Quando me perguntaram qual era o meu maior medo, eu respondi “ficar longe dos Stays”, pois era algo que eu nunca imaginei acontecer.
Durante todos esses anos eu lutei para ser um bom cantor, um bom dançarino, e um bom rapper. Lutei para mostrar que eu era muito mais do que um rosto bonito, um príncipe, como todos me chamavam, para no futuro o destino me pregar uma peça.
Eu não estava preparado para tudo o que aconteceu nos últimos meses, e acredito que ninguém estava. Passar todo esse tempo longe dos meus fãs e dos membros do Stray Kids foi como uma facada no meu coração, tanto é que por um momento me vi em uma rua sem saída, e a sensação de ter o meu maior medo se concretizando foi como a escuridão tomando conta de mim.
Sentimentos confusos eram o que eu tinha desde o instante em que me afastei, sendo também meu maior medo a impressão de que eu não conseguia manter minhas promessas. A incerteza também se instaurou em meu coração e mesmo que meu afastamento não tenha sido intencional da minha parte, não pude deixar de pensar em como as pessoas estavam abaladas com tudo o que aconteceu, com o meu silêncio forçado, e até mesmo com a falta de pronunciamento da minha empresa.
Claro que mesmo de longe eu pude ver o apoio que recebi das pessoas ao redor do mundo, e meu coração se encheu de amor e ternura em meio a tanta tempestade e escuridão.
Todas as vezes que penso nos Stays, eu me sinto aliviado e agradecido, pois eles foram uma das razões para eu me reerguer aos poucos depois do baque que recebi.
Eu sou muito grato. Obrigado!
Obrigado por acreditar em mim, obrigado por terem ficado ao meu lado nos momentos mais difíceis e escuros, obrigado por não desistirem de mim.

***
Hoje, depois de tanto tempo, eu poderia considerar tudo o que passei uma vitória, e essa vitória só foi possível graças às pessoas que não soltaram a minha mão em um momento tão delicado.
Poder voltar para o dormitório também era algo que ansiei por muito tempo e que me deixava extremamente feliz e aliviado, entretanto, meus pais continuavam preocupados comigo, querendo saber se eu seria realmente forte para seguir adiante com meus sonhos, e eu respondi que sim, que apesar de tudo o que aconteceu, eu ainda estava firme e forte em minhas decisões, e se os outros sete membros me apoiaram todos os dias durante esse tempo e mostraram que estavam ali por mim, mesmo quando eu não podia estar lá por eles, eu iria ser ainda melhor e dar a volta por cima. E é por causa disso que eu não desisti, por causa de amor incondicional, não só dos membros, mas como o amor que todos os Stays transmitiram quando eu estava no meu pior momento.
A despedida não foi fácil, mas sair de casa e voltar para o lugar ao qual eu pertencia era gratificante e ao mesmo tempo me deixava ansioso, pois à medida que o carro se aproximava do prédio que eu costumava viver com os membros, meu coração começava a bater mais forte, minhas mãos ficaram suadas de repente e meus ouvidos entupiram. O pânico que surge é indescritível, pois muitas das perguntas que me fiz enquanto eu estava longe assolam minha mente.
Será que eu sou o suficiente? Será que as pessoas irão continuar me amando, mesmo não tendo nenhum contato comigo por meses? Será que os fãs que ganhamos nos últimos tempos me conhecem? Será...?
Eu não queria deixar esses pensamentos tomarem conta da minha mente, porém, às vezes, era inevitável, pois no fim eu só queria poder ser amado incondicionalmente de novo.
Como eu estava chegando muito tarde ao dormitório, eu não tinha ideia se os membros estariam ali ou se estariam na empresa trabalhando, por isso, à medida que subo as escadas do nosso prédio, o elevador tinha entrado em manutenção novamente, eu penso no que eu deveria fazer caso ninguém estivesse ali.
Na realidade, meu maior desejo nesse momento era fazer uma surpresa para eles, talvez eu devesse ficar escondido no quarto que eu dividia com Minho e Seungmin e pegar os dois desprevenidos? Não sei se daria muito certo, e, para ser sincero, era capaz de eu acabar apanhando do meu hyung, não que Minho pudesse fazer algo do gênero, mas já era alguma coisa para se pensar.
Abrindo a porta do nosso apartamento, sou imediatamente sugado para uma áurea bastante familiar e aconchegante e fico chocado ao dar de cara com todos os membros ali.
— Bem-vindo de volta. — essas são as primeiras palavras que ouço ao primeiro passo para dentro de casa.
Enquanto eu fazia meu trajeto para cá, eu realmente pensei que tinha feito um bom serviço em esconder que eu estava voltando, e em nenhum momento passou pela minha cabeça que os membros deveriam saber que eu estava chegando hoje. Eu sabia que as coisas estavam corridas para cada um deles, e ver que todos estavam ali me deixou ainda mais feliz.
— O que vocês estão fazendo aqui? — largo minha pequena mala no chão e encaro cada um deles.
— Você realmente achou que ninguém estaria aqui para recepcionar você? — Han é o primeiro a falar, e o fato de ouvir a voz dele pessoalmente depois de tanto tempo me fez querer chorar. — Senti sua falta. — ele é o primeiro a se aproximar de mim e me abraçar, e acabo apoiando meu queixo em sua cabeça, fazendo todos os outros rirem.
Voltar para casa depois de tanto tempo ainda parecia ser um sonho, então se eu estivesse sonhando nesse momento, iria aproveitar cada pedacinho dos meus amigos antes de despertar.
— Eu tenho uma surpresa para você. — Felix estava diferente dessa vez, ele parecia radiante, bem como um raio de Sol, e automaticamente meu sorriso fica maior.
— E o que seria? — era difícil eu me aproximar dos outros membros no momento, pois Jisung parecia não querer me largar.
— Fiz brownie para você. — ele ergue uma pequena caixa de cima do sofá.
— Senti muita falta disso. — agora com Jisung me largando, vou até Felix e o abraço.
Quando eu o abraço, fico surpreso. Felix tinha um aperto tão forte que por um momento pensei que ele seria capaz de fazer meus ossos se estralarem e logo sinto minha camisa ser molhada rapidamente. Felix estava chorando, e isso partiu meu coração, apesar de aquecê-lo ao mesmo tempo.
— Espero que nunca mais tenhamos que passar por isso novamente. — ele sussurra no meu ouvido.
— Eu tive que ir para você ver o que eu passei quando você também foi. — pisco para ele e tento deixar o ambiente mais leve e descontraído.
Olhando ao redor, vejo que nosso apartamento não mudou muito nesses meses em que fiquei afastado, a não ser, é claro, pela cortina, que tinha voltado a ficar pendurada como antigamente, e um pensamento passa pela minha cabeça, um pensamento que sou obrigado a compartilhar com os outros membros.
— Por favor, nunca mais iremos arrumar essa cortina novamente. — ao apontar para ela, os meninos me olham como se não estivessem entendendo aonde eu queria chegar com as minhas palavras. — Foi depois de arrumá-la que minha onda de azar apareceu, e eu não quero isso para mais ninguém. — finalmente todos pareciam entender o que eu queria falar.
— Então a partir de hoje está decretado que essa cortina não deve ser arrumada. — Minho fala, arrancando uma risada de todo mundo. — Eu senti sua falta e, principalmente, senti falta de alguém me incomodando.
— Tenho certeza de que os outros fizeram o meu serviço. — sinto minha voz falhar.
— Nenhum deles era você. — Minho me abraça e eu me sinto automaticamente aliviado com o seu gesto.
Por mais que as pessoas ao meu redor critiquem as atitudes de Minho e falem que ele é uma pessoa fria, só eu, que convivo vinte quatro horas, sei como ele é a pessoa mais doce que conheci na vida, e tê-lo me abraçando de forma genuína era um dos melhores presentes que eu poderia receber hoje.
— Hyunjinnie... — Changbin começa a berrar de repente e eu coloco meus dedos no ouvido para amortecer o som da sua voz.
— Bin... — falo carinhosamente com ele.
— Estou feliz por finalmente ter você aqui. — Changbin me abraça fortemente. — Espero que você tenha se alimentado direito durante esse tempo, porque agora iremos trabalhar muito. — reviro meus olhos dramaticamente com as suas palavras, claro que ele falaria em trabalho.
— Você já tem algo para que eu possa trabalhar? — pergunto.
— O que você acha? — ele sorri misteriosamente para mim.
Os meses que fiquei em casa e observei meu grupo tendo que trabalhar sem mim foram difíceis, mas eu fiz o possível para apoiá-los em toda a sua trajetória enquanto estava afastado, e saber que eles se lembraram de mim nesse período, e que eu tinha algo em que trabalhar, me deixava ainda mais feliz e aliviado.
— Por que a gente tem que falar sobre trabalho agora? — Seungmin implica com Bin e eu só consigo rir com tudo o que está acontecendo no momento. — Estive aguardando ansiosamente você voltar para assistirmos um dorama. — ele sorri para mim, e seu sorriso e a carinha feliz fazem Seungmin parecer ainda mais como um filhotinho de cachorro.
— Quando tivermos uma folga, é isso que iremos fazer. — levanto meu dedo polegar para ele.
— Hyunjin... — eu não tinha reparado que Jeongin estava chorando até olhar para ele. — Eu senti tanto a sua falta. — era inevitável olhar para ele e não querer chorar também.
De todas as pessoas, a que eu mais senti falta foi Jeongin, pois sempre estávamos juntos, compartilhando momentos. Ele era meu irmãozinho, e ser privado de vê-lo todos os dias me deixou ainda mais triste.
— Innie... — poder abraçar no nosso pequeno Jeongin era algo que eu queria e desejava. — Eu também senti sua falta.
Ter que ficar tanto tempo longe dos meus amigos era algo que eu iria levar muito tempo para aceitar. Ter as pessoas sendo tiradas da minha vida e ser colocado obrigatoriamente de lado por conta de boatos me fizerem sentir como se eu fosse a pior pessoa do mundo, mas eu tive sorte, e quando eu falo em sorte, eu me refiro a todos que ficaram ao meu lado.
Desfazendo o abraço, encaro a última pessoa da família que faltava eu me comunicar.
— Chan... — não existiam palavras suficientes para descrever a gratidão que eu tinha pelo Chan nunca ter desistido de mim e por ter cuidado de mim tão bem, mesmo quando eu estava longe.
— Hyun... — ver os olhos do Chan cheios de lágrimas fez eu mesmo querer me agachar e chorar como uma criança. A realização de saber o que ele passou nos últimos meses para me manter junto dos meninos, para confortar eles e confortar todos os nossos fãs, é dolorido até mesmo para mim.
Eu observei e acompanhei todas as lives que ele fez durante o meu período de hiatos, e a maneira como ele tentava expressar para os nossos fãs que eu estava ali, mesmo quando ele não podia falar abertamente o meu nome, é algo que nunca poderei agradecer direito, pois foi um ato puro e sincero vindo de uma das pessoas que mais tinham significado na minha vida.
— Eu senti tanto a sua falta. — me aproximo dele e o agarro como se eu dependesse disso. — Acho que nunca irei conseguir agradecer você por tudo o que fez por mim durante esses meses.
Algumas pessoas acreditavam que o meu afastamento tinha sido um bom castigo, que não poder fazer parte dos momentos mais importantes junto com os membros foi necessário, porém o que as pessoas não imaginavam é que o meu maior castigo com tudo o que aconteceu foi ter ficado longe deles e dos Stays.
— Eu tenho que me desculpar novamente com vocês, por tudo o que aconteceu. — parecia que eu tinha uma bola entalada na minha garganta.
— Você não tem que se desculpar por nada. — Chan continua me abraçando e falando calmamente comigo. — Saber que você está bem e conosco é o que realmente importa agora. — eu seco uma lágrima que cai.
— Mas... — eu não consigo terminar de falar, porque de repente sou esmagado por todos os lados.
— Hyung, eu espero que você nunca mais saia daqui. — escuto a voz abafada do Jeongin e tento descobrir em qual lado ele está, pois meu queixo estava colocado nos ombros de Chan, e com todos me abraçando, a imagem de onde Jeongin estava era difícil de ver.
— Eu não irei a lugar algum. — essa era uma promessa.
— Eu senti sua falta.
Escuto atentamente cada um deles falar em meio ao abraço que eles estavam me dando.
— Agora estamos juntos. — aos poucos, um a um, eles vão se afastando.
— Estou realmente feliz. — Felix é o único a continuar abraçado comigo.
— Eu também. — nossos olhos se conectam e eu sorrio verdadeiramente depois de muito tempo e continuo olhando para ele com um sorriso bobo nos lábios.
— Vocês querem escutar algo legal? — de repente Chan chama a nossa atenção, batendo palmas, animado.
— O que seria? — a curiosidade me bate de repente.
— Uma fã nos disse que uivamos em harmonia, e hoje, depois de tanto tempo, estamos com a nossa alcateia completa. — ele olha para mim. — Demorou mais do que imaginamos e sou grato pela minha família estar reunida novamente.
— Não podemos deixar de lado outra coisa. — Jeongin fala.
— O quê? — Chan parecia encará-lo com expectativa.
— Oito é um ótimo número. — nosso maknae se expressa com um sorriso tão meigo que meu coração se enche de amor.
— Sim, Innie, você tem razão, oito é um ótimo número. — sorrio abertamente ao ouvir Chan pronunciar as palavras de Jeongin, pois isso me lembrava de momentos felizes.
Com isso, cada um dos membros vai formando um círculo e repetindo as palavras de Chan, um a um até parar em mim. E meu coração se enche de amor, porque oito significava Stray Kids.
Porque oito significava que estávamos completos.
Because eigth is a good number.

***
Depois que os ânimos se acalmam, Chan traz uma caixa para o meio da sala e sorri abertamente para mim.
Eu estava curioso para saber o conteúdo que tinha ali dentro, pois eu não conseguia imaginar em nada que pudesse caber e uma caixa tão pequena.
— O que é isso? — me sento no chão e o encaro com expectativa.
— Pensamos em muitas coisas para fazer seu dia melhor, e porque não colocar algumas coisas aqui dentro? — Chan explica.
— Eu deveria perguntar o que vocês colocaram aí? — semicerro meus olhos.
— Por que você não abre e vê? — Jisung me pergunta.
— Tudo bem. — solto um suspiro e me inclino para que eu pudesse abrir aquela caixa.
Acredito que os meninos tenham sido cuidadosos em suas escolhas, pois ali dentro tinham oito itens. Imagino que eram presentes que eles queriam me dar e acabo pegando item por item com bastante cuidado, sendo o último deles o que me chamou mais atenção.
— Vocês me escreveram uma carta? — pergunto com curiosidade.
— Não... — Minho balança a cabeça, rindo.
— Então... Quem? — pergunto.
— Há alguns dias, fãs deixaram cartas na empresa direcionadas para você. — Chan começa a explicar. — Eles iriam jogar fora, pois não tinham noção do tipo de conteúdo que poderia ter nelas, porém pedimos para ler algumas, e essa foi a carta que mais chamou a nossa atenção.
— Então... Isso é de um fã? — minha boca fica seca de repente.
— Sim... — Chan gesticula para que eu leia a carta em questão e quando abro aquele pedaço de papel, prendo minha respiração.

Hyunjin, meu amor.
Hoje, escrevo essa carta na esperança de ter você ao meu lado novamente, firme e forte, como deveria ter sido desde o começo.
Sabe o que é mais engraçado? Todos falam que a linha de chegada é o momento mais importante das nossas vidas, que a corrida até chegar ao pódio tem seus altos e baixos, e que muitas vezes deixamos o medo ultrapassar a nossa capacidade de vencer.
Durante anos, eu tive medo, medo de ser quem eu queria ser. Medo de amar e não ser amada.
Eu tinha medo de tudo.
Até conhecer você.
Olhando para trás, acredito que não houve nenhum dia desde o momento que meus olhos se encontram com os seus que eu não deva ter sido feliz. Meu amor por você foi instantâneo, e por míseros segundos fui atingida por fogos de artifícios, meu estômago dando cambalhotas. Por um momento, fui incapaz de controlar meus lábios, que instintivamente sorriram para você. Pode parecer tolo falar isso, e pode soar um tanto quanto brega, mas é o que vivenciei todos os dias, Hyunjin.
Na realidade, você deveria vir com uma placa de aviso. Altamente apaixonável e envolvido em tudo o que faz. Não é brincadeira! Quando vejo você fazendo tudo o que ama, seja na dança, na música, ou qualquer atividade que você exerce, eu me apaixono ainda mais. Seu sorriso é um energético natural e eu vivo embriagada nele.
Eu reconheço que tudo o que você passou para chegar até aqui, hoje, faz você ser ainda mais incrível do que é, e toda a dor que você passou em seus momentos mais difíceis o tornaram um jovem capaz de ser ainda mais forte, e é isso que eu admiro tanto em você, e tenho certeza de que todos compartilham o mesmo pensamento que eu.
Agora, mediante a tudo o que aconteceu, o que eu mais queria nesse momento era estar ao seu lado, segurar sua mão e dizer que os momentos ruins, mesmo que dolorosos, fazem parte do aprendizado do ser humano, porém ver você sendo arrancado dos meus braços, e dos braços dos seus amigos, foi algo que ninguém esperava e doeu... Ainda dói. E mesmo com a certeza de que olharei novamente para você, olho no olho em um futuro próximo, não foi justo.
A espera me assola todos os dias, é como olhar para a janela e ver as estações passando lentamente, dia após dia. Da mesma forma que me sinto solitária em não ter você por perto, eu sei que esse sentimento é reciproco, não só por mim e pelos seus amigos, mas sim por todas as pessoas que você ama e foi privado de ver.
Hoje, encerro essa carta com a certeza de que iremos nos encontrar, essa despedida forçada não foi o nosso fim, eu tenho certeza disso, pois confio em você para voltar mais forte do que já é, porque esse é o ciclo da vida, crescemos e amadurecemos conforme o tempo passa, e eu sei que esse tempo ruim foi algo que todos nós tivemos que passar para findar com certeza o que todos nós sabíamos desde a largada dessa corrida, o amor que sentimos por você.
Porque você é amado, e você merece receber todas as formas de amor possíveis.



Meus olhos se enchem de lágrimas ao terminar de ler as palavras carinhosas que acabo de receber e um sorriso nos meus lábios surge novamente, pois hoje eu tenho a certeza de que sou amado e que todas as formas de amor são possíveis.
E estar nesse momento ao lado do Chan, Changbin, Minho, Han, Felix, Seungmin e Innie era uma das maiores recompensas que eu podia receber depois de ter passado meses em meio à escuridão, pois agora eu tenho certeza de que meus dias seriam mais ensolarados.