Capítulo 1
– Suas batatas, Maria! – Sorri e peguei um prato da bandeja, colocando-o na mesa em que a garota estava. O rapaz com quem ela devia estar tendo um encontro olhou em minha direção, visivelmente tímido com a situação. Não pude conter um sorrisinho de lado que se formou em meu rosto.
– Obrigada, . – Ela devolveu outro sorriso de agradecimento e rapidamente me retirei dali, deixando-os sozinhos novamente para que continuassem com sei lá o que faziam.
Segui para a parte de trás do balcão, indo até minha amiga Delilah, que servia café para um dos clientes sentado ali próximo. Observei quando ela sorriu e veio em minha direção com a chaleira em mãos.
– O que acha? Um encontro? – Inclinou o corpo para o lado, se apoiando no material de madeira do balcão enquanto olhava para a mesa em que Maria estava com o garoto.
– Muito provável. Devia ter visto a cara dele quando fui levar as batatas. – Dei uma risadinha, guardando algumas notas de gorjeta que havia recebido no pote de vidro cuja etiqueta possuía meu nome escrito.
Maria era irmã mais nova de Delilah e sempre ia até o café onde trabalhávamos porque conseguia sempre algo gratuito por conta da irmã. Sempre comentávamos sobre os namoradinhos da garota que, ao menos uma vez no mês, levava um menino diferente para o local a fim de nos apresentá-lo mesmo que indiretamente. Delilah não se importava com esse fato porque ambas possuíam o mesmo espírito livre e necessidade de não se envolver muito com alguém. Eu não achava aquilo estranho, muito pelo contrário. Adorava como elas conseguiam amores rápidos – como gostava de chamar –, sem toda a carga emocional que um namoro trazia consigo.
– Ela definitivamente aprender com a melhor. Vulgo eu mesma. – Delilah riu e eu revirei os olhos com um sorrisinho de lado brincando em meus lábios.
O barulho do sino ligado à porta se fez ser ouvido e viramos a cabeça na direção do som, a fim de observar quem estava entrando no estabelecimento. Foi impossível impedir que o sorriso se alargasse ao vê-lo entrando pela porta e Delilah pareceu notar muito bem esse fato.
– Falando em encontro... – comentou, com uma voz levemente sugestiva, e eu não pude evitar dar um soco fraco em seu ombro.
O garoto olhou em volta – possivelmente à minha procura, ou ao menos era o que eu quis acreditar – e sorriu assim que suas íris azuis claras, praticamente cinzas, se encontraram com as minhas. Não consegui desviar minha atenção dele por alguns momentos, sua aparência meio desleixada colaborava com todo o resto para que eu o achasse um poço de fofura e meu coração até mesmo chegava a errar algumas batidas dentro do peito.
– Alô? Terra para . – Delilah passou a mão livre repetidas vezes na frente do meu rosto, tentando me despertar do breve transe em que me encontrava, e então me deu um beliscão.
– AI! – Coloquei a mão no local e olhei-a incrédula e com os olhos arregalados, uma expressão de dor passeando por minha face.
– A culpa é sua por estar aí quase babando no balcão e não me ouvir falar. Praticamente te fiz um favor. – Sorriu convencida.
– Hahaha. Realmente adorei sua sensibilidade. – Fiz uma careta e passei a mão pelo rabo de cavalo em uma tentativa de arrumar o cabelo. Não que fosse ajudar muito, já que ele deveria estar impregnado e cheirando a gordura do óleo para fritar donuts. Não consegui evitar uma careta.
– Vai lá com teu homem, garota. Eu cuido daqui. – Lançou-me uma piscadinha seguida por um olhar e sorriso de malícia, que só ela conseguia fazer.
– Está louca? Meu expediente não acabou e eu não quero ser demitida.
– Como se meus pais fossem mesmo te demitir. – Revirou os olhos. – Vai logo, se não eu mesma assino sua demissão.
– Idiota! – Sorri e passei os braços em volta dela, abraçando-a forte. – Mas obrigada por isso. – Aproveitei a posição em que estávamos para sussurrar em seu ouvido.
Rapidamente nos afastamos e ainda consegui olhar para trás em tempo de avistar uma piscadela vinda da garota. Ri comigo mesma porque Delilah vivia dizendo que era contra o amor, mas sempre que eu estava namorando incentivava que eu me encontrasse com eles.
Peguei minha bolsa no armário que ficava perto do caixa e segui com o maior sorriso existente até o rapaz ruivo, que ainda me esperava parado na entrada da lanchonete com as mãos nos bolsos, e pulei em cima dele, logo sentindo seus braços envolverem minha cintura em um abraço. Em cerca de alguns poucos segundos eu já estava no ar, sendo girada por ele ao mesmo tempo em que ouvia sua risada gostosa ecoar, aquecendo meu coração.
– Pelo amor! Vão se amar lá fora porque tem gente aqui que não precisa ver essa pouca vergonha. – Delilah comentou e jogou um guardanapo em nossa direção, fazendo com que nós déssemos risada e saíssemos dali.
– Eu tenho a impressão que ela não gosta de mim – ele comentou, rindo.
– Que isso... ela só não gosta da ideia e de tudo que envolva amor.
– Ah, claro. Isso nem é tão ruim, né? – Voltou a rir, sendo acompanhado por mim.
– Fica quieto! – Desferi um soco fraco em sua cintura, vendo-o soltar um "ai" baixo. – Posso saber o que veio fazer aqui tão cedo?
– Não é óbvio? – Um sorriso brincou por seus lábios e ele pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. – Vim passar o dia contigo hoje.
– Mas você sabe que eu trabalho. – Olhei-o, confusa. Algo claramente não estava normal ali, mas não seria eu a dizer aquilo. – Mas já que a Delilah me liberou, diz o que tem em mente. – Olhei-o, abraçando seu braço cuja mão estava entrelaçada com a minha.
– Espere e verá! – sorriu de lado, me puxando para longe da lanchonete.
Queria muito contrariá-lo, parar no meio do caminho e questionar o motivo daquela quase fuga no meio da tarde e também o porquê de tanto mistério, mas parecia mais oportuno apenas seguí-lo e ver no que daria. E foi o que fiz, com uma das minhas expressões de felicidade estampada no rosto.
– Obrigada, . – Ela devolveu outro sorriso de agradecimento e rapidamente me retirei dali, deixando-os sozinhos novamente para que continuassem com sei lá o que faziam.
Segui para a parte de trás do balcão, indo até minha amiga Delilah, que servia café para um dos clientes sentado ali próximo. Observei quando ela sorriu e veio em minha direção com a chaleira em mãos.
– O que acha? Um encontro? – Inclinou o corpo para o lado, se apoiando no material de madeira do balcão enquanto olhava para a mesa em que Maria estava com o garoto.
– Muito provável. Devia ter visto a cara dele quando fui levar as batatas. – Dei uma risadinha, guardando algumas notas de gorjeta que havia recebido no pote de vidro cuja etiqueta possuía meu nome escrito.
Maria era irmã mais nova de Delilah e sempre ia até o café onde trabalhávamos porque conseguia sempre algo gratuito por conta da irmã. Sempre comentávamos sobre os namoradinhos da garota que, ao menos uma vez no mês, levava um menino diferente para o local a fim de nos apresentá-lo mesmo que indiretamente. Delilah não se importava com esse fato porque ambas possuíam o mesmo espírito livre e necessidade de não se envolver muito com alguém. Eu não achava aquilo estranho, muito pelo contrário. Adorava como elas conseguiam amores rápidos – como gostava de chamar –, sem toda a carga emocional que um namoro trazia consigo.
– Ela definitivamente aprender com a melhor. Vulgo eu mesma. – Delilah riu e eu revirei os olhos com um sorrisinho de lado brincando em meus lábios.
O barulho do sino ligado à porta se fez ser ouvido e viramos a cabeça na direção do som, a fim de observar quem estava entrando no estabelecimento. Foi impossível impedir que o sorriso se alargasse ao vê-lo entrando pela porta e Delilah pareceu notar muito bem esse fato.
– Falando em encontro... – comentou, com uma voz levemente sugestiva, e eu não pude evitar dar um soco fraco em seu ombro.
O garoto olhou em volta – possivelmente à minha procura, ou ao menos era o que eu quis acreditar – e sorriu assim que suas íris azuis claras, praticamente cinzas, se encontraram com as minhas. Não consegui desviar minha atenção dele por alguns momentos, sua aparência meio desleixada colaborava com todo o resto para que eu o achasse um poço de fofura e meu coração até mesmo chegava a errar algumas batidas dentro do peito.
– Alô? Terra para . – Delilah passou a mão livre repetidas vezes na frente do meu rosto, tentando me despertar do breve transe em que me encontrava, e então me deu um beliscão.
– AI! – Coloquei a mão no local e olhei-a incrédula e com os olhos arregalados, uma expressão de dor passeando por minha face.
– A culpa é sua por estar aí quase babando no balcão e não me ouvir falar. Praticamente te fiz um favor. – Sorriu convencida.
– Hahaha. Realmente adorei sua sensibilidade. – Fiz uma careta e passei a mão pelo rabo de cavalo em uma tentativa de arrumar o cabelo. Não que fosse ajudar muito, já que ele deveria estar impregnado e cheirando a gordura do óleo para fritar donuts. Não consegui evitar uma careta.
– Vai lá com teu homem, garota. Eu cuido daqui. – Lançou-me uma piscadinha seguida por um olhar e sorriso de malícia, que só ela conseguia fazer.
– Está louca? Meu expediente não acabou e eu não quero ser demitida.
– Como se meus pais fossem mesmo te demitir. – Revirou os olhos. – Vai logo, se não eu mesma assino sua demissão.
– Idiota! – Sorri e passei os braços em volta dela, abraçando-a forte. – Mas obrigada por isso. – Aproveitei a posição em que estávamos para sussurrar em seu ouvido.
Rapidamente nos afastamos e ainda consegui olhar para trás em tempo de avistar uma piscadela vinda da garota. Ri comigo mesma porque Delilah vivia dizendo que era contra o amor, mas sempre que eu estava namorando incentivava que eu me encontrasse com eles.
Peguei minha bolsa no armário que ficava perto do caixa e segui com o maior sorriso existente até o rapaz ruivo, que ainda me esperava parado na entrada da lanchonete com as mãos nos bolsos, e pulei em cima dele, logo sentindo seus braços envolverem minha cintura em um abraço. Em cerca de alguns poucos segundos eu já estava no ar, sendo girada por ele ao mesmo tempo em que ouvia sua risada gostosa ecoar, aquecendo meu coração.
– Pelo amor! Vão se amar lá fora porque tem gente aqui que não precisa ver essa pouca vergonha. – Delilah comentou e jogou um guardanapo em nossa direção, fazendo com que nós déssemos risada e saíssemos dali.
– Eu tenho a impressão que ela não gosta de mim – ele comentou, rindo.
– Que isso... ela só não gosta da ideia e de tudo que envolva amor.
– Ah, claro. Isso nem é tão ruim, né? – Voltou a rir, sendo acompanhado por mim.
– Fica quieto! – Desferi um soco fraco em sua cintura, vendo-o soltar um "ai" baixo. – Posso saber o que veio fazer aqui tão cedo?
– Não é óbvio? – Um sorriso brincou por seus lábios e ele pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. – Vim passar o dia contigo hoje.
– Mas você sabe que eu trabalho. – Olhei-o, confusa. Algo claramente não estava normal ali, mas não seria eu a dizer aquilo. – Mas já que a Delilah me liberou, diz o que tem em mente. – Olhei-o, abraçando seu braço cuja mão estava entrelaçada com a minha.
– Espere e verá! – sorriu de lado, me puxando para longe da lanchonete.
Queria muito contrariá-lo, parar no meio do caminho e questionar o motivo daquela quase fuga no meio da tarde e também o porquê de tanto mistério, mas parecia mais oportuno apenas seguí-lo e ver no que daria. E foi o que fiz, com uma das minhas expressões de felicidade estampada no rosto.
Capítulo 2
Estávamos sentados na sacada do apartamento de , olhando a lua brilhar no alto do céu escuro de Boston, atrás de nós a melodia melancólica de Re: Stacks tocava na caixa de som, causando-me uma sensação de estranho conforto. Observei-o sentado a minha frente, apreciando a paisagem que a cidade nos proporcionava, e não pude deixar de notar o quão bonito ele era com todos os pequenos detalhes que o compunham: os cabelos ruivos levemente bagunçados, como se houvesse acabado de acordar, a pele tão clara que qualquer coisa já o fazia adquirir um tom rubro – fosse pelo Sol, um esforço além do habitual, algo que o envergonhasse ou até mesmo raiva –, os olhos penetrantes de um tom azul tão claro que chegava a se aproximar do cinza. Não chegava a ser um homem musculoso, mas aquilo não era um empecilho, muito pelo contrário, preferia até.
Ri de lado, emitindo um som baixo o bastante para que apenas eu escutasse, e ergui meu braço direito, levando o baseado de maconha que segurava à boca, tragando-o. Talvez fosse apenas uma alucinação ou algo do tipo causado pela droga, mas definitivamente me sentia cada dia mais apaixonada pelo garoto à minha frente, sentia necessidade em tocá-lo e em reforçar o que sentia.
Continuei olhando-o ao mesmo tempo em que abaixava a mão com o cigarro, alheia às mudanças do mundo, e ele pareceu notar, virando a cabeça em minha direção e me presenteando com o sorriso que só pertencia a ele.
– Um centavo por seus pensamentos. – Ouvi quando ele quebrou o silêncio até então preenchido apenas pela voz de Justin Vernon. Parecia genuinamente curioso, o que o deixava ainda mais fofo, se é que fosse possível. – O que tanto pensa, meu amor?
– Nada. Só estava te admirando e refletindo um pouco sobre tudo. – Balancei a cabeça para voltar ao presente.
– Ah, claro. Eu sei que sou muito incrível, mas obrigado mesmo assim. – Deu uma risada e pegou minha mão livre, entrelaçando os dedos com os meus, o que me fez sorrir.
– Idiota. – Levantei, indo até a cadeira ao lado da que eu estava, e sentei de lado no seu colo. Não demorou muito para que minha cintura fosse envolta em um tipo de abraço muito típico dele.
– Posso até ser, mas você me ama mesmo assim. Afastou uma mecha do meu cabelo e depositou um beijo demorado na curvatura de meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse a partir daquele ponto.
Precisei fechar os olhos por alguns segundos e ele tomou isso como uma iniciativa para seguir em frente, deslizando as mãos por dentro da minha blusa. Não demorou muito mais do que isso para que me entregasse, ele sabia exatamente onde e como me tocar. Em algum momento entre as roupas sendo jogadas em um canto do quarto e o encontro de nossas intimidades, a voz aguda e melodia suave de Re: Stacks deu lugar ao som único de Stevie Wonder e nos amamos como se fosse a última vez.
(...)
– ? – Ouvi o sussurro de e mantive os olhos fechados. Estava muito boa a carícia que ele fazia em meus cabelos e parecia impossível que eu separasse meu corpo do seu, afastasse minha cabeça que, no momento, repousava em seu peito. Era como se aquele fosse meu lugar seguro.
– Hm? – Consegui apenas emitir um único som.
– Se lembra daquela reunião que eu comentei contigo há alguns dias? Na gravadora.
Forcei um pouco a mente a fim de me lembrar sobre o que ele estava falando. Uma memória onde ele me dizia que haviam tocado sua música na rádio surgiu como um faixo de luz no fundo do cérebro. Ele estava muito animado, pois haviam finalizado seu primeiro álbum depois de muito sufoco e correria e me contava que o empresário havia conseguido contato de uma rádio que aceitou tocar sua música. A felicidade que expressava no sorriso era única e contagiante, eu nem precisei me esforçar para ficar feliz pela conquista.
– Claro que sim. Qual o problema? – Ergui a cabeça apenas o suficiente para conseguir olhá-lo nos olhos, esperando que ele me contasse o que pretendia.
– Então, aparentemente a música fez muito sucesso porque muitas pessoas começaram a entrar em contato com meu empresário. – Um sorriso largo tomou conta de seu rosto. – Ele conseguiu fechar uma turnê para mim. Dá para acreditar nisso, meu amor? Uma turnê!
Não pude evitar que sua felicidade se projetasse em mim e abracei-o ainda mais forte, colando mais nossos corpos, se é que aquilo fosse possível. Ele depositou um beijo casto em minha cabeça e voltou a falar.
– Essa é a parte boa. A ruim é que eu saio em uma semana e aparentemente vamos ficar uns bons meses fora, de cidade em cidade.
O peso de suas palavras me acertou em cheio. Eu entendi o que ele estava querendo dizer pelas entrelinhas e infelizmente aquilo me deixava mais assustada e apreensiva pelo que viria do que feliz. Não sei se estava pronta para aquilo ou se algum dia estaria, mas sabia que por ele valia a pena.
– Mas isso é ótimo! – Sorri, passando a mão no cabelo dele em forma de carícia. – Será quando tempo de turnê?
– Uns seis meses pelo que me falaram. – Ele me olhava como se estivesse preocupado.
Ouch!
Era muito tempo e isso era tão somente uma constatação. Eu sabia das histórias sobre o que podia acontecer durante esse período de tempo, assim como as verídicas do que havia ocorrido. De fato seria uma provação pela qual teríamos que passar se quiséssemos realmente segui em frente com a relação que tínhamos. A grande pergunta era: estávamos prontos para aquilo, dar um passo para trás para poder andar dois passos para frente? A relação era forte o bastante para sobreviver àquilo?
Nem eu nem tínhamos as respostas para aquelas perguntas que rondavam pela cabeça, mas não me sentia pronta para abrir mão daquilo após tanto tempo investido para fazer dar certo. Doeria e muito, mas passado os seis meses tudo não passaria de mera lembrança. Dolorosa, mas ainda assim uma lembrança, e era nesse pensamento que insistia em me agarrar. Só esperava que ele pensasse o mesmo que eu.
Ri de lado, emitindo um som baixo o bastante para que apenas eu escutasse, e ergui meu braço direito, levando o baseado de maconha que segurava à boca, tragando-o. Talvez fosse apenas uma alucinação ou algo do tipo causado pela droga, mas definitivamente me sentia cada dia mais apaixonada pelo garoto à minha frente, sentia necessidade em tocá-lo e em reforçar o que sentia.
Continuei olhando-o ao mesmo tempo em que abaixava a mão com o cigarro, alheia às mudanças do mundo, e ele pareceu notar, virando a cabeça em minha direção e me presenteando com o sorriso que só pertencia a ele.
– Um centavo por seus pensamentos. – Ouvi quando ele quebrou o silêncio até então preenchido apenas pela voz de Justin Vernon. Parecia genuinamente curioso, o que o deixava ainda mais fofo, se é que fosse possível. – O que tanto pensa, meu amor?
– Nada. Só estava te admirando e refletindo um pouco sobre tudo. – Balancei a cabeça para voltar ao presente.
– Ah, claro. Eu sei que sou muito incrível, mas obrigado mesmo assim. – Deu uma risada e pegou minha mão livre, entrelaçando os dedos com os meus, o que me fez sorrir.
– Idiota. – Levantei, indo até a cadeira ao lado da que eu estava, e sentei de lado no seu colo. Não demorou muito para que minha cintura fosse envolta em um tipo de abraço muito típico dele.
– Posso até ser, mas você me ama mesmo assim. Afastou uma mecha do meu cabelo e depositou um beijo demorado na curvatura de meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse a partir daquele ponto.
Precisei fechar os olhos por alguns segundos e ele tomou isso como uma iniciativa para seguir em frente, deslizando as mãos por dentro da minha blusa. Não demorou muito mais do que isso para que me entregasse, ele sabia exatamente onde e como me tocar. Em algum momento entre as roupas sendo jogadas em um canto do quarto e o encontro de nossas intimidades, a voz aguda e melodia suave de Re: Stacks deu lugar ao som único de Stevie Wonder e nos amamos como se fosse a última vez.
– ? – Ouvi o sussurro de e mantive os olhos fechados. Estava muito boa a carícia que ele fazia em meus cabelos e parecia impossível que eu separasse meu corpo do seu, afastasse minha cabeça que, no momento, repousava em seu peito. Era como se aquele fosse meu lugar seguro.
– Hm? – Consegui apenas emitir um único som.
– Se lembra daquela reunião que eu comentei contigo há alguns dias? Na gravadora.
Forcei um pouco a mente a fim de me lembrar sobre o que ele estava falando. Uma memória onde ele me dizia que haviam tocado sua música na rádio surgiu como um faixo de luz no fundo do cérebro. Ele estava muito animado, pois haviam finalizado seu primeiro álbum depois de muito sufoco e correria e me contava que o empresário havia conseguido contato de uma rádio que aceitou tocar sua música. A felicidade que expressava no sorriso era única e contagiante, eu nem precisei me esforçar para ficar feliz pela conquista.
– Claro que sim. Qual o problema? – Ergui a cabeça apenas o suficiente para conseguir olhá-lo nos olhos, esperando que ele me contasse o que pretendia.
– Então, aparentemente a música fez muito sucesso porque muitas pessoas começaram a entrar em contato com meu empresário. – Um sorriso largo tomou conta de seu rosto. – Ele conseguiu fechar uma turnê para mim. Dá para acreditar nisso, meu amor? Uma turnê!
Não pude evitar que sua felicidade se projetasse em mim e abracei-o ainda mais forte, colando mais nossos corpos, se é que aquilo fosse possível. Ele depositou um beijo casto em minha cabeça e voltou a falar.
– Essa é a parte boa. A ruim é que eu saio em uma semana e aparentemente vamos ficar uns bons meses fora, de cidade em cidade.
O peso de suas palavras me acertou em cheio. Eu entendi o que ele estava querendo dizer pelas entrelinhas e infelizmente aquilo me deixava mais assustada e apreensiva pelo que viria do que feliz. Não sei se estava pronta para aquilo ou se algum dia estaria, mas sabia que por ele valia a pena.
– Mas isso é ótimo! – Sorri, passando a mão no cabelo dele em forma de carícia. – Será quando tempo de turnê?
– Uns seis meses pelo que me falaram. – Ele me olhava como se estivesse preocupado.
Ouch!
Era muito tempo e isso era tão somente uma constatação. Eu sabia das histórias sobre o que podia acontecer durante esse período de tempo, assim como as verídicas do que havia ocorrido. De fato seria uma provação pela qual teríamos que passar se quiséssemos realmente segui em frente com a relação que tínhamos. A grande pergunta era: estávamos prontos para aquilo, dar um passo para trás para poder andar dois passos para frente? A relação era forte o bastante para sobreviver àquilo?
Nem eu nem tínhamos as respostas para aquelas perguntas que rondavam pela cabeça, mas não me sentia pronta para abrir mão daquilo após tanto tempo investido para fazer dar certo. Doeria e muito, mas passado os seis meses tudo não passaria de mera lembrança. Dolorosa, mas ainda assim uma lembrança, e era nesse pensamento que insistia em me agarrar. Só esperava que ele pensasse o mesmo que eu.
Capítulo 3
Passadas as duas semanas, estávamos no aeroporto internacional de Boston para a tão não esperada – ao menos por mim – partida do meu namorado para Dallas, onde ocorreria o primeiro de tantos shows de sua turnê. Eu não seria egoísta pedindo para que ele ficasse, mas também não queria que fosse embora, então o dilema me consumia.
se voltou para mim, mas dessa vez não estava com o sorriso fofo e quentinho do qual eu me lembrava, seus lábios formavam uma leve curva, denunciando que era recíproca a sensação que me afligia. De certa forma era reconfortante saber disso. Ele pegou minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus, e se pôs a me olhar. Era nítido que ele queria mudar de ideia sobre a turnê e, por mais que a ideia fosse tentadora, eu não deixaria que aquilo acontecesse. Ele devia segui seu sonho.
– Bem, acho que é aqui que nos despedimos. – Permaneci o olhando.
– Não sei se é uma boa ideia, . Podemos voltar para casa.
– Não podemos, só eu posso. Só você sabe realmente o quanto isso é um sonho e a luta que passou para conseguir essa oportunidade. Nunca deixaria você desperdiçá-la.
– Esse é um dos motivos pelo qual eu te amo. – Finalmente um sorriso, ou melhor, aquele sorriso voltou a brilhar.
Ele apenas deu um passo em minha direção, envolvendo a cintura com um dos braços e puxando-me para si. O corpo se inclinou para frente até que estivéssemos perto o bastante para misturar nossas respirações. Mordi o lábio inferior e subi uma das mãos para o seu cabelo próximo à nuca e, em uma questão de segundos, nossos lábios se encontraram em um beijo necessitado e apaixonado. Seria, muito provavelmente, nosso último beijo em alguns meses, então eu queria aproveitar cada momento do nosso contato e carícias.
Uma voz soou nos alto-falantes, anunciando que o avião que pegaria logo estaria no ar, decolando. Logo tivemos de nos separar e finalizar o beijo mesmo que contra nossa vontade. Desviei os olhos para o chão, fugindo de seu olhar.
– Então é isso. Acho que agora é a hora em que nos despedimos. – Soltei meio contrariada. Não queria fazer aquilo, vê-lo partir daquela maneira, mas não poderia ser responsável pelas decisões dele. Sabia que era aquilo que ele queria para sua vida e poderia ser a chance de sua vida para que fosse desperdiçada ou ignorada. Não havia nada que ela pudesse fazer.
– É... – Ele parecia meio sem jeito, colocando as mãos nos bolsos do casaco. – Mas isso... Quer dizer, não estamos terminando, né? Porque você sabe que eu te amo.
Não consegui evitar um sorriso triste de aparecer em meu rosto após ouvi-lo. Não poderia culpá-lo por pensar aquilo sendo que eu mesma me sentia da mesma forma. Se ele ficasse famoso com certeza haveria centenas de garotas atrás dele e eu iria perdê-lo de vez. Era inevitável manter esse pensamento.
– Claro que não estamos. – Coloquei uma mão em sua bochecha, fazendo carinho no local. – Eu também te amo e desde que nós dois estejamos na mesma sintonia e dispostos, podemos manter a relação mesmo à distância.
– Estou mais do que disposto. – Um sorriso se formou em seus lábios.
– Então essa é sua resposta. – Depositei um selinho em seus lábios que durou mais tempo do que deveria e logo nos separamos mais uma vez. – Agora vai logo, seu voo te aguarda.
Ele apenas apertou a alça de sua mala na mão e se afastou antes que perdesse a coragem de vez. Eu não poderia julgá-lo, pois estava me sentindo da mesma forma ou até pior. Permaneci parada no mesmo lugar esperando até que a visão de meu namorado sumisse de vez. Meu coração me dizia que relacionamentos à distância não funcionavam quase sempre, mas ainda existia uma faísca de esperança em mim dizendo que daria tudo certo e que sobreviveríamos aquilo. Como esperado, dei ouvidos ao coração, mal imaginando o que o futuro nos aguardaria.
se voltou para mim, mas dessa vez não estava com o sorriso fofo e quentinho do qual eu me lembrava, seus lábios formavam uma leve curva, denunciando que era recíproca a sensação que me afligia. De certa forma era reconfortante saber disso. Ele pegou minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus, e se pôs a me olhar. Era nítido que ele queria mudar de ideia sobre a turnê e, por mais que a ideia fosse tentadora, eu não deixaria que aquilo acontecesse. Ele devia segui seu sonho.
– Bem, acho que é aqui que nos despedimos. – Permaneci o olhando.
– Não sei se é uma boa ideia, . Podemos voltar para casa.
– Não podemos, só eu posso. Só você sabe realmente o quanto isso é um sonho e a luta que passou para conseguir essa oportunidade. Nunca deixaria você desperdiçá-la.
– Esse é um dos motivos pelo qual eu te amo. – Finalmente um sorriso, ou melhor, aquele sorriso voltou a brilhar.
Ele apenas deu um passo em minha direção, envolvendo a cintura com um dos braços e puxando-me para si. O corpo se inclinou para frente até que estivéssemos perto o bastante para misturar nossas respirações. Mordi o lábio inferior e subi uma das mãos para o seu cabelo próximo à nuca e, em uma questão de segundos, nossos lábios se encontraram em um beijo necessitado e apaixonado. Seria, muito provavelmente, nosso último beijo em alguns meses, então eu queria aproveitar cada momento do nosso contato e carícias.
Uma voz soou nos alto-falantes, anunciando que o avião que pegaria logo estaria no ar, decolando. Logo tivemos de nos separar e finalizar o beijo mesmo que contra nossa vontade. Desviei os olhos para o chão, fugindo de seu olhar.
– Então é isso. Acho que agora é a hora em que nos despedimos. – Soltei meio contrariada. Não queria fazer aquilo, vê-lo partir daquela maneira, mas não poderia ser responsável pelas decisões dele. Sabia que era aquilo que ele queria para sua vida e poderia ser a chance de sua vida para que fosse desperdiçada ou ignorada. Não havia nada que ela pudesse fazer.
– É... – Ele parecia meio sem jeito, colocando as mãos nos bolsos do casaco. – Mas isso... Quer dizer, não estamos terminando, né? Porque você sabe que eu te amo.
Não consegui evitar um sorriso triste de aparecer em meu rosto após ouvi-lo. Não poderia culpá-lo por pensar aquilo sendo que eu mesma me sentia da mesma forma. Se ele ficasse famoso com certeza haveria centenas de garotas atrás dele e eu iria perdê-lo de vez. Era inevitável manter esse pensamento.
– Claro que não estamos. – Coloquei uma mão em sua bochecha, fazendo carinho no local. – Eu também te amo e desde que nós dois estejamos na mesma sintonia e dispostos, podemos manter a relação mesmo à distância.
– Estou mais do que disposto. – Um sorriso se formou em seus lábios.
– Então essa é sua resposta. – Depositei um selinho em seus lábios que durou mais tempo do que deveria e logo nos separamos mais uma vez. – Agora vai logo, seu voo te aguarda.
Ele apenas apertou a alça de sua mala na mão e se afastou antes que perdesse a coragem de vez. Eu não poderia julgá-lo, pois estava me sentindo da mesma forma ou até pior. Permaneci parada no mesmo lugar esperando até que a visão de meu namorado sumisse de vez. Meu coração me dizia que relacionamentos à distância não funcionavam quase sempre, mas ainda existia uma faísca de esperança em mim dizendo que daria tudo certo e que sobreviveríamos aquilo. Como esperado, dei ouvidos ao coração, mal imaginando o que o futuro nos aguardaria.
Capítulo 4
– Hey! Está tudo bem? – Delilah se aproximou do caixa, onde eu estava, e me olhou com preocupação.
– Está sim. São apenas preocupações e coisas aleatórias no que estou pensando mesmo. – Lancei-lhe um sorriso triste.
– Quer conversar? – Ela continuava me olhando e não pude evitar suspirar e deixar o dinheiro que eu estava contando de lado. Ela me conhecia bem demais para o meu gosto. A lanchonete já havia fechado e estávamos nós duas para fechar o caixa e a loja, era um bom momento para uma conversa.
– É só essa situação com o . – Confessei e passei a mão pelo cabelo.
– O que foi? Ele está te traindo?
– O quê? Não! – Dei uma risada alta, colocando a mão na frente dos olhos. – Não que eu saiba pelo menos, mas ele não é esse tipo de cara.
– Ah! Beleza. Continua me contando, então.
– É que eu estou feliz por ele. Parece que estão descobrindo seu talento porque ele está fazendo muitos shows e aparições não previstas na turnê. O lado ruim disso para mim é que isso faz com que nossa comunicação seja quase nula, então muitas vezes fico sozinha na frente do computador ou falo com a caixa postal e isso se repete tanto que vai me deixando desanimada, sabe?
– E já falou com ele sobre isso? Sobre como se sente?
– Eu falaria, mas aí entra o fato de que eu não consigo falar com ele. Isso é angustiante porque é como se apenas eu estivesse me esforçando para fazer dar certo e isso é muito desgastante, Delilah.
– E por que não termina, então? Ao menos não vai sofrer tanto, amiga. Cuida da sua saúde mental acima de qualquer coisa.
– Mas eu o amo. – Senti lágrimas se formarem em meus olhos e um aperto em meu coração. Só de pensar naquela possibilidade já me parecia um absurdo sem tamanho.
– Antes de amar alguém precisamos amar a nós mesmas, amiga. E se deixar ser destruída assim não se enquadra nisso. Pensa a respeito um pouco e pode deixar que eu fecho a loja hoje. – Um sorriso fraco se formou em seus lábios, como uma forma de consolo.
Eu entendia que ela só queria me ajudar mesmo que a opção se mostrasse tão dolorosa quanto, então não evitei deixar meu abraço nela, que retribuiu mesmo estando um pouco perdida. Apreciava muito sua amizade, principalmente por todo o apoio emocional que recebia quando estava me sentindo mal ou para baixo.
Agradeci a ela pela liberação mesmo que estivéssemos quase saindo e peguei minha bolsa, saindo da lanchonete. No caminho para o apartamento que antes eu dividia com fiquei pensando em tudo pelo que tínhamos passado e também pela situação atual, pensando se valeria a pena todo aquele sofrimento que havia se instalado em mim após sua partida. Não menti quando disse que o amava porque realmente era verdade, mas poderia colocar esse amor acima de tudo? Eu também merecia ser amada, algo que estava em falta desde que nos afastamos.
Respirei fundo, cheia de questionamentos na mente, e continuei andando. Havia algumas ideias em mente que talvez fossem muito loucas, mas definitivamente precisava lidar com aquilo da melhor forma possível e era isso que julgava estar fazendo.
– Está sim. São apenas preocupações e coisas aleatórias no que estou pensando mesmo. – Lancei-lhe um sorriso triste.
– Quer conversar? – Ela continuava me olhando e não pude evitar suspirar e deixar o dinheiro que eu estava contando de lado. Ela me conhecia bem demais para o meu gosto. A lanchonete já havia fechado e estávamos nós duas para fechar o caixa e a loja, era um bom momento para uma conversa.
– É só essa situação com o . – Confessei e passei a mão pelo cabelo.
– O que foi? Ele está te traindo?
– O quê? Não! – Dei uma risada alta, colocando a mão na frente dos olhos. – Não que eu saiba pelo menos, mas ele não é esse tipo de cara.
– Ah! Beleza. Continua me contando, então.
– É que eu estou feliz por ele. Parece que estão descobrindo seu talento porque ele está fazendo muitos shows e aparições não previstas na turnê. O lado ruim disso para mim é que isso faz com que nossa comunicação seja quase nula, então muitas vezes fico sozinha na frente do computador ou falo com a caixa postal e isso se repete tanto que vai me deixando desanimada, sabe?
– E já falou com ele sobre isso? Sobre como se sente?
– Eu falaria, mas aí entra o fato de que eu não consigo falar com ele. Isso é angustiante porque é como se apenas eu estivesse me esforçando para fazer dar certo e isso é muito desgastante, Delilah.
– E por que não termina, então? Ao menos não vai sofrer tanto, amiga. Cuida da sua saúde mental acima de qualquer coisa.
– Mas eu o amo. – Senti lágrimas se formarem em meus olhos e um aperto em meu coração. Só de pensar naquela possibilidade já me parecia um absurdo sem tamanho.
– Antes de amar alguém precisamos amar a nós mesmas, amiga. E se deixar ser destruída assim não se enquadra nisso. Pensa a respeito um pouco e pode deixar que eu fecho a loja hoje. – Um sorriso fraco se formou em seus lábios, como uma forma de consolo.
Eu entendia que ela só queria me ajudar mesmo que a opção se mostrasse tão dolorosa quanto, então não evitei deixar meu abraço nela, que retribuiu mesmo estando um pouco perdida. Apreciava muito sua amizade, principalmente por todo o apoio emocional que recebia quando estava me sentindo mal ou para baixo.
Agradeci a ela pela liberação mesmo que estivéssemos quase saindo e peguei minha bolsa, saindo da lanchonete. No caminho para o apartamento que antes eu dividia com fiquei pensando em tudo pelo que tínhamos passado e também pela situação atual, pensando se valeria a pena todo aquele sofrimento que havia se instalado em mim após sua partida. Não menti quando disse que o amava porque realmente era verdade, mas poderia colocar esse amor acima de tudo? Eu também merecia ser amada, algo que estava em falta desde que nos afastamos.
Respirei fundo, cheia de questionamentos na mente, e continuei andando. Havia algumas ideias em mente que talvez fossem muito loucas, mas definitivamente precisava lidar com aquilo da melhor forma possível e era isso que julgava estar fazendo.
Capítulo 5
Cerca de um ano depois
Ajeitei meu conjunto de terninho e saia no corpo, esperando que estivesse vestida adequadamente para a entrevista. Delilah havia me dado uma folga para que eu não tivesse nada em mente além daquela entrevista. O fato era que eu amava trabalhar com e para minha melhor amiga, mas tinha aspirações maiores do que trabalhar a vida toda em uma lanchonete. Não que eu tivesse algo contra, mas sonhava com mais para mim.
Muita coisa havia mudado em um ano. Decidi que a relação que eu e mantínhamos porque não estava fazendo bem para mim e ele estava passando muito tempo fora de casa, mais do que combinamos ou eu previa. Não que fosse um empecilho ou sinal de que eu gostaria que ele voltasse, eu só não me sentia mais tão bem quanto antes com aquilo. Desde então me mudei para um pequeno apartamento, deixando o que dividíamos todo para ele. Simplesmente não conseguiria entrar e permanecer em paz naquele lugar tão cheio de memórias.
Delilah sabia da minha vontade de crescer e super concordava e me apoiava, de forma que havia sido ela mesma quem me mostrou a vaga de emprego para a qual eu estava disputando. Fazia muito tempo desde a última vez que fui a uma entrevista e por conta disso sentia-me estranhamente nervosa e com as mãos suando exasperadamente. Mordi o lábio levemente em uma tentativa de diminuir a tensão e aproveitei para secar as mãos nas laterais da saia.
A secretária se encontrava perdida em pensamentos e nem sequer se deu conta da minha aproximação – ou ao menos foi o que aparentou –, digitando algo no computador à sua frente. Tive de me controlar para evitar que o ódio tomasse conta de mim.
– Boa tarde! – Disparei em uma tentativa de chamar sua atenção, o que pareceu funcionar.
– Olá, como podemos ajudá-la? – Se referia ao restaurante em si, que era maior do que eu imaginava pelo anúncio. Não que eu fosse me intimidar e desistir, mas era uma informação nova.
– Eu tenho uma entrevista marcada agora à tarde.
– Ah sim, deixe-me conferir. – Ela ajeitou as mãos com unhas impecáveis em algumas teclas, erguendo novamente o olhar em minha direção. – Qual seu nome, meu anjo?
– . .
Ela apenas me olhou como se estivesse chocada e afastou as mãos do teclado, deixando-me confuso com todos os atuais eventos. O que significava aquilo, afinal?
– Um minutinho, por favor. – Pegou o telefone ao lado e discou algum número que eu não soube responder. – Alô? Ela está aqui embaixo. O quê? Sim, a levarei até lá. – Ditas algumas frases, a recepcionista encerrou a ligação e se voltou para mim. – Ele vai vê-la senhorita, . Apenas me siga onde eu for e não faça muitas perguntas.
Assim como dito, ela foi andando por um curto e silencioso corredor até chegarmos em frente a uma porta fechada com um aviso de proibido pessoas não autorizadas. Como não sabia o que fazer e me encontrava perdida, esperei até que ela tomasse a atitute e batesse na porta. Não demorou muito para que a resposta soasse como um pode entrar silencioso.
Quase que imediatamente a garota abriu a porta, fazendo com que eu pudesse ver a pessoa à minha frente e ela à mim. Era um homem com cerca de 37 anos vestido formalmente com terno, gravata e tudo que a vestimenta permitia, os cabelos mostrando sinais do tempo em forma de fios na cor cinza ou branca. Ele lançou um sorriso em minha direção logo que me viu, convidando-me a sentar em uma das cadeiras à sua frente, o que logo fiz.
– Srta. , a que devemos o prazer de sua visita?
– Vim me contratar para o cargo de garçonete que vocês publicaram.
– E por que acha que a vaga é indicada a você? Quais seus conhecimentos e aspirações? O que lhe trouxe aqui? – Ele parecia genuinamente curioso e interessado, o que só servia para me animais ainda mais.
– Desde o início da minha adolescência eu trabalho na lanchonete de uma amiga como multitarefas. Você sabe: balconista, caixa, garçonete, realizando algumas limpezas e até mesmo na cozinha quando necessário. Ao contrário do que muitos pensam, é uma profissão muito digna que demanda tanto do seu físico quanto do psicológico, eu amo servir um pedido e ver o olhar de satisfação do cliente. Sou apaixonada por isso tudo e acho que seria uma enorme aquisição para seu restaurante.
Ele pareceu pensar por um tempo, com as palavras passeando pelo seu cérebro enquanto as ouvia. Eu realmente havia aberto meu coração a ele e só esperava que levasse aquilo em consideração no momento em que fosse escolher um candidato.
– Interessante. Consigo sentir sua paixão por isso quando fala sobre. – Ele sorriu e se levantou à minha frente. – Só vou chamar o chefe para que ele possa conhecê-la e discutir melhor a respeito, tudo bem?
– Claro. – Comentei meio nervosa e forcei um sorriso.
– Só um segundo. – Ele segurou a maçaneta da porta e abriu-a, saindo da sala e me deixando sozinha com meus pensamentos.
Será que aquilo significava que eu tinha chances ou era apenas um procedimento normal para eles? Eu realmente não tinha a mínima ideia, mas esperava que fosse acontecer algo bom. Cruzei as mãos em cima de meu colo e observei as unhas como se fosse a coisa mais interessante da minha vida. Entretanto, não precisei esperar muito porque logo a porta foi aberta e o mesmo homem que havia me entrevistado entrou, deixando a porta entreaberta.
– Desculpe pela demora, Srta. , mas agora vou deixá-la com nosso chefe para que ele termine a entrevista, se estiver tudo certo para você.
– Ah. Claro, sem problemas! – Sorri de lado e me levantei, ficando de frente para ele e para a porta a fim de cumprimentá-lo quando o mesmo se aproximasse.
Dito isso, ele apenas retribuiu o sorriso e se virou de costas para mim, abrindo a porta de vez. Eu já sentia minhas mãos suando novamente por conta do nervosismo, o pensamento de que talvez não fosse conseguir aquela vaga crescia de tal forma que estava prestes a me consumir por inteira, mas respirei fundo e foquei no fato de que não devia manter um pensamento tão negativo.
Tão logo a porta se abriu, meu queixo foi ao chão de tanta surpresa. Em minha frente estava aparentemente o dono do restaurante Bertie Blossons, cantor agora mundialmente famoso e, para completar, meu ex-namorado Fucking .
Oh, céus!
Ajeitei meu conjunto de terninho e saia no corpo, esperando que estivesse vestida adequadamente para a entrevista. Delilah havia me dado uma folga para que eu não tivesse nada em mente além daquela entrevista. O fato era que eu amava trabalhar com e para minha melhor amiga, mas tinha aspirações maiores do que trabalhar a vida toda em uma lanchonete. Não que eu tivesse algo contra, mas sonhava com mais para mim.
Muita coisa havia mudado em um ano. Decidi que a relação que eu e mantínhamos porque não estava fazendo bem para mim e ele estava passando muito tempo fora de casa, mais do que combinamos ou eu previa. Não que fosse um empecilho ou sinal de que eu gostaria que ele voltasse, eu só não me sentia mais tão bem quanto antes com aquilo. Desde então me mudei para um pequeno apartamento, deixando o que dividíamos todo para ele. Simplesmente não conseguiria entrar e permanecer em paz naquele lugar tão cheio de memórias.
Delilah sabia da minha vontade de crescer e super concordava e me apoiava, de forma que havia sido ela mesma quem me mostrou a vaga de emprego para a qual eu estava disputando. Fazia muito tempo desde a última vez que fui a uma entrevista e por conta disso sentia-me estranhamente nervosa e com as mãos suando exasperadamente. Mordi o lábio levemente em uma tentativa de diminuir a tensão e aproveitei para secar as mãos nas laterais da saia.
A secretária se encontrava perdida em pensamentos e nem sequer se deu conta da minha aproximação – ou ao menos foi o que aparentou –, digitando algo no computador à sua frente. Tive de me controlar para evitar que o ódio tomasse conta de mim.
– Boa tarde! – Disparei em uma tentativa de chamar sua atenção, o que pareceu funcionar.
– Olá, como podemos ajudá-la? – Se referia ao restaurante em si, que era maior do que eu imaginava pelo anúncio. Não que eu fosse me intimidar e desistir, mas era uma informação nova.
– Eu tenho uma entrevista marcada agora à tarde.
– Ah sim, deixe-me conferir. – Ela ajeitou as mãos com unhas impecáveis em algumas teclas, erguendo novamente o olhar em minha direção. – Qual seu nome, meu anjo?
– . .
Ela apenas me olhou como se estivesse chocada e afastou as mãos do teclado, deixando-me confuso com todos os atuais eventos. O que significava aquilo, afinal?
– Um minutinho, por favor. – Pegou o telefone ao lado e discou algum número que eu não soube responder. – Alô? Ela está aqui embaixo. O quê? Sim, a levarei até lá. – Ditas algumas frases, a recepcionista encerrou a ligação e se voltou para mim. – Ele vai vê-la senhorita, . Apenas me siga onde eu for e não faça muitas perguntas.
Assim como dito, ela foi andando por um curto e silencioso corredor até chegarmos em frente a uma porta fechada com um aviso de proibido pessoas não autorizadas. Como não sabia o que fazer e me encontrava perdida, esperei até que ela tomasse a atitute e batesse na porta. Não demorou muito para que a resposta soasse como um pode entrar silencioso.
Quase que imediatamente a garota abriu a porta, fazendo com que eu pudesse ver a pessoa à minha frente e ela à mim. Era um homem com cerca de 37 anos vestido formalmente com terno, gravata e tudo que a vestimenta permitia, os cabelos mostrando sinais do tempo em forma de fios na cor cinza ou branca. Ele lançou um sorriso em minha direção logo que me viu, convidando-me a sentar em uma das cadeiras à sua frente, o que logo fiz.
– Srta. , a que devemos o prazer de sua visita?
– Vim me contratar para o cargo de garçonete que vocês publicaram.
– E por que acha que a vaga é indicada a você? Quais seus conhecimentos e aspirações? O que lhe trouxe aqui? – Ele parecia genuinamente curioso e interessado, o que só servia para me animais ainda mais.
– Desde o início da minha adolescência eu trabalho na lanchonete de uma amiga como multitarefas. Você sabe: balconista, caixa, garçonete, realizando algumas limpezas e até mesmo na cozinha quando necessário. Ao contrário do que muitos pensam, é uma profissão muito digna que demanda tanto do seu físico quanto do psicológico, eu amo servir um pedido e ver o olhar de satisfação do cliente. Sou apaixonada por isso tudo e acho que seria uma enorme aquisição para seu restaurante.
Ele pareceu pensar por um tempo, com as palavras passeando pelo seu cérebro enquanto as ouvia. Eu realmente havia aberto meu coração a ele e só esperava que levasse aquilo em consideração no momento em que fosse escolher um candidato.
– Interessante. Consigo sentir sua paixão por isso quando fala sobre. – Ele sorriu e se levantou à minha frente. – Só vou chamar o chefe para que ele possa conhecê-la e discutir melhor a respeito, tudo bem?
– Claro. – Comentei meio nervosa e forcei um sorriso.
– Só um segundo. – Ele segurou a maçaneta da porta e abriu-a, saindo da sala e me deixando sozinha com meus pensamentos.
Será que aquilo significava que eu tinha chances ou era apenas um procedimento normal para eles? Eu realmente não tinha a mínima ideia, mas esperava que fosse acontecer algo bom. Cruzei as mãos em cima de meu colo e observei as unhas como se fosse a coisa mais interessante da minha vida. Entretanto, não precisei esperar muito porque logo a porta foi aberta e o mesmo homem que havia me entrevistado entrou, deixando a porta entreaberta.
– Desculpe pela demora, Srta. , mas agora vou deixá-la com nosso chefe para que ele termine a entrevista, se estiver tudo certo para você.
– Ah. Claro, sem problemas! – Sorri de lado e me levantei, ficando de frente para ele e para a porta a fim de cumprimentá-lo quando o mesmo se aproximasse.
Dito isso, ele apenas retribuiu o sorriso e se virou de costas para mim, abrindo a porta de vez. Eu já sentia minhas mãos suando novamente por conta do nervosismo, o pensamento de que talvez não fosse conseguir aquela vaga crescia de tal forma que estava prestes a me consumir por inteira, mas respirei fundo e foquei no fato de que não devia manter um pensamento tão negativo.
Tão logo a porta se abriu, meu queixo foi ao chão de tanta surpresa. Em minha frente estava aparentemente o dono do restaurante Bertie Blossons, cantor agora mundialmente famoso e, para completar, meu ex-namorado Fucking .
Oh, céus!
Fim?
Nota da autora: Essa história quase que não sai por motivos de coisas pessoas que aconteceram no meio do processo, mas no fim das contas deu tudo certo mesmo com a facul me surrando horrores hahahaha
Obrigada a quem chegou até aqui e deixe um comentariozinho para eu saber o que acharam da história. Eu estava ansiosa pelo ficstape dessa música desde que lançaram a lista e fiquei muito feliz que no fim das contas consegui escrever com ela hahaha Espero que tenham gostado dela tanto quanto eu e podem ler minhas outras histórias nos links abaixo. Beijos e amo vocês! ❤
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Obrigada a quem chegou até aqui e deixe um comentariozinho para eu saber o que acharam da história. Eu estava ansiosa pelo ficstape dessa música desde que lançaram a lista e fiquei muito feliz que no fim das contas consegui escrever com ela hahaha Espero que tenham gostado dela tanto quanto eu e podem ler minhas outras histórias nos links abaixo. Beijos e amo vocês! ❤
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