Última atualização: 01/07/2020

Capítulo Único

Sentia a sua falta como se não existisse outra coisa no mundo para sentir, mas não era como se adiantasse de muito.
O coro acompanhava-nos naquele show, porém, não me completava como costumava, como quando sabia que ela estava ali, assistindo-nos e sorrindo de orgulho, mesmo muitas vezes não podendo visualizá-la.
Já tinha pedido por camarotes mais próximos, mas essa emergência nunca parecia ser levada a sério.
Sentia tanto a sua falta, que todos notavam. Todos viam, menos ... A grande prova eram os cartazes com as escritas “Fique bem logo, !” ou com um pedaço de nossas músicas, Don’t Forget Where You Belong, que, aliás, era a favorita dela: “If you ever feel alone, , don’t! You were never on your own, pois estaremos para sempre aqui por você.”
Alguns diziam que ela tinha seguido em frente e apenas em frente, continuando com a sua vida de professora. Outros, que havia me traído antes de nos separarmos. Mas eu não iria tão cedo para casa para conferir e talvez sentir a maior das dores que poderia na minha vida. E, por um lado, não queria chegar até nosso bairro.
Estava longe, talvez tivesse perdido algum solo “impactante”, mas nem para minha carreira ligava mais. Felizmente, tínhamos elas também, para esses momentos: os coros de vozes, a cada show, salvavam-nos ou até mesmo nos orgulhavam. Pena que... não hoje.

Finalizamos o show com um single, já tinha chorado em uma das músicas que me recordava a , como de praxe, e agora estávamos em nosso carro, a caminho do hotel, sendo escoltados por alguns policiais e até mesmo uma ambulância. E as sirenes me lembravam mais uma vez a ela...
Tantas vezes tinha que acalmar os seus soluços assustados, com meus abraços, por causa de seu pânico sem procedentes desse som. Quantas vezes, via tampando os ouvidos como uma pequena criança indefesa, de olhos fechados, tentando não se concentrar. Os meninos brincavam com ela dentro do carro, tentando distraí-la, e eu sorria, querendo, na verdade, rir de sua feição adorável de medo.

Em meu quarto, ouvia o mesmo som do show, o mesmo som que estava habituado a ouvir até dormir. Ou reclamar em alguma rede social, pedindo um tempo.
Hoje, deixavam-me desconfortáveis esses sons, porque ela dizia adorar e admirar tamanha dedicação; ela me fazia atender aos meus fãs constantemente e tratá-los bem, até no meu pior dia. Mas ela não estava aqui e incrivelmente, quem tampava os ouvidos como uma criança, dessa vez, era eu.
Nossas fãs nos chamavam, cantavam singles e faixas bônus que paramos de descartar em consideração à elas. Exclamavam frases costumeiras nossas de vídeos e riam entre elas como se conhecessem há anos... e eu sabia que grande parte, nem nunca tinha se visto na vida.
Bati minha mão no abajur, deixando-me no breu.
Tudo isso, era porque havia se cansado. Se cansado por ser cobrada no colégio onde lecionava, tinha se cansado de se sentir pressionada pela família, por ter que me acompanhar. Estava cansada de tantos horários e encaixes para encontros entre nós dois, pelos horários de sono loucos e também de não me ter ao seu lado quando precisava; acontecendo só ao contrário, sempre. E eu a entendia, incrivelmente a entendia e não podia ser egoísta a ponto de ignorar sua escolha. E foi por isso que escolhi e concordei em me sentir sozinho no palco, nos ensaios, no quarto de hotel e com as luzes apagadas, ouvindo vozes me chamando e cantando minhas músicas, vagando sobre quando estaria em casa, criando reencontros em minha cabeça e pensando sobre como ela estaria agora. Se estaria como eu.
Queria aqui, comigo, sob meus braços, abraçando-me pela cintura e puxando o ar no meu pescoço para sentir o cheiro do meu perfume. Queria ela aqui, circulando minhas tatuagens com o indicador, tentando encontrar significados nelas e sorrindo ao ver minha pequena homenagem a ela... homenagem essa, que ninguém a não ser eu e ela, sabíamos existir. Aquele era o nosso pequeno segredo e refúgio por termos uma vida tão exposta.
Termos...
Tínhamos! Agora, a minha continuaria como sempre e a dela... esperava, do fundo da minha alma, que se tornasse o que ela queria, se tornasse boa e como ela descreveu, no momento em que terminamos no início dessa turnê.
Tinha cansado de lutar contra o pensamento de . Os meninos viviam soqueando a minha porta, perguntando-me se não queria beber alguma coisa em algum lugar ou até no quarto de algum de nós, mas eu sempre sentia aquele espaço sobrando e tudo o que podia fazer, era negar. Aquele espaço, era onde minha felicidade costumava habitar e agora tinha se ido, como o vento.
A minha felicidade às vezes tinha uns ataques de loucura e eu gostava desse momento; gostava de acompanhá-la e ficar louco junto. Louco de amor, de alegria e satisfação. Louco com meus amigos e ela, louco somente com ela... louco até mesmo com nossas famílias, que pareciam não bater muito bem das ideias, mas eram maravilhosas, até certo ponto.
Porém, sem ela, era como pensei várias vezes... era impossível de se ficar louco e se sentir feliz.
Os gritos de minhas fãs pareciam ter triplicado e meu travesseiro deixou de fazer o serviço de abafador de som. Esse imprestável!
Elas diziam algumas palavras confusas para a minha cabeça, deixando-me curioso para saber se algum dos meninos tinha saído, apontado na janela ou algo semelhante, mas da forma como veio, ela se foi. Preferia essa cama que estava extremamente fria do lado direito, preferia esse conformismo e essa minha falta de luta. Preferia ficar aqui, com lembranças... era o meu momento de luto, depois de três meses sem aqui.
— Cara... — ouvi a voz de e fiquei tentado a ignorá-lo. — Preciso da sua ajuda e é urgente!
Joguei o edredom branco para o lado. Mesmo sendo o necessitado de carinho e alguma afeição, que não tinha, ainda assim ajudaria meus amigos. Eles estavam aqui, de uma forma torta, mas estavam para mim e por mim quando eu precisasse de verdade. Eu sabia!
— O que foi, ? Grampeou o dedo de novo?
— Idiota!
Sabia que tinha rolado os olhos, mas como dava passos trêmulos até a minha cama, preferi não olhar para trás para me sentir mais indisposto do que estava pelo movimento.
Ajeitei-me à cama e meu amigo acendeu a luz, deixando-me incomodado, assim como com a fresta aberta da porta. Frestas em portas costumavam me trazer problemas com fãs e câmeras, principalmente. Já tinha perdido a conta de quantas vezes fui fotografado dormindo ou andando de cuecas pelo quarto, por ter a mania de apenas empurrar a porta, esperando-a fazer seu trabalho por si só. E agora, sem ela aqui, ela nunca ficaria fechada mesmo... e não parecia se preocupar com isso também.
— Fala — limitei-me, ajeitadinho na cama como antes, mas, dessa vez, sentindo meus olhos arderem pela luz e falta de costume por certo tempo. Aquilo me deixava fulo da vida!
— Não era nada, na verdade — passou uma das mãos pelos cabelos, à minha frente. — Só queria saber como você está e coisa assim... — deu de ombros.
Um riso fraco, incrédulo e derrotado escapou por entre meus lábios. Aquela pergunta era péssima, desnecessária e vinha acompanhada de uma resposta tão óbvia, que preferi nem a proferir.
E assim como parecia concentrado demais em mim, pareceu pouco se lixar, quando seu celular apitou em seu bolso. Tirou-o de lá e encarou o visor, sorrindo de lado, parecendo feliz demais perto de minha infelicidade.
— Mulher, cara? — perguntei, tentando manter um diálogo saudável com meu parceiro de banda, já que eles eram a minha família nesses momentos longe de casa. Não poderia ser um pé no saco até com eles.
Tirou o olhar do visor e riu, meio que concordando, meio que vermelho e em dúvida do que dizer.
— Bom... — riu sem graça mais uma vez. — Estou indo, já que está tudo “ok” por aqui.
E antes mesmo que pudesse abrir a boca para gritar “Fecha e apaga essas merdas, animal!” e me levantar carrancudo para fazê-los, algo me assustou. Ou melhor, um tom de voz que nunca saiu de minha cabeça, principalmente dizendo coisas nada agradáveis, ao meu ver, aos meus ouvidos.
— Quantas vezes preciso ensinar que porta existe para ser fechada, ?
A luz do corredor invadiu todo o meu quarto, mas, dessa vez, não precisei fechar os meus olhos, encolher-me na cama ou amaldiçoar quem quer que fosse. Eu não seria capaz.
Não ouvi a resposta dele, também não me importava. Só sabia que ambos haviam rido por algum motivo, mas o que queria realmente saber, era o que aconteceria assim que aquela porta se fechasse e estivéssemos a sós, como três meses atrás.
— Aliás, o show foi incrível. Parabéns!


“Você sabe que não pode lutar contra o sentimento;
E toda noite, estou sentindo.
Agora mesmo;
Eu queria que você estivesse aqui comigo.”

— One Direction



Fim!



Nota da autora: Olá, meus doces!
Essa fanfiction foi escrita no final de fevereiro de dois mil e dezesseis, para um desafio-brincadeira da autora Belle Castro (11. Naturally, Meu Presente de Natal, Sou Eu Que Me Lembro). Tínhamos que escolher uma música e fiquei com "Right Now", porque é a que mais me traz lembranças do show da One Direction e, por isso, tem um lugarzinho especial em meu coração.
Espero que tenham gostado da história, apesar de minúscula, e qualquer dúvida, crítica, elogio, meus contatos estão logo abaixo, sintam-se livres e à vontade para me chamar, seguir e/ou adicionar.

Milhões de beijos,
Coral 😽💜

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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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