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Capítulo 18

(Você e eu, não queremos ser como eles. Podemos levar isso até o fim, nada pode ficar entre você e eu. Nem mesmo os deuses lá em cima, podem separar nós dois. Não, nada pode ficar entre você e eu. - One Direction, You and I)

- Olha seus avós. – Olhei para frente, onde os avós de estavam na pista de dança, dançando alguma música lenta. O avô do fazia os movimentos lentos, já que a avó tinha dificuldades com o andador.
- Somos nós daqui alguns anos. – comentou e eu sorri.
- Há quantos anos eles estão casados? – Cortei um pedaço pequeno de salmão e coloquei na boca, conferindo toda hora se nada tinha caído em meu vestido.
- Uns 55 anos. – Lindsay comentou ao lado de e eu abri a boca, surpresa. – Eles se casaram novos.
- Daqui uns 55 anos, estaremos na casa dos 80. – riu fraco e eu franzi a testa.
- Oh, meu Deus! – Sorri, seguido de uma risada. – Melhor pensar no agora.
- Acho melhor também. – Minha mãe e Lindsay falaram juntas e eu abri um sorriso de lado, suspirando.
- Vamos pensar nesse momento, enquanto estamos juntos aqui. – falou ao meu lado e eu suspirei, sentindo uma lágrima e olhei para cima rapidamente, tentando fazer com que ela não caísse.
- Não me façam chorar. – Comentei e as mães sorriram.
- A gente já volta. – Minha mãe comentou e ela se levantou da mesa, junto de Lindsay, deixando eu e sozinhos novamente.
Voltei ao meu prato de comida e comi os poucos pedaços que faltavam do salmão e coloquei os talheres de lado. Passando o guardanapo de pano em meus lábios de leve, vendo o batom claro sair um pouco no pano, bebi mais um gole da minha água, vendo o garçom encher imediatamente com mais champanhe e com água, me fazendo agradecer com o olhar.
- Vai repetir? – Virei para e ele riu fraco, fazendo uma careta.
- Estou pensando na ideia ainda. – Ele comentou e eu encostei minha cabeça em seu ombro devagar.
- Vai com calma, tem muito que acontecer ainda. – Comentei e ele sorriu.
- Olá, boa noite! – Prestei atenção no palco novamente, onde Olívia estava e eu franzi a testa. – Começaremos os brindes. – Franzi a testa e virei o rosto para , surpresa. Eu, definitivamente, não estava esperando por isso.
- Está pronta para isso? – Ouvi cochichar ao meu lado e eu suspirei, negando com a cabeça.
- Definitivamente não. – Suspirei e virei meu rosto para frente novamente, prendendo a respiração quando minha mãe se colocou no palco, em frente ao microfone.
- Olá, boa noite! – Minha mãe falou fixando os olhos em mim. – Para quem não sabe eu sou mãe da noiva e, como ela, eu sou brasileira, então meu inglês não é muito bom. – Ela sorriu para mim e eu ri fraco. - Quando ela veio para os Estados Unidos para estudar, eu sabia que eu ficaria com muitas saudades dela, mas ela tinha lutado bastante por isso, e realmente merecia aquela bolsa. Tudo o que eu pensava era que dali um ano eu a veria novamente, mas não. – Minha mãe sorriu. – Ela decidiu ficar e procurar emprego aqui. O que eu acho que ela fez certo. – Ela riu fraco. – E ela conseguiu. Um emprego bom, com ótimos benefícios, morando próximo ao trabalho e ainda em uma cidade onde boa parte da população é brasileira. – O pessoal a minha volta deu risada. - Como mãe, eu fiquei acabada, minha filha mais nova, meu bebê, não voltaria para casa como planejado. – Ela respirou e olhou para mim. – Mas ela estaria fazendo a carreira dela. A carreira internacional dela. Com isso podem vir coisas boas e coisas ruins, mas, aparentemente, só coisas boas têm vindo desde então. Com isso, veio também um amor, ó Deus, como eu pedi para que ela não se apaixonasse por alguém de fora. – Ri fraco e virou o rosto para mim. – Leis diferentes, países diferentes, o fato de eu nunca vê-la, são diversos motivos que eu tinha medo, o problema nunca foi contigo, ! – Ele assentiu ao meu lado. – Mas ainda bem que eu estava errada. – Eu sorri. – Ver sua filha feliz, tendo uma experiência magnífica na profissão que ela escolheu, fazendo as escolhas dela sozinha, bate qualquer saudades, qualquer tempo longe. Eu estou orgulhosa de você, minha filha, orgulhosa por saber que tudo que eu ensinei para você, você pegou e transformou em algo melhor, algo que você pudesse viver bem, e está aqui, começando mais uma jornada da sua vida. – Ela sorriu, me fazendo suspirar, com os olhos marejados. – Seu pai estaria orgulhoso também, tenho certeza. – Olhei para a pulseira com o pingente azul em meu pulso e suspirei. – Faça minha menina feliz, . – afirmou com a cabeça e me abraçou. – Aos noivos! – Ela ergueu a taça e a festa repetiu o gesto, eu e também e tomamos um gole da taça, ouvindo o som de aplausos ao fundo.
- Definitivamente, não estou pronta para isso. – Falei fraco e ele pegou o lenço em seu paletó e entregou para mim que sorri, passando levemente embaixo dos olhos.
- Está sim. – Ele riu fraco e eu olhei para o palco, onde sua mãe estava colocada.
- Vamos ver o que vai achar depois daquilo. – Fiz sinal com a cabeça para frente e ele desviou o rosto de mim.
- Oh, meu Deus! – Ele riu fraco, franzindo a testa.
- Você não vai se livrar dessa, filho! - Lindsay falou e eu ri fraco. – Eu não preparei nada também, então, seguirei do brinde da minha nova melhor amiga aqui. – Lindsay apontou para minha mãe que riu, balançando a cabeça. - O desejo de toda mãe é que seu filho consiga realizar seus sonhos e simplesmente voe. , antes de se descobrir ator e mais ainda antes do sucesso, já quis ser várias coisas, mas ele sempre foi um amante das artes, achei que ele ficaria na dança, afinal, eu como professora de dança, fazia todos dançarem pela casa, tipo a família Von Trapp de “A Noviça Rebelde”. – Gargalhei, olhando para que tinha o rosto escondido nas mãos. – Mas então ele viu a irmã mais velha atuando em peças da escola e gostou da brincadeira... Brincadeira que ele está fazendo até hoje, conquistando o sucesso dele, quem sabe o primeiro prêmio importante daqui alguns dias. – Abri um sorriso, sabendo que ela se referia ao People’s Choice Awards. - Como mãe, eu sempre me orgulhei da carreira de , claro, briguei um pouco também por algumas decisões erradas, mas, um passo de cada vez, ele acabou se ajustando, e continuou a fazer mais e melhor. – Ela abriu um sorriso. – Só que algo estava faltando. – Ele riu fraco ao meu lado, dando um beijo em minha bochecha. – Eu agradeço a você, Melina! – O pessoal que estava unido lá na frente começou a aplaudir e gritar por ela. – Obrigada por contratar essa preciosidade aqui. – Abri um sorriso de lado, mordendo o lábio inferior. – Eu não podia pedir por alguém melhor, mais centrada, mais amável e que ame o meu de forma tão gostosa e intensa. – Ri fraco. – E obrigada, , por fazê-lo se sentir confortável em poder dar um passo maior que a perna, e com sucesso. – Ela sorriu. – Que vocês cuidem um do outro e que passam a vida inteira juntos. – Ela ergueu a taça, fazendo todos repetirem o gesto. – Sejam muito felizes. Ao e . – Ela sorriu e bebeu um gole da taça e eu e imitamos o gesto.
Em um momento rápido, minha irmã, Seth, Cady e Sharon trocaram de lugar com Lindsay, se colocando em cima do palco, um do lado do outro, com o microfone no meio deles.
- O que está acontecendo? – perguntou para mim e eu ri fraco.
- E agora, o momento musical da noite. – Seth começou e os quatro fizeram uma pose exagerada em cima do palco, fazendo com que eu e tivéssemos a mesma reação assustada, e algumas pessoas rirem. – DJ, solta o som. – Ele falou, apontando para o DJ. – Não, é brincadeira. – Os quatro saíram da pose e se ajeitaram comportados em cima do palco, com as mãos em frente ao corpo.
- Poxa, queria tanto colocar no Instagram as habilidades de dança dos quatro. – Comentei um pouco alto de onde eu estava e Seth fez cara feia e as mulheres riram ao lado dele.
- Engraçadinha. – Ele comentou, revirando os olhos.
- Vamos começar! – Sharon falou, cortando a brincadeira. – Estamos aqui com o mesmo propósito, homenagear nossos irmãos. – Ela sorriu. – Fazer parte da família , é como ser feliz sempre. – Ela sorriu. – E conversando com o outro lado da família. – Ela apontou para Lílian. – A situação é a mesma. Não só pelo fato de termos uma família próxima, acolhedora, apoiadora e tudo mais, mas pelo fato de termos irmãos para nos apoiar em tudo. – Ela sorriu.
- O lado de lá é mais fácil. – Minha irmã começou. – Na falta de um irmão, você tem mais dois para pedir por ajuda, para chorar e tudo mais e, quando minha irmã decidiu se afastar de mim, foi difícil no começo, mas existe uma coisa linda chamada redes sociais hoje em dia. – Ela sorriu para mim. – Pelos males que essas novas tecnologias podem causar, um deles é bom, me deixou perto da minha irmã que estava há quase oito mil quilômetros de distância. Mas não importa, o que importa é que ela está feliz. – Ela sorriu.
- Um irmão tem diversos propósitos na vida de uma pessoa, principalmente irmãos mais velhos. – Cady e Lílian se entreolharam rindo. - Nós somos responsáveis por diversas coisas na vida do irmão mais novo, na maioria das vezes somos vistos como um exemplo, então, fica aquela dúvida, fazer o que quer ou fazer o que é certo? – Ela sorriu. – Difícil escolha, não?! Mas também somos responsáveis pelas partes legais, ensinar a mentir, a ouvir sobre os primeiros amores, primeiros namorados, primeira vez e, claro, ter a primeiras brigas, os primeiros gritos, tapas, bater de portas, tudo isso porque nos importamos.
- Mas como irmão mais novo, a situação se inverte. – Seth começou. – Nós brigamos, nós batemos, nós nos arrependemos. Mas algo que eu aprendi há pouco tempo com a família do lado de lá. – Ele apontou com a cabeça para Lílian novamente. – O fator genético bate qualquer briga, qualquer desentendimento. Nós somos geneticamente obrigados a gostar um dos outros. – Ele riu fraco e eu lembrei que eu falava isso para Lílian sempre. – Bem, gostar da família é fácil, agora gostar de quem está entrando na família... Aí complica! – Ele fez uma careta e eu ri.
- Ainda bem que isso não foi necessário. – Sharon continuou. – Ter o primeiro encontro com a família inteira, a sogra que não tem histórico de gostar de namoradas, onde um possível furacão está atacando a cidade, falta de energia, chuva e... Estou esquecendo de alguma coisa? – Ela virou para os outros e eles negaram com a cabeça, fazendo bicos exagerados. – Bem, eu não sei se foi pela personalidade dela, pelo amor dela pelo ou por causa dos cupcakes, mas ela conseguiu convencer a todos nós, incluindo a vovó ali. – Olhamos para a ponta da mesa onde uma das avós de ria lindamente.
- Eu acho que definitivamente foram os cupcakes. – Seth comentou baixo e eu sorri.
- Eu não vi essa situação em Boston, mas acredite, a do Brasil foi ótima. – Lílian falou rindo fraco. – Ele não sabe falar nada em português. – Ela sorriu para . – Espero que você comece a fazer cursos logo, porque nossa! Que complicado! A família inteira precisou entrar em cursos de inglês, só porque a bonita ali decidiu namorar um estrangeiro, ninguém fala como a língua pode ter certa dificuldade na comunicação das pessoas. – Ela foi irônica e eu ri. – Mas acho que tudo deu certo. – Ela sorriu. – Claro, minha mãe, tirando essas preocupações dela, nunca teve motivos para não gostar dos outros, e não foi diferente com , quando a pessoa é boa, a gente nota de cara.
- Nós decidimos nos juntar aqui hoje, para falar que a felicidade de vocês, não depende de nós. Nós estamos felizes com isso. – Seth sorriu. – As duas famílias deram sorte de ganhar alguns novos membros que tem as idades parecidas e que, apesar de morar em cidades diferentes, serem criados de maneiras diferentes, eles se gostaram. E vocês não tiveram participação nenhuma nisso. – Ele sorriu. – Nós nos encontramos, nos conhecemos, começamos a conversar e as coisas simplesmente funcionaram. É o sinal de o que é para ser, será! – Ele deu de ombros.
- Então, não pensem que vocês precisam agradar algum dos dois lados, a família e a família estão se entendendo, claro, Natais, Ano Novo, acho que podemos ter uma pequena briga por causa disso, mas não pelo fato de um não gostar do outro. – Lílian sorriu. – O fator externo, vocês definitivamente não tem, então, cuidem do que acontece dentro de casa, cresçam juntos, sejam felizes que o resto vem por aí. – Ela sorriu e eu senti uma lágrima escorrer de meu rosto, nem notando que eu estava chorando.
- Aos noivos! – Os quatro falaram juntos, erguendo as taças e ao invés de os acompanharem, os convidados aplaudiram a eles, me fazendo rir com e receber um beijo dele em meus lábios.
- Acho que fomos bem! – Ouvi a voz de Seth abafada no microfone, enquanto eles saíam de lá e Melina e Joshua subiam no palco para tomar o lugar na frente do microfone.
- Bem, eu não costumo falar em público. – Melina começou. – Normalmente eu estou por trás das coisas, mas hoje é algo realmente importante. – Ela sorriu. – Todo mundo está agradecendo a mim por juntar esses dois, mas não, se não fossem pelas lutas pessoais de cada um e a posição que eles estão hoje, nada, nem ninguém no mundo faria eles se encontrarem. – Ela sorriu. – Apesar de que, como Seth falou, o que é para ser, será. – Ela sorriu. – Eu tenho uma visão que deveria ter encontrado essa pessoa especial há algum tempo, mas antes tarde do que nunca. – Ela riu fraco. – Eu que trabalho com o e, infelizmente, não trabalho mais com a , eu digo que por mais que ele tem a carreira internacional, ela está fazendo a dela, é um casal comum, que está lutando de todas as maneiras para ficar junto, lutar por causa da distância, lutar pela dificuldade em um trabalhar com o outro. – Ela suspirou. – Não parece, mas eles já passaram por diversos desafios na vida até chegar nesse dia. – Ela sorriu. – Não tem nada mais difícil do que namorar à distância. Mas eles conseguiram. – Ela afirmou com a cabeça. – Não sei como vocês fizeram, mas continuem fazendo que vai dar certo. – Ela ergueu a taça com um líquido laranja. – Aos noivos! – Ela sorriu e eu bebi um gole de champanhe, sorrindo.
- Para quem não me conhece, eu sou amigo do . – Joshua começou e eu ri. – Mas o lado de lá estava meio lotado, sabe? – riu fraco ao meu lado. – Eu prometo que não fiquei chateado por você ter escolhido Trish a mim. – Ele fingiu drama e gargalhou ao meu lado. – Não importa o lado que estamos, se você tem afinidade com o ou com a , todos estamos aqui pelo mesmo propósito. Estamos aqui e fomos escolhidos por ter certa importância na vida de vocês. – Ele sorriu. – Eu conheço o há uns bons 20 anos e a somente há um ano e pouco, mas é um prazer poder ficar do lado dela. – Ele sorriu. – Você não podia ter escolhido alguém melhor, . – Ele ergueu a taça. – A vocês! – Fizemos o mesmo movimento e eu sorri, apoiando a taça na mesa e sentindo me abraçar pelos ombros.
Eu abri um sorriso quando Rupert e Derek subiram no palco, com Liana no colo de Rupert e eu mordi meu lábio inferior, é incrível quando a gente descobre que é amado. Uma amizade tem dois lados, do nosso lado, a gente sabe como funciona, do lado de lá a gente acha que tem certeza, mas talvez não temos. E, com todos esses discursos e essas palavras de amor para gente, eu tive.
- Sempre que vai entrar uma pessoa nova no trabalho, aquele momento tenso se instala. – Derek começou e suspirou. – Quem vai ser? Como vai ser? A pessoa é louca? – Ri fraco. – Temos sempre essa preocupação. Já aconteceu algumas vezes, tanto que tinha vaga aberta, certo? – Algumas pessoas riram. – Quando aquela mulher muito bem vestida, bem maquiada, com uma beleza incrível apareceu, eu não sabia se ficava feliz demais ou com medo. Quando ela começou a me contar sobre ela, o que ela fazia, quem ela era e tudo mais, eu sabia que dali poderia surgir uma grande amizade e ainda bem que eu estava certo. – Ele sorriu, afirmando com a cabeça. – Eu fiz uma grande amiga que nesse ano e pouco trabalhando conosco, se mostrou muito competente em tudo que ela pode fazer, tanto que foi uma incrível choradeira quando ela se mudou para Los Angeles. – Ele sorriu. – O que me deixa feliz é que você está feliz. A felicidade bate qualquer tipo de distância e se você está feliz eu também estou. Obrigado por sua amizade. – Ele sorriu, afirmando com a cabeça e eu sorri, afirmando também. – Obrigado por cuidar dela, . – sorriu ao meu lado e eu afirmei com a cabeça.
- Os mesmos motivos de Derek, eu acho que os aplico a mim, por causa de um encontro com um futuro namorado, sim, o . – Ri fraco com o que Rupert falou. – Ela acabou no meu ateliê, pela minha profissão, a gente é meio obrigado a fazer a pessoa se soltar, então a gente tenta conhecer um pouco dela, saber o que ela gosta e tudo mais, mas a sabe fazer amigos sozinha. – Ele sorriu, movimentando a cabeça para mim. – E com isso eu fiz uma grande amiga. – Ele suspirou. – Só seja feliz, ok?! – Ele olhou para mim e eu afirmei com a cabeça, sorrindo.
- Aos noivos! – Liana gritou no microfone e eu ri, ouvindo o coro repetindo após ela.
Rodrigo, Ruth, Trish e Jason, marido de Trish, subiram no palco, se colocando lado a lado, exatamente nessa posição, Ruth eu sabia que não era muito de falar e eu não tinha muita intimidade com Jason, mas depois do que Rodrigo e Trish fizeram no jantar de noivado, acho que podíamos esperar por qualquer coisa desses dois.
- Eu não sei se vocês conhecem a gente. – Trish começou apontando para ela e Rodrigo. – Mas nós somos os melhores amigos deles. Nós Joshua! – Trish provocou Joshua que revirou os olhos rindo. – Brincadeira. – Ela riu. – Nós somos amigos do e da há bastante tempo e descobrimos que nossas amizades têm várias coisas em comum, homem e mulher, homem e mulher, amizade há diversos anos, distância por motivo de trabalho e blá, blá, blá. – Ela riu.
- Dizem que se você for amigo de uma pessoa por mais de sete anos, ela vai ser sua amiga para sempre, quando estávamos com 20 anos, eu e já tínhamos 10 anos de amizade, mas ainda éramos bastante imaturos, não brigávamos mais, mas quem sabe o que aconteceria dali a dez anos, certo? Bem, ela foi, eu fui, ela voltou, eu voltei, cada um se decidiu por uma profissão, foi estudar, voltou, foi de novo e aí as coisas foram acontecendo. – Ele riu fraco. – Mas ainda estamos juntos.
- O mesmo para mim e , anos de amizade, mas muitos deles separado. Como a vida consegue superar tudo isso e ainda se manter juntos? – Trish falou, suspirando. – Honestamente, eu não sei, mas se uma amizade consegue passar por diversas coisas da vida, diversos momentos de separação, vocês também conseguem. – Ela sorriu. – Vocês não passaram pela fase amizade, antes de irem para a fase amorosa, o que é muito bom, porque você só vai conseguir ver essa pessoa de uma maneira, como seu parceiro.
- Nós conseguimos! – Rodrigo falou. – Nós temos amizades longas com cada um de vocês, se nós, que eu sei que somos bastante diferentes, conseguimos, porque vocês não conseguem? – Ele sorriu. – Tirem cinco segundos para pensar sobre isso. Se estamos conseguindo, vocês também conseguem. – Ele sorriu. – Não tem desculpas para isso. – Ele afirmou com a cabeça.
- E caso vocês sintam que não estão conseguindo. – Ruth falou, virando o rosto para Rodrigo um pouco. – Vocês têm amigos o suficiente para fazer vocês passarem por qualquer tipo de dificuldade que vocês possam ter ao longo do caminho. – Ela sorriu.
- Posso dizer com todas as letras que casamento não é algo fácil. – Jason falou e eu e rimos. – Mas são necessárias duas coisas para fazer isso dar certo, amor e paciência. – Ele sorriu. – O resto a gente consegue se virar. – Ele afirmou com a cabeça.
- E é isso que queremos dizer a vocês. Fiquem juntos, se amem, tenham paciência, tenham calma, não se precipitem, aprendam a ceder, o mundo está muito complicado hoje em dia, mas vocês têm vários amigos para lhes ajudar a passar por qualquer dificuldade. – Rodrigo falou.
- Sim, terão dificuldades! Passar a vida inteira com uma pessoa não é fácil, mas vocês conseguem! – Trish sorriu e os quatro ergueram a taça quase que sincronizados.
- Ao e ! – Suspirei, passando o lenço de embaixo dos meus olhos e respirei fundo, movimentando a cabeça afirmadamente em agradecimento.
- Alguém gostaria de falar mais alguma coisa? – Olívia se colocou no microfone novamente e eu e nos entreolhamos.
- Na verdade, a gente gostaria aqui! – Dante falou, desviando das pessoas, até ficar na beira da pista de dança.
- Oh, meu Deus! – abaixou o rosto.
- A gente vai fazer um coro aqui. – Ele apontou para a área onde todos os famosos estavam. – Vai, no três, ok?! – Fechei os olhos, soltando uma risada fraca. – Um, dois, três...
- Aleluia! – Ouvi o elenco dos filmes da Máxima falar e eu não me aguentei, começando a gargalhar, escondendo o rosto no ombro de , que se segurava para não rir.
- Obrigado por colocar ele na linha, . – Dante falou e eu afirmei com a cabeça. – Sejam felizes. – Ele ergueu a taça e o pessoal os acompanhou.
- Não acredito que eles fizeram isso. – cochichou em meu ouvido, com as bochechas vermelhas e eu suspirei, puxando o ar fortemente.
- Você esperava algo diferente deles? – Ele ergueu o rosto e eu encarei seus olhos azuis, o vendo piscar diversas vezes.
- Verdade! – Ele comentou e eu sorri, dando um rápido beijo em seus lábios.

***

- Fácil não é, mas pelo fato de você se sentir confortável em confiar em uma pessoa pelo resto da sua vida, é algo incrível. – Eiza falou e eu sorri, sentindo me abraçar pela cintura, enquanto eu mantinha meu braço apoiado em seus ombros. – É só o começo.
- Ela está certa. – A esposa de Ryan Maddox falou, mexendo com as mãos. – Vocês têm, literalmente, a vida inteira para corrigir todos os erros que podem aparecer aqui e ali. – riu ao meu lado.
- Viu?! – Ela virou o rosto para mim. – Dica de pessoas com anos e anos de casado, presta atenção.
- Eu estou prestando atenção! – Ri fraco e bebi um gole do meu refrigerante, já tinha passado umas quatro horas de festa, se eu ficasse no champanhe a noite toda, eu não aproveitaria o resto das comemorações.
- Com licença! – Ouvi uma voz atrás de mim e virei meu rosto encontrando Olívia. - Está na hora. – Ela me estendeu meu paletó e eu soltei os braços de e o coloquei, abotoando-o.
- A gente já volta! – Falei e franziu a testa, pegando minha mão quando eu estendi a ela.
- Aonde vamos? – Ela perguntou, caminhando pelo salão ao meu lado.
- Está na hora da valsa. – Sorri para ela que arregalou os olhos, suspirando.
- Eu não sei se estou pronta. – Ela mordeu o lábio inferior e passamos por algumas pessoas que estavam na pista de dança, onde uma música agitada tocava no fundo.
- Você está. – Falei para ela, parando no meio do salão. – Só faça os mesmos movimentos que eu te mostrei ontem à noite.
- E se eu pisar no seu pé? – Ela perguntou, olhando em meus olhos.
- Eu prometo que não farei careta. – Ela riu fraco e eu beijei seus lábios, fazendo-a sorrir e a música foi abaixando lentamente, fazendo as pessoas a nossa volta pararem de dançar aos poucos.
- Boa noite. Desculpe interromper a música um pouco, mas está na hora da valsa dos noivos. – Olívia falou em cima do palco e um holofote surgiu em cima de mim e olhou meio desesperada para mim.
- Que música você escolheu? – Ela perguntou, com os olhos ainda arregalados.
- Acho que a única que realmente marcou nosso relacionamento. – Falei sorrindo e ela franziu a testa.
- Vocês estão convidados para se juntar a eles. – Olívia falou.
- E qual é a música? – Ela perguntou e ao mesmo tempo a música começou. – Não acredito! – Ela riu fraco e eu estendi minha mão direita para ela que a segurou firmemente, e eu apoiei minha mão em suas costas, na direção da sua cintura e a vi depositar a mão em meu ombro esquerdo, deixando-a de forma suave.
A música Fall Again do filme “Encontro de Amor” começou, achei que seria no mínimo propício. O momento que ouvi essa música vi a felicidade em seus olhos, a letra da música podia demonstrar basicamente tudo que eu sentia por ela naquele momento.
Em posição de valsa, eu comecei a movimentar nosso corpo devagar, de um lado para outro, a levando para frente e para trás, vendo-a rir de vez em quando, um pouco perdida com a dança, mas eu só conseguia sorrir para ela. Quem se importa se nossa valsa seria engraçada e nenhum pouco planejada? O casamento era nosso.
Eu sentia a barra do seu vestido bater em minhas pernas enquanto eu fazia uns movimentos mais rápidos e a rodava quando chegamos ao refrão. Sem que eu precisasse que ela voltasse para mim, ela voltava, ajeitando a mão em meu ombro e segurando firmemente a minha outra mão.
- I need your love in my life… - Cochichei para ela que soltou uma risada fraca, seguindo meus movimentos com mais precisão, mas ainda com aquele sorriso risonho no rosto.
- I wanna spend, time ‘till it ends, I wanna fall in you again, like we did when we first met, I wanna fall in you again. – Ela continuou a música, movimentando os lábios conforme a letra e conciliando com os movimentos de seus pés, sincronizados com os meus.
Me senti confortável em começar a rodá-la pelo salão, os pés dela deram uma confundida em um movimento e ao invés de brigar comigo, ela soltou uma risada alta e eu comecei a rir com ela, me confundindo um pouco com os passos e ela apertou meu ombro de leve, tentando manter a feição mais calma e eu afirmei com a cabeça, soltando o ar pela boca.
- Baby nothing means anything unless you're here to share with me, I can breathe, I can bleed, I can die in my sleep, ‘cause you're always there in my dreams. – Cantei para ela, em uma voz levemente rouca e ela abriu um sorriso largo, soltando um suspiro e encostou a cabeça meu ombro, soltando um suspiro baixo.
- I wanna spend time till it ends, I wanna fall in you again. – A ouvi sussurrar e acompanhei a letra.
- Like we did, when we first met, I wanna fall in you again. – A acompanhei e ela ergueu o rosto, encostando meus lábios no dela levemente, em um beijo mais profundo e eu soltei sua mão e coloquei ambas as mãos em sua cintura, apertando-a mais perto de mim, só consegui me afastar dela quando me toquei que a música tinha acabado e ouvi aplausos vindo dos convidados. se afastou, com um riso nos lábios e eu a abracei fortemente.
- Eu te amo. – Sussurrei para ela que abriu um largo sorriso. – Eu prometo que me apaixonarei por ti todos os dias.
- Eu também te amo. – Ela sussurrou de volta para mim e passou as mãos em meu pescoço. – A gente consegue.
- Sim! – Afirmei de volta, começando a movimentar nossos corpos novamente, com outra música lenta que tinha começado, fazendo com que a pista de dança se enchesse novamente, com os mais diversos casais, eu não conhecia a música, mas com certeza sim, já que ela cochichava a música baixo contra meu ombro.
Acho que, tirando no dia anterior, que foi mais uma aula do que uma dança, propriamente dita, nós nunca tínhamos dançado. Quando estávamos juntos preferíamos fazer coisas de casal, ela não era do tipo baladeira e eu preferia ficar com ela a sair. Eu não havia me tocado, mas com certeza eu mudei com o passar desses quase dois anos, eu era uma pessoa completamente diferente e tudo isso por causa dela, ela era o motivo de tudo isso.
Olhei para o lado e vi Dante e Susan dançando próximos a mim, Patrick e Faye do outro lado, algumas pessoas ali já tinham se casado outras vezes e pareciam muito felizes atualmente, mas eu quero ser igual Hayden e o Theo, quero lutar e tentar passar a vida inteira com uma pessoa só. Com ela.
- Posso roubar minha filha por um minuto? – Minha sogra apareceu e eu sorri para ela, afastando as mãos de e entregando para sua mãe. – Já devolvo, prometo! – Ela falou e eu sorri.
- Você pode dançar comigo um pouco. – Minha mãe apareceu e eu ri fraco para a mais baixa, me colocando em posição para dança, começando a me movimentar conforme a música.
Olhei para o lado notando que estava dançando com a mãe dela, as duas abraçadas, conversando alguma coisa baixa, que eu não conseguia entender e minha esposa respondia com um sorriso no rosto, mas com lágrimas caindo de seus olhos e afirmando levemente com a cabeça, apertando mais a mãe em seus braços.
- Você está tentando entender o que está acontecendo ali, certo? – Minha mãe perguntou e eu virei o rosto para ela, soltando uma risada fraca e ela sorriu. – Está acontecendo o mesmo que eu vou te dizer agora. – Ela cochichou e eu franzi a testa.
- Como assim?
- Agora, você tem total responsabilidade, filho, tanto na sua vida, como na vida de outra pessoa. – Ela suspirou e eu soltei a respiração pela boca. – A diferença é que você vai poder me ver quando quiser, estamos há três horas de distância de avião, já elas, a distância é um pouco maior. – Minha mãe suspirou.
- Como assim? – Perguntei.
- Normalmente, quando um casal se casa, eles ficam mais com a família da mulher, olhe para Cady e Sharon, enfim, mas nesse caso é um pouco mais complicado, vocês não são do mesmo lugar, vocês tem emprego aqui em Los Angeles, por mais que cada um tenha sua casa, seu canto, vocês estão construindo a vida de vocês em um lugar totalmente diferente dos seus pais. E ela sabe disso.
- Eu estou tirando ela da família dela. – Suspirei.
- Não, filho, é uma felicidade, mas também é uma tristeza. – Minha mãe sorriu. – Foi o que ela disse no brinde dela, ela sente saudades, mas está feliz em saber que a filha está bem. – Afirmei com a cabeça. – Então, só cuide dela, ok?! – Ela beijou minha bochecha e eu suspirei, afirmando com a cabeça.
- Com a minha vida. – Afirmei com a cabeça e ela sorriu.

- Acho que já estou pronta para subir. – cochichou para mim, enquanto estávamos na pista de dança, e ela estava somente encostada em mim, e eu a movimentava devagar, já que seus pés doíam.
- Ah é?! – Ela ergueu os olhos para mim e abriu um sorriso. – Acho que podemos ir logo. – Virei para o lado e suspirei.
- Calma! – Ela ergueu o rosto e eu entortei a boca. - Temos que cortar o bolo, entregar as lembrancinhas e jogar o buquê. – Ela falou e eu arregalei os olhos.
- Isso é algo importante. – Afirmei com a cabeça. – Fiquei com desejo desse bolo.
- Vamos procurar Olívia, então. Cumprir nossos deveres sociais. – Ela falou séria e depois riu fraco.
- É, estou querendo cumprir outros deveres já. – Revirei os olhos e ela riu, começando a andar em direção a Olívia que estava parada próximo ao palco.
- Me deixa adivinhar, vamos cortar o bolo? – Ela falou antes mesmo de abrir a boca.
- Podemos? – Falei animado e ela afirmou com a cabeça, rindo.
- Claro. – Ela abriu um sorriso e virou o rosto para Peter que estava ao seu lado, cochichando algo para ele. – Vocês podem seguir para a mesa do bolo, avisaremos os convidados.
- Pode deixar! – falou e ela segurou minha mão, caminhando em direção à mesa de bolo. – Eu não aguento mais andar. – Ela sussurrou e fez uma careta, movimentando os pés devagar.
- Por que você não tira? – Parei atrás dela e passei minhas mãos pela sua barriga, acariciando de leve por cima do pano grosso do vestido.
- Porque eu estou com dores desde que a gente chegou à festa, eu aguento mais uma hora. – Ela cochichou e eu ri fraco em seu ombro e dei um beijo em seu pescoço.
- Vamos nos aproximar da mesa do bolo, pessoal. – Agatha falou com aquela calmaria conhecida dela.
- Se fosse eu, eu já falava “hora do bolo, pessoal”. – Falei para que soltou uma gargalhada.
- Eu faria isso também. – Ela falou, olhando para uma das mulheres do buffet que entregou a espátula para .
- É um puta bolo, hein?! – Cochichei para ela que riu fraco.
- Acho que eu exagerei um pouco, vai sobrar bolo pelo resto da vida. – Ela retrucou e eu soltei uma risada fraca.
- Olha, tem nossas iniciais. – Ela falou, girando a espátula contra a luz, mostrando as letras, da mesma forma que estavam dispostas no bolo.
- São muitos detalhes. – Cochichei para ela que riu.
- Vamos, , pessoal está quase atacando esse bolo, aí! – Connie gritou do meio do pessoal que se juntava perto de nós, para ver o corte do bolo, como também os fotógrafos.
- Vamos lá! – cochichou para mim e segurou a espátula com a mão direita e eu coloquei minha mão sobre a dela.
Todo mundo ficou em silêncio quando eu e abaixamos a espátula, fazendo um corte na altura inteira do último andar. O pessoal aplaudiu de novo, aparentemente o corte do bolo simboliza a união, o futuro e se doar um ao outro, algo assim. Eu virei o rosto de e dei um beijo em seus lábios, soltando uma risada fraca e ela sorriu.
A primeira camada devia ter uns 20 centímetros de altura, então saiu um pedaço bem grande de bolo. entendia das coisas, então ela tirou um pedaço perfeito e largo, mas bastante alto. Uma das mulheres do buffet tinha um prato na mão e colocou o pedaço no mesmo, enquanto eu peguei o garfo.
Eu cortei um pedaço de bolo, pegando bem o meio, com o recheio e coloquei na boca de como diz a tradição. Ela soltou uma risada fraca e colocou a mão na boca, escondendo a mesma enquanto mastigava. Ela fez o mesmo, tirou o garfo da minha mão e imitou do mesmo jeito. Cara, aquela combinação era uma delícia mesmo, ainda bem que teria bastante sobra para comer depois.
Um garçom apareceu na nossa frente com duas taças de champanhe e eu peguei uma e outra, eu olhei em seus olhos e ela sorria, com uma mão o prato do bolo e a outra com a taça de champanhe. Tocamos nossas taças delicadamente e entrelaçamos os braços, cada um bebendo um gole curto do champanhe, antes que alguma coisa caísse. soltou uma risada fraca e tocou seus lábios nos meus novamente.
Eu estava realmente alheio às coisas, o pessoal tirava fotos, batiam palmas e tudo mais, e eu só conseguia focar em seus olhos castanhos, aquele cabelo curto, o corpo dela lindamente moldado para aquele vestido, tudo estava perfeito.
- Quem quer bolo? – gritou, virando para o pessoal e o pessoal da nossa idade começou a rir e gritar.

- Cara, isso tá uma delícia! - Falei, mordendo mais um bem casado e suspirando. - Espero que sobre. – soltou uma risada ao meu lado.
- Amor, se prepara que a gente vai comer o jantar e as sobremesas pelos próximos três meses. – comentou ao meu lado, e colocando em seguida uma colher de mousse de limão na boca.
- Verdade?! - Arregalei os olhos.
- Contando que tem umas 120 pessoas aqui, acho que tem comida para cinco vezes mais, depois que a gente se afastou do bolo eu não sei o que houve, mas acho que só pegaram os dois andares de baixo dele e ainda tem sobremesas, jantar, tudo.
- Jesus! - Bati a mão na testa. - É muito exagero.
- Nem me fale! - Ela suspirou. - Acho que podemos pedir para eles fazerem caixas com os docinhos e bolo, e distribuir no fim da festa, o jantar a gente congela e resolve em casa.
- Repetir a festa? - Sugeri.
- É o que a gente faz no Brasil. - Ela riu, colocando a colher dentro do potinho com nossas iniciais gravadas em branco e virou o rosto para mim.
- Sério? - Ri fraco.
- Não sei se é com todo mundo ou minha família que é exagerada, mas na maioria das vezes a gente consegue fazer a festa e sobra para um jantar para umas 10 pessoas. - Ela riu fraco.
- Vamos pensar nisso depois? - Cochichei para ela, beijando sua testa. - Vamos aproveitar que o pessoal está sentado, comendo e entregar as lembrancinhas? – Ela assentiu com a cabeça e passei a mão uma na outra, tirando os farelos da mesma e me levantei, vestindo meu paletó novamente e logo se colocou ao meu lado.
Ela deu o braço para mim, mais se apoiando em mim por causa dos pés. Nossos familiares estavam comendo já, eles haviam sido os primeiros a receberem os pedaços de bolos, como diz a tradição, enquanto isso os garçons andavam pelo salão distribuindo bolos e docinhos para os convidados.
Nos aproximamos de Olívia que estava no seu lugar da festa, ao lado do palco, parada, como sempre. Estava tudo dando certo, então, ela realmente não tinha com o que se preocupar com mais nada.
- Vocês já estão de saída? - Ela perguntou quando nos aproximamos.
- Quase, gostaríamos de entregar as lembrancinhas e jogar o buquê. - Ela assentiu com a cabeça.
- Podemos fazer isso se quiserem.
- Não, vai ser um meio de se despedir do pessoal. – falou ao meu lado e eu afirmei com a cabeça, apertando-a em meu corpo.
- Certo, ótimo! - Ela se virou e Peter se aproximou. - Pegue as caixas das lembrancinhas, por favor. - Olívia falou naquele tom de voz calmo e virou para nós novamente. - Vocês vão à frente, de mesa em mesa e ele segue segurando a caixa atrás de vocês, que tal?
- Pode ser! - Falei e Peter voltou com uma caixa de acrílico, onde outras pequenas caixas transparentes estavam empilhadas em cima deles.
A caixa era retangular, tinha uma lembrança atrás, onde escreveu um recado agradecendo pela vinda, a data do casamento e nossos nomes. Em cima do papel tinha dois sabonetes grandes em formato de coração meio estilizado, ele era maior embaixo e mais fino, um era inteiro branco e outro inteiro preto. O branco estava sobreposto ao preto, e por fora da caixa um laço branco fechando eles.
Começamos novamente pela mesa dos nossos avós, afinal, eles já estavam fazendo hora extra na festa, eles já deveriam estar dormindo faz tempo, mas estavam lá, aproveitando o máximo que conseguiam do nosso momento.
Nessa volta que demos, entregando uma caixa por casal, ou uma caixa para cada convidado sozinho, eu tive noção das pessoas que se importavam comigo, conosco, na verdade. A cada lembrança entregue, as reações eram diversas, alguns agradeciam, outros davam palavras encorajadoras para que o casamento durasse, outros faziam brincadeiras conosco, mas algo que todos fizeram foi nos agradecer, não sei se pela amizade, pelo convite, pela festa, mas eles simplesmente agradeciam, e aquilo ficaria marcado para sempre. Não era necessário dizer que estávamos indo embora, afinal, tirando as crianças, que já dormiam nas cadeiras ou no colo de algum familiar, todos sabiam o que faríamos agora.
- Antes do casal se retirar, a noiva vai jogar o buquê! – Lily falou no microfone e todas as mulheres, e alguns homens, saíram correndo para o meio da pista de dança, fazendo com que eu e nos assustássemos. Ela andou até o meio do salão, movimentando os braços para que eles se juntassem e eu fiquei ao seu lado, vendo o pessoal se amontoando.
- Vamos! Aperta mais! – falou e vi Lílian, Sharon e Ruth se apertarem no meio das casadas, me fazendo gargalhar. – No três, ok?! – gritou, se virando de costas para ela e me olhando, dando um pequeno sorriso. – Um! – Ela gritou, ameaçando jogar. – Dois! – Ela gritou novamente, virando o rosto. – Três! – Ela gritou e jogou o buquê para trás e para o alto.
Observei as mulheres pularem e se jogarem pelo chão para ir atrás do buquê e ri ao ver Lílian erguer as mãos e pegar o buquê, tropeçando em Trish e Sharon, fazendo gargalhar com o feito, negando com a cabeça.
- Ah, meu Deus! – Ela falou rindo e Lílian se aproximou dela, abraçando-a fortemente. - Vai ter que casar! – falou e Lílian jogou o buquê rapidamente para cima, fazendo Trish e Sharon brigar novamente, mas Ruth foi quem deu a melhor, fazendo sorrir, abraçando sua amiga de trabalho.
- Isso é melhor que luta livre! – Falei e me aproximei de , dando um rápido beijo em seus lábios. – Vamos?
- Vamos! – Ela disse e demos as mãos, nos aproximando da mesa da família.
- Nós vamos subir! – Disse e ambas assentiram com a cabeça.
- Boa noite, queridos! - Minha mãe falou, me abraçando e dando um beijo em e a mãe dela fez o mesmo, dando o olhar significante para nós.
- Se cuidem, viu?! - Lílian falou, abraçando a irmã e eu sorri, à procura do meu.
- Onde está Seth? - Perguntei.
- Não queira saber. - Cady cochichou para mim e ergueu o rosto pela festa, para as pessoas que já começavam a ocupar a pista de dança novamente e arregalou os olhos.
- Cadê o Rodrigo? - Ela perguntou e eu arregalei os olhos.
- Não me diga que...
- Falei que é melhor não saber. - Cady falou de novo e eu ri fraco.
- Enfim, a gente se vê em breve. – falou para mãe dela, abraçando-a fortemente. - Sei que a Lílian preparou para vocês passarem o ano novo em Nova York, mas depois voltem para cá, eu quero ver vocês antes de irem embora.
- Pode deixar, meu amor, nos veremos ainda. - Elas se abraçaram fortemente e sorriu, com os olhos meio vermelhos.
- E vocês, aproveitem bastante, bom ano novo e até a próxima. - Minha mãe falou e eu ri fraco, abraçando-a de lado. - Vão, vão logo, antes que o pessoal segurem vocês. E eu sei que vocês estão cansados e tem outros planos para agora. - Ela continuou e eu ri fraco.
- Amo vocês, obrigada por tudo. – falou, olhando para a família dela e eu segurei sua mão, fazendo-a se distrair comigo novamente e ela deu um sorriso.
- Amo vocês. - Falei para minha família e eu virei meu corpo de costas para ele, entrelacei meus dedos nos de e seguimos pelo salão de festas.
Caminhamos calmamente pelo lado do salão, vendo algumas pessoas distraídas com a música que tocava e outras olhando para nós. Assim saímos do meio da pista de dança, passamos pelo corredor escuro e após alguns passos não era mais possível ouvir a música que vinha da festa.
olhou para mim e soltou uma risada fraca, apoiando seu braço no meu novamente. Ela deu um beijo em minha bochecha e suspirou, olhando para mim por algum momento, ainda com a risada nos lábios.
- Obrigada! - Ela falou e eu franzi a testa.
- Pelo o quê? - Perguntei, olhando para seus olhos.
- Por realizar todos os meus sonhos. - Abri um sorriso e suspirei.
- Ainda pretendo realizar outros. - Falei para ela e sorri.

Andamos lado a lado pelas áreas comuns do hotel, que por sinal estavam vazias devido ao horário, paramos em frente ao elevador e eu apertei o botão. Passei a mão em meu bolso, vendo se o cartão chave estava lá. Ouvi o tilintar da porta e o mesmo abrir. entrou na minha frente e fui logo atrás, apertando o botão do último andar do hotel.
- Quarto diferente? - Ela me perguntou e eu sorri para ela, puxando o cartão do bolso interno do paletó e entreguei a ela.
- Vamos fazer isso do jeito certo? - Ela franziu a testa, brincando com a chave em seus dedos e eu soltei uma risada, me aproximando dela e colocando uma mão em suas costas e outra em suas pernas, por cima do vestido, erguendo-a em meu colo, e ouvindo um pequeno grito vir de seus lábios.
- Oh, meu Deus! - Ela falou, passando os braços em meu pescoço e soltando uma gargalhada em seguida.
- Não tem escada para eu subir, mas damos uma improvisada. - Falei e ela estalou um beijo em minha bochecha.
- Está perfeito! - Ela falou suspirando e as portas do elevador se abriram.
Entramos em um pequeno hall, mas não tinha diversas portas, só tinha uma, branca, com o logo do hotel em dourado. , desajeitadamente colocou o cartão-chave na porta e ouvi o click dela, destravando-a. Eu virei de costas e empurrei a porta com as costas, tomando cuidado com na hora de passar pela porta do quarto.
Virei de frente novamente e me surpreendi com a suíte principal do hotel. Ela era separada por cômodos, o primeiro cômodo era uma sala, com sofás, poltronas, abajures, uma mesa de centro, arranjos de flores das mesmas cores de nosso casamento. A decoração era em dourado e bege. A frente tinha portas duplas, dando para outro cômodo.
se colocou no chão e virou o rosto para mim, com os olhos levemente arregalados, não sei se ela estava surpresa ou assustada, eu realmente não sabia definir. Ela caminhou pela suíte e eu fechei a porta atrás de nós e a segui. Ela empurrou as portas duplas a nossa frente, revelando o quarto da suíte, nesse cômodo o cheiro de lírios estava forte, em dois enfeites na mesa. Estava tudo simplesmente perfeito.
A cama king size colocada à esquerda do quarto, com cortinas à sua volta, com uma grande mesa em cada lado com um abajur. Em frente à cama tinha um sofá com uma aparência muito confortável e, em sua frente, um armário com aparência antiga. E nas laterais, duas poltronas, tudo com os mesmos tons bege e dourado. E ao fundo podia ser visto a porta para o banheiro.
Ela virou o corpo para mim e passou os braços em meu pescoço, colando rapidamente os lábios nos meus e trazendo meu corpo mais perto do seu. Passei as mãos pela sua cintura, apertando seu corpo próximo do meu e movimentei meus lábios conforme os dela guiavam. Ela mordeu meu lábio inferior levemente e afastou o corpo do meu rapidamente.
- Eu preciso de um minuto. - Ela cochichou e se afastou de mim, andando a passos rápidos até o banheiro e bateu a porta do mesmo, me fazendo suspirar.
Me aproximei da janela do quarto e olhei lá fora, ainda chovia e as luzes do hotel podiam ser vistas como borrões. A água batia com força no vidro e eu havia notado o barulho só ali. Não tinha raios cortando o céu, mas com certeza tinha trovões.
Tirei o paletó e o estendi em cima da mesa, sentindo o corpo finalmente pesar, não parece, mas essas festas cansam, cansam mais do que as que eu estava acostumado. Passei a mão no cabelo e tentei dar uma ajeitada nele, sem sucesso. Olhei para meus pés e tirei os sapatos do mesmo, puxando as meias em seguida e senti meus pés relaxarem, fazia umas oito ou nove horas que eu estava com isso apertando meu pé.
Suspirei e notei que eu estava nervoso. Nervoso pelo o que aconteceria em seguida, como da primeira vez que aconteceu. Na primeira vez as coisas simplesmente aconteceram, mas parecia que naquele momento as coisas seriam mais minuciosas, e eu não estava nenhum pouco preparado para aquilo.
Ouvi o barulho da porta do banheiro atrás de mim e virei meu rosto, deslizando o corpo um pouco e abri um sorriso. Não tinha nada de muito diferente em , ela tinha os cabelos soltos do penteado, não estava mais com pulseiras, nem colar em seu corpo, somente a aliança de casamento e a de noivado nos dedos. Ela também estava um pouco mais baixa do que antes, finalmente se livrara dos saltos.
Me levantei e me coloquei em frente dela. Ela tinha um pequeno sorriso no rosto, as bochechas levemente rosadas, mas que não era da maquiagem, pois ela já tinha se livrado dela. Ela deu um passo para frente e colocou a mão em meu pescoço, acariciando o mesmo e um pouco da minha bochecha também, me fazendo olhar para baixo. Soltei um suspiro e ela sorriu, dando um passo para frente e mantendo nossos corpos colados.
Ela ergueu a outra mão até meu pescoço também e desceu as duas levemente contornando meu pescoço, puxando uma das pontas da gravata borboleta e desafivelando-a, abaixando a mão e vendo a mesma se perder no chão. Passei minhas mãos pela sua cintura, encostando os dedos nos diversos botões que ela tinha em suas costas e soltei uma risada fraca, o trabalho não seria fácil.
Ela começou a desabotoar botão por botão da minha camisa branca, e quando chegou ao último botão lá embaixo, ela contornou minha cintura, puxando a camisa para fora da calça e deu fim nos últimos botões da camisa. Colocou ambas as mãos em minha barriga, me fazendo arrepiar pelos dedos gelados em meu corpo, ela foi subindo as mãos delicadamente pelo meu peito, até chegar a meus ombros e empurrou a blusa para trás, me fazendo levar os braços para trás, sentindo o pano fino escorregar pelo meu corpo.
- Você estava muito bonito essa noite. – Ela falou, erguendo o rosto em direção ao meu e abriu um sorriso de lado, aquele sorriso, para aquele momento.
- Você também. – Foi o que consegui dizer e ergui minha mão direita e coloquei na dobra de seu pescoço e abaixei o rosto um pouco, encostando meus lábios nos dela.
Ela apoiou uma mão na base das minhas costas, retribuindo o beijo leve. Fiz um carinho leve em seu pescoço e abri um sorriso, ouvindo-a suspirar e abrir os olhos. Suas mãos desceram para minha calça e ela destravou a fivela do meu cinto e puxou o mesmo, fazendo um barulho rápido antes de se soltar dos passadores e ficar inteiro na mão dela, que a fez morder o lábio inferior e dar uma piscada para mim.
- Estou gostando disso. – Ela comentou, rindo fraco em seguida.
- Quando eu vou me divertir? – Ela deu de ombros e movimentou a cabeça, sem resposta.
O cinto foi para o chão também, fazendo o barulho. Seus braços passaram pelo meu corpo e apertaram minhas costas com as mãos espalmadas, sua boca tomou conta do meu peitoral, distribuindo beijos leves e mordidas. Ergui minhas mãos, passando pelos seus ombros e soltando diversos suspiros em seguida.
Suas mãos desceram para o cós da minha calça, e as cegas, ela achou o botão da minha calça e o zíper, e soltou ambos, fazendo minha calça escorregar pelo corpo aos poucos, chegando aos joelhos. Ela ergueu o rosto e olhou para mim, passando os braços pelos meus ombros e distribuindo diversos beijos em meus lábios, meu maxilar e meu pescoço.
Subi minhas mãos pelas suas costas e tentei abrir um dos botões, não com muito sucesso. Ela, notando minha dificuldade, parou o que fazia, me fazendo suspirar que um tanto frustrado e abaixou as mãos, virando o corpo e ficando de costas para mim. Olhei a carreira de uns 15 botões e comecei a abrir cada um deles, tento dificuldade na maioria, devido à pressa, me fazia ir cada vez mais devagar.
A cada botão que eu conseguia abrir, eu dava um beijo em seus ombros. Eu conseguia ver sua pele arrepiada, não sabendo se era pelo frio da madrugada ou pelo que eu fazia. Após um dos botões, comecei a ver que ela tinha algo por baixo do vestido. Quando eu cheguei ao último botão, vi que o vestido não caiu o que eu fiquei realmente frustrado e ela virou o corpo para mim, puxando o vestido para cima, o que fez com que eu a ajudasse.
Tinha bastante pano naquele vestido, mas ela estava incrivelmente linda nele. Ajudei a puxar o vestido para cima, e me afastei um pouco, notando que ela já tinha dado conta do serviço e dei um passo para trás, vendo-a se desvencilhar dos panos e quando eu notei o que ela usava, minha boca foi para o chão.
Minha namorada estava de corpete. Não, corrigindo: minha esposa estava de corpete. O pano branco era igual no conjunto inteiro. As meias até acima do joelho, a calcinha rendada e o corpete incrível. Ela colocou o vestido no sofá ao lado e virou o rosto para mim, mordendo o lábio inferior.
- Você está linda. – Falei e ela abriu um sorriso, me fazendo rir fraco.
- Para! – Ela falou, rindo junto e eu dei um passo em sua direção novamente e apoiei minha mão em seu pescoço, com outra a puxei pela cintura e colei meus lábios nos dela. Ela passou os braços pelos meus ombros, colando os lábios fortemente nos meus e sentia seu corpo roçar no meu apressadamente, as mãos passando pelas minhas costas, suas unhas arranhando minha pele e o ar quente saindo da minha boca.
Eu a segurei firmemente pela cintura e a levei devagar de costas para a cama, me fazendo tropeçar em algumas coisas pelo caminho e cair sentado na lateral da mesma. Ela se sentou em minhas pernas e eu a segurei firmemente pelas coxas, sentindo o pano fino da meia pinicar minha mão.
Ela deu uma mordida na ponta da minha orelha, afastou a boca do meu rosto, e empurrou meus ombros para trás, com rapidez, fazendo com que eu deitasse na cama macia e a senti se levantar do meu colo e aproveitei para me colocar mais para cima. Ela passou as mãos em meu corpo, chegou a minha cueca e eu respirei fundo, fechando os olhos.
Passei a mão pela sua coxa e desenrolei sua meia devagar, distribuindo beijos em sua perna, vendo-a morder o lábio inferior quando eu beijava a parte interna de sua coxa. Ergui seu pé devagar e tirei a meia por completo, jogando para algum lado. Ela abaixou a perna e colocou a outra para cima, dessa vez o pé em minha coxa e eu fiz o mesmo movimento, distribuí beijos em sua coxa, vendo-a se arrepiar e tirei a meia, vendo-a abaixar a perna novamente.
A puxei para o meio das minhas pernas e ela ergueu os braços, fazendo um movimento nas costas e abriu o corpete, me fazendo sorrir quando a peça tomara que caia caiu no meio de nós. Ela ajoelhou na cama, com uma perna em volta de meu corpo e se sentou em meu colo, me fazendo suspirar.
Os cabelos dela já tinham caído em meu rosto, nossas bocas estavam coladas, a respiração faltava cada vez mais, mas eu não queria parar de beijá-la. Abaixei minhas mãos pelas suas costas e puxei sua calcinha devagar para baixo e ela jogou o corpo para o meu lado para tirá-la por completo. Quando ela o fez, eu virei meu corpo para cima do dela e ela soltou uma risada fraca, apertando uma das mãos em meu pescoço e eu segurei uma de suas coxas, fazendo-a entrelaçar uma das pernas em minha cintura.
Eu relaxei meu corpo em cima do dela e ela respirava forte, tentando normalizar a mesma. Eu virei meu corpo para o lado, tirando meu peso de cima dela e ela passou a mão em meus cabelos que estavam suados e eu a puxei para perto de mim pela cintura, deixando nossos corpos colados.
Abri os olhos e encontrei seus olhos castanhos, ela suspirou, com os lábios entreabertos ainda e eu dei um beijo em sua mão que acariciava meu rosto. Ela abriu um sorriso e eu retribuí. Suas pernas se colocaram entre as minhas e eu passei a mão em suas costas levemente, com seu corpo próximo ao meu. Passei meu braço por baixo de sua cabeça e ela a deitou no mesmo, encostando a cabeça em meu peito, soltando um largo suspiro.

Abri os olhos e soltei um suspiro, encontrando as pernas de na linha da minha visão e eu passei a mão no edredom que estava sobre meu corpo e cocei os olhos, sentindo uma dor de cabeça forte. Virei meu corpo, ficando de barriga para cima e virou o rosto para mim, com um sorriso doce nos lábios. Ela estava sentada ao meu lado, com alguma coisa em suas mãos, que ela deixou de lado para abaixar o rosto e dar um beijo em meus lábios.
- Você está com gosto de morango. – Ela riu fraco e eu me sentei na cama.
- Temos um buffet próprio para gente. – Ela falou, mostrando uma taça com diversos morangos picados e um creme branco por cima.
- Quem trouxe? – Perguntei, coçando o olho.
- Estava na sala quando eu acordei. – Ela falou e eu finalmente abri os olhos, notando que ela estava com uma blusa preta e de calcinha, enquanto eu continuava nu. – E nossas malas também. – Ela riu fraco e eu dei mais um beijo nela, suspirando.
- Eu já volto. – Falei enquanto bocejava e joguei o edredom para o lado de lá e fui em direção o banheiro, notei que já era de dia, mas continuava chovendo, um pouco mais fraco do que na noite anterior.
Entrei no banheiro e a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro, em seguida lavei o rosto e tirei qualquer resquício do que é que minha maquiadora tinha passado em meu rosto e coloquei a cabeça na pia também, tirando o gel dos fios. Escovei o dente e passei a toalha no rosto e nos cabelos, voltei para o quarto e estava na cama, com diversos papéis a sua volta, com os olhos focados em alguma coisa e colocando uma colherada por vez na boca.
- Suas roupas estão no armário e temos aspirinas também. – Ela comentou e eu sorri. – Ninguém conta que você tem ressaca no dia seguinte do seu casamento. – Ela riu fraco e eu entendi o que ela falava, eu estava acabado e com muita dor de cabeça.
- Não são mil e uma maravilhas? – Cochichei, abrindo minha mala e pegando uma cueca e uma blusa limpa e as vesti.
- Tudo tem seu efeito colateral. – Ela deu de ombros e eu voltei para cama.
- O que você está vendo? – Perguntei me sentando virado de frente para ela na cama.
- Isso é tudo que saiu sobre nós durante a noite. – Ela falou e eu arregalei os olhos, vendo diversos jornais e revistas espalhados pela cama.
- Tudo isso? – Perguntei, pegando o primeiro, onde uma foto nossa estava estampada na capa.
- Sim, teve revista que atrasou o lançamento para esperar pela foto. – Ela suspirou. – Até a minha e ainda falam ‘A nossa jornalista querida se casou com o ator...’, minha chefe estava na festa, você tem noção? – Ela riu nervosa e eu sorri. – Melina fez o favor de marcar tudo em amarelo, se você quiser ler. – Ela começou a juntar os papéis, empilhando-os um a um. – Imagina meu susto quando vi essa pilha ali do lado. – Ela riu fraco.
- Eu até vou querer ler isso depois, mas quero passar meu primeiro dia de casado de ressaca com minha esposa. – Falei e ela deixou o pote de lado e engatinhou em minha direção, deitando a cabeça no meu colo e esticou os pés para fora da cama.
- Primeiro dia de casado. – Ela repetiu e ergueu os olhos para mim, soltando uma risada fraca. – Isso é incrível.
- Tudo é incrível. – A corrigi e ela sorriu. Passei a mão em sua testa e ela esticou o corpo, se espreguiçando. - Você acordou cedo?
- Eu não dormi. – Ela falou e eu franzi a testa.
- Como assim? – Estranhei.
- É uma sensação de êxtase, ansiedade, felicidade... Eu não estou acreditando ainda que eu estou casada, é coisa de outro mundo parar e pensar nisso. – Ela riu fraco. – Aí eu fiquei vendo as coisas, observando a chuva, tomei banho, quando eu voltei para a outra sala, eu me toquei que as malas estavam lá, aí eu peguei meu celular, vi as diversas notificações que me marcaram. – Ela riu fraco. – Você estava cansado, amor. – Ela sussurrou e eu afirmei com a cabeça, suspirando.
- Desculpa. – Falei baixo.
- Não precisa se desculpar, eu até estou cansada, mas não sei, eu só não queria dormir e achar que é mentira. – Ela deu de ombros. – Apesar de que faz mais de um ano que eu sei que isso é real. – Abri um sorriso.
- Eu prometo para você que farei com que seja real todos os dias da sua vida. – Dei um beijo em sua testa e ela sorriu. – Agora dorme, você não estava dormindo bem há muito tempo antes do casamento, agora já passou. – Ela riu fraco.
- Eu consegui dormir ontem, sabia? – Ela comentou. – Não sei o que você fez, mas eu consegui! – Ela abriu um sorriso e eu ri fraco.
- Tenta dormir agora, então, amor. – Falei. – Você precisa. – Ela olhou em meus olhos e fez um bico. – Eu estarei aqui quando acordar. – Ela soltou uma risada e virou o corpo de lado, começando a passar o dedo em minha perna, fazendo movimentos abstratos na mesma.


Capítulo 19

(Eu não quero nunca mais passar um dia sem você. Eu não acredito que estaria aqui se nunca te encontrasse. McFLY, Take Me There)

- Oh, meu Deus! – Foi a primeira coisa que eu falei quando entrei em casa novamente, após a viagem de Boston. Havíamos curtido seis dias no hotel Four Seasons, depois teve um evento em um hospital que ele apoiava na sua cidade e teríamos outro no dia seguinte.
- Puta que pariu! – falou atrás de mim e eu joguei minha mala no chão, ainda abobada.
- Isso tudo é para gente? – Perguntei ao ver as diversas caixas espalhadas pela sala, vários jornais e revistas amontoados na bancada da cozinha e alguns presentes menores na mesa de centro e sofás.
- O que é tudo isso? – Virei meu rosto para Jordan que ria fracamente. – Mais presentes?
- Cartas e presentes de fãs, senhora. – Ele deu um sorriso fraco e se virou.
- Mas como? Meu pai! – e sentou no banco livre da cozinha e jogou a mochila no chão. – Isso é muita coisa.
- Muita coisa mesmo! – Suspirei, me colocando ao seu lado e encarando as diversas caixas. - Minha garota! – Gritei quando avistei Leslie correndo pelos corredores do quarto e me abaixei, sentindo-a colocar as patas em meus ombros. – Ah, sua linda! – Passei a mão em seus pelos, tentando desviar de sua língua que tentava de lamber.
- Sentiu saudades? – se agachou ao meu lado, dando leves batidas no pelo dela. – Como você está suja! – Ele reclamou se levantando e eu ri fraco.
- Acho bom dar um banho nela. – Me levantei, tirando meu casaco e jogando em cima de uma das caixas.
- É, tá precisando. – Ele riu fraco. – Mas antes, eu quero te mostrar um negócio. – Ele estendeu a mão e eu a peguei, seguindo para o quintal de casa, vendo-o abrir a porta. – Fecha os olhos. – Ele falou, antes que eu passasse pela porta e eu parei, fechando os olhos.
- Eu não sou muito fã de surpresas, você sabe. – Falei e ele fez um xíu.
- Você gostou de todas as minhas surpresas. – Ele comentou e eu ponderei com a cabeça, de olhos fechados. – Vem! – Ele me estendeu a mão e eu segurei, andando enquanto ele me seguia, quase tropeçando em meus saltos. – Um pouco mais para a esquerda, aqui. – O senti soltar minhas mãos e, rapidamente, colocou-as em minha cintura. – Pode abrir. – O ouvi sussurrar em meu ouvido.
Devagar, eu abri meus olhos, com medo do que encontrar, mas quando eu encontrei, eu quase tive um treco. Uma SUV preta com um gigante laço vermelho estava estacionada na minha frente, atrás do carro de . Eu não sabia o modelo, mas ele era lindo! Eu não esperava por essa, e não tinha suspeitado de nada, pois chegamos de táxi, entramos pela frente, e...
- , isso é...
- Meu presente de casamento para você. – Abri a boca levemente e suspirei.
- Eu pensei que fosse a suíte.
- Não, aquilo foi culpa dos nossos irmãos mesmo. – Ele riu fraco e eu virei meu corpo para ele, sentindo suas mãos deslizarem pela minha cintura.
- Eu te dou um curso de português e você me dá um carro? – Perguntei alto, olhando em seus olhos.
- Acredite, vai ser muito mais difícil para mim do que para você. – Soltei uma risada fraca e encostei meus lábios nos dele, sentindo suas mãos apertarem forte minha cintura.
- Você não precisava. – Ele me cortou.
- Precisava sim, porque se dependesse de você, moraria aqui pelo resto da vida, andando de táxi, ônibus ou me fazendo de motorista. – Soltei uma gargalhada alta e bati de leve em seu ombro.
- Tonto! – Ri fraco. – Eu só preciso da carteira agora. – Ele riu baixo.
- Na verdade, eu já providenciei isso, sua prova teórica, prática e de visão é no fim da semana que vem. – Ele falou e eu franzi a testa.
- Eu não preciso de aulas e tal?
- Não, não! Aqui recebemos algumas informações online, não precisa ter aulas. – Afirmei com a cabeça e colei meus lábios nos dele novamente, sentindo suas mãos apertarem minha cintura, me fazendo suspirar.
- Eu te amo.
- Eu te amo também, minha esposa.
- Você não cansa de dizer isso? – Perguntei e ele riu.
- Não mesmo. – Ele cochichou e me beijou novamente.

- Olha, eu não sei se você vai ler tudo isso, mas acho que pelo menos uma postagem de agradecimento você devia fazer. – Falei para , abrindo uma das caixas maiores e encontrando diversas cartas no meio.
- E porque você acha que isso tudo é para mim? – Ele falou, jogando um pacote para mim. – Tem várias coisas no seu nome, . – Olhei para o pacote e notei os selos brasileiros colados no mesmo.
- Ok...? – Arranquei o papel pardo do pacote e encontrei um caixa com diversos docinhos dentro dele, que agora estavam revirados. – , para! – Falei para ele, que mexia nas caixas e ele me encarou franzindo a testa.
- Por quê? O que foi?
- Eu recebi uma caixa de doces, tenho certeza que algumas coisas podem quebrar. – Coloquei a caixa de doces na bancada e me levantei. – Não jogue nada.
- Ok! Então, temos que abrir tudo e ver o que fazer? – Ele se levantou também, rindo fraco.
- Primeiro você tira uma foto dessa bagunça toda e posta no Twitter, depois a gente vê. As caixas maiores são cartas, pelo que eu notei e as menores são presentes mais palpáveis e alguns podem até quebrar. – Suspirei.
- Ok, assessora. – Ele falou e eu mostrei a língua, vendo-o rir.
tirou o celular do bolso e não deu dois minutos para eu receber uma notificação de que ele tinha postado alguma coisa no Twitter. Sim, eu recebia as notificações dele, era por causa do trabalho, mas depois, eu não desativei.
- “Chegar em casa e encontrar a sala desse jeito. Que surpresa! Obrigado à todos pelo carinho, significa muito para mim e para @FelíciaCarvalho”. – Li a postagem e revirei os olhos. – Meio sutil demais, mas tá valendo.
- Afinal, você não vai mudar para , não?! – Ele perguntou e eu soltei uma risada fraca, guardando o celular no bolso.
- Eu já sou ! – Ele riu fraco e afirmou com a cabeça. – Eu vou só acrescentar o sobrenome, mas vou deixar o user do jeito antigo.
- Está ótimo! – Ele sorriu.
- Vamos fazer o seguinte, duas pilhas, uma sua e uma minha, a gente já guarda precisa, separa algumas coisas para deixar na assessoria e depois a gente lida com as cartas, pode ser? – Ofereci uma solução.
- Mãos à obra, então. – Ele falou, batendo as mãos uma na outra.

Voltei para casa um pouco em cima da hora no dia seguinte, tivemos alguns problemas no fechamento de uma matéria na revista e eu acabei tendo que ficar até mais tarde, entrevistando pessoas e escrevendo, já que tinha que ser entregue naquele dia.
Cheguei em casa e já estava pronto. Uma calça social escura, uma camisa xadrez, gravata da mesma cor da calça e por cima um suéter da mesma tonalidade. Seus cabelos estavam puxados para trás e sua barba estava bem cheia.
Olhei para ele com um olhar de súplica e dei um rápido beijo em seus lábios, jogando minhas pastas e papéis em algum sofá e corri para o quarto, deixando meus saltos no meio do caminho, vendo Leslie deslizar pelo chão comigo.
Tirei toda minha roupa e entrei no banho, tentando não molhar meu cabelo, eu precisava lavá-lo, mas não seria agora. Passei um sabonete rápido pelo corpo e, no segundo seguinte, eu já estava enxaguando meu corpo. Puxei a primeira toalha que eu vi e me sequei, correndo para a pia, abrindo várias gavetas, à procura das minhas maquiagens.
Tentei fazer a maquiagem como Denise em ensinou, mas eu não tinha tempo para fazer vários daqueles passos e já estava começando a suar de novo. Então, eu foquei em passar um corretivo no rosto, tentando esconder todas as marquinhas do meu rosto e abusei no pó por cima. Para mim estava bom, mas com certeza para os holofotes não estariam. Suspirei e fiz o olho, focando em fazer algo forte, para ver se tirava a atenção das minhas bochechas. E por fim, passei um batom simples nos lábios. Pronta.
Olhei para meus cabelos e peguei um pente, passando por ele diversas vezes, tirando os nós que estavam nas pontas. Como eu não tinha tempo para fazer grandes penteados, eu separei a franja do meu cabelo e joguei para trás, passando bastante laquê e prendendo com dois grampos e depois passei um pouco mais por cima.
Corri para meu closet e peguei uma calcinha cor da pele, vestindo-a e abri o armário encontrando pelo menos umas cinco caixas de vestido empilhadas no canto. Rupert se manteve ocupado e fez vários vestidos para mim, enquanto fazia o meu vestido de noiva. Só espero que eu não tenha engordado muito, porque aqueles dias no Four Seasons foram regados a morango com chocolate, doces e muitos pedaços de bolo e salgadinhos.
Peguei a caixa em que dizia “People’s Choice Awards” e trouxe para o quarto, colocando em cima da cama e a abri. Puxei o vestido de dentro da cama e fiquei maravilhada com ele. Era um vestido longo, tomara que caia, degrade de preto, roxo e branco e era simplesmente incrível. Coloquei em frente ao meu corpo e soltei um suspiro, ele era lindo demais. Abri a lateral do vestido e coloquei por cima, ajeitando os seios e puxando o pano leve para baixo um pouco, aquilo era seda e voaria com qualquer sopro.
Puxei o zíper na lateral e me olhei no espelho, me sentindo uma verdadeira princesa. Aquele vestido era incrível. Um dos melhores trabalhos de Rupert, com certeza. Apesar de que eu sempre falava isso. Peguei meus sapatos pretos do armário e os calcei, procurando uma bolsa de mão da mesma cor e coloquei meu celular no mesmo, meus documentos e um pouco de dinheiro.
- Tchau, Leslie! – Falei para a buldogue que estava jogada em sua cama no canto do quarto e saí do quarto, fechando minha bolsa.
- Uau! – Ouvi falar e ergui meu rosto, encarando-o com um sorriso no rosto.
- O que você acha? – Estendi as mãos e ele soltou uma risada fraca, estendendo as mãos para mim e dando um beijo em meus lábios.
- Maravilhosa! – Ele sorriu, passando uma mão em minha cintura.
- Você está bonito também, está comportado, parecendo homenzinho hoje. – Ele soltou uma risada fraca e me abraçou pela cintura.
- Ah, só você! – Ele falou com um sorriso no rosto.
- Vamos! Você tem alguns prêmios para ganhar. – Passei por ele, caminhando para o quintal, acenando para Jordan que caminhava ao redor de casa.
- Você realmente acha?
- Eu realmente não sei, é uma votação de fãs, mas pelo que eu sei você tem uma bela de uma legião de fãs. – Virei o rosto para ele, parando ao lado do carro.
- Sério? – Revirei os olhos.
- Sério! – Falei rindo. – E eu falo isso porque eu sei, não porque eu acho. – Assenti com a cabeça e ele fez o mesmo.
- O problema é que isso é voto público...
- Sim, eu sei, para de duvidar de si mesmo e entra nesse carro. – Abri a porta e entrei, o vendo fazer o mesmo. Ouvi meu celular vibrar dentro da bolsa e o peguei. – Melina. – Cochichei para ele. – Fala, gravidinha! – riu ao meu lado.
- Cadê vocês? – Ouvi a voz dela do outro lado da linha.
- Culpa minha! – Assumi logo. – Estamos chegando já.
- Ai Jesus! – Ela suspirou do outro lado da linha. – Mas o tapete vermelho já acabou vocês terão que entrar por trás, eu estarei esperando vocês aqui.
- Você ouviu? – Falei para quando desliguei o telefone.
- Ouvi! – Ele falou suspirando, acelerando o carro para fora da garagem.

O People’s Choice Awards era uma premiação com diversas categorias e eles não podem passar todas as categorias na televisão porque toma espaço, e claro, nenhum dos convidados presentes tem muita paciência para ver tudo, então eles separam um espaço de duas a três horas na programação. Depende muito da presença das pessoas, se o ganhador de tal categoria não estiver presente, eles não a apresentam. Claro que isso é meio relativo, já que em algumas categorias todos estão presentes e não é apresentado.
Chegamos pouco depois da premiação começar, então acabamos ficando nas redondezas do evento até a primeira propaganda. No primeiro bloco tiveram algumas premiações de TV, e algumas de cinema, o que começou a me deixar realmente deprimida. De quatro categorias, perdeu duas logo de cara. Eu tentei respirar fundo e tentar dar o maior apoio a ele, conforme eu conseguisse.
Entrou no intervalo e os organizadores do evento levaram a mim e a para nossos lugares, na primeira fileira. Os assentos eram rotativos. Eu surtei um pouco, porque nos colocaram ao lado da incrível Whitney Bauer, uma atriz de sucesso dos anos 40. Estava o acompanhante dela, ela, e eu. Eu estava simplesmente surtando, não lembro em que categoria ela estava, mas eu lembro que eu votei nela diversas vezes. Ela era simplesmente maravilhosa, e eu estava arrepiada só de estar perto dela.
- E agora, para apresentar o prêmio de Melhor Ator em Filme de Ação, as atrizes Kate Dawson e Blake Balvin. – Uma voz de fundo falou e eu aplaudi as duas atrizes, ao mesmo tempo em que eu prendi a respiração, era uma categoria de .
Os concorrentes de eram sensacionais, pessoas com anos e anos de carreira. Só pelo fato de estar no meio dessa galera, já era incrível. Só que ele era o mais novinho dali, de idade e de carreira.
- E a escolha do povo para Melhor Ator em Filme de Ação é... – Blake falou, enquanto abria o envelope e eu até fechei os olhos, parecia que eu estava mais nervosa que .
- ! – Blake gritou e eu abri meus olhos rapidamente, e olhei para que tinha um sorriso meio bobo no rosto, totalmente despreparado.
Ele me deu um rápido beijo na bochecha e se levantou, me deixando com um sorriso incrível no rosto. Ele tinha ganhado! Ele se levantou e caminhou em direção ao palco, subindo os degraus e abraçando as duas atrizes que estavam no palco e recebendo em suas mãos o prêmio do People’s Choice Awards.
- Obrigado, obrigado! – Ele falava, enquanto que o pessoal não parava de aplaudir e gritar, e sim, eu estava no meio desse povo. – Obrigado! – Ele repetiu diversas vezes, devia estar um pouco abobado ainda. – Eu não ganho coisas, então isso é bem legal. Obrigado a todos que votaram. – Ele gaguejou um pouco, falando novamente. – Obrigado às pessoas que amam filmes, que assistem filmes, que são apaixonados por filmes, sem vocês eu estou perdido, então obrigado por me darem um propósito, obrigado a todos com que eu trabalhei ano passado, eu trabalhei com pessoas ótimas em trabalhos incríveis, então, obrigado. – Ele respirou. – Obrigado à minha família, meus amigos, minha esposa, a todos que me apoiaram nos últimos anos. – Abri um sorriso leve, um tanto quanto envergonhado. - Eu vou dizer que 40% dos votos foram a minha mãe, mas o resto significa muito para mim, serei eternamente grato. – Soltei uma risada fraca e ele se retirou do palco, fazendo todos aplaudir.
sumiu junto dos organizadores e de Melina e eu permaneci sentada na minha poltrona e vi mais duas premiações, Melhor Filme de Ação também não foi para “Poseidon 2”, mas eu estava feliz, era um prêmio de melhor ator, então os créditos eram do , não de uma equipe grande e tudo mais.
Assim que as luzes se apagaram e entrou na propaganda novamente, Melina surgiu na minha frente, me puxando para acompanhá-la. Entramos nos bastidores do evento, me fazendo encontrar diversas pessoas conhecidas, mas me contive em parecer profissional. não estava nos bastidores, já devia ter sumido em algum canto. Até que passamos por uma cortina preta e eu pude ver a claridade me cegar um pouco, estávamos na sala da imprensa. estava em cima do pequeno palco, sendo cegado pelos diversos fotógrafos que tiravam fotos dele e do seu prêmio, ele tinha um sorriso incrível no rosto, o que me deixava bastante feliz.
- Eles perguntaram sobre você, sabia? – Melina falou ao meu lado e eu virei o rosto para ela.
- Quem? – Franzi a testa.
- A imprensa. Ele já passou pelas perguntas. – Ela sorriu.
- O que perguntaram? – Olhei para novamente.
- Como ele se sentia recém-casado, começando o ano com o pé direito em todos os aspectos. – Melina riu fraco ao meu lado.
- O que ele disse? – Ela riu fraco ao meu lado.
- Tirando o fato de ele ter ficado incrivelmente envergonhado, como sempre acontece, ele disse que não poderia estar mais feliz, que sua vida agora estava completa. – Abri um sorriso de lado, rindo fraco.
- Esse é o meu marido! – Falei rindo e comecei a andar, vendo-o descer do palco pelo outro lado.
Ele andou em minha direção, com o prêmio firme em sua mão e eu passei meus braços pelos seus ombros quando ele se aproximou de mim e colou seus lábios nos meus, me fazendo suspirar. Ele passou a mão livre pela minha cintura e me apertou contra seu corpo.
- Parabéns, melhor ator em filme de ação. – Cochichei para ele que soltou uma risada fraca.
- Isso é incrível. – Soltei uma risada fraca, colando meus lábios nos dele novamente.
- Você merece. – Falei séria e me afastei dele um pouco, pegando o prêmio em minhas mãos, era realmente pesado.
- Parabéns! – Melina falou atrás de mim e eu dei espaço para eles se abraçarem. – Virão muito mais, querido. – Ela sorriu, passando a mão em seu rosto levemente e ele riu fraco.
- Obrigado, obrigada. Agora parem, antes que eu comece a ficar me achando. – Soltei uma risada fraca e entreguei o prêmio para ele novamente.
- Vocês vão querer assistir à premiação ou estão prontos para ir? – Melina perguntou e eu virei o rosto para .
- O que você quer? – Perguntei para ele.
- O que você quer? É a primeira premiação que você vem. – Soltei uma risada fraca.
- Honestamente, eu sempre achei essas premiações um pouco chatas. – Falei, fazendo uma leve careta.
- Vamos jantar, então. – Ele falou, estendendo a mão para mim. – Gostaria de nos acompanhar, Melina? – Ela riu fraco, erguendo as mãos.
- Não, não, vou deixar os recém-casados fazerem coisas de recém-casados, já passei por isso. – Ela falou, me fazendo soltar uma risada fraca. – Parabéns de novo, . Guarde-o em um lugar bem seguro.
- Pode deixar! – Ele falou e seguimos para fora da sala da imprensa, ainda acompanhando Melina até o lado de fora.

- Se Rupert descobrir que estou comendo pizza com o vestido dele, ele me mata! – Falei, colocando a pizza de volta no prato e limpando minhas mãos no guardanapo.
- Seria tão ruim assim? - Ele perguntou e eu soltei uma risada fraca.
- Se eu derrubar, com certeza seria. - Ele abriu um sorriso e abaixou a cabeça, voltando a pegar sua pizza e eu fiz o mesmo, puxando o queijo para minha boca.
- Acho que pizza após um evento chato deveria virar exigência. - Soltei uma risada fraca e engoli o último pedaço de pizza, esfregando bem minhas mãos.
- Olha, eu não negaria, mas o calendário está um pouco cheio para termos pizza sempre. - Comentei e ele soltou uma risada fraca.
- Você vai comigo amanhã? - Ele secou as mãos, enquanto bebia um gole do seu refrigerante.
- Acho que não tem nada a ver, , são só as pessoas que posaram para essa revista nos últimos anos, parece que vai ser algo intimista. - Ele afirmou com a cabeça. - Vai, vai à estreia da boate e eu preparo um piquenique de madrugada para gente. - Pisquei para ele que riu fraco.
- Acho que eu ficarei em casa. - Ele riu fraco.
- Não, não vai ficar não. Você tem que aparecer, você tem que ser visto, principalmente agora que ganhou um prêmio. - Ele fez uma careta.
- Quando você vai parar de bancar a assessora comigo? - Soltei uma risada fraca.
- Força do hábito, amor. - Soltei uma risada fraca. - Mas afinal, é sempre bom repassar conhecimentos. - Falei brincando e ele revirou os olhos, soltando uma risada.
Peguei o meu milk-shake e bebi até o final, ouvindo aquele barulho chato quando o ar entra pelo canudinho. Olhei para a pizzaria meio retro que estávamos e estava vazia. O prêmio do estava em cima da mesa, eu já tinha subido meu vestido até o joelho e os sapatos estavam no chão. E eu e fomos capazes de acabar com uma pizza sozinhos. Ok, não era muito difícil de acontecer.
Eu estava feliz, não pelo que tinha acontecido aquele dia, do ter ganhado o prêmio e tudo mais, isso foi uma adição a minha felicidade, mas eu estava feliz, eu estava casada, alegre e aquilo era simplesmente incrível, eu podia ficar ali, ouvindo contar umas histórias tontas e comendo pizza o resto da vida. Parecia que nada mais importava.

O resto da semana foi meio corrido. No dia seguinte foi à festa daquela revista e também no lançamento de uma balada nova em Los Angeles. Na sexta-feira eu fiz a minha prova de carro, passando fácil, agora só faltava chegar a carta para eu poder dirigir meu carro novo. Depois, para terminar bem a semana, eu, e alguns conhecidos dele, fomos para a Disneylândia em Anaheim. Eu nunca me senti tão criança quanto aquele momento. Não era Orlando, mas era muito bom. Eu estava extasiada.
Nos encontramos com alguns colegas de no Critics Choice Awards. Apesar de não ter ganho nenhuma das categorias que em que ele estava competindo, melhor filme de ação por “Poseidon 2: A Maldição dos Mares”, melhor ator em filme de ação pelo mesmo filme, ele ganhou de melhor filme de ficção científica ou de horror com “À Procura do Amanhã”, foi bem divertido.
Nesse dia, eu tive a chance de conhecer algumas pessoas incríveis e que eu realmente me inspirava nos últimos anos como Joana Angels. Quando eu fui apresentada a ela, eu não sabia que dia era, onde eu estava, o que eu fazia ali, mas Joana Angels segurava minha mão e tinha aquele sorriso lindo no rosto, só aquilo já bastava.
Essa era uma premiação que a after-party estava inclusa, acabou terminando bem tarde, era no meio da semana, então eu cheguei, tirei a maquiagem do rosto e caí de cara na cama, nem vi se deitando ao meu lado.

O momento mais esperado chegou e parecia que não parava de se mexer ao meu lado. Nós estávamos indo para o Super Bowl, final do campeonato de futebol americano dos Estados Unidos, eu não entendia nada de futebol americano, mas conhecia a fama do Super Bowl. e Patrick Kingsley haviam feito uma aposta, já que seus times estariam na final. O time que perdesse, o torcedor iria para a entidade de caridade que o outro apoiava, vestido do seu personagem. de Poseidon e Patrick de Ámon, a versão egípcia de Zeus.
Antes do jogo, nós tivemos que ir a alguns compromissos que tinham paralelos ao jogo. Teve um lounge de uma marca que eu nunca tinha ouvido falar, uma festa da Playboy, o evento da NFL Honors e também a festa da Maxim Magazine. No dia seguinte, foi o jogo. Nesses eventos, acabou encontrando alguns fãs, e eu acabei encontrando alguns famosos, que claro, tive que tirar fotos. Enquanto apresentou uma das categorias do NFL Honors, eu tirei fotos com alguns jogadores. Eu podia não conhecer, mas Patrick me colocou ao lado deles e depois me falou quem era cada um.
estava surtando ao meu lado, eu não entendia muito de futebol americano, então basicamente o tempo todo, eu e Faye, esposa de Patrick ficamos conversando. Eu entendia porque tinha um longo tempo de jogo, pois, a cada falta, ou passe errado, ou alguma coisa errada, o jogo era parado. Diferente do futebol que eu conheço que o tempo corre, não importando o que acontecesse.
Uma hora eu comecei a prestar atenção no jogo, era realmente interessante, e era algo que eu com certeza começaria a acompanhar com tanto nos jogos, como em casa. Eu ainda aproveitei para curtir os shows do intervalo, foi o momento em que eu realmente surtei. Enquanto surtava na hora do jogo, eu surtei no intervalo. Joshua acabou indo com a gente, então ficou basicamente eu e ele dançando e cantando as músicas das cantoras pop comigo. Acredite, eu achei estranho também, mas foi demais.
O New Englad Patriots, time do , acabou ganhando, mas deu para notar que o jogo foi bem apertado. Depois dali, acabamos indo para um bar em Glendale e eu fiquei vendo meu marido rir e beber cerveja a noite toda. Eu preferi não me meter naquilo, ele estava feliz demais. Claro, no dia seguinte ele teve que superar a enxaqueca e tudo mais, mas eu não fiz a chata do “eu avisei”, pelo menos não dessa vez.

Sharon parou em frente à entidade que apoiava e eu abri a porta e coloquei o pé para fora, abrindo o guarda-chuva em seguida. A chuva fina que caía em Boston servia para eu manter o casaco bem apertado ao corpo enquanto o vento bagunçava meus cabelos para todos os lados, deixando impossível de ajeitá-lo.
Minha cunhada mais nova apareceu ao meu lado e seguimos pela rua em direção à entrada da ONG, alguns paparazzis estavam na calçada, mas ninguém parecia se importar com quem entrava ou saía. Lá dentro estava bem mais quente do que do lado de fora. O barulho era alto e imediatamente eu pude ver alguns pais e mães no corredor da casa chorando, mas era um choro de alegria.
Deixei meu guarda-chuva com Sharon que ficou para trás e eu tentei me enfiar entre algumas pessoas e achar um espaço para tentar enxergar o que estava acontecendo na sala. Várias crianças e adultos estavam colocados no meio da sala, Patrick estava com a roupa de Ámon conversando com algumas crianças do lado direito da sala, alguns fotógrafos estavam dispostos na sala, claro, famoso pode fazer a caridade que for, mas se for algo anunciado, só assim que as pessoas dão valor.
Virei meu rosto para o outro lado, à procura do meu marido e o encontrei com o maior sorriso no rosto, que imediatamente me fez ter a mesma reação. estava ajoelhado no chão, com uma grande caixa de brinquedos em uma das mãos, enquanto cumprimentava uma das crianças sentada no sofá.
Na caixa, tinha vários tridentes do Poseidon de brinquedo, ele cumprimentava as crianças, entregava o brinquedo, algumas vezes recebia aquele sorriso apertado e tirava fotos com eles também. Me afastei um pouco, quando uma pessoa tentava passar e eu senti uma lágrima molhar minha bochecha. Fechei os olhos e passei as mãos no rosto, me aproximando de Sharon.
- Eu ainda me surpreendo com ele. - Soltei uma risada fraca.
- Acredite, você o surpreende bastante também. - Sharon falou ao meu lado e eu sorri. - Vai ser difícil o casamento de vocês ficarem chato.
- Espero que você esteja certa! - Ouvi uma voz atrás de mim e virei meu rosto, dando de cara com atrás de mim.
- Ei! - Falei, passando meus braços pelo seu pescoço. - Já acabou? - Perguntei com a testa franzida.
- Ainda não, parece que vai demorar um pouco. - Ele beijou minha bochecha. - Temos que acordar cedo para ir para Londres, se quiser voltar para casa...
- Acho eu vou passar no Rupert, ver a Liana. - Dei de ombros. - Não vou ficar sozinha naquela casa. - Ele soltou uma risada. - Vai se divertir, ficarei bem. - Pisquei para ele.
- Sei que vai ficar bem, meu medo é esse. - Soltei uma gargalhada e estalei um beijo em sua bochecha.
- Estarei com os meninos e você tem o meu celular, gato. - Ele soltou uma risada fraca e Sharon riu comigo, escondendo a boca com as mãos. - Até mais.

Ouvi um barulho vindo da porta e me levantei da cama, sentindo minha barriga apertar de novo e eu voltei a deitar meu corpo naquela cama imensa e franzi o rosto de dor, me fazendo gemer em seguida, passando a mão levemente em minha barriga embaixo da blusa. Olhei para a porta do quarto novamente e apareceu no mesmo, com o paletó nos braços e ele abriu um sorriso quando me viu.
- Como foi o BAFTA? – Perguntei, com um sorriso leve no rosto.
- Uma pena você não ter ido. – Ele puxou a gravata, afrouxando-a e a jogou na cama junto com o paletó. – Está melhor? – Ele se sentou na beirada e apoiou a mão na cama, se aproximando de mim.
- Sem beijo. – Coloquei minha mão na boca dele. – Eu vomitei de novo e ainda não escovei os dentes. – Falei, afastando seu rosto, sentindo-o estalar um beijo em meus dedos. – Eu te assisti na TV, fazia um tempinho que eu não fazia isso. – Falei rindo fraco e ele sorriu.
- Será que vai conseguir ir embora amanhã? – Fiz uma careta e ele riu fraco.
- Se eu conseguir dormir melhor e parar de vomitar. – Suspirei, erguendo meu corpo na cama novamente, fazendo uma careta quando minha barriga apertou novamente.
- Você está meio pálida, vou pedir um chá e uma sopa para você, você precisa ficar melhor. – Afirmei com a cabeça e ri fraco.
- Tente vomitar até as tripas, é assim que você vai ficar. – Ele soltou uma risada fraca e se levantou da cama, tirando os sapatos.
- Você disse que queria emagrecer um pouco, não?! – Ele brincou e eu revirei os olhos.
- Vomitar não é saudável, . É a pior sensação do mundo. – Ele riu fraco e tirou a camisa, esticando na poltrona.
- Acho que depois dessa você nunca vai pedir carne mal passada. – Passei a mão na testa, limpando o suor e suspirei.
- Aquilo não estava mal passado, estava cru. – Suspirei. – E dizem que os ingleses que inventaram o bife Wellington, até parece. – Ele soltou uma risada fraca e deu a volta no quarto do hotel em Londres e se sentou ao meu lado, passando o braço pelos meus ombros, me puxando para ele.
Ele pegou o telefone do hotel e pediu alguma coisa para mim, fez questão de dizer para a pessoa que atendeu ao telefone, que eu estava vomitando bastante, e que precisaria de algo fortalecedor, isso me deixou com medo, mas esperava que viesse algo, no mínimo, comestível.
- Como está a enferma? – Joshua surgiu dentro do quarto, com um sorriso no rosto, ainda de terno, já que ele acompanhou no BAFTA.
- Ei, Josh! – Falei me desencostando de e Joshua riu.
- Melhor? – Ele perguntou, se sentando no meu outro lado da cama.
- Vou viver. – Comentei, sendo jogada para o outro lado.
- O que você quer? – falou, tentando entender o que ele estava fazendo lá.
- Presente para vocês! – Ele jogou um pacote em meu colo e eu olhei o mesmo.
O embrulho era uma revista, como muitos que eu já tinha visto na minha vida, mas é claro que em frente à capa tinha uma propaganda aleatória separada. Rasguei o pacote e puxei a revista da frente, virando a mesma e dando de cara comigo.
- A Vanity Fair saiu?! – Gritei alto, encarando eu e na capa da Vanity Fair onde a matéria principal era a gente. – “Tudo sobre o casamento perfeito de e ”. – Era o título d capa, junto da foto minha e de , um olhando para o outro, de mãos dadas, da sessão de fotos que fizemos. – “Muito mais que um sim”. – Li a linha fina da matéria e soltei um suspiro.
Abri a revista exatamente na metade, dando de cara com a foto do beijo minha e de , durante o casamento, logo após o sim. Voltei algumas páginas e notei que a reportagem era grande demais. Normalmente essas revistas tinham em media 120 páginas, não sei exatamente quantas tinham na Vanity Fair, mas naquela edição, eu sei que pelo menos 30 paginas era sobre o nosso casamento. E ela era divida em pequenas reportagens, uma sobre casamento, outra sobre a festa, outra sobre , outra sobre mim, que ironicamente era a maior, outra sobre os convidados e um histórico de quando começamos a namorar, quando saímos na imprensa, pedido de namoro, casamento, etc... Eles não tinham falado com muitas pessoas, só se basearam nas informações da internet, e até que acertaram algumas coisas. Além disso, tinha muitas fotos. Aquela era a primeira vez que eu via uma cobertura tão grande daquele jeito. Com certeza eu guardaria aquela revista pelo resto da vida.
- Bem, vou deixar os pombinhos tendo seu momento de recordações, porque eu tenho que acordar cedo. – Joshua se levantou, fazendo a cama mexer um pouco.
- Não vai embora com a gente? – Perguntei, virando para ele.
- Tive que adiantar meu voo, Melina precisa de mim em Los Angeles. – Acenei com a cabeça. – Vocês aproveitem suas horas a mais na Terra da Rainha. – Ele falou, fazendo uma reverência exagerada.
- Pode deixar! – falou atrás de mim, e eu sorri.
- E sem bife Wellington para você, . – Joshua falou e eu franzi a testa, sentindo meu estômago apertar de novo.
- Oh, de novo não! – Reclamei, jogando a coberta para o lado e saindo correndo para o banheiro com a mão na boca.
- Eu acho melhor você não brincar com isso, sei lá... Nunca mais na sua vida. – Ouvi comentando.

Na manhã seguinte, me deu mais um remédio, para ver se eu ficava mais 100% do que no dia anterior, mas aquele remédio me dava um sono danado, então assim que eu entrei no avião, eu encostei minha cabeça em seu ombro e capotei, a sensação era péssima, mas era o que tinha para aquele dia.
- ! - Abri os olhos e dei de cara com me encarando. - Chegamos! - Passei a mão no olho e notei que ele deveria estar me chamando há um bom tempo, já que o avião estava quase vazio. Olhei para fora e notei que estava começando a entardecer.
- Mas...
- Vamos! - Ele disse e eu me levantei, pegando minha mochila no bagageiro e me coloquei a andar.
Eu estava grogue, mas tinha alguma coisa errada nessa situação toda. Olhei para as atendentes de voo e elas estavam bem mais acordadas que eu, o terninho verde, a saia azul e o cabelo ainda bem arrumado. me indicou levemente e eu segui em frente, colocando minha mochila nas costas assim que seguimos pelo finger.
A iluminação do aeroporto me cegou e eu abaixei a cabeça um pouco até chegar à fila da imigração de novo, quase batendo na pessoa a minha frente. Olhei para frente e franzi a testa. Realmente tinha algo errado. Uma grande bandeira verde, branca e vermelha estava na minha frente e também estava escrito bem grande “benvenuti in Italia” em vários outdoors dispostos em um aeroporto que não era o de Nova York.
Virei meu rosto e olhei para , atrás de mim, ele tinha um largo sorriso no rosto, fazendo que suas bochechas ficassem vermelhas e seus olhos levemente espremidos pela claridade. Virei meu rosto novamente para a placa, ao meu redor e para a bandeira na porta da entrada para o país e virei para ele novamente.
- O que eu estou fazendo na Itália? - Gritei para , chamando atenção de algumas pessoas ao redor.
- Surpresa? - Ele falou, franzindo a testa.
- Como eu estou aqui e eu não percebi nada? - Falei com a voz alta ainda.
- Você ficou mal ontem, então, eu aproveitei a situação e te deu um remédio e...
- Você me dopou? - Gritei para ele que abriu um sorriso culpado. - Oh meu Deus! O que eu estou fazendo aqui? Onde exatamente eu estou? – Ele abriu um sorriso e virou meu corpo de frente para a fila, onde eu era a próxima.
- Eu pensei que poderíamos tirar uns dias e fazer nossa lua de mel. – Ele cochichou em meu ouvido.
- Mas eu tenho que trabalhar amanhã. – Reclamei e ele me ignorou. – Eu vou acabar sendo demitida, .
- Você estava com intoxicação alimentar, não estava?! – Bufei.
- É, e eu vim me curar em algum lugar da Itália. – Falei ironicamente e suspirei alto, eu tinha minhas obrigações, mas eu estava pulando de felicidade por dentro, eu estava na Itália, independente de quanto tempo eu fosse ficar lá.
- Prossimo! – Ouvi o policial chamar com um sotaque forte de italiano e segui para o guichê. – Boa tarde, passaporte, por favor. – Entreguei meu passaporte para ele que começou a olhá-los atentamente. – Quanto tempo vai ficar?
- Eu realmente não sei. – Falei, olhando para ele, que franziu a testa. – Aparentemente meu marido decidiu fazer uma surpresa para mim, até onde eu saiba, era para eu estar a caminho dos Estados Unidos. – Eu poderia ser presa por isso, mas eu não sabia o que dizer e estava a uns cinco guichês de mim, mas o policial soltou uma risada fraca.
- Acredite, é mais comum do que você imagina. – Ele falou, carimbando meu passaporte e o fechou, entregando todos os meus documentos. – Eu só não sei como eles fazem isso.
- Eu fui dopada, praticamente. – Falei, revirando os olhos e ele riu fraco.
- Vai valer a pena. – Ele falou. – Bem-vinda à Veneza. – Arregalei os olhos e suspirei, soltando uma gargalhada sozinha, enquanto eu deixava o guichê.
- Veneza? – Perguntei, quando apareceu ao meu lado.
- Eu sou bom de memória. – Ele falou, passando um braço pelo meu corpo.
Eu encostei uma mão em seu queixo barbudo e colei meus lábios nos dele, em um longo beijo. Eu realmente não me importava se estava no meio do caminho das pessoas, mas eu estava muito feliz naquele momento, na verdade, eu estava extasiada fazia um longo tempo.
sorriu para mim e tirou os óculos escuros do rosto quando saímos do aeroporto, o aeroporto de Veneza que não ficava em Veneza, era preciso pegar uma balsa para chegar a Veneza, e foi o que fizemos. Entramos em um táxi e seguimos para a balsa, o caminho estava até que calmo, devido ao horário. Bem, apesar de que eu não sabia a hora do rush na Itália.
Eu estava maravilhada com tudo. realmente estava realizando meus sonhos. E o pior de tudo isso, era que eu sabia que eu não devolveria tudo na mesma moeda. Assim que nos casamos, as contas se juntaram e o grosso ele pagava, mas todas as surpresas que ele fazia, eu sabia que não conseguia acompanhar.
Então, eu tentava agradar com o que eu podia, apesar de que não estava tendo muito tempo para eu fazer tudo isso, tem tido vários compromissos e eu tento acompanhá-lo no máximo possível, afinal, é ótimo poder desfilar ao lado dele em um vestido magnífico, em um evento mais lindo ainda e o melhor, com o meu marido. Eu deveria estar extasiada ainda com a situação, era tudo tão novo, mas tão parecido com os primeiros meses da gente morando juntos, mas aí eu estendia a mão e via aquela aliança em meu dedo e tudo parecia um sonho novamente. Eu poderia não conseguir realizar muito dos seus sonhos, mas com certeza tentaria fazê-lo feliz das maneiras mais simples possível.
Eu quase surtei quando parou em uma daquelas paradas de gôndola em Veneza. A gente ia para o hotel de gôndola, não sabia quanto tempo levaria, mas eu simplesmente amei a ideia. subiu primeiro e eu segui atrás dele, cumprimentei o gondoleiro e eu me sentei, sentindo me abraçar por trás. O sol já começava a se por em Veneza, então o tempo começara a esfriar. Por mais que em Londres estivesse frio e muito bem protegido, eu acabei colocando uma simples blusa de manga comprida e estava com preguiça de pegar meu casaco na mochila.
me abraçou, me apertando contra seu corpo, fazendo com que eu me sentisse leve. Eu ainda sentia meu estômago dar algumas pontadas, mas acho que não era mais de dores, afinal, do tanto que eu tinha vomitado, não tinha mais nada precisasse sair, então acho que o problema mesmo era fome.
Eu perdi a noção do tempo enquanto passeávamos de gôndola. A velocidade era realmente baixa e as paredes em volta do canal não eram tão altas, então era possível ver o céu estrelado entre as vias. Eu não dizia nada e também não, eu sabia que estava extasiada com a situação, era Veneza, e ele, não sei se estava desinteressado, mas os beijos em meu pescoço denunciavam que ele estava com a mente em outro lugar.

A gôndola parou e eu e descemos, enquanto ele pagava o gondoleiro, eu olhei para o hotel. A construção era baixa, deveria ter dois ou três andares no máximo, tinha um ar rústico nas paredes, mas as portas e luminárias no térreo do hotel mostravam a modernidade do local. Modernidade que se mostrou do lado de dentro também. O local era de tirar o fôlego. Bem, Veneza era de tirar o fôlego.
Nosso quarto ficava no segundo e último andar e ele era lindo. Uma pequena sala de estar e de TV junta à frente e passando por um portal, a suíte do casal. Toda em tons de bege e dourado. Por mais que eu visitasse esses hotéis cinco estrelas no mundo, eu adorava conhecer mais e mais, e ver o que eles tinham de diferente dos outros. Cada detalhe, uma flor diferente, um toque aqui e ali.
Assim que eu entrei no quarto, eu joguei minha mochila e bolsa em uma das poltronas do quarto e me aproximei da janela vertical, abrindo-a e dando de cara com a paisagem de Veneza à noite. Nós estávamos em um dos quartos do fundo, então podíamos ver o grande canal de Veneza, onde alguns barcos de pequeno porte e gôndolas passavam pelo mesmo, e a noite estrelada lá de fora, junto do vento frio que entrava pela janela.
Senti os dedos de na minha cintura e um arrepio passou pelo meu corpo, espero que eu me arrepie sempre que isso acontecer. Virei meu corpo para frente e aquele homem maravilhoso que eu chamava de marido estava na minha frente, agora sem o casaco, com um sorriso no rosto.
- O que você quer? – Perguntei, segurando a gola da sua blusa, vendo-o soltar uma risada fraca.
- O que você acha? – Ele abriu um sorriso sacana no rosto e eu soltei uma risada fraca.
- Acho que precisamos ter mais certeza sobre as coisas. – Falei, vendo-o ponderar com a cabeça.
- Mas achar é tão bom. – Ele encostou a mão na janela e a empurrou, fazendo com que ela batesse contra o batente.
- Me diga isso novamente em alguns anos quando algumas decisões serão mais importantes. – Ergui a mão, tirando os óculos escuros de seu rosto e coloquei na mesa, encarando seus olhos azuis. – Uma decisão séria é tirar esses óculos quando estiver falando comigo.
- Hum, brava! – Ele falou, me fazendo gargalhar, encostando a cabeça em seu ombro. - Não é assim que você tenta fazer um clima, sabia?
- E o que você precisa para fazer um clima? – Aproximei meu rosto do dele, encostando meus lábios nos seus, sugando seu lábio inferior para minha boca.
- Você pelada seria um bom começo. – Soltei uma risada fraca contra sua bochecha.
- Então, não estamos falando de um clima romântico. – Ponderei com a cabeça.
- Ah, com certeza não! – Ele falou dramatizando. – Nós temos a vida inteira para sermos românticos.
- Assim eu espero! – Falei me afastando dele um pouco e puxei minha blusa de manga comprida para cima e a joguei no chão, sentindo meus cabelos caírem em minhas costas.
- Cara! Como eu te amo! – Ele falou, secando bem meus seios e eu soltei uma risada fraca, colocando as mãos na cintura.
passou os dedos pela fenda da sua camisa xadrez azul, desabotoando os três últimos botões e puxou a blusa para trás, deixando-a cair no chão, junto da minha. Em um movimento rápido ele se aproximou de mim novamente, passando as mãos pela minha cintura e encaixando uma em minhas costas.
Seus lábios colaram nos meus com rapidez e cheios de vontade. Apoiei uma das minhas mãos em seu pescoço e a outra foi colocada em seu ombro. Suas mãos focaram em explorar meu corpo, subindo e descendo em diversos movimentos, fazendo minha barriga se contrair várias vezes. Deslizei minhas unhas pelo seu pescoço, sentindo-o separar seus lábios dos meus um pouco, ele tinha cócegas ali.
Mordi seu lábio inferior, focando meus olhos nos seus e ele piscou com o olho direito, me fazendo morder meu lábio inferior, por poucos segundos, antes de sentir a língua de tocar na minha novamente. Abaixei minhas mãos e coloquei por baixo da camiseta de , raspando as unhas no mesmo, ouvindo a respiração de abafar sobre meus lábios. Puxei sua blusa em um movimento rápido e ele me ajudou a remover completamente a blusa e colou seu corpo no meu novamente.
apertou minhas coxas por cima da calça jeans e, em um movimento rápido, me pegou no colo, fazendo com que eu risse com o movimento e apoiasse os braços em seus ombros nus, apertando-os levemente. caminhou até a mesa mais próxima e me sentou sobre a mesma, ouvi um barulho de algo caindo no chão, mas eu só ri fraco, esperando que não fosse nada importante... Ou caro.
Ele se colocou entre as minhas pernas e eu passei as mesmas pela sua cintura, trazendo seu corpo mais perto do meu. Levei minhas mãos para a lateral de seu corpo, acariciando levemente. Suas mãos enrolaram em meus cabelos e ele tocou os lábios nos meus novamente, parecia que era a primeira vez novamente, ele sempre fazia isso.
Ele abriu um sorriso lindo quando eu afastei os lábios levemente e encostei minha testa na dele, abaixando minhas pernas e passando os braços ao redor do seu corpo. Ele passou a mão em meu rosto levemente e eu suspirei.
- Eu te amo, ! – Sussurrei contra seu ouvido e ele sorriu.
- Eu te amo, senhora ! – Ele retribuiu e eu ri fraco, como todas as vezes que ele fazia isso.

- Ok. Definitivamente, estamos perdidos. – Falei, parando no meio de uma das pontes de Veneza, respirando pesadamente e apoiando minha mão no batente da ponte.
- Não estamos não. – falou parando ao meu lado e olhando o celular.
- Amor, já passamos por essa ponte mil vezes. – Ele coçou o rosto e encarou o celular novamente. – Devíamos ter trazido um mapa. – Cochichei para ele que me ignorou.
Apertei meu sobretudo contra meu corpo e olhei para meus pés, a bota de cano alto preta ainda estava inteira, apesar de eu ter enfiado o pé na água para descer do último passeio de gôndola. É, parece que eu não me dava muito bem em passeios de barco também. A minha lentidão não permitia nem isso.
Olhei em volta e vi um restaurante na beira de um dos canais, não sabia ao certo qual, pois com certeza errou a última virada. Eu acho que ele estava olhando aquele GPS de cabeça para baixo, mas cada vez que eu tentava ajudar ele reclamava, isso era mal de homens. Girei os calcanhares em direção a ele e puxei seu celular de sua mão, bloqueando o mesmo e o vendo olhar meio indignado para mim.
- É nossa última noite em Veneza, podemos comer alguma coisa em um bistrô italiano de verdade e depois voltar para o hotel, e continuar o que estivemos fazendo nesses últimos quatro dias. – Falei olhando para ele, guardando seu celular em meu bolso.
- É, acho que podemos fazer isso. – Ele abriu um sorriso de lado e se aproximou de mim, dando um beijo estalado em minha bochecha.
- Prometo que depois eu deixo você encontrar nosso caminho para o hotel! – Ele soltou uma risada fraca e segurou minha mão, entrelaçando os dedos.
Caminhamos pela extensão da ponte e chegamos ao outro lado onde tinha um pequeno bistrô, soltou uma risada ao meu lado quando seguiu reto demais em frente tropeçando, e eu segurei a respiração, tentando segurar a risada junto.
- Oi! – falou em inglês e soltou uma risada fraca, fazendo uma careta. – Mesa para dois, por favor. – A menina era nova, deveria ter uns vinte anos e ela travou enquanto olhava para , eu soltei uma risada fraca e apertei a mão dele próximo a mim.
- Buona notte, tavolo per due, per favore. – Falei para a menina que balançou a cabeça por um momento e olhou para mim, franzindo a testa.
- Certo, mi segua, per favore. – A moça falou e entramos no restaurante, seguindo a mesma.
- Você sabe falar em italiano? – cochichou ao meu lado.
- Sei! – Falei simplesmente e ele franziu a testa.
- Como você nunca me disse ou usou durante essa viagem? – Ele cochichou meio gritado em meu ouvido.
- Porque todo mundo sabia falar inglês, era mais fácil. – A menina nos levou para as mesas do lado de fora e fez o cavalheiro e me ajudou com a cadeira, me fazendo rir fraco. – Grazie. – Falei para a menina que entregou um cardápio para cada um de nós e se afastou meio travada ainda.
- Scusi. – A ouvi falar baixo e eu afirmei com a cabeça.
- Você precisa tirar uma foto com essa menina depois. – Cochichei para quando sentamos na pequena mesa, um frente ao outro, com somente uma vela acesa iluminando nossos rostos.
- Eu estou mais preocupada na minha esposa saber falar três línguas. – Ele disse e eu peguei um pãozinho que estava na mesa e o mordi.
- Eu sei falar espanhol também. – Falei simplesmente e ele franziu a testa.
- Me senti realmente rebaixado agora. – Revirei os olhos e passei minha mão sobre a dele em cima da mesa e sorri. – Mal sei falar ‘te amo’ em português. – Ele fez a declaração em português e eu ri fraco.
- Para de ser tonto! – Falei em um inglês claro e ele sorriu fraco, apertando minhas mãos. – Só pelo fato de você se interessar em aprender uma das línguas mais difíceis do mundo, você já me deixa orgulhosa. – Ele abriu um sorriso e riu fraco.
- O que eu não sei sobre você? – Ri fraco.
- Sei lá, temos a vida inteira para descobrir esses pequenos detalhes. – Ele franziu a testa.
- Você tem minha vida em um livro aberto naqueles documentos da Melinas, quero saber algumas coisas inusitadas sobre você. – Soltei uma risada fraca. – Vai, me diga cinco coisas que eu não sei sobre você.
- Cinco coisas? – Ele afirmou com a cabeça e eu franzi a testa. – Ok, você não sabia que eu sei falar quatro línguas, então isso é uma.
- Ok, tá valendo. – Ele ergueu o polegar na mão.
- Eu odeio uva passas. – Ele ergueu mais um dedo e riu fraco. – Eu odeio MMs. – Ele abriu a boca, indignado.
- Como assim? – Soltei uma risada fraca e dei de ombros.
- Eu só não gosto, não me pergunte por quê.
- O que mais? Vai dizer que não gosta de chocolate agora.
- Chocolate eu gosto, mas aquele granulado fino que a gente coloca no brigadeiro de festa, aquele enroladinho, eu não gosto.
- Você é estranha, mal dá para sentir! – Revirei os olhos e mostrei a língua para ele. – E é uma delícia.
- Eu não gosto. – Bati de leve em sua mão em cima da mesa.
- Vai, outra coisa além de comida. – Ele riu, apertando minha mão novamente.
- Vocês acham que eu sou um sucesso e inteligente, mas eu peguei quatro DPs durante a faculdade. – Mordi o lábio inferior e fiz uma careta.
- Sério? – Afirmei com a cabeça.
- Mas eu ainda me formei em quatro anos. – Estalei os dedos, apontando para ele. – Acho que é isso.
- Não, vai, me conta mais. – Soltei uma risada fraca, balançando a cabeça.
- No ensino fundamental eu fui para diretoria diversas vezes por brigar na escola. – Ele riu fraco.
- Nossa! Você era mais corajosa que eu! – Soltei uma risada fraca e passei a mão em meu cabelo. – Provavelmente por isso que eu virei amigo dos jogadores de futebol.
- Mas no ensino médio eu já era mais quietinha. – Ele sorriu, levantando minha mão para sua boca e dando um beijo na mesma.
- Eu deveria ter feito esse questionário antes de te pedir em casamento. – O chutei embaixo da mesa. – Ai! – Ele reclamou e eu ri fraco.
- Você sabe do meu caráter, da minha ética, meu amor por você. E eu também não pedi seu currículo inteiro antes de aceitar o pedido. – Ele soltou uma risada fraca.
- É justo! –Ele riu. – Acho que você me pegou pelo estômago, como diz aquele filme “Princesa e o Sapo”.
- Acho que você ficou caidinho pela minha roupa de executiva. Apertada na área do meu bumbum. – Ele riu fraco, abaixando a cabeça.
- Convenhamos que é extraordinária. Fica tão perfeitinho! - Ele fez um movimento com as mãos e eu segurei as duas, abaixando para a mesa novamente.
- Ainda bem que você tem esse seu lado mais sacana, porque eu realmente não saberia viver com um certinho pelo resto da vida.
- Eu posso ser ambos. – Ele comentou e eu ri fraco.
- Contanto que você brigue comigo quando eu estiver errada e responda quando eu brigar contigo, acho que tá tudo certo.
- É, acho que está tudo bem mesmo. – Ele abriu um sorriso e eu suspirei, encarando seus olhos azuis pela luz da vela e a noite em Veneza. - Acho que podemos pedir algo para comer e depois ouvir sobre seu ensino médio.
- Nem vem, sou sua esposa, quero saber dos seus podres também, eu tenho esse direito. – Afastei meu corpo, apoiando no encosto da cadeira e ele soltou uma risada alta, se espreguiçando.
- Creio que não tanto quanto os seus.
- Ah, qual é, eu só era preguiçosa, mas eu passava quando precisava. – Comentei, abrindo o cardápio em minha frente.

- , temos que ir. – Ouvi a voz de Melina do lado de fora do quarto e eu conferi os brincos e coloquei a aliança de noivado no mesmo anel da minha aliança de casamento e me olhei no espelho.
Esse era o vestido mais lindo que Rupert tinha feito para mim e eu estava me sentindo uma princesa com ele. Ok, eu sempre falava isso. Ele me fazia suar um pouco, mas o cabelo preso e com sorte, o ar-condicionado do Oscar, deveria fazer com que eu parasse de suar. Retoquei o batom claro em meus lábios e peguei minha bolsa de mão prata que estava em cima da cama e saí do quarto, puxando a porta em seguida e ouvi meus saltos baterem contra o piso.
- Esse vestido está um arraso. – Melina comentou quando eu cheguei à sala e eu soltei uma risada fraca, vendo se encarando no espelho, puxando a gravata borboleta fortemente.
- Eu quero ser sua esposa. – Trish bateu em que virou para mim e eu soltei uma risada fraca.
- Você está maravilhosa. – falou, desviando da mesa de centro e se aproximando de mim.
usava um terno preto, muito similar ao de nosso casamento, somente com um detalhe envernizado na gola do paletó.
- Ela tem o Rupert, Melina. – Ele passou a mão em minha cintura, pelos detalhes que cobriam o vestido inteiro e deu um beijo leve em minha bochecha.
- Você está incrível, . – Trish comentou, com os olhos fixos em meu vestido e eu ri fraco.
Rupert realmente havia se superado dessa vez. O vestido era longo, digno de uma premiação como o Oscar e tinha transparência nas mangas e no colo, dando a impressão que tinha um vestido tomara que caia embaixo, o pano era de um azul claro e depois vinha alguns panos finos cobrindo por cima e um bordado do mesmo tom na transparência e embaixo de tudo algumas flores bordadas no mesmo. Aquilo era o meu conto de Cinderela.
- Vamos, então?! – Melina comentou e esticou a mão para mim, indo em direção ao carro que estava lá fora.
O caminho até o Teatro Dolby normalmente é calmo e sem nenhumas preocupações, mas não aquele dia, a Hollywood Boulevard estava lotada, todos os astros do cinema estavam indo naquela direção.
Quando começamos a ouvir e ver a multidão no teatro, eu sabia que estávamos chegando e foi ali que eu comecei a ficar nervosa. Não nervosa por mais uma aparição ao lado de , mas sim pela minha primeira vinda ao Oscar. Desde que eu comecei a faculdade de jornalismo eu dizia que um dia acompanharia essa premiação, mas eu achava que seria aquela fazendo perguntas do outro lado da faixa, junto com a imprensa, não acompanhando um dos atores. Eu estava em meu momento de alegria, levando em conta a realização de sonhos.
Assim que o carro estacionou no tapete vermelho, alguém abriu a porta para gente, não era Jason, nem Melina, nem ninguém da equipe, e sim, alguém do evento. desceu primeiro e deu a mão para eu descer. Trish havia vindo conosco, prometia que ia trazê-la em algum desses eventos há muito tempo, mas ele nunca havia trazido, mas seria legal, pelo menos eu não ficaria sozinha quando ele fosse apresentar o prêmio e tal.
Aquele era o maior tapete vermelho que eu já vira em toda minha vida. Tinha fãs de um lado, imprensa do outro, e, muitas pessoas no tapete. Eu reconheci várias pessoas do cinema e da TV e tive que me conter loucamente para não dar uma de fã e falar com todos eles. Dessa vez eu me comportei, meu celular ficou na minha bolsa em todo o momento e as mãos de ficaram coladas na minha outra enquanto passeávamos pelo tapete vermelho.
Acho que podia ser definido como um passeio mesmo, tinha um longo caminho para andar, e ali a gente encontrava diversas pessoas. A maioria delas cumprimentava com um olhar, mas Patrick Kingsley, com sua esposa Faye, por exemplo, me abraçou, cumprimentou e eu fiz o social também, abraçando ambos.
Após eu começar a sentir meu salto alto doer, chegamos à área de fotos. estalou um beijo em minha bochecha e eu ajeitei a gola do seu paletó, antes que ele se colocasse próximo ao display de fotos, o primeiro era uma estatua do Oscar mesmo, de mais de dois metros, igual à original, mas em versões maiores. Já a segunda era o fundo com uma silhueta em branco com o formato da letra da Academia, responsável pela premiação.
Eu, dando uma de jornalista, estava sempre há alguns passos para o lado, junto de Trish e Melina, mas uma hora eu jurei que ouvi meu nome, e não uma vez só, o suficiente para eu achar que estava ficando louca. Eu virei meu rosto para o lado e eu realmente estava sendo chamada, por uma pessoa. Era um dos fotógrafos, que deveria estar focado em tirar fotos das pessoas realmente relevantes naquela premiação, não em mim.
Melina notou isso e ela basicamente me girou para frente dele e eu quase bati nela, vontade não faltou. Eu olhei para o fotógrafo que abriu um largo sorriso e com certeza a primeira foto ficou horrível, porque eu senti meu rosto fazendo uma careta gigantesca. Eu tentei sorrir, mas eu ainda estava em dúvidas se aquilo era para mim mesmo. Não deu tempo de eu respirar, na verdade, Melina tocou meu ombro e eu virei para onde ele tinha a mão estendida para mim.
Estendi a barra do meu vestido e Melina me ajudou com a parte de trás, esticando o mesmo e eu dei alguns passos na direção de , com uma risada presa na garganta, que ficou demonstrada em formato de sorriso. abriu um sorriso e franziu a testa, provavelmente se perguntando o que estava acontecendo e eu fechei os olhos, depois eu contaria a ele.
Passei a mão no paletó de , tentando alisá-lo ao máximo que eu conseguisse e senti sua mão passar pela minha cintura, e eu abaixei minhas mãos, passando uma pelas suas costas. Acho que eu nunca me acostumaria com a situação de um tapete vermelho, você se preparava todo, sorria e olhava para os paparazzis, e eles jogavam flash na gente de diferentes direções. parecia uma estátua ao meu lado, ele sorria, com os olhos comprimidos e só mexia a cabeça de um lado para o outro. Eu não, eu mexia a cabeça para os lados, dava vontade de estalar os dedos, deslizava a mão pelas costas de , sentia a boca ressecar, não era fácil.

Uma coisa que me decepcionou um pouco nessas premiações, era que se aquilo parecia chato na TV, com diversas propagandas e comentários de críticos, ao vivo era igualmente chato, a premiação era longa, tinha os cortes das propagandas do mesmo jeito, normalmente essa hora os futuros apresentadores se levantavam para se colocar atrás da cortina ou ir ao banheiro.
Eu fiquei no meio de e Trish durante a premiação, Melina deveria estar lá atrás fazendo seu trabalho. Eu não havia assistido a todos os filmes que estavam concorrendo ao Oscar, o que eu gostaria de ter feito já que agora eu moro nos Estados Unidos e não tenho a desculpa de ter que esperar o lançamento e tudo mais. Mas dessa vez eu tive a desculpa do meu casamento, que causou um reboliço no fim do ano e esse começo de ano que está cheio de compromissos e viagens, não dando muito tempo para gente respirar.
Apesar da demora, eu adorei estar lá, aquele foi um dia mais que especial para algumas pessoas ali e especial para mim, já que era a primeira vez que eu estava lá, assistindo tudo de camarote. Bom, camarote é forma de dizer, estávamos em uma das laterais do teatro, na sexta ou sétima fileira.
Os prêmios menos importantes foram antes, como sempre, e logo no primeiro intervalo, foi chamado por um dos organizadores do evento para se retirar, e logo eu e Trish ficamos sozinhas ali. Eu suava dentro daquele vestido, por mais que o ar condicionado estivesse ligado, ele com certeza não aguentava tudo. E acho que parte do suor, era meu vestido mesmo.
- E agora, Marissa Miller e . – Ouvi a voz no alto falante dizer e aplaudi meu marido e a atriz que entravam no palco.
- A mixagem de som faz com que a cena se torne um ambiente, eles conseguem nos transportar para locais reais ou inimagináveis. – Marissa falou, com um sorriso no rosto.
- Quando você deixa seu assento e vira o rosto para ver quem está atrás de você, quando você fecha seus olhos de medo enquanto está assistindo ao filme, é por causa de nossos indicados de mixagem de som e edição de som. – falou e eu abri um sorriso, ele era meu marido, aliança no dedo, papel assinado, mas às vezes ele se transformava no e aquilo era incrível.
- Esses são os indicados. – Eles falaram juntos e eu ri fraco, vendo a tela escurecer e mostrar os filmes indicados para aquela categoria.
- E o Oscar vai para... – Marissa falou. – “Vingança de Amor”. - Eu aplaudi ao vencedor, como tinha feito com os prêmios anteriores e ri um pouco com o discurso, era interessante como as pessoas não estavam preparadas para aquilo.
e Marissa voltaram para o palco para apresentar a edição de som, onde os indicados foram apresentados na tela novamente.
- E o Oscar vai para... – falou, abrindo o envelope. – “Franco Atirador”. – Ele sorriu, e ambos se afastaram, esperando os ganhadores fazerem o discurso e se retiraram do palco em seguida.
demorou a voltar um pouco, ele estava na sala de imprensa tirando algumas fotos, como acontecia depois da premiação e tudo mais, mas dessa vez eu não fui atrás dele, eu fiquei ali, estava empolgada em saber o que mais aconteceria, por mais que aquilo fosse cansativo, era a minha premiação favorita e a única que eu assistia inteira.
surgiu em seguida, me estendendo um lenço e eu sorri para ele em agradecimento, suspirando novamente. Em seguida tivemos a apresentação de algumas trilha sonoras, com dois rappers famosos, eu não tinha visto o filme, eu não sabia muito da história, mas eu chorei e não importava quem era.
Os prêmios maiores começaram a chegar, mas o que me chamou atenção foi o de melhor atriz coadjuvante, mas seu discurso sobre igualdade salarial para as mulheres nos Estados Unidos, fez com que todas as mulheres se animassem e comemorassem. Eu, vinda do Brasil, esperava que essa mensagem fizesse efeito lá, pois as diferenças salariais também eram assim. Todas as mulheres da plateia aplaudiram, eu não fui diferente.
As premiações de ator coadjuvante, melhor atriz e melhor ator aconteceram sem muitas surpresas, mas os vencedores subiam no palco surpresos e incapazes e comentar alguma coisa, a felicidade era tão grande que eles não conseguiam se expressar. O filme que eu estava torcendo não ganhou de Melhor Filme, mas foi interessante conhecer um pouco mais sobre o outro lado do cinema.
- E é assim que são os Oscars. – falou ao meu lado, enquanto saímos do teatro, junto com várias pessoas.
- Cansativo, mas bem emocionante! – Falei, apertando seu braço, quando o vento bateu em meu corpo e eu respirei fundo, sentindo meu corpo arrepiar.
- Agora todo ano! – Ele falou e eu sorri, afirmando com a cabeça.
- Espero que eu te veja ganhar algum dia. – Falei e ele gargalhou.
- Vamos pensar no agora, vai. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça, sorrindo, caminhando de volta pelo tapete vermelho, encontrando Melina pelo meio do caminho.
- E aí, after-party, vão jantar em algum lugar, o que vão fazer? – Melina perguntou, andando de costas para o pessoal, a nossa frente.
- E agora? – virou para mim, me parando no meio do caminho.
- Alguma after-party? – Perguntei, olhando para ele que ele negou com a cabeça. – Casa, então! – Falei, suspirando em seguida.
- É, acho que devemos ficar em casa um pouco. – Ele abriu um sorriso e beijou minha bochecha, andando pela calçada da Hollywood Boulevard.


Capítulo 20

(Eu te protegerei de tudo ao redor. Eu estarei aqui, não chore. Para alguém tão pequeno, você parece forte. Meus braços te abraçarão, manterão você segura e quente. Esse laço entre nós não pode ser quebrado. Eu estarei aqui, não chore. – Phil Collins, You'll Be In My Heart)

- Eu gostei! – falou, passando o indicador pelo seu iPad, vendo as fotos minhas com as crianças no Hospital em Seattle, onde eu cumpri a minha parte da aposta do Super Bowl.
- O que você gostou, exatamente? – Perguntei, erguendo suas pernas no sofá e me sentando onde elas estavam e colocando suas pernas em meu colo novamente.
- Poseidon moreno e de barba. – Ela ergueu os olhos do aparelho, olhando sugestivamente para mim e com uma risada fraca, abaixou os olhos de novo.
- Você não gosta do jeito que ele é? – Olhei para ela que riu fraco.
- Eu gosto, eu realmente gosto, mas acho que fica mais másculo.
- Ai! – Brinquei e ela riu, colocando o aparelho na mesa de centro e ajeitou seu corpo no sofá, cruzando as pernas e encostou a lateral do corpo no encosto.
- Não se faça de tonto, você sabe que eu sempre gostei de você de barba. – Fiz uma careta e ela riu.
- Eu sei. Você deveria ter ido, você gosta disso. – Ela afirmou com a cabeça, dando um sorriso de lado.
- É, mas eu penso se eu choraria ao ver as crianças. – Ela deu de ombros e tomei um susto com Leslie, de quase nove meses, que colocou as duas patas em cima do sofá.
- Não é assim, amor, você é uma mulher forte. – Ela riu fraco e passou a mão na cabeça de Leslie.
- Eu choro vendo filmes da Disney, . – Soltei uma risada fraca e passei uma mão pelo seu rosto.
- É, temos isso. – Ela franziu a testa e aproximou o rosto do meu, dando um beijo em minha bochecha. Ouvi um latido de Leslie e franzi a testa, fechando os olhos, suspirando.
- Você ficou fora quase uma semana, ela quer ir passear. – falou, dando de ombros e se levantou do sofá, ajeitando seu short.
- Você não foi passear com ela? – Me levantei, vendo Leslie me seguir.
- Eu dou uma volta no quarteirão com ela, eu não saio para correr e me exercitar. – Ela colocou um copo na bancada da cozinha, enchendo de suco.
- Você deveria ir com a gente. – Ela soltou uma gargalhada alta e eu me assustei.
- Ah, como você é engraçado. – Ela passou a mão no rosto e me encarou. – É sério?
- É! – Falei, apoiando os braços na bancada e a encarando. – Você sempre fala que precisa se exercitar porque exagera nos doces de vez em quando, assim é um ótimo jeito de começar.
- É, um ótimo jeito de ter um ataque cardíaco. – Ela virou o copo de suco na boca. – Você sabe que minha família tem histórico?
- Para de arranjar desculpas, . Você chega cedo do trabalho, fica na piscina ou dormindo ou...
- Transando com você. – Ela falou e eu a encarei. – Vai dizer que é mentira? – Soltei uma risada fraca e segurei seu braço, puxando-a até dar a volta na bancada.
- Não, mas temos tempo o suficiente para isso. Vamos, se troca, se quiser caminhar à noite vai ser pior. – A puxei pelo corredor, com Leslie me seguindo a qualquer passo que eu dava.
- Você promete que vai ser só uma caminhada? – Ela falou com uma voz sofrida, e fez uma careta em seguida.
- Não! – Falei honesto e ela jogou a cabeça para trás, pisando forte para dentro do quarto.
literalmente sumiu no closet, enquanto eu coloquei uma camiseta por cima da minha calça do moletom e amarrava meus tênis nos pés. Eu ouvia as portas e gavetas do closet abrindo e fechando rapidamente, vendo-a andar de um lado para o outro.
Ela surgiu no quarto novamente, segurando várias coisas em suas mãos e puxou seus shorts para baixo, colocando uma malha de ginástica preta no corpo, me olhando com cara feia enquanto ela puxava a mesma pelo corpo, mas meu interesse eram suas coxas dentro da mesma. Ela puxou a blusa para cima e tirou o sutiã com facilidade e colocou um top e por um momento eu encarei minha esposa. Não tinha jeito de eu não gostar dela.
Ela se abaixou no chão e colocou a meia e o tênis em seguida, o tênis estava limpo ainda, mas tinha uma aparência de antigo, algo que ela não usava há muito tempo. Ela amarrou com força os sapatos e se levantou, pegando a camiseta regata e vestiu, puxando para baixo e seguiu para o banheiro, voltando logo em seguida com algumas pintinhas brancas no rosto, esfregando o protetor solar no mesmo.
- Vamos! – Ela falou, estalando os dedos, fazendo com que eu me assustasse.
- Pronta? – Me levantei e ela revirou os olhos.
- Melhor não perguntar. – Ela falou, saindo do quarto, e eu a segui.
Antes de sair eu passei pela porta, pegando a coleira de Leslie e prendi na que já ficava em seu pescoço. Ela era uma lady, mas era forte e a parte da caminhada era mentira, já que, quando ela saía comigo, pelo menos, a gente só corria, eu tentaria não correr para acompanhar , o problema era acompanhar a cadela que me puxava.
Nos primeiros dois quarteirões, eu já notei que o preparo físico de era zero, tirando seus braços, em que ela tinha uma força descomunal, provavelmente pela força que ela digitava em um teclado e a força que ela batia algumas coisas, sem precisar da batedeira, não parecia, mas aquilo dava uma força do caramba. E eu já testei, fazendo uma competição de guerra de braço com ela, e a mulher tinha força. Já para caminhar, nem tanto.
Ela não pediu para parar, nem nada do tipo, mas sua respiração estava totalmente errada e a cada passo que eu dava, ela dava dois, tentando não ficar para trás. Em vários momentos eu fazia Leslie andar mais devagar, mas ignorava e continuava andando.
- Eu vou começar a te treinar. – Falei para ela, quando ela literalmente se jogou no chão quando chegamos em casa.
- Não, obrigada. – Ela falou com a respiração descompassada, encostada na parede logo na entrada de casa.
- Eu não estou pedindo permissão, eu falei que eu vou. – Falei firme e ela ergueu a cabeça, olhando para mim e eu entreguei um copo de água para ela a vendo beber em um gole só. – Todo dia, quando você chegar do trabalho, antes de qualquer coisa, nós vamos caminhar por pelo menos três quilômetros em uma velocidade mínima de cinco quilômetros por hora. – Me sentei ao seu lado. – Quando você começar a fazer isso sem quase desmaiar, eu vou aumentar a quilometragem, a velocidade e, quando você menos perceber, estará correndo. – Ela não respondeu, encostou a cabeça na parede e fechou os olhos, soltando suspiros fortes. – E quando eu não estiver aqui, você vai sozinha, porque depois de um tempo você aprende a gostar.
- Eu duvido. – Ela comentou e se levantou do chão, indo até a geladeira e abrindo a mesma.
- Não precisa ficar puta. Eu também não amo fazer exercícios, mas pelo menos uma caminhada é preciso, para sair da inanição. – A vi pegar uma garrafa de água, abrir a mesma e virar na boca, eu vi a garrafa esvaziar rapidamente e arregalei os olhos, esperando que ela soltasse tudo em seguida, mas isso não aconteceu.
- Isso ficará por sua responsabilidade. – Ela falou, jogando a garrafa de água na pia e saiu em direção ao corredor.
- Com todo prazer. – Respondi, soltando uma risada fraca.

- Isso é para você! – Falei, jogando um pacote na bancada, onde ela digitava freneticamente alguma coisa no seu documento do Word, com vários papéis timbrados da revista ao seu lado.
- Você sabia que eu não sei nada do Tom Wells? – Ela falou e eu franzi a testa, vendo-a desviar os olhos da tela.
- Mas não acabou de sair a capa de março? – Me sentei ao seu lado e ela riu fraco. – Com aquele novo astro...
- Saiu, mas agora eu já estou cuidando da capa de maio. – Ela suspirou. – Eu vou entrevistar o Tom Wells amanhã e eu realmente não sei nada sobre ele. – Ela fez um comando no computador e virou o rosto para mim. – E eu gosto do trabalho dele.
- Eu deveria ficar com ciúmes? – Ela franziu a testa e abaixou a tela do notebook, pegando o pacote que eu coloquei na bancada.
- Sério? Eu consigo bater os três quilômetros sem morrer e você me compra um hambúrguer? – Abri um largo sorriso, dando um longo beijo em seus lábios.
- De nada! – Falei, peguei seu computador e o tirei da bancada, colocando no sofá.
- Obrigada! – Ela falou com um sorriso fofo no rosto e se levantou, pegando os pratos e condimentos no armário e na geladeira.
- Como foi hoje? – Perguntei, dando uma mordida em meu lanche.
- O mesmo de sempre. – Ela deu de ombros. – A diferença é que hoje eu tive muito trabalho para fazer quando cheguei em casa. – Ela deu de ombros.
- Você está feliz lá? – Ela ponderou com a cabeça. – Seja honesta, pelo menos consigo mesma.
- É bom, eu estou aprendendo bastante, mas parece que eu não quero mais revista. – Ela riu fraco, atenta a colocar ketchup em seu lanche. - Eu sinto falta de assessora de imprensa. – Ela suspirou fundo.
- Por que você não volta? – Perguntei, olhando para ela.
- Eu já tenho drama o suficiente para minha vida, amor. – Ela riu fraco.
- Você não precisa voltar para assessoria de imprensa de famosos. – Ela olhou para mim com os olhos arregalados.
- E não é que você está certo? – Ela abriu um largo sorriso e soltou o lanche no prato, passando as mãos no guardanapo rapidamente e correu para seu computador novamente. – Eu vi ontem que vai ter um concurso para trabalhar de jornalista na prefeitura de Los Angeles.
- E porque você não se inscreve? Tirando o fato que emprego público te dá certa estabilidade. – Ela suspirou.
- Meu problema nunca foi estabilidade, qualquer lugar que eu vou, as pessoas gostam do meu trabalho e gostam de mim, mas parece que eu não sei mais onde me encaixar. – Abaixei a tela do notebook novamente.
- Você encaixa no meu coração. – Ela soltou uma risada fraca e apoiou o notebook em seu banco e estalou um beijo em minha bochecha.
- Isso foi bem clichê, mas eu te amo do mesmo jeito. – Limpei a mão e passei os braços pelo seu corpo, trazendo para perto do seu corpo.
- Eu vou te ajudar a se encontrar, amor. – Ela soltou a respiração. – A ideia dos cupcakes ainda não rola? – Ela soltou uma gargalhada.
- Ainda não! – Ela respondeu, rindo.

- O que você acha? – Perguntei para ela, saindo do banheiro.
- Preto e branco? – Ela perguntou e eu ri fraco, vendo-a se levantar devagar da cama, com o rosto levemente pálido. – Clássico do .
- Está bom?
- Você está lindo, amor. – Me sentei na beirada da cama, passando a mão em seu rosto.
- Tem certeza que não quer ir? – Perguntei. – Rupert vai ficar bem decepcionado por não te ver usando o vestido dele. – Ela riu fraco.
- Eu não deveria ter comido tudo aquilo de sushi. – Ela fez uma careta, encostando a cabeça em meu ombro.
- Se você não melhorar, eu te levo no hospital amanhã cedo. – Ela negou com a cabeça.
- Eu tenho terapeuta amanhã cedo, se eu não melhorar, já estarei lá. – Afirmei com a cabeça.
- Eu te levo.
- Não, você vai curtir com seus amigos hoje, com minha permissão, e precisa dormir porque amanhã o dia será cheio. – Ela passou a mão em minha testa em um carinho gostoso.
- Você também, amanhã você tem que estar bem para ser aquela minha esposa que arrasa em todas as premiações, saindo em todas as revistas de moda do mundo. – Ela soltou uma risada.
- Graças ao Rupert. – Afirmei com a cabeça. – Não seria essa diva da moda sem ele.
- Você guarda as revistas?
- Claro que sim! – Ela falou, revirando os olhos. – Junto com as suas coisas.
- Um dia a gente precisa dar um jeito naquele quartinho.
- E você diz isso agora que tem vários eventos de divulgação de “Os Deuses do Olimpo 2” e gravações de “O Destino de Atlantis”. – Soltei uma risada fraca.
- Foi só um comentário! – Dei de ombros e ela riu, me abraçando.
- Por que você está de pijama ainda, ? – A barriga de Melina entrou antes no quarto, em seguida seu rosto.
- Ah, como está esse meninão, Melina? – Melina se desarmou rapidamente, se sentando na cama e rindo fraco.
- Vai bem, próximo de nascer. – abriu um sorriso, passando as mãos na barriga de Melina. - Enfim, por que você está de pijama ainda? – riu fraco.
- Eu não vou. – Ela falou, encostando-se aos travesseiros novamente.
- Mas é o MTV Movie Awards...
- Ela exagerou um pouco no sushi hoje. – riu fraco.
- Vai ficar bem sozinha? – Melina perguntou, passando a mão na testa de . – Sem febre, deve ser só um mal-estar.
- Larry e Jordan estão aqui hoje. – Ela sorriu. – Ficarei bem.
- Qualquer coisa você me liga. – Melina disse. – Voltamos em dois minutos. – riu fraco.
- Ok, mãe e pai. – Ri fraco. – Eu amo vocês. – Ela falou para mim, dando um beijo em meus lábios.
- Eu te amo também. – Me levantei da cama e ela se ajeitou na mesma, puxando a coberta e apoiando a mão na barriga.
- Mande um beijo para Robert por mim.
- Pode deixar! – Falei dando outra olhada nela, antes de sair pela porta. - Qualquer coisa vocês me liguem, ok?! As chaves dos dois carros estão aí. – Falei para meus seguranças.
- Ela ficará bem, senhor .
- Obrigado, gente! – Falei, acenando para ambos e passando pelos portões de casa.

***


- Bom dia, ! – O Dr. Waton, o mesmo que tinha cuidado do meu aborto espontâneo apareceu na sala de espera. – Vamos começar? – Afirmei com a cabeça e me levantei, cumprimentando-o e entrando em sua sala. – Como está?
- Ah, eu estou bem! - Falei, dando um sorriso de leve e sentando no sofá que ele tinha em sua sala.
- Como vai à vida de casada? - Soltei uma risada fraca.
- Parece anestesia, parece que nada está ruim e quando pode ficar, some em dois minutos. - Ele riu fraco e eu estendi a perna em cima do sofá.
- O que te fez sentar no sofá dessa vez? - Ele me perguntou, se ajeitando em uma poltrona ao meu lado.
- Cansaço! - Falei, soltando um longo suspiro em seguida.
- É, notei que você está meio pálida hoje. - Ri fraco.
- A gente almoçou sushi ontem e aquilo não me fez bem. - Falei suspirando.
- Por quê? O que houve? - Ele se ajeitou na poltrona. - Eu sei como você ama sushi.
- Não sei também, antes de eu terminar de comer, aquilo começou a borbulhar em meu estômago, o cheiro do molho de soja, o gosto, sei lá, mas saiu tudo. - Falei, fazendo uma careta ao me lembrar da noite passada. - Tanto que tinha um evento ontem e eu fiquei em casa.
- Tão mal assim? - Afirmei com a cabeça, jogando a cabeça para trás, sentindo um arrepio passar pelo meu corpo. - teve alguma coisa? - Virei o olho para ele.
- Honestamente, Andrew, por acaso o tem alguma coisa? - Perguntei para ele. - Nem bolhas nos pés ele têm. - Ele riu, apoiando o bloquinho no colo. - Mas vamos mudar de assunto? Toda vez que eu penso naquilo, parece que eu vou vomitar de novo. - Fechei os olhos fortemente e passei a mão na barriga, esperando um momento, mas não precisei sair correndo. - E eu ainda tenho première de “Os Deuses do Olimpo 2” hoje.
- Vamos, é claro! - Ele se ajeitou e virou o corpo. - Dia corrido hoje, hein? - Soltei uma risada fraca.
- Pois é, já tomei bastante daqueles soros com água, sal e açúcar para ver se eu volto a minha cor normal. - Ele riu fraco.
- Eu tenho um feeling que isso não vai acontecer tão rápido. - Ele negou com a cabeça e eu franzi a testa.
- Por favor, não diga isso. - Ele riu fraco.
- , há quantos anos você come sushi? Peixe cru no geral? - Ergui meus olhos para o alto e franzi a testa, tentando lembrar.
- Olha, faz mais de 20 anos, antes de ser moda. - Ele soltou uma risada e se levantou.
- E quantas vezes isso fez mal a você? - Tentei levar a imaginação para longe.
- Aí complica. - Ele se aproximou de sua mesa, pegando o celular.
- Me deixa adivinhar, nenhuma? - O olhei.
- Normalmente eu passo mal por comer demais. – Ri fraco, encarando-o. - Onde você está querendo chegar? - Me sentei no sofá, abaixando as pernas.
- Sou eu que faço as perguntas aqui. - Ele brincou e eu franzi os lábios. – Você disse que o cheiro, o gosto, tudo te enjoa. – Assenti com a cabeça. - Há quanto tempo você não menstrua?
- Andrew, você não está dizendo que...?
- Há quanto tempo? - Me levantei, me aproximando dele.
- Eu parei de tomar anticoncepcional logo que casamos e eu não menstruo desde então, mas não é como se isso fosse algo que me preocupasse, minha menstruação é normalmente atrasada, às vezes demora seis, sete meses para vir.
- E camisinha? - Franzi a testa.
- Eu pensei que isso fosse uma consulta psicológica.
- Não se preocupe com isso, . - Olhei para ele. - Você não tem nenhum trauma, mal, ódio pessoal, depressão, nada, pelo motivo que você veio aqui.
- Isso quer dizer que eu não tenho nenhum problema psicológico? - Ele riu.
- Apesar dessa loucura que é sua vida, não, você não se abala com isso. - Sorri de lado.
- Então, meu tratamento acabou? – Ele ponderou com a cabeça.
- Vai da sua decisão, mas agora você vai começar um tratamento de nove meses com a minha esposa. - Ele falou e eu arregalei os olhos.
- Você realmente acha que eu estou... - Travei na última palavra.
- Grávida! - Ele terminou. - Fale alto, grávida, grávida, fale! A sensação é maravilhosa. - Ele riu e eu abri um sorriso de lado.
- Sim, a sensação é maravilhosa, mas está cedo.
- Cedo? - Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas. - Se você não tivesse perdido aquele bebê, você estaria a poucos dias de ter um bebê nas mãos. - Abri um sorriso largo, soltando um suspiro em seguida.
- Você tem razão! - Falei, rindo fraco.
- Podemos procurar a Eliza, se quiser, e tirar essa dúvida da sua cabeça. - Soltei uma risada fraca.
- Uma dúvida que você colocou na minha cabeça, eu não tinha dúvida nenhuma antes de vir aqui. - Dei uma volta em meu corpo, ficando de frente para o homem alto e negro em minha frente e suspirei, abrindo um sorriso de leve. - É, acho que seria legal saber.
- Acho que ela está livre no momento. - Soltei uma risada e, de repente, eu senti uma alegria subir por meu corpo imediatamente.

- Aqui! - A esposa de Andrew, Eliza, falou, apertando um algodão em meu braço, enquanto colocava meu sangue em uma ampola.
- E agora? - Perguntei, pressionando o algodão na dobra do meu braço.
- Você tem pressa? - Ela me perguntou, etiquetando a ampola e a balançando para cima e para baixo.
- Não, na verdade não. - Dei de ombros. - ainda não deu sinal de vida, então ele está bem ocupado ou dormindo.
- Um exame de sangue demora 20 minutos para ser feito. - A morena de olhos azuis falou.
- Ela vai esperar! - Ouvi Andrew falar e me levantei da poltrona na sala de exames e fui para o corredor, tirando o algodão do braço e jogando em uma lixeira ao meu lado.
Suspirei e encostei minha cabeça na parede. Aquela área do hospital estava vazia, ali era uma sala especial de exames de sangue, uma que eu, provavelmente, não deveria estar. Alguns médicos e enfermeiros passavam de vez em quando pelo local.
20 minutos parecia pouco, um episódio de Friends, o tempo de alguns cupcakes assarem, o tempo que demorava no banho, sexo matinal, isso era bem relativo, mas para algo que decidiria minha vida, e parecia uma eternidade.
Nesse tempo, eu parei para pensar sobre como seria minha vida e de com um bebê. Eu não consegui imaginar nenhuma mudança visível. Bem, eu não conseguia nem me enxergar com barriga de grávida, quem dirá com um bebê em minhas mãos.
Dizem que mãe se torna assim que descobre a gravidez e o pai somente quando nasce, mas acho que a primeira coisa que eu senti foi medo. tinha os compromissos dele, isso requeria que ele fique bastante tempo fora, e eu não podia pedir que ele ficasse comigo, era ridículo até de se pensar, mas pensar que eu teria uma companhia que pudesse realmente falar comigo e não só ficar latindo por eu não levá-la para passear, era algo interessante.
E, bem, não tem motivo para eu não querer uma gravidez agora ou pensar em motivos ruins para tê-la... Claro que, provavelmente, o tanto que eu e estávamos aproveitando essa vida de recém-casados mudaria, mas eu sempre disse que queria ser mãe antes dos 30 e como ela nasceria só ano que vem, já estarei próxima dos 31. Oh meu Deus, estou chegando aos 30!
- Aqui! - Eliza apareceu ao meu lado e me entregou um envelope lacrado.
- Por que você não me conta logo? - Peguei o envelope em sua mão e me levantei.
- Exames de sangue são confidenciais. - Ela disse e abriu um sorriso. - Você vai querer saber assim. - Ela falou e eu peguei o papel branco em minhas mãos, destaquei o selo e suspirei.
Era um papel só, só tinha um papel lá dentro e ele tinha meu nome. Puxei o papel dobrado e encarei meu nome e idade no mesmo, suspirei e desdobrei a folha, encontrando alguns dados do Beta HCG e mais algumas informações que eu realmente não me importava, e fui descendo os olhos com pressa, apesar de achar que alguma coisa tinha ficado lá para trás.
“Teste de gravidez: positivo”.
Minha boca foi para o chão praticamente, junto do papel que estava em minha mão. Nada se passava em minha cabeça, nada, não tinha nada em que eu pensava, eu só... Sentia? Isso é ridículo, mas sim, era um sentimento incrível. Honestamente, não sei o que acontece com as pessoas que após um minuto sobre um pensamento da vida, as coisas mudam, ou se concretizam e elas pensam de forma diferente de novo.
- Eu vou ser mãe. Isso é... Estranho demais! Como assim, eu vou ser mãe? Meu Deus! - Falei, voltando a me sentar na poltrona.
- Espere passar essa loucura toda, conte para o seu marido e eu espero vocês no meu consultório em breve. - Ela falou animada e me abraçou. - Parabéns! - Ela falou perto do meu ouvido e eu sorri, puxando o ar forte, sentindo meu nariz entupido, agora eu havia notado que eu estava chorando. - Parece estranho no começo, mas é tudo incrível! - Ela, uma pessoa que eu mal conhecia, estava lá, me dando todo o apoio necessário e eu só afirmava com a cabeça. - Vocês têm tudo que precisa para receber esse bebê. Amor, carinho e condições, o medo vai embora aos poucos. - Ela sorriu, dando um beijo em minha testa. - Eu tenho que ir, mas eu te espero.
- Eu irei. - Foi só que eu consegui dizer, com um sorriso estranho no rosto e ela logo se afastou, dando alguns pulos pelo corredor do hospital. - Como você sabia? - Perguntei para Andrew que estava ao meu lado.
- Eu sou casado há 12 anos com uma ginecologista e obstetra, eu aprendi a ver padrões! - Soltei uma risada fraca e, involuntariamente, eu o abracei. - Parabéns, ! - Ele riu fraco. - Vocês serão ótimos pais.
- Como você pode ter tanta certeza? - Perguntei, respirando fundo novamente.
- Eu só sei. - O vi sorrir com meus olhos embaçados e suspirei, dando um sorriso engraçado.

- Pode entrar, Larry, eu já vou, obrigada! – Falei, tirando o celular que vibrava no bolso e encontrei o nome da minha mãe na tela. – Oi, mãe! – Falei empolgada.
- Oi, meu amor. Eu vi sua mensagem. – Ouvi sua voz do outro lado da linha e senti uma forte saudade bater no meu peito.
- Como você está? – Perguntei, soltando um suspiro em seguida.
- Eu estou bem, e você? Me surpreendi por você pedir para ligar, aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou e eu ri fraco.
- Você será a primeira a ser informada sobre isso, antes até do que . – Soltei uma risada baixa e ouvi alguns barulhos de talheres.
- O que foi, querida? É coisa boa? – Ri fraco, colocando as pernas para fora do carro.
- Depois de muita análise, descobri que é sim. – Abri um largo sorriso, sozinha no carro.
- Conte-me, então! – Ela falou.
- Eu estou grávida, mãe! – Falei, ouvindo o silêncio do outro lado da linha. – Você será avó!
- Oh meu Deus! – A ouvi se desesperar, repetindo diversas vezes. – Eu vou ser avó? Como assim? Ah, minha querida! É uma notícia maravilhosa! – Senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- É mesmo? – Perguntei, respirando forte. – A gente acabou de casar.
- Claro que sim, meu amor! Uma criança é sempre uma notícia boa! – Eu podia vê-la sorrindo em meus pensamentos. – Você já suspeitava?
- Na verdade não. – Ri fraco. – Podia acontecer, eu parei o anticoncepcional um pouco após o aborto e paramos a camisinha assim que casamos, mas não pensava que fosse acontecer tão rápido.
- Ninguém imagina que pode acontecer com eles. – Ela falou ironicamente e eu soltei uma risada fraca.
- Ontem eu tive um enjoo horrível, tanto que eu nem fui ao MTV Movie Awards com , mas a gente tinha acabado de comer sushi, então, pensei que pudesse ser intoxicação alimentar, igual deu em Londres, mas aí eu comentei com meu psicólogo e ele é casado com uma ginecologista e obstetra, então matou a charada em dois minutos. – Minha mãe riu fraco.
- Ah, querida! Vou planejar uma viagem para te ver o mais rápido possível, quero ver minha pequena grávida.
- Ah, mãe, eu estou tão feliz! – Suspirei, abrindo um largo sorriso. – Acabei de chegar do médico, nem entrei em casa ainda.
- Você tem a estreia hoje, não?!
- Pois é, esse eu não perco por nada. – Mordi meu lábio inferior.
- Então, vai lá! Conte para o seu marido e aproveitem muito, porque passa muito rápido. – Suspirei, passando a mão no rosto e afirmei com a cabeça.
- Pode deixar, mãe, a gente vai se falando.
- Com certeza, meu amor. Eu te amo! – Ela falou e eu suspirei.
- Amo vocês também! – Falei e desliguei o telefone em seguida, suspirando.
Peguei minha bolsa no banco de trás do carro e desci do mesmo, batendo a porta do carona e não travando o mesmo, já que Larry havia levado as chaves. Coloquei a bolsa em meu ombro e respirei diversas vezes na porta de casa. Eu estava nervosa e não tinha a mínima ideia de como começar essa conversa, e o pior, é que era quase hora do almoço e tínhamos que estar no programa Falcon At Night antes das 16 horas. Deslizei a porta de correr que dava para o quintal e empurrei a cortina com a mão, entrando em casa.
- ! – Ouvi um grito e olhei para cima, dando de cara com três pessoas que eu sentia falta todos os dias da minha vida.
- Derek! – Gritei para o primeiro amigo que eu fiz em Boston e corri em sua direção, abraçando-o fortemente.
- Ah, que saudades de você, pequena! – Ele falou em meu ouvido e eu suspirei, segurando as lágrimas, eu estava mais emotiva, então qualquer coisa me faria chorar.
- O que vocês estão fazendo aqui? – Me afastei dele e abracei o ruivo.
- É um momento importante para você, para o ... – Mal eles sabiam.
- Para mim? – Perguntei, franzindo a testa e abracei Ruth que estava com os cabelos mais curtos e parecia um pouco mais profissional agora, dentro do terninho preto.
- É, outro momento para você arrasar no tapete vermelho.
- Ah, vocês são demais! – Brinquei e vi apareceu no corredor.
- Você demorou, amor! – Ele falou, dando um beijo em minha testa. – Tá tudo certo?
- Sim, tudo certo! – Suspirei, eu queria contar para ele sozinha. – Só atrasou um pouco e depois ficamos conversando.
- Esse povo veio me fazer companhia aqui! – Ele comentou.
- Ele está sendo educado, eu estou ficando doida já! – Melina falou e eu notei que ela estava deitada no sofá, com o barrigão para cima, iríamos dividir isso em breve.
- Mas, falando sério, o que vocês vieram fazer aqui? – Ri e Rupert me estendeu uma sacola, com as suas iniciais e eu ri.
- Você precisa de um vestido. – Peguei a sacola correndo e apoiei na bancada, puxando o cabide que tinha lá de dentro e encontrando um longo vestido em um tom escuro de vermelho, quase vinho.
- E eu preciso de uma agente! – comentou ao meu lado e eu franzi a testa, apontando para Melina.
- Não olhe para mim, eu não vou me enfiar em première, vai ser o motivo perfeito para meu filho nascer antes e ali. – Ela comentou e eu ri fraco. – Seria lindo. – Ela revirou os olhos e eu ri.
- Eu vou no lugar dela! – Ruth comentou e eu abracei a pequena fortemente.
- E eu estou aqui porque te amo demais! – Derek comentou e eu abri um largo sorriso.
- Eu amo vocês também! – Sorri.
- Bem, então vamos comer? – interrompeu o momento e eu franzi a testa.
- Com certeza, agora estou com fome! – Comentei, soltando uma risada, pensando nos desejos que eu podia vir a ter.
- É, você está até mais corada agora. – comentou, e eu ri fraco.

- Como vamos fazer isso? – Perguntei para Rupert que mexia em meu cabelo enquanto eu tinha o prato em meu colo, almoçando. – E desde quando você sabe fazer alguma coisa no cabelo?
- Exato! Alguma coisa eu sei! – Ele falou bravo e deu uma puxada em meu cabelo e eu suspirei. – Aprendi algumas coisas com Denise.
- Falando nela, porque ela não veio? Estou realmente triste pela minha maquiadora e cabeleireira pessoal não estar aqui.
- Ela não estava muito bem, cheia de cólicas, é horrível quando ela está menstruada. – Ele suspirou e soltou meu cabelo ao lado do corpo.
- Ah, manda um beijão para ela, sinto saudades também. – Suspirei, colocando um pedaço de bife na boca.
- Pode deixar! – Ele continuou pegando meu cabelo, passando a chapinha no mesmo.
- Qual sua ideia? – Perguntei, pegando o resto do purê em meu prato e estendi o prato para Ruth que estava na bancada. – Obrigada.
- Eu pensei em fazer um rabo de cavalo bem alto e uma trança mais frouxa, o que acha? – Ele perguntou, me olhando pelo espelho improvisado no meio da sala.
- Bem, com aquele vestido, só com chapinha no cabelo, já está ótimo! – Ela falou e eu soltei uma risada fraca.
- O que você acha? – surgiu na porta do quarto, alisando o paletó azul marinho que ele usaria no programa.
- Você sempre fica bem de azul. – Eu e Rupert falamos juntos e eu olhei para cima, o encarando e rimos em seguida.
- Ok, essa até eu me surpreendi. – Ele comentou e se aproximou de mim, se sentando no sofá em minha frente.
- Olhos azuis. – Eu e Rupert falamos juntos de novo.
- Quer parar? – Gritei para ele que riu e gargalhou na minha frente.
- Seu marido, suas dicas! – Rupert falou e se afastou de mim, e eu o perdi de vista por um momento.
- Acho melhor você se arrumar, , saímos em 30 minutos. – Melina apareceu, com o celular no ombro.
- Nossa, eu preciso ainda ver que roupa eu vou. – Suspirei e me levantei, abaixando a blusa.
- E aquela roupa em cima da poltrona? – perguntou, se levantando comigo.
- Que roupa? – Arregalei os olhos para ele.
- De nada! – Ouvi a voz de Rupert cantarolar atrás de mim e eu virei meu corpo imediatamente em sua direção.
- Você fez duas roupas para mim? – Eu gritei alto, com uma animação incrível em minha voz. – Você ainda tem tempo?
- Para minha modelo número um, eu sempre tenho. – Ele falou, abrindo um sorriso e eu corri em sua direção e o abracei, tirando meus pés do ar por um momento.
- Obrigada, obrigada, obrigada! – Falei repetidas vezes.
- Por que está me agradecendo? Ainda não viu o que eu fiz. - Ele falou brincando.
- Como se algum dia eu fosse não gostar de algo que você fez. – Falei e virei meu corpo, correndo em direção ao quarto, assustando Leslie que estava esparramada no meio do corredor quando eu a pulei.
Entrei no quarto e não precisei nem procurar a roupa, o macacão rosa pink estava ajeitado na poltrona, como se quem o vestisse estivesse sentado lá. No assento, um sutiã preto lindo e uns sapatos pretos que eu nunca tinha visto na minha vida, ajeitados no chão.
- É lindo! – Gritei para que pudessem me ouvir da sala e ouvi a gargalhada do meu marido e sorri.
Peguei as peças de roupa e entrei no banheiro, correndo para tirar a roupa que eu vestia desde o dia anterior e troquei os sutiãs, colocando esse e o macacão por cima. Era lindo, era leve e a cor era maravilhosa. Me olhei no espelho e passei a mão no cabelo que o Rupert acabara de fazer chapinha e eu e dividi de lado, jogando-o para a direita, ajustando minha franja e olhei para a maquiagem que Derek tinha feito em mim, nada extravagante.
Aproveitei que voltei para o banheiro e escovei os dentes, tomando cuidado para não tirar a base do meu rosto e quase tendo que fazer o bocejo com um copo, mas consegui. Abri minha bolsa de maquiagem e peguei um batom claro, que era a única coisa que aquela roupa podia pedir.
Voltei para o quarto e segui direto para o closet, fui até minha gaveta de joias e eu peguei meu anel de noivado e o coloquei no mesmo dedo da minha aliança de casamento, mantendo os dois próximos. Eu amava aquele anel. Encontrei um anel preto perdido por ali e o coloquei, pegando um colar grande e colocando em meu pescoço, sem me esquecer dos brincos pequenos de diamante e das pulseiras.
Abri um pequeno baú que tinha do lado e procurei por uma bolsa preta, puxando a primeira que apareceu. Voltei para o quarto e me sentei na poltrona que antes tinha minhas roupas e calcei os sapatos, afivelando-os na parte de trás e levantei, percebendo que eles não eram tão altos, não em compensação ao que Rupert tinha trazido para usar com o vestido da première, aqueles me deixavam mais alta que .
Peguei minha carteira e meu celular e coloquei na bolsa e saí do quarto, puxando a porta em seguida. Atravessei o pequeno corredor que dava de volta para as salas e dessa vez não precisei pular Leslie. abriu um sorriso assim que me viu e eu retribuí, não tinha como não sorrir junto. Ele deu um beijo em minha testa e passou o braço em meus ombros, o qual eu entrelacei meus dedos nos seus.
- Ok, onde eu faço minha encomenda? – Ouvi a voz de Melina de dentro da cozinha e eu soltei uma risada. – Mas eu quero um modelo para a minha versão magra. – Ela comentou, fazendo uma pose, com as mãos na lateral da barriga.
- Para de graça, Melina, você está linda grávida! – reclamou e eu soltei uma risada.
- É verdade! – Comentei e ela sorriu, assentindo com a cabeça.
- Bem, então vamos? O dia tem que continuar! – Ela falou, conferindo as horas no relógio.
- Eu só quero saber uma coisa. – Parei todo mundo que começara a se mexer. – Aonde a gente vai se arrumar? – Perguntei, franzindo a testa.
- Já ouviu falar em camarim? – Derek se fez de irônico e eu revirei os olhos, mexendo os lábios. – Lá mesmo! – Ele riu.
- Você vai gostar, tem bastante espaço! – comentou e eu o olhei, ele tinha um sorriso sarcástico no rosto.
- Tonto! – Passei minha mão em sua barba e toquei meus lábios nos dele rapidamente

- Começamos em 10 minutos, pessoal, vamos nos preparar? – Uma assistente apareceu na sala de espera e eu me levantei do braço da poltrona que estava sentindo sua mão deslizar pelas minhas costas.
- Bom show! - Falei para que sorriu com os lábios colados e eu ri, passando meu braço pelos seus ombros e estalando um beijo em sua bochecha. – Você está com a sua gangue hoje!
- Isso é verdade! – Ele comentou, apertando minha cintura e eu ri.
- Vai lá! A gente vai pra plateia daqui a pouco. – Ele afirmou com a cabeça e acenou para a equipe dele... Ou será que era a minha?
Os vi sair pela porta e Rupert, Derek e Ruth seguiram o cortejo e eu vi Melina se levantar com dificuldade, eu ajudei-a, vendo-a respirar fundo, cansada. Ela abriu um sorriso para mim e eu ri fraco. Antes que ela começasse a se dirigir para a porta, eu a segurei pela mão, vendo-a franzir a testa e olhar para mim.
- Eu preciso contar um negócio para você ou eu vou explodir. – Falei, um tanto quanto dramática e ela franziu a testa, encarando meus olhos e segurando minhas mãos.
- O que houve? – Eu suspirei.
- Eu não deveria estar te contando isso antes de contar para o , mas eu cheguei em casa e tinha um monte de gente e eu queria contar para ele em um momento mais calmo, só nosso e tal...
- ! – Ela me interrompeu e eu suspirei, fechando meus olhos por um momento, e sikteu o ar pela boca. – Aconteceu alguma coisa?
- Lembra que eu fui para o psicólogo hoje? – Ela afirmou com a cabeça.
- Aconteceu algo? Seu caso é sério...?
- Meu tratamento acabou, na verdade, mas eu vou ter que começar a frequentar outro médico agora. – Ela franziu a testa, pude sentir minhas bochechas ficarem vermelhas, e eu, automaticamente, coloquei as mãos em sua barriga.
- É alguma doença, algo que dá para curar, por favor, não diga que é algo sem cura. – Soltei uma risada fraca, abrindo um sorriso largo em seguida.
- Em breve, teremos uma nova barriguda no grupo! – Abaixei meu rosto, alisando sua barriga delicadamente e ouvi um grito sair por sua garganta.
- Oh meu Deus! – Ela passou os braços pelo meu corpo, me apertando contra o seu e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas e eu puxei o ar fortemente, impedindo que as lágrimas caíssem. – Então, ontem não era o sushi?
- Não, não era! – Ela me afastou, com os olhos cheios de lágrimas e eu abri um sorriso que deveria estar horrível e ela fez o mesmo.
- Oh meu Deus, você vai ser mãe... O vai ser pai! – Ela abriu um largo sorriso e eu ri igual tonta, abraçando-a novamente.
- Oh meu Deus! – Ouvi uma terceira voz atrás de mim e eu imediatamente olhei para trás, arregalando os olhos ao encontrar Renan Jones saindo de uma sala. – vai ser pai!
- Xí! – Falei imediatamente, ainda com um sorriso no rosto e ele riu também, abrindo os braços para me abraçar.
- Oh, meus parabéns! – Ele me apertou em seu corpo e eu sorri, sentindo meu nariz entupir. – Eu não acredito, mas já? – Ele perguntou, soltando uma risada em seguida.
- Pois é, já? – Melina repetiu a pergunta e eu gargalhei.
- Por favor, só prometa que não vai contar nada para o , eu quero contar para ele. – Falei para Renan e ele fez um bico. – Por favor.
- Ah, eu sou péssimo com segredos. – Ele fez uma birra que eu até ri. – Mas ok, eu tento! – Ele disse, me abraçando de novo. – Parabéns, mesmo, vai ser um filho lindo. – Soltei uma risada fraca.
- Renan, precisamos ir! – A assistente voltou e os três se calaram imediatamente.
- Não demora para contar. – Ele sussurrou para mim e saiu da sala, acompanhado da assistente.
- Eu estou tão feliz por você! – Melina falou, passando a mão em minha barriga. – vai adorar a novidade.
- Você acha? – Perguntei para ela e ela sorriu. – Nós nunca falamos disso.
- Você acha que não? – Ela retrucou a pergunta.
- Por que todo mundo fala isso para mim? – Reclamei e ela riu, passando a mão em minhas costas e começando a andar em direção a porta novamente. – Você acha que ele vai contar?
- Não em rede nacional.

Eu e Melina sentamos no andar de cima de Rupert, Derek e Ruth, e o apresentador já havia começado o seu monólogo e eu meio que ignorei o que aconteceu no começo do programa, pois eu estava mais preocupada em desligar meu celular e fechar minha bolsa.
- Nossos convidados de hoje são do Olimpo, eles estão aqui para salvar o mundo antes do lançamento do seu filme “Os 12 Deuses do Olimpo 2: O Solstício de Inverno”, que lança no mundo inteiro dia primeiro de maio, aqui estão meus heróis, Dante Richard, Henry Christensen, Ryan Maddox, , Julie Stewart e Renan Jones.
Antes mesmo antes de todos os nomes serem chamados, os fãs na plateia já estavam gritando, aplaudindo e ficando em pé. Eu, como fã do meu marido, acabei entrando na empolgação junto. A porta se abriu e meu marido saiu feliz de lá, praticamente caindo para fora e eu foquei em ver Renan que estava feliz demais, passei a mão na testa e suspirei. Afinal, o que teria de mal se ele contasse? Eu só estaria terceirizando o trabalho.
Todos cumprimentaram o apresentador e se cumprimentaram, o que me fez perguntar do porquê, sendo que eles haviam passado os últimos 30 minutos rindo de alguma piada que Ryan contava que me fez soluçar. Eles se ajeitaram nos lugares disponíveis e meu parecia feliz demais.
- Dante, você se considera o líder desse grupo? – O apresentador perguntou.
- Se você diz! – Soltei uma risada fraca quando Dante respondeu.
- Vocês aceitam que Dante seja o líder do grupo?
- Nós somos uma equipe! – Dante falou com uma voz de criança.
- Uma equipe, está certo.
- Quem é o responsável da diversão aqui? – Todos imediatamente viraram para e eu ri fraco.
- Ah não, não faremos isso, estamos na TV. – Ele segurou as mãos dos amigos, abaixando as mesmas. – Minha família está assistindo.
- Quem gosta de se divertir após o expediente? – Imediatamente os dedos foram virados para Renan e meu novamente.
- O que ele não está me contando? – Brinquei para Melina que soltou uma risada e eu a acompanhei.
- Esse dois. – Henry falou.
- Você está nessa. – Meu abraçou Renan e eu ri fraco, colocando meus cabelos para trás.
- Eles estão responsáveis pelo café da manhã?
- Não, eu estou responsável por isso. – Dante comentou. – Mas aceita qualquer coisa. – Soltei uma risada fraca, isso é verdade.
- E quem sai com quem? Todo mundo vai? Ou algumas pessoas saem mais que outras. –Ele perguntou um pouco mais sério.
- Você nunca sabe. De vez em quando pessoas têm responsabilidades, todo mundo têm crianças e... – começou a falar.
- Todo mundo menos... – Dante virou para e eu abri um sorriso de lado.
- Exceto esse cara aqui! – brincou, fazendo uma careta e Renan abriu um sorriso.
- Que ele saiba! – Renan comentou e eu Melina nos entreolhamos com os olhos arregalados.
- Ah, obrigado por esclarecer isso. – bateu nas costas de Renan e eu notei que ele olhava em nossa direção e fiz questão de não fazer contato.
- Foi mais difícil de trabalhar esse filme, fazer isso? – O apresentador mudoude assunto e eu abaixei a cabeça.
- É, pareceu à reunião da escola, o primeiro filme foi como primeiro dia de aula, mas esse já foi mais divertido. – Henry comentou e eu confirmei.
- É, e principalmente porque essa mocinha estava grávida. – Dante comentou e Julie franziu os lábios, abrindo um sorriso de lado.
- É, com certeza, foi um momento mágico! – Ela riu. – Mas claro que eu não me senti tão mal, deu tudo certo.
Em um momento, o apresentador apareceu com algumas fan-arts, umas um tanto quanto sensuais, o que fez, tanto os convidados, como a plateia rirem até falar chega. Em outro momento, alguns fãs puderam fazer perguntas para eles.
Em seguida eles fizeram a versão d’Os Deuses do Olimpo no Family Feud, um jogo de perguntas e respostas, e era péssimo nesses jogos, ele não conseguia pensar em algumas coisas necessárias para se dar bem naquele jogo, as opções dele era sempre ruins e parte disso fez o time dele perder. Assim que a participação deles acabou, uma banda começou a se apresentar e ficamos lá até o programa finalizar.

Eu e o pessoal voltamos para a sala em que eles estavam e a primeira coisa que eu olhei foi Renan, ele estava pronto e quieto no seu canto, quieto até demais para ele, aquilo parecia um grupo de escola, então, com certeza eles causavam demais. Meu estava com a calça do seu terno, os sapatos e para variar, apanhando para dar o nó em sua gravata.
Abri um sorriso para ele e segurei as duas pontas, dando o nó de gravata com facilidade e abaixando seu colarinho em seguida, ajustando a altura da gravata novamente e prendendo a parte de trás e alisando a mesma em seguida.
- Susan e Julie estão lá no outro quarto. – Afirmei com a cabeça e deu um beijo em sua bochecha, puxando Rupert para que fosse comigo.
Entramos na outra sala e Sara estava com seu maquiador, enquanto Julie estava colocada na frente de um dos espelhos, enquanto uma mulher ajeitava seu cabelo. Acenei para as duas e comecei tirando meus brincos e pegando a bolsa de maquiagem que Rupert me entregara. Enquanto eu deixava a maquiagem mais escura e exagerada no rímel preto, Rupert começou a mexer no meu cabelo.
Ele primeiro trouxe meu cabelo todo para trás, fazendo questão de passar bastante laquê no cabelo, tendo certeza que ele não arrepiaria, pelo menos a chapinha ajudava isso. Eu só senti quando ele prendeu um elástico no meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Peguei o batom que eu estava anteriormente e passei em meus lábios novamente, não tirando o excesso em seguida, o que era horrível, já que minha boca ficava entreaberta até que ele secasse de vez.
Senti Rupert trançar meu cabelo e puxar os lados depois de um tempo, ajeitando com a ponta do pente. Ele me entregou a caixa de joias rapidamente e eu tirei meus acessórios, ficando somente com minhas alianças. Coloquei o brinco que Rupert me estendeu e o olhei, eu não era muito fã de brincos grandes, mas aquele era maravilhoso e combinava perfeitamente com o look. Rupert me ajudou a fechar as pulseiras e eu me levantei novamente.
- Só fique de calcinha. – Ele comentou comigo, enquanto me entregava o vestido vinho e eu entrei no banheiro. – E venha aqui para eu fechar, é complicadinho. – Afirmei com a cabeça e segui par ao banheiro.
Entrei no banheiro e tirei toda minha roupa, ficando somente de calcinha, como Rupert tinha pedido, o vestido era montado em duas camadas, uma camada que era um vestido tomara que caia e outra que eram três panos que caíam pelo vestido. Assim que eu vesti, notei as duas fendas, uma de cada lado do vestido que mostravam minhas pernas a cada passo que eu dava. Não sabia como agradecer a por fazer eu me exercitar e tornear essas pernas.
Saí do banheiro e Rupert abriu um largo sorriso para mim, seguindo de uma piscadela e eu ri, virando de costas para ele. Ele puxou o zíper vestido de baixo para cima e fechou o botão que ficava próximo a meu pescoço, fazendo com que eu soltasse minhas mãos, o vestido estava preso ao corpo.
- Aqui! – Ele me estendeu as sandálias prateadas e eu agradeci, me sentando no sofá e colocando as mesmas e ele me ajudando a ficar em pé novamente.
- O que você acha? – Perguntei e ele fez um movimento com o dedo para que eu desse uma volta e eu o fiz.
- Eu quero seu telefone! – Foi o que Julie falou para Rupert e eu soltei uma risada, vendo-a babar em meu vestido de cima a baixo.

Voltei para a outra sala e meu marido já estava pronto, um terno branco listrado de azul escuro, a camiseta branca por baixo e uma gravata azul com pontos brancos. Particularmente eu o preferia em terno escuro, mas esse terno listrado estava muito bonito.
- Eu tenho a esposa mais linda do mundo. – Ele comentou baixo, só para mim e passou as mãos pela minha cintura, dando um beijo em minha bochecha. – Que está mais alta que eu. – Ri fraco.
- Rupert não tem noção de altura de salto. – Passei minha mão em seu corpo. – Mas não faz diferença. – Ele riu. – Bem, não faz tanta diferença.
- Ei, Renan, acorda! – Ouvi e todos viraram para Renan que ainda estava no mesmo lugar de antes e ele olhou diretamente para ele. – Planeta Terra chamando. – Ryan estalou os dedos na frente dele.
- Eu estou acordado, eu estou bem! – Ele falou, encostando-se à poltrona novamente, encarando as mãos em cima do colo.
- Não, você não está. – comentou e eu o soltei, vendo-o se aproximar de Renan.
- Ele estava bem antes do programa. – Julie comentou, aparecendo na sala novamente.
- Não, só uma informação que chegou, eu não posso contar. – Mordi meu lábio inferior.
- Qual é cara, você está entre amigos. – Henry comentou e eu olhei para Renan.
- Não cara, a informação não é minha para contar. – Puxei o ar fortemente e olhei para Melina que tinha um sorriso no rosto e apontava significativamente para Renan com a cabeça.
- Conta, Renan! – Falei e ele ergueu a cabeça, me encarando.
- Não, que isso...
- Conta! – Falei firme e ele franziu a testa. – Conta para todo mundo.
- Você tem certeza? – Comecei a ver que os olhos do pessoal passavam dele para mim, de mim para ele.
- Conta antes que eu desista. – Falei firme e ele se levantou, franzindo a testa.
- Obrigado! – Ele disse, meio que aliviado, e eu me coloquei entre Rupert e Derek.
- O que vocês estão falando? – perguntou, olhando para mim ainda e eu dei de ombros.
- Eu ouvi e Melina conversando antes do programa, me desculpa, não devia, mas isso não é algo que deva ficar escondido. – Fechei os olhos, abrindo um largo sorriso e senti a mão de alguém apertar meu ombro.
- O quê? – Meu marido olhou para mim e eu mordi meu lábio inferior.
- está grávida! – Renan falou alto e eu fechei os olhos, ouvindo várias pessoas gritarem e me apertarem em seus braços, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Eu vou ser pai? – Ouvi a voz de e abri os olhos, vendo-o me encarar um sorriso bobo ainda e Julie e Dante ao redor de mim, me abraçando, junto dos meus amigos e Melina.
- Você vai ser pai, cara! – Renan repetiu, e eu passei minha mão na boca, andando em direção a que tentava se desvencilhar dos amigos e se aproximar de mim.
- É verdade? – Ele perguntou, segurando meu rosto com as mãos e eu afirmei com a cabeça. – Mesmo, mesmo? – Soltei o ar pela boca e suspirei em seguida.
- Sim, eu descobri essa manhã! – Ele passou os braços pelos meus ombros, me apertando contra seu corpo, me fazendo sentir as lágrimas caírem diversas vezes no rosto, sentindo o nariz entupir. – Você está feliz? – Perguntei contra seu ouvido.
- Como eu não estaria? – Ele falou, segurando meu rosto em suas mãos novamente e pressionando seus lábios nos meus em um longo beijo. – Essa é a melhor novidade do mundo. – Ouvi alguém batendo palmas e algumas vozes misturadas comemorando.
- Precisamos de champanhe para essa ocasião! – Alguém falou, mas eu estava mais preocupada com os olhos de focados nos meus e seu largo sorriso direcionado para mim. Tudo estava bem.

***

- Você bebeu demais! – comentou comigo e eu franzi a testa.
- Eu estou bem! – Falei, apertando sua mão, enquanto estávamos dentro do carro.
- Eu sei que você está bem, ainda não fez efeito. – Ela brincou comigo e eu estalei um beijo em sua bochecha.
- Eu te amo. Vocês dois. – Ela soltou uma risada fraca e encostou a cabeça em meu ombro.
- Eu sei! – Ela falou, abrindo um largo sorriso e o carro parou.
- Que belo primeiro evento, hein, Ruth? Um evento desse tamanho e o seu cliente está bêbado! – Eu abri a boca indignado e estalou um beijo em minha bochecha.
- Eu não estou bêbado. – Reclamei, vendo a porta abrir.
- Ok, estão tira esse sorriso risonho da cara. – falou e eu me olhei no espelho, ela tinha razão.
- É porque eu estou feliz! – Reclamei e ela riu, me empurrando para o lado um pouco para que eu saísse do carro.
- Eu sei! – Ela falou e eu a ajudei a sair do carro, enquanto ela ajeitava a barra do vestido, que a deixava muito sensual. – Eu também estou. – Ela sorriu e eu coloquei minhas mãos em sua cintura, colando meus lábios nos dela, dando um longo beijo. – E você acabou de tirar meu batom.
- Opa! – Ela sorriu e eu estendi minha mão para ela, entrelaçando os dedos.
Ruth era nova, mas definitivamente sabia o que fazer, ela seguiu em frente e, o que eu e precisamos fazer era segui-la, o que eu já estava acostumado com Melina. E as premières da Máxima tinham o mesmo padrão: fãs, fotos, entrevistas e o resto do pessoal. Algo que Melina havia me alertado, era para me separar de um pouco, não para o pessoal tirar mais fotos minhas, mas sim para que eles pudessem tirar fotos dela. Uma história de que as pessoas estavam ligando na assessoria perguntando por quem era assessorada, mas se eles queriam fotos dela quando ela começou a namorar comigo, agora mesmo que eles gostariam disso.
O vestido de era bem esvoaçante, então a cada passo que ela dava, devido ao vento, os panos voavam e deixavam boa parte das pernas dela de fora, confesso que fiquei com um pouco de ciúmes disso, mas ela estava maravilhosa e aquelas pernas eram minhas. Ruth me entregou uma caneta e eu passei pelo corredor de fãs autografando as diversas coisas que eram colocadas em minha frente e, às vezes, eu conseguia tirar alguma selfie com algum fã, sem que a segurança ficasse em cima, mas estava tudo certo. Ruth cochichou algo para e ela negou com a cabeça, e se manteve próximo a mim, acenando para alguns fãs de vez em quando. Eles gostavam dela.
Chegamos a parte das fotos e eu segurei minha esposa pela cintura, já parando logo nos primeiros metros. Ela passou a mão pelos meus ombros, mantendo o corpo ao lado do meu e de vez em quando eu olhava para seu perfil, ela piscava diversas vezes, provavelmente pela luz, mas seu sorriso era maravilhoso. Algumas vezes ela relaxava o rosto e mantinha uma feição mais séria, passei minha mão pela sua barriga e ela olhou para mim, dando um sorriso tímido em seguida. Acariciei seu rosto e ela colocou a mão em cima da minha e eu aproveitei para dar um beijo nela. Ela soltou uma risada em seguida e segurou no meio dos meus óculos escuros e tirou, encarando meus olhos.
- Muito melhor. – Ela disse e abaixou a mão e eu afirmei com a cabeça. – Tira algumas fotos sozinho. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça.
- Você também! – Ela franziu a testa.
- Por quê?
- Porque eles gostam de você! – Falei e ela sorriu. – Vai, seja minha modelo da Victoria’s Secret. – Ela soltou uma risada e deu um beijo em meu rosto.
- Afinal, sua família está lá. – Ela acenou com a cabeça para o início do tapete vermelho e eu ri fraco.
- Posso contar para elas? – Perguntei.
- Pode, mas não deixe que ninguém te ouça, eu não quero rumores sobre isso, quero confirmação. – Ela falou baixo e eu afirmei com a cabeça.
- Combinado, amor! – Dei um beijo em sua bochecha e ela se afastou de mim um pouco.
Eu coloquei a mão no bolso e fiz algumas fotos, dando alguns passos para o lado, enquanto minha família me acompanhava do outro lado do tablado. Olhei para o fim do tapete vermelho e olhei para minha esposa, com a mão na cintura, sendo totalmente cegada pelos diversos paparazzis que queriam uma foto dela. Ela virava o corpo em 360 graus para que eles pudessem registrar todos os ângulos de seu corpo, mas assim que ela avistou minha mãe e minhas irmãs atrás do tablado, ela se virou de costas, e eu a perdi de vista, voltando a olhar para as câmeras.
Após algumas fotos, alguns outros passos, minha mãe, Cady e Sharon vieram tirar foto comigo e ficou na lateral, conversando com a esposa de Henry Chrisensen. Era engraçado ver a altura das duas, já que Eiza era baixinha e bem alta, mas elas tinham se tornado amigas. Em uma segunda olhada Connie e Julie estavam juntas, todas rindo e gargalhando, e claro, abraçando e, minha esposa, discretamente passava a mão na barriga e elas riam. As três mães veteranas com a novata. Abracei minhas irmãs e minha mãe, e olhei para as câmeras novamente, com um largo sorriso no rosto.
- Eu preciso contar algo para vocês. – Falei para elas, mantendo o sorriso largo no rosto.
- O que aconteceu? – Ouvi minha mãe falar, que estava mais perto de mim.
- Eu vou ser pai! – Falei na lata e continuei olhando para os fotógrafos, sentindo as três me soltarem imediatamente.
- O quê? – Elas gritaram e eu abri a boca, exagerando nos movimentos.
- Vocês ouviram certo! Finjam que não aconteceu nada. – Falei e as três imediatamente se viraram para me abraçar.
- Oh meu Deus, filho! Eu não acredito! – Minha mãe falou, com as mãos na boca e eu abri um largo sorriso, respirando fundo e afirmei com a cabeça.
- É verdade! – Falei e Sharon me olhou com um sorriso largo e os olhos brilhando.
- , isso é demais! – Afirmei com a cabeça e elas riram.
- Vem cá! – Minha mãe chamou e minha esposa veio com um sorriso largo. – Você realmente mudou esse garoto! – riu e a mais alta abraçou minha mãe fortemente. – Parabéns, querida! – Minha mãe falou, apertando-a forte. – Isso é um presente, querida. Vai dar tudo certo dessa vez.
- Com certeza! – Cady falou e elas se abraçaram.
- Podemos ir para lá? – perguntou. – Se eles notarem esse momento chororô aqui, eles farão perguntas.
- Eu vou para as entrevistas e já encontro vocês. – Falei e me puxou pelo braço.
- Cuidado com o que você vai falar. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça, fazendo-a rir baixo.
- O que aconteceu? – Ouvi minha mãe perguntar e riu.
- Exagerou na bebida.

***


Era raro eu não gostar de algum filme, e com certeza não seria em um filme da Máxima que eu começaria a ser exigente demais. O filme era ótimo, cheio de ação, com um enredo incrível, e claro que eles sempre deixavam perguntas dos filmes solos e isso sempre me irritava. E claro, é meu marido, mas eu achei que faltou um pouco mais de Poseidon, uma opinião pessoal.
não sabia, mas eu notava cada olhava que ele me dava, ele me analisava quando eu assistia a seus filmes, não importava se era no cinema, ou em casa mesmo, parecia que ele precisava de aprovação. Claro, é mais importante a aprovação da família e tal, mas ele tinha uma legião de fãs que davam isso para ele, e ele não precisava de mais nada.
Eu apertei sua mão em diversos momentos do filme, coisa minha mesma, eu ficava nervosa, atacada ou qualquer coisa, por causa de alguma cena e precisava aliviar isso em algum lugar, nesse caso, em . Como sempre, após o filme, todos nós aplaudimos e me abraçou fortemente, o que eu retribuí.
Assim que saímos do filme, tinha a after-party, o que, estranhamente não ficou. Demos uma passada no salão, ele tirou foto com algumas pessoas rapidamente, conversou com outras, mas não deu nem tempo de eu esquentar o meu assento e trocar 10 palavras com as meninas que ele já me chamou para ir embora.
Assim que chegamos a casa, eu e ele fizemos silêncio já que Rupert e Derek dormiam no quarto de hóspedes e acenamos para Ruth que foi se encontrar com eles. Eu entrei no quarto e a primeira coisa que eu fiz foi tirar o botão que fechava a segunda camada do vestido em meu corpo e deixei cair até a cintura onde o prendia.
Não deu tempo para fazer muito mais coisa, já que passou as mãos pela minha cintura e colou os lábios nos meus, me fazendo sentir sua língua passeando pela minha boca com rapidez. Coloquei minhas mãos em sua nuca, acariciando-a com a ponta dos dedos e o senti morder meu lábio inferior e abri um largo sorriso, sentindo suas mãos acariciarem minha cintura mesmo depois que ele se afastou de mim.
- Eu prometo que vou amar você para sempre. – Ele cochichou e eu ri fraco.
- Você já prometeu isso. – Virei meu corpo em suas mãos e mostrei o zíper, o qual ele abriu rapidamente.
- Então, eu prometo de novo e de novo. – Colei meus lábios nos seus rapidamente.
Eu tirei meu vestido e coloquei o rosto na pia para tirar a maquiagem. O cansaço era maior que a vontade de tomar um banho naquele momento. Eu joguei os sapatos dentro do closet e coloquei o vestido em cima do terno de na poltrona. Ele passou a mão no cabelo, arrepiando os mesmos e tirando um pouco do gel. Eu entrei no closet e peguei meu pijama, colocando os shorts e a blusa e sentei na cama, fazendo uma rápida reza, agradecendo por aquele dia e por aquele presente maravilhoso e puxei a coberta para cima de mim.
- Espera! – falou, pulando do seu lado da cama e puxando a coberta para baixo novamente e se deitou na cama, com a cabeça em minha barriga. – Eu quero prometer para o bebê também. – Ele falou e puxou minha blusa para cima.
- O que você quer prometer? – Perguntei e ele riu fraco, apoiei minha mão em sua nuca, fazendo um carinho de leve.
- Eu posso prometer que eu vou ser o melhor pai no mundo? – Ele me perguntou e eu ri fraco.
- Você pode, mas promessa é dívida. – Brinquei e ele olhou para mim, com um sorriso no rosto.
- Eu vou cumpri-la. – Ele falou e deu um beijo em minha barriga, se sentando na cama novamente. – Eu nunca pensei que isso fosse acontecer.
- Eu sei! – Falei pela milésima vez aquele dia. – Você nunca pensou que fosse se casar, encontrar o amor da sua vida, ter filhos...
- Tudo aconteceu por culpa sua. – Ele falou e eu sorri, afirmando com a cabeça. – Obrigado.
- Não me agradeça! – Falei rindo e ele sorriu, deitando ao meu lado e eu virei meu corpo, passando meus braços pela sua barriga. – Agradeça ao destino.
- Pode apostar! – Ele soltou uma risada e eu suspirei, mantendo o largo sorriso em meu rosto. – Faço isso todas as noites.


Capítulo 21

(Você pode estar meio louca, eu já disse que te amo? Você é a única razão pela qual eu não tenho medo de voar, e isso é louco, que alguém possa me mudar. Agora isso não importa o que eu tenho que fazer, eu não tenho medo de tentar, e você tem que saber que é o motivo do por que. - Victoria Justice, You're The Reason).

- Aqui. - Dr. Eliza falou apertando o aparelho de ultrassom em minha barriga. - Esse é o bebê de vocês! - Ela parou o aparelho em minha barriga e eu franzi a testa um pouco.
- Esse é nosso bebê? - tapou minha visão, olhando o monitor mais de perto e eu ri fraco, sentindo-o apertar minha mão. - Ele é tão pequeno.
- Ele só tem dois meses. - Eliza falou e eu o empurrei para o lado, a fim de ver o monitor melhor.
- Oh, desculpa, amor. - Ele foi para meu lado novamente e eu coloquei uma das mãos na boca, puxando a respiração fortemente.
- É lindo! - Falei, não encontrando melhor forma para expressar.
- E ouçam. - A doutora apertou um botão e um som forte começou a se repetir diversas vezes.
- O que é isso? - Perguntei a ela, mas no segundo seguinte eu me dei conta.
- O coração do bebê. - Eliza falou e eu ouvi um som assustado vindo de .
- Oh, meu Deus! - Ele falou animado e estalou um beijo em minha testa. - Já dá para ouvir o coração batendo?
- Já sim. - Eliza falou, rindo com a empolgação de e eu só tentava controlar para que as lágrimas não caíssem em minhas bochechas.
- E o sexo, já dá para saber? - Ele perguntou animado.
- Não...
- Não, nada de saber o sexo do bebê. - Falei brava, pegando a toalha que Eliza me entregava e passei em minha barriga.
- Ah, mas por quê? - fez um bico para mim e eu ri, me ajeitando na maca.
- Para testar a sua paciência e a minha. - Eliza riu. - E também, não importa se for menino ou menina. - Abaixei minha blusa e me levantei da maca, fechando a calça jeans.
- Você realmente está falando que só quer saber o sexo do bebê quando nascer? - Ele se aproximou de mim e eu afirmei com a cabeça.
- Com certeza! – Afirmei com a cabeça. – Para mim tanto faz o gênero, se estiver saúde está ótimo.
- É uma boa ideia, na verdade, testar a paciência e tudo mais, porque vocês precisarão. – Eliza falou.
- Mas e o quarto do bebê? - Ele perguntou, passando as mãos em minha cintura.
- Precisamos dar um jeito no quarto de hóspedes antes. - Ele franziu a testa.
- Se eu concordar em fazer isso, vai ser um boicote total. - Ele falou. - Só a doutora Eliza vai saber disso, mais ninguém.
- Eu aceito o pacto. - Eliza falou e eu ri fraco.
- Então, estamos combinados? - perguntou. - Sem saber o sexo do bebê até ele nascer.
- Combinado! - Falei e ele riu fraco.
- Você vai ser quem mais vai sofrer com isso, só dizendo. - Ele falou, provocando.
- Combinado, ? - Perguntei e ele fechou os olhos, afirmando com a cabeça.
- Combinado! - Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei, chacoalhando-a.
- Nove meses começando agora. - Ele falou.
- Sete. - Eliza falou e entregou um papel para mim. - Eu devo pegar assinaturas? - Ela brincou e eu neguei com a cabeça. - Aqui está seu novo plano alimentar, eu entendo que você entrará no terceiro mês e que os famosos desejos começam, mas quando não tiver nenhum, por favor, tente seguir a dieta, que não teremos certa mamãe brava por ganho de peso e tudo mais. - Eu abri um sorriso.
- Mamãe? - Perguntei.
- E ela só pegou o fim da frase! - Eliza riu. - Sim, mamãe! Melhor se acostumar com isso. - Assenti com a cabeça e a cumprimentei. - Vejo vocês mês que vem e, qualquer problema ou dúvida, não hesite em me ligar ou mandar e-mail.
- Obrigada, doutora! - falou e eu afirmei com a cabeça.

- Oh, Melina, ele é tão lindo! – Falei colocando uma das mãos na lateral do berço.
- Ele é! – A nova mamãe falou com os olhos brilhando e eu sorri.
- Oi, pequeno Joseph. – Acenei para o pequeno que bocejava dentro do berço.
- Como você está? – Ouvi perguntar e virei meu rosto.
- Eu estou bem, está tudo muito bem. – Ela tinha um largo sorriso no rosto.
- Aqui, um presentinho para ele. – entregou a embalagem para Melina que se sentou ao lado dele.
- Quem diria, hein?! – Ela mesma brincou. – Depois de quase 10 anos de casamento, eu teria um bebê.
- Em compensação... – brincou.
- Quatro meses e vocês já terão um. – Ela falou, sorrindo para mim e eu me coloquei ao lado do berço, olhando o pequeno Joseph.
- Acho que agora que o destino deu certo para mim, ele está querendo compensar todos os anos. – Melina soltou uma risada e tirou o macacão verde do embrulho.
- Oh gente, é lindo demais! Obrigada! – Ela abraçou rapidamente e sorriu para mim. – Sei que vocês foram lá, como está?
- Está tudo bem. – Falei, fazendo uma careta fofa quando Joseph abriu a boca e mexeu as perninhas.
- Ela decidiu que não quer saber o sexo do bebê. – Ouvi falar irônico e eu virei o rosto para ele, revirando os olhos.
- Para, ! Não é nada demais! – Falei e Melina deu risada ao meu lado.
- Eu só fiquei sabendo que viria o Joseph porque o boca grande do meu marido falou sem querer, porque eu não queria também. – Melina falou e eu abri um sorriso convencido para que revirou os olhos. – Esse sentimento de segredo, de amor incondicional é demais. – Ela falou com um ar sonhador.
- Que bom que está feliz, Melina, e que ele está bem. – Falei, voltando a olhar para dentro do berço.
- Você quer segurá-lo? – Ela perguntou para mim.
- Ah, não precisa.
- Você precisa aprender. – Ela falou e revirei os olhos.
- Falou a veterana em maternidade. – Falei irônica e Melina soltou uma risada e se aproximou do berço.
- Falam que você se torna mãe assim que engravida, ok, até pode ser verdade, mas nenhum livro te ensina para o que realmente vem em seguida. – Ela pegou o sonolento Joseph no colo e eu sentei no sofá, ao lado de . – Você aprende com o seu, porque dessa vez, se a criança começar a chorar em seu colo, é você que vai ter que pegar.
- Está tudo lindo, eu sei, mas você teve algum problema no parto, amamentar? – perguntou ao meu lado e Joseph foi colocado em meu colo, ainda com os olhos fechados.
- Bem, desde que eu descobri que estava grávida, eu falei que faria cesárea, isso foi uma decisão na lata, alguns pontos abriram por estresse nos primeiros dias, mas nada grave. – Ela falou, abanando as mãos enquanto eu ajeitava a coberta em cima do pequeno. – Eu tive uns problemas na hora do leite descer, mas antes do fim do primeiro dia isso foi resolvido.
- Que bom, Melina! E o trabalho, conseguiu sossegar um pouco? – brincou e eu ri fraco.
- Aqui, segure um pouco. – Estendi o bebê.
- Ah, não, eu realmente não quero tentar. – Ele riu e eu franzi a testa.
- Você segura filhos de fãs, segura o filho da sua amiga. – Falei brava com ele, e ele pegou o bebê meio desajeitado.
- Os filhos de fãs normalmente têm mais que algumas semanas de vida. – Ele falou, olhando para o rosto do bebê.
- Só não derrube meu filho que está tudo certo. – Soltei uma risada e encostei o queixo no ombro de , olhando o pequeno dos ombros de .
- Ele é parecido contigo. – Falei, olhando para os olhos escuros do pequeno.
- Falam que muda, totalmente. – Ela suspirou.
- Um passo de cada vez, Melina. – Ela respirou fundo.
- Você está certa. – Ela falou, com um sorriso nos lábios. – A gente acompanha o crescimento dele e da sua barriga, tudo devagar.
- Oh, Melina, acho que ele fez xixi! – falou, esticando o bebê para ela e eu soltei uma risada baixa.
- Você não vai poder entregar seu filho para os outros, ouviu? – Falei para e ele riu, dando um beijo em minha bochecha.

- Isso é totalmente demais! Vocês dois são incríveis! - Bufei pela milésima vez aquele dia e respirei fundo. - Você é uma jornalista incrível, ele é um ator demais, é o casal para vida! - Ouvi meu ramal tocar e o atendi.
- Sim! - Falei ignorando a estagiária nova ao meu lado.
- Jake chegou, vai subir? - Ouvi a voz do fotógrafo do outro lado do telefone.
- Podem começar, já chego! - Falei e desliguei o telefone.
- O casamento de vocês deve ter sido maravilhoso e agora vocês vão ter um bebê, eu surtei quando vi sua postagem no Instagram. - Soltei uma risada fraca e me levantei.
- Alicia! - Chamei sua atenção e ela me olhou. - Acredite, é ótimo ter alguém falando mil e uma maravilhas sobre a minha vida, mas no momento, eu estou cansada, vomitando a cada hora e meus hormônios estão gritando, você poderia reduzir a animação um pouco? - Perguntei, sendo completamente honesta com ela.
- Desculpa, deve ser chato ter alguém te infernizando. - Ela falou, mordendo os lábios em seguida.
- Acredite, em outras circunstâncias eu amaria isso, mas eu tenho dormido pouco e tem um bebê crescendo dentro mim, isso é uma coisa linda, mas os primeiros meses são os piores. - Falei, pegando meu iPad em cima da mesa. - Eu prometo que te deixo perguntar tudo o que quiser, quando eu passar o primeiro trimestre. - Falei sincera.
- Posso fazer uma entrevista contigo para o jornal da faculdade? - Ela falou e eu ri fraco.
- Se você achar algo que seja relevante para me entrevistar, fique à vontade. - Falei e virei, seguindo para o elevador e apertando o botão do estúdio de fotos.
Enquanto o elevador subia, eu encostei a mão em minha barriga, ela já estava firme, dura mesmo, isso podia ser nada, mas era uma felicidade enorme. estava gravando o novo filme da Máxima em Atlanta e eu ficava sozinha em casa boa parte do tempo, então, usava esse tempo livre para caminhar com Leslie, fazer ioga para futuras mamães e comer. Sim, comer era o principal, mas eu estava com uns desejos estranhos, desejo de salada! Eu nunca gostei de salada!
Tipo, eu nunca fui fã de salada, mas comia um pouco, legumes cozidos era meu favorito, mas agora eu tenho comido saladas de folhas verdes, principalmente alface. Bem, mas claro que eu exagerava um pouco nos molhos, cheio de maionese para deixar tudo mais gordo. Enfim, engordar um pouco na gravidez não era algo que me faria surtar, então está tudo certo. Enquanto controlado, é claro. viria no fim de junho, comemoraríamos nossos aniversários, minha mãe estava chegando, faríamos outro ultrassom, o primeiro trimestre terminaria de uma forma linda!
Entrei na sala e quase tive um ataque, Jake Washington estava na frente da tela cinza, sendo fotografado por Mark. Ele era um incrível ator e eu sempre o admirei muito, o bom de vir trabalhar em revista masculina era isso, a cada mês eu tinha a chance de conhecer algum homem lindo. Jake seria a capa do mês de agosto e eu teria a chance de entrevistá-lo. Mas, naquele momento, eu só queria fugir de Alicia mesmo, não adiantava muito eu ficar lá, sendo que eu seria inútil em palpite para fotos.
- Jake, essa é , ela que te entrevistará. – Mark falou para mim e eu afirmei com a cabeça quando Jake acenou, estendendo a mão para eu cumprimentá-lo e eu o fiz. Em seguida, me coloquei ao lado e sentei em um dos bancos no estúdio, observando os dois trabalharem.

- O que você vai querer de aniversário? – Olhei para na tela do iPad.
- Já falei que não quero nada. – Falei jogando a cabeça para trás nos travesseiros.
- São seus 30 anos, , precisa ter algo que você queira.
- Queria você aqui, na verdade. – Comentei com um sorriso de lado nos lábios.
- Me desculpe. – Ele falou, passando a mão no rosto. – Eu te compenso em alguns dias.
- Tá tudo bem, eu estou meio emotiva hoje. – Dei de ombros, sentindo Leslie pisar em minhas pernas.
- 30 anos, grávida, comemorando o aniversário sozinha, acho que você tem seus motivos. – Ri fraco.
- Larry e Jordan trouxeram um bolo para mim, no trabalho também comemoraram, minha mãe ligou mais cedo, mas sei lá. – Respirei fundo. - Eu estava vendo nosso vídeo de casamento. – Ri fraco. – Além das filmagens contratadas, tem muito conteúdo que o pessoal enviou.
- Deve estar bem legal. – Ele comentou e eu afirmei com a cabeça.
- Foi ótimo ver por uma perspectiva diferente. – Ele abriu um largo sorriso.
- Parece que era só nós dois em nosso mundo, não?! – Ele falou.
- Exatamente. Parece que não tinha mais ninguém. – Ri fraco, sentindo Leslie mexer minha mão no colchão e coloquei minha mão em cima de sua cabeça.
- A gente assiste juntos quando eu chegar em junho. – Afirmei com a cabeça.
- Falando em junho, pode me dizer o que quer de aniversário também. Vamos fazer uma festa para comemorar.
- Eu quero ficar perto de vocês e não soltar mais pode ser?
- Por mim, pode! – Falei, soltando uma risada fraca, acariciando a cabeça de Leslie.
- Como você se sente completando 30 anos?
- Não estou muito feliz por você falar isso a cada cinco segundos. – Falei brava e ele soltou uma risada. – Mas estou bem, eu estou exatamente onde queria estar. Casada, um filho a caminho, não poderia estar melhor. – Abri um sorriso sonhador.
- Eu vi o que você postou no Instagram. – Ele abriu um sorriso. – E eu estou feliz por fazer parte disso. – Ele piscou para mim.
- É bom demais! – Ri fraco.
- E o bebê? Está tudo bem? – Afirmei com a cabeça.
- Tudo ótimo, falei com a Eliza no começo da semana, achei que estava tendo enjoos demais.
- E aí...?
- Ela disse que é normal nos primeiros meses, é como se o corpo tivesse combatendo uma infecção, mas ele tem que se ajustar a isso.
- Isso é estranho.
- Não é estranho, é nosso bebê! – Ele gargalhou.
- Está certa! – Pisquei para ele que passou a mão na testa. – Mais seis meses por vir.
- Vai nascer no fim de dezembro, começo de janeiro, pode se preparar.
- Passaremos o ano novo no hospital.
- Vai ser um ótimo jeito para começar o ano. – Ele comentou.
- Temos o dom de começar o ano com coisas inusitadas, não?! Primeiro o casamento, agora o bebê! – Ri fraco.
- Pelo menos é fácil de lembrar a data. – Ele deu de ombros e eu revirei os olhos.

- Pode apostar, vai ser um menino! – Seth falou com a boca cheia.
- Eu acho que é uma menina. – Lindsay falou e eu ri, colocando um pedaço de carne na boca.
- Eu concordo com Lindsay. – Minha mãe falou e eu balancei a cabeça.
- Eu só acho que vocês deveriam saber logo, vai deixar todo mundo louco. – Cady falou.
- Não, ninguém vai saber antes da hora! – falou bravo, e eu gargalhei. – E sim, vai ser um belo meninão.
- Vai ser uma menina. – Lílian falou, passando a mão na minha barriga que começava a aparecer. – Uma linda menina igual à mãe.
- Sem graça. – mostrou a língua para a cunhada e eu ri.
- Acho que devíamos fazer um bolão. – Marcus, marido de Cady falou e eu me sentei direito no sofá, abaixando a blusa.
- Acho uma ótima ideia. – Seth se animou.
- Mas não tem muita graça, as chances são de 50%. – falou balançando as mãos.
- Porque não fazemos uma aposta? – Me levantei, me aproximando de meu marido. – Se você for um menino, você coloca o nome, se for menina a decisão é minha. – Falei, dando uma piscadela.
- É realmente necessário? – Ele perguntou.
- Bem, eu quero um nome brasileiro nela. – Falei, colocando as mãos na cintura.
- É, mas ele vai ter um nome americano. – falou, me encarando.
- Ah, querido, pode se preparar que nossa filha vai chamar Violeta. – Ele arregalou os olhos.
- Nosso filho já tem um nome? – Ele falou assustado e o pessoal da sala gargalhou. - Tá bom. – Ele respirou. – Relaxa, filho, você não vai ter esse nome. – Ele falou e eu ri, sentindo-o passar a mão em minha cintura. – Violeta, hein?! – Ele perguntou e eu afirmei com a cabeça. – Eu acho que eu gosto. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- É melhor você pensar em um logo. – Falei e ele riu. – E nada de um nome composto com no segundo nome. – Ele franziu a testa.
- Me senti ofendida agora. – Lindsay comentou e eu ri.
- Pode deixar, vai ser um nome criativo.
- Ai! – Lindsay brincou de novo e eu ri.
- Vamos achar um nome para você, bebê. – Sharon falou, aparecendo na sala novamente. – Mas enquanto isso, vamos cantar parabéns para os futuros papais. – Ela falou animada.

- Você vai me acompanhar no ultrassom de amanhã? - Perguntei enrolando um pano de prato nas mãos.
- Claro que vou! - respondeu animado. - Eu saio dos estúdios, te pego no trabalho e vamos direto.
- Combinado! - Ele pegou, cortou a omelete e me serviu um pedaço.
- Licença. - Virei o rosto, vendo Jordan entrando pela porta da frente.
- Ei, Jordan, quer jantar? - falou, com um pedaço de pão na boca.
- Modos! - Reclamei e ele franziu os lábios.
- Não, obrigado. - Jordan falou. - Eu sei que Larry não chegou ainda, mas eu preciso pegar minha filha na escola.
- Larry não chegou ainda? - perguntou e eu chequei meu relógio.
- Ele está umas duas horas atrasado. - Franzi a testa.
- Ele não me informou nada ontem. - Jordan falou.
- Nem a nós. – Falei, me levantando da mesa de jantar.
- Vocês querem que eu fique…
- Não, vá resolver sua vida, nós veremos se aconteceu alguma coisa. - falou e ele afirmou com a cabeça.
- Me mantenham informado, por favor. - Jordan falou.
- Pode deixar. - Falei, com um sorriso no rosto.
- E se cuida, .
- Sempre, Jordan! - Acenei e ele se retirou.
- Estranho. - comentou, enquanto eu voltava a me sentar ao seu lado na bancada.
- Ele nunca fez isso. - Comentei.
- Será que aconteceu alguma coisa? - Ele falou e imediatamente seu celular começou a tocar e eu franzi a testa.
- É a Melina. - Suspirei aliviada. - Fala. - atendeu o celular.
- Onde vocês estão? - Ouvi o berro de Melina do outro lado da linha e abaixou o celular, colocando-o no viva-voz.
- Estamos em casa, por…
- Larry foi atropelado, me dá o número do seu seguro médico agora, ele precisa de um local de qualidade. - Eu travei.
- Melina…
- Me encontra no seu hospital. - E o telefone ficou mudo.
Eu olhei para e nos movimentamos na mesma hora, largando os garfos em cima da mesa e saindo pela porta que dava para os fundos. Eu peguei a carteira de de seu bolso e enquanto ele dirigia, eu mandava mensagem para Melina com o número que ela pedira. tinha um plano de saúde que englobava nós dois e os empregado dele.
Acabamos encontrando Jordan parado no ponto de ônibus perto de casa ainda e o levamos junto para o hospital. Todo mundo estava quieto, ninguém sabia o que estava acontecendo, então, o silêncio reinou dentro do carro.
Eu sabia que Larry e Jordan eram importantes em excesso para o , eles eram seguranças desde que tinha a outra casa, pouco mais de sete anos. Não era como se ele quisesse seguranças para cuidar dele, mas quando a fama começou a surgir, Melina praticamente o obrigou. Claro, eles não ficariam seguindo de um lado para outro, afinal, nem mesmo gostava disso, e nem era necessário, mas para cuidar da casa, era interessante e, além disso, ficava muito tempo sozinho, o que é meio chato de vez em quando, pela minha experiência pessoal.
Jordan era um homem alto, de seus 40 anos, a pele morena e lindos olhos verdes. Andava sempre com os cabelos ralos e era mais sério. Ele era separado e tinha duas filhas, uma de 20 e outra de 12 anos, a mais velha já estava na faculdade, a mais nova estava começando o Middle School. Larry já era um pouco mais velho, mais baixo também, passara dos seus 60 anos, era casado com a mesma mulher há mais de 40, tinha uma filha adotada, já que sua esposa era estéril e já era avô de quatro meninos. Ele sempre foi o brincalhão, havia uma comparação engraçada entre os dois, e os dois eram grandes amigos.
Entramos no hospital rapidamente e mesmo sem conhecer muitas pessoas eu identifiquei a família de Larry ali. Sua esposa e sua filha sentadas no sofá, Melina estava em pé no canto. A filha de Larry tinha os olhos perdidos em algum lugar do carpete do hospital, já sua mãe chorava descontroladamente. Eu e nos entreolhamos e o senti apertar minha mão fortemente e eu respirei fundo. Melina nos viu e se desencostou da parede, negando com a cabeça.
- Ele não aguentou. – Ela falou e eu respirei fundo, sentindo meus olhos encherem de lágrimas imediatamente.
Sentei meu corpo em uma das cadeiras ali perto e apertei as mãos fortemente no braço da poltrona, eu respirava forte, parecia que o ar não entrava direito. Melina apertou meus ombros e me abraçou de lado. Olhei para frente com os olhos meio embaçados e vi que abraçava fortemente a esposa de Larry. Seu rosto estava vermelho, mas ele não chorava.
- Você precisa ficar calma. – Melina falou, se ajoelhando em minha frente. – Pode fazer mal ao bebê.
- Estamos bem. – Falei, passando a mão em meu rosto e respirando fundo. – Como aconteceu? – Perguntei baixo.
- Foi trágico demais. – Ela falou, movimentando a cabeça para os lados. – Ele estava no ponto de ônibus esperando pelo ônibus, aí um carro desgovernado veio e... – Coloquei a mão no rosto, sentindo meu corpo arrepiar. – Tem mais três vítimas. – Puxei o ar forte e joguei a cabeça para trás, batendo-a na parede.
- Ele amava tanto vocês. – Ouvi a esposa de Larry falar para e eu mordi meu lábio inferior, sentindo as lágrimas rolarem livremente pelo meu rosto. – Ele acompanhou você em tantas coisas. – Ela deu um sorriso de lado. – Pelo menos ele te viu realizar seus sonhos.
- Obrigado, Alena. – falou e eu abri um sorriso de lado. – Qualquer coisa, vocês sabem que podem contar comigo.
- Só cuidem desse bebê. – Afirmei com a cabeça, me levantando para abraçá-la.

***

- Que Deus abençoe a alma de Lawrence Stevens e conforte o coração dos familiares. – Ouvi a voz do padre e apertei os ombros de , próximo a meu corpo e eu respirei fundo, puxando o ar pelo nariz.
Vi a primeira pessoa derrubar a rosa branca dentro do túmulo, onde o caixão fechado já havia sido descido. Depois outra, outra e outra. Até que eu deixei a que estava em minha mão cair para dentro do túmulo e me afastei com , dando espaço para que outra pessoa fizesse o mesmo. Eu segurei sua mão firme e dei um beijo em sua bochecha.
- Como vai ser agora? – Melina perguntou, aparecendo do nosso lado.
- Nós seguiremos em frente. – falou, com os olhos avermelhados. – Não há nada mais a fazer. – Afirmei com a cabeça.
- Você quer uma carona, Melina? – Perguntei e ela negou com a cabeça.
- Não precisa. – Ela falou, dando alguns passos para frente. – Te pego à noite para irmos para Berlin. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça. – Não podemos adiar mais, precisamos terminar essas gravações.
- Obrigado, Melina. – Falei e ela abraçou rapidamente.
- Até mais tarde. – Ela falou acenando.
- Você vai ficar bem? – Perguntei quando entramos no carro.
- Eu sempre fico. – Ela falou, puxando o cinto de segurança.
- Eu vou pedir para Melina encontrar outro segurança. – Falei e franziu a testa.
- Ah, para! Deixa isso passar, eu não sou tão frágil assim.
- Eu sei que não, mas me preocupo. – Falei retrucando.
- Leslie é um bom cão de guarda. – Ela falou e eu ri.
- Que tem medo de trovão. – Falei e ela sorriu fraco.
- Detalhes. – Ela suspirou e encostou a cabeça no vidro do carro.

- Está sendo legal aqui em Berlin, mas ainda bem que acabou.
- Cansado? – Ela perguntou.
- Não, só quero ficar com minha esposa e meu filho.
- Filha. – Ri fraco.
- Ainda estamos nessa? - Perguntei, olhando-a pela tela do computador.
- Ainda amor, estamos na metade do caminho só. – Ela falou, puxando o ar forte pelo nariz.
- Parece que estou perdendo tanto. – Falei passando a mão nos cabelos.
- Você não perdeu nada, amor. – A vi passar a mão nos olhos novamente.
- Eu perdi nosso bebê se mexendo e ainda não senti. – Ela soltou uma risada fraca.
- E a gente achando que ele estava quieto demais. – Ela falou e eu ri fraco. – Agora quando ele decide se mexer, parece uma escola de samba. – Ela abriu um sorriso de lado.
- Fala para ele continuar se mexendo, então. – Falei e ela afirmou com a cabeça. – , você está chorando?
- Eu estou meio emotiva esses dias.
- É por causa do Larry? – Ela negou com a cabeça.
- Não, não tem nada a ver. Sei lá, eu sento na frente da TV e quando eu percebo já estou chorando. – Ela falou, rindo fraco em seguida.
- O que você está assistindo agora?
- A Guerra dos Cupcakes. – Soltei uma risada, vendo-a dar de ombros.
- É assim que as emoções de uma grávida funcionam.
- Ei, garota! – Stefan apareceu atrás de mim e acenou. – Como está o bebê ?
- Está muito bem, obrigada. E porque todo mundo chama de bebê ? – Ela falou brava. – Eu tenho um sobrenome também.
- É assim que a imprensa está falando. – passou a mão na testa e suspirou.
- Eu recebo as informações sobre o , eu estou em todas. – Ela falou fazendo careta.
- Todo mundo gosta de uma família feliz, ainda mais com uma grávida no meio. – Ela franziu os lábios.
- Isso é verdade! – Ela falou, dando de ombros.
- O que você achou do cabelo? – Perguntei e ela riu.
- Acho que sua namorada vai gostar desse seu look mais largado, não?! – Stefan deu uma mexida nos cabelos longos.
- Melhor esquecer isso, vai! – Ele riu. – Se cuida. – Ele falou.
- Vocês também. – Ela sorriu. – Te vejo em alguns dias. – Afirmei com a cabeça.
- Eu te amo. – Falei.
- Eu te amo também.

- O bebê está bem. – Doutora Eliza falou, afastando o aparelho de ultrassom da barriga de quatro meses de . – O coração dele está batendo bem forte, no ritmo certo, ele está na posição correta também. – Eliza falou segurando a ficha de . – Só estou preocupada com esse açúcar na sua urina, vou pedir para refazer, tudo bem?
- Sem problemas. – esticou o corpo, se sentando na maca.
- Agora, vai começar o momento que poucas grávidas gostam, o ganho de peso, e eu não digo pelo fato de você engordar, digo que sua barriga vai inchar mais e vai aumentar. Você é uma mulher alta, , então nem pense que sua barriga será miúda, porque não será. – Ela riu ao eu lado.
- Eu nem quero. – Ela abriu um sorriso.
- Outra coisa, que já precisamos começar a pensar é sobre o parto, já sabe como você quer. – suspirou, abaixando a blusa.
- Eu quero ter tudo o que uma mãe tem direito e sentir tudo também. – Ela abriu um sorriso e segurou minha mão fortemente.
- Parto normal, então?!
- Com certeza, mas eu quero anestesia. – falou e eu ri.
- Então, vou entrar em contato com um anestesista, para vocês conversarem, é um momento importante. – assentiu com a cabeça. – E você, , vai acompanhá-la? – Ambas olharam para mim.
- Sim. Acho que eu consigo aguentar isso. – riu, revirando os olhos.
- Bem, papais, o bebê de vocês está na 17ª semana, com quase 20 centímetros, pesando em média 300 gramas.
- É tão pequeno. – falou, com aquele olhar preocupado dela.
- Ele é do tamanho de uma régua. – Eliza estendeu uma régua e a pegou.
- É, é bem pequeno.
- Não se preocupe, ele assentou. Ele só vai crescer agora.
- Não tem perigo de outro...
- Não! A gente vai tomar todo o cuidado do mundo quando ele for sair daí e caso tenha algum problema, entubamos você e levamos para uma cesárea, imediatamente. – Ela abriu um sorriso. – Tem várias pessoas loucas para ver o bebê de vocês.
- Eu posso imaginar por que. – falou e eu ri fraco.
- Para a próxima consulta, eu quero um novo exame de sangue, um novo exame de urina e eu vou montar uma nova dieta para você, você vai precisar comer mais. O começo era para controlar o peso em excesso que ganham nos primeiros meses, mas agora você vai precisar disso para fortalecer.
- Combinado, doutora. – Ela sorriu.
- E fiquem com a foto, publiquem nas redes sociais. O bebê de vocês vai ser lindo. – riu, afirmando com a cabeça.

- Eu não vou mais tirar nenhuma foto sua com o Mickey. – Falei e olhou indignada para mim.
- Mas eu não tirei só foto com o Mickey. – Ela respondeu, puxando seu celular da minha mão.
- E nem com os príncipes. – Quase gritei na cara dela e ela soltou uma risada fraca, revirando os olhos.
- Isso tudo é ciúmes? – Ela perguntou. – De personagens da Disney?
- Você sabe que são pessoas lá dentro, não? Homens?
- Ah, ! – Ela passou a mão na testa. – Eu tenho meu próprio príncipe, meu próprio rei, na verdade. Porque eu queria um cara que ganha a vida fingindo que é um príncipe? – Eu abri a boca e fechei logo em seguida. – Tonto. – Ela falou, estalando um beijo em minha testa.
- Sobre o rei e tudo mais, você seria a rainha? – Perguntei.
- Com certeza! – Ela soltou uma risada maléfica e eu concordei com a cabeça.
- Tá certo!
- E nosso bebê vai ser o futuro herdeiro. – Ela abriu um sorriso feliz e deu uma volta ao redor do seu corpo, olhando a Disney da Califórnia.
- Você sabe que eu gosto bastante de Disney, então, vou realmente sonhar com isso. – Ela afirmou com a cabeça.
- Você já comprou um gorro do Mickey, dois macacões e uma luva que imita a mão do Mickey para o nosso filho, não vai ser difícil, né?!
- Falta uma coroa, então. – Falei animado.
- , você precisa fazer uma apresentação agora, amor. – me cortou e pegou no meu braço.
- Talvez depois?
- Estou andando há horas, , uma grávida quer ir para casa, aproveitar minhas poucas horas contigo antes de ir para Berlin. Pior que eu nem posso ir em muitos brinquedos.
- Não que você tenha coragem de ir, não é?! – Ela deu de ombros, balançando a cabeça. - Vai entrar na convenção?
- Talvez eu entre mais tarde para impedir que você fale muita besteira nas entrevistas, vou ver se eu acho outro príncipe. – Ela deu um sorriso e eu revirei os olhos. – Sério, , tudo o que você e o Malcon vão falar lá, eu já sei. Afinal, até o trailer eu já vi. – Imediatamente coloquei minha mão em sua boca.
- Tá doida? – Soltei uma gargalhada, vendo-a começar a rir com os lábios comprimidos. – Se alguém souber, eu estou morto.
- Ah, querido, sempre há uma quebra de sigilo. – Ela piscou para mim, e deu um beijo em meus lábios.
- Vou desvincular meu e-mail do seu celular. – Falei, fingindo mágoa.
- Até parece que você sabe fazer isso. – Olhei para ela e ela estava certa.
- Vamos! Não vou te deixar aqui para um monte de príncipes novinhos.
- Ah, isso é verdade, todo mundo tem menos que 34 aqui, com certeza. – Ela piscou para mim.
- Vamos, vai! – Ela riu fraco e eu revirei os olhos.

- Eu estou me sentindo poderosa nessa roupa, na verdade. – soltou uma risada, olhando para os repórteres em sua frente, na première de “O Trem da Meia-Noite” em Los Angeles. – A gravidez é definitivamente o melhor momento de uma mulher. – Abri um largo sorriso e eles riram ao seu redor, enquanto eu tirava a atenção da minha entrevista para prestar atenção nela.
- Parece que você está se divertindo. – Comentei com ela, há alguns passos de distância.
- Na verdade, eu estou! – Ela deu de ombros e voltou a falar com os repórteres que a enchiam de perguntas sobre mim e sua gravidez.
Ela estava incrivelmente feliz ali, não sei definir na verdade o porquê, se era realmente o vestido preto que Rupert fez, que a fazia se sentir poderosa, ele marcava bem sua barriga, mas deixava suas costas completamente de fora, chegando quase a seu bumbum. O tempo em Los Angeles definitivamente não pedia por aquele vestido naquele dia, mas por algum motivo ela estava com bastante calor, seus cabelos soltos colavam em sua nuca, e eu podia ver suas costas brilharem, por causa do suor. Ela estava com muito calor, eu começava a suar também, mas não sei por que colocavam o holofote, mas eu tinha várias camadas de roupa em meu terno azul escuro e ela não.
- Vocês gostaram do filme, não?! – Olhei para com a testa franzida, ela que fazia as perguntas agora? – Eu sou jornalista também, eu sou curiosa. – Ela abriu um sorriso que definitivamente clareou meu dia e eu sorri de volta. Ela apoiou as mãos na barriga e suspirou, fazendo seus ombros caírem. – O filme é demais, não canso de assistir. – Ela olhou fixa para um dos repórteres. – É sério! Quando ele está fora de casa, eu só assisto os filmes dele, entrevista e tudo mais. – Soltei uma risada fraca. Eu estava realmente adorando aquilo, se ela bebesse, eu falaria com certeza que ela estava bêbada, mas era só felicidade. – Bem, vou deixar vocês falarem com o cara do momento. – Ela passou o braço pelos meus ombros, enquanto eu a segurava pela cintura. – Cansei. – Ela virou o corpo para mim e eu não segurei a gargalhada, escondendo o rosto na curva do seu pescoço.
- Eu já vou te encontrar. – Ela afirmou com a cabeça, estalando um beijo em minha bochecha e virou para os repórteres de novo.
- Obrigada pelo papo, galera. Bom trabalho para vocês. – Ela acenou e, segurando a barra do seu vestido, virou o corpo para trás e seguiu em direção à Melina, que estendeu o braço e ela simplesmente o ignorou.
- Acho que devemos começar as perguntas sobre como as mulheres conseguem andar de salto alto e estarem grávidas ao mesmo tempo. – Falei e o pessoal a minha volta riu.
- Acho que seria melhor como elas conseguem andar de salto alto sem estarem grávidas primeiro. – Estalei o dedo, apontando para um dos homens que falou.
- Verdade! – Soltei uma risada e virei mais uma vez, vendo cumprimentar Carl Kayne. – Então, quem vai perguntar primeiro? – Dei a deixa, e eles logo gritaram, batalhando por quem faria a primeira pergunta.

- Então, , agora que falamos sobre o seu filme novo, eu gostaria de perguntar algo mais pessoal para você. – Uma das apresentadoras do programa se virou para mim, elas eram cinco mulheres.
- Claro, diga. – Falei sorrindo.
- Você se casou no fim do ano passado, farão nove meses agora no fim de setembro, e foi tudo uma surpresa para os fãs, como você está se sentindo?
- Ah, a sensação é incrível. Eu demorei tanto, tinha até algumas teorias de conspiração do meu grupo de amigos e tudo mais, mas quando você conhece a pessoa certa e, você sabe que ela é a pessoa certa, não tem porque perder tempo. Eu estava pronto, ela estava pronta, e o resto é história.
- E vocês já estão esperando um bebê! – Ri fraco.
- Sim, foi uma surpresa para gente, estávamos só curtindo a vida de casado e veio essa surpresa maravilhosa para gente, estamos muito felizes, só é uma pena que meus compromissos estejam impedindo que eu curta mais essa gravidez.
- Quantos meses ela está?
- Está no final do quinto mês. Está chegando perto. – Abri um largo sorriso.
- E como vocês estão lidando com isso? Você disse que seus compromissos estão te mantendo bastante ocupado.
- Poucas pessoas sabem, mas eu e já perdemos um bebê em julho do ano passado, e foi tão rápido que nem descobrimos da gravidez, estávamos comemorando nosso noivado e de repente foi uma correria para o hospital e do nada descobrimos que havia acontecido um aborto espontâneo. – Respirei fundo, tentando impedir as lembranças de voltarem. – Então, estamos lidando com isso com a maior cautela possível para não acontecer de novo.
- Vai dar tudo certo, . Vocês dois são lindos juntos, nós conhecemos a dificuldade dos dois, conhecemos a história de vocês, então, tenho certeza que dará tudo certo. – Assenti com a cabeça.
- E vocês já sabem o sexo do bebê?
- A gente decidiu não saber, vai ser surpresa. – Elas riram e a plateia fez um “ah” coletivo.
- Deve estar sendo difícil para vocês. – Soltei uma risada.
- Você não têm ideia. Foi ideia da e eu acabei entrando na brincadeira. – Bati a mão na testa. – Foi uma péssima ideia.
- Está perto, vocês aguentam. – Afirmei com a cabeça.
- Esse foi falando um pouco sobre sua vida, seu filme “O Trem da Meia-Noite” já está em exibição nos cinemas e em video on demand, já voltamos!

- Para de rir, , não tem graça. – Ela fechou a porta na minha cara e eu me sentei na cama, jogando meu corpo para trás, não contendo a gargalhada.
- Claro que tem. – Respondi alto, ouvindo Leslie latir, olhando para a porta do banheiro.
- Eu acabei de fazer xixi na calça. – Ela gritou puta. – Não tem graça.
- A médica disse que isso podia acontecer. – Me levantei da cama, passando a mão na testa.
- Mas é uma sensação horrorosa. – A ouvi falar baixo dentro do banheiro e logo a porta se abriu, com ela de camisola.
- Você estava rindo, foi por uma coisa boa. – Ela se sentou ao meu lado na cama e eu passei meu braço pelas suas costas, fazendo um carinho de leve.
- Mas é péssimo, . – Ela falou rindo e encostou a cabeça em meu ombro.
- Vamos voltar ao assunto anterior, ok?! – Falei, para tentar mudar de assunto e ela virou o corpo, com dificuldade, subindo uma perna.
- Sim, por favor. – Ela apoiou as mãos na minha perna. – Você voltou de Xangai e de Salt Lake, por favor, diga que não tem nada pendente.
- Eu só tenho uma aparição no Falcon At Night daqui dois meses, mas até lá, ficarei aqui contigo. – Ela abriu um largo sorriso, aproximando o rosto do meu, colando os lábios nos meus levemente. - É uma pena que você não gosta do meu cheiro. – Ela soltou uma risada, se afastando de mim. – Podíamos fazer muitas coisas.
- A culpa é do bebê, amor. – Ela falou sorrindo e eu afirmei com a cabeça, acariciando seu rosto levemente.
- Eu te amo. – Falei e ela abriu um sorriso, deixando suas bochechas avermelharem.
- Eu amo você também. – Ela falou e eu ri fraco. – Eu estou com fome.
- Que novidade! – Falei e ela sorriu. - Vou na padaria pegar alguma coisa para jantar. – Falei, me levantando da cama e pegando minha carteira que estava jogada na mesma.
- Ok, te esperamos aqui, nós três. – Ela falou e eu sorri. – Traz canoli.
Observei mais uma vez enquanto ela se ajeitava na cama, pegava um livro ao seu lado e Leslie encostava a cabeça em suas pernas. Saí de casa acenando para o novo segurança, Matt, e segui andando a pé até uma das melhores padarias que tinha em Beverly Hills, e uma das mais caras também, mas as coisas que tinham ali realmente valiam a pena, era de uma família de descendentes italianos e eles faziam qualquer tipo de gordice. Nota mental: não se esquecer do canoli.
- . – Ouvi uma voz me chamando e virei o rosto, me assustei, dando de cara com minha ex-namorada, Martha e seus dois cachorros.
- Ei! – Falei, realmente surpreso.
- Faz tempo que não o vejo. – Assenti com a cabeça.
- Pois é, faz tempo mesmo, como está? - A vi se enrolar com as coleiras. – Quer ajuda?
- Por favor. – Ela me entregou a do seu poodle. – Eu estou bem, e você? Deve estar maravilhado. – Soltei uma risada fraca.
- Ficou sabendo? – Perguntei, dando a volta na coleira, trocando de mãos.
- Claro, é só o que falam. – Dei uma risada nervosa. – Está chegando perto.
- Sim, faltam pouco mais de dois meses. – Ela afirmou, com um sorriso no rosto.
- Eu estou feliz por você, . – Franzi a testa. – Sério. A gente não era para ser, notei isso perfeitamente, afinal, em menos de dois anos, vocês estão com a sua vida feita, um bebê a caminho, é incrível. Eu estou realmente feliz por vocês, boa sorte nessa nova fase, você vai ser um ótimo pai.
- Obrigada, Martha, significa muito para mim. – Falei, realmente feliz pelo o que ela falou. – E você? Algum romance novo?
- Eu preciso de um tempo sozinha, redescobrir os motivos, encontrar minha alma interior, vou deixar acontecer, como foi com você. – Afirmei com a cabeça.
- Não parece, mas dá certo. – Afirmei com a cabeça. – É aqui que eu fico. – Falei apontando para a porta da padaria e estendendo a coleira para ela. – Boa sorte.
- Para você também, , que sejam bastante felizes. – Ela acenou com a mão. – Adeus.
- Adeus. – Acenei para ela e respirei fundo por um momento, tive a leve impressão que eu havia dado um adeus para sempre... Como se uma etapa tivesse finalizado.
Fiquei pensativo por um momento, mas havia sido bom. E havia terminado sem grandes decepções... Havia sido bom.

Soltei o ar pela boca, vendo os respingos de água baterem no box de vidro e virei as torneiras, fazendo a água parar de cair do chuveiro. Puxei a toalha bege que estava pendurada ao lado e enrolei-a em minha cintura, só para que eu saísse do box. Enxuguei os pés no tapete e me caminhei em frente ao espelho, encarando-o embaçado. Passei a mão no mesmo e vi meu reflexo molhado pelo mesmo. Me enxuguei rapidamente, procurando pela minha cueca e calça de moletom, entrando no quarto.
Abri um sorriso ao passar pela porta do quarto e sentir o cheiro de biscoitos amanteigados no ar e também o som de uma música de Natal ao fundo. Faltava três semanas para o feriado natalino ainda, mas aquele cheiro e aquela música, só significava uma coisa: tinha conseguido emendar suas férias com a licença maternidade e estava em casa. Vesti meu moletom cinza por cima da cabeça e atravessei a sala que me separava da cozinha, onde, no meio dela, tinha uma árvore de Natal de dois metros e meio e, aos pés dela, com sua grande barriga de quase nove meses e várias sacolas com enfeites novos de Natal ao seu lado.
Não me contive em observá-la por um momento. Ela parecia realmente entretida em fazer laços com a grossa fita dourada e colocar os ganchinhos para prender na árvore. Ela usava a tão conhecida calça de moletom azul escura, no corpo um velho moletom. Nos pés, meias brancas que estavam levemente sujas, pelo arrastar no chão. Roupa perfeita para o tempo frio que fazia em Los Angeles, frio a ponto de todas as janelas e portas da casa estarem fechadas e a lareira chamar minha atenção.
Roubei um biscoito que estava no prato em cima da pia e joguei na boca, sentindo-o esfarelar imediatamente, delicioso. Parei atrás dela e dei um beijo em sua cabeça, vendo-a virar o rosto para mim e dar o meu sorriso favorito.
- Ei! - Ela falou com seus olhos castanhos brilhando para mim.
- Chocolate quente? - Passei minhas mãos em seu cabelo escuros, trazendo para trás.
- Isso não é uma pergunta que se faça para uma grávida. - Soltei uma risada e me caminhei para trás do balcão da cozinha, pegando uma panela de vidro e a apoiando no fogão.
Enquanto eu mexia o líquido marrom borbulhando na panela, havia se levantado e colocava laços dourados e vermelhos, grandes e pequenos, ao redor da árvore inteira. Eu havia servido uma xícara do líquido quente para mim e para ela e me caminhei até ao seu lado.
Me abaixei aos pés da árvore e abri uma caixa, encontrando algumas bolas vermelhas e me sentei com ela em meio às minhas pernas e comecei a colocar os ganchos nela, a cada um, eu esticava a bola para que encaixava em algum espaço vazio da árvore. De vez em quando ela parava ao meu lado, apoiando uma mão em meu ombro para respirar um pouco. Sua barriga estava linda, estava redonda e grande. E ela, estava em uma felicidade que me dava orgulho.
- Vai sentar um pouco! - Falei enquanto ela pegava as luzes de LED brancas e começava a desenrolar as mesmas. - Eu termino!
Ela confirmou com a cabeça e me deu um rápido beijo na bochecha e foi se acomodar no largo sofá que ficava de costas para onde a árvore estava sendo montada. Ela se acomodou rapidamente e colocou algumas almofadas na cabeça, suspirando alto.
- Sua mãe ligou hoje! - Ela falou baixo, como se tentasse se lembrar de algo.
- Ligou? - Falei enrolando as luzes em meu braço. - Eu ligo para ela depois.
- Na verdade, ela queria saber onde a gente vai passar o Natal. - Suspirei e encarei seu rosto.
- Ah! Precisamos decidir isso! – virou o rosto para meu com um sorriso de lado nos lábios.
- A gente passou o ano passado aqui, fala para ela que vamos lá, eu aviso minha mãe. - Ela falou com um tom de voz baixo e fofo. – Apesar de que tem o chá de bebê, né?! Que vai ser poucos dias depois do natal.
- Então! Tem isso. Porque a gente não traz o Natal para cá, que sua família vai vir pro chá de bebê mesmo e o ano novo a gente passa em Boston? Isso se o bebê não aparecer antes - Perguntei e a vi fechar os olhos rindo.
- Eu quero ver um Natal com neve, . - Ela falou com aquele sorriso de criança e eu ri.
- Então, vamos para Boston! - Ela estendeu a mão para mim e eu a segurei firmemente, depositando um beijo na mesma.
- Vem cá, vem cá! - Ela falou rápido me puxando. - Tá chutando! - Ela soltou minha mão e apoiou as duas em sua barriga.
Soltei as luzinhas no chão e corri me ajoelhar eu seu lado, colocando minhas duas mãos em cima de sua barriga, nos espaços que ela não ocupava com as dela. Encarei e ela tinha um sorriso largo nos lábios e seus olhos brilhavam, deixando escapar algumas lágrimas pelo mesmo.
Encostei meus lábios nos dela e ela rapidamente levou a mão até meus cabelos ralos, me puxando para mais perto de si. Tirei uma mão de sua barriga e apoiei no sofá, deixando o peso todo em minha mão e não em seu corpo. Ela suspirou por um segundo e apoiou a cabeça novamente nas almofadas. Dando aquele sorriso sapeca para mim, o sorriso que eu já sabia de cor. Não rolaria nada. E ela não queria ficar tentada... Muito menos eu, já fazia uns quatro meses que não rolava nada.
Me levantei novamente e voltei para as luzes de Natal, desenrolando as mesmas da parte de cima até embaixo da árvore. Escondi os fios no meio dos galhos e liguei a ponta na tomada, vendo a árvore se iluminar inteira. Soltei um riso involuntário, contente com o resultado e virei para , que agora dormia calmamente no sofá. As duas mãos apoiadas em sua barriga e um sorriso terno no rosto. Soltei um suspiro e a puxei com ambas minhas mãos embaixo e de seu corpo e com o erguer do seu corpo, ela apoiou ambas as mãos em meus ombros, encostando o rosto adormecido em meu peito. A depositei na cama e puxei as cobertas até que ela estivesse no pescoço de e sentei ao seu lado.
Ela se mexeu um pouco sobre a superfície macia e colocou o braço embaixo do travesseiro como sempre fazia. Virou o corpo para o lado que seria o meu e soltou um suspiro alto, mantendo os olhos fechados. Suspirei.

- Uhum, sim, duas! – falava no telefone com a companhia aérea, enquanto mordiscava uma barra de chocolate e andava pela varanda, isso porque eu estava fazendo churrasco. Estávamos nos preparando para ir a Boston. - Isso! Uhum, claro sim! Anota aí! - Ela pegou a carteira na espreguiçadeira e pegou seu documento, esticando a mão para mim. Entreguei minha carteira a ela que pegou meu documento. - Sim, por favor... Para gestante! - Ela parou de andar ao meu lado e apoiou a embalagem do chocolate. – Quase nove. - Ela se sentou na espreguiçadeira. - Não?! - Seu tom de voz mudou. - Sim, eu entendo! Obrigada. - Ela suspirou. - Você também. - E desligou.
- O que foi? - Perguntei apoiando a mão em seu ombro, ela encostou a cabeça na mesma e fechou os olhos, desapontada.
- Eu não posso mais voar. Eles não aconselham. - Ela passou as mãos no rosto e abaixou a cabeça.
- A gente pode ir de carro, ! - Fechei a churrasqueira e sentei na beirada da espreguiçadeira, próximo a seus pés.
- Eu não vou ficar em um carro por dois dias, . Ainda mais faltando cinco dias para o Natal. - Sua voz era abafada e embargada. - Se de avião é arriscado, imagina dois dias dentro de um carro. - Ela levantou o rosto e ele estava avermelhado. - Sem contar as paradas que a gente vai ter que fazer.
- Trem? Ônibus? – Encarei-a, falava com a voz calma, ela estava prestes a explodir.
- Esquece, ! - Ela jogou os pés para fora e se ergueu com pressa, segurei firme seu braço. Ela respirou alto e puxou o braço. - Eu que não posso ir, você pode.
- , para de falar besteira, eu não vou te largar sozinha. Principalmente porque você está prestes a ter o bebê e que Natal é seu feriado favorito. - Suspirei e levantei, ficando na frente dela. - Eu ligo para minha mãe, pergunto se podemos fazer aqui.
- Ela já se planejou toda, , seria sacanagem, né?! - Ela suspirou e eu ergui seu rosto com a mão, focando seu olhar no meu. - E tem sua família também. - Seu tom de voz abaixou.
- Então ficaremos aqui. Eu e você! Um Natal diferente! - Ela fechou os olhos, como se pensasse na ideia. - A gente cozinha, come, se diverte, o que acha? Quase outra lua de mel! - Ela riu e baixou o rosto para sua barriga. - Sem a parte mais divertida, mas ainda sim. - Ela riu e encostou seu rosto em meu pescoço e deu um rápido beijo que me arrepiou.
- Com direito à comida e à músicas natalinas? - Ela falou baixo.
- Tudo que você quiser! - Passei meus braços em suas costas e ela suspirou mais calma.
- Você vai cozinhar?
- E você vai me ajudar! - Ela soltou uma risada e ergueu o rosto.
- Você quer dizer, eu cozinho e você me ajuda, não?! - Encostei meu nariz no dela e senti sua respiração bater em meus lábios.
- Ah, pode ser assim também! - Ela riu e encostou seus lábios delicados no meu por poucos segundos.
- Você vai cozinhar! - Ela falou dando mais um beijo. - E eu prefiro carne mal passada. - E se afastou de mim.
Soltei uma risada alta, abrindo novamente a churrasqueira e encontrando os dois pedaços de carne um pouco já passados do ponto favorito dela e ri sozinho. Desde que eu havia começado a namorar , eu havia aprendido a fazer o verdadeiro churrasco brasileiro. Tinha uma loja de coisas e comidas brasileiras em Hollywood Hills que vivia fazendo a festa, enchia a casa com coisas brasileiras. E agora com a gravidez, nem a loja foi o suficiente. A mãe de mandava coisas do Brasil em caixas grandes, as vezes três ou quatro por mês.

Ela estava deitava de barriga para cima com uma curta camisola de seda, exatamente no meio da cama, o aquecedor do quarto já havia mandado o frio embora e estava viável ficar ali com roupas curtas, seus lábios se mexiam devagar, com alguma possível música que estivesse passando pela sua cabeça. Terminei de passar o pano felpudo em meu corpo e enrolei a mesma em minha cintura, chacoalhando os cabelos, tirando a água que ficou por entre os fios.
- Já falou com a sua mãe? - Ela perguntou, virando o rosto para mim.
- Ainda não, não quero que ela tenha a chance de mudar os planos dela. Vou ligar amanhã, dizendo que não poderemos ir.
- Tenho que avisar a minha também! - Ela falou e se aproximou de mim, encostando a cabeça em meu braço. - Temos que fazer compras. - Ela falou simplesmente e eu ri.
- Supermercado?! - Fiz uma careta e ela riu.
- Eu sei que você odeia, mas precisamos preparar nossa ceia. - Ela fez uma careta. - Ou projeto de ceia.
- O que você quer comer? A grávida aqui é você. - Ela soltou uma risada fraca e encostou a cabeça em meu peito, suspirando.
- Podemos fazer um arroz, uma farofa, uma carne e uma massa, acho. Não quero comer ceia por uma semana. - Soltei uma gargalhada lembrando que ano passado era ceia com ensaio do casamento e casamento e, como nossas famílias sempre foram exageradas, sobrou comida para caramba, saímos distribuindo para todo mundo, e, mesmo assim, a gente não aguentava mais comer bolo e doces e todos os salgados que tivemos nessas três festas.
- E de doce? - Perguntei e ela ergueu o rosto, arqueando as sobrancelhas.
- Viciado! - Ela falou e deu um beijo estalado em minha testa.
- Faz parte! - Ela riu. - O que vai ser?
- Pensei na sobremesa da uva que dá pouco e no sorvete que você tanto gosta.
- Aí vi vantagem, hein?! - Apoiei meu queixo em sua cabeça e ela soltou um suspiro, me apertando forte meu corpo.
- Saímos às compras amanhã cedo? Aí já começamos a fazer o que dá para deixar pronto.
- Ok, mas não muito cedo, pode ser? - Ela riu e senti sua cabeça mexendo para cima e para baixo em confirmação.
- Combinado então. Temos que pegar a Leslie também.

Era a manhã da véspera de Natal, passava das nove horas da manhã... E o espaço ao meu lado estava vazio. Franzi a testa e joguei a coberta para o lado, enfiando os pés dentro do chinelo que estava no chão. Enquanto eu coçava os olhos, caminhei até o banheiro, jogando a roupa de baixo no cesto. Senti a água quente cair sobre meu corpo e embaçar os vidros do box, me ensaboei rapidamente e logo depois saí pingando, pisando no tapete que estava no chão claro.
Esfreguei a toalha no cabelo e encarei meu rosto no espelho meio embaçado. Esfreguei o braço em meu reflexo, tornando-o um pouco mais nítido. Enrolei a toalha na cintura e passei as mãos nos fios castanhos e os baguncei, vendo gotas de água bater no espelho. Abri uma das gavetas da cômoda e tirei meu aparador do mesmo. Coloquei a peça correta nele e o liguei na parede, ouvindo o ruído chato do mesmo. Debrucei na pia e comecei a passar levemente o aparelho sobre meu queixo e bochechas, vendo finos pelos caírem dentro da pia. Ergui a cabeça e passei o aparelho sobre meu pescoço, deixando somente uma pequena camada de pelos. Fechei a boca e passei o aparador entre a mesma e meu nariz.
Desliguei o aparador e o apoiei na pia. Passei a mão agora sobre a barba rala em meu rosto e a cocei, deixando os pelos caírem. Encarei meu reflexo no espelho e assim que fiquei satisfeito com o resultado, troquei o bico e comecei a passar agora em meu cabelo, tirando a grande quantidade em minha cabeça, incluindo o grande topete, inclinei minha cabeça para frente, passando a máquina na parte de trás da cabeça e esfregando com a mão, tendo certeza que o cabelo não estava mais lá. Guardei o aparelho na gaveta e esfreguei o cabelo, encarando os fios escuros jogados no chão.
Ajeitei a toalha em minha cintura e procurei pelo aspirador portátil no armário e o liguei, passando pela pia e pelo chão do banheiro, onde eu conseguia ver os fios finos. Guardei joguei o aspirador novamente no armário e caminhei até o closet, procurando por uma roupa. Acabei optando por uma calça jeans escura, um cinto marrom escuro, uma camisa grossa de manga comprida preta e minhas já surradas botinas castanho.
Pendurei a toalha no banheiro novamente e passei pela porta do quarto, sentindo o ar um pouco mais frio do lado de fora do quarto. Ouvi meus pés baterem no piso de madeira e uma música de Natal ambiente tocando ao fundo. Ajeitei as mangas da blusa e apareci na sala, vendo Leslie com um laço vermelho na cabeça correndo em minha direção e apoiando as duas patas em minha perna.
- E aí, garota? - Falei com Leslie e passei as mãos em sua cabeça.
- Espero que o banheiro esteja limpo! - Ouvi ao meu lado e Leslie virou o rosto para a mesma, achando que eu não era mais interessante. Soltei uma risada e a vi colocar um prato cheio de panquecas em cima da bancada, onde uma mesa cheia estava posta, com diversas bebidas e comidas na mesma.
- Está sim! - Falei atravessando a bancada pela lateral e adentrando a cozinha. Passei os braços pela sua cintura e distribuí alguns beijos em sua bochecha.
- Vamos comer, estava só te esperando.
- Acordou cedo? - Perguntei e me afastei dela.
- Umas oito. - Ela falou e sentou ao meu lado na bancada. - Estava inspirada, o que é bom, teremos muito o que comer à noite.
- Estou vendo, faz tempo que eu tenho que comer torrada.
- Eu tenho meus momentos, ok?! Mas ultimamente eu estou mais lenta, tá?! - Soltei uma risada e senti um beijo seu em estalar minha bochecha.
- Eu gosto dos seus momentos. - Falei enquanto me servia um pouco de panqueca e jogava uma grande quantidade de doce de leite no mesmo.
- Por isso se casou comigo! - Ela soltou uma risada maléfica e colocou um pouco de ovo mexido em seu prato.
- Você vale a pena, lembra?
- Minhas comidas também! - Ela riu e colocou o garfo na boca.
O café da manhã não demorou muito, mas eu comi muito. Conversamos sobre alguns assuntos triviais enquanto Leslie ficava jogada em seu almofadão em volta da árvore. Olhei para a árvore e vi que já tinha disposto seus presentes embaixo da mesma, e tinham três, me fazendo colocar os pensamentos para funcionar rapidamente, teria que ir atrás de outro presente. Levantei do mesmo, levando meu prato até a pia e começando a lavar os pratos vazios e colocar as outras coisas no local certo.
- Onde você vai querer almoçar? - Ela me olhou enquanto ela mordia a ponta do dedão com os olhos no prato vazio, eu ri.

Enquanto meus dedos estavam entrelaçados com os de , minha mão estava no bolso onde uma caixa de veludo estava no mesmo. Eu sou a falta de criatividade em pessoa. Senti um puxão em minha mão quando parou de andar, e ficou encarando uma vitrine de lojas de bebê, logo depois que saímos do restaurante. Seus olhos aumentaram e se encheram de lágrimas, e ela tinha um sorriso tímido no rosto. A vitrine era composta por todos os tipos de coisas verde e marrom, com tema de selva, com vários bichos pequenos pendurados em móbiles e estampados nos pequenos lençóis e cobertas. Apertei sua mão e seu rosto desviou para o meu um pouco, com os olhos vermelhos.
- Quer saber o sexo? - Perguntei em tom baixo e ela afirmou com a cabeça, soltando uma risada fraca.
- Chegamos até aqui, agora vamos até o fim! - Passei meu braço livre pelo seu corpo e a trouxe mais perto de mim. Ela soltou as mãos e senti suas mãos em minhas costas.
- Eu quero conhecer ele logo! - Ela falou com uma voz fina.
- Tem o chá de bebê no fim de semana, você vai se animar de novo.
- Ah, ! - Ela suspirou.
- Tá perto, você vai ver, vai chegar logo. - Dei um beijo em sua cabeça e ela abriu um sorriso, levantando o rosto de novo.
- Queria pelo menos fazer a decoração.
- Pensa! Vai ser uma situação interessante, eu pintando parede de quarto, você desesperada atrás de coisas, roupinhas, fraldas. - Ela soltou uma risada, mexendo os ombros.
- Não vou fazer isso sozinha! - Ela já avisou enquanto voltava a andar a caminho do carro.
- Eu vou contigo! - Segurei sua mão novamente e andamos devagar até o carro.

- Eu vou tomar banho e já venho preparar as coisas, ok?! - Ela falou assim que entramos em casa, pouco depois das três.
- Ok, vou começar a organizar aqui. - Ela abriu um sorriso confirmando e caminhou calmamente até o quarto, com Leslie a seus pés.
Caminhei até a cozinha e peguei a tábua, junto com algumas cebolas e comecei a cortar em rodelas e em quadrados, separando em duas vasilhas, deixando as em cubos em cima do fogão. Peguei o pedaço de carne e comecei a preparar a mesma, cortei-as em cubos e joguei sal grosso nelas, e misturei tudo, voltando elas em uma travessa. Joguei um pouco de limão e orégano na mesma com algumas ervas e um pouco de pimenta e coloquei um pano por cima, colocando na geladeira e tirei as uvas da mesma.
Abri o freezer para pegar um pedaço de calabresa para a farofa e encontrei a grande travessa do sorvete de pronto, espiei por debaixo do alumínio e soltei uma risada sozinho. Joguei a calabresa picada em uma panela junto da cebola em rodelas e dos ovos e deixei tudo cozer dentro da mesma, ouvindo os estalos da fritura dentro da mesma. Procurei o pacote de farofa dentro do armário e abri o saco, deixando de lado.
Abri a gaveta onde eu escondia o presente da e peguei o mesmo, ajeitando as toalhas novamente do jeito que estavam e tirei a outra caixinha de veludo do bolso e coloquei os dois ao lado dos presentes de , pegando meu celular e tirando uma foto da situação e postando no Twitter. “Christmas at ”, guardei o celular novamente no bolso e ouvi a porta do quarto se abrir.
Voltei para de trás da bancada a tempo de ver desfilando pela sala com um vestido vermelho de meia manga e grossas meias calças pretas nas pernas, junto de um salto não tão alto da mesma cor. Em sua mão ela trazia um suéter roxo e o apoiou no sofá. Ela parou em frente a árvore por um tempo e ficou com a cabeça levemente tombada para o lado, encarando os embrulhos de presente sobre o mesmo.
Ela foi para trás da bancada comigo e pegou a caixa de uvas que eu havia acabado de tirar da geladeira, separou as mesmas dos cachos e jogou dentro de outra vasilha, abrindo a torneira na mesma para lavá-las, quando terminou ela jogou-as em cima de uma toalha e fechou a mesma, caminhando até o fogão ao meu lado, enquanto eu mexia na farofa, ela despejou leite condensado com manteiga dentro da panela e rapidamente fez um brigadeiro, separando para esfriar também.
- Vou arrumar a mesa lá fora. - Ela falou e abriu a gaveta das toalhas, onde antes estava meu presente e eu fechei os olhos, timing perfeito.
Ela abriu a porta que dava para a varanda e vi seus cabelos molhados voarem um pouco com o vento de Los Angeles. Ela sumiu pela porta e logo depois voltou para pegar os pratos e os talheres, e foi assim para pegar alguns castiçais, algumas velas, taças, guardanapos e tudo do jeito que ela gostasse de decorar.
O sol já tinha se posto quando eu tirei a carne da geladeira e joguei dentro de uma frigideira, vendo-a fritar lentamente, havia se servido um pouco de suco de laranja e estava perto da TV, assistindo as notícias do dia no jornal noturno, jornalistas. O celular dela tocando dentro da bolsa foi o que a tirou de seus pensamentos e ela o atendeu, abrindo um largo sorriso com o nome que apareceu no visor.
- Oi, mãe! – Ouvi-a falar em português e abri um sorriso, já deveria ser Natal no Brasil. - Feliz Natal para você, mãe! Ah, não, acabamos ficando em Los Angeles mesmo. - Ela pausava de vez em quando para a resposta de sua mãe. Eu estava melhorando no português, mas algumas coisas eu não entendia. - Por causa da gravidez, eles acharam melhor prevenir. Ah mãe, vou ver vocês em dois dias, não precisa se preocupar, estamos todos bem. Sim, vou colocar algumas fotos para vocês verem. Aproveitem muito, fala para todo mundo que eu mandei um beijão. - Ela falou e esperou um pouco. – Oi, irmãzinha! - Ela falou andando até a varanda novamente, onde sua voz ficou mais baixa e não consegui mais ouvir.
Tirei a carne da frigideira e as coloquei em um refratário vazio, jogando algumas coisas na mesma frigideira para fazer o molho, logo apareceu, com o aparelho desligado em mãos.
- Todo mundo te mandou um beijão! - Ela falou e deu um beijo estalado em minha bochecha me fazendo rir. - Vamos fazer a lasanha?

Eu tinha uma taça com vinho tinto em minha mão, enquanto estava sentada em meu colo mexendo em seu Facebook, mostrando a foto de Natal de sua família e respondendo mensagens que foram enviadas por seus colegas de trabalho e amigos do Brasil e daqui.
- Vamos tirar uma foto. - Ela anunciou e virou seu celular para mim, onde ambos aparecíamos na tela da frente, ela se abaixou um pouco, encostando seu queixo em minha cabeça e eu encostei minha cabeça em seu ombro, e o flash apareceu. - Quero meus presentes. - Ela falou se levantando enquanto mexia rapidamente no celular e o guardava no bolso escondido de seu vestido.
- Ah, minha criança favorita! - Me levantei e segurei sua mão, vendo seu largo sorriso no rosto.
- Nem vem, agora não pode mais me chamar de criança. - Ela entrou na frente dentro da casa que agora estava gelada e passei minhas mãos pelo seu corpo, apoiando ambas em sua barriga, fiz um carinho na mesma.
- Sempre vou te chamar de criança. - Ela deu a língua e eu ri. - Exatamente por isso.
- Eu começo! - Ela falou e se afastou de mim, caminhando até a árvore e se abaixando para pegar o menor embrulho de todos, branco e quadrado. - É o presente mais idiota de todos, ok?!
Peguei o presente de sua mão e rasguei o embrulho igual uma criança e encontrei uma caixa preta com o logo do perfume que eu fazia propaganda.
- Eu vi que seu frasco tá acabando. De todas as propagandas que você já fez, esse ainda é o melhor, e eu ainda quero sentir você com ele.
- Não é idiota, é útil! - Falei e encostei meus lábios no dela por um segundo, fazendo-a sorrir.
- Ok, agora o outro, esse é realmente útil, ok?! - Ela se agachou novamente e pegou o embrulho preto em formato retangular e baixo e me entregou.
Abri o mesmo encontrando uma caixa da mesma cor do embrulho e abri a mesma, encontrando uma carteira de couro preto, esse era realmente útil, minha carteira estava literalmente caindo aos pedaços, ela brigava comigo toda vez que me via abrindo ela em público e toda vez eu esquecia, então ela decidiu me dar, farei muito bom aproveito.
- Vamos parar de monopolizar um pouco, tá? - Falei dando a língua para ela e pegando o embrulho da Bvlgari.
Ela travou só com as letras douradas na caixa de veludo e negou com a cabeça, rindo em seguida, me fazer sorrir. Ela apoiou os dedos nos pingentes coloridos e passou lentamente sobre a corrente clara e depois fez o mesmo com os brincos.
- Eu, você e...
- O bebê! – Ela falou com um sorriso tímido nos lábios. – É lindo, ! – Aproximei a caixa aveludada de mim enquanto estava em sua mão e peguei o colar, tirando-o do apoio e me caminhando até ela ficar de costas para mim. Coloquei o colar em sua frente e ela ergueu os cabelos com uma mão só, deixando que eu fechasse o mesmo. – Obrigada! – Fiquei de frente para ela novamente, antes que ela colocasse os brincos.
- Perfeito! – Falei e ela encostou os lábios nos meus de leve.
- Eu tenho outro. – Falei pegando a pequena caixa de veludo na minha mão.
- Eu também! – Ela segurou o outro.
- Juntos, então?! – Ela riu e afirmou com a cabeça me entregando o embrulho, enquanto eu fazia o mesmo.
Eu não vi a reação dela ao abrir o pingente em formato de chupeta, o anterior não era exatamente essa relação que eu fiz, eu só achei que ela gostaria das cores, mas esse tinha toda a relação. E a minha reação quando abri a caixa que sobrava e encontrei um livro para pais de primeira viagem, um pingente em uma corrente preta exatamente igual o dela, eu senti várias lágrimas caindo do meu rosto.
- A gente trocou! – Ela falou e eu ri, envolvendo meus braços em volta dela e colando meus lábios demoradamente nos dela que logo abriu passagem para nossas línguas se encontrarem.
Ela soltou um suspiro e separou nossas bocas com vários curtos beijos em seguida e eu podia sentir que estava sorrindo de orelha à orelha. Tudo estava bem.

- Eu quero saber como você vai fazer quando o bebê chegar! – Ela falou colocando um pedaço de lasanha na boca.
- Eu tenho que dar uma olhada na minha agenda, mas pelo menos os três primeiros meses eu vou ficar aqui contigo ou fazendo gravações e divulgações aqui em Los Angeles, no máximo uma viagem vai e volta.
- Por favor, eu sei que eu vou ficar desesperada, estou superempolgada e tudo mais, mas tem uma parte de mim que está surtando.
- Você vai ser uma boa mãe! – Falei e ela me olhou, abrindo um sorriso tímido.
- Como você pode ter tanta certeza? – Ela franziu a testa.
- Porque eu me casei com você, porque eu escolhi você para realizar meus sonhos, e para eu poder realizar os seus. Só por isso.
- Eu te amo, você sabe disso, certo?! – Ela mordeu o lábio.
- Desde o dia que eu te conheci! – Ela ficou vermelha.
- Naquela época eu te amava de outra maneira. Ainda amo, mas agora de outro modo também.
- Eu sei! – Mordi meu lábio inferior, ouvindo-a soltar uma risada baixa.
- E você? Férias até quando?
- Como eu tirei a licença um pouco mais cedo, até o bebê completar cinco meses. Depois a gente vai ter que ver como vamos fazer.
- Arrumar alguém?
- Não sei, queria criar meu filho, mas não posso parar.
- Você sabe que pode.
- Não, , não vou parar de trabalhar.
- Porque você insiste, ?
- O que eu vou ficar fazendo o dia inteiro, me diz? Criando barriga?! Só se for.
- Tá, já falamos sobre isso. – Suspirei.
- A gente vai ter que pensar em algo. – Ela cruzou os garfos em sinal que havia acabado. – Logo.
- A gente dá um jeito! – Pisquei para ela que riu.

Minha mãe ligou logo após a ceia, ela sentia muito pela gente não ter ido e perguntou como eu, Felíciae o bebê estávamos e tudo mais. ia e voltava trazendo pratos e travessas, ela já havia se livrado do salto e agora caminhava rapidamente, agilizada entre pegar as coisas na varanda e trazer logo o que estava sujo estava na pia, o que era para guardar na geladeira, e o resto estava em cima da bancada, mas pelo jeito que ela deixou, ela não ajeitaria aquilo agora.
- Minha mãe mandou um beijo para você e para o bebê! – Ela abriu um sorriso e se aproximou com a taça cheia de suco de maracujá.
- Mandou para ela também?
- Sempre! – Ela bebeu um longo gole.
- Vamos fazer uma oração? – Ela falou encarando o contador na TV no canal que estava passando.
- Vamos! – Larguei o celular na bancada e me aproximei dela que deixou o copo de lado.
- Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. – Seguramos nossas mãos.
- Amém! – Falamos juntos.
seguiu com a oração aquele ano, ela agradeceu a tudo que você podia imaginar, agradeceu a Deus, a mim, à nossas famílias, ao ano com surpresas boas, sem muitas surpresas ruins, agradeceu pelo nosso filho, pelo nosso primeiro ano de casamento. Agradeceu pelo seu trabalho, pelas oportunidades da vida, pelas minhas oportunidades da vida, agradeceu pela minha carreira, agradeceu pelo meu amor e agradeceu por eu realizar seus sonhos todo dia.
Ela também pediu por um mundo mais justo, humanitário, por mais segurança e amor, pela nossa vida e a de nosso futuro filho, ela pediu para que tudo continuasse bem, para que ela sempre me amasse, algo que eu complementei. Pediu saúde e paz em nossas famílias, que a família dela e a minha pudessem nos encontrar em breve em segurança. Pediu que nosso amor fosse eterno, pediu um recomeço para quem precisasse, uma nova chance para quem não tivesse, pediu pelos pobres, pelos abandonados e pelos sem coragem. Pediu também para ela, que ela possa estar presente em todos os momentos de tristeza e felicidade que aparecer.
- Por favor! – Ela finalizou e abriu seus olhos.
- Por favor! – Repeti e ela me abraçou forte, mantendo seu corpo colado no meu, até que um estouro pode ser ouvido do lado de fora.
Corremos até a varanda novamente ficando na frente da piscina, próximo ao barranco, onde podíamos ver toda Los Angeles iluminada. Outro estouro denunciou que o dia 25 tinha chegado, era Natal, e os fogos estouravam em nossas cabeças.
passou os dois braços pelo meu corpo e olhava para cima como uma criança feliz. Lágrimas podiam ser vistas em seus olhos e um largo sorriso em seus lábios. Os fogos eram de diversas cores, iam a diversas altitudes e estouravam de jeitos diferentes. Que Ele permita que eu faça essa mulher feliz pelo resto da vida dela.
Leslie apareceu saltitando e latindo para os fogos, enquanto ria abraçada a mim. A risada dela era quieta, mas também era engraçada, pois a cada fogos ela mexia os ombros como se estivesse assustada, e todo seu rosto se franzia. Um forte vento passou pela gente e eu a abracei forte, esfregando a mão em seus ombros, para esquentar.
- Feliz Natal, ! – Ela falou e abriu um sorriso largo.
- Feliz Natal, . – Encostei nossos lábios novamente, ouvindo os fogos, que iluminavam a cidade dos anjos, estourarem sobre nossas cabeças em Hollywood Hills.


Capítulo 22

(Eu te amarei incondicionalmente. Não há medo agora, liberte-se e seja livre. Eu te amarei incondicionalmente, venha como você é para mim. Eu farei tudo isso porque te amo incondicionalmente. - Katy Perry, Uncondicionally)

- É engraçado, não? – Ouvi falar e a olhei, seus olhos estavam em sua barriga, a qual era coberta por uma grossa blusa.
- O quê? – Tirei os olhos das fotos da sessão de fotos que havíamos feito com a barriga do bebê e ela abriu um sorriso.
- Fez um ano, , um ano de casados! – Ela se ajeitou no sofá e se levantou com dificuldade. – Um ano, amor. – Ela tinha um sorriso largo no rosto e eu a segurei pela cintura.
- Passou tão rápido. – Comentei, sentindo seus braços envolverem meu pescoço e sua barriga encostar-se à minha.
- Pois é! – Soltei uma risada fraca, balançando a cabeça, negativamente. – Que venha muito mais.
- Muitos! – Ela riu fraco e eu colei meus lábios no dela, ouvindo-a suspirar levemente.
- E que esse bebê venha logo. – Ela falou. – Não acredito que eu vou fazer uma cesárea. – Ela fez bico e suspirou alto.
- Se o bebê não quer sair sozinho, a gente vai ter que dar uma força. – Falei e ela soltou uma risada fraca. – Na primeira semana de janeiro já dá os nove meses, não dá para esperar mais, meu amor. – Ela afirmou com a cabeça. – Vou estar contigo todo esse tempo.
- Pensei que já estaríamos com o bebê nesse Natal. – Abri um sorriso.
- Não, coitado, esse Natal foi péssimo. – Ela soltou uma gargalhada.
- Foi ótimo, para. – Ela falou, encostando a cabeça em meu pescoço. – Só você e eu.
- Ainda não consigo acreditar que vocês passaram o Natal sozinhos. – Foi a primeira coisa que eu ouvi da minha mãe assim que ela apareceu na sala.
- Oi. – soltou uma risada e voltou a se sentar no sofá, respirando fundo.
- Ah, que grávida mais linda. – Ouvi a voz de Lílian e todo mundo entrou junto, meus familiares, os de , os amigos de Boston meu e dela e o mais engraçado, todos estavam cheio de presentes e caixa gigantescas.
- Esse bebê precisa nascer logo. – Minha sogra apareceu e deu um beijo em minha bochecha. – Pensei que vocês passariam o Natal em Boston, quando descobri que não, fiquei realmente brava com vocês. – Dei um sorriso de lado.
- Mãe, para! – falou e eu ri.
- E eu pensei que não te veria grávida, minha filha. – riu fraco e se levantou para abraçar sua mãe.
- O bebê não quer nascer. – Ambas riram.
- E aí, cara? – Rupert apareceu com Derek e Liana, e eu os cumprimentei.
- E aí, tudo certo?
- Oi, tio . – Liana falou e eu a peguei no colo, estalando um beijo em sua bochecha.
- Oi, linda! – Falei e a coloquei no chão de novo, vendo-a correr em direção à .
- ! – Ela abraçou as pernas de minha esposa e a mais velha se abaixou para pegar a pequena.
- Oi, irmão! – Seth apareceu, com mais caixas de presentes e Trish atrás dele.
- Oi, pessoal! – Ela falou alto e Melina apareceu atrás com Joseph em seus braços.
- Xí. – Ela reclamou e Trish colocou as mãos na boca, entrando com seu marido e meu amigo Joshua.
As pessoas continuaram a entrar e se acomodar pela sala de casa. se ajeitou no sofá que ela estava e sua mãe e irmã sentaram ao seu lado, minha mãe se acomodou na mesa de centro em frente à , e todas perguntavam como ela estava e acariciavam sua barriga. Seth e Joshua já começaram a pegar as cervejas na geladeira e a roubar os petiscos da bancada. Liana olhava curiosa para e ouvia a explicação atenta de Rupert de como aquela barrigona viraria um bebê como Joseph e a filha de Ruth, algumas risadas saíam de mim e de Derek ao meu lado, crianças. Bem, com algumas faltas como Rodrigo e alguns colegas meus de elenco.
- Quando vai nascer? – Derek perguntou me entregando uma cerveja.
- Marcamos a cesárea para o dia 4 de janeiro, não dá para esperar mais. – Cocei a testa e suspirei.
- Tá perto, cara. – Ele falou e eu afirmei.
- Eu quero fazer um anúncio. – Ouvi a voz de e ela se levantou, tendo a ajuda de todos ao seu redor para se levantar. – Eu estou gigante, mas estou bem. – Ela falou e eu ri fraco. – Estamos unidos aqui para comemorar o aniversário de um ano de casamento meu e de e também o falso chá de bebê do nosso bebê, que como vocês sabem, não quer nascer de jeito nenhum. – Ela riu fraco. – Ele quer me deixar inchada por nove meses mesmo. – Algumas pessoas riram. – Mas não importa, vocês todos estarão aqui quando ele ou ela chegar. – Ela abriu um sorriso. – Mas, eu também gostaria de pegar esses minutinhos para revelar quem serão os padrinhos da Violeta ou do James. – Todo mundo silenciou imediatamente. – A decisão foi fácil, eu devo dizer. Já peço desculpas à todas as outras pessoas na sala, mas eu estou grávida só de um, não de gêmeos ou trigêmeos. – Eles riram. – É incrível termos muitas pessoas que nos amam ao nosso redor e a decisão foi difícil, mas optamos por aqueles que tomariam nosso lugar, se fosse necessário, nessa missão tão difícil. – Ela virou o rosto para mim. – Já fiz o discurso, agora você fala. – Soltei uma risada fraca.
- Foi meio óbvio, mas escolhemos a Lílian e o Seth como os padrinhos. – Ouvi um grito e alguma coisa quebrando e, enquanto e Lílian se abraçavam, Seth fazia uma feição de surpresa e as pessoas riram.
- Obrigada! – Lílian falava com a voz embargada e senti meu irmão me abraçar forte e meus olhos se encherem de lágrimas e soltei uma risada fraca abraçando-o.
- Obrigado, irmão. – Ele falou, e eu afirmei com a cabeça.
- Obrigado pelos presentes também, gente, por não saber o sexo, compramos poucas coisas. – falou e eu afirmei com cabeça.
- Apesar de que eu acho que tem alguns presentes aqui que ele ou ela só poderá usar com uns três anos. – Comentei, vendo algumas caixas de triciclo.
- Xí! – Cady falou e eu gargalhei.

- Oh meu Deus! – Virei o rosto para porta, vendo primeiro a barrigona de e depois subi o rosto para ela que tinha a feição cansada.
- O que foi? – Perguntei a ela.
- Ah, você está acordado, é?! – Ela franziu a testa, suspirando e trancou a porta atrás de si, caminhando pelo quarto. – Tá se escondendo que eu sei. – Ela sussurrou a última parte.
- Eu precisava de um tempo. – Falei, me sentando na cama, vendo-a puxar seu suéter para cima.
- Eu também preciso, é muita gente aqui em casa. – Ela continuava sussurrando, franzindo o rosto enquanto falava. – Até o bebê tá agitado.
- Temos diversos descentes de italianos aqui, todo mundo fica louco. – Comentei e ela riu fraco.
- Ainda bem que tem essa festa de ano novo, não aguentaria essa movimentação toda de novo. Cozinhar, lavar louça... – Ela falou e eu a puxei pela mão, fazendo-a parar em minha frente.
- Todo mundo está empolgado pelo bebê, depois eles vão embora. – gargalhou alto.
- Aí que eles não vão embora mesmo. – Ela cochichou e eu ri, colocando minhas mãos em sua barriga, sentindo o bebê se mexer no pouco espaço que ele tinha.
- Você deve estar mal humorada hoje, é nossa família, vamos precisar de ajuda. – Ela franziu a testa e acariciou meus cabelos, ajeitando-os.
- Desculpa, o final dessa gestação está me matando. – Ela suspirou e fechou os olhos.
- Você está linda. – Ela abriu um sorriso e deu um beijo em minha testa. – Brilhando.
- Você também, sabia? Esse sorriso no seu rosto não é normal. – Ela falou e eu ri fraco. – Você também está brilhando, senhor . – Afirmei com a cabeça, rindo fraco.
- Você tem ideia de que em poucos dias teremos nosso bebê com a gente? – Me levantei, passando as mãos em sua cintura, trazendo-a para perto.
- Ainda é um pouco surreal, na verdade. – Ela suspirou. – Eu vejo as fotos, eu sinto, passamos longos nove meses, mas ainda parece mentira. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça, estalando um beijo em sua bochecha.
- Está quase. – Respondi e ela afirmou com a cabeça.
- Eu vou tomar banho e me arrumar, depois você vai, pode ser? – Afirmei com a cabeça.
Fiquei olhando para o teto enquanto eu ouvia o barulho do chuveiro e também as conversas do lado de fora do quarto, família e família , unidas lá na sala e no quarto de visitas, Rupert, Derek e Liana ficaram na casa de Melina o que aliviou uma parte do pessoal em casa, mas ainda assim, era bastante gente, a mãe e irmã de , e minha mãe, meus três irmãos e Trish, eram nove pessoas na mesma casa. Sem contar a Leslie, que ocupava muito espaço.
saiu do banheiro enrolada em uma toalha e seguiu direto para o closet. Tirei minha calça de moletom, joguei em cima da cama e entrei no banheiro também, que estava esfumaçado. O tempo em Los Angeles era frio no fim do ano, mas aquele dia estava bem frio e ventava bastante lá fora. Deixei a água quente cair pelo meu corpo e suspirei imediatamente, fechando os olhos. Lavei meu cabelo e meu corpo rapidamente, pois quanto mais eu ficasse lá, menos eu queria sair.
Sequei meu rosto com a toalha e saí do box, enrolando a toalha na cintura, sentindo as gotas pingarem pelo meu corpo, barba e cabelos, que já haviam crescido de novo. Me olhei no espelho, passando as mãos no cabelo e puxei a toalha de rosto do local e esfreguei no cabelo, fazendo as gotas de água respingarem pelos lados. Coloquei a toalha de volta no lugar e fui para o quarto, seguindo para o closet, encontrando minha esposa lutando contra o botão da calça jeans e ri com a situação, fazia meses que eu via aquela situação todos os dias.
Peguei uma cueca, um par de meias, uma calça jeans escura, uma camiseta branca e meu moletom fechado azul e voltei para o quarto, soltando a toalha na cama e começando a colocar a roupa. Assim que abotoei minha calça jeans e puxei o zíper, eu peguei a toalha e passei em meus cabelos de novo e a pendurei no banheiro. Passei um pente nos cabelos, caso eles secassem antes de eu sair de casa, eu passaria um pouco de gel.
Voltei para o quarto e coloquei as meias, calçando meus tênis claros e voltei para o closet, encontrando minha mulher sentada no banco que tinha lá dentro, lutando para colocar uma bota de salto alto nos pés. Ela fazia caretas e mais caretas, até que conseguiu, o que eu me surpreendi pelo seu esforço.
Ela se levantou, tropeçando um pouco nos pés, o que eu fiquei na defensiva perto dela e se olhou no espelho. Ela usava uma calça jeans, uma camiseta soltinha preta e branca e tinha um sobretudo azul por cima de tudo, o qual ela apertava contra seu corpo, mas sem chances de fechar. Ela passou as mãos nos cabelos compridos e virou para mim, fechando os olhos um pouco.
- Está girando um pouco. – Ela comentou, puxando o ar fortemente e eu coloquei as mãos em seus ombros.
- Está tudo certo? – Ela abriu os olhos, olhando para mim e imediatamente fechou os olhos de novo.
- Acho que foi só uma zonzeira. – Ela comentou.
- Vem, senta um pouco. – Segurei-a pelos ombros e a acompanhei até o quarto, fazendo com que ela se sentasse na cama.
- Ah! – Ela reclamou, colocando as mãos imediatamente na barriga e fazendo uma cara de dor. – Oh meu Deus. – Ela forçou a mão na barriga, forçando os olhos que demonstravam dor.
- , você está bem? – Ela abriu os olhos rapidamente.
- ... Eu fiz xixi. – Ela falou, apertando meu braço. – Oh! – Ela fechou os olhos de novo, apertando a mão na barriga. Ela olhou entre as pernas, que estava com uma mancha no jeans e me olhou com os olhos arregalados para mim. – Eu acho que minha bolsa estourou.
- Isso quer dizer que...
- Acho que eu estou entrando em trabalho de parto... Ah! – Ela gritou de novo e fechou os olhos.
- Oh meu Deus! – Eu gritei sem querer e dois segundos depois um barulho veio da porta, seguido de alguns toques forte.
- , tá tudo certo? – Ouvi a voz da minha mãe e corri para abrir a mesma, vendo diversas pessoas entrarem.
- Acho que o bebê vai nascer. – falou e apertou a barriga de novo.
- Oh meu Deus! – Ouvi um coro de pessoas e logo a zona estava formada dentro do quarto.
- Cady, liga para doutora Eliza, estamos levando-a para o hospital. – Joguei meu celular na direção da minha irmã e voltei para minha esposa.
- Filha, qual seu nível de dor? De um a 10. – A mãe de se aproximou dela e ela fez uma careta.
- Três? Talvez quatro? – Ela apertou a mão na barriga de novo. – Cinco definitivamente cinco.
- Isso só vai piorar. – Ela cochichou para mim. - Para o hospital agora! – Minha sogra virou para mim e eu e Seth ficamos um ao lado do outro e pegamos no colo.

- Pronto! Isso vai te acalmar um pouco. – Doutora Eliza falou jogando a seringa que injetara em no lixo e colocou a mão no pulso dela. – Você está muito bem, vai dar tudo certo. – Ela falou, passando a mão no rosto de . – Vai de parto normal mesmo? – fechou os olhos e afirmou com a cabeça.
- Vamos ver se dá. – Doutora Eliza afirmou com a cabeça.
- Eu preciso de 10 centímetros, então. – Ela piscou para e eu ri fraco. – A noite é uma criança.
- Não acredito que meu bebê decidiu nascer na noite de ano novo, desculpa. – falou para a doutora que estava com um vestido prateado, pronta para comemorar o ano novo.
- Por que desculpa? Vamos ver o milagre da vida acontecendo. – Ela sorriu e afirmou com a cabeça. – Eu vou pedir para as enfermeiras te ajudarem a se trocar e aí é só esperar. Vou conectar um soro em você, um equipamento de pressão e monitoraremos você e esse bebê até ele querer sair daí. – Soltei uma risada fraca e passei a mão na testa da minha esposa que já estava suada.
- Obrigada! – falou e a doutora saiu do quarto.
- Que noite, não? – Comentei com que riu fraco, fazendo algumas caretas de vez em quando.
- Honestamente, prefiro estar aqui do que na festa. – Admiti e riu, puxando com dificuldade as botas para fora dos pés, e quando conseguiu seus pés estavam bem avermelhados e inchados.
- Você negando uma festa? – Ela comentou se levantando da maca e puxando o casaco para fora.
- Acho que eu mudei. – Falei e ela afirmou com a cabeça, com um sorriso nos lábios.
- Com licença. – Uma enfermeira jovem, com certeza mais nova que eu e , entrou no quarto, com a roupa do hospital. – Vamos trocar de roupa?
- Eu vou falar com nossas mães, já volto. – Ela afirmou com a cabeça e saí do quarto, seguindo pelo corredor do hospital, passando a mão na testa. Eu estava surtando.
- E aí, filho? – Ouvi minha mãe falando e olhei para a sala de espera do hospital, todo o pessoal estava lá de novo, todos muito bem vestidos e maquiados, afinal, íamos a uma festa.
- A doutora chegou, deu um calmante para que estava um pouco histérica e agora ela está se trocando, ela quer o parto normal.
- É o melhor. – Minha sogra falou e eu a abracei de lado. – Ela tem o bebê, assim que passar a anestesia ela já pode andar, se não der nenhuma complicação, vocês já podem ir embora para casa, com o bebê.
- Sério? – Perguntei e ela afirmou com a cabeça.
- Sério, com as minhas duas foi assim. – Ela me deu um beijo. – Vai dar tudo certo.
- Aqui, . – Lílian se aproximou de mim com dois embrulhos, um rosa e outro azul. – Eu e Seth somos um pouco nojentos, então, decidimos não entrar, afinal, é um momento de vocês dois, então, enfim... Um é para o James e outro é para a Violeta. – Ela me entregou os dois. – Traga ele ou ela, vestidos com isso. – Afirmei com a cabeça e ela me abraçou. – Vai cuidar da minha irmã e do meu sobrinho ou sobrinha.
- Eu vou! – Falei com um sorriso no rosto.

- Muito bem, . – Doutora Eliza abaixou as pernas de . – Já está em sete centímetros. Está perto! – Ela fez um carinho em . – Qual o nível de dor?
- Oito? – falou, com o rosto vermelho, e fazendo careta em intervalos mais curtos dessa vez.
- Nós vamos te preparar para começar! – Minha esposa assentiu com a cabeça e respirou fundo. – Força, você está aguentando muito bem! – fez uma careta, e seu monitor de pressão apitou, mas não era pela contração. – Esse bebê vai nascer esse ano ainda, querida. – Ela sorriu. - , vou pedir para você colocou a roupa azul, se for ficar na sala.
- Claro que vou. – Falei imediatamente.
- Então se arrume, porque daqui a pouco ela vai começar a fazer força. – Ela bateu rapidinho na porta. – E, outra , se você estiver com dor, grita, esperneia, estamos acostumados. – Ela riu fraco em meio a uma careta e eu ri.
- Você está bem, amor? – Perguntei para ela.
- Estou. – Ela sorriu, passando a mão que tinha o soro em sua testa e suspirou. – A sensação é diferente. Não sei explicar, parece que eu ganhei um chute na boca do estômago, mas ao mesmo tempo dá para aguentar. – Ela suspirou. – Sei lá.
- Você está meio pálida.
- Eu estou cansada. – Ela suspirou, encostando a cabeça no travesseiro. – Ah! – Ela fez uma careta forte, apertando a mão nas laterais da cama. – Essa foi forte. – Ela fechou os olhos. – Oh meu Deus, só porque você falou. – Ela se ajeitou na cama, passando a mão na barriga. – Jesus! – Ela falou, fechando os olhos.
- Eu vou chamar a doutora de novo. –Falei, puxando o saco lacrado com a roupa do hospital e saí correndo da sala e batendo a mão no balcão em frente ao quarto de . – Janice! – Gritei para a enfermeira que ajudara .
- É agora? – Ela perguntou.
- Acho que sim. – Falei meio desesperado e puxei o saco, rasgando-o e pegando o avental azul.
- Vou enviar um chamado. – Ela falou, pegando o telefone e anunciando para o hospital e, em seguida, veio me ajudar a fechar o avental em minhas costas.
Eu voltei para o quarto e notei que dava alguns gritos finos, segurando com força as laterais da cama, puxando a respiração diversas vezes. Passei a mão em sua testa, sentindo-a suar. Ela franziu a testa quando o e fechou os olhos diversas vezes.
- Vai nascer? – A doutora apareceu e respondeu com um grito de dor. – Aguenta, , aguenta. Preciso de uma equipe aqui. – Ela gritou pelo corredor e foi para o banheiro que tinha no quarto, tirando seu avental e colocando uma roupa do hospital, com blusa e calça azul e ouvi o barulho da pia, apertou minha mão nesse momento e ela deu um sorriso desajeitado para mim.
Além da Janice, a enfermeira que já nos antedera antes, mais duas enfermeiras e o anestesista entraram no quarto, todas com a roupa do hospital e colocando as luvas de plástico, puxando as diversas mesas ao redor e colocando os materiais necessários para o parto. forçou o corpo para frente e apertou a barriga, suspirando.
- Vamos trazer esse bebê ao mundo. – Eliza falou.

- , a tarefa é simples, quando a contração vier, você faz força, ok?! – Ela se colocou sentada em frente de e colocou suas pernas em posição ginecológica, fazendo com que minha esposa escorregasse as costas na cama e afirmasse sem falar nada. – Vamos começar, então. –Ela falou e eu respirei fundo, sentindo minha esposa apertar firmemente minha mão. – Annie, olhe as contrações no monitor e me avise.
- Contração. – Foi como a enfermeira respondeu e, em seguida, deu um grito, apertando minha mão fortemente.
- Ah! – Ela forçava a cabeça para frente e a deixava cair em seguida com força no colchão.
- Contração. – Segurei a mão da minha esposa com as duas mãos e comecei a respirar fortemente, tentando manter o controle.
- Vamos, , mais um pouco. – A doutora falou, mantendo a calma. – Ele precisa vir sozinho. – Ela falava calmo, atenta ao que fazia.
- Contração. – gritou alto dessa vez, fazendo com que seus cabelos caíssem em seu rosto e sua respiração ficasse cada vez mais acelerada.
- Ah! – Minhas mãos estavam vermelhas por causa da dela e suas unhas me marcavam.
- Vai, , ele está vindo. – gritou em meio ao barulho do quarto. – Eu já estou vendo. – Fiquei empolgado um momento para ver, mas não iria a lugar nenhum. – Empurra, , empurra com toda a sua força. – A doutora falou.
fechou os olhos fortemente e antes que a enfermeira gritasse ‘contração’ novamente, ela franziu o rosto, entreabriu os lábios e, em meio ao grito e ao movimento, ela forçou o corpo, apertando minha mão fortemente, a outra na cama e urrou fortemente, fazendo seu rosto ficar vermelho.
- Não para, , não para! – Ela puxava o ar fortemente e logo gritava novamente, apertando minha mãe.
- Contração!
- Tá quase, , tá quase! A cabeça está saindo. – Senti um nervosismo passar pelo meu corpo e suspirei, sentindo minha respiração ficar rápida como a de . – Força, força, força!
A doutora usava essa palavra como seu mantra, a enfermeira falava da contração em uma velocidade rápida, o que me fazia imaginar as dores que estaria sentindo, e minha esposa gritava a cada dor e apertava minha mão fortemente. Seus cabelos já caíam em seu rosto, colava em sua testa e ela soltava o ar pela boca e puxava pelo nariz fortemente.
Até que tudo parou.
Um choro fino ocupou o quarto e automaticamente um sorriso se formou no rosto de minha esposa e senti meus olhos embaçarem pelas lágrimas que logo caíram pelas minhas bochechas. Aproximei meu rosto do de , dando um beijo em sua testa, ouvindo-a soltar o ar fortemente, com o cansaço visível em seu rosto. Ela tinha as mesmas lágrimas em seu rosto e encostou o rosto no meu, com um largo sorriso no rosto.
Olhamos para doutora Eliza que se aproximava com um embrulho ainda ensanguentado nos braços e um largo sorriso no rosto. Ela também tentava se segurar, mas tinha lágrimas deslizando pelos seus olhos.
- É uma menina! – Ela falou sorrindo e eu suspirei. - Uma princesa.
Ela colocou o embrulho no colo de e eu vi o rosto da minha filha. Ela tinha os olhos espremidos ainda, um resmungo saindo pelos pequenos lábios, os cabelos castanhos escuros molhados e as mãozinhas finas, se mexendo firmemente.
- Afinal, feliz ano novo. – A doutora suspirou e fechou os olhos.
- É um feliz ano novo. – Falei, acariciando o cabelo da minha filha.
- Eu vou dar um tempo para vocês. – Ela falou, puxando o ar novamente. – Olhem aqui! – Ela falou e eu olhei em direção a câmera do celular e logo ela se afastou, suspirando.
- Ela é linda! – falou, soltando um suspiro de vez em quando, e mantendo um largo sorriso nos lábios.

- Oh, meu bem, eu sei que está frio, mas precisamos pesar você e fazer todos os testes. – Ouvia Janice cochichando com e eu ria fraco, era engraçado.
Eu estava ao lado de na cama, abraçando-a enquanto ela comia alguma coisa, passava da meia-noite, só faltava fazer os testes para eu ir apresentá-la à nossa família, mas eles já haviam sido notificados que o bebê já nascera, mas Eliza deixou para nós contarmos o sexo.
- Ela tem 51 centímetros e três quilos e 300 gramas. – Ouvi um resmungo vindo do meu bebê. – Pronto! Vamos aquecer agora.
- É normal? – perguntou.
- Completamente normal. – Ela sorriu, pegando mais um pouco da sua gelatina e colocando na boca. – Ela é perfeita.
- Graças a Deus. – Falei e ela sorriu.
- Vamos deixar essa princesa mais linda. – Janice falou, pegando o macacão rosa que Lílian e Seth deram e notei que ele era um rosa bem claro, fechado nas mãos e nos pés, e tinha uma toquinha que imitava as orelhas de um coelho. – Ah, olha como ela está linda! – Janice se virou para gente. – Você pode levá-la, , mas não demore, precisamos fazer a primeira amamentação. – afirmou com a cabeça.
- Ok, já volto, tá?! – sorriu para mim, dando um beijo em minha testa e eu me aproximei de Janice, segurando meu bebê em meus braços, vendo sua boquinha abrir diversas vezes e seus olhos também. – Ela tem olhos azuis. – Falei surpreso.
- Ela tinha que puxar você, não é?! – fez um bico e riu logo em seguida. – Tudo bem, ouvi falar que pode alterar. – Ela piscou para mim e eu ri.
Eu tinha certa prática com crianças já, afinal, minha irmã já tinha três filhos e eu acompanhei o nascimento de cada um deles, além de alguns fãs que colocavam seus filhos em meus braços, mas aquilo era diferente, era minha filha, e eu tinha medo de errar. Segurei o pequeno embrulho em meus braços e a vi abrir a boca diversas vezes, mas o que ela queria fazer mesmo era dormir. Os olhos estavam quase fechados, como se lutasse contra o sono.
Ajeitei a coberta ao redor do seu corpo, mantendo seu corpo quente, eu já estava com calor, mas o tempo estava frio. Abri um sorriso para e saí do quarto, acompanhado pela enfermeira, provavelmente ela sabia da experiência ou falta de experiência de novos pais. Andei pelo corredor, com os braços em volta da minha filha e as lágrimas deslizando pelos meus olhos lentamente, aquele bebê era meu, minha filha.
Assim que as portas se abriram para a sala de espera, todas as pessoas que estavam em volta se levantaram rapidamente, algumas com as mãos no rosto, outras só incrivelmente surpresas, outras eu não identifiquei já que meus olhos estavam embaçados.
- Eu quero que vocês conheçam minha filha, Violeta. – Falei, pressionando meus lábios uns nos outros, puxando a respiração fortemente.
- Oh, meu querido. – A mãe de se aproximou, acariciando a cabeça da sua neta. – Ela é linda! – Ela sorriu e eu afirmei com a cabeça.
- Aqui, vovó. – Falei, colocando minha filha no colo de sua avó, que soltava uma risada para mim.
- Oh meu Deus! – Lílian apareceu atrás de sua mãe, olhando para sua afilhada. – Ela é linda demais. – Seus olhos estavam igualmente marejados como o meu. – Parabéns, . – Ela se aproximou de mim e me abraçou forte, fazendo com que eu derramasse mais algumas lágrimas.
- Belo trabalho, irmão. – Minha irmã Cady veio em seguida e me abraçou fortemente, me fazendo passar os braços pela cintura. – Quem diria que você seria o segundo da lista, hein?!
- Pois é! – Sharon apareceu logo atrás, apertando meus ombros fortemente e eu ri fraco. – Parabéns!
- Obrigado, por me deixar ser parcialmente responsável pela sua pequena. – Seth falou visivelmente emocionado passando as mãos diversas vezes em seus olhos.
- Eu que agradeço! – Falei, sentindo-o bater as mãos em minhas costas.
- Parabéns, meu filho. – Olhei para minha mãe, que agora tinha Violeta nos braços e abri um sorriso, afirmando com a cabeça. – Bom trabalho. – Ela falou, dando um beijo na testa da neta.
- Como está ? – Derek perguntou, me abraçando.
- Ela está bem, muito bem, só cansada. Ela estava comendo quando saí de lá. – Falei, abraçando Rupert em seguida.
- Parabéns, cara. Ela é linda. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça, puxando o ar com dificuldade pelo nariz.
- Que coisinha mais fofa que você fez seu tonto! – Trish falou com minha filha no colo e um largo sorriso no rosto. – Parabéns! – Ela falou, visivelmente emocionada. – Oh meu Deus, eu vou chorar. – Ela falou, respirando fundo e me entregando novamente minha filha. – Cuida bem dela. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça. – É uma pedra preciosa.
- Eu quero ver. – Ouvi a voz fina de Liana e abaixei meu corpo, com Violeta em meu colo e Liana se debruçou em minhas pernas, para ver o pequeno embrulho em minhas mãos. – Oi, bonequinha. – Ela falou toda sorridente, mexendo as mãos na frente do bebê, fazendo com que déssemos risada. – Eu sou Liana. – Olhei para Rupert que tinha certo orgulho no rosto e sorri para ele que retribuiu. – Sou sua nova amiga. – Ela sorriu, puxando seu vestido de manga comprida.
- Ela vai demorar um pouco para poder brincar contigo, filha. – Derek falou, abaixando ao lado da filha.
- Tudo bem, eu espero. – A pequena deu de ombros e depositou um beijo na cabeça da minha filha.
- Pena que os meninos dormiram. – Cady falou, olhando para seus filhos espalhados na sala de espera.
- Vai ter tempo. – Falei, afirmando com a cabeça e ela sorriu.
- Precisamos voltar, ela precisa mamar. – A enfermeira falou com uma voz calma e eu afirmei com a cabeça. – Em breve vocês poderão entrar.

- Está tudo bem com as duas, vocês estão muito bem, assim que amanhecer eu já vou dar alta para vocês. – Eliza sorriu apoiada na maca de . – Eu ainda vou fazer o acompanhamento dela, mas já quero dizer para vocês serem muito felizes, ok?! Esqueça o passado, o agora que importa. – abriu um largo sorriso, suspirando.
- Obrigada, doutora! Você também, Waton. – O casal sorriu e os abraçou.
- Nós queremos vocês bem sempre. – O psicólogo de falou, com um sorriso largo no rosto. – Você tem nossos telefones, qualquer coisa é só ligar, qualquer coisa mesmo. – Afirmamos com a cabeça.
- A gente volta daqui a pouco. – Eliza falou, e, cumprimentando nossas mães, saíram do quarto.
- Me deixa tirar isso de você. – Janice a enfermeira falou, e tirou o aparelho de pressão do braço de e, em seguida, desconectou o soro de sua mão, colocando um curativo no lugar. – Vou dar um tempo para vocês. – Ela sorriu, conferiu o berço de Violeta e saiu do quarto em seguida.
- É uma nova etapa. – A mãe de falou e eu me sentei novamente no sofá, observando minha filha de perto, enquanto Liana observava atentamente o berço. – Você vai se dar bem, nunca vi alguém cuidar de boneca tão quieta. – soltou uma gargalhada, fechando a boca logo em seguida e olhando para Violeta, que ainda dormia calmamente.
- Não é a mesma coisa, mãe. – Ela afirmou.
- Não, mas é bem parecido, na verdade. – Minha mãe entrou na conversa, passando a mão em meu rosto. – Mas dessa vez, a fralda estará cheia de verdade. – Ri fraco.
- Não precisa fazer caretas para ela, Seth, ela está dormindo. – Ouvi a voz de Lílian e soltei uma risada fraca, ignorando os dois.
- Você está rodeado de crianças, já sabe cuidar deles um pouco, vai dar tudo certo. – Cady falou e eu afirmei com a cabeça.
- O povo do Brasil já sabe? – perguntou para sua mãe.
- Já sim, já mandei foto no grupo da família, está todo mundo aloprado. – Lílian se meteu no papo e eu ri fraco.
- A vovó já está sabendo também? – Ela continuou.
- Já sim, mais tarde você liga para ela. – Minha sogra deu um beijo na testa de sua filha e foi se sentar ao lado de Trish.
- Posso postar a foto no Twitter, ? – Perguntei para ela, mexendo nas fotos do meu celular.
- Pode sim, posta uma no meu Instagram depois, por favor? – Ela perguntou e eu acenei com a cabeça.
- Vou postar no seu Instagram e depois compartilho no Twitter, então. – Falei, pegando seu celular na sua bolsa.
- Parabéns, filho. – Virei o rosto e vi meu pai na porta do quarto. Me levantei, deixando o celular no sofá e andei até ele, abraçando-o forte.
- Obrigado, pai! – Falei, sentindo-o bater em minhas costas levemente.
- Cadê ela? – Ele perguntou e eu o acompanhei até o berço onde Violeta agora estava de olhos abertos, segurando um dos dedos de Seth, que ria para ela. – Ah, que linda! – Ele falou, passando o braço em minhas costas. – E você, ? Tudo certo? – Ela afirmou com a cabeça.
- Tá tudo ótimo. - Ela abriu um largo sorriso, seguindo de um bocejo.
- Vejo que está cansada. – Ela riu fraco, virando o corpo na cama.
- Um pouco, não foi tão fácil! – Ela riu fraco, suspirando.
- Vamos deixar você descansar. – Minha mãe falou, fazendo com que o pessoal do quarto se levantasse.
- Você vai querer sair pela frente? – Melina cochichou em meu ouvido.
- Está cheio? – Perguntei, virando para ela que afirmou com a cabeça.
- Vamos sim. – falou, olhando para nós. – Não vamos esconder de ninguém, é muito pior. – Ela falou, e eu afirmei com a cabeça.
- Ela está certa. – Melina falou e eu afirmei com a cabeça.
- Só controle eles, por favor. Não quero nenhum acidente.
- Já passaram um cordão deixando a rua livre. – Afirmei com a cabeça.
- Obrigada, Melina. – Eu e falamos juntos, fazendo-a rir.
- Estarei aqui quando vocês saírem, não se preocupe. – Ela falou, me abraçando rapidamente e deu um beijo na testa de . – Descanse. – Ela ordenou para e minha esposa afirmou com a cabeça.

- Aqui! – Entreguei uma sapatilha para que riu fraco. – Lílian trouxe. – Falei e ela afirmou com a cabeça.
- Ela é incrível, ! – Ela falou, olhando nossa filha no berço com um sorriso imenso no rosto. – Ela é nossa.
- Foi o que eu pensei. – Falei, colocando as bolsas novamente no sofá e me aproximando das duas.
- Eu não acredito que ela está aqui com a gente. – Afirmei com a cabeça, sentando ao seu lado.
- Violeta . – Falei e virou o rosto para mim, com um largo sorriso no rosto. – Nascida no dia 31 de dezembro às 23h57min. – Continuei e ela riu, encostando a cabeça em meu ombro.
- Que horário, não?! – riu fraco.
- Ela é da noite! – Falei e sorriu. – Vai ser baladeira igual o pai. – ergueu o rosto e tocou seus lábios nos meus, em um beijo leve.
- Obrigada! – Ela falou e eu sorri.
- Pelo o quê? – Coloquei seu cabelo atrás da orelha.
- Por realizar meus sonhos. – Abri um largo sorriso, passando as mãos pelo seu corpo, abraçando-a.
- Vamos? – Ouvi a voz de Melina e eu e rimos. – Adoro ver vocês apaixonados. – Ela comentou com um largo sorriso no rosto e eu ri fraco, me levantando.
- Está tudo pronto.
- Obrigada! – falou para a enfermeira e elas se abraçaram levemente.
- Se você precisar de mais algumas aulas de como dar banho no bebê ou trocar fralda é só voltar. – riu e afirmou com a cabeça.
- Obrigada por tudo. – Eu falei e pegou nossa filha nos braços, ajeitando a toquinha em sua cabeça e eu peguei as bolsas.
- Obrigada! – Melina falou e saímos do quarto, acenando para a equipe médica que estava do lado de fora.
observava cada movimento de nossa filha, eu seguia ao seu lado com sua bolsa na mão e a mala do bebê nos ombros, e Melina na frente, abrindo caminho e segurando a porta para nós. Nossa família já tinha ido, sobrara somente nós três e Lílian que se levantou assim que aparecemos na sala de espera e me ajudou com a bolsa de , se colocando um pouco atrás de nós.
O silêncio lá dentro era incrível, até que as portas automáticas se abriram. Tinha bastante gente na porta do hospital, todos sendo barrados por uma cerca que havia sido colocada após nossa chegada. soltou uma risada fraca, ou um sorriso lindo, e eu parei ao seu lado por alguns segundos, vendo-a ajeitar nossa filha. Dei um beijo em sua cabeça e ela sorriu para mim, dando uma piscadela.
Melina desceu os degraus do hospital e abriu a porta do carro, do lado onde a cadeirinha do bebê estava. Desci os degraus, ajudando e ela tirou o bebê da manta que o cobria e o ajeitou na cadeirinha, tendo ajuda de Melina para ajustar a cadeirinha. Assim que nossa princesa estava presa, ela deu a volta no carro junto a mim, dando uma acenada rápida para os paparazzis.
- Desculpa fazê-los trabalhar no ano novo, gente. – Ela comentou e eles riram.
- Sem problemas. – Um deles falou e ela entrou no carro, com Lílian ao seu lado e eu fui com Melina na frente.
- Para casa? – Melina perguntou e soltou um suspiro aliviado.
- Sim, por favor. – Ela sorriu, olhando nossa filha.
***
Assim que entrei em casa, tinha algo diferente na nossa sala de estar. As coisas estavam mais arrumadas, as malas do pessoal hospedado em casa não estavam mais lá, tinha um carrinho de bebê preto com rosa montado, junto com um daqueles cercadinhos, todos no meio da sala, mas não tinha ninguém na sala. Eu e nos entreolhamos, franzindo a testa e ele colocou o bebê conforto com Violeta na bancada e eu tirei as bolsas dos meus ombros e coloquei ao seu lado, dando uma conferida nela, que dormia pacificamente.
Eu tirei o moletom de e o coloquei no sofá, seguindo pelo corredor de casa. Nosso quarto estava normal, vazio, o cinema também, seguimos para o quarto de visitas que tinha a porta fechada, encostou o ouvido na porta e pude ouvir algumas conversas. Encostei a mão na maçaneta e abri a porta, que dava para o quarto de visitas, ou melhor, antigo quarto de visitas.
Seth e Derek estavam jogados no chão, montando um berço branco, Cady e Rupert montando alguns móveis que eu nunca havia visto na minha vida e Marcus, Carlos e minha mãe pintavam uma das paredes com um rosa claro maravilhoso, a outra já estava listrada do mesmo tom com branco, e as outras duas estavam brancas. Sharon tinha em suas mãos a primeira letra de Violeta e a decorava com diversas borboletas e Trish e Lindsay colocavam fotos em diversos porta-retratos pequenos.
- O que está acontecendo? – Perguntei surpresa pela situação. – Onde vocês conseguiram tudo isso? – Soltei uma risada fraca, levando as mãos até a boca.
- Não era para você entrar! – Ouvi um coro e em seguida o mesmo coro deu risada.
- Lílian! – Seth reclamou e eu ri fraco, vendo minha irmã surgir atrás de mim.
- Isso está lindo, gente! – Abri um largo sorriso, entrando no quarto bagunçado. - Onde vocês conseguiram tudo isso? – Perguntei, sentindo me abraçar pela cintura.
- A gente escondeu algumas caixas no quartinho antes de encontrar vocês naquele dia. A gente queria fazer uma surpresa. – Marcus falou e eu abri um sorriso.
- Mas e a cor? – Perguntei, vendo algumas faixas cor de rosa nos armários.
- Parece que teremos que jogar um galão de tinta fora. – Seth comentou e eu ri fraco.
- Obrigada, gente! – Falei, com um largo sorriso no rosto. – Não precisava, mesmo. – Virei para que tinha um largo sorriso no rosto. – Você sabia? – Ele afirmou com a cabeça.
- Seth não sabe esconder segredos. – Ele contou e eu ri fraco.
- Agora cai fora, vai descansar ou cuidar da nossa bebê, qualquer coisa, mas fique longe daqui. – Lindsay falou brava e se levantou, expulsando nós dois do quarto. – Vai, sai! – Ouvi a porta bater atrás de mim. Eu e nos entreolhamos e ele disparou em rir, franzi a testa e olhei para ele, soltando uma risada em seguida.
- Sem graça! – Falei, dando um tapa em seus ombros.
- Vou pegar a Leslie e apresentar o novo membro da família. – falou enquanto voltávamos para a sala e eu puxava um banco, ficando de frente para Violeta que tinha os olhos azuis abertos.
- Ok, só cuidado! – Falei, abaixando os cabelos arrepiados da minha filha. – Eu já te alimento, pode ser? – Falei com ela, fazendo um carinho de leve em sua barriga e abrindo um largo sorriso.
A felicidade era incrível, indescritível, na verdade. Era demais! Eu era mãe, tipo, como assim?! Era uma loucura falar isso, eu era mãe dessa coisa linda e maravilhosa, eu que fiz... Não tinha palavras para explicar essa emoção, era um fato. Eu esperei tanto tempo por ela e ela está aqui. E eu estou pronta para cuidar dela.
- Leslie, devagar! – reclamou, mas em dois segundos, uma buldogue raspava as patas em minhas pernas e eu desviei a atenção da minha filha por um segundo.
- Ei, menina! – Falei, acariciando sua cabeça e suas orelhas, sentindo-a lamber meu rosto diversas vezes, me fazendo rir. – Calma, calma! – Passei a mão em seu pelo mesclado. – Temos uma surpresa para você. – Falei vendo-a se acalmar aos poucos, conforme eu a acariciava. – É mais um membro da família. – Coloquei a mão na barriga, sentindo-a murcha e ela se sentou no chão, obediente, como se entendesse. – Traga ela aqui, .
- Devagar, Leslie! – Ele afastou Leslie com a mão por um momento e colocou o bebê conforto no chão, onde Violeta estava quieta, com os olhos abertos. – Essa é Violeta. – Leslie ficou alvoroçada por alguns segundos e segurou a sua coleira novamente, fazendo-a parar um pouco. – Devagar, ela é frágil! – Ele falou e ela se aproximou devagar do bebê.
Leslie começou a cheirar os pezinhos do bebê, fazendo com que Violeta recuasse os pés, talvez em cócegas. Leslie deu mais um passo para frente e tirou sua mão, deixando com que ela passasse, deixando nós dois atentos. Ela aproximou o focinho bem perto de Violeta e desceu o focinho pelo pescoço, passando pelo corpinho, até chegar aos pés novamente. Violeta soltou um espirro em seguida, me fazendo rir fraco. Leslie olhou em volta, começando a dar uma volta em torno de si mesma e se deitou aos pés de Violeta, observando-a atentamente.
- O que isso quer dizer? – Perguntei a que abriu um sorriso largo.
- Está tudo bem. – Ele se levantou, segurando minha mão. – Ela vai cuidar da nossa filha. – Soltei uma risada fraca e ele me abraçou, passando os braços pelo meu corpo, me fazendo suspirar. - Nossa família está completa.

Ouvi um barulho baixo e, automaticamente abri os olhos, prestando mais atenção ao barulho que vinha da babá eletrônica. Soltei meu corpo de , que já acordava também e olhei para o relógio, passava das 6 da manhã, já estava amanhecendo. Passei a mão no rosto e coloquei meus chinelos de forma desajeitada e saí do quarto, sentindo as mãos de passar em meus ombros. Entrei no quarto de princesa de Violeta, onde várias coroas e ursos polares estavam espalhados pelo quarto, e vi que o sol começava a entrar pela persiana. Cocei os olhos novamente e abri a cortina que ficava em volta de seu berço no meio do quarto e a vi.
Ela estava com seu pijama de frio, os braços mexendo freneticamente e a boca sem dente aberta, deixando que seu choro ecoasse pelo quarto e seus olhos derrubassem diversas lágrimas. Segurei suas costas e sua cabeça e a ergui do berço, colocando-a em meu peito, esperando que isso a acalmasse, me fazendo sentir aquela sensação de novo, felicidade.
- Ela está parecendo um relógio, todo dia essa hora. – Comentei com que estava sentado em um banco próximo ao trocador, coçando o rosto.
- Acho que devemos começar a colocar nosso despertador essa hora, aproveitar essa rotina dela. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça, me aproximando da cadeira de balanço que estava no canto do quarto e me sentei com ela em meu colo.
- Vamos ver se dá certo. – Falei, abaixando minha blusa, sentindo um frio passar pelo meu corpo, a coloquei próximo a meu seio e a vi abocanhá-lo sem dificuldades. Seu choro acalmou e ela começou a sugar o leite fortemente, movimentando os lábios e mantendo a mão apoiada em meu peito.
- Já faz um mês, amor. – Ele comentou, apontando para a primeira foto de nós três e eu abri um sorriso, soltando uma risada fraca.
- O tempo passa rápido e a gente nem vê, pensamos que podemos controlar isso de alguma maneira. – Falei, suspirando e olhando para ela novamente, suspirando.
- A gente está participando, é o nosso jeito de fazer isso. – Ele falou e eu afirmei vendo-a soltar meu seio e passei a mão em sua fralda.
- Ela precisa ser trocada, amor. – Falei e ajeitei minha blusa antes de levantar com ela em meu colo e a entreguei para , trocando de lugar.
havia ficado bom nisso, decidimos dividir as tarefas, como eu amamentava, ele a trocava, não sempre, pois ele não estava em casa todo o tempo, por causa do seu trabalho, mas era na maior parte das vezes.
O observei abrir o macacão vermelho de nossa filha e o colocar no cesto de roupa sujas e abriu sua fralda, fazendo a mesma careta de sempre e me fazendo rir. Ele a tirou e dobrou, jogando no lixo e pegou o algodão, molhando-o um pouco com água e limpou nossa pequena, que tinha os olhos fixos nele e os dedos na boca. Ele a secou e passou pomada de assaduras nela e a vestiu com a fralda novamente, que fazia com que chegasse quase em seus bracinhos. Eu entreguei um macacão amarelo para ele que a vestiu, erguendo a cabeça dela de leve, e abotoando na frente, até que ela estivesse pronta.
- Linda! – Ele falou para ela e eu sorri, dando um beijo em sua bochecha.
- Vamos, precisamos do nosso café da manhã agora. – Comentei e pegou Violeta no colo e me seguiu em direção a cozinha.

- Oh meu Deus, que vontade de morder essa gorda. – Ouvi Lílian falando e olhei para o tapete da sala, onde Violeta estava deitada, olhando para um dos milhares brinquedos que minha irmã havia trazido para ela. – Ela engordou bastante, . Olha essas pernas gostosas! – Ela sorria para Violeta que ria a cada vez que ela apertava aquele boneco.
- O leite dela é forte! – gritou e eu virei o rosto para ele.
- Não caiu bem. – Minha mãe falou e eu ri fraco.
- Desculpe! – Ele respondeu e eu sorri.
- Lílian, você tem que parar de trazer presente a cada mês que ela completa, está lotando o quarto dela. – Reclamei, batendo meu pé levemente em suas costas.
- Ah, qual é , só três.
- Não, três meses, presentes foram logo uns 30. – Falei, olhando o laço que eu acabara de desembrulhar.
- Alguns foram da vovó, da titia, do pessoal lá do Brasil, eles querem te ver. – Ela falou. – Bem, você eles já conhecem, querem conhecê-la. – Ela fez cócegas na barriga de Violeta que gargalhava.
- A gente vai programar isso. – falou e eu afirmei com a cabeça.
- Sim, vamos sim. – Me levantei do sofá e me sentei ao lado de Lílian, levantando minha filha um pouco. – Olha tia o que eu já sei fazer. – Fale colocando-a sentada e segurando seu corpinho para ela não bater o rosto no chão, já que ela ia e voltava para frente e para trás diversas vezes.
- Essa bunda tá pontuda ainda. – Lílian brincou, fazendo-a rir. – Daqui a pouco ajeita e consegue se firmar. – Ela apertou novamente o brinquedo e Violeta riu, tentando pegar o brinquedo, deixando-o cair diversas vezes.
- Ok, eu vou ver aqui e te aviso. – Ouvi a voz de cada vez mais perto e ele se sentou no sofá atrás de mim.
- O que foi? – Perguntei, encostando minhas costas em suas pernas.
- O que você acha de cruzar a Leslie? – Ele perguntou e eu franzi a testa.
- Eu não sei, , eu não entendo muito disso. – Falei, olhando para ele.
- Você acha que é uma boa ideia?
- Eu realmente não sei, quantos anos ela precisa ter para a gestação? Quantos filhotes nascem? Quanto tempo dura a gestação? Eu tenho muitas dúvidas, na verdade. – Olhei Violeta rapidamente que ainda ria.
- Ela está na fase da gestação, na verdade, se demorar mais um ano, mais ou menos, já começa a ficar tarde e nem sempre dá certo. – Ele mordeu o lábio.
- Você entende disso mais que eu, amor.
- Se vocês cruzarem a Leslie, eu quero um filhotinho! – Lílian falou imediatamente e eu soltei uma risada. – Aposto que Seth também!
- Eu vou ver direitinho, ok?! – Ele falou e eu afirmei com a cabeça.

- Obrigada por cuidar dela, Melina! – Falei para Melina que olhava tanto Joseph como Violeta nos carrinhos na sala da sua casa.
- Sem problemas. – Ela falou, se sentando novamente no sofá. – O que achou do filme?
- Eu prefiro não dizer, honestamente! – Eu estava realmente puta, eles haviam matado o personagem de .
- Esse filme lançou há quase um mês, você só conseguiu assistir agora e ainda não gostou? – Ela perguntou abismada.
- Eu gostei, na verdade. Era necessário fazerem isso com o Poseidon, mas eu não gostei ok?! Quero ver o que vão fazer no próximo filme de todos os deuses. – Reclamei e ela suspirou em seguida. – Eu o imagino como o , então doeu muito. – Falei, puxando o ar fortemente.
- Eu nunca senti ela apertar tanto minha mão como nesse filme. – falou, apertando meus ombros e eu suspirei.
- Eu vou ter pesadelos essa noite, com toda certeza! – Suspirei e Melina riu.
- Você sabe que ele vai voltar, não sabe? – revirou os olhos ao meu lado e eu ri.
- Eu sei, mas mesmo assim. – Dei de ombros.
- Bem, acho melhor irmos, está tarde já, e amanhã tem aniversário dessa mamãe aqui! – apertou meus ombros e eu revirei os olhos, me aproximando do carrinho de Violeta, onde ela tinha um mordedor na boca e o mordia de todos os jeitos.
- A mordedora aí! – Falei, tirando o brinquedo de sua boca, para, dois segundos depois ela colocar na boca novamente.
- São os cinco meses, Joseph também era assim. É fase! – Melina falou e eu ri, dando um beijo em sua bochecha e acariciando os cabelos lisos e loiros de Joseph.
- Obrigada por essa, Melina, nos vemos amanhã. – Ela afirmou com a cabeça.
- Afinal, você nunca mais vai perder uma première, ok? – Ela reclamou comigo e eu abri a boca surpresa.
- A Violeta estava com febre, não ia deixá-la com algum estranho, nem vem. – Reclamei. – Quase que o não foi também.
- Eu matava vocês dois se isso acontecesse. – Ela falou brava e eu revirei os olhos.

- , você já deu banho nela? – Falei, entrando no quarto de Leslie com a mamadeira na mão e trombei com que saía do mesmo.
- Dei! – Ele falou, dando um beijo em minha testa e seguindo para fora do quarto e eu ouvi uma risada vinda do berço.
Aproximei do berço e abri a cortininha, vendo Violeta toda risonha, balançando as mãos e as pernas, usando sua roupinha que deixava os braços e as pernas de fora. Já estávamos em junho, estava bem calor em Los Angeles.
- Ei, que felicidade toda é essa? – Perguntei, passando a mão em sua barriga. – Papai estava brincando contigo de novo? - Virei meu rosto para a porta, onde tinha um sorriso discreto nos lábios e abaixou a cabeça. – Linda! – Puxei o banco para mais perto e apoiei o rosto em seu berço, fazendo com que ela rolasse no mesmo para olhar para mim.
Passei a mão em suas pernas gordinhas e aproximei o rosto dela. Ela estava cheirosa, acabara de sair do banho. Testei a quentura do leite na mamadeira e tirei a tampa, entregando para ela que pegou rapidamente, e colocou na boca, começando a sugar o líquido rapidamente.
- Ei, garota, devagar ou vai vomitar! – Falei observando-a entornar a mamadeira com a ajuda dos pés, o que me fazia rir sempre.
- Ela é gulosa, igual à mãe. – Ouvi a voz de atrás de mim e encostei minhas costas em seu corpo e o senti tirar meu cabelo dos ombros, acariciando-os levemente.
- Não só a mãe. – Respondi, olhando para cima e ele sorriu, dando um beijo em minha testa.
- Isso é verdade! – Ele assumiu e eu ri, olhando para minha filha novamente que quase terminara o leite.
- Gulosa mesmo! – Passei as mãos em suas pernas e logo ela finalizou o leite.
- Ela está ficando cada dia mais a sua cara. – comentou. – Se não fosse os olhos, ela seria sua cópia exata. – Sorri, pegando a mamadeira de volta, vendo-a se agitar. – Posso fazer? – perguntou e eu apontei para o berço.
- Ah, mas que homem mais maduro. – Falei, enquanto ele pegava Violeta e a colocava em seu colo, batendo levemente em suas costas.
- É divertido! – Ele se justificou e eu balancei a cabeça, ouvindo o arroto baixo de Violeta. – Essa é a minha garota!
Passei a mão nos cabelos de Violeta, e olhei para sua boquinha, onde tinha dois dentes em cima e dois dentes em baixo.
- Tá nascendo outro dentinho. – Falei para ela que riu, sorrindo.
- Nossa menina está crescendo rápido. – falou e eu sorri, abraçando-o, enquanto ela olhava para mim.

- E você brigava comigo que eu cansava rápido. – Falei para Leslie, acariciando sua barriga. – Não é fácil ficar prenha, não é?! – Comentei, sorrindo. – Ela está bem? – Virei para que tirava Violeta do cercadinho do meio da sala e a colocava no tapete ao meu lado.
- Muito bem. – respondeu, se sentando ao meu lado. – Ela é forte. – Ele respondeu, acariciando nossa cadela.
- Você dá uma olhada nelas, que eu vou preparar a papinha da Violeta. É só esquentar. – Comentei, dando uma olhada em volta. – Ela vai escapar! – Falei para que estava desatento.
Violeta já estava há uns três passos de adulto longe, ela começara a engatinhar assim que entrara no sétimo mês e estava nos deixando doidos. Quando estávamos fazendo alguma coisa, ela ficava no cercadinho, ela estava bem ágil e, quando via, ela já estava longe, querendo brincar com Leslie, que não estava no melhor ânimo ultimamente, já que sua barriga já estava estufada e a deixava cansada bem mais rápido. pegou Violeta pela cintura e a ergueu em seu colo, fazendo-a rir, ela sabia que estava fazendo coisa errada.
- Você para, hein, menina?! – falou sério para ela e ela simplesmente deu risada na cara dele, me fazendo gargalhar. – Estamos vendo como eu tenho poder aqui! – Ele falou irônico e eu me levantei, dando de ombros.
- Acontece! – Respondi, seguindo para a cozinha e lavando minhas mãos.
- Vamos comer, menina? - perguntou para ela, me seguindo para a cozinha e puxando o cadeirão para perto da bancada e Violeta batia as mãos.
- Mas gosta de comer essa menina! – Falei, pegando um dos potes de papinha que eu já descongelara na geladeira e o despejei em uma panelinha e coloquei no fogo por alguns segundos.
- É de nascença! – me respondeu, segurando nossa filha no caldeirão.
Coloquei sua papinha de cenoura com batata no pratinho dela e peguei a colher, mexendo a comida devagar, esperando que ela esfriasse um pouco, puxei um banco perto dela e coloquei o prato na mesinha em sua frente, vendo suas mãos agitar freneticamente.
- Vai ser um desafio! – reclamou.
Eu peguei um pouco do creme amarelado e aproximei da sua boca, vendo-a vir para frente para sugar a comida, ela ficou brincando com a comida na boca e derrubando um pouco pelas laterais e eu tentei pegar com a colher, repetindo o processo diversas vezes.
- Acho que ela enjoou! – falou, me fazendo fechar os olhos quando ela bateu a mão no prato, fazendo respingar um pouco do creme e riu da sujeira na sua mão.
- Está achando legal, é?! – Brinquei com ela e estiquei o corpo para pegar um pano e a olhei colocar o dedinho na boca, rindo em seguida.
- Ela realmente gosta da sua comida. – Soltei uma risada fraca e o senti empurrar meu ombro para o lado e eu fiz o mesmo.
- Todo mundo gosta. – Pisquei para ele.

- Como foi? – perguntou assim que eu entrei em casa.
Joguei minha bolsa e alguns papéis no chão e o abracei fortemente, tentando inutilmente segurar as lágrimas que insistiam em cair. Fechei os olhos, escondendo o rosto na curva do seu pescoço e soltei o ar pela boca diversas vezes, sentindo meu nariz entupir, fazendo com que eu respirasse com mais dificuldade. me abraçou fortemente, como ele sempre fazia, até que eu sentisse confortável o suficiente para soltá-lo.
- Foi tudo certo! – Falei, passando as mãos em meus olhos e puxando o ar novamente, vendo passar o dedo levemente embaixo dos meus olhos. – Eu estava louca para sair da revista, aí quando eu saio, tem essa dor no peito. – Passei a mão no primeiro botão da minha camisa, desabotoando.
- Vai ficar tudo bem, você fez o que achou melhor. – Sorri para ele.
- Foi o melhor, eu quero ficar com minha família, não dá para eu ficar lá, pensando em vocês, ou o contrário, estar aqui, com coisas pendentes na revista. – Falei, abrindo minha camisa e revelando meu body branco.
- Eu vou gostar de te ver em casa também. – Ele falou, dando um beijo em meus lábios.
- Se você não se importar, eu vou ficar em casa um tempo, até pensar o que eu farei para me ocupar. – Ele abriu um largo sorriso, passando os braços pelo meu corpo.
- Eu não me importo. – Ele falou, sorrindo.
- Agora deixe me ver minha pequena antes de tomar banho.
- Está lá no quarto, estava dando uma olhada em alguns roteiros.
- Para dirigir ou atuar? – Perguntei andando em sua frente.
- Um pouco dos dois. – Ele respondeu e eu sorri, entrando no quarto, encontrando a cena mais fofa do mundo.
Violeta estava deitada no bebê conforto que estava colocado no chão. À sua volta, Leslie estava lá com três dos seus filhotes mamando, todos quieto, mas tinha um que havia sumido, não sei como, mas estava no bebê conforto de Violeta e andava pelo seu corpo, fazendo com que ela passasse a mão nele, encostava a boquinha, enquanto ele tentava escalá-la.
- Oh meu Deus, , filma isso! – Falei animada, sentindo as lágrimas descerem pelo meu corpo de novo.
- Que coisa mais linda! – comentou e eu me ajoelhei perto da cena, observando Violeta fazer caras e bocas, e ao mesmo tempo dar risada enquanto um dos filhotes andava por ela e tropeçava nos cantos do bebê conforto.
- Essa menina é uma figura. – Falei, dando um beijo em sua testa, fazendo-a puxar meus cabelos de leve.
Olhei para Leslie amamentando seus filhotes de poucas semanas e lembrei-me da vez que a adotamos, ela era daquele tamanho, pequena, sapeca, se fosse nossa vez de adotar, com certeza escolheríamos essa sapeca de novo, e a genética não negava. Senti um dos filhotes encostar-se a meu pé e o peguei, acariciando sua cabeça levemente. Leslie tinha dado cria a quatro filhotes, cada um de uma cor, o que facilitava na hora de identificar, tinha preto, cinza, branco e o mesclado, que era o que estava escalando minha filha.

- Delícia, né?! – fazia caras e bocas para minha filha, enquanto dava papinha para ela. – Mamãe que fez. – Ele falou e eu ri, passando as mãos nos meus cabelos recém-lavados. – É gostosa, não?!
- , você está parecendo um tonto. – Falei para ele, sentando ao seu lado na bancada.
- Viu?! É assim que você faz quando dá comida para ela, mamãe. – Revirei os olhos, soltando uma risada fraca e mordi um pedaço do lanche em minha frente.
- Eu não faço tanta careta assim. – Falei, franzindo a testa.
- Mamãe faz careta, não faz? – falou para Violeta que riu, mexendo as mãos alegremente e eu revirei os olhos.
- Mamá! – Eu arregalei meus olhos e soltei o lanche no prato novamente.
- Oh meu Deus! – falou empolgado, se levantando do banco e eu fiz o mesmo.
- O que você disse, amor? – Perguntei, olhando para ela.
- Mamãe faz careta, não faz? – repetiu.
- Mamá! – A resposta da Violeta foi imediata, me fazendo abrir a boca surpresa.
- Oh meu Deus! – Falei, empolgada. – É a mamãe, amor.
- Mamá! – Ela repetiu diversas vezes. – Mamá, mamá!
- Meu amor! – Tirei Violeta do cadeirão, colocando-a em meus braços, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Eu estou chorando aqui. – falou, passando a mão nos olhos, e eu sorri, encostando minha cabeça na dele, olhando para nossa pequena.
- E papai, você consegue falar, amor? – Perguntei, sentindo as mãozinhas dela apoiadas em meus ombros. – Papai? - Ela olhou para nosso rosto, intercalando entre eu e , passando os olhos confusos entre os nossos rostos, de um lado para outro. – Mamãe. – Apontei para mim.
- Mamá! – Ela respondeu rindo.
- E papai. – Apontei para . Ela olhou para ele, mexendo a cabeça para o lado, confusa. – Papai. – Repeti
- Pa-pá? – Ela falou e só faltou explodir de alegria ao meu lado, me fazendo gargalhar de felicidade, girando minha fila em meu colo. – Papá! – Ela falou com mais convicção, batendo palmas por ter acertado e gargalhou conosco.
- Ela fala! – falou animado e eu ouvi Leslie latir, se aproximando, junto de seus filhotes. – Eu preciso mandar isso para família. – Ele falou animado, procurando pelo meu celular no bolso.

- Sorria! – Seth falou, apontando a câmera para Violeta que estava sentada no chão, mexendo em diversos cupcakes que estavam em sua frente.
- Eu nunca gostei tanto de ver os meus cupcakes serem usados para outro propósito além do alimentício. – Falei, sentindo me abraçar pela cintura e encostei meus lábios em seu rosto, o beijando levemente.
- Mas ela come também. – apontou para nossa filha, que agora lambia as mãozinhas sujas de brigadeiro, me fazendo rir.
- Um ano já, hein, meu filho? – Lindsay apareceu atrás de nós e eu sorri.
- Um ano dela e dois nosso. – falou e me apertou em seus braços, me fazendo encostar meu corpo nele, sentindo o perfume dele.
- Quem quer bolo? Ou champanhe? Ou um pouco de cada? – Rodrigo apareceu com a boca cheia de doces e eu olhei para ele. – Essa família é demais, é aniversário, aniversário de casamento e ano novo, tudo ao mesmo tempo. – Ele soltou uma risada, e eu tomei a taça de sua mão.
- Se controla. – Coloquei a taça na mesa e ele franziu a testa. – Têm crianças aqui. – Falei, apontando a cabeça para os sobrinhos de , Liana e o filho de Melina que corriam pelo quintal de casa, enquanto Violeta fazia sua lambança pessoal.
- Feliz aniversário, amor. – Virei para e o senti apertar minha cintura, fazendo com que eu ficasse na ponta dos pés, sentindo os lábios de colados nos meus e suspirei, apertando minhas mãos em seus ombros.
- Se controla, têm crianças aqui. – Ouvi a voz debochada de Rodrigo e virei o rosto para ele, fazendo uma careta.
- Gente, vocês não vão querer perder isso. – Ouvi a voz de Seth e virei em sua direção, ficando boquiaberta.
Violeta engatinhara até um dos bancos espalhados pelo quintal e se colocara em pé, apoiando firmemente no mesmo. Ela virou o corpo em minha direção e se soltava de leve do banco, virando os pezinhos devagar. Aproximei dela um pouco, me ajoelhando no chão, estendendo meus braços para frente. Ela soltou uma risada e começou a dar um passo de cada vez, na minha direção. Ela tropeçou e caiu no chão, fazendo um bico, tremendo os lábios.
- Não, não. – Falei para ela. – Levanta! – A animei e ela sorriu. - Devagar! – Falei, tentando controlar minha respiração.
Ela apoiou no banco, subindo aos poucos e se colocou em pé. Ela virou o corpo para nós, sim, além de eu e , o resto dos convidados todos pararam para olhar esse acontecimento. Ela tirou as mãos do banco e começou a colocar um pé na frente do outro, devagar. Ela começou a andar em minha direção devagar, animada com a nova descoberta e quando eu notei, meus olhos já estavam completamente marejados, soltando a respiração fortemente.
- Vem, meu amor! – Falei e ela acelerou o passo, meio sem ordem e eu ri e chorei ao mesmo tempo, não sabia definir, tinha um arrepio passando pelo meu corpo, uma corrente elétrica incrível.
Violeta tropeçou no último passo e se apoiou em meus braços, fazendo com que as lágrimas finalmente caíssem de meu rosto. Apertei minha filha em meus braços e senti nos abraçando, me fazendo respirar fundo diversas vezes. Aquilo era perfeito. Tudo estava perfeito.


Capítulo 23

(Escorregando pelos meus dedos o tempo inteiro, eu tento capturar cada minuto a sensação neles, escorregando pelos meus dedos o tempo inteiro. Será que eu realmente vejo o que se passa na cabeça dela? Cada vez que acho que estou perto de saber, ela continua crescendo, escorregando pelos meus dedos o tempo inteiro. Às vezes queria poder congelar a cena, e poupá-la das armadilhas do tempo. – ABBA, Slipping Through My Fingers)

- E aí, o príncipe encantado veio e resgatou todos do...
- Vi, mais baixo, por favor. – Falei em um sussurro para minha filha e abaixei seus pés do banco.
- Desculpa, pai. – Ela falou, fazendo uma careta e eu a puxei para o meu lado, voltando a olhar para o palco.
- Agora, gostaria de chamar aqui a matrona convidada pela turma de jornalismo da Universidade de Boston, . – A representante da turma falou animada e a turma de uns 50 alunos se levantou aplaudindo e gritando pela minha esposa.
se levantou de seu assento no palco, ajustando seu tubinho preto e com um sorriso tímido nos lábios se encaminhou até a menina que antes falou e, em um abraço rápido, ela se colocou em frente ao microfone, olhando para o pessoal.
- Boa noite! – Ela falou sorrindo. – Quando eu recebi o convite desses alunos na minha frente para ser a matrona de turma deles, eu tive que ler o e-mail diversas vezes para ter certeza se eles estavam falando com a pessoa certa. – Algumas pessoas riram. – Era uma surpresa, na verdade, ser convidada, por pessoas que eu nem conhecia para ser uma peça importante na formatura deles. – Ela sorriu. – Mas depois que a surpresa passou, eu senti um orgulho enorme de mim mesma e da nossa profissão. – Ela suspirou. – É bom, em meio a tantas dificuldades, ser um modelo para jovens que estão começando a carreira. Primeiro de tudo eu gostaria de agradecer pelo convite, agradecer por vocês que acompanham meu trabalho mesmo depois que eu saí do convencional. Afinal, sair do jornalismo não é só pedir demissão, como eu fiz, ele tem que sair de você, e não sai com facilidade. – Ela abriu um largo sorriso. – E, depois de agradecer, eu gostaria de dar um conselho: não desistam. Pode parecer uma batalha, sei que alguns de vocês deve ter tido dificuldade para conseguir um estágio, ou já estão na luta por um emprego. É difícil, o salário não é bom, e pode haver decepção em diversos momentos, mas tem o outro lado, aquela felicidade incrível quando uma fonte responde, quando seu texto é publicado sem correções, quando o chefe te dá um “bom trabalho”, mesmo que só para você, quando você consegue a pauta de capa do jornal, quando você pode entrevistar alguém que você considera fabuloso: um político, um famoso, um chef, não importa, cada coisa que pode ser considerada pequena, é motivo para felicidade. Eu fiquei bem feliz quando conheci alguns dos meus ídolos. – Ela sorriu, rindo fraco. – Mas, uma coisa, que eu dou como conselho: ética é chato, cada um pode classificar como quiser, mas importa. Eu tive minha dificuldade pessoal nesse aspecto, e por mais que não tenha sido algo de proporções grandes, é complicado. – Os alunos riram. – Se aproximem dos professores, os façam saber quem você é e o que você gosta, eles serão seus melhores conselheiros, seus mentores. – Ela virou para a banca de professores. – Alguns aqui, me ajudaram bastante. – Ela suspirou, olhando para trás. – E por último: sejam felizes, façam o que vocês gostam e o que vocês quiserem, a vida é de vocês, o futuro é de vocês, e ele está cheio de surpresas. – Ela sorriu, suspirando. – Obrigada pelo convite, fazer parte da Universidade de Boston, nem que por pouco tempo, me tornou uma pessoa melhor, uma profissional melhor, e espero que tenha feito o mesmo com vocês. – Ela sorriu. – Parabéns!
Não só os formandos, mas também os convidados, parentes e amigos se levantaram para aplaudi-la, eu fiz os mesmos. Eu senti um orgulho enorme da minha esposa, fazia três anos que ela havia largado o jornalismo e criado um blog pessoal para comentar notícias do momento, era um blog opinativo, como ela dizia, mas foi assim que os alunos da BU a descobriram. Além disso, ela havia voltado para a ACCESS, com a Melina, mas ela cuidava somente de mim, ela já havia começado a participar das minhas entrevistas, então era fácil, e ela sempre já sabia o que estava acontecendo, facilitava muito o trabalho, e agora com Melina e Ruth mães também, era difícil conciliar tudo. E quando Violeta completou três anos no fim do ano passado, a gente começou a levá-la em alguns eventos, o que facilitou bastante para gente.
Vi a mesma aluna que a apresentou abraçando-a e entregando um buquê de flores, fazendo-a sorrir, ela estava com os olhos vermelhos, tinha chorado, com certeza! O diretor do curso de jornalismo anunciou a entrega dos diplomas e se colocou em pé, ao lado de alguns professores. Os alunos começaram a ser chamados e subiam aos poucos, passando pelo patrono, que era um dos professores da faculdade, que entregava o canudo, em seguida eles abraçavam , que colocava o capelo neles, tiravam fotos os três e desciam novamente. No momento em que colocava o capelo neles, eles a abraçavam fortemente, alguns falavam algumas coisas, outros ficavam meio acanhados, mas a maioria dava um abraço de urso nela, e em seguida tiravam a foto e voltavam correndo para baixo, ajeitando a beca e o capelo na cabeça.
- Quer falar? – O patrono cochichou para perto do microfone e ela se aproximou do mesmo.
- Atenção! – Ela falou, fazendo com que as pessoas ficassem quietas novamente. – Eu vos apresento à turma de jornalismo da Universidade de Boston. – Ela falou, animada nas últimas palavras e os formandos jogaram os capelos para cima e gritaram, comemorando.
Peguei Violeta no colo, fazendo questão de pegar seus bonecos juntos e levantei do meu assento, vendo abraçar apertado alguns de seus antigos professores, de quando ela fez sua pós-graduação na Universidade de Boston e desceu do palco, sendo parada por alguns alunos e convidados para tirar foto, era muito bom não ser a atração principal em algumas situações. Ela observou os formandos por um tempo, soltando um suspiro alto e virou o corpo, vindo em nossa direção, com o buquê em mãos.
- EI! – Ela falou, trocando comigo, pegando Violeta no colo e eu pegando o buquê.
- Você foi muito bem. – Falei e ela sorriu, rindo do beijo que Violeta dava nela. – Deu saudades, não?
- A faculdade é um tempo tão bom, faz falta depois. – Ela suspirou e eu afirmei com a cabeça. – Vamos embora? Alguém já passou da hora de dormir. – Ela olhou para Violeta, que escondeu o rosto nas mãos.
- Ah, mãe! – Ela reclamou e ajeitou seu vestido.
- Vamos, sapeca! – Falei, seguindo para fora do teatro da Universidade de Boston.

- Bomba! – Ouvi a voz de Violeta e um foguete passou por cima da minha cabeça, caindo com tudo na água.
- Vi! – gritou, puxando-a pelo braço e trazendo-a para superfície da piscina. – Cadê as boias? – A mais nova tirou os cabelos castanhos do rosto.
- Solta, mãe, eu já sei nadar. – Ela falou, puxando o braço de . – E vocês estão aqui. – Ela disse, afundando novamente na água e nadando até o outro lado da piscina.
- Isso é fase? – Perguntei para , enquanto ela virava o rosto de costas para mim.
- Espero que sim! – respondeu, segurando meus braços quando os coloquei em seus ombros.
- Pai, me joga longe? – Violeta voltou, com a respiração acelerada e eu ri fraco, vendo franzir a testa.
- Cuidado! – Ela me alertou e eu sorri. – Vou tomar banho e ir ao ateliê do Rupert pegar meu vestido. – Afirmei com a cabeça.
- Ele já voltou da Itália? – Ela riu fraco, subindo pela escada da piscina, me fazendo passar os olhos pelo seu corpo, enquanto Violeta me puxava pelo braço.
- Voltou sim. Provavelmente vou demorar! – Ela piscou para mim e eu ri fraco. – Ele deve ter bastante coisa para contar. – Ela riu.
- Tchau, mãe! – Violeta gritou e eu observei minha esposa caminhando até uma das espreguiçadeiras, pegar sua toalha e sumir dentro de casa. – Mamãe é bonita, né?! – Ela comentou e eu sorri, confirmando com a cabeça.
- Você puxou ela, sabia? – Falei, segurando suas mãos e a ajudando a me escalar.
- Mas eu tenho olhos azuis. – Ela falou, pisando nos meus ombros.
- Mas só isso você puxou de mim, o resto é tudo a mamãe, cabelo cacheado, boca pequena, sobrancelhas largas, bochechuda. – Falei e ela riu alto.
- Para! – Ela apertou minha mão, caindo de volta na piscina, rindo. – Eu não sou bochechuda.
- Ah, não? – Soltei uma risada, me aproximando dela, vendo-a se esquivar de mim pela piscina. – Me deixa mostrar essas bochechas. – Ela riu, jogando água em mim e parou na borda da piscina, respirando fundo.
- E de você, o que eu tenho? - Ela perguntou e eu a puxei da piscina, colocando-a sentada na beirada.
- Além dos olhos? – Ela afirmou com a cabeça. – Meu nariz feio. – Apontei para ela. - Mas pode melhorar.
- Como? – Ela se levantou, deixando a barriga gordinha a mostra.
- O corpo está em constante mudança, quem sabe quando você crescer. – Falei e ela virou o rosto, pensando, do mesmo jeito que fazia.
- Legal! – Ela riu fraco e pulou na piscina de novo. – Vem me pegar! – Ela gritou, afundando na piscina novamente.

- Como está se sentindo? – me perguntou, arrumando minha gravata.
- Como se eu fosse vomitar. – Respondi, fechando os olhos fortemente e suspirando. – Tá difícil.
- Está tudo certo, amor! – Ela falou, descendo as mãos pelos meus ombros, apertando-os. – Vai dar tudo certo.
- Como foi para você? – Perguntei, olhando meu terno no espelho dos bastidores do evento.
- O quê? – Ela perguntou, aparecendo no reflexo do espelho, com um batom na mão.
- Terminar um ciclo, sair da ACCESS, da revista, como foi?
- Dói. – Ela falou sincera, passando os braços pela minha barriga. – Mas faz parte da vida, ajuda no nosso crescimento. – Ela suspirou e eu engoli a seco, puxando o ar forte.
- Acho que não estou pronto. – Admiti.
- Disse o cara que pensou mil vezes se deveria aceitar esse papel. – Ela falou, com um sorriso no rosto.
- E já faz 10 anos que eu neguei esse papel diversas vezes. E eu ainda o fiz. – Ri fraco e ela suspirou, fechando os olhos por um momento.
- Está na hora de largar o tridente, Poseidon. – Ela falou visivelmente emocionada, com a voz embargada e suspirou em seguida. – Nem eu estou pronta para isso.
- É minha vez de agradecer por todo o apoio, em todos esses anos. – Ela sorriu, enquanto eu me virava para ela.
- Pense assim, quem realmente importa, não se distancia, igual o pessoal da ACCESS, todos são meus amigos ainda, porque eu quis que fosse assim. – Ela passou a mão levemente nos olhos. – O da revista eu não me importei. – Ela sorriu de lado. – É o valor que damos as pessoas que as classificam como amigos ou não. – Suspirei. – Você fez amigos incríveis, , pessoas que você pode contar pelo resto da sua vida, e tenho certeza que eles pensam o mesmo de você. – Passei meus braços pelos seus ombros, apertando-a contra meu corpo.
- Eu tinha 27 anos quando isso tudo começou, eu estou com 37 agora, é surreal. Tanta coisa aconteceu nesse tempo. – Ela sorriu.
- Tanta coisa mesmo, e a gente se conhece há pouco mais da metade disso aí! – Ela falou rindo e eu sorri.
- Meu Deus, que loucura! – Falei soltando-a lentamente.
- Eu estarei contigo todo o tempo. – Ela falou, arrumando meu cabelo.
- Vamos? – Melina falou com Violeta, que usava um vestido lilás rodado, em seu colo.
- Vamos. – falou por mim e ela estendeu a mão para mim, a qual eu segurei firmemente, puxando o ar novamente. – Vem, filha! – Vi pulou do colo de Melina e se aproximou de nós, segurando a mão de .
- Vai dar tudo certo, papai! – Ela falou, me fazendo abrir um largo sorriso.
Melina abriu a porta da sala e saímos lado a lado no corredor largo, haviam feito um jeito diferente para a última première dessa turma na Máxima, nos colocaram em um tipo de hotel ao lado de onde estava ocorrendo a première, onde, a porta de entrada, dava diretamente para o tapete vermelho.
Eu acompanhei os passos pesados de Melina e andei pelo corredor em silêncio com , o único barulho que tinha era os saltos dela e seu vestido azul que batia em minhas pernas diversas vezes pelos panos esvoaçantes. Olhei a luz clara no final do corredor e achei que era uma metáfora até que engraçada! Balancei a cabeça e pisei com o pé direito no tapete vermelho da première de “Os 12 Deuses do Olimpo 3: Entre Céus e Mares”, sentindo meu coração apertar por um momento, abrindo um sorriso um tanto quanto falso para as fotos.
Eu podia notar na cara de todos os outros atores a mesma coisa, a première estava lotada, todo mundo que fez ou fazia parte do universo Máxima estava lá, a maioria das pessoas continuaria, tinha alguns contratos para finalizar e tudo mais, mas os seis deuses que começaram tudo isso, estavam com uma dor no peito, e a maioria deles demonstravam no sorriso, ou na falta de um. Na hora da apresentação, foi impossível não chorar, e de pensar que eu neguei tantas vezes esse papel, e foi uma peça importante na minha vida. Talvez a mais importante.
ficou ao meu lado o tempo inteiro, não era brincadeira. Ela ficou comigo nas fotos, nas entrevistas, junto com os fãs, em todo momento. Violeta era uma peça especial nesse quebra-cabeça todo, ela era uma aparecida, então ela se colocava na frente das câmeras, fazia pose, ria, brincava, ia para o colo de todos os meus amigos de elenco, no meu, mas logo dormiu no colo de Melina, pouco depois que o filme começou.
Ela não entendia, tentamos explicar que o papai era famoso e tudo mais, mas na cabeça dela, era tudo uma fantasia, como se eu fosse um dos príncipes que ela assistia incansavelmente na TV, ou manipulava, criando histórias imaginárias. A maioria dos meus filmes ela não assistia, ela ia aos eventos, mas a colocávamos para dormir antes do filme começar, e os que ela assistia, ela não entendia muito. Um dia ela entenderia. A outra opção seria esconder tudo isso dela, mas não durou dois segundos para tirarmos essa ideia da cabeça, afinal, ela cresceu nesse meio, não podíamos escondê-la.
- Eu estou orgulhosa de você. – falou, passando os braços pelos meus ombros, quando meu nome apareceu nos créditos. – Eu sempre estou orgulhosa de você. – Ela falou, me apertando em meus braços, fazendo com que as lágrimas escorressem de meus olhos sem medo.

- Ei, garota! – Falei, ouvindo o sininho, assim que eu abri a porta.
- Oi, pai! – Ela falou, sem desviar os olhos dos seus bichos de pelúcia no chão.
- Cadê sua mãe? – Perguntei, olhando o local vazio.
- Na cozinha! – Ela falou.
- Não saia daí. – Falei, trancando a porta novamente e caminhando pelo estabelecimento, passando pela área de atendimento e chegando à porta da cozinha.
- Traz um cupcake para mim? – Ela gritou e eu ri fraco.
Olhei para dentro da cozinha de e tive a vista mais maravilhosa da vida, diversos doces, bolos, cupcakes, sobremesas, bombas, sonhos e mais um monte de doces de diversas nacionalidades estavam estendidos pelas largas bancadas e ela estava no canto, colocando cobertura em algum dos cupcakes, com os cabelos presos e o avental sujo de farinha.
- Amor! – Falei, me aproximando dela.
- Oi, amor, tudo bem? – Ela falou, erguendo os olhos para mim por um momento e olhando novamente para os cupcakes faltantes.
- Tá tudo certo, não é melhor parar, ? Tem bastante coisa aqui. – Ela suspirou, erguendo o rosto.
- Eu não quero que falte nada. – Ela falou, suspirando.
- Contando que tem um milhão de doces aqui, duvido que falte algo.
- Tem mais na geladeira! – Ela falou, soltando o saco de confeitar e se aproximando de mim. – Você tem noção quantas pessoas confirmaram presença na inauguração?
- Tenho sim, mas metade daquele povo é fã meu ou seu e mora, sei lá, no Japão. – Falei, a segurando pela mão. – Você precisa descansar para amanhã, vai ser um sucesso, não se preocupa.
- Tem certeza? Eu estou tão nervosa. – Ela falou, puxando o ar fortemente pela boca.
- Claro que sim, seus doces são maravilhosos, esse lugar está lindo e é um dos melhores pontos de Hollywood, além de termos o alvará de funcionamento. – Ela riu fraco. - Sua confeitaria vai ser um arraso, ! – Falei animado e ela sorriu, puxando o ar forte e soltando-o lentamente.
- Eu só preciso relaxar. – Ela falou e eu afirmei com a cabeça.
- Sim, vamos para casa, tomar um banho quente, colocar a Violeta para dormir e eu faço uma massagem em você. – Passei minhas mãos em seus ombros, apertando-os lentamente. – Suas mãos já devem até estar com bolhas de tanto apertar esse saco. – Falei.
- Devem não, já estão. – Ela falou, erguendo as mãos e movimentando os dedos.
- Então, vamos fechar isso tudo e ir para casa, amanhã o pessoal te ajuda, vai ser uma festança.
- Promete que terei massagem? – Ela perguntou e eu sorri, afirmando com a cabeça.
- E o que mais você quiser. – Sorri, colando meus lábios nos seus.
- Pai, cadê meu cupca... Opa! – Ouvi a voz de Violeta e me afastei de , fechando os olhos.
- Pega o que você quiser, filha. – falou e eu abri os olhos, vendo a cara de , que se segurava para não dar risada.

- Dorme bem, ok? – Vi puxar a coberta até o pescoço de Violeta, que virou o corpo para ela. – Qualquer coisa o Jordan está na sala e o Matt está lá fora. – A pequena afirmou com a cabeça, apertando o urso polar de pelúcia em seu braço.
- Tudo bem, mamãe. – A mais nova bocejou, soltando uma risada em seguida. – Eu tô cansada, não vou acordar. – Ela falou, com os olhinhos pequenos.
- E também estarei no celular. – Ela falou, sentada na beirada da cama de nossa filha.
- Divirta-se! – Ela falou com um sorriso no rosto. – Vocês merecem. – Ela bocejou novamente.
- Bons sonhos, minha pequena, que seus anjos lhe protejam! – falou, fazendo um sinal da cruz no peito da filha e depositou um beijo em sua testa.
- Pode dei... – Ela fechou os olhos, bocejando, virando o rosto para o lado.
- A gente te ama. – finalizou a frase e se levantou, ajeitando a barra do vestido bege em seu corpo e se virou para a porta. – Me espionando?
- Sempre! – Sorri para ela, vendo-a se aproximar a passos lentos até a porta do quarto.
- Vamos para nossa noite? – Estendi minha mão para ela e ela sorriu segurando-a.
- Vamos!
- Eu vou precisar esconder seu celular? – Perguntei, fechando a porta do quarto de Violeta.
- Talvez. – Ela falou, com um sorriso no rosto e eu ri.
- Vamos!
- Qualquer coisa você tem nosso celular, Jordan! – falou para Jordan e ele acenou com a cabeça.
- Vai se divertir, senhora . – Ri fraco e apoiei a mão nas costas da minha esposa, caminhando em direção à porta e abri o carro para ela, para que ela entrasse no mesmo.
- Aonde vamos? – Ela perguntou.
- Vamos fazer umas recordações. – Falei e ela franziu a testa, puxando o cinto de segurança.
- Recordações? – Ela perguntou e eu me silenciei.
Fazia muito tempo que a gente não saía, a vida estava uma loucura ultimamente, eu estava fazendo produção de alguns filmes independentes, atuando em um drama, e agora tinha a confeitaria de , que estava bombando, fazendo com que ela entrasse antes das seis e chegasse em casa depois das 11 da noite alguns dias e ainda arrumava um tempo para atualizar meu site. Violeta estava entrando na escola, esse encontro havia sido marcado com um mês de antecedência quase, mas era bom, era a prova que estávamos muito bem no trabalho. Apesar da distância, eu amava minha vida atualmente.
Esse encontro de hoje, eu estava tentando recriar nosso primeiro encontro, claro que não estávamos em Cape Ann, muito menos em Massachusetts, mas eu tentaria fazer uma versão californiana da situação. Dirigi em silêncio até Santa Mônica, ouvindo minha esposa cantarolar alguma música que tocava na rádio e com a mão em sua perna, notando ela me observar de vez em quando, da mesma forma que ela fez da outra vez. Parei o carro na orla da praia, próximo ao parque temático e desliguei o carro, vendo-a abaixar a cabeça e balançar a mesma, soltando uma risada fraca.
- Essa é sua Cape Ann? – Ela perguntou e eu não respondi.
Saí do carro e dei a volta, abrindo a porta para ela. Ela segurou minha mão e desceu do carro, dando um beijo rápido em minha bochecha e olhou para o horizonte. A mesma sensação. Ela caminhou até a beirada da praia, tirou seus saltos e caminhou pela areia, eu fiz o mesmo, ficando a alguns passos dela. Seus cabelos e os detalhes do seu vestido voaram com o vento e ela soltou uma gargalhada gostosa, dando um giro em volta de si, virando seu corpo de frente para mim novamente.
Ela passou os braços em volta do meu pescoço, colou o corpo e seus lábios em mim, me deixando surpreso. Passei meus braços pela sua cintura, sentindo os tecidos de seu vestido coçar minhas mãos, mas a apertei contra mim. Mordi seu lábio inferior levemente, ouvindo um gemido baixo vindo de seus lábios e subi uma das mãos para seus braços, sentindo sua pele arrepiada.
Seus dedos brincavam com meus cabelos e ela os puxou levemente, fazendo com que eu suspirasse, soltando o ar pela boca, roçando meu nariz no seu. Ela deu alguns pequenos beijos em meus lábios, soltando a respiração fortemente e eu sorri, encaixando meu pescoço no seu, abraçando-a e fechando os olhos, sentindo o cheiro do seu tão conhecido perfume.
Ela ergueu o rosto e passou suas mãos em meu rosto, em um carinho de leve e eu apoiei minha mão sobre a sua, entrelaçando nossos dedos e ela sorriu. O mesmo sorriso que eu conhecia há mais de cinco anos, o sorriso que me acordava todos os dias, o sorriso que me acalmava.
- Vamos jantar? – Perguntei e ela afirmou com a cabeça, sorrindo.
Jantamos em um restaurante na orla da praia, era um dos especialistas em peixe de Los Angeles, a comida deles era fantástica, o lugar pequeno, aconchegante, perfeito para um encontro a dois, jantar à luz de velas, música ambiente, foi uma ótima escolha. Na volta para casa, ela não dormiu dessa vez, o percurso era mais curto, mas, mesmo assim, ela ficou quieta, com o ombro encostado no assento, as pernas em cima do banco e o rosto focado em mim.
Abri a porta de casa e encontramos Jordan no mesmo lugar de antes, o dispensamos e deixamos que ele fosse embora, ele não fazia o tipo babá, mas não se importava em ficar. seguiu direto para o quarto de Violeta, tirando os saltos no meio do caminho e eu fui atrás dela. Ela entrou no mesmo e pegou o bicho de pelúcia que caíra no chão e colocou de volta nos braços de nossa pequena, puxou a coberta mais uma vez e deu outro beijo em sua testa. Olhei para o lado e Leslie dormia jogada em um dos cantos, havíamos decidido doar os outros filhotes, não era algo que queríamos, mas todos ficaram na família, um com Lílian, outro com Seth, um com Trish e um com Rodrigo, então sabíamos que estavam em boas mãos, estava difícil dar atenção até para Leslie, apesar de que, desde que Violeta nascera, ela só dava atenção para Violeta, havia virado o xodó dela, isso porque minha filha fazia Leslie de cavalo de vez em quando.
Entrei no quarto e dei um beijo em minha filha, puxando a cortina de sua cama, fechando-a e saía do quarto, com em minha frente, que já ia entrando no quarto.
- Vem cá! – Falei, chamando-a do corredor.
- O que você preparou? – Ela perguntou, andando com os pés descalços pelo piso de madeira.
- Só não quero que essa noite acabe. – Falei e ela sorriu, segurando minha mão até a sala.
Me aproximei do som e liguei uma música baixa, selecionando um dos meus CDs românticos para ouvir, escolhi a nossa música, a música que levou à nossa primeira vez e a música do nosso casamento. Ela soltou uma risada fraca, identificando a música nos primeiros toques e eu me aproximei dela, estendendo minha mão e fazendo uma reverência a ela e ela sorriu, apoiando uma das mãos em meus ombros e esticando a outra.
- Eu te amo, sabia? – Falei e ela sorriu.
- Eu sei! Eu sinto isso. – Ela me respondeu e eu sorri. – Eu te amo.
- Parece que faz uma eternidade que eu não falo, é bom te lembrar disso. – Sorri e ela abriu um largo sorriso.
- É bom ouvir. – Ela falou, enquanto eu a girava pela sala de casa, tomando cuidado com os móveis e seus pés descalços.
Ela soltou uma risada, quando bateu a canela na mesa de centro e abaixou a cabeça, tentando fazer silêncio novamente. Soltei uma risada e encostei meu pescoço no seu, vendo-a se aninhar em meu braço, me fazendo passar meus braços pelo seu corpo, dando um beijo em sua testa.

***

- Oh, meu Deus! – Ouvi uma menina falar quando eu ergui meu rosto e abri um sorriso. – É você mesmo! – Ela falou em um inglês difícil e eu sorri. – Você está realmente aqui. – Soltei uma risada fraca.
- Oi! – Falei, já acostumada com essas fãs do que apareciam aqui porque ele falava demais dos meus cupcakes no Twitter e postava diversas fotos dele comendo, por isso, já tinha virado um ponto turístico em Los Angeles. – Estou aqui! – Falei animada, ajeitando meu avental vermelho.
- Eu ouvi falar tanto dos seus cupcakes. – Ela falou, se complicando no inglês.
- De onde você é? – Perguntei.
- Do Brasil! – Ela respondeu e eu abri um largo sorriso.
- Então, podemos falar na nossa língua. – Falei em português, notando que eu estava com um forte sotaque e ela sorriu. – O que eu posso oferecer hoje?
- Eu quero cupcakes, é claro, ouvi falar maravilhas dele. – Sorri, afirmando com a cabeça, sentindo um das minhas ajudantes esbarrarem em mim, atendendo ao pedido de outra cliente da fila longa. – posta bastante sobre.
- E come bastante também. – Respondi fazendo-a rir, andando pelo corredor de dentro até a vitrine com os diversos tipos de cupcakes.
- Ele é fantástico, vocês são fantásticos. – Ela falou animada e eu ri, apontando para uma mesa no canto da confeitaria, mostrando meu marido conversando com Malcon Adams e Stefan Taylor, enquanto minha filha estava sentada em uma cadeira, rabiscando algum papel. – Oh meu Deus! – Ela falou animada e eu ri. – Ah, me deixa fazer meu pedido. – Ela balançou a cabeça. – Eu quero um de cenoura, um de banana, um de chocolate, um brownie e um sonho, para lembrar de casa. – Sorri, colocando a luva de plástico e pegando uma caixa branca com os escritos em vermelho “About Pastries” e coloquei o pedido dela, lacrando-o com uma etiqueta e colando um papel em cima, com os pedidos e quantidade assinalados.
- Aqui! Só seguir ao caixa. – Falei, sorrindo e ela afirmou.
- Foi um prazer te conhecer! – Ela respondeu com um sorriso no rosto. – Eu não devia, posso tirar uma selfie? – Ri fraco.
- Claro! – Falei, achando engraçado o povo vir aqui e pedir para tirar foto comigo, mas eu me debrucei no balcão, vendo-a tirar a foto e acenei quando ela saiu. – Já volto, Julian. – Falei para o ajudante ao meu lado e tirei o meu avental, colocando-o no cabideiro e seguindo em direção à mesa onde estava.
- Obrigada! – Falei olhando para . – Você me trouxe mais um cliente. Dessa vez do Brasil. – Falei, apoiando a mão em seu ombro e ele riu, escondendo o rosto com as mãos. – Eu não estou reclamando.
- Tá trabalhando bem, hein, ? – Stefan falou. – Você corre de um lado para outro. Deve ser cansativo.
- Eu gosto! – Falei, com um sorriso largo no rosto. – Não sou mulher de ficar parada sem ter o que fazer, sou adepta àquela filosofia: quando menos você faz, menos você quer fazer e isso é péssimo, te deixa preguiçoso e tudo mais. – Falei sorrindo.
- Mas isso é bom, , olha como isso está cheio, e são quatro horas da tarde de uma terça-feira. – Ele falou.
- E deveria, é tudo uma delícia, peguei um daqueles pratos degustação com os doces pequenos e nossa! – Malcon falou com a boca cheia, escondendo a mesma com o guardanapo.
- Obrigada por encher minha bola, gente! E pela divulgação também, vejo todas as postagens que vocês me marcam. – Falei.
- Falando em postagem! – falou, desbloqueando o celular e me entregando o celular. – “Símbolo de humildade”. – Ele falou a mesma coisa que eu li no título da postagem, de uma foto com uma pessoa, aqui na confeitaria.
- “ , como faz questão de ser chamada, mesmo sendo casada com um dos atores mais bem pagos e famosos da atualidade, além de ser jornalista, esposa e mãe, ela ainda é confeiteira. Decidiu parar de trabalhar e, provavelmente por tédio e amor aos doces, abriu uma das confeitarias mais movimentadas em Hollywood. A surpresa não está aí, vários famosos, ou esposas de famosos têm trabalhos incríveis na indústria alimentícia, mas a surpresa maior foi vê-la atrás do balcão, com avental, rede no cabelo e bolhas nos dedos, correndo para atender os diversos clientes, a maioria jovens, que provavelmente vieram espiar se eu marido estava por ali. Ele não estava, mas sua fofa filha de quase quatro anos estava, sentada quieta em uma mesa, brincando com suas bonecas, enquanto sua mãe corria de lá para cá. Onde eu quero chegar com isso? Que a humildade está na pessoa, não dá para se tornar humilde. tinha todos os motivos para virar uma dondoca, mas não, ela estava lá, trabalhando duro para que os elogios fossem justos a ela. Obrigada por uma das experiências mais deliciosas da minha vida”. – Respirei fundo. – Oh, meu Deus, eu vou chorar. – Falei, entregando o celular ao .
- Vai nessa, garota! – Malcon brincou e eu ri.
- Vou mesmo, vou lá para dentro, tenho que fazer mais uma dobra na massa folhada antes e começar a abrir. – Falei, vendo-os afirmar com a cabeça. – , se você for embora, leva a Violeta para casa, ela precisa dormir cedo hoje, eu vou tentar chegar cedo em casa. – Ele afirmou com a cabeça.
- Pode deixar, amor, a gente já vai. – Ele falou, afirmando com a cabeça.

- Eu estou com um pressentimento! – Ouvi falar, após beber um gole de sua cerveja.
- O quê? – Perguntei, virando meu rosto, tirando uma das pernas de dentro da piscina.
- Esses dois. – Ele apontou para Violeta e Joseph que corriam pelo quintal de casa.
- Ah, ! – Falei rindo, bebendo um gole de Coca-Cola, direto da lata.
- Que foi? – Ele falou irônico.
- Isso é ciúme dela. – Respondi, virando o corpo para ele.
- Claro que é! Minha princesinha. – Soltei uma risada fraca, balançando a cabeça.
- Sim, sua menina, mas ela não tem nem quatro anos, amor, tem bastante tempo para isso acontecer. – Bati em sua perna.
- Que acontecer o quê? – Revirei os olhos. – Nada vai acontecer. – Ele falou bravo.
- Melhor ser com o Joseph do que com alguém que não conhecemos. – Falei e ele ponderou com a cabeça. – Mas também, isso pode ficar só na amizade, nós dois temos esse exemplo.
- Na nossa época era diferente. – Ele falou, balançando a cabeça.
- Me senti com 50 anos agora. – Falei, fazendo-o rir.
- Vamos mudar de assunto, vai. – Ele falou. – Onde vamos passar o Natal desse ano? Natal e todas as comemorações de fim do ano. – Ele falou e eu ri, dia sim, dia não, tinha festa.
- Passamos o ano passado no Brasil, podemos fazer em casa, ou passar em Boston. – Dei de ombros, virando meu corpo e encostando minhas costas em seu tronco.
- Minha avó está doente, vai ser difícil tirar minha mãe de Boston. – Afirmei com a cabeça, franzindo a testa.
- Verdade! – Suspirei. – Podemos ir para Boston, acho que a Violeta gostaria de um Natal com neve. – Abri um sorriso, vendo minha filha se esconder atrás de uma árvore.
- A Violeta ou você? – Virei o rosto para , sentindo sua respiração em meu pescoço.
- Eu amo um Natal com neve. – Falei, abrindo um largo sorriso, lembrando-me do Natal quando Violeta tinha dois anos. – Certifique-se que nevará em Boston esse ano. – Ele riu baixo contra meu ouvido.
- Pode deixar, vou ligar para minha mãe amanhã. – Afirmei com a cabeça. – E sua mãe? – Soltei uma gargalhada, vendo-o franzir a testa.
- Eu me esqueci de te contar. – Falei rindo.
- O quê? – Ele perguntou rindo.
- Lílian me contou que minha mãe está namorando. – gargalhou, jogando a cabeça para trás.
- Brincou?
- Não! – Falei, virando o corpo para ele. – Ela falou que foi pegar um negócio em casa, tinha um carro diferente estacionado na frente e quando entrou estavam os dois conversando na maior intimidade na sala de casa.
- Oh, meu Deus! – riu. – Você o conhece?
- Não por nome, mas eu saí de lá faz quase 10 anos, mal me lembro do povo que estudou comigo. – Comentei, dando de ombros.
- Será que dura?
- Não sei, mas quero que ela seja feliz, ela merece.
- E Lílian? – Ele perguntou, passando os braços pelo meu corpo. – Você comentou de um ex-namorado.
- Jonas. – Falei, suspirando. – Eles namoraram no ensino médio, não deu certo, depois namoraram quando ela terminou a faculdade, ele ia casar com outra, se mudou para o Chile, e agora voltou. – Revirei os olhos.
- E ele foi atrás dela?
- Pior que não, ele é fotógrafo e voltou de férias para minha cidade e viu a agência de marketing dela e entrou para pedir parceria, ela falou que tomou um susto quando se reconheceram. – Soltei uma risada fraca.
- E eles se machucaram nesses términos? – Ele perguntou.
- O primeiro foi por falta de maturidade, ciúmes de ambas as partes, o segundo foi pelo tal casamento dele, que ele tinha outra, mas ninguém realmente ficou machucado com isso, pelo menos não a Lílian. – Dei de ombros.
- E o que você acha dele? – Soltei um suspiro fundo, passando a mão na testa.
- Ele é legal, gente fina, minha família inteira gostava dele e tal, mas eu não sei, acho que essas montanhas-russas eternas não dão em nada. – Cocei a nuca. – Mas ela já tem 36 anos, ela se faz de durona, mas eu sei que ela tem sonhos também. – Suspirei. – Eu estou casada há quase cinco anos e sou mais nova, eu não sei se ela pensa nisso, mas eu penso.
- Se for para dar certo, vai dar! – Ele falou, estalando um beijo em minha nuca.

- É guerra! – Ethan, sobrinho de , agora com 11 anos gritou, jogando uma bola de neve em , que soltou uma risada, montando uma bola de neve com as mãos e devolveu em seu sobrinho.
Virei para o lado, encontrando Violeta e Annie fazendo anjos de neve no quintal de Lindsay, me fazendo rir que Violeta mais rolava do que fazia anjos. Peguei minha caneca de chocolate quente novamente e bebi um gole, sentindo meu corpo relaxar e bocejei em seguida, eu estava com frio, adorava neve, mas não conseguia ficar muito tempo do lado de fora, meu nariz congelava, eu não sentia a ponta dos dedos, era uma sensação engraçada.
Coloquei a caneca vazia dentro da pia e fui para o segundo andar, entrando no quarto de , encostando a porta atrás de mim. Sentei sobre a cama e tirei as botas, colocando umas meias de lã por cima da que eu estava, e puxei as diversas mantas por cima do meu corpo. Peguei a revista na mesa de cabeceira e comecei a folhar a mesma, procurando as marcações que Melina havia feito, que diziam que eu ou estávamos na revista. Nesse caso era mais uma reportagem sobre a confeitaria em uma página e na outra, falando sobre os seus futuros lançamentos, que aconteceriam ano que vem.
- , desce aqui! – Ouvi uma voz gritando e me assustei, empurrando a coberta para fora do meu corpo e saí do quarto correndo, quase deslizando no chão, por não ter trocado de sapato e apareci no pé da escada. – A Violeta se machucou. – falou, colocando Violeta no sofá.
- O que aconteceu? – Perguntei descendo as escadas, vendo o queixo de Violeta sangrando e a ouvi chorando. – Ah, meu amor. – Falei, ajoelhando em sua frente, limpando suas lágrimas. – O que foi?
- Ela e o Mike trombaram. – Ele falou, apontando para Mike que também chorava no colo de Cady.
- Vou pegar os primeiros socorros. – Marcus falou, se retirando da sala.
- Calma, meu amor, não foi nada, só deu uma ralada. – Passei minhas mãos pelos olhos de Violeta e beijei sua testa. – Está tudo bem.
- Mas tá doendo. – Ela falou, puxando a respiração forte, formando um bico em seus lábios.
- Aqui, ! – falou, estendendo o pacote de algodão e o soro antisséptico.
- Não, mãe, isso arde. – Ela reclamou.
- Não arde, amor, é só soro. – Falei, colocando um pouco do soro no algodão, vendo-a se esquivar com o rosto.
- Confia na mãe, filha. – falou, passando a mão na testa de Violeta.
- Tá tudo certo, amor. – Falei, encostando levemente o produto, para que ela se acostumasse com ele. – Viu?! – Falei, limpando o ferimento. – Não foi feio, está tudo certo. – Entreguei o algodão novamente para e pegando a pomada de sua mão, colocando um pouco em meu dedo e passando em seu queixo. - Dá um curativo, amor. – Pedi para ele, limpando o dedo em minha calça jeans. – Pronto, amor. – Destaquei o mesmo e coloquei em seu queixo. – Tá pronta para próxima.
Ela puxou o ar com o nariz, passando as mãozinhas no nariz, mantendo o bico nos lábios. Ela ergueu o corpo no sofá e me abraçou forte, escondendo o rosto em meu pescoço, ficando em silêncio por um tempo.
- Está tudo certo, aqui? – Sharon perguntou, acariciando os cabelos de Violeta.
- Está sim. – Falei, esfregando as mãos nas costas da minha filha. – Foi só um susto. – Falei sorrindo.
- Dá um sorriso para o papai. – falou, brincando com ela atrás de mim. – Não vai ganhar chocolate quente assim. – Ele falou.
- Chocolate quente? – Ela perguntou e eu ri fraco.
- Vovó fez chocolate quente! – Lindsay falou e eu ri, sentindo Violeta se soltar de mim aos poucos, encostando as mãos em meus ombros.
- Vai logo, sua sapeca! – Soltei uma risada fraca e ela desceu do meu colo, correndo novamente.
- Que bom que não é nada grave. – Cady comentou e eu ri.

- Você me trouxe para um hotel, ? – Perguntei, seguindo-o para dentro da suíte do hotel em Boston.
- Era o único jeito de ficarmos realmente sozinhos. – Ele falou fechando a porta do quarto e passando os braços pela minha cintura.
- Ah é? – Perguntei para ele, virando o corpo para ficar de frente. – E por que você queria ficar sozinho? – Perguntei, passando as mãos em seu pescoço.
- Comemorar um pouco, nem todo mundo pode dizer que fez bodas de madeira. – Ele franziu a testa. – É madeira, não?!
- Tá sabendo mais que eu! – Falei rindo, ele segurou meu rosto com as mãos e me beijou, abrindo um largo sorriso.
- Vem, preparei um jantar para gente. – Ele estendeu a mão e seguimos para dentro da suíte, onde eu encontrei uma pequena mesa redonda, com dois pratos cobertos, duas taças e um vinho.
- Como você faz tudo isso? – Perguntei para ele, soltando uma risada fraca.
- Tudo por você. – Sorri, colocando a mão em seu pescoço, ficando na ponta dos pés e beijando seus lábios de forma urgente, bagunçando seus cabelos enquanto suas mãos apertavam minha cintura.
- Acho que esse jantar pode esperar. – Falei ofegante, puxando os botões do meu casaco com pressa, jogando-o para trás.
- Ah, é? – Ele falou, com um sorriso largo no rosto, puxando seu suéter para cima e colando minha cintura em seu corpo.
- Eu sei que estou devendo nessa parte faz um tempo. – Falei dando uma piscadela para ele, sentindo-o me levantar pelas coxas, e eu apoiei as mãos em seus ombros.
Ele me encostou na parede, encostando os lábios em meu pescoço, me fazendo soltar a respiração forte para cima, passando as mãos em seus cabelos, puxando-os em alguns momentos, fazendo-o soltar a respiração quente em meu pescoço diversas vezes.
Ergui seu rosto, colando seus lábios nos meus, sentindo-o sugar minha língua até que a minha encostasse-se à dele, me fazendo movimentar meus lábios de um lado para outro, sentindo seu nariz roçar no meu diversas vezes, fazendo com que minha respiração falhasse em diversos momentos.
Ele me puxou novamente, me segurando pelas pernas e andou comigo às cegas até que chegássemos à cama, fazendo com que ele me soltasse aos pés dela, puxando minha blusa para cima, encontrando mais uma peça de roupa no chão.
- Eu odeio frio. – Ele falou e eu ri baixo, quando ele puxou minha blusa para cima, fazendo o mesmo com seu corpo.
Deitei na cama, vendo-o engatinhar em minha direção, fazendo com que eu encostasse as mãos em suas costas, trazendo seu corpo para perto do meu. O senti me beijar calmo dessa vez, mantendo um ritmo lento, mas suas mãos deslizavam pelo meu corpo, enquanto outra se mantinha na cama, sustentando seu corpo. Passei meus braços pelo seu corpo, sentindo sua pele se arrepiar e sorri, sabendo que eu ainda tinha esse efeito nele.
- Acho que está na hora da Violeta ter um irmão, o que você acha? – Ele falou, sabendo que uma segunda gravidez era algo que realmente queríamos e eu sorri, virando meu corpo, e colocando-o deitado com as costas no colchão e eu por cima dele, encaixando as pernas nas laterais do seu corpo e deslizando os lábios pelo seu peito.


Capítulo 24

(Estou morrendo de medo, estou com medo de não ser forte. Eu quero alguém para me amar, como eu sou. Eu quero alguém que precise de mim, isso é tão ruim? Eu quero acabar com a loucura, mas isso é só o que eu tenho. - Nick Jonas, Who I Am)

- Negativo! – Ela falou antes mesmo de abrir completamente a porta do banheiro e eu suspirei, esticando minhas mãos para ela.
- A gente vai conseguir, amor. - Falei, passando meu braço pelos seus ombros quando ela se sentou na cama.
- Já faz mais de um ano que estamos tentando regularmente. – Ela encostou a cabeça em meus ombros e eu suspirei. – Com a Violeta foi tão fácil.
- Porque não estávamos tentando. – Falei sentindo-a me abraçar pela cintura. – Simplesmente aconteceu.
- Normalmente é ao contrário, o primeiro planejado e o segundo não. – Ela falou soltando uma risada fraca e eu ergui seu rosto com a ponta dos dedos.
- Vamos conseguir, amor. – Falei firme, vendo-a afirmar com a cabeça, um tanto relutante e eu sorri.
- Vamos sim! – Ela sorriu.
- Mãe, vem me ajudar! – Olhei para trás, vendo Violeta, agora com cinco anos, com uma touca no cabelo, um avental grande de em seu corpo e lambendo uma colher suja de alguma coisa.
- Já vou, meu amor. – Ela se levantou, passando as mãos nos olhos, entrando no banheiro.
- O que você está aprontando? – Brinquei com ela, vendo-a abrir um sorriso sapeca e movimentar os ombros, rindo.
- Biscoito! – Ela sorriu.
- E o que era isso na colher? – Apontei para ela, sabendo que aquilo não era massa de biscoito.
- Leite condensado. – Ela falou rindo e eu dei a volta na cama, pegando-a no colo.
- Ah! – Ela gritou quando eu a levantei.
- Vamos dividir esse ouro, aí?! – Perguntei, apontando para a colher.
- Me leva na cozinha. - Ela apontou a colher como se fosse uma espada e eu a levei em direção a cozinha, sentindo-a querer sair do meu colo e a coloquei em um dos bancos próximo ao balcão, vendo-a se sentar no mesmo e roubar uma das gotas de chocolate que estavam em um pote. – O leite condensado está ali! – Ela apontou para uma tigela um pouco mais longe de si. – Pega uma colher. – Ela sussurrou.
- O que vocês estão cochichando aí? – apareceu e eu ri fraco, vendo Violeta esconder a colher atrás do corpo, ficando quieta.
- Nada. – Ela falou, sorrindo.
- É? E o que é isso no seu queixo? – perguntou e observei Violeta abrir a boca, tentando lamber seu queixo.
- Droga! – Ela falou, fazendo bico e se virou no banco novamente.
- O que você já fez? – perguntou, indo para a parte de dentro da bancada.
- Separei os ingredientes. – Violeta falou sorrindo e eu ri.
- Mediu certinho? – perguntou e ela prontamente afirmou com a cabeça.
- Sim, cada grama contato perfeitamente. – Ela falou feliz e eu passei a mão em seus cabelos castanhos em rabo de cavalo e dei um beijo em sua testa.
- Então, vem cá, que você que vai sujar as mãos hoje.
- Mas você não disse que bateria na batedeira? – Ela falou, pulando do banco, caindo de joelhos e dando a volta na bancada.
- É assim que você rala seu joelho. – Falei vendo os dois joelhos com curativo e ela riu fraco. – E depois chora.
- Para de implicar, ! – riu, batendo a mão em meu ombro e eu ri, piscando para ela.
- Você vai misturar a massa, é como eu fazia antes da confeitaria. – falou e ela sorriu. - Eu tinha uma batedeira que não batia massa pesada igual de biscoito. – Ela continuou.
- Tá, então eu mexo! – Ouvi sua voz por de trás da bancada.
- Tem que mexer direitinho, hein?! – brincou com ela.
- Eu quero que eles sejam em formato de estrela hoje! – Ela falou animada, erguendo a mão para o ar. – E também fazer cobertura azul e branca neles.
- Vamos fazer a massa então. – falou, pegando a cadeira que Violeta já tinha arrastado para pegar os ingredientes nos armários do alto e subiu no mesmo.
- Vamos! – Ela falou animada.
- Eu vou ver jogo, ok?! – assentiu com a cabeça.
- Se você conseguir. – Ela riu fraco. – Sabe que essa se empolga um pouco. – Soltei uma risada fraca, afirmando com a cabeça e me jogando no sofá da sala de TV.

Entrei em casa quieto e vi que não tinha movimento, estranho! Nem Leslie estava jogada em seu almofadão no meio da sala. Já passava das oito da noite e já deveria ter voltado da confeitaria. Coloquei minha mala no canto da cozinha e tirei meu casaco, jogando no sofá da sala e desgrudei a blusa do corpo, com certeza estava mais quente aqui em Los Angeles.
Andei pelo corredor de casa, encontrando a porta do meu quarto fechada, me aproximei da mesma, ouvindo algumas vozes lá dentro. Dei de ombros e coloquei a mão na maçaneta, abrindo a mesma, notando que me olhou, Violeta mal se mexeu.
- O que as mocinhas estão fazendo? – Perguntei, entrando no quarto.
- Papai! – Ela virou o rosto para mim e ficou em pé na cama, pulando as pernas de e se jogando em meu colo. – Você chegou! – A abracei, quando ela passou as pernas pela minha barriga.
- Se comportou direitinho? – Perguntei, estalando um beijo em sua bochecha, sentindo-a fazer o mesmo.
- Uhum! – Ela falou, afirmando com a cabeça e vi se aproximar, encostei meus lábios nos dela levemente.
- Que bom que voltou amor! – Ela falou e eu sorri abraçando-a com outro braço. – Como foi?
- Tudo certo, mais uma gravação finalizada. – Sorri, vendo-a afirmar com a cabeça.
- Pai, me solta, quero terminar de ver o filme. – Ri fraco e a soltei de volta na cama e vendo tomar o meio da cama de casal do meu quarto.
- O que você está vendo?
- Disney, o que você acha? – falou rindo.
- E aí, menina? – Acariciei o pelo de Leslie que soltou a respiração fortemente por um tempo e abaixou a cabeça na cama de novo.
- Ela anda meio devagar. – falou, franzindo os lábios.
- Buldogues. – Falei, sabendo que eles viviam pouco tempo, mas não querendo continuar o assunto. – Podemos conversar lá na cozinha rapidinho? – Perguntei e ela franziu a testa.
- Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou ansiosa, como sempre.
- Eu só tive uma ideia, relaxa! – Ela soltou uma risada e passou a mão na cabeça de Violeta.
- A gente vai na sala, filha, já voltamos! – Ela falou e Violeta nem se moveu, afinal, ela tinha a quem puxar seu amor por Disney.
Segurei a mão da minha esposa e saímos do quarto, andamos pelo corredor de casa e entrei na sala de TV, pisando no tapete claro, ficando de frente para ela, vendo-a olhar para mim com um ponto de interrogação no lugar dos olhos.
- Você está me assustando, , o que foi?
- Por que mulher sempre pensa que vem coisa ruim na história? – Ela riu fraco.
- Fala logo!
- Ok, ok! – Respirei fundo, apertando suas mãos. – Qual sua opinião sobre adoção, ?
- Adoção? – Ela franziu a testa um pouco. – Acho uma ideia ótima para aqueles que não conseguem ter filhos ou que tem um espaço sobrando no coração, além de se ajudar, ajudam quem precisa, porque a pergunta?
- Aqueles que não conseguem ter filhos e tem um espaço sobrando no coração. – Falei e apontei para nós dois em seguida, vendo-a abrir a boca, surpresa.
- Oh, meu Deus, ! – Ela falou, em um misto de surpresa e alegria. – Você acha que...?
- Nós não estamos tendo sucesso no modo tradicional, já fomos ao médico e sabemos que não há nenhum problema conosco, o bebê só não vem.
- Você acha que daria certo? Que nós somos qualificados para adotar alguém? Será que damos conta? Oh, meu Deus. – A segurei pelos ombros.
- , calma! Respira! – Falei e ela fechou os olhos, soltando um suspiro em seguida e abrindo os olhos. – É uma ideia.
- É uma ideia maravilhosa, ! – Ela falou, apertando minhas mãos. – Mas tenho um medo interno.
- É um processo gigantesco para adotar alguém aqui nos Estados Unidos, eu lembro quando foi com a Sharon, você se cadastra, depois tem a entrevista, a seleção da criança baseada em nossa entrevista, depois visita a casa e só depois, se passarmos por tudo isso, aí sim. Tem tempo para se acostumar com a ideia.
- Isso é incrível, ! – Ela falou, soltando minhas mãos e passando os braços pelo meu pescoço, ficando na ponta dos pés.
- Você acha que Violeta gostaria da ideia? – Perguntei para ela que se separou de mim imediatamente com o rosto sem expressão.
- Vamos perguntar. – Ela falou e eu arregalei os olhos. - Eu jogo isso nas suas costas.
- Obrigado! – Ri fraco.
Ela estendeu sua mão esquerda, onde vi sua aliança brilhar em seu dedo e segurei sua mão, vendo-a me puxar de volta pelo corredor, me fazendo rir. era uma pessoa decidida. Entramos no quarto novamente e Violeta continuava com o olhar fixo na TV. Eu dei a volta na cama e sentei em um lado e sentou no lugar que estava antes. Passei minha mão pelas costas da minha filha que encostou o corpo no meu.
- Filha. – A chamei.
- Hum. – Ela respondeu, sem olhar para mim e eu ri.
- Você gostaria de ter um irmãozinho? – Perguntei na lata, aqui não se protelava, eu era ansioso e era agitada, então...
- Ele vai brincar comigo? – Ela perguntou.
- Claro que vai, amor. – respondeu e ela sorriu.
- Seria legal ter alguém para brincar comigo, a Leslie não pode segurar uma boneca. – Ela suspirou. – E nem comenta filmes comigo. – Soltei uma risada fraca. – E o Joseph não pode vir sempre.
- Mesmo se ele fosse diferente? – Ela virou o rosto para mim nessa hora.
- Como assim diferente? – Ela olhou para mim com seus olhos claros.
- Ele não seria do mesmo jeito que você, não nasceria da mamãe, mas seria seu irmão do mesmo jeito. – Tentei explicar, sabendo que não fui muito claro, a conversa de onde veio os bebês ainda não tinha acontecido.
- Então, ele não seria diferente, ele seria da família. – Ela falou sorrindo. – Igual a Leslie, ela é diferente, mas é da família. – Ela abraçou a cadela e eu ergui meu olhar para que tinha os olhos apertados, segurando a risada.
- Então, você gostaria? – Perguntei.
- Seria legal! – Ela suspirou e se mexeu novamente, colocando as pernas em cima de .
Olhei minha esposa que tinha um sorriso no rosto, com a mão em cima da perna de Violeta e eu sorri feliz em saber que estávamos criando nossa filha do jeito certo, encostei minha cabeça no travesseiro e suspirei.

- A ideia é maravilhosa, filho. – Minha mãe falou, tomando um gole de seu café. – E o melhor é que vocês querem fazer isso por vocês. – Olhei para sentada no sofá, e a vi sorrindo.
- É uma ideia que o teve, estamos realmente cogitando isso. – falou observando Violeta beber um gole de água e devolver o copo à mãe, prestando atenção aos presentes que a avó Lindsay havia trazido.
- Isso é incrível, irmão. – Sharon falou, ao meu lado, me ajudando na lavagem das louças do almoço. – Significa muito para mim.
- Eu sei, irmã, mas não pense que isso foi feito pensando em você. – Soltamos uma risada e riu fraco.
- Eu sei que não e isso me deixa mais feliz ainda. – Ela sorriu me estendendo o pano para eu secar minhas mãos.
- E vocês já pensaram em algum país, instituição? – Franzi a testa, vendo virar o rosto para mim com a mesma dúvida nos olhos.
- A gente nem falou sobre isso, na verdade. A ideia é aqui nos Estados Unidos mesmo, não queremos fazer disso um espetáculo, e a instituição realmente não sabemos. – Afirmei com a cabeça e desliguei a pia da cozinha.
- Quando eu pesquisei para adotar a Sharon, eu vi uma aqui na Califórnia que chama Saint Thomas, eles faziam um trabalho incrível com as crianças, é todo comandado por voluntárias, fica em Pasadena, acho que rolaria uma viagem até lá.
- É pertinho daqui de Los Angeles, acho que seria um ótimo jeito de começar. – Falei, pulando minha filha e seus brinquedos no chão e sentei ao lado de no sofá.
- Seria bom mesmo! – sorriu.
- E gente... – Sharon nos chamou. – Não sei a faixa etária que estão pensando, mas se for muito pequeno, deixa claro que é adoção, ok? – Ela sorriu. – As pessoas tem a ideia de que crianças adotadas são mais suscetíveis a problemas e desorientação, mas não, é só não esconder e tratar da mesma maneira. – Afirmei com a cabeça, abraçando pelos ombros. - E outra, se vocês quiserem mesmo adotar, e quiserem para agora, um processo de adoção pode demorar mais que uma gravidez, às vezes. – Olhei para que riu fraco.
- É até engraçado, no Brasil pode durar anos. – Ela sorriu fraco.

- Você está pronto? – me perguntou, ajeitando minha gravata e passando as mãos em meus ombros, como sempre fazia.
- Estou e você? – Ela estava mais pálida que um papel e suas mãos tremiam.
- Sim, estou bem! – Ela falou, soltando um longo suspiro em seguida.
- Vai dar tudo certo, é só uma entrevista, você já fez isso milhões de vezes. – Falei, segurando suas mãos.
- Normalmente sou eu quem faço as perguntas. – Ela sorriu e eu ri fraco.
- Que bom que você também sabe respondê-las. – Ela mexeu os ombros, nervosa e balançou a cabeça.
- Vamos lá! – Ela falou e eu estendi a mão a ela, sentindo-a segurar com firmeza.
Olhei para o orfanato Saint Thomas em minha frente e subi os cinco degraus que davam da porta e ouvi os saltos de bater contra o concreto. Ergui o dedo e apertei o interfone uma vez, ouvindo uma voz em seguida.
- Olá, boa tarde! Quem é? – Ouvi uma voz doce falando.
- É a família , temos uma entrevista com Jane. – respondeu e eu sorri, olhando para ela.
- Claro, podem entrar, primeira porta à direita. – Ouvi uma trava e eu empurrei a porta, dando espaço para minha esposa entrar.
Um hall com uma grande escada se encontrava logo na entrada, do lado esquerdo, uma grande sala de jantar, com diversas mesas largas, tipo de acampamento, eram dispostas e do lado direito, uma porta fechada. Eu bati duas vezes, e como não teve resposta, eu a abri, encontrando uma senhora com os óculos de grau fino nos olhos, um terninho simples no corpo e diversos papéis em sua frente.
- Boa tarde! – Notei que era a mesma voz do interfone e eu a cumprimentei com a mão, vendo dar um beijo em sua bochecha, como era de seu costume.
- É um prazer recebê-los. – Ela sorriu. - Jane irá vê-los agora, ela é a diretora do orfanato. – Ela apontou para outra porta e a abriu, dando de cara com uma mulher, um pouco mais nova que a senhora da recepção com os cabelos pretos bem curtos.
- Jane, a família . – A mulher, que deveria ser um pouco mais nova que minha mãe olhou para cima, abrindo um sorriso.
- Oh, sejam bem-vindos! – Ela falou, animada. – Prazer, sou Jane, diretora do orfanato Saint Thomas.
- É um prazer. – Felíciafoi a primeira a se dispor, cumprimentando-a com um aperto de mãos dessa vez.
- Prazer! – Falei, repetindo o gesto de .
- Por favor, sentem-se! – Ela falou, apontando para o sofá do lado direito da sala, onde tinha um sofá e uma poltrona, seguimos para o sofá e ela se sentou na poltrona. – É muito bom tê-los aqui. – Ela sorriu. – Gostariam de algum café ou uma água?
- Estamos bem, obrigada! – falou e ela sorriu.
- Bem, sem delongas, então! – Ela riu fraco. – Minha assistente conversou com pelo telefone, certo? – afirmou com a cabeça. – E ela disse que o principal motivo da adoção é que vocês não conseguem engravidar?
- Isso, exatamente! – afirmou com a cabeça.
- Mas vocês já têm um filho, certo?
- Uma filha, ela fez cinco anos no fim de dezembro. – Falei e ela puxou uma prancheta, apoiando em seu colo.
- Cinco anos e um mês. – falou.
- E vocês tem alguma ideia de faixa etária?
- Nós... – colocou a mão em minha perna.
- Na verdade, temos interesse em um bebê, mas viemos de coração aberto. – Jane sorriu alegre.
- Bem, interrompendo um pouco, nós não temos nenhum bebê disponível para adoção, o que para nós é incrível.
- Claro, quer dizer que os abandonos são cada vez menores. – Ela sorriu.
- Os abandonos de bebês sim, mas trabalhamos junto com o atendimento social da Califórnia e também recebemos diversas crianças que foram retiradas dos pais. – Mordi o lábio, suspirando.
- Oh, meu Deus! – suspirou.
- Então, gostaria de saber se vocês ainda se interessam, antes de passar para a próxima parte. – virou o rosto para mim e eu a olhei, afirmando com a cabeça, seria incrível, não importando a idade, a ideia ainda era maravilhosa.
- Sim! – sorriu. – Sem idade. – Jane sorriu.
- Bom, nesse caso, nós fazemos o seguinte, vocês completam uma ficha e, baseado na resposta de vocês, nós selecionamos as crianças que achamos que tem o perfil que combina mais. – Ela sorriu. – Claro, que caso vocês não se interessem, podemos ver outras.
- Ah, isso é tão estranho. – falou, passando a mão na testa. - Parece que estou escolhendo um produto de uma loja. – Ela suspirou, incomodada, e Jane afirmou com a cabeça, com a boca comprimida.
- A sensação é horrível, não?! – Ela falou e suspirou. – Fazemos isso já que as pessoas normalmente vêm aqui, tem o contato com a criança e nem sempre dá certo e depois a criança fica querendo, lembrando, então, optamos por manter o menor contato possível.
- Entendemos. – Falei e ela sorriu.
- Aqui está o papel. – Ela entregou a prancheta e uma caneta para nós. – São muitas respostas longas e chatas, mas é importante. – Ela sorriu. – Vou deixá-los à vontade. – Ela se levantou, ajeitando a saia. – Estarei lá fora, só me chamar. – Ela sorriu, caminhando até a porta. – Ah, e como chegaram até nós? – Viramos para ela.
- Minha irmã é adotada, minha mãe indicou esse lugar.
- Ela foi adotada aqui? – Neguei com a cabeça.
- Não, foi em Boston.
- No Lar das Meninas? – Olhei para ela.
- Lá mesmo. – Ela sorriu e se retirou.
- O que temos aqui? – Me aproximei de , olhando para a prancheta.
- Começa com o básico, nome, endereço, profissão, depois sobre o casamento, depois entra sobre a casa, cômodos, cuidados, empregados, animais, depois entra na parte de hobbies e gostos pessoais e, por último, doenças e histórico familiar. – Ela falou, arqueando os olhos para mim.
- A gente vai ficar aqui a tarde inteira. – Falei e ela riu fraco.
- Vai, vamos começar. – Ela riu fraco. – Richard . – Ela falou, enquanto escrevia com a sua letra linda. – Andrea . – Ela riu fraco. – Não acredito que você só descobriu meu segundo nome quando casamos.
- Você nunca me disse e nem tinha uma página na Wikipedia naquela época. – Ela gargalhou. –35 e 39 anos. Alguém tá chegando aos 40. – Ela brincou e eu franzi a testa. – Fica feliz, amor, você está muito bem. – Hollywood Hills, número... Qual o número de casa? E o nome da rua? – Ela franziu a testa e foi minha vez de gargalhar.
- Muito bem, senhora . – Peguei a prancheta dela, começando a escrever. – Quarto? A Vi vai dividir ou...
- Seria legal um só dele, poxa, viver em um orfanato não deve ser muito confortável, um quarto dele seria legal. – falou.
- Então, tchau cinema. – Falei, anotando que tinha três quartos, sem contar o quartinho.
- Tchau mesmo, depois que colocamos uma TV no nosso quarto e uma na sala de TV, só usamos quando tem muita gente, o que é raro juntar o povo para ver TV. – falou irônica e eu ri.
- Três salas, uma cozinha, uma piscina, três banheiros e um na suíte. – Fui anotando os números e me acompanhava com os olhos. – Dois empregados...
- Especifique. – Ela apontou, e eu escrevi.
- Seguranças.
- Um cachorro. – Falamos juntos e eu ri fraco.
- Você pulou. – Ela falou. – Jornalista e ator. – Ela apontou, puxando a prancheta de volta. – Como você esqueceu isso? – Ela riu e eu a empurrei pelo ombro.
- Jornalista por formação, agora é confeiteira. – Falei devagar, enquanto escrevia e ela riu.

- Eu quero ir. – Violeta falava entre um choro e um grito e um grande bico nos lábios, sentada na nossa cama.
- Amor, olha para mim. – abaixou o corpo e segurou o rosto de nossa filha. – Hoje, não é lugar para você, não vai ter nenhuma criança para você brincar. – Ela falou firme. – E para de dar esse show, não te ensinamos isso. – Violeta bufou, cruzando os braços.
- Joana está aqui, vocês vão brincar bastante. – Falei, finalizando o nó da gravata.
- Ah! – Ela suspirou. – Por que você não faz um filme para mim, papai? Um desenho? – Sorri, me abaixando em sua frente.
- Eu vou pensar, pode ser? – Perguntei e ela afirmou com a cabeça.
- Você promete que vai se comportar? – perguntou, se abaixando até ficar da altura dela, enquanto eu colocava o paletó.
- Prometo. – Ela falou suspirando. – Você está linda, mamãe. – Ela falou sobre o vestido preto e rendado da minha esposa, e a trouxe em seus braços, abraçando nossa filha.
- Não demoramos! – Ela falou, se levantando com Violeta nos braços. – Não se esquece de jantar, tem bolo no micro-ondas, oferece para Joana. – Ela falou e Violeta afirmou com a cabeça. – Amamos você.
- Também amo vocês. – Ela sorriu e a colocou no chão, fazendo-a correr para a sala.
- Seria interessante você dirigir uma animação. – se aproximou de mim, ajeitando a gola do meu paletó. – Ou um filme de princesas.
- Eu gostaria de dirigir um live-action. – Falei animado.
- Até eu ia. – Ela sorriu, dando um beijo de leve em minha bochecha.
- Você está linda. – Ela sorriu. – Rupert virou um grande estilista, mas ele ainda tem tempo de fazer seus vestidos.
- E ele pega na agulha pelos meus. – Ela falou sorrindo e suspirou. – Sinto falta dele.
- Agora ele viaja o mundo inteiro. – Ri fraco. - Ele volta logo.
- Ô se volta! – Ela riu fraco. – Vamos para seu novo filme, senhor diretor? Eu estou realmente empolgada com esse. – Ela sorriu.
- Claro! Você ama drama. Lembro quando assistiu “Presente”. – Ela riu fraco, passando os braços pelo meu pescoço, me fazendo abraçá-la pela cintura. – Você vai gostar desse.
- Claro, além de você dirigir, tem você, meu amor. – Ela pegou sua bolsa na cama e estendeu a outra mão para mim. – Vai dar tudo certo.

- Você precisa parar de vir aqui. – cochichou para mim, enquanto decorava um bolo com deliciosos morangos que eu roubava de vez em quando.
- Por quê? – Perguntei, soltando uma risada fraca.
- Você tira a atenção dos meus clientes e dos meus funcionários. – Ela cochichou, dando a volta na bancada.
- A culpa não é minha. – Falei e ela revirou os olhos. – E eu gosto de te ver trabalhar. – Dei de ombros, sentando em um banco no canto da cozinha.
- E comer, tá criando barriga já, nem eu estou com barriga. – Ela falou, cobrindo agora o bolo com confete.
- Já enjoou de tudo que faz, assim é fácil. – Dei de ombros, sentindo um tapa na mão quando eu ia roubar outro morango.
- E eu também nunca vou ao seu trabalho. – Ela falou.
- Vai sim. – Ela ergueu o dedo para mim.
- Fui uma vez e a gente nem namorava. – Ela falou e eu puxei na memória. Ela estava certa.
- Nossa, faz tempo. – Ela riu fraco.
- , telefone para você. – Uma atendente falou e minha esposa saiu de perto de mim, apontando um dedo para mim, seguindo em direção ao telefone, onde a outra funcionária estava.
- Obrigada! – Ouvi falar. – Nossa, oi! Faz tempo mesmo. – riu, me chamando para perto dela. – Mesmo? – Ela abriu um largo sorriso, começando a dar alguns pulinhos no mesmo lugar. – Sim, pode marcar! – Ela afirmou com a cabeça. – Estaremos lá! – Ela desligou o telefone, dando pulos histéricos e rindo junto. – O pedido de adoção foi aprovado! – Ela gritou, me fazendo arregalar os olhos surpresos e eu passei os braços pelo seu corpo, sentindo-a tirar os pés do chão e a rodei no ar, notando que os funcionários batiam palmas para gente.
- Mesmo? – Perguntei, sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
- Mesmo! – Ela sorriu, passando as mãos no rosto. - É para irmos lá na semana que vem. – Afirmei com a cabeça, com um sorriso gigantesco no rosto.

- Olá, sejam bem-vindos novamente! – Jane falou, nos cumprimentando. – É ótimos tê-los aqui.
- Obrigada, ficamos surtados com a sua ligação. – falou com um largo sorriso no rosto e eu ri fraco, abraçando minha esposa pela cintura.
- Imagino, a felicidade dos pais é enorme mesmo. Eu já adotei, então, é ótimo. – Ela sorriu. – Parabéns, primeiramente, o perfil de vocês é ótimo, pudemos finalmente dar a oportunidade para algumas crianças que nunca tiveram a chance. – Ela sorriu visivelmente alegre.
- O que você conseguiu para nós? – Perguntei, apertando o ombro de minha esposa.
- Vamos para o segundo andar, que eu lhes mostro. – Ela falou.
Eu e a seguimos pelo orfanato, subindo as escadas do primeiro andar, dando de cara com outra igual no seguinte. No segundo andar deu para ter uma noção do tamanho do orfanato, diversas portas fechadas, alguns mostrando que era banheiro, quarto de menina, de menino, sala da brincadeira. Entramos em uma sala que Jane fechou atrás de nós. A sala estava fechada, tinha uma grande janela e, na frente, uma escrivaninha, era outro escritório, mas mais largo dessa vez.
- Sentem, por favor. – Ela falou sorrindo e nos sentamos no sofá que tinha lá e ela pegou alguns papéis em cima da mesa. – Nós conseguimos selecionar três crianças com o perfil de vocês. – Ela pegou os papéis. – Parece pouco, mas é bastante, na verdade, a escolha é mais difícil. – Ela riu fraco. – Temos uma menina, Monique, de cinco anos. – Ela passou a folha. – Temos Matt de quatro. – Ela falou, mudando de folha novamente. – E, temos, sabemos que passa um pouco da faixa etária inicial, temos um menino de 10 anos, faz 11 esse ano ainda. – Afirmei com a cabeça, respirando fundo.
- Qual o nome dele? – perguntou, apontando para a folha.
- Lawrence, mas o chamamos de Larry. – imediatamente virou o rosto para mim, com os olhos cheios de lágrimas.
- Larry. – Ela falou para mim, com a mão na boca e eu a abracei, nosso Larry ainda fazia falta.
- Vocês procuram uma pessoa? – Jane perguntou.
- Na verdade, é um amigo nosso, ele morreu há alguns anos. – Falei e ela juntou as folhas novamente.
- Acho que vocês já tem um escolhido, então. – Ela falou sorrindo. – A não ser que a idade seja um problema. – olhou para mim.
- O que você acha? – Ela perguntou, apertando minha mão.
- Vai ser difícil, mas eu não posso ignorar a coincidência do destino. – Falei, puxando a respiração fortemente, notando que eu estava chorando também.
- Ele é uma das melhores crianças que temos aqui, em questão de comportamento, amizade, atitude, ele é ótimo. – Ela sorriu. – Faz anos que tentamos dar um lar a ele, mas as pessoas sempre acham um desafio.
- Por causa da idade? – Perguntei e ela negou com a cabeça.
- Não, na verdade, mas quando contamos aos pais o passado dele. – Ela prensou seus lábios um no outro.
- Você pode nos contar? – perguntou, apertando minhas mãos.
- Eu sou obrigada por lei a contar, apesar de não gostar de me lembrar disso. – Ela suspirou, se levantando. – Lembra quando vocês vieram para a primeira entrevista, há mais de quatro meses, que eu disse que temos uma parceria com o atendimento social da Califórnia?
- Sim. – respondeu, não desviando os olhos de Jane.
- Bom, Larry veio desse jeito. – Ela suspirou. – Ele foi tirado dos pais. – Ela passou a mão nos cabelos curtos.
- Por quê? – Me atrevi a perguntar.
- Ele sofreu abuso, desde os quatro anos de idade, ele chegou a nós com sete. – prendeu a respiração, apertando minhas mãos. – A mãe era bêbada e drogada, fazia programa, então o pai nem deve saber da existência dele. – passou uma das mãos nos cabelos. – Ele tem cicatrizes de facas e marcas de cigarro. – Fechei minha mão em um punho, realmente bravo.
- Como aconteceu? – Jane abraçou o próprio corpo.
- Uma denúncia anônima ligou e, quando foram lá, a situação realmente acontecia, o garoto estava deplorável, ficou internado por meses, até melhorar, ele tem problemas respiratórios, quase perdeu um pulmão. – Ela respirou fundo. – Em compensação, é um dos garotos mais carinhosos que tem aqui. – Ela passou a mão no rosto, limpando uma lágrima.
- Oh, meu Deus! – falou, escondendo rosto com as mãos. – Como...?
- Eu sei que é pesado, mas eu não daria essa opção se não soubesse que vocês seriam capazes. – Ela sorriu se aproximando da mesa. – Eu os conheço, já ouvi falar na imprensa, mas fui pesquisar, todos falam bem de vocês, as entrevistas de vocês, a forma que vocês aparecem somente quando necessários, além da ficha, casa e entrevista de vocês, existe uma estabilidade enorme em volta da sua família. – Ela sorriu. – Se meu trabalho permitisse, eu diria que são perfeitos. – Ela sorriu e eu afirmei com a cabeça.
- Sim! – Falei, sem mesmo olhar para . – Eu só quero abraçar esse garoto. – Falei e olhou para mim, com os olhos cheios de lágrimas, mas com um sorriso gigante no rosto.
- Ele precisa de uma família. – falou e eu afirmei com a cabeça.
- Sim, é só o que ele precisa.
- Oh, meu Deus, eu sabia que seria emotivo, mas nem tanto. – Jane falou se aproximando de nós e se levantou, e ambas se abraçaram. – Obrigada! – Ela repetia diversas vezes. – É sempre uma alegria esse momento.
- É! – Foi o que conseguiu falar, passando as mãos embaixo dos olhos.
- Vocês gostariam de vê-lo? – Ela perguntou e eu e nos entreolhamos, com um sorriso grande nos lábios.
- Sim! – Respondemos e ela nos chamou em direção a grande janela que dava para o quintal do orfanato.
Olhamos para baixo e diversas crianças brincavam lá embaixo, cada uma com uma roupa diferente, alguns corriam, outros brincavam de boneca, outros desenhavam, tinha para diversos gostos.
- Olhem ali! – Ela apontou para uma das mesas dispostas no gramado. – De blusa verde. – Ela comentou.
Me aproximei mais da janela, quase encostando o rosto no vidro e vi um garoto sentado no banco na lateral da mesa, a cabeça baixa e os olhos atentos em uma revista, ou algo parecido. Outro garoto estava ao seu lado, acompanhando a mesma revista e, de vez em quando, eles riam juntos, voltando à leitura. Dali não era possível ver seu rosto, ele estava bastante compenetrado na leitura, bem interessado no assunto. Só deu para ver que seus cabelos eram escuros e encaracolados.
- Ele gosta de ler! – Jane falou. – Provavelmente algum super-herói. – Ela virou para mim. – Ele te conhece, já passamos “Os 12 Deuses do Olimpo” para eles. – virou o rosto para mim, com um largo sorriso no rosto. – Pena que ele não olha para cá.
- Não importa, vai dar certo. – Ri fraco, suspirando, com o que disse.
- A gente faz dar certo. – Falei e ela sorriu.
- Posso preparar a papelada e mandar para o juiz?
- Com certeza! – Respondi e ela abriu um largo sorriso.
- Parabéns, papais! – Ela falou, abraçando a mim primeiro e depois . – O processo demora um pouco, mas até o fim do ano, no máximo, ele já estará com vocês.
- Ah, que ótimo! – sorriu feliz. – Eu só tenho uma dúvida.
- Sim! – Jane olhou para ela.
- E a mãe biológica dele?
- Faleceu há uns dois anos. – Ela respondeu e afirmou com a cabeça. – Ele vai ser filho de vocês agora. – passou os braços pela minha cintura, encostando o rosto em meu peito, suspirando.

***

- Fica quieto! - Dei uma cotovelada em Seth e ele colocou a mão na boca, se contendo.
Andei a passos lentos, sentindo meus pés deslizarem no piso frio de madeira e guiei os ombros de Violeta até a porta do quarto. Abri a mesma devagar, com medo de que ela rangesse, e eu fiquei realmente aliviada por isso não ter acontecido.
ainda dormia, a blusa estava toda torta em seu corpo, um dos braços largados do meu lado da cama e a outra em cima de seu corpo. A respiração estava calma, os olhos fechados, estava tudo bem. Olhei a minha volta, onde Seth, Cady, Sharon, Trish, Lílian, além de Malcon Adams, Stefan Taylor, Henry Christensen e Patrick Kingsley, todos em pé as seis horas da manhã só para isso.
Estendi minha mão esquerda, mostrando três dedos e todo mundo afirmou com a cabeça, com risinhos no rosto. Abaixei um dedo, deixando o pessoal surtado, mas sem soltar um pio. Um, estava perto, prendi a respiração por um minuto e abaixei o último dedo, ouvindo o estrondo de tampas de panelas e panelas batendo uma contra a outra, e risadas escandalosas vindo do pessoal que estava em volta, fazendo pular de susto na cama, colocando a mão no coração.
- Parabéns para você! Nessa data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida! – O coro gritava animado. – Parabéns para você! Nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida!
- E para o nada! – Malcon gritou.
- Tudo!
- Então como é que é? – Malcon continuou.
- É pique, é pique, é pique, é pique, é pique! É hora, é hora, é hora, é hora, é hora! Rá, tim, bum! , , ! – Os homens começaram a jogar confete em cima dele.
Ele tinha um sorriso bobo no rosto, havia se sentado na cama e ria descontroladamente. Passou a mão no rosto amassado, a barba um pouco espetada e eu ri, segurando Violeta pelos ombros. Ele olhou para cima, com uma risada boba no rosto.
- Oh, gente! – Foi a primeira coisa que ele falou, rindo fraco.
- Assopra! – Violeta falou, esticando um cupcake com cobertura azul para ele. fez o que a filha pediu e assoprou a pequena vela enquanto ainda estava na mão de Vi e depois segurou o cupcake, colocando na mesa de cabeceira. – Parabéns, papai! – Violeta pulou na cama, abraçando fortemente, fazendo com que eu sorrisse.
- Que sua nova década lhe traga muitas surpresas! – Patrick falou rindo e eu o acompanhei, mostrando o polegar a ele.
jogou a coberta para o lado, com Violeta em seu colo e eu o abracei, depositando um beijo em seus lábios, vendo-o sorrir.
- Feliz aniversário, meu amor. Espero que eu possa ajudar a superar a crise dos 40. – Ele soltou uma risada fraca e me abraçou.
colocou Violeta no chão e todo mundo se aproximou, dando um forte abraço nele e fazendo uma piadinha em seguida. Da turma da Máxima, poucos foram os amigos que realmente sobraram, amigos mesmo, pois conhecidos todos eram, mas amigos mesmo eram poucos. Malcon havia se tornado um amigão para , ele morava por aqui na vizinhança, então eles saiam para correr quase sempre. Stefan era um pouco mais difícil o contato, ele morava aqui, mas havia se casado com uma romena, então viviam muito lá. Henry era tão ocupado quanto em filmes e produções, então sempre estava ocupado e quando estava livre estava com a sua família ou na Austrália, seu país de origem. Já Patrick dava umas sumidas, afinal, cuidar de trigêmeos não era fácil, mas às vezes aparecia por aí de surpresa.
Abracei minha irmã de lado e fui para a sala com ela, e eu fazia questão de passar a mão em sua pequena barriga de três meses. Abri a mesa de café da manhã que eu havia preparado para essa pequena festa ao amanhecer e o pessoal não demorou a atacar. se aproximou com Violeta no colo e a colocou no chão, vendo-a correr atrás de Leslie que andava pela casa. Ele veio até onde eu estava, atrás do balcão e passou os braços pela minha cintura, dando um beijo em meu pescoço, soltando um suspiro em seguida.
- Obrigado! – Ele falou, sussurrando.
- De nada, mas a ideia foi da sua filha. – Falei sorrindo.
- Talvez, com vocês, não seja tão mal. – Ele virou o rosto para mim, beijando minha bochecha. – Apesar de que eu ainda acho que meu melhor ano foi quando te conheci. – Ri fraco.
- Não seja saudosista, faz muito tempo já. – Falei, enquanto ele se afastava para a bancada.
- Ainda sinto como se fosse a primeira vez. – Ele piscou para mim e eu abaixei a cabeça, balançando a cabeça.

- Oi, amor. – falou, abrindo a porta do quarto de Violeta que estava sentada no chão brincando com alguma de suas bonecas. – Podemos conversar com você um pouco? – Ele perguntou e eu encostei a porta atrás de mim, me aproximando dela.
- Pode sim, o que foi? – Ela perguntou, abaixando suas bonecas e olhando bem para .
Eu e nos entreolhamos e nos sentamos ao lado de Violeta no chão, o qual a trouxe para o seu colo, abraçando-a pela cintura.
- Como foi na escola hoje? – Ele perguntou, dando uma aliviada no papo, ou começando do pior jeito possível.
- Foi bem, a professora Jean nos ensinou a fazer dobra... Dobra... Você entendeu. – Ela falou, se perdendo nas palavras e eu ri fraco. – E foi bem divertido. – Ela sorriu.
- Que bom, amor, e já está aprendendo a escrever que eu sei. – Ele falou a apertando em seus braços.
- Já sim! – Ela falou animada. – Já sei escrever o meu nome, o seu e da mamãe. – Ela falou animada, me fazendo rir.
- Tem que aprender a escrever da Leslie também. – Eu falei, fazendo-a confirmar com a cabeça feliz.
- Sim, eu vou aprender!
- E do seu novo irmãozinho. – falou, fazendo-a virar o rosto para ele, surpresa.
- Irmãozinho? – Ela perguntou em um misto de curiosidade e alegria.
- Sim, você vai ganhar um irmãozinho. – Seus olhos se iluminaram.
- Se lembra lá no fim do ano passado que te falamos o que você achava de ter um irmãozinho? – Falei para ela, passando a mão em seus cabelos.
- Faz bastante tempo isso. – Soltei uma risada fraca.
- Faz mesmo. – Sorri para ela.
- Lembra também que dissemos que ele não seria da barriga da mamãe e sim do coração? – Ela prensou os lábios e afirmou feliz.
- Ele vai chegar em algumas semanas. – falou sorrindo para ela.
- Mesmo? – Ela se animou, se levantando e dando pulos pelo quarto. – É menino? Menina? Como é? Vai brincar comigo? – Eu e soltamos uma risada fraca.
- O nome dele é Larry, ele fez 10 anos faz pouco tempo, é mais velho que você. – Ela sorriu, feliz. – A gente quer que você cuide bastante dele, ele se machucou bastante na vida, você consegue fazer isso? – perguntou.
- Consigo sim! – Ela falou alegre. – Eu prometo. – Ela sorriu. – E vocês também, vão cuidar de nós dois. – Ela falou, cruzando os braços.
- Vamos, meu amor. Nós vamos. – Eu respondi sentindo-a pular em meu colo, me abraçando.

- Cuidado para não riscar a parede, . – Falei para ele, que montava a cama do quarto novo de Larry. – E com o chão também, já limpei três vezes.
- Desculpa. – Ele falou, dando mais uma parafusada na cama e a colocando no chão novamente. – Pronto! – Ele falou, colocando os pés da cama no chão levemente. – Acho que era só o que faltava. – Ele se levantou, respirando fundo. – Ah, estou velho. – Soltei uma risada fraca.
- Acontece! – Respondi e ele riu fraco.
- Aqui. - Estendi uma ponta do lençol para ele, que me ajudou a colocar na cama e o edredom. – Quem diria que esse cinema tinha somente um blackout e essa vista linda. – Falei, rindo fraco e deu de ombros, sorrindo.
- Mãe! – Ouvi Violeta bater os pés fortemente no chão e entrar pela porta do agora quarto.
- O que foi, filha? – Perguntei a vendo rir fraco.
- Aqui, para ele. – Ela me estendeu um de seus diversos ursos polar que usamos para decorar seu quarto quando ela nasceu. – Quero que ele fique com isso.
- Oh que lindo, filha. – falou sorrindo e o pegou das mãos de Violeta, colocando em cima da cama dele.
- Quero que ele goste bastante quando chegar aqui. – Ela segurou a barra do vestido e rodopiou, sorrindo.
- Ele vai sim, amor.
- E tá muito lindo. – Ela deu algumas saltitadas pelo quarto, observando tudo em volta.
Havíamos comprado diversas roupas para ele, baseado no tamanho que Jane havia nos passado, alguns gibis de diversos super-heróis para ele, um videogame e alguns jogos, não sabendo exatamente do que ele gostava, e decoramos a parede com alguns adesivos. O quarto era inteiro em tons de azul, branco e preto, com uma cama de solteiro no canto esquerdo do quarto com uma mesa de cabeceira baixa ao meu lado, um armário na frente, algumas estantes e a televisão e, em frente à cama, uma escrivaninha. Eu, particularmente, havia amado a escolha de , tentamos cobrir o básico e acho que conseguimos, agora só esperássemos que ele se sentisse em casa.

***

- Oi, o que você está fazendo? – Ergui a cabeça, encontrando a senhora Jane entrando no meu quarto.
- Lendo. – Falei, apontando para o gibi.
- Está gostando desse aí? - Ela perguntou, se sentando ao meu lado.
- Estou sim, está bem legal. – Ri fraco.
- Eu queria conversar com você, se possível. – Ela falou e eu ergui o rosto, sentindo-a passar a mão em meus cabelos cacheados. – Você me concede dois minutos? – Ela perguntou e eu afirmei com a cabeça, fechando o gibi.
- Eu juro que não fiz nada dessa vez. – Ela riu fraco, me abraçando de lado.
- Eu sei que não, querido, é outra coisa. – Ela sorriu.
- O que é então? – Virei o rosto para ela.
- São só três palavras, que eu gostaria de te dizer.
- O quê? – Ela abriu um largo sorriso e pude notar que ela tinha os olhos molhados, o que fez com que eu franzisse a testa. – O que foi, senhora Jane? – Ela passou os braços pelo meu corpo, me abraçando contra seu corpo e eu não conseguia entender nada, por que ela estava chorando? – A senhora está bem? – Perguntei novamente.
- Estou sim, meu querido Larry. – Ela sorriu, passando as mãos no rosto. – Eu gostaria de te pedir para arrumar suas coisas, querido. – Ela mordeu seu lábio e puxou a respiração fundo, me fazendo demorar a entender o que ela queria dizer, se ela pedia para eu arrumar minhas coisas, isso só significava uma coisa. – Você foi adotado. - Abri a boca levemente, sentindo meus olhos ficarem molhados rapidamente e a abracei forte, chorando de verdade em seu colo.
- Eu fui adotado? – Perguntei. – Mesmo?
- Mesmo, querido, você vai ter uma família agora, uma família que te ama. – Coloquei a mão no rosto, não me importando com o quanto que eu chorava, eu não sabia que a gente podia chorar de felicidade também. – Eles vêm te buscar amanhã.
- Eles vão cuidar de mim? – Perguntei e ela afirmou com a cabeça.
- Vão cuidar de você, te amar, te dar carinho, eles são pessoas maravilhosas, você vai gostar muito deles. – Senhora Jane falou e eu a abracei, sentindo meu nariz entupir. – Eu disse que conseguiria, não disse? – Ela falou.
- Disse sim. – Falei, sentindo minha barriga borbulhar, eu sentia muita coisa ao mesmo tempo, felicidade, tristeza, alegria e coisas que eu nem sabia o nome direito.

***

- Oh, meu Deus, eu estou muito nervosa. – Falei, sentada no sofá da sala de Jane e batendo meus saltos no carpete.
- Pior que eu nem posso te acalmar, não sou qualificado no momento. – Ri fraco, encostando meu rosto em seu ombro.
- E se ele não gostar da gente? – Perguntei, olhando para um ponto estranho na sala.
- Eu duvido que isso vá acontecer. – se virou para mim, apertando minhas mãos. – Ele só quer amor. – Afirmei com a cabeça, continuando a bater o salto no carpete, olhando para a porta que permanecia fechada a mais de 20 minutos.
Vi e ouvi a porta se abrir e, imediatamente me levantei, vendo se levantar logo atrás de mim. Jane entrou na sala com seu estilo de sempre e segurava a mão de uma criança que apareceu pela porta logo em seguida. Ele era da altura de uma criança de 11 anos, uns 1,30 de altura, os olhos eram verdes e a pele morena, o cabelo era cacheado, que enchiam sua cabeça. Ele se colocou ao lado de Jane e não se mexia, só estava levemente boquiaberto.
Eu e nos olhamos entre si, eu já não conseguia conter a emoção, ele era lindo demais. Meus olhos já estavam embaçados assim que o notei, meu corpo tremia inteiro e dividia essa sensação com o arrepio, não sabia definir, era um misto de emoções, incluindo um frio na barriga que parecia que eu vomitaria.
- Larry, esses são seus novos pais. – Jane falou, colocando as mãos no ombro do garoto. – e . – Ela falou, com um sorriso largo no rosto. Ele ficou parado por um tempo, olhando de mim para e de para mim, os olhos mexiam de um lado para outro, sem dizer nada.
- Eu... – Ele enroscou para falar e engoliu. – Eu fui adotado pelo Poseidon? – Soltei uma gargalhada, vendo-o correr em nossa direção e me abraçar forte, enterrando o rosto em minha barriga, fazendo com que as lágrimas que estavam presas em meus olhos caíssem sem permissão pela minha bochecha, me fazendo abraçá-lo forte.
- Foi! – Ouvi Jane falar em meio às lágrimas também.
- Oh, pequeno. – Falei, sentindo me abraçar de lado, não conseguindo falar muita coisa.
- A gente vai cuidar de você agora. – Ouvi falar e encostei minha cabeça na dele, dando diversos beijos em sua bochecha.
- Vem aqui! – o abraçou fortemente, erguendo em seu colo. Nesse momento notei que meu marido tinha o rosto vermelho, provavelmente eu não estava diferente. – Você vai ser feliz. – Ele falou, olhando para o garoto nos olhos, secando as lágrimas. – Você vai para casa.

- Nossa! – Larry falou assim que saiu do carro. – Essa vista é linda! – Ele falou e eu me coloquei atrás dele, dando um beijo em sua cabeça. – Aqui é legal! – Ele riu fraco.
- Vem, queremos te apresentar algumas pessoas. – falou, esticando a mão e ele correu até . – Jordan, Matt, vem aqui, por favor. – Ele falou e os dois seguranças nossos apareceram, lado a lado.
- Senhor. – Matt, o mais novo, dando uma rápida corrida até nós.
- Eu quero apresentar vocês nosso novo filho. – Ele apertou os ombros do pequeno, que tinha um sorriso tímido nos lábios. – Larry.
- Larry? – Jordan olhou para ele e afirmou com a cabeça. – Como você está, garoto? – Ele esticou a mão para o pequeno que bateu rapidamente.
- Bem. – Foi o que ele falou e Jordan riu. – Oi! – Ele acenou para Matt.
- Vai ser muito bom te ter por aqui. – Jordan falou e eu respirei fundo, vendo Larry voltar em minha direção, segurando a mão de .
- Vamos entrar! – Falei, esticando minha mão para ele dessa vez e caminhando para dentro. Abri a porta e dei espaço para ele entrar, curioso em olhar tudo em volta, a casa estava arrumada e limpa, tudo estava pronto para chegada dele.
- Seja bem-vindo. – Falei e ele abriu um largo sorriso. – Entre!
Ele colocou os pés para dentro e começou a dar algumas voltas ao redor dos móveis, um pouco abismado com tudo aquilo. Ele passou a mão no sofá, devagar, suspirando. Ouvi um barulho vindo do fundo e franzi a testa, tentando saber de onde viria, quando vi Leslie vir correndo dos quartos em direção a Larry.
- Opa, garota! – correu, se colocando no meio dos dois. – Larry, essa é Leslie! – O mais novo soltou uma risada fraca, vendo Leslie andar em direção a Larry e começar a cheirá-lo e a respirar em cima dele.
- Posso fazer carinho? – Ele perguntou.
- Claro! – Falei e ele fez um carinho na cabeça dela e depois em seu pescoço, vendo-a se aninhar cada vez mais perto dele, fazendo-o rir.
- Boa menina! – Ele falou, rindo fraco em seguida.
- Mãe. – Ouvi uma voz falar um pouco ao longe e olhei para o corredor, onde Violeta estava com um de seus bichos de pelúcia da Disney na mão, visivelmente quieta.
- Aqui! – Andei até Violeta, colocando minhas mãos em seus ombros. – Vi, esse é Larry, seu novo irmãozinho; Larry, essa é Violeta. – Ambos estavam com vergonha. A diferença dos dois era de uns cinco anos, então, era bastante tempo, e tinha muita diferença de criação dos dois.
Larry se escondeu um pouco ao lado de , envergonhado do que deveria fazer ou como agir, mas Violeta decidiu dar o primeiro passo. Ela saiu do meio de meus braços, deu alguns passos descalços em direção de Larry e se afastou para o lado um pouco. Ela o observou bem, deu uma volta em seu corpo e ficou em frente novamente, fazendo com que eu e nos olhássemos com as testas franzidas. Ela ficou na ponta dos pés, passou a mão nos cachinhos de Larry e colocou os pés inteiros no chão novamente. Ela olhou para ele com seus olhos azuis e abriu um largo sorriso.
- Você gosta de brincar de bonecos? – Ela perguntou animada, com seus olhos brilhando.
- Gosto! – Ele respondeu, com um sorriso de lado.
- Então, vem brincar comigo. – A mais nova falou, puxando Larry em direção a seu quarto no fim do corredor e eu olhei, com os olhos lacrimejando novamente, me fazendo respirar fundo. apareceu ao meu lado, passando os braços pela minha cintura, e eu o abracei forte pelo pescoço.
- Vai dar tudo certo. – Ele falou comigo, encostando a cabeça em meu pescoço e eu sorri, afirmando com a cabeça.

- Mãe, caiu! – Violeta se aproximou correndo, com seu dente de leite na mão e eu ri, estendendo minha mão para ela.
- Deixa eu ver! – Ela olhou feliz para o dente.
- Olha que legal! – Ela olhava com os olhos brilhando para o dente.
- Guarda! Que você vai colocar embaixo do travesseiro para a fada do dente vir pegar durante a noite. – Respondi e ela olhou para mim alegre, surpresa.
- A fada do dente existe? – Ela arregalou os olhos.
- Claro que existe, e todos os outros personagens. – falou ao lado dela.
- E ela pega os dentes para quê?
- Ela guarda, como se guardasse suas lembranças, e te dá um presente em troca.
- Presente? - Ela sorriu.
- Deixa que eu guardo, vai lá brincar. – estendeu a mão, e Violeta pegou o dente.
- Cuida bem! – Ela falou.
- Sim, senhora! – Ele falou rindo e bateu continência para ela que saiu correndo, rindo.
- Licença. – Minha mãe apareceu ao meu lado e se sentou ao meu lado. – Não tivemos tempo de conversar ainda.
- Não, vocês estão paparicando o neto novo que até se esqueceram da filha que não veem há tanto tempo. – Fiz um drama e ela riu, me abraçando.
- Eu estou tão feliz, queridos. – Ela falou para mim e para . – Isso é incrível, ele é um garoto incrível. – Olhei para frente, abrindo um largo sorriso.
Lílian e Seth eram os melhores tios que essas crianças poderiam ter. Trish e Rodrigo também, que haviam se tornado os padrinhos de Larry. Estavam os quatro, mais Larry e Violeta brincando de roda, ou fingindo, os mais velhos cantavam alto, fazendo os mais novos entrarem na brincadeira. Eles tinham um espírito jovem, eu me achava mais mãe, jovial quando precisava ser, mas mais protetora.
- Eu estou tão feliz, mãe. – Falei, suspirando. – Nunca imaginei que podia ser feliz assim.
- A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. – Minha mãe falou e eu suspirei.
- É sim, bem, Lílian está grávida, você está namorando, eu com uma família completa, parece que está tudo se encaixando.
- Não só parece, querida, está tudo certo. – Encostei minha cabeça no ombro da minha mãe, sentindo-a me abraçar. – Vocês fazem um bom trabalho.
- Obrigada, sogra! – falou e ela sorriu, esticando o braço para ele também, fazendo-o entrar no abraço nosso. - Sua filha me faz o homem mais feliz do mundo. – Sorri de lado.
- Permaneçam jovens, gente. A idade é só um número, . – Ele soltou uma risada.
- Por que todo mundo me zoa pela minha idade? – Ele falou rindo.
- Porque quem já passou por ela, já passou pela crise dos 40, mas sabe que também foi muito bom. – Ela sorriu, apertando sua mão. – E é uma fase ótima também, talvez melhor que os trinta.
- Eu duvido. – Ele sorriu, esticando a mão para mim, suspirando.
- Mãe! Pai! – Ouvi um coro gritar e olhei para frente, vendo Violeta e Larry apontando para gente e nos chamando em seguida, junto de seus padrinhos. – Vem brincar! – Eles falaram juntos de novo, rindo.
Eu e nos levantamos, caminhando em direção a eles. Fazia quase quatro meses que Larry estava em casa, tudo começou devagar, ele tinha aquele medo inicial, perguntava se podia fazer qualquer coisa, tomar banho, ir ao banheiro, comer, mas as coisas foram mudando, a mudança aconteceria devagar, mas aconteceria aos poucos, nosso foco era que ele perdesse o trauma causado até seus sete anos.
No começo, alguém precisava ficar com ele até ele dormir, vivia dormindo lá, já que ele também acordava no meio da noite e tinha medo de ir ao banheiro ou fazer alguma outra coisa, mas há algumas noites isso havia parado. Violeta também foi de uma ajuda incrível. Eles haviam se tornado grande amigos, eles faziam tudo junto, até para jogar futebol, que ela era pequena ainda, mas não importava, contanto que eles fizessem tudo junto.
Larry era um menino doce, como a vida tinha sido ruim para ele, é que eu não conseguia entender. Ele tinha vergonha, então raramente nadava, raramente queria que eu ou o ajudássemos no banho, devido as suas cicatrizes nas costas, principalmente, e algumas espalhadas pela barriga, mas esperávamos que aquilo melhorasse.
Havíamos marcado já uma consulta para ele com Dr. Waton, meu psicólogo, dizem que o mesmo psicólogo não pode cuidar mais de uma pessoa da mesma família, mas eu o queria, ele era a melhor pessoa para conversar com meu filho, já que eu não conseguia entrar em sua cabeça em diversos momentos.
Ele me puxou pela mão, me tirando dos meus pensamentos e eu sorri, me colocando no meio da roda, entre Larry e Violeta, soltando uma risada com o sorriso que ambos me davam, aquela sensação era maravilhosa.
- E agora todo mundo abraçando a mamãe! – Rodrigo gritou e todo mundo gritou, me assustando e correram me abraçar, não só meus filhos, como também meus amigos, meu marido e minha família, me fazendo respirar fundo, sentindo meu coração completo.

Meu pé batia freneticamente no chão, suspirando diversas vezes, ainda bem que a música estava bem alta e as luzes no palco eram bem exageradas, pois eu estava bem nervosa e estava na primeira fila, o que era realmente péssimo, apesar de ter visto o show em um dos melhores lugares, aquele era o primeiro ano que eu assistia da primeira fileira, mas o motivo era especial.
sorriu nervoso quando a câmera passou por ele, fazendo-o apertar minha mão fortemente sobre a sua, só fingindo que eu estava calma, mas era mentira, se o som que passava por mim saísse, com certeza seria um barulho de uma escola de samba, ou algo realmente similar.
Olhei para atriz ganhadora do ano passado parada ao lado, enquanto o vídeo passava e respirei fundo novamente. Ela retornou ao palco e as luzes focaram nela novamente, fazendo com que ela desse alguns passos em direção ao microfone novamente, com aquele temido envelope em suas mãos, enquanto isso, eu soltava a respiração levemente pela boca.
- E o Oscar de melhor ator vai para... – Ela abriu o envelope dourado e eu senti apertar minha mão fortemente, fazendo o que pareceu uma década passar diante de meus olhos. Me lembrei de todos os filmes de , me lembrando de tudo que o levou até ali e preferi fechar os olhos, parecia que assim, até o barulho de meus pensamentos se calavam. – ! – Ela gritou alegre e eu abri meus olhos pasma, virando meu rosto para meu marido que tinha o rosto tão surpreso quanto o meu, me fazendo gargalhar. Ouvi as pessoas aplaudirem e me levantei, sentindo-o beijar meus lábios diversas vezes e ri sozinha, aplaudindo-o. Ele subiu ao palco e segurou a tão merecida estatueta em suas mãos, me fazendo derrubar algumas lágrimas dos olhos, não conseguindo tirar o sorriso do rosto.


Capítulo 25

(Você está me assombrando, você está fora de alcance, você está longe de vista, você é a razão de nós começarmos essa luta. Mas eu sei que eu tenho que deixá-la ir, eu deveria saber, eu tenho que aprender a dizer adeus agora. Eu derrubo minha armadura, e abandono o campo de batalha pela última vez agora, eu sei que estou fugindo de uma zona de guerra. - The Wanted, Warzone).

Ouvi o despertador e levantei da cama imediatamente, desativando-o. Olhei para na cama que virou o corpo para outro lado, sem nem mesmo abrir os olhos, suspirei, balançando a cabeça negativamente e me caminhei para o banheiro, largando meu pijama na pia e prendendo meu cabelo em um coque e entrei embaixo do chuveiro, tomando um banho rápido.
Saí do banheiro enrolada na toalha e parti para o closet, colocando uma calça jeans e uma camiseta básica e em seguida meus tênis de guerra. Soltei meu cabelo novamente e fiz um rabo de cavalo bem alto, abaixando os fios rebeldes com um pouco de spray. Voltei para o quarto, encontrando meu marido da mesma forma de antes, quase caindo da cama. Revirei os olhos e saí do quarto, caminhando até o quarto de Violeta, abri uma fresta da porta, entrando pela mesma devagar e abri a cortina que ela insistia em ter em volta da sua cama, ela me dizia que era pelos mosquitos, eu dizia que era porque ela gostava de se sentir uma princesa.
Passei a mão e seus cabelos, tirando o mesmo do rosto e dei um beijo em sua testa, vendo-a virar o corpo, ficando com a barriga para cima.
- Vamos acordar, Vi, hora da escola. - Falei, passando a mão em seu corpo em um carinho e ela afirmou com a cabeça, meio sonolenta ainda.
- Já vou! – Ela falou se espreguiçando e eu me levantei da cama, pegando em seu armário uma calça e blusa do uniforme e colocando em sua escrivaninha.
- Não enrola! – Falei, dando umas batidinhas no batente da porta e caminhei até o quarto de Larry, dando duas batidas na porta.
- Entra! – Ouvi sua voz e abri a porta, encontrando meu adolescente virado de costas para a porta, onde vi suas costas com cicatrizes brancas se escondendo por dentro da blusa.
- Tudo certo por aqui? – Perguntei a ele e ele se virou, bocejando.
- Tudo certo! – Ele afirmou e eu ri.
- Não enrola. – Puxei a porta em seguida.
Caminhei em direção a sala, vendo Leslie bocejar igual quase todos naquela casa e fiz um carinho em sua cabeça.
- Bom dia, dorminhoca! – Falei seguindo para a janela, onde eu abri a cortina, deixando um pouco da luz da manhã da cidade dos anjos entrar pelas frestas da porta. – Bom dia, Matt! – Acenei para o segurança do turno.
- Bom dia, senhora . – Ri fraco, agora com 41 anos, eu podia ser chamada de senhora.
- Depois vem pegar um pouco de café antes de ir embora. – Falei a mesma coisa que eu falava sempre para eles e entrei na cozinha, batucando as mãos na bancada e liguei a cafeteira, que eu já havia deixado pronta na noite anterior.
Liguei a chapa e, enquanto ela esquentava, eu cortava as tiras de pão caseiro que eu havia feito e passava manteiga, colocando para torrar. Segui para a geladeira e peguei o leite e, nos armários, o chocolate em pó e os utensílios.
Coloquei três pratos, duas xícaras e uma caneca. Enchi a caneca de Violeta com leite e coloquei para esquentar no micro-ondas mesmo. Servi as xícaras com café, deixando a de Larry somente até a metade e completei a dele com leite gelado, do jeito que ele gostava. Ajeitei as duas em frente ao prato na bancada e tirei os pães, que já cheiravam a manteiga derretida, da chapa e coloquei nos pratos deles.
Voltei para a geladeira e peguei uma maçã e presunto e queijo, e voltei para a pia. Fiz um lanche para Violeta levar a escola e coloquei na chapa, para dar uma tostada dos lados. Andei até o cabideiro que ficava no corredor da porta principal e peguei a lancheira da nova princesa da Disney de Violeta e trouxe para a pia, cobrindo-a com um papel toalha e o lanche em alumínio antes de colocar na lancheira. Voltei para a geladeira e peguei um suco de caixinha, colocando junto e fechando a mesma, colocando na beirada da bancada e peguei a maçã de Larry e a embrulhei em um alumínio, deixando ao lado da lancheira de Violeta.
- Bom dia, mãe! – Larry apareceu do corredor, ainda coçando um pouco o olho e eu sorri, dando um beijo em sua bochecha.
- Bom dia, amor, dormiu bem? – Perguntei, vendo-o se sentar na bancada e procurar pelo açucareiro.
- Ah... – Ele franziu o rosto e eu olhei para ele, vendo as olheiras embaixo de seus olhos novamente.
- Ficou jogando até tarde de novo? – Olhei para ele que deu um sorriso fraco.
- Desculpe.
- Não pede desculpa, porque eu sei que você vai fazer de novo. – Falei e ele riu fraco, mexendo seu café com leite.
- Bom dia, gente! – Violeta apareceu e Larry deu um beijo em sua cabeça, antes de ela dar a volta na bancada e me dar um abraço. – Bom dia, mãe.
- Bom dia, amor. – Falei, estalando um beijo em sua bochecha e a vi voltar para a bancada e se sentar.
- Cadê o... – Ela ia pedir o chocolate em pó e eu apontei para o pote ao seu lado e ela riu fraco.
Bebi minha xícara de café e coloquei embaixo da pia, me caminhando para minha agenda, olhando os compromissos do dia, vendo se eu não havia me esquecido de nada.
- Larry, vocês tem aula até mais tarde hoje, precisam de dinheiro para o almoço? – Virei para ele que negou com a cabeça.
- Não, eu ainda tenho, dá para mim e para Vi.
- Ouviu seu irmão, hein?! – Virei para ela que afirmou com a cabeça. – E não fica brincando e se esquecer de almoçar, hein?! – Ela riu fraco.
- Qualquer coisa eu caço ela. – Larry falou, passando a mão na lateral do corpo de Violeta.
- E você tem oculista depois da aula, manda mensagem para o seu pai, se ele não aparecer...
- Só falta ele esquecer de novo, fica aqui sem fazer nada e ainda esquece. – Fiquei quieta, ele estava certo.
- Ele provavelmente vai aumentar seu grau, você está reclamando muito de dor de cabeça com muita frequência.
- Isso pode ser chamado de vício no videogame. – Violeta falou sorrindo e eu ri, ela também estava certa.
- Sua malinha! – Larry brincou e a mais nova mostrou a língua para ele.
- Não começa logo cedo, hein?! – Falei e eles riram, terminando o café da manhã em silêncio. – Escova os dentes direito, Vi. – Falei, vendo os dois entrando no mesmo banheiro ao mesmo tempo, me fazendo rir, eles nem brigavam mais pelo banheiro, cada um tinha seu tempo. Voltei para o quarto, encontrando dormindo e peguei minha bolsa na poltrona e saí do quarto novamente, fazendo questão de deixar a porta aberta, quem sabe Leslie o acordava daqui a pouco. Quando voltei para a sala, Larry já estava com sua bolsa pendurada nas costas e Violeta chegava com a sua mochila de rodinhas e a lancheira atravessada no corpo.
Peguei a chave do carro e saí pela porta da frente, vendo Leslie nos seguir, fazendo Violeta se distrair um pouco e eu destravei o carro, abrindo o porta-malas e os vi colocar as mochilas e malas lá dentro. Larry fechou o mesmo e segui para o banco da frente junto dele, enquanto Violeta sentava no banco de trás e colocava o cinto de segurança.
Dirigi até a escola deles em silêncio, uma música de alguma banda que Larry gostava tocava no rádio e eu acabava ouvindo também e gostando, já havia até ido a um show junto de Larry no ano passado. Violeta era mais distraída, ficava olhando para a paisagem, como se ela mudasse cada dia. Ambos me deram um beijo na bochecha antes de sair do carro e logo foram andando lado a lado para dentro da escola. Larry levava Violeta para o ensino fundamental e depois seguia para o ensino médio.
Dirigi parte do caminho de volta, já que a confeitaria ficava exatamente entre casa e a escola das crianças. Crianças! Era até engraçado falar assim, o mais velho já estava com 15 anos e a mais nova com nove, o tempo estava passando rápido demais. Entrei na garagem da confeitaria e parei o carro ao fundo, na vaga reservada para mim e saí do carro, puxando minha bolsa. Assim que entrei na confeitaria, encontrei Maggie e Robb, dois dos meus funcionários, ajeitando as mesas e enchendo os displays com doces e salgados fresquinhos, quase roubei um croissant para mim.
- Bom dia! – Falei para os dois que sorriram para mim.
- Bom dia, . – Eles responderam e eu passei pela cozinha, entrando na sala dos funcionários, colocando minha bolsa no armário e pegando meu avental vermelho, colocando-o em meu pescoço e dando um laço nas costas, peguei a rede, prendendo meu cabelo em um coque e colocando tudo dentro da rede, dando um laço atrás da cabeça.
Voltei para a entrada da confeitaria e destravei a porta de madeira, abrindo-a e virando a placa para frente, agora estamos abertos. Voltei para a cozinha e dei uma olhada na lista de coisas que precisavam ser feitas na parte da manhã, cookies era o principal, comecei a pegar os ingredientes e olhei o horário, eram oito horas em ponto.

- Como foi o seu dia? – Perguntei, saindo do banheiro, já com meu pijama.
- Normal. – Ele respondeu, dando de ombros e não tirando os olhos do celular.
- Bom! – Respondi e revirei os olhos, me deitando ao seu lado na cama e puxando a coberta para cima de mim. – O dia tem 24 horas e o seu foi normal. – Falei, pegando meu livro na cabeceira da cama e abrindo-o na parte que eu parei. – Apesar de que deve ter sido, dormir por 12 horas, pelo menos você se lembrou do compromisso com seu filho.
- Foi, , foi normal. – Ele respondeu grosseiro e eu suspirei, revirando os olhos.
- E aí ele fica puto.
- Não gosto que fiquem me perguntando mil vezes como foi, não teve nenhuma novidade, Violeta foi bem como sempre, Larry precisa trocar os óculos, Leslie não aprendeu a voar hoje, nada de muito interessante. O seu dia foi diferente por acaso? – Virei meu corpo na cama, bufando.
- Todo dia é diferente só de você vivê-lo, mas claro que o seu não vai ter nada de diferente mesmo, ficar conversando com sei lá quem o dia inteiro, não colocar a cara no sol, você é uma pessoa totalmente diferente desde que parou de trabalhar.
- Desculpa, mas foi uma escolha minha, eu preciso desse tempo, eu me sentia sobrecarregado. – Ele virou para mim. – E não sei por que dessa implicância toda.
- Porque você mudou, . Até seus filhos notaram. – Falei alto no mesmo tom de voz que ele e me levantei, puxando a porta quando saí.
Me sentei em um dos sofás da sala de estar e passei a mão no rosto, suspirando, sentindo minha respiração forte, eu não vou chorar, ele não merece. Suspirei novamente, escondendo o rosto nas mãos e senti um focinho gelado encostar em minhas pernas e olhei para Leslie que agora se aninhava entre minhas pernas.
- Oi, garota! – Falei, passando a mão em sua cabeça, fazendo-a encostar a mesma em meus joelhos. – Eu te acordei, foi? –Perguntei, acariciando seu pelo.
- Não foi só ela. – Ergui o rosto, dando de cara com Larry de pijama em minha frente.
- Oh, filho, me desculpa. – Falei, vendo-o se arrastar até o sofá e se sentar ao meu lado, passando seus braços pelos meus ombros. – Mas eu sei que você não estava dormindo, tá cedo para você. – Ele riu fraco.
- O que está acontecendo, mãe? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Seu pai. – Falei simplesmente e ele afirmou com a cabeça.
- Ele está difícil de engolir, ultimamente, sei bem. – Afirmei com a cabeça, suspirando e ele me abraçou, encostando a cabeça na minha. – Quieto, sem falar nada, não tem reação nenhuma com as coisas, eu também noto.
- Ele diz que é só tédio e cansaço de 20 anos trabalhando, mas eu começo a colocar minha cabeça para funcionar e não consigo não imaginar que possa ter algo a mais. Ele olha muito mais que você no celular.
- Não, mãe, para de pensar nisso. Não creio que ele seria capaz de fazer isso.
- Traição nem sempre é por ações, filho. Os pensamentos podem nos enganar algumas vezes. - Meu filho ficou quieto e eu suspirei, fechando os olhos.
- Eu estou aqui sempre, eu e a Vi, não se esquece disso. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça, dando um sorriso de lado.
- Obrigada, amor! – Ele sorriu e eu passei a mão em seu rosto. – Agora vai dormir, de verdade, dessa vez.
- Quer dormir no meu quarto? Eu durmo aqui.
- Não, amor, eu vou para cama. – Falei e ele se levantou, afirmando com a cabeça. – Não demora para dormir, amanhã é o último dia de aula.
- Eu espero. – Ele brincou.
- Se você pegar uma recuperação, eu juro que tiro o videogame do seu quarto. – Ele riu fraco.
- É brincadeira, mãe. – Ele falou e beijou minha bochecha, andando até o quarto em seguida.
Não era minha intenção, mas eu acabei adormecendo no sofá, toda torta, com a cabeça encostada no canto do sofá e o corpo torto, com certeza aquele seria um dia que eu viria embora mais cedo ou me entupiria de analgésico.
O interessante foi só que eu não acordei no mesmo lugar que eu dormi, eu acordei na minha cama, Larry nem Vi tinham forças para isso, com certeza havia sido o mal humorado ao meu lado.

Depois de muitos dias levando patada, eu havia decidido que ia tratá-lo da mesma maneira que ele me tratava: com indiferença, se ele gostava de tratar os outros assim, eu faria o mesmo, se preciso, fingiria que ele nem existe ao menos, para ver se existia alguma reação da parte dele. E isso aconteceria agora que as crianças estavam de férias de inverno, passaríamos o Natal em casa esse ano, somente com amigos. Minha mãe havia viajado com o namorado e a família de passaria em Boston. , até no nome começava a me dar nojo em falar. Eu era irritada, sempre fui, mas uma coisa que eu não permitiria era ser traída, muito menos ser tratada com indiferença.
Como esperado, eu preferi ir embora um pouco mais cedo da confeitaria naquela sexta-feira, a definição certa é que eu não estava disposta, e todos os funcionários tinham um dia de folga já que abríamos a semana inteira. De sexta-feira, diversos adolescentes ficavam lá na confeitaria conversando, jogando cartas e rindo até tarde, eu gostava daquilo, lembrava da minha infância no Brasil. A gente saía da aula de educação física e ia direto para o centro da cidade, normalmente tomar sorvete e brincar em um dos fliperamas que tinham, parecia que as amizades seriam para sempre, e nem eram.
Preparei um bolo de chocolate com morangos para levar para casa, era último dia de aula dos meninos, então provavelmente a casa estava cheia de adolescentes esfomeados aproveitado a piscina, por mais que estivéssemos em dezembro, o calor em Los Angeles era de matar, isso era resultado do aquecimento global, e eu já falava disso há 10 anos.
Cheguei em casa e já vi os amigos de Larry pulando igual loucos na piscina, a adolescência era uma fase boa da vida, a gente achava que estava abafando, só que não. Saí do carro e peguei o bolo no banco de trás, andando em direção à piscina, onde três amigos de Larry estavam, os de sempre, e do outro lado, Violeta e Joseph brincavam.
- Olá, crianças! – Falei, esbarrando em Larry que estava parado ao lado da piscina.
- Olá, senhora ! – Eles falaram em coro e Larry me deu um beijo na bochecha.
- Vamos deixar uma coisa combinada, não é porque vocês tem mania de senhor e senhora aqui nos Estados Unidos que vocês vão me chamar assim, ok?! Me chamem de tia ou de qualquer outra coisa. – Soltei uma risada fraca e eles riram. – Do contrário, ninguém ganha bolo. – Ameacei e eles ficaram quietos imediatamente. - Vou deixar na geladeira, não se esqueçam de comer e não entrem molhados em casa. – Falei, apontando para as crianças principalmente.
- Obrigada, mãe! – Vi falou e eu afirmei com a cabeça, entrando em casa e puxando a porta atrás de mim.
- Ei, garota, tá devagar hoje? – Olhei para Leslie que estava jogada no sofá da sala de TV e eu caminhei até a geladeira, colocando a caixa do bolo lá dentro e fechando a mesma. Passei pelo corredor do quarto, seguindo para meu quarto, tirando meus brincos no meio do caminho.
- Oi! – Ouvi a voz de da sala de TV e estranhei, franzindo a testa.
- Oi. – Respondi e segui para o quarto, jogando minha bolsa na cama, e sentando nela para tirar meu tênis do pé e colocá-los dentro do closet. Troquei minha roupa por um vestido solto, já que estava bem quente lá fora e depois tomaria outro banho para dormir. Essas crianças precisavam de alguma coisa para comer.
Voltei para a cozinha, observando com os olhos fixos na TV, algum jogo dos Patriots, ou algo assim e deslizei os pés para trás da bancada da cozinha, pegando o pão de forma, um pouco de cenoura ralada, atum e cream cheese, uma comida um pouco mais saudável para eles, afinal, tinha um belo bolo em seguida.
Peguei uma tigela e comecei a misturar os ingredientes, transformando em um patê firme. Peguei dois pratos e comecei a fazer os lanches e colocando em um deles, empilhando-os, esse povo estaria faminto quando saísse da piscina, e isso poderia ser bem tarde.
Coloquei um lanche em outro prato e peguei um refrigerante gelado na geladeira e deixei na bancada junto de sete copos. Peguei seis deles empilhados e o prato de lanches e coloquei em uma mesa do lado de fora, fazendo outra volta e enchendo um dos copos de refrigerante e depois deixei na mesa das crianças novamente. Juntei o prato que havia sobrado e o copo cheio de refrigerante e segui para a sala de TV, colocando ambos na mesa de centro onde assistia TV e segui de volta para a cozinha, abrindo meu notebook para começar a fazer as contas da confeitaria daquele mês, precisava terminar aquilo antes do Natal, já que eu daria férias coletivas naquele ano.

- E como é essa situação, primeiro você estava atrás das câmeras, fazendo exatamente o que estou fazendo agora e de repente eu estou aqui te entrevistando? – Ouvi a jornalista e soltei uma risada fraca.
- Bem, eu não posso negar que parte dessa atenção que eu ganho foi por causa do meu casamento, tudo começou quando eu me casei, vai fazer 11 anos, um dia eu chegava do trabalho de boa, no outro tinha um paparazzi parado do outro lado da rua tirando fotos minhas só porque eu namorava o , mas, por outro lado, eu tenho sorte de ter uma equipe incrível que está disposta o dia inteiro a fazer diversos tipos de doces e salgados. A intenção da confeitaria era ser um café também, e eu acho que eu consegui isso, e também sem faixa etária, o pessoal de diversas idades vem aqui, de manhã são os idosos, na hora do almoço os adultos e no fim da tarde os adolescentes, e eu posso dizer que é muito bom ter esse sucesso.
- Sim, com certeza e, acho que muitos já fizeram essa pergunta a você, mas por que você saiu do jornalismo?
- Na verdade, você é a primeira, normalmente as pessoas perguntam o porquê de eu ter aberto uma confeitaria, mas ninguém nunca pergunta do jornalismo. – Ela sorriu.
- Por que, então?
- Desde que eu era mais nova eu falava que eu queria ter uma família e se eu precisasse escolher, que eu estivesse muito bem de vida, pois eu escolheria minha família um milhão de vezes. E foi o que eu fiz. – Sorri. – Eu tive uma filha e ter filho pequeno te faz ser muito dependente, principalmente se você não quiser perder momentos importantes, que acontecem nos primeiros anos de vida, e eu o fiz. Eu escolhi minha família. Eu até tentei um pouco continuar em um blog, mas a procura de pauta e essas coisas eram bem mais difíceis quando se é sozinha, voltei na antiga assessoria que eu comecei, para poder ajudar nas diversas coisas, mas eu preferi a confeitaria.
- E deu certo? –Soltei uma risada.
- O que acha? – Virei o corpo para trás, onde os funcionários trabalhavam de um lado para o outro e as mesas estavam apinhadas de gente.
- Acho que sim. – Ela sorriu. – E perdas, você se arrepende de algo? Dois filhos, uma confeitaria de sucesso, um marido que sempre te apoiou. – Suspirei. – O que falta na vida de ?
- Eu acho que me arrependo do começo da confeitaria, minha filha passou muito tempo aqui, nos seus três anos, quatro e talvez ela não devesse ter ficado tanto aqui. Eu acho que falta um pouco mais de paciência, parece que quanto mais velho a gente fica, mais impaciente a gente se torna e tudo ao nosso redor pode atrapalhar nisso, mas não deve. – Ela afirmou com a cabeça. – Eu cheguei aos 40, vamos ver como a vida vai levando.
- E qual seu conselho para quem está começando? Tanto no jornalismo, quanto em culinária, quanto para quem está começando uma família?
- Corra atrás dos seus sonhos, mas persiga-os mesmo, porque eles não cairão na sua cabeça. E aprenda que estar certo é estar feliz, mas às vezes não. – Ela abriu um sorriso, afirmando com a cabeça.
- Acho que é isso, obrigada! Foi realmente um aprendizado. – Ela se levantou comigo e eu a cumprimentei vendo-a sair junto com o cinegrafista, suspirei.
Olhei para todo mundo na confeitaria e abri um largo sorriso, não importando as dificuldades que eu tinha em casa, era ótimo vir para cá e fazer as pessoas felizes, afinal, era isso que a comida trazia, felicidade, ainda mais se preparada com amor.

- Toc, toc! – Bati a mão na porta de Larry que estava aberta e ele se levantou da cama. – Posso entrar?
- Claro, entra! – Ele falou, se sentando na cama novamente e tirando os olhos da TV.
- Dr. Waton ligou. – Ele já riu fraco, sabendo sobre o que eu falaria. - Ele disse que você está muito bem, me chamou para conversar. – Ele sorriu. – Por que você não me contou?
- Eu não sei se vou aceitar essa alta que ele me deu, eu não estou cem por cento confiante quanto a isso. – Franzi a isso.
- Por que, filho? - Me sentei ao seu lado.
- Eu ainda tenho... – Ele bagunçou a cabeça. – Pesadelos, às vezes.
- Eu não sou nenhuma psicóloga, amor, mas são suas lembranças, elas não vão embora tão cedo.
- Às vezes eu me pego pensando nela. – Segurei sua mão, fazendo um carinho na mesma. – Isso me assombra.
- Nada precisa te assombrar, meu amor, estamos aqui, você sabe disso. – Ele afirmou com a cabeça e passou os braços pelos meus ombros. – Ela nunca foi sua mãe, Jane foi e agora eu. Não vou pedir para você parar de pensar nisso, porque sei que não vai. – Ele afirmou com a cabeça. – Mas não se torture, ok?! Você é um ótimo garoto, um presente para gente, que merece ser feliz.
- Isso eu sou, mãe. E eternamente grato. – Abri um sorriso e o abracei, ouvindo-o suspirar em meus braços.
- Não precisa ficar de conformidades, Larry. – Falei e ele riu. – Está com fome?
- Acabei de comer um pote de pipoca. – Ele ergueu o mesmo do lado da cama e eu revirei os olhos.
- Depois se vira, hein?! – Falei e ele afirmou com a cabeça. – Vai comigo no mercado amanhã?
- Vou sim! – Ele falou, deitando novamente na cama.
- Eu vou. – Ouvi a voz de vinda da porta e virei o rosto imediatamente, me aproximando da mesma.
- Não preciso de ninguém com cara feia para me acompanhar. – Saí do quarto, me espremendo para passar por ele pela porta.
- Eu não estou de cara feia hoje. – Ele reclamou.
- Não só hoje, como todos os dias há mais de seis meses, quando você me contar o que eu te fiz, quem sabe a gente pode conversar. – Falei direta e segui para o quarto de Violeta, me virando para ele, antes de entrar no quarto dela, apontando o dedo em sua direção. – E não se atreva a brigar comigo na frente dos nossos filhos. – Virei novamente e entrei no quarto de Violeta, com a respiração acelerada. – Ei, o que você está fazendo? – Soltei uma risada quando a vi vestida de princesa e Leslie ao seu lado de coroa.
- Não era para você entrar! – Ela reclamou, fazendo um bico.
- Ah, meu amor, o que você está fazendo? Está linda! As duas! – Ela riu fraco, se aproximando de mim.
- Eu tô experimentando roupa para o natal. – Ela falou e eu ri fraco. – Mas eu não sei fazer trança.
- Sabe de um segredo? – Abaixei o rosto, para cochichar para ela.
- O quê?
- Seu pai sabe fazer tranças. – Virei meu rosto para a porta, onde eu tinha certeza que me olhava e ele imediatamente abriu um sorriso.
- Sério, pai? – Ela franziu a testa e eu ri fraco.
- Sério! – Ele respondeu, entrando no quarto e pegando Violeta no colo. – Vou precisar de um pente para isso, esses cachos devem estar todos embaraçados. – Saí do quarto, já que para a mais nova ele ao menos fingia, para o mais velho não estava dando certo.

Finalizei minha maquiagem e me olhei no espelho do closet, feliz com o resultado, apesar de que eu já estava começando a suar tudo de novo, parece que eu havia trocado o lugar que aconteceria esse Natal e estava no Brasil sem saber. Coloquei meu salto alto, me preparando para aguentar com ele a noite inteira e saí do closet, tropeçando nos pés de que estava sentado na poltrona, calçando seus sapatos.
- Desculpe. – Falei, tentando conter a risada e caminhei em direção à porta.
- Você está bonita. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça, saindo do quarto, suspirando. Caminhei de volta para a cozinha, os convidados estavam chegando.
- Mãe! – Ouvi uma voz e parei na porta do quarto do Larry. – Gravata. – Ele apontou para as tiras jogadas ao lado da sua camisa de meia manga e eu me aproximei dele, fazendo rapidamente um nó de gravata.
- Vê se sua irmã precisa de ajuda, por favor, estou atrasada. – Falei, vendo-o afirmar com a cabeça e quase tropeçar no fio do seu videogame. – Vai, se mata! – Falei, ele riu e eu saí do seu quarto, ouvindo meus saltos baterem no chão de madeira de casa. – Ah, que linda que ela está! – Falei, vendo o lacinho vermelho que Violeta colocou em Leslie e ri. – Fica bem, minha velinha. – Falei vendo-a caminhar devagar atrás de mim pela cozinha.
- Tô pronta! – Violeta gritou, aparecendo na sala, girando sua saia azul e eu sorri. – O que acha, mamãe?
- Ué, desistiu de ir de princesa? – Perguntei, tirando o peru do forno e colocando-o na bancada.
- Era muito quente. – Ela assumiu e eu ri.
- Eu te falei.
- Precisa de ajuda? – Ela perguntou, subindo em um dos bancos da bancada.
- Só não toque em nada, ano passado você derrubou a vasilha inteira da torta da sua avó. – Ela fez careta, fazendo um pequeno bico e abriu a boca para responder. – Com o controle do videogame.
- Eu ainda me pergunto como ela fez isso. – Larry apareceu na cozinha também e eu sorri.
- Escapou, ué. – Ela falou e eu ri fraco.
- É para isso que serve a pulseira de segurança. – Larry respondeu a ela e a mais nova mostrou a língua para ele.
- Pega os potinhos e coloca alguns tira a gosto, Larry, e pede para o seu pai ver as bebidas.
- Já estou indo. – passou pela sala, e eu afirmei com a cabeça, agradecendo.

- Por que eu sinto que vocês estão mal? – Rupert virou para mim e eu suspirei, virando mais um gole de champanhe.
- Por que você acha isso? – Perguntei. – Porque na véspera de Natal ele está vendo jogo com os amigos ao invés de estar ao meu lado? Ou pelo fato dele ter virado monossilábico?
- Então, está mal. – Melina falou, se sentando ao meu lado.
- Eu não sei o que fazer. – Assumi, suspirando alto.
- O que ele faz? – Derek perguntou.
- Aí que está, ele não faz nada, ele fica o dia inteiro em casa, dorme até tarde, mal sai, fica no celular o dia inteiro, não sei, não dá um sorriso, para Violeta não, mas Larry já notou, ele está estranho.
- E ele não fala nada? –Derek perguntou.
- Nada, e quando fala é seco, e eu não consigo não pensar que ele possa estar tendo...
- Não termina, . – Rupert falou, colocando minha mão na perna e eu suspirei.
- Eu não sei mais o que pensar, eu fico o dia inteiro fora, Larry tem os amigos dele, e sai também, Violeta não fica pensando nisso, mas ele sai muito pouco...
- Teria que ser um gênio para estar te traindo.
- Melina! – Rupert e Derek a repreenderam.
- Ela está certa, a não ser que ele esteja me traindo dentro de casa. – Suspirei, dando um aperto no coração, pensar na possibilidade disso. – Apesar de que as crianças ficam fora até as três da tarde, ele pode...
- Ele pode estar nada, se esse homem estiver te traindo, eu juro que eu mesma arranco o coração dele com as mãos. – Melina falou brava e eu não pude conter a risada.
- Não exagera.
- Bem, ele decidiu dar um tempo, tá tudo meio entediante ultimamente. – Ela falou e eu sorri, abraçando-a de lado.
- Já tentou conversar com ele?
- E você acha que não? Mas sempre sai briga, ele começa a ser grosso e eu respondo à altura, sei lá, espero que seja só uma fase.
- Pode ser uma crise, crise dos 10 anos de casado. – Derek falou. – Rupert ficou chato nessa época.
- 11. – O corrigi.
- Ok, mas você disse que isso está rolando há algum tempo já. – Ele riu fraco.
- E já sabemos que ele não pode parar de trabalhar. – Melina concluiu.
- Ele ficou folgado, lutou tanto para conseguir o Oscar, conseguiu três em uma premiação só e foi decaindo, parou de atuar, depois parou de dirigir, ficou produzindo pequenas coisas e agora parou de vez.
- Verdade! Melhor ator, diretor e filme, tudo no mesmo ano. – Rupert falou.
- Foi aí que começou. – Falei, suspirando, mexendo a taça vazia em minha mão.
- Como vocês superaram? – Perguntei para os dois a minha frente.
- Rolou diversas brigas aí no meio, algumas feias, mas depois tudo voltou ao normal. – Rupert deu de ombros e eu sorri, afirmando com a cabeça.

- Para Violeta nada! gritou com a pequena no colo.
- Tudo! – Respondemos, batendo palmas no ritmo.
- Então, como é que é? – Gritei.
- É pique, é pique, é pique, é pique, é pique! É hora, é hora, é hora, é hora, é hora! Rá, tim, bum! Violeta, Violeta! – Gritamos, aplaudindo a mesma e eu estalei um beijo na bochecha de minha filha, vendo-a apagar todas as velas feliz.
- Com quem será... – Larry começou e eu soltei uma risada.
- Para, Larry! – Ela gritou para o irmão e eu escondi o rosto, entregando a faca na mão de Violeta.
- Para quem é o primeiro pedaço, Vi? – Melina gritou, enquanto eu observava minha filha cortar o bolo que fiz para comemorar seu aniversário, tinha poucas pessoas ali, mas quem estava lá, importava.
- Para mamãe que fez o bolo! – Ela respondeu, cortando um grande pedaço de bolo e me entregando em um prato.
- Ah, amor! – Falei, dando outro beijo nela, que sorriu.
- Não vale, ela vai ganhar sempre! – Larry gritou, provocando.
- Larry! – O repreendi e ele riu. - E também, Feliz Natal, pessoal! – Falei, erguendo o copo vazio em minha mão.
- Feliz Natal! – Eles responderam e eu sorri.
- Obrigado por estarem aqui! – Falei e eles sorriram.
Cortei os pedaços de bolo e servi os pratinhos para o pessoal, já havia sido a ceia, e agora, com o bolo de Violeta cortado, a mesa de doces havia sido aberta. Sentei em uma das cadeiras perto da piscina e comecei a comer meu pedaço de bolo, só com ele eu já me sentiria cheia. Vi alguém se sentar ao meu lado, quieto também e continuei comendo meu bolo.
- Feliz Natal. – Era e eu suspirei.
- Feliz Natal. – Respondi e dei um sorriso de lado para ele.
Foi o que ele falou e fez, enrolando um pouco ao meu lado, mas logo se levantou, voltando para dentro. Uma lágrima deslizou pelo meu rosto.

- Tem certeza que não quer mais nada, mãe? – Larry perguntou e eu afirmei com a cabeça, lavando um prato.
- Tenho sim, filho, vai dormir. – Falei, vendo-o com os olhos pequenos. – Consegue levar a Vi para cama? – Perguntei.
- Papai já levou. – Ele falou e eu afirmei com a cabeça.
- Vai dormir também, só vou terminar de lavar as coisas aqui, tá acabando.
- Ok, então. – Ele falou, passando a mão no cabelo. – Boa noite.
- Dorme bem, meu amor. – Virei o rosto, dando um beijo em sua bochecha. – Almoço na Melina amanhã. – Falei e ele afirmou com a cabeça. – Mas pode dormir bastante.
- Valeu! – Ele riu fraco e saiu da cozinha. – Boa noite, pai.
- Boa noite, filho, dorme com Deus! – falou, dando um beijo em Larry e eu sorri, voltando minha atenção para a louça.
- Precisa de alguma ajuda? – perguntou, coçando a nuca.
- Não, está tudo certo. – Falei para ele que afirmou com a cabeça.
- Vou tomar banho então, enquanto você termina aí, pode ser?
- Pode sim. – Respondi, dando um sorriso de lado.
Ele saiu da cozinha, puxando a gravata, tirando-a do corpo e seguiu para o corredor, onde eu não consegui mais vê-lo. Continuei lavando a louça e colocando-a em cima de vários panos de prato que estavam esticados na bancada, eram muitos pratos, vasilhas, copos, talheres. Pelo menos o que havia sobrado da comida Melina já havia levado para sua casa, já que almoçaríamos lá no dia seguinte, então facilitou bastante para guardar as coisas. Mas os refratários vazios haviam ficado e era complicado lavar tudo isso, mas era melhor fazer aquilo às quatro da manhã do dia de Natal, do que acordar no dia de Natal e ter essa louça gigante.
No meio do caminho eu tinha tirado meu salto e deixado no chão, ao lado da pia, minha batata da perna doía e a sola do pé também, eu não tinha mais 20 anos. Ri fraco com esse pensamento. Fechei a torneira e dei uma ajeitada nas louças, vendo se nada causaria um strike no meio da noite e sequei a mão, vendo meus dedos enrugados. Peguei meu salto na mão e segui para o corredor novamente.
- . – Ouvi a voz de da sala de TV e coloquei minha cabeça dentro dela, olhando-o com os olhos perdidos no tapete. – Podemos conversar? – Revirei os olhos, respirando fundo.
- São quatro da manhã, você realmente quer conversar agora? – Perguntei, me sentando no braço do sofá.
- Eu preciso. – Ele respondeu e eu passei a mão na testa.
- Se for sobre o modo que você tem se comportado nos últimos meses, acho que pode esperar. – Falei firme, me levantando.
- Não é só sobre isso, é tudo que tem acontecido ao longo desse tempo.
- Bom, pelo menos você sabe como tem sido. – Fui ríspida. – Seus filhos estão notando, você não faz mais nada, foi coisa da noite para o dia, você dormiu como meu marido e acordou como um estranho totalmente diferente. – Passei a mão no nariz. – Eu não sei o que eu te fiz, o que qualquer pessoa te fez nessa casa, mas eu sei que seu comportamento é infantil e inútil. – Puxei a respiração forte.
- Você não sabe o que está acontecendo. – Ele gritou para mim e eu passei a mão no cabelo.
- Claro que não, você não fala para ninguém, não conversa com ninguém e, o pior de tudo, é que ninguém tem nada a ver com o que está acontecendo contigo.
- Não tem mesmo, mas eu sei que isso vai deixar todos à minha volta tristes. – Senti minhas lágrimas começarem a aparecer e puxei o ar forte novamente. – E não quero te ver triste.
- Desculpe, mas você já conseguiu. – Respondi, escondendo o rosto nas mãos.
- , por favor. – Ele tocou meu braço.
- Não toca em mim! – Esquivei. – Você não tem esse direito. – Falei, passando a mão na bochecha. – Eu não posso viver assim, , eu não sou nenhuma boneca que acha que está tudo bem, que finge que não está acontecendo nada, na rua tem que sorrir, como se o mundo estivesse maravilhoso, mas não está. – Gritei a última parte. – Você prometeu o para sempre e eu acreditei em você. – Sentei novamente no sofá, sentindo um frio passando pelo meu corpo.
- Eu não sei se isso é possível. – Ele me falou e eu fechei os olhos.
- Você me prometeu. – Falei, ouvindo minha voz embargada e puxei a respiração novamente, sentindo meu nariz entupido.
- Às vezes a vida nos prega surpresas. – Ele respondeu e eu abaixei o rosto no colo. – Eu preciso de um tempo, para saber o que está acontecendo com a minha vida.
- E o que você quer que eu diga? Peça para você ficar? Parece que você já tomou sua decisão. – Falei, não conseguindo olhar para ele.
- Eu quero que você me diga que tudo vai ficar bem se eu voltar. – Esfreguei os olhos com as mãos. – Por que eu quero estar aqui, com você, com nossos filhos, quando tudo isso acabar.
- Às vezes a vida nos prega surpresas. – Respondi para ele, olhando em seus olhos. – Parece que prometer coisas nessa família não dá muito certo. – Falei com ironia na voz e puxei o ar, tentando impedir que mais lágrimas caíssem do meu rosto.
Ele fez um aceno de cabeça e saiu da sala de TV, pude ouvir seus pés baterem com força no piso de casa, um barulho de vidro estraçalhando no chão, a porta batendo e Leslie latindo, fez com que tudo virasse realidade.
Senti meu corpo escorregar do sofá e cair com força no chão, batendo meus joelhos no chão. Escondi o rosto nas mãos, sentindo as lágrimas caindo em meu rosto, me fazendo puxar o ar fortemente. Minha vontade era de gritar, mas se o que tivesse feito na sala não acordou as crianças, eu não queria que elas acordassem. Que elas estivessem sonhando com algo maravilhoso, porque a realidade estava difícil de engolir.
- Você prometeu que consertaria. – Falei baixo.

***

Eu não sabia onde estava indo, do porquê eu não tinha contado a verdade de uma vez só, ela era forte, ela me ajudaria, ela... Droga! Eu sou um idiota. Bati a mão forte no volante e fiquei dando voltas pelo bairro até saber para onde ir naquela madrugada de Natal. Para o aeroporto, não tinha voos aquele horário, para o hotel dos meus amigos, não, todos me matariam se eu aparecesse lá. Virei em uma rua fechada e puxei o freio de mão, parando na frente da casa de alguém que poderia me ajudar, quase atropelando um dos enfeites de Natal que estava na grama.
Desci do carro, batendo a porta dele com força e andei pela grama até a porta, apertando a campainha diversas vezes e batendo forte na porta. Ouvi o barulho da tranca da porta e Malcon abriu a porta, com cara de sono e de pijama, aparentemente surpreso em me ver.
- Você não contou para ela, não é?! – Ele me perguntou.
- Não. - Foi o que eu consegui responder, antes do meu amigo me abraçar fortemente. – Eu não consegui, tornaria tudo isso real. – Senti as lágrimas deslizarem sem vergonha pela minha bochecha.
- Vem, vai ficar tudo bem! – Ele falou, me levando para dentro da sua casa. – Eu prometo.


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