Capítulo Único
– Era uma vez, em um reino muito distante, uma princesinha que amava coroas e tiro ao alvo…
– Tipo eu, papai?
– Igualzinha, minha filha. - o mais velho concordou com um sorriso, narrando seu conto para a pequena. As histórias folclóricas eram a única coisa que mantinham a ao menos um pouco quieta ao andar de carruagem. Seus grandes olhos brilhando como bolas de fogo na escuridão, demonstrando sua vontade gritante de saber mais sobre qualquer coisa, tão inocente. Seus pais desejavam manter ela assim para sempre. - Ela tinha dois pais que se amavam muito, o rei e a rainha, e era a combinação dos dois. Um dia, ela foi raptada por um terrível mago!
Como se fosse uma peça do destino, um dos cavalos relinchou, causando uma turbulência passageira, ao mesmo tempo que a sucessora do trono de Tamaran arfou sobressaltada.
– E o que aconteceu?!
O rei Bruce a puxou para mais perto, afagando seu braço.
– Um belo príncipe veio resgatá-la e…
– Papai, isso não tem sentido. - a menina bufou irritada ao interromper o monarca. – Se ela sabe arco e flecha, por que não jogou uma flecha no mago malvado?
– Porque… - ele tentou pensar em uma justificativa, apesar de não ter uma. A história simplesmente tinha sido passada assim para ele, e para seu pai, e para o seu avô. O rei nem mesmo cogitou a ideia de sua filha questioná-la. – Porque o mago tinha um dragão.
Imparável, questionou: – O príncipe sabe lutar contra um dragão?
– Ele tem uma espada.
– Por que a princesa não tem uma espada?
– Vossa Majestade, desculpe interromper… - uma salvação em forma de serviçal apareceu na sua frente, livrando o rei de responder às perguntas da sua herdeira. Ele não pôde evitar um suspiro de alívio, mesmo sentindo o olhar questionador dela em si. Aquela menina era tão obstinada quanto a mãe. - Chegamos ao Circo Jeopardize.
– Obrigado, Maurice. - ele se virou para segurar a mão da . - Pronta, majestade?
Para a sorte dele, sua filha ainda era facilmente distraída, abençoe seu entendimento infantil por isso.
– Sim! – a bateu palminhas animada antes de agarrar a mão do pai. – A mamãe sempre me contava sobre os circos, vai ser muito legal.
O coração de Bruce se apertou ao notar a leve mudança no tom de voz animado de , ela era nova demais para ter que sentir a melancolia de perder alguém que amava, jovem demais para sentir a ausência de uma mão tanto quanto ele sentia da sua esposa. O rei esfregou a mão dela com carinho, tentando transmitir algum conforto. E, de certo modo, tentando reunir coragem o suficiente para entrar na tenda colorida sem sua rainha.
– Sua mãe amava circos, ela sempre escolhia os melhores bobos da corte.
escutou com atenção o que seu pai disse, assistindo a sua expressão mudar. Apesar de não ser adulta, ela sabia uma coisa: até os adultos tinham saudades das pessoas. E se seu pai sentia pelo menos um pouquinho da falta que ela sentia da sua mãe, então ele merecia algumas risadas também. Ainda bem que a princesa sabia exatamente o que sua mãe faria nessa situação.
– Eu vou escolher o melhor bobo de todas as cortes, papai.
XXX
O único jeito de descrever as emoções borbulhantes da princesa de Tamara seria: em chamas. nunca tinha se sentido tão animada para algo, nem mesmo durante as viagens a navio em busca da beira da terra, nem quando acharam ter avistado um monstro das águas durante um tratado por terra.
O circo era diferente de tudo que ela conhecia. O palácio era enorme, mas tão vazio na maioria dos dias, principalmente depois que sua mãe tinha partido. Cada talher tinha o seu lugar, toda roupa era bem passada, e nada parecia pintado fora das linhas. Até seus sapatos e bonecas eram polidos ao menos duas vezes ao dia em nome da perfeição da realeza.
Lá era tudo mais próximo, mais humano. Não era apertado, porém certamente não era um espaço maior do que a sala de estar real. Todos pareciam se encaixar em meio a confusão, todo mundo conversava com quem estava do seu lado como se fossem amigos de longa data, tudo em meio a pipoca e amendoim. Não tinham lugares marcados para as pessoas, exceto para a realeza - o que não deixou muito feliz, mas isso era o de menos em um lugar tão majestoso pela simplicidade. E principalmente, era tão colorido! Da entrada, quando a tenda esbanjava listras em vermelho escarlate e branco, com uma bandeira no topo, até dentro do local, onde a cada canto um fileira de bancos era pintada de uma cor, onde cada parte do palco chamava atenção.
Era tão… Aconchegante. Havia muito tempo desde que ela se sentiu assim.
Não demorou muito para as apresentações começarem, e todas elas arrancavam uma reação em coro da plateia. Um ‘’oh’’ longo e estupefato, ou um várias risadas que se uniam como uma. Até mesmo o rei Bruce, ainda que reservado, arqueava as sobrancelhas e acenava com satisfação a cada número. Bailarinas, animais, malabaristas, palhaços, ilusionistas… Cada um era tão esplêndido quanto o anterior.
assistiu a tudo com brilho nos olhos e coração aberto, ansiosa para escolher quem iria trazer um pouco dessa alegria para a sua casa. Apesar do que a maioria das pessoas pensava, um bobo da corte não precisava ser um palhaço, ele podia ser qualquer circense que estivesse disposto a ser contratado pela realeza.
— Senhoras e senhores, é com alegria que eu apresento… Os s Voadores!
Todos eram maravilhosos, todavia, assim que a princesa colocou os olhos nos trapezistas, ela sabia que eram eles. O show se transformou em um espetáculo, era simplesmente encantador. O modo com que eles se jogavam ao vento, com tanta certeza de que o outro iria segurar eles. Todas as acrobacias pareciam calculadas e, ainda assim, espontâneas. Eles brincavam com a gravidade, tão livres. Majestoso.
– Papai, eu escolhi nosso bobo da corte. - a menina se virou para o rei ao final das apresentações com um sorriso que poderia selar todos os tratados de paz do mundo.
– Quem? – Bruce perguntou com curiosidade.
Não havia resquícios de hesitação na voz da princesa quando ela respondeu ao rei.
– Os trapezistas.
XXX
Quando a viu pela primeira vez, ele tinha certeza de que ela era uma estrela cadente. Não existia outra explicação para o jeito que ela iluminava o circo de um canto da plateia com o maior sorriso que ele já tinha visto, fazendo o seu coração palpitar com a mesma antecipação enlaçada com alegria que ele sempre sentia ao fazer um pedido para uma estrela cadente. Assim como os milagres no céu, o trapezista mais jovem tinha quase certeza de que ela iria embora tão rápido quanto apareceu.
Toda noite era um novo público, fazia sentido acreditar que ele não iria ver a garota dourada, como ele apelidou em sua mente pelas jóias espalhadas e pelo brilho natural.
Para a sua alegria, estava completamente enganado.
Ele e seus pais se curvaram para agradecer com todos os outros artistas para agradecer a companhia do público, e o mais jovem já sentia saudades daquela cidade. Quando ele ia poder ficar em um lugar tempo o bastante para chamar de lar? Para ir para escola, ter um melhor amigo? Será que a menina dourada tinha um melhor amigo? Ele podia ser o seu amigo.
Apesar de amar o circo, ainda era uma criança. E toda criança precisa de estabilidade, principalmente quando não passam mais de um mês parados.
Depois de agradecer a plateia, todos se reuniram entre os trailers e a fogueira. Normalmente, os adultos sempre brindavam e havia muita música, mas hoje tudo estava quieto, a não ser pelos murmurinhos que ele não conseguia entender. Por que todo mundo estava sussurrando?
— , meu amor. — sua mãe chamou, aparecendo ao lado do seu pai e de um homem alto e musculoso. Uma menina segurava sua mão com delicadeza, a mesma garotinha que ele tinha visto do topo do trapézio! Os sorrisos dos adultos refletiram em seu rosto por razões completamente distintas. — Esse é o rei Bruce, e essa é a princesa .
Ela é uma princesa? Que legal, pensou .
— Oi, eu sou ! — o acrobata respondeu, olhando diretamente para a que parecia iluminar o local. As palavras escaparam dele antes que ele sequer pudesse pensar sobre elas. — Você quer ser minha amiga? Eu posso te ensinar a usar o trapézio!
— ! — sua mãe o repreendeu antes que pudesse responder, causando o menino a encará-la com confusão. O que tinha feito de errado?
Notando as sobrancelhas franzidas do menino, seu pai tratou de explicar: — Ele é o rei, meu anjo. Tem que fazer reverência.
— Não precisa se formos amigos! — tomou a frente, largando a mão do seu pai e se aproximando do menino de olhos azuis e cabelos negros. — Quero ser sua amiga também, .
Os circenses tentaram se desculpar com a alteza, mas o rei simplesmente balançou a mão em um gesto descontraído. Sua filha tinha estado solitária desde que a mãe se foi, essa era a primeira vez que ela pareceu se animar tanto com alguém de fora do castelo. Qual era o sentido de estragar esse momento com etiquetas reais antiquadas?
— Bem, acho que isso deixa tudo mais fácil, não é? — a mãe de riu, perguntou suas bochechas coradas.
— Certamente. — Bruce sorriu para as duas crianças, que tinham engatado em uma conversa sobre pega-pega e pique-esconde. — Os s Voadores, vocês estão contratados.
XXX
— Do que você quer brincar, ? — o acrobata perguntou, ignorando o cansaço que rastejava pela sua pele. Ele tinha passado o dia inteiro brincando com a princesa de tudo, até tinham lido, ou tentado ler, contos na biblioteca do palácio (que era enorme e, na opinião de , parecia o interior de um navio pirata).
Acontece que se mudar de um circo de como Jeopardize para o mansão real era muito trabalhoso. Muitas caixas e muitos cavalos, além de muitas despedidas. Seus pais concordaram que seria melhor poupá-lo de toda a bagunça. Assim, após a reunião de despedida com a família do circo, eles deixaram em seus aposentos no palácio.
É claro, o encontrou com facilidade naquela casa que mais parecia um labirinto. E, desde então, eles só tinham parado para comer.
— Que tal dragão? — ela sugeriu.
— Como é essa brincadeira?
— Você é o príncipe preso na torre, e eu tenho que enfrentar o dragão para te salvar. — A princesa explicou e agarrou uma espada de madeira.
O garotinho não cogitou nem por um minuto antes de assentir animado, não entendendo o modo com que seu coração de aqueceu quando ela o chamou de príncipe. Nos contos encantados, o príncipe e a princesa não ficavam juntos para sempre? Ele só a conhecia dela há alguns dias, mas queria continuar brincando com ela para sempre.
Ele gostaria de ser o príncipe dela, se ela quisesse.
— Tá bom. — concordou, se levantando do chão. — Quero ver seus golpes contra o dragão.
Ela enfrentaria todos os dragões com ele, se ele precisasse.
XXX
Com o passar dos anos, a princesa aprendeu muitas coisas sobre .
1. Ele é romani por parte de pai.
2. Ele é extremamente irritante, no bom sentido.
3. Ele aprendeu tantos idiomas no circo quanto ela em suas diversas aulas linguísticas.
4. Ele é um espírito livre, a idade nunca gastou isso dele. O que continua atraindo ela, só que de uma maneira quase traiçoeira nos últimos tempos.
5. Ele é o seu melhor amigo.
E ela ainda enfrentaria qualquer dragão por ele. Porém, ultimamente, ela quer bater com a espada na cabeça dele.
Principalmente agora.
— Qual é, . Eu te peço isso desde sempre.
Ele simplesmente arqueou as sobrancelhas com divertimento, suas bochechas coradas pelo esforço durante o treino no trapézio apenas fazendo ele parecer ainda mais bonito.
— E eu sempre te digo não.
revirou os olhos pela décima vez. Eles sempre tinham aquela conversa. tinha se decidido, por algum motivo desconhecido, a não mostrar a ela como usar o trapézio, algo que ele tinha dito que iria fazer há tempos atrás. Porém, a princesa era mais teimosa quando risonha, disso bem sabia o bobo da corte.
— Você prometeu quando nos conhecemos…
— Sério? Nem lembro disso… Conheço muitas princesas por aí… — deu de ombros e a encarou sugestivamente, ganhando o tapa no ombro de . O acrobata riu da reação dela. — Brincadeira. Só mudei de ideia.
A bufou. — Eu devia te jogar no calabouço.
Ele não pôde parar de se questionar como ela conseguia parecer tão bonita com um beicinho.
— Você sentiria muitas saudades de mim, odjus. — ele piscou de brincadeira, apenas recebendo um empurrão no ombro como resposta.
Era frustrante saber tantos idiomas e ainda assim não conseguir decifrar o dilato romani. Ela uma cultura longe da realidade de , mas que ela amava descobrir mais sobre as particularidades. Afinal, era parte de . Como ela não poderia amar?
— Um dia, vai ter que me dizer o que isso significa.
Ele simplesmente deu um sorriso de lado para a princesa.
— Ouvi meus pais conversando outro dia. — O menino de olhos azuis e pele cor de amêndoa mudou de tópico, alçando um copo d'água. não sabia como iniciar aquela conversa, então ele imaginou que seria melhor só dizer de uma vez. — Acho que o butjaki hertija está acabando.
— Que contrato por trabalho? — ela perguntou, reconhecendo o significado do termo romani. Uma das coisas que ele tinha ensinado.
— Comigo e com a minha família. Sabe que bobos da corte só trabalharam para o rei por alguns anos, né? — assentiu lentamente. Ela sabia disso, já tinha tido outros bobos da corte, um palhaço, um musicista e uma ilusionista, mas nunca tinha cogitado os s fora do palácio. Eles tinham passado tantos anos lá, e … era como parte da sua família. — Acho que está perto de acabar.
— O quê? Não! — a princesa negou com veemência. — Eu tenho certeza que meu pai…
— O rei disse que queria prolongar, mas os meus pais querem voltar para o circo. Eles sentem…
— Saudades. É, conheço o sentimento. — Doeu nele ver a tristeza manchando aquele sorriso tão brilhante. Aquela imagem dela machucada por causa dela estaca mutilando o seu coração. desviou o olhar. — Quem não iria sentir? O circo é…
— Solitário.
— Livre. — eles responderam ao mesmo tempo. A encarou o menino com pesar, um sorriso que não alcançava seus olhos aparecendo. Ela tinha que deixar ele saber o quanto significava para ela ou seu coração iria explodir. — , por que acha que eu insisto tanto para aprender a usar o trapézio? A primeira vez que eu te vi, você parecia tão livre, você parecia estar voando. Eu queria tanto isso. Principalmente depois que minha mãe se foi, tudo parecia tão pesado…. Mas você ria da gravidade, você me fazia sentir leve. — a princesa segurou a mão do bobo da corte. Como ela iria conseguir manter sua alma inteira sem ele? E Deus, estava tremendo… Ela estava tão perto. — E só de estar perto de você, eu já sinto como se estivesse livre. Eu não sou só uma princesa, ou só uma filha… Sou eu quando estou com você. Você me faz sentir livre.
Ela suspirou, como se dizer aquelas palavras fossem a sua salvação. Normalmente, era bem aberta sobre seus sentimentos e pensamentos, o que sempre surpreendeu o acrobata dos melhores jeitos possíveis. Ele não costumava tratar bem as suas emoções, sempre receoso de que as pessoas fossem ir embora como sempre faziam ao final do espetáculo. Todavia, estar com ela fez ele se abrir para o mundo, para falar sobre as coisas que sentia. Ela deu a ele a liberdade que tanto admirava.
Ela deu a ele tudo, ela era tudo para ele.
— , você…
— Princesa , perdão pela interrupção, mas a presença do senhor está sendo requerida no aposento de seus pais. — a voz de Maurice ressoou dentro do recinto.
apertou a mão dela com carinho, seus olhos azuis fizeram um juramento em silêncio:
Prometo que vou voltar.
XXX
espera diversas coisas ao entrar no quarto da princesa . Que ela jogue um vaso na cabeça dele, porque ela com certeza está raivosa por ele ter demorado tantas horas. Talvez um contrato vitalício para os s Voadores, que ele com certeza assinaria porque é fisicamente impossível para ele dizer não a ela em quase tudo. Ou ela pode estar sentada em sua cama, de braços cruzados e com aquele olhar que ele carinhosamente apelidou de rainha má, e que sempre fazia ele tremer. Até mesmo pode estar planejando arrastar ele para algum circo e obrigá-lo a ensinar as artes do trapézio depois do que ele disse na sala de treinamento. Ele não iria culpá-la.
Qualquer opção seria melhor do que vê-lá em agonia por ele. A possibilidade daquela porta de madeira enorme abrir e revelar chorando iria despedaçar ele de maneiras que até o inferno estaria surpreso com tamanho sofrimento. Ela não merecia isso.
Porém, ao empurrar a porta, o acrobata encontrou algo inusitado: a princesa estava jogando um monte de roupas em uma mala enorme com uma determinação invejável. Quem a visse, diria que ela estava indo para a guerra.
— Vossa Majestade. — reverenciou com um ar zombeteiro, empurrando a porta com o pé para fechar.
Apesar do pequeno susto, só o encarou seriamente.
— Se você fizer outra reverência para mim, eu vou chutar a sua canela, .
— Ameaças de morte para mais tarde, o que você está fazendo? — ele perguntou ao se aproximar da mala e espiar dentro dela. — Pensei que tinha que levar a coroa e o seu bobo da corte para onde quer que fosse, princesa.
— Você vai comigo. — ela deu de ombros. — A coroa que não vai.
— Como é? — o trapezista franziu o cenho, sem entender o que ela queria dizer.
— Simples. Para onde você vai, eu também vou. — puxou o zíper da mala, fechando ela sem muito esforço. Um sorriso aparecendo em seu rosto. — Prontinho.
ainda estava atordoado com a nova informação, embora ela não parecesse se importar muito. Como se ela apenas tivesse dito que iria para uma trincheira lutar pela emancipação de um terra e não que iria deixar a coroa para trás. Na verdade, quando ela contou sobre querer entrar no combate, era exatamente desse jeito. Felizmente, um tratado de paz foi o suficiente para acalmar os nervos de todos. Mas ele duvidava que isso pudesse ajudar dessa vez.
A princesa estava prestes a pegar outra mala quando ele puxou seu braço suavemente.
— , o que você quer dizer?
— Eu estou indo com você. Sempre quis fugir com o circo, de qualquer maneira.
— Aqui é a sua casa. — ele retrucou.
— Você é a minha casa. — respondeu sem qualquer hesitação.
A pele dela queimava embaixo da sua mão, seus rostos tão próximos que quase podia sentir o gosto dos seus lábios nos dele. Porém, ele não podia, não ainda. Ela merecia mais do que um beijo sem palavras. Ela era , sua . A princesa que tinha mudado a sua vida inteira para melhor. Depois da conversa deles na sala de treinamento, ela merecia saber de tudo. Então, quando ele a beijasse, se ela quisesse, então, seria um beijo verdadeiro.
— Linda.
— O quê? — ela encarou-o com um ar questionador.
— Significa linda. — o acrobata disse, acariciando o seu braço com ternura, e a princesa tremeu com tão suavemente que parecia estar flutuando. — Odjus significa linda.
— ...
— , eu sabia que você era diferente assim que eu te vi na platéia. Eu me lembro de ter pensado que você iluminava tudo, e você continuou fazendo isso por mim durante todo esse tempo. Sendo a minha estrela nos meus momentos mais escuros e nas manhãs mais ensolaradas. Quando eu estava no circo, eu amava cada momento. Mas sempre queria algo mais. Uma casa, amigos por mais do que algumas semanas… E você me deu isso. — cada palavra transbordava o amor que ele sentia por ela como se fosse mel, com tanta honestidade que ele só poderia estar falando sobre ela. nunca parou de olhar em seus olhos enquanto falava, apenas colocando suas mãos no rosto dela. Era como tocar no paraíso. — Você não era como os regulares, que apareciam no circo e só davam as horas pagas no ingresso. Que me aplaudiam enquanto eu fazia de tudo para eles continuarem me olhando no trapézio. Você quis ficar mais, quis que eu ficasse. E eu nunca, nunca iria te deixar, .
Ele a segurou mais perto, não por medo de deixá-la ir, mas porque não aguentava mais estar longe.
— O que você quer dizer? — a princesa perguntou, piscando atônita. Tudo que ele disse fez cócegas em sua alma e escancarou o seu coração antes já aberto. Ela repousou as mãos nas sobre as dele, encorajando a sua aproximação.
— Conversei com meus pais, eles disseram que sabiam que eu iria escolher ficar aqui e que respeitavam a minha decisão. Sabe por que eles sabiam? — sorriu para sua princesa. — Porque os dois se amam, e eles sabem que um homem deve estar onde o seu coração está. E o meu sempre estará com você, . Eu te amo.
— Eu te amo tanto. Tudo que eu te disse antes… Você me ajudou a ser mais leve mesmo sem entender o mundo, me disse que eu era corajosa mesmo quando eu estava com medo. — o que mais poderia dizer além disso? Além da mais pura verdade, sobre o quanto ela estava entregue a ele tanto quanto ele a ela? Seus corações batiam no mesmo ritmo, suas bocas estavam famintas uma pela outra. Eles eram diferentes, mas se amavam igual. Se amavam como se o mundo se curvasse perante coisas delicadas como se importar com o outro, e talvez realmente se curvasse, porque ele e ela sentiam-se intocáveis. — Eu te amo desde o primeiro segundo.
E assim, o bobo da corte beijou a princesa com o amor mais puro que qualquer reino já tinha presenciado. Quando seus lábios se tocaram, foi como o sol colidindo com a lua, uma estrela explodindo para criar uma supernova.
Era a liberdade de estar em casa, nos braços um do outro.
– Tipo eu, papai?
– Igualzinha, minha filha. - o mais velho concordou com um sorriso, narrando seu conto para a pequena. As histórias folclóricas eram a única coisa que mantinham a ao menos um pouco quieta ao andar de carruagem. Seus grandes olhos brilhando como bolas de fogo na escuridão, demonstrando sua vontade gritante de saber mais sobre qualquer coisa, tão inocente. Seus pais desejavam manter ela assim para sempre. - Ela tinha dois pais que se amavam muito, o rei e a rainha, e era a combinação dos dois. Um dia, ela foi raptada por um terrível mago!
Como se fosse uma peça do destino, um dos cavalos relinchou, causando uma turbulência passageira, ao mesmo tempo que a sucessora do trono de Tamaran arfou sobressaltada.
– E o que aconteceu?!
O rei Bruce a puxou para mais perto, afagando seu braço.
– Um belo príncipe veio resgatá-la e…
– Papai, isso não tem sentido. - a menina bufou irritada ao interromper o monarca. – Se ela sabe arco e flecha, por que não jogou uma flecha no mago malvado?
– Porque… - ele tentou pensar em uma justificativa, apesar de não ter uma. A história simplesmente tinha sido passada assim para ele, e para seu pai, e para o seu avô. O rei nem mesmo cogitou a ideia de sua filha questioná-la. – Porque o mago tinha um dragão.
Imparável, questionou: – O príncipe sabe lutar contra um dragão?
– Ele tem uma espada.
– Por que a princesa não tem uma espada?
– Vossa Majestade, desculpe interromper… - uma salvação em forma de serviçal apareceu na sua frente, livrando o rei de responder às perguntas da sua herdeira. Ele não pôde evitar um suspiro de alívio, mesmo sentindo o olhar questionador dela em si. Aquela menina era tão obstinada quanto a mãe. - Chegamos ao Circo Jeopardize.
– Obrigado, Maurice. - ele se virou para segurar a mão da . - Pronta, majestade?
Para a sorte dele, sua filha ainda era facilmente distraída, abençoe seu entendimento infantil por isso.
– Sim! – a bateu palminhas animada antes de agarrar a mão do pai. – A mamãe sempre me contava sobre os circos, vai ser muito legal.
O coração de Bruce se apertou ao notar a leve mudança no tom de voz animado de , ela era nova demais para ter que sentir a melancolia de perder alguém que amava, jovem demais para sentir a ausência de uma mão tanto quanto ele sentia da sua esposa. O rei esfregou a mão dela com carinho, tentando transmitir algum conforto. E, de certo modo, tentando reunir coragem o suficiente para entrar na tenda colorida sem sua rainha.
– Sua mãe amava circos, ela sempre escolhia os melhores bobos da corte.
escutou com atenção o que seu pai disse, assistindo a sua expressão mudar. Apesar de não ser adulta, ela sabia uma coisa: até os adultos tinham saudades das pessoas. E se seu pai sentia pelo menos um pouquinho da falta que ela sentia da sua mãe, então ele merecia algumas risadas também. Ainda bem que a princesa sabia exatamente o que sua mãe faria nessa situação.
– Eu vou escolher o melhor bobo de todas as cortes, papai.
O único jeito de descrever as emoções borbulhantes da princesa de Tamara seria: em chamas. nunca tinha se sentido tão animada para algo, nem mesmo durante as viagens a navio em busca da beira da terra, nem quando acharam ter avistado um monstro das águas durante um tratado por terra.
O circo era diferente de tudo que ela conhecia. O palácio era enorme, mas tão vazio na maioria dos dias, principalmente depois que sua mãe tinha partido. Cada talher tinha o seu lugar, toda roupa era bem passada, e nada parecia pintado fora das linhas. Até seus sapatos e bonecas eram polidos ao menos duas vezes ao dia em nome da perfeição da realeza.
Lá era tudo mais próximo, mais humano. Não era apertado, porém certamente não era um espaço maior do que a sala de estar real. Todos pareciam se encaixar em meio a confusão, todo mundo conversava com quem estava do seu lado como se fossem amigos de longa data, tudo em meio a pipoca e amendoim. Não tinham lugares marcados para as pessoas, exceto para a realeza - o que não deixou muito feliz, mas isso era o de menos em um lugar tão majestoso pela simplicidade. E principalmente, era tão colorido! Da entrada, quando a tenda esbanjava listras em vermelho escarlate e branco, com uma bandeira no topo, até dentro do local, onde a cada canto um fileira de bancos era pintada de uma cor, onde cada parte do palco chamava atenção.
Era tão… Aconchegante. Havia muito tempo desde que ela se sentiu assim.
Não demorou muito para as apresentações começarem, e todas elas arrancavam uma reação em coro da plateia. Um ‘’oh’’ longo e estupefato, ou um várias risadas que se uniam como uma. Até mesmo o rei Bruce, ainda que reservado, arqueava as sobrancelhas e acenava com satisfação a cada número. Bailarinas, animais, malabaristas, palhaços, ilusionistas… Cada um era tão esplêndido quanto o anterior.
assistiu a tudo com brilho nos olhos e coração aberto, ansiosa para escolher quem iria trazer um pouco dessa alegria para a sua casa. Apesar do que a maioria das pessoas pensava, um bobo da corte não precisava ser um palhaço, ele podia ser qualquer circense que estivesse disposto a ser contratado pela realeza.
— Senhoras e senhores, é com alegria que eu apresento… Os s Voadores!
Todos eram maravilhosos, todavia, assim que a princesa colocou os olhos nos trapezistas, ela sabia que eram eles. O show se transformou em um espetáculo, era simplesmente encantador. O modo com que eles se jogavam ao vento, com tanta certeza de que o outro iria segurar eles. Todas as acrobacias pareciam calculadas e, ainda assim, espontâneas. Eles brincavam com a gravidade, tão livres. Majestoso.
– Papai, eu escolhi nosso bobo da corte. - a menina se virou para o rei ao final das apresentações com um sorriso que poderia selar todos os tratados de paz do mundo.
– Quem? – Bruce perguntou com curiosidade.
Não havia resquícios de hesitação na voz da princesa quando ela respondeu ao rei.
– Os trapezistas.
Quando a viu pela primeira vez, ele tinha certeza de que ela era uma estrela cadente. Não existia outra explicação para o jeito que ela iluminava o circo de um canto da plateia com o maior sorriso que ele já tinha visto, fazendo o seu coração palpitar com a mesma antecipação enlaçada com alegria que ele sempre sentia ao fazer um pedido para uma estrela cadente. Assim como os milagres no céu, o trapezista mais jovem tinha quase certeza de que ela iria embora tão rápido quanto apareceu.
Toda noite era um novo público, fazia sentido acreditar que ele não iria ver a garota dourada, como ele apelidou em sua mente pelas jóias espalhadas e pelo brilho natural.
Para a sua alegria, estava completamente enganado.
Ele e seus pais se curvaram para agradecer com todos os outros artistas para agradecer a companhia do público, e o mais jovem já sentia saudades daquela cidade. Quando ele ia poder ficar em um lugar tempo o bastante para chamar de lar? Para ir para escola, ter um melhor amigo? Será que a menina dourada tinha um melhor amigo? Ele podia ser o seu amigo.
Apesar de amar o circo, ainda era uma criança. E toda criança precisa de estabilidade, principalmente quando não passam mais de um mês parados.
Depois de agradecer a plateia, todos se reuniram entre os trailers e a fogueira. Normalmente, os adultos sempre brindavam e havia muita música, mas hoje tudo estava quieto, a não ser pelos murmurinhos que ele não conseguia entender. Por que todo mundo estava sussurrando?
— , meu amor. — sua mãe chamou, aparecendo ao lado do seu pai e de um homem alto e musculoso. Uma menina segurava sua mão com delicadeza, a mesma garotinha que ele tinha visto do topo do trapézio! Os sorrisos dos adultos refletiram em seu rosto por razões completamente distintas. — Esse é o rei Bruce, e essa é a princesa .
Ela é uma princesa? Que legal, pensou .
— Oi, eu sou ! — o acrobata respondeu, olhando diretamente para a que parecia iluminar o local. As palavras escaparam dele antes que ele sequer pudesse pensar sobre elas. — Você quer ser minha amiga? Eu posso te ensinar a usar o trapézio!
— ! — sua mãe o repreendeu antes que pudesse responder, causando o menino a encará-la com confusão. O que tinha feito de errado?
Notando as sobrancelhas franzidas do menino, seu pai tratou de explicar: — Ele é o rei, meu anjo. Tem que fazer reverência.
— Não precisa se formos amigos! — tomou a frente, largando a mão do seu pai e se aproximando do menino de olhos azuis e cabelos negros. — Quero ser sua amiga também, .
Os circenses tentaram se desculpar com a alteza, mas o rei simplesmente balançou a mão em um gesto descontraído. Sua filha tinha estado solitária desde que a mãe se foi, essa era a primeira vez que ela pareceu se animar tanto com alguém de fora do castelo. Qual era o sentido de estragar esse momento com etiquetas reais antiquadas?
— Bem, acho que isso deixa tudo mais fácil, não é? — a mãe de riu, perguntou suas bochechas coradas.
— Certamente. — Bruce sorriu para as duas crianças, que tinham engatado em uma conversa sobre pega-pega e pique-esconde. — Os s Voadores, vocês estão contratados.
— Do que você quer brincar, ? — o acrobata perguntou, ignorando o cansaço que rastejava pela sua pele. Ele tinha passado o dia inteiro brincando com a princesa de tudo, até tinham lido, ou tentado ler, contos na biblioteca do palácio (que era enorme e, na opinião de , parecia o interior de um navio pirata).
Acontece que se mudar de um circo de como Jeopardize para o mansão real era muito trabalhoso. Muitas caixas e muitos cavalos, além de muitas despedidas. Seus pais concordaram que seria melhor poupá-lo de toda a bagunça. Assim, após a reunião de despedida com a família do circo, eles deixaram em seus aposentos no palácio.
É claro, o encontrou com facilidade naquela casa que mais parecia um labirinto. E, desde então, eles só tinham parado para comer.
— Que tal dragão? — ela sugeriu.
— Como é essa brincadeira?
— Você é o príncipe preso na torre, e eu tenho que enfrentar o dragão para te salvar. — A princesa explicou e agarrou uma espada de madeira.
O garotinho não cogitou nem por um minuto antes de assentir animado, não entendendo o modo com que seu coração de aqueceu quando ela o chamou de príncipe. Nos contos encantados, o príncipe e a princesa não ficavam juntos para sempre? Ele só a conhecia dela há alguns dias, mas queria continuar brincando com ela para sempre.
Ele gostaria de ser o príncipe dela, se ela quisesse.
— Tá bom. — concordou, se levantando do chão. — Quero ver seus golpes contra o dragão.
Ela enfrentaria todos os dragões com ele, se ele precisasse.
Com o passar dos anos, a princesa aprendeu muitas coisas sobre .
1. Ele é romani por parte de pai.
2. Ele é extremamente irritante, no bom sentido.
3. Ele aprendeu tantos idiomas no circo quanto ela em suas diversas aulas linguísticas.
4. Ele é um espírito livre, a idade nunca gastou isso dele. O que continua atraindo ela, só que de uma maneira quase traiçoeira nos últimos tempos.
5. Ele é o seu melhor amigo.
E ela ainda enfrentaria qualquer dragão por ele. Porém, ultimamente, ela quer bater com a espada na cabeça dele.
Principalmente agora.
— Qual é, . Eu te peço isso desde sempre.
Ele simplesmente arqueou as sobrancelhas com divertimento, suas bochechas coradas pelo esforço durante o treino no trapézio apenas fazendo ele parecer ainda mais bonito.
— E eu sempre te digo não.
revirou os olhos pela décima vez. Eles sempre tinham aquela conversa. tinha se decidido, por algum motivo desconhecido, a não mostrar a ela como usar o trapézio, algo que ele tinha dito que iria fazer há tempos atrás. Porém, a princesa era mais teimosa quando risonha, disso bem sabia o bobo da corte.
— Você prometeu quando nos conhecemos…
— Sério? Nem lembro disso… Conheço muitas princesas por aí… — deu de ombros e a encarou sugestivamente, ganhando o tapa no ombro de . O acrobata riu da reação dela. — Brincadeira. Só mudei de ideia.
A bufou. — Eu devia te jogar no calabouço.
Ele não pôde parar de se questionar como ela conseguia parecer tão bonita com um beicinho.
— Você sentiria muitas saudades de mim, odjus. — ele piscou de brincadeira, apenas recebendo um empurrão no ombro como resposta.
Era frustrante saber tantos idiomas e ainda assim não conseguir decifrar o dilato romani. Ela uma cultura longe da realidade de , mas que ela amava descobrir mais sobre as particularidades. Afinal, era parte de . Como ela não poderia amar?
— Um dia, vai ter que me dizer o que isso significa.
Ele simplesmente deu um sorriso de lado para a princesa.
— Ouvi meus pais conversando outro dia. — O menino de olhos azuis e pele cor de amêndoa mudou de tópico, alçando um copo d'água. não sabia como iniciar aquela conversa, então ele imaginou que seria melhor só dizer de uma vez. — Acho que o butjaki hertija está acabando.
— Que contrato por trabalho? — ela perguntou, reconhecendo o significado do termo romani. Uma das coisas que ele tinha ensinado.
— Comigo e com a minha família. Sabe que bobos da corte só trabalharam para o rei por alguns anos, né? — assentiu lentamente. Ela sabia disso, já tinha tido outros bobos da corte, um palhaço, um musicista e uma ilusionista, mas nunca tinha cogitado os s fora do palácio. Eles tinham passado tantos anos lá, e … era como parte da sua família. — Acho que está perto de acabar.
— O quê? Não! — a princesa negou com veemência. — Eu tenho certeza que meu pai…
— O rei disse que queria prolongar, mas os meus pais querem voltar para o circo. Eles sentem…
— Saudades. É, conheço o sentimento. — Doeu nele ver a tristeza manchando aquele sorriso tão brilhante. Aquela imagem dela machucada por causa dela estaca mutilando o seu coração. desviou o olhar. — Quem não iria sentir? O circo é…
— Solitário.
— Livre. — eles responderam ao mesmo tempo. A encarou o menino com pesar, um sorriso que não alcançava seus olhos aparecendo. Ela tinha que deixar ele saber o quanto significava para ela ou seu coração iria explodir. — , por que acha que eu insisto tanto para aprender a usar o trapézio? A primeira vez que eu te vi, você parecia tão livre, você parecia estar voando. Eu queria tanto isso. Principalmente depois que minha mãe se foi, tudo parecia tão pesado…. Mas você ria da gravidade, você me fazia sentir leve. — a princesa segurou a mão do bobo da corte. Como ela iria conseguir manter sua alma inteira sem ele? E Deus, estava tremendo… Ela estava tão perto. — E só de estar perto de você, eu já sinto como se estivesse livre. Eu não sou só uma princesa, ou só uma filha… Sou eu quando estou com você. Você me faz sentir livre.
Ela suspirou, como se dizer aquelas palavras fossem a sua salvação. Normalmente, era bem aberta sobre seus sentimentos e pensamentos, o que sempre surpreendeu o acrobata dos melhores jeitos possíveis. Ele não costumava tratar bem as suas emoções, sempre receoso de que as pessoas fossem ir embora como sempre faziam ao final do espetáculo. Todavia, estar com ela fez ele se abrir para o mundo, para falar sobre as coisas que sentia. Ela deu a ele a liberdade que tanto admirava.
Ela deu a ele tudo, ela era tudo para ele.
— , você…
— Princesa , perdão pela interrupção, mas a presença do senhor está sendo requerida no aposento de seus pais. — a voz de Maurice ressoou dentro do recinto.
apertou a mão dela com carinho, seus olhos azuis fizeram um juramento em silêncio:
Prometo que vou voltar.
espera diversas coisas ao entrar no quarto da princesa . Que ela jogue um vaso na cabeça dele, porque ela com certeza está raivosa por ele ter demorado tantas horas. Talvez um contrato vitalício para os s Voadores, que ele com certeza assinaria porque é fisicamente impossível para ele dizer não a ela em quase tudo. Ou ela pode estar sentada em sua cama, de braços cruzados e com aquele olhar que ele carinhosamente apelidou de rainha má, e que sempre fazia ele tremer. Até mesmo pode estar planejando arrastar ele para algum circo e obrigá-lo a ensinar as artes do trapézio depois do que ele disse na sala de treinamento. Ele não iria culpá-la.
Qualquer opção seria melhor do que vê-lá em agonia por ele. A possibilidade daquela porta de madeira enorme abrir e revelar chorando iria despedaçar ele de maneiras que até o inferno estaria surpreso com tamanho sofrimento. Ela não merecia isso.
Porém, ao empurrar a porta, o acrobata encontrou algo inusitado: a princesa estava jogando um monte de roupas em uma mala enorme com uma determinação invejável. Quem a visse, diria que ela estava indo para a guerra.
— Vossa Majestade. — reverenciou com um ar zombeteiro, empurrando a porta com o pé para fechar.
Apesar do pequeno susto, só o encarou seriamente.
— Se você fizer outra reverência para mim, eu vou chutar a sua canela, .
— Ameaças de morte para mais tarde, o que você está fazendo? — ele perguntou ao se aproximar da mala e espiar dentro dela. — Pensei que tinha que levar a coroa e o seu bobo da corte para onde quer que fosse, princesa.
— Você vai comigo. — ela deu de ombros. — A coroa que não vai.
— Como é? — o trapezista franziu o cenho, sem entender o que ela queria dizer.
— Simples. Para onde você vai, eu também vou. — puxou o zíper da mala, fechando ela sem muito esforço. Um sorriso aparecendo em seu rosto. — Prontinho.
ainda estava atordoado com a nova informação, embora ela não parecesse se importar muito. Como se ela apenas tivesse dito que iria para uma trincheira lutar pela emancipação de um terra e não que iria deixar a coroa para trás. Na verdade, quando ela contou sobre querer entrar no combate, era exatamente desse jeito. Felizmente, um tratado de paz foi o suficiente para acalmar os nervos de todos. Mas ele duvidava que isso pudesse ajudar dessa vez.
A princesa estava prestes a pegar outra mala quando ele puxou seu braço suavemente.
— , o que você quer dizer?
— Eu estou indo com você. Sempre quis fugir com o circo, de qualquer maneira.
— Aqui é a sua casa. — ele retrucou.
— Você é a minha casa. — respondeu sem qualquer hesitação.
A pele dela queimava embaixo da sua mão, seus rostos tão próximos que quase podia sentir o gosto dos seus lábios nos dele. Porém, ele não podia, não ainda. Ela merecia mais do que um beijo sem palavras. Ela era , sua . A princesa que tinha mudado a sua vida inteira para melhor. Depois da conversa deles na sala de treinamento, ela merecia saber de tudo. Então, quando ele a beijasse, se ela quisesse, então, seria um beijo verdadeiro.
— Linda.
— O quê? — ela encarou-o com um ar questionador.
— Significa linda. — o acrobata disse, acariciando o seu braço com ternura, e a princesa tremeu com tão suavemente que parecia estar flutuando. — Odjus significa linda.
— ...
— , eu sabia que você era diferente assim que eu te vi na platéia. Eu me lembro de ter pensado que você iluminava tudo, e você continuou fazendo isso por mim durante todo esse tempo. Sendo a minha estrela nos meus momentos mais escuros e nas manhãs mais ensolaradas. Quando eu estava no circo, eu amava cada momento. Mas sempre queria algo mais. Uma casa, amigos por mais do que algumas semanas… E você me deu isso. — cada palavra transbordava o amor que ele sentia por ela como se fosse mel, com tanta honestidade que ele só poderia estar falando sobre ela. nunca parou de olhar em seus olhos enquanto falava, apenas colocando suas mãos no rosto dela. Era como tocar no paraíso. — Você não era como os regulares, que apareciam no circo e só davam as horas pagas no ingresso. Que me aplaudiam enquanto eu fazia de tudo para eles continuarem me olhando no trapézio. Você quis ficar mais, quis que eu ficasse. E eu nunca, nunca iria te deixar, .
Ele a segurou mais perto, não por medo de deixá-la ir, mas porque não aguentava mais estar longe.
— O que você quer dizer? — a princesa perguntou, piscando atônita. Tudo que ele disse fez cócegas em sua alma e escancarou o seu coração antes já aberto. Ela repousou as mãos nas sobre as dele, encorajando a sua aproximação.
— Conversei com meus pais, eles disseram que sabiam que eu iria escolher ficar aqui e que respeitavam a minha decisão. Sabe por que eles sabiam? — sorriu para sua princesa. — Porque os dois se amam, e eles sabem que um homem deve estar onde o seu coração está. E o meu sempre estará com você, . Eu te amo.
— Eu te amo tanto. Tudo que eu te disse antes… Você me ajudou a ser mais leve mesmo sem entender o mundo, me disse que eu era corajosa mesmo quando eu estava com medo. — o que mais poderia dizer além disso? Além da mais pura verdade, sobre o quanto ela estava entregue a ele tanto quanto ele a ela? Seus corações batiam no mesmo ritmo, suas bocas estavam famintas uma pela outra. Eles eram diferentes, mas se amavam igual. Se amavam como se o mundo se curvasse perante coisas delicadas como se importar com o outro, e talvez realmente se curvasse, porque ele e ela sentiam-se intocáveis. — Eu te amo desde o primeiro segundo.
E assim, o bobo da corte beijou a princesa com o amor mais puro que qualquer reino já tinha presenciado. Quando seus lábios se tocaram, foi como o sol colidindo com a lua, uma estrela explodindo para criar uma supernova.
Era a liberdade de estar em casa, nos braços um do outro.
FIM!
Nota da autora: Assim que eu vi que a minha amiga secreta gostava de fics da realaza, eu surtei um pouquinho (demais). Simplesmente não conseguia pensar em um plot que me agradasse de verdade, até que esse surgiu de repente. Eu criei um carinho tão grande por essa fic e pelos PPS (que são baseados na Kory e Dick da DC comics, a única relação de realeza que eu conheço mais profundamente, já que a Kory é uma princesa alienígena). Essa é a primeira edição (espero que de muitas) do amigo secreto das indicados, e eu espero que você tenha curtido, Srta Coldheart!
Espero que vocês também tenham gostado! Deixem um comentário para alegrar uma autora. ♡
Outras Fanfics:
Inimigos com Benefícios [Restritas — Originais — Em Andamento]
Minha Flor Preciosa [Originais — Em Andamento]
MV: Willow [MV — Pop — Em Andamento]
Sóbria [Originais — Shortfics]
YOU [Seriados — YOU — Em Andamento]
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