Capítulo Único
She don't really like it but she needs me yeah
She saying she don't really miss me
But fuck it now I'm faded off the wrong things, yeah
. .
O líquido marrom descia de forma cortante pela minha garganta, fazendo tudo queimar por dentro, inclusive minha tristeza, decepção ou qualquer outra merda ruim que se passava pela minha cabeça naquele momento. Não conseguia pensar em nada além de e tudo o que eu a fiz passar, não tinha como esquecer.
Ser famoso tinha suas vantagens e elas eram muitas: mulheres, drogas, sexo, viagens, dinheiro e tudo o que todo mundo mais quer na vida. E foram exatamente essas pequenas ou grandes coisas que haviam tirado de mim a mulher que tinha conhecido num show há um ano e meio; a melhor mulher que eu poderia ter na vida, mas que se quebrou por estar comigo e por ver quem eu realmente era. Eu assisti a fama se tornar uma punição na minha vida e não algo bom.
Eu ainda tinha todas as minhas lembranças com e a que mais me marcava, ainda, era nossa viagem pela costa da Califórnia; onde eu ainda era feliz, não tinha me perdido em todo o lixo da fama que me cercava e não sabia quem realmente era o verdadeiro e o quanto ele ainda a faria sofrer.
- , nós vivemos em realidades diferentes - começou a explicar. - Você é um rockstar prestes a alcançar o auge da sua fama, sei disso. Eu moro no Brasil, tenho minha vida lá, meu trabalho, uma carreira normal…
E deixou a frase morrer enquanto suspirava.
- Eu não tenho o direito de te pedir nada – confessei. - Nunca faria isso, mas te queria na minha vida.
então sorriu feliz e iluminado pelos últimos raios de sol no céu.
- Nós temos que viver o agora e nada mais, porque será o dia de hoje, na verdade essa semana, que lembraremos para sempre. Você sempre estará marcado em mim, , pra sempre - disse isso se aproximando de mim.
Ficamos cara a cara enquanto ela sentava sobre o meu colo com uma perna de cada lado do meu corpo e levava as duas mãos até o meu rosto para encarar profundamente meus olhos, aqueles olhos em que eu poderia me perder para sempre.
- Eu gosto mais da gente quando estamos entrelaçados e conectados, sendo um só - confessou.
Imediatamente, um arrepio por todo o meu corpo se fez presente. se aproximou ainda mais de mim e foi em direção ao meu ouvido.
- A maneira como você me toca, me faz perder os sentidos - sussurrou me fazendo fechar os olhos e sentir meu membro ganhar vida dentro da bermuda.
Levei as minhas mãos para suas coxas as apertando com força, o que a fez gemer baixinho. Em seguida, fui em direção ao seu pescoço dando leves beijos e mordidas.
- Você me faz perder a calma, porque estou queimando em você, querendo você, desejando você - disse em meio aos beijos e aos gemidos de .
então atacou os meus lábios com força, luxúria e desejo. Nossas línguas dançavam sincronizadas enquanto uma eletricidade descomunal passava por nossos corpos fazendo o desejo só aumentar mais e mais. No meio do beijo, deu uma leve rebolada sobre mim me fazendo gemer. Eu desejava essa mulher mais do que qualquer coisa na vida e como, infelizmente, não teríamos chance de seguir em frente, eu deveria aproveitar todos os momentos que pudesse com ela porque ela me fazia me sentir feliz, completo e com que eu sentisse que eu poderia ser eu mesmo, e nada mais.
- A gente vai fazer isso mesmo, aqui? - perguntou ofegante após o beijo e com um sorriso safado nos lábios.
- Não tem lugar melhor para mim do que aqui - confessei, e realmente não tinha.
voltou a atacar meus lábios e isso foi a deixa para dizer que ela sentia o mesmo que eu: que nada mais importava a não ser nós dois, nos aproveitando, juntos, da forma que fosse, onde fosse.
Levei então uma de minhas mãos até suas costas e comecei a desfazer os nós de seu biquíni e, assim que desfiz os dois, levou a mão até o biquíni o retirando e deixando à mostra seus seios que eu amava tanto.
Desci fazendo uma trilha de beijos desde o seu pescoço até o vale entre seus seios e foi possível ver o quanto ela ficou arrepiada com aquele movimento; era incrível saber o quanto eu fazia bem a ela, da mesma forma que ela fazia para mim. Ainda dando leves beijos, fui até o seu seio direito e passei a língua de forma leve, a fazendo gemer baixinho, o que foi suficiente para que eu sentisse meu membro sufocado no short.
Enquanto dedicava um tempo naquela parte que amava tanto em , ela levou a mão até meu membro e o apertou com força, fazendo com que eu gemesse dessa vez, mas logo retirou a mão dele e a levou até meus cabelos e os puxou, fazendo com que eu saísse dos seus seios.
- Você está me deixando louca - disse praticamente entre sussurros e gemidos.
- Se não fosse para fazer isso, eu nem começava - confessei.
Aquela foi a deixa para que atacasse meus lábios novamente. O beijo era forte e extremamente necessitado, onde nossas línguas não tinham mais controle; era apenas um querendo um outro.
Assim que nos separamos, se levantou do meu colo, fazendo com que eu a olhasse com uma cara confusa; eu queria aquela mulher o mais perto de mim possível.
- Sempre tive uma curiosidade - confessou enquanto retirava a calcinha do biquíni e ficava completamente nua na minha frente.
Eu não conseguia nem responder, apenas a admirar daquela forma na minha frente com os últimos raios de sol a iluminando.
- Sempre quis saber como é nadar pelada e transar dentro do mar - confessou por fim, fazendo com que minha cabeça também começasse a pensar nisso.
Em seguida, ela começou a andar em direção ao mar, praticamente dançando, mas antes de entrar no mesmo, deu uma olhada para trás diretamente para mim.
- Você vem ou terei que fazer tudo sozinha? - disse dando uma risada safada e depois voltou a caminhar.
Não pensei duas vezes e, rapidamente, tirei minha bermuda e corri em direção a ela, a abraçando por trás assim que me aproximei antes mesmo dela conseguir chegar na água.
- Eu sempre vou querer te acompanhar em absolutamente tudo - respondi bem próximo ao seu ouvido.
Vi mais uma vez se arrepiar durante aquele dia e sorri satisfeito. Logo ela se virou, ficando cara a cara comigo, e depois juntou nossos lábios num selinho calmo que logo foi se aprofundando para algo mais forte, até que nossos lábios e corpos estivessem praticamente fundidos. Ainda com nossos lábios unidos, seguimos em direção ao mar e parece que aquela água só serviu para aquecer ainda mais nossos corpos e as nossas vontades.
Levei as minhas mãos até as nádegas de , dando impulso para que ela circulasse minha cintura com as pernas e assim ela fez. Não havia nada nos separando, nossas intimidades estavam coladas uma na outra fazendo com que a minha vontade de estar dentro dela só aumentasse.
Quando separou nossos lábios, ela olhou diretamente para dentro dos meus olhos enquanto segurava meu rosto e pude ver dentro de seus olhos verdes tudo o que ela também estava sentindo, todo o tesão, vontade e o quanto ela me queria.
- O que você está esperando? - perguntou enquanto mordia os lábios me olhando. - Eu quero você e quero agora.
Aquilo foi o suficiente para que eu a penetrasse com meu membro e fizesse com que ela gemesse alto, tamanha a excitação. estava grudada em mim e olhava profundamente em meus olhos, podia sentir de forma feroz suas unhas passando por meus ombros a cada estocada que eu dava ainda segurando-a em volta da minha cintura. Era uma conexão forte e algo estupidamente bom que eu nunca havia sentido antes.
Conforme eu aumentava as estocadas, mais ela gemia, me deixava louco e me fazia a querer mais ainda. Ela era meu céu e ao mesmo tempo meu inferno, era tudo o que eu desejava e nada além dela e daquilo que estávamos vivendo.
- Podemos voltar para a areia? - perguntou em meio aos gemidos e as estocadas.
- Sim - respondi com a respiração acelerada também.
Em seguida, desceu do meu colo, mas voltou a me beijar enquanto voltávamos para a areia, onde estava a nossa grande toalha estendida. Fomos nos beijando até chegar lá.
- Deite - falou de forma mandona e apenas soltei um risinho e obedeci, porque eu gostava disso, gostava quando ela tomava as rédeas de tudo.
Assim que me deitei, colocou uma perna de cada lado do meu corpo e então desceu sentando perfeitamente sobre meu membro. Logo depois, ela começou a cavalgar sobre ele da forma maestral que só ela sabia fazer. A cada cavalgada, sentia que meu ápice se aproximava e quando eu não aguentava mais, senti se derramar sobre mim e abraçar meu membro de forma perfeita; era ela se derramando sobre mim e eu dentro dela em perfeita sincronia, chegando ao ápice juntos.
Ainda ofegante, saiu de cima de mim fazendo com que um vazio me preenchesse, porém logo ela se deitou ao meu lado, colocando a cabeça em meu peito. E ficamos assim por longos minutos, num perfeito silêncio apenas admirando aquela imensidão azul a nossa frente. O sol já tinha sumido, o céu estava na sua imensidão escura e nós dois éramos apenas iluminados com a luz da lua; não tinha como ser melhor que aquilo, nunca seria.
Tudo o que aconteceu naquele dia, principalmente nossa transa, era definitivamente uma das minhas lembranças favoritas e não tinha como ser diferente. Era um momento que eu sentia falta e, na verdade, sentiria para sempre, pois era uma época em que ainda éramos ligados e tudo ainda fazia sentido. Mas, quando o dia que nos quebrou chegou, o dia em que ela me viu errando pela primeira vez, eu sabia que nós tínhamos nos desconectado e descobrir isso doeu como nunca.
A turnê europeia havia começado há duas semanas e, não só eu como todos os meninos da banda, estávamos exaustos. Havia sido show atrás de show, mesmo que nossa banda não fosse grande ainda, todo dia nós estávamos em um ônibus indo de uma cidade para a outra. Nossa rotina se baseava em: entrar no ônibus, chegar na cidade, arrumar os instrumentos no palco, passar o som, encontrar fãs, tocar, desmontar tudo e voltar para o ônibus. E óbvio que isso uma hora cansa, ainda mais quando se faz isso desde os 16 anos, você simplesmente não consegue se sentir mais vivo para fazer isso.
Para me ajudar a aguentar toda a rotina, o meu apreço pelas drogas começou a surgir; remédios e cocaína sempre foram os meus favoritos e hoje era um daqueles dias em que eu precisava usar tudo o que podia para verdadeiramente me sentir vivo. Além de todo o cansaço da turnê, fazia mais de um mês que eu não via a ; ela era meu porto seguro e o que me mantinha são e focado no que eu tinha que fazer e, sem ela e nosso sexo, eu só sabia me sentir vazio. Eu poderia ter várias garotas indo e voltando dos meus lençóis que nada mudaria, mas eu a queria e ninguém mais. Porém, a única coisa que supria minha saudade eram as minhas drogas.
- O que você está pensando? Sua cara está acabada! - Clinton disse fazendo com que eu voltasse para a realidade.
Nós estávamos descansando no camarim do nosso próximo show e ainda tínhamos algumas horas de descanso antes que os fãs chegassem para o meet e finalmente para o show.
- Só estou exausto e com aquela sensação de vazio - respondi encostando a minha cabeça no sofá. - Mas já sei de algo que vai me animar!
Clinton apenas me olhou desconfiado enquanto eu retirava o saquinho com o pó branco do meu bolso.
- , você não acha que anda usando isso demais? - Clinton perguntou com um olhar julgador. - Você vai acabar se matando, cara.
Pensei alguns segundos no que responder a ele, mas resolvi ignorar e continuar fazendo o que tinha planejado. Eu queria a vibe que só aquilo me proporcionava e parar de me sentir vazio da forma que estava.
Abri o saquinho e espalhei um pouco sobre a mesinha que tinha na minha frente, depois peguei minha carteira retirando um cartão dali só para conseguir dar uma diminuída nas partículas e depois arrumei em uma fileira perfeita. Em seguida, me abaixei e, de forma extremamente rápida, suguei tudo com apenas uma narina, sentindo imediatamente a mesma arder e a substância tomar conta do meu ser.
- Mas que merda é essa, ?! Eu não estou vendo isso! - escutei uma voz que eu conhecia bem e que andava sentindo absurda falta, mas a decepção em sua voz me fez ficar alarmado; estava decepcionada comigo e ela tinha razão.
Inicialmente, achei que a droga tinha feito algum outro efeito e estava me fazendo alucinar, mas não, ela estava ali, parada bem na porta do camarim com a maior cara de decepção e como se o mundo dela tivesse sido acabado de ser arrancado.
E, realmente, um mundo havia sido arrancado, mas não era o dela, e sim o meu. Depois daquele infeliz dia, e eu entramos num looping de brigas: ela queria que eu largasse as drogas para ficar com ela, mas eu simplesmente não conseguia enxergar que aquilo me fazia mal, o quanto me consumia, destruía e como ainda estava me destruindo.
O copo de whisky que eu bebia não era nada perto do quanto eu já havia consumido e me degradado naquela noite. Aquele copo era o último da segunda garrafa e na mesa à minha frente havia todos os tipos de drogas que eu sempre consumi, as mesmas que tiraram de mim. Ali tinha: cocaína, molly, ecstasy e uma seringa de heroína que, ultimamente, era a única coisa que realmente me fazia sair da realidade e fugir dos pensamentos que tanto me assombravam.
- ? Está tudo bem? - escutei a voz de Bethany dizer.
Ela estava deitada na minha cama de hotel coberta apenas por um lençol enquanto eu estava ali sentindo falta daquela que eu tanto queria.
Bethany era uma garota que eu havia conhecido no Instagram e tinha me chamado a atenção. Nós conversamos por alguns dias, ela veio para um show e ficamos juntos depois disso. Mas, eu sabia que ninguém superaria por mais que eu tentasse.
- Sim, por quê? - perguntei enquanto a olhava confuso.
- Você chamou por alguém chamada em algum momento e só fiquei confusa com isso - Bethany respondeu.
Eu havia dito o nome de em voz alta? Estava tão bêbado que não estava mais discernindo o que estava falando?
- Sério mesmo? - questionei sem acreditar.
- Sim, eu não mentiria sobre isso. Foram duas vezes e numa forma de súplica - Bethany disse enquanto se levantava da cama.
Ela então andou em minha direção, completamente nua, de uma forma que acabou me hipnotizando.
- Eu sei como fazer você esquecer - Bethany disse já em minha frente e logo colocou uma perna de cada lado do meu corpo e se sentou no meu colo.
- Estou a fim disso - respondi. - Mas antes preciso me animar só um pouco.
Com Bethany ainda em meu colo, me movi um pouco para frente a fim de alcançar a mesa onde já havia uma pequena fileira de cocaína bem distribuída. Só joguei minha cabeça para frente tapando uma das narinas e sugando todo o pó branco para dentro de mim. Depois voltei para a posição em que estava e Bethany imediatamente atacou meus lábios, porém algo estranho no meu corpo começou a acontecer; meu cérebro começou a ficar confuso, meus sentidos começaram a sumir, meu coração ficou acelerado demais e então tudo desapareceu.
. .
Aquele era mais um dia cheio para mim. Havia muito trabalho, muita coisa para decidir sobre a mudança que eu e Giulia faríamos no apartamento e a correria não dava trégua, me impedindo até de conseguir comer algo durante aquele dia inteiro.
- Trouxe comida para gente! - escutei Giu dizer assim que abriu a porta do apartamento em que morávamos segurando mil sacolas na mão.
- Fiz tanta coisa que nem comi hoje ainda - confessei.
- Eu sei, porque estou na mesma situação e por isso trouxe - Giu disse colocando as sacolas na mesa e retirando caixinhas de hambúrguer e batata frita de dentro delas.
- Ficamos o dia todo sem comer e agora vamos nos entupir de fast food - disse rindo. - Mas um dia pode!
- Sim, um dia pode! - Giu concordou rindo.
Me acomodei junto à mesa com a minha amiga, já levando a primeira batata até a boca, saboreando-a. Não sei se era porque não havia comido ainda naquele dia, mas aquela batata parecia a oitava maravilha do mundo para mim.
Quando fui comer a segunda batata, escutei meu celular tocar em cima do sofá e apenas o encarei sem a menor vontade de me levantar para o atender, então decidi que ligaria para a pessoa depois. Levei a batata até a boca e voltei a saborear tudo da melhor forma possível, porém o celular voltou a tocar de forma incessante, demonstrando que possivelmente era algo realmente importante.
- Que saco, eu só queria comer! - disse enquanto me levantava fazendo Giulia dar uma risadinha enquanto abocanhava seu lanche.
Andei até o sofá e peguei o celular, porém assim que vi o número e principalmente o nome de quem estava na tela, senti meu estômago embrulhar. Havia acontecido alguma coisa porque ele não me ligaria assim do nada.
- Giu - chamei a minha amiga. - O Clinton está me ligando.
Giu imediatamente começou a tossir, possivelmente engasgada com o que estava comendo. Giu e Clinton não tinham tido uma história depois do que aconteceu naquela viagem, diferente de mim e do . Clinton até estava namorando uma menina de Los Angeles e por isso era realmente estranho ele estar me ligando, ainda mais agora.
- Devo atender? - perguntei para minha amiga que já havia recuperado o fôlego e me olhava assustada.
- Acho que sim - Giu respondeu. - Deve ser algo importante.
Apertei então o botão que aceitava a ligação e coloquei o celular na orelha.
- Alô? - disse atendendo.
- , é você? - Clinton disse com a voz visivelmente abalada e embargada e isso foi a confirmação que realmente algo tinha acontecido.
- Sim, sou eu, Clinton - respondi esperando o que ele tinha a dizer.
Clinton deu uma fungada, parecendo que estava chorando.
- Preciso de você em Los Angeles ainda essa semana, por favor - Clinton disse na forma de súplica. - Vou te mandar uma passagem hoje mesmo.
Apesar de todo o pesar em sua voz, não havia entendido o porquê daquele pedido depois de um ano sem trocar uma palavra sequer com qualquer um deles.
- Clinton, eu não estou entendendo. Por que eu preciso ir para Los Angeles? - perguntei realmente confusa.
- O , - percebi que ele respirou fundo. - O sofreu uma overdose e está em estado grave no hospital. Preciso de você aqui - Clinton tirou minhas dúvidas com a voz ainda mais embargada e, naquele momento, apesar de todos os acontecidos, eu senti meu mundo desabar.
. .
- ? - escutei a voz de Clinton dizer e virei minha cabeça na direção de onde estava vindo a voz. Meu amigo estava sentado em um poltrona ao qual eu ainda não tinha notado, até agora e assim que percebeu que eu estava olhando-o, abriu o maior dos sorrisos, se levantou e veio em minha direção. - E aí, seu merda?! Você me deu um susto enorme!
- Onde eu estou? - perguntei tentando entender toda aquela situação. - Por que estou num hospital? O que são esses presentes? Eu não lembro de nada e minha cabeça tá doendo pra caralho...
Clinton me olhou com uma cara de quem não sabia se poderia me dar todos os detalhes, mas depois respirou fundo, puxou a poltrona para perto da cama e se sentou ao meu lado.
- O que eu sempre te disse quando você estava se drogando aos montes? - Clinton perguntou fazendo a minha ficha começar a cair.
- Eu quase morri, não foi? - perguntei já sabendo a resposta. Então eu tinha tido uma overdose e essa era a sensação?
Clinton apenas confirmou com a cabeça.
- Você se lembra de algo? - Clinton perguntou e eu me esforcei para lembrar, mesmo minha cabeça parecendo que ia explodir. Minha mente estava confusa e eu só lembrava de estar sofrendo por .
- Só me lembro de estar tendo umas memórias dolorosas com e tinha mais alguém no quarto comigo, mas não sei ao certo quem. Depois disso, tudo é um borrão na minha mente - confessei e Clinton escutou tudo em silêncio e apenas concordou com a cabeça.
- Ela esteve aqui, né?! - perguntei a Clinton e ele sabia de quem eu estava falando. Havia sentido um perfume muito parecido com o dela em algum momento, mas o que será que ela estaria fazendo aqui nesse quarto de hospital depois de um ano sem nos falarmos?
- Esteve - Clinton começou a falar. - Liguei para ela assim que você deu entrada no hospital. Chegou aqui no dia seguinte desesperada e muito abalada, ficou uns dias e voltou para o Brasil porque disse que não sabia mais lidar com toda essa situação.
- Dias? - perguntei confuso. - Quanto tempo estou desacordado?
- Duas semanas, , quase três - Clinton respondeu.
O que me fez ficar surpreso; eu realmente havia quase morrido.
- Eles precisaram te deixar em coma induzido para você não sentir os efeitos severos da abstinência - Clinton começou a explicar. - Você ficou entubado por uma semana e meia, cara. Foi monitorado o tempo todo já que estava com os batimentos oscilando muito e morremos de medo de você não aguentar, porque tinha essa possibilidade.
Um nó se formou na minha garganta. Realmente eu havia fudido com tudo: com a única pessoa que me deixava verdadeiramente feliz, com a minha banda e principalmente com a minha vida.
- Foi quando a decidiu ir embora. Ela ficava todas as noites como sua acompanhante e todo dia de manhã quando chegávamos aqui, víamos o quanto os olhos dela estavam inchados de tanto chorar. Depois de uma semana, ela me ligou e disse que não aguentava mais te ver nessa situação, principalmente por ter lutado tanto para que isso não acontecesse - Clinton disse por fim e concordei com a cabeça, sabendo que ela estava certa.
não merecia passar por tudo isso, afinal, ela já havia tentado evitar que isso acontecesse diversas vezes e eu não a dei ouvidos, sendo exatamente por isso que a gente se desgastou e se separou.
- Pode pegar para mim? - perguntei para Clinton apontando para a caixinha que eu sabia o que tinha dentro; era um presente que eu havia dado para .
Clinton se levantou, pegou a caixinha e deu na minha mão.
- Vou deixar você sozinho um pouco - Clinton avisou já se dirigindo para sair dali - e aproveitar para avisar o médico que você acordou.
Concordei com a cabeça enquanto via Clinton sair do quarto. Depois que meu amigo se foi e me deixou ali, voltei minha atenção para a caixinha que estava sobre minha barriga e decidi abri-la. A primeira coisa que vi foi um bilhete bem dobrado e quando o tirei dali, pude ver o anel com a letra ; ela realmente tinha devolvido.
Peguei então o bilhete em mãos e o abri, notando a letra perfeita de .
“, meu querido …
Quando Clinton me ligou contando o que tinha acontecido, senti meu mundo cair, não vou mentir. Nunca na minha vida tinha sentido algo dessa forma e foi ainda pior quando cheguei nesse quarto de hospital e vi você nessa situação, uma situação que eu fiz de tudo para que não acontecesse, mas que infelizmente aconteceu.
Só estou lhe escrevendo isso para dizer que você sempre terá um espaço especial no meu coração, no qual eu guardarei todas as nossas lembranças boas: o show em Los Angeles, de nós nos conhecendo no camarim, do nosso passeio pela costa da Califórnia, quando te encontrei na portaria do meu prédio depois de meses, quando fomos para a Austrália conhecer seus pais e até mesmo nossas brigas sobre comida. Todos esses momentos estarão bem guardados e quero que saiba que você sempre será inesquecível para mim.
Eu realmente queria que tudo tivesse sido diferente, eu realmente estava a fim disso, mas dessa vez, eu não posso lidar mais, não posso ficar e nem ter esse anel.
Até um dia qualquer, . Quem sabe a vida não faz a gente se encontrar de novo.
Um grande beijo, da sua fã favorita, .”
- Cem milhões de pessoas não conseguiriam lidar com isso e a única que eu queria que lidasse, infelizmente, me deixou - disse para mim mesmo ao acabar de ler o bilhete. Retirei o anel da caixinha e o girei em meus dedos; eu o guardaria junto com o meu para sempre e as lembranças do dia em que o dei para ela também.
Não pude impedir que algumas lágrimas se formassem em meus olhos e nem tinha como isso não acontecer. estava certa no que fez, mas era inevitável não querer ela aqui. Levei as mãos até meus olhos limpando as lágrimas que estavam pelo meu rosto, tentando me recuperar.
Uma coisa esse bilhete havia me feito pensar: estava na hora de mudar, de me tratar e de ser uma pessoa melhor. Eu só sou sortudo pra caralho, tinha sobrevivido a uma overdose e não me arriscaria mais. Querendo ou não, iria passar pela reabilitação, superar meus traumas, largar a bebida e as drogas e quem sabe a vida não acabava me recompensando por isso, quem sabe?
Fim.
Nota da autora: Olá rainhas, tudo bem? Espero que sim.
Mais uma história minha para vocês se deliciarem ou sofrerem.
Espero as opiniões nos comentários.
Até mais,
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