Finalizada em: 31/10/2018

[Capítulo Único]

22h39; eu estava fazendo o meu caminho diário indo para casa depois de um dia cheio de trabalho. A lanchonete não estava me rendendo tanto quanto antes, parece que as pessoas aqui da cidade de Enihs não gostam muito de comer gordura durante o inverno ou estão enjoados de comer os meus lanches. De qualquer forma, a minha barraquinha está sempre aberta; antes eu a carregava na ida e na volta, mas consegui comprar outra e bem melhorzinha, só precisa de uma pintura digna, contudo, consigo trabalhar bem com ela.
A minha rua é mal iluminada, não tem asfalto, quando a chuva teima em cair e ficar, preciso usar as minhas botas até os joelhos. Sim, eu fiz uma emenda nas botas e elas chegam até os meus joelhos; algumas crianças me chamam de idolozinho ou paquita da Xuxa, mas eu não me importo, a uso tranquilamente. Não preciso estar bonito para trabalhar, certo? Afinal, nem sequer uma das meninas aqui do bairro de Reverof me lançam olhares, quero dizer, além do olhar de desprezo, não sobra nenhum de admiração.
Com a beleza que eu tenho – quase nenhuma –, só mesmo um ser além da compreensão humana para gostar de mim. Mas, eu não me lamento por isso, de forma alguma. Minha vida é trabalhar duro para conseguir cumprir a minha promessa ao meu irmão.
Já perto da minha casa, vi algo brilhando no meio da mata, de início achei que poderia ser alguns vagalumes, mas aquela luz forte parecia ser bem mais que algumas simples criaturinhas brilhantes. Entrei no matagal, de fato curioso, logo me deparando com algo que eu jamais imaginei ver: uma criatura de forma humana e feminina, com suas asas brancas brilhando como um forte pisca-pisca. Meus olhos imediatamente se esbugalharam e as minhas pernas se tornaram meio falhas, a minha língua havia secado e eu não sabia como reagir.
— Por favor, me ajude. — A criatura pediu; estava caída no chão, sem forças para levantar — As minhas asas estão machucadas e sem a força que elas me proporcionam, não consigo me manter de pé.
Engoli o seco, me aproximando daquele ser com muita cautela. Como eu poderia saber se estava mentindo ou não? Conforme fui me aproximando dela, vi que o seu rosto era um tanto quanto angelical, mas parecia bem abatido. Não sei o porquê, mas, de alguma forma, me sensibilizei com a sua expressão de sofrimento.
Tomei-a em meus braços e a levei para a minha casa. A deitei sobre a cama, cobrindo-a, não sabia se ela estava sentindo ou não o frio que fazia, mas tentei ser gentil.
— Bem, eu não sei do que você se alimenta, então…
— Posso me alimentar de qualquer coisa que você também se alimente. — Eu assenti, sem tirar os olhos de suas asas — Sei que lhe devo explicações.
— Muitas! — Respondi de imediato e ela abaixou o olhar — O que você faz por aqui? Quero dizer, um ser como você não deveria estar voando por aí?
— Mais ou menos — franzi a testa e ela tentou sentar-se na cama, mas sua tentativa foi falha — Não sou deste Universo.
— Isso eu já percebi.
— Sim, mas eu tinha curiosidade em conhecer as pessoas daqui, só que minha Guardiã nunca me deixou vir, então eu a desobedeci e ela enviou uma de suas aprendizes para me encontrar....
— Espera, você tem uma Guardiã? — A criatura assentiu — O que a aprendiz dela fez com você?
— Me feriu em uma de minhas asas, sabendo que eu não iria muito longe se estivesse machucada e então me deixou sozinha no meio da mata.
— Então, se eu não tivesse te ajudado…
— Eu morreria de dor e congelada. — Arqueei as sobrancelhas, era muita coisa para assimilar — Por ter me salvado, você é o meu novo Guardião.
— Espere aí, que história é essa? Eu apenas te ajudei por esta noite, mas amanhã bem cedo você voltará para a sua terra e se reconciliará com a sua Guardiã, tudo bem?
— Não posso fazer isso, Elspeth jamais me perdoará por tamanha traição.
— Mas isso não foi uma traição, você só é muito curiosa. E, quem é Elspeth?
— A minha Guardiã. — Respirei fundo — Ela enviou Meredith para me matar.
— E o que você quer que eu faça?
— Guardião, eu preciso da sua proteção.
— Não! — Ela franziu o cenho — Eu não sou o seu Guardião e não posso te proteger de nada; você é mais forte que eu, como poderia te ajudar?
— Você é mais forte do que imagina.
— Como sabe?
— Consigo ver bem além do que todos vocês podem. — Eu andei de um lado à outro — Também posso fazer qualquer coisa para lhe ajudar.
— Qualquer coisa? — Ela balançou a cabeça positivamente e eu parei para pensar em alguns segundos — Até mesmo trazer o meu irmão de volta?
— Você tem um irmão e não mora com ele?
— As coisas por aqui são complicadas, anjinha. — Eu ri sem humor algum, me lembrando dos anos que fiquei longe de . — Às vezes, você precisa se sacrificar para ver alguém que ama ficar bem.
— O que aconteceu? — Eu a olhei, meio desconfiado.
— Você não precisa saber. — A mesma mantinha um olhar tão ingênuo e puro, que fazia eu me arrepender da rispidez em minha forma de falar — Você só precisa se alimentar e descansar um pouco.
— Tudo bem. — Seu olhar era meio triste, mas eu tentei não me afetar por isso.
Saí do quarto para ir à cozinha e preparei um chocolate quente, o despejando em uma caneca amarela, peguei algumas rosquinhas de banana com canela que sobraram da semana passada e as coloquei dentro de um potinho vermelho. Retornei ao quarto, entregando o alimento para a criatura.
A partir do primeiro gole no chocolate, ela conseguiu se colocar sentada, e a sua asa esquerda que antes estava ferida, parecia se regenerar aos poucos. Era assustador mas ao mesmo tempo incrível de se ver.
— Você estava mesmo com fome. — Eu disse, espantado com sua rapidez em comer.
— Sim, até me sinto com mais energia. — Ela alongou seus braços — Por que me olha assim?
— Não é sempre que tenho uma anjinha aqui em casa. — Ela soltou uma risadinha.
— Por falar em casa, todas aqui são como a sua? — Com curiosidade, ela olhava ao nosso redor.
— Na verdade, não. Algumas são mais bonitas e outras são menos privilegiadas. — Respondi, também olhando ao redor.
Minha casa não é a dos meus sonhos, mas eu a dou a devido valor, tudo fora feito pelas minhas próprias mãos. Trabalhei duro sob o sol para conseguir ter algo que eu pudesse chamar de meu e bem além disso, ter um lar para descansar depois de um dia cheio de trabalho. Foi através dos meus salgados que eu consegui tudo que tenho hoje e me orgulho muito disso.
— As paredes são engraçadas. — A criatura disse, admirando aquelas paredes que nem mesmo tinta possuem. — O telhado também, eu gosto. — Disse, admirando também as telhas finas. — O chão também é engraçado, parece uma lixa gigante.
Naquele momento, eu gargalhei tão alto que Huge começou a latir de sua casinha e veio correndo ao meu quarto.
— Ah, meu Mestre! Que criaturinha mais linda! — Huge pulou no colo da anjinha, lambendo a bochecha da mesma, que sorria abobalhada — Como se chama?
— Huge.
— H-Huge... Que nome difícil! — Huge deitou sua cabeça na perna da anjinha, enquanto ela acariciava os seus pêlos — Por que ele não fala?
— O que?! — Ela ergueu as sobrancelhas — Cachorros não falam… Quem dera pudessem…
— E você, como se chama?
.
— ela riu um pouco — Seu nome é ainda mais difícil!
— Qual é o seu?
.
— Você tem mesmo nome de anjo. — Eu não conseguia tirar os olhos de suas asas — Por que elas estão piscando tanto, as asas? — Apontei.
— Elas ficam assim toda vez que estão machucadas, mas depois mantém o seu brilho natural. Elas se regeneram.
— Depois de se regenerar por completo, você voltará ao seu Universo? — Ela abaixou o olhar, abraçando Huge — Tudo bem, não vamos pensar nisso. Tente dormir um pouco.
Ela assentiu, deitando-se novamente e cobrindo também Huge, que parecia bastante aconchegado ao lado de . Fiquei observando a cena por alguns segundos, até sair com o potinho e caneca vazia em minhas mãos.
Peguei um cobertor no armário e deitei-me no sofá, já sabendo que o dia seguinte seria difícil por dois motivos: lidar com um anjo – muito curiosa, por sinal – e lidar com a dor na coluna que eu certamente teria pelo desconforto do sofá.

🔹🔹🔹

Depois de duas semanas vivendo a experiência mais louca da minha vida inteira, eu comecei a me acostumar a ser o Guardião de um anjo, curiosa e divertida, que eu admito, estava alegrando os meus dias. Em certas horas era difícil manter a calma, já que as suas asas estavam regeneradas e ela queria sair voando pelo bairro, mas eu tentava a alertá-la do perigo. As pessoas não estão acostumadas com isso por aqui, meu receio é que, além de Meredith, mais pessoas queiram fazer mal a .
— Como foi o trabalho hoje? — Ela perguntou, antes mesmo de eu adentrar o quarto.
— Cansativo como sempre, mas esta é a minha vida. — Eu pendurei o casaco no cabide e chamei Huge, mas ele foi em direção à . — Parece que o meu cachorro não é mais meu.
— Bem, então ele pode ser nosso. — Eu pigarreei, tentando não pensar em como seria ter ao meu lado para sempre, criando Huge como nosso filhinho… — O que acha?
— Eu não sei… — Sabia, sim, mas não queria dizer — Você passou o dia bem? Se alimentou da comida que eu deixei?
— Ah, eu prefiro os biscoitos que Huge me deu. — Eu a olhei, estranhando aquela fala.
— Huge te deu biscoitos? Como assim?
— Aqueles biscoitinhos ali — ela apontou para o pote de ração e eu bati a mão na testa — São deliciosos!
, você não pode comer aquilo, é comida para cachorro. Apenas cachorro.
— Desculpa, . — Ela se encolheu um pouco e Huge resmungou — Eu sei, mas eu agi mal. Não fale assim do nosso Guardião, Huge.
— Não me diga que…
— Huge disse que você é mau comigo.
— Huge disse? — Ela assentiu e eu soltei uma gargalhada — E o que mais ele disse?
— Que você gosta de mim. — Eu arregalei os olhos, sem saber o que dizer. — Huge também disse que…
— Huge não disse nada porque cães não falam e…
— É claro que falam! Huge, conte aquela história da dona Eponina para , ele irá rir muito! — Ela respondeu, como se aquilo fosse óbvio e Huge começou a latir, fazendo-a gargalhar alto — Essa é a melhor parte, continue.
— Preciso ir tomar um banho.
— Mas você nem terminou de ouvir a história.
— Eu sei, mas preciso mesmo de um banho.
Eu saí rapidamente dali, um pouco assustado com o que acabara de acontecer, mas conseguia ouvir as suas gargalhadas bem altas, enquanto continuava a sua conversa com Huge.
Depois do banho, fui à cozinha preparar algo que não fosse ração para o nosso jantar e tentou me ajudar, mas quase colocou açúcar e chocolate no arroz, então pedi para que ela fizesse o suco e a ensinei como, mas depois deixei tudo em seu comando.
— Está gostando? — Perguntei, vendo-a comer com certa rapidez.
— Muito! — Respondeu de forma engraçada. Esses pequenos detalhes em me encantam cada vez mais por ela. — Huge também gostou.
— Ah, deixe Huge se saciar da ração dele e você deste alimento. — Eu apontei para os nossos pratos e ela assentiu.
— E você, gostou do suco? — Ela perguntou como criança que pede doces.
— Ainda não bebi, mas… — Tomei um gole bem grande do suco de maracujá, mas o cuspi no mesmo instante. — O que você colocou nele?
— Usei aquele pozinho branco que você me mostrou.
— Em qual pote estava o pozinho branco?
— No pote de cor vermelho.
— Você pegou o sal no lugar do açúcar. — Ela ainda parecia confusa — O sal fica no pote vermelho e o açúcar no pote azul.
— Eu sei, mas Huge disse que você gostaria do suco como eu fiz.
— Ah, Huge disse isso? — assentiu, rindo alto.
— Ele também disse que você é um bobão. — Ela não parava de rir — Não sei o que significa, mas é engraçado.
— É, muito engraçado… — Eu olhei para Huge e o mesmo desviou o olhar.
Terminei de lavar a louça depois do jantar e me encaminhei para o quarto a fim de pegar o cobertor e ir à sala, mas me encarava de forma estranha.
— Por que me olha assim?
— Você me fez muitas perguntas, mas eu não sei nada sobre você.
— Bem — eu me sentei à sua frente — O que quer saber?
— Ah, Huge me contou que você tem um irmão, como ele se chama?
.
— E por que vocês não moram juntos? — Eu suspirei alto, tocar nesse assunto é algo extremamente triste para mim. — Em meu Universo, todas as minhas irmãs moravam comigo na casa da nossa Guardiã, Elspeth.
— Como eu já te disse, é complicado, às vezes, você precisa se sacrificar para ver alguém que ama ficar bem.

Flashback On:
Eu e meu irmão admirávamos o aquário do nosso avô e brincávamos de dar nomes aos peixes, quando a nossa avó entrou na sala e nos olhou com certa raiva.
— Os seus pais não estão mais vivos. — Ela disse de uma só vez.
— Como assim? — perguntou, sem entender bem.
— A sua mãe e o seu pai morreram, entendeu agora? — Meu irmão começou a chorar e eu o abracei, olhando com fúria para a minha avó.
— Não vai chorar também?
— Não. — Menti.
— Eu quero que você chore! Agora, chore! — Ela aproximou o seu rosto do meu, encostando a sua testa na minha — Chore, eu quero ver você chorar também! — Ela começou um choro alto e forte.
— Mulher, deixe as crianças, eles também estão sofrendo! — Meu avô disse, levando-a dali.
— meu irmão me chamou de forma melancólica e eu resmunguei — Nós nunca mais iremos ver os nossos pais?
— Infelizmente, não, irmãozinho.
Eu gostaria de dizer-lhe que tudo não passava de um mal entendido, mas não seria a verdade e mentir é sempre pior. O abracei ainda mais forte quando o seu choro se tornou mais alto e as lágrimas que eu tanto segurava para não deixar cair, escorriam involuntariamente.
Os nossos pais nos abandonaram com os nossos avós maternos para tentarem a vida musical; morreram antes mesmo de gravarem o primeiro álbum quando um veículo em alta velocidade se chocou com a carroça em que eles estavam.
Tento não pensar que isso foi algum tipo de castigo, tento não guardar mágoas também, difícil mesmo é aguentar os meus avós dizendo: "vocês pesam no orçamento da casa como um fardo em nossas costas; como se já não bastasse vir para trazer desgraça, ainda comem feito animais.".
— Amanhã é o seu aniversário, , o que deseja de presente? — Minha avó perguntou, enquanto jantávamos.
— Nada em específico… Talvez, um pedaço de frango maior nas refeições.
— É só isso? Você não pensa grande? — Ela me olhava com um deboche mal disfarçado em seu rosto — Pelo menos, a sua mãe tinha ambição. Você não é como ela!
Olhei para o meu avô, que tentava não se intrometer nas falas de minha avó para conosco, mas sempre demonstrava sua insatisfação com a forma como ela nos trata; saí correndo para o nosso "quarto" – um cômodo vazio contendo apenas um colchão, que eu dividia com . Tentei ser forte, tentei não fraquejar diante deles, queria ser um exemplo para o meu irmão, mas não consegui ouvir as palavras de minha avó sem me afetar com cada uma delas. Uma tapa na face doeria menos.
Acordei no dia seguinte decidido a pôr meu plano em prática, trabalhei durante toda a manhã junto com o meu avô e perto do horário de almoço, encontrei o meu irmãozinho encolhido perto do colchão em que nós dormíamos e chorando; tinha apenas 6 anos.
— O que aconteceu?
— A vovó me deu uma surra com a vara de goiabeira. — Disse, enquanto soluçava.
— Por que ela fez isso? — Indaguei, revoltado.
— Porque eu comi mais do que ela havia me dado no café da manhã. — Ele me olhava, com as suas lágrimas transbordando sobre o seu rosto. — Eu ainda estava com fome quando retornei à cozinha escondido para pegar a outra metade do pão.
Droga! Quando a nossa avó nos dava comida, era sempre a metade, nunca por inteiro. Ela dizia que deveríamos dividir tudo, pois assim as despesas seriam menores.
Mais tarde, depois da pausa para o almoço, continuei trabalhando com o meu avô, mas, desta vez, tirando o leite das vacas, minha avó provavelmente faria queijos para vender.
— meu avô me chamou, enquanto eu enchia mais um balde de leite — Quero te entregar uma coisa, venha aqui.
Caminhei até ele, preguiçosamente, e vi uma carroça meio velha à minha frente.
— É o único presente que eu posso te dar agora, mas você já é um rapaz; está completando os seus 14 anos, não irá demorar muito até que tenha uma carroça melhor que esta.
— M-muito obrigado, vô. — Eu não sabia bem o que dizer, já que jamais esperei que ele fosse me presentear desta forma. — Por que está fazendo isso? A minha avó ficará furiosa quando souber.
— Ah — ele resmungou, abanando as mãos, enquanto se aproximava do cavalo — Na verdade, este era um presente meu para o seu tio, meu filho mais velho. Mas, ele decidiu partir antes mesmo que eu o entregasse.
— Como assim? — Meu avô soltou uma risadinha sem humor algum.
— Seu tio economizou durante anos para morar em outro país e quando menos esperamos, ele foi sem nem mesmo se despedir.
Meu avô tinha um olhar triste, sempre; eu me perguntava se era pelas suas perdas. Diferente da minha avó, ele era menos rígido e demonstrava um pouco de afeto quando não contrariado; não merecia toda a tristeza que demonstrava – mesmo sem a intenção – carregar em seu peito.
Pela madrugada, empacotei todos os meus pertences juntos com os do meu irmão e fiz uma trouxinha com o lençol velho que usamos para nos cobrir. Acordei , que teimava em continuar dormindo, mas eu o convenci a sairmos.
, temos que ir logo, precisamos escapar daqui.
— Para onde iremos? — Indagou, sonolento, enquanto coçava os olhos.
— Para qualquer lugar em que não nos tratem mal — ele me olhava com expressão de preocupação — Vamos, irmãozinho, eu prometo te dar uma vida melhor!
— Promete?
— Sim! — Respondi com firmeza — E comprarei aquele carrinho de brinquedo que você tanto quer.
— Você promete mesmo, ? — Seus olhos lacrimejaram juntamente com o sorriso largo que ele deu.
Meu coração se apertou ao ver a alegria e esperança do meu irmão, sentimentos esses que eu jamais me atreveria a tirar dele, mas não sabia quando teria condições de cumprir essa promessa.
Corri até a cozinha e tentei pegar o máximo de frutas e pão para levar conosco, também peguei água, era o essencial. Retornei ao quarto, colocando o alimento dentro da trouxinha e ajudei o meu irmão a descer pela janela; saímos com cuidado para não sermos pegos no flagra. Coloquei o na carroça e subi, a conduzindo para qualquer outro lugar que fosse longe daquela fazenda.
Flashback Off.

— Mas o que aconteceu depois de vocês terem fugido? — perguntou e eu engoli o seco.
— Eu troquei a carroça por uma barraquinha de lanches, aprendi a fazer e comecei a vendê-los, mas não consegui cuidar do meu irmão e trabalhar ao mesmo tempo, precisei deixá-lo com uma das minhas tias, que mora em outra cidade, chamada: Nilla. — As lágrimas já brotavam em meus olhos — Mas eu nunca tive condições de buscá-lo para ficar comigo ou apenas para visitá-lo.
, que história triste! — veio ao meu encontro, me abraçando forte; um abraço reconfortante no momento certo.
— O pior de tudo é que se passaram 10 anos e eu ainda não pude cumprir a minha promessa ao meu irmão — meu coração se apertou tanto que me fez ter a sensação de perder todo o ar alojado nos meus pulmões — Eu consegui comprar o carrinho que ele tanto queria em sua infância e o guardo até hoje — me afastei um pouco de e abri o meu armário, tirando uma caixa de lá. Mostrei o carrinho azul e preto a ela — Ainda irei entregá-lo a .
— É claro que vai! — sorriu largo — E eu irei te ajudar com isso!
— O que? Como assim?
— Eu posso voar até o seu irmão e trazê-lo de volta. — Ela parecia estar pensando — Não, tive uma ideia melhor, nós iremos, juntos.
, isso é loucura! — Fiquei levemente irritado; me iludir com algo relacionado ao meu irmão é, no mínimo, maldade. — Como seria possível a você carregar dois humanos ao mesmo tempo?
, eu tenho alguns poderes; além de poder voar, tenho super força. — Eu andei de um lado à outro pelo quarto — Você não acredita em mim… — Seu olhar se tornou baixo, instantaneamente.
, me perdoe, não é por você, eu só… Sinto tanto a falta do meu irmão.
Comecei um choro descontrolado, não conseguia me contar de forma alguma.A saudade batia em meu peito diariamente com uma força incrível e não havia nada que eu pudesse fazer quanto a isso.
Não saber se está se alimentando corretamente, se está sendo bem tratado, se está passando por dificuldades em seus estudos, se já está namorando… Perdi tantos momentos importantes da vida do meu irmãozinho, nem mesmo sei se posso recuperar esse tempo, mas quero presenciar todas as suas futuras conquistas.
Senti os braços e asas de me envolverem de forma calorosa, era como se seu abraço me trouxesse a paz que eu tanto preciso nesse momento. Suas asas brilhavam de forma intensa e eu não entendia o porquê, me afastei um pouco para olhá-la e a serenidade em seu olhar me deixava ainda mais calmo.
— Se sente melhor? — Ela perguntou, sorrindo.
— O que você fez? — Indaguei, com os olhos arregalados.
— Percebi que você estava muito aflito, então usei os meus poderes para lhe acalmar; eles se concentram em minhas asas.
— E por que você aparenta estar meio fraca e suas asas começaram a piscar? — Ela sorriu de forma angelical e deu uma leve tropeçada em seus próprios pés; a segurei com firmeza, não estava bem. — O que aconteceu? O que está sentindo?
— Quando eu uso os meus poderes, preciso de alguns minutos para me recuperar. — Eu franzi a testa, ainda a segurando.
— E você ainda quer usá-los para encontrar o meu irmão?
— Não se preocupe, sempre foi assim, é normal!
— O-olha, você não precisa mais usar os seus poderes assim. — Eu a ajudei a sentar-se na cama.
— Por que? — Ela me olhou com uma ponta de tristeza e confusão, e eu desviei o olhar dela para o meu armário, me afastando um pouco.
— Porque eu tenho outra forma de encontrar o meu irmão. — Pigarreei, enquanto pegava a minha coberta de dentro do armário — E você precisa estar forte para enfrentar Meredith, caso seja necessário novamente.
— eu a encarei, me sentindo afetado por seu olhar — Eu quero ajudar!

— Por favor.
Eu a olhei antes de sair do quarto, parecia não entender bem a minha forma de cuidado… Mas, como poderia se não digo com todas as letras?
Não quero que ela use os seus poderes unicamente para me ajudar porque eu odiaria vê-la tão debilitada quanto no dia em que a encontrei na mata, por minha causa. Eu amo o meu irmão e desejo encontrá-lo mais que tudo nessa vida, mas também não posso pensar apenas em minha situação e colocar em uma de risco. Não quero me aproveitar de sua boa vontade; não faz parte da minha índole ser assim.

— Fique tranquilo, sei que não estará se aproveitando dos meus poderes.
— Como sabe que…
— Eu tive uma sensação, mas também sei que você é gentil e jamais faria algo do tipo. — engoli o seco, a vendo se descobrir e se aproximar de mim — Você tem um bom coração, , eu sinto.
— Eu realmente não quero que você pense que…
— Não irei pensar nada. — Ela me interrompeu — Você é o meu Guardião agora e eu quero ajudá-lo.
— Tudo bem.
— Para onde iremos? — perguntou, sorrindo largamente. Ela deveria estar achando que aquilo seria uma super aventura, mas eu me preocupava.
— Nilla é o nosso destino. — Ela assentiu, ainda sorrindo — Acha que Meredith irá tentar lutar contra você, novamente?
— Não se preocupe com isso, , apenas aproveite o nosso passeio, certo? — Eu balancei a cabeça em de forma positiva e ela alargou o sorriso.
— Huge — o chamei, percebendo o seu olhar triste — Nós iremos sair agora, mas eu prometo que não iremos demorar e te traremos uma surpresa.
— Ele disse que se for o ele não quer, prefere ração. — traduziu o latido do meu cachorro e eu ri fraco. — Huge está dizendo que não é brincadeira.
— Tudo bem, Huge. Eu trarei ração para você.
— E para mim? Eu gosto muito daqueles biscoitinhos! — perguntou, meio chorosa.
?! — A mesma estreitou o olhar — Não lembra quando eu te expliquei que aqueles biscoitinhos são para o Huge e que nós não podemos comer? — Ela ficou pensativa, mas logo assentiu — Então, aquela é a ração do Huge.
— Mas, eu…
— Podemos comprar alguns biscoitinhos para comermos e que não seja a ração do Huge, tudo bem? — Eu a interrompi, temendo pelo choro descontrolado de um anjo. Aliás, como seria o choro de um anjo?
— Você quer que eu chore? — Arregalei os olhos, meio apavorado.
— O que? Não! — Franzi a testa — Como você…
— Eu tive uma sensação.
— Ah, eu esqueço que você tem super poderes. — Ri meio sem jeito, ouvindo Huge latir.
— Huge disse que eu não sou um super-herói, mas um anjo.
— É claro, Huge está certo. Me desculpe. — Sabia que aquele cachorrinho esperto estava rindo da minha cara — Bem, vamos? — Eu estendi minha mão a ela e a mesma assentiu.
me deu a mão e saímos da casa, olhando ao nosso redor, eu me preocupava com os meus vizinhos, nem sempre são gentis. E, é diferente de tudo que já vimos, ela é um anjo, mas isso iria além da compreensão das pessoas. Eu temo que queiram fazer mal a ela.
— Preparado? — me olhou de forma divertida e eu assenti, contendo o sorriso. — Então, vamos!
Ela me abraçou pela cintura e eu me preparava para sentir o friozinho na barriga, logo levantou vôo. Olhei a minha casa ficando cada vez menor conforme mais nos distanciamos do solo. A sensação de estar voando é, no mínimo, surpreendente e libertador; em toda a minha vida nunca vivi algo do tipo e me senti privilegiado por isso.
— Está gostando?
perguntou com o tom de voz elevado e eu a olhei, maravilhado com a visão; sua face era tão angelical e linda, seu cabelo voando como linho fino a deixava ainda mais bela, seu corpo parecia ter sido esculpido pelo mais talentosos dos artistas, e a sua energia e alegria contagia até mesmo eu, um jovem com espírito meio rabugento.
— Por que me olha assim, ? Não está gostando do passeio? — Neguei com a cabeça, pigarreando.
— É que eu… — Pensei um pouco se deveria ou não falar — Me sinto atraído por você.
Ela arregalou os olhos e me encarou, surpresa, eu balancei a cabeça positivamente e pousei as minhas mãos sobre o seu rosto, o acariciando levemente. fechava os seus olhos, a medida que o meu rosto se aproximava do seu e, num momento de ousadia e coragem repentina, a beijei carinhosamente; sem dúvidas, o melhor beijo de toda a minha vida!
amoleceu todo o seu corpo e eu a segurei rapidamente, até perceber que estávamos caindo e o desespero me dominar.
— Ah, meu Deus! — Eu disse, reparando que nos aproximávamos da terra com certa velocidade. — ?
— Hum?! — Ela resmungou, desnorteada.
— Estamos caindo.
— O quê?
olhou para baixo e eu fiz o mesmo, me arrependendo logo depois; estávamos prestes a cair dentro da chaminé de uma casa.
Os gritos de desespero eram inevitáveis, e se não fosse pelo momento assustador, eu observaria a gritando por longas horas, sua voz suave mesmo enquanto gritava parecia uma canção de ninar aos meus ouvidos. Nos abraçamos forte e eu já começava a pedir perdão pelos meus pecados, quando ela conseguiu desacelerar a velocidade e nós apenas firmamos o pé no telhado da casa.
— Isso nunca aconteceu antes! — Disse, sem entender — Parecia que eu havia perdido os sentidos.
— Você nunca tinha beijado antes? — Ela se sentou no telhado, negando com a cabeça.
— Não, nós temos uma relação de irmãos em meu Universo. E, eu também lhe via como um, mas, agora não sei por que meu coração acelera quando te vejo. — parecia frustrada, ou apenas confusa.
— Você gosta de mim? — Perguntei, me sentando ao seu lado.
— Não como eu gostava dos meus irmãos, sabe? — Assenti, observando o seu rosto se iluminar pela luz brilhante de sua beleza — Como eu disse, o meu coração acelera, as minhas mãos ficam trêmulas e suadas, eu tenho vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, tenho vontade de cantar também, às vezes. — Eu sorri, percebendo a sua serenidade ao falar — E quando você sorri, eu tenho vontade de sorrir junto, porque você me contagia.
— Por causa das sensações?
— Também.
— Eu te confesso que sinto o mesmo quando estou perto ou apenas pensando em você. — sorriu, meio tímida e, no mesmo instante, eu senti uma paz dentro de mim. — Cada momento com você é um ponto alto. Queria poder te proteger desse mundo mal porque o Universo aqui é perigoso demais, principalmente para um ser de luz como você. Eu temo que você passe por momentos difíceis, mas, ainda que aconteça, estarei ao seu lado, como o seu Guardião. — Ela soltou uma risadinha gostosa — Para te proteger.
— Eu não tenho dúvidas quanto a isso, Guardião.
Meu olhar se encontrou com o de e o seu se tornou ainda mais sereno, era como um antídoto para mim. Levei os meus braços ao redor de seu corpo e deslizei uma das minhas mãos até a sua face, sentindo a maciez de sua pele; aproximei os nossos lábios um do outro e comecei um beijo calmo, sentindo um calor em meu interior antes inexistente dominar todo o meu corpo. O toque de em meu rosto fazia eu me sentir o cara mais próspero do mundo. Aliás, ter ao meu lado me torna o mais abençoado entre os homens.
— Quem está aí? — Ouvimos algumas batidas vindas debaixo do telhado e nos entreolhamos. — Responda! — A voz grave se firmou ainda mais.
— Temos que ir. — Eu disse, preocupado. O dono da casanão poderia nos ver.
— Tudo bem.
Nos levantamos rapidamente e eu abracei , logo já estávamos sobrevoando as casas. Em nosso caminho, conversávamos sobre algumas curiosidades que eu tinha em relação ao seu Universo, como as refeições que eles faziam, mas disse que eles não costumam sentir fome por lá, só comem algumas frutas para não desperdiçar os frutos das árvores sagradas. Ela também me perguntou mais sobre o , mas eu já nem tenho mais tantas lembranças do meu irmão, assim como não tenho mais de todos os meus parentes.

🔹🔹🔹

— Ali! — Eu apontei para a residência que é quase a cópia da mansão da família Addams — É aquela casa.
— Tem certeza? — me olhou — Ela parece meio sombria.
— Sim, exatamente por isso é aquela casa.
Nos aproximamos da casa com cuidado, tentando olhar em todas as janelas a procura de . — Aquele é o seu irmão? — apontou para um menino deitado na cama, mas ele não dormia, estava lendo algum livro que eu não conseguia ler o nome.
— Eu não consigo vê-lo bem.
— Vamos nos aproximar.
Já bem perto da janela, tive a certeza que era o meu irmão; seu cabelo possuía o mesmo corte com alguns – muitos – fios jogados na testa e seu corpo havia crescido bem mais do que eu imaginava.
— É ele? — perguntou, me tirando do mundo das lembranças.
— Sim. — Respondi, sorrindo e a olhando.
— Então, vamos nos aprox…
bateu uma asa na janela, fazendo um barulhão. nos olhou, assustado, e eu fiz sinal para ele tentar manter o silêncio.
Ouvimos um barulho na porta e eu olhei para , pedindo para ela nos levar para longe da janela.
— Que barulho foi esse, ? — Escutei a voz da minha tia vindo do quarto.
— N-não foi nada, tia, eu só tinha deixado o meu livro cair. — respondeu, com a voz trêmula.
— E por que você ainda está acordado?
— Não tenho sono agora, tia.
— Tudo bem, mas tente descansar. Amanhã você terá muito trabalho a fazer.
Esperamos mais alguns segundos até que abriu a janela e nos chamou.
? — Indagou, fazendo eu me emocionar — É você mesmo?
— Sim, irmãozinho, sou eu. — Respondi, me aproximando da janela.
— Entrem!
me ajudou a passar pela janela estreita e ao adentrar, tentei ajudar , mas as suas asas, mesmo fechadas, não passaram pelo espaço apertado.
, eu posso ficar aqui fora esperando vocês.
— Não! — Eu disse, temendo por ela — Não, , não. Não posso deixá-la sozinha aí fora.
, eu ficarei bem, não se preocupe. — Ela sorriu para me tranquilizar.
— Aqui é tranquilo, , não há perigo. — disse, colocando a mão em meu ombro.
— Mas, é que…
ergueu as sobrancelhas — Eu ficarei bem, acredite.
— Tudo bem. — Eu disse, vendo-a sorrir e se afastar, rapidamente.
— Pelo o que você teme? — Olhei para , engolindo o seco — Está tão preocupado.
— Reparou que ela não é uma criatura humana?
— Sim, e achei isso o máximo! Olha que legal, a minha cunhada é um anjo. — riu meio alto e eu fiz sinal para que ele baixasse o tom. — Desculpe.
— Tudo bem, é que… fugiu de seu Universo para vir ao nosso, por isso, foi atacada pela aprendiz de sua antiga Guardiã, na noite em que eu a conheci. Ela estava fraca, eu a deixei ficar em minha casa, mas, acredita que eu sou o seu novo Guardião e eu preciso ajudá-la no que for preciso. Não quero decepcioná-la, muito menos que Meredith a machuque, novamente.
— Quem é Meredith? — parecia confuso.
— Um anjo do mal, ou não… Ela atacou por desobedecer Elspeth, sua antiga Guardiã.
— Mas, se desobedeceu sua Guardiã, isso também não faz dela um anjo do mal?
— O quê? Não, claro que não. só queria conhecer a nossa realidade.
— E se Meredith só estiver obedecendo ordens? Sem a intenção de realmente fazer mal a , mas, por obrigação, tem de o fazer.
— Bem, eu ainda não havia pensado assim. — Cocei a cabeça e ficou me olhando, de braços cruzados. — Mas, e você, como está? Senti tanto a sua falta!
Eu o abracei fortemente, sentindo as lágrimas escorrerem involuntariamente por meu rosto. Só Deus sabe a falta que o meu irmão me fez ao longo desses 10 anos...
estava forte, aparentava ser saudável, meio tímido, como de costume, mas sempre com um sorriso contido estampado no rosto. Ele cresceu, é fato, mas eu sempre o olharei como o meu irmãozinho; a minha versão mais nova e mais tranquila.
— Também senti muito a sua falta, ! Muito mesmo. — Ele se afastou para me olhar — Esperei ansioso por este dia.
— Eu também, irmãozinho! — Nós sorrimos — Como você tem sido tratado aqui?
— Não posso dizer que sou mal-tratado aqui, mas também não há demonstração de afeto. — Eu vi o seu olhar abaixar — Mas, a tia Madalena costuma dizer que o amor não precisa ser falado ou demonstrado, deixar eu ficar aqui já é o amor.
— Não é assim, , como iremos saber que somos amados se não ouvirmos palavras amáveis ou recebermos afeto? — Eu segurei em seus ombros — É claro que apenas isso não basta; não podemos nos deixar ser enganados por palavras ou atitudes, principalmente pelas palavras, mas precisamos, sim, de calor humano.
— Eu entendi, , mas tudo bem, já me acostumei a ser um trabalhador em troca de um lugar para dormir, tomar banho e comer. Tanto aqui quanto na casa dos nossos avós, eu sou um peso no orçamento da família, ainda que eu trabalhe para pagar pelas minhas despesas.
Confesso que o meu coração se quebrou em mil pedaços ao ouvir meu irmão dizer aquelas palavras, a culpa por não ter cumprido a minha promessa de dar a ele uma vida melhor me dominava. Eu odiava saber que ele estava há tanto tempo vivendo de favor na casa dos nossos familiares; familiares estes que faziam questão de sempre o lembrar que era um hóspede indesejado ali.
, me perdoe por ainda não poder cumprir a minha promessa de dar a você a vida melhor que sempre mereceu ter, mas eu estou aqui para te levar para casa. Nossa casa.
— É sério, ? — Seus olhos brilharam tão forte que eu poderia até dizer que afetaram a minha visão. Me emocionei com a cena.
— Sim, é seríssimo! — Ele sorriu largamente — Ajeite as suas coisas, você sairá daqui para não mais retornar.
Ouvimos um barulho do lado de fora, logo lembrei que nos esperava, sozinha. me olhou, assustado, e nós corremos até a janela, Meredith sobrevoava o solo junto a .
— Ah, não! Meredith nos encontrou. — Eu disse, vendo-as se afastarem.
— E agora, o que faremos? — perguntou, sem tirar os olhos das duas criaturas lá fora.
— Temos que ajudar , todo o seu poder se concentra nas asas e se ela for atacada, teremos que ficar por mais tempo aqui pela região até que ela se recupere.
— Então, vamos!
Corremos pela casa tentando não fazer barulho, chegamos à porta de entrada, mas estava trancada. abriu a janela ao lado da porta e saiu primeiro, logo me ajudando a passar por ela.
— Por que todas as janelas desta casa são tão estreitas? — Perguntei, assim que eu tirei a outra metade do meu corpo da casa.
— Acho que é para nem pensarmos em fugir. — Dei de ombros, fazia sentido. — As maiores ficam no quarto dos adultos.
— Será que algum de nossos primos sentirão a sua falta?
— Eu não sei, nenhum deles eram legais comigo — pensou um pouco — Exceto Daniel, que sempre tentou me ajudar nas tarefas mais pesadas e conversava comigo quando todos os outros me excluíam.
Vimos uma luz vermelha passar por cima da casa e atingir uma árvore, a queimando quase que por inteiro. me olhou assustado e eu corri até o quintal – largo e florido, minha tia sempre cuidou bem de algumas plantas e flores –, sendo acompanhado por meu irmão, mas elas não estavam mais lá. Corremos para o terreno vizinho, estava vazio e abandonado; a luta dos anjos continuava por ali.
Meredith tinha o cabelo preto e longo, liso como linho fino, sua pele era alva como a neve; sua saia de couro preto era curta e seu sobretudo, também preto com margens vermelhas, pareciam escorrer larvas, assim como em seus olhos. Suas asas vermelhas pareciam soltar uma fumaça de mesma cor, mas, na verdade, era fogo, e ela o lançava em direção a , que se defendia formando um escudo em forma de bolha gigante, que brilhava com reflexos azuis claros. Seu vestido meio curto de cor branca e azul reluzia cada vez mais, como se dele saísse uma luz que jamais se apagasse, na verdade, era exatamente isso; a intensidade da luz aumentava, fazendo a visão de Meredith se sensibilizar. balançava as suas asas – que brilhavam cada vez mais forte – com certa velocidade, formando assim uma claridade absurda no local.
Corremos até ao meio do "fogo cruzado", e eu tentava chamar por , mas a mesma estava concentrada em lutar por sua vida; eu temia por ela.
— O que faremos? — perguntou, em meio ao desespero.
— Eu não faço ideia! — Respondi, sincero. — O que é aquilo surgindo ali?
Apontei para as árvores, avistando a criatura se aproximar das outras. Seu cabelo crespo e curto de cor branca se destacava em contraste com o seu tom de pele bem escuro, que reluzia uma luz quase que dourada. Seu roupão preto com um grande listra amarela ao meio era tão comprido, que eu me perguntava se ele arrastava no chão, como uma vassoura fazendo a varredura. Suas asas amarelas se debatiam com velocidade formando um vendaval repentino no local.
Tentei correr em direção a algo que eu pudesse me segurar, mas não consegui chegar a tempo; senti todo o meu corpo ser levado por uma força inexplicável e eu olhei para o meu irmão, que se mantinha agarrado a uma barra de ferro, fincada na parede.
! — gritou, vendo-me ser puxado pelo anjo de asas amarelas; de perto, pareciam reluzir como ouro. — Deixe-o em paz, Elspeth!
— Como quiser, querida — a criatura me largou no ar e eu senti como se estivesse caindo em câmera lenta.
— NÃO!
Ouvi o meu irmão gritar e voou em minha direção, mas não a tempo de me segurar. Caí no chão, sentindo como se todos os meus ossos estivessem sendo triturados; a dor era imensa. se aproximou, parecia apavorada, chorava alto e eu percebia que ela estava com medo de me tocar. conseguiu correr até onde eu estava e segurou em minha cabeça, tentando me levantar, mas eu não conseguia me movimentar.
— N-não consigo me levantar — eu disse, com dificuldade. — A dor é insuportável.
, me perdoe — pedia,, incansavelmente, enquanto chorava — A culpa é toda minha.
As criaturas, que antes voavam, agora caminhavam em minha direção. tentava me arrastar para longe dali, mas eu só conseguia gritar de dor.
, fuja!
— Eu não te deixarei aqui, . — Ele continuou a me puxar, mas a dor se tornava cada vez mais cruel.
— Eu não irei suportar, , a dor está se intensificando. — As minhas lágrimas quentes escorriam sobre o meu rosto. — Mas, eu não quero te perder mais uma vez, irmãozinho. Por favor, fuja! Pelo amor que você sente por mim, fuja!
— Não posso te deixar aqui assim, . Se tivermos que morrer agora, então, morreremos juntos.
— Eu irei protegê-los, nem que para isso eu precise perder a minha própria vida. — disse, quase como uma promessa.
— Não posso permitir que…
— ela me olhou nos olhos — Pelo , deixe-me protegê-los.
Uma lágrima carregada de tristeza e, talvez, um antecipado arrependimento, caiu sobre o meu rosto. Não queria ter que entregar àquelas mulheres, não sabia se ela voltaria aos meus braços; em contrapartida, não queria perder também o meu irmão. Não queria perder duas das pessoas mais importantes em minha vida. Não novamente.
— Finalmente o dia do encontro chegou. — O anjo mais velho, desfilava em nossa direção, juntamente com Meredith, sorrindo, debochada. — Esperei ansiosa por este momento.
— É a mim que você quer, Elspeth, deixe-os ir. — pediu, quase que em uma súplica.
— Não — a criatura escondeu suas asas amarelas — Eu quero ele. — Disse, apontando para mim.
— Elspeth, por favor, leve-me em seu lugar, mas deixe-o em paz.
— Sei que está apaixonada, , posso ouvir o seu coração pulsar mais forte ao estar perto dele e, por isso, quero levá-lo comigo.
— Por que quer fazê-la sofrer, mãe? — a criatura de asas vermelhas, perguntou, e eu percebi a expressão facial de mudar de preocupação para surpresa.
— Mãe? — Ela repetiu a palavra — Meredith é sua filha?
— Todas as minhas protegidas são minhas filhas, , inclusive você. — Elspeth sorriu de forma doce e a lançou um olhar sereno — Vamos voltar para casa?
— Não! Você mentiu para mim por todos esses anos e continua o fazendo. — se exaltou — Sei que quer que eu volte ao nosso Universo, mas não porque me ama, e, sim, para continuar mantendo seu controle sobre a minha vida.
— Tem razão. Você é uma das criaturas mais fortes que eu já conheci e te-la ao meu lado sempre foi vantajoso. — Elspeth disse, sem remorso algum. — É uma pena que tenha que fazer uma escolha tão dura.
— Do que está falando?
— Se não voltar comigo e Meredith, perderá todos os seus privilégios de anjo, isso inclui as asas. — arregalou os olhos, engolindo o seco — Além disso, será banida do nosso Universo para sempre.
— E-eu não irei retornar àquele lugar com vocês.
— Pense bem, , é uma decisão sem volta. — Meredith disse e me olhou assustado.
— Minha querida filha — Elspeth olhou para Meredith de forma assombrosa. — A farsa já foi desfeita, pare de tentar ajudá-la.
— Mas…
— Não ouse me desrespeitar, ainda mais na frente destes seres a nossa frente. — Meredith abaixou a cabeça, constrangida e receosa.
— a puxei levemente pelo braço — Não se prejudique por minha causa.
— Me prejudicar por sua causa? Você só faz bem a mim, . — Ela deixou uma lágrima escapar — Para ficar ao seu lado, eu abro mão de tudo que um dia tive.
Quando senti os lábios de tocarem os meus, ouvimos alguns aplausos; eram de Elspeth, que sorria largamente e de forma assustadora.
— Ah, como o amor é lindo! — Ela disse, irônica. — Mas eu não tenho a noite inteira, então, se despeça logo dele e venha comigo.
— Elspeth, eu não vou com você. — disse, firme. — Não me importo com tudo que irei perder; aqui estarei ao lado de quem realmente gosta de mim.
— Nem mesmo se importa com as suas asas? Sabe que elas não terão mais serventia. — Elspeth caminhou ao nosso redor, nos olhando com fúria. — Você mal conhece este ser a quem está entregando o seu coração, . Ora, não seja ingênua!
— Elspeth, eu já tomei a minha decisão e não irei mudá-la.
… — Meredith tentou chamá-la.
— Sinto muito, Meredith. — se aproximou da outra criatura — Diga às nossas irmãs que sentirei muito a falta de cada uma delas, sem exceção.
— Sei que não fui uma boa irmã para você e para as outras, e sei também que soará estranho o que irei dizer, mas, também sentirei a sua falta.
— Não seja tão melancólica, Meredith. — Elspeth já se distanciava de nós.
— Também sentirei a sua falta, Guardiã. — disse, deixando as lágrimas tomarem conta de seu rosto e, no mesmo instante, Elspeth parou os seus passos.
— Não me chame mais assim, , agora você tem um novo Guardião. — Ela suspirou alto, girando todo o seu corpo em nossa direção, olhando especificamente para mim. — Mas, peço que cuide bem dela; minha filha merece viver um amor genuíno.
— N-ão se preocupe, eu terei o imenso prazer de ser seu eterno Guardião. — Eu disse, ainda com dificuldade em tentar resistir a dor no corpo.
me olhou, sorrindo fraco, e Elspeth assentiu, pousando seu olhar sobre a filha que acabara de perder; sua protegida agora está sob nova tutela.
Meredith abraçou e fez um sinal positivo com a cabeça para mim, logo seguindo Elspeth, que já se posicionava para levantar voo. Não demorou muito para vermos dois pares de asas – um vermelho, outro amarelo – tomando conta do céu, até desaparecer em meio a escuridão da noite. — Você está bem? — perguntou.
— Já estive melhor — sorri fraco, tentando me remexer e, por isso, senti mais uma onda de dor me dominar. — Mas, vou ficar bem.
— Eu sei que vai. — sorriu, deixando escapar algumas lágrimas por seu rosto.
— Você não está bem. — Eu disse, observando o seu olhar triste.
— É claro que não, , ela sacrificou suas asas por você. — disse, num tom óbvio.
Meu irmãozinho estava sendo mais sábio que eu, o que não me espanta, já que sou meio bocó, às vezes.
No mesmo instante, as asas de deixaram de reluzir e se fecharam, ela tornou seu choro ainda mais forte e eu me senti mal ao saber que sua tristeza era por culpa minha.
— Me perdoe, , eu…
— Não é culpa sua, , eu fiz uma escolha e já tinha conhecimento sobre as consequências dela. — Ela segurou minhas mãos. — Não me arrependo. E, se agora choro, é porque eu me sinto livre. Eu estou liberta, , isso não é uma benção?!
— O que tanto te aprisiona? — Meu irmão perguntou, fazendo de suas palavras as minhas.
— As minhas obrigações como anjo me limitavam de vivenciar experiências novas, por isso, não me arrependo de ter deixado tudo para trás.
— Então, fez tudo isso apenas por você? Para deixar de ser uma delas? — Eu a olhei nos olhos, enquanto ouvia continuar com sua interrogação. — Quero dizer, para deixar de ser um anjo?
— Não. Livrar de Elspeth foi o maior motivo para eu deixar meu Universo.
Enquanto eu ouvia , meu coração se aquecia de tal forma, que é difícil explicar. Ao mesmo tempo, suas asas se abriam com lentidão e sua cor se tornava mais forte, na mesma velocidade.
— Depois que conheci seu irmão, tive a certeza de que queria continuar aqui, com ele — desviou seu olhar de para mim. — E eu não pretendo me distanciar. Antes, eu já me sentia completa, porém, queria mais; agora, sinto como se pudesse transbordar de tanta alegria. Você é o causador disto, . Obrigada por acrescentar coisas boas na minha vida.
— Eu que te agradeço, . — Ela sorriu, emocionada. — Você amoleceu o meu coração de uma forma inexplicável. Tenho uma vida simples, sem luxo e tudo mais que eu gostaria de te oferecer, mas você não se importou com nada disso e até me ajuda a preparar os salgados para que eu venda na lojinha. Você me fez ser seu Guardião e eu te prometo, cuidarei e irei protegê-la de qualquer pessoa ou força maior que tente te fazer mal. — Eu acariciei seu rosto — Nunca me esquecerei o que fez por nós.
estava tão emocionada que não conseguia falar, mas me beijou de forma apaixonada e eu retribui ao seu carinho. Suas lágrimas, que caíam sobre o meu rosto, começaram a mudar a cor para azul claríssimo, reluzente. Afastei-me um pouco para olhá-la, assustado, percebi que o meu corpo já não doía mais. me olhou, sorrindo largo e eu me levantei, ajudando a fazer o mesmo. Suas asas começaram a brilhar em uma intensidade incrível, refletindo pontos azuis claros na mesma.
me olhou, sorrindo abobalhada e levantou voo, como se há anos não o fizesse. Fiquei a observando se divertir pelo céu, acompanhado pelo meu irmão, que sorria junto comigo.
— Finalmente iremos viver do nosso jeito, sem pessoas ruins nos humilhando o tempo inteiro. — disse, esperançoso.
— Se pensa assim, está enganado, irmãozinho. — Ele franziu a testa e me encarou — Durante toda a nossa vida teremos que lidar com pessoas de má índole, que sentem prazer em humilhar as outras.
— Tem razão, , mas estaremos juntos agora, mesmo que tentem, não irão mais nos separar. — sorriu, vitorioso.
— Meninos — nos chamou — Vamos para casa?

🔹🔹🔹

Depois de uma viagem bem divertida pelo ar, chegamos a nossa residência, sendo recebidos por Huge, que não parecia muito contente.
— Huge! — correu em sua direção — Ah, Huge! Pensei que não o veria mais…
— Como está, garotão? — Me aproximei de Huge, mas ele latiu para mim, me fazendo franzir o cenho. — O que houve? Nós nem demoramos tanto.
— Ele quer a ração que você disse que iria comprar. — lembrou, fazendo-me bater a mão na testa — E, pensando agora, você também não comprou o meu biscoitinho; sem problemas, eu como os do Huge.
— O que? Ela come ração? — me olhou, incrédulo.
— Essa é uma longa história, que daqui a pouco eu irei te explicar, mas antes… — Fui ao meu quarto e peguei o presente que há tanto tempo guardo para o meu irmão. — Tenho que te entregar isto.
pegou a caixa de madeira, curioso, e a abriu, se deparando com o carrinho azul e preto que um dia lhe prometi.
, EU NÃO ACREDITO!
O brilho no olhar de e a felicidade na qual ele se encontrava me fez ter certeza de que o meu esforço, por todos esses anos, para encontrá-lo, valeu a pena.
— Eu nem tenho palavras para te agradecer — Ele me abraçou forte — Você se lembrou da sua promessa por todos esses anos, significa muito para mim.
— Ainda não cumpri a que eu te proporciono uma vida melhor.
— Tenho certeza que a minha vida será bem melhor a partir de agora, porque estar com quem a gente ama faz toda a diferença. — conseguiu me emocionar com suas palavras sinceras. — Eu irei me formar e teremos, sim, uma vida melhor, só preciso me matricular para terminar o colegial e estudar o suficiente para passar no vestibular. — Eu sorri fraco — Enquanto não me formo, irei te ajudar com as vendas dos salgados.
— Eu também! — disse, se aproximando com Huge em seu colo. — Irei ajudá-los em tudo que precisarem. — Meu cachorrinho latiu forte — Calma, Huge, você também pode contar comigo.
— Comigo também, "serumaninho" bonitinho. — Huge tentou morder . — Você é brabo, hein!
— Ele disse que não quer falar com você. — traduziu a indignação de Huge.
— Acho que alguém aqui está com ciúmes do nosso novo morador. — Eu brinquei, fazendo carinho em Huge. — Calma, garotão, você sempre será mimado por nós. não irá roubar o seu lugar aqui.
me olhou, rindo e acariciando Huge.
— Sei que estão todos muito cansados, por isso, vamos fazer um lanchinho agora e dormir; a noite foi cansativa.
Enquanto tomava seu banho e eu separava alguns salgados para o lanche da noite, se aproximou de mim e eu a olhei de relance; ela sorria abobalhada.
— Posso saber o motivo do sorriso?
— Você.
Desta vez, eu me virei em direção a ela e a puxei para lhe dar um beijo calmo, queria aproveitar cada segundo dos seus lábios em contato com os meus.
Conhecer – mesmo que de um jeito estranho e meio assustador –, com toda certeza, foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. Ela trouxe à minha vida sentimentos genuínos e sensações incríveis; eu era tão solitário e, às vezes, muito negativo, mas tudo isso mudou e, foi tão de repente, que é como se eu nem me lembrasse dos tempos mais difíceis. É como se a minha mente tivesse apagado as piores lembranças, dando lugar às novas experiências, que além de serem boas, me ensinam a cada dia mais continuar lutando pelos meus maiores objetivos.
Definitivamente, veio para me tornar alguém melhor e, de alguma forma, sinto que essa mudança vem acontecendo dia após dia.
— Obrigado por estar em minha vida e por torná-la melhor. — Eu disse, afastando o meu rosto para olhá-la.
— Agradeça ao meu Mestre por isso.
— Seu Mestre? Então, foi Ele quem te enviou?
— Foi Ele quem permitiu a minha vinda. — Eu arqueei as sobrancelhas, confuso. — A vontade de visitar e ficar em seu Universo foi minha, mas, se o Mestre permitiu, é porque sabia que você precisaria de mim.
— Então, foi Ele quem devolveu o brilho das suas asas?
— Tenho certeza que sim. — assentiu, sem tirar o sorriso do rosto.
— Seu Mestre é muito benevolente.
— E amável; antes mesmo de conhecermos o amor, Ele já era o amor. — Reparei que seus olhos e asas brilhavam mais ao falar de seu Mestre, o que me deixava meio fascinado.
— Mas, você ainda não pode voltar ao seu Universo.
— Quando fazemos escolhas, precisamos estar cientes das consequências, e eu sabia que isso aconteceria. Mas, não me importo com isso, aonde quer que eu vá o Mestre estará comigo, posso continuar mantendo contato com Ele. — Ela disse, sincera.
— Eu posso conhecê-lo qualquer dia desses? — Perguntei, demonstrando a minha empolgação.
— Claro que sim, tenho certeza que Ele irá te receber muito bem! — Eu sorri ao ouvi-la. — Na verdade, Ele já te conhece, mas, seu desejo de conhecê-Lo o deixará extremamente feliz.
— Te ouvir falar assim me deixa com muita vontade fazer perguntas, mas eu deixarei para fazê-las em outra oportunidade. — soltou uma risadinha engraçada. — Porém, uma delas eu não posso deixar para depois — Ela assentiu, intensificando o seu olhar sobre o meu. — Mesmo se você tivesse perdido o brilho das suas asas e com ele, todos os seus poderes, teria feito a mesma escolha?
deslizou suas mãos até o meu rosto e o acariciou de forma doce e tranquila, sua mão era macia que um veludo; ela sorriu para mim. Em mesma sintonia, suas asas reluziam como se nada e ninguém pudesse apagar aquela luz; como se elas fossem resplandecer até a eternidade – e eu não duvido disso.
Me olhando no fundo dos olhos e refletindo o brilho intenso de um anjo, carregando em sua voz uma doçura inigualável em seu timbre e trazendo consigo a sensação de paz ao meu coração…
respondeu:
Às vezes, você precisa se sacrificar para ver alguém que ama ficar bem.


[Fim]


Nota da autora: Estou imensamente feliz por ter escrito esta fanfic, sem brincadeira! Amo demais o MX e Shine Forever é uma das minhas músicas favoritas deles, então, de verdade, amei ter tido a oportunidade de criar uma história baseada nessa canção e no sentimento que ela me causa. Espero, do fundo do meu coração, que vocês tenham gostado do resultado. 💙
Desde já, agradeço a vocês e a Lari, minha mana maravilhosa, que me incentivou demais a continuar esta história e, agora, estamos aqui... Te amo, garota! ♥
É isto, galerinha. Até a próxima!
BJoo 😽





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