Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

São Paulo. Junho de 2020.
- Ainda não acredito que você sabe furar uma parede, - dizia enquanto varria a sujeira de pó feita por ele um pouco antes. - Bom, como eu era o homem da casa, aprendi umas coisas. Que homem eu seria se não tivesse uma caixa de ferramentas em casa? E também eu tinha que sobreviver morando sozinho - respondeu sem perder a concentração, conferindo se os furos estavam alinhados para que ele colocasse a prateleira. - Me ajuda aqui, estou quase acabando.
deixou a vassoura de lado e segurou a prateleira sobre os furos para que pudesse terminar de prender na parede com os pregos. Todos os troféus e medalhas dele e os dela também estavam sobre a cama, pois eles estavam arrumando o cômodo e colocando mais prateleiras, transformando o quarto em uma espécie de santuário particular de futebol.
- Vamos começar pela prateleira de baixo com os mais antigos - analisava a melhor forma de organizar tudo.
Ele próprio começou a separar as medalhas e troféus de quando ainda era criança e do começo da adolescência, colocando na prateleira mais baixa, depois os dos primeiros anos como profissional na segunda, deixando os títulos mais importantes na terceira, pendurando as medalhas que ia entregando nos ganchos com cuidado.
- Gauchão, Paulistão, Copa do Brasil, Libertadores, Recopa, vice mundial, Sul-americana e... Copa América - colocou a última medalha por ele. - Isso sim é uma carreira de respeito.
- Falta só mais um, espero que venha ainda esse ano - passou um braço ao redor dos ombros dela, abraçando-a.
- Se for o que estou pensando, acho provável. Líder isolado, o octa brasileiro já é realidade.
- Mas o Flamengo e o Palmeiras estão na cola, vai ser difícil.
- Amor, eu não tô nem aí. Será que aqui posso ser a corinthiana clubista e desgraçada que eu era antes de te conhecer?
- Claro, claro, eu não vejo problema nenhum - ele se afastou. - Ainda falta mais uma prateleira, vamos colocar os seus ali.
- Por que tem que ficar na prateleira mais alta? Eu nem consigo pegar! Além disso, tinha que ser os seus aí, tenho poucos.
- Uma libertadores é pouca coisa, não é, ? Você é uma campeã, , e eu tenho orgulho de você e da sua carreira. Agora vai me dando que eu vou colocando na prateleira.
- Não era isso que eu queria dar - pegou primeiro os troféus e foi entregar para ele que estava rindo do seu comentário.
- Calma, daqui a pouco, vamos terminar isso aqui primeiro.
- Mas vai logo. Toma, coloca tudo aí, tô com pressa.
- , não estou gostando desse seu caráter - colocou um troféu no topo e uma medalha no gancho.
- Eu emprestei o meu namorado pra Seleção por dois meses inteiros, é o mínimo que eu mereço.
- Vendo por esse lado, você tem razão. Também não foi fácil pra mim, acredite.
- Não sei, você parecia feliz da vida lá... - cruzou os braços, fingindo estar provocando-o.
- É claro que eu estava, você sabe o quanto eu gosto de jogar pela Seleção, - deixou a última medalha pendurada no gancho e se aproximou de , colocando as mãos na cintura dela e a puxando pra perto. - Foram dois meses maravilhosos, nunca vou esquecer disso, mas infelizmente não tinha você lá, o que me manteve são foi saber que você e a minha família estavam torcendo por mim. Isso deu um puta gás quando batia o desânimo.
- Eu fico feliz por isso, mas... sinceramente? Não quero falar da Seleção, só quero aproveitar que finalmente estamos juntos - ela deixou um beijo no queixo dele e depois um selinho nos lábios.
- Sinceramente? Eu também - disse por fim, rompendo qualquer distância entre eles quando a beijou.
era diferente de todos os caras com quem havia namorado antes. Ele tinha defeitos, é claro, era teimoso, esquentadinho e um pouco mimado, mas se preocupava com ela e tinha cuidado, mas acima de tudo, a apoiava e sempre a incentivava a voltar ao esporte, mesmo sabendo que era impossível. Já estava aposentada há anos e não pretendia voltar, mas saber que mesmo assim ele a apoiava sempre, era motivo o suficiente para que não perdesse a fé nas pessoas, e que tivesse certeza nem todos os homens eram grandes babacas machistas. não era, e ela torcia para que outros fossem assim também.

Um dia cinza fez lembrar
O que lutei pra esquecer
Você já teve a sensação de estar perdido entre o medo e a desilusão?
A vida às vezes te machuca e ela mesma dá a cura,
Faz querer sonhar de novo e ir atrás do que é seu
Pois tudo que vai volta


Buenos Aires, Argentina. Dezembro de 2013.

Acordar com a chuva batendo violentamente contra a janela do hotel não era exatamente o que esperava para poder aproveitar o dia. Especialmente aquele dia, onde ela e visitariam La Bambonera e o Monumental de Nuñez, algo que ela esperou por muito tempo para fazer, afinal, o salário de uma jogadora de futebol no Brasil mal dava para pagar as contas, quem dirá viajar e ostentar pela América do Sul; embora não pudesse reclamar completamente de jogar em um clube como o Sport Club Corinthians Paulista. Ela não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
- Merda - murmurou aborrecida. Pela força da chuva imaginou que não pararia tão cedo, e ela já deveria estar se arrumando para sair.
Estava agitada, se mexendo sem parar na cama. Olhou as horas no celular e percebeu que já estava atrasada, mas não poderia fazer nada. , ao seu lado, dava indícios de que iria acordar a qualquer momento. Ela sorriu de canto, ao menos teria ele para se esquecer um pouco dos seus planos frustrados. tentou relaxar, e fechou os olhos para tentar dormir novamente, mas não demorou muito até que sentisse os braços do namorado ao seu redor e um beijo depositado na sua bochecha. Ela sorriu de novo, era uma sensação maravilhosa.
- Bom dia, linda - disse com voz de sono, e se virou para ele.
- Bom dia, . Dormiu bem?
- Como um neném... espera, isso é barulho de chuva?
- É... - desanimou novamente. - Acho que vamos perder o passeio hoje...
- Que pena, amor, mas não é tão ruim assim, não é? Quero dizer, só iríamos ver alguns estádios, nada demais, podemos fazer isso depois.
- Não são quaisquer estádios, , e eu realmente queria visitar eles.
- Gata, relaxa, ok? - ele colocou uma mão no rosto dela, acariciando a bochecha de com o seu polegar. - Você trabalha muito, deixa o futebol um pouco de lado e descansa um pouco, pelo menos eu estou aqui com você, certo?
- Talvez você tenha razão - se deu por vencida e se aconchegou nele. - Pelo menos eu tenho você.
- Precisa de algo a mais?
Na verdade, achava que precisava sim. Precisava trabalhar, precisava desfrutar o dinheiro do seu trabalho. não era o fã número um de futebol, mas ela pensava que ao menos ele estava ali com ela, e qualquer outra pessoa não iria se dispor de fazer aquela viagem. Para evitar atritos, ela não respondeu e se deu por convencido, imaginando um apaixonante sim como resposta.
- , posso te perguntar uma coisa? - perguntou após algum tempo de silêncio onde os dois já estavam quase dormindo novamente.
- Qualquer coisa, linda.
- Se eu fosse jogar em um outro time, talvez em outro estado ou país, você iria comigo?
- É complicado, não é? Quero dizer, você é muito boa no que faz, mas eu também tenho a minha vida e as minhas coisas para fazer… será que compensa largar tudo e começar de novo bem longe?
- Nem mesmo por mim? - ela virou o rosto para ele, não era exatamente o que ela esperava ouvir. - Eu sonhei com isso a vida inteira e estou correndo atrás do que é meu, mas eu não quero alcançar sozinha.
- Você não vai alcançar sozinha, , mas também não é assim, não é? Eu também tenho uma vida, mas eu acho melhor a gente não discutir sobre isso porque ainda nem aconteceu, vamos só curtir essa viagem, ok?
- Tudo bem...
- Vou tomar um banho e então vamos curtir esse dia mesmo com essa chuva do caralho. Não se preocupa, linda, não vamos jogar dinheiro fora - ele deixou um beijo na bochecha dela e se levantou rapidamente para pegar uma roupa na mala e ir até o banheiro.
continuou deitada na cama, pensativa. Não gostou muito da forma como ele falou, mas não sabia como rebater, afinal, ela não podia obrigar a parar sua vida e a acompanhar para onde quer que ela fosse um dia. Apesar disso, gostaria de saber que poderia contar com o apoio dele de qualquer maneira, algo que as vezes ela sentia que estava faltando, mas não podia reclamar, afinal, calou a boca de quem disse que ela jamais teria alguém ao seu lado porque era uma jogadora de futebol e isso afastava os homens. poderia não ser perfeito, mas ao menos estava ali, e por mais que as vezes ela se questionasse se realmente valia a pena, ao menos não estava sozinha.

...

Demorou muito para que a chuva parasse, mas hora ou outra uma garoa caía pela cidade, dificultando os planos de e , que, a essa altura, estavam andando pelo bairro de La Boca para conhecer, já que não seria mais possível entrar no estádio. Estavam procurando um bom restaurante para almoçarem, e fazer isso a pé parecia ser mais divertido, assim poderiam conhecer a Argentina e seu povo, que iam contra todos os padrões estabelecidos pelos brasileiros. Eles foram receptivos o tempo todo e estava adorando.
- Eles são melhores do que eu achei que seriam - ela dizia enquanto caminhavam de mãos dadas. - Além de ser um lugar lindo. Definitivamente me apaixonei pela Argentina.
- Acho que eu também adorei esse lugar, vamos voltar outras vezes - concordou com ela. - E torcer para não chover.
- Tem esse ponto também, mas... AI!
parou de andar quando sentiu uma bola atingindo suas costas com força, lhe roubando o ar. Ela prendeu os lábios e espremeu os olhos quando sentiu o arder por debaixo da sua camiseta do Boca Juniors. Se virou para ver o que aconteceu e viu um grupinho de quatro meninos que tinham por volta de oito anos de idade indo na direção delas, falando um espanhol muito acelerado que ela não conseguia entender.
- Eles estão te pedindo desculpa - , que não era fluente, mas entendia um pouco, explicou para ela.
- Ah... tudo bem, não foi nada - disse em português e fez um joinha para que os meninos entendessem, e o mais alto apontou para a bola atrás dela.
ia devolver, mas não sem antes se divertir um pouco. Puxou a bola com o pé e colocou as mãos na cintura, chamando a atenção para si. Começou a fazer embaixadinhas, despertando a curiosidade dos garotos, chutou a bola pra cima e equilibrou na testa por cinco segundos, deixando-os endoidados. olhou para os lados, estavam chamando a atenção de curiosos, mas parecia não notar, já estava fazendo embaixadinhas outra vez, até deixar a bola rolar para debaixo do seu pé de novo, mas dessa vez ela chamou um dos meninos para o desafio, e ele aceitou, tentando a todo custo desarmar a jogadora e pegar a bola. era rápida e habilidosa demais, se desvencilhando fácil das tentativas dele, e foi assim com todos os meninos até ela devolver a bola para eles que olhavam perplexos para a garota.
- Muchas gracias - agradeceu enquanto devolvia a bola, então virou as costas e seguiu caminho. caminhou em passos rápidos na direção dela.
- Por que você fez isso?
- Você viu? Eles adoraram! - ela sorriu contente. - E eu também.
- Foi legal, mas... estava todo mundo olhando pra gente, foi meio... vergonhoso.
- Por que vergonhoso? Não fiz nada demais, e os meninos se divertiram.
- , estamos de férias, deixa o futebol pra lá um pouco, é como se você estivesse sempre trabalhando.
- Mas eu só estava brincando com eles - tentou se justificar, mas parou de andar e, nervoso, se virou para ela.
- E daí? É só disso que você fala, é só isso o que você faz, será que você pode ser normal só um pouco e deixar essa merda de lado? Pode aproveitar a porra dessa viagem sem colocar futebol em tudo o que você faz, ? Mas que inferno!
deu um passo para trás, assustada, ele nunca tinha erguido o tom de voz com ela daquela maneira, e ela não tinha coragem de revidar. E se estivesse mesmo exagerando e colocando o seu trabalho acima de tudo? Ela não sabia como responder, e nem achava que deveria, afinal, ela escolheu o destino na viagem e quase tudo o que fariam, além de ter pago. Talvez ele se sentisse frustrado por isso.
- Me desculpa - ela disse baixinho e ele apenas fez um aceno com a cabeça, então seguiram o caminho.

...

Espero que escute porque
Essa eu fiz pra esquecer o que sente
Por um momento o que acreditava se perdeu
Deixa o tempo eu sei amanhã o dia nasce outra vez e com ele eu também
Palavras não vão expressar
Não adianta nem dizer
Você já teve a sensação de estar perdido entre a dor e a desilusão?
A vida às vezes te machuca e ela mesma dá a cura,
Faz querer sonhar de novo e ir atrás do que é seu
Pois tudo que vai volta

As lágrimas de se misturavam com a água quente do chuveiro que molhava o seu corpo. Aquela viagem deveria ser um presente, mas estava se tornando uma grande dor de cabeça para ela. nunca tinha erguido a voz para falar com ela, apesar de as vezes fazer comentários inadequados, que ela deixava passar. Ela sabia que ele não gostava de futebol e vez ou outra ia nos jogos apenas porque ela insistia muito, isso a magoava, mas achava que não podia exigir que ele a apoiasse sempre. estava desgastada e só estavam juntos há apenas um ano, quando se conheceram no portão da escola em que ela estudava. Ele era o rapaz mais bonito e legal que ela já tinha conhecido, e estava surpresa por ele ter dado a atenção que ela esperava, mesmo recuando um pouco quando ela disse que estava prestes a assinar o seu primeiro contrato profissional de futebol com um grande time, mas mesmo assim ela insistiu e estavam juntos. Porém o rumo que aquilo estava tomando tornavam as coisas mais difíceis e ela não queria ter que escolher entre o seu sonho e o homem que amava, pois não sabia como viveria sem qualquer um dos dois.
desligou o chuveiro, pegou o roupão para cobrir o corpo e a toalha para secar o cabelo, e então saiu do banheiro e viu que já estava se preparando para dormir. Mal tinham se falado a tarde inteira porque ele estava visivelmente irritado, mas sentia a necessidade de se justificar com ele, tentar fazê-lo entender o quanto sua profissão importava e o quanto adorava ser parte do futebol feminino.
- Será que a gente pode conversar? - ela perguntou cautelosa enquanto pegava uma roupa na sua mala.
- Deixa isso pra lá, .
- Eu só queria entender porque você se incomoda tanto com o fato de eu jogar futebol.
- Não é que eu me incomode, é só que... Você literalmente só fala sobre isso, joga o dia inteiro... Se torna cansativo depois de um tempo, será que eu não importo pra você?
- É claro que importa, , mas é o meu trabalho e você precisa entender.
- Eu entendo, mas eu também tenho o meu trabalho e não fico falando sobre ele o tempo inteiro. Você não gostaria disso - ele se levantou da cama e foi até ela. - Somos um casal e devemos nos apoiar, eu fico feliz que você goste tanto de algo, mas precisamos impor limites para que o foco sempre seja a gente, está bem? Outros homens achariam tudo isso um escândalo, mas eu não acho, só penso que nosso amor é mais importante do que tudo isso. Eu quero ficar com você pra sempre, .
- Você tem razão - sorriu contente por ver que ele estava entendendo.
- E além disso, não posso negar que o esporte te faz muito bem de várias maneiras, hein? - sutilmente ele colocou uma das mãos na cintura dela que desceu devagar até a bunda, dando-lhe um aperto de leve.
- É claro que faz - ela sorriu enquanto mordia os lábios. - Por que você não deixa eu pentear o cabelo e então a gente fica juntinho?
- Não demora - deu um selinho demorado nos lábios dela e se afastou para esperar enquanto pegava a escova e passava pelos cabelos para poder pentear enquanto ainda estava molhado.
Quando ela terminou, foi até ele, disposta a receber um pouco de atenção. Devagar, puxou o cordão do roupão dela, fazendo ele abrir parcialmente, revelando o corpo que ela conseguiu devido aos treinos árduos, corpo esse que ele adorava. Sua mão passou atrevidamente para dentro, tocando o seio dela enquanto juntava os lábios dos dois em um beijo que começou lento, mas que se intensificou. se deliciava com as mãos dele percorrendo o seu corpo, apesar de tudo ele sabia como deixar ela excitada quando deixava marcas de chupões ardidos em seu pescoço. os guiou até a cama e se sentou no colo dele enquanto tirava o roupão, revelando o seu corpo nu, que encarou com o desejo ardendo em seus olhos. fechou os olhos quando sentiu a boca dele descendo para os seus seios, a língua encostando no bico enrijecido dela, e depois retomando o beijo arduamente, até que ele próprio se livrasse de sua camiseta e então os dois se deitaram, estando ele por cima. Entre os beijos, tentava encontrar o cós da calça dele e então a puxou para baixo, deixando com que ele terminasse de tirá-la.
- Agora você fica quietinha e deixa eu terminar o trabalho, gata, está bem? - ele disse ao pé do ouvido dela, e após concordar, ele começou a fazer uma trilha de beijos que foi descendo até a intimidade dela.
mordeu os lábios para não gemer quando sentiu a língua dele fazendo seu trabalho, ao contrário disso, ela se estimulava, até que pediu para que ele parasse, porque era sua vez. Se colocou por cima e pressionou a sua intimidade contra o pênis duro dele apertado contra a roupa que ele logo se livrou, não se conteve e gemeu quando as mãos ágeis de começaram a masturbá-lo, mas ela parou quando ele quase não podia mais se conter. Puxou a garota para si e trocaram de posições novamente, abriu as pernas para que ele se ajeitasse, penetrando devagar e fez repetidas vezes até que se acostumassem. ergueu o quadril e enrolou as pernas ao redor dele, tremendo de prazer conforme o movimento se intensificava e seus corpos se mexiam no mesmo ritmo até que ambos já tinham chegado em seu limite um por vez. caiu ao lado de na cama e a abraçou de lado enquanto respiravam ofegantes.
- Espero que esteja tudo bem entre nós, .
- Que bom que resolvemos isso - ela sorriu para ele. - Está tudo bem mesmo?
- É claro que sim. Vamos deixar tudo isso pra trás, ok? Estamos de férias e vamos curtir.

...

aguardava terminar de fechar as malas para que pudessem ir embora, o voo para São Paulo sairia ao meio dia e ela não queria se atrasar, então deixou com que ele tentasse fechar a mala emperrada enquanto ela se distraía com o celular, lendo uma notícia qualquer sobre o time feminino. Eram raras as vezes que isso acontecia, que ela mal podia se conter de felicidade quando via seu nome ou sua imagem ali também, desejando que algum dia o futebol feminino pudesse alcançar níveis jamais atingidos antes, e ela queria ser parte disso também.
- , está na hora - disse quando finalmente conseguiu fechar a mala, mas estava distraída no celular. - !!!
- Sim? - ela olhou para ele um tanto avoada. - O que foi?
- Já está na hora. Por que tá me olhando assim?
- Olha só essa matéria sobre o time, nunca vi uma análise tão positiva antes - ela foi até ele com o celular na mão para mostrar o que estava vendo.
- Outra vez? É sério que você não vai parar com isso? - disse irritado e franziu o cenho.
- Ei, calma, eu só queria te mostrar uma coisa que eu vi.
- Esquece essa porra! - ele disse alto, fazendo dar um passo para trás.
- ...
- Por que você gasta o seu tempo com isso? Não vai te levar a lugar nenhum! Você não pode ser normal como as outras mulheres e esquecer essa merda toda? Futebol não é coisa de mulher, , entenda de uma vez por todas!
- E o que é coisa de mulher? - cruzou os braços. Dessa vez ela não iria recuar; estava começando a criar coragem.
- Se você não fosse tão fissurada, saberia a resposta, não sou eu que tenho que te responder isso. E quer saber mais? Eu odeio tudo o que envolva isso, odeio que você gaste todo o seu tempo com uma coisa tão inútil!
- É o meu trabalho, ! Por que você não entende isso em vez de me julgar? Eu queria que você tivesse orgulho de mim em vez de me criticar tanto, é tão difícil assim?
- Orgulho? Mal posso conversar com os meus amigos, porque tenho que ouvir piadinhas sobre ter uma boleira em casa. Tem noção de como isso é chato?
- Você nunca vai entender - ela riu nervosamente. Não iria ouvir nada daquilo calada. - Eu deveria ter notado antes que você não se importa comigo.
- Eu me importo, sim, quem mais ligaria pra tudo isso se não fosse eu, hein?
- Eu queria ter só um pouco da sua autoestima, , sabia? De se achar a última Coca-cola do deserto. Por que você acha que ninguém mais se interessaria por mim? Eu não sou bonita? Não sou atraente? Não sou inteligente?
- Quem mais se importaria com essa merda de futebol feminino?
- Qualquer um que não tenha uma cabeça antiga como a sua! - também ergueu sua voz para ele. - E quer saber? Eu cansei disso, não vou ficar ouvindo você falando essas coisas pra mim a troco de nada, eu mereço muito mais do que isso.
- Vai fazer o que então? Terminar comigo? Não me faça rir - mas a esta altura, já estava rindo. - Você não é capaz disso, mas eu vou te dar a opção de escolher, : ou futebol ou eu.
- Como você é bobo, - sorriu, e sem pensar duas vezes, já tinha tomado a sua decisão. - Pode ir agora, eu já tenho uma escolha, e não é você. O futebol é o meu trabalho, e a minha vida, e você nunca vai ocupar esse espaço. Agora, se me der licença, eu vou para a rodoviária e torcer para ter um ônibus pra São Paulo. Muito melhor do que ainda ter que pegar voo com você.
- Mas.. - não sabia o que dizer, não esperava que ela fosse se rebelar.
- Tchau, , e eu espero que você mude um dia. Sabe... mulheres não gostam de homens como você. Não se esqueça de pegar suas coisas na minha casa quando eu chegar, tá? Até mais.
pegou a sua mala de mão e a mochila com suas coisas e então saiu o mais rápido possível para não ser seguida, com medo de que ainda fizesse alguma coisa. Mesmo que fosse levar dias até chegar em São Paulo, ela estava disposta a ir mesmo assim, não ficaria mais um minuto perto dele. Ela precisava aceitar que merecia muito mais e que um dia alguém daria o valor que ela merecia, mas enquanto isso ela precisava seguir e encarar a luta diária, afinal, o futebol feminino merecia o devido reconhecimento e ela queria fazer parte disso, mas precisaria trabalhar muito para fazer acontecer. Sem um embuste no caminho, seria muito mais fácil.

Amanhã
O dia nasce outra vez
Amanhã

Essa eu fiz pra esquecer o que sente
Por um momento o que acreditava se perdeu
Deixa o tempo eu sei amanhã o dia nasce outra vez e com ele eu também
E com ele eu também.


Fim



Nota da autora: Oii tudo bem? Demorou, mas saiu, e agora a gente finalmente sabe um pouquinho sobre o passado da PP antes de ONG, né? Eu mesma me surpreendi por ela ser completamente diferente, e submissa às vontades e ordens do namorado, tão diferente da mulher forte e evoluída que ela é em ONG, sabemos que o PP não duraria dois minutos se ousasse dar uma ordem pra ela, não é mesmo? Ahahah mas que bom que o mundo girou e ela já não é a mesma, e daqui pra frente é só progresso. Espero que tenham gostado tanto quanto eu <3





Outras Fanfics:
» 18. Espero a minha vez (Spin-off de ONG)
» Fico com você (Spin-off de ONG)
» Onde Nascem os Grandes (original)
» Ad Perpetuam Memoriam
» Ad Perpetuam Memoriam – They Don’t Know About Us
» 06. Moving Along
» Love and blood

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus