carro saiu se aproximando dela. Logo ficou encharcado também devido à chuva forte que caia. – Você apareceu do nada, devia olhar por onde anda.
– Me desculpe, eu.... só me desculpe
– Moça, você está bem? – A voz soou novamente e pelo timbre ela não soube reconhecer de quem era, piscou algumas vezes para se livrar da água aglutinada em seus cílios e viu, era um homem alto, tinha os cabelos cacheados molhados sobre a testa e sua expressão era de preocupação.
– Sim, eu ... sim estou. – respondeu incerta, o homem deu mais passo e tocou os braços dela.
– Você precisa de algo? Está sozinha na chuva, eu quase te atropelei. . – Questionou mais uma vez.
– Eu preciso ir. – Olhou para os lados preocupada.
– Está fugindo de alguém?
– De um passado que me prende, preciso andar rápido senão ele me alcança. – deu um sorriso mínimo, ajeitou a bolsa no ombro.
– Vamos Daniel, está chovendo. Ela já disse que não precisa de nada. – Outra voz se fez presente, dessa vez uma voz feminina que estava dentro do veículo. – Anda logo, amor.
O homem não desviou os olhos de , retirou o próprio casaco e colocou sobre os ombros da moça, mesmo estando molhado e não resolvendo de muita coisa, ela sorriu em agradecimento e os olhos dele brilharem quando o mesmo acompanhou o movimento.
– Obrigada. – Deu dois passos para se afastar, dessa vez mais calma e com cuidado para chegar ao seu destino em segurança.
– Moça. – Chamou. – Você vai conseguir, sempre tem como controlar o resultado da corrida da vida. Você conseguir seguir em frente. Eu acredito em você. – Ele sorriu mais uma vez, esticando o dedão em forma de joia, ela assentiu e voltou a caminhar.
Ele tinha razão. Ela era autora de sua própria vida, e tinha capacidade de reescrever sua história. Fechou os olhos e se concentrou na garota que era antes de , naquela que era cheia de vida e sonhos, que acreditava que podia conquistar o mundo. Mesmo em meio as dores sabia o que era certo, iria continuar doendo por mais um tempo, até os analgésicos da vida e do tempo acomodassem em seu coração fazendo cessar a dor.
Existia uma garota cheia de vida dentro de , uma que precisava voltar a dominá-la e lhe mostrar o caminho para retornar a sonhar.
Junho, Roma, 2005.
estava sozinha sobre uma pedra, um dos locais mais distantes da festa. Bebeu um gole de sua bebida e respirou fundo andando até ela. Se aproximou da garota com um sorriso tímido, parecia um anjo.
– Oi – Disse e ela levantou a cabeça para ele e sorriu, ela bateu ao seu lado na pedra chamando para sentar-se. – Está sozinha aqui por quê? Está passando mal?
– Eu estou bem – Tranquilizou – Eu estava olhando as estrelas. Elas me fazem pensar.
– Pensar em quê? – Ele disse e ofereceu um pouco da bebida que tomava, ela sorriu aceitando um pouco do suco.
– Como você se imagina daqui 10 anos?
observou as estrelas, e deixou que sua mente viajasse para seus maiores sonhos, não precisou de mais que 30 segundos para ter uma resposta elaborada.
– Ator principal dos filmes Marvel.
sorriu olhando para , ele tinha o rosto sereno, o brilho das estrelas parecia irradiar em suas íris, e a mocinha sentiu vontade de tocar o rosto do jovem, sentir a textura de sua pele, ao sentir o olhar pesado sobre si, o jovem virou o rosto para olha-la.
– Eu não tenho a menor dúvida que isso vai acontecer – Os olhos se cruzaram – Irei te aplaudir de pé.
segurou a mão dela, entrelaçando seus dedos, e então beijou cada nó que unia as juntas, arrepiou com o carinho.
– Assim como eu. Já tenho muito orgulho da minha doutora. A melhor do mundo. – sorriu sem graça, abaixou os olhos, ergueu seu queixo, voltando a conexão. – Daqui anos, quando seus sonhos se realizarem, quero estar ao seu lado.
– Eu também , eu também – Ela deitou a cabeça no peito do jovem, que imediatamente a abraçou pelos ombros, e mantiveram a outra mão entrelaçada. – Não existe nada mais perfeito que esse céu.
sentiu o cheiro de lavanda do cabelo dela, invadir suas narinas. Claro que existia algo mais perfeito, ou melhor, alguém. Toda vez que ela lhe abraçava, toda vez que assistia seus ensaios e o ajudava a decorar as falas, para ele aquilo era mais que suficiente, porque tudo que ele fazia queria ver a reação dela, era o que realmente importava.
– Você.
– Eu?
– Você é mais perfeita que esse céu. – Explicou e ela não soube o que dizer, na verdade ela só ria, os olhos dela brilhavam, ela gostava dele, gostava de estar perto dele, se sentia feliz com a presença dele, adorava as piadas sem graça dele porque para ela tinha graça tudo que ele fazia.
– Podemos dividir a perfeição juntos então;
– Essa é a hora que eu te beijo? – Perguntou, seus corpos já estavam a milímetros de distância, ele já ia fazer aquilo de qualquer jeito, só queria que ela dissesse sim.
– Essa é a hora que você tem que me beijar – Em menos de um segundo as duas bocas já estavam grudadas, eles ficaram assim nesse longo selinho por uns 10 segundos, mas entrelaçou seus dedos nos cabelos dele pedindo mais, ele colocou uma das mãos na cintura da menina a trazendo pra mais perto, a língua de invadiu a boca dela e sua língua o acompanhou naquela balada gostosa, as duas línguas brigavam por espaço e exploravam todos os espaços delicadamente como se quisessem guardar na memória cada pedacinho um do outro.
O coração estava completamente acelerado e batia tão alto que era improvável que as pessoas não escutassem essa era a parte boa de estarem só os dois ali. Eles se separaram por falta de ar, porque se dependesse deles ficariam naquele beijo para sempre, se pudesse parariam o tempo para ficar assim pela eternidade. lhe deu um beijo na testa, e voltaram a observar o banho de luz vinham do céu, eles realmente eram perfeitos, tão perfeitos como a melodia que vinha do luar.
Julho, Nova York, 2010.
Já passava das 02h00min da manhã, a balada estava insana, o DJ sabia muito bem como comandar o ritmo que fazia as pessoas dançarem. estava sentado no camarote com uma cerveja em mãos, os braços abertos e esticados sobre o banco, do seu lado esquerdo havia uma loira, do direito uma morena, ele beijava uma na boca, enquanto a outra distribuía beijos pelo seu pescoço, a expressão de tédio do ator era inexplicável.
Fazia dias que nada o satisfazia, qualquer mulher que passava em sua cama lhe dava um prazer momentâneo e no instante seguinte sentia a apatia invadi-lo novamente, em seus pensamentos ele precisava mesmo era de uma grande loucura.
Estava vazio por dentro e sentia-se completamente sozinho, mesmo estando rodeado de pessoas. fazia falta, ele não imaginou que sentiria tanta falta, achou que ela voltaria, achou que ela não seguiria sem ele e que permaneceria a sua sombra pela eternidade.
Estava redondamente enganado. sequer atendia seus telefonemas, estava aparentemente muito bem sem ele. Maldita vida. Ele soltou a mulher que beijava e virou o rosto para beija a outra, durante a transição seus olhos bateram na figura de um segurança do camarote que estava com o celular gravando tudo que acontecia, sentiu a fúria crescer dentro de si e se pôs de pé caminhando até ele.
– Você está me filmando? – Perguntou bravo.
– Estou, quanto você vai me pagar para não jogar essa gravação na internet? – O armário em forma de gente falou com um tom debochado. O sangue de esquentou, sua visão escureceu, seu cérebro pareceu parar de raciocinar e quando deu por si, alguém segurava um de seus braços e o armário que tinha o filmado acabara de levar um murro muito bem dado. – Você está ferrado , eu vou te denunciar!
– , pelo amor de Deus. – Josh, seu companheiro de seriado desesperou-se ao se deparar com a cena. tinha dom de se meter em confusões como ninguém, acontecia toda semana e às vezes eram mais de uma, os processos por agressão a jornalistas no final da balada já estavam em número elevado, os advogados não sabiam mais o que fazer para alertar o ator a sair das furadas, seu contrato com os maiores patrocinadores estava por um fio. – Vamos embora daqui agora, vêm. – O companheiro o puxou pela mão e os dois, com a ajuda de um segurança da boate que já era amigo dos homens, saíram pela porta dos fundos. – Você precisa parar de se mete em confusões, cara.
Josh avistou seu carro chegando com o manobrista, abriu a porta e jogou o outro no banco, depois correu para o lado do motorista, arrancando em seguida. Antes que pudesse colocar a segunda marcha, teve que pisar no freio, pois um fotógrafo havia pulado em frente ao carro e fotografava a situação que se encontrava, que era bastante precária.
– Eles não param, mas que inferno! – Josh bufou desviando com violência dos paparazzis.
O ator dirigia acima da velocidade e as vezes fazia ziguezagues pela pista, também havia bebido e embora estivesse melhor que , também estava visivelmente embriagado. não conseguia prestar muita atenção na estrada, sentia os olhos pesados e ardendo, precisava muito dormir.
Pode ver a distância as luzes vermelhas do semáforo e a cena que durou segundos pareceram horas aos seus olhos. Josh não conseguiu frear e se chocou na traseira do carro que aguardava a luz verde. O impacto forte o deixou dolorido e um pouco tonto.
Josh saiu como um furacão do carro e o seguiu, ainda confuso e cambaleante.
– Você não me viu? – O motorista do carro questionou.
– Meu carro, meu carro está acabado. – Josh se lamentou.
– Você está bêbado? Estão completamente bêbados. Vou chamar a polícia. – O motorista anunciou ao perceber o estado dos dois.
Flashes encheram o campo de visão de , que cobriu os olhos com as mãos e cambaleou um pouco. O acidente fora numa rua movimentada, cheia de restaurantes e agora a rua estava abarrotada de pessoas fitando fotos e filmando a cena, inclusive alguns paparazzis.
– Sorriam para as câmeras. – Um dos fotógrafos provocou.
não conseguiu se conter, estava tonto pelo álcool, mas não podia aceitar uma provocação como aquelas. Partiu em direção ao homem, tomou a câmera de suas mãos e a lançou no chão com violência, em seguida disferiu vários socos em seu rosto e tórax.
– Alguém chame a polícia. – Uma mulher gritou assustada.
ouviu gritos, sentiu alguns socos defensivos do paparazzo acertarem seu queixo e peito, mas não parou. Mais pessoas clamavam pela polícia, mais flashes e logo pode ouvir o barulho das sirenes de uma patrulha que importunamente passava pelo local.
foi pego de surpresa e um empurrão do paparazzo o desestabilizou, ele correu os olhos pela multidão de pessoas que se encontravam ali e pode ver Josh se afastando, ele se misturava as pessoas e caminhava distraidamente, como se sequer o conhecesse. Que covarde, pensou.
As pessoas no local começaram a gritar, pedindo pela prisão do ator e sentiu o desespero invadir seu corpo e mente. Era como uma cena de filme, os policiais com as mãos nos coldres caminhavam até ele, um tinha uma das mãos levantadas, pedindo calma. Eram altos e sentiu um pouco de medo. Ele gritou, gritou que não havia feito nada, que era inocente, mas parecia que eles não o ouviam.
– Vocês sabem quem eu sou? Eu sou , vocês não podem me prender. – berrava. – Vocês não podem me prender! Não podem me prender! Eu vou destruir vocês, meu advogado vai acabar com a sua carreira! – Gritava tentando se afastar dos policiais, mas as pessoas a sua volta pareciam o empurrar para eles.
– Senhor, se acalme! – Os policiais pediam.
– Não podem me prender, eu sou inocente. Não fiz nada, eu não fiz nada. – gritou e num lapso de bom senso, tentou correr, mas foi interceptado e jogado com força contra o capô da viatura.
sentiu a dor pelo choque com a viatura, depois seus braços foram puxados e imobilizados. Sentiu o aço frio envolver seus pulsos, estava sendo preso, algemado.
– Vocês não podem fazer isso! – Gritou e tentou se levantar, mas foi empurrado violentamente contra o capô. – Eu tenho dinheiro, eu pago. O que você quiser. – suplicou.
– Senhor, isso se chama suborno e é um crime. – Um dos policiais anunciou e apertou ainda mais o corpo de contra o carro. – O senhor está preso por dirigir embriagado, agressão, resistência à prisão e suborno.
– Pode aumentar a lista, Hayes. – O outro policial falou enquanto saia de dentro do carro de Josh, ele tinha em mãos dois pacotes com o pó branco já tão conhecidos por .
– O senhor tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser poderá ser usado contra você num tribunal. O senhor tem direito a um advogado... – O policial começou a recitar seus direitos enquanto o jogava dentro da viatura, nesse momento percebeu que estava perdido.
Estava na delegacia, um policial colhia suas impressões digitais, estava sendo fichado. Não se sentia culpado e ainda estava extremamente puto com toda aquela situação, seu agente e seu advogado tinham acabado de entrar na sala do delegado e não soube decifrar qual dos dois estava com a cara mais irada, estava apostando consigo mesmo quem lhe daria o primeiro tiro.
– Puta que pariu, ! – Adrian, seu agente berrou. – Esmurrar um paparazzo? E sem mencionar o segurança da boate. Você perdeu o pouco de juízo que ainda tinha na merda da cabeça?
massageou as têmporas e respirou fundo, controlando a vontade de mandar todos eles para o inferno e ir para casa dormir.
– Não foi minha culpa, a culpa foi totalmente daquele filho da puta. Dos dois filhos da puta. – Disse baixo e Adrian riu.
– E por acaso algum deles te bateu primeiro? – Questionou no mesmo tom de voz, sabia que nenhum dos dois seria idiota a esse ponto, ao contrário de seu próprio cliente.
– Não. – Bufou. – Mas porra, o segurança estava me filmando e aquele paparazzo idiota, tirando fotos sem permissão às três da madrugada, Adrian. Três. – gritou tentando enfatizar seu ponto.
– Você tem ideia na merda que fez? – Antes que pudesse responder, seu advogado voltou à sala parecendo estar a ponto de ebulição.
– O quão na merda eu estou? – se pôs de pé e perguntou sem rodeios, fazendo o advogado rolar os olhos e dar de ombros.
– Sinceramente, não sei se dessa vez tem volta. Você agrediu pessoas, tentou subornar dois oficiais com dezenas de testemunhas, resistiu à prisão, estava alcoolizado e ainda em posse de drogas. Você está muito ferrado. – O advogado disse.
– Fodeu. – suspirou e escorreu para a cadeira. E então um rosto piscou em sua mente, era isso, precisava da ajuda dela.
estava sentada nas cadeiras da delegacia, tinha as mãos sobre o colo e balançava as penas em sinal de ansiedade. Fazia alguns dias que estava tentando insistentemente falar com ela, pedindo para que fosse visitá-lo. No primeiro instante negou, mas sua psicóloga Fayola a aconselhou a fechar essa Gestalt* e ir visitar o ex-namorado.
Desde que se separaram voltou seu foco para si mesma. Iniciou a terapia, cortou os cabelos, saía de casa para passear e agora estava até fazendo alguns shows pela noite, sempre gostou de cantar e tinha talento musical, assim como seu pai que era um tremendo músico. Não tinha o sonho de seguir carreira, desejava fazer medicina, mas esse sonho se perdeu durante o tempo que abriu mão de si mesma, agora estava procurando outro caminho e a música lhe fazia feliz.
A porta se abriu e entrou, algemado e com policiais postados atrás dele, segurando seus braços. Estava irreconhecível aos olhos de , os olhos apagados, os cabelos que antes eram sedosos e brilhosos estavam grudados na cabeça, a pele pálida e seca, aquele homem em sua frente não tinha vida alguma.
– , você veio. – Ele sorriu e pousou as mãos sobre a mesa para segurar as de . – Eu senti sua falta, eu não sou o mesmo sem você. Eu preciso que me ajude.
recuou as mãos para que o homem não a tocasse, ela não amoleceu a expressão, permaneceu fria e firme.
– O que aconteceu?
– Eu pisei na bola, . Quando você me deixou, foi por sua causa. Foi porque você me deixou, eu não sei viver sem você. Preciso de ajuda, não tenho mais ninguém.
soltou uma risada pela boca, totalmente irônica.
– Não. – Negou com a cabeça. – Não foi porque eu te deixei, foi porque você se perdeu. Eu te disse que você estava caindo, que eles iriam te destruir, a culpa é sua, você não me ouviu.
– É verdade. – Ele enfatizou. – É culpa minha, eu sou um bosta. Não mereço você, nunca mereci. Mas eu te amo, , não posso viver sem você. – começou a chorar, antigamente teria amolecido o coração, agora, porém soltou um riso nasalado e franziu o cenho.
– Onde estão seus amigos agora? Porque alguém deveria estar lá quando você precisou de ajuda, no lugar onde eu costumava estar. – Retrucou. – Eu te disse que eles não eram seus amigos, te disse que iriam te destruir, olhe só para você. Seus olhos estão fixos em mim, mas não vejo nada. Seu sorriso é forçado e elástico, perdeu a essência a muito tempo.
– Mas se você voltar comigo, eu juro que...
– Não . – Interrompeu a fala dele. – Você me prometeu coisas demais, mas eram feitas de plástico, assim como você. Espero que você se reencontre e melhore, mas na minha vida não tem mais espaço para alguém como você.
Ela não esperou que o mesmo respondesse, se levantou e rumou para a porta, assentiu para os policiais que abriram a porta.
– Espere , não me abandone. Não faça comigo, como eles. Por favor, . – Ela fechou os olhos e tapou os ouvidos para não ouvir a voz dele em sua mente, nunca mais se deixaria manipular pelas palavras bonitas de homem nenhum. Nunca mais
Setembro, Nova York, 2012
abaixou o corpo e fez uma reverência ao sentir os agradecimentos do público. Sorriu e acenou para as pessoas, caminhado para o pedestal.
Mais um show, para seu primeiro disco de estreia estava em uma onda crescente de shows que era surreal e espetacular.
Tinha fechado seu contrato com a gravadora, estava vivendo um sonho que há pouco tempo tinha sido implantado em seu coração.
– Boa noite, Nova York. – Cumprimentou e foi ovacionada. – Eu escrevi essa música, como forma de superação, precisei me reencontrar depois de um momento da minha vida. Espero que vocês entendam que podem fazer qualquer coisa.
Like you're some new sensation
You move in circles
You don't need an invitation
You spend your money
You can't get no satisfaction
You play it right so you can get the right reaction
Ela começou a se lembrar de seu relacionamento com . Como no início eram perfeitos um para o outro, se amavam, se respeitavam e eram cúmplices. Como ela o amou de tal forma, que abriu mão do que acreditava. E sofreu muito para conseguir sair de um relacionamento tóxico.
Pick up the phone, nobody's on it
Where are your friends now, baby?
How's anyone supposed to be there for
Depois, as imagens da reabilitação vieram. Das noites que chorou acreditando que estava errada. De como sentia que era uma péssima pessoa por não ter ficado. As crises de autoestima ao se olhar no espelho e não se reconhecer. O entender que faltava algo, e que não era . Na verdade, o que faltava era ela mesma. Ela quem se perdeu, ela que se deixou levar por um relacionamento que acreditou que seria melhor amanhã, r nunca chegava o amanhã.
When you're falling down
The world starts spinning out
You (you)
When you're falling down
Now it's not all about
You (you)
When you're falling down
You know I'll be around
When you're falling down, falling down
Precisou de terapia, Fayola Davies foi sua psicóloga. Precisou trabalhar para se reerguer, precisou se olhar no espelho e se aceitar, autoestima, autoconfiança, autoconceito. Toda sua estrutura precisou ser varrida , desprendida e reativada. Para se olhar no espelho e saber, que não era sua culpa, que não era a errada, que tinha sido somente mais uma mulher manipulada por acreditar em um amor
(Smile for the camera, cause they're all about to trash ya)
(Smile for the camera, camera, camera, smile for the camera
Who's gonna catch ya?)
You (you)
When you're falling down
The world starts spinning out
You (you)
When you're falling down
Now it's not all about
You (you)
When you're falling down
You know I'll be around
When you're falling down, falling down
Mas ela venceu. Hoje se amava, se aceitava, se valorizava. Não fazia o que não queria, não aceitava menos do que merecia, sua melhor amiga era ela mesma. Jamais iria se diminuir para caber em lugares apertados, se não poderia ser quem era para estar em determinado lugar ou ao lado de alguém, não valia a pena.
estava livre das amarras da sociedade, agora ela ditava seu próprio ritmo de escrita no livro de sua vida.
estava no camarim, ajeitando suas últimas coisas para viajar novamente para mais um show. Estava cansada era verdade, mas apreciando sua nova vida profissional.
Era grata a James, dono do pub que lhe deu a oportunidade de cantar nas noites e fazer um dinheiro, assim foi descoberta por Jules, seu empresário que lhe apresentou pessoas e conseguiu seu contrato com a gravadora.
– . – Desviou seus olhos para a porta. – Tem um rapaz que diz ser seu velho amigo, quer te ver. .
sentiu o coração acelerar, a menção ao nome do ex-namorada foi forte, porém a atingiu menos do que esperou.
– Deixe entrar. – O segurança assentiu retirando-se segundos depois a figura magra de entrou pela porta.
Ele estava como ela se lembrava, os cabelos escuros estavam curtos, os olhos tinham um brilho como foi ao se conhecerem, as formas escutas constataram com sua pele clara, tinha as bochechas coradas e um sorriso nos lábios.
– Olá, !
– Como vai ? Já faz tempo. – Sorriu em cumprimento, e viu ele se aproximar mais, ela não recuou.
– Estou bem. Não preciso perguntar sobre Você, vejo que está magnífica.
– Realmente estou. O que faz aqui? Quer um autógrafo? Ou quem sabe uma foto? – Foi direta. Não estava entendendo o motivo dele estar ali, ainda mais depois de tudo.
– Vim conversar. Eu mudei , não sou mais aquele cara. Eu aprendi minha lição, cresci, amadureci. Eu precisava vir até Você, para te dizer isso. Eu ainda te amo. Eu te quero de volta. – estava com a voz embargada pelo choro que moldou seus olhos, as mãos estavam no bolso do jeans para relaxar sua musculatura.
– Não pode estar falando sério. – Ela riu incrédula.
– É sério, eu ainda te amo. Sei que você também me ama, vamos tentar de novo, eu posso te fazer feliz.
Ela deu um passo para trás balançando a cabeça negativamente, aquilo era uma piada do universo.
– Você está enganado. – voltou a arrumar suas coisas, e colocou sua bolsa no ombro. – Eu não te amo mais. Demorei muito, sofri muito, precisei de ajuda para entender. Hoje eu falo com toda convicção que existe, eu não te amo mais. – E era verdade, não amava mais a , respeitava o que tiveram, foi importante e de extremo aprendizado. Mas hoje era só isso, um cara babaca que ficou no passado. – Fico feliz que tenha amadurecido como diz, mas não quero mais. Nunca mais vou me envolver com homens como você. – Ela se aproximou dele, pegou a caneta que momentos atrás estava dando autógrafos, se posicionou e escreveu seu nome na camisa do ex-namorado.– Para você lembrar da mulher foda perdeu, passar bem .
Ela saiu porta a fora, deixando estático para trás. Junto com ele toda dor, tristeza e a história que viveram. Não voltaria a viver nunca mais como quando estava com ele, tinha se descoberto e o mundo agora era todo seu.
estava no aéreo-porto, iriam embarcar para a Inglaterra em poucos minutos. O voo estava atrasado, e isso a irritava, se soubesse que demorariam tanto teria colocado um sapato mais confortável.
Sentiu a bexiga reclamar, pela quantidade de água ingerida e precisava ir ao banheiro. Começou a caminhar em direção as cabines, quando sentiu um esbarrão em seu corpo e ao mesmo tempo sentiu algo a molhar.
Molhar seu vestido.
Seu vestido branco.
A onda de raiva que percorreu seu corpo foi incontrolável, a sensação do pano grudando em seu corpo a fez arrepiar, o tecido gelado em sua pele quente, teve que respirar fundo várias vezes para não gritar.
– Qual é o seu problema? Não enxerga por acaso. – Perguntou passando a mão inutilmente em seu vestido, tentando limpá-lo. Uma corrente de vento já percorria seu corpo, ainda não estava sentindo frio, porque a fúria lhe esquentava o sangue.
– Desculpe, foi sem querer. – Aquela voz rouca e sexy disse , porém não se deu nem ao trabalho de levantar a cabeça para olhar quem era, sua atenção estava totalmente em sua roupa, que agora estava transparente. – Vou pegar guardanapo. – Falou, a mulher rolou os olhos.
– Como se isso fosse limpar meu vestido. Pegue essa bebida e enfie no... – foi incapaz de concluir a frase, sua classe não permitia. E finalmente levantou a cabeça para encarar a pessoa em sua frente.
Ele tinha os olhos tão escuros que se olhasse mais de perto, se perderia em sua imensidão. A pele morena era o contraste perfeito com a sua própria. A expressão estava leve, talvez um pouco divertida, não soube decifrar muita coisa, sentias as mãos dele tentando tocar seu vestido com guardanapos, e ela lhe segurou o punho com força.
– Estou tentando ajudar. – O homem disse firme, a encarando. E a primeira coisa que percebeu, foi que ela não usava maquiagem e sua beleza era sem a menor dúvida estonteante.
– Me ajudaria muito não molhando meu vestido, devia prestar mais atenção por onde anda.
A cantora permaneceu falando, ele nada respondeu, seus olhos estavam fixos na transparência nítida do vestido, ele conseguia enxergar o umbigo dela e consequentemente o pedaço da barriga, sua imaginação o levou pensar em todo o resto.
– Hey – lhe empurrou. – Para de olhar assim para mim, seu tarado imbecil – A mulher exclamou perplexa, ao perceber os olhos escuros do homem a devorando lentamente.
– Eu não sou um tarado, mas também não sou cego. – Respondeu divertido, arqueou a sobrancelha.
– Engraçado que não parece. – Ela sentiu suas bochechas esquentarem. – Já que você me deixou, molhada.
O homem riu.
Uma risada rouca, e pervertida. Aquela mulher não tinha ideia da sensação que causou no homem, e ao perceber que ele se divertia, ela rolou os olhos e lhe estapeou.
– Espere um pouco. – O homem cerrou os olhos, observando com cautela os traços do rosto da bela mulher, tinha a sensação que o conhecia, buscou por dentre as memorias até que sua mente o transportou para um dia chuvoso em Nova York, estava indo para o aéreo-porto e quase atropelou uma mulher que estava desvairada. – Eu te conheço. – Disse sorrindo. – Eu quase te atropelei uns tempos atrás, você estava andando na chuva.
Toda a raiva de se dissipou e ela sorriu a se lembrar do ocorrido, o homem que havia sido extremamente gentil e lhe ajudado com palavras incentivadoras.
– Eu me lembro. – Sua postura relaxou. – Eu estava fugindo do meu passado.
– Sim, você disse. – Ele sorriu e soltou um barulho de alívio com a boca. – Sou Daniel. – estendeu a mão para cumprimentá-la.
– . – Apertou a mão do homem, sentindo seu toque firme e quente. – Obrigada por aquela noite.
– Foi um prazer. – Ele não soltou suas mãos e procurou os olhos dela com intensidade. – Ainda permanece fugindo do seu passado?
deu o sorriso mais lindo que Daniel pôde enxergar. O coração saltou no peito com o brilho que os olhos dela emanaram.
– Não, agora estou livre.
Fim.
Nota da autora: Oi amores, como vocês estão? Espero que tenham gostado desse ficstape, que é um prefácio de uma história em andamento no site. Eu quis trazer um pouco da história dos meus personagens, e encaixou perfeitamente com o plot.
Obrigada a Lale, Ana e Mari que me ajudaram e deram suporte. Vocês são foda.
Caso queira saber mais sobre esse casal, você encontra eles na fic: Having Everything Means Nothing.
E para saber mais sobre as minhas outras fics, vejo vocês no grupo.
Outras Fanfics:
Merci Pour Les Voituires Rapides The Last Ride Having Everything Means Nothing
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Obrigada a Lale, Ana e Mari que me ajudaram e deram suporte. Vocês são foda.
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Outras Fanfics:
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