Última atualização: 21/04/2021

Capítulo 1 - This is our little secret

Era a primeira vez que os quatro protagonistas da nova série “Five Hills” iriam realmente se conhecer e cada um estava ansioso da sua maneira.
— Bom, meninas, esses é o — o diretor disse, apontando para um moreno bonitão — e esse é o — esse também era bonitão, mas diferente do outro era —, mas esse aqui com toda certeza você já devem conhecer.
E quem não o conhecia? Ele era , ator desde que se entende por gente, garoto propaganda de tudo que era marca importante, um dos caras mais cobiçados do mundo — e não só pelas adolescentes que sempre foram seu público alvo, mas por qualquer mulher que pudesse ter bom gosto para homens, — e dono dos olhos mais conhecidos da América. Quem não o conhecia?
— Quem será o seu par? Quem será o meu? —, uma das garotas, perguntou a outra, empolgada.
— É só você esperar que ele vai contar — respondeu rindo.
— E meninos, essas são e .
— Com quem eu vou fazer par? — , com seu jeito naturalmente espevitado, não se conteve e perguntou.
— Isso ainda é segredo, só vamos contar semana que vem, por enquanto conversem e criem afinidades — Finn disse antes de levantar e ir embora.
— Minha nossa, eles são muito bonitos. Quem você quer que seja seu par? Eu quero muito que seja o .
— Posso ser sincera? Eu prefiro o , imagina ter que ser par romântico do , ele deve ser metido e esnobe e...
— Não! — a interrompeu — Ele é super gente boa, já me falaram isso um milhão de vezes! — contou, sem ligar que mal conhecia todos ali. — Só é meio mulherengo, mas é super gente boa!
— Que seja — continuou sem dar muita importância. — Mas quem for o par dele vai viver a sua sombra pra o resto dessa série.
— Oi, meninas — chegou e veio logo atrás.
— E aí, galera! — disse — Eu vou ter que sair agora porque tenho compromisso marcado, mas que tal vocês aparecerem na minha casa hoje à noite? Vou dar uma pequena festa, seria bom que vocês aparecem pra gente poder se conhecer melhor.
— Claro — respondeu, empolgado. — Passa seu endereço.
— Faz assim, vou passar o meu número pra vocês, vocês me mandam mensagem e eu passo o endereço pra cada um. Assim já salvo seus números e fazemos duas coisas de uma vez só.
— Okay — disse. — Passa seu número.
passou o número e logo foi embora.
saiu minutos depois.
— Fala sério. O é ainda mais bonito ao vivo, não acha?
— É, ele é bonito. Mas nada que Brad Pitt, Rodrigo Santoro e Ashton Kutcher não superem.
— Mas esses não são da sua década — respondeu gargalhando.
riu, e ali percebeu que além de dinheiro essa fama iria lhe dar uma boa amiga.

Já era noite, e estava em frente à casa do se olhando pela milésima vez no espelho que tinha levado em sua bolsa. Depois de ter certeza que estava “apresentável”, respirou fundo e tocou a campainha.
— Ah, você veio! — disse quando abriu a porta. — Os outros dois chegaram faz tanto tempo, achamos que você não iria vir mais.
— Eu tenho um certo problema com horário — ela disse tentando não transparecer que estava sem graça.
— Ahh sim — respondeu e depois a olhou dos pés a cabeça. — Você está linda.
— Obrigada — respondeu, já ficando vermelha.
Mesmo a festa estando cheia de gente que não conhecia, ela pôde dizer que foi divertida.
Realmente era um cara legal — não muito modesto, mas era bem legal. ela já sabia que era, e também era bastante agradável. Passaram quase o tempo todo conversando e saíram da festa depois que a mesma já tinha acabado.

Uma semana depois

— Ansiosos para saberem quem será seu par? — Finn perguntou.
— Bastante — foi a única que respondeu.
— O casal que fará o Dylan e a Ashley será e Parker. E o casal que fará Nick e Deena será Grey e Clarke. Ah, e antes que se empolguem, eu tenho um assunto pra falar com vocês.
, que já ia começar a conversar com , calou na hora.
— Isso é mais que um pedido, é um conselho, quase uma regra. Por favor, não se relacionem.
— Como assim? — perguntou de boca aberta.
Que raios de regra era aquela? Não que ele pensasse em começar a namorar alguém dalí, mas queria ao menos saber que, se quisesse, poderia. Tinha quase certeza que aquela maldita regra tinha sido pensada por causa dele.
— Queremos que o assunto seja sempre nossa série, não supostos relacionamentos. Também sabemos que no final, qualquer briguinha de casal acaba vindo pra cá, e isso pode acabar com nossas cenas. E o pior, se você se relacionar com alguém que não é o seu par. Isso confundirá a cabeça dos telespectadores. Mas, resumindo, sei que vocês passarão a maior parte do tempo juntos, mas não queremos que nada possa interferir no nosso trabalho, então evitem qualquer distração.

Um mês depois

Era finalmente a estreia da série “Five Hills”, estavam todos reunidos em um restaurante — desde o elenco à produção -, ansiosos para saberem como iria ser a audiência, recepção do público e tantas outras coisas que podiam influenciar diretamente no andar da série.
— Só eu que estou com medo de ninguém gostar de mim? — perguntou nervosa.
— Acho que tirando o todos nós estamos — respondeu sincero.
— Vocês dizem isso, mas ainda fizeram algumas aparições na TV, e eu? Este é definitivamente meu primeiro trabalho na TV.
— Eles vão te adorar , quem não te adora? — a amiga respondeu, segurando sua mão em sinal de conforto.
Nessa hora, apareceu e se inclinou colocando o rosto no ombro de .
— Quem não adora nossa querida ? Linda, boa atriz e muito, muito gostosa.
já estava ficando acostumada com os “elogios” de , mas era impossível não ficar vermelha.
— Vai, — ele disse sentando na cadeira ao seu lado e dando uma tapinha em seu braço — dessa vez eu nem brinquei demais, elogiei seu trabalho, coisa que todos nós sabemos que é ótimo, não falei apenas do seu jeito sexy que me conquista — ele disse, fazendo e gargalharem da cara de vergonha da garota.
— Eu já disse pra você não ficar falando isso!
— Você tem que se acostumar com elogios , agora você é uma estrela — falou como se fosse óbvio.
— Finalmente o mundo vai ver toda sua gostosura em cena — continuou, tentando deixar a menina mais constrangida ainda.
— Você é idiota, , idiota! — riu e deu uma tapa nele.
— E você só não me pega por que isso seria contra as regras — ele disse rindo. — Vamos pegar alguma coisa pra beber, , aqui não estão servindo nada. — levantou junto com seu colega de elenco, mas antes falou: — Esse é o único motivo que não te peguei ainda!
— Voc...
— Eu sou um idiota, , eu sei — disse sorrindo. — Mas falo as verdades.

O primeiro episódio da série tinha sido um completo sucesso, as redes sociais só falavam disso mesmo após duas horas do término. Agora era fato: “Five Hills” era o mais novo fenômeno adolescente da América.
— Eu não acredito! Eu não acredito! — estava surtando — Meus seguidores estão aumentando na velocidade da luz! Acho que vou desmaiar.
— Por que ela não para de ser fresca, hein? — perguntou gargalhando. — Você está chamando atenção de todo mundo , então se comporte! — falou, ainda rindo.
— Eu preciso de uma bebida — foi só o que ela disse.
— Todos nós precisamos — falou e elas fizeram sinal pra que o garçom viesse.
— Ela fica tão sexy quando fala desse jeito — falou pra , mas alto o bastante para que escutasse, afinal, essa era a intenção.
— Eu já teria pegado esse homem — cochichou no ouvido dela e a fez gargalhar alto.
Foram copos e mais copos de bebida entre uma gargalhada e outra. Os quatro se entendiam muito bem, praticamente só restavam eles na mesa da equipe. Quatro jovens que até ontem era desconhecidos, mas que agora formavam uma família.
— Eu preciso ir ao banheiro, muita bebida deixa a bexiga cheia.
— Obrigada por informar disse rindo da cara de bêbada da garota.
levantou e foi caminhado até o banheiro do restaurante, ela nunca tinha bebido tanto, estava surpresa por ainda se equilibrar naquele salto enorme que ela não costumava usar nunca — nunca foi a menina mais vaidosa do mundo — e por estar lúcida o suficiente pra entender as coisas.
Quando ela já estava abrindo a porta do banheiro sentiu uma mão lhe puxar, era .
— Nunca te falaram pra não assustar garotas quase bêbadas que estão em um salto enorme? Você poderia ter provocado um belo acidente.
— Linda, — ele disse a puxando pra perto de uma parede — inteligente, gostosa e ainda tem bom humor. Ah, e é muito sexy.
— Acho que sexy e gostosa significam a mesma coisa nesse caso — falou e riu da cara que ele fez ao perceber que ela não ficou com vergonha.
— Não está com vergonha?
— Umh uhm — ela fez o barulho com a boca enquanto negava com a cabeça.
— Pois eu a prefiro assim. — Ele a encostou na parede grudando seus corpos e ela soltou um gemido.
— Eu também — foi tudo que ela respondeu antes de morder seus lábios e a beijar.
colocou a mão em seus cabelos s e os puxou de leve. Como retribuição, ele pressionou o corpo com mais força contra o dela e intensificou o beijo. Depois de terem que parar à procura de ar, falou:
— O que a bebida fez com a Clarke que conhecemos e amamos?
Isso a fez lembrar de uma coisa.
— Nossa! A bebida me fez ter muita vontade de fazer xixi — falou e tentou sair dos braços de pra ir ao banheiro
— Que tal eu te levar em casa depois que você fazer xixi? — “xixi”, era gay falar isso.
Ela o olhou por uns instantes, como se estivesse pensando se era uma boa ideia.
— Acho que vai ser legal — deu um selinho nele — Eu só posso estar muito bêbada — disse gargalhando enquanto ia ao banheiro.
Quando voltou à mesa, já estava pegando suas coisas pra ir embora, assim como .
— Você viu a por aí? Acho que ela caiu na privada! Queria dar tchau antes de ir embora.
— Acho que a bebida deve ter feito mal a ela, vai ver está vomitando, por isso a demora — mentiu.
— Não vou esperar, temos trabalho amanhã, diga que mandei um beijo. E beijo pra vocês também meninos, o táxi já está me esperando — ela se despediu dos meninos e rapidamente foi embora.
— Rola uma carona, ? Esqueci completamente de ligar pra um táxi, eles vão demorar se eu ligar agora.
— Desculpa, cara, mas é que a já me pediu carona. Você sabe, ela mora no lado oposto do seu.
— Claro que sei, de boa. Só não vá agarrar a garota no meio do caminho. — ele riu. — Vou lá fora olhar se tem algum táxi disponível por aqui mesmo. Manda beijo pra .
Demorou mais alguns minutos até chegar.
— Achei que tivesse descido pela privada, geral já foi embora. Você não estava cagan...
— Cala a boca, , eu só estava tentando dar um jeito nessa cara de bêbada. Agora vamos ou não vamos?
— Claro que vamos!
Alguns minutos depois eles já estavam em frente ao prédio que morava. olhou pra os quatro cantos meio desconfiado, o que fez rir.
— Deixa de ser paranóico, são quatro da manhã, todo mundo está dormindo. Vamos logo!
estava um tanto quanto alegre e estava se divertindo com essa versão dela. Não que a outra não fosse legal, mas essa o deixava beijá-la.
Foi beijo no estacionamento, beijo no elevador, e beijo na porta do apartamento.
— Acho melhor entrar, mesmo eu não sendo o cara mais certinho do mundo, não quero aparecer nas revistas como o cara que quase fez coisas que não deve na porta de um apartamento.
riu e abriu a porta. Quando entraram, já foi procurando o zíper do vestido da garota.
— Você deveria ficar assim mais vezes — ele disse, jogando-a no sofá já sem vestido — Nem está se preocupando com as regras.
Foi só as palavras saírem de sua boca pra se arrepender de tê-las dito. A garota travou, ficou parada olhando pra ele em cima dela.
— Acho melhor a gente parar por aqui — ela disse o empurrando e sentando no sofá.
Droga!
— Merda! Tem como eu retirar o que disse?
— Foi melhor você ter dito. Você tem noção do que fizemos? Se as pessoas descobrirem? Ai meu Deus!
— Por favor, piti feminino a essa hora da madrugada não. — ele se encolheu no sofá — Será que podemos refazer a cena e cortar a parte que eu estraguei tudo?
— Você pirou?
, entenda. Você já descumpriu as regras, agora você só escolhe se vai fazer valer a pena ou não.
— Mas se a gente, você sabe, — ela disse meio envergonhada, aparentemente tinha mesmo recobrado toda sua sanidade — vai ser bem pior.
— E como eles vão saber? Ninguém viu nada, e se viram, vai ser apenas nossos beijos. Estamos no seu apartamento, não tem câmeras, produção, paparazzi, nada! Eles jamais descobrirão isso.
— Mas...
— Não tem “mas”, já estamos aqui, — disse, chegando mais perto dela — você já está quase sem roupa, — ela olhou pra si envergonhada, e ele chegou ainda mais perto — estamos meio alcoolizados e podemos colocar a culpa nisso, caso dê alguma coisa — falou mordendo o lábio inferior da garota — e o principal, nós dois estamos com vontade. — deu um selinho nela — Esse é o nosso pequeno segredo.
Ele nem precisou falar mais nada, o agarrou e minutos depois já estavam despidos. Tudo aconteceu lá mesmo no sofá, mas não impediu de acontecer pela segunda vez no quarto também.
Fizeram o pequeno segredo valer a pena.

Capítulo betado por Bruna Kubik


Capítulo 2 – Pretend that nothing hurts you

Ao amanhecer se desesperou com a possibilidade de ter perdido a hora de gravar, mas logo depois lembrou que só precisava ir ao trabalho a tarde, então se virou na cama na intenção de acordar a pessoa que estava ao seu lado, ou pelo menos, deveria estar.
Não tinha mais ninguém na cama fora ela, logo pensou que ele pudesse estar na cozinha ou na sala, mas ao descer percebeu que tinha ido embora, provavelmente teria ido logo após ela ter dormido, assim como fazia com qualquer garotinha que ele ficava. Ela não estava com ciúmes, não esperava café na cama nem nada romântico, não sentia nada por ele, mas custava ele dizer que ia embora? Custava fazer diferente do que ele estava acostumado a fazer com as outras? Eles eram amigos afinal, ele deveria ter tido o mínimo de consideração.

nunca acreditou em santos, mas quando chegou ao trabalho naquela tarde pediu a todos que ela lembrava o nome pra que não encontrasse com nos corredores. Não tinha costume de ficar com um cara só por ficar, e nunca tinha sido “descartada” daquela maneira. Seria no mínimo constrangedor.
— Você tá bem? Ontem foi ao banheiro e não voltou mais, achei que fosse estar com uma ressaca daquelas — falou quando a encontrou.
— Eu estou bem sim.
— O te levou em casa ontem, não foi? — perguntou e não sabia que se era paranoia ou verdade, mas achou que a amiga estava com cara de quem sabia de algo. “Não iria ser nosso segredo?” ela pensou.
— Mas a gente não fez nada — falou logo na defensiva.
— Eu sei, louca, só perguntei mesmo.
— Ah, tá. Falando nisso, cadê ele e o ?
— O tá por aí, mas o ainda não chegou. — E foi só ela terminar de falar para que aparecesse.
— Falando de mim, garotas? — Como de costume, colocou o rosto no ombro de , abraçando-a por trás.
— Só perguntei se você e o já tinham chegado — respondeu, tentando soar o mais natural possível.
— Já estava com saudades? — ele indagou, soltando-a e virando pra ela com um sorriso convencido. — Só me atrasei, mas já estou aqui, babe.
— Foi só uma pergunta, , nada demais.

agradeceu por não ser o par de , era tão estranho e desconfortável ter passado a noite com ele e depois nem tocar no assunto. “Como é que algumas mulheres conseguem fazer sexo casual? Não nasci pra isso”. Jurou pra si mesma que agora só faria sexo depois do casamento, era bem menos complicado.
— Você tá legal? — lhe perguntou.
— Oi, desculpa. Viajei aqui.
— Se quiser podemos não passar o texto agora, a cena deles ainda vai demorar um pouco — falou, apontando pra e que estavam gravando.
— Não, não! Vamos passar sim. — ela colocou uma postura ereta, mas depois pareceu mudar de ideia. — , fazendo uma pergunta TOTALMENTE hipotética, — sentiu-se patética por estar fazendo aquilo, mas... — o que significa quando uma garota passa a noite com um cara e no outro dia ele já foi embora?
ergueu uma sobrancelha e a encarou sem entender de onde ela tirou aquele assunto, mas respondeu mesmo assim.
— Bom, hipoteticamente falando, pode significar que ele estava ocupado demais pra se despedir, — ele mesmo riu — que a noite não foi boa, — ela não pôde deixar de fazer cara de chocada — que ele não quer vê-la nunca mais ou só que a ficada não terá próxima vez.
— E por que não terá próxima vez? — Novamente ele a olhou, confuso.
— De que caso estamos falando especificamente?
— Um caso hipotético.
Ele ergueu a sobrancelha novamente e a encarou por um instante.
— Porque ele não sente nada por ela, — “isso eu sei”, ela pensou — porque ela é só uma biscate, ou porque como eu disse: a noite não foi boa.
— Hum — “vou ficar com a primeira opção”, pensou. — Vamos passar o texto?
— É — falou, ainda confusa.

— Corta! — Finn gritou. — , meu bem, onde você está com a cabeça hoje? Você não está entregue à cena — ele não parecia irritado, só estava preocupado com a cena e com ela. — Tá de ressaca ainda?
— Eu não estou de ressaca — ela respondeu de cabeça baixa. — Desculpe Finn, eu só não estou bem.
— Você está doente?
— Não, eu só não estou legal. Mas vamos tentar novamente, prometo que essa vai dar certo.
— Tudo bem. Vamos mais uma vez.
Eles se colocaram nos lugares e recomeçaram tudo ao ouvir: AÇÃO!
— Corta! Bom! Ao menos a cena saiu, acredito que você é bem melhor que isso, mas a cena ficou boa o bastante para ir ao ar — ele fez uma pausa. — Não sei onde você está com a cabeça, mas quero que aprenda uma coisa: — ele a fitou e sentiu vontade de chorar. Finn sempre lembrava um pai pra ela, isso a fazia sentir saudade de casa e do colo daqueles que ela sentia falta — nada pode interferir no seu rendimento, essa é a maior e talvez a única chance que você tenha pra fazer todos gostarem de você. Não deixe isso escapar por nada nem ninguém.
— Pode ficar tranqüilo, Finn. Tudo está sob controle. Só não acordei bem.
Ela disse já saindo em direção ao seu camarim, mas a acompanhou.
— Não dormiu bem? — Ele perguntou com um sorriso sacana.
— Quando se está bêbada, qualquer noite é bem dormida — respondeu e riu tentando não tocar “naquele” assunto.
— Então por que não acordou bem? Não gostou da noite passada? — Ele perguntou já se sentindo ofendido antes mesmo de obter a resposta.
— Eu não acordei bem simplesmente porque não acordei bem. Nenhum motivo com o qual você deve se preocupar — ela falou meio irritada. “Deixa-me sozinha e ainda quer que eu elogie sua performance na noite passada? Tenha santa paciência”.
— Ei, você está chateada comigo? — Às vezes o jeito lerdo dele a irritava, parecia que só pensava quando o assunto era aquelas coisas. Mas era até melhor, não iria bancar a garota largada.
— Não. A gente só não deveria ter feito aquilo. Poderíamos estar em tudo que é jornal agora.
— É isso? Relaxa! Se fosse dar alguma merda já teria dado. Você me deu o maior susto, achei que o moleque aqui — ele apontou pra sua calça — não tinha agradado.
— Você é tão idiota, — ela riu. Embora estivesse irritada demais com ele, e embora também não quisesse demonstrar isso, o riso foi verdadeiro.
— Ah, e se quiser repetir a gente faz quantas vezes quiser — ele falou rindo.
— Não me confunda com uma de suas garotinhas, eu não sou uma delas — ela pareceu um pouco irritada e ele percebeu, mas como não tinha entendido o porquê, resolveu ignorar.

— Ele é tão lindo, não é mesmo? E olha esse corpo, seria perfeito conhecer ele um dia — e conversavam animadamente enquanto olhavam uma revista.
— Do que vocês estão falando? — perguntou curioso enquanto se aproximava.
— Do corpo mais que perfeito desse ator aqui — respondeu empolgada.
— Meu corpo o que, ? — perguntou quando chegou perto.
— Seu corpo nada, meu querido — disse sorrindo —, não é você aqui nessa foto, ou é? — não podia negar que gostava da ideia de mostrar que ele não era o único cara do mundo.
— Ah, claro que não. Meu corpo é dez mil vezes melhor.
Ela pensou em dizer: já vi e não concordo. Mas isso não seria nada bom, afinal, não estavam sós.
— Há quem discorde.
— Isso porque não olharam direito ou porque precisam provar, quer dizer, quando estiver na pura consciência.
e só sabiam alternar os olhares entre e . Eles não faziam a mínima ideia do sentido daquela conversa aparentemente sem pé nem cabeça.
— Acho que talvez nenhuma das duas opções faça sentido. Tipo, qualquer garota que possa ter te visto, bêbada ou não, tem a consciência que você não ganha dele — ela apontou pra revista.
— Você está cem por cento certa disso? — ele perguntou dando-a a chance voltar atrás, e ela começou a rir. — Percebo que não está.
— Estou cem por cento certa. — ela já não ria.
— Bom saber disso, minha querida — e a puxou, colando seus corpos.
— O que você está fazendo seu doido?
— Você não perde por esperar, Clarke — falou antes de soltá-la.
apenas o encarou tentando saber o que ele pretendia, mas rapidamente começou a conversar com e , e a deixou com uma coisa que parecia ser um misto de medo, curiosidade e vontade.
Embora ela nunca fosse admitir o último sentimento.

— Olá, disse ao entrar no camarim da garota e agarrá-la por trás.
— Você está maluco? — disse, tentando soltar-se dele, mas rindo.
— Calma, não tem por que temer a um homem que perde pra um atorzinho de uma revista qualquer.
Ela começou a gargalhar alto e ele a soltou sem entender o porquê daquela risada toda.
— Você é sempre assim tão egocêntrico e vaidoso ou isso você deixa pra fazer quando está comigo? — falou em meio às próprias risadas. — Isso já faz quinze dias, , achei que já tivesse esquecido.
— Isso tudo é tão engraçado assim pra você? — Perguntou, voltando a se aproximar dela.
— É sim, qualquer pessoa consegue ferir seu ego e isso é bem engraçado.
— Isso te faz rir? — indagou enquanto caminhava pra mais perto ainda dela, obrigando-a a dar alguns passos para trás.
— Faz sim, e muito.
— Pois eu acho — puxou a garota pela cintura — que o que eu vou fazer agora é ainda mais divertido e se você deixar provavelmente te fará sorrir. — e a apertou.
sabia o que ele queria dizer, e também sabia que deveria se afastar, mas não fez isso.
— E se eu não deixar?
— Vou fazer do mesmo jeito, a diferença é que o sorriso vai vir alguns minutos depois do esperado.
— Só me solte e deixe-me tirar essa roupa e ir pra casa.
— E se eu não deixar? — indagou desafiador, antes de puxar o lábio inferior da garota.
pôde sentir um arrepio e seus joelhos ficarem meio moles. Podia não nutrir sentimentos por ele, mas existia um desejo, uma atração inevitável.
— Vamos adiantar logo isso pra você poder ir embora — ele falou já que ela não tinha respondido sua pergunta.
beijou com vontade, queria mostrá-la que era melhor que qualquer garoto de revista e queria mais ainda tê-la em seus braços, afinal, quem não queria ter Clarke em seus braços?
até deu alguns soquinhos no peito de , mas ela mesma sabia que aquilo tudo era pura cena, também estava com desejo.
Depois de alguns beijos, sentou em uma cadeira e a colocou sentada em seu colo, de forma que pareciam encaixar, eles estavam bastante empolgados, mas quando tocou na borda da blusa da garota, ela pareceu voltar a si e pulou do colo dele.
, eu já disse pra você não me confundir com uma de suas garotinhas, não disse? — Aparentemente a garota tinha surtado do nada e tentava recuperar o fôlego.
— Hã? O que? — ainda estava atordoado pela súbita parada.
— Estamos em nosso local de trabalho, você não consegue ser responsável? Você sabia que alguém poderia ter entrado aqui? Estaríamos ferrados se isso acontecesse. — Ela andava em círculos enquanto se perguntava como tinha deixado aquilo acontecer.
— Dá pra parar de piti? — Ele odiava aqueles ataques femininos, nunca tivera paciência pra coisas do tipo. — Ninguém viu nada.
— Porque tivemos sorte, você é um idiota irresponsável que entra no camarim dos outros e sai agarrando as pessoas à força.
começou a rir, rir de verdade, daquela maneira debochada que odiava.
— Você quer me dizer que te beijei a força? — Ela ia responder que sim, mas ele continuou falando. — Vai me dizer que sentou no meu colo a força também?
— Não fala assim comigo! — exclamou irritada e um pouco magoada. — Eu já disse que não sou uma de suas garotinhas.
— Você tava querendo tanto quanto eu, e deixe minhas garotas de fora disso, o que elas fizeram pra você?
“Ai meu Deus como esse homem é estúpido, ele fala das garotaS dele, garotas com S no final”, foi o que pensou antes de falar.
— E você mesmo diz que são garotas — ela gritou o garotas — com s no final.
respirou fundo e voltou a falar.
— Ainda bem que... — não terminou a frase ao perceber que talvez as suas palavras fossem demais para aquele momento.
— Ainda bem que o que?
— Nada — ela falou sem graça.
— Fala logo, , termina a merda que você iria dizer.
— Eu já disse que não era nada. — “Não me obrigue a falar, eu já não quero falar”.
— Você não é mulher pra assumir que quis me beijar e agora nem fala o que iria dizer?
tinha o dom de lhe irritar. E tinha alcançado um novo nível com aquelas últimas palavras.
— Eu iria dizer que ainda bem que usei camisinha quando ficamos, sabe-se lá o que você pegou com suas garotas.
pôde ver o rosto de enrijecer, seus punhos se fecharem, chegou a sentir medo do olhar dele.
— Você fica comigo, me beija em seu camarim de livre e espontânea vontade — ele frisou a parte: espontânea vontade. — E agora vem com isso? Vá se ferrar, Clarke! Tava estranha naquele dia por que estava com medo de ter pegado algo comigo? Vá se ferrar!— esbravejou, quase fora de si.
Dessa vez foi ela quem saiu de si.
— Vá se ferrar você! — Gritou. — Eu não estava com medo de nada, como eu estaria com medo se usei camisinha sua anta? Eu estava estranha porque passei a noite com um cara que me largou lá dormindo e foi embora sem nem se despedir, fazendo eu me sentir uma qualquer, como se nem amiga dele eu fosse — cuspiu as palavras com tanta raiva que mal se reconheceu. — Mas o cara é tão idiota que nem pensou nessa possibilidade. Então vá se ferrar você, , mas vá se ferrar fora do meu camarim, sai fora daqui!
Depois das palavras e de ver que ele não obedeceria, o empurrou, mas ele continuou lá.
— Sai fora daqui!
— Eu não sabia que isso faria você se sentir mal — falou baixo, com raiva de si mesmo.
— Isso não importa mais.
— Somos amigos, achei que isso não fosse importar. Pensei que, já que somos amigos, despedidas não fossem necessárias — ele continuou tentando se explicar.
— Eu já disse que não importa mais.
E se nem olhar no rosto de , ela abriu a porta do camarim e fez sinal pra ele saísse.
— Você está chateada comigo? — sentiu vontade de rir, afinal, aquilo estava sendo fofíssimamente engraçado, mas não riu.
— Pela última vez, eu já disse que não importa mais. Agora, por favor, saia do meu camarim.
saiu e quando virou pra se desculpar mais uma vez, a porta já estava fechada e ele achou melhor não abri-la novamente.
, você é um idiota — falou pra si mesmo.

— Vamos gente, a cena agora é com os quatro presentes.
Os quatro se organizaram no cenário que formava a casa da personagem Ashley, cada um sentando perto da pessoa que fazia seu par na série.
— Finn a chamou. — Você senta sozinha, não esqueça que você é apenas amiga da Ashley, ela é quem é amiga deles. Depois o vai se aproximar de você, porque embora a Ashley já seja louca pelo Dylan, ele primeiro se interessa pela sua personagem.
— Você é a popular desejada, brincou.
A cena começou e, como estava no texto, Dylan foi sentar-se perto de Denna e começou a puxar papo, mas ela não deu muita bola. Ele insistiu e quando os dois ficaram a sós na sala, Dylan quase a beijou, mas foi interrompido pelo barulho de um copo que Ashley acabou deixando cair ao ver seu grande amor tentando beijar sua melhor amiga.
não pôde deixar de se sentir desconfortável ao ter tão perto dela, eles discutiram no dia anterior e quando era agora tinham que fazer uma das poucas cenas mais “íntimas” deles.
— CORTA! Ficou perfeito. — Finn disse empolgado — Sua cara de tristeza ficou perfeita, , muito bem. E vocês dois — ele apontou para e —, eu não ficaria surpreso se alguns fãs torcerem pra que vocês fiquem juntos, existe uma química entre vocês que, nossa, é muito boa.
e ficaram surpresos ao ver que não iria fazer nenhuma brincadeira com .
— Você tá legal? — perguntou.
— Que foi?
— Você não vai fazer nenhuma brincadeira? — perguntou pra todos escutarem.
— Ela não está falando comigo. — respondeu com um meio sorriso na tentativa de irritar e fazê-la falar algo, mas apenas se levantou e o ignorou.
— Ela deve estar mesmo com raiva. — disse, rindo.
Depois de uns minutos resolveu ir ao camarim de .
— Coloque uma roupa, porque estou entrando — ele disse abrindo a porta enquanto ria, e ela só conseguia pensar em como ele era cínico.
— Acho que vou ter que colocar chave nessa droga de porta — ela falou sem virar para trás.
— Você vai parar com essa frescura de menininha fresca? Eu não sabia que iria te deixar magoada, tá bom? É que homem não liga pra essas coisas, e como sou homem, penso como tal.
— Esse é um ótimo jeito de se explicar, mas eu já disse que não importa.
— Vou te encher o saco até você se virar pra mim e falar direito comigo.
— Para de ser infantil — disse, virando-se pra ele rindo.
— Eu sou um idiota babaca e você já deveria saber disso.
— Esse é o jeito de pedir desculpa? — Perguntou rindo.
— Talvez.
— Você está desculpado.
— E você também está — ele disse e ela o olhou com cara de “eu te fiz o que?” — Você falou besteiras, admita.
— Tudo bem.
Quando ela terminou de falar ele deu um selinho nela.
— Você é muito fresquinha, e gosta de dar piti. Mas ainda é a que eu gosto e acho gostosa.
Ela riu e ele a abraçou
— Amigos? — indagou.
— Amigos — respondeu rindo.
— Vou nessa.
deu-lhe um beijo na testa antes de sair, e não sabia explicar o motivo, mas estava com um sorriso bobo no rosto.

Capítulo betado por Bruna Kubik

Capítulo 3 - Just Friends

No outro dia, quando chegou ao trabalho, já lhe esperava com aquela cara cínica de quem queria ver se tudo estava mesmo bem. Ao ver aquilo, ela já se aproximou dele rindo.
, assim vou achar que você está apaixonado por mim — riu. — Está tudo bem, achei que soubesse disso ontem.
— Primeiro: não se gabe; Segundo: só faço isso justamente porque não estou apaixonado por você, eu jamais teria coragem dessas coisas com alguém que eu namorasse. E terceiro: mulheres costumam mudar de ideia facilmente, eu diria que são bipolares, então não tinha como ter certeza de nada.
O rapaz deu de ombros e arrancou umas gargalhadas da amiga.
— Não somos bipolares, seu idiota! — Deu um soco no braço dele. — Apenas somos incompreendidas.
— Para mim são todas frescas, chatas e bipolares.
— Achei que também fosse dizer gostosas — disse, rindo.
— Nem todas as mulheres do mundo são como você, .
— Você não deixa de ser idiota.
— E gostoso, admita. — Provocou.
— Vamos entrar, , vamos entrar. — e o puxou para o set de filmagens.

— CORTA! — Finn gritou. — Ficou muito bom, galera! Parabéns aos figurantes, comportaram-se muito bem.
Mas mal deu pra escutar o que Finn falara, já que o estúdio estava sendo tomado por gritinhos agudos dos figurantes que segundos atrás tinham sido elogiados. Todos queriam fotos com os quatro protagonistas e, como a maioria eram garotas, e estavam cercados por muitas delas.
— Por que não mandam mais garotos, hein? — perguntou, fazendo bico.
— Lembre-se de perguntar isso ao Finn. — respondeu, rindo da cara da amiga.
— Posso tirar uma foto com vocês duas? — Uma garota perguntou, empolgada.
— Claro que sim, minha linda. Quer tirar uma separada com cada e depois com as duas juntas?
observou lidando com a fã, a menina nascera para fama. Era espontânea, simpática, bonita e, diferente de , parecia estar pronta para todo o assédio.
— Vem, , tira primeiro sozinha com ela. — Escutou falar e saiu do seu transe.
— Claro, claro — respondeu. — Posso abraçar você?
— Claro que pode! Ai meu Deus! — A fã respondeu.
Logo após tirarem a última foto com aquela menina, a garota voltou-se para elas.
— Eu tenho um fã clube para vocês, posso fazer duas perguntinhas? Por favor, eu não tenho dinheiro pra pagar por uma entrevista — a menina choramingou.
— Tudo bem — disse. — Mas não nos meta em maus lençóis.
— Prometo — respondeu, beijando o dedinho em símbolo de promessa feita. — Como vocês conseguem não pegar nenhum dos dois? — indagou, apontando pra e .
caiu na gargalhada.
— Você é boa, hein garota?! — Continuou rindo. — Mas é que acho que não seria legal envolver trabalho com namoro. Mas a gente consegue com muito esforço, muito mesmo — brincou.
— E você, ?
— Sabe — já começou a responder rindo —, eles não são atraentes depois que você conhece. Os dois arrotam, tiram o tênis com chulé e, resumindo, perdem o encanto.
Ambas gargalharam da cara da menina.
— Eu os amaria com todos os arrotos e chulés do mundo.
— Você desistiria no primeiro arroto de cebola bem na sua cara. — ria.
— Ai, eca! Vamos pra próxima pergunta, que na verdade é um pedido. Mandem um beijo pra galera que nos segue.
E assim as garotas fizeram, depois tiraram fotos com mais fãs até que os figurantes foram embora.
— Eu vou procurar o fã clube dessa menina na internet inteira, tenho que ver o vídeo sobre os meninos — falou.
— O que sobre a gente? — chegou perto indagando.
— Falamos para a menina do quanto vocês deixam de serem charmosos ao arrotarem perto da gente.
— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊS FALARAM ISSO! — ele estava indignado, como elas podiam fazer aquilo? — Vocês sabem que isso pode diminuir a quantidade de mulheres em cima da gente, não sabem?
— Ela que começou — apontou para a outra. — Sorry, espero que o fato da gente falar de chulé não piore tudo ainda mais.
— Mas que merda! Se eu não pegar muitas mulheres, vou matar vocês duas!
— Para de drama, foi só um pequeno comentário. — disse, rindo.
— Espero que saiba que o vai matar as duas. ! — gritou.
O garoto foi aproximando-se.
— Que foi?
— Sabia que nossas queridas COLEGAS de trabalho nos difamaram para uma fã? Cara, elas falaram dos nossos arrotos! E até de chulé!
— E eu posso adivinhar de quem surgiu a ideia — ele disse, já olhando pra . — Vocês duas me pagam. Principalmente você, Clarke.
— Está ameaçando-me, ?
— Só digo que você não perde por esperar.
— Aguardo ansiosamente — ela disse, revirando os olhos. — Suas fãs vão amar saber que você tem hálito de cebola — falou e saiu gargalhando.
esperou pela vingança por uma semana, mas nem , nem fizeram algo contra ela ou contra . Isso, em vez de deixá-la calma, estava apavorando-a.
— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊS FIZERAM ISSO! — pode ouvir a amiga gritar do set de filmagem. — Isso foi bem pior!
— O que foi que vocês fizeram? — indagou, temerosa.
, olha a foto que eles postaram! Olha!
pegou o celular e olhou a foto. Era das duas dormindo — e babando — em um intervalo de cena durante a madrugada. Se fosse uma brincadeira interna, ela até poderia rir, mas estava sendo exposto para todos.

— O melhor é a legenda. — falou rindo, mas nem perdeu tempo olhando o que tinha escrito, pulou em cima dele.
— Eu vou matar você! — ela gritou.
— E eu? Não vai matar?
— É, , mata ele. — disse, tentando livrar-se da menina que estava em cima dele. — Eu ainda ajudei vocês duas, ele ia postar uma bem pior!
— Nem vem que a gente não tem o que te agradecer — disse enquanto puxava os cabelos encaracolados do menino com força.
— Você é mesmo um idiota, ! — disse de punho cerrado. — Eu deveria matar você!
— Deixe para matar depois da segunda parte.
— Ainda tem mais? — perguntou.
Droga!
— Relaxa, agora será apenas para nossa querida . A melhor parte ainda estar por vir — gargalhou. — Vai ser delicioso.
Para muitos, aquele comentário teria apenas um sentido de deliciosa vitória da parte dele, mas ela percebeu que ele falava de outra coisa.

— Não precisa estar com roupa, mas aviso que estou entrando. — falou rindo enquanto abria a porta do camarim de .
— Dá para parar de entrar nessa droga sem perguntar se é bem vindo?
— Eu sou sempre bem vindo.
— Aqui não! Não depois da foto que postou.
— Lembra que ainda falta uma parte da vingança? — Perguntou arqueando a sobrancelha.
— Não estou interessada.
— Achei que quisesse me matar...
— Tá querendo morrer? — ela perguntou rindo.
— Desde que seja de prazer — disse puxando-a para perto de si. — Como eu disse, será delicioso.
— Sai, ! Tá louco? Sabia que podem nos pegar?
— Então será na minha casa ou na sua?
— Nem na minha, nem na sua. Vá pegar outra! Você pode arrumar quem quiser.
— E eu pego, mas hoje eu quero você — ele disse, a puxando novamente.
— Tudo bem — ela disse deixando os ombros caírem —, vamos pra sua casa resolver isso.
— Sério? — não pôde esconder a surpresa, achou que ela resistira mais.
— Super sério, vamos juntos. Pego carona com você.
Ele a olhou e ela o olhou de volta com um sorriso que ele não conseguia decifrar o significado.
Logo após o término das gravações, entrou no carro dele e eles seguiram para o apartamento do rapaz.
— Okay, vamos logo para o meu quarto — ele falou já caminhando em direção ao cômodo.
— Eu não disse que iríamos fazer sexo, eu disse que iríamos resolver isso.
— O que? — Perguntou incrédulo.
— Isso mesmo. Achou que eu viria ficar com você tão de boa assim?
, diga-me que está brincando, diga. — O garoto já estava ficando irritado.
— Somos amigos, não podemos fazer isso.
— Você, por acaso, fica com inimigo?
, não somos apenas conhecidos, somos amigos. Muito amigos, passamos a maioria das horas juntos, não podemos.
— Você pode até não querer continuar com isso, mas não foi a vontade de conversar que te trouxe aqui. — e foi aproximando-se dela enquanto tirava a própria camisa — Vamos lá, você pensou em não querer e achou que seria o mais correto, mas percebeu que estava afim — desabotoou a calça. — Então, você pensou em deixar para dizer aqui porque sabia que eu te convenceria a ficarmos mais uma vez — tirou a calça — assim você deixaria para parar com isso depois e, o melhor — tocou os lábios dela -, você não precisaria sentir-se culpada ou errada. Fui eu que te coagi a fazer o que faremos.
— Eu só faço o que quero — ela disse tirando a mão dele de seus lábios.
— Hoje a gente finge que não, a culpa será toda minha.
E, sem esperar mais uma resposta totalmente falsa dela, agarrou e beijou-a ferozmente. Ele iria fazer tudo o que desejava com ela. Se essa seria a última vez, queria que fosse a melhor de todas da vida dela. Gostava de ser lembrado pelas garotas.

— Isso foi... — começou a falar ofegante.
— Minha nossa! — falou, também ofegante.
Os dois resolveram ficar calados e apenas relaxarem pra tentar recuperar as forças, mas meio minuto depois, a menina voltou a falar.
— Acho que agora é a hora que a gente conversa sobre o assunto de antes disso tudo começar — disse e depois voltou a respirar fundo.
— Agora? Ah não, deixa para depois, agora vamos apenas deitar e tirar um cochilo, quando acordarmos conversamos.
Ela pensou em dizer não, mas dormir não lhe pareceu uma má ideia. Minha nossa, aquele homem tinha acabado com ela.
— Tudo bem.
puxou , que se aninhou no corpo do rapaz. Puxaram o cobertor e dormiram com o rapaz segurando um dos seios dela.

— Nossa, que horas são? — perguntou a ele que, pelo que se via, tinha acabado de tomar um banho, já que ainda estava de toalha.
— Quase sete da noite.
— Huuuum — ela falou meio sem graça. — Quer que eu saia pra você trocar de roupa?
— Não, relaxa! Tô de boa. — Ele ia tirar a toalha quando ela interrompeu.
— Vou pra sala.
— Você tá com vergonha de me ver trocando de roupa? — Indagou, já gargalhando. A menina ruborizou. — , eu estava deitado com você até alguns minutos atrás.
— É diferente, acho melhor eu ir pra sala.
Mas antes que ela levantasse, ele virou de frente pra ela e tirou a toalha.
— Cobre isso! — Falou fechando os olhos.
— Para de ser idiota, Clarke — disse rindo. — Abre esses olhos.
— Então coloca essa toalha de volta no lugar — dessa vez ela colocou a mão na frente dos olhos.
— Nós ficamos horas atrás, abre esses olhos — ele riu e foi em direção a ela.
— Fique onde está!
— Você está espionando ainda? — Gargalhou.
— Claro que não!
— Então como sabe que estou indo em sua direção?
— Porque não sou louca, estou percebendo o movimento na cama. Fique onde está!
— Só se você abrir os olhos.
“Meu Deus, como ela podia ser tão boba? Eles tinham ficado agora pouco, não era a primeira vez. O que tinha demais em vê-lo nu?“ Se perguntava.
— Ah, você vai sim.
Gargalhando, ele partiu pra cima dela, tirando suas mãos do rosto e fazendo cócegas até que ela abrisse os olhos.
— Para, ! — Ela estava jogada na cama rindo como uma louca graças às cócegas e ele praticamente por cima dela. — Estou com falta de ar! — Gritou em meio às gargalhadas.
Ele sabia que era tudo mentira e continuou fazendo cócegas. Cada vez que ela se debatia, o lençol ia desenrolando, até que seu corpo da cintura para cima ficou a mostra.
— Tudo bem, eu abro — falou rindo e abriu os olhos. — Satisfeito?
Ele apenas balançou a cabeça, afirmando.
— Você é um idiota! — Ela riu e começou a dar socos de leve no peito dele que estava em cima dela.
— E você não tem força alguma — disse, segurando os dois braços dela.
— Me solta! — Pediu, já gargalhando.
— Tenta.
Ela até tentou, mas não conseguiu, o que fez com que o menino caísse na risada.
— Fraca.
segurou os pulsos de apenas com uma mão e colocou os braços da garota para cima da cabeça dela. Foi como se esse movimento fizesse com que um clima diferente surgisse.
Ambos se encaram por um tempo. Mal respiravam, era como se cada movimento pudesse fazer aquilo que parecia tão frágil desmoronar. encarou e fez uma careta para ele, que retribuiu com outra. Ela riu e mostrou a língua, e ele, sem pensar muito, segurou a língua dela com os dentes. Não precisou de mais nada para que aquilo se tornasse um beijo cheio de desejo.
O papo teve que esperar mais algum tempo.

— Acorda. — ela o cutucava — Acorda, seu idiota!
— O que foi, sua baranga? — Ele disse rindo e levou uma tapa.
— Tem alguém tocando a campainha.
— O porteiro não ligou pra perguntar se a pessoa podia subir?
— Parece que não, né?! — deu uma tapa na testa dele, que a empurrou de leve.
— Espera, já volto.
Ele colocou uma cueca e já ia atender, quando ela falou:
— Você vai assim?
— Assim como?— se olhou confuso.
— Assim, apenas de cueca.
— O que tem de mais? — Novamente olhou confuso.
— Vai que seja uma senhora, respeite as pessoas.
— Você é insuportável — ele bufou e colocou uma bermuda que estava no chão. — Pronto, monitora dos bons costumes?
— Ótimo.

? O que você tá fazendo aqui? — perguntou surpreso ao abrir a porta.
— Feliz em ver você também, cara — ironizou. — Esqueceu que marcamos de sair hoje?
— Desculpa, é que eu fiquei surpreso de alguém tocar minha campainha sem o porteiro me ligar antes.
— Essa é uma das vantagens de estar ficando famoso, eles te liberam tudo. Mas você ainda não está pronto?
— E se eu te disser que esqueci completamente?
— Vai logo arrumar-se e tomar um banho enquanto eu aproveito a TV na cama fofa do seu quarto. — E já começou a subir as escadas.
— Meu quarto? — arregalou os olhos — Nããão!
— Hã?
— Tá maior zona, cara. Você não vai querer entrar naquele lugar.
— Vai bancar a mulherzinha agora, ? Quando foi que liguei pra isso? Sei que você guarda os melhores drinks lá — novamente começou a seguir.
— Não, cara. — se colocou em sua frente. — Quando eu digo zona, é a maior zona.
O amigo o olhou desconfiado.
— Tipo?
— Eu tava com uma pessoa horas atrás, imagine a situação dos lençóis, tá cheio de camisinha! Não curto deixar ninguém ver.
novamente o olhou desconfiado, mas acabou cedendo.
— Tudo bem, vai lá. Contento-me com a TV da sala e o seu sofá.
— Valeu, no máximo em meia hora eu volto.

Quando chegou ao quarto, já foi perguntando:
— Quem era?
— O .
— Ele veio aqui? — Ela perguntou assustada. — Será que ele sabe que estou aqui?
— Sim, ele veio aqui. Não, aparentemente ele não sabe. E ele ainda está aqui.
— E agora? Como vou fazer pra ir embora? O que ele veio fazer aqui?
— Eu tinha marcado de sair com ele, graças a você esqueci completamente — ela o olhou sem jeito —, ele tá me esperando pra sair. Quando sairmos, você fica com a chave, sai e deixa a chave com o porteiro.
— E se esse porteiro abrir a boca pra alguém?
— Ele é de minha confiança e, bom, isso é o tipo de risco que temos que correr.
— A gente não deveria ter ficado. Olhe agora, poderíamos ter sido pegos..
— Mesmo que ele visse, acho que ele não contaria nada — falou sem dar muita atenção à preocupação da garota.
— E se fosse outra pessoa? Qualquer um poderia aparecer aqui, estaríamos fritos. Nós erramos.
— Por favor, — disse pegando uma toalha pra tomar banho novamente —, não comece seus discursos puritanos. Não aconteceu nada demais, ninguém nos pegou! Está tudo certo.
— E com toda certeza não vamos mais correr esse risco.
— Huuuum — ele nunca teve paciência pra essas tempestades em copo d’água.
— Não podemos mais repetir isso — continuou enquanto ele já ia em direção ao banheiro. — , pode me dar atenção? A gente não pode mais fazer isso.
— Eu estou lhe dando atenção — ele rolou os olhos. — Mas não vou fazer disso uma espécie de DR. Você acha melhor que isso não se repita, então por mim tudo bem. Aposto que vai sentir falta do garotão aqui — ele apontou para baixo -, mas se assim é melhor, por mim tudo bem.
— Nossa, você é super paciente — ela disse rolando os olhos.
— Só odeio esses pitis, . Coitado de quem namorar contigo, vai sofrer pra caramba.
— Idiota — ela bufou e jogou um travesseiro nele.
— Também te amo — riu e entrou no banheiro.
— Nossa, eu estou acabado — falou enquanto massageava as têmporas, deitado em um sofá no set.
— Noite regada a muitas bebidas e sexo?
— Isso, . Mas não achei que iria ficar com uma dor de cabeça tão grande.
— Ainda bem que não sou o único — se aproximou falando. — Também estou com uma dor de cabeça dos infernos. E pra piorar, acabei dando meu número a uma garota, agora ela não para de ligar.
— E por que você não atende? Vai que termina em algo mais sério?
Nesse momento, chegou ao estúdio e foi se aproximando dos amigos.
— Algo mais sério? Eu não quero nada sério com ninguém. E outra, mulher que fica comigo na primeira oportunidade mesmo sabendo que eu jamais vou querer algo com ela, não é o tipo de mulher que eu vou querer ter um relacionamento. Essa é do tipo que vai ser sempre só diversão.
Ao escutar aquilo, a garota pensou em voltar o caminho e ir correndo pra o seu camarim. Então era isso? Ele sempre a viu como uma mulher que não merece respeito?
sentiu cada parte do seu corpo suja. Reconhecia que realmente não deveria ter ficado com ele sem ter algum sentimento, mas nunca pensou que ele pudesse achar isso dela. Agora até ela se achava assim.
? ? — gritou algumas vezes, o que a fez sair de seus pensamentos.
Tudo bem que não era pra tanto e poderia ser mais drama do que qualquer outra coisa, mas a vontade dela era chorar, nunca tinha se sentido tão suja. Já era a segunda vez que ele, querendo ou não, a fazia sentir-se assim.
— Érr... Oi — falou tentando manter a voz em um nível normal.
a olhou dos pés a cabeça, sabia que tinha algo errado com ela.
— Você tá aí faz tempo? — Ele perguntou sem graça.
pensou em dizer que não, mas outro lado seu fez ela falar a verdade.
— Tempo o suficiente pra escutar sua teoria de mulheres sem respeito — ela riu depois que falou, torcia pra que isso o fizesse achar que não foi nada demais.
pensou em se desculpar e dizer que isso não tinha a ver com ela, mas viu que a mesma sorriu depois de falar o que escutou, então ele relaxou.
“Ela entendeu que não foi com ela.”.
— Tá tudo bem? — a perguntou.
— Claro! Está tudo perfeito! — Abriu um sorriso de orelha a orelha, quem visse diria que foi o maior sorriso que ela já deu algum dia.
“Definitivamente, eu sou uma ótima atriz.” pensou, ainda com vontade de chorar.

Capítulo betado por Bruna Kubik


Capítulo 4 - Past pain

— Que tal você ir hoje lá pra casa depois do trabalho?
Havia se passado três dias desde que tinha escutado aquelas coisas, durante esse tempo ela tentou evitar ao máximo um momento como esse.
— Achei que você tivesse entendido que não teria mais próxima vez, .
— Mas você sempre muda de ideia. — ele disse, rindo.
Ah, aquele sorriso. Fazia qualquer mulher baixar a calcinha.
“Mas não eu“ Clarke pensou.
— Agora é definitivo. Eu te disse isso da última vez que ficamos.
— Eu realmente sinto em te dizer que você está perdendo — ele disse, rindo com aquele jeito metido que só ele tinha.
— Já provei e acho que consigo viver sem. Quer dizer, tenho certeza — falou e riu da maneira como murchou. — Adoro descer sua autoestima — gargalhou.
— Eu odeio você, sua pentelha — riu e a abraçou por traz, colocando seu rosto no ombro dela.
— Também acho — falou e livrou-se do abraço dele para ir ao seu camarim.
Se queria se manter longe de dor, era melhor se manter longe dele.

Depois de mais um dia exaustivo de trabalho, todos pareciam desanimados, menos , como quase sempre acontecia.
— Vamos sair hoje à noite? — chegou perguntando toda empolgada.
— Eu não estou no clima — disse.
— Nós vamos — e falaram juntos.
, vem também. Vai ser legal. Dançar, beber, beijar, se divertir.
— Eu posso dançar, beber e me divertir na minha casa.
— Mas não vai ter beijo.
— Só se você quiser levar alguém pra o seu apartamento — disse malicioso e arrancou risos dos amigos, menos de .
— Por que vocês não se pegam logo? Ai Deus, por que isso não aparece pra mim? — indagou aos risos.
— Para de ser idiota! Tudo bem, eu vou. Posso levar um amigo?
— Não precisa — disse, rolando os olhos.
Pra que levar amigo? Isso só reduziria as chances dela terminar a noite na casa dele.
— Claro que ela pode!
— Ótimo, até as oito.

— Jake, é claro que você vai comigo! — praticamente gritou.
— Mas eu já disse que...
— Não me venha com suas desculpas. Que tipo de amigo deixa sua melhor amiga indefesa ir a uma boate quando quer pegá-la, e ela não quer ser pega?
— Por favor, você indefesa? Conta outra — desdenhou — Você é a garota mais geniosa que eu conheço. E eu não quero ser sua babá, passei dessa faz, querida. E você também. Fora que eu já te disse que...
— Você pode ir pegar mulher qualquer dia, mas não hoje! Jake, quando foi que você teve a chance de ficar perto de celebridades?
— Te vejo todo dia, pra mim isso é normal — ele falou novamente com desdenho.
— Eu não sou garoto propaganda da marca mais famosa de cuecas e nem sou a garota linda que faz par romântico com ele. Por favor — pediu, colocando as mãos em posição de reza — prometo que você irá ter uma selfie com os quatro pra bombar de vez no seu Instagram e as gatinhas ficarem loucas por você só por que sonham com a chance de conhecer qualquer um daquela foto.
— Eu te odeio por sempre conseguir me comprar — ele disse e pulou em seus braços.

— Estou bonita? — perguntou pela décima vez.
, eu já te disse que sim. O que mais quer que eu diga? — Jake perguntou impaciente.
— Você tem que ser sincero — respondeu manhosa.
— Você está tão gata e gostosa que, se eu não fosse seu melhor amigo, eu te pegaria aqui mesmo. Fica calma que você vai conseguir mostrar para o que você é bem mais do que as garotas que ele pega na balada.
— Eu não estou me arrumando pra ele, okay?
— Tudo bem, agora vamos — disse, sem nem prestar atenção direito no que ela falou.

Quando chegaram à boate, quase se arrependeu de estar ali, mas lembrou que precisava curtir um pouco mais ou não aguentaria aquela rotina de trabalho. Por mais que amasse o que fazia, aquilo lhe cansava e lhe deixa louca quase que na mesma intensidade.
, você tá gostosa — Foi a primeira coisa que falou ao ver entrar na boate.
— Obrigada — disse com um pouco de vergonha — mas, por favor, não se torne um .
— Pode deixar — ele respondeu rindo.
gritou quando lhe viu.
Será que ela já estava bêbada ou era apenas felicidade?
— Nossa, você está gostosa demais. Tá querendo matar os caras de coração? — ela iria falar mais alguma coisa, mas do nada parou.
— Que foi que te deu?
— Por favor, me diga que esse seu amigo é apenas amigo seu. — Porém, não esperou que respondesse. — Esse é o cara que eu quero casar. Quero nome, endereço, documentação, tudo.
— Ele não é nada além de meu amigo e está completamente solteiro.
— Eu te amo — disse, abraçando a amiga. — Hora de partir pra o ataque.
— Nossa! Você está muito gostosa — falou assim que se aproximou da amiga.
— Não sou eu querendo me gabar não, mas você é a quarta pessoa que diz isso.
— Todos foram muito verdadeiros. — ele falou a analisando dos pés a cabeça e mordendo o lábio.
— Obrigada — disse um pouco vermelha.
— Você só consegue não ficar vermelha se beber?
— Acho que sim. — os dois acabaram rindo. Sabiam que era mesmo verdade.
— Então vamos beber, vai que essa noite não termina como da última vez.
, — ela deu uma pausa — não vai mais rolar. Era esse o combinado, não era?
— Tá bom. Agora vamos dançar.
levou até a pista de dança e começaram a dançar. Rapidamente as pessoas se afastaram formando um pequeno círculo em volta deles e aquilo não poderia parecer mais constrangedor para a garota.
— As pessoas estão nos encarando — disse sem jeito.
— Relaxa, só estão fazendo isso porque somos famosos, daqui a pouco eles voltam ao normal.
— Estou me sentindo em um filme adolescente onde o casal dança tão bem que as pessoas formam um círculo ao redor deles.
— Você não dança tão bem — disse, desdenhando.
— Idiota — riu e deu um soco de leve no peito dele.
Aos poucos foi acontecendo o que falou, as pessoas começaram a voltar a fazer o que estavam fazendo.
— Te disse que eles iriam relaxar. Eles só acharam que queríamos dar um show. — apenas sorriu de lábios fechados — Vem cá.
, com uma pegada que deixou um pouco zonza, puxou a garota para mais perto e a virou de costas.
— Vamos dançar de verdade.
De começo eles estavam apenas com os corpos próximos, mas depois a puxou para ainda mais perto, de forma que seus corpos colaram um no outro. Clarke pôde sentir um leve arrepio percorrer seu corpo.
Droga de atração física.
— Não precisa ter medo de dançar rebolando, não vou te agarrar a força — falou e riu.
— Eu sei.
— Então dança.
Ele segurou na cintura dela e aos poucos a menina foi relaxando.
— Assim que se dança. — falou baixo no ouvido de .
olhou pra os quatro cantos procurando pelos seus outros amigos, mas não conseguiu ver nenhum deles. Precisava sair dali, sabia disto, mas não estava conseguindo.
— Eles devem estar curtindo por aí — falou como se lesse seus pensamentos. — Todo mundo tá aproveitando.
Dito isso, ele beijou de leve o pescoço de Clarke que se contorceu levemente. Isso não passou despercebido aos olhos de que sorriu maliciosamente e depositou outro beijo no pescoço dela que novamente se arrepiou.
— Para — Clarke disse um pouco brava. — Tira logo esse seu sorriso do rosto. Você tem noção de onde estamos?
bufou.
— Se o problema é o lugar, podemos...
— Não, , — ela falou irritada — o problema não é o lugar. O problema é que você só pensa com a cabeça debaixo. — bufou e saiu irritada.
foi atrás dela, mas não tinha mais a intenção de insistir.
— Então a gente não fica mais, certo?
— Certo.
— Okay, não vou insistir. Você é gostosa, mas igual a você tem um monte.
pôde sentir o sangue subir a sua cabeça. Ele não a colocaria mais uma vez para baixo. Pegou o copo que o barman tinha acabado de lhe entregar com refrigerante e jogou todo o líquido no rosto de .
— VOCÊ PIROU? — ele perguntou indignado.
Se não fosse o barulho do som todos teriam ouvido, mas graças a todo o barulho aquela briga estava passando despercebida.
— Nunca mais fale assim comigo — falou entre os dentes tentando manter a respiração normal e saindo de perto de .
Ele pensou em segurá-la pelo braço e dizer umas poucas e boas a ela. Quem ela pensava que era? Tinha ficado maluca? Mas preferiu a deixar ir procurar os amigos, acontece que aquilo teria volta.
A olhou andando com aquele vestido perfeito e lhe veio uma ideia, não pôde segurar o sorriso que formou em seu rosto.

— Cadê o ?
— Sinceramente, prefiro que ele esteja no quinto dos infernos.
— O que foi que aconteceu? — perguntou preocupado.
— Nada que eu já não tenha resolvido e me vingado.
Rapidamente Jake puxou pelo braço e a levou pra um canto deixando e confusos.
— O que foi que aconteceu?
— Aconteceu que o é um puta de um babaca que só consegue fazer eu me sentir uma qualquer. Acha que pode falar o que quiser de mim e pra mim. Então eu joguei um copo cheio de refrigerante na cara dele.
— Você fez o que?
— Sorte dele que aqui não vendem alguma coisa ácida o bastante pra deformar aquele rostinho. — Jake a olhava como se ela fosse louca — Não me olha desse jeito, ele não me respeitou. Ainda tem que me agradecer por eu não ter jogado o copo de vidro como bônus.
— Você já pensou se ele tivesse perdido a paciência ou sei lá?
— Seria ótimo, assim eu o denunciaria e nesse exato momento ele estaria preso e desempregado. Olha que máximo, eu não o veria mais no trabalho e ainda poderia rir da foto dele na cadeia que com toda certeza cairia na rede.
Jake ainda abriu a boca pra reclamar mais um pouco, mas viu que estava realmente irritada e magoada, os olhos marejados entregavam isso.
— Quer ir embora?
— Ainda te devo uma selfie com o elenco. — ela parou um pouco pra pensar e depois fez um bico — Desculpa, mas eu não vou atrás do pra tirar essa foto não, vai ser eu e os outros dois.
— Se quiser nem precisamos tirar nada — Jake era sempre tão fofo.
— Eu te prometi.
Tentando manter o controle sobre sua emoções e fingindo estar bem, chegou perto dos amigos e falou:
— Ei, vamos tirar uma selfie?
— Claro — Parker respondeu empolgada.
Quando puxou o celular e todos começaram a fazer a pose, apareceu.
— Vão esquecer-se de mim?
— Corre logo — Grey gritou.
Os segundos posteriores pareceram passar em câmera lenta. correu pra foto e de repente todo o líquido que estava no copo em sua mão pareceram voar direto no vestido que estava usando.
— Meu Deus! — Parker exclamou colocando a mão na boca no mesmo momento que gritou:
— Meu vestido!
Ela passou a mão no vestido e viu um liquido meio avermelhado escorrendo por ele.
Aquilo não iria sair.
— Vou procurar água pra colocar aí, vem comigo, Jake — saiu puxando o rapaz pelo braço.
— Não, não, não! Isso não vai sair. — ela falava sozinha desesperada.
apenas olhava pra o rosto de que, mesmo tentando esconder, tinha um sorriso nos lábios.
— Trouxemos a água.
pegou a água e despejou no vestido, mas não adiantou. Aquilo não poderia estar acontecendo.
— Você fez de propósito! — gritou.
— Eu? — não conseguia conter sua felicidade pela vingança.
— Você é tão infantil, , tão infantil. Como você pôde?
Ela jogou um pouco mais de água no vestido.
— Do que vocês estão falando? — Grey perguntou.
— Ela tá achando que eu me vinguei do refrigerante que ela jogou no meu rosto. Mas não fiz.
Grey sabia que ele tinha feito, mas não iria afirmar ali, isso só pioraria as coisas.
— Eu te compro outro se você quiser. Custou quanto? Não importa o preço. — falou quase rindo.
— Dá pra você parar de ser idiota? — Jake falou irritado. Queria matar aquele homem. — A não ser que você tenha o poder de reviver pessoas, você nunca vai poder reparar o estrago que fez hoje.
— Hã?
— Vamos, , já deu por hoje. Depois vemos se conseguimos dar um jeito nisso.
segurou a mão de Jake e apenas disse tchau. Passou por e ele pôde ver que ela tinha uma lágrima escorrendo pelo rosto.
— Você fez de propósito! — falou indignado.
— Fiz nada! — negou da maneira mais cínica.
— Da próxima vez tente conter o riso.
— Obrigada por estragar a nossa noite, . — passou por ele bufando. — Eu vou nessa.
— Hoje você passou de todos os limites. — disse, dando um soco leve no braço de . — Te vejo amanhã.
— Tudo isso por causa de um vestido? — se perguntou assim que ficou só — Vou comprar outro e entrego a ela. Simples.

— Jake, me ajuda! — pediu chorando.
Desde que chegara em casa ela tentava inutilmente tirar a mancha do vestido.
, — Jake parou por um segundo tentando achar a maneira certa de falar — nós dois sabemos que essa mancha não vai sair.
— É claro que vai, ela tem que sair, Jake.
Jogou o vestido e a escova de dente que estava usando pra ver se tirava a mancha no canto do banheiro, e começou a chorar mais forte encostada na pia.
— Essa mancha precisa sair. Ela tem que sair Jake, você sabe.
Jake sabia que não era momento pra dizer nada, então se levantou, foi até a amiga e a abraçou.
— É a maior lembrança que tenho dela, — ela começou a falar enquanto chorava com a cabeça no peito do amigo — você sabe.
— Sei sim. — Jake se limitou a dizer.
— Vamos tentar novamente, aposto que dessa vez vamos conseguir.
, — ele saiu do abraço e a segurou pelos ombros — não vai mais sair. O máximo que podemos fazer é mandar isso pra alguma lavanderia pra que eles o deixem melhor e você possa o guardar. Ele vai continuar sendo seu, você só não vai mais usá-lo.
— Ela me deu poucos dias antes de tudo acontecer. Me deu o vestido e dias depois acabou me dando a vida. E eu tirei os dois dela — ela soluçava.
— Para! — ele a chacoalhou — Você não vai vir com esse papo novamente. Eu já disse para parar com isso.
Era sempre assim, bastava algo ruim que lembrasse toda história acontecer, para que começasse com a mesma culpa.
— Você também sente falta da Anne?
— Claro que sim, , claro que sinto falta. Acho que isso é normal.
— Eu sinto tanta falta dela. — ela disse, soltando-se dele e sentando na cama. — Às vezes eu começo a esquecer da voz dela, então começo a assistir vídeos nossos. Não posso esquecer-me dela. Esse vestido é sempre o que mais me trás lembranças, ele me lembra de tudo dela, inclusive daquele dia.
— Estou começando a pensar na possibilidade disso tudo ter te feito bem. Se ele te faz sentir culpa, desculpe, mas acabo ficando feliz de saber que você não vai mais vesti-lo.
Jake odiava ver a amiga se corroendo com uma culpa que não teve, todos sabiam que ela não tinha sido culpada, menos ela.
— Não seja estúpido. Vestir ele também me trazia lembranças maravilhosas. O sorriso dela, a maneira como ela se olhava no espelho e dizia que se fosse homem se pegava, ele me lembra a melhor parte da Anne.
Ele sabia que novamente não era hora de falar nada, apenas foi em direção a cama e deitou, era uma deixa pra que ela fizesse o mesmo, e ela fez. E depois de longos minutos de lágrimas, ela dormiu.

acordou com um ótimo humor. Logo após todos terem ido embora e o crucificado pelo drama de , ele encontrou uma velha amiga e tomou todas junto com ela que horas depois estava em sua cama. Fazia tempo que ele não encontrava uma mulher que o fizesse sentir tanto prazer, fora ela a mais recente foi , mas digamos que não fazia o que ela topava fazer.
— Bom dia, meu povo — ele chegou de braços abertos no set de filmagem.
— Nossa, quanto bom humor. — comentou rindo e ele agradeceu por ver que o episódio da noite anterior tinha sido esquecido.
— Parece que ele teve uma noite ótima com uma morena que tem a bunda maior que a da Nicki Minaj.
— Como você sabe?
— É para isso que servem sites de fofoca.
começou a rir.
— Só que nem tudo são flores. Também falaram que horas antes disso tudo acontecer você discutiu com a que saiu da boate chorando. E sabemos que foi verdade.
— Isso vai pegar mal pra série — comentou.
— É só a gente negar.
— Tem uma foto dela saindo chorando da boate de braços dados com o Jake.
— A garota quer bancar a Maria do Bairro e eu tenho certeza que quem vai sair como vilão sou eu — disse e rolou os olhos.
— Você tem noção que aquela mancha não vai mais sair? — perguntou um pouco irritada.
— O problema é que ela vai perder o vestido? Vou perguntar quanto ela veste e pronto, tudo resolvido. Compro outro, dinheiro não é problema.
— Eu não quero vestido algum — Ele escutou dizer.
Diferente do que ele esperava a voz da menina não parecia irritada, parecia até calma demais.
— Não quero nada que venha de você.
— Não vem bancar... — mas parou quando virou para ela e viu que os olhos da menina estavam inchados.
e se olharam sem saber o que dizer. Sabiam que tinha ficado mal pelo vestido, mas não tanto.
, você está terrível. — Antes que alguém falasse, Katharine já chegou impressionada com o rosto da garota — O que aconteceu com você?
— Meu olho fica assim se eu dormir logo após chorar. Algumas horas e eles estarão normais.
— Não temos algumas horas, vai logo pra sala de maquiagem. Precisamos dar um jeito nisso.
E as duas saíram rumo à sala.
— Nossa — falou impressionada, logo que as duas saíram.
— Acho que você deve muitas desculpas a ela.
— Grey, isso tudo é drama de mulherzinha, aposto que fez isso só pra chamar atenção.
balançou a cabeça negativamente.
— Vou ali — falou antes de sair.
ficou encarando que, embora quisesse bancar o durão, estava preocupado com . Na sua mente não parava de passar Jake falando: A não ser que você tenha o poder de reviver pessoas, você nunca vai poder reparar o estrago que fez hoje. Que merda ele teria se metido?
— Será que você pode parar de me encarar?
— É que, para um ator você finge muito mal, tá na cara que você ficou preocupado. — Ela disse, sincera. — Você sabe que desculpa não tira pedaço, né?!
— Não enche — falou antes de se levantar e ir embora.

Tinha sido um longo dia de gravação, todos estavam exaustos e enquanto as gravações do dia não terminavam de vez, todos da equipe ficavam brincando pra ver se conseguiam se manter de pé, mas mesmo com tantas brincadeiras não trocou sequer uma palavra com .
Ele odiava ser ignorado, não nascera para isso. E tinha certeza que toda indiferença da sua colega de trabalho era muito mais que raiva e sim o plano para tirá-lo do sério, afinal ela o conhecia muito bem.
— Oi — chegou ao camarim da amiga.
— Oi — respondeu sem virar para trás.
— O Jake me contou de quem era o vestido que você usou ontem.
— Apenas uma noite e você já quer roubar meu amigo? — perguntou rindo.
— Ele pode continuar sendo apenas seu amigo, quero mais que isso dele. — falou divertida — Mas voltando ao assunto... eu sinto muito.
— Eu prefiro que a gente não fale disso.
— Eu posso imaginar o quanto você ficou mal, você pode conversar comigo.
— Eu fiquei mal mesmo, mas já passou. Sempre passa.
— Ele não quis me contar toda historia, disse que era longa e que você me contaria.
, eu agradeço que você esteja disposta a me escutar. Mas como eu te disse: já passou. Estou bem agora, e prefiro não falar mais disso.
— Tudo bem. Vai continuar ignorando o ?
— Ele tá pirando, não é? — riu. — Não quero mais papo com ele, agora é apenas alguém que trabalha no mesmo local que eu.
— Eu tenho certeza que ele não teria feito aquilo se soubesse da importância que o vestido tinha para você.
— Sabendo ou não, ele fez. Fora que são n motivos.
— Você realmente sabe como deixar ele inquieto, — disse rindo antes de dar um beijo a amiga e ir embora — vou gravar.

Mais outro dia, e mais outro, e mais outros de total indiferença da parte de para com . Algumas vezes ele esqueceu e quase a abraçou por trás como sempre fazia, mas ainda bem que segundos antes ele lembrava que não podia. Já não era mais o lance de odiar ser ignorado, ele realmente sentia falta da amizade dela e algumas vezes se pegou pensando se ela também sentia falta da amizade dele.
— Tá na hora de pedir desculpas — ele falou para si e levantou decidido.
Como sempre ele não bateu na porta, apenas abriu e entrou.
— Você ficou louco? — perguntou jogando o vestido que tava na sua mão e pegando uma toalha pra enrolar seu corpo, já que estava só de lingerie.
“Meu Deus, tinha esquecido o quanto ela é linda assim." pensou.
— O que você quer? — ela praticamente gritou de maneira ríspida.
— Ér... eu... — "é só pedir desculpas, vamos lá, concentre-se" — Chega de drama por causa de um vestido, diz logo quanto você usa que eu vou comprar outro lindo para você.
— É só isso?
Ele pôde jurar que ela parecia um pouco frustrada, mas até ele estava, pretendia pedir desculpas e acabou saindo tudo de uma maneira tão estúpida quanto jogar aquilo no vestido dela. Mas agora já tinha falado, talvez tivesse sido melhor, isso era mais a cara dele.
— Sim.
— Você não vai encontrar aquele vestido em lugar algum. Ele foi feito por encomenda.
— Te compro outro. Se quiser pode escolher, já disse que dinheiro não é problema.
— E eu já disse que não quero.
— Vai ficar de drama? , para com isso, tá bom? Você sabe que eu não caio nessa, sabe que não tenho paciência. É só um vestido, vai lá e escolhe outro que eu pago. Pra que tanta frescura?
— Você é um estúpido. — foi até a porta do camarim e abriu para que ele saísse — Se manda que eu preciso me trocar.
— Não vai querer o vestido? Eu já disse que pago.
— Pegue seu dinheiro e enfie no seu — Ele a encarou. — nariz — ela disse com um sorriso cínico.

— A tá mesmo com raiva de você, achei que ela não fosse aguentar tanto tempo. — comentou durante um intervalo.
— Não entendo o porquê, mas ela tá mesmo com raiva. Ontem fui falar com ela.
— Você falou com ela? — se intrometeu na conversa.
— Nada, Parker. Falei com o Obama. Se eu disse que foi, é claro que foi.
Parker ignorou o que ele falou e continuou.
— Você pediu desculpas a ela?
— Depende do que você chama de desculpa. Tecnicamente eu não pedi de fato, mas eu fui lá e me ofereci pra comprar outro. Mas você deve conhecer sua amiga e sabe que ela negou.
— Não existe outro vestido daquele.
— Ela me disse. — ele rolou os olhos — Mas eu disse pra ela escolher qualquer outro que eu pagaria, mas ela continuou de frescura e mandou eu enfiar o meu dinheiro no meu nariz. Resumindo, ela tá de draminha por causa de qualquer coisa, era só um vestido.
pensou por um momento: "falo ou não falo? Falo"
— O vestido não é um vestido qualquer, ele tem muita importância pra ela por que foi a falecida irmã dela que deu, era dela o vestido antes de ser da . As duas eram muito apegadas — ela falou tudo de uma vez quase sem parar para respirar.
— Acho que tu deves mais desculpas do que eu imaginava — Grey falou, dando uma tapa no ombro de .
— Ainda tem mais coisa nessa história toda, mas eu não sei de mais nada. O Jake só me contou isso e a não gosta de falar do assunto.
— Pode me dar o número desse Jake?
— Jura que não vai fazer merda?
— Juro — rolou os olhos.
— Ta, okay — ela também rolou os olhos e passou o número de Jake para ele.

Alô.
— Oi Jake, aqui é o e se você tiver um humor parecido com o da sua amiga, peço que ao menos escute o que tenho pra falar e não desligue antes que eu termine, como sua amiga faria.
Ele escutou apenas um "hum" como resposta e presumiu que isso significava que ele iria escutar.
— Eu devo um pedido de desculpas a sua amiga e quero fazer isso de uma maneira perfeita. E vou precisar que você me ajude com uma coisa. Posso contar contigo? Prometo que ela vai gostar.

Capítulo betado por Bruna Kubik


Capítulo 5 – Pain, excuses and Love

Jake e estavam em um café afastado da cidade discutindo o tal plano de . O rapaz estava certo que tudo correria bem, mas Jake tinha sérias dúvidas sobre isso, afinal, o plano era cheio de furos. Além do fato, claro, de que não merecia sua confiança.
— Ela vai perceber que eu peguei — Jake falou, revirando os olhos.
— É claro que não, e posso saber por que tá revirando os olhos? Tem uma ideia melhor?
— Não, afinal é necessário, mas ainda acho que ela vai perceber. E outra, isso não é o bastante — deu de ombros.
— É claro que é, acha que alguém resiste a mim? Ainda mais quando percebe que estou tentando fazer a coisa certa.
— Olha, sei que você se acha o bonzão, e que tem gente que confirma isso, mas a não é tão boba quanto pensa. Vai por mim, não é o suficiente.
— E o que me sugere? Porque espero que tenha algo em mente.
— Eu realmente preferia não me meter nisso, — ele confessou — afinal, se tudo der errado e ela ao menos suspeitar que tô metido nisso, nunca mais olha na minha cara.
— Tudo vai dar certo.
— Então vamos fazer assim: eu até te ajudo, mas se ela ficar ainda mais magoada você sofrerá as consequências. Vou te socar até essa sua carinha de galã ficar completamente irreconhecível.
— Trato feito.
— Ou você se garante muito, ou não conhece a como conheço — ele sorriu e apertou a mão de selando o trato.

— Jake, vamos sair hoje?
— Você quer ir à balada dia de segunda?
— Não, não estou no clima pra baladas. Queria ir a algum café, restaurante, sei lá. Só estou a fim de sair.
— Acho que você deveria ficar em casa. — Jake falou, segurando o ar.
— Por quê? — o olhou curiosa.
— Porque eu acho.
— Isso não é resposta — ela falou impaciente. — Diz logo, por que eu devo ficar em casa?
— Você ainda tá meio triste com o lance do vestido. As pessoas podem querer te perguntar sobre você ter saído da balada chorando.
— Até ontem praticamente, você estava dizendo que eu precisava sair e pegar alguém — ela disse de sobrancelha erguida.
“E você se negou o tempo inteiro”, pensou. não poderia arruinar todo o plano agora, com certeza já estava à caminho da casa dela.
— Amanhã a gente sai, okay?
— E por que não hoje?
. Escute-me ao menos uma vez na sua vida e fique em casa. Eu preciso que você faça isso, confie em mim.
— Tudo bem. Vou pedir pizza e a gente come aqui mesmo.
— Eu não vou ficar. — ele disse baixo, já esperando pelo surto da amiga.
— Você não quer que eu saia, e não quer ficar aqui?
— É — ele disse simplesmente.
— Vou ligar pra . Ela vai querer minha companhia.
— Fique aqui nessa casa sozinha, sem ninguém. Por favor. — "Vamos, Jake, pense em algo cabível pra dizer." — Eu vou ali, vou demorar um pouco, mas eu vou voltar. E vou te trazer algo que você só pode ver se estiver sozinha aqui.
— Jake, você por acaso começou a usar drogas? Toda essa conversa não tem nexo algum.
— Confia em mim? — Ele perguntou firme.
— Não está drogado? — Já ela parecia meio assustada.
— Não — ele riu. — Só espera que já volto.
Jake deu um beijo no rosto dela e foi em direção à porta pra depois sair e fechar a mesma. Esperava mesmo não se arrepender de se meter naquele plano idiota de .

— Fiquei surpresa quando você me ligou dizendo que queria me ver. Achei que a estaria aqui, já que estamos tão perto da casa dela — falava sem parar.
— Eu preciso ficar aqui por perto pra ver uma coisa — Jake falou, olhando pra rua.
— Por que você tá olhando tanto pra rua?
— Já disse que preciso ver uma coisa — falou impaciente.
— E me chamou pra quê?
— Achei que quisesse...
Ao ver o carro de estacionando em frente ao prédio de acabou perdendo a linha de raciocínio e não terminou a frase.
— Jake?
— Er... Achei que quisesse passar um tempo comigo — ele ainda encarava a porta, o que fez com que olhasse para lá.
— Aquele parece o carro do ?
— Hã? Claro que não!
— Pare... — e antes que ela falasse ou olhasse pra qualquer lugar, Jake a agarrou e a beijou.

já estava ficando impaciente. Fazia quase uma hora que Jake tinha saído. Tudo bem que ele disse que ia demorar, mas precisava tanto? Quando já estava quase desistindo de esperar e decidindo que iria se arrumar pra sair, mesmo sozinha, escutou alguém tocar no seu apartamento.
— Por que ele ainda toca? Sabe que tá aberto — disse enquanto pegava um copo com água e se dirigia a porta.
Quando abriu não encontrou ninguém, olhou pra o corredor e viu apenas um carinha abrindo a porta do próprio apartamento. Foi quando olhou pra o chão e viu uma caixa. Ela abriu e viu apenas um chocolate, pensou em não abrir, — abrir um chocolate que nem sabia a procedência não era uma boa idéia, né? — mas viu que nele dizia que dentro continha um bilhete dourado. Aquilo devia ser coisa de Jake, ele sabia que ela sempre amou o filme "A fantástica fábrica de chocolate" e sempre quis encontrar o bilhete dourado. Abriu e foi logo procurando o bilhete que dizia: Você me desculpa?
começou a ficar assustada. Novamente olhou pra o corredor, e para sua má sorte percebeu que o mesmo carinha que ela achava que estava entrando no apartamento minutos atrás, agora tentava abrir a porta do apartamento que ficava apenas separado por mais um do seu. Sentiu seu corpo gelar e quando ele virou o susto foi ainda maior.
— Hã? — deixou cair da sua mão o copo com água e pulou quando sentiu alguns cacos caindo em seu pé.
— Oi — o suposto carinha falou com uma das mãos no bolso.
— O que você está fazendo aqui? Quer me matar de susto? Isso lá é brincadeira que se faça?
— O Jake jurou que ao menos agora você reagiria bem.
— O que o Jake tem a ver com isso?
— É que bom, eu tava precisando falar com você...
Ela não o deixou terminar.
— Não importa. Apenas me explique o que você está fazendo aqui. — Perguntou batendo o pé no chão com um jeito mandão.
Ele riu.
— Eu sei que eu fui um estúpido com você. Que eu não deveria ter jogado aquilo no seu vestido, que eu te tratei mal, não me importei em saber o porquê de você ter ficado tão mal, resumindo, eu sei que fui um babaca...
— Você sempre é — ela disse o interrompendo.
— Por favor, não me atrapalhe. Se não eu é quem vou me atrapalhar todo e isso não vai sair conforme o combinado.
— Então continua.
— Será que a gente pode entrar?
— Não — disse seca.
— Então, tá. Bom, como eu ia dizendo: Eu sei que fui um babaca com você, mas eu juro, juro até por você.
— EPA! — o interrompeu novamente — Nada se jurar por mim, okay? Não me coloque no meio das suas idiotices.
— Tudo bem, juro por mim, só não me atrapalhe novamente.
Ela não queria, mas riu. Seja lá o que ele estivesse tentando falar, exigia um esforço absurdo dele. Nunca o vira tão nervoso antes. Se ela não estivesse tão irritada com ele, acharia tudo aquilo uma gracinha.
— Sei que fui um babaca, mas eu juro POR MIM, que eu não teria feito nada daquilo se soubesse o significado do vestido pra você.
Novamente abriu a boca pra falar algo, mas lhe lançou um olhar reprovador e ela calou.
— Não que isso justifique o fato de eu ter acabado com sua noite, mas eu estava irritado naquele momento, e eu não sabia nada da historia. A única coisa que eu sabia era que você tinha jogado um copo de refrigerante no meu rosto. E eu sei, eu sei — ele disse, levantando a mão assim que percebeu que ela novamente queria falar — eu tinha sido um idiota e tinha merecido aquilo, mas na hora eu fiquei possesso, daí te vi linda daquele jeito naquele vestido — ela abaixou o olhar, sem graça — e só pensei em uma maneira de acabar com sua noite e qualquer possibilidade de você aproveitar. Mas é sério, eu jamais faria se soubesse que tinha sido da sua irmã, nem mesmo eu estando irritado como estava.
respirou fundo, como se dissesse sem palavras, que aquela ladainha toda estava a deixando cansada.
— Não seja tão irritante, eu estou tentando consertar as coisas — ele disse, agoniado. — Pensei em uma maneira de consertar tudo, mas a lavanderia disse que não tinha como limpar, isso foi outra coisa que não fiz de propósito, tudo bem que eu pedi a coisa mais colorida do bar, mas eu sempre achei que aquilo fosse sair, afinal era apenas uma bebida.
— Foco — ela disse, impaciente.
— Tudo bem. Bom, como não tinha como sair, eu pedi que fizessem o melhor que pudessem, mas não melhorou muito comparado ao resultado que você conseguiu na lavanderia anterior. Então eu levei o vestido em um dos melhores alfaiates da cidade e pedi que fizessem um igual ao seu, no meu ponto de vista, ficou realmente igual. E eu sei que isso não vai mudar muita coisa, mas eu apenas pensei que assim, quando você o vestisse, você ainda se olharia no espelho e veria um pouco da sua irmã lá. E quando batesse saudade do verdadeiro, era só abrir o seu closet pra olhá-lo. Você teria o melhor dos dois.
Os olhos de já estavam cheios de lágrimas nesse momento.
, o Jake me contou tudo, com detalhes. E eu só queria te dizer que você é tudo, menos culpada nessa história toda. E também queria te pedir desculpas por ter te feito lembrar isso tudo novamente, eu sempre faço tudo errado, e parece que isso multiplica por mil quando estou perto de você. Mas eu só quero que você me desculpe e que saiba que eu não sei por que, mas eu me importo muito contigo. Às vezes você me tira do sério, mas minutos depois a raiva já passa, não sei como você faz isso, mas sei que você conseguiu o que um monte de gente tenta e nunca consegue. Você conseguiu fazer eu me importar com alguém. E bom, eu sinto falta de você me enchendo o saco, mas também me fazendo rir. Eu sinto falta da minha melhor amiga.
permaneceu parada segurando a porta. Ela o olhava de cima a baixo com os olhos cheios de lágrimas.
esperou um tempo, mas não aguentou o silêncio dela.
— Bom, pelo seu jeito, isso não serviu de nada, embora eu tenha feito de tudo pra sair igual ao que o Jake me disse. Tá aqui o vestido — ele pegou uma bolsa no chão -, também trouxe flores — tirou as flores que estavam dentro da bolsa. — Acho que se alguém tem que levar uns socos é o seu amigo, que me jurou que isso poderia funcionar se eu seguisse a parte que ele implementou no plano...
— Ele que mandou você fazer tudo isso? — ele riu, ela passou tanto tempo calada, e quando falara foi pra o interromper.
— Na verdade, não. Eu fui atrás dele depois que a me falou por alto o que sabia. Queria ajuda dele pra conseguir te pedir desculpas sem levar uma facada no peito — os dois riram -, daí ele juntou tudo e me disse o que fazer. Mesmo depois de dizer que eu estava louco, ele jurou que mesmo você sendo você, e eu sendo eu, isso poderia funcionar — bufou frustrado. — Mas já que não funcionou, eu vou levar uns bons socos, e olhe que quem mais merece é seu amigo por ser um conselheiro de meia tigela. Mas combinado é combinado.
— Hã? Por que você vai levar socos?
— Ele disse que me ajudava com uma condição: caso você não me desculpasse e ficasse mal, ele me daria uns bons socos por eu ser o maior babaca que ele conhece. Achei que valeria o risco.
Ela, que agora segurava o vestido e as flores, empurrou a porta com o cotovelo a abrindo mais e disse:
— Entra — falou e foi colocar as coisas na mesa.
Mesmo desconfiado ele entrou, tentando não pisar nos cacos de vidro.
— Você não pretende me matar com esses vidros ou com alguma outra coisa, né?! Por que eu prefiro os socos do seu amigo, te juro que vai doer muito, prometo que se sentirá vingada.
riu e se virou pra ele.
— Eu não vou te matar, — ela riu novamente.
— Então o que você vai fazer? — Perguntou um pouco assustado.
— Isso.
Então pulou em seus braços e o beijou.
De começo ele ficou tão surpreso que não conseguiu retribuir o beijo, mas depois caiu em si e a puxou pra cima, de forma que ela ficou com as pernas em torno da sua cintura, e a beijou fervorosamente.
Meu Deus, como ele gostava de beijar aquela mulher. Podia sentir cada pelo da sua nuca arrepiar com o toque da mão dela. Ela só podia ter algum tipo de magia, porque aquela atração física que ele sentia por ela era quase inexplicável.
— Você está desculpado.
— Onde fica seu quarto mesmo? Não lembro mais — ele disse ofegante, e ela riu.
— Segundo a esquerda — disse rindo e voltando a beijá-lo.
Quando chegaram ao quarto, não demorou muito para ambos se despirem e fazerem o que tanto desejavam.
E uma coisa eles concordaram, foi a melhor de todas.

Jake olhou o relógio e viu que já fazia um tempo que tinha entrado, pelo tempo só poderia ter acontecido duas coisas: ou tinha o matado, ou os dois estavam se pegando. E uma coisa ele sabia, caso a primeira hipótese tivesse acontecido, ele já teria recebido um telefonema dela o chamando pra a ajudar a esconder o corpo.
— Que tal irmos pra sua casa? — ele sugeriu.
sorriu empolgada.
— Achei que não fosse propor isso nunca.
Os dois riram.

— Então, deixa eu ver se entendi, , o cara mais desencanado que conheço, foi à procura do meu amigo pra pedir conselhos sobre como me pedir desculpas? — Ela perguntou rindo, com o queixo apoiado no peito nu dele.
— Não ria, isso foi bem assustador, se você quer saber. Quando vi aqueles cacos no chão pensei: ela vai me matar com isso.
Clarke gargalhou.
— Eu não iria te matar idiota, mesmo se eu não te desculpasse.
— Então estou mesmo desculpado?
— Achei já ter dito isso.
— Mas naquela hora você estava sobre efeitos da minha perfeição, não conta.
Ela lhe deu uma tapa.
— Depois de todo esse circo que você aprontou, não teria como eu não te desculpar.
se aninhou melhor no corpo de e lhe deu um beijo que o deixou sem reação.
Nunca foi bom nessas situações, tudo aquilo lembrava muito uma cena de casal apaixonado.
Quando ele ia falar alguma desculpa pra ir embora, ela começou a fazer círculos com as unhas no peito dele e perguntou:
— Quer comer alguma coisa?
— Tipo? — Ficar passando as unhas nele não era justo, ele jamais conseguiria dizer que não.
— Tenho biscoito, salgadinho e refrigerante — disse rindo.
— Sempre achei que você fizesse a linha saudável.
— Eu tento — riu. — Mas é muito difícil, até tenho algumas coisas melhores na cozinha, mas são todas de cozinhar, e eu estou cansada.
— Te deixei acabada não foi? — Ele perguntou safado.
lançou-lhe um olhar reprovador e ele gargalhou.
— Vai pegar as coisas, a gente come aqui mesmo — falou depois de levar uma tapa dela.
— Okay — ela lhe mostrou a língua.
Quando ela ia levantando, parou e falou:
— Posso te fazer uma pergunta?
— Você já está perguntando, Clarke.
— Sério — rolou os olhos.
— Faz.
— Você já fez algo parecido pra outra pessoa?
— Não — disse simplesmente.
— Então por que fez pra mim?
— Eu já disse: me importo com você.
— Por que? — Ela parecia esperar uma resposta que ele não fazia ideia de qual era.
— Porque me importo, essas coisas acontecem. Seria a mesma coisa que te perguntar por que se importa com o Jake.
— Eu me importo porque ele me faz bem, porque ele me faz feliz, mas não sei se teria feito isso por ele com o tempo de amizade que você tem por mim. — Ela o olhou e de repente tirou a vista e mudou de assunto. — Vou buscar a comida — e novamente o beijou.
ficou no quarto pensado: "Por que todas aquelas perguntas?" Pra ele sempre foi muito óbvio o motivo de estar ali. Ela era a melhor amiga dele em anos, tudo bem que rolava uns beijos que não deveria rolar quando se fala de amizade, mas ainda assim era apenas amizade. E ele nunca ligou pra questionar nada nisso.
Mas e ela? Por que ela queria saber o motivo de tudo aquilo? E por que não se satisfez com a explicação dele?
Um pânico começou a percorrer o seu corpo. Será que aqueles beijos ali na cama significavam o que poderia significar para o resto das mulheres? Porque se sim, ele teria que sumir dali.
Levantou da cama e começou a recolher suas roupas. Quando ia começar a vestir, abriu a porta cheia de coisas na mão, e nua, só pra constar.
— Toma aqui.
Ela falou logo que abriu a porta.
se assustou.
— Que susto. — acabou derrubado as roupas no chão e agora as recolhia.
— Achei que você e sua preguiça fossem esperar na cama — ela disse rindo.
— Eu já estou indo — ele segurou o ar esperando a resposta dela.
— Você não vai comer?
— Acho melhor eu ir pra casa, os meninos já me ligaram me chamando pra uma festa, mas até acho que vou dispensar. Tô a fim de tomar uma ducha e cama.
— Por que tá mentindo?
Merda. Droga de intimidade que eles criaram em tão pouco tempo. Ela o conhecia bem.
— Não estou mentindo.
— Você quer sair com os amigos né? — Ela perguntou, calma demais pra surpresa dele. — Pode levar essas coisas e deixar na mesa? Tem muita coisa para eu comer sozinha. — começou a lhe dar alguns salgadinhos.
— Er... claro.
— Ta okay, obrigada.
Ela foi e deitou na cama, ligando a TV. Depois pegou um cobertor e se cobriu.
Tudo bem, tinha que admitir que a ideia de ficar lá na cama com ela era bastante tentadora, até cogitou, mas algo na sua cabeça apitou e disse para ele evitar momentos como esse com ela até que tivesse certeza que tudo significava o mesmo pra os dois.
Ele terminou de se trocar.
— Vou nessa.
Se dirigiu até ela e beijou a topo da sua testa.
— Até amanhã.
— Até.
Quando ele ia saindo do quanto ela o chamou:
.
— Oi — se virou pra ela.
— Obrigada pelo vestido, pelas flores, por ter consertado tudo.
Ele teve medo do que poderia vir a seguir. "Que ela não se declare".
— Também sentia falta da sua amizade — ela disse por fim.
respirou aliviado e riu pra ela. Depois fechou a porta e foi embora.
Parece que tudo estava resolvido.

Capítulo betado por Bruna Kubik


Capítulo 6 – And then?

— Oi — Jake falou, entrando na casa de Clarke.
— Você não acha que tem algo para me explicar? — ela perguntou, batendo o pé no chão.
Ele riu.
— Sei que teve uma ótima noite. — E quando ela iria perguntar como ele sabia, o amigo emendou: — Não precisei vir aqui esconder nenhum corpo com você.
— Ele foi muito fofo — confessou, escondendo o rosto nas mãos. — Você precisava ver como foi lindinho.
— Ele dormiu aqui?
— Não, foi embora um tempinho depois.
— Não rolou...
— Sim, rolou. Mas ele ficou estranho do nada, acho que tinha algo para fazer.
— E por você tudo bem?
Não era comum para ele ver a amiga ficar bem com aquele tipo de coisa, não mesmo.
— Não temos nada, Jake. Não posso querer que fique aqui na minha casa vivendo uma vida de casal.
— Não existe nenhuma parte sua que quer isso? — insistiu. A que ele conhecia não sabia ser daquele jeito.
— Aonde você quer chegar? — Rolou os olhos.
— Sou seu melhor amigo, sei quem você é de cor e salteado. E você não é do tipo desapegada. E embora ele seja um completo idiota metido a gostosão, por você, ele se torna seu tipo.
— Eu não estou apaixonada por ele — disse como se fosse óbvio.
— Não agora — advertiu, vendo a amiga bufar. — Só estou mandando tomar cuidado. Não sei até que ponto ele muda pela “amiga” dele.

Na tarde daquele mesmo dia, chegou ao set de filmagens com um sorriso radiante e mais feliz do que o normal.
— Adivinha quem teve uma noite perfeita? — cantarolou e abraçou , toda empolgada. — E advinha com quem foi!
— A pessoa que teve a noite perfeita foi você, mas quero saber com quem.
— Com seu melhor amigo, baby.
— Jake? Nossa, pelo visto a noite de todos foi ótima.
— Como assim? — Parker arregalou os olhos.
— Não... é que...
Nesse momento chegou e como de costume abraçou por trás.
— Você também teve uma noite ótima, ?
— Hã? — “Ela não pode ter contado” pensou.
— A Parker está toda feliz, porque ficou com o Jake. Só estou dizendo a ela que minha noite também foi ótima. Um bom filme, boa comida... Tudo que eu precisava.
Fez-se um silêncio até que olhou confusa para aquela cena.
— Espera. Vocês estão se falando?
— É, a gente se entendeu — respondeu, ainda abraçado com a garota.
— E isso aconteceu quando?
— Ontem.
— Mas ontem vocês saíram daqui sem se falar, onde foi isso? — indagou intrigada.
Embora não gostasse da ideia de esconder aquilo da melhor amiga que ela tinha no trabalho, achou que há certos segredos que precisam ser mantidos para que continuem sendo boas lembranças. Ela sabia que, caso aquela história vazasse, os problemas sucumbiriam tudo de bom daquela noite.
, você tá confusa demais hoje e quer nos confundir, o que importa é que estamos bem, o não consegue viver sem mim.
— Ela jura. — Deu um beijo na testa dela e outro na bochecha de . — Vamos trabalhar.

— CORTA! Maravilha, vocês podem ir para casa e estejam de volta às oito da noite. Hoje vamos madrugar por aqui.
— Alguém topa jantarmos juntos e depois virmos? — Gray perguntou.
— Por mim, ótimo.
— Por mim também.
— Então, às seis e meia todo mundo lá no restaurante de sempre — finalizou. — Vamos embora.
— Essa é a parte boa de vocês estarem de boa, podemos sair juntos. — comemorou.
— É como eu disse: — ficou de frente para e passou os braços ao redor do seu pescoço — ele não vive sem mim.
Depois disso o abraçou de verdade e o homem, novamente, escutou um sinal tocar em sua cabeça. Era sempre ele que a abraçava, por que agora ela fazia o inverso?
— Ér... — tentou falar algo. — Não acredite nisso, Clarke.

estava mesmo preocupado com o que poderia estar passando na cabeça de . Ele gostava demais dela, era a pessoa com quem mais se importava. Na cama ela era a melhor de todas, mas ainda sim, ela era apenas isso: a melhor amiga e a melhor na cama. E ele não pretendia mudar em nada as coisas, mas e ela?
Decidiu então que evitaria qualquer contato mais íntimo até que conseguisse enfiar na cabeça dela que aquilo era apenas amizade. Mas assim que ela chegou ao restaurante começou a perceber que evitar beijá-la seria bem mais difícil do que ele pensava.
Ela estava linda.
Como uma mulher consegue se diferenciar das outras, mesmo usando uma calça de jeans rasgado? Deveria ser aquela blusa dela, tava mostrando demais. Era daquelas T-SHIRTS que a lateral mostrava o sutiã e uma parte da barriga, ele teve vontade de duas coisas: arrancar a blusa e poder ver direito o corpo dela e, a vontade mais sensata, que era costurar toda a lateral da blusa da garota.
, você tá bem? — perguntou quando percebeu que o amigo encarava o nada.
— Tô, tô sim.
— Do nada calou e ficou com cara de débil mental. — o amigo constatou e as meninas riram. — Vamos fazer logo o pedido. — “E terminar logo essa tortura”, quase emendou.

Estava, todos perto da piscina que fazia parte do cenário do colégio em que os alunos de Five Hills estudavam. A cena não era nada complexa, apenas um encontro dos quatro, mas que no fim resultariam em uma briga entre as amigas Deena e Ashley. O grande problema mesmo estava no frio que fazia naquele momento, fazendo com que biquíni e sunga parecessem as piores roupas do mundo.
— Meu Deus, gravar na piscina há essa hora é a pior coisa.
— Se ao menos fosse todo mundo nu — disse e pareceu imaginar a cena.
— Deixa de ser pervertido, Gray. Que horror! — gritou.
— Vamos fingir que isso não seria legal, então. — o rapaz falou e riu. — Você não curtiria, ?
Não precisavam esperar pela resposta dele para saberem o que seria dito, afinal, ele era , o cara que nunca nega uma situação dessas, mas nessa hora chegou, sem o roupão, perto deles e fez com que esta idéia parecesse horrorosa. Como se manter longe com ela linda daquele jeito?
— Não, jamais. — ele disse um pouco nervoso com a menina vindo em sua direção. — A partir de hoje, eu não faço mais safadezas.
E respirou aliviado quando ela virou parar falar com .
, pode amarrar isso aqui direito, tá quase soltando?
— Claro. Segura aí na frente que eu vou soltar aqui.
— Okay.
Mas assim que soltou, alguém da produção gritou por ela.
— Eita! amarra aqui pra ela. Tenho que ir ali.
— Eu? — perguntou já tendo que segurar o biquíni para não deixar a amiga sem nada na parte de cima.
— Você não sabe amarrar um biquíni, ? — perguntou.
— Claro que sei, Clarke.
— Então não seja burro e arruma logo isso.
— Me irrita que eu deixo folgado para se abrir.
— Daí ficava todo mundo nu.
, você está ficando mais safado que o .
— Eu? Eu não estou pensando nada demais. — disse na defensiva.
Mas ele mentia. Ele estava sim pensando algumas coisas, coisas essas que ele definitivamente não poderia fazer em público. Mas mesmo assim ele não conseguia parar de pensar.
— Obrigada — ela disse assim que ele prendeu. — Vou pegar um roupão.
— Tô começando a achar que essa atração que você diz ter pela , não é só brincadeira. — falou assim que ela saiu.
— Hã?
— Você parecia que iria comer ela com os olhos. Ainda bem que está de roupão, não quero nem ver...
— Controle—se. E eu nunca disse que era brincadeira.
— Então por que não parte mesmo pra cima?
Já parti. pensou em dizer, mas em vez disso, falou:
— E como fica o lado profissional e a amizade nisso tudo?
— Você não está falando do pedido do Finn, ou está? Por que eu mesmo só obedeci porque ainda não apareceu ninguém que realmente me interesse. E a amizade? Eu sugeriria uma amizade contemporânea. Vocês se pegam, mas nada de cobrança, nada de nada, quando der vontade, deu. E se nunca mais der, nunca mais rola. Só aproveitar.
— Mulher nunca entende essas coisas e quando entende, não topa.
— E pra quê servem esses seus olhos ? Use seu charme e a convença.

— Perfeito pessoal. Podem ir pra seus camarins, acabamos por aqui.
Com aquele frio, ninguém quis ficar conversando antes de trocarem de roupa, por isso foi direto pra o seu. Já era uma e meia da manhã e ela precisava urgentemente da sua cama.
Tirou o roupão e assim que ia começar a tirar o biquíni, entrou com tudo em seu camarim.
— Eu definitivamente não consigo. — ele disse ofegante e parecendo muito nervoso.
— Hã? — perguntou confusa e assustada.
— Eu sei que homem é mais difícil pra controlar suas vontades, mas não é possível que você também não sinta essa atração toda, IMPOSSÍVEL. Então eu quero te sugerir uma coisa.
— Desde que você comece a fazer sentido, tudo bem. — ela o olhou curiosa.
— A gente fica, se beija, aproveita quantas vezes os dois quiserem. Pode ser a hora que for, o dia que for, desde que os dois estejam disponíveis, já quebramos as regras um monte de vezes mesmo. — falou ainda ofegante.
— O que exatamente você quer, ?
ainda o olhava confusa. O que tinha dado nele?
— Burrice há essa hora não dá, Clarke! — suspirou e recebeu uma tapa. — Sugiro que a gente aproveite essa química, física e a merda toda que a gente tem. Nada de cobranças, cada um fica e faz da sua vida o que quiser.
— Uma amizade colorida?
— Colorida dá um toque romântico demais, vamos chamar de amizade com benefícios. Você sabe de todos os meus defeitos, e eu sei que se você tiver o mínimo de juízo na sua cabeça, não vai querer nada sério comigo...
— Fato!
— Eu também não quero nada sério, e não é só com você, é com ninguém. Mas eu também quero ficar com você e sei que você quer ficar comigo. Então, que tal? Você pode se sentir livre pra procurar o cara certo nesse tempo e eu me sinto livre pra continuar conhecendo as erradas. Nada de cobranças, drama, nada de sentimentos. Puramente amizade com benefícios.
— Por que você acha que eu vou topar isso?
— Por que a gente meio que já tem isso. — ele disse como se fosse óbvio e se viu obrigada a concordar — Só vamos rotular e poupar charminho.
— Na hora que um quiser pular fora, posso, certo?
— Certo! Mas pra isso dar certo você só vai ter que me prometer uma coisa.
— O que?
— Que em hipótese alguma vai se apaixonar por mim. — falou sério demais para o orgulho da garota a sua frente.
Agora até ele achava que ela iria se apaixonar?
— Você tá se achando importante demais — ela disse, um pouco irritada com o rumo do papo.
— Não, muito pelo contrário, eu te acho importante demais. Eu não seria capaz de te fazer bem e isso acabaria com toda a nossa amizade. Entenda que eu não sou o cara certo pra namorar, e só assim nosso trato dará certo.
— Isso eu já sei. — disse como se fosse óbvio.
— Então, pronto. Vamos encurtar essa distância porque eu necessito de você agora.
E sem mais avisos ele a agarrou e a sentou na penteadeira, derrubando algumas coisas que estavam e cima.
— Será que podemos fazer isso em uma casa? — conseguiu falar no meio do beijo — Não me sinto bem fazendo coisas assim aqui, e não quero que a gente se meta em encrenca —disse um pouco sem ar.
— Você tá certa. Termina aqui e vai direto pra minha casa. Vou na frente e estarei te esperando. — E a beijou.
Depois foi embora e ela ficou lá, respirando fundo e sentindo que tava se metendo em uma grande roubada.

queria aceitar aquele trato, não tinha como negar. Mas sabia que não devia e isso também não tinha como negar. Precisava encontrar um equilíbrio entre as duas coisas e ver qual das duas era a correta. Por isso, desesperada para decidir logo — e se jogar nos braços de , embora nunca fosse admitir em voz alta — ela resolveu ligar para a única pessoa a quem teria coragem de confiar aquele segredo.
— Jake?
? O que aconteceu? Por que tá me ligando uma hora dessas?
A menina mordeu o lábio, mesmo que ele não pudesse ver.
— Você é meu amigo e eu preciso saber sua opinião.
Fala logo — disse sem paciência.
— Tipo, é que...
Achei que você tivesse escutado quando eu disse que era para falar logo. É madrugada, caramba!
— Tudo bem — bufou. — Seria muita idiotice se eu topasse ter uma amizade colorida com o ?
Sim, seria. — disse simplesmente e ficou de queixo caído.
Era tão óbvio assim que aquilo era roubada?
Mas vocês já têm mais ou menos isso mesmo, e sei que não vão conseguir parar nem tão cedo, ao menos rotulando vocês selam um trato que faça bem aos dois.
— Então eu devo mesmo aceitar?
Jake rolou os olhos. Por que ele tinha mesmo se tornado melhor amigo de uma garota? Então ele logo lembrou o porquê.

— Seu babaca, você ainda não entendeu que meninas como a Prya não foram feitas para você? — um dos grandalhões gritava enquanto Jake colocava a mão na barriga, na tentativa de diminuir a dor.
— Chris, o que você tá fazendo? — uma menina linda, de trança e de voz fina gritou, era Clarke.
— Como o que estou fazendo? Estou colocando esse garoto no lugar dele!
— Será que você pode ser menos babaca? — indagou, e depois virou pra Jake — E você, garoto, será que pode ser menos molenga? Por Deus, suspeito que não seja a primeira vez que te vejo levando uma surra. Levanta daí — e foi em direção a ele com a mão estendida.
— Ele estava dando em cima da Prya, levou até flores pra ela. Ela disse que se sentiu humilhada por um idiota como ele se declarar pra ela na frente de todos. — Matt, outro da turma dos grandalhões falou.
— Não há nada de humilhante em receber flores de um garoto como ele.
corrigiu, parecendo enojada com aquela situação.
Jake assistia calado a menina o defender.
— Ela é sua melhor amiga.
— Se a Prya quer mesmo ser minha melhor amiga, ela vai ter que entender que eu não acho essas atitudes corretas. Agora levanta — estendeu mais uma vez a mão para Jake que segurou e levantou. — Se eu ver mais uma vez vocês batendo nesse garoto ou em qualquer outro, vou à diretoria e entrego vocês e quem mandou fazer isso.
Depois puxou Jake e saiu.
— Obrigado — o menino falou assim que os dois se afastaram do bando.
— Não me agradeça, porque da próxima vez que eu ver você apanhado de quem quer que seja, te livro, mas depois quem te bate sou eu. — ele riu e ela também — Vou indo nessa, mas se eles te encherem novamente, é só me contar.
Deu um beijo no rosto do menino e foi embora.


Toda essa lembrança durou segundos, mas Jake sorriu ao lembrar dela. Ele precisou dela muitas vezes depois daquilo.
Suspeito que você já aceitou, .
— Mas se você disser que eu não devo, eu volto atrás.
Você quer, não quer?
— Não sei.
É claro que você quer. Só cuidado, tá bom? Não quero ver você machucada.
— Não vou me apaixonar por ele. — a menina disse meio ácida.
Assim eu espero. Agora será que posso voltar a dormir?
— Claro que pode. Só queria mesmo saber se você não achava tão absurdo, mas já que não acha.
Na verdade eu acho, mas o que faz sentido nessa vida? Aproveita e se previna.
— Idiota. — ela gritou e os dois gargalharam.

***



Era mais um dia de gravação e estava descansando ao lado de enquanto esperava sua próxima cena. Não sabia até quando aguentaria aquele esforço todo, estava tão cansada.
Quando já estava quase cochilando, o celular da sua amiga acabou despertando-a.
— Alô? Ai meu Deus, que tudo... Nossa primeira revista, acho que vou desmaiar.
falava toda empolgada no celular e a observava e ria.
— Você não acredita — ela começou assim que desligou. — Meu agente ligou agora dizendo que recebemos o convite para ser capa de uma revista adolescente.
— Quem recebeu exatamente?
— Nós quatro, ué? Acho que daqui a pouco seu empresário também te liga. Você tem noção do quanto isso é emocionante? Vamos estar em tudo que é bancas. Sou a pessoa mais feliz do mundo.
— É — fingiu empolgação, mas na verdade só conseguia pensar: “eu não sou tão carismática sem um texto decorado.
— Prontas para posar junto comigo para uma revista? — jogou—se ao lado de e a abraçou.
— Percebo que meu empresário anda bem atrasado. Ainda não recebi nenhuma ligação dele.
— Eu to pirando — disse, ignorando o comentário da amiga. — Vou comprar umas dez revistas pra mim. Tô sendo uma boba, não é? — perguntou ao amigo — Isso já deve ser tão normal pra você que deve tá se perguntando o que eu vejo de tão fantástico nisso.
— Isso realmente já faz parte da minha vida e eu não lembro como foi minha primeira vez nisso, porque eu era criança. Mas relaxa, entendo você, nada idiota. E você, Clarke? — virou—a para ele — Cadê sua empolgação? Nem parece animada.
— Eu estou — em pânico — animada, claro. Mas não dá pra pedir que eu fique como a .
Parker fez cara de ofendida, mas logo riu.

— Que tal comemorarmos que você vai ter sua primeira capa de revista? — já entrou falando no camarim de .
— Qual o seu problema em bater na porta, ?
— Eu sou sempre bem-vindo aqui, para quê formalidades?
— Modesto como sempre — rolou os olhos.
— Mas e aí? — continuou, ignorando a provocação. — Vamos comemorar?
— Como vai ser a comemoração?
— Sua casa, muitos beijos, nada de roupa.
Ela gargalhou.
— Você leva mesmo a sério esse lance de não ser romântico, né?!
— Eu já disse que não é para esperar...
— Não estou reclamando, só é engraçado. Vou me arrumar aqui, e te espero lá.
— Você fica sexy dizendo isso, . Repete.
— Para de ser trouxa e se manda — ela riu e ele continuou parado. — Te espero lá.
— Isso.
E os dois gargalharam.


Quando escutou sua campainha tocar, colou um sorriso no rosto e foi abrir a porta louca para se jogar nos braços do cara que estava do outro lado.
— Cheguei — ele disse assim que ela abriu a porta. — Achei que fosse estar de lingerie me esperando. — e fingiu desapontamento.
— Não é como se eu quisesse te agradar e muito menos como se eu precisasse disso pra você tá aqui.
— Tá ficando boa nisso, Clarke. — disse rindo e depois a beijou — Eu já disse o quanto você fica sexy quando fala assim?
— Talvez sim, você diz que fico sexy de várias maneiras. — falou, tentando parecer com ele.
— Preciso controlar você — rolou os olhos. — Mas faço isso depois.
— Posso saber por quê? — perguntou com um sorriso nos lábios.
— Tenho planos melhores pra gente agora. — dirigiu-se a ela e a segurou pela cintura.
— E eu posso saber quais são?
Ele mordeu o lábio inferior dela.
— Vou te mostrar.
E assim ele a beijou.

— Tô linda? — deu uma rodadinha na frente da amiga.
— Você já é linda.
— Eu não quero ouvir isso, quero saber se estou linda dessa maneira.
— Você tá maravilhosa, , maravilhosa.
— Você também está. Meu Deus, eu fico deprimida perto de você — a menina fez uma voz afetada. — Tenho vontade de te bater por ser tão linda assim e mais ainda por você ficar com essa cara de paisagem perante isso tudo. Tanta beleza e você nem parece se importar.
— Eu só não sei o que fazer, . Estou apenas em pânico. O que quer que eu faça?
— Se solte, ué? Você é linda, uma ótima atriz, muito responsável, consegue ter um charme sem precisar forçar. Se solte.
— Obrigada — disse e deu um abraço na amiga. — Você deixa as coisas mais legais, Parker.
— Essa é a minha missão nesse mundo. Sou demais.
E saiu empolgada.

— Por que será que eu não estou te achando tão empolgada quanto deveria? — dessa vez foi quem chegou comentando.
— Por que eu estou apavorada.
Ele riu.
, não ria. Isso não tem graça.
— Tudo bem — riu e ela lhe lançou um olhar irritado. — O que te apavora?
— A possibilidade de as pessoas verem que eu sou bem menos interessante do que a série mostra.
— É isso? — ele perguntou como se tudo aquilo fosse uma besteira. — Sei que isso vai soar um pouco gay, mas você é ótima do jeito que é, . Por favor, até — falou de si mesmo na terceira pessoa e ela riu — te deu uma chance, você é demais.
costuma dar chances a muitas garotas.
— Mas a nenhuma delas ele propõe uma amizade com benefícios. — falou erguendo uma sobrancelha.
— É — riu.
— Brincadeiras à parte, não minto quando digo que todos vão te adorar do jeito que você é. Lá no set, todos te adoram e você é apenas você. Então relaxa e aproveita isso aqui, te asseguro que pode ser bem divertido.
— Obrigada — e lhe deu um selinho.
— Não precisa me agradecer por dizer o óbvio. E bom, sei que sou demais, mas contenha-se, estamos em público.
A menina lhe deu uma tapa e ele gargalhou.

Os quatro já estavam com as roupas para as fotos e aguardavam apenas o fotógrafo chamar para tirarem as fotos, mas antes disso uma mulher segurando uma caderneta e um gravador de voz chegou perto deles e falou:
— Antes das fotos, vamos fazer algumas perguntas, okay?
— Claro — os quatro responderam.
De começo eram perguntas bobas, coisa como manias secretas, quem é o mais isso ou aquilo. Depois as perguntas foram ficando mais pessoais.
— E você, . O que acha desse novo mundo?
— Eu? — era a primeira pergunta direcionada diretamente pra ela.
— Sim. — a mulher respondeu, rindo.
— Bom, como já deve ter percebido, sou um pouco mais calada, o que faz com que eu ache tudo isso uma loucura bem maior que os outros três. Mas mesmo não me sentindo exatamente pronta para isso, estou amando. Claro que existem uns comentários maldosos aqui ou acolá, mas na maioria das vezes são os comentários e o carinho das pessoas que me motivam a continuar nessa carreira.
— Digam se essa menina não é fofinha? — praticamente gritou, rindo.
— Parker — a amiga repreendeu com as bochechas vermelhas.
pensou em fazer algum comentário sobre como ela ficava envergonhada com facilidade quando estava sóbria, mas lembrou que não deveria.
— Vejo que de alguma maneira os casais foram divididos de um jeito que vai além dos papéis.
— Como assim? — perguntou.
— Você e a são bem mais calados, um pouco introspectivos. Já o e a são mais soltos. Penso que viram que seria mais fácil para vocês fazerem par com quem se tem mais a ver, para a amizade se firmar mais rápido.
— Que nada — negou balançando as mãos. — Posso até ter esse jeito mais falante assim como o , mas a melhor amiga dele aqui é a .
— Sério? — a mulher demonstrou interesse e ficou preocupado com o rumo daquela conversa.
— Sim, sim — Parker respondeu. — Nós quatro criamos uma espécie de irmandade, somos muito unidos, mas os dois são ainda mais entre eles.
— Vocês já se conheciam antes, ou se conheceram na série? — a mulher direcionou a pergunta a e .
— Na série. — a menina respondeu.
— Nenhum de nós nos conhecíamos antes, cada um de um canto diferente. Quem poderia imaginar que encontraria minha versão feminina? — disse aos risos e cuidando logo de colocar os outros dois amigos no papo.
— Ah, , eu não chego a ser sua versão, jamais serei tão pervertida quanto você. — disse, brincando.
E daí iniciou outro assunto qualquer e ficou aliviado.
Depois de tudo terminado os quatro protagonistas foram finalmente fotografar.
— Acho que deveríamos ficar mais na cola do e da tal de . Suspeito que ganharemos muito dinheiro com alguns flagras — a mulher cochichou no ouvido do fotógrafo.

— E aí? Como foi a sessão de fotos? — Jake perguntou assim que a menina colocou os pés em casa.
— Tirando o pânico que senti, foi tudo bem legal. Não é como se eles quisessem retirar meu rim.
— Por que todo esse pânico, ? Você sempre foi popular na escola, não faz sentido.
— Eu era popular porque vestia roupas e sapatos de marcas. Se eu usasse coisas do preço que você usava, seria considerada uma loser.
— Claro que não. Quer dizer, óbvio que sua beleza e essas coisas contavam pontos, mas todos te adoravam. Você sempre foi popular, mas nunca foi do tipo: patricinha inalcançável. Você defendia pessoas como eu de pessoas que eram amigas suas. Isso sim era o que importava para mais da metade do colégio.
— E por minhas amizades, você quer dizer pessoas como o Chris, Matt, Prya...
— Esses mesmo — disse rindo.
— Mas eles ainda são pessoas que eu gosto, a Prya, por exemplo, é uma ótima amiga minha até hoje. Sem citar que vocês se pegavam até um dia desses.
— Nunca pensei que um cara como eu pegaria a Prya. Pena que ela só me quis de verdade depois que saímos da escola.
— É que embora você tivesse mudado e várias garotas te desejassem, as pessoas “importantes” ainda te achavam aquele loser de antes, pra Prya isso sempre contou.
— No colégio as coisas entre a gente só rolavam nas escondidas e depois do colégio a gente queria coisas diferentes, não tínhamos mais tempo pra viver o que passou.
— Vocês se falam?
— Vez ou outra trocamos algumas mensagens, ela continua linda. — disse com admiração.
— Achei que a tivesse fazendo essa fixação parar.
— Eu não sinto nada pela Prya, okay? Mas também não é como se a fosse ser a mulher da minha vida. A gente se curte.
— Ela sabe que é só isso?
— Espero que sim.
— Você deveria se abrir pra possibilidades, parece que ficou parado no colegial. Você é outro cara, a Prya é outra mulher, tudo passou. Os grandalhões que te batiam, hoje, quando te veem falam de maneira respeitosa contigo. Hora de sair daquela fase e se abrir pra um amor, sem ser o de sempre.
— Acho que no fundo eu sempre vou ser uma parte daquele garoto que repetiu de ano, se declarou para uma garota bem diferente dele no meio da escola, que apanhou de uns grandalhões e foi salvo pela menina mais popular do colégio. E se quer saber, gosto da ideia de não esquecer quem eu era. Você também não esqueceu. E se eu não tivesse passado por tanta coisa, poderia até ter sido um babaca como eles.
— Isso não tem nada ver, ninguém merece apanhar e ser humilhado na escola nem em lugar algum. Você sempre foi um cara ótimo, com surra ou sem surra de grandalhões eu sei que você continuaria sendo ótimo. O mundo não precisa de humilhações como as que você passava para existir pessoas melhores, o mundo precisa de pessoas como você pra ser um mundo melhor.
— Eu sempre disse que você era boa em palavras, mas cada dia você se supera. Lembra quando a gente dizia que um dia nos juntaríamos e faríamos campanha contra essas atitudes na escola? Passávamos horas bolando planos.
Os dois riram e se levantou do sofá em um pulo.
— É isso, Jake. É isso.
— Isso o que?
— Agora temos a oportunidade de realizar esse nosso sonho. Quer fase melhor do que agora que estou na mídia? Não vai ser nada imediato, tenho que conversar com meu empresário para ele ver algumas pessoas que podem nos ajudar.
— Você vai mesmo fazer isso?
— Claro, posso não ter sofrido bullying, mas meu melhor amigo sim, e muito. Tá na hora de usar minha exposição pra algo realmente bom, posso até pedir ajuda de outros atores que trabalham comigo.
— Nem todos vão topar, a maioria só pensa em si.
— Mas acho que a maioria topa.
— É, pode ser, mesmo que seja só pra aparecer, como a maioria dos famosos fazem.
— Não importa, mas você tá comigo, ou não?
— Claro que estou.
— Então pronto. Espera só um pouco e vamos realizar nossos sonhos.

tinha chegado à casa de fazia cerca de meia hora e a garota mal lhe deu um beijo. Apenas falava sem parar do mesmo assunto.
— Tipo, eu estou muuuuuito empolgada com essa ideia. Já tinha até esquecido desses meus projetos com o Jake. A gente sempre fazia milhares de planos, acho que esse é o grande motivo da nossa amizade, a gente sonha junto.
— Hum — foi o respondeu.
— Você acha que o pessoal lá do trabalho me ajuda?
perguntou, mas brincava com a linha do sofá e não escutou.
?
Ele continuava destruído.
!
— O que foi?
— Eu te fiz uma pergunta.
— Será que podemos pular esse papinho? — ele perguntou, se aproximando para beijá-la.
— Você não pode me escutar? — indagou enquanto o afastava.
— Eu não saí da minha casa para te ver falando sem parar. Vim aqui pra te ver de outra maneira.
o olhou, irritada. Ele não podia estar falando aquilo.
— Será que você poderia falar de uma maneira menos machista e desrespeitosa?
— O que eu fiz? — perguntou, confuso com a irritação da garota.
— O que você fez? A pergunta melhor seria o que você sempre faz. Você às vezes, e nem é tão dificilmente assim, fala como se eu não passasse de uma garota que serve apenas pra ir pra cama com você, acontece que não é assim.
— Mas é que eu vim pra cá com a intenção...
— Acho melhor você não falar mais nada, porque percebo que vai sair mais merda da sua boca.
— Então vamos partir pra parte mais divertida?
Como ele pode ser tão babaca?” Pensou.
— Não. Você vai partir daqui para a sua casa. Isso sim.
— Tá me expulsando? — perguntou, chocado.
— Tô te mandando ir embora e mandarei quantas vezes for preciso, até você aprender o que é respeito.
— Mas...
— Eu topei essa coisa de amizade colorida, com benefícios ou sei lá o que, mas não me faça voltar atrás. Por que se for falar comigo como você tá falando, isso não vai dar certo.
, desculpas, seja lá o que eu fiz.
Ela riu sem humor.
— Não peça desculpas se acha que não errou.
— É que...
— Vai embora, . Outro dia a gente se fala.
, percebendo que ela não voltaria trás, pegou seu celular e as chaves e foi embora.


Capítulo 7 – I can be better


Espera, essa coisa de amizade com benefícios começou quase ontem e já tá dando problema? — Jake perguntou.
Aquilo tinha dado errado antes mesmo do que ele esperava.
— Não é essa parte que deu problema, o problema na verdade é o . Ele é um babaca.
— Mas isso a gente já sabe faz tempo, mesmo antes de você ser famosa. Quero os novos fatos. Tipo, o que ele fez.
— Ele me trata como uma das garotinhas dele. — ela disse irritada enquanto se jogava na cama ao lado do amigo — Não sei se ele sabe, mas esse trato não dá direito a ele de me diminuir em nada, na verdade ninguém tem direito de diminuir ninguém. Ele acha que sou como várias outras garotas que ele está acostumado, onde ele fala o que quer que elas aceitam só pelo fato de estarem com a estrela do cinema e da televisão: . Sendo que nem elas merecem isso.
— Isso não foi muito esclarecedor — Jake constatou. — O que ele fez exatamente?
— Eu estava toda empolgada falando dos nossos projetos e tals, na esperança dele me ajudar com o elenco. E sabe o que ele fez? Disse que não saiu de casa para me ver falando sem parar, e já queria vir para cima de mim para fazer você sabe o que.
— Ele é mesmo um babaca. Mas o que você esperava dele?
virou-se para o amigo sem entender porque ele não estava tão revoltado quanto ela.
— Sei que você não é o maior fã do e eu até entendo, mas acredito que até você esperava ao menos que ele desse um pouco de atenção a isso e não pensasse tanto em sexo.
— Na verdade, isso não me surpreendeu. Esse projeto não é dele, é nosso. Ele não me parece do tipo bom ouvinte, ainda mais quando o assunto é esse tipo de coisa. E não me mate, — pediu, cauteloso — mas em partes eu até o entendo. Está na cara, e percebi isso desde que ele fez aquilo na balada, que o cara tem muita atração por você, até hoje não acho que aquilo foi vingança, foi um plano pra você não pegar ninguém. E como eu ia dizendo, imagina você vir cheio de vontade e quando chegar aqui ter que te escutar falando e falando?
— Agora você está do lado dele? — indagou parecendo ofendida.
— Não, eu apenas estou te explicando como funciona a cabeça de um homem, e se estamos falando do , ela funciona ainda pior.
rolou os olhos.
, eu acho sim que você tem que cobrar respeito dele, na verdade não tem coisa mais correta que isso. Mas quero logo te avisar que se você for manter esses benefícios com ele, vai ter que entender que ele é assim, babaca de nascença.
— Então eu tenho que aceitar e agradecer pela chance de ir pra cama com o ? — perguntou irritada.
— Não! Você só tem que saber que problemas como esse não acontecerão tão dificilmente assim. Se não quiser perder tanto a paciência, desista disso agora.
— Tá me dizendo que...
— Para de falar como se o que falasse fosse lei — ele disse rindo. — Eu só estou te aconselhando. Não te acho garota para o , e muito menos acho ele um garoto para você. Nem mesmo para isso que vocês têm, mas se quiser continuar, escolha sua.
— Entendi — ela balançou a cabeça e depois saltou da cama. — Agora vamos comer, falar daquele idiota me dá fome.

***


Jake agora estava deitado no sofá do seu apartamento enquanto encarava uma não muito contente. E ele, mesmo com esforço, não entendia porque ela não aceitava a opinião dele.
— Não me leve a mal, . Mas eu não quero ser clicado por aí e depois tá em tudo que é capa de revista como o suposto namorado da estrela de Five Hills.
Ela o encarou um pouco encabulada.
— Então todas as vezes que a gente for ficar vai ter que ser dentro desse apartamento?
— Podemos ir para o seu também. Só não quero te beijar em público e virar um famoso anônimo.
— Isso vai ser mais difícil do que pensei então. — ela falou mais pra si mesmo, que pra ele. Porém, Jake escutou.
— Como assim?
— Não me leve a mal, Jake. — disse com um pouco de sarcasmo — Mas eu não faço o tipo que vai atrás de garotos e topa tudo do jeito deles só pra agradar. E desse jeito, só agrada a você.
— E o que sugere então?
— Que você fique aqui no seu cantinho e arrume alguém que não seja pública ou que tope tudo seu jeito.
Jake ficou surpreso com aquela resposta. Poderia jurar que pra ela tudo estaria bom desde que pudesse ficar com ele.
— E você? — perguntou, apenas para ter certeza que era aquilo mesmo que ele estava entendendo.
— Eu procuro alguém que tope ao menos ir à esquina tomar um drink comigo.
parecia muito calma ao dizer aquelas palavras e Jake ficou se perguntando para onde tinha ido toda aquela empolgação dela. Porém não deu tempo de externar essa dúvida, quando viu, já estava pegando a bolsa e colocando em seu braço para ir embora.
— Você vai falar só isso? — ele perguntou impressionado.
— Não espera que eu chore, ou espera? — a menina rebateu, impaciente.
— Não.
— Menos mal, não tava a fim de encenar agora.
Depois, abriu a porta e falou:
— Até mais, Jake. A gente se ver por aí.
O rapaz ficou encarando a porta sem acreditar que tinha tomado o toco do ano quando ele achava que, na verdade, tinha uma estrela de tevê nas mãos dele.
E só ele achava anormal o jeito que ela falava? Parecia um homem falando, e um homem bastante insensível, diga-se de passagem.
— Essa garota é maluca. — falou para si mesmo.
— Clarke? — falou assim que atendeu.
Oi, .
— Que tal sairmos pra comer algo?
Você não iria sair com Jake?
— Não vou mais, acabei de dar um pé na bunda dele — disse rindo. — Vai ou não vai sair comigo?
Vou.
— Então, no restaurante de sempre, em uma hora.
Mas...
— Sem mais, vista—se rápido, não estou afim de esperar.
Disse e desligou o telefone, sem esperar que a amiga respondesse algo.
— Eu achei que você tivesse ficado louca quando viu ele.
— E fiquei, mas seu amigo estava se achando demais, tinha que pôr ele no seu devido lugar. Onde já se viu ficar comigo e não topar tomar nem um drink na esquina? Não sou máquina de beijos e algo mais.
Rapidamente se lembrou de . Talvez Jake não fosse tão diferente dele, afinal.
— E por que ele não queria ir?
— Disse que não quer tá em capa de revistas no outro dia. Que não quer ser visto como meu suposto namorado. Tudo bem que seu amigo é lindo e gostoso, mas eu estaria fazendo um favor a ele — disse como se fosse óbvio. — Quem não quer ter seus quinze minutos de fama?
— Esses quinze minutos só serviriam se ele fosse pegar mais mulheres, mas tecnicamente ele estaria comprometido. Então, ele não tem nenhum interesse — respondeu rindo.
— E pior é que eu estava ficando mesmo interessada por ele. Essa cosia de homens, embora seja boa, dá problema.
— Isso é. — concordou.
— Mas como você pode saber? Desde que nos vimos pela primeira vez que não vi você ficando com ninguém.
— Ah, é melhor assim, longe de confusão.
— É, né?! Quando se tem , quem precisa de mais?
tossiu e quase colocou todo o suco que estava em sua boca pra fora ao ouvir aquilo.
— Você tá bem? O que te deu? — perguntou enquanto dava tapinhas nas costas de .
— Tá bem, ?
— Tô, estou sim. — disse respirando forte. — Só me engasguei.
— Percebi. — a menina riu.
— Mas, de onde você tirou essa coisa do ? Tá louca?
— Não estou dizendo que vocês se ficam, mas é nítido que a atração que ele tem, não é só brincadeira. E você também tem por ele — acusou aos risos.
— Hã? Claro que não! — negou da forma mais convincente possível.
a olhou com uma cara que dizia: Você mente.
— Por favor, até mulheres casadas se sentem atraídas pelo .
— Está dizendo que se sente atraída por ele? — questionou erguendo uma sobrancelha.
— Claro, mas não como se fosse de verdade.
a encarou, confusa.
— Simples — rolou os olhos. — Hoje eu não ficaria com ele, porque ele é o , entende? Trabalha comigo e tals. Mas se ele tivesse dado em cima de mim, como deu em você logo de cara, óbvio que eu teria dado uns beijinhos.
gargalhou.
— Você é impossível, Parker. Sabia?
— Sou apenas sincera, minha cara. Isso são apenas verdades.
E as duas começaram a rir novamente.
Era mais um dia de trabalho e que dia, por sinal. Tinham chegado ao set às seis da manhã e só conseguiu voltar ao seu camarim para descansar de verdade — sem ser no chão de alguma parte daquele imenso lugar — naquele momento, quase uma da tarde.
— Ainda com raiva de mim? — entrou no camarim perguntando.
pensou em mais uma vez reclamar do seu péssimo hábito de não bater na porta antes de entrar, mas de que adiantaria? Ele simplesmente não a obedecia.
— Eu nunca estive com raiva de você. — disse como se fosse óbvio.
— Você por acaso lembra que me mandou embora da sua casa?
— E mandaria novamente, se fosse preciso. Mas não estava com raiva de você, quer dizer, não estava com raiva da parte amigo e sim do benefício.
— Isso é confuso — Dou disse, coçando a cabeça.
— Para de fazer isso! — ordenou.
— O que? — perguntou, confuso.
— Essa cara — apontou pra ele. — Você fica com uma cara de demente sem tamanho quando não entende algo. É feio.
— Impossível eu ficar feio, minha cara. — rebateu, disse cheio de si.
— Não vou discutir isso com você — ela falou sem dar muita importância. — Tenho cenas para gravar. — e foi saindo do camarim.
Mas segurou levemente seu braço antes que ela fosse embora.
— Ainda temos uma amizade com benefícios? — perguntou.
Ela deu um sorriso que ele chamaria de cínico, embora ela fosse negar se ele acusasse.
— Dissemos que aconteceria quando os dois estivessem com vontade. Por hora, não estou com um pingo de vontade. — respondeu calmamente e mandou um beijo no ar para ele.
— Tudo bem — ele disse para si mesmo, batendo a cabeça na porta do camarim quando ela saiu. — Não é tão difícil ficar sem ter nada com ela.
— Que tal um chope antes de irmos pra casa? — sugeriu quando as gravações daquele dia acabaram.
— Eu passo, hoje eu não estou nem um pouco a fim de bebida. — disse.
Qualé, Grey, desde quando você nega chope?
— Parker do meu coração, sei que ando passando a impressão que sou um da vida, mas eu não sou tanto assim. Na verdade, sempre fui um bom garoto.
— Por que vocês sempre têm que tentar me ofender?
Os dois amigos riram.
— Porque você é a ovelha negra dentre nós. — disse, pulando nas costas do amigo.
— Pois então, como prova de que a perdida agora é você, eu não vou.
— Clarke — gritou assim que a amiga chegou perto e quase estourou os tímpanos de .
— Toma um chope comigo? Esses dois mariquinhas não querem ir.
— Tudo bem, deixa eu pegar minha bolsa.
E saiu. “Pera, pera. Clarke+bebida+eu= Clarke sem timidez e talvez benefícios ativos.“ rapidamente fez uma equação mental.
— Ér... eu vou com vocês. — disse a .
— Agorinha mesmo você não disse que provaria que não era um perdido? O que te deu?
Clarke, foi isso que deu nele — disse normalmente.
— Estou começando a achar que essa coisa toda é mais séria do que eu pensava — disse impressionada.
— Cuidado pra não se apaixonar, bonitão. — o amigo avisou.
— Adoraria ver alguém te colocar nas rédeas. — foi a vez de provocar.
— Vai usar coleira de que cor? Qual será a cor preferida da ?
— Acho que é rosa — Parker respondeu a , rindo.
— Ele vai ficar lindo de rosa, não vai? — o amigo foi e apertou as bochechas de .
— Será que vocês podem deixar de serem babacas? — perguntou irritado. — Não tem nada a ver com a , eu só quero beber. Não aguento negar um convite desses.
Os dois amigos o olharam sem colocar muita fé nele. Riram, trocaram olhares, riram novamente...
— Vão se ferrar — falou sem paciência e rolou os olhos.
— Cheguei. — anunciou. — Vamos, ?
— O vai também.
— Achei que você não fosse — disse virando para ele.
— É, nós também achamos — falou e recebeu uma tapa na cabeça, do amigo.
— Perdi alguma coisa? — ela perguntou, confusa.
— Não, só dois idiotas enchendo meu saco.
falou e os amigos gargalharam.
, não faz nem dez minutos que estamos aqui, não acha que tá bebendo demais, não? — perguntou preocupada.
— Que nada — ela balançou as mãos. — Estou na medida.
Enquanto ainda estava no seu primeiro copo e no segundo, parecia uma máquina de tomar chope.
Ela não parava.
— Não vai beber direito? — perguntou.
— Você sabe, . Perco um pouco a razão quando fico um pouco alegre — comentou rindo.
só riu.
— Mas e você, por que tão pouco?
— Não estou a fim de beber, não. Fora que acho que a vai precisar de alguém pra carregar ela, você com toda certeza não pode fazer isso.
— Não mesmo. — riu.
Eles passaram um tempo em silêncio.
— E aquele seu projeto?
— Hã?
— O que você tava me falando, já pensou em mais alguma coisa?
riu e ele não entendeu muito o porquê.
— Não precisa fazer isso, okay? — ele continuou sem entender. — Sei que a soma de bebida e eu daria igual a nós dois e que você deve estar frustrado por ver que essa soma não vai existir, mas não precisa apelar. — e novamente riu.
a olhou e quase disse umas poucas e boas a ela, afinal, ele não perguntou com sentido em nada, realmente estava interessado no assunto. Talvez ela devesse se tocar um pouco, será que até ela agora achava que ele usaria uma coleira rosa? Sentiu vontade de mandá-la procurar o lugar dela, mas em vez disso, apenas falou:
— Perguntei porque realmente estava interessado.
— Você? — ela perguntou rindo, mas com um pouco de incredulidade.
— Esquece — virou sem paciência. — , você não acha que deveria parar?
— Você falando sobre parar?
, amanhã temos trabalho e você já bebeu mais do que qualquer ser humano pode aguentar tendo que acordar cedo no outro dia.
— Me deixa contar uma coisa a vocês dois. — começou nitidamente muito bêbada. — Eu sei que sou essa pessoa brincalhona, metida a louca, irreverente, mas eu estou pirando.
e se olharam e depois voltaram escutá-la — Eu não sei se todo mundo é meu amigo mesmo, ou só querem dois minutos ao meu lado. E outra, eu preciso de sexo. — Balançou as mãos e continuou. — Mas não essa coisa casual, de hoje e depois nunca mais, quero alguém que dure ao menos umas semanas, entendem? Eu até pensei que o Jake fosse ser esse alguém, mas adivinhem, o cara não quer sair pra nenhum lugar comigo, temos que ficar trancados. E tipo, mesmo que eu esteja querendo sexo, não quero só isso. Essa fama tá me dando tanta cosia, mas às vezes eu sinto vontade de bum! — bateu uma mão na outra — Estourar uma bomba na cara de todos os fotógrafos que tiram uma foto minha na rua. Eu vou pirar.
Ela parecia prestes a chorar.
se levantou e foi em direção a ela.
— Vem, vamos te levar pra casa.
— falou enrolando a língua. — Você topa ser o cara que vai fazer sexo comigo?
— Cala a boca, Parker — riu, mas estava claramente desconcertado.
— Eu estou ligada, não dá, né? — depois colou a boca no ouvido dele e falou: — Seu lance é a . Tô ligada, vocês formam um belo casal, viu?
— Tá, tá — ele respondeu rindo.
— Se quiser eu ajudo — ela sugeriu e ele novamente riu.
— Não. Sem ajudar. — virou pra e falou: — Pega as cosias dela, vou levar ela em casa.
E saiu na frente com a amiga agarrada em seu ombro.
— Se quiser, eu posso pedir pra ela ir também, vai que rola um clima, minha casa tá liberada. — falou já fora do estabelecimento.
— Não quero. — respondeu rindo. — Agora entra, e coloca o cinto, a está trazendo suas coisas.
— Tá aqui as coisas dela. — chegou falando.
— Você veio com ela ou veio de carro?
— Vim com ela.
— Leva o carro dela pra sua casa, amanhã ela pega.
— GENTE, EU NÃO CONSIGO COLOCAR ESSE CINTO DO CÃO. — gritou.
Os outros dois, riram.
— Acho que ela vai precisar de um banho gelado.
— Ah não. Eu não vou dar banho nela. — falou logo.
— Tudo bem — riu. — Eu dou. Levo o carro pra casa dela e depois você me deixa em casa, okay?
— Tudo bem, agora vamos, antes que ela vomite meu carro.
— Ah, e não se esquece de colocar o cinto do cão.
— Okay. — gargalhou.
— Uhull — se jogou no sofá. — Vocês são ótimos amigos.
— Tá, tá. Agora você precisa tomar um banho.
— Não, , eu não estou suja. — mas foi só ela dizer isso para vomitar. Quando terminou, falou: — Talvez eu esteja um pouquinho suja, agora.
e gargalharam.
— Vem, sua louca. Você precisa de um banho.
— Tá bom, tá bom.
As duas entraram no banheiro.
— O não topou fazer sexo comigo. — disse fazendo biquinho. — Ele não era minha primeira opção, nem a segunda, mas acho que era a quinta, ou sexta, sei lá. Mas ele não topou.
— Hum — disse, enquanto desabotoava o vestido de .
— Culpa sua. Você tá ligada que ele te quer, né? — falou virando—se de frente para a amiga.
— Não estou ligada em nada.
— Ah, você também quer ele, que seu sei. Ele é gostoso — falou mordendo os lábios.
gargalhou e continuou desabotoando, até que o tirou.
— Pronto, agora entra debaixo desse chuveiro.
— MINHA NOSSA! — exclamou assim que sentiu a água batendo em seu corpo. — ISSO TÁ CONGELANTE.
— Exatamente o que você precisa.
— Eu preciso do seu amigo, isso sim.
— Achei que você tivesse dado um pé na bunda dele.
— E dei, e ele é tão idiota que nem me procurou. Acho que...
Ela virou e quase caiu no banheiro.
— Acho melhor você ficar parada aí. Vou pegar sua toalha.
— Pode me dar essa, tá limpa.
— Toma.
— Podemos ir? — perguntou assim que viu as duas amigas saírem do banheiro.
— Vou ajudá-la a colocar a roupa e depois a gente vai.
— Tudo bem. — e voltou a zapear a tevê.
Alguns minutos depois, voltou.
— Pronto, ela já está dormindo. Podemos ir.
Mas não escutou, estava deitado no sofá, dormindo.
parou alguns segundo para o encarar. Droga de atração física que existia entre eles! Ela já podia sentir seu corpo estremecer.
Balançou a cabeça, sorriu e foi o acordar.
— Ei — tocou na costela dele. — , acorda.
Ele continuava dormindo.
.
E então ele abriu os olhos.
“Droga de atração física, droga de olhos .“ pensou.
— Oi — ele disse sorrindo e ela instantaneamente sorriu.
— Já podemos ir embora, dorminhoco.
— Tem certeza? — perguntou puxando a menina pelo braço, o que fez com que ela ficasse acocorada de lado do sofá. — Você demorou.
— Testa ter que trocar de roupa em uma bêbada falante e um pouco deprimida. — ela disse rindo.
— Eu geralmente sou o bêbado da história — falou rindo e virando o rosto, ficando olhos nos olhos com ela. — Você não pode ficar tão linda a essa hora da noite. — disse simplesmente.
— E você não vem com suas cantadas. — disse, já se levantando.
Ele puxou-a pelo braço novamente, e ela voltou à antiga posição.
— Não estou te cantando. Nem agora, nem na hora que perguntei sobre seu projeto. Realmente você está linda.
Aquele frio na barriga era normal? ficou na dúvida, mas preferiu achar que sim.
— Obrigada. — sorriu de lábios fechados. — Agora vamos, já está tarde. Diferente de você, eu ainda nem cochilei.
pensou que ali, com ela sorrindo, ele sorrindo, um clima descontraído, seria uma boa hora para beijá—la, mas ele sabia que o combinado não era esse. Então não fez.
— Minha nossa, eu acho que colocaram algo na minha bebida. Além do sono, estou com uma dor de cabeça enorme.
— Quer que eu dirija? — perguntou preocupada.
— Estou com sono e com dor, não louco — disse rindo.
— Só não desejo que bata com o carro, porque estou dentro. — ela disse rolando os olhos.
Ele continuou a dirigir, até que chegaram a casa dela.
— Não quer entrar e tomar algo? Tenho remédios lá em cima.
— Acho que sou obrigado a aceitar, minha cabeça está explodindo.
— Toma, se quiser, pode tomar dois.
— Vou tomar dois mesmo. Preciso que isso passe rápido.
Ela parou alguns segundos, parecia analisar algo.
— Você pode dormir aqui.
— Como? — perguntou surpreso.
— Tem mais dois quartos aqui. Mas só um deles tem cama, geralmente o Jake usa quando não dorme comigo.
— O Jake dorme contigo? — perguntou mais surpreso ainda.
— Não desse jeito que você tá pensando, pervertido. Às vezes a gente acaba pegando no sono entre um filme, ou uma conversa e outra.
— Hum.
— Mas, e aí? Vai querer ficar por aqui mesmo?
— Não podemos dormir juntos, também? — perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
— Para de ser pervertido.
— O que? — fez cara de desentendido. — É tipo você e o Jake.
— NÃO!
— Tudo bem, me mostra o quarto. — falou, bufando teatralmente.
— E seja agradecido, eu poderia te deixar ir embora assim.
— Obrigado pela proposta de dormir na casa de uma garota que eu super desejo, mas que não vou poder tocar nela.
— É isso, ou nada.
— Já disse que aceito. — rolou os olhos.
No outro dia levantou achando que não encontraria acordada, já que ele tinha acordado mais cedo que o normal pra poder passar em casa, mas assim que saiu do quarto, sentiu o cheiro de café vindo da cozinha.
— Uol, tá querendo me seduzir pela barriga? — perguntou, quando viu a mesa cheia de coisas gostosas.
— Não! — respondeu como se fosse óbvio. — Mas gosto que visitas sejam bem recebidas na minha casa.
Escutou o celular tocar, e assim que iria sair da cozinha pra pegar, falou:
— É a mensagem que te mandei, não precisa olhar.
— Por que me mandou mensagem se está aqui na minha frente? — ela perguntou confusa.
— Não te mandei agora, cérebro.
— Fale comigo direito. — ela mandou, autoritária.
Ele riu.
— Vamos comer, .
— Não, vou pegar o celular.
— Não vai não, você vai ficar aqui e comer comigo.
— Por que não posso pegar meu celular?
— Porque eu não quero. — respondeu rápido, como uma criança que fez algo errado.
Ela o encarou, intrigada.
— Vou pegar meu celular.
a segurou pelo braço.
— Não. Você vai comer comigo, é sério, não é nada demais.
— Tudo bem, deixa só eu pegar meu iogurte.
Ele balançou a cabeça em um sim, mas quando ela levantou, tomou outro rumo e ele correu atrás dela.
A menina voou em cima do celular e ele agarrou seus braços.
— Me deixa ler, . — pediu, gargalhando.
— Eu já disse que não precisa — ele tentava pegar o celular, mas ela trocava de mão toda vez que ele segurava um braço.
Ele começou a fazer cócegas nela, e ela em meio às risadas falou:
— Tudo bem — disse um pouco sem ar. — Eu me rendo.
— Guarda o celular.
Ela o olhou, rindo.
— Guarda, Clarke.
Ela caminhou até a mesinha, novamente se fingindo de rendida, mas estava clicando nas mensagens.
“Bom, dessa vez não passamos a noite juntos, mas ainda sim quero fazer as coisas certas, pra compensar a primeira, talvez. Então, obrigado pelo remédio, pelo teto e por ser a .
Ah, e desculpe desapontá-la, mas eu sou mais forte do que pareço, por isso não invadi seu quarto e fiz o que você, obviamente, passou a noite esperando que eu fizesse rsrsrsrs. Na verdade, eu também achei que eu fosse fazer.“

— Por que está demorando tanto? — ele perguntou, já se tocando do que a garota estava fazendo.
— Estou lendo sua mensagem. — disse simplesmente.
Ele correu para cima dela.
— Tarde demais, já li. Por nada pelo remédio, teto e bom, por ser eu. Eu estou achando que sou mais importante do que imaginava pra você.
Ele apenas rolou os olhos teatralmente.
— E outra coisa, eu não estava esperando, nem querendo nada. Não me julgue pelas suas vontades.
— Sei que passou a noite esperando isso, nem que fosse pra negar, mas sei que passou. Você pode ser minha amiga, mas ainda sim é mulher. E mulher é assim.
— Você não entende nada de mulher então — disse com firmeza.
Acontece que ela realmente ficou surpresa dele não ter aparecido lá.
— Não conheço? — ele perguntou de um jeito desafiador.
— Não — respondeu firme.
— Quer dizer que eu estou errado quando digo que quando eu te toco aqui na nuca — e tocou — seus joelhos parecem ceder um pouco? — rapidamente ela cuidou de deixar seus dois joelhos firmes. — Que se eu pegar desse jeito no seu cabelo e beijar o canto da sua boca — pegou no cabelo da mesma, e beijou o canto da boca dela. , automaticamente fechou os olhos — você não vai ficar assim, de olhos fechados? — a menina abriu os olhos e ele estava sorrindo, com a boca bem próxima da dela. — E ao contrário do que você imagina, não vou te beijar agora, embora eu esteja com vontade e você também, mas não quero me aproveitar desse momento.
ficou parada, encarando o nada. Será que a ciência explicava essa atração toda?
— Não vai vir comer? — ele perguntou, como se nada tivesse acontecido.
— Vou sim. — disse ainda sem fôlego.

***


— Mas não conta pra ela, resolveremos tudo isso entre a gente e depois falamos com o amigo dela, o Jake.
— Você envolvido com essas coisas? A tá mesmo te colocando uma coleira. — zombou.
— Por que ninguém acha que eu possa fazer isso simplesmente porque também me importo com essas questões? A ideia foi dela, mas eu querer ajudar vai além da .
— Tudo bem, se você diz.
— Vou falar com a e com mais alguns aqui. Mas lembre-se de ficar de bico calado.
— Tá bom.
— Então ele dormiu aqui e vocês não ficaram?
— Sei que pode parecer mentira, mas sim. Ele ganhou muitos pontos comigo. Me senti respeitada, entende?
Jake sorriu.
— Ele te deixa encantada, não é mesmo?
— Sim — respondeu sem pensar e logo depois tentou concertar. — Quer dizer, não da maneira que uma garota fica encantada pelo garoto que ela quer namorar. Mas gosto quando ele tenta fazer as coisas certas.
— Vocês são tão tontos.
— Por quê?
— Não enxergam nada, nem se entendem. É engraçado — ele riu.
— Tô começando a acreditar que você está mesmo se drogando — falou e ele gargalhou.

***


— Jake! Jake! — apareceu no apartamento do amigo gritando igual uma louca com o celular na mão. — Você viu isso? Você viu? — perguntou assim que ele apareceu na sua frente. — Meu Deus, por que não me avisou que já estava começando a campanha? Meu Deus, tá perfeito pra um começo.
E mais uma vez ela começou a ver os vídeos dos amigos no Instagram, onde todos eles falavam a mesma coisa: “Não estamos aqui para sofrer calados, dê voz a sua dor que todos chamam de insignificante. Fale sobre bullying. Queremos escutar você
— Tá perfeito, Jake. Perfeito. — e abraçou o amigo.
— Já está no ar? Vou até postar o meu, não que eu tenha tantos seguidores assim.
— Precisamos pensar em um nome oficial para a campanha, vi que muita gente tá perguntando. Como você conseguiu fazer isso? Tá lindo.
— E se eu te disser que apareceram aqui com texto pronto e pessoas selecionadas?
— Como? — perguntou confusa.
— A única coisa que eu fiz foi dizer que gostei do texto e autorizar todos a postarem. Ele sugeriu marcar nós dois e eu disse que seria legal já que fomos nós que pensamos nisso.
Ela mordeu os lábios enquanto pensava em quem poderia ter feito isso. Afinal, quem mais sabia sobre aquilo?
“— Tipo, eu estou muuuuuito empolgada com essa ideia. Já tinha até esquecido desses meus projetos com o Jake. A gente sempre fazia milhares de planos, acho que esse é o grande motivo da nossa amizade, a gente sonha juntos.
— Hum — foi o respondeu.”

Ela logo lembrou. A única pessoa que ela tinha falado sobre isso foi com e duvidava muito que Jake tivesse contato a .
Será que naquele dia do bar ele queria mesmo ajudar?
— Jake, — começou com uma voz baixa — quem fez isso tudo?
Os olhos dela já entregavam sua suspeita.
Jake riu e falou:
— Sim, . Foi o .
— Eu preciso ir. — Foi tudo que ela falou e saiu pela porta tão rápido como quando entrou.
Assim que encarou a porta parou pra pensar o que realmente estava indo fazer ali. Mas logo percebeu que sempre soube o que faria.
Tocou mais uma vez e alguns segundos depois, que no seu ponto de vista parecia uma eternidade, alguém abriu a porta.
começou a falar, mas calou assim que encarou uma morena linda a sua frente.
— Ele tá no banho, pensou que fosse o porteiro com a pizza, mas bom, a não ser que o porteiro se pareça muito com Clarke, ele errou feio. — a garota sorriu de uma maneira tão perfeita que teve vontade de socar a cara dela. — Quer que eu peça pra ele sair logo? — perguntou, já que a encarava calada.
sorriu e respondeu:
— Não, não precisa. Quando ele estiver desocupado eu falo com ele. — respirou fundo e completou — Vou nessa.
Quando virou acabou esbarrando no porteiro e quase derrubou a pizza.
— Acho que agora sim a pizza chegou — disse, tentando não parecer tão idiota. — Xau.
A garota, que se chamava Peyton, pegou a pizza um pouco confusa e entrou.
— Foi a pizza mesmo? — chegou perguntando.
— Sim e não. A pizza chegou logo depois da sua amiga de trabalho, .
— A está aqui? — ele perguntou surpreso.
— Não, ela disse que falaria com você quando não estivesse ocupado. Me pareceu uma ótima garota.
— Onde ela foi? — perguntou agoniado.
— Pra casa ué.
saiu disparado pela porta.
— Aonde você vai? — Peynton perguntou, mas ele nem escutou. Já estava entrando em um dos elevadores.
Assim que chegou na recepção, correu pra porta do prédio, mas o carro de já não estava mais lá.
— Droga! — esmurrou a parede.
— Acho que não é muito apropriado o senhor estar aqui socando a parede e de toalha. — o porteiro falou e só então ele se deu conta que nem estava de roupa.
— Desculpe.
subiu para o apartamento xingando até a quarta geração da Peyton e a décima dele próprio.
Onde já se viu deixar as mulheres que ele fica abrir a porta? E por que ela não disse: Não, acho que você é quem deve atender?
Saiu do elevador e ignorou as perguntas que Peyton lhe fazia assim que ele entrou.
— Será que você pode me dizer o que tem? — a garota quase gritou enquanto ele tentava ligar para . “Você ligou para a . A não ser que eu esteja surda, morta ou esquecido meu celular, o que são coisas bem difíceis, eu simplesmente não quero te atender. Mas deixa seu recado, tudo é possível”.
— Merda!
! — Peynton exclamou, precisando de explicações.
— Será que você pode vazar?
— Como?
— Você é ótima, Peyton. Mas não estou no clima. Sinto muito. — e apontou a porta.
A garota pegou as suas coisas e saiu sem entender absolutamente nada. Enquanto isso continuava ligando para e escutando sempre a mesma mensagem.
Resolveu deixar uma mensagem.
— Ér, você apareceu aqui. Era algo importante? Tô esperando você me ligar. Ér, então, é isso. Me liga.
— Eu sou um grande idiota — falou de si mesmo.
E bom, , que estava realmente ignorando as ligações dele, concordava com ele.


Capítulo 8 – Feeling

— Me diz, Jake, por que o burro do tem que sempre estragar tudo?
— Faz parte do estilo dele — o amigo brincou, passando as mãos no cabelo na tentativa de imitar .
— E ele não para de me ligar! — ela exclamou enquanto mostrava o celular acender com a foto do rapaz.
— Não sei se essa é a melhor pergunta para o momento, mas por que te irrita tanto saber que ele estava com uma garota?
— Ele não podia estar disponível na hora que eu o procuro? Ele tinha que estar logo agarrado com uma piranha?
— Ela pode não ser uma piranha.
— Eu sei. — murmurou, um pouco culpada.
— Acho que você gosta dele. — Jake constatou.
— Não, eu não gosto. — ela respondeu até tentando um sorriso.
— Eu acho que você gosta.
— Homens são burros, você não seria uma exceção. Eu não gosto dele, mas sim, acho que ele poderia ter dado uma bola dentro ao menos uma vez na vida e deveria estar sozinho quando fui lá.
Jake riu sem que a amiga percebesse. Estava na cara, ao menos pra ele, que sim, sua amiga estava gostando ao menos um pouco do babaca do . Nessa hora seu sorriso sumiu, caramba, era um babaca! De tantos caras no mundo, tinha que ser logo ele? Era bonitinho ver sua amiga gostando de alguém, mas também era bastante triste lembrar quem era a tal pessoa.
— Jake, você tá surdo?
— Desculpe, tava viajando aqui.
— Não importa, vou tomar um banho e comer alguma coisa. E não atenda meu celular. — avisou.
— Vou querer comer também.
Assim que saiu seu celular voltou a tocar, Jake sabia que não podia entender, embora quisesse.
— Jake, ela te mata se você fizer isso. — falou pra si mesmo.
Ele olhou para os quatros lados e logo teve uma ideia.
— Não posso atender, mas nada me impede de ligar para ele. — voltou a olhar para os lados e depois gritou: — , VOU AQUI. JÁ VOLTO.
Assim que colocou os pés fora do apartamento da amiga, ligou para . Demorou um pouco pra que o celular não desse ocupado, mas no fim conseguiu.
— Você não cansa de ligar pra ela, não?
O que você…
— Ela não vai te atender, babaca. E olha só, é a última vez que te ajudo quando na verdade deveria quebrar sua cara, será que você não pode fazer a coisa certa ao menos uma vez na sua vida?
Ela não tem porque estar irritada, eu apenas…
— Se você acha, por que está ligando sem parar pra ela?
bufou ao perceber que de certa forma, nem ele acreditava na sua inocência.
— Ela não vai te atender, você deveria vir aqui, só assim ela vai te dar atenção.
Tudo bem. Obrigado?
— Por nada. Da próxima eu quebro sua cara.
Jake desligou e entrou novamente no apartamento da amiga, se surpreendeu ao vê-la procurando uma roupa arrumada.
— Para onde você vai?
— Pra onde vamos, você quer dizer — ela corrigiu. — Vamos ao shopping. Hoje estou uma pura atriz mimada que vai descontar seu estresse em compras.
Jake rapidamente lembrou que seu plano estava indo por água abaixo e até pensou em fazê-la ficar, mas logo depois viu que não merecia.
— Vamos, deixa só eu passar uma mensagem dizendo que não vamos ficar em casa.
— Mensagem? — perguntou, confusa.
— É que eu estava com uns planos, mas prefiro ficar com você.
Quando recebeu a mensagem ele já estava pronto para sair de casa, e não sabia se agradecia ou ficava irritado por ela ter saído. Era melhor agradecer. Desde quando ele se tornou aquele clichê ambulante que cria planos para se desculpar, liga sem parar, deixa tudo pra ir atrás de uma garota? Ele não era assim, nem podia ser assim.
— Preciso de uma bebida.
“Você vai agir normal, . Ele é babaca, mas estava no direito dele. Você vai agir normalmente.” Desde que saiu de casa e entrou no carro rumo ao set que não parava de repetir isso em sua mente, e ao chegar em seu trabalho começou a repetir ainda mais. Não podia e nem iria bancar a garota enciumada, nem enciumada ela estava, afinal.
— Oi.
foi a primeira pessoa que ela viu.
— Oie. — tentou ser natural.
— Tudo bem? — o rapaz perguntou inseguro.
— Claro que sim — ela respondeu, dando uma tapa de leve no braço dele.
não pareceu acreditar na naturalidade daquela conversa e falou:
— Você não atendeu nenhum telefonema meu esse final de semana inteiro.
— Eu estava ocupada — ela tentou explicar.
— Compras no shopping?
— Como? — indagou, sem saber do que ele falava.
— Saiu algumas matérias sobre o passeio ao shopping da estrela de Five Hills.
— Ah, sim. — se limitou a dizer.
— Super ocupada.
— Sabe como é, comprar é algo muito importante para uma garota — brincou.
— Verdade, mas você não é como essas garotas.
Por que ele insistia naquele assunto? Será que não podia fingir acreditar em qualquer uma daquelas desculpas?
— Tava na hora de tentar, sou uma garota, afinal. — tentou e sorriu sem jeito.
— Claro.
pensou que era melhor aceitar aquelas desculpas, nem tinha porque se importar com aquilo.
Quando ia virando rumo ao seu camarim, escutou dizer:
— Obrigada. — o rosto dele expressava certa confusão e por isso ela emendou: — Você sabe, pela campanha, pelo apoio, pela iniciativa. É muito importante pra mim.
— Pode ser surpreendente, mas eu também me importo com essas coisas. — tentou falar algo, mas ele continuou. — Por nada, .
Durante as gravações o clima entre e ainda estava estranho e ambos se perguntavam por que isso os incomodava tanto.
— Você está bem, ? — perguntou.
— Estou sim — sorriu. — Vou me trocar pra ir embora. Até amanhã — e beijou o rosto da amiga.
Não demorou muito pra passar por lá decidido a acabar com aquele clima.
— Você viu a ?
— Ela acabou de ir para o camarim dela. Vocês estão irritados um com o outro?
não consegue me irritar. Valeu pela informação.
ainda estava vestida de sua personagem quando escutou sua porta abrir e nem precisou virar para saber quem era. Afinal, quem mais entraria em seu camarim sem bater na porta?
— Fala, . — disse, sem paciência.
— Como?
— Quem mais entraria aqui sem bater na porta? Você é a pessoa mais mal-educada que conheço.
— Tanto faz — ele ignorou. — , por que você está tão irritada comigo?
— Embora você seja por si só uma pessoa irritante, eu não estou irritada contigo.
— Foi embora da minha casa sem nem dizer um motivo…
— Você estava acompanhado e ocupado, queria que eu fizesse o que? Sugerisse filmar vocês ou algo assim? Eu sei onde me cabe, qualquer pessoa faria isso.
É, fazia sentido.
— Essa parte, tudo bem. Mas você não entendeu meus telefonemas, não retornou.
— Eu já expliquei que estava ocupada.
, você está sentindo algo por mim? — foi logo direto ao ponto, mesmo temendo a resposta.
virou para o amigo, incrédula. Quanto amor próprio aquele babaca tinha.
— Não, , eu não estou apaixonada por você, se é isso que quer saber.
— Mas…
— Sai daqui e me deixa trocar de roupa, tenho uma entrevista marcada daqui a pouco e não posso me atrasar.
— Precisamos dar uma basta nesse clima, você é minha melhor amiga! Fingir que não temos intimidade me irrita profundamente.
— Eu realmente não posso me atrasar para essa entrevista, deixe-me ir e depois conversamos. — falou da maneira mais segura de si possível.
percebeu que ela realmente não estava interessada na conversa.
— Amanhã conversamos, então.
— Se puder me dar licença agora — pediu, sem confirmar que conversaria sobre aquele assunto outra vez.
— Claro. — bufou e saiu.
No outro dia estava em seu intervalo de gravação quando sentiu o celular vibrar com uma mensagem de Jake.
“Será que poderíamos nos encontrar naquele barzinho de sempre?”
Bom, vontade de aceitar o convite não faltava e isso era fato. Mas, não foi ele mesmo que disse não querer ser visto com ela? Como agora resolve a chamar pra ir ao bar? Estava na hora de mostrar a Jake que as coisas não dependiam apenas da vontade dele.
“As chances de nos verem juntos em um bar são extremamente grandes, acho melhor não.”
Jake riu com a resposta, embora contasse com a possibilidade de um não, não esperava uma resposta tão sarcástica como aquela. Em outra ocasião ele simplesmente deixaria esse assunto para lá, acontece que hoje ele precisava dela, desde o colegial que não se sentia tão vulnerável, tão menino indefeso. Precisava dela.
E o motivo disto era simples e igualmente chato e assustador: Prya. Fazia tanto tempo que ambos não se viam e durante a manhã daquele dia, enquanto finalmente comprava algo saudável para colocar no seu armário, deu de cara com Prya. Não achava que aquele encontro fosse mexer tanto, fazia tanto tempo que eles não se falavam que achou que toda aquela química tinha ficado no passado, mas ao menos nele não ficou, ainda tinha vontade de beijá-la, e vê-la acompanhada de um namorado o fez perceber que aquele adolescente ainda morava nele.
Precisava de , fora Prya ela foi a única garota que ele realmente teve vontade de falar da vida, de passar um sábado junto. Precisava dela agora, era de extrema necessidade deixar aquele adolescente medroso e inseguro no passado.
“Fui um verdadeiro imbecil aquele dia, me dê a chance de me desculpar. Te pego às sete e meia, não atrasa tanto. Beijos.”
leu a mensagem e se perguntou como ele podia ter certeza que ela aceitaria o convite, mas bom, agora que ele finalmente estava se desculpando não era tão ruim aceitar o convite, ao menos teria algo para fazer aquela noite, estava cansada de trabalhar tanto e não curtir.

Novamente depois da gravação escutou sua porta abrir sem ninguém ter batido antes.
— Você não pode ficar com raiva de mim por uma coisa que nós dois sabemos que posso fazer.
— Eu não estou com raiva de você. — respondeu, virando-se para ele.
— Não?
— Não.
— Então me beija — desafiou. — Me beija e eu vou ao menos tentar acreditar que você não está chateada comigo.
— Eu não preciso te provar nada — sorriu, nervosa.
— Você precisa deixar de bobagem e voltar a ser a de sempre.
— Eu sou a mesma.
— É? — lançou-lhe um olhar desafiador. — Se você ainda é a mesma suponho que não vá se importar se eu te beijar aqui — e deu um leve beijo no pescoço dela.
Foi tão de leve que ela mal sentiu os lábios do garoto em sua pele, mas a proximidade bastou para um arrepio percorrer seu corpo. Coisa que não passou despercebida pelo amigo.
— É, você ainda é a minha .
— Eu não sou sua. — falou, segurando o rosto do rapaz e o encarando.
— E é isso que mais me encanta em você.
Dito isso colou os lábios no dela e ao apertar aquele corpo tão magrinho contra o seu percebeu que o motivo de estar ali era mais que saudade da amizade, ele tinha saudades dela, do beijo dela. Sentiu medo ao perceber isso, mas logo pensou que provavelmente todos que já tiveram a oportunidade de beijar Clarke também sentiam a mesma coisa.
Depois de mais alguns beijos, falou:
— Tudo bem, tá bom, tá legal, mas estamos no set e não podemos nos arriscar assim. Melhor você ir embora.
— Todo mundo bate na sua porta antes de entrar.
— Vai que essa sua má educação pega — brincou.
— Você não me respeita. — fingiu-se ofendido.
— Claro.
— Como te aturo?
— Você não sabe viver sem mim, . Me aturar é sua única opção.
— Já disse que você fica linda pra cacete quando fica metida desse jeito?
— Já, mas na verdade você me acha linda de qualquer jeito.
— Linda, gostosa... Aí, cara, vamos fechar essa porta, eu não vou conseguir deixar pra te beijar depois.
Ela gargalhou enquanto ele corria rumo à porta e passava a chave sem se preocupar com problemas que poderiam surgir.
— Vocês viram a ? — Finn perguntou quando entrou em um dos cenários.
— Acho que já deve ter ido embora — respondeu.
— Não, ela está no camarim dela — respondeu .
— Vou até lá, preciso conversar uma coisa com ela. Se acharem o digam que também estou o procurando.
Finn bateu de leve na porta apenas pra sinalizar que estava entrando, mas assim que rodou a maçaneta da porta percebeu que a mesma estava trancada. Uma estagiária passava por ali e ele lhe perguntou:
— A já foi embora? — era a única explicação pra o seu camarim estar fechado, mesmo que ela nunca tivesse o costume de fechar.
— Não que eu tenha visto.
— A porta está trancada.
— Tem certeza? Vi o entrando aí faz alguns minutos.
Finn parou uns segundos para entender o que a garota tinha lhe dito e logo pensou em algo.
— Não, isso é loucura. — falou pra si mesmo.
— Como?
— Nada, só me informe se a ver sair e diga a mesma que eu estava a sua procura.
— Tudo bem — ela respondeu, prontamente.
— Ah! — Finn voltou do caminho que já estava traçando. — Também me informe se ela saiu sozinha daí.
A garota não viu quando os dois saíram do camarim, mas aquela porta fechada não seria esquecida por Finn.
Quando o porteiro interfonou para , ela já sabia quem a esperava lá embaixo e nem esperou o senhor falar, apenas disse que já estava descendo.
Ela estava linda, sorriu ao se olhar no espelho e perceber isso. Não estava tão produzida, mas também não estava no estilo mais simples do mundo. Aquele vestido solto e curto unido com a sua trança e o batom vermelho que ela tanto amava tinha lhe deixado com cara de mulher inocente. E mesmo gostando de vestidos mais justos, tinha que admitir que aquele ar de inocência lhe caía bem, muito bem na verdade. Jake teria um problema e ela também, já que tinha saído de seu apartamento jurando não ficar com ele, mas sabendo que não resistiria se ele tentasse a beijar.
— Você está linda. — foi a primeira coisa que o rapaz falou ao vê-la.
— Obrigada — ela sorriu, mostrando que fazia total ideia disso. — Você não está nada mal.
— Seu amor próprio é algo invejável, sabia?
— Sabia.
Foi dar-lhe um beijo no rosto, mas ele a segurou e beijou sua boca.
— Vai com calma, amigo. É muito fácil sermos fotografados aqui.
— Hoje eu não estou me preocupando com nada, só quero você.
E isso não era mentira, ele a queria mesmo. Mas sentiu-se estranho quando lembrou que aquele desespero por ela estava ligado a outra mulher.

***


— Prya, você sabe que te amo, né?! Mas não consigo achar legal você se aproximando do Jake.
, eu estou namorando, só tenho intenção de ser amiga dele.
— Mas e ele?
— Você mesma não disse que ele tem um rolo com sua amiga? Ele também quer só minha amizade.
— E vocês precisam almoçar sozinhos pra serem amigos? Não podem almoçar comigo? Prya, eu te conheço e conheço ainda mais o Jake, isso vai dar merda, você quer que dê merda.
Prya respirou fundo.
— Eu gosto do meu namorado — já foi se explicando. — Mas preciso arrumar de uma vez por todas meu assunto com o Jake.
— Eu achei que já estivesse resolvido isso, até quando vocês vão ficar presos na adolescência?
— Seu amigo é adulto e vacinado, ele não vai se partir em pedaços porque almoçou comigo.
— O Jake tá ótimo sem você, você está ótima sem ele, não bagunce tudo mais uma vez — pediu.
— Pode deixar — mas algo naquela voz dizia que a bagunça era algo certo.
Jake chegou a restaurante muito incerto se Prya iria mesmo ao local. Não seria nenhuma surpresa sito acontecer. Por isso, quando ela sentou à sua frente, ele logo confessou seu temor.
— Eu ainda achei que você fosse furar.
— Você sabe que não sou mais aquela garota do colégio, a época de furar com você ficou em um passado bem distante.
— Como você tá?
No começo o papo foi mesmo apenas de dois amigos, mas Prya não estava ali pra isso e no fundo, nem ele.
me falou que você está ficando com a Parker.
— É, fala muito.
— Primeira vez que vamos nos ver sem ficarmos, não é mesmo?
— Crescemos, não é mesmo? — indagou no mesmo tom brincalhão.
— É, pode ser, talvez agora a gente saiba resistir as vontades.
— Minhas?
— Nossas — ela respondeu.
— Prya — ele riu. — Você namora.
— É, eu namoro.
— Achei que esse fosse um bom motivo pra você não ter mais nenhuma vontade.
— Deveria ser.
— Putz — ele gargalhou.
Estava na cara onde aquilo daria. E Jake sabia muito bem disto.
— Você não facilita, não é mesmo?
Ela também gargalhou.
— Não é minha intenção. — falou, inocentemente.
— Claro que é — ele conhecia bem a garota a sua frente.
— Eu gosto do meu namorado, sério. Mas caramba, eu também gosto de você, gosto mais de você.
— Prya…
— Me diz que não quer nada e pronto, a gente segue nossa vida.
— A gente nunca vai dar certo — Jake preferiu dizer.
— Então você não quer. — ela levantou da mesa, mas sabia que ele a pediria pra sentar.
Uma coisa que todos sabiam, até mesmo Jake, era que Prya não tomava uma atitude sem que ela fosse milimetricamente calculada. E seus cálculos garantiam que ela jamais perderia o que desejava.
— Senta — pediu, e ela sentou. — Eu não namoro, você sim.
— Vou dar um tempo com ele.
— Vamos fazer merda.
— Por mim — ela deu de ombros.
— Ahh, dane-se. — Jake falou, recebendo uma gargalhada de Prya em resposta.
Saíram dali diretamente pra casa de Jake.

***


, eu não posso acreditar que você vai ficar de cara feia pra mim até morrermos.
— Até lá é muito tempo, mas bem que você merecia.
— Por favor, essa não é a primeira vez que fico com a Prya…
— E não é a primeira vez que digo que isso é burrada, idiotice, babaquice, estupidez — parou um pouco pra tomar ar. — E agora tem a , você tem noção que vai machucar ela?
— Não namoramos.
— Mas ficam e ela leva isso a sério, bem mais que da outra vez. Você vai trocar isso pela Prya? Não cansou de ser feito de idiota?
— Eu não sou idiota! — Jake falou, sem paciência com a opinião da amiga.
— A Prya mais uma vez está jogando com você e você está jogando com a .
— Eu não tenho nada sério com ambas, a Prya e eu nunca daríamos certo.
— E eu espero mesmo que você tenha certeza disso. Não sei se você sabe, mas o “ex namorado” — fez aspas com os dedos enquanto falav com um tom sarcástico — da Prya é irmão do chefe dela. A Prya não dá ponto sem nó. Amo minha amiga, mas ela tem alvo e você, um mero publicitário, não acrescenta em nada pra ela.
Mas logo se arrependeu das palavras, sabia que tinha pegado pesado.
— Eu realmente prefiro não escutar sua opinião, afinal, quem é você pra falar de relacionamento? — Jake falou irritado enquanto levantava do sofá da amiga;
Ela o olhou confusa e ele logo emendou, se explicando:
— O é um babaca e você sabe disso, mas mesmo assim ainda fica com ele.
— O meu lance com o tem termos bastantes pré-estabelecidos.
— Você está apaixonada por ele e assim como eu sei, você também sabe, só se engana. Mas ainda assim aceita ficar com o que resta dele, como se isso fosse o suficiente. Somos dois idiotas, , somos dois idiotas.
Ela não o expulsou da sua casa, afinal, mesmo com raiva não conseguiria fazer isso, mas correu pra o seu quarto e bateu a porta com toda sua força. Jake entendeu o recado e foi embora também irritado.
No dia seguinte, amanheceu péssima por dois motivos: sua discussão com Jake e o medo de realmente estar gostando de .
, não entra nessa, claro que você não sente nada por ele. — disse para si.
Jake também não acordou bem, sentiu-se mal pela discussão com a amiga, e culpado em relação à . Acontece que ele gostava de estar com ela, sentia-se bem e Prya iria embora mais dias, menos dias. Mesmo com todas as desculpas, não conseguia deixar a culpa de lado.
Mesmo se sentindo horrível seguiu para o trabalho e assim que colocou os pés lá, viu seu amigo lhe olhar com uma careta.
— Que cara é essa? — indagou.
— Nada — limitou-se responder.
— Você pode conversar se quiser.
— Briguei com o Jake, e estou tão confusa, não em relação a esta briga, mas outra coisa. Não ando tendo muito controle sobre as coisas.
— Coisas do coração? — ele perguntou, rindo.
— Como?
— Você e o , não é?!
— Hã? Tá louco? — tentou disfarçar.
— Eu sei que vocês ficam, só finjo que não pra que vocês se sintam mais à vontade. Você é tão certinha que nem acredito que está passando por cima das regras — ele comentou, rindo.
— foi o que ela disse, chocada.
— Mas você não precisa se preocupar com isso, eles aceitarão se for o jeito.
— Eu não tenho nada — tentou novamente, mas viu que não adiantaria mentir. — Não temos nada sério, nem teremos, somos apenas amigos.
Falou um pouco vermelha.
— Que se pegam.
— Esse é o problema — bufou.
— Qual o problema, afinal?
Ela pensou um pouco, era melhor não contar nada, ele e eram muito próximos.
— Não é nada, vai passar.
— Conte para ele o que sente. — disse, como se fosse a coisa mais simples.
— Eu não sinto nada por ele.
— Então faça como ele e fique com outras pessoas também.
— Eu não sei ficar com mais de uma pessoa. — disse como se fosse óbvio.
— Você não nasceu pra ter o que tem com o , ou sai dessa procurando alguém pra se apaixonar de verdade, ou assume o que está sentindo algo por ele.
— Eu, eu…
— Não sente nada por ele — completou, tentando facilitar a mentira da amiga. — Ou você se joga no que tem agora, ou procure outro lugar pra se jogar, não vai dar pra viver fingindo pra sempre.
teve vontade de chorar, queria tanto achar que não estava fingindo, e de certo modo não estava. não nutria nenhuma esperança de ter algo sério com , mas a maneira como ele a despia de toda segurança, como ele sempre conseguia mexer com ela e também, infelizmente, a magoar algumas vezes só podia significar uma coisa: ela estava prestes a se meter na maior roubada da sua vida. Estava prestes a se apaixonar por ele.


Capítulo 9 – You Make Me Feel

— Eu estava sentindo falta disso — disse, meio sem pensar, enquanto beijava , que também não pensou muito quando deixou entrar em seu apartamento.
— Você não suporta a ideia de ficar sem mim — brincou e viu-o congelar. — O que foi?
balançou a cabeça tentando tirar os pensamentos que estavam em sua mente naquele momento.
Ele não sabia muito o porquê, mas dias atrás teve uma conversa com ele e contou que sabia do seu rolo com , depois veio com um papo de que os dois formariam um belo casal, e quando negou, viu o amigo rir e falar: você não suporta ficar sem atenção dela.
, você tá bem? — perguntou, tirando-o do transe.
— Você realmente acha isso?
— Hã? Acho o quê?
— Isso aí que você falou.
, o que eu falei? Do que você tá falando?
— Esse lance de eu não suportar ficar longe e tals — não teve coragem de dizer a frase completa.
Ela riu.
— Eu sempre te provoco com isso. — olhou pra ele confusa. — Ficou assim por isso?
— Então, é só uma brincadeira?
Ela o encarou, o que tinha dado nele?
— Eu estava te provocando, apenas. De fato você é péssimo em ser ignorado por mim, mas eu só brinquei.
Droga, ela também achava.
— Nossa, acabei de lembrar que marquei uma coisa com o , quase que perco a hora, vou ter que ir embora. — ele falou, procurando a camisa na cama.
— Você tá de brincadeira, né?
— É que…
, você vai mesmo embora? A gente — apontou pra ele e depois pra si, vestindo apenas calcinha e sutiã.
“Ela bem que podia ser feia, droga.” Ele pensou.
— Desculpa, , mas é que eu vou ser um cara morto se não for agora. Prometo que depois a gente se vê.
— Você realmente tem algo importante ou está só procurando uma desculpa pra se mandar?
— E por que eu faria isso? — esforçou-se o máximo pra não entregar a mentira em seus olhos, ela sempre sabia quando ele mentia.
— Você ficou todo estranho do nada, veio com aquele papo sobre a brincadeira e depois diz que tem que ir, isso não faz nenhum sentido. E mesmo que faça, acha mesmo que a sua saidinha com o vai ser mais legal que ficar aqui? — e sentou sobre o corpo dele.
Aquilo era demais. Ele não conseguiria ir embora.
— Dane-se o . Dane-se tudo. — e puxou-a para um beijo.
— Que tal um banho? — sugeriu.
Ele e estavam enrolados em um lençol, deitados enquanto brincava com as divisões da barriga dele.
— Só um banho mesmo, ou isso tem algum outro sentido?
— O que você sugere?
— Eu estou cansada… — falou, manhosa;
— Eu arraso, não é mesmo?
— Odeio quando fala desse jeito — revirou os olhos. — Estou cansada porque trabalho demais.
— Por isso acho que um banho faria bem. Depois uma massagem pra relaxar.
— Você? Fazendo massagem? Nem deve saber como fazer.
— Claro que sei. Deita aí, vou mostrar.
Mesmo duvidando da capacidade dele, balançou a cabeça em um sim.
, aprenda uma coisa: sabe todas as maneiras de satisfazer uma mulher.
— Idiota. — deu uma tapa e depois virou com a barriga para baixo. — Vai, quero ver se você é bom mesmo.
Ele resolveu pegar umas coisas no banheiro dela pra poder fazer aquilo de maneira perfeita. Começou a passar a mão pelo corpo da garota e vez ou outra ela esboçava um sorriso.
Conforme a massagem foi continuando, começou a olhar para a garota a sua frente e pensar em o quanto era bom estar com ela, mesmo em momentos assim, onde só ele era quem fazia o máximo pra agradar. Ele gostava de agradá-la. E de tocá-la, beijá-la, sentir sua pele em atrito com a sua, escutar suas histórias e ver seu sorriso.
Riu ao perceber o quanto estava sendo bobo por ficar pensando essas coisas de mulherzinha.
— Do que tá rindo? — virou o rosto pra perguntar.
Ela ficava linda com o cabelo todo bagunçado, se não achasse tão gay falar essas coisas, já teria lhe falado isso.
— De nada, bobeira minha. Gostando da massagem?
— Tudo que eu precisava — e sorriu do jeito que ele adorava.
De onde surgiu aquele clima tão romântico? Ambos se perguntaram.
Dava pra sentir à vontade, os segredos, os desejos, a amizade, o interesse. Tudo isso estava no ar e quando sorriu deixou tudo mais concreto.
Ele precisava beijar a dona daquele sorriso lindo e ela precisava beijar o causador daquele sorriso.
— Merda, eu preciso te beijar. — disse, parando a massagem e agarrando-a.
Ela só riu e enlaçou a cintura dele com as pernas.

***



— A gente precisa sair pra algum lugar hoje. — informou ao seu amigo entre um intervalo nas gravações do dia.
— E eu posso saber por que a urgência de sairmos hoje? — perguntou, curioso.
— Preciso pegar mulher.
— A não basta?
— Mulher que não seja a .
— Se eu tivesse uma pra mim, não iria querer mais ninguém.
— Isso é você, meu amigo, que no fundo é um romântico incorrigível, mas eu não sou assim. Não nasci pra ter apenas uma pessoa, não nasci pra relacionamento.
— E o que Clarke acha disso? — perguntou de sobrancelhas erguidas.
— Nada — deu de ombros. — Temos um trato. Eu continuo ficando com mulheres erradas e ela continua procurando o cara certo, sem interferência.
— Mulher nunca consegue ter esse tipo de lance.
— Isso porque elas não são Clarke. — respondeu prontamente.
— Você acredita mesmo nisso ou quer fingir que acredita? — perguntou, enquanto segurava o riso e tentava manter uma cara de dúvida real.
— Acredito — mais ou menos, mas eu acredito. Completou mentalmente.
— Vou te dizer duas coisas, : Não importava quem seja, mulher não sabe ter esse tipo de relacionamento. E tome cuidado, é altamente apaixonável.
— Por isso mesmo que estamos dando certo. Eu não me apaixono.
apenas de um sorriso e maneio de cabeça em resposta.
só podia estar fazendo duas coisas naquele momento: mentindo, ou sendo burro. Se fosse a primeira, preferia apenas fingir que acreditava. E se fosse a segunda, era melhor deixar ele perceber seu grande engano sozinho.

Parker estava guardando suas coisas na bolsa quando vurou para Jake e falou:
— Vou à casa da hoje, vamos comigo?
— Foi mal, , mas e eu não estamos muito bem.
— O que aconteceu? Nunca vi vocês brigarem.
— Por que a gente não briga, quer dizer, não brigamos sério. — ele falou o que até dois dias atrás era uma verdade.
— Dessa vez parece ser sério — constatou. — O que aconteceu?
Não dava pra contar a ela o motivo.
— Melhor deixar entre ela e eu mesmo.
— Claro. Mas, por que não vai comigo e tenta se entender com ela? “Porque irmos juntos só seria mais um motivo pra briga.” Jake pensou.
— Melhor eu ir outra hora, vai que a gente briga, deixa pra depois.
— Tudo bem — deu de ombros.
Quando ia se despedir, o celular de Jake começou a tocar, era Prya.
Ele olhou quem era e achou melhor ignorar a ligação.
— Não vai atender?
— Não é nada importante.
— Tem certeza? Pode atender, já estou indo.
— Então me dá logo um abraço e um beijo, à noite a gente se vê.
— Tá bom. — e deu o abraço e o beijo que ele pediu.
Assim que saiu o celular parou de tocar e Jake não pensava em retornar, mas logo o aparelho tocou novamente e ele atendeu.
Hey, tava ocupado?
— Mais ou menos isso.
Hum. — houve um silêncio.
— Você ligou pra quê?
Ah, sim. — Prya pareceu lembrar o motivo. — Hoje vai rolar uma festinha aqui e queria te chamar.
— À noite?
Sim — riu, era óbvio que seria a noite.
Droga, ele tinha marcado com . Mas, bom, Prya estava ali por poucos dias, estaria ali sempre.
— Tá bom, apareço por aí às oito.
Okay, babe. Traga cuecas — falou e gargalhou.
— Sabia que tinha segundas intenções nesse convite.
Entre nós, sempre tem.
Depois que desligou, Jake se sentiu péssimo, que tipo de homem ele estava sendo? Por acaso tinha se tornado um cara como aqueles sem noção que zoavam dele na infância?
Mas Prya era tão linda… era tão linda. Como poderia escolher? Uma acendia toda aquela coisa de amor adolescente e a outra lhe dava a calma e a paz que sempre quisera, como escolher?
Pensou em ligar logo pra desmarcando, mas lembrou que ela estava na casa de e suspeitava que a amiga teria coragem de contar tudo, sempre odiou traição principalmente com pessoas que ela ama.
Você vem, não é?
— Claro, Prya. Mas posso saber o motivo da festa?
Só pra curtir mesmo, já estou perto de ir embora, quero aproveitar mais os meus dias aqui.
— Hum… — olhou pra que mexia no celular e teve uma ideia. — Posso levar uns amigos do trabalho?
Você quer saber se pode trazer as estrelas da série mais bombada do país? — as duas riram. — Claro, baby, pode trazer quem você quiser.
Logo se despediram e cuidou de convidar .
— Que tal uma festinha, hoje?
— Putz, tenho algo marcado pra hoje.
— Você não pode desmarcar? Por favor, quero você comigo hoje.
— Quanta carência — brincou. — Tuuudo bem, vou desmarcar.
Mandou uma mensagem para Jake explicando que tinha aparecido um compromisso de última hora e que não poderia faltar.
Jake suspirou aliviado quando viu a mensagem, assim ele não precisava mentir, nem furar com ela. sempre resolvendo a vida dele. Sorriu ao se lembrar do bem que a garota lhe fazia. Parou de sorrir no momento que lembrou a maneira estúpida como estava agindo com ela.
— Que compromisso era esse que você quase não ia comigo?
— Tinha marcado com Jake, mas já mandei uma mensagem pra ele desmarcando.
achou estranho Jake ter marcado algo, por acaso ele não tinha sido convidado? Estranho.
— Então, vai pra casa se arrumar que às sete quero você aqui.
— Vai chamar os meninos?
— Seria uma boa, não é? Vou mandar uma mensagem no grupo.
“Festinha na casa de uma amiga minha, quem topa? A já topou. Quero os dois aqui em casa às sete, não atrasem, mocinhas”
“Mocinha é o senhor seu…
amigo . Sim, ele é uma mocinha.”
respondeu, arrancando risos das amigas.
“Vão se catar, babacas.
Às sete estou aí, não sou homem de negar uma festa.”
respondeu.
“Só lembrando que nada de beber demais, amanhã temos trabalho logo cedo.” lembrou.
“Sempre certinha, essa é a minha garota.” brincou e mesmo sem ter a intenção, arrancou um sorriso sincero e constrangido da amiga.
“Droga, , por que você tá sorrindo desse jeito?” Ela pensou.
— Não é por nada não, mas quando você vai finalmente pegar esse homem? — perguntou com um sorriso sacana nos lábios enquanto encarava a amiga à sua frente.
— Ele é meu amigo, .
— Diz isso pra esse sorrisinho que se formou nos seus lábios — riu da cara que a amiga fez. — Amor, vocês se desejam e isso é nítido, se gostam e isso também é nítido.
— Nos gostamos? — perguntou, chocada.
— Eu acho. — deu de ombros. — Esse seu sorriso, você ficou boba porque ele te chamou de minha garota.
— Claro que não — protestou. — Eu ri da besteira deles.
— Aham.
— É sério.
— Aham.

— Vamos brincar da brincadeira do finjo? — a olhou, confusa. — Eu finjo que acredito e você finge que eu acreditei. Tudo certo e nada errado.
a olhou incrédula com o jeito sarcástico da amiga e gargalhou.
Pensou que quem deveria ficar com era ela. era meio que a versão feminina dele.
— Cala essa boca. Não tem sorrisinho, desejo, sentimento e muito menos brincadeira do finjo.
Escutou a amiga gargalhar novamente.
, por que você não morre?
— E quem iria jogar na sua cara a verdade? Minha missão ainda não acabou, só poderei morrer quando vocês dois estiverem juntos.
— Ou seja, você será imortal.
— Bem que eu queria — fez cara de triste. — Mas acho que morrerei logo, logo. — novamente gargalhou e jogou uma almofada no seu rosto.
Às seis e quarenta e cinco bateu na porta de e assim que a moça abriu, ficou de queixo caído com a amiga.
— Uol, onde você acha que vai vestida pra matar desse jeito?
— Ah — fez cara de tímida, mas com a intenção de mostrar que não estava tímida. — Foi a primeira roupa que vi no armário. — disse. E tanto ela como caíram na risada. — Você ainda não está pronta?
— Falta só colocar o vestido, achei melhor arrumar o cabelo logo, o vestido eu coloco por baixo.
— Vai lá então, a propósito, sua trança está magnífica.
— Talento de família. — e mandou beijo no ar.
Quando os meninos chegaram — com quinze minutos de atraso — foi quem abriu a porta.
— Cadê a ? — foi logo perguntando.
— Fica calmo aí. — falou, colocando a mão no peito do rapaz. — Sua paixão já está descendo.
apenas revirou os olhos, eles só podiam estar loucos. Paixão, ele riu só de pensar nessa bobeira.
Quando desceu, no entanto, só conseguiu pensar a coisa mais idiota do mundo: é capaz de tudo. Inclusive de transformar um vestido florido e inocente em algo extremamente sexy.
Ela parecia um anjo, e tudo bem que tecnicamente se ela parecia um anjo não deveria estar sexy, mas é que aqueles lábios rosa pink pediam pra serem beijados e aquela cintura destacada pelo vestido que era justo até a mesma pedia pra ser segurada, aquelas pernas — mesmo finas — pediam pra ser tocadas.
— Você está linda! — disse à amiga.
— Tá parecendo um anjinho, — foi a vez de elogiar.
— Obrigada — falou, sem jeito.
— Que fofinho, ela ficou tímida.
Os dois começaram a rir e ela os acompanhou.
estava aéreo a tudo isso. Ele só conseguia se perguntar de onde estava vindo aquela vontade de beijá-la.
Olhou pra ela, e viu nos olhos da garota a pergunta de com ela estava. “Vamos , fale que ela está gostosa ou gata, como sempre faz.” Mas ele só conseguia pensar em beijá-la e que a festa poderia ser deixada para depois, queria ficar com ela naquele mesmo momento. “Assim como um adolescente bobão faria”, pensou.
? — estalou os dedos pra chamar sua atenção. — Como estou? — não queria ter perguntado, mas também queria saber a opinião dele.
“Você é tão boba, .” Falou consigo mesma, apenas na mente.
— É… — olhou-a novamente de cima a baixo e a viu sorrir quando voltou a olhar para o rosto da mesma. Ele deveria ter dito algo típico dele, deveria, sabia que deveria, mas em vez disso, falou: — Você está mais linda que nunca. Duvido que nessa festa alguém esteja mais perfeita que você.
ruborizou na mesma hora e ficou sem palavras. Ela não esperava escutar algo como aquilo, até já estava preparada para dar-lhe uma tapa pela brincadeira que ele faria sobre ela. Mas em vez disso ele a elogiara, e de maneira sincera, sem sarcasmo, safadeza, ou gracinha, parecia ser sua opinião sincera. Demorou um pouco até ela responder:
— Obrigada, .
Ela tinha que olhar tanto nos olhos dele pra dizer isso? Aquilo ela desconcertante, não sabia onde pôr as mãos. Como se já não bastasse aquele elogio patético, digno de filme, agora os dois estavam se encarando e ele tinha vontade de socar o próprio rosto.
Alguém pigarreou, era .
— Ér... — ele não sabia bem o que falar, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa, aquele clima tava deixando até ele constrangido. — Acho que está na hora de irmos. Não?
— Claro, claro. — ficou ainda mais desconcertada e não sabia bem o que falar.
— Que tal saímos do apartamento? — tentou, se controlando pra não rir.
Como ainda teve a coragem de negar o sentimento mais cedo na conversa que ambas tiveram?
— Vamos todos no mesmo carro, ou cada um vai no seu?
não tá de carro, ele veio comigo.
— Alguém pretende beber? — perguntou.
— Eu — os três na sua frente levantaram a mão.
— Eu levo os três. Deixo os três em casa depois da festa, e amanhã vocês passam aqui pra pegar o carro. Ninguém vai dirigir bêbado.
— Certinha. — implicou e esperou falar algo também. Mas ele apenas riu e saiu na frente.
“Aquilo não foi nada demais, é óbvio que não foi nada. Você só falou a verdade, ela está linda, e ela só agradeceu, simples.” E o que foi aquela sensação que sentiu?
ia dirigindo o carro, no banco do carona e e iam no banco de trás. Eles conversam bobeiras e faziam snapchat’s sem sentido, até que lembrou que tinha que avisar Jake sobre ir à festa. Até então achava que Jake não tinha sido convidado, mas aquilo não fazia sentido algum, era melhor avisar.
“Não sei se você está sabendo, mas a Prya está dando uma festa hoje e bom, sinto muito se ela não tiver te chamado. Mas voltando ao motivo da mensagem, e os meninos estão indo comigo, caso esteja aí ou esteja pronto para ir, pense no que vai fazer. Não magoe nenhuma das duas, ou melhor, não magoe a , ela é a única que sairá machucada disto.”
— Que tal um pouco de cerveja? — Prya perguntou, já com uma cerveja para dar a Jake.
Ele ainda estava sem acreditar na mensagem que tinha acabado de receber. estaria ali? E agora?
Pensou melhor, não era motivo pra pânico, era só dizer que logo depois da mensagem dela, ele também foi convidado, era amigo da dona da festa. Mas o que faria para controlar Prya, que com toda certeza tinha segundas intenções e não estava nem um pouco incomodada de expor isso na frente de todos? O pânico voltou. estava certa, ele não podia machucar e ele sabia que a machucaria. Desde que eles voltaram a ficar que ela não escondia que dessa vez estava se envolvendo. Tinha que fazer alguma coisa. Agradeceu aos céus por Prya já saber de , o jeito era mandar a real pra ela. Ou mais ou menos isso.
— Chega aqui. — Pediu e Prya foi ao seu encontro.
— O que foi?
— Não vamos poder ficar hoje.
— O que? Já tinha algo em mente.
— Você sabia que a tá trazendo os amigos de trabalho dela?
— Sim, ela me perguntou se podia. Imagina só se eu ia negar. — riu de si mesma.
— Não sei se você lembra, mas eu e a , amiga de trabalho da — frisou essa parte — temos um lance.
— Vocês ainda estão ficando?
Ela não podia dar piti agora, Jake precisava que ela não surtasse.
— Tecnicamente não, mas ficou algo mal resolvido e eu não quero magoar ninguém, ela é ótima.
— E já é grandinha pra entender as coisas. — replicou.
— Você sabe que não sou assim, então, por favor, facilite e me ajude nessa. Vamos fazer assim, a gente age sem nenhuma proximidade na festa, depois eu fico aqui e terminamos a noite juntos.
— Gostei da ideia. — mordeu o pescoço dele e foi embora.
Agora era torcer para que ela realmente tivesse entendido o que é não ter nenhuma proximidade.
Jake bufou.
Ele estava agindo igual os caras que sempre odiou. Sendo um babaca com uma ótima garota por causa de uma peituda que ele desejava.
— Vai na frente — disse pra , que sorriu ao ver a amiga um pouco tímida.
Nunca tinha a visto com vergonha.
se juntou a , não tinha nenhuma intenção com isso, apenas sentiu vontade de entrar na festa ao lado dela, ele sabia como ela não gostava de ser o centro das atenções.
— Obrigada, odeio ser o centro das atenções — agradeceu e ele apenas sorriu, mas depois disse:
— Disponha, nasci pra brilhar — os dois riram.
— Vocês estão tão melosos hoje — comentou, rolando os olhos.
— Ciúmes? O é todo seu — brincou.
— Como se você fosse suportar a ideia de dividi-lo — cochichou no ouvido dela.
A mesma corou e por fim se perguntou: Ela aguentaria? Mas tinha que aguentar, não era? Eles tinham um trato que deixava possibilidades disso acontecer. Sentiu o estômago revirar um pouco com a ideia e cuidou logo de jogar essa sensação pra longe, não podia e nem devia nutrir sentimentos por .
— Prya chegou gritando. — Amiga, você está linda! Tão meiga e tão, tão, não sei o nome, mas se fosse um homem te pegaria — comentou aos risos e mentalmente concordou com o elogio. — Achei que não fosse chegar.
— Lembra o juramento que fizemos no ensino médio? Enquanto for possível, nunca faltarei uma festa sua. Quem vai te carregar pra cama depois?
— Palhaçada isso. — fingiu irritação. — Oi — disse, quando viu os outros três.
— Ops, me esqueci de apresentar — falou. — Gente, essa é a Prya, minha amiga desde que me entendo por gente e dona dessa festa. Prya, esses são...
Grey, Parker e , quem não sabe?
— Isso mesmo — deu de ombros.
— Sejam muito bem vindos, podem aproveitar a festa.
Cumprimentaram-se e logo após Prya falar com , lembrou de algo.
— Ah, o Jake tá aqui, já viram ele?
Foi automático procurá-lo com os olhos.
— Jake! — Prya gritou assim que o viu.
Quando Jake viu de quem Prya estava acompanhada sentiu seus joelhos falharem. Prya era competitiva e muito corajosa, ela teria ousadia suficiente pra agarrá-lo na frente de .
— Oi — falou com cara de culpado, ao menos foi assim que chamou a cara dele.
— Não sabia que você também ia estar aqui — falou.
— É… Também sou amigo da Prya.
— Bom, gente, como falei, sintam-se à vontade. Aproveitem. — Prya falou e saiu dali.
foi procurar algo para beber e saiu com , restaram apenas e Jake.
— Se eu soubesse que também viria pra essa festa, nem tinha desmarcado, a gente teria vindo junto.
— É que aqui tá cheio de gente, eu ainda não estou pronto pra sair em capa de jornais.
incomodou-se com aquilo, mas não iria admitir, não iria insistir.
— Tudo bem, então.
Jake riu, sabia que ela diria isso e agradeceu por a garota ser tão orgulhosa.
A festa ia muito bem para , já tinha conhecido duas garotas lindas e interessantes, uma delas ele seria capaz de casar. Riu. Talvez ele fosse mesmo um romântico, mesmo que lá no fundo.
estava bastante assustado, conforme a festa rolava ele só conseguia pensar em como estava linda. Dispensou quatro garotas e se uma parte queria se socar por causa disso, a outra apenas lhe dizia que ele fez o certo, afinal, nenhuma delas era mais interessante que .
— Por favor, pare de comer minha amiga com os olhos. — escutou Jake falar atrás de si.
— Eu não…
— Eu nunca achei que fosse dizer isso, mas, talvez você devesse ir ficar com ela.
— Você tá bem? — perguntou, sarcástico
— Não me faça mudar de ideia. — Jake respondeu entre risos.
ponderou a ideia que Jake lhe dera, mas no fim achou que talvez fosse melhor não fazer isso. Já não bastava falando dele e , agora Jake apoiava e por fim ainda tinha aquela confusão na sua mente, por hora, era melhor se manter distante.
— Obrigado, eu acho. Mas hoje não vai ter e eu. Ela está aproveitando a festa com as amigas e eu vou fazer minhas amigas também — e sorriu de forma sacana.
— Como é?
— Você sabe, vou paquerar um pouco. — riu.
— Pode vir aqui comigo? — Jake chamou, tentando se controlar.
Mesmo sem entender direito, o seguiu.
Assim que chegaram a um lugar sem pessoas, Jake falou:
— Olha só seu playboyzinho de merda, — e empurrou contra a parede — sinceramente eu pouco me importo com quem você fica ou deixa de ficar, mas na frente da você não vai paquerar uma garota sequer.
— Eu não sei se você sabe, mas e eu não somos impedidos de paquerar — e arrancou as mãos de Jake do seu peito.
— Então eu vou reformular a frase. Tudo bem assim? — colocou apenas uma mão contra o peito de e falou: — Não me importo com quem você fica e também não me importo com esse trato idiota que você tem com a , mas você não vai paquerar ninguém na frente dela. Sei que é um merdinha, mas até o seu cérebro é feito de merda?
No fim frase, Jake já não parecia tão bravo, apenas indignado. entendeu isso e percebeu que ele só estava preocupado com a amiga.
— Tudo bem. Não vou paquerar ninguém, mesmo podendo fazer isso — brincou.
— Sei que no fundo se importa com ela e também vejo como a olha, alguma coisa, mesmo que mínima, muda quando você a vê. Então, imagina só se ela começa a se agarrar com um cara nesse exato momento…
— Ela pode — disse, apenas pra tentar bancar o desencanado, mesmo que estivesse incomodado só de pensar.
— Sei que ela pode — Jake revirou os olhos. — Mas sei que você ficaria incomodado, mais até do que você imagina — piscou um olho.
— Não estamos apaixonados — tentou esclarecer.
— Estão envolvidos. — riu e saiu.
Deixando ainda mais encanado.
Tudo bem, aquela festa estava longe de correr como imaginava, mas tentaria se divertir com os amigos.
! — chamou animada. — Vem tirar foto com a gente.
— Assim que chegou perto, ela brincou. — Você está tão gato essa noite.
Ele retribuiu fazendo das suas mãos garras.
— Sei que sou gostoso.
Nesse momento, tirou uma foto dos dois, eles estavam tão espontâneos e ela gostava de ter esses momentos.
Postou com a legenda “Meus gatinhos, preferidos. Dupla dinâmica.”
Quando viu, achou que também deveria postar uma foto de e .
— Ah, nós dois somos os estilosos e bonitos dos quatro — falou. — Veja só como merecemos ser capa de revista — e fez pose de modelo junto com , que gargalhava.
flagrou esse momento e postou “It couple, só que não.”
— Vamos trocar os casais agora. — sugeriu.
— Vem aqui, minha gostosa — a puxou e ela gargalhou agarrada a ele.
“Não roube minha dupla” postou como legenda da foto dos dois.
— Nossa vez. — disse, já que isso estava óbvio.
Ambos queriam poder dizer que aquela foto sairia tão natural como as outras, mas ambos se olharam sem saber como fazer a pose. Posar como um casal deixava os pensamentos atuais ainda mais perturbadores.
— Vão ficar enrolando até quando? — indagou.
procurou pelos olhos de e quando os encontrou, perguntou:
— Vamos?
— Vamos. — e sorriram um pra o outro.
capturou esse momento, sorriu ao ver como aquela foto demonstrava a cumplicidade que os dois tinham, eles pareciam um casal.
Inocente sobre o que acontecia com eles, se perguntou por que os dois não ficavam logo.
achou que tirariam uma foto comum, mas era pedir demais que se comportasse como gente.
Ele mordeu sua orelha e no exato momento que ela fez cara de surpresa, tirou a foto. As gargalhadas vieram quando Bemjamin já pensava na legenda.
“Nunca te falaram que vingança não é algo legal, @? Tire a boca daí.
Não se desgrudam.”
Depois das fotos voltaram a dançar e instintivamente procurou Jake pela casa. Ele estava sentado, não parecia nada animado com a festa. Resolveu ir até ele.
— Você não me parece bem. Tá acontecendo alguma coisa?
— Só estou cansado, acho. E também estou confuso.
— Com o que?
— Nada demais, não tem importância.
estava pronta para perguntar novamente quando Prya apareceu.
— Jake, vamos dançar? Você deve ter melhorado desde nosso baile de formatura.
— Vocês foram juntos? — perguntou, curiosa sobre a adolescência de Jake.
— Não. — Prya riu. — Eu era muito popular na época, Jake também era, mas alguns ainda o viam como o loser do passado. Acabou que dançamos escondidos no corredor da escola.
— Ah — queria ter parecido mais animada, já que a lembrança arrancava risos de Prya, mas na verdade sentiu ciúmes.
— Obrigado, Prya — Jake voltou ao assunto anterior. — Mas eu já ia dançar com a Parker.
— Ah, sim.
O olhar irritado da garota não passou despercebido pelos outros dois.
— Impressão minha ou a tal Prya está com ciúmes de você?
— Que nada, apenas a Prya nunca foi boa em receber um não.
— E a tal dança nos corredores? Isso arrancou risos dela e até um sorriso seu.
— O que você quer saber, ?
— Não é nada. — mexeu as mãos para espantar o pensamento.
Depois que a música acabou foi para perto dos amigos, Jake estava pronto pra se unir aos outros quando sentiu alguém segurar seu braço.
— Agora a gente dança. — Prya falou, já o puxando para dança.
— Eu acho que você não está fazendo o que pedi. — Jake comentou enquanto dançava.
— Não entendi.
— Claro que entendeu — rolou os olhos. — Você não está fazendo o que pedi sobre manter a distância na frente da , ela está suspeitando de algo.
— E você está mentindo para mim.
— O que?
— Não tem nada de mal resolvido entre vocês, tudo parece resolvido até demais, vocês tem algo.
— Não, não temos.
— Claro que tem. Se não tem, me beije.
— Eu não vou te beijar aqui, a está ali.
— E o que tem ela? — perguntou, já irritada.
— Ela já está, já está — não tinha como explicar tudo sem contar que de fato tinha mentido.
— Assuma que está mentindo ou me beije agora. — ordenou.
— Mas…
Quando percebeu, Prya já estava o puxando para um beijo e ficou tão nervoso que a única coisa que fez foi empurrá-la de leve e sair dali. Aquilo foi visto por muitos, inclusive por , que foi ao seu encontro.
— O que foi aquilo?
Ele respirou fundo, como diria tudo a ela? Percebeu que seu medo não era apenas que ela deixasse de ficar com ele, mas tinha medo de magoá-la, perdê-la para sempre. E ele queria a mesma por perto. Como foi burro, precisou estar ali, frente a frente com a mesma em um momento que certamente a faria o odiar, para perceber que Prya jamais seria garota para ele, ele era só mais um brinquedo que ela não sabia abrir mão, e o principal, precisou estar ali para se dar conta que não queria e nem podia ficar sem a garota à sua frente, gostava mesmo dela.
— Jake?
— Eu não sei o que deu nela, quando vi, ela já estava perto de me beijar.
— Jake — sussurrou. — Vocês têm algo?
Ele deveria contar tudo? Será que ela o perdoaria? Preferiu mentir.
— Não. A Prya deve estar um pouco bêbada. Meu negócio é você, Parker.
— Não estou de carro, que tal me levar até em casa? — ela sugeriu.
— Adoraria — sorriu.
Disfarçadamente se despediram e foram embora. não conseguiu esconder a surpresa e a culpa ao ver aquilo.
— Que cara é essa? — perguntou.
— A vai me odiar. — murmurou.
— O que? A é louca por você, como ela te odiaria?
— O Jake está sendo um babaca com ela e eu sei disso, mas contar significaria trair o Jake e eu não consigo, por mais que discorde, que me sinta culpada, não consigo trair o Jake. — ela parecia prestes a cair no choro.
— Ei, ei, eu entendo você, quer dizer, não na prática, mas entendo. Você é a pessoa que mais me importo e acho que seria capaz de te apoiar em praticamente tudo, talvez fosse capaz de esconder um corpo com você.
Ela gargalhou, ele apenas sorriu, mas depois ficou sério.
— Por isso não se culpe tanto, saiba que eu provavelmente seria capaz de fazer parecido ou até mais por você.
Um arrepio percorrer a espinha de . Sem pensar falou:
— Queria poder te beijar agora.
Ele não esperava por isso, mas sorriu, feliz por saber que ela queria o mesmo que ele, mesmo que não fosse admitir.
— Sou irresistível, não é mesmo?
— Você é muito idiota, isso sim. — disse rindo.
— Que tal irmos pra sua casa?
— E o ?
— Não é como se ele não soubesse. Vou só avisar que ele vai ter que ir de táxi, a julgar pela empolgação dele com aquela garota, esse já era o seu plano.
Olharam pra ele e sorriram. e a tal garota pareciam se engolir.
— Te espero, então.
Foi se despedir de Prya e foi falar com o amigo.
— Você pode ir de táxi, hoje?
— Claro — riu, sabendo o que aquilo queria dizer.
— Obrigado.
Quando já estava indo embora, escutou o amigo chamar.
— Vocês estavam lindos hoje. Não deixe essa garota passar.
— Cale essa boca.
— Você está apaixonado, , não demore tanto para perceber — falou, rindo.
e mal entraram no apartamento e já estavam aos beijos. Quando chegaram ao quarto e se despiram, quando já não aguentavam mais de tanto desejo, as palavras de vieram à mente de : Você está apaixonado, , não demore tanto para perceber. Será que ele poderia estar apaixonado? O pânico tomou conta de si e só saiu de seus pensamentos quando escutou o chamar, preocupada.
? O que aconteceu?
— Como?
— Estávamos no meio…
— Ainda estamos — falou, seguro de si. — Só senti uma tontura.
E voltou a beijá-la, porém aquilo não estava funcionando, as palavras do amigo não saíam da sua mente. Não dava pra focar em mais nada. Tentou beijá-la novamente, mas ela não permitiu.
— Acho melhor deixarmos isso pra depois. Que tal dormir um pouco? Podemos ver um filme.
— O que? , eu consigo! — sentiu-se um incapaz.
— Acho que já foi humilhante demais para mim, não vamos tentar novamente. — forçou um sorriso.
— O que? , não é nada com você. — falou, sentando na cama agoniado e a encarando.
— Por favor, vamos dormir.
— Caramba, como você… , você é a garota mais sexy do mundo, eu te desejo demais, eu apenas me senti mal e não consegui, hum, você sabe.
— Tudo bem — murmurou.
Não podia acreditar na estupidez daquela garota, como ela podia achar que o problema era ela?
— Olha pra mim. — pediu e ela virou-se para ele. — Não tem nada de errado com você, não seja idiota. Eu te desejo demais, pra ser sincero queria te desejar menos, porque às vezes acho que vou te agarrar em público. Não tem nada com você, , não me faça sentir-me ainda pior do que já estou, não suporto a ideia de ter te magoado mais uma vez.
Ela sorriu, sentindo borboletas no estômago.
— Acredito em você.
Minha garota.
Com um selinho inocente depois dessa frase, o clima mudou e já estavam se beijando. Seria tolice dizer que o clima de antes voltou, por que dessa vez era diferente. O desejo não falava mais alto, dessa vez era sentimento. E mesmo sem admitir ambos sabiam disso.


Capítulo 10 – Jealous

folheava uma revista de fofoca e olhava a foto de si mesma saindo de uma boate com alguns amigos, aos seus olhos aquilo era uma coisa tão inocente que não conseguia entender o porquê daquela manchete tão horrorosa: Estrela de Five Hills sai de boate com amigos, fontes dizem que ela ficou com todos os quatro dentro do estabelecimento.
Ela sabia que ninguém disse aquilo, tinha certeza daquilo, de onde tiraram aquela notícia absurda?
— Você já viu, né? — perguntou, claramente triste pela amiga.
riu sem humor.
— Tudo mundo já viu isso, então?
— Acho que quase isso. Você está na capa e bom, estrelas de Five Hills andam vendendo muito.
— Mas isso é sem fundamento! Eu estou apenas rindo com eles e eles ficaram com outras pessoas lá dentro, não beijei ninguém aquela noite.
— Eu sei que não! — respondeu tentando confortá-la. — Eles só querem vender, não se preocupam com a veracidade das coisas.
Provavelmente alguém dessa revista sentou em frente ao computador e digitou a primeira coisa que veio à mente, sem procurar saber de nada.
— De todas as bobeiras que já escreveram sobre mim, essa foi, de longe, a mais absurda e a que mais me magoou.
— Ao menos os caras são gatinhos, né? — tentou brincar e até conseguiu arrancar um leve sorriso da amiga, mas não mais que isso.
estava alcançando muitos dos seus objetivos como atriz, talvez até mais do que sonhara algum dia, mas aquele tipo de notícia sempre fazia com que ela questionasse se valia mesmo a pena. Com tantas coisas para escreverem, tipo sua participação no clipe da Taylor Swift, o filme que ela faria parte do elenco, os ótimos índices que Five Hills estava dando… Mas não, eles preferiam inventar coisas como aquela, que ela jamais seria capaz de fazer.
— Vou gravar, fica bem.
— Obrigada.
continuou ali por mais alguns minutos, sua próxima cena demoraria cerca de meia hora para ser gravada, resolveu ir para o seu camarim, ao menos lá não deixaria alguém penalizado com sua cara triste.
— Estou entrando. — disse quando já tinha aberto a porta. — Que cara é essa? — perguntou, um pouco assustado com a feição da garota.
— Ainda não viu isso? — respondeu, jogando-lhe a revista.
leu aquilo e riu, riu de verdade.
— Qual a graça nisto tudo, hein?
— Eles não tinham coisa melhor para inventar, não? Até eu pensaria em algo melhor, e olha que não me formei em jornalismo.
— Isso não tem nenhuma graça, . Minha vida está sendo exposta para todo mundo, e o pior, baseada em mentiras. Milhares de jovens me assistem, dizem para mim todos os dias que eu sou uma referência para eles, falam que se espelham em mim, e o que eu mostro? Essa coisa horrível aí.
— Mas ninguém é perfeito. — disse como se isso já devesse ser óbvio para ela.
— Mas as pessoas querem que eu seja, todo mundo espera isso. Se você ler os comentários sobre mim na internet…
— Dane-se esses comentários, você nem fez isso de verdade, não tem que se preocupar com o que as pessoas pensam de uma mentira sobre você.
— Para você é fácil, . Para início de tudo, ser homem é bem mais fácil nesse mundo hollywoodiano. Se fosse você ficando supostamente com quatro garotas, não teriam tantos comentários ruins como tem para mim. E outra, as pessoas já estão acostumadas com o seu jeito, notícias desse tipo soa até como elogio, você cresceu nesse meio e teve a chance de ser quem você quis ser.
— Olha, eu sei que você está bem puta da vida, mas não vem colocar tudo nas minhas costas. Você acha mesmo que é fácil crescer em frente às câmeras, que eu resolvo ser quem eu quero, simples assim? Você não sabe o que é ter todo mundo te perguntando sobre seu primeiro beijo, primeira transa. Ter o primeiro beijo fotografado, não poder ir à escola em paz. Eu tinha vontade de sair com os meus amigos, fazer coisas de adolescentes, mas ninguém queria “fazer coisas de adolescentes” com alguém que provavelmente faria todas as merdas saírem nos jornais no dia seguinte. Você não sabe quantas vezes eu tive vontade de sair dessa vida, de como eu cogitei tomar outro rumo.
Não vem falar como se tivesse sido fácil, é difícil pra todo mundo.
bufou, sabia que ele não era culpado por tudo, mas é que pra ele parecia tão mais fácil.
— Eu sei, me desculpa.
sorriu pelo nariz e puxou a amiga para um abraço.
— Não deixa que eles acabem com a alegria disso tudo. — disse enquanto mexia no cabelo dela.
abraçou forte a cintura de . Quem diria que aquele abraço ajudaria tanto?
afastou o pouco a menina do seu corpo, apenas para beijar sua testa. sorriu com o ato, lembrou de quando era criança e se machucava, sempre fazia o maior escândalo, sua mãe, conhecendo a filha melhor que todos, apenas perguntava onde tinha machucado e assim que descobria beijava o machado e dizia: Passou.
Era um santo remédio, as lágrimas cessavam no mesmo instante.
— Está mais calma? — ele perguntou, sorrindo e recebendo um olhar intenso em troca.
não respondeu, apenas ficou um pouco na ponta dos pés e beijou o rapaz. , mesmo tendo sido pego de surpresa, parecia que já estava pronto para isso. Agarrou aquele corpo frágil e juntou ao seu, sentindo vontade de curar cada dor dela.
— Você é cheio de surpresas, . — disse, sorrindo.
— É? O que fiz de tão surpreendente? — indagou com um sorriso nos lábios.
— Deixa para lá, não quero o convencido entrando em ação.
— Você é maravilhosa — ele disse, sem perceber o quanto aquilo poderia significar para ela.
Claro que o empresário de cuidou de mandar uma nota desmentindo aquela notícia horrorosa, Peter conseguia fazer milagres, menos de uma semana depois ninguém nem falava do assunto, se bem que depois daquela conversa com , mal se importava.
Quem diria que logo conseguiria fazer tão bem pra ela? Não que ele fosse má pessoa ou algo do tipo, na verdade ele tinha um coração enorme, mas é que ele nunca foi muito o estilo de amizade que procurava cultivar, Jake era seu estilo. Por mais popular que sempre tenha sido, ela sempre gostou de ficar perto de gente de verdade, sem nenhuma veia de egos, e muitas vezes o era o ego em pessoa.
E ele também se perguntava como logo virou a sua amiga, ela também não fazia seu tipo de amizade. Sempre gostou de conversar com mulheres mais imponentes, aquelas que gostavam de mostrar que manda, que tentam chamar atenção por onde passa. , mesmo sendo talvez a mulher mais linda na opinião dele e de muitos, não parecia disposta a provar nada pra ninguém, muitas vezes ele achava que ela tinha até medo de provar algo pra si mesma.
Ambos sabiam muito um do outro, mas também tinha algumas noções bastante erradas. não era tão egocêntrico e auto-suficiente como tentava demonstrar, acontece que ele cresceu em frente às câmeras e desde muito tempo teve que procurar um perfil que agradasse ao público, de começo claro que todos amavam o jeito inocente dele, mas depois começaram a cobrar um amadurecimento, um crescimento que ele não sabia como demonstrar, então começou a fazer o que todos os adultos do meio faziam e começou a convencer todos, confiança é tudo, não é mesmo? E esse era o charme de , ele não era apenas um famoso que curtia a vida adoidado, ele era O cara que curtia a vida do jeito que queria e que não ligava pra nada. Assim nasceu o bad boy, seu perfil de maior sucesso. De tanto viver aquilo, acabou pegando gosto, mas por vezes sentia medo, arrependimento, culpa, ele só não demonstrava.
— Prya! — Jake assustou-se pela amiga ser a única pessoa na sala de . — Onde…
? Ela tá no quarto, vamos sair hoje.
— Queria conversar com ela.
— Ela me disse que vocês não estavam muito bem? Tenho culpa nisto?
Ele poderia dizer a verdade, mas não queria iniciar um assunto sobre os dois, ainda mais na casa de .
— Não. Foi coisa nossa mesmo.
— Se bem conheço os dois, não aguentarão por muito mais tempo.
— É. — respondeu, tentando esconder seu desconforto.
— Fico feliz que eu não tenha sido motivo da briga — Prya disse, jogando-se no sofá de qualquer jeito, com uma expressão de quem tinha um plano. — Quer dizer, precisa entender que você já é grandinho, não é? Você sabe que o que a gente tem é especial.
— Prya…
— Não tanto como a atriz é para você, mas sei que é.
— Não coloca a nisso.
— Foi ela quem entrou nesse lance, docinho. Senta aqui. — pediu, batendo no lugar indicado.
— Prya…
— Para de ser bobo, eu não vou te agarrar, não aqui.
Jake pensou que aquele era o momento certo para pôr um fim em tudo aquilo, mas caramba, como fazer sua boca falar o que seu desejo teimava em contestar?
— Você está namorando, não é?
— Já disse que dei um tempo.
— Prya, quantas vezes já fizemos isso? Várias vezes damos início a essa conversa e terminamos em uma cama, adiando o inevitável.
— Já parou para pensar que talvez esse seja o nosso jeito de dar certo? — ao ver a incredulidade nos olhos de Jake, Prya continuou. — A gente sempre vai ter esse desejo, tipo aqueles mocinhos de filme. Não rola ninguém se meter no meio disso — disse, rindo.
— Estamos bem longe disso. Mocinhos não magoam ninguém.
— E estamos magoando quem?
Ao ver o silêncio e a culpa nos olhos do rapaz, ela logo entendeu quem era a pessoa a ser magoada.
— Aquela atriz tem essa importância toda na sua vida? Minha nossa, estou quase sentindo ciúmes dela.
— Quase?
— Não é a primeira vez que nos encontramos quando você tem alguém em sua vida — riu. — Isso alguma vez nos impediu de algo? Já passamos dessa fase, a atriz não é uma ameaça.
— A atriz tem nome, Prya. Ela se chama . — falou, um pouco irritado.
Prya se mexeu no sofá, claramente irritada com o que escutou.
Ela nunca perdia nada. Era capaz de ter tudo que queria, ainda que as pessoas insistissem que uma coisa faria ela perder a outra. Ela tinha tudo, nada lhe escapava. Algo só deixava de ser seu se ELA perdesse o interesse e abdicasse disto, e ela não tinha a menor intenção de abdicar de Jake, não agora.
— Ela está mesmo mexendo com você, não é mesmo?
— Quer a verdade? Sim.
— Deseja mais ela que eu? — indagou, sentando no colo do rapaz.
— É diferente…
— Não tem diferença, é uma pergunta muito simples, reponde. Quem você deseja mais? — desta vez ela depositou um beijo no pescoço dele.
— Eu odeio você, Prya.
— Sei que sim. — respondeu rindo, segundos antes de ter seu rosto puxado por Jake e iniciarem um beijo.
Depois de alguns beijos, Jake falou:
— Chega! A não pode nos ver assim.
— Minha casa ou a sua?
Jake ignorou aquela pergunta.
— Vou subir pra ver a . — ele disse, apressado.
— Hey!
— Veio ver a Prya? — indagou, irônica.
— Eu nem sabia que ela estava aqui.
— Hum.
, nunca passamos tanto tempo distantes um do outro. Vim acabar com esse clima entre nós.
resolveu deixar a maquiagem e virou para o amigo.
— Eu sei que minha vida amorosa não é nenhum exemplo, ela nem existe de verdade. Mas ainda assim é diferente, sabe? Quando isso acabar o máximo de dano causado será para duas pessoas, as verdadeiras culpadas. Ninguém inocente vai se magoar com isso.
— Eu não quero magoar a .
— Sério, Jake? Então que tal ser o Jake que eu esperava que fosse e decidir sua vida? Eu não vou dizer que você é um idiota em escolher a Prya, quem sou eu, não é mesmo? Mas você será um baita idiota se escolher as duas.
— Você nunca sentiu uma atração tão forte por alguém que te deixa sem pensamentos no momento? Que te faz esquecer o quanto isso é idiota?
— Por que você acha que aceitei o trato do ? — ela respondeu com um meio sorriso.
Jake riu também, ela não estava entendendo sua pergunta.
— Eu estava falando da Prya.
— Eu sei.
— Mas vocês dois não são como a Prya e eu.
olhou pra o amigo e rolou os olhos.
— Eu vou te dizer o que eu sinto em relação à .
Mesmo sem entender o que ele queria com aquilo, deixou que ele continuasse.
— Sempre foi só sexo, entende? Ela é extremamente linda, atraente e não precisa de ninguém para lhe dizer isso, ela sabe. Acho que a confiança dela foi o que mais me atraiu. É uma confiança diferente da que a Prya tem, ela não joga, só acredita em si mesma, simples. Então, tudo era só sexo. Eu tinha uma mulher atraente, engraçada, amiga, ótima de cama e não precisava me preocupar em tentar ser o cara perfeito para ela, ela era auto-suficiente e não precisava disto. Mas aí as coisas começaram a mudar, a gente foi ficando mais constante e ela parecia gostar da minha companhia, não apenas do meu sexo e eu fui percebendo que não foi apenas ela quem mudou, eu também tinha mudado o que mais gostava nela. Comecei a ver na uma espécie de porto seguro, alguém com quem eu não precisava fingir estar bem. E é isso que você sente pelo , , por mais que não queria admitir, é isso que sente. Só que há algo que você já sabe, que eu ainda não sei em relação à .
Em vez de negar, perguntou:
— O que?
— Você sabe que gosta dele, de verdade. Sabe que não tem atração física com outro cara que te faça questionar isso. Talvez já saiba porque para mulher é mais fácil e porque é ele quem vive errando, não você, daí você já passou por coisas suficientes para provar que é dele que você gosta. Eu preciso saber disto em relação a também.
ficou com os olhos cheios de lágrimas, mas preferiu não responder nada, apenas virou-se para o espelho e continuou a fazer sua maquiagem.
— Quando estiver pronta para assumir, eu vou estar aqui. — Jake disse sincero.
— Eu vou estar aqui depois de sua escolha também.
— Então esteja para mim agora. Porque independente da , eu já escolhi não ter mais a Prya.
Prya escutava tudo do lado de fora do quarto e sentia-se irritada pela amiga ter escondido o seu caso dela, mas ainda mais irritada por estar perdendo alguém pela primeira vez em sua vida.
Isso não iria acontecer. Ela não iria permitir que acontecesse.
Para testar a opinião que escutou Jake falar para , Prya resolveu levar a amiga para um dos bares mais badalados da cidade e sugerir, de todas as formas possíveis, que ela ficasse com alguém.
— Olha aquele rapaz te encarando. Ele quer algo. — Prya comentou no ouvido de .
— Sinto muito por ele, eu não quero ninguém.
, ninguém vem a uma boate pra ficar sozinha. Qual é?! Fica com ele e de quebra traz o amigo dele pra mim.
— Eu não tô no clima, sabe?
— Cadê o aqui? De certo você estaria beijando nesse exato momento.
automaticamente colocou o pouco de bebida que estava em sua boca pra fora. Como ela sabia disto?
— Eu tava indo te apressar quando escutei o Jake falando. Por que você me escondeu isso? — perguntou, um pouco irritada e magoada.
— Ai, Prya, não fica irritada. Não é nada demais, sabe? A gente só fica de vez em quando, mas a verdade é que somos apenas amigos.
— Você foi embora com ele da minha festa, não foi? Há quanto tempo vocês ficam? Ele beija bem?
— Sim, ele beija bem. E ficamos a primeira vez no dia que Five Hills estreou. Mas não tem uma constância, nem nada, é pele. Só!
— Se é assim, por que desde que cheguei à cidade que não te vejo ficando com ninguém?
— Eu nunca fui disso, você sabe.
— Mas ninguém te atrai mais. Ou é isso, ou você tá se tornando assexuada. E não é o caso.
apenas tomou mais um gole de sua bebida.
— Você sabe que te amo, não é? — Prya indagou e balançou a cabeça em um sim. — O é tudo de bom, claro, qualquer mulher se sente atraída por ele, mas ele não é pra você, .
Vocês são opostos. Eu nem sei como ainda saiu amizade disso.
— Eu sei disso tudo que você acabou de falar. — murmurou frustrada.
— Se sabe, também sabe que tem que se abrir para outras pessoas, dessa sua quase relação com ele não vai sair nada mais que sexo e você nunca foi uma garota de apenas sexo. Em vez de ficar aí com a bunda parada esperando, sei lá, ele aparecer por aqui, mexa-se e conheça outras pessoas, procure a pessoa certa. Alguém que não seja ele, porque sabemos que é a pessoa errada.
bufou. Odiava admitir que a amiga estava certa.
Eles realmente não tinham nada a ver, não passaria de sexo o que eles tinham, e ela realmente se sentia esperando por ele e sabia que não deveria.
— Tudo bem, vamos dar um oi para os dois ali. Mas eu não vou ficar com ele, okay?
— Desde que eu consiga falar com o amigo dele, você faz o que você quiser. — Prya respondeu animada, enquanto puxava a amiga para ir em direção aos dois rapazes.
— Oi, meninos. — Prya iniciou a conversa.
— Oi, garotas. Estávamos aqui pensando se deveríamos ir até vocês, mas…
— Viemos antes, pontos para nós duas. — Prya continuou a frase do rapaz.
— É, ponto para vocês. Me chamo Lian e esse aqui é o Danny.
— Eu sou a Prya e essa é a .
— Sabemos — os dois responderam juntos e corou.
— Será que podemos conversar ali, Prya? — Danny indagou.
— Claro. Tudo bem eu ir, não é, ?
— Claro. Vai lá.
Assim que ficou a sós com Lian, o rapaz falou:
— Posso confessar que pisei no pé do Danny só para ele chamar sua amiga?
— Hã?
— Ele não tá afim de ficar com ninguém, só chamou ela pra deixar nós dois sozinhos.
riu, Prya ficaria irritada quando percebesse.
— Objetivo concluído, estamos sozinhos. — ela brincou.
Lian se inclinou para mais perto dela e falou ao seu ouvido:
— E eu não poderia estar mais satisfeito.
Iniciaram uma conversa sobre coisas triviais, mas a todo momento o rapaz deixava claro qual era o seu objetivo.
Claro que estava se divertindo com aquilo, era bom saber que caso desejasse sair daquele lance com , teria opções interessantes. Mas tudo seria mais fácil se ela quisesse sair daquele lance.
— Que tal irmos para um lugar mais reservado?
— Onde seria? — indagou com um sorriso brincalhão nos lábios.
— Minha casa? — ele disse e fez uma careta engraçada enquanto esperava a reposta.
— Olha, Lian, eu adorei o papo, mas não vai rolar o que você pretende. — ela foi sincera.
— Fiz alguma coisa errada?
— Não — respondeu, rindo. — Você me deu uma noite ótima, é só que eu não vou, eu deveria ter dito que não costumo tomar esses rumos.
— Então a noite acaba aqui?
— Sim. — ela falou, um pouco sem jeito.
— Tudo bem, a noite também foi ótima pra mim e não me importo que acabe agora, mas eu só preciso de algo pra deixar perfeita.
Sem mais palavras ele segurou o rosto da menina e depositou um beijo em seus lábios. , assim que viu as mãos dele vindo rápido ao seu encontro, fazia ideia do que ele iria fazer, mas não recuou, ela precisava daquilo também, mesmo que não sendo pelos mesmos motivos que o dele. Ela só precisava saber se Lian não poderia ser aquele alguém especial.
O beijo foi bom, ótimo, mas sua pergunta estava respondida, ele não seria o tal alguém.
— Até qualquer dia, . — ele falou, dando-lhe um selinho e virando-se para pegar sua bebida no balcão do bar.
— Até qualquer dia, Lian.
E assim se despediram. Sem troca de números, sem estender a noite. Apenas satisfeitos com o pouco que rolou.
Assim que Lian se afastou, Prya chegou perto da amiga.
— Ainda bem que ele foi embora, eu estava ansiosa para levantar e vir pra cá. Aquele Danny mal falou, um mala.
riu, lembrando do plano de Lian.
— Por que você beijou ele?
— Na verdade, ele me beijou. Eu só não o afastei.
— E aí? Ele beija mal?
— Não.
— Então, por que não foi embora com ele? Quer dizer, estou muito grata por não ter feito isso, mas…
— Você tá cansada de saber que eu nunca fico com um cara de primeira.
— Você deu seu número a ele?
— Não. Foi bom, mas foi só isso, Prya. Só um beijo e uma conversa muito agradável.
— Você é estranha.
— Idiota.
No dia seguinte chegou ao set e viu muita gente a encarando com um sorriso nos lábios. Mesmo curiosa, continuou andando e assim que encontrou os amigos, sua curiosidade foi sanada.
! — chegou abraçando a amiga, toda animada. — Quando pretendia nos contar que estava de paquera com alguém?
— Quando eu estiver, talvez. — respondeu.
apenas levantou o celular e apontou para a tela do mesmo.
— O que é isso?
Antes que pudesse chegar até o celular do amigo, surgiu na sua frente também com um celular.
— Já é o momento de nós três te darmos parabéns?
tomou o celular de sua mão e olhou a matéria.
— Ai, não. Que merda!
Clarke e seu novo affair
A garota encarou o rosto de que mantinha uma expressão aparentemente calma no rosto, ela teria acreditado se não tivesse visto seus punhos cerrados.
— Quem é ele? — perguntou, ainda empolgada. — A imprensa deve estar doida a procura dele.
, percebendo o clima entre o casal, falou:
— Depois a te conta tudo, Parker. Agora preciso dela para ensaiar uma cena.
— Você é péssimo, .
— Eu sei. — ele riu e puxou .
Assim que se afastaram a menina suspirou alto.
— Obrigada.
Ele apenas abraçou a amiga de lado.
— Devo conversar com ele? — ela perguntou, referindo-se a .
— Tecnicamente não, mas acho melhor ir sim. Foi uma surpresa pra todo mundo.
— Aquilo não é o que parece.
— Parece um beijo, não é? — ele brincou.
— Isso é. — respondeu, também rindo. — Mas não tem nada de affair, não tem nada de nada. Eu nem tenho o número dele.
— Entendi. Mas vamos deixar isso para lá, ao menos agora. É hora de trabalhar.
Tanto , quanto preferiram não falar sobre aquilo durante as gravações, o grande motivo de relacionamentos serem proibidos era que eles atrapalhariam o trabalho e os dois não permitiriam isso. Mas assim que as gravações terminaram e foi para o seu camarim, foi atrás dele.
Bateu na porta e falou:
— Posso entrar?
bufou antes de responder que sim.
A menina entrou no camarim olhando cada detalhe, na tentativa de que com sua demora, ele falasse alguma coisa. não falou.
— Eu não estou de affair com ninguém.
— Entendi.
— Eu nem tenho o número dele, nem nada. Só o vi ontem, foi só um beijo.
— Você não precisa se explicar, Clarke.
— Não precisaria se você tivesse entendido certo e ficado de boa.
— Eu estou de boa.
— Você só me chama de Clarke por três motivos: me provocar, quando está louco pra ficar comigo e o último, quando está com raiva.
olhou-se no espelho por uns segundos, tentando não agir como um namorado.
— Eu só fiquei surpreso. Não sabia que estava à procura de um namorado agora.
— Nosso trato dizia justamente que eu deveria continuar procurando. — ela respondeu.
— Claro, por isso, tudo certo. — disse enquanto dava um sorriso de lábios fechados.
— Para! Nosso trato diz isso, e eu sei que posso, mas você me conhece o suficiente para saber que no dia que eu resolver namorar, a gente não vai mais ficar.
, você ficou com ele. Eu sei que você quer ser a amiga aberta, mas eu não preciso de detalhes, não preciso de nada.
— Não tem detalhes a serem contados, ele só me deu um beijo, simples. Nada comparado ao que você já fez muitas vezes.
— Que assim como você, também posso, não é mesmo? — indagou, finalmente mostrando um pouco de irritação.
— Pode, claro que pode. Pode tudo! Eu... — reiniciou, tentando deixar o incômodo de lado — eu não vim aqui discutir os termos do nosso trato, só vim aqui falar para você relaxar seus punhos porque não há ninguém para você quebrar por aqui. A Prya queria ficar com o amigo dele, fomos lá e eu conversei com ele, ele foi muito agradável e eu até pensei que se tivesse aberta para relacionamentos, ele poderia ser uma opção, mas mesmo assim neguei seu convite de ir à sua casa. Gentil, o Lian entendeu e só me deu um beijo de despedida, eu sou solteira e não recuei. Foi agradável, mas sem qualquer possibilidade de ter outra vez. Simples. Nada de affair, nada de segundo encontro, nada de nada.
— Terminou? — ele perguntou, irônico.
— Relaxou? — falou no mesmo tom.
— Não sei de onde você tirou que eu podia estar irritado, mas se isso fizer você parar com esse drama: sim, relaxei.
— Até o viu sua irritação. — acusou.
Ele riu, sarcástico.
— Você já tem até parceiro de papo sobre esse assunto?
— Quer saber? Dane-se.
— Também te amo.
A menina deu um gritinho e saiu dali irritada.
esperou uns segundos ates de jogar um urso, que tinha ganhado de uma fã, longe. Ele não podia ficar daquela maneira, não fazia sentido.
Agradeceu que teriam folga e só se veriam na festa de término da primeira temporada. Nem parecia que já fazia quatro meses que o primeiro capítulo foi ao ar.
Era isso, se manteria longe dela até a festa e aproveitaria a mini férias que eles teriam após ela para tirar qualquer parte de da sua mente.
Era a hora de sair daquele problema.


Capítulo 11 – The Party



Tinha chegado o dia da grande festa de encerramento. Os produtores da série levaram a sério a palavra grande. Diferente da comemoração simples que fizeram quando Five Hills iniciou, apenas se reunindo em um restaurante, dessa vez escolheram um grande clube, fizeram uma decoração maravilhosa e repórteres de todas as revistas do país estavam lá.
Fazia cinco meses que Five Hills estava no ar e cerca de sete meses que os seis protagonistas se conheceram. Tanta coisa se passou. Brigas, segredos, paixão, amizade, medo, eles já não eram mais os mesmo de quando tudo aquilo começou. Principalmente e , que, desde o amanhecer pensavam em como seria rever o outro depois de quinze dias.
— Liliiiii! — gritou empolgada quando viu a amiga entrar no grande salão. — Você tá vendo tudo isso? Não parece um sonho? Deus, isso é demais!
— Eu fiquei um pouco insegura com aquele monte de fotógrafos e pessoas perguntando coisas. — A menina confessou, encolhendo os ombros. Quando iria se acostumar?
— Essa foi, de longe, a melhor parte. Nunca vou enjoar disso. — confessou, rindo.
— Os meninos já chegaram?
— Não! E depois dizem que mulher demora pra se arrumar. — Falou e rolou os olhos. — O Jake vem?
— Sim, ele ia vir comigo, mas teve um problema no trabalho.
— Entendi.
Elas conversaram mais um pouco e também acenaram e aceitaram elogios nesse meio tempo, até que avistaram os meninos chegando.
estava acompanhado.
pôde jurar que seus joelhos falharam, a certeza surgiu tanto do susto quanto da sua amiga segurando seu cotovelo, como se a sustentasse enquanto assistia a cena. estava acompanhado. O cara que ela mantinha uma espécie de amizade colorida - que não tinha acabado, só pra constar - estava entrando na festa acompanhado de uma garota linda, linda como ela achava que jamais seria. Aquilo era algo inesperado até mesmo vindo dele.
— Eu não posso acreditar que ele fez isso. — falou baixinho.
— Como? — indagou, tentando não olhar para o casal a sua frente.
— Você gosta dele, . Ele sabe disto e alimenta. Como ele pode fazer isso?
quase contou, ali mesmo, que era muito pior que isso, que os dois tinham um rolo. Mas não era hora nem lugar, fora que a julgar pela cara de , o tanto que ela achava que sabia já era o suficiente pra fazer um barraco.
avistou as amigas de longe e sentiu o coração perder o compasso quando viu . Tinha que manter o seu plano, não podia dar para trás agora.
Ele passou todos aqueles dias pensando em como deixar aquela coisa de para trás, e como sabia que conversar com ela terminaria nele agarrando-a, achou que era melhor levar uma garota e simplificar tudo. Na verdade, para o bem dela, era mesmo melhor que ela o odiasse. Eles só não podiam confundir tudo.
Aproximou-se das meninas sentindo o olhar fumegante de . Buscou os olhos de para ver se encontrava a mesma raiva, mas ela não o encarava. olhava para o celular como se ele fosse a coisa mais importante de sua vida, e naquele momento era mesmo, seu celular era a única coisa capaz de fazê-la não chorar.
— Ele tá vindo. — cochichou para preparar a amiga.
resolveu encarar aquilo de frente em vez de agradecer a pena da amiga. Por isso, colocou seu melhor sorriso, olhou para e falou:
— Não sei se você vai acreditar, . Mas a verdade é que eu não ligo. — E estalou um beijo no rosto da amiga.
— Olá. — saudou quando chegou e logo percebeu que ele não estava confortável com aquilo.
Queria conhece-lo menos, às vezes.
— Oi, babaca. — disse, dando-lhe um abraço irritado.
foi em sua direção para um abraço logo depois, e quando finalmente se abraçaram, ela se aproximou do ouvido dele e falou:
— Ela tá brava porque você trouxe acompanhante. Mas tudo bem, eu sempre esperei coisas assim de você.
ficou sem ação depois das palavras de sua melhor amiga, soltou-a e buscou seu rosto para ver se nele tinha dor ou até mesmo lágrimas, mas não encontrou nada disto lá. tinha em seu rosto um ar de decepção, algo parecido com sua feição no set depois dela ir a sua casa e encontrar Peyton lá.
Seu coração quebrou quando viu que em vez de raiva, ela só parecia ter desistido dele. E não era desistido apenas da relação sem compromisso, ela tinha desistido dele, por completo.
— Como é o seu nome? — Ele despertou do seu transe ao ouvir perguntar o nome da sua acompanhante.
— Agnes. — A menina respondeu, corando por estar na presença de alguém tão importante como .
“Não vai dar pra sentir raiva dessa garota." constatou.
— Você conhece o há muito tempo, Agnes? — perguntou, parecendo uma mãe protetora.
— Alguns meses, não é, ? — Indagou olhando para o companheiro.
— É sim. — Ele se limitou a responder.
— Bom, a gente vai deixar vocês curtirem a festa. — falou, batendo uma mão na outra. — Se o te encher é só dizer que a bate nele.
— Ah, sim. Eu bato sem nenhum remorso. — disse mandando um olhar assassino para o amigo enquanto era puxada por para sair de lá.
— Você deveria ter me deixado quebrar a cara dele em vez de me tirar de lá. — disse quando já estavam longe.
— E porque raios você faria isso? O não fez nada pra gente.
— Você quer mesmo manter essa pose de inabalável? Pode colar com quem for, mas eu sei que você não tá bem com isso.
— Sai dessa,
— Eu vi vocês na festa da Prya. Eu vi seu jeito quando ele te elogiou, eu vi como vocês entraram lá. Você sente algo por ele e ele sabe disto, .
— Mesmo que hipoteticamente você estivesse certa, ele ainda está no direito dele. Para de ser boba, eu realmente estou bem com isso.
a encarou, preocupada.
Aquela era uma festa onde elas deveriam estar festejando por fazerem parte de um projeto tão grande e importante como era Five Hills, Parker não queria ver sua amiga sofrendo justamente naquele dia.
— Jura? — Indagou.
— Juro.
— Então vem, só hoje deixe de ser nossa perfeita e vamos meter o louco.
sabia que nem de longe conseguiria meter o louco como sugerira, mas resolveu curtir aquela festa mais do que sempre curtiu qualquer outra. Ali era lugar pra ser feliz, e pensar em não era a melhor maneira de sorrir.
— Prontas para uma festa de muita diversão? — já surgiu gritando ao ver as amigas.
— Siiiim. — respondeu enquanto dizia o mesmo, porém sem tanto exagero.
— Cadê o ?
— Está com uma mina que ele trouxe. — disse dando de ombros.
A única coisa que conseguiu fazer foi abrir a boca e olhar confuso.
— Sei bem o que significa essa cara. Também estou indignada. — disse rolando os olhos. — Mas ainda bem que você não ficou com ele, . O não te merece.
— Eu já disse que não tenho nada com isso.
— E ainda bem.
— Vamos deixar esse papo pra lá, vão se divertir que eu já volto. – Grey disse.
saiu de perto das amigas e começou a procurar dentro do lugar. Precisava entender o que estava acontecendo. Desde a festa de Prya que ele podia jurar que Doulicia estavam a mil maravilhas. Como assim o mané agora aparece com uma garota justamente na festa da série?
Aquilo era loucura até mesmo para .
Tinha que haver um porquê.
Quando viu o amigo, não tardou em chama-lo a sós.
— E aí, bundão. Será que a gente pode ter um papo sozinhos?
— Não vai falar com os desconhecidos. — disse rolando os olhos.
— Olá. Posso pegar esse rapaz emprestado por uns minutos?
— Claro. — Agnes respondeu, ruborizando ainda mais do que quando falou com e .
Grey puxou e assim que se afastaram de Agnes, o primeiro já indagou:
— Você não poderia ter escolhido outra festa pra chegar acompanhado, não?
— Como?
— Essa festa também é da , cara! — Grey exclamou, se perguntando mentalmente como o amigo podia ser tão idiota. — Você tava mil maravilhas com a menina há quinze dias atrás e agora aparece com outra em um momento de felicidade dela? Me diz qual a lógica nisso!
rolou os olhos na intenção de fingir, até para si próprio, de que não estava se sentindo mal por fazer aquilo.
— Para de drama. A gente nunca teve nada sério.
— Isso não quer dizer que você tenha tomado a melhor decisão. — Grey respondeu como se fosse óbvio.
— Acredite em mim, . Eu tomei a melhor decisão pra todo mundo.
Sem deixar que falasse mais qualquer coisa, saiu apressado pondo um fim naquela conversa.
Odiava drama e odiava ainda mais se importar com eles. Precisava deixar aquela coisa toda pra lá ou estaria perdido.

- mesmo ainda abalada com tudo - estava só sorrisos juntamente com . Resolvera que não deixaria lhe tomar mais do que seu orgulho e então foi curtir a festa como se nada tivesse acontecido.
— Tem uns jornalistas que desejam falar com vocês e os meninos depois, então, se mantenham sóbrias até lá, heim? — Uma das produtoras falou quando encontrou as duas.
— A gente ainda não colocou uma gota de álcool na boca, baby. Isso é só felicidade — respondeu, já puxando para longe da mulher.
— Ela vai ficar irritada. — comentou.
— E quem liga? Vamos aproveitar porque quando o Jake chegar vou te deixar pra dar uns beijinhos.
As duas acabaram gargalhando, sem fazer ideia do que acontecia do lado de fora da casa de show.

— Jake! — Prya gritou quando viu o rapaz saindo do carro. — Que coincidência, acabei de chegar também.
Um pouco sem jeito Jake se aproximou.
— Oi. Eu já vou entrar, tá? Tá cheio de fotógrafos aqui.
Mas antes dele virar, Prya enlaçou seus braços.
— Não vai deixar uma dama passar por esse monte de marmanjos sozinhos, né? — E piscou o olho pra ele.
— Tudo bem.
Os dois caminharam rumo à porta de entrada e antes de chegarem ao destino ouviram um dos jornalistas gritar:
— Você é o melhor amigo da Clarke, não é?
Jake bem que tentou ignorar e continuar andando, mas logo sentiu um peso lhe puxar. Era Prya.
— Ele é sim. Nós dois somos as pessoas mais próximas a ela.
— Uma vez saíram rumores que você podia ter algo com ela, é verdade? – Um jornalista indagou sobre a amizade dele com .
Jake bufou de maneira discreta.
— Não. e eu somos como irmãos. Nunca tivemos e nem teremos nada.
O fotógrafo olhou para os dois e depois para os seus braços entrelaçados perguntou:
— Vocês são um casal?
Prya deu um risinho e Jake quis se bater por ter acreditado que entrar com ela não traria problemas.
— Ah. Então, você e realmente não tem nada.
— Mas…
— É a nossa amiga que é famosa, Jake e eu não vamos falar das nossas vidas.
O que? De onde Prya conseguia fazer e falar coisas tão comprometedoras? Ela não podia estar fazendo aquilo.
— Vamos entrar. Beijo pra vocês.
E sem deixar Jake explicar mais nada, Prya o puxou rumo a porta de entrada.
— Você ficou maluca? O cara acha que a gente tem algo! — Jake praticamente gritou, se livrando dos braços da moça.
— Eles nem vão publicar nada sobre isso. Nem somos famosos, Jake. Relaxa.
— A é um dos motivos dessa festa, Prya. Você vai acabar com o momento dela.
Prya não dava a mínima para aquele assunto de , mas mesmo que desse, não via culpa alguma sobre ela.
— Eu não fiz nada, okay? Não disse que somos um casal, mas também não neguei porque a gente é bem mais que amigos, né? Se você se preocupasse tanto com essa garota deveria ter negado a chance de ficar comigo. Mas não foi nem o que aconteceu. Ficamos, e ficamos várias vezes.
Jake abriu e fechou a boca várias vezes sem saber o que falar. Sabia que Prya estava jogando com ele, mas também sabia da culpa que tinha.
— Foi o que eu pensei. — Prya falou, antes de dar-lhe um selinho e sair.
Assim que ficou sozinho Jake começou a procurar sua amiga, mas antes disso encontrou que para sua surpresa e ao mesmo tempo não, estava acompanhado.
— O que eu te falei sobre pegar garotas na frente da ? — Jake indagou assim que Agnes saiu para pegar algo pra beber.
— Vai todo mundo ficar me olhando desse jeito hoje? A beijou um cara dia desses e saiu em todas as revistas. Ninguém pareceu se importar com isso.
— Você lota as revistas de fotos com mulheres várias vezes. Apesar de que devo admitir que esse número caiu consideravelmente nos últimos tempos.
— E você achou que só por isso eu agora era um cara super recatado que largaria a minha vida para viver um romance desses da série que faço parte. — ironizou.
— Na verdade eu só achei que você tivesse percebido o quanto a é maravilhosa e como ela não iria querer sua amizade depois de você fazer ela passar por algo como tá fazendo hoje. Mas parece que você não percebeu nada disso.
temeu as palavras de Jake. Lembrou do olhar de quando o abraçou e ali teve certeza que estava certo. Ela tinha desistido dele.
— A foi falar com você quando as fotos dela beijando saiu nas revisitas, ela me disse isso. Se você fosse minimamente inteligente saberia que isso significa que ela se importa e até gosta de você.
riu sem humor.
— Se isso tudo for verdade, então você deveria estar me dando obrigado. Eu não sou um cara por quem a deve se apaixonar.
Jake o encarou e percebeu o quanto estava sendo sincero ao dizer aquelas palavras.
— Pela primeira vez na vida tenho que dizer que concordo com você. é alguém que você nunca será capaz de merecer.

A festa seguia seu rumo normal de comemorações como aquela. Todo mundo rindo, dançando, tirando fotos, dando entrevistas para os jornalistas mais vip’s que conseguiram a chance de entrar no local…
Prya já havia encontrado a essa altura e agora dançava com ela e .
— Você viu o Jake? — perguntou a moça.
— Sim, sim. Chegamos juntos.
Parker não pôde conter a desconfiança que tomou conta de si ao saber daquilo. Queria muito estar errada, mas até a entonação de Prya sugeria mais alguma coisa.
— Vocês são bem amigos, né?
— Pode-se dizer que sim. — Prya respondeu, após fazer cara de quem pensava no assunto.
— Do que vocês tão falando? — quis saber, se aproximando mais para poder escutar a conversa.
— Eu estava perguntando se ela tinha visto o Jake. Eles chegaram juntos.
e já eram amigas o suficiente para entenderem certas indagações presentes no olhar da outra. E naquele momento a pergunta de era bem clara: há alguma coisa que eu deva saber?
, você pode vir comigo falar com aquele pessoal? Prya, nós já voltamos.
— Claro. Tudo bem.
Quando ficaram a sós não tardou em perguntar:
— Eu sei que posso estar sendo neurótica e insegura, mas ainda assim eu preciso perguntar. , Jake já teve algo com a Prya?

— Não enrola, . Eu sei que você é amiga do Jake, mas acredito que me veja como amiga também. Eu só quero saber o que rola.
— Sim, eles já tiveram algo. — confessou, claramente desconfortável.
— Só mais uma coisa. Esse lance ficou no colegial ou passou disto?
— O que você quer saber, ?
— Ele gosta dela, não é?
— Eu não entendo nada desse negócio deles, mas um tempo antes eu diria que sim. Hoje, não sei mais.
segurou os ombros da amiga e a olhou nos olhos. Talvez aquela fosse a noite de deixar todas as questões amorosas resolvidas.
— Se você quer saber qualquer coisa, a melhor pessoa para isso é o Jake. Ele tá aqui, basta você encontra-lo e fazer as perguntas certas.
— Tudo bem. Embora, pelos seus olhos eu já saiba mais que o suficiente.
foi embora sem dizer mais nada e deixando claro, pela sua feição, a mágoa que estava tanto de Jake como da amiga.
Ela queria não sentir nada em relação à , afinal, sempre soube que Jake era como um irmão e a pessoa mais importante naquela cidade pra ela, mas não conseguiu evitar se sentir traída pela menina. Aquele olhar nervoso e culpado de enquanto respondia deixava claro que ela sabia mais do que queria contar, e que ela já sabia dessas coisas há muito tempo.
Quando encontrou Jake circulando pelo local adiantou seus passos para acompanha-lo.
— Será que a gente pode ir até o bar conversar? — Indagou assim que o alcançou.
Jake primeiro pareceu um pouco assustado com a abordagem, mas logo respondeu se maneira preocupada:
— Alguma coisa aconteceu?
— Vamos?
— Tudo bem.
Assim que sentaram pediu a primeira coisa com álcool da noite. Iria precisar.
— Eu vou ser bem direta porque já vi drama romântico demais por uma noite. — Ela disse assim que o barman foi fazer sua bebida. — Mas antes vou adiantando que já sei que você e Prya já tiveram um rolo, até porque ela não parece querer esconder muito isso. Se ela quer, vou logo adiantando que ela é péssima nisto. Então, você pode poupar as mentiras sobre vocês terem sido sempre bons amigos.
O barman chegou com a bebida bem na hora da pergunta e ela parou uns segundos para tomar um gole da mesma.
Aquilo sim era o que chamava de chegar na hora certa.
— Quando foi a última vez que vocês dois se pegaram?
, eu só…
A garota levantou a mão em sinal para que ele parasse. Não tava afim de enrolação.
— É uma pergunta bem simples, Jake. Não preciso de mais nenhuma palavra do que o dia.
— Acontece que…
— O dia, Jake. Eu só quero saber o dia.
— Não faz isso. — Ele pediu angustiado.
levantou do banco em um pulo e pegou a bebida.
— Tudo bem. Como dizem: para um bom entendedor meia palavra basta. Ou meias, no seu caso.
, a Prya — Jake iniciou, tocando no braço de pra que ela não fosse embora.
— Não precisa, tá? Eu te poupo desse drama todo. — Ela disse, parecendo prática demais para a situação. — Agora você pode curtir a festa com ela, ou até com outra garota se assim quiser. Eu só tô fora dessa coisa toda porque desde nova odeio triângulos amorosos.
— Por favor. – Jake suplicou.
— Aproveita a festa. — finalizou antes de sair rumo à pista de dança e gritar bem alto.
Quando voltou à pista de dança encontrou dançando pouco animada com Prya. Parker terminou de beber sua bebida em gole só e chegou falando:
— Eu tô chateada contigo — Disse virando-se para . — E provavelmente eu não vou querer ver você nunca mais depois de hoje. — Falou dessa vez pra Prya. — Mas eu nem quero pensar nisso agora, só quero aproveitar a festa. Então… VAMOS DANÇAR!
E sem mais nenhuma palavra ela agarrou o pescoço das duas garotas e começou a pular com elas. Porque pouco importava o que aconteceria amanhã. Aquela era a festa da maior conquista dela até então e ela não deixaria nada nem ninguém estragar aquilo.

dançava animadamente com suas duas amigas quando sentiu alguém tocar-lhe o braço. Achou que fosse alguém da imprensa ou até mesmo algum produtor de filme querendo falar com ela. Grande foi a surpresa quando virou e encontrou Lian parado, com um sorriso maroto nos lábios.
— Tudo bem? — Ele perguntou assim que percebeu que ela lhe reconhecera.
— Ér… — começou a responder, um pouco surpresa com aquilo. — Claro, claro. — Por fim conseguiu dizer que sim. — E você? Não esperava te ver aqui.
Sem precisar pedir nem chamar, os dois começaram a se dirigir a um lugar menos lotado de pessoas.
— Na verdade eu também não esperava vir. Mas é que o cantor da música de abertura da série de vocês é um velho amigo. Como ele veio pra cidade por causa da festa, a gente acabou se vendo e ele me chamou pra vir com ele.
acabou rindo sem graça. Sem saber o que fazer a seguir.
— Que bom. — Foi o que respondeu.
— Que bom, mesmo? Porque eu tô te achando meio sem graça para quem gostou mesmo. — Ele brincou e acabou deixando ainda mais sem jeito. — Eu tô brincando.
— Não. É que eu estou apenas surpresa. Digamos que essa não esteja sendo uma noite muito fácil e previsível.
Lian a encarou e se perguntou o que poderia não estar bem para ela. A garota estava em uma festa da qual ela era um dos motivos, estava linda, dançando com as amigas… Mas depois lhe ocorrera que pouco importava o motivo, ele só precisava fazer ela relaxar.
— Quero não ser mais uma dessas surpresas ruins. Me permite tentar melhorar sua noite?
acabou sorrindo. Talvez a noite fosse melhorar.
— Claro.
— Então vamos dançar.

estava se divertindo na pista de dança. Lian, além de um cavalheiro e ótimo dançarino, também tinha uma conversa bem agradável. E agora, sem aquele pouco de incerteza que estava da primeira vez que o viu, o papo estava fluindo bem melhor que antes. A noite realmente tinha melhorado.
— Ali em cima os fotógrafos não possuem autorização pra entrar? — Lian apontou para uma parte que parecia uma espécie de área vip.
— Sim. É pra dar mais privacidade.
— Que tal irmos pra lá?
entendeu a sugestão que estava subtendida naquela pergunta. Logo lembrou de e de que ele estava lá na festa. Mas por que se importar com quem não se importava com você? Provavelmente nem iria se incomodar com aquilo, ela pensou. Tava na cara que ele não se importava com ela.
— Acho ótimo.
Subiram a quando chegaram lá em cima pôde sentir um pouco de vergonha. Apenas casais e pessoas querendo passar um pouco da linha estavam ali. Sabia que ficaria com ele ao chegar lá, mas não sabia que seria tão óbvio assim.
— Vamos começar a dançar? — Lian indagou.
— Sim.
A dança com distância de lá de baixo deu lugar a uma bem mais colada e sensual. Estava nítido o desejo de Lian e mesmo com certo receio foi se entregando ao momento também.
Sentiu quando Lian tocou seu queixo e levantou seu rosto para olhar-lhe nos olhos. Ela sabia o que viria a seguir. E mesmo outro cara tendo passado brevemente pela sua mente e até pelos seus olhos, resolveu se entregar de vez ao momento e beijar o ótimo rapaz a sua frente.
Lian, diferente da outra vez, beijou com bem mais intensidade e desejo. Talvez fosse o lugar ou a dança, mas a verdade era que o beijo era claramente mais quente, o que deixava outras tantas sugestões subtendidas.
Quando pararam de se beijar e finamente abriu os olhos, acabou encarando o que antes do beijo ela achou ter sido coisa da sua cabeça. Não tinha sido o seu subconsciente projetando no seu olhar antes dela beijar Lian, ele estava mesmo naquele local. E agora lhe encarava paralisado, sem expressão alguma, mesmo que não tirasse os olhos dela.

Quando subiu com Agnes para a área mais reservada, tudo que ele queria era tentar finalmente aproveitar a festa, porque até então ele só conseguia tentar procurar com o olhar. Era a culpa, ele repetia pra si mesmo, só isso explicava àquela preocupação com ela. Mas uma culpa de amigo, claro.
Assim que percebeu que estava agindo exatamente como tinha decidido não agir mais, resolveu que precisava de mais do que apenas levar Agnes para a festa, ele precisava aproveitar a festa de verdade. Incapaz de magoar ainda mais , decidiu que era melhor fazer isso em um lugar mais reservado. Imagine a surpresa que foi chegar lá e ver dançando com o cara da revista e pior, prestes a beijá-lo.
De começo achou que ela tivesse o visto e por um segundo pensou que por isso ela o pouparia de ver aquela cena, mas quando olhou novamente ela já estava entregue nos braços do rapaz. Assistiu tudo sem se mover, era como aquelas cenas de filmes de suspense, onde você sabe que não vai gostar do que vem a seguir, mas ainda assim continua assistindo. Quando finalmente parou de beijar, ele percebeu que só naquele momento ela tinha mesmo o visto. A maneira como ela também congelou entregava isso.
queria parar de encará-la, virar e apenas fingir que não viu nada, mas tudo que conseguiu foi continuar lá parado, como se tivesse cola nos sapatos.
Depois do rapaz falar algo para , ela finalmente virou o rosto e embora tivesse tentando parecer normal, sabia que ela não estava mais confortável. Nesse momento seu celular vibrou no bolso da calça e ele viu que era uma mensagem de dizendo que Finn o procurava para que os quatro desse uma breve entrevista para um programa de tevê qualquer.
Ele respondeu que já está descendo e depois do amigo perguntar se ele sabia de , ele foi avisá-la de que ela também precisava descer.
— O Finn tá chamando a gente pra dar uma breve entrevista. — Chegou já dizendo, ignorando Lian.
— Tá certo, já estou descendo.
foi embora sem dizer mais nada e quando já estava longe o bastante, Lian comentou:
— Achei que ele era mais simpático.
— Só tava apressando. — disse, desconfortável. — Preciso descer.
— Vou também.
Quando chegaram a pista de dança comum Lian ficou por lá com o amigo e seguiu para a entrevista. Quando chegou lá, por incrível que pareça, já parecia outra pessoa, bem diferente daquela pessoa incomodada de minutos antes.
Responderam às perguntas rapidamente, e graças ao fato de ter levado Agnes, e não estranharam a falta de intimidade de e . Quando as perguntas terminaram, foi seguindo junto com , mas acabou voltando e chamando .
— Posso falar contigo?
Obviamente não queria ter que falar com ela agora. Ele estava em uma crise interna sem entender o porquê da mesma, e tudo que ele menos desejava era ter que falar justamente com o motivo de tudo, mas mesmo assim respondeu que sim.
— Aham.
Calmamente eles se dirigiram para uma área externa e praticamente sem ninguém. Quando as únicas duas pessoas ali presentes perceberam a presença dos dois, acabaram indo embora.
— Não existe mais trato algum, né? — perguntou sem olhar nos olhos dele.
De tudo que ela poderia falar, não esperava aquela pergunta. Não conseguia entender nem o motivo dela ter perguntado aquilo.
— Hã?
— Aquele trato de amizade colorida ou com benefícios. A gente não tem mais isso.
Quando ela finalmente afirmou em vez de perguntar, lembrou das palavras dela quando foi falar com ele sobre Lian. Ela tinha deixado claro que se quisesse ficar sério com alguém iria pôr um fim naquilo.
— Isso é só pra poder ficar com o carinha da revista sem culpa? Você sabe que sempre foi livre pra isso, né? — falou cheio de ironia.
rolou os olhos e respirou fundo.
— Não, . Não se trata disto, até porque você trouxe uma garota pra festa. Isso anula as chances de eu me sentir culpada.
— Eu achei que ele tivesse sido apenas um beijo. Não foi isso que você disse? — Indagou, sarcástico.
mordeu o lábio inferior, tentando manter o controle das suas emoções. lhe tirava dos eixos.
— E eu achei que você tivesse o mínimo de respeito e que não faria o que você fez hoje. — Ela desabafou.
— Trazer uma garota? — Riu da maneira que sabia que ela odiava. — Você beija quem quiser e eu trago quem quiser também.
Ali foi a gota d’água para e seus sentimentos, quando deu por si, já estava colocando muito do que estava sentindo para fora.
— É a festa da nossa séria, . Um dos momentos mais esperados por mim, um dos mais maravilhosos. Você pode já estar acostumado, mas deve fazer ideia do quanto isso é importante pra mim. Tinha que ser logo hoje? Você tinha que estragar tudo?
não conseguia dizer nada.
Passados alguns segundos de silêncio, apenas com respirando forte, ele finalmente disse algo.
— Você não pode ficar incomodada ou enciumada. — Falou, calmo demais.
— Nem você. — rebateu.
riu sem humor e depois bufou. Ela estava certa.
— Justamente, nenhum de nós dois.
Se encostou na parede e encarou a menina à sua frente. Aquele olhar tava matando ele.
, eu não sei que cara você imaginou que eu fosse, mas eu te afirmo que você está enganada. Eu não sou o tipo de cara que se desculpa, que dá flores, que arma um plano só pra ter o perdão de alguém. Não monto um chocolate do Willy Wonka. Eu não sou esse tipo de cara.
— Eu nunca te pedi pra fazer nada disso. — Ela respondeu com a voz partindo.
— Eu sei. — bufou. — Eu fiz tudo isso porque me importava com você, e acredite, ainda continuo me importando. Mas acho que isso foi longe demais, .
apenas encarava calada o rapaz a sua frente. Viu ele passar as mãos no cabelo e puxá-los de leve, como se estivesse se sentindo péssimo. Depois ele tomou um pouco de ar e voltou a falar bem mais baixo que antes.
— Não tem motivos pra gente estar tendo essa conversa. Não há motivos para ter DR porque aqui falta o essencial pra isso: um relacionamento. Sei que as coisas se bagunçaram, mas chegou a hora de arrumar. Nós não somos um casal, Clarke.
E ali viu que estava enganado sobre algo. O olhar que lhe dirigiu quando chegou, o que ela tinha lhe direcionado logo no início daquela conversa, nenhum deles era o pior que ele já tinha visto. Mas naquele momento, quando ela o encarou com os olhos parecendo ter água, aquele olhar sim tinha lhe quebrado por inteiro. E embora ele achasse que tinha feito o melhor para ambos, jamais deixaria de se achar um babaca. Porque foi assim que ele se viu nos olhos dela.
logo olhou para baixo, sabendo que se o encarasse mais uma vez iria chorar. Respirou fundo e disse:
— Okay.
Foi tudo que ela falou antes de sair dali quase voando de tão rápido.
Seguiu pelo meio do salão evitando olhar para os lados e encontrar qualquer conhecido que lhe puxasse para uma conversa. Queria sair daquele lugar o mais rápido possível. Precisava respirar assim como precisava da sua cama.
Quando já estava perto da saída viu Finn se colocar em sua frente com o olhar preocupado.
— Onde você vai? — Ele perguntou.
Tentando fazer jus a sua profissão, respirou fundo e segurou o choro antes de encará-lo.
— Eu tô cansada, vou pra casa.
Finn colocou as duas mãos no rosto dela e depois limpou uma lágrima solitária que nem sabia que tinha derramado.
— Você é brilhante, menina. E ele não merece alguém como você. — Finn disse cheio de um carinho paternal.
— Como? — indagou, surpresa.
— Eu achei e torci muito para estar enganado, mas eu sei que esse seu cansaço tem nome e sobrenome. . — Quando notou a confusão nos olhos da garota, explicou: — Uma vez encontrei seu camarim trancado e me falaram que o tinha entrado lá. E hoje eu vi quando vocês saíram juntos depois da entrevista.
— A gente não tem mais nada.
Finn riu do receio da menina.
— Eu não quero nem saber do que vocês tinham ou deixavam de ter, apenas saiba que ele não é pra você. Como diretor eu te digo pra isso não se repetir, você sabe das regras. E como alguém que se importa demais com você, eu te falo pra não deixar isso estragar com tudo.
— Já passou. — tentou.
— Sabe, não é a primeira vez que eu trabalho com . Por isso ele foi logo contratado, tanto eu como os produtores já conhecíamos o trabalho dele. E eu já vi esse olhar e esse sorriso forçado outras vezes. Causado por outros atores e até atrizes, causados por ele… Não importa o causador, mas as consequências são parecidas. Eu vi pessoas abandonarem o set de filmagem com esse olhar, fazerem as piores cenas da sua vida, terem uma crise de choro e serem dispensadas. Vi gente ficar e fazer um bom trabalho, mas sem nenhuma alegria com isso. Não seja a próxima. Escolha seguir em frente e seguir bem. Aproveite o seu momento sem deixar ninguém interferir.
se controlou para não chorar, e depois de respirar fundo umas três vezes passou a mão pelos cabelos e rosto e falou:
— E eu vou seguir, Finn. Mas só hoje, só por hoje, eu preciso da minha casa. Mas acredite em mim, eu vou ficar bem.


Capítulo 12 – Consequences



Fazia alguns minutos que tinha chegado em casa e agora se encontrava sentada no sofá da sua sala com uma taça de vinho na mão - hábito que ela sempre achou coisa de famoso - enquanto assistia “La La Land”. Só podia estar mesmo péssima, ela tinha jurado, ainda no cinema, que nunca mais assistiria a aquele filme. E não porque o filme era ruim, ela sabia que ele era de uma qualidade sem igual, - além das atuações maravilhosas - mas por ter odiado o final. Talvez ela precisasse aceitar que a vida era igual aquele filme. Nem tudo acaba como a gente imaginou que seria.
Escutou alguém tocar na porta e logo pensou que só podia ser duas pessoas: Jake, ou . Jake já tinha passagem liberada para o seu apartamento e por ser famoso acabou conquistando isso com o porteiro mesmo sem ser a vontade dela. Antes de abrir, olhou pelo olho mágico e viu que era seu amigo.
Não precisou perguntar para saber que ele também não estava bem.
— Vinho? Jura? — Jake falou dando um sorriso sarcástico.
— Faz bem pra saúde e é ótimo.
Novamente ele sorriu.
— Acho que vou querer algo mais forte. Tem alguma vodka?
— Isso é a bebida mais forte que tenho. — Ela falou sem muita empolgação, voltando a sentar no sofá.
— Tudo bem, deve servir.
E então Jake virou a garrafa e começou a tomar daquela maneira mesmo.
arqueou uma sobrancelha em sua direção assim que ele a olhou.
— Você deve saber que a já sabe de alguma coisa. — ele respondeu à pergunta implícita.
— É. — Deu de ombros. — Ela falou mais ou menos sobre isso. Mesmo que de uma forma bem de falar.
— Por algum motivo ela sacou que rolou alguma merda recente e já sabendo que a Prya e eu tivemos algo no passado.
levantou o dedo e deu um sorriso sem motivo algum.
— Essa parte fui eu. Quer dizer, ela perguntou se em algum momento rolou algo, eu não podia negar. A é minha amiga.
— Por que ela perguntou isso logo agora?
— Estamos falando da Prya, ela deve ter dado a entender algo. E eu não sei se dá para culpar apenas ela. Você sabia bem o que estava fazendo. Se fosse só o passado, não haveria mal algum.
Jake passou as mãos no cabelo antes de dar mais um gole na garrafa de vinho.
— Eu sei. Pior é que eu sei.
Ficaram em silêncio por alguns minutos, imersos em seus próprios problemas.
— E agora? O que faço? — Jake indagou depois de um tempo.
balançou a cabeça e deu de ombros.
— Não faço a menor ideia. Acho que até eu tenho que pensar em como me redimir com a .
— Desculpe te meter nisto. — Jake disse assim que engoliu mais um gole de vinho, limpando a boca com as costas da mão. — Sei que estraguei parte da sua noite.
Foi a vez de tomar um gole do seu vinho.
— Não é como se uma coisa a menos fosse mudar tudo. A noite seria uma bosta com ou sem isso. — Falou em um tom miserável, refletindo o que sentia.
Jake encarou-a e depois riu sem humor ao lembrar da situação da amiga. Ele tinha visto a tal da Agnes. Não acreditava que tinha levado uma garota.
— Ainda não acredito que ele levou uma garota pra festa.
Foi a vez de rir.
— E eu não acredito que esperei que ele não levasse.
— Como assim? — Jake indagou olhando a menina de lado.
— Ele não está errado em levar alguém, a gente não tem nada. — Bebeu mais um gole de vinho da sua taça antes de continuar. — não é o tipo de cara que a gente deve esperar algo, eu sempre soube.
— Mas mesmo as…
— A verdade é que, por mais que eu odeie admitir e me sinta bastante idiota em constatar isso, eu esperei mais do que deveria. Fantasiei um romance que o jamais poderia me oferecer.
Jake viu que a taça da menina estava vazia e passou a garrafa de vinho para ela enquanto falava:
— Mas isso não diminui em nada o fato de que ele é um babaca. Era o seu momento, . Sua festa. A festa de vocês.
virou a garrafa e depois falou:
— Eu sei disto, não estou querendo defendê-lo. Só estou dizendo que eu já deveria esperar que ele fosse um babaca. É o que ele é vinte e quatro horas por dia, eu que de uns tempos pra cá parei de enxergar isso.
— Você gosta dele, não é?
não respondeu, apenas bebeu mais um pouco de vinho.
— Sinto muito. — Respondeu Jake, entendendo o que significava aquele silêncio.
Depois disso fez-se um silêncio bom, apenas com os dois dividindo a garrafa de vinho. Ali relembraram alguns dos porquês que eram amigos.
Havia uma compreensão e doação de espaço que já não era mais tão fácil de encontrar por aí. Bastava um olhar ou o tom de voz para saberem até onde deveriam ir, sem precisar dizer quais eram os limites. E por esses e tantos outros motivos entenderam e agradeceram por serem amigos.
— Vai ficar por aqui? — perguntou após um tempo.
— Acho que sim. Mas não se preocupa comigo, pode dormir se quiser.
— Boa noite, então. Tô indo dormir e fingir que essa noite não passou de um sonho.
— Sinto muito, . Inclusive pelo que não foi minha culpa.
— Também sinto. — Ela sorriu amarelo antes de ir para o quarto.
A noite tinha sido uma bosta e era melhor não prolongá-la ainda mais.

No dia seguinte recebeu mensagem tanto de Jake, quanto de , mas não respondeu nenhuma. Ela estava dolorida demais para falar com a amiga, e se achava incapaz de um dia responder Jake.
Uma voz em sua mente dizia que eles não tinham nada, mas a outra não conseguia deixar de repetir o quanto ela era idiota por não ter desistido de tudo naquele dia da festa na casa de Prya. Como pôde ser tão boba de acreditar nele naquele momento? E porque aquilo estava doendo tanto?

tornou a mandar mensagem para a amiga e tinha certeza que Jake também estava fazendo o mesmo, mas depois de uns dias ela percebeu que não queria nada mais que um tempo e que forçar a barra não a faria mudar de ideia. Se sentia péssima com aquilo. Saiu algumas vezes com Jake a noite, apenas para esfriar a cabeça, mas aquele tédio de férias estava matando-a.
Um dia estava quase fechando sua passagem para casa dos pais quando seu agente ligou.
— Oi.
Boas notícias. Depois de amanhã você tem um programa de tevê para ir.
— Qual programa? O que eu vou fazer?
É o programa da Callis, e você vai junto com os outros três. É pra falar um pouco da série, nenhum produtor quer que a série esfrie. Ela precisa sempre ser assunto.
— Entendi. — Respondeu desanimada.
Eu achei que você fosse gostar, . — O rapaz falou um pouco confuso.
— E gostei, é só cansaço mesmo. Tava na academia ontem e ainda não me recuperei. Fora que tava comprando passagens para ver meus pais.
Você ainda tem mais um tempinho de férias. Vai poder visitar eles.
— Aham.
Não discordou, mesmo que pudesse. Os últimos dias depois daquela semana seriam cheios. Tanto de trabalho quanto de coisas que tinha marcado com as pessoas próximas que tinha na cidade. Não veria seus pais.
Depois que desligou, pensou que embora não gostasse da ideia de se reunir com duas pessoas com quem não estava mais falando, talvez essa fosse uma boa oportunidade para se resolver com uma. Ao vivo teria que ouvi-la e talvez vê-la implorar pelo seu perdão.

se remexeu na cama e abriu os olhos lentamente. Acordar cedo nas férias era uma bosta, principalmente se você vai ver alguém que magoou e que você não consegue não se sentir culpado por isso.
Até aquele dia ele vinha tentando ignorar as lembranças do olhar de para ele na festa, tinha até dispensado Agnes para não carregar peso algum daquele dia, mas a verdade é que não estava adiantando.
Na parte mais superficial de si, ele achava que tinha feito o certo, repetia isso pra si mesmo. era muito mais do que um cara com fama de badboy - e atitude também, muitas vezes - poderia querer. Além de quê, mesmo que não assumisse, queria um compromisso, e ele não queria, ou melhor, ele não queria querer. Tinha demorado demais para amar a vida que tinha, e agora que tinha aprendido a amar, não estava pronto para abrir mão de tudo, inclusive sua liberdade de fazer tudo que queria da forma que queria. Mas lá dentro, onde ele já tinha conseguido ir várias vezes naquelas férias, ele sabia que tinha errado. E o pior, sabia que se importava mais do que deveria com isso.

dirigiu até o estúdio de gravação do programa pensando não em sua reação, não se envergonhava de dizer que sabia muito bem lidar com mulheres e com merdas que pudesse já ter feito nesse quesito, mas ele não parava de pensar em como reagiria quando lhe visse. Chegou à conclusão de que daria um sorriso e esperaria um sinal dela para falar ou apenas fingir não vê-la, não iria impor sua presença ali mais do que o compromisso exigia, sabia que já não tinha esse direito.
Quando entrou apenas estava ali e a menina logo gritou seu nome:
— POYNTEEER! Menino, eu não sabia que sentiria sua falta. — E correu para os braços dele para dar-lhe um abraço.
— Claro que você sentiria, Parker. Sou um cara difícil de esquecer. — Ele brincou. — Você não me deixou muito tempo em paz, encheu meu saco assim que acabou a festa.
rolou os olhos.
— Eu não estou de boa com a , mas eu precisava te dizer como você foi babaca com ela aquele dia.
— Você devia estar numa merda muito grande para gastar seu tempo me mandando mensagem.
Ela deu de ombros.
— Tava mesmo. Mas você não estava também tão empolgado com sua companhia, caso contrário você nem teria respondido rápido. — Foi a vez dela de atacar, dando um sorriso presunçoso depois de falar.
— Se quer saber, a Agnes não teve do que reclamar. — Disse tentando parecer não ter entendido o sentido real da provocação.
— Idiota!
Antes que eles pudessem conversar mais alguma coisa, chegou jogando uma bola de papel nos dois.
— Tão fofocando de quem?
Com o entusiasmo de sempre, foi abraçá-lo.
— Eu tava só comentando o de sempre. Nosso amigo é um babaca.
— Nada de novo, então. — respondeu sorrindo, o que fez rolar os olhos.
— E aí? Como foi rever a família? — perguntou para o amigo.
— Foi ótimo, estava com saudade deles.
— Essas férias vieram em boa hora, eu também estava com muita saudade da minha. Acabei trazendo minha irmã mais nova pra passar uns dias comigo, até.
— E você, ? Foi visitar a sua?
Essa era a hora de fingir não entender a pergunta, ou entrar em um personagem que fazia uns bons dias que não entrava.
— Tá surdo? Você visitou sua família?
— Não deu. — Falou casualmente e foi pegar uns canapés que estavam no camarim, para tentar sair da conversa.
— Eu não aguentava de saudades da minha. Como você consegue passar tanto tempo distante, ? Você tá nesse meio há tanto tempo.
— Depois de um tempo acostuma, a gente entende que as agendas nem sempre vão bater. — Tentou manter tudo o mais próximo da verdade possível.
Realmente havia a conversa sobre as agendas não baterem, mas tanto ele como seus pais sabiam que ambos usavam essa desculpa mesmo que ela não fosse sempre a verdade. Uma pequena mágoa e dificuldade de falar sobre a irmã acabou distanciando a todos.
— Vai ser difícil quando chegar esse momento para mim. — disse meio dolorido com a possibilidade.
— É, vai sim. — falou, lembrando um pouco da própria dificuldade.
Antes que ou voltassem a falar sobre o assunto, adentrou o camarim parecendo menos confiante do que sua pose tentava mostrar.
— Oi. — Ela disse meio incerta.
— Oi. — Foi tudo que e falaram, ao passo que foi mais caloroso.
— Estava com saudades, parceira. Que bom que você chegou. — E foi abraçá-la de forma carinhosa.
ficou um pouco aliviada por ter ao menos alguém lhe recebendo bem.
esperou que também fosse abraçar a amiga, até encarou-a pronto para falar algo sobre isso, mas logo viu o olhar dela e percebeu que tinha algo errado.
— Perdi algum capítulo da nossa série da vida real? — Ele indagou e as meninas se olharam um pouco sem jeito.
— Hã? — tentou parecer não ter entendido.
— É que vocês…
— Deixa pra lá. — pediu baixinho, tocando seu braço de leve.
Era melhor deixar aquilo para depois do programa.
assistia tudo a uma curta distância e não dava pra negar que a curiosidade também estava o atingindo como atingiu a Grey, mas não sabia se entrar na conversa melhoraria as coisas ou deixaria tudo mais constrangedor. Os minutos seguintes seguiram com conversas rasas e que duravam alguns segundos, com um claro desconforto tomando conta do camarim e parecendo fazer com que as paredes se tornassem cada vez mais próximas, assim diminuindo o espaço que tinham.
— Isso não vai dar certo. — finalmente falou.
— Como? — Os outros três perguntaram juntos, confusos.
— Isso aqui. — Ele apontou para os quatro. — Esse clima ruim vai transparecer na tevê e vai ferrar com tudo. Não podemos chegar assim lá ou faremos merda.
, e se olharam sem falar nada por um momento, até que disse:
— É, faz sentido. Vamos sentar e resolver isso.
sabia que a frase era mais direcionada para ela do que para os meninos, por isso logo sentou.
— Desculpe por não ter contado nada. — Ela disse assim que viu sentando. — Eu não sabia como fazer isso sem entrar no meio de uma guerra com três pessoas que eu amo.
— Você não pensou no quanto isso seria doloroso? Eu fui feita de boba enquanto os dois riam de mim. — disse quase chorando. Sentia raiva de si mesma por não ter pulado fora no dia da festa na casa de Prya.
— Eu sei! — confessou. — Mas é o Jake, entende? Eu não consigo trair a confiança dele, mesmo que a gente tenha brigado pra que ele resolvesse isso. Sei que o que fiz foi terrível, acabei não dando o devido valor a você, mas eu não sabia o que fazer.
Ela odiava saber o quanto tinha errado com . Em um exato momento teve a chance de fazer a coisa certa, mas erroneamente resolveu pesar as amizades e deu o valor errado as coisas. Jamais deveria ter feito isso.
— Eu sinto falta da nossa amizade, e me sinto um lixo por ter errado tanto com você. Sei que não faria o mesmo comigo. Eu só não sabia bem o que fazer. E acabei fazendo tudo errado. — Sentimental que era, já estava com uma lágrima escorrendo. — Amo você, . Pisei na bola, mas amo você.
Parker passou uns segundos caladas, até que deu um sorriso e puxou para um abraço.
— Não faz mais isso, okay? — Pediu ainda abraçada a amiga. — Não faz mais isso, .
— Pode apostar que não farei mais.
puxou ainda mais forte. Ela tinha ganhado uma irmã no meio de tantos flash's, dinheiro, segredos e mal entendidos. Jamais deixaria algo ficar entre elas novamente. Nem mesmo Jake.
— Vocês são lindas, sabiam? — Grey falou sorrindo. Não podia ser mais grato pelos amigos que tinha feito.
— Sei que somos. — concordou rindo quando largou .
— Bom, agora que estamos todos resolvidos, podemos entrar ali e arrasar. Merda pra gente. — falou enquanto seguia para o espelho dando uma olhada na maquiagem.
Tanto quando encararam depois dessa frase, nem tudo tinha sido resolvido.
expirou e deu de ombros, tentando passar para os amigos que tudo bem, mas a verdade é que ele não estava bem. Algo dentro de si apertou quando viu ignorá-lo completamente em um momento tão sincero. E uma voz baixinha, como se viesse da droga de grilo falante do Pinóquio, falava para ele que aquele aperto significava algo, algo grande, mas preferiu ignorá-la, assumindo que não estava preparado.
— É, já vão nos chamar. — Ele falou na tentativa de confirmar que estava mesmo bem.
Disfarçadamente olhou para através do espelho e também sentiu algo apertar dentro de si. Doía tê-lo fora da sua vida, mas sabia que era um dor bem menor do que a que sentiria se deixasse ele ficar. Era melhor assim.

A entrevista estava saindo conforme o esperado. Algumas perguntas sobre o futuro dos personagens, como era o assédio dos fãs, o que eles torciam para que acontece… Até que Callis resolveu ser mais pessoal.
— A gente sabe que seus personagens se beijam demais em Five Hills, já levaram esses beijos pra casa?
Inacreditavelmente, foi o que mais ficou envergonhado. Será que havia algum segredo?
— A gente evita esse tipo de coisa dentro da série. — falou enquanto parecia claramente curiosa sobre o constrangimento de .
— Evita? Tá cheio de caras lindos em Five Hills, porque você evita isso? — Callis indagou, fazendo todo o drama para mostrar que estava chocada.
— Relacionamentos quase sempre acabam com tudo. — disse e instintivamente virou-se para ela. — Ian e Nina, Sophia e Chad… Há mais exemplos de merdas em séries por causa disso.
— Tudo bem. — Callis concordou rindo. — Este é um bom argumento, mas não estou convencida que vocês realmente se mantenham tão distante um dos outros. O que você acha, ? — Ela indagou, percebendo que ali seria uma presa fácil. Os amigos apenas riram da cara dele.
— Regras devem ser obedecidas, não? — Gray arriscou dizer.
— Ainda que o quer encontrar o jogo. — A apresentadora fingiu cochichar para a platéia. — E você, , tem algo a dizer sobre isso?
— Juro que não sei de onde está vindo essa cara de vergonha dele. Se fez algo, não foi perto de mim. — brincou, levantando as mãos ao alto.
— E você? Fez algo?
segurou a vontade de virar para e observá-lo dar a resposta. Não pretendia se entregar como Gray estava fazendo.
— Eu gosto da série, não quero estragá-la. Estou me mantendo na linha. — Ele era mesmo bom em esconder as coisas, nem piscava enquanto falava.
— Ainda acho que estão mentindo para mim e para os fãs, mas nada fica encoberto para sempre, não é mesmo? Ainda vamos descobrir.
não pôde conter uma adrenalina que acabou passando em suas veias ao escutar aquilo. quase partiu seu coração por inteiro, ela pretendia manter isso em segredo para sempre.
O resto da entrevista correu normalmente e alguns minutos depois, estavam os quatro novamente reunidos no camarim.
— Seu falso! — exclamou aos risos assim que entrou no camarim.
tentou fingir que não sabia que era com ele, mas a menina repetiu, agora batendo forte no braço dele.
— Quem você pegou? Conta logo!
— Eu não peguei ninguém, maluca. — Gray tentou se defender.
— Você não soube mentir para a Callis, acha que vai mentir pra mim?
— Você se entregou. — disse dando de ombros e fazendo cara de derrotado para o amigo.
deu um sorriso de canto de boca e depois acabou assumindo.
— Fiquei com a May uma vez. Ela chegou quase no fim da temporada, pediu que eu ajudasse ela a se enturmar. Ajudei. — Ele confessou dando de ombros.
— Então isso foi recentemente, ela entrou bem perto do fim. — concluiu gargalhando. — Por isso ela veio com um papo de querer saber se eu já tinha sentido vontade de beijar você. — E volto a rir. — vivendo perigosamente. Sabe que é errado, né? Você tá me traindo!
— Vamos mesmo falar de regras? — Ele provocou baixinho no ouvido dela e a menina retribuiu com a uma tapa.
— Vá à merda!
— De qualquer maneira foi ótimo ver vocês, galera. Eu tava morrendo de saudades. — disse e os outros fizeram um biquinho que a levou aos risos. — E foi ótimo saber dos babados, mas preciso ir agora.
— Também já vou, tenho umas fotos para tirar. — disse logo depois.
— Então vamos todos. — chamou, mas sentiu uma mão tocar seu braço e virou-se para trás.
Era .
— Posso conversar contigo rapidinho?
— Estou bem apressada, . Na reunião a gente se vê.
Ele sabia que a veria em uma semana, mas também sabia que ela arrumaria outra desculpa.
— É rápido. — Disse tocando novamente seu braço e ela se afastou como se tivesse levado um choque.
olhou aquele gesto e acabou rindo. Tinha mesmo ferrado tudo.
— Preciso mesmo ir. Até mais. — disse, sem esperá-lo sair do transe em que estava.
Sozinho, se encostou na parede e bateu de leve a cabeça.
Ele realmente havia estragado tudo. Sua amizade com parecia ter acabado de vez e o que mais lhe angustiava era que ele não sentia apenas pela amizade, mas pelo pacote que eles tinham e que ele havia aprendido a gostar.


Capítulo 13 – Truths


Era o dia da reunião de elenco e todos estavam ansiosos para saber quais novidades viriam com a nova temporada de Five Hills. Os produtores já haviam dito que queriam abusar ainda mais da paixão do público pelos casais - amor vende - e também já tinha vazado uma possível participação de algum cantor ou autor muito famoso.
Cada um estava ansioso ao seu modo. ainda achava que vivia um sonho, sentia que iria explodir se não ouvisse tudo de novo logo, estava ansiosa tanto por aquela reunião quanto pela que teria a tarde com os produtores de Taylor Swift - a colega acabou lhe convidando para mais um clipe - e , bom, ele só queria logo voltar a gravar porque sua vida era o set e não havia muita coisa para ele fora isso.
Clarke e Parker resolveram ir juntas, mas assim que chegou, Clarke informou que não iria encontrar o elenco naquele momento:
— Preciso fazer umas ligações antes, se incomoda de ir na frente? Vi agora uma mensagem da Taylor.
— Minha amiga e seu squad maravilhoso — brincou. — Claro. Vou ver quem já chegou.
Assim que viu a amiga chegando, abriu um sorriso carinhoso.
— Você vai pra alguma festa? Que arrumação é essa? — Indagou ao ver como a amiga estava bem arrumada.
— Estava entediada e resolvi gastar meu tempo me arrumando. — Ela disse enquanto dava uma volta na frente dele. — Como estou?
— Você está linda, . — disse enquanto abraçava a amiga. — Achei que você tivesse me dito que viria com a . — Comentou como quem não quer nada.
— E vim, mas ela ficou fazendo umas ligações.
— Hum. — Foi o que respondeu.
se separou do amigo e lhe encarou antes de indagar:
— Você já pensou em deixar as coisas certas? — Indagou e se perguntou se ela sabia de algo.
— Que coisas? — Tentou.
— Vocês são amigos e existe um desejo inegável entre vocês. — Ela não sabia de nada, constatou. — O jeito como você tentou dizer que não teriam nada foi o pior possível, se desculpe, ou melhor, apenas tente romper a barreira. E seja mais inteligente, ainda não entendo porque você fez isso.
— Parker, para de drama. não tem porque ficar chateada. — Ele tentou desconversar.
— Apenas tente quebrar a barreira e ter sua amiga de volta, okay? Você fez a maior burrada ao deixar ela se afastar. A gente vê na sua cara que sente falta dela e vemos na dela que sente de você.
— Tudo bem, mas vamos parar de drama, okay? Nossos personagens, pelo que fiquei sabendo, já vão ter para dar e vender.
— Tudo bem. Apenas me fale desse seu fim de férias.
E graças aos céus, conseguiu fazer com que falasse de bobagens.

Já estavam todos reunidos na sala, apenas esperando a reunião começar. Para passar o tempo alguns grupos ficavam conversando bobagens ou mexendo no celular. resolveu comer alguns dos aperitivos enquanto isso, e , tentando seguir o conselho de , foi até ela.
— Oi. — Ele arriscou, meio incerto sobre o que falar e sem certeza alguma se seria respondido.
— Oi, . — disse dando um sorriso contido e programado.
— Ér, como...
— Eu preciso voltar para as meninas, tá? Elas estão me esperando. Licença.
E sem nenhum "tudo bom?" ou "xau" ela se foi, deixando com a certeza de que a mesma apenas quis fugir dele.
O resto de tempo de espera foi marcado por troca de olhares entre os dois. Seria engraçado, se não fosse trágico. Duas pessoas que um dia havia sido amigos, procurando um ao outro escondido com o olhar, assim como fazem no flerte, mas dessa vez sem nenhuma possibilidade de beijo, mas muita de uma tragédia.
— Vamos começar? — Um dos produtores finalmente falou, cessando as conversas.
Como sempre fazia, ignorou mais da metade das palavras da reunião. Ele já sabia quase tudo daqueles papos de reuniões como aquela, então só voltou a prestar atenção quando começaram a falar sobre o que estaria diferente naquela temporada.
Citaram cortes de cabelos de algumas meninas, pintura nos cabelos de alguns de ambos os sexos, entrada de novos personagens e mudança em alguns casais.
— Alguns casais não estão agradando o público, além de que, queremos fazer o público morrer de paixão por nossos casais principais, clamarem por uma reconciliação. Mas claro, fazê—los pensar que o outro tem química também.
Tá aí uma receita que nunca falhava em tramas adolescentes: dramas amorosos.
Quando todos foram dispensados, novamente procurou , que assim que percebeu que ele estava vindo, se meteu em uma conversa que ela não fazia ideia do que se tratava. ainda estava magoada com , mas sua distância pouco tinha a ver com a falta de sentimentos da parte dele, mas sim do excesso de sentimentos da parte dela. Uma coisa estava clara: ela estava começando a se apaixonar por ele, e embora não merecesse, ela ficaria ainda mais apaixonada se continuasse perto dele.
, vamos? — falou, entrando na roda de amigos que a garota estava.
— O Jake me mandou uma mensagem dizendo que precisava de mim para comprar uma roupa, ele vai vir me buscar, pode ir.
A menção ao nome de Jake fez rolar os olhos teatralmente.
— Tudo bem, então. Mas você não deixou uma bolsa no meu carro? — Ela lembrou.
— Realmente, vou contigo buscar.
As duas se despediram do grupo e seguiram devagar para o carro.
— Você vai direto do shopping para a reunião com a Taylor?
— Provavelmente, não vou ter tempo para passar em casa.
— Você é uma vaca que entrou para o squad mais maravilhoso do mundo — brincou e as duas começaram a gargalhar.
Então Jake apareceu e o sorriso de desapareceu.
— Vamos? — Foi tudo que inicialmente ele falou, se dirigindo a melhor amiga.
— Aham, deixa só eu pegar uma bolsa no carro da . — disse, sem jeito com a situação.
Parker apenas encarava o rapaz de um jeito meio debochado. Algo que Jake achava típico dela.
— Oi, . — Saudou, colocando as mãos no bolso da calça.
— Oi. Tudo bom?
Jake admirou-se de ver que ela estava puxando conversa, mas resolveu aproveitar.
— Mais ou menos, acho que preciso te explicar umas coisas.
— Me explicar? — indagou, parecendo mesmo confusa, mas também irritada.
— Sim. Eu preciso que você saiba que a Prya e...
Parker não permitiu que ele terminasse o que quer que fosse. Levantou a mão e pediu para que ele parasse.
— Isso não me interessa, Jake. Não mais. Sendo sincera, eu nem sei se um dia interessou. Não tínhamos estabelecido regras ou algo do tipo. — Disse, com um tom distante e frio.
— Mas eu sei que você se magoou e sei...
— Sim, me magoei. Você já sabia que isso aconteceria, não? Não adianta chorar pelo leite derramado, você deveria ter explicado isso antes que eu descobrisse. Na festa na casa da Prya, por exemplo. Perguntei sobre ela, não foi? Mas você não fez nada disso. Agora passou e não há mais nada a ser explicado, não mais. Se me der licença, vou pra casa.
Existiam muitas coisas que Jake julgava que mandava bem. Ela era uma ótima atriz, a melhor pessoa para animar uma festa, franca, mas tinha uma que ela era melhor ainda: dar a última palavra. era uma daquelas pessoas com ótimo poder de sintaxe que expressava tão bem o que sentia que não havia mais nada a ser feito se não concordar. Então ela falou e ele apenas escutou. deu a última palavra.
— Você tá bem? — Ele despertou ouvindo falar com ele. — Tentei demorar mais um pouco lá para deixar vocês conversarem.
— Tentei me desculpar, falar algo que pudesse melhorar as coisas. — Comentou e depois expirou forte.
— Se resolveram?
Jake olhou para a melhor amiga e deu um sorriso cansado.
— Ela resolveu. Foi sincera como você sabe que só sabe ser, e depois me deixou sem palavras, porque não havia mesmo como rebater seus argumentos. Então ela virou e se mandou. Como você pode ver. — Terminou apontando para o carro em movimento.
— Eu... eu sinto muito, Jake.
— Eu também sinto, . Você não sabe o quanto.
Porque estava doendo mais do que até ele sabia que doeria. Não era como se alguém simplesmente passasse por cima do seu coração, causando uma dor enorme, porém que logo acabaria. Mas era como se alguém tivesse encontrado uma rachadura e lá tivesse colocado um prego, batendo incessantemente com um martelo para deixar seu coração em mínimos pedaços. Fazendo com que a dor fosse tomando conta de si aos poucos, mas de maneira tão contínua que lhe sufocasse.
— Eu a perdi para sempre. — Murmurou, e mesmo que tenha ouvido, não falou nada, sabia que ele não tinha dito para ela escutar.

, teria um minutinho para conversarmos? — Finn pediu e o rapaz ergueu uma sobrancelha, meio encabulado.
— Ér... sim. — Disse por fim. O que Finn queria com ele?
— A gente pode ir para a minha sala.
Ai, Deus. O que ele tinha feito, afinal? As gravações nem começaram e já tinha problemas?
— Eu não fiz nada! — se defendeu assim que entrou na sala, antes mesmo do homem fechar a porta.
Finn riu.
— E eu disse alguma coisa? — Indagou divertido.
— Para você me chamar aqui, eu só posso ter feito algo. Mas eu não fiz.
— Te chamei aqui para que você não faça algo, .
enrugou a testa, confuso.
— Não estou entendendo.
— Mas você vai entender. — Finn disse cruzando os braços e conseguindo atenção total de . — Não magoe a , não mais do que você já magoou.
O que Finn sabia sobre eles? tentou não parecer tão agoniado com aquele pedido e revelação.
— Acho que não te entendi, Finn.
O diretor respirou fundo, demonstrando pouca paciência para aquele teatro. Ele não era muito dado a rodeios.
— Vamos lá... Festa de encerramento da primeira temporada. Isso te lembra alguma coisa que tenha a ver com a magoada?
Ele sabe! Droga! Ele sabe! Se souber disso, pensou.
— Não me lembro de nada, Finn. — tentou, na sua melhor pose de despreocupado enquanto rodava na cadeira.
— Sério? — O diretor respondeu, sarcástico.
— Sim. Então não precisa se preocupar com isso, eu não magoaria a como você está falando.
— Eu já sei de tudo, moleque. — O homem decretou. — Já suspeitava bem antes da festa, mas ali tive certeza. E a já sabe que sei.
— Então sabe que não temos mais nada, logo não tenho chance de magoá-la. — rebateu, rolando os olhos.
— Poderia ser assim, eu adoraria que fosse assim. Mas hoje vi você tentando a todo custo se aproximar e puxar papo com ela. é uma menina boa, . E inocente demais no quesito você. Ela não fazia ideia do cafajeste que você sempre foi, não estrague com mais coisas fora a festa dela.
— Você virou babá dela agora, por acaso? — Indagou irritado. Não tinha que ficar ouvindo aquelas coisas, ninguém tinha nada a ver com sua vida amorosa.
— Gosto demais dela, se quer saber. Como eu disse: ela é uma menina boa. Mas ainda assim, falo como seu diretor, o mesmo cara que passou para vocês uma regra que os dois ignoraram. Eu não quero brigas na merda do meu set. Não quero ter que lidar com términos e discussões. Eu não nasci para cuidar de Nina e Ian, por exemplo. — Finalizou, dando um leve murro na mesa.
Aqueles moleques não iriam acabar com a série dele. Não permitia isso!
— Então não cuide, meu querido diretor. — respondeu em um tom debochado, tipicamente dele. — Somos grandinhos demais para cuidar de nós mesmos, fique tranquilo que não verá drama.
— Sério? Chorar em uma festa já não é drama suficiente? Eu acho que é! – Finn atacou e pode ver o choque no rosto do rapaz a sua frente.
— O que você disse? — perguntou meio confuso, meio surpreso.
— Isso mesmo, . estava chorando na festa, foi aí que tive a certeza. Conversei com ela, inclusive. E acho que ela entendeu. Mas pode ser que ela esqueça tudo se você continuar no pé dela mesmo sabendo que só faz o que não deve e que vai magoá-la novamente.
— Você viu a chorando? — Foi tudo que ele conseguiu dizer.
— É, você acabou com a festa dela. — Finn falou, no mesmo tom debochado que tinha usado anteriormente. — Só deixe-a em paz, tudo bem? O tempo se encarrega do resto. Por favor, não estrague a minha série.
— Tudo bem.
não falou mais nada depois disso, apenas levantou e saiu da sala.
Ele era uma ameba, um baita de um babaca. Tinha mesmo estragado a festa da menina. Algo dentro de si lhe disse que no fundo ele já sabia disso, mas é que escutar de alguém de carne e osso deixava tudo ainda pior.
Finn estava certo. Ele era um cafajeste.
Mas uma coisa não saiu exatamente como Finn dissera. Em vez de concordar com a distância que Finn lhe pedira, agora, mais do que nunca, ele queria se desculpar. Iria se aproximar dela.
— O que o Finn queria com você? – indagou quando o amigo saiu da sala.
— Nada que eu já não soubesse. – Murmurou. – Grey, você me acha um cafajeste?
— Claro que sim. – Respondeu rindo.
— É, eu sou mesmo. Mas você acha que tenho cura?
encarou o amigo de maneira confusa. Não fazia ideia de onde ele queria chegar com aquilo.
— O que você tem? – Indagou.
— Só responde. – pediu rolando os olhos.
Percebendo que o amigo queria uma resposta sincera, lhe deu um sorriso compreensivo, apertou de leve seu ombro e falou:
— Você tem um coração bom, . E todo mundo pode mudar, se assim quiser. Você tem cura.
Esperou que dissesse mais alguma coisa que pudesse lhe indicar qual o motivo daquele assunto, mas tudo que o rapaz fez foi suspirar e murmurar:
— Eu consigo, então.


Capítulo 14 - Family, pains and love



? — chamou pela quarta vez.
— Oi, o que foi?
— O que foi pergunto eu. O que te deu? Você tá em outro mundo.
olhou para as luzes que piscavam em volta de si e bufou.
— Eu só não estou muito no clima pra festa.
— Você anda assim faz dias. Por que ainda veio?
— Sei lá. Eu vou embora.
Grey olhou o amigo de lado e acabou dando um sorriso.
— Você realmente está muito ferrado. — Disse ainda sorrindo e não entendeu.
— Como assim?
— Você mudou, cara. Você vem mudando. Sabia que paixão faz isso com as pessoas?
E finalmente entendeu onde ele queria chegar.
— Que bom que não estou apaixonado, então. Inclusive, acho que vou ficar um pouco mais.
tocou no ombro do amigo, impressionado com a facilidade que ele tinha para agir como criança às vezes.
— Olha, você fez uma burrada, tá bem? Você acabou tirando da sua vida a única pessoa que tem chances de realmente ficar. E não é muito maduro de sua parte ficar numa festa só porque não aceita isso. Chega de agir como criança, . Você não mediu as consequências e foi um babaca, e basta alguém te falar isso que você já quer ser um babaca novamente. Não sei quem disse a você que isso funciona e que essa é a melhor forma de lidar com as coisas, mas seja lá quem foi, tá errado. Amigo, você tem vinte e seis anos, olha a sua idade! Amadurece, .
— Falou o cara que vive nas mesmas festas que eu. — brincou.
— Não tem nada de errado em você querer festejar, não se trata disso. Se trata de você achar que é certo viver fechado pra toda e qualquer aproximação, pensar que é correto magoar as pessoas só porque tem um medo idiota de que alguém entre na sua vida e te veja de verdade. — Falou e viu o amigo verdadeiramente sem jeito. Grey percebeu que tinha acertado. — Ela consegue isso, não consegue? Ela consegue te ver de verdade. Você a odeia e é apaixonado por ela por causa disso. — Finalizou, rindo.
— Eu não estou apaixonado por ela, Grey. Ter vontade de ficar com a garota e sentir falta dela não é a mesma coisa que estar apaixonado.
— Não é só sua vontade e a saudade que me faz concluir isso, é a forma como você fica ao lado dela, o que os seus olhos dizem. E eu espero muito que você não perceba isso quando for tarde demais. — deu um sorriso bondoso e logo depois um empurrão no amigo. — Agora se manda daqui porque você não quer mais isso. Vai logo antes que faça merda e vá parar em todos os sites e revistas. Acredite em mim, pegar todas não vai melhorar seu filme com ela, mesmo que seja pra voltar a amizade.
não queria concordar com o amigo, não queria sequer cogitar aquilo, mas por hora, sabia que era melhor mesmo ir pra casa, não estava no clima de festa havia dias.
— Tudo bem, vou estudar meus textos que já vamos voltar a gravar.
não discordou, apenas balançou a cabeça em um sim e trocou um soco com o amigo. Torcia muito que ele não continuasse sendo tão idiota.

Finalmente as férias haviam acabado e era o dia de retomar as gravações. O que fazia os quatro protagonistas estarem empolgados. Não importava se nas férias eles tinham tempo de visitar a família, sair com os amigos ou qualquer outra coisa, eles sentiam falta do set e de fazerem o que sabiam que tinham nascido para fazer.
— Bom, garotada, estou gostando de ver alguns de você com um visual diferente, estão lindos. Mas bom, é hora de voltar a ativa e espero muita dedicação de vocês. — Finn iniciou e todo mundo deu gritinhos. — Então, cada um pra o seu camarim que já, já começamos.
— Amiga, este tom de meio moreno tá lindo em você. — disse quando chegou perto de , que havia mudado um pouco o cabelo.
— Minha mãe disse a mesma coisa, que havia sido uma boa mudança.
— Falando nisso, como anda a família?
— Tá tudo ótimo, graças a Deus. Foi bom ter tempo pra matar a saudade.
— Também senti isso, sabe quando você precisa de um pouco de normalidade pra não surtar? Eu tava assim, um pouco mais de tempo e eu não sei como seria pra dar conta. Sentia que essa fama tava roubando um pouco de mim. Entende?
em vez de responder puxou a amiga pra um abraço que respondia tudo. Ela entendia sim, e era ótimo saber que mais alguém sabia como era aquilo.
— Vou me arrumar. Nos encontramos daqui a pouco. — Disse, dando um beijo na testa da amiga e seguindo para o camarim.
chegou um pouco antes da sua maquiadora no camarim e já ia começar a trocar de roupa — afinal ela sempre batia na porta — quando escutou a porta sendo aberta e deu um pulo de susto. Era .
— Desculpa pelo susto. — Ele disse meio rindo.
— Eu achei que esse tipo de coisa não fosse mais se repetir. — Ela falou enquanto deixava a roupa da personagem na cadeira.
Não precisou de mais para entender que ela não o queria fazendo aquilo novamente. Ele acabou rindo, não era como se um dia ela tivesse dito que amava aquele costume dele.
— Só vim te desejar boa sorte. Que essa temporada seja ótima.
encarou o rapaz por alguns segundos e depois deu de ombros.
— Tudo bem, então. Boa sorte pra você também.
— Você…
— Será que agora você poderia me dar licença? É que eu tava um pouco ocupada antes de você entrar.
— Só queria saber se você tá bem. — Ele disse meio sem jeito.
— Estou sim, . Agora se me der licença, tenho que trocar de roupa.
respirou fundo e depois falou:
— Claro. E boa sorte novamente.
sequer olhou para trás quando ele falou, ficou mexendo em coisas bobas e ele sabia que ela não pararia de fazer aquilo até que ele saísse de lá.

O dia seguinte teve mais gente no set. Parte do elenco novo começou a gravar e chegou cedo porque ele era o protagonista que primeiro tinha cena com eles. Já estavam a cerca de uma hora gravando quando o agente dele apareceu segurando um jornal na mão e se metendo no meio da gravação.
— Preciso falar com o .
— Filho da mãe, quem disse que você pode aparecer assim e interromper a cena? — Finn indagou irritado.
— Eu disse que preciso falar com o . — O homem respondeu meio impaciente.
— Dane-se se você tem que falar com ele, espere a cena acabar e então fale com ele.
Antes que alguém falasse mais alguma coisa, puxou o jornal da mão de seu agente.
— O que é isso, Cater?
E antes mesmo que Cater precisasse responder algo, ele viu um rosto muito conhecido seu estampando a capa do jornal, e acima da foto uma manchete que dizia:
“Irmã leva legado da família a sério e se acidenta após dirigir alcoolizada.”
— Sinto muito, cara. — Foi tudo que o agente falou.
— Sabe onde ela está?
— Não, mas já estou tentando descobrir. Em breve vou saber te dizer.
não falou mais nada, sem dar nenhuma explicação, ele seguiu para uma garrafa de gin que provavelmente alguém tinha dado a Finn, pego-a e seguiu para o camarim.
— Cara, deixa eu…
— Assim que souber onde ela está, me mande uma mensagem. — Ele cortou seu agente e continuou a caminhada.
— Mas que merda é essa? Desde quando se sai desse set sem dar explicações? — Finn indagou enquanto seguia o ator, que em resposta apenas jogou o jornal no diretor sem nem ao menos virar para trás.
Pouco atento, Finn não conseguiu pegar o jornal, mas o mesmo caiu aberto com a capa virada para o diretor, que conhecendo desde novo, sabia bem quem era naquela foto.
— Merda. — O diretor falou assim que pegou o jornal.
— Ele vai beber toda aquela garrafa em segundos, tentarei descobrir mais informações antes que ele arrume mais daquelas e entre em coma alcoólico. — Cater falou.
— Eu acho uma boa ideia. — Foi tudo que o diretor disse.
Parker e Grey foram os próximos protagonistas a chegarem e ambos já sabiam do ocorrido, porém nenhum achou que seria uma ideia ir ao camarim, Cater fez questão de dizer a eles o quanto a família era um assunto delicado para e como era uma má ideia incomodá-lo sem ter nenhuma notícia sobre o paradeiro da irmã.
— Mas será que não é uma boa dizer a ele que estamos aqui pra o que ele precisar? — perguntou ao amigo .
— Ele sabe que estamos aqui, . Já vi o meio puto da vida algumas vezes, não acho que seja uma coisa que você queria ver também.
— E se você acha que isso é o puto, é porque você ainda não viu nada relacionado a família dele. — Cater se meteu na conversa.
Alguns minutos depois irrompeu o set e já foi perguntando:
— Vocês já viram o jornal hoje? O Jake me mandou uma foto.
— Sim, sim, já sabemos. — disse com pesar.
— O tá na merda no camarim dele. A gente pensou em ir lá, mas…
— Eu vou lá.
, o Cater disse que… — Grey tentou argumentar.
— Ele precisa de alguém.
— Eu conheço o , está bem? A não ser que você queria ser tratada mal, fique longe dele nesses momentos. — Dessa vez o próprio Cater argumentou.
— Ele está precisando de alguém e talvez eu seja a melhor pessoa pra isso.
— Ou a pior. — soltou sem jeito. — Vocês nem tão se falando.
— Eu não me importo, . — Ela deu de ombros. — Eu vou lá.

olhava para a garrafa de gin já quase vazia e queria quebrar tudo por saber que para conseguir outra dessa, teria que falar com alguém, coisa que ele não queria de maneira alguma. Não acreditava que aquilo estava acontecendo, ela tinha jurado que ficaria bem, sentia a culpa lhe corroer até os ossos, e olhe que ele achava que a bebida resolveria isso.
— Você é um bosta. — Falou pra si mesmo.
Ele estava ignorando as ligações dos seus pais desde que entrou no set, quando ainda não sabia o motivo, e agora continuava a ignorar porque não queria ter que falar sobre aquilo logo com eles. Podia ser egoísta, já que eles como pais deviam estar ainda mais preocupados, mas ele não queria lidar com isso agora, ainda mais com os comentários que ele sabia que viriam e que ele também sabia que merecia. Estava em mais um dos seus goles na garrafa quando viu alguém entrar e por pouco não jogou algo em direção a pessoa.
— Oi. — viu dizer meio incerta.
— Não é uma boa hora, Clarke. — Advertiu sem olhá-la direito.
— Eu soube do lance da sua irmã…
— Todo mundo já sabe, mas ainda assim o desgraçado do Cater não consegue descobrir o maldito hospital que ela está. E bom, eu não preciso da sua pena, okay? — Terminou ríspido.
— Não se trata de pena. — respondeu no mesmo tom.
deu um sorriso debochado antes de falar:
— Não? Até ontem você não queria me ver nem pintado de ouro e agora está aqui tentando agir como minha amiga, como a gente chama isso?
— Eu chamo de cuidado, idiota. Eu nunca deixei de me preocupar com você, , mesmo que eu tenha tentado. Você é importante pra mim quer eu queira, quer não.
— Não somos mais amigos, , você já me disse isso algumas vezes.
— Eu achei isso, e ainda acho que em partes eu esteja certa. Você não é meu amigo, não age como um, mas eu sou sua amiga.
— E o que isso quer dizer?
— Quer dizer que não importa o que rolou, eu vou sempre me preocupar com você.
Não houve tempo para trocas de olhares intensa, nem para um abraço ou o que quer que fosse. Bastou terminar de falar para que o celular de tocasse com seu agente ligando.
— Oi, Cater.
— Primeiro: eu não deixei aquela menina intrometida ir aí, falei que ela não fosse; Segundo: já tenho informações de onde sua irmã está, seus pais foram bons em esconder o paradeiro dela, mas entrei em contato com eles e consegui.
— Você falou com eles? — Foi o que conseguiu absorver de tudo.
— Sim, e se você tivesse os atendido, a gente teria ganhado muito tempo. Estou te esperando aqui fora, vamos?
— Sim.
Assim que terminou a ligação, já foi se levantando, e se não fosse por que correu ao seu suporte, ele teria caído de volta na cadeira.
— Pra onde você vai assim?
— Cater descobriu onde está minha irmã, estou indo para o hospital.
— Quer que eu vá contigo?
Se fosse qualquer outra pessoa fazendo aquela pergunta, certamente escutaria algum desaforo, mas respirou fundo e depois respondeu:
— Meus pais deram muito trabalho para esconder minha irmã, eles não vão querer mais que Cater vendo-a. Fora que não vai ser legal, . Fica fora disso, por favor, eu não costumo ser muito legal com esses assuntos.
não debateu, ela podia ser bastante cabeça dura, mas sabia que aquela não era hora nem lugar. Então, preferiu apenas mostrar que estaria lá para o que ele precisasse.
— Te ligo mais tarde, okay? Apenas para saber se ela tá bem.
sabia que provavelmente mais tarde ele estaria caindo de bêbado e não atenderia ninguém, mas não discordou.
— Tudo bem.

não tinha medo de hospitais, mas entrar naquele estava lhe causando calafrios. Era tudo culpa dele, não seria isso que seus pais tentariam dizer?
— Eu vou na frente, se você quiser. — Cater falou, já sabendo como provavelmente seria o encontro do rapaz com os pais.
— Não precisa. Na verdade, queria que você fosse pegar algo para comer, pode ser?
Era uma desculpa esfarrapada, mas ele esperava que funcionasse. Dessa vez queria ter aquele encontro sozinho. Cater pareceu entender e disse:
— Tá certo, então. Qualquer coisa, liga. Ah, e passa no banheiro antes, sua cara de quem bebeu tá bem grande e toma, usa esse enxaguante bucal. — Falou enquanto entregava o objeto ao rapaz e depois seguia pelos corredores a procura de comida.
Não demorou muito para que ele encontrasse o quarto onde a irmã estava, os funcionários estavam bastantes solícitos. Na verdade, estavam quase que derrubando o outro para poder ser quem ajudaria o famoso .
Sem bater na porta, mas abrindo-a devagar, entrou no quarto e encontrou a irmã dormindo enquanto seus pais conversavam baixinho no canto do quarto.
— Oi. — Ele disse quando seus pais olharam em sua direção.
— Achei que não fosse vir. — O pai falou. — Sua mãe cansou de te ligar e você a ignorava.
— Eu estava querendo um tempo sozinho.
— Um tempo para beber, você quer dizer. — A mãe acusou, mesmo que de forma doce.
— Será que podemos conversar no corredor? Não quero acordar ela. — Ele sugeriu, enquanto apontava para irmã.
— Ela está dopada, não irá acordar. — A mãe voltou a falar.
— Foi grave? — Perguntou, aquilo parecia ser a única coisa a se dizer.
— De início podia ser que sim, mas foram feitos alguns exames e nenhum trauma sério aconteceu. Ela quebrou uma costela e pegou uns pontos na cabeça, mas vai ficar bem.
— Vocês me culpam? — Tentou logo chegar no assunto que ele sabia que a conversaria se tornaria.
— Acho que agora pouco importa quem é culpado ou não. — O pai falou, sem negar a pergunta do filho. — Não vamos mais brigar, . Só queremos seu apoio em uma decisão que tomamos.
— Qual decisão?
— Internaremos a Diana. E ela só vai aceitar um pouco melhor isso se perceber que não terá onde conseguir dinheiro. — A mãe explicou.
— Ao menos uma vez nos apoie e pense de verdade no que for melhor pra sua irmã.
suspirou irritado. Óbvio que voltariam aquele assunto.
— Vejo que voltaremos…
— Não, nós não voltaremos a esse assunto. O que está feito, está feito, filho. Só precisamos do seu apoio nesse momento.
— Não é mais momento para brigas, filho. — A mãe começou a explicar. — Ou nos unimos, ou perdemos nossa menina. Acho que nisso nós concordamos.
— Sim, sim.
demorou mais um pouco no hospital e tinha que admitir que seus pais estavam se esforçando para realmente não voltarem ao tão conhecido assunto. Ambos concordavam que Diana havia chegado tão longe que tentar achar o culpado já não era mais tão importante, até porque não havia como voltar atrás e refazer as coisas, se é que ainda assim aquelas coisas teriam sido evitadas.
Saindo dali, seguiu direto pra casa e para evitar que lhe procurasse, afinal ele não queria ver ninguém, mandou-lhe uma mensagem apenas dizendo que a irmã passava bem. Não demorou muito para que a menina, como esperado, tentasse lhe arrancar mais coisa, e quando ele deu por si, já estava atendendo uma ligação dela.
, não acho que essa seja a melhor hora para uma ligação. — Ele foi logo advertindo.
Não liguei a procura de resposta, apenas quero que você converse um pouco. Seja qual for o tema.
— Eu não gosto de falar quando estou assim. — Ele cortou.
Todos dizem isso, mas eu acho necessário. — Ela falou com o tom de voz de quem estava sorrindo.
— Eu preciso ter minha irmã internada pra que você volte pra minha vida? — Ele indagou meio brincando, meio falando sério.
Eu jamais te deixaria quando você precisa de mim. E não acho que esse seja um bom assunto para entrarmos.
Falar deles, receber desculpas ou qualquer coisa desse tipo não era uma boa opção para . Como ela mesmo tinha dito ainda no camarim a , ela era amiga dele, mas não o via como amigo dela. Ela preferia assim, sem expectativas, sem maiores laços que ele cortasse do nada depois.
— Você sabe que cresci nesse meio artístico, né? — começou um novo assunto do nada. — Antes mesmo que eu me perguntasse o que queria ser quando crescer, eu já tinha uma profissão. Primeiro tirei umas fotos pra umas campanhas com crianças e depois me vi dentro dentro de um filme de drama onde eu inacreditavelmente chorava nas horas certas. Depois veio uma sitcom, algumas participações em comerciais e filmes. Quando dei por mim, eu era uma das estrelas de um filme pré adolescente e nunca mais parei.
não sabia bem onde ele queria chegar com tudo aquilo, mas preferiu ficar calada e apenas escutar tudo que ele pretendia falar.
— Fiz alguns anos da escola com tutores em casa, mas minha irmã frequentou escolas todo o tempo. Ela preferia que ninguém soubesse que éramos irmãos, confesso que de início isso me machucava, mas depois eu pensava: eu tenho tanta vontade de voltar a escola, ela deve ter medo de precisar de tutores também. E era verdade, a Diana apenas queria uma vida normal. — Ele deu um sorriso sem graça depois da frase — Então um dia eu voltei pra escola, meus pais e uma psicóloga do trabalho falaram que era importante, a Diana surtou quando soube, disse que a vida dela iria acabar. Não entendi aquela frase até chegar lá e todo mundo se tocar de que éramos irmãos. De repente a mochila da minha irmã estava lotada de cartas pra mim, ela ganhava vários presentes que na verdade não eram pra ela e todo mundo queria que os trabalhos, sempre feitos em outros lugares, fossem feitos lá em casa. Diana chorou por semanas, mas quando viu que meus pais não me tirariam, ela mudou de tática, começou a tentar ser posta pra fora da escola.
— Como assim?
— De repente, a menina que nunca dava trabalho se tornou uma garota totalmente nova. Matava aula, sugeria fazer festa durante as aulas, uma vez ela colocou uma bomba no banheiro. Nada muito sério, mas de certo, se não fosse minha irmã, ela teria sido expulsa. Meus pais ficaram loucos, mas falavam que jamais me tirariam por birra dela. Um dia ela finalmente conseguiu ao menos mudar de escola, mas daí a relação dela com meus pais já estava arruinada. Diana ia e voltava praticamente escoltada pra casa, não havia confiança. Depois eu finalmente terminei os estudos e acabei virando o cara inconsequente que sou hoje, havia uma necessidade de mostrar para a câmera que eu cresci ao mesmo tempo que eu queria mostrar que não me importava com elas. Isso aproximou minha irmã de mim, ela finalmente não era a única maluca da família. Mas então, no último ano escolar dela foram encontradas drogas dentro da sua mochila e meus pais não exitaram em colocá-la em uma clínica, acho que nunca me senti tão culpado em toda minha vida. Assim que fui visitá-la ela falou que era tudo culpa minha, que eu tinha arruinado a vida dela…
— Você não fez isso, . Você só estava tentando ter uma vida minimamente normal.
— E roubando isso dela.
— Mas…
— Deixa eu terminar, , pelo amor de Deus. — Ele interveio, pela primeira vez rindo.
— Tudo bem. — Ela respondeu também rindo.
— Minha irmã voltou pra casa sobre a condição de que teria um quarto na garagem, que não queria mais morar de verdade conosco. Meus pais não queriam muito, mas eu entendi a Diana e uma hora eles toparam também. Mas então ela completou a maior idade e veio falar comigo sobre sair de casa. Não era surpresa pra ninguém que o clima entre ela e meus pais era péssimo. Diana me lembrou que eu devia essa a ela, e fora que ela estava sem se meter em confusão fazia bastante tempo, então, ajudei ela nessa. Ela já era maior e apenas precisava de dinheiro. Ajudei ela com tudo, até mesmo a arrumar um emprego. Sentia que finalmente tava fazendo algo bom por ela. Meus pais só foram comunicados depois e isso foi um dos motivos que também saí de casa, depois de saberem quem a financiava, o clima ficou ainda pior. Eu apostei todas as minhas fichas que tava fazendo o certo, mas então pouco tempo depois ela tava desempregada e pedindo dinheiro na minha porta enquanto parecia mais bêbada que eu nos meus piores dias. Desde então tem sido assim. Bons dias, então vem dias ruins em que eu tenho que ajudá-la e meus pais seguem me culpando por tudo de ruim que vem acontecendo com ela.
— E agora? O que vocês vão fazer? Parece que ela tá tendo só dias ruins.
— Vou ficar do lado dos meus pais. Não dá pra fingir que ela vai ficar bem. Diana realmente precisa de ajuda. Então, assim que ela sair do hospital, será levada pra uma clínica de reabilitação.
— Imagino que isso vá fazê-la ter ainda mais raiva, né?
— Não temos escolha.

Os dias que se sucederam mostraram para todos no estúdio um que ninguém conhecia até então: calado, solitário e que por ele, morava ali no set de filmagens.
— A gente pode gravar mais alguma coisa. — Disse para o total repúdio de .
— Irmão, pelo amor de Deus. Estamos gravando desde às sete da manhã. O que te deu, heim?
Todos esperavam que depois do que aconteceu fizesse exatamente o que fez ao receber a notícia: bebesse sem parar. Mas em vez disso o rapaz tinha se tornado uma máquina de gravar textos e encená-los em frente a uma câmera.
— O está certo, . Embora adore você focado no trabalho, não dá pra gravar mais que isso.
Claramente o rapaz não gostou da ideia, já que se retirou sem dizer uma palavra.
esperou um pouco e depois seguiu para o camarim de carregando uma revista nas mãos. Assim como ele sempre fazia com a mesma, dessa vez ela entrou sem bater na porta.
— É depois de amanhã, né? — Indagou enquanto colocava a revista na bancada em frente a .
Ele não precisou ler para saber o que tinha escrito lá, fora ele mesmo o responsável por aquela notícia.
— Na verdade ela recebe alta hoje, demos um jeito de vazar a notícia errada pra que tudo ocorra bem.
— Você não deveria estar lá? — perguntou.
— Definitivamente não sou a pessoa que Diana vai querer perto depois de saber pra onde vai. Vou esperar uns dias e depois vou visitá-la. — Terminou, parecendo sentir até dor física com a ideia.
— Vai ser uma visita difícil.
riu pelo nariz.
— Você anda sendo muito positiva. — Brincou.
A garota rodou um pouco pelo camarim sem dizer uma palavra depois disso. E como já a conhecia, sabia que ele estava pensando em algo importante.
— O que você está pensando? — Indagou depois que percebeu que ela faria aquilo por muito tempo.
— Se você quiser… — Ela começou cautelosa. — E não for atrapalhar nada, eu posso ir com você. Acho que você vai precisar de uma amiga.
— Você não precisa fazer isso, . — Ele disse enquanto negava com a cabeça.
— Mas não se trata de precisar, ué! — Deu de ombros. — Se trata de querer. Se você quiser minha companhia, eu quero ir com você.
— Ela vai falar coisas horríveis para mim e talvez até para você. — Advertiu.
— Eu não ligo. — Lilie afirmou, novamente dando de ombros.
— Ela pode atirar coisas em sua direção.
sabia que seria capaz de falar um monte de coisas por um dia inteiro, mas também sabia que tudo não passava de uma tentativa dele de fazê-la desistir, já que não queria negar. Então, caminhou devagar até perto do amigo, afastou levemente as pernas dele — que estava sentado em uma poltrona — e ficou ali de pé entre as pernas no garoto enquanto segurava o rosto dele com cuidado e dizia:
— Eu não importo com o quanto pode ser difícil, porque no fundo eu sei que em nada tem a ver comigo, mas sim com você. E você, , você é alguém que eu me importo. Você vai visitar sua irmã depois de amanhã, na nossa folga, e eu estarei lá com você. Porque dane-se os nossos problemas, eu estou aqui pra te ajudar. — e beijou a ponta do nariz dele.
Não houve vontade de puxá-la para o seu colo e fazer sexo com a mesma ali mesmo. Se quer houve vontade de beijá-la. Tudo que queria fazer foi exatamente o que ele fez: abraçou-a forte e agradeceu em silêncio a Deus por tê-la em sua vida enquanto retribuía o beijo no nariz dela.



Capítulo 15 - Meetings



— Vamos entrar? — perguntou enquanto segurava a mão de em frente a clínica.
Ele havia passado na casa dela logo cedo, cedo demais ela diria. Mas ao reclamar disso escutou: “não quero que eles nos sigam.” Ela sabia de toda perseguição dos paparazzis em cima deles e tudo mais, mas não deixou de achar aquilo um pouco exagerado, porém não falou mais nada. Sabia que aquela cautela era maior por causa de todo o problema familiar.
Fazia cerca de cinco minutos que haviam chegado. demorou três destes cinco apenas para descer do carro, e após descer ficou lá parado encarando a fachada. Despertou só depois que ouviu falar e sentiu a mão da garota segurando a sua.
— Vamos sim. — Respondeu, infelizmente soando menos firme do que queria.
Seus pais estavam certos, logo concluiu ao entrar, aquele lugar era lindo. Tinha uma áurea que parecia transmitir paz, e logo da recepção podia se ver o verde do jardim que tinha logo após a porta de entrada. Ficou feliz ao ver aquilo, ao menos Diana estava em um bom lugar.
— Podem me seguir.
Uma moça disse depois de checar os documentos deles.
— Aqui é lindo. — cochichou em seu ouvido conforme seguiam.
— A Diana está no quarto. Nessa fase é comum os hóspedes se negarem a participar das atividades em grupo. Principalmente em casos como o dela, que embora tenha chegado aqui por vontade própria, teve uma intervenção de pessoas próximas.
— Entendo. Até porque a Diana já é difícil por vida. — respondeu.
— Ela parece ter uma personalidade forte. — A mulher concordou, mesmo que de forma delicada. — Mas é normal. Ela tem apenas vinte e dois anos.
e olharam para a mulher e concluíram que ela não tinha muito mais que isso. Talvez fosse educado para eles culpar a idade.
— Pronto. Chegamos. Ela está nesse quarto.
olhou ao redor e finalmente viu algum traço de hospital naquele lugar. Tudo era branco. A frente dos quartos, a porta, até a maçaneta era branca. E mesmo sem ter entrado ainda, sabia que no quarto de Diana encontraria mais branco.
A mulher bateu na porta e depois foi abrindo calmamente enquanto dizia:
— Bom dia, Diana. Você tem visitas.
Não houve tempo para preparação, quando se deram conta a porta já estava aberta o suficiente para que todos se vissem.
— Finalmente cedeu à pressão dos nossos pais e veio me ver, ? — Daiana indagou enquanto dava um sorriso debochado que logo ligou ao do rapaz.
— Vou deixar vocês a sós. A visita pode durar o tempo que quiserem.
— Meu irmão deve ter filmagem daqui a pouco, não é, irmãozinho?
— Na verdade hoje estou de folga. Tenho todo o tempo do mundo. — O rapaz respondeu, dando um tom um pouco debochado a frase também.
Diana não respondeu. Apenas olhou para ele e depois para . Demorou tempo demais encarando a garota e percebeu que mesmo desconfortável, não podia ceder ao olhar da irmã do seu amigo. Diana queria claramente intimidar, não permitiria isso.
— Bom, e você, quem é? Há quanto tempo meu irmão tá te pegando? — Indagou de forma dura.
— Você sabe quem é a , sabe muito bem que trabalha comigo. Todos sabem. — cortou parecendo um pouco impaciente.
— Tenho mais o que fazer do que ver seus dramas adolescentes, irmãozinho. Mas acho que me lembro vagamente dela. Há quanto tempo você dá pra ele? — Ela voltou a falar com .
— Diana…
— Eu posso responder, . Pode deixar. — interrompeu antes que o rapaz respondesse novamente por ela.
— Uhhh!
— Eu sou amiga do seu irmão. Como você sabe, trabalho com ele.
— Meu irmão não tem amigas, garotinha. A não ser amigas de cama. Então, corta essa. Vai lá, me diz, há quanto tempo você dá pra ele? — E antes que pudesse responder, ela emendou outra pergunta. — Você sabe que no fim ele não vai querer nada com você, né? Não que seja algo pessoal, mas meu irmão não quer nada com ninguém.
— Como eu disse, sou amiga do seu irmão.
— E como eu disse, meu irmão não tem isso. Me diz o que leva uma menina como você, com essa carinha de anjo, a se envolver com o . Os irmãos ’s não valem nada, meu irmão e eu colecionamos corações que partimos. Mas devo admitir que você deve ser um pouquinho mais especial que as outras. Ele não te traria aqui se não fosse.
se preparou para falar alguma coisa, mas foi interrompida pela garota.
— Ele já teve uma garota um tantinho especial outra vez. E eu sei que você acha que isso basta para ele te assumir, mas uma hora ou outra ele vai te largar. Foi assim com a Katie, era esse o nome dela, não era, ? — Perguntou de forma debochada ao irmão que parecia se controlar para não gritar. — O chegou até a levá-la em casa, mas um belo dia eles brigaram e bom, foi o que bastou para meu irmão aparecer com outra em uma festa. A Katie ainda não parecia ter entendido, então meu irmão levou uma garota para uma festa na casa da Katie. Não se sinta muito especial, . Você não é.
conhecia sua amiga suficiente para saber que as palavras da irmã a afetaram, mas quem não a conhecesse diria que ela estava calma como nunca antes. Se orgulhou dela ter aguentado firme, mas se culpou por tê-la levado até lá.
— Eu sei que você tá fazendo isso porque quer que o vá embora pra assim você poder dizer que ele é mesmo o monstro que você pinta. Mas ele não vai. Nem eu. — começou a falar de forma firme. — Acho que você precisa aprender a encarar sua culpa de frente, Diana, em vez de tentar culpar seu irmão por estar aqui. E eu sei que você pretendia me abalar, mas eu sabia desde o começo do seu plano. E além disto, nada do que você possa falar do é novidade pra mim, ele ser galinha estampa capas de revistas e jornais quase que a semana inteira, acha mesmo que me falar isso agora vai causar alguma coisa? Eu sou amiga do seu irmão, conheço vários de seus defeitos e sei de um monte de coisa que ele é culpado. Mas sabe de uma coisa que ele não é culpado? — E assim como Diana, não deixou a outra responder. — Pelos seus erros. Todos, exatamente todos os seus erros são frutos de decisões suas e não dele. E você pode tentar passar o dia inteiro tentando nos convencer do contrário, mas não vai conseguir. Se quiser tentar, sinta-se à vontade, porque passaremos tempo o bastante aqui, mas vou logo avisando que vai ser um esforço em vão.

Após as palavras de , Diana gastou ao menos duas horas em uma greve de silêncio que pensou ser o suficiente para tirar os outros dois do sério, porém não conseguiu. e ligaram a tevê e perguntaram qual canal Diana preferia, como ela não respondeu, os dois escolheram um canal e passaram as duas horas rindo e conversando. Quando Diana viu que os dois não iriam embora, pediu para colocarem em um filme de terror que fez dar vários gritos abraçada a e Diana dar várias risadas. No fim do dia, Diana — de forma bem menos debochada — ria das reações de e já falava que na próxima visita veriam outro terror.
— Obrigada de verdade por ter vindo comigo. — agradeceu, já no carro durante um sinal fechado.
— Não tem por que agradecer, nem foi tão ruim quanto você fez parecer.
— Ela tentou te humilhar de todas as formas possíveis. — falou rolando os olhos.
— E eu não dei bola. — A menina respondeu, dando de ombros.
O sinal abriu e mesmo assim continuou com o carro parado encarando .
, o sinal abriu.
O rapaz ainda assim não deu partida e continuou a encarando, até que escutou uma buzina alta no fundo.
— Como eu disse: o sinal abriu.
Depois daquilo a atmosfera do carro parecia ter mudado. não conseguia deixar de sentir um frio na barriga toda vez que olhava para , e, embora ela não fizesse ideia, a recíproca era totalmente verdadeira.
“Ela veio aqui por pura piedade, . Entenda que foi por pura piedade.” Era o que o rapaz repetia mentalmente como um mantra para que assim não parasse o carro em qualquer esquina e a beijasse com toda a vontade que estava sentindo.
Depois de alguns bons minutos de silêncio, o rapaz ensaiou falar algo, porém desistiu, mas a tentativa não passou despercebida por ela.
— O que você iria dizer? — perguntou, feliz por terem algo para falar em vez daquele silêncio terrível.
— Eu? Nada.
— Você começou a falar, eu vi. Mas por algum motivo calou. O que você iria dizer?
— Você é curiosa hein, Clarke? — Ele tentou implicar para assim se livrar daquele assunto, porém ela não caiu na dele.
— Sou mesmo, agora fala.
O que ele poderia responder? Que naquela hora ia dizer que ainda a queria da mesma forma que queria antes, ou até mais? Ele não podia dizer aquilo. Não mesmo!
— Só ia te dizer que embora eu seja muito grato por você ter vindo, eu prefiro que esse assunto não seja um assunto nosso. Agradeço sua boa vontade, mas prefiro lidar com isso sozinho.
— Como assim?
sabia que estava mais uma vez sabotando tudo, mas era melhor, não era? Com toda certeza era melhor que entrar na vida dela novamente e machucá-la outra vez.
— Só queria que a gente não falasse mais disso.
Obviamente, pensou em ir contra aquela decisão, mas se ele, depois daquele dia, não conseguia perceber que ela sempre estaria ali, talvez não valesse a pena falar mais nada.
— Tudo bem. Como você quiser.

estava em casa aproveitando seu dia de folga e revendo, talvez pela milésima vez, a primeira temporada de Brooklyn Nine-Nine quando ouviu a campainha tocar. Achou estranho, não era comum alguém lhe visitar, por questão de privacidade ela tinha preferido manter seu endereço como um segredo para a maioria das pessoas.
Levou um susto quando olhou pelo olho mágico e viu que Jake estava do outro lado. Abriu mesmo um pouco cautelosa.
— Oi?! — Falou meio incerta. — Aconteceu alguma coisa?
— Hã?
— Você aqui. — Ela tentou fazer uma cara que deixasse claro toda a estranheza daquela situação. — Aconteceu algo?
— Posso entrar? — Ele pediu meio incerto.
Mesmo sem intenção, ficou claro que não tinha certeza.
— Tudo bem, entra aí.
Mas quando Jake ia entrando, tocou em seu peito para que parasse e perguntou:
— O que exatamente você quer? Tem a ver com a gente?
Talvez sua calma tenha feito Jake ler tudo errado, porque ele sentiu uma segurança para dar a resposta que certamente ele não deveria ter tido.
— Sim, . Eu quero falar de nós. Quero muito falar de nós.
O choque veio no segundo seguinte quando ela respondeu:
— Então você não pode entrar, Jake. Não tem por que eu te mandar entrar pra falar de algo que não existe mais. Boa noite, Jake.
Se Jake não tivesse sido rápido ele teria dado boa noite a porta, porém ainda conseguiu dizer:
— Boa noite pra você também, . E desculpa incomodar.

No dia seguinte todos os quatro protagonistas tinham cenas a serem gravadas e Prya, sabendo disso, foi ao set ver sua amiga antes de viajar.
— Vai ser quinze dias mesmo ou você vai sumir como sumiu antes? Quinze dias viraram quase um ano. — falou rindo enquanto abraçava a amiga.
— Quinze dias, eu juro.
— Quero só ver.
Conversaram mais um pouco até que precisou ir para o camarim.
Na saída, Prya já seguia rumo ao carro quando viu saindo do seu.
— Oi. Lembra de mim? — perguntou.
— Sim, a amiga da , não é isso? A dona da festa.
Prya riu.
— Sim, a dona da festa.
Sem muita vergonha ela encarou de cima a baixo e mordeu o lábio ao constatar que ele era mais bonito do que ela lembrava. O gesto não passou despercebido por .
— Nossa!
— Hã? — Prya indagou fingindo inocência. — Não entendi o que você falou. Estava com os pensamentos longe.
— Acho que percebi. Que tal você me passar seu número e pensarmos em várias coisas juntos?
Era uma cantada péssima, ele sabia. Mas também sabia que naquele caso ele não precisava caprichar nas palavras.
— Eu acho uma ótima ideia.


Capítulo 16 - All I want is the taste that your lips allow


Fazia alguns dias que não via seu amigo Jake. Por algum motivo que ela ainda não sabia ele estava preferindo se manter distante. Preferiu dar a distância que ele parecia precisar, mas naquele dia a saudade estava maior do que continuar respeitando a distância do amigo, e por isso ela se encontrava na porta da casa dele esperando que ele viesse logo lhe atender.
? — Jake indagou com o rosto franzido.
— Não pode nem fingir que não é tão ruim assim me ver? — Ela perguntou sorrindo.
— Hã? Não é ruim te ver. Só estou apenas surpreso com a visita. Mas nunca é ruim te ver.
— Não parece. Esses dias parecia estar fugindo de um contato ao vivo.
— Eu não estava evitando você, mas sim as pessoas que te rodeiam. — Jake respondeu enquanto dava passagem para que a amiga entrasse.
? Caramba, vocês ainda não se resolveram?
— Nem só de dramas e vive o amor. Há outros que também não se resolvem. — Jake brincou e rolou os olhos.
e eu estamos muito bem resolvidos, Jake. Não temos e nem teremos mais nada.
— Suspeito que a também não queira mais nada comigo.
se jogou no sofá do amigo e depois lhe perguntou curiosa:
— Jake, mas você gosta mesmo dela? Porque tipo, acho que só te vi insistir assim em alguém com a Prya.
Jake riu de forma amarga.
— Isso é bem diferente do que era com a Prya. Agora eu sinto que podia ter algo real, sabe?
— Então vai atrás. Vai na casa dela.
— E você acha que não fui? Ela nem me deixou entrar.
Ambos caíram na gargalhada depois dessa frase.
— Você está bem ferrado, Jake. Bem ferrado. E falando em Prya, acho que ela está com alguém daqui. Parece que acabou mesmo com aquele cara lá. Pensei até que você pudesse ter algo a ver com isso.
— Eu? Por quê? — Jake indagou confuso.
— Ela tá fazendo de tudo pra voltar ainda essa semana. É a primeira vez que vejo a Prya dizer que aparece em tantos dias e realmente aparecer.
Jake sentou no chão, ao lado do sofá em que estava e encarou-a.
— Eu não tenho nada a ver com isso. E realmente sinto pena de quem quer que seja o cara. Espero que ele não seja tão besta como eu.
— Amigo, a Prya realmente não é santa, mas você sabe que ela não te obrigou a fazer nada de errado, né? Isso é um erro seu.
— Não estou tirando minha culpa. Mas nós dois sabemos que se tem uma coisa que a Prya fez foi me manipular pra ser o cachorrinho dela.
— E isso foi algo que sempre te alertei. Foi tipo você me falando quem era o e eu fechando os olhos.
— Falando em , como estão as coisas com ele?
— Aí, Jake. — bufou enquanto se jogava deitada no sofá. — O é um idiota, sabe? Mas eu o amo, tipo, eu o amo de verdade, mesmo que não de forma romântica. É esse amor me faz querer apoiá-lo, estar ao seu lado. Só que é tão complicado, porque existe uma parte de mim que gosta dele de uma outra forma e essa parte se magoa com algumas coisas que ele faz.
— E porque não se afastar? — Jake perguntou preocupado.
— Passamos aquela fase sem nos falarmos e eu achei que serviria, mas a presença dele é meio impossível de ignorar, sabe? Eu não o quero, Jake, não mesmo. Mas eu queria que meu coração entendesse isso e não acelerasse toda vez que ele me olha como se também sentisse algo. Queria não me magoar quando ele muda do nada.
— Do nada?
— Estávamos lá na clínica e foi algo tão íntimo, sabe? Por mais difícil que tenha sido no início, foi algo bom. E então ele diz que quer fazer isso só, me olha de maneira fria como se não quisesse minha amizade.
Jake riu.
— Qual a graça?
— É que você entendeu, mas ao mesmo tempo não entendeu. realmente não quer sua amizade, ele quer mais que isso.
bufou mais uma vez e puxou um pouco os cabelos.
— Então ele tem uma péssima maneira de mostrar. E outra, eu não quero mais que a amizade dele.
, sejamos francos, você quer sim. Mas sabe que não deve. Quer dizer, nem se trata de dever, mas de querer coisas diferentes. Você quer mais do que aquele babaca tem pra oferecer e ele também sabe disso. Então, ele tá tentando do jeito dele fazer o certo. Te afastando.
— Tem coisas que não são pra acontecer, né?
— É. — Jake confirmou, dessa vez pensando em . — Tem coisas que talvez não sejam pra ser.

Prya compriu com o combinado e voltou mesmo em quinze dias. E estava mesmo certa, ela tinha um motivo para isso, o que não fazia ideia era que seu amigo era a tal razão.
Assim que chegou na cidade Prya mandou mensagem para o rapaz que não tardou a responder perguntando se poderiam marcar de se ver.
“Achei que esse convite nunca fosse acontecer. Esperei o querido ator me chamar ainda na viagem.
Poderia ser aqui em casa. Estou cansada demais para sair.”

riu. Aquela garota sabia mesmo o que queria para si.
“Não lembro mais seu endereço. Me passa que eu chego aí.”
Prya não tardou em mandar e também não tardou em entrar no seu carro e seguir para a casa dela.
Aquela foi uma noite agitada não só para e Prya, finalmente tinha decidido sair para conhecer pessoas novas e embora um certo rapaz ainda lhe viesse à mente, ela estava disposta a não se deixar desanimar.
— Disposta a dançar um pouco? — escutou alguém lhe perguntar e despertou de seus pensamentos.
Ela olhou para o rapaz e depois para os próprios pés e negou.
— Na verdade não.
— Disposta ao menos a uma conversa?
Não. Ela também não estava disposta, mas preferiu dar essa chance.
— Por que não?
— Então licença que tentarei tirar essa sua cara de tédio. — Ele brincou, se colocando ao lado dela. — Eu certamente perguntaria seu nome, mas bom, quem não sabe?
— É — ela respondeu rindo, mesmo que sem empolgação. — Quem não sabe?
— Eu me chamo Will, já que você parece bem curiosa. — Ele voltou a brincar. — Dia ruim?
— Na verdade não. Acho que só esqueci como é essa coisa de sair de casa, sabe? Trabalho, casa. Trabalho, casa.
— Entendo. Acredite se quiser, também estou meio assim. Mas meus amigos falaram que ou eu começava a sair de casa, ou eles me arrastariam e me obrigariam a ficar com alguém. Preferi não passar por isso. Embora trabalhar ainda me pareça mais legal.
— Workaholic?
— Quase isso. É gratificante fazer o que se gosta.
Os dois continuaram conversando durante o resto da noite e no fim da mesma ele se ofereceu para acompanha-la, mas lembrou-o que não precisava, ela estava de carro e não tinha bebido. Trocaram então telefones e se seguiram nas redes sociais.
Não houve beijo de tirar o fôlego, mas na hora de darem tchau acabou acontecendo um simples selinho que agradou muito a menina. Ela estava mesmo querendo algo calmo.

naquele dia acabou dormindo na casa do melhor amigo. Eles conversaram, viram filme, comeram, voltaram a conversar e até jogaram um jogo de quando eram crianças. Quando viram já estavam cansados demais para que ela fosse para casa, então ela ficou por ali mesmo.
No dia seguinte, quando preparava alguma coisa para comer junto com Jake, ela recebeu uma ligação que não esperava.
— Jake! — Ela gritou assim que desligou.
— O que foi? — Jake perguntou alarmado.
— Você não sabe o convite que acabei de receber. Você não sabe!!!
pulou nos braços do amigo antes mesmo de dar a notícia.
— Eu não vou saber se você não contar. — Ele lembrou-a enquanto ria.
— Acabaram de me ligar para dizer que querem fazer um comercial sobre nossa campanha contra o bullying. O engajamento de outros famosos fez a ideia ficar forte e causou interesse do governo. Querem fazer algo nacional.
Jake levantou a amiga nos braços e rodou com ela pela casa enquanto os dois riam. Era o sonho de dois adolescentes se tornando realidade.
— Não acredito que conseguimos isso. Não acredito!
— E você acha que eu acredito? — perguntou eufórica. — Querem marcar uma reunião conosco. Para que estejamos por dentro de tudo e venhamos, talvez, participar.
— Conseguimos, . Você tem ideia disso? Estamos conseguindo!

Depois de tanto comemorar com Jake, finalmente chegou em casa e aproveitou que estava de folga para informar a moça que lhe ajudava com os serviços domésticos, que não precisava ir porque a casa continuava arrumada e ela mesma queria fazer uma faxina no seu quarto.
A faxina durou o dia todo, mas não se arrependia. Fazer aquilo lhe lembrava de casa, dos serviços que fazia junto com sua mãe e sua irmã. Fazia ela se sentir ela mesma no meio de tanto luxo e holofotes.
Quando finalmente tomou banho e comeu alguma coisa, deitou-se no sofá enquanto tomava uma taça de vinho. Escutou sua campainha tocar e ficou surpresa por não ter sido informada que alguém estava subindo. Ficou ainda mais surpresa quando viu Lian pelo olho mágico.
— Lian? — Ela abriu a porta ainda surpresa com a visita.
— Me desculpe aparecer assim de surpresa, mas é que eu queria muito te ver.
Aquilo não fazia muito sentido. Ele não falava com ela fazia algumas boas semanas. E tudo bem, foi ela quem pediu para que ele lhe desse um tempo, mas ainda assim não fazia sentido.
— Você parece bem chocada. — Ele falou, rindo.
— É porque estou. Você nem mandou mensagem nem nada.
— Eu pensei em te mandar, mas queria te ver. Falar algumas coisas olho no olho, sabe?
não teve tempo de responder. Escutou alguns passos e quando olhou, estava na sua frente.
? — Ele indagou surpreso ao vê-la acompanhada na porta do apartamento.
? — Ela indagou de volta.
? — Foi a vez de Lian indagar.
olhou para os dois e não conseguiu falar nada.
— Será que a gente pode conversar? — perguntou.
— É que nós já estávamos conversando. — Lian falou.
?
?
— Ér…
parou um pouco para pensar e embora soubesse que não era sua decisão mais racional, ela sabia com quem queria conversar.
— Lian, será que eu posso te ligar depois?
Claramente o rapaz não gostou da ideia.
— Você não precisa se dar ao trabalho.
olhou para e pediu:
— Você pode me esperar lá dentro?
— Claro.
Assim que ficou a sós com Lian, ela tentou dar alguma explicação.
— O está passando por um momento delicado, não posso negar uma conversa a ele.
— Tudo bem.
— Eu te ligo depois, está bem?
— Tá tudo bem, . Você realmente não precisa.
Ela tocou o ombro do rapaz e tentou ser sincera ao máximo.
— Eu quero fazer isso, Lian. Eu quero te ligar. Escolher conversar com o não muda isso. Posso te ligar?
— Claro. — Lian respondeu, meio desanimado.
— Me desculpe qualquer coisa.
— Tá tudo bem. Até mais.
E então se despediram com um beijo no rosto antes de voltar para o apartamento.
Assim que entrou em casa, encontrou sentado no sofá parecendo ansioso.
— Tá tudo bem? — Ela perguntou assim que entrou.
— Eu queria conversar contigo.
— É… Pode falar. — falou enquanto sentava no sofá ao lado dele.
— Eu acho que preciso me desculpar pelo dia na clínica.
se encostou em silêncio. Não sabia o que dizer e há um tempo havia decidido que não procuraria ser legal demais com . Então, ela não se forçaria a acabar com aquele silêncio.
— Eu nem de longe disse tudo que eu queria dizer. — Ele falou e novamente calou.
— E o que você queria dizer?
parou um pouco. Ele não foi até lá programando uma declaração. Não podia ser grosso com ela, mas também não podia falar mais do que achava que deveria.
— Eu não sei bem. Só não era aquilo. Você fez tanto por mim, sabe?
Nesse momento virou-se de lado e procurou os olhos de . Puxou suas mãos de leve e ficou as segurando enquanto falava de forma sincera.
— Ah, Clarke. Eu queria poder merecer metade do que você faz, sabe? Metade e talvez eu não me sentisse como me sinto. Metade e eu não tentaria te afastar tanto.
— Não se trata de merecer, . Se trata de aceitar. Você não aceita minha amizade. — falou também olhando nos olhos de , deixando claro para ele o quanto aquilo a deixava triste.
segurou as mãos da menina um pouco mais forte e falou com urgência:
— Eu aceito! Acredite em mim. Eu aceito! Do meu jeito, eu sei. Mas eu aceito. — Tentou explicar nervoso. — Eu deixei que você entrasse na minha vida como ninguém jamais entrou, sabe? Ter aceitado que você fosse comigo ver a Diana é a prova disso. Eu fiquei tão assustado quando me vi na porta da sua casa te esperando para que fôssemos.
E ele parecia mesmo assustado. Seu olhar entregava todo o medo que aquilo lhe causava.
— Mas o que tem demais nisso, ? O que tem demais em você aceitar minha ajuda?
se mexeu no sofá e ficou ainda mais perto de .
— Tem tudo, . Tem tudo. Esse não é o meu costume. Ninguém chega tão perto assim. E eu me vi te esperando e ansioso para que a Diana te conhecesse. Ansioso para saber o que vocês achariam uma da outra. E isso me lembra que eu não mereço nada disso.
riu sem humor. Não conseguia entender aquela afirmação dele.
— Odeio quando você é um idiota, .
— Tentar cuidar de você é ser idiota?
— É sim! E cuidar mais de quê? Você já me machucou de todas as formas possíveis. O que mais poderia dar errado em você me deixar agir como sua amiga?
Se perguntar, até hoje não sabe o que lhe deu, mas quando percebeu já estava falando muito mais do que esperava e queria. Ou, sendo mais sincero, muito mais do que ele achava que sua coragem permitia, porque talvez a vontade sempre estivesse ali.
— Tem demais que quando eu te vejo ao meu lado eu não te quero só como amiga. E como você mesmo disse, eu já te magoei de todas as formas possíveis. Eu não quero fazer isso novamente. Desde antes e até agora eu sei que você é muito mais do que eu mereço. Eu já fiz tanta merda, . Tanta. Você é a boa moça que não merece um cara como eu na sua vida, mesmo que seja só pra ficar contigo de vez em quando. Esse negócio de badboy e a garotinha boa só funciona nas séries e filmes adolescentes que trabalhamos, na vida real quase nunca é assim.
Ele estava certo, sabia e por isso não contestou os dados usados por ele. Mas uma frase, bem no início da fala dele não saía da sua mente.
— Você não me quer só como amiga? — estava ofegante ao fazer aquela pergunta.
— Quero! Quer dizer, mais ou menos. Eu quero sua amizade, eu amo sua amizade. Mas é quase impossível estar ao seu lado e não te imaginar comigo. Nos meus braços.
— Eu… eu
queria muito terminar aquela frase de forma coerente, porém os olhos de pareciam capaz de despir sua alma e isso fazia com que ela não pensasse em mais nada a não ser em se perder naqueles olhos.
— Eu sei que não deveria, Clarke. Mas a verdade é que eu quero você.
Com o silêncio cheio de desejo que vinha de , não se conteve e fez o que tinha acabado de dizer que sentia falta. A tomou em seus braços para um beijo que há tempos ele queria dar.
não relutou. Ela queria aquilo tanto quanto . E quando sentiu os braços do rapaz a puxando para si, apenas se deixou ser levada por eles. Estar ali ainda lhe causava sensações como as de antes. E uma gritava forte em sua mente. Ela se sentia pertencendo.
Assim que deixou que a beijasse de forma mais intensa, ele sentiu o que há muito tempo, talvez anos, não sentia: estava em casa.
Não tardou, porém, para que fizesse aquilo que ela quase sempre fazia. No meio do beijo ela tornou a si e levantou do sofá em um pulo.
— O que a gente tá fazendo? — Indagou andando de um lado para o outro e tentou não rir. Havia sentindo falta dos pitis dela. — Você tá rindo?
— Eu? Claro que não! — Ele respondeu procurando ficar sério.
— Que bom, então. , eu não quero e não vou me machucar novamente.
— Mas…
não permitiu que ele se explicasse. Seguiu rumo a porta e abriu-a.
— Eu acho que é melhor para nós dois que você vá embora.

respirou fundo.
— Por favor, .
encarou o chão e depois encarou a garota a sua frente que parecia prestes a chorar.
— Claro. — Respondeu seguindo para a porta. — Até mais, .
— Até mais.




Capítulo 17 - Enjoy the moment



estava sentada no sofá encarando o nada desde que se fora. Ela não queria pensar muito, se recusava a dar nomes para cada uma das sensações que estar nos braços do rapaz lhe causava.
“Você é completamente apaixonada por ele” Uma voz sussurrava em sua mente e ela sempre se mexia de forma brusca quando percebia, na tentativa que seus movimentos expulsassem aquele pensamento de sua cabeça.
— Você sabe como isso vai terminar, . — Ela falou consigo mesma enquanto apertava os próprios dedos. — Você sabe exatamente como isso vai terminar.
E então outra voz falava com ela. “Você está com medo”.
— Óbvio que estou com medo. — Concordou novamente falando sozinha. — E agora também estou louca. Falando sozinha.
levantou-se e seguiu para a cozinha. Precisava de um pouco de água para colocar tudo no lugar. Vinho no meio daquela loucura não ajudaria em nada. Pensou em ligar para Jake, mas seu amigo já tinhas problemas amorosos demais para lidar também com os dela. E então ela lembrou que estava devendo uma ligação à alguém.
No segundo toque ela foi atendida.
— Oi. — Falou, sem saber direito como iniciar.
— Achei que você não fosse ligar. Ao menos não hoje.
— Lian… —Suspirou. — Er… eu… eu disse que ia ligar. — finalmente formulou uma frase.
— Posso ser sincero?
Algo dizia que ela deveria responder que não, mas ela escolheu o caminho que sabia que precisava.
— Claro!
— Não acho que deveria ter ligado. — Lian disse, parecendo meio cansado daquele papo que mal tinha começado.
— Como?
— Você é maravilhosa, . Mano, você é muito maravilhosa, mas a gente não vai rolar.
— Lian…
— Eu não sou bobo, . — Ele a interrompeu. — Fui à sua casa hoje realmente decidido a termos algo, mas eu não sou criança. Sempre percebi que era o o cara que vivia na sua cabeça e hoje, ao olhar como você ficou, eu sei que não tenho mais nada o que fazer no meio disso.
— Ah, Lian. Me desculpe. — Ela falou, confusa.
— Não tem por que se desculpar. Tenho um carinho por você, , isso não vai mudar. E se quiser aceitar um conselho de amigo, que é o que quero ser seu a partir de hoje: vocês dois são adultos, hajam como tal.
— Obrigada.
A conversa não demorou muito para encerrar e desligou feliz e triste. Acreditava nas palavras de Lian de que ele queria ser seu amigo, mas também sabia que ele não estava tão bem assim como parecia estar.

se encontrava de maneira semelhante a de quando ela ainda estava sentada no sofá encarando o nada. Mas em vez de sentado ele estava deitado no chão da sala olhando o teto enquanto uma música qualquer tocava alto em seu apartamento.
Ela mexia com ele muito mais do que uma amiga com benefícios, não dava mais para negar. , na verdade, mexia como ele mais do que qualquer outra pessoa que ele tivesse se envolvido. E depois daquele beijo, do que ele sentiu ao tê-la em seus braços, não podia mais negar isso.
Precisava de bebida. E de companhia se não quisesse fazer alguma besteira como aparecer na porta de novamente, e dessa vez com um discurso apaixonado na ponta da língua.
. — chamou assim que o amigo atendeu o telefone.
Oi. Tá tudo bem?
— Sim. Afim de beber algo?
olhou para o lado, onde tinha uma mulher linda em cima da sua cama e sorriu.
Foi mal, cara. Mas hoje não vai rolar não.
— Desde quando você nega algo assim? — perguntou, chocado.
Hoje eu estou bem acompanhado. Vou ter que dispensar.
— Droga. Foi mal. — E então desligou.
Se não haveria companhia ele beberia sozinho mesmo.
Para se prevenir, desligou o próprio o celular e colocou ele, junto com sua chave do carro, dentro de uma caixa que ficava em cima do guarda roupas. Depois de alguns copos ele certamente não conseguiria subir ali.
O plano deu certo. Por volta das três da manhã ele pegou no sono e a única vez que deu vontade de pegar o celular ele fez desaparecer com mais um copo de bebida. Quanto mais bêbado, mais difícil de se manter equilibrado em cima de alguma coisa.

***


chegou no set um pouco ansiosa. Não sabia como seria ver depois que ele apareceu em sua porta do nada com uma semi declaração que mexia até agora com ela. Achava que ele certamente também estaria sem jeito e isso era pior ainda.
Assim que entrou não encontrou nenhum de seus amigos no caminho e agradeceu por isso. Se soubesse se manter na sua, não passaria por constrangimento algum, então seguiu para o camarim onde sua maquiadora já lhe esperava.
— Bom dia. Sabe onde está todo mundo?
— O Finn chegou um pouco estressado hoje e prometeu matar quem fizesse ele passar uma cena mais de uma vez, já que pelo que entendi vocês hoje estão lotados de trabalho. Então todo mundo resolveu se trancar para estudar ou ir pra algum lugar passar suas cenas com os colegas.
bufou.
— Odeio quando o Finn está estressado.
Por via das dúvidas ela também resolveu estudar mais um pouco seu texto. E já que tinha suas falas muito bem decoradas, focou na interpretação. Não queria ouvir gritos.
Quando chegou a hora de gravar, sua primeira cena era uma briga entre Deena e Nick, que teriam um fim mal resolvido e levaria Deena a procurar Ashley para buscar consolo.
— Talvez a gente não combine tanto quanto as pessoas da escola acham. — , dando vida a Nick, falou.
— O que você quer dizer? — falou no papel de Deena.
— Eu não sei. É só que tantos problemas, tantas idas e vindas. Se estarmos juntos é o certo, deveria ser mais fácil, não? Acho que ser feliz não envolve tantas lágrimas.
— É… — falou, mesmo sem estar no texto, porém Finn não parou a cena, já que ela parecia estar absorta no texto. — Talvez você esteja certo. Eu… eu nunca tinha pensado nisso. Talvez você esteja certo.
, que estava aproveitando seus poucos minutos de descanso, viu a cena e mesmo sem saber do texto, sabia que ele tinha mexido com . Passou as mãos pelo cabelo e bufou, não queria que ela visse o que eles tinham daquela forma.
— Corta! — Finn gritou quando concluiu que ali deveria ser o fim da cena.
Sabendo do estresse do diretor, se apressou para se desculpar.
— Desculpa, Finn. Não sei onde estava com a cabeça. A gente pode regra…
— Não há motivos para regravar. — Ele falou, cortando-a. — A cena ficou ótima. Sua fala, embora diferente do texto, conseguiu colocar uma carga dramática muito melhor. Vamos ficar com essa. Podem seguir pras suas próximas cenas.
De longe viu que acenou para ela, mesmo que apenas com a cabeça. Ela retribui o gesto, mas agradeceu por ter sido de longe, ainda mais depois da cena e dele ter visto.
— Vocês deveriam transformar essas lágrimas em sorrisos. — cochichou no ouvido da amiga antes de sair do cenário.
Ela bem queria acreditar que aquilo era possível, mas desconfiava que não.

O dia realmente tinha sido intenso. O cansaço tomava conta de todos da equipe, desde os atores até o pessoal da maquiagem.
— Uma cena a mais e eu juro que abandono tudo. — reclamou antes de se jogar em uma das almofadas ao lado de .
— Hoje foi muito exaustivo. Fazia tempo que não demorávamos tanto tempo assim gravando.
— Ouvi dizer que encomendaram mais uns capítulos pra essa temporada.
— Também escutei isso. Estão investindo pesado para a próxima temporada.
— Aham. — concordou antes de fechar os olhos e respirar fundo. Ela estava acabada.
— Vou me arrumar para ir embora. Não posso atrasar.
— Encontro, han? — brincou com o amigo. — Posso saber o nome dessa garota que te fez marcar um encontro de verdade?
— Não! — ele respondeu rindo.
— Não? Que ofensa! Achei que fôssemos amigos.
— E somos, — Grey disse ainda rindo. — Mas você conhece gente demais. E eu não quero oficializar nada agora.
— Então eu conheço? — a garota perguntou já se levantando, empolgada.
— Nao sei.
— Grey!
— Preciso mesmo ir, . Porque você também não vai se arrumar pra poder ir embora. Pense no quanto será bom estar em casa.
— Mas…
— Beijo, .
assistia a cena de longe esperando se afastar para poder então se aproximar de . Quando viu que o amigo já estava longe, caminhou até ela.
— A gente poderia conversar?
“Não!” pensou em responder, mas no final disse o contrário.
— Claro.
olhou para os lados e esperou calada, coisa que não era de costume.
— É… a gente, a gente poderia ir pra o seu ou meu camarim?
— Tá tudo bem?
O frio na barriga de dizia que talvez as coisas não estivessem tão bem assim. Ele estava com medo e odiava sentir medo. Mas ao mesmo tempo ele estava tão em paz com sua decisão que fazia com que o medo se tornasse pequeno em meio a tudo.
— Eu acredito que sim.
— Então vamos pra o meu camarim.
Os dois seguiram em silêncio e da mesma forma entraram e sentaram. na poltrona que tinha lá e na cadeira que era maquiada.
— Preciso confessar que esse suspense tá me deixando maluca. Tá tudo bem com a Diana?
— Tirando o fato de que ela anda comendo o juízo dos funcionários de lá, eu acredito que sim. — respondeu rindo e acabou rindo junto. — Diana sendo Diana.
— Então devo concluir que você não está metido em problemas?
riu novamente. Diana era Diana e era a . Sempre a mesma.
— Sim, . Eu não estou metido em problemas. Você só pensa o ruim de mim?
— Eu só não esperava que você fosse falar comigo normalmente tão cedo.
— Como assim?
— Você foi até meu apartamento e falou aquelas coisas. Você me beijou e eu te pedi pra ir embora. Não é o de seu feitio agir naturalmente depois dessas coisas. Sempre que rola uma aproximação um pouco mais íntima ou conturbada você fica estranho ou faz uma merda grande demais que me deixa longe de você. Não esperava então que você fosse me tratar normalmente.
— Eu sou um babaca, né? — Ele indagou meio triste.
— Sim. Você é.
Escutar a confirmação poderia ser um incentivo para ir embora. Mas não era como se ele não soubesse daquela informação. Por isso, seguiu em frente no seu objetivo.
— Confesso que nem eu estou acreditando que tô agindo dessa forma. Mas é que eu cansei, sabe?
— Como assim?
— Eu te vi hoje na cena com o . E eu pensei em como aquilo podia te lembrar a gente. Me senti horrível por isso. Por cada vez que eu te dei motivo para entrar na cena como você entrou hoje. Não era pra ser assim, sabe? Eu fazia de tudo com a desculpa de que essas coisas eram para te manter bem e no fim só te fiz mal.
— Acho que você deveria saber que não tem como você escolher as coisas por mim.
— Mas eu sempre tentei.
bufou e balançou a cabeça em um sim enquanto ria de forma triste.
— Sim. Você sempre tentou.
— Ficava distante. Agia de forma idiota. Tentava me machucar para que eu não ficasse perto. Mas se quer saber, isso nunca foi o que mais doeu.
— E o que foi?
— Foi ver que no fundo você ainda achava que podia voltar todas as vezes, sabe?
, me desculpa. Eu fui um idiota naquela festa. De verdade. Eu jamais deveria ter levado a Agnes.
— Você não precisa me dar explicações sobre sua vida amorosa.
— Talvez você me ache um babaca pelo que vou te pedir agora, e se isso acontecer eu vou entender. — parou de falar esperando que ela falasse algo, mas apenas recebeu um silêncio curioso em retribuição, então continuou. — Como eu te disse na sua casa, eu não te quero só como amiga. Quer dizer, a certeza que eu tenho é que quero sua amizade, mas eu também tenho vontade de outras coisas e essa vontade anda falando muito alto. Então acho que eu queria te propor uma coisa nova no lugar da que tínhamos.
— Tínhamos? Nós não tínhamos nada, . Faz muito tempo que não temos nada.
— Eu sei. Eu sei. Quis dizer tínhamos lá trás.
A mão de tremia, mas ela não permitiu que visse. Queria parecer estar no controle de tudo.
— E o que você propõe?
— Que a gente fique, sabe? Um negócio simples.
— Achei que a gente já tivesse ficado, . Sua coisa nova é ter a mesma de antes?
— Acho que você não entendeu…
— Provavelmente — disse, cortando-o antes dele continuar sua frase. riu.
— Antes nós tínhamos a história de amizade colorida e tudo mais. Agora eu quero ficar com você sem rótulo algum. Apenas ficar e ver no que vai dar. Eu continuo tendo como única certeza que quero sua amizade e percebi que só o que pode acabar com ela sou eu mesmo, não o que temos. Então, eu quero ver como isso pode se desenrolar, sabe? Se no fim algum dos dois ver que não tá indo bem e que prefere só a amizade mesmo, tudo bem. Caso nenhum perceba isso e queira continuar ficando sem rótulos, ótimo. E se isso avançar um dia, acho que se os dois quiserem, não tem por que achar ruim.
A mão de que antes apenas tremia um pouco, agora suava também. Aquilo estava mesmo acontecendo?
— Sua fala parede linda, mas para ser sincera não te vejo com maturidade para isso.
— Eu sei que não. Mas queria essa chance. Irmos sem pressão. Sem cobrança. Mas com respeito mútuo.
— Isso significa que você não vai aparecer com uma mina na festa do fim de temporada? — perguntou debochada.
— Sim, Clarke. Significa exatamente isso.
levantou da cadeira e ficou de frente para . Lhe encarando com aqueles olhos que pareciam ver sua alma.
— Se você fizer algo como aquilo eu juro que nunca mais falo com você. Se algum dia eu perceber que você não respeita o que temos eu juro que nunca mais olho na sua cara.
— Eu acho justo. — Ele respondeu sério.
, por favor, não mete os pés pelas mãos por puro desejo.
, eu pensei muito antes de chegar aqui e falar contigo. Não é uma decisão impensada.
— Entendi.
— Mas.. é que… você não…
— Tá esperando minha resposta, ? — perguntou erguendo a sobrancelha e dando um sorriso debochado.
abaixou a cabeça derrotado.
— Sim.
— Minha resposta é que você deveria estar me beijando agora.
esticou o braço e puxou a garota para seu colo, fazendo com que ela desse um gritinho e os dois rissem. Assim que ambos pararam de rir ele fez o que queria fazer desde que entrou ali. Beijo-a.
Um beijo calmo, sereno e divertido. Aqueles que te dão certeza que você tem todo o tempo do mundo. E talvez eles tivessem mesmo. Só dependia deles.

e estavam em um café afastado da cidade. Tomando café da manhã dentro da cozinha para que ninguém os visse. O dono daquele lugar era amigo de e sempre que o rapaz queria sumir um pouco e comer um bom café da manhã, era para lá que ia.
— Prepare-se para tomar o melhor café da manhã do mundo e isso tudo de um jeito inovador. — disse a garota enquanto se dirigia para perto da saída da cidade.
— E eu posso saber onde é isso? Estamos saindo da cidade?
— Quase. Mas fique calma que não é encrenca.
E então eles chegaram ao Secrets. Um café aconchegante demais e com uma proposta de ser bem reservado.
— Não sabia desse café. — disse enquanto olhava o lugar e sorria.
— Segredinho nosso. — brincou. — Mas essa não é a melhor parte. Vem, não vamos comer aqui.
Quando disse que aquela não era a melhor parte, não sabia que ele poderia melhorar tanto o que já estava ótimo.
Eles seguiram para dentro da parte de serviço do café e assim que entraram na cozinha viu uma mesa posta no meio daqueles eletrodomésticos e cheiro gostoso de ovos fritos, panquecas e café. Isso tudo rodeado de uma leve nuvem de vapor que saía das panelas.
— Nós vamos comer aqui? — ela perguntou, maravilhada.
— Se você quiser, sim. E eu espero que você queira. — Ele falou sorrindo enquanto admirava a garota.
respondeu o convite com um selinho.
Dizer que aquele não foi um dos melhores cafés da manhã da vida de ambos seria mentira. Pela primeira vez em muito tempo se sentiu a vontade para falar e fazer o que quisesse, sem se preocupar com nada. E se sentia em casa, embora estivesse a bons quilômetros da sua.
— Tá gostando? — perguntou em determinado momento.
— Tô amando, . Era o escape que eu precisava. Esses dias as gravações estão exaustivas, mal tenho tempo de falar com minha família. Mas esse café da manhã me deixou em casa.
— Não posso dizer que entendo muito, porque não sou muito ligado à minha. Mas eu fico feliz de ter te ajudado. — Ele disse enquanto segurava a mão da garota a sua frente.
— A fama desde muito novo tem seu preço, né? Deve ter sido pesado. — arriscou entrar em um assunto mais pessoal.
— Foi sim, mas nada me abalou muito, sabe? Acho que a única pessoa que tem esse dom na família é a Diana. Ela sim meche comigo.
suspirou de leve, aliviada por não ter sido cortada por chegar naquele assunto. Ficou feliz de ver que estava disposto a se abrir. Sentia que podia fazer o mesmo.
— Imagino. Dá pra ver que você gosta muito dela. E pra ser sincera, acho que por baixo daquela revolta, ela também gosta de você. Eu só não queria te ver carregando um peso tão grande como as escolhas dela.
— Eu nunca liguei de ter que me moldar a certas exigências da fama. Acha que sempre fui tão confiante? Pegador? Tudo isso começou por pequenas exigências, só que tipo, nada disso me fez mal, entende? Eu gostei de quem criei e acabou que virei essa pessoa. Mas sinto que a fama moldou muito mais do que a mim mesmo. Ela moldou minha família e infelizmente a Diana não conseguiu lidar com isso.
— Se... — começou, sem saber bem o que dizer — Se pudesse voltar atrás você faria diferente? Desistiria de tudo?
— Não penso nisso, . Eu não tenho esse poder, então não tem por que cogitar. — deu de ombros — Você pensa nessas coisas?
— Quase todos os dias. — Ela confirmou enquanto se encolhia na cadeira.
— Desistiria de tudo?
— Não voltar atrás sobre isso. Sinto que estou trilhando o caminho certo. Por mais exaustivo e solitário que seja. Mas eu queria voltar atrás e salvar minha irmã. Não voltar para casa, ou sei lá, não ter trocado de lugar com ela.
De repente ficou sério.
— Não tem como, . E você não tem culpa de nada. Coisas ruins acontecem todos os dias com todo mundo. E infelizmente a gente não tem o poder de voltar ao passado e tentar deter todas elas. Acho que não vale a pena ficar sonhando e se martirizando com isso.
— É.
— A gente pode mudar de assunto, se você quiser. — sugeriu. Tudo que menos queria era um clima ruim naquele momento.
— Na verdade eu me sinto bem de falar disso com mais alguém sem ser o Jake, sabe? Dói, mas faz com que eu me sinta mais acolhida.
— Você pode falar o que quiser comigo.
olhou para o rosto de e sorriu.
— Isso é estranho. — Ela comentou enquanto olhava ao redor.
— O que?
— Você e eu aqui. Essa vinda. Sei lá. Acho que não estou acostumada.
— Você tem um pé atrás, né?
fez uma careta e depois voltou a sorrir.
— Sendo sincera? Sim. Tô esperando você falar que a gente precisa ir embora porque você não quer ninguém tão perto assim de você.
, — começou, cauteloso. — Eu não posso te jurar que nunca mais vou errar. Sou cheio de defeitos e entraves como qualquer outra pessoa, ou até mais. Mas eu preciso que você acredite que eu quero mesmo estar aqui. Não foi um ato de loucura que me fez te procurar. Eu realmente pensei sobre o assunto. Quero te curtir de verdade. Mas se isso te assusta, eu acho que você deveria ver se vai ser legal.
— E eu acho que você deve entender meu pé atrás, . Você não pode exigir que eu confie cem por cento em você do nada, acho que isso se constrói. E embora eu seja sua amiga e te ame, você sabe que nos últimos tempos você não construiu nada disso comigo.
Embora quisesse que as coisas fossem mais fáceis, ele não podia discordar do que falava. Ela tinha razão. Pensou em ali mesmo abrir tudo que andava pensando em relação as suas atitudes e a ela.
quase disse que desde que ficou com ela a segunda vez que sabia que existia a possibilidade de ser diferente. Que a primeira vez que ficaram para ele havia sido normal, mas que todo o desenrolar gritava que ela não era alguém que passava pela vida do outro e deixava a vida dele normal. E que há muito tempo ela mexia com ele de uma forma que o deixava assustado demais para continuar, mas que finalmente tinha cansado de fugir e agora assumia para si próprio que ela era a única pessoa que mexia com ele.
— Eu te entendo. — preferiu dizer. — Espero conseguir sua confiança um dia.
— Eu confio em você, . Não exatamente para tudo, mas de certa forma eu confio. Estou aqui, não estou? Isso já diz alguma coisa. Só peço que a gente viva um dia de cada vez. Não foi basicamente isso que decidimos fazer?
— Para ser bem sincero, isso já é mais do que mereço. Você é maravilhosa, . E me desculpe por todas as vezes em que de alguma forma eu possa ter te feito duvidar disso.
olhou para as poucas pessoas que trabalhava na cozinha do café, para a porta de entrada do ambiente e então, com um sorriso largo no rosto, perguntou:
— Eu posso ir até você e te dar um beijão ou seria muita irresponsabilidade?
gargalhou e respondeu:
— Eu acho que nada seria mais responsável do que você levantar e vir beijar um cara que tá louco por um beijo seu.
E foi. Levantou, sorriu e depois segurou nos braços do rapaz fazendo ele levantar também para então colocar a mão na nuca dele e dar-lhe o beijo que ela - ele - tanto queria.
Aquilo podia mesmo ser estranho, mas ela nunca gostou tanto do estranho como naquele momento.
— Maravilhosa. — disse antes de voltar a beijá-la novamente.


Capítulo 18 - Secrets


- Corta! - Finn gritou, encerrando o último dia de trabalho daquela semana.
Os quatro protagonistas de Five Hills suspiraram aliviados. As últimas semanas haviam sido intensas, porém finalmente estavam oficialmente entrando nas últimas levas de capítulos para o fim daquela temporada.
Five Hills era uma febre, e por isso teve sua temporada estendida, mas para o alívio de todos ela já estava perto do fim. Afinal, você pode amar seu trabalho, mas todo mundo precisa de férias.
- Nossa saidinha está mesmo de pé? - perguntou aos amigos.
- Claro que sim! - os outros três responderam juntos.
- Vou só fazer uma ligação e já volto. - avisou antes de sair para ligar para Prya.
Decidiu que chamaria a garota mesmo sabendo que a resposta seria não. Ela sempre dizia não para a chance de assumirem para os amigos - especificamente - que eles estavam saindo.
- Eu não quero ter que conversar isso com a agora. Muito menos com sua amiga . Ela não é minha maior fã.
- Então acho que não vamos sair juntos nunca, porque eu não acho que a vá virar sua fã do dia pra noite.
- Assumir para a é como transformar isso em namoro, . E eu não sei se estou pronta para isso. - Prya disse mordendo os lábios do outro lado da linha. - Tem tanta coisa que preciso resolver antes disso.
- Você tem certeza que o problema é assumir para a ? - Grey perguntou de forma sugestiva.
- E qual seria o outro?
- Jake, talvez.
“Será que era?” Prya se perguntou. Havia algum problema em Jake saber de seu lance com ? Ela logo concluiu que não.
- Não tem nada a ver, . Ou até tenha, mas não da forma que você está pensando.
- E de qual forma estou pensando?
Prya riu do outro lado da linha.
- Você está com ciúmes?
- Eu?
- , achei que a gente não fosse gastar tempo com isso.
- E não vamos. - ele respondeu firme. - Só estou tentando te mostrar coisas que talvez você não queira ver.
Novamente Prya riu.
- Você não precisa me mostrar nada, Grey. Não sou mais uma adolescente, sei muito bem o que sinto. E eu sei que não estou pronta para sair com você e ou Jake, porque para ambos isso soaria como um namoro, coisa que nós dois combinamos de não ter, ao menos não agora. E você sabe bem pouco de Jake e eu, mas vou te contar que assumir algo com alguém nunca foi problema para ficar com o Jake depois, nunca. Além do mais, Jake hoje é apaixonado na sua amiga. Zero chances. Agora, por favor, vá curtir com seus amigos, porque eu vou terminar minhas unhas. Beijos.
já conhecia Prya bem o suficiente para saber que aquela conversa havia terminado.

- Eu tô na merda! - repetiu pela enésima vez desde que haviam chegado ao bar. - Tipo, em quem confiar nessa vida? Quem realmente quer ficar ao nosso lado?
- Eu quero ficar na vida, . Isso vale? - Grey perguntou enquanto segurava a sua mão e dava um beijo carinhoso.
- Você sabe que sim. Mas é que… - ela parecia prestes a terminar aquela afirmação quando olhou pra e mudou de assunto. - , que tal nos pegarmos até esquecermos nossos nomes? Sexo selvagem não faz mal a ninguém.
colocou o pouco de bebida que tinha na boca para fora e tentou controlar as tosses.
- Você bebeu demais, .
- Não! - ela afirmou. - Eu estou sendo, inclusive, muito prática e sincera. Qual é? A gente pode fazer um lance del…
- Ei, chega! - ele se apressou em falar.
- Mas…
- , amiga, você não vai lembrar de nada disso amanhã. - , visivelmente sem graça, interveio. - Então vamos mudar de assunto? Que tal?
- Para qual? Pra o seu amigo safado que me fez de idiota junto com a sua amiga também safada?
- Eu acho que já deu por hoje, vocês também acham? - disse e balançou a cabeça em um sim. - Eu a levo para casa, pegar um taxi já não é uma boa opção para gente. Imagina ela desse jeito, vai falar um monte de coisas que não deve. Vamos, .
Os quatro pediram a conta e seguiram para fora do bar.
- Xau, gente. Nos falamos depois. Aviso assim que deixá-la no prédio dela. Já falei com o dono do bar, ele é meu amigo, o carro dela vai ficar por aqui até amanhã. - disse enquanto ia guiando a garota para o seu carro.
- ! - gritou - Vem aqui!
seguiu até a porta do carro para escutar o que a amiga tinha a dizer.
- Vem mais perto. - pediu, e obedeceu rindo.
- Fala, . - pediu, em meio aos risos.
- Você é amiga dele. Poderia conseguir. - ela comentou baixinho e ficou sem entender.
- Achei que você não quisesse mais o Jake. Não entendi.
- Eu não vou voltar para aquele idiota, . Sou louca por ele, mas não vou.
Foi então que entendeu de quem se tratava aquele assunto.
- , você tá bêbada.
não conseguia se sentir confortável com aquela situação. Ainda que sua amiga estivesse bêbada, se sentia mal por vê-la dando em cima de . Era como fazer a amiga de boba e ela não tinha nenhuma intenção disso.
- Fala sério, . Ele é uma delícia. Eu acho que seria super legal. A não ser que... - fez cara de pânico e então puxou a amiga pelo braço - Você ficaria triste? Vai ficar com ciúmes?
quase contou tudo ali mesmo, mas não era momento. Certamente só lembraria de flashs daquela noite, e ela não queria contar nada daquela forma.
- Não é nada disso, tá bem? Eu só não acho que você queira mesmo isso. Você tá bêbada.
procurou por e lhe lançou um olhar sem jeito que fez o rapaz entender tudo.
- , acho melhor você levar a logo. Ela não tá em si. - ele pediu ao amigo. - Manda notícias, por favor.
- Pode deixar, irmão.
Então entrou no carro e foi embora com .
Assim que ficaram sozinhos na calçada, abraçou e suspirou.
- É normal se sentir uma péssima amiga?
levantou o rosto da parceira e lhe encarou.
- Como assim?
- A dando em cima de você. Ela não faz ideia, . Nunca soube. E ela deveria saber.
- Ei. A gente só tá tomando cuidado, tá bem? Vamos achar o melhor momento e contaremos para todos. Agora que tal irmos lá pra casa?
- Eu estou de carro, . Já imaginou o escândalo que seria se vissem meu carro amanhecer na frente do seu prédio.
- E é por isso que eu tenho uma vaga extra, fora de qualquer campo de visão, que vai ser bem útil nessa ocasião. - disse com um sorriso no rosto.
- Aposto que você já aproveitou pra fazer um monte de besteiras. - ela respondeu rindo e rolou os olhos.
- Vamos deixar o passado no passado, que tal?
- Tuuudo bem. Parei!
Mesmo temendo ser vista em seu carro, resolveu seguir o plano de .
seguiu para uma rua diferente da que ele morava e viu quando ele fez sinal para que ela entrasse em uma garagem. Sem questionamentos, ela fez o que ele havia pedido e então ele entrou também.
- Pronto. No caminho falei com o responsável e consegui outra vaga alugada. Daqui nós vamos andando por dentro mesmo. Vai dar no estacionamento do prédio. A gente pega o elevador de serviço. - disse quando encontrou fora do carro.
- Isso tudo é seu prédio?
- Sim. Estamos na rua de trás. Vamos?
- Vamos.

Ainda era meio confuso para e estarem daquela forma. Os dois estavam adorando, era verdade, mas tantas vezes eles se viam sem saber muito bem como se portar.
- Isso é tão confuso e engraçado. - disse rindo.
- Sim. - concordou, respirando fundo. - Mas eu prefiro não pensar muito.
encarou e ficou calada, mas o rapaz ergueu as sobrancelhas em incentivo para que ela contasse o que tinha em mente.
- Tem medo de pensar e desistir?
O rapaz acabou rindo de forma um pouco amarga.
- Acha isso?
- Sendo sincera, eu não sei o que achar. Eu sei que você mudou depois da gente, mas…
- . - começou enquanto passava a mão carinhosamente no rosto da garota - Eu mudei muito e nenhuma dessas mudanças foi para estar com você. Óbvio que ela tem muito a ver contigo, mas não é algo pensado para te ter. Você viu em mim uma versão que a maioria não vê, e eu gostei do que você via. E através dos seus olhos eu vi que eu conseguia sim ser alguém melhor. Isso não foi para estar com você ou qualquer jogo, foi por mim, por ver que eu posso melhorar. E eu estou aqui na minha melhor versão. E você precisa confiar nisso.
- Então você não fica com medo e sente vontade de ir embora?
- Fico assustado, mas não chamo de medo. É apenas que algumas coisas me chocam, eu não sabia que era tão bom, sabe? E não, nunca senti vontade de ir embora.
abriu um sorriso enorme e suspirou.
- Confia que vou ficar?
encarou e sentiu sua barriga girar. Naqueles olhos tinha tanta vontade, tanta certeza e uma coisa nova que ela não conseguia dar nome, mas sentiu um arrepio ao percebê-la.
- Confio.
A palavra foi selada com um beijo que deu aos dois uma ótima noite de amor.

No dia seguinte acordou cedo para ir para casa, mas antes disso teve um café da manhã com que lhe rendeu boas risadas.
Era bom ocupar aquele lugar na vida do outro, logo os dois perceberam. E embora ainda não ousassem falar sobre um relacionamento mais sério, ambos sabiam que, no fundo, já havia muito mais do que as convenções humanas poderiam exigir. Havia parceria, sorrisos, cumplicidade, fidelidade e momentos mais íntimos completamente maravilhosos.
- Preciso ir, .
- Tem certeza que você não pode ficar mais um pouco? - ele perguntou enquanto lhe abraçava por trás.
- Tenho sim, . - respondeu e depois virou para ele sem que os braços do rapaz deixassem seu corpo - Infelizmente, com todo meu pesar, eu preciso ir para casa. Tenho compromisso hoje. Nunca pensei que fosse ficar triste por ter que tocar minha campanha com o . - finalizou rindo.
- Só te deixo ir porque é por uma boa causa - ele brincou.
- Como se um dia você fosse capaz de mandar em mim. - ela comentou aos risos.
Pouco tempo depois já estava em seu carro seguindo para sua casa.

A reunião na agência publicitária estava sendo ótima. Os responsáveis pela campanha ouviam a opinião de Jake e e pareciam disposto a levá-las em consideração.
- A gente pensou em vocês falando um texto e umas duas cenas sem som passando. Depois, vocês aparecem para terminar o texto. Um outdoor de vocês com crianças e adolescentes abraçados e uma frase sobre o assunto. E na internet oscilaria entre banner de cada um dos envolvidos. O que acham? Eu acredito que combina tudo que vocês querem.
- Por mim está ótimo. E para você, ?
- Ótimo também. - ela respondeu com um sorriso enorme no rosto.
- Então selecionaremos os atores e modelos, preparamos o texto e as cenas e depois marcamos a gravação.
- Combinado. - os dois amigos responderam juntos.
Quando Jake e saíram do escritório, ambos não conseguiam conter a felicidade.
- Estou tão orgulho da gente, . Principalmente de você. - Jake disse enquanto abraçava a amiga de lado.
- Não tem essa de principalmente eu. Fizemos tudo juntos.
- Mas foi você e seus amigos que deixaram isso maior. Que nos fizeram alcançar esse patamar.
rolou os olhos.
- Não, Jake. Foi eu e você. Tudo começou conosco e foi feito por nós com ajuda de uma galera maravilhosa.
- Os nossos “eu”s do passado ficariam orgulhosos de saber que conseguimos. - Jake disse feliz e quis chorar.
- Amo você.
- Também amo você.

estava em seu apartamento andando de um lado para o outro sem conseguir respirar direito. Aquilo não podia e nem devia estar acontecendo. Não podia.
- Eu só posso estar vivendo um pesadelo, eu só posso estar vivendo um pesadelo. - falou sozinha.
Tentou ligar para a fim de pedir que a amiga passasse em sua casa, mas aparentemente o celular da garota havia descarregado, porque só caía na caixa postal. Arriscou o telefone residencial, mas chamava e ninguém atendia.
- Eu… eu não sei o que fazer.
Passou pela sua cabeça ligar para Jake, mas nem isso era suficiente para lhe procurar. Ao menos, não naquele momento.
Podia ligar para e , mas como conversaria aquilo com eles? Talvez pudesse tentar pessoas da sua cidade natal, da sua família, mas era uma boa ideia?
As respostas para as perguntas lhe fizeram desistir das ligações e apenas chorar enquanto batia devagar com a cabeça na parede.
Aquilo não podia ser real.
acabou dormindo ali no chão mesmo. Em meio a lágrimas de desespero.

Conforme havia combinado com antes dela desaparecer do mapa com seu celular descarregado, esperava que ela chegasse ao mesmo café de quando ele lhe fez uma surpresa. Já estava com dúvidas se ela realmente chegaria quando a viu passar pela porta.
- Achei que você não fosse vir. Sumiu do mapa. Seu celular não pega. - ele disse antes de levantar e depositar um beijo nos lábios dela.
sorriu feliz com o beijo e depois falou:
- Desculpe. Meu celular descarregou, e deixei o carregador em casa.
- Tudo bem. Não precisa se desculpar. Vamos pedir alguma coisa?
- Vamos sim. Estou morrendo de fome.
- Achei que fosse dizer que estava com saudades. - brincou e apenas rolou os olhos. - Como foi a reunião?
- Maravilhosa, . De verdade. Eles levaram isso tão a sério. Agarram essa campanha tanto quanto o Jake e eu. Fora que fomos ouvidos, sabe? Eles tentaram fazer tudo de uma maneira super legal. - começou a falar empolgada.
- Que bom, . Eu fico muito feliz por vocês.
- Inclusive, queria te agradecer pela ajuda no início do projeto. - ela disse com um sorriso grato.
- Para com isso. Eu fui um dos maiores babacas com você naquele tempo. Me toquei, mas isso não me faz digno de um agradecimento.
- Eu sempre serei grata a cada um que ajudou gravando aqueles vídeos.
- Que tal, para comemorarmos, compramos algumas bebidas para tomarmos lá em casa? - indagou com um sorriso travesso nos lábios.
- Eu acho uma ótima ideia.
Após comerem, o casal saiu cada um o seu carro e pararam em um posto para comprar bebidas. Só desceu de seu carro - já que todos sabiam que cenas como essa eram comuns em sua vida - e depois seguiram para a casa do rapaz.
Assim que chegaram ao estacionamento extra, saiu do carro, e antes que saísse do dela, ele entrou.
- Que tal começarmos a beber desde aqui?
olhou para os lados desconfiada, mas depois deu de ombros.
- Tive um dia ótimo. Acho que vale essa comemoração louca.
Tomaram a primeira garrafa. A segunda. A terceira. Beijaram-se no banco de trás. No da frente. Apertaram a buzina sem querer. Riram bastante.
- Você viu como a noite tá linda hoje? A gente vinha no caminho, e enquanto isso as primeiras estrelas já estavam começando a surgir no céu. Que horas são agora?
- Posso responder que é hora de fazer amor? - perguntou, usando pela primeira vez aquele termo sem nem se dar conta.
- Aqui? - perguntou surpresa.
- Por mim sim. O que acha?
respondeu à pergunta tirando o sutiã e depois terminando de ser despida pelo rapaz por quem era apaixonada.

Depois de fazerem amor, como mesmo disse, e baixaram os bancos e ficaram deitados, cada um em um. Quando o sono já estava quase batendo, falou:
- Acho bom beber mais um pouco ou vamos dormir aqui.
- Válido.
O casal demorou apenas um pouco mais no carro até decidirem sair e irem para casa.
- A noite tá tão linda. A gente podia ir andando pelo quarteirão, né? - sugeriu empolgada e aceitou.
pulou nas costas de e o rapaz saiu a carregando pelas ruas. O álcool correndo nas veias do casal e fazendo tudo ser ainda mais divertido e parecer menos perigoso do que na verdade era para pessoas como eles.
- Isso é tão bom. - falou quando dobraram na rua de .
- É sim, . - ele concordou com um sorriso. - Mas se não quiser que eu fique com a coluna ferrada, você precisa sair das minhas costas.
- Para que serve esse corpo se não consegue me carregar até em casa? - ela indagou dando um soco no braço dele assim que foi posta no chão.
- Olha o que fizemos no carro. Aquela não é a melhor posição para a coluna.
- Molenga. - provocou.
- Apaixonado. - respondeu, e não teve outra resposta a não ser sorrir e abraçá-lo.

agora estava deitada na cama olhando para o teto. Quando viu que não responderia e nem sua melhor amiga da cidade natal também, ela só desistiu de pedir ajuda e aceitou que aguentaria tudo sozinha.
- Tudo vai dar certo. - ela disse pra si mesma.
então pegou novamente o celular, mas dessa vez foi para olhar fotos dos bastidores da gravação da série. Quando se deu conta, já chorava.
Parker não percebeu quando foi que os soluços viraram bocejos, nem quando parou de chorar. Apenas acordou no outro dia cansada, com a cabeça doendo, querendo ver e com o rosto precisando de muita maquiagem.

Quando o dia amanheceu, percebeu que dormiu mais do que deveria, assim como também bebeu mais do que o correto para alguém que trabalhava naquele dia.
- . - ela chamou, antes de beijar a bochecha dele.
- Oi, . - ele respondeu sorrindo e retribuindo o carinho, dessa vez na boca.
- Acredito que fizemos merda. Minha cabeça tá doendo, e eu já deveria estar a caminho do trabalho. Não terei tempo de ir em casa trocar de roupa.
- Você pode tomar um banho e vestir um moletom meu e usar sua calça. Aqui também tem absorvente desde quando minha irmã disse que vinha aqui e fez minha mãe fazer compras pra ela. Coloca na calcinha, já que tá suja. Algo assim.
- Não vão reconhecer sua roupa? - perguntou, cautelosa.
- Tenho aí uns que nunca usei. Você pode pegar um deles.
- Acho que vai ser o jeito.
Os dois se arrumaram, e como já sabia chegar na garagem que seu carro, ambos seguiram para caminhos opostos, embora fossem se encontrar no caminho.
Assim que e chegaram no estúdio, acharam estranho quando lhe avisaram que deveriam seguir juntos para a sala de Finn.
- O que será que aconteceu? - perguntou, nervosa.
- Eu não faço a mínima ideia. Será que vão mudar alguma coisa na série? - respondeu enquanto seguiam juntos.
Assim que entrou na sala, sabia que tinha algo errado. Viu seu agente Cater, Finn e alguns dos responsáveis por Five Hills todos sentados na mesa junto com e .
- Droga. - foi tudo que ele disse quando entrou.
- Como esperávamos. - Finn saudou.
- Bom dia. Aconteceu alguma coisa? – perguntou, inocente.
- Acho que vocês deveriam dizer. Aconteceu alguma coisa ontem? Essa coisa tem relação com essas fotos? - Finn finalizou as perguntas jogando várias fotos na mesa.
Sem nem perceber, estava correndo até a mesma e pegando as fotos. Tinha ela nas costas de . Brincando. Os dois abraçados.
- E aí? Alguma coisa a dizer? - Finn perguntou. - Vocês têm alguma coisa pra explicar essa merda aqui? - dessa vez ele berrou, fazendo dar um pulinho de susto e ir para o lado dela. – Respondam!


Capítulo 19 – I’m gonna give all my secrets away

- Vão ficar calados? - Finn tornou a perguntar.
- Isso é a merda da nossa vida particular. Não devemos explicações a ninguém. - disse bravo enquanto abraçava , que estava ao seu lado.
- Eu falei para vocês, seus merdas. Eu disse que deveriam evitar esse tipo de coisa. Sabia que estávamos com planos para os casais da série? Tudo seria perdido se essas fotos vazassem.
- Onde conseguiram essas fotos? - conseguiu perguntar.
- Sabe, é sempre bom estar nas revistas e jornais. E muitas vezes nós mandamos alguns paparazzis seguirem vocês. E olha só o que recebemos. Já imaginou se caísse nas mãos erradas?
- Ninguém morreu. Por favor. - disse, impaciente.
- . - Cater pediu cautelosamente.
- Você não vai ferrar com minha série, . Você não vai fazer o que quer na merda da minha série.
- Dane-se. - O rapaz respondeu.
- , olha, você não está nessa há pouco tempo. Não pira. Essa garota tem muito a ganhar em um namoro com você, mas você…
não deixou seu agente terminar a frase.
- Se você ainda quiser seu emprego, eu recomendo que não termine essa frase.
- Eu só quero dizer que…
- Eu não preciso ter nada com o para conseguir o que quero. Não precisei de ajuda para passar no teste e conseguir esse papel, nem nada que veio depois. Falando nisso, porque o agente do está aqui e a minha agente não? - perguntou sentindo o sangue ferver dentro de suas veias.
- Sua agente estava fora de Los Angeles e não conseguiu chegar aqui a tempo. - Finn falou. - Mas esse não é o assunto agora, .
- Se torna quando esse babaca começa a me insultar.
- Eu só estou cuidando dos interesses do meu cliente.
- O seu cliente quer que você vá se ferrar. - disse irritado.
- Vocês deixem para brigar depois. Aconteceu que vocês ferraram com nossos planos e agora temos que arrumar as coisas. Primeiro de tudo, essa coisa, ao menos em público, acaba aqui. Eu não quero nada disso nos jornais. E não me interessa como farão isso.
- Vocês querem que a gente deixe de ficar? - perguntou com a voz embargada.
- Eu não queria nem que isso tivesse acontecido, mas aconteceu, não foi? Vocês dois foram irresponsáveis e deixaram acontecer. E não interessa como arrumarão isso.
Sem falar nada, passou o braço pelos ombros de e lhe abraçou de lado. Isso deu um pouco de força para a garota.
- Vão ficar calados?
- Você disse que não se interessa em como vamos arrumar, então, acho que não temos o que falar. Tomaremos cuidado para não sair em jornais.
- Eu não achava que você cairia nessa maluquice, . - Finn disse, parecendo desapontado.
Mesmo com vontade de chorar, se manteve forte e falou:
- Sinto muito, Finn. Mas tem coisas pessoais que não temos tanto controle.
Finn apenas virou e ignorou as palavras de .
- E você dois? Alguma coisa para falar? - ele indagou a e .
Foi aí que o inesperado aconteceu. , sem dizer uma palavra, começou a chorar.
logo correu ao amparo da amiga, mas recebeu de volta um leve empurrão.
- Não preciso que você seja minha amiga agora. Já que você nunca foi amiga o suficiente para me dizer que eu estava passando uma vergonha imensa quando falava algo do .
-
- Esses dias, . Não faz nem uma semana que eu estava falando besteira sobre o .
- Eu não queria te deixar assim, de verdade. Eu…
- Não estou assim por sua causa, Clarke. – disse com desdenho e se encolheu - Eu também tenho algo a dizer. Inclusive, te procurei ontem para falar disso.
- Pode falar, . - Finn disse, sério.
Novamente não conseguiu segurar as lágrimas e segurou a mão da garota, encorajando-a a falar o que quer que fosse.
- Eu estou grávida.
O silêncio caiu dentro da sala de reuniões. Ninguém ao menos se mexeu.
- Como? - Finn finalmente perguntou, claramente chocado.
- Eu estou grávida. - repetiu com um fiapo de voz.
- Vocês querem acabar com a merda da série? É isso? - ele gritou enquanto levantava e começava a andar de um lado para o outro. - Vocês querem ficar todos desempregados? Bando de filhos da mãe. Mimados. Babacas. Burros de um cacete!
- Ei! - falou mais alto - Ela está grávida. Não fala dessa forma.
- Você é a última pessoa que pode querer reclamar com qualquer um aqui. Então cala a sua boca e me escuta. - Finn ordenou parecendo fora de si - Eu e esses caras aqui vamos pensar em uma forma de manter tudo no lugar e não quero mais um problema vindo de vocês. Falando nisso, você tem alguma merda para contar, ?
até quis ter algo, apenas para aliviar um pouco para os amigos. Mas não teve nada.
- Não, Finn.
- Parece que ao menos um leva essa a série a sério. Agora saiam da minha frente. As primeiras duas horas de gravações estão suspensas. Preciso resolver umas coisas.
- Finn - falou assim que se levantou.
- Oi.
- Eu sei que…
Claramente queria se desculpar, porém Finn, que parecia instantaneamente mais calmo quando olhou a feição dela, apenas balançou a cabeça.
- Só saiam daqui. Tá bem? Depois conversamos melhor. Em um momento mais calmo.
balançou a cabeça em um sim e seguiu para a saída da sala. Assim que ela chegou do lado de fora, encontrou lhe esperando.
- , como você está? - perguntou, preocupada.
- , eu provavelmente vou querer conversar contigo outra hora, mas não agora. Porque nesse momento eu só consigo me sentir uma idiota que acreditou em uma amizade que claramente não era tão recíproca assim. Te liguei ontem para contar o segredo da minha vida e você não conseguiu me ter como amiga para contar de um namorinho. - Ela disse, mal parando para respirar. - Se me der licença, eu preciso de um tempo e um bom chá de camomila.
Sem dizer mais uma palavra ou esperar responder, seguiu sem olhar para trás. Sentindo o coração bater mais forte que nunca e deixando devastada.

apressou os passos e segui para o camarim tentando conter as lágrimas. Como tudo havia desmoronado daquela forma?
Assim que entrou, jogou-se na cadeira e deixou que as lágrimas tomassem conta do seu rosto. Ela não queria nada disso. Nunca teve a intenção de machucar nem de trazer problemas. Muito pelo contrário. Guardou tudo aquilo para manter as coisas no lugar.
chorou calada pelo que pareceu horas, mas não tinha passado mais de vinte minutos, até que ouviu sua porta sendo aberta e já sabia quem havia entrado.
- Como foi que tudo ficou desse jeito, hein? - ela indagou mesmo antes de virar.
- O Finn está sendo um babaca e logo, logo ele vai se tocar disso. - respondeu enquanto se aproximava e abraçava por trás e apoiava seu queixo no ombro dela.
encarou o reflexo dos dois no espelho. Ela amava aquilo mesmo com todos os problemas.
- Ele só está bravo. – Ela disse tentando defender o chefe.
- Isso não justifica a forma que ele falou contigo e com a .
Bastou falar em para que as lágrimas voltassem a encher os olhos da garota.
- A está passando por isso e nem posso ficar ao lado dela. - Disse virando-se para o rapaz - Se você visse o olhar dela quando tentei conversar. Ela parecia tão decepcionada.
- Isso também vai passar, .
- Como consegue ser tão positivo?
- Na verdade esse papel é seu, mas como hoje não é seu dia, preciso dar um equilíbrio nesse relacionamento. - falou em meio a risos.
não deixou passar despercebido que era a primeira vez que qualquer um dos dois chamava o que tinham de relacionamento.
- Relacionamento. - Repetiu baixinho.
- Algum problema? - perguntou com um sorriso no rosto.
- Na verdade, todos. Você viu o dia de hoje. Mas sobre isso, é que é uma palavra forte, né?
- Não gosta? - ele indagou agindo muito diferente do que ela estava acostumada.
- A gente só não fala, né?
- Você quer falar?
examinou o rosto de e se perguntou o que havia com ele. Só tinha uma certeza: ele não estava normal.
- O que você está querendo? Você está normal?
jogou a cabeça para o lado e suspirou.
- Você é mesmo muito chata, hein? Acabo de te pedir em namoro e nem para entender, entende?
- Namoro? - perguntou chocada e tentando conter o sorriso nos lábios.
- , você é mesmo um saco. - Ele brincou, passando a mão no cabelo fingindo frustração - Você está me ouvindo, Clarke?
finalmente abriu um sorriso depois de tudo que aconteceu aquela manhã e puxou para um beijo apaixonado.
puxou a garota para si e suspirou quando suas bocas colaram uma na outra. Caramba! Era tudo que ele queria para aquela manhã fatídica.
- Sim. - disse quando pararam o beijo.
- Hã? - indagou, ainda em êxtase com as emoções que aquele beijo havia causado.
- Eu aceito namorar com você, . - Ela disse com um sorriso imenso no rosto.
- Ah, . Vem cá. - disse, puxando-a para mais um beijo cheio de amor.

estava sentada na cadeira de maquiagem procurando coragem para fazer tudo que precisava, mas só de pensar na ideia sua cabeça doía ainda mais do que já vinha doendo.
Grávida. Ela nunca havia se imaginado estando grávida. Até então mal sabia cuidar de si mesma. E agora ela carregava na barriga uma criança. Sim. Uma criança. Ela sabia e sentia isso.
- Eu vou enlouquecer. - Falou para si mesma.
- Você não está sozinha. - Ouviu alguém falar e pelo reflexo avistou na porta do seu camarim.
- Achei que só não gostasse de bater na porta da . Esse é um costume com geral? - ela perguntou ríspida.
- Acho que sim. - disse sorrindo, como quem não percebeu o tom da amiga. - Acho que não sou a pessoa que você quer ver agora, mas precisava vir aqui te falar isso. Você não está sozinha, okay?
- Realmente você não é a pessoa que quero ver. - Ela respondeu, ignorando a outra parte da frase de .
- Você já falou com o Jake? - continuou, tentando ao máximo fingir estar alheio as tentativas da amiga de mantê-lo longe.
- Jake?
- Não precisa de muita matemática para saber que ele é o pai, né? Até porque nunca nem ouvi falar que você ficou com mais alguém.
- Verdade. Nessa fase eu estava bebendo e falando merda para um casal que eu achava que eram meus amigos.
- Tudo bem. Achei que fosse melhor focar em você em vez de algo tão trivial, mas parece que você quer mesmo falar sobre isso. - disse, finalmente se rendendo - Então, vamos lá. e eu ficamos a primeira vez na festa de lançamento da série, eu acho. Mas é só você olhar para trás para saber que nunca foi nada sério e para entender que a não tinha muito por que contar isso para alguém. A sempre teve horror a possibilidade de ferrar a série, assim como acho que no fundo ela também não curtia muito a ideia de que alguém soubesse que ela ficava com alguém como eu. Sempre foi algo passageiro, sabe? Ficávamos hoje e brigávamos hoje mesmo. Tudo que sempre se manteve de verdade foi a amizade e o medo da de que alguém soubesse. E sejamos francos, estava na cara que rolava ao menos um sentimento. Todos nós sabíamos disso, inclusive você.
- Mas nunca…
- Nunca foi dito? Verdade. E por que contar sobre algo que parecia que nunca daria certo? Até que alguns dias atrás a gente finalmente pareceu estar na mesma página e sem nunca assumir de verdade, resolvemos tentar. Você e o iriam ser os primeiros a saberem disso, prova disto é que você está sendo a primeira a saber que somos definitivamente namorados. Acabei de receber o sim dela. Mas tente entender. Do jeito que era antes, não valia a pena ninguém saber. Agora sim temos orgulho do que vivemos.
- Você a pediu em namoro depois de tudo isso? - perguntou, curiosa.
- Hoje, enquanto o Finn era um babaca, com um pouco de razão, mesmo assim mais babaca do que deveria, eu vi que se dane as regras, eu quero ser o namorado da . E eu só poderia ser se ela aceitasse. Então, fiz o pedido. Simples.
- Ela não surtou?
- O maior medo da era eu ser um babaca e ferrar com tudo e o pessoal da série descobrir. Agora eles já sabem e bom, eu não vou ferrar com tudo.
abriu um sorriso genuíno. O primeiro desde o resultado da gravidez.
- Eu nunca te vi tão diferente. E eu nunca estive tão orgulhosa de vocês. Só posso desejar felicidades, .
acabou sorrindo, meio sem jeito.
- Bom, mas que tal sentir orgulho de si mesma e procurar o pai da criança?
- Como sabe que não procurei?
- Estamos falando do Jake e eu namoro a . Acho que eu saberia se você tivesse contado.
- Bom argumento.
- Caso não queira contar sozinha, vocês podem se encontrar na casa da .
- Talvez. Mas passei minutos e minutos nessa cadeira pensando e cheguei à conclusão de que não dou conta de tudo, sabe? Uma coisa de cada vez. E por hora vou focar em ter forças para gravar as cenas de hoje. Jake fica para depois.
- Tudo bem. Mas posso pedir uma coisa?
- Sim.
- Entenda o lado da . Ela nunca quis ser falsa ou algo do tipo com você. Acho que isso tem muito mais a ver com confiar no que nós dois estávamos tendo do que confiança em alguém de fora.
- Eu sei, . Magoou e talvez ainda esteja magoando um pouco, mas depois vou conversar com ela.
dirigiu-se à e lhe deu um beijo na testa antes de se retirar do camarim deixando-a novamente sozinha com seus pensamentos.
Ainda era um pouco difícil para ela entender e , por mais que tentasse. E em certo momento concluiu que não precisava tentar nada daquilo, ao menos não naquela hora. Tinha problemas maiores que uma briga com alguém que amava e com um namoro recém descoberto dos seus amigos. Não iria guardar os seus para cuidar do dos outros.
Antes que se desse conta, enquanto estava absorta em seus próprios problemas, se viu digitando uma mensagem para Jake.
“Eu preciso conversar contigo. Prefiro que seja em um local reservado. Pode ser?”
Já que havia digitado, resolveu enviar e a mensagem com a resposta chegou rápido.
“Tá tudo bem? Por que lugar reversado?”
riu. Não era ele que preferia não ser visto em público com ela?
“Agora está curtindo locais públicos? Se sim, sinto em dizer que eu não. Fim de temporada, você sabe… os caras tentam de tudo para descobrir algo. Mas pode ou não pode ser?”
“Okaay. Pode ser na casa da ?”
Novamente riu. Qual era a do universo? Ele queria mesmo unir todos os problemas em um combo?
“Preferia na sua casa, mas pode ser.”
“É que terei que passar na casa dela. E se você precisar falar urgente, só terei tempo dessa forma. Sabe como é… Amigos chamam e a gente atende. Mas está tudo bem?”
“Vai ficar. Te vejo lá. Irei daqui direto para a casa dela.”
Jake respondeu a mensagem, mas ela não olhou. Apenas respirou fundo e deixou que mais algumas lágrimas escorrerem. Em algumas horas a gravidez seria mais real que nunca.

Gravar as cena foi estressante para todos. Inclusive para os outros atores, que tiveram que aguentar Finn estressado e os erros de cena que os quatro protagonistas acabaram cometendo por estarem tão dispersos.
sabia que sua vida era a única no lugar depois daquela manhã, mas não deixava de se preocupar com seus amigos e com o próprio futuro. Como ficaria a série?
Para tentar dar suporte a todos, ele procurou primeiro e se certificou que a amiga sabia que poderia contar com ele para tudo. Inclusive, se resolvesse ter aquela criança sozinha. Jamais a abandonaria. Depois procurou por que agora estava bem mais calma que antes e até com um leve sorriso no rosto. Logo teve que achar e parabenizar o amigo por finalmente ter tomado vergonha na cara e admitido o que sempre soube: ele era apaixonado por .
- Vá se ferrar, Grey. - disse entre risos.
- Mas é a verdade. Há quanto tempo te falo isso? Fico feliz que vocês tenham enxergado. Embora tudo que tenha vocês venham com uma boa dose de confusão.
E foi só falar a palavra confusão que seu celular tocou mostrando a ligação da mulher que era a confusão em pessoa. Uma confusão que ele amava ter perto.
Antes que pudesse guardar, já tinha visto.
- É a amiga da ?
- Sim.
- Vocês dois estão ficando? - indagou, sem conseguir esconder a surpresa.
- Mais ou menos isso. Algum problema?
- É que você sabe que ela é a mina do rolo do Jake. Jake esse que é pai do filho da , né?
- Sei sim. - concordou. Entendendo onde o amigo queria chegar - Mas ela desencanou dele.
- Bom, eu espero. Os dois já magoaram a . Não quero que ferrem contigo também.
- Eu sei. Ei, pode não contar para a ?
- Por que não? - perguntou, confuso.
- A Prya prefere que a não saiba agora. E prefere contar.
balançou a cabeça negativamente e falou:
- Olha, Prya e são amigas desde a infância. Se ela quer esconder isso da é porque sabe que ainda tem algo errado. Cuidado, está bem? Ainda mais agora quando ela descobrir que o Jake vai ser pai.
- Pensei em contar para ela. - disse, tentando assim descobrir o que o amigo achava da ideia.
- Não faz isso. Vai que ela conta para o Jake. A ainda não disse nada a ele. Espero a contar e depois você descobre se esse lance vale a pena.
- Mas…
- Não tenta argumentar, . Nós dois sabemos que essa é a prova de fogo seja lá para o que vocês têm.

Pouco antes do fim do dia chegou, se dirigiu ao camarim de para informar que iria a sua casa.
- Posso entrar? - perguntou assim que perguntou quem era.
- Claro. - Viu a amiga concordar meio sem jeito.
- Eu liguei para o Jake para conversar e ele disse que hoje só podia se fosse na sua casa porque vocês já haviam combinado de se verem. E eu preciso falar com ele o quanto antes.
- Eu não me importaria que ele não fosse hoje lá. - se apressou em dizer.
- Eu sei que não. Mas para pedir isso eu teria que dizer o teor da conversa e eu acho que não é uma notícia que se fala por telefone. Nem mesmo o início dela. Então combinamos que nos veríamos lá. Pode ser para você?
queria perguntar se estava tudo bem, mas logo viu que não era momento para pensar em si mesma, mas sim de ser a amiga que precisava.
- Claro que sim.
- Vou me arrumar e te encontro lá, okay? - disse, sem nem ao menos tocar no assunto referente a elas.
- Okay. - concordou.
Quando já ia virando para ir embora, disse:
-Sei que agora você pode duvidar, mas estou contigo nessa. Tá bem?
deu um sorriso que mesmo pequeno, aqueceu o coração de . Sentia sinceridade nele.
- Obrigada. - a garota disse antes de partir.

Para não abusarem da sorte, não foi para a casa de . Por isso, e ela estavam sozinhas na casa esperando Jake chegar.
O clima ainda não era dos melhores, mas havia escolhido dar o tempo que precisasse, afinal, sua amiga tinha assuntos mais importantes para lidar.
- Quer beber alguma coisa? - perguntou.
- Tem chá?
- Camomila. Erva doce. Hortelã.
- Aceito um de hortelã.
Enquanto seguia para cozinha, aproveitou para mandar uma mensagem para Jake avisando que já estava a sua espera.
- A água está no fogo. Já, já fica pronto. - disse quando voltou da cozinha. - Quer mais alguma coisa?
- Uma conversa, talvez? - sugeriu com um meio sorriso nos lábios.
- Certeza? - perguntou meio incerta.
- Vou logo resolver tudo. - disse e aguardou calada. - Me magoou, . Muito. Muito mesmo. Me senti feita de boba.
- Eu nunca quis fazer nada disso, . Eu juro. Apenas… apenas não tinha muito o que contar até um dia desses. E tinha…
- Eu sei disso tudo, . - a interrompeu. - O me falou disso tudo. Mas ainda assim magoa um pouco, sabe?
Clarke balançou a cabeça em um sim.
- Você é uma das poucas pessoas que sempre senti que posso contar de verdade, entendes? Desde que entrei na série que eu tenho tanto medo de entrar em relações poucos recíprocas. Porque a gente nunca sabe o real motivo de boa parte das pessoas se aproximarem. E você eu sempre vi essa reciprocidade, mas agora é como se não tivesse havido em momento algum.
sem nem perceber chorava e também. Estavam tão absortas naquela conversa que nem viram a porta se abrir e por isso continuou falando.
- Você foi a primeira pessoa que procurei assim que recebi o resultado positivo da gravidez.
E só então as duas perceberam que havia mais alguém na sala. Se deram conta quando ouviram a voz de Jake dizer:
- Gravidez? Você está grávida, ? – indagou, tendo a certeza de que desmaiaria que se a resposta fosse mesmo sim.


Capítulo 20 – Inside these pages you just hold me


deu um pulo do sofá assim que escutou a voz de Jake chegar aos seus ouvidos. Ele não podia ter entrado sem bater, não era daquela maneira que ela havia imagino a conversa.
Virou-se para trás para olhá-lo e o encontrou com os olhos arregalados e tão branco que se assemelhava a uma folha de papel. Buscou então ajuda em que tinha o mesmo horror nos olhos. Certamente também achava que aquela não era a melhor maneira de contar a notícia. Sem saber o que fazer e sabendo que mesmo assim tinha que fazer algo, optou por ser sincera.
- Sim, Jake.
E então, o que as duas garotas não esperavam, mas que Jake já sentia que aconteceria, por fim aconteceu. Jake em dois segundos já não estava mais em pé e se encontrava desmaiado no meio da sala de .
- Jake! - gritou com um pânico que tinha certeza de que aquilo não faria bem ao bebê.
Foi tendo essa certeza que , em vez de correr ao amparo do amigo, se dirigiu a .
- , você tá bem? - indagou enquanto se ajoelhava ao lado de .
Se não estivesse tão preocupada, certamente teria rido daquela situação. tinha o amigo desacordado no chão de sua sala e ainda assim estava tentando ajudar quem tinha o controle perfeito do corpo.
- Precisamos ajudá-lo, !
Isso serviu para que finalmente se desse conta de Jake e começasse a dar tapinhas leves em seu rosto.
- Jake! Jake, acorda! A gente precisa colocá-lo no sofá.
- Certo.
Prontamente já estava segurança do tronco de Jake junto com . Ele era pesado, pesado até demais para duas garotas magricelas e estando uma delas grávidas. Mas, com muito esforço conseguiram ao menos deixá-lo sentado no tapete da sala, encostado no sofá.
- O que faremos? - perguntou, com um pânico que parecia que tinha um corpo para esconder.
- Primeiro vou pegar um copo de água para você e outro para ele. Mas suponho que ele vá acordar por ele mesmo.
- Acho que preciso de mais que um copo de água. - confessou, a vontade de tomar álcool correndo por suas veias.
- Farei um chá para você então. - deu a única alternativa possível.

Esperar Jake acordar não fora uma tarefa fácil. Ao menos duas vezes as duas cogitaram chamar a ambulância, mas quando isso de fato iria ocorrer, percebeu Jake abrindo devagar os olhos.
- O que… - Jake começou a falar quando encontrou as duas em sua frente.
- Você desmaiou. - Julie falou tentando parecer calma.
Como se despertasse de um transe e se desse finalmente conta da realidade, Jake tomou o rosto da garota em suas mãos e tentando novamente não desmaiar, perguntou:
- Você tá grávida?
- Jake… - começou, com medo de que ele desmaiasse outra vez e a forma como ela falou foi o suficiente para que ele confirmasse.
- Ai meu Deus. - Falou enquanto as duas mulheres viam em seu semblante a ficha caindo. - Como… quando... Certeza?
As perguntas saíram de forma desconexa e faltando várias partes, mas entendeu cada uma dela.
- Acho que você, melhor do que ninguém, sabe como foi - ela começou tentando melhorar o clima. - Percebi que isso poderia ser possível quando comecei a sentir mais sono e minha menstruação atrasou. Fiz o teste de farmácia e lá estava o resultado. Procurei então uma clínica confiável e fiz o de sangue, mesmo sabendo que a possibilidade de que o primeiro fosse errado era nenhuma. Então, sim, tenho certeza.
sabia muitas coisas sobre a vida de Jake, e uma dela era que existia alguns motivos bem específicos para aquele garoto medroso da escola duvidar tanto de si ao ponto de deixar qualquer um batê-lo. Aquele garoto apanhava constantemente do pai e escutava coisa que ninguém merecia escutar. E também sabia que esse era um grande motivo para que Jake morresse de medo de ser pai. Então, ela esperava coisa bem pior que apenas um desmaio, porém, ficou surpresa quando a única preocupação de primeira foi:
- E como você tá, ?
Ele examinava com os olhos cada parte não apenas física, mas também interior dela. Dava para ver isso quando ele a encarou.
sorriu.
- Assustada, bem assustada. Principalmente depois de ter te visto desmaiar.
Jake deixou a coluna reta, mesmo ainda meio zonzo, e tentou passar confiança para .
- A prioridade aqui é você e ele. - disse tocando na barriga dela.
Naquele momento se sentiu intrusa na própria casa. acompanhou o gesto de Jake com os olhos e passou bons segundos encarando a mãe dele em sua barriga antes de olhá-lo nos olhos e os dois sorrirem. não sabia exatamente como era o sentimento que os dois compartilhavam naquele momento, mas fosse como fosse, era algo tão lindo e tão íntimo que ela achava que não deveria estar ali.
Depois de mais de um minuto de completo silêncio, as perguntas de Jake voltaram.
- Sua família já sabe?
- Não. - disse rápido - Eu ainda não sei como contar, pra ser sincera. Vim pra cá e eles apostaram tudo em mim, falar que no meio disso fiquei grávida não é o orgulho que eles esperavam.
pensou em acalmá-la, mas preferiu que Jake lhe desse aquele suporte. Ela sabia que aquele momento era só deles e preferiu não intervir. Então, silenciosamente saiu da sala e foi para o quarto.

Quando chegou ao quarto, ainda não conseguia tirar aquele momento de Jake e da cabeça. Foi tão íntimo, tão deles e ao mesmo tempo tão familiar. Não, ela nunca havia compartilhado algo como aquilo com qualquer namorado, nem mesmo , mas havia lhe lembrado às vezes em que ela e a irmã compartilhavam dores, segredos e alegrias sem precisarem dizer uma só palavra.
Fazia tempo que ela não lembrava tão vivamente de Anne. Muito tempo. Isso deixou-a com um sentimento de culpa que a sufocava.
Tá acontecendo novamente, conseguiu pensar enquanto a garganta começava a fechar. Ela sabia o que vinha depois da saudade e da culpa. Era um buraco sem fim que uma vez lá dentro, nunca havia conseguido sair de lá sozinha. E mesmo sabendo de tudo isso, não conseguiu segurar-se em algo, apenas se viu cair.
As lágrimas começaram a descer e a culpa por não lembrar tanto de Anne se misturou a culpa pela morte. Ela não deveria ter feito todos voltarem, não deveria ter trocado de lugar. Era pra ser ela, não Anne. deveria estar morta, não a sua irmã que tinha tantos planos, que era tão confiante. Que era tão Anne.
Sua vontade era de gritar tão alto, como tantas vezes já havia feito antes, mas segurou. Não tinha o direito de tomar aquele momento de Jake e . Enterrou a cabeça no travesseiro e colocou para fora como pôde. Havia se passado tanto tempo que nem fazia ideia das horas, só mudou de posição quando escutou o telefone residencial que tinha no quarto, tocar. Reconheceu o número no ato e pensou em ignorar, mas buscou o celular e tinha tantas ligações e mensagens de que preferiu atender. Pelas mensagens, ele estava achando que tudo que houvera durante o dia pudesse ter feito muito mal a ela ou que algo pudesse ter acontecido com .
- ? - Ele disse quando ela atendeu.
não pretendia voltar a chorar, mas ao escutar uma voz tão próxima, não conseguiu conter. Tudo voltou com a mesma força.
- ? ? O que aconteceu? Você…
- Eu a matei. Sou a única culpada.
- O que? De quem você…
- A Anne só morreu por minha causa. Ninguém queria voltar, mas eu insisti.
já havia escutado falar de Anne. Embora evitasse tocar no nome da irmã, lembra-se muito bem do episódio do vestido e de tudo que Jake e lhe contara. ainda chorava desesperadamente no telefone quando decidiu o que faria.
- Estou indo aí. Você não está sozinha.
não teve tempo de negar o convite com o argumento que não precisava de alguém para lhe tirar de um lugar que ela merecia estar. já havia desligado.

Tão rápido como desligara, chegou na casa de . Felicitou Jake de forma rápida e ao ver a felicidade dos amigos, percebera que nenhum dos dois sabia o que se passava com a namorada, então preferiu não dizer nada e seguiu para o quarto.
Mesmo que soubesse que estava mal, não estava pronto para a cena que encontrou quando entrou no quarto. era o reflexo do completo desespero. Seus cabelos estavam fora de lugar, como se ela tivesse puxado fio por fio enquanto se debatia. A saia que ela usava ao sair do trabalho estava com o primeiro botão arrancado, o travesseiro era uma mistura de lágrimas e machas de maquiagem e o rosto dela, meu Deus, o rosto dela estava irreconhecível e não era apenas pela maquiagem borrada. precisou se escorar no batente da porta ao vê-la, foi como um soco no estômago porque ele já havia visto um rosto assim.
Era maquiagem borrada, lágrimas incontroláveis e uma dor tão grande que faria qualquer um acreditar que não tinha jeito de passar. Ela estava vivendo um inferno. Jake sabia disso porque já tinha encontrado a irmã da mesma forma e foi assim que ela descreveu a própria situação.
Eu não sou capaz de lidar com isso, Jake pensou. Mas então algo dentro de si cresceu. É ela, você vai ter que dar um jeito de lidar, algo falou em sua mente muito mais forte do que o pensamento anterior. Isso bastou para que ele finalmente conseguisse forças e corresse ao amparo da namorada.
- ? - Chamou assim que chegou perto, mas ela não respondeu.
percebeu que tentar conversar enquanto ela não se acalmasse seria inútil. Nem tinha certeza de que ela percebera de fato sua chegada. Preferiu então abraçá-la com o máximo de força que desse sem que a machucasse.
Assim que sentiu os braços de ao redor do seu corpo, a primeira coisa que tentou foi fugir deles, mas não permitiu. Continuou ali firme e silencioso. Aos poucos, aqueles braços decididos como quem dizia: “eu não vou sair daqui, vou ficar perto de você”, foi dando a a confiança que ela precisava para perceber que ele de fato estaria. Cravou as unhas nos ombros dele, como quem tenta extravasar a dor, e chorou ainda mais, tentando conversar sem palavras sobre o que sentia.
Fora quase meia hora para que os quase gritos cessassem e os soluços também diminuíssem. Quando percebeu isso, falou a primeira frase.
- Eu estou aqui.
Em resposta a frase, lhe abraçou mais forte.
- Se quiser me contar o que houve, estou aqui, tá bem?
balançou a cabeça em um sim e expirou. sabia que amava falar e que não fazia o tipo dela guarda tudo para si, ele só precisava ter calma e esperar o tempo dela.
Alguns minutos se passaram até que , ainda com a cabeça enterrada no pescoço de , falou baixinho:
- Cada dia que passa os traços dela me fogem ainda mais à mente. Acho que a primeira coisa que foi fugindo, foi a voz. Depois eu comecei a ver borrões algumas vezes em vez do rosto. É claro que se eu fechar os olhos lembrarei de alguns momentos com riqueza de detalhes, mas no dia a dia, sem esse esforço, eu não lembro mais. E então veio a correria do trabalho, um dia por cima do outro, foi como se eu me permitisse esquecer um pouco. Mas eu não posso esquecer, . Eu não posso. - falou voltando a chorar um pouco enquanto agarrava a camisa do namorado.
- Ei, fica calma. - Ele tentou tranquilizá-la.
- Hoje na sala, enquanto contava ao Jake sobre a gravidez, eles compartilharam um olhar tão íntimo que me lembrou a Anne. Ela tinha esse dom, sabe? Fazia as coisas mais bobas parecem íntimas e importantes demais. Tudo virava algo extraordinário quando feito com a Anne.
já compartilhara um sentimento parecido com a irmã, mas fazia muito tempo e pela idade de ambos, sabia que não chegava aos pés do que relatava.
- Posso imaginar, - se resumiu a dizer.
deu um leve soluço antes de voltar a falar.
- Eu não deveria ter insistido para voltarmos, eu poderia ter seguido viagem do jeito que estava. Se eu tivesse seguido viagem, jamais teríamos encontrado aquele carro, se… se ao menos eu não tivesse trocado de lugar quando peguei as coisas, teria sido eu no lugar dela. Teria sido a pessoa certa! - e então o choro voltou e uma avalanche de sentimentos voltou a tomar conta do coração de .
pretendia apenas abraçá-la e deixá-la colocar para fora tudo que estava sentindo, mas não pôde fazer isto naquele momento. A culpa não era dela, nunca tinha sido. Se tinha culpado, era o cara que vinha na mão contrária, não ela.
- Não, . Não tinha pessoa certa ou errada, assim como não tem essa de você ter culpa.
- Eu fui mimada, !
- Você fez o que qualquer pessoa poderia ter feito. Qualquer uma!
soltou o namorado e levou as mãos ao alto enquanto gritava:
- Mas fui eu! Você não entende? Fui eu! - deixou a mão cair com tanta força nas próprias coxas que a marca ficou viva em cada uma delas. - Fui eu quem pedi pra voltar! Fui eu quem mandei ela passar para o outro lado e assim eu não precisar contornar o carro! Fui eu quem nos colocou naquela maldita pista bem na hora que aquele filho da mãe estava no lado contrário! Eu, ! Eu!
Na sala, os gritos de puderam ser ouvidos e fez menção de levantar-se, mas Jake segurou seus braços a tempo. Fora ele quem a ajudara nas muitas vezes que episódios como aqueles aconteceram e sabia que era algo íntimo demais.
quase não reconheceu a garota a sua frente. Era tanta dor em cada palavra e gesto que parecia ter assumido uma forma física que empurrava todas as paredes daquele quarto enorme até que ele ficasse minúsculo e sufocante.
- Mas não foi… - tentou falar calmo, mas estava fora de si.
- Foi sim! Foi sim! - voltou a gritar.
Então fez o que ele nem esperava. Tomou o desespero dela pra si e aumentou a voz para que pudesse escutar mesmo com a dor falando mais alto.
- Não foi você, Clarke! Isso tudo é um monte de merda na sua cabeça, mas você não teve culpa. Ninguém ali teve!
O som alto da voz de fez despertar e lhe encarar.
- Eu não mereço defesa - ela choramingou baixinho.
- Se for pra pensar assim, pense que é porque você não tem culpa alguma para precisar disso - ele respondeu agora com a voz calma.
ficou em silêncio enquanto segurava carinhosamente suas mãos. Permaneceram assim, os dois olhando para as mãos entrelaçadas pelo que pareceu uma eternidade. E então, percebeu, não chorava mais.
- Como você consegue me defender mesmo depois disso?
- Eu não tenho de que te defender, Clarke - ele respondeu tentando fazer graça.
não riu. Ele estar ali, lhe defendê-la e não lhe largar ao vê-la naquele estado ainda era uma incógnita.
- Não era pra você ter me visto assim - ela disse, sem saber direito o que falar.
- Para com isso - pediu calmante enquanto movia o polegar preguiçosamente na mão da namorada.
- Eu devo estar…
- Você está como é possível estar quando alguém sente uma dor como esta. Não tem motivos para se constranger.
- Eu não entendo - ela continuou argumentando.
levou uma das mãos até o rosto de e sorriu.
- O que foi? - ela indagou.
- Você aí, falando que não entendeu eu estar aqui, que eu não deveria te ver assim. Esse monte de bobagem. Mas é tão difícil assim entender?
- E não deveria ser? - ela rebateu a pergunta.
- Não - sentenciou.
- Então é por quê?
- Porque eu te amo.
Assim, de coração aberto e sem nenhuma cerimônia, falou a única coisa que jamais esperava escutar. A garota lhe encarou com as feições de quem escuta aquelas palavras pela primeira vez e segurou o ar.
Ele não estava mentindo.
Meu Deus, eu a amo!
Não sabia o momento exato em que tudo aconteceu, mas pelo reconhecimento do seu coração, aquilo já era um fato a mais tempo do que ele havia percebido. A verdade é que desde que se dispuseram a tentar, o amor já morava dentro dele. E pouco importava a cara de susto ou o silêncio. Ele estava cheio de amor e aquele amor era todo dela.
- Eu te amo, . - Ele repetiu, agora muito mais consciente do que estava falando para ela.
largou sua mão rápido e usou as duas para agarrarem o rapaz pelo pescoço e lhe puxar para um beijo apaixonado. Ele não era o único que estava transbordando amor naquele momento. Cada um dos poros de que agora encontravam-se arrepiado, exalava amor por .
Rapidamente as roupas foram sendo puxadas, os beijos foram se tornando ainda mais quentes e logo estava os dois nus prontos para fazerem amor. Porque era mais sexo, era mais do que uma intimidade com quem se gosta, era amor na sua forma mais crua, poética e linda.
Amor, puramente amor.
Enquanto fazia amor cada vez mais veloz com , a moça começou a se sentir cada vez mais longe da cama e da realidade. As unhas cravadas nas costas de denunciavam o que estava prestes a acontecer e ele se permitiu imprimir ainda mais velocidade e força. Ela ainda estava se perdendo no meio das sensações quando ele chegou ao seu ápice e ao sentir todo o desejo e amor de dentro de si, lhe inundando, foi o que faltava para que chegasse ao seu ápice também.
Nenhum dos dois lembrou que certamente Jake e ainda estavam na sala. Deixaram escapar pela garganta todo o prazer que fazer amor lhes dera. E então desabou para o lado e ficaram os dois lá. Ofegantes, sem forças, sorridentes e transbordando amor.
- Eu também te amo, . - falou quando recuperou forças suficientes para falar, ainda olhando para cima.
Quando escutou as palavras, virou a cabeça para o lado e fez o mesmo, lhe encarando com um sorriso lindo nos lábios e seu corpo nu, antes de reafirmar.
- Eu amo você.



Nota da autora: Sem nota.



Outras Fanfics:
The Better Part Of Me (McFly/Andamento)
12. I Want it All (Ficstape High School Musical)
Meu anjo (Challenge 19)
Our Love Is Not a Lie
02. Me Voy (Ficstape RBD)
You Happened
Ela
Todos os Lados do Dia dos Namorados
Involuntariamente


Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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