Capítulo Único
Faziam duas semanas que , junto de Nathan e Marco Reus chegaram ao Brasil e trouxeram André Schürrle na bagagem. achou graça ao vê-lo no aeroporto, inclusive brincou que ele estava virando um irmão mais velho do sobrinho, mas quando as brincadeiras passaram, ficou a insegurança.
Insegurança não de André aprontar novamente com ela, como fez em Dortmund no começo do ano, mas insegura ao ponto de não se confiar perto dele.
Com um novo cargo e trabalhando mais que o normal para provar que ela de fato merecia aquela vaga, via os amigos durante a noite, e ficavam juntos aos fins de semana. Se iam jantar, ou ficavam em alguma situação mais íntima, um dos Reus virava seu escudo: às vezes , por saber de toda a história, às vezes Nathan, que não cansava de falar que estava com saudades da tante.
André tinha se redimido, pedido desculpas e uma nova chance, porém como eles fariam aquilo dar certo? Ele é alemão, tem um emprego e carreira consolidada por lá. Ela é brasileira, e sua vida, seus sonhos, tudo o que ela sempre desejou, estava acontecendo ali, em São Paulo, naquele momento.
A ideia de ir embora para Dortmund apenas para dar a tal chance a ele nem sequer passava pela sua cabeça.
Com o passar dos dias, Nathan foi ficando entediado. Estavam há dias frequentando restaurantes, indo a shoppings, vendo museus. o levava para conhecer toda sua família, então vez ou outra estavam na casa de um ou de outro. Eram avós, tios, primos, afinal, ele havia nascido na Europa, e nunca tinha vindo para a terra de sua mãe.
— Tante, eu quero brincar!
Era sábado à noite. Já estavam se cansando de restaurantes, principalmente Marco e André, que constantemente eram abordados com pedidos de fotos ou autógrafos, quando veio com a ideia. Iriam todos jantar em seu apartamento.
— Meu pacotinho mais lindo — ela apertou as bochechas do menino que estava sentado ao seu lado na mesa — Ficar com adultos é tão chato, não é? — riu quando ele balançou a cabeça concordando com ela — Você quer assistir desenho?
— O onkel André pode assistir comigo?
Aquela pergunta não só travou a mandíbula de , como fez os outros três adultos na mesa prestarem atenção na conversa dos dois. Era ridículo como Nathan amava André e aparentemente, ele amava tentar fazer com que os tios ficassem em situações constrangedoras.
não tinha televisão à cabo em sua casa e o único aparelho com acesso ao Netflix, estava em seu quarto. Além disso, estava nítido que ele estava com sono.
— Você se importa? — ela perguntou a André que negou.
Com o sobrinho indo a passos desengonçados à sua frente, encaminhou os dois até seu quarto. Morava sozinha, era um espaço mais que suficiente e confortável para ela. Tinha um armário, uma cama de casal, uma escrivaninha e uma cômoda.
Nathan pulou na cama da tante enquanto ela pegava o computador e fazia login na sua conta do serviço de streaming. Pela visão periférica, pôde ver André parado na porta, apenas observando os movimentos dela.
— Ainda não estou cobrando para que sentem, sabia?
André sorriu, permitiu que o corpo relaxasse e sentou na beira da cama, onde Nathan logo se jogou e deitou na perna do tio.
— O que você quer ver? — se aproximou dos dois com o computador — Procurando Nemo, Monstros, Toy Story…
— Shrek! — o menino se exaltou e ela riu.
colocou o filme do ogro e entregou o computador para André, indo de volta até a sala, encontrar o casal de amigos.
— Você sabe que ele vai dormir, não sabe?
— Não tem problema — respondeu para a melhor amiga — É bom que ele se distrai um pouco. Vocês sabem que ele precisa se divertir, não sabem? - ela olhava para os pais do menino que concordaram com a cabeça — Nathan vai pirar se ele ficar rodeado de adultos e fazendo programas chatos pra alguém da idade dele até vocês voltarem para Dortmund.
— Não me olhe assim — Marco levantou as mãos em defesa — É a segunda vez que eu venho para essa cidade, não conheço nada daqui.
— …
— , fazem anos que eu fui embora não só de São Paulo, como do Brasil. O que você sugere?
— Eu acho que amanhã a gente pode fazer um dia para ele. A gente pode ir no Ibirapuera tomar sol, fazer um piquenique. A Paulista vai estar fechada para carros, então vai ter bandas, feiras, várias coisas interessantes. Podemos tirar nosso pacotinho da bolha — ela respirou fundo — Eu sei que talvez tanto o Marco quanto André fiquem expostos um pouco, mas eles podem fazer isso pelo Nathan.
— Fazer o quê pelo Nathan? — André chegou na sala e os três viraram para ele — Nathan dormiu antes mesmo do Shrek e a Fiona chegarem em Tão Tão Distante.
sorriu. André era uma pessoa adorável, e saber que ele conhecia a história do Shrek só o transformava em alguém mais fofo aos seus olhos.
— Ir passear no Parque do Ibirapuera e na Avenida — respondeu ao amigo e agradeceu mentalmente. Havia se perdido um pouco na fofura do loiro — Mas depende de você e o Marco aceitarem pela exposição.
— Não tem o menor problema — ele sorriu e precisou desviar o olhar. Estava ridículo.
Marco também deu de ombros e acabaram por decidindo os detalhes do dia seguinte, onde, pela mulher morar perto do parque, se encontrariam na portaria do prédio dela pela manhã.
— Então nós vamos voltar para o hotel, está combinado — se levantou da mesa — , precisa de ajuda?
— Jamais — ela confessou — Vou acomodar direito na pia e amanhã eu lavo. Só vou passar no chuveiro e dormir.
— Você quem sabe então — a melhor amiga deu de ombros — André, você pode chamar um Uber, por favor? E Marco, vai pegar o Nathan.
— Deixa ele dormindo aqui — ela pediu — Ele já está dormindo, carregar ele vai despertá-lo e tudo mais. Me dá a alegria de ficar uma noite com o meu pacotinho. Juro que amanhã eu entrego ele lindo, saudável, de banho e café da manhã tomado.
pareceu ficar um pouco na dúvida daquilo. Porém, não havia motivos que impedisse que o filho dormisse na casa da melhor amiga.
— E quem sabe ele comigo, é uma noite de folga para você e o Marco, se é que me entendem — cantarolou e automaticamente um sorriso se abriu nos lábios do marido da amiga.
— E é por esse e outros motivos, que você é a amiga da que eu mais gosto, ! — Marco comentou e gargalhou, enquanto rolava os olhos.
— É a única que você conhece, oberarsch — riu do marido.
— É a única que importa, não é à toa que é madrinha dele — e se virou para — , você tem certeza que não tem problema? — a mulher balançou a cabeça — Então vamos logo embora.
— Alguém vai se dar bem essa noite — André comentou.
Marco sorriu para o amigo e chegou perto dele, passando a mão em um dos ombros de André.
— Alguém vai mesmo, e esse não é você, bonitão. , obrigada pelo jantar.
Marco abraçou a amiga e logo depois André abraçou de forma desajeitada. Um pouco de timidez misturado com receio, somado à insegurança dela, e logo os dois se afastaram.
— Se acontecer algum problema, você me liga urgentemente — pediu para a amiga que rolou os olhos e bufou.
— Tchau , nos vemos amanhã.
— Eu falo sério, !
— Eu te amo — ela mandou beijos para a amiga que deu-se por vencida.
— Até amanhã. E obrigada pela noite de folga — confessou.
Logo os três foram embora. Como dito aos amigos, organizou toda a louça na pia e foi para o banho. Ao chegar no quarto, viu Nathan abraçado ao seu travesseiro e com o pequeno corpo coberto.
Com cuidado, se ajeitou ao lado do sobrinho que respirava tranquilamente.
E de todas as coisas no mundo, aquele menino, seu pequeno pacotinho, aquele que pediu para que a tante fosse ao seu aniversário de dois anos do outro lado do oceano, era o seu porto seguro, e o motivo para sempre respirar fundo e manter a calma.
Nathan era a âncora de .
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acordou no dia seguinte sentindo alguém balançar seu corpo. Ainda de olhos fechados, ela não pode deixar de esboçar um sorriso ao se lembrar que havia convencido a deixar Nathan dormindo no apartamento dela, e naquele momento, o menino tentava acordá-la.
— Tante, tante! — ele tentava mexer ela, que ainda fingia que estava dormindo — Acorda, tante!
— Quem está me acordando? — ela esboçou um sorriso e aos poucos ia abrindo os olhos.
— É o Nathan, tante !
— Ah! É o meu pacotinho — se sentou na cama e puxou o menino para o seu colo — Bom dia, amor da tia!
— Guten morgen, tante! — Nathan respondeu e olhou em volta — Cadê a mamãe e o papai?
— Eles foram para o hotel. Você dormiu aqui, eu fiquei com dó deles te acordarem e pedi muito para você ficar dormindo aqui comigo.
— O onkel André também foi embora?
André, André, André. De tantos jogadores naquele time, André tinha que ser o preferido do sobrinho?
— Ele também foi — sentiu-se desconfortável em responder — Mas nós vamos daqui a pouco nos encontrar com eles e fazer um monte de coisa divertida hoje, o que você acha?
— Gosto! — o menino explodiu em alegria, fazendo abrir um sorriso que cabide nenhum seria capaz de fazer igual.
Se não fosse abençoada na vida como , a ponto de ter um pacotinho como aquele para chamar de seu filho, era eternamente grata em ter Nathan como seu afilhado e dele ser capaz de iluminar até os seus dias mais escuros.
— Então vamos tomar banho e café da manhã, para ficar cheiroso e encontrar eles, pode ser?
Nathan balançou a cabeça concordando com as palavras da tia e logo pulou do colo dela para o chão, e entrou no banheiro, seguido dela, que o ajudava a tirar suas roupas.
Depois do banho, preparou um pequeno café da manhã para ela e seu sobrinho e, a pedido dele, colocou o filme do Shrek para que continuasse a assistir.
— Tia — Nathan arriscou a palavra em português, não que ele não falasse, afinal, a mãe é brasileira, mas estava acostumado com tante, fazendo achar a coisa mais adorável do mundo — Você não gosta do onkel André?
sentiu o cappuccino que estava tomando descer pelo buraco errado e engasgou. O menino de olhos verdes desviou o olhar do computador para ela, até que a mesma recuperou o fôlego.
— Ele gosta muito de você — o menino disse levando um pedaço do biscoito que estava na mesa, à boca — Ele falou muito de você no avião. Disse que você é muito bonita várias vezes.
Se tinha algo que a mulher amava era a pureza e inocência das crianças. apostava um de seus rins que André não queria que aquela informação chegasse aos ouvidos dela nunca.
— E ele também falava muito que ele era bobo.
apoiou a xícara que segurava de volta à mesa e apoiou o cotovelo no joelho, apoiando o ombro em suas mãos.
— Eu e o André brigamos um pouco quando eu fui para Dortmund — ela procurava palavras para explicar ao sobrinho, mas talvez não tinha forma de fazer uma criança de três anos entender — Ele deixou me deixou um pouco triste.
— Mas vocês são namorados. Quando o papai deixa a mamãe triste, ele sempre dá flores e comida para ela. O onkel André também pode te dar flores e comida.
controlou a risada. Conseguia imaginar Marco saindo de casa à meia noite procurando algum lugar aberto em Dortmund que vendesse coxinha. E ai dele se voltasse de mãos vazias.
Acontece que e André nunca foram namorados, nunca foram um casal ou tiveram um relacionamento, propriamente dito. Mas era o que Nathan achava, já que viu os dois trocando beijos algumas vezes. Seria uma tarefa impossível fazer com que Nathan entendesse aquilo. Às vezes nem ela consegue entender direito o que aconteceu em Dortmund um ano atrás.
— Nós somos só amigos.
— Ah… — o menino abaixou a cabeça e comeu mais um pedaço da bolacha, voltando a atenção ao Shrek à sua frente. quase deu-se por convencida de que o assunto estaria encerrado. Quase — Você e ele podiam ser mamãe e papai de um amiguinho para mim.
E então, pela primeira vez, ela sentiu o choro chegar à sua garganta.
Um dia ter a sua própria família, como formou a dela, era o seu maior desejo.
Dar um amiguinho ou amiguinha para Nathan, era o próximo sonho que ela queria realizar em sua vida.
A sua maior dúvida estava em saber se ela dava a chance para André e assim, quem sabe no futuro, virassem uma família.
E esses pensamentos estavam comendo viva durante seu tempo ocioso.
— Você já acabou de comer? — o menino concordou e ela sentiu-se aliviada — Vamos escovar os dentes que aposto que a mamãe já está chegando.
colocou mais louça suja na pia e foi ajudar o sobrinho a escovar os dentes e também acabar de se preparar. Tudo o que ela mais queria naquele momento, era que Marco e André chegassem e levassem Nathan para passear, enquanto ela e ficassem deitadas em sua cama conversando, enquanto ela desabafasse tudo o que estava em sua garganta.
Como nos velhos tempos.
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Assim que , Marco e André chegaram ao prédio de , ela e Nathan saíram e os cinco foram caminhando até o parque. indicava o caminho para os homens à frente enquanto ia atrás escorada no ombro da amiga. Queria poder falar com ela, ouvir seus conselhos e receber puxões de orelha, mas precisava de um espaço seguro. E André a dois passos à frente dela, não era um espaço seguro.
A caminhada foi longa para Nathan que entrou no parque no colo do pai, mas ao ver a quantidade de cachorros que lá estavam com seus donos, logo foi para o chão e com receio, foi para perto de um deles.
— Tante, onkel — Nathan chamou os tios, estando o mais perto possível de um Golden Retriever preso à coleira — É um Hund!
fez sinal para que a amiga fosse até o sobrinho e juntou-se ao marido para observar ele com os tios. Ela tinha certeza que todo aquele apego com , era saudades. Porém não conseguia entender o carinho com André.
— Aqui a gente chama de cachorro — ensinou o sobrinho que tentou repetir — Cachorro.
— Catioro — Nathan tentou repetir o que a tia falava e deu-se por satisfeito ao vê-la esboçar um sorriso — Eu posso passar a mão nele, tante?
então perguntou ao dono do cachorro e Nathan levou a mão ao Golden, que estava sentado no chão. Ela tinha certeza que se o animal se colocasse nas quatro patas, ficaria maior que o sobrinho.
— Cachior... — André tentava repetir a palavra que falou e ela gargalhou — Cashore… Ei, não é para rir. Você não falava uma palavra em alemão quando chegou em Dortmund.
— Ah claro. É porque não fui eu a escolhida para representar a empresa em uma convenção totalmente em alemão em Munique, perdão — ela ironizou e André deu a língua para ela, que fingiu estar ofendida — Treina mais porque é vergonhoso uma criança de três anos falar português melhor que você.
— Você pode ser minha professora particular de português, se você quiser.
rolou os olhos e sorriu.
— Vê se me erra, Schürrle! — ela empurrou o ombro dele e logo o sobrinho se aproximou dela. agradeceu ao dono do Golden pelo tempo que Nathan pode acariciar o animal e logo saiu atrás dele, deixando André com o casal de amigos — Olha o que tem aqui no lago.
se abaixou na altura do sobrinho, segurou no corpo dele e os dois viam os patos nadando.
— Ente! — Nathan chamou, mas os animais simplesmente passaram nadando, quando ele olhou no lago, e viu alguns peixes amontoados ali perto — Fisch! Mama, olha o Fisch!
— É um Fisch, meu amor — se aproximou do outro lado do corpo do filho — Você gosta de ver os animais?
Nathan balançou a cabeça ainda vidrado dentro de um dos lagos do Parque.
— Eu disse que seria bom para ele — comentou com a amiga, que deu-se por vencida.
— Acho que é por isso que eu te escolhi como madrinha dele. Você mora há quilômetros de distância dele, mas às vezes consegue ler o que está nas entrelinhas.
— Ele precisa de espaço para ser criança. Só isso.
— Nathan! — a voz de Marco distraiu as duas e o menino se virou para o pai.
Marco estava com uma bola de plástico em mãos, que nem , nem sabiam dizer de onde ele tinha tirado, e como um ímã, o menino correu até o pai.
Os cinco caminharam até uma área aberta e verde, onde não tinha muita gente, para que pudessem chutar a bola e se divertirem um pouco. e então sentaram-se debaixo de uma árvore ali perto, observando os três.
— O que houve, ? Estou achando você estranha desde que nós chegamos no seu prédio.
— Mais direta impossível — Eduarda riu e deu de ombros — Ah , o André, né? A presença dele e a dúvida em relação ao que eu faço.
— Por acaso ir para a Alemanha é algo que se passa na sua cabeça por agora?
— Além de ir a passeio? — balançou a cabeça em negação — , eu estou tendo a vida que eu sempre quis. Você é uma das pessoas quem mais sabe o quanto eu lutei por isso. Simplesmente não existe chance de eu largar tudo isso para sei lá… Me mudar para Dortmund e ter como profissão ‘namorada de jogador de futebol’.
entendia a posição da amiga. nunca foi aquela pessoa que nasceu para ficar parada, para cuidar de uma casa, se dedicar exclusivamente para uma família. Nem ela, mas a burocracia na Alemanha é tanta, que quando conseguiu o visto para permanência definitiva lá, descobriu-se grávida, e só estava esperando o filho ter idade para frequentar a escola para tentar se fincar no mercado de trabalho alemão.
— Eu não falo nem para você ir e entrar com o processo, porque é demorado — concordou — Mas eu honestamente acho que se você e o André gostam um do outro, vocês deveriam achar um jeito de fazer isso acontecer. , me responde uma coisa sinceramente?
Aquele tipo de pergunta era o que fazia até os pelos dos dedos do pé de arrepiar. Odiava essa ansiedade, a expectativa, os segundos que antecedem a pergunta final.
— Você tem sentimentos pelo André?
Aquela pergunta pegou de calças curtas. Ela nunca tinha parado para pensar nisso.
Afinal, o que Oliveira sentia por André Schürrle?
A decepção já havia passado. E o que havia restado? Pena? Uma pequena simpatia? Ela levantou o olhar onde ele recebia uma bola de Marco e chutava para o sobrinho. Ele era uma boa pessoa, alguém que procurava saber se ela estava bem. Que fez ela ir até o inferno, para descobrir onde era o seu céu. Para descobrir que estar em sua paz de espírito, envolve estar bem com ele.
— Acho que… , é tão complicado.
— Eu te fiz uma pergunta simples, . Eu só quero uma resposta de uma palavra.
— Carinho… acho — respondeu fazendo um questionamento a si mesma — Ele é uma pessoa que eu quero todo o bem do mundo.
— Você gosta dele, obrigada pela resposta — sentiu-se vitoriosa com aquilo — Até onde eu sei, esse sentimento é recíproco.
jogou o corpo para trás deitando-se completamente na grama e levou a mão no rosto, bufando. Odiava ser pressionada, e apesar disso, sabia que estava fazendo isso para seu próprio bem.
— E daí? — ela sentou-se novamente ao lado da amiga — Acho que eu não preciso te explicar quantas horas de voo separam a vida que eu levo da que ele leva.
— Não. Mas acho que eu preciso desenhar que ele voou todo esse tempo só para te fazer uma pergunta pessoalmente, e ainda não teve uma resposta.
— Eu não tenho uma resposta para ele ainda. E enquanto vocês não estão fechando as malas para ir embora, eu estou bem na minha zona de conforto fingindo que está tudo bem e eu não devo uma satisfação a ele.
— Você não está sabendo? — virou-se para a amiga que arregalou os olhos.
— Sabendo de quê? O que você está me escondendo, ?
viu-se perturbada, tendo certeza absoluta que falou a coisa errada, no momento errado.
— Não insiste, — tentou sair daquela situação o mais rápido possível — Nós já não temos mais idade para nos meter nos assuntos dos outros, e se o André não te falou, ele deve ter os próprios motivos.
— …
— Só… Acelera esse pensamento. Por vocês dois.
As palavras de haviam ficado na cabeça de . O que André estava escondendo dela era a pergunta que não queria calar. Com certeza o fato dela ter que responder o mais rápido possível para ele estava diretamente ligado ao que a amiga não havia contado.
E mesmo com a sua âncora por perto, sentia que estava se afogando.
— Olha os dois querendo aparecer com a bola — cutucou que distraiu de seus pensamentos por um momento — Aposto que daqui a pouco eles começam a chamar atenção e um vem pedir para tirar foto com eles.
— Se for um, está bom. O problema é se o parque inteiro perceber que os dois estão aqui.
— Marco Reus é adulto e sabe o que faz — ergueu os braços.
Como previsto, logo três rapazes se aproximaram dos dois jogadores. Nathan assustou-se um pouco e correu até a mãe e a tia, sentando no colo de uma delas. Os rapazes tietaram de forma rápida, algumas fotos e um autógrafo em suas camisas, e logo foram embora.
— Como se diz que alguém está ‘com fome’ em português? — Marco perguntou assim que eles se aproximaram das duas.
— Fome — e falaram ao mesmo tempo.
— Certo, eu tenho fome — Marco repetiu a palavra em português perfeitamente.
olhou para André que parecia estar raciocinando ainda.
— São quatro letras, duas sílabas. Não é tão difícil assim, André.
— Eu já falei para você ser a minha professora particular. Quem sabe eu aprendo com mais facilidade.
Ela olhou para que tinha um olhar sapeca e malicioso como resposta e rolou os olhos.
— E eu já falei para você me errar. Vocês estão com fome. Alguém aqui gosta do Vapiano?
Marco levou uma mão no peito ao ouvir o nome do restaurante.
— Seria Deus ouvindo minhas preces?
Os cinco então caminharam para fora do parque onde chamaram um Uber e seguiram até o restaurante para almoçar e então, seguirem o caminho para a Avenida Paulista, onde iriam continuar o dia.
✦✦✦
Após um almoço no restaurante italiano, eles novamente subiram em um carro que os deixaram na esquina da Paulista. Avenida fechada, carros impedidos de passar, eles desceram e aos poucos foram andando pelo local.
estava na dúvida em qual criança ela tinha que prestar atenção. Se era em Nathan, que estava amando ver os os “catioros” que passeavam com seus donos, ou se cuidava de André, que parava em toda e qualquer barraca ou banda que ali estava.
Para ajudar, era dia de manifestações. A Paulista estava mais cheia que o normal.
— Quais são as chances da gente entrar em uma loja e os dois reclamaram? — perguntou observando a variedade de lojas de departamento que tem na avenida — Digo, eles não podem ver nada diferente que já param, nem vão sentir a nossa falta.
riu. Dezenas eram as vezes que elas fugiram de alguém se perdendo em grandes lojas. Às vezes dos pais. Também de ex-namorados. Ou até mesmo de amigas chatas e fúteis, que só pensavam em gastar em lojas caras.
estava feliz de estar mais uma vez com . Ir a Dortmund, vivenciar o dia-a-dia dela, assistir a vida que ela construiu acontecer, era tudo maravilhoso. Mas estavam ali, juntas em São Paulo, fazendo o mesmo tipo de passeio que faziam cinco anos atrás… Se estivesse sonhando, ela queria que desligassem o seu despertador.
— Coloca um pé dentro da loja — ela incentivou a amiga.
E como pedido, virou o pé para dentro de uma das lojas, e foi como se Marco tivesse visão completa de tudo ao seu redor.
— Liebe, onde você vai?
— Eles vão reparar — voltou para trás e sussurrou para a amiga — Se for entrar em um relacionamento com o Schürrle, certifique-se de que ele não tem olhos na nuca.
— Eu não…
— É só uma suposição, pelo amor de Deus.
Eles continuavam a caminhar quando Nathan correu mais uma vez até um cachorro. Uma mulher com dois Shih Tzu estava parada perto da entrada de uma feira culinária.
— Papa — o menino apontou para os dois animais — Eu quero!
— Vai ter que se virar com um cachorro para o filho — André deu um tapinha no ombro do amigo e saiu perdido pela feira.
— Você quer esse, Nathan? — se aproximou. Faz tempo que ela também queria um cachorro, mas Marco negava a proposta — E aquele ali? — a mãe mostrou mais um Golden Retriever que estava parado.
— Aquele é grande, Mama! — ele olhou em dúvida para os dois — Eu quero passar a mão nele.
conversou com a dona dos cachorros que ali estavam e logo o filho estava brincando com eles. A mulher dava pulos de alegria por dentro. Marco não negava nada ao filho, então provavelmente, em breve o casal teria um animalzinho em casa, com a desculpa de que seria para Nathan.
— Cadê o André? — então sentiu falta do loiro de olhos azuis que os acompanhava quase como um segurança — Ai meu Deus, o André sumiu.
— E você está o quê? Preocupada com ele? — provocou a amiga que rolou os olhos.
— Não. É que se ele está pensando que São Paulo é como Dortmund ou sei lá, Frankfurt, ele está enganado — e deu de ombros — Ah, problema é dele.
— , o problema não é dele e nós sabemos disso. Vai procurar ele.
A brasileira deu de ombros e voltou a prestar atenção no sobrinho.
— Vai procurar o André, !
Contrariada, saiu à caça do jogador pela feira. Talvez não fosse tão difícil achá-lo. Provavelmente era o único loiro de olho azul com cara de alemão perdido pelo local.
E realmente não foi. Por entre as pessoas, ela pôde observá-lo em frente à sua barraca preferida. A de churros.
— Tá perdido? — ela chegou empurrando o corpo dele com o seu.
André virou o pescoço para enxergar a morena de olhos verdes que estava parada ao seu lado de braços cruzados, e fez o mesmo.
— Eu estou na dúvida se isso aqui é muito ruim, ou muito gostoso.
— O quê? Churros? — ela fingiu estar ofendida. Churros era, no momento, um dos doces que ela mais amava — Você só pode estar de brincadeira comigo, André.
— Pela sua reação deve ser a coisa mais maravilhosa do mundo então. Melhor até que Strudel.
puxou na memória o que era Strudel e se lembrou. Era qualquer coisa com maçã que sua mãe fazia e ela não conseguia ver a menor graça.
— Strudel, pff! — ela ironizou — Você me respeita, André. Depois do churros você vai querer abrir uma filial em Dortmund.
— Ótima ideia! — ele entrou na conversa dela — E quem sabe eu posso levar a melhor empresária que eu conheço para administrar o meu negócio, o que acha? Tem um emprego, residência, amigos e sei lá, talvez um namorado — ele piscou para ela.
— Meu Deus, você não tem o menor jeito mesmo! — bateu nas costas dele e foi para a fila.
Não demorou muito para que ela voltasse com dois churros e entregou um para André. O alemão olhava curioso para o que tinha em suas mãos e depois para Eduarda, que parecia estar se deliciando com aquilo.
— É só morder — ela incentivou o homem que então mordeu.
podia jurar que estava vendo estrelas ao invés de olhos azuis no rosto dele. Enquanto André mastigava, ele esboçava sorrisos e ao engolir, sentia que estava muito feliz.
— Eu vou vender esse negócio na Alemanha.
Ela rolou os olhos. Deus não dá asas a cobra mesmo.
— Não vai nada, vem logo — e puxando ele pelo braço, guiou para fora do aglomerado de pessoas e logo se juntaram ao casal de amigos e o filho no colo.
— Nathan está ficando cansado — comentou e se aproximou do sobrinho que estava no colo de Marco, com o rostinho emburrado — , eu posso te pedir…
— Cara, você precisa experimentar isso — André ergueu o churros para Marco que o olhou confuso — Vai Reus, come!
— Schü, isso é churros. Quando eu acho doce de leite a faz lá em casa.
André abriu a boca e por não ter o que falar, fechou novamente. Estava sentindo-se traído por ser o único que não conhecia aquela preciosidade.
— Eu acabei de oferecer um emprego para a lá em Dortmund, vocês sabiam? — ele preferiu desviar o assunto.
— Lá vamos nós de novo — ela sussurrou e preferiu-se ocupar com o seu churros.
— Falei que ia abrir uma loja que vende churros e colocaria a melhor empresária que eu conheço para administrar o negócio. Mas ela não aceitou.
— E você quer que a seja sua empregada, é isso? — perguntou e então André conseguiu raciocinar. Ele olhou para , que tinha um sorriso irônico no rosto. Droga, ele não tinha pensado naquilo — , o Nathan está morrendo de sono. Será que eu poderia levar ele para a sua casa, que está aqui perto, e por ele na sua cama?
— Claro! — quando o assunto era Nathan, movia céus e terra — Nós podemos todos ir embora, se vocês quiserem.
— Não, linda — desacelerou a amiga — Eu e o Marco vamos levar o Nathan para a sua casa. Você mostra um pouco mais da Paulista para o André e nos encontra por lá depois, pode ser?
— Pode! — André respondeu de boca cheia e deu de ombros.
— Eu sei que é quase impossível argumentar com você — então abriu sua bolsa, e tirou a chave de lá — A casa é sua, está entendendo?
— Eu sei — tirou o pequeno objeto das mãos da amiga e se aproximou dela para sussurrar — Conversa com ele. Sei lá, vocês são dois adultos civilizados.
— Ele é uma criança.
— E você é outra — abraçou a amiga e a deu um beijo na bochecha — Nos vemos daqui a pouco, tudo bem?
Não demorou muito para a família fazer o caminho oposto e seguirem. André e continuaram seu caminho falando sobre futilidades da vida, enquanto ele tentava convencê-la de que o negócio de churros em Dortmund daria certo.
— Eu sei que você tem segundas intenções nisso, mas ter um negócio não é simplesmente abrir uma porta só porque tem dinheiro… — ela falava, mas ao olhar para os lados, não via mais ele — André?
E ali, em um amontoado de pessoas, ela encontrou o homem observando um cara que teoricamente, fingia estar hipnotizando as pessoas. Ela bufou e o puxou pelo braço, tirando-o dali.
— Daqui a pouco vai ser o próximo a querer ser hipnotizado.
— Ou pode ser você — ele rebateu e e o olhou de canto de olho — Qual é, imagina quão legal deve ser uma pessoa falar para você fazer algo, você ir lá e fazer porque ela mandou e você não tem mais controle sobre você mesmo? Uau!
balançava a cabeça, mas no fundo queria rir. André era mesmo uma criança.
— Você realmente leva as coisas para o mal, não é mesmo?
— Não é levar as coisas para o mal, é só pensar bem e se você puder fazer as coisas a seu favor, por que não?
— Às vezes eu fico pensando o que eu fiz para merecer você na minha vida, Schürrle — gargalhou.
— Você deve ter sido uma freira, alguém muito boa na vida passada, não é possível — ele riu ao vê-la mostrando a língua — Mas eu não sei. Acho que eu ganhei na loteria e meu prêmio foi ir conversar com uma mulher que estava maravilhosa em um vestido amarelo na festa de Natal do time.
ficou sem graça com o comentário e mordeu o lábio inferior ao ouvir aquilo. Afinal, o que impedia ela e André tentarem algo? A distância? Ou talvez fosse o seu ego e orgulho que eram maiores que quaisquer coisas?
A morena o puxou de volta quando o viu parado em um grupo onde um homem fazia mágicas. Se dependesse da curiosidade dele, nunca chegariam ao fim da avenida, e fariam a volta para sua casa ser mais demorada ainda.
— O que você acha de nós irmos embora? — ela perguntou e ele deu de ombros.
— Só depois que eu comprar uma garrafa de água e beber ela inteira — o comentário foi propício. Comer churros com aquela quantidade de doce de leite, era como ir ao paraíso, mas eles precisavam de água.
— A gente compra durante o caminho.
A volta para a casa de foi quase como todo o passeio na Avenida. André passou por mais alguns grupos, observou algumas bandas, bateu palmas para o cover do Michael Jackson, até que um bom tempo depois, eles chegaram ao apartamento dela.
Assim que entraram na residência, pôde ver Marco no sofá assistindo televisão. Algum jogo estava passando e André ficou ali com o amigo, enquanto sumiu pela casa, a procura da amiga e do sobrinho.
— Você falou para ela? — Marco perguntou quando André sentou ao seu lado, e apenas negou com a cabeça — E você quer que ela descubra sozinha?
— Eu não sei — André coçou a cabeça — Às vezes eu acho que a está me aproximando dela, e de repente, ela vai lá e me empurra de novo.
Marco deu de ombros.
— Se você tivesse sido babaca comigo sem motivos, eu também iria ter receio em deixar você se aproximar de mim.
— Eu já pedi desculpas para ela. Eu já pedi uma nova chance. O que mais ela quer que eu faça?
— Sei lá, cara. Eu já sou bem casado, tenho a minha família. Quem está tentando conquistá-la é você. Se vira — Marco tomou a garrafa d’água da mão do amigo e deu um gole — E conta para ela.
André ficou sentado no sofá assistindo ao jogo com Marco e não demorou muito para que o juiz apitasse uma falta e os dois reclamassem. Marco então parece que se lembrou da presença do amigo e bateu na perna dele.
— Vai lá!
Sentindo-se obrigado, André se levantou e foi até o quarto de . Ela e estavam vendo algumas fotos antigas no computador, e Nathan dormia na cama da tia. O homem parou na porta e pigarreou, chamando a atenção delas.
— Eu posso conversar com a ?
— Mas não estava conversando até agora? — retrucou.
— O assunto é outro.
não sabia se torcia o pescoço de André por não ter falado ainda sobre ou se concordava que os dois deveriam conversar. Contrariada, ela pegou o computador e saiu de volta para a sala e deixou os dois ali.
— Você está escondendo algo de mim, não está?
André coçou a nuca.
— Confesso que eu achei que seria mais fácil.
— O que seria mais fácil?
— Tanto a sua resposta, como essa despedida — abriu a boca para retrucar e ele levantou um dedo — Deixa eu falar, por favor — a mulher fechou novamente a boca e levou a franja para trás da orelha — Eu não vou mais insistir. Eu te fiz uma pergunta, e quando você achar que está pronta para me dar uma resposta, eu vou estar te esperando. Eu sei que eu te fiz uma proposta complicada, a me contou tudo, todos os seus sonhos, o que você passou para chegar até aqui, e é egoísta da minha parte falar para você simplesmente abandonar tudo, só para me dar uma chance.
sorriu agradecida, ao mesmo tempo que as lágrimas chegavam à sua garganta. Apesar das pessoas terem uma noção, elas nunca vão saber exatamente o que ela passou para conquistar tudo aquilo.
— Não é uma insistência, mas se você quiser, nós podemos dar um jeito. Sempre existe avião e tecnologia para aproximar as pessoas, não? — ele perguntou e ela sorriu tímida — Não estou insistindo, só estou colocando as ferramentas a nosso favor na mesa — ela havia entendido — Eu volto amanhã para Dortmund, mas você tem liberdade para entrar em contato comigo quando quiser. Eu sempre vou te atender...
— Você o quê? — cortou as palavras de André e piscou repetidamente olhando para ele — É isso que a me disse que você estava escondendo? — ele concordou, sentindo um pouco de remorso — André… — e então ela choramingou.
O homem então a abraçou, enquanto fazia o maior esforço para não deixar as lágrimas escorrerem. Estava bem, estava dentro de sua zona de conforto e então, foi como se um buraco tivesse sido aberto a puxando para baixo. O tempo de André estava esgotado, ele subiria em um avião de volta para o outro lado do oceano, e não podia esperar mais nem um minuto.
Estava se sentindo estúpida. Ela sabia que a pergunta dele nunca foi com a intenção de que ela abandonasse tudo e fosse embora para ter como profissão, namorada de jogador de futebol. Ela sabia que a chance que André estava pedindo, era para que os dois achassem juntos, uma forma daquilo acontecer mesmo com um oceano inteiro separando-os.
Ela sabia a resposta desde quando a pergunta foi feita naquele aeroporto. Mas estava adiando-a. diria que ela tem medo da felicidade. E parecia que sua dupla sertaneja preferida, estava, naquele momento, cantando a trilha sonora de sua vida.
Em um impulso, pôs-se na ponta dos pés e fez com que sua boca encontrasse a de André. Ela acariciava o rosto dele enquanto trocavam um beijo, e ele fazia carinho em sua cintura. Ela permitiu que as lágrimas escorressem pelo seu rosto, sabendo o que aquele beijo significava.
Significava mais do que a resposta que ele estava esperando há dias. Significava despedida, e o peito de já estava cheio de saudades do homem com quem ela estava naquele momento.
— Eu não faço a menor ideia de como isso pode acontecer, André — ela falou ao se afastar e encostou a cabeça no peito do homem — Mas podemos tentar.
— Confesso que eu também não faço a menor ideia, mas estou disposto a descobrir — ele acariciava a cabeça com a mão perdida pelos cabelos dela.
— Tante e Onkel André estão namorando! — uma voz suave veio de perto deles e os dois se separaram.
Nathan estava deitado ao lado dos dois, com os olhos verdes bem abertos, e com um sorriso no rosto.
E então naquele momento, sentiu uma felicidade plena. Tinha um bom emprego, bons amigos, um possível relacionamento e um sobrinho adorável.
Aquele menino, aquela preciosidade que ela tinha, era tudo o que precisava. E enquanto tivesse Nathan para se apoiar e lhe dar forças nos momentos complicados de sua vida, ela sabia que não havia tempestade que faria o seu barco afundar.
Insegurança não de André aprontar novamente com ela, como fez em Dortmund no começo do ano, mas insegura ao ponto de não se confiar perto dele.
Com um novo cargo e trabalhando mais que o normal para provar que ela de fato merecia aquela vaga, via os amigos durante a noite, e ficavam juntos aos fins de semana. Se iam jantar, ou ficavam em alguma situação mais íntima, um dos Reus virava seu escudo: às vezes , por saber de toda a história, às vezes Nathan, que não cansava de falar que estava com saudades da tante.
André tinha se redimido, pedido desculpas e uma nova chance, porém como eles fariam aquilo dar certo? Ele é alemão, tem um emprego e carreira consolidada por lá. Ela é brasileira, e sua vida, seus sonhos, tudo o que ela sempre desejou, estava acontecendo ali, em São Paulo, naquele momento.
A ideia de ir embora para Dortmund apenas para dar a tal chance a ele nem sequer passava pela sua cabeça.
Com o passar dos dias, Nathan foi ficando entediado. Estavam há dias frequentando restaurantes, indo a shoppings, vendo museus. o levava para conhecer toda sua família, então vez ou outra estavam na casa de um ou de outro. Eram avós, tios, primos, afinal, ele havia nascido na Europa, e nunca tinha vindo para a terra de sua mãe.
— Tante, eu quero brincar!
Era sábado à noite. Já estavam se cansando de restaurantes, principalmente Marco e André, que constantemente eram abordados com pedidos de fotos ou autógrafos, quando veio com a ideia. Iriam todos jantar em seu apartamento.
— Meu pacotinho mais lindo — ela apertou as bochechas do menino que estava sentado ao seu lado na mesa — Ficar com adultos é tão chato, não é? — riu quando ele balançou a cabeça concordando com ela — Você quer assistir desenho?
— O onkel André pode assistir comigo?
Aquela pergunta não só travou a mandíbula de , como fez os outros três adultos na mesa prestarem atenção na conversa dos dois. Era ridículo como Nathan amava André e aparentemente, ele amava tentar fazer com que os tios ficassem em situações constrangedoras.
não tinha televisão à cabo em sua casa e o único aparelho com acesso ao Netflix, estava em seu quarto. Além disso, estava nítido que ele estava com sono.
— Você se importa? — ela perguntou a André que negou.
Com o sobrinho indo a passos desengonçados à sua frente, encaminhou os dois até seu quarto. Morava sozinha, era um espaço mais que suficiente e confortável para ela. Tinha um armário, uma cama de casal, uma escrivaninha e uma cômoda.
Nathan pulou na cama da tante enquanto ela pegava o computador e fazia login na sua conta do serviço de streaming. Pela visão periférica, pôde ver André parado na porta, apenas observando os movimentos dela.
— Ainda não estou cobrando para que sentem, sabia?
André sorriu, permitiu que o corpo relaxasse e sentou na beira da cama, onde Nathan logo se jogou e deitou na perna do tio.
— O que você quer ver? — se aproximou dos dois com o computador — Procurando Nemo, Monstros, Toy Story…
— Shrek! — o menino se exaltou e ela riu.
colocou o filme do ogro e entregou o computador para André, indo de volta até a sala, encontrar o casal de amigos.
— Você sabe que ele vai dormir, não sabe?
— Não tem problema — respondeu para a melhor amiga — É bom que ele se distrai um pouco. Vocês sabem que ele precisa se divertir, não sabem? - ela olhava para os pais do menino que concordaram com a cabeça — Nathan vai pirar se ele ficar rodeado de adultos e fazendo programas chatos pra alguém da idade dele até vocês voltarem para Dortmund.
— Não me olhe assim — Marco levantou as mãos em defesa — É a segunda vez que eu venho para essa cidade, não conheço nada daqui.
— …
— , fazem anos que eu fui embora não só de São Paulo, como do Brasil. O que você sugere?
— Eu acho que amanhã a gente pode fazer um dia para ele. A gente pode ir no Ibirapuera tomar sol, fazer um piquenique. A Paulista vai estar fechada para carros, então vai ter bandas, feiras, várias coisas interessantes. Podemos tirar nosso pacotinho da bolha — ela respirou fundo — Eu sei que talvez tanto o Marco quanto André fiquem expostos um pouco, mas eles podem fazer isso pelo Nathan.
— Fazer o quê pelo Nathan? — André chegou na sala e os três viraram para ele — Nathan dormiu antes mesmo do Shrek e a Fiona chegarem em Tão Tão Distante.
sorriu. André era uma pessoa adorável, e saber que ele conhecia a história do Shrek só o transformava em alguém mais fofo aos seus olhos.
— Ir passear no Parque do Ibirapuera e na Avenida — respondeu ao amigo e agradeceu mentalmente. Havia se perdido um pouco na fofura do loiro — Mas depende de você e o Marco aceitarem pela exposição.
— Não tem o menor problema — ele sorriu e precisou desviar o olhar. Estava ridículo.
Marco também deu de ombros e acabaram por decidindo os detalhes do dia seguinte, onde, pela mulher morar perto do parque, se encontrariam na portaria do prédio dela pela manhã.
— Então nós vamos voltar para o hotel, está combinado — se levantou da mesa — , precisa de ajuda?
— Jamais — ela confessou — Vou acomodar direito na pia e amanhã eu lavo. Só vou passar no chuveiro e dormir.
— Você quem sabe então — a melhor amiga deu de ombros — André, você pode chamar um Uber, por favor? E Marco, vai pegar o Nathan.
— Deixa ele dormindo aqui — ela pediu — Ele já está dormindo, carregar ele vai despertá-lo e tudo mais. Me dá a alegria de ficar uma noite com o meu pacotinho. Juro que amanhã eu entrego ele lindo, saudável, de banho e café da manhã tomado.
pareceu ficar um pouco na dúvida daquilo. Porém, não havia motivos que impedisse que o filho dormisse na casa da melhor amiga.
— E quem sabe ele comigo, é uma noite de folga para você e o Marco, se é que me entendem — cantarolou e automaticamente um sorriso se abriu nos lábios do marido da amiga.
— E é por esse e outros motivos, que você é a amiga da que eu mais gosto, ! — Marco comentou e gargalhou, enquanto rolava os olhos.
— É a única que você conhece, oberarsch — riu do marido.
— É a única que importa, não é à toa que é madrinha dele — e se virou para — , você tem certeza que não tem problema? — a mulher balançou a cabeça — Então vamos logo embora.
— Alguém vai se dar bem essa noite — André comentou.
Marco sorriu para o amigo e chegou perto dele, passando a mão em um dos ombros de André.
— Alguém vai mesmo, e esse não é você, bonitão. , obrigada pelo jantar.
Marco abraçou a amiga e logo depois André abraçou de forma desajeitada. Um pouco de timidez misturado com receio, somado à insegurança dela, e logo os dois se afastaram.
— Se acontecer algum problema, você me liga urgentemente — pediu para a amiga que rolou os olhos e bufou.
— Tchau , nos vemos amanhã.
— Eu falo sério, !
— Eu te amo — ela mandou beijos para a amiga que deu-se por vencida.
— Até amanhã. E obrigada pela noite de folga — confessou.
Logo os três foram embora. Como dito aos amigos, organizou toda a louça na pia e foi para o banho. Ao chegar no quarto, viu Nathan abraçado ao seu travesseiro e com o pequeno corpo coberto.
Com cuidado, se ajeitou ao lado do sobrinho que respirava tranquilamente.
E de todas as coisas no mundo, aquele menino, seu pequeno pacotinho, aquele que pediu para que a tante fosse ao seu aniversário de dois anos do outro lado do oceano, era o seu porto seguro, e o motivo para sempre respirar fundo e manter a calma.
Nathan era a âncora de .
acordou no dia seguinte sentindo alguém balançar seu corpo. Ainda de olhos fechados, ela não pode deixar de esboçar um sorriso ao se lembrar que havia convencido a deixar Nathan dormindo no apartamento dela, e naquele momento, o menino tentava acordá-la.
— Tante, tante! — ele tentava mexer ela, que ainda fingia que estava dormindo — Acorda, tante!
— Quem está me acordando? — ela esboçou um sorriso e aos poucos ia abrindo os olhos.
— É o Nathan, tante !
— Ah! É o meu pacotinho — se sentou na cama e puxou o menino para o seu colo — Bom dia, amor da tia!
— Guten morgen, tante! — Nathan respondeu e olhou em volta — Cadê a mamãe e o papai?
— Eles foram para o hotel. Você dormiu aqui, eu fiquei com dó deles te acordarem e pedi muito para você ficar dormindo aqui comigo.
— O onkel André também foi embora?
André, André, André. De tantos jogadores naquele time, André tinha que ser o preferido do sobrinho?
— Ele também foi — sentiu-se desconfortável em responder — Mas nós vamos daqui a pouco nos encontrar com eles e fazer um monte de coisa divertida hoje, o que você acha?
— Gosto! — o menino explodiu em alegria, fazendo abrir um sorriso que cabide nenhum seria capaz de fazer igual.
Se não fosse abençoada na vida como , a ponto de ter um pacotinho como aquele para chamar de seu filho, era eternamente grata em ter Nathan como seu afilhado e dele ser capaz de iluminar até os seus dias mais escuros.
— Então vamos tomar banho e café da manhã, para ficar cheiroso e encontrar eles, pode ser?
Nathan balançou a cabeça concordando com as palavras da tia e logo pulou do colo dela para o chão, e entrou no banheiro, seguido dela, que o ajudava a tirar suas roupas.
Depois do banho, preparou um pequeno café da manhã para ela e seu sobrinho e, a pedido dele, colocou o filme do Shrek para que continuasse a assistir.
— Tia — Nathan arriscou a palavra em português, não que ele não falasse, afinal, a mãe é brasileira, mas estava acostumado com tante, fazendo achar a coisa mais adorável do mundo — Você não gosta do onkel André?
sentiu o cappuccino que estava tomando descer pelo buraco errado e engasgou. O menino de olhos verdes desviou o olhar do computador para ela, até que a mesma recuperou o fôlego.
— Ele gosta muito de você — o menino disse levando um pedaço do biscoito que estava na mesa, à boca — Ele falou muito de você no avião. Disse que você é muito bonita várias vezes.
Se tinha algo que a mulher amava era a pureza e inocência das crianças. apostava um de seus rins que André não queria que aquela informação chegasse aos ouvidos dela nunca.
— E ele também falava muito que ele era bobo.
apoiou a xícara que segurava de volta à mesa e apoiou o cotovelo no joelho, apoiando o ombro em suas mãos.
— Eu e o André brigamos um pouco quando eu fui para Dortmund — ela procurava palavras para explicar ao sobrinho, mas talvez não tinha forma de fazer uma criança de três anos entender — Ele deixou me deixou um pouco triste.
— Mas vocês são namorados. Quando o papai deixa a mamãe triste, ele sempre dá flores e comida para ela. O onkel André também pode te dar flores e comida.
controlou a risada. Conseguia imaginar Marco saindo de casa à meia noite procurando algum lugar aberto em Dortmund que vendesse coxinha. E ai dele se voltasse de mãos vazias.
Acontece que e André nunca foram namorados, nunca foram um casal ou tiveram um relacionamento, propriamente dito. Mas era o que Nathan achava, já que viu os dois trocando beijos algumas vezes. Seria uma tarefa impossível fazer com que Nathan entendesse aquilo. Às vezes nem ela consegue entender direito o que aconteceu em Dortmund um ano atrás.
— Nós somos só amigos.
— Ah… — o menino abaixou a cabeça e comeu mais um pedaço da bolacha, voltando a atenção ao Shrek à sua frente. quase deu-se por convencida de que o assunto estaria encerrado. Quase — Você e ele podiam ser mamãe e papai de um amiguinho para mim.
E então, pela primeira vez, ela sentiu o choro chegar à sua garganta.
Um dia ter a sua própria família, como formou a dela, era o seu maior desejo.
Dar um amiguinho ou amiguinha para Nathan, era o próximo sonho que ela queria realizar em sua vida.
A sua maior dúvida estava em saber se ela dava a chance para André e assim, quem sabe no futuro, virassem uma família.
E esses pensamentos estavam comendo viva durante seu tempo ocioso.
— Você já acabou de comer? — o menino concordou e ela sentiu-se aliviada — Vamos escovar os dentes que aposto que a mamãe já está chegando.
colocou mais louça suja na pia e foi ajudar o sobrinho a escovar os dentes e também acabar de se preparar. Tudo o que ela mais queria naquele momento, era que Marco e André chegassem e levassem Nathan para passear, enquanto ela e ficassem deitadas em sua cama conversando, enquanto ela desabafasse tudo o que estava em sua garganta.
Como nos velhos tempos.
Assim que , Marco e André chegaram ao prédio de , ela e Nathan saíram e os cinco foram caminhando até o parque. indicava o caminho para os homens à frente enquanto ia atrás escorada no ombro da amiga. Queria poder falar com ela, ouvir seus conselhos e receber puxões de orelha, mas precisava de um espaço seguro. E André a dois passos à frente dela, não era um espaço seguro.
A caminhada foi longa para Nathan que entrou no parque no colo do pai, mas ao ver a quantidade de cachorros que lá estavam com seus donos, logo foi para o chão e com receio, foi para perto de um deles.
— Tante, onkel — Nathan chamou os tios, estando o mais perto possível de um Golden Retriever preso à coleira — É um Hund!
fez sinal para que a amiga fosse até o sobrinho e juntou-se ao marido para observar ele com os tios. Ela tinha certeza que todo aquele apego com , era saudades. Porém não conseguia entender o carinho com André.
— Aqui a gente chama de cachorro — ensinou o sobrinho que tentou repetir — Cachorro.
— Catioro — Nathan tentou repetir o que a tia falava e deu-se por satisfeito ao vê-la esboçar um sorriso — Eu posso passar a mão nele, tante?
então perguntou ao dono do cachorro e Nathan levou a mão ao Golden, que estava sentado no chão. Ela tinha certeza que se o animal se colocasse nas quatro patas, ficaria maior que o sobrinho.
— Cachior... — André tentava repetir a palavra que falou e ela gargalhou — Cashore… Ei, não é para rir. Você não falava uma palavra em alemão quando chegou em Dortmund.
— Ah claro. É porque não fui eu a escolhida para representar a empresa em uma convenção totalmente em alemão em Munique, perdão — ela ironizou e André deu a língua para ela, que fingiu estar ofendida — Treina mais porque é vergonhoso uma criança de três anos falar português melhor que você.
— Você pode ser minha professora particular de português, se você quiser.
rolou os olhos e sorriu.
— Vê se me erra, Schürrle! — ela empurrou o ombro dele e logo o sobrinho se aproximou dela. agradeceu ao dono do Golden pelo tempo que Nathan pode acariciar o animal e logo saiu atrás dele, deixando André com o casal de amigos — Olha o que tem aqui no lago.
se abaixou na altura do sobrinho, segurou no corpo dele e os dois viam os patos nadando.
— Ente! — Nathan chamou, mas os animais simplesmente passaram nadando, quando ele olhou no lago, e viu alguns peixes amontoados ali perto — Fisch! Mama, olha o Fisch!
— É um Fisch, meu amor — se aproximou do outro lado do corpo do filho — Você gosta de ver os animais?
Nathan balançou a cabeça ainda vidrado dentro de um dos lagos do Parque.
— Eu disse que seria bom para ele — comentou com a amiga, que deu-se por vencida.
— Acho que é por isso que eu te escolhi como madrinha dele. Você mora há quilômetros de distância dele, mas às vezes consegue ler o que está nas entrelinhas.
— Ele precisa de espaço para ser criança. Só isso.
— Nathan! — a voz de Marco distraiu as duas e o menino se virou para o pai.
Marco estava com uma bola de plástico em mãos, que nem , nem sabiam dizer de onde ele tinha tirado, e como um ímã, o menino correu até o pai.
Os cinco caminharam até uma área aberta e verde, onde não tinha muita gente, para que pudessem chutar a bola e se divertirem um pouco. e então sentaram-se debaixo de uma árvore ali perto, observando os três.
— O que houve, ? Estou achando você estranha desde que nós chegamos no seu prédio.
— Mais direta impossível — Eduarda riu e deu de ombros — Ah , o André, né? A presença dele e a dúvida em relação ao que eu faço.
— Por acaso ir para a Alemanha é algo que se passa na sua cabeça por agora?
— Além de ir a passeio? — balançou a cabeça em negação — , eu estou tendo a vida que eu sempre quis. Você é uma das pessoas quem mais sabe o quanto eu lutei por isso. Simplesmente não existe chance de eu largar tudo isso para sei lá… Me mudar para Dortmund e ter como profissão ‘namorada de jogador de futebol’.
entendia a posição da amiga. nunca foi aquela pessoa que nasceu para ficar parada, para cuidar de uma casa, se dedicar exclusivamente para uma família. Nem ela, mas a burocracia na Alemanha é tanta, que quando conseguiu o visto para permanência definitiva lá, descobriu-se grávida, e só estava esperando o filho ter idade para frequentar a escola para tentar se fincar no mercado de trabalho alemão.
— Eu não falo nem para você ir e entrar com o processo, porque é demorado — concordou — Mas eu honestamente acho que se você e o André gostam um do outro, vocês deveriam achar um jeito de fazer isso acontecer. , me responde uma coisa sinceramente?
Aquele tipo de pergunta era o que fazia até os pelos dos dedos do pé de arrepiar. Odiava essa ansiedade, a expectativa, os segundos que antecedem a pergunta final.
— Você tem sentimentos pelo André?
Aquela pergunta pegou de calças curtas. Ela nunca tinha parado para pensar nisso.
Afinal, o que Oliveira sentia por André Schürrle?
A decepção já havia passado. E o que havia restado? Pena? Uma pequena simpatia? Ela levantou o olhar onde ele recebia uma bola de Marco e chutava para o sobrinho. Ele era uma boa pessoa, alguém que procurava saber se ela estava bem. Que fez ela ir até o inferno, para descobrir onde era o seu céu. Para descobrir que estar em sua paz de espírito, envolve estar bem com ele.
— Acho que… , é tão complicado.
— Eu te fiz uma pergunta simples, . Eu só quero uma resposta de uma palavra.
— Carinho… acho — respondeu fazendo um questionamento a si mesma — Ele é uma pessoa que eu quero todo o bem do mundo.
— Você gosta dele, obrigada pela resposta — sentiu-se vitoriosa com aquilo — Até onde eu sei, esse sentimento é recíproco.
jogou o corpo para trás deitando-se completamente na grama e levou a mão no rosto, bufando. Odiava ser pressionada, e apesar disso, sabia que estava fazendo isso para seu próprio bem.
— E daí? — ela sentou-se novamente ao lado da amiga — Acho que eu não preciso te explicar quantas horas de voo separam a vida que eu levo da que ele leva.
— Não. Mas acho que eu preciso desenhar que ele voou todo esse tempo só para te fazer uma pergunta pessoalmente, e ainda não teve uma resposta.
— Eu não tenho uma resposta para ele ainda. E enquanto vocês não estão fechando as malas para ir embora, eu estou bem na minha zona de conforto fingindo que está tudo bem e eu não devo uma satisfação a ele.
— Você não está sabendo? — virou-se para a amiga que arregalou os olhos.
— Sabendo de quê? O que você está me escondendo, ?
viu-se perturbada, tendo certeza absoluta que falou a coisa errada, no momento errado.
— Não insiste, — tentou sair daquela situação o mais rápido possível — Nós já não temos mais idade para nos meter nos assuntos dos outros, e se o André não te falou, ele deve ter os próprios motivos.
— …
— Só… Acelera esse pensamento. Por vocês dois.
As palavras de haviam ficado na cabeça de . O que André estava escondendo dela era a pergunta que não queria calar. Com certeza o fato dela ter que responder o mais rápido possível para ele estava diretamente ligado ao que a amiga não havia contado.
E mesmo com a sua âncora por perto, sentia que estava se afogando.
— Olha os dois querendo aparecer com a bola — cutucou que distraiu de seus pensamentos por um momento — Aposto que daqui a pouco eles começam a chamar atenção e um vem pedir para tirar foto com eles.
— Se for um, está bom. O problema é se o parque inteiro perceber que os dois estão aqui.
— Marco Reus é adulto e sabe o que faz — ergueu os braços.
Como previsto, logo três rapazes se aproximaram dos dois jogadores. Nathan assustou-se um pouco e correu até a mãe e a tia, sentando no colo de uma delas. Os rapazes tietaram de forma rápida, algumas fotos e um autógrafo em suas camisas, e logo foram embora.
— Como se diz que alguém está ‘com fome’ em português? — Marco perguntou assim que eles se aproximaram das duas.
— Fome — e falaram ao mesmo tempo.
— Certo, eu tenho fome — Marco repetiu a palavra em português perfeitamente.
olhou para André que parecia estar raciocinando ainda.
— São quatro letras, duas sílabas. Não é tão difícil assim, André.
— Eu já falei para você ser a minha professora particular. Quem sabe eu aprendo com mais facilidade.
Ela olhou para que tinha um olhar sapeca e malicioso como resposta e rolou os olhos.
— E eu já falei para você me errar. Vocês estão com fome. Alguém aqui gosta do Vapiano?
Marco levou uma mão no peito ao ouvir o nome do restaurante.
— Seria Deus ouvindo minhas preces?
Os cinco então caminharam para fora do parque onde chamaram um Uber e seguiram até o restaurante para almoçar e então, seguirem o caminho para a Avenida Paulista, onde iriam continuar o dia.
Após um almoço no restaurante italiano, eles novamente subiram em um carro que os deixaram na esquina da Paulista. Avenida fechada, carros impedidos de passar, eles desceram e aos poucos foram andando pelo local.
estava na dúvida em qual criança ela tinha que prestar atenção. Se era em Nathan, que estava amando ver os os “catioros” que passeavam com seus donos, ou se cuidava de André, que parava em toda e qualquer barraca ou banda que ali estava.
Para ajudar, era dia de manifestações. A Paulista estava mais cheia que o normal.
— Quais são as chances da gente entrar em uma loja e os dois reclamaram? — perguntou observando a variedade de lojas de departamento que tem na avenida — Digo, eles não podem ver nada diferente que já param, nem vão sentir a nossa falta.
riu. Dezenas eram as vezes que elas fugiram de alguém se perdendo em grandes lojas. Às vezes dos pais. Também de ex-namorados. Ou até mesmo de amigas chatas e fúteis, que só pensavam em gastar em lojas caras.
estava feliz de estar mais uma vez com . Ir a Dortmund, vivenciar o dia-a-dia dela, assistir a vida que ela construiu acontecer, era tudo maravilhoso. Mas estavam ali, juntas em São Paulo, fazendo o mesmo tipo de passeio que faziam cinco anos atrás… Se estivesse sonhando, ela queria que desligassem o seu despertador.
— Coloca um pé dentro da loja — ela incentivou a amiga.
E como pedido, virou o pé para dentro de uma das lojas, e foi como se Marco tivesse visão completa de tudo ao seu redor.
— Liebe, onde você vai?
— Eles vão reparar — voltou para trás e sussurrou para a amiga — Se for entrar em um relacionamento com o Schürrle, certifique-se de que ele não tem olhos na nuca.
— Eu não…
— É só uma suposição, pelo amor de Deus.
Eles continuavam a caminhar quando Nathan correu mais uma vez até um cachorro. Uma mulher com dois Shih Tzu estava parada perto da entrada de uma feira culinária.
— Papa — o menino apontou para os dois animais — Eu quero!
— Vai ter que se virar com um cachorro para o filho — André deu um tapinha no ombro do amigo e saiu perdido pela feira.
— Você quer esse, Nathan? — se aproximou. Faz tempo que ela também queria um cachorro, mas Marco negava a proposta — E aquele ali? — a mãe mostrou mais um Golden Retriever que estava parado.
— Aquele é grande, Mama! — ele olhou em dúvida para os dois — Eu quero passar a mão nele.
conversou com a dona dos cachorros que ali estavam e logo o filho estava brincando com eles. A mulher dava pulos de alegria por dentro. Marco não negava nada ao filho, então provavelmente, em breve o casal teria um animalzinho em casa, com a desculpa de que seria para Nathan.
— Cadê o André? — então sentiu falta do loiro de olhos azuis que os acompanhava quase como um segurança — Ai meu Deus, o André sumiu.
— E você está o quê? Preocupada com ele? — provocou a amiga que rolou os olhos.
— Não. É que se ele está pensando que São Paulo é como Dortmund ou sei lá, Frankfurt, ele está enganado — e deu de ombros — Ah, problema é dele.
— , o problema não é dele e nós sabemos disso. Vai procurar ele.
A brasileira deu de ombros e voltou a prestar atenção no sobrinho.
— Vai procurar o André, !
Contrariada, saiu à caça do jogador pela feira. Talvez não fosse tão difícil achá-lo. Provavelmente era o único loiro de olho azul com cara de alemão perdido pelo local.
E realmente não foi. Por entre as pessoas, ela pôde observá-lo em frente à sua barraca preferida. A de churros.
— Tá perdido? — ela chegou empurrando o corpo dele com o seu.
André virou o pescoço para enxergar a morena de olhos verdes que estava parada ao seu lado de braços cruzados, e fez o mesmo.
— Eu estou na dúvida se isso aqui é muito ruim, ou muito gostoso.
— O quê? Churros? — ela fingiu estar ofendida. Churros era, no momento, um dos doces que ela mais amava — Você só pode estar de brincadeira comigo, André.
— Pela sua reação deve ser a coisa mais maravilhosa do mundo então. Melhor até que Strudel.
puxou na memória o que era Strudel e se lembrou. Era qualquer coisa com maçã que sua mãe fazia e ela não conseguia ver a menor graça.
— Strudel, pff! — ela ironizou — Você me respeita, André. Depois do churros você vai querer abrir uma filial em Dortmund.
— Ótima ideia! — ele entrou na conversa dela — E quem sabe eu posso levar a melhor empresária que eu conheço para administrar o meu negócio, o que acha? Tem um emprego, residência, amigos e sei lá, talvez um namorado — ele piscou para ela.
— Meu Deus, você não tem o menor jeito mesmo! — bateu nas costas dele e foi para a fila.
Não demorou muito para que ela voltasse com dois churros e entregou um para André. O alemão olhava curioso para o que tinha em suas mãos e depois para Eduarda, que parecia estar se deliciando com aquilo.
— É só morder — ela incentivou o homem que então mordeu.
podia jurar que estava vendo estrelas ao invés de olhos azuis no rosto dele. Enquanto André mastigava, ele esboçava sorrisos e ao engolir, sentia que estava muito feliz.
— Eu vou vender esse negócio na Alemanha.
Ela rolou os olhos. Deus não dá asas a cobra mesmo.
— Não vai nada, vem logo — e puxando ele pelo braço, guiou para fora do aglomerado de pessoas e logo se juntaram ao casal de amigos e o filho no colo.
— Nathan está ficando cansado — comentou e se aproximou do sobrinho que estava no colo de Marco, com o rostinho emburrado — , eu posso te pedir…
— Cara, você precisa experimentar isso — André ergueu o churros para Marco que o olhou confuso — Vai Reus, come!
— Schü, isso é churros. Quando eu acho doce de leite a faz lá em casa.
André abriu a boca e por não ter o que falar, fechou novamente. Estava sentindo-se traído por ser o único que não conhecia aquela preciosidade.
— Eu acabei de oferecer um emprego para a lá em Dortmund, vocês sabiam? — ele preferiu desviar o assunto.
— Lá vamos nós de novo — ela sussurrou e preferiu-se ocupar com o seu churros.
— Falei que ia abrir uma loja que vende churros e colocaria a melhor empresária que eu conheço para administrar o negócio. Mas ela não aceitou.
— E você quer que a seja sua empregada, é isso? — perguntou e então André conseguiu raciocinar. Ele olhou para , que tinha um sorriso irônico no rosto. Droga, ele não tinha pensado naquilo — , o Nathan está morrendo de sono. Será que eu poderia levar ele para a sua casa, que está aqui perto, e por ele na sua cama?
— Claro! — quando o assunto era Nathan, movia céus e terra — Nós podemos todos ir embora, se vocês quiserem.
— Não, linda — desacelerou a amiga — Eu e o Marco vamos levar o Nathan para a sua casa. Você mostra um pouco mais da Paulista para o André e nos encontra por lá depois, pode ser?
— Pode! — André respondeu de boca cheia e deu de ombros.
— Eu sei que é quase impossível argumentar com você — então abriu sua bolsa, e tirou a chave de lá — A casa é sua, está entendendo?
— Eu sei — tirou o pequeno objeto das mãos da amiga e se aproximou dela para sussurrar — Conversa com ele. Sei lá, vocês são dois adultos civilizados.
— Ele é uma criança.
— E você é outra — abraçou a amiga e a deu um beijo na bochecha — Nos vemos daqui a pouco, tudo bem?
Não demorou muito para a família fazer o caminho oposto e seguirem. André e continuaram seu caminho falando sobre futilidades da vida, enquanto ele tentava convencê-la de que o negócio de churros em Dortmund daria certo.
— Eu sei que você tem segundas intenções nisso, mas ter um negócio não é simplesmente abrir uma porta só porque tem dinheiro… — ela falava, mas ao olhar para os lados, não via mais ele — André?
E ali, em um amontoado de pessoas, ela encontrou o homem observando um cara que teoricamente, fingia estar hipnotizando as pessoas. Ela bufou e o puxou pelo braço, tirando-o dali.
— Daqui a pouco vai ser o próximo a querer ser hipnotizado.
— Ou pode ser você — ele rebateu e e o olhou de canto de olho — Qual é, imagina quão legal deve ser uma pessoa falar para você fazer algo, você ir lá e fazer porque ela mandou e você não tem mais controle sobre você mesmo? Uau!
balançava a cabeça, mas no fundo queria rir. André era mesmo uma criança.
— Você realmente leva as coisas para o mal, não é mesmo?
— Não é levar as coisas para o mal, é só pensar bem e se você puder fazer as coisas a seu favor, por que não?
— Às vezes eu fico pensando o que eu fiz para merecer você na minha vida, Schürrle — gargalhou.
— Você deve ter sido uma freira, alguém muito boa na vida passada, não é possível — ele riu ao vê-la mostrando a língua — Mas eu não sei. Acho que eu ganhei na loteria e meu prêmio foi ir conversar com uma mulher que estava maravilhosa em um vestido amarelo na festa de Natal do time.
ficou sem graça com o comentário e mordeu o lábio inferior ao ouvir aquilo. Afinal, o que impedia ela e André tentarem algo? A distância? Ou talvez fosse o seu ego e orgulho que eram maiores que quaisquer coisas?
A morena o puxou de volta quando o viu parado em um grupo onde um homem fazia mágicas. Se dependesse da curiosidade dele, nunca chegariam ao fim da avenida, e fariam a volta para sua casa ser mais demorada ainda.
— O que você acha de nós irmos embora? — ela perguntou e ele deu de ombros.
— Só depois que eu comprar uma garrafa de água e beber ela inteira — o comentário foi propício. Comer churros com aquela quantidade de doce de leite, era como ir ao paraíso, mas eles precisavam de água.
— A gente compra durante o caminho.
A volta para a casa de foi quase como todo o passeio na Avenida. André passou por mais alguns grupos, observou algumas bandas, bateu palmas para o cover do Michael Jackson, até que um bom tempo depois, eles chegaram ao apartamento dela.
Assim que entraram na residência, pôde ver Marco no sofá assistindo televisão. Algum jogo estava passando e André ficou ali com o amigo, enquanto sumiu pela casa, a procura da amiga e do sobrinho.
— Você falou para ela? — Marco perguntou quando André sentou ao seu lado, e apenas negou com a cabeça — E você quer que ela descubra sozinha?
— Eu não sei — André coçou a cabeça — Às vezes eu acho que a está me aproximando dela, e de repente, ela vai lá e me empurra de novo.
Marco deu de ombros.
— Se você tivesse sido babaca comigo sem motivos, eu também iria ter receio em deixar você se aproximar de mim.
— Eu já pedi desculpas para ela. Eu já pedi uma nova chance. O que mais ela quer que eu faça?
— Sei lá, cara. Eu já sou bem casado, tenho a minha família. Quem está tentando conquistá-la é você. Se vira — Marco tomou a garrafa d’água da mão do amigo e deu um gole — E conta para ela.
André ficou sentado no sofá assistindo ao jogo com Marco e não demorou muito para que o juiz apitasse uma falta e os dois reclamassem. Marco então parece que se lembrou da presença do amigo e bateu na perna dele.
— Vai lá!
Sentindo-se obrigado, André se levantou e foi até o quarto de . Ela e estavam vendo algumas fotos antigas no computador, e Nathan dormia na cama da tia. O homem parou na porta e pigarreou, chamando a atenção delas.
— Eu posso conversar com a ?
— Mas não estava conversando até agora? — retrucou.
— O assunto é outro.
não sabia se torcia o pescoço de André por não ter falado ainda sobre ou se concordava que os dois deveriam conversar. Contrariada, ela pegou o computador e saiu de volta para a sala e deixou os dois ali.
— Você está escondendo algo de mim, não está?
André coçou a nuca.
— Confesso que eu achei que seria mais fácil.
— O que seria mais fácil?
— Tanto a sua resposta, como essa despedida — abriu a boca para retrucar e ele levantou um dedo — Deixa eu falar, por favor — a mulher fechou novamente a boca e levou a franja para trás da orelha — Eu não vou mais insistir. Eu te fiz uma pergunta, e quando você achar que está pronta para me dar uma resposta, eu vou estar te esperando. Eu sei que eu te fiz uma proposta complicada, a me contou tudo, todos os seus sonhos, o que você passou para chegar até aqui, e é egoísta da minha parte falar para você simplesmente abandonar tudo, só para me dar uma chance.
sorriu agradecida, ao mesmo tempo que as lágrimas chegavam à sua garganta. Apesar das pessoas terem uma noção, elas nunca vão saber exatamente o que ela passou para conquistar tudo aquilo.
— Não é uma insistência, mas se você quiser, nós podemos dar um jeito. Sempre existe avião e tecnologia para aproximar as pessoas, não? — ele perguntou e ela sorriu tímida — Não estou insistindo, só estou colocando as ferramentas a nosso favor na mesa — ela havia entendido — Eu volto amanhã para Dortmund, mas você tem liberdade para entrar em contato comigo quando quiser. Eu sempre vou te atender...
— Você o quê? — cortou as palavras de André e piscou repetidamente olhando para ele — É isso que a me disse que você estava escondendo? — ele concordou, sentindo um pouco de remorso — André… — e então ela choramingou.
O homem então a abraçou, enquanto fazia o maior esforço para não deixar as lágrimas escorrerem. Estava bem, estava dentro de sua zona de conforto e então, foi como se um buraco tivesse sido aberto a puxando para baixo. O tempo de André estava esgotado, ele subiria em um avião de volta para o outro lado do oceano, e não podia esperar mais nem um minuto.
Estava se sentindo estúpida. Ela sabia que a pergunta dele nunca foi com a intenção de que ela abandonasse tudo e fosse embora para ter como profissão, namorada de jogador de futebol. Ela sabia que a chance que André estava pedindo, era para que os dois achassem juntos, uma forma daquilo acontecer mesmo com um oceano inteiro separando-os.
Ela sabia a resposta desde quando a pergunta foi feita naquele aeroporto. Mas estava adiando-a. diria que ela tem medo da felicidade. E parecia que sua dupla sertaneja preferida, estava, naquele momento, cantando a trilha sonora de sua vida.
Em um impulso, pôs-se na ponta dos pés e fez com que sua boca encontrasse a de André. Ela acariciava o rosto dele enquanto trocavam um beijo, e ele fazia carinho em sua cintura. Ela permitiu que as lágrimas escorressem pelo seu rosto, sabendo o que aquele beijo significava.
Significava mais do que a resposta que ele estava esperando há dias. Significava despedida, e o peito de já estava cheio de saudades do homem com quem ela estava naquele momento.
— Eu não faço a menor ideia de como isso pode acontecer, André — ela falou ao se afastar e encostou a cabeça no peito do homem — Mas podemos tentar.
— Confesso que eu também não faço a menor ideia, mas estou disposto a descobrir — ele acariciava a cabeça com a mão perdida pelos cabelos dela.
— Tante e Onkel André estão namorando! — uma voz suave veio de perto deles e os dois se separaram.
Nathan estava deitado ao lado dos dois, com os olhos verdes bem abertos, e com um sorriso no rosto.
E então naquele momento, sentiu uma felicidade plena. Tinha um bom emprego, bons amigos, um possível relacionamento e um sobrinho adorável.
Aquele menino, aquela preciosidade que ela tinha, era tudo o que precisava. E enquanto tivesse Nathan para se apoiar e lhe dar forças nos momentos complicados de sua vida, ela sabia que não havia tempestade que faria o seu barco afundar.
FIM
Nota da autora: "E como num espelho, te olhando vejo o meu próprio medo, minha indecisão. Mesmo te amando não estou seguro, será que é verdade ou uma ilusão." Aôôôôô Goiás! Trazendo para vocês um continho tudo a ver com o Dia dos Namorados. Eu estou segurando ele há mais de um ano e meio, desde quando comecei a escrever Treat You Better (e ainda não acabei), e quando apareceu esse especial da equipe, eu não me aguentei e tive que mandar. O que acharam? Gostaram? Por favor, digam que sim hahaha. Eu sei que é um grande spoiler do que vem por aí na história que originou o conto, mas eu não resisti. Espero que, se você tem um namorado, esse conto te faça ficar com vontade de estar com ele. Se não tem, que aqueça o seu coração com muito amor. Obrigada por ler. Um beijo grande, Liih. (Nota escrita em 29 de Maio de 2018)
Outras Fanfics:
Dortmund, Alemanha - Futebol, Marco Reus, shortfic.
04- Walking in the Wind - One Direction, shortfic.
Falcons - Futebol americano, shortfics.
Treat You Better - Futebol, André Schürrle, em andamento.
Face to Call Home - Futebol, Olivier Giroud, shortfic.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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