07. One For The Radio

Finalizada em: 08/01/2022

Capítulo Único



— É isso que ele ia querer. – A voz áspera de Spencer atravessou a sala me despertando dos meus devaneios. – Você sabe disso, .
Grunhi, revirando os olhos.
— Não fale sobre o que ele ia querer, Spencer. Você não sabe nada sobre ele.
Dei uma olhada para cima e pude ver que ele me olhava, analítico. Inclinou a cabeça enquanto pensava e, para minha surpresa, sentou-se no chão gelado ao meu lado, com o terno caro e tudo.
— Posso não conhecer seu irmão como você, mas você e a banda toda sabiam que ele deu seu sangue por essa música, porque ele queria chegar a algum lugar. Ele queria ser alguém, ou então não teria se dedicado. Você sabe, , ele ia querer que as pessoas ouvissem a música.
Rangi os dentes para o hipócrita que ele era. Spencer Specter só ligava para o dinheiro que a música traria. Óbvio. Usar os talentos póstumos de para alavancar a banda de algum modo era mais que errado, era imoral. não receberia os créditos, não poderia receber os prêmios, nem gravar a porcaria da música em sua própria voz. Mas que droga, ele não poderia nem mesmo cantar a música em algum show depois, porque ele estava morto.
Eu poderia ter dito tudo isso a Spencer, mas só balancei a cabeça.
— Sinto muito, não posso concordar.
O produtor suspirou antes de se levantar, desistindo, mas eu sabia que essa luta estava bem longe de ser vencida.
— A gente ainda vai se encontrar, .
Dei uma boa olhada na sala de música abandonada depois que ele saiu, uma onda de tristeza caindo sobre mim mais uma vez. Já haviam se passado dois meses do acidente que tirou meu irmão de mim e as coisas não estavam muito mais fáceis que antes. A pressão para voltarmos a turnê, um novo álbum, sessão de fotos, nem parecia que nossa vida tinha parado. As pessoas pareciam se esquecer de com uma velocidade assustadora e eu não estava lá ainda.
Lembro de quando ele escreveu One For The Radio, do orgulho que sentiu, até porque a letra era realmente boa. Spencer não gostou da música na época, disse que era muito apelativa e não combinava com a estética do nosso álbum. desmoronou de infelicidade quando Spencer foi embora, mas eu estava lá.
— Hey, . A música é boa, ele vai mudar de ideia.
E, mesmo triste, sorriu para mim, apertando a minha mão.
— Eu sempre soube que levaríamos alguns nãos até conseguirmos um sim. – Ele olhou para baixo, e quando olhou para mim de novo as covinhas estavam ali. – Talvez ele mude mesmo de ideia no futuro. Com o preço certo. – Acrescentou, piscando para mim.
Sem a minha permissão uma lágrima grossa e pesada rolou pelo meu rosto sob o peso dessa lembrança, que foi há tão pouco tempo, mas parecia ter sido em outra vida. Ah, . Se você soubesse que o preço era sua própria vida. Que só foi preciso morrer para Spencer mudar de ideia e agir como se nunca tivesse recusado a música antes.
Hipócrita, hipócrita, hipócrita.
Escutei a porta abrindo e a cabeleira cacheada de J.J foi a primeira a passar pela porta, seguido de Sean e Reed. Limpei meus olhos rapidamente para não me verem chorando, mas J.J viu, e me deu um sorriso chateado quando se sentou perto da bateria a minha frente.
— Spencer foi embora. – Ele anunciou.
Sean ficou em pé, com a mão no bolso, e Reed sentou-se do meu lado no chão. Me ofereceu sua coca, que eu aceitei.
— Já foi tarde. – Murmurei, depois de um bom gole. – Obrigada, Reed.
, vamos respeitar qualquer coisa que quiser, mas me fala de novo porque não quer gravar essa música. – Sean soltou, sem conseguir se segurar.
Suspirei.
— Spencer não gostou da música quando veio mostra-la a ele! Por que ele quer agora? – Ninguém me respondeu. – Para vender uma história triste, Sean. Para conseguir dinheiro contando sobre um pobre vocalista que morreu em um acidente de carro antes dos vinte e cinco anos. – Mudei meu tom de voz. – “Que tragédia, mas aqui, escutem a última música que compôs. Eu odiei, por sinal, mas comprem, é a última, porque ele morreu e não vai escrever outra! ”.
Ignorando meu orgulho, comecei a chorar compulsivamente, e segundos depois senti três pares de braços me aconchegando, porque era isso que nós fazíamos, nos suportávamos uns pelos outros. E eu sabia, em meu íntimo, que todo mundo ali estava sofrendo, todo mundo sentia falta de e pelo menos a maioria deles concordava comigo.
Reed afagou minhas costas quando nos separamos, enquanto Sean saiu da sala para me buscar um copo de água.
— Gata, eu concordo com você em gênero, número e grau. – Disse J.J. – E eu acho que se dane a porra do Spencer e do que ele pensa. Eu acho que devíamos gravar. Pelo . Pelo legado dele.
— Sabe. – Disse Sean entrando na sala de novo e me estendendo uma garrafa – Talvez não precise ser sobre dinheiro.
Reed sorriu ao meu lado.
— A gente pode gravar sem isso. A condição de gravar a música vai ser que queremos doar toda a grana para alguma causa em que acreditava.
— O Instituto Ghaham Center! – Dissemos ao mesmo tempo.
Era um insituto voltado para órfãos que tinham o objetivo de aprender instrumentos musicais, e todos os anos, há sete anos, fazíamos doação a eles. Precisavam de professores voluntários, mas também de instrumentos e um espaço legal para a aprendizagem, e acho que foi um dos projetos mais legais com os quais me envolvi. Ano passado um dos alunos chegou a conseguir bolsa em universidade apenas com a música, e isso encheu o coração de de orgulho.
Sorri, de um jeito meio triste.
— Spencer nunca vai concordar com isso.
Reed deu de ombros.
— Tô meio de saco cheio do Spencer.
Sean assobiou.
— Não só você, amigo.
J.J. sentou-se na sua banqueta atrás da bateria e com a cabeça pediu para os meninos pegarem seus instrumentos.
— Tá esperando o que para pegar aquele microfone, ? – J.J gritou, o que fez os meninos entenderem o que ele queria.
— Eu não ligo para o que o Spencer acha, mas acho mesmo que deveríamos fazer isso por ele, pelo . O que você acha? – Reed falou para mim, com a guitarra ao redor do pescoço. Ligou o microfone mais próximo e colocou na minha mão. – Mostra para ele como você faria. Eu sei que ele vai ouvir.
Com os olhos embargados fui até a frente da sala com o microfone na mão, com uma ideia totalmente nova na minha cabeça. Se Spencer não faturar um único centavo com essa música, a gravação valerá totalmente a pena. No fim, ele tinha razão, era isso que queria, que todos ouvissem a música. Era apelativa, dramática e talvez não fizesse mesmo nosso estilo, mas por ele eu fazia qualquer coisa.
Nós quatro estávamos prontos para enfrentar isso. Enfrentar a mídia, a pressão e Spencer, mas faríamos tudo como gostaria. E depois da contagem feita por J.J na bateria, foi minha deixa para gritar a música que meu irmão compôs para o mundo:
Here's another song for the radio!




Fim!



Nota da autora: Espero que tenham gostado!




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