1
Quando sua mãe é completamente louca, seu pai é um idiota e os dois são agentes secretos no melhor estilo 007, fica fácil esquecer quem você é; quando você tem mais quatro irmãos pra cuidar, a vida te lembra.
Sair em missões que duram dias e mandar para casa uma babá qualquer e aleatória sempre foi algo do feitio dos meus pais. Eu costumava a pensar que eram heróis e que o trabalho deles exigia mais do que isso; mais do que cuidar dos filhos e estar presente nas reuniões escolares e festinhas dos pais. Quando fiquei mais velha e não vi as coisas mudarem, percebi que eles simplesmente não se importavam.
Nós éramos em cinco irmãos. Eu, a mais velha, prestes a terminar o colégio, se não fosse pelos meus dois anos de atraso. Quer dizer, é difícil passar de ano quando está ocupada cuidando da sua irmãzinha mais nova, que acabou de nascer enquanto seus pais estão em algum lugar no Atlântico matando bandidos e a babá é uma idiota. E eu sempre tive um problema com preocupação. De acordo com meu irmão Elliot, eu me preocupo demais. Ele vem depois de mim, com 17 anos. Estamos na mesma turma, mas não na mesma sala. A diretora se recusou a nos deixar juntos, porque acha que eu sou capaz de influenciar o comportamento perfeito do meu irmão. Ele é capitão do time de luta e é todo nervosinho, mas é um bom aluno, enquanto eu apenas tento ir às aulas. Como eu já disse, é bem difícil se preocupar com escola quando tem coisas mais importantes por aí — principalmente festas das minhas amigas que já são universitárias. E vamos reforçar que não há nenhum responsável por perto, 75% do tempo.
Lacey é a do meio, com 10 anos. É bem constrangedor, porque eu vou ter que explicar pra ela o que é menstruação quando Lacey acordar uma manhã com a cama toda manchada de sangue. Isso não era tarefa minha, mas meus pais — provavelmente — vão estar em Cuba, resolvendo alguma coisa com traficantes asiáticos, o que é tão típico deles! Mas, voltando para Lacey, ela é do tipo de garota que dá pra aguentar. É simplesmente na dela, não reclama da minha comida feita às pressas quando eu chego cansada do meu trabalho de meio período e só quero dormir. Bem diferente de Elliot que reclama 90% do tempo.
Chuck é o quarto irmão e tem 7 anos. Acabou de sair da fase do “porque”, quando toda criança é extremamente irritante e continua fazendo perguntas até chegar na “quem criou o mundo” e você mandar o coitado pro inferno. Ele é mais parecido com Elliot, que vive ensinando o que não deve pra Chuck. Eu sinceramente espero estar bem longe de casa quando esse moleque estiver com seus 15 anos. Eu falo como se conseguisse deixar qualquer um dos meus irmãos sozinhos algum dia. Há. Essa é uma promessa que eu faço e quebro pelo menos 57% do tempo.
E, por último, tem David. Ele tem dois anos e aprendeu a falar agora. Demorou em relação a todos nós, que aprendemos a falar primeiro do que a andar — e isso explica a falação que é nessa casa 78% do tempo. David ainda não consegue lidar muito bem com o fato de que nossos pais não são tão presentes quanto deveriam ser, então acaba me chamando de mãe e chamando Elliot de pai várias vezes. Quando nossos pais realmente chegam em casa, ele demora a aceitar que a mãe é realmente nossa mãe e a mesma coisa com o pai. Ele não está acostumado com o rosto deles, mesmo eu e Elliot tentando mostrar fotos e falar sobre eles mais de 84% do tempo.
Acho que foi por isso que David foi o único que não chorou quando nos contaram que papai não iria mais voltar.
Há um mês ele morreu em uma missão na Itália e mamãe resolveu tirar férias. Na verdade, ela disse que estava de férias, mas eu não acreditei que fora escolha dela. Provavelmente, os superiores dela tinham insistido — muito — para ela dar uma pausa. Porque minha mãe era esse tipo de pessoa que trabalha até morrer. De um jeito nada cômico, meu pai também.
E isso resume praticamente 97% da minha vida. Os outros 3% eu prefiro deixar de fora, porque não é uma parte que eu goste de mostrar.
Praticamente, tudo que eu faço é assim: divido o tempo em porcentagem e tento igualar tudo. Talvez eu seja um pouco sistemática, mas isso não importa de verdade, porque está aqui para acabar com todo o sistema. E eu não podia odiá-lo mais.
É claro que as férias da minha mãe não iriam durar muito e ela logo teria que dar uma de agente secreto outra vez e correr para salvar o mundo, dessa vez no Japão. A surpresa não foi ela sair e sim quem ela deixou.
tinha tudo para ser meu pesadelo mais constante. Sabe quando você dorme e sonha com algo horrível que te assusta porque você sabe que vai acabar sonhando com aquilo outra vez, por mais que não queira? É um ótimo resumo para defini-lo. Ele também é um agente, como a minha mãe, só que bem mais novo. Enquanto minha mãe está na casa dos 40, ele deve estar fazendo a transição para a dos 30. Seu corpo era completamente coberto de músculos perfeitamente distribuídos em um corpo alto que carregava o que parecia ser o homem mais gostoso do universo. Seus olhos tinham um brilho intenso e malicioso que não alcançava seus lábios cheios e tentadoramente vermelhos. Seus cabelos me faziam querer enfiar meus dedos ali enquanto eu o puxo para mais perto. Também tinha a barba por fazer que era extremamente sexy e madura. Deus.
Não podia ser pior.
Minha mãe achou que seria uma boa ideia mandar um agente extremamente gostoso para cuidar dos cinco filhos que ela não cuidava. Durante a tal missão que ela faria, seria nosso responsável.
A grande desculpa foi que nós não podíamos ficar sozinhos e desprotegidos logo depois de papai ter sido assassinado durante uma missão. Era perigoso e mamãe disse que nos manteria seguros enquanto ela estava fora. A pergunta que eu estava fazendo quando mamãe saiu era por que ela não podia nos manter seguros e não ir embora?
— Você pelo menos sabe nossos nomes? — Elliot perguntou. Ele estava tão puto quanto eu, mas a diferença era que eu não conseguia falar de tanta raiva.
— Mas é claro que sei. — respondeu na mesma hora. Você deve imaginar que um sorriso apareceu em seu rosto nessa hora, mas não. Ele permaneceu sério como estava desde que mamãe o apresentou — David, Chuck, Lacey, Elliot e...
apontou para cada um de nós, começando por David que estava no meu colo. Quando teve que voltar para mim, sua boca congelou e sua voz não saiu mais. Ignorei isso e considerei um mau sinal. Ele não se lembrava nem do meu nome.
— . — informei, com a voz mais seca possível — Meu nome é . E parece que já começou mal sua missão, agente. Não lembra nem o nome de todos.
Sem dizer mais nada, dei as costas para ele e me virei para subir as escadas e colocar David para dormir um pouco de tarde, como todos os bebês fazem.
Para minha surpresa, a mão enorme e forte de me impediu.
Quando sua mão tocou meu ombro, um tipo de calor desconhecido se espalhou por todo meu corpo e me fez parar. E eu me deixei sentir o que quer que fosse aquilo. Deixei aquela sensação se espalhar pelo meu corpo e me confortar por apenas alguns segundos, antes que eu me odiasse por isso. E o pior era que eu podia sentir aquilo mesmo com todas as camadas de tecido que separavam a minha pele da dele — eu estava com uma regata e um casaco enquanto ele estava com uma luva de couro que não cobria os dedos. E então a racional voltou ao comando. E ela estava furiosa.
— Onde pensa que vai? — ele perguntou, com um tom de zombaria na voz, como se achasse muito engraçado eu estar saindo sem sua permissão — Eu não terminei de falar, garota.
— Em primeiro lugar, eu já te disse que meu nome é . E depois... — tirei sua mão de meu ombro com um movimento rápido que acompanhou com os olhos — Eu não me importo com o que você tem para falar. Você é só a nossa nova babá. Nada vai mudar por aqui.
— Pelo contrário, garota. As coisas vão mudar.
Elliot estava praticamente em chamas de tanta raiva do outro lado da sala. Eu estava só esperando até que ele viesse até e desse um belo soco nele. Eu não iria impedir Elliot de destruir esse rostinho bonito e metido de . Com certeza não.
— A partir de agora, essa casa terá ordem. — continuou falando, dessa vez mais alto, virando-se para meus outros irmãos. Percebi que Lacey tremia um pouco e o meu ódio por aumentou em 100%; e eu nunca uso 100%.
— Nós temos nossa própria ordem. — Elliot retrucou — Tenho certeza de que você consegue se encaixar nela.
— Por favor, só fale quando alguém pedir para que o faça.
Ele não tinha dito isso. Deus, alguém me segura ou eu vou arrebentar esse homem! era gostoso e tinha todo esse ar de cafajeste que acabava atraindo as mulheres, mas se ele não calasse a boca, não iria atrair mais nada depois de eu e Elliot acabarmos com ele.
— O pai de vocês não morreu à toa. Morreu em uma missão. Estou aqui para proteger vocês enquanto sua mãe vai investigar a morte. Até lá, minha função é manter vocês seguros. E isso vai exigir nova ordem.
pegou sua mochila que tinha deixado no sofá. Era estranhamente pequena para alguém que ia passar tempo indeterminado em uma casa, mas eu não iria questionar. Tirou de lá uma pequena caixa preta que revelou colares prateados com um pingente quadrado, como uma pequena lâmina de metal.
— Isso são identificadores e vocês vão usá-los todos os dias, em todos os momentos. Até para dormir e tomar banho. Só vão tirar quando eu for embora.
— Que patético. — interrompi — Não consegue lembrar nossos nomes e vai nos obrigar a usar identificadores para isso? Quer que eu coloque algum crachá também?
— Isso também serve de rastreador. — me ignorou — Vou saber onde vocês estão a cada segundo do dia. Se precisarem de ajuda, é só apertar um botão na parte de trás do cordão.
Ele entregou um para cada e me entregou dois, um para por em David e outro para mim. Nossos nomes estavam gravados ali.
— Por que tem nossos nomes? — perguntou Lacey. Ela estava tremendo, mas era tão curiosa quanto eu, senão mais.
— E a nossa idade? — Elliot completou. Foi aí que notei o grande 19 na frente do meu nome e o 2 no de David.
— Esperam mesmo que eu decore o nome de todo mundo? Sou bom com números e não com pessoas. Um de 2 anos, outro de 7, de 10, 17 e 19. Os dois menores, a do meio e os dois mais velhos. É muito mais fácil de saber quem é quem.
Eu estava chocada. nem se daria ao trabalho de tentar saber quem era quem. Ele havia decorado de modo chulo para nos entregar os colares e foda-se.
Filho da puta. Eu já o odiava. Muito.
— Se é tão bom com números, vá ser contador e não babá.
olhou diretamente para mim, com seus olhos penetrantes que me faziam sentir como se eu estivesse nua. Ele não olhava para você; ele te via totalmente. Os olhos azuis também não ajudavam em nada.
— Não pense que isso é agradável para mim, garota. Vocês podem facilitar e vou fazer do jeito mais fácil. Ou então vocês dificultam e eu também. Espero que tenham entendido isso. As coisas não vão ser simples daqui pra frente. Dispensados.
Dispensados! Esse idiota acha que estamos no exército!
Bufando sonoramente, levei David para seu quarto e o fiz dormir. Os olhos azuis de e seu jeito que me dava raiva não deixaram minha cabeça por um só minuto.
Sair em missões que duram dias e mandar para casa uma babá qualquer e aleatória sempre foi algo do feitio dos meus pais. Eu costumava a pensar que eram heróis e que o trabalho deles exigia mais do que isso; mais do que cuidar dos filhos e estar presente nas reuniões escolares e festinhas dos pais. Quando fiquei mais velha e não vi as coisas mudarem, percebi que eles simplesmente não se importavam.
Nós éramos em cinco irmãos. Eu, a mais velha, prestes a terminar o colégio, se não fosse pelos meus dois anos de atraso. Quer dizer, é difícil passar de ano quando está ocupada cuidando da sua irmãzinha mais nova, que acabou de nascer enquanto seus pais estão em algum lugar no Atlântico matando bandidos e a babá é uma idiota. E eu sempre tive um problema com preocupação. De acordo com meu irmão Elliot, eu me preocupo demais. Ele vem depois de mim, com 17 anos. Estamos na mesma turma, mas não na mesma sala. A diretora se recusou a nos deixar juntos, porque acha que eu sou capaz de influenciar o comportamento perfeito do meu irmão. Ele é capitão do time de luta e é todo nervosinho, mas é um bom aluno, enquanto eu apenas tento ir às aulas. Como eu já disse, é bem difícil se preocupar com escola quando tem coisas mais importantes por aí — principalmente festas das minhas amigas que já são universitárias. E vamos reforçar que não há nenhum responsável por perto, 75% do tempo.
Lacey é a do meio, com 10 anos. É bem constrangedor, porque eu vou ter que explicar pra ela o que é menstruação quando Lacey acordar uma manhã com a cama toda manchada de sangue. Isso não era tarefa minha, mas meus pais — provavelmente — vão estar em Cuba, resolvendo alguma coisa com traficantes asiáticos, o que é tão típico deles! Mas, voltando para Lacey, ela é do tipo de garota que dá pra aguentar. É simplesmente na dela, não reclama da minha comida feita às pressas quando eu chego cansada do meu trabalho de meio período e só quero dormir. Bem diferente de Elliot que reclama 90% do tempo.
Chuck é o quarto irmão e tem 7 anos. Acabou de sair da fase do “porque”, quando toda criança é extremamente irritante e continua fazendo perguntas até chegar na “quem criou o mundo” e você mandar o coitado pro inferno. Ele é mais parecido com Elliot, que vive ensinando o que não deve pra Chuck. Eu sinceramente espero estar bem longe de casa quando esse moleque estiver com seus 15 anos. Eu falo como se conseguisse deixar qualquer um dos meus irmãos sozinhos algum dia. Há. Essa é uma promessa que eu faço e quebro pelo menos 57% do tempo.
E, por último, tem David. Ele tem dois anos e aprendeu a falar agora. Demorou em relação a todos nós, que aprendemos a falar primeiro do que a andar — e isso explica a falação que é nessa casa 78% do tempo. David ainda não consegue lidar muito bem com o fato de que nossos pais não são tão presentes quanto deveriam ser, então acaba me chamando de mãe e chamando Elliot de pai várias vezes. Quando nossos pais realmente chegam em casa, ele demora a aceitar que a mãe é realmente nossa mãe e a mesma coisa com o pai. Ele não está acostumado com o rosto deles, mesmo eu e Elliot tentando mostrar fotos e falar sobre eles mais de 84% do tempo.
Acho que foi por isso que David foi o único que não chorou quando nos contaram que papai não iria mais voltar.
Há um mês ele morreu em uma missão na Itália e mamãe resolveu tirar férias. Na verdade, ela disse que estava de férias, mas eu não acreditei que fora escolha dela. Provavelmente, os superiores dela tinham insistido — muito — para ela dar uma pausa. Porque minha mãe era esse tipo de pessoa que trabalha até morrer. De um jeito nada cômico, meu pai também.
E isso resume praticamente 97% da minha vida. Os outros 3% eu prefiro deixar de fora, porque não é uma parte que eu goste de mostrar.
Praticamente, tudo que eu faço é assim: divido o tempo em porcentagem e tento igualar tudo. Talvez eu seja um pouco sistemática, mas isso não importa de verdade, porque está aqui para acabar com todo o sistema. E eu não podia odiá-lo mais.
É claro que as férias da minha mãe não iriam durar muito e ela logo teria que dar uma de agente secreto outra vez e correr para salvar o mundo, dessa vez no Japão. A surpresa não foi ela sair e sim quem ela deixou.
tinha tudo para ser meu pesadelo mais constante. Sabe quando você dorme e sonha com algo horrível que te assusta porque você sabe que vai acabar sonhando com aquilo outra vez, por mais que não queira? É um ótimo resumo para defini-lo. Ele também é um agente, como a minha mãe, só que bem mais novo. Enquanto minha mãe está na casa dos 40, ele deve estar fazendo a transição para a dos 30. Seu corpo era completamente coberto de músculos perfeitamente distribuídos em um corpo alto que carregava o que parecia ser o homem mais gostoso do universo. Seus olhos tinham um brilho intenso e malicioso que não alcançava seus lábios cheios e tentadoramente vermelhos. Seus cabelos me faziam querer enfiar meus dedos ali enquanto eu o puxo para mais perto. Também tinha a barba por fazer que era extremamente sexy e madura. Deus.
Não podia ser pior.
Minha mãe achou que seria uma boa ideia mandar um agente extremamente gostoso para cuidar dos cinco filhos que ela não cuidava. Durante a tal missão que ela faria, seria nosso responsável.
A grande desculpa foi que nós não podíamos ficar sozinhos e desprotegidos logo depois de papai ter sido assassinado durante uma missão. Era perigoso e mamãe disse que nos manteria seguros enquanto ela estava fora. A pergunta que eu estava fazendo quando mamãe saiu era por que ela não podia nos manter seguros e não ir embora?
— Você pelo menos sabe nossos nomes? — Elliot perguntou. Ele estava tão puto quanto eu, mas a diferença era que eu não conseguia falar de tanta raiva.
— Mas é claro que sei. — respondeu na mesma hora. Você deve imaginar que um sorriso apareceu em seu rosto nessa hora, mas não. Ele permaneceu sério como estava desde que mamãe o apresentou — David, Chuck, Lacey, Elliot e...
apontou para cada um de nós, começando por David que estava no meu colo. Quando teve que voltar para mim, sua boca congelou e sua voz não saiu mais. Ignorei isso e considerei um mau sinal. Ele não se lembrava nem do meu nome.
— . — informei, com a voz mais seca possível — Meu nome é . E parece que já começou mal sua missão, agente. Não lembra nem o nome de todos.
Sem dizer mais nada, dei as costas para ele e me virei para subir as escadas e colocar David para dormir um pouco de tarde, como todos os bebês fazem.
Para minha surpresa, a mão enorme e forte de me impediu.
Quando sua mão tocou meu ombro, um tipo de calor desconhecido se espalhou por todo meu corpo e me fez parar. E eu me deixei sentir o que quer que fosse aquilo. Deixei aquela sensação se espalhar pelo meu corpo e me confortar por apenas alguns segundos, antes que eu me odiasse por isso. E o pior era que eu podia sentir aquilo mesmo com todas as camadas de tecido que separavam a minha pele da dele — eu estava com uma regata e um casaco enquanto ele estava com uma luva de couro que não cobria os dedos. E então a racional voltou ao comando. E ela estava furiosa.
— Onde pensa que vai? — ele perguntou, com um tom de zombaria na voz, como se achasse muito engraçado eu estar saindo sem sua permissão — Eu não terminei de falar, garota.
— Em primeiro lugar, eu já te disse que meu nome é . E depois... — tirei sua mão de meu ombro com um movimento rápido que acompanhou com os olhos — Eu não me importo com o que você tem para falar. Você é só a nossa nova babá. Nada vai mudar por aqui.
— Pelo contrário, garota. As coisas vão mudar.
Elliot estava praticamente em chamas de tanta raiva do outro lado da sala. Eu estava só esperando até que ele viesse até e desse um belo soco nele. Eu não iria impedir Elliot de destruir esse rostinho bonito e metido de . Com certeza não.
— A partir de agora, essa casa terá ordem. — continuou falando, dessa vez mais alto, virando-se para meus outros irmãos. Percebi que Lacey tremia um pouco e o meu ódio por aumentou em 100%; e eu nunca uso 100%.
— Nós temos nossa própria ordem. — Elliot retrucou — Tenho certeza de que você consegue se encaixar nela.
— Por favor, só fale quando alguém pedir para que o faça.
Ele não tinha dito isso. Deus, alguém me segura ou eu vou arrebentar esse homem! era gostoso e tinha todo esse ar de cafajeste que acabava atraindo as mulheres, mas se ele não calasse a boca, não iria atrair mais nada depois de eu e Elliot acabarmos com ele.
— O pai de vocês não morreu à toa. Morreu em uma missão. Estou aqui para proteger vocês enquanto sua mãe vai investigar a morte. Até lá, minha função é manter vocês seguros. E isso vai exigir nova ordem.
pegou sua mochila que tinha deixado no sofá. Era estranhamente pequena para alguém que ia passar tempo indeterminado em uma casa, mas eu não iria questionar. Tirou de lá uma pequena caixa preta que revelou colares prateados com um pingente quadrado, como uma pequena lâmina de metal.
— Isso são identificadores e vocês vão usá-los todos os dias, em todos os momentos. Até para dormir e tomar banho. Só vão tirar quando eu for embora.
— Que patético. — interrompi — Não consegue lembrar nossos nomes e vai nos obrigar a usar identificadores para isso? Quer que eu coloque algum crachá também?
— Isso também serve de rastreador. — me ignorou — Vou saber onde vocês estão a cada segundo do dia. Se precisarem de ajuda, é só apertar um botão na parte de trás do cordão.
Ele entregou um para cada e me entregou dois, um para por em David e outro para mim. Nossos nomes estavam gravados ali.
— Por que tem nossos nomes? — perguntou Lacey. Ela estava tremendo, mas era tão curiosa quanto eu, senão mais.
— E a nossa idade? — Elliot completou. Foi aí que notei o grande 19 na frente do meu nome e o 2 no de David.
— Esperam mesmo que eu decore o nome de todo mundo? Sou bom com números e não com pessoas. Um de 2 anos, outro de 7, de 10, 17 e 19. Os dois menores, a do meio e os dois mais velhos. É muito mais fácil de saber quem é quem.
Eu estava chocada. nem se daria ao trabalho de tentar saber quem era quem. Ele havia decorado de modo chulo para nos entregar os colares e foda-se.
Filho da puta. Eu já o odiava. Muito.
— Se é tão bom com números, vá ser contador e não babá.
olhou diretamente para mim, com seus olhos penetrantes que me faziam sentir como se eu estivesse nua. Ele não olhava para você; ele te via totalmente. Os olhos azuis também não ajudavam em nada.
— Não pense que isso é agradável para mim, garota. Vocês podem facilitar e vou fazer do jeito mais fácil. Ou então vocês dificultam e eu também. Espero que tenham entendido isso. As coisas não vão ser simples daqui pra frente. Dispensados.
Dispensados! Esse idiota acha que estamos no exército!
Bufando sonoramente, levei David para seu quarto e o fiz dormir. Os olhos azuis de e seu jeito que me dava raiva não deixaram minha cabeça por um só minuto.
2
chegou no domingo, depois do almoço. O resto do dia, ele não se pronunciou, apenas continuou em silêncio, observando tudo que fazíamos. Em partes, achei aquilo maravilhoso, porque imaginei que ele agiria como um idiota o tempo inteiro. Entre seu jeito mandão e o silêncio, não era difícil fazer uma escolha. Eu e Elliot fizemos comida para as crianças, colocamos todas para dormir, como sempre fazíamos.
O problema foi na segunda-feira, de manhã. Nós tínhamos aula às 8h. soou um apito em nossas cabeças exatamente às 6h.
— Mas que porra é essa?! — gritei, jogando uma almofada em sua cara.
Como o esperado, o filho da puta desviou perfeitamente.
— O sol já está brilhando e você está dormindo. Isso está errado.
— Eu quero mais é que você e o sol se fodam! — gritei ainda mais alto, puxando as cobertas para cobrir meu rosto e, milagrosamente, fazer desaparecer.
Isso não aconteceu.
— Seu vocabulário é desrespeitoso também. Isso é algo que precisamos mudar.
Eu estava prestes a mandar um dedo do meio para ele, demonstrando todo meu respeito, quando senti que puxou minhas cobertas. Simplesmente puxou.
Soltei um grito de indignação, principalmente ao tomar consciência das roupas que eu usava. Quer dizer, eu estava dormindo, na minha casa, totalmente confortável, não tinha a menor obrigação de me vestir direito.
— Ai, meu Deus! — levantei da cama, berrando ainda mais alto e empurrando para fora do quarto, sem conseguir olhar em seus olhos — Você é um louco! Vai se foder! Vai embora! Que merda, !
O estado estático dele passou assim que eu bati a porta em sua cara.
— Se tivesse acordado quando mandei, isso não teria acontecido.
Soltei um grito de frustração e soquei a porta. Fiquei naquela posição por alguns segundos, tentando fazer desaparecer e uma babá descente bater na minha porta.
Ouvi alguns gritos, palavrões, e, segundos depois, alguém bateu na minha porta.
— Elliot?!
Sem querer, comecei a rir descontroladamente. Elliot estava totalmente molhado, com o rosto inchado e amassado de dormir, ainda de pijama.
— Eu vou matar esse filho da puta.
Eu ia responder, mas me interrompeu, gritando na ponta do corredor, prestes a descer a escada para o andar debaixo.
— Quero todos na cozinha em cinco minutos!
Elliot voltou para seu quarto pisando duro enquanto foi para a cozinha. Bati a porta do meu quarto para tentar descontar toda minha frustração. De novo.
Passei na frente do meu espelho de porta, parando para me olhar. tinha me visto de calcinha e uma regatinha colada preta. Minhas bochechas ficaram um pouco vermelhas; ele era homem demais para me ver daquele jeito.
Se eu não o odiasse tanto, talvez tivesse deixado que olhasse um pouco mais.
O problema foi na segunda-feira, de manhã. Nós tínhamos aula às 8h. soou um apito em nossas cabeças exatamente às 6h.
— Mas que porra é essa?! — gritei, jogando uma almofada em sua cara.
Como o esperado, o filho da puta desviou perfeitamente.
— O sol já está brilhando e você está dormindo. Isso está errado.
— Eu quero mais é que você e o sol se fodam! — gritei ainda mais alto, puxando as cobertas para cobrir meu rosto e, milagrosamente, fazer desaparecer.
Isso não aconteceu.
— Seu vocabulário é desrespeitoso também. Isso é algo que precisamos mudar.
Eu estava prestes a mandar um dedo do meio para ele, demonstrando todo meu respeito, quando senti que puxou minhas cobertas. Simplesmente puxou.
Soltei um grito de indignação, principalmente ao tomar consciência das roupas que eu usava. Quer dizer, eu estava dormindo, na minha casa, totalmente confortável, não tinha a menor obrigação de me vestir direito.
— Ai, meu Deus! — levantei da cama, berrando ainda mais alto e empurrando para fora do quarto, sem conseguir olhar em seus olhos — Você é um louco! Vai se foder! Vai embora! Que merda, !
O estado estático dele passou assim que eu bati a porta em sua cara.
— Se tivesse acordado quando mandei, isso não teria acontecido.
Soltei um grito de frustração e soquei a porta. Fiquei naquela posição por alguns segundos, tentando fazer desaparecer e uma babá descente bater na minha porta.
Ouvi alguns gritos, palavrões, e, segundos depois, alguém bateu na minha porta.
— Elliot?!
Sem querer, comecei a rir descontroladamente. Elliot estava totalmente molhado, com o rosto inchado e amassado de dormir, ainda de pijama.
— Eu vou matar esse filho da puta.
Eu ia responder, mas me interrompeu, gritando na ponta do corredor, prestes a descer a escada para o andar debaixo.
— Quero todos na cozinha em cinco minutos!
Elliot voltou para seu quarto pisando duro enquanto foi para a cozinha. Bati a porta do meu quarto para tentar descontar toda minha frustração. De novo.
Passei na frente do meu espelho de porta, parando para me olhar. tinha me visto de calcinha e uma regatinha colada preta. Minhas bochechas ficaram um pouco vermelhas; ele era homem demais para me ver daquele jeito.
Se eu não o odiasse tanto, talvez tivesse deixado que olhasse um pouco mais.
3
— Vocês não têm o mínimo respeito ou organização. — começou a falar. Estavam todos sentados na mesa da cozinha e eu fazia leite para David, Chuck e Lacey. Elliot fazia chá para nós dois — Precisam desesperadamente de regras e ordem.
Ignorei .
Essas duas palavras resumem minha manhã até chegar à escola. “Ignorar” se tornou meu verbo preferido. nos levou para escola e me obrigou a ir com ele, não deixando que eu levasse Lacey comigo no meu carro. Minha vontade era de matá-lo, mas imaginei que se eu continuasse me irritando, ele iria continuar sendo... Ele. Por isso, apenas ignorei tudo.
Deixei David e Chuck no berçário e corri para levar Lacey em sua sala. Elliot era um idiota e não me ajudava a levar as crianças para suas salas — principalmente Lacey — porque dizia que todos tinham condições de ir sozinhos, tirando David que só tinha dois anos. Soma-se isso ao fato de que tinha nos atrasado. É, ele conseguiu sair atrasado. Acordou todo mundo às 6h da manhã e ninguém chegou na hora.
Quer dizer... Eu não cheguei na hora.
— Está atrasada, senhorita . — reclamou o professor de biologia. Eu tinha as primeiras aulas de segunda e quinta com ele; e eu sempre chegava atrasada nas primeiras aulas.
Nem questionei, só revirei os olhos, bufei, e chutei uma mesa antes de sair.
Eu já estava acostumada a ir parar na sala da diretora. As secretárias me conheciam e conversavam comigo como se nos conhecêssemos de longa data; e tecnicamente, nos conhecíamos.
— Bom dia, . Chegou atrasada?
— Bom dia, Maddie. Pois é. — suspirei, me sentando nos banquinhos da secretaria, colocando minha mochila no colo — Temos uma nova babá.
Maddie fez uma careta em compreensão. Ela nem imaginava o quão difícil realmente era.
Minha mãe achava que a escola tinha a obrigação de criar seus filhos enquanto ela estava ocupada matando bandidos mundo à fora. Por causa disso, todos conheciam meus pais. A primeira coisa que ela fez quando papai morreu, foi ligar para minha diretora.
Como se ela se importasse.
A porta da sala da senhora Lopez se abriu e a própria saiu de lá, rindo de algo que dizia com algum pai azarado que teve que encontrar com o demônio em pessoa às 8h da manhã.
Imagine minha surpresa quando vi que era ali.
— Ah, e falando nela... — disse a senhora Lopez, apontando para mim e o sorriso murchando de seu rosto aos poucos.
Revirei os olhos teatralmente e me afastei quando ela tentou passar um braço em meus ombros.
— Acho que vai querer participar dessa conversa, .
Percebi que tentou reprimir uma careta e usou um sorriso falso para disfarçar.
— Claro.
— Aguardem um segundo, vou pedir para Maddie chamar Elliot também.
— Isso virou um happy hour ou o quê? — perguntei, sentando-me em uma das cadeiras da sala da diretora e cruzando as pernas. fez o mesmo e a senhora Lopez ignorou meu comentário.
— Você não precisa ser tão mal educada. — murmurou sem me olhar.
Revirei os olhos e o ignorei.
— Elliot vai estar aqui em alguns minutos. — anunciou a diretora, se sentando em sua cadeira — Enquanto isso, pode me explicar por que está atrasada outra vez, ?
— Pergunte para . — respondi, dando de ombros. Eu não levaria a culpa por algo que ele fez, nem fodendo — Ele nos atrasou.
— Realmente, Nancy, a culpa foi minha.
— Nancy? Sério mesmo que você está chamando ela pelo primeiro nome?
— E os outros dias, ? — Lopez me ignorou — Você sempre chega atrasada.
Recostei-me na cadeira, me recusando a responder.
Antes que eu pudesse xingá-la, Elliot entrou sem bater. Com uma cara de tédio, ele olhou para nós três.
— O que você fez, ?
Nancy Lopez suspirou e olhou diretamente para . Em minhas costas, senti as mãos de Elliot enquanto ele se posicionava atrás de mim de um modo protetor, que era tão característico dele.
— Seria mais educado bater. — observou. Não precisei olhar para saber que Elliot tinha revirado os olhos, assim como eu.
— O fato é: estamos há um mês da formatura, garotos. — disse a senhora Lopez — está com notas baixas, assim como Elliot. Não quero ver seus irmãos indo pelo mesmo caminho e, devido à situação de sua família, acredito que são os exemplos deles, então...
— Bom, eu acredito que a senhora não deveria se meter na nossa família. — interrompi. Não suportava ouvir toda aquela merda — Eu e Elliot sabemos como nos cuidar.
— Ah, sim, claro. Você sabe se cuidar tanto que já está dois anos atrasada na escola!
— Vá para o inferno. — murmurou Elliot.
— Como?
— A questão é que a senhora não sabe o que acontece dentro da nossa casa. Nós estamos ocupados demais cuidando de nossos irmãos para nos concentrar em alguma outra coisa. Lacey precisa de uma mãe, assim com Chuck e David. E se quer saber, eu adoro cuidar deles. E Elliot também.
— , escute...
— Não, escute você! Eu estou perdendo uma aula de biologia para estar aqui. Sabe o quanto eu preciso dessas aulas para as provas finais? Muito! Elliot também está perdendo alguma aula importante apenas para ouvir o que já estamos cansados de ouvir! Não há nada que possamos fazer. Nós vivemos duas vidas, uma de adolescente e outra de adulto, ao mesmo tempo. Não venha nos cobrar nada, senhora Lopez. Faça-me o favor!
Antes que eu percebesse, já tinha vomitado as palavras na mulher, sem me importar se estava ou não sendo educada. Meu tom tinha aumentado consideravelmente e eu estava de pé, ignorando a cadeira atrás de mim.
Os três estavam em silêncio, me encarando como se eu fosse louca. Senti algo molhado pingar em meu peito e escorrer para o meu decote e percebi que estava chorando. Completamente inconformada com isso, sequei as lágrimas como pude, sentindo o ódio aumentar.
Saí da sala e bati a porta com toda a força que eu tinha.
Tirei meu telefone do bolso da saia e disquei o único número que eu confiava nesses momentos.
— Derek? Está ocupado? Preciso que venha me buscar na escola agora.
— Estou indo, gata. Pode me esperar na porta.
Em poucos minutos, eu estava entrando no carro de Derek.
Ignorei .
Essas duas palavras resumem minha manhã até chegar à escola. “Ignorar” se tornou meu verbo preferido. nos levou para escola e me obrigou a ir com ele, não deixando que eu levasse Lacey comigo no meu carro. Minha vontade era de matá-lo, mas imaginei que se eu continuasse me irritando, ele iria continuar sendo... Ele. Por isso, apenas ignorei tudo.
Deixei David e Chuck no berçário e corri para levar Lacey em sua sala. Elliot era um idiota e não me ajudava a levar as crianças para suas salas — principalmente Lacey — porque dizia que todos tinham condições de ir sozinhos, tirando David que só tinha dois anos. Soma-se isso ao fato de que tinha nos atrasado. É, ele conseguiu sair atrasado. Acordou todo mundo às 6h da manhã e ninguém chegou na hora.
Quer dizer... Eu não cheguei na hora.
— Está atrasada, senhorita . — reclamou o professor de biologia. Eu tinha as primeiras aulas de segunda e quinta com ele; e eu sempre chegava atrasada nas primeiras aulas.
Nem questionei, só revirei os olhos, bufei, e chutei uma mesa antes de sair.
Eu já estava acostumada a ir parar na sala da diretora. As secretárias me conheciam e conversavam comigo como se nos conhecêssemos de longa data; e tecnicamente, nos conhecíamos.
— Bom dia, . Chegou atrasada?
— Bom dia, Maddie. Pois é. — suspirei, me sentando nos banquinhos da secretaria, colocando minha mochila no colo — Temos uma nova babá.
Maddie fez uma careta em compreensão. Ela nem imaginava o quão difícil realmente era.
Minha mãe achava que a escola tinha a obrigação de criar seus filhos enquanto ela estava ocupada matando bandidos mundo à fora. Por causa disso, todos conheciam meus pais. A primeira coisa que ela fez quando papai morreu, foi ligar para minha diretora.
Como se ela se importasse.
A porta da sala da senhora Lopez se abriu e a própria saiu de lá, rindo de algo que dizia com algum pai azarado que teve que encontrar com o demônio em pessoa às 8h da manhã.
Imagine minha surpresa quando vi que era ali.
— Ah, e falando nela... — disse a senhora Lopez, apontando para mim e o sorriso murchando de seu rosto aos poucos.
Revirei os olhos teatralmente e me afastei quando ela tentou passar um braço em meus ombros.
— Acho que vai querer participar dessa conversa, .
Percebi que tentou reprimir uma careta e usou um sorriso falso para disfarçar.
— Claro.
— Aguardem um segundo, vou pedir para Maddie chamar Elliot também.
— Isso virou um happy hour ou o quê? — perguntei, sentando-me em uma das cadeiras da sala da diretora e cruzando as pernas. fez o mesmo e a senhora Lopez ignorou meu comentário.
— Você não precisa ser tão mal educada. — murmurou sem me olhar.
Revirei os olhos e o ignorei.
— Elliot vai estar aqui em alguns minutos. — anunciou a diretora, se sentando em sua cadeira — Enquanto isso, pode me explicar por que está atrasada outra vez, ?
— Pergunte para . — respondi, dando de ombros. Eu não levaria a culpa por algo que ele fez, nem fodendo — Ele nos atrasou.
— Realmente, Nancy, a culpa foi minha.
— Nancy? Sério mesmo que você está chamando ela pelo primeiro nome?
— E os outros dias, ? — Lopez me ignorou — Você sempre chega atrasada.
Recostei-me na cadeira, me recusando a responder.
Antes que eu pudesse xingá-la, Elliot entrou sem bater. Com uma cara de tédio, ele olhou para nós três.
— O que você fez, ?
Nancy Lopez suspirou e olhou diretamente para . Em minhas costas, senti as mãos de Elliot enquanto ele se posicionava atrás de mim de um modo protetor, que era tão característico dele.
— Seria mais educado bater. — observou. Não precisei olhar para saber que Elliot tinha revirado os olhos, assim como eu.
— O fato é: estamos há um mês da formatura, garotos. — disse a senhora Lopez — está com notas baixas, assim como Elliot. Não quero ver seus irmãos indo pelo mesmo caminho e, devido à situação de sua família, acredito que são os exemplos deles, então...
— Bom, eu acredito que a senhora não deveria se meter na nossa família. — interrompi. Não suportava ouvir toda aquela merda — Eu e Elliot sabemos como nos cuidar.
— Ah, sim, claro. Você sabe se cuidar tanto que já está dois anos atrasada na escola!
— Vá para o inferno. — murmurou Elliot.
— Como?
— A questão é que a senhora não sabe o que acontece dentro da nossa casa. Nós estamos ocupados demais cuidando de nossos irmãos para nos concentrar em alguma outra coisa. Lacey precisa de uma mãe, assim com Chuck e David. E se quer saber, eu adoro cuidar deles. E Elliot também.
— , escute...
— Não, escute você! Eu estou perdendo uma aula de biologia para estar aqui. Sabe o quanto eu preciso dessas aulas para as provas finais? Muito! Elliot também está perdendo alguma aula importante apenas para ouvir o que já estamos cansados de ouvir! Não há nada que possamos fazer. Nós vivemos duas vidas, uma de adolescente e outra de adulto, ao mesmo tempo. Não venha nos cobrar nada, senhora Lopez. Faça-me o favor!
Antes que eu percebesse, já tinha vomitado as palavras na mulher, sem me importar se estava ou não sendo educada. Meu tom tinha aumentado consideravelmente e eu estava de pé, ignorando a cadeira atrás de mim.
Os três estavam em silêncio, me encarando como se eu fosse louca. Senti algo molhado pingar em meu peito e escorrer para o meu decote e percebi que estava chorando. Completamente inconformada com isso, sequei as lágrimas como pude, sentindo o ódio aumentar.
Saí da sala e bati a porta com toda a força que eu tinha.
Tirei meu telefone do bolso da saia e disquei o único número que eu confiava nesses momentos.
— Derek? Está ocupado? Preciso que venha me buscar na escola agora.
— Estou indo, gata. Pode me esperar na porta.
Em poucos minutos, eu estava entrando no carro de Derek.
4
— Eu o odeio, Derek! Odeio muito. Acho que se eu conseguisse uma arma, a primeira coisa que faria seria atirar na cabeça dele.
Derek riu e bagunçou meus cabelos. Estávamos no Central Park, observando o movimento, eu deitada em seu colo.
— Você odeia todas as babás, .
— Ele é diferente. simplesmente acha que sabe de tudo. E o pior é que ele sabe qual a nossa situação em casa, e mesmo assim, ele não me defendeu na frente da vagabunda da Lopez.
— E por que você e Elliot não o obrigam a ir embora?
Abri os olhos para observar melhor as íris azuladas de Derek.
— Como assim?
— Você me disse que ele era um ex militar, certo? E agora ele simplesmente resolveu virar babá? Ele deve estar muito na merda, .
— Sim, mas e daí?
— E daí que se ele está muito na merda, não vai aguentar mais merda.
Sorri, começando a gostar do que Derek dizia.
— E a sua ideia é...
Derek sorriu também, com muita malícia em seus lábios deliciosos que eu não resisti beijar.
Derek riu e bagunçou meus cabelos. Estávamos no Central Park, observando o movimento, eu deitada em seu colo.
— Você odeia todas as babás, .
— Ele é diferente. simplesmente acha que sabe de tudo. E o pior é que ele sabe qual a nossa situação em casa, e mesmo assim, ele não me defendeu na frente da vagabunda da Lopez.
— E por que você e Elliot não o obrigam a ir embora?
Abri os olhos para observar melhor as íris azuladas de Derek.
— Como assim?
— Você me disse que ele era um ex militar, certo? E agora ele simplesmente resolveu virar babá? Ele deve estar muito na merda, .
— Sim, mas e daí?
— E daí que se ele está muito na merda, não vai aguentar mais merda.
Sorri, começando a gostar do que Derek dizia.
— E a sua ideia é...
Derek sorriu também, com muita malícia em seus lábios deliciosos que eu não resisti beijar.
5
Elliot simplesmente tentou acabar com . Durante toda a semana, ele disse coisas horríveis, sabotou as roupas dele que estavam lavando, jogando um corante rosa nas camisetas brancas — o que eu não reclamei, porque ficava bem melhor com camisetas pretas — desligou a força enquanto ele tomava banho e coisas que já teriam feito qualquer outro sair correndo, mas o filho da puta continuava lá, firme e forte.
Na quinta-feira, bati na porta de Elliot quando anoiteceu.
— Isso está ficando ridículo, cara. — comentei, entrando sem bater.
— E você tem uma ideia melhor?
Elliot suspirou e jogou o travesseiro na parede. Encostei-me no batente da porta, esperando que ele dissesse o que estava aborrecendo-o.
— A Lopez está no meu pé, . Ela achou as coisas que o Jack me vendeu. Estou muito fodido se ela ligar para o .
Elliot usava maconha desde os 15 anos. Ajudava ele a relaxar. Eu interferi na época, mas não era como se eu também não tivesse meus próprios meios de relaxar.
— E ela achou nas suas coisas?
— Não. Ainda estava com o Jack. Jack é organizado e separa tudo com nome. Meu nome e o de mais cinco caras do time de luta estão envolvidos, mas, até aí, caguei pra isso. O problema é se ela resolver contar pro e ele revirar nossas coisas. Não faz essa cara de quem está “foda-se” pra isso, . Ou você acha que é difícil encontrar as garrafas que você esconde no seu quarto? Se ele descobrir, ele vai contar pra mamãe. E nós vamos pra militar. Lacey, Chuck e David vão ficar com alguma babá escrota e...
— Cala boca, cacete! Eu sei disso! — gritei, interrompendo Elliot. Eu não podia pensar nisso. Não podia lidar com a possibilidade de isso acontecer. Meus irmãos eram tudo que eu tinha — Derek e eu estamos arrumando as coisas, ok? Amanhã, nessa hora, não vai mais ser um problema.
Aquilo não tinha sido uma simples frase. Tinha sido uma promessa.
Na quinta-feira, bati na porta de Elliot quando anoiteceu.
— Isso está ficando ridículo, cara. — comentei, entrando sem bater.
— E você tem uma ideia melhor?
Elliot suspirou e jogou o travesseiro na parede. Encostei-me no batente da porta, esperando que ele dissesse o que estava aborrecendo-o.
— A Lopez está no meu pé, . Ela achou as coisas que o Jack me vendeu. Estou muito fodido se ela ligar para o .
Elliot usava maconha desde os 15 anos. Ajudava ele a relaxar. Eu interferi na época, mas não era como se eu também não tivesse meus próprios meios de relaxar.
— E ela achou nas suas coisas?
— Não. Ainda estava com o Jack. Jack é organizado e separa tudo com nome. Meu nome e o de mais cinco caras do time de luta estão envolvidos, mas, até aí, caguei pra isso. O problema é se ela resolver contar pro e ele revirar nossas coisas. Não faz essa cara de quem está “foda-se” pra isso, . Ou você acha que é difícil encontrar as garrafas que você esconde no seu quarto? Se ele descobrir, ele vai contar pra mamãe. E nós vamos pra militar. Lacey, Chuck e David vão ficar com alguma babá escrota e...
— Cala boca, cacete! Eu sei disso! — gritei, interrompendo Elliot. Eu não podia pensar nisso. Não podia lidar com a possibilidade de isso acontecer. Meus irmãos eram tudo que eu tinha — Derek e eu estamos arrumando as coisas, ok? Amanhã, nessa hora, não vai mais ser um problema.
Aquilo não tinha sido uma simples frase. Tinha sido uma promessa.
6
Na sexta-feira, depois que eu voltei do meu emprego em uma livraria — não que eu precisasse, porque mamãe ganhava um salário para ela e outro que enviava para nós todo fim de mês e quando mais houvesse necessidade — Derek já estava com tudo pronto. Sorri para ele, que estava jogado no sofá, jogando vídeo game com Elliot.
— Eu trabalhando e vocês aí, fazendo absolutamente nada. — reclamei, mas não estava realmente falando sério. Derek sabia disso.
— Desculpa, , mas é Call Of Duty.
— Elliot, você não ia sair? — perguntei, lembrando-o.
— Estou esperando arrumar Lacey, Chuck e David.
Eu podia chutar Elliot com tanta força até meu pé cair.
Elliot tinha uma luta importante pelo clube da escola e iria com ele para cuidar das crianças. Eu também ia, originalmente, mas inventei que tinha que estudar e não poderia ir, para que meu plano com Derek desse certo.
— Você deixou aquele idiota com as crianças? — questionei, praticamente gritando. Elliot apenas deu de ombros, sem tirar os olhos do videogame, junto com Derek. A raiva cresceu dentro de mim com força suficiente para aniquilar uma pequena cidade. Peguei a almofada que estava em cima da poltrona mais próxima e joguei em Elliot, acertando Derek primeiro. Os dois gritaram e xingaram, finalmente me dando atenção, mas eu apenas mandei um dedo do meio para eles.
Subi correndo para o andar de cima. O quarto de David e Chuck era o primeiro do corredor, então eu parei ali para checar como eles estavam.
— Está tudo bem por aqui?
— Oi, ! — Chuck me cumprimentou, correndo para me abraçar. David riu e fez o mesmo, andando com todo seu “tamanhinho” de gente, sem falar nada. Nós ainda estávamos trabalhando nas palavras de David.
— Oi, bonitão! — cumprimentei de volta, me abaixando e dando um beijo na bochecha de cada um. Franzi o cenho quando percebi que estavam cheirosos — Vocês já tomaram banho?
— Sim! O tio arrumou a gente! E agora ele ta cuidando da Lay.
Confusa, balancei a cabeça e tentei sorrir para meus meninos.
— Tudo bem então, continuem brincando. Eu vou ver se o tio precisa de ajuda.
Chuck correu de volta para sua pista de carrinhos, puxando David com ele.
O que estava fazendo?
Corri para o quarto de Lacey, onde sua porta estava entreaberta. Ela estava rindo e o som era como música. Lay não tinha o costume de rir com frequência, ainda mais depois que percebeu que papai não iria voltar.
Alguns segundos depois, ouvi a risada de também. Quer dizer, eu acredito que era sua risada. Simplesmente não conseguia imaginar um homem como ele rindo.
— Acho que não vou conseguir, Lay! Me desculpe!
— Tudo bem, mas agora você vai ter que me deixar pintar você!
— O quê? Por quê?!
— Porque você perdeu a aposta! Não conseguiu fazer uma trança perfeita!
— Eu pensei que seria como dar um nó em uma corda ou algo do tipo...
Lacey riu outra vez.
— Qual o seu problema?
Eles riram outra vez e quando olhei pela fresta da porta, Lacey estava correndo pelo quarto atrás de com um pincel de maquiagem que ela devia ter pegado da minha bolsa.
Bati com os nós dos dedos na madeira e os dois pararam no mesmo instante, finalmente percebendo minha presença.
— Está tudo bem por aqui?
— Sim, ! tentou fazer uma trança, mas ficou péssima! Você pode fazer pra mim?
Eu estava totalmente sem palavras quando me posicionei atrás de Lacey para fazer sua trança. pediu licença e foi para seu quarto, que antes era o quarto de hóspedes. Eu conversei com Lay no modo automático, sem realmente ouvir o que ela dizia. A cena de correndo com Lacey não saía da minha cabeça.
Elliot e eu nunca tivemos esse tipo de contato com ninguém. Por causa de nossos pais ausentes e nossas idades próximas, tivemos que aprender a cuidar um do outro como irmãos e não como pais, que era o que fazíamos com Lacey, Chuck e David. Pra os três mais novos, eu e Elliot éramos os pais, os irmãos e as pessoas que estavam presentes para eles. Eu, por ser a mais velha, nunca tive a chance de ter alguém correndo atrás de mim pelo quarto; ou então alguém que não fosse uma babá para me dar banho e arrumar meu cabelo.
Antes que eu percebesse, eu estava batendo na porta de .
Ele abriu a porta mais rápido do que eu esperava que fizesse e eu ainda estava um pouco surpresa com tudo. Um turbilhão de pensamentos estava atrapalhando meu raciocínio. Lacey rindo, Chuck e David de banho tomado, a casa arrumada, a indiferença de quando teve que cuidar das minhas encrencas na escola... Ele agia como a pessoa que eu precisava, mas nunca poderia ter.
E quando abriu a porta... Eu simplesmente não pude aguentar. Talvez, um dia, eu seja capaz de me perdoar por ter me jogado nos braços musculosos dele sem nem mesmo pensar.
tinha acabado de sair do banho. Usava uma calça jeans perigosamente baixa na cintura, onde uma linha em V marcava seu corpo, me fazendo abaixar o olhar para onde não devia. Seu peito estava nu e eu não fiquei realmente surpresa por ver algumas tatuagens tribais adornando-o. Algumas gotas de água de seu cabelo molhado que não podiam ser contidas pela toalha que estava ao redor de seu pescoço caíam em seu peito, escorrendo lentamente pela pele. Deus, ele estava muito bonito.
Em um segundo, eu o estava observando. No outro, eu já tinha colado minha boca na dele.
Acho que ficou surpreso, porque não me correspondeu. Na verdade, não fez absolutamente nada, até eu passar a língua em seus lábios, pedindo para aprofundar o beijo. Nessa hora, quando os choques que percorriam toda minha corrente sanguínea desde a hora que eu o toquei, ficaram ainda mais fortes.
E então ele me afastou.
Algo dentro de mim se contraiu em uma dor desconhecida e eu soube que não queria ter parado de beijá-lo. Nunca mais.
— O que você está fazendo?! — ele me questionou, na hora.
A vergonha pelo que eu tinha feito me atingiu. Eu não era esse tipo de garota que tem coragem de sair beijando quem quer. E não era um homem qualquer, era o homem pago para proteger meus irmãos e eu. Qual era a porra do meu problema?
— Me desculpa. — respondi, sem olhar para ele e sentindo meu rosto esquentar horrores — Eu só... Só...
— ? Está tudo bem?
A voz de Derek me atingiu como um raio. Como eu tinha esquecido que ele estava no andar de baixo?
— Sim. — respondi, talvez rápido demais — Só vim ver as crianças.
Derek não disse nada, apenas encarou como se pudesse matá-lo com esse olhar. Totalmente envergonhada e confusa, puxei Derek pela mão, levando-o para o meu quarto, sem coragem de olhar para trás. Senti os olhos de em minhas costas o tempo todo.
— Eu trabalhando e vocês aí, fazendo absolutamente nada. — reclamei, mas não estava realmente falando sério. Derek sabia disso.
— Desculpa, , mas é Call Of Duty.
— Elliot, você não ia sair? — perguntei, lembrando-o.
— Estou esperando arrumar Lacey, Chuck e David.
Eu podia chutar Elliot com tanta força até meu pé cair.
Elliot tinha uma luta importante pelo clube da escola e iria com ele para cuidar das crianças. Eu também ia, originalmente, mas inventei que tinha que estudar e não poderia ir, para que meu plano com Derek desse certo.
— Você deixou aquele idiota com as crianças? — questionei, praticamente gritando. Elliot apenas deu de ombros, sem tirar os olhos do videogame, junto com Derek. A raiva cresceu dentro de mim com força suficiente para aniquilar uma pequena cidade. Peguei a almofada que estava em cima da poltrona mais próxima e joguei em Elliot, acertando Derek primeiro. Os dois gritaram e xingaram, finalmente me dando atenção, mas eu apenas mandei um dedo do meio para eles.
Subi correndo para o andar de cima. O quarto de David e Chuck era o primeiro do corredor, então eu parei ali para checar como eles estavam.
— Está tudo bem por aqui?
— Oi, ! — Chuck me cumprimentou, correndo para me abraçar. David riu e fez o mesmo, andando com todo seu “tamanhinho” de gente, sem falar nada. Nós ainda estávamos trabalhando nas palavras de David.
— Oi, bonitão! — cumprimentei de volta, me abaixando e dando um beijo na bochecha de cada um. Franzi o cenho quando percebi que estavam cheirosos — Vocês já tomaram banho?
— Sim! O tio arrumou a gente! E agora ele ta cuidando da Lay.
Confusa, balancei a cabeça e tentei sorrir para meus meninos.
— Tudo bem então, continuem brincando. Eu vou ver se o tio precisa de ajuda.
Chuck correu de volta para sua pista de carrinhos, puxando David com ele.
O que estava fazendo?
Corri para o quarto de Lacey, onde sua porta estava entreaberta. Ela estava rindo e o som era como música. Lay não tinha o costume de rir com frequência, ainda mais depois que percebeu que papai não iria voltar.
Alguns segundos depois, ouvi a risada de também. Quer dizer, eu acredito que era sua risada. Simplesmente não conseguia imaginar um homem como ele rindo.
— Acho que não vou conseguir, Lay! Me desculpe!
— Tudo bem, mas agora você vai ter que me deixar pintar você!
— O quê? Por quê?!
— Porque você perdeu a aposta! Não conseguiu fazer uma trança perfeita!
— Eu pensei que seria como dar um nó em uma corda ou algo do tipo...
Lacey riu outra vez.
— Qual o seu problema?
Eles riram outra vez e quando olhei pela fresta da porta, Lacey estava correndo pelo quarto atrás de com um pincel de maquiagem que ela devia ter pegado da minha bolsa.
Bati com os nós dos dedos na madeira e os dois pararam no mesmo instante, finalmente percebendo minha presença.
— Está tudo bem por aqui?
— Sim, ! tentou fazer uma trança, mas ficou péssima! Você pode fazer pra mim?
Eu estava totalmente sem palavras quando me posicionei atrás de Lacey para fazer sua trança. pediu licença e foi para seu quarto, que antes era o quarto de hóspedes. Eu conversei com Lay no modo automático, sem realmente ouvir o que ela dizia. A cena de correndo com Lacey não saía da minha cabeça.
Elliot e eu nunca tivemos esse tipo de contato com ninguém. Por causa de nossos pais ausentes e nossas idades próximas, tivemos que aprender a cuidar um do outro como irmãos e não como pais, que era o que fazíamos com Lacey, Chuck e David. Pra os três mais novos, eu e Elliot éramos os pais, os irmãos e as pessoas que estavam presentes para eles. Eu, por ser a mais velha, nunca tive a chance de ter alguém correndo atrás de mim pelo quarto; ou então alguém que não fosse uma babá para me dar banho e arrumar meu cabelo.
Antes que eu percebesse, eu estava batendo na porta de .
Ele abriu a porta mais rápido do que eu esperava que fizesse e eu ainda estava um pouco surpresa com tudo. Um turbilhão de pensamentos estava atrapalhando meu raciocínio. Lacey rindo, Chuck e David de banho tomado, a casa arrumada, a indiferença de quando teve que cuidar das minhas encrencas na escola... Ele agia como a pessoa que eu precisava, mas nunca poderia ter.
E quando abriu a porta... Eu simplesmente não pude aguentar. Talvez, um dia, eu seja capaz de me perdoar por ter me jogado nos braços musculosos dele sem nem mesmo pensar.
tinha acabado de sair do banho. Usava uma calça jeans perigosamente baixa na cintura, onde uma linha em V marcava seu corpo, me fazendo abaixar o olhar para onde não devia. Seu peito estava nu e eu não fiquei realmente surpresa por ver algumas tatuagens tribais adornando-o. Algumas gotas de água de seu cabelo molhado que não podiam ser contidas pela toalha que estava ao redor de seu pescoço caíam em seu peito, escorrendo lentamente pela pele. Deus, ele estava muito bonito.
Em um segundo, eu o estava observando. No outro, eu já tinha colado minha boca na dele.
Acho que ficou surpreso, porque não me correspondeu. Na verdade, não fez absolutamente nada, até eu passar a língua em seus lábios, pedindo para aprofundar o beijo. Nessa hora, quando os choques que percorriam toda minha corrente sanguínea desde a hora que eu o toquei, ficaram ainda mais fortes.
E então ele me afastou.
Algo dentro de mim se contraiu em uma dor desconhecida e eu soube que não queria ter parado de beijá-lo. Nunca mais.
— O que você está fazendo?! — ele me questionou, na hora.
A vergonha pelo que eu tinha feito me atingiu. Eu não era esse tipo de garota que tem coragem de sair beijando quem quer. E não era um homem qualquer, era o homem pago para proteger meus irmãos e eu. Qual era a porra do meu problema?
— Me desculpa. — respondi, sem olhar para ele e sentindo meu rosto esquentar horrores — Eu só... Só...
— ? Está tudo bem?
A voz de Derek me atingiu como um raio. Como eu tinha esquecido que ele estava no andar de baixo?
— Sim. — respondi, talvez rápido demais — Só vim ver as crianças.
Derek não disse nada, apenas encarou como se pudesse matá-lo com esse olhar. Totalmente envergonhada e confusa, puxei Derek pela mão, levando-o para o meu quarto, sem coragem de olhar para trás. Senti os olhos de em minhas costas o tempo todo.
7
— So if I said I want your body now... Would you hold it against me? ‘Cause you feel like paradise and I need a vacation tonight! (Então se eu dissesse que quero seu corpo agora… Você me culparia? Porque você parece o Paraíso e eu preciso de um descanso essa noite!).
A música estava alta. As pessoas estavam cada vez mais bêbadas. Derek estava ao meu redor, me abraçando e murmurando coisas ao meu redor o tempo todo. Mas aquilo não me parecia certo.
Assim que saiu com meus irmãos para a luta de Elliot, alguns amigos universitários de Derek chegaram, trazendo garrafas imensas de vodca e tequila. Minhas amigas também apareceram, com caixas de som e músicas eletrônicas. E mais pessoas. Pessoas que eu não conhecia, pessoas que eu não queria por perto. Por algum motivo, eu não reclamei.
Minha mente estava nublada desde a hora que vi e Lacey juntos e não melhorou nada quando eu o beijei. Eu passava meus dedos pelos lábios involuntariamente, ainda sentindo a maciez dos dele.
Derek. Eu precisava de Derek.
Encontrei-o na cozinha, com uma garrafa de vodca. Tirei a garrafa de sua boca e a substituí pela minha própria. As pessoas ao nosso redor gritaram como idiotas. De repente, todos ali eram idiotas para mim. Minhas amigas se aproximavam para contar como a faculdade era super interessante e legal e como elas sentiam pena de mim por ainda não ter conseguido terminar a escola! Eu só tinha vontade de mandar todas à merda.
— Calma, gata! — Derek murmurou, desprendendo-se do meu abraço firme — Vamos subir.
Juntos, eu, a garrafa de vodca e Derek subimos para meu quarto.
O colar com meu nome pesou no meu pescoço. havia mandado todos nós usar aquilo e eu tinha odiado, mas, no momento, era a única coisa que eu tinha que me ligava à ele.
— Você ainda não jogou fora essa merda? — ele perguntou, se referindo ao colar. Derek tinha desenvolvido um ciúmes infundado de , desde o dia em que começamos a planejar a festa. Jogar fora o colar estava nos planos.
— Não sei, não, Der. — reclamei, tocando o metal — vai ficar puto se eu estragar isso...
Derek pegou meu rosto entre suas mãos. Suas pupilas dilatadas me mostravam o quanto ele já estava bêbado.
— , a intenção é deixar esse babaca puto.
E, com um puxão, Derek tirou o colar de mim. Ele entrou no banheiro do meu quarto e ouvi o barulho da descarga quando mandou o metal diretamente para o esgoto. Eu não estava gostando nada disso e não melhorou quando Derek se aproximou de mim com um sorriso perverso no rosto.
— Agora esse cara está fora do nosso caminho, gata.
— Der...
— Não fala, ok?
Derek me beijou e eu me deixei levar. idiota. Ele não representava nada. Alguns momentos com meus irmãos sendo o pai que eles nunca tiveram não eram nada mais do que isso: momentos. não se importava conosco. Éramos só mais uma maldita missão, assim como as de mamãe e a que matou papai. Nada mais.
A boca de Derek ficou mais exigente e eu me irritei por não sentir absolutamente nada. Tentei culpar a vodca, mas isso não estava dando certo para mim. Quando meus olhos fechavam, era . estava em todo lugar, tomando conta de cada canto da minha mente.
As mãos de Derek desceram de minhas costas para minha bunda e eu não reclamei. Concentre-se, . Você está com Der, eu disse para mim mesma. Aceitando esse fato, empurrei Derek para o sofá atrás de nós, fazendo com que ele caísse sentado em seu estado bêbado. Caí por cima dele, sentando em seu colo. Sua boca tinha gosto de vodca e cerveja e, mesmo sendo viciada nesses três sabores, eu não conseguia sentir prazer com aquele beijo.
. descendo as mãos pelo meu corpo. beijando meu pescoço como se minha carne fosse a única coisa que pudesse alimentá-lo quando está faminto. Seus olhos sempre atentos vigiando meu rosto e minhas reações ao seu toque, querendo que eu sentisse o máximo de prazer que ele podia me proporcionar. Suas mãos fortes começam a penetrar minha blusa fina cor de rosa, levantando o tecido aos poucos, fazendo com que meus sentidos fiquem inebriados, assim como minha mente e levando o resto de sanidade que eu ainda tinha. Aos poucos, começa a beijar meu decote, na parte onde a blusa e meu sutiã não podiam alcançar, puxando a pele entre seus lábios, determinado a me marcar como sua, como se ele tivesse esse direito. Como se eu fosse totalmente dele.
E, quando eu vejo, eu sou sim dele. pode fazer o que quiser comigo. Pode me jogar no sofá, rasgar minha blusa rosa, presente de papai quando voltou da América do Sul. Suas mãos agarram meus seios e sua língua contorna cada cantinho de meu colo, começando a descer ainda mais e tudo que eu posso fazer é suspirar e morder meus lábios, desesperada para encontrar um alívio para o aperto que está se desenvolvendo no sul da minha barriga.
E então eu abri os olhos ao mesmo tempo em que alguém abriu a porta do quarto.
Encontrei Derek sobre mim, pedaços do tecido fino da minha blusa em suas mãos e outros no chão. Seu rosto estava levantado, olhando para quem estava na porta, enquanto seu corpo tentava bloquear o meu, impedir que quem quer que tenha nos interrompido me veja.
Mas que porra tinha acabado de acontecer?
Eu sentia o gosto da vodca na ponta da minha língua. Era um gosto bem vindo, principalmente porque eu conhecia as sensações que se seguiam a ele. Eu estava assim tão bêbada?
— Sai daqui, seu filho da puta! — Derek gritou, sua voz soando mole e bêbada. O que quer que estava causando o aperto no meu ventre sumiu assim que suas palavras ecoaram em meus ouvidos. Derek. Eu estava com Derek.
— Sai, Derek. — murmurei, empurrando-o para o lado. Ele estava em cima de mim, fazendo um peso imenso em meu corpo. Eu não tinha notado o quanto minhas pernas estavam dormentes até querer me mexer para ver quem estava ali. Derek, bêbado, caiu no chão como se fosse um saco de batatas.
Eca. Derek não estava nem um pouco atraente depois disso.
Balançando a cabeça para tentar organizar meus pensamentos nublados, eu olhei para minha porta.
Minha respiração ficou ainda mais falha e meus olhos se arregalaram ao mesmo tempo em que minha boca abriu em surpresa, tentando buscar mais ar para meus pulmões. Isso não estava acontecendo.
document.write(Adam), que não tirava os olhos de mim. Alguém esqueceu de avisar Derek que esquecera sua dignidade no chão quando tentou se levantar e tropeçou, caindo outra vez e só depois chegando até .
Mas que merda eu tinha na cabeça para me sentir atraída por Derek?
De repente, um estalo passou pela cabeça de . Ele olhou para Derek com certo desprezo e raiva, que só tornou-o mais atraente. As imagens de nós dois no meu sofá continuavam a se repetir em minha cabeça, deixando meus lábios secos.
— Some.
Com quatro letras e um olhar enviesado, conseguiu espantar Derek. Alguma coisa em sua postura, no modo como ele tentava passar despercebido no meio de uma multidão — e falhava miseravelmente — tinha feito meu namorado adolescente sair correndo como uma criancinha. Mordi meus lábios porque nunca esteve tão gostoso. A raiva estava emanando de todos os seus poros e o sorriso malicioso que ele escondia no canto da boca estava mais presente do que nunca, apesar de não poder ser visto. Seus músculos estavam rijos com a ira, destacando a parte descoberta de seus braços incrivelmente fortes. No fim de seus braços, suas mãos grandes e sempre cobertas por uma luva que deixava a mostra seus dedos longos estava fechadas em punho, fazendo algumas veias saltarem.
E então parei de secar seus braços e voltei para seus olhos. A ira havia desaparecido — em partes — e agora ele não encarava a parede atrás de mim com desaprovação. Ele me encarava. Seus olhos me faziam promessas maravilhosas sobre me jogar de novo no sofá e, dessa vez, eu não teria que me contentar com uma fantasia ou com um selinho roubado. Não, eu via muito mais do que isso. Era como se pudesse praticamente me mostrar o que pretendia fazer comigo, só com aquele olhar, direcionado aos meus seios expostos, cobertos apenas pelo sutiã rosa de renda.
Eu precisava quebrar o silêncio. Precisava saber o que ele estava pensando.
— Está apreciando a vista? — perguntei. Eu queria provocá-lo, sabendo que ele iria ficar com ainda mais raiva, mas não podia evitar. me olhava com intensidade demais para que eu deixasse uma chance como essa passar despercebida.
Ele pareceu sair do transe que o mantinha preso em mim e a ira pegou o lugar do sentimento que eu estava vendo segundos atrás.
— Vista-se. — ordenou.
Por algum motivo, aquilo fez com que o meio das minhas pernas ficasse mais úmido.
— Derek rasgou minha blusa. — rebati, dizendo a verdade e ele sabia disso. ficou ainda mais irritado.
— ENTÃO VISTA OUTRA, PORRA!
Eu nunca o tinha visto tão puto. Seu pomo de adão se moveu quando ele engoliu em seco e eu notei o quanto queria sentir o gosto da pele de seu pescoço.
Só para testar sua paciência, eu cruzei os braços.
Involuntariamente, meus seios ficaram maiores por causa do movimento; movimento que não deixou passar despercebido. Seus olhos estavam escurecidos agora, fitando meu busto. Suas mãos que estavam fechadas em punho pareciam estar praticamente rasgando o tecido da luva, tamanha era a força que ele fazia.
Talvez eu pudesse continuar aquilo.
— E se eu não quiser vestir outra?
não esperava por isso. Eu também não esperava por isso. Era algo que eu falaria, mas não para ele.
Super foda-se para o meu comportamento nada adequado. Eu podia culpar a vodca.
— .
Um gemido não soaria tão erótico em meus ouvidos como meu nome saindo de seus lábios havia soado.
— O que foi, ? — questionei, me aproximando dele. Pronunciei seu nome com a mesma lentidão e advertência que ele havia pronunciado o meu, querendo que sentisse o que eu estava sentindo — Está com medo de cair em tentação?
Essa era a hora que eu soltava uma risada de deboche e ele gritava comigo. Mas isso não aconteceu. A conexão de nossos olhos não quebrava; a tensão que unia nossos corpos apenas nos aproximava um do outro.
— Você me disse que ia estudar. — ele acusou, mudando de assunto. Revirei os olhos.
— As pessoas mentem, . — informei-lhe, como se estivesse compartilhando um segredo. Minha voz estava rouca e eu sentia que algo estava prestes a explodir dentro de mim — Tem uma porção de coisas que eu poderia dizer e você iria acreditar; ainda assim, seriam mentiras.
engoliu em seco pela milésima vez desde que aparecera no quarto. Sua língua molhou seus lábios e não pude fazer nada além de acompanhar o movimento como se minha vida dependesse disso. E o pior era que tudo que eu imaginava era o que aquela língua poderia fazer...
— Como o quê? — ele retrucou. Algo se acendeu dentro de mim, algo como esperança. Não esperava que cedesse.
Eu precisava jogar minhas melhores cartas na mesa.
— Como o quanto eu odeio você. Ou o quanto eu quero que você vá embora daqui agora e desapareça para sempre. — comecei, contando mentiras que eu mesma acreditava serem verdades. Nós estávamos extremamente próximos e eu chegava ainda mais perto, com os braços cruzados, vendo que não se mexia — Que eu não pensei em você cada segundo durante essa semana, sem exceção. — finalmente nos encontramos e sua única saída foi dar um passo para trás, batendo as costas na parede. Eu não parei por aí — Que eu não queria beijar você hoje. Que eu não imaginei que era você enquanto Derek me beijava. Que eu não estou louca pra arrancar suas roupas e ver seu corpo delicioso mais uma vez exatamente agora. Que eu não estou completamente molhada só de pensar em tudo isso.
Quando comecei a falar, pensei que seria mais difícil. Mas aí as palavras vazaram da minha boca como se estivessem entaladas na garganta desde sempre e tudo ficou fácil. Eu sabia o que queria.
E então um gemido reverberou em seu peito, parando em sua garganta, antes que pudesse realmente reproduzi-lo em voz alta.
— Como você consegue fazer isso? — perguntou, sua voz não passando de um sussurro; não era preciso mais do que isso para que eu o ouvisse e vice-versa.
— Mentir?
— Não. Fazer com que eu não consiga manter a porra do meu pau dentro das calças.
E então sua boca atingiu a minha. Oh, “atingir” era definitivamente o verbo que eu queria usar, porque foi assim que eu senti. Com força, autoridade, raiva e desejo, tudo misturado em um gesto, tomou posse de meus lábios, reivindicando-os como se pertencessem a ele. Sua língua penetrou minha boca furiosamente, roubando qualquer resquício de ar e sanidade que eu ainda possuía. Exigente e autoritário, era assim que me beijava, como se quisesse resolver todos seus problemas em um único ato primitivo, movendo sua língua em uma sincronia perfeita com a minha.
Suas mãos fortes que eu implorava para que me tocassem foram para minha cintura, me puxando para mais perto, fazendo-me sentir o tamanho de seu desejo na parte da frente de seus jeans, cutucando minha barriga. Com uma das pernas, obriguei-o a abrir as dele, para que pudéssemos nos entrelaçar, me perdendo ali, fazendo nós dois soltarmos gemidos na boca do outro. Usando uma força exagerada, apertou minha cintura, descendo a mão para meu quadril enquanto a outra subia até a base dos meus seios, sem realmente tocá-los. Sua boca continuava furiosa na minha e a última coisa que eu pensava era em ar; eu podia morrer ali mesmo e não iria nem mesmo perceber.
Eu já estava morrendo, de qualquer jeito.
Puxei sua camiseta, esgarçando o tecido. Eu queria vê-lo livre daquilo o mais rápido possível, mas nossa proximidade estava dificultando as coisas. Seus dentes capturaram meu lábio inferior, prendendo-o em sua boca. O autocontrole que eu pensei ter sumiu quando chupou o pedaço de carne que tinha na boca, fazendo todo meu ventre se contrair. Ele se separou de mim por alguns segundos para que pudéssemos respirar, mas eu não consegui aproveitar o tempo. Logo, ele havia subido uma mão para minha cabeça, inclinando-me para trás e mudando o ângulo de nosso beijo, aprofundando-se ainda mais em minha boca.
Levei um susto quando bateu a porta do meu quarto e nos girou, me pressionando contra a madeira. Suas mãos desceram para minha bunda e deixou suas intenções claras quando me impulsionou para cima. Sem ter grandes reclamações, pulei para que ele pudesse pegar minhas pernas e envolver sua cintura, fazendo com que começássemos a nos roçar nos lugares exatamente certos.
Eu ouvi um gemido aliviado ecoar em meus ouvidos, mas não conseguia dizer se era meu ou de ; nós dois estávamos tão desesperados por aquilo que eu não conseguia me concentrar em nada que não fosse ele, seu toque, seu sabor... O contato que nós estávamos tendo era tão intenso que me fazia esquecer que eu tinha responsabilidades.
Responsabilidades que estavam tentando me alcançar mesmo por cima de toda a nuvem de desejo e tesão que estava me envolvendo. Havia alguma coisa... Algo que estava acontecendo exatamente agora e que eu deveria estar prestando atenção.
finalmente soltou minha boca, sugando meu lábio inferior uma última vez, mas não quebrou nosso contato, mantendo nossas testas grudadas. Minha respiração estava forte e ofegante enquanto se misturava com a dele. Seu quadril investiu para frente, encontrando com a parte mais desesperada do meu corpo, aquela que estava gritando por ele. Bom, não era como se eu inteira já não estivesse gritando por ele, de qualquer jeito. tinha uma porra de um magnetismo que me atraía sem aviso; era como se fossemos imãs.
— QUE PORRA É ESSA?!
Era Elliot. Ele estava no quarto. Eu queria seriamente saber desde quando meu quarto tinha virado parada obrigatória.
– Elliot...
A essa altura eu já tinha me soltado de , meu corpo quase derretendo em lágrimas e frustração pela perda do contato. Era como se eu tivesse deixado uma parte de mim nele.
— Não era esse o combinado, cacete! — Elliot continuou gritando, totalmente alterado. Ele tinha acabado de voltar de um campeonato, então estava mais estressado do que o normal.
A realidade me deu um tapa na cara. só estava ali porque meu pai estava morto e minha mãe era uma vaca. Tinha uma festa acontecendo no andar de baixo, com drogas, bebidas e gente transando, enquanto meus irmãos estavam no meio, totalmente expostos a isso. Irmãos que, se eu não cuidasse direito, iriam para um conselho tutelar. Eu iria perder todos eles.
Merda. Merda. Mil vezes merda.
Olhei para . Suas pupilas estavam dilatadas e seus globos estavam afogados em uma nuvem de desejo que estava nos envolvendo segundos atrás, fazendo sua respiração ser descompassada e seu peito se mover a cada inspiração. Deus, eu queria . Queria muito.
Uma corrente gelada chicoteou meus braços e eu notei que estava apenas de sutiã. Peguei uma jaqueta no meu guarda-roupa, ainda sendo observada por e Elliot, que esperava alguma desculpa, explicação, qualquer coisa para explicar o que ele tinha acabado de ver. Mas eu não tinha nada.
— Não estou arrependida. — murmurei para Elliot antes de deixar o quarto e tentar consertar a merda que eu tinha feito.
A música estava alta. As pessoas estavam cada vez mais bêbadas. Derek estava ao meu redor, me abraçando e murmurando coisas ao meu redor o tempo todo. Mas aquilo não me parecia certo.
Assim que saiu com meus irmãos para a luta de Elliot, alguns amigos universitários de Derek chegaram, trazendo garrafas imensas de vodca e tequila. Minhas amigas também apareceram, com caixas de som e músicas eletrônicas. E mais pessoas. Pessoas que eu não conhecia, pessoas que eu não queria por perto. Por algum motivo, eu não reclamei.
Minha mente estava nublada desde a hora que vi e Lacey juntos e não melhorou nada quando eu o beijei. Eu passava meus dedos pelos lábios involuntariamente, ainda sentindo a maciez dos dele.
Derek. Eu precisava de Derek.
Encontrei-o na cozinha, com uma garrafa de vodca. Tirei a garrafa de sua boca e a substituí pela minha própria. As pessoas ao nosso redor gritaram como idiotas. De repente, todos ali eram idiotas para mim. Minhas amigas se aproximavam para contar como a faculdade era super interessante e legal e como elas sentiam pena de mim por ainda não ter conseguido terminar a escola! Eu só tinha vontade de mandar todas à merda.
— Calma, gata! — Derek murmurou, desprendendo-se do meu abraço firme — Vamos subir.
Juntos, eu, a garrafa de vodca e Derek subimos para meu quarto.
O colar com meu nome pesou no meu pescoço. havia mandado todos nós usar aquilo e eu tinha odiado, mas, no momento, era a única coisa que eu tinha que me ligava à ele.
— Você ainda não jogou fora essa merda? — ele perguntou, se referindo ao colar. Derek tinha desenvolvido um ciúmes infundado de , desde o dia em que começamos a planejar a festa. Jogar fora o colar estava nos planos.
— Não sei, não, Der. — reclamei, tocando o metal — vai ficar puto se eu estragar isso...
Derek pegou meu rosto entre suas mãos. Suas pupilas dilatadas me mostravam o quanto ele já estava bêbado.
— , a intenção é deixar esse babaca puto.
E, com um puxão, Derek tirou o colar de mim. Ele entrou no banheiro do meu quarto e ouvi o barulho da descarga quando mandou o metal diretamente para o esgoto. Eu não estava gostando nada disso e não melhorou quando Derek se aproximou de mim com um sorriso perverso no rosto.
— Agora esse cara está fora do nosso caminho, gata.
— Der...
— Não fala, ok?
Derek me beijou e eu me deixei levar. idiota. Ele não representava nada. Alguns momentos com meus irmãos sendo o pai que eles nunca tiveram não eram nada mais do que isso: momentos. não se importava conosco. Éramos só mais uma maldita missão, assim como as de mamãe e a que matou papai. Nada mais.
A boca de Derek ficou mais exigente e eu me irritei por não sentir absolutamente nada. Tentei culpar a vodca, mas isso não estava dando certo para mim. Quando meus olhos fechavam, era . estava em todo lugar, tomando conta de cada canto da minha mente.
As mãos de Derek desceram de minhas costas para minha bunda e eu não reclamei. Concentre-se, . Você está com Der, eu disse para mim mesma. Aceitando esse fato, empurrei Derek para o sofá atrás de nós, fazendo com que ele caísse sentado em seu estado bêbado. Caí por cima dele, sentando em seu colo. Sua boca tinha gosto de vodca e cerveja e, mesmo sendo viciada nesses três sabores, eu não conseguia sentir prazer com aquele beijo.
. descendo as mãos pelo meu corpo. beijando meu pescoço como se minha carne fosse a única coisa que pudesse alimentá-lo quando está faminto. Seus olhos sempre atentos vigiando meu rosto e minhas reações ao seu toque, querendo que eu sentisse o máximo de prazer que ele podia me proporcionar. Suas mãos fortes começam a penetrar minha blusa fina cor de rosa, levantando o tecido aos poucos, fazendo com que meus sentidos fiquem inebriados, assim como minha mente e levando o resto de sanidade que eu ainda tinha. Aos poucos, começa a beijar meu decote, na parte onde a blusa e meu sutiã não podiam alcançar, puxando a pele entre seus lábios, determinado a me marcar como sua, como se ele tivesse esse direito. Como se eu fosse totalmente dele.
E, quando eu vejo, eu sou sim dele. pode fazer o que quiser comigo. Pode me jogar no sofá, rasgar minha blusa rosa, presente de papai quando voltou da América do Sul. Suas mãos agarram meus seios e sua língua contorna cada cantinho de meu colo, começando a descer ainda mais e tudo que eu posso fazer é suspirar e morder meus lábios, desesperada para encontrar um alívio para o aperto que está se desenvolvendo no sul da minha barriga.
E então eu abri os olhos ao mesmo tempo em que alguém abriu a porta do quarto.
Encontrei Derek sobre mim, pedaços do tecido fino da minha blusa em suas mãos e outros no chão. Seu rosto estava levantado, olhando para quem estava na porta, enquanto seu corpo tentava bloquear o meu, impedir que quem quer que tenha nos interrompido me veja.
Mas que porra tinha acabado de acontecer?
Eu sentia o gosto da vodca na ponta da minha língua. Era um gosto bem vindo, principalmente porque eu conhecia as sensações que se seguiam a ele. Eu estava assim tão bêbada?
— Sai daqui, seu filho da puta! — Derek gritou, sua voz soando mole e bêbada. O que quer que estava causando o aperto no meu ventre sumiu assim que suas palavras ecoaram em meus ouvidos. Derek. Eu estava com Derek.
— Sai, Derek. — murmurei, empurrando-o para o lado. Ele estava em cima de mim, fazendo um peso imenso em meu corpo. Eu não tinha notado o quanto minhas pernas estavam dormentes até querer me mexer para ver quem estava ali. Derek, bêbado, caiu no chão como se fosse um saco de batatas.
Eca. Derek não estava nem um pouco atraente depois disso.
Balançando a cabeça para tentar organizar meus pensamentos nublados, eu olhei para minha porta.
Minha respiração ficou ainda mais falha e meus olhos se arregalaram ao mesmo tempo em que minha boca abriu em surpresa, tentando buscar mais ar para meus pulmões. Isso não estava acontecendo.
document.write(Adam), que não tirava os olhos de mim. Alguém esqueceu de avisar Derek que esquecera sua dignidade no chão quando tentou se levantar e tropeçou, caindo outra vez e só depois chegando até .
Mas que merda eu tinha na cabeça para me sentir atraída por Derek?
De repente, um estalo passou pela cabeça de . Ele olhou para Derek com certo desprezo e raiva, que só tornou-o mais atraente. As imagens de nós dois no meu sofá continuavam a se repetir em minha cabeça, deixando meus lábios secos.
— Some.
Com quatro letras e um olhar enviesado, conseguiu espantar Derek. Alguma coisa em sua postura, no modo como ele tentava passar despercebido no meio de uma multidão — e falhava miseravelmente — tinha feito meu namorado adolescente sair correndo como uma criancinha. Mordi meus lábios porque nunca esteve tão gostoso. A raiva estava emanando de todos os seus poros e o sorriso malicioso que ele escondia no canto da boca estava mais presente do que nunca, apesar de não poder ser visto. Seus músculos estavam rijos com a ira, destacando a parte descoberta de seus braços incrivelmente fortes. No fim de seus braços, suas mãos grandes e sempre cobertas por uma luva que deixava a mostra seus dedos longos estava fechadas em punho, fazendo algumas veias saltarem.
E então parei de secar seus braços e voltei para seus olhos. A ira havia desaparecido — em partes — e agora ele não encarava a parede atrás de mim com desaprovação. Ele me encarava. Seus olhos me faziam promessas maravilhosas sobre me jogar de novo no sofá e, dessa vez, eu não teria que me contentar com uma fantasia ou com um selinho roubado. Não, eu via muito mais do que isso. Era como se pudesse praticamente me mostrar o que pretendia fazer comigo, só com aquele olhar, direcionado aos meus seios expostos, cobertos apenas pelo sutiã rosa de renda.
Eu precisava quebrar o silêncio. Precisava saber o que ele estava pensando.
— Está apreciando a vista? — perguntei. Eu queria provocá-lo, sabendo que ele iria ficar com ainda mais raiva, mas não podia evitar. me olhava com intensidade demais para que eu deixasse uma chance como essa passar despercebida.
Ele pareceu sair do transe que o mantinha preso em mim e a ira pegou o lugar do sentimento que eu estava vendo segundos atrás.
— Vista-se. — ordenou.
Por algum motivo, aquilo fez com que o meio das minhas pernas ficasse mais úmido.
— Derek rasgou minha blusa. — rebati, dizendo a verdade e ele sabia disso. ficou ainda mais irritado.
— ENTÃO VISTA OUTRA, PORRA!
Eu nunca o tinha visto tão puto. Seu pomo de adão se moveu quando ele engoliu em seco e eu notei o quanto queria sentir o gosto da pele de seu pescoço.
Só para testar sua paciência, eu cruzei os braços.
Involuntariamente, meus seios ficaram maiores por causa do movimento; movimento que não deixou passar despercebido. Seus olhos estavam escurecidos agora, fitando meu busto. Suas mãos que estavam fechadas em punho pareciam estar praticamente rasgando o tecido da luva, tamanha era a força que ele fazia.
Talvez eu pudesse continuar aquilo.
— E se eu não quiser vestir outra?
não esperava por isso. Eu também não esperava por isso. Era algo que eu falaria, mas não para ele.
Super foda-se para o meu comportamento nada adequado. Eu podia culpar a vodca.
— .
Um gemido não soaria tão erótico em meus ouvidos como meu nome saindo de seus lábios havia soado.
— O que foi, ? — questionei, me aproximando dele. Pronunciei seu nome com a mesma lentidão e advertência que ele havia pronunciado o meu, querendo que sentisse o que eu estava sentindo — Está com medo de cair em tentação?
Essa era a hora que eu soltava uma risada de deboche e ele gritava comigo. Mas isso não aconteceu. A conexão de nossos olhos não quebrava; a tensão que unia nossos corpos apenas nos aproximava um do outro.
— Você me disse que ia estudar. — ele acusou, mudando de assunto. Revirei os olhos.
— As pessoas mentem, . — informei-lhe, como se estivesse compartilhando um segredo. Minha voz estava rouca e eu sentia que algo estava prestes a explodir dentro de mim — Tem uma porção de coisas que eu poderia dizer e você iria acreditar; ainda assim, seriam mentiras.
engoliu em seco pela milésima vez desde que aparecera no quarto. Sua língua molhou seus lábios e não pude fazer nada além de acompanhar o movimento como se minha vida dependesse disso. E o pior era que tudo que eu imaginava era o que aquela língua poderia fazer...
— Como o quê? — ele retrucou. Algo se acendeu dentro de mim, algo como esperança. Não esperava que cedesse.
Eu precisava jogar minhas melhores cartas na mesa.
— Como o quanto eu odeio você. Ou o quanto eu quero que você vá embora daqui agora e desapareça para sempre. — comecei, contando mentiras que eu mesma acreditava serem verdades. Nós estávamos extremamente próximos e eu chegava ainda mais perto, com os braços cruzados, vendo que não se mexia — Que eu não pensei em você cada segundo durante essa semana, sem exceção. — finalmente nos encontramos e sua única saída foi dar um passo para trás, batendo as costas na parede. Eu não parei por aí — Que eu não queria beijar você hoje. Que eu não imaginei que era você enquanto Derek me beijava. Que eu não estou louca pra arrancar suas roupas e ver seu corpo delicioso mais uma vez exatamente agora. Que eu não estou completamente molhada só de pensar em tudo isso.
Quando comecei a falar, pensei que seria mais difícil. Mas aí as palavras vazaram da minha boca como se estivessem entaladas na garganta desde sempre e tudo ficou fácil. Eu sabia o que queria.
E então um gemido reverberou em seu peito, parando em sua garganta, antes que pudesse realmente reproduzi-lo em voz alta.
— Como você consegue fazer isso? — perguntou, sua voz não passando de um sussurro; não era preciso mais do que isso para que eu o ouvisse e vice-versa.
— Mentir?
— Não. Fazer com que eu não consiga manter a porra do meu pau dentro das calças.
E então sua boca atingiu a minha. Oh, “atingir” era definitivamente o verbo que eu queria usar, porque foi assim que eu senti. Com força, autoridade, raiva e desejo, tudo misturado em um gesto, tomou posse de meus lábios, reivindicando-os como se pertencessem a ele. Sua língua penetrou minha boca furiosamente, roubando qualquer resquício de ar e sanidade que eu ainda possuía. Exigente e autoritário, era assim que me beijava, como se quisesse resolver todos seus problemas em um único ato primitivo, movendo sua língua em uma sincronia perfeita com a minha.
Suas mãos fortes que eu implorava para que me tocassem foram para minha cintura, me puxando para mais perto, fazendo-me sentir o tamanho de seu desejo na parte da frente de seus jeans, cutucando minha barriga. Com uma das pernas, obriguei-o a abrir as dele, para que pudéssemos nos entrelaçar, me perdendo ali, fazendo nós dois soltarmos gemidos na boca do outro. Usando uma força exagerada, apertou minha cintura, descendo a mão para meu quadril enquanto a outra subia até a base dos meus seios, sem realmente tocá-los. Sua boca continuava furiosa na minha e a última coisa que eu pensava era em ar; eu podia morrer ali mesmo e não iria nem mesmo perceber.
Eu já estava morrendo, de qualquer jeito.
Puxei sua camiseta, esgarçando o tecido. Eu queria vê-lo livre daquilo o mais rápido possível, mas nossa proximidade estava dificultando as coisas. Seus dentes capturaram meu lábio inferior, prendendo-o em sua boca. O autocontrole que eu pensei ter sumiu quando chupou o pedaço de carne que tinha na boca, fazendo todo meu ventre se contrair. Ele se separou de mim por alguns segundos para que pudéssemos respirar, mas eu não consegui aproveitar o tempo. Logo, ele havia subido uma mão para minha cabeça, inclinando-me para trás e mudando o ângulo de nosso beijo, aprofundando-se ainda mais em minha boca.
Levei um susto quando bateu a porta do meu quarto e nos girou, me pressionando contra a madeira. Suas mãos desceram para minha bunda e deixou suas intenções claras quando me impulsionou para cima. Sem ter grandes reclamações, pulei para que ele pudesse pegar minhas pernas e envolver sua cintura, fazendo com que começássemos a nos roçar nos lugares exatamente certos.
Eu ouvi um gemido aliviado ecoar em meus ouvidos, mas não conseguia dizer se era meu ou de ; nós dois estávamos tão desesperados por aquilo que eu não conseguia me concentrar em nada que não fosse ele, seu toque, seu sabor... O contato que nós estávamos tendo era tão intenso que me fazia esquecer que eu tinha responsabilidades.
Responsabilidades que estavam tentando me alcançar mesmo por cima de toda a nuvem de desejo e tesão que estava me envolvendo. Havia alguma coisa... Algo que estava acontecendo exatamente agora e que eu deveria estar prestando atenção.
finalmente soltou minha boca, sugando meu lábio inferior uma última vez, mas não quebrou nosso contato, mantendo nossas testas grudadas. Minha respiração estava forte e ofegante enquanto se misturava com a dele. Seu quadril investiu para frente, encontrando com a parte mais desesperada do meu corpo, aquela que estava gritando por ele. Bom, não era como se eu inteira já não estivesse gritando por ele, de qualquer jeito. tinha uma porra de um magnetismo que me atraía sem aviso; era como se fossemos imãs.
— QUE PORRA É ESSA?!
Era Elliot. Ele estava no quarto. Eu queria seriamente saber desde quando meu quarto tinha virado parada obrigatória.
– Elliot...
A essa altura eu já tinha me soltado de , meu corpo quase derretendo em lágrimas e frustração pela perda do contato. Era como se eu tivesse deixado uma parte de mim nele.
— Não era esse o combinado, cacete! — Elliot continuou gritando, totalmente alterado. Ele tinha acabado de voltar de um campeonato, então estava mais estressado do que o normal.
A realidade me deu um tapa na cara. só estava ali porque meu pai estava morto e minha mãe era uma vaca. Tinha uma festa acontecendo no andar de baixo, com drogas, bebidas e gente transando, enquanto meus irmãos estavam no meio, totalmente expostos a isso. Irmãos que, se eu não cuidasse direito, iriam para um conselho tutelar. Eu iria perder todos eles.
Merda. Merda. Mil vezes merda.
Olhei para . Suas pupilas estavam dilatadas e seus globos estavam afogados em uma nuvem de desejo que estava nos envolvendo segundos atrás, fazendo sua respiração ser descompassada e seu peito se mover a cada inspiração. Deus, eu queria . Queria muito.
Uma corrente gelada chicoteou meus braços e eu notei que estava apenas de sutiã. Peguei uma jaqueta no meu guarda-roupa, ainda sendo observada por e Elliot, que esperava alguma desculpa, explicação, qualquer coisa para explicar o que ele tinha acabado de ver. Mas eu não tinha nada.
— Não estou arrependida. — murmurei para Elliot antes de deixar o quarto e tentar consertar a merda que eu tinha feito.
8
Elliot me ignorou durante todo o final de semana. Eu apenas tentei não me importar, mas era realmente triste saber que meu irmão estava decepcionado comigo.
Em partes, eu também estava. Eu tinha me perdido por um momento e feito uma besteira. Apesar de tudo, não me arrependia. Quis naquela hora, mas já tinha passado. Quem nunca fez uma besteira na vida que atire a primeira pedra.
Era domingo, as crianças estavam impacientes em casa, enquanto Elliot jogava videogame e lavava roupa. Simplesmente não aguentava ver minhas crianças com aquela cara de tédio.
— Chuck. — chamei, fazendo o garoto tirar os olhos de Elliot, que não deixava o menor jogar com ele — O que você acha de irmos ao parque, agora?
Os olhos de Chuck e David se iluminaram na mesma hora. Lacey que estava lendo um livro ao meu lado também pareceu ficar mais alegrinha na mesma hora.
— Posso chamar uma amiga? — perguntou Lay.
Sorri para ela.
— Claro que pode. Assim vocês me ajudam a cuidar das crianças.
Lay assentiu alegremente e correu para o telefone.
— Eu também estou convidado?
estava parado na entrada da sala, apoiado no batente com os braços cuidados. Os motivos que eu tive para beijá-lo apareceram na minha cabeça, dessa vez mais forte; depois que você teve um gosto do paraíso, é muito difícil esquecer onde esteve.
— Todo mundo está. — respondi, tentando alcançar Elliot. Meu irmão apenas bufou e aumentou o volume dos tiros.
Meia hora depois, eu e estávamos saindo com Lacey, Chuck e David para irmos ao parquinho. Iríamos passar na casa de Ashley, melhor amiga de Lay no meio do caminho.
— O que é isso? — perguntei para , quando estávamos tirando as crianças do carro, já no parque. Ele pegou uma cesta que estava jogada nos bancos de trás.
— É uma cesta de piquenique. — ele respondeu. Um sorriso ameaçou despontar em meu rosto e eu arqueei a sobrancelha. mordeu o lábio inferior tentadoramente, parecendo sem graça, de repente — Eu pesquisei no Google.
Sem conseguir aguentar, soltei uma gargalhada.
Lacey e Ashley ficaram brincando com suas Barbies que tinham trinta profissões diferentes enquanto Chuck corria com alguns amiguinhos novos que tinha feito. David era o único que me dava mais trabalho porque eu tinha medo de deixá-lo sozinho por aí, então ficou montando nosso piquenique e observando Ashley e Lay brincar e eu acompanhei Chuck e David por toda a parte. Uma meia hora depois, nós invertemos as posições, a pedido dele. Eu fiquei um pouco hesitante no início, porque David não era uma criança que confia em qualquer um assim, tão fácil; em casa mesmo, Dave ainda não tinha se convencido das boas vontades — que no começo não eram tão boas assim — de .
Quando o sol começou a se pôr, todos nós nos sentamos na enorme toalha quadriculada de vermelho e branco que tinha prendido no chão com uma pedra em cada ponta. Meus olhos simplesmente brilharam como dois diamantes quando vi correndo atrás de Chuck com Dave pendurado em seu pescoço, os três às gargalhadas. Um bolo se formou na minha garganta e senti meu rosto esquentar na medida em que as lágrimas ameaçavam escapar. Depois disso, os três se juntaram à Lay, Ashley e eu e comemos as guloseimas que havia colocado na cesta.
— Muito bem. — começou, pegando a cesta de piquenique quando todos nos sentamos ao redor da toalha — Vamos ver o que temos aqui.
Ele se movia cuidadosamente, já que tinha Dave sentando em seu colo, que parecia não querer se desgrudar dele.
— Um suco de morango para Chuck... — disse, entregando um suquinho de caixinha para meu irmão do meio — Um de uva para Lacey e, me desculpe Ashley, não sabia qual era o seu favorito, então trouxe de uva também, pode ser?
Ashley soltou uma risadinha envergonhada e assentiu, pegando o suquinho da mão com as típicas luvas de couro sem dedo das mãos de .
— E para o Dave... Um suco de melancia!
Eu ri da festa que David fez ao pegar a caixinha com as mãos. Logo depois tirou das pequeninas mãos, de um modo meio brusco, mas isso não pareceu irritar o bebê — pelo contrário, fez Dave amar ainda mais. Ele tirou uma pequena caneca do Batman com tampa e despejou o conteúdo do suco lá dentro, devolvendo para Dave.
— Pronto, campeão. Agora você pode beber.
Dave soltou uns sons que nós entendíamos como suas tentativas falhas de falar.
Depois de entregar os suquinhos, tirou pacotes de salgadinho individuais e entregou um para cada. E, caso alguém quisesse, tinha bolachinhas Lotte Koala, que eram biscoitos recheados com chocolate em forma de coala.
— Você realmente pensou em tudo, uh? — brinquei com , sorrindo para ele enquanto as crianças comiam e Dave sujava a blusa preta de com farelos de salgadinho.
— É. Pensei em tudo.
E aí ele tirou um último item da cesta: um potinho de iogurte de morango e uma colherzinha e entregou para mim.
Sem reação, peguei o que ele estava me dando e continuei a encará-lo.
deu de ombros, como se não fosse nada demais. Mas era.
Aquele sábado inteiro foi.
Em partes, eu também estava. Eu tinha me perdido por um momento e feito uma besteira. Apesar de tudo, não me arrependia. Quis naquela hora, mas já tinha passado. Quem nunca fez uma besteira na vida que atire a primeira pedra.
Era domingo, as crianças estavam impacientes em casa, enquanto Elliot jogava videogame e lavava roupa. Simplesmente não aguentava ver minhas crianças com aquela cara de tédio.
— Chuck. — chamei, fazendo o garoto tirar os olhos de Elliot, que não deixava o menor jogar com ele — O que você acha de irmos ao parque, agora?
Os olhos de Chuck e David se iluminaram na mesma hora. Lacey que estava lendo um livro ao meu lado também pareceu ficar mais alegrinha na mesma hora.
— Posso chamar uma amiga? — perguntou Lay.
Sorri para ela.
— Claro que pode. Assim vocês me ajudam a cuidar das crianças.
Lay assentiu alegremente e correu para o telefone.
— Eu também estou convidado?
estava parado na entrada da sala, apoiado no batente com os braços cuidados. Os motivos que eu tive para beijá-lo apareceram na minha cabeça, dessa vez mais forte; depois que você teve um gosto do paraíso, é muito difícil esquecer onde esteve.
— Todo mundo está. — respondi, tentando alcançar Elliot. Meu irmão apenas bufou e aumentou o volume dos tiros.
Meia hora depois, eu e estávamos saindo com Lacey, Chuck e David para irmos ao parquinho. Iríamos passar na casa de Ashley, melhor amiga de Lay no meio do caminho.
— O que é isso? — perguntei para , quando estávamos tirando as crianças do carro, já no parque. Ele pegou uma cesta que estava jogada nos bancos de trás.
— É uma cesta de piquenique. — ele respondeu. Um sorriso ameaçou despontar em meu rosto e eu arqueei a sobrancelha. mordeu o lábio inferior tentadoramente, parecendo sem graça, de repente — Eu pesquisei no Google.
Sem conseguir aguentar, soltei uma gargalhada.
Lacey e Ashley ficaram brincando com suas Barbies que tinham trinta profissões diferentes enquanto Chuck corria com alguns amiguinhos novos que tinha feito. David era o único que me dava mais trabalho porque eu tinha medo de deixá-lo sozinho por aí, então ficou montando nosso piquenique e observando Ashley e Lay brincar e eu acompanhei Chuck e David por toda a parte. Uma meia hora depois, nós invertemos as posições, a pedido dele. Eu fiquei um pouco hesitante no início, porque David não era uma criança que confia em qualquer um assim, tão fácil; em casa mesmo, Dave ainda não tinha se convencido das boas vontades — que no começo não eram tão boas assim — de .
Quando o sol começou a se pôr, todos nós nos sentamos na enorme toalha quadriculada de vermelho e branco que tinha prendido no chão com uma pedra em cada ponta. Meus olhos simplesmente brilharam como dois diamantes quando vi correndo atrás de Chuck com Dave pendurado em seu pescoço, os três às gargalhadas. Um bolo se formou na minha garganta e senti meu rosto esquentar na medida em que as lágrimas ameaçavam escapar. Depois disso, os três se juntaram à Lay, Ashley e eu e comemos as guloseimas que havia colocado na cesta.
— Muito bem. — começou, pegando a cesta de piquenique quando todos nos sentamos ao redor da toalha — Vamos ver o que temos aqui.
Ele se movia cuidadosamente, já que tinha Dave sentando em seu colo, que parecia não querer se desgrudar dele.
— Um suco de morango para Chuck... — disse, entregando um suquinho de caixinha para meu irmão do meio — Um de uva para Lacey e, me desculpe Ashley, não sabia qual era o seu favorito, então trouxe de uva também, pode ser?
Ashley soltou uma risadinha envergonhada e assentiu, pegando o suquinho da mão com as típicas luvas de couro sem dedo das mãos de .
— E para o Dave... Um suco de melancia!
Eu ri da festa que David fez ao pegar a caixinha com as mãos. Logo depois tirou das pequeninas mãos, de um modo meio brusco, mas isso não pareceu irritar o bebê — pelo contrário, fez Dave amar ainda mais. Ele tirou uma pequena caneca do Batman com tampa e despejou o conteúdo do suco lá dentro, devolvendo para Dave.
— Pronto, campeão. Agora você pode beber.
Dave soltou uns sons que nós entendíamos como suas tentativas falhas de falar.
Depois de entregar os suquinhos, tirou pacotes de salgadinho individuais e entregou um para cada. E, caso alguém quisesse, tinha bolachinhas Lotte Koala, que eram biscoitos recheados com chocolate em forma de coala.
— Você realmente pensou em tudo, uh? — brinquei com , sorrindo para ele enquanto as crianças comiam e Dave sujava a blusa preta de com farelos de salgadinho.
— É. Pensei em tudo.
E aí ele tirou um último item da cesta: um potinho de iogurte de morango e uma colherzinha e entregou para mim.
Sem reação, peguei o que ele estava me dando e continuei a encará-lo.
deu de ombros, como se não fosse nada demais. Mas era.
Aquele sábado inteiro foi.
9
No fim da tarde, levamos Ashley de volta para casa e eu acabei ouvindo um comentário constrangedor da mãe dela sobre eu e “sermos um lindo casal”. Eu já deveria saber que as pessoas pensavam isso quando nos viam rodeados de crianças, mas ouvir em voz alta fez algo se revirar no meu estômago e eu quis vomitar.
Porque por mais certos que eles estivessem, nós nunca ficaríamos juntos. trabalhava com minha mãe. Assim que minha mãe voltasse pra casa, as coisas voltariam a ser como eram e, o pior: não estaria lá.
Dois dias atrás, isso era tudo que eu queria. Agora, eu simplesmente não podia nem pensar nisso.
Por mais que eu odiasse admitir isso no começo, foi uma puta ajuda. Ele cozinhava durante a semana e me ajudava a manter a casa organizada. Eu não tinha que me preocupar com quem buscava as crianças e se Elliot não estaria chapado demais pra isso porque buscava todas e as mantinha entretidas até de noite, quando Elliot voltava do treino e eu chegava do trabalho. As coisas estavam melhores do que eu gostava de admitir.
Sentei no batente da janela, observando céu estrelado. Meu celular estava vibrando na cômoda, pois Derek não havia parado de me ligar desde manhã, quando recobrou a consciência. Eu atendi, mandei ele ir pro inferno e desliguei. Agora só estava criando coragem para bloquear seu número. De uma hora para outra, todas as coisas ruins que ele havia me feito no tempo em que estávamos namorando pesaram demais.
O celular estava ao lado de uma foto de família, que tínhamos tirado logo depois que Dave saiu do hospital. Todos estavam lá, inclusive papai. Eu senti que iria começar a chorar, então, para bloquear qualquer lágrima, peguei uma das garrafas de vodca que eu tinha escondido no guarda-roupa, não resistindo a pegar a fotografia também, antes de voltar a me sentar no batente.
Papai nunca tinha sido presente, mas sempre soube que ele estava por aí, matando gente perigosa e se preocupando conosco. No meu baile de formatura — porque, finalmente, eu iria me formar esse ano — ele dançaria comigo e eu me sentiria uma princesa, assim como havia acontecido no meu baile de formatura do fundamental. Percebi que, agora que eu tinha conseguido notas boas para fechar o ano escolar, ninguém estaria lá para dançar comigo no baile.
Foda-se.
O silêncio estava reinando na casa e isso só podia significar que eram mais de 11h da noite. Elliot estava saindo quando chegamos e eu não reclamei. Ele também estava sofrendo com a morte de papai e desferia todo seu ódio e dor em maconha, festas e . Quando eu passei a... Não odiar , ele se sentiu traído.
Como podemos sentir falta de alguém que nunca esteve presente?
Era nisso que eu pensava quando ouvi a voz de .
— Ficar bêbada pendurada no batente da janela não é algo que eu recomendaria, .
. Ele tinha esse jeito intenso de dizer meu nome, nunca meu apelido.
Não fiz a menor questão de esconder a garrafa; pelo contrário, tomei mais alguns goles.
— Você devia parar com isso.
— E você não devia se meter na minha vida. — devolvi, só um pouquinho grossa. Eu podia me sentir atraída por ele e gostar do jeito que ele tratava meus irmãos, mas ainda não tinha dado passagem para que opinasse nos meus comportamentos.
Ele se aproximou e viu a fotografia em meu colo.
— Pode pelo menos sair da janela, então?
Saí da janela, sem parar para pensar que estava fazendo exatamente o que ele tinha me mandado fazer. Se eu começasse a pensar na merda que eu estava fazendo com , não iria sobreviver ao final de semana.
Nós nos encaramos por alguns minutos, sem saber o que dizer. Seus cabelos estavam presos em um pequeno rabo de cavalo atrás da nuca, alguns fios caindo no rosto. Seus braços musculosos sempre atraiam minha visão e eu odiava o quanto estava entregue para ele.
— Quer conversar? — ele perguntou.
Eu não iria conversar com . Nós não tínhamos intimidade para isso. Quer dizer, desde quando ele pode me oferecer um ombro pra chorar?
— Por que está aqui? — perguntei, cruzando os braços, movimento que ele acompanhou com os olhos, parando um pouco no meu decote. Contive a vontade de dizer algo para provocá-lo.
— Queria ver se você está bem.
— Não. Por que está aqui? — especifiquei.
hesitou, mas entendeu a pergunta. Vi vestígios de dor em seu rosto, mas logo isso passou. Ele limpou a garganta antes de voltar a falar.
— Seu pai...
— Não, . Ainda não é isso.
Sentei na minha cama e dei batidinhas ao meu lado, convidando-o para sentar também. Suspirando, foi exatamente o que ele fez, pegando a garrafa das minhas mãos e dando um golinho.
— Primeira coisa: se você vai beber, bebe como homem. — mandei, pegando a garrafa de volta e demonstrando o que eu queria dizer.
— Não preciso beber para deixar as pessoas se aproximarem, .
Ouch. E lá estava de novo, dizendo meu nome como se fosse um elogio. “Nossa, você está tão hoje” é algo que eu conseguia imaginá-lo dizendo.
— Qual a sua história, ? O que aconteceu pra você aceitar esse emprego de babá?
Eu não esperava que ele fosse sincero. Só queria uma distração que não me fizesse olhar para seu pescoço maravilhoso que mandava arrepios pelo meu corpo e me dava vontade de lambê-lo.
— Em 2010 eu executei uma missão no Brasil. Três anos depois, viajei para lá com a minha família.
Família. Eu fiquei com vontade de vomitar ao ouvir a palavra.
deve ter lido minha expressão corretamente, porque ele logo se apressou em dizer:
— Minha mulher e minha filha de 2 anos foram mortas por um dos caras que trabalhavam para o que eu matei em 2010. Eu aceitei vir pra cá porque não tinha opção. Era seguro e eu já estava cansado dos trabalhos difíceis. E seus pais são pessoas legais.
— Sinto muito. — murmurei. De perda eu entendia — Eu sempre achei que meus pais estavam mortos, em tese. Mas quando me disseram que papai realmente se foi, percebi que não tinha nada a ver. Antes, eu sabia que eles estavam em algum lugar.
Espantei as lágrimas que estavam no meu rosto com algumas piscadelas, não querendo chorar outra vez. Eu já tinha cansado disso.
— Acho que nós dois nos fodemos na vida. — murmurou, olhando para algum ponto fixo na parede do meu quarto.
— É.
ficou em silêncio.
— Você realmente veio até aqui só pra conferir se eu estava bem? — perguntei depois de segundos de silêncio. A pergunta já estava me corroendo por dentro e eu não sabia o porquê de ainda não tê-la feito.
— Não. Acho que precisamos conversar...
Soltei um gemido torturado e revirei os olhos.
— Sério mesmo? Quer dizer, eu não quero ter essa conversa. É sobre o beijo, não é? Sobre como foi um erro e não vai se repetir e toda essa merda... , eu não me importo. Faço o que estiver com vontade de fazer, para ser bem honesta.
— E o que você quer fazer agora?
cheirava a sabonete e menta, já que estava sempre mascando um chiclete. Suas mãos ainda estavam escondidas na luva e sua expressão corporal estava marcando presença no meu quarto, fazendo impossível deixar de notá-lo ali. Eu ficava me torturando ao lembrar de como foi bom ter nossos lábios grudados e eu decidi, de uma hora para outra, que aquela sensação valia a pena ser sentida outra vez.
Sem pensar muito, me joguei em cima dele, sentando em seu colo, minhas pernas abertas ao redor da sua cintura. Vi um sinal vermelho piscar diante dos olhos dele.
— Agora, eu quero beijar você.
— , o que você pensa que...
— Shhh. — chiei, colocando um dedo em seus lábios, pedindo que ele ficasse quieto — Eu não quero ouvir o que você tem a dizer sobre como eu sou uma vagabunda e essas coisas. Foda-se toda essa merda. Eu. Quero. Você.
Essas últimas palavrinhas tiveram muito mais significado do que pareciam ter. Eu estava admitindo que o queria; estava perguntando se ele me queria também; se ele ficaria ali comigo.
entendeu e compreendeu cada um dos significados.
Nossos rostos estavam próximos demais para minha sanidade. Minhas pálpebras pesaram e fui atraída para ele por puro instinto. Nossas testas se tocaram e, lentamente, deixamos que nossas bocas se encontrassem naturalmente.
Como sempre, o fogo que sempre me incendiava quando nos tocávamos apareceu. Concentrei-me para desligar todos os motivos que me faziam querê-lo. Quer dizer, eu podia negar para todo mundo, mas não para mim; eu não queria por causa de seu físico perfeito ou seus olhos hipnotizantes, nem por causa das coisas maravilhosas que eu sabia que sua língua podia me fazer. Era bem mais que isso. Era o modo como ele passou a cuidar dos meus irmãos, era como ele parecia se interessar por cada palavra que eu dizia, como ele estava tão machucado pela perda, assim como eu estava. Ele precisava de uma cura; no fundo, eu também.
Se eu pensasse nisso, teria que admitir que não estava beijando-o por pura e unicamente desejo. E eu simplesmente não conseguia lidar com esse tipo de informação no momento.
Levei minhas mãos para seus ombros e fiz pressão para frente, com a intenção de derrubá-lo em minha cama. Era uma cama de casal, que fora uma das minhas exigências quando nos mudamos para essa casa nova e bem maior para poder caber todos os irmãos. Nunca pensei que ela seria útil para eu usar com alguém como . Ele estava perfeitamente caído sob mim e eu me posicionei do jeito certo em seu quadril, localizando o monte duro em seu moletom e me acomodando ali, sem parar de beijá-lo por um segundo se quer.
Eu sentia a hesitação em seus movimentos. estava sentindo toda a luxúria que eu queria que sentisse, mas ainda estava com medo. Se eu não estivesse com a prova de sua excitação no meio das minhas pernas, até chegaria a pensar que não me queria. Mas eu sabia que era exatamente o contrário. Para provar o quanto ele tinha acesso à mim, peguei uma de suas mãos e posicionei na lateral do meu seio. soltou um gemido dentro da minha boca.
— ...
Merda! Ele só podia estar querendo me matar. Senti uma corrente de lava quente escorrer pelas minhas pernas.
Mordi seu lábio como uma tentativa de conter a vontade que eu tinha de simplesmente me perder nele.
— Eu adoro a sua boca. — confessei. As palavras estavam entaladas em minha garganta e eu simplesmente precisava dizê-las.
parou de beijar meu pescoço e me encarou, com um traço de diversão no olhar. Não me importei com o fato de estar corada, porque eu podia culpar o “calor do momento”, mesmo sabendo que não era realmente o motivo certo. me deixava com calor. O modo com que ele me beijava e me embalava com as mãos enquanto me acariciava me deixava com calor. Um calor muito, muito forte.
— O quê? — perguntou, um sorriso discreto começando a brincar naqueles lábios maravilhosos enquanto usava uma das mãos para arrumar meu cabelo.
— Eu adoro sua boca. — repeti simplesmente. Não havia necessidade de explicação.
Ele sorriu e acariciou meu rosto com as costas das mãos, de um modo íntimo. Mas não íntimo do tipo “estamos quase pelados um em cima do outro”; era algo mais profundo, que eu não conseguia — e não queria — identificar agora. Eu não precisava daquele tipo de intimidade, não naquele momento da minha vida.
É claro que eu iria me arrepender daquilo depois, mas, enquanto aquela boca estava em mim, podia deixar para me preocupar depois. Na verdade, podia deixar para muito depois. Elliot estava bravo comigo no momento, mas ele iria ter que entender, em algum momento. Eu não podia continuar vivendo em função dos meus irmãos e me esquecer totalmente de mim.
E eu gostava da sensação de estar apaixonada. Quer dizer, talvez eu estivesse, talvez não. Mas eu não precisava me preocupar tão cedo, precisava? estava ali para me ajudar e, se no caminho eu me divertisse com ele, não seria de todo o ruim, seria?
Pela primeira vez em muito tempo eu não estava tão preocupada e nem com medo do futuro.
Porque por mais certos que eles estivessem, nós nunca ficaríamos juntos. trabalhava com minha mãe. Assim que minha mãe voltasse pra casa, as coisas voltariam a ser como eram e, o pior: não estaria lá.
Dois dias atrás, isso era tudo que eu queria. Agora, eu simplesmente não podia nem pensar nisso.
Por mais que eu odiasse admitir isso no começo, foi uma puta ajuda. Ele cozinhava durante a semana e me ajudava a manter a casa organizada. Eu não tinha que me preocupar com quem buscava as crianças e se Elliot não estaria chapado demais pra isso porque buscava todas e as mantinha entretidas até de noite, quando Elliot voltava do treino e eu chegava do trabalho. As coisas estavam melhores do que eu gostava de admitir.
Sentei no batente da janela, observando céu estrelado. Meu celular estava vibrando na cômoda, pois Derek não havia parado de me ligar desde manhã, quando recobrou a consciência. Eu atendi, mandei ele ir pro inferno e desliguei. Agora só estava criando coragem para bloquear seu número. De uma hora para outra, todas as coisas ruins que ele havia me feito no tempo em que estávamos namorando pesaram demais.
O celular estava ao lado de uma foto de família, que tínhamos tirado logo depois que Dave saiu do hospital. Todos estavam lá, inclusive papai. Eu senti que iria começar a chorar, então, para bloquear qualquer lágrima, peguei uma das garrafas de vodca que eu tinha escondido no guarda-roupa, não resistindo a pegar a fotografia também, antes de voltar a me sentar no batente.
Papai nunca tinha sido presente, mas sempre soube que ele estava por aí, matando gente perigosa e se preocupando conosco. No meu baile de formatura — porque, finalmente, eu iria me formar esse ano — ele dançaria comigo e eu me sentiria uma princesa, assim como havia acontecido no meu baile de formatura do fundamental. Percebi que, agora que eu tinha conseguido notas boas para fechar o ano escolar, ninguém estaria lá para dançar comigo no baile.
Foda-se.
O silêncio estava reinando na casa e isso só podia significar que eram mais de 11h da noite. Elliot estava saindo quando chegamos e eu não reclamei. Ele também estava sofrendo com a morte de papai e desferia todo seu ódio e dor em maconha, festas e . Quando eu passei a... Não odiar , ele se sentiu traído.
Como podemos sentir falta de alguém que nunca esteve presente?
Era nisso que eu pensava quando ouvi a voz de .
— Ficar bêbada pendurada no batente da janela não é algo que eu recomendaria, .
. Ele tinha esse jeito intenso de dizer meu nome, nunca meu apelido.
Não fiz a menor questão de esconder a garrafa; pelo contrário, tomei mais alguns goles.
— Você devia parar com isso.
— E você não devia se meter na minha vida. — devolvi, só um pouquinho grossa. Eu podia me sentir atraída por ele e gostar do jeito que ele tratava meus irmãos, mas ainda não tinha dado passagem para que opinasse nos meus comportamentos.
Ele se aproximou e viu a fotografia em meu colo.
— Pode pelo menos sair da janela, então?
Saí da janela, sem parar para pensar que estava fazendo exatamente o que ele tinha me mandado fazer. Se eu começasse a pensar na merda que eu estava fazendo com , não iria sobreviver ao final de semana.
Nós nos encaramos por alguns minutos, sem saber o que dizer. Seus cabelos estavam presos em um pequeno rabo de cavalo atrás da nuca, alguns fios caindo no rosto. Seus braços musculosos sempre atraiam minha visão e eu odiava o quanto estava entregue para ele.
— Quer conversar? — ele perguntou.
Eu não iria conversar com . Nós não tínhamos intimidade para isso. Quer dizer, desde quando ele pode me oferecer um ombro pra chorar?
— Por que está aqui? — perguntei, cruzando os braços, movimento que ele acompanhou com os olhos, parando um pouco no meu decote. Contive a vontade de dizer algo para provocá-lo.
— Queria ver se você está bem.
— Não. Por que está aqui? — especifiquei.
hesitou, mas entendeu a pergunta. Vi vestígios de dor em seu rosto, mas logo isso passou. Ele limpou a garganta antes de voltar a falar.
— Seu pai...
— Não, . Ainda não é isso.
Sentei na minha cama e dei batidinhas ao meu lado, convidando-o para sentar também. Suspirando, foi exatamente o que ele fez, pegando a garrafa das minhas mãos e dando um golinho.
— Primeira coisa: se você vai beber, bebe como homem. — mandei, pegando a garrafa de volta e demonstrando o que eu queria dizer.
— Não preciso beber para deixar as pessoas se aproximarem, .
Ouch. E lá estava de novo, dizendo meu nome como se fosse um elogio. “Nossa, você está tão hoje” é algo que eu conseguia imaginá-lo dizendo.
— Qual a sua história, ? O que aconteceu pra você aceitar esse emprego de babá?
Eu não esperava que ele fosse sincero. Só queria uma distração que não me fizesse olhar para seu pescoço maravilhoso que mandava arrepios pelo meu corpo e me dava vontade de lambê-lo.
— Em 2010 eu executei uma missão no Brasil. Três anos depois, viajei para lá com a minha família.
Família. Eu fiquei com vontade de vomitar ao ouvir a palavra.
deve ter lido minha expressão corretamente, porque ele logo se apressou em dizer:
— Minha mulher e minha filha de 2 anos foram mortas por um dos caras que trabalhavam para o que eu matei em 2010. Eu aceitei vir pra cá porque não tinha opção. Era seguro e eu já estava cansado dos trabalhos difíceis. E seus pais são pessoas legais.
— Sinto muito. — murmurei. De perda eu entendia — Eu sempre achei que meus pais estavam mortos, em tese. Mas quando me disseram que papai realmente se foi, percebi que não tinha nada a ver. Antes, eu sabia que eles estavam em algum lugar.
Espantei as lágrimas que estavam no meu rosto com algumas piscadelas, não querendo chorar outra vez. Eu já tinha cansado disso.
— Acho que nós dois nos fodemos na vida. — murmurou, olhando para algum ponto fixo na parede do meu quarto.
— É.
ficou em silêncio.
— Você realmente veio até aqui só pra conferir se eu estava bem? — perguntei depois de segundos de silêncio. A pergunta já estava me corroendo por dentro e eu não sabia o porquê de ainda não tê-la feito.
— Não. Acho que precisamos conversar...
Soltei um gemido torturado e revirei os olhos.
— Sério mesmo? Quer dizer, eu não quero ter essa conversa. É sobre o beijo, não é? Sobre como foi um erro e não vai se repetir e toda essa merda... , eu não me importo. Faço o que estiver com vontade de fazer, para ser bem honesta.
— E o que você quer fazer agora?
cheirava a sabonete e menta, já que estava sempre mascando um chiclete. Suas mãos ainda estavam escondidas na luva e sua expressão corporal estava marcando presença no meu quarto, fazendo impossível deixar de notá-lo ali. Eu ficava me torturando ao lembrar de como foi bom ter nossos lábios grudados e eu decidi, de uma hora para outra, que aquela sensação valia a pena ser sentida outra vez.
Sem pensar muito, me joguei em cima dele, sentando em seu colo, minhas pernas abertas ao redor da sua cintura. Vi um sinal vermelho piscar diante dos olhos dele.
— Agora, eu quero beijar você.
— , o que você pensa que...
— Shhh. — chiei, colocando um dedo em seus lábios, pedindo que ele ficasse quieto — Eu não quero ouvir o que você tem a dizer sobre como eu sou uma vagabunda e essas coisas. Foda-se toda essa merda. Eu. Quero. Você.
Essas últimas palavrinhas tiveram muito mais significado do que pareciam ter. Eu estava admitindo que o queria; estava perguntando se ele me queria também; se ele ficaria ali comigo.
entendeu e compreendeu cada um dos significados.
Nossos rostos estavam próximos demais para minha sanidade. Minhas pálpebras pesaram e fui atraída para ele por puro instinto. Nossas testas se tocaram e, lentamente, deixamos que nossas bocas se encontrassem naturalmente.
Como sempre, o fogo que sempre me incendiava quando nos tocávamos apareceu. Concentrei-me para desligar todos os motivos que me faziam querê-lo. Quer dizer, eu podia negar para todo mundo, mas não para mim; eu não queria por causa de seu físico perfeito ou seus olhos hipnotizantes, nem por causa das coisas maravilhosas que eu sabia que sua língua podia me fazer. Era bem mais que isso. Era o modo como ele passou a cuidar dos meus irmãos, era como ele parecia se interessar por cada palavra que eu dizia, como ele estava tão machucado pela perda, assim como eu estava. Ele precisava de uma cura; no fundo, eu também.
Se eu pensasse nisso, teria que admitir que não estava beijando-o por pura e unicamente desejo. E eu simplesmente não conseguia lidar com esse tipo de informação no momento.
Levei minhas mãos para seus ombros e fiz pressão para frente, com a intenção de derrubá-lo em minha cama. Era uma cama de casal, que fora uma das minhas exigências quando nos mudamos para essa casa nova e bem maior para poder caber todos os irmãos. Nunca pensei que ela seria útil para eu usar com alguém como . Ele estava perfeitamente caído sob mim e eu me posicionei do jeito certo em seu quadril, localizando o monte duro em seu moletom e me acomodando ali, sem parar de beijá-lo por um segundo se quer.
Eu sentia a hesitação em seus movimentos. estava sentindo toda a luxúria que eu queria que sentisse, mas ainda estava com medo. Se eu não estivesse com a prova de sua excitação no meio das minhas pernas, até chegaria a pensar que não me queria. Mas eu sabia que era exatamente o contrário. Para provar o quanto ele tinha acesso à mim, peguei uma de suas mãos e posicionei na lateral do meu seio. soltou um gemido dentro da minha boca.
— ...
Merda! Ele só podia estar querendo me matar. Senti uma corrente de lava quente escorrer pelas minhas pernas.
Mordi seu lábio como uma tentativa de conter a vontade que eu tinha de simplesmente me perder nele.
— Eu adoro a sua boca. — confessei. As palavras estavam entaladas em minha garganta e eu simplesmente precisava dizê-las.
parou de beijar meu pescoço e me encarou, com um traço de diversão no olhar. Não me importei com o fato de estar corada, porque eu podia culpar o “calor do momento”, mesmo sabendo que não era realmente o motivo certo. me deixava com calor. O modo com que ele me beijava e me embalava com as mãos enquanto me acariciava me deixava com calor. Um calor muito, muito forte.
— O quê? — perguntou, um sorriso discreto começando a brincar naqueles lábios maravilhosos enquanto usava uma das mãos para arrumar meu cabelo.
— Eu adoro sua boca. — repeti simplesmente. Não havia necessidade de explicação.
Ele sorriu e acariciou meu rosto com as costas das mãos, de um modo íntimo. Mas não íntimo do tipo “estamos quase pelados um em cima do outro”; era algo mais profundo, que eu não conseguia — e não queria — identificar agora. Eu não precisava daquele tipo de intimidade, não naquele momento da minha vida.
É claro que eu iria me arrepender daquilo depois, mas, enquanto aquela boca estava em mim, podia deixar para me preocupar depois. Na verdade, podia deixar para muito depois. Elliot estava bravo comigo no momento, mas ele iria ter que entender, em algum momento. Eu não podia continuar vivendo em função dos meus irmãos e me esquecer totalmente de mim.
E eu gostava da sensação de estar apaixonada. Quer dizer, talvez eu estivesse, talvez não. Mas eu não precisava me preocupar tão cedo, precisava? estava ali para me ajudar e, se no caminho eu me divertisse com ele, não seria de todo o ruim, seria?
Pela primeira vez em muito tempo eu não estava tão preocupada e nem com medo do futuro.
FIM
Nota da autora: e ficstape maravilhoso ^^
E o grupo no face, vocês já conhecem? Podem acessar clicando aqui, e aí a gente pode conversar, falar sobre spoilers e tudo mais!
Também escrevo outras fics, caso você tenha interesse em conhecer um pouco mais do meu estilo como escritora! Entra aqui e dá uma olhada na minha página de escritora do FFOBS! Tem todas as minhas fics já escritas, incluindo essa que você está lendo!
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