Capítulo Único
Coming down like an Armageddon flame (hey!)
The shame, the ones who died without a name
enxugava as lágrimas com a palma da mão, mas era uma tentativa falha porque novas saltavam de seus olhos. Mesmo depois de tantos dias, ela ainda estava inconsolável pela morte da sua irmã gêmea, Liz, e sentia como se jamais pudesse seguir em frente. Pela primeira vez, experimentou a sensação de solidão, mesmo não estando sozinha de fato; foram vinte e um anos juntas e ela sabia que tinha perdido a sua outra metade. Ela ajeitou a postura na cama quando ouviu batidas na porta do seu quarto e deu permissão para que a pessoa entrasse.
entrou no cômodo escuro e foi até a cama, se sentando de frente para a namorada. Não podia culpá-la por estar daquele jeito há muitos dias, porque ele próprio estava, mas queria dar um jeito de fazê-la se animar um pouco e levantar da cama.
- está aqui - ele anunciou. - Veio te visitar. Você quer ver ele?
- Como ele está? - perguntou enquanto tentava enxugar suas lágrimas novamente. Viu formar uma linha fina nos lábios, procurando as palavras certas para dizer.
- Bem... Ele perdeu a esposa e agora tem um filho pequeno pra criar sozinho, não está tão diferente de você - disse com pesar.
- Eu me esqueci completamente do - ela encolheu os ombros envergonhada, só conseguia ver o próprio sofrimento. – Deixe-o entrar.
deixou um beijo na testa dela e se levantou para sair do quarto. Pouco depois voltou acompanhado de seu melhor amigo, que carregava um bebê por volta de um ano e meio nos braços. entrou e avistou enquanto ela dava um espaço para ele ao lado dela na cama. O rapaz se aproximou e se sentou enquanto se sentava no mesmo lugar de antes, de frente para os dois, fazendo a cama ranger. O pequeno Austin se esticou em direção à sua tia, que não se conteve e pegou o menino nos braços, sorrindo pela primeira vez em dias.
- Você tá legal? - perguntou apenas para puxar assunto, a resposta era óbvia.
- Nunca estive tão mal - desabafou. - Não consigo parar de pensar nela...
- Eu também não - o olhar de pareceu longínquo por um instante ao se lembrar da esposa. - Sabe, , eu nunca conheci ninguém como a Liz. Ela me cativou desde o primeiro dia. Sempre tão educada com todo mundo e tão linda... - a voz dele começou a embargar, mas ele estava se segurando para não chorar. - Merda.
- Não tem problema chorar, - disse compreensivo.
- Ela só estava lutando pelos direitos das pessoas! Ela era assim, se preocupava com todo mundo, mas teve o azar de nascer nesse país de merda e tão cheio de preconceito.
- A Liz morreu lutando pelo que ela achava certo, a gente tem que tentar lembrar disso. Ela deixou um legado lindo pra gente dar continuidade. Precisamos reconstruir aquele lugar! - se referia à ONG que a cunhada mantinha em vida.
A ONG criada por Liz três anos antes, quando ela ainda estava no ensino médio, abrigava pessoas em condições precárias ou qualquer um que necessitava de ajuda. Pela sua ONG já haviam passado moradores de rua, famílias de baixa renda em busca de um prato de comida, adolescentes grávidas, homossexuais expulsos de casa por suas famílias e qualquer outro que precisasse de um amparo momentâneo. O plano era expandir a ONG e ela estava disposta a ir a lugares onde a segregação racial ainda era muito forte, especialmente em estados conservadores, mas um incêndio criminoso interrompeu seus planos. Ainda não tinham provas concretas que de fato foi um crime ou acidental, mas eles sabiam da fama que Liz e sua ONG tinham entre os mais conservadores. Era questão de tempo até que houvesse uma retaliação, mas jamais imaginaram algo tão desumano.
- Eu só não quero que ele sofra qualquer consequência - segurou a mãozinha pequena de Austin, que olhava curioso para os adultos. - Perder a mãe dele já foi muito.
- Vamos deixar o Austin de fora disso, , e quando ele crescer, vai saber o quão importante a mãe dele foi. está certo, precisamos dar continuidade ao trabalho dela. Ela mudou muitas vidas, não pode acabar assim, mas antes precisamos provar que não foi um acidente.
- Eu não sei se eu quero encontrar essa pessoa, eu acho que vou matar ele - disse com raiva, cerrando o punho. - Tirou de mim tudo o que eu tinha.
- O Austin já perdeu a mãe dele, e vai perder o pai que vai preso por assassinato? , a gente, mais do que ninguém, entende você, mas assim não vamos chegar em lugar nenhum.
- Alguém tem que agir, , não é? Se dependermos daqueles investigadores, vai ser pra sempre uma incógnita, e ela não merece isso.
- Qualquer coisa que a gente for fazer, vamos fazer o certo - disse com firmeza e se viu obrigado a concordar, enquanto olhava para a chuva batendo contra a janela do quarto. riu e ela arqueou as sobrancelhas. - O que foi?
- Ela odiava dias chuvosos, mas não para de chover desde que ela morreu.
To a hymn called Faith and Misery (hey!)
And bleed, the company lost the war today
I beg to dream and differ from the hollow lies
This is the dawning of the rest of our lives
On holiday
Highway To Hell do AC/DC ecoava pela sala enquanto aspirava o carpete da sala. Estava completamente envolvida pela música, mas não era por menos, afinal, era a música que estava tocando no bar no dia em que ela e se conheceram dois anos antes. Não tinham idade para beber, mas não quer dizer que não o faziam, e agora compartilhavam a casa recém adquirida após o casamento. Não era nem de perto uma canção de amor, mas era a sua preferida. , ao ouvir a música distante, deixou o capô do carro aberto na garagem e entrou sem que percebesse. Se encostou no batente da porta e observou ela aspirando o chão alegremente, como se fosse sua atividade preferida, os cabelos modelados no permanente recente balançavam e a franja parecia ainda mais rebelde, o que o fez sorrir. Tinha certeza que havia se casado com a mulher mais linda da Califórnia.
- Hey mama, look at me, I'm on my way to the promised land, woo - ele cantarolou fazendo com que se virasse assustada e ele riu.
- Você me assustou, . Há quanto tempo está aí?
- Tempo suficiente pra lembrar daquele suéter rosa que você estava usando no bar.
- E você uma camiseta dos Ramones - ela pontuou ao se lembrar também e ele concordou. - Estava bebendo cerveja dentro de uma latinha de refrigerante.
- É, o sabia como arrumar diversão - disse rindo. O amigo já era maior de vinte e um e podia beber, mas ele ainda não. - Mas se não fosse por ele, não estaríamos aqui agora.
- Certo, me lembre de agradecer ao por ser o nosso cupido - ela sorriu e voltou para o que estava fazendo antes.
não se conteve e se aproximou da esposa de fininho, a abraçando por trás e prendendo em seus braços, que grunhiu enquanto ria e tentava se soltar, mas ele era mais forte.
- ! Eu preciso trabalhar!
- Deixa isso de lado, não é importante. Poderíamos ir jantar fora, o que você acha? Ou talvez ir ver se sua irmã precisa de ajuda na ONG.
- Fica difícil de dizer não com você me olhando assim... Está bem, deixa eu terminar e nós vamos até lá, está bem?
- Combinado, não demora - se despediu dela com um selinho e voltou para a garagem.
Quando terminou de aspirar o carpete, ela trocou de roupa e eles foram até a ONG de Liz, que ficava apenas alguns quarteirões de distância da casa deles. Era um galpão de uma antiga e pequena fábrica de sapatos da região, mas que Liz havia conseguido através de uma doação generosa. Nem foi preciso procurar muito por ela, já que estava nos fundos concertando o telhado de uma das casinhas dos cachorros, que ela abrigava temporariamente até que encontrassem uma família adotiva.
- Chegamos no momento certo - disse alto para anunciar a chegada deles, fazendo Liz se virar e dois cachorros correrem em sua direção para brincar.
Um deles pulou em , que se assustou, mas pelo rabinho balançando e a língua de fora, ela percebeu que ele só queria brincar.
- Pipoca, pode parar! - Liz repreendeu o animal enquanto se aproximava.
- Pipoca? Esse é novo por aqui - sorriu e se curvou para acariciar os pelos dele.
- Ele chegou há alguns dias, mas já está bem à vontade pelo visto. É super dócil, fica tranquila.
- Essa daqui eu conheço. Oi, Monroe - se divertia com a cadela de pequeno porte que não parava de pular ao redor dele.
- Ela adora você, , sempre fica triste quando você vai embora.
e se entreolharam. Ainda não pretendiam ter filhos, já que estavam casados há apenas seis meses, mas nada impedia de adotarem uma filha de quatro patas.
- A gente só veio ver se você precisava de alguma ajuda, não esperávamos adotar um cachorro, mas... Bem, de qualquer forma, eu queria mesmo ser pai.
- Vocês vão adotar ela? - Liz perguntou eufórica, seus olhos brilhavam de alegria.
- O que podemos fazer? Ela nos escolheu - sorriu. - Onde está o ?
- Lá dentro - o sorriso dela se desmanchou quase que imediatamente e ela murchou. - Está cuidando de um rapaz que chegou ontem...
- O que aconteceu com ele? - perguntou enquanto abraçava de lado, já se preparando para notícias ruins.
- Foi cercado por um grupo de extremistas republicanos... só porque ele... - ela mordeu os lábios, a situação mexeu muito com ela.
- Ele é democrata? - questionou e Liz concordou.
- Homossexual e negro também. Está com um ferimento horrível no olho, está fazendo o que sabe pra ajudar, mas ele está bem ferido e debilitado, acho que vamos levar ele para o hospital.
e se quer sabiam o que dizer, aquilo estava acontecendo com tanta frequência e mesmo assim era um choque todas as vezes. Com as eleições que ocorreriam no ano seguinte, os ataques estavam se tornando cada vez mais frequentes dos dois lados. Liz e , que não eram nem de direita ou de esquerda, estavam tentando recolher o máximo de pessoas que podiam, mas a região era tão dividida que estava ficando mais difícil.
O breve silêncio foi interrompido quando se juntou a eles. Estava cansado por ter passado a noite em claro, suas olheiras denunciavam que estava com sono.
- Como ele está? - Liz perguntou ao marido.
- Vai ficar bem, mas precisa ir para o hospital. Sou enfermeiro, e não a enfermaria inteira, ele precisa de mais cuidados do que a gente pode dar aqui. Eu vou levar ele.
- , eu posso fazer isso, você precisa descansar. Olha pra você, está dormindo em pé - se prontificou. - Deixa que a gente faz isso.
- Eu agradeço, cara. Obrigado - disse com sinceridade e então notou a casinha com o telhado arrumado. - Você concertou, Liz?
- Sim, não foi muito difícil, foi só uma pedrada - Liz sorriu de canto, mas o fato de pequenos ataques estarem acontecendo com frequência a assustava.
- Outro ataque? Liz, vocês precisam chamar a polícia. E se acontecer alguma coisa? É a segurança de vocês - alertou.
- , não posso dar queixa na polícia por umas pedras nas casinhas de cachorro...
- Eu ainda não descobri quem está fazendo isso, mas quando eu pegar, é melhor ele correr muito - disse com raiva, aquele assunto o deixava nervoso.
- Nós vamos fazer o certo e dar queixa, nada de fazer justiça com as próprias mãos. A gente tem um filho pequeno pra criar, não esquece disso.
- Falando nisso, cadê o Austin? - perguntou.
- Está lá dentro, dormindo. Eu vou pra casa e levo ele comigo - respondeu e Liz concordou.
- Vai agora, querido, toma um banho e descansa - Liz passou a mão pelos cabelos bagunçados do marido, tentando deixar um pouco mais apresentável e ele sorriu de canto. - Eu não vou demorar, hoje é a vez da Ava e do Ryan passarem a noite aqui. Eu vou pra casa.
- Até mais tarde, toma cuidado - se despediu da esposa com um beijo e, após se despedir dos amigos também, entrou para pegar o bebê e ir embora.
- Eu vou ir buscar o carro para levarmos o rapaz ao hospital. Volto num instante - disse e foi embora também, deixando as gêmeas sozinhas.
- Eu posso conhecer ele? - perguntou após alguns instantes em silêncio.
Liz concordou e elas entraram a tempo de se despedir de mais uma vez, então foi levada até a maca onde o rapaz parecia estar em um sono tranquilo. viu os ferimentos e teve que se conter para não demonstrar nenhum abalo. Não entendia como pessoas podiam destilar ódio contra as outras por tão pouco. Ela aprendeu desde cedo a respeitar as diferenças das pessoas, todas as etnias, religiões, culturas... Ela sempre conseguia se assustar com a maldade das pessoas.
- Meu Deus... - foi tudo o que ela conseguiu dizer para conter o choque. - O que vocês sabem sobre ele?
- O nome dele é Lawrence, tem vinte e um anos e é tudo o que a gente sabe ainda, ele estava muito fraco pra falar, e com dor, mas deu morfina pra ele... morfina que está acabando inclusive. Não sabemos se ele vai conseguir pegar mais no hospital...
- Vocês não estão conseguindo mais doações?
- Você sabe como é o ano que antecede as eleições, , tudo fica mais difícil, todo mundo parece meio estressado... mas não é o fim do mundo, sabe? Não é o fim do mundo, só perdemos a batalha de hoje, amanhã vamos nós recuperar.
- Seu otimismo me fascina.
- Alguém tem que pensar positivo nessa família - Liz disse com bom humor, fazendo a irmã rir. - Não fica preocupada, vai dar tudo certo! A ONG Holiday ainda vai durar muito tempo, você vai ver.
Another protestor has crossed the line (hey!)
To find the money's on the other side
Can I get another amen? (Amen!)
There's a flag wrapped around a score of men (hey!)
A gag, a plastic bag on a monument
- Um novo confronto entre extremistas ocorreu hoje em Los Angeles, no final da tarde. Os grupos protestavam em pontos da cidade até se encontrarem em Venice Beach, onde a polícia precisou interferir para dispersar os manifestantes, usando de balas de borracha e spray de pimenta. Não houve nenhuma vítima, os feridos foram levados ao hospital mais próximo.
desligou a televisão quando não quis mais ouvir a notícia, afinal, era a única coisa noticiada durante dias e ela já estava cansada. Além disso, Austin começava a se mexer no cercadinho, dando sinais de que iria acordar ou começar a chorar. Desde que havia voltado a trabalhar, ela se ofereceu para cuidar do sobrinho e para isso tinha deixado o seu emprego no escritório. De qualquer forma, não tinha cabeça para se afundar em papeladas naquele momento. Ela foi até a cozinha preparar a mamadeira, com Monroe no seu encosto, para caso o menino acordasse com fome, mas não conseguia parar de pensar em e se ele estava bem, afinal, os protestos foram perto do escritório de advocacia onde ele trabalhava e pelo horário ele já deveria ter chegado. Estava pensando que ele poderia ter sido atingido e levado para o hospital ou até algo pior tivesse acontecido, mas quando ele adentrou pela porta, seu corpo foi tomado por alívio e ela correu para abraçá-lo, sem se importar se estava com a mamadeira de Austin na mão.
- Graças a Deus!
- Tá tudo bem, ? Aconteceu alguma coisa? - perguntou preocupado.
- Por que você demorou? Teve protesto, eu estava preocupada!
- Relaxa, eu tô bem. Peguei um pouco de trânsito justamente por causa disso, mas não aconteceu nada. Eu juro.
- Eu só fico preocupada, . Quem fez aquilo com a minha irmã pode fazer o mesmo com a gente. Quem garante que não estamos sendo seguidos?
- Não estamos sendo seguidos. Eu descobri algumas coisas - exibiu a sua pasta e foi até o sofá para se sentar, deixou a pasta sobre a mesa de centro e a abriu. o acompanhou. - Lembra dos primeiros ataques?
- Eram só pedras que jogavam nos vidros e nas casinhas de cachorro, eu lembro...
- E lembra do dia em que viu quem estava jogando e correu atrás?
- Lembro, você foi junto pra tentar segurar ele.
- E não consegui. Ele já estava quase estrangulando o cara quando eu cheguei - conteve à vontade de rir, sabia do temperamento explosivo do amigo; além de achar que o agressor merecia.
- , foco!
- Ok, me desculpe. Resumidamente, era o gritando com o rapaz e eu gritando pro parar de fazer aquilo. Quando ele o soltou, o rapaz disse que aquilo era só o começo, pra assustar, mas que a gente deveria ficar esperto e parar de brincar com fogo.
- Foi premeditado com muita antecedência? - perguntou assustada e concordou.
- Eu acho que sim... Acho que já estava planejado desde a primeira pedra jogada no vidro, mas eu descobri uma coisa que pode nos ajudar... O nome desse cara é Paul Howard e ele foi preso por tráfico de drogas logo depois do ataque. Hoje eu entrei em contato com o detetive e contei isso, vão tentar negociar com ele. Se ele contar quem foi o mandante, terá a pena reduzida e nós temos o nosso culpado.
- Ah, meu Deus... - pegou o papel que entregou para ela, onde continha uma cópia da ficha criminal de Paul. - , você acha que vai dar certo?
- Eu não sei, mas é o mais perto que estamos de pegar o assassino da Liz. Precisamos pelo menos tentar.
- Você está certo. Foi ideia sua?
- Sim, mas... Meu pai que aprovou, ele não me deixa advogar enquanto não pegar o meu diploma - encolheu os ombros. Estava de férias, mas logo entraria no seu último ano do curso de Direito. - Então liguei para o detetive e contei.
- Foi uma ideia brilhante, , você vai ser um ótimo advogado - ela sorriu de canto enquanto colocava as mãos no rosto dele. - Estou orgulhosa de você.
- Amor, eu quero ver a justiça sendo feita antes de qualquer coisa, a Liz merece isso mais do que ninguém, e ela vai ter. Eu prometo.
viu os olhos de se encherem de lágrimas, então ele a puxou para um abraço. Ele sabia que ela estava tentando ser forte e retomando a vida aos poucos. Cuidar de Austin estava sendo bom para que ela ocupasse a cabeça e tentasse se distrair durante algumas horas, já que ainda não se sentia preparada para retomar os trabalhos da ONG.
O momento do casal foi breve, porque Austin acordou e começou a chorar. pegou o sobrinho no cercado e voltou para o sofá, torcendo para que ele pegasse a mamadeira. Ainda tinha dificuldades em acertar os horários dele, mas estava pegando o jeito e seguindo as instruções de , que estava se desdobrando para trabalhar e ser pai e mãe ao mesmo tempo. Austin agarrou a mamadeira e suspirou aliviada.
- Você leva jeito - sorriu enquanto observava a esposa.
- Você acha? - perguntou com curiosidade.
- Acho, você vai ser uma boa mãe, . Eu tenho certeza.
(The representative from California has the floor)
Sieg Heil to the president Gasman
Bombs away is your punishment
Pulverize the Eiffel towers
Who criticize your government
Bang bang, goes the broken glass and
Kill all the fags that don't agree
Trials by fire setting fire
Is not a way that's meant for me
Just 'cause (hey, hey)
Just cause, because we're outlaws, yeah!
I beg to dream and differ from the hollow lies
This is the dawning of the rest of our lives
I beg to dream and differ from the hollow lies
This is the dawning of the rest of our lives
This is our lives on holiday
- Não pode ser... - disse com a voz embargada. - A Liz estava certa o tempo inteiro... Era ele por trás das ameaças, não tem outra explicação.
- Por que ela desconfiava dele? - questionou.
- Porque ele descobriu sobre a ONG depois que resgatamos uma vítima dele, mas a Liz não se calou, não teve medo dele, não pensou em desistir nem por um segundo. Claro que ele não aceitou a afronta dela, e de repente coisas ruins começaram a acontecer. A Liz desconfiava... talvez ela soubesse, mas nunca quis contar, nem mesmo pra mim... - suspirou, estava contendo a vontade de chorar, então passou a foto para o detetive a sua frente. - O que vocês vão fazer?
- Estamos tentando localizar o próximo ataque do grupo dele - o detetive começou a explicar o plano que estava sendo planejado com muito cuidado. - Acreditamos que será no feriado de 4 de julho, durante o discurso do governador Hiel.
- Isso não é terrorismo? - perguntou confuso, não sabia ao certo a diferença. O detetive concordou e ele engoliu a seco.
- Não vamos deixar que essas pessoas matem outra vez.
- Eu quero que ele pague pelo que fez com a minha irmã, e ele vai. Me coloco à disposição para qualquer coisa, só quero estar lá e olhar pro rosto daquele maldito enquanto ele sofre as consequências - disse com raiva, cerrando o punho com força. - E querem saber? Eu tenho uma ideia.
A aglomeração de pessoas parecia ficar cada vez maior, e os mais fanáticos se aglomeravam nas primeiras filas para o discurso do governador que buscava uma reeleição naquele ano. percorria seus olhos atentos pela multidão, não seria difícil encontrar os apoiadores de Witkowski, afinal, eram apoiadores do governador também, e eles estavam ali também. Seu plano era muito perigoso, e mesmo sendo abruptamente contra, ela conseguiu convencer a todos de que era o melhor a se fazer naquela situação. Ela jurava para si mesma que não sairia dali sem que George estivesse preso.
Seu plano era simples: nem todos sabiam quem ela era, nem todos sabiam que Liz tinha uma irmã gêmea, o próprio mandante não sabia e usaria disso ao seu favor, se passando por sua falecida irmã, e antes que algo pudesse lhe acontecer, George seria preso em flagrante, e então a justiça seria feita. sabia que não era tão fácil quanto parecia, e que poderia dar errado, mas ela precisava tentar. alertou inúmeras vezes, estava muito preocupado, mas nada a fazia mudar de ideia, mesmo que tivesse que pagar com sua própria vida. Ela iria tentar.
O palanque para o discurso do governador já estava montado e a equipe estava à posta, apenas esperando que o político desse início ao discurso. Seus apoiadores compareceram em massa com camisas, pinturas faciais e bandeiras em sinal de apoio. estava se controlando para não revirar os olhos. Achava tudo aquilo repugnante, detestava política e mais ainda quem era fanático, não importasse o lado; mas aqueles conseguiam ser ainda piores. Felizmente ela foi afastada de seus pensamentos quando avistou, um pouco distante dela, o homem da foto, George Witkowski, e alguns de seus apoiadores. Tomada pela adrenalina, se apressou. Saiu dando braçadas em quem estivesse na sua frente e deu a volta para estar sempre atrás. Não estava com medo, seria capaz de matá-lo ali mesmo, e quando criou coragem para se aproximar mais, sentiu alguém puxando o seu braço.
- Nem pensar - era , o que a fez relaxar.
- , o que você está fazendo aqui?
- Te vigiando, é claro, eu sei que você ia tentar alguma coisa. Meu amor, por favor, toma cuidado. Ele só precisa te ver e nada mais, ele é perigoso e pode fazer alguma coisa com você . A gente não quer que o Austin perca mais ninguém.
- Eu não vou fazer nada, , eu prometo. Vou seguir o plano conforme foi combinado. Onde está o ?
- Com o Austin em casa, ele não quis vir. O detetive está vindo na nossa direção junto com alguns policiais, eles vão te cercar para poder efetuar a prisão dele e também para te proteger. Por favor, toma cuidado - ele a abraçou. Estava aflito e muito preocupado, não queria sentir a mesma dor que .
- Vai dar tudo certo, eu prometo.
o soltou e esperou o detetive se aproximar, disfarçado, assim como todos estavam disfarçados de apoiadores do governador, então ela caminhou em passos cautelosos até Witkowski, parando bem atrás dele. Seu corpo tremia de tanta adrenalina, sua respiração estava ofegante, aquele era o momento e ela não podia falhar. Olhou para o detetive que acenou com a cabeça. Era a hora.
- Com licença, eu não consigo enxergar o palanque - disse educadamente, mas não obteve nenhuma resposta. Cutucou o ombro dele, fazendo o homem se virar.
- O que você quer? - ele respondeu com grosseria, mas quando viu , ficou mais pálido quanto era normalmente. - Não pode ser...
- Oi, George... Você se lembra de mim?
- Você... Você morreu no incêndio, eu vi que você não conseguiu sair.
- Eu acho que você viu errado, estou aqui. Viva. Você achou mesmo que ia conseguir me matar? Ou melhor, por que você queria me matar?
- Quem você pensa que é para bancar a salvadora dessa raça de gente inútil? Vai pra casa encostar a barriga no fogão, bonitinha, nada disso é assunto de gente como você - ele sorriu da forma mais asquerosa possível e sentiu o estômago revirar.
- Você vai pagar pelo que você fez à ONG.
- É mesmo? E como você pode provar que fui eu? Gente como você, que se acham justiceiros, são os que causam a desordem nesse país. A América não é pra pessoas como você, e tudo o que você faz é inútil, você não pode nos parar.
- Você não é maior do que a autoridade, e sim, eu posso provar que foi você, ou melhor, você acabou de fazer isso.
deu três passos largos para trás. Tudo foi tão rápido que a movimentação fez com que ela caísse no chão enquanto Witkowski era imobilizado e detido. a levantou e puxou a esposa para fora da multidão, mesmo ela insistindo para que ele a soltasse. Uma confusão muito maior do que planejaram se instalou, os apoiadores de George tentavam defendê-lo e eram repreendidos, e os desordeiros infiltrados provocavam, além dos curiosos que queriam ver de perto. Foi necessário usar de balas de borracha e spray de pimenta, o que fez com que puxasse para que ambos se escondessem atrás de uma das viaturas e cobrissem seus rostos.
- ...
- Vai ficar tudo bem, meu amor - a apertou contra o seu corpo. - A gente precisa sair daqui.
- Não dá.
- A gente precisa tentar, não dá pra ficar. Eu sei que você queria ver, mas é muito perigoso. Vem, não solta a minha mão.
e correram agachados o máximo que podiam para longe, e só pararam quando já era seguro, em uma rua residencial. Estavam muito ofegantes, então se sentaram atrás de uma árvore para recuperar o fôlego.
- Você está bem? - perguntou para a esposa que concordou com a cabeça.
- Será que ele foi pego? Será que deu tudo certo?
- Eu acho que sim, não ia dar tempo de ele fugir tão rápido, estava cercado. Acho que vamos ter notícias em breve. Você foi muito corajosa, , estou orgulhoso de você.
- Ela faria o mesmo por mim, - disse com a voz embargada, não podia acreditar que finalmente o assassino da sua irmã tinha sido pego. - E eu sinto tanto a falta dela, faria tudo pra ter mais um dia com ela, poder abraçá-la mais uma vez...
- Eu também sinto falta dela, mas a justiça está sendo feita e a Liz está sendo vingada como merece. A gente não pode trazer ela de volta, mas pelo menos ele não vai machucar mais ninguém. Acabou.
e se abraçaram no tribunal ao sair a sentença de George Witkowski. O homem foi condenado a prisão perpétua, sem a possibilidade de liberdade condicional, segundo as leis do estado da Califórnia. , comandando a acusação, fez um excelente trabalho. Era um advogado promissor em um caso de grande repercussão, foi essencial na condenação de George. Ao término do julgamento, ele olhou de canto para a esposa e o cunhado e os viu emocionados. Sentiu uma sensação de dever cumprido. Seu primeiro grande julgamento. Mas acima disso, sabia que Liz merecia ao menos descansar em paz com seu assassino atrás das grades. Ele não podia ir até os dois para se juntar em um abraço, mas ver o homem sentenciado diante dos seus olhos era igualmente prazeroso.
E só mais tarde, quando deixaram o tribunal, os três decidiram ir até o túmulo de Liz, no cemitério local. se aproximou e colocou o buquê de lírios diante da lápide de sua irmã gêmea, e por mais que doesse muito estar ali, ela se sentia aliviada como não se sentia havia muito tempo.
- Nós conseguimos, a justiça foi feita, foi tudo por você - ela disse baixo, antes de se erguer e se juntar aos dois homens.
- Eu ainda sinto como se ela fosse chegar em casa e dizer que está bem - disse com a voz embargada, mexendo na aliança que ainda usava em seu dedo. Seus olhos estavam marejados.
- Ela está em paz e olhando pra gente lá de cima - tentou confortar o amigo, mas apenas assentiu. - Só não podemos deixar o Austin sem saber a pessoa incrível que a mãe dele foi.
- Ele não vai esquecer, eu não vou deixar - soltou um longo suspiro. - E nunca vou conseguir amar outra pessoa tanto quanto eu amo a Liz. Ela era única, muito mais do que eu queria, que sorte ter passado alguns anos com ela, meu primeiro e único amor.
e não ousavam tentar fazer pensar o contrário. Ele estava decidido a nunca mais se casar e eles respeitavam isso. Ambos sabiam que o amor dele era sincero e não diminuiu nos últimos dois anos. O admiravam por isso, mesmo que fosse triste saber que passaria o resto da sua vida sozinho.
- Será que a gente já pode ir? Não posso ficar pagando extra pra babá do Austin toda hora - perguntou e os outros dois assentiram.
Decidiram ir embora juntos. Conversar com uma lápide não fazia muito sentido para eles. Cada um tinha a sua dor pra carregar e o seu motivo para seguir em frente, mas os interesses em comum eram o que os mantinham unidos: o primeiro era Austin, é claro, o menino já tinha idade para entender que sua mãe tinha virado uma estrelinha; e o segundo era a ONG Holiday, que depois de dois anos voltaria a funcionar. A repercussão do caso gerou uma comoção geral e todos queriam ajudar. Os três estavam na frente do projeto, mas não estavam sozinhos, o projeto era que dentro de um ano, todos os projetos que Liz deixou para trás fossem concluídos. Decidiram não mudar o nome da ONG, porque ela não ia querer, embora quisessem rebatizar com o seu nome. Para Liz, a vida era um eterno feriado, e eles queriam fazer jus à memória dela.
Quando a Holiday voltasse a operar e fazer a diferença como antes, então seria apenas o início do resto de suas vidas.
Fim
Nota da autora: Sem nota.
Outras Fanfics:
>> 06. Moving Along
>> Ad Perpetuam Memoriam – They Don’t Know About Us
>> Fico Com Você
>> Love and Blood
>> Onde nascem os grandes
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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