Última atualização: 08/06/2022
Music Video: Skinny Dipping – Sabrina Carpenter

Capítulo Único

Houston, Texas. Véspera de ação de Graças, 2019, quarta feira. Hora: 18:40 da tarde.

estava acabando de levantar sua velha bicicleta do chão da garagem quando ouviu sua mãe gritando de dentro de casa para ela não esquecer de ir até ao mercado comprar os temperos do frango do jantar do dia seguinte, recebendo um “ok” de volta da mulher, que subiu na sua melhor amiga e começou a pedalar. Ela sempre morara naquele bairro e conhecia a todos, desde o morador mais novo ao mais velho, mesmo depois de se mudar e fazer carreira na cidade grande, mas, quando enjoava de olhar as mesmas ruas, as mesmas pessoas, a jovem pegava o primeiro avião e ia para a cidade que tanto amava ficar com suas mães, Louise e Bernadette, e ir à sua cafeteria favorita sentir o cheiro do café moído na hora e ver o tempo passar criando diálogos entre as pessoas que estavam lá. Guardou a velha amiga nas grades e a trancou, dando duas voltas com uma corrente, e entrou, sentindo o aroma invadindo suas narinas e se aconchegou em um canto, pegando um livro na prateleira. Começou a folheá-lo, ao mesmo tempo que trocava mensagem com sua mãe, perguntando do que ela precisava. Enrolou por mais algum tempo quando ouviu o barista chamar um nome, um nome que ela não ouvia há alguns anos. — Café com leite de aveia, ! — gritou o barista por cima do barulho. Sem pensar duas vezes, espiou de onde estava e viu um rapaz levantando da mesa e indo até o mesmo, não era possível ser ele. Ela sabia que toda a sua família tinha se mudado dali, zero chances de ser ele, mas, quanto mais ela tentava ver, mais para frente ela se inclinava, até que sua mão escapuliu da mesa e ela caiu no chão, chamando toda a atenção para ela... principalmente a dele, que correu para ajudá-la.
? Oi! — ele sorriu.
— Oi, , como você ‘tá? — ela disse, levantando depressa, arrumando o cabelo.
— Ótimo. E você? Sua família? Sua irmã?
— Todos ótimos! Shannon... Bom, Shannon é a Shannon, não é? — ela riu, nervosa. — Sempre em um lugar diferente. Mas viva, é o que importa.
— Bem que ela não mentia quando falava que ia sair daqui para viajar o mundo, não é? — Ela encolheu a boca, rindo. — É legal te ver, não sabia que tinha voltado.
— Não voltei, na verdade. Vim só passar um tempo com minhas mães, eu volto para Nova York depois do ano novo — desconversou.
— Eu acabei de voltar para cá, sabia? Senti falta daqui. Talvez passe um ano ou dois, quem sabe. Escuta, se não estiver ocupada, a gente podia sair qualquer dia para conversar... — ele disse, coçando a nuca.
— Não sei se é uma boa ideia, desculpa — ela disse, recolhendo suas coisas da mesa. — E eu tenho que comprar tempero para minha mãe, você sabe, se ela esquece a porcaria do açafrão, ela reclama até o ano que vem e as festas acabam para ela.
— Você vai ficar até o Ano Novo fazendo estoque de tempero para ela? — Ela continuou em silêncio até que ele desistiu de falar. — Tudo bem, mas a gente vai conversar ainda. A gente se vê, — ele disse, acenando de leve, enquanto ela afundava de novo no sofá da loja, completamente mexida ao ver o ex-namorado de adolescência.

Flashback On...

Houston, Texas. Garagem. 2009. Horas: 00:40.

Arguments in your garage...
Discussões na sua garagem...

— Eu não vou para Yale, — ele suspirou, derrotado.
— Mas nós combinamos, ! — ela bateu o pé no chão. — E agora?
— E agora nada! Eu vou para Oxford, estamos conversados — ele disse, voltando a atenção ao motor do carro que estava consertando.
— Mas você me prometeu fazer a mesma faculdade que eu. Promessas não se quebram, sabia?
— Mas eu ganhei uma bolsa integral, porque você não vai para Oxford comigo? — ele disse, limpando a mão suja de óleo na roupa. — Você me disse que também foi aceita lá, é só mudar sua matrícula.
— Yale é meu sonho! Não vou abrir mão disso — ela protestou, cruzando os braços na altura dos seios.
— Eu também não abro mão de Oxford.
— E agora? — ela disse, o olhando nos olhos.
— Agora nada — ele disse, concentrado em arrumar o motor.
— Não vai nem olhar para mim, ? — Ele continuou em silêncio, a ignorando. Isso é um término? — Silêncio. — ‘Tá bom. Eu vou para Yale em um mês. Se quiser conversar, me procure. Ou não. Você quem sabe — ela disse, tirando o anel de compromisso do dedo e deixando na mesa.
... — ele disse, a chamando, fazendo seu coração esquentar. — Te mando meu endereço novo quando descobrir onde eu vou ficar. — O sorriso dela murchou outra vez.
— Não preciso dele, , pode ficar para você — ela disse, cobrindo a cabeça com o capuz e saindo do seu campo de visão.
O jovem soltou as ferramentas e foi atrás da namorada, a puxando pelo cotovelo e a abraçando contra o corpo.
— Cada um vai para a faculdade que quer e a gente tenta fazer isso funcionar a distância. O que acha?
— Você vai para Oxford, idiota. É em outro país! — ela fungou.
— E daí? Existe avião para que, hm? E eu prometo vir no seu aniversário, você vai para lá no meu e nos feriados de final de ano, vamos estar em casa, se quiser, a gente passa só nós dois em um deles. Desculpa ter te ignorado. Eu só estou tão estressado com tudo isso e descontei em você. — Ele começou a afagar o cabelo dela enquanto beijava seu pescoço. — Meus pais viajaram e eu ganhei um jogo de roupa de cama novo, eu nem usei ainda, sabe? — ele soprou baixo na orelha da jovem, que encolheu o pescoço. — Dorme aqui, hm? não precisou de muito esforço quando tocou os lábios dela com os dele, sentindo que ela retribuiu na mesma hora. Ele a agarrou pela mão e eles entraram em sua casa, se beijando e derrubando os móveis pela frente, parando no seu quarto e mergulhando um no outro pelo resto da madrugada.

Uns meses depois...

All the ways we sabotage it
Todos os jeitos que nós sabotamos
What it was and what it wasn’t
O que foi e o que não foi

Depois da última noite juntos, e foram para suas respectivas faculdades, tentando se adaptar às novas realidades, novas responsabilidades, novos amigos etc. A diferença de horários e aulas fizeram com que eles se afastassem e, mesmo quando queriam tentar ficar juntos, os dois sentiam cada vez mais a vontade de viver sua nova vida. Ficaram nessa até resolverem pôr um ponto final na relação.

“Vamos terminar desse jeito?” apitou o telefone de , exibindo o nome de .
“É melhor assim. Nós entramos em situações diferentes, eu sinto muito. Mesmo.” ela respondeu.
, a gente nem tentou!” ele respondeu em seguida.
“É por isso que estamos terminando, tentar só ia nos magoar.”
“É você quem sabe.”

A foto de sumiu do aplicativo de mensagens de , que suspirou, triste, mas deixou o celular de lado e pegou seu caderno e começou a fazer cartas e depositá-las em uma caixa escrita “this too shall pass”.

Flashback Off...

Quando a noite caiu, voltou para casa com os temperos e entregou na mão de sua mãe, subindo direto para o seu antigo quarto, que estava do mesmo jeito que ela deixou quando saiu do Texas. Abriu o guarda roupa e pegou a caixa cheia de cartas que escrevia para , mesmo depois de eles terem terminado. Sentou no meio da cama e foi folheando cada uma delas, devagar, lendo cada uma atentamente, até que ela dormiu no meio dos papéis e das lembranças.

Houston, Texas. 1° de dezembro de 2019. Hora: 14:30.

And we won't bring up the past
E não falaremos do passado
We'll keep it bureaucratic
Vamos manter isso burocrático
And we won't say it
E não falaremos
But both of us, we'll be thinking about how different we are
Mas nós dois, nós pensaremos sobre o quanto somos diferentes
From those scared little kids that had those
Daquelas criancinhas medrosas que éramos

estava enrolando as luzes de Natal em volta da árvore quando ouviu Bernadette, uma de suas mães, a chamando na cozinha. Bufou, levantando do chão, batendo as mãos para tirar a poeira, e deu de cara com um tomando chocolate quente enquanto sorria largo para Louise. — Vim te chamar para a gente jantar — ele disse, enchendo a boca com um marshmallow.
— Jantar? Nós dois?
— Como amigos! Qual o problema? — ele disse, dando seu melhor sorriso.
— Dia de montar a árvore, não posso sair — ela disse, virando-se para sair, mas sendo impedida por Bernadette.
— Ela vai, sim! Claro que vai!
— Mãe! — protestou.
— Combinado. Vocês são as melhores — ele levantou, batendo palma. — Passo aqui às 20h. Em ponto.
— Pode, pelo menos, me falar que tipo de roupa usar? — perguntou.
— Qualquer coisa fica ótimo em você — ele piscou antes de sair pela porta da cozinha. — O que vocês têm na cabeça de marcar um jantar por mim com meu ex? — falou entredentes.
— Sua mãe e eu vimos você dormindo no meio dos papéis de cartas que fez para ele — Louise começou falando.
— E resolvemos ligar para ele — completou Bernadette, dando um beijo no nariz da esposa. — Eu corri atrás da sua mãe, sabia? — Sabia. Já me contou isso umas seiscentas vezes — ela disse, pegando sua caneca e derramando o líquido quente dentro dela.
— É só um jantar, querida. Não vai te matar — Louise disse, abraçando-a de lado. — Um jantar. Mais nada. Sem ficar de chamego com ele, entenderam? — ela apontou para as duas.
— O mesmo para você — cantarolou Bernadette, enfiando um biscoito na boca. Conforme o dia foi passando, foi se arrumando para o jantar com , ficou se olhando no espelho para ver se achava algo de errado na maquiagem e percebeu que estava preocupada demais com a opinião dele sobre como ela estaria agora. E, como uma adolescente se arrumando para o primeiro encontro, entrou no seu banheiro e refez outra vez a maquiagem. Quando ficou satisfeita com o resultado, partiu para o armário, pegando seu trench coat de cor terracota, uma blusa de lã grossa bege e uma calça preta com sapatos combinando. Enfiou o celular, um gloss e sua carteira em uma bolsa pequena e desceu a escada de casa, outra vez dando de cara com um perfeitamente bem vestido, à porta da sua casa, conversando com suas mães.
— Você é realmente pontual.
— Coisas que aprendi morando fora do país — riu. — Vamos?
— Logo atrás de você — ela sorriu.
— Divirtam-se! — as mais velhas responderam juntas.
O casal saiu pela porta principal dessa vez, abriu caminho e destrancou o carro, abrindo a porta para entrar. Quando ela já estava confortável no assento, bateu a porta devagar e foi até o motorista.
— Vamos no Lee’s? — a olhou.
— Não vai ser meio nostálgico? — riu baixo.
— Talvez, mas vamos de qualquer jeito. Prometo não sentarmos na nossa mesa e nem falar do que aconteceu. Vamos conversar sobre nossas vidas, o que a gente anda fazendo, essas coisas. Totalmente burocrático.
— Tudo bem, parece bom para mim — ela sorriu largo e apertou o cinto de segurança.

Os dois passaram o resto da noite conversando como bons amigos, sem se cobrarem por coisas do passado ou de como terminaram sem nunca darem realmente um ponto final. Mas, mesmo sem falarem um com o outro, eles se perguntavam como ficaram tão diferentes do que eles eram, dez anos atrás, quando estavam encarando um novo futuro, cheios de incertezas, e que culminou no final do seu relacionamento. Comeram e riram até perceberem que eram a última mesa do restaurante, quando um dos funcionários jogou um balde de água no chão, a fim de espantar os dois.
— Viu, eles praticamente expulsaram nós dois! — ele disse, rindo.
— Eu também expulsaria nós dois, se fosse eles — ela disse, acompanhando sua risada. — Quer comprar um sorvete? — ela o olhou, sorrindo. — Eu pago.
— Claro, mas só se for de casquinha, pelos velhos tempos.
— De baunilha — completou.
Caminharam até um pequeno quiosque de casquinha que ficava na praça onde passavam os fins de semana conversando quando eram mais novos e, por mais que a cidade tivesse mudado, parecia que nada tinha mudado para eles.

— E como foram as coisas para você nos últimos dez anos? — ele limpou a garganta.
— Bom, eu fui para Yale e, no meu último ano, ganhei uma bolsa para terminar em Nova York, me formei em Publicidade e fiz um mestrado em Artes Cênicas. E você?
— Direito. Nada muito emocionante, sabe? — riu. — Você namorou?
— Achei que não falaríamos do passado, — ela disse, mordendo um pedaço de casquinha. — Passado é passado.
— Mas eu só perguntei se você namorou, não ‘tô te pedindo para voltar para mim, quero saber se você aproveitou sua vida.
— Depois de você? Namorei. Seria o normal, não é? — disse, desviando o olhar.
— Só perguntei, não precisa me responder assim, . Quem terminou comigo foi você, não eu. ‘Tô tentando fazer a gente ser amigo, mas, desde quando cheguei e me aproximei, você me trata como se eu fosse um estranho. — Ela abriu a boca para se defender, mas foi interrompida por , que balançou a mão no ar. — Eu não acabei de falar ainda. Eu não quero voltar para você e continuar de onde a gente parou, mas eu acho que, no mínimo, naquela época, eu merecia um término decente! E, agora, eu estou aqui depois de dez anos tentando ser apenas seu amigo, mas parece que você ainda é a mesma coisa de antes. Se não é do seu jeito, não é de nenhum. Vamos para casa. Vou te deixar em paz — ele disse, limpando a boca no guardanapo e o jogando na lixeira perto deles.
, não é isso, desculpa — protestou. — É que eu... desculpa — suspirou. — Não é sua culpa. Terminei com você porque eu tinha medo de você terminar comigo, eu devia ter conversado com você, eu errei.
— Esquece. Eu já entendi.

seguiu os passos de em silêncio e assim foi o caminho todo até que ele a deixasse em casa. A mulher subiu devagar, imaginando que Louise e Bernadette já estivessem dormindo, e entrou no seu antigo quarto, tomando um banho quente e se enfiando na coberta. Do outro lado, parecia frustrado por tentar se aproximar de novo de ; ele não queria que tudo se resolvesse e eles voltassem, ele queria que fossem amigos e, quem sabe, em um futuro, tentariam novamente. Fez quase todos os mesmos passos que , com exceção de que, agora, ele estava morando sozinho, já que seus pais moravam no litoral. Se enfiou nas cobertas e adormeceu em seguida.

Houston, Texas. 15 de dezembro de 2019. Hora: 09:30

I'm resistant, but going down with the ship
Sou resistente, mas estou afundando com o navio

’s POV

Faziam exatamente quatorze dias desde a última vez que fez contato comigo, o que faziam ser quatorze dias do nosso jantar, no qual as coisas não saíram muito bem como o planejado. Não era para eu me comportar como a dez anos atrás, que meu coração batia na cabeça quando o celular apitava e eu torcia para ser uma mensagem dele. Joguei o telefone na cama de novo quando a mensagem era um torpedo avisando que teríamos mais um recesso depois do Ano Novo, mas nada dele. Nenhuma mensagem. Completo silêncio. Suspirei e desci até a sala, onde encontrei minhas mães tricotando juntas. — Oi, querida. Tudo bem?
— Tudo — sentei de qualquer jeito no sofá.
— Será que isso tem a ver com um certo rapaz que te chamou para sair umas semanas atrás? Como ele se chama mesmo, querida? — minha mãe Bernadette disse, olhando Louise.
. Isso!
— Não tem a menor graça, sabia? — bufei.
— Mas você mesma disse que não queria nada de chamego com ele, ué. Não precisa voltar com ele, mas podiam ser bons amigos, filha. Manda uma mensagem, quem sabe.
— Acha mesmo? — me ajeitei
— Acho! — sorriu Louise.
Subi rápido para o meu quarto como uma adolescente boba e peguei meu celular, procurando o Instagram de , a fim de mandar uma mensagem pedindo para sairmos de novo e me desculpar por não ter o tratado bem. Senti meu coração afundar como um navio quando, sem querer, cliquei nos stories e ele estava no litoral abraçado a uma garota loira, que estava dando um beijo no seu rosto. Engoli em seco e deixei o celular de lado. Mais uma vez, eu havia perdido ; da primeira vez por ser insegura demais e, agora, por ter medo de ser insegura novamente.

’s POV off...

It'd be so nice, right? Right?
Seria tão legal, não é? Não é?
If we could take it all off and just exist
Se pudéssemos tirar tudo e apenas existir

Litoral de Galveston, Texas. 15 de dezembro de 2019. Hora: 12:00

’s POV

Eu não me sentia bem dando um ghostin em , mas achei que me afastar organizaria meus pensamentos e eu conseguiria voltar à situação sem me prejudicar. Então, eu peguei umas roupas e vim para o litoral ficar na casa dos meus pais, Annie e Joshua . Como era dezembro, toda a família veio para cá se reunir até o final das festas. Mas, mesmo que eu me distraísse com eles, no final do dia, a única coisa que estava na minha cabeça foi meu último encontro com . Sempre senti que nosso relacionamento não tinha acabado bem quando éramos mais novos, mesmo eu tendo seguido minha vida, essa parte nunca foi resolvida. Acho que foi por isso que voltei até Houston, eu tentaria contato com ela de algum jeito, vê-la na cafeteria foi como se eu estivesse concorrendo a uma visita na fábrica do Willy Wonka e encontrado o cartão dourado. — , ‘tô falando com você! — gritou Luna. — A mamãe pediu para você ajudar o vovô a cortar lenha.
— Já vou, já vou! Não precisa ficar gritando... — resmunguei.
— O que foi? — Luna me olhou, preocupada.
— Coisa de adulto, Luna. Nada demais.
— Posso não ser adulta, mas sei quando o problema é o coração — ela se ajeitou no sofá, colocando uma almofada no colo, dando tapinhas nela.
— Não vou me aconselhar com você.
— Vai sim. Anda. — Bufei.
— É a . Lembra dela? — Assentiu. — Nos reencontramos e saímos, mas ela me evitou de todas as formas possíveis e agora eu me afastei, mas não sei o que fazer.
— Talvez ela esteja com medo de não dar certo de novo, porque vocês moram em lugares diferentes, não é? Se ela ‘tá te evitando é por medo ou insegurança de se magoar de novo. Não é culpa dela e nem sua. Talvez, para ela seja mais difícil, não sei. Você tem até dia 31 para arrumar isso.
— Tem razão. Vou atrás dela pela última vez... Vou arrumar minhas malas.
Saltei do seu colo e peguei uma mala e coloquei algumas roupas dentro, avisei que voltaria a tempo do Natal e peguei a estrada. Galveston não era longe de Houston, pelo contrário, era bem próximo. Uma hora ou um pouco mais, talvez menos. Quando cheguei ao nosso bairro, vi o carro de Louise manobrando para sair da rua e acelerei, a cortando bem na curva e bloqueando a estrada. — , desce desse carro agora!
— Garoto, você ficou maluco?! — gritou Bernadette.
— Me desculpa, mas eu preciso falar com sua filha! Agora!
— Você não devia ‘tá com aquela loira dos seus stories? Eu vi! — debochou.
— Então tem procurado por mim?
— Não muda de assunto, ! Sai da frente do nosso carro, vamos viajar para ver a Shannon.
, não me faça tirar você daí de dentro — alertei.
— Você não ousaria fazer isso, . — Marchei até o carro delas e abri a porta, a tirando pelo pé e a jogando em meus ombros. Se ela queria me desafiar, era isso o que eu ia fazer. — Podem ir, vamos ficar em casa — disse, voltando para a casa de com ela nos ombros enquanto socava minhas costas. — Pode bater, eu não vou te soltar! — Eu vou chamar a polícia! — gritou.
— Pode chamar a polícia, o corpo de bombeiros, a SWAT, CIA, Interpol... quem você quiser. Você fica — a botei na calçada da casa dela. — Eu vou reconquistar você, , e você nem vai ver isso chegando.
— Você não ‘tá falando sério... — ela disse, desviando o caminho.
— Eu te desafio, . Te desafio a não se apaixonar por mim de novo. Se até o final do dia 25 você ainda não estiver apaixonada por mim, eu vou embora da sua vida para sempre. Você não vai nem ouvir uma poeira sobre mim.
— Tudo bem. Você tem 10 dias, . Pegue minhas malas no carro — ela mandou enquanto entrava em casa.
Caminhei até o carro estacionado de Louise, que estava pedindo desculpas pelo congestionamento que meu carro estava causando na vizinhança, tirei as malas de e movi para o meu carro, o tirei da pista e estacionei à porta da casa. Quando bati a porta atrás de mim, ouvi uma risadinha vinda da cozinha. — Boa sorte, — provocou , assoprando uma xícara de chá, encostada no batente da porta.
— Você quem vai precisar dela — disse, caminhando até ela. — Você nem vai perceber quando estiver apaixonada por mim — argumentei, passando o dedo atrás da sua orelha, trilhando caminho até sua boca. — Se você não achasse que eu tenho capacidade para isso, não estaria aqui, estaria? — continuei provocando até conseguir encurralá-la entre a pia e eu, levantando a costura da sua blusa, arranhando sua cintura de leve, o que a fez suspirar no meu ouvido.
— Vai ser divertido, . Muito divertido.

Saí da cozinha antes que ela resolvesse revidar e fui para o quarto de hóspedes tomar um banho frio, mesmo que já estivesse frio o suficiente do lado de fora. Provocar seria minha perdição, mas eu não iria dar para trás agora. Essa eu iria vencer.

’s POV off...

Houston, Texas. 20 de dezembro de 2019. Hora: 10:30

Conforme os dias iam passando, e estavam dispostos a levar um ao outro a loucura, desde pequenas provocações até as maiores, como andar de lingerie pela casa ou andar em boxers, tomar banho de porta aberta, passar o corpo no outro etc. Até paquerar outras pessoas em frente ao outro valia. Eles iam levar esse desafio até o extremo dos dois. E só ia ter lugar para um vencedor.

, pode abrir para mim? Não consigo tirar — provocou , entrando no quarto onde ficava, só de biquíni. — Acho que dei um nó muito forte e agora não desfaz.
— Claro. Vem cá. Vai ser um prazer ajudar — sorriu. — Aproveitando o sol, não é? Acho que vou também — ele disse, roçando o corpo nas costas dela. — Você tem cheiro de sol, sabia? — continuou provocando, depositando beijos castos no pescoço dela.
— O que é cheiro de sol? — ela disse, respirando fundo.
— Cheiro de sol é o seu — desconversou, continuando a provocação. — Sol e protetor solar, perfeito.
— Talvez a gente devesse tomar sol juntos. O que acha? — ela se virou para ele, puxando-o pra perto. — Só nós dois... como nos velhos tempos. — Ela o empurrou para a cama, sentando no seu colo. — Posso te ajudar a trocar de roupa. — Então eu tiro a sua e você a minha — sugeriu ele, rindo maroto. — Fecha os olhos e deita ali, coloca as mãos para cima — piscou.
se ajeitou na cabeceira da cama e assistiu rastejar até ele novamente, colocando as pernas em volta de sua cintura e tirando sua camisa devagar... — E agora... — ela disse, descendo o rosto na altura do dele. — Você cai igual um patinho — ela o amarrou depressa na cama e levantou, rindo. — , me solta! Agora! — bufou.
— E perder você desse jeito? Bom dia, — ela riu, acenando e batendo a porta do quarto.
... agora é guerra — ele disse para si entredentes.

Houston, Texas. 20 de dezembro de 2019. Hora: 20:30

Depois de ser enganado por mais cedo, iria retrucar com armamento pesado. Tomou um banho demorado, colocou sua melhor roupa, seu melhor perfume e desceu as escadas encontrando uma sentada de camisola com um prato de brigadeiro na barriga, assistindo TV. — Olha quem saiu da camisa de força... Como foi seu dia? — provocou.
— Meu dia foi meio ruim, mas a noite... — riu.
— Vai fazer o quê? Me provocar com uma sunga? — riu.
— Na verdade, eu vou sair. Um encontro.
— Encontro? — ela perguntou, devagar.
— É... — riu.
— Hm — bufou.
andou até o sofá, se abaixando perto dela e tirando o prato de brigadeiro de suas mãos.
— Com ciúmes, ?
— Ciúmes? Eu? — riu, debochada.
— É só me pedir que eu fico. E aí a gente termina o que começou no quarto... — sugeriu, beijando o pescoço dela e a puxando para o seu colo. — Eu amo quando você usa seda. Já ficava linda antes, mas agora... fica sensacional — ele disse, descendo uma das alças da camisola, deixando um beijo molhado no colo dela. agarrou o cabelo dele e jogou a cabeça para trás enquanto ele continuava beijando seu colo e sua clavícula.
— Olha como você me deixa... — ele disse, tirando uma das mãos dela do seu cabelo e a levando até entre suas pernas. — Gostou?
— Muito.
— É, mas não é seu hoje — ele disse, a jogando no sofá. — Eu tenho um encontro e não posso me atrasar.
— Vai me deixar assim?! — bufou.
— Igual você fez comigo de manhã — retrucou. — Você é uma menina grandinha, sabe se virar.
saiu, rindo baixo, e entrou no carro. Óbvio que não tinha encontro nenhum, ele ficou rodando pelo centro até tarde para enganar . Ele queria se vingar por mais cedo, essa brincadeira estava indo longe demais, mas ele não ia parar agora. Seria dar a vitória por WO para e isso não ia acontecer. Esperou dar por volta de meia-noite e voltou para casa, que estava totalmente apagada. não tinha o esperado ou esperou e desistiu, pensou. Entrou no banheiro, tomou banho e foi dormir, o dia seguinte seria outro dia de provocações, mas ele não sabia até onde conseguiria aguentar.

Houston, Texas. 23 de dezembro de 2019. Hora: 09:30

A pior coisa do mundo é ser acordado. Agora, ser acordado por risadas é pior ainda. bufou e tentou tampar o ouvido com o travesseiro em vão. Desceu até a cozinha e encontrou saindo do quarto com seu inimigo pessoal do ensino médio, Richard Collins, o ex-namorado de , o cara que ela preferiu dançar no baile de primavera quando eles tinham 12 anos e, de quebra, o primeiro cara da vida dela, depositando um beijo no seu rosto. — A gente se vê! — ele disse, pisando e caminhando para fora.
, que bom que acordou! — ela sorriu. — Estava falando com o Rick sobre a escola. Tenho tantas lembranças boas de lá.
— Legal — disse.
— Lembra de quando eu fui com você e depois acabei indo dançar com ele? Eu quase tive pena de você depois — riu.
— Que porra é essa, ? O Richard? — bufou.
— Achei que era um desafio, . Vai arregar? É seu penúltimo dia. — Vou — confessou. — Você passou dos limites chamando esse cara aqui, . Você sabe!
— Ah, você é o único que pode, então?
— Do que você ‘tá falando? — perguntou.
— Era a Kacey Valentine no seu stories, não era?! Eu vi! Eu ia te mandar uma mensagem e vi vocês dois lá no litoral. — Aquela era a minha prima Luna! Não lembra dela? Era ela na minha foto. Eu nunca provocaria você com a Kacey, porque eu sei que não gosta dela. Mas você sair do seu quarto com esse cara sabendo que eu ‘tô aqui foi demais. Chega.
— Não era ela?
— Não, não era! Foda-se esse desafio, foda-se isso tudo! — gritou.
, não aconteceu nada, eu só estava te provocando. Não era a intenção disso tudo?
— Uma coisa é uma coisa, outra coisa é você enfiar esse cara aqui! Quer saber? Eu vou voltar para a casa dos meus pais. Você venceu, . Parabéns. Eu vou sumir da sua vida, igualzinho você fez quando a gente estava namorando, com licença — ele disse, batendo a porta do quarto, a trancando por dentro.
jogou sua mala na cama e começou a colocar suas roupas dentro. Só faltava um dia para o desafio acabar e ele estava desistindo de tudo. Principalmente de . Ficou pensando em como foi burro de achar que ficar com ela esses dias iria fazê-la pensar duas vezes sobre os dois. Que eles iriam superar o que aconteceu no passado e recomeçar como dois adultos e não dois jovens que estavam começando uma vida nova. Sentiu seu rosto esquentar e respirou fundo, continuando a arrumar sua mala. Não queria encontrar com , então fez a última coisa que ele pensou em fazer, fugir pela janela. Jogou primeiro a mala e depois se pendurou nos galhos das árvores e desceu. Quando alcançou o chão, deu de cara com sentada na cadeira de balanço do outro lado do jardim.
, vamos conversar... — pediu.
— Eu tenho uma estrada para pegar até o litoral em uma véspera de Natal. Não tenho tempo para conversar.
— Eu só queria te irritar igual aos últimos dias, só isso.
— Você fez pior do que me irritar. Eu não quero olhar na sua cara agora.
— Mas ainda tem dois dias... — sussurrou.
— Vou te poupar do trabalho, não se preocupa — ele disse, saindo sem olhar para trás.
não conseguiu nem responder, ele bateu o portão de sua casa e saiu. Poucos instantes depois, ouviu o barulho do motor de longe e sabia que tinha ido embora novamente. Dessa vez, para sempre.

Litoral de Galveston, Texas. 24 de dezembro de 2019. Hora: 23:40

tinha passado todo o dia 24 sem falar com ninguém, respondia apenas o básico que era direcionado a ele e voltava a ficar quieto. Não tinha comentado nada nem mesmo com Luna, preferiu ficar quieto e isolado. Ele sabia que o dia 25 era o mais importante para sua mãe, então se esforçou ao máximo para ser gentil e educado. Sentaram todos juntos na sala para trocarem os presentes e, como tradição da família, eles faziam amigo oculto e tentavam adivinhar quem havia tirado quem.
— Agora é o ! — Luna bateu palma. — Pode falar que você tirou a prima mais bonita, eu.
— A mais linda não sei, a dos piores conselhos, com certeza — resmungou. — Bom, meu amigo oculto... — Quando ele iria começar a falar, ouviu-se uma batida forte à porta. — Eu atendo, já ‘tô em pé mesmo — largou o presente no sofá e caminhou até a porta. Quando a abriu, encontrou segurando um copo de café com um pedido de desculpas. — Leite com aveia, seu favorito.
— O que ‘tá fazendo aqui? — suspirou.
— Você disse que o desafio era até hoje. O dia ainda não acabou. Posso entrar? ‘Tá meio frio aqui fora — riu, nervosa.
— Entra — deu espaço. — Mãe, pode arrumar algo quente para ela, por favor? — ! Quanto tempo! — A mais velha se aproximou e a apertou com força.
— Oi, Annie. Como vai? — sorriu fraco. — Ótima. Hm, pessoal, que tal se pularmos o ? — pigarreou, ganhando um afirmativo de todos. — Vocês podem conversar no escritório.
abriu caminho para , que o seguiu em silêncio.
— O que ‘tá fazendo aqui, ? — Vim me desculpar pela forma que eu te tratei. Desde o café, o jantar e lá em casa, principalmente pela parte do Richard. Você tentou de tudo para se aproximar e eu só te tratava na defensiva, eu sinto muito.
— ‘Tá bom. Feliz Natal. Quer que eu te leve de volta?
— Não. Quero que fique comigo. Você nunca precisou de dez dias para me fazer me apaixonar por você. Eu sempre fui. Sempre vou ser.
— As coisas não funcionam assim, . Não dá para ficar me enrolando para sempre, sabia? Eu tenho trinta e um anos, não sou um adolescente.
— Eu sei, mas me dá uma chance de te pedir desculpas direito, por favor.
— Eu não tenho mais vontade de me decepcionar com você pela terceira vez.
— Eu te desafio a ficar comigo, . Te desafio a dormir e acordar ao meu lado todos os dias, não importa o lugar. Te desafio a ir à mesma porcaria de restaurante, na mesma mesa, ao mesmo café. Te desafio a não me perder nunca mais.
— Vamos sair daqui — ele disse, puxando sua mão e atravessando a cozinha. — Onde você ‘tá ficando?
— Em lugar nenhum. Acabei de chegar.
— Conheço um lugar.

And skinny dip in water under the bridge
E nadar pelados na água debaixo da ponte

arrastou até uma kitnet da família que ficava perto da propriedade deles e avançou em sua boca antes que ela pudesse falar algo. Ele nunca havia beijado alguém assim antes, nem mesmo . Era um beijo diferente. Tinham dez anos de não beijos naquele beijo, ele a pegou pelas pernas e a deitou na cama simples que tinha ali. Tirou cada peça de roupa dela com calma, analisando e gravando cada pedaço dela. Ela estava muito mais bonita do que já era. Quando a única peça de roupa que separava os dois foi tirada, desceu seu rosto até o meio de e adorou com veemência, a fazendo gemer seu nome como um louvor proibido. Era como se fosse o fruto proibido do paraíso e quisesse sugar tudo o que podia daquele momento. Continuou investindo em com a boca e os dedos até que ela chegasse ao primeiro clímax da noite. Depois, foi a vez de saborear a carne inchada de , que a observava como se estivesse dentro do Louvre vendo o quadro mais lindo que ele já tinha posto os olhos. subiu na cintura do amado e se encaixou perfeitamente dentro dele. Começaram a ser mover juntos, como se nunca tivessem parado, como se nunca tivessem tido outras pessoas. Se tocavam e se beijavam com paixão, gemiam o nome um do outro a cada movimento que faziam e se exploravam mais, ora devagar, ora rápido, se perdendo dentro um do outro noite a dentro. Quando ficaram satisfeitos um do outro, se jogaram na cama e se beijaram como velhos namorados.

... — chamou, fazendo cafuné nos seus cabelos.
— Hm? — respondeu baixo.
— Já passou da meia-noite.
— Já é Natal? — disse, levantando o olhar até ele.
— Já — sorriu. — Quem venceu o desafio primeiro?
— Nós dois. Empate técnico. Feliz Natal, meu amor.
— Feliz Natal, .


FIM



Nota da autora: Oi, gente! Obrigada por clicarem no MV de Skinny Dipping da fofa da Sabrina Carpenter, foi o meu primeiro e eu espero que gostem. Também peço minhas desculpas pela cena hot, foi minha primeira, então não garanto que tenha ficado boa haha. E queria agradecer a Li por ter lido e me ajudado a não desistir desse projeto! Beijos!
Até a próxima!




Leiam minhas outras histórias aqui no FFOBS:

➽ 04. Falling Over Me (Shortfic - Finalizada)
➽ A Curandeira (Longfic - Em andamento)
➽ Beth (Shortfic - Finalizada)


Nota da beta: Ai, que bom que eles se entenderam e resolveram dar um ao outro uma segunda chance! Por um momento, realmente achei que o não iria desculpá-la, mas o final feliz veio aí! Parabéns pela fic ❤️


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