História por Ana D. | Revisão por Sofia Queirós


Eram seis e meia da manhã. Eu não entendia como estava acordada. Até cachoalhei o despertador-relógio (como se isso fosse resolver algo) por não acreditar que fossem realmente seis e meia da manhã. E o despertador nem tinha berrado ou coisa do tipo. Eu acordei sozinha, às seis e meia da manhã, no último dia do ano. Com aquele frio de bater dentes!
Cara, como eu odiava saber exatamente o motivo...
Me forcei para fora da cama, usando praticamente metade da minha força matinal para jogar os pesados edredons para o lado contrário, o que resultou em mim quase caindo ao tentar usar a outra metade da força para ficar de pé.
Eu não senti imediata vontade de ir ao banheiro, mas isso não era fora do comum. Eu fui me arrastando para a cozinha, e me sentei sobre o balcão, apoiando as costas no pedaço de parede lisa bem atrás. Por mais esquisito que fosse, eu preferia tomar café da manhã ali, em cima do balcão, a usar a mesa da cozinha. Abri o armário do meu lado esquerdo, e peguei a caixa de cereal. A abri e comecei a comer, sem colocar no pote, nem nada. Eu apenas existia pela manhã, não conseguia realizar mais nenhuma tarefa elaborada.
Mas, a bem verdade, era que eu vinha existindo menos e menos conforme o tempo passava. E com "tempo passava" eu me refiro há duas péssimas semanas. Eu achei que não fosse ficar tão complicado assim. Quer dizer, imaginei que fosse ser difícil, era impossível aquilo ser fácil ou beirar algo indolor. Mas eu não sabia que ia doer tanto. Tanto.
De onde eu estava, conseguia ter uma visão cortada do telefone na sala de estar. A luz vermelha que ficava acesa quando eu tinha mensagens novas, estava lá, gritando pra mim. Ela estava assim há duas péssimas semanas.
Também, há duas péssimas semanas, a casa estava desarrumada, minhas roupas largadas e emboladas por cada canto, e minha geladeira cada vez mais vazia.
Eu suspirei, fechei os olhos, e enfiei mais umas cinco bolinhas de cereais na boca. Foi quando a campainha berrou.
Rolei os olhos no mesmo instante. Tinha virado uma ação de reflexo em relação à campainha, ou a qualquer outra demonstração de que alguém me procurava. Eu tinha que agradecer e muito por ter amigas que continuavam tocando a campainha, no entanto. Resignada, saltei do balcão e andei até a sala de estar, ignorando a luz acesa do meu telefone, e parando à porta. Do lado dela, ficava o espelho acima do aparador. Eu observei meu reflexo por alguns instantes, e tentei arrumar a bagunça negra e cacheada de nós e fios embolados que estava meu cabelo. Desisti, é claro. Meu rosto estava amassado, mas eu podia usar a boa e velha desculpa de "Acabei de acordar", embora eu não costumasse acordar tão mal assim. Deixei meus pijamas passarem, eram seis e meia da manhã.
Ei, espera aí. Mas que merda alguém fazia tocando minha campainha às seis e meia da manhã? A cada minuto que passava, eu achava que estava sonhando ou algo do tipo. Girei a tranca, empurrei-a para o lado, e abri a porta de uma vez. Com a pouca vontade que eu estava, tinha que fazer de uma vez, ou simplesmente não faria.
- AHÁ! - tudo que eu vi foram dois braços passarem ao redor do meu corpo, e então um monte de cabelos lisos demais tampou minha visão. Eu fechei os olhos, e tentei fechar a boca sem comer cabelo.
- Qual o seu problema? - perguntei, um tanto quanto risonha, quando desfez o abraço e passou uma das mãos pelos cabelos, jogando-os para trás num movimento rápido e habitual, mesmo que eles fossem sempre tombar para frente de novo. Ela exibiu seu sorriso branco e grande demais, e seus olhos verdíssimos se estreitaram. era alta, magra, linda e rica. Não era nada fácil ter uma melhor amiga topmodel, quando você é só uma baixinha, de olhos castanhos e cabelos cacheados e eventuais gordurinhas.
- , pelo amor de Deus, hoje é o último dia do ano. Será que pode deixar isso - ela apontou o dedo indicador para mim e desenhou um círculo no ar, seu rosto contorcido numa expressão de nojo. - para trás e curtir pelo menos hoje? - sabia como ser direta, insensível e absurda. Eu já nem sentia mais nada mesmo. Dei de ombros.
- Quero dormir. - resmunguei, agora tentando desamassar a caixa de cereal que amassara quando me abraçara. Ela torceu o nariz para a caixa.
- Sinto muito, seu tempo pra dormir acabou faz... - ela olhou o relógio de pulso. - ...Um minuto e meio. Ande, vamos trocar essa roupa, arrumar esse cabelo e consertar esse rosto.
E assim eu fui arrastada para meu quarto - que mais parecia uma zona de guerra desorganizada nos últimos dias.
Quer saber de outra verdade? A culpa é toda minha.
Eu não devia ter sido tão... Argh. Não gostava nem de pensar. até que estava se esforçando para isso: eu estava sentada na minha cadeira que normalmente ficava no escritório, e lá estava ela há uma hora colocando e tirando produtos do meu cabelo, falando e falando sobre qualquer assunto que eu não estava prestando atenção, e me entregara um copo grande de Frappuccino de Chocolate da Starbucks, acho que pra tentar me ganhar. Bom, ela pelo menos sabia como agir.
- ... Por isso não liguei de volta. Quer dizer, como posso ligar quando... Ele... Ei! EI! Me escute, caramba! - arregalei os olhos e movimentei a cabeça, indicando que ela deveria continuar a falar. Ela sorriu. - ...Quando ele também estava saindo com a Sally? Simplesmente deplorável. Claro que eu não liguei.
- Correto. - indiquei, erguendo meu polegar direito. rolou os olhos.
- Isso é tão anos noventa, pelo amor de Deus. - soltei uma risada, então ela fez "Ca-hãm". Quando pigarreava, eu me encolhia. Oh, droga. - Sabe o que também é muito anos noventa? - ela perguntou, seu tom de voz girando para sarcasmo. Eu apenas disse "Hm", o que foi o suficiente: - Não responder ou nem ao menos ouvir os recados da sua secretária eletrônica. - ela jogou. Eu fiquei totalmente parada por alguns instantes, pensando em alguma resposta que pudesse colocar do meu lado. Meu cérebro vasculhou milhares de respostas, nenhuma delas me dava vantagem. Então suspirei.
- Vou ficar nos anos noventa então. - resmunguei. O que foi bastante errado. Uma atitude que claramente demonstrava que eu estava mesmo errada.
- Não, não vai. - ela disse, apenas. Eu a encarei através do reflexo do espelho grande e retangular do meu banheiro. Ela mantinha um sorriso convencido no rosto, enquanto se concentrava em separar mechas e mechas do meu cabelo seco. Eu ergui uma sobrancelha, desconfiada. Ela soltou uma risada divertida.
- Como assim não vou? - perguntei, tendo bastante certeza de que não queria ouvir a resposta.
- Não vai, oras. Vamos virar o ano, você precisa sair dos anos noventa. - ela deu batidinhas nos meus ombros, sorrindo ainda mais convencida. É claro que eu sabia que ela estava escondendo alguma coisa, só esperava que não fosse tão terrível quanto eu imaginava que era.

Me virei de costas e tentei ver como o vestido curto e tomara-que-caia caía em mim. Tinha ficado bom, talvez um pouco curto demais para o meu gosto, mas abrira um sorriso tão exagerado quando me vira nele, que eu percebi que não ia ter como contorná-la e fazê-la me deixar vestir jeans e uma blusinha branca. Pelo menos ela me dera rasteiras bonitas e compridas, porque eu não sabia me equilibrar em saltos altos e ela já tivera noção disso.
Meus cabelos continuavam cacheados, mas cachos definidos e largos, que iam até meu ombro na parte da frente, e até um pouco abaixo na parte de trás. fizera uma maquiagem forte nos olhos e discreta no resto do meu rosto. Pra falar a verdade, eu não me sentia bonita assim tinha um bom tempo.
Eram dez e meia da noite quando saiu do meu banheiro, usando um vestido extremamente complexo e cheio de voltas, vermelho demais. Usava saltos altos prateados e seus cabelos lisos estavam brilhantes. Ela sorriu seu sorriso perfeito demais e apontou para a porta. Um "Vamos" silencioso que fez minhas pernas tremerem porque: a) eu não tinha idéia de para onde estávamos indo, e era meio doida - eu juro! - e b) eu sabia que ela estava aprontando alguma, e esperava sinceramente não encontrar com ninguém indesejado onde quer que fôssemos parar.
Era um restaurante. Lindo, clássico, um tom meio de madeira predominante, luzes amareladas num fundo geral, pontilhada de pisca-piscas brancos por toda a extensão do local. Ela abriu um sorriso para o cara que veio pegar a chave de seu carro, e ele sorriu de volta. Eu apenas continuei andando ao seu lado, olhando furiosamente para os lados. Claro que eu estava em busca de um sinal - qualquer um - dele.
fingiu que não percebeu que eu estava totalmente nervosa, porque me puxou direto para a mesa onde estavam seus amigos de trabalho (modelos, fotógrafos, sub-celebridades, estilistas...) e me apresentou a todos eles. Eu tentei manter o sorriso, mas ao conhecer a sétima ou nona pessoa, eu já não sabia mais se minha expressão era de sorriso ou de cansaço.
Foi aí que aconteceu. Eu estava bebendo minha segunda latinha de Coca-cola (alguém ia precisar dirigir, já estava em sei-lá-qual-dose de sei-lá-qual-bebida-com-álcool-demais) e observava as pessoas dançando e fazendo idiotices, ou rindo e abraçando os outros... Eu estava cercada daquele ar de fim de ano, mas ele não me envolvera. E aí eu senti uma mão pesada em meu ombro direito, ela se fechou ao redor dele, levemente. Não tinha toque que eu conhecesse melhor do que aquele.
Prendi a respiração por instantes que pareceram minutos e então horas, e enfim girei meu pescoço, olhando para trás.
Taylor era incrivelmente bonito. Os olhos castanhos, o sorriso gigante, que se espalhava a medida que ele o abria e que iluminava tudo. Alto, o corpo definido, os cabelos negros e lisos normalmente arrumados em um moicano baixo. Ele usava jeans escuras, um suéter branco com uma abertura em V pequena, e sapatos pretos. Fiquei totalmente sem ar e tonta quando ele literalmente me tirou da cadeira e me abraçou, praticamente me tirando do chão e me apertando muito forte. Taylor era muito forte, e eu me sentia perdida nele. Soltei uma risada nervosa, mas então respirei seu conhecido perfume ao tentar inspirar, e a tonteira voltou. Eu adoro aquele perfume, eu adoro aquele abraço, eu adorava aquela respiração no meu ouvido, eu adorava sua presença e tudo sobre ele.
- ... - ele murmurou, baixinho, no meu ouvido. Senti arrepios, como não sentia há duas semanas. Lá estava eu existindo de novo, só porque ele tinha aparecido de novo.
Quando as solas dos meus sapatos encontraram o chão novamente, Taylor colocou suas duas mãos uma de cada lado dos meus braços, e os apertou levemente. Eu sorri, inevitavelmente. Ele movimentou a cabeça para a direita.
- Vem comigo? - e eu conseguia dizer "Não"?

Estávamos do lado de fora do restaurante, onde ficava uma espécie de sacada, só que apenas alguns centímetros longe do chão. Ao fundo, o som de vozes misturadas com música estava abafado, e o vento gelado pareceu ter sido empurrado para cima de nós quando deixamos o aconchego do lado de dentro. Eu passei as mãos pelos braços, e Taylor pareceu preocupado.
- Vou voltar para pegar seu casaco. - ele disse, mas parou no meio do caminho, quando eu comecei a rir.
- Taylor, não tenho cinco anos de idade. - brinquei, e ele rolou os olhos, mas acabou rindo também.
- Certo. - e agora vinha aquele silêncio incômodo. Ficaria assim até um de nós tocar no assunto pelo qual estávamos realmente ali, ou seria adiado por mais uns trinta segundos se puxássemos algum assunto irrelevante, como "O que você tem feito?" - Por quê você fez isso? - ia ser a primeira opção.
Eu estremeci com a pergunta de Taylor. Literalmente. O frio nem parecia grande coisa agora, embora o vento só parecesse ficar mais forte. Eu mordi meu lábio inferior, e desviei o olhar dele, movendo-o para frente, assistindo algumas pessoas estacionarem seus carros, outras moverem-se dentro de casas. Todas elas tinham sorrisos nos rostos.
- Eu... - suspirei, passando a mão direita pelo rosto e então juntando meu indicador e o dedão na ponte do nariz. Balancei a cabeça. - Eu fiquei com medo, tá legal? Eu estraguei tudo, eu sei. Eu...
Estava finalmente nevando. Dei alguns passos para frente, e o teto do restaurante parou de me encobrir, deixando que os pequenos flocos de neve me atingissem e se desfizessem ao fazê-lo. Eu abri um meio sorriso. Adorava neve.
- Eu devia ter aparecido na sua casa ao invés de te ligar compulsivamente. - ele disse, e eu ouvi seus passos até vê-lo ao meu lado. Não me olhava, assistia a neve cair também. Eu estava me sentindo bastante mal, porque nada parecia tão errado quanto minha decisão de duas semanas atrás.

Flashback

O tempo tinha começado a esfriar muito mais do que nos dias anteriores, e eu estava sentada no sofá da sala de estar dele, de pernas cruzadas e o controle da tv na mão. Mas a tv não estava ligada. Nada estava ligado. Eu estava no mais profundo dos silêncios, e minha mente trabalhava rápido demais. O tempo todo tentando me convencer de que eu estava fazendo o certo, mesmo que eu sentisse como se fosse tudo, menos certo. O som de Taylor acordando cortou a sala. O ouvi sentar na cama, jogar o coberto para o lado, e então seus passos foram ficando mais e mais pesados até ele parar, do lado da TV desligada, e abrir um sorriso para mim ao mesmo tempo que esfregava um dos olhos. Seu rosto estava todo amassado, seu cabelo também, e ele vestira bermudas azuis escuras por cima das boxers brancas que eu lembrara de ter visto ele usando quando eu me levantara.
- Hey. - ele disse, e deu passos rápidos até o sofá. Sentou e me abraçou, me puxando para perto dele e me envolvendo completamente. Ele beijou o topo da minha cabeça e, com um suspiro, apoiou as costas no sofá e manteve seus braços ao meu redor, minha cabeça em seu peito. Eu sentia a respiração dele ir e vir, tranquila, e por vacilantes segundos pensei em deixar a idéia para lá.
Mas eu conseguia ser um inferno quando enfiava algo na minha cabeça.
- Taylor... - minha voz saiu nervosa, talvez impaciente. Mas era comigo que eu estava irritada e furiosa, não com ele. O empurrei, fazendo-o desfazer o abraço e imediatamente sentindo o frio me envolver em seu lugar. Sua expressão tranquila e sonolenta deu lugar à uma confusa. Suspirei. - Escuta, eu preciso ir pra casa. - disse, já me levantando. Ele estava prestes a fazer alguma pergunta, e então eu disse: - Definitivamente. Não posso... Não posso mais voltar. Mesmo. - passei a mão pelo rosto, e então a pressionei contra minha cintura, juntando forças. - A gente... A gente acabou.


Fim do Flashback


E então eu nunca mais retornara suas ligações ou me fizera presente. Eu nunca dera explicações, eu não merecia nem que ele estivesse ali comigo.
- Acho que tudo tomou um caminho sem que eu pudesse entender direito. - ele pareceu compreender o que eu dissera. - Eu me apaixonei por você e... E tudo mudou tão rápido. Minha rotina, meu dias, minha cabeça... Tudo envolve você. Tem tudo de você em alguma coisa, quase tudo me remete à sua imagem. - achei que ele fosse dar um passo para trás. Achei que ele fosse vacilar. Mas ele nem mesmo diminuiu o pequeno sorriso que mantinha no rosto.
- Vê? - ele perguntou, e eu franzi a testa, confusa. Taylor colocou suas mãos em minha cintura, uma de cada lado. Ainda nevava em nós, mas eu nem ao menos tinha espaço na cabeça para sentir frio. - Você disse "envolve", "remete"... No presente. Como pode querer que o que nós temos tenha um fim se você nunca sai da minha cabeça e, como acabei de descobrir, eu também sou seu pensamento constante? - ele usou um tom de voz tão tranquilo, tão óbvio, que tudo meio que se iluminou na minha cabeça. Ele estava dizendo a verdade, eu sabia que era verdade, e ele estava lá derrubando os muros que eu construía ao redor da minha cabeça maluca.
Eu passei os braços ao redor de seu pescoço, respirei mais fundo quando ele abriu um sorriso maior e se ajeitou à nova posição, se abaixando um pouco para diminuir nossa diferença notável de altura. Eu deixei um sorriso se espalhar no meu rosto, porque também não tinha forças para contê-lo. Seu perfume ficou mais forte, e seu toque me fazia ter noção de cada parte do meu corpo que ele alcançava.
- Então eu também sou seu pensamento constante? - perguntei, me surpreendendo com meu tom de voz divertido. Só Taylor consertava as coisas comigo. Ele assentiu, também divertido.
- Sempre foi, sempre vai ser. É meio inevitável não adorar até suas piores manias.
- Comer cereal da caixa pela manhã? Comer arroz com ketchup? Assistir o mesmo filme mais de mil vezes? - ele assentiu todas as vezes, rindo cada vez mais. E então as três palavrinhas pularam da minha boca, sem que eu nem pudesse compreendê-las ou entender que eram elas: - Eu te amo.
E Taylor nem hesitou.
- Eu te amo. - ele repetiu. Enfim se inclinou em minha direção e me beijou. O beijo que eu tão bem conhecia, o mesmo que eu tão mal sobrevivia sem. Ele me apertou mais forte, e eu deixei sua língua passar por entre meus lábios e brincar com a minha, ao mesmo tempo que eu quase sentia calor e que um frio percorria toda a extensão da minha espinha.
Ao mesmo tempo em que eu sentia fogos de artifício dentro de mim, eu os ouvi e os percebi iluminando o céu mesmo através das minhas pálpebras fechadas. Interrompemos o beijo, e deixamos nossas testas encostadas.
- Feliz Ano Novo. - Taylor disse, e mais flocos de neve caíram sobre nós, mais fogos de artifício estouraram atrás.
Eu soltei uma risada, o abracei com força, e novamente ele me beijou.


N/A: Espero que vocês tenham curtido, e que eu tenha feito minha parte nas Fanfics Especiais de fim de ano! =D

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