OBS: Como nenhum dos jogos de Elder Scrolls possui tradução oficial em português e é de nosso interesse ficar o mais canon (parecido com o material de origem) possível, na fic usaremos diversos termos em inglês para nos referirmos a raças, nomes de lugares, armas, missões, etc.
Portanto, para melhor entendimento da história, clique aqui antes de começar a leitura.
Prólogo. Os Lugares Abandonados.
O vento e o gelo eram os principais elementos dos desertos brancos que eram as terras do Norte. Em boa parte de Skyrim, tudo o que se via era neve, florestas, vales e montanhas. Não era à toa que a província era conhecida por todo o continente de Tamriel como a terra dos Nords – homens e mulheres grandes, e resistentes ao frio. Skyrim era dividida em nove regiões menores, chamadas de Holds, cada um com sua própria administração, encabeçada por um Jarl. Nenhum dos outros Holds, no entanto, eram tão desolados como os nortenhos The Pale e Winterhold.
estava bem acostumada com os lugares abandonados em suas andanças pelo norte. Afinal, tendo nascido e sempre vivido no norte, estava cercada por eles. se parecia com qualquer outra Nord devido a seu grande tamanho e força e por seus cabelos da cor da neve. Ela não entendia muito bem porquê suas orelhas pontudas causavam estranhamento – porém, para evitar qualquer tipo de pergunta em suas raras idas às cidades, tinha por hábito usar um capuz, deixando apenas uma parte de seus cabelos à mostra. De certo modo, estava satisfeita por viver tão longe das grandes cidades de Skyrim; assim, seus companheiros seriam apenas os elementos da natureza e os animais.
desmontou de sua montaria a alguns metros do Taverna Nightgate, a pequena taverna à beira do Lago Yorgrim e entre as cidades de Windhelm, Dawnstar e Winterhold. Assentiu para o gato-de-sabre das neves, que grunhiu em resposta. Ela evitou tocá-lo, sabendo o quanto aqueles animais podiam ser imprevisíveis, e o viu desaparecer entre as árvores. O olhar de se deteve por um momento na coruja branca empoleirada no telhado da taverna. Aqueles animais sempre pareciam segui-la.
A taverna era talvez o mais próximo do que poderia chamar de lar. O dono, Hadring – um velho Nord gentil, porém ignorante –, permitia que vivesse lá desde que a encontrou aos onze anos, maltrapilha e desnutrida, vivendo com animais selvagens nos arredores de Windhelm. Embora Hadring estivesse longe de ser um pai para ela, era grata por ter um teto sobre sua cabeça. Havia apenas mais dois residentes na taverna – um Orc misterioso chamado Balagog gro-Nolob e um Nord melancólico chamado Fultheim. Dos dois, o Orc parecia mais simpático para , sempre vestido com roupas nobres. Fultheim também não era nada falante, mas sempre comentava que, apesar de gro-Nolob gostar de falar e de conhecer pessoas, deveria se manter oculto. De fato, poderia contar nos dedos as vezes que lhe dirigiu a palavra; não entendia o porquê de tanto mistério, mas tampouco estava interessada em saber mais sobre qualquer um dos dois. Para ela, era suficiente que todos se tolerassem, sem a necessidade de serem próximos.
tinha acabado de largar seu saco de suprimentos sobre a cama quando notou um pedaço de papel sobre a pequena mesa de madeira encostada na parede. Ela teve que apertar os olhos para enxergar devido à falta de prática da leitura:
“Amuleto roubado, preciso dele de volta.
Sou das caravanas, encontrar-me perto de Dawnstar em duas noites.
– K”.
esmagou o papel em sua mão e foi até o balcão na parte principal da taverna, onde Hadring terminava de servir coelho cozido para um viajante.
“Hadring!” disse mais alto do que gostaria, fazendo com que Fultheim e o viajante voltassem os olhares para sua direção. Abriu a mão, pondo a nota amassada em cima do balcão. “Esta nota estava no meu quarto. Você sabe quem a entregou?”
Hadring passou uma mão por seus cabelos brancos, como se lhe custasse se lembrar. Como se ele fizesse alguma outra coisa além de ficar neste lugar velho, pensou, impaciente. “Creio que ontem... pela tarde, veio um mensageiro perguntando por você e deixou isso. Moleque engraçado, usava um chapéu e uma bata azul –”
“Ele disse alguma coisa sobre quem enviou a carta? Meu empregador?” Hadring e Fultheim riram sem humor. “Oh não”, respondeu, “Disse que era para entregar apenas para você e que não podia falar nada além disso. Se achava muito importante, esse aí...”. Os dois homens continuaram a resmungar enquanto o viajante comia em silêncio. os ignorou e, após comer uma rápida refeição de perna de cabra, começou a preparar todo tipo de suprimentos, jogando-os dentro de seu saco de viagem surrado.
Uma das maiores cidades de Skyrim a esperava, e o longo caminho pelo deserto gelado exigia todo tipo de provisões.
I. O Amuleto da Lua
deixou que as luzes do Norte e que seus instintos de caçadora a guiassem pela imensidão de The Pale, e assim não encontrou nada além dos ocasionais lobos e ursos. Ela não entendia muito bem porquê aqueles lugares abandonados costumavam assustar os viajantes. sabia do retorno dos dragões, é claro, mas quem em Skyrim não tinha ouvido falar da Dragonborn, a única pessoa que podia derrotá-los? – se Dawnstar fosse atacada, era certo que a Dragonborn estaria lá para defender a cidade, como já havia acontecido em outros locais da província. Além disso, o clima rigoroso, a falta de hospitalidade dos locais e o frequente patrulhamento dos guardas ajudavam a manter Dawnstar segura de visitantes indesejáveis, o que parecia compensar a falta de uma muralha ou portão.
Já era o entardecer do segundo dia de viagem quando desmontou do enorme alce. Ela seguiu caminhando por quase uma hora antes de ver tendas muito próximas à entrada de Dawnstar. Enquanto se aproximava, levantou o capuz sobre sua cabeça, deixando apenas seu rosto à mostra.
Os membros das caravanas de comércio eram todos Khajiit, uma raça de felinos, e que em Skyrim quase todos trabalhavam como mercadores – mas mesmo assim não poderia prever a reação deles à sua aparência. Se seus próprios conterrâneos não raro se mostravam chocados, o que dizer de estrangeiros que não conviviam com humanos, pois não se permitia sua entrada nas cidades? já tinha visto algumas caravanas Khajiit nas estradas quando ia a grandes cidades completar trabalhos, mas aquela era a primeira vez que se aproximava.
A caravana em si era pequena e estava na entrada da cidade, tão perto que era possível ver algumas pessoas caminhando e mesmo alguns prédios, como a taverna. Além disso, qualquer pessoa que entrasse ou saísse de Dawnstar teria que passar na frente dos mercadores, pois estavam acampados bem no caminho dos viajantes. A caravana consistia de um acampamento com quatro tendas com uma grande fogueira no centro. Havia quatro Khajiit no acampamento – um estava curtindo couro perto de uma das tendas, duas estavam sentadas na entrada da tenda maior falando em voz baixa e havia um último que estava sentado próxima à fogueira observando a todos. Ele levantou a cabeça quando chegou mais perto.
Uma das Khajiit que estava na tenda se levantou e foi até . Ela era um pouco mais baixa que , tinha a pelagem marrom escura, olhos brilhantes e vestia roupas nobres com uma estola de pele de animal nos ombros. “Olá, você gostaria de comprar alguma coisa? Tenho diversos tipos de produtos que podem ajudar nas suas viagens.” Assim que a Khajiit começou a falar, notou seu sotaque inconfundível. No momento seguinte, pôs seu saco de suprimentos no chão coberto pela neve e tirou o pedaço de papel amassado de dentro dele. “Não preciso comprar nada. Eu recebi esta nota de alguém que disse que estava com as caravanas.” Ela mostrou a nota para a Khajiit. “Ele quer me encontrar nos arredores de Dawnstar. Você sabe quem pode ser?”
A expressão da Khajiit se alterou num pequeno sorriso. “Oh, sim, então é você! Kharjo, venha aqui!” O Khajiit que estava afastado se levantou com rapidez e foi até as duas. ficou alerta ao ver sua armadura de aço e espada embainhada. Conforme ele se aproximava, no entanto, viu que tinha uma expressão simpática no rosto. Sua aparência era muito diferente da primeira Khajiit – ele tinha a pelagem bem mais clara, entre o cinza e o branco, e olhos castanhos. A primeira Khajiit olhou de um para outro por um momento. “Kharjo, esta é a humana de Taverna Nightgate que você queria contratar. Que a sua estrada te leve a areias quentes, humana.” Dizendo isso, voltou para a tenda. voltou seu olhar para Kharjo, tendo que levantar o olhar por ele ser mais alto. Ele assentiu como uma forma de cumprimento. “Este Khajiit guarda os outros. Te mandei essa nota porque preciso de ajuda com algo importante”. assentiu de volta. “Sou . Sou uma mercenária, sim, mas não faço qualquer tipo de trabalho, Kharjo. Se você quer matar alguém, entre em contato com a Dark Brotherhood – eu não vou roubar nenhuma morte deles. Se você quer saquear alguém, vai ter que falar com a Thieves Guild dependendo da natureza do trabalho. De que serviço você precisa?”
Kharjo parecia se divertir com as palavras de , mas logo retomou sua expressão mais séria. “Veja… salteadores atacam nossas caravanas com frequência, mas nós, Khajiit, geralmente conseguimos afastá-los.” cruzou os braços. “Então você quer que eu extermine algum grupo que está por essas terras?” Ele balançou a cabeça. “Não vou pedir que mate ninguém - alguns dias atrás, fomos emboscados. Não foi nada demais, mas um dos ladrões roubou meu Amuleto da Lua, que foi um presente da minha mãe quando eu era apenas um filhote. É a única memória que tenho de casa nestas terras geladas. Eu enviei aquela mensagem para pedir que você traga meu amuleto de volta. Eu te pagarei bem, é claro.” não entendia muito bem qual era a necessidade de chamá-la até ali apenas para aquilo quando Kharjo poderia contratar um mercenário local, mas achou melhor não questionar. “Muito bem, é aceitável.” deu um pequeno sorriso. “Acreditamos que os salteadores são parte de um grupo que está reunido em Duskglow Crevice, aqui mesmo neste Hold.”
“Grupo de salteadores em Duskglow Crevice? Também estou indo para lá! Acabei de receber uma ordem do próprio Jarl para executar o líder deles.” Uma voz animada os fez virar para uma jovem Breton, que parecia estar de passagem por ali. Parecia ser muito jovem e usava vestes de mago pretas. Como a maioria dos Bretons, tinha pele morena. Seus cabelos castanhos eram bem curtos e também tinha uma pintura de guerra que cobria seus olhos e descia pelas laterais de seu rosto. Diante do olhar incrédulo que e Kharjo lhe lançaram, a jovem lhes entregou uma carta com o timbre de Dawnstar –
“Por ordem de Skald:
Para todos os homens e mulheres aptos de The Pale. Os salteadores localizados em Duskglow Crevice têm roubado e atacado cidadãos e visitantes.
Uma recompensa será oferecida a qualquer um que matar seu líder.
- Jarl Skald The Elder”
“Desculpe, não pude evitar de ouvir a conversa de vocês” Ela continuou, “Meu nome é Fanis, de Markarth. Você está indo para essa caverna, certo?” Passou a se dirigir a . “E se viajássemos juntas? Assim podemos nos ajudar e voltar mais rápido.” , sempre acostumada à própria companhia, estava um pouco chocada por aquela aproximação repentina. Não tinha ideia de como reagir e aquilo a deixava desconfortável. “Eu trabalho sozinha. Se você não me atrasar, pode vir comigo.” Fanis deu um sorriso tímido, concordando com os termos de . Kharjo se interpôs entre as duas, abrindo um mapa de Skyrim. “A caverna está ao sul de Dawnstar, perto desta cadeia de montanhas.” Dizia, enquanto apontava no mapa a distância entre os dois lugares. “, nós sempre ficamos alguns dias nas cidades que visitamos. Então estaremos alguns dias por aqui, esperando você voltar com meu amuleto. Podem ficar com o mapa se quiserem”. Fanis lhe agradeceu e pegou o mapa, guardando-o em sua própria bolsa. assentiu, se comprometendo a voltar em poucos dias.
“E então, em quanto tempo você acha que vamos chegar lá? Mal posso esperar para ver o dinheiro da recompensa… e vai ser ótimo para ajudar as pessoas que eles têm roubado também.” Fanis tentava iniciar uma conversa pelo que parecia ser a milésima vez, enquanto se limitava a dizer somente o necessário. Para , aquele silêncio era confortável, e, para Fanis, era sepulcral. “Em menos de um dia, se o tempo continuar bom.” respondeu em voz baixa, apertando o passo. O início da viagem foi tranquilo e sem grandes acontecimentos. As estradas estavam quase desertas, tanto de pessoas quanto de animais, e pareciam cada vez mais isoladas conforme o dia virava noite.
“De onde você disse que era mesmo?” Fanis levantou a cabeça de sua tigela de sopa de repolho. Essa era a primeira vez que se dirigia a ela. Estavam acampadas numa clareira na tundra de The Pale, sentadas em meio a uma fogueira ardente. “Sou de Markarth, a cidade de pedra. Capital de The Reach. Também conhecida como a região mais perigosa de Skyrim.” arqueou as sobrancelhas. “Região mais perigosa? Mas por quê?” Fanis quase cuspiu a comida na neve, tamanho o susto. “Mas… você tem vivido debaixo de uma pedra todo esse tempo? Tem certeza que é nativa de Skyrim mesmo? Você nunca ouviu falar dos renegados?” sentiu suas bochechas ruborizarem ao ver a reação da jovem.
“Eu disse algo errado? Me desculpe”. A Breton gesticulou com uma das mãos. “Não, tudo bem. Eu é que peço desculpas pela minha reação.” Fanis abriu o mapa da província e começou a mostrar a localização de seu Hold e de Markarth. “Os renegados são selvagens que dizem que The Reach pertence a eles, e, para provar seu ponto, atacam vilarejos e minas, eles também têm seus próprios esconderijos nas montanhas. São Bretons, como eu. É principalmente por causa dos renegados que nosso Hold é tão perigoso; também estão interessados na riquezas das nossas minas de prata.”
“E você? Não parece ser dos Holds do sul.” A pergunta da jovem a tirou de seu transe. O que Fanis lhe tinha contado sobre sua terra despertou sua curiosidade, e agora ela queria saber ainda mais sobre sua companheira de viagem. “Sou de Winterhold, mas cresci sozinha em The Pale até que um velho Nord me deixou morar com ele na sua taverna. Então comecei a fazer alguns trabalhos como mercenária.”
Fanis riu sem humor. “Winterhold, huh? É meu sonho poder estudar magia lá, mas como ainda não tenho as habilidades necessárias… bem, eu sei alguns feitiços básicos, é claro, mas não são suficientes para que me aceitem, são exigentes demais. Veja, , eu não sou uma mercenária…” Deu um sorriso triste. “Eu saí da mansão dos meus pais para me aventurar enquanto tento aprender mais sobre magia. Às vezes aceito esse tipo de trabalho para me manter ocupada, apenas isso.”
Ao ter nascido e vivido vários anos em Winterhold, conhecia bastante sobre o Colégio de Winterhold, a única guilda de magos de Skyrim, localizada numa seção separada ao norte da cidade. Pelo fato dos membros serem muito reclusos devido à antipatia e desconfiança dos Nords em relação a usuários de magia, nunca tinha podido entrar na instituição, mas conhecia o suficiente de histórias sobre o lugar. “Sinto muito. Espero que você consiga o que deseja. Morei bastante tempo em Winterhold, mas nunca consegui entrar na guilda, eles são muito seletivos mesmo.” No entanto, a magia nunca tinha chamado muito a atenção de . O que a atraía mesmo era o combate corpo a corpo, por isso insistia em usar sua espada de duas mãos. Fanis deu um pequeno sorriso.
“E você, , o que você faz além de pegar esse tipo de trabalho?” levantou-se, constrangida, murmurando que a fogueira precisava de mais lenha. “Eu… eu sobrevivo.”
“Conte-me mais”, pediu. Já estavam na metade da manhã do dia seguinte e caminhavam o último quilômetro até a caverna. Na noite anterior, a Breton comentou que havia crescido em uma casa cheia de livros, e por isso estava perguntando acerca das diferentes regiões de Skyrim. Inna tinha acesso a pouquíssimos livros ao viver na taverna e a natureza de seu trabalho também fazia com que não pudesse se dedicar a eles. Por isso, ela se sentia fascinada por quanto conhecimento aquela jovem parecia ter. “Bom, eu fiz algumas pesquisas e descobri que Duskglow Crevice também é habitada por Falmer. São criaturas que vivem em lugares subterrâneos, parecidas com elfos. Eles odeiam a luz do sol e são completamente cegos.” assentiu – por fim a maga mencionava algo que ela sabia.
“Sim, os viajantes que passam pela taverna sempre contam histórias sobre eles. Vivem em bandos, são muito violentos e criam insetos gigantes chamados Chaurus.” Conforme as duas conversavam, iam se aproximando da caverna, que ficava na frente de um acampamento abandonado coberto de neve. “E parece que uma colônia grande vive aí” Fanis gesticulou para a entrada escura. “Fique atrás de mim quando encontrarmos os Falmer, ok? Eles vão poder te ouvir com facilidade por causa dos seus passos pesados e do barulho da espada.” Como resposta, tirou a espada de duas mãos da bainha amarrada às suas costas, com um som alto e cortante. À , não lhe agradava muito a ideia de ter que seguir alguém mais nova quando era muito claro que ela tinha mais experiência em combate. Mas acabou concordando. Ela segurou a espada em posição de combate e seguiu Fanis, que fazia um sinal de silêncio com as mãos, para dentro do túnel escuro.
Duskglow Crevice não era tão escura como parecia. O chão e as paredes estavam cobertos de neve e o início da caverna consistia em uma série de túneis e passagens sinuosas que as levaram a uma área circular com dois salteadores – dos quais as duas conseguiram se livrar com facilidade, com derrotando o primeiro deles com três cortes de sua espada e Fanis se defendendo do outro com feitiços simples de chamas e de faíscas. viu a companheira colocar um capuz de material leve que parecia regenerar sua energia mágica com mais rapidez. As duas passaram várias horas vagando pelos túneis confusos e áreas abertas, matando inimigos conforme as atacavam – Falmer ou ratos gigantes conhecidos como Skeevers, pois a maioria dos salteadores que encontravam não passavam de cadáveres – e também recolhendo os poucos itens úteis que encontravam pelo caminho. A maioria consistia em poções, ingredientes e livros de habilidades, que disse para a Breton guardar.
tinha acabado de limpar sua lâmina de sangue de Chaurus enquanto Fanis dava cabo de três Falmer numa área aberta com um lago e três tendas. Elas haviam combinado que Fanis iria na frente derrotando aquelas criaturas repulsivas, pois suas habilidades furtivas faziam com que fosse praticamente invisível para eles. se juntou a Fanis perto do lago e as duas continuaram em frente até que o aspecto da caverna começou a mudar, ficando parecida com ruínas nórdicas. As duas passaram por um acampamento com mais dois salteadores mortos.
“Se há tantos salteadores mortos por aqui… por que o Jarl iria querer que alguém matasse o líder deles? Veja o estado desse” Fanis gesticulou para um homem decapitado; estava chocada pelo estado desfigurado de alguns corpos. , tendo vivido tanto tempo próxima de animais selvagens, estava mais acostumada com a maneira por vezes brutal com a qual trucidavam suas presas. “Talvez ele não saiba da colônia de Falmer ou pode ser que queira que você cace todos também”, deu de ombros. “O modo que matam… prova que não passam de animais selvagens, com a diferença que animais não matam com requintes de crueldade.” Ela se referia aos sinais de tortura que encontravam em alguns corpos. andou pela sala e continuou seguindo por mais túneis a passos rápidos, com Fanis atrás de si. Se não estivesse andando tão rápido e olhando para trás a todo momento para ver se a Breton a acompanhava, talvez não tivesse pisado no fio à sua frente.
O fio ativou uma garra enorme que caiu na direção de e a acertou em cheio na área abaixo do pescoço. Ela caiu para trás, urrando de dor e também batendo a cabeça nas pedras do chão. Todo aquele barulho foi mais do que suficiente para que um Falmer de armadura corresse até , seguido pelo líder do grupo de salteadores, que tentava acertar a criatura com seu machado. Fanis estava perto o suficiente – perdida entre dois túneis sinuosos – para ouvir as vozes e seguir o som dos gritos da mercenária, mas acabou entrando em pânico quando ouviu o salteador dizer o que faria com depois que o Falmer acabasse com ela. Talvez um feitiço de localização fosse suficiente?
se debatia, chutando e tentando tirar o Falmer de cima de seu ferimento. A batida a tinha deixado zonza e comprometido sua visão, mas ainda conseguia distinguir poucas feições da criatura. Ela ouvia um homem resmungando ao longe, mas era impossível entender o que dizia. Ao mesmo tempo, tateava com a mão livre, seu desespero aumentando ao não achar sua espada. “SAIA DE CIMA DE MIM!” gritou mais alto. O Falmer ergueu a cabeça e cheirou o ar, ao mesmo tempo que cravava suas garras no ferimento, provando o sangue. sentiu um peso extra nas pernas, imobilizando-a da cintura para baixo. Ela sentia como se não pudesse respirar. No momento seguinte, seu capuz foi arrancado com tanta violência que se partiu ao meio, expondo o restante de seus cabelos brancos e suas orelhas pontudas. Ela ouviu o Falmer grunhir, e o significado daquilo a aterrorizou ainda mais. Sentiu uma espécie de golpe no abdômen.
Fanis fechou os olhos, potenciando sua Magicka e deixando que o feitiço Candlelight a guiasse. Forçando-se a ignorar os sons por um momento, seguiu o calor suave do feitiço e logo subiu uma curta ladeira, refazendo os passos de até encontrar a armadilha ensanguentada. Por fim, abriu os olhos, com medo do que veria ao virar na esquina de onde os gritos vinham.
Fanis perdeu o controle assim que tomou conhecimento daquela cena. Com um grito desesperado, lançou um feitiço de bola de fogo, que explodiu e instantaneamente carbonizou o humano que imobilizava sua companheira e o Chaurus voador que acabava de entrar por um túnel na esquerda. Virou-se para o Falmer enquanto grandes espinhos de gelo cresciam em suas mãos. Um a um, ela os jogou nele, sem lhe dar tempo para reagir. Surpreso pelos golpes, a criatura acabou largando para investir na Breton, balançando seu machado.
Assim que sentiu que estava livre e a dor diminuir, se pôs de pé, um pouco zonza, e agarrou sua espada, que estava jogada apenas a alguns metros da garra e desferiu um corte pesado e violento no Falmer, ouvindo um guincho dele antes de ser cortado ao meio. As duas metades do corpo se separaram, banhadas de sangue e cobertas por espinhos de gelo.
teria caído de joelhos pelo esforço se Fanis não a tivesse amparado. segurava sua ferida, vendo sua mão se ensopar de sangue enquanto Fanis a arrastava com alguma dificuldade por seu tamanho avantajado. A Breton conseguiu levá-la até o pequeno acampamento com os dois cadáveres humanos, chutando-os para longe até conseguir deitar em um dos rolos de dormir imundos. permanecia em silêncio enquanto Fanis revirava as bolsas das duas buscando livros de feitiços. Ela poderia ajudar mais se conseguisse aprender mais feitiços de cura além dos básicos.
“Curar Outro… não sou forte o suficiente…” suspirou ao não conseguir entender as instruções do livro. Era quase como se estivesse tentando decifrar a língua dos dragões ou o alfabeto daédrico. Ela não tinha a habilidade mágica necessária para aprender o feitiço. Lançou um olhar a , vendo que sua situação se deteriorava. “Mãos Curativas vai ter que dar”, murmurou para si mesma, colocando ambas as mãos sobre o ferimento de , observando enquanto um brilho fraco tomava conta do sangue e o ferimento cicatrizava aos poucos. Devido às habilidades de Fanis, a energia física da jovem também estava sendo restaurada, enquanto sentia sua própria Magicka ser drenada. “Você vai ficar bem, ”, murmurou, enquanto sua companheira suspirava ao sentir grande parte da dor se dissipar. Fanis ajudou a se sentar e a fez tomar duas poções que ajudaram a restaurar sua energia e que curaram os demais ferimentos. A própria Breton tomou uma das poções menores para curar possíveis ferimentos. “Você é metade elfa?” perguntou, sem conseguir conter a curiosidade. estava tão acostumada a aquele tipo de questionamento que já não se importava. “Não, eu sou Nord mesmo. Sempre tive as orelhas assim”, disse, tocando as orelhas pontudas “e até mesmo outros Nords não param de me perguntar – você sabe, eles não gostam muito de elfos. Por isso eu comecei a usar o capuz” Fanis assentiu e deu um pequeno sorriso. “Tenho certeza que os Khajiit vão ter outro para você.”
teve ajuda da companheira para se levantar e as duas caminharam pela parte restante da caverna, já com todos os inimigos mortos. encontrou uma espécie de colar prateado em uma prateleira ao lado de alguns livros e, como era o único acessório que tinham encontrado em toda a caverna, sabia que só podia ser o Amuleto da Lua. Ela o guardou em seu saco de suprimentos e saíram por outro túnel congelado.
II. Os pesadelos de Dawnstar
estava terminando de assar escamas de Slaughterfish quando algo lhe passou pela cabeça. “Você está bem?” perguntou à Fanis, que a olhou confusa. “Você perdeu sua energia ao me curar, não é? Não está cansada?” Fanis balançou a cabeça. “Gastei apenas minha Magicka, que é usada para lançar feitiços. Estou bem fisicamente”. As duas estavam acampadas no lugar mais distante que puderam achar de Duskglow Crevice, mas ainda estavam longe de Dawnstar. lhe deu um pequeno sorriso. “De qualquer modo, precisamos voltar para Dawnstar logo. Kharjo está me esperando e você tem que pegar sua recompensa com o Jarl.” Dizendo isso, foi até a borda da floresta perto do acampamento e voltou minutos depois seguida por um enorme alce.
“Como você conseguiu trazê-lo tão perto? Temos que abatê-los à distância” Fanis se levantou, surpresa, enquanto preparava um pequeno feitiço de chamas nas mãos. O animal fez menção de correr ao ver o brilho do fogo, porém se pôs na frente dele. “Não! Não toque nele!” gritou, e se virou para o alce, que parecia um pouco mais calmo com a presença dela. se aproximou e encostou sua testa à do alce, mirando seus olhos. Ela respirou fundo e o alce imitou esse movimento. Fanis se pôs ao lado de enquanto ela pousou uma mão no pescoço dele. “Ele vai nos ajudar a chegar a Dawnstar em metade do tempo.” Fanis apagou o feitiço em sua mão e recolheu os suprimentos das duas, ainda incrédula. Ela montou no lombo do animal atrás de e falou, conforme o alce se virava e começava a caminhar para dentro da floresta. “Tem certeza que você não é meio elfo da floresta? Eles têm a habilidade comandar animais”. riu e se segurou no pescoço do alce enquanto ele começava a correr. “Eu nunca nem vi um elfo da floresta, nem tenho qualquer poder especial. Aprendi a me comunicar com os animais para sobreviver.”
Nas horas que levaram para retornar a Dawnstar, explicou para a maga acerca de seu relacionamento com animais selvagens, que afinal não passava de um modo de proteção. “Foi algo que fui desenvolvendo com naturalidade, não é nada sobrenatural. Depois que os guardas de Winterhold me largaram no meio do vento e do gelo, tive que encontrar uma maneira de sobreviver.” Fanis tinha o mesmo fascínio que tinha por ela, porém por motivos diferentes – ela não entendia como alguém que havia sido rejeitada tantas vezes ainda podia ter alguma esperança nas pessoas e mesmo acreditar nelas. Também não entendia como havia sobrevivido naquela terra esquecida pelos deuses.
Fanis segurou na cintura de quando o alce deu um solavanco em sua corrida. “Então, mesmo antes de perder sua mãe, você viveu na taverna em Winterhold?” assentiu, também se segurando com mais firmeza no pescoço do animal. “Sim, na verdade minha mãe era tão ausente que não me lembro do rosto dela. Segundo os donos de Frozen Hearth, ela ficava fora fazendo todo tipo de “trabalhos” – isto é, eles diziam que ela era um membro da Thieves Guild.”
Fanis revirou os olhos ao ouvir sobre a famigerada organização de ladrões. “Oh, sim, nunca vi uma cidade tão corrupta como Riften. Até os guardas de lá são uns comprados inúteis.” nunca havia estado em Riften, capital do sudoeste de Skyrim, mas rumores sobre seus negócios questionáveis não deixavam de chegar às terras do norte. “Então ela não tinha tempo para ficar comigo e foram os donos da taverna, Haran e Dagur, que me criaram. Alguns anos depois, a filha deles nasceu e eles não tinham muito tempo de sobra para mim. São boas pessoas, não os culpo pelo que aconteceu.” Nesse momento, suspirou enquanto as memórias invadiam sua mente. “O povo de Winterhold é muito orgulhoso de suas raízes, cheio de si… e, mesmo a cidade tendo sido destruída há trinta anos, eles ainda culpam os magos do College pelos desastres naturais. Como a maioria dos membros são elfos, você pode imaginar a reação deles ao me verem pela cidade. Já há anos incomodavam Haran e Dagur, dizendo que deveriam me expulsar, e aquele foi um inverno mais rigoroso que os demais… foi então que me disseram que eu iria para Honorhall, o orfanato em Riften. Eu tinha dez anos.” Fanis apertou a cintura de com um pouco mais de força que o normal quando o galopar do alce produziu outro solavanco. “Sinto muito mesmo. Não posso nem imaginar tudo que você passou. Então foi assim que você ficou só?”
estava tocada pela preocupação que a jovem demonstrava. “Na verdade, me puseram sob os cuidados de dois guardas de Winterhold que deveriam me levar até Windhelm e de lá eu seria mandada a Riften. Mas parece que era muito trabalho para eles, porque acordei sozinha, no meio do nada, na manhã do segundo dia. Então eu encontrei um abrigo e a partir daí fui aprendendo a me virar e sobreviver. Se não fosse pelos animais, tanto os dóceis como as feras, eu com certeza não estaria aqui.”
se sentia cansada – não tanto pela viagem de volta, e sim porque parecia que não falava tanto num mesmo dia havia anos. Passou o resto da viagem em silêncio e, assim que desmontou, saiu à procura dos Khajiit, sentindo-se aliviada ao perceber que ainda estavam nos arredores de Dawnstar. Se despediu da Breton, vendo a jovem entrar na cidade, apressada. Kharjo saiu das tendas e foi direto ao encontro dela quando viu o que ela levava nas mãos. “Encontrei seu amuleto” disse, dando um pequeno sorriso. Ela viu o alívio tomar conta de seu rosto quando ele pegou o objeto nas mãos. “Aqui está. Meu lar.”
Kharjo mirou com enorme gratidão. “Se você precisar das habilidades de um guerreiro Khajiit ao seu lado, eu ficaria honrado em viajar com você. Até então, aqui. Isto é para você, em agradecimento.” Ele tirou um saco de moedas de dentro de sua armadura e o pôs nas mãos de . Ela ficou surpresa com o peso das moedas, percebendo que ali deveria haver muito mais do que imaginava receber. “Quinhentos septims” O Khajiit se divertia com a surpresa de . “Eu… eu nunca ganhei tanto dinheiro em um trabalho só” disse, quase balbuciando. “Bem, é que você não imagina o valor que esse amuleto tem para mim.” “Vou usar esse dinheiro muito bem, então” riu um pouco e apontou para a tenda com os produtos atrás do guerreiro “a começar por um capuz novo.”
Ahkari, a dona da caravana, saiu da tenda assim que ouviu proferir aquelas palavras e lhe deu um capuz marrom em troca de 20 septims – uma barganha como forma de agradecimento, segundo a mercadora, pois o capuz era proveniente da Thieves Guild e era encantado com magia, supostamente deixando preços um pouco mais baixos. A mercenária cobriu sua cabeça, por fim sentindo-se como ela mesma.
Virou-se para Kharjo. “E segundo... preciso de uma boa caneca de hidromel e de uma cama quente na taverna”. Ela começou a se afastar em direção à cidade. “Eu me juntaria a você se Khajiit pudessem entrar nas cidades” Kharjo falou mais alto para que ela pudesse ouvi-lo. “Pode deixar que vou beber por você também!” respondeu ainda mais alto, balançando um dos braços em sinal de adeus.
Como Dawnstar era uma das maiores cidades de Skyrim, não surpreendia que Taverna Windpeak estivesse cheia. No entanto, em vez da atmosfera descontraída e da música dos bardos que esperava encontrar, o que viu foi uma pequena comoção em volta de um homem de hábito. Duas mulheres discutiam com ele, enquanto outro Nord tentava amenizar a situação. acenou para Fanis quando a viu próxima ao balcão, observando de longe.
Uma mulher de cabelos pretos com roupas de mineira reclamava. “É uma maldição! Tem que ser! Eu tenho que sair desta cidade." Uma mulher loira com o mesmo tipo de roupa lhe respondeu. "Irgnir, acalme-se. São apenas sonhos. Por favor, diga a ela, ." Assim como as duas mulheres e a Breton, deixou seu olhar recair sobre o homem. Os robes de mago não deixavam nada além de seu rosto à mostra. Era claramente um elfo negro devido à sua pele cinza, traços delicados e olhos vermelhos. Não parecia muito jovem, mas também não chegava a ser velho – dado que os elfos podiam viver até trezentos anos, estimou que ele tivesse menos de cem. Ele respondeu com calma, em um tom condescendente. "Ouça a sua amiga, Fruki. São apenas sonhos, minha querida. Garanto-lhe que é normal". Aquilo teve o efeito oposto, no entanto. Irgnir se exaltou ainda mais. "É o mesmo sonho de novo e de novo. Você acha que isso é normal? É um mal, eu lhe digo!" Fruki olhou do elfo para a amiga, incrédula. ", ela tem razão. Você continua nos dizendo que nada perigoso virá desses sonhos, mas eles devem ser um presságio". O dono da taverna, a interrompeu. "Dê a ele uma chance de falar. Ele está tentando nos ajudar."
O elfo suspirou e levantou as duas mãos. "Todos, por favor. Estou fazendo o que posso para acabar com esses pesadelos. Enquanto isso, tudo o que peço é que permaneçam fortes e depositem sua confiança em Lady Mara." Os três Nords agradeceram, parecendo satisfeitos pelo momento. Ao ouvir aquilo, Fanis se desencostou da parede e foi falar com o elfo negro. a seguiu com os olhos, apurando os ouvidos.
"Então você é um Sacerdote de Mara? Deusa do amor, da compaixão, do casamento..." se aproximou finalmente, ficando ao lado dela. O mago assentiu. “Meu nome é . E, sim, mas estou aqui por outro motivo. Como vocês puderam perceber, a cidade inteira está sendo atormentada por pesadelos horríveis. Os cidadãos de Dawnstar correm sérios riscos, mas receio que haja pouco que eu possa fazer sobre isso." e Fanis trocaram um olhar cúmplice. “Talvez nós possamos ajudá-lo. Eu trabalho como mercenária.” As duas se apresentaram, com Fanis adicionando que era uma maga em treinamento. “Nesse caso, temo que não possa oferecer-lhes dinheiro. As bênçãos de Lady Mara terão que ser seu pagamento.”
“Conte-nos o que está passando aqui e depois vemos a questão do pagamento” Fanis descartou aquele falso problema antes que pudesse responder. O mago gesticulou para uma das mesas da taverna, à qual os três se sentaram e pediram uma refeição, dando a entender que aquela conversa poderia se alongar por bastante tempo. As duas mulheres ficaram em silêncio enquanto o sacerdote as deixava a par da situação. “Esses sonhos são manifestações criadas pela lorde daédrica Vaermina. Ela tem uma terrível fome pelas memórias das pessoas. Em troca, ela deixa para trás pesadelos, não muito diferente de uma tosse que marca uma doença séria. Eu preciso acabar com sua terrível influência sobre essas pessoas antes que os danos se tornem permanentes.”
“Vaermina? Sei que existem vários Daedra poderosos, mas nunca ouvi falar dela.” inquiriu, sentindo-se perdida como quando Fanis começara a falar sobre sua cidade natal. parecia entender a situação dela, se mostrando paciente.
“Vaermina reside em um estranho reino de Oblivion conhecido como Quagmire... uma terra de pesadelo onde a realidade muda de maneiras aparentemente impossíveis. De sua cidadela no centro, ela recolhe nossas memórias, não deixando nada em troca além de visões de horror e desespero." Fanis também parecia surpresa, mas não tanto quanto . “Ela se alimenta de lembranças, e o que faz com elas depois?” Ante aquela pergunta, o próprio parecia confuso e transtornado. "Quem pode dizer? Talvez ela as colecione para exibição como se fossem trabalhos de arte em uma galeria sem sentido. Seja qual for o caso, suas intenções estão longe de serem boas".
“E como resolver esse problema, então?” questionou, perguntando-se quais frutos aquele trabalho – aparentemente complicado – poderia lhe dar. "Preciso retornar à fonte do problema, ao Templo da Noite. Vocês estão realmente dispostas a me ajudar?" e Fanis trocaram um olhar, já sabendo a resposta. “Sim. Mas por que você diz ‘retornar’?” A Breton, sempre atenta aos detalhes, não pôde deixar de perguntar. Naquele momento, passou a falar mais baixo. "Eu já falei demais. Se alguém ouvir o que estamos dizendo, provavelmente haverá pânico. Eu só peço que vocês confiem em mim e me ajudem a acabar com os pesadelos de Dawnstar."
Se as queixas daquelas mulheres tinham parecido exageradas para num primeiro momento, ela entendeu do que estavam falando naquela noite. Assim que caiu no sono, em vez do descanso que esperava, viu que estava de volta à Duskglow Crevice. A cena sufocante do Falmer sobre seu ferimento se repetia, e cada vez mais os grunhidos dele faziam sentido – era como se estivesse reconhecendo um dos seus. resistia com ainda mais vigor, quando sentiu sua cintura ser imobilizada. Daquela vez, no entanto, pôde ver o rosto do humano que a atacava e entender suas intenções por seu olhar sádico. também sentia de novo a dor do ferimento causado pela armadilha – ela queria gritar, mas era como se sua própria voz a deixasse sufocada.
acordou assustada pelo que parecia ser a terceira vez naquela noite, e deixou o quarto, desistindo de descansar. Ficou surpresa ao encontrar e Fanis sentados a uma das mesas da taverna. O sacerdote tinha uma expressão tranquila no rosto, mas Fanis parecia tão irritada e cansada quanto .
III. Templo da Noite
O templo ficava a uma hora de caminhada a leste da cidade. seguia um pouco na frente, guiando-as. Ele lhes mostrou a torre no topo da colina que estavam subindo. “As pessoas daqui a chamam de Torre do Amanhecer. Sei apenas que essa torre ficou deserta por muitos anos antes que o Templo da Noite fosse criado.” Fanis era a única que parecia familiarizada com o que o elfo lhes contava. “Quando o templo estava ativo, os sacerdotes raramente eram vistos em Dawnstar, pois preferiam viver isolados. No entanto, o templo já leva décadas abandonado. É como uma ruína dentro de uma ruína”.
Conforme terminavam de subir a colina e desciam os degraus de pedra que levavam ao pátio externo do templo, viram dois trolls de gelo que rugiam e se arrastavam na frente da entrada. Com movimentos rápidos, investiu em um deles com sua espada e Fanis, acompanhada por , lutavam com o outro usando feitiços de fogo, já que essa era a única fraqueza das criaturas.
A Nord conseguiu que dois lobos saíssem do meio das árvores para ajudá-la, e assim pode derrotar o troll sem muita dificuldade. Os lobos olharam nos olhos de antes de partirem, e ela ficou aliviada por não atacarem nenhum de seus companheiros. “Eu aprendi a me comunicar com animais selvagens. É isso.” Explicou com rapidez. parecia curioso, mas não fez mais perguntas.
“Antes de entrarmos, vocês precisam saber que, anos atrás, este templo foi invadido por um grupo de orcs buscando vingança... eles estavam sendo atormentados por pesadelos, assim como as pessoas de Dawnstar." “E eles foram bem-sucedidos?” questionou, curiosa em vez de horrorizada. balançou a cabeça. "Não. Sabendo que nunca poderiam derrotar os orcs, os sacerdotes de Vaermina lançaram o que eles chamam de Miasma, colocando todos para dormir."
“E o Miasma faz o quê? Nunca encontrei nada sobre isso nos meus livros sobre os Daedra” interrompeu Fanis. “O Miasma foi criado pelos sacerdotes de Vaermina para seus rituais. É um gás que coloca os afetados em um sono profundo. Como os rituais durariam meses ou mesmo anos, foi projetado para retardar o processo de envelhecimento".
Fanis seguiu perguntando. “E por que isso é tão perigoso?” Elas notaram que o semblante de mostrava ainda mais preocupação. Enquanto falava, iam caminhando e abrindo a porta do templo. "Imagino que quando este lugar estiver aberto, o Miasma se dissipará e tanto orcs quanto sacerdotes acordarão. Infelizmente, quanto mais tempo um indivíduo é exposto ao Miasma, mais sua mente pode ser danificada. Aqueles que estiveram sob efeito dele por longos períodos de tempo costumam enlouquecer e, em alguns casos, nunca mais acordam."
A porta pesada de madeira se fechou atrás deles. Estavam num cômodo grande e largo, com o teto mais alto que já havia visto. Havia alguns bancos no centro do cômodo e um pequeno santuário de Mara em um dos cantos – sem dúvida, obra de – e livros espalhados numa espécie de altar no centro. Atrás do altar, uma parede esculpida bloqueava o caminho. pediu que Fanis o acompanhasse (ela parecia tão animada como se tivesse ganhado um título de nobreza) e os dois começaram a usar feitiços de chamas na parede. Fizeram isso por alguns minutos até que a parede mudou para um tom lilás e se tornou transparente. Os dois magos atravessaram a parede e , incrédula, os seguiu.
Eles continuaram por um corredor pouco iluminado e tomado por um gás púrpura. Virando à esquerda, lhes mostrou uma espécie de sacada com grades. Alguns andares abaixo, podiam ver uma estátua e um bastão envolvido por uma aura sombria, brilhando na escuridão. sentiu sua cabeça doer assim que pousou o olhar na arma. “Vejam o Crânio da Corrupção, a fonte dos problemas de Dawnstar. Precisamos chegar à parte mais profunda do templo e destruí-la."
Ele saiu num passo apressado e as duas aventureiras tiveram que correr para acompanhá-lo. foi a primeira a alcançá-lo. “Espere um pouco, há algo que não entendo. Se esse bastão está guardado aqui, como pode afetar Dawnstar?” não se virou para ela enquanto andava, e falava mais alto para que todos pudessem ouvi-lo. "As histórias afirmam que o Crânio da Corrupção tem uma constante fome pelas memórias dos outros. Ela está aqui há tanto tempo que temo que tenha conseguido alcançar o mundo exterior por si só para tentar se alimentar. Ninguém sabe o que ela faz com as memórias que carrega."
Após descerem o primeiro lance de escadas da torre, viram que alguns orcs de armadura começavam a acordar. , ainda sentindo um pouco da adrenalina da luta contra os trolls, conseguiu dar cabo deles em questão de minutos.
Após a luta, Fanis se dirigiu à porta, vendo que estava bloqueada por uma barreira mágica. “Talvez os sacerdotes tenham ativado essa barreira quando o gás foi liberado?” perguntou em voz alta, e assentiu e se aproximou, tirando um livro de aspecto antigo de sua bolsa de couro. Havia uma figura de Vaermina na capa e era possível ver que se tratava de um livro de poções. O sacerdote folheava o livro em silêncio enquanto andava de um lado para o outro no corredor estreito.
“Há algo muito sombrio neste lugar, e não estou falando só dos orcs e sacerdotes”, declarou, atraindo a atenção de todos. “, você parece saber muito sobre este lugar… quase se como o conhecesse por dentro.” O elfo levantou os olhos do livro e olhou para as duas com uma expressão de pesar. “Você tem razão, . Eu fui um sacerdote de Vaermina.”
Ele começou a se justificar. “Não me orgulho do que fiz. Vocês percebem que, quando os orcs atacaram, eu só estava preocupado comigo mesmo? Eu fugi, deixando meus irmãos e irmãs para morrer.” logo o cortou. “Suponho que não há muito sentido em nos irritarmos com você. Acho que desde o começo sabíamos que havia algo errado.” Fanis pareceu concordar. “Passei as últimas décadas vivendo arrependido e buscando a redenção de Mara. E, por Sua Benevolência, vou consertar meus erros. Mas não posso fazer isso sem a ajuda de vocês." Apesar das mentiras de , e Fanis decidiram continuar com a missão ao invés de deixá-lo ali.
“Para passarmos por esta barreira, precisamos de um líquido chamado Torpor de Vaermina” disse, mostrando-lhes uma receita. Vendo os olhares curiosos das jovens, ele continuou. “Essa poção concede uma habilidade chamada de Viagem Onírica, por meio da qual sonhos são usados para viajar distâncias no mundo real.” Fanis passou os olhos por parte do texto, porém lançou-lhe um olhar confuso. “Parece algo incrível, mas… como isso pode ser possível?” Ele pôs uma mão no ombro da maga. “Garanto a vocês que a Viagem Onírica é bem conhecida na Tradição Vaerminiana, ainda que eu nunca a tenha visto em ação". Dizendo isso, ele as guiou por outra parte do templo, subindo as escadas e abrindo uma porta de madeira, que dava acesso a uma velha biblioteca. Conforme caminhavam, mais e mais orcs e seguidores de Vaermina os atacavam.
estava se mostrando um mago habilidoso, já que a maioria dos inimigos caía morto assim que seus feitiços ofensivos os atingiam. Ele fazia questão de estar na linha de frente e curava Fanis e ao final de cada batalha. O templo era mais grande do que parecia, de modo que algumas horas se passaram até que chegaram ao laboratório localizado na área leste do templo. Assim que entraram no cômodo abandonado, Fanis encontrou o Torpor numa pequena garrafa vermelha. abriu a garrafa com cuidado, e encarou as duas por um momento.
“Muito bem… eu as trouxe até aqui, mas agora uma de vocês deve nos guiar pelo resto do caminho. Eu não queria expô-las a esse risco, mas, como sou devoto de Mara, o elixir não funcionaria em mim, apenas em sacerdotes de Vaermina ou não-afiliados.” Houve um breve momento de hesitação no qual Fanis e trocaram um longo olhar. Para , no entanto, estava claro que ela deveria tomar a frente. Não era por acaso que estava sentindo um incômodo, talvez uma espécie de chamado desde sua entrada no templo. Certa do que sentia, deu um passo à frente. não pareceu se opor à sua decisão e Fanis assentiu em silêncio.
Com a decisão tomada, estendeu a garrafa a ela. “Assim que beber a poção, , você verá as lembranças de outra pessoa através de seus próprios olhos e com seu próprio corpo. Você irá parecer normal àqueles ao seu redor e você descobrirá que as palavras que você pronuncia podem não ser suas.” Fanis apertou uma das mãos dela por um breve momento. “Não se preocupe, nós vamos cuidar de você. Se algo der errado, a traremos de volta no mesmo minuto.” pôs uma de suas mãos nos ombros de . “E eu juro por Lady Mara que farei tudo ao meu alcance para que nada te aconteça."
não sentiu medo ao olhar o conteúdo da garrafa e engoli-lo em poucos goles, apenas uma estranha sensação de dever cumprido. Parecia que ela já sabia que o que quer visse mudaria sua vida.
IV. A Senhora dos Sonhos e Pesadelos
Assim que bebeu o último gole da poção, os olhos de se fecharam e ela entrou em uma espécie de torpor. Começou a ouvir uma voz profunda que ecoava tanto em sua cabeça como no ambiente. Eu sei o que você procura… e estou aqui para mostrar-lhe. Quando abriu os olhos de novo, eles já não eram seus.
enxergava pelos olhos de uma mulher adulta que usava uma armadura de couro com fivelas e levava diversas adagas no cinto. A mulher usava uma espécie de elmo de bronze e parecia um pouco menor que a maioria dos Nords; ainda assim, o que lhe faltava em força física ela tinha de sobra em agilidade. Ela corria pelas encostas de um grande vale glacial, parecendo buscar alguma coisa. viu como ela atacava diversos animais selvagens, Falmer e – para sua surpresa – até mesmo gigantes de gelo com furtividade, chegando por trás deles e matando-os com poucos golpes furiosos. viu diversas lembranças curtas até que a mulher, parecendo muito satisfeita, guardou um grande cristal azul na mochila de pele que levava pendurada no ombro.
A realidade mudou novamente, e agora via a mulher encarando um homem de orelhas pontudas – parecia um elfo, mas nunca tinha visto um elfo como aquele, com a pele da cor da neve e olhos tão vermelhos que pareciam brilhar. Ele tinha um brilho diferente no olhar e a mirava com algo que poderia ser raiva. Por fim, começou a ouvir suas vozes, esquecidas pelo tempo.
“Que tipo de punição dos deuses é esta, Sylgja? Auri-El já não me protegeu há milhares de anos, e agora isto acontece?” A mulher parecia ainda mais irritada, andando por uma sala coberta de gelo enquanto encarava o homem sentado num trono. Ela continuava usando o elmo, que protegia boa parte de seu rosto. “Faça as contas, Vyrthur. Cheguei a este lugar esquecido pelos deuses há quase um mês e não recebo meu período há duas luas. Que outra coisa pode ter acontecido?”
Ele passou as mãos nos cabelos brancos. “Não deveria ser possível… você é humana, eu sou um Elfo das Neves… você é mortal e eu tenho a vida eterna!” Sylgja parou de andar e levantou a voz. “Não interessam as possibilidades! O fato é que já aconteceu e eu não tenho como tirar isso de mim. Além disso, eu vim a este vale com uma missão. Agora que encontrei o cristal, devo levá-lo de volta para a Thieves Guild e nem mesmo uma criança irá me impedir.” não sabia como reagir ao que estava vendo. Elfo das Neves… aquilo era mesmo uma raça de elfos? Se sim, porquê nunca tinha ouvido aquele termo?
A voz profunda ecoou novamente enquanto a cena continuava se desenrolando. Isto é o que você sempre buscou… as respostas estão aqui, . Isto é o que você é. “É claro que a criança não vai nascer como você, Vyrthur. O que você tem é uma doença. Ninguém nasce com vampirismo, mortais têm que ser transformados…” Sylgja dizia como se Vyrthur fosse estúpido ao não entender. Vyrthur se levantou do trono e fez menção de ir até ela, mas a humana se esquivou. “Meu tempo aqui está acabado, Vyrthur. Se você quiser fazer parte da vida desta criança, venha à superfície. Você sabe onde me encontrar.” A memória se dissolveu tão rápido que não tinha muita certeza de que tinha visto aquilo. No momento seguinte, porém, vários flashbacks vieram em sua mente – a primeira vez que notou que sua aparência era diferente das outras crianças… os Nords perguntando sobre suas orelhas pontudas… A primeira vez que cobriu suas orelhas com um capuz e como passou a ser tratada como qualquer outra Nord… Sua excepcional resistência ao frio e furtividade…
Agora entendia. O homem chamado Vyrthur era parecido demais com ela. “São meus pais. Eu sou filha de um Elfo das Neves, seja lá o que for isso, e de uma Nord. E ele tem vampirismo.” Seus pensamentos foram interrompidos pela voz profunda. Muito tempo atrás, eu me alimentei destas memórias… como é prazeroso mostrá-las a você. A dor, a agonia… agora você já deve ter entendido quem sou. Meu nome é Vaermina, príncipe daédrico dos sonhos, dos pesadelos e dos presságios...
A voz se dissolveu em outro turbilhão de memórias curtas; agora ela via Sylgja Bronze-Helm entregando o cristal ao líder da Thieves Guild. Sylgja, com a gravidez mais avançada, ainda executando os mais diversos trabalhos para a guilda, pequenos roubos… viu a si mesma sendo deixada aos cuidados de Dagur e Haran… e, por fim, uma versão mais velha de Sylgja, quando um dos guardas de Eastmarch atravessou seu abdômen com uma espada – um assalto a uma carruagem que deu errado. Sylgja caiu enquanto via pontos pretos, e então tudo ficou escuro. Aquela devia ser sua última memória.
E, depois de tudo, dor. sentia dor por lhe terem escondido a verdade durante toda sua vida; dor ao perceber que seus pais nunca a tinham querido; dor por não ser quem pensava ser; dor pela reação de seus conterrâneos à sua aparência; dor por ter sido abandonada por guardas na estrada; dor que sentiu nos primeiros dias por si mesma, sem nada para comer; dor ao entender que o Falmer que a atacou reconhecia que elfos das neves eram Falmer, e que ela mesma era parte deles. Havia dor por todos os lados, tanta dor que ela queria gritar, mas estava presa naqueles pesadelos, ao mesmo tempo tão reais. E ela sabia que Vaermina se regozijava com tudo aquilo. O príncipe daédrico estava conseguindo o que queria.
“! !”
Uma luz forte fez com que voltasse à realidade. Ela ainda estava no templo, agora deitada sobre um rolo de dormir e cercada por e Fanis. A jovem passou um pano molhado em sua testa e a ajudou a se sentar. os encarou, mas não se sentia capaz de falar uma única palavra. “Conseguimos ouvir a voz de Vaermina ecoar. Nós sabemos o que você viu.” Fanis explicou, sua expressão preocupada. tomou a frente.
“Que Mara a proteja, minha querida… estou feliz que você conseguiu resistir a Vaermina. Sei que qualquer coisa que eu diga não vai resolver suas dúvidas, mas saiba que Falmer não são iguais aos elfos das neves. Eles são os descendentes degenerados de alguns membros dessa raça. Você tem sangue élfico, não de Falmer.” Fanis abraçou , mas ela ficou tão surpresa que não pôde retribuir.
balbuciou algo sobre continuarem em frente. Ela precisava de tempo para compreender tudo que havia visto. Ela se levantou, observando que não estavam mais na parte do laboratório. Seus companheiros se levantaram logo depois dela. “O que você fez foi incrível, . Não só lutar contra Vaermina, mas veja, você desativou a barreira. Nós conseguimos passar e agora estamos perto de concluir nossa missão.” Eles seguiram em silêncio por mais alguns corredores derrotando os poucos inimigos restantes, já que a maioria estava morto devido aos efeitos do Miasma. Quando estavam atravessando o último corredor que os separava do santuário de Vaermina, parou, atônito, ao ver dois monges usando as vestes do culto a Vaermina irem em sua direção. Um era elfo negro e o outro era um Nord. e Fanis também pararam, sem entender.
"Espere... Veren... Thorek... vocês estão vivos!" parecia ao mesmo tempo maravilhado e emocionado. As jovens não baixaram a guarda ao verem as posturas agressivas dos monges. "Não graças a você, Casimir." Veren respondeu, quase como se cuspisse o nome. não pareceu se abalar e respondeu com calma. "Eu não uso mais esse nome. Sou , Sacerdote de Mara."
Os monges, no entanto, não pareciam dispostos a dialogar. "Você é um traidor, isso sim. Você nos deixou para morrer e depois fugiu antes que o Miasma fizesse efeito". Dizendo isso, tanto Veren quanto Thorek levantaram suas mãos em posições de combate, mostrando os feitiços que tinham preparados. implorou a seus antigos companheiros mais uma vez. "Não. Eu... eu estava com medo. Eu não estava pronto para dormir." No momento seguinte, porém, Veren gritou: "Chega de suas mentiras! Não podemos permitir que você destrua o artefato de Vaermina, Sacerdote de Mara."
Aquilo foi suficiente. estava farto daquilo. "Então vocês não me deixam escolha!" gritou, e o que aconteceu em seguida foi muito rápido para que e Fanis vissem. Houve apenas um clarão das runas elétricas que lançou e logo os corpos dos dois últimos devotos da Daedra estavam jogados no chão, sem vida.
As jovens seguiram conforme ele entrava no santuário de Vaermina. Ele se virou para elas com uma expressão triste no rosto. “Veren e Thorek eram meus amigos. Isto é uma punição pelo meu passado? É a vontade de Mara me atormentar tanto?” Foi a vez da Breton se aproximar e por uma mão no braço dele, murmurando que não tiveram escolha. assentiu. “Sim. Se eles precisaram morrer para que Dawnstar viva, valeu a pena.” Elas esperaram que o mago subisse os degraus até chegar próximo do bastão que ainda brilhava, com uma imagem de Vaermina atrás dele. As duas entendiam que ele deveria conduzir o ritual para destruir aquela arma. sentiu sua dor de cabeça aumentar ao ponto de quase cegá-la ao se encontrar ao lado da fonte de todos seus pesadelos.
O elfo negro se ajoelhou na frente do bastão e levantou os braços. “Eu a invoco, Lady Mara! A Caveira tem fome. Anseia por lembranças e deixa pesadelos em seu rastro. Conceda-me o poder de romper essa barreira e enviar esta arma para as profundezas de Oblivion!" Uma energia vermelha começou a se desprender de , enquanto o bastão brilhava com mais força.
Naquele momento, sentiram uma presença sufocante no santuário. Parecia que algo queria esmagá-las – e então ouviram a voz detestável de Vaermina. “Ele as está enganando. Quando o ritual estiver completo, a Caveira estará livre e então se voltará contra vocês. Matem-no agora... matem-no e sejam minhas campeãs. Sirvam-me e terão tudo que quiserem. , você terá todas as suas respostas que sempre desejou, e Fanis – meu artefato lhe dará tanto poder que todos os magos de Winterhold se curvarão a você! Vaermina comanda vocês!”
estava tão atormentada pela lorde daédrica que sentiu o impulso de cortar o sacerdote ao meio com sua espada. Talvez assim seu sofrimento acabasse. Ela não teve tempo de desembainhar a espada antes que Fanis a derrubasse no chão, tentando imobilizá-la. “Resista!” gritou. “Temos que deixá-lo completar o ritual!” Alguns minutos agonizantes se passaram enquanto tentava tirar a Breton de cima de si e pedia a bênção de Mara.
O Crânio da Corrupção parou de brilhar e desapareceu do templo. Assim que isso aconteceu, e Fanis sentiram a presença de Vaermina desaparecer, e pode, por fim, respirar aliviada.
se levantou em silêncio e esperou que o acompanhassem até a antecâmara do templo, por onde tinham entrado. Ele ainda parecia melancólico e triste. “Perdoem-me se eu não pareço aliviado... este templo me abalou muito.” Dizendo isso, ele se aproximou das duas e as abraçou. “De qualquer modo, eu nunca poderia ter salvado Dawnstar sem vocês.” Ele finalmente deu um sorriso.
“, você tem um grande futuro à sua frente. Não olhe para trás; você poderá começar sua busca pelo Templo de Mara em Riften.” Então se virou para Fanis. “ Fanis, você é a maga mais talentosa que já conheci. Se o College de Winterhold não a aceitar, estarão perdendo a faísca da nova geração de magos em Skyrim.” A Breton lhe deu um abraço apertado, sentindo lágrimas embaçando sua visão. inclinou a cabeça para as duas. “Se quiserem viajar comigo, saibam que sempre estarei aqui.”
V. Élan
e Fanis quase não conversaram no caminho de volta a Dawnstar. Após uma noite de descontração com o povo da cidade – em festa com o fim dos pesadelos – na taverna, as duas sabiam que tinham que continuar suas próprias jornadas. No dia seguinte, após restabelecerem seus suprimentos, Fanis acompanhou até o porto no centro da cidade. A mercenária pagou a taxa de 25 septims ao capitão do barco e se virou para a maga.
“O que vai fazer agora?” Fanis perguntou, tentando prolongar a despedida. sorriu para ela. “Vou seguir o conselho de . Viajarei até Windhelm e de lá vou contratar um carroceiro para me levar até Riften. E você?” A Breton riu, comentando sobre os Nords orgulhosos de Windhelm e a duração da viagem. “Vou comprar um cavalo na fazenda mais próxima” levantou um saco cheio de moedas “E vou tentar a sorte no College de novo.” Foi a vez de rir. “ já falou, mas eu endosso. Se não te aceitarem, estarão pondo em perigo os futuros magos de Skyrim”.
O momento da despedida era inevitável. olhou para trás por um momento, vendo que o barqueiro parecia impaciente. Quando se virou de volta, foi surpreendida por um abraço apertado de Fanis. A maga pôs uma mão em sua bochecha pálida e juntou sua testa à dela. “, você é a Nord-Elfa das Neves mais incrível que já conheci… e também a única”, acrescentou, rindo, apenas para que ela ouvisse.
Se fosse qualquer outra pessoa abraçando-a, teria estranhado aquela aproximação. Mas com Fanis era outra história. Tudo era diferente. “Bom saber que sou única.” estreitou os olhos, divertida. “E você, Fanis, é a Breton de Markarth que lança os melhores feitiços que jamais vi”, e surpreendeu a jovem ao beijar sua testa por alguns segundos.
As duas se afastaram e subiu no barco, já sentindo-o balançar conforme o barqueiro começava a remar. “Você vai me escrever, não é?” perguntaram ao mesmo tempo. “Claro que sim!” Fanis gritou conforme o barco se afastava, começando a acenar. “Só espero que você não se esqueça de como se lê!” A brincadeira arrancou uma risada de .
acenou até que Fanis desaparecesse no pequeno cais de madeira em meio à névoa do inverno enquanto o barco adentrava os mares impetuosos de Skyrim. Ela sorriu ao ver que a mesma coruja branca a seguia desde o céu limpo. sabia que nunca mais veria os desertos gélidos e suas histórias da mesma forma.
Por fim, ela tinha um caminho a seguir.
Fim.
Nota da autora: Se você gostou de Élan, não deixe de ler a continuação:
MV: Stand My Ground
E também leia as outras fanfics que publiquei no FFOBS:
Timişoara (Original - Finalizada)
Mixtape: He Lives In You (Original - Finalizada)
As Crônicas da Rainha Leoa (O Rei Leão - Finalizada)
Outras Fanfics:
Timişoara
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
MV: Stand My Ground
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