Aurora Thompson e Henry Linkins se apaixonaram na primeira vez que se viram. Aquele amor que tira seu sono, faz seu coração bater rápido, as mãos suarem, o corpo formigar, a respiração ficar mais acelerada... Mas tudo isso pode cair como um castelo de areia quando os dois realmente descobrirem de qual mundo eles pertencem. Henry é filho de Hunter, o rei de Ártemis e Aurora é filha do curandeiro do reino, Atkins. Hunter não acredita em Curandeirismo e quer que os curandeiros sumam de seu reino. Com esse novo amor surgindo, o que podemos esperar do desenrolar dessa história? Henry desistirá de seu amor por Aurora? Aurora largaria sua vida por Henry? Ou pior, os pais dos jovens aceitariam esse relacionamento? Só existe um jeito de saber...
Prólogo
Há muitos e muitos anos existia uma flor, não uma qualquer, mas sim a flor mais poderosa que já tinha nascido naquelas terras. Seus poderes de cura eram extraordinários, mas ela não passava de uma lenda – para seus desacreditados, claro. Para nossa heroína, Thompson, ela existia e ela sabia disso. era filha de Atkins Thompson, um curandeiro que sabia todos os tipos de poções, perfumes e remédios, e ela aprendeu tudo que sabia com ele. Mas o que será que o destino tem preparado para nossa querida , ou melhor: a curandeira?
Os curandeiros do reino de Ártemis ganhavam uma tatuagem sob a pele em forma de flor de lótus, os homens aos 21 e as meninas aos 15. Thompson era uma jovem sonhadora e cheia de vida que almejava mais que tudo poder viver sem se esconder e ela não descansaria até ver seu sonho se realizar. Perdera sua mãe ainda muito pequena, mas isso não a impediu de manter sua memória viva dentro de seu coração e seu pai, Atkins, também sempre falava de como sua mãe era linda, corajosa, esperta, de bom coração. não tinha luxo, nem tecidos e coroas caras, mas também tinha tudo que precisava. Pois ela sabia exatamente onde seu coração precisava estar.
Do outro lado da floresta vivia a família real Linkins, a rainha Elvira, o rei Hunter e o pequeno . Hunter havia virado rei depois que seu irmão, Jeremy, desapareceu misteriosamente, sem deixar nenhum rastro sequer, dando assim, a sua coroa ao seu irmão mais novo, Hunter. Os Linkins eram conhecidos a gerações como o tipo de família convencional que acreditavam fielmente que apenas o “poder Divino”’ curava qualquer doença e seus descrentes mereciam a morte. Hunter ousaria dizer que ele era o enviado da força superior pra'quela maldita terra. Ele mandava e desmandava, dizia quando nascessem e quando morressem. E se tinha uma coisa que ele odiava mais do que qualquer coisa, eram os curandeiros. Atkins era o melhor do vilarejo e todos compravam suas fórmulas caseiras de poções e remédios, isso não agradava a Hunter. Então ele jurou que um dia mataria Atkins Thompson e acabaria de vez com aquela palhaçada de “cura pela natureza”.
— Não encontramos nenhum rastro dele, senhor. – O segurança reverenciou-se ao homem sentado em seu trono com ouros grandes e cintilantes. – Ele simplesmente sumiu.
— Uma hora vocês o têm em mãos e na outra ele some?! – ele atirou uma taça em direção ao segurança que agora estava estático e com o rosto molhado de vinho – Esse inútil tem que morrer! Eu quero a cabeça dele numa bandeja! – Hunter mais uma vez gritou, fazendo os empregados se assustarem com seus gritos.
— Vamos fazer o possível. — Quero o impossível! Pode ir você e sua tropa de incompetentes atrás de informações sobre onde ele se esconde. Se voltarem sem algo que prestem, vão passar o resto das suas vidas presos. – O líder dos seguranças engoliu seco, assentiu em silêncio e foi embora.
Hunter era um homem vingativo que não descansaria até ter Atkins em mãos. Ele não acreditava nessa bobeira toda que os pobres, ou como ele mesmo dizia quando não havia ninguém perto, as “escórias da humanidade” acreditavam. Como uma planta qualquer iria fechar feridas de guerra, doenças gravíssimas, como? Hunter queria ver Atkins implorar pela sua vida. O curandeiro sabia que era perseguido pelos guardas do rei Hunter e por isso precisava se esconder, para se proteger e proteger a pequena . Quando Jeremy Linkins desapareceu, ele não esperava ter que sair de sua casa e esconder-se na floresta por causa de Hunter. Havia acabado de perder a esposa, Elizabeth, após o parto de seu segundo filho, que também morrera no mesmo dia. A vida não estava sendo fácil para ele e ele sabia disso.
já tinha por volta dos seus quatro anos de idade e era muito sabichona para alguém tão pequena. Atkins ensinava a pequena a ler e a escrever todos os dias e quando tinha certeza que não teria perigo para os dois, a levava para comprar seus vidros onde colocava o resultado de suas novas descobertas e as vendia num beco. Ganhava o suficiente pra não faltar comida em casa, às vezes comprava sementes de legumes e verduras e as plantava na pequena horta que tinha atrás da casa velha. A vida não era um mar de rosas, mas enquanto ele soubesse que tinha e vice versa, ele era feliz.
— Quantas moedas tem no saquinho, estrelinha? – o adulto sentou a garotinha na mesa de madeira, ele segurava um saquinho de pano escuro, o sacudindo.
— Um monte! – ela riu.
— Que bom, quer me ajudar a contar? – ele sorriu e a pequena assentiu animada começando a contagem das esferas, ora prateadas, ora douradas. – Tá vendo? As amarelas valem mais que as cinzas. Hoje nós ganhamos cinquenta douradas e dez cinzas.
— Isso é bom, né, papai? – ele assentiu, depositando um beijo no nariz da criança, que soltou uma risadinha sapeca. – Eu posso ir lá fora?
— Pode, mas não vá muito longe. Já está ficando tarde. – A menina deu um pulo da mesa e correu até a parte da frente do casebre. não tinha luxos, mas ainda sim sabia se virar com o que tinha. Brincava de se pendurar em árvores, brincava de luta com espadas com gravetos que encontrava pelo chão, no qual ela era a grande heroína que salvava a todos.
🏰⚗️⚔️
Os curandeiros do reino de Ártemis ganhavam uma tatuagem sob a pele em forma de flor de lótus, os homens aos 21 e as meninas aos 15. Thompson era uma jovem sonhadora e cheia de vida que almejava mais que tudo poder viver sem se esconder e ela não descansaria até ver seu sonho se realizar. Perdera sua mãe ainda muito pequena, mas isso não a impediu de manter sua memória viva dentro de seu coração e seu pai, Atkins, também sempre falava de como sua mãe era linda, corajosa, esperta, de bom coração. não tinha luxo, nem tecidos e coroas caras, mas também tinha tudo que precisava. Pois ela sabia exatamente onde seu coração precisava estar.
Do outro lado da floresta vivia a família real Linkins, a rainha Elvira, o rei Hunter e o pequeno . Hunter havia virado rei depois que seu irmão, Jeremy, desapareceu misteriosamente, sem deixar nenhum rastro sequer, dando assim, a sua coroa ao seu irmão mais novo, Hunter. Os Linkins eram conhecidos a gerações como o tipo de família convencional que acreditavam fielmente que apenas o “poder Divino”’ curava qualquer doença e seus descrentes mereciam a morte. Hunter ousaria dizer que ele era o enviado da força superior pra'quela maldita terra. Ele mandava e desmandava, dizia quando nascessem e quando morressem. E se tinha uma coisa que ele odiava mais do que qualquer coisa, eram os curandeiros. Atkins era o melhor do vilarejo e todos compravam suas fórmulas caseiras de poções e remédios, isso não agradava a Hunter. Então ele jurou que um dia mataria Atkins Thompson e acabaria de vez com aquela palhaçada de “cura pela natureza”.
— Não encontramos nenhum rastro dele, senhor. – O segurança reverenciou-se ao homem sentado em seu trono com ouros grandes e cintilantes. – Ele simplesmente sumiu.
— Uma hora vocês o têm em mãos e na outra ele some?! – ele atirou uma taça em direção ao segurança que agora estava estático e com o rosto molhado de vinho – Esse inútil tem que morrer! Eu quero a cabeça dele numa bandeja! – Hunter mais uma vez gritou, fazendo os empregados se assustarem com seus gritos.
— Vamos fazer o possível. — Quero o impossível! Pode ir você e sua tropa de incompetentes atrás de informações sobre onde ele se esconde. Se voltarem sem algo que prestem, vão passar o resto das suas vidas presos. – O líder dos seguranças engoliu seco, assentiu em silêncio e foi embora.
Hunter era um homem vingativo que não descansaria até ter Atkins em mãos. Ele não acreditava nessa bobeira toda que os pobres, ou como ele mesmo dizia quando não havia ninguém perto, as “escórias da humanidade” acreditavam. Como uma planta qualquer iria fechar feridas de guerra, doenças gravíssimas, como? Hunter queria ver Atkins implorar pela sua vida. O curandeiro sabia que era perseguido pelos guardas do rei Hunter e por isso precisava se esconder, para se proteger e proteger a pequena . Quando Jeremy Linkins desapareceu, ele não esperava ter que sair de sua casa e esconder-se na floresta por causa de Hunter. Havia acabado de perder a esposa, Elizabeth, após o parto de seu segundo filho, que também morrera no mesmo dia. A vida não estava sendo fácil para ele e ele sabia disso.
já tinha por volta dos seus quatro anos de idade e era muito sabichona para alguém tão pequena. Atkins ensinava a pequena a ler e a escrever todos os dias e quando tinha certeza que não teria perigo para os dois, a levava para comprar seus vidros onde colocava o resultado de suas novas descobertas e as vendia num beco. Ganhava o suficiente pra não faltar comida em casa, às vezes comprava sementes de legumes e verduras e as plantava na pequena horta que tinha atrás da casa velha. A vida não era um mar de rosas, mas enquanto ele soubesse que tinha e vice versa, ele era feliz.
— Quantas moedas tem no saquinho, estrelinha? – o adulto sentou a garotinha na mesa de madeira, ele segurava um saquinho de pano escuro, o sacudindo.
— Um monte! – ela riu.
— Que bom, quer me ajudar a contar? – ele sorriu e a pequena assentiu animada começando a contagem das esferas, ora prateadas, ora douradas. – Tá vendo? As amarelas valem mais que as cinzas. Hoje nós ganhamos cinquenta douradas e dez cinzas.
— Isso é bom, né, papai? – ele assentiu, depositando um beijo no nariz da criança, que soltou uma risadinha sapeca. – Eu posso ir lá fora?
— Pode, mas não vá muito longe. Já está ficando tarde. – A menina deu um pulo da mesa e correu até a parte da frente do casebre. não tinha luxos, mas ainda sim sabia se virar com o que tinha. Brincava de se pendurar em árvores, brincava de luta com espadas com gravetos que encontrava pelo chão, no qual ela era a grande heroína que salvava a todos.
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Capítulo I
"Vida longa ao príncipe Linkins, viva!" Eram os gritos ouvidos a quem estivesse dentro do castelo comemorando os 18 anos de que agora era um rapaz alto, muito bonito, cabelos negros que caía para fora de sua coroa, os olhos eram do pai igualmente castanhos e a pele branca como um copo de leite e os traços finos que davam a jovialidade que o menino transmitia. O príncipe andava pelo castelo falando com todos os convidados, sorrindo, como lhe fora ensinado desde pequeno.
às vezes se sentia sozinho por não ter tido irmãos e todos os seus amigos eram de reinos amigáveis, mas faltava algo. Sempre faltou. Ele continuou a incansável sessão de sorrisos e reverências com algumas pitadas de danças com algumas princesas. Esperou que uma quantidade certa de convidados se distraísse com algo que seu pai falava e foi até o jardim do castelo onde notou uma movimentação estranha vindo das alfazemas de sua mãe. O adolescente segurou em sua espada que ficava em sua cintura e andou cautelosamente até perto do monte de flores. se embrenhou por entre as flores torcendo que a mãe não o visse ali. Andou mais um pouco e notou um corpo escondido por uma capa vermelha de veludo de segunda mão cortando algumas flores.
— O que está fazendo aí?! – ele bradou, espetando sua espada ao cesto que agora continha algumas alfazemas fazendo aquele corpo se assustar e sair correndo. não perdeu tempo e correu atrás da pessoa misteriosa. Era rápido. Ou rápida. E sabia muito bem como correr entre o grande jardim do castelo, até parecia que o estudou antes de invadir. O príncipe continuou correndo até que acelerou seu passo e puxou o indivíduo pelas pernas, o fazendo cair de costas para ele.
— Diga seu nome ou serei obrigado a usar a violência.
— . Meu nome é . – Então a pessoa misteriosa virou em direção ao rapaz. — Eu só peguei alguns ramos de alfazema. Ninguém vai notar.
— Como entrou aqui? – ele disse guardando a espada na cintura e ajudando a menina a levantar lhe oferecendo a mão. Sentiu um arrepio passar por todo seu corpo quando tocou na mão da garota. era linda. Tinha os cabelos ondulados caídos nas costas, traços delicados e bem marcados, que faziam seu rosto parecer uma obra de arte, tinha os olhos azuis com o mais puro oceano. E sua pele tinha a quantidade exata de melanina para deixá-la ainda mais linda.
— Esperei os guardas se distraírem e entrei junto com uma comitiva. Não vai contar para ninguém, né? – ele negou, a deixando aliviada.
— Tome cuidado da próxima vez, pode ser um guarda ou até o rei. – ele disse olhando por cima dos ombros e ainda viu a silhueta de Hunter falando qualquer coisa. – Para que precisa de alfazemas?
— Alfazemas são ótimas. Eu peguei algumas para usar na pele, como remédio para dores de cabeça, para tomar chá. – ela deu ombros como se aquilo fosse óbvio. – Qual o seu nome?
— , ao seu dispor. – ele reverenciou-se e ela retribuiu o cumprimentando com o vestido.
— Eu tenho que ir. – ela disse, apressada. - A gente se vê por aí.
— Espera, hoje é meu aniversário, eu fiz dezoito anos. Você não quer ficar e comer alguma coisa? – a jovem olhou para dentro do salão pensando se aquilo seria uma boa ideia, uma vez que não sabia se o pai do jovem tinha noção de sua existência.
— Acho melhor não, eu tenho que voltar para casa e já está escuro. Sinto muito....
— Tudo bem, a gente se esbarra quando você tentar invadir o jardim da minha mãe outra vez. – ele sorriu, dando um beijo na mão da jovem, que saiu depressa alcançando a comitiva e se enfiando por entre eles.
já estava voltando para sua festa quando notou que havia deixado cair um dos seus brincos. Guardou o objeto dentro da bainha da espada e seguiu até o salão principal. Ele não sabia dizer, mas aquela noite iria mudar sua vida.
Alguns dias depois...
não conseguia tirar a misteriosa garota da cabeça, era a primeira vez que alguém mexia assim com ele. A única pista dela era um de seus brincos que havia caído quando ele a assustou. Precisava reencontrar a menina que tinha tirado sua paz. Levantou-se depressa e foi até seu armário se trocar. Iria procurar pela garota dos brincos.
— Aonde você vai? – foi surpreendido pelo pai que estava indo ao seu encontro.
— Vou passear pelo reino. Ver se está tudo bem, dentro do que esperam de nós. – pigarreou.
— Preciso que fique. Agora que tem dezoito anos, terá novas responsabilidades. E uma delas vai ser ir para as batalhas do reino.
— Batalhas? Disse que eu só iria com vinte e um.
— Acharam pistas daquele curandeiro que eu espero pegar. Você vai ajudar a encontrá-lo. – tentou protestar, mas foi impedido pelo pai que continuou a falar. – Eles podem ter desaparecido com seu tio, Jeremy. Sabia?
— O quê? Meu tio foi pego por eles? – O menino nunca soube o motivo do desaparecimento de seu tio, que até então, era o rei de Ártemis. adorava seu tio, costumava ver o próprio treinar seu exército e sempre foi um rei gentil e generoso. – Eu vou atrás deles, pai. Eu vou vingar o meu tio.
🏰⚗️⚔️
Hoje seria um dia muito importante para , dentro de sua cultura, ter quinze anos significa que você já é uma mulher e poderia usar de seu saber curandeiro para trabalhar, e como era mulher poderia até se casar, caso assim desejasse. Havia viajado com o pai até Prudence, onde morava uma quantidade maior de curandeiros. Para um dia tão especial, usou um vestido usado feito por sua mãe quando ela fizera quinze anos. O vestido era sem mangas, com uma saia longa e um cinto acompanhando a cor da saia. O local do ritual seria ao ar livre, com fogueira e música. Quando chegou ao local e se deparou com seu pai e seu povo, deixou seus olhos encherem de água ao lembrar que estava no mesmo lugar e usando a mesma vestimenta de sua mãe. Ao sentar na cadeira improvisada de madeira, viu o chefe dos curandeiros chegar com agulhas e tintas para seu ritual. A jovem esticou o braço esquerdo sobre a mesa também de madeira e sentiu a tinta manchando e marcando seu braço em formato de um lírio da paz que tem como significado sugar a energia negativa dos ambientes e das pessoas. sentiu as dores da agulha perfurando sua pele logo depois. Agora era oficialmente uma curandeira.
— Agora você é uma adulta, . E eu não poderia ser mais grato por te ver crescer, minha filha.
— Obrigada, pai. Eu juro que vou honrar você, a mamãe e o nosso povo.
, seu pai, amigos e povo comemoram a noite toda pela nova alegria conquistada, agora a vida da jovem será cercada por novos desafios, responsabilidades e quem sabe, um amor.
às vezes se sentia sozinho por não ter tido irmãos e todos os seus amigos eram de reinos amigáveis, mas faltava algo. Sempre faltou. Ele continuou a incansável sessão de sorrisos e reverências com algumas pitadas de danças com algumas princesas. Esperou que uma quantidade certa de convidados se distraísse com algo que seu pai falava e foi até o jardim do castelo onde notou uma movimentação estranha vindo das alfazemas de sua mãe. O adolescente segurou em sua espada que ficava em sua cintura e andou cautelosamente até perto do monte de flores. se embrenhou por entre as flores torcendo que a mãe não o visse ali. Andou mais um pouco e notou um corpo escondido por uma capa vermelha de veludo de segunda mão cortando algumas flores.
— O que está fazendo aí?! – ele bradou, espetando sua espada ao cesto que agora continha algumas alfazemas fazendo aquele corpo se assustar e sair correndo. não perdeu tempo e correu atrás da pessoa misteriosa. Era rápido. Ou rápida. E sabia muito bem como correr entre o grande jardim do castelo, até parecia que o estudou antes de invadir. O príncipe continuou correndo até que acelerou seu passo e puxou o indivíduo pelas pernas, o fazendo cair de costas para ele.
— Diga seu nome ou serei obrigado a usar a violência.
— . Meu nome é . – Então a pessoa misteriosa virou em direção ao rapaz. — Eu só peguei alguns ramos de alfazema. Ninguém vai notar.
— Como entrou aqui? – ele disse guardando a espada na cintura e ajudando a menina a levantar lhe oferecendo a mão. Sentiu um arrepio passar por todo seu corpo quando tocou na mão da garota. era linda. Tinha os cabelos ondulados caídos nas costas, traços delicados e bem marcados, que faziam seu rosto parecer uma obra de arte, tinha os olhos azuis com o mais puro oceano. E sua pele tinha a quantidade exata de melanina para deixá-la ainda mais linda.
— Esperei os guardas se distraírem e entrei junto com uma comitiva. Não vai contar para ninguém, né? – ele negou, a deixando aliviada.
— Tome cuidado da próxima vez, pode ser um guarda ou até o rei. – ele disse olhando por cima dos ombros e ainda viu a silhueta de Hunter falando qualquer coisa. – Para que precisa de alfazemas?
— Alfazemas são ótimas. Eu peguei algumas para usar na pele, como remédio para dores de cabeça, para tomar chá. – ela deu ombros como se aquilo fosse óbvio. – Qual o seu nome?
— , ao seu dispor. – ele reverenciou-se e ela retribuiu o cumprimentando com o vestido.
— Eu tenho que ir. – ela disse, apressada. - A gente se vê por aí.
— Espera, hoje é meu aniversário, eu fiz dezoito anos. Você não quer ficar e comer alguma coisa? – a jovem olhou para dentro do salão pensando se aquilo seria uma boa ideia, uma vez que não sabia se o pai do jovem tinha noção de sua existência.
— Acho melhor não, eu tenho que voltar para casa e já está escuro. Sinto muito....
— Tudo bem, a gente se esbarra quando você tentar invadir o jardim da minha mãe outra vez. – ele sorriu, dando um beijo na mão da jovem, que saiu depressa alcançando a comitiva e se enfiando por entre eles.
já estava voltando para sua festa quando notou que havia deixado cair um dos seus brincos. Guardou o objeto dentro da bainha da espada e seguiu até o salão principal. Ele não sabia dizer, mas aquela noite iria mudar sua vida.
Alguns dias depois...
não conseguia tirar a misteriosa garota da cabeça, era a primeira vez que alguém mexia assim com ele. A única pista dela era um de seus brincos que havia caído quando ele a assustou. Precisava reencontrar a menina que tinha tirado sua paz. Levantou-se depressa e foi até seu armário se trocar. Iria procurar pela garota dos brincos.
— Aonde você vai? – foi surpreendido pelo pai que estava indo ao seu encontro.
— Vou passear pelo reino. Ver se está tudo bem, dentro do que esperam de nós. – pigarreou.
— Preciso que fique. Agora que tem dezoito anos, terá novas responsabilidades. E uma delas vai ser ir para as batalhas do reino.
— Batalhas? Disse que eu só iria com vinte e um.
— Acharam pistas daquele curandeiro que eu espero pegar. Você vai ajudar a encontrá-lo. – tentou protestar, mas foi impedido pelo pai que continuou a falar. – Eles podem ter desaparecido com seu tio, Jeremy. Sabia?
— O quê? Meu tio foi pego por eles? – O menino nunca soube o motivo do desaparecimento de seu tio, que até então, era o rei de Ártemis. adorava seu tio, costumava ver o próprio treinar seu exército e sempre foi um rei gentil e generoso. – Eu vou atrás deles, pai. Eu vou vingar o meu tio.
Hoje seria um dia muito importante para , dentro de sua cultura, ter quinze anos significa que você já é uma mulher e poderia usar de seu saber curandeiro para trabalhar, e como era mulher poderia até se casar, caso assim desejasse. Havia viajado com o pai até Prudence, onde morava uma quantidade maior de curandeiros. Para um dia tão especial, usou um vestido usado feito por sua mãe quando ela fizera quinze anos. O vestido era sem mangas, com uma saia longa e um cinto acompanhando a cor da saia. O local do ritual seria ao ar livre, com fogueira e música. Quando chegou ao local e se deparou com seu pai e seu povo, deixou seus olhos encherem de água ao lembrar que estava no mesmo lugar e usando a mesma vestimenta de sua mãe. Ao sentar na cadeira improvisada de madeira, viu o chefe dos curandeiros chegar com agulhas e tintas para seu ritual. A jovem esticou o braço esquerdo sobre a mesa também de madeira e sentiu a tinta manchando e marcando seu braço em formato de um lírio da paz que tem como significado sugar a energia negativa dos ambientes e das pessoas. sentiu as dores da agulha perfurando sua pele logo depois. Agora era oficialmente uma curandeira.
— Agora você é uma adulta, . E eu não poderia ser mais grato por te ver crescer, minha filha.
— Obrigada, pai. Eu juro que vou honrar você, a mamãe e o nosso povo.
, seu pai, amigos e povo comemoram a noite toda pela nova alegria conquistada, agora a vida da jovem será cercada por novos desafios, responsabilidades e quem sabe, um amor.
Capítulo II
despertou cedo naquele dia e foi direto para a academia dos soldados. O príncipe já era familiarizado com aquele lugar, afinal, cresceu ali. Ao perceberem a chegada do príncipe, os soldados se curvaram diante do jovem que acenou com a cabeça para que levantassem.
— Creio que sabem o motivo pelo o que eu estou aqui. – O jovem começou olhando de forma firme ao instrutor que agora estava ao seu enlace.
— Sabemos, majestade. O rei mandou treinar você para as batalhas e para a caça do Atkins.
— Quero começar esse treinamento agora. – pegou montante* que repousava na bainha e se colocou no lugar marcado no chão.
— Pronto?
— Pronto.
Eles se cumprimentaram. Toda arena parou para olhar a cena onde o príncipe começaria uma luta com o instrutor mais experiente do reino. Com suas armas em forma de X eles travaram uma luta. podia ser novo, mas já vira muitas batalhas daquela em treinamentos e sabia exatamente o que fazer. Ele deu o primeiro passo conforme sua espada avançava junto a ele, o barulho do ferro contra ferro ecoando pela arena. O instrutor recuou por alguns instantes, mas logo recuperou a guarda e golpeou a espada de , que se viu obrigado a travar o movimento de seu adversário. girou os ombros, sua espada passando por cima da oposta e atingindo-a na outra lateral com força, enquanto o instrutor girava sobre seus pés e aplicava um golpe por cima de , que acabou caindo para trás aos tropeços. Rapidamente, levantou-se e ajeitou a arma de ferro em suas mãos, protegendo-se de outro golpe frontal que quase lhe pegara desprevenido. Levantou-se com a agilidade de um gato avançando contra seu adversário e o desarmando com um golpe certeiro, fazendo com que a espada caísse a metros de distância.
— Surpreendente, majestade. - o instrutor estendeu sua mão para um aperto.
— Foi uma boa luta, com certeza. – o jovem limpou o suor da testa e enquanto recuperava o fôlego. - Se me derem licença, eu vou me refrescar no lago.
tirou a armadura e seguiu para o estábulo onde encontrou Brutus, seu cavalo de puro sangue que ganhou quando era criança, pegou sua sela pendurada no canto da parede e começou a arrumar o cavalo. Levou-o para se alimentar e beber água, assim que o equino saciou suas necessidades, os dois partiram em direção ao lago.
🏰⚗️⚔️
havia ficado o dia todo fora com seu pai vendendo seus vidros de essências de alfazema, essas que arrancou do palácio do rei que lhe causou problemas com seu pai durante alguns dias. As pessoas estavam fazendo fila para conseguir um frasco da essência, ouviram-se boatos que haviam feito briga na rua por causa delas. não podia não sorrir com aquilo, eram raras as vezes em que seu pai podia vender na cidade sem ser condenado por sua crença. Pouco depois da hora do almoço eles já estavam voltando para casa felizes e satisfeitos com seu dia de trabalho, se deram até ao luxo de comprar uma garrafa de vinho, mesmo sendo menor de idade.... bebericava uma taça de vinho, sob supervisão de seu pai.
Depois de comemorarem, caminhou até o lago e ficou ouvindo o barulho da água e o quanto aquilo a acalmava. Percebendo que estava sozinha, tirou suas vestes e entrou na água doce para um banho. A jovem conhecia aquele lago como ninguém, então ela podia nadar para as partes mais fundas e voltar como uma profissional. Logo ela ouviu uma voz masculina conversando e tinha duas escolhas. Ou sairia correndo ou se escondia entre as pedras. Optou pela segunda opção e viu quando chegou um jovem e seu cavalo, o jovem desceu do seu equino e também despiu-se entrando no lago. A garota pensou por uns bons minutos no quer fazer para não ser vista, então por impulso levantou-se o mais depressa possível e vestiu seu vestido de qualquer jeito quando foi interrompida por uma voz que lhe era familiar.
— Ei, eu acho que conheço você. – O menino anunciou quando viu que a garota tentou fugir.
— Ah, eu...Também acho que conheço você. – ela sorriu, sem jeito – Você me acertou com uma espada, enquanto eu tentava pegar as alfazemas do palácio.
— Nossa, é mesmo! Me desculpe. – ele coçou a nuca sem graça. – Espero não ter machucado você, foi reflexo.
— Tudo bem, não precisa se preocupar. Bom, se me der licença, eu vou andando.
— Espera. Por que a gente não para e conversa um pouco? Depois eu te dou uma carona. Eu não me lembro do seu nome, desculpe.
— .
— É lindo. Por favor, senta aqui. – o garoto estendeu sua capa no chão e eles sentaram-se um do lado do outro. No começo os dois adolescentes ficaram em silêncio olhando as águas do rio dançarem até que o príncipe, até então em segredo, resolveu se pronunciar. - Onde você mora por aqui?
— Hm, num casebre. – ela pigarreou, mentindo. – E você?
— Perto do castelo. Meu pai é ferreiro.
— Hm, legal. Eu não sei mexer com espadas, mas queria aprender. Sabe como é, né.
— Posso te ensinar, se quiser.
— Não, imagina. Você deve ajudar seu pai, não quero incomodar.
— Não é incomodo. Eu arrumo uma espada para você e a gente começa a treinar.
— Então combinado. Amanhã? – a menina perguntou, empolgada.
— Amanhã. — Bom, pode me levar? Está ficando tarde.
O garoto levantou-se e a ajudou a levantar em seguida, colocou a capa sobre si e montou no cavalo, a ajudando novamente a montar-se sobre o animal e abraçar sua cintura. foi o mais devagar que ele conseguia para poder ganhar tempo de conversar com a menina a fim de descobrir mais sobre ela. Quando chegaram até sua casa, ele novamente a ajudou a descer e ficou esperando até que ela entrasse para poder voltar ao castelo.
🏰⚗️⚔️
Alguns meses depois...
— , pelo amor de Deus, assim você vai arrancar a minha orelha!
— Você me assustou!
— Vamos de novo. Você está ficando boa, mas precisa de mais concentração. Preparada? – a menina assentiu e ele sorriu.
O jovem empunhou sua espada e sorriu para a garota. A garota choramingou alguma coisa e também empunhou a espada que segurava e eles começaram a pôr suas espadas para dançarem, a garota ainda tinha dificuldades para ser precisa em alguns movimentos, mas estava no caminho certo para aprender. O barulho que as lâminas faziam a cada encontro entre si a deixava orgulhosa, pois ela sabia que estava conseguindo dominar a arma a cada dia. Hora ou outra, a menina deixava o garoto abrir vantagem, mas logo em seguida voltava a comandar como seria aquela luta, e foi num golpe rápido que ela conseguiu arrancar tanto a espada da mão de , como abriu uma linha vermelha de sangue do braço do rapaz.
— , me desculpa! Foi totalmente sem querer, eu não percebi! – a menina correu até ele, examinando o tamanho do corte. – Eu vou fazer um curativo aí, tudo bem?
— , não me machucou, é sério. Eu já me acostumei lá no treinamento. É só lavar que melhora.
— Não! Eu vou fazer um curativo. – ela disse pegando um pedaço do tecido de seu vestido e o rasgando. – Vamos lavar isso e estancar o sangue, eu acho que vi um pé de guaco aqui, eu vou buscar umas folhas e vamos usar como pomada já que está ferido. Tira sua camisa para eu poder ver o ferimento melhor.
— Só quer ver o ferimento melhor? Sei. – ele caçoou da menina ganhando um beliscão dela na barriga. – Ai! Só ‘tô brincando, irritadinha.
A garota prendeu um riso e foi pegar o cantil de água do rapaz, lavou o ferimento e usando a tampa do cantil amassou as folhas de guaco e as misturou no azeite que havia começado a levar com ela desde quando começaram a treinar, molhou o pano na mesma mistura e passou devagar no braço do rapaz, que sem ela perceber, a olhava como nunca havia olhado para nenhuma garota rica que ele conhecia. Ela era delicada, não ligava para vestidos, ou festas, ou o quão importante seria casar logo. não podia contar agora que era o príncipe, era a primeira vez que ele tinha uma amizade onde ninguém o tratava como um bibelô por ele ser nobre, ela o tratava como um amigo e ele estava feliz assim.
— Pronto. Vai ficar bom rapidinho. – ela sorriu.
— Como sabia que aquela planta ia ajudar?
— Hm, minha mãe adorava cuidar de plantas, sabe? Então ela me ensinava quando podia.
— Entendi. Vamos para casa? – ela concordou e os dois fizeram novamente um caminho que agora não precisava mais perguntar para onde ficava, ele já havia decorado. – Boa noite, . – ele virou a cabeça para trás, se despedindo da menina.
— Boa noite, . – ela disse dando um beijo estalado na bochecha do rapaz antes de saltar do cavalo, o pegando de surpresa.
— Espera. – ele disse descendo do cavalo e beijando os lábios de .
O choque da boca do na sua com certeza deixou surpresa. Ela ficou alguns segundos parada processando o que estava acontecendo antes de fechar os olhos e colocar suas mãos nas bochechas do rapaz, enquanto ele abraçava sua cintura e a puxava para perto de maneira delicada. desprendeu seus lábios dos de e passou seu nariz na bochecha da garota que a fez rir em seu rosto, fazendo-o, sorrir, tímido. Eles encostaram a testa um no outro e ficaram se olhando nos olhos, enquanto gravavam a imagem de cada um na própria memória.
— Eu sou apaixonado por você, . Eu penso em você todos os dias, quando eu vou embora, quando eu durmo, quando eu levanto, quando eu tomo café, todos os momentos. Meu coração acelera quando eu vejo você me esperando, tudo em você é perfeito. – a menina riu baixo e plantou outro beijo nos lábios do rapaz que sorriu em resposta. Eles ficaram ali, sorrindo e rindo, se declarando um pro outro.
O nobre deu um último selinho na garota e montou de volta no seu animal cavalgando de volta ao castelo.
Pediu para o cocheiro guardar o cavalo e seguiu diretamente até seu quarto, enchendo a tina com água limpa, desfazendo o curativo que havia feito e entrando nela após se despir. Tomou banho por uns vinte minutos, colocou uma roupa limpa e desceu para o salão principal onde encontrou seus pais cercados por seguranças que respiraram aliviados quando o viram entrar.
— Onde você se meteu, ?! – gritou Hunter, nervoso. – Sua mãe estava desesperada achando que estava machucado por aí!
— Eu estava no lago, sinto muito se eu os deixei preocupados. – ele disse tomando sua mãe nos braços e a aninhando. – Desculpa, mãe.
— Você está com o braço sangrando! Quem fez isso? – Elvira se preocupou alisando o rosto do filho.
— Eu raspei em algum galho, vou pedir para me fazerem um curativo, não foi nada. Eu ando treinando sozinho no lago, sabe? Para poder ter mais concentração. Quero ficar em forma para poder ir às batalhas com o senhor. – O rei olhou desconfiado, mas deixou passar, seu filho não mentiria. Não é?
— Você vai a uma expedição para procurar minério para termos ferro e, obviamente, mais armas. Esteja em pé assim que o Sol nascer. Entendido? – o garoto assentiu.
— Vamos jantar agora, hm? – Elvira olhou para o filho e sorriu. – Aposto que está com fome. – ela enlaçou os braços no do filho e o levou até a sala de jantar no qual sempre era servindo-lhes um banquete, com todo tipo de comida e vinho. Quando se sentaram, os empregados começaram a servi-lhes e o rei logo tratou de começar uma conversa.
— , você precisa achar logo uma noiva. Logo vai assumir o reino e precisa estar casado, vai ter responsabilidades e precisa de uma mulher do seu lado. Temos muitos amigos que tem filhas, podemos juntar reinos e ficar mais fortes.
— Eu não quero me casar agora, pai. Acho que deveria me concentrar em achar o tal curandeiro e colocar as coisas em ordem aqui antes de pensar em compromissos mais sérios. E, também, quem sabe até lá, eu não conheça alguém que eu ame e me case.
— Casar por amor? – O rei deixou escapar uma risada. – Amor se constrói, . Não seja tolo.
— Talvez ele encontre alguém que ame para se casar, Hunter. Ele pode se casar apaixonado diferente de nós dois. Não pode impedir nosso filho de tentar. – a mãe de disse, encarando o filho. – Vou te apoiar em qualquer decisão, querido.
— Elvira, não coloque coisas na cabeça de seu filho que ele não vai alcançar. Em nosso meio não existe amor. Existem negócios.
— Então eu fui um negócio? – a mulher disse pacificamente. O rei concordou. – Muito obrigada, então. Com licença, eu perdi meu apetite. – Elvira empurrou a cadeira para trás e saiu marchando para fora da sala.
— Você deveria tratar melhor a mamãe, pai. Como você mesmo disse, precisa de uma rainha do seu lado. Não contra você.
— Sua mãe vive com esses ataques, ela sabia disso quando se casou comigo, ela que lide com isso e me ajude quando eu precisar. – o rei disse com desdém e enfiou uma garfada de comida na boca.
— Por isso que eu vou me casar com alguém que eu ame, para não precisar tratá-la como o senhor trata a mamãe. – o garoto jogou o guardanapo de qualquer jeito na mesa e foi atrás de sua mãe.
Enquanto isso dentro da floresta havia uma apaixonada que não conseguia parar de sorrir sozinha do lado de fora de casa. Ela finalmente tinha sido beijada pelo garoto que vinha roubando seu sono. Ela entrou em casa completamente aérea com o que tinha em sua volta, ele estava apaixonado por ela. A menina foi para seu quarto e se jogou na cama olhando para o teto e sorriu.
🏰⚗️⚔️
— , que saudades! – o garoto abraçou a menina escondendo o rosto na curva de seu pescoço, sentindo seu perfume leve e fresco – Sempre as alfazemas, né?
— Eu também senti sua falta. Onde você foi? Você sumiu. Fiquei preocupada com você. Ouvi que o rei tinha mandado os jovens irem a uma expedição, como foi?
— Foi bem. Encontramos o minério e mandamos para o ferreiro, quer dizer, pro meu pai. – ele pegou a mão da garota e eles seguiram até o rio onde se sentaram lado a lado, no qual pôde descansar o corpo no peito dele. – E você? Você está bem?
— Sim. – ela sorriu.
— Que bom. – ele retribuiu o sorriso, dando um beijo calmo nos lábios de .
A plebeia correspondeu outra vez ao beijo que recebera de , enquanto ele a segurava pela cintura com uma das mãos e a outra segurando seu pescoço. Ele sentiu os braços da garota abraçarem seu pescoço e a puxou para mais perto dele, sentindo sua respiração bater no seu rosto. Ele partiu o beijo e encarou a garota na sua frente. Ele não sabia como alguém conseguira conquistar seu coração como ela fazia. Ele sabia que se quisesse ficar com ela, ele teria problemas com seu pai. Ele rico, ela pobre, tudo que seu pai não queria para ele.
— , a gente tem que conversar. – ele começou – Eu tenho escondido uma coisa de você que eu não deveria. Mas eu não contei antes por medo. Meu nome é Linkins. Herdeiro do trono e não o filho do ferreiro, como eu te contei. O ferreiro é meu amigo, ele disse que me ajudaria a sustentar a mentira se um dia você o encontrasse ou perguntasse por mim.
— Vo-você é filho do rei? Do homem que mandou matar todos os curandeiros da região por acharem que eles são hereges? Como pôde mentir para mim?! – ela levantou-se rapidamente, saindo dos braços do garoto. – Nunca mais fale comigo, . Nunca mais!
— , por favor, vamos conversar. – ele disse, segurando o braço da menina e a puxando de volta. – Eu amo você, . Você quer que eu desista de ser nobre? Eu desisto! Eu renuncio a qualquer coisa para ficar com você. Mas, por favor, por favor, não me deixa. Você é a única coisa real na minha vida. Eu não posso perder você. – ele pediu, enquanto a apertava de forma com que ela não conseguisse se mexer.
— Tire as mãos de mim, , agora! – ela o empurrou com força, limpando o rosto. – Você acabou com qualquer chance de a gente ficar juntos! Você é um mentiroso!
Ela correu em direção ao seu cavalo, montando nele o mais rápido possível, desaparecendo dentro da floresta e deixando um arrependido para trás.
Montante* é um tipo de espada que era usada com ambas as mãos para golpear o adversário pelo alto. Usada pelo personagem Geralt de Rivia, protagonizado pelo ator Britânico, Henry Cavill em The Witcher.
— Creio que sabem o motivo pelo o que eu estou aqui. – O jovem começou olhando de forma firme ao instrutor que agora estava ao seu enlace.
— Sabemos, majestade. O rei mandou treinar você para as batalhas e para a caça do Atkins.
— Quero começar esse treinamento agora. – pegou montante* que repousava na bainha e se colocou no lugar marcado no chão.
— Pronto?
— Pronto.
Eles se cumprimentaram. Toda arena parou para olhar a cena onde o príncipe começaria uma luta com o instrutor mais experiente do reino. Com suas armas em forma de X eles travaram uma luta. podia ser novo, mas já vira muitas batalhas daquela em treinamentos e sabia exatamente o que fazer. Ele deu o primeiro passo conforme sua espada avançava junto a ele, o barulho do ferro contra ferro ecoando pela arena. O instrutor recuou por alguns instantes, mas logo recuperou a guarda e golpeou a espada de , que se viu obrigado a travar o movimento de seu adversário. girou os ombros, sua espada passando por cima da oposta e atingindo-a na outra lateral com força, enquanto o instrutor girava sobre seus pés e aplicava um golpe por cima de , que acabou caindo para trás aos tropeços. Rapidamente, levantou-se e ajeitou a arma de ferro em suas mãos, protegendo-se de outro golpe frontal que quase lhe pegara desprevenido. Levantou-se com a agilidade de um gato avançando contra seu adversário e o desarmando com um golpe certeiro, fazendo com que a espada caísse a metros de distância.
— Surpreendente, majestade. - o instrutor estendeu sua mão para um aperto.
— Foi uma boa luta, com certeza. – o jovem limpou o suor da testa e enquanto recuperava o fôlego. - Se me derem licença, eu vou me refrescar no lago.
tirou a armadura e seguiu para o estábulo onde encontrou Brutus, seu cavalo de puro sangue que ganhou quando era criança, pegou sua sela pendurada no canto da parede e começou a arrumar o cavalo. Levou-o para se alimentar e beber água, assim que o equino saciou suas necessidades, os dois partiram em direção ao lago.
Depois de comemorarem, caminhou até o lago e ficou ouvindo o barulho da água e o quanto aquilo a acalmava. Percebendo que estava sozinha, tirou suas vestes e entrou na água doce para um banho. A jovem conhecia aquele lago como ninguém, então ela podia nadar para as partes mais fundas e voltar como uma profissional. Logo ela ouviu uma voz masculina conversando e tinha duas escolhas. Ou sairia correndo ou se escondia entre as pedras. Optou pela segunda opção e viu quando chegou um jovem e seu cavalo, o jovem desceu do seu equino e também despiu-se entrando no lago. A garota pensou por uns bons minutos no quer fazer para não ser vista, então por impulso levantou-se o mais depressa possível e vestiu seu vestido de qualquer jeito quando foi interrompida por uma voz que lhe era familiar.
— Ei, eu acho que conheço você. – O menino anunciou quando viu que a garota tentou fugir.
— Ah, eu...Também acho que conheço você. – ela sorriu, sem jeito – Você me acertou com uma espada, enquanto eu tentava pegar as alfazemas do palácio.
— Nossa, é mesmo! Me desculpe. – ele coçou a nuca sem graça. – Espero não ter machucado você, foi reflexo.
— Tudo bem, não precisa se preocupar. Bom, se me der licença, eu vou andando.
— Espera. Por que a gente não para e conversa um pouco? Depois eu te dou uma carona. Eu não me lembro do seu nome, desculpe.
— .
— É lindo. Por favor, senta aqui. – o garoto estendeu sua capa no chão e eles sentaram-se um do lado do outro. No começo os dois adolescentes ficaram em silêncio olhando as águas do rio dançarem até que o príncipe, até então em segredo, resolveu se pronunciar. - Onde você mora por aqui?
— Hm, num casebre. – ela pigarreou, mentindo. – E você?
— Perto do castelo. Meu pai é ferreiro.
— Hm, legal. Eu não sei mexer com espadas, mas queria aprender. Sabe como é, né.
— Posso te ensinar, se quiser.
— Não, imagina. Você deve ajudar seu pai, não quero incomodar.
— Não é incomodo. Eu arrumo uma espada para você e a gente começa a treinar.
— Então combinado. Amanhã? – a menina perguntou, empolgada.
— Amanhã. — Bom, pode me levar? Está ficando tarde.
O garoto levantou-se e a ajudou a levantar em seguida, colocou a capa sobre si e montou no cavalo, a ajudando novamente a montar-se sobre o animal e abraçar sua cintura. foi o mais devagar que ele conseguia para poder ganhar tempo de conversar com a menina a fim de descobrir mais sobre ela. Quando chegaram até sua casa, ele novamente a ajudou a descer e ficou esperando até que ela entrasse para poder voltar ao castelo.
— , pelo amor de Deus, assim você vai arrancar a minha orelha!
— Você me assustou!
— Vamos de novo. Você está ficando boa, mas precisa de mais concentração. Preparada? – a menina assentiu e ele sorriu.
O jovem empunhou sua espada e sorriu para a garota. A garota choramingou alguma coisa e também empunhou a espada que segurava e eles começaram a pôr suas espadas para dançarem, a garota ainda tinha dificuldades para ser precisa em alguns movimentos, mas estava no caminho certo para aprender. O barulho que as lâminas faziam a cada encontro entre si a deixava orgulhosa, pois ela sabia que estava conseguindo dominar a arma a cada dia. Hora ou outra, a menina deixava o garoto abrir vantagem, mas logo em seguida voltava a comandar como seria aquela luta, e foi num golpe rápido que ela conseguiu arrancar tanto a espada da mão de , como abriu uma linha vermelha de sangue do braço do rapaz.
— , me desculpa! Foi totalmente sem querer, eu não percebi! – a menina correu até ele, examinando o tamanho do corte. – Eu vou fazer um curativo aí, tudo bem?
— , não me machucou, é sério. Eu já me acostumei lá no treinamento. É só lavar que melhora.
— Não! Eu vou fazer um curativo. – ela disse pegando um pedaço do tecido de seu vestido e o rasgando. – Vamos lavar isso e estancar o sangue, eu acho que vi um pé de guaco aqui, eu vou buscar umas folhas e vamos usar como pomada já que está ferido. Tira sua camisa para eu poder ver o ferimento melhor.
— Só quer ver o ferimento melhor? Sei. – ele caçoou da menina ganhando um beliscão dela na barriga. – Ai! Só ‘tô brincando, irritadinha.
A garota prendeu um riso e foi pegar o cantil de água do rapaz, lavou o ferimento e usando a tampa do cantil amassou as folhas de guaco e as misturou no azeite que havia começado a levar com ela desde quando começaram a treinar, molhou o pano na mesma mistura e passou devagar no braço do rapaz, que sem ela perceber, a olhava como nunca havia olhado para nenhuma garota rica que ele conhecia. Ela era delicada, não ligava para vestidos, ou festas, ou o quão importante seria casar logo. não podia contar agora que era o príncipe, era a primeira vez que ele tinha uma amizade onde ninguém o tratava como um bibelô por ele ser nobre, ela o tratava como um amigo e ele estava feliz assim.
— Pronto. Vai ficar bom rapidinho. – ela sorriu.
— Como sabia que aquela planta ia ajudar?
— Hm, minha mãe adorava cuidar de plantas, sabe? Então ela me ensinava quando podia.
— Entendi. Vamos para casa? – ela concordou e os dois fizeram novamente um caminho que agora não precisava mais perguntar para onde ficava, ele já havia decorado. – Boa noite, . – ele virou a cabeça para trás, se despedindo da menina.
— Boa noite, . – ela disse dando um beijo estalado na bochecha do rapaz antes de saltar do cavalo, o pegando de surpresa.
— Espera. – ele disse descendo do cavalo e beijando os lábios de .
O choque da boca do na sua com certeza deixou surpresa. Ela ficou alguns segundos parada processando o que estava acontecendo antes de fechar os olhos e colocar suas mãos nas bochechas do rapaz, enquanto ele abraçava sua cintura e a puxava para perto de maneira delicada. desprendeu seus lábios dos de e passou seu nariz na bochecha da garota que a fez rir em seu rosto, fazendo-o, sorrir, tímido. Eles encostaram a testa um no outro e ficaram se olhando nos olhos, enquanto gravavam a imagem de cada um na própria memória.
— Eu sou apaixonado por você, . Eu penso em você todos os dias, quando eu vou embora, quando eu durmo, quando eu levanto, quando eu tomo café, todos os momentos. Meu coração acelera quando eu vejo você me esperando, tudo em você é perfeito. – a menina riu baixo e plantou outro beijo nos lábios do rapaz que sorriu em resposta. Eles ficaram ali, sorrindo e rindo, se declarando um pro outro.
O nobre deu um último selinho na garota e montou de volta no seu animal cavalgando de volta ao castelo.
Pediu para o cocheiro guardar o cavalo e seguiu diretamente até seu quarto, enchendo a tina com água limpa, desfazendo o curativo que havia feito e entrando nela após se despir. Tomou banho por uns vinte minutos, colocou uma roupa limpa e desceu para o salão principal onde encontrou seus pais cercados por seguranças que respiraram aliviados quando o viram entrar.
— Onde você se meteu, ?! – gritou Hunter, nervoso. – Sua mãe estava desesperada achando que estava machucado por aí!
— Eu estava no lago, sinto muito se eu os deixei preocupados. – ele disse tomando sua mãe nos braços e a aninhando. – Desculpa, mãe.
— Você está com o braço sangrando! Quem fez isso? – Elvira se preocupou alisando o rosto do filho.
— Eu raspei em algum galho, vou pedir para me fazerem um curativo, não foi nada. Eu ando treinando sozinho no lago, sabe? Para poder ter mais concentração. Quero ficar em forma para poder ir às batalhas com o senhor. – O rei olhou desconfiado, mas deixou passar, seu filho não mentiria. Não é?
— Você vai a uma expedição para procurar minério para termos ferro e, obviamente, mais armas. Esteja em pé assim que o Sol nascer. Entendido? – o garoto assentiu.
— Vamos jantar agora, hm? – Elvira olhou para o filho e sorriu. – Aposto que está com fome. – ela enlaçou os braços no do filho e o levou até a sala de jantar no qual sempre era servindo-lhes um banquete, com todo tipo de comida e vinho. Quando se sentaram, os empregados começaram a servi-lhes e o rei logo tratou de começar uma conversa.
— , você precisa achar logo uma noiva. Logo vai assumir o reino e precisa estar casado, vai ter responsabilidades e precisa de uma mulher do seu lado. Temos muitos amigos que tem filhas, podemos juntar reinos e ficar mais fortes.
— Eu não quero me casar agora, pai. Acho que deveria me concentrar em achar o tal curandeiro e colocar as coisas em ordem aqui antes de pensar em compromissos mais sérios. E, também, quem sabe até lá, eu não conheça alguém que eu ame e me case.
— Casar por amor? – O rei deixou escapar uma risada. – Amor se constrói, . Não seja tolo.
— Talvez ele encontre alguém que ame para se casar, Hunter. Ele pode se casar apaixonado diferente de nós dois. Não pode impedir nosso filho de tentar. – a mãe de disse, encarando o filho. – Vou te apoiar em qualquer decisão, querido.
— Elvira, não coloque coisas na cabeça de seu filho que ele não vai alcançar. Em nosso meio não existe amor. Existem negócios.
— Então eu fui um negócio? – a mulher disse pacificamente. O rei concordou. – Muito obrigada, então. Com licença, eu perdi meu apetite. – Elvira empurrou a cadeira para trás e saiu marchando para fora da sala.
— Você deveria tratar melhor a mamãe, pai. Como você mesmo disse, precisa de uma rainha do seu lado. Não contra você.
— Sua mãe vive com esses ataques, ela sabia disso quando se casou comigo, ela que lide com isso e me ajude quando eu precisar. – o rei disse com desdém e enfiou uma garfada de comida na boca.
— Por isso que eu vou me casar com alguém que eu ame, para não precisar tratá-la como o senhor trata a mamãe. – o garoto jogou o guardanapo de qualquer jeito na mesa e foi atrás de sua mãe.
Enquanto isso dentro da floresta havia uma apaixonada que não conseguia parar de sorrir sozinha do lado de fora de casa. Ela finalmente tinha sido beijada pelo garoto que vinha roubando seu sono. Ela entrou em casa completamente aérea com o que tinha em sua volta, ele estava apaixonado por ela. A menina foi para seu quarto e se jogou na cama olhando para o teto e sorriu.
— , que saudades! – o garoto abraçou a menina escondendo o rosto na curva de seu pescoço, sentindo seu perfume leve e fresco – Sempre as alfazemas, né?
— Eu também senti sua falta. Onde você foi? Você sumiu. Fiquei preocupada com você. Ouvi que o rei tinha mandado os jovens irem a uma expedição, como foi?
— Foi bem. Encontramos o minério e mandamos para o ferreiro, quer dizer, pro meu pai. – ele pegou a mão da garota e eles seguiram até o rio onde se sentaram lado a lado, no qual pôde descansar o corpo no peito dele. – E você? Você está bem?
— Sim. – ela sorriu.
— Que bom. – ele retribuiu o sorriso, dando um beijo calmo nos lábios de .
A plebeia correspondeu outra vez ao beijo que recebera de , enquanto ele a segurava pela cintura com uma das mãos e a outra segurando seu pescoço. Ele sentiu os braços da garota abraçarem seu pescoço e a puxou para mais perto dele, sentindo sua respiração bater no seu rosto. Ele partiu o beijo e encarou a garota na sua frente. Ele não sabia como alguém conseguira conquistar seu coração como ela fazia. Ele sabia que se quisesse ficar com ela, ele teria problemas com seu pai. Ele rico, ela pobre, tudo que seu pai não queria para ele.
— , a gente tem que conversar. – ele começou – Eu tenho escondido uma coisa de você que eu não deveria. Mas eu não contei antes por medo. Meu nome é Linkins. Herdeiro do trono e não o filho do ferreiro, como eu te contei. O ferreiro é meu amigo, ele disse que me ajudaria a sustentar a mentira se um dia você o encontrasse ou perguntasse por mim.
— Vo-você é filho do rei? Do homem que mandou matar todos os curandeiros da região por acharem que eles são hereges? Como pôde mentir para mim?! – ela levantou-se rapidamente, saindo dos braços do garoto. – Nunca mais fale comigo, . Nunca mais!
— , por favor, vamos conversar. – ele disse, segurando o braço da menina e a puxando de volta. – Eu amo você, . Você quer que eu desista de ser nobre? Eu desisto! Eu renuncio a qualquer coisa para ficar com você. Mas, por favor, por favor, não me deixa. Você é a única coisa real na minha vida. Eu não posso perder você. – ele pediu, enquanto a apertava de forma com que ela não conseguisse se mexer.
— Tire as mãos de mim, , agora! – ela o empurrou com força, limpando o rosto. – Você acabou com qualquer chance de a gente ficar juntos! Você é um mentiroso!
Ela correu em direção ao seu cavalo, montando nele o mais rápido possível, desaparecendo dentro da floresta e deixando um arrependido para trás.
Montante* é um tipo de espada que era usada com ambas as mãos para golpear o adversário pelo alto. Usada pelo personagem Geralt de Rivia, protagonizado pelo ator Britânico, Henry Cavill em The Witcher.
Capítulo III
Meses se passaram e e não se encontraram mais como de costume. A menina agora trabalhava o dobro que o normal para manter sua mente longe daquele sorriso lindo que aquecia seu coração. Havia contado para o pai sobre seu envolvimento com o príncipe e ele a entendeu como um pai faria, e ouviu seu choro durante várias noites seguidas até ela se conformar que não poderia viver daquele jeito.
Por de trás de montanhas e árvores tinha um jovem que não entendia por que a garota que ele amava o desprezou daquela forma. Ele precisava saber o motivo dela ter o abandonado. Ele sabia que havia errado em mentir, mas ele queria se proteger, e proteger . Ele sabia que uma vez que eles descobrissem que ele namorava uma plebeia, eles nunca mais a deixariam em paz.
— Posso saber o que tira atenção do meu menino? – Elvira sentou-se do lado de em sua cama. – É a tal garota? O que houve?
— Ela me odeia por causa do papai. Provavelmente pelas coisas que ele propaga sobre os curandeiros. Ela deve acreditar neles, mãe.
— Bom, seu pai é contra, mas eu não. Acho que devíamos deixar as pessoas serem o que quiserem, faz parte de ser um rei respeitar o seu povo. Eles não foram os culpados pelo desaparecimento de seu tio, querido. Não deixa seu pai envenenar você com seus delírios.
— Como não, mãe?! Assim que meu tio desapareceu, eles também sumiram! Óbvio que foram eles que sumiram com meu tio, e com medo de retaliação, foram embora! E, agora por culpa deles outra vez, eu perdi a !
— O corpo dele nunca foi encontrado, e se ele estiver vivo, hm?
— Ah, mãe, não vem com essa. – ele bufou. – Preciso falar com a . Mas ela não vai querer falar comigo. – ele murmurou, derrotado.
— Talvez ela esteja esperando você. Vá atrás dela. – ela deu um beijo na têmpora do filho e o deixou sozinho, pensando.
🏰⚗️⚔️
O mundo pode ser um lugar muito injusto, mais injusto ainda para quem se ama. No caso de e , havia o abismo de culturas separando os dois. No lado dele, o pai que não aceitava a fé da menina. No lado dela, o medo de ser julgada ou morta pelo pai de seu amado. Ela não entendia por que precisava ser tão difícil. passava os dias na beira do lago esperando que o voltasse, a apertasse nos braços e falasse que não importava quem eles eram, eles iam passar por isso juntos.
— . – ela reconheceria essa voz em qualquer lugar que ela fosse.
— . Oi. – ela sorriu e correu até o garoto, o abraçando apertado e afundando o rosto na curva do seu pescoço. – Me desculpa, . Me desculpa ter falado aquelas coisas para você.... É que você não entende. Eu... sou uma deles, . Eu também sou uma curandeira.
— Que brincadeira mais boba é essa? – ele empurrou a menina de leve – Como você é um deles? Esses sumiram com o meu tio!
— Nós nunca sumimos com ninguém, ! Nós salvamos as pessoas, como vamos sumir quem nos apoiava?! Todos os curandeiros mais velhos falavam de como seu tio nos deixava andar pela cidade sem medo de morrer e depois que ele, supostamente, desapareceu, nós fomos banidos pelo seu pai!
— Como eu não notei quem você era de verdade? – ele olhava a menina de um jeito que ela nunca pensou que ele olharia. Era uma mistura de raiva com desprezo – Você sabia de coisas demais para não ser uma deles!
— É. É verdade. Eu sou uma deles! Só porque eu não compartilho da mesma fé que você, não significa que seja melhor que eu. Ou vice-versa. Que bom que eu percebi quem era você. Você é igual ao seu pai. – ela pegou sua capa que estava perto da beira do rio e rumou para longe do garoto com seu coração despedaçado.
🏰⚗️⚔️
”Você é igual ao seu pai” Foram as sentenças que ecoaram na cabeça de todo o trajeto de volta até o castelo. Ele não era igual ao pai, mas não podia continuar envolvido com alguém como . Eram muitos diferentes um do outro e isso nunca funcionaria entre eles.
Quando chegou ao castelo, entregou seu cavalo ao cocheiro e seguiu diretamente até o quarto, pedindo para não ser interrompido por ninguém. Precisava pensar se ele abandonaria o amor da sua vida ou se abandonava sua família. Seus pensamentos foram interrompidos quando o menino ouviu batidas insistentes em sua porta.
— Disse que não queria ser interrompido por ninguém! – ele esbravejou.
— É sua mãe, ! Abra essa porta imediatamente! – ele bufou e destrancou a porta. – Por Deus, que cara é essa?
— Lembra da menina que comentei mais cedo? – ele disse, fechando a porta. – Ela é uma deles, mãe. Ela é uma curandeira.
— Como assim, ? Você mesmo disse que seu pai lhe contou que todos eles fugiram quando o Jeremy desapareceu.
— O pai da não. Ele conseguiu fugir e se esconder aqui, pelo o que parece. E agora eu não sei o que fazer, mãe. Eu a amo tanto. E ela mentiu para mim, ela não me contou que era uma curandeira!
Nessa hora ouviu um estrondo abrir sua porta e lá estava seu pai furioso, indo em sua direção.
— Você estava envolvido com uma curandeira e não me contou?! – ele gritou ao bater com as costas da mão no rosto do garoto. – Quer ser deserdado, seu inútil?!
— Hunter, pare já com isso! – Elvira disse, se metendo entre o filho e o marido – Se bater novamente no meu filho, eu juro por Deus que você vai ver um lado meu que nunca conheceu! Eu já estou farta de você!
— Me leve até eles. Agora. – ele disse, encarando o garoto que o olhava assustado com as mãos no rosto. – Vá aprontar seu cavalo, , eu exijo que me leve até eles!
— Não vou entregar a para você! – ele gritou.
— Ou me entrega essa bastardinha, ou eu mato a sua mãe. Guardas!
— Tudo bem, eu te levo até ela. Mas deixa minha mãe em paz.
— Primeiro a garota, depois a sua mãe.
O ambiente dentro do quarto do jovem era hostil. Hunter tinha os olhos queimando de raiva. O fato de conseguir colocar as mãos em algum curandeiro, em sua mente, era algo inexplicável. Ele usaria qualquer meio que ele pudesse para tal ato. Inclusive seu próprio filho.
— Não me ouviu?! – o rei levantou a mão mais uma vez querendo acertar o rosto do rapaz quando ele sentiu as mãos da esposa irem de encontro ao seu rosto. – Está louca, mulher?! Quer que eu acabe com você aqui mesmo?
— Se tocar em meu filho ou em mim, vai se arrepender do dia em que nasceu, Hunter! Você nunca mais vai encostar no , entendeu? Eu não vou mais aceitar me rebaixar por causa dos seus caprichos.
— Tudo bem, mãe. Eu te levo até eles se prometer que nunca mais vai destratar minha mãe, ou algo do tipo, com qualquer pessoa. E, por favor, por favor, não machuca a .
— ? Então esse é o nome da garota? É o que nós vamos ver.
🏰⚗️⚔️
estava colhendo os lírios que ela e seu pai vinham plantando há algum tempo. A coisa que mais gostava de fazer era mexer com plantas e flores. E era realmente boa nisso. A menina já havia se esquecido da briga com , focava somente nela e em seu pai. Depois que colheu os lírios, os colocou numa cesta limpa e caminhou calmamente até sua casa. Quando estava chegando mais perto de seu destino, a jovem avistou o príncipe com uma feição triste indo ao seu encontro.
— , mas o que você está... – segurou seu rosto e beijou-lhe com todo amor que ele podia transmitir. Mas ele sabia que aquele beijo tinha culpa, sofrimento. – , o que está acontecendo? Por que você está aqui?
— , eu te amo. Me perdoa, por favor. Me perdoa, meu amor.... – ele ajoelhou-se diante da menina, abraçando suas pernas. – Eu imploro por todos os Santos, todos os Deuses, por quem você quiser que eu jure, mas me diz que me perdoa. – os olhos do menino estavam embaçados pelas lágrimas que tomavam conta do seu rosto.
— , se não me falar o que houve, como eu vou te perdoar? Aliás, como eu poderia ter raiva de você, meu amor? – ela ajoelhou de frente para o menino, secando suas lágrimas. – Eu te amo. – ela sorriu.
— Meu pai está vindo para cá com a guarda real atrás de você. Ele descobriu sobre nós dois e me obrigou a vir até aqui... – a garota levantou de supetão, ignorando o rapaz e seguiu correndo o máximo que suas pernas podiam aguentar até que parou quando viu sua casa pegando fogo e nenhum rastro do seu pai.
— O que foi que você fez com ele, ?! – batia no peito do rapaz, desesperada. – Você acabou com a minha vida! Achei que tinha voltado atrás em tudo o que disse, que você me amasse, eu.... Você me usou para matarem o meu pai, como pode ser tão cruel?
— Ora, ora, ora, então nós temos outra dele por aqui. Bom trabalho, filho. Vai ser muito bem recompensado quando eu acabar com esses dois. Se continuar assim, vai ser um rei tão bom quanto eu. – ouvia tudo isso de cabeça baixa, não iria conseguir encarar e muito menos, sendo levada amarrada pelas mãos por um dos guardas. Ele entregou o amor da sua vida nas mãos de seu pai, e Deus sabe-se lá se ela iria continuar viva.
🏰⚗️⚔️
— Povo de Ártemis, eu, rei Hunter, declaro que oficialmente nosso reino está limpo de curandeiros. Graças ao meu filho, , nós os pegamos e os prendemos em nossa masmorra. Por favor, daremos uma festa aberta ao povo regada de vinho e comida. – Hunter saiu vitorioso de sua sacada.
— Fiz minha parte do nosso acordo, agora me prometa que não vai machucar a , pai.
— Eu não me lembro de ter apertado sua mão, . Acho que tive algum lapso devido à euforia do momento. – ele sorriu em escárnio.
— Você vai pagar muito caro pelo o que está fazendo, pai, tudo que vai, volta. – o garoto disse, saindo marchando para dentro da masmorra.
desceu até a masmorra onde encontrou uma cuidando do pai que ainda estava desacordado. Ele ficou observando a menina cuidar do mais velho e respirou fundo, sabendo que parte daquilo era sua culpa. Ele tinha traído e tudo o que viveram.
— O que tá fazendo aqui, majestade? Veio tripudiar em cima de mim e do meu pai? – ela disse com o ar cansado.
— Não. Eu vim tirar vocês daqui. Eu te prometo que vou fazer a gente valer a pena.
— Em que planeta você vive onde você acha que eu vou voltar com você depois de me trair? Depois de quase matar meu pai! Eu amei você, , com todo meu coração, com todas as forças que eu tinha em mim. E você só estava me usando pro seu pai tentar matar a mim e ao meu pai. Para quê?! Só por nós dois termos uma religião diferente da sua?
— , você não entende! – o jovem tentou protestar, mas logo foi interrompido mais uma vez pela menina.
— SAI DAQUI! Eu e meu pai queremos, pelo menos, morrer com dignidade. – ela disse voltando atenção ao pai que ainda estava desacordado.
— Eu te amo, . Só nunca desconfie disso. Eu não queria que as coisas fossem assim.
saiu da masmorra arrasado com tudo que havia acontecido. Ele amava de todo coração, mas sabia que a religião dela era o que afastava os dois, principalmente por causa de Jeremy. O que não entendia era por que eles sumiram com seu tio, se ele os apoiava, mas sabia que perguntar ao seu pai era inviável, então recorreu a pessoa que sempre tinha um colo quente e bons ouvidos para ele.
— Mãe, podemos começar sobre meu tio Jeremy? – ele disse entrando na biblioteca e encontrando sua mãe lendo um livro qualquer.
— É claro que podemos, querido. – ela disse fechando o livro e sorrindo pro primogênito.
— Me conta tudo o que sabe sobre os curandeiros e o meu tio.
Por de trás de montanhas e árvores tinha um jovem que não entendia por que a garota que ele amava o desprezou daquela forma. Ele precisava saber o motivo dela ter o abandonado. Ele sabia que havia errado em mentir, mas ele queria se proteger, e proteger . Ele sabia que uma vez que eles descobrissem que ele namorava uma plebeia, eles nunca mais a deixariam em paz.
— Posso saber o que tira atenção do meu menino? – Elvira sentou-se do lado de em sua cama. – É a tal garota? O que houve?
— Ela me odeia por causa do papai. Provavelmente pelas coisas que ele propaga sobre os curandeiros. Ela deve acreditar neles, mãe.
— Bom, seu pai é contra, mas eu não. Acho que devíamos deixar as pessoas serem o que quiserem, faz parte de ser um rei respeitar o seu povo. Eles não foram os culpados pelo desaparecimento de seu tio, querido. Não deixa seu pai envenenar você com seus delírios.
— Como não, mãe?! Assim que meu tio desapareceu, eles também sumiram! Óbvio que foram eles que sumiram com meu tio, e com medo de retaliação, foram embora! E, agora por culpa deles outra vez, eu perdi a !
— O corpo dele nunca foi encontrado, e se ele estiver vivo, hm?
— Ah, mãe, não vem com essa. – ele bufou. – Preciso falar com a . Mas ela não vai querer falar comigo. – ele murmurou, derrotado.
— Talvez ela esteja esperando você. Vá atrás dela. – ela deu um beijo na têmpora do filho e o deixou sozinho, pensando.
O mundo pode ser um lugar muito injusto, mais injusto ainda para quem se ama. No caso de e , havia o abismo de culturas separando os dois. No lado dele, o pai que não aceitava a fé da menina. No lado dela, o medo de ser julgada ou morta pelo pai de seu amado. Ela não entendia por que precisava ser tão difícil. passava os dias na beira do lago esperando que o voltasse, a apertasse nos braços e falasse que não importava quem eles eram, eles iam passar por isso juntos.
— . – ela reconheceria essa voz em qualquer lugar que ela fosse.
— . Oi. – ela sorriu e correu até o garoto, o abraçando apertado e afundando o rosto na curva do seu pescoço. – Me desculpa, . Me desculpa ter falado aquelas coisas para você.... É que você não entende. Eu... sou uma deles, . Eu também sou uma curandeira.
— Que brincadeira mais boba é essa? – ele empurrou a menina de leve – Como você é um deles? Esses sumiram com o meu tio!
— Nós nunca sumimos com ninguém, ! Nós salvamos as pessoas, como vamos sumir quem nos apoiava?! Todos os curandeiros mais velhos falavam de como seu tio nos deixava andar pela cidade sem medo de morrer e depois que ele, supostamente, desapareceu, nós fomos banidos pelo seu pai!
— Como eu não notei quem você era de verdade? – ele olhava a menina de um jeito que ela nunca pensou que ele olharia. Era uma mistura de raiva com desprezo – Você sabia de coisas demais para não ser uma deles!
— É. É verdade. Eu sou uma deles! Só porque eu não compartilho da mesma fé que você, não significa que seja melhor que eu. Ou vice-versa. Que bom que eu percebi quem era você. Você é igual ao seu pai. – ela pegou sua capa que estava perto da beira do rio e rumou para longe do garoto com seu coração despedaçado.
”Você é igual ao seu pai” Foram as sentenças que ecoaram na cabeça de todo o trajeto de volta até o castelo. Ele não era igual ao pai, mas não podia continuar envolvido com alguém como . Eram muitos diferentes um do outro e isso nunca funcionaria entre eles.
Quando chegou ao castelo, entregou seu cavalo ao cocheiro e seguiu diretamente até o quarto, pedindo para não ser interrompido por ninguém. Precisava pensar se ele abandonaria o amor da sua vida ou se abandonava sua família. Seus pensamentos foram interrompidos quando o menino ouviu batidas insistentes em sua porta.
— Disse que não queria ser interrompido por ninguém! – ele esbravejou.
— É sua mãe, ! Abra essa porta imediatamente! – ele bufou e destrancou a porta. – Por Deus, que cara é essa?
— Lembra da menina que comentei mais cedo? – ele disse, fechando a porta. – Ela é uma deles, mãe. Ela é uma curandeira.
— Como assim, ? Você mesmo disse que seu pai lhe contou que todos eles fugiram quando o Jeremy desapareceu.
— O pai da não. Ele conseguiu fugir e se esconder aqui, pelo o que parece. E agora eu não sei o que fazer, mãe. Eu a amo tanto. E ela mentiu para mim, ela não me contou que era uma curandeira!
Nessa hora ouviu um estrondo abrir sua porta e lá estava seu pai furioso, indo em sua direção.
— Você estava envolvido com uma curandeira e não me contou?! – ele gritou ao bater com as costas da mão no rosto do garoto. – Quer ser deserdado, seu inútil?!
— Hunter, pare já com isso! – Elvira disse, se metendo entre o filho e o marido – Se bater novamente no meu filho, eu juro por Deus que você vai ver um lado meu que nunca conheceu! Eu já estou farta de você!
— Me leve até eles. Agora. – ele disse, encarando o garoto que o olhava assustado com as mãos no rosto. – Vá aprontar seu cavalo, , eu exijo que me leve até eles!
— Não vou entregar a para você! – ele gritou.
— Ou me entrega essa bastardinha, ou eu mato a sua mãe. Guardas!
— Tudo bem, eu te levo até ela. Mas deixa minha mãe em paz.
— Primeiro a garota, depois a sua mãe.
O ambiente dentro do quarto do jovem era hostil. Hunter tinha os olhos queimando de raiva. O fato de conseguir colocar as mãos em algum curandeiro, em sua mente, era algo inexplicável. Ele usaria qualquer meio que ele pudesse para tal ato. Inclusive seu próprio filho.
— Não me ouviu?! – o rei levantou a mão mais uma vez querendo acertar o rosto do rapaz quando ele sentiu as mãos da esposa irem de encontro ao seu rosto. – Está louca, mulher?! Quer que eu acabe com você aqui mesmo?
— Se tocar em meu filho ou em mim, vai se arrepender do dia em que nasceu, Hunter! Você nunca mais vai encostar no , entendeu? Eu não vou mais aceitar me rebaixar por causa dos seus caprichos.
— Tudo bem, mãe. Eu te levo até eles se prometer que nunca mais vai destratar minha mãe, ou algo do tipo, com qualquer pessoa. E, por favor, por favor, não machuca a .
— ? Então esse é o nome da garota? É o que nós vamos ver.
estava colhendo os lírios que ela e seu pai vinham plantando há algum tempo. A coisa que mais gostava de fazer era mexer com plantas e flores. E era realmente boa nisso. A menina já havia se esquecido da briga com , focava somente nela e em seu pai. Depois que colheu os lírios, os colocou numa cesta limpa e caminhou calmamente até sua casa. Quando estava chegando mais perto de seu destino, a jovem avistou o príncipe com uma feição triste indo ao seu encontro.
— , mas o que você está... – segurou seu rosto e beijou-lhe com todo amor que ele podia transmitir. Mas ele sabia que aquele beijo tinha culpa, sofrimento. – , o que está acontecendo? Por que você está aqui?
— , eu te amo. Me perdoa, por favor. Me perdoa, meu amor.... – ele ajoelhou-se diante da menina, abraçando suas pernas. – Eu imploro por todos os Santos, todos os Deuses, por quem você quiser que eu jure, mas me diz que me perdoa. – os olhos do menino estavam embaçados pelas lágrimas que tomavam conta do seu rosto.
— , se não me falar o que houve, como eu vou te perdoar? Aliás, como eu poderia ter raiva de você, meu amor? – ela ajoelhou de frente para o menino, secando suas lágrimas. – Eu te amo. – ela sorriu.
— Meu pai está vindo para cá com a guarda real atrás de você. Ele descobriu sobre nós dois e me obrigou a vir até aqui... – a garota levantou de supetão, ignorando o rapaz e seguiu correndo o máximo que suas pernas podiam aguentar até que parou quando viu sua casa pegando fogo e nenhum rastro do seu pai.
— O que foi que você fez com ele, ?! – batia no peito do rapaz, desesperada. – Você acabou com a minha vida! Achei que tinha voltado atrás em tudo o que disse, que você me amasse, eu.... Você me usou para matarem o meu pai, como pode ser tão cruel?
— Ora, ora, ora, então nós temos outra dele por aqui. Bom trabalho, filho. Vai ser muito bem recompensado quando eu acabar com esses dois. Se continuar assim, vai ser um rei tão bom quanto eu. – ouvia tudo isso de cabeça baixa, não iria conseguir encarar e muito menos, sendo levada amarrada pelas mãos por um dos guardas. Ele entregou o amor da sua vida nas mãos de seu pai, e Deus sabe-se lá se ela iria continuar viva.
— Povo de Ártemis, eu, rei Hunter, declaro que oficialmente nosso reino está limpo de curandeiros. Graças ao meu filho, , nós os pegamos e os prendemos em nossa masmorra. Por favor, daremos uma festa aberta ao povo regada de vinho e comida. – Hunter saiu vitorioso de sua sacada.
— Fiz minha parte do nosso acordo, agora me prometa que não vai machucar a , pai.
— Eu não me lembro de ter apertado sua mão, . Acho que tive algum lapso devido à euforia do momento. – ele sorriu em escárnio.
— Você vai pagar muito caro pelo o que está fazendo, pai, tudo que vai, volta. – o garoto disse, saindo marchando para dentro da masmorra.
desceu até a masmorra onde encontrou uma cuidando do pai que ainda estava desacordado. Ele ficou observando a menina cuidar do mais velho e respirou fundo, sabendo que parte daquilo era sua culpa. Ele tinha traído e tudo o que viveram.
— O que tá fazendo aqui, majestade? Veio tripudiar em cima de mim e do meu pai? – ela disse com o ar cansado.
— Não. Eu vim tirar vocês daqui. Eu te prometo que vou fazer a gente valer a pena.
— Em que planeta você vive onde você acha que eu vou voltar com você depois de me trair? Depois de quase matar meu pai! Eu amei você, , com todo meu coração, com todas as forças que eu tinha em mim. E você só estava me usando pro seu pai tentar matar a mim e ao meu pai. Para quê?! Só por nós dois termos uma religião diferente da sua?
— , você não entende! – o jovem tentou protestar, mas logo foi interrompido mais uma vez pela menina.
— SAI DAQUI! Eu e meu pai queremos, pelo menos, morrer com dignidade. – ela disse voltando atenção ao pai que ainda estava desacordado.
— Eu te amo, . Só nunca desconfie disso. Eu não queria que as coisas fossem assim.
saiu da masmorra arrasado com tudo que havia acontecido. Ele amava de todo coração, mas sabia que a religião dela era o que afastava os dois, principalmente por causa de Jeremy. O que não entendia era por que eles sumiram com seu tio, se ele os apoiava, mas sabia que perguntar ao seu pai era inviável, então recorreu a pessoa que sempre tinha um colo quente e bons ouvidos para ele.
— Mãe, podemos começar sobre meu tio Jeremy? – ele disse entrando na biblioteca e encontrando sua mãe lendo um livro qualquer.
— É claro que podemos, querido. – ela disse fechando o livro e sorrindo pro primogênito.
— Me conta tudo o que sabe sobre os curandeiros e o meu tio.
Capítulo IV
Elvira respirou fundo e olhou o filho no fundo dos olhos e percebeu que o menino realmente estava arrependido do que fez, mesmo que ele tenha feito a mando de seu pai. sempre foi um rapaz carinhoso e educado, nunca tratou ninguém de forma diferente, mesmo sendo o próximo ao trono. A rainha fechou seu livro e bateu na sua perna, como forma de pedir a que deitasse em seu colo.
— Fiz tudo errado, mãe. Ela me odeia. Você tinha que ver o jeito que ela me olhou, a está com ódio de mim. – o jovem disse, se sentando do lado das pernas da mãe, apoiando a cabeça na perna dela enquanto ela afagava seus cabelos carinhosamente.
— Você sabe que não teve culpa, filho, você foi obrigado pelo seu pai. Você não é assim, não é como ele.
— Como não? Eu entreguei a mulher que eu amo numa bandeja de prata para o meu pai e agora ele vai matá-la e ao pai dela e a culpa vai ser minha! Por favor, me conta o que sabe para, talvez, eu conseguir tirá-la daqui. Eu preciso recuperar o que eu joguei fora. – a voz de saiu como uma súplica
— Tudo o que eu sei, , é que seu tio foi um rei incrível e que ele nunca aceitaria as coisas que seu pai faz. Mas.... – ela ponderou antes de falar.
— Mas?
— O Jeremy era bom demais, entende? Ele fazia de tudo por todos e isso deixava outros reinos com raiva, eu acredito que isso tenha algo a ver com o desaparecimento dele. Mas, meu filho amado, eu tenho certeza que isso não tem nada a ver com os curandeiros, por que eles só sumiriam com seu tio, hm? Seria muito mais vantajoso eles sumirem com todos nós. Pelo pouco que me falou da , eu tenho certeza que ela é uma menina incrível. – ela sorriu, plantando um beijo na cabeça do príncipe que mantinha um semblante triste e abatido.
— Me ajuda a tirá-la de lá, por favor.
— Tudo bem. Vamos pensar em algo. Agora vá para o seu quarto, tome banho que eu vou pedir para levarem algo para você comer. Antes de ir, eu preciso perguntar só uma coisa, confia em mim, ?
— Com a minha vida, mãe.
levantou-se em silêncio e fez exatamente o que a mãe o ordenou, pediu que lhe fizessem um banho bem quente e ficou dentro da banheira até sentir as pontas dos dedos enrugarem. O jovem enrolou a toalha na cintura e se jogou na sua cama. Ficou lá alguns segundos quando foi chamado pela voz da empregada com a bandeja de comida, frutas e uma taça de vinho para acompanhar. Ele agradeceu e trancou a porta. Sentou-se na cadeira que ficava de frente para sua mesa, onde a bandeja estava e ficou encarando a comida na sua frente. Beliscou um pedaço da carne perfeitamente bem assada com batata cozida, mas a refeição não tinha gosto. Ele não conseguia comer enquanto o amor da vida dele estava presa na prisão do castelo.
🏰⚗️⚔️
estava encolhida no canto da parede da masmorra com o rosto escondido entre os joelhos, em silêncio, pensava em como e se iria sair dali com vida. Havia conseguido ajudar o pai que agora dormia profundamente no outro canto da masmorra, quando olhou para pequena janela com a grade do mesmo tamanho, percebeu que já havia começado a tarde, encostou sua cabeça na parede gélida da pequena jaula e ficou com os olhos fechados enquanto tentava dormir.
— ? – a jovem ouviu alguém a chamando e a despertando. – Eu sou Elvira, mãe do .
— O que a senhora está fazendo aqui? Por favor, não me machuca. – ela sussurrou.
— Não, não vou te machucar. — A mulher desenrolou um pedaço de pão e estendeu seu braço para dentro da cela. É pão. Imaginei que estivesse com fome. – ela sorriu de forma materna. – Eu também trouxe água. Entrei enquanto os guardas estão descansando, então esconda bem esse pão quando eu sair, ok? – a menina assentiu, dando uma boa mordida no pão.
— Obrigada. Eu estava com muita fome, mesmo.
— Eu imaginei que estaria... , podemos falar sobre o ?
— Eu prefiro não comentar, majestade. – a rainha levantou um dedo a interrompendo.
— Ele está muito sentido, o pai dele nos ameaçou de morte...
— Ele te contou que colocaram fogo na minha casa, majestade? Ele entregou onde a gente ficava escondido. – a mulher assentiu.
— Eu sabia sim, mas a culpa não foi dele. Meu filho nunca machucaria você ou seu pai, se o ama como ele me falava que vocês se amavam, você sabe.
Claro que ela sabia. Ela sabia com cada batida do seu coração que a amava e ela também o amava.
— Eu sei que ele não faria de propósito. Mas eu tenho direito de me revoltar, não tenho? A senhora não deve saber o que é ser enganada como eu, vive no conforto, com comida boa, panos luxuosos, empregados...
— Não me julgue apenas por isso, mocinha. Você não sabe o que eu passo com meu marido, ou acha que eu gosto de andar atrás dele quando estamos em outros reinos, de só ficar quieta e concordar, de ter tido a obrigação de lhe ter dado um herdeiro homem... Você não sabe como é. Enfim, eu te trouxe uma proposta, . Mas ela requer sacrifícios. O pior deles. Seu pai terá que ficar.
— O quê? – a menina disse, se levantando.
— É arriscado para mim, ok? Eu consigo tirar você daqui, menos ele. Mas eu garanto que seu pai não vai morrer. Garanto que faço o rei desistir. Mas você terá que ir. Você vai ter que fingir que morreu. Esse é meu plano.
— Fingir que eu morri? Esse é seu plano? Enquanto eu deixo meu pai aqui, completamente sozinho, achando que eu morri?!
— Exato. Para poder chamar ajuda e enfrentar meu marido.
relutou antes de responder, não poderia deixar seu pai achar que ela morreu, isso acabaria com ele antes mesmo de tentarem matá-lo, mas não podia ficar ali e esperar o pior. Pensou em tudo que queria fazer, os lugares que ela sonhava em viajar com seu cavalo, os perfumes que não conhecia, o cheiro de grama molhada depois da chuva que ela tanto amava, seus amigos de Prudence... e o .
— Tudo bem. Eu topo. – ela engoliu seco. – Como vamos fazer isso?
— Eu vou te dar um remédio que vai parecer que você morreu. É simples.
— Tudo bem. Eu não tenho nada a perder mesmo. Só promete que não vão matar meu pai, por favor.
— Lhe dou minha palavra. – ela sorriu e ajeitou suas vestes reais. – Eu volto de madrugada, fique esperta.
🏰⚗️⚔️
Elvira saiu rapidamente das masmorras e cortou caminho até a cozinha, onde encontrou uma pessoa misteriosa que já a aguardava com a poção de Beladona**. Tirou da barra do seu vestido um saco de tecido pequeno com algumas moedas e essa desapareceu entre o jardim e a rainha voltou para dentro do palácio, escondendo o pequeno vidro no mesmo lugar que antes era ocupado pelo saco de moedas.
Elvira sabia que se alguém descobrisse o que estava fazendo e para quem estava fazendo, estaria acabada. Condenada à forca pela mais alta traição. Mas ver seu filho naquele estado a fez mudar de ideia. Enquanto ia para seus aposentos, a rainha pediu que um empregado de confiança fosse até o reino mais próximo e conversasse com o botânico de lá, o que lhe deu a poção que precisava. Esperaria o momento certo de agir e salvar . Bateu na porta de e ele a abriu, com um semblante triste, mas sempre sorria ao ver sua mãe.
— Como você está, querido? – ela disse, afagando o cabelo do jovem, o tirando dos longos cílios negros que o mesmo possuíra.
— Poderia estar bem melhor, mas acho que vou sobreviver. E a ? Ela está bem?
— Está. Eu levei pão e água para ela agora mesmo. Ela parecia abatida, mas acho que está bem sim.
— Ela é linda, não é? Eu queria só ter mais uma chance de fazê-la feliz, de mostrar que me arrependi.
— Bom, talvez devesse fazer isso antes que seja tarde demais. – ela pigarreou.
— Como assim? Por quê?!
— Eu quis dizer antes que tentem o pior com ela, por causa do seu pai.
— Tem razão. Eu vou até lá mesmo que ela me rejeite, eu não vou desistir dela. – o menino saltou da cama e marchou para o lado de fora do quarto.
Enquanto isso, na masmorra, Atkins era tirado de perto de pelos guardas de Hunter, pois eles tinham medo que a jovem carregasse algo que fizesse o pai recuperar as forças e a deixaram sozinha na cela mais escura e a mais longe de todas, iluminada somente pelo brilho da lua do lado de fora que anunciava que agora faltavam poucas horas para ela ir embora e deixar toda sua vida para trás.
— ? – a menina virou a cabeça para o lado e o viu bem parado ali. Lindo. Com cheiro de rosas que entorpeceram seu nariz e fizeram com que ela esquecesse tudo o que tinha acontecido entre eles. – Eu só quero conversar. Por favor.
— Tudo bem. Mas e os guardas?
— Disse que queria avisar a você pessoalmente sobre o dia da execução, meu pai ficou todo orgulhoso de mim, então eles saíram quando eu mandei.
– Entendi.
— Só queria dizer que eu te amo e que eu sinto muito mesmo por ter mentido. Sinto muito por não ter protegido você, o nosso amor, tudo. Mas quando ele disse que ia matar minha mãe, eu não tive saída.
— Sua mãe me disse tudo isso, eu entendi agora. Eu também faria o mesmo – ela sorriu, triste. – Estava certo em defender sua mãe, sempre defenda. Eu também defenderia a minha se pudesse.
— Eu só queria que soubesse que eu não sou um monstro horrível ou que eu iria ferir um de vocês de propósito, nunca. Mas meu pai encheu minha cabeça e eu acreditei. Acreditei por ser um burro e eu não te mereço. Eu trouxe isso para você, é minha corrente da sorte. – sorriu de lado, o que fez o coração dela dar uma pirueta. – Vai te proteger.
puxou o pescoço dele e o beijou contra a grade. Eles já haviam se beijado algumas vezes, mas não como agora. Era um beijo apaixonado. Como se toda a vida deles fosse posta à venda naquele beijo. Ele atravessou o braço entre os espaços da cela e a puxou para mais perto dele, por mais que ainda tivesse uma grade separando os dois. Sabia que tipo de limites podiam ter, uma vez que ela ainda era três anos mais jovem do que ele e ele não queria ultrapassar nenhum. Plantou um beijo no pé da orelha da namorada e se afastou devagar.
— Eu não quero te perder... – ele disse, com a voz embargada. – poderia contar sobre o plano dela com a rainha, mas nunca aceitaria tal proposta, e ela não podia ouvi-lo se encher de esperança sabendo do que ia acontecer mais tarde.
— Aconteça o que acontecer, eu te amo. Para sempre. Agora vai. Antes que desconfiem de algo. – ela roubou o último beijo do rapaz antes dele ir embora. E ela também.
Mais tarde naquela noite, enquanto todos dormiam, continuava acordada ouvindo o tilintar de sapatos ecoando cada vez mais alto na masmorra e ela sabia que estava chegando a hora de ir embora. Levantou, ajeitou o vestido, e espiou pelo lado de fora, vendo que a rainha estava a procurando na cela de mais cedo.
— Aqui! – ela falou alto o suficiente para que só a mais velha a escutasse.
— Pronta?
suspirou e respirou fundo.
— Estou.
— Boa sorte, querida. – ela deu um último sorriso antes da menina virar a dose da poção e devolver o frasco para rainha.
Um tempo depois de esperarem a poção fazer efeito, havia apagado. Seria agora ou nunca.
— Guardas! – bradou Elvira.
Nessa hora um soldado bem vestido brotou do lado da rainha, com o corpo reto e esperando ordem.
—Veja! A curandeira está morta. Avise ao rei e tire o corpo daqui. – ele concordou, olhando o corpo “morto” da jovem.
— O que vamos fazer com ele, majestade? – perguntou.
— Jogue perto do rio, de preferência, no limite do reino.
— Sim, senhora.
Elvira marchou para longe dele escondendo um sorriso de alívio. Ela sabia que a morte de partiria o coração de seu filho, mas era a única saída que a jovem tinha para sobreviver. E é assim que precisou ser feito. Pelo bem de todos, inclusive .
Beladona** é uma planta nativa da Europa, segundo o site British Council, ela foi usada por Julieta no clássico de W. Shakespeare, para se fingir de morta. Essa planta, segundo o site, causa efeito catatônico, porém precisa ser administrada em doses baixas, pois é uma planta extremamente tóxica.
Curiosidade: Já Romeu, as escolhas mais prováveis seriam o cianureto de potássio ou a erva do acônito, veneno usado desde a Idade Média. Ambos causariam uma parada respiratória rapidamente.
FONTE: britishcouncil.org.br
— Fiz tudo errado, mãe. Ela me odeia. Você tinha que ver o jeito que ela me olhou, a está com ódio de mim. – o jovem disse, se sentando do lado das pernas da mãe, apoiando a cabeça na perna dela enquanto ela afagava seus cabelos carinhosamente.
— Você sabe que não teve culpa, filho, você foi obrigado pelo seu pai. Você não é assim, não é como ele.
— Como não? Eu entreguei a mulher que eu amo numa bandeja de prata para o meu pai e agora ele vai matá-la e ao pai dela e a culpa vai ser minha! Por favor, me conta o que sabe para, talvez, eu conseguir tirá-la daqui. Eu preciso recuperar o que eu joguei fora. – a voz de saiu como uma súplica
— Tudo o que eu sei, , é que seu tio foi um rei incrível e que ele nunca aceitaria as coisas que seu pai faz. Mas.... – ela ponderou antes de falar.
— Mas?
— O Jeremy era bom demais, entende? Ele fazia de tudo por todos e isso deixava outros reinos com raiva, eu acredito que isso tenha algo a ver com o desaparecimento dele. Mas, meu filho amado, eu tenho certeza que isso não tem nada a ver com os curandeiros, por que eles só sumiriam com seu tio, hm? Seria muito mais vantajoso eles sumirem com todos nós. Pelo pouco que me falou da , eu tenho certeza que ela é uma menina incrível. – ela sorriu, plantando um beijo na cabeça do príncipe que mantinha um semblante triste e abatido.
— Me ajuda a tirá-la de lá, por favor.
— Tudo bem. Vamos pensar em algo. Agora vá para o seu quarto, tome banho que eu vou pedir para levarem algo para você comer. Antes de ir, eu preciso perguntar só uma coisa, confia em mim, ?
— Com a minha vida, mãe.
levantou-se em silêncio e fez exatamente o que a mãe o ordenou, pediu que lhe fizessem um banho bem quente e ficou dentro da banheira até sentir as pontas dos dedos enrugarem. O jovem enrolou a toalha na cintura e se jogou na sua cama. Ficou lá alguns segundos quando foi chamado pela voz da empregada com a bandeja de comida, frutas e uma taça de vinho para acompanhar. Ele agradeceu e trancou a porta. Sentou-se na cadeira que ficava de frente para sua mesa, onde a bandeja estava e ficou encarando a comida na sua frente. Beliscou um pedaço da carne perfeitamente bem assada com batata cozida, mas a refeição não tinha gosto. Ele não conseguia comer enquanto o amor da vida dele estava presa na prisão do castelo.
estava encolhida no canto da parede da masmorra com o rosto escondido entre os joelhos, em silêncio, pensava em como e se iria sair dali com vida. Havia conseguido ajudar o pai que agora dormia profundamente no outro canto da masmorra, quando olhou para pequena janela com a grade do mesmo tamanho, percebeu que já havia começado a tarde, encostou sua cabeça na parede gélida da pequena jaula e ficou com os olhos fechados enquanto tentava dormir.
— ? – a jovem ouviu alguém a chamando e a despertando. – Eu sou Elvira, mãe do .
— O que a senhora está fazendo aqui? Por favor, não me machuca. – ela sussurrou.
— Não, não vou te machucar. — A mulher desenrolou um pedaço de pão e estendeu seu braço para dentro da cela. É pão. Imaginei que estivesse com fome. – ela sorriu de forma materna. – Eu também trouxe água. Entrei enquanto os guardas estão descansando, então esconda bem esse pão quando eu sair, ok? – a menina assentiu, dando uma boa mordida no pão.
— Obrigada. Eu estava com muita fome, mesmo.
— Eu imaginei que estaria... , podemos falar sobre o ?
— Eu prefiro não comentar, majestade. – a rainha levantou um dedo a interrompendo.
— Ele está muito sentido, o pai dele nos ameaçou de morte...
— Ele te contou que colocaram fogo na minha casa, majestade? Ele entregou onde a gente ficava escondido. – a mulher assentiu.
— Eu sabia sim, mas a culpa não foi dele. Meu filho nunca machucaria você ou seu pai, se o ama como ele me falava que vocês se amavam, você sabe.
Claro que ela sabia. Ela sabia com cada batida do seu coração que a amava e ela também o amava.
— Eu sei que ele não faria de propósito. Mas eu tenho direito de me revoltar, não tenho? A senhora não deve saber o que é ser enganada como eu, vive no conforto, com comida boa, panos luxuosos, empregados...
— Não me julgue apenas por isso, mocinha. Você não sabe o que eu passo com meu marido, ou acha que eu gosto de andar atrás dele quando estamos em outros reinos, de só ficar quieta e concordar, de ter tido a obrigação de lhe ter dado um herdeiro homem... Você não sabe como é. Enfim, eu te trouxe uma proposta, . Mas ela requer sacrifícios. O pior deles. Seu pai terá que ficar.
— O quê? – a menina disse, se levantando.
— É arriscado para mim, ok? Eu consigo tirar você daqui, menos ele. Mas eu garanto que seu pai não vai morrer. Garanto que faço o rei desistir. Mas você terá que ir. Você vai ter que fingir que morreu. Esse é meu plano.
— Fingir que eu morri? Esse é seu plano? Enquanto eu deixo meu pai aqui, completamente sozinho, achando que eu morri?!
— Exato. Para poder chamar ajuda e enfrentar meu marido.
relutou antes de responder, não poderia deixar seu pai achar que ela morreu, isso acabaria com ele antes mesmo de tentarem matá-lo, mas não podia ficar ali e esperar o pior. Pensou em tudo que queria fazer, os lugares que ela sonhava em viajar com seu cavalo, os perfumes que não conhecia, o cheiro de grama molhada depois da chuva que ela tanto amava, seus amigos de Prudence... e o .
— Tudo bem. Eu topo. – ela engoliu seco. – Como vamos fazer isso?
— Eu vou te dar um remédio que vai parecer que você morreu. É simples.
— Tudo bem. Eu não tenho nada a perder mesmo. Só promete que não vão matar meu pai, por favor.
— Lhe dou minha palavra. – ela sorriu e ajeitou suas vestes reais. – Eu volto de madrugada, fique esperta.
Elvira saiu rapidamente das masmorras e cortou caminho até a cozinha, onde encontrou uma pessoa misteriosa que já a aguardava com a poção de Beladona**. Tirou da barra do seu vestido um saco de tecido pequeno com algumas moedas e essa desapareceu entre o jardim e a rainha voltou para dentro do palácio, escondendo o pequeno vidro no mesmo lugar que antes era ocupado pelo saco de moedas.
Elvira sabia que se alguém descobrisse o que estava fazendo e para quem estava fazendo, estaria acabada. Condenada à forca pela mais alta traição. Mas ver seu filho naquele estado a fez mudar de ideia. Enquanto ia para seus aposentos, a rainha pediu que um empregado de confiança fosse até o reino mais próximo e conversasse com o botânico de lá, o que lhe deu a poção que precisava. Esperaria o momento certo de agir e salvar . Bateu na porta de e ele a abriu, com um semblante triste, mas sempre sorria ao ver sua mãe.
— Como você está, querido? – ela disse, afagando o cabelo do jovem, o tirando dos longos cílios negros que o mesmo possuíra.
— Poderia estar bem melhor, mas acho que vou sobreviver. E a ? Ela está bem?
— Está. Eu levei pão e água para ela agora mesmo. Ela parecia abatida, mas acho que está bem sim.
— Ela é linda, não é? Eu queria só ter mais uma chance de fazê-la feliz, de mostrar que me arrependi.
— Bom, talvez devesse fazer isso antes que seja tarde demais. – ela pigarreou.
— Como assim? Por quê?!
— Eu quis dizer antes que tentem o pior com ela, por causa do seu pai.
— Tem razão. Eu vou até lá mesmo que ela me rejeite, eu não vou desistir dela. – o menino saltou da cama e marchou para o lado de fora do quarto.
Enquanto isso, na masmorra, Atkins era tirado de perto de pelos guardas de Hunter, pois eles tinham medo que a jovem carregasse algo que fizesse o pai recuperar as forças e a deixaram sozinha na cela mais escura e a mais longe de todas, iluminada somente pelo brilho da lua do lado de fora que anunciava que agora faltavam poucas horas para ela ir embora e deixar toda sua vida para trás.
— ? – a menina virou a cabeça para o lado e o viu bem parado ali. Lindo. Com cheiro de rosas que entorpeceram seu nariz e fizeram com que ela esquecesse tudo o que tinha acontecido entre eles. – Eu só quero conversar. Por favor.
— Tudo bem. Mas e os guardas?
— Disse que queria avisar a você pessoalmente sobre o dia da execução, meu pai ficou todo orgulhoso de mim, então eles saíram quando eu mandei.
– Entendi.
— Só queria dizer que eu te amo e que eu sinto muito mesmo por ter mentido. Sinto muito por não ter protegido você, o nosso amor, tudo. Mas quando ele disse que ia matar minha mãe, eu não tive saída.
— Sua mãe me disse tudo isso, eu entendi agora. Eu também faria o mesmo – ela sorriu, triste. – Estava certo em defender sua mãe, sempre defenda. Eu também defenderia a minha se pudesse.
— Eu só queria que soubesse que eu não sou um monstro horrível ou que eu iria ferir um de vocês de propósito, nunca. Mas meu pai encheu minha cabeça e eu acreditei. Acreditei por ser um burro e eu não te mereço. Eu trouxe isso para você, é minha corrente da sorte. – sorriu de lado, o que fez o coração dela dar uma pirueta. – Vai te proteger.
puxou o pescoço dele e o beijou contra a grade. Eles já haviam se beijado algumas vezes, mas não como agora. Era um beijo apaixonado. Como se toda a vida deles fosse posta à venda naquele beijo. Ele atravessou o braço entre os espaços da cela e a puxou para mais perto dele, por mais que ainda tivesse uma grade separando os dois. Sabia que tipo de limites podiam ter, uma vez que ela ainda era três anos mais jovem do que ele e ele não queria ultrapassar nenhum. Plantou um beijo no pé da orelha da namorada e se afastou devagar.
— Eu não quero te perder... – ele disse, com a voz embargada. – poderia contar sobre o plano dela com a rainha, mas nunca aceitaria tal proposta, e ela não podia ouvi-lo se encher de esperança sabendo do que ia acontecer mais tarde.
— Aconteça o que acontecer, eu te amo. Para sempre. Agora vai. Antes que desconfiem de algo. – ela roubou o último beijo do rapaz antes dele ir embora. E ela também.
Mais tarde naquela noite, enquanto todos dormiam, continuava acordada ouvindo o tilintar de sapatos ecoando cada vez mais alto na masmorra e ela sabia que estava chegando a hora de ir embora. Levantou, ajeitou o vestido, e espiou pelo lado de fora, vendo que a rainha estava a procurando na cela de mais cedo.
— Aqui! – ela falou alto o suficiente para que só a mais velha a escutasse.
— Pronta?
suspirou e respirou fundo.
— Estou.
— Boa sorte, querida. – ela deu um último sorriso antes da menina virar a dose da poção e devolver o frasco para rainha.
Um tempo depois de esperarem a poção fazer efeito, havia apagado. Seria agora ou nunca.
— Guardas! – bradou Elvira.
Nessa hora um soldado bem vestido brotou do lado da rainha, com o corpo reto e esperando ordem.
—Veja! A curandeira está morta. Avise ao rei e tire o corpo daqui. – ele concordou, olhando o corpo “morto” da jovem.
— O que vamos fazer com ele, majestade? – perguntou.
— Jogue perto do rio, de preferência, no limite do reino.
— Sim, senhora.
Elvira marchou para longe dele escondendo um sorriso de alívio. Ela sabia que a morte de partiria o coração de seu filho, mas era a única saída que a jovem tinha para sobreviver. E é assim que precisou ser feito. Pelo bem de todos, inclusive .
Beladona** é uma planta nativa da Europa, segundo o site British Council, ela foi usada por Julieta no clássico de W. Shakespeare, para se fingir de morta. Essa planta, segundo o site, causa efeito catatônico, porém precisa ser administrada em doses baixas, pois é uma planta extremamente tóxica.
Curiosidade: Já Romeu, as escolhas mais prováveis seriam o cianureto de potássio ou a erva do acônito, veneno usado desde a Idade Média. Ambos causariam uma parada respiratória rapidamente.
FONTE: britishcouncil.org.br
Capítulo V
’s POV
Acordei com os raios de sol batendo nos meus cílios e com o barulho que me fez despertar vindo do lado de fora, levantei ainda cambaleante devido ao sono, e procurei a tina de água para lavar o rosto e molhar a boca. Troquei rapidamente de roupa e fui para fora dos meus aposentos. Todos no castelo estavam cochichando, ora horrorizados, outros chocados e o restante apenas não expressavam qualquer tipo de reação. O castelo não havia ficado tão alvoroçado desde quando meu pai conquistou o reino vizinho, Neurat, há alguns anos.
Quando finalmente cheguei em nossa sala de café da manhã, nossa mesa estava farta, e meu pai estava brindando a algo que meus ouvidos ainda não tinham conseguido escutar devido as risadas que saíam de sua garganta.
— Olha quem chegou! O herói do reino, meu filho, o futuro rei ! – ele disse, levantando a taça de vinho bem alta para todos da mesa seguirem o mesmo.
— Bom dia. – disse sem esboçar nenhuma reação. – Qual o motivo da comemoração? – disse, me aproximando e pegando algumas uvas na mão e sentando ao lado de minha mãe que mantinha um rosto indecifrável.
— Graças a você nós temos muito o que comemorar, . Finalmente meu reino vai ser puro outra vez.
— Não entendi onde quer chegar, pai. Pode me explicar melhor?
— A tal curandeira está morta. Foi sua mãe que a viu na masmorra.
Minha cabeça começou a zunir. Minhas mãos começaram a suar frio e meu corpo começou a comichar. havia morrido. E era minha culpa. Levantei sem dizer nenhuma palavra e saí da sala sendo ovacionado por meu pai e seus aliados, que achavam que eu iria me gabar ao pai dela que ainda estava vivo, segundo o que meu pai disse antes que o som da sala fosse abafado pelo som das minhas botas batendo no chão enquanto eu corria o mais rápido possível para longe dali. Peguei meu cavalo na coxia e fui para onde eu a vi pela primeira vez. O nosso lugar. Nosso refúgio.
— Meu amor, quantas saudades eu vou sentir de você. – disse, enquanto tentava manter a voz firme. – Eu fui um burro, eu acreditei no que meu pai disse e quando percebi, era tarde demais.
— Eu te amo tanto. Eu daria minha vida se fosse para te trazer de volta. – comecei a chorar enquanto segurava um dos brincos que eu nunca havia devolvido para ela quando eu a conheci. – Espero que me perdoe onde estiver e eu te prometo, vou fazer justiça por você.
’s POV
Quando despertei estava jogada no meio do nada entre Ártemis e Neurat, apoiei os cotovelos no chão e segurei a cabeça enquanto ela fazia uma volta completa nela mesmo. Esperei alguns segundos até que eu corpo voltasse ao normal e eu pudesse levantar. Assim que eu senti que o efeito da poção havia passado, ergui meu corpo do chão e fui procurar por água. Qual era o risco de realmente ser morta no meio do nada? Eu diria que com certeza eu seria caso anoitecesse e eu continuasse vagando como uma meretriz sem rumo. Andei por mais alguns quilômetros até que vi uma fumaça saindo de uma chaminé de uma casinha afastada de tudo. Tirei uma das botas de cano alto que usava e tirei o solado, mostrando a pequena adaga*** que meu pai havia me dado para me proteger caso precisasse, e calcei de novo. Quando cheguei na porta do casebre dei leves batidas com uma das mãos escondida com a adaga se eu precisasse. Assim que a porta rangeu e a figura apareceu diante dos meus olhos, lá estava um homem alto, com uma cara nada agradável.
— O que quer? – cacarejou, ríspido
— Meu nome é . – disse, respirando fundo – Eu estava viajando com uma caravana de vendedores e me perdi da minha família, será que você pode me dar um pouco de água e um pedaço de pão? – continuei, fazendo a minha melhor cara de coitada.
— Claro. – ele sorriu.
— Obrigada. – disse, entrando na casa e observando todas as possíveis armas que eu teria ao meu alcance, mas antes que eu meu raciocínio fosse elaborado, eu senti uma força me puxando para trás, fazendo com que eu gritasse de forma assustada.
— Você parece ser muito legal, garota. – ele disse, cheirando meu pescoço – A gente pode fazer uma troca de favores.
— Me solta! – disse, enquanto tentava tirar meus cabelos das mãos dele, mas quanto mais eu puxava, mais ele puxava meu cabelo.
— Não sei se acha que eu sou bobo, mas eu não sou. Acha que eu caí nesse papinho de caravana?
— Eu juro por tudo no mundo que é só isso! – gritei.
— Se você me deixar aproveitar um pouco da sua companhia, eu deixo você ficar. O que acha? Solta essa adaga agora. – senti seu hálito de vinho bater no meu rosto quando ele me rodou e colocou o rosto perto do meu, apertando meu punho forte o suficiente para fazer eu soltar a adaga no chão.
— Nem que para isso eu tenha que morrer! – bati com a cuia que estava na mesa do lado de sua cabeça e corri para o lado de fora.
Parecia que quanto mais eu corria, mais rápido ele ficava correndo atrás de mim. Seria esse meu fim? Morta por um bêbado? Me escondi atrás de uma árvore e respirei fundo, tentando controlar a respiração, quando o homem que estava atrás de mim me pegou novamente pelo cabelo e tentou me beijar, mas antes que ele concluísse o ato, ele caiu bem na minha frente, com a testa sangrando.
– Espero que ele não tenha te machucado. – disse.
– Por pouco. – respondi em sussurro. – Quem é você?
– . Moro em Neurat com minha família, mas sempre caço por aqui. Eu vi você correndo e então te segui quando vi esse cara atrás de você. Quer comer? Parece com fome. – assenti e respirei, aliviada.
– Vamos antes que ele acorde, por favor. – saltei por cima dele e fui para perto do rapaz.
deveria ter a minha idade. Me ajudou a subir no cavalo e fomos até a sua casa. Era uma casa simples, mas muito bonita, com um jardim bem verde e janelas grandes amarronzadas, que combinavam com as plantas presas a elas.
– Bem-vinda. – ele sorriu, pegando minha mão e me levando para dentro. – Mãe, pai, trouxe uma visita.
Da cozinha saiu um casal das estórias que me contavam quando era criança. A mulher tinha o cabelo solto em ondas e um vestido que combinava com o tom verde dos seus olhos, e o homem era a cópia do filho.
— Bem-vinda, querida. Eu sou , e você? – ela disse, sorrindo com os dentes mais brancos que eu já vi.
— . – sorri em resposta.
— Mãe, ela quase passou um sufoco com um bêbado na floresta. – Nick protestou. – Dei uma bela pedrada na cabeça dele, diga-se de passagem.
— ! Bom, não gosto de violência, mas foi necessário – ela disse por fim. – Vou arrumar roupas limpas para ela. Pode me ajudar?
Ele assentiu e saiu com a mãe, me deixando sozinha encarando o homem. Já esse tinha um olhar suave e gentil, mas uma aparência de quem já havia sofrido muito. Permaneci no mesmo lugar esperando que ele falasse algo.
— Você quer comer? Acabamos de fazer sopa. – ele sorriu. – Está divina!
— Por favor – o segui até a cozinha.
— , não é? – assenti.
— Muito prazer, Jeremy. – ele piscou, enquanto enchia a tigela de sopa.
— Prazer em conhecer. – disse, devolvendo o sorriso.
Conversamos mais um pouco até que e Nick voltaram de braços dados com roupas limpas e uma toalha.
— , fique conosco. – puxou a conversa. – Não é seguro uma jovem andar por aí sozinha.
— Temo não ser possível. – disse, tímida.
— Por quê? – foi a vez de protestar. Suspirei e puxei a manga do vestido.
— Sou uma curandeira. E fugi justamente por isso.
— Ora, não seja boba! – disse, empurrando o ar. – Jeremy é botânico, ele vai amar ter mais uma para entendê-lo. — Por favor, vamos te tratar como uma de nós!
— Não vou incomodar? – eles negaram. – Tudo bem. Obrigada por me acolherem.
Conversamos enquanto comíamos a sopa que havia feito e depois ela me mostrou o quarto que eu ficaria. Deitei confortável na cama que eles tinham e ajeitei meu corpo nas cobertas. Algo me dizia que mesmo longe de casa, eu também tinha um novo lar. Adormeci segurando a corrente que havia me dado e naquela noite sonhei que ficaríamos juntos e que tudo ficaria bem.
Adaga*** é uma lâmina de dois gumes usada para esfaquear, pois tem uma frente muito afiada e uma lâmina estreita que penetra facilmente na pele humana, pois foi afiada em ambos os lados.
Acordei com os raios de sol batendo nos meus cílios e com o barulho que me fez despertar vindo do lado de fora, levantei ainda cambaleante devido ao sono, e procurei a tina de água para lavar o rosto e molhar a boca. Troquei rapidamente de roupa e fui para fora dos meus aposentos. Todos no castelo estavam cochichando, ora horrorizados, outros chocados e o restante apenas não expressavam qualquer tipo de reação. O castelo não havia ficado tão alvoroçado desde quando meu pai conquistou o reino vizinho, Neurat, há alguns anos.
Quando finalmente cheguei em nossa sala de café da manhã, nossa mesa estava farta, e meu pai estava brindando a algo que meus ouvidos ainda não tinham conseguido escutar devido as risadas que saíam de sua garganta.
— Olha quem chegou! O herói do reino, meu filho, o futuro rei ! – ele disse, levantando a taça de vinho bem alta para todos da mesa seguirem o mesmo.
— Bom dia. – disse sem esboçar nenhuma reação. – Qual o motivo da comemoração? – disse, me aproximando e pegando algumas uvas na mão e sentando ao lado de minha mãe que mantinha um rosto indecifrável.
— Graças a você nós temos muito o que comemorar, . Finalmente meu reino vai ser puro outra vez.
— Não entendi onde quer chegar, pai. Pode me explicar melhor?
— A tal curandeira está morta. Foi sua mãe que a viu na masmorra.
Minha cabeça começou a zunir. Minhas mãos começaram a suar frio e meu corpo começou a comichar. havia morrido. E era minha culpa. Levantei sem dizer nenhuma palavra e saí da sala sendo ovacionado por meu pai e seus aliados, que achavam que eu iria me gabar ao pai dela que ainda estava vivo, segundo o que meu pai disse antes que o som da sala fosse abafado pelo som das minhas botas batendo no chão enquanto eu corria o mais rápido possível para longe dali. Peguei meu cavalo na coxia e fui para onde eu a vi pela primeira vez. O nosso lugar. Nosso refúgio.
— Meu amor, quantas saudades eu vou sentir de você. – disse, enquanto tentava manter a voz firme. – Eu fui um burro, eu acreditei no que meu pai disse e quando percebi, era tarde demais.
— Eu te amo tanto. Eu daria minha vida se fosse para te trazer de volta. – comecei a chorar enquanto segurava um dos brincos que eu nunca havia devolvido para ela quando eu a conheci. – Espero que me perdoe onde estiver e eu te prometo, vou fazer justiça por você.
’s POV
Quando despertei estava jogada no meio do nada entre Ártemis e Neurat, apoiei os cotovelos no chão e segurei a cabeça enquanto ela fazia uma volta completa nela mesmo. Esperei alguns segundos até que eu corpo voltasse ao normal e eu pudesse levantar. Assim que eu senti que o efeito da poção havia passado, ergui meu corpo do chão e fui procurar por água. Qual era o risco de realmente ser morta no meio do nada? Eu diria que com certeza eu seria caso anoitecesse e eu continuasse vagando como uma meretriz sem rumo. Andei por mais alguns quilômetros até que vi uma fumaça saindo de uma chaminé de uma casinha afastada de tudo. Tirei uma das botas de cano alto que usava e tirei o solado, mostrando a pequena adaga*** que meu pai havia me dado para me proteger caso precisasse, e calcei de novo. Quando cheguei na porta do casebre dei leves batidas com uma das mãos escondida com a adaga se eu precisasse. Assim que a porta rangeu e a figura apareceu diante dos meus olhos, lá estava um homem alto, com uma cara nada agradável.
— O que quer? – cacarejou, ríspido
— Meu nome é . – disse, respirando fundo – Eu estava viajando com uma caravana de vendedores e me perdi da minha família, será que você pode me dar um pouco de água e um pedaço de pão? – continuei, fazendo a minha melhor cara de coitada.
— Claro. – ele sorriu.
— Obrigada. – disse, entrando na casa e observando todas as possíveis armas que eu teria ao meu alcance, mas antes que eu meu raciocínio fosse elaborado, eu senti uma força me puxando para trás, fazendo com que eu gritasse de forma assustada.
— Você parece ser muito legal, garota. – ele disse, cheirando meu pescoço – A gente pode fazer uma troca de favores.
— Me solta! – disse, enquanto tentava tirar meus cabelos das mãos dele, mas quanto mais eu puxava, mais ele puxava meu cabelo.
— Não sei se acha que eu sou bobo, mas eu não sou. Acha que eu caí nesse papinho de caravana?
— Eu juro por tudo no mundo que é só isso! – gritei.
— Se você me deixar aproveitar um pouco da sua companhia, eu deixo você ficar. O que acha? Solta essa adaga agora. – senti seu hálito de vinho bater no meu rosto quando ele me rodou e colocou o rosto perto do meu, apertando meu punho forte o suficiente para fazer eu soltar a adaga no chão.
— Nem que para isso eu tenha que morrer! – bati com a cuia que estava na mesa do lado de sua cabeça e corri para o lado de fora.
Parecia que quanto mais eu corria, mais rápido ele ficava correndo atrás de mim. Seria esse meu fim? Morta por um bêbado? Me escondi atrás de uma árvore e respirei fundo, tentando controlar a respiração, quando o homem que estava atrás de mim me pegou novamente pelo cabelo e tentou me beijar, mas antes que ele concluísse o ato, ele caiu bem na minha frente, com a testa sangrando.
– Espero que ele não tenha te machucado. – disse.
– Por pouco. – respondi em sussurro. – Quem é você?
– . Moro em Neurat com minha família, mas sempre caço por aqui. Eu vi você correndo e então te segui quando vi esse cara atrás de você. Quer comer? Parece com fome. – assenti e respirei, aliviada.
– Vamos antes que ele acorde, por favor. – saltei por cima dele e fui para perto do rapaz.
deveria ter a minha idade. Me ajudou a subir no cavalo e fomos até a sua casa. Era uma casa simples, mas muito bonita, com um jardim bem verde e janelas grandes amarronzadas, que combinavam com as plantas presas a elas.
– Bem-vinda. – ele sorriu, pegando minha mão e me levando para dentro. – Mãe, pai, trouxe uma visita.
Da cozinha saiu um casal das estórias que me contavam quando era criança. A mulher tinha o cabelo solto em ondas e um vestido que combinava com o tom verde dos seus olhos, e o homem era a cópia do filho.
— Bem-vinda, querida. Eu sou , e você? – ela disse, sorrindo com os dentes mais brancos que eu já vi.
— . – sorri em resposta.
— Mãe, ela quase passou um sufoco com um bêbado na floresta. – Nick protestou. – Dei uma bela pedrada na cabeça dele, diga-se de passagem.
— ! Bom, não gosto de violência, mas foi necessário – ela disse por fim. – Vou arrumar roupas limpas para ela. Pode me ajudar?
Ele assentiu e saiu com a mãe, me deixando sozinha encarando o homem. Já esse tinha um olhar suave e gentil, mas uma aparência de quem já havia sofrido muito. Permaneci no mesmo lugar esperando que ele falasse algo.
— Você quer comer? Acabamos de fazer sopa. – ele sorriu. – Está divina!
— Por favor – o segui até a cozinha.
— , não é? – assenti.
— Muito prazer, Jeremy. – ele piscou, enquanto enchia a tigela de sopa.
— Prazer em conhecer. – disse, devolvendo o sorriso.
Conversamos mais um pouco até que e Nick voltaram de braços dados com roupas limpas e uma toalha.
— , fique conosco. – puxou a conversa. – Não é seguro uma jovem andar por aí sozinha.
— Temo não ser possível. – disse, tímida.
— Por quê? – foi a vez de protestar. Suspirei e puxei a manga do vestido.
— Sou uma curandeira. E fugi justamente por isso.
— Ora, não seja boba! – disse, empurrando o ar. – Jeremy é botânico, ele vai amar ter mais uma para entendê-lo. — Por favor, vamos te tratar como uma de nós!
— Não vou incomodar? – eles negaram. – Tudo bem. Obrigada por me acolherem.
Conversamos enquanto comíamos a sopa que havia feito e depois ela me mostrou o quarto que eu ficaria. Deitei confortável na cama que eles tinham e ajeitei meu corpo nas cobertas. Algo me dizia que mesmo longe de casa, eu também tinha um novo lar. Adormeci segurando a corrente que havia me dado e naquela noite sonhei que ficaríamos juntos e que tudo ficaria bem.
Adaga*** é uma lâmina de dois gumes usada para esfaquear, pois tem uma frente muito afiada e uma lâmina estreita que penetra facilmente na pele humana, pois foi afiada em ambos os lados.
Capítulo VI
Alguns dias depois...
abriu os olhos lentamente. Um cheiro agradável de chá, com um leve toque de açúcar, tomava conta do ar. O ambiente já iluminado pelo sol a fez levantar, a jovem coçou os olhos e seguiu aquele cheiro inebriante de comida que vinha da cozinha onde encontrou toda família sentada começando a se servir com um lugar vazio arrumado com xícaras, guardanapo e um conjuntinho de três pratos esperando por ela.
— Bom dia. – sorriu, tímida. – Dormiram bem?
— Bom dia, querida! – sorriu, dando um beijo na sua testa. – O que quer comer?
— Com o cheiro maravilhoso que está vindo daqui, tudo! – ela riu, se sentando perto de , que deu um piscadinha de canto de olho. — Temos pão, bolo de milho, brioches de canela com açúcar, queijos e manteiga – Jeremy disse, apontando para cada lugar da mesa.
— Parece tudo delicioso, obrigada. – ela sorriu, tímida — Hoje eu vou até a cidade comprar algumas coisas, se quiser vir comigo, vai ser divertido. – Nick disse, sorrindo para menina.
— E-eu não sei, pode ser arriscado, tecnicamente eu morri. – ela disse, apreensiva.
— Tudo bem, - ele deu de ombros – Mas não pode ficar presa aqui para sempre, e aqui acho que ninguém vai te conhecer. Eu te protejo.
— Eu vou pensar. Prometo. – respondeu, enchendo sua xícara de chá e bebendo um gole pequeno enquanto eles entravam em alguma conversa que logo preencheu o lugar de risadas. Mesmo com todo sofrimento em seu coração, finalmente tinha um novo lugar e um lar.
Quando acabaram de tomar café, fez questão de ajudar com a limpeza da cozinha enquanto Jeremy e iam arrumar o cavalo para ir até a cidade. também ajudou a preparar uma trouxa de pães e água para Nick levar até a cidade, caso sentisse fome pelo caminho.
— Tem certeza de que não quer ir? O cuidaria de você muito bem. – pontuou mais uma vez, tentando convencer a menina de que não seria má ideia ela respirar um pouco.
— Será? – ela perguntou.
— Querida, pensam que você morreu. Qual é o perigo?
— Tudo bem. Você está certa. Eu não posso viver com medo, não é? – a mulher assentiu. – Eu irei. Pode colocar mais água, por favor? Vou avisar ao que irei junto. – ela secou a mão no pano de prato e foi atrás do menino.
atravessou o quintal da casa e o viu o menino de longe dando algumas maçãs ao cavalo enquanto penteava sua crina que cintilava por causa do sol.
— ? Ainda tem espaço pra mim? – disse — Sempre! – ele sorriu feliz. – Vamos? — Claro. Vou pegar as coisas lá dentro. Sua mãe separou água e pão. – ela saiu e quando tinha certeza que não estava mais no campo de visão do jovem, deixou um risinho baixo escapar.
🏰⚗️⚔️
Do outro lado, na masmorra do reino, Atkins continuava preso. Sem notícias de e sofrendo ameaças por parte do rei e de seus guerreiros. Mas ele não se deixava abater, ele sabia que iria sair dali mais cedo ou mais tarde. Atkins sempre foi um dos melhores dos seus, desde quando pôde finalmente ser um curandeiro. Ele saberia dizer quando uma planta era venenosa, ou não, apenas olhando para ela. Suspirou fundo, tentando organizar os pensamentos até que foi interrompido por Hunter, acompanhado de e seus homens.
— Ora, ora, Atkins... sabia que eu nunca me canso de saber que você está preso? Nenhuma vitória paga o prazer que eu tenho em ver você definhar como um pano podre e sem serventia. – ele disse, cuspindo dentro da cela do outro homem.
— E nada do que você me falar vai abalar a minha fé. Você não merece esse reino, não merece seu título de rei, você não é nobre. Você é uma farsa. – Atkins rosnou de volta.
— Será mesmo que nada do que eu te disser, vai abalar sua fé? – Hunter disse, alisando o queixo. – Nem se eu falar que sua querida filhinha morreu? – ele riu com escárnio – Jogamos o corpo por aí, quem sabe um urubu ou até mesmo as minhocas não a comam? Isso tudo graças ao . Um rei de verdade. Que logo vai me substituir e acabar de vez com todos vocês.
— Você está blefando. não está morta. – o curandeiro respondeu, respirando fundo, tentando esconder seu nervosismo.
— Diga a ele, , diga que você sabe. – ele disse, jogando o menino para frente, como se esperasse uma salva de palmas.
— É verdade. Ela está morta. – a voz dele saiu como um sussurro triste.
— Provem! – gritou Atkins. – Provem que minha filha está morta!
— Eu tenho uma proposta. Eu queria mesmo era matar você, mas como sua filha fez a passagem primeiro, eu vou lhe fazer uma proposta.
— Não entendi onde isso me ajuda.
— Lute com , se ganhar, deixo você ir. Caso perca, você vai direto para forca.
— Eu prefiro morrer de uma vez a fazer suas vontades! – foi a vez de Atkins cuspir na face de Hunter
— Não sabe com quem está lidando, curandeiro. – ele disse, o agarrando pelo pescoço, o sufocando. – Posso acabar com você sozinho, com minhas próprias mãos. Aliás, não seria má ideia fazer isso agora. Guardas, abram a cela. Vou me divertir um pouco.
— Pai, o que vai fazer? – tentou segurá-lo pelo cotovelo, sem sucesso.
— Vou ensinar para esse lixo qual é o lugar dele. Ele vai se arrepender de vender essas porcarias dele no meu reino! – ele gritou, enquanto o empurrava contra parede. – Vai desejar nunca ter nascido, Atkins.
Antes que pudesse intervir a favor de Atkins, o eco que a cabeça de Atkins fez contra a estrutura, quando Hunter bateu repetidas vezes contra a parede, o distraiu. Quando o corpo forte de Atkins parecia estar diminuindo a cada investida que seu pai fazia contra sua cabeça, mais ele batia. Depois que o homem escorregou pela parede, Hunter mais uma vez o segurou pelo pescoço o sufocando, até com que ele ficasse levemente atordoado e perdido, dando ainda mais espaço para que o monarca atingisse seu rosto com os grandes anéis que ele tinha no dedo. Várias vezes. A cada golpe que ele levava, se encolhia. Ele queria poder ajudar, impedir, mas tinha medo do que ele faria com sua mãe. Ele prometera não machucar , ele acreditou e ela acabou morta. Ele não podia perder sua mãe também. Alguns instantes depois, a cela se abriu e Hunter saiu de dentro da mesma limpando a mão em sua capa.
— Deixe-o agonizar, quando ele estiver quase morrendo, chame alguém que limpe a zona. – disse ele, apontando para um guarda. — Sim, senhor.
— Você vai pagar por tudo isso, Hunter.....- a voz baixa e dolorida de Atkins protestou. – Eu vou sair daqui. Você vai ver. Vou me vingar de você.
— Mortos não se vingam, seu merda. – ele disse, puxando o cabelo do velho para trás. Atkins pegou toda força que tinha e cuspiu um líquido vermelho no rosto de Hunter. E antes que ele o ferisse mais uma vez, a voz do jovem ecoou pelo subsolo.
– Chega! – gritou. – Afaste-se dele, agora! O senhor não vai mais machucar ninguém que eu me importo!
— Como ousa falar assim comigo, rapaz? Sabe bem com quem está falando?! – ele disse, encostando o rosto no dele, como se quisesse mostrar poder.
— E você? Sabe com quem está falando? – rebateu.
— Não me provoque, , você sabe do que eu sou capaz.
— O quê? Vai matar minha mãe? Me matar? O que acha que vão pensar quando toda família real morrer? Você já expulsou os curandeiros, e já matou os que sobraram. Eu tenho uma carta muito bem escondida contando seus crimes. E não adianta tentar achar e queimar, eu escrevi várias e espalhei pelo reino. Eu vou ser seu pior inimigo.
— Que vença o melhor. – ele disse, o encarando.
— Vou vencer, Hunter. E quando eu vencer, é aqui que vai ficar. É onde bandidos de verdade merecem estar.
Ele o encarou como se estivesse esperando um deslize qualquer, e saiu com seu guarda em direção ao castelo principal.
abriu os olhos lentamente. Um cheiro agradável de chá, com um leve toque de açúcar, tomava conta do ar. O ambiente já iluminado pelo sol a fez levantar, a jovem coçou os olhos e seguiu aquele cheiro inebriante de comida que vinha da cozinha onde encontrou toda família sentada começando a se servir com um lugar vazio arrumado com xícaras, guardanapo e um conjuntinho de três pratos esperando por ela.
— Bom dia. – sorriu, tímida. – Dormiram bem?
— Bom dia, querida! – sorriu, dando um beijo na sua testa. – O que quer comer?
— Com o cheiro maravilhoso que está vindo daqui, tudo! – ela riu, se sentando perto de , que deu um piscadinha de canto de olho. — Temos pão, bolo de milho, brioches de canela com açúcar, queijos e manteiga – Jeremy disse, apontando para cada lugar da mesa.
— Parece tudo delicioso, obrigada. – ela sorriu, tímida — Hoje eu vou até a cidade comprar algumas coisas, se quiser vir comigo, vai ser divertido. – Nick disse, sorrindo para menina.
— E-eu não sei, pode ser arriscado, tecnicamente eu morri. – ela disse, apreensiva.
— Tudo bem, - ele deu de ombros – Mas não pode ficar presa aqui para sempre, e aqui acho que ninguém vai te conhecer. Eu te protejo.
— Eu vou pensar. Prometo. – respondeu, enchendo sua xícara de chá e bebendo um gole pequeno enquanto eles entravam em alguma conversa que logo preencheu o lugar de risadas. Mesmo com todo sofrimento em seu coração, finalmente tinha um novo lugar e um lar.
Quando acabaram de tomar café, fez questão de ajudar com a limpeza da cozinha enquanto Jeremy e iam arrumar o cavalo para ir até a cidade. também ajudou a preparar uma trouxa de pães e água para Nick levar até a cidade, caso sentisse fome pelo caminho.
— Tem certeza de que não quer ir? O cuidaria de você muito bem. – pontuou mais uma vez, tentando convencer a menina de que não seria má ideia ela respirar um pouco.
— Será? – ela perguntou.
— Querida, pensam que você morreu. Qual é o perigo?
— Tudo bem. Você está certa. Eu não posso viver com medo, não é? – a mulher assentiu. – Eu irei. Pode colocar mais água, por favor? Vou avisar ao que irei junto. – ela secou a mão no pano de prato e foi atrás do menino.
atravessou o quintal da casa e o viu o menino de longe dando algumas maçãs ao cavalo enquanto penteava sua crina que cintilava por causa do sol.
— ? Ainda tem espaço pra mim? – disse — Sempre! – ele sorriu feliz. – Vamos? — Claro. Vou pegar as coisas lá dentro. Sua mãe separou água e pão. – ela saiu e quando tinha certeza que não estava mais no campo de visão do jovem, deixou um risinho baixo escapar.
— Ora, ora, Atkins... sabia que eu nunca me canso de saber que você está preso? Nenhuma vitória paga o prazer que eu tenho em ver você definhar como um pano podre e sem serventia. – ele disse, cuspindo dentro da cela do outro homem.
— E nada do que você me falar vai abalar a minha fé. Você não merece esse reino, não merece seu título de rei, você não é nobre. Você é uma farsa. – Atkins rosnou de volta.
— Será mesmo que nada do que eu te disser, vai abalar sua fé? – Hunter disse, alisando o queixo. – Nem se eu falar que sua querida filhinha morreu? – ele riu com escárnio – Jogamos o corpo por aí, quem sabe um urubu ou até mesmo as minhocas não a comam? Isso tudo graças ao . Um rei de verdade. Que logo vai me substituir e acabar de vez com todos vocês.
— Você está blefando. não está morta. – o curandeiro respondeu, respirando fundo, tentando esconder seu nervosismo.
— Diga a ele, , diga que você sabe. – ele disse, jogando o menino para frente, como se esperasse uma salva de palmas.
— É verdade. Ela está morta. – a voz dele saiu como um sussurro triste.
— Provem! – gritou Atkins. – Provem que minha filha está morta!
— Eu tenho uma proposta. Eu queria mesmo era matar você, mas como sua filha fez a passagem primeiro, eu vou lhe fazer uma proposta.
— Não entendi onde isso me ajuda.
— Lute com , se ganhar, deixo você ir. Caso perca, você vai direto para forca.
— Eu prefiro morrer de uma vez a fazer suas vontades! – foi a vez de Atkins cuspir na face de Hunter
— Não sabe com quem está lidando, curandeiro. – ele disse, o agarrando pelo pescoço, o sufocando. – Posso acabar com você sozinho, com minhas próprias mãos. Aliás, não seria má ideia fazer isso agora. Guardas, abram a cela. Vou me divertir um pouco.
— Pai, o que vai fazer? – tentou segurá-lo pelo cotovelo, sem sucesso.
— Vou ensinar para esse lixo qual é o lugar dele. Ele vai se arrepender de vender essas porcarias dele no meu reino! – ele gritou, enquanto o empurrava contra parede. – Vai desejar nunca ter nascido, Atkins.
Antes que pudesse intervir a favor de Atkins, o eco que a cabeça de Atkins fez contra a estrutura, quando Hunter bateu repetidas vezes contra a parede, o distraiu. Quando o corpo forte de Atkins parecia estar diminuindo a cada investida que seu pai fazia contra sua cabeça, mais ele batia. Depois que o homem escorregou pela parede, Hunter mais uma vez o segurou pelo pescoço o sufocando, até com que ele ficasse levemente atordoado e perdido, dando ainda mais espaço para que o monarca atingisse seu rosto com os grandes anéis que ele tinha no dedo. Várias vezes. A cada golpe que ele levava, se encolhia. Ele queria poder ajudar, impedir, mas tinha medo do que ele faria com sua mãe. Ele prometera não machucar , ele acreditou e ela acabou morta. Ele não podia perder sua mãe também. Alguns instantes depois, a cela se abriu e Hunter saiu de dentro da mesma limpando a mão em sua capa.
— Deixe-o agonizar, quando ele estiver quase morrendo, chame alguém que limpe a zona. – disse ele, apontando para um guarda. — Sim, senhor.
— Você vai pagar por tudo isso, Hunter.....- a voz baixa e dolorida de Atkins protestou. – Eu vou sair daqui. Você vai ver. Vou me vingar de você.
— Mortos não se vingam, seu merda. – ele disse, puxando o cabelo do velho para trás. Atkins pegou toda força que tinha e cuspiu um líquido vermelho no rosto de Hunter. E antes que ele o ferisse mais uma vez, a voz do jovem ecoou pelo subsolo.
– Chega! – gritou. – Afaste-se dele, agora! O senhor não vai mais machucar ninguém que eu me importo!
— Como ousa falar assim comigo, rapaz? Sabe bem com quem está falando?! – ele disse, encostando o rosto no dele, como se quisesse mostrar poder.
— E você? Sabe com quem está falando? – rebateu.
— Não me provoque, , você sabe do que eu sou capaz.
— O quê? Vai matar minha mãe? Me matar? O que acha que vão pensar quando toda família real morrer? Você já expulsou os curandeiros, e já matou os que sobraram. Eu tenho uma carta muito bem escondida contando seus crimes. E não adianta tentar achar e queimar, eu escrevi várias e espalhei pelo reino. Eu vou ser seu pior inimigo.
— Que vença o melhor. – ele disse, o encarando.
— Vou vencer, Hunter. E quando eu vencer, é aqui que vai ficar. É onde bandidos de verdade merecem estar.
Ele o encarou como se estivesse esperando um deslize qualquer, e saiu com seu guarda em direção ao castelo principal.
Capítulo VII
’s POV
Senti meu sangue gelar nas veias. Por alguns segundos fiquei observando o corpo encolhido de Atkins enquanto ele gemia de dor. Meu pai era um homem mau, ele não tinha escrúpulos, ele mataria alguém para ter o poder que ele tem, eu não tinha dúvidas. Ele com certeza tinha envolvimento com a morte da minha . Esperei até que a voz dele não fosse mais ouvida nos corredores da masmorra e me abaixei até o chão. Onde vi o rosto do pai da pessoa que eu amo coberto por sujeira e sangue. Mas estava vivo. Fraco. Mas, sobrevivendo. Respirei fundo e sentei no chão, do lado de fora. Ele devia me detestar, mas não. Senti quando o seu olhar pesou em mim e eu comecei a falar.
— Eu sinto muito pela , eu não queria que fosse daquele jeito. Não queria que ela morresse, mas ele disse que mataria minha mãe se eu não o levasse até a casa de vocês. Eu não tive saída... – disse, enquanto lutava contra minha voz que teimava em falhar. – Eu nem consegui me despedir direito dela. Dizer que meu coração era dela e sempre irá ser. Só queria ter uma última chance e fazer as coisas direito.
Encostei a cabeça na parede e suspirei, esperando sua resposta. Eu aceitaria qualquer uma. Eu só queria que ele soubesse que eu sentia muito por ter feito a morrer por não ter tido coragem de enfrentar meu pai.
— Jovem, eu testemunhei o amor de vocês dois pelas palavras da minha filha. Eu deveria odiar você, mas eu não odeio. – ele disse, sussurrado. - Você acreditou na pessoa que te criou, que te alimentou, te vestiu, mesmo você sabendo que ele não era totalmente bom, você acreditou em seu pai por ele ser seu pai. Está tudo bem. Eu teria dado minha benção a vocês dois, sem dúvidas. Você tá aqui, na minha frente, me pedindo desculpas por algo que não fez, isso é ser nobre. Quando você for rei, tenho certeza que vai ensinar isso aos seus filhos.
— Obrigado. Eu vou tirar você daqui hoje. – disse, o encarando. – Você sabe onde eu posso te levar?
— Prudence... – ele disse, fraco.
— Ei! Não dorme! – disse, o sacudindo, quando passei minha mão pela grade. – Vamos conseguir sair daqui, ok? Sabe como chegar lá, não sabe?
— Ao norte.
— Tá bom. Aguenta firme. Eu venho te buscar. Palavra. – disse, levantando depressa.
Sai rápido da masmorra e fui pela passagem secreta, que dava acesso a cozinha e fingi ter parado por ali para comer alguma coisa. Vi que a cozinheira, que já deveria ter uma certa idade, estava cortando os legumes para janta e deduzi que ela poderia ajudar.
— Ei, você. Como se chama? – cutuquei.
— Abigail, majestade. O que deseja?
— Pegue ataduras, remédios, tudo que conseguir e venha comigo. – ela hesitou. – Agora!
— Sim, senhor. – ela foi rapidamente até o outro lado da cozinha e pegou uma caixa de madeira. – Usamos aqui quando nos cortamos. Mas, me desculpe, para que precisa disso?
— Apenas me siga, ok? Não tenho tempo de responder suas perguntas agora. – disse a puxando pela mão e a levando para dentro da masmorra.
— Ma-majestade... o que estamos fazendo aqui?
— Você já verá, não tenha medo. Ninguém vai saber.
A puxei por mais uns minutos até que chegamos onde estava Atkins. Por um erro do guarda, ele não trancou completamente o cadeado, então foi rápido entrar lá e ajudá-lo com os ferimentos.
— Se o rei souber, estou morta! – ela protestou.
— Eu estou mandando! – disse entredentes.
— Sim, senhor. – ela abaixou e o limpou, conforme eu pedi.
— Perfeito. Aprendeu o caminho? – ela assentiu. – Ótimo, vai trazer comida pra ele a noite. Ele precisa comer. – levantei um dedo antes que ela argumentasse. – Isso fica entre nós. Ele tem informações valiosas, não pode deixar ninguém saber. Nem o rei. Entendeu?
— Tudo bem, eu farei. – ela disse, abaixando a cabeça e levantando depois de fazer os curativos. – Posso me retirar? – assenti e ela saiu como se tivesse fugido de lobos famintos.
— Obrigado, . – ele disse, segurando a costela.
— Vou tirar você dessa, Atkins. Prometo. Nem que eu tenha que morrer para te salvar.
’s POV
Estávamos eu e na cidade, era minha primeira vez desde quando eu morri. Pensar nisso tinha até virado algo cômico, se não fosse trágico. As pessoas daqui não conheciam meu rosto, não sabiam quem eu era, nem como eu fui parar ali. De certa forma, aquilo me aliviava. Me distraí olhando as barracas e como eu sentia falta de trabalhar, de conversar com as pessoas, de ajudar as senhoras que vendiam comida a guardar as suas coisas....
— O que quer daqui?
— Oi? Eu?
— Claro. – sorriu.
— Obrigada, mas não quero nada. Imagina. Já estão fazendo demais por mim, não posso gastar o dinheiro de vocês. – argumentei.
— Você é como da família, . Escolha logo. Que tal esse pingente
— É lindo! – eu disse, enquanto o pegava com delicadeza nas mãos – Mas eu não posso aceitar, eu não ia me sentir bem.
— Eu quero te dar esse presente. Por favor, vai. Deixa? – ele me encarou, com aqueles olhos castanhos que eu já havia me pegado sonhando acordada.
— Tudo bem. Não precisa olhar com essa cara de cachorro abandonado. – disse, empurrando seu ombro de leve.
— Obrigado. – ele disse, plantando um beijo rápido no meu pescoço. – Senhor, quanto quer pelo pingente?
— Pro casal, eu faço de presente. Pra dar boa sorte. – o velho disse, pegando o pingente e colocando na caixa.
— Mas nós não... - antes que eu pudesse completar a frase, senti o pé do garoto acertar o meu de leve.
— Não poderíamos agradecer melhor. Tome, meu pai fez esse perfume. É um presente nosso. – ele sorriu. – Espero que goste, Obrigado pelo presente.
Acenamos para o senhor e seguimos em direção ao mercadinho do final da rua onde a mãe de tinha lhe dado uma lista do que comprar para casa. Por mais que eu ainda amasse , eu sabia que nós nunca poderíamos ficar juntos e não que eu quisesse substituí-lo, mas passar o tempo que eu passava com também fazia com que eu o visse de outras formas e isso me confundia. Tentei evitar vir com ele, pois eu sabia que isso ia ser apenas a confirmação que venho tendo há uns dias, será que eu estou me apaixonando por ele?
— O que mais ela pediu? – ele disse, apertando os limões. – ? Ei, estou falando com você! – estalou o dedos na minha frente.
— Ah, nada. Você já pegou tudo. Não tinha as cenouras, apenas. – pigarrei.
— Você tá estranha...- ele riu.
— Só um pouco desnorteada, eu não estava mais acostumada com tanta gente. – tentei disfarçar.
Ele me encarou por alguns instantes e levou as compras para pesar, enquanto eu tentava não parecer uma bobona olhando para ele. Ajeitei minha roupa e o segui para fora do mercado.
— Escuta, se importa de a gente ir andando? Eu estou com pena de colocar peso nas costas dele? – ele disse, acariciando o cavalo. – Apesar de que eu vou colocar as compras no cesto.
— Não! Acho legal, podemos caminhar. Vai ser divertido. – sorri largo.
Saímos caminhando devagar, conversando sobre minha vida e como a ajuda deles tem sido importante para mim. Ele me contou como os pais se conheceram e a quanto tempo moravam por ali. Confesso que passar aquele tempo com ele era bom, me fazia feliz. Quando chegamos em casa, senti a mão dele deslizar para fora da minha para abrir o portão e eu nem tinha percebido que estávamos de mãos dadas. Ri, sozinha e o segui para dentro de casa, recebendo mais um daqueles sorrisos aconchegantes que sempre tinha para dar.
Senti meu sangue gelar nas veias. Por alguns segundos fiquei observando o corpo encolhido de Atkins enquanto ele gemia de dor. Meu pai era um homem mau, ele não tinha escrúpulos, ele mataria alguém para ter o poder que ele tem, eu não tinha dúvidas. Ele com certeza tinha envolvimento com a morte da minha . Esperei até que a voz dele não fosse mais ouvida nos corredores da masmorra e me abaixei até o chão. Onde vi o rosto do pai da pessoa que eu amo coberto por sujeira e sangue. Mas estava vivo. Fraco. Mas, sobrevivendo. Respirei fundo e sentei no chão, do lado de fora. Ele devia me detestar, mas não. Senti quando o seu olhar pesou em mim e eu comecei a falar.
— Eu sinto muito pela , eu não queria que fosse daquele jeito. Não queria que ela morresse, mas ele disse que mataria minha mãe se eu não o levasse até a casa de vocês. Eu não tive saída... – disse, enquanto lutava contra minha voz que teimava em falhar. – Eu nem consegui me despedir direito dela. Dizer que meu coração era dela e sempre irá ser. Só queria ter uma última chance e fazer as coisas direito.
Encostei a cabeça na parede e suspirei, esperando sua resposta. Eu aceitaria qualquer uma. Eu só queria que ele soubesse que eu sentia muito por ter feito a morrer por não ter tido coragem de enfrentar meu pai.
— Jovem, eu testemunhei o amor de vocês dois pelas palavras da minha filha. Eu deveria odiar você, mas eu não odeio. – ele disse, sussurrado. - Você acreditou na pessoa que te criou, que te alimentou, te vestiu, mesmo você sabendo que ele não era totalmente bom, você acreditou em seu pai por ele ser seu pai. Está tudo bem. Eu teria dado minha benção a vocês dois, sem dúvidas. Você tá aqui, na minha frente, me pedindo desculpas por algo que não fez, isso é ser nobre. Quando você for rei, tenho certeza que vai ensinar isso aos seus filhos.
— Obrigado. Eu vou tirar você daqui hoje. – disse, o encarando. – Você sabe onde eu posso te levar?
— Prudence... – ele disse, fraco.
— Ei! Não dorme! – disse, o sacudindo, quando passei minha mão pela grade. – Vamos conseguir sair daqui, ok? Sabe como chegar lá, não sabe?
— Ao norte.
— Tá bom. Aguenta firme. Eu venho te buscar. Palavra. – disse, levantando depressa.
Sai rápido da masmorra e fui pela passagem secreta, que dava acesso a cozinha e fingi ter parado por ali para comer alguma coisa. Vi que a cozinheira, que já deveria ter uma certa idade, estava cortando os legumes para janta e deduzi que ela poderia ajudar.
— Ei, você. Como se chama? – cutuquei.
— Abigail, majestade. O que deseja?
— Pegue ataduras, remédios, tudo que conseguir e venha comigo. – ela hesitou. – Agora!
— Sim, senhor. – ela foi rapidamente até o outro lado da cozinha e pegou uma caixa de madeira. – Usamos aqui quando nos cortamos. Mas, me desculpe, para que precisa disso?
— Apenas me siga, ok? Não tenho tempo de responder suas perguntas agora. – disse a puxando pela mão e a levando para dentro da masmorra.
— Ma-majestade... o que estamos fazendo aqui?
— Você já verá, não tenha medo. Ninguém vai saber.
A puxei por mais uns minutos até que chegamos onde estava Atkins. Por um erro do guarda, ele não trancou completamente o cadeado, então foi rápido entrar lá e ajudá-lo com os ferimentos.
— Se o rei souber, estou morta! – ela protestou.
— Eu estou mandando! – disse entredentes.
— Sim, senhor. – ela abaixou e o limpou, conforme eu pedi.
— Perfeito. Aprendeu o caminho? – ela assentiu. – Ótimo, vai trazer comida pra ele a noite. Ele precisa comer. – levantei um dedo antes que ela argumentasse. – Isso fica entre nós. Ele tem informações valiosas, não pode deixar ninguém saber. Nem o rei. Entendeu?
— Tudo bem, eu farei. – ela disse, abaixando a cabeça e levantando depois de fazer os curativos. – Posso me retirar? – assenti e ela saiu como se tivesse fugido de lobos famintos.
— Obrigado, . – ele disse, segurando a costela.
— Vou tirar você dessa, Atkins. Prometo. Nem que eu tenha que morrer para te salvar.
’s POV
Estávamos eu e na cidade, era minha primeira vez desde quando eu morri. Pensar nisso tinha até virado algo cômico, se não fosse trágico. As pessoas daqui não conheciam meu rosto, não sabiam quem eu era, nem como eu fui parar ali. De certa forma, aquilo me aliviava. Me distraí olhando as barracas e como eu sentia falta de trabalhar, de conversar com as pessoas, de ajudar as senhoras que vendiam comida a guardar as suas coisas....
— O que quer daqui?
— Oi? Eu?
— Claro. – sorriu.
— Obrigada, mas não quero nada. Imagina. Já estão fazendo demais por mim, não posso gastar o dinheiro de vocês. – argumentei.
— Você é como da família, . Escolha logo. Que tal esse pingente
— É lindo! – eu disse, enquanto o pegava com delicadeza nas mãos – Mas eu não posso aceitar, eu não ia me sentir bem.
— Eu quero te dar esse presente. Por favor, vai. Deixa? – ele me encarou, com aqueles olhos castanhos que eu já havia me pegado sonhando acordada.
— Tudo bem. Não precisa olhar com essa cara de cachorro abandonado. – disse, empurrando seu ombro de leve.
— Obrigado. – ele disse, plantando um beijo rápido no meu pescoço. – Senhor, quanto quer pelo pingente?
— Pro casal, eu faço de presente. Pra dar boa sorte. – o velho disse, pegando o pingente e colocando na caixa.
— Mas nós não... - antes que eu pudesse completar a frase, senti o pé do garoto acertar o meu de leve.
— Não poderíamos agradecer melhor. Tome, meu pai fez esse perfume. É um presente nosso. – ele sorriu. – Espero que goste, Obrigado pelo presente.
Acenamos para o senhor e seguimos em direção ao mercadinho do final da rua onde a mãe de tinha lhe dado uma lista do que comprar para casa. Por mais que eu ainda amasse , eu sabia que nós nunca poderíamos ficar juntos e não que eu quisesse substituí-lo, mas passar o tempo que eu passava com também fazia com que eu o visse de outras formas e isso me confundia. Tentei evitar vir com ele, pois eu sabia que isso ia ser apenas a confirmação que venho tendo há uns dias, será que eu estou me apaixonando por ele?
— O que mais ela pediu? – ele disse, apertando os limões. – ? Ei, estou falando com você! – estalou o dedos na minha frente.
— Ah, nada. Você já pegou tudo. Não tinha as cenouras, apenas. – pigarrei.
— Você tá estranha...- ele riu.
— Só um pouco desnorteada, eu não estava mais acostumada com tanta gente. – tentei disfarçar.
Ele me encarou por alguns instantes e levou as compras para pesar, enquanto eu tentava não parecer uma bobona olhando para ele. Ajeitei minha roupa e o segui para fora do mercado.
— Escuta, se importa de a gente ir andando? Eu estou com pena de colocar peso nas costas dele? – ele disse, acariciando o cavalo. – Apesar de que eu vou colocar as compras no cesto.
— Não! Acho legal, podemos caminhar. Vai ser divertido. – sorri largo.
Saímos caminhando devagar, conversando sobre minha vida e como a ajuda deles tem sido importante para mim. Ele me contou como os pais se conheceram e a quanto tempo moravam por ali. Confesso que passar aquele tempo com ele era bom, me fazia feliz. Quando chegamos em casa, senti a mão dele deslizar para fora da minha para abrir o portão e eu nem tinha percebido que estávamos de mãos dadas. Ri, sozinha e o segui para dentro de casa, recebendo mais um daqueles sorrisos aconchegantes que sempre tinha para dar.
Capítulo VIII
afundou a cabeça no travesseiro e encarou o teto sob sua cabeça. Era muita coisa em pouco tempo. Primeiro, se apaixonou, então mentiu para ela e depois a colocou em risco. Ela morreu. O pai dela estava preso e levou uma surra do pai do rapaz. Também tinha a história do seu tio desaparecido que seu pai jurou ser culpa dos curandeiros e apesar de ter acreditado em sua história quando a ouviu pela primeira vez, hoje achava que tinha mais coisa nessa trama que ele não sabia. Esfregou a mão no rosto a fim de afastar este pensamento e limpar a cabeça. Lembrou do lago perto da casa dela e se colocou de pé, calçando sua bota e avançando até a porta, quando a abriu, seu pai estava com a mão pronta para bater.
— . – disse, sério. – Precisamos conversar.
— Eu estava de saída, conversaremos depois. – disse, tentando sair do seu enlaço, mas ele foi para o mesmo lado que o dele. – O que quer?
— Faremos outro baile para você. Precisa se casar logo, eu quero passar o trono ao meu único filho, já que meu irmão não deixou herdeiros. – suspirou. – Sinto falta dele.
— Imagino que sim. Bom, nós podemos fazer uma busca, quem sabe ele não sobreviveu. – jogou verde.
— Não fale tolices, garoto. Eu vi seu tio morrer na minha frente. – ele falou, irritado.
— Como eu estava dizendo, podemos resolver isso de casamento mais tarde. Mas eu também não tenho interesse em compromisso por agora, não fui em muitas batalhas e disse que me queria preparado. – tentou desconversar e sair dali.
— Você está certo.... – comentou, pensativo.
— Posso ir? – o pai deu de ombros – Volto logo. Só quero esfriar a cabeça. Aquele mentiroso mexeu com minha cabeça. Você estava certo, pai, não devemos confiar em quem não segue nossas raízes. Com sua permissão, quero eu mesmo dar um fim nele. – começou uma lorota que lhe daria tempo de tirar Atkins da masmorra e levá-lo para fora da cidade.
— Onde surgiu o interesse repentino? Até pouco tempo atrás se esfregava com um deles. – respondeu, encarando o rosto do filho, como se tivesse querendo detectar alguma reação dele.
— Só percebi que não vale a pena estragar nossa linhagem com esse tipo de gente – mentiu. – Se me der licença, vou andando – saiu sem dar tempo de ele retrucar alguma coisa ou lhe pegar na sua mentira. Atravessou o palácio com tanta rapidez que parecia que ele estava apostando corrida consigo mesmo. Entrou na masmorra e encontrou a empregada cuidando dos ferimentos de Atkins como havia pedido.
— Majestade, quando vou parar de fazer isso? Estão desconfiando de mim. Eu tenho filhos para cuidar, filhos que precisam de mim! Se me pegarem aqui, eu vou ser enforcada! – ela vomitou as palavras enquanto soluçava com desespero.
— Vou tirá-lo daqui. Agora. Quero que avise que ele morreu ao rei, você vai falar que veio aqui dar o almoço dos seguranças e o encontrou sem vida. Me avisou enquanto eu estava saindo e eu dei cabo do corpo dele. Entendeu? – ela assentiu. — Ótimo. Pode se retirar. Queime todas as ataduras e algodões, não pode deixar nenhum rastro.
Ela catou as ataduras e algodão, jogando dentro da cuia e saiu como se fosse um filhote de coelho correndo de uma manada de leões.
— Tem certeza de que vai me ajudar, garoto? O seu pai te mataria se soubesse. – Atkins disse, segurando a costela e soltando um gemido de dor baixo.
— Tirar você com vida daqui é o mínimo que posso fazer. Eu te devo isso. – murmurou. – Eu sinto muito de verdade por tudo. Eu amava sua filha, amo ainda. Eu mataria para tê-la de volta, faria qualquer coisa para ter mais cinco minutos com ela.
— Eu acredito em você. – ele o olhou.
— Isso me conforta. Pronto para recuperar sua vida? – sorriu, enquanto contava seu plano de fuga.
O plano de era tirar o “corpo” de Atkins pela saída secreta que seu pai havia o ensinado quando tinha cinco anos, ninguém os veria ali, já que não tinha necessidade de usá-la ao dia a dia. abriu o cadeado com a chave que estava pendurado no prego, olhando para os lados sempre e com os ouvidos bem abertos caso alguém aparecesse. Acertou a chave de primeira e então um “click” fez com que o objeto se soltasse e ele abriu a cela com rapidez. Quando não havia mais espaço entre os dois, eles se abraçaram. por finalmente ter o perdão do pai da amada e Atkins por finalmente poder sair dali e recomeçar por mais que o sentimento de perder ainda dilacerasse os dois.
— Vamos.
— Eu não sei como vou te agradecer. – o velho o olhou com compaixão.
— Só fique bem e longe daqui. Um dia vamos colocar tudo em pratos limpos. Eu prometo. – o jovem disse, estalando a boca e saindo com a carroça velha para dentro da mata. Quando o deixou com a carroça na estrada, Atkins, seguiu em direção a Prudence, para se reunir com os seus e lá ele sabia que estava seguro. O menino voltou com os próprios pés, parando nos destroços da casa de . Ficou encarando a estrutura derrubada e escombrada. Suspirou e seguiu até o lago, tirando peça por peça e mergulhando nas águas, esperando que debaixo delas encontrasse alguma resposta para o seu coração atormentado.
🏰⚗️⚔️
Do outro lado e continuavam mais próximos a cada dia. Mesmo que ficar longe do seu pai a deixasse com um buraco no peito cada vez maior, ela não podia correr o risco de sair dali. Não agora. Ela tinha esperança de que ele estivesse vivo, ela sentia que não estava sozinha no mundo. Ela fazia o que podia para ajudar em casa, colhia as hortaliças, limpava a casa, ajudava com a comida, ia na cidade com ajudar nas compras e vendas de produtos que Jeremy fazia. adorava Jeremy, era como se já o conhecesse, os dois passavam horas conversando na estufa sobre tudo.
— E aí você coloca mais uma gota de essência e está pronto seu perfume de jasmin. – disse, satisfeita.
— Você é muito boa nisso, sabia? – ele sorriu.
— Eu aprendi tudo que eu sei com meu pai. – comentou, cabisbaixa. – Sinto falta dele, sabe? Eu fico pensando nele recebendo a notícia que eu morri e... — sua voz falhou.
— Eu sei que deve doer, querida, mas fez isso para proteger você e ele, não foi? Eu tenho certeza que ele sabe que você não morreu.
— Como sabe? – sussurrou.
— Eu também sou pai. Esqueceu? – ele disse, rindo. – E eu também tenho certeza que um dia vocês vão se reencontrar.
— Eu espero que sim. Acho que ele ia gostar muito de vocês, sabia? – falou, encarando o mais velho.
— Eu aposto que teria mais um para trabalhar comigo!
— Com certeza!
O mais velho a puxou para um abraço confortável e ela relaxou o corpo, como se estivesse abraçando seu pai. Ela se sentia segura ali. Com todos eles. Era amada e protegida.
— Pai, a mamãe precisa de você lá dentro. – entrou na estufa. — Uma das portas do armário caiu. Ela quer que você arrume para ela. — Tudo bem. – ele comentou, limpando as mãos. – , por que não mostra ao o perfume que fez? É ótimo. – ele disse, encarando o jovem e saindo para dentro de casa.
coçou a cabeça, sem graça e entrou mais devagar, enquanto a menina arrumava a bagunça da mesa. Ele gostava dela e muito. Mas não sabia se ela sentia o mesmo, levando em conta tudo que aconteceu com ela em tão pouco tempo.
— Então... - ele disse.
— Quer sentir o cheiro? – o chamou com a mão.
— Se for cheiroso igual ao ensopado dele, eu dispenso. – disse rindo.
— Ei! Meu perfume é cheiroso sim! – ela riu junto. – O ensopado... Nem tanto. – ela fez uma careta. – Vem sentir o cheiro. – segurou o vidro entre o indicador e o polegar, o balançando no ar.
— Incrível. – disse, cheirando o ar. – Igual a você.
— Imagina. – ela sentiu o rosto esquentar.
— ... - ele a chamou.
Antes que a menina pudesse responder, ele grudou os lábios nos dela, a puxando para um beijo tímido. Ele segurou o rosto dela com delicadeza, mas completamente seguro do que estava fazendo. ficou por alguns segundos sem entender o que aconteceu, mas logo cedeu ao beijo do rapaz. Permaneceram ali por mais um tempo até que se separaram e olharam um para o outro com um sorriso bobo nos lábios.
— . – disse, sério. – Precisamos conversar.
— Eu estava de saída, conversaremos depois. – disse, tentando sair do seu enlaço, mas ele foi para o mesmo lado que o dele. – O que quer?
— Faremos outro baile para você. Precisa se casar logo, eu quero passar o trono ao meu único filho, já que meu irmão não deixou herdeiros. – suspirou. – Sinto falta dele.
— Imagino que sim. Bom, nós podemos fazer uma busca, quem sabe ele não sobreviveu. – jogou verde.
— Não fale tolices, garoto. Eu vi seu tio morrer na minha frente. – ele falou, irritado.
— Como eu estava dizendo, podemos resolver isso de casamento mais tarde. Mas eu também não tenho interesse em compromisso por agora, não fui em muitas batalhas e disse que me queria preparado. – tentou desconversar e sair dali.
— Você está certo.... – comentou, pensativo.
— Posso ir? – o pai deu de ombros – Volto logo. Só quero esfriar a cabeça. Aquele mentiroso mexeu com minha cabeça. Você estava certo, pai, não devemos confiar em quem não segue nossas raízes. Com sua permissão, quero eu mesmo dar um fim nele. – começou uma lorota que lhe daria tempo de tirar Atkins da masmorra e levá-lo para fora da cidade.
— Onde surgiu o interesse repentino? Até pouco tempo atrás se esfregava com um deles. – respondeu, encarando o rosto do filho, como se tivesse querendo detectar alguma reação dele.
— Só percebi que não vale a pena estragar nossa linhagem com esse tipo de gente – mentiu. – Se me der licença, vou andando – saiu sem dar tempo de ele retrucar alguma coisa ou lhe pegar na sua mentira. Atravessou o palácio com tanta rapidez que parecia que ele estava apostando corrida consigo mesmo. Entrou na masmorra e encontrou a empregada cuidando dos ferimentos de Atkins como havia pedido.
— Majestade, quando vou parar de fazer isso? Estão desconfiando de mim. Eu tenho filhos para cuidar, filhos que precisam de mim! Se me pegarem aqui, eu vou ser enforcada! – ela vomitou as palavras enquanto soluçava com desespero.
— Vou tirá-lo daqui. Agora. Quero que avise que ele morreu ao rei, você vai falar que veio aqui dar o almoço dos seguranças e o encontrou sem vida. Me avisou enquanto eu estava saindo e eu dei cabo do corpo dele. Entendeu? – ela assentiu. — Ótimo. Pode se retirar. Queime todas as ataduras e algodões, não pode deixar nenhum rastro.
Ela catou as ataduras e algodão, jogando dentro da cuia e saiu como se fosse um filhote de coelho correndo de uma manada de leões.
— Tem certeza de que vai me ajudar, garoto? O seu pai te mataria se soubesse. – Atkins disse, segurando a costela e soltando um gemido de dor baixo.
— Tirar você com vida daqui é o mínimo que posso fazer. Eu te devo isso. – murmurou. – Eu sinto muito de verdade por tudo. Eu amava sua filha, amo ainda. Eu mataria para tê-la de volta, faria qualquer coisa para ter mais cinco minutos com ela.
— Eu acredito em você. – ele o olhou.
— Isso me conforta. Pronto para recuperar sua vida? – sorriu, enquanto contava seu plano de fuga.
O plano de era tirar o “corpo” de Atkins pela saída secreta que seu pai havia o ensinado quando tinha cinco anos, ninguém os veria ali, já que não tinha necessidade de usá-la ao dia a dia. abriu o cadeado com a chave que estava pendurado no prego, olhando para os lados sempre e com os ouvidos bem abertos caso alguém aparecesse. Acertou a chave de primeira e então um “click” fez com que o objeto se soltasse e ele abriu a cela com rapidez. Quando não havia mais espaço entre os dois, eles se abraçaram. por finalmente ter o perdão do pai da amada e Atkins por finalmente poder sair dali e recomeçar por mais que o sentimento de perder ainda dilacerasse os dois.
— Vamos.
— Eu não sei como vou te agradecer. – o velho o olhou com compaixão.
— Só fique bem e longe daqui. Um dia vamos colocar tudo em pratos limpos. Eu prometo. – o jovem disse, estalando a boca e saindo com a carroça velha para dentro da mata. Quando o deixou com a carroça na estrada, Atkins, seguiu em direção a Prudence, para se reunir com os seus e lá ele sabia que estava seguro. O menino voltou com os próprios pés, parando nos destroços da casa de . Ficou encarando a estrutura derrubada e escombrada. Suspirou e seguiu até o lago, tirando peça por peça e mergulhando nas águas, esperando que debaixo delas encontrasse alguma resposta para o seu coração atormentado.
— E aí você coloca mais uma gota de essência e está pronto seu perfume de jasmin. – disse, satisfeita.
— Você é muito boa nisso, sabia? – ele sorriu.
— Eu aprendi tudo que eu sei com meu pai. – comentou, cabisbaixa. – Sinto falta dele, sabe? Eu fico pensando nele recebendo a notícia que eu morri e... — sua voz falhou.
— Eu sei que deve doer, querida, mas fez isso para proteger você e ele, não foi? Eu tenho certeza que ele sabe que você não morreu.
— Como sabe? – sussurrou.
— Eu também sou pai. Esqueceu? – ele disse, rindo. – E eu também tenho certeza que um dia vocês vão se reencontrar.
— Eu espero que sim. Acho que ele ia gostar muito de vocês, sabia? – falou, encarando o mais velho.
— Eu aposto que teria mais um para trabalhar comigo!
— Com certeza!
O mais velho a puxou para um abraço confortável e ela relaxou o corpo, como se estivesse abraçando seu pai. Ela se sentia segura ali. Com todos eles. Era amada e protegida.
— Pai, a mamãe precisa de você lá dentro. – entrou na estufa. — Uma das portas do armário caiu. Ela quer que você arrume para ela. — Tudo bem. – ele comentou, limpando as mãos. – , por que não mostra ao o perfume que fez? É ótimo. – ele disse, encarando o jovem e saindo para dentro de casa.
coçou a cabeça, sem graça e entrou mais devagar, enquanto a menina arrumava a bagunça da mesa. Ele gostava dela e muito. Mas não sabia se ela sentia o mesmo, levando em conta tudo que aconteceu com ela em tão pouco tempo.
— Então... - ele disse.
— Quer sentir o cheiro? – o chamou com a mão.
— Se for cheiroso igual ao ensopado dele, eu dispenso. – disse rindo.
— Ei! Meu perfume é cheiroso sim! – ela riu junto. – O ensopado... Nem tanto. – ela fez uma careta. – Vem sentir o cheiro. – segurou o vidro entre o indicador e o polegar, o balançando no ar.
— Incrível. – disse, cheirando o ar. – Igual a você.
— Imagina. – ela sentiu o rosto esquentar.
— ... - ele a chamou.
Antes que a menina pudesse responder, ele grudou os lábios nos dela, a puxando para um beijo tímido. Ele segurou o rosto dela com delicadeza, mas completamente seguro do que estava fazendo. ficou por alguns segundos sem entender o que aconteceu, mas logo cedeu ao beijo do rapaz. Permaneceram ali por mais um tempo até que se separaram e olharam um para o outro com um sorriso bobo nos lábios.
Capítulo IX
’s POV
me beijou naquela noite. Eu nunca tinha beijado outra pessoa que não fosse . Apesar de ser completamente apaixonada por com todo meu coração, quando eu estava perto de , eu me sentia outra pessoa. Eu não precisei mentir, desde quando ele me salvou, ele me acolheu como eu sou e nunca perguntou nada que ele soubesse que poderia me magoar. Eu estava em um dilema: eu amava duas pessoas. Completamente diferentes. Com eu me sentia aventureira, lutando contra grandes batalhas, como um temporal barulhento e com trovões riscando o céu. Com eu era como um brisa fresca no verão, o chá quente num inverno gelado, morando numa casinha no meio do nada, sendo feliz na simplicidade.
— E agora? – ele disse, passando o nariz no meu.
— Como assim? – perguntei.
— A gente. Eu gosto de você e se eu tiver uma chance, eu queria te fazer feliz, . – disse, colocando o meu cabelo atrás da minha orelha.
— Tem certeza? Eu também tenho sentimentos por você, mas é tudo tão confuso... – ele olhou para baixo.
— Eu sou paciente. – disse, roubando um selinho demorado.
Encostei a cabeça no seu ombro e fiquei ali abraçada nele. Pensando que, apesar da minha vida ter dado completamente errada, eu acabei onde eu deveria estar o tempo todo.
— Ei, o que acha de eu te levar para ver as estrelas? – comentou, fazendo cafuné na minha cabeça.
— As estrelas? – sorri.
— É. São lindas vistas dessa região, sabia? – continuou, enlaçando os braços na minha cintura.
— É um pretexto para ficar sozinho comigo, não é?
— É sim. – riu.
— Tudo bem. Podemos ver as estrelas – sorri de novo e entrelacei minha mão na dele. – Só vamos trancar aqui e pegar uma coberta. Que tal? – ele concordou.
Arrumei a bagunça da estufa, peguei uma coberta que estava estendida na poltrona e a trouxe para perto, cheirando para saber se daria para usar. Trancamos a estufa e fomos até a estrada ver as estrelas. Deitamos na coberta e ficamos ali, admirando o céu com os pontos brilhantes e aproveitando a companhia um do outro. Eu não podia mais ter medo de viver.
’s POV
Quando começou a anoitecer, voltei para o palácio em silêncio, pensando no que faria agora. Meu pai não descansaria até me casar, querendo ou não. E eu não tinha mais como porto seguro nesses momentos. Andei, chutando as pedrinhas no caminho quando minha mãe correndo e gritando em minha direção me assustou e me distraiu dos meus próprios pensamentos.
— ! – ela disse, me abraçando apertado. – Onde você se enfiou?!
— E-eu só estava nadando, mãe. Mil perdões. – afaguei seus cabelos e beijei sua testa. – O papai está muito bravo?
— Não. Por algum motivo ele não se importou. Ele disse que uma empregada falou que você tirou aquele curandeiro daqui. Seu pai o matou, não foi?
— Ah... eu... o ajudei a fugir. – confessei.
— !
— Mãe, ele não merece sofrer... ele já perdeu a filha. Eu devia isso a ele.
— Tudo bem. Eu entendo. – ela disse, acariciando meu rosto. — É nosso segredo. Agora vá. Ande. Vamos jantar e conversar sobre seu casamento, sabe que precisa fazer isso, pelo reino.
— Pelo reino. – repeti suas palavras e caminhei junto a ela.
Eu iria me casar. Pelo reino. Pelo meu tio. Por . Eu iria a vingar e todo seu povo das mãos do meu pai. Nem que isso custasse minha vida.
🏰⚗️⚔️
Meses depois...
finalmente havia cedido e se comprometido com a princesa Kimberly do reino de Florence, um reino de tamanho médio, porém muito promissor. Eles tinham muitos contatos com reinos de outros países e forneciam comida, ferro e água para reinos em necessidade, o que chamava a atenção para eles, e assim prosperarem e conseguirem seu lugar de respeito. A única condição imposta por foi se casar com vinte um anos, mesmo sabendo que seu pai não aceitaria de início, mas o velho cedeu, já que jurou que faria o que ele quisesse. Assim também foi com Kimberly, que aceitou que o casamento se realizasse quando ambos estivessem com essa idade. Kimberly e precisavam estar em vista, então, enquanto não se juntassem em matrimônio, eram vistos juntos em festas ou comemorações de ambos os reinos. Essencialmente hoje, eles iriam a Neurat, conhecer uma parte carente da cidade e perguntar do que eles precisavam.
— Vamos, querido? – Kimberly se colocou ao lado de .
— Claro. Vamos. – respondeu, recebendo a mão dela perto da dele.
— Não vai me dar sua mão? – indagou.
— Vou. Claro – disse, segurando a mão dela.
Quando chegaram a Neurat, foram recebidos por uma fanfarra e uma rua lotada de pedestres que ansiavam para vê-los. Acenavam, sorridentes, para crianças que estavam ali e pulavam de alegria quando piscava para elas, principalmente as meninas. continuou acenando até que seus olhos ficaram cravados numa pessoa abraçada com um jovem, ela estava com o rosto de lado, ganhando um beijo dele. Seu coração gelou. Ele sentiu todo seu corpo formigar e as mãos ficarem suadas. Só podia ser ela. Ele reconheceria aquele perfil em todos os lugares do mundo. Ele estava tão gravado em sua mente e em seu coração que nada no mundo o faria errar. Ele estava vendo . Em carne e osso. Viva.
me beijou naquela noite. Eu nunca tinha beijado outra pessoa que não fosse . Apesar de ser completamente apaixonada por com todo meu coração, quando eu estava perto de , eu me sentia outra pessoa. Eu não precisei mentir, desde quando ele me salvou, ele me acolheu como eu sou e nunca perguntou nada que ele soubesse que poderia me magoar. Eu estava em um dilema: eu amava duas pessoas. Completamente diferentes. Com eu me sentia aventureira, lutando contra grandes batalhas, como um temporal barulhento e com trovões riscando o céu. Com eu era como um brisa fresca no verão, o chá quente num inverno gelado, morando numa casinha no meio do nada, sendo feliz na simplicidade.
— E agora? – ele disse, passando o nariz no meu.
— Como assim? – perguntei.
— A gente. Eu gosto de você e se eu tiver uma chance, eu queria te fazer feliz, . – disse, colocando o meu cabelo atrás da minha orelha.
— Tem certeza? Eu também tenho sentimentos por você, mas é tudo tão confuso... – ele olhou para baixo.
— Eu sou paciente. – disse, roubando um selinho demorado.
Encostei a cabeça no seu ombro e fiquei ali abraçada nele. Pensando que, apesar da minha vida ter dado completamente errada, eu acabei onde eu deveria estar o tempo todo.
— Ei, o que acha de eu te levar para ver as estrelas? – comentou, fazendo cafuné na minha cabeça.
— As estrelas? – sorri.
— É. São lindas vistas dessa região, sabia? – continuou, enlaçando os braços na minha cintura.
— É um pretexto para ficar sozinho comigo, não é?
— É sim. – riu.
— Tudo bem. Podemos ver as estrelas – sorri de novo e entrelacei minha mão na dele. – Só vamos trancar aqui e pegar uma coberta. Que tal? – ele concordou.
Arrumei a bagunça da estufa, peguei uma coberta que estava estendida na poltrona e a trouxe para perto, cheirando para saber se daria para usar. Trancamos a estufa e fomos até a estrada ver as estrelas. Deitamos na coberta e ficamos ali, admirando o céu com os pontos brilhantes e aproveitando a companhia um do outro. Eu não podia mais ter medo de viver.
’s POV
Quando começou a anoitecer, voltei para o palácio em silêncio, pensando no que faria agora. Meu pai não descansaria até me casar, querendo ou não. E eu não tinha mais como porto seguro nesses momentos. Andei, chutando as pedrinhas no caminho quando minha mãe correndo e gritando em minha direção me assustou e me distraiu dos meus próprios pensamentos.
— ! – ela disse, me abraçando apertado. – Onde você se enfiou?!
— E-eu só estava nadando, mãe. Mil perdões. – afaguei seus cabelos e beijei sua testa. – O papai está muito bravo?
— Não. Por algum motivo ele não se importou. Ele disse que uma empregada falou que você tirou aquele curandeiro daqui. Seu pai o matou, não foi?
— Ah... eu... o ajudei a fugir. – confessei.
— !
— Mãe, ele não merece sofrer... ele já perdeu a filha. Eu devia isso a ele.
— Tudo bem. Eu entendo. – ela disse, acariciando meu rosto. — É nosso segredo. Agora vá. Ande. Vamos jantar e conversar sobre seu casamento, sabe que precisa fazer isso, pelo reino.
— Pelo reino. – repeti suas palavras e caminhei junto a ela.
Eu iria me casar. Pelo reino. Pelo meu tio. Por . Eu iria a vingar e todo seu povo das mãos do meu pai. Nem que isso custasse minha vida.
Meses depois...
finalmente havia cedido e se comprometido com a princesa Kimberly do reino de Florence, um reino de tamanho médio, porém muito promissor. Eles tinham muitos contatos com reinos de outros países e forneciam comida, ferro e água para reinos em necessidade, o que chamava a atenção para eles, e assim prosperarem e conseguirem seu lugar de respeito. A única condição imposta por foi se casar com vinte um anos, mesmo sabendo que seu pai não aceitaria de início, mas o velho cedeu, já que jurou que faria o que ele quisesse. Assim também foi com Kimberly, que aceitou que o casamento se realizasse quando ambos estivessem com essa idade. Kimberly e precisavam estar em vista, então, enquanto não se juntassem em matrimônio, eram vistos juntos em festas ou comemorações de ambos os reinos. Essencialmente hoje, eles iriam a Neurat, conhecer uma parte carente da cidade e perguntar do que eles precisavam.
— Vamos, querido? – Kimberly se colocou ao lado de .
— Claro. Vamos. – respondeu, recebendo a mão dela perto da dele.
— Não vai me dar sua mão? – indagou.
— Vou. Claro – disse, segurando a mão dela.
Quando chegaram a Neurat, foram recebidos por uma fanfarra e uma rua lotada de pedestres que ansiavam para vê-los. Acenavam, sorridentes, para crianças que estavam ali e pulavam de alegria quando piscava para elas, principalmente as meninas. continuou acenando até que seus olhos ficaram cravados numa pessoa abraçada com um jovem, ela estava com o rosto de lado, ganhando um beijo dele. Seu coração gelou. Ele sentiu todo seu corpo formigar e as mãos ficarem suadas. Só podia ser ela. Ele reconheceria aquele perfil em todos os lugares do mundo. Ele estava tão gravado em sua mente e em seu coração que nada no mundo o faria errar. Ele estava vendo . Em carne e osso. Viva.
Capítulo X
Algumas horas antes no reino de Ártemis...
— Quero que seja o mais simpático possível, entendeu, ? – dizia Hunter atrás do filho que se arrumava no espelho para a viagem até Neurat.
— Eu sei, pai. Você já disse isso um milhão de vezes e eu ouvi na primeira vez. – suspirou.
— Mas eles são diferentes! Nunca gostaram de mim porque eles sempre gostaram do seu tio e não me aceitaram como rei, talvez com você isso mude, por isso quero que se esforce.
— Bom, não depende só de mim, eles também precisam gostar da futura rainha, não acha?
— Sua mãe já está trabalhando isso com ela. Você já provou que vai ser como eu, quando deu fim nos dois hereges, eu fiquei muito orgulhoso de você.
— Ficou orgulhoso de mim porque eu matei duas pessoas? Tanta coisa para se orgulhar...
— Claro, finalmente eles vão sumir, como eu sempre quis.
— Por que os odeia tanto? Algum motivo pessoal? – indagou.
— É claro que não, ! Só não acho que nosso povo tenha que se misturar com gente como eles.
— Se me der licença, eu irei ver a Kimberly – disse, dando um tapinha no ombro do pai e saindo sem deixar ele ter a chance de responder.
A morte de havia mexido em um lugar de que ele nunca tinha sentido antes. Ele nem sabia que podia sentir tanta dor em seu peito e que nada do que ele vivesse ia tirar aquela dor, nem que ele um dia chegasse a amar Kimberly, nada ia ser igual ao que ele sentiu por . Nunca. Todos os dias ele morria aos poucos de saber que nunca mais a veria e esse sentimento ao mesmo tempo que o matava, o dava força pra acabar com tudo que seu pai destruiu.
— Com licença, posso falar com Kimberly? – bateu na porta.
— Claro, querido! Eu já estava acabando de arrumar sua noiva. – Elvira sorriu, caminhou até o filho e plantou um beijo carinhoso na sua bochecha. – Façam boa viagem e seja você mesmo, ok? Não queremos outro Hunter governando. – riu baixo. – Prometo ser o melhor possível.
— Vamos? – ele disse, olhando a noiva. – Ou vamos ficar atrasados e não passa uma boa impressão aos súditos.
— Eles esperam um pouco, preciso estar impecável. Eu vou ser a rainha, tenho que estar sempre bonita. – olhou para sua mãe, que riu baixo. – Você está ótima do jeito que você está. Nós realmente temos que ir ou vai ficar tarde e não vamos conseguir voltar hoje. – Kimberly bufou, soltando a escova na penteadeira. – Vamos.
— Por que ficou tão brava, Kimberly? Só falei que íamos ficar atrasados, nossa.
— Queridos, queridos, sem brigar. Vocês precisam estar em sintonia para aparecerem para os súditos. , vai preparando tudo que eu vou acabar de arrumar a sua noiva. – Elvira interveio, colocando panos quentes no casal.
— Vou te esperar lá fora. – ele disse, pisando duro quando saiu ouvindo os múrmuros de reclamação da noiva.
atravessou o castelo e foi até o cocheiro que iria levá-los na viagem e ficou lá por mais alguns minutos até que sua noiva e sua mãe saíram de braços dados indo de encontro a ele.
— Bom dia, majestades. – cumprimentou o mais velho, recebendo o silêncio da mais nova que já entrou direito na carruagem aberta e um bom dia simples da rainha.
— Kimberly, ele te deu bom dia. Não vai responder? – a olhou.
— Eu não respondo a empregados. – retrucou.
— Então você vai ficar aqui. Desça. Eu não vou em lugar nenhum com uma sem educação, ele já vai levar nós dois, esperar e tornar a trazer a gente para casa.
— , você tem que entender....- ela tentou argumentar.
— Entender que você é uma grossa? Ou você responde ou você fica. – disse, sério.
— Bom dia. – resmungou.
— Não ouvi direito. Pode falar mais alto para ele, eu e minha mãe ouvirmos?
— Bom dia! – gritou.
— Ótimo. Para casar comigo você vai ter que ser educada, ok? Não gosto desse tipo de tratamento com nossos empregados. Não sei como é no seu reino, aqui eu gosto de educação. Combinado? Perfeito.
— Claro, . Desculpa. – bufou.
O casal partiu em direção a Neurat em silêncio, estava inquieto com aquela situação, mas não podia simplesmente desfazer o acordo entre os reinos, seria um mau começo de reinado, se é que ele teria um se fizesse isso. As vezes ele desejava em silêncio a volta do seu tio com um filho, que tomaria o lugar de rei, e ele poderia ficar longe de tudo isso. Mas não era mais possível. Só se um milagre acontecesse.
🏰⚗️⚔️
Em Neurat o centro da cidade estava cheio de gente, todos esperavam ver o futuro rei e a futura rainha. Eles haviam pendurado bandeirinhas coloridas das mesmas cores do reino para decoração, dos mais velhos até os mais novos, todos estavam no centro da cidade esperando o mais novo casal.
— Nossa, eu nunca vi essa cidade tão cheia. – disse , se espremendo entre a multidão de mãos dadas com .
— Nem eu. E eu nem sei o motivo, também. Mas deve ser importante, até decoraram com as cores do reino. Deve ser algum aviso, sei lá. Fazem isso quando eles querem anunciar alguma coisa.
— Acha que um deles vai vir? E se me reconhecerem?
— Não. Geralmente é um representante. Eles mesmos só vêm quando é algo de extrema importância. Você quer ficar e ver?
— Não sei, eu estou muito aflita com isso.
— Eu escondo seu rosto, se quiser.
— Eu não sei se quero.
— Tudo bem, podemos ir embora. – ele disse, a puxando para perto dando um beijo rápido nos seus lábios. – Não se preocupa.
O menino entrou na frente e ia abrindo o caminho enquanto tentava ao máximo esconder o rosto na capa que usava, ele entrelaçou a mão na dela em um sinal de que ele não a deixaria para trás. Quando finalmente estavam alcançando seu cavalo, eles ouviram a fanfarra anunciando a chegada de alguém do reino. olhou rapidamente para trás e viu um casal dando tchau a todos que estavam lá, sem saber o que fazer, puxou para um beijo, tentando disfarçar quem ela era.
’s POV on...
Eu nunca tinha viajado para Neurat até o dia de hoje, eles pareciam um povo solícito e muito hospitaleiro. Quando a fanfarra começou, todos eles tinham um lenço branco no ar balançando e comemorando nossa chegada. Olhei Kimberly de relance e a vi sorrindo e acenando como eu estava fazendo. Isso seria bem mais fácil se fosse com , ela com certeza iria descer e conversar com quem fosse, sem se importar se era ou não nobres. Ela seria a melhor rainha de todas. Continuamos rindo e acenando a quem estava ali, algumas menininhas até comemoravam quando eu piscava na direção delas, saindo entre os mais velhos rindo. Continuei acenando até que meus olhos foram para um ponto específico. Um casal tinha acabado de começar um beijo quando a capa da menina escorregou pelo seu cabelo e revelou seu rosto. Era ela. Mas era impossível. Era bem na minha frente. Viva. Sendo beijada por outro cara. Senti uma corrente elétrica passando por todo meu corpo e me impulsionando para fora da carruagem num salto.
— ! – gritei.
O garoto lançou seu olhar para mim e cochichou algo para ela que fez os dois saírem correndo, assustados. Corri atrás deles, deixando Kimberly para trás gritando para que eu voltasse. Mas eu não podia. Eu estava vendo . E eu não iria deixar isso para lá, eu ia até o fim do mundo se fosse necessário para descobrir isso. Quanto mais eu corria, parecia que mais longe eles ficavam, mas eu precisava ver aquela garota de perto. Botei mais força do que eu pude nas pernas e os alcancei, puxando a garota que se revelou sendo outra. Não era . Eu só podia estar louco.
— Majestade, algum problema? – disse o menino que estava com ela.
— Não. Nenhum. Me perdoem pelo susto. Sua amiga me lembra muito uma pessoa. – suspirei.
— Tudo bem. Sentimos muito por correr, nós nos assustamos. Aliás, me chamo .
— . – estendi a mão e ele apertou forte. – Eu sinto muito novamente. Com licença.
Dei meia volta a retornei ao centro onde todos estavam me olhando, inclusive Kimberly, que estava roxa de vergonha. Suspirei e coloquei o melhor sorriso no rosto enquanto eu pensava numa desculpa.
— Me desculpem pelo incidente. Achei que tivesse visto uma amiga de infância que foi muito especial para mim e não pensei no que estava fazendo. Não irá se repetir. A festa de vocês está linda! Eu e minha linda noiva, a futura rainha Kimberly, agradecemos de coração.
Subi novamente na carruagem e voltamos a passeata. Mas alguma coisa me dizia que aquela história estava mal contada. Eu só precisava de tempo e algumas escapadas na madrugada para descobrir isso.
’s pov off...
esperou o nobre se afastar e entrou na estalagem onde tinha se escondido, a procurou com os olhos e a viu escondida atrás do barril de vinho perto da parede.
— Ele já foi, amor, pode sair. Vamos para casa. – sorriu.
— Graças a Deus. Eu fiquei com tanto medo de ele me ver. – escondeu o rosto nas mãos.
— Eu dei um jeito, ok? Eu acho que ele não percebeu nada.
O casal caminhou em silêncio de volta para casa e nem e nem Jeremy perguntaram o motivo, deixando ficar quieta em seu quarto enquanto também se mantinha em silêncio. Eles não podiam saber que o príncipe tinha a encontrado, porque não sabiam o que podia acontecer.
Quando voltaram para o castelo, Kimberly e foram cada um para seus aposentos individuais. se pegou pensando se não havia se confundido e assustado uma menina sem querer, mas ele tinha tanta certeza de que era que não podia deixar aquela história acabar assim. Pediu para que chamassem sua mãe e não demorou para que os longos cabelos pretos chegassem até seu quarto com um olhar gentil e acolhedor.
— Oi, querido, me mandaram vir aqui com urgência. O que aconteceu? – disse, sentando na beira da cama, onde o menino deitou a cabeça e ela fez cafuné. – Por que você está desse jeito?
— Mãe, eu vi a . Ela está viva e eu quero sua ajuda para descobrir isso.
— Quero que seja o mais simpático possível, entendeu, ? – dizia Hunter atrás do filho que se arrumava no espelho para a viagem até Neurat.
— Eu sei, pai. Você já disse isso um milhão de vezes e eu ouvi na primeira vez. – suspirou.
— Mas eles são diferentes! Nunca gostaram de mim porque eles sempre gostaram do seu tio e não me aceitaram como rei, talvez com você isso mude, por isso quero que se esforce.
— Bom, não depende só de mim, eles também precisam gostar da futura rainha, não acha?
— Sua mãe já está trabalhando isso com ela. Você já provou que vai ser como eu, quando deu fim nos dois hereges, eu fiquei muito orgulhoso de você.
— Ficou orgulhoso de mim porque eu matei duas pessoas? Tanta coisa para se orgulhar...
— Claro, finalmente eles vão sumir, como eu sempre quis.
— Por que os odeia tanto? Algum motivo pessoal? – indagou.
— É claro que não, ! Só não acho que nosso povo tenha que se misturar com gente como eles.
— Se me der licença, eu irei ver a Kimberly – disse, dando um tapinha no ombro do pai e saindo sem deixar ele ter a chance de responder.
A morte de havia mexido em um lugar de que ele nunca tinha sentido antes. Ele nem sabia que podia sentir tanta dor em seu peito e que nada do que ele vivesse ia tirar aquela dor, nem que ele um dia chegasse a amar Kimberly, nada ia ser igual ao que ele sentiu por . Nunca. Todos os dias ele morria aos poucos de saber que nunca mais a veria e esse sentimento ao mesmo tempo que o matava, o dava força pra acabar com tudo que seu pai destruiu.
— Com licença, posso falar com Kimberly? – bateu na porta.
— Claro, querido! Eu já estava acabando de arrumar sua noiva. – Elvira sorriu, caminhou até o filho e plantou um beijo carinhoso na sua bochecha. – Façam boa viagem e seja você mesmo, ok? Não queremos outro Hunter governando. – riu baixo. – Prometo ser o melhor possível.
— Vamos? – ele disse, olhando a noiva. – Ou vamos ficar atrasados e não passa uma boa impressão aos súditos.
— Eles esperam um pouco, preciso estar impecável. Eu vou ser a rainha, tenho que estar sempre bonita. – olhou para sua mãe, que riu baixo. – Você está ótima do jeito que você está. Nós realmente temos que ir ou vai ficar tarde e não vamos conseguir voltar hoje. – Kimberly bufou, soltando a escova na penteadeira. – Vamos.
— Por que ficou tão brava, Kimberly? Só falei que íamos ficar atrasados, nossa.
— Queridos, queridos, sem brigar. Vocês precisam estar em sintonia para aparecerem para os súditos. , vai preparando tudo que eu vou acabar de arrumar a sua noiva. – Elvira interveio, colocando panos quentes no casal.
— Vou te esperar lá fora. – ele disse, pisando duro quando saiu ouvindo os múrmuros de reclamação da noiva.
atravessou o castelo e foi até o cocheiro que iria levá-los na viagem e ficou lá por mais alguns minutos até que sua noiva e sua mãe saíram de braços dados indo de encontro a ele.
— Bom dia, majestades. – cumprimentou o mais velho, recebendo o silêncio da mais nova que já entrou direito na carruagem aberta e um bom dia simples da rainha.
— Kimberly, ele te deu bom dia. Não vai responder? – a olhou.
— Eu não respondo a empregados. – retrucou.
— Então você vai ficar aqui. Desça. Eu não vou em lugar nenhum com uma sem educação, ele já vai levar nós dois, esperar e tornar a trazer a gente para casa.
— , você tem que entender....- ela tentou argumentar.
— Entender que você é uma grossa? Ou você responde ou você fica. – disse, sério.
— Bom dia. – resmungou.
— Não ouvi direito. Pode falar mais alto para ele, eu e minha mãe ouvirmos?
— Bom dia! – gritou.
— Ótimo. Para casar comigo você vai ter que ser educada, ok? Não gosto desse tipo de tratamento com nossos empregados. Não sei como é no seu reino, aqui eu gosto de educação. Combinado? Perfeito.
— Claro, . Desculpa. – bufou.
O casal partiu em direção a Neurat em silêncio, estava inquieto com aquela situação, mas não podia simplesmente desfazer o acordo entre os reinos, seria um mau começo de reinado, se é que ele teria um se fizesse isso. As vezes ele desejava em silêncio a volta do seu tio com um filho, que tomaria o lugar de rei, e ele poderia ficar longe de tudo isso. Mas não era mais possível. Só se um milagre acontecesse.
— Nossa, eu nunca vi essa cidade tão cheia. – disse , se espremendo entre a multidão de mãos dadas com .
— Nem eu. E eu nem sei o motivo, também. Mas deve ser importante, até decoraram com as cores do reino. Deve ser algum aviso, sei lá. Fazem isso quando eles querem anunciar alguma coisa.
— Acha que um deles vai vir? E se me reconhecerem?
— Não. Geralmente é um representante. Eles mesmos só vêm quando é algo de extrema importância. Você quer ficar e ver?
— Não sei, eu estou muito aflita com isso.
— Eu escondo seu rosto, se quiser.
— Eu não sei se quero.
— Tudo bem, podemos ir embora. – ele disse, a puxando para perto dando um beijo rápido nos seus lábios. – Não se preocupa.
O menino entrou na frente e ia abrindo o caminho enquanto tentava ao máximo esconder o rosto na capa que usava, ele entrelaçou a mão na dela em um sinal de que ele não a deixaria para trás. Quando finalmente estavam alcançando seu cavalo, eles ouviram a fanfarra anunciando a chegada de alguém do reino. olhou rapidamente para trás e viu um casal dando tchau a todos que estavam lá, sem saber o que fazer, puxou para um beijo, tentando disfarçar quem ela era.
’s POV on...
Eu nunca tinha viajado para Neurat até o dia de hoje, eles pareciam um povo solícito e muito hospitaleiro. Quando a fanfarra começou, todos eles tinham um lenço branco no ar balançando e comemorando nossa chegada. Olhei Kimberly de relance e a vi sorrindo e acenando como eu estava fazendo. Isso seria bem mais fácil se fosse com , ela com certeza iria descer e conversar com quem fosse, sem se importar se era ou não nobres. Ela seria a melhor rainha de todas. Continuamos rindo e acenando a quem estava ali, algumas menininhas até comemoravam quando eu piscava na direção delas, saindo entre os mais velhos rindo. Continuei acenando até que meus olhos foram para um ponto específico. Um casal tinha acabado de começar um beijo quando a capa da menina escorregou pelo seu cabelo e revelou seu rosto. Era ela. Mas era impossível. Era bem na minha frente. Viva. Sendo beijada por outro cara. Senti uma corrente elétrica passando por todo meu corpo e me impulsionando para fora da carruagem num salto.
— ! – gritei.
O garoto lançou seu olhar para mim e cochichou algo para ela que fez os dois saírem correndo, assustados. Corri atrás deles, deixando Kimberly para trás gritando para que eu voltasse. Mas eu não podia. Eu estava vendo . E eu não iria deixar isso para lá, eu ia até o fim do mundo se fosse necessário para descobrir isso. Quanto mais eu corria, parecia que mais longe eles ficavam, mas eu precisava ver aquela garota de perto. Botei mais força do que eu pude nas pernas e os alcancei, puxando a garota que se revelou sendo outra. Não era . Eu só podia estar louco.
— Majestade, algum problema? – disse o menino que estava com ela.
— Não. Nenhum. Me perdoem pelo susto. Sua amiga me lembra muito uma pessoa. – suspirei.
— Tudo bem. Sentimos muito por correr, nós nos assustamos. Aliás, me chamo .
— . – estendi a mão e ele apertou forte. – Eu sinto muito novamente. Com licença.
Dei meia volta a retornei ao centro onde todos estavam me olhando, inclusive Kimberly, que estava roxa de vergonha. Suspirei e coloquei o melhor sorriso no rosto enquanto eu pensava numa desculpa.
— Me desculpem pelo incidente. Achei que tivesse visto uma amiga de infância que foi muito especial para mim e não pensei no que estava fazendo. Não irá se repetir. A festa de vocês está linda! Eu e minha linda noiva, a futura rainha Kimberly, agradecemos de coração.
Subi novamente na carruagem e voltamos a passeata. Mas alguma coisa me dizia que aquela história estava mal contada. Eu só precisava de tempo e algumas escapadas na madrugada para descobrir isso.
’s pov off...
esperou o nobre se afastar e entrou na estalagem onde tinha se escondido, a procurou com os olhos e a viu escondida atrás do barril de vinho perto da parede.
— Ele já foi, amor, pode sair. Vamos para casa. – sorriu.
— Graças a Deus. Eu fiquei com tanto medo de ele me ver. – escondeu o rosto nas mãos.
— Eu dei um jeito, ok? Eu acho que ele não percebeu nada.
O casal caminhou em silêncio de volta para casa e nem e nem Jeremy perguntaram o motivo, deixando ficar quieta em seu quarto enquanto também se mantinha em silêncio. Eles não podiam saber que o príncipe tinha a encontrado, porque não sabiam o que podia acontecer.
Quando voltaram para o castelo, Kimberly e foram cada um para seus aposentos individuais. se pegou pensando se não havia se confundido e assustado uma menina sem querer, mas ele tinha tanta certeza de que era que não podia deixar aquela história acabar assim. Pediu para que chamassem sua mãe e não demorou para que os longos cabelos pretos chegassem até seu quarto com um olhar gentil e acolhedor.
— Oi, querido, me mandaram vir aqui com urgência. O que aconteceu? – disse, sentando na beira da cama, onde o menino deitou a cabeça e ela fez cafuné. – Por que você está desse jeito?
— Mãe, eu vi a . Ela está viva e eu quero sua ajuda para descobrir isso.
Capítulo XI
e chegaram em casa ofegantes e com o coração acelerado depois de correrem para casa, após quase serem pegos por , que os perseguiu até uma estalagem. Quando estavam finalmente seguros, foram até a estufa de Jeremy para descansarem.
— Essa foi por pouco – comentou .
— Eu sei, eu fiquei apavorada pensando que ele podia me reconhecer. – suspirou.
— Ele pareceu determinado a te encontrar – murmurou.
— Bom, talvez? – deu de ombros. – Acho que ele sente remorso, sabe?
— Você ainda gosta dele?
— É diferente, hum? Ele foi o primeiro namorado que eu tive, meu primeiro beijo, entende? É normal que eu ainda sinta algo.
— Claro, eu entendo, eu só me sinto... menos – concluiu. - Sei que ele ainda mexe com você e eu estou tentando lidar com isso, acho. Mas hoje eu fiquei com tanto medo dele achar nós dois e você resolver ir com ele de novo.
— Eu nunca abandonaria vocês três – disse, se abaixando do lado da cadeira dele. – O que eu tive com o foi diferente do que nós temos hoje. E eu gosto do hoje, tá?
sorriu e se espremeu na poltrona com o namorado. Ficaram conversando até um dos dois cochilarem e o outro apagar logo depois.
🏰⚗️⚔️
— Como assim você viu a ? – gaguejou Elvira.
— Vendo! Mãe, eu juro que era ela! – Elvira riu, nervosa, e caminhou até a porta, a trancando.
— Certo, agora me conta isso direito, ok? – disse, se sentando novamente e ouvindo contar toda história.
— Mãe, por favor, por favor, me ajuda – disse, chorando. – Eu sinto tanta falta dela que parece que meu peito vai explodir. E quando eu vi aquela menina hoje e achei que fosse ela, todo remorso e culpa que eu tinha foram embora. – A rainha sentiu seu coração ficar tão pequeno quanto um caroço de arroz. Ela sabia que se contasse algo, poderia colocar a si mesma e seu filho em perigo, até mesmo . Mas seu coração de mãe não aguentava mais ver o filho sofrer.
— Você não achou que a viu – respirou fundo antes de continuar -, você a viu, de fato. A está viva. Eu a ajudei a fugir.
— O quê?! – gritou.
— Sh, sh! – disse, tampando os lábios do filho. – Mas me promete que não vai me odiar por te fazer sofrer. Eu só queria te proteger, , se seu pai te machucasse, eu não sei o que seria de mim. E então eu e a pensamos nisso. Bom, mais eu do que ela, para falar a verdade – suspirou. – Agora eu vou te contar tudo que aconteceu.
ficou com os ouvidos atentos a história que sua mãe estava contando, ela e haviam armado sua fuga do castelo forjando uma morte desconhecida, uma vez que o vidro de veneno fora quebrado e enterrado por Elvira logo depois. Elvira havia ordenado que a jogassem o mais longe possível, para que assim, quando despertasse, tivesse uma vantagem e pudesse fugir sem que desconfiassem.
— Você me viu sofrer todos esses meses e não me falou nada? – ralhou .
— Eu não podia! Eu nos colocaria em risco, !
— Mas podia ter me falado, me contado, eu teria guardado segredo, sabe disso! – disse, levantando da cama e andando pelo quarto. – Então a menina que eu vi com aquele garoto... era ela. Ela... tem outra pessoa – sussurrou.
— Querido, eu sinto muito... - ela tentou buscar o rosto do filho, que a empurrou.
— Eu não quero falar com você agora. Você decepcionou muito mentindo para mim, mãe. Eu confiava em você e você não confiou em mim o suficiente para isso, pelo contrário, ficou calada enquanto eu definhava achando que eu tinha matado a . Preciso de espaço. – ela assentiu, de cabeça baixa.
— Sinto muito, mais uma vez – disse, batendo o ponta dos dedos no rosto, secando as lágrimas.
Elvira destrancou a porta e saiu em silêncio. pegou o copo do lado de sua cama e o jogou contra parede, tentando descontar a raiva que sentia naquele momento. Ele sabia que o pai seria capaz de enganá-lo, mas não sua mãe. Ele achava que sua mãe nunca o faria sofrer. E lá estava a decepção, da pessoa que ele nunca esperou isso.
🏰⚗️⚔️
Já em Prudence, Atkins fora recebido com todo respeito e cuidado do mundo. Ele contou tudo que havia acontecido, inclusive a morte de . Aos poucos ele tentava reconstruir sua vida na sua nova realidade, sem saber que a filha que ele tanto amava estava viva.
— Ela era linda, não era? – comentou Luz ao pegar Atkins segurando um pedaço de pintura a óleo da filha pequena.
— Muito. Eu sinto tanta falta dela – desconsolou o mais velho. – Falhei como pai dela. Ela morreu e eu não pude salvá-la.
— Você foi um pai excepcional, Atkins, você a criou sozinho. Vocês não tiveram culpa do que aconteceu, não pense assim, hum?
— Queria ter a chance de me despedir dela, sabe? Fazer as coisas que ela gostava e me despedir. Um ritual bonito e do jeito que ela merece. – sorriu, triste.
— Nós estamos pensando em ir até Neurat na próxima lua cheia, quer vir conosco? As vezes vai achar o que ela gosta e vai poder se despedir. – Ele assentiu. – Ótimo. Combinado, então. – ela sorriu e saiu, o deixando sozinho com seus pensamentos.
’s POV on...
Alguns dias depois de saber que estava viva e que minha mãe já sabia de tudo, eu percebi que meus dias não estavam começando enlutados como eram antes, saber que estava viva me deixava tranquilo, finalmente. Mas precisava ver, tocar, sentir que ela estava lá. Mas para isso acontecer e eu já tinha ideia de como, eu precisava da minha mãe para me ajudar.
— Mãe? Precisamos conversar – disse, chamando sua atenção enquanto ela conversava com alguma empregada, que sorriu de leve quando me viu e nos deixou a sós.
— Oi, querido! – sorriu, acolhedora. – Que bom te ver. O que quer?
— Que me fale o que mandou fazerem com a , se ela está em Neurat, ela não foi para muito longe quando a tiraram daqui.
— Eu disse para colocá-la nos limites do reino. Perto do rio. – Assenti.
— Tá, entendi. – disse, traçando uma nota mental. – Eu só preciso voltar lá e descobrir se tem alguma casa por aquelas bandas. Encontrei o menino que estava com ela, o nome dele é , deve morar por lá.
— Mas não pode simplesmente bater lá, se ela estiver lá, não vai aparecer. Precisa de uma desculpa para ela vir até você.
— Você vem comigo, então.
— Oi?
— Você é meu álibi. Você os distrai e eu a procuro.
— Isso é arriscado...
— Você me deve isso. Por favor... – pedi.
— Tudo bem, ainda está cedo, podemos ir e voltar hoje mesmo. Mande preparar os cavalos, vou inventar algo para seu pai. – ela me deu um beijo na testa e eu fui pedir que preparassem o cavalos.
Depois de alguns minutos, minha mãe e eu partimos para Neurat para procurar o tal e , saber que ele tinha algo com ela me dava enjoo no estômago, só de imaginar a possibilidade dela estar apaixonada, piorava.
— Vamos ficar escondidos na floresta, se ficarmos na cidade podemos ser descobertos – pontuei.
— E como pretende adivinhar onde eles moram? Pensou nisso?
— Não – confessei. – Estou rezando para que um deles passe em direção a casa.
— ! Isso está fora de cogitação, vamos voltar, é uma ordem.
— Não, não vamos. Isso é seu pedido de desculpas idealizado por mim – sorri, irônico.
— Você é mais parecido comigo do que eu queria que fosse - bufou
Quando entramos na floresta, tentei deixar tudo o mais confortável possível para minha mãe. Tinha preparado uma cesta com comida e bebida. Apesar de ainda estar chateado com ela, ela é minha mãe e só queria me proteger. Entendia isso.
— Me desculpa pelo que eu fiz, filho. Eu só pensei em te proteger do seu pai. Achei que tivesse feito a coisa certa e acabei fazendo você sofrer. Não irá se repetir. Eu prometo.
— Eu entendi. Só precisava de uns dias para assimilar, sabe? - Ela assentiu quebrando o biscoito no meio e colocando um pedaço na boca. Eu sabia que tendo minha mãe do meu lado, tudo acabaria bem.
Ficamos por mais algumas horas escondidos quando o barulho do relincho de um cavalo se aproximando, chamou nossa atenção.
— Olha! É o menino que estava com a , aquele lá! – apontou. – Acho que está acompanhado só da mãe.
— Eu vou lá e distraio eles. Você entra pelos fundos e procura ela, não sei. Você deve ter pouco tempo para falar com ela. – a mulher disse, se levantando.
— O que vai fazer? – disse, a acompanhando.
— Vou ser seu álibi – sorriu. – Acha que só você tem ideias? – disse, tirando um vestido simples da bolsa. – Peguei escondido de uma empregada. Assim não vão desconfiar de mim. Feche os olhos. – fechei os olhos e ouvi quando ela trocava de roupa rapidamente.
— Wow. Você até soltou o cabelo, mãe! Nunca te vi de cabelos soltos! – ri.
— Eu também não me lembrava como era. – riu sem ânimo. – Eu vou indo, assim que puder, vá também. – ela disse, montando no cavalo, que também estava sem sua pompa real e saiu do meu campo de visão indo até a família.
Não consegui ouvir o que ela estava falando, mas vi quando eles estavam a ajudando, o que me deu brecha para sair da floresta e correr em direção a casa sem ser visto. Fui me esgueirando pelos cantos e olhando dentro da casa e nenhum sinal dela, continuei minha busca pelos arredores da casa até que senti um cheiro familiar vindo de uma estufa um pouco afastada da casa. Alfazemas. Era o cheiro favorito dela. Caminhei silenciosamente até a estufa, sentindo o meu coração bater na cabeça e meu sangue correr como se fossem numa disputa de cavalos. Respirei fundo antes de bater na porta.
— Entra! – respondeu.
— Eu – tentei mudar o tom de voz para não ser pego desprevenido.
— Ah, , para de brincadeira. Pode abrir, né! – riu. – Achei que estava com seus pais e não ia voltar agora.
— Eu voltei para te ver. – disse, abrindo a porta, a surpreendendo.
Não deixei ela ter tempo de responder, corri até seu enlaço e a coloquei nos meus braços como a tanto tempo eu não sentia. Respirei aliviado quando seus braços se enrolaram no meu tronco e ficamos ali. Abraçados. Como se não houvesse mais ninguém no mundo. Apenas nós dois. Como tinha que ser desde o início.
’s pov off...
— Essa foi por pouco – comentou .
— Eu sei, eu fiquei apavorada pensando que ele podia me reconhecer. – suspirou.
— Ele pareceu determinado a te encontrar – murmurou.
— Bom, talvez? – deu de ombros. – Acho que ele sente remorso, sabe?
— Você ainda gosta dele?
— É diferente, hum? Ele foi o primeiro namorado que eu tive, meu primeiro beijo, entende? É normal que eu ainda sinta algo.
— Claro, eu entendo, eu só me sinto... menos – concluiu. - Sei que ele ainda mexe com você e eu estou tentando lidar com isso, acho. Mas hoje eu fiquei com tanto medo dele achar nós dois e você resolver ir com ele de novo.
— Eu nunca abandonaria vocês três – disse, se abaixando do lado da cadeira dele. – O que eu tive com o foi diferente do que nós temos hoje. E eu gosto do hoje, tá?
sorriu e se espremeu na poltrona com o namorado. Ficaram conversando até um dos dois cochilarem e o outro apagar logo depois.
— Vendo! Mãe, eu juro que era ela! – Elvira riu, nervosa, e caminhou até a porta, a trancando.
— Certo, agora me conta isso direito, ok? – disse, se sentando novamente e ouvindo contar toda história.
— Mãe, por favor, por favor, me ajuda – disse, chorando. – Eu sinto tanta falta dela que parece que meu peito vai explodir. E quando eu vi aquela menina hoje e achei que fosse ela, todo remorso e culpa que eu tinha foram embora. – A rainha sentiu seu coração ficar tão pequeno quanto um caroço de arroz. Ela sabia que se contasse algo, poderia colocar a si mesma e seu filho em perigo, até mesmo . Mas seu coração de mãe não aguentava mais ver o filho sofrer.
— Você não achou que a viu – respirou fundo antes de continuar -, você a viu, de fato. A está viva. Eu a ajudei a fugir.
— O quê?! – gritou.
— Sh, sh! – disse, tampando os lábios do filho. – Mas me promete que não vai me odiar por te fazer sofrer. Eu só queria te proteger, , se seu pai te machucasse, eu não sei o que seria de mim. E então eu e a pensamos nisso. Bom, mais eu do que ela, para falar a verdade – suspirou. – Agora eu vou te contar tudo que aconteceu.
ficou com os ouvidos atentos a história que sua mãe estava contando, ela e haviam armado sua fuga do castelo forjando uma morte desconhecida, uma vez que o vidro de veneno fora quebrado e enterrado por Elvira logo depois. Elvira havia ordenado que a jogassem o mais longe possível, para que assim, quando despertasse, tivesse uma vantagem e pudesse fugir sem que desconfiassem.
— Você me viu sofrer todos esses meses e não me falou nada? – ralhou .
— Eu não podia! Eu nos colocaria em risco, !
— Mas podia ter me falado, me contado, eu teria guardado segredo, sabe disso! – disse, levantando da cama e andando pelo quarto. – Então a menina que eu vi com aquele garoto... era ela. Ela... tem outra pessoa – sussurrou.
— Querido, eu sinto muito... - ela tentou buscar o rosto do filho, que a empurrou.
— Eu não quero falar com você agora. Você decepcionou muito mentindo para mim, mãe. Eu confiava em você e você não confiou em mim o suficiente para isso, pelo contrário, ficou calada enquanto eu definhava achando que eu tinha matado a . Preciso de espaço. – ela assentiu, de cabeça baixa.
— Sinto muito, mais uma vez – disse, batendo o ponta dos dedos no rosto, secando as lágrimas.
Elvira destrancou a porta e saiu em silêncio. pegou o copo do lado de sua cama e o jogou contra parede, tentando descontar a raiva que sentia naquele momento. Ele sabia que o pai seria capaz de enganá-lo, mas não sua mãe. Ele achava que sua mãe nunca o faria sofrer. E lá estava a decepção, da pessoa que ele nunca esperou isso.
— Ela era linda, não era? – comentou Luz ao pegar Atkins segurando um pedaço de pintura a óleo da filha pequena.
— Muito. Eu sinto tanta falta dela – desconsolou o mais velho. – Falhei como pai dela. Ela morreu e eu não pude salvá-la.
— Você foi um pai excepcional, Atkins, você a criou sozinho. Vocês não tiveram culpa do que aconteceu, não pense assim, hum?
— Queria ter a chance de me despedir dela, sabe? Fazer as coisas que ela gostava e me despedir. Um ritual bonito e do jeito que ela merece. – sorriu, triste.
— Nós estamos pensando em ir até Neurat na próxima lua cheia, quer vir conosco? As vezes vai achar o que ela gosta e vai poder se despedir. – Ele assentiu. – Ótimo. Combinado, então. – ela sorriu e saiu, o deixando sozinho com seus pensamentos.
’s POV on...
Alguns dias depois de saber que estava viva e que minha mãe já sabia de tudo, eu percebi que meus dias não estavam começando enlutados como eram antes, saber que estava viva me deixava tranquilo, finalmente. Mas precisava ver, tocar, sentir que ela estava lá. Mas para isso acontecer e eu já tinha ideia de como, eu precisava da minha mãe para me ajudar.
— Mãe? Precisamos conversar – disse, chamando sua atenção enquanto ela conversava com alguma empregada, que sorriu de leve quando me viu e nos deixou a sós.
— Oi, querido! – sorriu, acolhedora. – Que bom te ver. O que quer?
— Que me fale o que mandou fazerem com a , se ela está em Neurat, ela não foi para muito longe quando a tiraram daqui.
— Eu disse para colocá-la nos limites do reino. Perto do rio. – Assenti.
— Tá, entendi. – disse, traçando uma nota mental. – Eu só preciso voltar lá e descobrir se tem alguma casa por aquelas bandas. Encontrei o menino que estava com ela, o nome dele é , deve morar por lá.
— Mas não pode simplesmente bater lá, se ela estiver lá, não vai aparecer. Precisa de uma desculpa para ela vir até você.
— Você vem comigo, então.
— Oi?
— Você é meu álibi. Você os distrai e eu a procuro.
— Isso é arriscado...
— Você me deve isso. Por favor... – pedi.
— Tudo bem, ainda está cedo, podemos ir e voltar hoje mesmo. Mande preparar os cavalos, vou inventar algo para seu pai. – ela me deu um beijo na testa e eu fui pedir que preparassem o cavalos.
Depois de alguns minutos, minha mãe e eu partimos para Neurat para procurar o tal e , saber que ele tinha algo com ela me dava enjoo no estômago, só de imaginar a possibilidade dela estar apaixonada, piorava.
— Vamos ficar escondidos na floresta, se ficarmos na cidade podemos ser descobertos – pontuei.
— E como pretende adivinhar onde eles moram? Pensou nisso?
— Não – confessei. – Estou rezando para que um deles passe em direção a casa.
— ! Isso está fora de cogitação, vamos voltar, é uma ordem.
— Não, não vamos. Isso é seu pedido de desculpas idealizado por mim – sorri, irônico.
— Você é mais parecido comigo do que eu queria que fosse - bufou
Quando entramos na floresta, tentei deixar tudo o mais confortável possível para minha mãe. Tinha preparado uma cesta com comida e bebida. Apesar de ainda estar chateado com ela, ela é minha mãe e só queria me proteger. Entendia isso.
— Me desculpa pelo que eu fiz, filho. Eu só pensei em te proteger do seu pai. Achei que tivesse feito a coisa certa e acabei fazendo você sofrer. Não irá se repetir. Eu prometo.
— Eu entendi. Só precisava de uns dias para assimilar, sabe? - Ela assentiu quebrando o biscoito no meio e colocando um pedaço na boca. Eu sabia que tendo minha mãe do meu lado, tudo acabaria bem.
Ficamos por mais algumas horas escondidos quando o barulho do relincho de um cavalo se aproximando, chamou nossa atenção.
— Olha! É o menino que estava com a , aquele lá! – apontou. – Acho que está acompanhado só da mãe.
— Eu vou lá e distraio eles. Você entra pelos fundos e procura ela, não sei. Você deve ter pouco tempo para falar com ela. – a mulher disse, se levantando.
— O que vai fazer? – disse, a acompanhando.
— Vou ser seu álibi – sorriu. – Acha que só você tem ideias? – disse, tirando um vestido simples da bolsa. – Peguei escondido de uma empregada. Assim não vão desconfiar de mim. Feche os olhos. – fechei os olhos e ouvi quando ela trocava de roupa rapidamente.
— Wow. Você até soltou o cabelo, mãe! Nunca te vi de cabelos soltos! – ri.
— Eu também não me lembrava como era. – riu sem ânimo. – Eu vou indo, assim que puder, vá também. – ela disse, montando no cavalo, que também estava sem sua pompa real e saiu do meu campo de visão indo até a família.
Não consegui ouvir o que ela estava falando, mas vi quando eles estavam a ajudando, o que me deu brecha para sair da floresta e correr em direção a casa sem ser visto. Fui me esgueirando pelos cantos e olhando dentro da casa e nenhum sinal dela, continuei minha busca pelos arredores da casa até que senti um cheiro familiar vindo de uma estufa um pouco afastada da casa. Alfazemas. Era o cheiro favorito dela. Caminhei silenciosamente até a estufa, sentindo o meu coração bater na cabeça e meu sangue correr como se fossem numa disputa de cavalos. Respirei fundo antes de bater na porta.
— Entra! – respondeu.
— Eu – tentei mudar o tom de voz para não ser pego desprevenido.
— Ah, , para de brincadeira. Pode abrir, né! – riu. – Achei que estava com seus pais e não ia voltar agora.
— Eu voltei para te ver. – disse, abrindo a porta, a surpreendendo.
Não deixei ela ter tempo de responder, corri até seu enlaço e a coloquei nos meus braços como a tanto tempo eu não sentia. Respirei aliviado quando seus braços se enrolaram no meu tronco e ficamos ali. Abraçados. Como se não houvesse mais ninguém no mundo. Apenas nós dois. Como tinha que ser desde o início.
’s pov off...
Capítulo XII
jogou os braços em volta de e ficou quieta, ouvindo a própria respiração e a dele. Juntas de novo. parecia mais sério, fato. Talvez por ter sofrido a sua não perda, isso fez com que o brilho dos seus olhos diminuísse um pouco. Por outro lado, ele também continuava lindo. Ele parecia mais forte e o cabelo também estava diferente.
Os dois continuaram abraçados em silêncio por alguns minutos.
— Como você chegou até aqui? – falou baixinho.
— Podemos conversar depois? – perguntou. – Eu estou com tantas saudades suas, . Quero ficar mais um pouco abraçado com você. – disse, a puxando para mais perto e a aninhando no peito. – Achei que nunca mais fosse te ver.
— Desculpa. Eu precisei – lamentou.
— Eu sei, eu sei. Agora eu entendo. – disse, plantando um beijo na testa dela. – Você precisava se proteger.
— Não queria ter feito você ou meu pai sofrer. – chorou – Eu sinto tanta falta dele.
— Seu pai está bem. Eu o ajudei a fugir e minha mãe te ajudou. – sorriu. – Deu tudo certo no final.
voltou a abraçar apertado e deixou as lágrimas rolarem mais uma vez. Ela estava vendo um rosto conhecido depois de tanto tempo longe, se escondendo, com medo de descobrirem onde ela estava. Sentia medo por , e Jeremy, também. Eles também eram sua família agora.
— Eu não posso demorar. Minha mãe está distraindo-os para mim. Eu preciso ir.
— Tudo bem. – sorriu fraco. – Eu adorei te ver. Senti saudades.
— Saber que você está viva foi um grande alívio, . Eu achei que fosse morrer sem você.
— Eu não posso te contar tudo agora, mas um dia eu vou, prometo – suspirou.
— A gente pode se ver? Como a gente fazia antes? – pediu.
— ... e eu ... – gaguejou.
— Eu sei. Eu tive que noivar para conseguir ser o futuro rei.
— Ah, você está noivo – abaixou a cabeça. – Tudo bem.
— Vou deixar uma cruz no limite do rio, se você quiser me ver de novo, você deixa um fio vermelho amarrado nela, se não quiser, não precisa ir. – ela assentiu e o abraçou pela última vez, o vendo sair pela janela e a deixando totalmente confusa.
🏰⚗️⚔️
correu o mais rápido que pode para não ser visto por ninguém e observou de longe que sua mãe continuava os enrolando, fingindo ser uma cartomante. O jovem fez sua melhor imitação de lobo, o que fez sua mãe virar a atenção para direção dele.
— Lobos de manhã? – perguntou . – Melhor eu ir olhar, com licença. – disse, tentando dar a volta.
— Não! É meu cachorro! Um sujinho qualquer, ele é meio carente. – Elvira disse, rindo. – Garanto! Mas minha previsão acabou. Espero que tenham gostado. – disse, fazendo uma reverência. – E lembrem-se: coisas boas acontecem quando a gente menos espera.
— Tudo bem, obrigada. Toma. – disse, tirando duas moedas de prata da bolsa. – Tenha um bom dia – sorriu. – Vamos entrar, seu pai deve estar precisando dessas ervas para o chá, ele estava péssimo hoje. – deu um sorriso acolhedor e acenou para ela.
Elvira esperou eles entrarem e correu de encontro a , que estava sorrindo sozinho enquanto cheirava as próprias roupas.
— E então? Como foi? – perguntou, ofegante.
— Parece que tudo voltou a fazer sentido.
Os dois continuaram abraçados em silêncio por alguns minutos.
— Como você chegou até aqui? – falou baixinho.
— Podemos conversar depois? – perguntou. – Eu estou com tantas saudades suas, . Quero ficar mais um pouco abraçado com você. – disse, a puxando para mais perto e a aninhando no peito. – Achei que nunca mais fosse te ver.
— Desculpa. Eu precisei – lamentou.
— Eu sei, eu sei. Agora eu entendo. – disse, plantando um beijo na testa dela. – Você precisava se proteger.
— Não queria ter feito você ou meu pai sofrer. – chorou – Eu sinto tanta falta dele.
— Seu pai está bem. Eu o ajudei a fugir e minha mãe te ajudou. – sorriu. – Deu tudo certo no final.
voltou a abraçar apertado e deixou as lágrimas rolarem mais uma vez. Ela estava vendo um rosto conhecido depois de tanto tempo longe, se escondendo, com medo de descobrirem onde ela estava. Sentia medo por , e Jeremy, também. Eles também eram sua família agora.
— Eu não posso demorar. Minha mãe está distraindo-os para mim. Eu preciso ir.
— Tudo bem. – sorriu fraco. – Eu adorei te ver. Senti saudades.
— Saber que você está viva foi um grande alívio, . Eu achei que fosse morrer sem você.
— Eu não posso te contar tudo agora, mas um dia eu vou, prometo – suspirou.
— A gente pode se ver? Como a gente fazia antes? – pediu.
— ... e eu ... – gaguejou.
— Eu sei. Eu tive que noivar para conseguir ser o futuro rei.
— Ah, você está noivo – abaixou a cabeça. – Tudo bem.
— Vou deixar uma cruz no limite do rio, se você quiser me ver de novo, você deixa um fio vermelho amarrado nela, se não quiser, não precisa ir. – ela assentiu e o abraçou pela última vez, o vendo sair pela janela e a deixando totalmente confusa.
— Lobos de manhã? – perguntou . – Melhor eu ir olhar, com licença. – disse, tentando dar a volta.
— Não! É meu cachorro! Um sujinho qualquer, ele é meio carente. – Elvira disse, rindo. – Garanto! Mas minha previsão acabou. Espero que tenham gostado. – disse, fazendo uma reverência. – E lembrem-se: coisas boas acontecem quando a gente menos espera.
— Tudo bem, obrigada. Toma. – disse, tirando duas moedas de prata da bolsa. – Tenha um bom dia – sorriu. – Vamos entrar, seu pai deve estar precisando dessas ervas para o chá, ele estava péssimo hoje. – deu um sorriso acolhedor e acenou para ela.
Elvira esperou eles entrarem e correu de encontro a , que estava sorrindo sozinho enquanto cheirava as próprias roupas.
— E então? Como foi? – perguntou, ofegante.
— Parece que tudo voltou a fazer sentido.
Capítulo XIII
Elvira e voltaram ao entardecer para o castelo, conversando sobre o que tinha acontecido. Tinham conseguido salvar e Atkins das mãos de Hunter e era um segredo que os dois não poderiam nunca contar a ninguém. Quando chegaram em casa foram recebidos por Hunter que estava os esperando na porta.
— Onde estavam, posso saber? – perguntou. – A noiva do chegou há horas e vocês não estavam!
— Nós fomos ter um momento de mãe e filho. É crime eu querer ficar um tempo junto com meu filho? – rebateu Elvira.
— Não quero saber do seu amor maternal, eu quero que ele cumpra com os deveres dele como futuro rei.
— Já disse para você não falar assim com ela. – se colocou na frente da mãe. – Já avisei sobre esse comportamento.
— Olha só, seu garoto insolente... – começou Hunter.
— Com licença, majestade, mas eu tenho uma noiva para receber, não é? – disse, dando uma ombrada no pai e indo até o estábulo.
— Você não vai sossegar enquanto não tirar nosso filho daqui, não é? – perguntou Elvira.
— Não se meta nos meus assuntos. – falou entre os dentes.
— Olha só, Hunter, eu cansei de você achar que pode falar comigo do jeito que quiser só porque usa uma coroa na cabeça. Eu também uso uma, lembre-se disso quando achar que pode tudo. Quando meu filho colocar as mãos na sua coroa, ele vai fazê-la valer bem mais do que você um dia já fez.
Elvira deixou Hunter falando sozinho enquanto seguia o mesmo caminho que fez.
— Mãe, obrigado por tudo hoje, de coração. E me desculpa pelo jeito que eu falei com você. Eu estava nervoso e meio em choque com tudo que aconteceu. Eu te amo, hum? – ele disse, dando um beijo nas mãos da mãe, que sorriu de volta.
— Imagina, meu filho, não tem problema. Eu entendo. – sorriu, alisando seu rosto. – Que bom que puderam se rever, mas tenham cuidado caso queiram continuar com isso. Fez uma promessa a Kimberly. Não pode dar para trás.
— Eu sei. Vou cumprir meu papel de rei. Prometo.
— Agora vá. Ela deve estar esperando. – ela sorriu novamente e o jovem príncipe seguiu seu caminho até seu quarto. Quando abriu a porta, deu de cara com Kimberly segurando um dos brincos que ele tinha guardado de .
— Kimberly! O que está fazendo no meu quarto? – disse, pegando o brinco de volta.
— Estava te esperando há horas na biblioteca, seu pai mandou que eu viesse para cá, para ter privacidade. De quem são os brincos?
— Não importa de quem são. – disse, guardando de volta.
— Se meu noivo tem brincos de outra mulher guardados, então é da minha conta! – ralhou.
— Eu achei esses brincos numa expedição, gostei deles e então eu uso como amuleto da sorte. Olha, é uma pedra de ônix. Serve como proteção.
— Entendi. – disse, o encarando. – E por que não desmontou e ficou só com a pedra?
— Porque não, Kimberly! – esbravejou. – Eu gosto de deixar pendurado na minha espada. Satisfeita?
— Eu sou sua noiva, , mereço respeito, sabia?
— Eu te respeito. Eu só não gosto que mexam nas minhas coisas. – disse, apertando os olhos. O que você quer aqui, então? – suspirou.
— Vim te visitar, ué. Senti saudades.
— Não é de bom tom ficar sozinhos sem casar. – disse, a pegando pelo braço e a levando para fora. – Se alguém ver, vão começar a falar mal da gente e eu não quero escândalo. Por favor, espere lá na biblioteca.
Kimberly bufou e saiu do quarto batendo o pé. sentou na cama e respirou fundo.
Tirou as roupas que usava e se lavou. Ficou pensando em como foi bom reencontrar e saber que ela estava bem e segura, juntamente com pessoas que cuidavam e a amavam, mas não conseguiu não pensar que ela poderia estar apaixonada por , o que fez seu coração apertar. Se ele pudesse, desistiria desse maldito casamento e iria atrás dela agora.
🏰⚗️⚔️
— Pronto, Kimberly. – anunciou, chegando à biblioteca.
— Eu quero falar sobre o nosso casamento, ué.
— Certo, então vamos conversar. – puxou uma cadeira e sentou de frente para ela.
— Você sabe, bom, eu quero fazer uma coisa bem grande. Pensei em aumentar a lista em mais alguns nomes. Meu pai tem alguns contatos com reinos menores e eu estava conversando com seu pai e ele concordou. – ele assentiu, quieto. Quanto mais Kimberly falava, mais disperso ficava. Ele só conseguia pensar no calor do abraço de o envolvendo apertado. No cheiro de alfazemas dela, no jeito que ela sorria, o jeito como ela o olhou quando viu ele parado na porta.
— , você está me ouvindo?!
— Estou. Desculpe. Ando com a cabeça cheia pensando nas próximas responsabilidades de futuro rei, sinto muito. Faça o que você quiser, hum? – beijou a testa dela e voltou a sentar na cadeira.
— Você não liga a mínima para mim, nem para o nosso casamento, não é?
— Sinceramente? Não era assim que eu queria que as coisas acontecessem, mas aconteceu. Eu vou me casar com você e vamos fazer dar certo do jeito que for.
— Tudo bem. – murmurou.
— Continua. Por favor.
voltou a prestar atenção no que Kimberly dizia, mesmo não estando ali. A mente dele sempre voltava apenas e sempre para .
🏰⚗️⚔️
Já ainda estava tonta do que tinha acabado de acontecer. estivera na sua frente, carne e osso, a abraçando como se o mundo todo fosse ela. Ele tinha o cabelo um pouco maior do que antes, parecia até mais forte, mas os olhos dele agora tinham um brilho diferente, parecia um brilho de alívio. se sentou na cadeira, tentando controlar suas emoções e a vontade de chorar ao vê-lo. Fazia tanto tempo que ela não via um rosto conhecido que a sensação da velha normalidade trouxe uma paz que há muito tempo ela não tinha. Ela também se sentiu aliviada quando soube por intermédio de que seu pai estava bem, livre e vivo, como ela sempre sonhou que estivesse.
Depois de recuperar o fôlego, ela trancou a estufa e se dirigiu até a casa, onde foi recebida por com uma cara estranha.
— Onde você estava?
— Na estufa. Não vi chegarem. – pigarreou.
— Não ouviu uma estranha falando com a gente? – iniciou .
— Não, eu estava distraída. Me desculpem.
— Tudo bem. Bom, eu vou lá levar a sopa para o papai. Quer ir no rio?
— No lago? Claro. Vamos. – subiu atrás dele e foi até seu quarto. Quando percebeu que estava sozinha, abriu a caixinha de joias que Jeremy a deu de presente e tirou um pertence de lá de dentro e o escondeu no vestido. Desceu as escadas depressa e foi arrumar o cavalo que os levaria até o rio, esperando voltar.
— Vamos? – sorriu ao ver a menina pronta.
— Vamos – sorriu de volta, subindo no cavalo com a ajuda do jovem, que subiu logo depois.
— Podemos ir até o limite dessa vez? – perguntou.
— Podemos. Claro. – riu.
não queria mentir para , mas sabia que ele se sentia inferior ao príncipe, por isso não comentou nada. Comentaria depois que soubesse como seu pai estava, precisava de notícias dele. Quando chegaram ao limite do rio ficaram admirando como as águas dançavam e eram cristalinas por ali. conseguiu ver a cruz a poucos metros dela e de , que estava distraído alimentando o animal. aproveitou a deixa, tirou a medalha que havia dado quando estava presa e a pendurou na cruz. Sorriu sozinha com o ato.
— Ei, o que está vendo aí? – disse o menino, se aproximando.
— Ah, olha só. Uma cruz com uma medalha pendurada.
— Pode ser alguém que faleceu, não sei. – pensou. – É uma medalha muito bonita.
— É. É sim. – admirou. – Muito mesmo.
— Melhor não mexer. Não sabemos de quem foi. – concluiu ele.
— Vamos voltar? – pediu. – Sua mãe deve ter muitas tarefas para fazer e seu pai não está em condições de ajudar.
— Como quiser. – ele disse, estalando a língua chamando o cavalo.
montou novamente no cavalo, deixando o pedaço quebrado do seu coração na cruz, mas ela sabia que esse pedaço logo, logo ia ser completar outra vez.
— Onde estavam, posso saber? – perguntou. – A noiva do chegou há horas e vocês não estavam!
— Nós fomos ter um momento de mãe e filho. É crime eu querer ficar um tempo junto com meu filho? – rebateu Elvira.
— Não quero saber do seu amor maternal, eu quero que ele cumpra com os deveres dele como futuro rei.
— Já disse para você não falar assim com ela. – se colocou na frente da mãe. – Já avisei sobre esse comportamento.
— Olha só, seu garoto insolente... – começou Hunter.
— Com licença, majestade, mas eu tenho uma noiva para receber, não é? – disse, dando uma ombrada no pai e indo até o estábulo.
— Você não vai sossegar enquanto não tirar nosso filho daqui, não é? – perguntou Elvira.
— Não se meta nos meus assuntos. – falou entre os dentes.
— Olha só, Hunter, eu cansei de você achar que pode falar comigo do jeito que quiser só porque usa uma coroa na cabeça. Eu também uso uma, lembre-se disso quando achar que pode tudo. Quando meu filho colocar as mãos na sua coroa, ele vai fazê-la valer bem mais do que você um dia já fez.
Elvira deixou Hunter falando sozinho enquanto seguia o mesmo caminho que fez.
— Mãe, obrigado por tudo hoje, de coração. E me desculpa pelo jeito que eu falei com você. Eu estava nervoso e meio em choque com tudo que aconteceu. Eu te amo, hum? – ele disse, dando um beijo nas mãos da mãe, que sorriu de volta.
— Imagina, meu filho, não tem problema. Eu entendo. – sorriu, alisando seu rosto. – Que bom que puderam se rever, mas tenham cuidado caso queiram continuar com isso. Fez uma promessa a Kimberly. Não pode dar para trás.
— Eu sei. Vou cumprir meu papel de rei. Prometo.
— Agora vá. Ela deve estar esperando. – ela sorriu novamente e o jovem príncipe seguiu seu caminho até seu quarto. Quando abriu a porta, deu de cara com Kimberly segurando um dos brincos que ele tinha guardado de .
— Kimberly! O que está fazendo no meu quarto? – disse, pegando o brinco de volta.
— Estava te esperando há horas na biblioteca, seu pai mandou que eu viesse para cá, para ter privacidade. De quem são os brincos?
— Não importa de quem são. – disse, guardando de volta.
— Se meu noivo tem brincos de outra mulher guardados, então é da minha conta! – ralhou.
— Eu achei esses brincos numa expedição, gostei deles e então eu uso como amuleto da sorte. Olha, é uma pedra de ônix. Serve como proteção.
— Entendi. – disse, o encarando. – E por que não desmontou e ficou só com a pedra?
— Porque não, Kimberly! – esbravejou. – Eu gosto de deixar pendurado na minha espada. Satisfeita?
— Eu sou sua noiva, , mereço respeito, sabia?
— Eu te respeito. Eu só não gosto que mexam nas minhas coisas. – disse, apertando os olhos. O que você quer aqui, então? – suspirou.
— Vim te visitar, ué. Senti saudades.
— Não é de bom tom ficar sozinhos sem casar. – disse, a pegando pelo braço e a levando para fora. – Se alguém ver, vão começar a falar mal da gente e eu não quero escândalo. Por favor, espere lá na biblioteca.
Kimberly bufou e saiu do quarto batendo o pé. sentou na cama e respirou fundo.
Tirou as roupas que usava e se lavou. Ficou pensando em como foi bom reencontrar e saber que ela estava bem e segura, juntamente com pessoas que cuidavam e a amavam, mas não conseguiu não pensar que ela poderia estar apaixonada por , o que fez seu coração apertar. Se ele pudesse, desistiria desse maldito casamento e iria atrás dela agora.
— Eu quero falar sobre o nosso casamento, ué.
— Certo, então vamos conversar. – puxou uma cadeira e sentou de frente para ela.
— Você sabe, bom, eu quero fazer uma coisa bem grande. Pensei em aumentar a lista em mais alguns nomes. Meu pai tem alguns contatos com reinos menores e eu estava conversando com seu pai e ele concordou. – ele assentiu, quieto. Quanto mais Kimberly falava, mais disperso ficava. Ele só conseguia pensar no calor do abraço de o envolvendo apertado. No cheiro de alfazemas dela, no jeito que ela sorria, o jeito como ela o olhou quando viu ele parado na porta.
— , você está me ouvindo?!
— Estou. Desculpe. Ando com a cabeça cheia pensando nas próximas responsabilidades de futuro rei, sinto muito. Faça o que você quiser, hum? – beijou a testa dela e voltou a sentar na cadeira.
— Você não liga a mínima para mim, nem para o nosso casamento, não é?
— Sinceramente? Não era assim que eu queria que as coisas acontecessem, mas aconteceu. Eu vou me casar com você e vamos fazer dar certo do jeito que for.
— Tudo bem. – murmurou.
— Continua. Por favor.
voltou a prestar atenção no que Kimberly dizia, mesmo não estando ali. A mente dele sempre voltava apenas e sempre para .
— Onde você estava?
— Na estufa. Não vi chegarem. – pigarreou.
— Não ouviu uma estranha falando com a gente? – iniciou .
— Não, eu estava distraída. Me desculpem.
— Tudo bem. Bom, eu vou lá levar a sopa para o papai. Quer ir no rio?
— No lago? Claro. Vamos. – subiu atrás dele e foi até seu quarto. Quando percebeu que estava sozinha, abriu a caixinha de joias que Jeremy a deu de presente e tirou um pertence de lá de dentro e o escondeu no vestido. Desceu as escadas depressa e foi arrumar o cavalo que os levaria até o rio, esperando voltar.
— Vamos? – sorriu ao ver a menina pronta.
— Vamos – sorriu de volta, subindo no cavalo com a ajuda do jovem, que subiu logo depois.
— Podemos ir até o limite dessa vez? – perguntou.
— Podemos. Claro. – riu.
não queria mentir para , mas sabia que ele se sentia inferior ao príncipe, por isso não comentou nada. Comentaria depois que soubesse como seu pai estava, precisava de notícias dele. Quando chegaram ao limite do rio ficaram admirando como as águas dançavam e eram cristalinas por ali. conseguiu ver a cruz a poucos metros dela e de , que estava distraído alimentando o animal. aproveitou a deixa, tirou a medalha que havia dado quando estava presa e a pendurou na cruz. Sorriu sozinha com o ato.
— Ei, o que está vendo aí? – disse o menino, se aproximando.
— Ah, olha só. Uma cruz com uma medalha pendurada.
— Pode ser alguém que faleceu, não sei. – pensou. – É uma medalha muito bonita.
— É. É sim. – admirou. – Muito mesmo.
— Melhor não mexer. Não sabemos de quem foi. – concluiu ele.
— Vamos voltar? – pediu. – Sua mãe deve ter muitas tarefas para fazer e seu pai não está em condições de ajudar.
— Como quiser. – ele disse, estalando a língua chamando o cavalo.
montou novamente no cavalo, deixando o pedaço quebrado do seu coração na cruz, mas ela sabia que esse pedaço logo, logo ia ser completar outra vez.
Capítulo XIV
não podia conter a alegria de saber que estava viva e salva. Ele queria pegar ela dali e fugir. Recomeçar com ela em outro lugar onde pudessem viver em paz e se amando. Mas ele não podia, ele tinha um compromisso com o povo e com Kimberly. Ele tinha esperanças que ia encontrar o colar que dera a no lugar que combinaram para voltar a conversar. Ele voltou lá o mais silenciosamente possível com seu fiel escudeiro, seu cavalo favorito, seu maior confidente. Quando chegou onde foi feito o combinado, sorriu quando viu o colar pendurado e deixou o par de brincos dela enterrado perto da cruz. Ele deixou um pedaço de papel enrolado marcando que queria a ver no dia seguinte, antes do pôr do sol. guardou o colar consigo e caminhou de volta para o cavalo, voltando devagar para o castelo.
Seu casamento se aproximava cada vez mais, Kimberly estava cada vez mais perto de se mudar e ele estava cada vez mais perto de virar rei. O compromisso o assustava porque sabia que depois de casado não teria mais saída. Ele voltou para o reino e se deparou com o pai de Kimberly junto com seu pai combinando o casamento. Conseguiu passar sem ser visto e correu para o seu quarto. ficou pensando em como seria seu encontro com no dia seguinte. Como seria beijá-la, abraçá-la e tocá-la novamente. Sorriu sozinho com esse pensamento e não percebeu quando Kimberly entrou sorrateiramente no quarto, subindo na cama e beijando seu pescoço.
— Kim! Como entrou aqui? – disse, pulando da cama. — Eu só vim te dar um oi. – disse, puxando-o pela roupa — Ei! Já disse que não vou encostar em você antes do casamento. Nem depois se continuar assim. – bufou. — Qual problema de quebrar as regras uma vez? – insistiu. — Que eu não sou assim, Kimberly! – gritou. – Eu não vou me deitar com você sem estar casado, entendeu? Ou eu vou contar para o seu pai, certo? — Em quem você acha que vão acreditar? Em mim ou você? – provocou. — Está me ameaçando? – disse entre os dentes. — Não, não estou ameaçando. Estou afirmando a ameaça. – disse, o empurrando contra a parede. — Tira as mãos do meu filho. Agora. – anunciou Elvira.
jogou a cabeça para trás de alívio ao ver a mãe entrar no quarto. Nunca pensou que esquecer de trancar a porta fosse livrar ele da maior roubada da vida dele. Ele empurrou Kimberly devagar e foi até a mãe. — Obrigada por essa. – disse, a abraçando. – Achei que ela fosse me atacar. — Mocinha, já para fora desse quarto. Agora! Antes que eu mande cancelar esse casamento. Entendeu? – Elvira disse, a encarando. — Sim, senhora. – ela assentiu contrariada e saiu pisando duro. — Mãe, eu juro que ela que começou! – começou se defendendo. — Eu sei, . Eu te criei bem. Mas tome cuidado, ela é ardilosa. Vai dar trabalho como rainha consorte. — Eu sei. Vou tomar cuidado. – disse, beijando sua mão. – Aliás, vou ver a amanhã, antes do pôr do sol. — Cuidado, tá? Não deixa te verem. – sorriu. — Sim, senhora rainha Elvira. – disse, beijando sua mão e fazendo uma referência.
🏰⚗️⚔️
Quando o dia seguinte chegou junto com o dia do encontro, pediu que lhe preparassem um banho demorado. Ele foi esfregado e lavaram seu cabelo. também pediu para preparem roupas novas enquanto ele se banhava. Depois de arrumado, selou o cavalo e já ia saindo quando foi parado por Hunter.
— Onde pensa que vai? – bradou. — Vou fazer negócios. – o olhou. — Com quem? — Eu descobri que tem uns aprendizes em curandeirismo por aí, vou descobrir onde estão. — Cada vez mais parecido comigo e não com aquele fracote que você era. – disse, batendo no rosto dele. – Vai ser um rei excelente. — Como você. – sorriu falso. — Assim como eu. – disse orgulhoso. — Com licença, majestade.
Hunter abençoou e ele saiu. Toda vez que precisava falar que queria ser como o pai, ele sentia o estômago dele se revirar. Tudo que ele queria era não ser como ele. Ele sentia nojo do pai. De tudo que ele fazia e agia.
Quando ele entrou ao limite do rio e encontrou , ele desceu correndo do cavalo, a tirou do chão por trás e a rodou no ar rindo. Ela virou para ele e o abraçou com força. Os dois ficaram abraçados por uns segundos assimilando que aquilo era real. Que eles estavam juntos de novo. não resistiu e acabou beijando com todo amor e saudades que ele tinha guardado durante esse tempo. também correspondeu ao beijo, segurando o rosto dele com cuidado.
— Senti tanta falta do seu beijo... - disse sussurrando. – Eu sei que você está com aquele menino e eu vou me casar, mas eu precisava sentir seu beijo de novo. — Tudo bem. Também senti sua falta. – sorriu.
Os dois deram as mãos e sentaram perto do rio, abraçados. A sensação apesar de conhecida, era diferente. Desde quando se conheceram, no aniversário de , eles não se desgrudaram. tinha uma vida diferente de e vice-versa. Mas eram em suas diferenças que eles se completavam.
— Como a sua mãe está? Sinto falta dela também. – comentou . — Ela está ótima! Veio comigo quando eu te achei, mas ficou distraindo o pessoal. – riu — E meu pai? Como foi? – suspirou. — Seu pai? – sorriu. — Seu pai está vivo, . O ajudei a escapar. – riu.
apertou a cintura de num abraço apertado. Ela mal podia acreditar que o pai estava vivo, ela sentia tanta falta dos conselhos, dos abraços, de passar a noite com o pai conversando sobre a vida.
🏰⚗️⚔️
— Não acredito que ele sofreu tanto e não estava lá para ajudar... – fungou.
— Não fica assim. Seu pai é o homem mais forte que eu conheço. – disse, limpando seu rosto. – Queria eu ter a força dele, . – sorriu.
— Senti falta de ter ouvir me chamar assim. – riu, chorosa. – Sinto falta de viver sem medo, sabe? Eu tenho medo de me acharem e machucarem eles. Eles me acolheram como da família. Queria que conhecesse eles...
— Não sei se quero conhecer seu namorado. – riu, sem graça.
— É, pode ser arriscado também, vai que alguém te viu.... – disse, insegura.
— Ninguém me viu, eu garanto. Mas eu entendo seu medo. Eu também preciso ir. – disse, levantando devagar.
acompanhou os passos dele de volta e o beijou docemente no rosto. esperou sumir do seu campo de visão e voltou para casa. A visita de deixou tão animada que ela resolveu fazer uma nova essência. Ela procurou alfazema e arruda, os cheiros favoritos dos dois. Quando entrou na estufa, deu de cara com sentado na poltrona esperando-a.
— Onde você estava, ? – perguntou, sério.
Seu casamento se aproximava cada vez mais, Kimberly estava cada vez mais perto de se mudar e ele estava cada vez mais perto de virar rei. O compromisso o assustava porque sabia que depois de casado não teria mais saída. Ele voltou para o reino e se deparou com o pai de Kimberly junto com seu pai combinando o casamento. Conseguiu passar sem ser visto e correu para o seu quarto. ficou pensando em como seria seu encontro com no dia seguinte. Como seria beijá-la, abraçá-la e tocá-la novamente. Sorriu sozinho com esse pensamento e não percebeu quando Kimberly entrou sorrateiramente no quarto, subindo na cama e beijando seu pescoço.
— Kim! Como entrou aqui? – disse, pulando da cama. — Eu só vim te dar um oi. – disse, puxando-o pela roupa — Ei! Já disse que não vou encostar em você antes do casamento. Nem depois se continuar assim. – bufou. — Qual problema de quebrar as regras uma vez? – insistiu. — Que eu não sou assim, Kimberly! – gritou. – Eu não vou me deitar com você sem estar casado, entendeu? Ou eu vou contar para o seu pai, certo? — Em quem você acha que vão acreditar? Em mim ou você? – provocou. — Está me ameaçando? – disse entre os dentes. — Não, não estou ameaçando. Estou afirmando a ameaça. – disse, o empurrando contra a parede. — Tira as mãos do meu filho. Agora. – anunciou Elvira.
jogou a cabeça para trás de alívio ao ver a mãe entrar no quarto. Nunca pensou que esquecer de trancar a porta fosse livrar ele da maior roubada da vida dele. Ele empurrou Kimberly devagar e foi até a mãe. — Obrigada por essa. – disse, a abraçando. – Achei que ela fosse me atacar. — Mocinha, já para fora desse quarto. Agora! Antes que eu mande cancelar esse casamento. Entendeu? – Elvira disse, a encarando. — Sim, senhora. – ela assentiu contrariada e saiu pisando duro. — Mãe, eu juro que ela que começou! – começou se defendendo. — Eu sei, . Eu te criei bem. Mas tome cuidado, ela é ardilosa. Vai dar trabalho como rainha consorte. — Eu sei. Vou tomar cuidado. – disse, beijando sua mão. – Aliás, vou ver a amanhã, antes do pôr do sol. — Cuidado, tá? Não deixa te verem. – sorriu. — Sim, senhora rainha Elvira. – disse, beijando sua mão e fazendo uma referência.
— Onde pensa que vai? – bradou. — Vou fazer negócios. – o olhou. — Com quem? — Eu descobri que tem uns aprendizes em curandeirismo por aí, vou descobrir onde estão. — Cada vez mais parecido comigo e não com aquele fracote que você era. – disse, batendo no rosto dele. – Vai ser um rei excelente. — Como você. – sorriu falso. — Assim como eu. – disse orgulhoso. — Com licença, majestade.
Hunter abençoou e ele saiu. Toda vez que precisava falar que queria ser como o pai, ele sentia o estômago dele se revirar. Tudo que ele queria era não ser como ele. Ele sentia nojo do pai. De tudo que ele fazia e agia.
Quando ele entrou ao limite do rio e encontrou , ele desceu correndo do cavalo, a tirou do chão por trás e a rodou no ar rindo. Ela virou para ele e o abraçou com força. Os dois ficaram abraçados por uns segundos assimilando que aquilo era real. Que eles estavam juntos de novo. não resistiu e acabou beijando com todo amor e saudades que ele tinha guardado durante esse tempo. também correspondeu ao beijo, segurando o rosto dele com cuidado.
— Senti tanta falta do seu beijo... - disse sussurrando. – Eu sei que você está com aquele menino e eu vou me casar, mas eu precisava sentir seu beijo de novo. — Tudo bem. Também senti sua falta. – sorriu.
Os dois deram as mãos e sentaram perto do rio, abraçados. A sensação apesar de conhecida, era diferente. Desde quando se conheceram, no aniversário de , eles não se desgrudaram. tinha uma vida diferente de e vice-versa. Mas eram em suas diferenças que eles se completavam.
— Como a sua mãe está? Sinto falta dela também. – comentou . — Ela está ótima! Veio comigo quando eu te achei, mas ficou distraindo o pessoal. – riu — E meu pai? Como foi? – suspirou. — Seu pai? – sorriu. — Seu pai está vivo, . O ajudei a escapar. – riu.
apertou a cintura de num abraço apertado. Ela mal podia acreditar que o pai estava vivo, ela sentia tanta falta dos conselhos, dos abraços, de passar a noite com o pai conversando sobre a vida.
acompanhou os passos dele de volta e o beijou docemente no rosto. esperou sumir do seu campo de visão e voltou para casa. A visita de deixou tão animada que ela resolveu fazer uma nova essência. Ela procurou alfazema e arruda, os cheiros favoritos dos dois. Quando entrou na estufa, deu de cara com sentado na poltrona esperando-a.
— Onde você estava, ? – perguntou, sério.
Capítulo XV
’s POV
— Eu estava lá fora – disse, tentando manter a voz firme.
— Eu tenho a impressão de que você está mentindo para mim – ele disse, me encarando.
Droga. Mil vezes droga. Eu sempre fui uma péssima mentirosa. Mas eu não podia deixar ele saber onde eu estava. Me senti uma traíra. Se eu contasse a que me encontrei escondida com seria como dar uma facada em suas costas.
— Você não vai me responder?
— Eu estava no lago, fui dar uma volta. Não contei para você por que achei que ia ficar preocupado. Eu só queria ficar um pouco sozinha.
— É o seu pai? Sente falta dele? – ele disse, caminhando até a mim e segurando meus ombros.
— Sinto. – Isso não era mentira. Eu sentia falta do meu pai mais do que qualquer coisa no mundo. – Muita.
— Onde vocês moravam? – perguntou.
— Como assim?
— Bom, vocês moravam perto daqui antes, mas e o seu pai?
— Ah! Em Ártemis, por quê?
— Bom, talvez a gente possa ir lá para você rever seus amigos....
A ideia de voltar a Ártemis parecia ser tão boa. Rever as pessoas que eu amo, ficar junto com pessoas como eu, a sensação de não se esconder ou ficar com medo.
Eu tinha tanta sorte de estar viva. Meu pai também iria querer isso de mim, ia querer que eu continuasse.
— Você está falando sério? – perguntei.
— Claro que estou. Jamais brincaria com isso. – Sorriu. – Podemos ir quando você quiser.
Sorri largo e o abracei bem forte. eram tão gentil comigo, me senti uma traíra mentindo para ele. Eu não podia deixa-lo fazer tantos esforços e não retribuir contando a verdade sobre hoje.
— , eu não posso fazer isso – confessei.
— O quê? Ir até lá?
— Não. Não posso deixar você fazer tudo isso por mim e eu não te contar a verdade. Eu fui até o lago me encontrar com o . Ele me achou. Sabe a mulher que parou vocês? Provavelmente era a mãe dele.
— Oi? – disse, confuso.
— Eu o beijei.
— Você me traiu?!
— Me perdoa, por favor... - suspirei.
— O quê?! Eu não quero ouvir mais nada. Mesmo. Agora sou eu que preciso ficar sozinho. Eu preciso de um tempo para pensar nisso tudo, se realmente vale a pena ficar com alguém que não enterra o passado, preciso tentar confiar em você de novo.
— Espera, . De quanto tempo precisa até voltar a confiar em mim?
Notei quando revirou os olhos devagar e mordeu os lábios, quando tornou a me encarar, os olhos dele estavam magoados, e eu soube exatamente a resposta.
Senti o meu estômago pesar e uma sensação tão ruim, tão ruim, que eu só lembro de ter sentido isso quando achei que tivesse perdido meu pai no incêndio.
saiu da estufa em silêncio e me deixou sozinha.
Fiquei mais um tempo sozinha arrumando a estufa e deixei as lágrimas caírem. Eu me sentia tão estúpida por ter feito aquilo. Mas ao mesmo tempo, quando eu vi vindo na minha direção, pareceu tão certo estar ali com ele. Ele era a única coisa que me sobrou da minha vida antiga. Era meu elo.
Ele ia se casar com outra e eu precisava aceitar que nosso tempo acabou. Eu precisava seguir em frente.
Tranquei a estufa e guardei a chave onde deixamos sempre e entrei pelos fundos da casa, subindo as escadas rapidamente e parando na frente da porta do quarto do .
— , podemos conversar? – pedi. – Sei que quer ficar sozinho, eu respeito isso, mas me deixa só te ver. Eu sinto muito.
Silêncio.
— Por favor. – supliquei.
Ouvi o rangido da cama e a porta abrir devagar.
— Posso entrar? – ele assentiu e me deu espaço para entrar.
O abracei forte. Eu sabia que havia errado com o e ia consertar as coisas.
— Me desculpa, por favor, eu sei que eu errei. Eu prometo que vou ser uma namorada melhor...
— Eu aceito suas desculpas com uma condição. – disse me afastando.
— Qual?
— Dá próxima vez que se encontrar com ele, eu quero ir.
— Oi?
— Aceito suas desculpas se me colocar frente a frente com seu ex.
— Eu estava lá fora – disse, tentando manter a voz firme.
— Eu tenho a impressão de que você está mentindo para mim – ele disse, me encarando.
Droga. Mil vezes droga. Eu sempre fui uma péssima mentirosa. Mas eu não podia deixar ele saber onde eu estava. Me senti uma traíra. Se eu contasse a que me encontrei escondida com seria como dar uma facada em suas costas.
— Você não vai me responder?
— Eu estava no lago, fui dar uma volta. Não contei para você por que achei que ia ficar preocupado. Eu só queria ficar um pouco sozinha.
— É o seu pai? Sente falta dele? – ele disse, caminhando até a mim e segurando meus ombros.
— Sinto. – Isso não era mentira. Eu sentia falta do meu pai mais do que qualquer coisa no mundo. – Muita.
— Onde vocês moravam? – perguntou.
— Como assim?
— Bom, vocês moravam perto daqui antes, mas e o seu pai?
— Ah! Em Ártemis, por quê?
— Bom, talvez a gente possa ir lá para você rever seus amigos....
A ideia de voltar a Ártemis parecia ser tão boa. Rever as pessoas que eu amo, ficar junto com pessoas como eu, a sensação de não se esconder ou ficar com medo.
Eu tinha tanta sorte de estar viva. Meu pai também iria querer isso de mim, ia querer que eu continuasse.
— Você está falando sério? – perguntei.
— Claro que estou. Jamais brincaria com isso. – Sorriu. – Podemos ir quando você quiser.
Sorri largo e o abracei bem forte. eram tão gentil comigo, me senti uma traíra mentindo para ele. Eu não podia deixa-lo fazer tantos esforços e não retribuir contando a verdade sobre hoje.
— , eu não posso fazer isso – confessei.
— O quê? Ir até lá?
— Não. Não posso deixar você fazer tudo isso por mim e eu não te contar a verdade. Eu fui até o lago me encontrar com o . Ele me achou. Sabe a mulher que parou vocês? Provavelmente era a mãe dele.
— Oi? – disse, confuso.
— Eu o beijei.
— Você me traiu?!
— Me perdoa, por favor... - suspirei.
— O quê?! Eu não quero ouvir mais nada. Mesmo. Agora sou eu que preciso ficar sozinho. Eu preciso de um tempo para pensar nisso tudo, se realmente vale a pena ficar com alguém que não enterra o passado, preciso tentar confiar em você de novo.
— Espera, . De quanto tempo precisa até voltar a confiar em mim?
Notei quando revirou os olhos devagar e mordeu os lábios, quando tornou a me encarar, os olhos dele estavam magoados, e eu soube exatamente a resposta.
Senti o meu estômago pesar e uma sensação tão ruim, tão ruim, que eu só lembro de ter sentido isso quando achei que tivesse perdido meu pai no incêndio.
saiu da estufa em silêncio e me deixou sozinha.
Fiquei mais um tempo sozinha arrumando a estufa e deixei as lágrimas caírem. Eu me sentia tão estúpida por ter feito aquilo. Mas ao mesmo tempo, quando eu vi vindo na minha direção, pareceu tão certo estar ali com ele. Ele era a única coisa que me sobrou da minha vida antiga. Era meu elo.
Ele ia se casar com outra e eu precisava aceitar que nosso tempo acabou. Eu precisava seguir em frente.
Tranquei a estufa e guardei a chave onde deixamos sempre e entrei pelos fundos da casa, subindo as escadas rapidamente e parando na frente da porta do quarto do .
— , podemos conversar? – pedi. – Sei que quer ficar sozinho, eu respeito isso, mas me deixa só te ver. Eu sinto muito.
Silêncio.
— Por favor. – supliquei.
Ouvi o rangido da cama e a porta abrir devagar.
— Posso entrar? – ele assentiu e me deu espaço para entrar.
O abracei forte. Eu sabia que havia errado com o e ia consertar as coisas.
— Me desculpa, por favor, eu sei que eu errei. Eu prometo que vou ser uma namorada melhor...
— Eu aceito suas desculpas com uma condição. – disse me afastando.
— Qual?
— Dá próxima vez que se encontrar com ele, eu quero ir.
— Oi?
— Aceito suas desculpas se me colocar frente a frente com seu ex.
Continua...
Nota da autora: Oi, meninas! Nem vou pedir mais desculpas pelo sumiço, vou pedir pelo capítulo curtinho! Prometo tentar atualizar com mais frequência dessa vez!
Beijos e até a próxima!
Leiam minhas outras histórias aqui no FFOBS:
➽ 04. Falling Over Me (Shortfic)
➽ 05. The Art of Realization (Shortfic)
➽ Beth (Shortfic)
➽ Marry You (Shortfic)
➽ MV: Skinny Dipping (Shortfic)
➽ MV: Sue Me (Shortfic)
➽ MV: Out of The Woods (Em andamento)
Nota da beta: Eita que o circo está armado, hein? O cheio de atitude, imagino o caos que será! Kkkkkkkkk.
Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.
Beijos e até a próxima!
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➽ 04. Falling Over Me (Shortfic)
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➽ Marry You (Shortfic)
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➽ MV: Sue Me (Shortfic)
➽ MV: Out of The Woods (Em andamento)
Nota da beta: Eita que o circo está armado, hein? O cheio de atitude, imagino o caos que será! Kkkkkkkkk.
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