07. The Sweetness

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

I was a child
Unbruised
No pain
I was a child
Flawless
No shame

O pequeno nunca imaginou que poderia chegar aonde ele está hoje. Na verdade, o pequeno nunca nem sonhou que metade do que aconteceu com ele ao longo dos anos aconteceria. Ele queria viver tantas coisas que o adulto já tinha perdido as esperanças de viver.
Minha família me deu uma vida confortável. Não tínhamos tanto dinheiro, mas tínhamos uma posição financeira que não nos deixava passar necessidades e bancava um luxo uma vez ou outra. Meus pais completamente diferentes um do outro, porém me mostravam que davam certo. Éramos uma família feliz e se quiséssemos poderíamos estar em uma televisão vendendo margarinas.
No princípio, eu era o menino de ouro da família, o orgulho dos pais e o exemplo para os primos mais novos seguirem. Em algum momento da minha trajetória de vida todo esse encanto se quebrou. Sempre fui filho único e isso não era um problema. Meus pais sempre me deram carinho e atenção. Tinha tudo para ser genuinamente um sucesso se eu não tivesse ido para o lado obscuro da força.

When the darkness creeps
Into your basement
When the darkness
Takes it all away agai

Não sei se foi na quarta ou sexta amante do meu pai que eu perdi a fé no amor ou se foi quando eu me dei conta de que minha mãe era muito deixada de lado pelo seu marido. De qualquer modo o estado atual do casamento deles era deplorável. Ambos se toleravam. Se havia amor ali ainda, não o reconhecia mais. Sei que em algum ponto da vida deles aquela união tinha acabado, mas ainda assim estavam casados pelo bem das aparências e status que deveríamos manter no nosso meio familiar e no bairro.
O meu escape para todos os problemas desde adolescente era ser rebelde. Mas eu era rebelde até um ponto. Ainda era o melhor aluno, por chantagem apenas já que obrigava eles a me recompensarem por cada nota boa. Ainda mantinha as aparências de filho perfeito sob a mesma chantagem. É claro que a minha mãe era a minha rainha, porém isso não me impedia de confrontar o meu pai sempre que podia. Sim, eu era o clássico bad boy de livros e filmes. Cigarros, tatuagens e jaqueta de couro que sempre tinha uma moto a tira colo. Todos esses itens conquistados através do meu astuto poder de negociação. A bebida era um quase problema, tudo dependia do quanto eu queria esquecer dos problemas naquela noite. Não era difícil arrumar uma mulher ou mais por noite. Em algumas épocas era de se espantar como ninguém ainda tinha batido lá em casa para me entregar um bebê não planejado.
Quando a família pedia o teatro da perfeição eu dava e fora das câmeras eu surtava. Era um milagre eu ter me formado na faculdade e em vários momentos era um milagre eu continuar vivo. Assim como era um feito extraordinário, eu advogar de vez em quando em causas que me interessavam, mas que irritavam meu pai completamente porque provavam a ele o meu desprezo pelos negócios da família.
As minhas amizades não eram as melhores também. Todos os caras certinhos que andavam comigo na época de escola se afastaram depois que fiz as minhas primeiras escolhas duvidosas. A maioria dos meus amigos atuais eram alguns da faculdade que insistiam em me ver como uma boa pessoa e uns outros que não eram meus amigos, mas não dispensavam uma noite de baderna comigo em um canto mais mal-encarado da cidade. É como eles mesmos diziam: eu sabia como ser a alegria da festa.

When the sweetness seeps
Into your bloodstream

A noite em que conheci a minha foi um divisor de águas. Não só pelas circunstâncias em que eu a vi pela primeira vez, mas também porque eu já havia decidido que não queria mais estar ali no meio daquela gente e vivendo uma vida que mais me dava dores de cabeça do que alegrias de fato. Havia um vazio em mim que essas coisas conseguiam preencher, porém tudo aquilo não me enchia mais. No fim de cada festa, transa ou cigarro eu ainda era a mesma pessoa conturbada de antes.
Nosso encontro foi a coisa mais inusitada que já vivi. Era um grande caso de lugar certo na hora certa para ambos. No começo, a realização do impacto que nós causamos em nossas vidas era demais para mim. Eu tinha ido ao pub para encher a cara e arrumar alguém. Sai do estabelecimento para comprar um maço de cigarros novo e ao voltar, meu caminho abruptamente se cruza com o dela.
Eu não sonhava conhecer alguém como naquela noite. Não sonhava que iríamos parar no melhor hospital da cidade, não sonhava que sua melhor amiga fosse uma modelo em ascensão, não sonhava que seu pai fosse um senador importante, não sonhava em descobrir que aquela mulher poderia ter sofrido tamanha violência.
Em pouco tempo fui acolhido pela família Van der Waals de um jeito que nunca pensei que seria. O pai de nunca me olhou esquisito por conta do jeito que me visto ou pela a minha moto e nunca julgou todos os rabiscos, como a minha vózinha dizia, que eu tinha em minha pele. Já Louisiana era como um raio solar, mesmo em dias tempestuosos trazia em si um arco-íris de sentimentos felizes e grandiosos. Dava para entender bem o porquê de a ter como sua melhor amiga e irmã de vida.
Demorou um pouco para que e eu nos entendêssemos. Ela estava arisca a estranhos, principalmente os do sexo masculino. Era compreensível que no nosso segundo encontro ela não fosse a pessoa mais simpática do mundo. O que aconteceu com ela foi duro demais, desumano demais. Com todos os meus defeitos e vícios eu jamais faria algo de tão cruel com outra pessoa.
Ela levou o tempo dela para compreender o que eu realmente representava na sua vida. Apesar de não ser a minha intenção continuar a fazer parte do seu núcleo familiar e de amizades, o pai dela e sua amiga não pensavam assim. Eles insistiam em me incluir em diversos programas deles na tentativa de que um dia quisesse participar e então me conhecesse. Porém nosso encontro real só veio no dia do seu aniversário. Eu sabia que não seria fácil e reconhecer isso não me ajudou a ficar menos nervoso. era como um ser divino que nunca se revelava para mim, tudo o que eu conhecia era de suas redes sociais – que ela não usava mais desde o ocorrido – e o que seus familiares mais próximos me contavam e mostravam com fotos. Então eu ansiava por vê-la em minha frente do mesmo modo que as pessoas a viam: real e cheia de vida.
Quando a vi não teve como não a admirar mais ainda. emanava uma força característica de uma fênix. Tudo nela dizia que era uma fortaleza em pessoa, talvez uma princesa que escolheu se esconder em uma torre alta do castelo naquele momento, mas algo também me dizia que se eu batesse na porta por tempo o suficiente ela me receberia para uma visita e finalmente eu conheceria o quão belo eram os átrios e galerias do seu aconchegante coração. O brilho no seu olhar que pedia por mais momentos de genuína alegria em meio ao seu caos interno, os seus lábios esculpidos no que parecia ser uma rocha reluzente – efeito de um bom gloss, segundo o que Louisiana contou durante a primeira refeição que dividimos como família mesmo sem sermos uma ainda – que se moviam para proferir palavras cheias de atitude e certeza. Enfim tudo nela era poético e atraente. Exatamente como me contaram e eu quis acreditar que seria.

Pill with a smile
Controls your brain
Think for a while
Are you still sane?

Poderíamos ter nos conectado naquela madrugada no meio da rua de um bairro duvidoso da cidade, mas depois desse aniversário dela foi que realmente nos unimos em amizade. Era uma amizade sincera e pura de ambos os lados. Aparentemente nossas almas eram feitas da mesma matéria, somente ela poderia me compreender tão bem e apenas eu era capaz de entender o quão quebrado um ser humano poderia ser. Portanto com jamais houve decepção. Ela sempre entregava o que prometia, fosse o que fosse, e sempre estendia a mão para me acolher de um jeito que sabia que era de família. Afinal esse tipo de comportamento além de ser nato dela, foi ensinado a ela pela sua falecida mãe e reforçado pelo pai.
Com o passar dos anos ela cresceu em todos os sentidos. A vi, com muita ajuda externa em várias sessões de terapia, juntar os seus pedaços para continuar seguindo em frente. Tive o privilégio de estar na primeira fila em suas maiores conquistas profissionais e pessoais. Ao ponto que eu a vi se tornar uma nova pessoa de mesma essência, porém com uma nova forma, com mais espaço no coração para bondade, empatia e compreensão, especialmente por outras meninas que passaram pelo mesmo que ela. Se antes já era uma mulher virtuosa, agora ela havia alcançado o patamar mais utópico para mim.
No entanto, enquanto continuava a florescer, eu ainda estava lá do mesmo jeito de antes. Ainda era um adulto com comportamentos infantis quando o assunto eram os seus relacionamentos familiares. Ainda deixava-me ser um adolescente mimado e birrento que não se conformava com nada na vida e agia por impulsos autodestrutivos para consigo mesmo. Ainda buscava consolo e distrações em atividades que mais me machucavam do que me traziam algum conforto.
Porém por ter em minha vida, certas coisas eu não cometia mais. Não era mais o cara que encontrava afago nos seios de várias outras mulheres por noite, não era mais o cara que sempre dirigia sob efeito de álcool sem nem pensar que poderia morrer. Não conseguia mais rir das mesmas piadas insensíveis que ouvia nos vários lugares que passava. Aos poucos e sem mim mesmo me dar conta, estar próximo a ela e seus familiares e amigos estava me fazendo bem.
O que me matava era minha natureza selvagem que criei para mim mesmo. A pose de blasé que tinha, se sustentava até eu me ver envolto de uma atmosfera que não me dava o menor tesão por continuar vivo. De um modo ou de outro meu coração se lembrava de em horas que eu cometia atos autodestrutivos. Chegava no ponto d’eu entrar em lugares apenas para sair deles, pois já não me via mais ali fazendo parte de nenhuma atividade que era costume. Não me levem a mal, eu ainda queria ir a um bom pub para me divertir, só não queria mais ser desenfreado, não queria mais estar buscando a resolução de anos de problemas em incontáveis atitudes ruins para mim e que magoavam a quem eu amo.
Cada vez mais ter ao meu lado demonstrando que era muito possível seguir em frente me contagiava porque tudo nela me fazia sentir que eu era uma mariposa em busca da luz. Queria não me deixar levar por nada do que eu a via fazendo, mas isso era impossível. Com a nossa convivência se tornando cada vez mais constante, eu passei a admirá-la por coisas que via e ouvia diretamente dela.
Era impossível não se apaixonar por Van der Waals. Não tinha como não amar o seu jeito belo de ver a vida, a sua força para continuar a ver o lado bom de todos – mesmo depois de tudo o que já passou –, a sua beleza ao colocar as roupas mais simples, a sua habilidade manual em fazer as coisas mais belas e delicadas com as suas próprias mãos, o seu carinho por cada aluno que tinha, a sua paixão por ler e conhecer outros universos literários, sua alegria em passar momentos cercada pelos seus familiares, o seu jeito de lidar com qualquer compromisso político do pai que ela não queria, enfim... Tudo nela era incrivelmente amável e não tinha como eu fingir que não estava apaixonado por essa mulher extraordinária.
Quando criança posso até ter pensado que gostaria de ter uma família como a minha. Ser um bom marido para uma esposa maravilhosa que eu teria e ser um pai muito bom para os meus filhos, assim como eu via todas as manhas meus pais agindo comigo e entre eles. Ao crescer e ver que não era bem assim, fiquei desconfiado de todo e qualquer afeto desse nível. Passei a não querer estar com ninguém por ter medo de não conseguir fugir dos moldes do que meu pai era, por ter medo de subjugar minha amada as minhas necessidades e por estragar minha prole com as consequências dos meus erros dentro do seio familiar que eu construíra. O medo de ver que na verdade eu era uma cópia do meu pai era muito grande. Não poderia arriscar em seguir os seus passos. Então descontar todo e qualquer sentimento que surgisse desse ponto em atividades duvidosas eram a minha escapatória.
com toda a sua paciência e sabedoria me acolhia sempre que eu fugia para o seu encontro em noites em que já não via mais sentido em estar no meio de gente estranha enquanto tentava fingir que não tinha problemas e que esse personagem era quem eu sempre fui.
A primeira vez que eu bati em sua porta de madrugada e fui atendido por foi inesperado até para mim mesmo. Eu simplesmente vi uma mulher vindo para cima de mim e não sabia exatamente o motivo pelo qual eu disse o que disse, mas o não dirigido a ela veio com a seguinte frase: “Na verdade, estava esperando minha namorada, mas ela não está se sentindo bem, então eu vou encontrá-la.” Quando dei por mim estava tocando a campainha de sua casa as três da manhã.
Desde esse dia em diante, eu me via correr para a casa de em todos os momentos que me sentia desconfortável durante a noite. Principalmente depois do meu incidente em uma festa. No calor do excesso de bebida, ao beijar uma mulher aleatória que, a princípio, me senti atraído, vi . Não era a minha amiga em carne e osso, era ela no fundo da minha mente e dentro do meu coração. Enquanto eu beijava uma mulher que mal sabia o nome, via lá. Via meus momentos felizes com e me sentia sujo. Sentia que não merecia fazer isso com ela. O que era um sentimento muito esquisito para mim, já que até então via a Van der Waals apenas como uma boa amiga, a melhor amiga que já tive durante toda a minha vida. Nessa madrugada eu fui em busca de , mas dei de cara com Louisiana.
, o que você está fazendo aqui no meio da madrugada? — Foi a primeira coisa que ela me disse ao abrir a porta e dar de cara comigo em um estado desorganizado dado a minha confusão e pressa para chegar ali.
— Eu quero falar com a , Loulou. — Nós já tínhamos intimidade o suficiente para que eu já tivesse o direito de chamá-la pelo seu apelido.
— Não nesse estado. Não vou deixar você entrar aqui assim. — Ela foi firme em me barrar e realmente era necessário. Eu cheirava a uma combinação de cigarros e bebida além da minha aparência ser a de uma pessoa que tinha participado de uma boa baderna.
— Por quê? Só quero ver a . — Disse como se fosse óbvio. Sempre gostei de Louisiana. Ela sempre foi direta comigo, nunca criou rodeios, assim como . Mas Loulou tinha um espírito livre e uma mente aberta, e apesar de não transparecer tanto era uma eximia defensora de quem ama.
— Eu sei, mas não nesse estado. Você bebeu mais do que deveria e está com uma pressa absurda. Primeiro, eu preciso saber o que houve, depois eu decido se é seguro você encontrar com ela. — A mulher parada bem na minha frente cruzou os braços e seu semblante dizia que ela estava pronta para ouvir qualquer coisa que eu dissesse.
— Beijei uma mulher na festa. — Sem entender o motivo exato, admitir isso a ela me doeu. Provavelmente minha feição entregou como me sentia, pois Louisiana me abraçou em vez de tratar essa frase como algo bobo. Ali em seu abraço, eu me permiti chorar. Sem ter entendido bem o que fazia deixei que meus sentimentos me tomassem.
Loulou, então, me convidou para sentar-se ali nos degraus de entrada da casa ao seu lado e me ofereceu o seu ombro amigo para que eu desabafasse de uma vez.
, não precisa ficar assim por um beijo. Não tenho dúvidas de que esse não foi e nem será o seu último beijo em uma festa. Como eu não estou entendendo nada preciso que me explique bem o que tudo isso significa.
— Eu beijei uma mulher na festa, mas vi no fundo da minha mente.
Toda a minha vida foi baseada em evitar esses sentimentos amorosos, pois para mim eles levavam a uma vida ruim. Existiam mil coisas rondando a minha mente naquele momento e todas elas me deixavam mais confuso ainda.
— Opa... Isso é uma novidade e tanto, hein garotão? Aposto que você está perdido e veio parar aqui né.
— Mais ou menos. Eu só quero conversar com ela para entender isso. Por favor.
— Meu amigo, eu adoraria deixar você passar por aquela porta, mas hoje não será esse dia, sabe? Não posso deixar você levar essa confusão toda para a minha amiga, principalmente quando tenho uma ideia do que está acontecendo aí dentro de ti.
— Ótimo... então me diga. Eu não aguento mais essa dor de ter feito o que fiz. Quer dizer, foi só um beijo. Eu nem estava pensando nela, Louisiana, eu não queria ver a ali. Você acredita em mim, né?
— Sim, . Eu acredito muito em você.
Louisiana tinha algumas coisas em comum com e uma dessas coisas era sua honestidade, de modo que não havia dúvidas de que ela acreditava em mim tanto quanto .
— Então me ajuda a entender o que está acontecendo. Eu já não sei o que pensar mais.
— Eu diria que você não está pensando muito ainda, mas vou ser uma boa amiga e te direi como eu vejo toda essa situação.
— Por favor.
— Você ainda não se deu conta, mas está apaixonado pela , está encantado por ela. Não te julgo porquê de fato minha amiga é apaixonante. É apenas isso que você está sentido e ainda não percebeu completamente. — A leveza do seu tom de voz ao me afirmar isso não tirou o peso que cresceu no meu coração. Se antes havia uma urgência em mim para entender aquilo, agora com essa clareza de sentimento, eu não tinha escolha a não ser sentir o peso dos meus sentimentos e ações plenamente.
— Talvez seja muito para você pensar agora, mas preciso te avisar de uma coisa muito séria sobre tudo isso porque eu não tenho como saber se teremos outro momento como esse aqui. Já aviso que falarei bastante e não garanto que serão palavras de conforto, porém são coisas que você precisa ouvir.
— Diga logo então.
é uma mulher forte que sabe lutar pelos seus sonhos e que, principalmente, sabe o seu valor melhor do que todo mundo que eu conheço. Justamente por isso eu já te aviso e reconheço que não é improvável, impossível ou ridículo se apaixonar por ela. Na verdade, essa é a coisa mais fácil que tem. — Louisiana olha para o céu como quem pede forças para algum ser divino. Era visível que tinha muito a dizer e buscava a melhor maneira para fazê-lo. — Portanto para ser justa contigo e te dar uma chance de entrar no jogo sabendo das regras, preciso dizer que não gosta de caras sem perspectiva de vida. Não é uma informação que é tão surpreendente para ti, mas saber disso enquanto amigo é uma coisa, agora saber disso quando se nutre um sentimento pela pessoa tem um peso novo. — Ela umedeceu os lábios em uma pausa que durou segundos, porém para mim era uma eternidade. — Eu te adoro de todo o meu coração, mas não posso permitir que vocês se machuquem desse jeito. Eu vejo muito potencial em ti, em vocês como casal também. Tenho certeza de que vai ser algo mágico se isso um dia acontecer. Mas você deve ter certeza de que é isso que quer, não pode tratá-la como mais uma conquista, não pode brincar com os seus sentimentos. , eu sei que tu sabes que ela é especial. A é especial demais para mim e não quero vê-la passando por momentos difíceis. Ela não merece isso, assim como você não merece, porque, na verdade, ninguém merece passar por momentos duros na vida. Então, por favor, se for investir nisso, saiba muito bem o que está fazendo. De novo, eu te digo que te adoro, do fundo do meu coração, mas nessa história escolho a quantas vezes for preciso.
Eu queria dizer que ela estava errada, só que não tinha como. Ela estava mais do que coberta de razão. A forma como ela me disse tudo o que eu precisava ouvir e ao mesmo tempo reafirmou sua lealdade a sua amiga foi muito bela e honesta. Sentia todo o seu apreço por mim, no entanto ela tinha um compromisso de uma vida inteira de afeto com , algo que eu jamais atingiria, portanto era muito belo ver o quanto elas se apoiavam e cuidavam uma da outra. Ali não haveria espaço algum para divisões ou conflitos. Era um relacionamento que transcendia tudo o que pensei que ser amigo fosse. Elas eram a família uma da outra. Por isso, reuni, com o pouco de clareza que tinha dado o álcool que percorria as minhas veias, palavras que pudessem de algum jeito traduzir pelo menos parte do que se passava no meu coração quando se tratava de naquele momento.
— Hmmm... Você sabe que eu gosto muito da . Só ela me entende e me conhece como poucos que já tive a oportunidade de conviver. Eu não sei ainda como me sinto de verdade em relação a tudo, mas quero que você saiba que eu levo a sério todo o meu relacionamento com ela. Podemos ser apenas amigos agora e talvez depois pelo resto de nossas vidas, porém é algo sincero como sempre foi. Eu sei bem os meus defeitos e erros e tudo mais. Só quero que você saiba que jamais se comparou a nenhuma dessas mulheres que eu beijei ou beijo nessas noites de festa. Ela está em um patamar tão alto que só de ousar sentir algo por ela me deixa mal, pois eu sei o quão sujo sou perto de toda a pureza dessa mulher. Também sei que ela tem os seus erros e defeitos, como qualquer um, mas nada que ela faça ou já fez a mim tem um pingo de mal intenção ou sentimentos malignos. A inteligência dela me insulta todos os dias que nós conversamos porque me provoca a buscar modos de estar à altura dela e a entender mais sobre o mundo em que vivemos. Não posso nem comentar sobre a beleza de . São traços únicos, de uma precisão e perfeição que só pode ser justificado pela existência de um ser divino para criar uma obra-prima em forma de ser humano. Então, Louisiana, eu sei que o seu discurso é o que eu precisava ouvir, e acredite em mim quando digo que levarei para sempre no meu coração as suas palavras. Qualquer decisão romântica que eu tomar será com plena certeza de que eu sou capaz de estar inteiramente com porque eu a amo acima de tudo.
Sim, foi uma enxurrada de palavras e sentimentos, mas era tudo o que eu tinha para dizer. Tudo era genuíno, desde a minha confusão de sentimentos até as confissões sobre o que pensava da Van der Waals. Louisiana apenas me abraçou e confirmou que estava certa sobre eu ter um ótimo coração. É claro que ela me consolou mais um pouco. Reuni a pouca coragem que tinha e me mandei para casa assim que estava mais calmo.
Dali em diante todos as demais vezes que apareci ali na casa de de madrugada foram diferentes. Em alguns momentos cruzava com seu pai, Loulou e até mesmo Dorothy. Ela me acolhia, conversávamos até amanhecer ou até alguém pegar no sono no meio do papo – geralmente era ela e eu passava o resto da noite admirando-a em seu sono e me questionando como eu poderia ousar amar um anjo. As vezes ela me recebia e perguntava se queria algo além da sua companhia, se eu disse que não ela deixava que eu ficasse ao seu lado em silêncio, apenas degustando de sua companhia e absorvendo a paz que o seu quarto de paredes azuis me trazia.
Em um dado momento decidi que não era mais inteligente fingir que não sentia nada além da amizade. Eu queria que fosse mais fácil, mas parte de mim ainda não se via pronta para largar o meu porto seguro, por mais torto que ele fosse, para arriscar nossa amizade em um relacionamento. Ainda faltava algo em mim para que eu fosse completo e, portanto, pudesse me doar a ela por inteiro, como ela fazia comigo em nossa amizade. Então o máximo que eu fazia era soltar frases de duplo sentido só para testar as reações dela. Ela sempre levava na esportiva e eu a deixava pensar que era só uma grande brincadeira pelo bem de nossos corações.
Tudo tem um começo e um fim. A primeira vez eu pedi permissão para ficar e ela aceitou foi porque eu estava transtornado depois de uma briga com o meu pai somado a umas bebidas de uma festa aleatória. Nossa relação não tinha segredos então ela já sabia do meu potencial autodestrutivo quando eu estava magoado. A gota d’agua foi ouvir ela dizendo para mim uma gama de verdades que sempre me recusei a escutar. Sempre fui capaz de ouvir, no entanto não escutava nada. Naquela madrugada eu escutei. A vida medíocre que me resignei não seria mais parte de mim, o mal que isso causava a mim e a todos a minha volta tinha que acabar. Portanto, a última vez que eu fiquei lá foi apenas para ter certeza de que a teria comigo independente de quem eu fosse.
Let me go back to the start
(Oh) Let me try and make my mark

Doeu em mim simplesmente sumir por semanas sem dar notícias para ela diretamente. Assim como deve ter doido em Louisiana e Paul Van der Waals fingirem que não sabiam do meu paradeiro. Fiz até minha mãe e o cretino do meu pai não contarem nada a ela caso houvesse uma procura por informações. Era necessário que fosse desse jeito para mim, não podia dar a chance a ela de me convencer a ficar, embora eu soubesse que por mais que isso fosse o seu desejo ela jamais me pediria justamente por entender o tamanho do processo que eu enfrentaria.
O outro lado do mundo era muito diferente do que eu já tinha vivido. Com a ajuda do pai da , consegui uma vaga em uma pós em uma faculdade de direito. De cara já arrumei um bom terapeuta que me atendia uma vez por semana. Foram os três anos que mais me doeram na vida, pois antes eu achava que tinha algum controle e consciência do que estava fazendo, porém só depois de ter começado a terapia eu de fato compreendia o que tinha feito da minha vida. Havia coisas pelas quais o arrependimento era inevitável e o processo de perdão próprio também foi duro. Pouco a pouco fui recobrando as rédeas de quem eu era e me vi abandonando os vícios do cigarro e bebida. Praticava mais frequentemente esportes, me dedicava em aprender a língua do país que me hospedava e procurava evoluir como pessoa. Foi uma jornada necessária para mim acima de tudo. Uma jornada que me levou a clareza de vida que eu tanto precisava. Das coisas boas que retive do meu passado doido fiquei com , seu pai e Louisiana. Tinham sido como uma família para mim desde o começo então com certeza não os abandonaria.
A saudade de todos era enorme, principalmente as minhas saudades de . Estando longe já não podia aplaudi-la ao vivo ao saber de suas conquistas, mas dava o meu melhor mesmo com o abismo que nos separava. Em três anos de não comer bolos ou cantar o velho “parabéns para você” nos aniversários dela não me impediram de comprar os presentes. Durante o primeiro ano, acumulei uma pequena quantidade de itens de papelaria que eu simplesmente não resistia e comprava apenas porque me lembrava dela. No segundo ano, eu comprei um moletom da minha universidade só para ela, porque já me lembrava com muito afeto da nossa última conversa. No terceiro ano, ousei e comprei logo um anel de noivado, pois eu lembrei da minha conversa com Louisiana. Sempre amei . Sempre foi amor entre nós. Sempre foi esse sentimento puro de entrega e grande carinho mútuo. Meu coração ardia de saudades de vê-la e doía por ter escondido dela os meus sentimentos mais sinceros e profundos.
Portanto antes de voltar deixei que todos os meus sentimentos ficassem registrados em uma carta para . Fiz do papel e caneta os meus amigos naquele momento em que abri o meu coração. Tentei da melhor maneira possível dizer o quanto a amava, o quanto eu sentia por não ter tomado um jeito antes, o quanto ela tinha importância na minha vida, o quanto eu a apreciava, o quanto eu não merecia metade do afeto que ela me dava, enfim, o quanto ela sempre foi areia demais para o meu caminhãozinho. Enfatizei que agora era um novo homem, um homem melhor, não só por ela, mas porque finalmente havia entendido a importância de existir como uma pessoa melhor para mim mesmo. Então, não poupei detalhes de tudo o que precisava que ela soubesse, principalmente que soubesse o que todos os presentes, especialmente o anel, significavam para mim.
Genuinamente cheguei ao meu país pronto para acertar vários relacionamentos meus, então não a avisei logo que estava de volta. Novamente evitei ela por um tempo usando a desculpa de que tinha muito trabalho do curso para me ocupar, mas na verdade eu estava perambulando pela cidade buscando uma nova casa para mim, tendo conversas sérias com as pessoas importantes para mim como os meus pais. Provavelmente a conversa mais dura foi com o meu pai, confrontá-lo e ouvi-lo e partilhar o meu ponto de vista foi muito difícil. Foi uma conversa doída e pesada, mas que me deu alívio. Cheguei ao ponto em que não deixava as atitudes dele refletirem tanto em mim, não haveria uma mudança da parte dele então me comprometi a manter um relacionamento mais cordial do que tínhamos antes. Eu não faria vista grossa aos seus péssimos comportamento, mas também não tornaria qualquer atitude errônea dele como um atentado pessoal a mim quando não era. Com a minha mãe foi duro também. Tinham tantos sentimentos que não podiam ser escondidos dela e não foram, todas as palavras proferidas por nós vieram de lugares muito sinceros em nós mesmos. Em muitos aspectos a minha posição seria de “vamos concordar em discordar” para que ninguém fosse magoado desnecessariamente. Em alguns aspectos não era a melhor tentativa de reaproximação, mas perto de quem era antes, o fato de apenas conseguir ter essas conversas já era um grande passo para mim e para todos que me cercavam.
O encontro com foi muito significativo. Ela estava tão bela comigo já sabia estaria. O dia tinha um tempo ensolarado que apenas ressaltava o brilho de sua pele e lhe dava uma cor a mais em seus olhos. Ao mesmo tempo que ela era a mesma, podia ver alguma coisa ou outra que me entregava que a passagem de tempo a tinha atingido de forma mais branda fazendo com que ela não aparentasse tanto a ter a idade que tinha. O evento que ocorreu naquela madrugada foi a cereja do bolo que eu tanto buscava. A vida sorriu para mim mesmo depois d’eu ter feito tanto contra ela e por essa chance que me dava eu seria eternamente grato.
When the sweetness
Makes you love your life again

Daquele dia em diante, nós não nos desgrudamos. Recuperamos todo o tempo perdido vivendo um relacionamento que nos era adequado. Ambos concordamos em seguir um tipo de relacionamento diferente do que a maioria das pessoas tinham ao escolhermos em não praticar sexo antes do casamento. Eu já tinha um anel para ela e com algum tempo depois de namoro ela aceitou que aquele anel finalmente tivesse o seu real significado. Obviamente eu fiz um novo pedido, algo íntimo que apenas fosse nosso e tivesse um significado diferente para a nossa história.
Ao vê-la de pé, totalmente arrumada, com um vestido branco com os mesmos bordados coloridos do vestido em que eu a vi pela segunda vez, usando maquiagem e sapatos de salto, véu e um buque de girassóis, suas flores favoritas e as que dei em seu aniversário quando nos vimos pela segunda primeira vez, foi como ver um anjo em sua forma final. Lembrei que ao vê-la pela primeira vez desacordada em meus braços foi assustador e continuou sendo quando a vi em um leito de hospital, mas agora ela estava muito mais linda do que eu jamais achei que teria a honra de vê-la. Então era impossível não soltar lagrimas ao assistir minha amada caminhar ao meu encontro no altar.
Para ser algo especial para ambos, nós dois decidimos não revelar nossas roupas um para o outro. Ela usaria o que quisesse e eu também, a única regra era que nós nos veríamos no altar na hora e data marcada. Portanto se eu estava surpreso ao vê-la com a sua versão de noiva, ela também se surpreendeu com a minha escolha de trajes. Não pude deixar passar a chance de usar a minha companheira de tantos anos ruins e bons, a jaqueta de couro que estava usando quando a conheci e quando a revi. Todo o resto era de um bom terno se não fosse a jaqueta. Ela obviamente reconheceu a peça de roupa e não foi capaz de conter a sua surpresa na forma de um sorriso emocionado. Não era preciso dizer que nós dois tivemos uma cerimônia repleta de emoção para todos os que estavam ali.
Do nosso modo demos um jeito de incluir os votos tradicionais em nossos próprios votos. Se eu achava que estava vivendo algo digno de um sonho por apenas ter ela ao meu lado ouvindo as belas palavras do líder religioso de nossa escolha, com certeza não estava nem um pouco preparado para descobrir que os seus votos sairiam de um envelope de carta que estava escondido em um bolso do seu vestido.
— Querido , há alguns anos nós nem sonhávamos em nos conhecer. Uma infeliz circunstância faz com que nossos destinos se cruzem, anos de amizade e companheirismo nos trazem até aqui, ao altar. Você escreveu uma carta derramando o seu coração para mim há um tempo e apesar de não ser segredo algum para ti e por consequência a todos os que estão presentes nessa cerimônia, o quanto eu te amo, como uma boa mulher apaixonada não poderia perder a chance de fazer o mesmo por ti. Essa é uma carta de amor para demonstrar a você o quão grande é o que sinto. Nunca haverá combinação de letras que formam palavras que geram frases que originam discursos completos que sejam capazes de expressar o tamanho do espaço que o seu amor ocupa no meu coração. Sou mais forte porque você é mais forte, sou mais amada porque você está em minha vida, sou mais eu em sua presença porque você é tão verdadeiro comigo. Os meus cacos você ajudou a juntar, os seus cacos eu ajudei a juntar e se hoje somos essa obra-prima é porque nós construímos com muito apreço e respeito. Nosso amor só pode florescer porque desde o princípio era puro como sei que ele permanecerá através dos anos que virão. Mal posso esperar para que você me orgulhe sendo o melhor pai do mundo para nossos futuros filhos, assim como não vejo a hora de ser a melhor mãe para eles. Talvez nada dessa carta esteja muito coerente, mas se caso isso esteja acontecendo peço que leve como um elogio afinal essa escrita desordenada revela a bagunça que é ter você tomando conta dos meus pensamentos da melhor maneira possível. Ah, não seria uma carta de amor se eu não pudesse dizer isto: durante toda a minha vida eu esperei um homem que correspondesse as minhas irreais expectativas sobre o que o amor seria. Você apareceu, não sendo nada do que eu queria e mesmo depois do tempo que estivemos longe você ainda não era nada do que eu pensei que queria quando voltou, porém você sempre foi o que eu precisava. Não sei como te agradecer por tudo o que vivemos, mas quero que você saiba que continuarei a dividir minha vida contigo sendo fiel, sincera, amorosa e estando sempre ao seu lado na riqueza, na pobreza, na saúde, na doença, em todos os momentos de vida até que a morte nos separe. Eu te amo de todo o meu coração. Com todo e mais profundo amor que tenho, sua querida esposa, .
Não tinha a menor condição de esconder os meus sentimentos por ela e o tamanho da minha emoção ao ouvir as suas palavras. Não era o momento de não derramar lágrimas de alegria, contentamento e alívio ao ver tudo o que vivi com aquela mulher só serviu para nos aperfeiçoarmos como indivíduos e como casal. Nada tiraria a marca que aquele dia deixou em mim de forma literal até já que na festa contratamos o estúdio do meu tatuador de confiança para tatuar os convidados que estivessem dispostos a levar uma lembrança mais moderna do dia, além de um livro que tinha escrito com vários poemas.
A nossa primeira dança foi ao som de Clair de Lune de Debussy. O discurso de madrinha e padrinho foram feitos pela Louisiana, já que nós dois devíamos muito do nosso relacionamento a ela, então foi divertido ver ela colocando uma jaqueta de couro por cima do seu vestido para simbolizar estar do meu lado. Nós como noivos só deixamos a festa no final mesmo, pois estávamos em família e realmente nos divertindo de um jeito incrível, ao ponto de não querermos perder nada.
A lua de mel foi mais que perfeita. A decisão de não transar antes do casamento foi mútua, pois ambos vemos o sexo como algo muito mais do um contato carnal. Eu já vinha não praticando isso desde que me vi amando e ela se preservava por seus próprios motivos. Então essa decisão não foi estranha para nós, no entanto não significa que em vários momentos nós não tivemos que tomar exaustivos banhos de água fria ou pensar em coisa embaraçosas para ludibriar a mente. Foi difícil, mas vencemos juntos após passarmos por um dos melhores momentos de nossas vidas. O que tornou a nossa primeira noite muito mais especial e marcante, pois todo o nosso amor passou a ter mais uma forma de poder ser demonstrado.
Quase um ano depois do nosso casamento veio a nossa filha, Violet. Ela teve o seu nome escolhido por mim, por ser exatamente a mistura do meu melhor e do melhor de . Nossa menina passou a ocupar o antigo quarto de que agora não era mais azul, mas sim um tom de violeta como o nome da dona. Violet tinha os meus olhos azuis, os lábios bem desenhados da mãe, o tom de pele e cabelo eram uma exata mistura de nós dois.
A cada ano que se passava era incrível ver o quanto Violet se desenvolvia, tornando-se cada vez mais ela mesma. Acompanhar ativamente todos os seus marcos de desenvolvimento e trabalhar duro para que ela pudesse ter um exemplo real de uma boa família e do que o amor deveria ser, havia mais do que nunca se tornado a minha missão de vida.

— Papai, por que meu nome é Violet? — Era um hábito nosso como pais, colocar a criança na cama. Tínhamos uma rotina que consistia em deixar que ela fizesse uma pergunta e escolhesse a historinha a ser lida. Violet para uma criança de cinco anos tinha umas ideias e perguntas muito divertidas. Tanto quanto eu tentávamos ao máximo estimular a criatividade dela o que sempre nos recompensava com momentos maravilhosos como os dessa noite.
— Seu nome é Violet, porque eu e a mamãe te amamos tanto que sabíamos que você seria um pedacinho do meu amor e do amor dela, então misturamos as cores do nosso nome para que viesse você, que é uma cor tão bonita quanto o azul da mamãe. — Eu disse a ela a última parte enquanto emendava em uma onda de cosquinhas que a vez se contorcer toda pela cama.
— Ai ai ai... Eu achei que tinha dito que era hora de dormir e não hora das cosquinhas. — Tanto eu quanto Violet ficamos surpresos com a voz da mamãe vindo da porta. surgiu do nada, com certeza atraída pelas risadas infantis altas da filha, nos dando uma bronca.
— Mamãe, não briga comigo. — ela disse enquanto lançava na direção de minha esposa um olhar digno de gato pidão.
— Isso aí, mamãe, não briga com a Violet porque dessa vez o papai aqui tem culpa. — Era normal, tanto eu quanto , admitirmos que erramos na frente dela e logo em seguida pedirmos desculpas. Queríamos normalizar o fato de sermos tão humanos quanto ela, e de que apesar de sermos os seus pais e de um certo modo figuras de autoridade na sua vida, ainda éramos pessoas passiveis de erros e que sabiam reconhecer suas pisadas na bola. — Então, para mamãe não ficar chateada, o que eu devo fazer, filha?
— Pedir desculpas e dar beijinho?
Nessa hora não teve pai que aguentou. Nós dois soltamos uma risada gostosa ao ouvir isso que em sequência também fez com que nossa menininha risse com os seus olhinhos cheios de brilho. Aparentemente de tudo o que nós ensinamos a ela sobre pedir desculpas o que ela mais via era nós usando a palavra seguida de um beijo. Demorou mais um pouco para que ela conseguisse dormir, mas conseguimos baixar os níveis de empolgação dela ao contar a história do livro de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe.
Todos os dias que eu a via crescer saudável, esperta e independente eram uma benção para mim. Todas as manhãs em que eu acordava ao lado da minha incrível parceira de vida também eram um sinal do quão graciosa a vida era comigo. Os meus dias passaram a confirmar que os momentos mais doces tinham finalmente chegado até mim e tudo isso era graças ao amor, que me tornou um homem melhor, sentimento que me deixaria em eterna dívida de gratidão por me ensinar a sorrir, sonhar, enfim... a viver.


Fim



Nota da autora: Olá!
Assim como 08.Better Man foi uma surpresa para mim, 07.The Sweetness também não seria diferente. Fiquei super surpresa ao ver os comentários para 08.Better Man sendo muito positivos, pois estava muito insegura com a minha escrita e com o conteúdo da fic. Então fiquei, e fico, muito feliz mesmo ao ver que vocês leitores gostaram tanto a ponto de quererem mais desse casal maravilhoso que é Red e Blue (para quem não leu de forma interativa). Em 07.The Sweetness eu trouxe um pouco mais sobre quem é o Red e como foi para ele viver tudo o que ele viveu ao longo de sua vida. Vimos uns marcos de vida superimportantes para ele enquanto indivíduo e depois tendo Blue ao seu lado. Espero que vocês tenham gostado da fic tanto quanto eu gostei de escrever. Ah, e talvez você tenha se apaixonado por Red tudo de novo, porque eu me
Novamente trago aqui algumas curiosidades do processo criativo tanto de Better Man que eu não revelei antes quanto desta fic aqui.
- O nome da personagem principal é Blue por causa da minha prima Jady que deu esse nome a ela já que eu não conseguia escolher um nome para ela.
- O sobrenome da família da personagem principal é Van der Waals em homenagem as forças intermoleculares ou forças de Van der Waals porque a autora aqui faz faculdade de exatas e estava estudando muito no meio da criação de Better Man.
- Eu sei que mistura de vermelho com azul é roxo, mas violeta é uma licença poética minha para manter a cena fofa que me veio à cabeça durante a escrita de Better Man.
- O nome de Dorothy é inspirado na Dorotéia de Gossip Girl, a governanta da Blair.
- Para quem tem uma boa memória de detalhes, tem vários paralelos dessa fic com Better man, por exemplo: o buquê de flores da Blue quando casou, os bordados do vestido dela... procure!
- Louisiana só teve esse nome porque foi o primeiro nome de estado dos EUA que me veio em mente e que parecia um nome de pessoa normal.
- Não teríamos uma cena de casamento nessa fic, mas quando dei por mim Blue já estava digitando os seus votos através dos meus dedos. Não tenho vergonha de assumir que chorei na escrita.
- Quase reproduzi a carta de Red aqui na fic, mas não deu porque só de imaginar em escrever ela eu já chorava de emoção. Perdão, gente, fica para uma próxima! HAHAHA

Antes d'eu terminar a nota, quero agradecer muito ao pessoal que organizou o ficstape. Super grata a vocês que me aceitaram mesmo com vários dias de atraso. Vocês são demais! <3

Obrigada de verdade por terem lido Better Man antes e agora por terem lido The Sweetnes! Não esqueça de comentar! 😉


Outras Fanfics:
» 01. Here We Go Again
» 01. Weightless
» 04. Misery Business
» 04. Bloodline
» 04. The Man
» 07. Successful
» 08. Better Man
» 08. Living Dead
» 11. Just Friends
» 14. Comeback
» One and The Same
» Children’s Playbook


Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

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