Fanfic finalizada

Capítulo Único

Estava do lado de fora da sala, na base coreana, ouvindo os burburinhos da equipe lá dentro. Estava, porém, radiante demais para me importar. Tinha sido uma das poucas mulheres que se formaram oficiais da Marine, tinha liderado minha equipe por seis meses com louvor, sido promovida a tenente-coronel e agora fui transferida para a base de fuzileiros navais da Coreia do Sul, país que sempre admirei e do qual conhecia a língua, para liderar uma nova equipe. O tenente-coronel em vigor iria tirar uma licença para um tratamento e eu ficaria no lugar dele.
Ele tinha reunido a equipe na sala de reuniões da base e agora passava por mim com todo o seu ar imponente, entrando na sala. Me pediu para esperar do lado de fora até que ele me chamasse.
— Atenção, senhores! — ele gritou e a sala entrou em completo silêncio. Não se ouviu mais nada que não fosse o som das botas batendo umas nas outras pelas continências. — Descansar. Bom... Todos sabem que eu estou me afastando para um tratamento e óbvio que alguém tem que ficar no meu lugar. — ele iniciou. — E nós vamos ter a colaboração de um tenente-coronel da Marine, dos Estados Unidos. Tenente... — ele chamou e eu me adiantei para dentro da sala. — Senhores, segurem seu paus em suas calças, pois quem ficará no meu lugar será a tenente-coronel , da Marine. — ele me apresentou e eu entrei na sala, vendo a cara de choque dos cerca de quarenta homens ali.
— Olá, senhores. — cumprimentei e fiz uma breve reverência. Meus olhos caíram sobre cada par de olhos puxados que me olhavam em um misto de choque e admiração.
— A tenente é uma das poucas mulheres oficiais da Marine, e, acreditem, vocês não vão querer se meter com ela. — o tenente Kim riu. — Major Choi. — ele chamou e um moreno alto, de ombros largos e postura rígida deu um passo a frente, respondendo um “sim, senhor”, com a expressão séria e o queixo erguido. — Você ajudará a tenente-coronel no que ela precisar. Mas cuidado onde você coloca suas mãos. Seu treinamento mais pesado foi apenas o primeiro estágio do dela. — o tenente Kim riu alto.
— Major Choi Minho ao seu dispor, tenente-coronel. — ele se virou na minha direção e fez uma reverência de noventa graus. Retribuí contida e ele logo voltou à posição inicial, os braços para trás e o peito inflado marcado na camisa. Controle-se, !
— Eu sei que meu coreano não é o melhor do mundo, portanto, eu vou tentar dar as ordens devagar para vocês entenderem. — iniciei meu pequeno discurso. — Eu aconselho a não questionarem minha autoridade apenas porque eu sou mulher, senhores.
— Não se deixem enganar pela estatura dela, rapazes. — o tenente Kim disse ao meu lado. De fato, eu não era nada alta comparada àqueles homens.
— Eu treinei tanto quanto ou mais que vocês para estar aqui e eu exijo respeito. Fui clara? — perguntei e ouvi o grave coro de “sim, senhora” que enchia meu ego. — Alguma pergunta? — um rapaz no fundo levantou a mão. — Identifique-se e pergunte.
— Soldado Lee, senhora. — ele se apresentou e eu fiz um gesto para que ele continuasse. — A senhora tem namorado?
Alguns rapazes seguraram o riso, outros arregalaram os olhos e o major Choi lhe lançou um olhar de repreensão duro, o maxilar forte travado.
— Creio que esse não seja um assunto seu, soldado Lee. — respondi sorrindo. — Mas eu vou responder para evitar futuras perguntas. Não, não tenho namorado. — o major Choi me olhou e eu podia jurar que tinha visto um pequeno sorriso nos lábios dele.
— Vocês não têm pulso suficiente para a tenente, senhores. Lembrem-se do que eu disse. — o tenente Kim alertou. — Estão dispensados. Vão preparar suas coisas. Vocês embarcam amanhã.
— Embarcar? — o major perguntou com uma expressão que eu só poderia julgar como adorável.
— Não se assustem, senhores. É apenas um pequeno treinamento de seis dias. Os senhores estarão aqui para suas folgas. — tranquilizei. — Podem ir.
Eles foram passando por nós, um a um, cumprimentando o tenente Kim ao passar.
— Major Choi. — chamei antes que ele saísse. Ele parou na minha frente e olhou para baixo, mas não em sinal de respeito, era apenas para me olhar nos olhos. Minha testa mal batia em seu peito. — Consegue me entender? — perguntei devagar. Ele apenas confirmou com a cabeça e esboçou algo que se parecia com um sorriso. — Creio que na linha de sucessão, o senhor é autoridade depois de mim. Então espero que organize os homens e que eu não precise invadir o dormitório logo pela manhã. Acredite, não tenho problema nenhum em encontrá-los sem roupa. — disse de uma vez e Minho arregalou os olhos. — Embarcamos às sete. Os atrasados serão deixados para trás. Dispensado.
Ele bateu continência e saiu. Suspirei, vendo o belo exemplar de homem que era Choi Minho. Nada na Marine nunca chegou nem perto.
— Tenente . — o tenente Kim chamou. — Deveria ter algumas aulas com o major sobre os comando básicos em coreano. Seria de grande utilidade. — sugeriu.
— Eu estudei e conheço um pouco a língua, mas creio que não o suficiente, tenente. Vou falar com o major depois. Obrigada. Agora, se me der licença, preciso de um banho e da minha cama. — sorri amigável. — Boa sorte no tratamento.
— Boa sorte por aqui. — ele desejou e eu saí. Precisava urgentemente tirar esses coturnos e soltar os cabelos. Entrei na minha acomodação, felizmente separada das deles, e joguei a boina para o lado, soltando os cabelos em seguida. Quando me preparei para tirar os sapatos, ouvi dois toques na porta. Suspirei cansada e fui abrir, dando de cara com o major.
— Boa tarde, tenente-coronel . — ele disse sério. — O tenente Kim me pediu para ajudar com os comandos.
— Sim, major, mas não agora, OK? Preciso descansar um pouco. Quem sabe mais tarde... — sugeri enquanto tentava prender os cabelos de novo. Ele fez uma reverência respeitosa e se preparou para sair. — Major. — chamei sua atenção e ele se virou para olhar em meus olhos. — Me chame de tenente . É suficiente.
— Sim, senhora. — ele respondeu ainda sério, mas com a expressão menos dura. Sem repetir a reverência, ele apenas se afastou, os ombros parecendo cada vez mais largos à distância. Me desfiz do uniforme, tomei um bom banho e me joguei na cama com roupas comuns. Dormi sem perceber e acordei com o barulho de gritos que, depois de ver a hora, julguei virem do refeitório. Não estava com fome, mas sabia que tinha que colocar algo no estômago. Então apenas arrumei o cabelo, calcei um par de chinelos e saí, ouvindo as vozes cada vez mais altas à medida que me aproximava.
— Veio nos prestigiar com sua presença, tenente-coronel ? — Lee perguntou.
— Sim, pena que não fico tão prestigiada com a sua. — respondi rápido e o barulho que os outros rapazes fizeram por causa da minha resposta foi quase ensurdecedor. — Não é só você que tem piadinhas, Lee. — alertei. — Agora abra um espaço para mim. — me dirigi até a mesa. De repente, os rapazes se calaram. — Não precisam se calar. Não vim brigar com vocês. — disse antes de me sentar.
— É que o tenente Kim nunca senta com a gente... — alguém murmurou. Estanquei no lugar.
Certo, . Você é do topo da cadeia. O Kim nunca senta aqui. Então, saia.
— Bom, já que é assim, estou indo comer no meu quarto. — puxei o prato para junto do corpo e me preparei para sair. — Major Choi, quando quiser. Estarei no meu quarto.
Os rapazes fizeram sons sugestivos enquanto eu saía e eu virei apenas para ver Minho acertando a cabeça de alguns deles com tapas fortes. Comi rápido e comecei a arrumar a mesa para a aula básica que teria. Alguns minutos depois, ouvi dois toques tímidos na porta e me levantei para abri-la. Choi Minho seguia com sua expressão rígida, olhando para um ponto além da minha cabeça.
— Boa noite, tenente . — ele desejou sem me olhar.
— Major, relaxe um pouco, sim? — pedi e suspirei. — Vamos, entre. — dei espaço para ele e Minho arrastou-se para dentro, parando no meio do quarto. — Sente-se. Vamos logo com isso. Ainda não me adaptei ao fuso.
Minho sentou-se e por não sei quantas horas me passou os comandos básicos para um fuzileiro naval coreano.

***

Meu corpo acordou no que eu acho que deveria ser horário de sempre. Não tinha ideia de como tinha ido parar na cama, mas tinha minha suspeita. Meus materiais estavam cuidadosamente arrumados na mesa e meu quarto e eu estávamos intactos. Aquilo certamente era obra do major. Resolvi jogar a preguiça para o lado e me arrumei rapidamente para dar uma corrida antes de me arrumar para embarcar.
Troquei de roupa e calcei os tênis. Peguei meu iPod, os fones e corri para fora do dormitório. Como não conhecia bem o terreno, não fui para longe. Não poderia me perder. Já estava quase chegando quando, olhando para o iPod, esbarrei em algo. Ou alguém. Caí de bunda no chão, gemendo baixinho de dor. Levantei os olhos a tempo de ver o major Choi me olhando por cima dos ombros nus e arregalando os olhos ao me ver largada no chão.
— Tenente, perdão! — ele se apressou para me levantar.
— Eu que peço desculpas. Não vi você. — aceitei sua mão estendida e me levantei, dando de cara com o peito forte do moreno.
— Se machucou? Precisa de algo? — ele perguntou preocupado.
— Preciso que se apresse. Temos duas horas para embarcar tudo. — sorri de lado. — Ah, e antes que eu me esqueça, obrigada por ontem. Você sabe... — me senti envergonhada de repente.
— Não, não sei. — ele fez uma expressão de falsa confusão. — Está falando dos comandos ou de eu ter jogado um cobertor em você depois que você se arrastou para a cama sozinha?
— Então está me dizendo que eu simplesmente me arrastei para a cama no meio do que deveria ser uma aula? — perguntei incrédula. O major Choi apenas confirmou com a cabeça. — Céus, que vergonha.
— Culpe o fuso e ficará tudo bem. — ele esboçou algo parecido com um sorriso. — Quer fazer as honras de tirá-los da cama? — mudou de assunto.
— Eu adoraria, mas deixei meu apito no quarto. — brinquei. — Duas horas, major. — o lembrei e saí.
Tomei um bom banho com as imagens do peito forte de Choi Minho queimando em meus olhos. O homem era... Quente. Afastei os pensamentos e deixei tudo pronto para sair. Resolvi pegar um café antes de todos e voltei para meus aposentos, ouvindo pouco a pouco a base ir ganhando vida. Caixas eram arrastadas e as vozes altas dos rapazes tomavam conta do lugar. Ouvi dois toques na porta e já me preparei para encontrar o major ali, mas era apenas Lee e seu sorriso grande demais.
— Bom dia, tenente-coronel . Estão solicitando sua presença na administração. — ele avisou e saiu sem ao menos esperar uma resposta. Peguei a bolsa com minhas coisas e saí, trancando o quarto. Resolvi a pendência na administração e fui direto para o píer.
Os soldados começaram a chegar um a um, carregando seus pertences e suprimentos que eu julguei suficientes para duas semanas. Mas considerando que eu estava embarcando com cerca de quarenta homens, talvez aquilo não durasse nem os seis dias.
Todos os que passavam por mim faziam uma reverência respeitosa e aquilo enchia meu peito. Era bom ser respeitada por caras que têm o dobro do seu tamanho e largura. Lee passou por mim e acenou um tchauzinho, sendo acertado na cabeça pelo major que vinha logo atrás, me fazendo rir. Esperei que todos embarcassem e fiz o mesmo.
— Bom dia, senhores. — comecei e ouvi o coro grave de bom-dia. — Fui informada que nossa rota parte daqui, Incheon, segue para Jeju, onde paramos por três dias, Busan e então retornamos sem parada. — nem havíamos saído e eu já me sentia cansada. — São mais ou menos dez horas até Jeju, não é? — perguntei, mas recebi apenas silêncio em resposta. — Rapazes, eu gostaria que alguém me respondesse. — os encarei. Todos voltaram o olhar para o major, então ele deu um passo a frente.
— Sim, senhora. — ele respondeu quase seco.
— Bom. Eu gosto quando me respondem. Fica a dica. — ri sarcástica. — Chegaremos a Jeju no final da tarde. Amanhã cedo vocês têm um treinamento.
— Não vai treinar conosco, tenente-coronel ? — Lee perguntou.
— Não, Lee. Fui dispensada para conhecer a ilha. Eu já treinei demais, por isso eu sou a tenente-coronel. — sorri de canto e vi outros soldados segurando o riso.
— Me pergunto o que vamos treinar em Jeju. — ele desconversou e riu, e, de repente, todos se entreolharam.
— Major, o que tem em Jeju? — perguntei desconfiada.
— A senhora vai descobrir, tenente. — ele respondeu sério.
— Aliás, os superiores o dispensaram do treinamento para me guiar. — repassei a ordem. “Diga ao major para lhe acompanhar, . Na próxima, ele treina.”, eles disseram. Olhei bem para o rosto de Minho e o encontrei corado até as orelhas. — Está tudo bem, major?
e Minho juntos em Jeju? Quase soa como uma viagem romântica. — Lee riu baixinho.
— Mais uma piada e você ficará aqui para limpar a base sozinho, Lee. — disse séria. — Vamos partir antes que eu desista. Dispensados. — ordenei. Minho bateu continência como os outros e ia saindo de fininho. — O senhor fica, major. Seja sincero, o que há em Jeju?
— Bom... — ele respirou fundo. — Um parque, tenente.
— Não vejo nada de mais em um par...
— Erótico. Um parque erótico. Com esculturas bem... Insinuativas. — ele desviou o olhar. — Jeju é famosa porque os recém-casados sempre a escolhem como destino na lua de mel. Então a ilha meio que criou um parque com o sexo como tema. Se chama Jeju Loveland.
— É por isso que eles estão agindo como garotinhos virgens? — perguntei, não acreditando naquilo.
— Acho que sim. — ele coçou a cabeça, parecendo desconcertado.
— O que mais há para ver, major? Algo mais leve. — ri baixinho.
— O Teddyseum. É um museu de ursos de pelúcia. — ele sorriu largo e, Deus, o sorriso iluminava o rosto todo.
— Ótimo. Vamos lá assim que nos instalarmos. — avisei. — Dispensado.
Ele me reverenciou e se juntou aos rapazes, sempre mexendo aqui e ali. Foram as dez horas mais tediosas da minha vida. Eu via os rapazes passando para cá e para lá, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Me juntei ao capitão por alguns minutos, passei na cozinha, olhei o deck e então resolvi voltar para meus aposentos. Depois de duas horas ouvindo música e olhando para nada em específico, ouvi uma batida na porta.
— Hora do almoço, tenente. — um soldado avisou assim que abri. Tão rápido quanto apareceu, ele sumiu. Me arrastei até o refeitório improvisado e, novamente, todos os olhos caíram sobre mim, como no dia anterior.
Fiz meu prato e me sentei com o capitão, que foi o único que não me olhou torto, ouvindo os cochichos ao meu redor.
— Tenente. — Minho parou ao meu lado, a posição de continência firme.
— Descansar, major. Prossiga. — ordenei.
— O tenente Kim entrou em contato. Sobre suas aulas. — ele quase sussurrou a última parte.
— Oh, sim. Me dê algum tempo, certo? Eu o chamarei quando estiver pronta. — respondi. Minho fez uma reverência contida e se foi pisando forte.
— Problemas com o idioma, tenente? — o capitão perguntou.
— Apenas um reforço, capitão. — tentei soar simpática.
— Se eu puder ser útil... — ele sorriu de lado.
— Obrigada, mas o major Choi está sendo incrível. — sorri de lado. Ele arqueou as sobrancelhas para mim, em uma expressão que misturava deboche e incredulidade. Eu tinha certeza que quando colocássemos nossos pés em Jeju, Minho e eu seríamos o assunto da tropa.
Terminei o almoço rapidamente e parti para o “quarto”. Arrumei o que era necessário e mandei chamar o major Choi. Confesso que ele ocupou todo o horário livre até que atracássemos em Jeju, e, céus, ia ser difícil. O major despertava alguma coisa desconhecida em mim.
Em terra firme, nos instalamos na base e eu tratei de me arrumar com roupas casuais. Eu queria conhecer o Teddyseum e não ia desistir fácil.
— Lee. — chamei o rapaz que passava. Ele me encarou de olhos arregalados. — Vá até o major e diga que estou pronta.
— Eu vejo. — ele sorriu de lado e se foi. Cinco minutos mais tarde, o major apareceu, cheirando a banho recém-tomado e vestido em roupas tão casuais quanto as minhas.
— Pensei que desistiria. — ele sorriu e foi ali que eu me perdi. Era aquele sorriso sincero de mais cedo, de quando ele falava do Teddyseum.
— Desistir não existe no meu dicionário, major. — sorri também.
— Oh, eu percebi. — ele riu. — Vamos?
Minho me indicou o caminho e seguiu ao meu lado, sempre atento ao redor. Depois de visitarmos o museu e comprarmos algumas coisinhas, Minho comprou alguns ursinhos e eu esperava que não fosse para uma namorada, sentamos para tomar um café, sempre jogando conversa fora. Ele parecia menos desconfortável na minha presença.
— Quem te vê desse tamanho com esse casaco gigante nem suspeita que você é uma das mulheres mais duronas do mundo. — ele comentou e riu. Ri também, aquilo tinha sido um elogio, não é?
— Eu posso ser fofa. — coloquei as mãos embaixo do queixo, os pulsos juntos e as bochechas apoiadas nas palmas.
— Eu posso ver. — ele sorriu de verdade e eu suspirei. Foco, . Sem distrações. — Amanhã eu vou ao Jeju Loveland. — anunciei. Minho ficou vermelho de repente. — Ah, não precisa ir comigo. Vai ser constrangedor demais. — ri sem graça.
— Se me disseram para ser seu guia, eu vou ser seu guia. — ele decretou.
— Major... — tentei protestar, mas fui interrompida.
— Minho. Pode me chamar apenas de Minho. — ele sorriu. — Eu vou com você, não importa o que diga.
— Tem certeza, Minho? Você não parece confortável com a ideia. — brinquei.
— Eu vou sobreviver. — ele riu sem graça, estava claramente desconfortável. O que só reforçava a ideia que eu criei de que tinham coisas absurdas no parque, como gente fazendo sexo ao vivo. — Melhor voltarmos, está tarde. — ele disse já se levantando.
— Major, posso fazer uma pergunta pessoal? — perguntei incerta. Ele tinha comprado algumas coisas e eu estava curiosa.
— Vá em frente, tenente. — ele riu.
— Não sente falta de casa? — mascarei a pergunta.
— Eu visito meus pais e meu irmão sempre que posso. Inclusive os ursinhos são para a coleção da minha mãe. Ela me liga toda semana cobrando eles. — ele sorriu verdadeiro. Sorri para ele também, aquela era a resposta que eu queria. — Não sente falta da família, tenente? — ele devolveu a pergunta.
— Papai sumiu. Não tenho irmãos e falo com mamãe no telefone quase todos os dias. Gostaria de visitá-la mais. Ou trazê-la para cá caso eu fique de uma vez. — dei de ombros.
— E tem motivos para ficar aqui? — ele perguntou com um sorriso de canto.
— E tenho motivos para não ficar? — arqueei uma sobrancelha para ele. — Se os outros homens forem tão bonitos quanto alguns soldados, eu acho que vou ter motivo para ficar.
— Então está procurando um marido, tenente? — ele perguntou.
— Não necessariamente. Mas se a oportunidade aparecer... — dei de ombros, como se não fosse grande coisa.
— Minha mãe ia gostar de você. — ele sussurrou. Foi tão baixo que quase não seria possível ouvir. Mas infelizmente, para ele, meus ouvidos eram treinados para ouvir muito bem.
— Disse alguma coisa? — me fiz de desentendida.
— Ah, não. — ele se apressou em dizer. — Eu disse que chegamos. — ele apontou para frente e estávamos na porta do meu quarto. — Boa noite, tenente. — ele me reverenciou e saiu.
— Minho. — chamei quando ele já estava a uma distância considerável. — Sobre amanhã...
— Estarei aqui às 8. — ele piscou e se foi.
A mim, só me restou dormir com a imagem da piscada discreta do major.

***

A minha ida com Minho até o Jeju Loveland nem merecia ser comentada. Queria saber quem teve a ideia brilhante de fazer esse parque. Não tinha gente fazendo sexo ao vivo, mas as estátuas compensavam essa “falta”.
Minho até tirou algumas fotos minhas, mas estava sempre corado, como se estivesse realmente com muita vergonha de estar ali comigo, sua superior.
Nós não almoçamos no local, eu tinha medo do que poderia encontrar no prato. Minho nos levou até o restaurante do Teddyseum e nós comemos por lá, cercados de ursos de pelúcia, contrastando totalmente com o clima da atração anterior.
— Foi uma experiência... Perturbadora. — eu ri e Minho me acompanhou.
— Mais perturbador vai ser chegar à base e ouvir os comentários do Lee e dos outros caras. — ele suspirou.
— Eu não me importo. — dei de ombros, como se não fosse grande coisa.
— Tenente, minha reputação é impecável. — Minho riu ao meu lado.
— Major, não estamos fazendo nada de mais, estamos? Somos apenas dois colegas de trabalho conhecendo um lugar. — expliquei, tentando convencer a ele e a mim mesma. — Vamos, termine. Precisamos voltar.
Terminamos de comer em silêncio e voltamos em silêncio, o major parecia pensar no que eu disse.
— Aula mais tarde? — perguntei para quebrar o silêncio.
— Corrida amanhã cedo. Vamos deixar a aula para outro dia. — ele sorriu e se foi.
Realmente não apareceu aquela noite, mas na manhã seguinte estava batendo à minha porta antes de o Sol nascer para correr comigo antes do restante dos rapazes. E seguiu assim até que embarcássemos de volta para a base em Incheon: corrida pela manhã e aula à tarde. Era bom estar na companhia de Minho. Ele tinha um sorriso fácil, descobri depois de passar muito tempo com ele. Era encantador ver a forma como ele se dedicava para deixar tudo na mais perfeita ordem. A quem eu queria enganar? Eu estava caída por ele. Não podia mais negar.
Estava sentada na minha cama, estudando algumas estratégias, quando alguém bateu à minha porta. Levantei de mau gosto e fui abrir. Era um dos rapazes avisando que nossa sala de máquinas estava com problemas e imediatamente corri para lá. Podia não ser de muita ajuda, mas eu tinha feito dois semestres de engenharia antes de desistir de tudo para me dedicar à Marine. Estava tentando identificar a fonte do problema, quando senti um corpo quente junto às minhas costas e um braço forte passar ao lado da minha cabeça, apertando uma sequência de botões e resolvendo o que eu queria resolver. Me virei lentamente apenas para dar de cara com o peito do major, desnudo e suado.
— Tudo bem, tenente? — ele perguntou com a voz baixa e um arrepio percorreu meu corpo.
— Sim, major. O-Obrigada por isso. — respondi ainda sem olhar em seus olhos.
— Gosta do que vê? — ele tomou minha mão na sua e a colocou em seu peito, a pele quente em contato com minha palma. — Ah, , se você não fosse minha superior...
— O que faria, major? — perguntei sem conseguir controlar a língua. Minho soltou um som debochado e, com a mão livre, me segurou pela cintura e me empurrou até que me tivesse contra a parede. Estava cheio de atitudes hoje.
— Você quer mesmo saber? — ele perguntou baixo, os lábios a milímetros dos meus.
— Me faria gozar até que eu não sentisse as pernas? Não me prometa o que não vai cumprir, Choi. — atrevida, levei uma mão ao volume em sua calça e apertei com força. — Se afaste, major. — ordenei firme e o soltei. Eu também estava cheia de coragem hoje.
— Quer mesmo isso, tenente? — ele perguntou com a voz ainda baixa.
— É uma ordem, major. — confirmei quase debochada. Minho se afastou relutante e assumiu a postura do soldado frio, o olhar distante do meu. — Pode ir.
Ele apenas bateu uma continência e saiu sem dizer mais uma palavra. Assim que Minho passou pelas portas, desabei no chão, fraca demais para me manter de pé, as pernas bambas pela aproximação repentina.

***

Minho tinha adorado a ideia das aulas. Eu já sabia todos os comandos básicos e mais uma porção de coisas sobre a Marinha coreana, mas ele insistia em aparecer na minha porta pelo menos duas vezes por semana, alegando que tinha mais alguma coisa para me ensinar.
Queria saber quando, de fato, ele ia dar um passo adiante, pois já não aguentava mais toda aquela tensão sexual que se instalou entre nós desde o episódio na sala de máquinas.
Percebendo que Minho não estava com tanta coragem quanto naquele dia, vesti o menor pijama que tinha, um minishort e uma blusa que mal cobria meus seios, coloquei um hobby de seda e o esperei bater na porta como de costume. Quando ouvi os dois toques sutis, guardei o hobby, soltei os cabelos e fui atender a porta.
— Boa noite, Minho. — sorri involuntariamente ao ver a expressão de choque que estampava seu belo rosto.
— Eu... Posso voltar outra hora. — ele quase sussurrou, olhando diretamente para as minhas pernas.
— Ah, não, major. Entre. Só vamos ser rápidos hoje. Eu estou um pouco cansada. — lhe dei passagem. Minho entrou e parou no meio do quarto. — Sente-se.
, tem certeza de que não quer que eu volte outra hora? — ele perguntou. Era perceptível o controle em sua voz.
— É por causa do meu pijama, major? Eu posso trocar. — respondi cínica e sentei na cadeira de costume, dobrando uma perna e apoiando o pé no assento da cadeira. Eu tinha plena consciência de que meu short não cobria nada e, como diria minha mãe, eu estava “com a bunda de fora”.
— Não, vamos acabar logo com isso. — ele caminhou a passos duros até a cadeira e sentou ao meu lado. Abri o caderno e comecei a anotar tudo o que Minho pacientemente me dizia. Ele nem me olhava nos olhos, eu apenas o via morder o lábio vez ou outra quando minha blusa revelava mais que o necessário.
— Minho, podemos parar por hoje? Estou não estou conseguindo prestar atenção em mais nada. — choraminguei.
— Nem eu. — Minho passou as mãos grandes sobre o rosto.
— Muito cansado, major? — perguntei e me levantei, me colocando atrás dele e apertando seus ombros com calma. Minho se retesou sobre meu toque, a postura rígida de repente. — Relaxe, Minho. Vai ser bom. — coloquei uma mão atrevida pela gola da sua blusa e senti a quentura da sua pele sobre meus dedos.
, isso não é certo. — ele sussurrou.
— Não pareceu tão errado no dia da sala de máquinas. — alfinetei.
— Eu estava fora de mim. — ele rebateu. Tirei minhas mãos dele rapidamente e me afastei.
— Então pode ir. Sabe onde é a porta. — andei até a cama e deitei de barriga para cima. — Boa noite, major.
Minho não se mexeu, não se levantou, não disse nada. Apenas ficou sentado, me encarando. Pela expressão em seu rosto, eu diria que ele estava travando uma batalha interna, só não sabia qual era o tema de tal batalha.
— Minho, está tudo bem? — perguntei enquanto me apoiava sobre os cotovelos para lhe olhar. Ele pareceu despertar de um transe e murmurou algo que eu não entendi. Então se levantou e caminhou até a cama, parando ao meu lado. — Algum prob...
Minho interrompeu minha fala, apoiando um joelho na cama e colocando uma mão em minha nuca. Sentei na cama, quase hipnotizada pelos olhos escuros me encarando e sorri. O polegar de Minho alisou minha bochecha e ele se aproximou, colando nossos lábios com calma. Ele passou o outro joelho para o outro lado do meu corpo, a mão livre me segurando pela cintura com força. Minho tinha um beijo... Possessivo, sem me dar escapatória. Sua língua explorava minha boca com afinco, praticamente decorando o gosto.
— Eu precisava fazer isso. — ele disse assim que me soltou para tomarmos ar.
— E agora vai embora e vai me deixar na vontade? — agarrei a barra de sua camisa e ameacei subir a peça. — Isso não se faz, major.
— Você vai ordenar que eu fique aqui? — ele sorriu de lado e, céus, alguma coisa se remexeu em mim.
— Se for preciso, sim. — ainda segurando sua camisa, comecei a deitar na cama, o puxando para ficar por cima de mim.
— Você é esse tipo de mulher, ? O tipo mandona? — ele perguntou ainda sorrindo.
— Se chama “dominadora”. E sim, eu posso ser. — arqueei uma sobrancelha para ele, em desafio. — Agora tire a camisa, major. — ordenei com a voz mais firme. Minho endireitou o corpo e puxou o tecido por sobre a cabeça, revelando aquele corpo que eu não cansava de ver. Colou o corpo quente ao meu precariamente coberto e soprou no meu ouvido.
— Eu tirei a camisa porque estou com calor. Não venha usar essa voz para mim, . — ele apertou minha cintura no final da frase. — Sua autoridade não funciona aqui.
— É o que veremos. — sorri com o desafio. Agarrei sua cintura com minhas pernas e, usando toda a força que eu tinha, girei na cama, deixando Minho abaixo de mim. Aproximei minha boca de seu ouvido e sussurrei as palavras seguintes. — Agora colabore comigo, sim?
Minho riu debochado e, segurando meus braços, nos girou de novo.
, você acha mesmo que eu vou me deixar ser dominado por você? — ele perguntou contra meus lábios.
— Acho. — respondi sem pensar e arranhei seu peito. — Vai ser bom, major. Eu prometo.
Deslizei as mãos por seu torso e encontrei o botão da calça que ele vestia. Abri e escorreguei a mão para dentro de sua boxer, tomando o membro quase ereto entre os dedos. Minho suspirou e fechou os olhos.
— Queria ter tempo para preliminares... — suspirei.
— Mas eu preciso tanto, tanto de você. — ele completou minha fala.
— Precisa mesmo? — passei um dedo por sua glande ele prendeu a respiração.
— Preciso, . Acho... Acho que já adiamos por tempo demais. — uma de suas mãos apertou meu seio por cima da blusa fina do pijama.
— Tire. — ordenei e coloquei minha mão por cima da sua. Minho entendeu o recado e sentou sobre meu baixo ventre, se desfazendo da blusa. — Agora chupe. — ordenei de novo. Ele sorriu enviesado, mas me obedeceu e seus lábios cheios se ocuparam em me levar à loucura.
, eu vou enlouquecer. — ele sussurrou contra meus seios.
— Tire a calça. — ele se separou de mim e sentou na cama, apressado em tirar a calça que vestia, o membro teso saltando assim que se viu livre. Tirei o short e aproveitei sua posição para sentar em seu colo totalmente desnudo. — Você está... Limpo? — era sempre difícil fazer essa pergunta.
— Eu já não tenho ninguém há muito tempo, . — ele respondeu envergonhado.
— Não fique corado desse jeito. Eu perco minha pose autoritária. — ri baixinho e ele me acompanhou.
— É sempre difícil confessar coisas assim. — ele confidenciou.
— Está tudo bem. Só dê o melhor de si a partir de agora, sim? — levei uma mão ao seu membro e o posicionei em minha entrada. Fui sentando devagar e me sentindo preencher por Minho, que gemia baixinho a cada segundo.
Suas mãos grandes se ocuparam de apertar meus quadris e me impulsionaram para que eu me mexesse devagar. Comecei a subir e descer lentamente por seu membro, tendo suas mãos como incentivo, até começar a me movimentar mais rápido e praticamente quicar sobre ele. Minho começou a se movimentar contra mim e eu cheguei ao ápice tentando controlar meus gemidos e descontando em seus cabelos. Momentos depois, senti ele se derramar dentro de mim e parar os movimentos.
Com muito cuidado, ele saiu de mim e deitou na minha cama, me puxando para seu peito.
— Acho que adiar isso deixou tudo melhor. — ele sussurrou contra meus cabelos.
— Você se deixou levar muito fácil pela minha dominância, major. E eu peguei leve. — levantei o rosto e sorri para ele.
— Eu estava testando. Foi a primeira e última vez. Na próxima, a voz de comando é minha. — ele fez um bico nos lábios bonitos e eu não me contive ao deixar um beijinho ali.
— Então vão existir outras vezes? — perguntei curiosa.
— Ah, tenente. Pode esperar que sim. — ele sorriu malicioso e me beijou para me provar que aquela tinha sido a primeira de muitas vezes.

***
Estava deitada no sofá da minha casa, com a mão sobre a pequena protuberância na minha barriga, pensando sobre passar o ano-novo sozinha e sobre qual ia ser a reação do meu marido em relação à notícia da gravidez, quando a porta da frente foi abruptamente aberta e um homem alto e de farda militar coberto de neve entrou por ela.
— Direto para o banheiro, soldado. — ordenei. — Separei sua roupa, está em cima da cama.
— Eu já deixei de ser soldado há muito tempo, tenente-coronel . — ele ralhou, mas me obedeceu, tirou as botas e foi para o banheiro. Trinta minutos mais tarde, saiu do quarto já arrumado e cheiroso e sentou ao meu lado no sofá
— Você vai me receber direto agora? — Minho perguntou com um bico nos lábios.
— Eu achava que você não vinha para casa. — levantei do sofá e sentei de lado em seu colo. Minho me abraçou pela cintura e selou meus lábios rapidamente.
— A tenente da base saiu e o substituto é mais maleável. Então eu consegui adiantar minhas férias. — ele riu.
— Está reclamando da minha administração, Choi? — fingi irritação.
— Longe de mim. Ainda não perdi meu juízo. — ele adotou uma postura defensiva.
— Acho bom. — beijei seu rosto. — Ah, chegou um pacote para você. — apontei para a caixa na mesa de centro.
— Eu não lembro de ter pedido nada. — ele franziu o cenho e se arrastou no sofá comigo ainda no colo para pegar a pequena caixa. — Engraçado, não diz quem mandou. — ele a sacudiu, ainda confuso, e começou a abrir com cuidado.
— Pelo menos, sabemos que não é uma bomba. Foi bem cuidadoso da sua parte balançar o pacote, major. — debochei. Minho parou a meio caminho de terminar de abrir a caixa.
— Saia, . — ordenou sério.
Nop. Não vai explodir, e se for, vamos morrer juntos. — me abracei ao seu pescoço.
— Seria fofo se não fosse preocupante. — ele sorriu.
— Abra logo, Minho. Estou curiosa. — pedi empolgada.
Ele riu levemente e continuou a abrir a caixa. Tirou os papéis ao redor e puxou de dentro um par de sapatinhos brancos de tricô. Eu ainda não sabia o sexo do bebê e mamãe disse em chamada que era a melhor opção.
Vi o exato momento em que a compreensão atingiu Minho e ele me olhou de olhos arregalados, me fazendo sorrir largo. Ele sorriu junto comigo e algumas lágrimas se acumularam em seus olhos. Sua mão pousou em minha barriga, os dedos fazendo um carinho leve, e ele voltou a me encarar.
— Isso é sério? — ele perguntou emocionado.
— Sim. Feliz Ano-Novo... Papai.





Fim.



Nota da autora: Primeiramente, quero dizer que é uma honra estar participando dessa atualização especial. Sem vocês, leitores, isso não seria possível. Segundamente, mds, gente, eu enviei a fic aos 45 do segundo tempo de novo, mas que bom que deu certo. Esse plot tava guardado fazia tempo e se não fossem minhas duas soulmates, ele nem tinha saído. O Minho é meu utt supremo e eu espero que vocês tenham gostado. Vejo vocês por aí e feliz ano-novo!



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