Prólogo
Sempre imaginei que algum dia faria sucesso porque as pessoas iriam me conhecer e gostar tanto minha voz quanto das composições, sonhando com o dia em que a garota simples de Ohio seria reconhecida dentro do competitivo mundo musical e conseguiria viver da sua paixão.
Na minha família a música country sempre foi muito presente, de forma que passou a ser meu estilo musical preferido e também a fonte de inspiração para minhas próprias letras. Eu realmente queria fazer parte desse mundo.
Como toda garota, possuía minhas inspirações femininas e também o sonho de ser a próxima Shania Twain da minha geração, expandindo o reconhecimento desse maravilhoso gênero musical que tanto amava. Parando para analisar, eu deveria ter me preocupado muito mais em ser a primeira Alicia Hills. Muita coisa poderia ter sido evitada, principalmente as ruins.
Mas os jovens são assim. Cegados pela fachada de fama e tudo de bom que vem com ela, é impossível observar todos os aspectos negativos subentendidos, os bastidores do que – com o tempo – tornou-se meu pesadelo particular e origem das diversas crises, fossem elas de ansiedade, identidade ou até mesmo a síndrome do impostor.
Imagino que devam estar se perguntando qual a importância disso tudo e o porquê de estar dizendo tanta coisa sem sentido e pessoal. A explicação é muito simples: eu busquei a fama e a consegui. Só que o preço foi alto demais e eu achei que podia pagar quando na verdade isso se mostrou ser meu pior erro.
E é exatamente por esses e outros motivos que eu venho lhes contar essa história: a minha. A história de como me perdi completamente ao achar que era a sortuda da vez.
Na minha família a música country sempre foi muito presente, de forma que passou a ser meu estilo musical preferido e também a fonte de inspiração para minhas próprias letras. Eu realmente queria fazer parte desse mundo.
Como toda garota, possuía minhas inspirações femininas e também o sonho de ser a próxima Shania Twain da minha geração, expandindo o reconhecimento desse maravilhoso gênero musical que tanto amava. Parando para analisar, eu deveria ter me preocupado muito mais em ser a primeira Alicia Hills. Muita coisa poderia ter sido evitada, principalmente as ruins.
Mas os jovens são assim. Cegados pela fachada de fama e tudo de bom que vem com ela, é impossível observar todos os aspectos negativos subentendidos, os bastidores do que – com o tempo – tornou-se meu pesadelo particular e origem das diversas crises, fossem elas de ansiedade, identidade ou até mesmo a síndrome do impostor.
Imagino que devam estar se perguntando qual a importância disso tudo e o porquê de estar dizendo tanta coisa sem sentido e pessoal. A explicação é muito simples: eu busquei a fama e a consegui. Só que o preço foi alto demais e eu achei que podia pagar quando na verdade isso se mostrou ser meu pior erro.
E é exatamente por esses e outros motivos que eu venho lhes contar essa história: a minha. A história de como me perdi completamente ao achar que era a sortuda da vez.
1. Nasce Uma Estrela
Ohio, 2015.
– Mãe? Já cheguei. – sorri, jogando minha mochila de qualquer jeito no sofá e as chaves em cima da mesa de centro, fazendo com que um barulho percorresse todo o cômodo, ensurdecendo-me por alguns segundos.
Proferi uma série de palavrões para eu mesma mentalmente e segui em direção à cozinha, onde esperava que fosse encontrá-la. Havia acabado de chegar do meu último dia escolar da vida e a sensação de liberdade era tão grande que nada conseguiria me abalar ou me tirar daquele momento de completo êxtase e alívio.
Antes mesmo de entrar no cômodo consegui observar a silhueta de minha mãe na frente da pia provavelmente lavando a louça do almoço ou de algum lanche que deveria ter feito. Ela notou minha presença logo que adentrei na cozinha e lançou-me um sorriso de lado, voltando a atenção para sua tarefa.
– Boa tarde, filha. Como foi a aula? Se divertiu?
– Na verdade não. Estava contando as horas para vir embora e não ter mais que voltar lá. – Dei de ombros e abri a geladeira, pegando uma maçã que havia dentro dela e imediatamente dando uma mordida. Ela estava gelada e o contato fez com que meus dentes se sensibilizassem, automaticamente provocando arrependimento em mim, mas logo dei outra mordida na fruta.
– Paul Williams ligou há um tempo atrás. – Ela virou a cabeça para me olhar, sem desviar a atenção das louças na pia.
– Jura? O que ele queria? – Dei mais uma mordida na maçã.
Paul era muito conhecido no mundo todo como um fantástico caça talentos, além de ser produtor musical de sucesso em Los Angeles. Óbvio que isso o tornava praticamente uma celebridade em um estado tão pequeno como o Ohio quando comparado a segunda maior cidade da América do Norte. Era muito claro o motivo para ele estar ali e ela secretamente sonhava que seria para encontrá-la, que finalmente alguém reconheceria seu talento.
– Ele disse que ouviu algumas músicas suas e gostaria de marcar um horário para poder agendar uma reunião e ouvir sua voz pessoalmente. – seu olhar pairava sob mim, decidido.
– Está falando sério? – olhei-a incrédula. Poderia aquilo ser real ou era apenas uma mentira, pedadinha?
– Com toda certeza. Marquei para nos encontrarmos hoje às cinco da tarde. Pode ser a sua chance, . A nossa chance. – largou tudo que fazia e se aproximou de mim, envolvendo minhas mãos com as suas, molhadas. O choque de temperatura fez com que um arrepio percorresse meu corpo, me causando um leve frio. – É sua chance de finalmente fazer o sucesso com o qual sonha à tanto tempo.
– Mas isso é daqui a algumas horas. – arremessei a maçã no cesto de lixo, incapaz de consumi-la por completo tamanha animação que sentia.
– Exatamente. Por isso mesmo deve ir se arrumar o quanto antes para não atrasarmos.
– Mas é que... – era como se instantaneamente meus receptores muscarínicos¹ estivessem com defeito porque meus lábios ficaram secos e precisei passar a língua por cima deles, umedecendo-os. – Eu não estava preparada para essa notícia, só estou nervosa, mãe.
– Só suba e se arrume. Devemos sair daqui à alguns minutos.
Sua expressão era de alegria e eu não consegui impedir que um similar se projetasse em meu rosto também. Não era mentira que eu estava animada.
– Não sei como fez isso, mas estou muito feliz, mãe. Muito obrigada – sorri e abracei-a.
– Pode me agradecer depois. – retribuiu meu sorriso. – Agora vai e se arruma para podemos ir.
– Claro. Pode deixar, mãe.
Automaticamente um sorriso se formou em meus lábios e eu não pude contê-lo, abraçando ela apertado. Logo após alguns segundos separei o abraço e lancei-lhe um último olhar de felicidade antes de subir as escadas rumo ao quarto.
Los Angeles, 2015.
Olhei através da pequena janela do avião, observando como as nuvens realmente se pareciam com aglomerados de algodão doce flutuando pelo céu. Só que aquelas nuvens eram bem diferentes das que tínhamos em Ohio, sendo mais escuras por conta da poluição. Los Angeles era conhecida como a "cidade dos anjos" e a ironia era que definitivamente se parecia com um lugar para onde Lúcifer se mudaria caso se cansasse do inferno, com toda sua poluição e aspecto sombrio. Em nada lembrava Ohio, onde a vida parecia tomar conta da cidade.
Eu não sabia o que esperar quando Paul contou que eu precisaria me mudar para uma cidade onde a música era valorizada e seria mais fácil para ele me gerenciar, além de permitir que eu mais contratos fossem fechados. Mas eu sabia que seria uma coisa muito boa e que novos ares me fariam bem, mesmo que o novo tivesse uma taxa maior de poluentes.
Peguei-me imaginando o que meu pai diria se estivesse me vendo sabe-se lá onde estivesse. Esperava que ele estivesse orgulho, ao menos.
O táxi parou em frente à nossa nova casa em um condomínio de luxo onde, provavelmente, boa parte dos artistas deveria residir e um fio de ansiedade me corrompeu, aqueles momentos inicias da mudança onde não sabemos como é o ambiente e se iríamos gostar.
Sentada no banco de trás do veículo com minha mãe ao meu lado, abri a porta direita e desci do carro, sendo seguida por ela. Aproveitei que o motorista estava descendo e dei uma rápida olhada na vizinhança, absorvendo cada detalhe daquele local e também da vizinhança. Um suspiro escapou de mim, atraindo a atenção de minha mãe.
– Algo errado, filha?
– Não, só... tem muita coisa acontecendo e não é que eu esteja reclamando. Só é muita coisa para assimilar – forcei um sorriso em sua direção para tranquiliza-la. Pareceu surtir efeito.
– Entendo. Não é emocionante pensar que tudo está dando certo? Que seus sonhos estão se tornando reais? – sorriu de lado, pegando minha mão.
Emocionante? Sim. Assustador? Demais.
Apenas sorri novamente e fui até o porta-malas que já havia sido aberto pelo motorista, pegando duas malas enquanto minha mãe pegava as outras duas. Antes de vir nós tínhamos separado as melhores roupas e doado o restante, porque seria inviável viajar com mais de duas malas cada uma, sem falar que seria muito melhor e até terapêutico fazer compras para completar o guarda-roupa.
Observei-a conversar algo com o taxista e ela o pagou, se aproximando de mim com um sorriso. Era fascinante ver o quão feliz ela estava apenas em se mudar. Imaginava o que aconteceria quando começassem os shows. Um risinho mudo escapou de meus lábios enquanto acompanhei-a até a porta.
Lar doce lar!
Glossário
¹Receptores muscarínicos – receptores do sistema nervoso parassimpático responsáveis.
– Mãe? Já cheguei. – sorri, jogando minha mochila de qualquer jeito no sofá e as chaves em cima da mesa de centro, fazendo com que um barulho percorresse todo o cômodo, ensurdecendo-me por alguns segundos.
Proferi uma série de palavrões para eu mesma mentalmente e segui em direção à cozinha, onde esperava que fosse encontrá-la. Havia acabado de chegar do meu último dia escolar da vida e a sensação de liberdade era tão grande que nada conseguiria me abalar ou me tirar daquele momento de completo êxtase e alívio.
Antes mesmo de entrar no cômodo consegui observar a silhueta de minha mãe na frente da pia provavelmente lavando a louça do almoço ou de algum lanche que deveria ter feito. Ela notou minha presença logo que adentrei na cozinha e lançou-me um sorriso de lado, voltando a atenção para sua tarefa.
– Boa tarde, filha. Como foi a aula? Se divertiu?
– Na verdade não. Estava contando as horas para vir embora e não ter mais que voltar lá. – Dei de ombros e abri a geladeira, pegando uma maçã que havia dentro dela e imediatamente dando uma mordida. Ela estava gelada e o contato fez com que meus dentes se sensibilizassem, automaticamente provocando arrependimento em mim, mas logo dei outra mordida na fruta.
– Paul Williams ligou há um tempo atrás. – Ela virou a cabeça para me olhar, sem desviar a atenção das louças na pia.
– Jura? O que ele queria? – Dei mais uma mordida na maçã.
Paul era muito conhecido no mundo todo como um fantástico caça talentos, além de ser produtor musical de sucesso em Los Angeles. Óbvio que isso o tornava praticamente uma celebridade em um estado tão pequeno como o Ohio quando comparado a segunda maior cidade da América do Norte. Era muito claro o motivo para ele estar ali e ela secretamente sonhava que seria para encontrá-la, que finalmente alguém reconheceria seu talento.
– Ele disse que ouviu algumas músicas suas e gostaria de marcar um horário para poder agendar uma reunião e ouvir sua voz pessoalmente. – seu olhar pairava sob mim, decidido.
– Está falando sério? – olhei-a incrédula. Poderia aquilo ser real ou era apenas uma mentira, pedadinha?
– Com toda certeza. Marquei para nos encontrarmos hoje às cinco da tarde. Pode ser a sua chance, . A nossa chance. – largou tudo que fazia e se aproximou de mim, envolvendo minhas mãos com as suas, molhadas. O choque de temperatura fez com que um arrepio percorresse meu corpo, me causando um leve frio. – É sua chance de finalmente fazer o sucesso com o qual sonha à tanto tempo.
– Mas isso é daqui a algumas horas. – arremessei a maçã no cesto de lixo, incapaz de consumi-la por completo tamanha animação que sentia.
– Exatamente. Por isso mesmo deve ir se arrumar o quanto antes para não atrasarmos.
– Mas é que... – era como se instantaneamente meus receptores muscarínicos¹ estivessem com defeito porque meus lábios ficaram secos e precisei passar a língua por cima deles, umedecendo-os. – Eu não estava preparada para essa notícia, só estou nervosa, mãe.
– Só suba e se arrume. Devemos sair daqui à alguns minutos.
Sua expressão era de alegria e eu não consegui impedir que um similar se projetasse em meu rosto também. Não era mentira que eu estava animada.
– Não sei como fez isso, mas estou muito feliz, mãe. Muito obrigada – sorri e abracei-a.
– Pode me agradecer depois. – retribuiu meu sorriso. – Agora vai e se arruma para podemos ir.
– Claro. Pode deixar, mãe.
Automaticamente um sorriso se formou em meus lábios e eu não pude contê-lo, abraçando ela apertado. Logo após alguns segundos separei o abraço e lancei-lhe um último olhar de felicidade antes de subir as escadas rumo ao quarto.
Los Angeles, 2015.
Olhei através da pequena janela do avião, observando como as nuvens realmente se pareciam com aglomerados de algodão doce flutuando pelo céu. Só que aquelas nuvens eram bem diferentes das que tínhamos em Ohio, sendo mais escuras por conta da poluição. Los Angeles era conhecida como a "cidade dos anjos" e a ironia era que definitivamente se parecia com um lugar para onde Lúcifer se mudaria caso se cansasse do inferno, com toda sua poluição e aspecto sombrio. Em nada lembrava Ohio, onde a vida parecia tomar conta da cidade.
Eu não sabia o que esperar quando Paul contou que eu precisaria me mudar para uma cidade onde a música era valorizada e seria mais fácil para ele me gerenciar, além de permitir que eu mais contratos fossem fechados. Mas eu sabia que seria uma coisa muito boa e que novos ares me fariam bem, mesmo que o novo tivesse uma taxa maior de poluentes.
Peguei-me imaginando o que meu pai diria se estivesse me vendo sabe-se lá onde estivesse. Esperava que ele estivesse orgulho, ao menos.
O táxi parou em frente à nossa nova casa em um condomínio de luxo onde, provavelmente, boa parte dos artistas deveria residir e um fio de ansiedade me corrompeu, aqueles momentos inicias da mudança onde não sabemos como é o ambiente e se iríamos gostar.
Sentada no banco de trás do veículo com minha mãe ao meu lado, abri a porta direita e desci do carro, sendo seguida por ela. Aproveitei que o motorista estava descendo e dei uma rápida olhada na vizinhança, absorvendo cada detalhe daquele local e também da vizinhança. Um suspiro escapou de mim, atraindo a atenção de minha mãe.
– Algo errado, filha?
– Não, só... tem muita coisa acontecendo e não é que eu esteja reclamando. Só é muita coisa para assimilar – forcei um sorriso em sua direção para tranquiliza-la. Pareceu surtir efeito.
– Entendo. Não é emocionante pensar que tudo está dando certo? Que seus sonhos estão se tornando reais? – sorriu de lado, pegando minha mão.
Emocionante? Sim. Assustador? Demais.
Apenas sorri novamente e fui até o porta-malas que já havia sido aberto pelo motorista, pegando duas malas enquanto minha mãe pegava as outras duas. Antes de vir nós tínhamos separado as melhores roupas e doado o restante, porque seria inviável viajar com mais de duas malas cada uma, sem falar que seria muito melhor e até terapêutico fazer compras para completar o guarda-roupa.
Observei-a conversar algo com o taxista e ela o pagou, se aproximando de mim com um sorriso. Era fascinante ver o quão feliz ela estava apenas em se mudar. Imaginava o que aconteceria quando começassem os shows. Um risinho mudo escapou de meus lábios enquanto acompanhei-a até a porta.
Lar doce lar!
Glossário
¹Receptores muscarínicos – receptores do sistema nervoso parassimpático responsáveis.
2. Ascenção
Los Angeles, 2015.
– Olá, garotas! – Paul Williams nos cumprimentou com um apertar de mãos por cima de sua mesa, logo voltando a se sentar e indicando os assentos vazios à sua frente.
Ele havia nos chamado até lá para acertar alguns detalhes antes de começarmos a trabalhar. O contrato havia sido assinado em Ohio mesmo, mas ele comentou que preferiria discutir alguns pontos quando finalmente estivéssemos instaladas em LA, então lá estávamos nós.
– Antes de mais nada quero dar as boas vindas de vocês à essa cidade maravilhosa. – seu sorriso parecia genuíno e não me senti culpada por retribuir. – Saibam que podem contar comigo para absolutamente tudo.
– É muito gentil, Sr. Williams. – minha mãe era só sorrisos naquele momento.
– Por favor, podem me chamar de Paul. – fez um aceno em nossa direção. – E agradeço muito pela elogio, Sra. . Chamei-as aqui porque temos algumas coisas a discutir e, como sou uma pessoa mais prática quanto mais rápido decidirmos, mais rápido estaremos livres.
Observei-o enquanto o mesmo abria uma gaveta e retirava uma parta de lá, colocando-a na mesa à nossa frente, voltando a nos olhar. Paul era um sujeito bonito para sua idade, com seus cerca de 50 anos muito bem disfarçados. O cabelo estava sempre arrumado em um tipo de topete baixo e não apresentava sinais evidentes da idade, o que me fazia questionar se ele os tingia a fim de esconder os cabelos brancos. Sua barba era bem feita, deixando-o com um aspecto levemente mais maduro e másculo – não que ele não os fosse, mas ela acentuava essas características. Ele também possuía seus singelos 1,80 metros e um estilo de causar inveja a qualquer um, até mesmo mulheres.
– A primeira coisa que eu gostaria de discutir, antes mesmo de começar a falar de shows, CDs ou coisa do tipo, é a respeito do seu nome.
– Meu nome? – minha testa se franziu em uma expressão de confusão.
– Sim, querida. É que você está prestes a entrar para a história da música e, não me leve a mal, mas já ouviu falar de alguma cantora que fez sucesso com o nome de ?
Parei alguns segundos para assimilar aquilo, imaginando aonde ele iria chegar. Acabei balançando a cabeça como se dissesse "não".
Eles realmente queriam mudar meu nome?
– Exatamente! E você sabe por quê? Nenhum artista faz sucesso se não tiver um nome de impacto. Por isso nós precisamos mudar seu nome – ele continuava me olhando.
Arrisquei um olhar para minha mãe, que também me olhava como se dissesse "O que podemos fazer?". Estava sentindo uma pressão tão grande que não pensei duas vezes antes de acabar concordando com tudo que ele me falava e impunha. Outras coisas foram ditas e acordadas, mas eu estava tão anestesiada que acabei não dando a mínima para o que ele dizia. Era quase como se estivesse anestesiada e as palavras se embaralhassem em minha mente, fazendo com que eu não prestasse atenção à nenhuma.
Meu novo nome era .
O que eu ainda não sabia era que aquilo seria apenas o começo do fim, onde a jovem se perderia para que alguém totalmente diferente e forjado pudesse surgir.
Ah... a fama realmente é capaz de nos cegar ao ponto de obrigar-nos a fazer qualquer coisa para alcançá-la.
Los Angeles, 2016.
Observei o motorista parar o carro diante do Teatro Chinês e automaticamente os fotógrafos ali presentes iniciaram sua chuva de fotos. Eu tinha certeza que eles não sabiam quem estava dentro do Mercedes C450 AMC, mas isso não os impedia de me atacar com suas câmeras em busca de uma foto perfeita. Apesar de tudo, eu entendia seus motivos e tinha de concordar que aceitara passar por aquilo desde que havia decidido me tornar uma pessoa pública.
Respirei fundo assim que observei o motorista dando a volta por trás do carro, abrindo a porta para mim, e aproveitei para dar uma última ajeitada no cabelo antes de sair do veículo sob uma tempestade de flashes¹. Lancei-lhes sorrisos e acenos conforme ia passando pelo tapete vermelho na direção do Teatro.
Já fazia mais ou menos um ano desde que eu assinara contrato com a empresa de Paul e já estava colhendo os frutos do meu trabalho. Havia me tornado relativamente conhecida no mundo da música e até mesmo havia sido chamada para compor uma música para o filme Um Amor Impossível que estava estreando naquele dia – o motivo de eu estar ali no Teatro Chinês cercada pela imprensa.
Continuei meu caminho até que conseguisse entrar no local. O barulho de conversas era ensurdecedor e eu olhei em volta, buscando por qualquer rosto que fosse conhecido a mim. Não demorou muito para que eu encontrasse alguém: Jamie Dornan, o ator escalado para o papel principal. Ele estava em um canto conversando com sua parceira de cena e desviou seu ollhar para mim assim que me viu. Sorri em sua direção, aproximando-me.
– Jamie! – sorri e abracei-o.
Durante aquele ano eu fui muito solitária, tendo apenas a minha mãe com quem conversar. É como aquela famosa frase proferida por tio Ben no filme Homem-Aranha: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades". Foi exatamente o que aconteceu comigo porque todas as mudanças pelas quais estava passando e me submetendo tiveram consequências.
Somente durante o contrato desse filme foi que consegui fazer amizade com outra pessoa além dela. Ele se aproximara e quando eu menos esperava já estávamos conversando sobre coisas que nunca imaginaria e uma amizade nasceu disso tudo.
– Quanto tempo, ! – podia sentir que ele sorria mesmo sem estar olhando-o.
– Eu quem o diga. Você está simplesmente fantástico. – sorri.
– Não chego aos seus pés. – Rimos ao mesmo tempo e logo entrelacei meu braço com o dele, seguindo para dentro do local onde passariam o filme. – Preparado para se ver na tela?
– Não é como se eu fosse narcisista e amasse ver a mim mesmo, mas sim. Estou animado para ver o que fizeram no final. – Seu sorriso era capaz de iluminar aquela sala completamente, sem nenhuma ajuda de holofotes ou lâmpadas. – Mas devo dizer que minha parte favorita é a trilha sonora. – Lançou-me uma piscadinha e seguiu até nossos lugares na sala. Não pude evitar espelhar seu sorriso e animação, eram completamente contagiantes.
Durante os poucos minutos em que os trailers passavam na tela, não pude evitar pensar em tudo que havia passado até que finalmente estivesse ali, naquele momento. Era como se tudo não passasse de um sonho daquela adolescente simples e normal de Ohio que queria ser a próxima Shania Twain.
Claro que não era tudo perfeito, mas naquele momento os altos e prós estavam com uma enorme vantagem, então me permiti embarcar naquele sonho.
Glossário
¹Flashes – plural de "flash". Refere-se ao clarão breve e intenso emitido pelas câmeras ao tirar uma foto, servindo como uma iluminação extra para a foto.
– Olá, garotas! – Paul Williams nos cumprimentou com um apertar de mãos por cima de sua mesa, logo voltando a se sentar e indicando os assentos vazios à sua frente.
Ele havia nos chamado até lá para acertar alguns detalhes antes de começarmos a trabalhar. O contrato havia sido assinado em Ohio mesmo, mas ele comentou que preferiria discutir alguns pontos quando finalmente estivéssemos instaladas em LA, então lá estávamos nós.
– Antes de mais nada quero dar as boas vindas de vocês à essa cidade maravilhosa. – seu sorriso parecia genuíno e não me senti culpada por retribuir. – Saibam que podem contar comigo para absolutamente tudo.
– É muito gentil, Sr. Williams. – minha mãe era só sorrisos naquele momento.
– Por favor, podem me chamar de Paul. – fez um aceno em nossa direção. – E agradeço muito pela elogio, Sra. . Chamei-as aqui porque temos algumas coisas a discutir e, como sou uma pessoa mais prática quanto mais rápido decidirmos, mais rápido estaremos livres.
Observei-o enquanto o mesmo abria uma gaveta e retirava uma parta de lá, colocando-a na mesa à nossa frente, voltando a nos olhar. Paul era um sujeito bonito para sua idade, com seus cerca de 50 anos muito bem disfarçados. O cabelo estava sempre arrumado em um tipo de topete baixo e não apresentava sinais evidentes da idade, o que me fazia questionar se ele os tingia a fim de esconder os cabelos brancos. Sua barba era bem feita, deixando-o com um aspecto levemente mais maduro e másculo – não que ele não os fosse, mas ela acentuava essas características. Ele também possuía seus singelos 1,80 metros e um estilo de causar inveja a qualquer um, até mesmo mulheres.
– A primeira coisa que eu gostaria de discutir, antes mesmo de começar a falar de shows, CDs ou coisa do tipo, é a respeito do seu nome.
– Meu nome? – minha testa se franziu em uma expressão de confusão.
– Sim, querida. É que você está prestes a entrar para a história da música e, não me leve a mal, mas já ouviu falar de alguma cantora que fez sucesso com o nome de ?
Parei alguns segundos para assimilar aquilo, imaginando aonde ele iria chegar. Acabei balançando a cabeça como se dissesse "não".
Eles realmente queriam mudar meu nome?
– Exatamente! E você sabe por quê? Nenhum artista faz sucesso se não tiver um nome de impacto. Por isso nós precisamos mudar seu nome – ele continuava me olhando.
Arrisquei um olhar para minha mãe, que também me olhava como se dissesse "O que podemos fazer?". Estava sentindo uma pressão tão grande que não pensei duas vezes antes de acabar concordando com tudo que ele me falava e impunha. Outras coisas foram ditas e acordadas, mas eu estava tão anestesiada que acabei não dando a mínima para o que ele dizia. Era quase como se estivesse anestesiada e as palavras se embaralhassem em minha mente, fazendo com que eu não prestasse atenção à nenhuma.
Meu novo nome era .
O que eu ainda não sabia era que aquilo seria apenas o começo do fim, onde a jovem se perderia para que alguém totalmente diferente e forjado pudesse surgir.
Ah... a fama realmente é capaz de nos cegar ao ponto de obrigar-nos a fazer qualquer coisa para alcançá-la.
Los Angeles, 2016.
Observei o motorista parar o carro diante do Teatro Chinês e automaticamente os fotógrafos ali presentes iniciaram sua chuva de fotos. Eu tinha certeza que eles não sabiam quem estava dentro do Mercedes C450 AMC, mas isso não os impedia de me atacar com suas câmeras em busca de uma foto perfeita. Apesar de tudo, eu entendia seus motivos e tinha de concordar que aceitara passar por aquilo desde que havia decidido me tornar uma pessoa pública.
Respirei fundo assim que observei o motorista dando a volta por trás do carro, abrindo a porta para mim, e aproveitei para dar uma última ajeitada no cabelo antes de sair do veículo sob uma tempestade de flashes¹. Lancei-lhes sorrisos e acenos conforme ia passando pelo tapete vermelho na direção do Teatro.
Já fazia mais ou menos um ano desde que eu assinara contrato com a empresa de Paul e já estava colhendo os frutos do meu trabalho. Havia me tornado relativamente conhecida no mundo da música e até mesmo havia sido chamada para compor uma música para o filme Um Amor Impossível que estava estreando naquele dia – o motivo de eu estar ali no Teatro Chinês cercada pela imprensa.
Continuei meu caminho até que conseguisse entrar no local. O barulho de conversas era ensurdecedor e eu olhei em volta, buscando por qualquer rosto que fosse conhecido a mim. Não demorou muito para que eu encontrasse alguém: Jamie Dornan, o ator escalado para o papel principal. Ele estava em um canto conversando com sua parceira de cena e desviou seu ollhar para mim assim que me viu. Sorri em sua direção, aproximando-me.
– Jamie! – sorri e abracei-o.
Durante aquele ano eu fui muito solitária, tendo apenas a minha mãe com quem conversar. É como aquela famosa frase proferida por tio Ben no filme Homem-Aranha: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades". Foi exatamente o que aconteceu comigo porque todas as mudanças pelas quais estava passando e me submetendo tiveram consequências.
Somente durante o contrato desse filme foi que consegui fazer amizade com outra pessoa além dela. Ele se aproximara e quando eu menos esperava já estávamos conversando sobre coisas que nunca imaginaria e uma amizade nasceu disso tudo.
– Quanto tempo, ! – podia sentir que ele sorria mesmo sem estar olhando-o.
– Eu quem o diga. Você está simplesmente fantástico. – sorri.
– Não chego aos seus pés. – Rimos ao mesmo tempo e logo entrelacei meu braço com o dele, seguindo para dentro do local onde passariam o filme. – Preparado para se ver na tela?
– Não é como se eu fosse narcisista e amasse ver a mim mesmo, mas sim. Estou animado para ver o que fizeram no final. – Seu sorriso era capaz de iluminar aquela sala completamente, sem nenhuma ajuda de holofotes ou lâmpadas. – Mas devo dizer que minha parte favorita é a trilha sonora. – Lançou-me uma piscadinha e seguiu até nossos lugares na sala. Não pude evitar espelhar seu sorriso e animação, eram completamente contagiantes.
Durante os poucos minutos em que os trailers passavam na tela, não pude evitar pensar em tudo que havia passado até que finalmente estivesse ali, naquele momento. Era como se tudo não passasse de um sonho daquela adolescente simples e normal de Ohio que queria ser a próxima Shania Twain.
Claro que não era tudo perfeito, mas naquele momento os altos e prós estavam com uma enorme vantagem, então me permiti embarcar naquele sonho.
Glossário
¹Flashes – plural de "flash". Refere-se ao clarão breve e intenso emitido pelas câmeras ao tirar uma foto, servindo como uma iluminação extra para a foto.
3. Estagnando
Los Angeles, 2017.
Havia sido um ano e tanto! Eu finalmente havia conseguido lançar meu debut album¹, que teve grande sucesso em várias cidades, chegando até mesmo a alcançar o Top 10 de músicas mais ouvidas nos Estados Unidos. Além disso, o filme para o qual havia feito a trilha sonora também se mostrou muito bem recebido pelo público, chegando a faturar US$47 milhões.
Mas nem tudo era perfeito. Fazia seis meses que eu estava estagnada, sem nenhum lançamento, convites para entrevistas ou coisas do tipo. O público estava me esquecendo e até mesmo eu sabia que era um problema caso eu quisesse realmente alcançar o topo das paradas. Paul e eu precisávamos bolar algo o quanto antes e, por isso, não me surpreendi quando recebi uma ligação sua pedindo que fosse até seu escritório.
Sua secretária abriu a porta para mim e eu a agradeci, entrando naquela sala grande até demais.
– , seja bem-vinda! – Sorriu, me recepcionando com um beijo na bochecha.
– Quanto tempo, não é mesmo?
– Com certeza. – Sorriu e indicou para que eu me sentasse à sua frente, o que prontamente atendi.
– Te chamei aqui hoje porque precisamos conversar sobre algumas coisas. – Assenti com a cabeça, ouvindo o que ele teria a dizer. – Você, com certeza, já sabe que as coisas deram uma esfriada, mas não podemos deixar que isso aconteça porque pode ser muito ruim para nós dois. – Ele juntou as mãos, entrelaçando os dedos e ainda me olhando. – Então temos algumas opções, mas elas são poucas. Poderíamos lançar um novo álbum, mas praticamente acabamos de soltar o seu debut album¹, o que pareceria muito desespero da nossa parte e isso não é bom, sem falar que leva um tempo até ficar pronto e precisamos de algo mais imediato. A outra e última opção é mais extremista.
Balancei a cabeça, concordando com o que ele dizia e o incentivando a continuar. Algo me dizia que o que viria a seguir não iria me agradar, mas era tudo que eu tinha e precisava me agarrar desesperadamente a algo.
– Por isso nós iremos te arrumar um namorado.
Arqueei as sobrancelhas, não entendo onde ele queria chegar. Ele estava falando sério sobre aquilo? Queria mesmo me arrumar alguém só pra me alavancar? Eu nunca faria isso. Não era dessa forma que eu queria conquistar meus fãs e com certeza isso me traria uma visibilidade totalmente errada e a qual eu não merecia.
– Eu não quero. Não quero um namorado, muito menos um falso.
– Não será falso. Vocês irão se conhecendo com o tempo e podem até gostar um do outro de verdade e seguir com o relacionamento.
– Mas eu não quero isso.
– Sendo assim... Você me obriga a isso, .
Meu nome saindo de seus lábios soava ainda mais falso. Havia muito tempo que não me chamavam por meu verdadeiro nome e eu já me sentia perdendo minha própria identidade. Contudo, suas palavras fizeram com que algo dentro de mim se estremecesse de medo. Eu não sabia o que ele iria fazer e muito menos descobrir do que se tratava, mas era inevitável.
Observei enquanto ele abria uma das gavetas de sua mesa, retirando dela uma série de papéis que, com toda a certeza devia ser um contrato. Perguntou-se o que Paul queria com aquilo.
– Saiba que eu só estou fazendo isso para que você volte ao topo das paradas, . É tudo pelo seu bem. – Ele me olhava assim como um pai que tenta dialogar com seu filho teimoso. – Eu realmente esperava que você aceitasse facilmente essa proposta, mas não tem problema. Quando você assinou o contrato aceitou uma série de normas e cláusulas, dentre elas a de que teria de aceitar o que seu empresário, no caso eu, propusesse. Então eu sinto muito, mas você terá um namorado, sim.
– Não pode me obrigar. – Olhei para ele como se estivesse louco e talvez ele realmente fosse um.
– Realmente eu não posso, mas esse contrato sim. – Sorriu de lado e colocou a mão em cima da pilha de papéis.
Finalmente parecia que ele estava a minha frente, o verdadeiro Paul e não o que a mídia e os números mostravam para as pessoas. E eu definitivamente não gostava dele e nunca me arrependeria mais de ter assinado aquele contrato.
✨✨✨
"A cantora foi vista na noite de Quinta-feira acompanhada do também cantor Chris Brown em um dos melhores restaurantes de Los Angeles. Fontes confiáveis dizem ter visto ambos trocando beijos e carícias e há indício de que estejam se envolvendo. Estaria a cantora sortuda namorando com o astro do pop? Confira abaixo imagens tiradas por paparazzi²."
Eu pesquisava meu nome na internet e aquela notícia continuava a se repetir em várias versões e com sinônimos em quase todos os sites e portais de notícia do mundo. Só a ideia de que estivesse em um namoro foi o suficiente para me colocar de volta na estrada do sucesso e eu tinha de admitir que Paul estava certo, mas isso não fazia com que concordasse com meu empresário.
Seguíamos para mais um dentre os milhares de eventos aos quais era convidada a participar, ainda mais depois que os convites praticamente dobraram após a divulgação das imagens.
Era pedir demais que alguém gostasse de mim genuinamente?
Era totalmente exaustivo fazer algo que eu não queria só porque me impunham. Naquele momento estava sendo levada até o hotel onde seria realizado o desfile da Victoria's Secret Fashion Show e meu – aparentemente – namorado iria me encontrar lá. Seria a situação ideal para assumirmos e, consequentemente, me autopromover.
Tentei sorrir para o homem que me esperava no saguão do hotel, mas podia jurava que não havia passado de uma careta. De qualquer forma, pareceu ser o suficiente para os fotógrafos que se aglomeravam aos montes em busca de uma foto perfeita do "casal do momento".
Eu definitivamente já estava perdida demais e só pensava se conseguiria sair daquilo ainda viva.
Glossário
¹Debut album – Palavra em inglês cujo significado quer dizer album de estreia. Refere-se ao primeiro álbum produzido por um artista ou banda.
²Paparazzi – plural de paparazzo. Refere-se aos profissionais fotógrafos que se dedicam à perseguir famosos durante sua vida cotidiana ou momentos de lazer em busca de fotos polêmicas, íntimas ou comprometedoras para vendê-las para sites de fofocas ou celebridades por valores altos.
Havia sido um ano e tanto! Eu finalmente havia conseguido lançar meu debut album¹, que teve grande sucesso em várias cidades, chegando até mesmo a alcançar o Top 10 de músicas mais ouvidas nos Estados Unidos. Além disso, o filme para o qual havia feito a trilha sonora também se mostrou muito bem recebido pelo público, chegando a faturar US$47 milhões.
Mas nem tudo era perfeito. Fazia seis meses que eu estava estagnada, sem nenhum lançamento, convites para entrevistas ou coisas do tipo. O público estava me esquecendo e até mesmo eu sabia que era um problema caso eu quisesse realmente alcançar o topo das paradas. Paul e eu precisávamos bolar algo o quanto antes e, por isso, não me surpreendi quando recebi uma ligação sua pedindo que fosse até seu escritório.
Sua secretária abriu a porta para mim e eu a agradeci, entrando naquela sala grande até demais.
– , seja bem-vinda! – Sorriu, me recepcionando com um beijo na bochecha.
– Quanto tempo, não é mesmo?
– Com certeza. – Sorriu e indicou para que eu me sentasse à sua frente, o que prontamente atendi.
– Te chamei aqui hoje porque precisamos conversar sobre algumas coisas. – Assenti com a cabeça, ouvindo o que ele teria a dizer. – Você, com certeza, já sabe que as coisas deram uma esfriada, mas não podemos deixar que isso aconteça porque pode ser muito ruim para nós dois. – Ele juntou as mãos, entrelaçando os dedos e ainda me olhando. – Então temos algumas opções, mas elas são poucas. Poderíamos lançar um novo álbum, mas praticamente acabamos de soltar o seu debut album¹, o que pareceria muito desespero da nossa parte e isso não é bom, sem falar que leva um tempo até ficar pronto e precisamos de algo mais imediato. A outra e última opção é mais extremista.
Balancei a cabeça, concordando com o que ele dizia e o incentivando a continuar. Algo me dizia que o que viria a seguir não iria me agradar, mas era tudo que eu tinha e precisava me agarrar desesperadamente a algo.
– Por isso nós iremos te arrumar um namorado.
Arqueei as sobrancelhas, não entendo onde ele queria chegar. Ele estava falando sério sobre aquilo? Queria mesmo me arrumar alguém só pra me alavancar? Eu nunca faria isso. Não era dessa forma que eu queria conquistar meus fãs e com certeza isso me traria uma visibilidade totalmente errada e a qual eu não merecia.
– Eu não quero. Não quero um namorado, muito menos um falso.
– Não será falso. Vocês irão se conhecendo com o tempo e podem até gostar um do outro de verdade e seguir com o relacionamento.
– Mas eu não quero isso.
– Sendo assim... Você me obriga a isso, .
Meu nome saindo de seus lábios soava ainda mais falso. Havia muito tempo que não me chamavam por meu verdadeiro nome e eu já me sentia perdendo minha própria identidade. Contudo, suas palavras fizeram com que algo dentro de mim se estremecesse de medo. Eu não sabia o que ele iria fazer e muito menos descobrir do que se tratava, mas era inevitável.
Observei enquanto ele abria uma das gavetas de sua mesa, retirando dela uma série de papéis que, com toda a certeza devia ser um contrato. Perguntou-se o que Paul queria com aquilo.
– Saiba que eu só estou fazendo isso para que você volte ao topo das paradas, . É tudo pelo seu bem. – Ele me olhava assim como um pai que tenta dialogar com seu filho teimoso. – Eu realmente esperava que você aceitasse facilmente essa proposta, mas não tem problema. Quando você assinou o contrato aceitou uma série de normas e cláusulas, dentre elas a de que teria de aceitar o que seu empresário, no caso eu, propusesse. Então eu sinto muito, mas você terá um namorado, sim.
– Não pode me obrigar. – Olhei para ele como se estivesse louco e talvez ele realmente fosse um.
– Realmente eu não posso, mas esse contrato sim. – Sorriu de lado e colocou a mão em cima da pilha de papéis.
Finalmente parecia que ele estava a minha frente, o verdadeiro Paul e não o que a mídia e os números mostravam para as pessoas. E eu definitivamente não gostava dele e nunca me arrependeria mais de ter assinado aquele contrato.
"A cantora foi vista na noite de Quinta-feira acompanhada do também cantor Chris Brown em um dos melhores restaurantes de Los Angeles. Fontes confiáveis dizem ter visto ambos trocando beijos e carícias e há indício de que estejam se envolvendo. Estaria a cantora sortuda namorando com o astro do pop? Confira abaixo imagens tiradas por paparazzi²."
Eu pesquisava meu nome na internet e aquela notícia continuava a se repetir em várias versões e com sinônimos em quase todos os sites e portais de notícia do mundo. Só a ideia de que estivesse em um namoro foi o suficiente para me colocar de volta na estrada do sucesso e eu tinha de admitir que Paul estava certo, mas isso não fazia com que concordasse com meu empresário.
Seguíamos para mais um dentre os milhares de eventos aos quais era convidada a participar, ainda mais depois que os convites praticamente dobraram após a divulgação das imagens.
Era pedir demais que alguém gostasse de mim genuinamente?
Era totalmente exaustivo fazer algo que eu não queria só porque me impunham. Naquele momento estava sendo levada até o hotel onde seria realizado o desfile da Victoria's Secret Fashion Show e meu – aparentemente – namorado iria me encontrar lá. Seria a situação ideal para assumirmos e, consequentemente, me autopromover.
Tentei sorrir para o homem que me esperava no saguão do hotel, mas podia jurava que não havia passado de uma careta. De qualquer forma, pareceu ser o suficiente para os fotógrafos que se aglomeravam aos montes em busca de uma foto perfeita do "casal do momento".
Eu definitivamente já estava perdida demais e só pensava se conseguiria sair daquilo ainda viva.
Glossário
¹Debut album – Palavra em inglês cujo significado quer dizer album de estreia. Refere-se ao primeiro álbum produzido por um artista ou banda.
²Paparazzi – plural de paparazzo. Refere-se aos profissionais fotógrafos que se dedicam à perseguir famosos durante sua vida cotidiana ou momentos de lazer em busca de fotos polêmicas, íntimas ou comprometedoras para vendê-las para sites de fofocas ou celebridades por valores altos.
Capítulo Bônus
Um livro pode ser considerado por muitos como uma fonte de diversão, um escape da realidade, solução para os problemas ou até mesmo um amigo. Porém, se você analisar com muito cuidado verá que um livro também pode ser o seu diário. E essa definitivamente era a opção que mais se encaixava para mim.
É praticamente um costume entre os famosos escrever autobiografias logo que passam a ter qualquer mísero reconhecimento, porque logo depois lançam outra, com novos fatos. Digamos que esse mercado é similar a uma thread do Twitter que vai sendo alimentada com mais informações conforme o passar do tempo. Isso tudo é praticamente um rito de passagem desse mundo e, quer você queira ou não, se quiser ser ainda mais conhecido será obrigado a ter seu próprio livro.
E por que eu estou dizendo isso tudo? É bem simples, na verdade.
Sou uma desses artistas em ascensão e pode parecer um pouco egocêntrico, mas não sou eu que estou dizendo e sim os jornais, rádios, revistas, até mesmo meus pais. É claro que com o meu trabalho sendo reconhecido praticamente da noite para o dia, eu não estava preparada para a quantidade de eventos que seriam agendados. Para que não acabasse enlouquecendo, não me restou outra opção que não fosse contratar um empresário e, mesmo ele, também me coagiu a aceitar esse projeto.
Cercada por todos os lados, acabei aceitando a proposta de uma editora para a publicação e, passados seis meses, ele já estava sendo divulgado por todos os lugares.
Justamente por esse motivo estou aqui. Era a noite do lançamento oficial e eu participaria de uma entrevista com o objetivo de falar a respeito dele e, dessa forma, fazer sua promoção.
Chegara ao local faziam cerca de quarenta minutos, mas estava realizando uma espécie de meet & greet com os fãs, cuja relação eu valorizava mais do que qualquer coisa. Não era nenhuma surpresa, então a entrevistadora não me olhou com cara feia quando cheguei atrasada no local combinado do encontro.
– Me desculpa pelo atraso – sorri meio sem graça, cumprimentando-a.
– Sem problemas. Sei que estava com seus fãs. Eles são muito importantes para você, né?
– Claro. Afinal, é por causa deles que cheguei onde estou agora – sorri me sentando próxima a ela, em um banquinho que havia sido posto para mim.
– E é exatamente por causa deles que esta entrevista está finalmente acontecendo – a mulher sorria em minha direção, com as pernas cruzadas e uma série de fichas na mão. Com certeza estava cheia de perguntas para mim, mas já estava preparada para o que viesse. – Bem, podemos começar? – seu olhar me transmitia ondas de ansiedade que eu não queria sentir.
– Claro. Quando estiver pronta – sorri.
Quase que instantaneamente ela virou o rosto na direção da câmera e fez um sinal para que o camera man começasse a contagem. O homem por trás do aparato fez um sinal com os dedos indicando uma contagem silenciosa que se iniciou no cinco. Quando estava no três dei uma rápida ajeitada no visual, tentando colocar o cabelo e roupa em ordem para aparecer apresentável no vídeo.
– Olá, pessoal. Hoje estamos aqui com nossa convidada super especial que está promovendo sua autobiografia: uma salva de palmas para ! – sorriu, me indicando com suas mãos.
– Obrigada por me receberem – sorri de lado, olhando na direção da câmera e logo em seguida voltando a atenção para Susan. – É um sonho ser entrevistada por você.
– Ora, não seja boba! – ela pareceu ficar um pouco sem graça, se abanando com seus cartões de programa. – A verdade é que você era apenas uma garota de Ohio e veja só onde está agora. Tornou-se um fenômeno!
– Sabe o que dizem: nunca deixe de sonhar. – Sorri de lado, me lembrando dos conselhos que havia recebido do meu empresário, horas antes.
"Seja simpática e inspire outras pessoas com sua história".
Não que eu precisasse desses avisos porque jamais seria capaz de mentir, principalmente em rede nacional. Além do fato de que eu vivia para inspirar novas garotas que sonhavam com o mesmo futuro que tive e meu agente fazia questão de me lembrar disso todo momento.
– Esse é um bom conselho. – ela sorriu genuinamente para mim antes de prosseguir. – Devo dizer que seu livro por completo é incrível e totalmente inspirador, mas você deve concordar comigo que um capítulo em específico é mais cheio de significativo para você, não é mesmo? Acho que sabe de qual estou falando.
– Sim, eu sei de qual está falando, Susan. – Lancei um sorriso triste em sua direção. Era estranho me lembrar daquele período, mas faz parte da minha história e não poderia ficar de fora da autobiografia, além de ser necessário desabafar sobre tudo aquilo. - Fifteen é realmente um capítulo muito conturbado para mim, mas também é um dos meus favoritos. Deixou-me nostálgica enquanto o escrevia e novamente quando o li.
– E conte-nos um pouco mais sobre de 15 anos. Ela era boa aluna? O que gostava de fazer? Já era famosa na sua cidade?
– Me sinto em um interrogatório – ri de lado, em tom de brincadeira. Ou ao menos foi no que escolhi acreditar. – A verdade é que não existia quando eu tinha quinze anos. Eu era apenas uma garota normal no seu primeiro dia de aula do ensino médio, nada diferente. – sorri de lado e não pude impedir as lembranças de virem à tona.
Estava parada na frente da minha nova escola e olhava em volta, completamente admirada com aquele prédio enorme que eu frequentaria pelos próximos quatro anos da minha vida. Lembro-me de achar meio assustador o pensamento de que eu já estava no ensino médio e logo a pressão da faculdade e vestibulares iria bater à minha porta, mas prometi a mim mesma que nada disso me preocuparia, ao menos naquele ano.
O fato era que o primeiro dia de aula é sempre assustador e, por mais que tenhamos nos preparado e saibamos exatamente o que vai acontecer, o nervosismo é inevitável e naquela manhã não foi diferente.
– E no colégio? Você gostava mais de ser a garota nerd que tem seu próprio grupinho de amigos ou aquela popular que conhece todo mundo e já chega se enturmando? – ela me olhava, tirando-me de meus devaneios.
– Eu não acho que seja uma questão de gostos. Sabe o que quero dizer? Existe muito bullying e preconceito dentro das escolas, seja ele velado ou descarado, mas praticamente todo mundo prefere ignorar e continuar vivendo como se fosse um dia normal. Eu era apenas mais uma aluna e tirava boas notas, então fui tachada como nerd e como resultado fui quase que automaticamente excluída. Por sorte eu tinha meu grupo de amigos, mas havia muita gente passando por coisa pior e realmente mais pesada. Não foi como se nós escolhêssemos.
Não havia porque mentir e absolutamente nada do que eu disse era invenção da minha cabeça. As memórias continuavam dançando por minha mente como se fossem eventos recentes e não de anos atrás.
Avistei o meu grupinho de amigos ao longe e acenei com um sorriso para eles, que retribuíram e automaticamente fizeram um gesto como se me chamassem para me juntar a eles. Bem, era o primeiro dia e ainda não conhecia ninguém novo, então era bom estar perto de pessoas que conhecia, não ficando deslocada e principalmente excluída.
Voltei à realidade com a voz de Susan dizendo meu nome. Pisquei uma série de vezes imaginando se por acaso me achariam uma maluca em rede nacional. Esperava que não.
Ajeitei a postura no banco em que estava sentada e dei uma rápida alisada na roupa, tentando a todo custo sair do passado e me prender ao presente, que era o local onde deveria estar.
– Me desculpe. Pode repetir a pergunta, Susan? – sorri amável em sua direção porque a última coisa que eu ou Paul gostaríamos era que eu fosse associada à imagem de uma pessoa mal-educada.
– Parece mais distraída que o usual hoje, . Devo presumir que seja efeito de algum affair?
– Não! – dei uma risada, passando a mão levemente pelo cabelo. – São apenas as lembranças. Desculpe-me, mas todas essas recordações me deixam nostálgica.
– Não tem problema, querida. – ela sorriu de lado, se ajeitando na cadeira de modo que ficasse mais confortável. – Certo, então aproveitando que nós falamos sobre affair... Houve alguém especial durante a escola? Com quem manteve contato depois de tanto tempo?
– Ah... não – riu de lado. – Nunca esteve nos meus planos namorar durante o colégio então eu não reparava muitos nos meninos, mas eventualmente havia um ou outro bonitinho que chamava a atenção. – Eu conseguia sentir meu rosto enrubescendo, sinal claro de meu constrangimento. Havia um fundo de verdade no que dissera, mas não era completamente verídico se considerasse as impressões do primeiro dia de aula.
Ajeitei minha mochila nas costas e segui em direção a meus amigos que já me aguardavam, não deixando de observar pelo caminho o quão bonitos os rapazes daquela escola eram. Muitos pareciam mais velhos, porém eram todos da minha faixa etária.
Automaticamente me coloquei a imaginar uma cena romântica e idiota onde um daqueles garotos mais velhos me notasse passando e lançaria um sorriso, se aproximando com alguma cantada do tipo "Ei, você é nova? Nunca te vi aqui na escola antes". Então eu sorriria toda envergonhada em sua direção, o que apenas serviria de estímulo para que ele seguisse adiante.
Alguns meses depois, quando já estava na metade do ano escolar conheci Matt, um dos jogadores do time de futebol. Metido e irritante, ignorei ele e suas investidas por muito tempo até que, por incentivo de uma amiga e por vontade própria aceitei um de seus convites para sair.
O pai dele era alguém muito influente e consequentemente muito rico em Ohio, então ele tinha um conversível que usava para conquistar muitas meninas. Torci o nariz diante do veículo, mas saímos mesmo assim e para a minha surpresa até que foi divertido. Ao final da noite estávamos animados e realmente havia uma química no ar, então não foi surpresa quando ele se inclinou e me beijou ao fim do encontro.
Já se passava das dez horas da noite quando entrei em casa. A luz acesa denunciava que minha mãe ainda estava acordada – provavelmente me esperando voltar –, mas eu estava animada e boba demais para falar com ela, então apenas subi direto para o meu quarto. Tão logo entrei no quarto fechei a porta atrás de mim com o sorriso tatuado em meu rosto, uma demonstração de quão feliz estava.
Sentia minha cabeça girando, tão perdida, extasiada e ao mesmo tempo meio zonza com todos os acontecimentos. Sem me mover um centímetro sequer de onde estava, ergui o braço em direção à minha face e passei a ponta dos dedos pelos lábios, relembrando o toque suave dos de Matt sobre eles em uma carícia, um beijo calmo e ao mesmo tempo íntimo.
Meu primeiro beijo.
Algumas semanas depois ele me pedia em namoro e a vida era boa. Mas minha mente infantil e imatura achava que nos casaríamos. Tudo que ele – que os garotos, de forma geral – queriam era uma chance para nos levar para a cama, um convite para o sexo. Infelizmente fui esperta para perceber isso, mas Abigail não.
Ah, Abigail...
– Mas mudando de assunto... – Susan riu de lado, me olhando diretamente como se fosse capaz de ler meus pensamentos. – Foi na escola que conheceu Abigail?
– Sim – sorri de lado – Eu havia ficado isolada dos meus amigos e me senti extremamente solitária, mas aí tinha a Abigail. Ela sentava do meu lado e graças a Deus foi ela quem iniciou a conversa porque eu nunca fui muito sociável. – sorri de lado.
– Jura? Acho isso muito difícil, olha a conversa que nós estamos tendo – ela abriu os braços, como se indicasse todo aquele momento.
– Desenvolvi com o tempo. Sabe como é, né? Ossos do ofício.
– Entendo. – sorriu de lado. – Você e Abigail se falam ainda hoje?
– Claro! – sorri. – Eu amo muito ela e até tinha a convidado para vir, mas ela não pôde.
– Deve ter sido muito difícil para ela engravidar tão jovem. Você estava com ela? Como foi?
– Na época, ambas pensamos que seria o fim do mundo, mas eu nunca a abandonei e fiquei do seu lado mesmo assim já que o pai não quis arcar com as consequências. É engraçado como eles dizem nos amar até conseguir dormir com a gente e depois descobrem que não era realmente amor e caem fora. Foi realmente complicado no momento, mas como eu disse jamais iria deixá-la sozinha.
Ela havia se entregado para um babaca que a enganou apenas para uma noite de sexo. O problema foi que não se protegeram e por ainda ser virgem ela foi coagida a acreditar que não haveria problema em não usar proteção. Enorme problema. Três meses depois ela estava pelos corredores passando mal a todo o momento e vomitando nos banheiros. Não foi surpresa quando ela decidiu fazer exames de gravidez e todos eles deram positivo. Nós duas caímos em prantos, chorando, e eu decidi que não a deixaria passar por aquilo sozinha.
Não me arrependia daquela decisão e amava meu afilhado. Com certeza houve uma série de problemas e dificuldades que ela – em especial – enfrentara, mas nunca descumpriu o que prometera.
E nem iria. À nossa frente, perto do camera man, a funcionária que Paul contratara como minha assistente sinalizava indicando que não tínhamos mais tempo para a entrevista. Susan não deixou de notar e sorriu em minha direção.
– Parece que nosso tempo acabou. Agradecemos muito por ter aceitado o convite e ter vindo aqui divulgar sua autobiografia. Temos certeza que fará muito sucesso e já está mais do que convidada pra voltar aqui depois do lançamento.
– Eu que agradeço o convite. Ambos. – sorriu de lado. – Espero que meus fãs gostem do livro e descubram um pouco mais a respeito da jovem .
Eu realmente me orgulhava daquele projeto e, além do mais, era o mais autêntico deles. Foi o único que eu quis realizar verdadeiramente e me envolvi desde o início, não sendo imposto a mim por Paul como todos os outros. Também era uma forma de deixar seu legado, mostrar sua história para o mundo.
Era um projeto muito bom e ainda por cima rentável. Traria visibilidade a ela e lucros para ambos, e foi apenas por este motivo que Paul concordou com tudo, em sua participação.
Que Deus me perdoe, mas eu sou uma vendida. Odiava-se por ser daquela maneira, pela falta de coragem em tomar as rédeas de sua vida e seu maior sonho era que algum dia pudesse finalmente se impor sobre o que lhe impunham.
Levantou-se da cadeira em que estava sentada e apertou a mão de Susan como forma de agradecimento e despedida, logo tratando de sair do estúdio. A certa distância dali um modelo Mercedes-Benz classe CLK esperava para que fosse conduzida ao seu próximo compromisso. Toda vez era a mesma coisa: mandavam-na de um lugar a outro como se fosse uma boneca e cuja opinião não importava.
Já estava farta e algum dia seria finalmente livre.
É praticamente um costume entre os famosos escrever autobiografias logo que passam a ter qualquer mísero reconhecimento, porque logo depois lançam outra, com novos fatos. Digamos que esse mercado é similar a uma thread do Twitter que vai sendo alimentada com mais informações conforme o passar do tempo. Isso tudo é praticamente um rito de passagem desse mundo e, quer você queira ou não, se quiser ser ainda mais conhecido será obrigado a ter seu próprio livro.
E por que eu estou dizendo isso tudo? É bem simples, na verdade.
Sou uma desses artistas em ascensão e pode parecer um pouco egocêntrico, mas não sou eu que estou dizendo e sim os jornais, rádios, revistas, até mesmo meus pais. É claro que com o meu trabalho sendo reconhecido praticamente da noite para o dia, eu não estava preparada para a quantidade de eventos que seriam agendados. Para que não acabasse enlouquecendo, não me restou outra opção que não fosse contratar um empresário e, mesmo ele, também me coagiu a aceitar esse projeto.
Cercada por todos os lados, acabei aceitando a proposta de uma editora para a publicação e, passados seis meses, ele já estava sendo divulgado por todos os lugares.
Justamente por esse motivo estou aqui. Era a noite do lançamento oficial e eu participaria de uma entrevista com o objetivo de falar a respeito dele e, dessa forma, fazer sua promoção.
Chegara ao local faziam cerca de quarenta minutos, mas estava realizando uma espécie de meet & greet com os fãs, cuja relação eu valorizava mais do que qualquer coisa. Não era nenhuma surpresa, então a entrevistadora não me olhou com cara feia quando cheguei atrasada no local combinado do encontro.
– Me desculpa pelo atraso – sorri meio sem graça, cumprimentando-a.
– Sem problemas. Sei que estava com seus fãs. Eles são muito importantes para você, né?
– Claro. Afinal, é por causa deles que cheguei onde estou agora – sorri me sentando próxima a ela, em um banquinho que havia sido posto para mim.
– E é exatamente por causa deles que esta entrevista está finalmente acontecendo – a mulher sorria em minha direção, com as pernas cruzadas e uma série de fichas na mão. Com certeza estava cheia de perguntas para mim, mas já estava preparada para o que viesse. – Bem, podemos começar? – seu olhar me transmitia ondas de ansiedade que eu não queria sentir.
– Claro. Quando estiver pronta – sorri.
Quase que instantaneamente ela virou o rosto na direção da câmera e fez um sinal para que o camera man começasse a contagem. O homem por trás do aparato fez um sinal com os dedos indicando uma contagem silenciosa que se iniciou no cinco. Quando estava no três dei uma rápida ajeitada no visual, tentando colocar o cabelo e roupa em ordem para aparecer apresentável no vídeo.
– Olá, pessoal. Hoje estamos aqui com nossa convidada super especial que está promovendo sua autobiografia: uma salva de palmas para ! – sorriu, me indicando com suas mãos.
– Obrigada por me receberem – sorri de lado, olhando na direção da câmera e logo em seguida voltando a atenção para Susan. – É um sonho ser entrevistada por você.
– Ora, não seja boba! – ela pareceu ficar um pouco sem graça, se abanando com seus cartões de programa. – A verdade é que você era apenas uma garota de Ohio e veja só onde está agora. Tornou-se um fenômeno!
– Sabe o que dizem: nunca deixe de sonhar. – Sorri de lado, me lembrando dos conselhos que havia recebido do meu empresário, horas antes.
"Seja simpática e inspire outras pessoas com sua história".
Não que eu precisasse desses avisos porque jamais seria capaz de mentir, principalmente em rede nacional. Além do fato de que eu vivia para inspirar novas garotas que sonhavam com o mesmo futuro que tive e meu agente fazia questão de me lembrar disso todo momento.
– Esse é um bom conselho. – ela sorriu genuinamente para mim antes de prosseguir. – Devo dizer que seu livro por completo é incrível e totalmente inspirador, mas você deve concordar comigo que um capítulo em específico é mais cheio de significativo para você, não é mesmo? Acho que sabe de qual estou falando.
– Sim, eu sei de qual está falando, Susan. – Lancei um sorriso triste em sua direção. Era estranho me lembrar daquele período, mas faz parte da minha história e não poderia ficar de fora da autobiografia, além de ser necessário desabafar sobre tudo aquilo. - Fifteen é realmente um capítulo muito conturbado para mim, mas também é um dos meus favoritos. Deixou-me nostálgica enquanto o escrevia e novamente quando o li.
– E conte-nos um pouco mais sobre de 15 anos. Ela era boa aluna? O que gostava de fazer? Já era famosa na sua cidade?
– Me sinto em um interrogatório – ri de lado, em tom de brincadeira. Ou ao menos foi no que escolhi acreditar. – A verdade é que não existia quando eu tinha quinze anos. Eu era apenas uma garota normal no seu primeiro dia de aula do ensino médio, nada diferente. – sorri de lado e não pude impedir as lembranças de virem à tona.
Estava parada na frente da minha nova escola e olhava em volta, completamente admirada com aquele prédio enorme que eu frequentaria pelos próximos quatro anos da minha vida. Lembro-me de achar meio assustador o pensamento de que eu já estava no ensino médio e logo a pressão da faculdade e vestibulares iria bater à minha porta, mas prometi a mim mesma que nada disso me preocuparia, ao menos naquele ano.
O fato era que o primeiro dia de aula é sempre assustador e, por mais que tenhamos nos preparado e saibamos exatamente o que vai acontecer, o nervosismo é inevitável e naquela manhã não foi diferente.
– E no colégio? Você gostava mais de ser a garota nerd que tem seu próprio grupinho de amigos ou aquela popular que conhece todo mundo e já chega se enturmando? – ela me olhava, tirando-me de meus devaneios.
– Eu não acho que seja uma questão de gostos. Sabe o que quero dizer? Existe muito bullying e preconceito dentro das escolas, seja ele velado ou descarado, mas praticamente todo mundo prefere ignorar e continuar vivendo como se fosse um dia normal. Eu era apenas mais uma aluna e tirava boas notas, então fui tachada como nerd e como resultado fui quase que automaticamente excluída. Por sorte eu tinha meu grupo de amigos, mas havia muita gente passando por coisa pior e realmente mais pesada. Não foi como se nós escolhêssemos.
Não havia porque mentir e absolutamente nada do que eu disse era invenção da minha cabeça. As memórias continuavam dançando por minha mente como se fossem eventos recentes e não de anos atrás.
Avistei o meu grupinho de amigos ao longe e acenei com um sorriso para eles, que retribuíram e automaticamente fizeram um gesto como se me chamassem para me juntar a eles. Bem, era o primeiro dia e ainda não conhecia ninguém novo, então era bom estar perto de pessoas que conhecia, não ficando deslocada e principalmente excluída.
Voltei à realidade com a voz de Susan dizendo meu nome. Pisquei uma série de vezes imaginando se por acaso me achariam uma maluca em rede nacional. Esperava que não.
Ajeitei a postura no banco em que estava sentada e dei uma rápida alisada na roupa, tentando a todo custo sair do passado e me prender ao presente, que era o local onde deveria estar.
– Me desculpe. Pode repetir a pergunta, Susan? – sorri amável em sua direção porque a última coisa que eu ou Paul gostaríamos era que eu fosse associada à imagem de uma pessoa mal-educada.
– Parece mais distraída que o usual hoje, . Devo presumir que seja efeito de algum affair?
– Não! – dei uma risada, passando a mão levemente pelo cabelo. – São apenas as lembranças. Desculpe-me, mas todas essas recordações me deixam nostálgica.
– Não tem problema, querida. – ela sorriu de lado, se ajeitando na cadeira de modo que ficasse mais confortável. – Certo, então aproveitando que nós falamos sobre affair... Houve alguém especial durante a escola? Com quem manteve contato depois de tanto tempo?
– Ah... não – riu de lado. – Nunca esteve nos meus planos namorar durante o colégio então eu não reparava muitos nos meninos, mas eventualmente havia um ou outro bonitinho que chamava a atenção. – Eu conseguia sentir meu rosto enrubescendo, sinal claro de meu constrangimento. Havia um fundo de verdade no que dissera, mas não era completamente verídico se considerasse as impressões do primeiro dia de aula.
Ajeitei minha mochila nas costas e segui em direção a meus amigos que já me aguardavam, não deixando de observar pelo caminho o quão bonitos os rapazes daquela escola eram. Muitos pareciam mais velhos, porém eram todos da minha faixa etária.
Automaticamente me coloquei a imaginar uma cena romântica e idiota onde um daqueles garotos mais velhos me notasse passando e lançaria um sorriso, se aproximando com alguma cantada do tipo "Ei, você é nova? Nunca te vi aqui na escola antes". Então eu sorriria toda envergonhada em sua direção, o que apenas serviria de estímulo para que ele seguisse adiante.
Alguns meses depois, quando já estava na metade do ano escolar conheci Matt, um dos jogadores do time de futebol. Metido e irritante, ignorei ele e suas investidas por muito tempo até que, por incentivo de uma amiga e por vontade própria aceitei um de seus convites para sair.
O pai dele era alguém muito influente e consequentemente muito rico em Ohio, então ele tinha um conversível que usava para conquistar muitas meninas. Torci o nariz diante do veículo, mas saímos mesmo assim e para a minha surpresa até que foi divertido. Ao final da noite estávamos animados e realmente havia uma química no ar, então não foi surpresa quando ele se inclinou e me beijou ao fim do encontro.
Já se passava das dez horas da noite quando entrei em casa. A luz acesa denunciava que minha mãe ainda estava acordada – provavelmente me esperando voltar –, mas eu estava animada e boba demais para falar com ela, então apenas subi direto para o meu quarto. Tão logo entrei no quarto fechei a porta atrás de mim com o sorriso tatuado em meu rosto, uma demonstração de quão feliz estava.
Sentia minha cabeça girando, tão perdida, extasiada e ao mesmo tempo meio zonza com todos os acontecimentos. Sem me mover um centímetro sequer de onde estava, ergui o braço em direção à minha face e passei a ponta dos dedos pelos lábios, relembrando o toque suave dos de Matt sobre eles em uma carícia, um beijo calmo e ao mesmo tempo íntimo.
Meu primeiro beijo.
Algumas semanas depois ele me pedia em namoro e a vida era boa. Mas minha mente infantil e imatura achava que nos casaríamos. Tudo que ele – que os garotos, de forma geral – queriam era uma chance para nos levar para a cama, um convite para o sexo. Infelizmente fui esperta para perceber isso, mas Abigail não.
Ah, Abigail...
– Mas mudando de assunto... – Susan riu de lado, me olhando diretamente como se fosse capaz de ler meus pensamentos. – Foi na escola que conheceu Abigail?
– Sim – sorri de lado – Eu havia ficado isolada dos meus amigos e me senti extremamente solitária, mas aí tinha a Abigail. Ela sentava do meu lado e graças a Deus foi ela quem iniciou a conversa porque eu nunca fui muito sociável. – sorri de lado.
– Jura? Acho isso muito difícil, olha a conversa que nós estamos tendo – ela abriu os braços, como se indicasse todo aquele momento.
– Desenvolvi com o tempo. Sabe como é, né? Ossos do ofício.
– Entendo. – sorriu de lado. – Você e Abigail se falam ainda hoje?
– Claro! – sorri. – Eu amo muito ela e até tinha a convidado para vir, mas ela não pôde.
– Deve ter sido muito difícil para ela engravidar tão jovem. Você estava com ela? Como foi?
– Na época, ambas pensamos que seria o fim do mundo, mas eu nunca a abandonei e fiquei do seu lado mesmo assim já que o pai não quis arcar com as consequências. É engraçado como eles dizem nos amar até conseguir dormir com a gente e depois descobrem que não era realmente amor e caem fora. Foi realmente complicado no momento, mas como eu disse jamais iria deixá-la sozinha.
Ela havia se entregado para um babaca que a enganou apenas para uma noite de sexo. O problema foi que não se protegeram e por ainda ser virgem ela foi coagida a acreditar que não haveria problema em não usar proteção. Enorme problema. Três meses depois ela estava pelos corredores passando mal a todo o momento e vomitando nos banheiros. Não foi surpresa quando ela decidiu fazer exames de gravidez e todos eles deram positivo. Nós duas caímos em prantos, chorando, e eu decidi que não a deixaria passar por aquilo sozinha.
Não me arrependia daquela decisão e amava meu afilhado. Com certeza houve uma série de problemas e dificuldades que ela – em especial – enfrentara, mas nunca descumpriu o que prometera.
E nem iria. À nossa frente, perto do camera man, a funcionária que Paul contratara como minha assistente sinalizava indicando que não tínhamos mais tempo para a entrevista. Susan não deixou de notar e sorriu em minha direção.
– Parece que nosso tempo acabou. Agradecemos muito por ter aceitado o convite e ter vindo aqui divulgar sua autobiografia. Temos certeza que fará muito sucesso e já está mais do que convidada pra voltar aqui depois do lançamento.
– Eu que agradeço o convite. Ambos. – sorriu de lado. – Espero que meus fãs gostem do livro e descubram um pouco mais a respeito da jovem .
Eu realmente me orgulhava daquele projeto e, além do mais, era o mais autêntico deles. Foi o único que eu quis realizar verdadeiramente e me envolvi desde o início, não sendo imposto a mim por Paul como todos os outros. Também era uma forma de deixar seu legado, mostrar sua história para o mundo.
Era um projeto muito bom e ainda por cima rentável. Traria visibilidade a ela e lucros para ambos, e foi apenas por este motivo que Paul concordou com tudo, em sua participação.
Que Deus me perdoe, mas eu sou uma vendida. Odiava-se por ser daquela maneira, pela falta de coragem em tomar as rédeas de sua vida e seu maior sonho era que algum dia pudesse finalmente se impor sobre o que lhe impunham.
Levantou-se da cadeira em que estava sentada e apertou a mão de Susan como forma de agradecimento e despedida, logo tratando de sair do estúdio. A certa distância dali um modelo Mercedes-Benz classe CLK esperava para que fosse conduzida ao seu próximo compromisso. Toda vez era a mesma coisa: mandavam-na de um lugar a outro como se fosse uma boneca e cuja opinião não importava.
Já estava farta e algum dia seria finalmente livre.
Epílogo
Los Angeles, 2020.
"Quatro anos se passaram desde que eu decidi largar tudo.
Acabei com o meu falso relacionamento, o que na verdade não foi nenhum problema porque morávamos juntos mas não dormíamos na mesma cama e ele sequer sabia qual minha cor, banda ou música favorita. Era isso que eu deveria esperar de um parceiro? Eu imaginava que não, e esse foi um dos motivos que levou ao fim de tudo.
Depois disso, de enfrentar Paul pela primeira vez sem sentir medo dele ou do que poderia fazer, tudo se tornou mais fácil.
Passei a apontar o que queria realmente fazer, decidindo meus trabalhos e até me dando alguns dias de folga porque sabia que merecia. Óbvio que isso não foi bem aceito e nem bem visto por meu empresário. Logicamente não demorou muito até que eu encerrasse o contrato, mas fui esperta o bastante para esperar que ele terminasse caso contráro teria que pagar uma série de multas e tudo que não queria era dar mais dinheiro àquele aproveitador.
Ele não foi de todo mal comigo. No começo foi tudo perfeito, eu era a jovem aspirante a carreira artística e tinha talento. Isso era inegável. Ele me ajudou a conseguir o que queria e, por este motivo, serei eternamente grata à ele.
O fato inegável era que aos poucos passei a ser manipulada por ele, encantada com meu nome brilhando pelas telas e palcos ao redor do mundo e essa foi minha ruína. Me cegaram com a doce canção de que eu era a sortuda, quando não passava de mais uma.
Qual o preço da fama? Até que ponto vale a pena para consegui-la?
Em certo momento da minha vida percebi que Rose Garden parecia muito melhor e mais tentador do que o Madison Square.
E assim eu termino esse livro, a minha história. Espero ter ajudado ao menos uma pessoa, porque sei que Paul vai encontrar novas estrelas em potencial e usá-las com a mesma promessa que me lançou: você é a nova sortuda."
"Quatro anos se passaram desde que eu decidi largar tudo.
Acabei com o meu falso relacionamento, o que na verdade não foi nenhum problema porque morávamos juntos mas não dormíamos na mesma cama e ele sequer sabia qual minha cor, banda ou música favorita. Era isso que eu deveria esperar de um parceiro? Eu imaginava que não, e esse foi um dos motivos que levou ao fim de tudo.
Depois disso, de enfrentar Paul pela primeira vez sem sentir medo dele ou do que poderia fazer, tudo se tornou mais fácil.
Passei a apontar o que queria realmente fazer, decidindo meus trabalhos e até me dando alguns dias de folga porque sabia que merecia. Óbvio que isso não foi bem aceito e nem bem visto por meu empresário. Logicamente não demorou muito até que eu encerrasse o contrato, mas fui esperta o bastante para esperar que ele terminasse caso contráro teria que pagar uma série de multas e tudo que não queria era dar mais dinheiro àquele aproveitador.
Ele não foi de todo mal comigo. No começo foi tudo perfeito, eu era a jovem aspirante a carreira artística e tinha talento. Isso era inegável. Ele me ajudou a conseguir o que queria e, por este motivo, serei eternamente grata à ele.
O fato inegável era que aos poucos passei a ser manipulada por ele, encantada com meu nome brilhando pelas telas e palcos ao redor do mundo e essa foi minha ruína. Me cegaram com a doce canção de que eu era a sortuda, quando não passava de mais uma.
Qual o preço da fama? Até que ponto vale a pena para consegui-la?
Em certo momento da minha vida percebi que Rose Garden parecia muito melhor e mais tentador do que o Madison Square.
E assim eu termino esse livro, a minha história. Espero ter ajudado ao menos uma pessoa, porque sei que Paul vai encontrar novas estrelas em potencial e usá-las com a mesma promessa que me lançou: você é a nova sortuda."
– Trecho retirado da autobiografia de , intitulada "A sortuda da vez".
FIM!
Nota da autora: Oi, gente! Tudo bem? Muito obrigada para você que chegou até aqui! Fico muito grata, de verdade.
Quando vi a letra dessa música eu automaticamente tive a louca ideia de ligar ela com "Fifteen" (também música da Taylor) e criar algo totalmente diferente. Se você esperava algum romance ou algo do tipo, sinto muito decepcioná-la. A verdade é que desde a primeira vez que eu vi essa música eu tive um sentimento muito profundo sobre ela. Eu sinto que a Taylor estava desabafando sobre algo que é muito real no mundo das artes e que muita gente não vê e não fala sofre.
A personagem desta história passou por muita coisa, foi manipulada e até mesmo sofreu assédio psicológico, que é uma coisa SUPER comum e muita gente não percebe que está passando por isso. Se você se identificou com algo que foi imposto à ela, por favor procure ajuda psicológica e tente se livrar dessas pessoas o quanto antes.
No mais era isso, meus amores. Espero que tenham gostado da história que eu trouxe para esse especial e que deixem um comentário para eu saber o que acharam. Amo vocês! ❤
Outras Fanfics:
Em Andamento
Between Magic and Secrets [Originais]
Correr e Poder [Restritas - Originais]
Duplo Acordo [Restritas - Originais]
She Better Run [Restritas - Originais]
Nothing Left To Say [Originais]
Beverly Wilshire [Cantores - Louis Tomlinson]
Ficstapes
09. Sad [Ficstape #176: Maroon 5 - Overexposed]
07. Tears Won't Cry (ShinjŪ) [Ficstape #180: The Maine - Are You Ok]
13. Live To Party [Ficstapes Perdidos #1: Jonas Brothers - A Little Bit Longer]
02. Diamonds [Ficstapes Perdidos #2: Rihanna - Unapologetic]
Finalizadas
Série: Um Amor Impossível
Um Amor Impossível (Parte 1) | Depois Daquele Beijo (Parte 2 - Restrita)
Série: Amor ao acaso
05. Buttons (Parte 1) | 13. Hold It Against Me (Parte 2) | 09. Lights On (Parte 3 - Restrita)
Quando vi a letra dessa música eu automaticamente tive a louca ideia de ligar ela com "Fifteen" (também música da Taylor) e criar algo totalmente diferente. Se você esperava algum romance ou algo do tipo, sinto muito decepcioná-la. A verdade é que desde a primeira vez que eu vi essa música eu tive um sentimento muito profundo sobre ela. Eu sinto que a Taylor estava desabafando sobre algo que é muito real no mundo das artes e que muita gente não vê e não fala sofre.
A personagem desta história passou por muita coisa, foi manipulada e até mesmo sofreu assédio psicológico, que é uma coisa SUPER comum e muita gente não percebe que está passando por isso. Se você se identificou com algo que foi imposto à ela, por favor procure ajuda psicológica e tente se livrar dessas pessoas o quanto antes.
No mais era isso, meus amores. Espero que tenham gostado da história que eu trouxe para esse especial e que deixem um comentário para eu saber o que acharam. Amo vocês! ❤
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