Capítulo Único
A noite em que eu a conheci parecia ter sido gravada em todos os cantos da minha mente. Linda, divertida, carismática e sorridente. Todas as qualidades que são atraentes. O problema é que esses atributos não eram só atraentes para mim, todos os outros rapazes dali também pensavam isso dela. Ela era tão fora do meu alcance que eu não sabia se detestava ou amava Stella e Jacob por terem me convencido a vir nessa festa de Halloween.
Eu queria não ser um nerd tão tapado socialmente. A grande desvantagem de ser um streamer de jogos era isso. Eu passava muito mais tempo jogando e convivendo com as máquinas do que com as pessoas. O que fazia Stella e Jacob os dois únicos amigos que tinha e só os tinha por que os dois eram irmãos e meus vizinhos, filhos dos melhores amigos dos meus pais. Nossa amizade foi natural e por isso eu não me sentia tão deslocado. Eu tinha colegas, pessoas que eu podia manter uma conversa, mas amigos mesmo somente os dois.
A tal festa de Halloween era da menina mais popular da escola, Laura Jenkins. Eu mesmo nunca seria convidado para um evento desse se Stella não fosse líder de torcida junto com a anfitriã. Todos os dias me questionava como eu tinha conseguido ser melhor amigo de pessoas populares e ser tão tímido e sem sal. Porém cheguei em um ponto da minha vida que já sentia que não havia mais como adquirir os skills necessários para ser mais socialmente desenvolto como os meus amigos.
A festa era na mansão de Laura. Os seus pais eram produtores de cinema. Nós frequentamos a mesma escola desde o jardim de infância, mas nunca estivemos tanto no mesmo círculo de amizade mesmo que socialmente nos encontrássemos com frequência, afinal meus pais são atores. Isso por si só deveria me fazer mais popular, mais extrovertido e descolado, porém meus pais não eram como os outros atores que se exibem até fora dos sets de gravação. Eles desde que se juntaram e entenderam que são o amor da vida um do outro decidiram que preservariam ao máximo seus relacionamentos familiares e amizades. Davam poucas entrevistas, não mencionavam tanto sobre a nossa rotina como família, e quando eu era criança não tinham tantas fotos minhas em circulação. Por isso, quando decidi que faria streams jogando optei por ser apenas uma voz. Ninguém tinha a menor ideia de quem era o Player96, exceto Stella e Jacob, pois com eles não havia segredos.
— Vocês conhecem aquela menina? — eu perguntei aos meus amigos. Tínhamos chegado fazia um tempo e até agora eu tinha um copo vermelho com um ponche de sabor duvidoso na minha mão, mas eles já tinham sido cumprimentados por todos que estavam dançando e conversavam pessoas diferentes pela casa toda. Pelo menos um dos dois tinha grandes chances de saber ao menos o nome dela.
— Não sei quem é, mas ela é linda, não? — Stella indaga retoricamente. Aquela desconhecida era a menina mais linda que eu vi em toda a festa, poderia dizer em toda a minha vida. Sua fantasia ironicamente complementava a minha. Ela era a Laura Caixão e eu usava roupas do personagem Vladmir Caixão que é o seu marido na franquia de jogos da EA, o The Sims. Apesar de estar fantasiado dele, a família não era a minha favorita do jogo, porém naquele momento eu ri internamente agradecendo ao universo por essa coincidência, pois sabia que se fosse um pouco mais corajoso iria usar isso para quebrar o gelo.
— sabe de uma coisa, Black Maderas? Você deveria ir até ela.
— não sei se devo.
— e eu não sei se vou aguentar você amanhã falando que está arrependido de não ter dito nada a menina. — disse Jacob já bem irritado comigo. Jacob sempre foi direto em suas opiniões enquanto Stella tinha mais jeito com as palavras.
— não vou falar com ela. Ela linda e inalcançável.
— pff... você pensa que todas as mulheres são lindas e inalcançáveis, meu amigo. — Stella disse a mim o óbvio.
— se eu penso assim é porque é verdade, todas as mulheres são lindas e inalcançáveis.
— é muito bonito que pense assim, mas não pode deixar isso e a sua timidez te atrapalhar. Ela pode ser a mulher da sua vida e você nunca vai saber por que não disse um simples oi a moça.
— se eu seguisse a sua lógica de raciocínio todas as mulheres da minha faixa etária seriam minhas almas gêmeas. Provavelmente teria mais números de telefone que o Hanson.
Hanson Johnson, o quarterback do time de futebol americano da escola. Ele é tudo o que todas as meninas gostam. Alto, forte e atlético. Não tinham uma garota se quer que não gostaria de estar em seus braços. Não era muito difícil de perceber que ele era o oposto de mim em tudo. Definitivamente, ele é alguém que eu não gostaria de ver perto dessa menina.
A música pop do lugar aos poucos começava a encher os meus ouvidos de um zumbido nada amigável. Fazia eu querer sair dali para um local mais calmo, no entanto sei que se saísse dali poderia nunca mais ver aquela linda moça, a perderia naquele mar de gente. Sei que era um drama desnecessário, mas é como eu me sentia. Mesmo com o desejo de continuar ali por horas observando aquela obra-prima, sei que não era o certo, não poderia prende-la na minha imaginação e certamente não iniciaria um contato no mundo real, então eu apenas sai dali sabendo que Jacob com certeza não me suportaria amanha de tanto que falaria dela.
O lugar mais quieto daquela mansão era um banco na área da piscina. Apesar de ter gente ali, não era a mesma quantidade que dentro da casa. Não era aglomerado, não era claustrofóbico, não era irritante. Agora o meu único incomodo era o de estar ali tão deslocado. Acredito que muitas pessoas não se viam nessa posição com frequência, mas para mim é extremamente comum bater a cota de socialização depois de duas horas de evento.
— como fez para deixar o Plumbob iluminado? — a voz mais doce que já ouvi me perguntou. Pelos seus conhecimentos do jogo The Sims, isso só me fazia crer que a pessoa que me questionava sobre isso era a menina que vi usando a fantasia da Laura Caixão.
Ao levantar os meus olhos para o local aonde a voz vinha, vi que a figura feminina de um corpo ampulheta envolto por um vestido bodycon sem alças vermelho escuro estava parado bem na minha frente. Os cabelos pretos lisos partidos ao meio adornavam uma face que tinha a mesma maquiagem marcante de Laura no rosto, o mesmo batom vinho cobrindo os lábios.
— Hmmm... eu não fiz. Ganhei isso.
Realmente gostaria de ser o cara nerd/geek super fodástico e habilidoso, porem eu era apenas alguém que gostava de jogar The Sims e tinha feito fama com isso. O adereço que usava na cabeça era apenas um brinde que ganhei da marca em um dos vários eventos que eles promovem ao longo dos anos.
— ah, que legal. — ela disse com um sorriso muito lindo. Era estranho que eu notasse que ela não tinha dentes tortos? Provavelmente tinha usado aparelho. — eu tive que vir falar com você porque vi de longe o brilho verde do cristal e bem... não é todo dia que eu vejo alguém normal em uma festa descolada vestido como um personagem do meu jogo favorito.
A risada fofa que ela soltou depois dessa declaração fez o meu coração saltar de alegria. Aquela menina tinha uma alegria que chegava aos seus olhos verdes, portanto eu concluo que sua alma também era alegre.
— meu nome é Green. — ela disse ao se sentar ao meu lado como se não houvesse dúvidas de que era permitido chegar tão perto de alguém do sexo oposto enquanto eu estava constantemente usando meu cérebro para me dizer que não era para entrar em desespero porque a menina mais bonita da festa toda estava me dando bola. Acho que não fui muito bom em fazer isso, pois ela logo continuou dizendo: — sim, o nome é como a cor. Eu aposto que o seu nome é muito mais interessante que o meu.
— Hmmm... me chamo Black, também como a cor. — o sorriso de identificação dela foi enorme. Era lindo. Desejei fazer ela sorrir sempre por mais impossível que fosse eu ter coragem de continuar mantendo contato com ela.
Não precisamos de muito para que ela continuasse a manter o assunto comigo. Ela me contou que era filha única de uma família muito grande. Me contou que seu nome era Green porque seus olhos eram verdes e foi a primeira coisa que sua mãe viu nela. Disse também que amava ver os streams que Player96 fazia na internet. Contou sobre como perdeu o seu Plumbob para uma menina bêbada que não tinha uma fantasia e que gostou do que ela tinha na cabeça.
Eu gostaria de ter mais coragem de não ser um cara quadrado com medo de expor minhas opiniões na vida real. Infelizmente ser apenas a voz para o Player96 e nesse personagem ser livre era tudo o que eu sabia ser. Tinha medo de ser mais livre por conta de quem os meus pais eram. Se eles não deram furos de privacidade quando eu era criança, por que eu daria? Talvez meu excesso de cuidado não fosse a melhor ideia, no entanto era tudo o que sabia ser.
Depois de tanto ouvir a doce voz de Green Ventanas e de ver o seu entusiasmo com tudo que ela era e se interessava que me senti de conseguir manter a conversa, mas não me sentir completamente ali.
— Green, olha eu adorei te conhecer, mas... não sei se teremos algum futuro. Eu gostaria de que nós tivéssemos nos conhecido enquanto vagamos pelo MoMA, eu tentaria te impressionar com todo o meu conhecimento sobre Monet e não estaria tão alterado por um ponche duvidoso, mesmo que eu não tenha bebido tanto assim, porém hoje não me sinto bem o suficiente para dizer que realmente te conheci e não apenas soube quem você é. Não é pessoal, você é incrível, mas não é o meu melhor momento.
Após dizer aquilo tudo simplesmente sai dali. Sim, eu tinha sido um babaca. A caminhada que fiz dali até a estação metro mais próxima fez os meus pés doerem e os meus olhos arderem pelas lagrimas que deixei escaparem deles. Era horrível se sentir uma piada para si mesmo e se esconder sob um personagem. Player96 era tudo o que eu não era capaz de ser na realidade, porém nem ele era real. A insegurança de não ser o que Green queria que fosse por ela gostar do meu alter ego me consumia a cada palavra que dizia a ela em todos os momentos em que interagimos.
Internamente daria tudo para que nós dois vivêssemos em uma fita VHS. Poderia apagar todas as coisas que disse e que seria capaz de dizer outra vez. Eu rebobinaria para todos os momentos em que eu me perdi em mim mesmo. Daria tudo para que eu e ela vivêssemos dentro do The Sims. Nós poderíamos construir uma casa, plantar algumas flores e ter filhos. Poderíamos ser tudo isso se eu não tivesse a conhecido naquela festa. Sei que em outro momento não a deixaria partir. Talvez tivéssemos uma chance se nós nos conhecêssemos em um outro momento, quem sabe uma outra vida. No entanto o nosso erro foi ter se conhecido em uma festa de halloween.
Eu queria não ser um nerd tão tapado socialmente. A grande desvantagem de ser um streamer de jogos era isso. Eu passava muito mais tempo jogando e convivendo com as máquinas do que com as pessoas. O que fazia Stella e Jacob os dois únicos amigos que tinha e só os tinha por que os dois eram irmãos e meus vizinhos, filhos dos melhores amigos dos meus pais. Nossa amizade foi natural e por isso eu não me sentia tão deslocado. Eu tinha colegas, pessoas que eu podia manter uma conversa, mas amigos mesmo somente os dois.
A tal festa de Halloween era da menina mais popular da escola, Laura Jenkins. Eu mesmo nunca seria convidado para um evento desse se Stella não fosse líder de torcida junto com a anfitriã. Todos os dias me questionava como eu tinha conseguido ser melhor amigo de pessoas populares e ser tão tímido e sem sal. Porém cheguei em um ponto da minha vida que já sentia que não havia mais como adquirir os skills necessários para ser mais socialmente desenvolto como os meus amigos.
A festa era na mansão de Laura. Os seus pais eram produtores de cinema. Nós frequentamos a mesma escola desde o jardim de infância, mas nunca estivemos tanto no mesmo círculo de amizade mesmo que socialmente nos encontrássemos com frequência, afinal meus pais são atores. Isso por si só deveria me fazer mais popular, mais extrovertido e descolado, porém meus pais não eram como os outros atores que se exibem até fora dos sets de gravação. Eles desde que se juntaram e entenderam que são o amor da vida um do outro decidiram que preservariam ao máximo seus relacionamentos familiares e amizades. Davam poucas entrevistas, não mencionavam tanto sobre a nossa rotina como família, e quando eu era criança não tinham tantas fotos minhas em circulação. Por isso, quando decidi que faria streams jogando optei por ser apenas uma voz. Ninguém tinha a menor ideia de quem era o Player96, exceto Stella e Jacob, pois com eles não havia segredos.
— Vocês conhecem aquela menina? — eu perguntei aos meus amigos. Tínhamos chegado fazia um tempo e até agora eu tinha um copo vermelho com um ponche de sabor duvidoso na minha mão, mas eles já tinham sido cumprimentados por todos que estavam dançando e conversavam pessoas diferentes pela casa toda. Pelo menos um dos dois tinha grandes chances de saber ao menos o nome dela.
— Não sei quem é, mas ela é linda, não? — Stella indaga retoricamente. Aquela desconhecida era a menina mais linda que eu vi em toda a festa, poderia dizer em toda a minha vida. Sua fantasia ironicamente complementava a minha. Ela era a Laura Caixão e eu usava roupas do personagem Vladmir Caixão que é o seu marido na franquia de jogos da EA, o The Sims. Apesar de estar fantasiado dele, a família não era a minha favorita do jogo, porém naquele momento eu ri internamente agradecendo ao universo por essa coincidência, pois sabia que se fosse um pouco mais corajoso iria usar isso para quebrar o gelo.
— sabe de uma coisa, Black Maderas? Você deveria ir até ela.
— não sei se devo.
— e eu não sei se vou aguentar você amanhã falando que está arrependido de não ter dito nada a menina. — disse Jacob já bem irritado comigo. Jacob sempre foi direto em suas opiniões enquanto Stella tinha mais jeito com as palavras.
— não vou falar com ela. Ela linda e inalcançável.
— pff... você pensa que todas as mulheres são lindas e inalcançáveis, meu amigo. — Stella disse a mim o óbvio.
— se eu penso assim é porque é verdade, todas as mulheres são lindas e inalcançáveis.
— é muito bonito que pense assim, mas não pode deixar isso e a sua timidez te atrapalhar. Ela pode ser a mulher da sua vida e você nunca vai saber por que não disse um simples oi a moça.
— se eu seguisse a sua lógica de raciocínio todas as mulheres da minha faixa etária seriam minhas almas gêmeas. Provavelmente teria mais números de telefone que o Hanson.
Hanson Johnson, o quarterback do time de futebol americano da escola. Ele é tudo o que todas as meninas gostam. Alto, forte e atlético. Não tinham uma garota se quer que não gostaria de estar em seus braços. Não era muito difícil de perceber que ele era o oposto de mim em tudo. Definitivamente, ele é alguém que eu não gostaria de ver perto dessa menina.
A música pop do lugar aos poucos começava a encher os meus ouvidos de um zumbido nada amigável. Fazia eu querer sair dali para um local mais calmo, no entanto sei que se saísse dali poderia nunca mais ver aquela linda moça, a perderia naquele mar de gente. Sei que era um drama desnecessário, mas é como eu me sentia. Mesmo com o desejo de continuar ali por horas observando aquela obra-prima, sei que não era o certo, não poderia prende-la na minha imaginação e certamente não iniciaria um contato no mundo real, então eu apenas sai dali sabendo que Jacob com certeza não me suportaria amanha de tanto que falaria dela.
O lugar mais quieto daquela mansão era um banco na área da piscina. Apesar de ter gente ali, não era a mesma quantidade que dentro da casa. Não era aglomerado, não era claustrofóbico, não era irritante. Agora o meu único incomodo era o de estar ali tão deslocado. Acredito que muitas pessoas não se viam nessa posição com frequência, mas para mim é extremamente comum bater a cota de socialização depois de duas horas de evento.
— como fez para deixar o Plumbob iluminado? — a voz mais doce que já ouvi me perguntou. Pelos seus conhecimentos do jogo The Sims, isso só me fazia crer que a pessoa que me questionava sobre isso era a menina que vi usando a fantasia da Laura Caixão.
Ao levantar os meus olhos para o local aonde a voz vinha, vi que a figura feminina de um corpo ampulheta envolto por um vestido bodycon sem alças vermelho escuro estava parado bem na minha frente. Os cabelos pretos lisos partidos ao meio adornavam uma face que tinha a mesma maquiagem marcante de Laura no rosto, o mesmo batom vinho cobrindo os lábios.
— Hmmm... eu não fiz. Ganhei isso.
Realmente gostaria de ser o cara nerd/geek super fodástico e habilidoso, porem eu era apenas alguém que gostava de jogar The Sims e tinha feito fama com isso. O adereço que usava na cabeça era apenas um brinde que ganhei da marca em um dos vários eventos que eles promovem ao longo dos anos.
— ah, que legal. — ela disse com um sorriso muito lindo. Era estranho que eu notasse que ela não tinha dentes tortos? Provavelmente tinha usado aparelho. — eu tive que vir falar com você porque vi de longe o brilho verde do cristal e bem... não é todo dia que eu vejo alguém normal em uma festa descolada vestido como um personagem do meu jogo favorito.
A risada fofa que ela soltou depois dessa declaração fez o meu coração saltar de alegria. Aquela menina tinha uma alegria que chegava aos seus olhos verdes, portanto eu concluo que sua alma também era alegre.
— meu nome é Green. — ela disse ao se sentar ao meu lado como se não houvesse dúvidas de que era permitido chegar tão perto de alguém do sexo oposto enquanto eu estava constantemente usando meu cérebro para me dizer que não era para entrar em desespero porque a menina mais bonita da festa toda estava me dando bola. Acho que não fui muito bom em fazer isso, pois ela logo continuou dizendo: — sim, o nome é como a cor. Eu aposto que o seu nome é muito mais interessante que o meu.
— Hmmm... me chamo Black, também como a cor. — o sorriso de identificação dela foi enorme. Era lindo. Desejei fazer ela sorrir sempre por mais impossível que fosse eu ter coragem de continuar mantendo contato com ela.
Não precisamos de muito para que ela continuasse a manter o assunto comigo. Ela me contou que era filha única de uma família muito grande. Me contou que seu nome era Green porque seus olhos eram verdes e foi a primeira coisa que sua mãe viu nela. Disse também que amava ver os streams que Player96 fazia na internet. Contou sobre como perdeu o seu Plumbob para uma menina bêbada que não tinha uma fantasia e que gostou do que ela tinha na cabeça.
Eu gostaria de ter mais coragem de não ser um cara quadrado com medo de expor minhas opiniões na vida real. Infelizmente ser apenas a voz para o Player96 e nesse personagem ser livre era tudo o que eu sabia ser. Tinha medo de ser mais livre por conta de quem os meus pais eram. Se eles não deram furos de privacidade quando eu era criança, por que eu daria? Talvez meu excesso de cuidado não fosse a melhor ideia, no entanto era tudo o que sabia ser.
Depois de tanto ouvir a doce voz de Green Ventanas e de ver o seu entusiasmo com tudo que ela era e se interessava que me senti de conseguir manter a conversa, mas não me sentir completamente ali.
— Green, olha eu adorei te conhecer, mas... não sei se teremos algum futuro. Eu gostaria de que nós tivéssemos nos conhecido enquanto vagamos pelo MoMA, eu tentaria te impressionar com todo o meu conhecimento sobre Monet e não estaria tão alterado por um ponche duvidoso, mesmo que eu não tenha bebido tanto assim, porém hoje não me sinto bem o suficiente para dizer que realmente te conheci e não apenas soube quem você é. Não é pessoal, você é incrível, mas não é o meu melhor momento.
Após dizer aquilo tudo simplesmente sai dali. Sim, eu tinha sido um babaca. A caminhada que fiz dali até a estação metro mais próxima fez os meus pés doerem e os meus olhos arderem pelas lagrimas que deixei escaparem deles. Era horrível se sentir uma piada para si mesmo e se esconder sob um personagem. Player96 era tudo o que eu não era capaz de ser na realidade, porém nem ele era real. A insegurança de não ser o que Green queria que fosse por ela gostar do meu alter ego me consumia a cada palavra que dizia a ela em todos os momentos em que interagimos.
Internamente daria tudo para que nós dois vivêssemos em uma fita VHS. Poderia apagar todas as coisas que disse e que seria capaz de dizer outra vez. Eu rebobinaria para todos os momentos em que eu me perdi em mim mesmo. Daria tudo para que eu e ela vivêssemos dentro do The Sims. Nós poderíamos construir uma casa, plantar algumas flores e ter filhos. Poderíamos ser tudo isso se eu não tivesse a conhecido naquela festa. Sei que em outro momento não a deixaria partir. Talvez tivéssemos uma chance se nós nos conhecêssemos em um outro momento, quem sabe uma outra vida. No entanto o nosso erro foi ter se conhecido em uma festa de halloween.
Fim!
Nota da autora: Começo dizendo que estou muito grata as meninas que organizaram esse ficstape incrível por toda a paciência comigo. 04.Sims foi uma fic muito difícil de vir para mim porque eu queria que ela estivesse ainda dentro de um universo de cores que eu construí, por isso os personagens têm nomes de cores (Black e Green). Pode não ter ficado muito claro, mas o feeling é desse meme “se você não me quis eu te faço no the sims”. Black tenta viver a vida real, mas é muito preso no seu próprio personagem que é o Player96. Não se preocupem, pois esse casal volta em algum momento, então
não desistam deles ainda. <3
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