Última atualização: 08/08/2022

O Show

⭐🎄⭐


Tirando Ben, Tom e Lewis, os britânicos da turma com residência em Londres, os demais estavam, todos, hospedados no mesmo hotel, arranjado pela produção do reality. A Netflix sabia que a vinda deles a Londres chamaria atenção da mídia e que seria impossível esconder dez pessoas tão famosas, ainda mais hospedadas, quase todas, no mesmo local. Assim, tentando usar a própria mídia como movimento de marketing para a divulgação do projeto, a Netflix havia feito um comunicado oficial sobre a participação dos dez famosos em um especial de natal, mas não comentou sobre qual seria o formato do programa ou deu mais detalhes sobre ele. O reality era uma das grandes apostas do streaming para a temporada e, por isso, todo sigilo era importante para garantir o resultado esperado.
Apesar disso, os participantes serem vistos juntos, em eventos fora do estúdio, era um mecanismo e tanto de divulgação do projeto. Assim, ter a participação de Adele como jurada e, em seguida, o convite para que eles fossem ao primeiro show dela não tinha sido uma mera casualidade. Naquela semana que estavam em Londres, a internet servia ao programa basicamente. Com dezenas de fotos deles chegando e saindo do estúdio e centenas de milhares de comentários especulando o que poderiam estar fazendo juntos, os fãs pareciam enlouquecidos enquanto os participantes desviavam do assunto o quanto podiam, nas lives que eventualmente faziam e nas entrevistas que davam.
Apesar disso, de todos os detalhes logísticos de cada um deles estar em Londres ser meticulosamente pensado pela produção do reality, as relações que estavam construindo entre si eram naturais e inesperadas. Tudo parecia fluir muito mais e muito melhor do que os números nos relatórios de marketing indicavam.
e foram embora para o hotel juntas, mais cedo, depois da gravação do primeiro desafio. As duas tinham fotos individuais para fazer, que iriam para os posteres do reality e que seriam espalhadas por Londres, em breve, para a divulgação. Um ambiente fotográfico tinha sido montado no hotel para que os participantes não precisassem se deslocar pela cidade e também para que os fãs não soubessem exatamente o que estavam gravando e as duas passaram algumas horas lá, fotografando, se divertindo e provocando os fãs com fotos juntas, que iam propositalmente para suas redes sociais.
Sebastian, Dylan e Hamilton ficaram um pouco mais na sala de estar, próxima ao estúdio central de gravação, jogando conversa fora. Como eram fãs de Fórmula 1, os dois atores estavam no maior momento de tietar o piloto. Ben, por sua vez, aproveitou que já estava ali para gravar algumas de suas chamadas sozinho para o programa e, depois, ficou conversando um pouco mais com e Adele. Como estava no início da carreira como cantor, fazer conexões era importante para, quem sabe, possíveis parcerias futuras. Além disso, estava diante de duas das maiores cantoras da década, certamente tinha muito o que aprender com elas.
Já Tom e convidaram para tomar um café, após a gravação, próximo do hotel onde a escritora estava hospedada. Conversaram sobre a nova série da Marvel que o ator havia protagonizado e pediram algumas opiniões de sobre as polêmicas da cineasta - afinal, antes de se tornar uma conhecida escritora, era jornalista e entendia bem os movimentos da mídia. Se tivesse alguma informação que ela não sabia, de algum jeito descobriria. A conversa amigável e divertida entre eles durou horas, deixando satisfeita e muito feliz em ter um tempo com o casal. A escritora era sociável, sim, talvez um de seus traços mais marcantes. Apesar disso, demorava a se enturmar em certos espaços. Tom e , contudo, a fizeram se sentir muito bem. Eram fofos, simpáticos, bons de conversa e absolutamente acolhedores. Não tinha como não se sentir bem perto deles.
Os dois dias entre a gravação do primeiro episódio do programa e o show de Adele passaram rápido para todos os participantes. Ainda que estivessem na cidade principalmente para as gravações do reality, a maior parte deles aproveitou para fechar outros trabalhos, ir a eventos, rever amigos e mesmo conhecer a cidade mais a fundo - tinham um tempo livre que raramente conseguiam enquanto estavam envolvidos em outros trabalhos. Ao tempo que iam se aproximando, se conhecendo e fazendo amizades entre si, a movimentação nos corredores dos quartos passou a ser uma constante. Os que tinham ficado no hotel sempre tiravam um tempo para fazer alguma refeição juntos, para conversar ou, pelo menos, finalizar a noite bebendo algo na privacidade do bar.
Na noite do show, estava empenhada em colocar um look que valorizasse mais suas curvas, achando que suas roupas eram básicas demais e, talvez, aquele fosse o efeito de conviver com . A modelo estava sempre impecável com suas longas botas e peças que combinavam tão perfeitamente com ela que pareciam sempre ter sido feitas sob medida. , por sua vez, aproveitou o dia para relaxar e ficar até mais tarde no spa do hotel. foi vista pelas amigas apenas no café da manhã, depois de ter sumido nas duas noites anteriores, com a desculpa de que tinha um evento de um projeto que trabalhou para ir e, outra vez, para ir a uma exposição nova no Museum of London - que, de acordo com ela, era um horário ideal para ir à locais públicos sem chamar atenção. Ela tomou café da manhã com as meninas naquela manhã, mas em seguida, a atriz foi para uma reunião com Hunter e não tinha aparecido mais desde então.
A verdade era que desde a festa, em que o clima entre eles pareceu confortavelmente normal, Ben se sentiu confiante o suficiente para voltar a mandar uma mensagem ou outra para , puxar assuntos, mandar músicas e, eventualmente, tímido, tentar se reaproximar. Talvez fosse uma nova chance, talvez ele só estivesse agindo pelo coração e pela vontade que sentia de ter, de sentir, ela com ele novamente. E o cocktail de celebração do sucesso da estreia de seu EP foi uma oportunidade perfeita para que ele pudesse a chamar para sair novamente. E ela foi. Linda e radiante, em uma camisa de manga longa verde escura em cetim, cujos botões estavam abertos até a metade para criar um decote e uma saia curta preta com brilhos em tons de verde e prata, combinando com um scarpin de salto alto preto flocado, apareceu por lá. Ficou pouco, mas foi ao evento, afinal, também era parte do projeto desde que topou atuar em 11:11.
Tiveram tempo de conversar um pouco mais, confraternizaram com as pessoas da produção e amigos pessoais de Ben, alguns familiares, e ela foi embora cedo. Mas como a suavidade e naturalidade da noite, o dia seguinte amanheceu com um novo convite. Incerto e um tanto nervoso como da primeira vez que a chamou para sair, Ben a chamou carinhosamente para ir a uma exposição nova no Museum of London. Sabia que ela gostava de ir à museus, que se sentia como se estivesse realmente vivendo a arte e sabia que ele amava a empolgação dela enquanto a olhava comentar cada uma das obras, como se pudesse sentir o que os quadros transmitiam. Como muitos dos encontros que tiveram ao longo do tempo que passaram juntos, o convite para ir justamente a um museu bateu no coração de como uma memória que achava ter sido esquecida, mas que aflorou de repente, bonita e alegre.
A noite para não chamar atenção, tendo em vista que nenhum deles gostava de compartilhar publicamente suas vidas pessoais, lá foram eles para o museu. E nada mais do que novas conversas, risadas, fotos, longas horas caminhando pelo local que foi fechado para eles a pedido de Ben e um café no final foi feito. Tudo tão calmo e paciente, exatamente como se estivessem revivendo o momento em que saíram e se conheceram pela primeira vez.

— Vocês não acham estranho a ir visitar museus duas noites seguidas? — comentou se maquiando, enquanto e mexiam em seus celulares, deitadas na enorme cama de hotel do quarto da modelo. A escritora estava com a maquiagem pronta e bobes no cabelo. também já estava maquiada, mas vestia o roupão do spa ainda.
— Quem está indo a museus duas noites seguidas? — abriu a porta do quarto de , entrando sem cerimônia alguma, já pronta para o show.
— A e disseram juntas e bateram as mãos em um hi-five.
— Sejamos justas — começou a dizer, enquanto se jogava em uma poltrona próxima das outras meninas — A primeira noite ela disse que tinha um evento de um trabalho que ela participou aqui em Londres e só ontem ela foi ao museu.
— Onde ela está indo é o de menos — deu de ombros — O fato é que é estranho ela sempre ter algum evento misterioso à noite.
— Sinceramente, eu acho que esses eventos têm nome e sobrenome cantarolou — Mas não posso passar informações errôneas, por isso fico no sigilo.
— Ih, nem vem com essa — apontou o pincel que usava para se maquiar para a escritora — Começou, agora termina.
— Só falo com a presença dos meus advogados — a escritora levantou seu tronco na cama, vendo sinalizar que jogaria o pincel nela, enquanto e reclamavam alto — Tá bom, tá bom. Eu vou falar, mas se disseram algo, vou negar para sempre — bufou e, então, falou rapidamente: — JuliaeBentiveramumcaso.
— O quê? — disse levantando da poltrona e sentando na cama de , junto com as duas outras amigas.
e Ben, o meu melhor amigo, — explicou — tiveram um lance no passado recente, tipo, uns meses atrás, — fez uma pausa — mas vocês não souberam disso por mim, hein?
— Por que no passado? — fez um biquinho — Eles seriam um casal tão bonitinho. Vocês viram eles no primeiro desafio? Estavam se divertindo tanto.
— Ai meu Deus, sim — concordou — Eles são tão fofos.
— Ele mora aqui em Londres e ela em Nova Iorque, estão sempre gravando algo do outro lado do mundo — a escritora disse se levantando da cama — Eu acho que a distância foi um ponto importante para não dar certo, mas pelo que ele me contava e o que ela contava para Dylan — cutucou , sem cair naquela mentira que a escritora tentava contar — os dois se gostavam muito, tipo, MUITO, mas se distanciaram, do nada.
— Foi isso mesmo ou foi a fofoca de que ele estava saindo com a colega de elenco? — questionou.
— Como você sabe? — arregalou os olhos na direção da cantora.
— Todo mundo sabe, não é só você que tem informantes — sorriu ligeiramente.
— Eu li isso também, saiu em todos os site sobre famosos — sacudiu os ombros, terminando de passar seu batom.
— Mas ele está mesmo saindo com a outra ou é só fofoca? — Curiosa, voltou a perguntar.
— Não, são só amigos… — a escritora confessou — até onde eu sei. Mas a mídia continua fofocando sobre eles e claramente não sabe o que pensar sobre isso.
— Eu também não saberia — concordou pensativa.
— Eles têm uma química boa, a mídia não está tão errada assim, — refletiu — mas eu não nego que prefiro a .
— Não é só eles conversarem? — olhou para as amigas.
— Sim, é — suspirou — Mas Dylan disse que ela não acha que pode cobrar isso dele, porque não tinham nada oficial definido, e Ben segue achando que ela só não tem mais interesse nele.
— Complicado — fazia um biquinho para si mesma no espelho, vendo se o batom estava bom. Entendia o problema dos amigos e pensou que, certamente, no lugar deles, estaria confusa da mesma forma.
— Como que alguém pode não ter interesse nele? — revirou os olhos — Espero que essas saídas "escondidas" sirvam para eles se resolverem. Mas vem cá, já que estamos nesse momento de fofoqueiras — a cineasta arrumou sua postura na cama, atraindo o olhar curioso e sorridente de — Qual é o lance entre você e o Dylan?
— Putz, olha a hora — sem graça com o assunto, se levantou em um pulo e pegou na maçaneta da porta — Acreditam que eu já tenho que ir me arrumar? — abriu a porta — Só conto mais disso, — parou no batente — se me contar sobre ela e Sebastian — apontou para a modelo — ou me contar se o piloto sabe conduzir bem pelas curvas — olhou para a cantora com uma cara “eu não sou burra” e saiu rindo — Até mais meninas! — cantarolou e as três riram.
— FIQUE SABENDO QUE UMA HORA VOCÊ VAI TER FALAR! — gritou para a amiga que já tinha fechado a porta.

deixou as outras três mulheres no quarto e foi até o dela, risonha, pensando no quanto era estranho o fato de terem exatamente cinco casais no reality. Quando estava prestes a entrar no quarto, contudo, ouviu um barulho no final do corredor e, meio segundo depois, o elevador abriu, revelando um Dylan muito sorridente, que saia de lá acompanhado de Hamilton e Sebastian. Os três já estavam prontos para o show, vestindo ternos bem cortados. Clássico e elegante, Dylan vestia um terno totalmente cinza escuro, enquanto Sebastian estava com um azul marinho e Hamilton, sempre excêntrico, um marrom mais escuro e de corte diferente, pouco casual.
Por instantes, os olhares de e Dylan se encontraram, como se se conectassem. Ela se sentiu ridícula pelo coração ter acelerado, feito uma adolescente, e ainda mais por ele, lindo daquele jeito, estar bem ali, parado há poucos metros dela a encarando com um monte de bobes no cabelo. Não que já não a tivesse visto em outras situações em que ela estava muito menos arrumada, mas foi minimamente decepcionante aparecer daquela forma.
Dylan deu o sorriso mais encantador que pode dar, sem querer, mas logo a viu desviar seu olhar do dele e entrar no quarto sem esbanjar nenhuma reação típica de para ele, além de um simples aceno que deu para os três.

— É, cara, eu tinha razão naquela noite — Hamilton bateu no ombro de Dylan — Ela é gostosa e muita areia para o seu caminhãozinho — riu, Sebastian que estava ao lado dos dois olhou com uma cara confusa para eles.
— Espera aí, o que eu perdi?
— Muita coisa, meu amigo — Hamilton disse — Isso que dá querer ser o mestre dos magos e ir embora cedo das festinhas da firma — ironizou.

Sebastian e Hamilton acompanharam Dylan pegar seu celular e carteira em seu quarto e, sem sinal das meninas já estarem prontas, logo depois desceram para o bar, onde Tom estava esperando por eles.

— As princesas demoraram, hein? — Tom disse abraçando Sebastian e indo cumprimentar os outros.
— Adivinha de quem foi a culpa? — Hamilton falou apontando para Dylan — Do Maze Runner, óbvio.
— Vou sair desse programa com mais 10 apelidos já estou vendo — Dylan revirou os olhos, fazendo os três atores riram.
— Tá reclamando dos apelidos, Maluma? — apareceu no bar, perto deles e mexeu no cabelo de Dylan.

Estava com um vestido curto e preto de Yves Saint Laurent, cuja saia era feita de plumas e, a parte do busto, apenas de tiras que formavam um decote enorme e elegante. Levava um casaco grosso de pelos no braço e sandálias de salto alto, igualmente pretas. O look all black contrastava com o batom vermelho que usava e os cabelos soltos davam o único toque de informalidade em naquela noite. Ela sorriu abertamente para os quatro amigos, os olhando, impressionada.

— Boa noite, gatos! — ela os cumprimentou e recebeu a respostas educadas, entre assobios e elogios sobre como estava bonita.
— De onde você brotou, gata? — a imitando, Dylan tirou a mão dela de seu cabelo e a abraçou. Tinha passado um tempão arrumando ele, era sacanagem.
— Do meu quarto, ué — a atriz deu de ombros, soltando-se dele e apoiando-se na bancada do bar — Vocês vão pedir algo para beber?
— Vai iniciar os trabalhos cedo hoje, ? — Tom levantou seu copo de uísque para a atriz.
— Você já está bebendo, Tom, está falando o que? — Sebastian apontou para Tom, que deu de ombros.
— Não conta pra ninguém — a atriz fingiu um sussurro para Tom — Mas estou tomando Dry Martinis desde às quatro horas da tarde para aguentar uma reunião — eles riram.
— É desse tipo de amizade que eu estou precisando — Lewis brincou, chamando o garçom com um gesto refinado — Dois Manhattan, por gentileza. Me acompanha, certo, gata? — ele se virou para a atriz, que, sentando-se na bancada ao lado de Tom, sorriu abertamente para ele.
— Só se for agora.

Com os drinks em mãos, e Hamilton brindaram animados com Tom, enquanto Sebastian e Dylan se serviam com a garrafa de uísque que Hiddleston havia comprado. Lewis pediu para tirar algumas fotos com , que aceitou divertida, contando que tinha um amigo piloto, Charles Leclerc, que era louco por ela e estava enchendo o saco naqueles dias, mandando mensagens sem parar. As fotos tinham ficado boas o suficiente para saírem da conversa privada de Lewis e irem parar nos stories dele e de . Tom amargurava o fato de não se adaptar bem às redes sociais, ao tempo que Dylan mandava uma mensagem a , perguntando o porquê da demora, e Sebastian entrava na conversa contando que gostava de ver o que os fãs postavam e o marcavam.
Entre uma bebida e outra, Lewis passou a contar para eles sobre as histórias de com seus amigos nos bastidores da Fórmula 1, enquanto os demais zoavam Tom que já conhecia bem as histórias da namorada. Esperando os demais e, consequentemente a hora de ir para o show, os cinco engataram conversas animada sobre suas experiências em Mônaco, outros lugares que possivelmente já tinham se encontrado antes, bebidas exóticas que já tinham tomado e contavam situações engraçadas que já tinham passado em viagens por aí, sobretudo naquelas primeiras, quando começaram a conhecer aquele mundo milionário e glamouroso que viviam. O ambiente de luzes baixas e amenas do bar trazia um conforto gostoso, enquanto o jazz ao vivo era cantado e embalava as risadas de um grupo que parecia se conhecer há anos.
e estavam indo em direção ao elevador quando encontraram e Ben saindo do quarto da escritora, discutindo fervorosos o que pareciam ser detalhes de um novo videoclipe de Ben, que ele queria saber a opinião da amiga sobre o enredo. Assim como os demais homens do grupo, Ben vestia um terno clássico e discreto, preto, que chamou a atenção de pelo corte extremamente elegante, enquanto usava um look all black composto por um terno de corte reto da Versace, com detalhes em dourado nas mangas e no ombro. Por baixo, a escritora optou por utilizar apenas um sutiã de renda, na mesma cor do traje e botas de salto grosso que eram escondidas pela calça.
Alguns passos deles, vindo quase que desfilando pelo corredor, vestia um macacão branco de alfaiataria, de Alexander McQueen, com um dos ombros caídos e plumas nos punhos e nas barras da calça mais curta. Estava com um scarpin de salto alto e os cabelos soltos, com uma maquiagem com um toque metalizado. Já , por sua vez, estava com um vestido Gucci verde escuro, em tom de musgo, longo, com plumas suntuosas e uma sandália de salto alto dourada. Estava com uma maquiagem mais pesada e os cabelos levemente presos.
Os quatro se cumprimentaram e logo desceram juntos para encontrar os outros no bar do hotel. No momento em que chegaram, a apresentação da banda no restaurante, ao lado de onde eles estavam, começou a tocar uma versão em jazz de Watermelon Sugar (Harry Styles). De onde estavam podiam ver os cinco formando uma roda, sentados em banquetas altas no bar. estava entre Lewis e Tom, os três de frente para a entrada, com Dylan e Seb de frente para eles e de costas para onde os demais chegavam. Estavam prestando atenção e gargalhando alto de algo que Dylan conta, gesticulando exageradamente, e pareciam sequer se lembrar que tinham um compromisso ainda naquela noite.
Soltando gritos de alegria ao ver o resto do grupo se aproximando, os cinco do bar, já um pouco felizes demais, os cumprimentaram, a tempo de , a última a chegar alegando que precisava de um tempo a mais porque estava relaxada demais do spa, também se juntar a eles. Ela usava um vestido Balenciaga, curto e justo ao corpo, com recorte na barra em formato de “u”, na cor verde lima, acompanhado de um blazer oversized e sandálias na mesma cor. Os dez permaneceram ali por mais alguns minutos, dividindo as bebidas que pediram, conversando e rindo alto, esperando pela hora oficial de ir ao show.
manteve-se no lado oposto de Sebastian, que se esforçava em prestar atenção em qualquer outra coisa senão nela e em como estava irresistível naquela noite. foi logo conversar com Dylan, ao tempo que parou ao lado que Hamilton, que, sentado, a abraçou pela cintura enquanto a olhava de baixo, conversando tão perto que parecia uma zona perigosa. sentou em uma perna de Tom, que a deu um beijo sereno e estava concentrado demais em elogiar a namorada em sussurros que faziam querer pular o show direito para a casa dele. Ben tentou se aproximar de e, recebendo dela um sorriso simpático e um olhar tímido, foi logo cortado por uma que, mais rápida, puxou a amiga para perguntar o que tinha acontecido para ela sumir duas noites seguidas. pareceu satisfeita com a modelo e ignorou o fato de ver Ben tentar se apaixonar, que desviou seu caminho até Sebastian. Mas aquela formação não durou mais do que três minutos, até todos eles estarem misturados novamente.
Discretos, alguns finalizando seus drinks e outros apenas se enturmando, os dez se entreolhavam, os olhos caindo especialmente em uma pessoa diferente para cada, reparando no que vestiam, nos perfumes que emanavam, nos lábios coloridos e nas camisas com os primeiros botões ligeiramente abertos. Como se para cada um deles houvesse alguém ali que chamasse um pouco mais de atenção do que os demais, os pensamentos flutuando entre a realidade que os cercava e certas vontades que, secreta e intimamente, os consumia.
A produção do reality enviou dois carros para buscar os dez participantes no hotel, que pontualmente às 21h os pegou no estacionamento. Por serem convidados da cantora, eles ficariam em um espaço VIP reservado, para que assim não tivessem contato com o grande público. Estavam tão animados e falantes nos carros que o caminho até o Royal Albert Hall pareceu passar rápido demais e, assim que chegaram ao local do show, todos eles receberam pulseiras vips e foram deixados no estacionamento que daria acesso direto ao local mais reservado, via bastidores, evitando assim passar pela multidão de fãs no local público.
O palco estava escuro, apenas uma única luz iluminava todo o local, acima de um piano, quando eles entraram na área reservada. No telão, a imagem de um mar se movimentando podia ser vista. Já havia milhares de fãs no local, muitos deles esperaram muito por aquele momento, a energia era absolutamente surreal. De braços dados, e Sebastian faziam graça para alguns fãs mais próximos de onde a área deles estava, que os reconhecia, vindo com e atrás conversando animadas sobre já terem ido à um show de Adele antes. Dylan guiava por onde andavam cantando juntos e alto alguma música, empolgados, enquanto Tom e Lewis, ao lado deles, discutiam sobre como estavam se sentindo ali - sem saber direito se tinham gostado ou não da ideia de ir naquele show, tão público, em meio a tantas pessoas. Ao contrário deles, estava visivelmente animada em presenciar o show de Adele, era o primeiro da cantora que ela podia ver assim, de pertinho. Para Ben, essa oportunidade também significava muito. Ainda que estivesse no início de sua carreira, sentia que seu coração estava muito mais na música do que nas telas. Por isso, animados, com Ben dando o braço para que pudesse andar seguramente em seus saltos, eles conversavam animados.

— Eu amo essa energia de show — comentou com Ben, caminhando pela área até ficarem mais ao centro de onde poderiam ver melhor o palco, junto com os demais — Toda essa gente, todo mundo cantando junto, até me arrepia.
— Demais. Eu não vejo a hora de sentir isso do outro lado, — ele falou mais alto e curvando-se até ela, para que pudesse ouvir — de cima do palco.
— É a maior adrenalina do mundo — ela gritou animada, vendo o homem rir — No próximo show que eu fizer em Londres, quero que você venha cantar uma música comigo.
— Não brinca comigo desse jeito, — ele sorria empolgado, dando uma olhada rápida em e tirando selfies juntas mais ao lado — Não vou nem dormir mais, de ansiedade, esperando por esse momento.
— É sério, seria incrível! — ela riu — O convite está feito.
— E está aceito também — Ben estendeu a mão para ela que, feliz, bateu em sua palma, feito um hi-five.

Sem mais tempo para conversar, de repente, todas as luzes foram apagadas. O lugar ficou completamente como em um breu e tudo que puderam ouvir foram os gritos eufóricos das milhares de pessoas no lugar.

— Será que acabou a energia? — Dylan sussurrou próximo a .
— Acho que isso faz parte da apresentação, fanfiqueiro — A escritora cutucou Hamilton, pensando que era Dylan.
— Ei! — o piloto gritou — Preciso de um segurança, estão passando a mão em mim.

Não houve tempo para responder o piloto. O telão começou a acender bem devagar, o som das ondas podia ser ouvido e as imagens do mar voltaram a aparecer. Agora estavam dispostos no palco, o piano ao lado esquerdo, no centro o microfone e a direita uma cadeira vazia e um violão ao lado. De mãos dadas com dois homens, Adele subiu no palco, sendo recebida pelos fãs fervorosos que esperavam por ela, saudosos após tantos anos sem uma apresentação da cantora. Um dos homens foi até o piano, enquanto o outro sentou-se em uma banqueta com um baixo. Adele fez uma referência para seu público, ouvindo as primeiras notas soavam no piano e lanternas dos celulares eram acendidas.

You're driving me away
Você está me afastando
Give me a reason to stay
Me dê uma razão para ficar
I want to be lost in you
Eu quero me perder em você
But not in this way
Mas não desta forma


As primeiras músicas escolhidas pela cantora foram todas de seu novo álbum, o “30”, ainda que recente, as canções já estavam decoradas pelos fãs. e faziam uma dupla revezando alguns trechos, e Ben arriscaram alguns passos de dança um com o outro, Dylan, e Hamilton fingiam estar abalados e chorar um no ombro do outro, Tom, Sebastian e estavam rindo, não sabiam exatamente de qual das três situações ao seu redor. Todos eles estavam embalados pelas letras e melodias de Adele, animados por estar curtindo juntos e compartilhando novas experiências.
Em certo momento do show, quase uma hora depois do início, segurava o celular depois de gravar a si própria e o pessoal ao seu redor cantando animados e dançando Send my Love (to your new lover), como se estivessem em uma festa, quando os primeiros acordes de Set Fire to the Rain soaram alto. Sebastian se aproximou dela, com as mãos nos bolsos da calça social, seus olhos na mulher que sentia saudades e sua mente presa em cada palavra que Adele cantava, como se estivesse repassando detalhe a detalhe de tudo o que ele sentia por e do fim triste da história mais linda que ele já viveu. Sebastian não podia enganar a mais ninguém, muito menos a si próprio. Ter encontrado inesperadamente em Londres tinha o feito relembrar de uma época de sua vida que ele, no fundo, jamais queria esquecer. Do quanto foi bom, do quanto aprendeu sobre si mesmo e sobre como amar verdadeiramente outra pessoa, do quanto se divertiu, cresceu, enriqueceu. Apesar do choque inicial em vê-la, e da reação de , conforme os dias iam passando e às situações os colocavam em um novo convívio, tudo parecia se amenizar entre eles.
Não porque tinham tido tempo e espaço para conversar e se resolver. Mas porque parecia que não estavam realmente afim de contaminar um ao outro com as mágoas do passado. E aquilo já era o suficiente para Sebastian. Demorou tanto tempo para que ele pudesse ter uma primeira chance com , demorou tanto tempo para que ele pudesse entender o que realmente tinha acontecido para que eles terminassem, por que seria rápido agora em resolver toda aquela situação? Sebastian sabia que o primeiro passo teria que vir dele, sempre foi assim. E, uma vez mais na vida, talvez pela quantidade de álcool que já tinha tomado naquele dia, ele sabia que valia a pena dar um novo primeiro passo.
Sem dizer nada, ele apenas se aproximou dela e, assim que os olhos de caíram na imensidão azul dos olhos dele, ele estendeu-lhe a mão. Um sorriso ameno no rosto, um convite silencioso e tímido para que ela fosse dançar aquela música com ele. Do mesmo jeito que já tinham dançado antes, perto, carinhosos, sentindo um ao outro em uma intimidade silenciosa que temos a sorte de partilhar com poucas pessoas na vida. olhou dos olhos dele para sua mão estendida, ponderando por um segundo. Sem saber se aquilo era uma trégua, um erro ou uma tentativa de recomeço, ela avaliou.
Como se fosse a primeira vez que ele estivesse a chamando para sair, ou como se fosse a primeira vez que ele estava investindo nela, aquele simples gesto fez se lembrar do ponto de partida. Do quanto sempre colocou sua vida e sua carreira acima de tudo, mas apesar disso, do quanto ele foi insistente, persistente talvez, em conhecê-la. Se lembrou de como ele, mais do que qualquer outra pessoa com quem ela se envolver em sua vida, foi respeitoso com seu tempo, com seu espaço, com seus compromissos, com seu trabalho, com suas vontades. E, de repente, pensando em tudo aquilo, nada mais pareceu fazer sentido. Odiava o jeito que tinham terminado, odiava a sensação de ter se tornado alguém que não era e de ter perdido ele por isso. Odiava não ter mais Sebastian consigo todos os dias. Mas ali estava ele. Bastava a ela aceitar a trégua, o erro e, talvez, o recomeço.
deu sua mão para ele e o olhou de volta, sorrindo sincera. Naquele momento em que ele a conduzia delicadamente até um ponto em que pudessem dançar juntos e parava de frente para ela, suas mãos descendo pelo corpo que ele conhecia tão bem até parar na cintura dela, enquanto às mãos dela recaiam carinhosas nos ombros dele, nem nem Sebastian tinham certeza do que estavam fazendo. E se tivessem alguém a culpar por qualquer coisa que acontecesse naquela noite, que fosse Adele e suas músicas tão verdadeiras.

— Quer falar sobre o que é tudo isso? — a voz suave de soou próxima ao ouvido de Sebastian e, arrepiando-se, se afastou ligeiramente para olhá-la nos olhos. Seguiam dançando lentamente, ao ritmo da música.
— Uma tentativa de dizer, sem realmente saber quais palavras usar, que não entendo o que aconteceu entre a gente — seus olhos transbordavam uma sinceridade, que não se lembrava mais de ter visto.
— Também me pego pensando em que momento deixamos tudo chegar naquele ponto — ela sorriu triste.
— Eu sinto muito pelo jeito que reagi quando te vi no reality. Não quero atrapalhar sua experiência, por favor, me diga se quiser que eu vá embora, eu...
— Não quero que você vá embora, Seb — a modelo o cortou, o apelido que costumava chamar ele saindo de seus lábios como a canção tão doce e saudosa que ouviam de Adele ao fundo — Quero que você fique e quero que a gente… — ela engoliu em seco, sem saber se deveria mesmo dizer aquilo — minimamente consiga se resolver, se suportar pelo menos. Não temos que anular um ao outro onde estivermos, somos adultos, namoramos, há algo em nós que precisa ser resolvido.
— Como se resolve uma mágoa do passado, ? — ele passou a língua pelos lábios, seus olhos sem desviar dos dela nem mesmo por um segundo.
— Assumindo o que foi que nos magoou — ela respondeu honesta — Acho que fui egoísta.
— Engraçado, porque fiquei do outro lado do mundo me culpando esse tempo todo por isso também — ele sorriu triste, vendo-se fazer o mesmo — Por ter sido egoísta com você.
— Mas aqui estamos nós agora, não é? — a modelo aproximou-se novamente dele, ainda dançando, quebrando o mínimo espaço que ele tinha dado e o contato visual.
— O que vamos fazer? — a voz rouca e suave dele misturou-se com a respiração que batia em seu pescoço.
— Um acordo? — ela sugeriu — Uma trégua. Temos algumas semanas pela frente que vamos ter que nos ver e conviver juntos. Acha que podemos fazer desse tempo o mesmo que estamos fazendo hoje ou o mesmo que fizemos no primeiro desafio?
— Conviver, se divertir, olhar o presente? — Sebastian, a conduzindo de um lado a outro na dança, perguntou. Tinha gostado da ideia, sim. Só não sabia que conseguiria engavetar o que sentia do passado para focar-se no presente.
— E talvez não ir embora mais cedo e frustrado das próximas festas? — brincou, tirando uma risada fraca dele.
— Me desculpe — sussurrando no ouvido dela, ele pediu — Por tudo.
— Nós dois fomos egoístas, Seb — ela apoiou a cabeça próxima a dele — A trégua é justamente para que não tenhamos que pedir desculpas, é um recomeço.

Os dois dançavam sem se preocupar com os demais a sua volta. Não estavam fazendo nada demais, era como se tivessem voltado a ponto de partida, como se tivessem, ali, se conhecido pela primeira vez e Sebastian não pode deixar de pensar que, independentemente de quanto tempo se passasse, ou de qual fosse o país ou a roupa que estivesse usando, ele continuaria dando vários euros para saber o que ela estava pensando.
Alguns passos deles, Tom e estavam indo juntos em direção ao pequeno e elegante bar que havia no espaço VIP. estava mais próxima ao palco junto com os outros participantes, curtindo o show. ainda não tinha tido muito espaço para conversar com Tom, mas o pouco que puderam trocar já tinha sido o suficiente para ter a melhor das impressões sobre eles. A escritora gostava bastante de conversar, estava sempre tagarelando, e Tom era sempre atencioso e parecia ouvir com paciência e interesse suas histórias.

— O que está achando do show, Tom? — disse apoiando seu copo no balcão do bar.
— Posso te dizer que é essa com certeza é uma das coisas que eu não esperava fazer quando aceitei participar de um reality de culinária — Tom passou as mãos pelos cabelos — Mas está sendo uma experiência incrível, — respirou pensativo — conheci pessoas que nunca imaginei ao menos falar, se inclua nesta lista — ele disse e ela assentiu com um sorriso — Eu realmente precisava sair da minha zona de conforto.
— É engraçado você falar isso, sobre zona de conforto — ela sentou-se enquanto a bebida deles era servida — Ficamos muito presos no que nos é confortável que é difícil aceitar que as coisas mudam, e isso faz parte do ciclo normal da vida. Olha eu, comecei a viajar sobre a vida sendo que estávamos falando do show.
— Esse é o poder de Adele sobre as pessoas — Tom riu.
— O efeito Adele é causar lágrimas, isso sim — os dois riram — Mas gosto da forma que ela fala de amor — a escritora rapidamente olhou para Dylan, já os olhos de Tom ficaram fixados em , que ria e fazia uma dupla com , cantando as músicas da cantora.

estava radiante aquela noite, como de costume. O vestido verde contrastava perfeitamente com seus cabelos e olhos escuros. A cineasta chamava a atenção por onde passava, fosse pela beleza, pelas opiniões fortes, mas, principalmente, pelo seu talento. era reconhecidamente alguém que entendia das artes cinematográficas, alguém que tinham assuntos interessantes, que falava com destreza e com inteligência. era interessante em muitos sentidos e a sensação de conhecer um novo lado dela, uma nova opinião ou ouvir uma nova história que ela tinha a contar era uma das partes que Tom mais aprendeu a amar na namorada naquele ano em que ficaram juntos.

— Só para eu ver se entendi direito você gosta de ouvir ela cantar sobre amor enquanto chora? — o ator questionou, risonho.
— Exatamente, gosto de ouvir Adele para escrever e para chorar — ela brincou, fingindo-se tocada — Já que falamos sobre amor, você e dariam uma ótima história para um dos meus próximos romances — Tom riu tímido — Estou falando sério, sem risadinhas, senhor Tom, vocês são um casal e tanto. Qual é o segredo para fazer dar certo?
— O maior segredo é não ter segredos. O amor não é sempre convencional, esperamos sempre que o casal se complete, não discuta, mas sabemos que não é assim que funciona. Eu e somos totalmente opostos — melancólico seus pensamentos o levaram para o primeiro piquenique que tiveram juntos, onde ele estava se achando um pateta de quinze anos, não um homem de 40 — Na teoria, não conseguiríamos fazer nosso relacionamento funcionar, mas estar com ela torna os dias mais especiais, nós concordamos em discordar — ele sorriu sincero.

Aquela era a sensação na vida das pessoas, era como uma tempestade, ainda que o sol se abrisse após a chuva, nada ficaria igual depois que ela passasse. Em poucos dias em que a cineasta estava com ele, tudo virou de ponta cabeça. Se sentia até meio bobo, por querer tê-la por perto sempre que podia. O ator sabia do contrato, de seus termos, mas queria permitir senti-la, tocá-la e amá-la todos os dias, redescobrindo ainda mais novas emoções. A vida pública havia o proibido de viver sem se preocupar com o que os outros fossem pensar, queria conseguir imaginar o futuro com alguém, desejava uma família, ter alguém com quem dividir os dias felizes e também os dias não tão bons.

— Vou roubar todas essas falas para colocar no meu próximo livro, já estou avisando — a escritora ria — e não me venha com processo querendo direitos autorais.
— Seria uma honra ter uma história escrita por você — ele sorriu simpático — Posso ser o ator de mim mesmo no filme? — riu.
— Com certeza! Esse é o momento que eu posso te tietar?
— Ah, para com isso — ele riu envergonhado.
— É sério, te acho uma pessoa sensacional e você e juntos são meu objetivo de vida.

Nas poucas conversas que teve com , Tom se sentia confortável, conseguia perceber sinceridade em suas palavras. No ramo em que estavam inseridos eram poucas as pessoas que não estavam competindo entre si para alavancar na carreira ou sendo absurdamente falsas em suas falas, apenas para agradar. Ele sentia como se a conhecesse há anos, a troca de ideias entre os dois era leve, conduzida por piadas e ironias. Na tarde do café, viu como a mulher se esforçava para tentar debater questões importantes do processo em que estava envolvida, parecia se importar. acreditava nela, já tinha se deparado ao longo das filmagens de suas adaptações com diretores machistas, que mal queriam saber o ponto de vista dela, a criadora de toda a história.
Além disso, a escritora era curiosa e gostava de sempre estar por dentro do que rolava nos universos cinematográficos, e quando soube do que aconteceu com a cineasta não pôde deixar de notar que aquilo era mais uma estratégia da mídia para colocar a mulher sempre como errada em alguma história. Conversar com naquela tarde a fez ter certeza de sua constatação. Sufocado, Tom já não aguentava mais ter que esconder sobre o contrato, precisava falar com alguém sobre, nem mesmo Sebastian, seu colega de elenco, sabia de todo aquele marketing por trás de seu relacionamento. O ator não sabia se se sentiria confortável em contar a durante o café então decidiu guardar a informação. Mas ali estava uma nova oportunidade de compartilhar o peso que sentia, com alguém que parecia genuinamente se importar com as pessoas e com o que elas sentiam e que tinha uma imagem dele e de seu relacionamento com um tanto errada.
Talvez fosse o efeito do álcool, mas, ali, sentado com no bar enquanto ouvia Turning Tables começar a ser cantada por Adele, ele se sentiu em um ambiente seguro, onde podia compartilhar mais de sua vida no íntimo sem ser julgado ou questionado por ela. esperava atenta o garçom encher seu copo com uma bebida rosa, quando Tom suspirou, tomando um gole de seu uísque.

, preciso contar uma coisa que pode mudar toda sua percepção sobre mim — ele disse fazendo a escritora arregalar os dois olhos, colocando um canudo na sua bebida — e, talvez, sobre o meu relacionamento — concluiu.
— Tom, tem certeza que quer falar algo ou é só o álcool agindo com força? — ela respondeu sincera. Todo mundo já estava cansado de saber que pessoas alcoolizadas às vezes deixam a bebida agir e espalham coisas sem realmente querer.
— Pode ser um pouco dos dois — deu de ombros — Mas não consigo mais guardar isso só para mim.
— Você traiu a ? — perguntou, seus olhos arregalados, mas logo cobriu a boca com as mãos, como se alguém pudesse ouvi-la em meio ao som alto da música — Porque se for isso, eu não quero ser cúmplice.
— Não, longe disso — Tom sentou-se do lado da mulher, tomando um novo gole de sua bebida — Não tenho olhos para outra mulher além de .
— Eu também não teria — a escritora respondeu risonha e arrancou um sorriso de Tom — Mas se não foi traição, o que mais poderia mudar minha percepção sobre vocês? Conheço alguns britânicos — ela levou seu olhar a Ben, que, tímido, tentava puxar para dançar com ele — Sei que vocês têm tendência a serem mais fechados, educados e cavalheiros. Você preenche todos estes requisitos. O que mais está faltando?
— Eu e — fez uma pausa, nem ele sabia como dizer aquilo, guardou por tanto tempo que falar agora era difícil — Nós… — novamente se perdeu na ordem das palavras.
— Tom, você está me deixando muito assustada — a escritora levou a mão ao seu copo bebendo mais um gole de sua bebida colorida — Se vocês mataram alguém, por favor, também não me conte — ele sabia que ela estava fazendo piadinhas para amenizar a situação, para que ele risse.
— Nós temos um relacionamento por contrato — disse por fim, a primeira vez que conseguia falar com todas as letras sobre o assunto. se desequilibrou da cadeira em que estava sentada, não esperando que fosse aquela informação que ele fosse contar a ela — Essa foi uma estratégia das nossas equipes, assim como nossa participação no reality, para que eu conseguisse aparecer mais, preciso dessa visibilidade, e para — seus olhos foram de encontro a ela — Toda essa armação era o momento para que conseguisse “limpar” sua imagem.

parou por um instante, digerindo a informação. Parecia não acreditar no que Tom a havia contado. Ele e eram o modelo de relacionamento perfeito, todo o mundo, literalmente, sabia disso. Pareciam sempre apaixonados, amigos, íntimos, estavam sempre juntos, se olhavam com paixão, se cuidavam com carinho, não era verdade? De certo tinham personalidades diferentes, o que era normal, mas tirando qualquer mísero detalhe de serem pessoas diferentes, não havia nada com eles que dissesse que não eram mesmo um casal. Eram opostos complementares, o que fazia sentido toda a estratégia montada pela equipe dos dois artistas, mas era surreal que tudo aquilo fosse realmente… falso. E estava ocorrendo próximo a ela, quantas comédias românticas de Fake Dating já tinha lido e assistido? não sabia dizer. E apesar de amar aquele tipo de enredo, para ela, os clichês tinham passado dos limites desta vez

— É a primeira vez que alguém me deixa sem ter o que falar — respondeu sincera — Você tá brincando com a minha cara, né? Sei que estou sempre fazendo piadinhas, mas essa não teve graça, Hiddleston — sua expressão fechou para que o ator notasse que ela estava falando sério.
— Nunca brincaria com isso. Na verdade, esta é a primeira vez que consigo falar sobre o assunto com alguém fora da minha equipe — confessou. podia ver sinceridade no seu tom de voz, Tom não era do tipo que soltaria uma informação daquelas só pela brincadeira — E estava ficando insuportável ficar só para mim.
— Se não parecer muito intrometida, já que você está me contando, me diga de onde tudo isso surgiu? — A escritora questionou, dando uma olhada no palco do show — Estou com tempo hoje.

Tom contou resumidamente para como toda proposta chegou até ele, como tudo se desenrolou desde o dia em que viu pela primeira vez, de todos ou quase todos os encontros dos dois e de todas as sensações que ela o fazia sentir. E falou também que, no início, a relação havia sido estritamente profissional, mas com o tempo ele foi percebendo o quanto queria estar verdadeiramente com a cineasta, o quanto se preocupava com ela e o quanto a desejava. Os meros minutos que passavam nas situações elaboradas por suas equipes já não eram mais suficientes e chegaram em um ponto que tiveram que assumir um para o outro que estavam interessados e que queriam ficar juntos longe do que tinham que mostrar em público.
E eram justamente naqueles momentos, em que se conheceram mais no íntimo, que tudo passou a fazer um sentido absurdo para Tom. Pela idade que tinha e pelo momento de vida que passava, se sentia sozinho, frustrado pelos relacionamentos anteriores terem terminado como terminaram e por não ter conseguido, ainda, realizar um dos maiores desejos que tinha. Entre as fortunas e a fama, o prestígio e o reconhecimento de seu trabalho, ainda faltava a Tom a sensação de ter conseguido constituir uma família. Não tinha encontrado ninguém com quem sentisse vontade de ter um futuro, até aparecer.
Sem intenção e despida de qualquer expectativa, simplesmente aconteceu na vida dele. E desde então parecia que, cada dia que se passava, ele queria que nada daquilo terminasse, que tudo fosse tão real e bonito, intenso, quanto estava sendo por via de um contrato. Tom estava apaixonado por ela. Mas sabia que tinham que seguir com o que foi acordado até o final e, prestes a completar o ano em que tudo terminaria, deveria se afastar para que a parte mais cruel do contrato começasse a acontecer. Terminariam, deixariam o público saber e seguiram suas vidas.
O grande problema era que ele não queria seguir. Mas não podia ficar, porque não podia colocar um ano inteiro de esforços em limpar a imagem de em cheque. O término era parte do contrato, da estratégia, o grand finale perfeito para que ela voltasse ao topo, para que ficasse em evidência. Longe de polêmicas, poderosa, ativa, desimpedida, solteira. E por mais que Tom tenha ensaiado mil vezes mil maneiras de dizer a ela que não queria nada daquilo, que só queria ela e que ficassem juntos para além de um contrato, a ideia de seguir com aquilo para que ela se libertasse de tudo de ruim que havia acontecido em sua carreira pesava nele. Seus assessores não recomendaram a quebra do contrato e os números estavam tão positivos, os resultados sendo alcançados, que ele não tinha coragem de colocar tudo a perder pelo amor que sentia.

— Espera! — virando sua bebida de uma vez, Tom olhou uma vez mais naquela noite — Está me dizendo que não falou com ela sobre isso, sobre ficarem juntos depois do fim do contrato, porque isso pode atrapalhar o andamento da carreira dela?
— Basicamente — ele suspirou — E mesmo se não houvesse nenhum impeditivo contratual, não sei o quanto essa coisa toda de contrato interfere no que sinto.
— Como assim? — a escritora franziu o cenho.
— Só nos conhecemos e saímos juntos por conta dessa história e…
— Mas com o tempo vocês se apaixonaram — o cortou, exasperada.
— Eu me apaixonei, — ele desviou seu olhar até — Mas não sei o que é para ela. Se sente o mesmo ou se só está nisso tudo comigo por conveniência, por comodismo ou pelo contrato mesmo.
— Vai soar extremamente clichê e vou fazer jus ao meu título de fanfiqueira com o que vou dizer agora — ela riu — Para mim, nosso corpo inteiro fala quando a gente ama ou sente algo por alguém e dá para perceber no olhar dela que alguma coisinha pelo menos dentro dela também balança quando você está perto — tocou no braço de Tom rapidamente e logo depois se virou para o garçom — Depois desse papo todo eu preciso de mais uma bebida.
— Opa, alguém falou em mais uma bebida — chegou entre os dois sorridente, abraçando Tom de lado. Ele, por sua vez, passou o braço por sua cintura — Também quero uma, por favor — falou para o garçom.
— Vou acompanhar as donzelas também — Tom riu e depositou seu copo vazio no bar, sinalizando para que o bartender o enchesse com uma nova dose de uísque.

Os três conversaram por mais algum tempo ali, falando do desafio e se gabou por ter ganhado da dupla, dizendo que não esperava por aquela vitória, pois conhecia a receita apenas do Instagram e Dylan não era o melhor cozinheiro do mundo. Adele tinha feito uma pausa de cinco minutos e, assim que pisou novamente no palco, com outra roupa, os primeiros acordes de Rolling in the deep começaram a tocar, fazendo começar a movimentar seu corpo no ritmo da música, animada.

— Tom, por favor, tire essa mulher para dançar ou eu mesma farei isso — riu para o casal.
— Você me concederia a honra dessa dança, Srta. ? — O ator perguntou se levantando estendendo a mão para ela.
— Você ainda pergunta, William? — sorriu animada, puxando Tom para mais próximos dos outros que dançavam e cantavam felizes.

Entusiasmados, tomados pelo ritmo animado da música, Tom e dançavam juntos, trocando olhares cúmplices, sorrisos divertidos, eventuais beijos rápidos e carinhos. Soltos, livres, deixando seus corpos e suas mentes serem inundados pelo momento tão leve, o casal se movimentava com sincronia, vez ou outra Tom a girava ou eles se cruzavam como parte dos passos de dança que davam. tinha sido para Tom muito mais do que um encontro inesperado. Era a melodia de uma vida, que o fazia se sentir vivo.
ficou sentada na frente do bar, vendo os outros de longe, contente por estar ali, com eles, se permitindo viver os momentos e aproveitar as experiências sem culpa ou sem estar presa ao que os outros fossem pensar dela. Imersa já há alguns anos na vida famosa e cheia de glamour, momentos desimpedidos como aqueles, que estava vivendo em Londres, eram raros. Se sentia feliz por Tom confiar nela a ponto de contar aquele segredo, a escritora sabia da gravidade da informação e sabia das consequências que ela traria, se caísse nas mãos erradas. Gostava da forma como todos eles estavam interagindo entre si e como todas suas histórias estavam interligadas de alguma maneira. Era bonito e inesperado. Como as histórias que ela gostava de escrever.
Saindo do momento melancólico, ela pediu mais uma bebida colorida ao garçom, que, aproveitando vê-la ali sozinha, pediu seu número, fazendo a escritora rir da cara de pau. Longe dali, Dylan a observava e não pode conter o sorriso ao ver a risada dela. estava cada vez mais linda, sabia que desde que tinham se conhecido muito dela havia mudado, assim como ele não era mais o mesmo. E talvez a parte mais bonita daquela mudança fosse ver que tinha se tornado mais confiante sobre si própria. Com o copo em uma das mãos e o celular na outra, ela se levantou da cadeira em que estava e veio na direção de onde ele e os outros participantes estavam, passando por e Hamilton que conversavam mais afastados dos demais, bem próximos um do outro. A cantora virou para ela assim que viu passar por eles e deu uma piscadinha para ela.

— Desculpe, me distraí com a riu fofa — O que estava dizendo?
— O que eu queria dizer... sem cantadas baratas dessa vez, eu prometo, — Lewis disse passando carinhosamente a mão pelos cabelos na nuca de , que estava sentada no lado dele com as pernas em seu colo — é que, eu juro que queria entender porque você me deixa tão louco?
— Temos um avanço nas cantadas! — Sem conter o sorriso, disse que ficando mais próxima do rosto do piloto — Mas está precisando treinar um pouco mais, campeão.
— Estou falando sério dessa vez, sem cantadas — ele suspirou, seus olhos encontrando os dela — Acho que nunca me senti assim na vida.
— Ok, o quanto você bebeu? — ela riu, vendo-o negar com a cabeça.
— Um pouco — ele assumiu — Mas é sério.
— Então você está inspirado hoje, Lewis? — brincou com a gola da camisa dele.
— Você sabe o quanto eu amo quando você diz meu nome assim — os olhos dele desceram até os lábios dela.
— Lewis, Lewis, Lewis — ela repetia lenta e sedutoramente, o sorriso leve nos lábios que ainda eram observados por ele.
— Você gosta de me provocar, .
— Um pouco — ela se aproximou o suficiente dele para responder, suas bocas se encostando ligeiramente enquanto ela dizia: — Mas o que eu gosto mesmo é de você.

Sentindo seu coração bater mais forte ao ouvir aquilo, ele colou seus lábios nos dela, começando um beijo intenso e apaixonado. Aquela não era a primeira vez que Hamilton tentava dizer o que exatamente sentia por e certamente não era a primeira vez que não conseguia, que era interpretado de uma forma errada ou interrompido pelas palavras tão claras e pelas ações tão simples da mulher. Talvez pelas marcas dos relacionamentos anteriores, que o sufocaram e o desgastaram de tal forma que se sentia censurado, Lewis aprendeu a engolir suas palavras. De que adiantava falar, quando se não tinha alguém ao seu lado disposta a ouvir?
Foi o que ele havia internalizado. Era o que ele tentava mudar desde meses atrás, quando se descobriu apaixonado por . Muito mais do que um caso, muito mais do que alguém com quem ficava, transava, eventualmente, ela era alguém que o fazia querer sentir, viver, experimentar. Era alguém que trazia certezas no caos em que vivia, alguém que o fazia querer falar. Pela primeira vez em tanto tempo, depois de tanta frustração com pessoas que não valeram a pena ter sofrido o que sofreu, Lewis via em alguém a chance de se permitir amar outra vez. Na forma mais pura, verdadeira e ousada possível, alguém que amava o mundo que ele vivia, sua profissão, seus eventos. Alguém que tinha gostos em comuns, que entendia as partes nem tão legais da fama e do glamour, que o admirava por ser o homem que era e não o piloto.
chegou em sua vida sem querer, inesperadamente. O encontro mais feliz possível, a sorte de ver nela um recomeço, uma tentativa de fazer dar certo dessa vez. Com seus projetos, com seu trabalho, com o poder e o brilho próprio, não precisava dele para absolutamente nada senão sua amizade, sua companhia, o toque, as sensações que ele a fazia sentir, que compartilhavam juntos. Gostavam dos mesmos lugares, dos mesmos estilistas, já tinham feito as mesmas viagens e tinham um objetivo parecido para o futuro. Gostavam de se divertir, de viver um dia de cada vez. A cada encontro casual, inesperado, que tinham, parecia se encaixar mais e mais nele. E Hamilton parecia querer mais e mais que ela entrasse de uma vez por todas em sua vida. Só faltava a ele ter a coragem de dizer aquilo a ela.
E como ali, no show da Adele, ele sempre tentava. Mas ainda não tinha conseguido. Aproveitando o momento, a música suave e romântica ao vivo ao fundo, Hamilton seguiu beijando . Vez ou outra quebravam o beijo para respirar rapidamente, dando mordidas leves, mas logo voltaram a selar seus lábios com intensidade e vontade. Entre os toques carinhosos de e as pegadas mais firmes de Lewis, os minutos foram passando, conforme o fôlego foi acabando até eles, com selinhos, quebrarem definitivamente o beijo.

— Eu também gosto de você — com a mão no rosto dela, ele comentou baixo, sincero, respondendo ao último comentário dela antes de se beijarem — e era sobre isso que queria conversar.
— Ah é? — pareceu curiosa, apoiando o cotovelo na mesa e seu queixo na mão, prestando atenção nele.
— É — o piloto a encava — Eu estava pensando esses tempos, em tudo que a gente já viveu juntos e preciso ser honesto com o que eu sinto, .
— Eu juro que, vindo de você, essa conversa parece muito estranha — ela riu fraco.
— Você precisa aprender a me levar mais a sério — ele olhou para o lado e apontou para si mesmo — Eu sou um cara sério, não sou?
— Definitivamente não — despretensiosa, acompanhou o olhar dele para o lado, mas parou ali. Como se tivesse vendo a coisa mais chocante do mundo, os olhos dela se arregalaram minimamente, enquanto ela tateava a mesa próxima de onde estavam sentados, em busca de seu celular.
— Qual é? — Lewis brincou — Minha imagem contigo está tão ruim assim?
— A sua imagem não sei, mas a que eu estou vendo agora é simplesmente perfeita — sem desviar os olhos dos amigos, alguns passos de distância dali, ela desbloqueou seu celular e apontou a câmera dele para o outro casal, no tempo exato em que começaram a se beijar — AI. MEU. DEUS.
— Eita. Porra. — Hamilton acompanhou o olhar dela e riu alto, vendo Sebastian gritar empolgado, enquanto ria, assistindo a mesma cena.

Alguns passos dali, em pé em um canto mais próximo ao palco, Ben beijava . A segurando pela cintura, enquanto a outra mão ia para seu pescoço, ele a beijava com calma, com uma suavidade que era possível de ver por aqueles que assistiam. filmava a cena risonha, um tanto incrédula, ainda mais depois de terem falado exatamente sobre eles dois mais cedo naquele dia. tinha as mãos no peito dele e, quando o beijo passou a se intensificar, a ficar um pouco mais apressado e profundo, as mãos dela foram para a nuca dele enquanto as dele caíram por suas costas até a cintura.
O fato era que já tinha bebido naquele dia.
Como ela mesma havia dito, estava desde às quatro da tarde com martinis e talvez, naquela altura da noite, já estivesse emotiva demais, pelo álcool ou pelas músicas da Adele, ela não sabia. Ben estava ridiculamente atraente naquele terno, o olhar preso nela a cada momento que podia olhá-la e, sem perder mais tempo, tinha se esforçado em ficar o máximo possível perto dela durante o show. Ele dançou com ela, comentou as músicas, se divertiu, a divertiu. Conversaram ao longo do show, riram, gravaram meia dúzia de vídeos como se fossem o casal que costumavam ser meses atrás. E Dylan estava perto deles quando viu Ben carinhosamente abraçá-la por trás e cantar baixinho para ela, enquanto Adele cantava Someone Like You no palco.
Ben ganhava em cada movimento que fazia, em cada palavra que dizia a ela, nos carinhos sutis, na preocupação, na presença e na pertença, na valoração de tudo que ela gostava e de quem ela era, no amor ao que ela tinha a oferecer. A ganhava no olhar apaixonado, no sorriso que não se segurava em seus lábios. E nunca foi resistente. Era intensa, era doada aos seus sentimentos e sempre se permitia viver o que tinha vontade de viver, onde fosse, com quem fosse. O cenário amoroso e apaixonante, ideal para o casal que, sem dúvidas, era o mais romântico e fofo daquela turma, era simplesmente perfeito para eles dois. E se deixaram levar pelo o que estavam sentindo, pelo desejo e pelo o que batia forte em seus peitos.

— No que está pensando? — ele perguntou baixo assim que a música havia acabado e os aplausos diminuído. Tinha acabado de, literalmente, cantar para ela. Só para ela. Queria saber o que ela estava sentindo.
— Em você — ela respondeu simplesmente, virando-se para olhá-lo. De frente um para o outro, Ben seguiu a abraçando pela cintura.
— Nesse caso, acho que consegui o que eu queria, então — ele sorriu charmoso.
— Muito convencido para o meu gosto — ela fez um biquinho, mexendo na gravata dele — Mas, pode reverter isso se me contar também o que está pensando — no mesmo tom curioso e subindo seu olhar até os olhos escuros dele, ela perguntou.
— A pergunta certa deveria ser: — ele aproximou ligeiramente seu rosto do dela, suas respirações se misturando — quando eu não estou pensando em você, ?

Ela acompanhou o sorriso sedutor dele, sua mente a levando para as coisas que Ben a dizia quando não estavam na frente de mais ninguém. O charme, a elegância, o controle das palavras, o tom de voz sempre baixo e suave, firme, seguro. Aquele homem era a ruína de .

— E isso é bom ou ruim?
— Sinceramente? — Ben a viu assentir com a cabeça — É perfeito.

Para aquilo bastou. E sem precisar dizer mais nada, ela acabou com a pequena distância entre eles, sendo retribuída por Ben que a beijou. Incomum se manifestarem daquela forma em público, tendo consciência de que não apenas outras oito pessoas estavam com eles ali, mas também uma casa de shows inteira, abarrotada de pessoas que poderiam vê-los e começar com especulações. Exatamente o pensamento que passou pela cabeça de minutos depois que o beijo acontecia.
Se Ben tinha mesmo outra pessoa, como a mídia dizia ter, se estava mesmo se relacionando com outra mulher, o que caralhos ela estava fazendo? Estavam convivendo bem, estavam saindo como amigos até ali, não podia ter se deixado levar pelo momento - a não ser que, no dia seguinte, quisesse aparecer estampada nas manchetes como a nova amante de Ben Barnes ou o estopim para a separação do casal Ben-Jessie.
Assustada pela ideia e dominada pelo sentimento repentino de culpa, por toda a discrição que tanto lutava em manter, quebrou o beijo. Recuperando sua respiração, Ben a encarou minimamente confuso por um instante, até ouvi-la dizer que precisava de uma bebida e se afastar dele apressada, sentido ao bar.

— Aposto dez dólares que ela já se arrependeu de ter feito isso — Dylan comentou com , ainda no bar, observando passar por eles sem dizer nada, até o outro lado e sendo seguida por .
— Aposto vinte que ele não está entendendo nada, como sempre — levantou seu copo para Dylan, vendo Ben tentar ir atrás da mulher, mas ser impedido por uma que pedia calmamente para ele dar um tempo para ela. Dylan bateu seu copo no dela, topando a aposta e, então, os dois tomaram um gole de seus drinks.
— Parece que todo mundo aqui é meio mal resolvido — ele deu de ombros.
— Incluindo a gente — mais sincera do que gostaria, rebateu. Talvez também tivesse bebido demais, com Tom mais cedo.
— Ah, que bom que tocou no assunto — Dylan pareceu aliviado — O que foi que aconteceu?
— Aconteceu alguma coisa? — a escritora foi ligeiramente irônica — Achei que você tivesse dito que não aconteceu nada entre a gente.

E foi só então que tudo fez sentido para Dylan. A noite da festa, a sensação que teve ao beijar , os toques mais íntimos começando a acontecer, chegando de repente, a interrupção, a maldita frase que ele falou sem pensar e sem maldade, mas que, aparentemente, tinha magoado de alguma forma. Por um instante, Dylan se sentiu um completo idiota. Um daqueles caras que sempre prometeu a si mesmo não ser nunca, um babaca que tinha feito a mulher que gostava entender tudo errado. Absolutamente tudo.

— Não foi o que eu quis dizer — nervoso, ele passou as mãos pelos cabelos.
— Mas foi o que você disse — sorriu triste para ele, tomando um novo gole de sua bebida.
— Me desculpe por isso — ela a olhou sincero e, em seguida, falou tudo muito rápido: — Falo muitas coisas sem pensar, você me conhece. Não estava esperando que alguém fosse entrar na sala naquela noite e não queria te deixar constrangida — ele respirou fundo — A verdade, , é que eu não sei como reagir quando você está por perto.
— Como? — ela pareceu surpresa, batendo seu copo na bancada do bar à frente.
— Somos amigos, eu sei disso, mas eu… — ele parou um instante, pensando — eu não sei se só isso é o suficiente mais. E você está sempre por perto, tão linda, tão… você. Eu não sei o que devo fazer, eu…
— Dylan! — em choque em ouvir aquilo, ela o cortou, o fazendo olhá-la por um momento.

De onde conversava com Tom, Sebastian observou a conversa atenciosa que e Dylan pareciam ter no bar terminar em um beijo tão amoroso, que pareceu como um daqueles de cinema. A escritora levantou do banco em que estava sentada e, sem se preocupar com mais nada ao redor, simplesmente o beijou. Surpreso, mas absurdamente feliz, Dylan a puxou para mais perto de si mesmo pela cintura, ainda sentado no banco, a encaixando no meio de suas pernas. tinha as mãos no rosto dele e, vez ou outra, brincava com seus cabelos enquanto suas línguas pareciam dançar no ritmo da música que tocava ao fundo.
não conseguia raciocinar direito e as palavras que tinha acabado de ouvir de Dylan soavam em sua mente em um looping quase que infinito, como uma música que ela jamais iria se esquecer. Dylan, por sua vez, aprofundava o beijo apaixonado, tirando de si tudo o que sentia em seu coração. Estava feliz por ter, minimamente, conseguido falar com . Sabia que aquele não era o momento ideal, mas o resultado foi o melhor possível.
A tinha observado a noite toda, a estava acompanhando com os olhos quando não podia acompanhá-la fisicamente e, quando não estava vendo, fazia o mesmo. Dylan já tinha cansado de ser apenas o amigo. E aquele tempo que estavam passando juntos em Londres, com tudo acontecendo tão rápido e intensamente, aquele sentimento parecia o incomodar cada vez mais. Um certo senso de urgência, um medo irracional de, a qualquer momento, ser tarde demais e perdê-la para outra pessoa. Ele queria . A queria como a estava tendo naquele exato momento, a beijando ali, a abraçando ali, a sentindo ali, e daquela forma.
Entregues um ao outro, eles só quebraram o beijo quando Adele começou a agradecer a presença de todos e, eufóricos, os fãs gritavam e aplaudiam o fim do show. Para os dez participantes, contudo, o show continuava a acontecer na área em que estavam. Agachada na frente dele, conversava com Ben sobre a situação que tinha acabado de acontecer com , com Tom sentado em uma cadeira ao lado deles, atencioso, prestando atenção e dando conselhos, tentando fazer Ben entender o que ela devia estava pensando.
Sebastian debatia o final do show com , ao tempo que iam em direção a alguns fãs que os chamavam na grade próxima, para tirar fotos e falar com eles, enquanto Lewis ia na direção oposta, sentido ao bar, zuando, aos berros de “mandou bem, Maze Runner, artilheiro para caralho”, com o fato de e Dylan terem se pegado. Do outro lado do bar, chorava todo o álcool que tinha consumido naquele dia, se sentindo culpada por ter beijado Ben, sendo tirada de lá rapidamente por que, amorosa e compreensiva como só ela, decidiu discretamente levar a amiga embora para o hotel.


O Segundo Desafio: Doces

⭐🎄⭐


acordou no dia seguinte ao show com a cabeça explodindo de dor. Sentia seu rosto inchado pelas longas horas de sono e pelo choro impiedoso que deixou escapar do bar do show ao colo de em seu quarto no hotel, até finalmente adormecer. Na exaustão do que tinha acontecido e assim que chegaram de volta ao hotel, contou a ela tudo que tinha acontecido entre ela e Ben nos meses passados até aquele momento. ouviu com atenção, mas sem opinar muito. Deixaria para conversar com no dia seguinte, quando ela estivesse cem por cento sóbria, mas tinha entendido o ponto.
Como uma das pessoas mais influentes do mundo e com contatos o suficiente para limpar nomes de polêmicas, carta na manga que ela mesma precisou usar algumas vezes, bastou a duas ou três ligações para que qualquer foto ou especulação feita na internet sobre o que tinha acontecido com e Ben no show fossem derrubados e excluídos. Mais do que ninguém, a cineasta sabia o quanto a mídia era cruel e maldosa e o que podiam fazer com uma informação como aquela. Sendo ou não verdade que Ben estava se relacionando com a colega de elenco, o que ele tinha ou deixava de ter com não deveria ser de interesse público e a atriz não merecia ser tratada como a amante, se é que aquilo que mesmo verdade.
ficou sabendo disso no dia seguinte, minutos depois de acordar e tomar banho para tirar a canseira da ressaca, quando Dylan, Noah e entraram animados e gritantes em seu quarto, trazendo café da manhã e um turbilhão de notícias - que iam desde Dylan ter ficado de novo com no final do show, até divagando sobre seu sonho de ter um cachorro e comentando da noite "louca, em que sentou em Tom até não poder mais", e Noah que, desde a festa, tinha saído outras vezes com Justin, o agente de .
E falando nela, ficou um tempo considerável conversando com Ben, e assim que o viu ir embora para casa sozinho, também foi embora do show, com Sebastian, que a acompanhou até a porta de seu quarto no hotel e, respeitosamente deixando um beijo em sua bochecha e um abraço carinhoso, a observou entrar. Carregando o exato mesmo sentimento de quando tudo começou, de quando o ator passou a abertamente mostrar interesse nela, foi dormir serena. Com um sorriso nos lábios e o coração aceso, a sensação gostosa e um tanto incerta de pensar em Sebastian Stan pareceu reviver nela.
Compartilhando daquele sentimento já conhecido mas que, em algum grau parecia tão novo, Sebastian passou por Tom no corredor do hotel e o cumprimentou brevemente. Ele estava esperando sair do quarto de Júlia para levá-la embora com ele para sua casa, e viu o amigo seguir feliz até seu quarto. Ter ido aquele show foi, sem dúvidas, muito especial e importante para ele. Bastava pensar, e seguir o plano, nos próximos dias, refletir como poderia usar aquele tempo todo em Londres a seu favor, como tentar fazer se apaixonar novamente por ele.
Mas de paixão, Lewis e entendiam bem. E os carinhos no caminho de volta para o hotel, se tornaram beijos amorosos na porta do quarto da cantora, que viraram roupas no chão dentro do cômodo e mais uma madrugada adentro para eles se lembrarem no dia seguinte. Entre os gemidos e arfadas baixas, entre as sensações e o calor que faziam um e outro sentir, morava uma paixão que nenhum dos dois conseguia externalizar ainda. Naquela altura, Hamilton não sabia ainda que não era apenas ele quem não estava conseguindo colocar em palavras tudo o que sentia por , mas ela também se segurava para não falar o que sentia por ele.
Conhecia o passado dele, conhecia a dinâmica de um relacionamento assumidamente oficial e fechado e, por isso mesmo, tinha medo de estragar o que tinham. A confiança, o respeito, o espaço que se davam, a amizade, a compreensão, a liberdade. Tinha medo de dizer a ele que estava pronta para o próximo passo se ele quisesse e se ele também estivesse, porque nem ela mesma sabia ao certo como fazer aquilo. dormiu nos braços dele naquela noite, aninhada em seu peito e sendo abraçada por ele, pedindo ao universo que o dia seguinte demorasse a chegar.
O mesmo pedido que Dylan fazia no quarto ao lado. Deitado sozinho em sua cama, ele repassava detalhe a detalhe das últimas horas, o perfume de em sua camisa, o gosto dela pulsando seus lábios, tudo parecia surreal. Lutando contra o sono porque não queria parar de pensar nela, Dylan fechou os olhos desejando sonhar com , um sonho tão bom quanto a realidade que viveu naquele dia.
A escritora saiu do show direto para a casa de Ben. Viu que a noite não tinha terminado exatamente bem para ele e havia comentado que ele estava muito chateado pelo o que aconteceu com , o que fez decidir ir apoiar o amigo. O caminho, não muito distante da arena, a fez pensar sobre Dylan e sobre o passo que ele havia dado naquela noite. Tinha dito em alto e bom som que não queria mais ser apenas um amigo dela. sentia seu coração bater mais forte, a adrenalina em sua barriga, cada vez que lembrava daquilo. Contudo, ela não sabia exatamente o que ele quis dizer e também, por um momento, sentiu a insegurança de ser só mais uma das coisas que Dylan falou sem pensar.
E aquele pensamento permaneceu nela nos quatro dias seguintes, até se reunirem novamente no estúdio, para gravar o segundo episódio do reality. Permaneceu nela como a angústia em não entender ao certo o que tinha acontecido ficou em Ben. Apesar de ter dito a ele que boa parte do que sentia estava carregada pela fofoca midiática de ele ter outra pessoa e de ter enviado uma mensagem, no dia seguinte ao show, pedindo desculpas por ter agido daquela forma, Ben não sabia exatamente como se sentir e muito menos como agir perto dela.
Em uma conversa franca com , a ideia de ter sido o responsável pelo afastamento de Júlia o atingiu em cheio, finalmente. Estava o tempo todo enxergando de outra ótica. Mais do que uma fofoca que ela acreditou, havia o fato de ele nunca ter explicitamente dito a verdade para ela e tudo fez ainda mais sentido quando viu a mensagem dela dizendo para não se preocupar e explicando que havia dado um jeito de apagar todos os resquícios de que tinham ficado juntos na noite do show. Tentou ser o mais amigável e casual possível, ela não citou mais nada, mas Ben se sentiu mal pelo mal entendido que ele deixou causar entre eles e pela sensação errônea que deixou em , em não fazê-la se sentir seguramente o que ela realmente era para ele: a primeira e única opção.
Ainda dava tempo de mudar aquela situação, sim, mas ela parecia ter se reservado ainda mais. Trocou algumas mensagens com ela nos dias que passaram, mas a sensação era a de que o pouco que havia conseguido progredir com ela nos últimos dias, havia novamente regredido, se afastado. Ele tentou chamá-la para ver um filme em sua casa, tentou inventar um jantar ou uma nova exposição no museu para levá-la, mas ela não aceitou mais. Nenhum de seus convites.
ficou hospedada na casa dele aqueles quatro dias e foram os primeiros a chegar no estúdio para a gravação do segundo episódio do reality. Tinham questões a pensar e tinham que pensar em jeitos de resolver tudo aquilo, sim. Mas como Sebastian também estava articulando, poderia usar o Sugar Rush a seus favores. O clima natalino e a diversão que tinham durante as gravações não abria espaço para os sentimentos inseguros e incertos de nenhum dos dez participantes. Estavam ali para aproveitar o máximo da experiência e o máximo uns dos outros.
Como da última vez, no primeiro desafio, todos eles haviam chegado algumas horas antes da gravação do novo episódio do programa, para fazer a testagens e se aprontarem e, não muito tempo depois, entre às músicas diferentes que saiam dos camarins de cada um, os corredores do edifício foram tomados por risadas altas, conversas eufóricas e provocações carregadas de competitividade conforme os participantes foram se encontrando. Demorou pouco mais de uma hora para estarem todos no centro do estúdio principal, posicionados em suas cozinhas, no lugar já tão familiar e que se sentiam verdadeiramente à vontade em ser quem eram.

Esse é o Sugar Rush de Natal!

Empolgado como sempre, o apresentador falou alto, perto da câmera central. Ele vestia uma calça jeans e um suéter cinza bem alinhado e carregava o sorriso mais contente do mundo nos lábios. Ao redor dele, já nas cozinhas, os dez participantes sorriram quase ao mesmo tempo, entendendo que a gravação já estava começando, e quanto acompanhavam a movimentação de Hunter com os olhos, silenciosos. Uma vez mais, estavam usando cores complementares e natalinas, desta vez com: Ben e de vermelho, e Lewis de branco, Tom e de verde, e Dylan de amarelo e e Sebastian de marrom.
Depois de fazerem algumas imagens dupla a dupla, em suas respectivas cozinhas, as câmeras voltaram-se para Hunter, que esfregava as mãos feliz, virando-se de frente para a câmera mais próxima. Se tinha algo que aquela edição do programa estava tendo era energia de sobra e muita química entre os participantes.

— Sejam bem-vindos e bem-vindas ao segundo desafio do nosso programa. Será que as nossas duplas estão prontas para enfrentar mais um round da confeitaria natalina?
— Estamos prontos para vencer de novo. — Dylan apontou para ele e , que vestiam seus aventais.
— Alguém está confiante demais para o meu gosto. — Também vestindo seu avental, Hamilton rebateu.
— A convivência com você já fez o ego dele ficar assim, Lewis. — riu, recebendo como resposta do piloto um revirar de olhos.
— O Teen Wolf fala demais! — Sebastian gesticulou com as mãos, enquanto amarrava o avental nele.
— Está com dor de cotovelo, Sebastian? — cruzou os braços, com uma expressão irônica no rosto.
— Vocês são os segundos piores, Seb, aceitem. — Tom comentou de sua cozinha, tirando uma olhada mal-humorada de .
— Até você? — Sebastian gritou indignado — Esse programa está te fazendo mal.
— Está aprendendo direitinho, Tom. — Hamilton comemorou.
— Ben, fique longe do Lewis, — riu, enquanto bloqueava o celular — porque você é o único que, pelo visto, ainda tem salvação.
— Não teria tanta certeza disso, . — deu de ombros, ajeitando os cabelos — Acho que ele já foi contaminado pelo vírus Hamilton.
— Vejo que estamos animados por aqui, de novo, esse clima natalino é tudo! — Hunter segurava em suas mãos um envelope — Mas, agora, é hora de dar boas-vindas ao meu time preferido de jurados.
— Não seja cínico, Hunter, — Adriano riu — nós somos os únicos jurados com quem você trabalha.
— Bem, isso é verdade, — o apresentador deu de ombros — mas, ainda sim, vocês são os meus preferidos. — ele apontou para os dois jurados na bancada, que sopraram beijos no ar para ele — Apesar disso, temos que completar esse trio e para deixar as coisas ainda mais doces por aqui, nosso convidado de hoje vem direto de uma produção da Marvel.
— Por favor, não me diga que é o Tom Holland. — Sebastian massageou as têmporas, falsamente preocupado, mas Hunter sequer teve a chance de responder, porque logo gritou:
— É o Anthony Mackie? Por favor, diga que é o gostoso do Anthony Mackie.
— Ela gosta bastante da Marvel, né? — sussurrou alto o suficiente para os outros ouvirem.
— Acho que ela gosta mais do que a Marvel tem a oferecer. — zoou, encostando-se na bancada de sua cozinha.
— O Mackie não, por favor. — Sebastian resmungou. — Eu não aguento mais ele.
— JÁ SEI! — gritou outra vez animada ignorando Dylan, que parou por um segundo para encará-la. — É o Andrew Garfield?
— Se for o Andrew Garfield vai ser uma deli.. — delícia, era o que queria ter dito, mas parou sua fala quando percebeu que Tom a encarava sério — …deliciosa experiência, muito amigável.
— Infelizmente, vamos ter que deixar a deliciosa experiência para uma próxima, porque não é o Andrew Garfield dessa vez. — Hunter parecia se divertir com a curiosidade deles, vendo e trocarem um biquinho frustrado. — Algum palpite, Tom?
— É o Chris? — Tom perguntou curioso, pensativo.
— Evans? — Foi a vez de parecer empolgada.
— Pratt? — quase revirou os olhos.
— Ou o Chris Hemsworth, o ex-cunhado da ? — Dylan viu a careca que Ben fez.
— Ex-cunhado, é? — colocou as mãos na cintura virando-se para a cozinha de . — Pelo jeito não fui só eu que passei o rodo em Hollywood.
— Passou, é? — Tom perguntou brincando, cruzando os braços, vendo sorrir sem graça para ele.
Isso que você não sabe dos outros. — Dylan fingiu uma tosse.
— A tem a cara de quem passou não só o rodo, mas o pano, a vassoura, o aspirador tudo isso e muito mais. — Lewis provocou a amiga, que o encarou boquiaberta, segurando a risada.
— Olha quem fala, não é, Lewis? — rebateu com sarcasmo. — Você não pode ver uma cantora que vai para cima. Se colocar uma peruca no Ben, você pega.
— Pego sem a peruca também, se liga. — Lewis mandou um beijo para Ben que, retribuiu fazendo um coração com as mãos.
— Pelo amor de Deus… — só conseguia rir.
— Esse era o clima natalino que você estava falando, Hunter? — perguntou debochada para o apresentador.
— Tipo isso… — o apresentador riu — Mas podemos aproveitar essa bagunça toda para dar boas-vindas, finalmente, ao nosso convidado de hoje. — Ele fez uma pausa misteriosa. — Recebam agora um dos Eternos. Pode entrar, Barry Keoghan. Façam ele se sentir em casa, pessoal.

No momento em que ouviram o nome do jurado especial, todos os olhares, sem exceção, foram diretamente para . Todos sabiam de seu envolvimento com Barry, do tempo que passaram namorando e vê-lo, justamente ele, ali, foi esquisito para a maior parte dos participantes. Não bastasse a produção do programa ter cometido o erro de colocar Sebastian e como dupla, ainda estavam trazendo um ex para ser jurado? Só podia ser brincadeira. Apesar disso, do ligeiro estranhamento, e Barry foram um casal muito querido pelos fãs e bastante assediado pela mídia que, na época, gostava de os intitular como "um dos casais mais quentes do ano". O ator vivia fazendo declarações para ela em seu Instagram e, durante um tempo, parecia até que sua rede social era um fã clube para ela, de tantas fotos dela no perfil.
O término de e Barry tinha acontecido de forma natural, o relacionamento estava um pouco desgastado e não havia muito que os dois pudessem fazer para reverter aquela situação. Estavam focados em outros pontos e tinham interesses diferentes naquele momento. Ambos trabalhavam demais e o convívio intenso acabou gerando a sensação de terem vivido tudo o que podiam viver um com o outro em prazo curto de tempo. Não havia novidade, nem emoção mais. Se separar antes que perdessem o respeito e o carinho um pelo outro foi uma decisão madura. Ela não guardava mágoa alguma dele, entendia que alguns finais eram necessários e desejava o melhor para Barry. Após a separação mantiveram pouco contato, ainda se seguiam nas redes sociais, interagiam em alguns posts um do outro, mas não trocavam mensagens diretas mais e, com o tempo passando, foram vivendo suas vidas isoladamente.
Já Dylan, com os olhos cravados no ator que acabava de entrar animado, enquanto os demais participantes aplaudiam e celebravam a vinda dele, quando ouviu o nome de Barry teve que se segurar para não revirar os olhos. Não era possível que, até ali, aquele cara fosse lhe atormentar. Sabia que o término de e dele havia sido tranquilo e que mantinham certo contato.
Contudo, não conseguia deixar de sentir aquele incômodo leve e a insegurança que o relacionamento passado deles o causava, porque sabia que os dois tinham sido muito felizes e não tinha certeza se conseguia oferecer o mesmo para ela. merecia ter alguém genuinamente bom como parceiro. Em todos os aspectos possíveis da vida. E Barry tinha conseguido entregar isso à ela. Por um momento, o olhando ali sorridente e todo bonitão, Dylan se perguntou se, de fato, Hamilton não tinha razão: se não era demais para ele.

— Pensei que estivéssemos no Sugar Rush e não no De Férias com o Ex, Hunter. — riu e Barry acenou para ela.
— Você ainda me ama, , admita isso. — Barry a respondeu no mesmo tom de brincadeira. Dylan se manteve quieto, sem transparecer muitas reações.
— Vai sonhando, Eterno, vai sonhando! — Ironizou ela. — Foi você que me ligou esses dias falando em recaída.
— É desse tipo de fofoca que a gente gosta. — comentou para Tom, apoiando os cotovelos na bancada de sua cozinha e as mãos em seu queixo, atenta. e Ben se entreolharam, sorrindo tensos, aquela ceninha não parecia muito amigável.
— Não se faça de difícil! Nós dois sabemos que você não resiste a mim, docinho. — Barry entrou na de , sorrindo charmoso.
— Com direito a apelidinho e tudo mais, — Lewis olhou para Dylan, que estava mais branco que uma folha de papel — queria ter esse tipo de relação com as minhas ex’s.
— Queria mesmo, Lewis? — se virou para o piloto, que negou rapidamente com a cabeça.
— Agradeço por não ter nenhum tipo de relação com os meus ex’s. — sorriu mudando um pouco de assunto, logo sendo completada por :
— Eu também! Até porque se é ex, algo de ruim tem. Se não, seria atual.
— O que está no passado, ficou no passado, pessoal! Acredito que esse reencontro mereça um abraço, vocês não acham? — Hunter perguntou aos participantes, tentando amenizar o clima esquisito. Quase todos confirmaram, sem graça, tirando Dylan e Ben que ficaram parados, sorrindo receosos.
— Não só merece, como deve ter. — afirmou. Se o parquinho já estava pegando fogo, não seria ela que pararia de colocar ainda mais gasolina.
— Isso aí, vamos lá pessoal! — O apresentador incentivou.
— Hunter, você é o maior fanboy que existe. — Barry negou com a cabeça e trocou um olhar breve com .

Ele, então, se dirigiu até a cozinha onde estava, a vendo abrir os braços carinhosamente para ele. Sorridente, a escritora abraçou o ex-namorado. Dylan observava o gesto dos dois com uma expressão irônica, como se dissesse que dia maravilhoso para ter que conviver com o ex da mulher que sou apaixonado”, mas o cumprimentou com um aperto de mão assim que viu ele estender o braço para ele simpático. Ben, por outro lado, estava achando a situação cômica. Sabia que a amiga a levaria de forma tranquila, mas não tinha tanta certeza sobre como Dylan estava se sentindo. Pelo olhar que trocou com Ben, parecia querer fugir do estúdio ou matar Barry.

— Podemos voltar para o desafio agora? Se estamos no sugar Rush, não há tempo a perder! — Dylan comentou disfarçando o incômodo, tirando de Hamilton, Sebastian e Ben uma risada alta.
— Seu pedido é uma ordem, Dylan. — Barry respondeu amigável, indo de volta para o lado de Hunter, no centro do estúdio.
— Temos uma missão para você hoje, Barry! — Hunter o entregou uma caixinha embalada para presente, com um papel de papai-noel, e um espaço aberto na parte superior para colocar a mão dentro. O ator aceitou a caixa e a chacoalhou com cuidado, tentando entender o que tinha ali dentro, sem muito sucesso.
— Mal posso esperar.
— Assim como o desafio anterior, este também será temático e vai trazer para a nossa mesa um dos doces favoritos do Natal: os biscoitos. — Hunter fez uma pausa, vendo a galera celebrar animada. — A diferença, contudo, é que vocês não terão liberdade criativa dessa vez.
— Estão com sorte, e Ben! — brincou de sua cozinha, lembrando que, da última vez que tiveram que escolher o que fazer, o casal concorrente escolheu bem… bem errado. Eles riram.
— Finalmente! — Ben comemorou.
— Esperem aí e não comemorem antes do tempo, — Hunter puxou novamente a atenção para si — porque o tema do dia tem a ver com a participação do Barry. Na caixa que ele segura tem os nomes dos dez personagens principais de Eternos, o novo lançamento da Marvel, e cada um de vocês será convidado a vir e retirar um.
— Para dificultar um pouco as coisas, — Barry completou a fala de Hunter, olhando para a câmera mais próxima — cada dupla terá dois personagens ao final para se inspirar. Os biscoitos precisam ter relação direta com o Natal, mas devem se inspirar nos personagens. Podem considerar suas cores, falas, comportamentos, poderes, o que se lembrarem.
— Será uma fornada de biscoito por personagem, duas fornadas por dupla, — Hunter voltou a explicar — e a regra do dia é que não podemos entregar os tradicionais biscoitos de gengibre. Não são os preferidos do Barry.
— É isso aí, Hunter! — O ator concordou sorrindo. — Os biscoitos precisam necessariamente ter algum sabor, que pode ser se escolha de vocês. Não se esqueçam de ter sempre o Natal e os personagens em mente.
— Acho que me perdi. — Tom se virou para , que parecia reflexiva, anotando o que era dito atrás da folha com a receita básica da massa do biscoito.
— E quem não assistiu os Eternos, faz o que? — Lewis levantou a mão perguntando, tirando gritos eufóricos em comemoração, dos demais.
— Pede para sair! — Sebastian gritou animado.
— Já temos a dupla perdedora. — Dylan gritou, tirando risadas dos demais.
— Use sua liberdade criativa e a imagem do personagem que você tirar de dentro da caixa para fazer o melhor que você conseguir. — Hunter se virou para Lewis que, naquela altura, encarava risonha, perdida. — Estão prontos?
— NÃO! — os dez participantes gritaram ao mesmo tempo, fazendo Barry e Hunter se entreolharam risonhos.
— Mas é melhor estarem… — Barry comentou retórico.
— Que programa tóxico. — murmurou.
— Como presente por terem vencido o último desafio, e Dylan serão os primeiros a sortear seus personagens. — O apresentador falou para os participantes.
— Finalmente uma vantagem em participar desse reality. — Dylan ironizou.
— Dylan, por favor, faça as honras. — Hunter o chamou, observando o ator caminhar até perto deles, sem muita emoção, enquanto os demais assistiam cheios de expectativa. Apático, ele enfiou a mão dentro da caixa que Barry segurava e, bagunçando ligeiramente o conteúdo de dentro, tirou a pequena placa. O pior dos cenários possível aconteceu assim que ele se deu conta de qual o personagem tinha saído para ele — Parece que foi combinado: Dylan tirou Druig, o personagem de Barry.
— Não tem como sortear de novo? — Tentando ser o mais brincalhão possível, Dylan perguntou. Sem conseguir segurar a risada, Ben olhou negar com a cabeça, encarando a frustração nítida em Dylan ao voltar para a cozinha.
— Assim você me magoa, cara. — Barry riu sem graça.
— A coisa está ficando boa demais! — Hunter celebrou. — , é a sua vez. — da mesma forma que Dylan, ela caminhou até o centro do estúdio e, de frente para Barry, que sorria a olhando, enfiou a mão na caixa e pegou a primeira placa que sentiu. Sem cerimônias, ela a virou para a câmera mais próxima, enquanto o apresentador anunciava: — Sersi. A primeira dupla, e Dylan, devem fazer biscoitos inspirados em Druig e Sersi.
— Vamos nessa! — respondeu animada, com um Dylan sorrindo falsamente ao lado.
— Para não deixar a dupla perdedora do último desafio sem ganhar nada, Ben e , vocês podem ser os próximos. — Hunter sorriu e olhou para os dois que estavam em sua cozinha. — Primeiro as damas: , pode vir retirar o seu personagem.
— E que bela dama! — Barry disse galanteador, Ben e Dylan se entreolharam atônitos com o comentário do ator. — Boa sorte, , uma pena que você não vai pegar o meu personagem.
— O cara gosta mesmo dos apelidinhos, hein. — Hamilton comentou na direção de Ben, que só balançava a cabeça negativamente.
— Era o meu favorito. — Ela fez um biquinho, sorrindo para ele.
— Quer trocar? — Dylan gritou de sua cozinha.
— Sem trocas, Teen Wolf! — Hamilton arqueou uma das sobrancelhas para o ator. — Fazendo desfeita para o convidado. — Dylan, por trás da bancada, apontou o dedo do meio para o piloto. colocou a mão na caixa e a remexeu, logo após tirou a placa.
— Peguei o Ikaris! riu incrédula, apontando a placa para a câmera.
— Literalmente… — Dylan gritou para ela, trocando uma risada com a amiga, que voltava rapidamente para sua cozinha. De todos ali, Dylan era a única pessoa que sabia que a amiga tinha, literalmente, pegado Richard Madden. Alguns dos demais pareceram perceber a graça, outros estavam confusos e Ben fechou ligeiramente a expressão.
— Eu disse. — Lewis zoou a amiga, que riu alto.
— Ben, sua vez. — Hunter apontou para o ator. — Vamos ver quem vai ser a dupla de Ikaris na sua cozinha. — O ator veio tranquilamente e tirou a placa da caixa, apontando-a para a câmera. — Tirei a Sprit.
— Foi uma dupla que combinou. — Barry comentou simpático.
— Até você dar uma pedrada na cabeça dela, não é? — comentou e arrancou gargalhadas dos demais.
— Cuidado com o spoiler. brincou irônica, cruzando os braços.
— Ben e terão que fazer biscoitos inspirados em Sprit e Ikaris, — Hunter anunciou — boa sorte, time.
— Dessa vez nada vai desmanchar no chão, eu garanto. — Ben comentou e arrancou risadas dos demais participantes.
— Eu espero que não mesmo! E aproveitando a ordem das cozinhas, vamos com os vizinhos do açúcar, então. — Hunter virou-se para e Tom. — Prontos?
— Acho que sim, já escondemos os ingredientes dessa vez. — Tom semicerrou os olhos para , que riu.
— Então, vem para cá, Tom! — obedecendo Hunter, ele caminhou charmoso até o centro do estúdio, parando de frente com Barry e sorteando o seu personagem — Alguma preferência?
— Loki! — O ator sorriu vitorioso, tirando uma vaia dos demais.
— Infelizmente, vamos ficar devendo dessa vez — Barry brincou de volta. Tom chacoalhou seu pulso dentro da caixa até tirar a pequena placa com a imagem e o nome de Makkari — A minha favorita. — Barry sorriu.
— Ah jura? A minha favorita está ali — Tom apontou para , enquanto os demais gritaram um “aw” em uníssono.
— Sua vez, favorita, o sorteio é todo seu. — Hunter chamou ao tempo que se aproximou deles, cruzando com Tom no caminho e dando-lhe um beijo rápido nos lábios, motivo de um novo grito da turma.
— Ai estou nervosa! — Ela brincou, colocando a mão dentro da caixa que Barry segurava.
— Eu também… — o ator respondeu, a olhando — Era meu sonho conhecer você, por favor, me coloque no elenco de algum dos seus filmes.
— Se depender de mim, está feito! Você está no próximo filme e onde mais quiser. — sorriu amigável, sem ver a careta que Tom fez, tirando de dentro da caixa seu personagem e, bastou a ela dar uma olhada em quem tirou, para seu sorriso duplicar de tamanho. — Que sorte do caralho.
— Vamos censurar essa parte. — Hunter olhou para uma das câmeras, tirando risadas dos demais. Certamente editariam aquilo depois. — vai com Phastus e Tom com Makkari. Que dupla!
— Os melhores biscoitos vem aí! — voltou saltitante para a sua cozinha.
e Hamilton, preparados? — Hunter apontou para eles.
— Sinceramente? — Lewis fez uma careta.
— Não vimos o filme, estamos apavorados! — respondeu rápido, gesticulando, dando a volta na bancada de sua cozinha para se aproximar dos dois homens
— Como assim não viram Eternos? — Barry perguntou falsamente chateado. — Acho que estou magoado.
— Ele vive magoado ou só é dramático? — Dylan perguntou baixo, impaciente, levando uma cotovelada de na sequência.
— Eu tenho certeza que você está ótimo nele… — o consolou, tirando um sorriso dele e logo puxando de dentro da caixa a placa com seu personagem e dando uma olhada confusa. — Santo Deus, o que é isso?
Ajak — Barry e Hunter falaram ao mesmo tempo — E não podemos dizer mais nada além disso.
— Lewis, por favor, venha. — Hunter pediu, vendo o homem trotar até eles, animado. Assim como a cantora, o piloto logo sorteou uma das três placas restantes da caixa, tirando dela um personagem que sabia tanto quanto sabia do seu: nada.
— Quem é esse? — Ele perguntou sincero, fazendo os demais rir.
Gilgamesh — Hunter falou animado.
— Como? — o piloto deu um passo mais perto deles, como se quisesse ouvir melhor.
Gil-ga-me-sh — Barry falou pausadamente, sendo repetido por Lewis que, o cumprimentando com um aperto de mão e um meio abraço, voltou animado para sua cozinha, onde já o esperava.
— E não temos mais surpresas agora, tendo em vista que Sebastian e vão ficar com os dois últimos personagens. — Hunter os chamou com a mão. — Mas, vamos deixar vocês enfiarem a mão na caixa de Barry.
— Eu não quero meter a mão na caixa de ninguém — murmurou.
— Esse programa é muito esquisito. — Sebastian arregalou os olhos, caminhando ao lado de que, concordando, comentou:
— Por que a gente se meteu nisso?
— Porque vocês amam uma competição de Natal. — O apresentador respondeu animado.
— Você é sempre animado desse jeito? — Barry perguntou para ele, o olhando de lado. Hunter deu de ombros, concordando.
— Ele é! — Foi quem respondeu.
, Seb, podem retirar as placas dos personagens de vocês, por favor, e compartilhar com a gente?

A modelo e o ator colocar suas mãos ao mesmo tempo dentro da caixa, empurrando um ao outro e roubando um do outro a placa que pagaram, como se não fossem, os dois, ter que lidar os mesmo personagens independentemente de quem os tirasse dali. Rindo, celebrou ter tirado Thena enquanto Sebastian parecia feliz em ter tirado Kingo.

— Vou ter que fazer a Angelina Jolie em formato de biscoito, me desejem sorte. — arregalou os olhos, pensando no tamanho do problema que tinha pego.
— Até desejaria, mas estou querendo ganhar, modelete. — Lewis desfilou de um lado a outro em sua cozinha.
— Você? Ganhar? — Sebastian gargalhou alto, irônico. — Não queria dizer nada, cara, mas você não tem nem ideia de que cor é o traje que seus personagens vestem.
— Ele, infelizmente, tem razão. — fez um biquinho.
Cariño, — Lewis praticamente gritou, as mãos na cintura — não podemos contar derrota antes da hora. Tem sempre uma para destruir a cozinha e perder o desafio.
— Ou roubar um açúcar — Tom completou, risonho.
— Gente, eu já pedi desculpa mil vezes! — encolheu os ombros e logo apontou para Lewis. — Mas eu posso destruir sua cozinha de propósito, Hamilton. Fica esperto.
— Mandaram bem, pessoal. Estou ansioso para saborear os biscoitos! — Barry colocou a caixa embaixo do braço e cumprimentou Sebastian, observando o casal voltar junto para sua cozinha. Se sentia super animado de estar ali, tinha recebido o convite para fazer a participação especial para divulgar Eternos e, como um bom amante de Natal, topou na hora. Adorava o clima do jogo e, garantidamente, era um fã da maior parte das pessoas que estavam jogando.
— Ok, pessoal, vocês têm as regras, têm seus personagens e têm 50 minutos para entregar o desafio, — Hunter avisou alto, olhando para o relógio acima de onde ele e Barry estavam — boa sorte a todos e que comece a segunda prova do nosso Sugar Rush de Natal.

Apressados e um tanto alvoroçados, rapidamente as duplas se organizaram para discutir, animadas, sobre o que fariam em seus respectivos biscoitos. Diferente das quatro outras duplas que estavam anotando ideias na folha de receita, correndo de um lado a outro para reunir ingredientes e utensílios ou só apoiados na bancada conversando mesmo, e Lewis, estavam paralisados, um tanto apavorados e sem saber por onde começar ou qual referência ao filme utilizar, uma vez que nem sequer tinham lido a sinopse da obra. Como piloto e como cantora, o mundo da cinematografia não brilhava tanto aos seus olhos e uma prova daquelas era realmente um problema para eles.
Os barulhos nas cozinhas vizinhas já podiam ser ouvidos, em meio a alguns palavrões vindos de , uma música qualquer que Tom cantava alto para incomodar os demais, as piadas de Dylan e , a risada alta de e as expressões gritadas por Sebastian e . Sendo a pessoa que mais entendia das referências que estavam usando naquele desafio, Barry neste episódio seria a quem conversaria com os participantes durante a realização da prova, e não Hunter. Eram dez referências diferentes que eles precisariam usar para deixar tudo ainda mais doce e, se soubessem o que fazer, podiam usar a presença de Barry ali a seu favor.

— O que você vai aprontar hoje, docinho? — Barry encostou as mãos na bancada de Dylan e .
— É sério, como eu namorei você? — A escritora riu, enquanto desenhava alguns círculos no papel manteiga.
— Simples, você não resistiu ao meu charme irlândes. — O ator olhava atentamente para a bancada da dupla.
— Você é irlândes? — perguntou curiosa, desviando seu olhar dos ovos que quebrava até ele. Barry acenou positivamente a cabeça risonho.
— Ele se gaba muito por isso, como vocês podem ver… — media as pequenas formas de corte de biscoitos nos desenhos que fazia no papel manteiga.
— Pelo que me lembro, você bem que gostava quando eu ficava me gabando. — Barry levantou as sobrancelhas, apoiando os cotovelos na bancada da cozinha.
— Isso nos velhos tempos, Barry, — sorriu — você tem que superar o fato de que me perdeu.
— Não vou superar isso nunca. Sorte de quem será seu próximo namorado. — Barry pareceu mais sincero do que ele gostaria de admitir e ficou surpreso pela resposta que recebeu de :
— Depois dessa declaração, ao vivo, acho difícil eu conseguir ter outros pretendentes.

Dylan segurou a porta da geladeira com força, fechando os olhos por um segundo, incrédulo em ouvir eles terem aquela conversa tão… casualmente. Não era possível. A presença de Barry já estava o incomodando o suficiente e, não bastasse aquilo, ainda estava correspondendo às brincadeiras que estavam carregadas de verdades? Dylan se perguntou por um segundo se ela ainda sentia alguma coisa pelo ex e se odiou por nunca ter levantado aquela possibilidade. Talvez não desse o próximo passo com ele justamente porque era ele quem ela queria.
Observando os dois pelo rabo de olho, fingindo prestar atenção nos ingredientes que pegava de dentro da geladeira, Dylan não disse absolutamente nada. Um silêncio que não era muito comum para o ator, que estava sempre soltando piadinhas, e que não passou despercebido por e Ben.

— Mas, voltando ao desafio, já que você não tem mais nenhuma chance comigo: — voltou a dizer, pegando um pouco mais de tinta em um potinho a sua frente, vendo Dylan respirar fundo enquanto voltava para o seu lado — vamos fazer os símbolos de Sersi e Druig em forma de biscoitos.
— Parece uma ideia ótima! Capricha no meu, hein, Dylan? — O ator disse sorridente a Dylan.
— OIha a responsabilidade que você tem, Dylan — Ben falou discretamente irônico de sua cozinha — Vai ter que fazer uma homenagem a altura.
Vou dar o meu melhor. — Dylan respondeu sem ânimo algum. Estava misturando os corantes para chegar no tom de vermelho do símbolo do personagem.
— Se eu você, não esperaria grandes coisas, Barry — Sebastian comentou despretensiosamente, carregando uma caixa de leite de um lado a outro da cozinha.
— Sempre você querendo dar o ar da graça, — Dylan brincou, irônico — mas me diz uma coisa, Barry: seu personagem não podia ter menos detalhes? Isso é um símbolo ou um enigma?
— Fica aí o grande questionamento. — Barry deu um aperto leve no braço de , fazendo com que Dylan jogasse o corpo para mais próximo de sua dupla. — Tenho certeza que você vai se sair muito bem.
— Obrigada pelo voto de confiança, Barry. Porém, talvez, você se decepcione.

Sem notar o comportamento do outro ator, Barry caminhou mais um pouco pelo estúdio até chegar à cozinha de e Ben. Apesar de estar tudo relativamente bem entre eles e o assunto do show da Adele não ter sido sequer comentado ao vivo, o casal tinha trocado poucas palavras naquele dia. Não estavam se ignorando, só, talvez, se estranhando, evitando proximidade e não dando abertura para falar sobre o que tinha acontecido. No silêncio entre eles, o único barulho que podia ser ouvido era o da batedeira. A atriz estava manuseando uma massa azul pelo mirtilo, enquanto Ben estava raspando limões próximos a ela, toda sua concentração no que fazia, tentando ignorar o desconforto daquele clima silencioso.
Já perto o suficiente da outra cozinha, Barry reparou que os cabelos de estavam levemente presos, o que fazia com que seus traços de perfil ficassem ressaltados. Não sabia se porque sempre se encantou com ela nas telas do cinema, pela beleza, pela intensidade e pela atuação brilhante, ou se porque ela era realmente bonita ao vivo, tinha chamado sua atenção.

— Assim, de perto, você consegue ficar ainda mais bonita — Barry chegou mais próximo de , que levantou seu olhar sorridente para ele — e cheirosa. Definitivamente cheirosa — Ben fingiu uma tosse, incomodado com o teor do comentário — Pelo toque floral e adocicado, eu chutaria que você está usando um Chanel Nº 5, acertei?
— Definitivamente, sim! — riu impressionada, enquanto amassava com as mãos os ingredientes que formariam a massa dos biscoitos — É o meu favorito.
— Os cheiros florais são os meus favoritos também. — Barry sorriu de lado.
— Barry, você está usando mentiras para conquistar mulheres agora? E bem minha amiga? — perguntou sem desviar o olhar da massa que mexia. Dylan, ainda silencioso, olhou torto de para Barry, sem conseguir acreditar que o cara já tinha dado em cima de e agora, meio segundo depois, estava fazendo o mesmo com .
— Dá para você não atrapalhar o meu flerte, docinho? — Barry respondeu naturalmente, sem desviar os olhos de , que fingiu não ouvir direito e seguiu com a atenção na massa. Ben parou o que estava fazendo e encarou Barry, sem discrição alguma. Que merda era aquela? O que ele achava que estava fazendo com ela? Flertando? Com ? Não.
— Totalmente sem limites, muito cara de pau. — resmungou baixo para Sebastian enquanto ligava a batedeira. Seb riu e negou com a cabeça.
— Mas, não sei se é só você, ou esses biscoitos, tudo me parece delicioso — Barry insistiu, ainda mais direto e ousado dessa vez, para ver se reagia.

A única reação da atriz, contudo, foi deixar um pedaço da massa, que mexia na bancada, cair no chão. riu tímida e não soube exatamente como responder aquilo. Parado há alguns passos dela, ainda encarando Barry, sério, Ben fechou ainda mais a cara. Se tinha entendido bem aquela fala, ele tinha acabado de comparar com um biscoito ou de chamar ela de deliciosa. Talvez algo entre uma coisa e outra, Ben já não conseguia raciocinar direito, estava furioso.
O cara tinha acabado de chegar, tinha feito um show com que, claramente deixou Dylan constrangido, e agora partia para cima de , alguém que ele sequer viu na vida, que não sabia nada sobre, que não tinha ideia de se já estava comprometida e que não tinha noção de quem Ben era. Sem desviar o olhar sério e irritado de Barry, Ben apertou o limão que segurava em suas mãos e deu alguns passos em direção a . Tinha que respirar fundo, tinha que ser elegante e adulto. Tinha que ter paciência.

— Na verdade, são mesmo os biscoitos, Barry. — riu tímida, tentando mudar o teor da conversa. Não era ingênua, aquele já era o segundo comentário charmoso que ele fazia para ela em menos de uma hora.
— Mas, de fato, é uma das mulheres, se não a mulher, mais cheirosa que eu conheço. — Ben aproveitou a deixa, encarando Barry, que não deixou de sorrir para ele. — E, sim, muito mais bonita ao vivo do que pelos filmes.
— Ben… — lançou-lhe um olhar repreensivo, não esperando que ele entrasse numa briguinha daquelas, mas ela logo limpou a garganta, disfarçando — precisamos de… farinha, é, aqui, por favor. Um pedaço da massa caiu, temos que fazer mais.
— Irlândes ou britânico, quem vencerá a disputa pelo coração da mocinha? — Lewis sussurrou para e gargalhou em seguida — Descubra no próximo episódio do Sugar Rush.
— Você tem razão, Ben, e como tem. — Barry pareceu perceber o tom levemente afrontoso de Ben e deu alguns passos até a ponta da cozinha, parando de frente para ele, com apenas a bancada entre eles. Ben sustentou o olhar dele.
— Isso porque você não conhece muitas mulheres, né, Benjamin? — brincou, limpando as mãos em um pano de prato e separando algumas formas extras.
— Diferente de mim, — Barry começou a dizer, afrontoso — com certeza ele não conhece. — ele, então, completou cínico: — Uma pena ser você a dupla dela e não eu.

O comentário de teve o objetivo de brincar, mas chegou em Ben de outra forma e chamou a atenção de que, de sua cozinha, parou o que estava fazendo para encarar aquela cena ridícula. Barry tinha passado de um limite que sequer tinha conhecimento da existência. Talvez estivesse brincando, talvez estivesse provocando Ben porque havia percebido que ele ficou levemente irritado com as investidas em . Mas, por que tinha dito aquilo, afinal? Desnecessário. Não conhecia nem ele, nem , como podia se julgar uma opção melhor para ela do que Ben? Era ridículo.
Irritada e incrédula com tudo aquilo, sabendo como Ben se sentia em relação a toda aquela situação, pelo tempo que conversaram durante o show de Adele e depois dele, bufou alto, deixando-se levar pelo instinto protetivo ao amigo. Sabia que Ben não faria ou falaria absolutamente nada comprometedor, era ameno e paciente, educado e muito discreto, ele engoliria aquilo tudo. Mas ela não. pegou o pacote de farinha mais próximo, de sua cozinha, e caminhou a passos largos até a cozinha de Ben e . Na intenção, disfarçada, de emprestar farinha para a amiga, que havia pedido por mais, ela fingiu tropeçar sozinha pelo caminho e virou o pacote inteiro em Barry.
No susto do momento, rápido, Barry, que estava de lado, se virou de frente para ela e não poupou em dar um jeito de derrubar ainda mais farinha nele. O silêncio no estúdio durou só um minuto, até os participantes e jurados começarem a rir alto e gritar. A modelo fez sua melhor cara de surpresa, falsa, parada de frente para Barry, boquiaberta, com os olhos arregalados. Sebastian gargalhava alto de sua cozinha, sem parar de fazer biscoitos. Conhecia e conhecia sua tolerância zero para caras babacas como Barry estava sendo naquele dia. Ben suavizou sua expressão, olhando de Barry para , de para Barry, risonho. Se sentiu vingado, pelo menos.

— Ai meu Deus, me desculpe, Barry! — comentou falsamente inocente.
— Tudo bem. — Ele riu levemente, limpando-se da farinha.
— Minha intenção era só emprestar farinha para . — Ela fez um biquinho.
— Só emprestar… — repetiu rindo alto. Ao lado dela, assim como Ben, Dylan também se sentia mais aliviado. Lembraria de agradecer mais tarde.
— Você está bem, ? — Ben perguntou falso, risonho. — Quase caiu, que coisa.
— Estou sim. Ótima, na verdade. — A modelo riu, tentando manter-se no papel. — E você, como vai?
Ben gargalhou da pergunta subliminar dela e negou com a cabeça, voltando a prestar atenção nas raspas de limão que antes cortava.
— Estou ótimo também, muito obrigado por isso... — O ator respondeu entre risadas. — Por perguntar, quero dizer.
Ao lado dele, apertava os lábios para não rir da cara de perdido de Barry, que tentava limpar toda a farinha grudada em sua roupa.
— Me desculpe mesmo, Barry. — sorriu sem graça e foi dando passos de volta para sua cozinha.
— Sem problemas, essas coisas acontecem. — Ele tentou ser simpático, mas estava um pouco envergonhado.
— Você vai superar. — Dylan comentou de sua cozinha.
— Tenho certeza que sim. — Barry sorriu falsamente para ele.
— Acho que a vai precisar roubar farinha do Tom e da de novo. — Seb brincou, desligando a batedeira.
— Alguém empresta farinha para gente, por favorzinho? — A atriz falou alto.
— Só porque somos os mais legais. — Lewis gritou, chacoalhando o pacote aberto de farinha que havia sobrado. correu rapidinho para pegar com ele, mandando beijos no ar para o piloto e .
— A competição aqui é um pouco acirrada, Barry, esqueci de te dizer antes. — Hunter riu, tentando amenizar o clima, quebrando o brevíssimo silêncio. — Mas vamos lá, nos contem sobre os biscoitos, e Ben, ou vão colocar Barry para assar?
— Acho que não teria um gosto muito bom, Huntie. — Ben respondeu sereno.
— Ikaris não podia ter uma cor que parecesse mais comestível, Barry? — tentou desviar o assunto, antes que eles começassem tudo de novo, mostrando as próprias mãos sujas com o mirtilo que colocava na massa. Notando o leve desconforto da amiga com tudo o que acontecia, e querendo tirar o folgado de cima dela, Dylan cantarolou:
— Ele parecia bem comestível na vida real.

olhou para Dylan agradecida e riu do comentário. Barry só pareceu entender naquele momento que e Richard tiveram alguma coisa e parou para pensar por um segundo, encaixando as possíveis peças do quebra-cabeças. Talvez Ben Barnes estivesse afim dela. Mas talvez ela estivesse tendo um caso com Richard Madden e aquilo fazia algum sentido, porque Barry se lembrava do amigo de elenco trocando mensagens ou no telefone nos intervalos de gravação, comentando algo sobre estar saindo com alguém que gostava e da distância segura que mantinha de Gemma Chan, para que a mídia não confundisse as coisas entre eles. Talvez Ben estivesse descontando nele um amor reprimido e não correspondido. Mas o que Barry poderia fazer? Só havia mulheres bonitas, bem sucedidas e interessantes naquele programa. Qualquer ser humano do planeta certamente se interessaria.

— Minha família é complicada. — Barry piscou discretamente para ela. Apesar de tudo, ele estava calmo, as mãos nos bolsos da calça social. — Querem contar um pouco da ideia de vocês?
— Pensamos em trazer os poderes dos nossos personagens para o foco, vamos fazer biscoitos em formato de árvore de natal e confeitar de modo que remetem a Ikaris e Sprit. — A atriz explicou fofa.
— Como eles são uma boa dupla, como eu e , — Ben olhou Barry e depois voltou-se para a farinha que colocava na massa que mexia — vamos fazer biscoitos de dupla camada, com um recheio fino de creme de baunilha para colar. Cada camada com uma massa diferente, na cor do respectivo personagem.
— Gostei da ideia, ousados. — Ele sorriu olhando de para Ben. — está trabalhando nos biscoitos do Ikaris, e você, Ben, como vai indo com os biscoitos inspirados na minha irmãzinha?
— Estão esperando para assar, na verdade, e espero que vocês gostem de biscoitos mais azedos. — Ben respondeu, enquanto lavava as mãos rapidamente e ia pegar açúcar para adicionar na batedeira e começar a pasta que usariam para confeitar.
— Confesso que gosto das coisas cítricas, apesar de preferir as florais. — Barry provocou, passando de até Ben na bancada. — Mas os biscoitos estão com uma cara ótima.
— Não se iluda, Barry, os cupcakes também estavam. — falou alto, rindo de sua bancada. — E eles foram direto para o chão.
— Foi um pequeno erro de percurso. — respondeu olhando para a bancada de Tom e .
— Pequenos roubos de percurso também, você quis dizer. — Tom acusou .
— Detalhes, Tom, — a atriz revirou os olhos — meros detalhes. Você precisa superar, o rancor é corrosivo.
— Os cupcakes eu não garanti, mas os biscoitos ficarão ótimos! — Ben colocou a mão no peito, orgulhoso.
— As fontes dessa afirmação devem ser as vozes da sua cabeça, Barnes. — Sebastian ria de sua cozinha. — Você como confeiteiro é um ótimo cantor.
— E o que sua dupla tem de bonita, Nárnia, ela tem de péssima confeiteira. — Lewis completou, vendo abrir a boca chocada com o comentário.
— A gente precisa ganhar — ela se virou para Ben que respondeu sorrindo:
— Nós vamos ganhar.

Barry se afastou deles rindo leve, caminhando em direção a próxima dupla, quando um barulho muito alto foi ouvido na cozinha de e Sebastian, chamando sua atenção. O ator já conhecia Sebastian dos bastidores da Marvel e dos próprios filmes, já que era um admirador do trabalho dele e muito fã das produções da Marvel, chegando até a pedir em seu twitter, alguns anos antes, para que Stan Lee o fizesse um super-herói. Desviando o caminho para a cozinha deles, Barry apoiou-se na bancada, tentando ver por cima dela o que acontecia ali.

— Gente, está tudo bem por aqui? — Barry questionou Sebastian e , que riam.
— Melhor impossível, Barry! — Sebastian chegou mais próximo do ator, com a forma que deixou cair no chão em mãos. — Bem que você podia me ajudar, né? Já que somos colegas de universo cinematográfico.
— Ei, ei, pode parando por ai! — Tom gritou de sua cozinha. — Se for por isso, também quero ajudas extras, sou da Marvel também.
— Eu também. — Ben deu de ombros.
— Sem ajudas extras. — Hunter negou com a cabeça.
— Na verdade, Tom, Seb e Barry são o trio favoritinho das fãs. — ria da cozinha, cortando a massa de seus biscoitos com as forminhas, mas parou por um segundo ao ver os olhares confusos dos demais. — Sério que vocês não sabiam disso? Está no Tik Tok! O trio bonitão de anti-heróis com atitudes questionáveis e olhos claros.
— Informação demais, . — Dylan resmungou.
— Preciso concordar com os fãs. — falou alto de seu lugar, procurando pelas forminhas. — Sorte a minha um deles ser meu namorado. Vocês que lutem.
— O outro é meu ex-namorado, isso deve contar de algo também. — deu de ombros enquanto mexia a cobertura dos biscoitos, tirando de Seb um sorrisinho discreto.
— Se for assim, eu também levo pontos. — protestou.
também, — Dylan completou prontamente — tem o ex-cunhado e dois ex-casos.
— Além do Richard, quem é o outro? — Barry tentou perguntar, curioso, mas foi ignorado. O caso de e Ben não era público e, tirando eles e o pessoal do reality, ninguém mais sabia. Não se atreveriam a contar.
— Obrigada Dylan, por expor minha vida amorosa num reality show. — ironizou, fazendo uma careta para o amigo.
— De nada, meu amor. — Ele soprou um beijo para ela.
— Já eu prefiro o Lewis, — comentou sem levantar seus olhos dos biscoitos que ajeitava no papel manteiga, ouvindo os outros gritaram eufóricos ao redor — sem ofensas, amigos — ela olhou para Seb, Tom e Barry respectivamente.
— Eu também prefiro o Lewis. — Ben concordou, colocando um pano de prato no ombro.
— Não sei porque, mas estou escutando o choro do trio de anti-heróis e da bem alto agora. — Lewis provocou, tirando risadas dos participantes. — Viu só, ? Nem precisei me esforçar para conquistar sua dupla.
— Ele é fácil, Lewis, não se iluda. — brincou, vendo a cara de ofendido que Ben fez.
— O clima aqui é muito bom. — Barry riu.
— Na verdade, o clima aqui já foi melhor. — sorriu falsamente para ele e revirou os olhos. Definitivamente, não tinha ido com a cara dele.
— Ah é, mesmo? — Barry tentou sorrir charmoso para ela. era tão bonita que o deixava um tanto nervoso, inseguro. — O que está faltando para ficar do jeito que você gosta?
— Noção. — o encarou séria, ignorando Sebastian que tossia, engasgando-se com sua própria risada. Barry não disse nada. Alguma coisa o fazia sentir que estava tendo problemas com ele.
— Essa massa parece estar saborosa. Qual vai ser a inspiração de vocês para os biscoitos? — Hunter apontou para a forma de e Seb, desviando o foco da conversa.
— Vamos nos basear nos próprios personagens, focando nas características principais de cada um. — mexia a massa em uma tigela, ignorando a presença de Barry. — Então, vamos usar os formatos de biscoitos clássicos de natal e “vesti-los” com as roupas, os cabelos, os acessórios que os personagens usam.
— Assim, vamos ter uma fornada do gingerbread clássico, usando caramelo no sabor e não gengibre, os confeitando como se fossem Thena e Kingo. — Sebastian completou, cortando algumas folhas do papel manteiga.
— Adorei! — Barry aplaudiu, sorridente. — Vamos ver se isso vai dar certo.
— Não tem como dar errado. — sorriu falsamente para ele, sem desviar seus olhos do que fazia.
— Se você gostou da ideia deles é porque ainda não viu a nossa! — Hamilton o chamou, virando ligeiramente a forma com os biscoitos já montados, prontos para ir ao forno. tirou a forma da mão dele, com medo dele derrubá-la.
— Vocês nem sabem quem são os personagens! — gritou, negando com a cabeça.
— Mas somos criativos, ok? — Lewis deu de ombros.
— Vamos ver, então. — Barry se aproximou deles animado, esfregando as mãos.

A cozinha de e Lewis estava bastante caótica, como se tivesse passado por ali um furacão. Diferente dos demais, que pareciam tranquilos, focados em se divertir e aproveitar o tempo juntos. Tinha, dividido as tarefas dos biscoitos entre si, o que os permitiu, literalmente, fazer tudo juntos. Talvez por falta de conhecimento em confeitaria ou por simplesmente não saber nada sobre seus personagens, eles ficaram bastante tempo discutindo sobre o que deveriam fazer, até Hamilton dar a brilhante ideia de tirarem das imagens a única coisa que poderiam seguramente acertar: as cores.
estava se divertindo tanto com aquela situação toda que nem sequer conseguiu parar para pensar direito. Apenas aceitou e seguiu a ideia de Lewis e ali estavam eles, com várias pelotas de massa colorida, colocadas cuidadosamente sobre as folhas de papel manteiga dentro da forma de alumínio preto, prontas para serem assadas.

— Que porra é essa? — Barry pareceu assustado, assim que chegou perto o suficiente para ver os biscoitos deles, mas logo riu.
— Biscoitos, ué! — gargalhou da expressão do ator. — De chocolate vegano… colorido.
— Ah, fala sério, estão lindos! — Orgulhoso de si mesmo por ter tido aquela ideia, Hamilton estufou o peito. Barry riu tapando a boca.
— E onde estão os Eternos nessa criação enigmática de vocês? — Foi a vez de Hunter perguntar.
— Vou deixar nosso amigo Barry adivinhar. — Segurando para que ela não contasse, Lewis respondeu rápido.

Naquela altura, curiosa, correu rapidamente até ficar ao lado de Barry, do outro lado da bancada da cozinha de Lewis e , espiando o que acontecia ali. Mas bastou a ela ver a situação dos biscoitos dos amigos para cair na gargalhada, junto com , que estava ficando roxa já.

— Eu tenho mesmo que adivinhar? — Barry perguntou, encarando um Lewis o olhar com expectativa e um sorriso no rosto.
— Se liga, Hamilton, não tem nada de Eternos nisso! — o provocou, propositalmente tombando a cabeça de lado, como se pudesse encontrar algo se olhasse de outro ângulo. — É um monte de bolotas, não dá nem pra chamar de biscoito.
— É, estão meio esquisitos mesmo, — Barry concordou, tombando a cabeça no mesmo sentido que a cineasta ao seu lado, enquanto analisava a obra — mais grossos do que o normal, meio… feios.
— Horríveis. — ria, cutucando com a mão algumas das bolotinhas, recebendo um tapinha leve de Hamilton.
— Isso não vai assar nem fodendo. — Sebastian gargalhou de sua cozinha, na ponta dos pés para ver os biscoitos dos concorrentes.
— Não ajuda eles não, Seb! — pediu, terminando de ajudar Dylan a colocar os biscoitos no forno deles.
— Galera, por favor… — Hamilton fez um sinal como se tudo estivesse sob controle, se fingindo de sério — Algumas coisas são feias, mas são gostosas, olha o Dylan.

Sem esperar por aquilo, todo mundo do estúdio gargalhou alto. Dylan negou com a cabeça rindo, dando, uma vez mais, o dedo do meio para Lewis sem que as câmeras pegassem.

— Mas, qual era a intenção de vocês, afinal? — Barry perguntou curioso.
— Como tudo que sabemos sobre os personagens eram suas cores, pensamos em fazer biscoitos em formatos de floco de neve, com as cores deles. — Lewis explicava, tentando manter-se sério, mas às risadas de o faziam querer rir juntos. — Usamos chocolate vegano para as massas e corantes naturais para colorir.
— O problema é que acho que erramos na quantidade de leite vegetal e a massa ficou um pouquinho mais mole do que o esperado. — completou, cutucando a massa com uma colher, para que ela não se espalhasse mais pela forma.
— Ainda bem que você disse, porque nem dava para notar. — zoou a amiga.
, por favor. Primeira dama falando aqui, atenção. — Lewis a repreendeu, tirando uma risada alta da amiga.
— As forminhas em formato de flocos de neve são vazadas e quando cortamos, a massa não se segurou no formato. — continuou, rindo. — Daí para desenformar está assim, escorrendo, se juntando em bolotas.
— Um floco de neve meio… conceitual. — Hunter tentou ajudar, mas, sinceramente, não estavam parecendo com nada.
— Estou otimista, quando assar vai ficar ótimo! — Lewis bateu uma palma, animado.
— Ótimo para jogar no lixo. — Sebastian provocou, vendo Hamilton segurar a risada e o encarar sério, por um segundo. Barry ainda parecia meio intrigado.
— Eu não sei nem o que dizer, sinceramente. — Barry assumiu sincero, rindo com eles.
— Não diga nada, só siga em frente. — apontou para a última dupla, que ainda não tinha recebido a visita do ator.

Barry concordou e, acompanhando e Hunter, seguiu até a cozinha dela e Tom, onde o ator organizava minimamente o local. Seus biscoitos já estavam assando, assim como o da maioria dos participantes naquela altura. Não deveriam ter mais do que 25 minutos até o final da competição e apesar de toda bagunça e brincadeiras que faziam no estúdio, tentavam se focar em entregar o desafio a tempo.

— Agora sim, uma dupla que tem algo bonito a oferecer. — falou alto o suficiente para que Hamilton e ouvissem, sendo vaiada por eles.
— Tem mesmo: tem você. — Barry sorriu, colocando as mãos nos bolsos da calça outra vez.
— Ninguém merece. — Dylan resmungou um pouco alto demais.
— Artilharia pesada. — Lewis concordou, no mesmo tom de murmúrio.
— Como eu cai nessas cantadas baratas? — perguntou pensativa, recebendo de Ben uma expressão de Eu me pergunto isso todos os dias” .
— Ela namora, garoto! — praticamente gritou, incrédula.
— Namoro, mas não estou morta. — brincou.
— O que é bonito precisa ser elogiado mesmo. — Cordial, Tom tentou sorrir, mas, no fundo, se incomodou.

Talvez não pudesse verdadeiramente se importar com situações como aquela, porque, afinal, não era exatamente o namorado de . Mas tinha que, pelo menos, manter as aparências - o que justificava sua postura ter ficado mais séria e o sorriso em seu rosto quase tremer pelo incômodo que sentiu. era uma mulher linda, era um fato. Sempre chamava atenção por onde passava, era segura, tinha uma presença marcante, um brilho como nenhuma outra. Olhava as pessoas nos olhos, gostava de fazer charme, de flertar, tinha um toque misterioso e sensual. Talvez uma parte dela que havia conquistado Tom. Talvez a parte dela que também estava chamando atenção de Barry.

— Obrigada, meu amor. — soprou um beijo para Tom.
— E o que temos aqui? — Hunter perguntou, cumprimentando Tom, que respondeu:
— Biscoitos de verdade.
— Não dá para dar muita moral para o Tom, se não ele fica se exibindo. — Ben comentou, cortando a massa dos seus biscoitos com as forminhas.
— Eu conto ou vocês contam com quem ele aprendeu isso? — parou um segundo, olhando para os amigos ao redor do estúdio.
— O que você está insinuando, ? — Lewis levantou as sobrancelhas, parando um segundo para descansar, com as mãos na cintura.
— Não estou insinuando nada, você se entregou sozinho, Relâmpago McQueen. — A escritora deu de ombros.
— Dylan, sua dupla está cheia de gracinhas hoje. — Sebastian cortava a embalagem de um creme de leite.
— Isso não é nada, ela pode ser bem pior quando quer. — Intrometendo-se na conversa, Barry pontuou.
— Ainda bem que você sabe, — de um para o outro. — mas, ultimamente, conviver com a tem me ensinado umas respostas melhores.
— Essa é a minha garota. — a encarou, sorrindo orgulhosa.
— Quando o programa acabar estaremos todas formadas na escola de provocações. — pensou alto.
— Estou com medo de conhecer essas provocações. — Hunter riu, juntando as mãos. — Mas, no momento, estou querendo saber mais da inspiração para estes biscoitos de verdade. Eles parecem estar deliciosos.
Ele fala isso para todas as duplas? — Sebastian sussurrou alto o suficiente para que os outros ouvissem, arrancando um sorriso de como resposta.
— Para homenagear o Phastus e toda sua ciência, fizemos uma massa de amora com hortelã, em formato de bolas de árvore de Natal e que vai levar as cores do personagem. — explicou.
— E, para Makkari, fizemos a massa de frutas vermelhas com pedaços de framboesa in natura e o formato dos biscoitos são letras em linguagem de sinais. — Tom completou sorrindo, contente de ver a reação do homem à sua frente. Impressionado, Barry deu um passo para trás, apontando para eles dois:
— Acho que temos uma dupla com grande potencial aqui.
— Não viu na cama. — comentou baixo, como se engolisse, tirando gritos e gargalhadas dos demais.
— Esse programa, definitivamente, vai ter que ser censurado. — Hunter brincou e foi caminhando de volta a seu lugar, sentando-se junto com os dois outros jurados, que conversavam animados, comentando as criações dos participantes.

Barry logo se juntou a eles e esperou, assistindo entusiasmado, enquanto as duplas confeitavam os biscoitos. Apressados, correndo contra o tempo, cada dupla foi tirando suas massas do forno, as confeitando rapidamente e finalizando os detalhes de suas criações. Uma a uma, foram apertando o botão que sinalizava terem finalizado o desafio e aguardavam, fazendo pressão e brincadeira, pelos demais. Como um dos critérios de avaliação dos jurados era criatividade, nenhuma dupla acabou repetindo a ideia da outra. e Dylan apresentaram biscoitos de baunilha, nos formatos de renas e bonequinhos de neve, que usavam os símbolos de Druig e Sersi. Biscoitos consistentes, crocantes e bonitos o suficiente para encantar, mais uma vez, cada um dos jurados.
A segunda dupla do dia, e Ben, tinham pratos refinados e bem apresentados com seus biscoitos de dupla camada, coloridos de acordo com os personagens que sortearam, foram realmente remetidos aos poderes de Ikaris e Sprit. A consistência estava boa e os sabores, tanto das massas quanto do recheio, melhor ainda. Finalmente um ponto positivo para a dupla que, feliz com as respostas dos jurados, celebrou com um hi-five fervoroso. Passando por eles, a dupla seguinte a finalizar o desafio foi e Tom. Oficialmente entregando os biscoitos mais bonitos e cheirosos do programa, tinham apostado na combinação certa de sabores e o frutado conquistou o coração de Adriano e Candace, que também pareciam apaixonados pelo formato inclusivo e bem feito dos cortes da massa.
e Sebastian foram a quarta dupla a terminar de confeitar seus biscoitos e, consequentemente, a apertar o botão. Com a massa mais macia e absurdamente saborosa, seus biscoitos tinham a casca crocante e o meio que derretia na boca. Sem contar que estavam divertidos, com formato de bonequinhos usando roupas dos personagens. Conseguiu ser eleito o favorito de Hunter e deixou os demais jurados com ainda mais dúvidas. Fazendo uma dancinha da vitória, e Sebastian comemoraram fazendo inveja nos demais e acompanharam os jurados irem, finalmente, até a cozinha de e Hamilton que não riram mais do que e Ben quando, na prova anterior, deixaram tudo espatifar no chão.
Como e Sebastian haviam dito, os biscoitos deles não deram certo. As bolinhas coloridas espalharam-se pela forma conforme assaram e parte deles havia ficado ressecado, duro, derramado e grudado um no outro, formando um biscoito gigante e de cores que eles não esperavam. A outra parte, que conseguiu se manter em bolinhas, permaneceu crua por dentro, pela espessura. Um horror de ver, pior ainda de comer. Hunter, Candace e Adriano já recusaram de cara, mas Barry tentou ser legal e provar um deles. Com a língua sendo pintada em uma cor próxima ao cobre, que tentaram confeitar no biscoito de chocolate, Barry engoliu aquilo na força do ódio. Estava péssimo e a cara que ele fez nunca mais seria esquecida por e Lewis.

— Acho que podemos começar pelos perdedores de novo. — Hunter riu junto com eles, chamando todos os dez participantes para o centro do estúdio — Eu sinto muito, e Hamilton. — Carinhoso e consolador, ele abraçou o casal ao mesmo tempo, enquanto os demais aplaudiam a participação deles.
— Tudo bem, na próxima nós vencemos. — segurou o braço de Lewis, que fingia chorar, chateado.
— Na próxima vida só se for — comentou alto entre risadas.
— Com certeza… — Dylan fez um joia para eles.
— Lewis está mostrando que só sabe pilotar carros mesmo. Quando o assunto é fogão, ele fica devendo. — Tom cutucou o amigo, enquanto limpava as mãos em seu avental.
— Tom, não foi isso que te ensinei cara. — Hamilton negou com a cabeça.
— O nome disso é karma, Lewis. — Sebastian brincou. — Não se pode dar asas à cobra.
— Sem karmas ou cobras, pessoal, agora o assunto é sério! — O apresentador puxou a atenção para si, se virando para os três jurados, que concordaram com a cabeça. — Precisamos entrar em um consenso de qual dupla foi a vencedora. Já estão prontos para decidir?
— Com certeza! — Adriano concordou, entregando o envelope com voto para Hunter, vendo Barry e, em seguida Candace, fazer o mesmo.
— Meu voto está dado também. — Barry sorriu.
— Podemos fazer alguns comentários? — Candace perguntou delicada.
— Vai em frente, Candy! — Hunter gesticulou para ela.
— Bom, queria dar parabéns a quase todas as duplas, vocês são melhores com biscoitos do que com cupcakes, já percebemos. — Ela riu levemente, observando consolar um Lewis que ainda estava se fazendo de chateado. — Vocês conseguiram incorporar seus personagens no espírito natalino e, no quesito criatividade, acho que não temos condições de votar hoje.
— Por isso, nos apegamos a detalhes dessa vez. — Adriano a completou, cruzando os braços. — Um bom biscoito de natal não pode ser muito seco, esfarelando, nem, igualmente, muito cremoso. Precisa ser fino, bem assado nas duas faces e confeitado com sabores que casem perfeitamente com a massa, para trazer equilíbrio e aquela vontade de querer comer mais.
— Levando isso em conta, para fazermos um ranking e facilitar o processo de escolha do vencedor, — Candy voltou a falar, trocando seu olhar em cada um dos participantes, que pareciam apreensivos, tensos. — deixamos e Dylan em quarto lugar, justamente por não terem conseguido casar exatamente bem a escolha dos confeitos com a massa escolhida.

Ouvindo os aplausos dos amigos, a dupla se abraçou apertado por um momento, se parabenizando e agradecendo um ao outro, em sussurros.

— Tudo bem, ainda temos tempo de vencer. — Dylan não se abalou, soltando , que concordava com a cabeça.
— Desencana, Maze Runner! Ainda dá tempo é de desencanar. — Hamilton apontou para ele e, então, pegou a forma com seus biscoitos horríveis. — Quer um biscoito de consolação?
— Você é insuportável, cara! — Dylan riu, mas aceitou um dos biscoitos.
— Insuportável também é o gosto dos biscoitos de Natal dele e de . — Hunter tirou uma risada de todos eles e se virou para a câmera lateral.
— E agora que temos só mais três duplas?
— Bom, seguindo a lógica, e Ben, vocês estão em terceiro. — Adriano sorriu triste para eles, que fizeram biquinhos frustrados. — Os biscoitos estão bonitos e muito gostosos, mas juntar dois deles e fazer um recheio deu uma cara de macaron, fugiu do critério de termos massas fininhas e crocantes e perdeu um pouco o espírito de Natal. Talvez apostar em algo mais simples na próxima seja mais assertivo.

Assim como fizeram para e Dylan, os participantes aplaudiram a dupla e sorriam abertamente para eles, os parabenizando pelo desafio cumprido. Por instinto, Ben e viraram-se de frente um para o outro e trocaram um sorriso breve, um abraço rápido e meio desconcertado e logo se colocaram novamente de frente para os jurados, separados.

— Pelo menos dessa vez conseguimos entregar algo. — Ben brincou, tirando uma risada leve de .
— Estão no caminho certo. — Adriano estendeu a mão para ele e deu um abraço rápido na atriz, que agradeceu delicada:
— Obrigada pelas dicas.
— E, agora, sobraram duas duplas, então. — Candace virou para , Tom, Sebastian e . — Mas essa notícia vou deixar para Hunter dar.

Os participantes encaravam Hunter, apreensivos e ansiosos. e Tom estavam abraçados de lado e logo deram os braços para e Sebastian, formando uma linha de frente com os três jurados e o apresentador. Alguns passos atrás deles, Dylan abraçou por trás, carinhoso, com ela segurando os braços dele em sua cintura, enquanto dividiam o biscoito terrível que Lewis lhes havia dado. e Ben seguiam lado a lado, sem se encostar. Ela segurava as próprias mãos em frente ao corpo enquanto ele tinha as suas enfiadas nos bolsos da calça. e Lewis, por sua vez, estavam empenhados em comer os biscoitos que eles mesmos fizeram e que, segundo eles, ainda estavam comestíveis.
Hunter esperou alguns minutos, fazendo suspense, abrindo cada um dos envelopes para contabilizar os votos, até, finalmente, voltar a falar calmo:

e Sebastian, vocês fizeram os melhores biscoitos de natal dessa edição, parabéns!

Se entreolhando com os olhos arregalados e boquiabertos, e Seb levaram um segundo para reagir àquela notícia. Apesar de competitivos, eles não esperavam ganhar de e Tom. Pelos comentários que receberam dos jurados, parecia claro que a outra dupla seria a vencedora do dia. Aquela era uma surpresa muito boa. Definitivamente muito boa e eles estavam demorando mais do que gostariam para acreditar nela.
Absurdamente feliz e sem pensar direito no que fazia, pulou no pescoço de Sebastian, enquanto era fortemente abraçada por ele, pela cintura. Estavam tão felizes que seus sorrisos transpareciam alegria, uma felicidade genuína que ainda não tinham tido a oportunidade de compartilhar desde que se reencontraram ali. Sebastian sentiu seu corpo inteiro estremecer com o toque fervoroso dela, deixando-se levar pelo perfume, pelo calor de seu corpo. , por sua vez, pareceu desbloquear dentro de si uma série de memórias afetivas, lembranças de momentos que, como aquele, eram só e os braços de Sebastian Stan.
cumprimentou Tom com um abraço apertado e um beijo mais demorado e, então, celebrou feliz, com um Tom sorridente ao seu lado, a vitória do casal de amigos. Os demais aplaudiam alegres, abraçando levemente uns aos outros, gritando e fazendo brincadeiras, enquanto os jurados, disfarçadamente, pegavam mais biscoitos da forma de Sebastian e e ofereciam para os demais.

e Tom, enfim, vocês ficaram em segundo lugar. — Hunter abriu os braços para o casal, que o abraçou ao mesmo tempo, enquanto ouvia os amigos celebrarem por eles.
— Tudo bem, nem sempre os melhores são aqueles que vencem. — brincou, encolhendo os ombros.
— Que papo é esse? — Sebastian soltou , sorridente, e se virou para a amiga.
— Papo de Lewis. — levantou as sobrancelhas. — Ele está te fazendo mal, amiga.
— De perdedor, você quis dizer, né? — provocou o amigo, que deixou os ombros caírem, em sinal de tristeza.
— Ih, cara, eu sinto muito. — Comovido, Sebastian apertou a mão de Lewis, dando um meio abraço nele, enquanto ouvia Hunter finalizar a gravação do episódio.
— Vamos ter que dar um jeito nessa frustração. — Ben também abraçou o piloto que, mais do que de pressa, comentou sorrindo:
— Acho que tenho uma ideia de como fazer isso.


Lewis e suas ideias brilhantes.

⭐🎄⭐


— É sério, o que você tinha na cabeça? — Dylan caminhava com Lewis e Sebastian para dentro do hotel, após finalizarem as gravações do segundo episódio — Que ideia é essa de encontro com os “caras”?
Teen Wolf, modéstia parte, você está tão incomodado assim só porque o ex da escritora vai, né? — Lewis debochou colocando a mão no ombro de Dylan.
— Você ainda pergunta? — Sebastian perguntou — Está estampado na cara dele: “Estou com ciúmes do ex da minha amiga que eu não tenho coragem o suficiente para dizer que estou apaixonado” — os três riram.
— Ele nem está no reality — Dylan revirou os olhos — Achei o convite desnecessário só.
— Você não aprendeu que tem que ser educado com os convidados? — Lewis debochou.
— Tem alguns convidados que tem hora certa para ir EMBORA — O ator passou a mão pelos cabelos — E aquele ali tá fazendo uma visita eterna demais para o meu gosto.
— De onde você tira essas coisas, Dylan? — Sebastian disse com um disfarçando um sorriso.
— Sou bom com referências, Seb — Dylan debochou e Lewis riu.
— Sem mais enrolações, espero as princesas aqui embaixo, às 21h — Lewis disse se distanciando dos dois, indo em direção ao restaurante do hotel — Não se atrasem, vocês — apontou para os atores — norte-americanos amam chegar fora do horário.
— Eu sou romeno — Sebastian gritou para o piloto — Por que esse cara tem que ser tão exibido? — perguntou a Dylan quando entraram no elevador.
— Você ainda pergunta? — Dylan ironizou a fala de Sebastian mais cedo na conversa.

Como todos os homens do reality teriam um encontro com Barry, achou mais do que justo todas as mulheres se juntarem também. Diferente deles, elas reservaram a cobertura do hotel para conversarem mais tranquilas e privadamente, regadas a hidromassagem aquecida, uma vista linda para um jardim e música. ficou responsável por organizar as bebidas no bar, pelas músicas que seriam tocadas, as comidas que pediriam e pela compra dos cosméticos que usariam. Animadas, cada uma delas foi para um lugar diferente após o fim das gravações, para organizarem as partes que ficaram responsáveis.
foi com Tom para casa para que os dois pudessem se arrumar para ir ao encontro dos amigos mais tarde. A cineasta vestiu um conjunto composto por calça e casaco de moletom na cor azul, como seu encontro com as meninas era mais casual e não exigiria mais do que um biquíni e meia dúzia de cremes para o rosto, não precisaria se maquiar ou se arrumar demais. chegou ao hotel e foi direto para o bar para providenciar Dry Martinis, Champagne, Vodka e Gin para elas, encontrando com Lewis no caminho, que estava saindo do restaurante.

— Para onde a modelete está indo? — Lewis perguntou para quando se cruzaram no lobby do hotel.
— Não é da sua conta, garoto — respondeu rindo para o piloto que estava só de roupão desfilando pelo local — Mas estou garantindo que sua garota fique muito bêbada essa noite.
— Minha garota? — O piloto debochou.
— Não se faça de sonso, Lewis — ela arqueou as sobrancelhas — Nós dois sabemos de quem eu estou falando e você está caidinho por ela.
— Vocês não vão aceitar garotos nesse encontrinho? — o piloto perguntou, esfregando as mãos, mas o olhar de baixo à cima que lhe lançou o deixou com um pouco de medo.
— Nem pensar — negou com a cabeça — Sem homens, sem regras e sem juízo, esse é o lema de hoje — ela riu — Agora, se você me der licença, preciso correr para tomar um banho.

Ela apenas mandou-lhe um beijo no ar e saiu apressada dali, deixando um Lewis risonho, negando com a cabeça, para trás. demorou mais um pouco no estúdio porque perdeu a hora conversando com Ben sobre uma proposta que o ator recebeu de um projeto musical chamado Stories, para gravar algumas canções natalinas para o canal deles no Youtube. Outros cantores também fizeram parte do especial nos anos anteriores, era uma chance bacana de expor novos trabalhos e artistas e, para Ben, aquele era mais um passo importante na carreira como cantor, uma vez que a organização tinha um bom alcance e seria um presente para seus fãs.
passou, acompanhada de Noah, em algumas patisserie e confeitarias para comprar doces, mas se lembrou de um contato que tinha na Lindt, quando precisou de sobremesas para um aniversário e, uma ligação depois, conseguiu o buffet patrocinado por eles. Apesar do menu do hotel oferecer diversos pratos salgados, a atriz queria levar um menu tipicamente europeu, elegante e, claro, que oferecesse a maior variedade de sabores de bolos possíveis. Ela era uma amante do universo adocicado, quanto mais bolo com blend Lindt de chocolate branco, melhor.
entrou em contato com Lindsay para que a assessora fizesse contato com a Dior e as enviassem os cosméticos para o encontro. Como era comum no final do ano, marcas de luxo tinham práticas de patrocínio de eventos exclusivos e privados e se matavam, aos montes, para participar de algo como aquilo. Com cinco das mulheres mais famosas do mundo reunidas, pedindo para enviarem produtos, não bastou sequer dez minutos para que começassem a providenciar a organizar do evento, junto a Lindt. As cinco eram personalidades importantes, uma postagem nas redes sociais delas valia mais dólares do que uma semana inteira de vendas. Quando estava chegando no hotel, dois carros com logo da empresa estavam estacionados no local e foram recebidos por Lindsay. Passando pelo bar, viu de longe Sebastian, Ben e Hamilton conversando e, com um aceno breve, os cumprimentou, seguindo para a cobertura.
Os três homens esperavam por Tom e Dylan os encontrar no hotel e haviam combinado com Barry de o encontrar direto no Princess Victoria Kensington, um dos bares mais caros e privativos de Londres. Os britânicos achavam que os demais não poderiam ir a Londres sem passar por um dos pubs mais famosos da cidade e no espaço, além de beber, conseguiriam conversar e acompanhar apresentações de música ao vivo. O bar foi construído em 1830 e agora havia sido assumido por uma chef espanhola ganhando uma reformulação grandiosa em seu cardápio, e servia uma variedade de pratos típicos da terra natal dela.

— Já aviso os diabéticos para deixarem o lugar, pois o docinho chegou — Dylan disse e arrancou gargalhadas dos outros, que já bebiam seus drinks no hotel.
— Depois o Lewis é que é o convencido — Sebastian deu de ombros.
— Eu não me acho, Seb, eu tenho certeza — Hamilton mexeu no casaco chamativo que vestia.
— Meu deus, quanto ego por metro quadrado, preciso de ar — Ben se levantou fingindo uma respiração funda.
— Não sou só eu que estou só de piadinhas hoje — Dylan cutucou Ben — Começou os trabalhos cedo, Barnes?
— Vou precisar beber para aguentar o folgado eterno — Ben deu um gole longo em seu uísque.
— Clima tenso entre os brothers — Lewis riu.
— A culpa é sua — Dylan bateu no ombro do piloto. — Você e suas ideias brilhantes, Lewis.
— Qual é, gente? Ele não tem culpa se é charmosão e já namorou a — Sebastian olhou para Dylan — e deu em cima da ao vivo — voltou a olhar para Ben.
— Culpa ele não tem, só cara de pau mesmo — Ben riu.
— Quem é cara de pau? — Tom chegou com o cabelo perfeitamente penteado para trás remetendo ao seu personagem Loki, com sorridente ao seu lado.
— O Dylan — Ben apontou para Dylan que lhe retribui um com o sorriso irônico — Sempre ele sendo cara de pau.
— Sou obrigada a concordar com o Ben — riu para eles — Dylan, você é muito cara de pau — passou a mão pelos braços de Tom — exceto nas situações em que você mais precisa ser, né?
— Lançou a braba, — Lewis comentou aplaudindo.
— Vocês já acabaram comigo por hoje ou ainda tem mais? — Dylan colocou a mão no peito fingindo estar ofendido.
— Por minha conta, é só isso hoje — beijou a bochecha de Tom — Pois preciso ir aproveitar minhas meninas. Boa noite, rapazes — Tom acompanhou com o olhar até que as portas do elevador fechassem.
— Vamos donzelas? — Ben perguntou aos demais.
— Vamos no seu e no meu carro? Ou em um só? — Tom perguntou.
— Para garantir, acho melhor irmos em dois carros, vá que alguém tenha que voltar antes, tipo você, para buscar — Ben pegou as chaves de seu carro no bolso, como já sabia o caminho, podia levar os amigos — Quem vai comigo?
— Eu vou — Dylan respondeu se levantando da cadeira.
— Eu também — Lewis se levantou também — Nada contra Tom, mas você tem cara de quem dirige devagar.
— É, amigo, sobrou para os heróis irem juntos — Sebastian disse cumprimentando Tom em um abraço rápido.
— Irônico o piloto do grupo não ir dirigindo — Tom rebateu, dando um tapinha nas costas de Lewis, que deu de ombros:
— Estou de folga.

Divididos em dois carros de luxo, os cinco homens foram para o local marcado, não mais do que meia hora de distância do hotel. Saindo escondidos pelos fundos, pelo estacionamento, e usando o benefício da discrição que a mídia em Londres se caracterizava, Ben, Dylan e Hamilton chegaram primeiro, já que Tom e Sebastian ficaram presos em alguns sinais vermelhos ao longo do percurso. Barry já esperava por eles no bar, vestindo um look all black composto por uma jaqueta e botas de couro, tinha uma garrafa de uísque por conta dele os esperando, em uma mesa mais ao canto, com poltronas espalhadas ao redor, formando um círculo.

— Ben, preciso te pedir uma coisa — Dylan parou o ator assim que eles entraram no bar e avistaram Barry — Se eu beber e falar demais, por favor, me mande calar a boca ou dormir — sussurrou ao lado do amigo, Hamilton ia mais à frente do dois, felizasso.
— É por causa dele? — Ben não precisou citar o nome, Dylan sabia que ele estava falando de Barry. O ator apenas confirmou em resposta ao amigo — Vamos fazer um trato? Esse cuidado vale para nós dois — apontou para eles mesmos — Não que eu vá beber muito, pois estou dirigindo, mas esse cara faz meu sangue ferver.
— Vão ficar aí de segredinho? — Hamilton parou esperando pelos dois atores, que vinham mais atrás e riram.
— Está com ciúme? — Ben brincou com o piloto, o abraçando de um lado enquanto Dylan o abraçava de outro.

Os três caminharam pelo bar e se sentaram na mesa que Barry havia reservado para os seis e onde já os esperava. Ainda que tivessem se visto mais cedo, educados, todos eles se cumprimentaram novamente. Dos participantes do reality, Hamilton era o mais confortável com a situação, enquanto Dylan estava mais tímido, não apenas pelo fato do convidado ser o ex-namorado de , mas porque se sentia meio acanhado com pessoas com quem não conhecia o suficiente para soltar suas piadas. Já Ben, por sua vez, parecia simpático e estava atento às apresentações de músicas ao vivo que aconteciam ali perto. Sebastian e Tom chegaram com poucos minutos de diferença em relação aos outros e, travando uma conversa animada sobre o último jogo do Manchester, localizaram os amigos e foram rapidamente até eles.

— Já pediram algo? — Tom perguntou para eles.
— Ainda não, estávamos esperando as vovozinhas chegarem — Hamilton debochou.
— Você está andando demais com o Dylan, Lewis, suas piadas estão ficando ruins iguais às dele — Sebastian disse pegando seu celular.
— Sempre me ofendendo, como vocês conseguem? — Dylan fingiu estar triste.
— Olha só, você até que é um bom ator mesmo, quase caí nesse seu teatrinho — Ben comentou se arrumando na cadeira, para inserir Barry na conversa o ator perguntou: — Então, gostou de participar do reality?
— Tirando a parte de que tinha gente que não tinha visto o filme que eu participei e que fui obrigado a comer um biscoito horroroso — Barry olhou para Lewis, que levantou os braços como em sinal de rendimento — Foi uma experiência interessante e valeu a pena para rever a — Dylan se remexeu após a fala do ator — Desde o término não tínhamos nos visto.
— Como foi o término de vocês? — Lewis perguntou parecendo ingênuo até demais.
— Vamos pedir algo primeiro? — Dylan disse antes que Barry conseguisse falar e sinalizou para o garçom — A noite, pelo visto, vai ser longa.

Ben e Tom resolveram moderar e pedir bebidas com baixo teor alcoólico, pois precisavam levar os outros de volta para o hotel e voltar para suas casas. Dylan, Sebastian, Hamilton e Barry viraram doses de tequila com sal e limão e depois ficaram apenas cerveja. Jogaram conversas quaisquer fora, sobre futebol, Fórmula 1, seus trabalhos e casos antigos que tiveram, até o assunto voltar à tona.

— Nosso relacionamento era ótimo, ela é ótima, vocês devem saber, tudo encaixava o sexo, o beijo, as conversas e tudo mais — Barry bebeu um gole de sua cerveja, Dylan dava breves olhadas para Ben só para checar que sua linguagem corporal não o estava entregando demais — Mas simplesmente não deu mais, ficamos juntos todo o período de quarentena e vivemos coisas demais em um ano, acho que isso acabou desgastando, — fez uma pausa — tirando o fato de que é uma mulher muito determinada a alcançar o que quer, ninguém tira algo de sua cabeça depois que ela coloca como objetivo. E seu sonho sempre foi que o último livro virasse adaptação e lutou tanto, abriu mão de parte considerável de sua vida, que conseguiu. — ele sorriu — Fico muito feliz pelas conquistas dela. Nós terminamos bem e eu estava com saudades dela.
— Viu, Teen Wolf? Só vai ter vantagens quando você finalmente se declarar — Hamilton disse e fez com que Dylan cuspisse quase toda sua bebida na mesa, o ator não esperava por aquele comentário do piloto.
— Peraí, você está interessado nela? — Barry levantou as sobrancelhas.
— Interessado é pouco, ele está apaixonado por ela — Tom respondeu sincero e Dylan virou rapidamente para ele como uma expressão de “Qual é, cara, me entregando para o inimigo?”.
— Por isso você não gostou de pegar o Druig como personagem? — Barry questionou Dylan, que se escondia atrás de Sebastian para não olhar diretamente para o outro ator — Tudo fez sentido agora.
— Olha cara, — Dylan começou — Não é um problema pessoal — fez uma pausa — mas você é o ex da mulher que eu… — respirou fundo — estou apaixonado — Ben deu uma risada quando o ator falou, os outros olhavam em silêncio para ele com um sorriso no rosto — E ainda que você não ofereça nenhum perigo, eu acho que não pelo menos, é meio estranha a situação toda.
— FINALMENTE — Ben levantou as mãos para o alto, aplaudindo junto com os demais, que brindavam — você admitiu que ama ela.
— Amo não, estou apaixonado — Dylan disse rapidamente.
— Não adianta mais Dylan. Você já se entregou — Tom comentou levantando seu copo como se brindasse.
— Demorou, hein, Teen Wolf — Hamilton olhava de Ben para Dylan — Quase tava apresentando ela para os meus amigos pilotos — fez os outros rirem.
— Agora você só tem que falar para ela — Sebastian bateu nas costas do amigo, tomando um gole de sua cerveja.
— Essa é a parte mais difícil — Dylan respondeu bebericando sua bebida — Tenho medo de estragar tudo.
— Nem sei se era para dizer isso, afinal, sou o ex — Barry apoiou os cotovelos na mesa — Mas está na cara que ela sente algo por você, ela ri de praticamente tudo que você fala, a linguagem corporal no desafio, ela está na sua, cara.
— Ela deve estar apaixonada mesmo, porque suas piadas são muito ruins cara, desculpa — Tom disse risonho para eles.
— É óbvio que ela está apaixonada, assim como você — Ben riu e pegou sua caneca — Ela tem sua foto com Tony no escritório.
— Tony? — Hamilton perguntou confuso — Você tem um filho? — Ben quase cuspiu a bebida que tomava.
— Tony é meu cachorro — Dylan respondeu.
— PORRA, TEEN WOLF, COMO VOCÊ AINDA TEM DÚVIDAS? — o piloto gritou fazendo todos os outros rirem, inclusive Dylan.
— Tudo bem, tudo bem, vocês venceram — ele gritou de volta, levantando as mãos como se se rendesse — Eu vou falar para ela até o final do programa. Felizes?
— Só quando eu ver isso acontecer — Sebastian riu e levantou sua caneca de cerveja — Ao novo casal do grupo — os demais brindaram animados, gritando coisas que qualquer pessoa de fora não conseguiria entender.
— Caras, não queria dizer nada, mas vocês são muito emocionados — Barry comentou rindo enquanto os cinco brindavam.
— A gente pode focar um pouco no assunto Ben e agora? — Dylan questionou, depois de um breve silêncio, vendo Ben fechar a cara no mesmo instante e tomar sua bebida para disfarçar. Não queria comentar sobre a relação deles na frente de Barry.
— Depois, cara, depois — Ben disse passando as mãos pelos cabelos.
— Aproveitando que estamos falando dela, que mulher, hein rapazes — Barry respondeu despreocupado, ignorando o fato de terem sugerido algo entre ela e o ator sentado bem ao seu lado. Ben fechou os punhos recebendo um chute disfarçado de Dylan — Bom, difícil escolher qualquer uma dali, um sonho de reality, vocês têm sorte — ele riu e um silêncio se espalhou por eles, sendo interrompido apenas pelo celular dele que, por sorte, tocou — Vou precisar atender, volto já — se levantou e foi até fora do bar.
— Deselegante — Hamilton falou para ele, assim que o viu virar às coisas, tirando uma risada de Tom e Sebastian.
— Que cara folgado — Seb concordou com o piloto.
— Tenho certeza de que ele não tem um amigo para avisar o quão sem noção ele é — Hamilton mexeu o gelo de seu copo com os dedos.
— Ele tem cara de…— Tom colocou a mão no queixo como se buscasse a palavra em seus pensamentos — como os jovens dizem hoje em dia…— o ator apertou os olhos — talarico?
— Eu avisei para não chamar ele — Dylan concordou com os dois e os outros riram.
— Hamilton e suas ideias brilhantes — Ben bufou, vendo o piloto gargalhar.
— Obrigado pelos créditos, rapazes — Hamilton sorriu forçadamente, recebendo leves tapas na cabeça de Ben e Dylan que estavam ao seu lado.

Os cinco conversavam agora sobre a experiência de participar do reality e como, obviamente, seus dons culinários tinham ficado em casa. Exceto por Tom, que gostava de cozinhar, os outros quatro eram uma completa negação na cozinha. O papo amigável e leve chegou a Ben contando a eles sobre a proposta de gravar uma canção natalina e o quanto havia se interessado particularmente por aquele projeto, enquanto pedia uma garrafa de água ao garçom. E assim ficaram até Barry voltar um tanto apressado para a mesa deles.

— Vou precisar ir embora, surgiu um compromisso de última hora — Barry disse colocando o celular no bolso.
— Está tudo bem, cara? — Seb perguntou preocupado, se levantando para se despedir dele.
— Sim sim, minha assessoria está avaliando um trabalho novo e o produtor executivo está na cidade — ele abraçou rapidamente Sebastian, virando-se logo para Tom ao seu lado e fazendo o mesmo — Não tinha conseguido agenda com ele, mas ligaram dizendo que ele tem uma hora e está interessado. Trabalho grande, não posso perder a oportunidade.
— Com certeza, irmão — Lewis trocou um aperto de mão com ele — Quando conseguir o trampo, você convida a gente para tomar uma juntos de novo.
— Está marcado — Barry riu, despedindo-se rapidamente de Dylan e, na sequência, Ben, que também se levantou para cumprimentá-lo — Me manda o número da depois, cara, não esquece — Sebastian tossiu para segurar a risada, enquanto Tom e Dylan tomaram suas bebidas ao mesmo tempo. Lewis coçou a nuca olhando para o lado, todos evitando encarar a cara de… nada de Ben. Era como se ele tivesse entrado em pane — Obrigada pela companhia e pelas conversas, rapazes, nos vemos por aí.
— Até mais, Barry — Hamilton respondeu ao ator, levantando seu copo — Prometo que vou ver o filme que você participa — os demais deram breves acenos para o ator que se virava para ir embora — em 2050 — sussurrou baixo para que só que estivesse na mesa com eles ouvisse, arrancando sorrisos dos outros.
— Agora que o mais novo galã da Marvel foi embora, podemos falar de você e ? — Dylan olhou para a porta se certificando que Barry já tinha deixado o bar.
— Ele te deu um tiro, hein Barnes? — Sebastian apontou para o outro ator, rindo da cara dele.
— Não é possível que ele não percebeu que rola alguma coisa entre a gente — ele negou com a cabeça, encostando-se na poltrona.
— E dava para perceber? — Tom deu de ombros — Vocês mal se falaram na última gravação.
tem fugido o tempo todo, está ficando complicado. Uma hora ela está lá e na outra, some — Ben deu um gole em sua água — Tenho que respeitar o espaço dela, não posso casualmente perguntar por que ela tem me evitado — olhou para Dylan — ou qual o motivo de ela não ter respondido de volta todas as mensagens que mandei.
— E por que não? — Sebastian voltou a perguntar.
— Não temos nada oficial, nada declaradamente sério — Ben abaixou o olhar um momento, respirando fundo — Nunca tivemos, na verdade, não posso cobrar dela algo que simplesmente não temos. Quando chegamos nesse ponto, de ter essa conversa, sei lá, de talvez deixar tudo oficial, ela começou a se afastar, tínhamos muitas coisas para fazer, muito trabalho, morando em continentes diferentes, achei que era isso. E na festa de boas-vindas ao reality ela comentou algo sobre saber que não temos nada. Acho que estamos entendendo nosso caso de jeito diferentes e, para mim, não está claro o que está acontecendo. Ela corresponde, mas está se afastando ao mesmo tempo.
— O que você faria no lugar dela, cara? — Dylan defendeu a amiga, vendo Tom concordar com a cabeça — Se, literalmente, todo o mundo começasse a dizer que ela estava saindo com outro cara? — Ben parou para pensar cada palavra que Dylan lhe dizia amigavelmente, digerindo o momento, tentando entender o que ele realmente faria no lugar e, talvez, não agisse diferente dela — E enfiasse mil fotos no seu nariz dela com ele, parecendo um casal feliz e apaixonado, quando na semana passada era você quem estava transando com ela? O que isso pareceria?
— CARALHO — Lewis gritou, arregalando os olhos — Pegou pesado agora, Maze Runner.
— Ele precisa ouvir umas verdades — Dylan deu um soquinho no braço de Ben ao seu lado, ajeitando-se mais na ponta da poltrona, para ficar perto do amigo.
— Pareceria que eu fui usado — Sebastian respondeu pensativo, vendo Ben o olhar apreensivo, meio chateado.
— Pois é — Dylan continuou — E como seria se, nesse cenário, tivesse um contexto bem bosta do seu último relacionamento, que terminou de uma forma desrespeitosa, porque o otário te largou da noite pro dia, do nada, dizendo que “era melhor serem só amigos”, em uma mensagem de texto, enquanto ele sumia do mapa?
— Seria uma merda, porque eu me sentiria usado uma vez, fodido por ter confiado em alguém que me largou e, na oportunidade de recomeçar, veria isso tudo dar indícios de acontecer outra vez — Sebastian respondeu reflexivo.
— Sebastian, o lance nem é seu — Hamilton o cutucou, vendo o ator rir e dar de ombros. Ben parecia focado em Dylan, digerindo aquela ideia toda. Se lembrava de uma conversa que teve com em que ela se sentiu confortável em contar-lhe aquela história de seu relacionamento anterior. E Ben mesmo não tinha tido muitos relacionamentos pelo mesmo motivo, pelo mesmo medo de confiar demais, de se entregar demais e se magoar no final. Por que tinha deixado aquele fantasma rondar eles, afinal?
— Eu estou só ajudando Ben a chegar nas respostas corretas, antes que ele conclua qualquer coisa errada… de novo.
— Eu sei como é isso, como se sente — um pouco mais sério, Hamilton refletiu — Duas ou três vezes já aconteceu comigo também, de estar saindo com alguém e do nada a mídia anunciar que ela estava noiva, que tinha oficializado um namoro ou que fez sei lá o que com alguém — Ben o viu suspirar — É foda, cara. É foda não saber pela pessoa que estamos saindo.
— Exatamente! Olha, cara, o que eu vou te dizer é uma coisa que você jamais ouviu de mim, ok? — Dylan voltou a ficar sério. Ben concordou com a cabeça, pensativo — Você tinha que ver como ela ficava depois que voltava dos seus encontros, a felicidade que transbordava, horas que ela não parava de falar sobre o quanto você era maravilhoso e do sorriso que não saiu do rosto desde o dia em que você a chamou para fazer seu primeiro videoclipe — Ben sorriu junto com o amigo, seu coração acelerando em saber daquilo de alguém que era tão próximo à ela — Ela tinha certeza sobre você, Ben. Mas deixou de ter, não porque a distância foi fazendo vocês se separarem silenciosamente, mas porque todo o mundo ficou sabendo do seu suposto caso com outra e ela não se sentiu mais a sua primeira opção. E você nunca disse para ela que era mentira.
— Era mentira? — Seb tomou um novo gole de sua bebida.
— É claro que é — Ben respondeu rápido, as mãos passando em seus cabelos em claro sinal de desespero — Eu e Jessie somos amigos, como é do Lewis, ou como eu sou de . Não tem nada entre a gente, mas eu não posso simplesmente dizer isso porque funciona muito bem para a publicidade de Sombra & Ossos.
— Como? — intrigado com a proximidade daquela conversa e seu próprio caso com a , Tom perguntou curioso.
— As pessoas se tornam mais curiosas para ver o suposto casal real em cena e isso tem atraído bastante público para a série — Ben suspirou — Sabemos que isso acontece propositalmente, às vezes, — Tom desviou seu olhar e tomou um gole de sua bebida, disfarçando — mas com a gente foi orgânico. Somos amigos, na real mesmo, e a mídia tem nos transformado em um casal. A produção da série está usando isso como fonte de público e nós, atores, ganhamos novas chances com novas temporadas, convites a eventos, novos papéis, essas coisas, vocês sabem.
— E como sabemos — Sebastian concordou com ele.
— E você não pode dizer nada sobre isso para também? — Dylan o cutucou outra vez, tomando um gole nove de sua bebida — Porque para nós você já contou. Ela entenderia.
— Nessa altura do campeonato? — foi a vez de Tom pensar alto — Eu acho que não. Ela já está chateada com ele, dizer isso só vai parecer uma mentira para ela ouvir o que quer ouvir, enquanto o mundo inteiro diz outra coisa.
— Você tem certeza absoluta de que não rola nada mesmo com essa Jessie? — Lewis apontou para Ben, que negou com a cabeça — Nem da parte dela nem da sua, irmão? Nada?
— Não poderia ter nada entre a gente, porque eu… — ele respirou fundo, mexendo na garrafa de água quase vazia em mãos — sou completamente louco pela — gritando, os outros quatro homens vibraram a confissão, deixando Ben envergonhado, vermelho, em seu lugar, rindo e recebendo cutucadas dos demais — É sério. Eu me apaixonei por ela de um jeito que nunca tinha me apaixonado por ninguém, é maluco. Desde o dia em que Dylan e arranjaram aquele encontro sem sentido às cegas, tudo mudou para mim. E, porra, desde o dia em que ela foi escapando, foi se afastando, tudo começou a mudar de novo, perder o sentido. Sei que tenho minha parcela de culpa na comunicação bosta desses meses, em deixar que isso acontecesse, mas ela podia ter vindo falar comigo, podia ter me perguntado quando viu a notícia da Jessie.
— Ela não vai te perguntar pelo exato mesmo motivo que você não quer perguntar a ela por que se afastou de você — Tom levantou seu copo, brindando com Dylan, que emendou:
— Ela sabe que não pode e não quer te cobrar de nada.
— Às vezes, eu acho que ela só… — Ben fez uma pausa — perdeu o interesse em mim, não sei.
— E te pegou daquele jeito do show da Adele? — Tom o olhou significativamente.
— E foi embora transtornada depois? — Sebastian completou, no mesmo tom de voz e lançando-lhe o mesmo olhar indignado de Tom.
— Das duas uma: ou ela gosta de você a ponto de você mexer com ela daquele jeito que vimos no show — Hamilton concluiu o raciocínio — ou você beija muito mal e assustou aquele mulherão.
— Quem te colocou nesse reality? — entre risadas de todos, Ben perguntou para Lewis, jogando-lhe a tampinha da garrafa de água.
— Minha amada amiga — ele respondeu com obviedade, bebendo mais de seu uísque.
— É sério, agora: você pensa demais, Ben — Tom respondeu sereno, para o outro ator — Está na cara que você tem muitas dúvidas, assim como ela deve ter em relação a você e, vocês, pelo que andei sabendo — Hamilton riu, apostava que tinha falado algo sobre o assunto com ele — tinham uma relação profunda, íntima antes disso tudo acontecer. Isso não some magicamente.
— Olha ele, todo conselheiro amoroso — Sebastian debochou da cara de Tom recebendo um dedo do meio como resposta.
— O problema desse grupo todo aqui é comunicação — Hamilton falou simplesmente, Ben e Dylan viraram para ele, fazendo caras impressionadas — Que foi? Menti? O Nárnia não conversa com a , fica nessas de “vou ser cavalheiro e respeitar o tempo dela” e vai acabar derrapando na curva, até porque já tem outros vindo aí atrás dela — Ben revirou os olhos, mas sabia que tinha razão — Aprendam com o papi aqui que, às vezes, o que elas querem é só que vocês conversem — fez uma pausa — E você — apontou para Dylan — Está igual, onde já se viu esperar até o final do programa para se declarar para aquele mulherão? Se toca — deu um tapa no braço de Dylan — Ela gosta de você e você dela. E o mesmo vale para você e — olhou para Ben — Vocês estão usando a cabeça de baixo para pensar e tudo bem. Mas primeiro precisam usar a de cima, ok? — Tom e Sebastian gargalhavam.
— Mais um para o time dos conselheiros amorosos — Tom brincou e brindou com o piloto — Conversa com ela, cara, seja sincero com o que você sente e não perde tempo — ele virou-se para Ben, que concordou com a cabeça, atento — Ela vai te perguntar o que quer saber quando sentir que você também está confortável em falar sobre o assunto.
— E desmente essa merda toda — Lewis completou, enchendo seu copo — Quanto mais na sua você ficar, mais a mídia vai cair em cima. Desmente os rumores falsos com a Sombra & Ossos e cria os rumores certos com a Mamma Mia.
— Igual você postando foto da no seu stories? — Sebastian riu encarando o piloto que fez uma pose de orgulhoso e respondeu:
— Meu amigo, eu faço o meu próprio rumor com aquela mulher — rindo do comentário aleatório, todos eles zuaram com o piloto por um momento.
— Incrível como de todo mundo aqui é justamente Hamilton o mais bem resolvido — Ben cutucou o piloto, que encostou-se na poltrona orgulhoso de si mesmo.
— A ironia — Sebastian bebeu um gole de sua bebida.
— Quando o assunto é Fórmula 1 e mulheres, eu sou um especialista — Lewis brincou se achando, fazendo os quatro outros homens gritarem e zuarem ele.
— Não queremos saber de mulheres, Relâmpago McQueen. O nosso foco é apenas na . — Dylan olhou na direção do piloto com umas das sobrancelhas arqueadas.
— Vocês e suas primeiras-damas complicam demais as coisas, entre eu e é fácil e simples — deu de ombros — Nos encontramos, flertamos e tudo termina com nós dois juntos em algum hotel, geralmente sem roupa. E não precisamos conversar sobre o depois, porque temos nossa carreira como prioridade. Obviamente, queria poder ficar mais tempo com ela, porque todos os momentos em que ela está são maravilhosos e eu nunca quero que acabe. Mas nós sabemos que as coisas não funcionam assim, pelo menos por agora.
— Há quanto tempo vocês estão nessa? — Ben perguntou curioso.
— Nós nos encontramos no México, há algum tempo atrás, e desde então nós conversamos por mensagem e nos encontramos eventualmente, mas tudo é casual. Sei que fica com outras pessoas, assim como eu — Lewis se remexeu na cadeira, imaginar ficando com outras pessoas não era exatamente a coisa que ele mais gostava de fazer — A distância dificulta as coisas entre nós e não posso simplesmente pedir para que ela pare de correr atrás do seu sonho para ficar comigo em Mônaco ou me acompanhando durante a temporada de F1.
— Todos os britânicos gostam de colocar a culpa na distância para não encontrarem as mulheres que estão interessados? — Sebastian riu.
— Eu chamaria isso de preguiça — Dylan levantou seu copo e brindou com Sebastian.
— Ignore os dois, Hamilton — Tom sinalizou para que Dylan ficasse quieto — Mas tirando toda essa casualidade que você insiste em reforçar, você não sente que vocês os dois seriam um bom casal?
— Que isso, Tom? Sessão de terapia de graça? — Lewis debochou.
— Ih, arregou. Está fugindo do assunto — Ben disse simplesmente.
— Complô contra mim, é isso? — Hamilton juntou as mãos sobre a mesa — O pior de tudo isso, é que sei que funcionaríamos muito bem como um casal, se não as coisas não seriam tão fáceis assim — fez uma pausa — O que temos hoje seria só melhorado, mas um relacionamento é um passo grande, caras — bateu no ombro de Dylan — Requer atenção, carinho, empatia e muita responsabilidade com o outro e com os problemas dele. É uma troca que tem que ser totalmente recíproca, os dois precisam estar alinhados quanto a interesses e empenhados em fazer aquilo dar certo. é uma mulher perfeita, não consigo usar outra palavra para descrevê-la. Me faz sentir como se estivesse constantemente nas pistas, toda adrenalina, toda emoção, toda intensidade e todas as chances do mundo em vencer. Ela é leve, responsável e compreensiva. Tem uns papos certos e gosta dos rolês que eu também gosto. Está sempre empenhada em fazer o que ama e em ajudar quem gosta ou fazer com que outras pessoas também consigam subir em suas vidas. Mas, acredito eu que, no momento o foco dela é a música — ele abaixou o olhar — Não sou eu.
— Acho que vou chorar — Dylan tentou descontrair o momento, tirando risadas dos demais. Apesar de muito brincalhão e seguro de si mesmo, Lewis claramente balançava quando o assunto era .
— Já tentou falar com ela também? — Tom perguntou servindo-se do final da garrafa de uísque — Entender se realmente é esse o momento dela ou se tem um espaço para você chegar de uma vez?
— Já, mil vezes — o piloto bebeu sua bebida — Mas parece que nunca é o momento certo. Parece que estou sempre atrasado ou que travo na hora, que algo nos atrapalha, não sei.
— Ok, não deveria te dar uma ideia tão genial assim de graça, — Ben arrumou-se na poltrona em que estava sentado, ficando na ponta, curando-se mais próximo de Lewis — ainda mais depois que trouxe o folgado do Barry aqui.
— Você não tem cara de rancoroso, Darkling — Lewis o provocou, tirando risadas dos demais.
— Mas eu sou — Ben apontou para ele, risonho.
— Referências a Teen Wolf, Maze Runner, Nárnia, Sombra & Ossos... — Dylan contava nos dedos — Você é o maior fã de ficção adolescente que eu conheço, Lewis.
— Eu sou o maior fã de vocês, caras — ele brincou de volta, mandando beijos para Dylan e Ben — Entrei no reality para poder ficar perto dos meus ídolos.
— Ainda bem que me livrei dessa — Tom murmurou rindo, mas logo viu Lewis mandar beijos para ele e Sebastian também.
— Foco aqui, gente, é sério agora, pega essa ideia genial — Ben voltou toda a atenção para si mesmo — O Natal está chegando e você precisa de um espaço para falar com a , certo?
— Duas informações completamente desconexas — Sebastian estava confuso.
— Nem tanto — Ben sorriu animado — Tem um antigo teatro desativado em Glasgow, que antigamente era palco dos maiores musicais de Natal do país. A primeira vez que se apresentou foi nesse teatro.
— Como sabe disso? — Lewis levantou as sobrancelhas. Não se lembrava daquela informação, mas, igualmente, não parecia estranha para ele.
— No estúdio conversamos, outro dia, e ela me contou algumas coisas do tempo que viveu na Escócia — Ben explicou, tomando mais um gole de sua bebida — Disse que foi naquele lugar que sua escola costumava fazer às apresentações de Natal e, anos depois, foi lá que cantou sozinha pela primeira vez.
— É um lugar bem significativo — Tom concordou, sorridente, tinha gostado da ideia do amigo — Onde coisas importantes na vida dela começaram.
— Talvez onde a próxima coisa importante possa começar também — Ben olhou significativamente para Lewis, que abriu um sorriso animado — Dê um jeito de locar o teatro por uma noite, arruma ele com a decoração antiga de Natal, como na época em que ela começou a se apresentar nele, e conversa com ela, cara.
— Eu acho que quero namorar você — Dylan olhou falsamente apaixonado para Ben — vai entender, ela fica com a , resolvido.
— Caralho, essa foi realmente boa — Sebastian comentou pensativo.
— Britânicos são os melhores, aceitem — Tom se gabou, brindando com Ben e Lewis. Barnes logo sacou seu celular do bolso e, fazendo uma pesquisa rápida, encontrou algumas fotos e o endereço do local que se lembrava de contando para ele, cheia de saudades e emoção. Aproximando-se ainda mais do piloto, ele logo o mostrou.
— É perfeito — Hamilton comentou feliz, vendo o celular do outro homem. De todos ali, talvez Ben só perdesse para Tom no quesito romântico implacável. Tinha gostado da ideia, gostado de verdade. Para além das palavras que, finalmente, esperava dizer naquela noite, poderia demonstrar o quanto ela e toda sua história significava para ele, poderia dizer com o gesto o quanto se importava e o quanto a queria vê-la sendo a mulher mais feliz do mundo. Tinha o lugar perfeito, a memória perfeita, o clima perfeito e o vestido que ela usava quando se conheceram de presente. Para ele, foi uma ideia perfeita — Vou fazer isso. Obrigada, irmão. Preciso assumir que foi mesmo genial — ele e Ben trocaram um aperto de mão forte, animados — A próxima é por minha conta.
— Parece que tivemos progressos essa noite — Sebastian comemorou — Meio caminho andado para os casais do Sugar Rush — eles zuaram por algum momento breve, até Tom se virar para Sebastian, assim que o garçom trouxe a garrafa nova de uísque para a mesa, a pedido de Hamilton.
— Não adianta ficar aí cheio de conversinha, Sebastian, nós vamos falar de você e também.
— Vish, lá vem — Sebastian deu um gole em sua bebida.
— E pode ser agora — Ben passou a língua pelos lábios, satisfeito em ter conversado com os caras sobre ele e naquela noite. Tinha tido algumas ideias e saber a opinião de outras pessoas que viam de fora tinha sido importante para ele se sentir seguro e confiante no que sentia — Lança a fofoca.
— Bem-feito, bonitão. Achou que só a gente ia ter que aguentar as luluzinhas falando de mulher — Dylan provocou o ator.
— O meu problema com a é muito mais do que só comunicação, vocês sabem disso, seus fuxiqueiros — olhou para Tom — Nós tivemos uma relação, séria, oficial, pública, a melhor que eu já tive, na verdade. Foi calmo, demorou para acontecer, mas foi intenso e, honestamente, uma delícia de viver. Mas eu não consegui enxergar o suficiente do que estava acontecendo, não consegui entender direito que estava faltando espaço para ela, pelo menos não no tempo que eu deveria ter entendido — ele refletiu alto, cruzando uma perna — Fui egoísta, coloquei meu trabalho em primeiro lugar, ela fez o mesmo com o dela e quando fomos ver a gente mal se reconhecia mais.
— Que merda, cara — Dylan lamentou, vendo Seb concordar com a cabeça.
— A gente foi se afastando, começou a brigar por nada e, na mágoa do momento, o mesmo caralho de assunto voltava à tona — ele seguiu contando, sincero — Ela achava que não valia mais do que eu, que a mídia só a dava atenção porque estava comigo, que não estavam interessados nela e eles faziam isso mesmo, é verdade. Mas era um tempo em que eu estava começando a verdadeiramente aparecer e parecia, pelo jeito que ela falava, que não importava. Que se não fosse tudo sobre ela, não dava para ser.
— A mídia fodendo tudo, mais uma vez — Ben suspirou, encarando um Seb triste à sua frente, pensativo.
— Sinceramente, estou cansado da mídia controlar as nossas vidas. Parece que estamos o tempo todo atuando para milhões de telespectadores que se importam mais com nosso status de relacionamento do que com o talento — Tom disse sincero, o incômodo visível em sua voz — É totalmente compreensivo o que sentiu, ela é uma mulher determinada, independente e está correndo atrás do seu sonho para se consagrar, ficar como um enfeite para você deve ter sido difícil para ela, porque em nenhum momento ela foi só , mas só a namorada de Sebastian Stan.
— Concordo com Tom. — Ben olhou de Hiddleston para Sebastian — Já conversei com uma vez sobre isso, quando ela iniciou o namoro com o folgado dos olhos azuis e ele anunciou a relação nas redes sociais. A mídia praticamente parou de falar da adaptação nova do seu livro, só traziam manchetes sobre o namoro dela com o Barry. Como se toda carreira pudesse ser esquecida por causa de um simples homem qualquer.
— Se a intenção de vocês era me fazer perceber o quanto posterguei esse assunto, vocês conseguiram. — Sebastian passou a mão por seu copo.
— Tudo tem solução, Sebastian — Dylan pela primeira vez naquela noite adquiriu um tom sério — Não trate o final da relação de vocês como o fim de algo que ainda pode dar certo. Claro, que você vai precisar de um esforço, muito maior que eu, Ben ou até mesmo o Hamilton para tentar reconquistar , se for isso que realmente você quer, e aparentemente é. Precisará entender realmente toda a situação e problemática que ela estava inserida e o quanto isso a incomodava. Tentar fazer o possível para que isso não se repita. Mas, acima de tudo isso, vai precisar estar lá por ela, em todos os momentos, sendo não o Sebastian Stan, ator, famoso, gostoso, mas só o cara por quem ela se apaixonou. — fez uma pausa — Não vai ser fácil, mas ninguém disse que é impossível.
— Estou alucinando ou o Dylan falou algo que não é uma piadinha? — Lewis debochou o que fez os outros rirem.
— Deixa o garoto. — Tom riu — Hoje ele está bem-falante quando o assunto são os relacionamentos alheios. Bem que aproveitar para falar sobre a relação de vocês também
— De novo isso, caras? — Dylan revirou os olhos.
Teen Wolf, de todos aqui, sua situação é a mais tranquila de resolver. — Lewis bebericou sua bebida — Você está claramente correndo do assunto como se ele fosse um monstro, basta conversar com ela. Vamos relembrar que ela tem uma foto sua e do seu cachorro no escritório.
— E você ainda estava parecendo uma branquela com aquele cabelo loiro — Ben debochou — Para mim, quase uma declaração de amor eterno.
— Se eu fosse você, aproveitaria da coragem que a bebida nos dá, depois do segundo gole, e abriria meu coração — Sebastian falou.
— Sem querer colocar mais lenha na fogueira, mas já botando: passei pela hoje e ela estava indo em direção ao bar do hotel, ou seja, estava garantindo as bebidas da “reunião das garotas” — Lewis fez aspas com as mãos — E também já deve ter bebido a essa altura do campeonato. — ele completou sugestivo.
— Vou ser obrigado a concordar com o Hamilton, Dylan — Ben apontou para o piloto — Já está passando da sua hora.
— Eu tenho ideia de quem pode nos ajudar com a missão Desembucha Dylan” — Tom pegou seu celular — Basta eu mandar uma mensagem, cara. Você quer fazer isso?

❤❤❤


Do outro lado da cidade, na cobertura do hotel, uma performance de 7 rings (Ariana Grande) acontecia. e estavam de pé em cima da cama king size do quarto, de roupão com mimosas nas mãos cantando, e bebiam shots de tequila e brindavam, enquanto filmava tudo para postar em seu Instagram. As cinco se divertiam com a playlist de escrita de , recheada de música pop, vez ou outra caindo em alguma de , o que as fazia gritar animadas. A noite parecia correr ao tempo em que todas elas estavam se divertindo como poucas vezes tinham a chance de se divertir. No auge de seus vinte e pouco anos, da beleza, da fama, as cinco estavam sempre repletas de trabalhos, compromissos e agendas a cumprir, pouco era o tempo que restava para aproveitar o lado bom do dinheiro e da fama que tinham.
Mais do que um reality show, do que uma simples competição gravada para um novo programa de televisão, Sugar Rush estava sendo uma experiência de diversão, de descontração e de fazer amizades. Todos pareciam em sintonia, dispostos a viver o que geralmente não conseguiram viver, em tempos normais, e aquilo deixava tudo ainda mais interessante e leve.
Entre uma bebida e outra, compartilhavam as inseguranças que tinham perante o futuro, à carreira e aos seus relacionamentos. não perdeu a chance de saber as histórias de e como disse que faria. Mas conhecer os detalhes fez com que ela também tivesse que se abrir e verbalizar tudo que realmente sentia por Dylan. Não queria dar o primeiro passo, sentia que era a hora dele resolver o que sentia, para ela tudo em relação a ele estava transparente como água. Contudo era orgulhosa demais para admitir que se apaixonou por ele há anos atrás e queria que suas fanfics se tornassem reais.
contou mais detalhes sobre o término com Sebastian e como o ver no reality depois de um tempo sem contato mexeu com ela. Os olhos azuis que ela tanto amava continuavam com o mesmo brilho desde o primeiro dia em que se viram. A relação deles não era ruim, longe disso, o ator havia proporcionado a ela o relacionamento mais saudável que já tivera, não havia cobranças desnecessárias ou ciúmes excessivas. Sabia que ele nunca quis que ela fosse um mero troféu ao seu lado, mas aos poucos parou de perceber como a situação a estava incomodando. O trabalho consumiu os dois, o que acabou deixando com que o diálogo entre os dois ficasse para depois e a bola de neve de problemas fosse aumentando.
A falta de diálogo não era só um problema de e Sebastian, ouvia o relato de amiga desconfortável em sua cadeira, ela e Ben também não haviam trocado sequer uma palavra sobre a relação dos dois, o assunto entre eles era o desafio apenas. Não conseguia reconhecer se estava realmente pronta para ter aquela conversa, mas a atriz não queria mais se distanciar dele. Gostava de sua companhia, do carinho no íntimo que compartilhavam, das vezes que ele tocava violão e cantava só para ela, amava tê-lo por perto. O problema todo girava nessa distância que os dois criaram indo além do trabalho, se separam por medo de incomodar ou de ocupar o outro e com isso não compartilharam momentos ruins ou tristes no período.
ouvia atentamente o que contava para as meninas, já que sabia o outro lado da história. Lewis estava loucamente apaixonado pela cantora, que contava sobre a relação dos dois com um sorriso no rosto. Porém, o grande problema deles era levar tudo na brincadeira, o piloto tinha um histórico de relações conturbadas, por isso sua rotatividade de relacionamentos era alta. sentia que queria muito estar com ele, mas quem garantiria que do dia para noite a opinião dele sobre um relacionamento mudaria? E será que ela queria estar com alguém agora?
Eram muitas perguntas sem respostas e a lista de questionamentos só aumentava quando chegava em . A cineasta não contou para nenhuma das meninas sobre o contrato e não fazia ideia que Tom tinha contado para , já que a escritora permaneceu quieta durante toda conversa delas sobre a relação dos dois. contou como supostamente se conheceram e através das interações nas redes sociais tudo ficou ainda mais profundo.
A música ecoava alta no quarto, sendo isolada pelo reforço acústico das paredes. Como tinham o andar inteiro reservado para eles, não estavam realmente se importando se estavam incomodando alguém ou não. Na pior das hipóteses, como dizia, “elas podiam comprar o hotel inteiro”. , e estavam sentadas conversando sobre qualquer coisa aleatória, na hidromassagem, enquanto bebiam e saboreavam docinhos. A água estava quente e havia luzes coloridas espalhadas pela grande banheira, dando um ar ainda mais festivo para o momento. checava seu celular depois de vê-lo tocar o som de várias notificações seguidas, prestando tanto atenção no aparelho, animada, que desligou-se por um segundo do seu redor. E , por sua vez, estava deitada como uma estrela do mar na cama king size, sem força nenhuma para se mexer depois de ter bebido tanto e coreografado várias músicas de artistas pop.

— Vai ficar deitada até quando? — disse cutucando com as pernas.
— Estou velha demais para dançar Beyoncé e Ariana Grande no mesmo dia — sentou-se na cama, sentindo-se levemente zonza — Queria voltar a ser jovem novamente.
— Quanto drama — revirou os olhos — Aposto que se fosse para sentar o dia inteiro você teria disposição — arqueou as sobrancelhas para a escritora.
— Assim como você — a escritora debochou — Com um britânico daqueles eu faria a festa diariamente.
— E quem disse que eu não faço? — riu.

Não demorou mais do que vinte minutos até que fortes batidas na porta do quarto interrompessem as conversas animadas delas. e se olharam confusas, bem como , e , que conseguiram ouvir o som da hidromassagem. Não tinham pedido nada e um serviço de quarto surpresa naquela hora era, no mínimo, improvável. Todos os seus agentes sabiam que passariam uma noite de garotas ali e se precisassem de algo ligariam, não iriam pessoal. Era estranho. As cinco ficaram em silêncio para ver se as batidas cessavam, mas isso não aconteceu. sinalizou para que , que estava mais perto da porta, a fosse atender e recebeu um movimento de negação com a cabeça da cineasta. Bufando, a escritora levantou-se da cama preguiçosamente, arrumou o roupão e foi em direção a porta. Mas antes mesmo que pudesse chegar, ouviu vozes conhecidas sussurrando de trás dela.

Eu disse que não era uma boa ideia — Reconheceria aquela voz ainda que houvesse mais 200 pessoas falando no mesmo local. Seu coração vibrou, era Dylan.
Cala a boca, você não ia fazer nada nunca, a gente tinha que ajudar — agora era a voz de Hamilton.
Vocês têm certeza de que era esse o lugar? — Ben perguntou incerto.
Quem mais estaria escutando Ariana Grande na suíte de um hotel essas horas da noite? — Sebastian argumentou como se fosse óbvio — Porque eu tenho certeza de que a resposta é .

virou-se para as meninas sinalizando sobre quem se tratava do outro lado da porta, recebendo de todas elas um aceno para que a abrisse logo. Ela, por outro lado, ao colocar a mão na maçaneta não sabia se queria continuar. Mais uma batida na porta interrompeu seus pensamentos, que já estavam a mil por hora: O que eles estariam fazendo ali? Não tinham saído? Estavam com Barry? Não queria ter que ver seu ex novamente, uma vez já bastava. , contudo, cortou os pensamentos de , gritando um “anda logo, caralho”. Ouvindo a chave girar na fechadura, Ben, Hamilton e Sebastian saíram, literalmente, correndo para se esconder no corredor entre os quartos e o elevador, como três adolescentes - com mais de 35 anos e alcoolizados.

— Sei que não devia estar aqui, vocês estão fazendo a noite das garotas e eu não queria atrapalhar — Dylan falou apressado, assim que a porta foi aberta, antes mesmo que pudesse dizer algo. A escritora o encarou com sua maior cara de confusão — Mas preciso falar com você, é meio que… urgente.
— Meio não, é muito urgente — uma outra voz ecoou no corredor e sabia que era de Sebastian. As meninas dentro do quarto riram.

ficou encarando Dylan pelos próximos segundos, com os olhos fixos em sua boca mais avermelhada do que o normal. Acreditava que deveria ser por conta do vinho que ele podia ter bebido com os outros ou pela mania de pressionar os lábios que ele tinha. Assim que o perfume dele a atingiu, foi como se tudo ao redor tivesse parado. O cheiro forte, cítrico e marcante que ela conhecia tão bem, que ela amava. Desviando seus olhos da boca dele para os olhos que a encaravam e cortando seus pensamentos, a escritora estava culpando mentalmente o seu período fértil por todo aquele repentino desejo em Dylan. Apenas de vê-lo ali parado na sua frente, na porta, já era o bastante para relembrá-la do quanto gostava daquele homem. Talvez estivesse realmente apaixonada. Talvez só tivesse bebido demais - e preferiu responsabilizar o álcool por aquilo.

— Precisa ser agora? — soltou os cabelos que estavam presos em um coque — Talvez, as meninas — apontou para elas que já estavam fora da hidromassagem, se secando em seus biquinis coloridos, enquanto viam algo animadas, que as mostrava no celular — fiquem um pouco chateadas se eu sair daqui agora.
— Pode ser agora sim! — gritou, puxando rapidamente roupões para Júlia, e que os aceitaram — Nós não vamos ficar nem um pouco chateadas, não é meninas? — A cineasta questionou e recebeu três cabeças balançando em sinal de negação como resposta.
— Podemos descer e conversar no bar, depois voltamos — calçava seu chinelo, terminando de fechar o roupão.
— Sem problemas, galera — vestia o seu roupão enquanto segurava sua taça, jogando os cabelos soltos e secos para trás — Lá embaixo ainda consigo comer bolo e beber Dry Martinis, demorem o tempo que precisarem.
— Se vocês forem fazer algo, usem proteção — disse risonha, fechando o roupão — Não queremos um baby fruto do Sugar Rush, ok?
— Seria fofo, ele poderia chamar se Hunter como uma homenagem — refletiu, claramente alterada pela bebida, dando seu braço para para saírem dali.
— Sou gostosa demais para ser tia, amiga — a cantora comentou, cruzando seu braço com o de , fazendo rir e ir atrás delas.
— Vocês são ridículas! — revirou os olhos com a mão fixa ainda na maçaneta. Não tinha conseguido tempo para processar o que estava rolando ali e contava com as meninas para se livrar daquela situação estranha, mas lá estavam elas, saindo uma a uma do quarto com naturalidade, como se Dylan ter aparecido ali do nada, querendo urgentemente conversar não fosse, pelo menos, estranho. Tudo parecia suspeito demais, como se ela fosse a única que não sabia da fofoca.

As quatro mulheres passaram por e abraçaram Dylan rapidamente, como cumprimento, saindo logo da suíte. A escritora fez menção para que ele entrasse no quarto e o ator adentrou, um tanto nervoso, logo depois que a porta se fechou. No corredor lá fora, uma conversa que deveria ser em sussurros, mas que pelo álcool estava saindo gritada, podia ser ouvida. Passando próximas à Ben, Sebastian e Hamilton, que estavam escondidos nas proximidades do elevador, as quatro meninas pararam por um momento.

— Esse é o melhor esconderijo que vocês conseguiram? — perguntou dando um abraço em Sebastian, que estava na frente dela e retribuiu caloroso, cumprimentando do mesmo modo, ao lado dela.
— Era isso ou ficar com ele lá — Ben deu de ombros, terminando de abraçar — Pareceríamos ainda mais adolescentes.
— Verdade, você tem razão — o cumprimentou com um abraço também, um pouco desajeitado por ser, justamente, ele.
— Vocês demoraram demais, já não sabia o que fazer para enrolar ela — apertava no botão no elevador, observando Lewis soltar de um abraço e virar-se para , dando-lhe um beijo suave nos lábios. A cantora não deixou de notar o sabor do uísque nos lábios dele, o sabor que amava sentir em Lewis.
— O Teen Wolf consegue ser mais devagar que seu namorado dirigindo, — Hamilton riu, cumprimentando , que soltava Ben — Dê um desconto para o garoto — os sete riram.
— Falando nele, cadê o Tom? — A cineasta questionou, reparando de canto de olho o estranhamento de e Seb ao se cumprimentarem, meio incertos.
— Adivinha? — Hamilton levantou as sobrancelhas — O vovô estava estacionando o carro — bateu no braço do piloto.
— Será que isso vai funcionar? — perguntou entrando no elevador junto com os outros, assim que abraçou Ben.
— Tem que funcionar — Ben afirmou — Se não vou ser obrigado a fazer o folgado voltar — os homens riram, mas as meninas se entreolharam confusas.
— Ih, nem fala isso — Hamilton fez o sinal da cruz.
Folgado? — perguntou curiosa.
— Longa história — Sebastian apoiou uma das mãos no ombro da modelo — Depois eu te conto — e piscou para ela.

Enquanto os sete desciam animados para o bar do hotel, onde Tom já os esperava, conversando sobre qualquer assunto que vinha à tona, no quarto, encarava Dylan, esperando por qualquer movimentação dele. Desde que tinha entrado no cômodo, ele paralisou. Simplesmente paralisou. Manteve-se em pé, alguns passos à frente da porta, as mãos abrindo e fechando em punhos, claramente nervoso. Ele olhava a mulher excepcionalmente linda à sua frente o encarar curiosa e um tanto tensa, esperando que ele falasse algo, o algo “urgente” que comentou querer conversar, mas sua língua parecia formigar. No fundo, se sentia um idiota por estar agindo daquela forma na frente dela, a mesma sensação inútil e infantil que sentiu quando foi chamar a garota para o baile, no último ano da escola. Se estivesse naquele contexto, Dylan pensou, tinha certeza absoluta de que não aceitaria como par. E pensar aquilo o fez se sentir ainda mais ridículo.
Tinha trinta anos agora. Não havia mais bailes ou inseguranças adolescentes, ele tinha que ser o homem que os outros quatro amigos o haviam incentivado a ser. estava ali. Estava disposta e disponível para ouvi-lo dizer o que ele tinha a falar e era o momento perfeito. Estavam só os dois, em um quarto confortável e reservado do hotel, fosse o que fosse ficariam apenas entre eles, fechado naquelas quatro paredes e sem interrupções. Eram só eles dois. Eram só ele e . E talvez fosse exatamente aquela a parte mais assustadora.
Como um furacão em sua mente, os pensamentos rondavam a mente de Dylan ao tempo que sentia o álcool fazer efeito em seu sangue. Ligeiramente zonzo, o amargor de toda bebida que tomou naquela noite em sua língua, ele não sabia nem por onde começar. Pensava nos piores cenários possíveis, nas negativas que poderia dar-lhe, na rejeição. Pensava que não saberia o que fazer caso fosse rejeitado e só de cogitar aquela ideia já se sentiu desesperado. Não podia pensar em sua vida sem nela, tudo seria diferente. Se queria dar o próximo passo, se queria tê-la, oficial, séria e publicamente, tinha que, pelo menos, entender se ela também o queria de volta. O maior enigma que Dylan estava enfrentando em sua vida no último ano.
Ela não tinha ideia do quanto ele a queria.
Mas, naquele momento, sem que ele soubesse, a recíproca era absurdamente verdadeira.
sentia seu coração bater acelerado em seu peito, estava ansiosa. Não sabia se deveria ficar preocupada, pela urgência em um tema misterioso e pela cara um tanto nervosa de Dylan, ou se aquilo era uma brincadeira. Contudo, de todas as possibilidades que passavam em sua mente, algo nela tinha criado uma expectativa de que aquele seria o momento em que tudo mudaria, em que Dylan, finalmente, abriria seu coração e que ela poderia fazer o mesmo. Não era burra, pelo contrário, era a escritora do grupo. Conhecia de cor as histórias de amor e, muitas vezes, escrevia sobre elas. Aquela situação, aquela exata situação, tinha cara de final de romances clichês. Os amigos que se apaixonaram e que, de uma vez por todos, gritariam todo seu amor aos sete ventos. Se ele falasse, ela também estaria pronta para falar.
Mas Dylan manteve-se calado. Dominado pela insegurança repentina que o atingia. Sebastian não poderia estar mais errado. A história de tornar-se corajoso depois do segundo copo de bebida era uma farsa sem tamanho e ele se odiou por ter caído naquela armadilha. Tinha que pensar em algo, tinha que dizer algo à , porque os minutos já estavam passando e, a cada novo segundo, tudo ficava ainda mais estranho e o silêncio ainda mais constrangedor.

— E aí…? — quebrou o silêncio, sorrindo levemente para ele. Estava em pé, parada de frente para ele — O que era tão urgente?
— Eu… — ele procurava algo em sua mente, sem coragem para realmente dizer o que tinha ido dizer — Eu acho que… eu vim, porque, bom, você sabe… — Dylan coçou os cabelos e, em seguida, passou a mão pela testa.
— Está tudo bem? — ela perguntou um tanto preocupada, abraçando o próprio corpo — Você parece meio… nervoso.
— Tudo ótimo — ele falou mais alto do que gostaria, arrumando a postura — Quer dizer, maravilhosamente bem.
— Ok — a escritora concordou. Talvez Dylan estivesse mais alcoolizado do que ela mesma.
— Eu queria conversar com você porque, bom, — ele limpou a garganta — queria saber se você… eu queria saber, , se você… — ele parou um momento, pensando — se você está gostando de participar do programa.

não respondeu no primeiro minuto. Toda a ansiedade que sentia dissipou-se pelo ar, seu coração foi se acalmando e sua mente a fazendo sentir-se idiota por ter pensado que Dylan realmente conversaria com ela sobre algo sério, sobre eles, naquele momento. Em condições normais ele já não conseguiria falar, naquela situação, menos ainda. Com ela pode pensar que tudo seria diferente? Sem transparecer a frustração, ela forçou um sorriso e respondeu:

— Claro, está sendo ótimo. Muito divertido.
— Que bom — ele engoliu em seco, se matando por dentro por ter perguntado aquilo — Para mim também. Eu gosto de… eu gosto de ser a sua dupla.
— Eu também gosto, Dylan — apertou seus braços em seu corpo, engolindo a vergonha — Gosto de ser sua dupla aqui e, bom, em outros lugares também.
— Você jura? — o ator arregalou levemente os olhos, contente. Mas como se não pudesse controlar sua língua, a próxima coisa que ele fez foi tão estúpida, que nem mesmo embriagado pode deixar de se arrepender no segundo seguinte — Você jura de dedinho? — ele estendeu-lhe o dedinho da mão esquerda.

não aguentou aquilo e gargalhou alto, quebrando completamente qualquer tensão que havia pairando sobre eles no quarto. Dylan tinha os olhos nos dela, às bochechas ficando vermelhas pela vergonha que sentiu de ter feito aquilo, a mão esticada até ela, esperando genuinamente uma resposta. Apesar de inesperado, aquilo tinha sido um tanto fofo e desejou em seu coração não se esquecer de nenhum daquele momento no dia seguinte. Era por aquele Dylan autêntico, natural, casual e brincalhão que ela tinha se apaixonado. E aquele movimento só a lembro, uma vez mais, do que ela sentia.
Sem conter as risadas, a escritora estendeu o seu dedinho da mão direita até a dele e, como se fizessem uma promessa como faziam quando tinham cinco anos de idade, cruzaram os dedos. Dylan soltou uma risada abafada, tímida. Queria cavar um buraco no chão e se enfiar dentro dele. Não era possível que não só não tinha conseguido dizer nada, como tinha feito aquela merda. Os caras jamais, em hipótese alguma, poderiam saber daquilo.

— Eu juro, de dedinho — comentou sorrindo.
— Bom, nesse caso, — ele soltou levemente a mão dela — acho que vou indo dormir.
— Veio até aqui para saber isso? — a mulher semicerrou os olhos.
— Sim, eu… fiquei pensando que os outros são melhores do que eu na cozinha e talvez você não estivesse muito feliz em fazer dupla comigo — ele se enrolava nas palavras, claramente inventando a resposta em cima da hora, conforme ela passava em sua mente. não o constrangeria mais do que ele já parecia constrangido.
— Não há nada de errado com seus dons de culinária, Dylan — ela brincou — Fique tranquilo. Estou feliz de estarmos nessa juntos — o ator sorriu para ela, verdadeiramente — Mas agora vá, deve estar cansado e claramente está alcoolizado — ela bateu com a mão no ombro dele.
— E não é que você me conhece mesmo? — Dylan levantou os olhos para ela.
— Conheço bem até demais, Dylan — ela riu serena — Vai logo antes que você faça estrago na minha suíte, como aquela vez no meu sofá.
— Tudo bem, eu… vou indo mesmo — ele apontou para a porta enquanto dava passos para trás — Boa noite, .
— Boa noite, Dylan.

Saindo dali tão tenso quanto havia entrado, o homem queria morrer. Tinha acabado de estragar tudo, tinha acabado de ser covarde o suficiente para criar uma situação ridícula como aquela. Que porra de dedinho, que caralhos de “você está gostando do programa?”. Que merda, porra, ele pensava sem parar. Irritado consigo mesmo, ele fechou a porta mais forte do que calculou e soltou um grito furioso no corredor, que pode ouvir de dentro do quarto. Toda aquela situação já estava cansativa e os desgastando absurdamente muito. Dylan estava tão apaixonado por , um amor tão profundo e verdadeiro, que ele o medo de não ser correspondido o fazia simplesmente engolir tudo para si mesmo. Era ridículo, ele sabia. Mas não conseguia, ao menos não conseguiu naquele momento.
Qual era a real dificuldade de dizer um ao outro o que sentiam? Encarando a porta à sua frente, ouvindo a movimentação no corredor a fora, não entendeu o que tinha acabado de acontecer e entendia menos ainda o porquê de estarem criando toda aquela cena. Tinham que acabar com aquilo de uma vez por todas, tinham que, ao menos, tentar. Por isso, em um surto de coragem que nem ela mesma sabia de onde vinha, ela respirou fundo e abriu a porta do quarto novamente.

— Dylan, a gente realmente precisa conversar — ela fechou os olhos assim que abriu a porta, suspirando — Eu gosto de você e não aguento mais guardar isso para mim, é isso.
— Foi lindo, — abriu os olhos em um estalo, assim que ouviu a voz a responder — só que, infelizmente, nenhum de nós é o Dylan — Hamilton sorriu triste, com uma que fazia um biquinho ao seu lado.
— A gente pode… — tentou dizer, mas , ridiculamente envergonhada, entrou de volta para seu quarto e fechou a porta de uma vez — chamar ele, se você quiser — a cantora completou mais baixo.
— Acho que o plano deu errado — Lewis olhou , que concordou.
— Muito errado, pelo visto.

Frustrado e irritado, Dylan tinha entrado em seu quarto no momento exato em que e Hamilton saíram do elevador, no mesmo andar. O casal estava conversando animadamente, contava alguma história que fazia o piloto gargalhar e, de braços dados, caminharam corredor adentro, sentido o quarto dele, até serem interrompidos por uma poética e apaixonada, gritando da porta de seu quarto. Pelo isolamento acústico e por ter se enfiado no banho, de roupa e tudo, Dylan não conseguiu ouvir a fala da escritora.
Um novo desencontro, o motivo que, naquela noite, fez tanto quanto Dylan dormirem absurdamente tristes e confusos. Assim que saiu do banho, Dylan logo se jogou na cama grande e confortável, pegando no sono minutos depois, pensando na escritora. Ela, por sua vez, assim que voltou para dentro do quarto, puxou a garrafa de vodka aberta em cima de uma das pequenas mesas e, sentando no chão acarpetado de frente para a ampla janela que dava uma linda vista para Londres, bebeu até adormecer ali mesmo.
Diferente deles, e Lewis adentraram o quarto da cantora comentando sobre o acontecimento recente que presenciaram, lamentando a missão “Desembucha Dylan” ter dado totalmente errada. Enquanto tiravam as roupas e se preparavam para dormir, Hamilton contou a ela sobre a conversa que tiveram no bar, sobre o como um e outro eram importantes mas estavam travando seus sentimentos por receio. E aquele assunto os inspirou a continuar conversando sobre emoções, relacionamentos e sobre como entendiam o amor. Uma conversa que nunca tinham tido, carregada da sinceridade que só o álcool poderia dar, serena, gostosa de se ter. Deitados na cama de barriga para cima, lado a lado, de mãos dadas, e Lewis não viram o tempo passar, entre a conversa agradável, as risadas que soltavam e os beijos carinhosos que trocavam.
Sem sexo naquela noite, sem nada mais senão eles e o sentimento do mundo. Um momento que Lewis nunca tinha compartilhado daquela forma com ninguém, uma conexão e uma intimidade tão grandes que ele nunca tinha tido com alguém senão com ela, com . E assim adormeceram.

❤❤❤


No bar, e conversavam há horas, sentadas em um sofá mais ao canto. Ora comentavam de coisas de suas vidas pessoais, de suas histórias, ora falavam dos trabalhos, das viagens, das coisas que gostavam em comum, das pessoas com quem tinham se relacionado. Sabiam que eram as únicas ali que estavam metidas em um reality fazendo duplas com pessoas que tiveram relacionamentos passados e aquilo foi o suficiente para gerar identificação entre elas. Com os dias passando, estavam se aproximando o suficiente para parecer que eram já amigas há séculos e aquilo estava sendo incrível para as duas.
Enquanto respondia algumas DMs em seu Instagram de possíveis caras que ela tinha interesse e que estavam atrás dela, contou que Justin tinha certeza absoluta de que ela faria dupla com o Richard Madden no Sugar Rush e, quando chegou lá, era, na verdade, Sebastian. só reparou no quanto os dois atores eram de fato parecidos naquele momento e engatou uma longa e divertida história das vezes que saiu com ele e do quanto odiou.
e Tom se despediram delas não muito depois de e Lewis fazerem o mesmo e, um tanto exaustos pelo dia que tiveram, foram embora para a casa de Tom. estava meio dispersa naquela noite, imersa nos pensamentos e nas emoções, nas falas que ouviu das meninas contando as verdades sobre o que sentiam pelos homens com quem estava se relacionando de alguma forma. Não sabia por que com ela tinha que ser diferente e aquilo a chateou um pouco.
Não pelas meninas, de modo algum. Estava feliz de terem tido um espaço seguro onde elas se sentiram confortáveis em compartilhar seus amores e suas frustrações e torcia para que elas fossem felizes. Estava triste, contudo, porque desejava que com ela fosse daquela forma também. Que tivesse um amor verdadeiro, livre de amarras, orgânico, que tivesse vivido com realidades e não com arranjos. Odiava o contrato, odiava ter que esconder tudo aquilo, odiava ter conhecido Tom daquela forma e odiava mais ainda não saber se aquele ano tinha sido uma armação, parte de todo aquele circo, ou se o que tinham construído tinha ao menos um respingo de verdade.
Ela foi embora pensando em tudo aquilo e, sem vontade sequer de falar, dormiu enquanto Tom tomava banho. Ele tinha noção de como ela se sentia, porque estava se sentindo da mesma forma. Tinha dado tantos conselhos naquela noite, mas não havia nada para ele. Não havia nada que pudesse dizer, nada que pudesse ajudá-lo e nenhum espaço para que ele pudesse se abrir. Era um contrato. Um documento estratégico puramente marketeiro, como ele falaria sobre isso? O que diria quando nem ele mesmo sabia mais o que estava acontecendo? Tom pegou no sono tristonho, pensativo. Olhando dormir tranquilamente ao lado na cama, a última coisa que ele pensou antes de fechar os olhos foi que tinha que dar um jeito naquela merda toda entre eles. E tinha que pensar em algo rápido.
Ben e Sebastian seguiram conversando animados no bar do hotel, sentados alguns metros de distância de onde e estavam. Não tinham muito assunto com elas, tudo parecia ficar estranhamente constrangedor quando se aproximavam e acharam melhor, mais seguro, manter o espaço delas inabalável. Entre novos copos de bebidas e brincadeiras que trocavam, eles tiveram tempo para conhecer um ao outro melhor. Se identificaram em muitos aspectos da vida, tinham quase a mesma idade, a mesma profissão, as mesmas reclamações sobre conseguir papéis, gostavam dos mesmos esportes e eram fãs das mesmas bandas. Nunca tinham se encontrado antes do Sugar Rush, mas seus jeitos tão parecidos de ser e de entender a vida cativou os dois naquela noite e deu a eles longas horas de uma conversa interessante, que parecia não ter fim.
Vez ou outra trocavam olhares e sorrisos despretensiosos com as duas mulheres no bar, comentavam sobre elas e como estavam se sentindo e ensaiavam se juntar a elas, mas o pingo de racionalidade que ainda tinham em meio a todo álcool os fazia desistir logo. Perto das 2h30 da manhã, contudo, Sebastian pareceu engolir seu último gole de uísque com a racionalidade e tudo.

— Sua ideia para Hamilton me inspirou — encostado no sofá com um braço no encosto e uma perna cruzada, Sebastian deu uma olhada ao redor, notando que apenas os quatro ocupavam o ambiente.
— De que tipo de inspiração estamos falando? — Ben sorriu, apoiando o copo vazio em cima da pequena mesa à frente.
— Daquela que faz a gente querer desesperadamente resolver as merdas que fazemos na vida — passando a língua pelos lábios, ele olhou para , que mostrava algo em seu celular para a outra mulher — A primeira vez que consegui chamar ela para sair, fomos a um bar, como esse. Talvez consiga ter, pelo menos, um pouco da atenção dela, fazer ela me ouvir, já é suficiente.
— Parece uma boa ideia, cara — Ben concordou com ele — Vá com calma, para não piorar a situação, mas acho que tentar falar com ela é uma boa.
— Sim, — ele voltou seu olhar para o homem ao lado — mas preciso da sua ajuda com a outra princesa ali.
— Pode deixar que daquela cuido eu — Ben riu baixo junto com o outro ator e, sem cerimônias, se levantou — Boa sorte, Seb. Espero que consiga falar com ela e amanhã vou querer saber como foi.
— Ben Barnes, o fofoqueiro? — Sebastian o cumprimentou com um aperto de mão e um meio abraço rápidos.
— Ben Barnes, o cupido, meu amigo — ele riu, caminhando em duração a — Vai por mim.

Sebastian não disse mais nada. Apenas o acompanhou arrumar sua roupa enquanto ia em direção às duas mulheres. Tinha que se lembrar de agradecê-lo no dia seguinte pela ajuda e pelos conselhos daquela noite.

— Acho que está na hora da princesa ir para os seus aposentos — brincou vendo bocejar cansada. Sabia que a amiga gostava de dormir cedo e já tinha passado, demais, do seu horário naquele dia.
— Posso acompanhá-la, se quiser — Ben respondeu atraindo a atenção delas, perto o suficiente para ter ouvido a fala de . Um tanto formal demais, ele sorriu — Estava vindo me despedir mesmo, — ele mentiu — então, como já vou embora, podemos ir juntos.
— De jeito nenhum, garoto — o encarou séria. Não deixaria a amiga, depois de ter bebido tanto, sair dali com homem nenhum — Vai tirando seu cavalinho da chuva, ok? Eu vou com ela.
— Está tudo bem, sorriu para ela, se levantando do sofá — Você ainda nem terminou seu drink, eu posso subir sozinha — ela então se virou para Ben — Obrigada pela companhia, mas estou bem.
— Vamos ir para o mesmo sentido, não me custa nada te acompanhar até seu andar, antes de eu ir para casa — o homem apontou para a porta do bar, fazendo desviar sua atenção momentaneamente até o local. Seus olhos, contudo, passaram pelos de Sebastian, sentado no sofá mais próximo à porta onde antes Bem também estava. O ator sorriu para ela e, discretamente, apontou com a cabeça para , como se indicasse que queria falar com ela. Silenciosamente, logo entendeu o porquê de Ben estar insistindo para que ela saísse dali com ele e, sorrindo de volta para Seb, voltou a olhar a amiga.
— Tudo bem, vamos indo — ela deu um abraço fofo na modelo — Qualquer coisa me chama, ok? Vou estar com o celular por perto.
— Você também — ela respondeu carinhosa, mas logo apontou para Ben — Estou de olho, Barnes.

Ben saiu de perto dela rindo da postura protetora da modelo, com ao seu lado. A atriz parecia cansada, seus olhos estavam pequenos e pesados e ela abraçava o próprio corpo enquanto andava rumo ao elevador, sentindo o frio tomar conta de seu corpo coberto apenas pelo roupão. Ben ponderou se deveria ou não dar-lhe seu casaco, mas o barulho do elevador chegando no ar e suas pistas se abrindo cortaram seus pensamentos.

— Sei que Seb só queria ficar a sós com ela para conversarem, não precisa subir comigo — sorriu leve, o olhando.
— Eu faço questão de te acompanhar até lá, não tem problema algum — ele colocou as mãos nos bolsos e, deixando o álcool o dominar, comentou: — Assim ganho mais tempo com você.
— Não sei se devemos ter mais tempo juntos, Ben — ela desviou seus olhos dele, um tom voz baixo e ligeiramente triste, as palavras voando de sua boca com uma sinceridade claramente potencializada pelos martinis que tomou — E se você subir, a porta do elevador vai virar a porta do meu quarto e eu não vou querer me despedir de você, porque nunca quis e não quero — ele sentiu seu coração bater mais forte, os olhos cravados nela, procurando urgentemente pelos dela, que o evitavam — Mas, igualmente, não quero fazer nada mais que algum de nós vá se arrepender amanhã. O show da Adele já foi o suficiente.
, eu não… — sem saber o que dizer, tendo a certeza de que ela estava entendendo tudo errado, ele começou a falar, mas logo foi cortado por ela:
— Acho melhor nos despedirmos por aqui — ela voltou a olhá-lo por um instante e, com um sorriso claramente triste, o deixou — Boa noite, Ben.

Os olhos tormentosos de Ben acompanharam às portas do elevador se fecharam com ela dentro, encarando o chão com interesse, sem querer vê-lo mais. Ben passou as mãos pelo cabelo, controlando a vontade de subir os doze andares de escada mesmo, alcançá-la, dizer que tudo que ela estava pensando era mentira, que só tinha ela e mais ninguém, que era só ela para ele, a primeira e única opção. Contudo, uma vez mais, ele não soube o que fazer. parecia querer a página e manter com ele a amizade que tinham, o respeito e a educação. Mas ele viu o quanto aquilo pareceu doer nela e sentiu o quanto aquilo violentamente doeu nele.
Tinha que pensar em algo, tinha que fazer algo ou, de fato, Hamilton teria razão. Estava perdendo tempo esperando que tudo se resolvesse sozinho, enquanto perdia aos poucos. Ben foi embora para sua casa pensando no que poderia fazer. Tinha tido boas ideias, tinha sugerido modos de seus amigos conversarem e resolverem seus casos, por que ele não conseguia resolver nada para si mesmo? Tinham que conversar, tinha que fazê-la sentir o exato lugar que ela ocupava no coração dele e Ben tinha que pensar em algo.


O terceiro desafio: doces.

⭐🎄⭐


— Sempre me perco nesses corredores — sorriu irônica para , que a acompanhava pelo estúdio.
— Isso aqui é um labirinto — a escritora murmurou — Maior do que parece ser por fora.
— E, às vezes, algumas pessoas invadem o meu espaço, do nada, sem explicação, é uma loucura esse lugar — a modelo a cutucou brincalhona, referindo-se à primeira festa que tiveram ali, quando e Dylan usaram a sala de espera dela para, bom, se pegar.
— Não faço a menor ideia do que você está falando, — apática, fez seu tom mais fingido possível. Para sua sorte, já estavam diante da sala onde os demais sempre se reuniam quando estavam prontos para a gravação — Rélou, pessoas — a escritora falou animada, assim que as duas adentraram a sala, onde Ben, Sebastian, , Lewis e Dylan já estavam.
— Olha só, alguém está felizinha hoje — Lewis disse sentado na cadeira ao lado de Sebastian.
— Estou feliz mesmo, Lewis, dormi com o seu irmão — respondeu irônica entre risadas, deixando Hamilton com os olhos arregalados a encarando.

Não esperava aquela resposta da mulher, mas podia imaginar que aquela reação era uma consequência do fato de ter sido ele e as pessoas que a viram se declarar para o nada, quatro dias antes. Daria um desconto para a escritora, Dylan estava ali, afinal. Tão perdido que sua expressão parecia meio sonsa. Ao lado dele, Ben dava gargalhadas com a resposta da amiga.

— Aposto que por essa nem você esperava, Hamilton — debochou da cara do piloto, que seguia paralisado. Mas, antes mesmo que ele pudesse responder, uma nova voz animada cortou o ambiente:
— BOM DIA, GENTE — chegou sorridente, seu copo de café em mãos — Uau, que princesas são essas? — se apoiou nos ombros de e .
— Pelo visto tem alguém mais animada ainda do que , por aqui — disse abraçando de lado.
— Dormiu com o irmão do Lewis também? — brincou, fazendo a amiga recém chegada franzir a testa, confusa.
— O quê? Eu não… — arregalou os olhos, enquanto os demais riam do comentário — Eu nem sabia que Hamilton tinha um irmão.
— Fica tranquila, amiga — risonha, a acalmou. não estava entendendo nada e, dando de ombros, pareceu não querer entender mesmo.
— E qual é o motivo de tanta animação, ? — Hamilton perguntou de seu lugar, puxando uma garrafa de água para perto.
— Estou sentindo que vou ganhar hoje — sorriu vitoriosa.
— A última vez que o Dylan disse isso, ele perdeu, então, cuidado com as palavras, — Sebastian apontou para Dylan que, estranhamente quieto, revirou os olhos.
— É meu dia de sorte, se preparem — A atriz fez uma pose de luta.
— Tomara que seja mesmo, não aguento mais perder — tímido, Ben passou as mãos pelos cabelos.
— O mundo é dos perdedores, Benjamin — levantou a mão para o ator que, entendendo o gesto, fez um hi-five com ela.
— Eu te avisei que sua participação no programa ia ser uma vergonha, Barnes — Dylan o cutucou, sem levantar os olhos de seu celular. Desde que entrou no espaço, o ator visivelmente calou-se e se fechou em seu próprio mundo, tentando distrair-se com qualquer coisa no twitter, enquanto via de relance a movimentação dos amigos ao seu redor.
— A quinta série está ligadíssima hoje — riu levemente, recebendo um beijo no ar de Dylan.

Ao longo do tempo, os dez participantes foram criando mais intimidade, estreitando os laços, se conhecendo e se deixando ser conhecidos pelos demais, como se estivessem ali, na verdade, para aquilo - e não para confeitar. Foram se sentindo mais à vontade em fazer mais brincadeiras, comentários, perguntas mais pessoais e trocar carinhos casuais, como bons amigos sempre faziam. Era como se realmente se conhecessem há anos. Entre as gravações do programa, os eventos que estavam participando e as duas “reuniões” que tinham feito na semana anterior, a conexão foi se aprofundando, se intimizando a ponto de, naquela altura, já saberem quem exatamente eram cada uma das pessoas ali, quais seus gostos e quais os seus problemas - ao menos, os amorosos.
Sem que soubessem, os momentos partilhados por eles os estavam marcando de uma forma muito positiva. Como se naquele natal estivessem ganhando de presente novos amigos para a vida, cada um deles reaprendia e ressiginificava uma série de sensações que pareciam nunca ter existido dentro deles ou estarem adormecidas há algum tempo. Não sabiam como chegariam à final do quarto desafio, ou qual dupla ganharia o programa. Mas ali, na sala, ao olhar ao redor, já não eram apenas os casuais dez participantes do Sugar Rush. Eram amigos. Cada um com seu jeito particular, com as suas manias, com seus sonhos e com suas formas de demonstrar. Se permitindo conhecer o novo e experimentar. Se permitindo saborear os melhores e mais doces sentimentos do mundo.
Da mesma forma que o amor se espalhava entre eles, a fofoca também correu rápido naquele dia. O fato de a operação “Desembucha Dylan” ter dado errada já havia corrido entre os ouvidos, passado de um a um sem maldade alguma, pela preocupação e pela curiosidade de saber se eles dois tinham, finalmente, se conversado. Nenhum deles comentou algo com ou fez qualquer piadinha com Dylan, novamente reforçando a rede de apoio incrível que eles tinham criado. Ela se sentia envergonhada por ter admitido seus sentimentos para Hamilton e e não para quem realmente queria. Ele se sentia envergonhado por ter sido covarde e não ter falado nada quando teve uma oportunidade para isso.
A escritora estava cansada daquela situação e de imaginar mil e um cenários onde pudessem ficar felizes e juntos no final. Todos eles pareciam estar frustrados. Estava exausta de esconder ou fugir do que sentia, sem entender porque não conseguiam simplesmente lidar com seus sentimentos e falar sobre eles. Tinha que relevar o que aconteceu na noite dos encontros, porque visivelmente Dylan estava bêbado, ela sabia, conhecia os jeitos dele quando o álcool entrava em seu corpo. Sabia também que o homem que ela conheceu há meses antes nunca se declararia bêbado, ainda que quisesse. Era brincalhão, de fato, mas quando se tratava de sentimentos ele não costumava brincar. O final do Sugar Rush se aproximava e, com ele, talvez, vinha o prazo para que as dúvidas que pairavam na cabeça de também terminassem.
Mas nem só de baixas se fez a noite após os encontros dos dois grupos. Hamilton e conseguiram conversar, pela primeira vez enquanto casal, sobre como entendiam relacionamentos verdadeiramente sérios, como lidavam com certos sentimentos, no íntimo. E ouvindo ela falar naquela noite, ele sentiu que tinha razão sobre tudo o que sentia por ela. tornava tudo fácil, especial, amável demais, e ele amava experimentar cada sensação que viviam juntos.
Nos quatro dias que se passaram, entre a gravação daquele dia e as reuniões, os dois não se separaram. Entre passeios casuais, drinks, filmes assistidos na casa dele e carinhos constantes, compartilhavam a intimidade de uma relação mais séria, mais permanente e estável, que pareciam começar a construir. Com a ideia de Ben passando constantemente em sua cabeça, Lewis observava como a cantora reagia às suas sugestões de encontros em Londres e, até agora, ele tinha acertado em todos eles.
Estava ansioso para dar a ela o seu presente de Natal.
E vivia algo que não imaginava viver com ele ali, naquele contexto. Estava acostumada com um Lewis tão casual e ocasional que tê-lo daquela forma, tão presente e em tantos dias seguintes, soava ligeiramente estranho. Estavam sempre em contato, era um fato. Mas nunca tiveram a chance, em função de seus trabalhos e compromissos, de passar tanto tempo juntos e, para além, nunca tinham tido a oportunidade de compartilhar um trabalho daquela forma. Estava sendo especial e muito amoroso para . Um diferente que a fazia ver o quanto era bom, que a fazia querer mais. Lewis estava mostrando um lado que ela ainda não tinha visto. Um lado sério, sereno, responsável e muito carinhoso, um homem de uma rotina apaixonada, de uma atenção inigualável e de um sorriso que a fazia sonhar.
sentia, a cada dia mais, que estava seguro sobre ter um próximo passo. Apesar de conhecer o histórico dele com relacionamentos sérios, parecia que, com ela, ele gostaria de tentar outra vez. E ela esperaria mais um pouco para ter novos sinais. Esperaria porque gostaria de dizer a ele o quanto estava disposta a, finalmente, abrir espaço em sua vida para que ele seriamente o ocupasse, em um momento tão especial quanto Hamilton era para ela.
Sem muito tempo a perder, com a maioria deles já pronta para começar, os oito participantes dispostos na sala de espera foram logo chamados para se dirigir ao estúdio principal de filmagem. Tom e já estavam posicionados em sua cozinha, com suas roupas combinando e conversando com Hunter. O casal acabou chegando mais cedo naquele dia, para tirar algumas fotos para a Entertainment, que seriam utilizadas na divulgação do programa. Apesar de nenhum dos dois gostar daquilo, tinham que usar e abusar da imagem que a mídia havia construído deles, de um casal com uma relação impecavelmente perfeita, para favorecer a audiência do Sugar Rush.
Os quatro dias que se passaram desde o último evento do grupo foi, no mínimo, estranho para e Tom. Ele percebeu que se manteve mais reclusa do que o normal, depois dos encontros com as meninas. Mas não se sentia no direito de cobrar algo dela e queria respeitar seu espaço. Pensava que, se assim como ele, elas tivessem partilhado as dúvidas amorosas, a cineasta também teve de atuar e seguir o escopo de relação perfeita que os assessores e a mídia queriam. Estava exausto de manter a pose de ator para pessoas que considerava amigas, cansado de ter que viver para agradar os outros. Apenas queria permitir-se viver o amor com ela e experimentar novamente das sensações que um causava no outro, sem questionamentos.
O fato de terem tido as conversas que tiveram com os outros participantes, de terem entendido em que ponto os possíveis casais estavam e de não terem encontrado espaço algum para pedirem ajuda sobre eles mesmos foi terrivelmente massacrante para eles. Tinham aberto mão até mesmo da liberdade de conversar sobre seus sentimentos com outras pessoas, tudo em função de uma estratégia, de suas imagens. E a pior parte era que até mesmo entre eles dois aquele assunto era um segredo guardado a sete chaves. Ficaram imersos naquela censura, na pressão de querer contar sobre o contrato aos outros, de querer dizer o que estavam verdadeiramente sentindo um para o outro, mas não encontrarem formas racionais de, nem sequer, começar aquela conversa.
se sentia incomodada com toda a situação que havia se criado e ouvindo as conversas que compartilhava com as outras meninas, se sentia aprisionada em uma grande mentira. Tinha que sorrir e ouvir os comentários sobre o quanto o relacionamento que tinha com Tom era perfeito, uma inspiração e um exemplo de casal para elas, quando, na verdade, queria gritar seus pulmões afora que aquilo tudo nada mais era do que um circo - cujo espetáculo era aquele namoro e cuja marionete era ela mesma.
O relacionamento perfeito, que, na verdade, estava bem longe disso e que, depois de quase um ano sendo gerenciado, a deixava com inúmeras incertezas. Dúvidas e inseguranças que pareciam crescer cada vez mais dentro de si conforme o fim do contrato chegava. Sem conseguir encontrar palavras para poder expressar a Tom como se sentia, a cineasta preferia calar-se, pelo menos no momento. Deixar, talvez, a maré abaixar, deixar que o silêncio fosse o melhor remédio para a bomba que poderia explodir a qualquer momento, como toda calmaria antes da tempestade.
Ainda que quisesse priorizar seus sentimentos e conversar com Tom sobre todas as dúvidas que passavam em sua cabeça, sabia que havia coisas mais valiosas em jogo. Suas carreiras, suas histórias, seus legados artísticos, trabalhos futuros e a razão de que ela havia, ao final, vencido toda a merda que a fizeram se meter nos últimos anos. Havia coisas mais valiosas do que ser amada por Tom. Tinha assinado aquele maldito contrato para conseguir “limpar” seu nome na mídia e não podia sair dele sem que os resultados fossem alcançados.
Pelo menos, era isso o que sua parte racional dizia internamente. A emocional, contudo, a fazia se sentir como uma garota indefesa e incompreendida, loucamente apaixonada, plantonicamente apaixonada, por um dos melhores homens com que ela já havia se relacionado. Talvez tudo fosse mais fácil se não tivesse sido com Tom. Talvez não teria se apaixonado se tivesse feito aquele contrato com alguém menos carinhoso, menos atencioso com ela, menos preocupado, menos divertido, menos companheiro e menos cavalheiro. As coisas com Tom a davam uma falsa sensação de verdade, uma realidade tangível, uma segurança que não estava nas cláusulas contratuais. Sempre que precisou, o homem esteve ao seu lado e nos meses que compartilharam dessa farsa já podia mais dizer o que era realmente uma farsa.
No fundo, ela sabia que só não queria que com o final daquele estúpido documento gerasse também o final da relação que os dois tinham construído. Mas aquele era um problema que pareciam não encontrar solução. E se tornou real, dois dias depois, quando as assessorias de imprensa dos dois os chamaram para uma reunião absurdamente secreta, para discutirem o final do contrato.
Com gráficos que mostraram índices de engajamento do público, aumento no número de visualizações de filmes e produções que tinham eles, vendas de revistas e peças fotográficas deles juntos, menções de seus nomes em publicações e comentários positivos por jornalistas e comentaristas importantes, a reunião foi ridiculamente indigesta para os dois. O contrato tinha dado certo até ali, estava dando a uma nova chance de recomeçar, com outros olhos do público e da crítica em cima dela, dando a Tom uma visibilidade que ele nunca teve sozinho. O número de contatos de produtores e diretores interessados no trabalho dele foi mostrado com expressividade pelos agentes e estavam tão orgulhosos daquilo, que propuseram um brinde para celebrar. tomou o champanhe com seu estômago revirando, engolindo a bebida junto com as lágrimas que sentia formarem-se em seus olhos. Aquilo tudo era monstruoso.
E o fim do contrato era parte importante da estratégia. No ápice daqueles números todos, nos pontos mais altos dos gráficos, morava a necessidade de acabar com tudo de uma hora para outra. Ao longo da história da humanidade, os seres humanos sempre foram aficcionados por tragédias e separar um casal público amado pelo mundo inteiro era um clichê que todos amavam assistir. O término, esperava-se, dobraria todos aqueles números em uma velocidade impressionante e, ao menos pelos cinco meses seguintes, aceleraria o engajamento global nos nomes deles dois. certamente seria convidada a dezenas de entrevistas, onde poderia não apenas comentar sobre o relacionamento como, principalmente, encontrar novos espaços seguros para dar seu ponto de vista no processo em que estava metida.
Tom, por sua vez, no mesmo cenário de ter que ir a público comentar o término, poderia contribuir para a imagem positiva de e, se já estava sendo vendido como um namorado dos sonhos, venderia ainda mais sua imagem sendo o galã solteiro. Tudo tinha sido meticulosamente pensado, armado e cronometrado. Sugar Rush, quando viesse ao ar, com os dois sendo uma dupla participante, seria um suspiro de saudade do casal para todos aqueles que os amavam juntos e, como o término aconteceria logo após às gravações, seria de grande interesse do público assistir, para buscar qualquer indício de que no reality aconteceu algo que os fez se separar. Uma consequência importante para os demais participantes, afinal, ganharia altíssima visibilidade pegando carona no contrato de e Tom.
E foi naquele ponto da reunião que o casal entendeu exatamente o tamanho da farsa que se encontravam. O Sugar Rush estava sendo, por debaixo dos panos, financiado por aquele grupo de agentes que trabalhavam nas carreiras de e Tom. Os participantes foram escolhidos a dedo para que também contribuíssem com a estratégia do contrato. Por isso conseguiu colocar Hamilton com tanta facilidade lá dentro. Por isso tinham , Ben e Dylan, três pessoas tão discretas e tão sem rumores quanto Tom participando, por isso tinham e Sebastian juntos, para puxar atenção do público. E por isso lá estavam também e , as únicas afastadas do mundo do teatro, que poderiam levar e influenciar as opiniões de uma imagem positiva de para fãs da literatura e da música.
Eram todos, de fato, artistas no auge de suas famas. Estavam envolvidos em novos projetos, certamente gostariam de participar para mostrar mais de si mesmos e de seus trabalhos, não havia mal algum. Mas eram, igualmente, peças de um quebra-cabeça um pouco maior que, até aquele momento, nenhum deles sabia.
Desconcertados, Tom e sequer souberam o que deveriam falar. Tiveram a certeza absoluta de que tudo aquilo tinha fugido, e muito, de seus controles e que precisam urgentemente dar um jeito de se livrar daquela merda, sem envolver mais ninguém. Era um problema deles dois. Somente deles dois. Mas não conseguiam pensar em mais nada senão que precisavam sair dali naquele momento. Os agentes estavam ainda terminando de articular uma história consistente para o término deles e, em breve, deveriam ir a público comentá-lo. Era importante que o casal estivesse se preparando para os próximos movimentos, tendo em vista que deveria voltar para os Estados Unidos, tirar suas coisas da casa de Tom, deixar de segui-lo em qualquer rede social e apagar toda e qualquer foto ou vídeo com ele. Se separariam do mesmo jeito que se conheceram: rápida, pública e intensamente.
O dilema e o silêncio os acompanhou de volta até a casa de Tom. Se seguissem com o contrato, com o término, finalizariam o que começaram, alcançando os objetivos que tinham um ano atrás e nenhuma nova polêmica seria gerada. Não haveria prejuízos senão os corações partidos. Não poderiam mais ficar juntos porque não faria sentido algum, não teria racionalidade naquilo, serem vistos juntos novamente. Mesmo que esperassem algum tempo após o término, em algum grau tudo o que passaram seria entendido pelo público como uma farsa e corriam o risco de piorar ainda mais o que estava lutando para melhorar naquele ano.
Contudo, se dissessem um ao outro o que estavam sentindo, que se amavam de verdade e que tudo tinha sido real para eles naquele ano, que não queriam terminar nada entre eles, colocariam em risco suas carreiras e o futuro breve. Os números positivos que tanto viram na reunião se estabilizariam em um ou dois meses e o público começaria a perder o interesse neles enquanto casal, enquanto artistas, por não ter mais nada de novo nele. Nesse cenário, a estratégia toda não valeria de muita coisa no final das contas, porque, sem mais novidades fortes o suficiente para afastar as polêmicas de , elas logo começariam a ser relembradas.
Entre o profissional e o pessoal, e Tom se perderam em seus pensamentos e mergulharam em uma tristeza que não sabiam se teria fim.

— Alô? Terra chamando Tom? — estalou seus dedos.
— Será que ele está morto? — de braços cruzados, Dylan perguntou baixo para a modelo, que riu.
— Ai gente, desculpa, eu acho que me desliguei por um momento — o ator desculpou-se calmo, sorrindo para ela.
— Você está bem, amigo? — perguntou preocupada.
— Sim — ele puxou uma garrafa de água na bancada onde estava — Acho que só um pouco cansado.
— É a idade — apoiado na bancada perto deles, Ben brincou — Não aguenta mais participar dessas coisas, fica relapso.
— Olha quem fala — Tom o provocou de volta — Você tem a mesma idade do que eu, irmão.
Sugar Rush terceira idade — Dylan comentou, tirando risadas dos outros três.
— Eu disse “os quatro dias que se passaram” e você entrou em transe — a modelo levantou as sobrancelhas, risonha, encarando Tom. Tinha parado ali para cumprimentar ele e , assim que entrou no estúdio com os demais e, jogando uma conversa fora com Tom, Ben e Dylan, o viu simplesmente se perder nos próprios pensamentos.
— O que aconteceu nos quatro dias que se passaram? — Tom perguntou curioso. Não tinha ouvido uma só palavra do que ela havia dito depois daquela frase.
— Fez muito frio — ela deu de ombros — Estava dizendo que não esperava que fosse nevar agora, quer dizer, ainda é começo de dezembro e eu nem trouxe roupa para isso.
— Londres é sempre esse caos — Ben comentou tranquilo, vendo e conversando felizes com Sebastian alguns metros dali, enquanto falava com e Hamilton. Tom concordou, mas antes que pudesse dizer algo, a voz de Hunter chamou atenção de todos eles.
— Já estão todos aqui, que ótimo — Hunter falou animado — Hoje nosso desafio vai ser tudo de bom, vocês vão amar.
— Lá vem — sorriu tensa, vendo a careta que Hunter fez.
— É sério, deem só uma olhada no estúdio hoje — o apresentador apontou ao redor, observando os participantes caminhar até seus lugares.

Diferente dos outros dias, o cenário estava ainda mais enfeitado, mais colorido e mais cheio de árvores de natal e neve falsa espalhados por todo o canto. Junto com eles, balões e papéis recortados em formato de estrelas douradas enchiam o ambiente e guirlandas foram espalhadas pela parte da frente das bancadas das cozinhas, com placas de madeira onde podiam ler os nomes de cada dupla. Tinham melhorado ainda mais a decoração, de fato, mas o que chamou atenção dos participantes foi o pequeno palco montado do lado oposto, de frente para a bancada dos jurados. Alguns instrumentos musicais já estavam postos ali e, assim como o resto do estúdio, placas de feliz natal, ursos de pelúcia, estrelas e mais árvores e neve falsa estavam enfeitando ali também. Algo diferente vinha por aí.

— Vamos ter um show aqui hoje? — Ben esfregou as mãos animado — De quem?
— Meu — Lewis respondeu pomposo, trazendo vaias dos demais — Quando começar a cozinhar hoje.
— Aposto que a vai cantar de surpresa — apontou uma colher de madeira para ela que, negou com a cabeça risonha.
— Se for isso, é uma surpresa até para mim — ela riu virando-se de costas, para Lewis dar um laço no avental dela.
— Fique tranquila, , hoje o show não é por sua conta — Hunter comentou animado, dançando sozinho enquanto os demais riram do jeito dele.
— Sem spoilers, Hunter — um dos produtores comentou, observando todos eles em suas marcas, atrás das respectivas bancadas das cozinhas do estúdio, terminando de vestir seus aventais de confeiteiros. Como sempre que estavam juntos ali, a energia do ambiente era ótima, divertida e muito animadora — Vamos descobrir já porque vamos começar. Prontos? — ele passou os olhos por cada dupla, as vendo assentir e confirmar com animação — Vamos nessa, então! Tomada um em três, dois, um e… — ele bateu a claquete que segurava — ação.
— Esse é o Sugar Rush de Natal, — olhando de uma câmera a outra, Hunter começou a dizer — a competição mais doce dos últimos tempos, que chega agora em seu terceiro desafio. — entusiasmados, os participantes celebraram alto — Nossos dez incríveis participantes já estão em suas cozinhas, prontos para enfrentarem uma nova etapa rumo ao prêmio de 1 milhão de dólares. Façam suas apostas, porque nós já temos os nossos favoritos da temporada.

Cortando rapidamente a fala dele, o telão que marcava o tempo abriu um rápido vídeo, mostrando que e Ben haviam perdido o primeiro desafio, enquanto e Dylan o ganharam. Na sequência, as imagens de e Lewis perdendo o segundo desafio apareceram, sendo seguidas pelas imagens de e Sebastian ganhando o desafio dos biscoitos. As reações de Adele, Barry, Hunter, Candace e Adriano provando os pratos deles passaram em flashes, enquanto a pontuação carregava.
Entre gritos de zueiras, provocações e celebrações enquanto assistiam o rápido vídeo passar, os participantes pareciam animados, prontos para mais um dia de gravações que começava. Tudo parecia tão bem e tão natural, a sensação de que aquele era um dos melhores trabalhos que tinham aceitado fazer em suas vidas. Assim que o vídeo terminou, um pequeno ranking com fotos das duplas apareceu, enquanto Hunter voltava a dizer:

— Nosso quadro de pontos considera sabor, consistência, criatividade e, o mais importante, o tempo de finalização do desafio. Por isso, não basta vencer — ele virou-se para outra câmera — é preciso também correr. e Tom lideram o ranking, quase empatados com e Sebastian. e Dylan vem logo atrás, sendo seguidos pelos empatados perdedores e Lewis, e Ben.
— Que humilhação — murmurou vendo e Lewis fazerem poses tristes do outro lado do estúdio.
— Calma, galera, porque ainda dá tempo de reverter — Hunter olhou para a atriz, positivo — O terceiro desafio começa agora e para deixar as coisas mais interessantes, sem demoras, vou já convidar nossos jurados especiais de hoje — em um clima de mistério, os demais calaram-se, ansiosos por saber quem viria aí e, torcendo, para que não fosse nenhum novo ex de alguém — pode entrar… — Hunter, então, apontou para uma das portas de entrada ao estúdio, que se abria — Coldplay.

Os quatro integrantes da banda adentraram animados o estúdio do programa, acenando para os participantes boquiabertos e surpresos em suas cozinhas. Os dez os retribuíram o gesto com palmas empolgadas, assobios e gritava animada palavras como “gostosos” e “lindos” arrancando risadas dos outros, enquanto os britânicos se posicionavam. A cantora fez uma participação especial em uma música do grupo em 2016, chamada “Hym for the weekend”, o clipe do feat entre eles já batia mais de 1 bilhão e meio de visualizações nas plataformas de streams, sendo bem recebido pelos fãs de ambos. Desde então, nunca deixou de acompanhar o trabalho dos amigos e, quando podia, gostava de aproveitar os shows deles nos Estados Unidos.
Como músico, Ben estava admirado e muito contente de encontrar com eles por ali. Tinham um nome consagrado no mercado e um bom gosto gigantesco para o estilo de canções que ele mesmo amava escrever e cantar. Como participante, ele estava emocionado de vê-los ali, porque sabia o quanto representava para sua dupla. sempre pareceu, para Ben, a personificação perfeita das músicas da banda, como se fossem palavras cantadas que emanavam dela. Ter eles ali era lindo em muitos sentidos. Feliz, ele viu , ao seu lado, parecer ter seu coração derretido feito uma calda de chocolate. O primeiro show que ela viu assim que migrou para o EUA havia sido deles e, por anos, as músicas da banda foram a companhia que ela tinha, que ela precisou para seguir em frente. Queria gritar de alegria por estar diante do Coldplay e mal podia esperar para ouvi-los cantar, se é que fossem cantar naquele dia.
Lewis já tinha feito alguns covers no piano de músicas deles e conversava empolgado com sobre isso. A cantora sabia que ele tinha dons e uma inclinação expressiva para a música, tocava instrumentos diferentes, se metia a ser DJ em lives no Instagram, gostava de ir em shows e de aprender técnicas novas, quando tinha tempo. Mas ouvi-lo falar sobre aquele tema, daquele jeito tão animado, sempre soava a ela com tanta ternura que fazia seu coração esquentar. O melhor de seus dois mundos, duas das coisas que amava na vida em conjunto.
Hamilton, por sua vez, sempre se sentia confortável em tocar naquele assunto com ela. Gostava de poder ser genuinamente quem era perto dela e gostava do fato de , sendo quem era no mundo da música, não o julgar em momento algum por suas tentativas de flutuar em uma área da qual não pertencia. Aprendeu a amar a música na velocidade que aprendeu a amar . E, embora ele nunca tenha falado abertamente sobre aquilo para ela, esperava que ela soubesse.
Tom, de seu lugar, sorria abertamente enquanto piscava forte algumas vezes, como se quisesse ter certeza de que estava realmente vendo o Coldplay ali. Costumava ouví-los quando ia viajar com , gostava da sensação amena e libertadora que fugia de seus fones ou do clima que criava no carro enquanto ele dirigia. parecia emocionada em vê-los ali. As lembranças da última vez que viajou com Tom, na primeira classe de um trem que os levou a Munique para um final de semana romântico e intenso enxugando sua mente de toda tristeza que sentiu nos últimos dias, trazendo a beleza dos olhos de Tom nela, o calor do corpo dele, a delicadeza dos toques.
Como um band-aid em um machucado, ao menos diante deles, tudo pareceu minimamente mais quente, mais ameno. não era de se emocionar fácil. Mas, repentinamente, sentiu uma vontade enorme de chorar, de implorar que aqueles dias tão bons que passou com Tom voltassem e ficassem de uma vez por toda.
Da cozinha à frente, comentava rapidamente com Dylan que já tinham sido usadas algumas músicas deles como trilha sonora de alguns de seus filmes e a cada nome de música que ela se lembrava e falava para ele, Dylan cantava performaticamente uma parte do refrão, tirando risadas altas dela. mandou alguns beijos para o vocalista enquanto Sebastian o cumprimentava de longe, satisfeito demais em vê-los ali, simpáticos ao fato de terem se encontrado com ele e sua nova namorada alguns meses atrás, quando ainda namoravam, em um restaurante na Califórnia.
De todos os convidados especiais que julgariam as provas do reality, Coldplay estava sendo, sem dúvidas, a melhor das apostas para todos eles. Havia marcações no chão para que os membros da banca se guiassem em qual lugar deveriam ficar, ao lado de Hunter, no estúdio, assim dois deles ficariam à esquerda e dois à direita do apresentador, de frente para os confeiteiros. A breve dispersão não durou muito tempo, até a voz animada de Hunter voltar a preencher o estúdio.

— É isso aí, nosso reality está cada dia melhor — Hunter riu, juntando as mãos — Bem-vindos, Chris, Will, Guy e Jonny. É um prazer ter vocês conosco nessa edição.
— Estamos animados, Hunter — Chris, o vocalista, comentou sorridente — Acho que nunca participamos de nada parecido e estar junto com essa galera aqui já está sendo incrível — os participantes aplaudiram, empolgados.
— O quanto vocês sabem sobre doces de natal? — o apresentador sorriu para eles.
— O suficiente para comer eles depois da ceia — Guy brincou, tirando risadas dos demais.
— Um pouco — Chris e Will falaram ao mesmo tempo.
— Já deve ser o suficiente para julgar o desafio de hoje — risonho, Hunter bateu uma palma, virando-se de frente para uma câmera — Como toda boa noite de Natal termina com uma farta mesa de doces, vamos montar nossa própria mesa hoje! — ele seguiu explicando, intercalando seu olhar das câmeras para os participantes que, por um instante, pareciam tensos, prestando atenção nas instruções que viriam a seguir — Por isso, nosso desafio de hoje é entregar uma sobremesa típica do Natal, como se fossem vocês quem estivesse montando essa mesa farta.
— Parece fácil demais — Sebastian gritou de seu lugar.
— Como quiser, Sebastian — Hunter riu, ouvindo os outros reclamarem com ele por ter comentado aquilo — Para deixar tudo mais interessante por aqui, cada dupla tem um envelope em sua cozinha e dentro dele há o nome de uma música do Coldplay, escolhida a dedo por nossa produção para vocês.
— É isso aí — o vocalista da banda completou, animado, seguindo o roteiro — Vocês terão que fazer a sobremesa de natal inspirados de alguma forma nessa música.
— Ai meu Deus — soltou tapando a boca, torcendo para pegar alguma música que ela ou Tom conheciam. Ben e celebravam animados as regras do desafio, como bons fãs da banda, enquanto parecia feliz demais em poder, finalmente, usar a música a seu favor naquela competição.
— E, não para por aí: enquanto estão preparando os doces, contaremos o tempo com um show ao vivo da nossa banda aqui — Hunter gesticulou — Vocês terão uma hora exata, quinze músicas, entre elas as que vocês terão que se inspirar.
— Por isso é importante que vocês prestem atenção não apenas nos doces, mas também no show, — Chris Martin continuou explicando — porque não vamos contar o tempo no relógio hoje.
se fodeu — Ben a provocou — Não consegue fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, ou vai cozinhar ou vai ver o show.
— É para isso que estamos em dupla, se liga, Benjamin — ela apontou de volta para o amigo, que riu.
— Todos entenderam o desafio da vez? — Hunter perguntou uma última vez, os ouvindo confirmar.
— Doces de natal e inspirados nas músicas dos envelopes — Tom repassou pensativo.
— E o tempo sendo contado pelo show — completou.
— Exatamente! Vou pedir aos meninos que se dirijam ao palco, por gentileza, enquanto isso, as duplas podem abrir seus envelopes — o apresentador apontou para o outro lado do estúdio, exatamente de frente para onde ele estava. A banda rapidamente foi até lá e se posicionou, com seus instrumentos — e revelar as músicas que têm com vocês.

Rapidamente, animados, cada uma das duplas abriu o seu respectivo envelope. Em um papel de carta dourado metalizado com apenas o nome da música escrito em vermelho e preto, cada um deles leu em silêncio e celebrou entre si, na dupla, pensando em como poderiam usá-la e qual sobremesa deveriam fazer.

e Hamilton, o que vocês têm aí? — Hunter os olhou.
Charlie Brown — a cantora respondeu animada, mostrando o cartão para a câmera. Lewis celebrou, amava tocar ela em seu piano.
— Uma música animada e festeira como você e Lewis — o apresentador brincou — e Ben, vocês estão com qual?
Magic — assim como fez, Ben virou o cartão para a câmera, sorridente. Amava aquela música.
— Romântico, combina com vocês dois — Hunter brincou, vendo eles sorrirem tímidos, sem se encararem — e Dylan, o que vocês mandam?
A Sky Full of Stars — a escritora respondeu, balançando seu envelope em mãos.
— Ai que fofos — gritou de seu lugar, as mãos nas bochechas. tentou ignorar o comentário.
— Aproveita a deixa, Maze Runner — Lewis entrou na provocação, atraindo risadinhas dos demais e um olhar reprovador de Dylan.
— Eles são bem eufóricos, só ignorem — Hunter comentou com a banda, que riu — e Tom, o que temos com vocês?
Something Just Like This — ela respondeu prontamente, com um Tom sorridente ao lado. engoliu a emoção de terem tirado, justamente, uma das músicas da playlist de Tom para eles.
— Intensa, acho que ficou ótima com vocês — Hunter brincou novamente e, por fim, virou-se para a última dupla — e Seb, qual é a música de vocês?
Adventure of a Lifetime.

Sebastian ouviu responder o mais feliz que poderia, mas sabia que ela também se lembrava. Como se tivesse sido de propósito, tinham ficado com a exata música que ele se lembrava de tocar ao fundo do bar enquanto conversavam, quatro dias atrás, na noite em que ficou apenas ele e ela no bar do hotel. A bebida corria pelo sangue dele, já tinha perdido as contas de quantos copos de whisky havia tomado. A conversa com os meninos o fez ficar extremamente pensativo, as palavras de Dylan ecoavam por sua cabeça repetidamente “Acima de tudo isso, vai precisar estar lá por ela, em todos os momentos, sendo não o Sebastian Stan, ator, famoso, gostoso, mas só o cara por quem ela se apaixonou”.

— Dou uma moeda pelos seus pensamentos — quebrou o silêncio sentando ao lado de Sebastian no bar, repentinamente. Tinha reparado que só tinham ficado os dois ali, depois que e Ben foram embora e, sem perder tempo, talvez pela confiança que a bebida a dava, decidiu ir até ele. O ator gostou do fato dela ter dado o primeiro passo, não sabia se seria capaz de realizar tal ação sem fazer algo estúpido por conta do álcool ou pela vergonha. O receio de que ela não gostasse de algo que ele fizesse era maior do que qualquer coragem de fazer, que ele poderia ter.
— Só uma moeda? — Ele respondeu arqueando as sobrancelhas, igualmente como tinha feito na noite em que passaram juntos em Milão. A modelo riu com a fala dele. As memórias invadindo a cabeça dos dois.
— No momento, é o que tenho a oferecer — puxou os forros dos bolsos de seu roupão, mostrando que não tinha nada lá — É pegar ou largar.
— Vou aceitar porque, pelo menos, você vai pagar algo — ele riu — Ainda que seja pouco.
— De onde veio a ideia de fazer o Dylan vir até a nossa reunião? — perguntou sentando-se ao lado dele, no sofá do bar, dando um gole em sua bebida.
— Culpado — Sebastian apontou para si próprio — Incentivei ele a fazer isso, para que aproveitasse do álcool para finalmente falar algo para . Os dois deixam tudo parecendo uma comédia romântica mexicana.
— Ah, nem vem Sebastian — balançou o indicador em negação — Dylan consegue ser um banana às vezes. Fica reforçando por aí que os dois não tem nada.
— Ei, vou defender o garoto. — Sebastian arrumou sua postura — Ele vive de brincadeira, mas é tímido pra caralho para se abrir. E você também tem que dar um desconto, porque não é fácil admitir que é apaixonado por alguém.
— Eu acho fácil, ainda mais no caso dos dois, em que está na cara que eles se gostam — ela deu de ombros.
— Se eu dissesse aqui e agora que ainda sou apaixonado por você, qual seria a sua reação? — ele questionou com os olhos fixos nos da modelo.
— Nosso caso é diferente, você sabe — nem pareceu se abalar com a confissão, embora tenha se remexido em sua cadeira — Nós tivemos uma história… temos um passado juntos — fez uma pausa — Eles estão construindo algo novo ainda, que pode ser especial e evoluir para mais.
— Mas, em alguns casos, o final não quer dizer que tudo acabou — Sebastian continuou sugestivo. Parecia querer mesmo entrar naquele assunto com ela.
— Do que você está falando, Sebastian?
— Nada não — ele bebeu um gole de seu uísque — Só pensei alto.
— Pensou alto? Você sabe que eu não caio nessa, não é? — revirou os olhos — Se quer falar algo, então fale logo, homem!
— Já adianto que se eu falar algo que você não quer ouvir, pode simplesmente ir embora, certo? — ela confirmou com a cabeça apreensiva — Ok, vamos lá. Na verdade, não sei por onde começar sem parecer um palhaço total — seus olhos azuis ainda mantinham-se presos nos dela — Não queria que tivéssemos chegado ao fim, .
— Sebastian, nós já conversamos sobre isso, mais de uma vez — A modelo respondeu triste. Não queria voltar naquele assunto, tudo parecia minimamente bem entre eles naqueles dias, não podiam só manter daquela forma?
— Por favor, só deixa eu terminar — ele aproximou-se ligeiramente dela, inclinando seu tronco para frente — Conversando com os caras hoje, percebi ainda mais o quanto fui um banana na nossa relação — ela riu leve — Devia ter lutado mais por nós, pelo nosso amor e para que déssemos certo. Ter demonstrado o quanto você e a nossa relação significaram e… significam ainda para mim — suas mãos soavam — Eu sei que você me disse várias vezes o que te incomodava, mas eu não tirei os olhos do meu próprio umbigo e, ainda que seja tarde demais agora, quero dizer o quanto acredito muito no seu trabalho, mas, principalmente, acredito em você, no seu potencial, na sua índole e no seu profissionalismo. Nunca quis te resumir a apenas minha namorada. Peço desculpa em quantas línguas for preciso, só para ganhar uma nova chance de poder reconquistar você.
— Talvez você precise de bem mais do que uma chance dessa vez — cansada, sentindo o sono chegar, se levantou do sofá e se afastou dele, virando-se para o garçom, sem olhar diretamente para Sebastian — Esse pode pôr na conta dele — apontou para o copo.
— Você, mais do que ninguém, sabe que sou insistente — ele gritou para a modelo que estava saindo do bar e acenou um tchauzinho de costas para ele.

Sebastian piscou algumas vezes, afastando de si os pensamentos que teve, todas memórias da conversa. Não era tempo nem lugar para ficar relembrando daquilo, estava no meio de uma gravação e no meio de uma competição. Certamente teria tempo para refletir depois. Como sempre, parecia inabalada com aquele fato e seguia lindamente focada em organizar os utensílios da cozinha que precisariam utilizar. Sebastian não soube dizer por quanto tempo ficou imerso em seus pensamentos, encarando o envelope com o nome da música em mão, mas soube que perdeu completamente o final da fala de Hunter.
Ao redor dele, nas outras cozinhas, as demais duplas conversavam baixinho, tentando refletir sobre qual sobremesa fariam e como usariam as músicas para inspirá-las. Coldplay tinha acabado de começar a tocar e Clocks inundava o estúdio, criando um clima festivo, muito gostoso e com um toque natalino.

— Já pensou em algo? — Seb perguntou para , que ia de uma lado a outro na pequena cozinha, em busca de tudo que eles precisariam.
— Já — ela parou por um segundo, sorrindo para ele — Na sua sobremesa de natal preferida.

Ele pareceu surpreso por um segundo. não era de dar o braço a torcer, não faria aquilo, se é que aquilo pudesse realmente significar algo, assim do nada. Estava pensando em algo sobre ele? Estava considerando fazer a sobremesa preferida dele? Sebastian não sabia se aquilo era algum tipo de teste ou não, mas certamente pensou que valeu a pena ter tentado falar com ela da última vez que se viram. Como uma flor que ele esperava brotar novamente em breve, a semente, ao menos já tinha sido plantada.

— Vai combinar com a música — ele concordou tímido, sorrindo de volta. Ela não tinha se esquecido de nenhum dos detalhes dele.
— Nós combinamos com a música, Seb — a modelo comentou sincera, suspirando — Estamos aqui mais uma vez e se só temos essa vida e essa aventura,— ela riu leve sendo acompanhada por ele, usando um trecho da música em sua fala — então, eu quero compartilhar ela com você.
— Fã de Coldplay? — ele perguntou risonho, achando fofa a fala dela.
— Desde quatro dias atrás — ela piscou para ele e seguiu seu caminho até a geladeira, para pegar os ingredientes da torta que fariam. Sebastian sentiu seu coração parar um segundo. o mataria, certamente, qualquer hora dessas.

Da cozinha ao lado, e Lewis discutiram rapidamente o que poderiam fazer e apertaram o botão central da bancada, como Hunter os havia instruído. Como dessa vez os convidados especiais estavam tocando, não poderia passar por cada uma das cozinhas para entender o que eles fariam. Dessa forma, o combinado foi que cada dupla apertasse o botão central assim que tivesse decidido qual seria a sobremesa e contasse aos demais o que preparariam.

— Manda a ver, — Hunter apontou para eles, sorridente.
— Para o desafio de hoje vamos fazer brownies, — ela começou a dizer, atraindo atenção dos demais — porque é uma das sobremesas preferidas dos nossos natais em família.
— E vamos usar o efeito glow in the dark que aparece no videoclipe de Charlie Brown, a música que tiramos, como referência — Lewis completou animado — A ideia é confeitarmos os brownies com as cores das luzes de natal, usando tinta de confeitos neon.
— Também vamos entregar os brownies em formato de bolinhas, como se fossem bolas das árvores de natal — gesticulou.
— Verdadeiros Charlie Brownies — Hamilton falou alto, fazendo um trocadilho entre a sobremesa e a música, tirando gargalhadas e bufadas dos demais — Quero ver vocês baterem essa — competitivo, Hamilton apontou para os demais. Apontando de volta para ele, igualmente competitiva, apertou o botão da bancada dele.
— Então, escuta só a nossa ideia, Lewis: Something Just Like This conta a história de um menino, criança, que sonha em ser um super-herói — ela começou a dizer, e logo foi completada por Tom, ao seu lado:
— Por isso a nossa sobremesa vai homenagear as nossas próprias infâncias e vamos fazer o sorvete que costumávamos comer só no natal.
— Um sorvete bem cremoso de casca de hortelã-pimenta e creme — fez uma cara de superioridade para Hamilton, que deu de ombros.
— Guarda um pouco para mim, eu amo esse sorvete — ele pediu, tirando uma risada alta da , que pegava alguns ingredientes.
— O nível está alto por aqui hoje — Hunter comentou empolgado.
— Espera só até ouvir e Ben, aí o nível começa a cair — Dylan os provocou de sua cozinha, fazendo o casal de amigos o fumegar com os olhos, boquiabertos.
— Lança a sua ideia, então, Teen Wolf — Tom pediu de seu lugar, assistindo o outro ator cheio de cerimônias apertar o botão de sua cozinha.
— Parem todos o que estão fazendo para ouvir a grande ideia que temos — ele então fez uma reverência, para que começasse a dizer. Ela riu.
— Vamos usar a própria letra de A Sky Full of Stars como inspiração e, para nosso natal, vamos levar um cheesecake de Creme Brulée em formato de estrela — ela contou.
— De estrela igual a do topo de árvore de natal, importante ressaltar — Dylan apontou para Tom, que negou com a cabeça rindo.
— Eu amo cheesecake — gritou de seu lugar, feliz.
Essa era a ideia genial? — perguntou com desdém.
— Pegaram uma música tão boa para… isso? — no mesmo tom de voz de sua dupla, Ben os encarou. fazia um sinal de “te pego na saída” para eles, enquanto Dylan revirava os olhos forçadamente.
— Conta a ideia de vocês, então — sem conseguir segurar a risada, no maior estilo inimigos do colegial, Dylan tentou falar.
— Segura essa — Ben apertou o botão da cozinha deles, indicando que seria a vez deles contarem sobre sua sobremesa.
— Temos Magic como inspiração e o clipe dessa música, que nós amamos, conta a história de uma mulher que trabalhava com mágica em um circo. — docemente, começou a explicar, gesticulando — O vídeo é todo em estilo de cinema mudo e em preto e branco.
— Por isso, para a sobremesa, vamos apostar em um Fantasy Fudge, que é bem comum nos natais dos americanos — com o peito estufado, orgulhoso daquela ideia, Barnes completou.
— Para remeter a magia, vamos fazer um recheio surpresa, que vocês só vão descobrir na hora, comando a sobremesa — a atriz voltou a dizer, sorrindo abertamente, deixando Ben finalizar:
— E cobrir ela com com cookies de chocolate e baunilha, para dar o efeito preto e branco do clipe.
— Amigos, essa foi muito boa — Lewis teve que admitir. Ben e eram bons em prestar atenção nos detalhes das coisas, mandavam bem quando tinham que ser criativos de alguma forma. Queria manter amizade com eles, podia usar aquele dom para presentes de aniversário quando precisasse.
— Têm algo a dizer, Dylan e ? — Hunter perguntou os provocando, mas o casal deu de ombros, fingindo nem se abalar de propósito, entrando na brincadeira. Não dariam o braço a torcer nem demonstrariam que tinham gostado da ideia dos amigos.
— Nada a dizer.
— Também não.
— Certo, então, boa sorte a todos com suas sobremesas — o apresentador, então, virou-se para e Seb, que já batiam alguns ingredientes — Acho que só falta sabermos a ideia de vocês agora. Já têm algo em mente?
— Sim, Huntie — respondeu feliz, chacoalhando os ombros — Como temos Adventure of a Lifetime de inspiração, também achamos legal usar alguns elementos do clipe.
— E nele temos macacos como personagens principais, em uma floresta, tudo muito tropical e aventureiro — Sebastian completou a explicação que tinha ouvido de Bruno minutos antes, enquanto os demais apresentavam — Por isso vamos fazer a tradicional torta de abóbora de natal.
— Mas também com recheio de banana — a modelo fez um hi-five com o ator ao seu lado — e com uma cobertura de maçã e canela quentes.
— Parece delicioso — Hunter os parabenizou.
— E vai ficar, pode apostar — Sebastian piscou para ele e logo voltou sua atenção para a cozinha ao seu redor.

Animados entre conversas, sons de batedeira, de utensílios caindo ao chão e risadas, os participantes realizavam o passo a passo de suas receitas com direito a trilha sonora especial. As duplas se dividiram para que um deles ficasse sempre prestando atenção nas músicas do setlist escolhido pela banda, assim conseguiriam analisar quanto tempo ainda tinham para terminar as sobremesas. Ben e , os cantores do grupo, às vezes se empolgavam com as músicas e cantavam junto, desconcentrando e Lewis, que tentavam seguir suas atividades sem se importar com os arrepios e os corações acelerados de ouvi-los cantar tão perto e, às vezes, diretamente para eles. Enquanto isso, os demais, vez ou outra, dançavam entre um ingrediente e outro. Diferente dos outros desafios, aquele parecia mais natural, mais leve e festivo. Talvez porque já estivessem mais próximos uns dos outros, talvez porque todo o cenário e música davam uma energia tão boa, como nenhuma outra.
Coldplay tocou quinze das músicas mais conhecidas de sua discografia e, passando por cada uma das cinco canções escolhidas para inspirar as sobremesas, dedicavam elas as duplas que as tinham pegado. Com todos eles correndo contra o tempo, tentando terminar os doces o mais rápido que podiam para acumular mais pontos, lamentaram não terem paz para aproveitar exclusivamente o show, mas foi lindo e muito bom enquanto durou. E uma a uma as duplas foram finalizando suas sobremesas, pressionando o botão no centro da bancada, organizando as cozinhas e celebrando, entre si, a finalização de mais um dos desafios.

— Tempo esgotado, pequenos gafanhotos da culinária — Hunter anunciou para os participantes — Não estávamos nada mal de trilha sonora, hein? — completou a fala.
— FOI PERFEITO — gritou contente, juntando as mãos em um movimento fofo, e logo se virou para a banda, sorrindo emocionada — Muito obrigada.
— Nós quem agradecemos — Chris respondeu à ela em seu microfone, igualmente sorrindo.
— Quero ver o próximo desafio superar esse — Ben concordou, aplaudindo a banda junto com os demais.
— Impossível — estava apaixonada pelo momento. Foi pega de surpresa com a presença do Coldplay ali e, sem dúvidas, para ela, foi um dos melhores momentos do programa.
— Sou obrigada a concordar com todos vocês. Vou pegar a lista das músicas para basear o meu novo livro — disse animada.
— Podemos fechar essa parceria. Tenho certeza que vai ser sucesso — Chris Martin rebateu a escritora.
— Só se puder dirigir o filme, se não parceria cancelada — Foi a vez de se manifestar.
— Temos trilha sonora, roteiro, direção e um elenco de peso — simpático, o vocalista apontou respectivamente para , e, então, para , Ben, Tom, Dylan e Sebastian, virando-se para pode nos ajudar com figurino — a modelo concordou sorrindo — mas não tenho nada a oferecer a Lewis, foi mal — Hamilton pareceu chateado, tirando risadas de todos.
— Já estamos fechando novos contratos neste programa — Hunter afirmou — Mas, vamos ao que realmente interessa: as sobremesas. A ordem de degustação será a mesma de que vocês anunciaram o nome da música sorteada, começando, então, por e Lewis. Peço aos rapazes do Coldplay que se juntem a nós, para a melhor hora desse reality.

Ansiosos, pela primeira vez parecendo que todas as sobremesas tinham dado certo, os dez participantes assistiram Hunter e os membros do Coldplay, que, por serem uma banda inteira, substituíram Candace e Adriano naquele episódio, provando cada uma das sobremesas individualmente. Simpáticos, Chris, Guy, Will e Jonny comentavam o que estavam achando de cada sobremesa com os participantes, perguntando algumas coisas ou só fazendo brincadeiras. O mesmo clima descontraído e leve do tempo de prova permaneceu ao longo da degustação.

— Rapazes, vocês podem anotar nas fichas que estão recebendo da produção, quais foram as suas sobremesas preferidas, em ordem — Hunter os instruiu, vendo alguns assistentes do reality os entregar a ficha de sempre e canetas — Vamos dar alguns minutos para que vocês pensem e avaliem e após isso, vamos ver os resultados. Queremos também que vocês comentem o porquê de ter escolhido a sobremesa vencedora. Enquanto a decisão acontece, peço que as crianças se comportem para não atrapalhar os convidados na avaliação — Hunter explicou.
— Sim, capitão — Lewis bateu um continência.
— Qual a parte de se comportar você não entendeu, Hamilton? — debochava do piloto.
— Estou ansioso — ele deu de ombros, olhando a amiga, imitando a fala dela mais cedo, em seguida: — Estou sentindo que hoje é meu dia.
— É sim, — Dylan se intrometeu — o dia de você ser eliminado do reality.
— Espera só mais alguns minutos e você verá — o piloto gesticulou — A verdade sempre vence.
— Se a verdade sempre vence não sei, mas por aqui já temos um vencedor — Hunter puxou novamente a atenção para ele. Todo episódio tinha que fazer isso, aquela era, definitivamente, a turma mais animada que já tinha passado pela história do Sugar Rush — Como estamos por aí, rapazes?
— Tenho meu voto — Chris o entregou a ficha.
— Eu também — Will fez o mesmo e em, seguida, ouviu Guy dizer:
— Não vou dizer que foi fácil escolher, mas aqui vai.
— Acho que decidi também — Jonny finalizou seu voto e, entregando a ficha para o apresentador, acompanhou ele contabilizar os votos por um momento.
— Ótimo, como nossa tradição aqui no programa, vamos começar anunciando os perdedores — Hunter deu uma olhada na ficha, ouvindo os participantes baterem as mãos nas bancadas, como se rufassem tambores. Ele riu — Sem mais delongas, hoje quem perde a prova são vocês, — ele fez um suspense breve — Sebastian e .
— Eu não acredito que perdemos — comentou alto, incrédula.
— Isso está errado, não é possível — Sebastian insistiu, mas logo riu dos demais celebrando ao redor deles. Tinham zero maturidade para uma competição.
— Convido vocês a virar a torta de ponta cabeça — Hunter aproximou-se deles, segurando a risada.

Estranhando o convite, Sebastian virou o pedaço maior da torna com um garfo, ouvindo a gargalhada alta de assim que viu a situação: completamente torrada, preta, esfarelada, tinham deixado queimar muito o fundo inteiro da massa e nem tinham se dado conta disso. Com a mistura dos aromas dos doces no estúdio, nem mesmo cheiro de queimado a dupla percebeu. Um verdadeiro desastre culinário.

— MENTIRA — gritou.
— Como a gente não viu isso? — o ator perguntou risonho.
— Estava no fundo — ele deu de ombros rindo — Sei lá.
— Pois é, mas a fatia toda estava com gosto de queimado — o apresentador afirmou triste.
— Eu sinto muito, pessoal — Chris lamentou, indo em direção a eles com os braços abertos — Vem cá — ele então os abraçou, os dois ao mesmo tempo — Foi uma aventura de uma vida comer essa torta, obrigado pela homenagem — com um trocadilho da música, eles riram alto.
— Pelo menos a gente ganhou o último — comentou se separando do abraço, tentando se consolar e consolar Sebastian, que concordou.
— E podemos ganhar o próximo — Seb completou alto, para que todos os demais o ouvissem.
— Não vamos ficar ansiosos, ainda temos que anunciar as classificações das próximas duplas — Hunter voltou a olhar para a câmera — Seguindo a ordem crescente, em penúltimo lugar temos Dylan e , com o cheesecake de estrela.
— Que parece não ter brilhado hoje — Ben comentou despretensiosamente, levando uma careta de .
— Vocês não sabem apreciar uma boa sobremesa, não tem outra explicação — Dylan comentou encarando os membros da banda, que riram.
— Ficou parecendo uma estrela do mar, na real — comentou de sua cozinha, dando uma olhada pelas pontas dos pés no prato deles. Os outros riram baixo.
— E continuando nosso ranking, em terceiro lugar, e Lewis, com Charlie Brownies — Hunter apontou para eles, dando alguns passos para próximos do casal
— Se fosse pelo nome da sobremesa, vocês seriam os primeiros — o vocalista da banda brincou, rindo com os demais.
— Concordo com o Teen Wolf, isso aqui está cheio de mal apreciadores da arte da confeitaria — o piloto apontou para o prato com os brownies — Olha que coisa linda, como não vencemos?
— Aceite a derrota, meu amigo — Sebastian foi de sua cozinha até a dele, abraçá-lo.
— E aceite que você não nasceu para isso, ok? — apertou as têmporas.
— Não destrói os sonhos dele — o defendeu, abraçando o piloto do outro lado em que Sebastian o abraçava, como se tivessem formado um sanduíche. riu da cena, com um Ben negando com a cabeça ao lado.
— E falando em sonhos, estamos prestes a descobrir qual dupla de hoje fez a sobremesa de natal dos sonhos! Será que finalmente e Tom saíram do quase ou e Ben finalmente levaram a melhor? — Hunter perguntou diretamente para a câmera.
— Não queria deixar ninguém com medo, mas hoje é meu dia de sorte — deu de ombros.
— Se controla, riu — É a sua primeira vez no top 2, não se acostuma.
— Pelo jeito você está acostumada a estar em segundo lugar, né, ? — Ben respondeu, defendendo sua dupla.
— Ih, pesou o clima — Chris debochou dos participantes.
— Mandou bem nessa, Nárnia — Lewis gritou de sua cozinha.
— Até você se rebelando contra mim? — A cineasta colocou a mão no peito fazendo sua melhor expressão ofendida e virou-se para o amigo — Você está vendo isso, Tom?
— Deixa eles contarem vitória antes da hora, meu bem — Tom passou os braços pelos ombros de — Os últimos serão os primeiros.
— Falando em primeiros lugares — Hunter olhou novamente para a ficha — A sorte de principiante é realmente verdadeira — fez uma pausa dramática — Parabéns, e Ben, vocês são os vencedores do terceiro desafio do Sugar Rush.
— EU DISSE QUE ERA MEU DIA DE SORTE — gritava animada, dando um abraço feliz e apertado em Ben, que retribuiu da mesma forma, sorridente com a reação da dupla.
— EU NÃO ACREDITO — Ben respondeu rindo surpreso, soltando sua dupla do abraço, mas mantendo sua mão dada com a dela.
— CHUPA, DYLAN! EU DISSE QUE VENCERIA — brincou vendo o amigo levantar, discretamente, seu dedo do meio em direção a ela, mas riu em seguida. Se escondendo levemente atrás de Ben, ela abraçou carinhosamente o braço dele, cuja mão estava trançada com a dela.
— Essa garota se acha, né? — brincou rindo, aplaudindo o casal vencedor — Hunter eu não aguento mais o segundo lugar, faz alguma coisa.
— Isso não depende só de mim, . Apenas de você, sua dupla e seus dons culinários — Hunter respondeu dando de ombros.
— É, Tom, vai ser difícil ganharmos se depender dos meus dons culinários — o casal riu.
— Chega de chororô, porque hoje nós vencemos — Ben falou e, na empolgação do momento, abraçou de lado — Somos os melhores nas referências musicais.
— Com certeza! A combinação da receita de vocês com a música casou perfeitamente como se fosse uma boa melodia — Chris apontou para o prato da dupla e, aproveitando a proximidade, pegou mais um pedaço do chocolate deles.
— O Fudge está perfeito, crocante por fora e cremoso dentro, derretendo na boca — Hunter comentou — Parabéns, pessoal. Uma pena Adriano e Candace não estarem aqui para provar isso hoje.
— E o recheio surpresa de creme de pimenta foi realmente mágico — Guy parecia impressionado — Acho que quero a receita.
— Infelizmente não podemos passar, porque é uma receita milenar e secreta — brincou, tirando risadas leves dos demais.
— Obrigado por dar a Magic um sabor tão especial — Com uma mão no coração e olhando o casal vencedor, Chris voltou a dizer animado, ouvindo os demais aplaudirem. Tinha amado — Tudo de vocês combinou perfeitamente.
— Sempre soube que os dois combinavam — Lewis disse provocativo de sua cozinha.
— Inclusive, fora da cozinha — completou, os cutucando.
Principalmente fora dela, eu diria — Tom entrou na brincadeira de constranger o possível casal, e soltou uma gargalhada vendo os rostos de e Ben mais vermelhos do que a decoração de natal do estúdio. Sem que pudessem continuar aquela discussão, Hunter voltou a dizer, finalizando o programa em seguida.
— Temos nossos vencedores — a câmera focou em e Ben, que fizeram uma pose vencedora — e temos nossos perdedores do dia — a câmera foi, então, até e Sebastian, que fingiram chorar — e com isso finalizamos o terceiro episódio do reality mais doce desse ano, o nosso — Hunter fez uma pausa enquanto a câmera abria e, então, todos gritaram ao mesmo tempo — SUGAR RUSH DE NATAL!
— Gente, eu não aguento mais falar isso — brincou na sequência.

riu do comentário que fez e, assim que ouviu o produtor gritar “corta”, puxou seu celular do bolso de sua calça. Queria tirar algumas fotos da sobremesa caótica que ela e Seb fizeram, para postar zuando depois, em suas redes sociais, quando o episódio fosse liberado no Netflix. Os demais juntavam-se ao centro do estúdio conversando animados, enquanto se despediam do Coldplay e de Hunter. Distraída, contudo, ouvindo a conversa ao seu redor, ela acabou abrindo o Instagram, para checar o engajamento da foto que postou mais cedo naquele dia, que tirou com Tom, Dylan e Ben. Bastou alguns segundos para o aplicativo atualizar e logo a primeira postagem que viu fez seus olhos se arregalaram e seu coração parar de bater por um segundo.
Acompanhado por uma foto romântica, nem tão recente, de Tom e na praia e por uma imagem, na sequência, de um documento supostamente assinado pelos dois, o pequeno texto dizia:

@Dailymail: De acordo com informações disponibilizadas por um insider da agência de imprensa de , o relacionamento entre ela e o ator Tom Hiddleston não passa de uma farsa. O contrato teria sido estabelecido para que todos, inclusive seus fãs, acreditassem no suposto relacionamento perfeito com o britânico. Com isso, a cineasta usaria da fama de um dos queridinhos da Marvel para limpar sua imagem, que, como é de conhecimento de todos, não é das melhores.
Pobre Tom, acostumado com as temperaturas geladas de Londres, não percebeu que estava entrando em mais uma fria.

Confira o documento, enviado com exclusividade ao Daily Mail, e toda a matéria com falas diretas da fonte, em nosso site.

— AI. MEU. DEUS. — segurando o celular com tanta força que poderia quebrá-lo, soltou mais alto do que o esperado.


A briga.

⭐🎄⭐


— O que aconteceu? — Sebastian perguntou preocupado, a expressão surpresa de chamando atenção de todos os demais, que se calaram.
— Nada — ela olhou a tela do celular mais uma vez, desesperadamente indo denunciar a publicação, como se aquilo fosse o suficiente para sumir com a informação. Em menos de quinze minutos, quase um milhão de pessoas já tinham curtido e se recusava a ver os comentários que, naquela altura, deveriam estar acabando com e Tom. — Não foi nada, eu só… — ela olhou de Sebastian para , poucos passos de onde ela estava — Acho que deveríamos voltar para o hotel.
— Mas já? — Dylan estranhou o tom de voz da modelo.
— Coldplay já foi embora, Hunter já foi se trocar, acho que deveríamos fazer o mesmo — a modelo tentou parecer casual.
— Ia sugerir tomarmos um café antes — deu de ombros. Ben e Lewis se entreolharam, achando toda aquela conversa repentina, no mínimo, esquisita.
— Podemos tomar no hotel, — insistiu, sua voz um pouco apressada demais, um tanto desesperada — ou ficar na piscina. Está ótimo para passarmos o dia descansando na piscina. Está -5ºC lá fora, piscina aquecida e longe de todo e qualquer movimento é tudo o que precisamos.
— Gostei da ideia — deu de ombros, concordando com a amiga.
— Você está bem, ? — se aproximou dela, preocupada, mas a vibração constante de seu celular no bolso de seu avental chamou sua atenção.
— Estou bem, sim — sorriu tentando parecer casual, observando a atriz próxima de si pegar o celular. abriu o aplicativo de mensagens e foi direto para a conversa com Noah, seu agente, que enviou duas vezes seguidas “apague o stories que você postou com , agora”. Sem que desse tempo dela perguntar o por quê, a mensagem seguinte foi o link de uma notícia que sequer precisou abrir. A manchete dizia: “ e Tom Hiddleston, considerados o casal perfeito, enganam o mundo com um relacionamento falso, por contrato, há um ano”.
— O quê…? — confusa, em um sussurro, olhou para que, discreta, negou com a cabeça — Ir para o hotel é ótimo, vamos logo — a atriz forçou um sorriso e deu passo com sentido a porta do estúdio, mas a voz alta de as fez parar:
— Isso é ridículo, que mentira — sem disfarçar a reação surpresa, a cantora riu baixo, com seu celular em mãos.
— Gente, o que está acontecendo? — foi a vez de Ben perguntar, curioso. Seus olhos passaram pelas pessoas ao redor, até encontrar os de que, com um gesto fofamente discreto, pediu que ele olhasse o telefone. Tinha acabado de encaminhar a notícia que recebeu de Noah para ele, por mensagem.
— Qual é o mistério, Scooby-doo? — Lewis riu baixo, dando uma espiada no celular de , por cima do ombro dela, mas, como um doce que derretia, seu sorriso logo se fechou.

Nenhum deles, contudo, teve a chance de explicar, porque no segundo seguinte, os celulares de e de Tom começaram a tocar alto, recebendo chamadas telefônicas ao mesmo tempo. Os demais, curiosos em saber o que acontecia, também recorreram aos seus aparelhos celulares e, rapidamente passando por suas redes sociais ou recebendo a notícia de seus agentes, receosos de que a proximidade com o casal polêmico pudesse resultar em alguma negativa para as imagens de seus clientes, entenderam, finalmente, o que acontecia ali. Assim como , e Sebastian acharam que aquilo tudo era mentira, um rumor maldoso. Ben, que lia a notícia encaminhada por , não teve reação alguma, dividido entre acreditar que aquilo era ridículo e em aceitar que, conforme via, havia o documento assinado pelo casal, em anexo a notícia.
Lewis e , as únicas pessoas que sabiam da verdade, pareciam atônitos. Seus olhos se dividiam entre as telas de seus celulares e e Tom, esperando por qualquer que fosse a reação deles. Sabiam que aquele não era o movimento certo, nem a hora certa, para tudo aquilo ter acontecido. Era uma baita de uma bomba, uma merda que foi despejada no ventilador e que traria consequências terrivelmente profundas para eles e para suas carreiras. Aquilo, definitivamente, não poderia ter acontecido. Sentindo seus corações acelerarem ligeiramente, preocupados com os amigos e com o que viria a seguir, eles apenas esperaram, perdidos, sem saber o que deveriam fazer.
não atendeu a ligação. As centenas de milhares de notificações que estava recebendo sem parar a assustaram e não demorou mais do que um segundo para entender o que acontecia. Tinham vazado a única informação que, em hipótese alguma, poderia ter sido vazada. E naquela altura do campeonato, o mundo inteiro já estava a par de toda a farsa que, por tantos meses, eles fizeram de tudo para esconder. já estava acostumada com polêmicas. Aprendeu a lidar bem com rumores e, em alguns casos, costumava até fazer piadas e se sair por cima, usando-os a seu favor. Mas aquilo era diferente, em muitos sentidos. Não era algo que dizia respeito apenas a si mesma, tinha Tom, tinha toda sua equipe, toda a equipe dele e toda confiança e credibilidade que ela estava conseguindo, finalmente, conquistar.
Aquela merda não podia ter acontecido. Em hipótese alguma. Mas ali estavam eles. Expostos, abertos, publicamente humilhados e com o trabalho de, a qualquer custo, correr contra o tempo e tentar reverter aquilo. Presa em toda chateação, na irritação que a dominava e no desespero que parecia crescente em seu peito, ela levantou seu olhar envergonhado para as pessoas ao seu redor. Todos eles pareciam tão perdidos quanto ela, alguns com expressões preocupadas, outros confusos, incertos sobre a veracidade de toda aquela história. viu Hamilton dar alguns passos em sua direção, mas foi a postura nitidamente abalada de Tom que chamou sua atenção.
Ao ouvir seu celular tocar repetidamente, Tom pegou o aparelho e o atendeu. Sem dar tempo nem de dizer “alô”, seu agente repetia várias vezes uma única frase: “A mídia descobriu sobre o contrato. Está público. Acabou, ACABOU”. O ator não podia e nem queria acreditar nas palavras que o assessor dizia, não era verdade, devia ser apenas uma brincadeira de mal gosto de alguém passando trote para ele. A bandeja de fofoca já havia sido entregue nas mãos da mídia sem nenhum esforço.
Tom se sentia exposto, confuso, indignado e, principalmente, envergonhado. Escondeu de pessoas importantes em sua vida o segredo do relacionamento perfeito que, na verdade, sequer existiu além de um documento redigido em pouco mais de quarenta páginas. Teve de mentir para amigos pessoais e pessoas importantes de sua vida, como Sebastian. E, novamente, se viu tendo que manter a farsa, o circo armado, para novas pessoas que chegavam em sua vida, como aquelas que o cercavam naquele momento, confusas, tensas, preocupadas. Era como se a teia de mentiras só aumentasse e agora já era tarde demais para conseguir sair dela. Não conseguia sequer olhar nos olhos de algum deles ali, tamanha vergonha, com a certeza de que estariam sem acreditar que aquilo era real e talvez até culpassem ele e por os enganarem por tanto tempo.

— Você sabia disso, não sabia? — trêmulo, com a voz em um tom acusatório e magoado, Tom olhou para .

O silêncio no estúdio era tão profundo que quase era possível ouvir a respiração levemente ofegante de Tom. Ele encarava com uma mágoa nítida e ela o retribuia assustada, com lágrimas nos olhos. Claramente não tinha sido ela e claramente não sabia de nada daquilo, não tinha ideia de que algo assim aconteceria. Tudo estava sob controle de seus agentes e Tom esteve com ela todos os dias, como ele poderia achar que ela tinha culpa no que acabara de acontecer? Estava tão surpresa, chocada, envergonhada e magoada quanto ele. Entendia a reação do homem, sabia o que ele deveria estar sentindo porque, afinal de contas, ela também estava se sentindo da mesma maneira, mas acusar um ao outro era ridículo. Aquilo tinha sido um vazamento proposital. Algo feito para destruir os dois enquanto casal e, muito mais profundo do que isso, enquanto pessoas públicas.
Tom, por outro lado, em um anseio de desespero tinha começado a perder sua racionalidade. Estava entristecido e um tanto irritado com a notícia, envergonhado como nunca antes, exposto como se tivesse nu diante de uma multidão, se sentindo traído por alguém que ele nem sabia quem era direito, mas sua mente o levava de volta a . Todas as centenas de polêmicas e rumores que ela já havia se envolvido em sua vida, aquela parecia só mais uma delas. Ele não queria acreditar naquilo, confiava em e confiava no que eles tinham criado naqueles meses. Contudo, naquele momento, no ápice de sua angústia e do desgosto, da ansiedade que o consumia violentamente e do desespero, a única coisa que fez sentido para ele foi já saber de tudo.
Estava estranha naqueles dias, estava calada, reclusa. Tinha um olhar distante, uma desconfiança latente e tinha passado tempo demais com seus agentes, conversando a portas fechadas temas que Tom não estava envolvido. Poderia ter sido ela? Ele sabia que ela não o trairia daquela forma. Trairia?

— Como? — foi a única palavra que conseguiu soltar. Sentia seu corpo quase que formigando, de tensão, de ansiedade.
— Você já sabia que isso ia acontecer, não sabia? — ele repetiu a pergunta, nervoso.
— É óbvio que não, Tom — fechou sua expressão, deixando uma única lágrima escorrer pelo rosto surpreso — Do que você está falando?
— Não acho tão óbvio assim — ele riu irônico, com seu celular em uma mão, enquanto a outra gesticulava exausto.
— Eu não estou entendendo aonde você quer chegar — verdadeiramente confusa, a cineasta o olhou sentida, vulnerável. Se tudo estava delicado até ali, o que veio a seguir piorou de vez a situação.
— Qual é a sua parcela de culpa nessa merda toda ter vindo à público, ? — sem saber direito porque disse aquilo, Tom virou-se novamente para ela — Não minta para mim — o pedido saiu verdadeiro, mas tão triste que fez os demais abaixarem seus olhares para cantos quaisquer do estúdio.

sentiu seu coração parar por um segundo, materializando em si mesma a sensação de estar sendo culpada por algo que não fez, justamente por quem deveria estar com ela, ao seu lado, não contra. Toda a tristeza e frustração que sentia jorravam de seus olhos em lágrimas pesadas e sentidas, mas ela não baixou a guarda. Seguiu encarando Tom de cabeça erguida, firme em suas palavras e enxugando cada lágrima que insistia escorrer pelo seu rosto. Aquilo não era justo com ela. Nenhum dos outros oito presentes no momento ousou dizer ou fazer algo. Alguns poucos membros da produção do programa se afastaram dali conforme a discussão foi ficando mais calorosa, igualmente sem saber o que fazer.

— Você está me culpando por isso, Thomas? — ela apontou para si mesma, estava perdendo a paciência.
, é melhor vocês conversarem em outro lugar — Lewis se aproximou da amiga tocando em seu braço, carinhoso. De todos ali, ele era a única pessoa que sabia verdadeiramente o lado de na história toda. Conhecia ela o suficiente para saber que ela não tinha nada a ver com aquele vazamento. Tom estava de cabeça quente, falando tudo que passava por sua mente, mas ele não tinha razão - ao menos não naquele momento.
— Não, Lewis. Vamos terminar o que começamos aqui, não tenho problema com pessoas me olhando — elevou seu tom, puxando seu braço de volta para próximo do corpo. Não estava gostando nenhum pouco daquela conversa e não tinha paciência para discussões. Não quando ela sequer estava tendo espaço para contar a sua versão da história, aquilo era ridículo — Então, por favor, Thomas conclua a acusação que você estava fazendo a mim.
— Não é uma acusação, é apenas a constatação de um fato — sem elevar a voz, ele a olhava nos fixos nos olhos — Pense comigo, racionalmente: você conseguiu o que queria com o contrato, está inserida novamente no mercado cinematográfico e fechando novas negociações. Não tem mais nenhum motivo para manter essa farsa toda.
— Você só pode estar brincando com a minha cara, Thomas — ela balançava a cabeça em negação — Do jeito que você fala, parece que só eu me beneficiei com todo esse caralho de circo, montado pelas nossas equipes. Nossas! Eu não fiz nada sozinha, a hora de bancar o mocinho não é agora e aqui vai a novidade para você: você nunca foi o bom moço. Está atolado até o pescoço nessa merda e, convenhamos, nós dois sabemos que você tem gosto por interpretar os vilões.
— HA HA HA — Tom riu irônico, aproximando-se ainda mais dela — Quem ama ter o nome envolvido em polêmicas não sou eu, Srta. .
— Gente, é melhor vocês dois se acalmarem — Ben se meteu entre eles, tentando minimamente os separar — Dar um tempo e depois discutir sobre isso. A mídia gosta de inventar coisas, vocês sabem, e...
— Dessa vez a mídia não inventou nada, Ben — a cineastra olhou sentida para ele, o cortando de imediato — Nós realmente fizemos a porra de um contrato e isso aqui — apontou para ela e Tom — não passa de uma farsa. Nunca fomos a porra de um casal perfeito, nem sequer tivemos uma relação verdadeira. E esse show gratuito do seu amigo Thomas só comprova que estive a todo momento certa: tudo nunca passou de uma grande mentira — ela gritou a última palavra, atingindo a si mesma pela mentira que contava. Custou a acreditar no que tinha com Tom era algo fora das linhas do documento assinado. Levou tempo, levou carinho e atenção demais, levou atenção e levou reflexão para começar a perceber que estava apaixonada por ele e que, talvez, pela correspondência do homem, ele também estivesse por ela. Tom nunca foi um erro para . E nunca foi um erro para Tom. Ao menos não até aquele momento.
, se acalme — pediu preocupada com os rumos da conversa, mas foi completamente ignorada.
— Ah, agora então é tudo uma mentira para você? — Tom engoliu a sensação ruim de ter ouvido aquilo e apontou para ela — Porque não foi o que você demonstrou no último ano.
— Quer falar sobre demonstrações agora? — riu cínica — Porque foi exatamente tudo o que você não fez até aqui. Está escondido atrás da porra de um contrato justamente porque não conseguir verdadeiramente demonstrar nada na sua vida.

Tom se calou.
O jogo estava ficando sujo demais para ser jogado e ele não queria sair dali magoando ela e a si mesmo mais do que já estavam. Estavam trazendo coisas pessoais demais para uma discussão que pouco tinha a ver com aquilo. Mas, antes mesmo que qualquer um deles pudesse continuar, cortando toda a gritaria que ecoava no estúdio, o celular de começou a tocar desesperadamente. O nome de Lindsay aparecia na barra de notificações, junto com outras dezenas de mensagens e indicações de marcações em redes sociais. Sem deixar que o telefone tocasse muito, a escritora atendeu e ouviu apenas as poucas palavras da agente, sem cumprimentos ou mais delongas, que diziam: “Abra o link que te mandei agora e leia em voz alta para todos os presentes na sala com você”. Sem entender mais nada do que estava acontecendo, trêmula, ela desligou a chamada e clicou na mensagem enviada por Lindsay, abrindo a notícia e passando rapidamente os olhos por ela.

— Pessoal, sei que talvez esse não seja o momento, — incerta, deu um passo mais ao centro do estúdio, com seus amigos a cercando em volta, prestando atenção nela — mas talvez esse não seja o único contrato que foi revelado hoje.
— Como? — Dylan exasperou-se, algo irracional dentro dele achando que, talvez, também estivesse metida em algum contrato daquele tipo.
, essa não é uma boa hora para querer fazer suspense — respondeu rapidamente, impaciente — Se vai falar algo, diga logo. Não temos tempo para mais drama.
— Nenhum de nós está aqui por acaso. Estamos todos conectados por causa do contrato de vocês — A escritora tremia segurando o celular, sem conseguir realmente olhar para alguém. Odiava estar envolvida naquele tipo de situação e tudo só parecia piorar a cada minuto — Eu já imaginava que uma hora ou outra o relacionamento de vocês vazaria, mas não pensei que envolveriam a gente nessa mentira toda.
— Como assim “imaginava que vazaria”? Você sabia? — a cineasta a olhou fixamente com as sobrancelhas arqueadas, mas logo voltou-se novamente para Tom, ainda mais irritada do que antes — Thomas, você contou para ela sobre o contrato? — sem resposta por parte dele, que apenas abaixou o olhar até o chão, ela voltou a falar: — Eu não acredito que você me acusou de expor o contrato, mas contou para uma das pessoas que estava conosco no programa e que você conheceu há um mês atrás.
— Não me diga que você não contou para ninguém, . Aposto que Lewis sabe dessa porcaria toda também — Tom rebateu irritado, apontando para Lewis como se o acusasse de algo. Sério, o piloto cruzou os braços e levantou as sobrancelhas, ponderando se deveria se impor ali ou não, mas foi mais rápida.
— É óbvio que ele sabe — ela gritou com obviedade e segurança — Diferente da , que você conheceu praticamente ontem e saiu contando a vida inteira, Lewis é meu melhor amigo, meu braço direito, confio muito mais nele do que em você — Tom riu irônico, negando com a cabeça, sem deixar de notar que os olhos de pareceram tristes pelo comentário. Só estava tentando ajudá-lo, não tinha culpa por ter descoberto aquele caos antes de todo mundo.
— Deixem a terminar de falar, pelo amor de Deus — se meteu na conversa, exasperada — Tem mais coisa a ser revelada e se eu estou envolvida, quero saber, — ela então se virou para Tom e — porque ao contrário de vocês dois, nós não assinamos nada. E fomos literalmente empurrados para tudo isso.
— Vou direto ao ponto, — respirou fundo — nós oito fomos escolhidos para beneficiar ainda mais o contrato de e Tom. , Ben e Dylan não estão envolvidos em nenhuma polêmica, nenhum rumor negativo, assim como Tom, são os “bons exemplos” de Hollywood e estar com eles puxa uma imagem positiva, o que seria bom para a construção do personagem de boa moça da e para manutenção da imagem de Tom — a escritora falava rápido enquanto lia as palavras na notícia em seu celular, nervosa com o fato — e Sebastian ficaram propositalmente como dupla para expor novamente o fato de serem um ex-casal, cujo término foi conturbado, exposto, o que, além de puxar telespectadores para o programa, contribuiria ainda mais para a imagem da relação perfeita de Tom e e Sebastian se entreolharam um tanto ofendidos, chateados — e eu somos as duas únicas personalidades de fora do meio que poderiam atrair novos públicos para a legião de fãs dos dois. E Lewis, pelo o que diz na notícia, foi posto no programa a pedido de - “(...) custou a cineasta uma única ligação para colocar o último dos palhaços em seu circo particular: Lewis Hamilton”. — leu exatamente o que estava escrito, sem conseguir chegar nem perto do tom de maldade de quem escreveu aquilo.

se desconcentrou por um momento, pensando em que caralhos haviam metido ela. Depois de tantos anos se esforçando para manter-se conhecida única e exclusivamente pelo seu trabalho, ali estava ela sendo comentada novamente como participante de um Big Brother dos horrores. Naquele momento, ouvindo aquilo, sua mente só conseguia assossiar todos os possíveis danos para sua carreira, que teria que trabalhar agora para superar. Ao lado dela, Sebastian se sentia usado. Não por Tom ou por , diretamente. Mas por todo o reality, que deveria ter noção do que acontecia nos bastidores e, mesmo assim, os usava com casualidade, esperando que nunca fossem descobrir que faziam parte de um plano maior, de uma mera estratégia de marketing e de venda. Era atormentador.
Querendo sair o mais rápido possível do centro de tudo aquilo, a escritora correu para os braços de Dylan, procurando no abraço dele, algum tipo de abrigo para toda a situação que acontecia ali. Todos eles haviam sido expostos, contra suas próprias vontades. Lewis abaixou seu olhar para o chão, chateado, assim que ouviu o comentário extremamente maldoso que fizeram sobre ele. Não tinham o direito de dizer algo que sequer sabiam. Ninguém tinha noção do real motivo dele ter pedido para entrar no reality e definitivamente não tinha a ver com querer ou não, ele pediu para participar.
, por sua vez, o abraçou de lado, pela cintura, como se quisesse minimamente consolá-lo, sem muito sucesso. Entre um beijo leve e carinhoso e outro, em seu rosto, ela não conseguiu se sentir mal com o fato de Lewis já saber do contrato. Sabia da irmandade que ele e tinham, uma amizade tão profunda e íntima que claramente chegaria ao ponto de confessar algo terrível como aquilo. Ele era o porto seguro de naquele caos todo e era uma pessoa incrível para ouvir e aconselhar, sabia como acolher aqueles que amava e sabia guardar segredos. Lewis não merecia estar no meio daquela merda toda e, muito menos, ter sido chamado de palhaço por só querer ajudar.
Ao lado deles, e Ben estavam quietos, pensativos, talvez mais preocupados do que chateados. Vez ou outra se entreolharam, sem precisar dizer uma só palavra mas já sabendo exatamente o que o outro estava sentindo. Não sabiam nem o que pensar. Nenhum dos dois gostava de brigas ou discussões e aquela era a primeira vez em suas vidas que estavam realmente no olho do furacão. Apesar de ser a primeira polêmica realmente grande que tinham sido envolvidos, sabiam que situações como aquela eram complexas demais para resolverem ali, naquele momento, discutindo com todo aquele fervor. Nada ali estava certo.

— Vocês sabiam dessa merda toda envolvendo o Sugar Rush? Me digam, por favor, que não — sem conseguir ficar quieta, praticamente gritou na direção de e Tom.
— Vocês tiveram a oportunidade de conversar com a gente sobre isso — assumindo que tinha razão, Sebastian completou sério.
— Posso dar minha palavra de que não tínhamos conhecimento de que o Sugar Rush também fazia parte do contrato. Assinamos o documento há um ano atrás, o que sabíamos, porém, é que a finalização da farsa se daria com o final de um programa que nós dois participaríamos — explicou, olhando cada uma das pessoas ao redor. Apesar de desconfiados, sua voz transmitia bastante verdade.
— Não sabíamos que seria o Sugar Rush e muito menos que vocês também fariam parte — Tom completou no mesmo tom de voz — Eu sinto muito por isso — e, então, murmurou — Porra.
— Não querendo ofender, , mas sua palavra ou a de Tom, neste momento, não estão nos dando segurança nenhuma — Dylan se adiantou antes que os outros falassem, segurando carinhosamente em seus braços — Estamos confusos, assim como vocês, mas precisamos saber a versão completa dessa mentira toda.
— Ao menos da parte que diz respeito sobre cada um de nós — Sebastian completou sério, a chateação clara em sua voz.
— Eu sabia do contrato desde o começo dele — Hamilton se intrometeu, sua voz tão séria como nunca antes tinha falado com eles — e não havia qualquer menção sobre o Sugar Rush. Eles estão falando a verdade.
— Tudo bem, pessoal, a gente não vai resolver isso desse jeito, por favor — falou um pouco mais alto, chamando atenção deles — Vamos nos acalmar primeiro. Discutir não vai nos levar a lugar algum.
— E aqui não é lugar para isso — Ben concordou sereno, um passo atrás dela, a segurando pelos ombros.
— Acho melhor aceitarmos a ideia inicial de e voltarmos para o hotel, tirar um tempo para digerir a montanha de informações que foram jogadas na gente — sugeriu, vendo e Ben concordarem com ela. A cantora, ainda que fosse querida dos holofotes, não queria ter seu nome atrelado à mentira, como sabia que nenhum dos outros ali gostaria. Mas tinham que encontrar um lugar tranquilo e seguro para pensar e se acalmar, antes de fazerem qualquer coisa.
— Isso é loucura — Tom negou com a cabeça, passando as mãos pelos cabelos — Como isso aconteceu? Que merda.
— É o que todos nós queremos saber, Tom, acredite — Sebastian falou próximo ao amigo. No fundo, apesar da reviravolta, estava com certa pena dele. Sabia o quanto ele amava e sabia o quanto ele estava transtornado naquele momento. Aquele era o pior dos cenários. Como se toda calmaria dos dias anteriores tivesse simplesmente morrido, como se um furacão tivesse devastado tudo. Tom não era aquele homem que estavam vendo ali. Estava magoado, triste, frustrado, irritado, arrependido e envergonhado. Precisava de ajuda agora, mais do que nunca.
— Não era para ter sido desse jeito — Tom insistiu, olhando Seb com tristeza.
— Mas é o que temos agora, precisamos resolver — respondeu um tanto mais áspera do que gostaria. Costumava ser prática nesses momentos, não gostava do drama e já tinha passado muito de seu limite naquela tarde.
— Para você é fácil, não é? — Tom bufou.
— Gente, por favor — os cortou carinhosamente, querendo terminar logo com aquela discussão antes que tudo ficasse ainda pior — Vamos dar um tempo uns aos outros, vai ficar tudo bem — revirou os olhos e negou com a cabeça, claramente contrariada. Otimismo era tudo o que ela não precisava naquele momento — Vamos embora, anda — olhou os demais, os vendo concordar com a cabeça prontamente e, então, virou-se para a cineasta — , você vem com a gente para o hotel, vamos dar um jeito de conseguir um quarto para você.
— Não precisa, — Lewis a cortou rapidamente — Ela vem comigo para minha casa, acho mais tranquilo e seguro — ele, então, olhou para , que concordou levemente com a cabeça. Parecia transtornada, apesar de querer manter-se forte na frente de Tom — O hotel vai estar cheio de gente da imprensa e fãs curiosos, acho melhor evitarmos ao máximo qualquer exposição pública agora, ao menos deles dois.
— Concordo. Eu vou com você para casa, Tom — Sebastian falou delicado e, antes mesmo de deixar Tom contestar, completou: — Está tudo bem.
— Posso dar uma carona para vocês dois, a casa de Tom é no caminho para a minha — foi a vez de Ben comentar amigável, soltando e indo em direção em direção a seu camarim, onde poderia pegar suas coisas pessoais. Sebastian foi atrás dele, praticamente puxando Tom atrás de si.

Sem dizer uma só palavra, saiu rápido dali. Seu celular em mãos, digitando furiosamente um milhão de perguntas para Justin, preocupada sobre o que deveria fazer agora, sobre o que acontecia com eles a seguir. Dylan fez sinal com a cabeça, em direção a porta, para e , indicando para saírem dali também. Com a mão direita entrelaçada na da escritora e o braço esquerdo sobre o ombro da melhor amiga, o ator tentava passar segurança para as duas, ainda que nem mesmo ele sabia como se sentir seguro, incerto sobre as consequências daquele episódio para sua carreira. Lewis e tiveram uma conversa ridiculamente rápida, concluindo ser melhor não darem mais motivos para a imprensa falar deles, ao menos não por ora. Se vissem na casa dele, junto com , sabe-se lá o que poderiam começar a dizer e era melhor evitar qualquer novo drama midiático. Assim, despedindo com um beijo rápido, deixou Lewis com e seguiu apressada atrás de Dylan, e , em busca de uma carona para o hotel.
O turbilhão de dúvidas que girava em torno da cabeça deles aumentava cada vez mais com as novas informações que chegavam a todo momento. Hashtags como #FakeThaTom e #ThaTomIsReal eram disparadas no Twitter por perfis que apoiavam e outros que não gostavam do casal. A velocidade em que as mensagens eram postadas nas redes sociais era surreal e nem mesmo as equipes de monitoramento de mídias conseguiriam dar conta de filtrá-las ou derrubá-las. As menções no Instagram se tornaram uma loucura, 60 segundos eram poucos para as milhares de solicitações de marcações que chegavam e todas as contas possíveis traziam fotos de e de Tom, acompanhadas por opiniões, comentários ou mensagens de apoio ao casal.
não conseguia nem pegar seu celular e preferiu desligá-lo. As notificações chegavam desenfreadas, aumentando a cada segundo, como uma grande bola de neve de mentiras sobre ela. Se sentia presa sempre no mesmo episódio de sua vida, que infelizmente se repetia por mais vezes do que ela gostaria. Estava cansada da exposição, cansada das mentiras, cansada de ter que justificar todos os seus atos, e, principalmente, estava cansada que duvidassem dela, de sua palavra e de sua índole. O contrato há muito tempo tinha se tornado apenas um mero papel e ninguém no mundo tinha noção daquilo.
Não podiam especular os sentimentos que ela aprendeu a ter por Tom naquele ano, não tinham nem ideia de como tudo havia sido perfeito, de como ele tinha trazido paz no meio de tanto caos. Tom era um porto seguro, era um suspiro de esperança em um futuro tão irreal, uma doçura em tanto amargor. Sentada, ali, ao lado de Lewis que dirigia seu carro em silêncio, com toda situação exposta ao mundo ao redor deles, conseguiu perceber nitidamente o quanto realmente amava Tom e o quanto fazia sentido para ela compartilhar a sua vida com ele.
Não encontraria mais ninguém no mundo que a fizesse sentir o que ele fez. Não encontraria em contrato algum o amor que desesperadamente sentia por ele.
Contudo, a acusação que Tom fez a ela, na frente de todos, quebrou lentamente pedaço por pedaço de seu coração, como se tudo que tivesse construído fosse atingido por uma enorme bola de demolição. Lewis não sabia muito bem o que falar para a amiga, era uma das primeiras vezes, em anos de amizade, que a via vulnerável daquela maneira. sempre foi uma mulher forte, que sustentava suas opiniões e gostava de ter todos os assuntos diretos e retos, evitava rodeios, dramas ou floreios, principalmente em situações que a desgastavam.
Mas, no fundo, o piloto sabia que, desta vez, não era apenas a personagem de Polêmica que havia sido exposta - tudo o que ela sentia havia sido arrancado a força dela, jogado à mesa e posto em prova. Ainda que não admitisse, o amigo sabia o quanto Tom se tornou importante na vida do cineasta. E, mais do que isso, tinha certeza absoluta da reciprocidade dele.
Não demorou muito para que chegassem na mansão luxuosa de Lewis. Já passava das sete horas da noite, o frio cortava o ar lá fora e poucas luzes estavam acesas na residência. O piloto concluiu que Anne, governanta da casa, há muitos anos provavelmente já tinha saído, e só voltaria depois das festas de final de ano, o que facilitaria para passar despercebida, ao menos naquele dia, sem precisar fingir que estava bem. Nada parecia diferente do que a última vez em que a cineasta havia estado ali.
O lugar era espaçoso, elegante, muito luxuoso e um tanto mais discreto do que a casa de Hamilton em Mônaco. Alguns brinquedos de seus sobrinhos estavam espalhados pela sala e, em um armário minimalista que ocupava uma parede imensa inteira, alguns dos troféus de Lewis estavam, demonstrando todo o orgulho que ele sentia de si mesmo. Ele era a estrela da família, afinal - ou pelo menos era o que a mãe dele o fazia pensar, o que justificava o ego enorme que tinha.
Lewis levou para o quarto de hóspedes da casa, onde ela costumava ficar todas as vezes que ia ao local. Há anos estava acostumada a se inserir na vida, na casa e até na família dele. De festas de aniversário que era convidada a natais que passou com a família dele, era considerada como um membro importante da família. Carmen, mãe de Lewis, a tinham como uma filha que ganhou de presente da vida e vivia dizendo que, qualquer hora, transformaria aquele quarto da casa de Lewis em um cômodo exclusivo para ela - o que, de certa forma, já era, a tirar pelas roupas e itens de higiene pessoal de que ficavam guardados ali, como se fosse mesmo uma suíte própria. O piloto achava toda aquela intimidade um exagero, mas sua mãe gostava de mimar a amiga, então, o que ele podia fazer?

, quer comer algo? — Lewis perguntou casual, jogando a chave de seu carro em cima de um móvel qualquer, indo em direção a cozinha.
— Não estou com muita fome — deu de ombros, triste.
— Eu sei que você não está com muita fome, mas precisa comer — Lewis virou-se de frente para ela e, carinhoso, segurou sua mão — Nós ficamos o dia inteiro no estúdio e te conhecendo, como conheço, aposto que faz muito mais tempo que você não come.
— Você acertou — disse em um riso fraco, encolhendo-se — Mas se vale de algo, provei o meu doce do desafio, estava ótimo.
— Não, isso não vale — negando com a cabeça, Lewis a puxou pela mão em direção a cozinha — Agora que sou um grand chef, vou preparar algo pra gente comer — o piloto olhou para a amiga brincalhão, tirando dela uma risada leve, enquanto negava com a cabeça — Você sabe que isso tudo vai passar, não é? As coisas vão se ajeitar, sempre se ajeitam.
— Eu não sei — encostada em um dos armários da gigante da cozinha, ela abaixou seu olhar ao chão, brincando com os próprios dedos das mãos — Desta vez está tudo diferente, estou muito cansada, Lewis. A fama de ser uma pessoa polêmica é um fardo alto demais e eu nunca quis que você, nem nenhum dos nossos amigos do programa, incluindo Tom, tivessem que carregá-la, não queria que estivessem metidos nisso — fez uma pausa, respirando fundo — Se já é difícil para mim, imagina para eles, alguns nunca tiveram o nome vinculado a nada de ruim.
— Eu entendo seu ponto, mas, hoje, você vai ter que parar de pensar no outros, — Lewis disse sincero, encarando a amiga sentar-se na ilha de centro enquanto segurava uma das portas da geladeira aberta — Cada um deles já tem idade o suficiente para saber que nem você nem o Tom queriam que nós estivéssemos metidos nessa merda toda — o piloto desviou seu olhar para dentro da geladeira, tirando de um pacote de chips de batata doce e um vinho já aberto — Eles precisam de um tempo para digerir tudo, assim como você precisa — deixando a porta fechar-se sozinha atrás de si, ele caminhou até ela, a olhando — Tente, por favor, não se sabotar e colocar toda a culpa da situação apenas nessa pessoinha aqui — ele apontou para ela com a garrafa, sendo o mais delicado que conseguia, e colocou todas as coisas que segurava sobre a bancada entre eles — A verdadeira culpada, como sempre, é a mídia. Não perca tempo e nem sanidade mental tentando achar algo que te culpe por algo, que te faça acreditar que você errou sozinha, tudo foi feito pensado, por toda uma equipe — Lewis refltia alta, puxando um saco de pão de forma integral e o jogando sem cuidado sobre a mesa — e digo mais: Tom concordou com essa porra toda.
— Espera — o interrompeu um instante — vai me dizer que a janta é pão de forma integral, chips de batata doce e um vinho de geladeira que já estava aberto?
— Você me pegou desprevenido — ele deu de ombros, ouvindo ela gargalhar em incredulidade.
— Eu odeio pão de forma integral — a mulher protestou, fazendo uma careta — E o que você espera que eu faça com chips de batata doce? Recheie o pão?
— Então, bebe o vinho e come a batata doce sozinha, pronto — abrindo a garrafa, ele a empurrou para a amiga — Se você fechar os olhos enquanto mastiga, vai parecer lagosta, embora eu não concorde com o fato de você comer elas — querendo tirar novas risadas, com sucesso, ele empurrou o saco de pão contra ela. negou com a cabeça, gargalhando.
Grand chef, né? — ela levantou as sobrancelhas, dando uma olhada na garrafa em mãos — Pelo menos é um Trockenbeerenauslese que, inacreditavelmente, você deixa aberto na geladeira como se não tivessem pago 5,6 mil libras nele.
— Bem-vinda aos Hamilton, senhorita — fazendo uma reverência exagerada, ele tirou uma nova risada leve de , que comentou irônica:
— A casa vegana que eu morro de fome toda vez, mas que é recheada de bebidas alcoólicas de milhares de libras.

Ela amava o clima daquela casa, amava a segurança e a estabilidade que Lewis transpassava, amava o exemplo que ele a dava, as coisas que aprendia com ele. Mas de tudo que podia tirar dos Hamilton, de tudo que ela podia tirar de Lewis, o que mais amava era, sem dúvidas, ele mesmo. A amizade que tinham construído, a naturalidade de tudo, as brincadeiras. Amava a preocupação que ele tinha com ela, como se fossem irmãos de sangue, a proteção que oferecia, o conforto, as tentativas de vê-la sorrir, nem que fosse por motivos ridículos como aqueles. Lewis era a família que pediu aos céus e desejava a ele que fosse tão feliz na vida quanto ela a fazia ser. Se dependesse dela, Lewis teria tudo o que ele quisesse, teria o mundo inteiro das melhores coisas que se poderia oferecer. E sorte a dele sua amiga saber exatamente o que ele queria.

— Obrigada por isso, Relâmpago Mcqueen disse brincalhona para esconder os sentimentos confusos e Lewis revirou os olhos — Acho que, se eu puder tirar uma mensagem dessa merda toda e ter a chance de te repassar é: não deixar para dizer amanhã o que você pode falar hoje.
— Como assim? — apoiado sobre a bancada a sua frente, Lewis a olhou confuso.
— Se eu tivesse o poder de voltar no tempo e refazer uma única coisa, eu diria a Tom que o amo, que o contrato foi apenas um papel e que quero passar o resto de meus dias com ele — fez uma pausa e olhou para o amigo, sorrindo triste — Por isso digo, Lewis, não perde tempo. Não mais. Fala logo para o que você sente por ela, senão vai acabar como eu, em lágrimas e sozinho, tomando um vinho aberto e comendo pão de forma integral.

Rindo alto do comentário da amiga, Lewis segurou a mão dela, por cima da bancada. Sabia que ela estava sensibilizada por tudo que havia acontecido e sabia que, naquele momento, era o caos em pessoa, vivendo um turbilhão de sentimentos. Mas, igualmente, no fundo, Lewis sabia que ela tinha razão. Não se pode deixar para dizer amanhã o que é possível de ser dito hoje e ele não podia deixar mais nenhuma chance com passar.

— Tudo bem, vamos pedir comida — ele se deu por vencido, tomando um gole do vinho na garrafa mesmo, e antes que pudesse dizer algo, ele completou: — vegana. E sem reclamações.



Cariño

⭐🎄⭐


Duas semanas exatas haviam se passado desde o vazamento de e Tom e tudo se tornou absurdamente silencioso entre eles. passava a maior parte do tempo trancada no quarto de hóspedes e o pouco que ocupava da casa de Lewis era para receber pessoas incansáveis de sua agência de imprensa, dedicadas vinte e quatro horas por dia em tentar reverter aquela calamidade pública. Haviam descoberto que o vazamento foi feito, de fato, por um dos advogados do caso e funcionário da agência que, frustrado por ter sido demitido, decidiu escandalizar a situação. Ter conseguido a confissão do advogado tinha sido um ganho muito positivo para o caso e estavam articulando um comunicado oficial que, basicamente, apresentaria uma retratação em três frentes.
Primeiro, negaria a todo e qualquer custo que aquele escândalo fosse real. A agência estava derrubando as imagens do contrato nas redes sociais e tão rápido quanto a notícia se espalhou, cuidava para que ela fosse contida. Seus advogados estavam preparados para emitir notas públicas oficiais, em nome da agência, de e de Tom, separadamente. Negar o que tinha acontecido era a melhor das opções naquele cenário e um jeito massivo de conseguir contornar a situação com segurança e sem maiores danos. Estavam aprontando provas de que as imagens vazadas do documentos eram montagens, tinham a declaração do ex-funcionário dizendo suas motivações para liberar aquela informação e entrariam com fotos e vídeos de e Tom, enquanto casal, que o mundo ainda não havia visto. A ironia, para Tom, era ter que expor ainda mais sua vida para abafar uma exposição, era entrar em uma nova mentira para cobrir uma outra mentira.
Desgastados com tudo aquilo e impedidos de falar sobre o tema publicamente, o casal ainda não tinha se pronunciado e, desde então, tiveram seus acessos a redes sociais bloqueados pela agência, para que não pudessem ver o que estavam dizendo sobre eles e nem cair no erro de reagir a qualquer coisa, e passavam por acompanhamentos psicológicos quase que diários - o que estava fazendo muito bem, por sinal. Estavam se afastando do furacão e esperando a tempestade abafar, estavam em silêncio, em introspecção, cada um em seu canto. Estavam se permitindo ter tempo e espaço para refletir sobre aquela merda toda e, mais do que isso, para pensarem no que tinham discutido, em como haviam se tratado e no que realmente estavam sentindo naquele momento, um pelo outro. Tudo ainda era confuso e tudo era doloroso demais para eles. Mas cada dia que se passava, a cada silêncio que se permitiam manter, as coisas pareciam se amenizar.
Com data marcada para liberar as notas oficiais e provas sobre a recusa dos fatos, a agência, então, partiria para a segunda etapa do plano: anunciariam um processo contra o ex-funcionário que fez o vazamento, por calúnia. Tinham dinheiro e influência o suficiente para entrar em uma negociação com o ex-funcionário e, liberando a grana que possivelmente ele queria, faziam um novo documento de ciência de que ele deveria ir a público se retratar, dizer que era mentira, e todos sairiam satisfeitos da situação. Aquela não era a primeira vez em que algo como aquilo acontecia e, especialistas em estratégias de marketing daquele tipo e porte, já estavam acostumados a conter os fatos da forma mais sombria e desumana possível: comprando tudo e todos que se colocassem à sua frente.
Por fim, o terceiro e último movimento, que já estava acontecendo em paralelo, era a paralisação das gravações do reality em que o casal estava envolvido. Netflix tinha soltado uma nota pública desculpando-se com os participantes pelo mal-entendido e, dando tempo para que eles pensassem no que fazer, achou conveniente congelar as gravações do último episódio por tempo indeterminado, até que todos se sentissem à vontade para retornar. De sua casa, Tom leu parte do comunicado em voz alta, para um Sebastian que prestava atenção sério, absorvendo cada uma das palavras:

“Em nota oficial, nós da Netflix e, especialmente, produtores e diretores do reality show Sugar Rush, lamentamos os recentes acontecimentos envolvendo os participantes de nosso show. Reforçamos nosso apreço pela discrição e pela verdade, lamentando o uso dos nomes e íntimos de nossos convidados de forma vexatória e exploratória. Nunca foi de nossa intenção, proposital, participar, direta ou indiretamente, da exposição, agressão ou violação dos direitos de imagem e de participação de nenhuma das personalidades que recebemos e entendemos a problemática envolvendo todas as partes. É de costume que recebamos pessoas notórias e aclamadas como participantes de nossos programas e de costume, ainda, que as análises de engajamento de público sejam previamente feitas quando da escolha destas personalidades. Para além disto, repudiamos os atos cometidos contra e Thomas Hiddleston.
O Sugar Rush é um programa natalino, que visa estreitar laços de amizade, bem como promover os mais sinceros sentimentos de amor, festividade e diversão. E assim sendo, seguindo nossos valores e objetivos, gostaríamos de manifestar nossas profundas desculpas pelo mal-entendido envolvendo nossa empresa e nosso show, bem como garantir que as devidas providências já estão sendo tomadas, endereçadas a cada uma das partes participantes.
Até encontrarmos uma solução plausível e até que as partes se sintam confortáveis em retornar ou escolham deixar o programa, as gravações do show, que nesta altura já chegavam ao penúltimo episódio, estão completamente paralisadas”.

A produção do programa, em comum acordo com a agência de Thaís e Tom, estava em contato com os agentes das outras pessoas envolvidas, indiretamente, no caso e solicitaram que eles fossem a público, em entrevistas, contar seus pontos de vista. Era importante que o mundo soubesse que os outros participantes do reality nada tinham a ver com o casal e com um possível contrato e, organicamente, era importante porque possivelmente em suas falas reforçariam a serenidade e a veracidade de se conviver com e Tom enquanto um par romântico.
Três peças de um quebra-cabeça infinito, que e Tom não queriam mais montar. Estavam agindo no mecânico todos aqueles dias, por puro impulso, sem pensar no que faziam e muito menos no que eram mandados fazer. Tom pediu para ficar de fora de toda e qualquer reunião sobre aquele tema e, na ausência dele na primeira e única que participou, também decidiu que era melhor não se envolver mais. Quanto menos soubesse daquele novo episódio do contrato todo, melhor. Para si mesma, para o que estava sentindo, para Tom e para todas as pessoas ao seu redor. Era melhor deixar a agência e seus advogados fazerem tudo o que podiam fazer, sem que ela ou Tom participassem dessa vez.
Como eles dois, os demais também seguiam constantemente sendo instruídos por seus agentes sobre como deveriam seguir, o que podiam comunicar, publicar em redes sociais e onde deveriam aparecer. Por um tempo, ao menos nos primeiros dias, seus agentes concluíram, depois de reuniões conjuntas intermináveis, que era melhor para todos eles se manterem afastados da mídia. Ao menos até tudo ligeiramente ser abafado, até a onda passar, era melhor permanecer discretos e reclusos, evitando novos rumores e tendo em vista que, qualquer movimento ou fala mínima de qualquer um deles, poderiam comprometer tudo e piorar ainda mais a situação.
Assim sendo, como uma forma de mantê-los distantes de todos os holofotes possíveis, os participantes que estavam ficando no hotel foram realocados para novas estadias, em casas convencionais e luxuosas britânicas, alugadas pela própria Netflix, com intuito de reparar o dano causado e evitar uma exposição ainda maior deles. Como não podiam ficar todos juntos, pensando que, se algo ou alguém vazasse um dos endereços, os outros continuariam seguros e reclusos se estivessem separados, eles foram distribuídos em quatro grupos. , e residiriam, durante a temporada, em um apartamento elegante em Egerton Crescent, um dos bairros mais nobres de Londres. Com uma típica e charmosa fachada europeia, o local em que ficariam era espaçoso, luxuoso e acolhedor. Lembrava de seu apartamento em Paris, lembrava do quanto amava a sensação de estar em casa e fez sentir saudades de Olivier, seu cachorro, que havia ficado aos cuidados de um vizinho de NY.
O apartamento possuía vários quartos, com banheiros individuais, uma cozinha com uma vista linda para um parque próximo e duas salas tão grandes que pareciam cinemas, confortáveis e silenciosas. Naquela época do ano, dezembro, a maior parte dos moradores daquela região fugiam do frio em casas de campo e veraneio da família ou viajando para regiões mais quentes com amigos. Por isso, tirando um ou dois apartamentos ocupados, o prédio estava absolutamente vazio - um dos motivos pelos quais escolheram alocá-las justamente ali. Justin, Noah e Lindsay, os agentes das três, seguiram hospedados no hotel em que estavam todos antes, pela proximidade com o centro corporativo da capital. Estavam vivendo a loucura de cumprir muitas reuniões, encontrar patrocinadores, tinham que ir e vir constantemente dos estúdios da Netflix e manter-se afastados, como elas, não era uma opção para eles três. Como Noah costumava brincar para , “para cada artista em paz, havia um agente vivendo um inferno”.
Tom convidou Sebastian para ficar com ele, em sua casa, durante esse período de pausa nas gravações. Sentia que devia algo a ele depois de tudo que aconteceu e, assim que foi informado sobre essa movimentação, o ofereceu na hora, por telefone. Sem ter exatamente para onde ir, o amigo concordou, sem pensar duas vezes. Estava acostumado a viver sozinho, mas gostava de ter companhia - ainda mais em um cenário que não conhecia nada no país, sequer tinha noção de onde encontrar um supermercado ou qual restaurante entregava rápido uma comida decente pelo aplicativo.
No mais, Sebastian sabia que seria bom para os dois, porque poderiam aproveitar um momento juntos, um momento que nunca antes tiveram a oportunidade. Poderiam tirar um tempo para descansar, para reviver a calmaria e trocar ideias sobre a vida, como gostavam de fazer quando se encontravam. Ainda que Tom fosse um homem de poucas palavras, o silêncio tomava cada vez mais espaço em sua casa e ter Sebastian com ele o faria, nem que fosse obrigado, a dialogar sobre o que estava sentindo e o que estava acontecendo, com alguém de sua confiança.
Dylan, por sua vez, praticamente se ofereceu para ficar na casa de Ben, assim que ouviu Sebastian dizer-lhe que declinava o convite da Netflix em ficar em um apartamento na Prince Consort Road, próximo onde às três mulheres estavam, e que, ao invés disso, ficaria hospedado na casa de Tom. Dylan achou a ideia genial. Não teria que ficar sozinho, nem cozinhar sozinho e, muito menos, se virar em Londres sozinho se ficasse hospedado na casa de alguém. E Ben foi, justamente, o amigo mais próximo e coincidentemente britânico e com uma casa na capital que poderia recebê-lo com alegria. Por mensagem, então, Dylan enviou um recado avisando o amigo que estava indo para lá com suas malas e o videogame que tinha pedido ao hotel que instalassem para ele em sua chegada ao país.

Dylan: E aí, Nárnia!
Passando para avisar que vou para sua casa, em duas horas
e gosto de sushi.
Receba bem suas visitas.

E, dessa forma, Ben não teve nem a chance de negar o auto convite de Dylan. Apenas riu com o texto que recebeu e respondeu a mensagem dizendo que tudo bem, “desde que ele pagasse o sushi”. Soube sobre a proposta de novas hospedagens para os participantes mais cedo naquele dia e, no fundo de seu coração, torceu para que a mensagem que recebeu fosse de , pedindo sua ajuda para arrumar algum lugar. Mas era ridículo cogitar aquela ideia. Era ridículo pensar que ela o procuraria primeiro, sem ele dizer nada, quando na última vez que tiveram a oportunidade de ficar minimamente juntos, ela o recusou. Se afastou e continuava a manter-se distante por medo de demonstrar o que sentia por ele e, talvez mais do que isso, por medo de ouvir dele o que sentia por ela.
Diferente disso, contudo, a mensagem foi de Dylan. Mas estava tudo bem e era até bom, porque seria bom ter alguém com ele. Ao menos era um amigo com quem poderia conversar sobre toda a situação que estavam vivenciando e passar o tempo bebendo, vendo filmes de qualidade questionável e jogando videogame. Dylan podia viver brincando e soltando comentários irônicos, mas desde que todas as informações foram expostas, o amigo assumiu uma outra postura, mais séria e focada, mais silenciosa, principalmente com , que ficou visivelmente muito abalada. Ele queria ter ficado com ela nessa nova divisão, mas o que poderia fazer? As meninas logo se prontificaram a ficar juntas e seria estranho convidá-la a ocupar o lugar assim que Sebastian desistiu. Uma vez mais, ele não conseguiu sequer formular a frase, não conseguiu convidá-la.
Como já estava na casa de Lewis, o piloto passou na casa de Tom para pegar as coisas da amiga e, aproveitando o momento, ficou para beber, para saber como ele estava. Sem querer ser invasivo, mas preocupado o suficiente para não conseguir segurar, Tom fez dezenas de perguntas sobre como estava e ouviu atentamente cada resposta sincera de Lewis. Sentia falta dela. Dos olhos dela nos dele, do jeito que mexia no cabelo, do toque, dos beijos. Sentia saudades de acordar com ela pelas manhãs, de senti-la nas noites, das risadas que preenchiam o vazio da casa dele, das histórias que o faziam sonhar com ela. E ver Hamilton tirar as coisas dela da casa dele foi como ver o sol ser retirado à força do céu. Doeu em Tom uma facada em seu peito, o fez chorar assim que o piloto foi embora, o fez passar o resto do dia lamentando ser tão estúpido por ter reagido como reagiu, por dito tudo o que disse para ela.
Deixando a casa de Tom, chateado em ver a situação do amigo e mais triste ainda em ouvi-lo perguntar desesperado por ela, Lewis manteve-se quieto naquele dia, pensativo. tinha razão quando dizia sobre deixar-se levar pelo amor quando se quer deixar-se levar e Tom era também a prova daquilo. Tinha perdido tempo demais, pensando demais, vendo problemas demais onde não tinha e ali estavam eles. Separados, tristes, magoados, sem saber como livrar-se do vespeiro que eles mesmos tinham criado por pura falta de coragem em dizer o que verdadeiramente sentiam um pelo outro. Um erro atrás de outro erro e o ciclo não pareciam se romper. Lewis sentiu medo de viver aquilo. Medo de ter naquela situação uma prévia do que poderia acontecer com ele mesmo se não se movesse logo. Se não falasse o que estava sentindo para quem estava sentindo logo.
Não havia mais tempo a ser perdido.
Não havia mais espera.
Como se ouvisse a frase que lhe disse, na noite em que conversaram, depois que tudo aconteceu, em sua cabeça, Lewis sentiu uma urgência crescer em seu peito. “Por isso digo, Lewis, não perde tempo. Não mais. Fala logo para o que você sente por ela”. Talvez ele realmente devesse falar. Talvez fosse a hora de, finalmente, começar a agir. Pensando naquilo, o piloto desviou seu caminho de volta até a casa de seus pais e, quando se deu conta, estava no estacionamento do hotel. Apesar de ter ponderado se aquilo era mesmo o momento ideal e a forma ideal para dar um próximo passo, ele engoliu os anseios de uma vez e foi até o quarto em que estava hospedada.
Tom havia comentado com ele sobre a mudança de hospedagem dos demais e, com aquilo em mente, Lewis teve mais uma de suas brilhantes ideias. Embora estivesse acostumado com os encontros com ela, algo pareceu ter repentinamente mudado dentro dele. Como alguém que toma uma decisão forte o suficiente para mover toda e qualquer ação de si mesmo, ele estava ansioso, determinado e muito urgente. O nervosismo corria em suas veias enquanto esperava pela porta do quarto ser atendida até, finalmente, o sorriso que iluminava seus pensamentos abrir-se bem diante de si mesmo.

— Você, por aqui? — sorrindo surpresa, disse abrindo a porta do quarto, dando espaço para que Lewis entrasse.
— Fui buscar as malas de no Tom — ele colocou as mãos nos bolsos da calça — e fiquei pensando, para onde você vai, agora que vocês precisam sair daqui?
— Está querendo me convidar para ir para sua casa, Hamilton? — riu para ele, tão direta em entender as entrelinhas da fala dele que o assuntou levemente.
— Por que você estraga todas as surpresas? — ele rebateu incrédulo.
— Porque eu te conheço o suficiente para saber o que você quer dizer — a cantora deu de ombros — E, bom, você está com uma cara de cachorro que caiu da mudança, então ficou meio óbvio.
— Você me chamou de cachorro? — falsamente boquiaberto, ele apontou para ela. riu mais uma vez e, charmosa, respondeu:
— Não é novidade para ninguém.
— O que caiu da mudança é novidade sim — ele deu de ombros, rindo levemente junto com ela.
— Tudo bem, tudo bem — ela gesticulou com as mãos — Vou te deixar fazer uma surpresa formal, então.
— Agora não tem mais graça — Lewis protestou — Vou ter que pensar em outra coisa.
— Não precisa de surpresas, Lewis. Só de ter vindo aqui para me oferecer um lugar novo para ficar, já foi legal o suficiente da sua parte — sorriu tímida, encarando os olhos que ela tanto amava ver.
— Eu só queria… — ele engoliu em seco, voltando a sentir-se nervoso, como minutos antes, quando bateu na porta do quarto dela — queria passar mais tempo com você. Aproveitar que temos alguns dias pela frente, até sabermos quando as gravações vão terminar, sei lá, ficarmos juntos um tempo maior do que já ficamos até aqui. — ele coçou a nuca, desviando seu olhar da mulher que sorria abertamente, parada em pé na frente dele, feliz em ter ouvido aquilo tudo, mas sem esperar pela última confissão: — Eu só queria… você, .
— Você já me têm, Lewis. — ela respondeu sincera indo em direção ao piloto passando as mãos pelos cabelos dele — Sabe disso — o olhou fixamente — Ainda mais com essa rostinho de golden retriver — ela riu de lado — Eu devia ter gravado e mostrado para o quanto você fica ainda mais lindo suplicando por algo.
— Não ouse mostrar uma coisa dessas para — ele riu de lado — Aquela lá já tem material de sobra para me humilhar por, pelo menos, minhas próximas 15 gerações futuras — o piloto revirou os olhos — E eu não supliquei nada, apenas fiz um convite.
— Lewis, a quem você está querendo enganar? — ela colocou as mãos na cintura sorridente — Você veio direto da casa de Tom, que fica quase do outro lado da cidade, só para me chamar para ficar com você.
— Como você sabe que a casa dele fica do outro lado da cidade? — o piloto arqueou as sobrancelhas.
— Tenho meus contatos — riu — E o foco aqui é você ter vindo de longe me ver. A versão romântica de Lewis Hamilton apareceu.
— Eu sou o último dos românticos, . Você já deveria saber disso — o piloto piscou para ela — Mas toda essa cerimônia é para dizer que você aceita ir para lá comigo?
— Você acha que a vai se sentir bem com a minha presença lá? — perguntou pensativa — Não quero incomodar de jeito nenhum e ela pode não se sentir bem comigo por perto, sei lá, ouvindo e vendo alguma coisa. As coisas aconteceram há pouco tempo e não temos muita intimidade ainda, não sei como ela pode se sentir.
— A casa é minha, ela que se acostume — brincando, ele deu de ombros — Mas não se preocupe. Ontem ela escolheu algumas peças de roupa nova da Dior enquanto contava sobre o contrato para o vendedor que foi lá em casa mostrar a última coleção, em detalhes até demais, se é que me entende.
— Ela contou para o vendedor? — estranhou, rindo levemente, observando o homem concordar com a cabeça.
— Sim, ele deu a deixa e ela só falou sem parar, entre uma peça de roupa e outra que provava.
— E você?
— Palpitei na história e na escolha das roupas, sentado na poltrona, enquanto assistia tudo e tomava meu uísque — Lewis respondeu simplesmente — Então, se tem uma coisa que está naquela casa, é confortável.
— Ok, tudo bem então — — Seus pais estão fora?
— Não tenho notícias do meu pai há algumas semanas e minha mãe foi para minha casa em Mônaco hoje pela manhã, todo ano ela gosta de reunir a família para passar o feriado de final de ano lá — ele explicou — então, não vai ser dessa vez que você vai conhecer seus sogros.
— Meu Deus, Lewis, eu não ouvi isso!

Entre risadas e conversas, Lewis ajudou a arrumar seus itens nas malas que a cantora havia levado para Londres. A cumplicidade e a sincronia dos dois era tão natural, que podia ser notada até no simples gesto de passar uma peça de roupa para o outro. Quem conhecia o piloto apenas das pistas ou dos programas de televisão que eventualmente participava, não imaginava o que se escondia debaixo da máscara de metido que ele carregava. Para que não fossem vistos juntos, buscando evitar dar combustível para as fofocas que já estavam atormentando a todos por demais naquelas semanas, Lewis saiu sozinho pela entrada principal do hotel, como havia chegado, puxando a atenção dos eventuais paparazzis e fãs que ali esperavam por qualquer movimentação. Dessa forma, conseguiu sair despercebida pelo estacionamento reservado aos hóspedes do local. Com suas malas sendo colocadas dentro do carro que estava alugado para ela, a cantora não demorou mais do que cinco minutos para deixar o hotel e ir, enfim, sentido a casa de Lewis. O casal ficou de se encontrar duas ruas de distância dali, onde ela pode trocar de veículo sem problemas e sem chamar atenção.
foi pega de surpresa com o gesto inesperado de Lewis e aquilo pareceu, para ela, um novo passo na relação casual dos dois. Nunca tinham estado juntos em uma de suas residências próprias, normalmente os encontros aconteciam em hotéis onde passavam poucos dias. Aquilo era novo para eles dois. E sabiam que a intimidade aumentaria a partir daquele momento, com conhecendo efetivamente a privacidade dele, sua casa, um pouco mais de seu mundo, da maneira de como ele se organizava, como decorava e como gostava de combinar e de fazer as coisas cotidianas, entraria em mais um pedaço da vida de Lewis.
Apesar de ser um passo importante e necessário em qualquer relacionamento, um novo momento para ele e bastante empolgante para ela, tudo aquilo trazia à tona, novamente, os questionamentos inseguros e incertos que tinham. O casal já havia conversado, em alguns outros momentos, em tom de brincadeira, sobre o que tinham e Lewis chegou a falar abertamente que gostava da cantora. Contudo, ainda assim, faltava a a certeza, a fala sem tons de brincadeira e com o pingo de seriedade que ela tratava aquele tema. Ela ainda não se sentia totalmente segura para se abrir e levar aquele assunto para o lado mais certo e menos casual era um novo passo e um desafio para eles.
Lewis, no entanto, pensando de outra forma, achava que aquela era a oportunidade perfeita para mostrar para suas reais intenções, sem brincadeiras ou gestos que ficariam subentendidos. Ele estava disposto a apagar todas as entrelinhas, a cortar os “mas” dos textos e a ser tão claro quanto a água cristalina. Lewis queria algo sério com ela, desejava tê-la perto por mais tempo do que apenas alguns dias ou horas, desejava que aquele momento, aquele exato momento em que dirigia com ela para sua casa, fosse a verdade e a realidade dos dias cotidianos. Estava cansado de ser interpretado como apenas um garanhão, ansiava por construir algo duradouro e especial com a cantora.
tinha mexido com sua cabeça como nenhuma outra mulher jamais o fez, conseguiam ter uma relação boa e saudável, natural e amigável, respeitosa e responsável acima de tudo. Sem o ciúmes e a pressão excessivos que ele viveu no último relacionamento; sem a disputa de egos que rodeava muitos dos casais famosos que ele conhecia. Eram apenas os dois, juntos, compartilhando os momentos mais bonitos da vida. Eram só eles e teria que ser assim para que o que tinham continuasse a funcionar bem e sem que ninguém se metesse.
Depois de se encontrarem no ponto de encontro marcado, e Lewis se dirigiram rapidamente, em seu exclusivo e luxuoso Pagani Zonda R, modelo da AWG, que foi fabricado em poucas unidades devido a sua alta potência. O piloto é um dos proprietários selecionados pela marca para ter o veículo e, de sua coleção, era o seu preferido. Por onde passavam, atraiam olhares curiosos para o automóvel, mas não se importaram muito. Estavam concentrados em conversar e comentar o caminho, vez ou outra acompanhar a música que tocava no rádio e, talvez pelo luxo e pelo poder de serem quem eram, nada mais parecia importante. Não demoraram muito até adentrar os portões da mansão de Lewis e, de cara, já não pode deixar de notar como a casa era enorme e luxuosa, muito elegante, com um ar moderno refinado. Sua fachada era bem iluminada e ampla e, por alto, deveria valer o dobro da mansão que ela mesma vivia.

Ele foi buscar minhas coisas na casa do Tom — a voz de pôde ser ouvida em alto e bom som por eles, assim que entraram na mansão. Lewis olhou para com uma expressão confusa, achando que a amiga estava falando sozinha.
É um verdadeiro cavalheiro mesmo — uma voz, então, muito bem conhecida por Hamilton respondeu de volta, tirando dele um sorriso largo, enquanto puxava pela mão casa dentro, segurando uma das malas dela com a outra.
— Ah, e falando nele: olha quem chegou, — sorriu animada, olhando para o casal que havia acabado de entrar no seu plano de visão. A mulher estava confortavelmente sentada no sofá da sala, vestindo um pijama da Gucci e pantufas de bichinho, com uma raposinha na ponta de cada pé. Seus cabelos estavam soltos e ela segurava um IPad em mãos — os meus pombinhos favoritos. Carmen, conheça a sua nora.

tinha uma relação de proximidade com os familiares que conhecia de Lewis, pela longa amizade e pelas vezes que frequentou a casa dele, em festas e eventos. Acabou conhecendo grande parte dos membros da família dele nas próprias corridas do piloto e, desde então, mantinha contato mais próximo com alguns, como se fossem a família dela própria. Eram amigos há anos, afinal. Tinham contatos recorrentes e muitos próximos, muita intimidade, era esperado que conhecesse ao menos os pais dele ao tempo que Lewis também conhecia os membros da família dela.
A mãe de Lewis em especial, Carmen Larbalestier, era uma fã assídua dos trabalhos da cineasta. Já tinha assistido à maioria dos filmes que a mulher dirigiu, gostava do estilo cinematográfico de e acompanhava as produções e participações dela sempre que podia. A relação das duas era similar à de mãe e filha, Carmen amava quando estava por perto. Sem se mover muito do sofá, a cineasta virou o IPad na direção do casal recém chegado e a mãe de Lewis, que aparecia na tela, abriu um sorriso imenso, carinhoso e muito simpático.

— Mãe, por que você está falando com a — Lewis a repreendeu, olhando da tela para seu relógio — essa hora da noite?
Não seja grosseiro, filho. Eu não te dei essa educação — Carmen respondeu sorridente — Me apresente a moça primeiro riu com o comentário da mulher — e depois vou pensar se te dou satisfação das fofocas que estava fazendo com a .
, essa é minha mãe, Carmen — aproximando-se do IPad nas mãos de , ele apontou de para a tela e, então, o inverso — e, mãe, essa é .
— Olá, que prazer conhecer a senhora — comentou sorridente, parando ao lado dele, curvada de frente ao IPad para que pudesse aparecer e ver melhor.
Querida, o prazer é todo meu — Carmen riu carinhosa — Você é realmente muito bonita — ela ajeitou seus óculos no vídeo, tirando uma risada de Lewis.
— Às vezes ele escolhe bem, Carmen — se meteu na conversa, arrancando um revirar de olhos de Hamilton e uma risada de Carmen e .
— Eu sempre escolho bem — Puxando para se sentar ao lado de no sofá, Lewis protestou. A cineasta, enfim, virou a tela do IPad de modo que os três pudessem aparecer na chamada de vídeo. Carmen sorriu abertamente com a cena, feliz de ver os seus amados ali e juntos.
Desde de quando você escolhe bem, Lewis? — Carmen revirou os olhos — As outras mulheres com quem você se relacionou não chegavam nem perto de boas opções. Ainda bem que Deus te livrou delas.
— Sou obrigada a concordar — o olhou, o vendo fazer uma careta.

Quando se tratava de relacionamentos, ele sabia que sua mãe não dava uma trégua. Nunca tinha gostado das mulheres com as quais se relacionou e ela não escondia isso. Sempre dizia que seu filho merecia alguém melhor, mais familiar e mais responsável. Aquela não era o jeito que ele gostaria de ter apresentado para ela, tendo em vista todas as ressalvas de sua mãe. Sequer tinham um compromisso sério, firmado, não era o tempo de apresentar sua família ainda e, mesmo que não transparecesse, estava ligeiramente incomodado com a situação. Não por sua mãe, ou . Mas por achar que, talvez, aquilo pudesse assustar de alguma forma.
Eram muitas informações para um dia só, ir para a casa dele, ficar um tempo ali convivendo intensamente, conhecer logo a mãe. Lewis se colocou no lugar dela por um momento e, inconscientemente, segurou a mão de sentada ao seu lado do sofá. Não sabia exatamente como se sentiria se aquilo estivesse acontecendo com ele, mas o sorriso aberto no rosto de , ao menos, passava certa segurança. E ter ouvido sua mãe comentar que a achou bonita e vê-la tão simpática e aberta daquela forma, como nunca antes foi com as outras, parecia um ponto positivo a se considerar.

— Pronto, era só o que faltava — ele entrou na brincadeira — Se juntaram as três contra mim agora.
Contra você não, meu amor. Só estamos comentando seu péssimo histórico para relacionamentos — a mãe do piloto deu de ombros — Mas estou com a leve impressão de que virá para mudar isso — ela cutucou, vendo sorrir — Você nunca escolheu uma mulher com um sorriso tão contagiante.
— Cuidado, Lewis, sua mãe vai roubar de você — brincou, tirando uma risada alta de Carmen.
— Eu mudo de interesses muito rápido — entrou na brincadeira, rindo levemente — Se ela quiser, eu quero — olhando de Carmen para Lewis, a cantora sugeriu, tirando uma nova gargalhada da sogra.
Essa corrida você já perdeu, campeão — Carmen celebrou, fazendo uma dancinha.
— Está bem, está bem — Lewis levantou as mãos, como se se rendesse — Mas será que podemos focar no que vocês duas estavam fofocando antes da gente chegar?
Não era nada demais, querido, só vi na televisão que você e estavam gravando o mesmo programa e decidi ligar para saber como estavam — ela respondeu carinhosa, puxando sua xícara de chá para perto — Comentei com que como nem você nem ela vieram me visitar a tempo, já que agora vim para Mónaco, não vamos no encontrar mais nesse ano — virando levemente o iPad em direção a e Lewis, de modo que ele não aparecesse por um instante, sinalizava para que Lewis inventasse uma desculpa. De fato não tinham a ido visitar em todas aquelas semanas em Londres, porque tinha, simplesmente, esquecido.
— Que péssimos filhos — sussurrou, de modo que só eles ali com ela pudessem ouvir.
— Estivemos muito ocupados com as gravações do programa, mãe — Lewis respondeu carinhoso — Mas, prometo que logo, assim que tivermos um tempo aqui, vamos fazer uma visita.
— É, nós prometemos — apareceu novamente na câmera, sorrindo confiante.
Então venham passar o Natal comigo vamos dar uma festa linda, a Maison Louis Roederer ofereceu patrocinar a festa, vocês precisam vir.
— Era a ideia inicial, mas com as paralisações das gravações não sei se chegamos a tempo — o homem refletiu, olhando as duas mulheres ao lado, pensativas — Vamos tentar.
Ótimo — Carmen sorriu animada — E tragam com vocês.
— Pode deixar, mãe! — respondeu casual, imitando Lewis — Nós vamos levar a sim.
E o seu namorado bonitão também, — Carmen sorriu simpática — Ele está sempre convidado, sabe disso.
— Claro, é só que… nós… — pigarreou e deixou um suspiro escapar. A simples lembrança de Tom doía e, muito, nela — não estamos mais juntos, na verdade.
Ah, querida, não acredito nisso — Carmen comentou surpresa, nitidamente chateada pela notícia — Me desculpe, eu não sabia.
— Sem problemas, Carmen. Outra hora falamos melhor e conto o motivo do término — tentando sorrir confiante, como se tudo estivesse sob controle, a cineasta comentou. e Lewis trocaram um olhar triste, chateados em lembrar como as coisas estavam entre e Tom.
— Exatamente, outra hora — Lewis interrompeu o momento, pegando o tablet da mão da amiga — Agora, nós três aqui precisamos comer.
— Vê se serve alguma comida de verdade para elas, Lewis — Carmen resmungou. Sabia o filho que tinha e sua preferência por comer qualquer porcaria, desde que fosse vegana.
— Deixa comigo, mami — ele respondeu, tirando uma risada baixa de e e, antes que a mulher mais velha pudesse dizer algo mais ele acenou — Tchau, te amo!
— Tchau, Carmen — acenou simpática, recebendo um beijo no ar da mulher e, enfim, gritou:
— Tchau, mami — imitando a fala do amigo, a cineasta mandou um beijo para o iPad e viu Lewis desligar a chamada, depois de virar o aparelho uma última vez para ela e acenarem, se despedindo da mãe do piloto.

pegou seu celular de cima da mesa próxima ao sofá que estavam sentados, assim que viu o amigo desligar o aparelho que tinha em mãos. Ela checou se não tinha nada de importante no aplicativo de mensagens e, sem novidades, arqueou as sobrancelhas em direção a Lewis e , que mantinham-se sentados perto dela, lado a lado, a olhando de frente.

— Posso saber o que o casalzinho está esperando para me contar a novidade? — os cutucou, querendo saber a fofoca.
— Novidade? — a olhou confusa e, então, voltou-se para Lewis.
vai ficar com a gente durante a pausa nas gravações do Sugar Rush — ele respondeu, um sorriso lateral saindo de seu rosto — Achar um lugar em Londres de última hora é complicado. , e foram redirecionadas para um apartamento, Dylan vai ficar com Ben e Sebastian com…— o amigo fez uma pausa, pensando se deveria mesmo dizer aquela palavra, mas foi mais rápida.
— Tom — ela sorriu triste — Você pode falar o nome dele, Lewis. Ele não é o Voldemort para não poder ser nomeado — a cineasta olhou serena para o amigo — Já imaginava que Sebastian ficaria por lá, não é a primeira vez que ele fica hospedado no Tom. E é maravilhoso que esteja aqui com a gente. Não iria aguentar ficar com você, sozinha, todos esses dias.
— Estou feliz por estar aqui também — A cantora respondeu sorridente — Como você está, ?

perguntou cautelosa, tinha certo receio de tocar no assunto, mas não podia deixar de saber como ela estava. Não conversava com a amiga desde o dia em que a bomba estourou, não tinha tido notícias dela senão as barbaridades que saiam na mídia. Sabia que aquele era um momento delicado e sabia que estava passando por muitas coisas, apesar de manter-se forte e segura - ou, ao menos, parecer. pensou por um segundo que, talvez, estar ali também fosse legal para poder encher a atenção e a preocupação da amiga com outras coisas senão Tom e o término.

— Para ser sincera, amiga, já estive bem melhor — respirou fundo, olhando de para Lewis à frente — A situação envolve muita gente e interesses diferentes, o que piora no quesito “vazamento das informações”. Mas, acho que não é nada que o tempo e umas doses de tequila não ajudem a resolver e a curar.
, você sabe que hoje é quarta-feira ainda, né? — Lewis arregalou os olhos, propositalmente exagerado.
— E tem dia para beber agora? — ela rebateu, dando de ombros.
— Ela tem razão — apontou para ela, encarando Lewis, que pareceu pensar um momento.
— Modéstia parte, eu sempre tenho razão — ajeitou seus cabelos e logo se levantou do sofá — E foi um convite, não posso recusar.
— Vish, lá vem — Lewis se afundou mais no sofá, como se quisesse se esconder — Quem te convidou?
— Não que seja da sua conta, — ela fez uma careta para ele, que mostrou-lhe o dedo do meio — mas foi quem me chamou para sair, porque quer conhecer o Artesian.
— Esse bar é ótimo! — falou animada. Amava o Artesian, sempre que ia a Londres dava um jeito que ir visitar o lugar — Além do ambiente ser impecável e remeter aos antigos pubs ingleses, as bebidas são personalidades e uma delícia.
— Como você sabe de tudo isso? — Lewis a encarou, levantando as sobrancelhas.
— Tenho meus momentos de descontração, Lewis — a cantora deu de ombros.
— Você quer ir com a gente, ? — animada, a convidou.
— Que isso? — Lewis praticamente gritou, apontando para incrédulo — Por que eu não sou convidado?
— Passei muito tempo com você nos últimos dias, Lewis. Estou enjoada desse seu rostinho bonito — apertou uma bochecha dele, assim que passou por perto, rumo a saída da sala de estar onde estavam.
— Agradeço o convite, , mas estou cansada, quem sabe outro dia — agradeceu o convite, sorrindo para a mulher enquanto a acompanhava, com o olhar, caminhar — Podemos repetir a noite das meninas.
— Eu adoraria — concordou feliz mas logo completou, um tanto irônica, querendo alfinetar o casal — e entendo que não esteja a fim de sair hoje. Mas, tenho certeza que você não está cansada demais para tomar um chá.
, você não tem limites — o homem riu do comentário.
— Quem tem limite é município, Lewis — falou alto, sem se virar em direção a eles, já saindo pela porta da sala — e eu sei, porque tenho propriedade para falar, que os melhores chás do mundo são os ingleses.

Rindo alto dos comentários de , o casal a assistiu sair da sala para se arrumar em seu quarto e, depois de alguns minutos discutindo sobre o que poderia fazer, sem fome e entediados demais em ver qualquer coisa na televisão, decidiram aproveitar o resto do dia na piscina. Despreocupado se aquilo já era um passo ousado demais ou só mais da causalidade rotineira deles enquanto casal, Lewis ajudou a se instalar no quarto dele mesmo, levando as malas dela para o andar de cima da casa, enquanto ria sem graça e o provocava, afirmando não ter sido consultada sobre aquela decisão.
A cantora não demorou mais do que meia hora para se instalar no quarto, ajeitando minimamente suas roupas e sapatos nos armários que ainda estavam vazios do closet conjugado do piloto. Lewis espalhou os pertences de higiene dela pelo banheiro enorme e tratou de ir buscar toalhas e um roupão para ela. aproveitou a deixa de ficar sozinha por alguns minutos para se trocar e, já com seu biquíni, esperou por Lewis de aprontar para que, finalmente, pudessem ir a piscina - preguiçoso demais para colocar uma roupa de banho, o piloto só tirou a roupa que vestia e, pegando no colo pelo caminho no quarto, correu só de cueca com ela até a piscina.
Encontrando com eles pelo caminho, na casa, tapou os olhos e reclamou gritando alto, enquanto ouvia gargalhar e Lewis rebater que estava em casa e ela que se virasse para aguentar aquilo. Pronta para sair, riu sozinha enquanto pegava sua bolsa e seu casaco próximos a porta de entrada e, pegando um dos carros de Lewis emprestado, sem que ele soubesse, foi rumo ao encontro que tinha marcado com . Aquela seria a primeira vez que ela sairia de casa, iria fisicamente a público, depois do escândalo. Estava feliz em poder conversar com , que pareceu tão preocupada com as consequências daquilo tudo, e feliz em poder retomar o mínimo de convívio social que perdeu naqueles dias. , contudo, ainda estava receosa e passou o caminho todo ponderando se deveria mesmo ter saído e o que diria caso alguém perguntasse algo sobre o contrato ou, pior, sobre Tom.
Na casa de Hamilton, o clima foi completamente diferente. Totalmente intimista e reservado, o casal aproveitou o final do dia com o melhor que a vida poderia oferecer a eles: um ao outro. Ficaram horas na piscina, entre conversas baixas e risadas altas, entre se divertirem e se sentirem, entre se beijarem em todas as bordas que a imensa piscina tinha a oferecer e se provocarem, como gostavam de fazer quando estavam juntos. A água quente e vaporosa da piscina contrastava com o frio que fazia lá fora e conforme o tempo foi caindo e a noite foi chegando, tudo parecia ficar ainda mais perfeito. Encaixada em Lewis como se tivesse sentada nele, com os braços do homem abraçados em sua cintura, flutuando ligeiramente com o balanço leve e calmo da água, passava o dedo nas tatuagens dos ombros e do peito dele, como se as contornassem, enquanto o ouvia contar sereno alguma história sobre a sua família.
Apesar de já conhecer muitas das histórias que ele tinha para contar, de já ter ouvido sobre a família dele, de já conhecer cada uma das tatuagens e cada pedacinho do corpo dele, sentiu naquela noite uma intimidade, uma conexão com ele que nunca havia antes sentido com ninguém. Talvez fosse o momento a sós, depois de tanto tempo sem terem aquilo, imersos e perdidos nas corridas de suas rotinas; talvez fosse o fato de estar na casa dele, de sentir que ele estava abrindo para ela uma parte de sua vida que quase ninguém havia descoberto. Talvez porque, no fundo, ela já tivesse a certeza de que era ele quem ela queria, de que era ele quem ela amava.
não queria que aquele momento acabasse. Nunca mais. A história da família dele virou uma nova sobre seus amigos de infância, virou meia dúzia de perguntas curiosas da mulher, virou opiniões que ela sequer imaginou um dia ter sobre ele. Viu em Lewis uma sinceridade e um amor genuínos ao falar de sua mãe, um desconforto racional em comentar pouquíssimas coisas de seu pai e uma porção de risadas ao lembrar de seus sobrinhos. As conversas sobre a vida dele, casuais e tão orgânicas, transformaram-se em histórias sobre a vida de , sobre sua família, sobre sua mãe, sobre as graças que sua avó fazia e a primeira vez que foi a um show dela, sobre sua carreira. Ao final, entre pausas para beijos e para jogar um e outro mais a fundo na piscina, estavam os dois comentando sobre os amigos que tinham em comum, sobre como Daniel Ricciardo era um palhaço e sobre como George Russell havia conhecido depois de acabar com uma festa.
Perto das 20h30, o casal decidiu deixar a piscina. Estavam com fome , um tanto cansados e começando a congelar as partes do corpo que ficavam para fora da água, como duas crianças que brincavam muito tempo em uma piscina. Lewis saiu primeiro, correndo desesperado pelo frio, enrolou-se no roupão e voltou correndo para a borda da piscina, com o roupão de em mãos. A cantora logo impulsionou-se para fora também, sendo carinhosamente enrolada no roupão por ele. Em seguida, querendo correr o mais rápido possível para dentro, o piloto a pegou em suas costas, a levando de cavalinho para longe dali.
Lewis parou, contudo, assim que passaram por um dos grandes espelhos no corredor entre a área externa da casa e a sala de estar. estava tão absurdamente linda pelo reflexo rápido que ele viu, que ele precisou parar para encará-la melhor. Agarrada nas costas dele, com o roupão levemente caído nos ombros, o biquíni cor-de-rosa contrastando com o tom de sua pele, davam a ela um ar tão sensual que ele engoliu em seco. Os cabelos soltos deixavam pinguinhos de água escorrendo pelo pescoço dela e ela parecia tão concentrada em arrumar os dreads dele, em um toque tão gentil e carinhoso, que parecia um sonho. era um sonho. Talvez o mais bonito e encantador que Lewis já teve em toda sua vida.

— O que foi? — perguntou o olhando encará-la pelo reflexo do espelho, assim que parou de andar. Ela seguia tentando ajeitar os dreads dele.
— Você — ele respondeu simplesmente.
— O que tem eu?
— É a mulher mais linda desse mundo — Lewis comentou sincero, abrindo o sorriso lateral charmoso que tanto amava.
— Sei — ela riu tímida.
— Estou falando sério! — e ele parecia estar mesmo, notou pela certeza em suas palavras. Sabia quando Lewis estava brincando e, definitivamente, não estava naquele momento — Olha só — ele apontou com o queixo em direção ao espelho, fazendo a mulher olhar para o reflexo dos dois juntos — como você é linda, Dickmann.

deixou uma nova risada baixa escapar, tímida, mas muito feliz em ouvir aquilo. Na maior parte do tempo, Lewis era brincalhão, descontraído, amava fazer gracinhas e chamar atenção por onde passava. Contudo, desde alguns últimos encontros que tiveram, aquele jeito dele parecia sossegar com . E ele tinha alguns novos momentos em que só queria observá-la, que parecia falar mais sério do que o de costume, que soltava pequenos carinhos em forma de palavras, como tinha acabado de fazer. Ele tinha seus momentos de fofura e de homem apaixonado. E em todos eles, se sentia boba, se sentia sortuda e, às vezes, duvidosa se eram realmente reais ou um sonho dela.
Ela o abraçou pelas costas com mais força e carinho, deixando vários beijos curtos e rápidos pela lateral do rosto dele e seu pescoço. Hamilton logo voltou a caminhar, por vezes pular, com ela agarrada em suas costas, até o banheiro enorme de seu quarto e, assim que chegaram lá e desceu dele, a cantora logo tratou de o puxar para perto de si, o beijando calorosamente, caminhando com ele em direção ao chuveiro.
Como gostavam de fazer, o sexo no chuveiro, no banho, foi tão calmo e tão carinhoso que demoraram mais ali do que haviam esperado. Não tinham pressa alguma, tinham só a vontade de sentir um ao outro. O barulho da água caindo abafava os gemidos e os grunhidos altos que soltavam, o vidro fino que separava o chuveiro do resto do cômodo embasado pelo calor da água e pelo calor de seus corpos. Os beijos que percorriam cada pedaço um do outro, as mãos que os exploravam sem vergonha alguma. Tiveram ali o momento de intimidade física, enquanto seus sentimentos e seus corações já haviam vivido naquele dia toda a intimidade emocional que poderiam oferecer. Foi maravilhoso, foi como nunca antes havia sido para nenhum deles dois.
terminou de se trocar primeiro, depois do longo banho e decidiu desbravar a casa de Lewis, enquanto ele vestia alguma roupa qualquer, confortável. No corredor no quarto dele, ela descobriu que havia outros dois quartos de hóspedes como o de , que ficava ao final do corredor, e uma porta diferente, que chamou sua atenção.
Curiosa, a cantora a abriu sem grandes cerimônias, deixando com ela abrir também um sorriso largo e emocionado em seu rosto. Seguindo o carpete claro que cobria todo o corredor e os cômodos daquele andar, a sala era ampla, com suas paredes totalmente de vidro, dando uma vista magnífica do jardim e da piscina de Hamilton, lá fora. Com isolamento acústico nas paredes, a sala parecia como um mini estúdio de música, onde dezenas de diferentes instrumentos estavam espalhados. reconheceu alguns cantinhos da sala de lives e vídeos que Lewis havia feito tocando e compartilhado em suas redes sociais, mas, ainda assim, parecia bem diferente, bem mais acolhedor e aconchegante.

— Não sabia que você tinha tantos instrumentos — passou as mãos pelo piano disposto no grande cômodo, assim que viu Lewis se juntar a ela.
— E eu realmente não tinha! — Lewis caminhou para próximo dela — Acabei comprando depois da reforma da casa, queria criar esse espaço — apontou com as duas mãos para o pequeno estúdio — e confesso que teve alguém que me influenciou um pouco a isso.
— Ah é? — ela sorriu manhosa — Posso saber quem foi?
— Uma cantora aí — ele de ombros, fingindo não se importar muito, tirando uma risada de , que fez uma careta para ele.
— Ficou incrível, Lewis! Tenho que confessar que está até mais completo que o meu próprio estúdio em casa — olhava maravilhada para o espaço. Estava tudo tão organizado e tão cuidadosamente decorado, com tantos instrumentos espalhados, disponíveis, que parecia que projetado por e para um verdadeiro músico. sabia que Lewis tinha um lado musical potencial e a ser desbravado. Sabia que a música era uma paixão e um hobby para ele. E aquele era, sem dúvidas, um dos lados mais interessantes dele e que mais chamavam atenção dela.
— Não seja modesta, — Lewis respondeu irônico e ela apenas deu de ombros rindo — Todo mundo sabe que você tem, no mínimo, uns 15 milhões de dólares em instrumentos em casa.
— De onde você tirou isso? — ela arqueou as sobrancelhas.
— Da Forbes — ele deu de ombros — Você sempre sai no top 100 celebridades mais bem pagas do mundo e eles sempre dizem o quanto você têm de patrimônio só em instrumento — pensou por um segundo e concordou. Não se ligava muito naquela lista, mas já tinha visto alguns anos passados — E você sempre vem na minha frente no ranking, acho sexy.
— Se liga — ela deu um tapinha no braço dele, que riu, a observando mexer em seu cabelo falsamente pomposa — Talvez se você cantasse, pudesse concorrer comigo.
— Ou se atuasse, escrevesse, dirigisse ou modelasse, porque as outras gatas do Sugar Rush estão sempre na lista também, passando na minha frente — ele fez um bico — Todos os anos é a mesma humilhação. Eu não gosto de concorrer com vocês, porque não tenho nem chance.
— O melhor piloto do mundo e seu ego ferido, entenda o caso — brincou, dando um beijinho rápido no bico que ele ainda fazia, fingindo-se cabisbaixo.
— Eu vou aprender a fazer tudo isso e no final do próximo ano, nenhuma de vocês me segura mais, ok? — ele apontou para ela, sem conseguir segurar o sorriso ao ouvir a gargalhada de — E vou exibir minha posição no ranking ao lado do troféu do Sugar Rush.
— Acho que nem precisava aprender, porque, convenhamos: o que você não sabe fazer? — Lewis riu com o comentário — É sério, você pilota, tem personagem em filme de animação, é um ativista, canta e toca isso tudo de instrumento nas horas vagas, é bom filho e tio — arqueou as sobrancelhas para ele, parando próximo a parede que estavam pendurados os violões e guitarras do piloto — Para mim você já é o número 1 em todos os rankings. Qual outro talento você esconde, Lewis Hamilton?
— Isso é tipo uma entrevista? — ele perguntou, observando-a assentir com a cabeça e, mudando a postura e o tom de voz, completou: — Então só respondo mediante a presença da minha equipe de relações públicas — Lewis colocou as duas mãos para o alto em sinal de rendimento
— Meu Deus, que estrelinha você é — revirou os olhos.
— Foi convincente, não foi? — ele perguntou animado, batendo uma palma — Sou um ótimo ator.
— É convencido também — a cantora completou, rindo do jeito infantil dele.
— E criativo: nós podíamos tentar tocar algo juntos, o que me diz? — ele perguntou segurando a mão dela carinhosamente, enquanto a puxava em direção ao piano, mais ao centro do cômodo.
— Eu acho uma ótima ideia — respondeu sorridente — Vamos fazer um cover de Beyoncé e Jay-Z, versão Inglaterra — os dois riram e se sentaram lado a lado, dividindo o banco de frente ao piano.
— Posso ser o Jay-Z, mas sem a parte das traições, porque ao contrário dele, gosto de ser fiel e sei valorizar a mulher com quem estou — apesar do tom claro de brincadeira, ele pareceu ser sincero. riu do comentário e negou com a cabeça.
— Sei disso, Lewis, sei — ela apertou levemente a mão do piloto que, delicado, entrelaçou seus dedos aos dela — Você tem alguma sugestão do que podemos tocar? — ela perguntou olhando em direção ao piano.
— Estou acostumado a tocar as músicas da nossa conhecida e amada Adele, — Lewis deu de ombros, passando os dedos levemente pelas teclas do piano — mas pego rápido as melodias, então, você pode escolher algo que goste.
— Quem diria que o hobby favorito de Lewis Hamilton é tocar músicas românticas — comentou com um sorriso de lado.
— Sou um homem de muitas versões — Lewis soltou a mão dela e pegou um violão preto que estava assentado ao lado do piano, perto de onde ele estava sentado, e o estendeu para .
— Gosto de conhecer todas elas — respondeu sincera, o olhando, enquanto ajeitava o instrumento em seu colo — Em homenagem ao seu lado romântico, nós podíamos tocar um clássico.
— O que tem em mente? — Lewis virou-se ligeiramente em direção a ela.
— Elvis — sugeriu.
— Presley? — ele pareceu surpreso.
— Exatamente — ela pegou seu celular do bolso da calça confortável que vestia, procurando na internet a cifra da música que tinha em mente — Já tocou algo dele alguma vez? — Lewis negou com a cabeça — Eu amo Can't Help Falling In Love, você quer tentar tocar?
— Claro — Lewis respondeu animado.
— São poucos acordes, posso começar e você acompanha, que tal? — a mulher sugeriu, o vendo concordar com a cabeça — Lembro que essa foi umas das primeiras músicas que aprendi a tocar no violão e minha avó amava ouvir ela — ajeitando às cordas do instrumento, ela sorriu, saudosa com a memória de uma das pessoas que mais amou naquela vida, que mais a incentivou a ser quem era e que, infelizmente, tinha virado, no tempo, uma nota musical — Ela dizia: “, toca Elvis Presley” — a cantora riu leve, acompanhada por Lewis, que prestava atenção nela, interessado, curioso — e eu me sentava com ela no sofá da sala e tocava por horas, uma atrás da outra, todas as músicas do Elvis que ela mais amava. A gente se divertia muito juntas e acho que é por isso que gosto tanto das músicas dele — ela voltou seu olhar intenso até Lewis, que a encarava de volta — Porque sempre estão comigo nos momentos mais especiais da minha vida, como agora.

Hamilton sorriu abertamente para ela, ligeiramente emocionado com a carga que aquelas palavras carregavam. Sabia que teve uma ligação muito forte com sua avó e sabia o quanto ela e tudo que vinha dela significava. Ter uma lembrança tão doce quanto aquela, atrelada, costurada, ao momento que estavam tendo soou tão bonito e tão sincero, que ele se sentiu levemente emocionado.
colocou seu celular, com a cifra e a letra da música abertas na tela, acima do teclado do piano, apoiado no local em que, normalmente, ficavam papéis com as partituras. Procurou afinar o violão antes de começar a tocar, como estava acostumada a fazer sempre que iria tocar em sua casa ou antes dos shows acústicos. Gostava de preparar todo seu material, sozinha e com pouca ajuda, gostava de sentir o instrumento, afinar ele até ficar perfeito, até sentir-se conduzida pela melodia e deixar com que sua voz macia fosse mais um instrumento para tocar os ouvidos e o coração do público que, naquele momento, era ninguém mais senão Lewis e seus grandes olhos castanhos.
A observando ali, tão serena, enquanto ajeitava o violão, Lewis se lembrou da primeira vez que viu tocar, logo no início do sucesso da carreira da cantora, no evento de reinauguração da arena da Mercedes Benz, em Berlim. Foi no mesmo evento, surpreendentemente, que conheceu . Na época, contudo, o piloto não conseguiu ficar muito tempo focado em , pois, novato no time, tinha de cumprir uma agenda extremamente apertada, participando de vários painéis de divulgação e entrevistas e, depois que trombou com , dedicou-se a curtir a festa com a amiga. Mas, do pouco que se lembrava daquela noite, lembrava de cantando e dançando, com o sorriso mais lindo do mundo, feliz de estar ali como se estivesse realizando um sonho naquele show. Estava tão contente e brilhante, vibrando uma energia tão boa, como estava naquele exato momento. Como se a música falasse por ela, como se algo se iluminasse ainda mais nela quando começava a cantar. Ela e a música se tornavam apenas um e todos que estavam por perto, presentes nas apresentações e nos shows, todos que a ouviam cantar podiam sentir isso.
O piloto esperou que desse os primeiros acordes com o violão e, assim que a voz dela começou a cantar suavemente a letra da música tão linda e tão intensa, ele a seguiu com o piano.

Wise men say
(Homens sábios dizem)
Only fools rush in
(Que só os tolos se apaixonam)
But I can't help
(Mas eu não consigo evitar)
Falling in love with you
(Me apaixonar por você)


A cantora dividia-se entre olhar para o violão em seu colo, enquanto tocava e cantava seguramente, totalmente envolvida pela música, pela melodia e por sua letra. Sua mente a levava de volta até algumas das memórias mais bonitas que tinha de sua vida, das partes que ela já não poderia mais ter, das pessoas que amou e que já tinha perdido. se lembrou dos sonhos que tinha quando era mais jovem, do quanto esperou por aquele momento, por aquele exato ponto de sua vida, em que o mundo seria dela, em que tudo seria possível, em que poderia estar onde estava naquele momento.
A outra parte dela, que se dividia naquele instante tão simples mas que lhe pareceu tão verdadeiro e emocionante, olhava para Lewis, enquanto cantava. Ele prestava atenção nas teclas do piano a sua frente, mas a todo tempo seus olhos voltavam até , como se fosse um vício, como se fosse impossível não olhar para ela. A voz dela o encantava e o prendia, ao tempo em que a letra da música, tão simples e tão amorosa, parecia ser cantada para ele. Como se cada palavra falada, cantada, saíssem dos olhos e do coração de , direta e exclusivamente para ele.

Take my hand
(Pegue minha mão)
Take my whole life too
(Tome minha vida inteira também)
For I can't help
(Porque eu não consigo evitar)
Falling in love with you
(Me apaixonar por você)


Os acordes finais foram chegando depois da breve pausa da música e os lábios dela sorriam com amor, seus olhos presos aos dele, nada mais no ambiente fazia sentido senão eles dois ali. As palavras finais tão amenas e carinhosas quanto as primeiras, a melodia sendo mantida por eles com calma, com a paciência de quem não tem pressa, de quem deixa o amor nascer e se firmar em um momento. E enquanto cantava a estrofe final, entendeu, finalmente entendeu, que, do México em diante, era tudo sobre ele. Entendeu que toda a calmaria e delicadeza daquela música nada mais trazia a ela as lembranças bonitas e felizes da calmaria e da delicadeza de amar e de ser amada por Lewis.

Como se sua vida, a partir do momento que o conheceu, pudesse ser espelhada por uma canção, descrita por um único momento, era o que acontecia ali. E em toda aquela tranquilidade, em toda aquela sinceridade, morava a descoberta de duas pessoas que só foram descobrindo um ao outro aos poucos, ao tempo e ao passo gentil que foram se deixando levar, que foram se envolvendo e que foram, verdadeiramente, se apaixonando.

For I can't help
(Porque eu não consigo evitar)
Falling in love with you
(Me apaixonar por você)


E talvez por aquele exato motivo, pela permissão e pelo convite silenciosos para que tudo mudasse, para que tomassem a vida um do outro de uma vez por todas, aquela letra fazia tanto sentido para eles dois.

❤❤❤


Hamilton acordou decidido a colocar seu plano em prática.
Bastou um primeiro dia com em sua casa, bastou aquele dia anterior perfeito, para que ele simplesmente ignorasse todas as dúvidas que tinha e decidisse seguir em frente com a ideia que Ben havia colocado em sua mente, quando saírem com os caras do reality para beber. Tinha que seguir logo com aquilo antes que desistisse e certamente nunca mais haveria um momento tão propício para aquilo acontecer, da forma que ele havia organizado, como aquela. Animado, e um tanto nervoso, sem querer contar as reais intenções para e sem querer dar qualquer indício e estragar a surpresa que planejava, Lewis a convidou para passar o final de semana na Escócia.
Com um convite despretensioso durante o café da manhã, entre uma garfada e outra da panqueca de mirtilos que preparou, ele propôs que fossem para o país vizinho como quem propunha ir ao cinema. Convenceu a cantora dizendo que seria legal para eles passar algum tempo juntos e sozinhos, indo em viagens como sempre costumavam se encontrar casualmente, e deixando um pouco a casa do piloto. Depois de tantos dias sem compromissos, com a paralisação das gravações do Sugar Rush, e presos em casa, poderia ser legal sair e reconhecer um dos lugares mais especiais para . Nunca tinham ido até a Escócia juntos, em geral, se encontravam em capitais e lugares mais badalados, onde podiam desfrutar das noites quentes e das praias desertas. Era um convite para algo diferente e amou a ideia.
Saindo de casa, também, podiam deixar mais a vontade e com um tempo a sós, refletindo seus sentimentos e com o espaço que só uma pessoa de coração partido precisa ter para começar a se reerguer. A cineasta, que mais tarde naquela manhã se juntou ao casal para o café da manhã, achou a ideia incrível e, já sabendo dos planos de Lewis, incentivou que fossem ainda naquele dia. Se prontificou a ajudar com a reserva do hotel que eles sugeriram, enquanto eles dois podiam fazer as malas tranquilos. E assim foi.
Por volta das 17hrs daquela sexta-feira fria, e Lewis deixaram Londres, no jato particular do piloto, rumo a Glasgow. Com uma mala de rodinhas, de mão, cada um, e, mesmo escondidos em suas máscaras, óculos de sol e bonés, eles não passaram despercebidos pelos poucos minutos que tiveram que caminhar pelo aeroporto e pela pista de decolagem particular. Um ponto a mais para as notícias que viviam trazendo provas de que eles estavam namorando, um ponto que eles dois sequer se importavam.
A viagem não durou mais do que uma hora e foram direto para o hotel reservado por , deixar suas coisas, tomar um novo banho juntos e saírem para jantar. A leveza daquele dia, daqueles dias em que estava junto com ele, davam a sensação nova e um tanto estranha em Lewis de não querer que nada daquilo acabasse. Como um sonho bom, um daqueles que só se sonha uma vez na vida, ele queria viver preso naqueles momentos, naqueles olhos que sorriam para ele, naquelas conversas baixas e nas risadas sinceras. Lewis queria viver em , no amor que exalava mas que ainda faltava ser dito. Ser assumido.
No sábado, o dia seguinte, o dia em que Lewis mentalmente intitulou de “o dia do campeão” chegou em um piscar de olhos e ele não sabia exatamente como deveria fazer aquilo. Haviam tantos detalhes que precisavam ter sido coordenados perfeitamente para que tudo desse certo e ele sequer sabia por onde deveria começar. Levantou tão cedo que o dia não havia amanhecido ainda e, passado as últimas horas, enquanto se distraía com qualquer coisa se não fosse ele, armando os detalhes da ideia que Ben havia dado, ele precisou pedir ajuda.
Tinha feito a reserva do teatro, onde se apresentou pela primeira vez em sua vida, por dois meses inteiros. Como não sabia exatamente quando teria tempo para armar tudo aquilo e quando conseguiria achar uma desculpa para levar até lá, ele decidiu ter uma margem de tempo enorme e, assim, de dezembro a fevereiro, o teatro estava fechado para ele. Exclusivamente para ele. Esperando pelo momento em que ele avisaria que faria a visita.
Foi para onde Lewis ligou primeiro, assim que acordou.
E ele esperou ansioso, andando de um lado a outro no corredor próximo a porta do quarto, vez ou outra checando se ainda dormia, até que alguém o atendesse e confirmasse que abriria o teatro pelo dia inteiro, pelo horário que ele precisasse. Pedindo discrição ao funcionário que o atendeu e a gentileza de ter apenas uma pessoa da equipe no lugar, ele desligou contente, celebrando silencioso o primeiro sucesso do dia. Mas ainda havia trabalho a ser feito e ele não podia perder muito tempo.
O piloto, então, colocou em contato com Lizzie, a personnal de , para que elas juntas dessem um jeito de arrumar a decoração do lugar a distância, o que já estava gerando um estresse gigantesco e áudios de , no grupo, xingando os sete ventos. Por ser final de semana, tudo se complicava ligeiramente mais, pois muitos dos comércios fechavam mais cedo ou sequer abriam, não tinham logística para entregas e nem pessoas disponíveis para organizar o ambiente. As duas mulheres se esforçavam em conseguir o que podiam e Lewis, aflito, seguia fingindo que estava tudo bem e se esforçando para que não suspeitasse de absolutamente nada.
E se fosse parar pensar, nada era realmente complicado para quem tinha dinheiro. Assim, por volta das 15h, Lewis recebeu uma mensagem de avisando que todos os itens que ele solicitou estavam entregues no teatro e, com eles, uma florista estava encarregada de organizar tudo. Bastava a ele esperar até que uma nova mensagem chegasse avisando que estava já tudo certo e uma boa desculpa para ir até lá, sem , para se certificar de que estava mesmo tudo perfeito, cada detalhe como ele havia imaginado. Como tudo foi minimamente mais complicado do que ele imaginava, o piloto decidiu esperar e levar ao teatro no dia seguinte, para que pudessem tomar um café da manhã por lá, juntos.
Estava tão ansioso que podia sentir seu corpo formigar. Não sabia se pela euforia do dia, em saber se conseguiria tudo o que precisava, se pelo medo de não conseguir usar aquele final de semana que estava sendo tão perfeito ou se pela angústia de saber que estava a um passo de convidar , definitiva e oficialmente, a entrar em sua vida. Parecia que tudo o estava deixando nervoso naquele dia e ele lutava contra os próprios sentimentos para não transparece-los, para seguir sorrindo e atento às conversas, para curtir o dia como se nada mais além do que já estavam fazendo fosse o real motivo para estarem ali.
Sentado na poltrona de uma cafeteria ali perto do hotel, com encostada nele, ao seu lado, depois de terem passado por alguns dos pontos turísticos, tirado algumas fotos e parado para falar com algumas pessoas que os reconheciam, Lewis teve a ideia que precisava para ir até o teatro, meia hora depois de avisar que estava já tudo pronto. Pelo que tinha visto no mapa, em um momento que prestava atenção em uma fã que, trêmula, dava um guardanapo para ela autografar, não estavam tão longe dali e, se fosse caminhando, em menos de vinte minutos chegaria.
Disse a que um amigo de longa data, que ele inventou o nome da hora e que morava ali perto, tinha visto algumas fotos deles juntos, em Glasgow, na internet e o convidou para tomar uma cerveja rápida. disse que tudo bem e que aproveitaria o tempo para fazer algumas compras, mais tarde se encontraria no hotel, para decidir o que fariam a noite. Lewis e se despediram e foram, sem saber e sem querer, sem esperar, para o exato mesmo lugar.
Ele, movido pela ansiedade e pela paixão, com um turbilhão de ideias em sua mente e um furacão em seu coração. Mandando mensagens frenéticas e desesperadas para Ben, que tentava o acalmar e o incentivar, querendo ver logo como tudo estava, se faltava algo, ensaiando pelo caminho que seguia a pé o que falaria no dia seguinte, como poderia impressionar pelas palavras quando ela o havia impressionado pelo amor.
Ela, movida pela saudade que sentia daquele lugar, dos poucos anos que viveu ali com sua mãe e com sua avó. Dos tempos de escola e de quando começou a se apresentar publicamente. Em algum momento daquele dia, sentiu em si mesma todo o carinho que tinha por Glasgow e passou horas contando as histórias que tinha naquele lugar para Lewis, mostrando a ele o que conhecia, o que se lembrava. Ter aceitado o convite dele para ir até lá tinha sido a melhor coisa que ela podia ter feito por si mesma, depois de tantos anos sem ter tempo de rever o seu passado. E foi pensando naquilo que, esperando um táxi para ir até o shopping, ela teve uma nova ideia. Decidiu visitar o lugar onde tudo começou.
Do local em que estava, o táxi não demorou mais do que dez minutos para deixá-la na frente do teatro. Assim que colocou seu corpo para fora do carro e sentiu a brisa fria alcançando seu rosto, uma sensação de Déjà vu a invadiu. Por muitas noites, teve de estar ali, ensaiando, insistindo, apenas ela e seu violão, com o sonho de se tornar uma cantora prestigiada na mochila. A nostalgia a penetrava e as lágrimas se formavam em seus olhos, ao tempo que ela permaneceu parada, em pé, olhando a fachada antiga do teatro, como se o tempo não tivesse passado para ele, como se nada tivesse mudado. Glasgow foi o início de tudo para . O começo de uma carreira, o começo de uma vida que ela sequer pensou em ter, o começo de um sonho. Não podendo conter mais a emoção e o entusiasmo de estar novamente ali, foi diretamente para a porta do lugar. Em sua frente, parado na entrada, havia apenas um guarda, que de início mostrou certa resistência para conversar com ela, antipático, monossilábico, mas que cedeu alguns minutos depois, quando ela disse seu nome, apelando para a fama para conseguir o que queria. Um grande sorriso se abriu no rosto dele e, embalando uma história de quando viu algumas das apresentações dela, ele a deixou passar.
Ao adentrar o teatro, o momento sensível ficou ainda mais emocional e, surpreendente, confuso. A estrutura do local se mantinha a mesma, mas a decoração estava nitidamente diferente e, a tirar pelas centenas de milhares de pétalas de flores coloridas espalhadas pelo chão, parecia ter sido recém montada. Vários pisca-piscas e objetos natalinos estavam espalhados pelo local e seguiu a passos lentos o caminho das cadeiras da plateia até o palco, recheado das pétalas de flores coloridas. Mais próximo do palco, pode perceber que haviam fotografias penduradas em cordões e fitilhos, ao meio de balões espalhados pelo espaço. Achando tudo aquilo muito fofo, curiosa, ela subiu no palco pela escadinha lateral e caminhou por ele, tentando olhar as fotografias em meio a luz baixa do lugar e aos barulhos leves que suas botas faziam na madeira ao chão.
E foi perto o suficiente das fotos que sentiu o chão abaixo de si parecer cair. Nos cordões e nos fitilhos, as fotos eram dela em diferentes momentos de sua vida, com sua família. Fotos com Lewis, em viagens que se encontraram ao longo dos anos e, o mais estranho, imagens deles dois juntos na casa dele, nos poucos dias antes, que passaram juntos, e algumas outras com os participantes do Sugar Rush. A emoção, enfim, deu espaço para a curiosidade e para uma confusão que não durou muito, até, finalmente, tudo fazer sentido. Como um quebra-cabeça, ela conseguiu entender porque Lewis estava tão escorregadio nas respostas desde o dia anterior, porque estava sempre de olho no celular. A ideia da viagem repentina, a ideia de irem justamente para Glasgow. Tudo perfeitamente se encaixava, como a união de melodia e letra em uma canção.
Não longe dali, Lewis decidiu que iria comprar flores antes de ir para o teatro, como uma forma de pedir desculpas por ter saído sozinho durante a viagem dele e de , as entregaria quando se encontrassem mais tarde no hotel. Na floricultura, o piloto resolveu optar por um buquê de rosas - clássico, intenso, sensual e irresistível, como . Aquela parada, contudo, tinha demorado um pouco mais do que Lewis esperava. O local estava cheio, com as datas de final de ano chegando, vários moradores da cidade queriam fazer encomendas de flores para enfeitar suas casas, assim, no mínimo, ele levou quinze ou vinte minutos na fila. Quando finalmente conseguiu finalizar seu pedido, Lewis praticamente correu até o teatro, não muito longe de onde estava, evitando ser reconhecido ou ter seu caminho interrompido outra vez.
Chegando na rua do teatro, Lewis se sentiu tomado por uma animação repentina, mas tentava dizer para si mesmo, mentalmente, que aquele não era o grande dia ainda e que podia manter-se calmo e centrado no que precisava fazer. Era entrar, verificar como tudo estava, tirar algumas fotos talvez, e ir embora. Ainda assim, ainda que o passo a passo fosse simples e que ele estivesse sozinho, o nervosismo que sentia era maior. Uma pressão amorosa por querer que tudo ocorresse perfeitamente bem, que tudo fosse como nos filmes que sabia que era viciada - surpreendente, intenso, apaixonado, romântico.
Assim como ele havia solicitado, o único funcionário que estava no local era o segurança, que guardava a porta de entrada feliz, sorridente. Ele sequer precisou conversar com Lewis para reconhecê-lo e, com um aceno breve de cabeça, o cumprimentou e o deixou entrar. Apressado, o piloto entrou no teatro sem prestar muita atenção em sua estrutura e, dobrando a primeira e única porta que dava acesso ao salão principal de show, ele parou abruptamente. Como se fosse automático, seus olhos rodaram o lugar por um segundo e cravaram na pessoa de costas para ele, em cima do palco, virando uma fotografia no cordão para que pudesse vê-la melhor. E no segundo seguinte, ele percebeu quem estava no centro do palco.
Como se tivessem combinado, como se alguém tivesse avisado ela de que ele estaria lá e de que estava preparando uma surpresa, Lewis se sentiu frustrado. Como se fosse uma mensagem do destino dizendo que eles não tinham como dar certo, não importava o que ele fizesse. Hamilton ficou alguns minutos ali, parado, estático, surpreso e frustrado. Sem saber o que fazer, em silêncio, sem saber o que dizer. Ficou só assistindo, de longe, passando as mãos pelas fotos deles, sorrindo para elas ou rindo baixo sozinha. Pode vê-la limpar delicadamente algumas lágrimas tímidas que escorriam pelo seu rosto, de saudade e de felicidade, pelo impacto da surpresa e das lembranças. Linda como sempre, talvez mais linda como nunca. A beleza de vê-la em casa, de vê-la feliz, de ver seu passado e seu presente se encontrando porque ele fez com que se encontrassem.
Lewis deu alguns passos à frente, calmo, atento a ela, e pelo barulho de seus coturnos batendo no chão e movimentando as flores, ela pode, finalmente, perceber que havia mais alguém ali, com ela. Surpresa, limpando a última lágrima que teimou cair de seu rosto, se virou, a tempo de perceber, no chão a frente e alguns poucos metros abaixo dela, que a pessoa que se aproximava era, justamente, quem ela queria tanto ver naquele momento. Deixando um sorriso aberto em seu rosto, ela esperou que ele se aproximasse e, assim que ele subiu ao palco junto com ela, não resistiu mais segurar toda a curiosidade e emoção que carregava.

— Lewis, o que é tudo isso? — perguntou finalmente, depois do breve silêncio encarando ele, surpresa.
— Não acredito que você estragou a surpresa — Lewis bateu suavemente com os braços em seu corpo, o buquê de flores que segurava soltando algumas pétalas no chão pelo leve impacto. Tentava esconder a frustração, mas seu sorriso levemente triste e surpreso em ver a mulher ali não ajudava muito — Como você chegou aqui antes de mim?
— Cá entre nós, você não é muito bom com surpresas, Cariño. — a cantora rebateu irônica, usando o apelido que tinham dado um ao outro, depois do México.
— O que você está insinuando, ? — o piloto deu alguns passos em direção a ela.
— Não estou insinuando nada, apenas afirmando — riu leve da carinha fofa de frustração dele.
— A que ponto chegamos, eu não sou mais levado a sério — Lewis brincou e, então, abriu os braços, gesticulando ao redor — Você não gostou do que planejei?
— Não, não, longe disso — ela chacoalhou as mãos rapidamente, sem querer dar tempo para que ele entendesse tudo errado. Estava amando tudo aquilo, só estava confusa e sem saber como reagir ao melhor e ao maior presente que já tinha ganhado em sua vida — Eu amei. Está tudo lindo demais. Eu só não estava esperando por nada disso, quer dizer, por essa grande produção.
— Eu tive uma pequena ajudinha — ele colocou uma das mãos nos bolsos de sua calça, sorrindo levemente — Na verdade, uma ajuda em dose dupla.
— Aposto que Ben está envolvido nisso — palpitou, vendo o olhar incrédulo do homem virar-se para ela novamente.
— Como você sabe?
— Porque Ben é um homem que saiu diretamente dos livros da Jane Austen — a cantora explicou, exageradamente fofa — Parece que ele foi escrito por uma mulher, cheio de ideias românticas e letras de música sobre amor. Não podemos negar que ele sabe como agradar as mulheres.
— Ih, quanto amor pelo Nárnia — Lewis encolheu os ombros, fechando ligeiramente o sorriso de propósito — e Lizzie também ajudaram, você vai elogiá-las assim também?
— Este, por acaso, é Lewis Hamilton com ciúmes? — deu alguns passos em direção a ele — Fique tranquilo porque ele é afim da nossa amiga e, bom, não faz muito o meu tipo… — ele cruzou os braços e cerrou levemente os olhos, o encarando com um sorriso divertido — gosto mais da adrenalina que um certo piloto me dá.
— Você já foi melhor com cantadas, — o piloto repetiu a exata frase que a cantora havia lhe dito na primeira festa do Sugar Rush, tirando uma risada alta dela.
— Tudo bem, tudo bem. Mas antes que você me enrole de novo, quero saber o que estamos fazendo aqui… — ela deixou um sorriso ainda mais largo escapar — O que é tudo isso?
— Fiquei sabendo que esse foi o primeiro teatro onde você se apresentou na vida — Lewis começou a dizer mais sério, seu tom de voz mais baixo e carinhoso, seus olhos sem desviar dos dela — Pensei que se juntasse duas coisas que você ama e que possuem grande significado, talvez pudéssemos… — o interrompeu perguntando leve, confusa:
— Duas coisas?
— Sim, esse teatro e o Natal — o homem riu baixo — Eu sei que você ama essa época do ano e juro que isso ninguém me contou.
— Está esquecendo uma coisa aí, nessa sua lista, mas vou deixar você terminar de falar e depois eu conto. Nós pudéssemos o que?
— Talvez, nós dois, juntos, pudéssemos começar algo importante aqui também — Lewis sentiu que seu coração iria explodir. Não tinha planejado nada daquela forma e as palavras pareciam sair dele como se voassem de sua boca — Repassei várias e várias vezes o discurso que faria nesse momento, mas, agora, aqui, nada parece bom ou completo o suficiente.
— Não precisa ser bom ou completo, Lewis. — comentou carinhosa, sentindo seu corpo preencher-se lentamente por uma ansiedade boa, uma expectativa. — Basta ser você falando, que já vai ser suficiente para mim.
— Quero começar uma relação com você, — ele soltou sem hesitar, deixando mais algumas pétalas das rosas do buquê caírem ao chão conforme ele gesticulava levemente — Uma relação de verdade, com todas as coisas mais românticas e cafonas que temos direito. Quero poder cantar Elvis ou qualquer outra coisa com você diariamente, quero que passemos mais dias como esses últimos têm sido. Quero conhecer sua família e que você me apresente como seu namorado. Quero andar de mãos dadas por aí, dividir o sorvete e comprar presentes fofos sem nenhuma razão, como os adolescentes fazem. Quero poder sentir o cheiro gostoso do seu cabelo todas as manhãs próximo ao meu travesseiro. Quero sentir seu corpo próximo ao meu na minha e na sua cama. Quero que a gente, juntos, construa algo saudável e duradouro, que a gente grite pro mundo inteiro saber do nosso amor. Eu quero você, e quero poder dizer o quanto eu te amo, sem medo de parecer um idiota apaixonado que talvez não seja correspondido.

Lewis encarava fixamente os olhos emocionados de na espera de uma resposta dela, de qualquer reação. Guardou por tanto tempo tudo o que sentia apenas para si mesmo que falar sobre o assunto daquela forma, despido de qualquer barreira, o deixava ansioso e um tanto receoso. Contudo, ao mesmo tempo, um alívio percorreu seu corpo depois que descarregou aquilo, sem nem ao menos pensar direito no que dizia, fazendo-o respirar controladamente. Passou dias em ligações com Ben, depois que o amigo deu-lhe aquela ideia, para pensar em como se declarar, pegou dicas com Tom e com Sebastian de como tornar aquele momento mais simples e até arriscou aprender umas piadas novas com Dylan, para caso tudo desse errado. Ainda assim, nunca pareceu pronto para dizer aquilo, para assumir o que sentia. E ainda que tentasse dialogar sobre, era complicado.
Ele havia se fechado por tanto tempo para o amor, para os relacionamentos sérios, que deixar aquela porta ser aberta novamente em sua vida parecia requerer um esforço maior. Quando conheceu , contudo, todos os murros que construiu à sua volta foram, literalmente, para o chão. Em sua companhia, Lewis sentia que podia ser genuinamente ele mesmo, sem ter que se segurar para manter uma aparência, sem pressões, sem formalidades, podia fazer suas piadas, podia cantar a mesma música repetidas vezes, podia abrir-se, ser sensível o quanto quisesse, usar a roupa que mais gostasse, falar o quanto quisesse, porque nenhuma parte de quem ele era seria problema para ela.
, por sua vez, estava sem palavras. Extasiada, atônita pelo momento, pela surpresa e por tudo que ouviu dele. Havia se acostumado com um piloto que vivia brincando, que vivia dizendo aquelas coisas com um ar de casualidade e nunca sério como naquele momento. Mas ali, vendo Lewis se declarar com todas as letras, tudo foi diferente. Como se todas as possíveis histórias que ela criou em sua cabeça tivessem se tornado reais. O medo de não poder construir algo sólido com ele foi embora, como uma roupa que já não a servia mais. Ela pensou nas incontáveis noites em que ficou sozinha, em seu quarto, escrevendo canções sobre os momentos que compartilhavam, músicas que diziam sobre ele, que eram feitas para ele, na possibilidade de um dia conversar sobre tudo que sentia. Na ausência de palavras, poderia apelar para a música, mas no papel tudo era mais fácil e dependia única e exclusivamente dela. Com Lewis, ela conseguia se sentir livre para amar alguém e livre, segura, para permitir-se ser amada, sem que ninguém pudesse os parar, sem que nada pudesse os controlar.

— Não querendo apressar você, mas essa é a hora que você diz que me ama de volta ou que pede para eu ir embora — Lewis quebrou o breve silêncio, sem desviar seus olhos dos dela. Uma de suas mãos voltou ao bolso da calça, enquanto a outra ainda segurava o buquê de rosas, que despedaçava-se, pétala a pétala, ao chão.
— Realmente não sei como dizer isso… — passou as mãos pelos cabelos, um tanto nervosa e olhou ao redor, até seus olhos localizarem o objeto mais ao canto do palco — mas…
, se a resposta for negativa, eu vou entender, de verdade — o homem sorriu triste, tentando passar confiança para que ela se abrisse verdadeiramente com ele. Talvez não fosse o momento certo. Talvez, para ela, ele não fosse a pessoa certa.
— Você sabe se o piano ainda funciona? — ignorando o comentário dele, ela apontou para o instrumento.
— Como assim? — Lewis arqueou as sobrancelhas, acompanhando o olhar dela até o canto do palco.
— O piano, você sabe se dá para tocar?
— Quando eu reservei o espaço, o proprietário me disse que dava para usar tudo, porém, os instrumentos poderiam estar desafinados — Lewis deu de ombros, amuado. Sua voz era quase um sussurro, estava claramente chateado por não ter sido retribuído e por ela parecer desviar do assunto.
— Ótimo, é um começo — a cantora respirou fundo e, dando alguns passos em direção ao piano, pegou Lewis pela mão livre e o puxou carinhosamente junto com ela — Não sou muito boa com as palavras, mas tem uma coisa que eu sei fazer — dando uma olhada por cima das teclas do piano, ela se sentou em seu banco, de frente só instrumento e deu dois tapinhas ao lado, para que ele fizesse o mesmo. Lewis não estava entendendo muito, mas sua mente criava expectativas que faziam seu coração bater acelerado. Seguindo o comando dela, enquanto a assistia checar se o instrumento estava afinado, ele se sentou — Primeiro, preciso dizer que ensaiei ela uma ou duas vezes, então, não sei como vai ser — ela riu nervosa — Segundo, foi com um violão devidamente afinado e não com um piano, o arranjo vai ser feito na hora, aqui, e terceiro, esse é o momento de você abrir seu coração.

tirou seu celular de um dos bolsos do largo sobretudo que usava, rapidamente abrindo o arquivo salvo nele e, em seguida, posicionando o aparelho à sua frente, como havia feito na casa de Lewis no dia em que tocaram Elvis Presley juntos. Em voz baixa, dizendo para ela mesma, a cantora repetiu a sequência de acordes da música que tocaria a seguir. Podia sentir seu coração bater acelerado, pelo nervosismo, pela expectativa em saber o que ele acharia. O piloto, sentado ao seu lado, a encarava atenta e pacientemente, acompanhando cada um dos seus movimentos com carinho. Lewis admirava o jeito responsável e amoroso que transparecia sempre que estava prestes a fazer um show, mesmo sendo ele tão íntimo como naquele momento. Era sempre como se ela tivesse nascido para aquilo, como se cantar fosse a forma dela de se expressar e não havia ninguém no mundo que fizesse aquilo melhor do que ela.
A cantora arrumou sua postura no banco, colocando seus dedos nas primeiras notas que deveriam ser tocadas e sem mais hesitar, com leves toques, ela iniciou os acordes iniciais da música que ninguém mais havia ouvido. Da música que, algum tempo atrás, tinha escrito para ele. começou a cantar o que simples palavras não conseguiam transmitir, começou a cantar o que seu coração sentia por Lewis todo aquele tempo.

There is no fear now
(Não há medo agora)
Let go and just be free
(Solte-se e apenas seja livre)
I will love you unconditionally
(Eu te amarei incondicionalmente)


Conforme a música passava e tomava todo o ambiente como se nele pertencesse, Lewis permitiu-se fechar os olhos, sentindo toda a melodia e cada palavra da letra, como se pudessem entrar em seu íntimo. Era reconfortante saber que, assim com ele, também tinha medo e inseguranças do que poderia vir a seguir, e era absurdamente feliz ter a certeza de que ela também sentia por ele tudo o que ele sentia por ela. Ser retribuído, ser considerado, ser amado, era espetacularmente bonito e Lewis jamais imaginou que aquele momento poderia ser tão significativo como estava sendo.
revezava seu olhar entre as teclas do piano, a letra da música em seu celular e o homem sentado ao seu lado. Ao tempo que a música passava e que Lewis parecia cada vez mais se apaixonar por ela, ela se sentia segura. Era como se tudo tivesse acontecido do jeito que aconteceu para que pudessem chegar até aquele momento, como se tivessem perdido tempo demais com medos e com dúvidas em finalmente contar, um ao outro, que se amavam e que queriam mais. Tudo estava sendo tão natural e tão bom, que se perguntaram por que infernos não contaram aquilo antes.

So come just as you are to me
(Então venha como você é para mim)
Don't need apologies
(Não precisa de desculpas)
Know that you are all worthy
(Saiba que você é totalmente digno)
I'll take your bad days with your good
(Eu vou receber seus dias ruins com seu melhor)
Walk through this storm I would
(Caminharia através dessa tempestade)
I'd do it all because I love you
(Eu faria tudo isso porque amo você)


Os medos, as angústias e os receios não mais permaneceriam entre os dois e, dali em diante, o casual, que foi bom e confortável por muito tempo, já não mais encontraria espaço para permanecer. Quando escreveu aquela canção, pensou em todas as coisas que deixou de falar para Lewis por alguma trava, por alguma incerteza ou pura covardia de admitir o que sentia e até mesmo de permitir a si própria vivenciar o amor outra vez. Ela gostaria que alguém, no passado, lhe tivesse dito para não ter medo, para se entregar e para amar o quanto podia amar. Se jogar sem medo da queda, com a certeza de que alguém, certamente, a seguraria. O amor não era uma tortura. Não era silencioso e nem ameno, nunca deveria ser. Era um sentimento que devia rasgar por dentro, que devia pulsar o coração e encher a alma, lotar os pensamentos de intensidade e gerar mais certezas do que dúvidas.
E ela só passou a compreender tudo aquilo depois que cruzara com Lewis, no calor dos dias do México. Tudo havia mudado, tudo havia se transformado aos poucos e o amor, tão sereno, tão carinhoso, estava já bem longe de machucar, bem longe de ser algo a ser temido. Todo aquele tempo e toda aquela nova descoberta fez pensar muito no que era o amor. Por muito tempo, ela achou o amor penoso, lento, um tanto massacrante, às vezes mais parecido com uma guerra, do que com aquela paz que experimentava. Mas algo nela sempre soube, sempre insistiu na ideia de que amar é uma das coisas mais bonitas de se viver. Amar é construir, é progredir, é entender, é ser. É se entregar, é receber, é conseguir perdoar, é ter paciência e, de vez em quando, se desapontar. Amar não um compilado de bons momentos, de perfeição e de sexo, mas era aquilo também. Não seguia um roteiro perfeito, nem tinha linhas certas como uma estrofe musical. Mas era bom, era bonito e era necessário.
E, naquele momento, sentiu que amar também era sobre ela, também era para ela. Estava pronta para se deixar viver todo o amor do mundo, pronta para todos os momentos bons ou ruins, desde que vivesse com Lewis. Fosse na Europa ou do outro lado do Pacífico, fosse o que fosse, seriam só eles.

Acceptance is the key to be
(A aceitação é a chave para ser)
To be truly free
(Para ser verdadeiramente livre)
Will you do the same for me?
(Você fará o mesmo por mim?)
Unconditional, unconditionally
(Incondicional, incondicionalmente)
I will love you unconditionally
(Eu te amarei incondicionalmente)


terminou de cantar depois de alguns minutos e tirou lentamente suas mãos de cima do piano. Seus olhos correram lentamente do instrumento a sua frente até o homem ao seu lado. Estava, de fato, acostumada a se apresentar, para multidões e centenas de milhares de pessoas, em diferentes lugares, mas aquilo foi diferente. Foi tão íntimo e tão verdadeiro que se sentiu exposta, como se não tivesse mais nada a oferecer, como se todas as suas cartas tivessem sido colocadas sob a mesa. Seu coração batia acelerado e as palmas de suas mãos começaram a transpirar em um nervosismo atípico. Carregava no olhar a expectativa de saber o que Lewis tinha achado de tudo aquilo. E bastou seus olhos caírem sobre os dele, para tudo, uma vez mais, assegurar-se.
Lewis precisou de alguns segundos para digerir tudo o que tinha acabado de acontecer e tudo o que sentia diante daquilo. Em total silêncio, para poder absorver tudo que tinha expressado em sua canção dedicada a ele, ele pensou e pensou e pensou. Pensou em como foi que tinha tido a sorte de conhecer aquela mulher, pensou em se merecia mesmo tudo aquilo, só para ele, pensou no que deveria dizer a seguir. Por muitas vezes, o piloto se perguntava se poderia amar alguém tanto quanto amava . Era o fato de ser ela, é claro, mas também o conforto absoluto da vida com ela, de ter alguém que o conhecia verdadeiramente, e que poderia ficar para sempre. O vínculo com ela o fazia sentir que havia algo real, forte e imutável entre eles, uma das poucas seguranças e suas decisões. Algo que seria incondicionalmente maior do que os dois poderiam pôr em palavras. Incondicionalmente, como a música que ela havia feito para ele.
Sem encontrar palavras que pudessem expressar o que ele verdadeiramente sentia e sem mais qualquer respingo de frustração por não ter conseguido fazer a surpresa para como planejou, Lewis ofereceu a mão direita para ela, a fazendo levantar do banco em que estava sentada. O piloto, então, a trouxe para perto de seu corpo, passando uma das mãos por sua cintura e a outra segurou em seu pescoço. colocou as duas mãos em torno do pescoço dele, sustentando o olhar dele preso no dela. Podiam sentir a respiração quente um do outro e estavam tão próximos que seus cheiros se encontravam.
Naquela noite, no silêncio do teatro, Lewis sabia que estavam construindo um novo passo, que estavam construindo novas memórias juntos e que o ponto de partida tinha sido absolutamente maravilhoso. Ben podia ser o último dos românticos, de fato. Mas, naquela noite, Lewis havia provado que também sabia conquistar a garota que amava - e viu, também, o quanto ela estava disposta a conquistá-lo.

— Agora é a hora que eu mando você ir embora?

Lewis sorriu levemente, a trazendo ainda mais para próximo de si, assim que a ouviu perguntar baixo, sorridente. Seus narizes roçaram levemente e, então, ele cortou o espaço que o separava dela, selando seus lábios. Um misto de sensações aflorou dentro dos dois e nada mais pareceu existir ao redor deles. Juntos enfrentariam o mundo e todas as suas consequências. Juntos seriam o ponto de partida e de chegada um do outro. Juntos cruzariam limites e barreiras para manter tudo que tinham construído e viriam ainda a criar.

— Espero que você saiba que alimentou muito bem o meu ego — Lewis comentou baixo, assim que se separaram levemente. Ele manteve seus braços abraçados na cintura dela, frente a frente, enquanto carinhosamente brincava com os cabelos dele.
— Ai, meu Deus, o que eu fiz? — abriu a boca fingindo surpresa, rindo junto com ele.
— O que você fez? — o piloto repetiu a pergunta, tocando a pontinha do nariz dela com o seu — Apenas escreveu uma música para mim.
— Bom, talvez se você não fosse tão lerdo, já teria percebido que a maioria das minhas músicas são sobre você — ela respondeu risonha, tímida, recebendo um beijo rápido e intenso de Lewis, que sorria abertamente.
— Eu te amo, sabia? — ele confessou, olhando-a nos olhos. O sorriso sem deixar seus rostos, que aumentaram ainda mais quando ela respondeu, meiga:
— Sabia — falava baixo — Mas não mais do que eu amo você, cariño.

Abraçada ali, com o homem que amava, no centro do palco do teatro onde tudo começou para ela, assistiu, nos olhos de Lewis, uma nova fase de sua vida começar também. O mesmo ponto de partida para ela, mas, agora, com a sensação de que nunca mais haveria de ter uma chegada.


Os Girassóis de Van Gogh

⭐🎄⭐


— Pelo amor de Deus, o que você está fazendo aqui? — enrolada em sua toalha de banho branca e felpuda, perguntou assustada, parando assim que entrou em seu quarto. Dylan levantou seu olhar do celular que segurava até a amiga, deitado em sua cama como se fosse a dele e deu de ombros.
— Vim te visitar — ele respondeu casualmente, voltando a prestar atenção no celular.
— Até parece, conta outra — a atriz bufou.
— Fiquei com saudades, — como se fosse óbvio, ele a encarou.
— A gente se viu três dias atrás, no brunch, Dylan — riu alto, irônica.

Ele parou para pensar alguns instantes, encarando a notícia sobre si mesmo e na tela de seu celular. Era verdade. Tinham saído para tomar um brunch juntos três dias antes, em uma cafeteria pequena ali perto, onde puderam simplesmente caminhar e sentar em uma mesa reservada, conversar pelo tempo que quiseram e comer até não aguentarem mais, do mesmo jeito que faziam nos tempos em que eram mais jovens e aspirantes a atores, entre uma gravação e outra de Teen Wolf. Uma tentativa de saírem um pouco de casa, de respirar um ar mais calmo e puro do que os últimos dias estavam trazendo.
Duas semanas haviam se passado desde o dia em que tudo mudou, repentinamente, para todos eles e toda a diversão e leveza do grupo se dissipou tão rápido quanto havia se formado. Fisicamente separados e com as gravações do reality paradas, os dez participantes não tiveram mais a oportunidade de se reunir, não fossem por vídeo chamadas que e Tom nunca participavam. Apesar de ter ficado com e e Dylan com Ben, o que os ajudava, e muito, a passar por aquele tempo silencioso e distante com mais alegria e facilidade, ambos tinham se acostumado com o clima constantemente informal e brincalhão de ter todos os membros do grupo juntos.
Em todos aqueles dias, o sentimento era de que algo estava constantemente faltando e, por mais que tentassem buscar formas de resolver aquilo, nada parecia bom o suficiente para que seus agentes aceitassem. Até que toda a poeira abaixasse, nenhum deles tinha autorização para fazer nada senão existir em suas casas, quietos e confortáveis. Como se estivessem quarentenados, como se cada movimento fosse uma possível bomba relógio, eles esperaram, seguindo as instruções que lhes eram passadas, aceitando as novas regras que lhes eram impostas. E conforme os dias foram passando, as coisas de fato pareciam ir melhorando até o ponto em que, com discrição e moderação, puderam ir retomando minimamente a vida que tinham antes.
Sem festas, sem badalação, sem grandes aparições conjuntas e ainda sem sinal de retomada do Sugar Rush, os dez participantes foram deixando de lado as reuniões incansáveis sobre os impactos do vazamento do contrato de e Tom e puderam reocupar outros lugares. Já estavam sendo vistos caminhando ou correndo pela manhã, estavam sendo convidados a participar brevemente de programas de televisão e rádio locais, estavam indo comer fora ou tomar drinks, passear em parques e locais próximos e, se quisessem viajar para algum lugar próximo, dentro da Europa, por alguns dias, podiam. Enquanto a assessoria de imprensa de e Tom cuidava de lidar com o problema todo, não restava mais nada a eles senão esperar.
Por isso, exaustos de ficar em casa e entediados com o inverno seco e gélido que recaia sobre Londres em dezembro, e Dylan decidiram que seria uma boa, e pouco chamativo, tomar um brunch juntos. Toda aquela situação era nova para eles dois, nunca tinham se envolvido em polêmica alguma. Era um tanto assustador estar no meio de algo desconhecido e pior ainda carregar a sensação de sequer saber como tinham chegado até ali. Um sabia exatamente como o outro estava se sentindo e ter com quem poder conversar verdadeiramente sobre o tema tinha sido bom e muito carinhoso. Entre xícaras de capuccino e garrafas de água com gás, e Dylan passaram horas juntos no dia anterior, se abrindo sobre a situação que compartilhavam, relembrando os momentos que mais amaram do Sugar Rush e como chegaram até ali.
Dylan contou que recebeu a proposta assim que foi confirmado na adaptação do livro de e, querendo participar pela zueira, topou na hora. , por sua vez, foi colocada no reality por Noah e sequer teve a chance de aceitar o convite. Assim que o recebeu, seu agente julgou ser uma oportunidade excelente de mostrá-la com mais intimidade ao público e abrir um pouco mais da vida privada de , sem nem mesmo consultá-la. Ela sabia que tinha um projeto novo a ser gravado em Londres, mas não tinha ideia de que era um reality show até realmente chegar no hotel e ver o press kit do participante enviado pelo programa. Sem ter mais como fugir e pensando que, talvez, Noah tivesse um pingo de razão em ela ser uma pessoa pública fechada demais, ela só estava seguindo a onda.
E até que tudo estava sendo legal, no final das contas, não fosse pelo detalhe que, daquele assunto em diante, tomou conta da conversa dela com Dylan. O mesmo tema, o mesmo detalhe, a mesma sensação, que foi espelhado por Dylan, depois de contar como se sentiu animado em ver também no programa com ele. A atriz estava nitidamente confusa sobre como se sentia em relação a Ben e, principalmente, sobre como deveria reagir a ele ali, todos os dias, tão intensamente perto e investindo sempre que podia. Estava confusa sobre o que deveria pensar e o que deveria fazer, não esperava encontrar ele no programa e ter que dividir sua personalidade entre quem era com ele diante das câmeras e fora delas era exaustivo, a estava consumindo.
Do mesmo modo, Dylan sequer sabia o que deveria falar para . Sentia que, desde que chegou em Londres, o pouco que havia evoluído sentido a um possível relacionamento com ela, que saia da zona de amizade que tinham criado, tinha regressado de volta - e muito. Sem nunca ter contado tudo aquilo daquela forma para ninguém, Dylan deixou-se levar pelo momento e pela segurança que a amiga lhe passava e contou absolutamente tudo, cada detalhe do que tinha acontecido e de como se sentia. Falou sobre a primeira vez em que se beijaram, em um evento de NNL, sobre as noites que passou relembrando aquilo até se repetir em outra festa, e depois de um jantar, e depois quando saíram para beber, e de novo e de novo. A cada novo beijo que trocavam, a cada nova oportunidade que tinham de ficar juntos, tudo parecia crescer dentro dele, tudo o sufocava, gritando por mais e por mais.
Soltando gritinhos baixos de empolgação e atenta a cada palavra que ele dizia, ouviu então Dylan falar da frustração de ter quase ido além na noite da festa de inauguração do Sugar Rush. De como se sentiu péssimo quando os atrapalhou, de como sabia que aquele não era o momento e nem o lugar para eles transarem, mas o quanto ele não aguentava mais esperar por aquilo. Dylan contou, então, de como foi terrivelmente vergonhoso ter saído só com os caras, no dia do segundo desafio, de como eles o incentivaram a desembuchar de uma vez para , todo o plano infantil que fizeram regados a mais álcool do que gostariam de admitir. Contou a o que mais ninguém sabia: a vergonha do dedinho. E , sendo quem era para ele, não resistiu a gargalhar, incrédula em ouvir aquilo. Tirando uma risada do amigo, ela não conseguia entender porque ele simplesmente não falava logo o que tinha a dizer e terminava com aquela tortura. Mas bastou ela dizer aquilo em voz alta para tudo fazer sentido.
era para Dylan o que mais ninguém foi. E o desconhecido sempre gerou nele mais medo do que ele admitiria. Tinha medo porque não conseguia sequer imaginar qual seria a reação de . Tinha medo porque algo nele dizia que não seria correspondido e tinha medo de, uma vez ter entendido tudo errado, perder ela de vez em sua vida. Dylan já tinha tido um relacionamento sério anteriormente, alguns anos passados. Mas aquilo tudo era diferente. tinha um significado diferente e ele simplesmente não queria ser o garoto bobão que sempre estragava tudo ou era entendido como uma palhaçada. Queria mostrar um lado dele que não era fácil nem mesmo para ele aceitar que tinha. Queria ser só o homem de trinta anos, seguro, decidido de que queria ter a mulher mais incrível que o mundo dele já tinha conhecido e queria, precisava, que ela soubesse disso.
O ouvindo contar exatamente o que sentia pela escritora, com os olhos brilhando tanto quanto o sorriso que se abria em seus lábios, viu emanar do amigo todo o amor do mundo. Motivos e o que dizer, ele já tinha de sobra. Talvez ele só precisasse de uma forcinha. E talvez, ela tivesse tido uma ideia. tentou dizer o quanto corresponderia a ele se ele falasse com ela, mas Dylan era teimoso demais para acreditar. Trazia detalhes de 1827 que poderiam confirmar a teoria de que não queria nada mais dele do que já tinha e estava apegado demais naquilo para ver o que realmente era verdade. A escritora, por sua vez, não daria aquele passo em falso, não depois de tudo que assistiu Dylan fazer. Se sentia que o amor não era exatamente feito para ela, ao menos poderia focar-se em promovê-lo em seus amigos. Estava animada com as ideias que tinha tido, prestando atenção no que Dylan lhe falava até a nova música que começou a tocar no ambiente trocar repentinamente o foco do assunto.
E foi a vez dela começar a falar sobre Ben, respondendo as milhares de perguntas bastante diretas que Dylan fazia. “Você tem falado com ele?”, “ele mandou mensagens esses dias?”, “por que vocês não conversam?”, “o que aconteceu no show de Adele?”, “por que você foi embora?”, “o que você está sentindo nesse momento, sem ser raiva por essa ser a milésima pergunta que te faço?”. A maior parte delas, contudo, não sabia responder. Contou a ele sobre a parte que Dylan já sabia, a frustração por ter visto a notícia quando estava prestes a vir para Londres, a frustração maior ainda de continuar a ver notícias como aquela espalhadas por aí. Contou o que aconteceu quando foram gravar a exata música que tocava no ambiente, 11:11, e de como foi difícil ter visto o vídeo pronto em um tempo que já não estavam mais tão próximos.
falou sobre como se sentiu terrivelmente perdida e solitária quando o viu sendo sua dupla no primeiro dia de gravação, sobre a tentativa de conversa deles depois que a festa aconteceu, sobre a chance que ela deu, abertamente, de Ben negar que tinha outro relacionamento e ele simplesmente não o fez. Contou o quanto se sentia mal por ter caído na dele e o beijado no show da Adele, o quanto se sentiu mal por ser a segunda opção naquela noite. Como se ela fosse o estepe, a que estava disponível da ausência da outra, daquela que ele levava de fato a público. E aquilo era ridículo. Dylan ouviu sua amiga falar com tristeza e certa mágoa sobre o tema, os olhos escurecendo-se e brilhando em lágrimas que não caíram. gostava dele. Estava apaixonada por Ben, mas, igualmente, estava certa de que não era certo, nem com ela e nem com ele, ficarem naquela situação.
Nos dias que se acertaram depois do show de Adele, que puderam conversar e que ela se desculpou por ter ido embora de repente, sem ao menos ter dado a ele a chance de entender o que acontecia, eles ainda se viram. Ben a levou para ir numa exposição e, no dia seguinte, aceitou ir ao pequeno evento que celebrava o sucesso de 11:11. Mas ela ficou pouco e foi embora minutos depois que o suposto novo interesse amoroso de Ben chegou, junto com outros amigos dele. Achou melhor deixar quieto e seguir sua vida, tentar ser amigável e responsável com ele e com o que ela estava sentindo, cumprir sua agenda em Londres e ir embora de uma vez por todas. queria só virar a página. Ela falou a Dylan que pediu a Ben para que não ficassem mais juntos, fora do reality. E, por isso, não estavam se falando em paralelo.
Apesar disso, sendo aberta e tão sincera quanto Dylan foi com ela, contou a ele que sentia falta de Ben. Que todos aqueles dias estavam sendo difíceis, que queria mandar mensagens, queria vê-lo, queria ouvi-lo, sentia seu coração doer cada vez que o via, que sentia vontade de sentir ele consigo. Ben era um furacão na vida dela, que a tinha devastado de uma forma tão intensa que ela simplesmente não conseguia esquecê-lo.
E mal sabia ela que não tinha sequer um único dia que Ben não falasse dela, que não perguntasse a Dylan sobre ela e que ele não ensaiava ligar, mandar uma mensagem ou mesmo ir até o apartamento onde ela estava hospedada. Ben tinha mandado comprar flores, mas cancelou a entrega com medo de piorar tudo. Pensou em publicar uma foto que tinha com ela, a que ele mais gostava dos dois juntos, em seu Instagram, mas desistiu de última hora. Ben estava enlouquecendo com aquele afastamento todo. Sem saber o que fazer para chamar atenção dela, sem saber o que pensar, tinha medo de piorar ainda mais a situação e ele paralisava. Incerto, pensativo, tentava dar um jeito de gritar e demonstrar o quanto era loucamente apaixonado por , mas nada parecia ser bom o suficiente. E Dylan estava assistindo aquela angústia toda, compartilhando de uma parte daquele sentimento.
Se Ben Barnes, o romântico inigualável do grupo, estava naquela situação, quem diria ele.
Dylan decidiu contar a ela sobre a reunião dos caras. Contou, resumidamente, sobre o que Ben havia falado e contou sobre o quanto ele se sentiu incomodado com o folgado do Barry dando em cima dela para ele. riu com a informação, comentando que Barry havia enviado mensagens para ela no privado no Instagram, que foram desviadas educadamente por ela. Mas logo ouviu atenta Dylan dizer sobre Ben ter falado o quanto estava envolvido com ela e o quanto toda aquela história com a Jessie não passava de uma mentira. Segundo o amigo, Ben estava proibido de falar qualquer coisa sobre o rumor porque estava sendo muito positivo para a publicidade de Sombra & Ossos e a produção da série estava gostando de se aproveitar daquilo. Para ele, enquanto ator, era ótimo também, não poderia negar. Quanto maior fosse a curiosidade do público na série e neles, nos atores, maior retorno teriam, mais eventos seriam convidados, mais olhares da crítica atraíram, novos papéis surgiriam e, quem sabe, novas temporadas se confirmariam.
era atriz há anos. Sabia das merdas daquele meio e do quão cruel era, em muitos sentidos. Mas, apesar de acreditar no que Dylan contava, faltava a ela ouvir aquela história de Ben. Se era realmente aquilo que acontecia, por que ele simplesmente não dizia? O que estava faltando? Algo sempre parecia não fechar a história e aquilo era frustrante. Dylan tentou insistir um pouco no assunto, reforçando o que Ben havia dito para eles naquela noite, no bar, mas claramente não se convenceu - muito embora sua expressão tenha se suavizado ao ouvir boa parte do que ele tinha a dizer.
O tempo passou naquele dia como um raio e ficaram ali, na cafeteria, conversando, até o final da tarde. Interrompidos por Can’t Hold Us (Macklemore & Ryan Lewis) que começou a tocar no ambiente, Dylan e empolgaram-se em cantar a música segurando suas canecas de café e já não voltaram mais para as preocupações e sentimentos que tinham. Podiam só aproveitar a companhia, o momento e a amizade que tinham, fazendo o que sabiam fazer de melhor quando se juntavam: se divertir, zoar de tudo, rir alto e passar vergonha. Com um vídeo feito discretamente por uma funcionária do local que os assistiu a performar, dançar e cantar sentados a música, enquanto riam e interpretavam a letra, a internet enlouqueceu durante a noite.
E, com eles, o sentimento ligeiro e verdadeiro de que tudo estava sob controle novamente tomou as contas dos sites de fofoca, da mídia televisiva e das centenas de milhares de pessoas que os acompanhavam mundo afora. Era bizarro ter noção sobre o quanto pessoas influentes e famosas podiam mudar o curso de qualquer história, com pequenos e simples movimentos. Fotos de em uma pizzaria com começaram a surgir naquela noite, enquanto voltava a fazer suas lives no Instagram, ao vivo de Milão, desestabilizando o acesso à plataforma. Saindo da casa de Tom para passear com seu cachorro, Sebastian foi visto por alguns vizinhos que o fotografaram, enquanto Lewis postava um vídeo seu tocando piano ao tempo que cantava.
A tag #CantHoldUs (#NãoPodeNosSegurar) passou a ser usada para marcar qualquer um dos dez participantes do reality como um grito de superação, por todos aqueles que não tinham exatamente comprado toda aquela história. Como se houvesse dois lados e como se o mundo tivesse se dividido em qual deles ficar. Um aviso de que nada mais havia com o que se preocupar, porque eles todos estavam bem e tudo, afinal, estava bem. Um ponto para a agência de e Tom que, a cada movimento novo, conseguia abafar ainda mais o caso, vendendo a ideia de que tudo era, de fato, uma mentira.

— Eu não tinha o que fazer na casa do Ben, ele saiu para dar uma entrevista e, como estava me sentindo sozinho, pedi para ele me deixar aqui — Dylan respondeu depois de um minuto em silêncio, passando a notícia para frente. Estava estranhando ver a si mesmo tantas vezes nas notícias da semana, mas seu vídeo com , dançando na cafeteria, tinha viralizado. O que ele podia fazer se era um gostoso?
— Isso tem nome e é… — sorriu e cruzou os braços.
— Eu querendo passar um tempo com a minha amiga — ele a cortou rapidamente, imaginando o que viria a seguir, mas sequer se importou.
— Carência, é carência — ela se jogou ao lado dele em sua cama — Onde está ?
— O que uma coisa tem a ver com a outra, garota? — o ator bloqueou seu celular e o jogou na cama — Nossa, você está cheirosa — ele deu uma fungadinha, aproximando-se levemente dela.
— Obrigada — o abraçou de lado, deitando no ombro dele, como costumava fazer sempre que ia conversar — E respondendo sua pergunta: tendo em vista que noventa por cento do seu tempo livre você usa para cadelar a , — a atriz explicou tentando se manter séria — tem muito a ver.
— Acho que você está louca — ele semicerrou os olhos para ela. Fazendo rir da expressão de poucos amigos mais amigável do mundo. Dylan odiava quando ela dizia aquilo, mas ele era fofinho demais para ser amedrontador.
— Já passamos dessa fase, Dy.
— Ela foi almoçar com Lindsay — ele suspirou. Deitado de barriga para cima, ele cruzou suas mãos no abdômen, passando o braço pelo pescoço da amiga, a abraçando — e nem me chamou.
— Elas foram almoçar três horas da tarde? — estranhou, ajeitando-se na cama para ficar na mesma posição do amigo, de barriga para cima, ao lado dele. No movimento, ela se desencostou dele, mas manteve-se presa no abraço.
— Sabe como é — Dylan respondeu sem se importar muito.
— Elas devem ter tido reunião ou algo do tipo — a atriz refletiu alto. Não era comum ver a escritora sair à tarde, ela gostava de aproveitar o clima frio para escrever ou rever algum de seus textos. Mas se estava com sua agente, com certeza estavam trabalhando.
— E ? — Dylan perguntou curioso. Como não estava no Instagram, tinha perdido as lives de na Itália e esperava encontrar com ela no apartamento.
— Pegou um trem para a Itália no meio da semana passada. Ela precisava retirar algumas roupas da coleção nova dela que finalizaram produção e ela estava precisando de um tempo respirando os ares da moda em Milão — rebateu prontamente, as exatas palavras que ouviu a amiga dizer.
— Faz bem, — ele pensou alto — queria fazer o mesmo.
— E por que não faz? — o olhou de lado — Se chamar , ela com certeza toparia ir com você.
— Acho que você está apaixonada por ela, , por Deus, não para de falar de .
— Talvez eu esteja — deu de ombros — Pelo menos um de nós fala alguma coisa sobre ela.
— Já me arrependi de ter vindo — Dylan brincou, ouvindo uma risada fraca da amiga.
— E o que você veio fazer aqui mesmo? — voltou a perguntar curiosa — É sério dessa vez. Sem saudades ou tédio.
— Já disse, Ben saiu e eu queria sair também — ele resumiu.
— Espera! — ela então apoiou-se de cotovelos na cama, levantando seu tronco levemente e saindo do abraço do amigo — Se saiu, está viajando e eu estava no banho, como você entrou aqui?
— Peguei um cartão da porta de entrada, de dentro da sua bolsa, no brunch — ele sorriu amarelo, mas logo riu da expressão incrédula da amiga, que se jogou de volta deitada na cama.
— Você é o maior trombadinha que eu conheço, eu juro.
— Você ama esse meu lado malandro, eu sei — a cutucando pela costela, ele afirmou.
— Eu odeio — riu — É intimidade demais, precisamos de um limite nessa amizade, porque eu tenho até medo do que vem a seguir.
— Exagerada — ele reclamou.
— Invasivo — ela rebateu.
— Dramática — Dylan insistiu.
— Insuportável — bufou, mas logo foi rebatida:
— Chata.
— Meu Deus, eu preciso de férias de você — então ela gritou — , SOCORRO.
— CHEGUEI PARA TE SALVAR, . O QUE FOI? — gritou da sala, e Dylan se olharam atônitos porque a mulher chegou na exata hora que falavam dela.
— Você foi salva pelo destino, — Dylan sussurrou para , levantando-se da cama.
mudou o nome para destino e eu não sabia? — ela sussurrou de volta para o amigo, o fazendo revirar os olhos — Desde quando você está em casa? — foi em direção a sala, encontrando a escritora jogando seus tênis na entrada e deixando sua máscara em um cestinho que haviam deixado para isso, próximo a porta.
— Desde cinco segundos atrás — tirou a bolsa de seu ombro, apertando o pump do vidro de álcool em gel em seguida. Dois segundos depois, com as mãos higienizadas, ela pegou o controle remoto disposto na mesa de centro da sala de estar e se jogou sentada no sofá — Lindsay arrumou um encontro no Tinder e me abandonou no meio do almoço.
— Isso é bem feito para você que não me chamou para ir junto — Dylan adentrou o cômodo atrás da amiga, com o celular em mãos.
— Olha só quem está com dor de cotovelo — falou ligando a televisão, fazendo com que gargalhasse.
— Eu não aguento mais o Dylan, pega para você, empurrou o homem levemente da direção da escritora, que desviou ligeira.
— Que oferta tentadora, . Mas, infelizmente, a vaga para me encher a paciência já está ocupada por um senhor, que se chama Ben e tem o sobrenome Barnes.
— Falando nisso, a entrevista dele já não começou? — Dylan tirou o controle das mãos de , sentando-se ao lado da escritora no sofá e mudando para o canal que Ben faria a entrevista. O programa havia começado a pouco e estava no breve intervalo. respirou fundo, tentando pensar em algo que a fizesse se livrar daquele constrangimento. Não queria ver a entrevista.
— Vou me trocar — a atriz falou sem muita animação, passando a mão pelos cabelos molhados como se indicasse ter que secá-lo, infelizmente, naquele momento.
— NÃO — e Dylan gritaram juntos e a escritora logo completou:
— Ben, provavelmente, vai responder sobre… você sabe… as questões que envolvem o contrato — pensava rápido, tentando arrumar uma desculpa forte o suficiente para a amiga ficasse. A primeira parte do plano era essencial — Nosso discurso precisa estar alinhado, acho bom todos nós vermos.
— É verdade, . Se quisermos que a imprensa não desconfie, precisamos evitar furos — Dylan concordou mais sério do que antes — E preste bem atenção em todos os detalhes.

os encarou por um segundo, um tanto desconfiada. Conhecia bem aqueles dois e ver uma entrevista de Ben soava mais como uma provocação do que como um fato necessário. Mas ela sabia que eles tinham razão. Ben era o primeiro deles que estava sendo entrevistado depois do ocorrido, era importante que soubessem o que ele iria dizer para conseguirem sustentar os mesmos argumentos, se fosse necessário.

— Ih, está bem, — ela deu de ombros, tentando não se afetar com aquilo. A entrevista deveria ser rápida e como já tinham perdido o começo, não deveria demorar muito para acabar — já que vocês estão insistindo tanto no assunto — se sentou no sofá ao lado de Dylan que desviou um olhar cúmplice de . A escritora estava mexendo em seu celular acompanhando o que falavam nas redes sociais sobre a entrevista de Ben.

Como o primeiro bloco de perguntas do programa já havia acabado, Ben tinha sido apresentado e respondido alguns questionamentos sobre sua carreira, projetos recentes e sobre o Sugar Rush, mas nenhuma polêmica foi sequer mencionada. O apresentador fez referência a como o ator foi convidado para participar do reality e o que esperava que acontecesse com a estreia dos episódios. Dylan, e assistiam a vinheta do programa anunciar o retorno da entrevista, com os olhos fixos na televisão.

Voltamos para mais um bloco de perguntas com um de nossos atores favoritos, pelo menos um dos meus, Ben Barnes — Luke Graham, o apresentador, falou animado, enquanto a pequena plateia aplaudia. Estava sentado diante de uma mesa e, de frente para ele, Ben sorria em seu terno azul marinho, confortavelmente sentado em uma poltrona. Como sempre, tinha uma postura impecável, um ar refinado e os olhos atenciosos no que acontecia ao seu redor. Apesar de nunca ter sido muito fã de entrevistas e sempre acabar mais tímido do que gostaria, tentava ser o mais amigável possível. De casa, soltou um suspiro discreto, levemente ansiosa.
— Ele está bem bonito — Dylan comentou, espiando a amiga pelo rabo de olho, que ignorou o comentário. segurou a risada.
Ainda falando de Sugar Rush, Ben, não posso deixar de comentar sobre o que aconteceu. Como têm sido esses dias?
Complicados, eu acho — ele se ajeitou na poltrona — Nenhum de nós esperava por algo assim e fomos pegos de surpresa, no meio de uma gravação. Sorte que temos pessoas incríveis trabalhando conosco e que estão dedicadas a resolver isso o mais rápido possível.
Isso é ótimo — Luke o olhou — e quer dizer que nenhum dos envolvidos irá desistir de terminar de gravar o programa?
Não posso afirmar isso com certeza, porque não posso falar pelos meus colegas, — Ben fez uma pausa — mas acredito que essas duas semanas tenham nos dado tempo e espaço para entender o que realmente aconteceu e perceber que nenhum de nós, nossas equipes ou o programa teve culpa. Estar no Sugar Rush tem sido uma experiência e tanto, estamos nos divertindo e aprendendo coisas novas, já chegamos até aqui, não acho que alguém irá desistir agora.
— Mandou bem, Barnes — murmurou sorridente, feliz com a resposta genérica e precisa do amigo.
E você, me diz agora, — Like adotou um tom mais divertido, tentando claramente descontrair a conversa — é tão bom na cozinha quanto é bonito?
E-eu… — sem esperar por aquilo, Ben sorriu envergonhado, suas bochechas vermelhas sendo nitidamente vistas pela televisão enquanto a plateia gritava empolgada. mordeu a bochecha internamente, tentando conter o sorriso, ignorando os olhares de e Dylan sobre ela. Tímido, Ben não sabia nem o que responder — eu não sei, eu acho.
É brincadeira — Luke riu, sendo acompanhado pelo ator — Mas agora é sério. Você comentou sobre seus colegas no reality, você já conhece algumas das pessoas que estão nesse projeto com você de fora do estúdio, certo?
Certo, eu e somos amigos de longa data. Trabalhei em uma de suas adaptações há alguns anos e, hoje, coitada dela, tem que me aguentar em sua vida — ele deu de ombros. De casa, gritou um "é verdade", tirando risadas dos dois outros amigos com ela — Mas quem mandou me escolher para o papel, né?
, se você estiver assistindo isso: obrigado por ter escolhido ele para o papel — Luke olhou para uma das câmeras, tirando risadas da plateia.
— De nada, Luke — respondeu de casa.
Foi um dos melhores filmes que você já fez e não estou exagerando — o apresentador continuou, tirando de Ben um sorriso enorme e lindo, em agradecimento.
Obrigado! Para mim foi uma experiência e tanto — ele sorria contente, a felicidade clara em seu rosto em poder falar de seu trabalho — Amo ficção e amo adaptações de livros para o cinema. tem personagens complexos e muito profundos, mergulhar neles é uma experiência como nenhuma outra.
Como fã do seu trabalho, Ben, posso dizer que você e fazem uma ótima dupla, o filme é incrível — o apresentador olhou para as fichas que segurava e, naturalmente, desviou o assunto outra vez — Mas, um passarinho me contou que não é só a escritora que também está no Sugar Rush que você conhece dos bastidores — Ben riu leve, sabendo exatamente em quem ele queria chegar — Quando digo que acompanho suas produções, não estou brincando. Eu e minha equipe nos apaixonamos pelo vídeo de 11:11 e vimos que foi confirmada como integrante do Sugar Rush também — a plateia gritou animada, eufórica, enquanto imagens dos dois no videoclipe passavam em um telão atrás de onde Ben estava sentado. Do apartamento, respirava fundo e fechou os olhos, sem querer ver ou ouvir aquela parte — Como foi trabalhar com ela novamente?
Bem, é uma das mulheres mais incríveis que já conheci, pude trabalhar e tenho em minha vida — Ben respondeu carinhoso, calmo, medindo cada palavra que escolhia usar. Aquele era o momento pelo qual tinha aceitado dar aquela entrevista, tudo tinha que sair perfeito. abriu seus olhos assim que o ouviu responder, atenta a cada palavra dele enquanto sua respiração falhava, seu coração parecia bater mais forte — 11:11 é um trabalho muito importante, para mim e para minha carreira musical. A canção é o início de uma nova parte do que venho produzindo há muito tempo e queria que tivesse nela alguém tão especial quanto esse momento foi para mim. Desde o momento em que me disseram que eu ganharia um videoclipe para 11:11 não consegui pensar em convidar ninguém mais senão . Não podia ser outra pessoa, era ela — apesar de toda euforia das reações de Luke e da plateia, Ben mantinha-se contido, sereno e profissional — Queria que as pessoas conhecessem esse meu outro lado, musical, da forma correta, que não fosse apenas um clipe, mas uma vivência emocional intensa, como é o amor e como consegue passar nas telas. Precisava passar uma mensagem e, modéstia parte, acho que funcionou.
Funcionou sim, quanto a isso não tenha dúvidas. Nada me tira da cabeça, toda vez que assisto ao vídeo, que você e são ex-namorados reais e que você está sofrendo — Luke brincou dramatizando, vendo o ator rir levemente. De certa forma, ele pensou, Luke estava totalmente correto.
Mérito dela, que sem dizer uma só palavra consegue mexer com a gente nessa intensidade — Ben respondeu gentil.
— Ui ui ui — provocou a amiga, vendo Dylan aumentar o volume da televisão.

, contudo, não respondeu nada. Seus olhos seguiam presos na enorme tela à frente, seus pensamentos longe dali. Não conseguia identificar o que era real na fala de Ben e o que era ele sendo cortês e gentil como sempre era. Tudo parecia estranhamente ambíguo, como se ele estivesse, ao mesmo tempo, de propósito, falando sobre o trabalho dele e sobre sua vida pessoal. Mas talvez fosse ela quem estivesse, mais uma vez, entendendo tudo errado. Talvez estivesse vendo coisas onde não tinha, tirando entrelinhas que não existiam das palavras dele. Pouco estava claro e menos ainda era concreto. Voltando a prestar atenção na entrevista, ela o ouviu completar:

fez um trabalho incrível, como sempre, e sou muito feliz por dividir esse grande momento de minha vida com ela — ele sorriu, olhando a plateia aplaudir uma vez mais.
E que momento! — Luke curvou-se para frente, interessado no rumo da conversa — Mas conta melhor para gente essa história, Ben. Você disse que pensou imediatamente nela quando ficou sabendo do clipe, isso quer dizer que já se conheciam antes?
— sem cerimônia alguma, Ben respondeu animado. sentiu seu coração parar de bater por um instante, nunca tinham falado sobre aquilo em público antes. O que Ben estava fazendo? — Nos conhecemos em Nova Iorque quase um ano atrás, por intermédio de . está na nova adaptação para o cinema de , que estava sendo gravada na época, e nos encontramos eventualmente num jantar com amigos.
, se você estiver assistindo isso: obrigado por ter juntado esses dois — do exato mesmo modo que fez antes, ele repetiu, tirando risadas de todos — Sem você não teríamos o chororô todo de 11:11, eu seria infeliz.
— De nada, Luke — assim como antes, a escritora gritou de casa, tirando uma risada de Dylan ao seu lado.
Estou começando a achar que a patrocina esse programa — Ben brincou, olhando ao redor.
Me desculpe, cara! Eu já era fã dela, depois de saber de tudo isso, então, acho que tenho minha favorita no Sugar Rush — Luke respondeu brincalhão, entre risadas de todos — Mas eu amei saber que você e já se conheciam antes. E esse convite para o videoclipe, foi despretensioso ou teve um interesse aí?
Luke, minhas atitudes são sempre muito bem pensadas — Ben respondeu brincando, tirando novos gritos da plateia — E, com certeza, eu não perderia a chance de convidar uma mulher maravilhosa como para ser meu par a toa.
Falou, falou, mas não respondeu minha pergunta, Ben. O convite teve uma segunda intenção? — Luke reforçou o questionamento. Amava cutucar seus convidados, ainda mais quando eram reservados e tímidos feito Ben.
Não tente me colocar em maus lençóis, Luke. Acho que estou envolvido em polêmicas demais por um mês — Ben riu sincero.
Como Ben Barnes pode ser sonso dessa forma? — respondeu indignada para a televisão, Dylan a cutucou na barriga com o cotovelo.
Ah, qual é, Ben, — o apresentador brincou, tomando um gole de sua água na caneca em cima da mesa — a gente só queria saber se o que vimos em 11:11 era, pelo menos, um pouquinho real, não é gente? — Virando-se para as pessoas que assistiam ao programa ao vivo, Luke fez um bico manhoso. As pessoas concordaram animadas, risonhas — Estamos apaixonados por você e juntos, vocês são o momento.
Obrigado, eu acho — Ben riu constrangido, passando as mãos pelos cabelos. Quando pediu para sua agente para estar em alguma entrevista que pudesse tocar naquele tema, não imaginou que seria tão fácil daquela forma. Um ponto para ele ou talvez um ponto para Luke, que parecia verdadeiramente interessado.
Bom, já que não vai nos dar o que queremos e, aproveitando que você já está constrangido, — o entrevistador emendou rápido, sem dar tempo de Ben protestar — o que a Jessie achou disso tudo?
Jessie? A minha colega de trabalho? — Ben questionou, curioso, sua postura ficando levemente mais séria, o tom de voz mais fechado.
E tem outra? — Luke brincou sorridente.
— Acredito que ela tenha gostado do clipe — o ator respondeu sério, pensativo — Jessie foi uma das pessoas que mais me apoiou durante o começo da minha carreira como músico.
Não vou fazer rodeios e dessa vez você não tem como fugir do assunto, Benjamin — o apresentador riu — Alguns sites noticiaram que você e Jessie tem um caso. Isso é verdade?

Com a voz de Lewis o dizendo exatamente o que disse na noite que saíram com os outros caras do reality, “desmente os rumores falsos com a Sombra & Ossos e cria os rumores certos com a Altered Carbon”, Ben pensou por um segundo. Parte dele se sentia irritado por, uma vez mais, estarem apresentando publicamente aquele assunto do jeito mais errado possível e outra parte estava aliviado em, finalmente, tocar no assunto em público. Tinha aceitado participar daquela entrevista com único objetivo em mente e ali estava ele, afinal. Pronto para encaixar a primeira peça de um quebra-cabeça que veio incansavelmente tentando montar nas últimas semanas, pronto para colher os bons resultados de cada palavra que poderia dizer livremente ali. Apesar de se sentir seguro com o assunto, Ben estava nervoso. Nervoso em já ter exposto mais de si mesmo e do que achava de ao vivo do que fez nos últimos dez anos, nervoso por ter falado sobre ela como falou e nervoso em continuar dizendo o que, direta ou indiretamente, tinha a ver com ela.
Mas, principalmente, Ben estava nervoso simplesmente por saber que, em algum lugar de Londres, ela o estava assistindo.

Luke, como o considero um amigo, vou ser o mais sincero que posso — Ben começou a dizer calmo, vendo o apresentador sorrir e fazer um sinal para que ele fosse em frente — Nessas últimas semanas, tenho observado como a mídia impacta, muitas vezes negativamente, relações de diversos tipos, sobretudo quando inventa mentiras apenas para satisfazer o público. Então, para acabar de vez com os falsos boatos sobre mim e Jessie, posso confirmar que nós nunca tivemos e nem teremos nada — o ator sorriu o mais sincero possível, confiante em suas palavras — Somos bons amigos, que trabalham juntos, saem e se divertem. E é isso. Sem segundas intenções. E isto não quer dizer que eu não a admire, pelo contrário, mas estou cansado de muitas vezes a imprensa saber mais da minha vida do que eu mesmo. Estou sendo sincero aqui — Ben gesticulou.
Claro, e isso é importante de ser dito — Luke concordou sério, pela primeira vez naquela entrevista.
Todos esses boatos com a Jessie têm influenciado diretamente nos meus relacionamentos verdadeiros, afinal, ninguém quer se envolver com um cara comprometido — Luke riu concordando com a cabeça, mas Ben seguiu dizendo sorridente, ameno, o rosto levemente envergonhado por se expor daquela forma, como nunca antes sequer havia pensado em fazer — E só para deixar transparente como água, eu estou realmente apaixonado por alguém, — Luke soltou um grito eufórico, sendo acompanhado pela plateia animada. Ben riu nervoso e, passando a língua entre os lábios, continuou dizendo: — não vou citar nomes, porque acredito que deva ficar entre mim e ela. Mas, a verdade é que, nunca vou encontrar uma mulher com os olhos tão doces quanto os dela ou que tenha o perfume que consiga reunir um jardim inteiro.
Meu Deus, isso é tão poético — Luke falou sincero e, então, brincou: — Há alguma chance dessa pessoa pela qual você está apaixonado ser eu?
A plateia riu, junto com Ben.
Acho que você chegou tarde demais, Luke, me desculpe — o ator brincou, rindo da expressão de tristeza do entrevistador, que logo se recompôs.
Nenhuma dica sobre quem é ela?
Acho que depois da nossa conversa de hoje, você pode ter um palpite — Ben respondeu sereno, ouvindo as pessoas ficarem eufóricas mais uma vez, entendendo as entrelinhas daquele comentário. De casa, sentia seu corpo inteiro esquentar de vergonha — Mas tudo que posso dizer é que é uma sensação nova para mim e estou aprendendo a lidar com isso em meio a rumores falsos. Tem sido complicado e quero descomplicar. É uma pessoa apaixonante em muitos sentidos e eu não poderia me sentir de outra forma senão entregue e certo de que é ela.

Se Dylan e tivessem que descrever a cara de naquele momento, eles certamente diriam que ela estava perdida, um tanto espantada. Como se não reconhecesse mais nada do que acontecia a seu redor, tudo pareceu simplesmente se apagar na mente dela. Sem sequer se mover do sofá, ela mantinha seus olhos atentos ao grande televisor, olhando em silêncio o que Ben e Luke conversavam, mas ela já não ouvia mais. Talvez fossem informações demais para um único dia, para vinte minutos ou seja lá quanto tempo passou assistindo aquilo. Tudo o que ela queria ter ouvido de Ben tinha acabado de ser dito, em rede nacional, ao vivo, inesperadamente do nada. E ela simplesmente não sabia como deveria reagir.

— FINALMENTE ELE SE MEXEU — gritou, sentando-se na ponta do sofá na empolgação do momento.
— Eu avisei — Dylan olhou para a amiga ao lado, que semicerrou os olhos para os dois amigos, enquanto se esforçava, e muito, para esconder o sorriso que parecia teimar em querer abrir em seu rosto.
— Eu não vou comentar sobre isso — a atriz negou com a cabeça.
— Nem precisa, né? — apontou para a televisão — O que foi isso?
— Um homem apaixonado em rede nacional, desmentindo rumores que não conseguiu desmentir para: — Dylan respondeu rápido e sério, apontando para a amiga — a pessoa por quem ele está apaixonado.

não respondeu nada. Um misto de querer socar Dylan por ter razão, com querer socar a si mesma por não ter percebido, por ter preferido acreditar nas suas inseguranças. Ben tinha sido, uma vez mais, um furacão. Tinha exposto, pela primeira vez desde que se conheceram, a ideia de que já se conheciam antes, tinha falado abertamente de como gostava dela e de seu trabalho e tinha desmentido todo o rumor que os assombrou pelos meses passados. E não bastasse isso, ele ainda conseguiu fazer de uma forma que deu a entender justamente o contrário. De uma hora para outra, sem esperar por aquilo, deixou de ser a segunda para se tornar a primeira opção. Deixou de ser o que acontecia debaixo dos panos para virar o novo rumor. E de todas as coisas que ela estava percebendo naquele momento, a que mais parecia mexer com ela era o fato de ele ter feito tudo aquilo de propósito.
Sentado ao lado dela no sofá, lançando olhares discretos para a amiga, tentando entender a reação silenciosa dela, Dylan pegou seu celular casualmente, como se não tivesse interessado em nada em específico e, sem que ninguém percebesse digitou uma mensagem no grupo criado na noite anterior, por onde ele, Ben, e Noah podiam se comunicar. “É com você, @Nono”. afundou seu celular no sofá discretamente, tentando evitar qualquer sinal de que Dylan estava digitando e ela recebendo as notificações e, em uma tentativa de disfarçar ainda mais, fez alguns comentários, altos, sobre a entrevista. Rápido e esperto, Dylan respondeu, bloqueando seu celular em seguida e voltando-se para .
, contudo, estava tão imersa em seus próprios pensamentos que sequer notou qualquer movimentação. Seus olhos mantinham-se presos na televisão ligada à frente, seu coração acelerado e sua mente dividida entre ter amado ouvir tudo o que ouviu e ter, ao mesmo tempo, odiado, pela sensação de confusão extrema que a consumia. Se sentia uma tanto idiota por ter deixado tudo correr como correu, por ter acreditado em rumores depois de tantos anos naquele meio, sabendo como tudo aquilo funcionava. E, mais ainda, por ter perdido tempo com Ben por motivo algum. Por outro lado, ainda se perguntava por que infernos ele não tinha dito aquilo a ela, em todas às vezes que teve a oportunidade de dizer.
Confusa, a atriz afundou seu corpo mais ainda no sofá, suspirando pesadamente. Talvez fosse a hora de ela procurar ele. Talvez fosse o momento daquela conversa acontecer, final e fatalmente, resolver a questão infantil que os fazia parecer dois adolescentes que mal sabiam falar sobre seus sentimentos. não sabia se deveria necessariamente ligar, ou mandar uma mensagem, logo após a entrevista. Não queria parecer uma stalker ou uma desesperada. Talvez fosse melhor esperar um pouco, ao menos a entrevista se popularizar pelas próximas horas e dar a sensação de que, inevitavelmente, ela tinha visto algo sobre. A ideia lhe pareceu cômoda, mas não teve muito mais tempo para pensar naquilo. Em cima da mesa de centro da sala, seu celular apitou e vibrou alto algumas vezes seguidas, a fazendo desviar sua atenção até ele, pegando-o.

Noah: Oi meu bebê, estou vendo a entrevista do Benjamin 🥰
Você está bem?

: Bem, sim. Confusa também.
Não sei o que fazer sobre isso, Nono.
Socorro.

Noah: Vamos pensar juntos, ok?
Consegui reservar a National Gallery para hoje, para vermos a exposição do Van Gogh.
Podemos ir e conversar lá, só nós dois, vinho e os girassóis que você ama.
Pelo menos, vai ser inspirador.

: você sabe como me ganhar, Noah
Acho que preciso sair mesmo, pensar fora daqui

Noah: Perfeito!
Te vejo lá, às 21h. Não se atrase.

: Obrigada, Nono.
Te amo <3

Noah: Eu sei kkk
Também te amo, amiga.
Só quero te ver feliz.

Achando a resposta estranha, mas não se importando muito com ela, bloqueou seu telefone e voltou a prestar atenção ao seu redor. cantava uma música, baixinho, provavelmente que tinha ouvido em algum vídeo enquanto rolava seu tiktok para cima e Dylan se espreguiçava, sem saber exatamente o que deveria fazer agora. Na televisão, Ben se despedia de Luke com um abraço amigável e acenava para a plateia, enquanto agradecia e deixava o programa. precisava de um tempo para pensar. Um tempo sozinha para digerir tudo o que tinha ouvido e tentar ser o mais racional possível, antes de levar uma surra de emoções de Noah mais tarde. Se iam mesmo sair e, se pretendiam conversar, era melhor que ela colocasse as ideias no lugar primeiro.
E ficar ali na sala estava levemente estranho. e Dylan estavam estranhos um com o outro, tentando ser o mais naturais que conseguiam, mas conhecia os dois. Estavam, ambos, afogados em seus próprios sentimentos e ficariam sufocados assim até que se sentissem confortáveis, ou pressionados o suficiente, para começar a colocar para fora. A amiga não queria ser um entrave. Pelo contrário, queria que tivessem mais espaços seguros, como aquele, e mais tempo livres e sozinhos, como aquele momento, para que pudessem reagir um ao outro. Ficar ali de vela não ajudaria em nada, por isso, decidiu ir de volta para seu quarto.

— Onde você está indo? — Dylan perguntou estranhando, observando a amiga simplesmente levantar e sair de perto deles, sem dizer nada.
— Dormir — deu de ombros.
— Você está indo dormir? — ele rebateu exasperado, fazendo pausas dramáticas entre as palavras — Depois de tudo o que aconteceu aqui?
— Não aconteceu nada aqui, Dylan — negou com a cabeça.
— Como não, ? — ele insistiu, encarando a amiga — A gente pode conversar, se você quiser — ao lado dele, concordou com a cabeça.
— Eu agradeço, gente, mas preciso entender o que está realmente acontecendo antes de falar qualquer coisa, é confuso para mim — ela abaixou o olhar um instante, não queria realmente falar sobre aquilo, não agora — Noah reservou a National Gallery para hoje, 21h, o que quer dizer que antes das 3h da manhã eu não volto, então preciso dormir agora para aguentar — ela refletiu alto, mudando de assunto enquanto parava no batente da porta da sala. e Dylan a encaravam curiosos, sendo o mais atores possíveis, fingindo não saber de nada daquilo.
— A idade chega mesmo, né? — debochou de .
— Para alguns, com certeza — Dylan concluiu.
— Vocês não merecem o convite, mas — ela suspirou e, então, sorriu para eles — se quiserem ir também, vai ser legal.
— Ah, . Infelizmente, não vou poder ir — a escritora negou com a cabeça — Comecei a trabalhar em um projeto novo, ontem à noite, e simplesmente não consigo parar de escrever, mil ideias passando nessa cabecinha e preciso jogar tudo no papel antes que o bloqueio chegue.
— Vai escrever mesmo ou vai ficar jogada no sofá? — Dylan a provocou, sorrindo charmoso de lado.
— Dylan, vai ver se eu to na esquina, por favor — mostrou o dedo do meio para o ator.
— E você engraçadinho, vai querer ir? — perguntou bocejando.
— Também tenho um compromisso — ele rebateu pensativo, tentando encontrar rapidamente uma desculpa para recusar o convite da amiga.
— Que compromisso? — franziu a testa. Dylan não tinha comentado nada sobre compromissos com ela mais cedo e, pela expressão um tanto esquisita dele, algo parecia estranho. O homem passou os olhos ao redor até reparar no comercial da televisão.
— Saiu a nova temporada de This is Us, — ele apontou para a tv — preciso assistir na estreia para não levar spoiler.
— Você vai trocar um passeio em Londres por uma série? É sério isso? — riu incrédula — Depois eu quem sou a velha do grupo aqui.
— Óbvio! E não é só uma série, é This is Us — Dylan enfatizou.
— Vou defender o Dylan nessa — intrometeu-se na discussão, com com os olhos fixos em seu celular — This is Us é a melhor série do mundo
— Não se faça de sonsa, provocou a amiga — Você sempre defende o Dylan, não é só nessa vez.
— Ah, quer saber? Cansei de vocês dois — levantou do sofá indo em direção ao seu quarto — Alguém nessa casa tem que trabalhar para dar emprego para alguns atorzinhos de meia tigela por aí.
Meia tigela? — olhou boquiaberta para a amiga, acompanhando ela sair dali dando de ombros.
— Eu não ouvi isso — Dylan gritou brincalhão e, trocando uma risada com , viu a amiga ir para seu quarto também.

Com o celular em mãos, sem mais o que fazer, Dylan achou ideal buscar uma cerveja na cozinha e, depois, iria procurar qualquer coisa interessante para assistir o resto da tarde. Com parte do plano dando certo, ele estava livre para aproveitar o resto daquela sexta-feira e torcendo para que, no final daquela noite, tudo finalmente se resolvesse para sua amiga. Feliz e bastante animado com aquele pensamento, ele abriu seu aplicativo de mensagens no celular uma vez mais, indo direto ao grupo que mais estava usando nas últimas vinte e quatro horas e digitando rapidamente: ela caiu feito um patinho na lagoa.

***


chegou às 21h em ponto na National Gallery. Vestindo uma mini saia preta e um blusa de tricô com gola alta branca, ela abraçou a si mesma enquanto subia os largos degraus do museu que já conhecia e que tanto amava. Estava com uma meia calça por baixo da saia e botas de couro, igualmente pretas, com cano até os joelhos e salto baixo. Por cima, cobrindo até o cumprimento de sua saia, usava um casaco xadrez, em tons de azul e marrom, que, na verdade, era de Dylan - o que ele usou para ir visitá-la naquele dia e que ela pegou do cabideiro próximo a porta, ao sair do apartamento, enquanto ele cochilava no sofá. Se Dylan vivia roubando coisas dela, por que não roubar dele de volta? O casaco larguinho era quente o suficiente para o frio que fazia naquela noite e serviu perfeitamente em .
Com uma boina fofinha branca e usando sua máscara preta no rosto, a atriz entrou no museu tirando seu celular de um dos bolsos do casaco, checando se tinha algum sinal de vida de Noah, dizendo que já estaria lá ou que, ao menos, estava chegando. Mas, nada. deu uma olhada ao redor, procurando por ele, assim que entrou no saguão do museu e ninguém mais a não ser ela mesma, dois seguranças próximos a porta e um homem de não mais que vinte anos na bilheteria estavam. Noah não costumava se atrasar para os encontros que marcavam e ela sabia que ele tinha consciência sobre o quão importante para ela seria ter ele ali, naquela noite.
tinha conseguido dormir por três horas naquela tarde, depois de se virar em sua cama por quase uma hora, pensando, digerindo, sobre tudo o que tinha acontecido. Cada palavra que havia ouvido de Ben ecoava em sua mente como se tivessem sido gritadas em um vazio amplo e ela não conseguia saber exatamente como organizá-las. Sabia que Ben estava falando sobre ela, quem mais poderia ser, afinal? Havia passado da hora de acreditar naquele fato. Ben estava apaixonado, sim. E estava apaixonado por ela. Tinha dito aquilo em rede nacional, em horário de ampla audiência, com um sorriso no rosto, com a serenidade e a calmaria que sempre a acalmavam, com o brilho nos olhos que ele só tinha quando via ela.
Ben havia dito tudo o que ela queria ouvir dele. Faltava apenas, talvez, ela assumir o que sentia para si mesma e, mais do que isso, para ele. Queria vê-lo, queria conversar, repassar tudo o que tinha acontecido entre eles, colocar os pontos finais onde haviam sentenças a serem finalizadas, histórias que não mais precisavam ser contadas. Queria começar de novo, talvez desculpar-se pela falta de comunicação e pela confusão. Queria ouvir dele, olhando em seus olhos, tudo o que ele havia dito na televisão. Queria viver cada palavra em realidade, queria sentir o abraço quentinho, a voz baixa e paciente, o calor dos beijos dele. Queria dizer a ele que estava tudo bem e queria ouvir dele que estava tudo bem. Mas não sabia, ainda, como deveria fazer aquilo.
Não sabia se deveria dar um tempo, se deveria esperar por ele a procurar ou se deveria retribuir, em exposição, o que sobre ela foi exposto. sempre teve muitas questões internas sobre ser exposta e, mais do que isso, carregava as merdas do último relacionamento que terminou mal. Por isso, uma parte dela, mesmo diante de tudo o que já havia sido dito, ainda teimava em puxá-la de volta ao chão, teimava em fazê-la questionar se era mesmo verdade, se era mesmo sobre ela e se era mesmo verdadeiro, e não algo que Ben havia dito educadamente.
No meio dessa confusão toda, entre aceitar os fatos e acreditar em seus medos, novos rumores começaram a rondar a internet, depois da entrevista, sugerindo justamente como o love affair misterioso de Ben Barnes e fortalecendo, ainda mais, os fatos para ela. Entre pessoas que os apoiavam em surtos animados e outros que, nem tanto, se incomodaram com a sugestão, decidiu não ler mais nada. Dormiu depois de tanto pensar, exausta pelos sentimentos confusos que cresciam em seu peito e, ao acordar, perto das 20h, tratou de comer algo rapidamente, enquanto conversava com na cozinha, e se trocar, para logo sair.
Como não estava muito longe do local combinado com Noah, a atriz foi de táxi mesmo e, sem saber exatamente o que fazer, saltou na entrada principal. sempre amou ir a museus. Filha de uma historiadora, desde criança tinha lembranças de sua mãe a levando para exposições de arte e de literatura, em reuniões de reparação de prédios históricos e comprando livros que falavam sobre história da arte, fósseis e artefatos antigos. Seu pai, um engenheiro fã de carteirinha de filmes e histórias sobre as guerras mundiais, destinava os domingos para assistir documentários e não perdia nenhuma exposição sobre o tema. cresceu nesse ambiente e gostava da companhia de estar entre esculturas antigas, do silêncio dos corredores das alas de artefatos históricos e do conforto que as pinturas passavam.
As sensações de ver, ou rever, as obras que viu com seus pais quando era mais nova, que os ouvia comentando sobre, a ensinando. Era como estar em casa. Era reconfortante, seguro, inspirador e trazia sensações boas, memórias bonitas. Lembranças de um tempo que não voltavam mais, de uma vida que parecia distante. Bem mais calma, bem mais íntima, bem mais amorosa, bem menos caótica e certamente sem nenhuma pressão, rumor, fofoca, mentira sobre ela. Um tempo que ela era só a , o tempo em que ela sentia falta naquele caos todo. Por isso, sempre que tinha a chance, gostava de usar seu tempo livre para ir em museus e galerias, olhar tudo com cuidado, se reconectar consigo mesma e com quem era, com o lugar de onde veio.
Os museus eram os lugares perfeitos para .
E Ben descobriu aquilo pouco tempo depois que conheceu ela, quando, ainda em Nova Iorque, poucos dias depois do jantar às cegas, quando se conheceram, ela o convidou para ir ao Metropolitan Museum of Art. Como tinha o costume de fazer, ela havia reservado o museu inteiro pela noite adentro, para que pudessem andar à vontade e sem chamar atenção, ficar quanto tempo julgassem necessário, passassem e parassem em quais obras escolhessem e pudesse apreciar tudo o que quisessem. conhecia o MET de ponta a ponta, já tinha estado lá tantas vezes que perdeu as contas. Mas sempre que alguma exibição nova entrava ou sempre que algum acervo fixo era revisto, ou em dias que precisava mesmo pensar e ter um tempo para si mesma, lá estava ela.
Naquela noite, exatamente às 21h, Ben encontrou com ela no MET. Nunca tinha tido um encontro, se é que poderia oficialmente chamar aquilo de encontro, em um museu e tudo pareceu diferente. Um diferente legal, curioso e interessante. Um diferente que se encaixava nele perfeitamente, como se soubesse do que ele gostava de fazer e de onde ele se sentia confortável em ir. Diferente, como se mostrava ser. Junto com as mulheres que ele já teve interesse algum dia, estavam os restaurantes caros, as bebidas refinadas, as contas com lagosta que ele se arrependia de ter pago no dia seguinte. Estavam os encontros em festas badaladas, que já não lhe chamavam mais atenção há anos, as roupas que somadas valiam um milhão de dólares sem esforço algum e as conversas superficiais, entre sorrisos forçados, sobre como era a fama e quais eventos ele poderia as levar.
Frustrante e mais do mesmo, toda vez a mesma sensação de não ter se preenchido nelas, até que, de repente, tudo mudou. Verdadeiramente feliz em vê-lo ali, usando um vestido azul claro, tênis brancos da Nike e com os cabelos em um rabo de cavalo alto, o recebeu com um abraço carinhoso sem qualquer cerimônia, caminhou com ele por todo museu rindo e falando tudo que sabia sobre as obras que encontravam pelo caminho, como se fossem amigos há séculos. Como se ele não tivesse nada além de um bom papo e companhia a oferecer, como se fosse ninguém mais além de um homem qualquer de passagem por Nova Iorque. Tudo foi genuinamente divertido, leve e verdadeiro. Pela primeira vez, para Ben, foi real, porque ele pode mostrar a realidade de si mesmo enquanto conhecia a dela. não estava preocupada em impressionar, em conquistar ou em tirar dele qualquer coisa. Estava preocupada em ter uma noite agradável e feliz, em não deixar a conversa acabar e em rir quando sentia vontade de rir.
E aquilo era, sim, fascinante para ele. Ben falou sobre coisas que comumente não falava em encontros, contou de sua vida e de sua família, de seus projetos futuros. Impressionado com um lado dela que nenhuma câmera mostrava, ele perguntava animado sobre coisas que tinha curiosidade sobre as obras que passavam vendo, foi conhecendo-a conforme conhecia mais da arte ao seu redor e tudo foi tão interessante que, no final daquela noite, sentado ao lado dela no chão de uma das alas vazias do MET, ele se perguntou por que a vida não a tinha trazido para a vida dele antes, por que não tinham se conhecido antes.

— Certo, e por que ele pintou a si mesmo? — Ben perguntou depois de um momento, sentado no chão e analisando o Autorretrato com um chapéu de palha (anverso: O descascador de batatas), uma das pinturas mais fascinantes e famosas de Van Gogh, em exposição fixa no MET.
— Por falta de modelos — respondeu calmamente, observando a obra à sua frente, sem se importar com o olhar de Ben nela. Estavam sentados lado a lado no chão, as pernas esticadas e os ombros se encostando, enquanto conversavam calmos e curiosos — Ele achou que poderia melhorar em técnica, enquanto pintor de figuras, se pintasse a si mesmo. A história diz que ele comprou um espelho e enquanto via a si mesmo, pintava. Parece simples hoje, mas na época não era uma abordagem artística comum e ele não tinha tantos recursos para fazer figuras como a regra mandava — ela sorriu — Mesmo assim, ele produziu mais de vinte auto retratos como esse, todos são lindos, na minha opinião. Dizem muito sobre teoria da cor e sobre autoconsciência.
— É lindo, sim — Ben concordou — Não conhecia esse lado dele. Acho que todo mundo só repara em A Noite Estrelada e em Amendoeira em Flor.
— Eu absolutamente amo esses quadros, não posso discordar das pessoas. Sou viciada em Amendoeira em Flor, eu acho — falou animada e, mostrando a capinha de seu celular com a estampa do quadro referido, riu com ele — E fora esses, acho que todo mundo só se importa com os girassóis.
— Você não gosta dos girassóis de Van Gogh? — o ator parou por um momento, a encarando. então o olhou, risonha.
— Está brincando? — ela riu, brincando com o elástico de sua máscara, que tirou algumas horas atrás, assim que ficaram a sós — Para mim são os quadros mais lindos de toda história da arte.
— O que eles têm de tão especial? — Ben perguntou interessado, pronto para vê-la falar com paixão de algo mais que a encantava, como ele estava se encantando por ela. virou-se levemente para ele.
— Girassol é uma flor que simboliza felicidade e gratidão, — ela explicou paciente, feliz, gesticulando — mas, igualmente, é a flor do fim em si mesmo. Quando você coloca um girassol em um vaso, por exemplo, você precisa dar toda atenção e cuidado para ele, porque a flor murcha em algumas horas. Sua beleza se consome minuto e minuto e se perde no tempo, até que ela morre — parou por um momento, pensando e, então voltou a dizer calma — Van Gogh gostava de pintar os sentidos que se podem ser percebidos de olhos fechados. A beleza, a felicidade e a gratidão são exemplos disso. Acho que as pessoas gostam tanto dos girassóis de Van Gogh porque vivemos eles todos os dias de nossas vidas — ela sorriu para ele — Se prestarmos atenção mesmo nas pinturas, nas sete reproduções, percebemos que os girassóis estão em diferentes fases: alguns ainda não floriram, alguns estão completamente abertos e outros estão já sem as pétalas ou caminhando para morrer. O que é isso senão o ciclo da vida em todos os seus sentidos? — Ben parecia atônito, acompanhando o raciocínio dela em silêncio, com os olhos presos nela, com a mente viajando para lugares que ele não queria sair nunca mais — Tudo floresce, tudo morre e, depois, tudo volta a nascer. É isso que tem de especial neles e isso que me encanta.
— É realmente lindo e… fascinante — Ben comentou a encarando, vendo os olhos de se encontrarem com os seus enquanto sorria.
— Também acho, por isso são meus preferidos — ela passou a mão pelo rabo de cavalo, tímida — Ele foi um artista como nenhum outro.
— Não estava falando sobre ele — Ben sorriu de lado, charmoso, observando a mulher a seu lado rir tímida — É fascinante te ouvir falar sobre isso tudo, é… lindo.
— Bom, você comentou que gostava de arte da última vez que saímos e que nunca teve a chance de vir ao MET, achei que seria legal — respondeu e logo colocou as mãos nas bochechas, tapando-as com vergonha — Só espero não estar te enchendo.
— Me enchendo de cultura, só se for isso — ele riu com ela — Obrigado por isso, por me trazer aqui. Fazia muito tempo que não me sentia… normal, eu acho. Sabe? Presente em algum lugar, consciente do que estou fazendo.
— Bom, a arte consola aqueles que estão quebrados pela vida, já dizia Van Gogh — ela sorriu o olhando de lado, recebendo um novo sorriso dele em resposta — Gosto de vir a esses lugares por isso também — suspirou e voltou a olhar os quadros à sua frente — Um tempo para respirar e sair do caos, parar de fazer tudo no automático.
— Exatamente — ele voltou seu olhar para o mesmo lugar que ela olhava e respirou fundo, um tanto nervoso — Se puder retribuir, de alguma forma, o quanto essa noite foi incrível para mim, gostaria de te levar para ver os girassóis de Van Gogh quando você estiver em Londres, alguma hora — ele então limpou a garganta levemente, tímido — Se você quiser, é claro.
— Eu ia amar, Ben — sorriu amorosa para ele.

Mas, eles não tiveram a oportunidade de ir juntos ver os girassóis. sempre estava com dias contados e agendas cheias quando passava por Londres e, quando conseguiu ver Ben, já foi o suficiente. Não conseguiam fazer muitos planos e preferiam deixar qualquer um deles mais reservado, evitar o público, para que não caíssem em rumores ou fofocas erradas, tendo em vista que nem eles mesmos sabiam definir o que tinham. já conhecia a National Gallery, onde os girassóis de Van Gogh ficavam permanentemente expostos. Mas nunca teve a chance de ir vê-los com Ben.
E aquela memória veio a sua mente repentinamente, enquanto esperava por Noah, parada na entrada do museu já fechado para o público. O relógio marcava 21h20 quando ela decidiu ligar para ele e entender onde estava e Noah, deitado no sofá de Justin - o agente de , com quem estava tendo um caso desde a primeira festa do Sugar Rush - não esperou dois toques para atender, falsamente esbaforido.

Oi meu amor, me desculpe o atraso.
— Nono, onde você está? — perguntou assim que o ouviu atender.
Tive uma reunião sobre o retorno do reality, em Liverpool, e peguei uma tempestade de neve no caminho, está tudo parado na estrada — ele mentiu.
Você está bem? — ela estava preocupada.
Estou ótimo, mas pensando se continuo a caminho ou se paro em algum hotel por essa noite e retorno amanhã — Noah refletiu falsamente, fazendo sinal para que Justin ficasse quieto. Estava mesmo nevando lá fora, seria uma desculpa plausível para o momento. Até descobrir que era mentira, e ver nas notícias que não teve tempestade coisa nenhuma, tudo já estaria resolvido.
— É mais seguro parar, Nono, não pegue estrada com neve não — a atriz sugeriu carinhosa — Fique por aí e vou tentar reagendar a reserva aqui para amanhã, assim a gente pode…
NÃO — ele gritou, mas logo se recompôs — Aproveite seu tempo de folga. Eu sei que você ama esse museu, vai te fazer bem andar um pouco sozinha e pensar em todas as questões recentes.
— Não sei, não queria ficar sozinha aqui, — ele fez um biquinho, olhando a imensidão do lugar ao redor — talvez seja melhor voltar e me juntar a e Dylan vendo This is Us.
E ficar de vela deles? Sem chances, gata — Noah foi firme, tirando de uma careta de “puts, é verdade” — Você está em casa aí, ok? Aproveite que tem toda a National Gallery só para você e vai ver os girassóis sem graça de sempre.
— Eu te odeio por isso — ela riu. Noah nunca gostou muito de arte, mas amava inventar teorias sobre os quadros com , quando a acompanhava.
Não odeia não — ele rebateu risonho — Eu sinto muito não poder chegar a tempo, bebê. Mas, assim que pisar em Londres amanhã pela manhã, eu vou correndo te ver, para a gente conversar, ok? Levo seu mocha branco para compensar.
— Grande e com um croissant? — ela brincou.
E um donut de nozes para sobremesa — Noah completou prontamente, tirando uma nova risadinha da amiga.
— Sem problemas, Nono. Tome cuidado por aí, ache um lugar seguro para passar a noite e me avise de qualquer coisa, tá? — ela pediu amorosa, ouvindo o homem concordar na linha — Amanhã nos falamos.
Te aviso, sim! Diga que a reserva está em meu nome aí, vou mandar um e-mail para a bilheteria para garantir.
— Perfeito — ela suspirou — Muito obrigada, Nono.
— Combinado, então! Te amo — ele se despediu — Aproveite a noite, .
— Também te amo — ela riu levemente e logo desligou a ligação.

Dando uma última olhada na tela do aparelho e deixando um suspiro escapar, ela ponderou se deveria mesmo seguir a sugestão de Noah e ficar ali. Estava frio lá fora, era tarde já e nada seria melhor do que ir para o apartamento, pedir alguma coisa para comer e passar o resto das horas vendo Modern Love. Talvez pudesse pensar melhor e extrair da série alguma lição, talvez pudesse só esquecer de tudo por algum tempo e esperar o novo dia nascer. Mas bastou meio segundo e um pensamento passar por sua mente, para ela descartar aquela possibilidade de uma vez por todas. Era melhor mesmo aproveitar a noite ali, no museu, sozinha, do que voltar para casa e encontrar e Dylan fazendo sabe-se lá o quê.
Eles precisavam de privacidade e de um tempo como aquele para ficar juntos e ela não queria incomodá-los. Além disso, estavam esperando que fossem ficar sozinhos até, pelo menos, o meio da madrugada, quem sabe Dylan não deixava de ser o banana mestre e aproveitasse aquilo para realmente fazer algo. Se bem conhecia os dois, realmente veriam série até não aguentar mais, mas, quem sabe daquela vez tudo fosse diferente. Quem sabe algo não os incentivasse a, finalmente, conversarem sobre eles mesmos e sobre o que sentiam um pelo outro. Mas não podia falar muito sobre isso. Apesar de incentivá-los, bastante e há muito tempo, a dar o próximo passo, ela também não estava sabendo como fazer aquilo com Ben. Desde a entrevista, não tinha tido qualquer notícia dele, nenhuma mensagem, nem nada. Se tudo aquilo fosse sobre ela, será mesmo que ele não a teria procurado? Se teve coragem de dizer tudo aquilo em público, por que não tinha vindo até ela dizer?
Os dois seguranças próximos a porta a olhavam discretos e curiosos, talvez por reparar quem era ela, talvez esperando que ela fizesse alguma coisa que não fosse ficar ali, parada no meio do hall de entrada, e a acompanharam, com os olhos, dar de ombros sozinha, como se quisesse afastar o transe que estava. pensou que já estava ali, afinal. Por que não dar uma volta, pelo menos? Alguma coisa deveria estar diferente desde a última vez que esteve ali e quem sabe os girassóis não pudessem responder todas às perguntas angustiantes que ela fazia em silêncio.
Rindo sozinha do próprio pensamento idiota, seguiu museu adentro, em direção a bilheteria. Demorou ali alguns poucos minutos, entre confirmar a reserva de Noah para ela e tirar algumas fotos com o atendente que, nervoso em conhecê-la, pediu educadamente. Sabendo o caminho de cor, ela foi caminhando livre e calmamente pelas escadas acarpetadas e corredores suntuosos do antigo museu, sentido a ala que mais amava, reparando nos quadros e estátuas que encontrava pelo caminho, presa em seus próprios pensamentos.
Se vendo totalmente sozinha enquanto andava curiosa pelas salas e corredores, ela tirou sua máscara e a guardou no bolso do casaco. Era estranho estar completamente sozinha em um museu tão imenso quanto aquele e mais estranho ainda caminhar pela baixa iluminação dele a noite. O que poderia ser um tanto assustador para muitos, parecia calmo e confortável para ela. Gostava de aproveitar os raros momentos silenciosos e sem os tumultos de sempre. O barulho do salto de sua bota ora era abafado pelo carpete e ora ecoava alto pelas salas quando o piso virava de madeira. O frio lá fora parecia aumentar conforme a noite adentrava, mas a calefação dentro do museu deixava tudo quente e aconchegante. Faziam muitos meses desde que tinha ido a última vez em um passeio como aquele, sozinha. E muitos meses que ela precisava organizar dentro de si, em sentimentos e pensamentos que se tornaram confusos com o tempo.
Mas sequer teve a chance de começar a pensar naquilo.
Porque bastou a ela entrar na sala 46, onde os quadros de Van Gogh costumavam ficar quando estavam ali expostos, para todas as perguntas que fazia a si mesma serem respondidas, todo o caos e toda confusão que sentia se acalmar de uma única vez, com a mesma intensidade que se formavam em seu peito. Nada mais havia que ser dito, porque tudo, naquele momento, foi demonstrado.
parou logo na entrada da sala, surpresa, olhando atônita ao seu redor. Os quadros de Van Gogh, os girassóis, de fato estavam nas paredes, espalhados, como sempre, entre gravuras e placas explicativas, que contavam suas histórias e discorriam sobre as técnicas de pintura. O que estava diferente, contudo, eram as centenas de vasos com girassóis de verdade espalhados pelo chão escuro de madeira. Amarelos como o sol, mas todos vivos ou suntuosos, ela reparou, eles estavam em jarros e floreiras de vidro, de diferentes tamanhos, modelos e cores, todos virados de frente para ela, para a porta de entrada. O cheiro casual e levemente amadeirado do local tinha sido substituído pelo floral dos girassóis e a luz do ambiente estava mais baixa do que ela se lembrava, como se ali estivesse o sol de pondo, uma aurora alaranjada, quente, reconfortante.
Em pé, paralisada com a beleza, com a sutileza e com a delicadeza daquilo tudo, sentiu seus olhos encherem de lágrimas, observando os detalhes das centenas de vasos no chão, sorridente. A surpresa do momento, o inesperado, a atingindo com força e intensidade, a sensação de que ela estava buscando respostas do lugar certo. Os girassóis de Van Gogh sempre haviam falado com ela, sempre tiveram muito significado. E que mágico os ver verdadeiramente ali, materializados em vasos, justamente, naquele dia. Mas só se deu conta de que alguma coisa estava estranha, de que aquilo não fazia parte da exposição, quando uma versão acústica de Magic, do Coldplay, começou a tocar baixa pelas caixas de som espalhadas na sala, ao exato tempo em que a luz do local ficou ainda mais baixa, mais amena.

— Van Gogh gostava de pintar os sentidos que se podem ser percebidos de olhos fechados.

A voz grave, baixa e aveludada chamou atenção de , que subiu seu olhar surpresa até onde ela saia. De frente para ela, no exato outro lado da sala, Ben estava parado, com as mãos nos bolsos da calça cinza, a encarando sorridente. Seus olhos escuros como a noite lá fora brilhavam na baixa iluminação do lugar e ele parecia tímido. Tímido em ter feito tudo aquilo para ela, em vê-la ali, tão linda, o encarar surpresa, com lágrimas nos olhos e um sorriso tão lindo que ele jamais iria se esquecer. Ben havia dito a exata mesma frase que ela o disse quando lhe contou a primeira vez sobre os girassóis e a música do ambiente era a exata mesma música que eles tinham sido sorteados no último desafio do Sugar Rush. Do começo ao fim deles enquanto um casal, tudo estava ali, representado de alguma forma.
Ben sempre foi um homem de detalhes. Sempre se apaixonou pelas entrelinhas e sempre foi poético o suficiente para demonstrar o que sentia pelas particularidades das pessoas que verdadeiramente amava. E sorte de ser exatamente daquela mesma forma. Não precisou de mais nada para entender que tudo que acontecia ali, de Dylan ter aparecido em seu apartamento até Noah ter faltado ao encontro com ela, foi pensado e foi feito pelo homem parado na frente dela, do outro lado da sala. Vestindo um suéter branco e tênis da mesma cor, Ben esperou por um momento, escolhendo as palavras que gostaria de dizer, aquelas que passou as últimas horas tentando ensaiar, mas o nervosismo não o deixava.
, por sua vez, manteve-se em silêncio. Esperando que ele dissesse o que tinha a dizer, absorvendo o que acontecia ali. Todas as sensações que mais amava na vida, todos os seus detalhes, estavam ali, naquela sala e naquele momento. Já estava sendo perfeito até ali, já tinha entendido o que Ben tinha a dizer, não precisava de mais nada para ter, finalmente, a certeza de era ela. E de que era ele.

— Aprendi isso quase um ano atrás, quando, sem nem sequer ver a pessoa com quem estava saindo a primeira vez, comecei a conhecer o que era o amor — ele cortou o breve silêncio, no mesmo tom de voz sereno de antes. sorriu abertamente para ele, segurando as lágrimas e a vontade de gritar ao ouvir aquilo — Hoje eu entendo que as melhores sensações do mundo são aquelas que sentimos de olhos fechados, porque não precisamos realmente vê-las — ele fez uma pausa e deixou um suspiro escapar — e todas as noites que eu fechava os olhos para dormir e te amava de formas diferentes, , eu me apegava nessas sensações e… pensava nisso.
sentia seu coração bater tão lentamente em seu peito, que poderia parar a qualquer instante. Como se o mundo ao redor simplesmente não existisse mais, como se fossem só eles dois e como se mais nada importasse naquele momento. Cada palavra de Ben a atingia com tanto carinho e com tanto amor que até respirar estava sendo difícil. o conhecia. Tinha se apaixonado pelo jeito atencioso, carinhoso e tão delicadamente amoroso dele. Sabia que era um romântico de carteirinha, daquele tipo que cantava para ela e que a presenteava com livros de poesia, mandava flores sem ter uma ocasião especial e dizia para ela se cuidar em toda mensagem de boa noite que enviava, enquanto não fosse ele quem poderia cuidar dela.
— Ficava pensando em você e em como seria te ter por perto, ficava querendo te ver, te ter para mim, te sentir de novo. Me lembrava das vezes que saímos juntos, via nossas fotos no meu celular e me pegava lembrando dos girassóis, — ele riu fraco, levemente envergonhado, tirando dela uma risada baixa também — que precisam de atenção e de cuidado para sobreviver, você me disse. Que começaram a parecer tanto com o que eu sentia por você. Por isso os trouxe aqui.

Ben apontou calmamente para os vasos no chão e logo voltou com suas mãos no bolso da calça. Estava ansioso por aquele momento, um misto de felicidade e de paixão correndo em suas veias como nunca antes. Os acordes de Yellow, em versão acústica, começando a preencher o local com a doçura que só Coldplay poderia ter. achou que desmoronaria ali. De alegria, talvez. De amor, com certeza.

— Há um girassol para cada dia que nos conhecemos, desde o jantar às cegas até hoje — ainda mais surpresa do que antes, Ben a assistiu olhar as flores no chão ao redor, emocionada — Alguns deles ainda não floriram, alguns estão completamente abertos e outros estão já sem as pétalas ou caminhando para morrer — ele comentou, a exata mesma frase que ela havia dito a ele, quando apresentou os girassóis no MET — Igual nossos dias nos últimos meses. Alguns deles em que tudo floresceu na gente, outros em que deixamos morrer e alguns dias, como hoje, que estamos deixando tudo nascer de novo — limpou a única lágrima que deixou escapar, rindo tímida em seguida — Quase um ano atrás você me apresentou os girassóis de Van Gogh e me disse que a arte consola aqueles que estão quebrados pela vida. Hoje, eu te apresento os girassóis de , da minha , e tudo o que eles têm me feito sentir.

Soltando uma nova risada tímida, não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Definitivamente não esperava por nada daquilo e era muito mais do que ela podia imaginar alguém fazer por ela algum dia de sua vida. Amava Ben com todas as suas forças e que erro violento foi ter tentando afastá-lo dela naqueles meses. Ben se redimia de um modo tão genuíno e tão perfeito, cabia em como uma peça que faltava nela, a ensinava que podia sim ser amada como ela merecia e como ela queria ser. E vê-lo ali daquela forma, tão aberto, tão entregue e tão verdadeiro ao que sentia por ela era a obra de arte mais linda que já tinha visto.

— Ben, eu não… — sussurrou encantada, sem saber o que deveria dizer. Palavra alguma conseguiria transmitir tudo o que ela estava sentindo naquele momento — Isso é… lindo — com os olhos carregados de lágrimas e um sorriso cheio de carinho aberto no rosto, ela voltou a encarar o homem — Obrigada. Eu não sei nem o que dizer, eu não esperava por nada disso.
— Sei que fiquei te devendo muitas coisas nesses meses que passaram, uma delas foi te trazer aqui — Ben olhou ao redor, sorrindo com certa tristeza por estar fazendo aquilo tão tarde — Deveria ter te trazido antes, deveria ter dito tudo isso antes, deveria ter sido mais claro, mais insistente, eu não… — ele passou uma mão pelos cabelos perfeitamente arrumados, desviando seu olhar rapidamente do dela, mas logo voltando — eu acho que tudo foi novo demais para mim, mas não justifica. Você merecia mais de mim e eu peço desculpas por isso, por não ter te dado a certeza de que é você a pessoa pela qual eu estou terrivelmente apaixonado, de que é você.
— Não tem que se desculpar — ela o encarou segura, serena. Falava tão baixo quanto ele — Também tenho minha parcela de culpa em deixar alguns dias morrerem — ela sorriu triste, encolhendo os ombros com as mãos dentro dos bolsos do casaco — Não deveria ter confiado mais nas notícias do que em você, deveria ter falado contigo antes, não ter perdido tempo com o que não importava. Eu sinto muito — ele sorriu para ela — Sinto pelos dias que perdemos aqui, nessas semanas de Sugar Rush, pelo show da Adele e, bom, pelo o que te disse no hotel aquela vez — ela riu envergonhada.
— Sei que estava tentando se proteger da mágoa que eu estava te causando, eu só não queria… te perder — Ben respondeu baixo, honesto — De jeito nenhum podia te perder. E todo boato com a Jessie estava sendo usado para promover a série, não estava conseguindo me desvencilhar daquilo e você estava indo embora, eu não soube exatamente o que deveria fazer.
— E contou sobre isso em rede nacional? — o olhou preocupada. Não queria que ele prejudicasse seu trabalho e sua carreira por ela, não tinha que ter feito nenhuma daquelas declarações. Ben riu suavemente.
— Conversei com a Jessie assim que pensei em rebater os rumores finalmente e ela concordou — ele explicou a encarando — Ela está saindo com alguém da produção e isso tem afetado ela também. Falamos com os diretores e eles acharam que já era o suficiente a divulgação até aqui.
— Me sinto muito envergonhada em ter acreditado nisso — fofa, desviou seu olhar para o chão. Ben sentiu uma vontade enorme de pegá-la para si, mas se segurou em seu lugar. Não sabia exatamente como se acertariam, podia simplesmente não querer mais nada com ele, depois de toda aquela confusão.
— Se eu não desmenti nada, mesmo quando você tentou falar comigo sobre isso, porque você não acreditaria? — tomando a culpa para si mesmo, ele respondeu ameno.
— Acho que estava tentando esconder de mim mesma como me sinto em relação a você, — assumiu de uma vez — mas a verdade é que eu me apaixonei por você no dia em que colocou seu blazer em mim, indo embora do restaurante às cegas, e nunca mais o quis de volta. E, desde então, nada mais tem feito sentido para mim sem você.
Como se tivesse levado uma flechada no coração, Ben sentiu seu peito apertar com o que ouviu.
— Você ainda tem o blazer? — ele perguntou curioso, risonho.
— É o que me restou de você nesses tempos que não ficamos mais… juntos — ela comentou sincera, amorosa — e é o meu companheiro nas noites que mais sinto sua falta.
Ben riu levemente, contente, satisfeito em ouvir aquilo. Seu coração estava tão acelerado, pelo nervosismo, pela exposição de si mesmo, por querer dizer tudo logo, por ver como ela reagiria, que ele achou que poderia explodir. sempre tinha sido mais clara com o que sentia por ele, sempre tinha demonstrado, falado mais do que ele, apesar da timidez e das ressalvas que carregavam até ali. Mas ouvi-la assumidamente retribuir o amor que ele carregava por ela em seu peito era quente, caloroso e confortável. Dava a ele as certezas que ele precisava dela, a segurança de ser dela o quanto ele queria ser.
— E eu não quero mais sentir sua falta, Ben — ela voltou a dizer calma — Não quero mais ter que esconder o que temos, nem me despedir de você. Quero que os dias que florescem permaneçam — ela olhou para as flores ao redor — e não quero que mais nada morra na gente — então o olhou de volta — Eu quero você. Mais nada e mais ninguém. Só você.
Naquela sexta-feira, na sala 46 da National Gallery, enquanto a neve fria e fina caía lá fora, Ben e assistiram tudo começar novamente para eles. Como um girassol que perdeu as pétalas, que se fechou e que se preparava para renascer. Sem dizer absolutamente nada, embriagado pelas palavras que tinha acabado de ouvir dela, tomado pela vontade de tê-la novamente em seus braços, em sua vida, Ben correu em direção ao centro da sala, assistindo fazer o mesmo. Se encontrando como uma estrela colidia no céu, rápida, intensa e desejosa, Ben a envolveu em seus braços, tirando ela alguns centímetros do chão enquanto a trazia para mais perto de si, e a beijou como estava desejando a beijar há tantos dias.
Os beijos que começaram no museu seguiram incansáveis madrugada adentro, na casa de Ben. Na cama, que se lembrava muito bem desde a última vez em que esteve lá, depois de gravarem 11:11, eles transaram quantas vezes tiveram vontade, até seus corpos caírem exaustos, satisfeitos, relaxados, um sobre o outro. Entre o silêncio da noite, os carinhos delicados que trocavam, os olhos intensos que se encaravam e a conversa baixa que terminou o que começaram a dizer mais cedo, na galeria, Ben e , finalmente, assumiram para si mesmos e um ao outro que se amavam.
Ao fim de tudo, ganharam naquele Natal, um pouco mais do que um desafio com doces e algumas flores.
Ao fim de tudo, os girassóis de Van Gogh sempre tiveram a resposta.




Continua...



Nota de autora Ju: AAAAA e chegamos no meu capítulo preferido de TTF – por motivos muito óbvios. Foi ou não foi açúcar puro?
Feliz em ter me entendido com o Ben, finalmente, e começar do zero com esse neneco! Contudo, daqui em diante já começo a ficar chetada, porque nossa jornada em TTF está perto do fim ☹
Queria agradecer e Mi, a Tha e a Gabe, pela jornada linda até aqui e agradecer a você, que nos deu uma chance e lê TTF!
Deixa um comentário para sabermos o que você está achando ou vem falar com a gente no nosso grupinho de whatsapp.
Beijos, Ju x


Nota de autora Mi: Com certeza esse é um dos capítulos mais românticos de TTF e, obviamente, JuBen tinha que ser o responsável por isso. Os maiores boiolas que vocês conhecessem sim. Nesse capítulo meu agradecimento vai ser para Juju, a minha inspiração romântica para escrever todos os clichês possíveis. Obrigada por doar mais um pouquinho de você para essa história também. Amo saber mais flores, cheiros e arte com vocês.
Deixo também meu beijo para gostosa da Thais e obrigada por todos os comentários LINDOS que vocês deixaram no disque, aquece meu coração.
Beijinhos 💖





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