14.Hope Is a Dangerous Thing For a Woman Like Me to Have – But I Have It

Última atualização: 09/07/2020

Capítulo Único

Junho de 1953, Áustria
parecia tão concentrada nas páginas de seu livro que ninguém nunca imaginaria que sua completa atenção estava em outro lugar da locomotiva.
Havia conseguido um péssimo lugar no trem, o sol ardia em sua pele, mas era o jeito mais prático de cumprir sua pequena missão.
A peruca castanha que escondia os fios recém-descoloridos lhe esquentava a cabeça, mas era menos pior que seus próprios pensamentos lhe queimando os neurônios.
Um grupo de adolescentes parecia empolgado para chegar ao destino final e conversavam e riam alto do outro lado do vagão enquanto revisava seu plano pela última vez.
Faltavam poucos minutos até que o trem fizesse sua última parada, se enfiaria entre as garotas e desviaria seu alvo do grupo. Simples e eficaz, principalmente quando o alvo era uma garota de 16 anos que havia sido criada num domo de vidro.
Havia odiado aquele trabalho, mas não tinha escolha senão aceitá-lo. Seu superior tinha literalmente sua vida na palma das mãos e ainda não era o momento para morrer.
Mester parecia cada vez mais próximo de descobrir como desativar o nano explosivo de sua caixa torácica, e aqueles dias que passaria com a garota em cárcere seriam importantes para que ele finalmente conseguisse.
Com sorte, ele resolveria antes do prazo final do trabalho e não precisaria matar a garota, somente tentaria sumir do mapa.
A garota em questão era , a filha mais nova do magnata austríaco Áron, dono da maior desenvolvedora de químicos do país – este, que havia despertado a ira de quem não devia desde o fim da guerra, anos antes.
Era uma pena, a garota nada tinha a ver com os problemas do pai e tinha a cabeça a prêmio no submundo dos caçadores de recompensas.
olhou no relógio mais uma vez, ouviu o som de aviso que precedia a gravação que informava qual seria a próxima parada e enfiou o livro na mochila que carregava.
Assim que saiu do vagão, localizou o grupo de adolescentes e seguiu seu caminho em passos apressados em direção ao banheiro.
Entrou na primeira cabine e trancou-a por dentro, subiu na privada e pulou para a próxima, repetindo o processo até que estivesse na última. Esperou que as vozes jovens e animadas entrassem no recinto. Menos de um minuto inteiro depois, o banheiro já era preenchido por diversas vozes e não notou a presença de ali. Estaria o destino facilitando as coisas para si?
Colocou os óculos no rosto e saiu da cabine, lavou as mãos enquanto contava as garotas pelo espelho. Uma delas estava na cabine da qual havia acabado de sair e outras quatro conversavam, esperando.
Fácil até demais, pensou saindo do banheiro duas vezes mais atenta.
Procurou com os olhos e localizou na fila de uma pequena cafeteira da Wien Hauptbahnhof. Tirou os óculos e enfiou-os no decote. Caminhou com passos firmes até a garota, fazendo seus saltos ecoarem pelo saguão.
– Senhorita ? – Perguntou quando já estava próxima o suficiente e a garota se virou, assustada.
– Pois não?
– Você precisa vir comigo, ordens do senhor Áron.
– E você é?
.
– Seu nome nunca foi citado nas reuniões sobre segurança, senhora .
– Você precisa vir comigo. É uma situação emergencial.
– Por que meu pai mandaria alguém me buscar aqui? Estou perto de casa.
– Escute aqui, garota, eu estou seguindo ordens, e você vai comigo por bem ou por mal, e acredito que não seja da sua vontade sair daqui carregada, estou certa? – Viu a garota abrir a boca em choque.
– Mas que desaforada! Saiba, senhora , que não é assim que você trata uma .
– É assim que eu trato garotinhas mimadas, senhorita . Agora vamos. – Disse e puxou a garota pelo pulso, guiando-a por entre as pessoas até o estacionamento.
– Eu não concordei em ir! – Ela tentava protestar, mas não tinha como comparar forças com a mulher esguia.
– Você não tem que concordar com nada, agora entre na porcaria do carro.
abriu a porta do passageiro e a garota entrou a contragosto. A mulher deu a volta, entrando no lugar do motorista, e travou as portas antes mesmo de girar a chave na ignição.
– A primeira coisa que farei quando chegarmos ao meu pai vai ser pedir pela sua demissão. – disse quando a motorista arrancou com o carro de uma vez.
– Se você ver o seu pai de novo, você já vai querer me agradecer.
Enquanto dirigia, se livrou da peruca e soltou os cabelos loiros amassados. ainda não tinha entendido muito bem o que acontecia, mas estranhou quando passaram dos limites de Viena.
– Para onde estamos indo?
– Você é idiota ou o quê?
– Já lhe disse para não usar esse tom de voz comigo, senhora !
– Cale a boca antes que eu perca a paciência com você. – Disse com o tom de voz controlado e puxou a arma que ficava presa sob o painel.
– Mas o que diabos você está fazendo? – olhou a pistola aterrorizada.
– Eu mandei você calar a boca. – Abaixou o cão da pistola com a mão que estava no volante enquanto passou a marcha para aumentar a velocidade, já que estavam na rodovia.
– Para onde estamos indo?
– Não te interessa.
– Eu tenho o direito de saber para onde está me levando.
– Não, você não tem.
– Isso é sequestro!
– Use o termo que preferir.
– Eu exijo que dê meia volta e volte para Viena!
– Eu juro que tentei. – murmurou antes de acertar o cabo da arma na cabeça da garota para desmaiá-la.
Quando acordou, já estava instalada em um quarto de solteiro pequeno e apertado, porém limpo demais para todas as simulações de segurança que já tinha feito. Talvez a senhora só quisesse o dinheiro e liberaria-lhe assim que seu pai pagasse o montante.
– Vejo que a bela adormecida acordou. – disse ao entrar no pequeno quarto.
As roupas que usavam eram bem diferentes, parecia mais confortável. Uma calça de pijamas e um sutiã eram o que cobriam a pele da mulher, deixando a atadura que ela tinha nas costelas à mostra.
– O que aconteceu com sua costela?
– Isso não te diz respeito. – A resposta foi direta e ela indicou a porta com a cabeça. – Vamos comer, já deu tempo de você sentir fome.
– Que tipo de sequestro é esse? – estava achando muito estranho a forma com que estava sendo tratada.
– Você tem sorte de eu ser muito rápida. Poderia estar sendo pior pra você.
– O que o meu pai fez dessa vez?
– Ah, você sabe… O de sempre? Mexendo com os nervos das pessoas erradas. E, dessa vez, a cabeça a prêmio é sua.
– Você não me parece o tipo de caçador de recompensas que eu esperava.
– E eu não sou.
– Então o que vai fazer?
– Te manter escondida até me livrar de um problema e aí te devolver pro seu pai por alguma grana e fugir. Mas isso se você cooperar. Se não, eu te mato e pego o dinheiro de quem quer atingir o seu pai.
Nisso, a garota se levantou num pulo e seguiu-a até a cozinha do chalé em que estavam.
Pela janela da cozinha, era possível ver apenas uma floresta densa e escura, visto que o dia já havia findado e a luz da lua não atravessava as copas densas das árvores.
– Onde estamos? – perguntou quando estavam servidas.
– Em algum lugar no meio do nada ao sul de Barden.
– Meu pai não tem nada por aqui além de inimigos.
– E é por isso que esse é último lugar que vão te procurar.
– Quanto tempo até você resolver o seu problema?
– Eu não sei.
– Você vai me amarrar ou algo assim?
– Acredito que não seja necessário. – Arqueou uma sobrancelha, encarando a mais nova.
– Não será.
– Que bom que seu senso de autocuidado existe.
Jantaram rapidamente e perguntou se a garota queria voltar a dormir, tendo uma negativa como resposta. Limpou a cozinha sob o olhar atento de e, depois, indicou que ela a seguisse.
Desceram pro porão e afastou algumas caixas, liberando uma alavanca que ela puxou. Uma parte da parede se mexeu, abrindo um corredor mal iluminado.
– O que é isso?
– Estamos tentando resolver aquele meu problema.
– Vocês que vivem da ilegalidade conseguem construir umas coisas muito legais.
– A gente precisa se infiltrar. Por mais que aqui seja um lugar isolado, discrição é sempre bem-vinda.
Enquanto caminhavam, era possível ver que o local estava vazio. Numa das portas que pareciam mais pesadas, entrou, seguida de perto por .
Mester nem mesmo parecia surpreso com a presença repentina das duas e somente indicou a maca para antes de acenar para a garota.
– Você está atrasada. – Brigou.
– Eu sei. Podemos ir logo com isso? Está doendo feito o inferno.
– Se tivesse chegado na hora, o efeito da anestesia não teria passado. – Alfinetou enquanto desenrolava a faixa. – Conseguiu trazer o que eu pedi?
– Sim. – Resmungou.
– Como está sendo a estadia, senhorita ? – Perguntou e entregou uma máscara cirúrgica para a mesma. – Use isso, por favor.
– Surpreendentemente tranquila.
é muito receptiva quando quer.
– Vocês se conhecem? De onde?
– O doutor Mester já teve que costurar o meu irmão algumas vezes.
– Você já cuidou daquele imundo do ? Você está caindo muito no meu conceito, Mester.
– Eu não tenho nada a ver com as suas intrigas com o mais velho.
– Aquele crápula nojento... Você devia tê-lo deixado para morrer.
– Me perdoe a intromissão, senhora , mas o que você tem contra o meu irmão?
As bochechas de se avermelharam enquanto Mester teve de se segurar para não rir da pergunta, ansioso pela versão dos fatos que a mulher apresentaria para a garota.
– O seu irmão, senhorita , é um desperdício de oxigênio. – Disse sem delongas e Mester não segurou mais a risada.
– Não era isso que eu ouvia alguns anos atrás, quando vocês viviam se agarrando por aí.
– Essa história está no passado, doutor Mester. Agora, se possível, faça a extração e me costure de uma vez por todas.
– Você teve um caso com o meu irmão? Como eu nunca soube de você?
– Seu pai mataria os dois se soubesse. Digamos que a fama da senhorita não é das melhores.
– Você comete alguns crimes, mata alguns caras maus e ainda é vista como a grande vilã da história. – disse enquanto se deitou, livre da atadura.
pôde ver o corte enorme que foi descoberto quando o curativo de carvão foi removido, uma pequena luz verde vinha de dentro e a menina, curiosa, acabou se aproximando mais para ver do que se tratava.
– Não está com nojo? – Mester perguntou, colocando o tecido na boca de .
– O que é essa luz?
– Um nanoexplosivo. – Explicou e, então, dirigiu-se à mulher deitada. – Eu vou começar, tente não me bater dessa vez.
– Vocês não deviam usar anestesia geral?
– Comprar ou roubar traria muita atenção indesejada.
– E então é só tirar isso?
– Tenho que desativar antes de tirar. E então precisaremos sair correndo.
– Por quê?
– Quando descobrirem que ela tirou o chip, vão fazer de tudo para matá-la.
– Você é tão perigosa assim, senhora ?
– É senhorita. – Ela murmurou sob o pano que tinha entre os dentes.
Mester aproximou a lupa e começou a mexer ali com pinças enquanto podia ver que estava se esforçando para se manter quieta e no lugar.
– Me conte sobre . – pediu, tentando distraí-la.
– Não.
– Ah, vamos lá, senhorita , não é como se você tivesse mais o que fazer.
cuspiu o tecido e então falou.
– A gente teve uma coisa, terminamos, tentamos nos matar algumas vezes, mas falhamos, infelizmente.
– Por quê?
– Eles não conseguem assumir que se amam e preferem fingir que se odeiam. – Mester se intrometeu.
– Cale a boca. – pediu e, então, gemeu de dor.
– Fique quieta.
– Fique você.
– Prossiga com sua história, senhorita .
– Eu fiz umas coisas muito ruins antes de conhecer seu irmão. E ele não sabia. Mas descobriu por causa do seu pai.
– Vocês se gostavam muito?
– Sim.
– Quando tudo isso aconteceu?
– Alguns anos atrás.
– Quantos exatamente?
– Ele devia ter acabado de sair da faculdade.
Naquela época?
– Não grita no meu ouvido. – Mester pediu.
– Me desculpe. – Pediu. – Ele ficou horrível e brigou muito com o meu pai. Ele mal falava comigo também, não parava em casa e, quando estava, ficava trancado no próprio escritório.
– Ele realmente me procurou? – Seu tom era esperançoso.
– Eu não sei exatamente o que ele estava fazendo, mas ele viajava muito.
– Eu te disse. – Mester falou.
– De toda forma, não poderíamos. E esperança, para uma mulher como eu, é algo muito perigoso.
– O que é uma mulher como você, senhorita ?
– Fui criada para ser uma assassina, . Meu destino é morrer lutando ou fugindo.
– Você diz que não pode ter esperanças, então por que está tirando o chip? – questionou e, quando Mester afastou as mãos por um instante, sentindo-se também embasbacado por aquilo, suspirou fundo.
Porque eu tenho que tirar.
O movimento brusco de seus pulmões fez com que o chip explosivo desse curto e, então, uma pequena explosão aconteceu.
O óculos e a máscara de Mester foram cobertos por sangue e tecidos internos, chorou enquanto se limpava também. Era uma pena que aquele tivesse sido o fim de uma mulher tão formidável quanto .


Fim.



Nota da autora: "Oi, eu não sei da onde surgiu tudo isso mas acho que ficou até interessante. Nada pra fazer mesmo, vamos explodir uma pp, hahaha.
Espero que vocês tenham gostado, eu particularmente achei muito interessante.
BRB"



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