Finalizada em: 03/06/2019

Capítulo Único

- O que é isso, papai? – Linda se aproximou de mim e eu sorri, segurando o notebook com uma mão e dando a mão para ela com a outra.
- Lembra que eu falei que a tia queria que a gente escrevesse nossa história antes de entrar na banda?
- Sim, mamãe falou. – Assenti com a cabeça.
- Então... – Entramos na mansão de Jessica. – Chegou minha vez de escrever algo.
- E você já sabe o que vai escrever? – Ri fracamente, puxando-a pela mão enquanto ela pulava os degraus acima.
- Não faço a mínima ideia, amor. – Ela gargalhou. – Espero que sua mãe me ajude com isso.
- Mamãe é boa com as palavras, ela vai te ajudar. – Ri fracamente, sabendo que o trabalho editorial de Agatha poderia ajudar muito.
- Onde ela está? – Perguntei.
- Acho que no terraço. – Ela deu de ombros. – Posso brincar com Andrew?
- Claro, meu amor. – Passei a mão em seus cabelos que escureceram com o passar dos anos. – Veja se Mike e Lacey deixam.
- Ok! – Ela disse abanando a mão e saiu correndo pela casa.
Segui pelo mesmo corredor que ela foi e virei à esquerda, encontrando uma escada em espiral e subi a mesma, sentindo minha visão escurecer um pouco e logo clarear com o terraço ali em cima. Ali era uma pequena sala com uma vista linda de Beverly Hills, Agatha gostava daquele lugar para trabalhar. Como ninguém se apropriou dali quando nos mudamos para cá, Agatha logo se apossou como seu lugar.
Ela estava de costas para a saída da escada, focada em seu notebook e com o olhar no céu aberto de Beverly Hills. Quando subi no último degrau, a escada rangeu e ela desviou o olhar de mim, tirando seus óculos de leitura.
- Ei! – Ela falou abrindo um sorriso. – O que faz aqui?
- Vim pedir ajuda para a minha editora literária favorita. – Estiquei o notebook e seus olhos até brilharam.
- Chegou? – Ela perguntou animada e eu coloquei o notebook no espaço vazio de sua mesa.
- Chegou! Chegou minha vez. – Ri fracamente, puxando uma das cadeiras nas laterais e ela riu.
- Mike foi rápido. – Ela comentou tirando os óculos.
- Achei também, mas aposto que o problema do Jack foi se escrevia sobre seu pai ou não.
- Aposto que escreveu, ele é forte. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Então, no que posso ajudar?
- Eu não faço a mínima ideia do que escrever. – Suspirei.
- Como assim? Ah, amor, sua vida já foi interessante. – Rimos juntos.
- Eu não sei sobre o que o pessoal escreveu, mas a ideia é escrever nossas vidas antes da banda. – Suspirei. – Tudo que já teve de bom ou triste na minha vida a já contou. Você, Elliot, Linda. – Agatha assentiu com a cabeça.
- E não vejo nenhum problema em você citar esses momentos da sua vida, mas pense sobre seu passado, não tem algo legal, engraçado ou complicado que aconteceu na sua vida? – Ponderei com a cabeça.
- Eu não sei...
- Ah, amor. Eu sei que seus pais se divorciaram depois que foi para faculdade, que você se separou da sua banda para fazer parte dessa aqui e que sua paixão pela bateria começou quase como uma birra com seu pai. – Rimos juntos.
- Talvez. – Suspirei.
- Comece daí, sua infância, escola, namoradas... – Rimos juntos. – Eu sei que você teve várias namoradas, Louis, você mesmo disse que eu era totalmente contrária ao seu “tipo”.
- Sim, você já viu meu álbum de formatura. – Ela sorriu.
- Comece daí. Conte para os seus fãs todos os detalhes sórdidos do lindo e rebelde Louis Saint-Claire. – Sorri, negando com a cabeça.
- Já estou velho para isso. – Ela sorriu.
- Quer meu espaço? Posso ceder para você um pouco.
- Ah, você faria isso? – Ela deu de ombros.
- Já acabei por hoje. – Ela se levantou. – Fica aqui um pouco, está quase na hora do pôr do sol, pode te inspirar. – Assenti com a cabeça e sentei em seu lugar. – A gente se vê no jantar.
- Ok! – Assenti com a cabeça e afastei seu computador, ajeitando o notebook e respirando fundo, vendo o cursor piscando. – Vamos lá!

“Fala aí, galera! Aqui é o membro mais quieto dessa banda estranha e complicada, mas também o que talvez tenha mais a falar. Vai saber, quem sabe eu estou inspirado? Vocês estão acostumados comigo sempre no fundo, com os cabelos oleosos de tanto suar e que escreveu meia dúzia de músicas para essa banda sensacional. (Sabemos que , Dave e Mike são as estrelas desse time de talentos, mas enfim).
Confesso que quando combinamos de cada um escrever um pouco sobre sua vida antes de banda, me deixou um pouco nervoso, como eu disse para Agatha, tudo o que me aconteceu de “interessante” ou triste, aconteceu durante a banda e isso já descreveu para vocês, mas pensando um pouco, talvez tenha alguma coisa nos meus 22 anos anteriores à The Fucking Stone que interessem vocês.
Já vou adiantar um pouco que eu nunca tive nenhum momento traumático como Jack e nenhum grande amor como Mike, antes de Agatha, é claro. Em compensação, eu sendo filho único de um casal convencional de Marselha, vivíamos em pé de guerra. Combinado? Dito isso, vamos ver o que eu consigo falar para vocês dos meus anos pré-banda.
Minha infância não deve ter sido muito diferente da sua ou de seus amigos. Nasci em Marselha, na França, uma cidade com mais de um milhão de habitantes e bastante turística. Então, ser jogado no meio de Los Angeles aos 22 anos, nem foi tanta surpresa para mim, eu já vivia em uma megalópole. Meus pais eram executivos. Minha mãe era publicitária de uma grande agência aqui de Marselha e meu pai era contador também de uma grande empresa aqui na cidade, que prestava serviços para outras empresas.
Minha mãe é Joan e meu pai Maurice, se conheceram quando meu pai prestou serviço para a empresa da minha mãe e se casaram seis meses depois. Sim, as coisas aconteceram meio rápido nessa família, mas em compensação, demorou oito anos para que eu nascesse, depois disso, minha mãe já se considerada velha e não me deu nenhum irmãozinho.
Minha mãe ainda era aquela figura materna, sempre amorosa e cuidadosa, mas muito ocupada, agora meu pai sempre teve aquela cara fechada, não interagia muito, tinha seus gostos e desgostos, mas sempre tinha uma opinião formada sobre as coisas, isso incluía muito sobre a música. Acredite, ele só gostou que eu entrasse nessa banda quando ele viu os lucros do primeiro CD entrando na minha conta, antes disso ele achava que era perda de tempo, que eu destruiria minha vida e tudo mais.
Ele sempre foi muito quadrado, desculpa, pai. Via a vida da forma de que eu só teria sucesso se fizesse uma boa faculdade, entrasse de executivo em alguma grande empresa, usasse terno e gravata para ir trabalhar todos os dias e desse muito dinheiro para minha família. Não o culpo, ele foi criado e viveu dessa forma, mas quando chegou em mim, eu comecei a soltar de suas amarras e hoje estou na lista dos 10 melhores bateristas do mundo, perdendo somente para Roger Taylor e Mike Portnoy, e na frente de nomes como Travis Barker, que praticamente me ensinou a tocar bateria, e Ringo Starr.
Dito isso, podem imaginar o quão difícil foi para eu entrar no mundo da música, não é? Demorou 22 anos, mas meu amor pela música, principalmente pela bateria, surgiu muito rápido, quando eu tinha somente sete anos.
Algo que eu não podia reclamar dos meus pais eram as festas que eles iam e me levavam, era um povo bastante animado que gostava de festejar até tarde, independente do motivo. diz que isso é bem brasileiro, o que eu comecei a entender porque sempre me achei muito excluído da minha família, deveria ter nascido no Brasil.
Nessas festas dos meus pais, sempre tinha alguém tocando: uma banda, um cantor, alguém com um violão, não importa, alguém animava essa galera. Às vezes eram amigos da turma, outras vezes eram convidados. Na festa em que eu fui introduzido à música, foi uma festa dos anos 60 em que um amigo do meu pai estava comemorando seus 40 anos. Lá tinha uma banda profissional, tocando todos os rocks da época, sendo ou não da temática da festa.
Quando eu olhei o baterista todo empolgado, com uma peruca comprida na cabeça, batendo em todos aqueles bumbos e caixas à sua volta, eu só queria acertar tudo. Claro que na época eu só queria bater em tudo, sem técnica ou preparo, e foi o que eu fiz naquele dia.
- Mãe, olha que demais! – Eu falava enquanto apontava para o cara.
- Legal, né, querido? – Ela comentava, mas voltava a conversar com suas amigas.
- Pai! Pai! Olha que legal! – Apontei para o baterista novamente.
- Legal? Aquilo é só barulho, filho! – Bufei ao ouvir aquilo e me afastei dos dois, me colocando mais próximo à banda.
De todas as pessoas ali, eu era o único que estava realmente interessado com aquilo. Era a primeira vez que eu via uma banda ao vivo. Eles não eram ninguém profissionais, mas foram meus ídolos por uma noite.
- Ei, garoto! – O baterista me chamou quando fizeram um intervalo. – Vem cá! – Me aproximei dele. – Você quer tocar?
- Posso? – Meus olhos até brilharam quando ele me estendeu suas baquetas.
- Claro, garoto! Venha aqui! – Ele me pegou no colo e me sentou em uma de suas pernas. – Aqui, toque. – Ele me entregou as baquetas que na época eram quase do meu tamanho.
- Como eu faço? – Perguntei e ele riu fracamente.
- Bate! Toque! – Ele disse e eu bati as baquetas desajeitado no bumbo, ouvindo o barulho abafado. – Vai! – O cara me animou e eu bati em outros, rindo quando ouvi os diversos barulhos que ela fazia.
- Legal! – Disse rindo.
- Isso é uma bateria e você também pode aprender a tocar se quiser.
- Posso? – Falei empolgado, batendo novamente, fazendo o barulho ecoar pelo local.
- Claro que sim, com umas aulinhas, você fica craque.
- Show! – Eu estava muito animado.
- Qual o seu nome, menino?
- Louis! – Sorri.
- Pode ficar com as baquetas, Louis. Eu tenho outras. – Ele mostrou o case cheia delas e abriu um largo sorriso.
- Valeu, moço! – Ele riu junto e eu bati mais algumas vezes na bateria.
- Louis! – Ouvi uma voz grossa que até arrepiou meus cabelos de tijelinha. – Saia já daí! – Meu pai me puxou pela mão, me fazendo tropeçar para longe da bateria, vendo o homem com uma feição bem decepcionada.
- Eu quero uma dessas, pai! – Falei animado, apesar do meu braço doer.
- O quê? Uma bateria?
- Sim! – Falei animado.
- De jeito nenhum! – Fechei o rosto na hora. – Você precisa fazer esportes, estudar, não ficar varando as noites tocando em uma banda.
- Mas, pai...
- Isso não é coisa que se faça, Louis. Agora pegue seu casaco, vamos embora para casa. E devolve essas coisas para o cara.
Eu voltei com o rabo entre as pernas até o cara que obviamente encarava toda aquela cena com uma cara de “que pai bosta que você tem, hein, garoto?”, pois é. Mas ele foi um dos meus maiores apoiadores naquela época em que nem eu sabia o que queria.
- Meu pai disse para devolver. – Estendi as baquetas para ele que a pegou com aquele olhar baixo e coloquei o casaco.
- Sonhe, garoto, não deixe que ninguém te faça desistir dele. – Ele colocou as baquetas dentro do meu casaco e puxou o zíper, me fazendo sorrir.
- Obrigado, moço!
Desse dia em diante eu comecei a sonhar em poder tocar uma bateria daquelas. Fiquei infernizando meu pai por dias e noites, até que ele acabou cedendo... E me colocou no basquete! Imagina minha felicidade.
O pior de tudo, foi eventualmente perceber que não se tocava nenhum tipo de música em casa. Se não fosse eu, até a televisão estava desligada. Então sim, meu mundo era bem preto e branco comparado aos dias de hoje. E eu sei que eu ainda sou fechadão”.

“Anos se passaram e eu acabei engrenando no basquete, não era algo que eu realmente gostasse de fazer, mas acabava me distraindo de ficar horas sozinho em casa. Eu saía da escola, treinava três horas por dia, chegava em casa, fazia as lições e logo ia dormir para aguentar o dia que viria.
Uma das “vantagens” de entrar para o time de basquete, era que as meninas ficavam caidinhas por mim, e eu não estou exagerando. Quando cheguei aos 15 anos e já tinha “idade o suficiente para namorar”, namorar, Mack, e não ter filhos, eu namorava uma menina a cada quatro ou cinco meses. Não é exagero. Chegou uma época em que meus amigos falavam que eu não poderia ir à formatura, porque todas as meninas tinham me namorado e isso ia ficar mal para a escola, para mim e para as famílias.
Até ficou mal, mas porque eu terminei o namoro com uma menina dias antes da formatura, então ela só sabia me fuzilar com o olhar durante a colação! Foi bem confortável! Principalmente na hora de pegar meu canudo quando só meus pais e meus amigos me aplaudiram e eu tomava cuidado para não tropeçar em algum fio solto por ali. Seria lindo! Entraria para o hall da fama antes do planejado.
Vou fazer um parêntese sobre essas várias namoradas que eu tinha e dizer que eu realmente gostava delas, tá? Elas eram bonitas, divertidas, mas eram muito esquentadas e aquilo me irritava rápido demais. Adiantando um pouco, só depois eu fui perceber, com Agatha, que isso acontecia pelo tipo de garotas que eu namorava, mas isso não é coisa para agora.
Bem, durante meu tempo de escola, apesar de eu ter acabado de revelar para vocês que era o maior namorador de toda essa banda, não teve nada de muito interessante. Eu fiquei durante todo esse tempo insistindo em fazer bateria e meu pai sempre me repreendendo e me empurrando mais para o basquete.
Claro que eu não fiquei dos sete até meus 18 anos sem tocar bateria novamente. Eventualmente eu acabei mentindo para meu pai. Conversei com o professor da banda da escola e ele disse que me ensinaria a tocar bateria após o ensaio. Então, ao invés dos treinos de basquete terem três horas, eles tinham quatro, mas isso só acontecia de terça e quinta, os outros dias eu ficava treinando com as panelas lá em casa. Acredite, a parte da movimentação funcionava perfeitamente, só o som que... Deixa para lá!
Além de que eu também desviava meu caminho da escola todos os dias para babar pelas baterias de uma pequena loja de músicas que tinha no caminho. Depois de quatro ou cinco passadas na loja, os vendedores até me deixavam tocar um pouco. Inicialmente eu era um bosta nisso, mas eventualmente eu até agradava alguns compradores.
Eu enganava ele e tudo mais, mas eu nunca entendia o que passava na sua cabeça para eu não tocar bateria. Eu não precisava ter uma em casa, só fazer aulas como uma pessoa normal, na época eu também nem pensava em seguir carreira com isso, eu só pensava como algo extracurricular mesmo. Essa resposta eu não tenho até hoje, gosto de falar que ele era quadrado e só”.

Bem, o terceiro ano chegou e minha casa e escola só sabiam me perguntar que faculdade eu cursaria. Eu não estava pensando nisso, mas acaba indo na onda de todo mundo e comecei a procurar por cursos. Inicialmente, eu também não acreditaria que conseguiria viver de música, talvez como hobbie e tudo mais, então não pensei em fazer curso de música, mas eu precisava pensar em algo.
- Eu não sei, pai. Eu não faço a mínima ideia do que eu quero cursar.
- A prova é em duas semanas, filho. Você precisa escolher alguma coisa. – Minha mãe falou, segurando minha mão e eu respirei fundo.
- Mas eu não sei, gente! – Suspirei. – Eu não faço a mínima ideia. – Passei a mão na cabeça.
- O que você gosta, filho? Você precisa gostar de alguma coisa, pelo amor de Deus!
- O que eu gosto você não me deixa fazer! – Falei firme para meu pai e ele revirou os olhos.
- Ainda aquela história de bateria? Para, Louis! Já faz anos isso. Você nunca mais nem relou em uma bateria...
- Que você saiba! – Falei firme, olhando firme em seus olhos.
- Não seja estúpido, você tem 50 por cento de bolsa para jogar basquete. Eu não vou pagar para você ficar tocando bateria.
- Eu não estou falando que eu vou seguir isso para a vida, pai, mas eu gostaria de fazer isso como hobbie.
- É para isso que serve o basquete, como um hobbie. E você é bom nisso, meu filho.
- Não, pai. O basquete foi uma forma de você me calar com a questão da música, não porque eu quis. Isso nunca foi sobre mim, sempre foi sobre você. – Suspirei.
- Não venha com essa agora, Louis! Escolhe um curso ou você ficará trancado aqui em Marselha e trabalhará comigo ou com a sua mãe.
Bom, eu vi essa frase do meu pai como uma ótima oportunidade. Eu faria faculdade fora, algum curso totalmente aleatório até eu realmente decidir o que faria da minha vida, poderia ter um trabalho paralelo, morar sozinho e fazer o que eu quisesse. Era perfeito! Mas para isso eu precisaria passar em um curso, sair de casa e finalmente ter minha independência, mesmo que eu fosse depender do dinheiro do meu pai durante um momento!
- Eu estou pensando em fazer direito. – Falei, suspirando. – Se tem alguma coisa que eu sou bom é na escola. Posso usar isso para ter uma carreira boa.
- É assim que se fala, meu filho. – Ele bateu as mãos em meus braços e eu suspirei”.

“Eu realmente ia bem na escola, minhas notas eram sempre muito boas, então não foi nem surpresa quando eu passei na faculdade Panthéon-Assas Paris II, uma das melhores faculdade de direito do país. Ela fica localizada próximo ao Jardim de Luxemburgo, da Catedral de Notre-Dame e, claro, do Panteão. Então, eu acabei me mudando para uma quitinete ali perto, onde moravam diversos estudantes, e me vi livre dos meus pais. Pelo menos até o próximo feriado.
Só para variar, meu pai não foi com a gente quando eu me mudei para Paris, foi eu e minha mãe e, foi nessa mudança, que eu descobri que meus pais estavam se separando. Quando terminamos de organizar tudo o que havia trazido de Marselha, sabia que era a hora de começar a choradeira, mas não foi como eu esperava.
- Vem cá, filho. – Ela me puxou para sentar na cama. – Quero falar contigo.
- Eu vou ficar bem, mãe. Prometo! – Falei.
- Não é sobre isso, querido. Eu sei que você vai ficar bem! – Ela riu fracamente. – Você mal via a hora de sair de casa que eu sei.
- Ah, mãe. Desculpa, mas o papai... Argh! – Reclamei e ela riu.
- Eu sei, meu amor. Seu pai é uma pessoa difícil. Sempre preto no branco e nada diferente disso. – Assenti com a cabeça.
- Exatamente, mãe. Ele não me deixa tocar bateria, caramba. – Suspirei. – Que mal tem?
- Nenhum, eu sei disso. – Ela deu um meio sorriso. – É por isso que quando você for nos visitar no próximo feriado, nós não estaremos mais lá.
- Como assim, mãe? – Franzi a testa.
- Eu também me sinto sufocada pelo seu pai, somos igual água e vinho, não sei como ficamos juntos até agora. – Ela suspirou. – Estamos nos separando. – Ri fracamente.
- Eu nem estou tão surpreso, sabia? Vocês não dormem mais no mesmo quarto que eu sei.
- Como, filho? Tentamos tanto esconder de você.
- Ah, mãe, qual é. Eu não sou mais criança. Além de que você vai dormir antes e ele fica enrolando na sala, depois ele dorme no quarto de visitas. Inicialmente era desculpa para ele não te acordar, mas depois de um tempo parece que ele esperava eu ir dormir para ir para o quartinho. – Ela deu um sorriso de lado.
- Mas saiba que nada disso é culpa sua, ok?! – Ela acariciou meu rosto. – E eu sinto muito por não ter podido lutar mais por você, pelos seus desejos. – Sorri. – Mas agora você pode, ok?! – Ela colocou a mão no bolso e me estendeu um bolo de dinheiro.
- Mãe...
- Xí! Não é muito, mas pode te ajudar a começar suas aulas de bateria. – Suspirei. – Vá atrás dos seus sonhos, querido. Porque eu estou indo atrás dos meus.
- Me avisa de qualquer coisa, ok?! Se ele for violento ou não aceitar a separação...
- Ele já sabe, querido. Seu pai não é uma má pessoa, ele só sofreu demais quando criança e acha que um emprego bom é a solução para todos os problemas. De certa forma, ele quer te dar tudo o que ele não teve. Só que nos dias de hoje é diferente. Vocês se preocupam muito mais com a felicidade do que com dinheiro. – Assenti com a cabeça.
- Obrigada, mãe. – Ela deu um beijo em minha bochecha.
- E quanto ao seu pai, foi uma separação mútua, ele também sabe que não somos mais o que éramos, então não adianta a lutar contra isso. – Assenti com a cabeça.
- Tudo bem, mãe. Mas mesmo assim, se precisarem de algo, me avisem.
- Pode deixar, querido. Agora vamos, me leve até o carro.
Dei um forte abraço em minha mãe antes dela entrar no carro e confesso que derrubei algumas lágrimas quando vi o carro saindo, mas uma coisa que me deixou feliz foi que minha mãe me apoiava, era tudo o que eu precisava”.

“A primeira coisa que eu fiz quando tudo se ajeitou foi encontrar um empreguinho, meu pai iria me mandar dinheiro, mas o suficiente para eu comer e me manter, não para eu, assim, por acaso, comprar minha primeira bateria e fazer algum curso.
Eu comecei a trabalhar na própria faculdade como zelador. Era meio período. Eu estudava na parte da manhã, trabalhava no turno da noite e tinha a tarde livre para me ocupar com o que quer que eu quisesse. Com meu primeiro salário eu comprei minha bateria e com o dinheiro que minha mãe me deu eu comprei um computador e um amplificador.
Com tudo isso junto, eu comecei a aprender a tocar bateria quase que de verdade agora. Eu tinha minha pequena experiência com o professor da escola, mas eram músicas clássicas ou temáticas, não um bom rock que eu gostava. Então, quando eu falei que Travis Barker praticamente me ensinou a tocar bateria, foi acompanhando vídeos e partituras online. A internet não era tão útil naquela época, mas tinha algumas coisas interessantes se você enchesse seu computador de vírus.
Até que foi fácil fingir que eu não estava tocando bateria para meu pai, afinal, ele nunca veio me visitar durante a faculdade. Eu ia uma vez por mês para Marselha e fazia questão de visitar ele e minha mãe.
Minha mãe deu uma bela renovada desde que se separou de meu pai, tinha cortado e pintado os cabelos, emagrecido alguns quilos e estava um arraso! Além de que tinha certo Jean que saiu com a gente em uma das noites, ambos trocavam sorrisos cúmplices e eu sabia que tinha algo a mais. Meu pai não mudou nada, estava exatamente da mesma forma, a diferença é que ele estava bem mais gordo e só se alimentando de comida congelada. Ah, a falta que minha mãe faz.
Toda visita que eu fazia para meu pai, ele fazia questão de me forçar sobre a faculdade, se eu estava indo bem, tirando notas boas e tudo mais. O assunto música nem era mencionado, mas eu sempre fui bem na escola e faculdade, literalmente, então não tinha muito problemas com isso, eu só estava usando essa liberdade para fazer outras coisas. Mas era bem chato visitar meu pai, em questão de uma hora ou uma hora e meia, eu já ia embora.
Bom, os anos da minha faculdade foram convencionais, eu ainda era pegador e festeiro, mas não tinha “relacionamentos sérios” como na época da escola, eu pegava na balada e esquecia no dia seguinte, então ainda tinha uma lista de garotas que me odiavam em qualquer lugar que eu passasse. Acho que esse foi um dos motivos de eu ir para Los Angeles, não era mais bem-vindo por nenhum lugar que passasse.
Mas, voltando um pouco os anos, eu entrei na banda com 22 anos, no meio de 2004, quando foi em 2003, eu acabei conhecendo uns amigos e montamos minha primeira banda de verdade. Como todos adorávamos Blink 182, usamos a mesma montagem. Baixo, guitarra e bateria e dois na voz, só que nessa época, eu percebi que também tinha uma voz gostosinha.
Não tipo Stone de quebrar vidros e tudo mais, mas algo tipo Mackenzie com dor de garganta em dia de inverno, de um bom jeito, é claro!”

- Acho que isso não ficou bom de jeito nenhum, Louis! – comentou com a mão na testa e eu ri!
- Ah, eu falei que não era bom com isso, vai!
- Abafa e continua, vai! Talvez a gente tire isso na edição. – Ri fracamente e deixei que ela continuasse a ler.

“Acabamos nos conhecendo na faculdade mesmo. Cada aluno tinha alguns pontos extras para cumprir antes de completar a graduação, tinha diversas atividades que tinha a ver ou não com o que a gente cursava. Uma das atividades propostas pela faculdade era música. Lá fui eu ganhar os dois pontos extras mais fáceis da minha vida.
Lá eu conheci o Pierre e o Hector, éramos três garotos quase com a mesma história. Vindo de famílias boas, rebeldes sem causa, impedidos pelo pai de se ajeitar no mundo da música, nada de novo até aí. Eu cheguei com minhas baquetas, Pierre com sua guitarra e Hector com seu baixo. Não demorou mais que três aulas para que a gente se enturmasse.
- Vocês estarão aqui no fim de semana? – Perguntei, jogando a mochila nas costas.
- Sim, de boa. – Pierre falou.
- Trabalho sábado de manhã, mas o resto do dia tá livre. – Hector comentou.
- Por que vocês não passam lá em casa e a gente treina algumas músicas?
- Massa!
- Combinado!
- Beleza, até sábado, então! – Falei e eles afirmaram com a cabeça.
Esses ensaios viraram frequentes, quando percebemos, já tínhamos formado uma banda, sem nome, obviamente. Até combinávamos de visitar nossas famílias no mesmo fim de semana para não perder os ensaios. Até que as coisas foram se profissionalizando. Os ensaios eram na minha casa, porque era mais fácil trazer os instrumentos deles do que o meu e, com o tempo, acabamos trazendo meninas, peguetes e tudo mais para nossa festa, então, de uma banda tocando, acabava se tornando uma festa na minha pequena quitinete.
O bom é que eu morava em um lugar só com universitários, então se eu os chamasse para a festa, eles aceitariam de boa o barulho e ainda levavam comida.
- Cara, cadê o Hector? Ele está quase uma hora atrasado. – Pierre falou tirando algumas notas do seu instrumento e eu pisava forte no bumbo.
- Sei lá, cara! Ele não ligou, não falou nada na aula ontem. – Dei de ombros, até que a porta foi escancarada com um Hector todo suado e cansado.
- Ah, apareceu a margarida! – Pierre falou e eu ri fracamente.
- Desculpa, galera! Eu encontrei um conhecido meu na saída da faculdade e acabamos nos empolgando, mas é por uma boa razão.
- Que razão seria essa? – Perguntei e ele puxou um papel amassado do bolso e me entregou.
- Ele está abrindo um bar em Montparnasse, perguntou se a gente não gostaria de tocar lá algum dia. Tem cachê e tudo.
- Oh! Aí sim! – Peguei o panfleto da mão dele vendo as palavras “comida, bebida e música boa”, abrindo um largo sorriso.
- Ele disse de quanto é o cachê? – Pierre perguntou.
- E isso importa? A gente toca de graça, não faria mal ele nos pagar um chope se for! – Hector falou e eu ri.
- Eu concordo com Hector, é uma oportunidade de verem a gente.
- Ele disse que músicas quer ouvir?
- Ele disse que cada dia vai ser um tema, nos convidou para ir no dia de rock, é quinta-feira, acho.
- Putz, eu trabalho à noite. – Franzi a testa.
- Pô, Louis. Tem cachê, cara, veja se você pode faltar esse dia ou algo assim, é nossa chance.
- Ok, vou falar com o pessoal da faculdade e descubra de quanto é esse cachê, certeza que vão descontar do meu salário essa falta. – Rimos juntos.
Eu consegui faltar do bar nesse dia e o show no bar acabou sendo um sucesso! Tanto que fomos chamados para tocar lá outras vezes, depois ficamos fixos de quinta-feira, depois de quinta e de sábado e algumas semanas depois eu larguei meu emprego na faculdade para focar nisso, já que o bar ia melhor a cada dia e dava um cachê muito bom para a gente, menor que o de zelador, mas agora eu não tinha mais gastos extras e meus pais ainda mandavam uma graninha”.

Bom, no começo de 2004, cerca de três ou quatro meses antes de eu me mudar para Los Angeles, eu conheci uma mulher que eu achei que seria aquela que mudaria minha vida. Claro que sabemos que isso aconteceu para valer um ano e meio depois, em um parque da Disney, onde conheci a mulher que hoje é minha esposa e mãe de minha filha.
Acho que essa é a hora de dizer que eu tinha um tipo na época da escola e da faculdade: eu gostava das ditas patricinhas. Meninas muito altas, bonitas, muito bem arrumadas e maquiadas e que, normalmente, gastavam todo o dinheiro do pai. Acho que era o clichê perfeito para mim que sou bonito, rebelde sem causa, alto e jogador do time de basquete.
Tanto que foi até engraçado quando meu coração bateu mais forte por Agatha. Ela não era nada parecida com as mulheres que eu gostava. Tinha os cabelos pretos bem escuros, era baixinha e gordinha e tinha aquele estilo gótico com maquiagem escura e usava luvas e coturnos pretos, além de ter uma pele bem pálida, mas acho que é por isso que deu tão certo, eu sou mais parecido com ela do que com as que eu namorava. Nossos gostos musicais são similares, além do estilo.
Hoje somos dois pais de família, já vivemos na mesmice, mas é legal ver nossa evolução, tanto pessoal, quanto profissional. Agatha se casar de rosa foi a maior evolução que eu já vi dela. Achei que a encontraria usando preto, o que a deixaria linda da mesma forma.
Mas, continuando, vocês sabem minha história com Agatha, leiam Total Stranger que adora falar de todos os detalhes. Agora, sobre Adeline, foi no começo de 2004 que eu pensei ter encontrado a mulher da minha vida, ela ainda tinha o tipo que eu gostava, mas não sei, eu realmente amava ela, era algo diferente do físico que eu tinha com tantas outras mulheres antes.
Nos conhecemos fora da faculdade, ela era alguns anos mais velha do que eu e trabalhava como assistente da curadoria no museu do Louvre. Ela era uma patricinha nerd, um estereótipo que só eu testemunhei. Eu a conheci em uma das minhas milhares de idas ao museu, eu gostava de ir lá, achava um ótimo lugar para pensar e estudar. Normalmente eu ficava próximo de uma das pirâmides pequenas do lado de fora, esperando o sol se pôr. E em um desses dias, eu conheci Adeline.
Eu estava largado em um dos cantos da pirâmide, tentando evitar de rabiscar o livro de direito penal, enquanto via o alaranjado do sol cobrir o céu. Ouvi passos rápidos de salto alto vindo em minha direção e virei para o lado, encontrando-a. Quando ela passou por mim, vários dos papéis que ela carregava começaram a voar e eu me levantei rapidamente para pegá-los.
- Senhorita! – Gritei, enquanto pegava-os e ela se virou. – Seus papéis!
- Ah, muito obrigada! – Ela voltou com a mesma correria, pegando os papéis em minha mão.
Ela se vestia muito bem, usava longas botas de couro preta, um sobretudo bege que seguia quase até seus pés e um conjunto de roupas sociais. Seus olhos eram azuis e os cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo baixo, era realmente quase como uma modelo, mas até quando ela sorria, ela tinha uma feição mais séria.
- Que isso! – Sorri, vendo-a guardar os papéis na pasta.
- Como é o nome do meu cavaleiro de armadura brilhante? – Ela perguntou e eu sorri.
- Louis! – Ela assentiu com a cabeça.
- Sou Adeline! – Sorri. – Você gostaria de tomar um café um dia? Para eu te agradecer por isso?
- Ah, que isso, não foi nada! – Ri fracamente.
- Eu insisto. – Ela falou e eu assenti com a cabeça.
- Claro! – Anotei meu telefone em um pedaço do meu livro e rasguei o mesmo, entregando a ela. - Me liga!
- Com certeza! – Ela sorriu e se afastou novamente.
E foi assim que tudo começou. Em questão de semanas já tínhamos engrenado em um relacionamento e eu daria a lua e as estrelas para ficar com ela pelo resto da vida. Eu tinha tudo com ela: amor, paixão, estabilidade, um sexo incrível, eu só não tinha seu apoio na música também. Ela era uma pessoa muito preto no branco, igual meu pai, então seu foco na vida era seu trabalho, ela queria se tornar curadora do museu, então fazia tudo o que ela podia para mostrar trabalho com a curadoria e ter sua promoção.
Então, quando eu, Pierre e Hector fazíamos shows, seja em casa ou no bar em Montparnasse, ela não ia. Sempre tinha alguma desculpa na ponta da língua do porque ela não podia ir. Inicialmente aquilo me incomodava bastante, mas com o tempo, eu fui nutrindo um amor por ela que eu aprendi a separar, ela da música.
Só não pensei que um dia eu precisava ter que escolher entre ela e a música. Foi quando eu me decepcionei com ela, mas não vamos colocar o carro na frente dos bois, vamos continuar minha história”.

Passaram alguns meses e a banda seguia da mesma forma de sempre, nada de novo, nenhum interesse em crescimento ou talvez procurar por algo que nos fizesse crescer. Eu ainda tinha o foco em me formar na faculdade, pelo menos para receber meu diploma, faltava pouco mais de um ano, eu já estava no fim do caminho.
Então, eu também não tinha grandes intenções sobre a minha carreira, eu queria ganhar meu dinheiro, pagar minhas contas, ficar com Adeline e estava bom para mim, mas eu pensava no meu futuro, não com a carreira que eu tenho hoje, algo muito menor, então, esporadicamente eu comecei a gravar as apresentações. E a apresentação que eu enviei para a Virgin Records, a qual me escolheu, foi nesse próximo evento.
Estávamos por volta de abril, os shows no bar estavam fervendo, até que teve um dia focado totalmente no rock, então preparamos uma setlist só de músicas pesadas e incríveis da atualidade. Além de tudo, iríamos ganhar mais, já que teria um evento à parte e o dono do bar começaria a ganhar couvert para pagar a gente, então tínhamos todos motivos para estarmos animados, só tinha um problema: um dos vocalistas estava rouco.
- Pô, Pierre! Que merda você foi fazer? – Hector brigou com ele.
- Não é culpa minha, eu estou doente! – Ele falava com a voz super falha, forçando-a, me fazendo até franzir a testa.
- E o que a gente vai fazer? – Hector gritou novamente.
- Louis, é claro! – Pierre falou.
- Verdade, você canta um pouco. – Ele falou.
- Não como Pierre, mas...
- Ele é bom! – Pierre afônico apoiou em meus ombros.
- Mas não temos tempo para ensaiar. – Falei.
- Não importa, vamos assim mesmo. – Hector falou. – Você intercala comigo. – Assenti com a cabeça.
- Ok. – Falei e minutos depois fomos para o bar.
Ajeitamos nossas coisas no palco, fizemos um rápido teste de som e eu fiz questão de posicionar a câmera na primeira mesa próxima ao palco e voltei para a minha posição, pegando duas baquetas do case e dando algumas batucadas nos pratos, ouvindo o barulho ecoar pelo bar.
- Vamos começar! – Hector falou e assenti a cabeça, vendo-o se aproximar do microfone. – Boa noite, pessoal! – Ele falou para a platéia. – Hoje é dia de rock e fizemos uma seleção bem especial para vocês! – Algumas pessoas aplaudiram e Hector olhou para mim novamente e fiz a contagem, batendo uma baqueta na outra, começando a tocar fortemente, ouvindo os outros instrumentos começarem junto
- I'm seeing it on TV or read in a magazines, celebrities that want sympathy. All they do is piss and moan inside the rolling stone talkin' about how hard life can be. – Hector começou a cantar animado e eu virei o rosto para o microfone ao meu lado.
- I'd like to see them spend a week, livin' life out on the street, I don't think they would survive. – Comecei a cantar um pouco mais baixo com Hector, ouvindo que ele entrou comigo quando percebeu. - If they could spend a day or two walking in someone else's shoes, I think they'd stumble and they fall, they would fall... – Batuquei rapidamente, mudando as baquetas de lugar.
- Lifestyles of the rich and the famous, they're always complainin', always complainin'. If money is such a problem, well they got mansions, think we should rob them. – Cantamos juntos, comigo tentando forçar a voz para que ela saísse mais alto.
- Well did you know when you were famous you could kill your wife and there's no such thing as 25 to life, as long as you've got the cash, to pay for Cochran. – Hector cantou sozinho novamente, me deixando focar na bateria. - And did you know if you were caught and you were smokin' crack, McDonalds wouldn't even wanna take you back, you could always just run for mayor of D.C. – Agilizei os movimentos nas mãos, girando entre todos os bumbos.
- I'd like to see them spend a week, livin' life out on the street, I don't think they would survive. – Hector me deixou cantar sozinho dessa vez, me fazendo agilizar entre as mãos e a voz. - If they could spend a day or two walking in someone else's shoes, I think they'd stumble and they fall... – Fiz uma interseção, agilizando as mãos.
- Lifestyles of the rich and the famous, they're always complainin', always complainin'. If money is such a problem, well they got mansions, think we should rob them, rob them, rob them... – O ritmo ficou mais lento e eu girei uma das baquetas na mão, abaixando a tensão no bar, abrindo um largo sorriso, me preparando para o meu movimento.
- They would fall, they would fall... – Firmei as baquetas nas mãos, batendo com força, me impulsionando levemente para cima, voltando a cantar com Hector.
- Lifestyles of the rich and the famous, they're always complainin', always complainin'. If money is such a problem, you got so many problems, think I could solve them. – Pierre sorriu feliz para mim e eu ri fracamente. - Lifestyles of the rich and famous, we'll take your clothes, cash, cars, and homes, just stop complainin'. Lifestyles of the rich and famous, lifestyles of the rich and famous, lifestyles of the rich and famous.
Finalizei a música como uma última batida, abrindo um largo sorriso com essa apresentação e com os aplausos, acho que tinha sido uma de nossas melhores até hoje. É isso que eu gosto dessa carreira, a força e a empolgação dos shows, as vezes a música é tão simples e sem graça, mas com uma plateia se torna a melhor música do mundo!”

“Bom, depois desse dia, as coisas começaram a decair na banda, Pierre descobriu que a doença que ele tinha não era só uma simples gripe, ele estava com infecção na garganta e teria que tirar as amígdalas, ou seja, pelo menos umas três semanas de molho, além disso, Hector achava que sem Pierre não dava para continuar.
- Mas ele só não pode cantar, ele pode tocar, podemos fazer igual na noite do rock no bar. – Falei.
- Você canta muito baixo, Louis, assim não dá e eu não aguento um show inteiro sozinho. – Ele falou e eu bufei.
- Então, é isso? – Falei. – Vamos esperar o Pierre melhorar para fazer alguma coisa?
- Eu acho melhor. – Hector falou e nós três nos olhamos, Pierre também não argumentou, então, eu peguei minha mochila, colocando-a fortemente nas costas.
- Louis! – Pierre falou baixo.
- Não! – Ergui a mão. – Achei que quiséssemos as mesmas coisas. – Abanei a cabeça. – Me liguem quando quiserem voltar. – Suspirei e saí, batendo a porta da casa de Pierre.
Bom, apesar do meu surto de raiva, esse foi o dia em que eu fiz a melhor decisão da minha vida: entreguei minha demo para a Virgin Records França. Saí da casa de Pierre e segui pelo mesmo caminho de sempre. Só que eu precisei desviar do meu caminho por conta de uma interdição em uma das ruas para uma reforma.
Não sei se foi coisa do destino ou se isso já estava programado para acontecer, mas eu me vi em frente do prédio deles aqui em Paris. O pequeno escritório do Grupo Virgin aqui em Paris ficava somente há algumas quadras da casa de Pierre e nunca percebi isso.
Observei o pequeno prédio e senti as fitas pesarem em minha mochila, fazendo um barulho oco no mesmo. Cogitei por qual motivo entraria ali, mas não me importava, eu estava ali, não custava nada entrar.
Entrei no escritório, ouvindo o sininho tocar e isso chamou a atenção de uma mulher que estava na recepção. Ela sorriu para mim e eu me aproximei dela, tirando minha mochila das costas.
- Bonjour, tudo bem? – Perguntei.
- Tudo bem! – Ela sorriu. – Em que posso ajudar?
- Vocês estão aceitando demografias? – Perguntei.
- Nós trabalhamos com banco de dados, você preenche uma ficha, nos dá uma apresentação em vídeo e te deixamos disponível para qualquer gravadora do grupo. Caso eles precisem de apoio em alguma gravação ou montem algum projeto que precise de alguém com suas qualificações, eles te chamam. – Assenti com a cabeça.
- Qualquer um pode se inscrever? – Perguntei achando aquilo duvidoso.
- Sim, você é passado por uma avaliação, tudo certo, te chamamos para completar o cadastro. – Assenti com a cabeça.
- Legal! – Falei animado. – Como faço?
- Aqui! – Ela me estendeu uma prancheta. – Tem uma gravação contigo?
- Tenho sim. – Tirei rapidamente da mochila, estendendo para ela. – É uma banda.
- Eles vão precisar vir aqui para se inscrever também, então. – Ela falou.
- Posso me inscrever sozinho, então? – Perguntei. – Se eles quiserem eles passam aqui?
- Claro! – Ela falou. – Só especifique na ficha então, por favor.
- Claro! – Assenti com a cabeça, pegando a prancheta e indo me sentar.
Eles que se danem, eu seguiria sozinho.

E foi isso que aconteceu, eu me inscrevi sozinho e não falei nada. A cirurgia de Pierre demorou cada vez mais para acontecer, porque ele precisava estar sarado para isso e ele simplesmente não sarava, até que eu recebi uma ligação da gravadora de Los Angeles falando sobre . E eu sabia que era uma oportunidade que eu não podia perder. Era a Virgin Records, uma das maiores gravadoras do mundo, a de Los Angeles, e ainda a chance de fazer parte de uma banda, não só gravar as músicas, performar também junto da cantora principal.
- Senhor Saint-Claire? – Ouvi uma voz masculina do outro lado da linha.
- Sim...
- Eu sou Brandon Barret, produtor da Virgin Records de Los Angeles. – Arregalei os olhos.
- Claro, senhor Barret. – Falei e ele riu.
- Brandon, por favor. Então, eu vi sua gravação no banco de dados da gravadora e mostramos para uma cantora que estamos prestes a lançar, você ainda tem interesse de fazer parte do mundo da música?
- Sim, é claro! – Falei rapidamente. – Como funcionaria, caso eu aceite?
- Funcionaria como um emprego normal, horários a cumprir, salários, extras por apresentações, um contrato com a empresa, tudo certinho, posso pedir para te enviarem a papelada para você analisar. – Assenti com a cabeça.
- Claro! Vou gostar sim! – Sorri.
- Você pode mostrar para um advogado, caso tenha dúvidas, ou podemos te indicar um.
- Sem problemas! – Sorri.
- Enviarei para seu e-mail, Louis, mas já adiantando, é a nova aposta da gravadora, então pode não dar certo, mas como será um contrato com a gravadora, mesmo não dando, você continua recebendo o acordado da mesma forma, tudo bem?
- Claro, sem problemas! – Assenti com a cabeça.
- Pedirei para que preparem e te enviem, Louis. Espero te ver em breve aqui em Los Angeles.
- Também espero. – Falei honesto e desliguei o telefone, dando um pulo alto com a notícia. – Eu consegui! – Falei firme e fui rapidamente para o computador procurar quem seria essa nova aposta da Virgin, mas não tinha informações na época, estava sendo guardada a sete chaves”.

“Adiantando um pouco, eu recebi o contrato, adorei a proposta feita por eles, que depois foi alterada, pois quando estouramos como banda, ordenou que os contratos fossem ajustados e que ganhássemos o mesmo que ela e que tudo fosse dividido entre nós sete, mas tudo estava certo, por enquanto. Eu só tinha algumas coisas a fazer antes, primeiro de tudo era dizer para a minha banda que eu não fazia mais parte da banda deles. Foi pouco antes do Pierre ficar bom, então pedi para que nos encontrássemos em algum lugar, então combinamos de nos encontrar na casa de Pierre.
- Ei, e aí, galera? – Hector falou. – Qual foi o motivo da ligação?
- É, eu ainda estou meio... – Pierre apontou para o curativo em sua garganta e eu assenti com a cabeça.
- Eu tenho algo para contar para vocês que talvez mudem a forma que pensam de mim. – Falei, respirando fundo.
- O que foi, cara? Você parece meio pálido. – Hector falou e eu respirei fundo.
- Eu vou ser direto. – Falei rapidamente. – Eu consegui um contrato com uma gravadora. – Falei e eles me olharam felizes. Respirei fundo, balançando a cabeça. – Sozinho. – Falei e eles travaram.
- O quê? – Eles perguntaram juntos.
- Sozinho? – Pierre frisou.
- É! – Falei.
- Como você faz isso com a gente, cara? – Hector perguntou bravo.
- Vocês não têm interesse nenhum em seguir com a banda, gente! – Falei firme. – Parece que estão nisso só na empolgação. Da última vez que nos falamos vocês paramos porque Pierre não podia cantar. Que porra é essa? – Perguntei.
- Mas não foi isso que a gente falou, só estava esperando a recuperação do Pierre. – Bufei, negando com a cabeça.
- Não foi o que pareceu para mim. Eu penso em algo com a música, pode não ser grandes chances, mas eu quero algo. E eu consegui. – Respirei fundo. – E eu não vou me preocupar que vocês não conseguiram, eu vou tentar minha chance.
- Que amigo que você é, hein?! – Pierre comentou.
- O mesmo que você foi quando não me apoiou para continuarmos. – Dei um pequeno sorriso.
- Você está certo, Louis. – Hector falou. – Sinto muito.
- Desculpas aceitas! – Falei. – Mas agora é tarde para voltar atrás, eu vou para Los Angeles em duas semanas.
- Los Angeles? – Eles falaram alto.
- Sim! – Assenti com a cabeça. – Espero que nos encontremos novamente. – Falei respirando fundo. – Obrigado pela oportunidade. – Assenti com a cabeça e me retirei.
- Louis! – Pierre veio atrás de mim e me abraçou. – Boa sorte, cara! Sei que sempre quis isso.
- Valeu! – Assenti com a cabeça, vendo Hector acenar de longe. – Espero que dêem certo também. – Eles assentiram com a cabeça e eu saí”.

Eu resolvi um dos casos, entre o bem e o mal, mas resolvi. Ainda faltava dois para resolver e é aí que entra minha decepção por Adeline. Não que eu quisesse que ela desistisse de toda carreira dela por mim para ir para Los Angeles comigo, mas eu esperava um pouco mais de apoio nisso tudo e talvez a chance de ter um relacionamento à distância igual Mike e Lacey, mas tudo desandou, da mesma forma que desandou com a banda.
- Oi, mon amour! – Adeline falou quando me encontrou em um dos cafés dentro do Louvre e dei um rápido beijo em meus lábios. – Eu só tenho 15 minutos. – Ela disse.
- É rápido, eu prometo! – Falei, respirando fundo.
- O que aconteceu? Parece que você vai explodir. – Ela acariciou meu rosto.
- Eu tenho algo sério para te contar. – Respirei fundo.
- O quê? – Ela perguntou e eu suspirei.
- Se lembra quando eu te contei que me cadastrei no banco de dados da Virgin Records?
- Sim, eu lembro. – Ela falou. – Quando você brigou com sua banda.
- Então, eles me chamaram. – Falei e ela abriu um largo sorriso.
- Isso é ótimo, Louis. É o que você sempre quis. – Suspirei.
- Sim, mas é em Los Angeles. – Falei. – Eles estão montando um projeto novo lá e me querem para fazer parte.
- Nossa! – Ela falou. – E a gente? – Respirei fundo.
- Eu não sei. – Suspirei. – Sei o quanto sua carreira é importante para ti, então queria que você me dissesse.
- O que você quer? – Dei de ombros.
- Eu quero ficar contigo, queria que fosse comigo para Los Angeles, mas...
- Eu não posso fazer isso, Louis. Minha vida está aqui em Paris, meu sonho, não tem nada que me faça sair daqui.
- Nada? Nem eu? – Perguntei, respirando fundo.
- Da mesma forma que a música é o seu sonho, meu trabalho é o meu. – Ela falou. – A única diferença é que o meu é certo, o seu não.
- O que quer dizer com isso? – Perguntei.
- Você vai se mudar para Los Angeles, mudar sua vida completamente para algo indeciso? – Franzi a testa.
- Você acabou de ficar feliz por mim, o que aconteceu nesses dois minutos?
- Só estou sendo honesta. Meu trabalho é algo certo, minha chefe se aposentando, eu sou a próxima para o cargo, agora você, existem muitas variáveis para se ter a fama.
- Você está errada, Adeline. – Falei. – Eu não quero a fama, eu quero trabalhar com música e sei que, com esse contrato, por pelo menos 10 anos eu vou. – Falei firme. – O que vão acontecer nos próximos, não me importa agora. 10 anos é muito tempo.
- Me desculpe, Louis, mas eu não vou com você.
- Depois do que eu ouvi, eu nem quero mais. – Falei. – Mas também não vou perguntar se quer tentar à distância, pois sei que não acredita nos meus sonhos, porque eu acredito nos seus, tanto que nunca cogitaria de você se mudar comigo só por um capricho, talvez por saber que existem outros mercados em Los Angeles e no mundo, mas nunca sem nada. – Suspirei. – Só que isso não vai dar certo.
- Desculpe, Louis. Eu acho que não. Minha vida é aqui.
- Eu estava falando de nós, Ad. – Respirei fundo. – Eu não posso ficar com quem não acredita nos meus sonhos e não me apoia. – Me levantei. – Não é nada pessoal, mas simplesmente não dá.
- Me desculpe, Louis, eu não quis...
- Tudo bem! – Falei rapidamente. – Eu realmente gosto de você, mas tem coisas que simplesmente não combinam. – Peguei minha mochila na outra cadeira.
- Talvez não. – Ela se levantou. – Espero que você faça sucesso naquilo que deseja. – Ela me abraçou rapidamente.
- Você também. – Fui honesto. – Se cuida, ok?!
- Você também! – Ela disse e eu suspirei, me afastando dela.
Spoiler alert: A chefe dela se aposentou faz uns seis anos e ela ainda não é curadora do museu”.

- Xí, será que é melhor eu trocar o nome? – Perguntei para que gargalhava com a última frase do parágrafo.
- Eu não trocaria, ela não gosta de música, não é mesmo? – Ela falou e eu sorri, trombando nela de lado. – Deixa eu continuar que eu estou chegando na parte boa.
- Que parte? – Franzi a testa, me perguntando se ela sabia o que acontecia.
- A que eu apareço! – Revirei os olhos, deixando-a continuar.

“Enfim, meros detalhes, mas depois que eu terminei brigado com minha banda e com minha namorada, havia uma pulga atrás da minha orelha que me perguntava se eu estava realmente fazendo a coisa certa. Eu estava realmente abandonando todo mundo para seguir para uma carreira que poderia dar muito errado.
Claro que eu tinha um contrato, então mesmo sem lucros, eu tinha um salário bem maior do que eu ganhava aqui, além de casa, carro e muitas outras coisas, mas não era isso que eu queria, eu queria tocar, fazer shows, viver disso. Era muito mais do que só participar.
Depois da minha banda e minha namorada, estava na hora de eu fazer as últimas duas coisas que eu sabia que seriam sem volta, uma delas era largar a faculdade e a outra era contar para meu pai que eu tinha um contrato como música e falar para minha mãe que eu estava me mudando para os Estados Unidos por, pelo menos, 10 anos.
A parte da faculdade foi fácil, levei os documentos, tranquei e ainda fui avisado que poderia destrancar em até cinco anos. Faltava só o último ano, eu sabia que isso poderia ser uma grande cagada e dar muito errado, mas eu só estava focado nessa oportunidade agora, então eu tinha que lidar com as consequências e uma delas era lidar com meu pai.
Eu sabia que minha mãe relutaria pela distância, mas ela não me impediria, agora meu pai? Não foi fácil lidar com a fúria de Maurice, mas eu estou aqui agora, não? Vivo? Se eu consegui, vocês conseguem realizar o que quiserem.
- Quem será que é? – Minha mãe perguntou quando a campainha tocou.
- É o papai, chamei ele porque eu preciso conversar com vocês dois, tudo bem? – Ela franziu a testa.
- Claro, eu acho. – Ela disse e eu fui abrir a porta para meu pai.
- Oi, pai! – Falei, abraçando-o rapidamente.
- E aí, filho?
- Entra! Estamos na cozinha. – Falei, voltando até a cozinha com ele.
- Oi, Maurice! – Minha mãe o cumprimentou e eles sorriram timidamente. - Então, Louis queria conversar com a gente juntos? – Nos sentamos à mesa.
- É só para evitar falar a mesma coisa duas vezes. – Falei, respirando fundo.
- O que aconteceu? – Meu pai perguntou e cocei a cabeça.
- O que eu vou falar talvez seja difícil para vocês, principalmente para você, pai. Mas quero que saibam que isso é algo que eu sempre quis, então, fiquem felizes por mim.
- O que foi? – Ele perguntou e notei que o tom de sua voz já tinha mudado.
- Eu larguei a faculdade. – Falei rapidamente, encarando meu pai que tinha uma feição confusa.
- O quê? – Ele perguntou. – Por quê? Falta só um ano. – Ele falou bravo. – Ah, não faz isso comigo, Louis.
- Eu não estou fazendo nada contigo, pai. Eu estou escolhendo meu sonho ao invés do seu.
- E que sonho é? Tocar em barzinhos à noite? Como se sua vida fosse dar certo assim? Eu sei do seu empreguinho em Montparnasse, eu tenho conhecidos. – Respirei fundo. – Eu sei tudo o que você fez enquanto estudava, mas não me importei porque você estava estudando.
- Se acalme, Maurice. – Minha mãe falou. – Deixe o garoto falar.
- É tocando, pai, mas em algum muito melhor do que barzinhos em Paris. – Respirei fundo.
- Aonde, por exemplo? – Ele se levantou e eu fiz o mesmo.
- Em Los Angeles, com um contrato com uma das maiores gravadoras do mundo. – Falei firme.
- O quê? – Minha mãe se levantou também.
- Eu consegui, mãe. Um contrato de 10 anos com a Virgin Records, eu vou para Los Angeles na semana que vem. – Ela respirou fundo.
- Ah, meu querido! – Ela deu a volta na mesa e me abraçou. – Meus parabéns! Que incrível, porque você não me contou antes? Ah, que notícia maravilhosa. Com a sua banda?
- Não, sozinho, para participar de uma banda que está sendo lançada no mercado.
- “Meus parabéns”, o que está dizendo, Joan? Que você apoia nosso filho nessa loucura de ser baterista?
- É exatamente isso que eu estou dizendo, Maurice. E fazem quatro anos que nos separamos, então eu realmente não me importo com o que você pense, só quero que meu filho seja feliz.
- Eu não acredito. – Ele começou a balbuciar, mas eu sorri para minha mãe, confirmando com a cabeça.
- Pai! – Falei firme, fazendo-o parar de falar. – Como a mãe disse, eu não me importo com a sua opinião, eu já tenho 22 anos, consegui tudo que conquistei sozinho. Tenho um contrato milionário com uma gravadora sensacional pelos próximos 10 anos para algo que tem tudo para dar certo, eles vão me bancar tudo, então não corte a minha bola. – Respirei fundo. – Agora, se o problema são os quatro anos de mensalidades desperdiçadas, eu posso resolver isso para você, assim que eu ganhar meu dinheiro, eu te reponho: mensalidade, aluguel, despesas, tudo. – Respirei fundo. – Só me deixa ser feliz.
Ele ficou me encarando por alguns segundos, travado por todo esse discurso que eu dei para ele e respiro fundo. Eu passei as mãos nos cabelos, olhando para minha mãe novamente e ela me dava um largo sorriso nos lábios.
- Ok, Louis! – Ouvi meu pai falar e virei para ele. – Eu vou te dar uma chance. – Ele falou. – Se você conseguiu isso, você deve ser bom. Então, faça valer à pena. – Assenti com a cabeça.
- Eu vou, pai! Sempre foi meu sonho, eu não vou desperdiçar. – Sorri e ele me estendeu a mão e eu o cumprimentei.
Outro spoiler alert: ele nunca me deixou pagar pelos gastos na faculdade e eu também nunca ganhei meu diploma de direito, mesmo com estudando durante quatro anos da banda, eu sempre vi o direito como um tabu na minha vida, mesmo com diversos advogados na família Stone: Amir, Virgínia, Gemma, a conta é longa!”

“Chegou finalmente o dia de eu ir para Los Angeles começar essa carreira sensacional que eu tenho até hoje que é a Virgin. Depois de algumas horas de avião, eu encontrei Jessica no aeroporto e ela fez o tour completo comigo, me mostrou meu novo lar, falou todas as minhas obrigações e disse que no dia seguinte me levaria para começarmos os trabalhos.
É agora que Stone aparece. Gostaria de deixar claro aqui para minha família, amigos e esposa que tudo o que você vai ler a partir de agora não se passa de um lapso momentâneo que aconteceu comigo, ok?! As coisas mudam e não devemos ser julgados por isso. Ficou meio dramático, mas vocês vão entender e rir bastante, mas todos temos nossos momentos de vergonha alheia, certo?
Continuando!
fala sobre mim em Total Stranger quando ela viu a minha apresentação e depois quando conheço Jack e Mike em uma pequena reunião que nós quatro fizemos para nos conhecermos melhores, mas teve um pequeno momento, muito vergonhoso da minha parte, que eu fui apresentado para quem seria a tal estrela que eu tocaria em sua banda.
Assim que eu cheguei em Los Angeles, da mesma forma que , eu fui recebido por Jessica e Juan e fui levado para um hotel, já que ainda eles não tinham nos ajeitado, isso foi acontecer quase seis meses depois. O hotel era ótimo, não vou negar, cinco estrelas, superconfortável, confesso que gostaria de ficar nele até hoje, mas não há nada como nossa casa, não é mesmo?
Jessica me colocou no hotel e disse que no dia seguinte me levaria para conhecer o pessoal. Beleza! Me arrumei, tomei o melhor banho de toda minha vida, era a primeira vez que eu ficava em um hotel desses, não me julgue. Aproveitei e enviei um e-mail para meus pais falando que estava bem e logo me enfiei embaixo das cobertas à espera de um novo dia.
Jessica me deixou sozinho até quase duas da tarde, eu não tinha notícias dela e de nenhuma outra pessoa da gravadora ou da banda, então esperei. Esperei da melhor forma: deixe-me dizer, de roupão branco, chinelos do hotel e bebericando o champanhe que tinha em meu quarto desde o dia anterior.
Pouco tempo depois, eu ouvi alguém bater à porta, eu estava tão abismado com tudo aquilo que nem pensei em pedir alguns segundos para colocar alguma roupa, porque eu estava somente com cueca por baixo de tudo. Fui seco até a porta e a abri, me assustando por encontrar uma menina incrivelmente bonita, apesar dos cabelos castanhos bagunçados.
- Oh, que estilo! – Ela falou, segurando a risada e Jessica apareceu atrás.
- Vejo que está aproveitando bastante, hein?! – Jessica disse e eu senti meu rosto queimar, ainda interessado na menina gata que estava com ela.
- Me empolguei. – Falei e dei espaço para elas entrarem.
- Eu vim apresentá-los rapidamente. – Jessica falou. – Essa é , Louis. A cantora que lançaremos em alguns meses.
- É você? – Perguntei um tanto chocado, havia acabado de conhecer a menina e estava de quatro por ela.
- Eu mesmo! – Ela abriu um largo sorriso. – Bacana, não?! – Ela riu e eu dei um sorriso sem graça.
- Superbacana. – Sorri. – É um prazer!
- O prazer é meu, Louis. Achei seu vídeo sensacional! E ainda treinaremos um pouco mais a parte da voz.
- Você gostou?
- Claro! Do contrário você não estaria aqui. – Elas riram juntas.
- Estava falando da voz, na verdade. – Ri fracamente.
- Sim, acho que tem potencial. Estamos começando, então precisamos de qualquer conhecimento, porque eu só sei cantar! – Ela gargalhou e eu ri fracamente.
- Bom, espero que eu possa ajudar a fazer sucesso.
- Vai ser sim! – Jessica falou e olhou para . – Bom, precisamos ir, você tem ensaio daqui a pouco.
- Prazer te conhecer, Louis. A gente se vê em breve. – sorriu, esticando a mão e me cumprimentando. – Eu te daria um abraço se você não estivesse tão... – Ela movimentou as mãos e eu ri.
- É, desculpe por isso. – Ela acenou e saiu do quarto.
- Eu vou combinar de vocês se juntarem para conhecerem os outros membros da banda e se enturmarem, tudo bem? Brandon vem mais tarde para te levar para praticar um pouco.
- Tudo bem. – Assenti com a cabeça. – Estarei aguardando. – Sorri e ela acenou.
- Só esteja mais apresentável quando viermos novamente, ok?! Sua cara foi impagável! – Fiz uma careta, ouvindo-a rir.
- Até mais, Jessica.
- Até mais! – Ela respondeu e saiu, me fazendo bater com as mãos na cabeça.
Sim, galera. Eu tive um pequeno crush pela na primeira vez que eu a conheci. Ela é muito bonita, até hoje, tem um sorriso sensacional e uma alegria que emana em qualquer um, afinal, foi ela que nos transformou em algo muito mais que uma banda, ela nos transformou em uma família.
Mas eu vou adiantar que meu crush por ela passou rápido, afinal, trabalharíamos juntos e aquilo tinha tudo para dar errado. Mas logo viramos irmãos. Eu sei que ela tem um carinho muito especial por mim e eu nutro o mesmo por ela, mas esse foi um momento que precisava ser compartilhado.
E sim, sabe disso, não vai ser nenhuma surpresa para ela ler isso agora. Tanto que ela disse que ficou meio óbvio na minha cara que eu fiquei meio hipnotizado por ela, ela tirou isso quando descreveu o jantar comigo, Jack e Mike. Quem diria que eu mesmo me entregaria 15 anos depois, não é mesmo?
Para ajudar eu estava de roupão, cara! Micão total! Ótimo jeito de entrar na banda!”

- Ah, lembrar disso é ótimo! – sorriu, virando o rosto para mim. – Meu ego fica tão inflado por um cara igual você ter gostado de mim! – Ela sorriu e eu revirei os olhos.
- Imagina se a gente tivesse tido algo? – Comentei e ela gargalhou.
- Das duas uma, ou daria muito certo, ou essa banda não existiria mais! – Sorri, negando com a cabeça.
- Eu aposto na primeira opção. – Agatha apareceu na escada e sorrimos. – Vocês são muito iguais, provavelmente seria um relacionamento sem graça, mas ficariam juntos pelo resto da vida.
- Eu duvido disso! Gosto de alguém que seja totalmente diferente de mim, que seja minha âncora. – Ela sorriu.
- Você está abandonando um pouco essa âncora. – Ela suspirou.
- Eu sei, está sendo tão apoiador nessa turbulência que está nossas vidas... Em breve, gente. – Suspirei. – Só mais alguns meses. – Assenti com a cabeça e abracei-a de lado. – Enfim, é isso?
- Então, eu estava falando com Agatha e queria colocar algo, pelo menos uma lembrança sobre como eu conheci ela e sobre Elliot. Eu nunca falei sobre Elliot, sabe? – deu um pequeno sorriso.
- Eu vou gostar de ler isso.
- Só uma passada, sabe? Eu não quero reviver aquela noite de novo, só... Falar dele, sabe? Para ninguém se esquecer.
- Claro, querido! – sorriu. – Me avise quando finalizar, ok?!
- Ok, só me dê mais algumas horas. – Ela assentiu com a cabeça e, junto de Agatha, ambas sorriram, descendo as escadas novamente. Respirei fundo e me sentei na cadeira novamente.

“Olha, gente, o combinado era que a gente escrevesse sobre nossas vidas antes de entrar na banda, contássemos os segredos mais sórdidos e o que nos levou a entregar nossas vidas na mão da gravadora mais filha da puta de todas, mas eu não poderia terminar a minha parte, simplesmente passando a tocha para Emily, - afinal, prepara os cintos, vem bomba por aí – eu preciso falar um pouco do dia em que conheci a mulher que se tornaria minha esposa e sobre meu filho.
Primeiro eu vou começar pela parte fácil, por Agatha. Como vocês viram ali em cima, eu tinha um padrão de garotas. Sei lá o que eu estava pensando na vida, mas todas as 11 namoradas que eu tive antes de conhecer Agatha, tinham um jeito meio similar, altas, loiras, estilo Barbie e com pais cheios da grana.
Realmente não me faz sentido hoje pensar nisso, eu não sei se eu realmente gostava daquele estilo ou era só mais uma das coisas que eu estava me escondendo. Não sei, mas para mim, Agatha foi amor à primeira vista.
Como menciona na outra história, eu conheci Agatha em um dos intervalos da gravação do clipe de Freak the Freak Out na Disney em Anaheim. Essas gravações costumam durar de dois a três dias para serem feitas, mas como tínhamos conseguido licença para um dia, tivemos que nos virar para fazer isso acontecer.
Mas tudo precisa de um intervalo, o que aconteceu na hora do jantar e cada um se espalhou para procurar por alguma coisa para comer. Eu fui direto para a barraquinha de cachorro quente, estavam com uma cara deliciosa, além da fila estar pequena, então eu não demoraria para ter meu lanche quentinho em mãos.
Tinha somente duas pessoas na fila quando eu parei atrás da última, que era Agatha. O cara da minha frente pegou seu lanche e logo saiu, então foi a vez de Agatha ser atendida.
- Eu quero um tradicional no combo médio, por favor. – Ela falou e eu estava distraído, olhando para os lados, naquele básico esquema de passar o tempo.
- São 12 e 25. – O vendedor falou para ela.
- Eu só tenho 50, moço. – Ela falou e notei que sua voz era doce, calma, e comecei a prestar atenção.
- Ah, não tem, pelo menos, dois e 25 para ajudar?
- Ah, moço, nada. – Ela falava e eu olhei rapidamente o dinheiro que Jessica tinha distribuído para gente comer.
- Eu posso ficar te devendo?
- Você gostaria que eu ficasse te devendo? – Ela devolveu a pergunta e eu ponderei com a cabeça. Ela estava certa.
- Então, não tem como te ajudar, sinto muito.
- Eu pago! – Falei rapidamente e ela se virou para trás.
Aquele momento um filme passou pela minha cabeça, não sei o que estava acontecendo, mas eu sabia que faria tudo para conquistar aquela garota. Seus cabelos eram negros fortes, ela usava bastante lápis no olho e usava uma roupa bem alternativa para estar em um parque da Disney. No mínimo ela deveria estar em um show de alguma banda emo. Ela era facilmente 40 centímetros mais baixa do que eu e um pouco gordinha. Por baixo de todo esse estilo emo/gótico, ela tinha o sorriso mais lindo que eu já vi, até mais que . Um sorriso que não combinava com aquelas roupas todas.
- Me desculpe pela demora, mas você não precisa fazer isso. – Ela falou e eu ri fracamente, saindo do meu transe.
- Eu insisto. Além de que assim ele não precisa me devolver troco também. – Falei e ela sorriu.
- Obrigada! – Ela disse e eu assenti com a cabeça. – Eu conheço você. – Ela disse.
- Louis Saint-Claire. – Estendi minha mão e ela a segurou, sacudindo-a levemente.
- Você é o baterista daquela banda, daquela cantora...
- Stone. – Falei e ela sorriu.
- É, ela mesma. Vocês têm umas músicas legais. – Ri fracamente.
- Você não me parece o tipo que ouve Stone. – Ela riu fracamente, ficando vermelha.
- É só o estilo, eu gosto de me vestir assim. – Ela sorriu.
- Você é linda! – Falei sem pensar.
- Obrigada! Você também. – Ri fracamente.
- Você é daqui da Califórnia? – Perguntei. – Podemos sair um dia desses, não sei...
- Eu sou de Orlando, para falar a verdade, mas vou adorar sair contigo um dia desses. Ficarei em Los Angeles até o fim da semana.
- Quer me passar seu telefone? Posso te ligar e a gente combina.
- Claro! – Ela se virou na barraquinha novamente, pegando um guardanapo e olhei a cara do atendente que não estava de bons amigos. – Tem uma caneta para me emprestar? - O cara que não estava no clima Disney a entregou a contragosto. – Esse é o telefone da minha tia, liga amanhã, provavelmente ficaremos o dia inteiro lá.
- Combinado, então. – Sorri, pegando o guardanapo quando ela me entregou. – Qual seu nome mesmo?
- É Agatha. – Ela sorriu.
- Prazer te conhecer, Agatha! – Sorri e ela se afastou com se cachorro quente que já esfriava ao lado do meu e suspirei, confuso com o que tinha acontecido ali.
- São 25 pratas, cara. – O cara da barraquinha falou e eu desviei o olhar de Agatha caminhando por entre as pessoas.
- Oi?
- O dinheiro, você não pagou.
- Ah sim! – Tirei a grana certinha do bolso e entreguei para ele. – Você não é muito simpático para um vendedor da Disney.
- Sinto muito por te desapontar. – Ele falou e dei de ombros, pegando minha comida e voltando para minha banda.
Com Agatha foi fácil, daí foram só algumas conversar, algumas saídas, alguns beijos e eu sabia que seria feliz pelo resto da minha vida”.

“Agora sobre Elliot, é um pouco mais complicado. Faz 10 anos que ele se foi, mas eu ainda me lembro dele todos os dias e penso o que seria de mim com ele aqui. Linda veio em uma hora maravilhosa, precisávamos de alguém para cuidar de nossos corações, mas cada filho é único. Elliot foi, mesmo que por alguns minutos, alguém que me fez crescer. E me faz crescer até hoje, me fez ser mais tolerante, paciente e valorizar cada momento de nossas vidas.
Aquele dia passa na minha cabeça várias vezes e eu sempre penso se eu poderia ter feito alguma outra coisa de diferente para ter meu filho aqui comigo ainda, mas eu não consigo pensar no que. Era um dia normal, como todos os outros. Eu e Agatha estávamos em casa, sozinhos, aproveitando nosso momento quando as contrações começaram e foi aquela correria. Não deu cinco minutos e a pressão de Agatha estourou demais e ela foi desmaiada para o hospital. Agradeço até hoje por Mike e Mack terem me ajudado a levá-la, eu não aguentava esperar pela ambulância e não tinha condições para dirigir.
No hospital eu esperei, uma hora, duas, as pessoas começaram a chegar e nada da minha esposa e de meu filho saírem. Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Ela estava de sete meses ainda, não era para ela entrar em trabalho de parto se as coisas estivessem normais.
Eu não sabia o que pensar, eu não sabia como agir, mal lembro o que as pessoas falavam de mim e confesso que essa parte ao ler o livro, mas eu sentia que todo o meu mundo estava esvaindo, que toda a felicidade que eu havia construído ao longo desses anos estava indo embora.
Até que veio a notícia. Agatha estava bem, mas eu tinha perdido meu filho. Eu não sei quantas vezes eu chorei por isso, quantas vezes eu gritei para aquilo não ser verdade e quantas vezes eu pedi para que aquilo não acontecesse, por causa de Agatha, não sabia como aguentaríamos essa notícia.
Depois que eu fui ver Agatha na UTI, ter certeza que minha esposa estava bem, tivemos a chance de ver nosso filho uma única vez antes que ele fosse enterrado. não conta isso no livro, acho que para nos dar privacidade, não sei, ela não fez farte desse momento, era muito para processar. Ele era só um bebê.
Por causa da onfalocele, ele estava com um pano cobrindo seu tronco e somente seu rosto para fora. Ele era pequeno ainda, a cabeça sem cabelos e parecia que estava dormindo. É uma imagem difícil de processar, eu sei, mas é a única lembrança que eu tenho do meu filho, do meu anjinho Elliot. Para sempre, nem temos uma foto de recordação para guardar dele, porque não é uma recordação bonita de se guardar, mas eu sinto aqui dentro, todos os dias, que falta uma parte, e eu sei que falta.
Quando Agatha saiu do hospital, nós fizemos um pequeno funeral, mas foi delicada demais e deixou isso de fora do livro, mas acho justo contar para vocês. Só foi o pessoal da banda e os familiares meus e de Agatha. Fizemos às portas fechadas, não anunciamos para ninguém e guardamos essa informação até hoje.
Eu não sei quantificar a dor que é perder um filho, principalmente um filho que mal tinha acabado de nascer. É difícil, é doloroso e é uma dor que ronda sua cabeça dia e noite. Uma dor que não sara, não cicatriza e não vai passar nunca, nem quando tivermos 100 anos, mas nos fez aprender muito.
Elliot veio ao mundo com uma lição: me tornar mais humano. Porque se as pessoas falam que eu sempre fui uma pessoa muito amável e tudo mais, elas não conheceram a raiva que tomava conta da minha vida antes de encontrar a música. Agora tudo é mais leve, tudo é mais fácil e tudo passa.
Tudo passa, mas nos deixam lições incríveis.
Bom, gente! Eu já estou derramando algumas lágrimas, então acho que é isso! Aproveitem todas as histórias e tentem tirar lições valiosas para a vida de vocês. Ninguém deve sofrer sozinho”.

- Bonito, Louis! – falou e percebi que seus olhos estavam marejados.
- Deu uma chorada? – Ela riu fracamente.
- Eu sempre choro quando falamos de Elliot. – Ela disse e eu suspirei.
- O que você acha?
- Está ótimo! – Ela disse. – Tudo, sua história, esse final, é bonito! – Assenti com a cabeça.
- Agora eu entrego para Emily?
- Sim! – Ela falou, se levantando da cadeira e fechando o notebook. – Vamos continuar isso, já chegamos na metade.
- Em partes! – Falei e ela abanou com a mão.
- Calma que eu tenho uma idealização do projeto, vai ficar legal!
- Eu sei, tudo o que você toca vira ouro, rei Midas! – Rimos juntos e ela abanou com a mão.
- Emily já deve ter chegado, a casa está cheirando tempero. – Peguei o notebook e descemos as escadas juntos.
Andamos pelo largo corredor da mansão de Jessica e ela entrou na porta de seu quarto e eu pude ver que ela abraçava que segurava Ella em seus braços. Abri um sorriso e rezei para que ele mantivesse a calma e ajudasse a voltar nos trilhos mais uma vez.
Segui em frente, sentindo o cheiro de tempero e desci as escadas, chegando na cozinha, aonde Emily e Amir estavam na cozinha trocando risadas e eu me aproximei dos pombinhos, pigarreando com a garganta para distrair os dois.
- Com licença? – Falei e eles se separaram rindo.
- Ah, não! – Emily reclamou logo de cara e eu arregalei os olhos.
- Calma, não morde. – Falei, apoiando o notebook na bancada.
- Eu sei, mas é... Eu tenho a pior história de todas. – Ela falou e eu suspirei.
- Não, não tem, talvez a mais difícil, mas a mais a fácil de escrever. – Ela suspirou.
- Sobre o que escreveu? – Ela perguntou.
- Minha infância, meu amor não correspondido pela música, ex-namoradas, problemas na antiga banda e falei um pouco de Agatha e Elliot. – Ela assentiu com a cabeça.
- Eu vou ter que pensar como eu vou fazer isso. – Ela disse se afastando do fogão e Amir tomou às rédeas.
- Parece difícil, mas depois que a gente começa, flui que é uma beleza. – Falei e ela suspirou
- Vamos ver o que vai dar. – Ela disse.
- Vai dar certo, amor. Eu te ajudo a fazer uma busca nas memórias. – Amir falou e ela suspirou.
- Não sei se quero fazer essa busca.
- Vai sim! – Falei. – Foi a primeira a topar a ideia. – Rimos juntos e ela assentiu com a cabeça.
- Obrigada, Louis. – Ela deu um beijo em minha bochecha.
- Boa sorte. – Disse e ela acenou com a cabeça, fazendo uma careta.
- Relaxa, Emni! Vai dar certo. – Ouvi Amir dizer e ouvi um bufo alto ecoar pela cozinha, me fazendo rir fracamente.




Continua em Uma História de Emily Lizarde.



Nota da autora: Mais uma short desse especial postado! Que alegria! <3 Caso você tenha lido a short do Jack, sabem que eu venho pensando sobre esse projeto de Total Stranger há cerca de um ou dois anos, mais ou menos. Apesar de TS ser uma história muito grande, ela tem vários personagens, então era normal que surgissem outros enredos em minha cabeça!
A história do Louis sempre foi um desafio, afinal, como mencionado na história, tudo de "extraordinário" que aconteceu com ele, houve durante TS, então precisei puxar muito da memória para saber como seria o passado desse francês. Espero que tenha ficado do seu agrado, se pensou diferente, não se esqueça de deixar aquele comentário bacana aqui embaixo me contando!
Beijos. ♥



Outras Fanfics:
  • Total Stranger
  • Total Stranger - Uma História de Jack Bolzan
  • Total Stranger - Uma História de Mike Derrick


    Nota da beta: Ahh, meu Deus, não imaginava que o Louis crushava a Alice, que coisa fofinha, foi o auge hahah! Que fofa a história dele, ameei! <3

    Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.

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