Capítulo Único
não ficou muito surpreso quando viu entre os convidados. De fato, sabia que tinha grandes chances de reencontrá-la no casamento do irmão já que as famílias eram realmente bem próximas, mesmo com o término do relacionamento dos dois. ainda não o tinha notado, o que ele achou engraçado. Por não ser observado, chegou à conclusão que poderia analisa-la discretamente antes que ela o percebesse ali.
A jovem estava sentada na terceira fila, ao lado da avó que a criou e um rapaz que parecia mais velho que ela, seus irmãos mais velhos na fileira de trás. estava sentada ereta, em uma postura angelical que só a deixava mais linda. Os cabelos estavam maiores e as feições infantis desapareceram, revelando a mulher que ela estava se tornando. Apesar de tudo, gostou de ver que um traço de sua ex permanecia ali, quando ela começou a rir da cara fechada da avó por conta do atraso da cerimônia. Ele se recordava muito bem do pavio curto que era a Sra. Finger, ou Nana, como ela gostava de ser chamada. Um doce de senhora, mas esquentadinha, assim como a neta. virou-se em direção ao rapaz cochichando algo em seu ouvido, o que fez ele sorrir também. notou apenas naquele momento que o rapaz era acompanhante de , e suspirou, frustrado.
Era compreensível que ela estivesse namorando de novo, afinal quatro anos já haviam se passado desde o último encontro. Desde a última vez que se viram. Estavam testando o microfone no altar, quando um barulho de microfonia chamou a atenção de todos para frente. Foi nesse momento que o viu.
E quando os olhares se cruzaram pela primeira vez em muito tempo, teve certeza de que eles estavam pensando na mesma coisa.
— , me coloca no chão, isso não tem graça! – Gritava uma de ponta cabeça nos ombros de .
O rapaz de dezesseis anos ria, correndo pela beira do mar com a namorada nos ombros.
— Seus irmãos estão rindo, então acho que tem graça sim. – Retrucou o garoto.
Para a total consternação de , as risadas de Ronan e Owen ressoaram atrás dela.
— Seus traidores!
Quando chegou nos limites da praia, longe da plateia que os tinha seguido até ali, colocou no chão, assumindo uma expressão séria. o conhecia bem demais para saber que tinha alguma coisa errada acontecendo, e abandonou o vestígio de seu sorriso, encarando o namorado com apreensão.
— Está tudo bem? – Começou a garota, colocando uma mecha do cabelo solto atrás da orelha, que o vento insistia em levantar,
segurou a mão dela.
— Eu realmente... não sei. – Respondeu, sentando na areia e observando o ir e vir das ondas.
O dia não estava realmente propício para um banho de mar, mas eles gostavam de descer até a praia mesmo assim.
Ignorando a roupa branca que poderia sujar, se sentou ao lado dele, confusa.
— Tenta explicar.
Ele suspirou.
— É sobre minha participação no The X-Factor. – disse, testando a reação de .
— Ah. – Murmurou, prendendo o cabelo teimoso novamente antes de olhar para ele. – Você não passou?
A verdade é que esse era um tema delicado para ambos. Nenhum dos dois queria dizer primeiro que não concordavam com esse plano, mas cantar sempre tinha sido o sonho de . E sempre tinha sido o sonho de . Ela podia não concordar, mas entendia. Isso não significava que ela tinha que adorar a ideia, porque odiava. Sabia do talento do garoto e sabia que cedo ou tarde ele seria arrancado da cidade pacata que eles chamavam de lar. Era um pensamento egoísta, porém não podia evitar. Decidiu apoiá-lo, uma boa namorada faria isso sem pestanejar. Só não se mantinha atualizada sobre o assunto, por mais que seus irmãos e sua avó o fizessem. Gostavam muito dos e com certeza estavam torcendo para o caçula.
voltou a observar as ondas e as poucas pessoas que tinham por ali. Não queria falar. Não podia falar. jamais entenderia.
— ? – Encorajou .
— Eu passei, . – Respondeu, ainda olhando as ondas. – Fui colocado em um grupo com mais quatro garotos. Seguimos na competição.
— Mas?
— Porque acha que tem um “mas”? – Questionou.
Ela revirou os olhos.
— Você não está me dizendo isso como se fosse uma boa notícia.
— Porque não é.
Instintivamente, se inclinou para trás.
— O que está dizendo?
— Eu... vou me mudar. Eu vou me mudar para Londres.
A coube o silêncio, observando a irregularidade da areia sob seus pés, tentando a todo custo não chorar. Ela sabia. Ele não podia ter pedido para Ronan leva-los até Dublin somente porque queria ar fresco. Eles estavam ali por alguma razão e de alguma forma ela sentia que tinha a ver com eles, só não queria acreditar nisso. Era doloroso demais.
— , não pense que eu... – Tentou dizer, vendo que a garota não respondia.
— Que você o que?
— Eu não quero terminar nem nada assim. – Esclareceu, apertando a mão dela. – Juro.
Ela fitou os olhos brilhantes do rapaz, que ardiam de emoção. Eram novos demais para a intensidade do que estava acontecendo e mesmo assim, machucava tanto!
— É realmente longe. – Pontuou. – A distância. Eu, sinceramente, não sei se conseguiria.
E mesmo fazendo de tudo para que não acontecesse uma cena, uma grossa lágrima escorreu pela bochecha de . Ela limpou com as costas da mão rapidamente, mas não antes que visse.
— A distância entre a Irlanda e a Inglaterra nunca vai ser maior que meu amor por você, .
Tarde demais para refrear suas emoções, chorava silenciosamente, soltando a mão de para pegar um punhado de areia abaixo dela. Como se os grãos pudessem lhe trazer algum conforto, ou o que quer que seja.
— Eu te desejo todo o sucesso desse mundo, . – Falou, sincera. Em meio as lágrimas, conseguiu sorrir, olhando de novo para ele. – Sempre achei que você fosse grande demais para nossa pequena Mullingar.
sorriu, puxando em um abraço apertado. Sentiu os soluços doloridos da garota contra seu peito e se perguntou até onde poderia ir para conquistar seus sonhos. Pensar em sofrendo com sua partida, o fez pensar pela primeira vez em todas as coisas das quais estava abrindo mão.
Esperava que valesse a pena.
A cerimônia foi rápida e elegante, e a recepção seguiu sem maiores incidentes. tentou ser amigável, claro, mas não podia negar que não via a hora de se livrar da câmera fotográfica das primas mais novas que insistiam em segui-lo. Achava fofo, até certo ponto, e em algum determinado momento da festa tirou fotos individuais com elas. A perseguição parou, e as garotas ficaram felizes.
Estava mesmo era procurando com o olhar. Depois da cerimônia a garota correu tão rápido que não deu a ele oportunidade para dizer nada. Com todas as pessoas que paravam para cumprimenta-lo e fotos que tirava com os familiares e amigos, passou quase a festa inteira sem conseguir falar com .
Quando a noite chegou e os poucos convidados que haviam restado começaram a se aproximar, a encontrou sozinha mexendo no celular. O rapaz que tinha vindo com ela não estava mais por perto e seus irmãos estavam com a avó conversando com a mãe dele. Se aproximou com cuidado da mesa, arrastando a cadeira que outrora estava sendo ocupada por Owen.
— Owen, lembrou de trazer minha água? – Ia dizendo , não percebendo quem exatamente estava sentando ao lado dela.
— Posso trazer um copo para você, se quiser. – Disse , fazendo desviar do celular e olhar para cima.
Milhões de emoções cruzaram sua face ao ver o rapaz tão de perto, mas se prevaleceu o orgulho, a saudade e a tristeza.
— Oi. – Ela disse, finalmente. – Quanto tempo, . – Brincou.
sorriu. Ela não o ignorava completamente pelo menos.
— Só , para você.
— Não consigo. – corou. – Você é famoso agora!
— Não viaja. Sou seu ex-namorado. Tá’ vendo alguma boyband aqui?
espichou o pescoço como se realmente estivesse procurando o resto da banda, e riu de novo.
— Bom te ver, .
Ela suspirou.
— É, acho que tenho que dizer o mesmo. Eu tinha esperança de ter ver aqui. – Confessou. – Achei que estava preparada depois do... você sabe.
O rapaz assentiu.
— Fiquei feliz que tenha decido vir.
— É, eu também.
Ficaram em silêncio por quase um minuto.
— Vai para casa?
negou.
— Ronan e Gael são bons motorista, mas Nana não gosta que eles dirijam a noite. Greg nos deixou passar a noite aqui, vamos voltar para Mullingar amanhã de manhã.
— Veja só se não é ! – Ouviu-se a tempestuosa voz de Ronan, antes que Niall pudesse perguntar quem era Gael.
— E aí, ? – Comentou Owen atrás dele. Os irmãos riram.
— Por que tenho a sensação de que me chamam assim pelas costas? – Perguntou retoricamente.
— Porque eles chamam. – Respondeu Nana, sorrindo. – E eu já disse que é falta de respeito. Bom te ver de novo, . Sentimos saudades.
Ela se inclinou para um abraço, que o rapaz correspondeu.
Vendo que estavam se preparando para repousar junto com o rapaz a quem ainda não tinha sido apresentado, deixou a pequena família, se juntando a sua própria. Gostava de ir para casa e estava feliz pelo irmão, mas fazia ronda pela sua cabeça em um looping infinito. Ela não comentou sobre o outro rapaz que estava com ela. Não que isso importasse, sua vida agora era em Londres. não o queria há três anos atrás e não o iria querer agora.
Se arrumou na cama para dormir, mas não conseguiu pegar no sono. Pegou o celular para checar suas redes sociais, mas isso não o distraiu. Depois de se revirar na cama pelo que pareceu horas, ele se frustrou. O relógio na mesa de cabeceira marcava que eram três e meia da manhã. Talvez um copo de leite ajudasse.
Desceu as escadas o mais silenciosamente possível para não acordar as outras vinte pessoas que dormiam pacificamente. Abriu a porta de madeira pesada que separava a cozinha da sala de jantar, mas não estava sozinho.
— Também não conseguiu dormir? – Perguntou , cruzando os braços sob os ombros.
— Não. Pensei que comer talvez resolvesse.
— Não tem nada aqui. Já olhei cada canto. – Ela apontou para o copo d’água. – Isso é o que posso te servir.
— Aceito.
abriu a geladeira e pegou a jarra de água gelada que estava ali, despejando o conteúdo em um copo limpo. Em seguida, o entregou para .
— Aqui está.
— Obrigado.
— Por nada. – Disse a garota, guardando a jarra na geladeira novamente, antes de se juntar a no balcão. – Estou feliz por você, sabe.
— A banda?
— O sucesso. Era o que você queria, certo?
Ele parecia orgulhoso de si mesmo sorrindo daquele jeito.
— É meio cansativo, mas sim. Era o que eu queria.
sorriu, bebendo um gole d’água.
— Sabe, foi muito difícil para mim te deixar daquele jeito.
— , não...
— Não, eu quero falar. – Justificou, os olhos sérios. – Eu nunca vou me perdoar por não ter lutado para dar certo.
— Você sabe que não teria dado certo. Você tem milhares de fãs. Eu não saberia lidar com a mídia, nem com haters. Sério, isso não é para mim.
— Você sabe que eu teria te protegido. Sabe que poderíamos ter sido felizes.
— Eu me importo muito com o que dizem sobre mim. E aprecio meu anonimato.
— Mesmo assim! Que tipo de idiota eu era para não ter insistido em nós dois?
— Está tudo bem. – Tranquilizou a garota. – Já superamos isso. Certo?
Ela já tinha superado mesmo? Bom, três anos sem contado é realmente muito tempo. É o suficiente para se desapaixonar de alguém? Com certeza. Mas era o suficiente para deixar de amar? sabia que não, porque ainda a amava. Não que ele fosse dizer.
— Certo. Já passou. – Concordou. – E então, está namorando de novo?
— Sim. – Respondeu. – O nome dele é Gael. Ele é legal. E você?
— Sem namoradas. – Respondeu, olhando fixamente para ela. Ele não queria explicar como se sentia miserável sabendo que ela estava com outra pessoa.
A garota despejou o resto da água na pia.
— Sabe, me sinto bem melhor. Vou dormir. – Falou, indo em direção a porta. – Foi realmente incrível te ver, .
entrou no quarto silenciosamente para não acordar Gael. Ela não estava com sono de verdade, ela só não suportava as emoções que aterravam seu pensamento com o encontro dos dois. Ela tinha sido sincera, realmente tinha gostado do encontro. Mas bastou uma única troca de olhares para ela perceber que mesmo não querendo, ainda não tinha abandonado seus sentimentos pelo cantor. Ainda o queria, por mais que sua consciência pedisse o contrário. Ela gostava de Gael, mas amava , tinha uma diferença. A questão era que namorar com Gael não era mais tão maravilhoso assim há muito tempo, ela só estava enrolando para terminar com ele, apesar de achar que ainda tinha chances de salvar o relacionamento.
Demorou muito até conseguir dormir, mas em algum momento da madrugada sentiu que pegou no sono. Acordou na manhã seguinte disposta a ter uma conversa sincera com , mas não encontrou o cantor em canto algum. Ao questionar Maura, sua mãe, descobriu que ele havia pegado um avião durante a madrugada por conta de uma emergência.
Ela só não sabia que a emergência tinha o nome dela.
Alguns meses se passaram sem nenhum contato de . estava pensativa sobre a última conversa deles, seu recente rompimento com Gael e a vontade imensa de viajar até Londres para se encontrar com .
Estava esparramada no sofá da sala depois de ter ajudado Nana com o almoço vendo televisão. Não assistia muito, mas naquele dia específico sentiu saudades de ser alienada por programas bobos.
Ronan tinha se mudado para a casa da noiva umas semanas atrás deixando a casa em que ela cresceu mais vazia. Ainda bem que ainda tinha Owen. Owen trabalhava durante a semana, mas sempre almoçava em casa para fazer companhia para Nana quando não estava.
Quando o portão se abriu revelando Owen, se levantou para ir para a cozinha, estava particularmente com fome, e ela e a avó sempre esperavam ele chegar para comerem todos juntos. Antes que ela pudesse sair da sala, entretanto, Owen a chamou.
— Trouxe isso para você – Falou, entregando em suas mãos um CD. Mas não era um CD qualquer.
Era um CD do . Seu coração errou uma batida quando, misturado aos outros garotos, facilmente reconheceu no encarte. E sorriu. Ele estava tão lindo ali. Quem diria, um adolescente de uma cidade minúscula no norte da Irlanda estar lançando o terceiro álbum da carreira. Ignorando totalmente que Nana estava chamando ela para comer, correu em direção ao seu quarto, colocando o CD no pequeno rádio. Tão logo colocou o CD no aparelho, seu celular apitou, denunciando que uma mensagem tinha chegado.
Peguei seu número com Owen, desculpe. Mandei o CD para ele também. Queria que ouvisse a faixa 08.
Era . Curiosa, avançou até chegar no número oito, ansiosa para saber o conteúdo da canção.
I don't care what people say when we're together
You know I wanna be the one who hold you when you sleep
I just want it to be you and I forever
I know you wanna leave
So come on, baby, be with me so happily
Ouviu a música inteira sem saber se ria ou se chorava. tinha feito uma música para ela. Isso era nítido. Mais nítido que a letra, só o pedido por trás dela.
... eu nem sei o que dizer
Como se pedisse uma confirmação, as palavras seguintes de finalmente a fizeram soltar uma lágrima de esperança.
Eu te disse. A distância entre a Irlanda e a Inglaterra nunca vai ser maior que o amor que eu sinto por você.
— , sua comida vai esfriar. – Falou Nana na porta do quarto de uma emocionada.
Percebeu naquele momento que só precisava confiar em para ter tudo que queria há três anos atrás: ser feliz.
Ela sorriu para avó, afastando-se do rádio.
— Só um momento, Nana. Preciso fazer uma ligação.
A jovem estava sentada na terceira fila, ao lado da avó que a criou e um rapaz que parecia mais velho que ela, seus irmãos mais velhos na fileira de trás. estava sentada ereta, em uma postura angelical que só a deixava mais linda. Os cabelos estavam maiores e as feições infantis desapareceram, revelando a mulher que ela estava se tornando. Apesar de tudo, gostou de ver que um traço de sua ex permanecia ali, quando ela começou a rir da cara fechada da avó por conta do atraso da cerimônia. Ele se recordava muito bem do pavio curto que era a Sra. Finger, ou Nana, como ela gostava de ser chamada. Um doce de senhora, mas esquentadinha, assim como a neta. virou-se em direção ao rapaz cochichando algo em seu ouvido, o que fez ele sorrir também. notou apenas naquele momento que o rapaz era acompanhante de , e suspirou, frustrado.
Era compreensível que ela estivesse namorando de novo, afinal quatro anos já haviam se passado desde o último encontro. Desde a última vez que se viram. Estavam testando o microfone no altar, quando um barulho de microfonia chamou a atenção de todos para frente. Foi nesse momento que o viu.
E quando os olhares se cruzaram pela primeira vez em muito tempo, teve certeza de que eles estavam pensando na mesma coisa.
— , me coloca no chão, isso não tem graça! – Gritava uma de ponta cabeça nos ombros de .
O rapaz de dezesseis anos ria, correndo pela beira do mar com a namorada nos ombros.
— Seus irmãos estão rindo, então acho que tem graça sim. – Retrucou o garoto.
Para a total consternação de , as risadas de Ronan e Owen ressoaram atrás dela.
— Seus traidores!
Quando chegou nos limites da praia, longe da plateia que os tinha seguido até ali, colocou no chão, assumindo uma expressão séria. o conhecia bem demais para saber que tinha alguma coisa errada acontecendo, e abandonou o vestígio de seu sorriso, encarando o namorado com apreensão.
— Está tudo bem? – Começou a garota, colocando uma mecha do cabelo solto atrás da orelha, que o vento insistia em levantar,
segurou a mão dela.
— Eu realmente... não sei. – Respondeu, sentando na areia e observando o ir e vir das ondas.
O dia não estava realmente propício para um banho de mar, mas eles gostavam de descer até a praia mesmo assim.
Ignorando a roupa branca que poderia sujar, se sentou ao lado dele, confusa.
— Tenta explicar.
Ele suspirou.
— É sobre minha participação no The X-Factor. – disse, testando a reação de .
— Ah. – Murmurou, prendendo o cabelo teimoso novamente antes de olhar para ele. – Você não passou?
A verdade é que esse era um tema delicado para ambos. Nenhum dos dois queria dizer primeiro que não concordavam com esse plano, mas cantar sempre tinha sido o sonho de . E sempre tinha sido o sonho de . Ela podia não concordar, mas entendia. Isso não significava que ela tinha que adorar a ideia, porque odiava. Sabia do talento do garoto e sabia que cedo ou tarde ele seria arrancado da cidade pacata que eles chamavam de lar. Era um pensamento egoísta, porém não podia evitar. Decidiu apoiá-lo, uma boa namorada faria isso sem pestanejar. Só não se mantinha atualizada sobre o assunto, por mais que seus irmãos e sua avó o fizessem. Gostavam muito dos e com certeza estavam torcendo para o caçula.
voltou a observar as ondas e as poucas pessoas que tinham por ali. Não queria falar. Não podia falar. jamais entenderia.
— ? – Encorajou .
— Eu passei, . – Respondeu, ainda olhando as ondas. – Fui colocado em um grupo com mais quatro garotos. Seguimos na competição.
— Mas?
— Porque acha que tem um “mas”? – Questionou.
Ela revirou os olhos.
— Você não está me dizendo isso como se fosse uma boa notícia.
— Porque não é.
Instintivamente, se inclinou para trás.
— O que está dizendo?
— Eu... vou me mudar. Eu vou me mudar para Londres.
A coube o silêncio, observando a irregularidade da areia sob seus pés, tentando a todo custo não chorar. Ela sabia. Ele não podia ter pedido para Ronan leva-los até Dublin somente porque queria ar fresco. Eles estavam ali por alguma razão e de alguma forma ela sentia que tinha a ver com eles, só não queria acreditar nisso. Era doloroso demais.
— , não pense que eu... – Tentou dizer, vendo que a garota não respondia.
— Que você o que?
— Eu não quero terminar nem nada assim. – Esclareceu, apertando a mão dela. – Juro.
Ela fitou os olhos brilhantes do rapaz, que ardiam de emoção. Eram novos demais para a intensidade do que estava acontecendo e mesmo assim, machucava tanto!
— É realmente longe. – Pontuou. – A distância. Eu, sinceramente, não sei se conseguiria.
E mesmo fazendo de tudo para que não acontecesse uma cena, uma grossa lágrima escorreu pela bochecha de . Ela limpou com as costas da mão rapidamente, mas não antes que visse.
— A distância entre a Irlanda e a Inglaterra nunca vai ser maior que meu amor por você, .
Tarde demais para refrear suas emoções, chorava silenciosamente, soltando a mão de para pegar um punhado de areia abaixo dela. Como se os grãos pudessem lhe trazer algum conforto, ou o que quer que seja.
— Eu te desejo todo o sucesso desse mundo, . – Falou, sincera. Em meio as lágrimas, conseguiu sorrir, olhando de novo para ele. – Sempre achei que você fosse grande demais para nossa pequena Mullingar.
sorriu, puxando em um abraço apertado. Sentiu os soluços doloridos da garota contra seu peito e se perguntou até onde poderia ir para conquistar seus sonhos. Pensar em sofrendo com sua partida, o fez pensar pela primeira vez em todas as coisas das quais estava abrindo mão.
Esperava que valesse a pena.
A cerimônia foi rápida e elegante, e a recepção seguiu sem maiores incidentes. tentou ser amigável, claro, mas não podia negar que não via a hora de se livrar da câmera fotográfica das primas mais novas que insistiam em segui-lo. Achava fofo, até certo ponto, e em algum determinado momento da festa tirou fotos individuais com elas. A perseguição parou, e as garotas ficaram felizes.
Estava mesmo era procurando com o olhar. Depois da cerimônia a garota correu tão rápido que não deu a ele oportunidade para dizer nada. Com todas as pessoas que paravam para cumprimenta-lo e fotos que tirava com os familiares e amigos, passou quase a festa inteira sem conseguir falar com .
Quando a noite chegou e os poucos convidados que haviam restado começaram a se aproximar, a encontrou sozinha mexendo no celular. O rapaz que tinha vindo com ela não estava mais por perto e seus irmãos estavam com a avó conversando com a mãe dele. Se aproximou com cuidado da mesa, arrastando a cadeira que outrora estava sendo ocupada por Owen.
— Owen, lembrou de trazer minha água? – Ia dizendo , não percebendo quem exatamente estava sentando ao lado dela.
— Posso trazer um copo para você, se quiser. – Disse , fazendo desviar do celular e olhar para cima.
Milhões de emoções cruzaram sua face ao ver o rapaz tão de perto, mas se prevaleceu o orgulho, a saudade e a tristeza.
— Oi. – Ela disse, finalmente. – Quanto tempo, . – Brincou.
sorriu. Ela não o ignorava completamente pelo menos.
— Só , para você.
— Não consigo. – corou. – Você é famoso agora!
— Não viaja. Sou seu ex-namorado. Tá’ vendo alguma boyband aqui?
espichou o pescoço como se realmente estivesse procurando o resto da banda, e riu de novo.
— Bom te ver, .
Ela suspirou.
— É, acho que tenho que dizer o mesmo. Eu tinha esperança de ter ver aqui. – Confessou. – Achei que estava preparada depois do... você sabe.
O rapaz assentiu.
— Fiquei feliz que tenha decido vir.
— É, eu também.
Ficaram em silêncio por quase um minuto.
— Vai para casa?
negou.
— Ronan e Gael são bons motorista, mas Nana não gosta que eles dirijam a noite. Greg nos deixou passar a noite aqui, vamos voltar para Mullingar amanhã de manhã.
— Veja só se não é ! – Ouviu-se a tempestuosa voz de Ronan, antes que Niall pudesse perguntar quem era Gael.
— E aí, ? – Comentou Owen atrás dele. Os irmãos riram.
— Por que tenho a sensação de que me chamam assim pelas costas? – Perguntou retoricamente.
— Porque eles chamam. – Respondeu Nana, sorrindo. – E eu já disse que é falta de respeito. Bom te ver de novo, . Sentimos saudades.
Ela se inclinou para um abraço, que o rapaz correspondeu.
Vendo que estavam se preparando para repousar junto com o rapaz a quem ainda não tinha sido apresentado, deixou a pequena família, se juntando a sua própria. Gostava de ir para casa e estava feliz pelo irmão, mas fazia ronda pela sua cabeça em um looping infinito. Ela não comentou sobre o outro rapaz que estava com ela. Não que isso importasse, sua vida agora era em Londres. não o queria há três anos atrás e não o iria querer agora.
Se arrumou na cama para dormir, mas não conseguiu pegar no sono. Pegou o celular para checar suas redes sociais, mas isso não o distraiu. Depois de se revirar na cama pelo que pareceu horas, ele se frustrou. O relógio na mesa de cabeceira marcava que eram três e meia da manhã. Talvez um copo de leite ajudasse.
Desceu as escadas o mais silenciosamente possível para não acordar as outras vinte pessoas que dormiam pacificamente. Abriu a porta de madeira pesada que separava a cozinha da sala de jantar, mas não estava sozinho.
— Também não conseguiu dormir? – Perguntou , cruzando os braços sob os ombros.
— Não. Pensei que comer talvez resolvesse.
— Não tem nada aqui. Já olhei cada canto. – Ela apontou para o copo d’água. – Isso é o que posso te servir.
— Aceito.
abriu a geladeira e pegou a jarra de água gelada que estava ali, despejando o conteúdo em um copo limpo. Em seguida, o entregou para .
— Aqui está.
— Obrigado.
— Por nada. – Disse a garota, guardando a jarra na geladeira novamente, antes de se juntar a no balcão. – Estou feliz por você, sabe.
— A banda?
— O sucesso. Era o que você queria, certo?
Ele parecia orgulhoso de si mesmo sorrindo daquele jeito.
— É meio cansativo, mas sim. Era o que eu queria.
sorriu, bebendo um gole d’água.
— Sabe, foi muito difícil para mim te deixar daquele jeito.
— , não...
— Não, eu quero falar. – Justificou, os olhos sérios. – Eu nunca vou me perdoar por não ter lutado para dar certo.
— Você sabe que não teria dado certo. Você tem milhares de fãs. Eu não saberia lidar com a mídia, nem com haters. Sério, isso não é para mim.
— Você sabe que eu teria te protegido. Sabe que poderíamos ter sido felizes.
— Eu me importo muito com o que dizem sobre mim. E aprecio meu anonimato.
— Mesmo assim! Que tipo de idiota eu era para não ter insistido em nós dois?
— Está tudo bem. – Tranquilizou a garota. – Já superamos isso. Certo?
Ela já tinha superado mesmo? Bom, três anos sem contado é realmente muito tempo. É o suficiente para se desapaixonar de alguém? Com certeza. Mas era o suficiente para deixar de amar? sabia que não, porque ainda a amava. Não que ele fosse dizer.
— Certo. Já passou. – Concordou. – E então, está namorando de novo?
— Sim. – Respondeu. – O nome dele é Gael. Ele é legal. E você?
— Sem namoradas. – Respondeu, olhando fixamente para ela. Ele não queria explicar como se sentia miserável sabendo que ela estava com outra pessoa.
A garota despejou o resto da água na pia.
— Sabe, me sinto bem melhor. Vou dormir. – Falou, indo em direção a porta. – Foi realmente incrível te ver, .
entrou no quarto silenciosamente para não acordar Gael. Ela não estava com sono de verdade, ela só não suportava as emoções que aterravam seu pensamento com o encontro dos dois. Ela tinha sido sincera, realmente tinha gostado do encontro. Mas bastou uma única troca de olhares para ela perceber que mesmo não querendo, ainda não tinha abandonado seus sentimentos pelo cantor. Ainda o queria, por mais que sua consciência pedisse o contrário. Ela gostava de Gael, mas amava , tinha uma diferença. A questão era que namorar com Gael não era mais tão maravilhoso assim há muito tempo, ela só estava enrolando para terminar com ele, apesar de achar que ainda tinha chances de salvar o relacionamento.
Demorou muito até conseguir dormir, mas em algum momento da madrugada sentiu que pegou no sono. Acordou na manhã seguinte disposta a ter uma conversa sincera com , mas não encontrou o cantor em canto algum. Ao questionar Maura, sua mãe, descobriu que ele havia pegado um avião durante a madrugada por conta de uma emergência.
Ela só não sabia que a emergência tinha o nome dela.
Alguns meses se passaram sem nenhum contato de . estava pensativa sobre a última conversa deles, seu recente rompimento com Gael e a vontade imensa de viajar até Londres para se encontrar com .
Estava esparramada no sofá da sala depois de ter ajudado Nana com o almoço vendo televisão. Não assistia muito, mas naquele dia específico sentiu saudades de ser alienada por programas bobos.
Ronan tinha se mudado para a casa da noiva umas semanas atrás deixando a casa em que ela cresceu mais vazia. Ainda bem que ainda tinha Owen. Owen trabalhava durante a semana, mas sempre almoçava em casa para fazer companhia para Nana quando não estava.
Quando o portão se abriu revelando Owen, se levantou para ir para a cozinha, estava particularmente com fome, e ela e a avó sempre esperavam ele chegar para comerem todos juntos. Antes que ela pudesse sair da sala, entretanto, Owen a chamou.
— Trouxe isso para você – Falou, entregando em suas mãos um CD. Mas não era um CD qualquer.
Era um CD do . Seu coração errou uma batida quando, misturado aos outros garotos, facilmente reconheceu no encarte. E sorriu. Ele estava tão lindo ali. Quem diria, um adolescente de uma cidade minúscula no norte da Irlanda estar lançando o terceiro álbum da carreira. Ignorando totalmente que Nana estava chamando ela para comer, correu em direção ao seu quarto, colocando o CD no pequeno rádio. Tão logo colocou o CD no aparelho, seu celular apitou, denunciando que uma mensagem tinha chegado.
Peguei seu número com Owen, desculpe. Mandei o CD para ele também. Queria que ouvisse a faixa 08.
Era . Curiosa, avançou até chegar no número oito, ansiosa para saber o conteúdo da canção.
You know I wanna be the one who hold you when you sleep
I just want it to be you and I forever
I know you wanna leave
So come on, baby, be with me so happily
Ouviu a música inteira sem saber se ria ou se chorava. tinha feito uma música para ela. Isso era nítido. Mais nítido que a letra, só o pedido por trás dela.
... eu nem sei o que dizer
Como se pedisse uma confirmação, as palavras seguintes de finalmente a fizeram soltar uma lágrima de esperança.
Eu te disse. A distância entre a Irlanda e a Inglaterra nunca vai ser maior que o amor que eu sinto por você.
— , sua comida vai esfriar. – Falou Nana na porta do quarto de uma emocionada.
Percebeu naquele momento que só precisava confiar em para ter tudo que queria há três anos atrás: ser feliz.
Ela sorriu para avó, afastando-se do rádio.
— Só um momento, Nana. Preciso fazer uma ligação.
Fim!
Nota da autora: Espero que tenham gostado da oneshot! Beijos!
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