10. Faces Toward The Sun

Finalizada em: 07/06/2022

Capítulo Único

O dia havia sido exaustivo, o peso de ser o alicerce de toda aquela organização era fatigante. Nascer em meio a máfia russa não fora algo que eu tive escolha, fruto de uma relação por poder, emoções e sentimentos foram invalidados, aprendi a sobreviver e conquistar o meu lugar na realidade em que vivia; como o filho mais novo a sucessão era algo distante embora ela aos poucos fosse me apresentado conforme era útil a minha família...O problema se iniciou quando rivais e a nata corrupta se juntara para eliminar os Tzares, afinal o que os eram difíceis de serem aniquilados. Minha família, ao menos os sobreviventes, realizaram a limpeza da grande mãe russa. O aviso fora claro e certeiro, com o poder restabelecido, o conflito se voltou para o interior da organização, afinal meu pai já era um homem de idade avançada, não possuía a mente tão afiada como antes e com o falecimento da matriarca lados foram escolhidos e um conflito logo se iniciaria...Ou ao menos era isso que ocorreria caso o cargo de líder não fosse repassado para mim, minha falta de interesse pelo poder chamara a atenção de meus genitores e eles conheciam bem seus próprios filhos; era claro que com isso minha cabeça valia mais do que estar respirando.
Assim eu assumi o legado dos , eu não me importava o suficiente com o fato de não ser bem querido, havia aprendido a lidar com isso muito cedo e aquela altura da vida isso era uma mera perda de tempo diante a magnitude e influência que apenas o sobrenome da minha família possuía. Anos foram passando num borrão de sangue, uma luta passiva/agressiva dentro da minha família e o aumento do poder resoluto sobre o território russo conforme nossa influência crescia cada vez mais no exterior...

Porém a vida poderia nos surpreender de forma inesperada.

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Eu lembro perfeitamente do brilho que iluminou aquelas irises inocentes, haviam uma doçura e deslumbramento com os fogos de artifício durante um festival de verão em Hokkaido no Japão; havia viajado para a terra do Sol nascente por puro negócios. Em meu caminho em busca de alguma diversão para provar o que aquele lugar poderia oferecer, o olhar de uma turista me chamou atenção. A mulher embora estivesse junto a um grupo de pessoas parecia presa em seu próprio mundo paralelo enquanto observava as flores no céu; os olhos revelavam muito sobre uma pessoa, fora os poucos segundos em que os nossos olhares se cruzaram para despertar algo em mim que eu não reconhecia.
Houve algo em minha vida que eu verdadeiramente me interessei, no entanto eu sabia como isso poderia vir acabar, para não arruinar a vida dela e tudo o que havia construído, a mantive apenas em meus pensamentos sem fazer qualquer investigação sobre quem essa mulher era ou sua origem; quanto menos eu soubesse menor seriam os riscos de encontrá-la. Ou assim eu achava! Do outro lado do mundo retornei a encontrá-la, em uma viagem ao Uruguai alguns anos após aquele festival, a figura daquela mulher gravada em minha mente estava ali também. A avistei caminhando pelos pontos turísticos, em sua face havia um sorriso de pura felicidade enquanto lia sobre cada monumento, seus olhos possuíam o mesmo brilho de deslumbramento visto naquele festival. Aquela confusão de emoções que eu não fazia a mínima ideia do que significavam, foram ligadas por interruptor ativado apenas pelo reencontro com aquela mulher. Se eu apenas permanecesse com ela durante minha estadia naquele país, não provocaria grandes mudanças.

Preciso dizer o quão cego eu estava?!

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Agente de viagens, responsável por escolher os melhores locais para visitar e se hospedar; essa era uma pequena parcela do trabalho de , escolher o melhor momento para se aproximar fora o problema. As mulheres com quem me envolvia não havia todo um trabalho para conquistá-las, mas com era diferente; e por conta disso procurei camuflar isso com a clássica desculpa de um jogo de sedução.
Então ali estávamos, após algumas taças de vinho num restaurante aconchegante e claramente fora do meu usual, já que usufruía apenas dos melhores restaurantes, mas com aquela mulher eu desejava a reter totalmente para mim e para isso conquistá-la era o objetivo. Perguntas fajutas como alguém que se perdera, um convite para jantar como agradecimento para então tê-la em meu campo de visão.
— Então é sua décima vez nesse tour pelas Américas? — A indaguei após finalizar a refeição, ela terminou de sorver o líquido carmim de sua taça antes de me responder.
— Exatamente, eu realmente amo o que eu faço. — me respondeu, adotando uma postura mais receptiva.
— O que a levou a escolher isso ? — Questionei realmente interessado, eu não fazia ideia o que era esse anseio por saber mais já que nunca havia experimentado tal emoção antes.
— Costumo dizer que herdei esse espírito aventureiro da minha mãe. — Ela ergueu a taça direcionando seu olhar para o líquido dentro dela antes de recolocá-la na posição anterior. — é um nome , ela colocou esse nome como uma homenagem ao lugar de onde viera. — Ela voltou aquelas orbes sinceras que me tirava o fôlego diante a honestidade explícita presente nelas. — Eu gosto de dar meu toque pessoal a esse anseio de liberdade já que meu nome também foi utilizado por uma princesa, a Princesa da Bulgária. Nascida na Espanha, é filha da espanhola Margarita Gómez-Acebo e do búlgaro Simeão II, o qual foi embora de seu país quando ele deixou de ser governado pelo regime monárquico; Simeão, nessa altura, era ainda criança.
O mundo dela não poderia ser mais diferente do meu, conforme eu a ouvia, mais me fascinava por ela. revelara que sua mãe saiu muito cedo de sua tribo mudando-se para o Brasil, país em que ela nasceu e o qual a mãe dela conheceu o pai dela. era comunicativa, enquanto eu só pronunciava o mais estritamente necessário, ela dominava vários idiomas devido a constância em que visitava e rodava o mundo.
Aquela noite eu não a tive em minha cama, mas ela permaneceu em minha mente a noite inteira. Nos encontramos durante todo o tempo em que permaneci no Uruguai; o mais próximo que havíamos avançado era do status: dois estranhos para dois amigos.

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O contato com fora camuflado como alguém que era influente em diversos territórios, perante aos que me vigiavam na organização ela não era mais que um mero peão meu; nos víamos quando ocorria de estarmos no mesmo país ou quando ela visitava a Rússia.
— Quando nos conhecemos eu imaginei que possuísse uma condição financeira elevada, mas você é ridiculamente rico, . — estava deitada sobre o sofá do escritório dentro da minha casa, seus pés balançavam para fora do encosto enquanto ela me olhava com certa diversão.
— Imaginei que fosse mais esperta, minha cara amiga. — Pisquei para ela antes de retornar a analisar a documentação de uma das empresas que detínhamos poder.
— Vamos lá, , vamos fazer algo! Você fica tempo demais preso nesse escritório, isso quando não está em um de seus prédios ridiculamente luxuosos. — Ela rolou os olhos, eu não pude deixar de observá-la.
O desenvolvimento das minhas emoções fora um processo muito confuso e estarrecedor, não era como se eu houvesse mudado meu modo de agir ou pensar. Estava completamente ligado a forma como eu compreendia e me sentia a respeito de diversas situações; por pretendermos a mundos diferentes e não ter qualquer noção sobre isso,eu a mantinha o mais longe das portas da minha mente já que em meu coração eu já a desejava.
— Sabe muito bem que nossos estilos de vida são completamente opostos, minha cara. — Pousei o documento sobre a mesa antes de olhá-la. — O que você quer tanto explorar em meio a temporada invernal de São Petersburgo? — riu, se sentando como uma criança animada.
— A sua casa, já viu o quão grande é essa propriedade?! — Ela exagerou em seu tom, eu acabei rindo diante a curiosidade de .
— Minha casa não é tão grande assim, entre os membros da minha família ela é até dentro da média. — A respondi calmamente enquanto me levantava.
— Por que eu me dou o trabalho de ser sua amiga?! — Ela riu, abrindo a porta animada, antes que ela desse um passo para trás o som de um disparo fora ouvido.

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se afastou da porta correndo em minha direção, seu olhar estava entre o pânico e o espanto. Em minhas mãos, a arma que eu carregava para todos os lados, acabava com os invasores. Atirar era tão familiar quanto respirar, estava tão integrado a quem eu era que poderia fazer isso com os olhos vendados; após checar se não estava com ferimentos, retirei o rádio da gaveta sintonizando-me aos meus homens enquanto acionava a destruição dos HDs sobre a minha jurisdição. Minha família finalmente havia sido descarados o suficiente para tentar uma emboscada durante a temporada invernal.
Tranquei a porta colocando alguns móveis para bloquear a passagem antes de acionar o elevador privado do escritório, o qual me levaria a garagem subterrânea que servia como rota de fuga. Peguei no colo já que ela estava estática, o scanner verificou minha digital antes de se mover. Dei ordens específicas pelo rádio ainda mantendo em meus braços, para cada grupo de segurança eu passei um local diferente do local em que me abrigaria; faria a limpeza em outro momento afinal não poderia correr o risco de colocar em perigo.
, o que está acontecendo ? — A voz dela mal passava de um sussurro enquanto a colocava sentada sobre o assento do passageiro.
— Eu te contarei, por hora vamos ir para um local seguro. — Lhe ofereci um olhar calmo antes de me livrar dos celulares os destruindo.
voltou sua face para a janela em silêncio, fora a primeira vez que a vira em tal estado. Dirigi por uma rota não convencional estacionando o carro no meio de um bosque; o galpão aonde havia deixado duas aeronaves ficava há duas horas caminhando, o carro não conseguiria passar por ali. Causando a destruição do carro guiei pela trilha, o dia estava caminhando para o final da tarde quando atingimos o galpão.
— Me diga que não é você quem vai pilotar isso! — se pronunciou, espantada, seus olhos avaliavam a aeronave em confusão.
— Um homem precavido vale por dois. — Pisquei para ela, verificando o interior antes de mostrar para o básico para a viagem.
Verifiquei o tanque, o motor, cada parte que poderia ser afetada pelas baixas temperaturas antes de decolar, não poderia nomear o ataque a minha casa como uma surpresa inesperada; eu sabia que ocorreria, mas não esperava que fosse no momento em que estaria por perto. A traição viera por parte de meu pessoal, meus irmãos embora tenham acatado a decisão de meu pai não eram os mais entusiastas sobre o cargo que eu possuía. Por conhecer o lar de víboras em que cresci, mantinha meus sentidos atentos para qualquer nuance. Um inimigo em comum poderia unir rivais, baseando minha decisão nisso levei-nos para fora da Rússia.

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Quando mais novo meu pai me fez aprender a pilotar e dirigir diversos tipos de automóveis para não precisar depender de alguém. Em uma ilha no pacífico sul estava um dos mais antigos amigos de meu falecido pai; um homem que vivia tranquilamente, porém era tão influente quanto um presidente. A surpresa em seu olhar indicava que ele não tinha a mínimo ideia do que estava acontecendo em sua terra natal; desceu da aeronave perdida, sua confusão era ainda mais transparente naquele instante.
— Qual será a surpresa que você tem a me mostrar, pequeno . — nos recepcionou, ele segurou minha cabeça, olhando dentro dos meus olhos. — Seu pai duvidava da opinião de sua mãe, mas ela enxergava algo em você que apenas hoje eu posso ver.
— Eu vou precisar que você ajude a manter o legado desta família. — Soltei-me, ajudando minha postura.
— A garota não sabe de nada, não é mesmo? — Ele riu, retirando um charuto de seu bolso, concordei com um aceno. O velho riu, soltando a fumaça pelas narinas. — Há quanto tempo?
— O suficiente para que descobrissem que ela não é um peão nesse jogo de poder. — Fui reticente, me levou ao seu escritório, no qual descartou seu charuto.
— Você é como sua mãe, a diferença é que deveria ter contado pelo menos parte da verdade a ela já que pretende a manter por perto. — Ele serviu uma dose de vodca para cada.
— Houve vazamento de informações dentro da equipe que você providenciou, . — Vi uma sombra de preocupação banhar as orbes cinzentas.
— Eu disse, você é como sua mãe. — Ele riu, realmente se divertindo, entraram os dois seguranças de meu tio.
— Traga a garota ou eu mesmo te matarei, tio. — Não alterei o tom de voz, permaneci na mesma postura em que havia me sentado.
— Desde quando? — Ele me indagou com curiosidade.
— Eu sempre soube que você seria a ruína dos . — Não desviei meu olhar do dele. — Desde que meus pais estavam vivos eu notei seu olhar, , a inveja dançava em seus olhos assim como a cobiça pelo poder.
— Adelaide fez uma ótima escolha ao te colocar como próximo Tzar. — riu, mas gesticulou para que um dos seus seguranças saísse.
O silêncio se prolongou quando eu não dei seguimento ao assunto, meu tio estava tentando arrancar informações através das espaçadas respostas que eu lhe concedia. A tensão era palpável, o segurança de mantinha a arma engatilhada. Meu olhar recaiu sobre o ambiente antes de retornar a figura de meu tio, ele era amigo de meu pai e irmão mais velho de minha mãe, as orbes de um tom cinzento sem vida continham uma diversão e que somente ele parecia compreender.
Naquele instante eu havia ignorado a regra básica de sobrevivência; chutei a cadeira de meu tio erguendo a mesa antes de jogá-la contra a figura robusta do segurança de . Arrastando a velha figura atirei em todos os homens que surgiram pelo caminho.

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Haviam chamas para todos os lados, havia desaparecido assim como a aeronave em que havia chegado naquela ilha. Meus olhos ardiam, e não era por conta da fumaça... pela primeira vez havia algo que eu desejava preservar, era brilhante, afetuosa, irritante, mas ainda assim bem-humorada. Ela havia me tirado da inércia, me mostrou como era viver sem qualquer amarras; o mundo não merecia aquela mulher!

— Espero que não tenha sofrido em sua partida, meu primeiro e único amor...

Os responsáveis pagariam com juros por aquilo! Arrancar minha melhor parte não fora uma jogada inteligente da parte deles, com a morte de e eu ainda estando vivo, nada poderia me parar!




Fim!



Nota da autora: Obrigada por chegarem até aqui, e não isso não acabou, todas as minhas oneshots são fragmentos de uma história detalhada mas ainda não sei quando estarei a postando.


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I'm Still Belong You
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