Fanfic finalizada.

Capítulo Único

O cheiro de parecia ainda estar impregnado em meus lençóis. Era uma mistura de um perfume feminino adocicado com nicotina e atirado em minha cama, deixando de encarar fixamente o teto para fechar meus olhos, eu quase podia senti-la ali.
Meu peito automaticamente acelerou quando deixei que algumas lembranças invadissem a minha mente da mesma forma que havia acontecido diversas vezes durante aquela semana. Eu quase conseguia sentir os seus toques precisos em meu corpo, o balançar de sua cintura ao rebolar em meu colo, o gosto de seus lábios vindo de encontro com os meus para então descer e me espalhar uma onda de arrepios que me deixavam tão louco a ponto de não aguentar mais a vontade de segurá-la, afastando seus lábios de mim apenas para admirá-la por alguns instantes.
Gostou da visão, bonitinho?
Sua voz ainda era um tanto nítida em minha memória, era tão real que aquela havia sido a gota d’água. Havia atingido o extremo da necessidade daquela garota e quando abri os olhos bruscamente, virando meu rosto para encarar o vazio ao meu lado, a lufada de ar saiu incontida por meus lábios, em um sinal claro de insatisfação e até indignação comigo mesmo.
Uma noite. Foi tudo o que tivemos.
E, no entanto, eu não conseguia tirar de minha cabeça aquelas lembranças, assim como o cheiro dela em meus travesseiros e a imagem de seus belos cabelos azuis.
Como era possível que eu me visse tão fascinado por uma garota que mal conhecia? Por alguém que não deveria passar de um lance casual de uma noite?
De repente, era como se eu revivesse novamente aquelas sensações.

“No dia seguinte, eu custei a abrir meus olhos, ainda imerso pela preguiça enquanto tateava à procura da garota que tinha me enlouquecido.
Porém, me forcei a receber a dose angustiante de dor de cabeça porque, ao procurar por ela em meus lençóis, minhas mãos tocaram o nada e eu me levantei, tentando encontrar algum sinal dela, mas parecia que eu havia passado a noite inteira ali sozinho.
Se não fossem as minhas roupas espalhadas pelo quarto, eu realmente acharia que tudo não havia passado de um sonho.
Tentei forçar minha mente a lembrar em qual havia sido o momento em que ela havia partido, mas encontrei novamente um grande nada e me praguejei mentalmente porque não sabia mais nada além do seu primeiro nome.
Nunca na minha vida eu havia me arrependido de um porre ou algo do tipo, mas naquela manhã, com um céu ironicamente azul como o tom dos cabelos dela, eu desejei que não tivesse usado aquelas malditas drogas.
Levantei de minha cama, determinado a encontrar uma pista que fosse, um bilhete, qualquer coisa. Me recusava a pensar que aquela havia sido nossa única vez e eu jamais voltaria a ver aquela mulher novamente.
Por que eu fazia isso? Para ser sincero, não tinha ideia.
Talvez aquela reação exagerada fosse a carência por ter levado outro pé na bunda, agora de uma desconhecida.
Ou talvez a sensação de ter o corpo dela junto ao meu havia sido melhor do que qualquer uma provocada pelas porcarias que eu havia usado na noite anterior.
Por mais louco que aquilo tudo soasse, havia feito eu me sentir mais vivo do que nunca e só a mera lembrança dela já fazia com que tudo dentro de mim entrasse em estado de euforia.
Eu precisava encontrá-la e não descansaria enquanto não o fizesse.”


— Que foi? — atendi meu celular, ao despertar de meus pensamentos e tendo a leve impressão de que aquele não havia sido o primeiro toque.
— Até que enfim você atendeu esse negócio, cara. Achamos que íamos precisar arrombar o teu apartamento — Isaac soltou, em um tom de riso, mas eu não me sentia com a menor vontade de rir junto dele. Percebi que ele estava com Diego, porque do outro lado da linha podia-se ouvi-lo rir também.
Batidas em minha porta se seguiram e eu desliguei o aparelho, já que não era mais necessário dizer nada através dele.
Sentei na beirada da cama e passei as mãos por meus cabelos, soltando um suspiro e tentando não parecer tão afetado quanto eu sempre ficava desde que as lembranças daquela noite me perseguiam.
— Parece que mataram teu cachorro, . — Foi a primeira coisa que Isaac disse, assim que eu abri a porta para que ele e Diego entrassem. Abri a boca para protestar, mas meu outro amigo não deixou.
— Ele tem razão, mano. Achei que tu já tinha superado a Melanie. — Arqueei uma sobrancelha ao ouvir Diego mencionar meu amor de infância não correspondido.
— Quem me dera que isso tivesse alguma coisa a ver com ela — resmunguei para mim mesmo, mas os dois acabaram me ouvindo.
— Não tem? — Diego questionou, abrindo a geladeira na cozinha e jogando uma long neck para Isaac, que já havia se atirado no sofá antes de pegar uma para si mesmo. — Cerveja? — me ofereceu, na maior cara de pau.
Eu me importaria com o quanto aqueles dois eram folgados se eu não fizesse exatamente a mesma coisa quando ia até a fraternidade que moravam.
Pois é, meus dois melhores amigos viviam em uma das fraternidades da Columbia University enquanto eu era um filhinho de papai filho da puta, que morava em um apartamento em Manhattan.
O lugar não era tão exagerado, no entanto. Era relativamente pequeno, com uma suíte, uma sacada onde eu raramente ia e uma sala ligada à cozinha.
— To de boas — respondi, recusando a cerveja que Diego me oferecia, então me atirei ao lado de Isaac, mais uma vez levando minhas mãos até meus cabelos e fechando os olhos ao deixar escapar um longo suspiro.
— Vai desembuchar o motivo dessa cara de bunda logo ou vamos ter que te enfiar álcool goela abaixo, ? — Acabei rindo do jeito delicado de Isaac e o encarei com uma sobrancelha arqueada.
— Sai fora, doido. Eu só to estressado com essa porcaria de faculdade. Não sei se você tá lembrado, mas estudar Direito é um porre — menti, na cara dura. Não achava que aqueles dois iam realmente me entender e, na verdade, eu estava era com medo de me mandarem esquecer .
— É simples, mano. Se tu não gosta, larga do curso. — Diego deu de ombros, sentando em uma banqueta próximo à bancada da cozinha.
Meus pais viviam me enchendo o saco porque aquele apartamento era pequeno demais, mas por que eu ia querer um negócio gigante se eu morava sozinho e mal parava ali dentro?
— Aí é que tá, Villegas. Não é simples. Meus pais vão surtar se eu largar essa faculdade. Legado da família e aquele bla-bla-bla que vocês conhecem. — Fiz careta, roubando a garrafa da mão de Isaac e bebendo um gole da cerveja.
— Puta merda, . Deixa de ser folgado! — meu amigo reclamou, me fazendo encará-lo mais uma vez com a sobrancelha erguida.
— Eu que comprei essa merda. — Devolvi a cerveja a ele, que bufou.
— Mas desenrola logo. Tu não me convenceu com esse negócio de faculdade. Certeza que tu tá com essa cara por causa de alguma mulher — insistiu, e eu precisei reprimir a vontade de praguejar baixo.
Às vezes era uma merda ter amigos que me conheciam tão bem.
— Não é nada demais. Duvido que vocês tenham vindo até aqui só pra perguntar sobre a minha cara — desconversei mais uma vez.
— Não. O Patrick colocou nosso nome na lista da Lux, tá afim de ir? — Villegas disse de prontidão. Notei que Isaac ainda me encarava com os olhos apertados, mas ignorei até porque qualquer outra coisa que aconteceu depois que Diego mencionou Lux foi completamente deixado de lado por mim.
Foi ali que encontrei pela primeira vez. Quais eram as chances de ela aparecer naquela boate novamente?
Eu não era um frequentador assíduo do lugar, mas e se ela fosse?
— Tô dentro — respondi, quase de imediato, me sentindo animado de um jeito que não me sentia há quase uma semana.

🍀


Era praticamente impossível disfarçar o quanto eu estava inquieto dentro daquela boate. Completamente diferente da última vez em que estive no lugar, eu não conseguia nem ao menos prestar atenção em qual música tocava, logo dançar estava bem longe dos meus planos.
Como de costume, Diego e Isaac estavam em algum lugar, aproveitando tudo o que aquela festa poderia proporcionar enquanto eu havia optado por permanecer encostado ao balcão do bar, bebericando minha cerveja enquanto meu olhar vasculhava cada canto daquele estabelecimento. Era difícil enxergar as coisas com clareza, principalmente por conta daquelas luzes coloridas, que dessa vez estavam me irritando em vez de me fazer relaxar.
Minhas expectativas estavam a mil quando adentrei aquela balada. Alguma parte fantasiosa de minha cabeça havia imaginado que eu a encontraria ali, bem no meio da pista de dança, formando mais um daqueles clichês de filmes românticos e dali para frente eu conseguiria mais do que apenas o nome dela.
Isaac sempre me dizia que criar esperanças era a pior besteira que alguém poderia fazer. Pela primeira vez, eu concordava com ele.
Não encontrar os cabelos azuis de em um canto sequer da Lux talvez entrasse para o topo do ranking de maiores frustrações da minha vida. Sem exageros.
Se antes meus amigos achavam que eu estava com cara de bunda, foi porque não me viram naquele momento.
Desejei dar a noite por encerrada porque nem o que eu bebia parecia ter mais graça. Meu propósito inteiro foi por água abaixo e até vontade de vomitar eu passei a sentir. Que porcaria de destino era aquele que não me ajudava nem a encontrar mais uma vez a garota que havia me deixado louco por ela? Não que eu fosse de acreditar nessas baboseiras, mas não custava apelar, certo?
Mais uma vez, eu que havia trazido meus amigos em meu carro, mas eu sabia que, mesmo que me xingassem no dia seguinte, eles dariam o próprio jeito de voltarem para casa.
No entanto, por algum outro motivo, meus pés não se desgrudaram do chão. Talvez fosse aquele fio idiota de esperança de que ela ia surgir magicamente em algum canto em mais uma daquelas cenas típicas dos clichês.
Permaneci em uma espécie de torpor enquanto pedia mais cerveja quando terminava a garrafa atual, observando a pista de dança como uma versão derrotada de Joe Goldberg e eu digo derrotada porque a essa altura o personagem de You certamente já teria descoberto não apenas o sobrenome de , como também seu endereço.
Não que eu quisesse o endereço dela, eu não era do tipo psicopata obcecado.
Talvez até estivesse agindo como tal.
Mas não era, eu juro.
— Você me parece tão triste aí, abandonado nesse balcão. — Uma voz chamou minha atenção e eu senti um calafrio engraçado percorrer minha espinha. Primeiro, porque estava mais próxima do que eu jamais esperaria. Segundo, porque, por um segundo delirante, eu podia jurar que era ela.
? — murmurei seu nome, mas acabei precisando conter uma careta de frustração ao notar a loira parada ao meu lado, com um sorriso sedutor nos lábios.
— Tenta de novo. — Arqueou a sobrancelha, provavelmente intrigada pelo nome que eu havia lhe chamado.
— Melanie. — Abri um meio sorriso quando a mulher alargou o seu e se aproximou para deixar um beijo estalado em minha bochecha.
Diferente das outras vezes em que eu me sentia nervoso pra caralho quando Melanie chegava perto de mim, nessa eu apenas senti o calor onde seus lábios haviam me tocado. Não sabia se eu comemorava esse fato ou não. Talvez eu estivesse muito mais na merda do que antes.
— Você pareceu decepcionado ao me ver. — Às vezes eu odiava o fato de ela me conhecer desde pirralho. — Sei que as coisas ficaram meio esquisitas entre nós, mas…
— Relaxa, Mel. Eu disse que estava apaixonado por você, você disse que não sentia o mesmo e eu senti como se tivesse levado um pé na bunda. As coisas ficaram esquisitas a partir do momento em que não fui honesto com você sobre isso desde o começo. Se tem um culpado nisso tudo, sou eu, mas já passou — desandei a falar porque achei que realmente precisava esclarecer aquilo.
… — Ela suspirou, me encarando nos olhos como se tentasse me desvendar.
— É sério. — Sustentei seu olhar e Melanie pareceu se dar por vencida. — Agora, me diga, o que te trouxe à Lux hoje? Não sabia que você vinha.
— Ah, eu não vinha mesmo. Mas a Sarah disse alguma coisa sobre Isaac estar aqui, então acabei sendo arrastada apenas para ficar de vela. — Fez uma careta e eu acabei rindo.
— Que coragem a sua, mas agora entendi o sumiço da criatura. — Beberiquei um pouco da minha cerveja assim que terminei de falar, então desviei o meu olhar para a pista de dança.
Inevitavelmente, meus olhos tornaram a varrer todo o ambiente, procurando um vislumbre que fosse dos cabelos azulados. Quando não encontrei, também foi impossível conter minha careta de frustração.
Com toda a certeza, eu precisava deixar aquilo para lá. Esquecer aquela loucura toda porque eu nem conhecia . Ficar fissurado em uma garota daquele jeito não era nem um pouco saudável.
Fui beber mais um pouco de cerveja e percebi minha garrafa vazia. Me virei e não precisei nem verbalizar o pedido, apenas fiz o sinal para o barman, indicando que queria mais uma e ele não tardou a trazê-la para mim. Lhe dei o dobro do dinheiro, como forma de agradecimento.
— Diz logo, . Quem é ela? — A pergunta de Melanie me pegou de surpresa.
Por alguns minutos, eu esqueci que ela ainda estava ali comigo.
— Ela quem? — Me fiz de maluco, por mais que aquilo não funcionasse com ela, o que eu comprovei ao notar o olhar que me lançou.
— A garota que você está procurando feito um louco — retrucou, com um leve arquear de sobrancelha.
Abri a boca, pronto para negar que tivesse garota alguma, mas me entreguei quando um borrão azul passou pelos meus olhos e eu esqueci de qualquer coisa apenas para acompanhar com meu olhar.
Era sim uma pessoa com cabelos azuis, mas não era .
Voltei a encarar Melanie e ela aguardava uma resposta com um olhar significativo.
— O nome dela é e isso é tudo o que sei sobre ela — contei, e a reação de minha amiga foi um tanto engraçada porque ela deu um gritinho em comemoração ao ouvir o nome, mas murchou quando ouviu a segunda parte.
— Como assim você só sabe isso sobre ela, ? — questionou, em um tom até indignado.
— Ela não quis me dizer mais nada além disso. Eu tive a melhor noite da minha vida com uma garota incrível e tudo o que eu tenho agora são lembranças, o nome dela e seu perfume nos meus lençóis — desabafei, porque sabia que, diferente de Isaac ou Diego, Melanie não iria me zoar.
Ela permaneceu encarando meu rosto por alguns segundos, então suspirou.
— Não acredito que você se apaixonou por um lance de uma noite. — Foi a primeira coisa que disse.
— Nem eu, Mel. Nem eu — bufei, levando a garrafa de cerveja aos meus lábios mais uma vez.
— Mas, para ser sincera, isso é bem a sua cara. — Deu de ombros, me fazendo rir mais uma vez.
Honestamente, era ótimo conversar com ela sem toda aquela confusão de quando eu achava estar apaixonado por Melanie.
Ela bebeu um longo gole do drinque, que só então eu notei estar em suas mãos, e seu olhar varreu o salão, como se estivesse procurando por alguém também.
— Como ela é? — perguntou, me fazendo negar com a cabeça porque eu sabia que ela estava tentando procurar por também.
— Hm… Acho que a marca registrada dela são os cabelos azuis — comecei, passando a refletir nas lembranças que eu tinha da aparência da garota. — Ela tem uma pele bem clara, é um pouco mais alta do que eu e tem olhos claros.
Eu sabia que o fato de estar sobre efeito de drogas afetaria de alguma forma as minhas memórias, fazendo com que algumas características de se perdessem. Ainda conseguia ver algumas coisas com clareza em minha mente, no entanto, a ausência de alguns detalhes começou a me incomodar um pouco.
E se eu esquecesse o rosto dela?
Fatalmente, isso aconteceria, não importava o quanto eu desejasse o contrário.
Mais uma vez, a necessidade de encontrá-la gritou dentro de mim.
— Vou dar uma volta. Quer vir comigo? — Melanie convidou. Hesitei, como se sair dali fosse prejudicar alguma coisa. — Vem, .
Não esperou minha resposta e me puxou pela mão para o meio da multidão.
E como um idiota, eu insisti em continuar tentando encontrar alguém que tudo indicava não estar ali. Minha teimosia talvez fosse me matar um dia desses.
Só percebi que estava bem no centro da pista de dança quando senti um esbarrão forte de alguém. Percebi então que Melanie me encarava enquanto dançava, como se durante aquele tempo todo estivesse me analisando.
— Essa garota te fisgou mesmo, não é? — Sorriu de um jeito que eu não soube dizer se era compreensão, admiração ou apenas ela achando graça do quanto eu era afobado com algumas coisas.
— No começo eu achei que era efeito das drogas, sabe? Mas depois me peguei sonhando com ela sóbrio — confessei, mesmo me sentindo desconfortável por ter que praticamente gritar.
— E se… — Balançou a cabeça em negação. — Deixa para lá.
— O quê? — insisti ainda assim.
— E se o que você viveu com essa garota foi apenas isso? Efeito das drogas?
O questionamento dela fez meu estômago afundar.
— Como assim? — ainda questionei, atordoado.
— Sei lá. Essas coisas que você diz ter vivido com ela poderiam ser ilusões da sua cabeça. Como tem tanta certeza de que essa garota é real?
Fechei a cara instantaneamente.
Qual é! Como todas as coisas que eu senti com não seriam reais?
Eu sabia muito bem que as ilusões causadas pelas drogas podiam parecer bastante reais, mas não podia ser. Eu não podia estar apaixonado por alguém que não existia.
— Não tenho, mas ela é real, Melanie. Se não é, o que eu fiquei fazendo no meu apartamento quando achei que tava transando com ela? — questionei, erguendo uma sobrancelha para a garota, que acabou soltando uma risada.
— Quer mesmo que eu responda? — Lançou um olhar rápido ao meu baixo ventre, como se aquilo respondesse tudo.
Levei uns dois segundos para entender e quando isso aconteceu foi inevitável que viesse um acesso de tosse.
Se era tudo uma ilusão, eu tinha passado horas me masturbando no meu apartamento.
Sozinho.
Aquela ideia me deixou até meio depressivo.

🍀


Mesmo depois daquele questionamento de Melanie, eu ainda tentei encontrar a garota dos cabelos azuis por aí. Visitei a mesma balada em dias diferentes, dei um jeito de conseguir a lista de pessoas que haviam comparecido àquela festa e procurei o evento nas redes sociais para conferir se tinha algum sinal ou perfil da tal .
A frustração ainda maior porque me deparei com o nada. Era como se realmente ela fosse ilusão da minha cabeça.
Acabei desabafando com meus amigos sobre o assunto, mesmo correndo o risco de ser zoado pela eternidade, mas eles me surpreenderam sendo bastante compreensivos. Talvez tivesse dedo da Melanie nisso aí e se fosse eu lhe devia um grande agradecimento.
Isaac havia me ajudado a olhar a lista de convidados da festa. Diego era o mais popular, então andou perguntando por aí como quem não queria nada e mesmo assim não obtivemos resultados.
— Eu sinto te falar isso, cara. Mas agora o melhor a fazer é desencanar disso e seguir em frente. A Melanie pode estar certa com a história do efeito das drogas — Isaac disse o que eu certamente precisava ouvir, embora não quisesse.
— Ou ela não se chama e os cabelos azuis eram só uma peruca ou algo assim. É só dar uma olhada no Instagram que você vai ver como algumas usam umas perucas bem reais — Diego completou e eu o olhei por alguns segundos, sentindo que ambos tinham razão.
— Não sei como não pensei por essa perspectiva antes — confessei, soltando um suspiro cansado, então levei as mãos ao rosto, passando-as por meus cabelos como se assim pudesse tirar aquela garota da minha cabeça.
… — Isaac tentou dizer mais algo, porém eu o interrompi.
— O que Diego falou faz sentido, mas você tem razão, Isaac. Não posso passar o resto da vida tentando encontrar uma garota que não sei se é real ou se me disse a verdade. Vou seguir com a minha vida e esquecer isso — concluí determinado, por mais que meu peito protestasse.
Mesmo temendo esquecê-la, eu precisava e era isso que faria.

🍀


Dois anos depois

A rotina de ensaios estava me deixando maluco, mas eu precisava daquilo para conseguir uma boa nota no projeto final de dança contemporânea. Se eu me desse bem, quem sabe aquilo me abrisse portas para a tão sonhada audição na Broadway.
Toda vez que eu pensava nisso, minha mente voava alto e eu já me imaginava nos palcos, recebendo os aplausos, percebendo que meus pais também estavam ali entre a plateia.
Fazia quase dois anos que eu havia tomado coragem para largar minha antiga faculdade e ingressar na Academia de Artes e esse era o tempo que não falava com meus progenitores. Como previ, reprovaram imediatamente a minha decisão e com isso havia ido embora qualquer contato ou apoio financeiro da parte deles.
Por mais dolorida que fosse essa parte, eu ainda assim me sentia bastante feliz.
A dança era a minha verdadeira vocação. Ensaiar horas e horas por dia, por mais cansativo que fosse, me trazia uma grande satisfação. Não poderia ter feito uma escolha melhor na vida.
De vez em quando, eu me pegava lembrando dos cabelos azuis da garota que eu já não recordava o rosto e nem o nome. Principalmente porque o impulso de mudar meu curso e fazer o que eu realmente queria havia surgido da minha decisão de seguir a minha vida.
Naquela noite, eu precisava relaxar.
Ouvi de um conhecido que Dana, com quem eu havia terminado há pouco mais de três meses, estava noiva de um cara mais velho e não posso dizer que estava chateado porque, bem, eu que tinha terminado o relacionamento, mas estava preocupado com a rapidez que tudo aconteceu.
Talvez eu fosse corno e isso não era muito legal.
Melanie havia me chamado para essa festa na Sigma, que era a fraternidade a qual ela pertencia e eu acabei aceitando porque precisava mesmo relaxar.
O barulho de música e gritos assim que cheguei quase me fez desistir, mas Melanie, percebendo isso, me empurrou pra dentro da casa e gritou que eu ainda não era idoso, por mais que às vezes tivesse a alma de um.
Eu ri e pedi onde estava o álcool.
Depois de umas quatro cervejas eu já estava mais tranquilo. Curtia a festa sem me incomodar com mais nada e cacei algo mais forte para beber.
Tequila não era a minha bebida favorita, mas eu fui desafiado por minha melhor amiga, então não pude recusar.
Um shot, dois, três…
Fui parar em uma roda de karaokê sem nem fazer ideia de como, só sei que de repente enfiaram o microfone em minha mão e colocaram uma música do Queen para tocar.
Reconheci Don’t stop me Now imediatamente.
Não era do tipo envergonhado quanto à demonstrações artísticas, então assim que as letras apareceram eu comecei a cantar, dando tudo de mim para fazer realmente uma performance.
As pessoas começaram a gritar ainda mais à minha volta, gostando do que ouviam porque, hey, eu tinha uma ótima voz e eu me empolguei ainda mais com aquelas reações.
Como a letra mesmo dizia, eu estava tendo um ótimo momento e estava o aproveitando ao máximo.
Comecei a dançar do jeito mais descontraído que podia quando o solo da música chegou, fingindo até que eu tinha uma guitarra nas mãos e era um grande músico. Olhei de novo para as pessoas ao meu redor e de repente senti meu corpo paralisar porque ali, entre elas, notei alguém com cabelos longos e azuis.
Não.
Não podia ser ela. Ela não existia e, se eu realmente a via novamente, talvez fosse o efeito do álcool.
Eu não iria cair naquilo novamente.
A garota não estava de frente para mim, admirando o meu mini show como os outros, ela seguia para longe da sala, indo em direção à cozinha e de repente eu surtei, seu aparecendo em minha mente como um letreiro em neon.
! — berrei no microfone e talvez fosse culpar a tequila por aquilo.
E aí ela parou, virando-se na minha direção e dando um sorriso de canto.
Se aquilo era uma ilusão de novo, eu ia ter uma conversa séria com algum médico.
! — dessa vez minha voz esbanjava um certo alívio e sem pensar duas vezes eu larguei o microfone na mão da primeira pessoa que encontrei.
Segui até a garota, que me aguardou pacientemente e quando eu estava prestes a alcançá-la parei para olhar ao meu redor, procurando por Melanie. A encontrei não muito longe de mim e minha melhor amiga me lançava o olhar mais cômico de todos.
— Me diga que eu não to viajando de novo, por favor — falei, alto suficiente para que ela ouvisse.
— Não está — piscou para mim. — Vai pegar a garota, bonitão.
Antes que eu pudesse de fato continuar minha jornada até , ela mesma se aproximou de mim, mantendo aquele sorriso nos lábios que não consegui acreditar que tive a ousadia de desejar esquecer. Era um misto de malícia e uma certa meiguice, o que tornava tudo ainda mais louco e encantador.
Sem hesitar, eu envolvi sua cintura com minhas mãos, grudando nossos corpos e nossos lábios logo em seguida em um beijo que ela retribuiu imediatamente, como se tivesse aguardado por aquilo tanto quanto eu.
Emaranhei meus dedos em seus cabelos, segurando com firmeza e não me refreando em nada porque não conseguia, não depois de tanto tempo.
Quando dei por mim, nós havíamos encontrado um dos quartos vagos e eu não imaginava que nada poderia ser melhor do que a nossa primeira vez, mas provou que podia sim.
Meus olhos estavam pesados quando meu corpo desfaleceu sobre o dela, nossos sorrisos expressavam a satisfação do ápice alcançado, mas eu me recusava a dormir porque temia perdê-la novamente.
— Dessa vez, eu preciso de mais do que o seu nome. — Aquilo fez com que ela risse, inclinando um pouco a cabeça para me encarar.
— respondeu e eu estreitei os olhos sem entender. — É o meu sobrenome.
. — Gostei de como soava em meus lábios. — Muito prazer. Eu sou , mas deixo me chamar de .
— ela repetiu e eu senti vontade de beijá-la novamente. — Acho que agora você merece muito mais do que isso, não é? Vou te contar tudo o que quiser saber.
— Por quê? — questionei, curioso.
— Por que o quê? — Riu e eu fiz o mesmo.
— Por que não quis me falar sobre você naquele dia? As coisas poderiam ter sido tão diferentes — confessei.
— Poderiam e talvez não estivéssemos aqui juntos, não é? — Sim, era verdade. — Eu gostei demais de você naquele dia, mais do que estava pronta e eu queria acreditar que tudo aquilo foi real e não apenas um lance de uma noite regada a bebida e drogas. Acredito que quando as coisas devem acontecer, cedo ou tarde elas acontecem, então deixei tudo na mão do destino — deu de ombros.
Não sabia se acreditava realmente naquelas coisas, mas talvez eu devesse, afinal, nós dois havíamos nos reencontrado. Eu tinha insistido em tentar achá-la, mas só havia conseguido quando não a procurava mais.
— Talvez isso faça sentido — assenti. — Mas não pense que vai escapar de mim novamente, . Dessa vez eu não vou deixar.


FIM



Nota da autora: Eu gostei tanto do casal de Lucky Strike que achei justo dar mais uma chance para esses dois, dessa vez com uma coisinha mais soft. Espero que tenham gostado! Comentem aqui para eu saber.
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Beijos e até a próxima.
Ste.



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