Finalizada em: 21/10/2021

Capítulo Único

Na ponta dos pés, fiz meu melhor para silenciar meus passos, correndo pelo corredor para encontrar um bom esconderijo. A música no jardim já parecia distante e, à medida que eu entrava mais dentro da casa, ficou quase inaudível. Encontrei o armário velho que tinha sido meu esconderijo favorito quando criança e o abri lentamente, sabendo que a porta rangia. Fiz uma careta quando o rangido ecoou, mas me espremi pela pequena fresta sem precisar abrir muito. Estava prestes a fechar o armário, mas uma mão puxou a porta. Reprimi um grito quando entrou atrás de mim, me empurrando para o canto.
Ele fechou a porta antes que eu pudesse protestar.
- O que você pensa que está fazendo? – sussurrei, irritada.
- Eu é que pergunto. – ele riu, se acomodando melhor no espaço apertado. – Por que você está no armário?
- Estou brincando de me esconder. – expliquei, ainda em um sussurro. – É a vez do Dave contar.
- Você tem 26 anos, .
- E você tem 32, . Qual é o ponto?
Ele sufocou uma risada, aceitando que nenhum argumento seu iria me fazer hesitar por brincar com crianças de sete anos, mesmo já estando perto dos 30.
- Sai daqui! – exigi, acotovelando o abdômen dele.
- Ai! – resmungou, se esquivando para o lado.
O cotovelo dele bateu na madeira, fazendo um barulho enorme.
- Você vai me entregar. – choraminguei, apoiando a testa na porta.
- Não vou, o Dave está contando na cozinha. – disse, apoiando o ombro na parte de trás do armário. – A Lexie está mais perto de ser encontrada, tenho certeza de que será a primeira.
Lexie, aos três anos, não era muito boa em se esconder, mas tentava. Quando a vi, ela tinha se escondido embaixo de uma cadeira bem ao lado de onde Dave estava contando.
- A Lexie não conta. – falei baixinho, temerosa de que a minha voz fosse ouvida. – Espero que o Dave encontre o Kyle.
- Você ainda está guardando rancor por ele ter acabado com você no xadrez? – um sorriso divertido estampou em seus lábios.
Não respondi, mas era óbvio que eu estava. Ser competitiva era um dos meus grandes problemas e perder no xadrez para um garoto de seis anos tinha realmente ferido meu orgulho, mas eu sabia que Kyle e Dave tinham uma rixa grande quando se tratava de esconde-esconde, portanto me sentiria vingada se ele fosse o primeiro a ser encontrado.
- Deus ajude o Kyle! – dessa vez ele não conseguiu não rir. – Quando tivermos filhos, você vai ser assim com eles também?
- Claro que não! Eles vão aprender comigo, então vou ficar orgulhosa ao ver eles arrebentando os coleguinhas em tudo que fizerem. – abri um sorriso cheio de orgulho, imaginando meus futuros filhos arrasando em tudo.
- Eu serei o pai responsável, não é? – deduziu.
- Sem dúvida. – afirmei sem um pingo de dúvidas. – Vai ser como aqueles vídeos que a gente vê no Tik Tok onde o pai sempre apronta com o filho e a mãe surta, só que com a gente vai ser o contrário.
- Não sei se é uma boa ideia você trazer crianças ao mundo, .
Fiz uma careta ofendida.
- Eu vou ser uma mãe incrível! – ergui o queixo, decidida.
- Você vai ensinar as crianças a baterem nos coleguinhas.
- Só se os coleguinhas baterem primeiro, óbvio!
soltou outra risada melodiosa, do jeito que eu amava.
- Mas esse não é o momento para discutir o que vamos ensinar para os futuros filhos. – encerrei a conversa, levando um dedo aos lábios dele para silenciá-lo.
- E o que você acha que podemos fazer em um armário escuro e escondido?
O tom de malícia na voz dele soou como um alerta e em um movimento curto, seu corpo estava contra o meu, me prendendo contra o fundo do armário. Mordi a língua, segurando um sorriso.
- Foi por isso que você se arrastou comigo para dentro do armário? – murmurei, fechando os olhos quando a boca dele encontrou meu pescoço.
- Talvez. – ronronou, deslizando os lábios pela minha pele. – Minha família te manteve muito ocupada essa semana.
E era verdade. O casamento de Lisa, irmã dele, era amanhã e desde segunda-feira eu estava para cima e para baixo com ela e a mãe terminando de aprontar as coisas do casamento ou ficando bêbada na despedida de solteira como tinha sido o caso de ontem. Tinha voltado para a cama bêbada demais e caí em cima de pensando que ele era uma parte mais fofinha do colchão.
- E por isso você quer me agarrar no meio do armário no corredor? – sorri, nem um pouco relutante com a ideia.
- Uhum... – murmurou, e o som reverberou no meu corpo, provocando arrepios. – Eu fico ansioso quando você não está por perto, então a semana foi uma tortura.
Puxei seu rosto para cima e o beijei, apertando as mechas do seu cabelo entre os dedos, o trazendo mais para perto. riu contra meus lábios, mordendo o inferior só por saber que eu gostava daquilo. Suas mãos me puxaram pela cintura, seu corpo pressionou o meu com força contra a madeira. Era incrível como depois de tanto tempo, beijá-lo parecia ter a mesma intensidade da primeira vez que o beijei. Mas ao contrário da primeira vez, agora sua boca se encaixava perfeitamente na minha, sua língua me provocava e tinha decorado cada uma das coisas que eu gostava.
Não demorou para estarmos ofegantes, suas mãos apertando minha bunda, minha perna já encaixada em seu quadril. Soltei um gemido baixo quando o quadril dele projetou para frente, roçando em mim. Sua boca estava no meu colo, aproveitando o decote escandaloso do vestido que eu estava usando para o jantar de hoje.
E foi nesse exato momento que a porta abriu, inundando o escuro do armário com a luz forte do corredor.
- Pelo amor de Deus! – Lisa grunhiu, tapando os olhos de Kyle que estava ao seu lado.
- O que foi, tia Lisa? – Kyle perguntou, confuso.
Meu rosto pegou fogo e se afastou tão rápido que parecia que eu estava de fato queimando. Saí correndo do armário e ele também, ficando estrategicamente atrás de mim para esconder a coisa pontuda que eu estava sentindo nas minhas costas.
- O Kyle ouviu vozes no armário e ficou com medo, então me chamou para olhar. – ela falou assustadoramente calma, mas seus olhos estavam matadores desviando entre e eu.
Olhei para Kyle, semicerrando os olhos para os cabelos ruivos e as bochechas sardentas do linguarudo. Além de me derrotar no xadrez, ainda ia me fazer levar bronca da Lisa agora.
- A culpa é do seu irmão. – denunciei, apontando para trás.
- Como é?! – ele abriu a boca, indignado.
- Você veio atrás de mim quando eu estava inocentemente brincando de esconde-esconde. – lembrei, ignorando o seu olhar acusatório.
- Não dou a mínima para quem é o culpado! – Lisa bufou, soltando Kyle. – Pode ir brincar, Kyle, era só o tio e a tia .
- Vou dizer para o Dave onde você está! – os olhos dele brilharam e ele saiu correndo pelo corredor.
- Fofoqueiro. – resmunguei, desgostosa.
- Você tem 26 anos, , supera a sua rixa com o Kyle! – Lisa revirou os olhos.
- Por que todo mundo quer me lembrar da minha idade hoje? – cruzei os braços na defensiva.
- Enfim, voltem para a festa e nada de se agarrar onde crianças possam ver! – ela alertou, apontando um dedo em riste para nós dois.
- Em nossa defesa, estávamos escondidos, as crianças não podiam nos encontrar. – argumentou, mas se calou com o olhar fulminante que recebeu de Lisa.
- Voltem para a festa! – ela ordenou.
- Eu realmente preciso ir ao banheiro. – falou, se mexendo desconfortável atrás de mim.
Precisei segurar a risada ao saber exatamente o porquê de ele precisar ir ao banheiro. Lisa pareceu saber também, pois me puxou consigo, deixando o irmão no corredor vazio.
- Você não já devia ter ido dormir? – perguntei, entrelaçando os nossos braços.
- Devia, mas só de pensar em ir dormir, eu já quero surtar. – ela mordiscou o lábio, claramente nervosa. – Amanhã eu vou estar casada, ! Casada! Meu estômago está embrulhado só de pensar nisso.
- Vai estar casada com o homem que ama e que também te ama muito! – a lembrei, apertando um pouquinho o seu braço. – Acho que é normal ficar nervosa, mas vai dar tudo certo.
- É o que eu tento me dizer, mas eu passei o dia tremendo só de pensar em amanhã. – Lisa suspirou, encostando a cabeça no meu ombro. – É tarde demais para fugir?
- Nem pense nisso! – belisquei a cintura dela. – O Hunter iria até o inferno procurando por você, e o diabo celebraria o casamento lá mesmo, o que seria inconveniente porque um anjo como eu não poderia ser sua madrinha lá.
Lisa gargalhou, afastando o rosto do meu ombro.
- Você é ridícula. – ela ergueu o queixo, olhando pela janela da sala de estar. – Eu acho que preciso de mais umas taças de champanhe.
- O que você acha de juntar as meninas e irmos para seu quarto assistir um filme até dormir? Pode te ajudar a relaxar. – sugeri, sabendo que filmes e uma noite de garotas sempre animava a Lisa.
- Me parece uma ótima ideia. – Lisa concordou. – Só preciso me despedir dos convidados.
- Eu vou falando com as meninas.
Nos separamos ao voltar para o jardim e enquanto Lisa foi falar com os convidados, eu fui atrás das amigas mais próximas dela. No entanto, Lisa acabou demorando um pouco demais e enquanto a esperava desocupar, fui à procura do meu namorado que estava sumido há meia hora. Revirei o interior da casa, mas não o encontrei, então passei para os jardins de trás já que ele não estava com os convidados do jantar. Desisti dos saltos e os tirei, carregando na mão, deixando meus pés afundarem na grama suave e levemente úmida. Estava quase desistindo de procurá-lo quando finalmente o encontrei.
Diante do lago, gesticulando e murmurando algo que eu não consegui ouvir, parecia estar ensaiando alguma coisa. Me aproximei cautelosa e curiosa, descendo o pequeno declive que levava até o jardim.
- O que você está fazendo? – perguntei.
virou tão assustado que parecia ter sido pego no flagra esfolando alguém. Imediatamente ele enfiou alguma coisa no bolso da calça, o que me deixou muito desconfiada. Olhei ao redor só para me certificar que ele não estava com alguém por perto.
- Porra, você me assustou! – ele me repreendeu, levando a mão ao peito em um gesto exagerado.
- E você sumiu. – retruquei, largando os saltos no chão ao chegar perto dele. – O que está fazendo aqui?
- Vim tomar um ar. – disse, evitando olhar nos meus olhos.
Namorar com há cinco anos tinha me feito conhecer cada pequena mania sua. Eu sabia que ele estava com vergonha quando coçava a bochecha, sabia que estava com tesão quando lambia os lábios lentamente. Sabia que ele me amava porque sempre deixava isso claro em todas as atitudes. E sabia que ele desviava o olhar do meu quando estava mentindo, o que o denunciou agora.
- O que você realmente está fazendo aqui? – repeti a pergunta, piscando vagarosamente.
Ele engoliu em seco, parecendo muito nervoso. Suas mãos estavam tremendo, grudada na lateral da calça como se protegesse o que quer que estivesse em seu bolso.
- Estava ensaiando o meu discurso de padrinho, ok? – deu de ombros, soltando um logo suspiro derrotado. – Porque está uma bela merda.
Meu olhar suavizou um pouquinho com a confissão. Eu sabia que ele estava treinando para isso há semanas, mas ainda não achava que estava bom o suficiente. Ele não tinha me deixado ouvir ainda e alegava que precisava ser surpresa.
- Eu poderia dar minha opinião se você me deixasse ler. – sugeri, me aproximando dele.
- Você não é imparcial, não conta muito. – quase riu como se a ideia fosse absurda.
- Ei, isso não é verdade!
Mas era.
Eu era uma pessoa completamente incapaz de dizer a alguém que algo não estava bom. Eu dava sutis sugestões do que poderia ser feito, mas sempre com um “só se você quiser, está ótimo assim”. E com não era muito diferente, embora ele sempre insistisse até tirar a verdade de mim. Foi assim que acabamos com as quartas-feiras de lasanha no começo do namoro. era ótimo em tudo na cozinha, mas lasanha não era, de forma alguma, seu forte e sempre ficava terrível. Eu comia sem fazer careta só porque ele sempre parecia animado demais para as quartas de lasanha. Levou três meses para que ele me fizesse confessar que odiava sua lasanha. Acabamos trocando por pizza que era de longe o seu melhor prato.
- Você sabe que é, linda. – abriu um sorriso torto, estendendo a mão para mim. – Vou trabalhar nisso até a hora do casamento, ainda tenho 14 horas para isso.
- E não vou te atrapalhar, se quiser focar nisso quando for deitar. – peguei a mão que ele ofereceu e fui puxada contra seu corpo. – Vamos fazer uma noite de garotas com a Lisa. Ela está nervosa.
- Vocês não tiveram uma noite de garotas ontem na despedida de solteira? – ele fez uma careta, apertando os braços ao meu redor. – Desse jeito vou ter que ir atrás do Hunter para arrumar companhia para dormir.
- Acho que seria ótimo, a noite vai ser fria, vocês podem fazer uma conchinha. – sugeri animada, rindo da cara que ele fez.
- Você é cruel, mulher. – balançou a cabeça, inconformado.
- Eu estou tentando ajudar a sua irmã, não reclame. – dei um beijo leve no queixo dele.
- Ela está muito nervosa, né? – abriu um sorriso carinhoso. – Ainda não acredito que minha irmã mais nova vai casar.
- Ela queria fugir, sabia? – dedurei, apoiando o queixo no peito dele. – Mas eu falei para ela que o Hunter iria atrás dela até o inferno para casar com ela lá mesmo, e que eu não poderia ser a madrinha já que sou um anjo. Ela mudou de ideia porque não conseguiria ficar sem minha presença.
gargalhou, jogando a cabeça para trás com gosto.
- Um anjo?! – conseguiu pronunciar, meio sem ar de tanto rir.
- Não precisa rir tanto, babaca! – reclamei, empurrando seu peito para me afastar.
Ele me agarrou com mais força, não deixando que eu me afastasse.
- Tenho certeza de que um anjo não faz as coisas obscenas e depravadas que você faz comigo, . – sussurrou no meu ouvido, soprando a respiração quente na minha pele.
Meu corpo traidor arrepiou, reagindo não só com suas palavras, mas também com o beijo que ele deu atrás da minha orelha. Imediatamente derreti um pouquinho.
- Te odeio tanto. – umedeci os lábios, derretendo mais um pouco com a trilha de beijos que ele continuou distribuindo pelo meu pescoço.
- Me ama, admite.
- Eu amo. – admiti, sem receio algum de falar aquilo.
Senti o sorriso dele na minha pele e ergueu o rosto, encostando a boca na minha em um beijo de tirar o fôlego. Seus braços me tiraram do chão e ele me girou pelo jardim umas três vezes com tanta rapidez que meus cabelos formaram borrões ao redor. No quarto giro ele bambeou, nos fazendo cair na grama. me girou bem a tempo de amparar a queda com seu próprio corpo, mas eu soltei um grito mesmo assim. Ele gemeu com o impacto no chão, mas suas mãos se mantiveram firmes ao meu redor.
- A culpa foi toda sua. – ri, espanando um raminho de grama que grudou em seu cabelo.
- Fui tentar ser romântico. – grunhiu, abrindo os olhos com uma expressão dolorosa. – Nos filmes funciona bem.
- Tentamos encenar Titanic naquele barco no quatro de julho, amor. Você devia ter percebido ali que esse tipo de cena só funciona em filmes. – relembrei, tentando não pensar no desastre da nossa queda do barco.
- Eu vou manter isso em mente. – assentiu, fazendo mais grama se prender ao seu cabelo.
- Vamos voltar para o jantar? As meninas podem estar me procurando. – a casa ficava a uma considerável distância de onde estávamos e provavelmente não deduziriam onde eu estava.
- Ah, não. – negou, me empurrando gentilmente para a grama.
me deitou de costas na grama e rolou o corpo para cima de mim, espalmando uma mão ao lado do meu corpo, me mantendo bem presa ali.
- Esses são os dez minutos mais longos que tivemos sozinhos essa semana. – um brilho malicioso refletiu em seus olhos. – Não acho que estou inclinado a te deixar ir tão facilmente.
- E o que você vai fazer para me manter aqui? – arqueei uma sobrancelha, o desafiando.
- Vou ser muito, muito persuasivo.
Ele me beijou novamente e dessa vez foi sem pressa alguma, deixando suas mãos percorrerem meu corpo, ultrapassando a seda do vestido. Minha mente desligou de qualquer outra coisa que não fosse seus dedos arrastando na pele exposta da minha coxa, no calor que incendiou o meu corpo e na sensação da língua dele nos meus seios quando abaixou as alças do meu vestido e se deliciou com o que o tecido revelou ao se amontoar na minha cintura.
Demorei um pouco mais de meia hora para ir encontrar as meninas no quarto de Lisa.

❤️


O casamento tinha sido lindo.
Lisa não tentou fugir de manhã e provavelmente as margaritas que tomamos como café da manhã a ajudaram a relaxar. O casamento aconteceu em um fim de tarde na casa de campo da família dela e o pôr-do-sol foi o cenário perfeito para o momento. foi quem a levou até o altar já que o pai dos dois havia morrido há muito tempo. Meu coração quase parou quando ele surgiu no paletó impecável e me deu uma piscada maliciosa ao notar meu olhar embasbacado.
A festa seguiu logo após o fim da cerimônia. Paramos para as fotos de padrinhos, madrinhas e damas de honra e pareceram se passar horas até eu conseguir uma taça de champanhe e algo para comer. Fiquei aliviada por sentar na mesa principal onde os noivos estavam. se acomodou ao meu lado, parecendo muito ansioso.
- Você sabe que não precisa ficar tão nervoso com o discurso, né? – tentei tranquilizá-lo.
- Não estou nervoso com discurso algum. – replicou, balançando a sua taça na mão. – Vou arrasar.
- Você já ajustou sua gravata cinco vezes nos últimos minutos, . Não está nem torta. – inclinei a cabeça para o lado, o avaliando. – Você faz isso quando está nervoso.
Ele abriu um sorriso torto e se inclinou para me dar um beijo rápido.
- Agora eu me sinto melhor. – falou, mordiscando meu lábio inferior.
E de fato, quando a hora do discurso chegou, estava com a voz firme e calmo como em qualquer outra conversa. Ele fez questão de incluir uma breve menção a história do começo do namoro de Lisa e Hunter, depois de como eles tinham obviamente sido feitos um para o outro. Finalizou com uma ameaça que era clássica em vários dos discursos de casamento que eu tinha presenciado.
- Foi um ótimo discurso. – o parabenizei assim que voltou a sentar.
- Eu sei. – sorriu satisfeito, apoiando o braço no encosto da minha cadeira. – Escrevi ontem à noite quando você me deixou para dormir com as meninas.
- Não acredito que você trocou de discurso de última hora! Vi você trabalhando no outro por dias.
Ele nunca me deixava ouvir ou ler, mas eu o pegava falando uma palavra solta ou anotando algo no papel de vez em quando.
- Gostei desse arranjo. – deu de ombros, despreocupado.
A festa seguiu animada até o anoitecer. A valsa foi linda e ao som de can’t help falling in love, como Lisa sempre sonhou. A pista de dança abriu e depois disso eu desisti dos saltos e comecei a dançar até estar com o vestido rose grudando no meu corpo, o coque já frouxo e um pouco zonza devido a tantas taças de bebida. me acompanhou sempre rindo, mas bebendo bem menos. Apesar de ter passado o discurso, algo ainda parecia estar o deixando nervoso.
- Vamos tomar um ar. – ele pediu, me girando ao redor de mim mesma, depois me puxando pela mão.
- Tomar um ar como ontem? – questionei inocentemente.
riu, me curvando sobre seu braço.
- Muito melhor. – havia uma promessa deliciosa em seu sorriso.
O acompanhei sem hesitar, deixando que ele me afastasse das tendas lotadas de gente. Percorremos o jardim até chegarmos perto do lago, afastados o suficiente para que Can’t Take My Eyes Off You se tornar uma melodia distante na festa. A mão dele estava escorregadia na minha, outro sinal de que ele ainda estava nervoso.
Estava prestes a abrir a boca para perguntar o porquê, mas foi nesse momento que soltou minha mão e ficou de frente para mim. O movimento foi tão abrupto que eu quase tombei contra ele.
- Eu preciso falar e você só precisa ouvir, ok? – disparou, repuxando os cabelos para trás.
- Ok... – concordei lentamente.
Mesmo assim, precisou de alguns segundos para começar.
- Eu planejei isso por semanas. – riu, coçando a bochecha. – Eu escrevi, reescrevi, então reescrevi e ensaiei. Tentei achar o tom certo, as palavras certas, mas a verdade é que... Bom, não preciso disso.
Ele puxou um papel bastante amassado do bolso interno do paletó. Eu não entendi nada, mas me mantive calada, esperando.
- Era de se esperar que eu não ficasse mais tão nervoso com as nossas primeiras vezes, mas depois de tanto tempo você ainda me deixa sem saber como agir. – umedeceu os lábios, tomando uma respiração longa. – A verdade, , é que eu sou completamente, irrevogavelmente, terrivelmente, apaixonado por você. Eu te amo desde o minuto que você me acertou com um taco de baseball quando achou que eu estava invadindo a minha casa quando você e Lisa estavam na festa do pijama.
Meu coração se encheu de uma felicidade absurda, um frio invadiu meu corpo, se concentrando no pé do meu estômago. De alguma forma eu sabia como aquele discurso terminaria e minhas mãos tremeram em antecipação.
- Seu amor me deixa assim, sem saber o que falar, me faz esquecer o discurso que eu escrevi e ensaiei durante semanas. Porque você é assim, . Você é caos e calmaria, você é minha paz e minha destruição. Você é a coisa mais incrível, intensa e inexplicável que eu já senti. Por muito tempo eu não achei que eu pudesse amar alguém como eu vi meus pais se amarem, mas isso foi só até o momento que eu passei a te enxergar. Depois disso eu não consegui olhar para nada mais. E eu estou aqui, engolindo o nervoso que você me causa, para te fazer um pedido.
segurou minha mão e lentamente caiu em um joelho diante de mim. Eu pisquei, afastando as lágrimas que borraram minha visão. Meu coração acelerou no peito, me fazendo tremer tanto quanto . Um sorriso enorme ameaçou dividir meu rosto ao meio de tanta felicidade que eu estava sentindo. tirou do bolso um anel de ouro branco com uma enorme safira rodeada de pequenos diamantes ao redor. A aliança era simplesmente perfeita.
- , você aceita casar comigo? – seu olhar estava carregado de emoções, o seu sorriso estava tão grande quanto o meu.
Minha resposta foi jogar os braços ao redor dele, o atirando no chão com o impacto do meu abraço. Rolamos pelo declive, rindo, nem um pouco preocupados com o estrago que a grama úmida faria nas nossas roupas. Quando finalmente paramos, ameaçadoramente perto do lago, eu o beijei. segurou meu rosto entre as mãos, me fazendo sentir o frio do anel contra a bochecha.
- Sim, Blackford. Eu aceito. – murmurei entre o beijo. – Eu sou completamente, irrevogavelmente, terrivelmente sua.
Ele riu, sentando comigo, fazendo com que eu ficasse em seu colo. Ele pegou minha mão e deslizou o anel no meu dedo anelar, o beijando em seguida.
- Eu te amo. – disse, erguendo o olhar para mim.
- E eu amo você.
E o amaria para sempre. Até nas próximas vidas eu daria um jeito de encontrá-lo e me apaixonaria por ele mil vezes de novo, pois era o que era. Amá-lo era tão leve quanto uma brisa calma de verão. Era devastador como uma tempestade torrencial. Mas no fim das contas era apenas certo como qualquer outra coisa nunca foi.




Fim.



Nota da autora: Essa musica é puro amor, então espero que gostem tanto quanto eu! Beijos.

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    Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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