Última atualização: Fanfic finalizada.

Prólogo

Eu não saberia dizer em que momento minha vida perdeu o controle — se é que um dia já teve —, eu só sei que em algum ponto dessa jornada que deveríamos viver plenamente, eu me perdi em meio aos demônios que criei, e também àqueles que deixei serem colocados em minha vida. A única coisa que eu tinha consciência, era de que estava me afogando entre eles pouco a pouco, e cada vez mais vinha ficando impossível retornar para a superfície, um lugar de onde eu nunca deveria ter saído.
Todas as vezes em que me imaginei no futuro, não era nada do que eu estava vivendo agora. Eu tinha dinheiro, luxo, amigos importantes, fama, o noivo dos sonhos; e mesmo assim me considerava a pessoa mais infeliz do mundo, nada conseguia me satisfazer. Talvez porque eu estivesse procurando pelas coisas erradas, ou no lugar errado, rodando sempre em círculos, voltando sempre para o mesmo lugar.
Eu sempre acreditei que a pior sensação do mundo para alguém era a de estar cercada por inúmeras pessoas e mesmo assim sentir-se sozinho. Você percebe que não tem nada quando olha para todas elas e, mesmo assim, tem a sensação de que não vê ninguém, e, pior do que isso, é quando, ao se olhar no espelho no fim do dia, não reconhece seu próprio reflexo.
Eu estava perdida em meio ao caos que eu criei.
Aplausos. Era tudo que eu escutava naquele momento.
Enquanto eu encarava todas aquelas pessoas diante daquele palco, me perguntava em que momento não percebi isso chegando. Em que parte da minha caminhada eu me deixei ser manipulada, presa e usada da maneira como vinha acontecendo nos últimos anos, sendo sugada por cada resquício de talento que eu tinha para oferecer.
Mais aplausos.
Meus olhos tentavam procurar o foco, meu coração se acalmar ao mesmo tempo que eu me esforçava para me convencer de que não estava indo de encontro com meu fim. Seria aquela minha chance de salvação? Se fosse, eu precisava agir, sair da bolha que tinha criado para tentar me proteger de qualquer que fosse a mudança que eu precisava fazer na minha vida.
Vamos lá, , coragem! Falei em meus pensamentos, sabendo o que deveria fazer.
Eu estava vivendo um daqueles momentos em que você coloca um curativo e depois precisa puxá-lo para que a dor seja rápida e passageira, o problema é que eu nunca fui boa em tirá-los. Sempre preferi me arrastar em meio às minhas decisões, ou melhor, preferi nunca decidir nada, acostumada a achar mais fácil apenas seguir as regras impostas por alguém.
Vamos lá, você precisa reagir. Tentei me convencer, mais uma vez.
— O que vai fazer agora com toda essa fama, ? — Escutei Murray, o apresentador da premiação, perguntar.
Olhos animados me encaravam.
Respirei fundo, na tentativa de me acalmar.
Fama.
Era a fama que você queria? Aqui está. Agora vim cobrar o preço, vadia. Eu quase conseguia ouvir a vida jogando isso na minha cara.
Respirei fundo mais uma vez, encarando aquelas pessoas que me esperavam ansiosamente. Depois que abri a boca, tudo foi muito rápido, cada palavra do que eu disse foi guiada por uma que eu nem sabia existir dentro de mim.
Eu estava livre.


Capítulo 1 — If you want me

If you want me. You better do better than that tonight...


Eu me encontrava exausta, meus olhos estavam pesados e não tinha mais força alguma na voz. Eu poderia calcular que já estava há mais de doze horas dentro daquele estúdio, ensaiando uma música atrás da outra sem parar, como se eu fosse a porra de um robô, que não precisava comer, dormir ou apenas descansar. Em resumo, eu me encontrava a ponto de surtar e jogar tudo para o alto.
Respirei fundo, já revirando os olhos, e dei início — pela milésima vez — à segunda parte da música, pedindo desesperadamente para que aquela tortura acabasse. Tentei continuar com o mesmo ritmo e afinação, mas minhas cordas vocais não tinham força alguma, eu realmente havia chegado a um nível de exaustão que jamais tinha acontecido.
Parei de cantar e me afastei do microfone, já sentindo minha garganta gritar por água e descanso. Se eu continuasse nesse ritmo, provavelmente teria que me aposentar muito antes do planejado, pois minhas cordas já estariam estouradas a essa altura e..
, qual problema? — Simon, meu empresário, falou ao entrar onde eu estava, cortando minha linha de pensamento.
Ri fraco.
Ele só poderia estar brincando comigo, porra.
, estou falando com você — chamou minha atenção, como se eu fosse uma garotinha mimada que não quer ensaiar uma coreografia de balé.
— Eu preciso de descanso — respondi finalmente, sentindo uma dor horrível na garganta ao falar.
Escutei ele rir fraco e o vi passar a mão pelos cabelos de forma nervosa.
— Eu estou exausta, estamos nisso há 12 horas — bufei irritada. — Contando só hoje, é claro.
— Como você acha que vamos ganhar um prêmio desse jeito, ?
Minha vontade era de gargalhar na cara dele, mas nem para isso eu tinha forças.
— Vamos, tome uma água e volte de onde parou — ele disse firme.
Revirei os olhos.
— Não — respondi relutante. — Eu preciso descansar e é isso que vou fazer — falei entredentes.
Simon andava de forma nervosa de um lado para o outro, mas não me importei. Eu precisava desesperadamente de uma pausa, ou não conseguiria manter minha performance para a premiação que aconteceria em uma semana.
, volta aqui! — Escutei ele gritar. — Eu vou expor tudo que sei sobre você na mídia, vadia!
Deixei que ele gritasse à vontade. A essa altura, eu não me importava mais com a minha imagem.

O meu sonho em ser uma cantora mundialmente famosa estava realizado, eu tinha absolutamente tudo que eu queria. Dinheiro, beleza, amigos importantes... contudo, parecia que a todo momento me faltava algo, como se uma parte da minha vida tivesse uma lacuna enorme que não podia ser preenchida com algo que meu dinheiro pudesse comprar.
Uma maldita solidão.
Quando iniciei minha carreira com apenas dezesseis anos, eu queria fama, não importava o preço que ela fosse custar, eu daria qualquer coisa. No início, tudo era incrível, eu tinha saído de uma vidinha pacata no Kansas, para uma completamente influente e badalada em New York, onde encontrei meu sonho americano e o agarrei com afinco.
Os primeiros anos foram o máximo, mas as coisas foram ficando muito diferentes ao longo dos anos. Simon se tornou um empresário cada vez mais ambicioso, com sede por dinheiro — quase insaciável —, e no começo eu não posso negar que também tinha. Aceitei qualquer coisa para chegar ao topo, falsificar resultados, tomar remédios para melhorar performance, sabotar premiações... tudo.
Com o tempo, eu aprendi que a fama tem um preço e se você puder pagá-la, terá tudo que ela pode te oferecer.
Eu só quero algo real, porque nada é de graça...
Atravessei a porta da minha cobertura com a frase reverberando em meus pensamentos após todo o momento de reflexão que tinha acabado de ter. Corri rapidamente em direção ao meu escritório e peguei papel e caneta. Se tinha uma canção surgindo, eu precisava anotá-la antes que a inspiração passasse ou eu simplesmente não lembrasse ao acordar no outro dia.
Exceto me amar.
Apenas diga seu preço.
Não banque o pão duro com seu coração.

Mais frases tinham começado a sair, eu não sabia de onde vinha tudo aquilo. Talvez fosse do cansaço emocional que eu vinha experimentando, ou eram só coisas demais na minha cabeça, que me faziam ter uma inspiração repentina.
Não importava, eu precisava aproveitar.
Fechei meus olhos e deixei minha mente relaxar, esperando que mais inspiração viesse, até que meu celular começou a tocar.
Bufei frustrada, já desbloqueando para atendê-lo.
— Alô — falei, assim que levei o aparelho até os ouvidos.
! — Holly, uma das minhas melhores amigas, falou animada do outro lado da linha.
— Oi, Holl — respondi, enquanto encarava o bloco, lendo o que tinha acabado de escrever. — Aconteceu algo?
Escutei ela bufar do outro lado da linha e me perguntei se tinha falado algo de errado.
— Holl? — a chamei.
— Não acredito que você esqueceu — minha melhor amiga falou, do outro lado da linha, e me amaldiçoei imediatamente, já me levantando para ir até meu quarto.
Era a festa de aniversário dela.
— Eu tive um dia difícil — falei, enquanto já adentrava meu quarto. — Me desculpa.
— Mas você vem, não é? — Holl perguntou com uma voz manhosa que me arrancou um sorriso.
— Lógico — respondi, ao pegar uma roupa no closet, e a joguei na cama para então seguir até o banheiro. — Vou tomar um banho e me arrumar. Logo estou aí, Holl.
— Eu acho bom mesmo! — minha amiga ameaçou e encerrou a ligação.
Mais uma vez, o descanso teria que esperar.


🎤 🎤 🎤


Como já era de se esperar, Holly tinha escolhido uma das casas noturnas mais badaladas de New York para comemorar o aniversário dela. E como ela nunca deixava de colocar um tema em suas festas, a desse ano seria um baile de máscaras, e minha amiga tinha fechado o lugar só para os convidados dela, que já estava tomado por repórteres desesperados por uma manchete.
Passei por aqueles abutres parados na entrada e segui até a porta, onde minha entrada foi liberada de imediato. Eu já tinha ido algumas vezes até aquela casa noturna, mas ela parecia estranhamente maior e muitas coisas pareciam ter sido modificadas — para melhor
—, e isso me arrancou um sorriso enorme, assim que finalmente entrei e pude ver a pista de dança imensa, lá embaixo, de onde eu estava.
Peguei uma taça de champagne de cima da bandeja do garçom que tinha acabado de passar por mim, e enquanto levava até meus lábios para bebericar um pouco do líquido, comecei a descer a enorme escada que me levaria até a pista. Como eu estava de máscara, não era possível me reconhecer, então eu apenas sorria para as pessoas mascaradas que passavam por mim.
Confesso que eu estava gostando da ideia das máscaras, ia ser bom — só para variar — não ter as pessoas me conhecendo e pedindo para tirar fotos comigo a todo momento. Holly era uma grande influencer na internet, mas não se comparava à minha fama e metade dos seguidores que eu tinha nas minhas redes sociais, então, sempre que eu ia a algum evento organizado por ela, minha presença gerava uma grande atenção.
Encarei uma rodinha próxima a uma área que era o camarim e me encaminhei até lá. Logo pude ver minha melhor amiga sem máscara, rindo junto às pessoas que a rodeavam. Vê-la tão feliz fazia até meu cansaço e problemas desaparecerem por uma pequena fração de segundos, quase me convencendo de que a minha vida ainda tinha salvação.
Muito engraçado.
Holl me tomou nos braços, envolvendo-os em meu pescoço para me abraçar.
— Apesar da máscara, eu pude ver o olhar triste — minha amiga sussurrou em meu ouvido, me fazendo sorrir levemente.
— Estou bem, mesmo. — A apertei no abraço, antes de soltá-la de vez.
— Vamos, não precisa usar máscara aqui — ela disse, enquanto me encarava.
— Não quero. — Neguei com a cabeça. — Estou gostando da ideia de permanecer no anonimato — admiti.
Holl riu e deu de ombros, mostrando que não se importava com a minha escolha.
— Meninas, essa é a — disse, me apresentando para as garotas modelos que se encontravam ali.
Consegui reconhecer algumas das modelos da Victoria Secret’s que se encontravam no encalço da minha melhor amiga e outras eu nem fiz questão de saber quem era ou me esforçar para lembrar, apenas as cumprimentei de forma educada enquanto terminava de tomar o meu champagne, já pensando em pegar outro. Essa noite eu ficaria o mais bêbada que conseguisse.
Fiquei por um tempo ali e depois me retirei com a desculpa de que iria pegar mais bebida — ou não tão desculpa ainda — e logo me encaminhei para o bar. Pedi um Dry Martini para mim e me recostei ali, observando todo o lugar. O espaço era realmente enorme, com luzes e lustres no teto, além de ser dividido em três ambientes diferentes, também notei que tinha um palco suspenso.
Tudo incrivelmente lindo, impecável.
Já tinha muitas pessoas na pista de dança e a maioria delas parecia estar apreciando do anonimato que um baile de máscaras era capaz de te dar. Passei meus olhos pelo lugar, tentando identificar algumas daquelas pessoas, mas elas estavam realmente difíceis de reconhecer e acabei desistindo e me virando para o bar assim que minha bebida chegou.
Continuei ali por um tempo, até que decidi finalmente me juntar àquelas pessoas que dançavam animadas. Caminhei até o centro e comecei a dançar ao ritmo da música animada que tocava, ela era contagiante e me fazia querer mexer ainda mais meu corpo, então fechei meus olhos e me deixei levar pela batida envolvente, sem me importar com nada.
Quanto mais o Dj aumentava o ritmo da música, mais eu me movimentava e me sentia conectada a ela, tudo nela era contagiante e me fazia querer ficar ali para sempre. Abri meus olhos por uma fração de segundos e eles cruzaram os olhos de um homem que eu poderia jurar que estava me comendo com os olhos, o que fez cada pelo do meu corpo se arrepiar.
Um sorriso se formou em meus lábios.
Voltei a fechar os olhos.
A música terminou, senti alguém esbarrar em mim de forma que fez com que meu corpo se projetasse para frente, e mãos envolveram minha cintura. Levantei meu olhar e encontrei aqueles mesmos olhos que me encaravam conforme eu dançava. Abri a boca para agradecer, mas ele apenas assentiu, já me soltando, e saiu andando como se aquilo tivesse sido algo da minha cabeça.
Fiquei alguns segundos encarando o nada, até sair de lá e caminhei rapidamente em direção ao bar.
— Eu não pedi outra ainda — falei, ao ver o atendente empurrar a bebida na minha direção.
— Bom, o moço ali pediu para lhe entregar isso — ele disse e virei meu olhar para o meu lado direito.
O homem da pista de dança estava sentado de frente para o bar, enquanto me encarava com um sorriso no rosto. Passei meus olhos por ele — que era muito gostoso — e depois olhei para a bebida à minha frente e voltei a olhar para o mascarado ao meu lado, então assenti para ele em agradecimento, mas não peguei a bebida. Se tinha uma coisa que eu não aceitava, era bebida de estranhos.
Sai de lá com um sorriso sacana no rosto e assim que avistei minha amiga, me juntei a ela e seu grupo. Vez ou outra, eu me pegava procurando aquele homem mascarado em meio às pessoas que se encontravam ali, alguma coisa naquele olhar tinha me prendido e eu não conseguia explicar o que era, só sabia que precisava esbarrar com ele ao menos mais uma vez.
— O que você está procurando? — Holly perguntou, tirando-me dos meus pensamentos.
— O quê? — Me virei para encará-la.
Minha amiga revirou os olhos, ao mesmo tempo que dava um gole em sua bebida.
— Você não me engana, . — Um sorriso sacana tomava conta de seus lábios.
Ri fracamente, negando com a cabeça.
— Fala logo! — exigiu.
— Tudo bem, tudo bem. — Fiz sinal de rendição com as mãos. — Digamos que vi alguém muito interessante na pista de dança.
— Eu sabia! — respondeu, enquanto sorria de forma sacana.
— Não foi nada demais. — Dei de ombros. — Eu estava dançando, ele esbarrou em mim... bom, é só isso.
Levei o copo até meus lábios para tomar um pouco da minha bebida, enquanto esperava minha amiga dizer algo.
— O que está fazendo aqui em vez de ir procurar esse cara misterioso? — Holly perguntou empolgada.
— Holly! — a repreendi e virei para olhá-la. — Eu sou noiva, lembra?
Holl revirou os olhos.
— Qual é, , quer enganar quem? — ela perguntou, enquanto me encarava de forma séria. — Você e o Peter são tudo menos um casal.
Eu sabia que ela estava certa, mas não ia admitir.
— Quando você vai abandonar essa vida falsa e viver uma de verdade? — Holly insistiu e revirei os olhos, já me levantando.
— Até você? — perguntei e dei um último gole na minha bebida.
— Eu não vou mentir pra você, .
Revirei os olhos mais uma vez.
— Vou dar uma volta por aí — falei, enquanto deixava a taça na mesa.
! — Escutei minha amiga gritar, pois ela sabia que aquilo significava que ela não me veria mais esta noite.
Eu sabia que ela estava certa, mas não daria o braço a torcer agora, não hoje. Peguei mais uma bebida no bar e depois passei meus olhos através da pista de dança, onde encontrei aquele olhar de novo e não pude conter o sorriso, tinha algo nele que me chamava muita atenção. Ficamos nos encarando por alguns instantes e pisquei para ele, já saindo em direção a um lugar reservado que eu sabia ter na balada, desejando ardentemente que ele me seguisse.
Coloquei minha bebida sobre a mesa e me sentei de costas para a entrada do lugar. Fiquei ali bebendo e observando as poucas pessoas que se encontravam naquele espaço, e logo uma silhueta apareceu em meu campo de visão, obrigando-me a levantar o olhar e dar de cara com o homem da pista de dança. Um sorriso estava presente em seus lábios e eu poderia até dizer que era um do tipo sacana, o que rapidamente fez algo se acender dentro de mim.
Caralho, eu estava sendo muito hipócrita. Tinha acabado de brigar com a minha melhor amiga por ela me induzir a me jogar nos braços de outro — mesmo eu sendo noiva — e lá estava eu, fazendo exatamente o que ela tinha sugerido.
Enfim a hipocrisia, .
— Posso me sentar? — o homem à minha frente perguntou, tirando-me completamente dos meus pensamentos.
Que voz gostosa.
— Claro — respondi, mesmo sabendo que minha resposta deveria ter sido outra.
Foda-se, eu já tinha vindo até aqui.
— Desculpa ter esbarrado em você daquela forma na pista de dança — ele disse, enquanto se sentava na minha frente.
O encarei por alguns instantes, para então responder:
— Veio até aqui para me dizer isso?
— Não. — Riu fracamente. — Sou , e fiquei encantado por você desde que a vi naquela pista.
— Direto... — respondi com um sorriso nos lábios e beberiquei minha bebida. — Gostei.
Ele abriu um sorriso encantador e deu um gole em sua bebida, que eu nem tinha notado estar com ele até então.
— E você... — disse, referindo-se ao meu nome.
— respondi, sem revelar meu nome completo.
Percebi naquele momento que eu estava desejando profundamente que ele não estivesse ali porque tinha me reconhecido como uma cantora famosa.
— Bonito nome. — Sorriu com sinceridade e o vi morder os lábios.
Caralho... eu estava tentando me controlar, mas assim ia ser difícil.
— Então, é amigo da aniversariante? — perguntei para puxar assunto.
— Sim, bem próximo, aliás — disse, me encarando de um jeito ainda mais profundo.
Eu não sabia o que tinha naquele olhar, mas ele mexia comigo.
— Hum — resmunguei, tentando repassar se algum dia Holly tinha me mostrado ele, porque com certeza eu não teria esquecido. — Também sou amiga da Holly, mas ela nunca me falou sobre você.
Ele riu fraco e terminou de tomar a bebida que continha em seu copo.
— Holl é muito discreta, certo? — sugeriu e eu apenas concordei com a cabeça. De fato, quando se tratava de manter segredo, ela era.
O nosso assunto terminou ali e um silêncio pairou entre nós. Aproveitei para passar meu olhar por ele — agora que estávamos perto — e pude notar seus braços musculosos por baixo do terno preto que usava, a cor de seu cabelo com um corte mediano e os lábios tentadores que ele tinha.
Deus, eu precisava sair dali.
— Quer dançar? — ele perguntou, quando eu estava prestar a tomar coragem de me levantar.
— Hm... — resmunguei, ponderando a ideia. — Não acho que seja uma boa ideia.
— Por quê? — indagou.
Porra, ele era mesmo direto.
— É complicado — expliquei simplesmente.
riu e passou a mão pelos cabelos de forma totalmente sensual.
— Namorado? — perguntou.
— Noivo — respondi com um meio sorriso.
Ele sorriu fraco e desviou o olhar por um instante, para então voltar a me olhar.
— Eu entendo — respondeu como se estivesse pensando em algo. — Eu nunca fiz isso antes, sabe? Não sei, você me atraiu de primeira. Te achei autêntica.
Eu era tudo, menos autêntica.
— Você também me atraiu. Qual é, somos seres humanos, né? — admiti, rindo e dei um último gole na minha bebida. — Não quero te decepcionar, , mas eu sou tudo, menos autêntica.
Ele riu fraco.
— Eu duvido — rebateu firme. — É só uma dança.
— Sempre é — rebati.
— O que você quer ouvir? — perguntou firme. — Que vamos dançar, sair daqui e ter uma transa de uma noite? Aí depois vamos fingir que nada disso aconteceu e você vai voltar para o seu noivo que você finge te fazer feliz? Acredite, já passei por isso.
Eu estava embasbacada.
— Qual é! — Levantei braços em forma de rendição ao que ele dizia. — Nem sempre uma conexão, para ser real, precisa terminar em sexo — completou.
Um sorriso se formou em meus lábios e me levantei, estendendo a mão para ele, que apenas me encarava.
— Achei que quisesse dançar — falei com um sorriso sacana no rosto.
Ele segurou minha mão e comecei a puxá-lo por entre as pessoas que tinha ali, indo em direção à pista de dança. logo levou as mãos até a minha cintura e aproximou nossos corpos, quase nos fundindo ali mesmo, sem se importar com nada.
Encaixei minha perna entre a dele e comecei a me movimentar no ritmo da música. Nós tínhamos uma sincronia perfeita, nossos corpos se moviam conforme a batida e eu me entreguei àquele momento no instante em que fechei meus olhos, deixando-me ser conduzida, ignorando qualquer pensamento que tentasse me convencer de que eu não deveria estar fazendo aquilo.
Voltei a abrir meus olhos depois de algum tempo e, naquele momento, eu observei cada detalhe da máscara do homem à minha frente. Ela cobria quase todo seu rosto — exceto a boca e os olhos — e tinha um tom dourado que combinava perfeitamente com o vestido e a máscara que eu estava usando, parecia até que tínhamos combinado de vir assim.
Inesperadamente, afastou nossos corpos, me empurrando de modo que meu braço ficou esticado, mas ele ainda segurava minha mão e me puxou com força de volta, fazendo com que eu rodasse até ele de forma inclinada. Seus olhos me encaravam de forma ardente, ele estava inclinado sobre mim e seus lábios muito próximos dos meus, o que fez com que meu coração se acelerasse.
Eu queria, mas não podia.
— Desculpa, eu não posso... — sussurrei, assim que a música terminou.
me encarou por alguns instantes e um sorriso se formou em seus lábios.
— Como desejar, lindinha — ele disse de forma calma e se aproximou, depositando um leve beijo na minha bochecha.


Capítulo 2— High maintenance

'Cause some don't have the patience.
Some call me high maintenance...


Apesar de ter bebido além da conta, eu conseguia me lembrar de absolutamente tudo da noite passada. Eu estava exausta, mas descansar estava completamente fora dos planos para o meu empresário, já que hoje eu iria conhecer o meu novo produtor musical e ensaiar horas a fio. Afinal, era só para isso que eu servia, fornecer música e muito dinheiro para ele às custas da minha saúde prejudicada por sua exploração.
Se arrependimento matasse, eu já estaria morta há muito tempo.
Peguei algumas coisas que tinha para comer na mesa disposta para o café da manhã e coloquei um pouco de suco de laranja no meu copo, enquanto respondia algumas mensagens no meu celular e enviava um pedido de desculpas para Holly, já que, depois da nossa leve briga na festa, eu não a vi mais para tentar me explicar. Entrei nas minhas redes sociais enquanto comia e joguei “” na busca do Instagram, na esperança de achar algo sobre o cara misterioso da noite anterior, mas não encontrei nada.
Aliás, mesmo que eu encontrasse, ele estava de máscara. Como eu reconheceria?
Terminei de engolir tudo e logo saí do meu apartamento já indo até a entrada do prédio, onde meu motorista já me esperava e deu partida assim que eu já me encontrava dentro do veículo. Eu estava meio aérea depois da noite de ontem e sabia que isso podia prejudicar meu desempenho no estúdio, o que me daria muita dor de cabeça com Simon, então coloquei meus fones de ouvido para ouvir minhas novas músicas que ainda seriam lançadas e deixei meus pensamentos divagarem.
Eu precisava parar de pensar naquele homem.
Chegamos muito mais rápido ao estúdio do que eu esperava e isso me fez bufar de frustração. Como sempre, eu entrei cumprimentando toda a minha equipe e Simon — por pura obrigação — e me sentei em uma das poltronas que tinha ali, observando enquanto eles falavam sobre , um dos produtores mais cobiçados da atualidade, com um talento único, bonito, gostoso e sabe o que mais? Seria ele o meu novo produtor musical.
Fiquei girando na poltrona, até que meu empresário fez sinal, informando que ele havia chegado e me endireitei. Então fiquei esperando, esperando, espe... Porra! O homem alto e másculo atravessou a porta como se tivesse acabado de sair de um paraíso. Tinha um sorriso leve estampado no rosto, os cabelos jogados para trás e ele estava todo de preto, com uma calça que tinha alguns rasgos e jaqueta de couro.
Gostoso para caralho!
Engoli em seco assim que seus olhou pousaram sobre mim e ele começou a caminhar na minha direção.
. — Ele estendeu a mão para mim, que apertei de imediato. — , estava ansioso para te conhecer.
Tinha um sorriso familiar no rosto dele que me fazia lembrar de alguém e isso até fez com que meu coração disparasse por um instante. Desviei meu olhar do homem e soltei sua mão, voltando a me sentar em minha poltrona, e ele se sentou em outra bem de frente para onde eu estava.
— Eu gostaria que cantasse um pouco para mim, pode ser? — ele pediu, enquanto me encarava. — Será que posso ficar só com ela e quem é realmente necessário aqui?
tinha um tom de voz autoritário que convenceu até o meu empresário a se retirar.
— Espero que não tenha problema para você... — disse, virando para me encarar. — É que eu acredito que se você se sentir menos pressionada, conseguirei ver cem por centro do seu desempenho.
— Certo — afirmei e me levantei de onde estava, indo para a cabine de gravação.
Antes de entrar, parei na porta, já me virando para ele.
— Você quer que eu cante alguma música específica? — perguntei, encarando-o.
— Me surpreenda. — Tinha um sorriso em seus lábios, um que eu jurei já ter visto.
Fiz uma afirmação positiva com a cabeça e me virei para Harvey, o responsável pela mesa de som.
— Vou cantar aquela! — informei e adentrei a cabine.
Encarei os dois através do vidro e fiz sinal positivo para sinalizar que estava pronta. Era uma música nova que eu estava escrevendo, então eu não tinha a letra toda, mesmo assim decidi arriscar, já que eu queria ter opinião de alguém que entende.
Fechei meus olhos e comecei a cantar a primeira parte da música.

If you want me
(Se você me quer)
The cherry on top
(A cereja no topo)
The pick of the pack
(O pico da montanha)


Abri meus olhos e continuei...
The créme de la crop
(O creme da colheita)
If you want me
(Se você me quer)
You better do better than that tonight
(Melhor você fazer melhor do que isso essa noite)
Oh, oh


Terminei a primeira parte e uma empolgação aumentou dentro de mim, então continuei para a próxima, que era só até onde ia a música por enquanto.

If you want me
(Se você me quer)
It takes more than a wink
(É preciso mais do que uma piscada)
More than a drink
(Mais do que uma bebida)
More than you think
(E mais do que você pensa)
If you want me
(Se você me quer)
You're gonna have to break the bank tonight
(Você vai ter que roubar um banco essa noite)


Terminei de cantar e vi que tinha um sorriso estampado no rosto de , o que deixou meu coração mais calmo, pois significava que ele tinha gostado da música ou ao menos da minha voz. Saí da cabine de som e me encaminhei para a área do estúdio em que eu estava antes, já me sentando em minha poltrona de novo.
— Que você tinha talento eu já sabia... — disse com um sorriso no rosto. — Mas, devo dizer, que estou impressionado.
Um sorriso se formou em meu rosto, é sempre bom saber que alguém aprecia a sua música.
— Tenho a sensação de que você não estava esperando por um elogio... — ele disse, me encarando e soltei um riso fraco.
— Não é isso. — Neguei com a cabeça. — É que é sempre bom receber elogios.
— Se você não se importar, gostaria de conversar mais um pouco só nós dois — ele disse e assenti, dando a entender que não me importava.
Apesar daqueles olhos me intimidarem e me fazerem questionar de onde eu os conhecia, eu realmente não ligava, era um alívio não ter Simon por perto.
— Então, você vem compondo desde quando? — perguntou, acomodando-se melhor em sua poltrona.
— Bom, eu faço isso desde que iniciei na carreira de cantora... — Dobrei minhas pernas e me sentei sobre elas para ficar de forma mais descontraída. — Parei por um tempo, claro, o Simon achou que seria melhor comporem para mim... Você sabe, criar laços nessa parte é bem importante.
— E você concorda com isso? — Os olhos dele estavam fixados em mim.
Eu poderia dizer que era a primeira vez em algum tempo — exceto ontem na festa da Holly — que alguém parecia realmente interessado em ouvir o que eu tinha a dizer.
— Bom, no início, era legal, mas com o tempo... — Desviei meu olhar para a porta e depois voltei a olhar para ele. — A gente perde a identidade, sabe?
afirmou com a cabeça e eu continuei:
— Então, eu decidi começar a compor de novo... — expliquei. — Tenho mais algumas músicas se você quiser dar uma olhada.
— Com certeza, eu vou querer! — Um sorriso estava formado em seu rosto e isso fez com que eu me sentisse empolgada.
Ficamos conversando por mais algumas horas sobre música, produção, meu processo criativo, a minha banda... absolutamente tudo que envolvesse a minha música, e ele pediu que eu falasse um pouco sobre mim e a minha rotina pessoal. Obviamente, eu precisei mentir em alguns momentos — desejando que ele comprasse as minhas palavras —, porque eu não poderia admitir ali que era explorada pelo meu empresário e que sequer tinha vida própria.
Já passava das seis horas da tarde quando todos saímos do estúdio e Simon me informou que iríamos jantar em um restaurante que costumávamos ir para fazermos nossas reuniões. Eu me despedi de todos com um aceno de cabeça e segui meu caminho, com o pensamento ainda em e todas as coisas que tínhamos conversado durante o dia de hoje. Era a primeira vez, em muito tempo, que eu sentia vontade de dar um basta na minha atual situação com a minha carreira.
Se eu estava pronta? Não sabia dizer. Mas, com certeza, eu queria tentar.


🎤 🎤 🎤


Nove horas foi o horário que Simon passou para me buscar. Eu havia dito para ele que não precisava dessa carona, mas ele insistiu tanto que eu achei melhor não discutir, e ainda bem que fiz isso, porque, no instante em que adentrei o carro, ele começou a me bombardear com centenas de perguntas. Todas eram sobre a minha conversa com durante o tempo que passamos juntos, e depois ele seguiu para as famosas ameaças de sempre, dizendo que acabaria comigo se eu falasse o que não deveria.
Falei meias verdades para ele e apenas assenti durante suas ameaças. Eu estava cansada demais para contrariá-lo, e, além disso, o que eu poderia fazer? Eu tinha criado esses demônios e agora não sabia nem ao menos adestrá-los, logo, conviver com eles era a minha única opção para ter um pouco de paz.
— Lembre-se do que eu disse. — Simon me encarou, antes de entrarmos no restaurante e eu apenas assenti, como sempre.
O lugar, como já era de se esperar, não estava muito lotado e tinham diversas mesas vazias. Meu empresário logo avistou a mesa em que já estava, junto à minha banda que já tinha chegado, e nos encaminhamos até lá. Cumprimentei todos com beijos e abraços — inclusive meu novo produtor — e me sentei em uma cadeira que ficava bem de frente para onde ele estava sentado.
Diferente da hora que o conheci, agora ele não estava vestido de forma casual. usava um terno preto, com uma camisa igualmente da mesma cor por baixo e seus cabelos estavam jogados para trás, mas tinha algumas mechas caindo em sua testa, o que lhe dava um ar muito sexy. O cara era lindo e gostoso, eu não podia negar.
Parei de encará-lo quando o vi sorrir para mim.
tem muito talento — disse, me pegando completamente de surpresa.
— É, minha garota tem mesmo! — Simon, que estava sentado ao meu lado, disse, passando os braços à minha volta.
Eu queria vomitar bem na cara dele, puta merda!
— Eu já sabia disso, claro... — ele disse, com o olhar preso ao meu. — Mas ouvi-la cantar pessoalmente foi uma experiência muito melhor.
— Obrigada — agradeci sem jeito.
— O que ela cantou para você? — Simon perguntou e senti meu coração disparar.
Ele não sabia que eu estava compondo...
— Uma música nova que ela está compondo — ele respondeu e senti um buraco se abrir no meu estômago.
Simon me apertou no abraço e eu entendi o que aquilo queria dizer.
— Ah! — meu empresário falou empolgado. — é sempre cheia de surpresas.
Merda. Eu estava fodida.

Meia hora.
Foi o máximo que aguentei ficar naquele jantar, para então sugerir que fossemos embora, com a desculpa de que estava me sentindo cansada do dia de hoje. Todos concordaram sem questionar e eu pedi licença para ir até o banheiro, eu precisava de um pouco de ar, caso Simon se oferecesse novamente para me levar em casa só para descarregar toda sua raiva e frustração em cima de mim.
Eu não estava com vontade de fazer nada, então me sentei no vaso e fiquei ali, tentando controlar a respiração e a minha vontade de chorar. As lágrimas saíram muito mais rápido do que eu pude prever e logo eu estava soluçando igual uma criança que acabou de passar por algo muito assustador. Passei a mão no rosto, tentando controlar tudo que estava se passando dentro de mim, mas ultimamente vinha se tornando cada vez mais difícil, a situação estava se afundando cada vez mais.
Eu não sabia o que estava fazendo da minha vida. Quando iniciei na carreira de cantora, aos dezenove anos, eu era inocente e achava que poderia fazer tudo para se comprar a fama, e bem, você pode. O problema é que, para comprá-la, você precisava estar disposto a pagar esse preço. E, no início, eu até estava. Mas agora, aos vinte e sete, eu não sabia mais o que eu queria, ou quem eu era.
Eu estava me afogando em meio ao caos que eu criei.
— Você vai ficar aí para sempre? — Saí dos meus pensamentos ao escutar alguma desconhecida perguntar enquanto batia na porta da cabine em que eu estava.
Limpei minhas lágrimas rapidamente e saí de lá, já passando pela garota que estava quase entrando ali antes mesmo que eu saísse. Encarei meu reflexo no espelho e passei a mão no meu rosto, na intenção de tirar qualquer rastro que mostrasse que eu poderia ter chorado, e depois saí já na intenção de voltar para a mesa e me despedir.
Tomei um susto quanto senti uma mão agarrar meu braço com força e me empurrar contra a parede. Era Simon.
— O que você pensa que está fazendo? — ele rosnou irritado.
O encarei por alguns instantes, eu sabia do que aquilo se tratava, mas preferi fazer a desentendida.
— Do que você está falando? — Pisquei algumas vezes, enquanto ele ainda segurava meu braço com força.
, eu não sou idiota... — Sua expressão era de raiva. — Que história foi aquela de música nova?
Revirei os olhos em instinto.
— É só uma música, Simon — falei, tentando me soltar, mas ele apertou ainda mais meu braço. — Você está me machucando!
Ele me pressionou ainda mais contra a parede e aproximou o rosto do meu.
— Escuta aqui, eu comando cada passo seu, entendeu? — rosnou baixo. — Se tentar passar a perna em mim, eu acabo com você!
Puxei meu braço, na tentativa de me soltar, e o empurrei, mas ele ainda me segurava.
— Está tudo bem, aqui? — A voz de reverberando no ambiente fez com que meu coração se aliviasse.
Simon estava realmente me assustando.
— Ah! — Meu empresário deu uma risada nasalada, afrouxou a mão do meu braço, e depois me segurou de forma delicada pelos ombros. — , vive tropeçando em todo lugar que anda...
Filho da puta!
Era a mentira mais deslavada do mundo.
, você está bem? — perguntou, enquanto me encarava.
Eu não sei por que, mas ele me passava a sensação de que não tinha acreditado na expressão do meu empresário.
— Sim, só tropecei. — Eu conseguia sentir o gosto do veneno, devido à minha mentira, na ponta da língua.
Apenas assenti para , que encarava Simon com uma expressão de quem o estava estudando e passei por ele, já indo em direção à mesa. Me despedi de todos rapidamente, peguei minha bolsa e segui para a saída antes que o meu empresário pudesse me alcançar. Naquele momento eu precisava ficar o mais longe possível dele. Já tinham rolado algumas situações tensas entre nós, mas ele nunca havia sido tão agressivo comigo...
Eu precisava fazer alguma coisa.
Estava fazendo uma noite de calor em New York e eu optei por andar um pouco, ver pessoas, dar uma caminhada ia me ajudar a acalmar os ânimos depois do que tinha acabado de acontecer. Enquanto eu caminhava, meus pensamentos me levaram até meu novo produtor musical, então me fizeram ir até a noite anterior, quando conheci aquele cara misterioso, e, pela primeira vez, eu me peguei conectando dos dois — como se eles fossem a mesma pessoa.
Ri da minha idiotice.
Eles não podiam ser a mesma pessoa, não mesmo.
Soltei um gritinho estridente quando estava prestes a atravessar a avenida e senti uma mão agarrar meu braço. Dessa vez, não tinha força no gesto, e, assim que me virei, encontrei os olhos de sobre mim, com um sorriso torto nos lábios.
— Desculpa, não quis te assustar — ele disse e soltou meu braço.
Ri fraco.
— Tudo bem! — Dei de ombros. — Achei que fosse...
Não terminei de falar, pois percebi que não podia dizer aquilo em voz alta.
— Simon? — perguntou, pegando-me de surpresa e me fazendo constatar que ele realmente não tinha comprado a desculpa do meu empresário.
— É — afirmei, simplesmente. — Hm, aconteceu algo?
Ele riu fraco e passou a mão pelos cabelos.
— Quer dar uma volta? — sugeriu com um sorriso nos lábios. — Ainda é cedo, acho que poderíamos continuar nossa conversa de mais cedo...
— Claro — assenti, sorrindo. — Tem uma sorveteria ótima a algumas quadras daqui. O que acha?
Ele assentiu, sorrindo.
— Quer pegar um táxi, ou podemos ir andando? — perguntei, enquanto começávamos a caminhar.
Eu tinha desistido de atravessar, já que a sorveteria era do lado em que nos encontrávamos.
— Prefiro andar — respondeu, depois de um tempo.
— Ótimo — respondi, simplesmente.
A noite estava muito bonita, então seria um desperdício total ir de táxi em vez de andar algumas poucas quadras. Enquanto caminhávamos, não tocou no assunto de Simon e começou a falar um pouco como tinha gostado de me ouvir cantar pessoalmente, que sempre foi fã da minha música e que quando soube que meu empresário estava procurando um novo produtor musical para mim, ele não hesitou em entrar em contato e solicitar uma entrevista.
Perguntei um pouco sobre a carreira dele na música e ele me contou como foi trabalhar com cantores como Selena Gomez, Justin Bieber... e muitos outros. Quanto mais conversávamos, mais eu insistia em conectá-lo com o cara misterioso que eu havia conhecido na festa de Holly. Eu não sabia explicar o porquê, mas não conseguia me desconectar daquele cara.
, vai querer do quê? — perguntou, assim que chegou nossa vez na fila.
O caminho até a sorveteria havia sido rápido devido a toda a conversa.
— Morango — respondi, enquanto pegava meu celular, que tinha acabado de vibrar.
— É das minhas — ele disse, rindo, e se virou para a atendente.
Aproveitei que ele estava fazendo o pedido e desbloqueei meu celular. Tinha algumas mensagens de Holly perguntando como eu estava e pedindo desculpas pela noite anterior, mas a mensagem que mais me chamou atenção foi a de Peter perguntando se eu estava em casa.
— Aqui — disse, me passando uma casquinha com uma bola enorme de morango.
Guardei meu celular no bolso e peguei da mão dele.
— Obrigada — agradeci, já saindo da fila com ele. — Vem, tem um terraço incrível aqui.
Ele me seguiu e subimos uma escada que nos levou a um terraço enorme, que dava uma vista linda para New York. Passamos por algumas mesas que tinha ali e só paramos quando chegamos ao parapeito de vidro que cercava todo o espaço, era simplesmente lindo e aconchegante estar ali.
— É lindo! — falou empolgado e o vi dar uma lambida em seu sorvete, que era do mesmo sabor que o meu.
Gargalhei.
— Nunca veio aqui? — perguntei e dei uma lambida no meu sorvete.
— Não. — Seus olhos me encaravam firme. — Eu me mudei para New York há pouco tempo.
— Jura? — perguntei surpresa. — Onde morava antes?
— Los Angeles.
— Uau!
— É, bem diferente. — Riu fraco.
— Sim — afirmei. — Principalmente o clima. O que está achando?
— Adorando — disse com um sorriso enorme nos lábios. — Principalmente as companhias que venho contemplando.
Sorri fraco e dei outra lambida no meu sorvete, tinha entendido muito bem o recado.
— Então... — disse, me encarando como se estivesse pensando no que iria dizer a seguir. — O que realmente rolou lá no restaurante?
Me virei para o parapeito e encarei a paisagem, ponderando qual seria minha resposta.
— É complicado — respondi com sinceridade. — Simon, ele não sabia sobre a música nova...
— Desculpa, eu senti que tinha algo estranho quando ele perguntou... — disse e voltei a me virar para ele. — Não sabia que ia causar problemas para você...
Ri fraco.
Ele mal sabia que não era nenhum problema.
— Não foi culpa sua — afirmei. — É bem mais complicado do que isso...
— Desculpa, não quis me meter no que não é da minha conta — disse com um sorriso cúmplice no rosto.
Ri fraco.
— É a fama, né? — falei, voltando a me virar para o parapeito. — Às vezes a manutenção é cara.
— É, acho que sim — disse em um tom calmo.
De repente, me senti com muito calor.
— Nossa, está realmente muito quente. Pode segurar meu sorvete um minuto? — pedi.
Ele pegou minha casquinha e tirei a jaqueta levinha que estava vestindo.
— Estava me pergun... — ele começou a dizer, mas parou.
Terminei de tirar minha blusa, achando aquilo um pouco estranho, e me virei para ele, que tinha uma expressão estranha.
, aconteceu algo? — perguntei preocupada.
Ele me encarou por alguns instantes e achei aquilo um tanto quanto estranho.
— Não... — respondeu e sorriu. — Eu ia dizer que estava me perguntando quando você ia tirar esse casaco.
Ri fraco.
— É, também não sei por que coloquei — falei, rindo. — Vamos? Foi um dia cheio.

Achei estranhamente quieto quando pegamos o caminho de volta, onde ele se ofereceu para me acompanhar até em casa. Como eu morava um pouco afastada de onde estávamos, pegamos um táxi para não ficarmos cansados demais e para que eu não chegasse tão tarde também. Já passava das onze horas e amanhã eu já teria gravação no estúdio com ele.
Achei que ele fosse seguir o caminho dele assim que táxi parou de frente para o meu condomínio, mas não, ele desceu e me acompanhou até a entrada. Meu produtor ainda estava trocando poucas palavras e eu não sabia o porquê, mas aquilo estava realmente me incomodando.
, nós passamos de algum limite entre produtor e músico? — perguntei, ao pararmos na recepção.
Ele me olhou um pouco assustado.
— Digo, ficamos íntimos de uma forma que não deveríamos? — expliquei.
Um sorriso se formou em seus lábios, como se ele estivesse achando graça naquilo.
— Por que está me perguntando isso? — indagou.
— Você ficou todo estranho do nada quando tirei meu casaco — expliquei. — Não que tenha a ver com a minha quantidade de roupas...
Ele gargalhou.
— Ok, eu fui ridícula com as palavras — falei, rindo. — Eu quero saber se fiz algo que te incomodou.
— Não, , você não fez nada — respondeu, usando meu apelido.
Mais uma vez naquela noite, eu o relacionei ao cara da noite anterior.
— Você vai achar que sou louca... — falei de forma retórica. — Mas às vezes tenho a sensação de que eu já te conhecia antes de hoje.
riu fraco e se aproximou de mim, depositando um beijo da minha bochecha.
Era ele. Eu tinha certeza.
— Talvez você conheça, lindinha — disse, e se afastou, virando-se para ir embora.
Um sorriso se formou em meus lábios.
! — gritei, chamando-o, que se virou na hora.
— Você sabia? — ele perguntou.
— Eu desconfiei — respondi, rindo. — Como soube que era eu?
— A tatuagem — ele respondeu simplesmente, com um sorriso sacana no rosto.
Claro.
Quando tirei a blusa, ele viu a minha tatuagem no ombro.
— Boa noite, lindinha — ele disse, e o vi ir embora.
Eu não sabia quais eram as chances de aquilo estar acontecendo, mas estava e eu me sentia viva pela primeira vez em muito tempo. era a única pessoa na minha vida agora — exceto Holly — que estava tendo a oportunidade de conhecer uma versão muito melhor de mim, uma que não contaria mentiras ou sempre se preocuparia em beneficiar a si mesma.
Uma muito melhor.


Capítulo 3 — Something Real

I just want something real…



Minha noite tinha terminado bem, mas pela manhã começou como um pesadelo. Peter tinha atravessado a porta, me bombardeando de perguntas, porque tinham saído algumas fotos minhas com do nosso passeio da noite anterior, e, pior ainda, tinham várias fotos da festa de Holly quando dancei com ele. Eu tinha quase me esquecido como era isso de ser flagrada por fotógrafos, já que fazia muito tempo que eu não ia a festas, ou saía andando pelas ruas de New York.
Enquanto eu caminhava procurando pelas minhas coisas, pois em meia hora teria que sair para ir ao estúdio, Peter não parava de me bombardear com perguntas que eu já havia respondido centenas de vezes. Eu estava cansada, não só do nosso noivado, mas da vida que eu vinha levando e não queria descontar isso nele. O problema era que ele me pressionando daquela forma não estava facilitando as coisas.
— Peter, por favor... — pedi, enquanto terminava de colocar as coisas na minha bolsa. — Será que podemos conversar quando eu voltar?
Meu noivo me encarava, sua expressão era de irritação.
, faz três semanas que não nos vemos. E você já vai sair? — ele perguntou em um tom irritado.
Eu sabia que vinha me afastando cada vez mais, mas não era como se eu pudesse faltar aos meus compromissos para passar um dia todo com ele.
— Você sabe que eu preciso trabalhar — falei da forma mais calma que consegui. — Estou realmente ocupada hoje.
— Você sempre está — respondeu com deboche.
Revirei os olhos.
Eu não estava em um bom dia e ele tinha tirado a manhã para me tirar do sério.
— Contudo, parece que tem tempo para as pessoas que te interessam — afirmou.
Me virei para ele.
— Peter, eu fui à festa da minha melhor amiga — respondi firme. — E esse é , meu novo produtor, apenas tomamos um sorvete enquanto falávamos sobre trabalho.
Ele riu em deboche.
— Claro, a julgar pela sua expressão, realmente parece que estavam falando sobre trabalho! — Ele jogou as fotos na mesa.
Eu sabia que ia me arrepender do que ia dizer, mas disse mesmo assim.
— Tudo bem. — Me dei por vencida. — Por que não vai comigo ao estúdio?
Peter me olhou surpreso.
— Você disse que quer passar um tempo comigo... — falei calma. — Esse é o jeito. Aí quando eu terminar, podemos sair para comer algo.
Ele abriu um sorriso e selou nossos lábios.
— Isso é um sim? — perguntei, rindo.
— Com certeza! — Peter afirmou.

Já passava das dez horas da manhã quando chegamos ao estúdio. Eu sabia que estava atrasada e torcia para que Simon não resolvesse descontar isso em mim. Atravessei a porta de entrada junto de Peter e senti um alívio imenso assim que notei que meu empresário não se encontrava lá.
Cumprimentei todos e apresentei Peter para pessoas novas da equipe. A última pessoa que apresentei para ele foi , que estava perto da mesa de som, ao que parecia já trabalhando em algo que eu tinha certeza de que ele iria me passar. me encarou ao ver Peter e eu apenas desviei meu olhar, pois a conversa que tivemos naquela noite ainda estava fresca em minha memória.
Deixei minhas coisas na poltrona que eu já intitulava como minha e depois me aproximei de .
— Então, o que vai querer fazer hoje? — ele perguntou baixo.
O encarei um pouco confusa. Eu não costumava escolher, ao menos não com meu produtor antigo.
— Eu não sei... — falei com sinceridade e até um pouco apreensiva.
— Você escreveu mais alguma coisa daquela música? — perguntou empolgado.
— Não... — respondi com sinceridade. — Mas posso tentar escrever algo, se quiser...
riu.
— Não. — Ele ainda dava risada. — Não é assim que funciona o processo criativo.
Apenas assenti.
— Aliás, como é seu processo criativo? — perguntou e estreitei o olhar. — Digo, o que você faz para desenvolver as músicas.
— Bom, geralmente vem do nada... — comecei a dizer e desviei meu olhar para Peter, percebendo que ele estava com o olhar fixado em nós dois e lhe lancei um sorriso para então voltar a olhar para o meu produtor. — Depois eu preciso estar relaxada, tento me divertir um pouco... me desligar, sabe?
— É, parece ótimo — falou. — Quer cantar?
Nessa hora, a porta do estúdio se abriu e Simon adentrou o espaço.
Ótimo, minha paz tinha acabado aí.
— Claro que ela quer — ele respondeu, se metendo no assunto.
— Claro... — afirmei baixo. — Quer que eu cante a de ontem, ou quer algo diferente?
Ignorei totalmente a presença de Simon.
— Você escolhe. — Deu de ombros.
... — Simon falou, e eu, que o conhecia bem, conseguia sentir a forma amarga com que tinha dito meu nome. — Por que não canta uma daquelas para nós?
Eu sabia que ele estava se referindo a uma das dez músicas que ele queria colocar no meu álbum, nenhuma escrita por mim e que eu tinha odiado, a propósito.
— Claro! — concordei com uma empolgação fingida. — Vou cantar Back to you.
Caminhei até a minha cabine de som como tinha feito no dia interior, e, quando estava pronta, fiz sinal para que pudéssemos começar. Comecei a cantar e logo de primeira já pude perceber muitos erros na minha voz e na forma como eu conduzia a música, e o olhar de Simon para mim foi de pura raiva, mas eu não me importei e segui da mesma forma.
Caralho, eu odiava aquela música.
Continuei tentando ao máximo me sentir dentro da letra. Eu simplesmente não conseguia, porque aquelas palavras não eram minhas, e, pior ainda, não tinham relação nenhuma com coisas que eu acreditava e gostava de cantar. Nunca vi problema em cantar algo escrito por outra pessoa, desde que você se conecte com o propósito, mensagem e com a letra.
E, no caso, eu não estava fazendo nenhum dos três.
— Para! — Simon gritou no microfone que saía dentro da cabine, fazendo-me levar um susto. — , isto está horrível.
Virei de costas, tentando conter o nervosismo que se passava dentro de mim naquele momento e voltei para a outra parte do estúdio.
— Qual o problema, ? — meu empresário perguntou ao me ver.
— Não consigo me conectar com a música — falei com sinceridade.
Todos estavam em silêncio e me encaravam, porque sabiam que eu não costumava questioná-lo.
— A música que eu cantei ontem... — comecei a falar. — Ela é realmente boa, eu posso cantar para você ver.
, estamos prestes a lançar o CD — Simon falou, tentando ao máximo manter a calma. — Não é hora para novas músicas.
Caralho, eu queria voar no pescoço dele.
, se quiser, podemos fazer igual ontem — se intrometeu e estreitei os olhos, sem entender. — Quando ficamos só nós dois aqui.
Nessa hora, meus olhos encontraram os de Peter.
— E o Harvey — acrescentou.
Desviei meu olhar do meu noivo e voltei a olhar para ele.
— Eu acho que vai ser melhor — afirmei.
Nem me preocupei em olhar para Simon, pois sabia que ele devia estar puto da vida naquele momento.
— Simon, confia em mim... — falou. — Você me contratou porque só trabalho com os melhores. estará mais do que pronta para a premiação.
A premiação.
Eu tinha quase me esquecido.
— Tudo bem! — Meu empresário se deu por vencido.
O encarei sair do estúdio puto da vida, mas nem me importei, não naquele momento.
, vou trazer aquele taco que você gosta. O que acha? — Peter perguntou, antes de sair também.
Sorri para ele.
— Obrigada! — agradeci e selei nossos lábios de forma totalmente forçada.
Assim que todos que não eram necessários tinham saído, me virei para . Ele parecia extremamente calmo apesar do que tinha acabado de acontecer e tinha um sorriso estampado no rosto, o que fez com que eu sorrisse também.
— Melhor agora? — ele perguntou, sentando-se na poltrona de frente para a minha.
Aproveitei a deixa para me sentar também.
— Sim — afirmei. — Se eu disser que pensei em algumas partes da música enquanto aconteceu isso, você vai me achar louca?
riu.
— Não — ele respondeu, rindo. — Só talentosa.
Ri fraco enquanto o encarava.
— Harvey, vou escrevendo e vamos passando umas notas. Pode ser? — perguntei, enquanto pegava o meu caderninho onde escrevia minhas composições.
O loiro assentiu para mim e lhe lancei um sorriso de agradecimento.
I just want something real... — falei, enquanto escrevia.
Comecei a escrever cada vez mais, me prendendo a cada parte daquela música que ia saindo e a tudo que eu queria passar com ela. Nela eu falava não só sobre como eu queria me sentir sobre as pessoas, como me sentia sobre mim, mas também demonstrava de uma forma subentendida como eu enxergava a fama. Ela pode te sugar, evitar que você tenha momentos e relações reais em sua vida.
A fama é assim. Se você puder comprá-la, não pode bancar a pão dura com o seu coração. Não se quiser que ela te dê o que espera de volta, mas você também terá que pagar um preço para tê-la, e o problema é que quando você entra nesse mundo ninguém te conta o quanto ele pode ser alto. A fama pode sugar até a sua alma, cada resquício de tudo de bom que um dia existiu em você.
E o meu preço parecia só aumentar.
— Eu terminei. — Abri um sorriso enorme enquanto encarava .
Ele tinha permanecido em silêncio o tempo todo.
— Eu sei que falei que ia passar as notas, mas acabei me empolgando em escrever... — expliquei.
— Você não precisa se explicar — disse, dando de ombros. — Posso ler?
— Claro. — Passei o caderninho para ele.
O encarei ler o que eu tinha escrito, tomando nota de cada expressão que fazia.
— Isso está ótimo! — falou empolgado ao terminar de ler.
— Mesmo? — perguntei empolgada.
, você precisa confiar mais em você — ele disse, me devolvendo o caderninho. — Vamos cantar?
Estreitei o olhar.
— Não sei... — falei, encarando-o. — Me saí bem mal naquela hora.
riu.
— Porque não se conectava com a música — ele disse, simplesmente. — Você mesma disse.
Assenti, concordando.
— Ou talvez eu não esteja em um bom dia — falei com sinceridade, eu tinha mesmo cogitado aquela possibilidade também.
levou uma das mãos até o queixo, onde passou o dedo de leve como se estivesse considerando algo.
— Vamos fazer assim... — ele disse, se levantando. — Fazemos no violão um acústico e aí depois tentamos na cabine. O que acha?
— O que muda? — indaguei de forma brincalhona.
— Nós sempre nos conectamos mais no acústico — ele disse como se fosse óbvio e caminhou até a salinha de instrumentos, voltando logo em seguida com dois violões. — Aqui.
Peguei um violão e o vi sentar-se com o outro em mãos.
— Vamos? — perguntou empolgado. — Vou tocar com você.
— Tudo bem... — afirmei meio à contragosto.
— Começa pela segunda parte — ele disse e eu apenas assenti, concordando.
Respirei fundo e fechei meus olhos, já começando a tocar as notas no violão.

'Cause some don't have the patience
(Porque alguns não têm paciência)
Some call me high maintenance
(Alguns me chamam de "manutenção cara")
But you pay the bill
(Mas você paga a conta)
'Cause that's the deal
(Porque esse é o trato)


Continuei tocando e cantando, e quanto mais eu avançava na letra, mais ainda eu me sentia conectada a ela e tudo que queria passar ali. continuava tocando também e eu poderia dizer que tínhamos uma sincronia quase perfeita tocando juntos. E era a primeira vez que eu me sentia tão à vontade ao fazer isso com alguém.
— É isso, lindinha! — gritou empolgado.
Abri a boca para responder, mas Peter entrou no estúdio naquele momento. Ele tinha um pacote do meu taco favorito nas mãos e sua expressão era nada amigável ao ouvir as palavras de . Larguei o violão e me levantei para falar com ele, mas tudo que ele fez foi deixar o pacote em cima da mesa que tinha ao lado da porta e sair, então o segui até lá fora.
— Peter! — gritei, ao alcançá-lo, pegando-o em seu braço.
— Nada entre vocês, ? — ele disse, enquanto me olhava nos olhos.
— Peter, eu juro, não tem nada entre nós — falei, encarando-o.
— Qual é, o cara te chamou de lindinha! — A expressão de Peter era de tristeza.
Eu me sentia péssima por vê-lo assim, mas pela primeira vez eu estava sendo cem por cento honesta com ele. Eu não tinha traído ele, nem com e nem com ninguém. Nunca.
— Eu estou falando a verdade... — falei, encarando-o. — Eu vou arrumar minhas coisas e podemos conversar em casa, tudo bem?
Peter estreitou os olhos, para então voltar a me encarar.
— Termina seu trabalho, não precisa — ele disse seco e se virou, saindo do estúdio.
Bufei frustrada e me dei por vencida de ir atrás dele e voltei para a parte de dentro do estúdio. Harvey não se encontrava mais ali e estava com um olhar de culpa, algo que fez eu me sentir ainda mais culpada, porque a culpa de toda aquela situação era completamente minha.
— Desculpa, não queria te causar problemas — ele disse, me encarando.
Ri fraco.
— Não, não é culpa sua — falei com sinceridade. — Isso tudo... já devia ter acabado há muito tempo.
apenas me encarava.
— Eu odeio magoar o Peter dessa forma — falei e ri fraco, me dando conta de eu estava despejando uma porção de coisas em cima dele. — Desculpa, não devia estar te falando sobre essas coisas.
— Lembra da nossa conversa na festa da Holly? — perguntou e eu assenti. — Então, talvez esteja na hora de você pensar sobre aquilo. Se você realmente se importa com ele, sei que vai fazer a coisa certa.
— É — afirmei de forma retórica.
Eu já vinha adiando meu término com Peter há muito tempo. E eu sabia que o motivo era ele ser uma das poucas coisas realmente reais na minha vida até um certo tempo. Nos conhecemos no início da minha carreira e eu me apaixonei logo de cara. Mas quando as coisas começaram a esfriar, Simon foi o primeiro a dizer que um término não seria nada bom para os negócios.
E, mais uma vez, eu fiz escolhas erradas.
— Bom, vamos continuar — falei, após um tempo.
— Não, já está bom por hoje — disse, levantando-se.
— Tem certeza? — perguntei preocupada. — Se for pelo que aconteceu, acredite, eu estou bem.
Ele riu fraco.
— Não, não é nada disso. — Ele deu de ombros. — Você já fez bastante hoje, é bom um descanso.
Naquele momento, olhei para o relógio da parede e vi que já estávamos no fim da tarde. O dia havia passado voando e eu nem tinha me dado conta.
— Bom... — falei, já me levantando. — Foi ótimo.
Ele assentiu, sorrindo e eu me virei para pegar minhas coisas e sair dali, já decidida a resolver minha vida de uma vez por todas.
? — me chamou, fazendo com que eu me virasse para ele e pude ver que estava próximo da porta, pronto para sair.
— Sim — respondi.
— Hoje eu vou com um pessoal a uma casa noturna... — ele começou a dizer e passou a mão nos cabelos, demonstrando nervosismo. — Bom, se tomar a decisão certa, eu deixei um papel ali em cima com o endereço. Seria legal se você fosse...
Deixei escapar um sorriso e desviei meu olhar até a mesinha onde Peter tinha deixado minha comida.
— Certo — afirmei e o vi sorrir e depois sair.


🎤 🎤 🎤


Usei todo o tempo gasto no trânsito para pensar na conversa que teria com Peter. Eu sabia que ia ser difícil e que provavelmente iria ferir os sentimentos dele, mas eu não tinha mais como adiar. Nós já não éramos mais um casal há muito tempo, e, lá no fundo, eu tinha certeza de que ele tinha consciência disso também. Ele sempre foi um namorado e noivo maravilhoso, mas infelizmente ao longo do tempo fomos perdendo a conexão que havíamos criado no início da relação.
Era a primeira vez que eu ia tomar uma atitude sem contatar Simon, sem falar absolutamente nada sobre com ele e eu me sentia nervosa, mas ao mesmo tempo era quase possível sentir a sensação de liberdade só de pensar no que estava prestes a fazer. Ia ser difícil, iria me trazer consequências as quais eu talvez não estivesse pronta para lidar, mas era a coisa certa a fazer.
Adentei meu apartamento e logo vi Peter sentado no sofá da sala de estar. Seus olhos encontraram os meus logo que ele notou minha presença, e eu pude perceber que ele estava muito mais calmo do que na hora que saiu do estúdio e isso era bom, significava que o conteúdo da minha conversa não ia terminar em uma briga.
, me desculpa... — Peter disse, assim que me aproximei.
Tentei sorrir para ele, mas não consegui.
— Aconteceu alguma coisa? — Seu olhar tinha mudado de aliviado para preocupado.
— Peter... — comecei a falar, mas senti como se as palavras não fossem surgir. Então respirei fundo, tomando toda a coragem que eu sabia estar dentro de mim. — O que eu vou te dizer agora é com todo meu coração e sem intenção nenhuma de te machucar.
Seus olhos me encaravam e eu sabia que ele tinha entendido.
— Eu quero terminar o nosso noivado — falei de forma direta, postergar o que eu queria dizer não ia facilitar nada.
... — a voz dele saiu um pouco falha e ele desviou o olhar.
— Peter, olha para mim. — Peguei a mão dele. — Eu sei que você sente isso também. Sei que sente, assim como eu, que já não somos um casal há muito tempo.
— Você tem certeza? — ele perguntou, me pegando completamente de surpresa.
Eu esperava insistência, ou talvez alguns questionamentos.
— Eu tenho! — respondi com sinceridade. — Sei que você vai encontrar uma pessoa maravilhosa. Eu não te traí, preciso que saiba disso, nem com e nem com ninguém.
— Mas? — ele perguntou, me fazendo rir.
Ele me conhecia bem demais para saber que viria um "mas".
— Eu senti, sim, uma conexão com . — Sorri ao dizer isso. — Eu o conheci antes de saber que ele seria meu produtor.
Ele me abraçou em um gesto inesperado.
— Acho que uma parte de mim sempre vai amar você — Peter disse, fazendo com que eu o apertasse no abraço.
— Uma parte de mim também — respondi, e um sorriso se formou em meu rosto.
Depois que nos afastamos do abraço, Peter se despediu de mim com um beijo no rosto e saiu da minha vida — não para sempre —, mas por algum tempo até que fossemos capazes de sermos apenas amigos. O alívio que eu sentia naquele momento em meu coração era libertador, como se eu tivesse tirado um peso enorme de cima dos meus ombros. Pela primeira vez em muito tempo, eu tinha tomado uma decisão totalmente minha.
Peguei o papel com o endereço que havia me passado e me joguei no sofá, encarando a letra um pouquinho torta. Apanhei meu celular e cliquei no contato da Holly. Se eu ia fazer essa loucura, então seria acompanhada da minha melhor amiga, e eu também precisava me desculpar, já que não tínhamos nos falado desde aquela "briga" na festa.
! — Holly disse empolgada, ao atender.
— Oi, Holl — falei animada. — Me desculpa não ter ligado antes, foi um pouco corrido esses dias.
É, eu posso ver... — Minha amiga riu do outro lado da linha. — Nas revistas!
— Você está ocupada? — perguntei, enquanto encarava o papel à minha frente.
Não. O que tem em mente? — O tom de voz da minha amiga era de curiosidade e eu adorava isso.
— Eu fui convidada para ir a uma casa noturna... — expliquei sem dar muitos detalhes. — Topa ir comigo?
Vou ficar de vela? — perguntou, rindo.
— Cala a boca e se arruma — falei, já me levantando. — Passo aí às dez!
Desliguei antes que minha amiga pudesse me questionar e logo comecei a subir as escadas em direção ao segundo andar. Hoje seria minha primeira noite de liberdade e eu queria aproveitar.


Holly estava ainda mais empolgada do que eu para a noitada que teríamos pela frente. Simon já tinha me ligado algumas vezes, mas eu havia ignorado em todas elas. Provavelmente, a agente de Peter tinha ligado para ele dizendo sobre o fim do nosso noivado, mas eu não me importava, não ia me preocupar com nada além de me divertir.
Não precisei de muito tempo dentro da casa noturna para avistar com alguns amigos, próximo ao bar. Puxei minha melhor amiga pela mão e logo me encaminhei até lá, onde fui recebida muito bem por todos, que me cumprimentaram dizendo que era um prazer nos conhecer.
— Fico feliz que veio — disse baixinho, quando nos afastamos um pouco do pessoal.
Deixei um sorriso escapar dos meus lábios e me virei para o barman.
— Eu quero uma taça de vinho rose — falei de forma simpática. — Você?
— Uma cerveja — ele respondeu, sem tirar os olhos de mim.
— Ah! — falei, ao me lembrar da tarde de hoje. — Obrigada por ter me ajudado hoje à tarde.
riu fraco.
— Sem problemas — disse, dando de ombros.
Não demorou muito para que nossas bebidas chegassem e logo o puxei para caminharmos pelo lugar. Aproveitei que íamos dar uma volta para passar os olhos através do espaço, era bem menor do que a casa noturna que Holly tinha escolhido para dar a festa dela e mesmo assim era muito bonita e dividida em dois ambientes, com duas pistas de dança bem grandes, além do camarote.
me puxou pela mão e me guiou por entre as pessoas que tinham ali, até chegarmos ao segundo andar e darmos de cara com uma sacada enorme. Não pude conter o sorriso, eu adorava lugares altos onde eu poderia olhar New York toda através dali, e fiquei feliz por ele ter se lembrando disso, devido à minha escolha de sorveteria naquele dia que demos uma volta.
— Então, aqui é muito bonito... — falei, tentando puxar assunto.
riu e se aproximou.
— Lindinha... — ele disse e levou uma das mãos até meu rosto, afastando meu cabelo que tinha ali. — Eu estou querendo fazer isso há muito tempo, então eu preciso perguntar. Você tomou a decisão certa?
Um sorriso escapou dos meus lábios quase que involuntariamente.
— Não... — respondi e vi a expressão dele ficar confusa, me fazendo cair na risada. — Eu tomei a decisão mais do que certa, na verdade.
O gesto dele foi delicado, mas ao mesmo tempo desesperado. passou o braço na minha cintura e levou os lábios até os meus, fazendo com que eu fechasse meus olhos e aproveitasse aquele toque que eu vinha esperando desde que o tinha conhecido naquela festa. Ele pediu passagem para aprofundar o beijo entre nós, e, ao mesmo tempo que dei, levei uma das mãos até os cabelos dele, embrenhando meus dedos ali, o que fez com que ele aumentasse o ritmo do beijo. Seus lábios eram macios e carnudos ao mesmo tempo, e tinham o gosto da cerveja que ele estava bebendo, trazendo uma sensação ainda maior para aquele momento.
Ele tinha um sorriso no rosto assim que nos afastamos.
— Vem, vamos dançar. — O puxei, antes que ele pudesse dizer alguma coisa.
Deixei minha taça no bar e segui, puxando-o até a pista de dança principal que tinha ali. A música que estava tocando era animada, e assim que passei o olhar pelas pessoas que tinha ali, pude ver Holly com uns dos amigos de aos amassos, e não pude deixar de sorrir e soltar uma leve risada em seguida.
Levei minhas mãos até o pescoço do homem à minha frente, exatamente como havia feito na primeira noite que dançamos juntos e encaixei minha perna entre as dele. levou as duas mãos até a lateral do meu corpo e me puxou contra ele, de modo que nossos corpos quase se fundiram e começamos a nos movimentar no ritmo da música. Era como se só nós dois estivéssemos ali no meio daquela pista e o mundo fosse completamente nosso.
O soltei e virei de costas para ele, de modo que ele pôde colar o corpo ao meu e fechei meus olhos, entregando-me à batida. A sensação que passava em meu corpo naquele momento era indescritível e a liberdade que eu sentia era quase tangível, fazendo com que eu não me importasse com as notícias que poderiam surgir no dia seguinte e o que teria de ouvir do meu empresário ao acordar.
A única coisa que importava naquele momento era fazer o que eu realmente queria.
Me virei novamente para ele e levei minhas mãos até seu pescoço de novo, já me inclinando e levando meus lábios até os dele, dessa vez eu que iria beijá-lo. Pedi passagem para que aprofundássemos o beijo e ele me deu, levando suas mãos até minhas costas e me puxando de forma desesperada contra o seu corpo. Quanto mais nos beijávamos, ainda mais eu tinha certeza de que poderia fazer isso com ele para sempre, nossos lábios tinham uma sincronia perfeita.
Paramos o beijo, selando nossos lábios e logo ele levou os dele até meu ouvido.
— Vamos sair daqui? — ele disse, me arrancando um sorriso. — Isso é um sim?
— Com certeza! — afirmei, puxando-o pela mão.


me jogou contra a parede e tomou meus lábios com voracidade assim que atravessamos a porta do apartamento dele. Os amassos tinham ficado mais intensos desde que havíamos saído da balada. Eu estava queimando em tesão e ele parecia da mesma forma, a julgar pelo jeito que me beijava, puxava meu cabelo e me apertava contra seu corpo.
Embrenhei minhas mãos nos cabelos dele ao sentir suas mãos agarrarem minha bunda e ser levantada, de forma que enlacei minhas pernas em sua cintura conforme ele andava em direção ao enorme sofá da sala. Interrompi o beijo entre nós e o encarei tão próximo, com um sorriso travesso nos lábios, e foi preciso só duas palmas dele para que as luzes do ambiente — que eram em um tom roxo — se acendessem.
Ele logo tomou meus lábios de novo e levou as mãos até minha coxa nua por dentro do vestido. Quanto mais ele apertava aqueles dedos grossos contra minha pele, mais eu rebolava em seu colo e sentia minha respiração sibilar entre o nosso beijo, que estava ainda mais intenso do que antes — se é que isso era possível. Mordi o lábio dele com força e o puxei na minha direção, fazendo com que ele apertasse a mão contra minha coxa com força, o que me arrancou um gemido sôfrego.
Eu estava cansada de adiar.
Separei nossos corpos e levei meus dedos até a camisa dele, abrindo com pressa cada botão. Assim que terminei de abrir, a puxei para trás e joguei em qualquer canto daquela sala, o que me deu a visão de seu tronco e levei meus lábios até seu pescoço, onde comecei distribuindo beijos na região e desci, fazendo uma trilha de toda a extensão ali até chegar ao seu peito nu.
Conforme eu descia os beijos, o senti se remexer impaciente, o que me arrancou um sorriso. Continuei meu caminho até chegar ao pé de sua barriga e levei minhas mãos até o cinto da calça que ele vestia, o abrindo em seguida, e levei meus dedos levemente até a barra de sua calça, onde os passei devagar e puxei para baixo sem pressa alguma.
bufou impaciente.
— Não me provoca assim — pediu.
Lancei um sorriso sacana para ele e terminei de puxar sua calça.
Não pude conter uma mordida no meu lábio ao encará-lo ali, sentado, praticamente nu, com o olhar igualzinho ao da noite que o conheci e um sorriso de canto estampado. Levantei meu olhar e vi que tinha um som ali, então caminhei sorrateiramente até lá e configurei para que uma playlist no meu celular ficasse sincronizada, tocando aleatoriamente de modo que eu não precisasse mudar.
Em um gesto rápido, fui pega de surpresa por , que agarrou minha cintura, me pegando no colo e me colocou sentada na bancada do bar que tinha ali. O encarei tentando entender o que ele ia fazer e senti seus lábios tocarem os meus delicadamente, o vendo descer beijos por toda a extensão do meu pescoço até chegar ao decote do meu vestido, o que fez com que minha pele se arrepiasse instantaneamente.
Suas mãos apertaram minha coxa, o senti levantar meu vestido. sorriu para mim e tomou meus lábios novamente, passando a mão delicadamente na parte interna da minha coxa, me fazendo arfar de forma sôfrega ao senti-lo puxar minha calcinha para o lado. Seus dedos deslizaram pela extensão dos grandes lábios, subindo e descendo, até que ele parou no meu clitóris, fazendo movimentos circulares, e, sem que eu esperasse, parou o que fazia e puxou minha calcinha, a rasgando e jogando longe.
Seus lábios voltaram a tocar minha pele na região do pescoço e então, de forma rápida, subiu pela minha coxa, puxando o 1meu vestido para que eu o retirasse, algo que fiz sem hesitar e o joguei em qualquer canto, então vi um sorriso em seus lábios ao constatar que eu não usava sutiã. Sua boca tocou novamente minha pele e ele foi descendo pela extensão do meu colo até chegar ao meu peito, onde ele abocanhou um deles e o sugou com vontade. Seus dedos tocaram a parte interna da minha coxa, pressionando minha pele com intensidade, o que me fez arfar e apertar sua pele com afinco, conforme subi meus dedos até seus cabelos e os puxei sem delicadeza alguma.
respirou ruidosamente e um gemido escapou de seus lábios, o que me fez sorrir em resposta.
Em um gesto lento, mas preciso, subiu os dedos rapidamente, fazendo um desenho abstrato em minha coxa e me penetrou com um dedo. Aquilo me fez arfar e respirei ruidosamente, pois não estava esperando. Joguei minha cabeça para trás, deixando que um gemido desesperado saísse dos meus lábios ao mesmo tempo em que eu me movimentava contra os dedos dele, que ele começou a rodar lentamente. Então levei minha mão até a barra da cueca dele e a empurrei para baixo, dando a entender que eu queria que ele tirasse.
— Com pressa, lindinha? — perguntou com um sorriso sacana no rosto.
— Pode apostar que sim — afirmei, rindo.
Eu precisava dele dentro de mim, sem tempo para preliminares, não hoje.
Como se pudesse ler meus pensamentos, tirou os dedos de dentro de mim e se afastou, tirando sua cueca logo em seguida. O vi caminhar até sua calça e pegar uma camisinha que tinha no bolso, ele a vestiu em seu pau e, ao voltar, me puxou da bancada onde estava sentada, fazendo sinal para que virasse de costas.
— O que vo...
Nem consegui terminar de falar, sua mão agarrou meus cabelos e pude sentir sua ereção na minha bunda. Ele puxou levemente meus cabelos para trás, fazendo com que minha cabeça se inclinasse e aproximou os lábios — que estavam quentes — da minha orelha, onde ele deu uma leve lambida.
O gesto fez com que eu estremecesse.
Filho da puta.
— Eu estou esperando por isso há muito tempo, lindinha — disse firme, enquanto o senti posicionar o pau bem na minha entrada. — Vou foder você todinha.
Ele me penetrou de uma só vez, fazendo com que ambos soltássemos gemidos altos. começou se movendo lentamente e aumentou o ritmo gradualmente, enquanto apertava um dos meus seios com a outra mão. O jeito que ele segurava meus cabelos com ainda mais força, puxando minha cabeça para trás, só fazia com que eu ficasse ainda mais arqueada e ele pudesse meter ainda mais fundo, o que só me incentivou a rebolar ainda mais gostoso em seu pau.
O corpo dele era quente e os seus gemidos que ecoavam eram como música para os meus ouvidos naquele momento. Era tudo sobre como ele me fazia sentir, mesmo naquele momento, e eu me vi completamente entregue a ele, sentindo que ele se sentia daquela mesma forma comigo.
Me vi revirar os olhos quando ele saiu e entrou em mim novamente, dando um tranco que me fez gemer ainda mais alto e senti sua boca contra a curva do meu pescoço, onde ele deixou um chupão forte e então desceu sua mão que estava nos meus seios para a minha cintura e apertou os dedos. Escutei ele rir de uma forma sacana, então me segurou para que eu não pudesse me mexer e passou a meter lentamente.
Aquilo foi como uma tortura e senti meu corpo estremecer. A sensação de ter ele entrando em mim de um jeito tão lento era delicioso, me arrancando gemidos que eu sequer conseguia controlar e mordi os lábios com força quando ele me tocou bem fundo. Sem que eu tivesse tempo para reagir, após ter me torturado daquela forma, saiu de dentro de mim e me virou, me pegando em seu colo.
Aproveitei aquela posição para envolver meus braços em seu pescoço e atacar sua boca de uma forma que minha língua explorou cada parte dela de um jeito delicioso conforme ele caminhava e o senti se sentar, constatando que estávamos no sofá.
— Quero você rebolando no meu pau, gostosa — disse completamente afetado e o senti se encaixar e meter de uma só vez, me fazendo gemer sofregamente.
Eu teria dado uma resposta se aquilo não tivesse me afetado tanto, mas em vez de fazer aquilo, comecei a rebolar com vontade, sentindo cada parte da minha boceta tocar seu pau e me deliciei com a forma que ele revirou os olhos e gemeu deliciosamente conforme espalmou a mão na minha bunda.
Sorri com aquilo e voltei a beijá-lo.
Por mais que ter sua boca na minha fosse uma delícia, era difícil manter o ato devido ao movimento dos nossos corpos. Quando mais eu rebolava, mais ele movimentava os quadris de uma forma deliciosa que estava me fazendo perder os eixos e eu me sentia cada vez mais molhada conforme minha boceta apertava seu pau com cada vez mais intensidade.
Nossos corpos estavam tão quentes que eu nem conseguia acreditar que aquilo era possível.
Senti ele pulsar dentro de mim, e sabendo que estava próximo ao ápice, diminuí um pouco a forma como rebolava, algo que fez com que ele cravasse as unhas curtas contra a minha pele e apertasse minha bunda com vontade. Aquilo só me instigou ainda mais e rebolei mais, quase fazendo com que ele saísse de dentro de mim e voltando a me atolar nele em um tranco delicioso.
O ato fez com que nós dois gemêssemos alto. Então dei uma rebolava mais forte, sentindo minha boceta se apertar absurdamente, engolindo seu pau com tanta violência que precisei afundar meu rosto na curva de seu pescoço de tão intenso que foi. Meu corpo estremeceu violentamente e movimentei ainda mais.
— Isso, goza pra mim, lindinha — pediu, o que só me incentivou a continuar.
então aumentou os movimentos de seu quadril, então primeiro minha boceta se alargou, depois o apertou de uma forma alucinante e pude sentir escorrer em seu pau, denunciando que eu havia gozado. Apesar dos espasmos do meu corpo devido ao orgasmo, continuei rebolando e o senti subir as mãos para minhas costas de uma forma que ele me segurou com firmeza.
Demonstrando que estava quase lá, ele segurou meu quadril com firmeza e passou a guiar os movimentos, metendo intensamente. Afastei meu rosto então, segurando seus ombros com firmeza, porque eu não perderia suas reações por nada. E foi uma delícia ver a forma como ele gemia descontroladamente e soltava palavrões de uma forma que se fosse possível, eu até atingiria meu ápice de novo.
— Caralho! — gemeu rasgado, colando os lábios aos meus, me segurando com força e eu soube que gozava descontroladamente pelos tremores de seu corpo.
Sem que eu esperasse, ele me segurou de uma forma mais delicada, envolvendo os braços à minha volta e selou seus lábios aos meus algumas vezes.
— Isso foi... — falei baixinho, ao afastar meu rosto, mas me perdi em meio às palavras.
Escutei ele rir fraco e então o senti relaxar.
— Incrível — ele completou com convicção, fazendo com que eu o olhasse.
Seus cabelos estavam caídos na testa, seu corpo todo suado. E eu, bem, não estava muito diferente dele.
— Onde tem banheiro aqui? — perguntei, o encarando.
Minha bexiga já estava me matando.
— No final do corredor — ele falou, já se levantando e olhei um pouco confuso. — Eu preciso também, aí aproveitamos e já tomamos um banho. O que acha?
Estreitei o olhar.
— O quê? — passou a mão pelos cabelos, como se estivesse sem graça.
— Está me convidando para passar a noite aqui? — perguntei, me levantando.
Ele riu e se abaixou, me pegando pelas pernas e me jogando em cima de seu ombro.
— Cala a boca!
Soltei uma gargalhada, enquanto ele caminhava comigo em seu ombro por entre os corredores de seu apartamento.
Era a primeira vez que eu ria de forma tão sincera.


🎤 🎤 🎤


A semana até a premiação passou voando. Eu e passávamos a maior parte do dia juntos, ensaiando — ou fazendo outras coisas —, e eu me sentia cada dia mais ansiosa para minha apresentação. Eu sabia o que tinha que fazer e, mesmo assim, eu tentava me convencer de que aquilo era loucura, e que talvez o melhor seria deixar para lá e continuar seguindo como já vinha fazendo há tanto tempo.
Exceto, é claro, que eu vivia uma mentira.
Simon não estava nada feliz comigo, então a nossa relação tinha ficado ainda pior depois do que aconteceu aquele dia no estúdio. Ele sempre fazia questão de me lembrar o quanto eu estava presa a ele e que ele poderia acabar comigo caso eu decidisse jogar a merda no ventilador. A questão é que eu não era mais aquela garotinha amedrontada que ele conheceu com dezenove anos.
Agora eu era uma mulher. E pior ainda — para ele, é claro —, uma decidida a mudar.
Não importava se eu iria perder tudo, minha fama e até mesmo amigos por conta do que iria fazer. Não existia mais a possibilidade de continuar me sabotando da forma como fiz nos últimos anos. Eu tinha decidido ser cantora porque era o que eu amava e, no final das contas, só me importei com a fama e todo o glamour que ela poderia me dar.
Era bom no início, mas aí você descobre que ela cobra um preço. Um bem alto, que precisa estar disposto a pagar, e eu não estava mais. Cansada era as...
— Ei! — A voz de fez com que eu desse um pulo e voltasse para a realidade. — A sua categoria é a próxima.
Pisquei algumas vezes, tentando assimilar o que ele tinha dito.
, a premiação de melhor cantora do ano! — riu.
— Ah! — exclamei, ao me dar conta do que ele falava. — Desculpa, estou um pouco nervosa.
Ele olhou para os lados — como se já não tivéssemos saído em todos os jornais depois daquele dia na balada —, colocou as mãos nos meus ombros e me puxou para um abraço. Era bom saber que ele me apoiava ainda. tinha deixado isso bem claro quando contei boa parte do que vinha passando com Simon, após a nossa transa, mesmo assim era ótimo saber que não tinha me enganado sobre .
Ele era uma boa pessoa.
— Vai dar tudo certo. — Escutei ele sussurrar e o senti colocar algo no bolso do meu blazer.
— O que é isso? — perguntei, ao me soltar do abraço.
apenas me encarava.
— Você vai saber. — Sorriu, levando uma mão até o meu rosto.
— Não quero fazer nada que possa te prejudicar... — admiti.
Eu sabia que ao expor Simon e todos que o ajudavam, eu poderia acabar com a carreira dele também.
! — Uma mulher do evento apareceu de repente no camarim onde nos encontrávamos. — Você precisa ir lá para perto do palco.
Olhei para o homem diante de mim e ele apenas assentiu.

Eu era a vencedora.
— Então, . O que você tem a dizer? — o apresentador perguntou, me encarando com entusiasmo.
Me preparei para responder, mas parei e levei minha mão até o bolso. Era um pedaço de papel com uma frase escrita com a letra do .
"I just want something real."
Respirei fundo e encarei todas aquelas pessoas diante de mim.
— Eu preparei um milhão de coisas para dizer aqui... — comecei a falar e meus olhos encontraram os de Simon, que passava a mão pelos cabelos. — Contudo, a única coisa que tenho para dizer é que não mereço esse prêmio.
Todos começaram a falar de forma alvoroçada.
— Eu sou uma farsa, esse prêmio não é meu — afirmei, e vi o apresentador se aproximar na tentativa de tirar o microfone da minha mão, mas me afastei. — Isso foi comprado. Todos vocês foram comprados de alguma forma.
A expressão de Simon era de puro ódio.
Tudo que aconteceu na fração de segundos seguinte foi muito rápido. Entrei no palco sendo a garota dos sonhos e saí de lá sendo a dos pesadelos, o que com certeza me faria ser lembrada por acabar com uma das maiores premiações da música. Pessoas começaram a se retirar, enquanto os responsáveis pelo evento tentavam convencê-las de que nada do que eu disse era verdade.
E elas poderiam acreditar se não fossem as imagens que passavam no telão.
Eu não tinha dúvidas, minha carreira tinha acabado ali.
Contudo, eu estava livre.


FIM



Nota da autora: Oi, amores, tudo bem?
MEU DEUS!
Eu achei que nunca fosse conseguir terminar essa short. Contudo, eu gostei bastante do resultado dela e espero que vocês gostem também. Porque vem continuação em outro ficstape.

Com amor,
Vane!



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Nota da beta: Não canso nunca de te enaltecer e dizer o quanto você é foda em todos os sentidos.
Que shortfic MARAVILHOSA! Eu fiquei completamente vidrada nela e juro que poderia super continuar lendo sobre esses dois, então já quero ler mais.
Tô super feliz porque a pp conseguiu se livrar do Simon (ranço eterno) e agora tá se permitindo ser feliz.
Enfim, outra história impecável, mas nem estou surpresa porque estavamos falando de você, vulgo, o amor da minha vida.
Arrasou muitoooo! ♥

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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