Prólogo
adentrou pela porta de casa, deixou as chaves do carro e a carteira na mesinha ao lado cabideiro e foi até a sala. Estava exausto depois de mais um dia longo de treinamento, mas não podia reclamar, seu time estava na final do campeonato continental e ele era o protagonista disso. Gostava de toda a atenção que estava recebendo da torcida e da mídia esportiva.
Ele foi até o seu quarto para trocar de roupa - e escolheu uma calça de moletom pra ficar confortável, já que não pretendia sair naquele dia e queria dormir cedo – e depois desceu pra sala afim assistir televisão até pegar no sono. A enorme casa estava silenciosa, sinal de que ele estava sozinho, exatamente como queria para curtir o último dia antes da concentração para a final do campeonato.
assistiu a um de seus programas preferidos e depois trocou para um filme, mas antes do final já estava sonolento, cochilando rapidamente entre uma cena e outra. Se sentia exausto e por isso achou melhor ir dormir mais cedo do que pretendia, assim acordaria disposto no dia seguinte para treinar.
Ele só não esperava receber uma mensagem de perguntando se poderiam se ver. respirou fundo, estava cansado daquela situação, mas era incapaz de dizer que não porque simplesmente não conseguia ficar longe de por muito tempo, mesmo sabendo que não era ele o homem que acordava ao lado dela todos os dias. Vez ou outra, se sentia na reserva da vida dela, mesmo sabendo que ela não fazia nada daquilo de propósito. não era uma pessoa ruim, pelo contrário, era encantadora, e por isso que ele não conseguia ficar longe dela nos últimos dez anos desde que ambos se conheceram na faculdade. Enquanto ela se formou, ele foi descoberto por um olheiro e seguiu carreira no esporte, e esse era o único motivo de não estarem mais juntos, ao menos não oficialmente.
Do jeito que estava, pegou um casaco no armário, suas chaves do carro e saiu. Seja lá o que fosse, ele queria, de uma vez por todas, resolver aquela situação que já durava por muitos anos. Por mais que amasse , achava que não valia a pena, especialmente se ela continuava casada com outro. não queria mais.
Ele foi até o seu quarto para trocar de roupa - e escolheu uma calça de moletom pra ficar confortável, já que não pretendia sair naquele dia e queria dormir cedo – e depois desceu pra sala afim assistir televisão até pegar no sono. A enorme casa estava silenciosa, sinal de que ele estava sozinho, exatamente como queria para curtir o último dia antes da concentração para a final do campeonato.
assistiu a um de seus programas preferidos e depois trocou para um filme, mas antes do final já estava sonolento, cochilando rapidamente entre uma cena e outra. Se sentia exausto e por isso achou melhor ir dormir mais cedo do que pretendia, assim acordaria disposto no dia seguinte para treinar.
Ele só não esperava receber uma mensagem de perguntando se poderiam se ver. respirou fundo, estava cansado daquela situação, mas era incapaz de dizer que não porque simplesmente não conseguia ficar longe de por muito tempo, mesmo sabendo que não era ele o homem que acordava ao lado dela todos os dias. Vez ou outra, se sentia na reserva da vida dela, mesmo sabendo que ela não fazia nada daquilo de propósito. não era uma pessoa ruim, pelo contrário, era encantadora, e por isso que ele não conseguia ficar longe dela nos últimos dez anos desde que ambos se conheceram na faculdade. Enquanto ela se formou, ele foi descoberto por um olheiro e seguiu carreira no esporte, e esse era o único motivo de não estarem mais juntos, ao menos não oficialmente.
Do jeito que estava, pegou um casaco no armário, suas chaves do carro e saiu. Seja lá o que fosse, ele queria, de uma vez por todas, resolver aquela situação que já durava por muitos anos. Por mais que amasse , achava que não valia a pena, especialmente se ela continuava casada com outro. não queria mais.
Capítulo Único
Tonight we're fading fast
I just wanna make this last
If I could say the things that I wanna say
I'd find a way to make you stay
I'd never let you get away
Catch you in all the games we've played
So go ahead, rip my heart out
Show me what love's all about
Go ahead, rip my heart out
That's what love's all about
expirou a fumaça do cigarro e deu mais uma tragada antes de entrar em casa. Por mais que tivesse o péssimo hábito de fumar, não o fazia dentro de casa porque já tinha decorado o discurso de trinta linhas que sempre fazia quando o pegava no flagra, fumando em um lugar fechado. Ele acabou rindo com a lembrança, se quer conseguia se chatear com isso - na verdade até gostava, pois remetia a uma época em que tudo era mais tranquilo e o seu casamento não estava desgastado.
Quando terminou, jogou a bituca do cigarro na grama e entrou. Para um diretor de cinema e uma confeiteira famosa, moravam num apartamento relativamente simples, isso porque ambos evitavam os holofotes e queriam uma vida discreta.
abriu a porta da sala e inalou o cheiro doce que empesteava toda a casa, soube na hora que estava cozinhando e instantaneamente seu estômago roncou de fome, afinal já estava tarde. Ele foi até a cozinha e viu a figura de cabelos de costas pra ele. hesitou em se aproximar, mas percebeu que ele estava ali antes de qualquer coisa.
- Estou testando uma receita nova - ela olhou rapidamente pra ele com um sorrisinho de canto e voltou a atenção para a massa que estava preparando.
- E será que eu vou poder experimentar? Minha barriga tá roncando.
- Esse vai demorar pra ficar pronto, mas eu preparei o jantar e deixei um prato pra você, está na geladeira.
Por mais que o casamento já não fosse o mesmo, não pensava duas vezes antes de comer as refeições que preparava, ela era a melhor cozinheira que ele conhecia, mesmo sua especialidade sendo a confeitaria. Ele pegou o prato pronto na geladeira e esquentou no microondas, então se sentou à mesa enquanto continuava preparando a massa.
- Você saiu hoje? - ele perguntou enquanto tentava puxar assunto. Conversar parecia uma tarefa difícil.
- Não, eu literalmente passei o dia inteiro na cozinha - riu enquanto respondia. - Tô tentando preparar alguma coisa diferente pra passar aos candidatos no programa.
- Bom, eu acho que talvez os candidatos possam esperar um pouco enquanto você janta com o seu marido, não é?
- Eu já comi, ...
não contestou, já nem insistia mais, se limitou a comer em silêncio, mas então despejou a massa crua na forma e colocou no forno quente, logo depois, mesmo sem ter um prato, se sentou à mesa com ele. tinha razão, os candidatos poderiam esperar um pouco.
- Como foi o seu dia?
- Uma grande merda - ele confessou rindo e ela o acompanhou, se sentiu ligeiramente feliz pelo gesto dela. - Aquela porra de elenco problemático ainda vai terminar de foder com as minhas ideias.
- Olha a boca, - advertiu, mas era em tom de brincadeira. - Está sendo tão ruim assim?
- Eu sinto que alguém vai ser demitido da produção, e espero que seja eu, assim vou poder descansar um pouco.
- Que inveja de você, eu sigo trabalhando feito uma condenada. Saudades de quando você era o diretor criativo do programa, eu era muito mais feliz.
- Foi quando nos conhecemos - disse naturalmente, mas logo em seguida se arrependeu.
De fato, se conheceram nove anos antes quando se juntou ao elenco do programa de confeitaria mais assistido do país. Ela, uma desconhecida, porém habilidosa confeiteira, encantou logo de cara o diretor, que era antes de partir para a direção de filmes blockbuster. Entre idas e vindas, sustentavam o casamento de seis anos e pequenas conversas como aquela acendiam uma pequena luz nos dois.
- Parece que já faz muito tempo.
- , eu sei que tá tudo tão diferente, é tudo uma loucura, mas eu acho que ainda não acabou, sabe? A gente... a gente precisa continuar tentando mais um pouco.
- Estamos tentando, .
- Eu quero muito fazer isso durar, não teria me casado com você se tivesse dúvidas do que sinto.
- ... - hesitou, estava pensando nas palavras certas. - Como eu disse, estamos tentando... e mesmo que não dê certo, não quer dizer que foi um tempo perdido, não é? Você é importante pra mim, eu também tô tentando, mas...
- Você não sente a mesma coisa? Não sente que ainda tem futuro?
- Eu não sei... - ela admitiu completamente derrotada, realmente não sabia. - Eu realmente não sei.
- Por favor, não me diz que é por causa dele - as palavras soavam com gosto de limão para , odiava ter que pronunciar o nome de seu rival.
- Não é por causa do , é por causa de mim. Ele é passado.
- Ele não é passado, , eu sei que nunca foi, eu sei que toda vez que a gente não está junto, você está com ele, eu sei disso, e acho que nem ligo mais pra essa merda toda, mas... porra! O que esse cara tem que eu não tenho?
- , para...
- , eu juro que tô tentando, mas eu não consigo sabendo que ele tá só esperando eu vacilar pra...
- Eu não sou um objeto de vocês dois, , tá bom? Eu tenho idade o suficiente pra pensar com a minha própria cabeça e o que você tá falando é ridículo. Eu não falo com o há quase um ano, desde que a gente decidiu tentar mais uma vez, e, por favor, não haja como se eu fosse uma pessoa horrível, você também teve companhia.
- Nenhuma namorada de dez anos atrás que ainda goste de mim - baixou o tom de voz quase sussurrando, mas ouviu.
- Eu não me casei com ele, eu me casei com você. Será que você pode parar de me acusar desse jeito?
- Eu vou dormir, tá? Depois conversamos mais. Obrigado pela comida, boa noite - se levantou rapidamente e foi colocar o prato na lavadora.
- , por favor...
- Boa noite, .
foi para o quarto e continuou por lá. Se sentia cansada e com uma imensa vontade de desistir. Por muito tempo amou , foi feliz no casamento, mas não conseguia mais, o sentimento já não era o mesmo. Ela estava cansada e ele também, eram tantas idas e vindas que ela se sentia interpretando um personagem no qual já estava se perdendo, e o fato de ser acusada de traição a deixava ainda mais chateada.
Seria hipocrisia dizer que não esteve com nos últimos anos, mas não enquanto ela e estavam bem. Toda vez em que decidiam se separar, lá estava ela com o seu namorado de adolescência, assim como também tinha alguém para ir atrás, era como um jogo que não conseguiam parar de jogar. não queria brincar com os sentimentos de de maneira alguma, mas não conseguia se controlar sempre que estava perto dele e o mesmo poderia ser dito do atleta. tinha que admitir, mesmo depois de tantos anos o sentimento não tinha ido embora totalmente e isso era frustrante, sendo que foi ela que decidiu terminar pelo bem dos dois, assim ela poderia terminar a faculdade e ele poderia assinar um contrato com seu primeiro grande clube, mas mesmo assim aquilo continuava assombrando-a mesmo depois de dez anos.
foi afastada dos seus pensamentos quando um cheiro de queimado invadiu suas narinas, o bolo no forno já tinha passado do ponto e estava começando a queimar. Ela afastou os pensamentos ruins e correu para ver, mas já era tarde, e assim como tudo na sua vida recentemente, o bolo também tinha dado errado.
....
Let's forget the past
I swear we'll make this last
'Cause I remember the taste of your skin tonight
And the way that you looked, you had those eyes
I remember the way it felt inside
And the names of the songs that made you cry
You would scream, we would fight, you would call me crazy
I would laugh, you were mad, but you always kiss me
And the shirt that I had, that you always borrowed
When I woke, it was gone, there was no tomorrow
aguardava ansiosamente a campainha tocar. Se quer conseguia assistir ao programa que passava na televisão, estava ansiosa e irritada. William estava atrasado como sempre, garantiu que estaria ali às dez da manhã e já era quase onze, e só vinte minutos depois ele apareceu. Ela saltou do sofá e foi atender.
- Por que demorou tanto, Will? - ela disse ao abrir a porta. - Achei que não viria mais.
- Calma aí, bravinha, eu peguei um trânsito do caralho pra chegar aqui, fica tranquila - o rapaz riu e entrou sem que ela pedisse, afinal, ele já era de casa.
- Você é mesmo uma cópia do seu irmão, não é? Nunca sabem chegar no horário.
- Não, eu sou muito mais bonito e simpático do que o meu irmão.
William era o irmão mais novo de , e, diferente do mais velho, era mais desinibido e bem-humorado. Ele e mantiveram a amizade durante todos aqueles anos, eram melhores amigos, e William era o único que sabia de tudo o que acontecia na vida de , incluindo o suposto triângulo que a mulher se encontrava no momento.
- E então? Cadê o seu marido chaminé? - perguntou enquanto se sentava no sofá.
- Trabalhando. Por que você acha que sugeri que viesse pra cá? - respondeu enquanto se sentava na poltrona ao lado.
- Juro que não entendo o motivo de o não gostar de mim. Eu não sou o , isso sem contar que sou muito simpático, não é? me conheceu quando eu ainda era um moleque, se ele acha que você e eu temos qualquer coisa, é melhor alguém dar um choque de realidade nele - William disse fazendo rir, adorava o fato de que para Will não existia tempo ruim.
- Na verdade ele odeia qualquer coisa relacionada ao .
- E é sobre ele que você quer falar, não é? - ele mudou de postura de repente, pra poder falar sério. - O que tá acontecendo?
- Com o ? Nada, eu não vejo ele faz muito tempo, é o ... eu acho que o não quer mais, Will, está sempre insinuando que eu tenho alguma coisa com o e isso sempre gera uma briga.
- Mas você tem alguma coisa com o .
- Não, eu já tive, mas hoje não tenho mais, desde que e eu decidimos tentar mais uma vez, eu nunca mais o vi ou falei com ele, mas o não parece muito convencido com isso e ontem à noite discutimos de novo. Ele insinuou que está apenas esperando um vacilo dele pra vir atrás, como se eu fosse um pedaço de carne que os dois disputam.
- Tecnicamente ele não está tão errado assim.
- Will!
- O quê? Você por acaso convive com o como eu? O cara é meu irmão, eu sei do que tô falando, ok? Não é à toa que ele vai ganhar o prêmio de melhor do mundo, treina feito um filha da puta pra não ficar pensando em você toda vez que vê sua cara na televisão.
- Eu achei que me afastar dele faria ele esquecer e seguir em frente - ela admitiu enquanto encolhia os ombros.
- Não deu muito certo, mas... deixa pra lá - William mudou de ideia sobre o que iria falar, não queria se meter ainda mais em um assunto que não era da sua conta.
- O quê? Você ia falar alguma coisa, eu te conheço, fala.
- É que... , tá mais do que óbvio que seu casamento já foi pro ralo, e você pode até gostar um pouco do , mas é amor? O mesmo amor que você sentia dez anos atrás?
- Will, você não é casado, não entende como funciona um casamento.
- Não quer dizer que eu não saiba o que é gostar de alguém. O é tão diferente quando está com você, diferente e muito melhor, ele até sorri... ele sempre fica arrasado quando você volta pro casamento e se fecha no mundinho dele. Ele é um cara legal, e eu sinto falta do meu irmão, esse cara fechado e carrancudo não é ele de verdade. Deve ser horrível passar tanto tempo assim.
- Will - pensava no que dizer, mas ouvir tudo aquilo fazia com que ela se sentisse mal. - Talvez não fosse pra dar certo, eu amei o , e todas as vezes que voltei pra ele ressaltaram isso, mas eu não posso brincar com os sentimentos dele assim, não é certo.
- Você tem razão, mas acho que você deveria dizer isso pra ele e não pra mim, porque é exatamente isso que ele acha, que você está brincando com ele esse tempo todo.
- Não posso simplesmente aparecer na porta dele e começar a falar essas coisas.
- Ele vai no meu aniversário também, você não precisa evitar ele o tempo inteiro, conversar vai fazer bem pra vocês dois. E por favor, não leva o mala do , tá? Não quero ele estragando a minha festa.
...
acabou aceitando o convite de William para o aniversário de vinte e três anos do rapaz que não economizou na hora de preparar a festa. tinha certeza que ele não conhecia metade das pessoas que estavam na casa dele e o andar de baixo inteiro estava tomado de gente, algo que a incomodava muito. Estava sozinha porque estava trabalhando, mas ele sabia que ela estava lá. começou a se questionar se seria uma boa ideia, já estava circulando há vinte minutos e ainda não tinha encontrado William por ali. Até tinha parado para cumprimentar algumas pessoas que conhecia, mas ela parecia ser uma das últimas pessoas ali que estava sóbria ou sem qualquer resquício de drogas no organismo.
- ! - William avistou a amiga e foi rapidamente na direção dela. - Eu sabia que você viria.
- Eu não ia perder o seu aniversário, Will, você sabe disso - ela sorriu enquanto o mais novo passava um braço ao redor dos ombros dela. - Mas você não acha que tem muita gente chapada em um lugar só? Você está também, tô sentindo o cheiro de maconha.
- Eu não tô chapado ainda, e se você quiser relaxar também, eu arrumo um pra você - ele deu uma piscadinha pra ela que riu. - Sei que você é totalmente antidrogas, mas...
- Arruma um pra mim, você só me conhece um pouquinho.
- Eu pago pra ver!
- Pode pagar, mas ainda não muda o fato de que essa gente toda me causa claustrofobia.
- Pode ir lá pra cima, eu não deixei ninguém subir lá, pode ficar no meu quarto.
aceitou e William foi com ela até o andar de cima. Seu quarto era o último do corredor e ele torcia para que não percebesse o que ele estava fazendo.
- Pode ficar à vontade - ele deixou ela entrar e, muito rapidamente, fechou a porta do seu quarto e trancou a porta.
e se olharam surpresos, não esperavam se encontrar ali. Enquanto ele se levantava da cama, ela se virou e começou a bater na porta quando ouviu o barulho da fechadura.
- William, abre essa porta!
- Vocês não vão sair daí enquanto não se entenderem - William disse do outro lado despreocupado.
- Eu vou derrubar essa porta, eu juro! Me deixa sair! - bateu mais três vezes com tanta força que sua mão estava ardendo.
- Desculpa, , não vai rolar, é pro bem de vocês. Volto daqui a pouco, não se matem.
- William!
Mas já era tarde, William já tinha saído e ela estava sozinha com que ainda não tinha dito uma palavra se quer. Ele apenas olhava pra ela, não esboçava mais surpresa e nem qualquer emoção por estar ali, o que deixou um pouco atordoada. Não sabia se ele estava feliz ou incomodado, mas deveria estar acostumada, afinal, quase sempre foi assim.
- Você sabia disso, não é? - perguntou para ele, quando se deu por vencida que não sairia dali tão cedo.
- Não, na verdade eu fui enganado também, mas dá pra pular a janela, e se tiver sorte, você não morre - apontou para a janela aberta, mas era muito alto para arriscar. - Tem a do banheiro também.
- Não tô fugindo de você, , ok? - se sentou na cama e riu sarcasticamente. - O quê?
- Tem certeza? Acho que já faz uns dez anos que você está fugindo de mim. Você ainda acha o o melhor homem do mundo?
- Se não fosse, eu não teria me casado com ele - respondeu no mesmo tom de ironia, algo que ele não esperava.
- Que merda. Você sempre toma a decisão errada.
- Por que você está falando isso? , eu fiz o que foi melhor pra gente, está bem? Eu precisava me formar e você realizou o seu sonho de ser jogador! Eu te amava de verdade, e por eu te amar tanto eu precisei deixar você ir, não era justo ficarmos presos em um relacionamento que não daria certo.
- Não ia dar certo naquele momento, mas eu tentei voltar pra você tantas vezes que perdi a conta - ele se sentou também para poder desabafar. - E todas as vezes que você escolheu ele ao invés de mim, me machucaram, mas eu continuei insistindo porque eu sempre soube que você pode até gostar dele, mas não é a mesma coisa.
- Não quer dizer que eu não goste do .
- Ainda gosta? Vamos lá, , seja honesta, esse seu casamento de merda te faz feliz?
- , o meu relacionamento com o não é da sua conta. Eu conheci ele em um momento muito difícil e ele me acolheu, cuidou de mim e nos apaixonamos. Ele é muito importante pra mim apesar de tudo.
- Você não respondeu a minha pergunta. Ainda está feliz? Porque não é isso o que a mídia diz.
- A mídia inventa mentiras sobre mim há muito tempo.
- É mentira dessa vez?
- Não, não é - finalmente admitiu, soltando um longo suspiram que seus ombros baixaram. - Eu não sei se eu ainda serei casada amanhã ou na semana que vem, se é o que você quer saber, então vá em frente e fica feliz com a merda que está a minha vida.
- , eu não posso ficar feliz se você estiver triste, eu não sou apático como você pensa, eu quero te ver feliz mais do que qualquer um e, por essa cara cansada, eu acho que você já não é feliz de verdade há muito tempo.
- Você nem tem ideia - a voz de falhou, mas ela se mantinha firme na tentativa de não chorar. - Eu fico me agarrando ao passado, quando eu era feliz, pra tentar melhorar as coisas.
- Passado é passado, vamos esquecer isso, está bem? Will pode ser um pirralho, mas foi espertinho, e olha a chance que ele nos deu. Me desculpa por toda a minha ironia, vamos conversar como dois adultos que somos.
- Você falou como falava antigamente - sorriu de canto e foi inevitável para sorrir também. - Parece que não mudou nada.
- Pra você, eu não mudei.
- , eu... Eu sinto muito por todo o estresse que eu te causei esse tempo todo, eu estava tão confusa com os meus sentimentos que não percebi que estava brincando com os seus. Debaixo dessa marra toda e dessa cara fechada, tem o cara mais doce, inteligente e gentil que eu já conheci.
- Esquece esse menino da escola, , as vezes em que estivemos juntos nesses anos não foram o suficiente para que você me conhecesse como sou agora - ele riu fraco, não tinha orgulho de quem tinha se tornado.
- Você continua sendo uma pessoa boa, .
Ele riu de cabeça baixa, não se sentia como uma boa pessoa havia muito tempo. Vivia no automático, apenas trabalhava sem parar, nenhuma diversão o atraia mais, ele simplesmente não sentia vontade de mais nada, exceto pelo desejo insistente de sempre voltar para .
- Você está usando aquela camiseta que eu sempre pegava emprestada - ela disse quando ficaram em silêncio, notando a camiseta preta do Guns 'N' Roses que ela conhecia.
- E quando eu ia pegar de volta a gente brigava você gritava e me chamava de louco, eu te beijava, mas no final você sempre pegava a camiseta de novo - ele sorriu com nostalgia, antes era desgastante, mas ele sentia saudades de estar com ela. - E você sempre dizia o quanto gostava de Don't Cry, e chorava com a música quando estava triste, na verdade acho que lembro o nome de todas elas.
- Como você ainda lembra disso tudo?
- É que quando eu olho pra você... Ah, , não tem jeito, você tem aquele olhar que... não sei explicar, só sei que me faz lembrar de tudo. Não tô implorando uma chance de novo, eu já entendi que não tem volta, então espero que a gente possa aproveitar a festa como bons amigos que éramos.
- Que somos - esboçou um largo sorriso. sorriu também e se levantou para ir até a janela.
- Ei, seu pirralho! Aqui na sua janela! - ele gritou quando avistou William no jardim. - William! É, você mesmo! Vem abrir a porta!
não conseguia ouvir as respostas de William, mas estava insistindo para que ele fosse abrir a porta. Vendo que ele não estava tendo sucesso, ela se levantou também e foi até a janela.
- Will, por favor, abre a porta! - ela juntou as mãos em súplica. - Está tudo bem, juro!
- Abre logo essa porra, garoto, ou você vai ficar sem porta! - berrou, fazendo se assustar e William gargalhar.
- Não precisava gritar no meu ouvido, mas deu certo, obrigada.
ainda não tinha dado conta de como estavam próximos, mas sim, queria mais do que nunca romper a distância entre eles e tomá-la nos braços, mas sabia que era errado, ela era uma mulher casada, ele tinha que respeitar. Quando ela se afastou pra ir até a porta, ele continuou lá na janela, não queria se aproximar e estragar tudo.
- Por favor, não me matem, tive a melhor das intenções, eu juro - William disse ao abrir a porta, mas recebeu alguns tapas de .
- Quem você pensa que é pra trancar a gente aqui, hein, William?
- Por que ao invés de me bater você não me agradece? - William correu para o outro lado do quarto, perto do seu irmão. - E então? Cadê o beijinho do casal?
- Não tem casal nenhum - respondeu cruzando os braços.
- Então vou trancar vocês de novo, boa noite! - ele foi até a porta, mas foi mais rápida e saiu do quarto antes, foi atrás pra sair também.
- Nem pense nisso!
- , você tá muito estressada, eu trouxe o que você me pediu, vê se relaxa um pouco, tá? - William tirou do bolso da jaqueta a seda enrolada é um isqueiro, então entregou pra ela. arregalou os olhos, mas não disse nada.
- Isso não vai me impedir de terminar de te dar uma surra até o fim da noite, William, esteja avisado - disse enquanto acendia o cigarro e virou as costas para ir em direção às escadas com os rapazes atrás.
William dispersou, mas continuou seguindo ela até o jardim.
- Desde quando você fuma maconha, ?
- Desde que eu precisava relaxar para as provas finais - ela disse colocando o cigarro entre os dentes e inspirando, depois expirou na direção contrária a dele. - Quero dizer, não faço isso há muito tempo, desde que casei com o , ele nem sabe disso, mas às vezes alivia.
- O que mais eu não sei de você?
- Por que você está surpreso? Quer também? - ofereceu pra ele que negou.
- Sabe que eu não posso, se eu for pego no doping vou ser suspenso.
- Ainda é o nerd certinho, eu sempre soube - ela riu enquanto levava o cigarro à boca de novo.
- Se ainda estivéssemos trancados naquele quarto, eu te mostraria o nerd certinho.
- Essa é a coisa mais ridícula que você já me disse, , suas cantadas não funcionam comigo como deve funcionar com as outras.
- Não tem outras, .
- Que bom. Por que você não pega umas bebidas pra gente? Vou esperar aqui.
aceitou sem reclamar e foi atrás de bebidas para eles. Não sabia exatamente do que gostava, mas se ela estava fumando, imaginou que vodka com energético não seria um problema pra ela. Para ele, pegou apenas uma garrafa de cerveja; não iria exagerar, se quer poderia estar bebendo.
- Obrigada - ela sorriu quando pegou o copo da mão dele e deu um gole generoso, sentindo o gosto forte de álcool. – Uow!
- Estou mais surpreso do que você, acredite. Achei que você estaria lendo um livro ou algo do tipo.
- Posso fazer os dois ao mesmo tempo, é só me arrumar um livro.
- Você é mesmo uma caixinha de surpresas - sorriu.
- Uma caixinha eu não sei, mas tenho muitas versões de mim guardadas.
- Eu queria ter conhecido essas versões antes - esboçou um sorriso um pouco entristecido que percebeu. - Eu acho melhor eu me afastar, você não vai aguentar eu falando isso à noite inteira. Licença.
se afastou antes que pudesse dizer qualquer coisa e sumiu no meio das pessoas. Ela ficou parada ali tentando entender, em um segundo estava tudo bem e no outro mudou. Ela não conseguia entender as mudanças repentinas de humor dele, não sabia se ela própria tinha feito algo de errado.
- Will - ela puxou o aniversariante quando viu ele passando, ele já estava claramente embriagado. - Seja sincero: sou uma pessoa ruim?
- Hum... não?
- Então por que o foge de mim?
- Talvez por que ele goste de você e você é casada com outro homem? - William disse como se fosse óbvio.
- Estava tudo bem agora mesmo e ele simplesmente se afastou! Eu não disse nada, eu não fiz nada!
- , eu estou bêbado demais pra opinar em alguma coisa, então faz o favor de agarrar esse cara e não soltar mais, ok? Eu vou arrumar uma gata pro , fica em paz.
acabou rindo, William era um bêbado divertido. É claro que ela não iria fazer aquilo, estava casada e honraria o compromisso que tinha com , mas William não estava totalmente errado na opinião dela. Ela queria, só não podia.
- Eu não posso.
- Então diz pra ele, é melhor terminar aqui e agora.
- Você tem razão. Obrigada, Will - ela sorriu de canto e ele respondeu com um aceno de cabeça, depois girou nos calcanhares e saiu cambaleando.
procurou por no jardim, mas não o encontrou, tinha gente demais para que ela olhasse rosto por rosto, então decidiu entrar. Procurou por vários cômodos até encontrar na cozinha. Estava sozinho bebericando uma cerveja e percebeu que ela estava ali, mas não contestou quando se aproximou.
- Por que você disse aquilo e saiu de perto de mim, ?
- Fiz o que achei melhor - ele deu de ombros e bebeu mais um pouco. - Isso tudo me faz mal, , é tóxico pra gente. Me preocupo com você também, não sei como você não está saturada disso.
- Eu estou, mas sinto que ainda não esclarecemos tudo.
- Eu já disse tudo o que tinha pra te falar lá no quarto, só não fiz tudo o que eu queria fazer.
ainda tinha um copo nas mãos e bebeu porque não sabia o que responder, ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua e era frustrante de certa forma. Estavam ali e não podiam estar juntos, era sufocante. sentia o desejo ardendo dentro dela, e por mais que estivesse levemente alterada pelo álcool, ainda sentia que deveria manter os seus valores. Apesar de tudo, achava que não merecia aquilo.
- Eu acho que está na hora de eu ir pra casa, que bom que nos resolvemos. Até mais, .
- Ainda é cedo, Will vai sentir sua falta.
- Ele já está bêbado, nem vai lembrar de mim, eu vou pra casa.
- , você não precisa ir embora só porque eu estou aqui.
- Não é por você, , está tudo bem, eu vou pra casa agora.
- Posso te dar um abraço?
A pergunta pegou de surpresa, mas ela não hesitou em dizer que sim. se aproximou e envolveu seus braços ao redor dela em um abraço apertado no qual retribuiu. Ela havia acabado de redescobrir que aquele era o seu lugar preferido no mundo, mas já era tarde, e talvez fosse a última vez. Ela voltaria pra sua casa, pra sua vida, e seguiria, ele merecia mais do que alguém confusa em relação aos seus sentimentos.
- Me desculpa por tudo, .
- Nunca vou esquecer de você e do que tivemos, espero que saiba disso - ele deixou um beijo na testa dela e se afastou.
imediatamente virou as costas e saiu quando sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Conferiu se as chaves estavam no bolso e saiu o mais rápido que podia, e somente quando entrou no seu carro se permitiu chorar. Doía muito, estava doendo como nunca doeu antes, mas ela sabia que era necessário. Não podia dar esperanças para , já tinham feito suas escolhas muitos anos antes e ela tinha escolhido . Era ele que a esperava em casa, era para ele que ela voltaria.
E quando chegou em casa, viu que tudo estava escuro e silencioso, pensou que não havia chegado ainda ou talvez estivesse dormindo, mas para sua surpresa, quando abriu a porta do quarto, engasgou com a fumaça do cigarro que empesteava o ambiente. estava sentado na cama e notou uma mala no chão.
- , o que é isso? Por que você está fumando dentro do quarto?
- Não somos mais casados, agora eu posso fumar dentro de casa - respondeu despreocupado enquanto tragava seu cigarro.
- O quê?! - a surpresa de se misturou com o choque.
- Eu sei que você esteve com o na festa do William, eu vi os dois abraçados, bem íntimos, infelizmente pra você, eu conheço muita gente, . Eu vi uma foto de vocês dois e, sinceramente, não estou surpreso.
- , não é nada disso...
- , por favor, não precisa se explicar, eu só estava esperando você chegar para falar, eu não vou mudar de ideia, eu só quero acabar com isso logo.
- , eu não fiquei com o , eu não fiz nada! Eu estava indo embora, ok? Resolvemos as nossas pendências, ele me deu um abraço e eu vim embora, só isso... , eu te dou a minha palavra de que eu não fiz nada.
- Ok, eu acredito em você, mas não muda o fato de que esteve com ele hoje. Eu já sabia, pra falar a verdade, esse casamento estava fadado desde o dia que aconteceu.
- Isso não é verdade, , estamos tentando, lembra?
- Eu não quero mais tentar, - se levantou e parou na frente dela junto com sua mala. - Eu quero me separar, eu já estou cansado. Se você não sabe o que quer, então me deixa ir.
- ...
- Eu amei você, eu amei muito, mas... acabou, eu tô cansado, isso faz mal pra gente, você precisa de ajuda e eu também, . Por favor, vai buscar ajuda, vai te fazer bem.
tinha razão, sentia um peso enorme nas costas, sentia que os problemas de e eram dela também, os dois lhe disseram praticamente a mesma coisa. ponderou naquele momento se era uma pessoa tóxica para eles, mesmo que não fosse sua intenção. Tinha uma resposta, mas odiava ter que concordar com aquilo.
- Você me perdoa?
- Eu perdoo, mas agora eu preciso ir - se mantinha firme em suas afirmações, mas , que já estava chorosa antes, não conseguia se conter. - Por favor, não chora, você já sabia que ia terminar assim.
- Me desculpa, , me desculpa.
- Eu já disse que perdoo, , espero que possamos ser amigos um dia, mas agora você precisa de um espaço e eu preciso do meu... bem, outro dia volto pra pegar as minhas coisas.
- Pra onde você vai?
- Pra casa da minha mãe, não se preocupa comigo, vou ficar bem... tchau, , a gente se vê.
foi embora sem olhar pra trás. Foi a decisão mais difícil que já tomou na vida, mas sabia que precisava por um ponto final. Amava , não achava que ela era uma pessoa tóxica, mas já estava cansado de tudo, queria receber um amor que ela não podia dar e ele não poderia exigir. Não queria mais ter crises de ciúmes, não queria mais brigar, queria apenas ficar em paz e recomeçar. A princípio, se separar não era o que ele queria, mas precisava fazer aquilo para o bem dos dois, principalmente o dele.
...
adentrou pela porta de casa, deixou as chaves do carro e a carteira na mesinha ao lado cabideiro e foi até a sala. Estava exausto depois de mais um dia longo de treinamento, mas não podia reclamar, seu time estava na final do campeonato continental e ele era o protagonista disso. Gostava de toda a atenção que estava recebendo da torcida e da mídia esportiva.
Ele foi até o seu quarto para trocar de roupa - e escolheu uma calça de moletom pra ficar confortável, já que não pretendia sair naquele dia e queria dormir cedo – e depois desceu pra sala afim assistir televisão até pegar no sono. A enorme casa estava silenciosa, sinal de que ele estava sozinho, exatamente como queria para curtir o último dia antes da concentração para a final do campeonato.
assistiu a um de seus programas preferidos e depois trocou para um filme, mas antes do final já estava sonolento, cochilando rapidamente entre uma cena e outra, se sentia exausto e por isso achou melhor ir dormir mais cedo do que pretendia, assim acordaria disposto no dia seguinte para treinar.
Ele só não esperava receber uma mensagem de perguntando se poderiam se ver. respirou fundo, estava cansado daquela situação, mas era incapaz de dizer que não porque simplesmente não conseguia ficar longe de por muito tempo, mesmo sabendo que não era ele o homem que acordava ao lado dela todos os dias. Vez ou outra se sentia na reserva da vida dela, mesmo sabendo que ela não fazia nada daquilo de propósito, não era uma pessoa ruim, pelo contrário, era encantadora, e por isso que ele não conseguia ficar longe dela nos últimos dez anos desde que ambos se conheceram na faculdade. Enquanto ela se formou, ele foi descoberto por um olheiro e seguiu carreira no esporte, e esse era o único motivo de não estarem mais juntos, ao menos não oficialmente.
Do jeito que estava, pegou um casaco no armário, suas chaves do carro e saiu. Seja lá o que fosse, ele queria, de uma vez por todas, resolver aquela situação que já durava por muitos anos. Por mais que amasse , achava que não valia a pena, especialmente se ela continuava casada com outro. não queria mais.
Ao menos, não depois da festa da noite anterior, quando ele tinha tomado a sua decisão.
Quando chegou ao apartamento dela, foi recebido por e percebeu que ela estava diferente, estava com olheiras e roupas largas. A que ele conhecia jamais se apresentaria assim, ele sentia a necessidade de perguntar.
- O que houve? - perguntou enquanto se sentavam no sofá.
- O foi embora, decidiu que quer se separar.
- Meu Deus - mal sabia o que dizer. - Por quê?
- Ontem quando eu cheguei da festa, estava com as malas prontas, disse que tinha recebido uma foto nossa na festa. Eu expliquei que não aconteceu nada, e acho que ele acreditou, mas não quis mudar de ideia. Pegou a mala e foi embora... Simplesmente foi.
- , eu sinto muito, eu não queria causar nenhum problema entre vocês, sinto muito mesmo.
- Tudo bem, não foi culpa sua, eu sabia que isso iria acontecer uma hora... só não sabia que iria doer tanto.
- Bom, vocês estão casados há um tempo, é claro que iria doer... , se você precisar de alguma coisa, pode me falar.
- Eu só queria um pouco de companhia. Will não deu sinal de vida, ninguém podia vir me ver, eu não queria te incomodar, mas...
- Tudo bem, eu fico aqui, não vou deixar você sozinha.
- Obrigada - sorriu de canto e limpou a lágrima solitária que escorreu no rosto. - Você quer comer alguma coisa?
- É difícil dizer não, você é a melhor cozinheira que eu já conheci.
- Vem, vou te mostrar uma receita que tô desenvolvendo.
...
Se antes esperava o pior, agora ele estava mais tranquilo. Passar aquele tempo com estava sendo bom, estavam tentando ser amigos e ele sabia que detestava ficar sozinha quando se sentia triste. Ele não queria soar invasivo, entendia que ela estava se separando e que era um processo doloroso. Por mais que quisesse ir além de conversas e risadas, iria respeitar o momento que ela estava passando, e também não queria se sentir frustrado quando fosse embora no dia seguinte pensando que tudo poderia ser diferente.
se sentia melhor, não que não estivesse mais triste, porque estava e muito, mas a companhia de estava lhe fazendo bem. Ela desabafou tudo o que precisava colocar pra fora e ele ouviu, sempre foi um bom ouvinte, e isso fez com que se sentisse mais leve e um pouco menos triste. Poderiam não ser um casal, mas sempre tiveram química, era algo incontestável.
- Eu queria poder ficar mais um pouco, mas eu preciso ir embora, amanhã eu tenho treino - disse enquanto vestia o seu casaco. - Vai ficar bem?
- Vou. Obrigada por ter vindo, , de verdade - sorriu com sinceridade.
- Sempre que precisar - ele sorriu também, então ela o acompanhou até a porta.
abriu a porta para e eles se encararam por um instante. não queria realmente ir embora, mas precisava. Por outro lado, não queria deixar ali quando os olhos dela claramente pediam para ele não ir. não se conteve, e quando se deu conta do que tinha feito, seus lábios estavam pressionados contra os dela e seus braços ao redor dela. A princípio se assustou, mas não resistiu ao retribuir. Sempre foi difícil ter que escolher entre e , eles eram únicos, cada um com suas qualidades e defeitos, e por mais que tivesse passado mais tempo com nos últimos anos, por mais que tivesse escolhido ele, ela soube durante aquele beijo que na verdade era . Sempre foi e sempre seria, mesmo que já fosse tarde para isso, ela só tinha se dado conta naquele momento, e foi isso que fez ela interromper o beijo e se afastar.
- Não posso fazer isso com você, . Cometi um erro anos atrás, não quero errar de novo.
- E eu não quero mais me machucar.
- Você merece muito mais do que eu poderia te dar. Não é justo com você e nem com o , vocês não merecem uma pessoa tão indecisa como eu.
- , eu nunca vou me arrepender de nada. Eu vim aqui decidido a ser a última vez, e talvez seja mesmo, mas não me arrependo, eu nunca deixei de gostar de você, todas as vezes que voltei foi porque eu queria ficar. Nenhuma deu certo, mas pelo menos eu tentei. Eu não sinto que acabou definitivamente, mas eu sei que você precisa do seu tempo e do seu espaço.
- Você tem razão, acho que preciso colocar a cabeça no lugar e decidir o que quero, porque ainda não sei.
- Quando você decidir, sabe onde me encontrar, vou estar sempre esperando você. Até mais - ele sorriu de canto e então virou as costas.
Foi embora sem olhar pra trás.
I want you to want me this way
And I need you to need me to stay
If you say that you don't feel a thing
If you don't know
Let me go
If you don't know, then just let me go
I just wanna make this last
If I could say the things that I wanna say
I'd find a way to make you stay
I'd never let you get away
Catch you in all the games we've played
So go ahead, rip my heart out
Show me what love's all about
Go ahead, rip my heart out
That's what love's all about
expirou a fumaça do cigarro e deu mais uma tragada antes de entrar em casa. Por mais que tivesse o péssimo hábito de fumar, não o fazia dentro de casa porque já tinha decorado o discurso de trinta linhas que sempre fazia quando o pegava no flagra, fumando em um lugar fechado. Ele acabou rindo com a lembrança, se quer conseguia se chatear com isso - na verdade até gostava, pois remetia a uma época em que tudo era mais tranquilo e o seu casamento não estava desgastado.
Quando terminou, jogou a bituca do cigarro na grama e entrou. Para um diretor de cinema e uma confeiteira famosa, moravam num apartamento relativamente simples, isso porque ambos evitavam os holofotes e queriam uma vida discreta.
abriu a porta da sala e inalou o cheiro doce que empesteava toda a casa, soube na hora que estava cozinhando e instantaneamente seu estômago roncou de fome, afinal já estava tarde. Ele foi até a cozinha e viu a figura de cabelos de costas pra ele. hesitou em se aproximar, mas percebeu que ele estava ali antes de qualquer coisa.
- Estou testando uma receita nova - ela olhou rapidamente pra ele com um sorrisinho de canto e voltou a atenção para a massa que estava preparando.
- E será que eu vou poder experimentar? Minha barriga tá roncando.
- Esse vai demorar pra ficar pronto, mas eu preparei o jantar e deixei um prato pra você, está na geladeira.
Por mais que o casamento já não fosse o mesmo, não pensava duas vezes antes de comer as refeições que preparava, ela era a melhor cozinheira que ele conhecia, mesmo sua especialidade sendo a confeitaria. Ele pegou o prato pronto na geladeira e esquentou no microondas, então se sentou à mesa enquanto continuava preparando a massa.
- Você saiu hoje? - ele perguntou enquanto tentava puxar assunto. Conversar parecia uma tarefa difícil.
- Não, eu literalmente passei o dia inteiro na cozinha - riu enquanto respondia. - Tô tentando preparar alguma coisa diferente pra passar aos candidatos no programa.
- Bom, eu acho que talvez os candidatos possam esperar um pouco enquanto você janta com o seu marido, não é?
- Eu já comi, ...
não contestou, já nem insistia mais, se limitou a comer em silêncio, mas então despejou a massa crua na forma e colocou no forno quente, logo depois, mesmo sem ter um prato, se sentou à mesa com ele. tinha razão, os candidatos poderiam esperar um pouco.
- Como foi o seu dia?
- Uma grande merda - ele confessou rindo e ela o acompanhou, se sentiu ligeiramente feliz pelo gesto dela. - Aquela porra de elenco problemático ainda vai terminar de foder com as minhas ideias.
- Olha a boca, - advertiu, mas era em tom de brincadeira. - Está sendo tão ruim assim?
- Eu sinto que alguém vai ser demitido da produção, e espero que seja eu, assim vou poder descansar um pouco.
- Que inveja de você, eu sigo trabalhando feito uma condenada. Saudades de quando você era o diretor criativo do programa, eu era muito mais feliz.
- Foi quando nos conhecemos - disse naturalmente, mas logo em seguida se arrependeu.
De fato, se conheceram nove anos antes quando se juntou ao elenco do programa de confeitaria mais assistido do país. Ela, uma desconhecida, porém habilidosa confeiteira, encantou logo de cara o diretor, que era antes de partir para a direção de filmes blockbuster. Entre idas e vindas, sustentavam o casamento de seis anos e pequenas conversas como aquela acendiam uma pequena luz nos dois.
- Parece que já faz muito tempo.
- , eu sei que tá tudo tão diferente, é tudo uma loucura, mas eu acho que ainda não acabou, sabe? A gente... a gente precisa continuar tentando mais um pouco.
- Estamos tentando, .
- Eu quero muito fazer isso durar, não teria me casado com você se tivesse dúvidas do que sinto.
- ... - hesitou, estava pensando nas palavras certas. - Como eu disse, estamos tentando... e mesmo que não dê certo, não quer dizer que foi um tempo perdido, não é? Você é importante pra mim, eu também tô tentando, mas...
- Você não sente a mesma coisa? Não sente que ainda tem futuro?
- Eu não sei... - ela admitiu completamente derrotada, realmente não sabia. - Eu realmente não sei.
- Por favor, não me diz que é por causa dele - as palavras soavam com gosto de limão para , odiava ter que pronunciar o nome de seu rival.
- Não é por causa do , é por causa de mim. Ele é passado.
- Ele não é passado, , eu sei que nunca foi, eu sei que toda vez que a gente não está junto, você está com ele, eu sei disso, e acho que nem ligo mais pra essa merda toda, mas... porra! O que esse cara tem que eu não tenho?
- , para...
- , eu juro que tô tentando, mas eu não consigo sabendo que ele tá só esperando eu vacilar pra...
- Eu não sou um objeto de vocês dois, , tá bom? Eu tenho idade o suficiente pra pensar com a minha própria cabeça e o que você tá falando é ridículo. Eu não falo com o há quase um ano, desde que a gente decidiu tentar mais uma vez, e, por favor, não haja como se eu fosse uma pessoa horrível, você também teve companhia.
- Nenhuma namorada de dez anos atrás que ainda goste de mim - baixou o tom de voz quase sussurrando, mas ouviu.
- Eu não me casei com ele, eu me casei com você. Será que você pode parar de me acusar desse jeito?
- Eu vou dormir, tá? Depois conversamos mais. Obrigado pela comida, boa noite - se levantou rapidamente e foi colocar o prato na lavadora.
- , por favor...
- Boa noite, .
foi para o quarto e continuou por lá. Se sentia cansada e com uma imensa vontade de desistir. Por muito tempo amou , foi feliz no casamento, mas não conseguia mais, o sentimento já não era o mesmo. Ela estava cansada e ele também, eram tantas idas e vindas que ela se sentia interpretando um personagem no qual já estava se perdendo, e o fato de ser acusada de traição a deixava ainda mais chateada.
Seria hipocrisia dizer que não esteve com nos últimos anos, mas não enquanto ela e estavam bem. Toda vez em que decidiam se separar, lá estava ela com o seu namorado de adolescência, assim como também tinha alguém para ir atrás, era como um jogo que não conseguiam parar de jogar. não queria brincar com os sentimentos de de maneira alguma, mas não conseguia se controlar sempre que estava perto dele e o mesmo poderia ser dito do atleta. tinha que admitir, mesmo depois de tantos anos o sentimento não tinha ido embora totalmente e isso era frustrante, sendo que foi ela que decidiu terminar pelo bem dos dois, assim ela poderia terminar a faculdade e ele poderia assinar um contrato com seu primeiro grande clube, mas mesmo assim aquilo continuava assombrando-a mesmo depois de dez anos.
foi afastada dos seus pensamentos quando um cheiro de queimado invadiu suas narinas, o bolo no forno já tinha passado do ponto e estava começando a queimar. Ela afastou os pensamentos ruins e correu para ver, mas já era tarde, e assim como tudo na sua vida recentemente, o bolo também tinha dado errado.
Let's forget the past
I swear we'll make this last
'Cause I remember the taste of your skin tonight
And the way that you looked, you had those eyes
I remember the way it felt inside
And the names of the songs that made you cry
You would scream, we would fight, you would call me crazy
I would laugh, you were mad, but you always kiss me
And the shirt that I had, that you always borrowed
When I woke, it was gone, there was no tomorrow
aguardava ansiosamente a campainha tocar. Se quer conseguia assistir ao programa que passava na televisão, estava ansiosa e irritada. William estava atrasado como sempre, garantiu que estaria ali às dez da manhã e já era quase onze, e só vinte minutos depois ele apareceu. Ela saltou do sofá e foi atender.
- Por que demorou tanto, Will? - ela disse ao abrir a porta. - Achei que não viria mais.
- Calma aí, bravinha, eu peguei um trânsito do caralho pra chegar aqui, fica tranquila - o rapaz riu e entrou sem que ela pedisse, afinal, ele já era de casa.
- Você é mesmo uma cópia do seu irmão, não é? Nunca sabem chegar no horário.
- Não, eu sou muito mais bonito e simpático do que o meu irmão.
William era o irmão mais novo de , e, diferente do mais velho, era mais desinibido e bem-humorado. Ele e mantiveram a amizade durante todos aqueles anos, eram melhores amigos, e William era o único que sabia de tudo o que acontecia na vida de , incluindo o suposto triângulo que a mulher se encontrava no momento.
- E então? Cadê o seu marido chaminé? - perguntou enquanto se sentava no sofá.
- Trabalhando. Por que você acha que sugeri que viesse pra cá? - respondeu enquanto se sentava na poltrona ao lado.
- Juro que não entendo o motivo de o não gostar de mim. Eu não sou o , isso sem contar que sou muito simpático, não é? me conheceu quando eu ainda era um moleque, se ele acha que você e eu temos qualquer coisa, é melhor alguém dar um choque de realidade nele - William disse fazendo rir, adorava o fato de que para Will não existia tempo ruim.
- Na verdade ele odeia qualquer coisa relacionada ao .
- E é sobre ele que você quer falar, não é? - ele mudou de postura de repente, pra poder falar sério. - O que tá acontecendo?
- Com o ? Nada, eu não vejo ele faz muito tempo, é o ... eu acho que o não quer mais, Will, está sempre insinuando que eu tenho alguma coisa com o e isso sempre gera uma briga.
- Mas você tem alguma coisa com o .
- Não, eu já tive, mas hoje não tenho mais, desde que e eu decidimos tentar mais uma vez, eu nunca mais o vi ou falei com ele, mas o não parece muito convencido com isso e ontem à noite discutimos de novo. Ele insinuou que está apenas esperando um vacilo dele pra vir atrás, como se eu fosse um pedaço de carne que os dois disputam.
- Tecnicamente ele não está tão errado assim.
- Will!
- O quê? Você por acaso convive com o como eu? O cara é meu irmão, eu sei do que tô falando, ok? Não é à toa que ele vai ganhar o prêmio de melhor do mundo, treina feito um filha da puta pra não ficar pensando em você toda vez que vê sua cara na televisão.
- Eu achei que me afastar dele faria ele esquecer e seguir em frente - ela admitiu enquanto encolhia os ombros.
- Não deu muito certo, mas... deixa pra lá - William mudou de ideia sobre o que iria falar, não queria se meter ainda mais em um assunto que não era da sua conta.
- O quê? Você ia falar alguma coisa, eu te conheço, fala.
- É que... , tá mais do que óbvio que seu casamento já foi pro ralo, e você pode até gostar um pouco do , mas é amor? O mesmo amor que você sentia dez anos atrás?
- Will, você não é casado, não entende como funciona um casamento.
- Não quer dizer que eu não saiba o que é gostar de alguém. O é tão diferente quando está com você, diferente e muito melhor, ele até sorri... ele sempre fica arrasado quando você volta pro casamento e se fecha no mundinho dele. Ele é um cara legal, e eu sinto falta do meu irmão, esse cara fechado e carrancudo não é ele de verdade. Deve ser horrível passar tanto tempo assim.
- Will - pensava no que dizer, mas ouvir tudo aquilo fazia com que ela se sentisse mal. - Talvez não fosse pra dar certo, eu amei o , e todas as vezes que voltei pra ele ressaltaram isso, mas eu não posso brincar com os sentimentos dele assim, não é certo.
- Você tem razão, mas acho que você deveria dizer isso pra ele e não pra mim, porque é exatamente isso que ele acha, que você está brincando com ele esse tempo todo.
- Não posso simplesmente aparecer na porta dele e começar a falar essas coisas.
- Ele vai no meu aniversário também, você não precisa evitar ele o tempo inteiro, conversar vai fazer bem pra vocês dois. E por favor, não leva o mala do , tá? Não quero ele estragando a minha festa.
acabou aceitando o convite de William para o aniversário de vinte e três anos do rapaz que não economizou na hora de preparar a festa. tinha certeza que ele não conhecia metade das pessoas que estavam na casa dele e o andar de baixo inteiro estava tomado de gente, algo que a incomodava muito. Estava sozinha porque estava trabalhando, mas ele sabia que ela estava lá. começou a se questionar se seria uma boa ideia, já estava circulando há vinte minutos e ainda não tinha encontrado William por ali. Até tinha parado para cumprimentar algumas pessoas que conhecia, mas ela parecia ser uma das últimas pessoas ali que estava sóbria ou sem qualquer resquício de drogas no organismo.
- ! - William avistou a amiga e foi rapidamente na direção dela. - Eu sabia que você viria.
- Eu não ia perder o seu aniversário, Will, você sabe disso - ela sorriu enquanto o mais novo passava um braço ao redor dos ombros dela. - Mas você não acha que tem muita gente chapada em um lugar só? Você está também, tô sentindo o cheiro de maconha.
- Eu não tô chapado ainda, e se você quiser relaxar também, eu arrumo um pra você - ele deu uma piscadinha pra ela que riu. - Sei que você é totalmente antidrogas, mas...
- Arruma um pra mim, você só me conhece um pouquinho.
- Eu pago pra ver!
- Pode pagar, mas ainda não muda o fato de que essa gente toda me causa claustrofobia.
- Pode ir lá pra cima, eu não deixei ninguém subir lá, pode ficar no meu quarto.
aceitou e William foi com ela até o andar de cima. Seu quarto era o último do corredor e ele torcia para que não percebesse o que ele estava fazendo.
- Pode ficar à vontade - ele deixou ela entrar e, muito rapidamente, fechou a porta do seu quarto e trancou a porta.
e se olharam surpresos, não esperavam se encontrar ali. Enquanto ele se levantava da cama, ela se virou e começou a bater na porta quando ouviu o barulho da fechadura.
- William, abre essa porta!
- Vocês não vão sair daí enquanto não se entenderem - William disse do outro lado despreocupado.
- Eu vou derrubar essa porta, eu juro! Me deixa sair! - bateu mais três vezes com tanta força que sua mão estava ardendo.
- Desculpa, , não vai rolar, é pro bem de vocês. Volto daqui a pouco, não se matem.
- William!
Mas já era tarde, William já tinha saído e ela estava sozinha com que ainda não tinha dito uma palavra se quer. Ele apenas olhava pra ela, não esboçava mais surpresa e nem qualquer emoção por estar ali, o que deixou um pouco atordoada. Não sabia se ele estava feliz ou incomodado, mas deveria estar acostumada, afinal, quase sempre foi assim.
- Você sabia disso, não é? - perguntou para ele, quando se deu por vencida que não sairia dali tão cedo.
- Não, na verdade eu fui enganado também, mas dá pra pular a janela, e se tiver sorte, você não morre - apontou para a janela aberta, mas era muito alto para arriscar. - Tem a do banheiro também.
- Não tô fugindo de você, , ok? - se sentou na cama e riu sarcasticamente. - O quê?
- Tem certeza? Acho que já faz uns dez anos que você está fugindo de mim. Você ainda acha o o melhor homem do mundo?
- Se não fosse, eu não teria me casado com ele - respondeu no mesmo tom de ironia, algo que ele não esperava.
- Que merda. Você sempre toma a decisão errada.
- Por que você está falando isso? , eu fiz o que foi melhor pra gente, está bem? Eu precisava me formar e você realizou o seu sonho de ser jogador! Eu te amava de verdade, e por eu te amar tanto eu precisei deixar você ir, não era justo ficarmos presos em um relacionamento que não daria certo.
- Não ia dar certo naquele momento, mas eu tentei voltar pra você tantas vezes que perdi a conta - ele se sentou também para poder desabafar. - E todas as vezes que você escolheu ele ao invés de mim, me machucaram, mas eu continuei insistindo porque eu sempre soube que você pode até gostar dele, mas não é a mesma coisa.
- Não quer dizer que eu não goste do .
- Ainda gosta? Vamos lá, , seja honesta, esse seu casamento de merda te faz feliz?
- , o meu relacionamento com o não é da sua conta. Eu conheci ele em um momento muito difícil e ele me acolheu, cuidou de mim e nos apaixonamos. Ele é muito importante pra mim apesar de tudo.
- Você não respondeu a minha pergunta. Ainda está feliz? Porque não é isso o que a mídia diz.
- A mídia inventa mentiras sobre mim há muito tempo.
- É mentira dessa vez?
- Não, não é - finalmente admitiu, soltando um longo suspiram que seus ombros baixaram. - Eu não sei se eu ainda serei casada amanhã ou na semana que vem, se é o que você quer saber, então vá em frente e fica feliz com a merda que está a minha vida.
- , eu não posso ficar feliz se você estiver triste, eu não sou apático como você pensa, eu quero te ver feliz mais do que qualquer um e, por essa cara cansada, eu acho que você já não é feliz de verdade há muito tempo.
- Você nem tem ideia - a voz de falhou, mas ela se mantinha firme na tentativa de não chorar. - Eu fico me agarrando ao passado, quando eu era feliz, pra tentar melhorar as coisas.
- Passado é passado, vamos esquecer isso, está bem? Will pode ser um pirralho, mas foi espertinho, e olha a chance que ele nos deu. Me desculpa por toda a minha ironia, vamos conversar como dois adultos que somos.
- Você falou como falava antigamente - sorriu de canto e foi inevitável para sorrir também. - Parece que não mudou nada.
- Pra você, eu não mudei.
- , eu... Eu sinto muito por todo o estresse que eu te causei esse tempo todo, eu estava tão confusa com os meus sentimentos que não percebi que estava brincando com os seus. Debaixo dessa marra toda e dessa cara fechada, tem o cara mais doce, inteligente e gentil que eu já conheci.
- Esquece esse menino da escola, , as vezes em que estivemos juntos nesses anos não foram o suficiente para que você me conhecesse como sou agora - ele riu fraco, não tinha orgulho de quem tinha se tornado.
- Você continua sendo uma pessoa boa, .
Ele riu de cabeça baixa, não se sentia como uma boa pessoa havia muito tempo. Vivia no automático, apenas trabalhava sem parar, nenhuma diversão o atraia mais, ele simplesmente não sentia vontade de mais nada, exceto pelo desejo insistente de sempre voltar para .
- Você está usando aquela camiseta que eu sempre pegava emprestada - ela disse quando ficaram em silêncio, notando a camiseta preta do Guns 'N' Roses que ela conhecia.
- E quando eu ia pegar de volta a gente brigava você gritava e me chamava de louco, eu te beijava, mas no final você sempre pegava a camiseta de novo - ele sorriu com nostalgia, antes era desgastante, mas ele sentia saudades de estar com ela. - E você sempre dizia o quanto gostava de Don't Cry, e chorava com a música quando estava triste, na verdade acho que lembro o nome de todas elas.
- Como você ainda lembra disso tudo?
- É que quando eu olho pra você... Ah, , não tem jeito, você tem aquele olhar que... não sei explicar, só sei que me faz lembrar de tudo. Não tô implorando uma chance de novo, eu já entendi que não tem volta, então espero que a gente possa aproveitar a festa como bons amigos que éramos.
- Que somos - esboçou um largo sorriso. sorriu também e se levantou para ir até a janela.
- Ei, seu pirralho! Aqui na sua janela! - ele gritou quando avistou William no jardim. - William! É, você mesmo! Vem abrir a porta!
não conseguia ouvir as respostas de William, mas estava insistindo para que ele fosse abrir a porta. Vendo que ele não estava tendo sucesso, ela se levantou também e foi até a janela.
- Will, por favor, abre a porta! - ela juntou as mãos em súplica. - Está tudo bem, juro!
- Abre logo essa porra, garoto, ou você vai ficar sem porta! - berrou, fazendo se assustar e William gargalhar.
- Não precisava gritar no meu ouvido, mas deu certo, obrigada.
ainda não tinha dado conta de como estavam próximos, mas sim, queria mais do que nunca romper a distância entre eles e tomá-la nos braços, mas sabia que era errado, ela era uma mulher casada, ele tinha que respeitar. Quando ela se afastou pra ir até a porta, ele continuou lá na janela, não queria se aproximar e estragar tudo.
- Por favor, não me matem, tive a melhor das intenções, eu juro - William disse ao abrir a porta, mas recebeu alguns tapas de .
- Quem você pensa que é pra trancar a gente aqui, hein, William?
- Por que ao invés de me bater você não me agradece? - William correu para o outro lado do quarto, perto do seu irmão. - E então? Cadê o beijinho do casal?
- Não tem casal nenhum - respondeu cruzando os braços.
- Então vou trancar vocês de novo, boa noite! - ele foi até a porta, mas foi mais rápida e saiu do quarto antes, foi atrás pra sair também.
- Nem pense nisso!
- , você tá muito estressada, eu trouxe o que você me pediu, vê se relaxa um pouco, tá? - William tirou do bolso da jaqueta a seda enrolada é um isqueiro, então entregou pra ela. arregalou os olhos, mas não disse nada.
- Isso não vai me impedir de terminar de te dar uma surra até o fim da noite, William, esteja avisado - disse enquanto acendia o cigarro e virou as costas para ir em direção às escadas com os rapazes atrás.
William dispersou, mas continuou seguindo ela até o jardim.
- Desde quando você fuma maconha, ?
- Desde que eu precisava relaxar para as provas finais - ela disse colocando o cigarro entre os dentes e inspirando, depois expirou na direção contrária a dele. - Quero dizer, não faço isso há muito tempo, desde que casei com o , ele nem sabe disso, mas às vezes alivia.
- O que mais eu não sei de você?
- Por que você está surpreso? Quer também? - ofereceu pra ele que negou.
- Sabe que eu não posso, se eu for pego no doping vou ser suspenso.
- Ainda é o nerd certinho, eu sempre soube - ela riu enquanto levava o cigarro à boca de novo.
- Se ainda estivéssemos trancados naquele quarto, eu te mostraria o nerd certinho.
- Essa é a coisa mais ridícula que você já me disse, , suas cantadas não funcionam comigo como deve funcionar com as outras.
- Não tem outras, .
- Que bom. Por que você não pega umas bebidas pra gente? Vou esperar aqui.
aceitou sem reclamar e foi atrás de bebidas para eles. Não sabia exatamente do que gostava, mas se ela estava fumando, imaginou que vodka com energético não seria um problema pra ela. Para ele, pegou apenas uma garrafa de cerveja; não iria exagerar, se quer poderia estar bebendo.
- Obrigada - ela sorriu quando pegou o copo da mão dele e deu um gole generoso, sentindo o gosto forte de álcool. – Uow!
- Estou mais surpreso do que você, acredite. Achei que você estaria lendo um livro ou algo do tipo.
- Posso fazer os dois ao mesmo tempo, é só me arrumar um livro.
- Você é mesmo uma caixinha de surpresas - sorriu.
- Uma caixinha eu não sei, mas tenho muitas versões de mim guardadas.
- Eu queria ter conhecido essas versões antes - esboçou um sorriso um pouco entristecido que percebeu. - Eu acho melhor eu me afastar, você não vai aguentar eu falando isso à noite inteira. Licença.
se afastou antes que pudesse dizer qualquer coisa e sumiu no meio das pessoas. Ela ficou parada ali tentando entender, em um segundo estava tudo bem e no outro mudou. Ela não conseguia entender as mudanças repentinas de humor dele, não sabia se ela própria tinha feito algo de errado.
- Will - ela puxou o aniversariante quando viu ele passando, ele já estava claramente embriagado. - Seja sincero: sou uma pessoa ruim?
- Hum... não?
- Então por que o foge de mim?
- Talvez por que ele goste de você e você é casada com outro homem? - William disse como se fosse óbvio.
- Estava tudo bem agora mesmo e ele simplesmente se afastou! Eu não disse nada, eu não fiz nada!
- , eu estou bêbado demais pra opinar em alguma coisa, então faz o favor de agarrar esse cara e não soltar mais, ok? Eu vou arrumar uma gata pro , fica em paz.
acabou rindo, William era um bêbado divertido. É claro que ela não iria fazer aquilo, estava casada e honraria o compromisso que tinha com , mas William não estava totalmente errado na opinião dela. Ela queria, só não podia.
- Eu não posso.
- Então diz pra ele, é melhor terminar aqui e agora.
- Você tem razão. Obrigada, Will - ela sorriu de canto e ele respondeu com um aceno de cabeça, depois girou nos calcanhares e saiu cambaleando.
procurou por no jardim, mas não o encontrou, tinha gente demais para que ela olhasse rosto por rosto, então decidiu entrar. Procurou por vários cômodos até encontrar na cozinha. Estava sozinho bebericando uma cerveja e percebeu que ela estava ali, mas não contestou quando se aproximou.
- Por que você disse aquilo e saiu de perto de mim, ?
- Fiz o que achei melhor - ele deu de ombros e bebeu mais um pouco. - Isso tudo me faz mal, , é tóxico pra gente. Me preocupo com você também, não sei como você não está saturada disso.
- Eu estou, mas sinto que ainda não esclarecemos tudo.
- Eu já disse tudo o que tinha pra te falar lá no quarto, só não fiz tudo o que eu queria fazer.
ainda tinha um copo nas mãos e bebeu porque não sabia o que responder, ele sempre tinha uma resposta na ponta da língua e era frustrante de certa forma. Estavam ali e não podiam estar juntos, era sufocante. sentia o desejo ardendo dentro dela, e por mais que estivesse levemente alterada pelo álcool, ainda sentia que deveria manter os seus valores. Apesar de tudo, achava que não merecia aquilo.
- Eu acho que está na hora de eu ir pra casa, que bom que nos resolvemos. Até mais, .
- Ainda é cedo, Will vai sentir sua falta.
- Ele já está bêbado, nem vai lembrar de mim, eu vou pra casa.
- , você não precisa ir embora só porque eu estou aqui.
- Não é por você, , está tudo bem, eu vou pra casa agora.
- Posso te dar um abraço?
A pergunta pegou de surpresa, mas ela não hesitou em dizer que sim. se aproximou e envolveu seus braços ao redor dela em um abraço apertado no qual retribuiu. Ela havia acabado de redescobrir que aquele era o seu lugar preferido no mundo, mas já era tarde, e talvez fosse a última vez. Ela voltaria pra sua casa, pra sua vida, e seguiria, ele merecia mais do que alguém confusa em relação aos seus sentimentos.
- Me desculpa por tudo, .
- Nunca vou esquecer de você e do que tivemos, espero que saiba disso - ele deixou um beijo na testa dela e se afastou.
imediatamente virou as costas e saiu quando sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Conferiu se as chaves estavam no bolso e saiu o mais rápido que podia, e somente quando entrou no seu carro se permitiu chorar. Doía muito, estava doendo como nunca doeu antes, mas ela sabia que era necessário. Não podia dar esperanças para , já tinham feito suas escolhas muitos anos antes e ela tinha escolhido . Era ele que a esperava em casa, era para ele que ela voltaria.
E quando chegou em casa, viu que tudo estava escuro e silencioso, pensou que não havia chegado ainda ou talvez estivesse dormindo, mas para sua surpresa, quando abriu a porta do quarto, engasgou com a fumaça do cigarro que empesteava o ambiente. estava sentado na cama e notou uma mala no chão.
- , o que é isso? Por que você está fumando dentro do quarto?
- Não somos mais casados, agora eu posso fumar dentro de casa - respondeu despreocupado enquanto tragava seu cigarro.
- O quê?! - a surpresa de se misturou com o choque.
- Eu sei que você esteve com o na festa do William, eu vi os dois abraçados, bem íntimos, infelizmente pra você, eu conheço muita gente, . Eu vi uma foto de vocês dois e, sinceramente, não estou surpreso.
- , não é nada disso...
- , por favor, não precisa se explicar, eu só estava esperando você chegar para falar, eu não vou mudar de ideia, eu só quero acabar com isso logo.
- , eu não fiquei com o , eu não fiz nada! Eu estava indo embora, ok? Resolvemos as nossas pendências, ele me deu um abraço e eu vim embora, só isso... , eu te dou a minha palavra de que eu não fiz nada.
- Ok, eu acredito em você, mas não muda o fato de que esteve com ele hoje. Eu já sabia, pra falar a verdade, esse casamento estava fadado desde o dia que aconteceu.
- Isso não é verdade, , estamos tentando, lembra?
- Eu não quero mais tentar, - se levantou e parou na frente dela junto com sua mala. - Eu quero me separar, eu já estou cansado. Se você não sabe o que quer, então me deixa ir.
- ...
- Eu amei você, eu amei muito, mas... acabou, eu tô cansado, isso faz mal pra gente, você precisa de ajuda e eu também, . Por favor, vai buscar ajuda, vai te fazer bem.
tinha razão, sentia um peso enorme nas costas, sentia que os problemas de e eram dela também, os dois lhe disseram praticamente a mesma coisa. ponderou naquele momento se era uma pessoa tóxica para eles, mesmo que não fosse sua intenção. Tinha uma resposta, mas odiava ter que concordar com aquilo.
- Você me perdoa?
- Eu perdoo, mas agora eu preciso ir - se mantinha firme em suas afirmações, mas , que já estava chorosa antes, não conseguia se conter. - Por favor, não chora, você já sabia que ia terminar assim.
- Me desculpa, , me desculpa.
- Eu já disse que perdoo, , espero que possamos ser amigos um dia, mas agora você precisa de um espaço e eu preciso do meu... bem, outro dia volto pra pegar as minhas coisas.
- Pra onde você vai?
- Pra casa da minha mãe, não se preocupa comigo, vou ficar bem... tchau, , a gente se vê.
foi embora sem olhar pra trás. Foi a decisão mais difícil que já tomou na vida, mas sabia que precisava por um ponto final. Amava , não achava que ela era uma pessoa tóxica, mas já estava cansado de tudo, queria receber um amor que ela não podia dar e ele não poderia exigir. Não queria mais ter crises de ciúmes, não queria mais brigar, queria apenas ficar em paz e recomeçar. A princípio, se separar não era o que ele queria, mas precisava fazer aquilo para o bem dos dois, principalmente o dele.
adentrou pela porta de casa, deixou as chaves do carro e a carteira na mesinha ao lado cabideiro e foi até a sala. Estava exausto depois de mais um dia longo de treinamento, mas não podia reclamar, seu time estava na final do campeonato continental e ele era o protagonista disso. Gostava de toda a atenção que estava recebendo da torcida e da mídia esportiva.
Ele foi até o seu quarto para trocar de roupa - e escolheu uma calça de moletom pra ficar confortável, já que não pretendia sair naquele dia e queria dormir cedo – e depois desceu pra sala afim assistir televisão até pegar no sono. A enorme casa estava silenciosa, sinal de que ele estava sozinho, exatamente como queria para curtir o último dia antes da concentração para a final do campeonato.
assistiu a um de seus programas preferidos e depois trocou para um filme, mas antes do final já estava sonolento, cochilando rapidamente entre uma cena e outra, se sentia exausto e por isso achou melhor ir dormir mais cedo do que pretendia, assim acordaria disposto no dia seguinte para treinar.
Ele só não esperava receber uma mensagem de perguntando se poderiam se ver. respirou fundo, estava cansado daquela situação, mas era incapaz de dizer que não porque simplesmente não conseguia ficar longe de por muito tempo, mesmo sabendo que não era ele o homem que acordava ao lado dela todos os dias. Vez ou outra se sentia na reserva da vida dela, mesmo sabendo que ela não fazia nada daquilo de propósito, não era uma pessoa ruim, pelo contrário, era encantadora, e por isso que ele não conseguia ficar longe dela nos últimos dez anos desde que ambos se conheceram na faculdade. Enquanto ela se formou, ele foi descoberto por um olheiro e seguiu carreira no esporte, e esse era o único motivo de não estarem mais juntos, ao menos não oficialmente.
Do jeito que estava, pegou um casaco no armário, suas chaves do carro e saiu. Seja lá o que fosse, ele queria, de uma vez por todas, resolver aquela situação que já durava por muitos anos. Por mais que amasse , achava que não valia a pena, especialmente se ela continuava casada com outro. não queria mais.
Ao menos, não depois da festa da noite anterior, quando ele tinha tomado a sua decisão.
Quando chegou ao apartamento dela, foi recebido por e percebeu que ela estava diferente, estava com olheiras e roupas largas. A que ele conhecia jamais se apresentaria assim, ele sentia a necessidade de perguntar.
- O que houve? - perguntou enquanto se sentavam no sofá.
- O foi embora, decidiu que quer se separar.
- Meu Deus - mal sabia o que dizer. - Por quê?
- Ontem quando eu cheguei da festa, estava com as malas prontas, disse que tinha recebido uma foto nossa na festa. Eu expliquei que não aconteceu nada, e acho que ele acreditou, mas não quis mudar de ideia. Pegou a mala e foi embora... Simplesmente foi.
- , eu sinto muito, eu não queria causar nenhum problema entre vocês, sinto muito mesmo.
- Tudo bem, não foi culpa sua, eu sabia que isso iria acontecer uma hora... só não sabia que iria doer tanto.
- Bom, vocês estão casados há um tempo, é claro que iria doer... , se você precisar de alguma coisa, pode me falar.
- Eu só queria um pouco de companhia. Will não deu sinal de vida, ninguém podia vir me ver, eu não queria te incomodar, mas...
- Tudo bem, eu fico aqui, não vou deixar você sozinha.
- Obrigada - sorriu de canto e limpou a lágrima solitária que escorreu no rosto. - Você quer comer alguma coisa?
- É difícil dizer não, você é a melhor cozinheira que eu já conheci.
- Vem, vou te mostrar uma receita que tô desenvolvendo.
Se antes esperava o pior, agora ele estava mais tranquilo. Passar aquele tempo com estava sendo bom, estavam tentando ser amigos e ele sabia que detestava ficar sozinha quando se sentia triste. Ele não queria soar invasivo, entendia que ela estava se separando e que era um processo doloroso. Por mais que quisesse ir além de conversas e risadas, iria respeitar o momento que ela estava passando, e também não queria se sentir frustrado quando fosse embora no dia seguinte pensando que tudo poderia ser diferente.
se sentia melhor, não que não estivesse mais triste, porque estava e muito, mas a companhia de estava lhe fazendo bem. Ela desabafou tudo o que precisava colocar pra fora e ele ouviu, sempre foi um bom ouvinte, e isso fez com que se sentisse mais leve e um pouco menos triste. Poderiam não ser um casal, mas sempre tiveram química, era algo incontestável.
- Eu queria poder ficar mais um pouco, mas eu preciso ir embora, amanhã eu tenho treino - disse enquanto vestia o seu casaco. - Vai ficar bem?
- Vou. Obrigada por ter vindo, , de verdade - sorriu com sinceridade.
- Sempre que precisar - ele sorriu também, então ela o acompanhou até a porta.
abriu a porta para e eles se encararam por um instante. não queria realmente ir embora, mas precisava. Por outro lado, não queria deixar ali quando os olhos dela claramente pediam para ele não ir. não se conteve, e quando se deu conta do que tinha feito, seus lábios estavam pressionados contra os dela e seus braços ao redor dela. A princípio se assustou, mas não resistiu ao retribuir. Sempre foi difícil ter que escolher entre e , eles eram únicos, cada um com suas qualidades e defeitos, e por mais que tivesse passado mais tempo com nos últimos anos, por mais que tivesse escolhido ele, ela soube durante aquele beijo que na verdade era . Sempre foi e sempre seria, mesmo que já fosse tarde para isso, ela só tinha se dado conta naquele momento, e foi isso que fez ela interromper o beijo e se afastar.
- Não posso fazer isso com você, . Cometi um erro anos atrás, não quero errar de novo.
- E eu não quero mais me machucar.
- Você merece muito mais do que eu poderia te dar. Não é justo com você e nem com o , vocês não merecem uma pessoa tão indecisa como eu.
- , eu nunca vou me arrepender de nada. Eu vim aqui decidido a ser a última vez, e talvez seja mesmo, mas não me arrependo, eu nunca deixei de gostar de você, todas as vezes que voltei foi porque eu queria ficar. Nenhuma deu certo, mas pelo menos eu tentei. Eu não sinto que acabou definitivamente, mas eu sei que você precisa do seu tempo e do seu espaço.
- Você tem razão, acho que preciso colocar a cabeça no lugar e decidir o que quero, porque ainda não sei.
- Quando você decidir, sabe onde me encontrar, vou estar sempre esperando você. Até mais - ele sorriu de canto e então virou as costas.
Foi embora sem olhar pra trás.
I want you to want me this way
And I need you to need me to stay
If you say that you don't feel a thing
If you don't know
Let me go
If you don't know, then just let me go
Fim
Nota da autora: Provavelmente essa foi a minha fanfic mais desafiadora, mas seguindo a letra da música eu adorei! Eu amo essa música vulgo a esquecida no churrasco pela 5SOS, mas só agora percebi a complexidade e a maturidade dessa letra e como eu refleti conforme escrevia. Foi um prazer e espero muito que tenham gostado. Xoxo <3
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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