360 graus, como uma roda gigante
saiu de seu quarto e voltou à sala de estar por volta das 20h30, assim que ouviu sair do apartamento sentido ao museu. Com seu celular em mãos para avisar Ben que a amiga estava já a caminho, a escritora caminhou a passos preguiçosos, sem realmente prestar atenção ao redor. Depois de passar parte da tarde tentando acalmar Ben e reafirmando que tudo daria certo e das horas que conseguiu escrever, não tinha cabeça para prestar atenção em mais nada. Só queria comer algo, descansar e, quem sabe, aproveitar um pouco o fato de Dylan dormir ali naquela noite. Considerando que o plano de Ben daria certo, deveria passar a noite com ele em sua casa e Dylan, por sua vez, correu de lá o mais rápido possível. Não ia ficar de vela deles e muito menos queria estar por perto ouvindo sabe-se lá o que eles dois iriam fazer com a euforia da reconciliação.
Por isso, o mais inteligente foi ter feito sua mochila para uma noite e, sem que descobrisse aquilo antes do plano de Ben acontecer, ele a deixou escondida atrás da cortina da sala. Passaria a noite no apartamento dela, com . Podia ocupar o quarto da amiga enquanto estivesse fora e tudo estava perfeitamente armado, exceto pelo inesperado fato de não estar em casa e, por isso, seriam só ele e . Não que aquilo fosse um problema, de jeito algum. Tanto para Dylan, quanto para , sem que assumissem isso para o outro, estavam amando o fato de ficarem a sós, finalmente, depois de tantos dias separados. Desde a história toda do dedinho, quando Dylan basicamente invadiu o quarto em que estava no hotel com as meninas, e aquele diálogo estranho e sem sentido aconteceu, eles não tinham tido novas oportunidades de ficar sozinhos, um com o outro.
— Ei, bela adormecida — tocou o braço de Dylan, que cochilava tranquilamente no sofá da sala. Parecendo estar em um sono mais pesado do que ela imaginava, ele não fez nenhum movimento. — Dylan, acorda vai! — ela tentou o chacoalhar delicadamente, mas nada aconteceu — Meu bem? — ela insistiu um pouco mais alto, carinhosa, mas logo engoliu as palavras. Os olhos levemente arregalados por um segundo, se certificando de que ele não ouviu o apelido carinhoso escapar, mas já era tarde demais. Dylan abriu os olhos preguiçosamente, piscando algumas vezes. Para disfarçar, emendou rapidamente: — pelo amor de Deus, homem, me dá um sinal de vida.
— Você me chamou de meu bem ou eu estava sonhando? — Dylan se mexeu, finalmente, esticando os braços na direção dela. não sabia se ele só estava se espreguiçando ou se estava pedindo um abraço. Por via da dúvida, achou melhor não fazer nada.
— Delírio seu, Dylan — ela revirou os olhos, disfarçando o constrangimento — Se arruma logo nesse sofá, porque eu também quero me sentar.
— Vai ver This Is Us comigo? — Dylan sentou-se animado, dando espaço para que a mulher também se sentasse, ao lado dele.
— Sim, como nos velhos tempos — sorriu, dando a volta do sofá e, se jogando ali, completou: — Porém, sem choro dessa vez.
— Essa eu quero ver — ele a provocou risonho — Você é o maior bebê chorão quando o assunto é essa série.
— Não dá para te dar intimidade mesmo, não é? — a escritora rebateu no mesmo tom, esticando seus pés por cima da mesa de centro da sala — E você chorou muito mais que eu na última temporada.
— Mentir virou seu passatempo preferido, pelo visto, se manca, . Você é a própria Elena Gilbert de tanto que faz drama e chora — o ator comentou, esticando os cobertores que estavam nele e cobrindo ao seu lado, delicadamente. A escritora sorriu com a ação, mas não deu o braço a torcer.
— Ah, cala a boca, palhaço — revirou os olhos — Vou ver se tem algo decente nessa casa para comer.
— A resposta é não, não tem nada — por baixo das cobertas, Dylan jogou suas pernas no colo dela, a prendendo sentada ali e recebendo um “folgado” em resposta da amiga — Mexi na geladeira e só têm coisas saudáveis para comer, o que é a cara de e suas dietas e de que, bom, é modelo! — ele refletiu alto — Não combina com a gente e, cá entre nós, This is Us merece ser assistida com pizza e algum doce bem calórico.
— Você mexeu na nossa geladeira? — levantou as sobrancelhas o encarando, vendo o ator confirmou com a cabeça — Nós vamos precisar estabelecer limites na nossa relação, é sério.
— Nossa relação? — O ator perguntou um tanto confuso, levantando um tapa na cabeça como resposta de .
Os dois ficaram quase trinta minutos escolhendo o que pediriam para comer. Pelo aplicativo de entrega de comida, lia atentamente a maioria das opiniões de outros compradores dos estabelecimentos e Dylan sabia que se não colocasse certa pressão nela, ficariam ali a noite toda. A escritora era bem crítica quando se tratava de pedir comida, porque odiava gastar dinheiro com algo que não fosse realmente gostoso e que eles fossem aproveitar. O ator já tinha presenciado aquela cena diversas vezes, quando eles se juntavam para comer algo ou simplesmente ficavam juntos em seus apartamentos. sempre escolhia bons restaurantes, normalmente, mas isso, de certo, acontecia em Nova York, onde ela já estava acostumada com a oferta de restaurantes e com a culinária local.
Contudo, mais do que escolher uma comida boa para a ocasião, havia a ocasião em si mesma. queria que a noite dos dois fosse perfeita, queria que ela começasse do melhor jeito possível, que fosse divertida, leve e pudessem aproveitar o máximo de tudo. Se sentia ligeiramente ridícula por pensar naquilo, enquanto olhava avaliações de hambúrguer e pizza em seu celular, mas a verdade é que já tinha tido decepções demais em relação à Dylan. Não por ele, de modo algum. Dylan era simplesmente perfeito para ela e a cada novo momento que passava com ele tinha mais certeza daquilo. Mas parecia que sempre que avançavam minimamente um no outro, algo acontecia e os frustrava de alguma forma. já não aguentava mais aquilo. Estava decidida a fazer qualquer segundo ser simplesmente perfeito, porque eles mereciam nada mais do aquilo.
Faziam muitos meses que não ficavam sozinhos daquela e, apesar dos desencontros mais recentes, desde que chegaram a Londres e o reality começou, não estava sendo silencioso nem desconfortável estar ali. Talvez aquela fosse uma qualidade de Dylan, pensou. Deixar tudo amigável e confortável, fazer piada quando podia, preencher o ambiente de carinhos velados e risadas baixas. Talvez aquela fosse uma qualidade de , Dylan pensou. Ser atenciosa com tudo, tentar fazer o melhor possível em todos os momentos e deixar até as coisas mais simples da vida tão lindas como ninguém mais sabia fazer.
Era diferente estarem ali, a sós, naquela noite. Era íntimo, era seguro e muito reconfortante. Mas, igualmente, era confuso. A linha que os dividia entre serem só amigos, muito amigos, e serem apaixonados um pelo outro não era tênue e não era clara. Misturava-se no emaranhado de sentimentos que carregavam, na confusão de pensamentos inseguros que tinham. As provocações, as brincadeiras, os carinhos, nada era claro. Tinha algo por trás? Ou era só o que era mesmo? Nenhum dos dois conseguia dizer e, por isso, nenhum deles conseguia agir. O receio do incerto, das dúvidas e, principalmente, do erro, latejava neles o tempo todo e explodia sempre que, como naquele momento, estavam sozinhos. Sem que tivesse mais nenhum outro participante do Sugar Rush com eles, sem que tivessem mais que disfarçar seus sentimentos, naquela noite eram só e Dylan.
sentia falta de conversar com ele diariamente, como costumavam fazer nos sets de filmagem de NNL. Desde que o vazamento de e Tom aconteceu, se afastaram fisicamente para lugares diferentes e, embora trocassem mensagens diariamente, não era a mesma coisa. Nos últimos dias, o diálogo entre eles se resumiu à Operação Van Gogh para juntar Ben e e nada mais além daquilo. não queria que as coisas esfriassem entre eles, não queria se afastar ou perder qualquer chance que tinha de passar mais tempo com ele. Sentia falta de Dylan em seu dia a dia, como Dylan sentia dela.
Contudo, como estavam se vendo muito presencialmente nos últimos tempos, ela achava que estaria incomodando ele de alguma forma, sempre que pensava em chamá-lo à noite para uma videochamada, sempre que queria marcar ele em algo engraçado no twitter e sempre que lhe encaminhava os mil e um memes que costumava mandar. O diálogo virtual deles passou, desde o início do programa, a perguntas rápidas para saberem coisas básicas um do dia-a-dia do outro. O espaço para o silêncio cresceu entre eles e nenhum dos dois gostava daquilo, pelo contrário, se pudessem, queriam poder estar um com o outro vinte e quatro horas por dia. Mas aquele cenário era distante e, em suas mentes, um tanto utópico. Ora porque tinham sempre outras pessoas por perto, ora porque algo sempre parecia se colocar no meio deles.
Depois de pensarem e analisarem muito, e Dylan optaram pelos clássicos de sempre: pizza de calabresa e de queijo para que não houvesse erro. A sobremesa seguiu os mesmos patamares, amava qualquer coisa que envolvesse chocolate, por isso, pediram um pote grande de sorvete de cookies de chocolate. Para ela, a noite já estava perfeita até ali. Teria sua série favorita, seu sorvete favorito e sua pessoa favorita em todo o mundo. Nada podia ficar melhor, podia? afastou seus pensamentos assim que o episódio de This is Us começou, finalmente, a passar na televisão. Seguiram sentados no sofá até a comida chegar e, enquanto comiam, foram conversando e comentando o episódio que assistiam, reagindo às falas, respondendo a televisão, rindo e às vezes engolindo as lágrimas. Mantiveram-se assim por algum tempo que não calcularam mas, assim que terminaram de comer, a posição em que estavam ficou naturalmente bem mais próxima, bem mais confortável.
Com os olhos atentos à história que tanto os encantava, estava sentada no meio das pernas de Dylan que, encostado no braço do sofá, a abraçava pelos ombros. Os cobertores cobriam os dois ao mesmo tempo, enquanto a escritora tinha sua cabeça deitada no peito dele, suas costas em seu tronco, tão quentinho e seguro que nenhum deles ousava sequer se mexer dali. Não tinham que dizer absolutamente nada sobre aquilo. Era sempre daquela forma. A vivência intensificava o contato entre eles e não muito tempo depois de estarem perto, estavam inconscientemente buscando mais contato, mais pele, mais calor e mais sensações.
Dylan eventualmente passava sua barba no cabelo de , fazendo um carinho ali. O cheiro macio do shampoo dela inundava suas narinas, o calor gostoso das cobertas o fazia se desconcentrar na série que assistiam e, vez ou outra, tão delicada quanto ele, Dylan sentia fazer círculos carinhoso em seu braço, abraçada com ele como uma almofada fofinha. Se qualquer pessoa os visse de fora naquele momento, certamente diria que eram um casal. E, para Dylan, eles eram. Ele queria que fossem. Que tudo fosse sempre daquele jeito, tão gostoso e próximo, tão íntimo e confortável, tão natural e espontâneo. Nada de amigos, não mais. Amigos não estariam deitados juntos daquela forma, estariam?
Aconchegada no colo de Dylan, feliz com o carinho que recebia dele, já começava a piscar pesadamente, com sono. Podia viver ali, daquele jeitinho, pelo resto de sua vida e não acharia nada mal passar a noite daquela forma. Um novo intervalo interrompeu o episódio da série que assistiam e Dylan, cuidadoso, se mexeu levemente para alcançar o controle remoto em cima da mesa de centro, só então reparando que estava sonolenta.
— Você não me acordou para dormir agora, não é? — Dylan cutucou a lateral de sua barriga, fazendo se mexer em cima dele — O episódio ainda nem terminou.
— Está no intervalo, só vou descansar cinco minutinhos — ela protestou.
— Não vai não, porque sei que você vai dormir e não vai acordar mais até amanhã cedo, te conheço — ele insistiu querendo companhia, trocando os canais da televisão em busca de algo que pudesse chamar atenção de — Vamos achar alguma coisa muito irada na televisão enquanto o intervalo está acontecendo.
Aleatoriamente, Dylan passou por uma emissora qualquer que transmitia videoclipes e parou por um instante. Inesperada e coincidentemente, a apresentadora do programa acabava de anunciar que passariam a seguir o vídeo novo de All too Well, da Taylor Swift. Dylan demorou uma fração de segundo para ver aquilo e sorriu contente. Tinha muito orgulho de ter participado daquele projeto, sabia o quão grande e emblemático era para o mundo da música, o quanto representava para Taylor e para seus milhares de fãs. Tinha estudado a letra da música, decorado cada detalhe, incorporado o máximo possível de um homem que, certamente, ele não era para vivê-lo na tela e ali estava o resultado. Impecável, doloroso, dramático e muito, absolutamente muito, bem avaliado pela crítica. piscou algumas vezes vendo a tela ficar toda preta e, assim que a frase de Pablo Neruda, “Love is so short, forgetting is so long” (É tão curto o amor, tão longo o esquecimento), apareceu, a escritora virou-se para o homem, rindo feliz.
— Do que você está rindo? — Dylan perguntou sorridente.
— Do seu amor-próprio — deu de ombros, despertando levemente — Estamos prestes a assistir um clipe cujo protagonista é você mesmo.
— Vai falar que você não gosta dele? — Dylan levantou as sobrancelhas.
— Do vídeo ou do protagonista? — se fazendo de desentendida, se virou de frente para ele, ainda deitada, parando com seu tronco em cima do dele. No movimento, Dylan desceu uma mão delicadamente até a cintura dela.
— Dos… dois? — ele a encarou nos olhos, esperando ansioso pela resposta. fez um biquinho, pensativa.
— Do vídeo, sim, eu amo! Mas do protagonista, não sei ainda.
— E o que falta para você saber se gosta do protagonista ou não? — descendo seus olhos até os lábios dela, discretamente, ele perguntou baixo.
— Preciso saber se ele é mesmo real e não só um personagem de um vídeo — ela então deu uma breve olhada na televisão e, acompanhando o movimento do vídeo, sussurrou: — Você é… real?
Dylan soltou uma risada baixa. Uma vez mais, estava confuso entre entender tudo aquilo como uma mera brincadeira ou se realmente existia um toque de verdade em cada palavra dita por ela. estava seguindo as falas do clipe, sim. Mas no fundo, queria mesmo saber dele o quanto do que tinham era verdade, o quanto dele, daquele jeito, naquele momento, era real. Estavam acostumados a flertar e a se provocar em meio a um monte de piadas e brincadeiras, aquilo tudo era mais do mesmo? Dylan queria que não fosse e tinha que pensar em algo para confirmar aquilo. Acompanhando-a na brincadeira, ele imitou exatamente as falas do clipe:
— O que você quer dizer? — Dylan colocou uma mexa do cabelo dela atrás da orelha.
— Não sei, — ela repetiu ao mesmo tempo que a frase saia na televisão, encarando Dylan nos olhos, enquanto sentia os carinhos dele em seu cabelo — eu sinto que talvez eu tenha te inventado — ela sorriu carinhosa, tirando uma nova risada baixa de Dylan.
Enquanto os primeiros acordes da música baixa e serena começavam a preencher o ambiente, e Dylan se desligaram por um instante. Presos no olhar um do outro, tudo pareceu absurdamente real para eles. Apesar de ser uma fala que decorou de um videoclipe que tinha assistido no repeat nas últimas semanas, desde sua estreia, tinha sido sincera em cada uma das palavras. Uma parte considerável dela se encaixava tão bem em Dylan que, em muitos momentos, não parecia mais do que um sonho. Às vezes achava que tinha criado ele em sua cabeça, para ela, só para ela, como um dos personagens de seus livros. Talvez alguns momentos não fossem exatamente reais como ela os via em sua mente, talvez Dylan não fosse real. Mas ali estava ele. Perfeitamente encaixado no corpo dela, deitado embaixo das cobertas, a encarando, a acarinhando, exatamente como ela pensava nele fazendo em alguns momentos.
Dylan era tão real quanto o amor que sentia por ele.
Tão real e tão feito para ela, que assustava. já tinha conhecido caras legais, já tinha se relacionado com pessoas interessantes e divertidas, tinha um histórico bom de relacionamentos passados que, por algum motivo, não deram certo. E talvez, naquele momento, ela tivesse entendido, finalmente, o porquê de não terem dado certo, afinal. O certo estava bem diante de seus olhos e ela já não mais podia negar. Dylan dividia muitos dos gostos que ela tinha, das séries que viam ao sabor da pizza que pediam; dividia uma parte de sua personalidade, aquela mais orgânica e leve, aquela que fazia piada de tudo e que via sempre um motivo fofo para rir das situações; completava o que na vida de ainda faltava, trazia a paz no meio do caos dos dias, a calmaria em toda correria e o carinho nos tempos mais solitários.
Se tivesse que descrever um tipo ideal para si mesma, sabia que descreveria Dylan, mesmo sem a intenção de o fazer. Descreveria o jeito que ele sorria para ela, a intensidade que emanava dos seus olhos, o cheiro do perfume que ficava nela quando se abraçavam. Descreveria cada detalhe de seu corpo, a barba feita, as mãos que a seguravam com firmeza, o jeito que se vestia, o som amoroso de sua risada. Falaria do quanto é atencioso, simpático e expansivo; de como gosta de conversar e de fazer brincadeiras, de como é carinhoso e preocupado com as pessoas ao seu redor. Diria que é um fã de cerveja, que gostava de repetir as falas de desenhos animados e que tinha um amor incalculável por cachorros. Amava sua família com todas as forças, fazia questão de sempre estar por dentro deles e trazia seus amigos para tão perto de si, que eram quase parte essencial de sua vida.
Dylan era como nenhum outro. sabia que palavra alguma seria suficiente para descrevê-lo ou para expressar tudo o que ela sentia por ele. Tudo que haviam vivido até então, tudo o que ele lhe ensinou e tudo o que ela aprendeu a sentir, não havia como expressar. Mas ela tinha aprendido algo na vida. Em tantos anos escrevendo sobre relacionamentos em ficções, em tantos anos refletindo sobre o amor e em tantas experiências amorosas que viveu, aprendeu uma coisa. O amor mais verdadeiro e mais puro que podia ter por alguém vivia onde não se construíam palavras.
E não havia uma só palavra para Dylan O’Brien, senão o amor.
— Essa é a hora do vídeo em que somos um casal feliz e apaixonado — ele sussurrou depois de um breve momento em silêncio, perdido nos olhos dela. sorriu abertamente.
— Essa é a melhor hora do vídeo — sem saber direito o porquê daquilo, ela passou a pontinha de seu nariz no dele, e se virou para a televisão — Vamos assistir.
— Assistir não, — Dylan colocou sua outra mão na cintura dela e, com um movimento rápido e preciso, girou com no sofá, trocando de posição e ficando por cima dela — nós vamos dançar — ele a olhou divertido.
— Dançar, Dylan, é sério? — rindo do movimento inesperado, a mulher levantou as sobrancelhas, sem realmente acreditar naquela proposta. Dylan, contudo, logo se colocou em pé.
— Mais sério impossível — o ator respondeu com obviedade — Sei que você gosta dessa música e estamos na parte que temos que interpretar os momentos felizes, então, por que não? — ele sorriu charmoso e, encarando nos olhos, estendeu-lhe a mão — Você me concederia a honra desta dança, meu bem?
riu tímida da formalidade do convite, sem deixar de notar o pingo de deboche do apelido que, mais cedo naquela noite, escapou dela para ele. Os olhos castanhos claros de Dylan estavam presos nos de , enquanto ele esperava ansioso por uma resposta. Não sabia de onde exatamente tinha tirado aquela ideia, mas pareceu o suficiente por um momento. O suficiente para aproveitar o clima calmo, o suficiente para que pudessem fazer algo diferente, que nunca haviam feito juntos. De fato, já tinham dançado antes. Mas nunca perto das 22h30 da noite, na sala de casa, só os dois, usando roupas de moletom e descabelados por terem deitado as últimas horas. Nunca tão íntimos e tão conhecidos daquela forma, nunca ao som de uma música um tanto dramática, mas muito amorosa.
Sem glamour, sem milhares de pessoas os observando, sem fotos, sem roupas caras ou ambientes badalados. Só eles. Só eles dois.
A escritora não hesitou muito tempo em aceitar o convite. Encarando Dylan de volta com a mesma intensidade que ele a encarava, aceitou a mão dele e deixou-se ser levemente puxada para ficar em pé. No instante seguinte, perto do refrão da música que tomava o ambiente, na luz desligada da sala do apartamento arranjado, iluminados apenas pelas luzes que saiam da televisão, sentiu os braços de Dylan descerem pelas suas costas, enquanto ele se aproximava dela, até pararem em sua cintura. Sem desviar os olhos dele, ela o abraçou pelos ombros e, pelos minutos que se seguiram, o movimento leve de ir e vir, de um lado a outro, do centro da sala, foi tudo o que eles fizeram.
A melodia charmosa da música dava um clima romântico e profundo ao ambiente. Seus olhos se separavam apenas nos instantes em que Dylan a rodava delicadamente, no ritmo da música, enquanto dançavam, harmoniosos e sincronizados. Uma vez mais naquela noite, estavam encaixados um no outro, o calor de seus corpos misturavam-se com as respirações que, segundo a segundo, pareciam ficar mais pesadas. Talvez pelo movimento da dança, talvez pela proximidade que estavam, talvez por terem que segurar a vontade que sentiam um do outro.
Os dez minutos do videoclipe passaram tão rápidos que eles mal se deram conta. Estavam tão concentrados no momento e tão presos nos próprios pensamentos sobre um e outro que nada ao redor parecia lhes chamar atenção. Ao final da música, assim que ouviram o último acorde, os corpos tão próximos que já não havia mais qualquer distância entre eles, Dylan desceu, uma vez mais, seus olhos pelo rosto de , parando em seus lábios. As lembranças das últimas vezes que a beijou inundavam sua mente, a força do desejo que o consumia em beijá-la outra vez já estava o incomodando. Precisava de um sinal dela, qualquer um, de que podia seguir em frente e, pensando nisso, ele sussurrou:
— O que acha do protagonista agora?
abriu o sorriso mais lindo que Dylan havia visto no mundo e, sem responder nada, ela simplesmente o beijou. A melhor resposta que ela poderia dar. O melhor sinal dela que ele poderia ter. O beijo calmo e cuidadoso que os paralisou por um momento, que acalmou todos os seus pensamentos, todas as emoções que sentiam, que o fizeram, de uma vez, se conectar um ao outro. Carinhoso, apaixonado, sem pressa alguma. Dylan empurrou delicadamente os cabelos de para trás, mantendo suas mãos entre sua nuca e pescoço, vez ou outra entrelaçando seus dedos nos cabelos dela. , por sua vez, o mantinha perto de si como queria, colados, firmes um no outro, com as mãos fazendo carinhos suaves nas costas dele.
Não podiam dizer quanto tempo ficariam daquela forma, bem ali, em pé, se beijando, se sentindo, aproveitando o momento. Mas podiam perceber que, a cada minuto que se passava, o calor entre eles aumentava e, com ele, a urgência crescia. O beijo foi ficando mais intenso, mais rápido, gradativamente mais profundo, até Dylan descer seus lábios pelo pescoço dela. Sua língua passava sedutoramente pela pele exposta de que, seguindo os passos dele, era puxada lentamente de volta para o sofá.
Dylan quebrou o contato por um único segundo, enquanto sentava-se, mas logo puxou para perto de si outra vez. Encontrando os lábios dele em novo beijo apaixonado e carregado de vontade, sentou em seu colo, com uma perna de cada lado do corpo do homem. Dylan explorava o corpo de com calma e com cuidado, como se estivesse conhecendo cada parte dela pela primeira vez, como se quisesse, pelo toque de suas mãos quentes e firmes, guardar para si mesmo aquele momento. Já tinham chegado até aquele ponto outras vezes. Já tinham certeza absoluta sobre o tesão que tinham um pelo outro. Mas nunca haviam conseguido passar daquele momento. Era a primeira vez para eles, um com o outro, não tinham que ter pressa, tinham que ter paixão.
E foi exatamente o que tiveram por longos minutos naquela posição, entre suas mãos que conheciam o corpo um do outro, entre os beijos que os deixavam viciados. passava as mãos pelas costas de Dylan, por debaixo de sua camiseta, a levantando lenta e sedutoramente, enquanto sentia os lábios deles percorrerem seu pescoço. Com uma mão em sua bunda e a outra subindo levemente a blusa dela, em seu abdômen, Dylan acompanhava a mulher em seu colo, esperando que ela fosse dando os sinais para que ele pudesse continuar. , então, logo tratou de tirar a camiseta dele e a jogou no chão, ao lado do sofá, encarando por um instante o peitoral descoberto do homem. Passando as mãos por ali e deixando o calor emanar de seu corpo, ela só conseguiu voltar a beijá-lo, pensando no quanto aquele homem era gostoso e no quanto ela o queria, bom, continuar sentada nele – talvez com um pouco menos de roupa, ou, de preferência, nenhuma peça.
Dylan subiu a blusa que ela vestia até seus seios e, parando com as mãos ali, tudo começou a desandar. O beijo seguiu entre eles, mas o barulho de um de seus telefones tocando cortou completamente o clima. Assustados pelo barulho alto que inundou o ambiente e, por uma fração de segundo com medo irracional de ter mais alguém ali além deles dois, Dylan cortou o beijo e tirou as mãos dela enquanto , no mesmo segundo, levantou-se rapidamente. Ofegantes, pelo susto ou pelo o que faziam antes, os dois se encararam assustados, caindo completamente na realidade, pela primeira vez conscientes do que estavam prestes a fazer. O telefone tocou por mais algum tempo, enquanto eles se encaravam sem saber exatamente o que deveriam fazer ou falar, até que parou.
abaixou sua blusa discretamente, tentando se concentrar nos olhos de Dylan e não do corpo descamisado dele. Sua mente a levou inevitavelmente para a última vez em que estavam em uma situação parecida com aquela, depois da festa do Sugar Rush, quando Dylan disse que não tinham nada. O que eles estavam fazendo, afinal? Eram amigos e amigos não transavam. Ou quase transavam. Sentado no sofá, totalmente paralisado, Dylan só pensava no quanto poderia ter passado a mensagem errada para ela. Não queria que o entendesse como um amigo com benefícios, não era nada daquilo. Mas eles não tinham nada além daquilo, como ela poderia entender? Aquilo era ridiculamente confuso, talvez tão caótico quanto todas as coisas que ele pensava e sentia naquele momento.
Não foi o melhor jeito de deixar tudo acontecer, de novo, ele sentia que tinha feito merda. Tinham que ter conversado primeiro, tinham que ter sido claros e honestos um com o outro, com o que sentiam. Tinham que ter entendido o que acontecia entre eles antes de deixar qualquer coisa nova acontecer, mas, novamente, inverteram as ações. E agora, como antes, tudo iria voltar a etapa inicial, tudo iria ficar estranho por alguns dias até que eles superariam e fingiriam que nada aconteceu. Errado. Mais uma vez, errado.
No silêncio da sala, com um novo vídeo de uma música qualquer passando na televisão, Dylan tentava pensar rápido do que poderia fazer para contornar a situação, enquanto , em pé e de frente para ele, chegou a abrir e fechar a boca algumas vezes, tentando dizer algo, mas não sabia o que poderia dizer. Qualquer coisa que tentassem falar naquele momento poderia atrapalhar ou os confundir ainda mais, nada parecia bom o suficiente. Por sorte, um novo barulho de notificações em seus celulares, nos dois ao mesmo tempo, quebrou o silêncio e chamou suas atenções. Sem saber exatamente o que fazer, os dois pegaram rapidamente seus aparelhos.
Noah: E aí galera, alguma notícia de e Ben?
Espero que a essas horas eles já estejam nus.
@Dylan tentei te ligar, cachorro, pq não me atendeu?
Ben enviou uma foto.
Noah: POR DEUS, BENJAMIN! Era brincadeira!!!!
Não abram a foto, eu repito, não abram a foto!
Ben: kkkkkkkkkk
Não tem nada demais nela.
Noah: o suficiente para isso aí vazar e me dar um puta trabalho para resolver depois.
Tome tento, homem.
riu alto ao ler as mensagens do grupo, abrindo a foto curiosa. Na imagem, tirada no espelho do quarto de Ben, o casal aparecia longe, sentado na cama. estava claramente nua, de costas para o espelho e consequentemente para a foto, no meio das pernas e de frente para Ben que, com o celular em mão, aparecia de frente, a abraçando, com o rosto meio escondido no pescoço e nos cabelos dela. se sentiu absurdamente feliz em ver aquilo. Ao menos alguém tinha conseguido se resolver e estava aproveitando a noite. No instante seguinte, contudo, ela se sentiu levemente frustrada, por não ser ela e Dylan daquele jeito.
Sem que ela soubesse daquilo, Dylan se sentia da mesma forma. Afundando-se no sofá assim que abriu a foto, ele deixou um suspiro escapar. Estava feliz e muito animado por ver sua melhor amiga ali, finalmente feliz com quem amava. Mas se perguntava por que com ele não podia ser a mesma coisa, da mesma forma. Talvez ele fosse realmente um banana. Talvez merecesse alguém mais como Ben e toda sua atitude romântica, como Lewis e sua descomplicação, como Tom e sua segurança ou Sebastian e sua insistência. Talvez merecesse até alguém mais como Barry, seu ex. Folgado, sim, mas com atitude para ir atrás do que ele queria.
— Eu acho que... — limpou a garganta, depois de responder alguns emojis no grupo — vou já indo dormir.
— Claro, está tarde mesmo — Dylan sorriu tentando ser confiante, mas sabia que ele estava um tanto triste e outro tanto constrangido por tudo aquilo.
— Sim — ela sorriu de volta — Você pode ficar no quarto de , ela não vai se importar.
— No atual momento e no lugar dela, eu também não me importaria com absolutamente — ele brincou, vendo rir baixo.
— Sorte a deles.
Com um sorriso triste, acenou para ele e seguiu a passos rápidos para seu quarto. Pensativo, Dylan desligou a televisão e se levantou. Tudo podia ter sido diferente. Tudo tinha que ter sido diferente. Mas, uma vez mais, não foi. Suspirando pesadamente enquanto pegava sua camiseta do chão e ia sentido ao quarto de , ele sussurrou sozinho:
— Sorte a deles.
***
— Único jeito possível de você acordar cedo e nessa alegria.
Dylan comentou assim que entrou na cozinha, vendo a amiga apoiada no balcão comendo um iogurte. estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo, usando uma lingerie branca que parecia um maiô e com uma camisa de Ben por cima, com o botão do meio fechado, parecendo um vestido curto. Ela riu e levantou seu olhar até o amigo que, com a mesma roupa da noite anterior, parecia exausto.
— Sem comentários, ok? — ela apontou a colher para ele.
— Você já saiu abrindo a geladeira do cara depois da primeira noite? — Dylan puxou o pote do iogurte que ela comia para ele e, puxando uma colher de cima da pia, sentou-se de frente para ela na bancada — Que deselegante, .
— Seria, se essa tivesse sido a primeira noite — ela deu de ombros.
— Não quero ter essa conversa com você, pode parar aí — Dylan pegou um pouco de iogurte, vendo a amiga rir.
— Então, vamos conversar sobre o que você está fazendo aqui às seis e meia da manhã — o olhando de frente, apoiada na bancada, ela cerrou os olhos — te expulsou ou…?
— Queria aproveitar a manhã para caminhar, — ele deu de ombros, prestando atenção no seu comia — mas está frio demais lá fora e alguém sumiu com o meu casaco, então, tive que voltar.
— Você já mentiu melhor, Dylan — ela cutucou Dylan com sua colher — Pensando bem, você nunca mentiu bem e é por isso que dá para ver que está querendo me enrolar neste exato momento.
A verdade era que Dylan sempre tinha sido um péssimo mentiroso. Seus olhos não conseguiam se fixar em lugar algum e seu tom de voz tomava um ar sério demais para ser verdade. o conhecia há anos, sabia que alguma coisa estava acontecendo e o incomodando a ponto de ter ido embora tão cedo, de estar parecendo tão cansado. Dylan não tinha dormido nada na noite anterior, tinha ficado madrugada adentro acordado, em um fluxo interminável de pensamentos, repassando tudo o que tinha acontecido naquela noite, pensando em .
— Noah estragou tudo — Dylan falou desapontado depois de um longo suspiro.
— O que o Noah tem haver com isso, Dylan? — pegou o pote de iogurte de volta para ela.
— Longa história, uma hora você pede para o seu namoradinho te contar — ela revirou os olhos — Mas basicamente, o que aconteceu foi que o maravilhoso do seu agente resolveu me ligar para saber se você e Ben já tinham…você sabe…trocado saliva e outras coisas mais — Dylan balançava as pernas constantemente — E eu estava finalmente tendo um momento com a e, de repente, a porra do meu telefone começou a tocar — ele deu ênfase na palavra tocar — Eu sempre deixo essa porcaria no silencioso.
— O que você quer dizer exatamente com “tendo um momento com ”? — Ben entrou na cozinha com apenas uma toalha no corpo, abaixo de sua cintura, com os cabelos molhados.
— Bom dia para você também, Benjamin — Dylan arregalou os olhos reparando no amigo, sem conseguir segurar a risada — Belo peitoral — apontou para o tronco desnudo do homem, ouvindo a amiga gargalhar — deve ter aproveitado bastante ontem à noite.
— Ela aproveitou — a atriz murmurou, tirando uma piscada de Ben, que sorriu.
— Me poupe dos detalhes, eu imploro — Dylan tapou as orelhas, exageradamente desconcertado.
— Não fica com ciúmes — Ben, então, deu-lhe um beijo na bochecha, tirando uma risada alta de , e foi até ela, deixando um beijinho em seus lábios — Mas o que você fez com a minha protegida, Dylan?
— O problema está bem aí, meu amigo, não fizemos nada — ele disse irônico. e Ben se entreolharam brevemente e perguntaram juntos:
— O quê?
— Como assim?
— Estão precisando limpar os ouvidos, hein, casal. Não fizemos nada, quer dizer, nada além do que já tínhamos feito — ele respondeu melancólico — Nós realmente assistimos a série, mas ela começou a querer cochilar e eu tinha que fazer algo para mantê-la acordada — ele deu de ombros, cutucando o pote de iogurte — Eu queria a companhia dela, a gente tinha que aproveitar e…
— Eu estou ficando com medo do que vem a seguir — a atriz comentou tensa, vendo Ben pegar um cesto com morangos e se apoiar na bancada, ao lado dela.
— , deixa eu terminar, mulher! — Dylan olhou para ela que, fazendo um sinal de que iria se calar, seguindo prestando atenção na história — Troquei os canais e parei, sem querer, em um que estava passando o clipe de All Too Well — Ben começou a rir — Sem piadinhas, Nárnia. Com isso, tive a brilhante ideia de convidá-la para dançar e, meu Deus, funcionou, funcionou demais. Nós estamos em sintonia, a Taylor ao fundo, combinados com climinha de romance, estava tudo perfeito. E ela, atenção, — ele fez uma pausa — ela me beijou.
— Ai meu Deus — soltou empolgada, uma mão em seu peito como se seu coração pudesse sair dali a qualquer momento — Que fofos!
— De novo você quis dizer, né? — Ben relembrou, comendo um morango — Porque no show da Adele também foi ela que te beijou, banana.
— É, tanto faz, vocês entenderam. Mas, voltando a história de ontem, nós dançamos, nos beijamos e as coisas foram ficando mais quentes até o Noah ligar — Dylan deu um sorriso fingindo — O resto vocês já sabem, ela ficou estranha, eu não soube o que dizer e cada um foi para um quarto, sem beijinho de boa noite e sem nada.
— Você queria um beijinho de boa noite? — riu daquela informação, vendo o amigo dar de ombros e responder sincero:
— Eu queria.
— Cara, você precisa, repito, PRECISA, falar para ela — com um tom de voz mais sério, Ben comentou.
— Olha quem fala, a pessoa que se declarou, literalmente, ontem para — Dylan revirou os olhos, tirando uma bufada impaciente de Ben — Se toca, Benjamin.
— Ben tem razão, Dylan! — abraçou Ben, que estava ao seu lado — Já passou da hora e não tem mais o que questionar — ela comentou carinhosa, tentando fazer o amigo entender — Está mais do que claro que ela te ama, porque da fase do gostar ela já passou há muito tempo e você também, no fundo, sabe disso.
— Não sei como vou fazer isso e nem por onde começar — Dylan passava as mãos pelos cabelos — Juro que tentei, por muitas vezes, simplesmente falar. Mas chega na hora e não vai. Eu travo e parece que qualquer um, até o folgado do Barry, é uma opção melhor para ela do que eu.
— Esse é o seu problema — Ben apontou para ele com um morango, pensando alto, vendo a mulher a seu lado concordar com a cabeça — Você fica olhando para os outros e para o passado dela, e não foca no jeito que ela te olha, no jeito que ela ri das suas piadas ridículas e no jeito que ela te beija. Precisa se apagar no presente, no que é real, no que está sendo gritado na sua cara.
— Não é fácil assim, você sabe — Dylan protestou, mas logo foi cortado pela amiga:
— Nós podemos te ajudar com isso, se você quiser — sorriu animada, pegando um dos morangos do cesto próximo.
— No que está pensando? — Ben a olhou sorrindo.
— Em criar um ambiente onde vocês necessariamente precisem se falar — ela comentou empolgada — e não possam sair de lá até se resolver.
— Quantos anos você tem, ? — Dylan bufou descontente com a ideia.
— O suficiente para saber que quanto mais você demora, mais tempo com ela você perde e mais cedo ela vai cansar disso tudo e ir embora — falou séria.
Sabia que, às vezes, precisava ser mais direta e um tanto incisiva com Dylan, senão tudo continuaria morno como sempre. Escondido em piadas e fazendo brincadeiras de tudo, ele ia deixando certas coisas passarem e nem sequer reparava naquilo. Dylan sabia que era o ponto mais racional que ele tinha e se tratando de eventos românticos, estava em boas mãos com aqueles dois. Talvez fosse melhor entrar na deles ou, ao menos, tentar.
— Ai, essa doeu — ele fez um bico para a amiga.
— Ok, acho que tenho algo em mente, — Ben bateu na bancada tão animado quanto — mas precisamos de alguém influente o suficiente por aqui para conseguir alguns favores.
— Temos o Sir Lewis Hamilton, serve? — sugeriu, pensando rápido.
— A ficha que o Lewis é Sir ainda não caiu para mim — Ben falou rindo, sendo acompanhado pelos outros dois — Bom, vou precisar mandar umas mensagens, já venho — o ator deu um beijinho na mulher ao lado e se virou em direção a saída da cozinha — Vai dormir, Dylan, você precisa estar bonitão para essa noite ou nada que fizermos será o suficiente para cobrir essa cara de zumbi que você está.
— Ele tem uma bundinha legal, né? — Dylan falou alto, observando Ben sair do cômodo.
— Tira o olho, Dylan, esse dai já está comprometido — respondeu para o amigo — Vai logo dormir, antes que comece a delirar com o meu namoradinho de olhos abertos e na minha frente. E aí, quem vai ter que ficar com a sou eu.
— Fui — em um pulo, ele foi rumo ao quarto de hóspedes.
***
Já passavam das três da tarde quando finalmente conseguiu levantar da cama. Depois de seu momento com Dylan ser interrompido pela ligação de Noah, a escritora tentou fugir, o mais rápido possível, do silêncio constrangedor que se instalou sobre eles e ir para o seu quarto dormir era a melhor desculpa no momento. Porém, ao deitar-se na cama o sono não vinha de maneira alguma, seu cérebro, involuntariamente, ficava repassando cada toque e sensação que o ator a fez sentir. Queria mais, mas já havia dado muitos primeiros passos na relação dos dois e estava se sentindo insegura quanto a demonstrar ainda mais, porque se Dylan realmente quisesse algo teria feito algo ou, pelo menos, tentado fazer.
Desde que acordou, as notificações em seu celular não paravam de chegar. Aparentemente, , e estavam animadas querendo saber da viagem de em Milão e combinando um passeio noturno pela capital britânica, como se fossem pessoas normais fazendo turismo em um lugar desconhecido. Estavam querendo aproveitar o tempo livre e se encontrar, depois das semanas que passaram separadas, em cantos diferentes de Londres. Algumas coisas haviam acontecido nesse meio tempo e tinham que colocar o papo em dia. não sabia se realmente queria ir, estava cansada e, talvez, focar no livro novo fosse uma boa maneira de distração. Mas a cada nova mensagem que chegava no grupo das meninas do Sugar Rush, ela ponderava.
: @ não adianta fazer a sonsa, amor!
Dá para ver que você está visualizando as mensagens.
: Nós vamos te arrastar para sair com a gente.
Nem que seja pelos cabelos!
: Chego em, no máximo, uma hora, .
Então trate de se arrumar, porque só vou me trocar e vamos sair.
: Onde você estava , que não está em casa?
: Nem te conto, 😛❤️
: Aposto que tem o britânico gostosão no meio dessa história 😏
: Não tenho dúvidas disso.
: Ela estava com o neneco
: Neneco? KKKKK
: É assim que ela chama o Ben?
: Vou te socar, 🙈
: Desembucha a fofoca completa,
: Quem mandar mais dinheiro para minha conta
terá direito a informações privilegiadas
para além do apelidinho.
riu fraco das respostas das meninas e bloqueou seu telefone. Não tinha muita escolha e talvez fosse mesmo melhor sair um pouco de casa, ter um momento com as meninas, conversar com elas sobre o que aconteceu. Eram boas com conselhos e certamente entenderiam o lado dela. Seria, pelo menos, divertido e engraçado ir seja lá onde elas estavam combinando e poderia pensar em outras coisas senão em Dylan. tinha o que contar sobre a noite anterior e , pelas mensagens que mandou no grupo dias antes, tinha finalmente conseguido se acertar com Lewis, oficializando o que tinham. Podia usar o papo das amigas como inspiração e, quem sabe, sair daquele encontro com elas com um motivo a mais para também se resolver com Dylan.
Portanto, sem ter muita escolha e com um pingo de animação tomando conta de si, foi logo decidir o que vestiria para a ocasião. A escritora era básica, gostava de usar preto, branco e cinza, nas vezes que abusava de um look colorido era porque Lindsay, sua agente, tinha escolhido as peças. Para aproveitar a noite e se sentir confortável, já que não sabia onde iriam e considerando o frio que estava fazendo na cidade da rainha, separou seu longo sobretudo preto de veludo, combinado com uma calça e gorro da mesma cor e um moletom branco, que usaria por baixo. Para terminar de compor o look, seu companheiro fiel, o all star de cano alto e plataforma preto.
, de fato, como prometeu, não demorou a chegar. Acompanhada de e , pontualmente uma hora depois de enviar as mensagens para estava entrando de volta ao apartamento. As três conversavam animadas sobre algo na sala e logo pediu um momento, para que pudesse se trocar. Estava com a mesma roupa da noite anterior, do museu, com exceção do casaco de Dylan, que havia devolvido e, em seu lugar, vestia um moletom de Ben. Como já tinha tomado banho mais cedo, ágil e sem dar muito tempo para que a escritora decidisse não sair mais com elas, não demorou dez minutos para se trocar e voltar para a sala. e ainda conversavam empolgadas, rindo alto de algo, e nem sequer se sentaram no sofá. apenas gritou, da sala, para que andasse logo, para que não se atrasasse para o compromisso que tinham e, sem mais para onde correr, a escritora logo apareceu.
— Onde as gatas estão pensando em ir? — perguntou enquanto abraçava cada uma delas, as cumprimentando.
— Surpresinha — sorriu animada para ela.
— Ai gente, é tão bom a gente reunida outra vez — comentou fofa e, então, abriu os braços: — Abraço em grupo.
— Que bicho mordeu essa mulher? — comentou indo em direção às outras, abraçando junto com e . Formando um círculo, elas riram do momento e, antes que pudessem se separar, comentou baixo e sincera:
— Obrigada, meninas — ela sorriu, se afastando levemente delas, mas ainda mantendo o abraço — Esses dias foram ruins para todos nós e não queria que vocês estivessem envolvidas nisso tudo. Me desculpem pelo caos e muito obrigada pelo apoio e por toda compreensão — ao mesmo tempo, as outras três meninas responderam coisas que não conseguiu ordenar, mas pode entender que estava tudo bem. Ela então olhou para e, em seguida, para — Mas vocês duas precisam me agradecer por terem conseguido um tempo extra para se resolver com os gostosões, enquanto as gravações pararam, e você — abraçou — precisa me desculpar pelo o que eu disse no dia em que tudo aconteceu. Sei que não tem nada a ver contigo e que Tom só precisava de alguém que o ouvisse e o entendesse.
— Está tudo bem, — pegou em sua mão e depositou um leve aperto nela — Não imagino o que eu faria no seu lugar, odeio ficar exposta a situações que não tenho controle. E estávamos todos nervosos com tudo, não levei para o coração, juro.
— Isso foi lindo, mas vamos acabar com o chororô, porque hoje o dia é de alegria — respondeu contente — Pegaram tudo? Não podemos nos atrasar.
— Vocês começaram a pegar britânicos e agora tem as mesmas manias que eles por acaso? — questionou pegando sua bolsa e máscara que estavam penduradas próximo a porta — A pontualidade não é bem o seu forte, , você sabe disso.
— Essa garota está muito engraçadinha para o meu gosto, anda logo, Srta. piadocas — respondeu empurrando porta a fora do apartamento.
— não só pega oficialmente um britânico agora, — cutucou a amiga, saindo com elas do apartamento — como pega um Sir — a cineasta fingiu uma tosse — E mais uma fofoca quente: faz um pouco mais do que pegar.
— — e falaram ao mesmo tempo, rindo
aproveitou o caminho até o ponto marcado para contar os detalhes do que tinha acontecido com ela e Lewis. , que dirigia o carro em que estavam, por estar mais acostumada com Londres, ouvia a história que contava e fazia seus comentários adicionais. Convivendo o casal naquelas semanas, por estar hospedada na casa de Lewis, ela estava já por dentro do que tinha acontecido e conseguia ora sacanear a amiga, ora dar detalhes do ponto de vista de Hamilton naquilo tudo. parecia realmente feliz, estava animada e cada palavra que contava transmitia um brilho e uma energia tão bons que era visível para as meninas. e , no banco de trás do carro, faziam perguntas, curiosas sobre tudo, e vez ou outra soltavam gritos animados - principalmente quando ouviram a amiga contar que tinha ido à cerimônia de condecoração dele.
Entre risadas e comentários, a viagem não demorou mais do que meia hora e pontualmente às 20h estavam onde deveriam estar. não estava entendendo exatamente o que faziam ali. As poucas vezes em que esteve em Londres foram o suficiente para saber que o bairro em que estavam não era exatamente comercial e nem oferecia o tipo de bares ou restaurantes que elas estavam acostumadas a ir. Imaginava que teria uma noite com as meninas como tiveram até então: regada a bebidas caras, comidas em abundância e muita fofoca. Mas bastou a ela caminhar alguns poucos metros de onde deixaram o carro de estacionado, virando a quadra, para ela perceber que, naquela noite, não seria nada daquilo. Seria tudo diferente.
parou de andar por um segundo, seus olhos subindo pela suntuosa e brilhante roda gigante, alguns passos à sua frente. A London Eye era um cartão postal histórico de Londres e, como tal, chamava a atenção de qualquer um que passasse por perto dela. Com 135 metros de altura, era gigantesca, elegante e perfeita para os amantes da observação, que buscavam sempre por uma cabine para conseguir aproveitar a vista panorâmica mais bonita de toda a Inglaterra. Diziam que, em dias claros, era possível ver quase 40 km de distância dali, mas não sabia se era verdade, porque nunca tinha ido à roda-gigante.
Naquela noite, contudo, aquele fato também parecia que iria mudar. Não havia mais nada ali, por perto, senão a roda gigante e isso só queria dizer que elas iam, mesmo, andar naquilo. Ao redor dela, , e pararam de andar assim que repararam na escritora parada, mas sequer notou. Estava perdida na beleza da roda gigante a noite, totalmente iluminada em azul, justamente sua cor preferida, e parada, sem sequer dar uma volta. Naquele horário, a atração já não estava mais aberta ao público, o que explicava o local tão conturbado estar absolutamente vazio e o que explicava elas estarem ali, naquele momento.
— A gente vai andar de… roda gigante? — com certo desprezo, a escritora perguntou confusa, apontando de si mesma para o ponto turístico.
— É, você vai — respondeu vagamente, levando uma cutucada de — NÓS vamos — a cineasta reforçou — Nós quatro juntinhas. Por acaso, você tem medo de roda gigante?
— Medo é uma palavra muito forte, só não gosto muito de altura — ela deu de ombros, tentando disfarçar o incômodo de ter que entrar numa cabine e ficar pensa no ar por algum tempo que ela sequer sabia.
— Ih, ela vai amarelar — debochou da cara de , recebendo um olhar reprovador dela. Achava que já sabia que ela não era muito fã de altura mas, talvez, foi justamente por aquele motivo que elas não comentaram que iriam na London Eye.
— Coitadinha dela, tem medo de altura — continuou tirando onda com a cara da escritora — Se você chorar, vou gravar tudo e por na internet. Tenho certeza que isso vai me dar muitas visualizações, vou ser mais popular nas redes do que a .
— Isso é um passeio ou uma sessão de tortura? — a escritora olhou na direção delas, que riram levemente.
— Depende do quão corajosa você será esta noite — respondeu irônica.
— É uma sessão de tortura, sem dúvidas — riu tensa.
— Olha, se te deixa mais segura, você não vai estar sozinha — respondeu sincera, dando um passo de volta, na direção da amiga — Vai ser uma experiência legal, mas você tem que se permitir viver ela. Deixar um pouco os medos de lado é bom, faz com que você consiga testar até onde consegue ir.
— U-A-U! Segura, porque a mulher está poética hoje — aplaudiu brincando, vendo mostrar a língua para ela.
— O que um chá bem dado não faz, não é? — perguntou risonha, tirando novas risadas das demais — Vamos logo, gente, estou ansiosa.
— Para te dar ainda mais segurança, vamos, pelo menos, chegar mais perto das cabines — confiante, gesticulou, puxando as meninas com ela, sentido a atração — Aí você pode ver se consegue ir ou se quer realmente desistir, tá bem? — virando-se para e dando passos de costas, ela sorriu — Porém, como a disse, você não pode se limitar ao medo e fazer com que ele impossibilite você de viver, .
— De sessão de tortura a palestra motivacional? Vocês são multifacetadas mesmo, hein — brincou, caminhando mais lentamente do que gostaria. Não estava achando aquela a melhor das ideias que já tiveram, mas convencê-las do contrário seria impossível.
— Chega de piadinhas e vamos logo para essa cabine. Essa mulher tem que perder logo esse medo, não aguento mais — impaciente, puxou a escritora pelo braço e caminhou mais rápido com ela, passando por e , que riam.
Ficando propositalmente alguns passos atrás de onde puxava , mandou uma mensagem rápida para Ben, avisando que já estavam ali e que “ vai entrar na cabine”. De braços dados com ela, se encolhendo pelo frio, soltou uma risada alta, incrédula de que aquele era realmente um plano e de que, até ali, estavam conseguindo executá-lo conforme tinham pensado. Lewis tinha acordado naquela manhã com uma mensagem de Ben pedindo ajuda dele para reservar a London Eye e, absolutamente entusiasmado com aquilo, ele compartilhou com e . Perto da hora do almoço, depois de ter feito duas ou três ligações, ele tinha conseguido a reserva e em videochamada com e Ben, enquanto Dylan dormia, descobriram os detalhes que o casal havia planejado.
seguiu incerta sobre o que estava acontecendo e, mais ainda, sobre se deveria mesmo se deixar levar daquela forma por , mas a cineasta estava tão empolgada e não parava de falar de como tudo seria lindo, do quanto amava a vista lá de cima e do quanto tinha que relaxar e aproveitar, que ficou difícil para ela se desvencilhar. Há dois passos de distância da cabine, contudo, parou de caminhar com ela. e logo se juntaram a elas, meio instante depois. A cabine era grande, comportava até 25 pessoas de acordo com uma pequena placa na porta e estava toda apagada por dentro, de modo que não se podia ver exatamente sua estrutura interna. A escritora achou aquilo estranho, mas, com toda segurança e tranquilidade das outras meninas, parecia que estava tudo sob controle.
— Está fechado, não? — perguntou confusa, parada de frente com a porta da cabine fechada, a encarando. Sem que ela visse, contudo, fez um sinal de positivo com a mão, para o lado, de trás de .
— Temos reserva, já vão abrir para nós — respondeu confiante e, como se fosse combinado, as duas portas da cabine se abriram ao mesmo tempo — Viu?
— Ok, mas vai continuar tudo escuro lá dentro? — a escritora apontou para lá, olhando que, casualmente, deu de ombros.
— Eles devem acender as luzes já — rebateu natural e, esfregando as mãos, comentou: — Está muito frio aqui fora, vamos entrando.
— Aí Deus, lá vamos nós, então — respirou fundo e deu um passo em direção à cabine, ao tempo que ouviu dizer.
— Na verdade, — deu passo para trás, segurando a risada — aí vai você.
Sem dar tempo de sequer digerir aquela informação, simplesmente a empurrou para dentro da cabine, ao tempo em que as portas eram fechadas e a luz interna automaticamente se acendia. Pelo susto que levou do empurrão, sentiu seu coração acelerar e seus olhos se arregalaram. Tinha dado alguns passos rápidos a frente e segurado em uma das barras de segurança dentro da cabine, mas o barulho das portas travando atrás de si a deixou exasperada. se virou de costas no intuito de entender o que acontecia, mas seus olhos pararam no meio do caminho, não chegando no destino final. E se achava que seu coração estava acelerado até ali, estava totalmente enganada.
Dylan estava em pé dentro da cabine, no canto próximo a porta. Nitidamente nervoso, vestindo um largo moletom roxo, calça jeans preta e o all star na mesma cor, ele passou as palmas das mãos pelas coxas. Seus olhos se encontraram com os dela e ele se levantou assim que a viu reparar que ele também estava ali. Sem entender direito o que acontecia, levou dois minutos para conectar todas as peças daquele quebra-cabeças. Seus olhos passaram de Dylan para o vidro da cabine, por onde podia ver as meninas rirem os encarando e, no momento seguinte, assim que a cabine deu um ligeiro tranco e começou a se mover, tudo, absolutamente tudo, fez sentido.
A escritora viu Ben, Tom e Lewis se juntarem às outras três mulheres, no solo, os observando e acenando animados, celebrando terem conseguido, proposital e literalmente, enfiar dentro daquilo. Em qualquer outra situação ela certamente ficaria muito brava com toda a situação. Mas como poderia? Seus amigos tinham acabado de armar um plano para ela, como ela mesma fez com e Ben. Tinham dedicado tempo e atenção em montar tudo aquilo para ela e para Dylan e lá estavam eles dois. Uma vez mais, só os dois. Não como na noite anterior, mas ainda assim, um novo momento, feito especialmente para eles.
— Tchauzinho — ouviu Lewis gritar e acenar do lado de fora, observando a roda gigante começar, finalmente, a se mover.
— Você me paga, Relâmpago McQueen — A escritora devolveu em resposta, mas não podia fazer muito mais do que aquilo.
A atração já estava funcionando, a cabine em que estavam já começava a subir e estavam, oficialmente, presos ali dentro por algum tempo que não sabia. O fato era que ela não sabia de muito do que estava acontecendo ali e, pouco a pouco, conforme seu coração ia se acalmando, a confusão em sua mente ia amenizando. A cabine em que estavam era totalmente vedada, estava aquecida pela calefação e parecia segura. Ainda assim, a cada minuto mais no alto, sentia uma adrenalina tomar conta de si mesma. Tinha que buscar alguma forma de lidar com aquilo ou o plano que tinha tudo para ser fofo e romântico se tornaria, uma vez mais, um desastre.
Passando os olhos ao redor, um tanto confusa, Dylan esperou os breves minutos que precisou para entender os fatos. Sem saber exatamente o que deveria dizer à ela, ele pensava no que fazer e se perguntava por que foi que aceitou participar daquilo. estava claramente incomodada e, a não ser que algo realmente a distraísse e a relaxasse, nada naquela noite aconteceria entre eles. Pelo contrário, Dylan teve certo receio de ser jogado lá de cima por ela, quando ela descobrisse que ele compactuou com tudo aquilo. seguiu olhando ao redor até, enfim, fixar seus olhos em Dylan. Como sempre, estava absolutamente lindo e parecia calmo, como se tudo estivesse acontecendo naturalmente, como se estivesse sob seu controle. Talvez ele fosse a melhor distração que ela poderia ter. Talvez ele fosse o foco dela na noite.
— Amo como esse moletom fica em você — ela comentou depois de um breve momento em silêncio, tentando puxar qualquer assunto com ele e evitar, ao máximo, olhar para fora da cabine conforme iam subindo. O grande problema era que todas as paredes do ambiente eram de vidro, para dar a famosa vista panorâmica e não tinha para onde olhar mais senão para o ator. Dylan sempre tinha um porto-seguro para ela. Uma vez mais, só de vê-lo ali já se sentia mais calma e segura.
— Está evitando olhar a vista, não é? — ele sorriu, levando uma mão ao bolso de sua calça. Conhecia o suficiente para saber como estava se sentindo naquele momento, naquele lugar.
— Eu odeio altura — riu nervosa, sem desviar seus olhos dos dele.
— É, eu sei — Dylan, então, se aproximou dela e, sem qualquer cerimônia, pegou uma de suas mãos — Em minha defesa, a ideia foi toda da — tentando se sentir ainda mais segura, deu a outra mão para ele, a que ainda estava disposta na barra, ficando, enfim, com as duas mãos dadas. Olhos fixos um no outro.
— Isso é a cara da — a escritora riu timidamente — e do romântico incurável do Ben.
— Eles formam um bom casal meloso — Dylan refletiu sorridente — Mas não posso tirar o crédito do Sir Lewis Hamilton também, sem ele não tínhamos conseguido parar um dos principais pontos turísticos de Londres.
— Dylan… — ela fez uma longa pausa, respirando fundo, observando o movimento calmo e lento da cabine subir com eles dentro.
não sabia o que deveria dizer ou o que esperava que fosse acontecer ali, mas na situação em que estavam não tinham para onde fugir. E só naquele instante lhe ocorreu a possibilidade de, talvez, aquele ser justamente o objetivo de seus amigos ao colocá-los naquela situação. Deixá-los a sós, em um ambiente que não havia mais nada em que se concentrar senão neles mesmos, com uma das vistas mais lindas do mundo ao redor, à noite. Criar um momento sensível em que eles pudessem pensar no que sentiam e, talvez, deixar o silêncio de lado. Para ela, aquilo ficou claro. Mas ainda queria saber se Dylan também estava entendendo a situação daquela forma.
— Qual o objetivo de tudo isso? — ela perguntou baixo, o encarando nos olhos — O que estamos fazendo aqui, Dylan?
— Um passeio de roda gigante? — ele tentou responder de forma casual, mas o sorriso sério dela não se deixou levar pelas brincadeiras dessa vez.
— É sério — ela sussurrou.
Havia certa urgência nos olhos de e Dylan só conseguiu se lembrar das palavras duras de mais cedo naquele dia, dizendo a ele que precisava mesmo resolver aquela situação de uma vez por todas, ou cada dia, cada minuto que se passavam poderiam ser tarde demais. Havia uma urgência latente que pulsava dela, uma urgência que atingia ele desde o momento em que aceitou aquela ideia e que entrou dentro daquela cabine. Era sua deixa, era o seu momento. E seria de também. Tinha que ser. Ela tinha que retribuir.
— Olha, eu vou... — ele fez uma pausa breve, pensando em como dizer aquilo. Estava um tanto nervoso e era nítido para — Vou tentar ser o mais claro possível dessa vez, porque você sabe que amo me enrolar com as palavras e com o que estou dizendo, inclusive, estou fazendo isso neste exato momento — Dylan soltou as mãos dela, colocando as suas carinhosamente no pescoço de , enquanto, desesperada, ela agarrava-se firme no moletom que ele usava — Desse jeito você vai me deixar sem roupa.
— Não vou achar ruim — brincou, tentando esconder o medo que sentia de toda àquela altura — Gosto de deixar você sem roupa.
— Isso é bom... eu acho — Dylan riu tímido do comentário, mas logo a ouviu completar:
— Desculpa, juro que parei — tinha as mãos nos bolsos tipo canguru do moletom dele — Vou deixar você falar sem piadinhas dessa vez.
— Suas piadas são melhores do que as minhas, pode continuar — ele sorriu.
— Disso eu não tenho dúvida alguma, — a escritora refletiu, brincalhona — mas seus apelidos são superiores. Não tenho tanta criatividade assim.
— Anos de prática, minha pequena gafanhota — Dylan a olhou orgulhoso, rindo leve com ela — Viu? Você tirou meu foco de novo.
— Não posso fazer nada, se nossos amigos me colocaram em uma roda gigante e eu tenho medo de altura — ela mexeu levemente os ombros — Você vai ter que ser a minha barra de segurança e este é o preço a ser pago pela minha companhia.
— É um preço justo, estou disposto a pagar — com as mãos ainda no pescoço dela, Dylan brincava levemente com algumas mexas do cabelo da mulher. O perfume de o desconcentrou e estar tão perto dela daquela forma, fazia Dylan só querer acabar de uma vez por todas com tudo aquilo — Meu Deus, por que falar é tão difícil? Não sei nem por onde começar.
— Uma sugestão? — ela a olhou sugestiva, tentando passar confiança a ele com um sorriso tão lindo que Dylan sentiu suas pernas fraquejarem — Pelo começo.
Dylan pensou que se fosse realmente começar a contar aquela história do começo, voltaria no exato dia em que aceitou o convite para participar do Tonight Show com Jimmy Fallon. De como se sentiu quando soube que tinha sido aceito no cast de NNL, de como foi ter chegado ao estúdio do programa e ter visto ela ali, pela primeira vez em sua vida. De como se sentiu nervoso e desajeitado na presença dela, de como ele a achou linda.
Naquela noite, quando pisou no palco poucos segundos antes de entrar ao vivo e viu sentada no sofá, tão leve, tão espontânea, tão autêntica, calma, se divertindo, algo foi diferente. Algo em Dylan pareceu se acender e, desde então, nunca mais se apagou. E era difícil de falar o que sentia, porque ele nunca havia sentido nada igual àquilo. Nada parecia ser o suficiente para tudo o que ele sentia, nada que dissesse refletiria em sua essência, em todo o amor que ele carregava por ela.
— Você prometeu parar com as piadinhas — ele, então, limpou a garganta. Ainda não sabia ao certo por onde deveria começar, mas tinha que começar. Sabia que a roda gigante dava uma volta completa em 35 minutos e era o tempo que ele tinha para, finalmente, dizer tudo o que tinha a dizer. Já deveriam estar ali há, pelo menos, dez minutos, o que dava a ele menos tempo para pensar no que fazer — Está me deixando nervoso como, involuntariamente, sempre deixa. Pareço um adolescente quando estou perto de você, um daqueles que percebe que está apaixonado pela primeira vez na vida e não consegue dizer isso como gostaria.
Ele riu tímido de suas próprias palavras, sem entender se estava conseguindo dizer com clareza o que gostaria de estar dizendo. Seu olhar preso no de enquanto suas mãos acariciavam seus cabelos. estava tão nervosa em ouvir aquilo, aquela confissão, que podia sentir seu coração bater acelerado em seu peito. Suas mãos seguiam firmes nos bolsos do moletom de Dylan, como se manter-se em pé dependesse daquilo. Na imperfeição do momento estava tudo sendo tão perfeito, que ela custava em acreditar. Dylan, então, continou a dizer:
— A verdade é que você me desconcerta inteiro. Eu esqueço das palavras, do que estou pensando e de como agir, esqueço de quem sou, de onde estou, eu só consigo… ver você — Dylan sorriu mais abertamente, encarando os olhos de com expectativa, querendo antecipar qualquer reação dela em ser tão sincero daquela forma. A escritora podia ver os olhos dele brilharem de uma forma que nunca tinha visto antes — Como se nada mais importasse, só você. E essa aventura toda foi pensada pelos nossos amigos, como você percebeu, porque eu simplesmente não aguento mais, .
— Vai precisar ser mais específico do que isso, Dylan — ela o olhou um tanto confusa — O que exatamente você não aguenta mais?
Dylan parou por um instante, inseguro se deveria continuar. Por um momento achou que tinha fudido tudo outra vez, por ter escolhido as palavras erradas, como sempre fazia. O que infernos ele não aguentava mais? Talvez ser daquele jeito, talvez não conseguir ser o suficiente como gostaria, talvez não saber lidar com os próprios sentimentos. Talvez fosse mesmo o adolescente perdido, o homem que não havia amadurecido, que não estava pronto para engatar qualquer tipo de relacionamento que não fosse uma amizade cheia de piadas e com poucos sentimentalismos.
Mas bastou seus olhos caírem sobre os de outra vez, para ela voltar a dizer serena, confiante:
— Você sabe que pode falar sobre tudo comigo, não é? — ela suspirou.
— Acho que faz um tempo que não estamos sendo sinceros um com o outro e nem com o que estamos sentindo, — Dylan seguiu falando baixo, seus olhos revezando-se entre os dela e algum lugar qualquer lá fora da cabine, pela timidez e pelo nervosismo que o tomavam — Estamos deixando de falar coisas importantes e esse talvez tenha sido o nosso maior erro. Vou falar de mim e assumir a minha culpa nisso tudo, estou há meses pensando em como dizer algo simples, que está na minha cabeça há bastante tempo e não consegui encontrar uma forma que fosse boa o suficiente para você.
— Dylan, não tem que ser… — bom o suficiente, tem que ser só você, ela gostaria de ter dito, mas foi rapidamente interrompida por ele.
— Eu não consigo parar de pensar em você, — ele assumiu de uma vez, respirando fundo, a fazendo engolir as palavras — Desde o dia em que você surgiu linda e engraçada naquele programa, como sempre, brincando comigo na frente de milhões de pessoas despreocupadamente, como se me conhecesse há anos. Sem se importar com mais nada, só comigo, foi como… — Dylan fez uma pausa breve — É clichê e até mesmo brega admitir isso em voz alta, mas foi como se você fosse a peça do quebra-cabeça que faltava em mim. Como se a vida tivesse acabado de ganhar um tom mais colorido, como se… fosse você. E mais ninguém.
— Dylan… — tentou dizer sorridente, mas ele parecia não ter terminado ainda. Como se algo tivesse entalado nele há tanto tempo, que ele já não mais queria parar de pôr para fora.
— Nos tornamos amigos, bons amigos, com o tempo e tudo ficou confuso. Eu amo cada memória que criamos juntos, amo a relação que temos, mas eu já não aguento mais não te ter do jeito que eu te quero, — ele riu leve — do jeito que te tive a primeira vez que nos beijamos naquela festa, do jeito que te olho todos os dias quando te encontro, do jeito que sonho com você quando deito para dormir todas às noites. Eu não aguento mais não poder simplesmente te beijar, te tocar, te ver pelo corpo e pela alma, dançar com você no meio da sala de noite quanto tiver vontade — as mãos dele pararam no rosto dela, a segurando delicada e carinhosamente olhando para ele, tão intensamente que já não tinha sequer noção do que acontecia ao redor — Eu tenho vontade de você, . Sei o quanto tudo isso pode ser brega, mas sei também que não posso mais guardar isso para mim e que não quero mais ser o que somos, só amigos.
— Só para você se sentir menos pior, — ela sussurrou divertida, feliz de ouvir tudo aquilo, reagindo da forma que sempre reagia tudo — tudo isso começou porque eu escrevia fanfics que tinham você como personagem principal, nada consegue ser mais brega do que isso.
— E é toda breguice que eu amo em você. Quer dizer, não que você seja brega, não quis dizer isso... — ele parou por um momento, atrapalhando-se no nervosismo e nas palavras que pareciam voar de sua boca, enquanto riu baixo, achando aquilo uma graça — Eu amo o quanto suas brincadeiras dizem muito sobre você, amo seus livros, amo o que você tem a contar e o que me ensinou dessa vida — Dylan suspirou — amo a forma como você se preocupa com os outros e manda vinte e cinco mensagens por dia-a-dia perguntando se eles estão bem. Amo seus áudios matutinos cantando One Direction, se achando o Harry Styles. Amo a forma como você sorri, como seus olhos brilham quando está feliz, como decorou cada fala de Frozen e faz questão de repetir toda vez que assistimos juntos. Amo a forma como você fica séria lendo livros na sua poltrona com o Sirius no colo. Amo o fato de você ter a minha foto e a de Tony no seu escritório. Amo a forma que você diz meu nome, o perfume que você usa, como aquele batom vinho fica sexy em você e as pintinhas espalhadas pelo seu rosto — Dylan então aproximou um pouco mais seu rosto do dela, seus lábios tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro — Eu amo você, .
não sabia exatamente como reagir ao que tinha escutado. Parte dela queria gritar de volta que também o amava, parte dela queria fazer uma declaração tão linda e sincera quanto Dylan havia acabado de fazer para ela e parte dela queria beijá-lo ali, naquele momento. Dylan tinha criado o momento perfeito na noite anterior. A tinha tirado para dançar ao som de uma de suas músicas favoritas, a tinha beijado, a tinha dado intimidade e um amor intenso. Mas naquela noite, ele havia se superado.
Apesar do medo pela altura que atingiam, no exato pico máximo da London Eye, se sentiu como nunca antes. A neve caindo lá fora deixava os topos dos telhados brancos, o bege das construções antigas era iluminado pelas luzes da cidade, enquanto o calor dentro da cabine embaçava ligeiramente os vidros. A vista lá de cima era absolutamente linda e nada poderia ser melhor senão ouvir tudo o que ouviu naquela noite, diante da infinitude e das possibilidades que silenciosamente percorriam as ruas de Londres, lá embaixo. Depois de tantos tempo desde seu último relacionamento, se sentiu completamente amada por alguém novamente. E depois de tudo aquilo, talvez, entre a embriaguez do amor que recebia e a beleza de tudo o que via, de tudo o que vivia ali, ela já não tivesse mais tanto medo de altura assim.
— Bom, e para que fique bem claro dessa vez, sem dúvidas, não é como amigo, não é como irmão — Dylan cortou o bravíssimo silêncio — Eu te amo como o seu futuro namorado, marido, pai dos seus filhos ou se você não quiser filhos também, a gente pode conversar.
riu baixo do comentário e, sem realmente querer dizer nada, simplesmente sussurrou:
— Não dá para você só calar a boca e me beijar?
Dylan deixou o sorriso mais lindo que já tinha visto nele abrir-se e, sem se demorar, cumpriu o pedido dela. Seus lábios se tocaram como na noite anterior: quentes, macios, calmos, como se estivessem navegando em um mar ainda não desbravado por eles. Em todas as vezes que se beijaram até então estavam em contextos diferentes, impulsionados pela confiança do álcool ou pela emoção do momento, levados pela vontade e pelo desejo de sentir um ao outro. Aquilo foi diferente. Foi diferente porque foi mais entregue do que antes, porque estavam nus em seus sentimentos, mais claros de suas ideias do que a luz que iluminava Londres lá fora.
Se beijaram daquela vez com a consciência, com a noção e com a certeza de que queria se beijar. Não mais na insegurança, não mais carregados das dúvidas que tinham até então. Não mais sem saber o que aquilo queria dizer, o que significava e o que representava. Não eram amigos e nunca mais seriam. Se beijaram naquela noite, na cabine da roda gigante mais famosa do mundo, sabendo que, dali em diante, poderiam ser mais. Poderiam ser um para o outro o que quisessem ser. E nada mais o pararia.
tinha suas mãos nos ombros dele, enquanto sentia as mãos firmes e desejosas de Dylan em sua cintura. Ficaram por ali, daquela forma, beijando-se por mais do que pareciam notar e a roda gigante, finalmente, já cumpria o seu papel: terminava sua volta lenta e pacientemente, ao tempo em que juntava e Dylan cada segundo mais.
— Ainda que estar nas alturas tenha sido uma experiência diferente e incrível, gosto quando estamos seguros no chão — pegando na mão de Dylan, a balançou levemente, carinhosa. Gostava de segurar a mão dele, sempre tinha sido muito afetuosa aos toques, muito inclinada a segurá-la quando podia.
— Me surpreenderia se você tivesse uma opinião diferente — ele riu, entrelaçando seus dedos aos dela.
— Já diria Harry Styles: you look pretty good down here (você parece estar muito bem aqui embaixo) — ela riu fraco, dando uma olhada na roda gigante já bem mais baixa do que minutos antes, quase completando seu curso. Voltando novamente seu olhar para ele, ele suspirou feliz — Obrigada por tudo isso, Dylan.
— Você merece muito mais do que isso. Merece o mundo todo — sorrindo ainda mais abertamente com o comentário, colocou seu dedo levemente sobre os lábios dele, como se o quisesse calar por um momento. Antes que a roda gigante finalmente voltasse ao chão firme, ela sentia que precisava também falar.
— Acho que é a minha vez de falar agora e, bom, tenho bastante coisa guardada aqui também — ela então desceu sua mão até o peito dele, como se a parasse bem em cima de seu coração — Essa noite vai viver para sempre em mim, Dylan, porque ninguém, nunca, fez algo que sequer chegou perto disso tudo, de todo esse cenários, de toda essa declaração, desse jeito, foi… lindo — ela sorriu emocionada — Você mobilizou muita gente para fazer tudo isso acontecer e foi simplesmente perfeito, muito mais mágico do que um dia imaginei, do que sonhei esses meses todos.
— Sonhou comigo se declarando para você esses meses? — ele perguntou divertido, tirando uma risada baixa e tímida dela.
— E tinha como não sonhar com isso? — encolheu os ombros levemente — Cada chance que tivemos de ficar a sós, cada festa que íamos, cada domingo que você passava lá em casa, ou nas noites que saíamos para jantar, cada vez que a gente se beijou, eu… eu esperava que uma de nós fosse conseguir quebrar essa barreira toda da amizade e lá estávamos nós, não é? Com medo de dar um passos, com medo de ter entendido tudo errado, de perder um ao outro — Dylan concordou com a cabeça, surpreso por saber, só então, que ela também se sentia exatamente daquela forma — Não acho que erramos em momento algum um com outro, tivemos… temos uma amizade maravilhosa e não me arrependo disso. Talvez só precisássemos desse tempo para realmente entender o que sentíamos e qual saber como dar o próximo passo — ela sorriu, seus olhos presos nos dele como se morassem ali — E é lindo ver como o respeito sempre esteve acima de qualquer coisa em nossa relação, como nos protegemos de qualquer sofrimentos, como lutamos para nos manter perto um do outro mesmo que fosse apenas como amigos. Foi maduro, foi respeitoso e muito intenso, te agradeço por isso — Dylan puxou levemente a mão dela de seu peito e depositou ali, na parte de cima, uma beijinho — Nos preocupamos demais com o outro e não queríamos que nenhum dos dois entendesse algo errado, apesar de sermos, como diz Ben, dois bananas.
— Curioso você falar isso, porque ele me chamou de banana hoje de manhã — brincando, Dylan comentou, vendo a mulher à sua frente revirar os olhos.
— Não esperaria menos do Barnes, mas temos que admitir que nós somos mesmo dois bananas — ela fez uma pausa pensativa — Mas acho que, a partir de hoje, somos outra coisa também
— O que? — Dylan a olhou curioso.
— Bregas — ela riu, sendo acompanhada por ele — E, por isso, vou ser o mais brega possível agora. Você está pronto?
— Eu não aguento mais esperar por isso, na verdade — Dylan pareceu mais sincero do que gostaria, um tanto desesperado, o que fez sorrir com ternura.
— Dylan, você foi, é e sempre será o personagem principal da minha vida — ela começou a dizer respirando fundo, engolindo a ligeira timidez que tomava conta de seu corpo, enquanto parecia sentir um calor gostoso crescer dentro de si — Desde que te conheci, pessoalmente no caso, — ele riu — eu nunca mais consegui me imaginar com outra pessoa. Mesmo já tendo tido outros relacionamentos, nada nunca foi dessa forma, ninguém foi nem perto do que você é para mim e sei que, nesse tempo todo, do meu coração você tem sido o dono — deixando um novo beijo na mão dela, ele sorriu tão apaixonado que podia sentir seu coração vibrar de alegria. tinha o rosto ligeiramente vermelho, pela vergonha que sentiu em assumir aquilo em voz alta, mas continuo: — Eu só tenho a te agradecer por ter entrado na minha vida e sido, além de tudo, meu parceiro. Você sempre esteve ali, nos momentos bons e ruins, com suas piadinhas e com o melhor abraço do mundo. Sempre foi tão carinhoso e cuidadoso comigo, sempre me fez sentir quem eu era e quem eu poderia ser, sempre me deu confiança e segurança e nunca encontrei isso, dessa forma, em outro alguém. Não imagino mais minhas noites de sexta-feira sem você jogado no meu sofá comigo, não quero mais acordar sem ver o seu sorriso largo de manhã, e, principalmente, não quero mais ter que viver sem poder gritar aos quatro ventos que eu amo você e que você me faz a pessoa mais feliz do mundo — com seus olhos presos nos do moreno, ela, enfim, concluiu — Obrigada por me fazer sentir amada e relembrar o quanto amar alguém pode ser bom, seguro e confortável.
Rindo levemente e um tanto incrédulo, com os olhos transbordando alegria e amor em ouvir tudo aquilo, Dylan soltou a pergunta mais fofa de todo o mundo. Como se não tivesse ouvido aquilo direito, como se não pudesse ser realmente verdade ou como se fosse bom demais para ele estar vivendo. Se sentia o cara mais sortudo de todo o universo e, se pudesse, gritaria para todo o mundo ouvir.
— Você… me ama? — foi o que ele perguntou delicadamente, dando ênfase na última palavra e tirando uma risada alegre de , que não poupou esforços em gritar, sem tirar seus olhos dos dele:
— SIM! DYLAN RHODES O’BRIEN, EU TE AMO! — sem aguentar a felicidade de ouvir aquilo, Dylan a abraçou com força, a tirando do chão — E posso dizer isso quantas vezes você quiser ouvir, em quantas línguas você quiser — segurando os ombros dele, enquanto ele a abraçava firme pela cintura, ela deixou um beijinho em seus lábios, repetindo a ação a cada novo “eu te amo” que dizia, em um idioma diferente — Te quiero — deu-lhe um novo beijo — Je t'aime — mais um selinho, tirando uma risada dele — Ich liebe dich — um novo beijinho — Ti amo — ela então passou a pontinha de seu nariz no dele — Volim te… mas não sei se esse está certo, porque é croata, e, bom, eu não sei falar croata, só li isso uma vez em um livro e…
E antes que ela pudesse seguir, Dylan, risonho, a beijou.
A colocando em pé de volta no chão, ele segurou o rosto dela e a puxou para perto de si, como se qualquer distância mínima entre eles fosse um problema. A beijou com mais urgência do que da última vez, com mais intensidade e com mais paixão. Já não mais teria que esperar por ela dar o primeiro passo, já não mais teria que guardar aquela vontade para si mesmo. Poderia e daria todos os beijos do mundo em , dali em diante.
A roda gigante voltou ao estado inicial, completando a volta, alguns poucos minutos depois. Demorou a eles apenas 35 minutos para dizerem, finalmente, o que por meses tanto os sufocaram. Uma volta completa em uma atração turística, uma volta completa em tudo que sentiam um pelo outro. Com a porta da cabine se abrindo assim que eles se separaram levemente do último beijo que deram lá dentro, e Dylan saíram de mãos dadas, calmos, com sorrisos que podiam iluminar mais do que as luzes da cidade. Aquela era uma noite que não mais esqueceriam. Era um momento que os dois queriam guardar dentro de si para sempre e reviver como um filme que eles haviam decorado as falas.
Os amigos da onça - , Ben, , Lewis, e Tom - já não estavam mais lá e sequer deixaram um sinal de onde poderiam ter ido. Haviam cumprido, finalmente, a missão Desembucha Dylan e, assim que colocaram na cabine, já não cabia mais a eles o que aconteceria. Era o momento de Dylan agir e estavam torcendo por ele. Se bem os conheciam, deveriam ter ido comemorar a vitória de terem formado mais um casal em algum lugar próximo e só dariam sinal de vida no dia seguinte, com milhares de perguntas e centenas de brincadeiras sobre o caso.
Assim, sozinhos pela noite de Londres e curtindo o primeiro dia de um sonho que seria realidade por muito tempo, achou conveniente irem para o apartamento onde ela estava hospedada. Teriam lá outra chance de ficar sozinhos, teriam uma nova oportunidade de aproveitar um ao outro e, quem sabe, talvez, de finalmente terminar o que foram interrompidos na noite anterior.
É tudo sobre você.
— Quanto tempo vocês acham que eles vão demorar para se resolver? — Lewis perguntou, assim que entraram no bar.
Como havia imaginado, os seis amigos tinham deixado a London Eye assim que colocaram, ou melhor dizendo, enfiaram, o casal dentro da roda gigante. Cedo demais para descansar, animados demais para ir embora, entediados demais para ficar em casa e com saudades demais do convívio uns com os outros, eles decidiram de última hora ir para algum lugar, onde pudessem conversar, beber, comer algo legal e colocar a conversa em dia. Esperavam que aquela noite terminasse tão bem quanto havia começado e, mais do que isso, esperavam poder celebrar o sucesso de terem conseguido juntar e Dylan, finalmente.
O clima frio de Londres espantou todas as possibilidades de fazer qualquer coisa ao ar livre e, agora que as notícias e polêmicas sobre eles estavam se amenizando, era melhor mesmo não darem sorte para o azar e se manterem quietos, mais reservados e sem chamar tanta atenção. Assim, por sugestão de , decidiram ir ao Artesian, o mesmo bar que a cineasta tinha ido com na semana anterior. também gostava de lá e era o lugar mais próximo conhecido, com drinks personalizados, boa qualidade na comida e no serviço e a tranquilidade que eles precisavam, para poder se divertir sem grandes incômodos ou comentários.
Lewis conseguiu uma reserva com uma ligação rápida e, se dividindo entre os carros de e Ben, foram para o lugar há 20 minutos de distância dali. Na mesa mais reservada do local, eles se espalharam, tirando seus casacos e os colocando nos encostos das cadeiras, enquanto observavam o local ao redor. O bar era bem elegante, tinha uma decoração tradicional inglesa e um ar bastante refinado. As luzes do ambiente eram baixas e amenas e, diferente dos pubs que eram mais badalados e cheio de jovens curtindo músicas animadas e modernas, ali estava com um movimento baixo e uma banda bem comportada de quatro membros trazia o melhor das músicas antigas ao vivo, ambientadas em um acústico gostoso de se ouvir enquanto conversavam.
Havia uma parte, mais ao canto e em lado oposto a banda, com uma bancada de frente ao bar mesmo, cheia de banquetas elegantes e uma parede em vidro onde as centenas de garrafas de bebidas podiam ser vistas. Com vasos de plantas e quadros espalhados pelo chão e pelas paredes, as mesas ocupavam o salão bem espaçado, distantes umas das outras, com suas cadeiras pesadas em madeira maciça e interinamente estofadas para serem mais confortáveis. Eram mais baixas para cobrir o tamanho das mesas e tinham pequenos vasos de flores, velas e um pequeno prato em metal para apoiar e descartar cigarros ao centro, para decorar e dar um ar ainda mais intimista.
Duas das quatro paredes do lugar tinham janelas enormes, retangulares, que iam quase do chão ao teto, com uma vista monumental da cidade ao redor. Alguns lustres gigantes e um tanto vitorianos estavam pendurados ao teto e os funcionários, muito simpáticos e discretos com a presença deles ali, vestiam roupas sociais. Apesar de ser considerado um dos melhores bares do mundo e uma visita obrigatória em Londres, talvez pelos preços absurdamente altos das bebidas e das pequenas porções que serviam para comer, o Artesian quase nunca era disputado a ponto de ficar lotado.
— Espero que não muito. — respondeu.
— Não sei não, aqueles dois ali conseguem ser um mais enrolado do que o outro. — brincou, vendo Lewis colocar o casaco dela no encosto de uma cadeira. — Aposto que vão perder a chance de novo.
— 100 libras que vão terminar a noite sem Dylan conseguir dizer uma só palavra. — Tom brincou, uma mão estava no bolso de sua calça, enquanto a outra segurava o casaco, sem saber onde deveria se sentar.
— Ah não, não é possível! — Lewis negou com a cabeça. — Aposto no Maze Runner, ele vai correr dessa vez, vou dar meu voto de confiança para ele. — O piloto, então, estendeu a mão para Tom, entrando na brincadeira. — 100 libras que ele vai conseguir.
— Feito. — Tom apertou a mão dele, fechando a aposta. — Amanhã cedo descobrimos o vencedor.
— Espero que demore menos do que isso, — Ben respondeu, puxando a cadeira para se sentar — porque eles têm 35 minutos até a roda gigante dar uma volta completa, então, até o final dessa noite já devemos saber o que rolou.
— Se não funcionar, não sei mais o que fazer com eles. — comentou, observando Ben se sentar ao lado dela, Tom do outro e Lewis a frente. se sentou ao lado do piloto, com Ben na frente dela e, propositalmente, deixaram se sentar de frente com Tom, do outro lado de Lewis.
— Se não funcionar, eu vou dizer para os dois o que eles sentem um pelo outro e colocar um fim nisso. — brincou impaciente, deixando sua bolsa de lado, em cima da mesa. — Quanta enrolação.
— São dois bananas, sempre digo! — Ben brincou, bufando, mas logo voltou a falar sério, refletindo alto. — É difícil para eles, veio de um relacionamento longo, com aquele cara folgado, e Dylan foi o cara que realmente conquistou ela, de alma assim.
— E ele se sente da mesma forma, mas se deixou levar pela amizade e tudo se perdeu. — completou, pensando no amigo. — É complicado organizar isso dentro de si, ainda mais quando você é amigo da pessoa por quem está apaixonado e não sabe o que vai rolar se assumir tudo o que sente em voz alta.
Como se tivessem combinado, e Tom de entreolharam por um único segundo, ao ouvir aquilo. Sabiam bem o que era sufocar os próprios sentimentos e sabiam bem o quanto era difícil assumir tudo em voz alta. Constrangidos por terem pego um ao outro encarando-se, eles logo desviaram os olhares até os amigos ao lado, prestando atenção na conversa outra vez.
— Mas continuar do jeito que está também não dá mais, não é? — desviou seu olhar até a carta de bebidas. — Eles podem acabar se magoando uma hora, precisam resolver isso logo.
— Bom, em 35 minutos vamos descobrir isso e, — Tom falou simpático, tentando afastar os pensamentos sobre que surgiram em sua mente, focando-se em outra coisa. — qualquer coisa, estamos reunidos e em tempo de pensar no plano b.
— E temos o maior dos românticos aqui, estamos seguros em ter boas ideias — Lewis cutucou Ben, que riu tímido.
— Falando nisso, a propósito, — chamou atenção dos demais amigos na mesa e, encarando e Ben com um sorrisinho curioso, ela apontou para eles. — E aí? Quando vão nos contar o que rolou? Porque não é por nada não, mas da última vez que vimos vocês juntos, estavam se evitando e se tratando com frieza.
— E agora estão aí, o casal mais fofinho do mundo. — completou a amiga, vendo o casal a frente rir baixo. — A gente já notou, então, é a deixa para vocês contarem o que está acontecendo.
Decidiram pedir as bebidas primeiro e, jogando uma conversa qualquer fora até que ficassem prontas, bastou o garçom deixar os copos e taças sobre a mesa, para que o assunto voltasse à tona. Tranquilo e um tanto tímido em alguns momentos, Ben contou os detalhes do que tinha acontecido no dia anterior. Contou como estava se sentindo mal por toda a confusão com a Jessie, como sentia saudades de e como vê-la no Sugar Rush, justamente sendo sua dupla, depois de algumas semanas em que se afastaram, reacendeu nele o sentimento bonito e urgente que querer ficar com ela outra vez.
Ele contou sobre Barry e como ficou incomodado com as investidas dele, o quanto aquilo o fez se sentir um idiota, que estava perdendo tempo e que estava perdendo a pessoa que amava, dando margem para que outras pessoas pudessem chegar e levar ela dele. E contou que, depois que deu a ideia de como Hamilton podia criar um espaço para contar finalmente o que sentia para , ele também pensou em algo. Lewis pareceu muito orgulhoso de si mesmo em saber que Ben tinha ouvido seu conselho, de desmentir os boatos com Jessie, e ficou feliz de ter ajudado o amigo tanto como ele o ajudou com .
E nesse momento da história, foi quem passou a contá-la. De toda armação de Ben, que Dylan, e Noah também foram envolvidos, de como ela estava se sentindo perdida e confusa com tudo que tinha acontecido até vê-lo naquela entrevista, dizendo todas aquelas coisas. comentou ter assistido a ela e disse que ficou tão empolgada diante da televisão, que parecia final de corrida em que Lewis estava prestes a vencer. , então, falou sobre a ideia de ir a National Gallery, comentou sobre aquele lado apaixonado por obras de arte e, em especial, por Van Gogh. Sem poupar detalhes, ela falou sobre sua chegada lá e falou sobre a coisa mais linda que viveu em sua vida quando entrou na sala já bem conhecida em que os quadros do artista e as centenas de girassóis estavam.
Nem ela nem Ben, contudo, disseram exatamente qual foi o discurso. Aquela era uma parte da história que seria deles e só deles, para sempre. Mas falaram sobre os paralelos da história deles com a arte e com os girassóis e Tom, emocionado com a delicadeza daquilo tudo, quase chorou. Aquilo tinha sido tão lindo e tão sensível, que só poderia ter vindo deles dois. Ao final da história, , Lewis, e Tom pareciam apaixonados por eles e tão verdadeiramente felizes pelos amigos terem se acertado, que pediram uma nova rodada de bebidas para brindar ao novo, mas nem tão novo assim, casal.
A conversa, então, passou por comentários sobre Barry e o que tinha acontecido na noite que saíram só os caras e foi para e Sebastian, que não mandaram notícias concretas nos grupos, nos últimos dias. Tom comentou com eles que havia feito um trabalho exaustivo para convencer Sebastian a ir a Milão, depois que entregou a Seb a preciosa informação de onde e o que estaria fazendo lá. A modelo tinha ido a Milão para ver a finalização da confecção dos figurinos da coleção nova dela, que eles deveriam usar na festa final do Sugar Rush, e não estava com muitos compromissos agendados. Depois de uma longa conversa com e sobre como estava se sentindo diante do exposed de e Tom e de como se sentia em relação ao novo convívio com Sebastian, disse que aproveitaria para descansar e colocar todas as ideias no lugar.
Mas , contudo, tinha sido mais rápida e tido a ideia de sugerir que Sebastian também fosse com ela. Sabendo da história deles em Milão, de como tudo começou, ela pensou que talvez pudessem recomeçar dali também. Terrivelmente animada com aquela sugestão, tratou logo de ligar para Seb e compartilhar fotos da agenda da modelo, cujos compromissos estavam escritos no painel que as três compartilhavam na sala de recepção do apartamento que dividiam em Londres. Tom entrou no rolo depois disso, quando Sebastian contou a ele a ideia das amigas. E, então, passou a insistir o quanto podia para que o amigo fosse.
Animados com tudo aquilo, eles se divertiam com cada um dos amigos na mesa contando uma parte daquela história, como se fossem peças de um quebra-cabeças que, sem combinar, tinham se encaixado perfeitamente. Lewis comentou com eles que emprestou seu jato particular para Seb, assim que sugeriu no grupo, o que ele não entendeu muito bem no momento, mas que agora fazia sentido para ele. Sem querer perder tempo com passagens áreas ou viagens longas de trem, Sebastian estava decidido a ir atrás de e, antes que pudesse pensar em desistir daquela ideia absurda, ele viajou, enfim, para Milão.
E foi só então que todos eles entenderam que talvez, só talvez, por culpa de uma articulação inesperada deles, mais uma vez, teriam mais um casal, finalmente resolvido, em breve. E por eles, por e Sebastian, veio uma nova rodada de drinks e um novo brinde.
Em certo momento da noite, ainda sem notícias de e Dylan e já há quase 2 horas desde que deixaram a roda gigante, Tom perguntou sobre Lewis e . Ele e Ben ainda não estavam sabendo o que tinha acontecido para o casal ter se resolvido. Estavam tão focados em Dylan e em fazer o plano da London Eye dar certo, que Hamilton não conseguiu contar aquela novidade para eles, como havia feito com as meninas, no carro mais cedo, a caminho da roda gigante. E, mais uma vez naquela noite, foi ela quem contou aquela história, tão feliz que parecia que iria explodir. Lewis a cortava às vezes, para fazer comentários ou alguma piadinha e os amigos riam e reagiam a história com emoção e um pouco de empolgação demais pelo álcool que já fazia efeito.
A noite seguiu tranquila e amigável, entre as bebidas que vinham em sequência, as risadas, as histórias e as fofocas que tinham que contar, daquelas duas semanas que ficaram longe do programa e uns do outros. O clima entre eles era divertido, leve e, em momentos diferentes da noite, cada um deles se pegou pensando no quanto gostava daquilo, daquelas amizades, e no quanto fizeram falta naquele curto tempo que se separaram. Sugar Rush tinha sido uma experiência intensa, imersiva em muitos sentidos, mas, acima de tudo, um presente para todos eles naquele natal.
Em certo momento, contudo, uma versão acústica e muito bonita de Stand by Me (Ben E. King) começou a ser cantada pelo cantor do bar, do outro lado onde estavam, e preencheu o ambiente do mesmo jeito que preencheu o coração dos seis ali: com gentileza, com calma e trazendo um conforto e uma animação tão bons, que foi irresistível. Ben pegou a pequena flor que enfeitava o meio da mesa onde estavam e, tirando levemente a água de seu talo, a estendeu para , ao seu lado, que sorriu e a aceitou. No momento seguinte, ele sussurrou charmoso um convite breve para que ela fosse dançar com ele. sorriu abertamente e aceitou a mão dele, do mesmo jeito que aceitou a flor.
— A gente se sente até mal perto do Ben. — Tom murmurou brincando, tomando um novo gole de seu uísque.
— Fica difícil competir com o cara. — Lewis concordou no mesmo tom, vendo Ben e rirem para eles, já em pé, de mãos dadas, enquanto colocavam-se de frente um para o outro.
— Faz alguma coisa, então, criatura! — o empurrou levemente com o ombro, em direção a , que riu baixo.
— Você aceita dançar comigo, linda donzela? — Lewis estendeu a mão para ela, mais ou menos como Ben tinha feito. — Por favor, aceite. — ele logo pediu, apontando com o queixo para o outro casal em pé, que parecia já focado cem por cento em si mesmos. Ben tinha as mãos na cintura de e sussurrava a música no ouvido dela, enquanto ela mantinha as mãos nos ombros dele, sorrindo com tanta ternura que parecia derreter. — Olha como eles são românticos, não vamos deixar barato.
Os amigos na mesa observaram o casal em pé, dançando juntos, abraçados e claramente apaixonados um pelo outro. A bonita liberdade de se poder expressar o que sentiam, sem mais amarras ou sem pressões, sem terem qualquer dúvidas do amor. deixou um sorriso aberto sair, feliz pelos amigos, e virando-se novamente para Lewis, aceitou a mão dele. Soltando uma risada baixa da pequena comemoração que o piloto fez, ela permitiu-se levantar-se e ser puxada por ele até mais perto do onde e Ben estavam. O casal os recepcionou alegres por terem companhia naquele momento e, do mesmo modo que estavam abraçados, curtindo a música em pequenos passos de um lado a outro e aproveitando o momento como se fosse único, eles também fizeram.
cantava a letra da música para Lewis do mesmo modo que Ben fazia para e, vez ou outra, eles quatro se encaravam e soltavam risadas baixas. Não sabia quando e se teriam algum dia oportunidade de compartilhar um momento como aquele novamente, estavam dispostos a aproveitar o máximo que podiam, a permitir-se serem conduzidos pelos sentimentos do momento, pelas emoções que transbordavam. Algumas outras pessoas que curtiam o bar e funcionários, vez ou outra, os olhavam, curiosos em ver quem eram e mais curiosos ainda em reparar que estavam em casais. Não podiam saber se eram só amigos dançando juntos ou se, de fato, algo mais estava acontecendo, mas, entre uma música e outra, às teorias silenciosas e curiosas puderam ser confirmadas, conforme e Ben e e Lewis trocavam carinhos e beijos rápidos e afetuosos.
Sentados na mesa, deixados ali, e Tom observavam os amigos e, de vez em quando, se olhavam, quando sabiam que um ou outro não estava olhando. Aquele não era o cenário ideal para nenhum deles, mas o que mais poderiam fazer? Estavam em casais e era inevitável que, em certos momentos, os amigos se fechassem entre si para aproveitar minimamente a sós a noite. não sabia o que deveria fazer e Tom estava tão imerso em seus próprios pensamentos que não conseguia nem se mover direito em sua cadeira. Desde que tinha a visto chegar na London Eye, mais cedo, junto com as meninas, ele se sentiu perdido.
Não achava que ela estaria ali, em sua mente estava superando tudo o que acontecia na dela, quieta e reclusa, sem querer mais ter contato com qualquer um deles senão Lewis, por estar hospedada na casa dele. Depois da breve visita do piloto em sua casa, para recolher os pertences de , Tom acreditou que ela se esforçaria o máximo possível para evitá-lo. Se manter longe talvez fosse o recurso mais seguro de garantir que nenhuma nova discussão ou desconforto entre eles acontecesse e ele conhecia o suficiente para saber que ela não ficaria quieta, caso se sentisse ameaçada de alguma forma.
Tom não tinha cogitado a possibilidade de se encontrar com ela e, por isso, sequer anteviu qualquer comportamento ou assunto que pudesse puxar. Ele aceitou o convite de Ben para participar de toda a mobilização que uniria Dylan e depois de alguma insistência dele e de Lewis, que pegaram pesado no fato de ele estar trancado em casa há semanas, sem ter ânimo de sair nem para ir ao supermercado. Sebastian tinha viajado no dia anterior e ele não tinha nada a fazer, senão ler seus livros, ver filmes ou ficar preso na solidão e nas saudades de seus pensamentos. Tom estava triste. A tristeza de um término de relacionamento como nenhum outro, uma tristeza aguda, incômoda, que ele não achou que sentiria e que só parecia piorar a cada dia que se passava, sem notícias, sem conversas, sem sentir .
E ali estava ela. Linda como sempre, com os olhos que ele amava, com o jeito firme de ser, lutando para segurar em si mesma tudo o que estava sentindo de ver ele bem diante de si. Ela vestia uma blusa fina de mangas compridas e gola alta marsala, uma mini saia com um xadrez pequeno, bege, preta e branca, com uma meia calça preta por baixo. O casaco branco, que cobria toda sua roupa, contrastava com o batom vinho e sua bolsa preta combinava com as botas de cano curto e salto alto. estava ainda com o colar que ele havia dado a ela de aniversário e que ela pareceu sequer notar que o carregava em seu pescoço naquela noite, tamanha a causalidade de mostrar o que dela era dele. Talvez algo ainda fosse, afinal. Mas Tom não teve esperanças naquela noite. Não, porque os olhos apaixonados de não se firmavam mais nos dele, porque ela parecia desconfortável com a postura fixa e ereta, porque as palavras, que antes preenchiam o ambiente quando os outros amigos estavam por perto, sumiram, desapareceram, assim que souberam que seria só para ele.
Tom pensou em perguntar como ela estava. Ele queria ouvir dela a história de como foram aqueles dias que se passaram, queria saber dela como estava indo. Ele queria se desculpar. Pelas coisas que disse quando a notícia sobre o contrato estourou, pelo jeito que reagiu, pela exposição e pela desconfiança. Tinha ficado tão desconcertado naquele dia, naquele momento, que perdeu completamente a razão. Saiu de si, atordoado pelas emoções que sentiu, pelo exagero de achar que tudo estava absurdamente perdido para ele dali em diante. E não estava sendo nem metade do que a ansiedade o fez achar que seria. Estava errado, ele deveria ter feito diferente, mas talvez já fosse tarde demais.
, por sua vez, estava sendo simpática e casual desde o momento em que se encontraram diante da roda gigante. O cumprimentou rapidamente com um abraço leve, assim como fez com Ben, e ignorou completamente o bendito cheiro cítrico dele que ela tanto amava, a primeira e mais direta impressão que tinha de Tom. E bastou a ela ter consciência daquilo, daquele cheiro, para sua mente começar com a enxurrada de memórias que tinha com Tom, para seu corpo pulsar e esquentar, para a saudade dominá-la como um furacão. Ela se lembrou da primeira vez em que ele a levou até a London Eye, aquela exata roda gigante que tinham enfiado e Dylan dentro. Se lembrava que também tinha sido a noite e que Tom tinha feito confusão com a reserva e os levou no dia errado.
De última hora, ele conseguiu alugar um barco pelo Tâmisa, ela se lembrava. A recordação feliz de uma das noites mais bonitas que já teve com ele. se lembrou que estavam apenas os dois na atração turística e que Tom programou um jantar para eles. A vista linda de Londres fora, passando às margens do rio a noite, toda iluminada, só perdia para o brilho dos olhos de Tom e foi lá que eles perceberam que o contrato era só uma mera formalidade. Aquela foi também a noite que, depois do jantar e de horas no passeio de barco, eles dormiram juntos pela primeira vez. Tom foi uma surpresa bonita. Foi uma casualidade tranquila, feita aquela noite, foi as emoções de uma vida que adentram pela madrugada.
sentia saudades dele. E, apesar de não assumir aquilo para ninguém, deixando seu orgulho gritar acima de qualquer outro sentimento, ela se pegou observando as fotos que tinha com ele, se pegou lendo notícias antigas na internet, que falavam dos dois juntos, se pegou vendo entrevistas dele que ela era citada. sentia falta de algo que ela sequer sabia dizer se era real e aquilo a estava atormentando. Algumas noites, ela chorava e pensava em mandar uma mensagem para ele ou ligar. Em outras, se lembrava de cada palavra que ele havia dito a ela, quando brigaram. A rispidez e o descuido da desconfiança, os olhos que antes a amavam pareciam tão acusatórios, era assustador. Um Tom que ela não sabia lidar, calado, frio, distante. Um Tom que ela queria trazer para si novamente a qualquer custo.
E tinha sido fácil esconder até ali. Estavam fisicamente separados todos aqueles dias, sem ter qualquer tipo de contato e o tempo os estava curando ao passo que suas agências se esforçavam em resolver o problema. Mas tê-lo encontrado ali foi bastante diferente do que ela esperava. E, de fato, esperava que ele estivesse junto, assim que soube que outros amigos estavam envolvidos. A mesma desculpa que serviu a ela, de sair de casa de rever o pessoal, também serviria a ele e, embora estivesse focada em se manter feliz, sorridente, falante e brincalhona naquela noite, seu coração parecia se quebrar a cada segundo que procurava por algo que trouxesse a atenção de Tom para si e não conseguir encontrar nada.
Talvez ela devesse perguntar se ele estava bem. Saber como foram aqueles dias, se tinha participado de mais algum encontro ou reunião com sua agência. Talvez deveria comentar da entrevista de Ben no dia anterior e como depois dela as notícias sobre eles dois se amenizaram drasticamente. Talvez devesse se desculpar. Por ter sido reativa, por não ter se colocado no lugar dele, por ter tentado ser tão racional que o emocional se corrompeu, se perdeu. Mas nada parecia o suficiente para aquele momento. E conforme as músicas passavam, e os dois casais de amigos não voltavam para mesa, tudo ficava ligeiramente mais desconfortável.
movimentou-se levemente em sua cadeira, pegando sua bolsa de cima da mesa para buscar por seu celular. Talvez mandar uma mensagem para ou ver o que acontecia nas redes sociais pudesse aliviar minimamente a confusão e a sensação terrível de solidão que sentia naquele momento. Tom, contudo, sentiu um desespero repentino tomar conta de si. Por um segundo, olhando pelo rabo de olho pegar sua bolsa, ele achou que ela estava prestes a ir embora. Tão desconfortável com a presença dele, com a companhia fria dele, que ela havia se cansado de ficar ali.
Depois de tantos dias sem vê-la e sem notícias dela, depois de ela nem sequer ter ido pessoalmente buscar suas coisas na casa dele, Tom desesperou-se com aquele gesto mínimo. Já estava se sentindo péssimo por ter feito o que fez, já estava carregando em seu peito toda a culpa e toda a saudade que alguém poderia carregar no mundo, ele não podia piorar ainda mais as coisas. Não podia deixar que ela fosse embora. Não daquela forma, não porque estava desconfortável com o silêncio ou triste de assistir suas amigas dançarem e não ser ela ali também. Não podia deixar ir, porque perdê-la uma vez já tinha sido o bastante para ele.
— Você já vai embora? — Tom perguntou limpando a garganta, tentando ser o mais casual possível.
— Não… — sorriu receosa com a pergunta, sem saber ao certo se ele estava sugerindo que ela fosse embora ou se estava preocupado com aquilo. — Só não aguentava mais ficar em silêncio, precisava tirar os meus olhos daqueles ali. — ela apontou com o queixo para onde os dois casais ainda dançavam.
— Se alguém chegar perto deles, acho que fica grudado, de tanto mel que aqueles quatro têm. — Tom acompanhou o olhar dela, vendo Lewis virar e a abraçar por trás, seguindo o ritmo calmo da versão acústica de Stay (Rihanna ft. Mikky Ekko) que tocava e tirando uma risada dela.
— Mas até que eles são bonitinhos, não são? — encolheu os ombros, fofa. — Lewis parece até um homem de verdade perto da . — a cineasta olhou para o casal dançando lentamente na pista, tirando uma risada de Tom.
— Se o Ben sorrir mais um pouquinho, vou conseguir ver os seus molares daqui. — Tom entrou na brincadeira, assistindo o amigo sorrindo abertamente de algo que lhe falava, enquanto dançavam. — O cara não consegue parar de sorrir.
— Ele está apaixonado, a gente tem que dar um desconto — pegou sua taça e tomou um gole longe de sua bebida. — Pelo menos, para alguma coisa o programa serviu.
— E para conhecer a Adele e o Coldplay também. — Tom tentou desconversar, não sabia se aquela era a hora ideal para tocarem em assuntos mais delicados. — Quem diria que o Sugar Rush formaria casais?
— É… — deixou sua taça de volta à mesa a sua frente, ao lado de seu celular e desviou seu olhar até o ex. — casais de verdade, você quis dizer. — Ela, então, suspirou e, talvez pela coragem que o álcool já a estava dando naquela altura da noite, completou: — Desculpe, Tom, mas não vou conseguir fingir a noite inteira que nada aconteceu e sei que você também não.
— Não sabia se essa era a hora ou o lugar certo para isso, — Tom rebateu em um tom de voz baixo, enquanto tomava um novo gole do uísque. — e nem se você queria falar sobre isso.
— Acho que já passou da hora de nós dois, sozinhos, falarmos sobre isso. — a cineasta lançou, seus olhos presos no dele pela primeira vez na noite.
— No fundo, só não queria estragar a sua noite — Tom desviou seu olhar do dela por um momento, umedecendo os lábios com a língua.
— Você não estragaria a minha noite se tentasse ao menos conversar comigo. Sei que muito do que tivemos foi baseado na porra daquele contrato, mas nós também vivemos várias coisas boas juntos, Tom — colocou os dois braços sobre a mesa — O mínimo que esperava, depois de um pedido de desculpas, era que você tentasse se aproximar, mas você não faz nada.
— Estou verdadeiramente envergonhado, . Mais do que aquela primeira vez que nos vimos. — Tom mal conseguia manter os olhos nos dela, seu rosto levemente vermelho pelo constrangimento e, talvez, pelo álcool — Essa é a primeira vez que saio de casa desde que a bomba estourou.
— Nada disso justifica o fato de você ter sumido — falou sem rodeios, ajeitando seus cabelos. Um movimento tão simples, mas que chamou atenção de Tom para ela outra vez. Talvez tudo fosse mais fácil se ela não fosse tão bonita.
— Vou tentar ser o mais sincero possível com você, está bem? — ele a olhou sério, girando o copo de vidro com a mão, sobre a mesa entre eles — Primeiramente, antes de tudo, quero te pedir as minhas singelas desculpas, você não merecia ter ouvido nada do que ouviu naquela tarde e eu sei que só piorei tudo quando desconfiei de você e fiz todos te colocarem como alvo da situação. — Tom fez uma pausa, escolhendo as palavras com calma e serenidade. Seus olhos ora desciam até o copo, ora voltavam até a mulher. — Nós dois entramos nisso juntos, foi desonesto, desleal e covarde da minha parte achar que você se viraria contra mim, sua vida, sua carreira, estavam ainda mais em jogo do que a minha. Mas na hora não consegui enxergar isso, só pensei no quanto estava exposto no meio dessa merda toda.
— Você foi egoísta. — direta, soltou, mas logo recuou, sem querer piorar aquilo tudo ainda mais, sem querer estragar a noite — Entendo o quanto isso te abalou, Tom, mas eu também estava imersa nesse lixo todo, você parece que não pensou em mim nem por um minuto.
Tom queria sumir. Verdadeiramente sumir dali. Se antes estava com receio de ir embora, agora, depois daqueles dez minutos que pareceram anos, era ele quem queria ir embora. Se pudesse, cavaria o chão e se afundaria nele, sumiria da frente e da vida de . Mas parte dele o segurou ali. O manteve sentado na cadeira, olhando o copo de vidro com dois dedos do uísque mais caro que tinham naquele bar, tão amargurado quanto a bebida. Sua mente estava dividida em ser racional e aceitar que tinham terminado tudo, que já não havia mais jeito para eles. Outra parte dela, a que o mantinha ali, estava dominada pela ideia de, ao menos, estar perto de outra vez. Precisava pensar em algo, precisava arrumar um jeito de, ao menos, tentar mostrar para ela o que sentia, tentar dizer com clareza o que por um ano não conseguiu, fazê-la sentir, perceber, que ele estava ali por ela e por nada nem ninguém mais.
— Eu realmente não quero ser a pessoa que fica remoendo tudo e colocando a culpa em uma pessoa só, Tom. — quebrou o breve silêncio entre eles, entendendo a reação de Tom como ninguém mais poderia. Ele estava abalado com tudo aquilo, estava claramente triste e envergonhado e ela sentia muito por terem chegado naquele ponto. — Mas, naquela noite, depois que a notícia vazou, e depois de meses, eu achei que não fosse capaz de sequer levantar de novo — ela suspirou, desviando seus olhos dos dele, que se levantaram novamente para ela — e eu não podia contar com a única pessoa que entendia completamente o que eu estava sentindo.
— Me diz, então, — Tom a encarou tão intensamente que se sentiu levemente tímida. A voz grave e silenciosa dele, pareceu mais assertiva, mais séria, como se tivesse acabado de tomar uma nova decisão — o que eu posso fazer para tentar reconquistar, ao menos um pouco, da sua confiança e tentar mostrar que eu estou aqui disponível para enfrentarmos isso juntos?
sentiu seu coração parar de bater por um instante, sua respiração falhar. Apesar de estar insistindo no tema e estar totalmente aberta, transparente, com seus sentimentos naquele momento, ela não esperava por aquilo. Não esperava que Tom fosse se mostrar tão vulnerável e não esperava que ele estivesse disposto a fazer qualquer coisa por ela, porque, no fundo, não achava que ela ainda fizesse sentido para ele. Ela pensou. Por alguns instantes, que para Tom pareceram torturantes, ela pensou no que deveria responder.
— Eu não sei, — ela começou dizendo, vendo os olhos de Tom ficarem confusos, mas logo se clarearem — mas não estamos no lugar certo para isso e a primeira coisa que você tem que fazer, que a gente precisa fazer, agora, é dar um tempo de tudo isso — sorriu triste, cansada — A gente realmente precisa conversar e não vai ser aqui. Não desse jeito também. Precisamos colocar as ideias no lugar e entender o que está acontecendo.
— Tudo bem — ele concordou simplesmente.
— Fico feliz de ter te visto hoje, Tom — ela comentou sincera, vendo os olhos deles brilharem por um segundo, com aquela informação — Mas, acho que já deu para mim, por hoje. Não sei se consigo ver por mais tempo esses quatro elevando a minha glicose com tanto doce.
Tom riu levemente do jeitinho um tanto incisivo de e virou seu olhar na direção onde os dois outros casais estavam. Já ficando cansados de dançar, os quatro conversavam animados, ainda sendo abraçada por trás por Lewis, dando passinhos lentos de um lado a outro no ritmo da música, enquanto estava sentada no meio das pernas de Ben, que estava apoiado em uma banqueta alta, de frente com o outro casal. A atriz segurava uma taça coupette, com marguerita dentro, sendo acompanhada por , enquanto Ben a abraçava e ria alto, junto com Lewis, do assunto que conversavam.
— Também já queria ir embora, mas o único problema é que vim de carona com o torrão de açúcar mor. — Tom respondeu, apontando para Benjamin. riu fraco, puxando sua bolsa e pegando seu celular em cima da mesa. — Então, acho que vou ter que ficar e esperar mais um pouco.
— Estou com um carro de Lewis, posso te levar para casa, se quiser. — A mulher ofereceu, tentando ser casual, mas seu coração bateu acelerado só de pensar naquela ideia — Depois eles se viram para ir embora com Ben.
— Se não for te incomodar, — Tom sorriu triste, vendo negar com a cabeça — acho que aceito.
— Sem problemas.
Tom recolheu sua carteira, celular e a chave de sua casa de cima da mesa e, deixando algumas notas de cinquenta libras jogadas ali, para contribuir com a conta que ele certamente não precisava pagar, seguiu até a saída do bar. O casal foi pelo lado oposto onde estavam os outros quatro amigos, tentando ao máximo evitar de passar por perto ou chamar atenção deles. Não estavam a fim de lidar com questionamentos ou com brincadeiras que insinuariam qualquer coisa sobre eles estarem indo embora juntos, só queriam sair dali. Naquele momento da noite, já deveriam estar com todos os ânimos aguçados demais pelo álcool e cheios de graça, era melhor sair rápido e evitar qualquer contato.
, contudo, foi até a mesa pegar seu celular para tirar algumas fotos com os amigos no exato momento em que e Tom a haviam deixado. Confusa de não mais os ver sentados ali, enquanto fuçava sua bolsa em busca do aparelho, ela olhou ao redor e viu os dois caminhando lado a lado, alguns bons passos de distância, em silêncio, para fora do lugar. O clima entre eles estava nitidamente estranho a noite toda e mais estranho ainda era vê-los saírem juntos. , sem dizer nada e um tanto apressada, gesticulou para os amigos alguns passos atrás de si, chamando atenção deles para a cena que assistia. , Ben e Lewis se entreolharam confusos, sem entender o que acontecia entre e Tom, mas não emitiram qualquer opinião. torcia muito para que eles também se acertassem, Ben se perguntava como poderia ajudá-los e Lewis desejava que não saísse daquela noite ainda mais magoada com a situação toda com Tom.
O ator não morava tão perto dali, mas o pouco movimento pelas ruas naquele horário contribuiu para que a corrida até a casa dele fosse mais rápida do que o de costume. O silêncio instalado no carro era bastante ensurdecedor para eles dois e deixava o clima congelante de fora ainda mais frio lá dentro. Nem nem Tom tinham o que dizer. Presos nas emoções do momento, refletindo sobre a única e breve conversa que tinham tido no bar, eles não conseguiam externalizar mais nada. Estavam cansados e confusos, era melhor que ficassem quietos, ao menos não piorariam nada entre eles. sabia o caminho da casa de Tom de cor e nem sequer sobre onde virar ou qual rua seguir eles precisavam conversar.
Tentando amenizar o clima no carro, alguns minutos depois dirigindo pelas ruas pouco iluminadas e desertas da cidade, decidiu ligar o rádio. E se arrependeu no mesmo segundo, ao notar a música que tocava. Uma de suas preferidas, sem dúvidas, uma daquelas que aflorava seu lado mais adolescente, All About You do McFly começava, a pegando de um jeito tão avassalador, que ela nunca imaginou. firmou suas mãos no volante, respirando fundo. No banco do passageiro, a sua esquerda, Tom engoliu em seco, sem querer reparar na música e em sua letra, na música que ele sabia que ela amava.
O relógio do rádio acoplado ao painel do veículo marcava meia noite e só então Tom reparou que os faróis do carro estavam desligados. estava tão imersa em si mesma que não estava sequer prestando atenção em mais nada ao seu redor, em mais nada do que fazia. Seus olhos selvagens pareciam presos na estrada à frente, mas Tom sabia que não estavam. Estavam atentos aos pensamentos que tinha, as imagens dele que sua mente projetava sem parar nem por um só segundo. O perfume cítrico de Tom inundava o carro como se eles estivessem em um campo de laranjas e ele estava tão perto dela, que era impossível não reparar. Sua camiseta branca aparecendo quando ele se mexia minimamente para tirar o casaco que vestia por cima, os cabelos mais compridos que despertavam paixão nela sendo ajeitados para trás. Já fazia tempo que ela não ouvia falar dele, fazia tempo que não o via e seu corpo gritava por ele, um grito abafado, censurado, pela postura firme e pelos olhos que se mantinham a frente.
Os olhos de Tom, contudo, não conseguiam manter-se à frente e voltavam a ela sempre que podiam voltar. A melodia calma da música foi tomando eles até o ponto que Tom queria pedir que ela parasse aquele carro e que eles pudessem sair na rua, abaixo da neve de começava a cair fina e tranquila, para que pudesse dançar. Queria dizer, assim como a música dizia, que era tudo sobre ela, que sempre tinha sido desde o dia em que a viu chegar no parque para o piquenique que fizeram pela primeira vez, que sempre seria. Sempre seria tudo sobre ela. Por que não estava sendo naquele momento? E por que parecia, então, que não seria nunca mais?
virou a última quadra antes de chegar na casa dele, perdida no silêncio. A rádio iniciou um comercial qualquer assim que a música terminou de tocar e ela o desligou impaciente. Nada parecia contribuir para eles naquele dia, nada parecia ajudá-los. Talvez não tenha sido uma boa ideia ela ter oferecido carona para Tom, talvez não tenha sido uma boa ideia ele ter aceitado. Tom a assistiu estacionar o carro na entrada de sua casa e respirou fundo. Se não soube o que dizer o caminho todo até ali, agora que pararam e que a atenção de voltou-se, novamente, para ele, ele sabia menos ainda.
— Obrigado pela carona — ele limpou a garganta suavemente.
— Sem problemas — ela sorriu cabisbaixa, notando que ele sequer se moveu, como se não tivesse intenção de deixar o carro. Tom não queria ter que se despedir, não queria ter que entrar em casa sem ela junto, não queria que ela fosse embora. Mas, igualmente, sabia que ela não tinha mais motivos para ficar. Estava com receio de não vê-la mais tão cedo, de não se falar mais nos próximos tempos. Precisava de uma certeza, de qualquer uma que fosse, de que ela realmente daria a chance dele se redimir alguma hora.
— Posso te perguntar algo? — virando-se levemente de lado no banco, para que ficasse de frente com ela, Tom a encarou. Sua voz baixa e grave causou um arrepio leve em , que se colocou na mesma posição que ele.
— Claro.
— Por que você não veio buscar suas coisas em casa? — ele perguntou triste. A frase sugerindo que a casa também era dela cortou o coração de em mil pedaços.
— Porque eu não aguentaria te ver — ela respondeu sincera, sem hesitar — e não suportaria ver que nada mais da gente é… — ela fez uma pausa e, em um sussurro, completou — real.
— Foi real para você… algum dia?
sabia exatamente onde ele queria chegar com aquela pergunta. A pergunta que deveria ter sido feita antes, a resposta que eles dois deveriam ter dado a ela, um para o outro, juntos. Tom queria saber o que ela também queria, o que ela quis todos aqueles meses desde que começaram a se relacionar para além do contrato. Eles eram reais? Eles tinham algo que não fosse casual ou que fosse fora das páginas incontáveis de estratégias publicitárias? O quanto do amor deles era real, afinal? Ela sorriu triste, desviando seu olhar do dele por um segundo.
— Foi — respondeu calmamente, sentindo seu coração acelerar — Ainda é.
Tom deixou um sorriso sincero abrir em seu rosto. A confirmação que ele precisava para seguir, para insistir nela, neles dois, estava ali. Estava no fato de tudo que viveram ter feito tanto sentido para quanto fazia para ele. No fato de, talvez, ainda fazer algum sentido para ela. Sem que precisasse de mais nada naquele momento, Tom aproximou-se um pouco mais dela, seus olhos cravados nos de enquanto colocava, delicada e carinhosamente, uma pequena mecha do cabelo dela atrás da orelha, para que pudesse ver melhor seu rosto.
— Você sempre foi real para mim, — ele disse baixinho.
— E como sabe disso? — levemente surpresa, tentando assegurar-se das palavras que ouviu, ela perguntou tão baixo que quase não podia ser ouvida.
— Porque eu não… — Tom sussurrou, os olhos presos aos de — não consigo parar de pensar em você.
— Eu já passei por isso algumas vezes também — sorrindo com o comentário, assumiu sincera.
Impulsionado pela confissão do momento e pela vontade que sentia dela, pela falta que o fazia, Tom chegou a levar seu corpo um pouco mais para frente. Sua mão no rosto de enquanto a dela foi, calmamente, para a perna dele, apoiando-se ali para chegar com seu corpo mais perto do dele. Nenhum dos dois sabia se aquilo era mesmo o melhor a ser feito e nem o que seria deles depois que, uma vez mais, se beijassem. Mas não se importavam. Não naquele momento. Tudo o que queriam era sentir um ao outro, era ter a sensação boa de se pertencer, a segurança de saber que o outro também correspondia a tudo o que sentiam, o calor gostoso dos toques e do amor que os atingia.
Tom entrelaçou seus dedos pelos fios de cabelo soltos no pescoço de e seus narizes já se encostavam lentamente, quando tudo perdeu-se. O barulho alto de uma chamada chegando no celular de Tom os atrapalhou e o estrondo os assustou, fazendo-os se separarem rapidamente. Um em cada canto do carro, desviando os olhares, que antes estavam presos um no outro, para lugares opostos, constrangidos, inseguros, incertos do que acontecia ali, do que acontecia com eles. O telefone de Tom tocava insistentemente até ele, bufando irritado, tirá-lo do bolso de sua calça e o atender, sem sequer ver quem o estava ligando aquelas horas.
— Quero 100 libras na minha conta agora, deus da mentira — Lewis gritou animado, assim que ouviu a chamada ser atendida.
— Da trapaça — foi possível ouvir o corrigir ao fundo.
— O quê? — Tom respondeu confuso — Do que você está falando?
— Do casamento da rainha Elizabeth — Lewis ironizou, em sua voz era possível perceber que o álcool já tinha começado a fazer efeito.
— Cara, é sério. Não estou entendendo nada — Tom soltou uma risada leve, olhando ao lado o encarar curiosa. Pelo volume do áudio do telefone e os gritos que saíam dele, ela reconheceu a voz de Lewis do outro lado.
— Estou falando de Mylan, Tom. Não é óbvio? — Lewis revirou os olhos do outro lado, sem entender porque Tom parecia tão confuso.
— Mylan? — Tom repetiu a palavra, demorando alguns segundos para entender o que ela queria dizer — Lewis, quanto você já bebeu?
— O suficiente para saber que você é um vovô e não entende de referências jovens — Lewis falou alto e gargalhadas puderam ser ouvidas ao fundo do telefonema — Dylan e finalmente aconteceu — ele celebrou gritando — Eu avisei que o Maze Runner ia botar para ferver.
— Só acredito vendo, não vou te mandar 100 libras a toa — Tom riu, vendo sorrir no banco do motorista, satisfeita em imaginar que a missão de mais cedo tinha, enfim, dado certo.
estava escutando atentamente a conversa entre Tom e Lewis, sem entender praticamente nada da comunicação deles. Parecia que estavam falando línguas diferentes, já que o ator ao seu lado demorou muito para entender o que o amigo dizia ao telefone e Lewis, por sua vez, parecia gritar mais do que o comum. Apesar disso, de toda esta confusão, ela teve apenas uma certeza: amava poder ver, de perto, o brilho dos olhos azuis que era apaixonada, o jeito que seus olhos diminuiam quando ele sorria e o som ameno de sua risada. Ali, na pouco luz e no ambiente fechado do automóvel, o cheiro e a face de Tom ganhavam ainda mais destaque, à invadindo cada vez mais, quebrando o muro que ela vinha construindo contra ele, contra o jeito britânico dele e, principalmente, contra tudo o que sentia por ele.
— Você não acredita na minha palavra? — Lewis fingiu estar ofendido, frisando as palavras — Estou decepcionado com você, Tom.
— Para ser sincero, eu acredito na sua palavra quando você está sóbrio, o que, claramente, não está acontecendo neste momento — o ator rebateu entre risadas, negando com a cabeça. Não estava mesmo acreditando que Lewis o tinha ligado, naquela hora, naquele momento, para falar sobre isso.
— Pedi para os meus assessores e eles estão te enviando uma imagem que comprova o que estou dizendo. Por favor, cheque seu Instagram, boa noite — Lewis pareceu finalizar a chamada, mas antes que pudesse efetivamente desligá-la, ele completou mas sério dessa vez: — E espera, antes de desligar, Tom, vou te fazer um único pedido: tente não machucar a de novo.
Tom não teve tempo de responder aquilo porque, assim que o recado foi dado, Lewis desligou a chamada. Sabia o quanto o piloto era amigo e preocupado com , sabia que ele a protegia como podia e que estava sendo o porto seguro dela nesses tempos turbulentos. Tom entendia qual era o seu lugar naquele caos todo e entendia que Lewis o visse com receio porque, se estivesse no lugar dele, faria o mesmo por quem ele amava. Sem mais tempo para pensar naquilo, em poucos segundos, uma notificação de chegou no celular de Tom, pelo Instagram. A atriz havia lhe mandado uma imagem e uma mensagem, como Lewis disse que eles fariam. Na fotografia, Dylan estava sem camisa, deitado no que parecia ser um sofá com o rosto amassado e os cabelos bagunçados. O flash estourado da foto deixava a pele dele ainda mais branca e ele tinha uma careta no rosto, como se tivesse sido pego de surpresa, como se tivesse acabado de acordar pelo flash do celular que o fotografou. Tom gargalhou alto da imagem e, já imaginando o que acontecia, leu a mensagem que veio com ela.
: Para você entender um pouco melhor o que está acontecendo, Tom.
Este é o sofá do apartamento que estou dividindo com e .
E, bom, ela que enviou a foto, isso significa que os dois estão juntos - finalmente.
Se o Dylan está sem camisa, provavelmente, ela também deve estar.
Boa noite,
xx
Tom soltou uma nova risada alta da mensagem de . Tinha realmente demorado para entender o assunto sobre o qual Lewis estava falando, mas culpou toda sua confusão ao momento que a ligação interrompeu. O ator estava ocupado demais pensando em e achando que mataria a saudade dela, de seus lábios, do seu toque, quando o aparelho tocou. Precisou de alguns segundos para raciocinar, para se acalmar. Não podia negar, ele estava muito feliz por Dylan, mas, principalmente, por . Depois da conversa que teve com ela no show da Adele, viu na escritora uma pessoa íntegra, sincera com seus sentimentos e muito amigável. Soube que podia confiar na mulher, por ela ter guardado seu segredo a sete chaves, como se fosse dela, e que podia contar com ela para o que precisasse. estava sempre com um sorriso no rosto, animada e tentando arrancar risadas dos amigos. Merecia sorrir também em sua vida. Merecia mesmo ser feliz.
E Tom não podia estar mais contente naquela noite, porque via que Lewis e Ben também haviam conseguido se resolver com as mulheres que amavam. Apesar de fazer piadinhas e os cutucar quando podia, o ator sentia-se genuinamente feliz por todos eles. Amava aquele clima poético e sentimental, aquela sensação de que o romance estava, de fato, no ar. Estava orgulhoso de si mesmo por ter ajudado os amigos a chegarem até aquele ponto e feliz por eles estarem felizes. Ainda que se conhecessem a pouco tempo, era como se tivessem se tornado uma grande família.
O ator, enfim, virou seu celular para , mostrando a ela a mensagem e a imagem que havia compartilhado com ele. A mulher, no primeiro momento, gargalhou alto, mas logo se ajeitou no banco do carro, recompondo-se. e Dylan eram, de longe, o casal mais palhaço daquele grupo e se qualquer um deles pudesse aprender algo com os dois, certamente seria a levar a vida com mais diversão e leveza.
— O que aconteceu com o cabelo do Dylan? — perguntou risonha.
— Acho que ele não estava muito preparado para ser fotografado — Tom respondeu rindo, dando uma nova olhada naquela foto, pensando se deveria pedir para Lewis fazer uma figurinha daquilo depois.
— Aposto que a deu um chá daqueles nele, deixou o coitado até tonto — brincou sugestiva, mas logo completou — Bom, é verdade que ele sempre sai com essa cara nas fotos. Como foi que o Ben chamou eles hoje mesmo?
— Bananas — o sotaque charmoso de Tom conseguia deixar até uma palavra daquelas bonita e elegante de ser ouvida.
— Isso, bananas! Dylan sempre sai, nas fotos, com essa cara de bananão dele — a mulher refletiu algo, soltando uma risada ao final. Tom teve que concordar, ela tinha razão.
— Não queria dizer nada, mas acho que o banana está aproveitando bem a noite.
— Disso eu não posso discordar — concordou com a cabeça — Hoje, ele merece um desconto, está dormindo com uma gostosa.
— Como será que ele se declarou? — Tom estava genuinamente curioso. Lembrava-se das vezes que conservaram sobre aquele assunto e sobre como Dylan parecia receoso em assumir o que sentia para . Se nem sob pressão, no dia que o fizeram interromper o encontro das garotas, ele havia conseguido, o que será que ele tinha feito naquela noite?
— Não tenho nenhuma ideia — a cineasta pensou algo, fazendo um biquinho — Mas tenho certeza que ele não recitou nenhum verso de William Shakespeare, como você fez.
Tom fixou os olhos nos dela, sem saber se devia tentar novamente investir, para ver se conseguia se aproximar dela, ou se tinha feito tentativas demais por uma noite. Estava receoso e a ligação quebrou o clima que os dois tinham criado. Não culpava Lewis por aquilo. Pelo contrário, o piloto apenas queria dividir a boa notícia com ele. Queria fazê-lo se sentir parte do grupo de novo, já que o ator havia se afastado bastante dos outros oito participantes, mantendo somente Sebastian com contato direto com ele, e queria, no fundo, garantir que ele e não estavam em pé de guerra.
Já , por sua vez, não sabia se conseguiria ficar muito tempo olhando para Tom sem fazer ou falar nada, tinha sentido muita saudade dele. Mas bebeu o suficiente para entender que, talvez, aquele não fosse o momento ideal para tentarem uma aproximação maior, sem antes conversar sobre tudo que estava acontecendo entre os dois, sem antes resolver o que quer que tivessem que resolver, aquele caos todo. Ela precisava pensar, precisava organizar melhor o que sentia e precisava de novos sinais, como o que ele havia dado naquela noite, de que tudo o que ele sentia por ela, por eles, também era real.
— Preciso ir — quebrou o breve silêncio — Está ficando tarde e, você sabe, a casa de Lewis fica do outro lado da cidade.
— Claro, claro, ele mora bem longe mesmo — Tom concordou baixo, sorrindo cabisbaixo — Obrigada pela carona, de novo.
— Imagina — ela encolheu os ombros, só então percebendo que os faróis do carro estavam desligados, ela os acendeu — Amei poder usar mais do carro chique que “roubei” do Lewis.
— Ele é realmente muito bonito — Tom comentou, vestindo de volta seu casaco — Aposto que Lewis tem vários desses na garagem.
— 21 veículos, contando com um jatinho particular, para ser exata e não sei para que essa coleção enorme, sendo que ele é um só — gesticulava irônica — Pilotos da Mercedes têm muitos privilégios.
— MEU DEUS, VINTE E UM? — o ator exasperou surpreso.
— Exatamente isso que você ouviu, ele tem várias dessas belezinhas na garagem — , então, fez uma breve pausa, ponderando se deveria mesmo dizer aquilo e achou oportuno. Quebrar minimamente a tensão no momento e da presença um do outro poderia ser bom para eles afinal. — E, para você saber, Tom, eu desculpo você por ter sido um babaca aquele dia, mas acho que vou demorar um pouco para me acostumar com a ideia de que você não esteve comigo quando eu mais precisei.
— Nós podemos marcar algum dia para conversar? — ele perguntou baixo, a olhando nos olhos. Tinha certa insegurança em sua voz.
— Acho que nós precisamos dessa conversa — concordou silenciosa — Vamos ver como vai funcionar a possível volta do programa e aí marcamos a data, o que você acha?
— Por mim, perfeito — Tom deixou um sorriso triste abrir-se uma última vez para ela naquela noite e, sem mais segurá-la ali, deixou o veículo.
Com o rádio novamente ligado, os primeiros acordes de Snowman (Sia) podiam ser ouvidos por , enquanto ela acompanhava atentamente Tom se afastar, até passar pela entrada de sua casa. Os dois trocaram acenos breves antes que ele sumisse por de trás da grande e escura porta da casa. A cineasta voltou, enfim, a dirigir pelas iluminadas e largas ruas de Londres e, com mais calma do que antes, teve tempo de pensar em como havia se sentido após ver o ex-namorado e, mais do que isso, no pequeno avanço que pareciam ter tido depois da singela conversa. Ainda assim, era como se um buraco nela ficasse mais aparente depois de se afastar dele. Estava acostumada a fazer muitas coisas com Tom, seu cotidiano estava atrelado ao dele e era difícil quebrar aquele vínculo.
Sentia saudades dos jantares que faziam juntos, dos cafés da manhã na cama, das noites que passavam acordados mais interessados em outras coisas do que em dormir. E não poder sequer vê-lo mais naqueles dias era terrivelmente doloroso. Mas talvez ainda houvesse uma chance para eles. Talvez o clima natalino pudesse mudar aquilo também, afinal era a época dos recomeços e das reconciliações.
demorou cerca de uma hora para chegar e, percebendo que ainda estava sozinha na mansão de Lewis, seguiu direto para seu quarto. Ele e ainda deviam estar no bar, com e Ben, e, pelo jeito, não voltaria tão cedo. deitou-se em sua cama confortável depois de sair do banho, cansada por aquela noite e por todos os sentimentos que afloraram nela. Tentou ver algo na televisão que a pudesse distrair, mas os filmes de romance e de drama que coincidentemente passavam naquela madrugada não ajudavam muito a melhorar o clima. Impaciente, ela desligou a televisão e decidiu ver se poderia se distrair de alguma forma com suas redes sociais e foi a melhor ideia possível. A mídia estava eufórica com alguns vídeos de e Ben cantando uma versão acústica de Señorita (Camila Cabello ft. Shawn Mendes) no bar que foram naquela noite, com apoio da banda que estava ao vivo lá. Os dois cantores estavam sentados em banquetas altas e cantavam em dueto, tão felizes, afinados e alinhados, que pareciam que tinham saído aquela noite para isso.
A euforia dos comentários e das manchetes aumentava, contudo, porque em partes dos vídeos, filmados em diferentes ângulos por outros presentes no bar e por funcionários discretos, apareciam Lewis e dançando juntos, perto de onde Ben e cantavam. A enxurrada de especulações não demorou dez minutos depois das notícias para começar.
@Justjared: “ e Ben Barnes cantam ao vivo em um dos bares mais caros de Londres e são prestigiados pelo piloto Lewis Hamilton e pela atriz . Imagens sugerem que, mais uma vez, e Lewis estão juntos e a novidade, Ben e , parece se firmar depois de entrevista dada pelo ator, em que assume estar apaixonado por alguém”.
@huffpost: “Chega de rumores: Ben Barnes, , Lewis Hamilton e saem no que parece uma encontro de casais pela noite de Londres e não poupam diversão. Assista aos vídeos”.
@bbcnews: “Do calor do Caribe ao frio de Londres: Veja a trajetória do love affair mais milionário do mundo - Lewis Hamilton, e os dez indícios de que estão, mesmo, namorando”.
@buzzfeednews: “Listamos os 20 motivos pelos quais acreditamos que e Ben Barnes são um casal - talvez o mais quente do momento”.
gargalhou das notícias e dos vídeos que assistiu dos amigos, parando um segundo para fazer o teste “Quem é você na polêmica do Sugar Rush?”, vendo o resultado sair , “a que vai escrever um romance de sucesso sobre o todo o caso do programa”. parou para pensar por um segundo sobre como sua vida tinha mudado naquelas semanas em Londres, sobre como foi bom ter encontrado aquelas pessoas e sobre como estava criando, com eles todos, laços de amizade e de carinho que faziam diferença para ela. Pela primeira vez em alguns dias de tristeza e de solidão, depois de tudo que aconteceu, se sentiu ligeiramente feliz por estar onde estava e cercada daquelas pessoas.
Ela, então, decidiu compartilhar o link do teste que encontrou sem querer no grupo de mensagens onde os dez participantes do Sugar Rush estavam. E, assim que o fez, viu a mensagem que tinha deixado mais cedo, horas antes, com uma foto temporária de Sebastian na porta de um restaurante, fazendo uma pose.
A legenda: “Eu ODEIO vocês por isso. Mas também AMO vocês por isso”.
L'amore di Milano.
— Buongiorno para a mulher mais linda do mundo — Sebastian entrou feliz, segurando uma bandeja enorme de prata em suas mãos, com o café da manhã disposto dela. se sentou na cama, deixando o celular de lado e riu fofa. O homem estava usando apenas um roupão branco, fechado em sua cintura, e literalmente nada abaixo dele.
— Buongiorno — a modelo estendeu os braços para ele, recebendo um beijinho rápido dele, enquanto a bandeja com o café da manhã era apoiada sobre a cama.
— O dia está muito bonito lá fora — Sebastian comentou e, sem aviso prévio, abriu as longas cortinas — Nós podíamos sair para dar uma volta, se você quiser.
— Quero sim — a modelo concordou, dando uma olhada no que comeria primeiro — Mas antes quero ficar um pouco mais deitada nessa cama enorme com o meu gostoso do lado.
— Sou seu gostoso, agora?
— A está chamando Ben de neneco, você deveria ficar feliz com o apelido que te dei — brincou, vendo o homem rir do apelido e se jogar de volta na cama ao lado dela.
— Meu Deus, e Ben são realmente um casal, com tudo que isso tem direito — Sebastian arregalou os olhos, brincando, pegando um dos croissants na bandeja — Sugar Rush é um programa de relacionamentos e nós temos provas disso.
— Para você ver, mas era óbvio que eles iam ficar juntos, Ben só tinha olhos para ela. Era engraçado e muito fofo ver o jeito que ele ficava focado nela enquanto eles cozinhavam — comendo algumas das frutas que estavam em uma pequena travessa, a modelo observou.
— E ela claramente se esforçando em fingir que não via — Seb riu — Eles são amáveis juntos, mas o que mais me deixa surpreso nisso tudo é o fato de Lewis ter sido o primeiro a se declarar e a fazer as coisas acontecerem com .
— Porque você fica surpreso? — o olhou morder o croissant e, depois de algumas mastigadas, ele respondeu:
— Bom, Lewis, de nós cinco, era o mais evasivo quando o assunto era relacionamentos. Vivia reafirmando que ele e tinham uma relação casual e que estavam seguros daquela forma, que não era momento para oficializar, etc.
— Acho que tudo, no fundo, era um teatro para ele se proteger — pensou alto, servindo-se do café — É mais fácil negar e evitar do que apostar em algo que pode não dar certo. Lewis tem isso, né? De ter que ter segurança em tudo o que faz.
— Sim, ele não parece gostar de arriscar muito, você tem razão — Sebastian deu um beijinho no ombro descoberto dela — Agora, o único que precisa fazer alguma coisa logo é o Dylan.
— E ELE FEZ, não está sabendo, não? — a mulher praticamente gritou e riu alto da cara de surpresa de Sebastian — As meninas disseram no grupo alguma coisa sobre Dylan ter se declarado para na London Eye.
— Na London Eye? Que história é essa? — Sebastian riu alto, impressionado.
— O que vocês conversam no grupo dos caras que você ainda não ficou sabendo disso? — a modelo levantou uma sobrancelha.
— Estava ocupado demais com outras coisas, não consegui acompanhar os fofoqueiros de plantão — sorrindo charmoso, Sebastian respondeu — Me conta logo.
— Ok, não sei direito também, só li por cima — deu de ombros — Mas parece que alguém teve a ideia de trancar os dois dentro da London Eye e, enquanto a roda gigante deu uma volta completa, Dylan se declarou — ela riu leve, vendo Seb gargalhar. Aquilo era a cara de e Dylan. — Ele perdeu tantas chances e depois da última vez, ninguém mais apostava que ele ia ter coragem de jogar a real em . Ai ele vai, se tranca com ela dentro de uma roda gigante, e faz o que todo mundo estava esperando que ele fizesse, finalmente.
— Ah, nós temos que dar um desconto, para o Teen Wolf — Sebastian chamou o amigo pelo apelido que Lewis havia dado para ele, tirando uma nova risada de , que seguia comendo.
— Desconto, para mim, é só o de loja, Sebastian — ela revirou os olhos, impaciente — Dylan perdeu tempo demais, isso sim.
— De fato, mas agora a operação Desembucha Dylan funcionou, tudo está resolvido.
— Operação Desembucha Dylan? — franziu a testa, confusa com aquele nome — De onde você tirou isso?
— Esse segredo eu não posso contar, princesa — Sebastian sorriu de lado, charmoso — Mas a gente podia fazer algo bem mais divertido do que ficar falando do Dylan agora, não é?
— Estamos tomando café da manhã agora, lindo — o olhando sugestiva, ela apontou para a cama cheia de itens de café da manhã ao redor deles. O ator riu e deu novos beijos rápidos nela, espalhados pelo rosto, pescoço e ombros.
— Mas era sobre isso mesmo que estava falando — ele respondeu baixo e, então, deixou um novo beijo no ouvido de — O que achou que era?
— O que a gente estava fazendo antes de você sair para pegar o café da manhã na porta.
Sebastian não conseguiu segurar a risada do jeitinho meigo e objetivo dela. era, sempre tinha sido, e talvez sempre seria, como nenhuma outra. Uma mulher decidida, forte, determinada, focada, responsável e muito atraente. Tinha um charme sedutor, um mistério que demorou a ele muito tempo para desvendar e um carisma que o conquistou nos primeiros contatos que tiveram. Sebastian sentiu falta daqueles meses que ficaram separados. Sentiu falta de absolutamente tudo dela. Da rotina, de acordarem juntos, dos cafés da manhã na cama, como aquele. Das viagens que faziam, das noites que compartilhavam, das festas que atendiam e das conversas longas que pareciam se reconhecer um no outro, como se tivessem se conhecendo pela primeira vez todos os dias. despertava nele o que ninguém nunca conseguiu despertar. Um lado bom, tranquilo, amoroso e muito intenso, um tanto insaciável.
Tomando um novo gole de seu café, Sebastian pensou que deveria agradecer Tom, , e Lewis mais tarde. Se não fosse pela ajuda e pela insistência deles, talvez, ele não teria tido coragem o suficiente para recomeçar.
— No que está pensando? — perguntou, encarando Sebastian com o olhar perdido na janela afora, tomando seu café em um breve silêncio.
— Em você — charmoso, ele se virou para ela, tirando-lhe um beijo rápido.
— O gato é galanteador agora — ela brincou, puxando seu celular de cima da cama para ver o horário — Meu Deus! — arregalou os olhos, tentando se desfazer do edredom branco da cama — Estou mega atrasada.
— Atrasada para o que? — ele levantou as sobrancelhas, confuso.
— Preciso ir ver a última prova das roupas que vamos levar de volta para Londres, que vamos usar no último desafio do Sugar Rush, — correndo pelo quarto de um lado a outro, sentido ao banheiro, falava alto — que, no caso, começou há vinte minutos atrás.
— A marca não é sua? Como eles começam sem você? — Sebastian se afundou um pouco mais na cama, ainda comendo.
— Pois é, eles não devem ter começado. E por isso mesmo devem estar irritados, me xingando de todo e qualquer nome possível em italiano, e…
Sebastian já não conseguia mais ouvir o que ela dizia, porque o barulho alto do chuveiro recém aberto e a distância entre os cômodos o impedia. Mas ele tinha certeza de que ela resmungava sobre ter que se arrumar com pressa. Ele estava com preguiça de sair naquela manhã e não iria atrasar ainda mais , por isso, decidiu ficar no hotel, descansando, enquanto trabalhava. Ela teria um longo dia pela frente, fazendo o que mais amava fazer e Sebastian sabia que aquele era um tempo e um espaço essenciais para ela. Podia ficar no hotel, ver alguns filmes, ir para academia, pegar uma piscina, dormir de tarde e inventar alguma coisa para fazer com ela de noite.
se apressou em ir tomar banho e, do mesmo jeito, se trocou e correu para o atelier. Atrasos não eram bem tolerados para a maioria das pessoas do mundo, mas os europeus, em especial, se irritavam muito com aquele tipo de comportamento. Profissional e responsável como só era, ela pareceu desesperada e um tanto triste consigo mesma, mas bastou a ela entrar no carro que a levaria até o local das provas e começar a ver o cenário ao redor, por onde passava, para sua mente se acalmar. O atraso, naquele dia em especial, tinha nome e sobrenome, os olhos mais lindos do mundo e o sabor que nenhum gelato daquele país poderia ter.
Sebastian tinha sido uma surpresa na vida de . Apareceu repentinamente, chegou de mansinho e mudou o rumo de sua história para sempre. Com a mesma intensidade que chegou, ele havia ido embora, mas, igualmente, ressurgiu como uma surpresa. Parado no hall de entrada do hotel onde ela estava hospedada, pouco mais de uma semana atrás, Sebastian a esperava voltar do atelier, sem pressa e sem vergonha alguma de ter ido de Londres a Milão atrás dela. Tinha movido mundos e fundos para chegar até ali e se lembrava dele contando para ela, enquanto jantavam na noite anterior, exatamente como foi.
❤❤❤
Como tipicamente acontecia em Londres, a chuva caía lá fora. Da larga janela da sala de Tom, Sebastian estava com seu olhar fixo em um casal sorridente que corria das gotas da garoa, de mãos dadas, apressando seus passos na rua. O silêncio dentro da casa era evidente, as poucas luzes no ambiente deixavam o cômodo mais acolhedor. Sebastian estava hospedado na casa do amigo já fazia praticamente uma semana e ainda que se oferecesse para conversar com Tom, ele percebia as fugas de assunto do amigo quando se tratava de , do contrato ou do reality show. Cansado de insistir para que ele se abrisse, Sebastian preferiu deixar que ele puxasse o assunto quando estivesse pronto para enfrentar aquilo.
A polêmica do contato não só atingiu a relação de e Tom, mas afetou todos os participantes do programa de alguma maneira. Todos foram expostos e tiveram seus nomes jogados em diversas mentiras, todos foram postos a prova, foram contestados e Sebastian sentia-se em um eterno looping no qual a mídia controlava sua vida. Ele não queria mais aquilo. Já tinha perdido sua liberdade, sua privacidade, sua autonomia e o amor da sua vida. vinha em seus pensamentos, os olhos magoados da mulher ao saber que tinham sido postos no reality para serem o “casal problema” a abalou, assim como a ele. Sebastian, contudo, sabia o quanto a modelo estava cansada de ser apenas rotulada como uma âncora, como se sua carreira estivesse sempre sendo escorada por alguém, como se ela fosse, uma vez mais, uma mera acompanhante dele. Com a explosão das informações, o ator pode senti-la reviver o título de namorada ou, no caso, de ex-namorada, o troféu que ela tanto fugiu e que a forçou a abdicar do que verdadeiramente sentia.
— Se estivesse tocando Bon Jovi, eu apostaria que você está fingindo que está em um clipe — Tom entrou na sala, despertando a atenção de Sebastian.
— Veja só quem saiu da caverna — Sebastian olhou o amigo, rindo leve da cara de sono, um tanto inchado e amarrotado, dele — Como você está?
— Pelo que posso ver no seu rosto, um pouco melhor do que você — Tom deixou um tapinha no ombro do amigo, enquanto passava por ele, rumo à cozinha.
— A chuva me deixa pensativo — o outro homem deu de ombros.
— Bom, se você morasse em Londres, só viveria nessa melancolia — tirando uma caneca de dentro de um dos armários, Tom respondeu — Só chove o tempo inteiro.
— Por isso, vivo do outro lado do pacifico, meu amigo — Sebastian riu com ele, observando-o colocar água para ferver. Pelo horário, Tom certamente estava prestes a tomar um chá.
— Quer conversar sobre o que está passando na sua cabeça? — Tom encarou o amigo aproximar-se.
— Só se você falar o que está passando pela sua também — Sebastian se sentou em um dos bancos da cozinha — Sem fugas, dessa vez.
— Vou fazer um chá para gente — Tom desconversou, sua atenção em cima da água que fervia.
— Tom? — Sebastian o chamou sério — Estou falando sério, só vou me abrir com você, se você fizer o mesmo comigo. — Seb insistiu e parou por um momento, mas na ausência de resposta do amigo, voltou a dizer: — Você precisa falar, cara, precisa colocar para fora o que está te consumindo ou não vai aguentar viver assim por muito tempo.
— Tudo bem, Seb, — suspirando, Tom se deu por vencido — acho que já passou da hora de falarmos sobre isso.
Sebastian sabia que não era fácil fazer Tom falar. Quando o amigo criava suas barreiras quase ninguém conseguia burlá-las, mas ele não podia e não iria desistir fácil. O ator se ofereceu justamente para ir ficar com o amigo, porque nenhuma outra pessoa do reality era próxima de Tom como ele, exceto por - que não era mais uma opção. Tom precisava de alguém que confiasse verdadeiramente, há bastante tempo, para ter perto. Precisava ter alguém para compartilhar suas inseguranças, medos e anseios perante a sua situação, um ombro em quem poderia chorar e passar os dias até tudo parecer minimamente mais amigável.
Tom esperou que a água fervesse e, pegando duas canecas em um dos armários, as serviu com o líquido fervente. Tinha pego o costume de tomar chá pela tarde de sua mãe, Diana, e quando estava lá com ele, era o momento do dia que tiravam para conversar e se concentrar apenas um no outro. Estava sendo difícil passar os dias sem ela. Difícil perceber que estava em cada canto daquela casa, difícil cair em consciência de que ela já não mais o acompanharia pelos chás da tarde. Sebastian o assistiu deixar uma das canecas em sua frente, enquanto ele se sentava com outra do outro lado da bancada, de frente para o amigo. A caixa com diferentes tipos de chá estava no meio deles e Tom não demorou a escolher o sabor que tomariam: de óleo de bergamota, o seu favorito. O silêncio tomou conta da casa novamente e não fossem pelas colheres batendo na porcelana das canecas e o barulho de Tom colocando um pingo de leite em seu chá, nada parecia interromper aquele devaneio eterno que Tom parecia ter entrado.
— Já pode começar a falar, Tom, estamos há cinco minutos mergulhando o sachê do chá na água, em eterno silêncio — Sebastian quebrou o silêncio.
— Preciso de um tempo, é difícil falar — soprando seu chá, Tom respondeu.
— Olha, sei que é complicado falar, mas, já faz mais de uma semana que você simplesmente se trancou dentro do quarto e faz apenas uma refeição por dia — Sebastian bebericou seu chá — Quando me propus a vir para cá, não foi para ficar sozinho olhando para as janelas. Quero te ajudar, você sabe disso.
— Eu sei, Seb! Agradeço muito a você por isso, de verdade. Pode não parecer, mas você já tem me ajudado muito — Tom parou por um breve momento, reflexivo — E eu também sabia que uma hora ou outra a história do contrato poderia vazar — ele continuou dizendo, entre um gole e outro de seu chá — Quando assinei o documento estava ciente, como estou agora, de todas as consequências. Mas, não imaginei que além de mim e , vocês oito também estariam metidos nessa porcaria toda.
— Não estamos envolvidos nisso por culpa sua ou de — Sebastian o cortou, negando com a cabeça. Não importava quantas vezes dissessem aquilo para Tom, ele nunca se convencia.
— Mas parece que a culpa é minha, pelo menos eu sinto como se fosse — o inglês rebateu, respirando fundo. Seus olhos iam da caneca a sua frente para o amigo — Nunca foi minha intenção envolver vocês e, até mesmo, nessa exposição toda, as mentiras que estão sendo distorcidas passaram de todos os limites. Me sinto exposto para várias pessoas que não me conhecem verdadeiramente e não sei como me livrar disso mais.
— Tom, primeiramente: assinou o contrato junto com você, ninguém a forçou e ela sabia dos riscos. Tenho certeza, pelo pouco que a conheço, que ninguém seria capaz de persuadir ou mandar naquela mulher. — Sebastian o encarou, falando sério e calmamente — Portanto, quando assumiu os riscos do documento, ela sabia das consequências, do que podia dar errado e dos benefícios futuros que poderia ter — ele, então, deu um gole em seu chá — Depois: nós oito aceitamos também ser expostos em um reality show, apesar de não sabermos de toda a sujeira dos bastidores. Nós escolhemos estar no Sugar Rush. Ninguém queria estar envolvido nessa polêmica, mas continuar puxando a culpa por tudo para si mesmo, não vai ajudar e nem fazer nada passar. É clichê, mas você precisa enfrentar essa porra toda de frente, principalmente, conversando com , porque o mínimo que ela merece é um pedido de desculpas seu. E o resto, aos poucos, vai se resolvendo.
O silêncio entre eles reinou novamente. Sebastian sabia que tinha sido um pouco duro em suas palavras. Não queria ser impaciente nem insensível, mas estava cansado de ver Tom de um canto para o outro da casa apático, sem esboçar nenhuma reação ou mostrar sinais de melhora. Estava abatido, estava preso naquela situação como se a revivesse todos os dias, estava se matando mental e fisicamente de tanta solidão e tristeza. Tinha que deixar um pouco de ser tão emocional e tentar ver aquela situação pelo lado racional. Já estava feito. E já tinham pessoas trabalhando para resolver o problema. Agora era a vez dele começar a organizar a casa e seguir em frente.
— Quem diria que logo eu estaria dando sermão no cara mais sábio que eu conheço — uma vez mais, Sebastian quebrou o silêncio.
— Ótima tática, Sebastian — Tom riu sem graça — Primeiro o sermão e depois o elogio.
— Fez você pensar? — tomando um novo gole do chá, o amigo perguntou, o encarando com as sobrancelhas levantadas.
— Sim — Tom deu de ombros. Sabia que precisava levar um balde de água fria como aquele para começar a reagir.
— Então, funcionou — Sebastian riu e logo emendou: — Nem precisa me agradecer. Você sabe que eu te amo, cara, mas ultimamente você tem agido como um personagem bem conhecido por nós dois, que guarda todas as mágoas para si e vive cem por cento de sua vida preso num passado que não pode mais voltar.
— Você está citando seu próprio personagem? — Tom gargalhou. Sebastian era tão apaixonado por Bucky, seu personagem na franquia da Marvel, que dava um jeito de usar ele para tudo.
— Vou fazer o que se minha autoestima é alta? — Sebastian deu de ombros, sem segurar o sorriso — Precisava descontrair a conversa, antes que você me mandasse embora e eu não tivesse para onde ir.
— Que engraçado que você é, Sebastian — o inglês revirou os olhos — Mas, mudando de assunto, já que fui obrigado a ouvir uma palestra na minha própria casa, vamos falar de você. — Tom apontou para o amigo, com a colher que segurava para misturar o chá — Quero saber o porquê você estava melancólico mais cedo.
— Você ainda pergunta? — Soltando uma risada amarga, Sebastiano encarou — A minha melancolia tem nome, sobrenome e sabe se vestir como ninguém.
— ?
— Exatamente, Tom. — Seb suspirou, descendo seu olhar até a caneca. Nunca teve problemas em assumir seus sentimentos e em se abrir com seus amigos e Tom, de longe, era um dos melhores que tinha para conversar sobre a vida e seus relacionamentos — Ela é o motivo da minha melancolia. Ainda não sei como me sinto em estar perto dela de novo, não sei — ele fez uma pausa, pensativo — E essa bomba do contrato me fez pensar muito sobre o nosso término. Sobre como ela se sentia exposta em estar comigo e como a mídia a transformou em uma namorada enfeite e eu não fiz nada — Sebastian fez uma nova pausa, amargurando as próprias palavras, sentindo a dor de dizer aquilo em voz alta — absolutamente nada.
Ele conhecia . Ele se apaixonou por aquela . A independente, a inteligente, a ousada, a que corre atrás de seus sonhos, a que se impõe, a que rouba atenção por onde passa, a que trabalha duro e que almeja chegar cada vez mais alto. Era aquela a sua . E o que ele fez, afinal? O lado mais notável e mais forte dela era tão evidente para ele, sempre foi, e quanto tinha que ter olhado para ele, Sebastian ficou cego. Estava imerso no contexto machista do mundo do entretenimento, cego as notícias que sempre traziam o nome dele primeiro, que sempre colocavam como que o acompanhava, que estava atrás dele, que o suportava como uma base. Durante o tempo que passaram juntos, aos olhos da mídia, ela nunca tinha sido alguém que caminhou ao lado dele, nunca tinha alguém que corria em seu paralelo e que construía tanto quanto ele. Era a do Sebastian Stan. Era a modelo que se promovia com base em um ator, a mulher bonita que servia de acessório ao galã cobiçado de Hollywood.
Como ele nunca percebeu? havia alertado ele de como se sentia em relação aquelas questões, havia lido as manchetes de seu ponto de vista, havia conversado dezenas de vezes com ele sobre aquilo. Sebastian entendeu o contexto. E aceitou se tornarem um casal mais fechado, mais privado. Sem tantas exposições públicas, podiam evitar aquele tipo de comentário e por mais esforços que ele fizesse para inverter aquela imagem que pintaram dela, parecia que nada era suficiente. foi se afastando dele, como se Sebastian fosse o centro de todo seu problema, como se a culpa fosse dele. Foi repelindo o próprio namorado tentando evitar se sentir secundária e diminuída e quando percebeu já era tarde demais. Talvez eles devessem ter sido mais claros um com o outro, sobre o que sentiam. Talvez ele tivesse que ter visto melhor a situação do ponto de vista dela e talvez ela pudesse ter tido um pouco mais de paciência em entender o lado dele.
Duas pessoas, dois erros, o egoísmo. Mas já era tarde demais agora.
Ao menos era o que Sebastian pensava, até se meter em um reality show. O cachê era bom e ele estava em alta naquele ano. Tinha estrelado uma série, estava gravando outra. Tinha filmes e mais filmes vindo em 2022 e uma aparição a mais daria a ele ainda mais oportunidades de ser visto e de vender seu trabalho. Ele nunca imaginaria encontrar no Sugar Rush. E menos ainda, ser, justamente, a dupla dela. Aquilo foi confuso e doloroso de uma forma que ele sequer imaginava. continuava linda, estava radiante, no auge de sua fama, com sua marca prestes a estrelar dentro de um programa de televisão. Ela era o momento. Sempre tinha sido para ele, e Sebastian só se perguntava a todo segundo que a via no programa o que foi que ele perdeu. Não deveria ter agido como agiu, não deveria ter deixado ir.
— Acho que a resposta que você precisa dar a si mesmo, cara, é se ainda vale a pena insistir nela — Tom apoiou seus cotovelos na mesa, à frente. Os olhos perdidos e silenciosos de Sebastian subiram até os seus — O que aconteceu, ficou para trás. Vocês se separaram, tiveram tempo para pensar e para entender o que aconteceu.
— Mas não tem como simplesmente apagar esse episódio e seguir em frente — Seb negou com a cabeça, tomando um novo gole do chá.
— E ninguém está te pedindo para fazer isso, irmão — Tom sorriu carinhoso — Mas o primeiro passo está feito, você já está assumindo para si mesmo qual é o problema. Sabe que errou e sabe que ela também teve a parcela de culpa dela nisso tudo — Sebastian parecia digerir cada palavra do amigo. Era importante para ele ter aquele ponto de vista, de alguém que conhecia ele e e que tinha um olhar de fora. A insegurança toda que sentia em relação a era assustadora para Sebastian e ele, muitas vezes, não sabia mais o que fazer — Ela se deixou abater pela mídia e descontou em você algo que estava fora do seu controle. Ela sabe que errou. Mas vocês estão juntos agora. Estão ganhando uma nova chance de resolver o lance todo.
— Tentei conversar com ela nesses dias todos em que estamos aqui, as coisas têm melhorado entre a gente, mas nada é claro para mim ainda — Seb bebeu o último gole de seu chá, reflexivo com as palavras do amigo.
— Sabe de uma coisa que eu acredito? — Tom o olhou cuidadoso, vendo-o sinalizar com a cabeça para que continuasse dizendo — Que nada na vida é por acaso. Vocês estão juntos agora. E se ainda te valer a pena insistir nela, em vocês dois, vai, cara. Não perde mais tempo.
— Eu não sei, Tom, não consigo saber o que ela quer — ele tinha uma expressão confusa, um tanto desgostosa com o assunto. Tom sentia muito em ver o amigo daquela forma, não era o Sebastian que ele costumava ser quando estava com ela.
— E vamos supor que ela não te queira mais, qual é a pior coisa que pode te acontecer tentando? — usando da técnica de ser racional, ele perguntou friamente. Sebastian pensou por um momento, até respondeu:
— Ela me jogar um par de Bottega Veneta na cara?
— Pois é — Tom riu levemente, pegando sua caneca — e vocês continuam separados como já estão hoje. Você não tem mais nada a perder com ela, Seb.
Sebastian sabia que ele tinha razão. Só não sabia ainda o que exatamente deveria fazer. Demorou um tempo considerável para conseguir conquistar da primeira vez, reconquistá-la parecia uma tarefa quase impossível. Por outro lado, uma parte dele se apegava à última conversa a sós que tiveram, no bar do hotel enquanto ainda estavam gravando o programa. tinha dado um sinal verde, tinha se mostrado aberta a ele, ao fato de terem se reencontrado e de trabalharem juntos agora. Ela se lembrou da camisa que ele vestia quando se viram a primeira vez e em momento algum o ignorou ou o destratou. Por outro lado, ela estava sendo educada, carinhosa e bastante atenciosa com ele. Tinha até feito um comentário de entrelinhas no desafio do Coldplay e feito a torta preferida dele. Talvez, só talvez, no fundo, também queria que ele insistisse nela tanto quanto ele queria insistir. Talvez, só talvez, ela ainda o amasse e sentisse falta dele, tanto quanto ele ainda a amava e sentia a falta dela.
A solução para aquele problema, o detalhe que faltava, a faísca que começou o incêndio, aconteceu alguns dias depois daquela conversa com Tom. Sebastian tinha acabado de voltar do supermercado, quando recebeu uma mensagem de , em um grupo recém criado onde também estavam e Tom. Sem entender do que exatamente aquilo se tratava, Sebastian não teve sequer tempo de perguntar, porque às mensagens que leu a seguir clarearam suas ideias:
: Gosto de bancar o cupido.
Por isso, aproveite, Sebby, chegou a sua hora de ser flechado.
Ouvi por aí que Milão, além de ser a cidade da moda,
também é o próximo destino de .
E pode ser o local de novos encontros, o que você me diz?
Hospedada no mesmo apartamento que e , havia conversado com elas, colocado seu coração para fora, alguns dias depois de mudarem para lá. Estava limpando os álbuns de seu celular e acabou encontrando algumas dezenas de fotos que tinha com Sebastian e que nunca teve coragem de se desfazer. Tomada por um misto de tristeza e de saudades, um pouco de culpa e de solidão, ela não conseguiu guardar para si mesma tudo o que aquelas imagens a fizeram sentir. chorou naquela tarde como se pudesse tirar de dentro de si tudo o que sentia em relação ao que aconteceu com Sebastian. Toda a pressão que aguentou da mídia, todo o sufoco de não ser compreendida, toda a briga que tiveram pelo mesmo assunto, toda a saudade que sentia dele, todos os erros que cometeu com ela se afastando, mantendo-o longe dela. Chorou por tê-lo perdido, chorou por tê-lo reencontrado e chorou por não saber mais o que deveria fazer.
Queria ter menos medo e menos receios de se abrir, de aceitar que ainda o amava e de dizer a ele tudo o que sentia. Queria não ser tão irracional e nem tão angustiada a ponto de achar que tinha que escolher entre ele e sua profissão, uma condição que ela havia imposto para si mesma, como forma de aceitar o término. queria ele. Não queria mais nada, mais ninguém. Queria estar aproveitando Londres com ele, queria estar criando momentos felizes com ele no programa, queria que todas aquelas fotos fossem verdade e realidade novamente. Como um sonho que se perde ao acordar, Sebastian já não parecia mais real para ela.
e não sabiam o que deveriam fazer ou falar para a amiga. Deixaram com que ela chorasse pelo tempo que quisesse, que falasse o que quisesse, como quisesse. Ficaram sentadas ao redor dela no sofá, a abraçando, a apoiando, cuidando dela como quem cuida de um machucado. estava machucada. Estava magoada e guardando tudo aquilo para si mesma por tanto tempo que já era insuportável sustentar. Estava afogada nos próprios sentimentos e, pouco a pouco, palavra a palavra que ia falando para as amigas, tudo ia se amenizando, tudo ia se consolando dentro dela. era ótima com conselhos amorosos, era boa com palavras. Era carinhosa e refletia toda a situação ao tempo que fazia refletir junto com ela, pensar pelos outros lados da história que ela estava se recusando a ver. , por sua vez, era ótima com piadas. Amorosa, era uma excelente ouvinte e sabia quando deveria descontrair o clima com uma gracinha ou outra.
— E agora eu vou para Milão, tudo lá vai me lembrar ele e eu vou me sentir um lixo de novo — a modelo sussurrou em certo momento, enxugando as lágrimas.
— Amiga, sinceramente, se sentir um lixo por causa do Sebastian? — levantou as sobrancelhas, olhando significativamente para a amiga ao seu lado no sofá — Gosto muito dele e consigo respeitar o que vocês viveram, mas, , olhe para você. Uma mulher independente, linda e super dedicada a tudo que se propõe fazer, chorando por ele? Por causa de homem? Não aceito.
— Eu sei disso, mas não é qualquer homem — protestou chorosa, tirando uma risada baixa das amigas — E eu me odeio me sentir mal por isso e odeio me sentir mal em Milão, um lugar que eu amo, por conta dele.
— Não vai se sentir mal em Milão, , porque isso não precisa ser, necessariamente, uma coisa ruim — falou carinhosa, observando concordar com a cabeça — A parte mais bonita do que vocês tiveram aconteceu lá, tudo começou lá. Se você olhar com outros olhos, talvez veja que essa é a sua chance de se apegar nos detalhes que fizeram você se apaixonar pelo Seb.
— O grande problema é saber que uma parte de mim praticamente grita para chamar ele para viajar comigo — fungou, triste — Milão é o nosso lugar.
— E por que você não chama? — sugeriu, sorrindo confiante — Ele com certeza aceitaria ir.
— Está louca? — a modelo arregalou os olhos, assustada com a possibilidade — Como eu ia chegar nele dizendo “oi Sebastian, vamos reviver em Milão tudo o que tivemos?”. Sem chances.
— Qual é o problema? Ele não ia negar isso nem a pau — prática, deu de ombros — Você está complicando demais as coisas e perdendo a chance de passar um tempo com um cara gostoso, pense nisso.
— Acho que essa ainda não é a hora de chamar ele para viajar com você, porque nem você mesma tem clareza do que ainda sente, — comentou preocupada. Não queria que a amiga atropelasse as coisas e saísse ainda mais magoada daquela história toda — Mas concordo com a , não complique demais as coisas, amiga. Vá, tenha seu tempo sozinha, pense direitinho em tudo o que aconteceu nesses últimos dias e em como você está se sentindo. Sebastian vai estar aqui quando você voltar, só precisa tomar a decisão que for melhor para você. Voltar ou deixar ele ir de vez.
— Isso é mais complicado do que parece, — deixando um suspiro escapar, respondeu, enxugando as lágrimas que ainda estavam em seu rosto, com as pontas da blusa verde neon que vestia.
— Eu sei que é, acredite, estou há tempo demais sem saber o que fazer em relação a Ben — suspirou triste — Mas é por isso mesmo que te digo. Você está se fechando para esse assunto, com medo de voltar atrás e com medo de assumir para ele que você também errou. Não vai sair do lugar assim. Agora que se reencontrou com ele, as coisas estão voltando a florescer em você e precisa entender o que quer fazer e o que é melhor para você. Está tudo bem se quiser voltar, ninguém vai te julgar por isso e nem contestar seu trabalho ou sua independência.
— Se você for seguir os conselhos de alguém nesta conversa, por favor, que sejam os da Júlia — brincou, tirando novas risadas das meninas — Mas é sério, eu concordo com a . Sebastian claramente se arrependeu do que aconteceu, amiga, todo mundo já notou isso. Falta só você se permitir a notar também.
— Você ainda ama ele, , — refletindo alto, comentou uma última vez — Milão pode ser uma nova chance de você colocar tudo no lugar aí dentro do coração e tentar resolver as coisas consigo mesma e com ele quando voltar.
foi para Milão alguns dias depois daquela conversa e a inconformidade de com o fato de e Sebastian ainda se amarem e não se resolverem juntou-se a inquietude de em fazer algo para que eles saíssem logo dessa situação. E o primeiro passo foi fazer uma fofoca. montou o grupo no aplicativo de mensagens e colocou seus aliados mais fortes: , a romântica incurável que tinha boas ideias e também conhecia o ponto de vista de e Tom, o amigo sensato que apoiava a causa #BruBastian até o fim, não importa o que acontecesse. contou a Sebastian, pelo grupo, que tinha viajado e passaria alguns dias justamente em Milão, lugar onde eles tinham começado o relacionamento deles pela primeira vez.
Sugeriu que ele também aproveitasse o momento para rever o lugar e, quem sabe, se encontrar com ela por lá. Seria uma surpresa agradável e, certamente, muito feliz para - foi o que as meninas garantiram. Tom amou a ideia e passou a encher o saco de Sebastian ao vivo e pelo grupo, insistindo que ele fosse o quanto antes e que não perdesse a oportunidade. Sebastian ponderou por algumas horas, incerto e antes mesmo de contestar a impossibilidade de sair de um país e chegar a outro tão rápido, já tinha colocado Lewis no grupo e pedido o avião dele emprestado. Lewis mandava figurinhas dele mesmo e da Fórmula 1 no grupo, marcando Sebastian como se o apressasse. Até o final do dia, ele já tinha adicionado e ao grupo também. Entre áudios de dando ideias do que ele podia fazer por em Milão, figurinhas de Lewis, palavrões de , mensagens com poemas de Tom, piadas de e áudios de cantando músicas românticas para incentivar, Sebastian decidiu aceitar a sugestão.
As mãos de Sebastian soavam, mais do que o ator estava acostumado, o misto entre insegurança e adrenalina pairavam em seu sangue assim que entrou no jato de Lewis. A viagem que durava, em média, uma hora e meia pareceu ter a duração de uma eternidade. O discurso que tinha planejado passava constantemente em sua mente, mas, ainda que estruturasse tudo que diria para , Sebastian não tinha certeza se seria o suficiente para ela aceitá-lo novamente ou pelo menos a fazer escutá-lo. e tinham assegurado para ele que estava cheia de dúvidas também. E que muitos destes questionamentos só seriam resolvidos se os dois conversassem pessoalmente, olhando um no fundo dos olhos do outro, com o coração aberto.
Para que não atrapalhasse o planejamento do dia de , Sebastian preferiu viajar no final da tarde, visando chegar em Milão logo no início da noite. Lewis, por possuir muitos contatos internacionais, havia entrado em contato com alguns conhecidos da cidade para deixarem um carro de aluguel disponível para o amigo. Assim, ele poderia se locomover sem pressa e sem depender de terceiros. O nervosismo aumentou ainda mais quando o jato pousou e piorou consideravelmente quando ele ligou o automóvel para ir diretamente ao hotel. As lembranças invadiram sua memória enquanto dirigia, vendo as luzes brilhantes que tomavam conta das avenidas, deixando os bares iluminados e orientando as pessoas que transitavam rapidamente pelas ruas.
Sem tempo a perder, Sebastian deixou o carro para que o manobrista levasse o automóvel para a garagem do hotel e, rapidamente, adentrou o local para fazer seu check-in. Pelas contas dele, chegaria a qualquer momento e para não demorar a conversar com ela, o ator optou por esperar no lobby do hotel.
estava trocando mensagens com Justin voltando de mais uma sessão de testes de tecidos. Ela estava exausta, eram tantos detalhes para serem acertados que a mulher desejou que o agente estivesse com ela, porém, por conta de outros compromissos na agenda envolvendo a pausa do Sugar Rush, o amigo não pode ir a Milão com ela. O som alto dos bares que seguiam pelas principais avenidas tomavam conta de seus ouvidos e o frio estava cortante naquela noite. Se tinha uma coisa que a modelo amava em Milão, além da moda, eram as noites movimentadas. Mas, no estado em que estava, a única coisa naquela noite que ela ansiava era um banho quente e uma boa taça de vinho, enquanto assistia algum filme clichê e saboreava algum prato do hotel. Contudo, seus planos foram todos por água abaixo, assim que pôs seu pé direito logo na entrada do local e um par de olhos azuis caiu sobre ela.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou assim que estava perto o suficiente para Sebastian a ouvir. O homem parecia nervoso, tinha as mãos nos bolsos da calça e o olhar em cima dela, como se fosse a primeira vez na vida que a estivesse vendo de perto.
— Olá, para você também — ele sorriu, passando a língua pelos lábios.
— Meu Deus, desculpa, oi! — o cumprimentou com um abraço rápido, ignorando o perfume dele impregnando em seus cabelos — Fui pega de surpresa, a a última pessoa que esperava ver aqui hoje era você.
— Acredite, foi uma surpresa até para mim vir para cá — tímido, Sebastian voltou as mãos para os bolsos da calça, assim que a abraçou — Mas alguns cupidos praticamente me obrigaram.
— Cupidos, é? — levantando as sobrancelhas, curiosa, riu levemente — Trabalho com nomes, Sebastian.
— Podemos ter essa conversa em outro lugar? — o ator sugeriu, dando uma olhada ao redor. Algumas pessoas que passavam pelo lobby do hotel lançavam olhares curiosos e surpresos para eles, os reconhecendo. Talvez fosse melhor, ideal, ter um espaço mais calmo e privado onde pudessem conversar. Aquilo era importante para ele e Sebastian não queria que nada os atrapalhasse.
— Cla..claro — limpou a garganta, surpresa com tudo — Porém, preciso primeiro de um banho e trocar essa roupa, passei o dia na rua. Você se importa de esperar um pouco?
— Tenho todo o tempo do mundo — abrindo o sorriso lindo de sempre, Sebastian concordou calmo — Acho que também preciso de um banho, depois da viagem. Nos encontramos no lugar de sempre?
— No lugar de sempre.
As pernas de Sebastian demoraram um pouco para seguirem seus comandos, vendo dar-lhe um sorriso e se afastar até o elevador. O ator não sabia se deveria ir logo atrás dela ou esperar um pouco mais para não parecer desesperado. Optou, então, pela segunda opção. estava confusa e ansiosa. Sabia que tinha dedo de e nessa história toda, as mulheres tinham conversado dias antes com a modelo sobre o seu ex-namorado. Em um banho rápido, mas relaxante, ela se permitiu descansar o corpo cansado do dia corrido. Ao sair do banheiro, escolheu um vestido confortável, em cetim, para usar acompanhado de um sobretudo e botas nos pés.
Sebastian subiu para o quarto que estava hospedado e, assim que adentrou o cômodo, notou que haviam muitas mensagens no grupo que tinha com os amigos. Pareciam alvoroçados com o fato de ele ter mesmo ido para Milão. Para não perder tempo, contudo, o ator preferiu lê-las mais tarde. Apressado, tomou seu banho e logo se vestiu. Escolheu um suéter azul marinho que contrastava com seus olhos, uma calça jeans e botas pretas nos pés. Sebastian queria chegar antes de no bar, queria estar esperando por ela, como no dia em que saíram pela primeira vez. Queria mostrar que continuava esperando por ela. Sempre estaria. No bar, ele se sentou exatamente no local que tinha conversado com na primeira vez em que foram no local. Para tentar se acalmar um pouco pediu um Gin Tônica.
— Quantas surpresas você planejou para essa noite? — chamou atenção dele, fazendo-o se levantar no mesmo momento, para puxar-lhe a cadeira a frente a sua. Bastou a Sebastian descer rapidamente o olhar pela mulher para ver o quanto ela estava linda.
— Pelo que me lembre, apenas uma — ele sorriu e se sentou de volta em seu lugar — Por que?
— Mesmo hotel, bar e lugar onde conversamos pela primeira vez. Isso é tudo uma grande coincidência ou está tudo planejado? — desconfiada e um tanto curiosa, perguntou o encarando.
— Foi tudo planejado — fazendo um sinal como se desse por vencido, Sebastian assumiu — Os cupidos fizeram o trabalho completo.
— O que você chama de cupidos, eu chamo de fofoqueiros — a mulher brincou, tirando uma risada baixa dele.
— Vou ser obrigada a sair em defesa delas…quer dizer, deles. É só uma ajudinha básica e com boas intenções — Sebastian deu de ombros, tomando o gole final de seu drink de uma vez.
— De boas intenções o inferno está cheio, você sabe, não é? — parecia séria, mas Sebastian sabia que ela estava brincando. Devia estar confusa e realmente querendo saber o que era tudo aquilo. E enquanto não soubesse, ela não agiria normalmente com ele — Mas, vamos ao que interessa: o que você está fazendo em Milão?
— Você não quer pedir nada para beber antes? — ele tentou protelar o momento, querendo se sentir mais confiante e confortável para falar.
— Do jeito que estou cansada, se beber algo, não vou ouvir uma palavra do que você está dizendo e vou acabar dormindo — a modelo brincou, sendo sincera — E não tente desviar o assunto, Sebastian, eu conheço suas táticas.
— Estou atrás de você — sem pensar muito, ele assumiu.
Sebastian não achou que falaria daquela forma e que assumiria aquilo tão rápido, mas tinha aquele efeito sobre ele. O fazia se sentir exposto, vulnerável, fazia qualquer discurso ensaiado ser esquecido ou as palavras saírem gaguejadas. O simples fato de saber que os olhos dela o acompanhavam com atenção, o notavam, o encaravam com vontade e com cuidado, já era suficiente para ele se perder em qualquer coisa que estivesse fazendo. o desconcertava. E tudo nela, naquela noite, o vestido, o batom, os olhos, os sorrisos, as palavras calmas, os movimentos leves, pareciam não ajudá-lo a seguir o script que tinha montado para si mesmo.
— Como assim? — perguntou ainda mais confusa do que antes. Podia sentir seu coração acelerar ligeiramente pela confissão dele.
— É isso que me trouxe a Milão, , você — sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir aqui. Sebastian falava com tanta confiança, com tanta certeza, que algo nele parecia diferente, determinado — Não tenho porque mentir ou inventar mil desculpas mirabolantes. Já passei tempo demais tentando justificar as coisas entre nós, estou cansado de me enganar quando o assunto somos nós dois. Estou exausto de fingir que não sinto mais nada ou que estou melhor sozinho. Porque eu não estou. Penso na gente, no nosso término e, principalmente, em você quase que o dia inteiro — ele soltava tudo tão rápido que era difícil de acompanhar — Com essa polêmica toda do contrato da e Tom, as coisas ficaram mais compreensíveis para mim, mais claras. Sei que já é tarde e que posso ter perdido o tempo de correr atrás do que sentimos um pelo outro, mas, um sábio me disse que nada na vida é por acaso. E que se estamos juntos agora é porque valia insistir em nós de novo.
A sinceridade carregada na voz dele era nítida e simplesmente não soube o que falar. Não estava esperando por nada daquilo, nem por ver Sebastian ali, nem por tudo o que ele havia acabado de assumir em voz alta para ela. Ele estava parado exatamente no mesmo lugar que ela, estava sentindo as exatas mesmas coisas, tinha os mesmos pensamentos diante da situação toda que inesperadamente estavam compartilhando naquelas semanas. estava surpresa. Estava se sentindo acarinhada, amada. Estava emocionada pelos detalhes, de ver que ele tinha ido até lá atrás dela, que tinha feito tudo aquilo por ela. O mesmo hotel, o mesmo bar e o mesmo lugar em que tudo começou.
Talvez Milão fosse mesmo uma nova chance de recomeçar, como e haviam dito para ela.
E talvez fosse o momento dela ser honesta consigo mesma e com Sebastian. Ele parecia carregar sozinho a culpa por um término que não dependeu só dele. No fundo, sabia que Sebastian não era o verdadeiro culpado por nada, só tinha demorado a entender o que acontecia e demorado ainda mais para ver o ponto de vista dela. Mas ela também não tinha considerado o dele. Deixou-se levar pelo o que a mídia criou deles, se afastou, o repeliu, o evitou e contribuiu, muito, para que tudo se desgastasse e se perdesse. Tinha que assumir para si mesma a culpa que tinha e tinha que desculpar-se com ele, por ter sido egoísta, por ter se fechado, por não ter dado a importância que ele tinha do jeito que ele merecia. Ainda estava em tempo de voltar atrás e rever os erros, talvez, se criar novos acertos.
Mais do que qualquer sentimento que pudesse identificar em si naquele momento, ela estava feliz. Radiante em ouvir aquilo. Talvez fosse o que faltava para ela ouvir dele, saber que ele também sentia falta dela e a desejava tanto quanto ela o desejava. Sebastian a encarava, os olhos brilhando em expectativa, em ansiedade, querendo ouvir dela qualquer coisa que fosse recíproca. Qualquer coisa que o desse a certeza de que não tinha ido até lá a toa. De que ainda o queria como ele queria ela.
— Sebastian, eu…
— Você não deveria estar esperando por essa declaração, eu sei — Sebastian riu sem graça, passando a língua pelos lábios, um tanto nervoso pela falta de resposta dela — Também não quero te pressionar a nada. Vir até Milão é a minha forma de correr atrás do nosso amor de novo, porque, no fundo, acho que nunca desisti de tentar. Mas precisava dar espaço para você, tempo e respeitar a sua decisão.
— Na verdade, eu ia dizer que o sábio estava certo — tentando deixar o momento um pouco mais confortável para ele, brincou, tirando uma risada dele — Pensei muito no que vivemos também, até andei conversando com alguns cupidos por aí. Você não errou sozinho, Sebastian — ela suspirou, pela primeira vez desde que tudo terminou entre eles, assumindo aquilo — Também tive minha parcela de culpa para que nosso relacionamento acabasse. Mas estava farta de ser taxada apenas como sua namorada. Talvez, infelizmente, você precisasse que mais alguém próximo passasse por algo semelhante ao que eu vivia para entender a dimensão das coisas.
— Se não for tarde demais queria te pedir desculpas, , dentre tantas outras coisas — ele falou sincero, a olhando nos olhos — Fui egoísta na época e não enxerguei o quanto aquilo afetava você verdadeiramente. Não acolhi o que você estava sentindo. Vacilei.
— Sim, você vacilou. Mas eu também não fui a mais compreensiva do universo, Sebastian — assumiu, pensativa — Assumo minha parcela de culpa e também preciso me desculpar com você. Acho que está na hora de pararmos de arrumar culpados ou desculpas e tentar… recomeçar — um tanto incerta sobre propor o que pensava, ela sugeriu, vendo-o concordar brevemente com a cabeça, em silêncio, prestando atenção nela — Uma vez, duas sábias me disseram também que estar aqui, em Milão, novamente, poderia ser uma nova chance de colocar tudo o que estava sentindo no lugar. Acho que nós dois precisamos fazer isso, ressignificar e esquecer o que passou. Precisamos viver o agora, ficamos muito presos no que já foi que esquecemos de olhar o presente com o carinho e o cuidado que ele merece.
Se Sebastian pudesse descrever como se sentiu naquele momento, ao ouvir aquilo de , ele certamente diria que estava explodindo de felicidade. Seu coração, que antes batia acelerado pela ansiedade e pelo nervosismo, acalmou-se e sua expressão claramente se aliviou. Nem nos melhores dos cenários que projetou em sua mente, imaginou que sugerisse recomeçar o que tinham do zero. Com calma e com paciência, um passo de cada vez. Ela estava disposta a se entregar novamente para ele, por eles. E aquilo já era mais do que o suficiente para Sebastian entender que, dali em diante, tudo seria como foi quando a conheceu. O alerta verde que indicava que ele poderia seguir o plano, insistir, continuar atrás dela e reconquistá-la.
— E no atual momento, carinho e cuidado significam um jantar? Porque eu estou morrendo de fome — Sebastian a convidou, levantando-se de seu lugar e indo até ela, do outro lado da mesa do bar — O que você acha?
— Acho ótimo — concordou sorridente, vendo Seb oferecer o braço para ela segurar. E assim ela seguiu com ele até o restaurante do hotel.
Naquela noite, durante o jantar, eles assistiram tudo começar outra vez. Do mesmo jeito que a primeira vez em que saíram oficialmente, quando já sabiam do interesse um pelo outro, lá estavam eles. Conversando sobre o que aconteceu em suas vidas durante o tempo que passaram separados, contando sobre os planos para o futuro próximo, conhecendo as partes da história que haviam perdido e se reconhecendo, mais uma vez, um no outro. Diferente da primeira vez, contudo, era o fato de parecer bem mais confortável com ele e bem mais aberta. Conversava como costumavam conversar quando namoravam, estava tão feliz com aquela nova possibilidade que abriram para si mesmo que não podia esconder. E ela, assim como ele, não queria mais esconder nada.
Sebastian deixou ela na porta de seu quarto naquela noite e foi para o seu. Como duas pessoas que estavam dispostas a dar um novo passo por vez, com segurança e com confiança, nada entre eles aconteceu naquela noite exceto pela conexão. E aquele jantar, virou um café da manhã no dia seguinte, um novo jantar no outro, um brunch na tarde seguinte e uma balada em uma noite qualquer. Com ajuda de e , que mandavam fotos da agenda de diariamente, tiradas do quadro compartilhado de atividades que tinha no apartamento delas, Sebastian estava encontrando buracos e horários livres para pensar o que poderia fazer e convidar . Nesse esquema, ele foi conseguindo levar para passear por pontos turísticos de Milão, em restaurantes, em bares com pegadas mais românticas, em programas que sabia que ela amava fazer e em lugares que sabia que ela amava estar.
A cada encontro que tinham, Sebastian e iam se aproximando ainda mais, iam se apaixonando ainda mais. Entre as conversas, as histórias, os pedidos de desculpas que apareciam vez ou outra, eles pareciam curar as feridas do passado e deixar com que o presente tomasse conta deles. Tudo foi acontecendo lentamente, tudo em seu tempo, sem pressa alguma. Perdiam o medo e os receios de errar um com o outro ao tempo que desejavam, todas as noites que deitavam para dormir, cada um em seu quarto, que o dia seguinte fosse ainda melhor, que tudo aquilo não acabasse nunca mais. E nessa, uma semana se passou, a semana do amor de Milão, até Sebastian levar para o último passeio do recomeço e o primeiro da nova etapa de suas vidas.
Com o passar dos dias, Lewis, , , , e Tom pediam atualizações sobre o que estava acontecendo em Milão para Sebastian e, com o intuito de interrogar ainda mais o ator, Ben e Dylan foram adicionados ao grupo. Cada um deles estava muito animado pelo casal e torcendo para que eles se acertassem de uma vez por todas. Sebastian sabia que precisava fazer algo a mais do que apenas os jantares e os encontros rotineiros que ele e vinham experimentando e aquela ideia o atormentou por dias. Era o momento para um grande ato, o grand finale, e tinha que ser justamente ali, na cidade em que prometeram um para outro novos recomeços.
Sebastian nem precisou gastar muitas palavras contando aos amigos sobre o que queria fazer para . Apenas os disse que precisava de uma ideia de encontro mais romântico. Assim, com poucas informações, lá estavam os nove, incluindo o ator, em um debate sobre qual gesto ele faria para a modelo. O plano todo foi estruturado em uma troca rápida de mensagens. Tom e Ben, por serem os mais românticos do grupo, deram a sugestão para que Sebastian levasse para um jantar romântico em um barco por Milão.
Os passeios de barco eram famosos no país, por terem rios que cortam boa parte da cidade. Animando os demais amigos, logo os respondeu se encarregando de conseguir a embarcação e Dylan, por ir frequentemente à Itália nas férias, ficou responsável pelo itinerário. Lewis e , como a dupla cheia de contatos que eram, cuidariam de todos os detalhes do jantar, com direito a bebidas especiais e pratos típicos da região. e , por sua vez, continuavam com suas funções de espiãs, ou melhor dizendo, fofoqueiras, enviando constantemente as imagens da agenda de no grupo, garantindo que nenhum compromisso fosse atrapalhar a surpresa que estavam organizando.
Cada um tinha uma função essencial para que todo o plano romântico desse certo e Sebastian aproveitou que passava boa parte do dia ocupada no atelier, entre provas e reuniões, para ajustar os detalhes que devia fazer pessoalmente. , no dia seguinte da conversa no grupo, havia lhe mandado o contato para aluguel do barco e pediu para que o ator fosse pessoalmente escolher a embarcação, que seria presente dela. Sem perder muito tempo, Sebastian, foi ao local indicado pela amiga e, ao chegar lá, se surpreendeu com os grandes e luxuosos veículos que estavam encostados próximos ao pier. Mas ao bater os olhos em um deles, em especial, ele soube qual seria o seu escolhido.
Para manter o grupo devidamente atualizado, Sebastian mandou uma foto da embarcação escolhida para eles, assim, Lewis e poderiam solicitar que a comida fosse entregue no lugar certo. Apesar de todo o plano estar dando certo e acontecendo relativamente rápido, a parte mais difícil ainda estava por vir: convencer a sair na noite anterior à prova final da coleção. Não foi preciso inventar nenhuma mentira, Sebastian, como o homem cuidadoso e atencioso que era, ofereceu a ela um passeio para que a modelo pudesse relaxar. De início, , ficou relutante, estava ansiosa com a finalização de sua coleção, estava se cobrando de estar por dentro dos mínimos detalhes e a pressão para que as peças ficassem pronta a tempo de voltar para Londres parecia crescer a cada instante - e a cada ligação que recebia sobre algo ter dado errado ou saído dos planos. Ela estava uma pilha de nervos. E, apesar de serem os últimos ajustes, aquela seria a primeira vez em que um coleção sua estaria exposta para o mundo, vestida por pessoas absurdamente famosas, por isso tudo precisava sair da melhor forma possível.
Sebastian bateu na porta do quarto de pontualmente às 17h. Estava tão nervoso que podia sentir seus lábios tremerem no sorriso e suas mãos suando levemente. Parecia que aquele era o primeiro encontro deles dois, parecia que era a mulher por quem ele estava apaixonado há tanto tempo e só agora conseguiu uma oportunidade de sair com ela. De certa forma, talvez, fosse mesmo aquilo. Sebastian estava há alguns dias levando para sair, para jantar, para visitar lugares e para passar um tempo com ele, como costumavam fazer quando namoravam. Mas aquilo era diferente, aquele encontro era diferente. Era como se ele estivesse dando um passo a mais, como se tudo dependesse do que aconteceria naquela noite. Talvez ele não devesse colocar tanta expectativa assim. Mas o que ele poderia fazer, se estava pronto para que tudo, finalmente, desse certo?
abriu a porta de seu quarto estonteante. Estava especialmente bonita naquela noite, especialmente sorridente ao ver ele, especialmente encantadora. Os olhos dela desceram por Sebastian, reparando em como ele havia sido cuidadoso ao se arrumar e, por um momento, o convite que ele havia lhe feito para ir assistir a peça L'amore di Milano, no Teatro La Scala, pareceu estranho. Não estava com cara de quem ia ao teatro, casualmente, assistir a um romance. Pelo contrário, e pelo estilo de jaqueta que usava, pareciam que estavam a caminho de qualquer coisa a céu aberto. Mas não comentou nada. Apenas o cumprimentou com um abraço rápido e um beijo no rosto e deixou-se ser guiada por ele, para o saguão do hotel.
Os dois saíram do hotel e o pôr-do-sol já podia começar a ser visto entre os espaços do prédios de Milão. Sebastian estava dirigindo atento a estrada, o nervosismo o fazia ficar mais quieto do que o normal, por isso, ele e trocaram poucas palavras durante o caminho até o pier. A modelo, vendo que seu companheiro não estava muito afim de conversar, manteve, na maior parte do tempo, os olhos fixos no celular, acompanhando as mensagens de sua equipe e das meninas do programa, sem reparar exatamente por onde iam. Contudo, foi assim que o carro parou e que o olhar de caiu sobre o lugar em que estavam, que ela percebeu o que estava acontecendo ali.
— Sebastian, essa é mais uma das suas surpresas? — riu leve, observando ao redor, pelo vidro do carro. Agora o silêncio estranho dele fazia algum sentido, deveria estar nervoso e com medo de contar a surpresa antes da hora.
— Se eu dizer que sim, quais as chances de você sair correndo? — Sebastian virou-se para ela, sorridente.
— Para sua sorte, não pretendo sair correndo usando um par de Manolo Blahnik — respondeu com obviedade.
Sebastian tirou seu cinto de segurança e saiu do carro apressadamente para conseguir abrir a porta de também. Charmoso, o ator ofereceu seu braço, assim que a modelo desceu do carro, para que ela se apoiasse nele. O inverno italiano parecia naquela noite um pouco mais ameno, o frio nem tão gélido estava agradável. Eles não sabiam se era culpa do clima ou de seus corpos estarem tão próximos, como há tempos não ficavam, mas algo parecia quente, confortável, neles. Juntos, ignorando os poucos olhares curiosos que os seguiam, os dois se aproximaram de uma grande embarcação, atracada entre meia dúzia de outras, que parecia esperar por eles. Estava com as luzes interiores acesas e possuía pétalas de rosas vermelhas formando um caminho em sua entrada. sorriu ao reparar naquilo. Se fosse mesmo o que estava pensando, Sebastian tinha, definitivamente, superado todas as expectativas dela. Ao meio dos detalhes extremamente notórios e carinhosos, um deles em especial chamou a atenção dela: em letras curvadas e douradas, a embarcação levava o nome dela. .
— De todos os passeios possíveis, nunca imaginaria que você escolheria este — a modelo comentou curiosa, observando do barco até Sebastian.
— Para ser sincero, nem eu imaginava que gostaria de velejar por Milão — Sebastian confessou, rindo junto com ela.
— Sinto que você está me escondendo alguma coisa — sorriu para ele, abraçando-se um pouco mais no braço dele, se protegendo do vento.
— Eu? — fingindo surpresa, Sebastian olhou para ela — O que eu poderia esconder Srta. ?
— Sei lá, talvez que você seja o dono de uma franquia enorme de barcos, por exemplo, e está me dando um de presente — ela sugeriu, brincalhona.
— Sua imaginação é fértil demais às vezes, princesa — ainda a encarando, Sebastian passou a língua entre os lábios, sorridente — Mas, de fato, esse barco é seu.
Princesa. não ouvia aquela apelido há tanto tempo que já tinha até se esquecido da sensação de ouví-lo saindo dos lábios dele. Meses, desde que a intimidade deles havia sido cortada, pela raiz; meses em que não se chamavam de nada, em que o silêncio entre eles reinou. Deixando um sorriso escapar, o coração de acelerou. Ela se sentia como uma adolescente, feliz pela surpresa que se estendia bem diante de seus olhos, entorpecida pelo amor que emanava de Sebastian, pelo carinho que estavam compartilhando naquele momento. Entre os jantares e encontros que tiveram naqueles últimos dias, durante o tempo em Milão, algo em parecia se reacender. Como se tudo que sentia por ele tivesse adormecido por algum tempo e, agora, ressurgido, soando mais alto e mais forte ainda. Como se nada tivesse, nunca, se apagado entre eles, mas apenas tivesse ficado em cinzas, mornas, caladas, esperando por um assopro mínimo para reacender.
— O quê? — gritou surpresa, encarando o homem de volta. Ele tinha mesmo comprado um barco para ela? Um barco? Para ela? Não era possível. Podia esperar que Lewis fizesse aquilo por , por exemplo, mas Sebastian…? O que estava acontecendo? — Sebastian, quando foi que você bebeu? Ou melhor, quanto você já bebeu hoje?
— Acho que ainda não o suficiente para delirar — ele deu de ombros, sem qualquer indício de que estava brincando — Mas, o barco é realmente seu.
— Eu não posso aceitar um presente desses — arregalou os olhos, negando levemente com a cabeça. Imaginava que ele tinha gastado alguns milhões de dólares por aquilo, que não fariam a menor diferença na vida dele, mas ela não podia aceitar aquilo.
— Bom, isso você vai ter que discutir com a depois — Sebastian se separou levemente dela, parando de frente. O sorriso e os olhos que tanto sentiam falta bem ali, mirados para ela, tão perto dela — Afinal, o presente é dela.
— POR QUE A ME COMPROU UM BARCO? — gritando sem segurar as risadas altas, perguntou incrédula e, logo, celebrou sozinha — MAS EU SABIA! Sabia que tinha dedo dos seus cupidos nisso tudo.
— Não só dedos, mas também pés, ideias, dinheiro, contatos… — Sebastian enumerou rapidamente — Você sabe como eles são, fazem de tudo pelo bem dos casais que eles gostam.
— Nós… — parou por um instante, apontando para si mesma e para ele — somos um casal?
Sebastian demorou um momento em responder aquilo. Uma pergunta simples, mas que significava muito para ela e, ao que tudo indicava, para ela também. tinha um tom de voz surpreso e ele já não sabia mais se era pela emoção de ter ido parar naquele pier, de ter descoberto que ganhou um barco com seu nome ou pela sugestão que saiu da fala de Sebastian. Ele notou um certo receio na pergunta dela e ela notou o breve silêncio que ele fez, antes que responder. Talvez Sebastian tenha se precipitado em fazer tudo aquilo por ela. Talvez tenha se precipitado em ter perguntado aquilo para ele, logo de cara assim. Mas, a cada encontro novo, a cada contato novo que faziam, um passo a mais parecia ser dado, mais deles pareciam ser compartilhados e já não mais podiam evitar. Não queria mais evitar.
abraçou os próprios braços, se protegendo do frio. Seus olhos não deixaram os de Sebastian nem por um segundo enquanto ele ponderava o que deveria responder. Podia continuar sendo cuidadoso e paciente, mas podia só ser sincero e dizer o que sentia de uma vez por todas. Tinha ido até Milão e tinha arrumado aquela coisa toda do barco com um único propósito. Não perderia a oportunidade.
— Só se você me quiser de volta. — Sebastian falou baixo, uma de suas mãos indo até o rosto de , que sorriu com ternura para ele — Se me quiser de volta, somos um casal.
A sinceridade estava presente ali novamente, assim como Sebastian havia feito no bar do hotel dias atrás. percebeu em todos os encontros e conversas que eles tiveram que, de fato, Sebastian estava disposto a lutar por eles. Mas a cada vez que o ator reafirmava aquilo para ela, em palavras e ações, tudo se tornava mais real, mais intenso e mais claro. As dúvidas e ressalvas que carregava em relação a Sebastian e toda aquela história, aquela possibilidade, de uma segunda chance iam ficando para trás ao tempo que cada sentimento que ele carregava por ela ficava mais nítido, mais profundo.
Por um longo tempo, depois do término, se pegava pensando, imaginando, como seria rever Sebastian, se desculpar pelo o que tinha acontecido, falar sobre o que ainda sentia por ele com seriedade e com sinceridade. Imaginava como seria se tivessem a chance de começar tudo outra vez e nem em seus melhores sonhos com ele cogitou a ideia de um dia voltar até Milão. De o encontrar em Londres, de ser sua dupla em um reality show e, talvez, voltar a ser sua dupla na vida também.
— , escuta — Sebastian emendou, sem dar muito tempo da mulher responder qualquer coisa. Já tinha começado a falar, agora, iria até o fim. o viu respirar fundo e umedecer os lábios uma vez mais, até voltar a dizer: — Eu juro que tentei, com todas as minhas forças, esperar mais uns dias para tomar uma decisão e, então, me declarar, de fato, para você. Mas eu simplesmente não consigo, não consigo estar com você todos os dias sem poder te beijar ou dar um toque mais próximo — com a mão parada no rosto dela, Sebastian fazia um carinho calmo em sua bochecha. Seus olhos estavam presos nela como se quisesse guardar aquele momento para sempre em sua memória. parecia paralisada. — Sinto falta de sentir o seu cheiro contra a minha pele. Sinto falta de acordar todos os dias com você. Sinto falta de me perder noite adentro conversando com você, falando do nosso dia e compartilhando nossas inseguranças, fazendo fofoca — ele riu levemente, sendo acompanhado por ela — Sinto falta de trocar mensagens apaixonadas diariamente com você, porque, a verdade é que eu sou apaixonado por você e não posso simplesmente te escrever falando isso. Sinto falta de imaginar um futuro com você. Sinto falta até das suas reclamações porque estou escolhendo uma roupa que não combina com a sua ou porque seu time está perdendo uma partida importante. Mas, principalmente, eu sinto falta de ter você, do meu lado, como minha namorada, parceria de vida e de momentos difíceis, como a pessoa que eu amo e que eu escolho pertencer todos os dias. — ele fez uma pausa, suspirando, mas logo voltou a dizer baixo: — Sei que demorei muito para perceber as coisas ou fazer algo. Mas, eu quero que tudo seja diferente, quero que possamos tentar de novo, quero… você. E tiver que prometer algo dessa vez, prometo que nunca mais vou deixar você enfrentar o quer que seja, quem quer que for, sozinha.
o observava, atônita. Podia sentir seu coração bater acelerado, como se fosse sair de seu peito a qualquer momento. Ela piscou rápido algumas vezes como se quisesse limpar seu campo de visão, ter a certeza de que estava mesmo vendo Sebastian ali e ouvindo tudo aquilo dele. Não era o que ela estava esperando para aquela noite, não era o que ela estava esperando da visita dele a Milão. Era absolutamente muito melhor. Sebastian tinha acabado de jogar tudo para o alto, tinha acabado de atestar sua vontade de deixar o passado no passado e tinha acabado de colocar seu amor por ela a frente e acima de qualquer outro sentimento que ele carregava. A maturidade de tê-la perdoado pelo o que tinha feito a ele, por ter sido egoísta, a sinceridade de assumir seus erros e a esperança de seguir em frente, agora, acertando.
Ela tinha tudo o que queria em Sebastian. Tinha em quem confiar, tinha em quem compartilhar a vida, tinha motivos de sobra para amar. E, se não fosse ele, quem mais seria, afinal? Se não fossem eles dois juntos, havia algo mesmo a ser? teve a certeza de que não naquele momento. Amava aquele homem como nunca amou outra pessoa e se sentiu tão segura e tão amada em ouvir tudo aquilo dele, que teve vontade de parar com tudo ali, naquele instante. Acabar de vez com aquele capítulo de suas vidas, começar um novo só deles dois. Ela sorriu emocionada e permitiu-se ser acarinhada por ele por alguns minutos, aproveitando o momento, perdendo-se no olhar dele, matando a saudade que sentia de Sebastian. Seguiu pelo tempo que quis seguir daquela forma, até sentir as palavras já não mais conseguirem se manter presas dentro de si mesma.
— O seu discurso foi… uau — quebrou o breve silêncio. Falava tão baixo quanto ele, pensando em cada palavra, sem cortar o contato visual, o toque, a proximidade entre eles — Foi lindo, como só você saberia fazer. Te agradeço, por tudo o que você fez hoje, nos últimos dias, durante o nosso relacionamento, mas também, te agradeço por ter respeitado o meu tempo no nosso término. Foi um tempo importante para me fazer crescer e me fortalecer, para entender tudo o que aconteceu e ver o que foi que separou a gente de verdade — ela sorriu brevemente, parando de falar por um instante. Sebastian acompanhava a fala dela em silêncio, deixando o vento levar todas as expectativas que tinha que ouvi-la dizer que tudo o que ele disse a ela era recíproco, a cada palavra que saia dela. A sensação de ser amado era como nenhuma outra para ele. — Mas, ainda que tenha sido incrível ter ficado sozinha, não teve um dia sequer que eu não pensei em voltar correndo para Nova Iorque, para você ou para o seu apartamento. Assim como você, senti saudades de todos os momentos que poderíamos ter compartilhado, mas que, por burrice, não o fizemos. Senti saudades de ter você na minha vida, nos meus dias. Sentia saudades de você, Sebastian. De tudo em você. Porém, ainda assim, há uma coisa diferente entre você e eu.
Sebastian piscava rapidamente, tentando compreender tudo que tinha acabado de ouvir dela. Não podia negar que era reconfortante saber que também tinha sentido a falta dele e dos momentos que viveram juntos, que ela também correspondia a todo sentimento que ele reprimiu por meses, tentando esquecê-la. Mas algo na fala dela ainda parecia o incomodar. Curioso, ansioso, para saber qual era a diferença entre os dois, ele enfim perguntou:
— Qual é a diferença?
— Eu não quero esperar mais uns dias para tomar uma decisão, — repetiu exatamente o que ele havia dito a ela, minutos antes, quando começou a se declarar — porque eu não quero lutar ou resistir ao que estou sentindo. Tudo o que nós dois vivemos está aqui ainda, estava aqui todo esse tempo, enquanto estávamos separados, e acendeu ainda mais assim que coloquei meus pés no estúdio do Sugar Rush e seus olhos encontraram os meus. Como diria o Anthony, são nesses olhos azuis que eu entendo o que lar significa — ela brincou, tirando uma risada leve e apaixonada dele — Você nunca saiu dos meus pensamentos e do meu coração, Sebastian. Então, sim, — deu um passo mais perto dele e, colocando sua mão sobre a dele, que ainda se mantinha em seu rosto, ela completou: — eu quero você de volta, Sebastian Stan.
Sebastian não disse mais nada. Puxou delicadamente para mais perto de si e, sem hesitar, a beijou. A brisa fria do inverno italiano se tornou um mero sopro perto do calor do momento em que os lábios de Sebastian encontraram os de . Em um beijo saudoso, os dois, sem precisar dizer uma única palavra, sabiam que tudo que tinham vivido ainda estava vivo dentro deles, o tempo só conseguiu deixar as coisas pausadas por um breve período, mas não apagou ou fez esquecer nada. Eles se amavam, não tinham mais dúvidas quanto a isso. Combinavam em descombinar, as diferenças não os afastam, mas os aproxima, faz serem singulares na relação, os fez escrever uma história única, diferente, até ali. Eram o equilíbrio perfeito, como a mistura de algo doce com salgado, como um tecido e uma cor.
Sebastian não conseguia descrever a sensação de ter outra vez em seus braços. Havia esperado por aquele momento por tanto tempo, que quando tudo se tornou realidade parecia um sonho. O melhor dos sonhos. Tão real, tão verdadeiro. Ela era a mulher que ele amava, a pessoa que o transformou em uma pessoa melhor, que caminhou e construiu junto com ele em momentos que poderia simplesmente ter fugido, a pessoa que o ensinou o que era amar e ser amado. era o sol que iluminava e aquecia depois da tempestade e, ainda que Sebastian tivesse tentado esquecê-la, evitá-la por muito tempo, era impossível, porque sempre preenchia todos os lugares que estava, fosse nas passarelas ou no coração dele.
Se pudesse pausar sua vida em algum momento, certamente escolheria aquele. O vento estava frio, contrastando com o calor que emanava do corpo de Sebastian encostando no seu e não podiam ouvir mais nada senão o barulho de suas respirações que, a cada segundo, pareciam ficar mais falhas, mais pesadas, presas ao beijo intenso e calmo que trocavam. O céu estava estrelado, mas nada, nunca, se compararia ao brilho dos olhos azuis que tanto amava. Tudo parecia perfeito naquele momento. Como se o passado tivesse ficado, de uma vez por todas, para trás, como se dali em diante fossem eles dois, e nada mais.
tinha certeza de que Milão havia sido ressignificado e marcado para sempre como a cidade onde ela reconheceu o amor, uma vez mais. A cidade onde ela e Sebastian se conheceram, onde se encontraram novamente. A cidade que, com paciência, carinho, um pouco de sorvete e muita moda, havia curado as dores, amenizado as cicatrizes, criado novas manias, novos planos, e, principalmente, um novo capítulo na história que compartilhavam.
Despreocupados, carinhosos, sem pressa alguma, eles quebraram o longo beijo e se encararam silenciosos por algum tempo, como se quisessem guardar a vista um do outro naquele lugar lindo, naquele momento tão especial para eles. Sebastian, contudo, não demorou em convidar para conhecer o barco que ganhou de presente e, assim que entraram nele, o barqueiro saiu com eles para um passeio pelo rio. Sebastian e se sentaram logo a frente, na proa, em cima de grandes almofadas que foram deixadas ali para que curtissem o momento, e assim ficaram. Entre os carinhos e beijos que trocavam, entre as conversas baixas, risadas, entre as fotos e vídeos que faziam juntos, o barco navegava calmo, sereno, noite adentro.
O jantar arrumado por e Hamilton foi servido pelo próprio Sebastian, em certo momento da noite, dentro da parte coberta da embarcação. As taças de champanhe nunca pareciam suficientes e o jantar estava maravilhoso, tão saboroso quanto cada detalhe daquela noite. estava verdadeiramente feliz. Por tudo que estava acontecendo, por cada detalhe daquele dia, por ter feito, enfim, uma escolha certa em relação a sua vida amorosa, depois de tanto tempo errando. Nada tinha que ser diferente, tudo estava simplesmente onde deveria estar. O simples e romântico passeio de barco deu lugar a um jantar requintado e, então, passou a ser quase que uma discoteca a céu aberto. Usando os alto-falantes da embarcação, Sebastian havia escolhido meia dúzia de músicas mais antigas e, puxando uma manhosa e risonha, a conduziu para dançarem juntos no meio da embarcação.
Os batimentos do coração de Sebastian acompanhavam as ondas tranquilas que colidiam no barco. E ali, na embarcação com poucas luzes, iluminada pelo luar, cantando em alto e bom som suas músicas favoritas, enquanto dançava e ria com a sua pessoa favorita, ele teve certeza de que nunca mais teria que velejar sozinho naquela vida. Nas tempestades ou nos tornados, nas águas calmas ou nas mais turbulentas, ele não mais estaria sozinho.
seria sempre o seu porto seguro.
O lugar para onde Sebastian sabia que podia voltar, mesmo depois de uma longa viagem.
Taste The Feeling
Uma semana depois
— Talvez precise de um pouco mais de sal — Tom disse encostando-se no balcão da cozinha com a colher que usava para mexer a panela em suas mãos. Ele vestia um avental xadrez, branco e verde, por cima do suéter fino e da calça jeans um tanto batida. Estava apenas de meias, andando de um lado a outro do chão de madeira escuro da cozinha há horas.
O relógio marcava pouco mais das sete horas da noite quando Tom deu-lhe uma rápida olhada, preocupado em não terminar tudo a tempo. Tinha sugerido aos convidados que chegassem por volta das oito e meia, então, ainda estavam em tempo. Lá fora, o frio cortante da cidade era marcado por um vento forte e a fina chuva intercalava-se com a neve que caia tranquilamente. Nada parecia diferente lá fora, mas tudo estava genuinamente diferente lá dentro. A casa de Tom, grande e bastante bonita, bem organizada e em tons terrosos escuros, estava especialmente confortável naquela noite. E não sabia exatamente se era pelo clima quentinho que a calefação deixava nos cômodos, pelo cheiro delicioso que saia do jantar que Tom cozinhava ou pelo simples fato de ela estar de volta lá, naquela casa, o ajudando com a tarefas como se nada tivesse acontecido, como se ainda fossem só eles dois.
— Você já disse isso várias vezes, vai deixar todo mundo com hipertensão desse jeito — posicionava os guardanapos próximo aos pratos na mesa. Assim como ele, estava com roupas de ficar em casa: um conjunto de calça e blusão de moletom e meias, os cabelos presos em um rabo de cavalo desgrenhado.
— Quer provar? Acho que estou errando a mão — o ator falou pensativo, olhando da panela que mexia o conteúdo que cozinhava até a mulher.
— Sou sincera, se estiver salgado, vou dizer — a cineasta deu meia volta em torno da mesa e foi em direção ao balcão — Tenho um paladar refinado, você sabe como é.
— Claro! O seu paladar refinado é comer macarrão instantâneo por dois dias, por pura preguiça de cozinha e de pedir algo — Tom revirou os olhos, tirando uma risada abafada dela.
— Em minha defesa: primeiramente, sim, fiquei com preguiça mesmo de cozinhar e, segundo, Lewis só tinha coisa saudável e vegana na geladeira — ela bufou. Até o que Lewis considerava “porcaria” era saudável demais para ela.
Tom riu leve e levou a colher que estava em suas mãos até a panela novamente, retirando um pouco do creme de queijo que seria utilizado para o fondue salgado mais tarde. O ator optou por aquela receita porque além de saborosa e já conhecida por ele, todos conseguiriam interagir com a refeição. Cada um dos convidados poderia escolher quais vegetais ou carnes de sua preferência provariam e qual molho levar - o de queijo ou o de polvilho doce e vinho branco orgânico. Para que todos pudessem experimentar o prato e já sabendo que Lewis não comia nada de origem animal, Tom havia feito um creme alternativo ao de queijo, especialmente para o piloto.
se apoiou a frente de Tom no balcão, ficando em uma distância razoável do ator. Para evitar que ela se queimasse, o ator levou a colher que havia retirado o creme na direção da boca da mulher, com a sua mão livre abaixo, cuidando para que nada virasse sobre o espaço que estava cozinhando. O silêncio tomou conta da cozinha e tudo que podiam ouvir era o som baixo do fogão aceso. esperou que Tom chegasse perto o suficiente e abriu a boca, risonha, para que ele desse o creme vegano para ela provar. Cremoso, como ela esperava, saboroso e nada temperado, o tipo de sabor de derretia na boca e que fazia querer mais. Só não estava mais gostoso do que Tom naquela noite. Os olhos claros do homem a fitavam com atenção e expectativa, esperando que ela saboreasse o creme como ele saboreava a sensação de tê-la ali, em sua casa, em sua maior intimidade, em sua vida outra vez.
— É…— fez uma pausa depois de analisar cuidadosamente o sabor do creme e brincando, ela completou: — Está com gosto de nada, do jeito que o Lewis gosta — ela abriu um largo sorriso, tirando uma gargalhada de Tom.
— Estar sem gosto é bom ou ruim? — Tom lavava a colher na pia.
— Para mim, seria ruim, mas para o Lewis está ótimo — ela deu de ombros, respondendo séria o que deixou Tom ligeiramente frustrado — Foi só uma brincadeira, Tom. Está muito saboroso, veganamente falando — riu, acompanhada pelo homem, e virou-se novamente para a mesa.
Tom, melancólico, ficou a observando por um instante. sempre havia se sentido confortável na casa dele, como se estivesse mesmo em casa. Era engraçado para ele pensar no quanto haviam evoluído enquanto casal naquele ano que passaram juntos e no quanto tiveram um ponto de partida bizarro. O que começou repentinamente com um contrato, com um combinado armado, tinha gerado um relacionamento bonito, cuidadoso, respeitoso e muito bom de se viver. Tom abriu as portas da casa dele conforme abria o coração para e tê-la ali, com ele, foi um dos melhores períodos de sua vida, sem dúvida alguma. Não sabia ao certo o que esperar ao observá-la ali, depois de tudo. Como se tivesse perdido algo para o fogo, aquilo queimava dentro dele. Uma chama que destruiu tudo o que tinham, mas que parecia começar a reacender.
Depois do encontro casual do Artesian, no dia em que juntaram e Dylan na roda gigante, e Tom voltaram a se falar minimamente por mensagens. Trocavam perguntas cotidianas, querendo saber como um e outro estavam, voltaram a interagir mais um com o outro pelos grupos que participavam e, um pouco mais confortáveis com suas presenças e dispostos a, talvez, se perdoar, eles estavam se aproximando uma vez mais. Ainda não tinham se encontrado nem se falado pessoalmente, estava levando o tempo que seu coração lhe pedia para entender toda a situação a saber como reagir. Não queria dar mais nenhum passo em falso, não queria ter margens para o erro e se magoar ainda mais. Sentia falta de Tom e cada dia que passava aquilo ficava ainda evidente para ela, mas era melhor ir com calma.
Exatamente uma semana depois do bar, com e Sebastian já de volta a Londres e os avisos confirmando que eles, em breve, retomariam as gravações do Sugar Rush, teve uma ideia. Sabia que todo aquele caos foi causado, direta ou indiretamente, por ela e por Tom e estava devendo aos amigos, no mínimo, um pedido formal de desculpas. A agência de Relações Públicas e os assessores de imprensa de e Tom já tinham conseguido abafar o máximo que puderam da história toda e, ao fim, o rumor que se estabelecia era de que o casal estava sendo vítima de um golpe midiático. Com provas falsas de que aquele vazamento era falso e um punhado de advogados em cima, ressaltando o absurdo daquela história e o quanto estava abalando seus clientes, a mídia passou a mudar o discurso.
Golpes midiáticos podem ser perigosos a ponto de destruir canais inteiros de comunicação e, com olhos da justiça e do mundo inteiro em cima daquele caso, nenhum jornal, revista, entrevistador ou pessoa pública queria entrar voluntariamente naquele vespeiro. De fato, todos já tinham ouvido falar daquele tipo de estratégia para alavancar imagem positiva ou carreiras de pessoas públicas. Mas e Tom não precisavam daquilo, já eram o suficiente sendo quem eram, e ficaram um ano inteiro juntos. Quem aguentaria ficar um ano namorando alguém por contrato, afinal? O novo discurso vinha atrelado às entrevistas dos participantes do reality show que, depois de Ben, foram convidados eventualmente a comentar o ocorrido. A narrativa única, bem alinhada, era forte o suficiente e saindo de pessoas como , e Dylan, que nunca estavam envolvidos em polêmica alguma, de , Sebastian e , que tinham uma reputação pela seriedade em seus trabalhos, e Lewis, que, bom, era um Sir, trazia uma credibilidade absurda.
O mundo dos famosos sempre foi uma grande mentira. Sustentar mais uma delas para esconder outra não era demais. Não foi e nunca seria. Era o melhor e o único jeito possível de abafar aquela história. Já estava feito.
Com a situação controlada e tudo voltando ao normal, , enfim, teve a ideia de dar um jantar. Queria reunir todos os participantes do Sugar Rush em uma ocasião fora do estúdio, um lugar onde pudesse conversar à vontade, sem mais ninguém senão eles e suas verdades. E, mais do que isso, queria formalmente se desculpar com todos eles. Já tinha conversado com , e , uma semana antes, mas ainda queria falar com os demais. E sabia que Tom também estava desolado daquela forma. Por isso, sugeriu que dessem um jantar em dupla, que tentassem terminar de uma vez com aquilo da mesma forma que começaram: juntos.
E lá estavam eles. Na casa de Tom, cozinhando, conversando civilizadamente, convivendo como conviviam antes, sem coragem ou clima suficiente para entrar no tema do contrato. Como se tivessem receio de que aquele assunto fosse colocar tudo abaixo novamente, eles só o ignoravam. Ao menos, até os convidados estarem presentes. havia chegado mais cedo, por volta das 16h. Pegou um carro qualquer de Lewis enquanto ele cochilava no sofá com , passou no mercado e foi direto para a casa que conhecia tão bem. No fundo, Tom estava absurdamente feliz com todo aquele cenário. E torcia para que até o final da noite ele pudesse dar mais algum passo em direção ao que tinha antes com .
Ele não teve muito mais tempo para pensar naquilo, porque seus pensamentos foram cortados pelo toque alto da campainha. Tom limpou suas mãos no avental, indo em direção ao corredor que dava para a porta de sua casa, vendo o olhar confusa, sem esperar por ninguém naquele horário. Ela ficou na cozinha, terminando de posicionar as últimas louças e bandejas com os ingredientes que seriam utilizados como acompanhamentos no fondue, entre eles haviam diversos recipientes com vegetais, carnes, frutos-do-mar e pães. Para a receita doce, a sobremesa, o ator fez um creme de chocolate amargo que seria misturado com frutas.
— O cheiro está uma delícia, Tom — pode ouvir a voz animada de ecoar no corredor. Na porta da casa, Sebastian a ajudava a tirar o casaco.
— Só espero que o cheiro esteja tão bom quanto o gosto — Sebastian completou, tirando seu casaco e o pendurado, junto ao de , no cabideiro ao lado da porta.
— , por favor, diga para o seu namorado ser respeitoso e não ofender o anfitrião — Tom resmungou, abraçando a modelo, assim que ela tirou sua máscara. Não estava esperando por eles tão cedo, mas estava feliz em vê-los, finalmente, depois que voltaram de Milão.
— Ih, Tom, esse aí já passou da idade de ser educado — ironizou, rindo da expressão de poucos amigos de Seb para ela, que tirava a máscara que vestia também e a guardava no bolso de seu casaco pendurado.
— Me chamou de velho, sem motivo algum — Sebastian rebateu ofendido, depois de dar um breve abraço no amigo.
— Mas você é velho mesmo, Sebastian — disse alto, assim que viu os amigos adentrando o cômodo em que ela estava.
— Boa noite para você também, — Sebastian deu um abraço caloroso e rápido na amiga, em uma das mãos carregava um vinho.
— Ele não aguenta muito bem a verdade, não é? — falou indo em direção a dando-lhe um abraço longo e apertado — Que saudade de você, cachorra. Quero saber de todos os detalhes de Milão.
— Só se você me contar tudo o que aconteceu por aqui, com os três novos casais do Sugar Rush — riu, retirando os flocos de neve presos em seu cabelo — E o que rolou aqui também — sussurrou próximo ao ouvido da amiga.
Tom pegou o vinho que Sebastian e trouxeram e o levou até a gaveta de onde pegaria um saca-rolhas. Travaram uma conversa tão animada e entretida sobre vinhos europeus, que se desligaram do que e estavam dialogando. A modelo agradecia enormemente por , basicamente, tê-la comprado um barco e a cineasta aproveitou que eles não focavam nelas para contar o que havia ocorrido para que ela e Tom voltassem a se falar. Sentada com ela em um sofá próximo, na sala de estar de onde podiam ser vistas e ver a cozinha, ela disse como Tom havia tentado uma reaproximação com ela na noite em que eles armaram o encontro para e Dylan e como ter Lewis e por perto foi essencial para que ela não desiste de tudo e retornasse ao Estados Unidos sem olhar para trás.
Sebastian não demorou a levar uma taça de vinho para cada uma delas na sala e, ficando por ali, sentado no braço do sofá onde também estava, engatou uma conversa animada com elas duas. Vez ou outra algum deles se juntava a Tom, para ajudá-lo a finalizar o jantar, mas não muito mais havia que ser feito. Entre uma mexida na panela e outra, em certo momento, os quatro estavam de volta na cozinha. Sebastian colocava as últimas louças da máquina de lavar louças, enquanto roubava um dos pedaços de pão de cima da mesa. Tom já desligava o fogão, cansado, com todo o fondue pronto e enchia as taças de vinho deles novamente.
O tempo passou que sequer viram e a intenção de e Sebastian em chegar mais cedo para ajudar Tom com os preparativos virou, na verdade, uma espécie de evento prévio ao evento principal. Conseguiram finalizar o jantar e a sobremesa, organizar e limpar a cozinha e, claro, colocar as fofocas em dia. aproveitou para contar como havia ajudado Lewis a levar para a Escócia, Sebastian ficou surpreso ao saber que o piloto tinha sido o primeiro dos amigos a se declarar e,entre piadas, ficou extremamente feliz em saber daquilo. Ele não era só o número um nas pistas, afinal. Logo após, Tom contou sobre como Ben tinha armado com Dylan, e Noah para conversar com , arrancando vários suspiros de que achou extremamente romântico o gesto do ator. Ela falou que eles tinham visto algumas coisas nas notícias sobre eles, mas não estavam cem por cento certos, porque tudo parecia especulativo demais.
Entre taças de vinho e uma nova garrafa que foi aberta, contou sobre como enfiaram e Dylan na London Eye sem que a escritora soubesse do encontro e, desde então, não sabiam exatamente o que tinha acontecido com eles, mas estavam juntos e era o que importava. e Sebastian estavam dividindo o apartamento com e, o então expulso da casa de Ben, Dylan, e foi a vez deles contarem o quanto o casal pareciam apaixonados um pelo outro e o quanto passavam vinte e quatro horas por dia fazendo piadas, se provocando e rindo alto pela casa.
achou melhor guardar a história que tinha a contar sobre ele e Sebastian para quando os outros chegassem e não ousou perguntar mais nada sobre e Tom. Sebastian também já tinha reparado que as coisas pareciam mais amenas entre eles e ficou surpreso, apesar de não ter demonstrado, com a presença de ali, na casa dele, sem ter mais ninguém. Chegou a pensar que ele e tinham interrompido algo, mas claramente não. Se bem conhecia os amigos que tinha, sabia que estava indo um passo por vez. E aquilo tudo já era o suficiente para ele e vibrarem, em silêncio e animados, a chance de, talvez, e Tom voltarem a ser um casal novamente.
— Se você demorar mais um pouco nesse banheiro, vou te tirar à força — falou batendo na porta do banheiro.
— Tenta, para você ver — Dylan respondeu alto, passando as mãos pelos cabelos de frente para o espelho.
— Dylan Rhodes O’Brien, não me teste.
deu uma nova pancada na porta do banheiro, tirando uma gargalhada alta do homem lá dentro. Cansada de tentar entrar, ela conferiu, mais de uma vez, a barra de notificações de seu celular para ver se nenhuma nova mensagem de havia chegado. Havia combinado com ela, mais cedo, de pegar uma carona com ela e Ben para irem juntos até a casa de Tom, assim já podiam chegar em bando e tumultuar o jantar dele. Depois do episódio do museu, passou a ficar frequentemente na casa de Ben e já tinha até levado suas malas para lá. Os dois estavam decididos a aproveitar o tempo de pausa nas gravações do programa para fazer tudo o que tinham vontade de fazer juntos, como se pudessem recuperar o tempo perdido.
Iam de jantares nos restaurantes mais caros da cidade até passeios culturais por Londres e, apesar de gostar de sair, o que mais tinham feito naqueles dias, porque era o que mais gostavam de fazer, foi ficar em casa. Só os dois juntinhos, no conforto e na intimidade da companhia um do outro, vendo filmes, trocando carinhos, lendo alguma coisa, conversando, dormindo juntos. chegou a acompanhar o ator em seus ensaios e algumas gravações de músicas, ajudava ele a gravar vídeos para suas redes sociais e tinha a companhia dele para correr todos os dias pela manhã. Fizeram compras de natal para enviar a família dela juntos e Ben oficialmente apresentou para seus pais e para seu irmão em um jantar que deu na sua casa. E no final daquela noite, depois de ouvir sua família dizer que estava muito feliz por ele e encantados por ela, Ben postou a primeira foto deles dois juntos em seu Instagram. Com um pequeno poema na legenda, feito especialmente para ela, a foto, tirada como uma selfie, que mostrava eles dois dando um beijinho, tornou oficial e público o que eles não mais queriam e nem conseguiam esconder do mundo.
Dylan, por sua vez, aproveitou a deixa de Ben e estarem oficialmente namorado para migrar da casa dele, onde estava antes hospedado, para o apartamento onde estava, e onde antes estava hospedada também. Com na Itália, vivendo um romance cheio dos melhores clichês com Sebastian, ele e puderam aproveitar um bom tempo sozinhos. A grande parte da rotina dos dois se manteve a mesma, tendo em vista que já faziam várias coisas juntos dos tempos em que eram apenas amigos. Estavam acostumados a compartilhar o dia a dia, a se falar constantemente, a contar tudo o que acontecia um para o outro. Estavam acostumados a sair, a conhecer lugares diferentes, a testar coisas novas. O que faltava naquela época, quando tudo era ameno e incerto, era aquela segurança de que podiam ir além. E a rotina que já estavam acostumados a compartilhar ganhou beijos apaixonados e carinhos, ganhou olhares e sorrisos no silêncio e ganhou noites nem tão silenciosas assim.
seguiu trabalhando, escrevendo, focada em um novo projeto que até então ninguém sabia do que se tratava. Dylan passava o tempo com ela, vez ou outra, nos intervalos, aproveitando a companhia amorosa e apaixonada, vez ou outra pedindo ajuda dela para decorar as falas do novo filme que ele deveria começar a gravar em breve, quando o ano virasse. Ele passou a aparecer com mais frequência nos stories do Instagram dela e o mundo enlouqueceu quando decidiu responder algumas perguntas de fãs por vídeo e afirmou, sem rodeios ou receios, que estavam sim namorando - e virando a câmera para mostrar Dylan, ela conseguiu captar o exato momento que ele entrava de volta na sala, segurando uma caixa de pizza, vestindo pijama e um gorro.
Como o terceiro casal oficializado em Londres e em função do Sugar Rush, o mundo estava aplaudindo e Tom, agradecendo a eles, por terem sido os pivôs de tudo aquilo. Não fosse toda a história do contrato, pensavam os fãs de todos eles, nenhum dos casais teria tido tempo para de fato começar alguma coisa real. As especulações, os rumores, foram, pouco a pouco, dando lugar a afirmações concretas. e Lewis se apresentaram ao mundo como namorados na condecoração dele a Cavaleiro da Coroa Britânica, e Ben alguns dias depois e, enfim, e Dylan. e Sebastian ainda estavam discretos sobre terem reatado, receosos que tudo pudesse ser estragado pela mídia outra vez e e Tom eram aguardados pelo público e pela mídia, depois de tudo que aconteceu. Se era mesmo mentira, toda a história do contrato, onde estavam eles, afinal?
— Meu bem, você sabe que eu amo testar a sua paciência — Dylan abriu a porta do banheiro, finalmente, e puxou , pela cintura, para próximo de seu corpo.
— Vá testando para ver se não te troco por outro ator da Marvel — arqueou as sobrancelhas com os olhos fixos nos dele e um sorriso debochado no rosto.
— Aí você entrou em um tópico sensível — o ator transferiu as mãos da cintura para o pescoço da escritora — favor, não repetir.
— Talvez, eu também goste de testar a sua paciência — depositou um beijo sob o nariz do ator e se afastou dele, entrando no banheiro — Agora, se você me deixar usar o meu próprio banheiro, preciso escovar os dentes, porque e Ben já estão a caminho.
— Você sabe que tem outro banheiro no corredor, não sabe? — Dylan apontou para fora do quarto e levantou o dedo do meio para ele — Mas não se preocupe, demore o tempo que precisar, você sabe que Ben dirige como uma vovózinha.
sequer teve tempo de colocar pasta de dente em sua escova, pois o barulho de seu celular chamou sua atenção.
— Acho que a vovózinha está dirigindo uma Ferrari então, — mostrou o celular para Dylan, com a mensagem recém chegada de — porque eles a acabaram de chegar.
viu Dylan tirar o celular da mão dela, a dando tempo de escovar os dentes e, sem pensar duas vezes, mandou um áudio para , gritando:
— Tudo isso é pressa para voltar para casa e dormir logo? — riu. De fato, e Ben eram os mais preguiçosos do grupo, estavam sempre sonolentos e pulando eventos que terminavam tarde demais, “porque estavam cansados”. Dois velhos, sim. Mas o que podia dizer? Amava ficar sem fazer nada em casa e, às vezes, torcia para que cancelassem os eventos noturnos.
— Tudo isso é porque namoro um britânico agora e você sabe como eles são pontuais — A voz risonha de chegou por um áudio em resposta, tirando uma risadinha baixa de Dylan. Era possível ouvir Ben resmungar algo ao fundo do áudio — E também porque temos pressa para jantar, estou com fome. Então, anda logo, Maluminha!
Dylan devolveu o celular de e foi em busca de sua carteira, celular e uma máscara limpa que pudesse usar, enquanto a mulher deu uma última olhada no espelho, terminando de passar seu batom. Usava um conjunto em couro composto por uma jaqueta e calça oversized, combinadas com um cropped branco canelado, acessórios dourados e o tradicional all star. Estava realmente feliz com aquele evento. Por menor e mais cotidiano que pudesse parecer, ainda assim era animador pensar que as coisas haviam voltado ao normal entre eles. Depois de tempos turbulentos, ter um pouco de paz e de diversão era muito bem-vindo. vestiu seu casaco por cima, enquanto caminhava ao encontro de Dylan que já estava pronto, a esperando na porta já aberta. Ele vestia um look all black composto também por uma jaqueta em couro, combinados com uma calça jeans e botas.
Dando uma mão para ele enquanto avisava que estavam já descendo, saiu tão feliz e realizada do apartamento que não podia deixar de sorrir. Dylan era um sonho realizado. Estar em Londres era um sonho realizado. E, porra, estava convivendo com pessoas que o mundo inteiro sonhava em ao menos ver ao vivo algum dia. Tudo parecia um sonho e ela só se deu conta daquilo naquele momento. Por baixo da máscara que usava, Dylan falava animado sobre algum comentário que lia em seu Twitter, os olhos espremendo-se em um sorriso que ela não podia ver. A cada andar que o elevador descia, o frio parecia se intensificar e, querendo se aquecer o mais rápido possível, ele literalmente correram até o carro, assim que deixaram o prédio.
— Boa noite, casal — gritou, assim que entrou no banco de trás do carro, com Dylan vindo logo atrás dela. e Ben deram leves abraços animados nela, por sobre os bancos.
— Boa noite, lindezas — os cumprimentou de volta, sorridente.
— Boa noite, — Dylan deixou um beijo no ombro da amiga, sentado no banco de trás do carro — Boa noite, neneco — ele repetiu a ação então, dando um beijinho no ombro de Ben. gargalhou alto com o apelido que ele usava para chamar Ben, vendo o namorado negar com a cabeça.
— A pior coisa que pode acontecer com alguém é ser amigo do Dylan, meu Deus — Ben resmungou tímido — Boa noite, gente.
— Em minha defesa, foi a querida da sua melhor amiga que me contou o seu mais novo apelidinho — Dylan riu baixo, ajeitando-se no banco, observando Ben dirigir sentido a casa de Tom.
— Corrigindo: a pior coisa que pode acontecer com alguém é ser amigo da fofoqueira da — Ben a encarou pelo retrovisor, constrangido, a vendo dar de ombros e mandar um beijo no ar para ele — Podemos, por favor, mudar de assunto?
— Você é um fofoqueiro — falou batendo levemente no ombro de Dylan — Me desculpe, neneco, não sabia que não podia compartilhar com os outros seu apelido — a escritora debochou, olhando para o amigo tímido — Mas me conta, , como foi conhecer os pais do zangado?
— Pelo visto, teremos um caminho longo pela frente com bastante assunto de luluzinhas — Dylan jogou-se ainda mais no banco que estava sentado, observando ajeitar-se um pouco para frente, curiosa em saber sobre o assunto. Ben sorriu carinhoso com o tema e esperou para ouvir o que tinha a dizer da família dele.
— Se está incomodado, é só descer e pegar um Uber, Dylan — bufou para ele, sentindo ele puxar levemente seu cabelo em resposta, e continuou a dizer animada: — Voltando a sua pergunta, , eles são super fofos, já sabemos para quem Ben puxou…
engatou na história de como foi conhecer Tricia e Thomas, os pais, e Jack, o irmão mais novo de Ben. sorria largamente ao ouvir a amiga contar os detalhes com tanto carinho, estava feliz pelo casal de amigos, finalmente, ter engatado o romance. A escritora esperava, e no fundo sabia, que uma hora ou outra tudo devia se resolver e acontecer entre eles, mas ver aquilo se tornando real era quase mágico. Sem desviar sua atenção da fala da amiga, reparando que Dylan estava um tanto disperso, pegou na mão dele, que agarrou os dedos dela com as duas mãos em retribuição. Dylan era um pouco relapso às vezes, mas o movimento carinhoso logo o trouxe de volta para o assunto. Ben adicionava breves comentários na fala de , acrescentando detalhes de como a mãe dele ficou encantada com a beleza e a doçura da mulher e como o pai dele tinha o deixado envergonhado com comentários do tipo: “Finalmente, Ben, pensei que você nunca fosse trazer ninguém em casa” ou “Pensei que os romances que você lia não iam te ajudar em nada, mas veja só”.
Entre comentários, brincadeiras e risadas altas, o assunto durou até quase chegarem a casa de Tom, não mais do que meia hora de viagem. Quando estavam descendo do carro, depois de estacionar na entrada da casa, Dylan sentiu algo extremamente gelado bater em seu rosto e sequer teve tempo de entender o que acontecia. A forte e alta gargalhada de Lewis já entregava tudo. Dylan se virou na direção de onde a risada saia, misturando-se às risadas dos demais que, ao mesmo tempo, viraram-se no mesmo sentido que ele. Lewis estava com as duas mãos cheias de neve e havia jogado uma bola no ator que, a princípio, era para ter atingido suas costas, mas Hamilton não era muito bom de mira. , mais atrás do piloto, revirava os olhos risonha, indo em direção a que ria alto da cara do namorado.
e Ben já estavam alguns passos mais à frente, próximos a porta da casa de Tom, mas pararam antes de efetivamente chegar, dando uma olhada na bagunça que se formava. vestia uma calça legging preta, em um tecido brilhoso, meio metálico, com um suéter mais compridinho igualmente preto. Por cima, estava com um casaco fofo e peludinho cor-de-rosa escuro e botas sem salto de couro preto. Ben, por sua vez, vestia uma calça cinza e um suéter grosso em tricot preto, seu tênis branco em couro da Adidas e levava um casaco por cima, preto também. Apesar das roupas serem quentes, não pareciam o suficiente para segurar o frio que fazia lá fora.
— Lewis, faz de novo, por favor, preciso filmar dessa vez — brincou rindo, tirando seu celular da bolsa.
— Você me ama ou me odeia, ? — Dylan se virou para ela, limpando os flocos de neve grudados em sua bochecha.
— Estamos dramáticos na noite de hoje — riu, abraçando Dylan e, em seguida, .
— Drama é o sobrenome do Maze Runner — Lewis o cumprimentou com um abraço também e deu um beijo em — Ainda dá tempo de desistir, . Tenho uns amigos para te apresentar, se você quiser — o piloto riu, dando um soquinho em Dylan, que revirou os olhos, e então, ele se virou para cumprimentar Ben — E aí, neneco?
— Ah, não! Até você? — apesar das bochechas terem ficado vermelhas, Ben não conseguiu segurar a risada baixa, acompanhando os demais e abraçando Lewis, enquanto abraçava — , para quem mais você contou?
— Talvez, eu tenha colocado no grupo com todas as meninas do reality — sorriu amarelo, vendo o amigo dar um beijo em enquanto , agora, abraçava Lewis — Não esqueça que te amo, Barnes.
— É, Dylan, sua namorada, confunde mesmo amor com ódio — Ben deu dois tapinhas no ombro do ator.
— Aposto que Lewis também tem um apelido e nem por isso está reclamando — apontou para Lewis, olhando .
— Ele tem mesmo — concordou risonha — É cariño
— Aw — todos eles gritaram ao mesmo tempo, vendo Lewis ficar pomposo, cheio de orgulho de ser o Cariño.
— Viu? — olhou para Ben, rindo baixo da postura de Lewis — Eu disse que ele não reclama do apelido.
— Ainda bem que para o Dylan vocês dois já inventaram, — apontou para Ben e Lewis, observando um movimento passar pelas janelas da frente da casa de Tom. Certamente tinham ouvido os gritos lá fora — não precisei ser criativa, gosto do Teen Wolf e do Maze Runner.
— Não seja hipócrita, , você me chama de meu bem — Dylan fez um biquinho para ela, que deu de ombros e, em resposta, deu um beijinho nele.
— Olha só quem está querendo apelidinho também — Ben brincou abraçando , como se a colocasse dentro de seu casaco. O frio está terrivelmente cortante naquela noite. e Lewis davam alguns passos de um lado a outro, sem parar, tentando se aquecer, enquanto parecia se encolher cada vez mais perto de Dylan.
O comentário de Ben fez com que todos os outros gargalharem. As risadas altas puderam ser ouvidas por Tom, , Sebastian e de dentro de casa, por isso, a campainha nem precisou ser acionada. Tom e Sebastian foram logo receber os amigos.
— Cariño, Neneco — Tom apareceu na porta com os braços abertos, tirando uma nova risada alta dos demais. Lewis literalmente correu até ele, o abraçando apertado, enquanto Ben ria tímido.
— Como sabem dos apelidos? — perguntou, abraçando Sebastian.
— E tem como não ouvir vocês? — Seb brincou, cumprimentando logo em seguida.
— Minha vizinhança inteira sabe que vocês estão aqui — Tom riu, soltando Lewis e cumprimentando .
— A culpa é do Lewis — Dylan gritou abraçando Seb e, em seguida, Tom.
— É claro que é — Sebastian concordou, dando um abraço lateral em Ben e, em seguida, em , que comentava alguma coisa com Tom sobre ele estar radiante.
Os seis recém chegados, finalmente, entraram na casa aconchegante de Tom, o contraste do frio que fazia lá fora e o calor gostoso de dentro sendo notado por todos eles, enquanto tiravam seus casacos, gorros, bolsas e máscaras, pendurando tudo no cabideiro de próximo a porta. Como de costume no país, pelo frio constante, os convidados tiraram seus sapatos e deixaram também perto da porta, na intenção de não sujar o carpete macio de Tom. Dylan seguiu casa adentro conversando com Lewis, massageando a própria bochecha depois da bolada de neve que levou, ao tempo que vinha logo atrás atualizando Tom sobre o que tinha acontecido no quintal dele, minutos antes, quando chegaram ali.
Eles logo encontraram e, curiosamente , na cozinha, e, depois de a cumprimentarem alegremente, se dividiram pelas salas de estar e de jantar de Tom, que dividiam o mesmo espaço aberto da casa, sem divisórias. sentou no sofá com Ben, tomando vinho juntos, comentando sobre o vídeo que apareciam cantando juntos no bar e no quanto aquilo tinha animado seus produtores de uma parceria com Ben. O cantor, por sua vez, parecia feliz em saber dos projetos dela e compartilhava o que viria no ano seguinte, com seu EP lançado.
Alguns passos deles, em pé e perto da lareira enfeitada para o Natal, contava animada sobre a recente proposta que recebeu da Marvel para Sebastian, que celebrava a chegada de mais uma amiga ao estúdio e a tentava convencer de aceitar o papel. Com taças grandes de vinho na mão, que se esvaziavam rapidamente, Sebastian logo incluiu Tom na conversa e se perderam ali, contando para a amiga todos os motivos pelos quais a Marvel era uma opção e as fofocas do que acontecia nos bastidores. Pelo tom de voz gritante de Sebastian, que não parava de gesticular e encostar nela enquanto falava, e pelo tom avermelhado do rosto de Tom, sabia que o vinho já começava a fazer efeito.
No outro sofá, de frente para onde Ben e estavam conversando, chegava trazendo uma nova garrafa de vinho e se sentava ao lado de Dylan e . Dylan comentava sobre como se sentiu para seu último personagem em filmes, quando teve que pintar o cabelo de loiro, fazer um monte de tatuagens e se vestir de um jeito que, certamente, não se vestiria na vida real. entregou a garrafa para ele abrir, enquanto incentivava o amigo a usar cores mais vibrantes. Tinha visto algumas fotos dele vestindo roxo e, definitivamente, combinava com ele. Por algum tempo, Dylan aproveitou para pegar algumas dicas de moda com a modelo e quase implorou para colocar ele em um filme de ficção novo, cuja direção era dela e o casting ainda não tinha começado.
Na sala de jantar, só se separou de Lewis para cumprimentar as meninas que já estavam na casa e, abrindo os armários de Tom com ele em busca de um aperitivo depois que a última garrafa de vinho foi pega por , conversavam sobre as bebidas mais caras que já tinham experimentado e das situações constrangedoras e engraçadas que já tinham se metido alcoolizados. encontrou uma garrafa de um cocktail alcoólico de morango fechada e a mostrando para Lewis, que gargalhou da qualidade duvidosa daquilo, decidiram tomar. O piloto pegou duas taças em um outro armário de Tom e os serviu generosamente depois de abrir a garrafa, ouviu perguntar por que ele era tão rico. Lewis riu alto da pergunta, que pareceu sincera e curiosa, e, sem perder o momento para fazer piadas, comentava o fato de estar na frente dele no ranking da Forbes.
Entre as conversas entusiasmadas, as risadas altas e as taças seguidas de bebidas que já não prestavam mais atenção do que eram, o tempo passando e a noite entrando. Os grupos foram se remodelando, de acordo com o assunto, puxados pelo tema e pela pessoa que passava próxima e já não havia uma pessoa que não tivesse tirado um tempo para conversar, sem pressa e sem ressalvas, com alguém dali. Como se a amizade entre eles pudesse se fortalecer ainda mais, como se nenhum tempo fosse tão bom quanto aquele. Tinha mais do que o Sugar Rush em comum. E aquilo ficava mais claro a cada encontro, a cada evento, a cada momento como aquele que compartilhavam.
— O que tem de vegano nesse jantar? — Lewis perguntou alto, atropelando a conversa dos demais.
— Nada — gritou de volta e voltou a prestar atenção no que conversava com Ben e Sebastian.
— Tom, se você me oferecer comida que não for vegana, vou fazer um exposed seu na internet — Lewis apontou para Tom, que veio em sua direção risonho.
— Cariño, eu fiz cremes especiais só para você — passando uma mão no peito dele, enquanto a outra segurava a taça, Tom respondeu sedutor.
— O pior de tudo, é que ele fez mesmo — gargalhou, chamando atenção dos demais para a conversa — Está do jeito que você gosta, ou seja, com gosto de nada.
— E eu achando que eu era seu preferido, Tom — incrédulo, Sebastian afirmou, recebendo um abraço consolador, de lado, de Ben, que dizia “está tudo bem, cara, ele vai voltar para você”.
— Quem você está querendo enganar, Lewis? Você não conseguiria expor o Tom, nem se quisesse. Não combina com a sua aesthetic de fotos maromba com legendas motivacionais — revirou os olhos, tirando uma risada de , que concordou com a cabeça.
— Dylan, olha aqui sua namorada — tomando um gole de sua bebida, Lewis se virou para o ator.
— Você sabe que ela não mentiu, Lewis. — Dylan deu de ombros — Até eu, que não tenho Instagram, sei disso.
— Falando nisso, porque você não tem uma conta no Instagram? — perguntou e e Dylan responderam juntos, respectivamente:
— Preguiça.
— Não tenho tempo.
— Não tem tempo? Fala sério — gargalhou, recebendo o dedo do meio em resposta de Dylan.
— tem razão, Dylan, você é um péssimo mentiroso — tomando um gole de seu vinho, Ben levantou as sobrancelhas para o outro ator, que bufou.
— Eu sempre tenho razão, neneco — mandou um beijinho para ele.
— Ok, falando em nenecos, — comentou levantou do sofá, tirando risadas dos outros — já temos o apelido de Ben, Lewis e Dylan, falta soltar o seu na roda, Sebastian — gesticulou para ele.
— Vou deixar a minha dama fazer as honras nessa humilhação pública — se aproximando de , Sebastian a abraçou pela cintura.
— Tenho medo do que pode ter inventado, a cabeça dessa mulher é muito criativa — enchendo sua taça com a tal bebida de morango de e Lewis, comentou.
— Ih, gente! O apelido de Sebastian é gostoso — afirmou direta, tirando gritos de “gostoso” dos demais para Sebastian, que ria envergonhado — Resume bem tudo que ele é e é simples, prático e fácil. De complicado já bastou tudo que tivéssemos que passar para ficarmos juntos de novo.
— Ai gente, que fofos — fez um biquinho para eles, vendo Seb dar um beijo na bochecha de .
— Eu esperava mais de você, — Lewis comentou inconformado, não tinha gostado do apelido e sua mente trabalhava freneticamente para procurar por um melhor — Mas como sou muito generoso, vou dar uma sugestão.
— Lá vem — murmurou falsamente exausta.
— Gossip Girl — segurando sua taça, Lewis abriu os braços, de frente para Sebastian. Alguns deles deram risadas, outros vaiaram alto.
— Não acredito que você pensou em um apelido especial para mim, Lewis. Estou honrado — Sebastian colocou uma das mãos em seu peito, falsamente emocionado.
— Fica esperta, — apontou sua taça para a amiga, que concordou com a cabeça — Parece que você tem concorrência.
— Aposto que ele via a série escondido — olhando sugestivamente para Lewis, acusou, rindo.
— Tenho certeza que sim! É a cara dele ficar assistindo drama adolescente — entregou os pontos, como se contasse um segredo de Lewis. O piloto, contudo, nem se abalou, só deu de ombros.
— Se eu quisesse ver drama adolescente, teria assistido a série que nosso querido amigo Dylan fez — Lewis brincou — Apesar de que ele era o único dos protagonistas que não tinha nenhum poder sobrenatural.
— Agora você tocou na ferida, Lewis — Ben riu alto, vendo Dylan protestar e defender seu personagem.
— Todos eles dividem o mesmo neurônio e eu posso provar — arregalando os olhos e gesticulando para onde Lewis, Ben, Dylan e Sebastian se juntavam para discutir Teen Wolf, comentou com as meninas e Tom.
— Podemos ir comer? — pediu de repente. Estava morta de fome e não sabia por quanto aguentariam só beber.
— Por favor — Tom respondeu, tentando puxar Lewis, para quebrar a discussão que ele travava com os outros caras.
Os dez se acomodaram lado a lado na grande e rústica mesa que Tom tinha em sua casa, ficando quatro de um lado, quatro de outro e dois nas cabeceiras. Estavam à direita: Sebastian, , e Ben e à esquerda, de frente para eles, , Lewis, e Dylan, Tom e estavam dispostos cada um em um lado da mesa. Sobre o móvel havia diversas travessas com os acompanhamentos para o fondue e três queimadores para manter os cremes quentes. A conversa nunca cessava, estavam animados por estarem ali reunidos, depois de tanto drama e de tanto tempo. Muitas coisas mudaram, o amor uniu alguns, o perdão a outros, mas, de uma coisa tinham certeza: a amizade que formaram em tão pouco tempo conseguiria deixá-los ligados para uma vida inteira.
Lewis não pode deixar de elogiar os cremes que Tom tinha feito especialmente para ele e fez com que a maioria dos amigos também os experimentassem. , por sua vez, não tocou em nenhuma das especiarias veganas, já as conhecia de longa data e não simpatizava muito com os pratos. Sebastian estava levemente alcoolizado, porém, deixando-se levar pelo fato de estar entre amigos e à vontade, levantou-se, rapidamente, para buscar mais bebidas na geladeira. Dylan preferiu não beber mais, ainda que não estivesse dirigindo, da última vez que avançou muito o sinal as coisas não terminaram bem, ele queria aproveitar a noite e, também, se lembrar dela. ficou atenta à quantidade de bebida que Sebastian trouxe consigo, tinham duas garrafas da bebida colorida que e Lewis bebiam mais cedo. Para fazer companhia ao namorado, a modelo bebeu mais uma taça com ele.
Ben e compartilhavam carícias enquanto davam petiscos um na boca do outro para experimentarem, arrancando um: “eca, vocês são muito melosos” de , que estava sentada na frente do casal, e meia dúzia de vídeos que Lewis gravava deles para poder sacanea-los depois. Ben, em resposta a amiga, jogou um morango em seu prato. e Lewis, estavam atentos a receita do creme que Tom passava para eles, o piloto, apesar de estar sempre por dentro desse universo, não dispunha de tempo para se arriscar na cozinha. Depois de degustarem a parte salgada do jantar, vieram os cremes doces: um deles era um blend extra cremoso de chocolate branco com nozes e o outro em chocolate 70% cacau e creme de avelã light.
Satisfeitos e, completamente, anestesiados pelas delícias cozinhadas por Tom, um breve silêncio pairou sobre a mesa. Aproveitando-se do momento em que todos estavam ali, o ator trocou um olhar com , como se tivessem pensado ao mesmo tempo que, talvez, aquela fosse a deixa e fazerem o que tinham intenção de fazer com aquele jantar. Tinham coisas inacabadas com os amigos e era o momento perfeito para colocar um fim naquela história toda. Tirando Sebastian, Tom ainda não tinha conversado diretamente com ninguém sobre o assunto. , por sua vez, já havia conversado com Lewis e com as meninas, , e , antes. Mas ainda havia pessoas ali que precisavam ouvir dela e de Tom, principalmente, que sentiam muito por tudo. A relação dos dois havia mudado, o que era esperado, já que o contrato não só bagunçava o que os dois sentiam um pelo outro, mas, também, acabou envolvendo outras pessoas que não tinham relação com aquele caos, além de seus interesses deles, de suas agências e da mídia como um todo.
— Depois desse jantar maravilhoso, nós já temos o vencedor do Sugar Rush — quebrou o silêncio que pairava sobre eles, recostando-se na cadeira que estava sentada.
— Com certeza, , esse prêmio é todo seu, Tom — Lewis concordou, pegando a mão de por debaixo da mesa.
— Todo nosso, — prontamente o corrigiu — ainda sou a dupla dele.
— Que eu saiba, ele cozinhou o jantar sozinho, — provocativo, o piloto rebateu.
— Tanto faz, o que importa é que eu continuo sendo a dupla dele. — deu de ombros — Gosto de ficar no time dos vencedores.
— Pessoal, vou aproveitar que vocês tocaram no assunto e que estamos todos aqui para dizer algo importante — Tom falou, se levantando da cadeira onde sentava na ponta da mesa, mas logo foi interrompido por um Sebastian levemente alcoolizado:
— Discurso! Discurso!
— Releve ele, Tom — tapou rápida e cuidadosamente a boca do namorado, arrancando risada dos demais — Pode continuar falando.
— Bom, pessoal, nós decidimos reunir todos vocês aqui hoje, eu e , na verdade, — ele apontou para ela e sorriu carinhoso — não só porque estávamos com saudades dessa turma toda reunida, porque estávamos mesmo, — ele riu tímido — mas principalmente porque gostaríamos de nos desculpar com vocês, por tudo o que aconteceu.
— Não precisa disso, Tom — o cortou brevemente. Às coisas já tinham se resolvido, melhor do que todos eles imaginavam, não havia necessidade alguma daquilo.
— É, cara, estamos bem — Dylan concordou com ela, apoiando os cotovelos sobre a mesa.
— Mas queremos nos desculpar. Sabemos que tudo o que aconteceu pegou vocês todos desprevenidos, deveríamos ter contado a verdade antes, talvez sequer deveríamos ter topado participar do reality nessas condições — Tom insistiu, olhando cada um dos amigos ao redor da mesa.
— Não tínhamos ideia de que eles envolveriam vocês nisso tudo e não fomos as melhores pessoas do mundo quando soubemos da notícia — também se levantou, na ponta oposta da mesa.
— Sabemos disso, , está tudo bem — sorriu para ela — Qualquer um de nós reagiria daquela forma, foi terrível como as coisas aconteceram para vocês.
— Todos nós já fomos vítimas da mídia de algum modo em momentos diferentes de nossas carreiras — comentou arrumando-se em sua cadeira — Tenho absoluta certeza que vocês não nos colocariam nessa posição fragilizada para proveito próprio, ainda mais, em uma situação que atinge vocês diretamente.
— Exatamente! A mídia quer que sejamos vítimas de uma grande teia de mentiras para beneficiá-los, aumentar os cliques, vender notícias falsas — Ben olhou para Tom e — Mas em um momento ou outro a verdade sempre aparece. E nós temos consciência de que o Sugar Rush pode ser uma grande mentira, mas, isso é real — ele apontou para eles à mesa — Nossa amizade é real, os vínculos que criamos, fortalecemos e, até mesmo, reconhecemos, são verdadeiros.
— Bom, como uma das poucas pessoas que sabe de tudo isso desde o começo, concordo com tudo que está sendo falado — Lewis assumiu uma postura mais rígida — Nem você, , nem você, Tom, tem alguma porcentagem de culpa sobre o que foi falado sobre o programa. Quando assinaram o contrato vocês estavam negociando um relacionamento que envolvia apenas duas pessoas, não um reality de show inteiro.
— Agradeço muito a vocês por tudo, de verdade — Tom sorriu sincero para os amigos — Tudo o que aconteceu teria acabado de vez com a gente se não fossem vocês, segurando a barra esse tempo todo. Obrigado pelo apoio e pela companhia e me desculpem pelo modo como reagi no dia — ele, então olhou diretamente para — fui um babaca, eu sei. Desconfiei de você, não deveria ter dito nada do que disse, eu sinto muito, mesmo.
— Todos temos nossos momentos — respondeu, encarando-o nos olhos e sorrindo de volta — Também fui reativa e tratei as coisas como se elas não afetasse nenhum de vocês. Estou acostumada com esse tipo de situação, — ela suspirou — mas você não — ela apontou para Tom — nenhum de vocês está, na verdade. Sinto muito, galera.
e Tom se encararam por um minuto, que pareceu mais longo pelo silêncio que se instalou no ambiente. Era a primeira vez que, de fato, estavam se desculpando um com o outro pelo o que aconteceu e aquilo foi infinitamente mais fácil do que eles haviam imaginado. A sensação de que podiam ter feito aquilo antes tomou conta dos dois como um raio. Talvez tivessem acabado de dar mais um passo sentido ao que tinham antes. Talvez aquilo fosse um singelo e discreto recomeço para eles dois. abriu ligeiramente mais o sorriso, seus olhos presos nos dele, que não paravam de encará-la nem por um único instante. Tom queria dar a volta naquela mesa e pegar em seus braços, dar-lhe o maior e o melhor dos beijos que poderia dar. Gritar que a amava e que queria ficar com ela pelas próximas vidas se fosse possível.
Mas Tom conteve-se. Não era o momento ainda e não sabia como reagiria a qualquer tentativa de aproximação. Os oito outros amigos, sentados ao redor da mesa, olhavam de um para outro e de para Tom, apaixonados pelos amigos. Sem querer interromper o momento deles, eles esperaram, pacientes, qualquer nova reação da dupla. Estavam tão felizes pelo fato de ver e Tom se acertarem que nada precisava ser dito. Ao menos, até Dylan quebrar o silêncio repentinamente.
— , canta Count on Me do Bruno Mars, aí — Dylan falou alto, virando-se para . o olhou confusa por um instante — Acho que combina com a ocasião.
— Por acaso, eu tenho cara de Spotify, Dylan? — levantando as sobrancelhas enquanto o encarava, rebateu.
— Tinha que ser o Teen Wolf para acabar com o momento — Lewis negou com a cabeça, servindo-se de mais vinho e oferecendo aos demais.
— Mas o momento já não tinha acabado? — Dylan estendeu sua taça para o amigo.
— Pelo amor de Deus, Dylan — revirou os olhos.
— Pera, até que a ideia dele não é ruim — falou alto, chamando atenção de todos para ela, e, então apontou para o outro cantor do grupo — Ben, o que você me diz de um dueto?
— Você está falando sério? — Ben tomou um gole de seu vinho e esfregou as mãos, animado.
— Óbvio — gritou feliz — Mas sem músicas tristes, que tal cantarmos Taste The Feeling?
— Avicii? — Ben perguntou confuso, rindo leve.
— Sim — e Lewis celebraram animados, rindo em seguida.
— A música do comercial da Coca-Cola? — Tom levantou as sobrancelhas.
— No one can stop me when I taste the feeling — Sebastian cantou alto um trecho, tirando uma risada Dylan, ao ver tapar os ouvidos.
— É, gente, vem comigo — insistiu, procurando por uma versão da música sem a letra no Spotify e, menos de cinco minutos depois, com a melodia soando alto por uma pequena caixa de som na sala de Tom, ela começou a cantar.
(É uma sensação boa, em meu coração, em minha alma)
When you're right here beside me
(Quando você está bem aqui ao meu lado)
I don't ever want this day to end
(Eu não quero que esse dia acabe nunca)
Mmm, we can watch the waves, have a Coke
(Hum, nós podemos ver as ondas, Tomar uma Coca-Cola)
And just sit here beside me
(e você senta aqui ao meu lado)
Ah, take a little of my heart again
(Eu pego um pouco do meu coração novamente)
So we can feel, forever feel
(Então nós podemos sentir, pra sempre sentir)
Together, be real
(Juntos, ser reais)
Together and
(Juntos e)
No one can stop me when I taste the feeling
(Ninguém pode me parar quando eu provo a sensação)
Nothing could ever bring me down
(Nada poderia me derrubar)
No one can stop me when I taste the feeling
(Ninguém pode me parar quando eu provo a sensação)
Nothing could ever bring me down
(Nada poderia me derrubar)
You make it easier to sing, yeah
(Você torna mais fácil cantar, yeah)
parou por um momento, gesticulando para Ben, como se avisasse que era a vez dele. Ben começou a cantar harmonioso e suave, vendo e Lewis, animados, cantando e dançando juntos como da última vez em que ele e cantaram, no Artesian. filmava o momento, enquanto Sebastian dançava com Tom. Mais ao canto, Dylan puxava para dançar com ele e logo foi puxada por Sebastian para se juntar à turma. A sala de Tom foi tomada por um clima gostoso, muito feliz e leve. Embalados pela letra da música que não podia ser mais natalina, que combinava com a decoração da casa, a neve caía lá fora e o calor os aquecia lá dentro. Os dez estavam espalhados pela sala de estar, dançando, se divertindo, tomando novas taças de vinho e entre risadas altas que certamente incomodariam os vizinhos em breve. Ben seguiu cantando, acompanhando a letra da música em seu celular:
(Hum, é uma sensação boa quando ficamos à beira-mar)
And our hearts are jumping
(E os nossos corações estão pulando)
I grab another Coke and let's dive in
(Eu pego outra Coca e vamos mergulhar)
Oh, my love, there's a song in my soul
(Oh, meu amor, há uma música em minha alma)
When you are around me
(Quando você está perto de mim)
You make it easier to sing, yeah
(Você torna mais fácil cantar, yeah)
O repertório de músicas não parou apenas com Taste the Feeling. e Ben seguiram fazendo outros covers e cantando suas produções autorais, junto com os demais que, ora cantavam junto, ora dançavam, oram bebiam mais ou paravam para descansar e conversar uns com os outros. O clima estava amigável e divertido como se lembravam ser antes de todo o caos começar e a sensação que invadia a casa de Tom naquela noite era a de que tudo estava bem novamente, como se pudessem continuar de onde pararam, como se todas as coisas estivessem se encaixando de volta em seu lugar, como se cada dia mais próximo do Natal chegar sua magia pudesse se espalhar ainda mais sobre eles.
Em um certo horário da noite, depois de longas horas conversando e cantando, o cansaço já estava visível em alguns deles. Sebastian, que tinha bebido um pouco além da conta, foi o primeiro da turma a cair sonolento, sendo encaminhado por Tom e Ben até o quarto de hóspedes, onde ele costumava ficar hospedado, quando estava na casa de Hiddleston. Lewis tinha feito algumas selfies com Sebastian dormindo ao fundo, mas deixou o amigo em paz assim que chegou no quarto, risonha pela situação e igualmente cansada. Ela ajeitou Seb na cama, o cobriu e, se aninhando a ele, pegou no sono mais rápido do que havia pensado. Talvez devesse ter bebido menos também.
Apesar de estarem de carro e de não morarem tão longe dali, Ben e Lewis, assim como todas as pessoas que estavam de carona com eles, haviam bebido naquela noite e Tom não os deixou ir embora. De jeito algum pegaria seus carros naquele estado. Tinha como acolher todos os amigos em sua casa, podiam dormir, descansar e no outro dia, depois de comer, ir embora em segurança. e Seb já haviam ocupado um dos quatro quartos da casa de Tom. e Ben pararam de cantar assim que o primeiro casal foi dormir e seguiram conversando na sala, em um tom de voz mais baixo e comportado. Não muito tempo depois, foi a vez de pegar no sono, deitada em um cantinho de um dos sofás da sala. Ela sempre dormia muito rápido e foi o tempo de Tom, que antes conversava com ela, pedir licença para ir ao banheiro, para ela dormir.
Assim que percebeu que ela já dormia, e por insistência de Tom, Ben a pegou delicadamente no colo e, despedindo-se dos amigos, que zoavam a cena, a levou até o segundo quarto de hóspedes. Ben estava exausto, já tinha passado de sua hora de dormir fazia tempo e ele não teve forças para levantar da cama mais,assim que deitou com e a abraçou quentinho e confortável. Na sala, Dylan fazia uma trança sem sucesso nos cabelos de , sentada no meio de suas pernas no sofá da sala, enquanto conversavam e riam baixo com e Lewis, sentados na frente deles. pegou um copo de água na cozinha e avisou o pessoal que já estava indo deitar também. Tom ofereceu o terceiro e último quarto de hóspedes para ela, que carregou Lewis consigo com a desculpa de que “se deixasse, ele ficaria acordado a noite toda falando sem parar”. Entre beijos e risadas baixas que eles mesmos interromperam antes que terminassem fazendo o que seria deselegante fazer na casa de Tom, eles dormiram.
Assim que e Lewis afastaram-se, se levantou e foi rumo à cozinha, dizendo que começaria a juntar algumas coisas que estavam bagunçadas, sem aceitar as ofertas de ajuda de e Dylan. Queria deixar os dois a sós, mais confortáveis e silenciosos, tendo em vista que, assim como ela e os demais, deveriam estar cansados já. O casal na sala seguiu conversando baixinho entre si, comentando algumas coisas da noite, enquanto compartilhavam carinhos delicados. Durou a eles poucos minutos daquela forma, pois sem que notassem, acabaram deitando juntos no sofá onde já estavam sentados e, de conchinha, adormeceram. estava passando para devolver alguma almofada que, sem entender, foi parar na cozinha, quando parou por um momento, observando o casal dormir encolhido e tranquilo no sofá a sua frente. Uma sensação feliz, morna, tomou conta dela, um sorriso bobo abrindo-se em seu rosto, involuntariamente, ao reparar no quão fofa era aquela cena.
Já estava bem distante da solidão que viveu nas semanas passadas. Tinha todos eles de novo em sua vida. Tinha eles ao seu redor, finalmente juntos e se amando, como deveria ser. e Dylan tinham enfrentado os próprios receios e inseguranças para se abrir um ao outro, tinha ousado ir além da amizade que tinham. e Ben tinham colocado os pingos nos is, esclarecido as mentiras que os separavam e dispostos a dar uma nova chance para o que tinham. e Seb tinham conseguido engolir seus orgulhos, perdoar um ao outro e resolver o passado enquanto e Lewis finalmente estavam prontos para construir um futuro. estava feliz por eles. Verdadeiramente feliz por, ao menos para eles, o amor ter vencido todas aquelas batalhas. Só restava a ela saber, o que faltava a ela e Tom.
— Onde você guardou o restante dos cobertores? — perguntou cortando seus pensamentos, assim que viu Tom voltar para a sala. Ela apontou para e Dylan, se referindo aos cobertores. Eles pareciam com frio, a tirar pelo quão encolhidos estavam.
— No quarto de hóspedes… — Tom respondeu baixo, pensando — Sebastian e estão lá. Será que eles estão acordados?
— Pelo estado que o Sebastian estava, posso te garantir que não — riu.
— Posso entrar lá e pegar, se você quiser — sugerindo, Tom se virou para ela — Você vai ficar aqui no nosso…meu quarto?
— Claro que não, é o seu quarto, Tom. — ela arregalou os olhos — Não vou fazer você dormir na sala por minha causa.
— Está desconfiando do conforto dos meus sofás? — brincando, Tom perguntou afetado, rindo junto com em seguida — Eu não colocaria meus convidados em móveis ruins. — ele apontou para o casal que dormia.
— Esse argumento é meio falho por dois motivos, primeiro: Dylan está acostumado a dormir em qualquer lugar e, segundo, , praticamente, está dormindo em cima dele, ou seja, não está sentindo todo o “conforto” do seu sofá — analisou, observando do casal a frente até Tom, que pensou por um momento até concordar com a cabeça.
— De todo modo, você pode, por favor, aceitar a minha gentileza sem questionar?
— Britânicos e suas gentilezas — revirou os olhos, tentando esconder a timidez de aceitar aquele convite — Só vou aceitar ficar com o seu quarto, porque estou muito cansada.
— Essa foi a pior desculpa que você inventou em muito tempo, — Tom sorriu charmoso para ela.
— O que você está insinuando, Thomas? — ela levantou as sobrancelhas, provocativa, mas logo desviou os olhos dos dele, ligeiramente envergonhada.
— Longe de mim insinuar algo, mas… — Tom ainda a encarava — nós dois sabemos que você ama essa cama.
— Você tem razão, — ela riu levemente, se dando por vencida — realmente gosto bastante dessa cama. Obrigada pela gentileza, Tom.
— Tudo por você, Srta. .
O último desafio: bolos
— Bem-vindos de volta ao nosso Sugar Rush de Natal — Dylan gritou, fazendo o maior escândalo, assim que entrou no estúdio central, imitando a fala de Hunter.
Eram quatro e meia da tarde e todos os demais participantes já estavam dentro do estúdio, espalhados, conversando e rindo alto. Dylan tinha sido o último a fazer o teste de Covid e, com isso, se atrasou para colocar seu figurino e chegou alguns minutos mais tarde. A escuridão e o frio do inverno lá fora não podiam sequer ser sentidos dentro do estúdio, que parecia ainda mais colorido, brilhante e enfeitado do que antes. As cozinhas seguiam repletas de utensílios e ingredientes, os nomes das duplas acesos em cada uma delas e o clima estava tão animado no meio daquela bagunça toda, que Dylan sentia uma energia a mais sair de si mesmo.
Era bom estar de volta.
Um sentimento que cresceu nele ao pisar uma vez mais naquele estúdio, o mesmo sentimento que cada um dos dez participantes carregava naquele instante.
Depois de algumas semanas longe dali, com as gravações paralisadas, voltar ao Sugar Rush e retomar todo o programa estava sendo uma experiência única em muitos sentidos. Primeiro, porque, diferente da primeira vez em que estiveram ali, agora eles já se conheciam. Já sabiam quem eram, já sabiam o que poderiam fazer e falar uns para os outros, já tinham intimidade e amizade. Depois, era diferente porque não havia mais entre eles aquela tensão, às vezes sexual, na maior parte das vezes por falta de comunicação. Eram duplas oficiais agora, duplas de fato. Eram casais que entrariam no jogo, que estavam animados em, pela primeira e pela última vez, jogar como parceiros.
E enfim, tudo estava diferente daquela vez porque era a última vez. Aquele era o último desafio, o último dia em que os dez participantes entrariam naquele estúdio juntos, que compartilhariam o mesmo momento, que dividiriam aquele espaço. Depois de gravar aquele episódio, as duplas voltariam separadas, alguns outros dias, para reassistir cada momento e gravar os depoimentos, narrações e comentários sobre como se sentiram e o que aconteceu, para intercalar as imagens da competição em si.
Para Dylan, , Ben, Tom e Sebastian era como o último dia de gravação de um filme, o momento que diziam a última frase decorada. Para era como gritar “corta” pela última vez em um set de filmagens. , era como o final de uma Fashion Week. Para Lewis, o término de uma temporada boa de corridas e para era como a última música que cantava em um show. Mas para , contudo, aquele dia era como o final de um capítulo que ela escrevia. Como se estivesse colocando o ponto final na última página de um livro, que, de repente, poderia haver continuação.
— Eu não falo assim — o apresentador riu, virando para Tom e Sebastian — Falo?
— Talvez — Tom deu de ombros, rindo da cara de Hunter.
— Acho que falta um pouco mais de ênfase no Natal, Dylan — Sebastian entrou na brincadeira, vendo Dylan se aproximar deles.
— Meu deus, o que vocês fizeram com o Sebastian? — Hunter o cutucou, ouvindo as risadas baixas dos demais.
— A gente, nada, já a … — sugestiva, se aproximou deles.
— Sorte a sua que não teve que dividir o apartamento com os dois — completou o assunto, vendo os amigos zoarem alto, enquanto ficava envergonhada e Sebastian tentava protestar — Se tem uma coisa que posso afirmar é que eles fizeram.
— Ih, não vem se fazer de sonsa não, — rebateu alto, risonha — Pelo que sei, você e o Dylan não ficam atrás não.
— Podemos voltar para o foco disso tudo, que é o Sugar Rush de Natal? — Dylan fez uma pose, enfatizando, outra vez, o jeito de Hunter apresentar o nome do reality.
— Sobre isso nós não temos mais o que conversar — Tom encheu o peito, encarando os amigos ao redor — Vocês sabem e experimentaram o sabor da minha vitória.
— Eu não devia ter elogiado seu jantar — se aproximando deles no exato momento, brincou, recebendo uma careta de Tom em resposta.
— Definitivamente, não — Lewis concordou com a amiga.
— Você deu asas para a cobra, — se apoiou na amiga — Agora vai ter que aceitar ocupar o mesmo espaço que Tom, a e o ego deles.
— O estúdio, de repente, ficou minúsculo — Ben comentou, tirando risadas dos amigos e um olhar de poucos amigos de .
— É sério, pessoal, — Hunter começou a dizer, risonho — é muito bom ter vocês de volta. Essas semanas que estivemos trabalhando por aqui sem vocês por perto, sem ter a certeza se voltariam, foi muito chato, muito silencioso.
Comovidos pelas simples palavras de Hunter, os dez ao redor dele gritaram barulhos fofos e, assim que Tom berrou “abraço em grupo”, foram todos na direção do apresentador, o abraçando. A Netflix havia decidido por manter a produção ativa enquanto contribuia para abafar o caso envolvendo e Tom e, indiretamente, todos os demais. Aproveitaram o tempo para começar a editar os episódios já gravados, para fazer alguns retoques e retrabalhos, para repensar a estratégia de divulgação e, mais do que isso, para estudar a possibilidade de, de fato, continuarem as gravações.
O Sugar Rush passou a ser um programa comentado nas semanas em que as gravações paralisaram e a empresa passou a usar todos os boatos e rumores envolvendo o reality a seu favor. Fez do limão a maior limonada possível e usou o que pode para reverter o marketing e criar um senso de necessidade nos telespectadores. O programa foi de uma aposta curiosa para um desastre desinteressante e armado e se transformou, enfim, em uma das estreias mais aguardadas do ano. Com o desfecho da polêmica do contrato de e Tom, firmado pela ideia de terem sido vítimas de um desfalque, de uma mentira midiática e de um contrato fake, e com os famosos participantes do reality ainda em Londres, com suas agendas bloqueadas para o programa, esperando diretrizes sobre como prosseguir, a Netflix decidiu continuar.
Tinham ares muito favoráveis, tinham dado tempo de se reorganizar, respeitado o espaço dos participantes e entendido que ainda tinham interesse em continuar. Por isso, alguns dias antes, os agentes de todos os participantes foram reunidos e os famosos convidados a retornar. e Tom deram o jantar de desculpas três dias atrás e, vencida aquela etapa, lá estavam eles mais uma vez.
— Sem o Dylan por perto, foi realmente silencioso — provocou o amigo, assim que se soltaram do abraço, recebendo um dedo do meio dele.
— Sem o Dylan e sem o Lewis, — completou a amiga — não posso nem imaginar esse sonho sendo realizado.
— Tem todo um complô contra a gente aqui — Dylan falou alto, fingindo estar desesperado e olhando para algumas pessoas da produção, que apenas riram e deram de ombros.
— Tóxicas — Lewis revirou os olhos para as amigas.
Enquanto estavam distraídos com o abraço coletivo, os participantes não notaram a chegada de um participante em especial, que se aproximava feliz deles. Como cada desafio tinha um jurado convidado, para o último não poderia ser diferente e tinha que ser ainda mais especial. Ed Sheeran adentrou o estúdio animado, empolgado em participar como jurado de um reality como aquele e ainda mais feliz em poder conhecer tantos artistas que ele admirava muito. O cantor, em conjunto com Elton John, tinha acabado de lançar uma música com a temática natalina, chamada Merry Christmas, que celebrava não apenas o Natal, mas também se recordava de entes queridos que já partiram. Assim, seguindo às diretrizes de trazer convidados britânicos e com o intuito de realizar uma dupla divulgação, do programa e da nova produção de Ed, os organizadores acharam interessante trazê-lo ao programa, justamente para aquele momento final. Mais uma combinação perfeita, o último desafio com uma trilha sonora exclusiva.
— , não olhe agora, — Ben começou a dizer, pausadamente, assim que reparou em quem se aproximava do grupo. De onde estava, a escritora estava de costas, ainda não tinha visto — mas acho que é o seu segundo cantor favorito bem ali.
— Segundo? Por que? Quem é o primeiro? — Ed brincou já próximo o suficiente, trocando um toque amigável e um meio abraço com Ben, que sorria abertamente.
— Sou eu, claro — Ben respondeu ao tempo em que os demais, ao redor, paravam para ver quem tinha chegado. De gritos exagerados a sorrisos animados, as reações foram variadas.
— Agora eu fiquei chateado — Ed brincou de volta, olhando as pessoas próximas, às cumprimentando em ordem — Vou ter que repensar as minhas futuras notas.
— Ai, meu deus, está ficando mais branca do que um papel — zoou a amiga, a vendo paralisada, encarando Ed como se fosse uma miragem.
— Depois o fanboy sou eu — terminando de abraçar o cantor, que ria da cena, Lewis completou — A magia está voltando contra a feiticeira, ?
— Vocês podem parar de me fazer passar vergonha, por favor? — cobriu o rosto com as mãos, envergonhada, mas logo abraçou o cantor com carinho, um abraço mais demorado do que ele deu nos demais. Era uma grande fã dele, já tinha ido a meia dúzia de shows e acompanhava a carreira dele de perto, usando suas músicas, às vezes, como trilha sonora de suas adaptações para o cinema ou como inspiração para certas cenas de seus livros. Quem conhecia conhecia seu amor por Ed Sheeran e vê-lo ali, conhecê-lo, era absolutamente incrível. Sugar Rush estava conseguindo superar todas as suas expectativas, definitivamente. — Ed divide o trono de cantores favoritos junto com o Harry Styles.
— O mais legal é que meu nome nem sequer foi citado — Ben fez um biquinho, frustrado. No fundo, realmente achava que era um dos cantores favoritos da amiga, mas estava errado.
— Ih, ficou magoadinho? — Sebastian cutucou o amigo, que concordou com a cabeça, tirando uma risada de alguns deles.
— Vejo que nosso jurado do dia causou muitas emoções — Hunter gesticulou empolgado, sendo imitado por Dylan ao seu lado.
— E põe emoções nisso — riu terminando de abraçar Ed e olhando sugestivamente para , que ainda parecia incrédula.
— Oi, gente! — Ed falou mais alto, assim que terminou de cumprimentar cada um deles, parando em um canto da roda que se formou — Estou doido para provar as receitas de vocês.
— Não está não — Dylan negou com a cabeça, logo sendo completado por Hunter:
— Se eu fosse você não ficaria muito animado, não, os boatos são que eles não sabem cozinhar muito bem.
— Hunter, você podia, pelo menos, fazer uma propaganda melhor nossa — o encarou.
— Ou falar mal da gente pelas costas, sei lá — Dylan deu de ombros, tirando risadas dos demais.
— Não gosto de mentir para os nossos convidados — o apresentador negou com a cabeça, sério.
— Mas eu ouvi dizer que vocês fizeram doces maravilhosos para Adele — risonho, amando o clima do estúdio, Ed esfregou as mãos.
— Bom, alguns de nós fizemos, sim — começou a dizer, mas logo olhou significativamente para a dupla perdedora daquele desafio — e Ben nem tanto
— Vocês nunca vão esquecer daquele desastre? — Ben se virou para , que negou com a cabeça.
— E tem como esquecer? — Tom riu alto, lembrando-se da cena.
— A culpa foi dele — apontou para Ben, que a encarou semicerrando os olhos.
— O papo está ótimo, mas chegou a hora de irmos ao que interessa: — Hunter puxou a atenção para si mesmo, assim que ouviu o diretor do programa pedir para todos fossem a seus lugares, pelo ponto que usava no ouvido — o último desafio do Sugar Rush vai começar.
Celebrando o começo da nova gravação e já sabendo o que deveriam fazer, cada dupla foi para sua respectiva cozinha. O clima de competição se acirrou enquanto eles vestiam e ajudavam uns aos outros a vestir seus aventais natalinos. e Lewis gritavam provocações para Dylan e , enquanto e Tom seguiam rindo alto. e Sebastian pensavam juntos em alguma estratégia para ganhar tempo e, quem sabe, conseguir terminar o desafio mais rápido que os demais enquanto ela tirava seus sapatos de salto e os deixava no canto da cozinha. De frente para eles, do outro lado do estúdio, Ben arrumava o rabo de cavalo de , tentando adivinhar com ela qual seria a missão da vez. Mesmo não sendo oficial, tudo que acontecia dentro do estúdio estava sendo gravado desde o momento em que entraram nele, para fazer um material de Behind the Scenes que deveria ir ao ar junto com o último episódio.
Os fotógrafos do programa registravam cada uma das duplas, ao tempo que os jurados tomavam seus lugares na mesa, na ponta oposta, atrás de onde Hunter mantinha-se em pé, ao centro. Ele tinha sua maquiagem e cabelo retocados rapidamente, enquanto os últimos testes de enquadramento eram feitos e, assim que o diretor finalmente apareceu por trás da câmera principal, eles sabiam que tudo ia começar novamente. Todos estavam ansiosos, talvez até mais do que no primeiro dia em que chegaram ali. Estavam animados, verdadeiramente felizes e cheios de expectativa para aquele episódio.
— Todos prontos? — o diretor gritou, recebendo um “sim” em uníssono em resposta — Tomada treze em três, dois, um e… — ele deu uma olhada na tela da câmera por onde assistir, até gritar — Ação.
— ESSE É O SUGAR RUSH DE NATAL — os dez participantes gritaram ao mesmo tempo, antes que Hunter pudesse dizer aquilo. O apresentador fechou a boca e os encarou, gargalhando incrédulo.
— Vai, continuem, então — ele os desafiou, cruzando os braços.
— A competição de confeitaria em que o tempo é o principal ingrediente — completou sorridente, improvisando enquanto acompanhava a câmera que focava nela, tirando novas risadas dos demais.
— Dez participantes famosos, nós, estamos reunidos em duplas para disputar o prêmio de 1 milhão de dólares e o título de melhores confeiteiros de Natal — entrando na deixa dela, Ben seguiu a improvisação. O câmera vinha na sequência de cozinhas e, então, focou-se em .
— Tivemos que fazer uma pausa técnica no programa, mas voltamos com novos momentos, um novo desafio e ainda mais vontade de vencer. — ela olhou para Tom, como se passasse o bastão.
— Passamos por cupcakes, biscoitos, sobremesas típicas de Natal e, agora, vamos descobrir qual será a nossa última missão: os bolos — Tom sorriu e apontou com a cabeça para .
— Lembrando que aqui, no Sugar Rush, — a cantora gesticulava, olhando para a câmera — nós competimos não apenas entre as duplas mas, principalmente, contra o relógio.
— O que quer dizer que não basta entregarmos os melhores e mais bonitos doces do mundo, — Lewis completou, feliz — temos que ser rápidos.
— O tempo que conseguimos poupar nas três primeiras rodadas foi acumulado e será somado agora, na quarta e última rodada — completou a improvisação que faziam, assim que a câmera focou nela, seguindo a ordem de cozinhas e duplas.
— E para completar o desafio temos uma mesa cheia de especialistas em confeitaria, que vivem julgando nossos talentos por aqui — foi a vez de Sebastian dizer e, apontando para Dylan, a sequência seguiu junto com a câmera.
— Temos Candace Nelson, a nossa rainha dos cupcakes; o australiano Adriano Zumbo, um verdadeiro mestre confeiteiro… — Dylan então se virou para , para que ela completasse.
— E, nosso convidado especial da vez, Ed Sheeran, que além de ter as músicas mais doces da temporada, ainda é um grande fã de bolos — concluiu, caminhando alguns passos junto com a câmera, de modo que a imagem pegasse ela e, atrás, acenando na mesa, Ed.
— E, por último, mas não menos especial: aquele é o nosso apresentador Hunter March — voltou a dizer, assim que a câmera completou o ciclo e voltou para ela, apontando para Hunter ao centro do estúdio, que ria.
— E você está no último episódio do Sugar Rush — ele completou a improvisação, rindo alto e batendo palma junto com os demais.
Toda a produção do programa parecia bem satisfeita com a apresentação orgânica e improvisada dos dez participantes. Nada além daquilo demonstrava tanto o engajamento e a diversão com o reality, a vontade de participar e a felicidade em pertencer àquele trabalho. Apesar das dificuldades recentes, no final das contas, tudo parecia sólido, estável e muito natural outra vez. Como se tivessem tirado férias e retornado, como se nada tivesse acontecido. Um tremendo alívio para os produtores do reality, uma felicidade clara e estampada em e Tom.
O diretor do programa fez um gesto para que dessem uma breve pausa, até acertarem o ângulo das câmeras e, assim que feito, fez um novo sinal para que Hunter continuasse.
— Nosso desafio de hoje possui um grau maior de dificuldade, para fecharmos essa edição do Sugar Rush com chave de ouro — Hunter comentou para uma das câmeras, atraindo a atenção dos participantes.
— E teve algum desafio que foi fácil? — Lewis brincou, vendo os amigos concordarem.
— Qual é, Lewis, apenas assuma que seu talento ficou todo nas pistas e o da nos palcos — os provocou, atiçando a competição no estúdio.
— Sabemos que nada foi fácil até aqui, mas este desafio vai ser especialmente… especial — Hunter riu, misterioso — E já que estamos falando em talentos, dessa vez, vocês irão precisar de um pouco mais de agilidade e criatividade para vencer, — ele explicava feliz — terão que combinar suas habilidades, dentro das duplas, para que consigam entregar o último desafio a tempo.
— Isso é uma dica? — Ben arqueou as sobrancelhas.
— Está mais para um regra, eu acho — refletiu.
— Não posso dizer muito mais do que isso, mas nossos jurados podem — Hunter passou a responsabilidade. Candace, Adriano e Ed, alguns passos atrás, em pé e diante da mesa que costumavam ficar, sorriram cheios de expectativas.
— Como foi falado na minha maravilhosa apresentação — Ed começou, trocando seu olhar pelos participantes ao redor, nas cozinhas — Sou um grande fã de bolos, e, excepcionalmente, hoje, quero provar o de vocês.
— Ufa, é só um bolo, menos mal — Seb celebrou aliviado, mas logo foi interrompido por Candace:
— Se eu fosse você, não ficaria tão animado, Sebastian, — ela alertou, sorridente — porque as surpresas ainda não acabaram.
— Isso que dá comemorar antes da hora — sussurrou para ele, passando um braço no dele.
— Para o bolo, o nosso desafio de hoje, — Hunter voltou a dizer depois de uma brevíssima pausa — teremos um novo sorteio.
— Odeio esses sorteios — resmungando, fez uma careta. Ao lado dela, Dylan concordou silenciosamente.
— Cada dupla sorteará uma outra dupla e será responsável por escolher o principal ingrediente da receita — Adriano seguiu a explicação, observando os dez participantes se entreolharam, confusos. — O bolo pode ser feito como quiserem, desde que tenha alguma relação com o Natal e que leve o ingrediente escolhido pela dupla concorrente, na massa, recheio ou cobertura.
— Lembrando que o ingrediente a ser escolhido deve ser unitário, simples, natural ou de origem vegetal e não pode levar uma combinação — Ed completou sereno.
Depois de explicar brevemente como se daria a dinâmica, assim como fez nos desafios anteriores, Hunter foi para próximo da mesa dos jurados, onde estava localizada a pequena urna vermelha, com o nome das duplas dentro. Pegando a caixa e a chacoalhando, querendo criar um clima de suspense, o apresentador se posicionou novamente ao centro do estúdio, de frente para uma das câmeras.
— Como dupla vencedora do desafio anterior, vamos começar nosso sorteio de hoje com e Ben — Hunter sorriu para eles, enquanto os demais aplaudiam felizes.
— Finalmente os refrescos de participar desse programa — celebrou risonha.
— Não se anima não, . Foi o primeiro e único desafio que vocês ganharam — competitivo, Lewis provocou a amiga.
— Pelo que me lembro, você e não ganharam nenhum até agora Lewis — ela rebateu serena, encarando o piloto de volta. Os demais gritaram um "wow" alto e sincronizado.
— Pegou pesado — Lewis fez um bico triste para ela, que deu de ombros, rindo.
— Quem mandou você não ficar de boca fechada — o cutucou, rindo da expressão chateada dele.
Ben olhou amorosamente para , sinalizando com a cabeça para que ela fosse retirar o nome da dupla que eles escolheriam o ingrediente. A atriz andou sorridente até Hunter, porém quando passou pela cozinha de e Lewis mostrou a língua para o piloto, que fez uma careta em resposta para ela. Chegando ao centro do estúdio, o apresentador sacudiu a urna para embaralhar os papéis e, então, a estendeu para a atriz. colocou a mão na caixa, tirando rapidamente a pequena plaquinha de dentro e, ao ler os nomes de quem havia sorteado, deu uma gargalhada alta.
— Isso vai ser muito divertido — olhou da plaquinha até Hunter, que concordou com a cabeça e indicou:
— Tenho certeza que sim! Por favor, , volte para sua cozinha e mostre o papel para sua dupla, para que vocês escolham o ingrediente a ser usado pelo outro par de participantes.
— Seu pedido é uma ordem, Huntie — caminhou animada de volta para sua cozinha e, sem perder tempo, mostrou os nomes para Ben, que riu alto.
— Não acredito, chegou a hora da minha doce vingança — Ben comemorou, gesticulando como se tivesse feito um gol.
— e Ben, podem nos dizer quem é a dupla sorteada por vocês? — curioso, o apresentador pediu gentil. Um musiquinha de suspense tocou no ambiente e, assim que se entreolharam, cúmplices e sorridentes, o casal respondeu ao mesmo tempo:
— e Dylan.
— Ferrou — Dylan gritou, colocando as mãos na cabeça.
— Não dá para trocar, Hunter? — olhou desesperada para ele — Eles com certeza vão querer ferrar a gente, não é justo.
— , como pode dizer uma coisa dessas? — usando o máximo de sua atuação, Ben a encarou — Eu não esperava isso de você.
— Guarde suas atuações para os filmes, Barnes — a escritora rebateu, revirando os olhos risonha. Mas antes que qualquer um deles pudesse responder, Hunter voltou a perguntar:
— E qual será o ingrediente que e Dylan terão que ter obrigatoriamente em seu bolo?
Por um instante, Ben e trocaram um olhar pensativo. Tinham que usar um ingrediente que fosse simples, mas não podia ser tão fácil de manusear. A ideia de uma dupla concorrente ser justamente a responsável pelo ingrediente obrigatório era ter alguma vantagem competitiva. Ben se aproximou de e se inclinou um pouco na altura dela, no intuito de não serem ouvidos pelos demais, ao tempo que ela sussurrou algumas palavras para ele. A discussão breve, entre algumas risadas baixas, terminou com Ben passando a pontinha do nariz dele no dela, carinhosamente, e virando para Hunter, enquanto ouvia os demais gritar um "aw" fofo.
— Eu e tivemos uma longa discussão e decidimos que nada combina melhor com esse casal, quer dizer, com essa dupla, do que… — Ben fez uma pausa dramática, olhando de e Dylan para o apresentador — bananas, Hunter! Por isso, o ingrediente escolhido é banana, como eles.
— PERFEITO! — Sebastian gargalhou alto, trocando alguns olhares cúmplices com . Tinha entendido as entrelinhas daquilo, os mais bananas deles estavam recebendo banana de ingrediente.
— Meu Deus, acho que Ben confundiu os realitys — Dylan protestou — Esse é o Sugar Rush não o Documental.
— Não precisa chorar, Dylan. — fez um biquinho para ele, que foi respondido com um olhar nada amigável — Apenas aceite que terá que fazer um bolinho natalino com bananas.
— Deixem as discussões para mais tarde, crianças — rindo levemente, Hunter tentou voltar à pauta do programa — e Dylan, como primeira dupla a ser sorteada, vocês são os próximos a escolher o ingrediente de outro concorrente. Qual dos dois vai fazer as honras?
— Pode ir, Dylan. Nós sabemos que você gosta de estar no foco das câmeras — o empurrou levemente, em direção ao centro do estúdio.
— Se você insiste, meu bem — ele mandou um beijinho para ela e seguiu caminhando a passos largos até onde Hunter o esperava. Sem cerimônias, Dylan colocou sua mão na urna e, chacoalhando o conteúdo de dentro, puxou uma das plaquinhas. Ele estava curioso e, a tirar pela espiadinha que Hunter deu por cima dos ombros dele, o apresentador também estava. — É romeno, você se ferrou.
— Ai, não acredito — gritou, negando com as mãos, enquanto Sebastian apontava para ele, sério, como se o alertasse para tomar cuidado.
— Dylan, você tem que mostrar o papel para mim primeiro, não sair falando por aí, não é assim que funciona — negando com a cabeça, comentou.
— Perdão, foi mais forte do que eu — ele voltou ao seu lugar na cozinha, dando a plaquinha que segurava, com os nomes, para .
— Então, e Dylan, apesar de já sabermos quem vocês sortearam, podem nos dizer o nome da dupla que foi tirada na urna? — Hunter pediu simpático.
— Sebastian e — e Dylan gritaram juntos, olhando o casal na cozinha ao lado. Como tentativa de se esconder, o casal sorteado abaixou-se lentamente até desaparecer atrás da bancada da cozinha.
— Voltem aqui, Seb e , — Hunter riu — porque é a hora de saber qual será o ingrediente escolhido para ter na receita de vocês. Alguma ideia e Dylan?
— Olha, pelo o que andamos sabendo, nosso amigo Sebastian gosta muito de beber um bom vinho — começou a dizer, pensando alto, torcendo para que Dylan pegasse a referência. O ator a encarou empolgado, assim que percebeu onde a fala dela ia chegar, concordando com a cabeça — Para deixar a receita deles ainda mais significativa para esse último desafio, nada melhor do que escolher uva como ingrediente principal do bolo deles.
— Gostar é pouco, Sebastian ama um vinhozinho — Lewis murmurou sugestivo, tirando risadas abafadas dos demais.
— Você sempre tem que dar o ar da graça, Lewis? — Sebastian se virou para ele, falsamente nervoso.
— É o meu jeitinho — Lewis soprou um beijo no ar — Os incomodados que se retirem.
— Ainda não estamos em tempo de nos retirar, aguentem aí — Hunter cortou o assunto mais uma vez, sorridente, chacoalhando a pequena urna quase vazia em mãos — Sebastian e , vocês são os próximos a retirar a próxima dupla.
— Deixa comigo! — desfilou até perto de Hunter — Chegou o meu momento.
— Ou melhor, o nosso momento — Sebastian semicerrou os olhos, encarando as duplas que ainda faltavam receber seus ingredientes.
Hunter estendeu a urna para que, hesitando propositalmente para criar um clima de tensão entre os amigos, pegou a plaquinha delicada e lentamente. Ela fingiu arrumar seus cabelos, para enrolar um pouco mais e, virando a plaquinha no lado em que os nomes estavam dispostos, sorriu propositalmente vitoriosa. Sebastian, curioso, fez um sinal para que ela se juntasse logo a ele e, do mesmo jeito que se foi até Hunter, voltou para sua cozinha, desfilando. Os demais assistiam a toda a cena feita pela modelo mexendo com ela, tentando a apressar de alguma forma. parou de costas para Seb e foi abraçada por ele, enquanto mostrava os nomes na plaquinha por sobre seus ombros. Discreto, Seb sussurrou no ouvido dela que já tinha uma ideia de ingrediente.
— Ok, hora de compartilhar com a gente qual foi a dupla sorteada e o que vocês têm em mente para o ingrediente — Hunter juntou as mãos, dando alguns passos mais perto da cozinha de Seb e .
— Parece que o deus da trapaça vai ter que seguir algumas regrinhas dessa vez — Sebastian brincou, ouvindo os demais gritarem eufóricos.
— Tom e são a dupla que tiramos — apontou para eles, com uma cara de quem tinha um plano. A dupla sorteada riu.
— Meu azar se superou dessa vez — entrou na brincadeira.
— Ué, mas não eram vocês que iam ganhar? — , competitiva como só ela, sugeriu provocativa, recebendo um pano de prato atirado por .
— E o ingrediente, já sabem? — Hunter perguntou.
— Tom tem um sabor de chá preferido… — Sebastian começou a explicar, rindo da cara que o amigo fez.
Aquilo era baixo. Sebastian havia descoberto o chá no tempo que passou hospedado na casa de Tom e, na última conversa que tiveram, só os dois, antes de Seb ir para Milão, haviam compartilhado alguns sachets. Era uma escolha carinhosa e bastante significativa, Tom pensou. Mas era uma puta sacanagem também.
— Por isso, acreditamos que para deixar as coisas com um gostinho, talvez, mais azedo, seja interessante ter como ingrediente especial o óleo de bergamota — Seb completou, rindo alto do olhar que lançou em Tom.
— Puta que pariu, Thomas — a cineasta gritou, o encarando.
— Quem toma chá de óleo de bergamota? — surpresa, e um tanto curiosa, questionou Tom, rindo. O ator encolheu os ombros.
— Estou me fazendo o mesmo questionamento — concordou com a amiga, igualmente encarando Hiddleston.
— É bom — Tom se defendeu.
— É o paladar de gente velha, vocês deviam saber — Lewis zoou — Ben deve tomar isso também.
— Lembrando que você é só quatro anos mais novo do que a gente, Relâmpago McQueen — Ben rebateu.
— Meu Deus, só tem gente velha nesse programa — arregalou os olhos.
— É muito difícil trabalhar aqui — Hunter falou mais alto que o falatório todo no estúdio, vendo o diretor concordar com a cabeça, mas sinalizando para seguir. Depois editariam aquilo — Tom e , agora é com vocês.
— Espero que minha sorte apareça agora.
foi dançando em direção a Hunter, animada. Como só tinham mais duas plaquinhas na urna, não havia muito mais mistério a ser feito. Por isso, sem demorar muito, ela tirou uma delas de dentro, deu uma olhadinha e seguiu de volta até a cozinha, encarando , Lewis, e Ben, as duplas que ainda faltavam receber os ingredientes. Sem desviar seus olhos dos amigos, ela passou a placa para Tom que, assim como ela, celebrou os nomes que ali leu.
— Acho que o universo ouviu o que eu disse — comentou genérica, trocando um olhar com Tom.
— Nós tiramos a dupla com o participante mais egocêntrico deste programa — Tom comentou brincalhão, vendo os demais rirem e aplaudirem, já sabendo de quem se tratava.
— Lewis e — completou apontando para a dupla concorrente.
— Vou sair desse programa com vários processos encaminhados, — Lewis passou as mãos nos próprios cabelos com um falso ar de superioridade, murmurando — vocês me aguardem.
— Antes dos processos, temos que saber: qual será o ingrediente escolhido para eles usarem? — Hunter voltou-se para e Tom, que sussurravam algumas coisas entre si, próximos um do outro, até a cineasta virar-se de frente para os demais:
— Bom, há boatos que os dois amam coisas apimentadas, que lembram um certo país na América Central. — olhou sugestiva para eles, mas seguiu sem dar detalhes — Por isso, a pimenta é o ingrediente que mais combina com essa receita especial.
— Essa até eu quero ver — se divertindo com tudo aquilo, Ed se pronunciou pela primeira vez.
— Parece que o desafio vai ser meio picante para alguns participantes — Hunter comentou e rapidamente tirou a última plaquinha de dentro da urna, a deixando com e Lewis, a dupla que ainda não havia sorteado ninguém — Bom, como sobrou apenas e Ben, Lewis e , qual será o ingrediente que a outra dupla usará?
— Vamos escolher o ingrediente para a miss confiança e o Nárnia? — Lewis bateu uma palma animada, gargalhando enquanto encarava os amigos — E eu achando que não ia me divertir.
— Precisamos pensar bem — o olhou, reflexiva.
— Cariño, não tem muito o que pensar, eles são o casal mais meloso deste programa — Lewis sugeriu, olhando da dupla para — Nem uma colméia de abelhas produz tanto mel quanto os dois. Sendo assim, acho que o mel tem que ser o ingrediente deles, o que você acha?
— Acho perfeito — concordou rindo — Doce e pegajoso, como eles.
— Pensei que fossemos amigas, — protestou, falsamente ofendida, recebendo um beijo no ar de .
— Não se faça de vítima, — virou-se para a amiga — Vocês, pelo menos, pegaram algo doce.
— A culpa não é nossa se a sua dupla tem 80 anos e toma chá de óleo de bergamota — Ben enfatizou o sabor do chá, tirando risadas dos demais.
— Ben, nós temos a mesma idade, cara — Tom o encarou com obviedade, vendo o amigo fazer um sinal para ele não dizer aquilo em voz alta.
— E que comece o último desafio do Sugar Rush versão geriátrica — imitando o jeito de falar de Hunter, Dylan cortou toda a discussão, tirando novas gargalhadas de todos os presentes.
— Aos vovôs e aos novinhos, preparados? — Hunter puxou a atenção para si outra vez — Lembrem-se que o tempo é o seu principal concorrente e, por isso, os primeiros a terminar o desafio recebem mais pontos no final — ele relembrou a regra, vendo os participantes concordarem, atentos — E, para deixar as coisas ainda mais animadas, vou, finalmente, mostrar para vocês como está a pontuação do Sugar Rush até agora.
Ao tempo que Hunter terminava de falar, o placar, com o ranking atualizado de cada dupla, abriu-se no telão superior, logo acima da mesa de onde os jurados estavam sentados. Com as cores do programa, ele mostrava uma média dos pontos feitos por cada dupla, considerando tempo de conclusão do desafio, execução - onde estavam os critérios de sabor, consistência e apresentação - e criatividade. Os participantes aplaudiram o rankings, enquanto o observavam junto com Hunter, que lia em voz alta.
— Temos em primeiro lugar e Tom, que, apesar de não ter vencido nenhum desafio até agora, foi a dupla mais rápida nas entregas e que, em todos os episódios, conseguiu ficar entre os top 3. — a dupla se entreolhou surpresa — Em seguida, temos e Dylan, que acumulam pontos em velocidade e por terem vencido o primeiro desafio, dos cupcakes — eles se abraçam.
— Parece que eu sou o verdadeiro Relâmpago McQueen aqui — Dylan provocou Lewis, fazendo os demais darem risadas baixas. Estavam atentos às palavras de Hunter, ansiosos em entender as classificações.
— Seguindo nosso ranking, vemos Sebastian e , os vencedores do segundo desafio, dos biscoitos, seguidos, acirradamente, por Ben e , que venceram o terceiro obstáculo da nossa competição, as sobremesas de natal. — as duplas referidas trocaram um olhar competitivo, como se pudessem disputar, se encarando, quem ficaria na frente. No fundo, e naquela altura do programa, já tinham certeza que não venceriam. — E, como últimos colocados, infelizmente, estão e Lewis.
— Não se preocupe, Lewis — se adiantou em dizer, assim que o piloto abriu a boca para reclamar — O importante é participar.
— Vou participar de um linchamento virtual contra você, isso sim — ele rebateu.
— É disso que o público gosta — Adriano comentou empolgado, fazendo Ed rir.
— Pois é, Adriano, pelo visto o espírito competitivo está aceso nos nossos participantes hoje — esfregando as mãos, Hunter se virou para outra câmera.
— Vamos ver se essa animação toda vai para a cozinha também — Adriano respondeu animado.
— Se liga, Nárnia, essa é a hora da minha vingança — Lewis brincou apontando na direção da cozinha de Ben e .
— Lewis, felizmente, meu medo de você é zero, porque quem vai ganhar somos eu e — Ben passou o braço pela cintura de , que fez um sinal de paz e amor para o piloto.
— Vai sonhando, Barnes — Sebastian debochou arrancando um grande sorriso de , que estava ao seu lado.
— Também não conte vitória agora, Sebastian. — falou alto, o encarando vitoriosa — Vou fazer de tudo para que você e sua dupla não vençam.
— Hunter, ameaças são permitidas no programa? — perguntou ao apresentador.
— No amor, na guerra e na competição vale tudo, — Hunter deu de ombros e, então, cutucou Dylan — Mas o que estou estranhando é que um certo participante está muito quieto hoje.
— Sem comentários, meu caro — Dylan se virou de frente para Hunter, sorrindo — Com a sorte que a está hoje, não duvido que a gente perca.
— Ah, claro. — revirou os olhos amarrando o avental de Dylan — A culpa é sempre minha.
— Clima tenso no paraíso — murmurando, Lewis se virou para , que riu.
— E por falar em clima tenso, preparem os utensílios, coloquem os aventais e fiquem espertos, porque o desafio está prestes a começar — Hunter emendou na fala do piloto, assim que viu o diretor, por trás da câmera principal, sinalizar o começo da prova.
— Vocês têm uma hora e meia para finalizar o desafio, a partir de agora — Candace anunciou sorridente, de seu lugar — Boa sorte, pessoal!
No momento em que ela comentou o tempo total de prova, o relógio próximo ao teto do estúdio marcou 1:30 e começou a contagem regressiva assim que Candace terminou de falar. Os participantes dividiram seus olhares entre o relógio, os jurados e uns aos outros, ligeiramente perdidos, sem saber exatamente por onde deveria começar. Como costumavam fazer antes de colocar a mão na massa nos desafios, Ben e tentavam construir uma receita anotando em um bloquinho de papel, enquanto e Tom, da cozinha ao lado, listavam os ingredientes que precisariam usar. De frente para eles, e Sebastian iam recolhendo os utensílios que usariam enquanto conversavam, ao tempo que e Lewis discutiam como adaptar uma receita já conhecida por ela com ingredientes veganos disponíveis. , por sua vez, tentava explicar mais ou menos como fariam uma receita antiga de sua família e trocariam o morango pela banana, mas Dylan parecia meio confuso com tantas informações.
Uma hora e meia era um tempo razoável para assar um bolo mediano e tinham que escolher bem o tipo de massa, de recheio e de cobertura. Tudo precisava ser sincronizado para ficar pronto o mais rápido possível e, ainda, tinham que considerar o ingrediente obrigatório. Aquele era, sem dúvidas, o maior desafio do reality, mas nenhum dos participantes parecia se afligir. Estavam se divertindo, estavam juntos de novo e estavam empolgados em fazer o melhor que podiam para ganhar - ou, ao menos, para não perder. A missão dada à dupla perdedora, referido por Hunter, certamente seria uma punição engraçada, talvez um pouco humilhante, e se conhecendo uns aos outros como conheciam, era melhor fazer de tudo para não perder.
Conforme o tempo no relógio passava, o estúdio ia tomando um clima mais apressado, mais barulhento e um tanto caótico. As duplas iam correndo em suas cozinhas, conversando entre si e provocando umas às outras, brincando, enquanto traziam utensílios de um lado a outro, separavam ingredientes, tentavam se organizar, mexer coisas no fogão, congelar recheios e assar as massas. Entre sons de batedeira, liquidificador e risadas, o tempo correu mais rápido do que eles gostariam. Talvez por ser o último desafio, talvez por aquela ser a última vez que cozinhariam juntos, naquele jogo, naquela farra toda, tudo foi mais rápido do que eles gostariam. E quarenta minutos depois de começar o desafio, lá estava Hunter, passando pela última vez em cada dupla, junto com Ed, para saber o que estavam fazendo.
— Sebastian, para de comer a uva, não vai sobrar o suficiente — Hunter se aproximou da cozinha deles, no exato momento que acertou o pano de prato em Sebastian, o fazendo se afastar das uvas.
— Pelo jeito, é verdade que Seb ama uma uva, então — Ed brincou, com as mãos nos bolsos.
— Você não tem ideia do quanto ele ama — respondeu de sua cozinha, atenta em bater os ovos.
— Pode ficar tranquilo, Hunter. — Sebastian lavava as mãos na pia — As medidas estão meramente calculadas, estou apenas degustando algumas para saber se estão boas mesmo.
— Sebastian, não seja mentiroso. Você não parou de comer as uvas desde que começamos a receita — tentou segurar a risada, mas bastou olhar a cara de culpa de Sebastian para ela perder tudo. Ed negou com a cabeça, sorridente.
— Estou curioso, casal! — Hunter se aproximou ainda mais — Feliz de poder chamar vocês de casal outra vez — ele brincou, tirando gritos animados dos demais participantes — O que vocês pensaram de especial para esse último desafio?
Hunter se apoiou na bancada à frente da cozinha deles, dando uma olhada no que tinham feito até ali. terminava de bater a massa, que aparentemente seria branca, enquanto Sebastian voltava da pia secando as mãos em seu avental e com uma faca de frutas, derrubando as uvas que antes comia sobre uma tábua para cortá-las pela metade.
— A nossa aposta será o recheio do bolo. — explicou enquanto polvilhava um pouco mais de farinha na mistura da massa — Pensamos em utilizar as uvas juntamente com uma ganache de chocolate belga branco. Assim, conseguiremos equilibrar o doce da receita, quebrando um pouco com o sabor da fruta.
— Uau, parece que vai ficar delicioso — o apresentador virou-se para Ed, que concordou com a cabeça — Sebastian, qual a sua parte na receita?
— Apoio e suporte é claro! é auto suficiente, mas sempre precisa de uma mãozinha extra — ele brincou, vendo a namorada dar-lhe a língua em resposta.
— Muitas informações, Sebastian, muitas informações — Lewis gesticulou de sua cozinha.
— A quinta série abriu cedo hoje — gritando em resposta, enquanto segurava uma faca, os encarou.
— Voltando a receita aqui — Hunter riu.
— Falando sério agora — Seb riu, ora olhando para as uvas que picava, ora para os dois homens na bancada de sua cozinha, a frente — está responsável em fazer a massa e eu o recheio. Já fiz a ganache, que está na geladeira, e agora vamos adicionar as uvas e colocar a massa para assar.
— E, então, vamos passar para o recheio — a modelo completou.
— Parece que vão terminar em um tempo bom — Ed constatou, impressionado.
— Se nada der errado, claro — Tom se meteu na conversa, lavando um fuê na pia de sua cozinha. Sebastian o repreendeu com os olhos.
— de onde veio a ideia para o recheio?
— Quisemos fazer algo mais clássico, que não ousasse muito para não sairmos do tempo de preparado — a modelo explicou, despejando a massa que mexia na assadeira já untada — e a primeira coisa que pensamos quando recebemos a uva de ingrediente foi naqueles doces de pote, que tem sempre um creme de chocolate com uvas verdes. Nos inspiramos neles.
— Ah, eu amo esses doces — animado, Ed olhou , que concordou feliz.
— Nunca comi, na verdade, mas confio na — Sebastian confessou, indo até a geladeira pegar a ganache já pronta, para, enfim, misturar com as uvas picadas.
— Vai poder provar um feito por você mesmo, então, Seb — o apresentador brincou e, dando um tapinha na bancada, começou a dar alguns passos em direção a próxima cozinha — Boa sorte, casal!
— Obrigada, Huntie — a modelo agradeceu, raspando a tigela com a massa.
Depois de conversar com e Sebastian, Hunter seguiu sua típica passagem pelas cozinhas dos participantes, indo em direção a próxima dupla, com Ed comentando algo. Ao chegar na bancada de e Lewis, o apresentador não pode deixar de notar que após anunciarem publicamente o relacionamento a interação entre os dois praticamente não mudou perante as câmeras. Eram um casal com uma sintonia impecável, entre as piadas e as letras românticas das músicas dela, eles tinham criado uma perfeita melodia.
— Algum dia saberemos o que aconteceu na viagem do México? — Hunter se apoiou na bancada da cozinha, de frente para o casal, que riu levemente.
— O que tem o México? — curioso, Ed arqueou as sobrancelhas. Já tinha conhecido em algum evento de música, anos atrás, e desde então mantinha certo contato casual e amigável com ela. Não eram super próximos, mas eram conhecidos que se falavam às vezes.
— Foi onde nos conhecemos — respondeu feliz.
— E só contaremos mais detalhes se você nos garantir um reality inteiro para contar a nossa história de amor, — Lewis apontou para Hunter e, então, para Ed — com direito a trilha sonora feita por você.
— É impressionante como o Lewis não deixa passar uma chance de tirar proveito das situações — fingindo incredulidade, Tom comentou com alto o suficiente para que o piloto ouvisse.
— Não posso fazer nada se está no meu charme natural, Hiddles — ele deu de ombros, voltando sua atenção ao farelo de pimenta que acabava de jogar na batedeira. Mentalmente, ele repassava todos os ingredientes, tentando contar se não faltava nenhum deles antes bater — Mas, Hunter, não precisa nem ser um reality inteiro, pode ser só o prêmio do Sugar Rush.
— Só? — Hunter arregalou os olhos — Para conseguir mexer as coisas para que vocês ganhem, preciso saber como vocês combinaram pimenta com um bolo.
Lewis trocou um olhar sugestivo com por um instante. Apesar de ambos gostarem de pimenta e de já terem provado alguns doces que levavam o ingrediente em sua composição, tinham perdido tempo até demais discutindo o que fazer. tinha uma receita de bolo em mente, que havia feito algumas vezes em sua casa, e tentaram adaptá-la para ingredientes veganos e trocar o recheio por uma combinação clássica de chocolate com pimenta. Apesar de, até ali, parecer dar certo, nenhum deles estava realmente confiante de que ficaria bom no final. O casal segurou a risada, tentando parecer sério e confiante, até responder.
— Optamos por um clássico, porque eles sempre funcionam e, assim, teremos poucas chances de errar — dava uma olhada em algo no forno, enquanto juntava os ingredientes que usariam para a cobertura.
— Ih, se têm chances, ainda que poucas, confio no potencial do Lewis de errar — provando um pouco do recheio de seu próprio bolo, Dylan se meteu.
— Ele tinha que dar o ar da graça — Lewis revirou os olhos.
— Qual clássico vocês escolheram usar, ? — foi a vez de Ed perguntar, simpático.
— Chocolate com pimenta — ela sorriu para ele — Vamos fazer um naked cake, incorporando o nosso ingrediente especial na próxima massa, para dar um toque sutil da acidez da pimenta.
— O bolo vai ter três camadas de massa, duas delas de chocolate vegano, que já estão no forno, e a do meio de chocolate com pimenta, que está descansando. — Lewis completou, vendo concordar com a cabeça, enquanto abria o pacote de açúcar — Para o recheio estamos fazendo uma geleia de pimenta doce cremosa e vamos cobrir o bolo com açúcar mascavo.
— Parece que a competição está bem acirrada — Ed respondeu pensativo — Pelas ideias, eu daria nota 10 agora mesmo.
— Odeio desapontá-lo, Ed, mas, em alguns casos, só as ideias são boas mesmo — desenrolando o cabo da batedeira em sua cozinha, comentou.
— Logo você falando isso, — encarando a amiga, provocou — É autocrítica?
— Amo esse clima natalino que criamos — Sebastian levava a ganache de chocolate com uva já pronta para sua geladeira.
— Esse é o espírito do Sugar Rush — Hunter completou olhando para uma câmera próxima, que focava em e Lewis trabalhando na cozinha — Tudo parece ótimo por aqui, boa sorte, casal.
— Só têm casais aqui? — Ed constatou pela primeira vez, franzindo a testa para Hunter.
— Nesse último episódio viramos quase uma mistura de competição de confeitaria com Casamento às Cegas — o apresentador brincou, referenciando outro programa da Netflix.
— Eu amo esse programa — o cantor celebrou, seguindo com Hunter até a próxima cozinha.
Sem seguir uma sequência lógica, apenas passando pelas duplas que queriam passar, os dois homens seguiram até onde e Ben trabalhavam. Com as massas do bolo já assando, o cheiro que emanava da cozinha deles estava absurdamente gostoso. Ben dava uma olhada na folha em que anotaram a receita, decorando quais ingredientes teriam que juntar para fazer o recheio enquanto terminava de bater a cobertura na batedeira, que desligou assim que Hunter e Ed pararam de frente para ela.
— , se estivéssemos no Casamento às Cegas, você continuaria escolhendo o Ben? — emendando o tema que conversava com Ed, Hunter perguntou para ela, que riu.
— Huntie, preciso te contar que, ironicamente, eu e Ben nos conhecemos em um encontro às cegas — a atriz trocou um olhar feliz com Ben, que concordou com a cabeça — então, sim, continuaria escolhendo ele.
— AI, GENTE — gritou de seu lugar, com uma expressão fofa — Eles são mesmo meu casal.
— É sério isso do encontro? — curioso e um tanto surpreso por ouvir aquilo, Ed encarou o casal que confirmou silenciosamente. Eram discretos, ele sabia, por isso não dariam muito mais detalhes — Que romântico.
— Obrigada, Ed — se intrometendo na conversa, olhou para a cozinha concorrente, enquanto lavava alguns recipientes para usar novamente — Alguém reconhecendo meu mérito por essa ideia incrível.
— Espera aí, como assim sua ideia? — Dylan parou o que estava fazendo e encarou sua dupla — Eu também estava lá e ajudei a juntar esses dois.
— Dylan, você só arrastou a para o lugar — relembrou — Pensei em tudo, praticamente, sozinha.
— Como foi isso, gente? — Hunter perguntou curioso, assim que ouviu o diretor pedir, pelo ponto eletrônico que usava, para que ele continuasse no assunto. Aquilo daria uma audiência e tanto. Ed apoiou os cotovelos sob a bancada da cozinha de e Ben, enquanto Adriano e Candace paravam de conversar para prestar atenção naquilo.
— Dylan queria sair com , mas não quis ir sozinho e me chamou — deu a versão dela da história, mexendo com uma colher na cobertura que preparava — A gente estava gravando a nova adaptação de para o cinema, na época.
— E eu estava de viagem em Nova Iorque, hospedado na casa de e fui arrastado para um jantar que nem sabia onde era — colocando uma panela no fogo, para começar a fazer o recheio do bolo, Ben completou.
— Essa foi a desculpa que eu dei para ela — Dylan deu de ombros — A verdade é que eu e tínhamos levantado a possibilidade de apresentar os dois e assim que o Ben chegou em Nova Iorque, ela reservou uma mesa em um restaurante que não há luz alguma e levamos eles até lá.
— Jantamos no escuro e eles só descobriram quem eram no meio do jantar, sem nem se ver — riu, ainda lavando a louça — aí pronto, aí estão eles.
— Aposto que alguém tinha te levado lá antes — Ben provocou, sugestivo, desviando um pouco o foco dele e .
— Como diz meu querido amigo Lewis: só conto isso se vencer o programa — chantageou, ouvindo os demais resmungar um “ah” em uníssono.
— Vou usar isso como ideia para um clipe — Ed apontou para e Ben, que riram fofos.
— Conte com a gente para protagonizar — Ben ofereceu, trocando um toque rápido com o outro cantor.
— Então, espera! — Hunter parecia reflexivo, como se encaixasse peças de um quebra-cabeça — Vocês já eram um casal quando chegaram aqui?
— Mais ou menos — mexendo o conteúdo recém colocado na panela, Ben respondeu ao mesmo em que disse:
— É complicado.
— Tudo bem, tudo bem — o apresentador desviou o assunto, rindo levemente — Amei saber disso! E por isso, então, o mel, fez sentido.
— São os mais melosos da turma — Lewis justificou novamente, relembrando.
— E falando em mel, , Ben, como vocês vão utilizá-lo na receita? — voltando para o foco principal da visita dele e de Ed na cozinha da dupla, o apresentador puxou o assunto. Os participantes daquela edição eram tão simpáticos e divertidos que, se deixassem, ficavam horas falando de coisas que não tinham relação alguma com o reality. Hunter simplesmente amava.
— Estamos fazendo um date cake, cujo conceito, de encontros amorosos, combina com o ingrediente principal e com a conclusão que e Lewis tiraram da gente — explicou, tirando sorrisos fofos dos amigos. Os olhos dela iam dos homens a sua frente ao recipiente da batedeira, finalizando o chantilly.
— Genial — Lewis assumiu, olhando a amiga sorrir para ele.
— Então, teremos três camadas de massa de chocolate belga meio amargo e, no recheio, um creme de caramelo de mel levemente salgado — Ben continuou a explicar, mexendo justamente o mel, açúcar e água que daria o caramelo referido — E, para cobertura, vamos usar uma raspa de chantilly, que a está finalizando, mel puro e um pouco mais do caramelo de mel salgado salpicado por cima.
— Estou ansioso em provar, o cheiro está ótimo — Hunter respondeu animado.
— Parece promissor — Candace comentou ao fundo.
— Se o Ben não derrubar tudo no chão dessa vez — provocou.
— Cuidado para não ficar reparando demais aqui e deixar a massa queimar de novo, — no mesmo tom que a modelo, Ben rebateu, tirando um “uh” dos demais.
— Eu, definitivamente, não queria competir com essa galera — Ed brincou.
— Nem eu — Hunter concordou — Obrigado por dividir tantas coisas legais conosco, e Ben, boa sorte.
Com os agradecimento do casal, Hunter e Ed seguiram a passos amenos até a cozinha seguinte. Uma hora de prova já havia se passado e os participantes tinham trinta minutos, no máximo, para finalizar os bolos. Naquela altura, boa parte das massas já estavam prontas ou perto de ficarem prontas, os recheios a meio caminho andado e as coberturas apenas esperando para o momento de montagem e finalização. Os desafios anteriores tinham sido legais para que os participantes pudessem aprender a organizar o tempo, a medir temperaturas certas no fogão e no forno, a escolher melhor os ingredientes e utensílios a serem usados e a dividir as tarefas com mais precisão. Era visível a produção do programa que havia mais harmonia e mais cooperação entre as duplas e o toque extra de amor que haviam trazido consigo no retorno formavam a receita perfeita para o episódio final do programa.
— Caralho — foi o que Hunter e Ed ouviram Dylan dizer baixo, assim que chegaram diante da bancada da cozinha dele e de . O ator estava diante do forno, de costas para onde os dois outros homens chegaram.
— O que foi, meu bem? — perguntou carinhosa, se virando para ele. Estava terminando de picar as bananas que deveriam enfeitar a parte de cima do bolo.
— O forno está desligado — ele se virou para ela, com as duas mãos atrás da cabeça. Falava baixo, como se não quisesse que os demais ouvissem.
— Mentira? — parou o que fazia e correu até ele, falando no mesmo tom de voz baixo e contido — Ele desligou sozinho?
— Não, acho que… meio que esqueci de ligar ele mesmo — Dylan olhou para ela, que, por um segundo, não soube se dava na cara dele ou se ria da expressão fofa e envergonhada que fazia.
— Está brincando, né?
— Me desculpe — ele pediu sentido, sem graça.
— Vou te socar, Dylan — o chacoalhou levemente pelos ombros, sem realmente estar brava com ele. Não podia julgá-lo, ela certamente cometeria um erro como aquele também.
— O que está acontecendo pessoal? — Hunter perguntou os assistindo virar-se de frente para ele e Ed.
— Coloquei a massa do nosso bolo pronta no forno, mas, na pressa, me esqueci de ligar o forno — Dylan sorriu amarelo, coçando a cabeça.
— Tinha que ser — o encarou do outro lado, esperando Ben terminar de cortar o caramelo de mel já pronto.
— É, Maze Runner, agora é mesmo correr ou morrer — Lewis zoou o amigo, tirando uma gargalhada alta daqueles que entenderam o trocadilho com a chamada do filme.
— Quanto tempo temos? — perguntou, enquanto acendia o forno a 200 graus. Sem pré-aquecimento, deveriam levar cerca de 40 minutos para assar corretamente aquela massa. Hunter meu uma olhada no relógio acima e, então, respondeu apreensivo:
— Vinte e dois minutos.
— Você acha que dá? — Dylan encarou a escritora, que mordeu os lábios pensativa.
— Vai ter que dar! Vamos aumentar a temperatura do forno e ficar de olho para não queimar — ela concluiu, vendo Dylan concordar e aumentar um pouco mais a temperatura do forno.
— Ousado — Hunter comentou brevemente.
— Mas vai dar certo, pessoal — tentando dar uma força, Ed sorriu. Tinha que dar certo ou estavam perdidos.
— Contem para a gente sobre a criação de vocês de hoje — Hunter sorriu interessado.
— Estamos fazendo um bolo natalino de banana, saudável, para os primos fitness da família poderem comer sem culpa — Dylan brincou — e postar nas redes sociais com legendas filosóficas, tipo o Lewis.
— Esse cara é meu fã — Lewis respondeu risonho de sua cozinha, enxugando as mãos recém lavadas em um pano — Vou autografar uma banana e dar para você.
— A massa leva cem por cento dos ingredientes. — seguiu explicando, sem dar muita atenção para Lewis — Além das bananas, tem linhaça, amêndoas, nozes, iogurte natural, um pouco de canela e melado de cana.
— Não tem recheio ou cobertura? — Ed perguntou para ela.
— Não, é um dry cake, fica parecido com uma torta — ela o olhou — Mas vamos dividir a massa em duas e colocar rodelas de banana no meio e em cima, para enfeitar.
— Parece muito gostoso — Hunter refletiu alto — Gostei da proposta, é simples mas diferente. O que achou, Adriano?
— Clássico e bem natalino — o jurado respondeu feliz — Estou animado em provar.
— Se ele assar, no caso — de sua cozinha, cutucou os amigos, enquanto desenformava as massas de seu bolo.
— Acho que já temos a dupla perdedora — riu, espalhando a ganache um pouco mais dura do que o esperado por cima da massa que trabalhava.
— e Ben, podem ir pensando no mico deles — Sebastian a completou.
— Sebastian, estava amando você calado comendo uvas — levantou as sobrancelhas, o encarando.
— Sem contar vantagem antes da hora, pessoal, reviravoltas podem acontecer por aqui — em um tom de alerta, Hunter comentou — Ainda temos tempo!
— Ouçam a voz da sabedoria — Dylan falou alto para os demais, que resmungaram qualquer coisa em resposta.
— Boa sorte, casal — Ed fez um gesto como se os mandasse um abraço — Vou torcer por vocês.
— Então, Ed tem seus queridinhos — retrucou, tentando esfriar um pouco a cobertura do bolo, que em breve usaria.
— , não precisa ter ciúmes — se virou para ela — Você já tem vantagem pelo jurado ser britânico e você ter um outro britânico como dupla.
— Do que adianta ter um britânico como dupla se ele bebe chá de óleo de bergamota? — brincando, reclamou vendo Tom parar o que a fazia e a encarar risonho.
O comentário que saiu como uma mera brincadeira desencadeou memórias afetivas repentinas em Tom. O chá, assim como para a maioria dos britânicos, era degustado diariamente por ele, sempre no café da manhã e pontualmente às 17h. Poder aproveitar a bebida calmamente o transportava diretamente para um momento só seu, em que nem mesmo seus pensamentos poderiam atrapalhar o sossego. A lembrança do ator sentado na grande e longa poltrona saboreando a bebida em um dia chuvoso pairou, por instantes, na mente dele. Naquela manhã, ele tinha acordado mais cedo do que ela, como costumava acontecer, preparado um café da manhã simples mas bastante amigável e sentou-se em seu lugar preferido da casa, em silêncio, apenas observando o tempo cair pelo lado de fora de sua janela, enquanto pensava.
Na noite anterior tinham ido juntos a um evento de divulgação de um novo filme que havia dirigido. Uma noite para celebrar a prestigiar o trabalho dela, suas ideias e seus esforços no mundo do entretenimento, uma noite que foi leve e bastante divertida, que foi real apesar de toda mentira que os cercava. Foi uma noite especial para ela e uma noite boa para ele, que terminou com um sexo nem tão ameno assim e uma manhã, seguinte, reflexiva como nenhuma outra. Tom se pegou lembrando dos detalhes da noite anterior e deixou sua mente o levar até os pensamentos que começaram a o afligir desde alguns dias antes. Cada dia que passava e cada movimento que faziam sentido um e a outro, Tom já não entendia mais o que estavam fazendo, o que era parte do que haviam assinado nos contratos e o que estava indo, leve e calmamente, para além do papel.
Não sabia se estava sendo um tanto exagerado e dramático, se também se sentia daquela forma, mas o fato era que naquela manhã, sentado em sua poltrona e tomando seu chá de óleo de bergamota, Tom se deu conta de que tinham criado mais expectativas do que queria em relação ao que eles dois tinham. Gostava da segurança que passava, gostava de tê-la em sua casa, gostava das noites que compartilhavam juntos, gostava das manhãs que, como aquela, eram só deles dois e mais nada no mundo. Tom decidiu esperar para conversar com ela sobre o assunto. Decidiu que o tempo mostraria as respostas que ele buscava e, talvez, aquele tenha sido o maior erro que cometeu.
Sorrindo abertamente para , que o encarava de volta no estúdio do Sugar Rush, ele se arrependeu de não ter falado com ela antes. Talvez se tivesse sido claro naquela época, se tivesse dito que não se importava com o contrato, que a amava de verdade e que poderia seguir sem mais aquele circo todo, tudo teria sido diferente. Mas se ainda houvesse uma chance, qualquer uma que fosse, ele gostaria de fazer tudo diferente. Gostaria de recomeçar com , fosse o que fosse.
, por sua vez, também deixou-se mergulhar brevemente nas lembranças que o bendito óleo de bergamota a trazia. Lembrou-se da manhã em que acordou sozinha na casa de Tom e o encontrou, em seus pijamas, sentado na poltrona da sala, olhando a chuva cair lá fora enquanto tomava seu chá. O aroma cítrico que dominava o ambiente, o sorriso cheio de carinho que ele lhe deu assim que a viu aproximar-se, o calor dos braços que a envolveram quando ela sentou-se no meio das pernas dele, na poltrona, e se aninhou em seu peito, ficando ali, silenciosa, pelo tempo que nunca contou e que jamais seria suficiente. Ela se lembrava de quando estavam em Viena e ficaram algumas boas horas rodando a cidade em busca de uma cafeteria com aquele sabor de chá e de quando ela o levou em um campo de cultivo de bergamotas, na Calábria, fingindo ser o presente de aniversário dele e que, na verdade, Tom havia amado. Ela tinha dentro de si as sensações de quando Tom aparecia de surpresa nos estúdios onde ela estava trabalhando, para dizer oi e vê-la, e sempre tinha consigo alguns sachês de óleo de bergamota, para não perderem o costume de tomar o chá da tarde juntos.
sentia falta dele. Sentia saudades dos dias, dos detalhes, da vida que levavam juntos. E queria fazer qualquer coisa para tê-lo de volta.
— Até onde eu saiba, você também gosta dele — Tom respondeu sorridente, inebriado pelas memórias que pairavam em sua mente.
— Do sabor, nem tanto — ela deu de ombros — Acho que gosto mais dos momentos em que esse chá está presente.
Sem muito mais atividades para fazer, com os bolos sendo finalizados, os outros participantes pararam por um instante e se entreolharam. O clima entre e Tom estava diferente das outras cozinhas, como se algo estivesse pesando sobre eles, algo silencioso, mas que gritava de algum modo. Estavam se aproximando nas entrelinhas, todas as falas pareciam tão bem pensadas, como se jogassem mensagens íntimas que só eles dois poderiam entender com clareza. Trocando olhares discretos uns com os outros, nascia nos amigos de e Tom a ideia de que tinham que ajudá-los, de algum modo, a ficar juntos outra vez. Se já tinham conseguido resolver os problemas e juntar os quatro outros casais, poderiam fazer um último movimento.
Eles sabiam que e Tom estavam mantendo as aparências de um casal normal, para sustentar a nova mentira que foi contada para tentar desmentir a mentira anterior. Um novo caos dentro do caos antigo, mas, dessa vez, mais transparente e melhor conversado entre eles. Tinham que seguir a vida normalmente, agindo como um casal, do mesmo jeito que antes da polêmica toda acontecer, para segurar a fala de suas agências de que toda a história do contrato não passou de um boato, uma invenção maldosa sobre eles. Com aquela história abafada, a gravação do programa retomada e e Tom ainda juntos, a mídia parecia ter se acalmado. Em público, não estavam aparecendo muito juntos, aproveitando a deixa do final do ano para justificar estarem se dividindo entre suas famílias e os compromissos de natal. Mas diante de qualquer câmera, como ali, tinham que continuar o plano de antes. Estava tudo bem por eles - tirando o fato de sentirem ter voltado ao exato mesmo ponto de antes, de ainda terem os mesmo sentimentos e de ainda não saberem exatamente como lidar com a verdade do que sentiam um pelo outro.
— De que tipo de momento estamos falando? — pegando a deixa, Hunter se aproximou com Ed ao seu lado, parando, enfim, na última das cozinhas.
— O óleo de Bergamota é, de fato, o sabor favorito do chá do Tom e ele costuma tomar ele duas vezes ao dia, no café da manhã e na hora do chá, às 17h — explicou cheia de ternura. Tom sentiu seu coração bater mais forte ao ouvir aquilo, a delicadeza de saber que ela também via sentido naquele momento tão comum da rotina deles.
— Para mim, hora do chá é outra coisa — Sebastian murmurou sugestivo. deu um tapinha leve nele.
— Ah, é? Que tipo de hora do chá você e Tom tinham quando você estava hospedado na casa dele? — arqueou as sobrancelhas, tirando risadas e gritinhos dos demais.
— Crianças, por favor… — Hunter fez um sinal para que eles se controlassem, mas não segurou a risada. Ben demorou alguns segundos para entender o sentido ambíguo da fala e ficou tão vermelho quanto Ed, que ria tímido.
— A hora do chá — bufou de seu lugar, desviando um pouco do assunto — Lewis também para tudo às 17h.
— Ben leva o chá na mochila quando vai viajar, para não perder o horário — entrando na brincadeira, comentou.
— Dylan, acho que deveríamos ter uma hora do chá também — Sebastian sorriu, sugestivo, apontando uma colher na direção da cozinha de Dylan.
— Cara, não vai dar. Gosto de tomar o meu chá em qualquer horário — Dylan negou limpando as mãos que estavam com farinha em uma toalha de papel.
— Esse assunto está saindo do controle, podemos voltar a falar de bolos ou vamos ter que restringir a classificação etária do programa? — Hunter olhou sugestivamente de Dylan para Sebastian, que riram em resposta.
— Como a ia dizendo — Tom voltou para o assunto inicial — a gente costumava… costuma tomar chá de óleo de bergamota juntos, esses são os momentos que ela se referiu — Tom limpou a garganta. Tinha que dar a entender o máximo possível que ainda estavam juntos — Os melhores momentos do dia, se me permitem dizer.
A hora do chá era fielmente seguida pelo casal, desde a assinatura do contrato. Começou como uma ação que deveriam fazer, como parte dos encontros arranjados do documento que assinaram, mas passou a ser quase um ritual pessoal deles enquanto casal. Sempre que estavam em Londres ou na casa de Tom em Los Angeles, os dois tiravam um tempo para ficarem em silêncio, mas juntos, apreciando o gosto da bebida quente e observarem a vista ou algo que estava passando na televisão. Era um silêncio confortável e seguro, similar ao que sentia em relação a Tom, que muitas vezes, sem dizer uma palavra se fazia presente na vida dela. Já para ele, se parecia muito com o sabor do chá que tanto amava: na primeira degustação não era tão fácil de beber, porque era diferente, incomum, porém, ao longo do tempo se tornava seu gosto favorito.
o encarou por um segundo, sorrindo abertamente. Uma sensação boa em saber que ele também gostava daqueles momentos, tanto quanto ela os amava.
— Estou curioso. — Ed quebrou o breve silêncio na cozinha deles — Como vocês pensaram em colocar esse ingrediente peculiar na receita?
— Na massa, na verdade — explicou, raspando um pouco da casca de uma bergamota — Fizemos uma massa tradicional de bolo de frutas, trocando o óleo convencional pelo óleo de bergamota, com uma pitada de alecrim e adicionando pedaços de bergamota, batidos no liquidificador, como ingrediente principal.
— Interessante, bem pensado — Candace comentou de seu lugar, impressionada.
— Vão fazer um bolo simples, como aqueles de café da tarde, para o Tom tomar na hora do chá? — Hunter brincou.
— Nem tanto, Huntie — o ator respondeu, indo buscar o prato onde montariam o bolo — Como a massa vai ficar bastante frutada e cítrica, para equilibrar e trazer mais de sobremesa, decidimos fazer um creme gelado de baunilha para o recheio e uma cobertura fofa de cream cheese, creme de leite e açúcar de confeiteiro.
— Pelo visto, vou provar nesse programa bolos que nunca sonhei comer — Ed passou a mão em movimentos circulares por seu estômago.
— Acho que hoje a disputa vai ser acirrada — Hunter respondeu Ed — Vai ser difícil escolher.
— Nem tanto, Hunter, — Lewis respondeu, apertando o botão em sua cozinha, que indicava que ele e já tinham finalizado o desafio, enquanto a cantora colocava o bolo pronto em cima da bancada — porque o bolo mais gostoso acabou de ficar pronto.
— Com 1h18, Lewis e acabaram de passar pela linha de chegada — o apresentador os aplaudiu, sendo acompanhado pelos demais — Faltam só 12 minutos, pessoal.
Na correria para finalizar tudo a tempo, os participantes iam correndo de um lado a outro em suas cozinhas, falando mais alto do que de costume. terminou de jogar as raspas da casca da bergamota por cima da cobertura do bolo e Tom logo pressionou o botão de sua cozinha, indicando que terminaram. Eles se aproximaram, assim que deixaram o bolo sobre a bancada, e com um hi-five, se abraçaram felizes. Um abraço demorado, calmo, saudoso.
Na cozinha ao lado, Ben terminou apenas de limpar o prato onde o bolo estava e o colocou em cima da bancada, pronto, assim que apertou o botão, um minuto depois da dupla anterior. O ator, então, a abraçou contente, a tirando levemente do chão, feliz por terem conseguido finalizar o desafio, ao tempo que ela lhe deu um selinho fofo. Faltando apenas 5 minutos para o término oficial da prova, ajeitou uma uva que saia de seu lugar em cima do bolo, enquanto Sebastian apertava o botão dançando, empolgado. A modelo e o ator trocaram um beijo rápido em celebração e assistiram ao último casal que restava terminar o desafio.
Os participantes, então, passaram a fazer uma contagem regressiva, minuto a minuto, para que Dylan e terminassem logo a prova. Na pressão do momento, de faltar apenas eles e poucos minutos, e pelo empecilho com o forno desligado, eles tiraram o bolo do forno sem que a massa estivesse cem por cento assada. Apressados, eles tentaram cortar ao meio para colocar as rodelas de banana, mas a massa semi crua não os deixou. Com trinta segundos faltando para dar a 1h30 de prova, e os gritos eufóricos dos demais ao redor deles, colocou as rodelas de banana em cima do bolo, de qualquer jeito, ao tempo em que Dylan jogava um pouco de canela, até um barulho alto tomar conta do estúdio.
— É isso ai, pessoal, terminou o nosso tempo — Hunter avisou, assim que o barulho cessou. e Dylan se afastaram do bolo, que parecia meio molengo e se entreolharam, segurando a risada, se abraçando forte em seguida — Dylan e , podem, por favor, colocar o bolo de vocês em cima da bancada, como os demais.
— É mesmo necessário? — Dylan pegou o bolo, vendo tapar o rosto com as mãos, e o levou até a bancada, o deixando nela assim como Hunter havia pedido. De todos os bolos pronto, o deles era, sem dúvida, o mais esquisito.
— Por favor, levem mais em conta o sabor — pediu meio ácida.
— Se o sabor estiver como a apresentação, eu pediria para eles nem julgarem — na brincadeira, e sem saber, Lewis pegou bem no ponto fraco da amiga.
odiava que tirassem sarro das coisas que ela havia se esforçado em fazer. Normalmente levaria aquela provocação na brincadeira, mas estava meio frustrada por não terem tido tempo o suficiente de consertar o erro de Dylan e seu traço competitivo estava um pouco mais aguçado do que o normal. Não queria perder, definitivamente não. Tinham feito tudo certinho, tinham uma receita impecável e um bolo que ficaria delicioso, não tinha que ter ficado cru.
— Ah, Lewis, vai ver se me encontra na esquina, esse é o primeiro desafio que você ganha e isso que estamos falando só do tempo — respondeu irônica.
— Alguém ficou bravinha — sem ter reparado que o jeito da amiga mudou levemente, Sebastian entrou na provocação. Dylan apoiou os cotovelos na bancada de sua cozinha e tapou a boca com uma das mãos, escondendo a risada que se formava diante da situação. Conhecia o suficiente para saber que eles estavam tirando ela do sério. E ela certamente responderia a altura até o final.
— Se eu fosse vocês não cutucaria a onça — Ben respondeu analisando seriamente o rosto da amiga, que estava bem longe de parecer amigável. pressionou os lábios, se mantendo séria, e trocou um olhar rápido com Dylan, já sabendo o que aquilo tudo queria dizer.
— Saber perder também faz do processo, — Lewis continuou provocando mais a escritora, a vendo caminhar na direção dele.
— Que conselho incrível, Lewis! Porque você não posta no seu Instagram? — rebateu e sorriu irônica, tirando uma gargalhada alta de Dylan, que logo tapou a boca. se escondeu atrás de Ben para rir, enquanto e trocaram um olhar confuso.
— Vamos deixar as postagens nas redes sociais para mais tarde e experimentar esses maravilhosos bolos — Hunter interrompeu a mini discussão, pois se deixasse por e Lewis, os dois poderiam ficar horas trocando farpas.
— Aposto que estão todos deliciosos — Candace tentou amenizar o clima, mas foi mais esperta.
— Ótimo, — a escritora, já dentro da cozinha de e Lewis, parou do lado dele, de frente para a bancada onde o bolo deles estava — Lewis pode começar provando — e sem que ninguém esperasse por aquilo, ela empurrou a nuca do piloto em um movimento rápido, acertando o rosto dele no bolo.
Lewis voltou à posição inicial lentamente, lambendo os lábios para limpar o bolo do rosto e se virou de frente para . O único segundo de silêncio que tomou conta do estúdio, quando a cara dele acertou o bolo, foi rapidamente cortado pelas gargalhadas altas de e Dylan. A cineasta parecia passar mal de tanto rir, estava chorando, enquanto Dylan tentava mas não conseguia formular uma frase. gritava qualquer coisa sem sentido e Tom parecia tão paralisado, boquiaberto, quanto ao lado de e Lewis. Os jurados, Candace, Adriano e Ed, chegaram a se levantar do lugar onde estavam sentados, enquanto Sebastian, e Ben riam e zoavam Lewis que pingava bolo naquela altura. Hunter olhava da cena para a direção do programa que, por trás das câmeras que gravavam tudo aquilo, não tinham ideia do que fazer.
— O bolo está gostoso, Lewis? — sorrindo vitoriosa, a escritora encarou o piloto.
— Não acredito que você fez isso — ele respondeu pausadamente, negando com a cabeça.
— Perder também faz parte do processo, Lewis — o imitou tão cínica, que fez os demais gritaram um “oh” e frases como “eu não deixava”. abriu a boca incrédula, sem dizer nada, enquanto discretamente passou a mão na bochecha de Lewis e provou seu bolo. Parecia bom, pelo menos.
— Não sabia que precisava ver essa cena até ver essa cena — com os olhos arregalados, Tom comentou rindo.
— Agora você já pode sair contando por aí que teve o rosto enfiado em um bolo, Lewis — provocou, recebendo um olhar nada amigável do amigo, que puxava a barra de seu avental para limpar o rosto.
— O pior é que ele nem precisa contar, está tudo gravado — ainda ria levemente, assistindo ajudar Lewis a se limpar. Apesar de ter levado um bolo na cara, ele não parecia irritado ou bravo. Estava um tanto surpreso e, certamente, pensando em como se vingar de .
— Esse vai ser um dos momentos que mais vou repetir quando assistir o programa, podem ter certeza — olhou de Lewis para Hunter, que sorria perdido.
— Enfiar a cabeça de um Sir em um bolo não é crime, é? — Dylan assistiu caminhar lentamente de volta para a cozinha deles, passando pela cozinha de e Sebastian.
— Imaginem só a manchete: Escritora famosa é presa por enfiar o rosto de Sir Lewis Hamilton em um bolo, violentamente — Ben entrou na zueira, vendo Lewis ameaçar jogar um pouco de bolo nele, mas ser barrado por Hunter, que se colocou no meio das cozinhas.
— E eu pensando que as grandes emoções desse programa já tinham acabado — vendo passar por trás dele e de , Sebastian a encarou sugestivo.
— Ah, e antes que eu me esqueça…— a escritora lembrou, dando alguns passos rápidos na direção do ator — não estou bravinha, Sebastian. Estou furiosa.
Do mesmo modo que fez com Lewis, rápida e muito assertiva, sem dar tempo de Sebastian pensar no que acontecia, ela empurrou a cabeça dele sentido ao bolo que, da mesma forma, estava esperando pelos jurados na bancada da cozinha dele e de , de frente para eles. Com o impacto, Sebastian acabou partindo o bolo na metade e, quando levantou seu tronco de volta, tinha a uva, que usou para enfeitar o bolo, em sua boca. Uma vez mais, o estúdio explodiu em gargalhadas altas. Sebastian tirava o bolo de seu rosto e comia, olhando impressionado para , como se afirmasse que estava ótimo. A modelo não conseguia responder nada, estava rindo e de olho em , com receio de sobrar para ela também.
— Me sinto renovada, parece que acabei de sair da terapia — seguiu seu caminho de volta para sua cozinha, sorridente.
— Alguém segura essa mulher — sem fôlego de tanto rir, Tom pediu para a direção, que deu de ombros. Ele não estava entendo direito o que estava acontecendo e, conhecendo bem Sebastian como conhecia, ele estava calmo demais diante daquela situação — Ela vai destruir tudo.
— Dylan faz alguma coisa — gritou para o amigo.
— Eu não, imagina se faço algo e sobra para mim também — Dylan negou com a cabeça, encarando a namorada sorrir fofa para ele.
— Quero ver como os jurados vão avaliar os bolos agora — comentou sugestiva, olhando para os jurados que pareceram só se tocar daquilo naquele momento.
— Dá para tirar um pouco do cabelo do Sebastian e um pouco da blusa do Lewis — segurou a risada das caras que eles fizeram para ela.
— Esse foi, de longe, o melhor programa de culinária que participei — Ed ria tanto que seu rosto estava vermelho feito a pimenta do bolo de e Lewis.
— Você não viu nada, Ed, você não viu nada — Hunter negou com a cabeça — Bom, acho que, com isso, nosso trabalho reduziu drasticamente — ele olhou para os jurados e, então, para e Dylan — infringiu uma das regras do nosso programa, que é interferir diretamente na produção de outros participantes e, por isso, infelizmente estão fora desse desafio.
Os outros participantes aplaudiram fervorosamente, rindo de Lewis que gritava “justiça por Lewis” e “justiça por Sebastian”. fez um biquinho para Hunter, mas não se abalou com a eliminação. Não fosse todo aquele show, ela e Dylan certamente ficariam em último lugar com o bolo cru que tinham a oferecer. Dylan aplaudiu a participação deles no reality, uma trajetória e tanto, dias tão bons que ele nunca mais se esqueceria de ter vivido, e a envolveu em um abraço carinhoso, dando beijinhos rápidos espalhados pelo rosto dela.
— Como agora sou oficialmente ex-participante do reality, posso puxar o saco dos jurados e da equipe. Então, só queria agradecer a todos os envolvidos em cada mínimo detalhe que seja, nem nas minhas histórias mais bonitas imaginaria viver tudo que vivi aqui nessas semanas — começou a dizer, carinhosamente olhando para as pessoas a seu redor — E para amigos que fiz aqui e os que trouxe de fora, quero deixar o meu muito obrigada, primeiramente, por me fazerem sentir acolhida em um espaço, depois de tanto tempo, e segundo por, de certa forma, fazerem o Dylan desembuchar e se declarar para mim — os participantes celebraram eufóricos, gargalhando das caras que Dylan fazia — Tenho certeza que essa foi uma das missões mais difíceis para vocês. E, por último, para não parecer que sou totalmente louca, quero pedir desculpa a e pelo desastre com os bolos, mas ninguém mandou os namorados de vocês me tirarem do sério.
— Faço das palavras da às minhas, mas não vou deixar tudo tão sentimental quanto ela — Dylan começou a dizer, ajeitando a postura, mas logo foi interrompido.
— Até parece, você é um chorão — sorriu para ele.
— Isso é verdade — ao lado dela, Ben concordou.
— O que é isso? Um complô contra mim? — semicerrando os olhos para os amigos, Dylan os encarou, mas logo sorriu — Enfim, como eu ia dizendo antes de me interromperem: estar no Sugar Rush foi uma experiência esquisita. É, esquisita é a palavra. Já pensou juntar um piloto, dois cantores, uma modelo, uma escritora e quatro atores e mandar eles fazerem doces? Só alguém muito louco poderia pensar nisso. Mas, viver intensamente esse programa foi, de longe, um dos melhores trabalhos da minha carreira. Aqui redescobri o amor, passei mais tempo com amigos de uma vida, fiz amigos que nunca imaginei e até tive que fazer o ex-namorado da minha atual namorada em formato de biscoitos — os participantes riram alto, zoando Dylan, lembrando-se da presença de Barry no programa — Foi uma experiência como nenhuma outra e foi tão boa, porque foi com vocês. Obrigado, galera.
— Em nome de toda a equipe do Sugar Rush, e Dylan, agradecemos as participações de vocês nesta edição — Hunter sorriu cheio de ternura para eles — Tenho certeza de que nada teria sido tão divertido, bem humorado e leve sem vocês aqui.
Fofo, o apresentador caminhou até a dupla e deu-lhes um abraço apertado, enquanto às demais pessoas no estúdio e participantes aplaudiam deles com fervor. Na edição final do episódio, eles trariam alguns vídeos rápidos que mostrariam os melhores momentos de cada dupla naquele momento, quando se despediam de vez do programa. Hunter logo os soltou e caminhando de volta para o centro do estúdio, o show tinha que continuar.
— E seguindo na classificação, Hamilton e , Seb e , infelizmente, pelo regulamento do programa, entendemos que vocês não têm mais um bolo para nos oferecer — Hunter olhou para eles, triste — Estão desclassificados deste desafio, também.
— Você me paga, — encarou a amiga, que encolheu os ombros.
— Pelo menos, nos deve uma — completou.
— E já que estamos desclassificados, vamos começar a nos despedir também — Lewis tirava o avental sujo de bolo e o deixava sobre a bancada de sua cozinha — Não poderia imaginar que gostaria tanto de pilotar um fogão como amo pilotar um carro. Ter a oportunidade de estar no Sugar Rush, me fez enxergar ainda mais o profissional que sou. Aprendi muito ao longo dessas semanas, com cada um de vocês — ele fez uma breve pausa, sorrindo para cada um dos amigos, que retribuía, até parar propositalmente em Dylan — Pode guardar as lágrimas para o final Dylan. Mas, fora as brincadeiras, que foram muitas dentro e fora daqui, só tenho a agradecer e, principalmente, a , por me colocar a força na lista dos participantes. Se não fosse por isso, não estaria namorando o cara mais incrível do mundo, vulgo eu, e vocês não teriam o prazer da minha companhia.
— Lewis, as brincadeiras não tinham acabado? — o encarou, séria.
— Deixa ele terminar o discurso do Instagram, — Tom encostou levemente no braço dela.
— É, , me deixa terminar — Lewis resmungou e seguiu dizendo: — Quero deixar um agradecimento especial a toda equipe do Sugar Rush, que nos proporcionou experiências únicas em frente e fora das câmeras também. Agradecer aos jurados, pela paciência com todos nós durante os desafios e perguntar: quanto vocês querem, em dinheiro, da próxima vez, para fingir que eu cozinho bem?
— Por favor, não respondam — logo emendou, antes que alguém pudesse começar a discutir a possibilidade de Lewis ser… corrupto — Aproveitando a deixa, queria dizer que… Estar aqui ao longo dessas semanas foi similar a subir no palco pela primeira vez. Um misto de ansiedade e fervor. Jamais imaginaria conhecer pessoas incríveis como as que conheci aqui — ela riu fofa, vendo os demais a aplaudirem — Ben, ainda quero que nosso feat saia, porque essa área eu domino, já a cozinha nem tanto — negou com a cabeça, vendo Ben, de sua cozinha, concordar com a ideia — Queria dizer também que mesmo nos desencontros, nós nos encontramos, fosse em uma piada, no assalto ao açúcar do vizinho, na massa que desandou ou até mesmo no filme que deveria ter sido assistido antes das receitas serem feitas. Pode até soar clichê, mas eu não mudaria nenhuma vírgula de nada do que ocorreu se o resultado fosse chegarmos nesse momento agora.
— Disseram tudo, amigos — deu alguns passos à frente de sua cozinha, já aproveitando para se despedir também — Diferente da , eu mudaria algumas vírgulas e até mesmo situações para chegar aqui. Talvez, assim, eu aprenderia a bater em portas antes de sair entrando em salas e encontrar casais por aí — a modelo brincou, olhando sugestivamente para Dylan e , que fingiram se esconder um no outro — O Sugar Rush me permitiu ser , sem nenhum complemento a mais. Aqui, foi um espaço como uma casa, pude ser quem verdadeiramente sou, sem precisar medir quem estava me observando. Me senti confortável em rir e até mesmo gritar alto para defender as pessoas que eu amo — ela, então, olhou amorosamente para Sebastian — Aqui, também foi o lugar que aprendi que segundas chances devem ser dadas a pessoas que amamos, porque assim como algumas receitas, pode parecer que não vai dar certo de início, mas, no final, o que importa é o sabor e nem tanto a apresentação.
— Vocês são, simplesmente, incríveis — Hunter comentou feliz — Sebastian, tem algo a nos dizer?
— Estou tentando pensar em como dizer isso, mas é difícil — Seb sorriu, ouvindo os demais soltarem gritos fofos para a cara de emocionado dele — Nunca imaginei que aceitar participar desse programa fosse mudar minha vida, e não é exagero — ele fez uma pausa breve, pensando — O primeiro dia, nunca vou me esquecer, foi um pouco traumático. Chegar até Londres, no meio da correria de uma agenda apertada, e me encontrar justamente com a minha ex-namorada foi um tanto… chocante. Tom e estavam aqui também, não os via há um século. E foi irreal, por um momento, dividir o estúdio com outras pessoas que admiro, que sou fã, que sonho em trabalhar junto. Por Deus, é um hino em pessoa, é a escritora da década, Ben é mais gostoso ao vivo do que nas fotos e vocês conseguiram mesmo trazer a , é surreal — ele então virou-se para Dylan e Lewis — E claro, tinha Dylan e Lewis também, mas não me impactei — Se brincou, recebendo risadas e uns palavrões de volta — Brincadeiras a parte, estar aqui, no Sugar Rush, foi uma experiência única, para mim, enquanto pessoa e enquanto ator. Certamente levarei vocês e o que vivemos aqui para a vida. Obrigada, pessoal!
— Vocês vão me fazer chorar hoje — Hunter estava emocionado — Venham, abraço em grupo — ele abriu os braços sorrindo.
O apresentador manteve-se parado no centro do estúdio com os braços abertos e esperou apenas alguns segundos, até que , , Sebastian e Lewis o abraçaram com força. Assim como fizeram com e Dylan, os demais participantes e pessoas no estúdio aplaudiram às participações daquelas duplas no reality e assistiram até eles se separarem, emocionados, e pararam ao lado de Hunter, de frente para as câmeras principais.
— As participações de vocês conosco foram extremamente importantes para a história do Sugar Rush e agradeço muito por terem topado esse desafio — Hunter os agradeceu — Sebastian e trouxeram muito estilo e elegância para nosso programa e nos mostraram o quanto podemos superar o orgulho e recomeçar histórias, as contando de outras formas — o casal sorriu, Sebastian a abraçando de lado e deixando um beijo no topo da cabeça dela — E, e Lewis, o que são vocês? — Hunter gesticulou empolgado — Tão naturais, engraçados e com uma conexão tão bonita e forte que foi visível em cada encontro que tivemos aqui. Trouxeram mais sobre a importância do companheirismo em uma competição — dando as mãos, eles sorriram abertamente para Hunter, ao mesmo tempo.
— Vamos nos lembrar sempre do Sugar Rush como uma etapa importante de nossas vidas — sentiu seus olhos se encherem de lágrimas — Um divisor de águas, de certa forma, quando tudo, finalmente, começou para muitos de nós.
— E por isso, agradecemos. Obrigado, Hunter — Sebastian o agradeceu uma última vez e, assim como e Lewis, voltou com para sua cozinha.
— Meu Deus, eu não acredito que me convidaram para hora da despedida — Ed comentou de seu lugar, tirando risadas dos demais e descontraindo o momento.
— Mas nem só de choro e desclassificações esse desafio se faz, ainda temos duas duplas no jogo, para avaliarmos os bolos — Hunter caminhou até o centro do estúdio.
— Ainda bem que vamos comer algum bolo hoje — Adriano falou ajeitando sua postura na mesa dos jurados.
— Isso se a não vir e destruir tudo — Ben murmurou, olhando a amiga.
— Quer provar seu bolo? Eu posso te servir — ela brincou risonha.
— Não, obrigado — Ben negou com um sorriso de canto.
— Fica esperto, lindão — a escritora fez um sinal de “estou de olho” para ele, que tentou se proteger atrás de .
— Melhor ficar esperto mesmo — Tom olhou rapidamente para Ben com um sorriso nos lábios.
— Melhor a gente ficar esperto e provar logo os bolos — Hunter chamou os jurados — Vamos começar com o date cake da e Ben.
Enquanto os três jurados se aproximavam da cozinha deles, acompanhados por Hunter, partia o bolo redondo em fatias generosas e colocava nos pequenos pratos que Ben estendia para ela e entregava para cada jurado. O parecia fofo, pelo corte que ela fazia. As três camadas da massa de chocolate estavam bem assadas, ao meio havia duas camadas finas de recheio e haviam conseguido fazer a cobertura com o chantilly falhado, bem fino, o mel que escorria de cima a baixo e o caramelo de mel salgado mais durinho em cima, enfeitando. O aroma estava gostoso e os jurados pareciam felizes com o resultado visual, analisando até que todos recebessem a sua fatia.
— Está bonito — Candace comentou.
— E muito saboroso também — Adriano concordou, mastigando.
— O que aconteceu com a dupla desastre do primeiro desafio? — Hunter saboreava a sua fatia do bolo.
— é um desastre, Ben nem tanto — Dylan respondeu por eles.
— Para ver se você me deixa em paz por, pelo menos, cinco minutos, vou te levar uma fatia do nosso bolo, para você provar o meu desastre — rebateu, tirando uma nova fatia do bolo e pegando dois garfos.
— Só cuidado para não meter ele na sua cara — Lewis provocou.
— Eu não faria isso com ela, ok? — se defendeu. foi até a cozinha da escritora e Dylan, deixando um pedaço do bolo sob a bancada e voltou rapidamente para o lado de Ben em sua cozinha.
— , Ben, tenho uma única coisa a dizer: — Ed comentou limpando os lábios em um guardanapo — Ual. Está uma delícia. Acho que vou ficar com vontade de comer ele mais vezes, vou ter que pegar os telefones de vocês e convidá-los para uns jantares lá em casa, esperando que vocês levem o bolo de sobremesa.
— Nós levamos, Ed, pode deixar — Ben garantiu, segurando os dedos de nos seus.
— Feliz que você gostou — comentou animada, dando um leve aperto na mão de Ben.
— Dylan e , o que vocês acharam? — Hunter perguntou ao casal que degustava o bolo em sua cozinha.
— Eu pagaria caro por um bolo desses — Dylan apontou para a fatia de bolo com o garfo — Sorte que vou ter mais de graça.
— Nesse bolo eu colocaria o meu próprio rosto — completou, tirando uma gargalhada alta de Hamilton.
— Não seja por isso, eu posso ajudar — Sebastian, praticamente, gritou de sua cozinha. Seguido de Lewis:
— Eu também posso ajudar. Seria quase um prazer.
— Está divino, é um fato — Candace constatou, deixando seu garfo ao lado do prato do bolo — A massa está no ponto exato, o caramelo ficou crocante e o leve toque do sal dá um gosto especial. O que mudaria, talvez, é o recheio.
— Concordo, o conjunto da obra está ótimo, mas está muito doce e atribuo isso ao recheio também — Adriano ponderou olhando para e Ben — Como o mel já é muito açucarado, o recheio deveria ser um pouquinho mais ácido, ou cítrico, trazer um equilíbrio maior.
— Fora isso, não mudaria mais nada também! De todo modo, parabéns pelo bolo ótimo que fizeram — Candace sorriu para a dupla — Foi uma evolução e tanto ver o que vocês puderam fazer nesse último desafio.
— Obrigado, pessoal. — Ben disse enquanto entregava dois pratos para .
— De consolo, podemos dividir o bolo com todo mundo? — perguntou a Hunter e recebeu uma confirmação do apresentador com a cabeça. A atriz cortou duas fatias do bolo e levou nas cozinhas de e Lewis e Sebastian.
— Se quiser provar o meu, pode pegar aqui um pedaço — Lewis apontou para seu suéter cheio de bolo.
— Poxa, infelizmente estou sem fome — deu de ombros rindo.
— Ela só comeria o bolo assim se tivesse espalhado no Ben — Dylan comentou de sua cozinha apontando para Ben.
— Infelizmente, não vou poder contestar — Ben comentou fazendo os demais participantes rirem.
— Benjamin — arregou os olhos na direção do namorado — o que eles vão pensar de mim?
— Bom, vamos então provar o último bolo, o ousado Óleo de Bergamota, de e Tom — Hunter comentou indo em direção a cozinha de e Tom juntamente com os jurados.
— Já não sei mais se vai ser tão fácil superar Benjamin e — Tom falou passando as mãos pelos cabelos.
— Claro que vai — disse enquanto escolhia a faca em que cortaria o bolo da dupla.
Ela não demorou mais do que alguns minutos para repartir o bolo em fatias generosas, enquanto Tom os distribuía para os jurados e Hunter. Os quatro estavam exatamente de frente para a dupla, do outro lado da bancada da cozinha deles e degustavam o bolo em silêncio, trocando olhares sugestivos uns com os outros. O bolo era quadrado e tinha duas camadas de massa branca, bem passadas, fofas na medida certa. Estava derretendo na boca e era possível sentir o gosto sutil da bergamota do fundo, em meio ao sabor floral do alecrim. O recheio, de fato, saiu gelado como esperado e o doce da baunilha equilibrava perfeitamente o frutado cítrico da massa. Estava cremoso, diferente do que já tinham provado até ali.
— Quem diria que o óleo de bergamota daria um espetáculo desses — Adriano estava fascinado.
— Não sei nem por onde começar a avaliação — Candace
— Eu não sei nem o que dizer, na verdade — Ed
— Bom, vou começar, então — Adriano tomou a frente — Primeiro, queria agradecer o Sebastian por ter escolhido um ingrediente tão audacioso.
— Sempre que precisar — Sebastian sinalizou uma referência de sua cozinha.
— Vemos a qualidade e a criatividade de um verdadeiro confeiteiro quando consegue pegar ingredientes atípicos e fazer algo maravilhoso, como fizeram hoje — Adriano continuou, olhando sua fatia de bolo e a dupla a frente — O bolo de vocês tem equilíbrio, tem maciez, tem umidade, tem cremosidade, tem um toque refinado e tem curiosidade. Cada garfada conseguimos sentir um sabor diferente e ficamos intrigados pensando no que estamos provando. É mais do que um bolo bem elaborado, é uma experiência culinária e não faria absolutamente nada diferente.
— É Sebastian, acho que seu tiro saiu pela culatra — Lewis disse com um tom decepcionado.
— E você deu o prêmio para e Tom — comentou sarcástica para o piloto.
— Você que deu a vitória para eles. Foi você que destruiu dois bolos, lembra? — Sebastian questionou a escritora, colocando as mãos na cintura. devolveu, como resposta, colocando a língua para fora na direção do ator
— Como Adriano disse, há uma qualidade confeiteira excepcional aqui — Candace retornou a conversa entre os jurados sobre o bolo de e Tom, o restante do estúdio estava em silêncio prestando atenção na mulher — Vimos vocês chegarem com um histórico legal na cozinha, quando o programa começou, mas agora vemos vocês mais seguros, mais ousados e mais soltos, há mais de vocês enquanto pessoas e como uma dupla nessa entrega. O bolo está ótimo. Ambas as camadas de massa estão no ponto correto, o creme do recheio gelou e ficou consistente e doce o suficiente para casar com o cítrico da bergamota.
— Sem contar que a apresentação está linda — Adriano completou.
— A cobertura fofa de cream cheese, açúcar e creme de leite está realmente fofa, trouxe um toque de porosidade no paladar que é… diferente — a jurada gesticulava, sorridente — É maravilhoso. Estão de parabéns.
— Muito obrigada — sorriu contente e orgulhosa de si — Realmente não foi fácil combinar os sabores, mas acredito que, no final, conseguimos um bom resultado.
— Os conhecimentos de foram essenciais para que desse certo — sorrindo de lado, Tom a olhou — Fui pego de surpresa pelo ingrediente que Sebastian escolheu, então, fico muito feliz que vocês tenham gostado.
— Acho que nunca provei um bolo tão saboroso e… — Ed começou a dizer, mas logo foi cortado por um Ben indignado.
— Achei que você tinha gostado do nosso.
— Dor de cotovelo, Barnes? — virou-se na direção do amigo com as sobrancelhas arqueadas.
— Que comecem as brigas — Dylan esfregou as mãos uma na outra.
— Pelo amor de deus, chega de brigas por hoje — respondeu rapidamente ao ator, que não conseguiu conter o sorriso — Sua namorada já fez o suficiente.
— Como ia dizendo, — Ed voltou a ficar sério — e reformulando a frase para não gerar intrigas, acho que nunca provei um bolo tão inusitado. Não estava dando nada para o Óleo de Bergamota e, no final das contas, está fantástico. Acho que tenho meu voto.
— Que era para ser secreto — bateu com as mãos na lateral do corpo.
— Acho que já está claro quem ganhou o desafio — Lewis passou o dedo sob a cobertura que estava em seu suéter e levou a boca.
— Bom, mas para dar um clima extra de mistério antes que nossa jornada neste Natal termine, — Hunter voltou a dizer, olhando para uma das câmeras e, em seguida, para os participantes que citava — , Ben, e Tom, chegou a hora de vocês se despedirem.
— Acho que nunca fui muito boa em despedidas, por isso tenho essa tendência a voltar para as coisas que amo — começou a dizer calmamente, olhando rápido para Ben, como se resumisse em uma simples frase o que tinha acontecido com eles.
— Meu Deus, eu vou chorar — Dylan sussurrou, sentindo o abraçar, enquanto prestavam atenção na amiga.
— Vim para o Sugar Rush esperando por algo muito diferente do que encontrei aqui. Esse foi o primeiro reality que participei, estava com receio da... exposição. Foi a primeira vez que me permiti viver algo assim e logo de cara já encontrei o Dylan e a aqui, — ela riu tímida, tirando risadas dos demais — o que, para mim, foi um indicativo de que seria mais um dos melhores momentos da minha vida, só por ter eles por perto. E aí, de repente, veio e Hamilton mostrando que a vida pode ser mais simples do que parece ser, veio e Sebastian para me dizer que nunca é tarde demais para correr atrás do que amamos e e Tom, que nos uniram como um grupo, porque carregam neles a força, o acolhimento e a união, como ninguém mais. Vocês me deram muito mais do que eu esperava receber participando desse programa, e agradeço muito por isso. — os participantes, sorridentes, a aplaudiram e soltaram gritinhos fofos em resposta — E, bom, então, no meio dessa turma toda, veio Ben. Veio a minha dupla, veio um monte de sentimentos estranhos e veio o amor. Obrigada, Ben, pelo açúcar no bolo e fora dele — a atriz sorriu amorosamente para ele. Ben a abraçou por trás, dando um beijinho no rosto dela e seguiu daquela forma, sorrindo, enquanto a ouvia terminar de dizer: — Hoje vou me despedir oficialmente do Sugar Rush, com a certeza de que encontrei aqui muito mais do que poderia encontrar em qualquer outro lugar. Obrigada por tudo, pessoal. Obrigada, Hunter, por entrar nessa com a gente; a equipe de jurados, que tanto nos ensinaram e a produção linda desse programa, que para sempre vai ser o meu preferido.
— , na minha camiseta não — Dylan sussurrou para que assoava o nariz em sua camiseta.
— Ben, agora entendemos o mel, a mulher é uma poeta — Lewis comentou sorridente, passando as mãos nas costas de .
— Ela é muito boa com a boca… — Ben comentou, mas logo enrubesceu ao notar a ambiguidade daquilo. Sebastian arregalou os olhos e gargalhou alto, vendo o amigo envergonhado por ter se atrapalhado, logo emendar: — com as palavras, quer dizer — riu, negando com a cabeça. Para não prolongar ainda mais o momento constrangedor, o ator logo falou: — Bom, eu tentei escrever algo.
— Ah, não. Já chega! — Lewis contestou, gesticulando para ele parar — O título de mais romântico e sentimental já é seu, Ben. Não precisava escrever uma despedida para o programa.
— Ninguém, nunca, vai superar esse cara — Seb gritou incrédulo, abraçando por trás.
— Fiquem quietos — gesticulou — Quero ouvir o que Ben tem para dizer.
— É claro que você quer — Dylan a zoou, tirando um olhar fuzilante da amiga.
— Que fique claro que se você começar a escrever livros, Ben, não vamos mais nos falar — o olhou, sem sorrir — Não gosto de concorrência.
— , com esse ai não vai ter concorrência — Tom explicou, encarando Ben e, em seguida, a escritora — Ele vai te ganhar na dose de açúcar.
— Como você sabe, hein, Tom? — o provocou, risonha.
— Britânicos, — bufou — Britânicos.
— Como ia dizendo, — Ben voltou a falar, tirando timidamente um pequeno papel do bolso da camisa que usava — eu tentei escrever algo, mas não consegui.
— Ainda bem — Lewis murmurou.
— Nada que escrevi me pareceu o suficiente para expressar tudo o que aconteceu nesse programa, nessas semanas, em especial. Acho que vocês já disseram muito sobre como me sinto, mas queria reforçar que, para mim, também foi um momento muito especial. Tiveram pessoas muito queridas que reencontrei e que construí novas memórias, outras que conheci aqui e que quero carregar para a vida, e alguém que me deu uma nova chance de prova os melhores sentimento que a vida pode oferecer — ele falava serenamente, observando as pessoas ao redor, enquanto sorria com ternura.
Ben não viu, contudo, Tom se aproximando sorrateiro, como quem não queria nada, como se estivesse dando um passeio casual pelo estúdio. Antes mesmo que Ben pudesse continuar a falar, o outro homem puxou o pequeno papel da mão dele, passando pela cozinha onde o amigo estava, e correu no sentido oposto, se abrigando na cozinha de e Hamilton, que riam ao perceber a cena. Em um segundo, Ben foi de surpreso para envergonhado, ao perceber que Tom tinha roubado o poema que ele tentou escrever para expressar o que sentiu nos dias de Sugar Rush. Os demais participantes e jurados aplaudiram a cena, incentivando Tom a ler o que estava escrito.
— Ah, não! Devolve, Thomas — Ben pediu o encarando, mais vermelho do que gostaria de estar.
— Não devolve, Tom — falou mais alto, gesticulando — Está na hora do mundo ver o Benjamin poeta.
— Ainda me questiono o que esse cara não sabe fazer — Lewis tentava espiar o papel nas mãos de Tom, sem muito sucesso.
— Lê logo, Tom. Estou curiosa — do mesmo modo que sua dupla, tentava ler o poema. Tom estava parado entre ela e Hamilton, sorrindo sugestivo para Ben que parecia realmente tímido com o momento. Maldita hora que foi levar aquele poeminha para o programa. Podia só ter feito um discurso normal, como os outros.
— Preparados? — Tom olhou os amigos, que gritaram animados em resposta — Então, vamos lá — E, então, o estúdio entrou em um silêncio profundo, atento.
para dizer adeus ao programa.
O reality de confeitaria
que mais pareceu de drama.
Vimos Dylan desembuchar
Sebastian se desculpar
Eu me declamar
E Lewis, finalmente, desencalhar
Tom já veio comprometido
e lançou a missão:
Fazer o melhor bolo, ganhar todos os desafios
ou viver o resto da vida na solidão.
Tivemos também muitos grupos de fofocas
Criados na intenção de compartilhar mais rápido a mensagem
Que, na verdade, eram só papos de dondocas
Criados em uma banheira de hidromassagem
Depois de todo contar sobre essa bagunça
Preciso salientar que encontrei, aqui, mais do que esperava
Um lar, uma família e, também, o amor
Bem maior e melhor do que eu imaginava
— Se a um dia terminar com esse cara, ele é meu — Hamilton levantou a mão, como se tivesse indicando ser o primeiro da fila.
— Traição bem na minha frente? — levantou as sobrancelhas e cruzou os braços, vendo o namorado rir para ela.
— Não é traição se ele fizer parte de um trisal — sugestiva, sorriu sensualmente. Para o desespero de Hunter e da produção, para a alegria dos participantes, que gargalharam.
— As referências ficaram ótimas, Ben — tentou mudar o assunto, sorrindo para o amigo que, naquela altura, parecia explodir de vergonha — Você tem muito talento.
— Pronto, perdi a minha mulher — foi a vez de Sebastian resmungar, brincando.
— É, , não queria dizer nada, mas seu namorado está muito concorrido — Dylan fez uma cara de compaixão para a amiga, que concordou rindo.
— Ainda bem que seu único talento é fazer piadas ruins, meu bem — apertou carinhosamente uma bochecha de Dylan — Eu não iria aguentar essa competição toda.
— Não tem nenhuma competição ou concorrência, meus queridos — finalmente respondeu, sorrindo para os amigos — Foi para mim que ele fechou um museu e encheu ele de girassóis.
— Ela tem um ponto — Tom comentou se aproximando de volta da cozinha deles, devolvendo o poema para Ben e o abraçando de lado.
— Um ponto não, ela tem meu coração — Ben respondeu abraçando o amigo de lado enquanto olhava para , que sorriu envergonhada. As meninas gritaram fofas.
— Meu Deus, eles realmente são o mel em forma de casal — Ed parecia impressionado e um pouco apaixonado por eles. Estava amando tudo até ali.
— Uma dica de fã, Ed: usa eles como inspiração para uma próxima música e convida o Ben para um feat. É sucesso na hora — sugeriu — vai por mim.
— Que esse casal é um sucesso, nós temos certeza absoluta — Hunter começou a dizer, simpático, dando alguns passos em direção a dupla, enquanto Tom voltava para sua cozinha — , Ben, que alegria ter vocês com a gente. Foi muito bom compartilhar esses dias com vocês e receber um pouquinho desse amor que transborda de vocês dois. Em nome de todo o Sugar Rush, muito obrigado por terem vindo e por adoçar os nossos corações — ele, então, abriu os braços — Venham para o abraço.
— Acho que já estou com saudades — fez um biquinho, abraçando o apresentador e Ben ao mesmo tempo.
— Obrigado, Hunter. Foi incrível estar aqui e vamos levar cada momento desses programa para sempre conosco — Ben agradeceu sorridente, ouvindo os amigos aplaudirem eles.
— Bom, já que falamos do mel e a dupla mais doce do Sugar Rush se despediu, — Hunter voltou a dizer, caminhando em direção a cozinha vizinha — Tom, como você já está com a palavra, pode nos presentear com o seu discurso?
— É, Tom, nos presenteie com as suas palavras agora — Ben o cutucou, vendo o amigo negar com a cabeça.
— Deveria ter guardado seu poema para eu ler como se fosse meu — Tom riu levemente — Mas acho que ninguém cairia na mentira que havia sido eu que escrevi. — ele encolheu os ombros, vendo os demais rirem baixo — Bom, acho que vou começar com uma frase que me veio à mente, desde o momento que soube que hoje teria que me despedir. “Sendo o fim doce, que importa que o começo amargo fosse? Bem está o que acaba”. Acho que resume bem o que vivemos aqui, nesses quase dois meses. Muitos de nós achamos que nada disso daria certo, que seria uma catástrofe, que morreríamos por fazer duplas com pessoas que não queríamos. Tivemos alguns problemas no percurso, alguns desencontros, alguns dramas, umas mentiras também, é verdade — ele riu junto com os demais — As vezes tudo pareceu mais amargo do que os incontáveis drinks que dividimos, mas, no final das contas, estamos todos aqui, juntos, compartilhando esse momento incrível e levando para vida o que nunca imaginamos levar. Tivemos um fim doce e, talvez, esse nem seja o fim. — Tom colocou as mãos nos bolsos de sua calça, sua voz mantendo-se grave, firme, serena — E como disse , eu não mudaria nada. Pude experimentar sensações as quais nunca imaginei vivenciar. Ter a nesta caminhada tornou tudo ainda mais especial, sei que sozinho, aproveitaria, mas tê-la ao meu lado me fez ter segurança que seria uma temporada incrível em que nos descobriríamos como dupla, como casal e, principalmente, como amigos. — sem tirar os olhos dele, paralisada com as palavras que ouviu, sorriu abertamente — Então, obrigado, pessoal.
— Ele recitou Shakespeare ou foi impressão minha? — Dylan cortou o momento, impressionado com a fala de Tom, puxando um aplauso para o ator.
— A pergunta é: como você conhece Shakespeare? — do mesmo modo impressionado, arregalou os olhos para Dylan.
— Assim você me ofende — Dylan a encarou de volta, incrédulo.
— Quero ver bater esse discurso — Sebastian passou a língua entre os lábios e levantou as sobrancelhas, encarando .
— Se acalme, Sebastian. O melhor sempre fica para o final — Ela garantiu, calma.
— Essa eu quero ver — Lewis cruzou os braços e os apoiou sobre a bancada de sua cozinha.
— , por favor, faça as honras — Hunter gesticulou para ela. A cineasta pensou por alguns segundos, até, finalmente, começar a dizer:
— Entrei para o Sugar Rush como se estivesse indo para um retiro espiritual, pelo menos foi isso que meus agentes disseram. — começou a dizer séria, tirando risadas altas dos presentes — O programa seria o meu recomeço, acreditei fielmente nisso, mas fui totalmente surpreendida. De pacifíco e calmo não tivemos quase nada. Mas, foi nas gritarias, e nas bebedeiras, que criamos laços que me reconectaram verdadeiramente com quem eu sou, com quem quero ser, e não com aquela imagem que a mídia me deu. Aqui, nesse estúdio, com estes nove palhaços, consegui mostrar um pouco de quem sou, do meu jeito, sem que ninguém medisse ou julgasse o que estava acontecendo. Foi um dos poucos lugares verdadeiros e confortáveis que já estive trabalhando e agradeço vocês por isso — parecia emocionado, os olhos enchendo de lágrimas enquanto encarava os amigos prestando atenção em si, felizes, carinhosos — Como trabalho com cinema há anos, sei que a função primordial de um roteiro é nos guiar, mas com o Sugar Rush foi diferente, nem Tarantino escreveria as cenas que nós vivemos aqui. Foi incrível, verdadeiro e, principalmente, humano. Quero agradecer a cada um que participou comigo dessa loucura — ela riu, engolindo as lágrimas e virou-se para sua dupla, alguns passos ao lado de onde ela estava — Mas acho que meus agradecimentos mais especiais vão para o Tom, que mais do que qualquer um aguentou minha personalidade, meus surtos e minhas inseguranças. Obrigada, Tom, por nunca me deixar só e me fazer perceber que nem sempre passar pelas coisas sozinhas é o melhor — Tom abriu o sorriso mais lindo que ela já havia visto e sentiu suas pernas fraquejarem por um segundo, perdida nos olhos dele — O diálogo foi nosso maior desafio aqui e também a nossa maior arma. E, não posso deixar de agradecer ainda, por favor não se ache ainda mais, a Lewis, por ser o melhor amigo que eu poderia ter. — Lewis comemorou de sua cozinha, como se tivesse ganhado um prêmio, tirando uma risada alta de — Você é um dos caras mais fodas que conheci nessa vida. Você não mentiu, nós tivemos sorte em ter você por aqui. Mas você teve ainda mais sorte de realmente conhecer , Ben, Sebastian, , Tom, e, até mesmo, o Dylan e foi sortudo quando conquistou, finalmente, .
— Esse programa é simplesmente tudo — Tom concluiu, aplaudindo a fala de junto com os mais.
— , você deixou o Hamilton sem palavras. Isso jamais aconteceu — arregalou os olhos, vendo o piloto quieto, sorridente, observando a amiga com orgulho e carinho.
— Por favor, vocês podem respeitar o meu momento? — Hamilton pediu para , voltando ao seu estado natural — Estou absorvendo o fato de que me agradeceu ainda.
— É isso aí, pessoal — Hunter voltou a puxar a atenção para si mesmo — e Tom, assim como disse aos demais, também quero agradecer vocês por terem topado participar da nossa competição. Sabemos que para vocês, em especial, foi muito mais difícil, muito mais desafiador, estar aqui, principalmente depois dos últimos dias. Mas sabemos também que sem vocês, não haveria Sugar Rush. — Hunter abriu os braços para eles, os convidando para um abraço — Em nome de toda a equipe e de todos os participantes do Sugar Rush deste ano, gostaria de agradecê-los não só por terem vindo, mas também por terem voltado. Isso demonstra a força, a resiliência e o carinho que vocês carregam consigo — Hunter se afastou levemente deles — Vocês foram a primeira dupla a ser selecionada para participar do programa, foram a primeira dupla que chegou aqui como um casal, ocuparam a primeira cozinha do estúdio e, sem dúvida alguma, ocupam o primeiro lugar dos nossos corações também — ele fez uma breve pausa, vendo a dupla rir contente — E hoje, gostaria de anunciar que vocês são também a primeira dupla do Sugar Rush de Natal. Parabéns aos vencedores desta edição.
Com gritos animados de “eu já sabia” e “foi comprado” os participantes se aproximavam da cozinha de e Tom, ao tempo que uma chuva de papéis coloridos e em formatos de ícones do natal caía sobre eles, feito flocos de neve. Uma música animada tomou o estúdio e as câmeras tentavam capturar o máximo possível de tudo o que acontecia ali. Lewis praticamente pulou em cima de , a trazendo para um abraço forte e apertado, enquanto Sebastian e abraçavam Tom ao mesmo tempo, um de cada lado do ator. Dylan e Ben se abraçaram também, trocando provocações e ameaças de uma próxima competição, que jamais aconteceria. e conversavam sorridentes sobre as reações dos vencedores da edição e logo se juntaram a Hamilton para abraçar , ao tempo que Candace, Adriano e Hunter se misturaram na bagunça que faziam ali. , mais ao fundo e distante dos demais, fotografava os abraços e conversas com seu celular. Ed ao ver que a escritora estava mais distante, foi ao encontro dela.
— Também acho que esse momento merece um registro, mas falta alguém lá — Ed aproximou-se de , que sorriu ao vê-lo.
— Quem? — perguntou curiosa.
— Você, obviamente — Ed riu da expressão surpresa dela.
— Ah, não, gosto mais de ficar atrás das câmeras — encolheu os ombros, tímida.
— Nada disso, ! Pode vir para lá para gente tirar uma foto com todo mundo — Hunter gritou do meio da galera.
— Até você, traidor? — ela riu da carinha fofa que ele fez.
— Só estou me vingando por e — Hunter apontou para as duas mulheres próximas a ele, que se viraram quando ouviram seus nomes — Pessoal, ei — o apresentador gritou, animado, conseguindo chamar atenção de todos eles — Vamos nos juntar todos para uma foto para deixar registrado esse momento especial.
— Ai, para, eu vou chorar assim — Hamilton tapou a boca emocionado.
— Você sempre fica melhor calado — o provocou, recebendo um abraço apertado dele em resposta. Hamilton logo se colocou do lado dela e virou-se para frente, assim que os fotógrafos se posicionaram.
— Todos sorrindo — Hunter gritou animado.
— Ele pareceu minha mãe agora — Dylan murmurou entre e , sem desfazer o sorriso. Agachado na frente dele, Sebastian riu.
— Sua mãe está um pouco barbuda, então, Dylan — o ator brincou.
Gargalhando alto da fala de Seb, os dez participantes, misturados com Hunter, Ed, Candace e Adriano pousaram tumultuados para algumas fotos em grupo. Entre sorrisos, poses combinadas, caretas e abraços, eles se despediam do programa que, definitivamente, havia mudado suas vidas. Como no primeiro episódio, na primeira vez em que pisaram ali, Jingle Bell Rock começou a tocar ao fundo. , Seb e dançavam ao ritmo da música, enquanto Dylan abraçava Lewis quase subindo nele. cumprimentava Tom pela vitória, enquanto recebia o troféu de Candace e Adriano. Ben e faziam alguns vídeos da bagunça toda para postar em seus stories mais tarde, ao tempo que Ed se juntou a , assim que interrompeu a conversa dela com Tom para dividir o troféu com ele.
Hunter se aproximou da câmera principal, com o maior sorriso que poderia dar no mundo, e encerrou as gravações do que seria a melhor edição do programa em toda sua carreira.
— Obrigado por assistir ao Sugar Rush de Natal. Nos vemos em breve. Feliz Natal e boas festas.
O apresentador logo virou-se novamente para se juntar a galera atrás dele e, dois segundos depois, com a câmera focando no painel redondo acima do centro do estúdio, onde o nome do programa aparecia, o diretor gritou “corta”.
A última cena do Sugar Rush.
O fim de um tempo, de um Natal, que para sempre seria como nenhum outro.
Photograph
se pegou olhando e sorrindo para a foto que tiraram juntos no final da gravação do último episódio do Sugar Rush e que Lewis tinha acabado de postar em seu Instagram, com uma legenda fofa que citava cada um deles. Estava feliz pelo desfecho da história, apesar de toda situação com Tom ainda a incomodar. Pareciam se aproximar novamente aos poucos, nos detalhes, com mais calma do que foi antes, quando começaram a sair em função do contrato. Parecia que, dessa vez, para os dois, algo mais sério os impedia de cair de cabeça no que queriam e estavam se segurando de alguma forma. Ao menos era como estava agindo.
Tom tinha se redimido por tudo o que aconteceu, tinha sido paciente com o tempo de afastamento dela, tinha dado o espaço que ele sabia que ela precisava e estava sendo um amor como sempre. Mas, apesar de sentir que estava insistindo nela e no que tinham, ainda tinha dúvidas. Se ele a quisesse de volta, mesmo, será que não teria insistido mais? E agora que o programa havia acabado, o que seria deles? Continuariam com a história do contrato até quando para sustentar a mentira que tinham que reforçar para a mídia? Aquilo era cansativo e já não aguentava mais. Queria só resolver tudo como viu seus amigos se resolverem, era pedir demais? Talvez depois de tudo, era.
Ela respirou fundo, dando uma olhada na galeria de seu telefone. As fotos dela e de Tom celebrando juntos a vitória inesperada do programa tomavam o rolo da câmera dela. Fotos que seus amigos tiraram, fotos oficiais que a produção do programa tirou e selfies que fizeram juntos, abraçados, sorridentes. sentiu uma vontade repentina de mandar tudo a merda e de ligar para Tom, de correr até a casa dele, e gritar tudo o que verdadeiramente sentia, mas no segundo seguinte ela desistiu. Ainda tinham a festa final do Sugar Rush para ir. Ainda havia um encontro para fingirem ser um casal e se ele desse com a porta na cara dela, seria terrivelmente difícil suportar dividir o espaço com ele. Era melhor esperar.
Travando o celular e o deixando em cima da mesa da cozinha, decidiu se distrair com outra coisa - talvez com uns cookies não veganos que comprou depois de ouvir Lewis falar e falar o quanto comer aquilo era errado e prejudicava o planeta. Três dias haviam se passado desde a gravação do último episódio do programa e os participantes ainda estavam em Londres, se preparando para a festa final, o último compromisso que teriam juntos na cidade, naquele ano. A produção gostaria de celebrar a finalização daquele projeto lindo e como não era comum fazer uma premier para realities shows, decidiram fazer a festa no final do programa. Além dos participantes e de toda a produção do Sugar Rush, os jurados e convidados especiais também haviam sido incluídos na lista. Ed Sheeran faria às honras musicais da noite e a festa começaria com um jantar mais formal.
manteve-se hospedada na casa de Hamilton, com , o que era confortável, mas um tanto esquisito às vezes, por sentir que segurava a vela do casal que tanto amava, o tempo todo. Apesar disso, era o lugar mais seguro que ela poderia ter, o lugar que se sentia em casa e que achava que poderia viver tranquilamente, presa em seus pensamentos e devaneios sobre Tom, sem ser interrompida, até Hamilton resolver a questionar sobre tudo aquilo. Preocupado com a amiga e com o tanto de coisas que estavam acontecendo, com a confusão entre ter se afastado de Tom, porém ainda estarem perto um do outro, o piloto decidiu convidar a amiga para jantar, assim que saíram do estúdio do Sugar Rush. A conhecendo como ele conhecia, estava claramente confusa e precisando colocar tudo para fora.
Sem ter para onde correr, a cineasta decidiu contar ao amigo como se sentia. Como estava sendo ainda mais difícil manter as aparências depois da confusão toda, como era complicado estar com Tom fingindo ser a namorada dele ao mesmo que ela desejava ser verdadeiramente aquilo. O caos parecia ter aumentado nos sentimentos dela e a postura respeitosa de Tom, em deixá-la definir qual eram os limites e o espaço entre eles piorava tudo, porque impediam de ter as certezas que precisava dele para seguir em frente sozinha ou, de uma vez por todas, se declarar e terminar com tudo aquilo. Lewis compreendia a confusão toda. Compreendia a amiga e tinha bons conselhos a dar. Mas ele sabia que, no fundo, era Tom quem precisava dar aquele passo, não ele.
Tom, por sua vez, manteve-se em sua casa, sem aparecer muito em público ou dar grandes notícias aos amigos. Com o fim das gravações internalizou que era o fim do que tinha com também e já não sabia mais como deveria agir. Enquanto isso, permaneceu hospedada na casa de Ben. Sebastian, Dylan, e estavam dividindo o apartamento e, de todos eles, eram os que mais tiveram compromissos naqueles dias. De fato, em dezembro, quase nada havia nas agendas de todos eles. Sempre deixavam o mês para descansar e ver a família, para as festas de final de ano e, com o atraso inesperado nas gravações do programa, não havia muito o que fazer senão cancelar tudo e atender aos compromissos que já tinham acordado com a Netflix. Contudo, com lançando sua coleção justamente na festa final do Sugar Rush, vestindo os amigos, a loucura se instaurou no apartamento.
, Dylan e Sebastian ajudavam como podiam, mas era quem absorvia a maior parte do trabalho e ela não podia negar, amava aquela correria. Estava realizada em ter uma coleção assinada por ela, ridiculamente feliz por ver aquele sonho se tornar realidade e absurdamente animada em ver os amigos usando algumas de suas peças, que ela havia separado com tanto carinho para eles. Os três dias voaram no apartamento deles, diferente da calmaria que Ben, , Hamilton e viveram e das angústias e incertezas que e Tom, separados, tentavam lidar.
— Vou precisar sair — comentou casualmente, passando pela cozinha. Vestia um moletom de Lewis e uma calça jeans larguinha, tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e ainda estava de meias, possivelmente com o par de tênis perto da porta de entrada da casa. Ela deu uma olhada preguiçosa para a outra mulher na cozinha e seguiu caminhando, em busca de algo para comer.
— Bom dia para você também, — levantou as sobrancelhas — Oito e meia da manhã e já está falando em sair?
— Bom dia, amiga — a cantora passou sonolenta por ela e deu-lhe um beijinho na bochecha — Agenda cheia, acordei assim… atrapalhada.
— Onde você pensa que vai? — mastigava, a encarando — Como amanhã é a festa do Sugar Rush, pensei em agendar um SPA para gente hoje, para ficarmos bem gostosas.
— Mas isso nós já somos, — deu de ombros, ponderando se roubava um cookie ou não — E se agendar para o final da tarde, acho que estarei de volta e podemos ir.
— Você tem razão, isso é verdade — ofereceu a embalagem para ela — Posso saber onde a senhorita vai?
— Preciso provar minha roupa no apartamento das meninas — decidiu pegar um cookie — ficou de ajustar para mim, porque ficou um pouco larga na minha cintura e você sabe que gosto de coisas justas.
— Você fica bem em coisas justas — Lewis passou por ela, entrando na cozinha e, em um movimento, rápido, roubou o cookie antes que ela conseguisse colocar na boca e o jogou no lixo.
— Obrigada pelo elogio, cariño — revirou os olhos para ele, pegando outro cookie de e logo o mordeu — Você fica bem sem roupas.
— Dá para os dois respeitarem a minha presença? — pediu alto, observando o casal se olhar afrontosamente, como se brigassem com os olhos por causa do cookie não vegano.
— Achei que você já estivesse acostumada, depois desse tempo todo — Hamilton sorriu charmoso para a amiga.
— Ah, por favor — se sentou em uma das banquetas próximas — Pelo menos, Lewis vai ficar para me fazer companhia.
— Pelo menos? — ele levantou as sobrancelhas — Não estou valendo nada mesmo.
— E quando você valeu? — o provocou, sorrindo para ele. seguia comendo o cookie rapidamente, desviando das tentativas de Lewis de se aproximar dela e tomar o cookie de novo.
— Só vou perdoar você por esse comentário, porque depois do discurso do programa sei que você me ama muito — o piloto a olhou, mas logo voltou a tentar dar a volta na ilha da cozinha, atrás de que pegava um novo cookie — Mas, infelizmente, minha cara , vou precisar sair também.
— Todo mundo marcou compromisso antes da festa e não me avisou? — parecia incrédula.
— Russell está em Londres, para as festas de final de ano, e me chamou para um brunch — Lewis fingiu casualidade, tentando ser o mais convincente possível.
— Russell está de volta na cidade? — perguntou interessada, olhando sugestiva para Lewis.
— Para você, não — O piloto negou com a cabeça, sério. não podia querer ir junto ou falar com George, poderia descobrir a mentira. Lewis se arrependeu de ter jogado o nome do amigo, poderia ter pensado melhor.
— Qual é, eu sou solteira agora — A cineasta insistiu.
— Tem certeza disso? — Lewis levantou as sobrancelhas.
— Tenho, por que? — Ela rebateu. olhava de um para o outro, meio confusa.
— Você já pegou ele, , chega — Lewis se segurou para não rir da cara que a amiga fez. Como estava sempre com Lewis para todos os lados, conhecia o círculo social dele e o pessoal de seu trabalho. Tinha ido a um aniversário de George com Lewis e, bom, talvez ela tenha sido um dos presentes da noite. No tempo em que passou antes da história do contrato com Tom começar, ela e George eventualmente ficavam, sempre que se encontravam, mas não havia passado muito disso.
— Ele é bom no que faz — deu de ombros, provocando o amigo.
— Me poupe dos detalhes, eu imploro — Lewis fechou os olhos, ouvindo a amiga gargalhar.
— Mas… — Ela tentou insistir, mas logo a cortou.
— Desde quando você vai a brunchs com o Russell, Lewis? — parou por um momento, o encarando sugestivamente, como se não soubesse que era uma grande mentira.
— Sempre nos encontramos quando estamos os dois em Londres — O piloto a olhou sem entender.
— Em bares, festas, na casa um do outro, fazendo coisas que possivelmente vão matar vocês, — listou, indignada — não tomando café da manhã.
— Somos caras decentes agora. Não vamos mais em bares e festas, cariño — ele entrou no teatro, era até que bom ator.
— Decentes? Conta outra, Hamilton — riu irônica e apontou para ele, pegando o último cookie do pacote.
— Precisamos conversar sobre a próxima temporada, ele está prestes a entrar em algumas negociações e queria uma ajuda para não fazer merda — Ele mentiu.
— E vocês têm hora para voltar ou posso fazer planos sem vocês? — pareceu convencida o suficiente.
— Bom, acho que não tenho. Conhecem Russell, ele fala demais — Lewis comentou alto, desistindo de impedir de consumir os cookies — E você, cariño?
— Pretendo ir, depois da prova da roupa, encontrar Lizzie. Ela quer almoçar comigo para falar da reunião que teve com o time de eventos do Super Bowl — olhou a amiga, terminando de mastigar.
— VOCÊ VAI SE APRESENTAR NO SUPER BOWL? — gritou, vendo a amiga sorrir de volta.
— Não é certeza ainda, mas estamos negociando — a cantora fez uma dancinha em comemoração. Aquilo era verdade. Tinha recebido a proposta algumas semanas antes, mas não gostava de falar muito sobre o que ainda não era uma certeza. A invenção daquilo tudo era o encontro com Lizzie, que não aconteceria pois tinha dado férias de final de ano para a amiga.
— Vocês dois são fodas demais, que ódio — estava muito feliz em saber daquilo, em meio aos cookies que comia.
— Te conto assim que tiver mais notícias! Nos encontramos mais tarde, então? — confirmou, antes de deixar a cozinha, com Hamilton a abraçando por trás.
— Até mais, cariños — soprou um beijo no ar para eles.
e Hamilton entraram praticamente correndo em um dos carros do piloto e saíram dali antes que pudesse desconfiar de qualquer coisa. Lewis não tinha café da tarde coisa alguma e a roupa de de fato estava com , mas de propósito, e não porque precisava de ajustes. Depois do jantar na casa de Tom, que viram como ele e estavam agindo um com o outro, com certo receio mas claramente querendo gritar que se amavam, os oito amigos decidiram se movimentar. Sabiam que o que eles sentiam um pelo outro ia muito além do que um contrato e se conseguiram ajudar uns aos outros a resolver seus problemas, por que não poderia ajudar e Tom? Não só podiam, como deviam, depois de tudo o que aconteceu no Sugar Rush.
E o primeiro passo do plano foi dar a eles a vitória do programa. Como qualquer programa de televisão, o reality também tinha alguns combinados de bastidores e as outras quatro duplas concorrentes combinaram com os diretores de dar a vitória ao casal, como um presente, como se quisessem dar-lhes um pouco de alegria depois de tanto sofrimento e tristeza. Contudo, como tinham que competir e seria difícil fazê-los acreditar que todas as receitas deram errado, ou queimaram, por exemplo, para se manter ativos e verdadeiros na competição, armaram toda a cena de destruindo os bolos em Lewis e Sebastian. Com isso, conseguiram tirar 3 das 4 duplas da competição e deixaram justamente e Ben, cuja chance de ganhar era proporcional às suas habilidades na cozinha: quase nulas.
Vencida essa etapa, então, eles decidiram usar a festa final do programa como a última chance de juntar eles dois. Seria uma festa pequena, intimista, com pessoas que já conheciam eles e que já os viam como um casal. Teriam espaço e tempo para pensar em algo legal e romântico o suficiente, e tinham Ed Sheeran com todas as músicas a seu favor. Sabiam que queria aquilo e sabiam que Tom queria aquilo. Não tinha como dar errado. Por isso, decidiram se reunir no apartamento onde a maior parte deles estava hospedada e e Hamilton, por viverem com naquele momento, tiveram que dar desculpas fortes o suficiente para deixá-la longe de toda a surpresa que armavam.
— Para um piloto de corrida, você está bem lerdo — recém acordada, abriu a porta do apartamento, dando um rápido abraço em e, em seguida, Hamilton, que riu do comentário.
— Bom dia para você também, Sra. O'Brien — Lewis a abraçou.
— Sra. O'Brien, gostei — Dylan apareceu no corredor, cumprimentando o casal do mesmo modo que . Estava vestindo apenas a calça do pijama, descalça e sem camisa — Mas, tem razão, vocês demoraram bastante.
— Diferente de vocês, que estão na tranquilidade e, pelo visto, aproveitando bastante — a cantora olhou para o tronco nu de Dylan e, logo depois, para o cabelo bagunçado de — Nós tivemos que enrolar a , às oito horas da manhã de uma sexta-feira — riu, caminhando em direção a grande sala do apartamento, encontrando os demais por lá.
— Essa com certeza não é uma tarefa fácil — se levantou do sofá onde estava deitada, mexendo no celular, indo abraçar a amiga.
— Olha quem está no apartamento, depois de dias longe daqui — brincou assim que a cumprimentou, vendo-a abraçar Lewis. e Ben tinham chegado alguns bons minutos antes deles.
— E põe dias nisso — estava jogada no outro sofá, com a cara inchada de sono e sequer se levantou para cumprimentar o casal recém chegado, apenas mandou beijos no ar para eles.
— A culpa é toda do neneco, que não me deixa sair da casa dele — entrando na brincadeira, rebateu, indo animada de volta para o sofá.
— Hum, neneco — Dylan zoou, desviando de uma almofada do sofá que atirou nele.
— Falando desse jeito, parece até que eu mantenho você em cárcere privado — Ben apareceu na sala no exato momento, segurando duas canecas de café. Ele deu beijinhos em e Hamilton e seguiu até a namorada, dando uma caneca para ela e se jogando ao lado dela no sofá.
— Cárcere privado do amor — Sebastian gritou da cozinha, onde se preparava alguns waffles — Foi difícil mentir para ?
— Difícil é uma palavra forte, mas tivemos que dar o nosso melhor na arte de atuação — Lewis se jogou no sofá ao lado de , recebendo um resmungo dela por ter que dar espaço para ele.
— Ultimamente os não atores desse grupo estão se saindo maravilhosamente bem em atuar — brincou, soprando o líquido quente de sua caneca — Quase cai na atuação da no programa.
— Foram os meus 20 minutos, como atriz, mais saborosos do mundo — passou por ela e se sentou no chão, no tapete, próxima de onde Dylan também tinha se sentado e puxava seus cafés da mesinha de centro até eles.
— É porque não era a sua cara que teve que ir direto para um bolo — Sebastian surgiu no batente da porta da sala, sorrindo. Assim como Dylan, estava sem camisa, usando apenas uma calça de moletom cinza claro. Tinha os cabelos curtos recém cortados e um prato com um waffle, que deixou com no sofá junto com um beijinho na modelo.
— Faz parte do papel da atriz incorporar a cena, Seb — parou um segundo, olhando o amigo, recebendo um beijinho de Dylan, que se encostava nela.
— Pelo que me lembro era só para você estragar os bolos, não colocar nosso rosto neles — Lewis a encarou, puxando para se sentar também, entre uma de suas pernas e o braço do sofá.
— Acrescentei performances para ficar mais convincente e, no final, acabei enganando até o Ed Sheeran — ela riu acompanhada dos demais.
— Fiquei com pena dele, o coitadinho acreditou em tudo — comentou risonha, comendo o waffle. Sebastian tinha voltado para a cozinha, para pegar o seu café da manhã e logo sentou-se no chão perto de , encostado no sofá que ela estava sentada, de pernas cruzadas.
— Não só ele, e Tom caíram como dois patinhos também — Ben colocou seu braço no encosto do sofá, atrás de .
— Vocês precisavam ver a expressão dele quando a enfiou a cara do Lewis no bolo — Dylan gargalhou — Eu queria tanto rir, estava evitando fazer contato visual com a e o Ben, que estavam se segurando também, tive que manter minha atuação.
— Achei que eles não ganhariam com o tal óleo de bergamota — pontuou, negando o waffle que Sebastian oferecia para ela e Lewis.
— Que nada! Foi tudo meramente calculado — Sebastian riu — Tom toma aquele chá horroroso faz anos.
— Essa foi a nossa melhor operação — Lewis celebrou, abraçando pela cintura.
— Também, foi a única operação que, de fato, deu certo — tomava seu café.
— Arrisco dizer que só deu certo porque nós estávamos envolvidas — apontou para as meninas espalhadas pela sala, que concordaram prontamente.
— Tenho total certeza disso! Se deixasse para os quatro mosqueteiros aí, nada sairia perfeitamente — terminando de comer o waffle, completou.
— Isso tudo não passa de calúnia e difamação — com a caneca na boca, Dylan protestou.
— Digam que estamos erradas — encarou cada um dos homens na sala, provocativa.
Mas, diferente do que ela pensava, um silêncio profundo tomou conta de todo o apartamento. Por um minuto, todos eles se entreolharam em silêncio, pensando naquilo. Nenhum deles conseguiu dizer que ela estava errada, porque sabiam que não estava. tinha razão. Não fossem elas, nenhum dos planos para juntar os casais da turma toda teria dado certo. Eles eram bananas o suficiente para conseguir resolver seus próprios casos, quem diria resolver uns dos outros. Tinham que admitir, eram péssimos naquilo.
— Foi o que eu pensei — quebrou o breve silêncio, tirando risadinhas das amigas.
— Não acredito que vocês não pensaram em nenhuma resposta — Ben olhou intrigado para Dylan, Seb e Lewis, que deram de ombros, concentrados demais em seus cafés da manhã.
— É que, nesse caso, elas têm razão — Dylan deixou sua caneca de lado, se levantando rapidamente para buscar algo para comer.
— A missão Desembucha Dylan é um exemplo claro disso — Lewis relembrou, gargalhando — Ideia genial do nosso amigo, Sebastian Stan.
— Obrigado pelos créditos em uma missão fracassada, Lewis. É muito gentil da sua parte — Sebastian rebateu alto, mastigando.
— Se me lembro bem, quem tem ideias brilhantes aqui é você, Hamilton — Dylan deu uns tapinhas nele, assim que passou pelo piloto, rumo à cozinha — que decidiu convidar o cara mais folgado desse país para ir num bar com a gente.
— Ele é gente boa, vai, você que se doeu à toa — Lewis defendeu, delicadamente, saindo de baixo de e se levantando. Estava com fome. Alguma coisa comestível deveriam ter naquela casa.
— Gente boa até demais — Ben bufou.
— te mostrou as DM’s que ele mandou para ela no Instagram, Ben? — indiscreto, Dylan gritou da cozinha. Estava preparando o iogurte com frutas picadas e granola que costumava comer no café da manhã, para ele e para ela. Lewis pediu que ele também fizesse um para , que só tinha comido a porcaria dos cookies, e pegou apenas as frutas e a granola para si.
— Mostrei — ela deu de ombros, tomando seu café tranquilamente — Não têm nada demais, ele é simpático, fofo comigo, só isso.
— Fofo — com a cara fechada, Ben repetiu irônico, recebendo um beijinho da namorada no ombro, que aproveitou para deitar de lado nele — Pode ser fofo longe da gente.
— Vê se não inventa um encontro de um ano do Sugar Rush e chama ele, Lewis — comentou alto, para que o piloto pudesse ouvir da cozinha.
— E falando em encontros e Sugar Rush, e e Tom? Como vai ser? — puxou o assunto que os tinha feito se reunir ali, naquela manhã. Dylan e Lewis logo voltaram da cozinha, trazendo as vasilhas com as frutas e iogurte que prepararam e, servindo as respectivas damas, se sentaram ao lado de volta ao lado delas para comer também.
— Sim, falando sério agora — Seb deixou o prato que segurava de lado, terminando de mastigar — Alguém tem alguma ideia?
— Vai, Ben, é sua hora de brilhar — mastigando, Dylan apontou a colher para o amigo.
— Nossa abordagem tem que ser diferente desta vez — como se esperasse por aquilo, Ben respondeu prontamente.
— Diferente como? — o olhou, animada.
— Precisamos montar todo o cenário, para que eles só precisem falar sobre o que sentem — Ben explicou, gesticulando com sua caneca, enquanto abraçava deitada nele, ao lado, com o outro braço.
— Você acha que a tomaria a iniciativa, Lewis? — cutucou o piloto ao seu lado com o cotovelo.
— Eu não acho, tenho certeza — a encarando de volta, Lewis respondeu assertivo — Nós conversamos sobre toda a situação depois do ”vazamento” das informações, sobre o final do programa e sobre as declarações que um fez para o outro ao vivo. Dá para perceber em todas as ações e no modo em que ela fala dele, que, ali, foi muito mais que um contrato.
— Certo, a gente só tem um grande problema, então — tomando seu iogurte, olhava os amigos ao redor — Como vamos fazer isso?
— Acho que tenho uma ideia — se sentou de volta no sofá, empolgada.
— Ih, lá vem com suas ideias mirabolantes — apesar de estar brincando, Dylan comentou sério.
— Se manca, Dylan! — quase gritou, revirando os olhos — Foram as minhas ideias que te juntaram com a
— Ela tem razão — Sebastian concordou.
— Cara, você nem estava na cidade — Dylan se virou para Seb, tirando uma risada dele em resposta.
— Olha só, o Teen Wolf ficou bravinho — Lewis espetava um morango com o garfo que segurava.
— Dá para as luluzinhas deixarem a falar — Ben pediu alto, chamando atenção para si.
— Seguinte, acho que temos que sensibilizar eles primeiro, criar um clima — começou a contar a ideia que tinha acabado de ter, mas logo a interrompeu:
— Já não tem clima o suficiente?
— Tem sim — Dylan respondeu de boca cheia — Clima de guerra.
— Sabemos que vamos ter um show privado do Ed Sheeran no jantar, certo? — os ignorou e seguiu dizendo: — Temos um cenário perfeito e romântico, então, pensem. Podemos usar o Ed a nosso favor
— Amei a ideia de usar o Ed — comemorou, deixando a tigela de vidro vazia de lado, no chão — Posso falar com ele, já somos quase melhores amigos.
— Ele é um fofo vai amar ajudar, tenho certeza — concordou feliz.
— Cuidado, Dylan! Sua namorada está querendo usar um cantor agora — cutucando o amigo, Lewis berrou. Dylan lançou-lhe o dedo do meio.
— Escutem — bateu uma palma, delicada — Vamos reunir o maior número possível de memórias afetivas que eles têm. Sabemos que o primeiro encontro deles foi em um piquenique, então, por que não montamos um novo piquenique agora? — a atriz parecia muito animada com a ideia — Podemos ter um cenário com os elementos do primeiro encontro deles, as toalhas de mesa no chão iguais às que Tom usou, as flores preferidas de , as comidas parecidas. Podemos usar fotografias deles juntos quando Ed cantar Photograph.
— Isso é tão fofo — soltou, com uma mão no coração.
— É como se voltássemos no tempo e disséssemos para eles que podem começar novamente, mas sem esquecer o que já viveram até aqui — concluiu, seus olhos estavam cheios de expectativas nos amigos ao redor.
— Não gosto de assumir isso, mas você é boa mesmo com ideias românticas — Dylan admitiu passando as mãos pelo cabelo de .
— Todo esse tempo sendo quase um irmão e você não aprendeu nada com ela, Dylan — deu um tapinha leve no ombro dele.
— Não foi por falta de tentativa, , eu juro. — levantou as mãos, como se tirasse a culpa de si.
— Eu disse que amava seus áudios cantando One Direction, você quer maior prova de romance do que essa? — Dylan virou-se incrédulo para a namorada, que lhe deu um beijinho em resposta.
— E como vamos saber de tantos detalhes assim? — Sebastian estava pensativo. Não podia perder o momento, não podiam errar.
— Pela internet — Lewis respondeu com obviedade — O primeiro encontro deles foi montado, era parte do contrato. Tem milhares de fotos desse dia na internet.
— Podemos pegar as fotos, mandar para a produção do jantar e ver o que podem fazer para transformar o cenário no melhor que puderem para um piquenique — sugeriu.
— Em cima da hora? — Seb voltou a perguntar olhando da amiga para Lewis.
— Lewis é um Sir, ninguém nega nada nesse país para um Sir — Ben brincou, o sotaque acentuando-se cada vez que ele dizia “Sir”.
— Fala sério, quem é louco o suficiente para negar algo para qualquer um de nós? — enfatizou a última palavra, olhando significativamente cada um deles. Ela tinha um ponto. Eram famosos e eram milionários. Se negassem, o que havia zero chances, eles podiam contratar pessoas em cima da hora para montar o que quisessem, como quisessem.
— Tudo bem, vocês sabem mesmo o que fazem — Seb deu-se por vencido.
— Além do piquenique, podemos usar outros elementos também, que tragam memórias afetivas neles, tipo o óleo de bergamota e as poesias de Shakespeare que Tom tanto ama — sugeriu pegando seu celular — Acho que Lewis deve saber melhor o que mais podemos usar.
— Eu amei a ideia — terminava de comer — Acho que se espremermos a o suficiente, ela se declara.
— Ok, deixa eu ver se entendi: — tentava organizar os detalhes em sua mente — O plano é remontar o cenário do primeiro encontro deles e usar o máximo que conseguirmos de “gatilhos do bem” para fazer eles se sentirem encorajados a se declarar? E tudo isso ao som de Ed Sheeran?
— É lindo, mas será que é o suficiente? — Sebastian questionou com uma expressão de dúvida em seu rosto. Conhecia Tom e sabia o jeito enrolado do amigo. Se continuasse lento daquela forma, precisariam de muito mais do que um cenário legal e músicas de amor.
— Sebastian gorando o plano — Lewis revirou os olhos.
— Não, não, ele tem razão… — pensou alto — Temos que minar todas as chances de dar errado.
— Vamos ter que contar com a sorte de Tom ou se sentir confortáveis em dizer algo. — fez biquinho, não tinha cogitado a ideia de não dar certo.
— Bom, o que vamos fazer é deixá-los confortáveis. — refletiu, brincando com os cabelos de Sebastian encostado no sofá, no chão, de frente para ela. — O que e como vão dizer um para o outro, é com eles.
— Posso tentar falar com o Tom, — Seb deu a ideia, observando os amigos concordarem — dar umas indiretas, para ver se ele se mexe, sei lá...
— Como cariño disse, já está na beira de dizer algo. — Lewis espreguiçou-se lentamente. — Se empurrarmos, ela fala.
— Ótimo! Vamos dar um jeito nisso. — Ben pareceu empolgado, colocando uma mão na perna da namorada.
— Vamos ter que nos dividir para poder organizar tudo. — sugeriu, pensativa.
— Concordo! — olhou a amiga e, então, para os demais ao redor. — Mas, vamos precisar ser discretos para que nenhum dos dois desconfie de algo.
— Essa vai ser fácil — Lewis esfregou as mãos. — Só temos que manter eles ocupados. Eu cuido da e o Sebastian do Tom. Eles podem tomar um cházinho juntos.
— Começou a história do chá de novo. — Sebastian revirou os olhos.
— Foco aqui pessoal, vamos nos organizar assim: e Dylan ficam responsáveis por falar com o Ed. Eu e Ben falamos com a equipe do programa que está organizando a festa para montar o piquenique, Lewis, você distrai a enquanto pega “emprestado” algumas fotos dela e de Tom. E Sebastian vai conversar com Tom para colocar ideias na cabeça dele — tentava organizar a galera de modo que pudessem ser eficientes. Não tinham muito tempo.
— E o que eu vou fazer? — perguntou para a amiga, que logo respondeu:
— Amiga, você está de folga desse plano. — sorriu. — Você tem dez pessoas para vestir para um piquenique. Deixa que da missão Thatom nós cuidamos e você só se preocupa em nos vestir com sua coleção impecável.
— Tudo bem, por mim está ótimo. — sorriu animada. Tinha separado algumas peças de roupa mais formais para que eles usassem no evento mas, com a mudança de planos para o piquenique, ela teria que repensar tudo.
— Precisamos de um grito de guerra! — Dylan se levantou do chão em um pulo.
— Meu bem, tenho certeza que o resto do pessoal não quer ver o seu grito de guerra. — estendeu as mãos para ele, logo sendo gentilmente puxada para se levantar também.
— Acho que essa é a nossa deixa para ir embora. — Ben respirou fundo e, rindo da cara de Dylan, se levantou também.
Os oito se entreolharam risonhos por um minuto e, como se houvessem combinado, saíram em direções opostas, em busca do que precisavam fazer para que o plano acontecesse. precisaria trocar as peças que escolheu para os amigos para que os looks se adequassem melhor ao novo ambiente, do piquenique, e foi logo se trocar para ir ao atelier improvisado que montaram para ela em Londres. Sebastian mandava algumas mensagens para Tom, o convidando para almoçar, enquanto Lewis escrevia para dando a desculpa que George tinha cancelado com ele e, em seu lugar, passaria para pegar a amiga para acompanhá-lo no brunch.
e Ben deixavam o apartamento dos amigos, empolgados, enquanto ela ligava para Noah, para ver o que ele podia fazer para conseguir os contatos que precisavam, para conversar com a equipe do Sugar Rush. Não havia muito mais o que podiam fazer senão identificar os responsáveis pela organização do evento e pedir, talvez convencê-los, a mudar toda a decoração, cardápio e detalhes para atender a um piquenique. Noah não demorou em respondê-la com os contatos e Ben, no caminho até sua casa, ligou para marcar uma reunião com eles. Conseguiu duas horas para almoçarem juntos e, sem sequer terem tempo de ir para casa, foram direto para o restaurante marcado.
e Dylan não precisaram nem sair do apartamento para conseguir contato com Ed. Os dois apenas deixaram a sala de estar e foram para o quarto da mulher. Como mais cedo a escritora havia brincado, ela e o cantor se tornaram amigos e passaram a trocar mensagens nas redes sociais frequentemente desde o final do programa. , como grande fã de seu trabalho, não poupava esforços para lembrar como as músicas dele tinham mudado sua vida. E este foi o argumento usado por ela para convencê-lo a ajudá-los no plano.
— Aposto que isso está no sangue britânico. — Dylan falou, deitado ao lado de na cama do quarto dela, após ler a última mensagem que Ed tinha enviado.
— Isso o que? — ela perguntou virando-se na direção dele, colocando um de seus braços acima do ombro dele.
— Essa paixão incurável — o ator a puxou para mais próximo de seu corpo.
— Bem que você podia ser britânico.
Sem deixar que falasse mais, Dylan juntou os seus lábios nos dela. Mas logo os beijos foram interrompidos pelo som das notificações de mensagens de Ed. O cantor estava extremamente empolgado em poder participar da “missão secreta” que eles estavam organizando e com a ajuda de e Dylan, os três conseguiram estruturar uma setlist apenas com as músicas mais românticas possíveis do cantor.
aproveitou que a casa estava vazia e que Lewis e tinham ido para o brunch para pegar as fotos. O silêncio nos cômodos era até estranho, já que sempre que estavam juntos as conversas altas ou músicas podiam ser ouvidas. De início, a tarefa pareceu fácil, o computador da amiga estava disposto sobre a mesa de cabeceira de seu quarto. Contudo, conseguir descobrir a senha foi um pouco mais complicado. A cantora levou um certo tempo para pensar em uma possível combinação. Porém, lembrando-se de como amava seu aniversário, resolveu tentar a data, poderia parecer óbvio e que não daria certo. Mas deu, ao digitar o último número a tela foi desbloqueada.
Depois de vasculhar e compartilhar consigo mesma todas as fotos que precisava, foi guardar o computador no mesmo lugar que havia tirado. Mas como se fosse um sinal dos céus, ela percebeu que na agenda, disposta também na mesa de cabeceira, algumas fotos estavam a mostra no que parecia ser a agenda de . E para completar a coincidência eram imagens dela com Tom, com Lewis e do final do programa.
Sorrindo para tudo aquilo, reuniu o maior número possível de fotografias e as enviou, pelo aplicativo de mensagens, para e Ben, que deveriam repassar a produção do programa. As fotos impressas, contudo, guardou consigo e daria um jeito de levá-las no evento da noite seguinte, torcendo para que não sentisse falta ou desse conta do sumiço delas.
Do outro lado da cidade, Sebastian já tinha chegado na casa de Tom há quase uma hora, com a desculpa de querer ver o amigo que parecia estar em uma toca, mas ainda não tinha encontrado uma espaço na conversa para conseguir tocar no tema . Tom estava empolgado contando sobre alguns contatos de trabalho que tinha recebido no dia anterior e não parava de falar e falar e falar. Não que estivesse entediado, pelo contrário, Sebastian estava feliz e muito interessado em saber dos novos projetos do amigo. Ele só estava um pouco ansioso em conseguir colocar em prática a sua função naquela operação. Naquela altura do dia, o resto do pessoal já deveria estar mobilizando mundos e fundos para fazer dar certo e ele não podia falhar.
— Cara, pelo amor de Deus, você está precisando de uma pausa. — Seb apertou as têmporas.
— Pausa? — Tom cortou o que dizia por um instante, olhando confuso para o amigo.
— Exatamente, meu amigo. Se eu não te conhecesse tão bem, diria que você está se escondendo nessa pilha de trabalho — Sebastian recostou-se no sofá, onde estava sentado. Tom se inclinou levemente na direção dele, confuso.
— Me escondendo do quê exatamente?
— Isso é você quem tem que me dizer. — Seb riu, sugestivo.
— Nem vem com essa, Seb. — Tom revirou os olhos, entendendo onde o amigo queria chegar. — Só estou realmente animado com esses novos trabalhos, vai ser um novo passo para minha carreira, é importante.
— Nem vem você com essa, Thomas William. — Sebastian dramatizou, insistindo no tema. Conhecia Tom o suficiente para saber todo aquele papo era nada mais do que uma desculpa para não pensar em e no final do programa. — Faz anos que nos conhecemos, você já não sabe mentir para mim.
— Está bem, você venceu! — Tom se deu por vencido, suspirando alto. — O que você quer que eu fale?
— O real motivo para você não ter parado de falar somente em trabalho desde a hora que eu cheguei, ainda mais depois da "declaração" que fez para no final do programa. — Cirúrgico, Sebastian o encarou.
— Você está andando muito como o Dylan, está ficando um fofoqueiro como ele. — Tom fez uma careta e se afundou no sofá.
— Ócios do ofício. — Sebastian deu de ombros. — Agora, para de me enrolar e fala logo.
— Não tem muito o que falar, Seb. O programa acabou e, consequentemente, a farsa também. — Respirando fundo, Tom assumiu. Bem diferente do tormento que sentia, sua voz era calma, centrada. — Tenho que livrar a de ter que se forçar a gostar de mim ou da minha presença.
— Estranho você dizer isso, porque, na final, ela não parecia estar forçando nada — Sebastian cutucou, passando a língua entre os lábios. — Será que esse não é só você se sabotando?
— É uma possibilidade. — Tom assumiu. — Mas é complicado, não consigo saber o que ela sente.
— Tom, eu te amo, cara, de verdade. Mas, às vezes, você me dá… raiva. — Seb refletiu alto, gesticulando. — A mulher disse, simplesmente, que você era o porto seguro dela, que se sentia confortável com você e você ainda tem dúvidas do que ela sente?
— Do jeito que você fala parece que eu sou um tapado. — Tom riu vendo Sebastian concordar discretamente com a cabeça.
— Você não é um tapado, só está fazendo um esforço enorme para não enxergar as coisas que estão diante dos seus olhos. — Ele explicou, calmo. — Mas, tenho outra pergunta agora: como você está se sentindo em relação a ela?
— Estou odiando pensar demais sobre a situação, queria que as coisas fossem mais fáceis e que estivéssemos juntos no final disso só.
— Só? — Seb franziu a testa. — Pouca coisa, não é?
— Você entendeu o que eu quis dizer… — Tom balançou a cabeça de um lado a outro. — Eu amo ela, Sebastian. Como nunca amei ninguém. Mas, essas histórias de contrato, de mentiras e de escândalos não são para mim e só me trouxeram dúvidas, ansiedade. Não quero mais isso.
— E, por acaso, assim, só para saber… — Sebastian gesticulou, casualmente. — Você pensou em conversar com ela?
— Nós conversamos diariamente, por mensagem. — Ele respondeu com obviedade, recebendo um olhar desconfiado do amigo. — Inclusive, sei que ela está com Lewis agora e… — Sebastian semicerrou os olhos para ele. — O que foi?
— Nada não. — Sebastian negou com a cabeça.
— Mas é só sobre trabalho ou, às vezes, sobre algo que aconteceu no programa, esse tipo de conversa. — Tom deixou um suspiro frustrado escapar.
— Você já tentou puxar outro assunto?
— Para ser sincero, não tentei — Tom passou as mãos nos cabelos e pensou por um momento, fazendo uma breve pausa, até, finalmente dizer: — Ok, sou um medroso, era isso que você queria ouvir?
— Na verdade, era sim. — Batendo uma palma alta, Seb comemorou como se fosse exatamente aquilo que ele quisesse ouvir do amigo. Tom riu e o observou sentar-se na ponta do sofá, reclinando-se até ele. — Uma vez, aqui na sua cozinha, você me disse, Tom, que se fosse para eu e a estarmos juntos, nós acabaríamos ficando. E olha só, nós estamos juntos agora. Vou usar o seu conselho para você mesmo: se ela realmente te ama, se vocês dois realmente se amam, ela vai ficar com você, com ou sem contrato. Vai ficar com você porque te ama, independentemente de mentiras ou holofotes. — Sebastian parou por um segundo. — E, não querendo ser tendencioso, mas já sendo: os sinais estão claros e bem na sua frente. Vocês precisam conversar, ter um papo honesto e serem sinceros com vocês mesmos. Precisam dizer o que sentem e o que querem um do outro e, se verdadeiramente houver amor aí, meu amigo, vai ficar tudo bem.
No fundo, Tom sabia que Sebastian estava certo, mas ainda se perguntava por que é que aqueles sinais ainda não pareciam claros para ele e a ideia de só ele não vê-los o atingiu feito uma bomba. Talvez Tom estivesse perdendo tempo. Talvez estivesse sendo um tremendo de um banana. Sabia que quanto mais tempo perdesse maior era o risco de perder e aquilo o estava atormentando há tempos. Precisava se mover, fazer algo.
Em breve, com o final do programa, eles deveriam sentar uma última vez com seus assessores para definir o que seria deles dali em diante e, possivelmente, seria o fim. Um fim que Tom estava evitando pensar há meses, um fim inevitável se ele continuasse ali, parado, sem fazer nada para mudá-lo. Mas ainda havia tempo. Ainda havia um último evento do programa e, se Sebastian estivesse mesmo certo, se realmente o que havia entre ele e fosse nada mais além do amor, ele ainda poderia dar jeito de resolver tudo com ela.
Ele só, ainda, não sabia como fazer aquilo.
Tom amava , era um fato. Seria fácil decidir as coisas se levasse em conta apenas o seu lado daquela história. Mas ainda tinha medo da resposta dela. Tinha medo de estar sendo apressado, depois que ela o pediu um tempo, medo de dar passos em falso e colocar tudo a perder. E seu medo o aprisionava naquela incerteza, nas dúvidas. Não queria mais se machucar, machucar ou machucar todos que estavam perto deles. Tinha que ser diferente dessa vez. Tinha que ter paciência, ser cuidadoso e muito carinhoso em cada etapa que fosse avançar.
Queria viver sem se arrepender de não ter feito algo e já havia passado da hora de fazê-lo. A conversa com Sebastian tinha deixado tudo mais claro, outra vez, e Tom estava mergulhado em um silêncio profundo, reflexivo. Seus olhos estavam perdidos em um canto qualquer da sala de sua casa e não restaram em Sebastian o encarando discretamente feliz por, aparentemente, ter conseguido alcançar o seu objetivo com aquela visita. Sem dar muita margem para que Tom desconfiasse de algo, Seb logo quebrou o breve silêncio do ambiente, perguntando:
— Agora, anda, não vai nem me servir um chá?
O evento estava marcado para começar pontualmente às 20h, com um cocktail de boas-vindas, mas , Dylan, e Ben já estavam por lá desde às 19h. Como responsáveis pela decoração e pelo contato com Ed Sheeran, Ben achou que seria melhor chegarem um pouco antes para garantir que tudo estaria do jeito que haviam planejado mais cedo e carregou , Dylan e com ele. A escritora levou as roupas da coleção nova de que os quatro deveriam usar no evento até a casa de Ben e lá, se arrumaram e foram sentido a charmosa e privativa casa de eventos no centro de Londres.
— Se alguém inventar de casar ou dar uma grande festa, por favor, não me chamem para organizadora — entregou a folha com a setlist, que Ed tocaria naquela noite, para uma das assistentes dele e voltou-se de frente para os amigos.
Aparentemente tudo estava perfeito. Já tinham feito uma breve passagem de som, a decoração estava delicada e de acordo com o que tinham pensado e o ambiente havia sido completamente transformado em um cenário de piquenique. Como se estivessem em um parque, havia grama sintética cobrindo o chão, o ambiente tinha um cheiro cítrico frutado e haviam espalhado algumas mesas em madeira maciça rústica, cobertas por toalhas com estampa quadriculada. Os participantes se acomodariam em uma delas, mais comprida, centralizada de frente com o pequeno palco, enquanto produtores, diretores e convidados do programa ficariam em mesas ao redor, menores. Cada assento tinha uma plaquinha com o nome do convidado a ocupá-lo e haviam pontos do local com painéis com os logos da Netflix e do Sugar Rush, onde poderiam fazer fotos oficiais do evento.
As cadeiras que rodeavam as mesas tinham almofadas quadradas coloridas, para que pudessem se sentar sobre elas e cestas de piquenique enfeitavam o ambiente, junto com pisca-piscas, vasos de flores, plantas e até um balanço ao canto. O buffet já estava terminando de servir garrafas de bebidas, aperitivos e petiscos pelas mesas, que deveriam ser complementados por pratos mais elaborados conforme o evento fosse avançando noite adentro, a partir do momento que o show terminasse. Ed estava em seu camarim, se preparando para o show, enquanto alguns membros da banda checavam uma última vez se estava tudo certo com os instrumentos e luzes. Os poucos fotógrafos tinham uma área restrita de circulação, para não incomodar os presentes, e foram instruídos a não fazer filmagens do evento.
Apesar de tudo estar perfeito e muito bonito, o ponto alto de tudo aquilo seriam as fotografias. Espalhados pelo lugar, haviam pequenos projetores de realidade aumentada, que criariam uma exposição com todas as fotografias que tinha conseguido reunir de e Tom. A exposição seria sincronizada com uma das músicas de Ed Sheeran e, enquanto seria cantada ao vivo, com a iluminação do ambiente baixa e aconchegante, as fotos seriam liberadas por todo o ambiente, passando uma a uma, como memórias que e Tom certamente guardavam em seus corações.
— Eu também estou fora dessa — Dylan levantou os braços em sinal de rendição, mas logo os abaixou para ajeitar as calças que caíam. Vestia um uma blusa de mangas compridas e gola alta cinza e uma calça social preta, que combinava com as botas da mesma cor. Tirando a pulseira fina de ouro no pulso direito, o único acessório que vestia era um cinto com o pequeno símbolo da Balenciaga e da parceria com a .
— Vocês dois são perfeitos um para o outro, os dois só reclamam — Ben constatou ajeitando a manga da camisa social branca que usava. Com os primeiros botões dela abertos, revelando um colar fino e preto, ele também vestia uma calça de alfaiataria, em tons de marrom e levemente xadrez, com botas marrom escuras.
— Isso que eu chamo de almas gêmeas — riu para o namorado, se aproximando calmamente deles. Estava com uma mini saia de cós alto rosa escuro, feita em tweed, com um xadrez igualmente rosa. A saia fazia parte com um casaco mais pesado, que ela havia retirado assim que chegou no lugar do evento. Por baixo, vestia uma blusa fina de mangas compridas e gola alta, preta, que combinavam com as meias ⅞ da mesma cor, que iam até pouco acima do joelho e as sandálias de salto alto.
— Eu sei que sou sua alma gêmea, — A voz de chamou atenção dos quatro, que se viraram animados pela chegada da amiga. Ela estava vestindo uma calça social laranja com estampa xadrez em preto e levava uma camisa, igualmente social, preta com bolinhas brancas. O mix de estampas era quebrado pelo tênis da Vans, preto, nos pés e os primeiros botões da camisa abertos, criando um decote elegante e sensual. Usava uma boina preta, de tecido, e já tinha deixado o casaco preto e grosso, de pelos, e a bolsa de mão em couro em seu lugar à mesa.
— Por que todo mundo quer roubar a minha namorada? — Ben cruzou os braços.
— Sua não, nossa namorada — negou para o amigo, passando um dos braços por cima dos ombros de e cheirando próximo ao seu pescoço — Essa é a mulher mais cheirosa do mundo.
— , você por acaso está imitando o seu ex? — Ben a encarou, vendo a namorada abraçá-la de volta pela cintura.
— Não, meu querido amigo — A escritora negou tranquilamente, passando as mãos pelas plumas dispostas nas laterais de sua blusa em um tom de rosa chá. combinou a peça da coleção de com uma saia de cetim no mesmo tom de rosa claro e botas de cano alto na cor branca. Estava com os cabelos soltos e tinha um casaco bege, longo e social, jogado em sua cadeira — Eu cheguei nela primeiro que o folgado, se liga.
— É, caras, vamos ter que fazer um trisal — Lewis terminava de cumprimentar e , se juntando à conversa. Ele estava usando uma calça social off white e uma blusa de mangas compridas e gola alta da mesma cor. Por cima, vestia uma jaqueta bomber colorida e de fundo dourado metalizado, com estampa de flores. Nos pés, levava um tênis branco e tinha uma pulseira de correia grossa, em ouro, no pulso direito.
— Me tira dessa, prefiro ficar dez anos solteiro do que namorar com você — Dylan deu um soco leve no braço do piloto como cumprimento, porém Lewis o puxou para um abraço.
— Já que você insiste, eu namoro com você, Lewis — Ben cumprimentou o amigo sorridente.
— Sempre disse que perderia essa competição — Lewis a provocou, sentindo um tapa da amiga.
— Opa, eu amo uma competição — surgiu completamente do nada, gritando animada. Ela usava um suéter branco de linho macio, com mangas compridas e um bordado em pequenas pedras pretas na região da gola. Estava com um shorts de cintura alta, em um tecido de alfaiataria e quadriculado em tons de marrom, com uma meia calça branca por baixo. Usava um cinto e uma boina de frio brancos também e o único ponto de cor eram os sapatos de salto alto vermelhos. — Qual é o prêmio?
— O prêmio é o último romântico — Dylan a cumprimentou com um abraço.
— Desde quando eu virei prêmio? — Sebastian vinha atrás dela, galanteador, em um terno duas peças cor-de-rosa claro em um tecido parecido com um veludo fino. Tinha uma camisa social preta, com discretas bolinhas, por baixo e logo se livrou do blazer. Nos pés, calçava um sapato social estilo oxford preto, envernizado.
— Sebastian, você sabe que estamos falando do Ben — Lewis abraçou Ben de lado, sorridente — Você não tem sangue britânico para fazer parte do clube dos últimos românticos.
— Essa conversa foi de 0 a 100 extremamente rápido — riu.
— Falando em ir rápido, está tudo pronto por aqui?— Sebastian cumprimentou os presentes rapidamente e deu uma olhada ao redor, impressionado. Tudo parecia muito melhor do que ele havia imaginado — Temos poucos minutos até eles chegarem.
— Sim, senhor — Dylan colocou uma mão no bolso da calça, enquanto brincava com as plumas da roupa de com a outra — Ed já chegou e está se preparando com a banda ali atrás.
— E a decoração ficou exatamente do jeito que pensamos — juntou as mãos, feliz, soltando a amiga que abraçava — Quando a reparar que todas as flores são as que ela mais gosta, ela vai surtar.
— Espero que seja um surto do bem — Dylan refletiu, procurando apoio em Lewis, que não pareceu muito convencido. Não conseguia prever exatamente qual seria a reação da amiga quando ela entendesse o que acontecia, de fato, ali, mas esperava sempre pelo melhor possível.
— Preciso colocar apenas mais uma surpresa no nosso cenário — sorriu arteira, tirando algumas fotografias impressas de dentro de sua bolsa — Alguém pode me ajudar?
— Eu ajudo você, cariño — sugeriu empolgada, aproximando-se de , que concordou sorridente.
— Sua mulher está muito saidinha, Teen Wolf — Lewis bateu seu ombro no de Dylan, inclinando-se para pegar uma taça de champagne que lhes era servida por um garçom.
e saíram conversando animadas, para próximo da grande mesa do salão. Enquanto os demais ficaram na entrada do espaço. Sebastian aproveitou o momento para contar para eles sobre o encontro que teve com Tom dias antes do evento. Falou como a troca deles havia sido importante para que o amigo conseguisse colocar para fora tudo o que estava sentindo, já que o ator era extremamente fechado e demorava a compartilhar as coisas que passavam em sua cabeça, e Seb estava confiante de que ele tomaria coragem em dizer algo para naquela noite.
Hamilton, por sua vez, contou brevemente como tinha sido o almoço que teve com , quando, assim como Seb, teve a oportunidade de cutucar ela sobre o assunto. era uma pessoa difícil de se ter a confiança. Estava quebrada pelo o que tinha acontecido, magoada pelo jeito que Tom reagido e juntar aquelas peças de volta em seu lugar seria um desafio e tanto. Apesar disso, parecia estar disposta a dar uma segunda chance a Tom, porque o amava. Mas nada partiria dela, pelo contrário, esperava que ele fosse quem se redimisse, quem ajeitasse aquele caos todo. Com o pouco que conhecia de Tom, do tempo que passou “namorando” , Lewis acreditava que podiam se acertar. Acreditava que o ator conseguiria demonstrar a o que sentia, que conseguiria quebrar a redoma que a protegia e trazê-la de volta para si. Ainda assim, estava ansioso para saber como aquela noite terminaria.
e Lewis tiveram que inventar histórias mirabolantes para conseguir chegar um pouco mais cedo no evento, e colocar as fotografias que a cantora havia “pegado emprestado” da mala de . A cineasta parecia não ter desconfiado de nada e só se deu conta de que teria que ir sozinha ao evento, de fato, quando saiu do banho e não encontrou ninguém em casa, senão o cachorro de Lewis. se arrumou sem pressa alguma e foi sentido ao evento com um motorista que a produção do Sugar Rush havia contratado para ela. A roupa que havia separado para ela era um vestido curto e mais justo ao corpo, em amarelo mostarda, que levava um casaco pesado na altura do vestido, em tons areados, de caramelo e bege. Calçava um par de botas de canos curtos, em couro preto e salto alto e tinha um colar em ouro, não muito discreto. Achava, pelo o que havia comentado, que o evento seria um esporte chique ou um social mais elegante, mas quando recebeu a roupa um tanto casual, não entendeu direito.
Contudo, bastou a ela entrar no ambiente para tudo fazer algum sentido. A cineasta parou para falar com alguns fãs que estavam na porta do evento, deu autógrafos e deixou-se ser fotografada pelos paparazzis, até, finalmente, entrar no edifício. Lewis parecia uma criança após ganhar doce quando viu a amiga adentrar o espaço que ele e os demais estavam e abriu um sorriso do tamanho do mundo. Naquela altura, e já estavam junto com os outros seis participantes, que haviam se aproximado da porta de entrada, conversando e tomando suas champagnes.
— Gente, eu sei que sou a estrela desse programa, mas vocês não precisavam me esperar todos juntos… na porta — brincou, cumprimentando alegremente os amigos.
— O ego da só não é maior que o do Lewis — revirou os olhos.
— Acho que essa sim é uma disputa acirrada — apontou sua taça para a amiga, que concordou.
— É bom rever vocês também — deu a língua e logo se enfiou no meio dos amigos — Mas, agora, vocês podem abrir espaço para a ganhadora do Sugar Rush passar.
— Viu o que você fez ? — Sebastian cutucou a escritora, que bufou respondendo incrédula:
— Por que a culpa sempre tem que ser minha?
— Foi você quem colocou a cara do Sebastian e do Lewis diretamente nos bolos, dando a vitória para e para o Tom — Ben relembrou, bebendo um gole de champagne.
— Se você e fossem bons na cozinha, nada disso teria acontecido — rebateu, ouvindo os amigos gritarem eufóricos enquanto e Ben a encaravam boquiabertos.
— Vocês sabem que não precisam achar justificativa, nós vencemos e pronto — ajeitou a postura, tirando seu casaco.
— É isso, nós vencemos — A voz animada de Tom cortou o ambiente, fazendo os nove presentes se virarem, quase ao mesmo tempo, em direção a ele — Não adianta chorar mais.
— Pronto chegou o convencido que faltava — Sebastian gritou, correndo para abraçar o amigo.
— Também amo você, Seb — Tom deu dois tapas fortes no peito dele, olhando cada um dos amigos ao redor, sorridente e impressionado com a beleza daquela cena — Meu deus, como vocês estão todos elegantes.
— Agradeça a por isso — ajeitou seus cabelos.
— Exatamente! Se não fosse a , Dylan não teria tirado os moletons — sorriu para o amigo.
— Ei! — Dylan apontou para ela, sério.
— Eu gosto de tirar os moletons do Dylan… — sussurrou e logo depois bebericou seu drink. Ben se engasgou levemente com a bebida ao ouvir o que a amiga disse.
— Amei as cores que você escolheu para mim, , combinaram super comigo e com o meu estilo — olhou para a própria roupa, contente. Estava se sentindo uma verdadeira gostosa.
— Acredito que falo por todos quando digo que minha mulher sabe o que faz — abraçando pelos ombros e a puxando para perto de si, Sebastian vangloriou-se.
— Apesar disso ter sido brega, você tem razão, Seb — Lewis confessou sincero — Modelete, você tem muito talento para moda.
— Vocês irão me deixar mal acostumada desse jeito — riu tímida — É um prazer imenso ter pessoas como vocês usando minhas peças, em primeira mão — ela fez uma breve pausa, pensativa — Tenho que me segurar para não chorar na verdade, essa coleção e vocês significam muito para mim.
— , agora você terá que lidar diariamente com os elogios. Tenho certeza que essa coleção vai vender mais do que água — sorriu, bebericando sua bebida.
— Já quero uma collab com a Mercedes, ein — Lewis sugeriu. Não seria nada mal, afinal, já tinha um histórico com a marca.
— Ou com a Marvel — Tom colocou as mãos nos bolsos, simpático. Estava com uma calça de alfaiataria quadriculada, cinza e vinho, e um suéter de tricô cinza, com uma camisa social por baixo. Seus cabelos compridos estavam levemente bagunçados e ele sorria alegremente.
— Sai para lá, vocês dois, já garanti minha vaga na fila, a próxima adaptação que eu fizer vai ter só looks assinados por — fez uma careta para eles dois.
— A animação de vocês, pelo jeito, não fica só no estúdio — Hunter apareceu, animado como sempre.
— Veja só, se não é o meu apresentador favorito — Dylan abriu os braços para ele e o cumprimentou fervorosamente.
— Dylan, você já perdeu o programa, não precisa mais fingir que gosta tanto assim de mim — Hunter riu, tirando risadas dos demais.
— Tiraram o dia para me magoar hoje — Dylan fez um biquinho triste.
— , seu namorado está sensível — Lewis trocou sua taça vazia por uma cheia, observando abraçar Dylan e dar-lhe um beijinho na bochecha.
— Ainda não acredito que o programa uniu cinco casais — Hunter apontou para eles, carinhosamente.
Ao ouvir aquela simples frase algo no estômago de Tom revirou. Hunter não falou aquilo para chateá-los, pelo contrário, queria mostrar como a magia do Sugar Rush havia se espalhado também para a vida amorosa deles, como se eles tivessem se tornado uma grande família e, de fato, tinham se tornado. Contudo, ainda faltava uma peça do quebra-cabeça para se encaixar. não saia dos pensamentos de Tom e a vontade de falar como se sentia para ela o estava atormentando. Dividido entre a coragem e a culpa, o ator não conseguia parar de olhar para a mulher linda e sorridente a sua frente que, diferente dele, conseguia disfarçar o que estava sentindo.
manteve o sorriso no rosto e a expressão calma, apesar do turbilhão de emoções dentro dela fazer um barulho ensurdecedor em sua mente. Dúvidas continuavam ali, o medo de estar perdendo tempo para ser feliz também. Mas ela estava machucada, afinal. Não apenas com a exposição, mas, sobretudo, com o fato de ter sido questionada pelo homem que amava. Não podia culpá-lo totalmente por aquilo, assim como ela, ele também tinha perguntas que só seriam respondidas se conversassem francamente um com o outro. Dessa vez, contudo, ela não daria o primeiro passo, não iria se machucar.
— Eu e somos o melhor deles — trocou um olhar sugestivo com .
— A está sem limites hoje — Lewis gritou e logo se virou para o lado, em direção aos amigos — Se cuidem, Seb e Tom, porque ela já tentou roubar e .
— Tentei? — colocou uma mão no peito — Meus amores, eu já roubei.
— Dylan, o que você tem a dizer sobre isso? — Tom perguntou calmo, como se fosse um entrevistador. Ben riu.
— Contando que eu seja o namorado titular, não me importo que ela tenha as namoradas de vocês como reservas — Dylan deu de ombros, tocando todo o conteúdo de sua taça, tirando alguns gritos de zoeira dos demais.
— Meu bem, você foi incrível nessa — olhou apaixonada para Dylan, que juntou seus lábios rapidamente.
— Começou a melação — Lewis revirou os olhos, levando um tapa de .
— E dessa vez nem foi a e o Ben que começaram — Sebastian completou olhando para o casal de amigos a sua frente. , em resposta, colocou o dedo do meio para o ator.
— Acho que já podemos ir prestigiar nosso convidado, vocês não acham? — parecia animada, dando uma espiada no centro do local, onde o palco estava.
— Meu bem, você foi incrível nessa — Tom imitou a frase de risonho, e deu o braço para que se apoiasse.
Empolgados com o evento, os cinco casais e Hunter foram sentido a seus lugares, dentro do salão principal. Alguns mais discretos do que outros, os amigos estavam de olho em e Tom, esperando por qualquer reação deles diante do que viam. estava achando tudo lindo e comentava cada detalhe do que via a sua frente, animada e emocionada em estar ali. Tom, contudo, sentiu algo estranho no ar. A estranheza da coincidência da conversa que teve com Sebastian, dias antes, de estarem em um evento que, em teoria, deveria ser de gala, e que havia se transformado em um piquenique, sem que ele soubesse. E justamente um piquenique. O primeiro encontro que teve com , pouco mais de um ano atrás, quando tudo começou. Talvez fosse mesmo coincidência. Talvez fosse um sinal da vida para que ele tentasse recomeçar, do zero, voltar ao ponto de partida e fazer diferente dessa vez. Ou, talvez, fosse um pouco mais do que aquilo e os olhos sorridentes de Sebastian sobre ele deixavam algum indício.
Tom manteve-se firme, caminhando tranquilamente com seu braço entrelaçado a , até a mesa central, de frente para o palco. Puxou a cadeira para que ela se sentasse, no assento demarcado para eles, e tomou o lado dela. Apesar de ainda terem que fingir ser um casal, tranquilo e apaixonado, que havia superado a recente crise e que seguia forte e unido, Tom estava verdadeiramente conectado com aquilo. Estava pensativo, estava feliz de estar com ela, estava cheio de expectativas, determinado a colocar um ponto final em tudo o que fosse mentira, em seguir adiante apenas com as verdades.
e Ben comentavam sobre como tinham gostado do ambiente, combinado ou não, enquanto se serviam de alguns dos petiscos que estavam na mesa. Os comentários dos dois também refletiam em e Tom, que podíam os escutar atentamente, já que estavam próximos, ao lado do casal. Tom parecia encantado com cada detalhe, confortável demais em ver tantas coisas que gostava por ali, até que seus olhos bateram sobre uma das cestas dispostas na mesa. Como se saltasse a sua atenção, o cheiro bem conhecido por Tom, o chá de óleo de bergamota, se destacava. Algo específico demais para ser uma mera coincidência.
Tirando o foco de do ambiente, Dylan e trocavam alguns sussurros rápidos e risadas enquanto a escritora digitava algo freneticamente no celular. passava as mãos por cima do terno de Sebastian para deixá-lo perfeitamente alinhado e, logo em seguida, o fotografava para o seu Instagram. Já Lewis e eram uma incógnita. O casal tinha desviado o caminho da mesa e se encaminhado para uma direção oposta, sem dizer aos amigos uma única palavra. Porém, rapidamente, a cantora dirigiu-se sozinha de volta ao seu lugar, junto com os amigos e Lewis chegou um pouco depois, apressado, quando Ed Sheeran deu boa noite aos presentes e começou a tocar os primeiros acordes no violão.
— Para que a gente não comece o jantar chorando, escolhi, com ajudas especiais, começar o nosso momento com Afterglow. — Ed comentou sereno, olhando os presentes o aplaudindo, enquanto outras pessoas no evento se colocavam em seus lugares. As luzes foram baixando-se até o ambiente ficar mais escurinho e o foco estar apenas no palco a frente — Essa canção significa muito para mim, porque ela nos diz que independentemente dos momentos sombrios em nossas vidas, sempre haverá luz no amanhecer.
— Que bom que ele escolheu músicas mais suaves, não sei se meu rímel é à prova d’água — sussurrou para os demais.
— Se eu fosse você não confiaria tanto assim nas palavras dele — sussurrou de volta, por cima de Lewis que estava sentado entre elas.
O silêncio invadiu o lugar por poucos segundos, apenas Ed e seu violão podiam ser ouvidos. acompanhava o cantor cantando em forma de sussurro. A letra da música os atingia, cada um deles, de formas diferentes, mas com a mesma intensidade e com a mesma força. Como se dissesse muito sobre o tempo que passaram juntos e sobre tudo o que, magicamente, aconteceu naquelas semanas. Todos eles tiveram que renunciar, esperar, se doar e, até mesmo, em certos momentos, se calar para poderem estar ali, juntos. Os momentos ruins, como a exposição do contrato, tinham passado e eles só puderam superar tudo aquilo, porque estavam juntos como um grande nó, que não se desata fácil. Não eram parecidos, nem em aparência, muito menos em personalidade. Mas, o Sugar Rush tinha sido para todos eles um recomeço, uma nova chance, em muitos sentidos.
Ben conseguiu finalmente se expor e mostrar ao mundo, em rede nacional, que estava apaixonado pela mulher da sua vida, assim como , teve que se colocar vulnerável e abraçar suas inseguranças para ficar com ele. Lewis precisou se desvestir do personagem sem apego e brincalhão e encarar o seu lado mais sério, que desejava segurança e amor ao lado de . A cantora escolheu também não calar o que estava sentindo, o seu sentimento pelo piloto foi maior do que qualquer medo de relações passadas que ela tinha. e Sebastian aprenderam juntos que segundas chances são, sim, possíveis quando existe amor e elas podem transformar momentos ruins em sensações incríveis. Para eles o recomeço aconteceu na cidade que a história deles começou. Para e Dylan, o recomeço se deu quando admitiram um para o outro que não eram apenas amigos há muito tempo, havia mais do que apenas amizade nos gestos disfarçados, em todo aquele carinho.
O Sugar Rush foi doce, até demais, para aqueles cinco casais.
Já para Tom, o recomeço teve início antes mesmo do programa começar. era o seu ponto de partida e a segurança para as coisas andarem. Para além de toda a exposição exagerada e combinada do relacionamento, foi no íntimo entre os dois que ele se permitiu sentir amado, que se permitiu conhecer o amor mais genuíno de todos. Se permitiu se apaixonar, compartilhar seus detalhes e manias diárias. Se permitiu aceitar mais alguém em sua vida, tentar de novo. Se permitiu viver intensamente, sem pensar nas consequências do que estava fazendo.
prestava atenção em todos os movimentos ao seu redor, querendo absorver cada segundo daquela experiência, tão fantástica e amorosa que parecia irreal. O seu recomeço, diferente dos demais, foi poder ser quem ela era verdadeiramente, sem máscaras ou disfarces, aberta e transparente para aquelas nove pessoas. Tom foi essencial no processo, porque caminharam juntos, aprenderam juntos, se doaram e sustentaram uma farsa que se confundia com o real. Nada aconteceu como eles esperavam, de fato, já estava acostumada com aquilo. O que ela não esperava era se apaixonar genuinamente no meio do caminho. Se apaixonar por Tom, pelo homem que era, pela alma que tinha. Pelo cheiro, pelo toque, os olhos e, até mesmo, pelos chás de Tom.
Tom segurava firmemente em sua mão sempre que ela temia cair, sempre que precisava de alguém, sempre que se sentia sozinha ou que tudo parecia perdido. Sempre tinha sido Tom e mais ninguém. E, ali, ao lado dele, ainda tinha, e cada vez mais, certeza disso.
Certeza de que, juntos, os dois esperariam até o amanhecer.
— Isso que essa não era para chorar, não é Ed? — Dylan falou alto, enquanto limpava as lágrimas em sua blusa.
— Essa foi “suave”, Dylan — Ben o cutucou com o braço, já que estavam sentados um do lado do outro.
— Estou começando a ficar com medo das próximas — riu baixo, da ponta da mesa, vendo Seb servir sua taça com vinho.
— Para que vocês não fiquem assustados, vou cantar uma mais animada dessa vez — Ed ajeitou seu microfone, sorridente.
— Não caio mais nesse papinho, Sr. Ed Sheeran — gritou de volta, tomando um gole de sua bebida.
— Quem adivinhar a próxima ganha um presente — Ed falou pelo microfone. O suficiente para aguçar a competitividade deles.
— Aposto que é Bad Habits — levantou a mão, mas Ed logo negou com a cabeça.
— Beautiful People? — Foi a fez de palpitar.
— Quase isso — Ed apontou para ela, que pareceu pensar por um momento. — Alguém quer dar outro palpite?
— I don’t care — gritou animada, ao mesmo tempo que Lewis. Eles se entreolharam competitivos por um segundo e riram.
— E temos uma vencedora — Ed celebrou, ouvindo sua audiência vaiar, brincando.
— Eu falei primeiro! — Lewis protestou, se levantando do seu lugar.
— Não falou, não — também se levantou.
— Desculpa, cara, mas ela falou primeiro, eu vi — Ed riu, fazendo um sinal de consolo para Lewis, que foi puxado de volta para sua cadeira por .
— Tinha que ser a favoritinha — provocou, encarando a amiga.
— Algo eu tinha que vencer, não é, campeã do Sugar Rush? — a provocou de volta, recebendo um dedo do meio de .
— Tenho certeza que isso foi armado — Lewis murmurou, com o copo na boca.
— Como o Tom disse, agora não adianta chorar — Dylan tentou colocar um ponto final na discussão que, se deixassem, iria longe. — Minha namorada ganhou, aturem ou surtem.
— Ninguém merece esses dois — Ben revirou os olhos, pegando a garrafa de vinho de Seb e se servindo.
— Na verdade, eles se merecem — Hunter gritou de algum lugar atrás da mesa deles, onde estava sentado com Adriano e Candance.
— O papo está ótimo, galera, mas essa é uma das minhas músicas favoritas e acho que devemos dançar — apoiou as duas mãos na mesa e se levantou, animada.
— Seu pedido é uma ordem, neneca — Ben deu uma golada no vinho e se levantou rápido, indo atrás da namorada até um espaço vazio perto do palco, deixado livre justamente para caso quisessem aproveitar melhor o show.
Pelo caminho, passando pela mesa, Ben puxou para ir com eles, enquanto arrastava e Lewis, que trazia seu copo com uísque junto. Bastou um olhar de para Dylan também se juntar a eles e, vendo os amigos dançarem juntos, cantar e acompanhar a música junto com Ed, Sebastian e não demoraram a se sentir tentados a fazer parte daquele momento também. não sabia exatamente se deveria ir junto com os amigos e deixar Tom na mesa, ou se deveria chamá-lo para ir também. Ficou confusa por alguns minutos, esperando alguma reação dele, mas Tom, assim como ela, estava sem saber exatamente o que deveria fazer, qual passo deveria dar.
Conhecia o suficiente para saber que ela não mais tomaria qualquer iniciativa em relação a ele e, talvez, se quisesse começar de novo com ela, teria que ir atrás. Virando o copo com uísque que tomava, ele se colocou de pé assim que Ed começou a tocar Sing. A euforia e o toque de sensualidade da música deram a Tom a ligeira confiança que precisava e, sem hesitar, ele estendeu a mão para . A cineasta deixou seus olhos encontrarem os deles e, o vendo apontando com a cabeça em direção onde os amigos estavam dançando, com os olhos azuis tão profundamente presos aos dela, sem dizer nada, ela o aceitou.
Deixando sua mão entrelaçada à dele, permitiu-se ser conduzida até mais perto dos amigos e dançou com Tom. De música em música, Ed foi passando pelos seus discos, foi contando a sua história, foi se permitindo criar, junto com aquelas pessoas, um novo capítulo em sua vida. Apesar de ser um show pequeno, particular, bem diferente daqueles com multidões que estava acostumado, a energia do ambiente estava maravilhosamente deliciosa. Os cinco casais se misturavam para dançar, trocavam de duplas entre si, faziam coreografias que inventavam an hora, cantavam seus pulmões fora, deixavam-se sentir as emoções do momento, chorar, alegrar-se, gritar. Em alguns momentos, talvez pela intimidade da música, cada casal fechava-se momentaneamente em si mesmo, trocando carinhos e beijos leves, curtindo um ao outro e o momento que viviam.
E o show seguiu assim, ameno, divertido, até certo momento, não muito depois de seu início. Como estavam acostumados a elaborar missões e planos impossíveis, após escolher a setlist junto com e Ed, Dylan enviou uma mensagem para e Ben os avisando que cantariam Give me Love junto com o cantor. O que grande parte deles não sabia é que Dylan tocava bateria e também faria parte da apresentação, bem como Tom, que seria pego de surpresa por um convite inesperado. Se eles precisavam de uma força tarefa para que e Tom dessem certo, eles teriam a movimentação certa.
— Para a minha próxima música vou precisar de ajuda profissional — Ed avisou, tomando um gole de água e deixando a garrafa no chão.
— As surpresas não param de acontecer — pareceu animada.
— Não param e nem devem — riu, afastando-se rapidamente para pegar uma taça de martini.
— Queria chamar para cantar comigo Ben, e Dylan — O cantor pediu, juntando-se aos demais em aplausos e gritos surpresos.
— Quando o Dylan começou a cantar? — arregalou os olhos, surpresa.
— Ele não canta, só toca… — respondeu rápido e fez um gesto controverso, ficando envergonhada logo em seguida, pelas caras sugestivas de Sebastian e Tom. Ela limpou a garganta e completo, desconcertada: — Toca bateria, no caso.
— Quem diria, o Teen Wolf tocando bateria — Lewis abraçou Dylan pelos ombros, sinalizando, de onde estava, para que trouxesse algo para ele beber também.
— Sou um cara de múltiplos talentos, Lewis — Dylan o encarou de lado, rindo.
— Como sei que temos outro cantor e ator aqui, — Ed fez uma pausa misteriosa, fazendo os presentes se entreolharem, curiosos — queria convidar Tom para subir no palco com a gente.
— Eu? — Tom gritou, surpreso e um pouco confuso — Está falando sério?
— Mais sério impossível — Ed puxou um aplauso para ele, enquanto os demais o incentivavam a ir, aos berros.
— Estou muito enferrujado, faz muito tempo desde que cantei pela última vez — Tom encolheu os ombros, envergonhado.
— Sinceramente, Tom, eu acho que você deveria ir, sabe? — Sebastian incentivou, empurrando o amigo em direção ao palco — Às vezes é bom recomeçar a fazer as coisas que a gente ama e você ama cantar.
— Nem tente inventar mais desculpas, Tom — Ben ajudou Seb, puxando Tom consigo — Precisamos de mais um britânico na nossa banda.
— Concordo com Ben e Sebastian, Tom — sorriu charmosa, amava quando ele cantava, apesar de serem poucas as vezes que eles faziam isso em público — Você sempre amou cantar, acho que devia ir.
Como se aquele fosse o incentivo que ele precisasse, Tom não pensou duas vezes antes de subir no palco com Ben, Ed, e Dylan, que já estava posicionado atrás da bateria. A fala de soou como música para ele, que há bastante tempo, queria lembrar como era tê-la o apoiando em algo que gostava de fazer. trouxe para Lewis uma taça de martini, dançando no ritmo da música, a atriz se posicionou entre e . Sebastian estava com um sorriso amplo no rosto vendo o amigo ir se apresentar com os demais. ficou mais à frente deles com a missão de gravar a música, talvez alguns deles precisassem mostrar para as próximas gerações aquele momento.
— Não acredito que agora temos uma banda com ex-integrantes de reality show — Hunter já tinha se juntado aos demais, nas margens do palco. Estava com as mangas da camisa dobradas e as bochechas vermelhas, um pouco alterado pela bebida.
— Eles vão ser os novos rebeldes, Hunter — gritou, aproximando-se do homem, que gargalhou.
— Essa eu quero ver de perto, aqui na área VIP — se aproximou de volta, com seu Martini em uma mão e entregando outro para Lewis.
— Obrigado, minha amiga, muitíssimo obrigado — O piloto agradeceu exageradamente e levantou sua taça para ela — Um brinde a todos os shows de e Ben que vemos juntos, no VIP, como dois belos acompanhantes que somos — gargalhou do tom sério que ele falava e brindou sua taça com a dele, o acompanhando no primeiro gole. Lewis devia estar ficando bêbado já.
— Lewis, quantas taças de martinis você já bebeu? — Sebastian questionou o amigo, assistindo a cena próximo a eles.
— Pelas minhas contas… algumas — Lewis disse com a fala arrastada.
— Pois, então, deixa essa comigo — O ator pegou a taça das mãos do piloto e foi sentido sua namorada, do outro lado. Lewis o encarou perplexo, enquanto ria, mas logo foi servido por um garçom que, prontamente ao ver a cena, trouxe uma nova taça para o convidado.
A banda oficial que acompanhava Ed no show deixou seus lugares, dando algumas instruções básicas para os novos membros temporários. Dylan foi o primeiro a subir no palco, cumprimentando Ed e, no maior estilo “cara da banda” acenou para a plateia, que gritou eufórica, e foi para a bateria. vinha logo atrás e se posicionou no microfone ao lado de Ed, observando Ben e Tom, arrastado, fazerem o mesmo. Como tinham combinado antes com Ed, olhando para o palco de frente, a ordem de cantores foi Ben, , Tom e Ed, sendo que Tom estava, levemente, mais a frente do que os demais.
Sem que dessem muito tempo para que Tom desistisse daquilo tudo, os acordes da música começaram a tocar, com Ben e Ed no violão, e logo foram inundados por uma pequena orquestra, que os apoiou com violinos. Extasiados pelo momento, todos aqueles que assistiam estavam paralisados, encantados com a beleza do que acontecia bem diante de seus olhos. foi a primeira a cantar, suave e calma, seus olhos encontrando-se com de Lewis, que parou completamente tudo o que fazia para ouvi-la.
Me dê amor como ela
'Cause lately I've been waking up alone
Porque ultimamente eu tenho acordado sozinho
Pain splattered teardrops on my shirt
Lágrimas de dor escorrendo na minha camiseta
Told you I'd let them go
Disse a você que as deixaria ir
Seguindo a música, Ben cantou a parte que havia combinado com os amigos, notando Dylan seguir os acordes da melodia com a bateria, um pouco mais atrás deles. Apesar de conhecer a letra da música, e gostar muito dela, Tom tinha uma expressão um tanto confusa, gesticulando não entender muito do que acontecia para , que ria timidamente e o incentivava com alguns gestos.
E eu vou lutar pelo meu espaço
Maybe tonight I'll call ya
Talvez eu te ligue hoje à noite
After my blood turns into alcohol
Depois do meu sangue virar álcool
No, I just wanna hold ya
Não, eu só quero te abraçar
Ben terminou de cantar ao exato tempo que trocou um olhar com Tom e, apontando para o microfone dele com a cabeça, como se dissesse que era a vez dele, deixou o refrão para que Tom cantasse. Sem muita opção, e sem querer decepcionar a banda do Sugar Rush que formavam, Tom seguiu a letra amorosa e um tanto triste da música, deixando-se levar pelo momento.
Me dê um pouco de tempo
Or burn this out
Ou acabe com isso
We'll play hide and seek
Vamos brincar de esconde-esconde
To turn this around
Para mudar essa situação
All I want is the taste that your lips allow
Tudo que quero é o sabor que seus lábios permitem
My, my, my, my, oh give me love
Minha, minha, minha, minha, oh, me dê amor
A voz grave de Tom causava arrepios em , que não conseguia desviar seu olhar dele sequer por um segundo. Como se ele estivesse cantando para ela, como se aquela música tivesse sido feita de Tom especialmente para ela, sentia cada palavra cantada por ele bater em seu coração com força, impiedosa. Dizia muito sobre o que tinham vivido e dizia muito, talvez, sobre o que Tom queria verdadeiramente dizer a ela. Um pedido de desculpas, talvez, uma poesia cantava que a encantava mais do que ela poderia admitir.
Tom cantava a olhando, do mesmo modo arrependido, pensativo e apaixonado que ela o olhava. Cantava de uma forma que nunca cantou antes, cantava em palavras o que seu coração berrava e esperava que o estivesse ouvindo. No fundo, ter topado aquela ideia maluca tinha sido o primeiro e melhor passo que ele poderia ter dado naquela noite. Era mais simples cantar do que falar, mais simples mostrar o que sentia enquanto deixava-se sentir, do que dizer racionalmente o que racionalidade alguma conseguia explicar.
Ele seguiu cantando a segunda parte da música e deixou com que Ed cantasse o refrão seguinte. Ben e , vez ou outra, entravam como segundas vozes, interagiam entre si, dançando e acompanhando a música. Dylan seguia sendo a estrela do rock que, em sua mente naquele momento, ele era, admirado pela namorada, que filmava tudo aquilo animada e com lágrimas nos olhos. não conseguia sequer se mover. Os poucos balanços que fazia com o corpo, de um lado a outro, foram cessados pelos olhos de Tom que não deixavam os dela, a letra da música que cantava baixinho calada por tudo o que sentia naquele momento. Estavam tão concentrados um no outro, tão conectados, que parecia não haver ninguém mais ao redor deles, que mal perceberam quando a música acabou.
Eles se encararam por mais um instante, abrindo um sorriso emocionado, tímido, enquanto Tom sorriu de volta e quebrou o contato visual. Havia mesmo feito aquilo? Havia cantado em público e claramente cantado para ? Mais uma coincidência em todo aquele evento ou era ela o evento em si mesmo?
Tom não teve muito mais tempo para pensar naquilo, porque a gritaria que tomou conta do ambiente, depois dos aplausos e gritos da plateia, cortaram sua atenção. Empolgado com o personagem que fazia ali, Dylan tinha tirado a camisa que vestia, a rodopiava em cima da cabeça e a jogou, sensualmente, em , como se ela fosse uma grande fã da banda. As gargalhadas que tomaram conta do lugar, junto com os gritos de “gostoso” vindo de e Sebastian, “Dylan, eu te amo”, de Lewis, e resmungos de que não queria vê-lo sem camisa, deixaram Tom entretido por tempo suficiente, até os quatro se juntarem ao centro do palco e fazerem uma reverência em agradecimento a plateia, como se fossem mesmo uma banda.
— Parabéns, estão contratados para os próximos shows — Ed brincou, cumprimentando e Ben, enquanto Dylan se aproximava dele — Menos você, Dylan, que história é essa de tirar a camisa?
— Sou ator, Ed, faz parte do meu papel entrar no personagem — Dylan deu de ombros, sem se importar em vestir a camisa de volta — Bateristas, geralmente, tiram a camisa. Rock’n Roll.
— Que bateristas você anda assistindo, Dylan? — gritou, fingindo tapar os olhos para não ver o amigo “pelado”.
— Me inspiro nas fotos do Seb de Tommy Lee — ele deu de ombros.
— Bem que você disse que ele tocava bem, — Sebastian gargalhou.
— Você não imagina o quanto — sussurrou olhando para o tronco desnudo de Dylan. De repente tudo pareceu tão quente.
— Para deixar as coisas mais calmas e para vocês conseguirem dançar juntinhos, vamos a música que, talvez, dê vontade de chorar — Ed os convidou educadamente, dando sequência ao show. Pela ordem, estava já perto de terminar.
— Vish, agora ferrou — descia do palco com ajuda de Ben, que riu.
As luzes começaram a baixar um pouco mais e o salão, que antes era fortemente iluminado, deu lugar a apenas alguns pontos de luz fixados em Ed no palco. Novamente, eram apenas, Ed e o som ameno do violão, acordes lentos e a voz do cantor no microfone. Dylan desceu do palco e foi correndo ao encontro de , que o esperava sorridente. Ben pegou no colo e a girou, estava feliz por dividir o momento com eles, mas, principalmente com ela. era o combustível que ele precisava, era amor no sorriso, na preocupação e nos gestos. teve um pouco mais de dificuldade para encontrar Lewis, que estava, praticamente, jogado em uma das cadeiras. Ela foi até ele rindo da situação e logo jogou-se em seu colo, conversando baixinho com ele, enquanto a música ia se iniciando.
Como combinado, Sebastian e ajudaram a carregar o piloto para a sala ao lado do salão, para que Tom e pudessem ficar “sozinhos”, e foram para um outro canto do evento, de onde poderiam curtir o show juntos e assistir o que aconteceria com e Tom. Disfarçadamente, como se fosse um movimento natural, os oito conseguiram deixar o espaço livre, para que o casal principal da noite pudesse, talvez e de uma vez por todas, se sentir confortável com a presença um do outro. Para que eles não suspeitassem muito dos movimentos bruscos, e Ben foram os últimos a sair. Assim que viram Tom ir em direção a para convidá-la para dançar, o casal saiu de fininho, sem fazer muito barulho.
Junto com eles, a organização do evento pedia gentileza para que os demais presentes também deixassem o local por um momento, os encaminhando para um cocktail especial em um salão menor ao lado. Animadas e já entendendo o que acontecia ali, produtores, diretores e participantes do Sugar Rush que atendiam ao evento não se importaram em participar do momento de e Tom, e foram, aos sussurros e com muita discrição, um a um, se ausentando do local. A pouca luz dificultava a visão deles, por isso, Tom e não perceberam de imediato que estavam sozinhos, apenas com Ed no amplo salão.
Ao tempo que todas as pessoas saíram e que os acordes da música tomavam o ambiente, imagens de e Tom começaram a ser projetadas nas paredes e tetos do grande salão. Com Ed tocando Photograph e todas aquelas fotos deles juntos, por todos os lados, as lembranças dos momentos juntos retornaram à mente dos dois como uma explosão. Tom não sabia se devia falar algo, ou apenas dançar com ela, estava surpreso e emocionado com o momento. Como nas noites em que saíam para os jantares, que dividiam a cama ou que ficavam à toa pelas ruas de Londres, pareciam ser só os dois e nada mais importava, era o suficiente. Presos um nos olhos do outro, no toque e nos cheiros, que agora se misturavam.
De frente para ele, acompanhando os passos leves e calmos da dança que compartilhavam, quando percebeu o que estava acontecendo, ficou confusa. Aquilo tudo fazia parte de uma armação, como tinham feito com e Dylan ou com Sebastian e ? Tom sabia daquilo? Ou melhor, ele montou com os outros aquilo? Muitas perguntas giravam em sua mente, mais do que ela girava naquela dança. Por um minuto, ela se deixou apenas levar pela melodia e pelas batidas do coração de Tom, que podia ouvir próximo ao seu ouvido. Com a cabeça e as mãos apoiadas no peito do homem que tanto amava, se permitiu apenas ficar em silêncio com ele, sentindo a respiração quente do homem em si, as mãos firmes dele em sua cintura, os olhos que pareciam carregar-se de lágrimas, desviando dela para as imagens dos dois juntos, que passavam junto com a música.
Era aquilo que Tom queria.
Exatamente aquilo. Aqueles momentos, aquela sensação, aquela entrega. Queria o silêncio, o conforto, a troca. A intimidade deles dois, a memória que vivia e que continuava a se acumular ao redor deles. Ele queria mais daquilo. Queria mais fotografias. Queria manter o amor que tinham naquelas imagens, nos pedaços de papel que, como mágica, apareciam no ambiente, pendurados pelo teto, caindo nas mesas. Queria os sorrisos que compartilhavam nas imagens, o carinho que transbordava para fora delas, o amor que sempre tinha sido tão claro mas que nenhum dos dois tinha visto a tempo. O amor. O amor que os machucou. O amor que também os poderia curar. Tom sabia o que ele queria. Sabia que queria tudo aquilo. Sabia que queria .
— …— Tom começou a falar, seus olhos nos dela — Preciso falar algumas coisas.
— Eu imaginei que você fosse falar algo. — ele sorriu — Quanto de você tem nessa “surpresa”?
— Por incrível que pareça, não tenho nada haver com isso — ele negou com a cabeça, sem parar os movimentos leves da dança — Apesar de achar que ela vai me ajudar.
— Tom, você sabe que eu não caio nessas — sorriu triste. Falavam tão perto um do outro, com a música alta ao fundo, que podiam sentir suas respirações.
— Estou falando sério, — Tom respirou fundo — Eu não fiz nada, nada mesmo.
— Como eles conseguiram as fotos? — Ela pareceu desconfiada.
— Eles? — Tom repetiu, confuso.
— Você esqueceu que ninguém faz nada nesse grupo sozinho? — riu irônica, seguindo a dança leve — Observando o cenário e a música, tenho certeza de que pelo menos dedo do Ben e da nisso aqui tem. Com isso, e Dylan já estão envolvidos. Lewis é o mais próximo a mim, consequentemente está no meio e Sebastian o mais próximo a você. Como bônus temos e .
— A resposta sobre as fotos está nessa sua fala, você sabe, não é? — Tom riu tímido, encaixando as peças conforme ela falava — Aposto que essa foi a parte do plano que Lewis e ficaram responsáveis.
— E por que não o Sebastian?
— Sebastian não sabe ser discreto — Ele deu de ombros.
— Você tem um ponto — refletiu — e Dylan ficaram com a música.
— Isso explica ela ganhar aquela hora — Tom riu baixo.
— Óbvio! Ela é uma trapaceira — riu junto, mas logo voltou a tentar desvendar o enigma todo — e Ben ficaram com o cenário, só os dois românticos para colocarem tantos detalhes em um mesmo espaço. Me pergunto o que Sebastian e fizeram…
— Acredito que estava ocupada com a coleção e Sebastian…bom… — Tom tirou uma das mãos da cintura dela rapidamente para arrumar seu cabelo e logo voltou, sem graça. Apesar de se sentir confortável com , estava com um medo latente de colocar tudo a perder, de novo. Aquele era o último dia oficial que teriam como um casal, público. Com o final daquela noite, terminava também a chance de Tom consertar todas as merdas que tinha feito e falado. Dali em diante, seria mais difícil se encontrar com e a distância, com o tempo, apagaria ele da vida. Tinha que se mover, tinha que ser naquela noite, mas tinha que fazer do jeito certo.
— O que tem o Sebastian? — semicerrou os olhos, parando de dançar.
— Bom, ele foi falar… comigo — Tom respondeu um tanto apreensivo.
— Sobre o que? — Ela franziu a testa, curiosa. Não era comum ver Tom inseguro daquela forma e, muito menos, expondo algo como uma conversa pessoal com um amigo íntimo. Tudo estava ficando levemente estranho até, finalmente, começar a fazer algum sentido.
— Sobre você… — Tom confessou, a olhando nos olhos — Sobre nós.
— Nós?
Alguma coisa em acendeu com aquela informação. Se Sebastian tinha ido até a casa de Tom conversar sobre eles dois, sobre ela, talvez fosse porque soubesse que Tom estava passando por um momento similar ao que ela passava. O que Lewis estava representando para ela, em todas aquelas semanas, era o que Sebastian representava para Tom e aquilo mudava, ligeiramente, a história toda. Então havia um nós para Tom. Havia eles dois, havia algo sobre eles que precisava ser conversado, que Tom precisava de ajuda em organizar, em sentir. Havia algo que ia além de assinaturas em um contrato. Havia para ele, como havia Tom para ela. E aquilo mudava tudo.
Tom fechou os olhos por um segundo. Um único segundo. Se tinha que dizer o que sentia, o que verdadeiramente carregava em seu peito sobre ela, tinha que ser naquele momento. Não havia o que perder, não havia mais tempo. Ele respirou fundo e, dizendo baixo, calmo, voltou a olhar a mulher a sua frente, a soltando lentamente conforme a música terminava de tocar e uma das fotos mais antigas deles dois juntos era fixada na projeção de todo o salão:
— É, . Sobre nós, eu e você. Sobre o quanto eu genuinamente te amo e não tem um dia com que não me culpe por ter estragado tudo. Sobre o quanto toda a noite passo a mão pelo seu travesseiro esperando mágicamente que você apareça do meu lado para me aquecer na noite fria de Londres. Sobre como você faz falta para dividir o chá da tarde comigo, para ocupar minha casa, minha… vida. — ele parou por um instante, engolindo a insegurança em não ser correspondido, desviando o olhar os olhos que não conseguia ler — Sobre como eu sinto falta da sua risada depois que você conta alguma piada, do jeito que mexe no meu cabelo antes de dormir, do cheiro quando sai do banho. — Tom sorriu e voltou a olhar para ela, intenso, verdadeiro, tão honesto em suas palavras que podia sentir suas pernas fraquejarem — É sobre como o contrato não media o que eu sentia por você. Sobre como eu me apaixonei por você desde a primeira vez que te vi naquele parque, como eu te amei cada dia depois disso, cada hora do dia. Sobre como toda essa exposição não me fez te amar menos, mas, na verdade, me fez te amar cada dia mais.
— Thomas… — Sentindo seus olhos encherem-se de lágrimas, sem esperar por nada daquilo, ela tentou o interromper, mas ele logo a cortou:
— Eu te conheço, . — Ele deixou um sorriso triste se abrir — Sei que você não perdoa as pessoas facilmente e que talvez isso aqui não mude nada. Mas, eu não aguentava mais guardar para mim! — Tom passou as mãos pelos cabelos, jogando-os para trás — A verdade estava me sufocando e se for para eu sufocar de vez, pelo menos, tinha que ter uma última chance de lutar por você, por nós. — Ele apontou para os dois, um pouco mais impaciente do que antes — Eu te amo, . E eu quero ficar com você. Quero você. Sem contratos, sem mentiras, sem farsas, sem nada. Só você! — Tom fez uma nova pausa, tentando ler os olhos emocionado de — E como Ed disse várias vezes essa noite, pelas músicas dele, amar pode doer, pode machucar, mas eu estou disposto a correr esse risco, porque amar você é a única coisa que tenho sabido fazer nesse último ano.
engoliu em seco, sem saber que reação poderia ter diante daquela enxurrada de palavras. Eram tantas informações em um período de tempo tão curto, e tão inesperado, que ela sequer conseguia responder. Tom tinha, finalmente, assumido o que ela tanto gostaria de ouvir dele, depois de tanto tempo e depois de tudo o que passaram. Como se tivessem que ter chegado até aquele ponto para que ele, finalmente, virasse a chave e assumisse de uma vez por todas um sentimento que ela também compartilhava, por ele, mas que questionava. não desconfiava da sinceridade dele, nem do que ele sentia por ela. Conhecia Tom e sabia que ele estava em um limite, que ele estava saturado de toda aquela história e que queria colocar um fim naquilo. Pelo contrário, estava consumida por cada palavra que ele havia dito e tentando absorver o fato de que ela tinha mesmo ouvido tudo aquilo.
Tom a amava.
A amava desde quando se conheceram, tinha se apaixonado por ela. E por um momento todas as incertezas e inseguranças que teve sobre ele, sobre o que sentia por ele, e sobre o que viveram pareceram desaparecer. se sentiu idiota por um dia ter desconfiado que havia algo ali, diante deles, senão amor. Tom jamais teria topado se envolver em tudo aquilo se não a amasse. Jamais teria se deixado levar pelos flertes de , jamais teria investido nela, a beijado quando não havia qualquer público por perto para enganar. O que faziam quando estavam a sós não podia ser nada contratual, não podia ser nada mais senão paixão, um amor que nasceu. Perdida nos olhos do Tom, imersa naquele momento silencioso, se pegou pensando em tudo aquilo.
No silêncio extremo do momento, observando o casal à frente se encarar, sem dizer nada, alguns passos de distância um do outro, Ed esperou por um instante, por qualquer movimento deles, sem saber exatamente o que fazer. O plano era cantar Photograph para eles e, com o cenário e depois de todas as entrelinhas e indiretas daquela noite, assistir eles se resolverem. Ao contrário, tudo o que Ed via era um silêncio confuso de e a expressão de Tom, a cada segundo, parecia mais triste e frustrada. Tentando incentivar que algo acontecesse e não querendo deixar que o momento entre eles terminasse de vez, Ed decidiu cantar uma nova música.
Tom ouviu os primeiros acordes de Kiss Me tomar o ambiente, mas não quis esperar muito mais. Se não tinha nada a dizer, mesmo depois de ouvir tudo o que ele tinha dito, era um claro sinal de que não estava mais disposta a seguir com o que ele tinha a oferecer. Tom não ficaria ali, esperando pela dó ou pela benevolência dela. não o perdoaria, mas, ao menos, ele tinha tentado. Tom colocou as mãos nos bolsos da calça e, dando uma última olhada em , virou-se calmamente para sair dali.
sentiu seu coração parar de bater por um momento, vendo o que acontecia. Tom estava mesmo indo embora? Ele não podia ir embora. Se deixasse Tom sair daquele lugar, não conseguiria trazê-lo de volta para sua vida nunca mais. Ela não podia deixá-lo ir, ela não queria que ele fosse. Apesar de seu orgulho gritar em sua mente, de dizer para ela que Tom a havia magoado e que não estava fazendo mais do que ele deveria para reconquistá-la, o coração dela se partia em pedacinhos a cada novo passo que ele dava. Tom não tinha a obrigação de ficar. Não tinha que ser paciente e nem esperar pelos silêncios dela. Se o amor que sentia não era recíproco, ele não tinha que permanecer. Ele precisava saber dela que ela também o amava. tinha que falar. Tinha que dizer ou o perder. A soma zero que ela não queria escolher.
— Tom... — o chamou alto, fazendo-o parar de andar — E-eu também… Eu também preciso falar algumas coisas, eu acho.
Incerta do que diria a seguir, passava as mãos repetidamente pelas bordas do vestido que usava. Tom virou-se lentamente, a respiração estava descontrolada devido ao nervosismo. Assim que seus olhos encontraram os dela outra vez, foi como se uma corrente elétrica percorresse seu corpo. O tempo havia parado novamente, o ator já não sabia se Ed estava ou não cantando, estava concentrado em cada palavra que sai da boca de . A mulher soltou um suspiro e logo voltou a cortar o silêncio entre eles.
— Como você deve imaginar, não é fácil falar sobre o que eu sinto. Apesar de que acredito que essa tenha sido a intenção deste encontro. Mas também sinto a obrigação de parar de guardar o que estou guardando aqui faz um tempo — a cineasta colocou a mão acima do seu coração — Nunca foi só um contrato, Thomas. Eu me sinto uma idiota falando isso para você só agora…
— Você não é uma idiota — Tom negou com a cabeça, dando um passo em direção a ela.
— Eu sei, você tem razão, não sou, mas me sinto assim perante a nossa situação — brincava com seus próprios dedos, seus olhos indo de Tom até cantos quaisquer do salão. Não estava exatamente confortável com aquilo, mas tinha que passar por cima de seu orgulho, por Tom, ao menos naquele momento — As dúvidas rondavam a minha cabeça e tenho certeza que na sua também, afinal, nós sempre estivemos juntos nisso. Foi difícil para eu admitir, mas como eu te disse na final do programa, você sempre me deu segurança. Você foi meu lar por muito tempo e quando tudo explodiu, de repente, me vi sozinha, te assisti virar as costas para mim e foi terrivelmente doloroso — assumiu, engolindo a vontade de chorar — Agora, consigo te perdoar por isso. Mas também consigo me perdoar por essa situação. Por muito tempo o contrato foi um fardo para mim, como se eu estivesse sujando a sua imagem para limpar a minha. O tempo passou e meu sentimento por você mudou. Meus dias ganharam mais cor quando você entrou na minha vida, com seus chás de gostos duvidosos, suas manias de velho e seu péssimo senso de humor.
— Meus chás são gostosos, você parou de reclamar deles depois de um tempo — Tom deixou-se rir levemente pelo comentário, sendo acompanhado por .
— Para recomeçarmos do zero, preciso confessar que jogava eles na pia enquanto você estava ocupado fazendo outras coisas — levantou as mãos, como se se culpasse.
Tom deixou uma risada leve escapar, seus olhos presos no de sem sequer conseguir desviar por um instante. Não conseguia organizar dentro de si tudo o que estava sentindo, mas, certamente, era muito melhor do que ela havia imaginado. Na sinceridade das palavras que ouvia de , uma a uma, moravam a sensação que Tom tanto quis sentir no último ano. Ela estava disposta a começar tudo outra vez, estava retribuindo cada traço de amor que ele tinha por ela. Estava deixando-se levar pelos sentimentos, estava passando por cima de um passado recente difícil porque, talvez, ela tivesse certezas sobre ele. E acima de tudo o que ele sentia naquele momento, Tom estava feliz. Estava aliviado e estava se sentindo verdadeiramente amado por quem ele queria que o amasse daquela forma.
— Não quero mais mentiras ou dúvidas entre a gente, Tom. Passamos por muita coisa já, coisas que eu achava que já tinha me livrado em minha vida, mentiras, rumores, farsas… — ela voltou a dizer, o vendo concordar levemente com a cabeça — Mas, você me faz ter 15 anos de novo, me faz querer viver uma comédia romântica com direito a todos os clichês possíveis, me faz querer lutar por você, por…nós. Para que nenhum de nós tenha mais dúvida, como não tenho depois da sua declaração, acho que preciso dizer que eu te amei todos os dias desde que olhei no fundo desses olhos azuis que estampam a maioria dos meus sonhos. — já não mais segurava o que sentia — Viver sem você é como ter que regressar a dias que achei que já tinham passado. E antes que eu me esqueça: você pode duvidar da luz, dos astros, de que o sol tenha calor, duvidar até da verdade, mas tem que confiar no meu amor.
— É impressão minha ou você acabou de citar William Shakespeare? — Tom abriu o sorriso mais lindo que poderia ver nele.
O sorriso da certeza, da reciprocidade, o sorriso de quem tinha acabado de entender que não era só ele. também tinha carregado as mesmas dúvidas que ele há tempos e, agora, estava bem ali, deixando-se ser ouvida, dizendo em voz alta o que seu coração queria dizer ao dele. Tom era apaixonado por ela. Podia sentir os batimentos acelerarem junto com a vontade crescente de, de uma vez por todas, ter de volta para si.
— Vamos dizer que andei estudando — riu levemente envergonhada — Para terminar esse meu monólogo, quero dizer, por fim, que eu te amo, Thomas William. Hoje, amanhã e até quando você me quiser em sua vida.
— Você está preparada para ficar na minha vida para sempre? — Tom sorriu de lado, charmoso, para ela.
— Estou aberta a negociações — sorriu e antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, Tom quebrou o pequeno espaço entre eles e a beijou.
Um beijo desejoso, cheio de vontade e de confiança. Um beijo seguro, intenso, que fez falta para eles dois naqueles tempos em que tudo pareceu dar errado. Finalmente, o beijo verdadeiro, sem contratos e sem amarras, o beijo que estavam há meses, há mais de um ano, querendo dar. Nos lábios quentes e macios de Tom, se perdeu por um tempo que mal notou passar. E abraçava a ele, deixou o beijo ser quebrado assim que percebeu que as pessoas do evento, todas, os assistiam ao redor. Felizes, animadas, verdadeiramente presentes em suas vidas. Para não constrangê-los, Ed começou a cantar a última música da noite, Bad Habits, enquanto assistia as pessoas tomarem novamente o espaço, dançando e bebendo animadas.
Abraçada a Tom, de onde nunca mais sairia, sorriu para Lewis, que a encarava há alguns passos dali. Ele estava orgulhoso dela. Orgulhoso em poder vê-la tão feliz, em ter o que ela merecia ter. pensou naquele momento que foi ela quem colocou Lewis naquele programa. Mas não fosse ele, e aquelas outras oito pessoas tão especiais, criativas e românticas, era ela quem não teria saído do Sugar Rush. Ao menos não, daquela forma.
Lembraria de agradecê-los mais tarde. Lembraria de agradecer a Ed pela trilha sonora brilhante. Lembraria de tirar uma última fotografia naquela noite, para guardar nela todo o amor do mundo.
Feliz Natal
— ESPERA! — interrompeu a conversa alta, fazendo os amigos, todos, se virarem na direção dela — Nós só vencemos o Sugar Rush por uma armação de vocês?
— Quem foi o fofoqueiro que contou? — estava sentada no chão da grande sala da casa de Lewis, com o cachorro do piloto, Roscoe, preguiçosamente em seu colo. Ela balançava as orelhas dele enquanto prestava atenção no que acontecia ao redor.
— Voto no Dylan — Lewis se jogou em um dos sofás, ao lado de onde estava sentada.
— É óbvio que você vota em mim — Dylan revirou os olhos, tirando de perto da gigante árvore de Natal do piloto, antes que ela a derrubasse — Aposto que isso é para desviar a sua culpa, Relâmpago Mcqueen.
— Gente, é evidente que foi o Sebastian — cruzou as pernas, sentada em outro sofá, ao lado de Seb, Tom e .
— Você ama ou me odeia, mulher? — Sebastian virou-se levemente para ela.
— Meu voto vai em quem adora pagar de bonzinho. Ben, foi você, não é? — apontou para o amigo, que se sentava ao lado de , no chão.
— Dessa vez, eu consegui guardar segredo, tá? — Ben respondeu irônico.
— Ninguém cai nesse seu sotaque britânico barato, Barnes — Sebastian apoiou seu braço no encosto do sofá, atrás de , brincando com as pontas do cabelo dela.
— A caiu — Dylan provocou, sentando-se do outro lado da amiga, despertando a atenção de Roscoe no colo dela.
— E caiu várias vezes — O piloto entrou na brincadeira, ganhando um dedo do meio da atriz.
— Dá para os dois idiotas ficarem quietos? — pediu impaciente.
— Isso, quietos! — se sentava no meio das pernas de Dylan, enquanto ele ia um pouquinho para trás com o corpo, para se encostar na lateral da lareira de Lewis — Tem apenas uma pessoa, além do Tom e da , que não se manifestou durante essa conversa inteira — sugestiva, ela olhou para — Foi você, não é, ?
— Eu jamais faria isso — se fez de desentendida, cruzando suas pernas em cima do sofá — Acusar sem provas é crime para seu conhecimento, .
— Foi impressão minha ou ela comparou fofoca com crime? — Irritante, Sebastian cutucou a amiga, que mostrou-se a língua.
— Ela está, praticamente, se entregando — riu.
— Cariño, você não sabe disfarçar quando mente — Lewis fez um carinho fofo no rosto de , que riu sem graça.
— Ela faz isso frequentemente na cama, Lewis? — Dylan perguntou despretensiosamente, levando uma cotovelada de . Os demais riram.
— O novo título de folgado vai para o Dylan, daqui a pouco — o encarou séria.
— Foco, pessoal! — risonha, tentou voltar ao assunto inicial outra vez — , você quem contou ou não?
— Vocês querem a verdade? — levantou as mãos e, assim que viu os amigos concordarem, continuou: — Contei mesmo! E não me arrependo.
— A minha única amiga nesse programa é a , vocês iam me deixar acreditar que tinha vencido, por mérito próprio, até quando? — perguntou pela primeira vez, confusa com tanta gente se acusando ao mesmo tempo. Apesar de surpresa em descobrir aquilo, ela não estava nada mais do que se divertindo com a situação toda.
— Acredite, não foi uma escolha fácil — negou com a cabeça para a amiga.
— Você realmente acha que queríamos ver seu ego inflado mais uma vez? — brincou, tirando risadas dos demais.
— Fizemos tudo isso em nome do amor — Ben comentou sereno.
— Tinha que ser o último romântico — Dylan bufou, enquanto tentava acertar Ben com o pé.
— Apesar de vocês nos fazerem de bobos, foi um gesto muito nobre nos deixar ganhar — Tom olhou os amigos ao redor, sorridente, abraçado a .
— De nobre aqui só o Sir Lewis Hamilton — Sebastian provocou.
— Mais tarde te dou um autógrafo de recordação, Seb — Lewis jogou uma almofada nele — Meu único problema com vocês ganharem o prêmio foi a minha cara no bolo.
— Ei, essa foi a parte que eu mais amei! — protestou.
— Espera aí, até o seu surto foi encenado? — Tom gritou, incrédulo. Ao seu lado, pareceu boquiaberta com o quão longe aquela armação toda tinha ido.
— Claro! — deu de ombros, rindo — Vocês realmente acharam que eu ia surtar do nada?
— Eu tenho uma resposta para isso, mas, talvez, você não goste tanto assim dela — rebateu, no mesmo tom brincalhão.
— Foi como estar no teatro de novo — Sebastian suspirou, fingindo nostalgia.
— Tudo meramente calculado para no final vocês ficarem juntos — fez um coração para eles, fofa, tirando um “aw” em conjunto dos demais.
— O plano só deu certo porque nós… — apontou para cada uma das mulheres na sala — participamos dele.
— Elas vão começar com isso de novo — Lewis encarou a namorada.
— Fatos, Lewis, apenas fatos — gesticulou, sentindo Dylan apoiar seu queixo na cabeça dela.
— Agora, por favor, algum dos oito pode nos contar como tudo isso começou? — Tom pediu curioso.
— Pode contar, — Ben apontou para a cantora.
— A fofoca só tem uma regra: não pode ser contada pela metade — brincou, tirando risadas baixas dos demais.
não poupou detalhes em contar exatamente como eles tinham se organizado para que tudo desse certo. Contou sobre como tinham planejado, junto com o pessoal da produção do Sugar Rush, o desafio final, contou sobre o quanto estavam nervosos para saber se conseguiriam se manter nos papéis a gravação inteira, até o final. Com interrupções de um e de outro durante a história, que pontuava detalhes que ela havia esquecido ou que eram totalmente irrelevantes, passou por todo o plano que tiveram para remontar o evento de despedida do programa de acordo com o primeiro encontro deles e e Tom pareciam, a cada palavra e a cada detalhe, encantados pelas pessoas que os cercavam.
Nos quase dois meses de gravação do Sugar Rush, o que era, para todos eles, só mais um trabalho qualquer e atípico, transformou-se em uma jornada de vida. Entre os desafios da cozinha e os milhares de sentimentos que carregavam dentro deles, aquelas dez pessoas se permitiram se aproximar, se conhecer, se conectar, se apaixonar e encontrar umas nas outras o que, até então, ainda não haviam encontrado. A confiança e a segurança de se ter amigos com os quais se pode contar, talvez, tivesse sido um dos maiores presentes que ganharam naquele natal e se pegou pensando exatamente naquilo, enquanto observava os amigos contar-lhes tudo o que fizeram por ela e por Tom.
Cinco dias haviam se passado desde do último evento que foram juntos, o show do Ed Sheeran, e vinte e cinco de dezembro chegava mais rápido do que qualquer um deles pode prever. Passaram tanto tempo imersos nos compromissos e nos movimentos do Sugar Rush que, nenhum deles, teve tempo suficiente para planejar o natal. Com o atraso das gravações, tiveram que cancelar viagens de volta para casa ou sentido a suas famílias e, tirando Lewis que tinha um jato particular, os demais não conseguiriam se mover de Londres, de última hora, naquela época do ano. Além de presos em Londres, as famílias de e Dylan viviam em estados diferentes dos Estados Unidos e conciliar uma viagem comum a todos eles seria definitivamente impossível. Ben tinha o costume apenas de almoçar com sua família no dia de Natal, portanto, era acostumado a passar a véspera sozinho ou com amigos. A família de estava no sul de Portugal e, como ela já tinha compromissos de trabalho no dia 27, já não passaria aquele ano com eles.
e Tom estavam decididos a passar apenas os dois, depois de um ano inteiro tendo que se expor em público. Ter um tempo só para eles, naquele friozinho e no aconchego da casa de Tom que, agora, voltava a ser de também, era tudo o que eles precisavam. e Sebastian não conseguiram decidir com qual família deveriam passar, caso conseguissem passagens a tempo. Não estavam realmente prontos para enfrentar as milhares de perguntas deselegantes sobre como tinham reatado o namoro, depois de tudo, e hesitaram em tocar naquele assunto até que já fosse tarde demais para fazer qualquer coisa. Por fim, pensou em se juntar à sua família, até descobrir que tinham decidido se reunir em Bali, de última hora. Lewis já tinha declinado o tradicional Natal em Mônaco, com sua mãe, mas teve mais uma de suas ideias brilhantes.
Sabendo que todos estariam na cidade e sem compromissos a cumprir, Lewis decidiu fazer uma festa de Natal em sua casa. Passaria só com e seu cachorro, não seria nada mal encher a casa com as pessoas que, dali em diante, quase não mais veria em seu dia a dia - ao menos não todas juntas. Com a realidade de ter que se despedir daquele grupo, que ele jamais pensou em fazer parte algum dia em sua vida, batendo em sua porta, ele resolveu abrir as de sua casa, uma última vez. A festa de Natal de e Lewis foi muito bem aceita por todos os convidados. Animados, decidiram tirar um amigo secreto de última hora, compraram seus suéteres e pijamas de Natal e, pontualmente às 20h30 do dia vinte e quatro de dezembro, lá estavam todos eles, espalhados pela sala totalmente enfeitada de Lewis, enquanto o buffet contratado terminava de montar a ceia na sala de jantar.
— Estou me sentindo um pai de família, com os filhos em volta — Lewis abriu os braços, feliz.
— Essa é a primeira vez que vejo um pai ser mais novo que os filhos — Tom tirou algumas risadas dos demais.
— Fale por você — Dylan abraçou pelos ombros.
— Que bonitinho o nosso caçulinha — Ben fez um biquinho para Dylan.
— Se eu sou sua filha, quero, pelo menos, um carro da Mercedes de Natal — se virou para Hamilton.
— Eu também, de preferência o último lançamento — levantou a mão. Lewis olhou de uma para a outra, e, então, se virou para :
— É, , podemos esperar mais alguns anos para termos filhos.
— Foi você que comparou eles com nossos filhos, a culpa não é minha — riu, desviando logo sua atenção até uma das assistentes do buffet, que sinalizava da porta que já tinham finalizado a ceia e estavam de saída. logo se levantou para ir até ela.
— Deus me livre, ser pai do Dylan — Sebastian fez o sinal da cruz.
— Cara, qual é o seu problema comigo? — Dylan perguntou sério, apesar de querer rir da cara de Seb para ele.
— O problema dele se chama amor, — arregalou os olhos — aposto que ele vai morrer de saudade de ficar enchendo sua paciência.
— Não vou não — Sebastian prontamente respondeu.
— Vai sim — na mesma velocidade que o namorado, a modelo rebateu — Dou, no máximo, dois dias, para ele ficar te encaminhando vários vídeos como faz como o Anthony.
— Vou sentir falta de vocês — Lewis disparou do nada, fazendo todos se calarem por um único instante.
— Estou ouvindo bem ou o Lewis acabou de dizer que vai sentir falta da gente? — falou pausadamente, os olhos arregalados em uma falsa surpresa, tirando uma careta do piloto.
— É óbvio que ele vai, somos nós — apontou para eles todos — Essa casa fica extremamente silenciosa quando ele está aqui sozinho.
— É difícil falar sério com vocês, ein? — Lewis negou com a cabeça, vendo voltar para perto deles, na sala, comentando sorridente:
— Cariño, é que não estamos acostumados. Você nunca fala sério.
— Pois, agora, vou falar — Lewis esfregou as mãos animado e se colocou em pé.
— Essa eu quero ver — se ajeitou no chão, cruzando as pernas.
— Já que você quer ser citada primeiro, , vou começar por você — Lewis ajeitou o suéter vermelho de renas que vestia e apontou para ela.
— Bem feito, quem mandou ser boca grande — murmurou, pronta para viver aquele momento.
— Também te amo, — virou-se levemente para ela e, em seguida, encarou o piloto — Pode começar, Lewis. Sou toda ouvidos.
— Você, com certeza, de todos aqui, era a última pessoa que eu esperava fazer amizade. Achei que você seria aquelas pessoas que tomam chá da tarde e lêem livros clássicos e não gostam muito de socializar — Ele parecia pensar alto, tirando risadas baixas dos ouvintes.
— Acabou de descrever o Tom — Sebastian falou em um murmúrio, rindo.
— Shiu, Sebastian, é o meu momento — deu um tapa no ar, em direção a ele, e Lewis logo emendou:
— Mas, você é diferente de tudo que eu pré-julguei na minha mente, você consegue ser extremamente comunicativa e encher lugares com sua risada alta ou as mil e umas fanfics que cria. Porém, de uma coisa eu sempre tive certeza, você sempre foi muita areia para o caminhãozinho do Dylan.
— Eu sabia que ele ia falar isso, eu sabia — Negando com a cabeça, Dylan riu.
— Já falando do Teen Wolf, se me dissessem que eu passaria o Natal com um ator de filmes teens, a minha gargalhada seria certa — Hamilton falou tão sincero, que fez o demais rirem — Por favor, rapazes não fiquem com ciúmes, mas eu e Dylan formamos uma bela dupla. Nossas piadas são ótimas. — Dylan concordou com ele, mas antes que pudesse dizer algo, Hamilton logo apontou para Ben — E, como estou falando do clube dos homens, vou falar do último romântico que conquistou, com e sem peruca, o meu coração. Se não fosse o Ben, metade das surpresas não teriam acontecido. Porque nunca vi alguém guardar tantos detalhes românticos. Tenho certeza que foi ele que escreveu “Orgulho e Preconceito”.
— Obrigada pelo reconhecimento, Lewis — Ben mandou um beijão no ar para ele — Eu trocaria a fácil por você.
— Não precisa de tanto, cara — Fazendo um sinal de abraço para ele, Lewis respondeu suavemente e apontou para a — Confesso que a minha praia é mais a cantora ali. E , meu deus, você é a mais sortuda de nós aqui, fisgou o gostosão, teve um museu fechado e declaração em rede nacional — riu alto do jeito espalhafatoso de Lewis em dizer aquilo, enquanto ele gesticulava para ela — Mas, não foi só você que ganhou, nós também ganhamos muito com a sua presença no programa. Você nos ensinou, roubando açúcar ou não, como ser companheira, amiga e, principalmente, a nunca desistir de lutar por quem a gente ama. Foi nos seus detalhes, de cheiro que causaram muitas intrigas, que você lançou seu perfume sobre a gente. Apesar de você ser uma péssima bêbada, você foi indispensável para todo mundo, tenho certeza disso.
— Você sabe que eu te amo, — respondeu risonha, mas sincera — meu companheiro de drinks.
— Nunca vi o Lewis falar tão sério — sussurrou para Tom, e Seb — Alguém sabe o que aconteceu?
— Aposto que é algum dom de fazer parte da nobreza agora — Sebastian zoou.
— Nobreza ou não, também vou sentir sua falta, Sebastian Stan, não precisa ficar com ciúmes — Lewis virou-se de frente para o ator, que, assim como ele, se colocou em pé, ajeitando a roupa — Apesar de você ser um pé no saco quando quer, foi pelo seu conselho torto que muitos de nós tiveram combustível para se declarar para as garotas que amamos. Uns deram certo, outros nem tanto — Lewis olhou nada discretamente para Dylan e voltou-se para Sebastian — Mas, também foi com você que aprendemos a não negligenciar recomeços, a não esperar pela felicidade, a ser paciente e a saber cuidar das relações.
— Com esse discurso, ele roubou meu namorado — gritou, vendo Sebastian correr para abraçar Lewis, fingindo chorar de emoção.
— Calma, modelete. Ele lutou muito para ficar com você, eu jamais estragaria isso — Lewis soltou o amigo, empurrando ele se volta no sofá e falou para : — Te conheço há muito tempo, dos desfiles da Mercedes, e tenho certeza que esse homem foi uma mudança na sua vida, assim como você foi na dele. , sendo sincero, sempre gostei de você, desde do início. Você sempre foi autêntica e criativa nas suas ideias dentro e fora do programa. Conforme fomos ficando mais próximos, pude ver a garra com que você lutava para conquistar as coisas que ama e acabei me identificando demais com você, porque também já recebi rótulos que não eram meus. Com o seu trabalho e seu talento, você provou que é bem mais que um rostinho bonito.
— Meu deus, nunca pensei que o Lewis fosse me fazer chorar — verdadeiramente emocionada, comentou feliz, limpando uma lágrima que se acumulava no canto do olho — Obrigada pelas lindas palavras, Sir.
— Como sou britânico, está no meu sangue ser romântico. Por isso, quero também dizer umas palavras para a minha amada namorada — Lewis frisou a última palavra, virando-se, agora, para , que riu tímida.
— Eu disse que estava no sangue — comentou com Dylan, que deu-lhe um beijo forte na bochecha. Lewis deixou um suspiro escapar, antes de começar a dizer:
— , chegou quente como o México na minha vida. Como em dias ensolarados me permitiu experimentar sensações únicas. Mas foi no frio de Glasgow que o verdadeiro calor entre a gente pode ser compartilhado. Agradeço demais pela relação que nós criamos, com e sem a ajuda desses bananas aqui. Cada um deles me ensinou algo e, hoje, posso exercitar para ser um companheiro a altura que você merece. Eu te amo demais, cariño. Seu sorriso matutino é um lembrete diário do porque lutar por você valeu tanto a pena. Você é o meu ponto de chegada e de partida e quero correr todas as corridas, possíveis, ao seu lado.
— PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM PARA ELE — gritou, rindo.
— Como o melhor sempre fica para o final, é a vez de vocês, Thatom — Lewis apontou para o casal, com as duas mãos.
— Por que eles tiveram declarações individuais e a gente vai ter uma juntos? — Tom questionou, levantando as sobrancelhas.
— É porque vocês separados não funcionam — Lewis respondeu com obviedade e, então, pensou melhor — Meu deus, isso soou extremamente como algo que o Ben falaria — Os amigos riram — Mas, o que quero dizer, agora, talvez, seja muito meloso. Primeiramente, se vocês tiverem um filho e não me chamarem para padrinho, vou ficar bravo — O piloto deu uma olhadinha sério de Tom até , que se encolheu no sofá, dizendo “vou pensar no seu caso” — A segunda coisa é que quero deixar o meu enorme agradecimento a vocês dois e acho que meu obrigado abrange os demais também. Sem vocês, não haveria Sugar Rush e consequentemente nada do que a gente viveu. Seja, na época, pelo contrato ou não. Vocês fizeram isso acontecer, a nossa amizade, as nossas relações. Foi graças aos falatório da e o silêncio do Tom que estamos aqui, juntos, passando o Natal como um bando de senhores. Por fim, acredito que nem que use todas as palavras bonitas do dicionário vou conseguir expressar tudo o que experimentei nesses dois meses. Vocês mudaram a minha vida, caras.
— Eu sei — respondeu simplesmente, dando de ombros, ao mesmo tempo que Tom falou:
— Obrigado por tudo, cara.
— Alguém gravou, para ele colocar no Instagram mais tarde? — Dylan zoou.
— Não sei se foi para ele colocar no Instagram, mas eu precisava de provas que ele me elogiou — Sebastian chacoalhou o próprio celular, vendo os demais celebrarem terem um vídeo daquele momento.
— Provas concretas, antes que a venha falar em crime, mais uma vez — Ben brincou.
— Vocês são ridículos — Lewis gargalhou e, sem hesitar, se jogou no sofá em cima de , Tom, Sebastian e .
— A gente também te ama, cara — Tom deu alguns tapinhas nas costas do piloto, enquanto Ben e Dylan se levantaram correndo para também se jogar em cima deles.
— O papo está ótimo, mas antes que mais alguém decida se declarar, sugiro irmos comer — se levantou do sofá.
— Ben, como presente de Natal, dá o prêmio de último romântico para ele — comentou se levantando e estendeu as duas mãos para ajudar a se levantar do chão também.
Ben resmungou alguma coisa sobre jamais perder aquele título e logo engatou em uma discussão com Lewis. foi na frente, em direção a sala de jantar, sendo seguida por e e caminhavam abraçadas, comentando sobre a press tour de NNL que começaria em breve. Logo atrás delas, Dylan vinha saltitante, enquanto , Tom, Seb e se ajeitavam depois de terem sido soterrados pelos amigos no sofá. Ben e Lewis ainda discutiram sobre qual deles era o mais romântico quando chegaram à sala de jantar, mas pararam assim que se deram conta do quão bonito e organizado estava o lugar – e, enfim, passaram a conversar sobre isso.
Tomando aleatoriamente os lugares na mesa, os dez se serviam com a ceia deliciosamente vegana que e Lewis haviam cuidado de preparar para eles. Uma fartura e uma elegância que certamente só poderia acontecer na casa do melhor piloto do mundo. Com as cores de Natal, a mesa estava enfeitada, a luz do ambiente baixa, amarelada e um clima tão ameno e aconchegante, que pareciam, todos, em casa. Cada um deles vestia um suéter de Natal diferente, brega, mas quentinho e bastante típico aos europeus. Estavam com pijama por baixo dos suéteres, longe de qualquer glamour, cansados das etiquetas e de toda gala.
Tirando as saídas pontuais para ir ao banheiro e a brevíssima ausência de para atender a porta, pois havia uma encomenda para ela, eles passaram ali, comendo, bebendo, conversando, arrumando desculpas para brindar e gargalhando alto, algumas boas horas, até, finalmente, o Natal chegar. Na virada da noite, depois de algumas taças de champanhe que virou na mesa, de algumas tentativas fracassadas de fazer fotos como se fossem uma grande família e dos vídeos hilários que Dylan propunha gravarem, todos juntaram suas taças ao centro da mesa e desejaram o maior e mas inusitado Feliz Natal de todos os tempos. Inimaginavelmente feliz, inesperadamente inesperado. Abraçando uns aos outros depois da meia noite, trocando beijos e carinhos entre os casais, os dez presentes se entreolharam por um instante, e riram alto. Aquele era, verdadeira e literalmente, o Sugar Rush de Natal.
— Certo, como vamos fazer isso? — questionou sentando-se novamente no enorme sofá de Lewis com Tom ao seu lado.
— Eu preciso ser a primeira — logo se voluntariou, se mantendo em pé na sala, enquanto os demais sentavam-se, espalhados.
— Por que? A casa é minha — Lewis protestou.
— Você vai entender — o encarou sugestiva por alguns segundos, para ver se ele entendia o recado. Mas Lewis e álcool nunca foram uma boa combinação.
— Faça as honras, então, — gesticulou animada para a amiga.
— Ok, vamos lá — bateu uma palma, olhando para os amigos ao redor — Bom, vou começar, então, oficialmente, o nosso grande amigo secreto.
— E cadê o presente? — Dylan levantou as sobrancelhas, reparando que não havia nada com a amiga.
— Vou pegar depois que disser quem eu tirei — deu de ombros, não querendo estragar a surpresa.
— Por que? — Dylan insistiu, curioso.
— Porque sim — revirou os olhos, impaciente.
— É melhor você calar a boca, Dylan — o repreendeu — Para o seu próprio bem.
— Obrigada, paixão — agradeceu a amiga, que piscou para ela em resposta — Bom, como ia dizendo, tirei uma pessoa enérgica, muito espirituosa.
— Lewis — Sebastian gritou.
— ! — gritou por cima.
— Não! — gritando ainda mais alto, negou — Deixa eu continuar! É uma pessoa que admirava muito, já antes de ter a chance de conhecê-la.
— O Ben — Apoiando as mãos na atrás da cabeça e se encostando no sofá, Dylan palpitou.
— Não era exatamente admiração o que ela tinha pelo Ben antes — Lewis sugeriu com um olhar safado, deixando Ben levemente vermelho.
— É muito difícil, sabe, — riu, negando com a cabeça — vou direto ao ponto, antes que mais alguém interrompa: minha amiga secreta é uma das mulheres mais fortes, resilientes, cheias de presença e companheirismo que temos aqui. Alguém que não tem medo de ser quem é e que têm os melhores conselhos do mundo. Alguém que me emprestou um pouco de açúcar e me deu um colo para chorar, bom, no show da Adele — Já sabendo de quem se tratava, eles gritavam o nome de , até concordar com a cabeça e virar-se de frente para ela — Alguém que sabe proteger e cuidar do que ama e, por isso, está pronta para receber o meu presente.
— Que discurso emocionante — Sebastian fez um bico impressionado — Não esperem nada do tipo na minha vez, já estou avisando.
— Ai meu deus, que especial — se levantou feliz do sofá e caminhou animada para abraçar a amiga — Estou me sentindo tão amada hoje. Obrigada por isso, .
abraçou a amiga com força, feliz em ter tirado ela, cheia de expectativas em entregar, enfim, o presente que havia escolhido. Os demais aplaudiam, animados e prestando atenção nas duas mulheres se cumprimentando carinhosamente, curiosos em saber onde estava o presente de . A atriz, assim que se separou da cineasta, trocou um olhar cúmplice com Lewis, que fez um sinal para que ela fosse adiante, e saiu correndo da sala.
— Onde ela foi? — Dylan a acompanhou com o olhar, saindo de perto deles.
— O presente dela é dar um ghost? — Sebastian parecia confuso.
— Ela sumir é presente para quem? — Ben franziu a testa. não tinha deixado ele saber do presente e nem quem tinha tirado no amigo secreto, porque estava realmente empolgada.
— Para mim, seria. Queria ganhar um desses dela — Dylan refletiu alto — Um vale férias de .
— Você quem vive enfiado na casa dela enchendo o saco, não aguentaria um dia longe da — revirou os olhos, notando Ben concordar com ela.
— Esperem, seus desesperados — Lewis falou alto, tentando organizar o ambiente, sem muito sucesso.
— Ai, que mistério — deu um berro, ansiosa — Estou animada.
— Até eu estou ansiosa — esfregou as mãos.
A atriz não demorou mais do que alguns minutos para voltar até a sala, caminhando cuidadosamente, prestando atenção em algo em seu colo. Ela sussurrava algumas coisas tão baixinho, que mal podiam entender. Dylan e se entreolharam, confusos, enquanto ria levemente da cara deles. Lewis acompanhou com os olhos seu cachorro se levantar do lado dele, onde estava deitado, e caminhar lentamente até onde vinha. Assim como ele, acompanhou Roscoe com os olhos e, ao tempo em que viu se aproximar dela, tudo fez sentido.
A amiga segurava um filhotinho de Lulu da Pomerânia, branco, com uma gravatinha borboleta vermelha, tão pequeno que ela poderia carregá-lo na palma da mão. tapou a boca com as mãos, querendo explodir de alegria e de fofura. Se lembrou da manhã seguinte ao show de Adele, quando passou horas no quarto de no hotel, fazendo companhia para a amiga, e contou que tinha o sonho de ter um cachorro como aquele, mas que nunca tinha tido um planejamento real para ter um, porque viajava demais. sempre estava atenta aos detalhes, como poderia ser diferente? Era óbvio que surpreenderia em seus presentes de Natal.
Sorridente, deixou o filhotinho no colo de , assim que se aproximou dela. Encantados, os demais assistiam a cena como expressões de surpresa e de fofura, olhando da atriz para o cachorro e dele para , que parecia totalmente chocada e feliz com o presente. Lewis tentava filmar a cena em seu celular. Era o único deles que sabia sobre o presente de , porque ela teve que pedir sua ajuda para esconder o filhotinho, um dia antes, quando o buscou no veterinário, no lugar onde Roscoe ficava, para que ninguém o visse antes da hora.
— Depois desse presente, eu desisto de vez do amigo secreto — Seb riu.
— não sabe brincar — Dylan concordou, surpreso com a surpresa da amiga.
— Ano que vem quero que ela me tire — comentou com Lewis, que dei-lhe um beijinho nos lábios.
— A família cresceu, hein, Tom — zoou o amigo, que parecia um tanto sem reação.
— Meio precoce, achei — Tom comentou, analisando.
— Eu amei tanto — abraçou o filhotinho como se fosse uma pelúcia, tirando um mini latido dele.
— Antes de você me agradecer, tem que dar um nome para ele — pediu, se achando no chão para fazer um carinho no cachorro de Lewis, que parecia meio enciumado, meio desconfiado com outro cachorro ali.
— Ele tem cara de Wolf — fazia uma voz melosa, apaixonada pelo seu novo… filho.
— WOLF? — Lewis berrou, gargalhando — Quando ele chegar na fase da adolescência vai ser o novo Teen Wolf.
— Não acredito que ele fez essa piada — Dylan não conseguiu segurar a risada, acompanhado dos demais, que gargalharam alto. Lewis conseguia se superar.
— Ah, qual é? Essa foi muito boa — Ben limpava as lágrimas, de tanto rir, dos olhos.
— Ele não tem limites — riu, negando com a cabeça.
— roubou o nome do filho da Kylie Jenner — pensou alto.
— Ela escolheu outro, tá? — deu de ombros, dando um beijinho em seu cachorro — E Wolf combina muito mais um cachorro. O que você acha de Wolf, Tom?
— Se você gosta, meu amor, eu também gosto — Tom sorriu com ternura para ela, a vendo se aproximar dele com Wolf.
— Britânicos são todos uns fãs de suas mulheres — Sebastian se virou para Dylan, que concordou rindo.
— Já disse que você tinha que aprender com eles — falou sugestivamente séria.
— Mas eu sempre fui seu fã número um, princesa — Sebastian rebateu prontamente, com os olhos arregalados.
— Vou logo avisando que quero ser a madrinha do Wolf — pediu para a amiga.
— Você já é, amiga. Você e Ben são os padrinhos do meu filhinho, não é, bebê? — mexeu na patinha de Wolf, que soltou um novo mini latido. Tom riu com a fofura.
— Coitado do Tom quando essa mulher resolver ter um filho humano — observou.
— Não quero um só não, quero gêmeos — a corrigiu rapidamente, dando Wolf para pegar no colo.
— Boa sorte, Tom — Dylan gritou de seu lugar — Você vai precisar, cara.
— A gente pensa nisso quando chegar a hora, ok? Não assustem ele — brincou e logo se virou novamente para — Muito obrigada, ! Acho que não poderia pensar em nada melhor, eu amei demais.
— Tudo por você, amiga — A atriz a abraçou rapidamente, outra vez, e logo se jogou no colo de Ben, no sofá.
— Acho que é a minha vez de revelar meu amigo secreto, então — olhou misteriosamente para os amigos e foi até a árvore de natal, tirando de baixo dela uma caixa colorida.
fez algum suspense e demorou um pouco demais para descrever seu amigo secreto, tentando enrolar o quanto podia para instigar os amigos. Como ninguém parecia acertar de primeira, ela logo revelou ter tirado Dylan. Animado com a notícia, ele saltou de seu lugar no sofá, feliz, e abraçou a amiga com força. Sem qualquer cerimônia, Dylan abriu a caixa colorida, seu presente, revelando uma camiseta com o rosto de e a frase “Eu amo minha namorada” bem abaixo. [presente]. Entre as zoeiras dos amigos, fotos que tirou com e a explicação de que, por ser tão palhaço, havia ganho aquilo, o ator amou seu presente e seguiu com o amigo secreto.
Dylan nunca tinha sido exatamente a melhor pessoa com palavras e se enrolou em descrever quem havia tirado mais do que conseguiu, de fato, expor o que sentia pela pessoa. Palhaço, como sempre, não demorou mais do que alguns poucos minutos para descobrirem ter sido Lewis o sortudo da vez. em um teatro muito mal feito em que o piloto fingia chorar de emoção enquanto Dylan se ajoelhava no chão e estendia seu presente, Lewis ganhou a coisa mais inusitada da noite. De tanto que gostava de dar apelidos e de tanto que irritou Dylan naqueles dois meses, o ator deu-lhe um quadro de Teen Wolf autografado por si próprio. Lewis correu para colocar o quadro em cima da lareira, ao lado de outro que tinha, e jurou que deixaria ali, exposto e enfeitando sua casa, para sempre.
Depois de algumas fotos daquela dupla de milhões, Lewis começou um novo discurso apaixonado e longo sobre a pessoa que havia tirado no amigo secreto. Parecia bastante claro para todos que ele havia tirado , mas a declaração que fazia era tão intensa e verdadeira, tão cheia de paixão e admiração por ela que deixaram ele dizer sem qualquer interrupção. chorou, emocionada e discretamente, sentindo cada palavra que ele dizia bater em seu coração como se soubesse de tudo aquilo, do quanto ele a amava, pela primeira vez. Dando-lhe um beijo apaixonado, que foi aplaudido e filmado pelos amigos, ela recebeu de Lewis um presente tão especial quanto o discurso que ela feito: o vestido que ele havia conseguido comprar para ela, há meses atrás.O exato mesmo vestido que ele havia destruído, quando ficaram pela primeira vez, quando se encontraram no México.
Seguindo a entrega de presentes, estava animada e um tanto emocionada, após ganhar o presente de Lewis. Depois de deixar seu lindo vestido sob o sofá do piloto, a cantora foi até próximo a árvore pegando a caixa que seria o seu presente. Era boa nas palavras e discursos nos shows, estava acostumada a se expressar pelas palavras nas letras de músicas, descreveu seu amigo secreto como alguém generoso, amoroso e que se importava muito com as pessoas. Como sempre faziam, Lewis e Dylan não a deixaram terminar de falar para gritarem o nome de Ben. O cantor abriu um sorriso largo que transparecia o quanto ele estava realmente feliz por ela ter lhe tirado.
Não demorou muito para Ben desembrulhar a caixa, retirando dela um caderno em tons de marrom e personalizado com o nome do cantor na capa, que serviria para escrever músicas. disse para ele que os presentes ainda não tinham acabado e pediu para que ele abrisse o caderno. Logo nas primeiras folhas, ao folhear a página, Ben pode visualizar uma letra de música completa, escrita a mão, acompanhada de um convite para uma colaboração entre os cantores. Emocionado e feliz, o cantor topou de primeira, passando os olhos rapidamente pela letra e abraçou fortemente a amiga, fechando ali a primeira parceria oficial dos dois.
Em seguida, depois de alguns minutos tirando fotos juntos e comentando sobre a produção conjunta, Ben pegou o pequeno embrulho pendurado na árvore e voltou ao centro da sala. Pelo tamanho do embrulho, já podiam imaginar do que se tratava, mas deixaram Ben fazer o mistério dele. O ator descreveu sua amiga secreta como alguém amorosa, protetiva e muito estilosa, relembrou o momento que ela perdeu a paciência com o Barry e, depois de boas risadas, revelou ser . A modelo, que já estava emocionada pelo discurso de Lewis, não evitou deixar as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Ao abrir o pequeno embrulho, pode ver um lindo bracelete da Cartier, em ouro 18k e com pequenos diamantes cravados. A peça chamava atenção pela pequena cabeça de guepardo em um dos feixes da pulseira, demonstrando a força, a elegância e a raridade de . A modelo amou e, abraçando Ben em agradecimento, já decidiu vestir o bracelete e usá-lo ali mesmo.
Aproveitando que já estava em pé, vendo Ben voltar para seu lugar no sofá, com , a modelo seguiu descrevendo seu amigo secreto. disse que seu amigo era uma pessoa reservada, companheira e que estava sempre disposta a emprestar o açúcar para o vizinho. Sem que houvesse dúvidas sobre quem era, e gritaram o nome de Tom ao mesmo tempo. O ator riu da situação, levantando-se para ir ao encontro da amiga. entregou uma grande sacola vermelha para ele, em cuja alça havia um bilhete preso: “Para que você deixe o chá de bergamota guardado por um tempo”.
O presente de era um conjunto de chás importados de várias nacionalidades e sabores. Curioso, Tom abriu algumas das latas com os chás para ver de onde vinham, enquanto ouvia os amigos zoando o fato de ele parecer um "velho e bom britânico". Agradeceu com um abraço carinhoso e, risonho com a mensagem deixada no pacote, Tom foi o próximo a revelar quem havia tirado. O ator, diferente dos amigos, não usou palavras para descrever o seu amigo secreto, apenas levantou uma banana, que estava dentro da embalagem de seu presente. Como Dylan já havia sido tirado por , e haviam sobrado apenas Sebastian, e , todos os olhares se dirigiram à escritora que gargalhava com o gesto do amigo. Quando entregou o presente para , Tom viu a escritora fraquejar pelo peso contido na sacola. O embrulho continha a coleção completa dos livros de Jane Austen em capa dura e desenhada a mão.
deixou seu presente ao lado de Dylan, no sofá de Lewis, da forma mais concentrada possível para não derrubá-lo. Animada, ela foi até a árvore de Natal pegando um dos poucos embrulhos que sobrava. Quando foi para descrever seu amigo secreto disse que ele precisava muito do seu presente, já que vivia atrasado e não havia aprendido sobre pontualidade com os amigos britânicos. Como Sebastian e viviam atrasados, a descrição não favoreceu muito para que os demais soubessem de quem a escritora estava falando. Mas o golpe final se deu quando falou que seu amigo também era o maior fã de dar conselhos que não seguia. Sem esperar muito, Tom e Lewis apontaram para Sebastian.
Animado em, finalmente, ser a sua vez de receber o presente, Sebastian levantou-se em um pulo do sofá e correu em direção a escritora, a abraçando tão feliz e empolgado, que a tirou do chão levemente. Entre risadas e algumas fotos, entregou-lhe uma pequena, mas um tanto pesada, caixinha. Sebastian a chacoalhou por um momento, tentando adivinhar o que teria dentro, mas logo pediu para ele parar, antes que destruísse o presente. Sem mais demora, o ator desembrulhou a caixa, a tempo de ver o relógio deslumbrante da Cartier que, sem querer, combinava com a pulseira que havia ganhado de Ben. Lewis achou que e Ben haviam combinado presentes e, tentando roubar o relógio de Sebastian, com o discurso que não foi válido, ele tumultuou o ambiente.
Por fim, sem muita surpresa, como era a única que ainda não havia recebido o presente ainda, Sebastian virou-se para e abriu os braços, sorridente. Fingindo surpresa em ser a amiga secreta dele, o abraçou risonha, carinhosamente, e caminhou com ele até a árvore de Natal. Sebastian tirou de baixo dela uma caixa grande, em um embrulho dourado, bastante chamativo. Como sabia da paixão da amiga pela arte da perfumaria e honrando todas as referências que faziam a ela pelos perfumes que usava, Sebastian comprou o Advent Calendar de Jo Malone. Com 24 portas, recheadas de mini perfumes, cosméticos e velas aromáticas da marca, a graça era abrir uma das caixinhas por dia e, por quase um mês inteiro, descobrir qual era o presente fragranciado do dia.
Como aqueles calendários eram comuns de serem dados no primeiro dia de dezembro, para que houvesse um presente até o dia de Natal, Seb pediu para que ela abrisse o dia 24, o último e o maior deles. Feliz com o presente, fez o que o amigo pediu e, além do pequeno frasco com um perfume floriental, sua marca olfativa, havia uma pulseira delicada com alguns pingentes pendurados - um SR, indicando Sugar Rush, um bolinho, uma mini tacinha de Martini, um girassol, um mini frasquinho de perfume e a letra B, que deveria ser de Ben e que Lewis jurava, zoando o amigo, que era de Barry. Simbólico e muito delicado, amou o presente.
Enquanto todos estavam animados conversando e mostrando seus presentes uns para os outros, deixou a sala levianamente. Ninguém, além de Lewis, que ficou curioso para saber para qual lugar da casa a escritora iria, notou que ela se retirou do espaço onde estavam os demais. O piloto sinalizou, calmamente, para Dylan como se questionasse o que sua namorada estava fazendo, recebendo apenas um aceno de cabeça em negação e um biquinho confuso. conversava com Sebastian sobre o perfume que havia ganhado, enquanto tirava fotos com Wolf e Tom. contava mais detalhes sobre a música que gravaria com o Ben, que prestava atenção, animado e ansioso em começarem logo.
Demorou pouco mais de dez minutos para que retornasse à sala e a conversa continuava alta no ambiente. Com certa insegurança e desequilíbrio, a escritora deixou a grande caixa vermelha que carregava, em seus braços, no centro do cômodo de Lewis, atraindo alguns olhares curiosos dos demais que, pouco a pouco, foram deixando de conversar para prestar atenção no que acontecia ao redor..
— Ei, galera, atenção! Tenho uma surpresa especial para vocês todos — deixou a grande caixa no chão, tapando o máximo que conseguia para evitar as espiadas de Dylan e Lewis.
— Outro cachorro? — Ben perguntou animado — Todos vamos ganhar cachorros?
— Ela ia guardar cachorros dentro de uma caixa, Benjamin? — Dylan bufou.
— Não fala assim com ele, Maluma — deu-lhe um tapinha na cabeça, passando pelo amigo.
— Me diz que não tem uma bomba nessa caixa — sorriu com receio.
— Ela não é doida de trazer uma bomba para minha casa — Lewis abraçou pelos ombros.
— Nós vimos do que ela é capaz na final do programa — brincou.
— Era apenas uma encenação, tá? — revirou os olhos, ansiosa — Acho que vocês vão gostar dessa vez. Mas, primeiro, preciso organizar a ordem… das… coisas — A escritora ajoelhou-se ao lado da caixa, pegando vários envelopes grossos envoltos em papel kraft — Podem continuar conversando, já já eu acho os certos.
— Você quer ajuda? — se ofereceu, curiosa. Chacoalhava o filhotinho de cachorro em seu colo se fosse um bebê.
— Infelizmente, é algo que eu preciso achar sozinha agora, amiga. Obrigada — sorriu sincera para ela, que deu de ombros.
— Dylan, você sabe o que tem ali dentro? — Sebastian virou-se para o amigo.
— Não tenho a mínima ideia — Ele prontamente negou, cruzando os braços — anda muito quieta nos últimos tempos.
— Ela não contou nada comigo sobre o “novo projeto” também — Ben se aproximou deles dois.
— e silêncio não combinam — riu levemente, pegando um copo de água — O que você está aprontando, ?
— Aposto que são processos contra cada um de nós — Lewis tentou dar uma nova olhadinha, mas se esforçava em esconder, organizando o mais rápido que podia dos envelopes.
— Ah não, , acabei de dar férias para os meus advogados — fez um biquinho.
— Eu sequer tenho advogados — Sebastian riu, sendo acompanhado pelos demais.
— ACHEI! — gritou tirando mais um envelope do fundo da caixa — Agora sim, posso contar a surpresa.
— Por favor, mulher, desembucha — Tom pediu ansioso, querendo acabar com o mistério de vez — O suspense você deixa para os livros.
— Eu escrevo romances, Tom — sorriu para ele, com obviedade — Mas já que você falou em livros, o meu presente tem haver com isso. Como Ben disse, e alguns de vocês sabem, estou trabalhando em um novo projeto desde que comecei as gravações do programa. E, nas últimas semanas, foi bem mais intenso conseguir escrever. Nós estávamos envolvidos em muitas surpresas românticas. Porém, como parte de toda a jornada é o fim, finalmente…
— Eu conheço essa fala — Seb comentou desconfiado.
— Se você não conhecesse, estaria sem emprego — Tom zoou.
— Os marvetes podem ficar quietos, e Lewis estão falando sério no mesmo dia, isso é quase um milagre — gritou.
— Os tempos estão mudando! Estou prevendo uma revolução vindo — Ben colocou as mãos nos bolsos.
— Vocês são idiotas — riu, negando com a cabeça — Mas acho que é isso que me faz amar vocês. Por isso, não vou enrolar mais, nem dar discursos motivacionais — a escritora, então, deu uma olhada rápida para Lewis — Espero que vocês gostem e leiam, porque demorou bastante para fazer e exigiu muito do meu lado profissional.
— Você vai dizer só isso? — perguntou incrédula.
— Não tem nenhum spoiler? — tentou.
— Infelizmente, hoje, meu lado fofoqueira está controlado — riu sem graça — Então, para tristeza de vocês, sem nenhum spoiler.
distribuiu um envelope para cada um dos presentes e pediu que eles se segurassem e não os abrissem, até que todos estivessem com o seu respectivo em mãos. Dentro de cada envelope havia um conteúdo diferente, por isso, estavam nomeados para cada um deles. O que segurava, contudo, parecia o maior de todos. O único que estava completo, o único que parecia cheio de detalhes, o que tinha uma história completa a ser contada. A escritora estava ansiosa, mas absurdamente feliz em ter conseguido dar aos seus amigos o presente que queria tanto dar-lhes a tempo do Natal.
Formando um meio círculo ao redor dela, de frente uns para os outros, pediu que eles abrissem e, finalmente, dessem uma olhada no que tinha dentro. Curiosos e muito empolgados, ela assistiu as expressões dos amigos e das amigas transformarem-se em surpresa, em emoção, em uma feliz incredulidade, em risadas tímidas, conforme cada um deles entendia o que estava acontecendo ali.
Epílogo
estava nervosa, como sempre se sentia em momentos como aquele. Um nervosismo de empolgação, de felicidade, um certo frio na barriga. Apesar de já ter passado por eventos daquele tipo dezenas de vezes em sua vida, sempre que sentia a expectativa do público e a pressão da mídia sobre si, parecia que ia explodir. Apesar disso, estava tentando se concentrar em como seria legal fazer aquele anúncio e como marcaria sua carreira, uma vez mais.
— Cinco minutos, senhorita — Dylan entrou no camarim dela, imitando a voz da assistente que estava apoiando ela desde que chegou ao evento.
— Foi Louise quem te mandou dizer isso? — Ela riu, observando o namorado aproximar-se.
— Tão previsível assim? — Dylan a abraçou pela cintura, de frente, recebendo um beijo rápido dela.
— Ela está entrando aqui a cada cinco minutos, fazendo contagem regressiva. Acho que vou explodir de ansiedade.
— Sabe que vai dar tudo certo, não sabe, meu bem? — Os olhos dele passavam a confiança que precisava.
— Estou com medo de odiarem a ideia — Ela fez um biquinho.
— Quem odiar a ideia não precisa comprar o livro, simples — Dylan deu um novo beijo nela — E até hoje não teve um livro seu que não foi um sucesso.
— Obrigada por isso — colocou suas mãos nos ombros dele, que sorriu de volta para ela — Obrigada por vir hoje também.
— Não perderia te ver brilhando por nada nesse mundo — Dylan falou baixinho, trocando um beijo mais longo com a namorada e, assim que se afastaram levemente, ele completou: — Agora que sou, oficialmente, um personagem dele, não podia ficar de fora também. Quando o mundo descobrir isso, você vai bombar de vender, minha cara.
— Se soubesse que você ficaria insuportável, eu não teria te incluído nessa — Ela revirou os olhos e logo se afastou dele, assim que ouviu a porta de seu camarim ser aberta mais uma vez:
— Dois minutos, senhorita — Louise falou do mesmo jeito que Dylan a havia imitado, tirando uma risada baixa do casal.
— Obrigada, Lou, já vamos ir — sorriu para ela e virou-se novamente para Dylan — Todo mundo já chegou?
— Estão prontos para entrar — Dylan concordou com a cabeça.
— Até e Seb? No horário marcado? Não acredito — zoou, tirando uma risada de Dylan.
— Seu presente de Natal parece ter funcionado para Sebastian — Ele refletiu alto — E , bom, ela namora não só um britânico, como o mais chato e pontual deles.
— Aí vamos nós, então.
deu uma última olhada no espelho de seu camarim, ajeitou o batom vinho que usava e puxou o único exemplar impresso de Taste the Feeling de cima da mesa central. Três meses e meio haviam se passado desde o Natal e muita coisa já parecia ter mudado. havia se mudado definitivamente para Londres e tinha decidido tirar umas férias longas com Tom, agora vivendo os tempos de paz que eles ainda não haviam tido desde que se conheceram. e Dylan estavam em press tour para divulgar Nenhuma Nova Linha, desde a virada do ano, cumprindo o calendário de viagens, entrevistas e eventos até o lançamento do filme. Como eles, Sebastian estava carregando uma venda hiper lotada, dividindo-se entre os eventos de divulgação de Pam & Tommy, a série, e o filme Fresh, que estava prestes a estrear.
Ben, por sua vez, desde fevereiro estava em Budapeste, dedicado à gravação da segunda temporada de Sombra e Ossos e por lá ficaria 4 ou 5 meses seguidos. cumpria sua agenda de preparação para as semanas de moda, mas passou a integrar a agenda de Sebastian junto com a sua e, assim, iam de desfiles a premiers juntos, sempre que podiam. Priorizar o que podiam fazer juntos tinha sido uma decisão muito acertada para eles e tinha reduzido, em muito, todos os falatórios e problemas que tinham antes.
Lewis já tinha voltado para sua vida de piloto e, tão logo virou o ano, já começou seu preparatório para a temporada de 2022. o acompanhava quando podia, mas com o lançamento de um novo disco previsto para o final do ano seguinte e com uma turnê mundial já agendada, estava cada vez mais difícil se encontrarem. Não estavam realmente acostumados a ter um relacionamento constante e alinhado um ao outro, se adaptar aquele cenário estava sendo um desafio para eles dois, mas estavam fazendo o que podiam.
, enfim, dedicava-se ao presente de Natal que tinha dado aos amigos. Foram longos meses entre as gravações e o trabalho de escrita. Desde que colocou os pés dentro do estúdio do Sugar Rush soube que dali sairia uma de suas melhores histórias. Mas o que não imaginava era que ela também seria uma de suas personagens. Com histórias contadas em shows, fofocas em quartos de hotel e operações amorosas mal sucedidas, tinha o enredo para o próximo livro e pode usar os próprios amigos, suas personalidades e suas vivências naqueles meses como inspiração para os novos personagens.
O livro era imprevisível e dramático. Mas foi equilibrado com uma pitada de doçura e muitas piadas ruins. nunca imaginou ganhar o Sugar Rush, porém, saiu com nove prêmios em sua vida. O tempo não foi o principal concorrente da competição. Pelo contrário, o principal concorrente foi ter que dizer adeus aos dias cotidianos com seus amigos em Londres. Para ela, assim como para a maioria deles, aquele tinha sido o Natal mais doce de todos.
— Nem lançou o livro direito e já virou estrelinha — Lewis cumprimentou a amiga com um abraço, assim que viu ela e Dylan se aproximarem de onde ele, , Ben, , e Tom estavam conversando.
— Cara, você não me deixa em paz nem no lançamento do meu livro — brincou de volta, rindo.
— Até deixaria, se ele não fosse baseado em mim — Lewis estufou o peito, observando a escritora cumprimentar os demais amigos, contente em vê-los, depois de algum tempo longe.
— Ei, ele não é baseado só em você — o corrigiu, gesticulando — Ele é baseado em nós.
— Exato, ele é baseado na gente — concordou com a amiga.
— Vocês esqueceram que estamos falando com o Sir Ego Hamilton? — Dylan dava com toque a mão nele, o abraçando lateralmente.
— Você já estava com saudades de mim, eu sei — Lewis mostrou a língua para ele.
— Não dá pra sentir saudades de você, Lew, — bufou — Você não para de tumultuar o grupo com mensagens.
— Eu sou a alegria desse grupo — Lewis riu, colocando uma mão no bolso de sua calça.
— Alguém me chamou? — Vindo com , que terminava de ajeitar sua roupa, Sebastian se juntou aos demais.
— A competição de egos é nervosa aqui — Tom abraçou o amigo.
— Já que estamos todos aqui, vamos lá, pessoal? — Louise pediu delicada, aproximando-se deles. Apesar de estar acostumada a trabalhar em eventos como aquele, que recebiam famosos, estar com dez deles em sua frente, prestando atenção nela, era assustador — Por gentileza, fiquem nas marcas de cada um de vocês, acompanhem pelos x no chão. vai ser chamada primeiro, vai falar sobre o livro e, conforme for apresentando brevemente os personagens, vai chamando vocês para entrarem no palco, ok?
— Ok — Quase todos eles responderem ao mesmo tempo, espalhando-se em uma linha, lado a lado, atrás do palco onde logo estariam. A sensação de animação e de ansiedade tomando conta deles, estavam animados.
— Vocês vão sentar nas poltronas no palco, na ordem que forem sendo chamados — Louise terminou de explicar, passando por eles com a escritora ao seu lado — e o intermediador estarão no centro.
— Acho que vou morrer — tentava controlar a respiração, mas estava nervosa.
— Respira fundo — gritou de seu lugar, sorrindo confiante para a amiga.
— Vai dar tudo certo — Ben a encorajou.
— Quantas pessoas vieram me prestigiar? — Lewis perguntou para a assistente que, envergonha e sem conseguir fazer contato visual com ele, abaixou os olhos para o tablet em suas mãos.
— Se liga, Hamilton — o repreendeu.
— O evento tem aproximadamente 70 mil pessoas, mas vendo o painel de vocês agora temos 23 mil — Lou analisou rapidamente os dados no tablet. parou de andar no exato momento.
— Infelizmente, vou desmaiar, agora. Lewis pode assumir no meu lugar.
— Por favor, não faça isso — implorou dramática.
— Você não precisa pedir duas vezes, você sabe — Lewis deu alguns passos como se fosse entrar no palco, mas logo o puxou pelo moletom que vestia.
— Pensando bem, mudei de ideia, foda-se — apertou levemente a mão de Dylan — Vamos fazer isso. Todos nós. De uma vez. — ela falava picado, olhando cada um dos amigos, até se virar para Louise, que concordou brevemente — Já chegamos até aqui, vamos de uma vez, sem ordem, sem nada, como gostamos das coisas.
— Juntos? — Dylan entendeu a mão para , ao tempo que Louise se afastava de perto deles e fazia sinal de 3, 2, 1 com a mão, até a tela que os separava do palco começar a se abrir e os gritos eufóricos das pessoas que os esperavam tomar todo o ambiente. sorriu animada para os amigos e, dando a mão para Dylan, respondeu sorridente:
— Juntos!
Fim!
Nota de autora Ju: Chegamos no final de um Natal como nenhum outro, depois de muita competição, doces e romances. TTF termina aqui e vai deixar uma saudade danada!
Escrever essa história, para mim, foi um presente. Primeiro, porque reúne tanta gente que eu amo em um lugar só, em cenários malucos e muito divertidos. Depois, porque tive a oportunidade de desenvolver um pouco mais de minha escrita, entrando nas profundezas dos sentimentos de personagens que são intensos e muito diferentes de mim. Aqui, aprendi muito, ri muito, me apaixonei muito e saio uma pessoa infinitamente mais feliz do que quando comecei a escrever essa história.
Por fim, isso tudo foi um presente porque tive a parceira de uma vida ao meu lado. TTF nasceu de uma ideia louca e só aconteceu porque tinha outra louca que topou escrever comigo. , você sabe, e sempre vou reforçar, que você é um brilho nos meus dias, um presentinho que a vida me deu e eu devo a você muito das alegrias desses últimos dois anos. Obrigada por tudo! Eu te amo!
Para quem chegou até o ponto final: muito obrigada por ter nos dado uma chance e por ter vivido TTF com a gente. Espero que essa história tenha sido doce, emocionante, divertida e muito leve, que tenha feito dos seus dias um pouquinho mais felizes como fez dos nossos.
Feliz Natal e até a próxima!
Beijos, Ju S. x
Nota de autora Mi: Tony Stark diz uma frase que me marca muito: Parte da jornada é o fim. E, com TTF não iria ser diferente. Posso definir essa história como um bolo com várias camadas saborosas que unidas ficam uma delícia e eu amei cada pedacinho.
A escrita dessa história me mudou completamente. Não sou a mesma desde que comecei e agradeço demais aos meus amores que foram inspiração para essa bagunça toda. Me declararia para vocês diariamente. A saudade vai ficar no peito, mas quem sabe a gente volte? Sem promessas, mas o futuro é incerto.
Quero começar a agradecendo a pessoa que mais me incentivou na escrita e na vida nesses dois últimos anos, é amor. Obrigada por estar sempre presente e me fazer amar cada loucura que inventamos entre um açaí ou banho. Obrigada por acolher minhas piadas sem graça e tornar delas detalhes importantes para TTF. Obrigada por ser exatamente quem você é. Eu te amo muito.
Depois agradeço a todo mundo que acompanhou até aqui, nós esperamos que tenha sido especial para vocês como foi para nós. Obrigada, obrigada!
Feliz Natal e não esqueçam de comer um docinho para lembrar da gente.
Mi 😊
Nota de scripter: Taste The Feeling foi mais que sentir o momento. Milene, Gabriela e Júlia se tornaram meu Porto Seguro. Parece uma loucura, ao passo que a gente se aproximou de uma forma tão repentina. Em meio a uma pandemia, reunimos nossa esperança, criatividade e deu um match inimaginável. Jamais imaginaria o quanto me tornaria próxima de vocês e o quanto sou apegada nessa história. Ninguém nesse mundo teria mais propriedade para me descrever do que vocês. Que escrita magnífica, que conexão incrível. Eu poderia escrever mil palavras aqui, e nenhuma delas transmitiria verdadeiramente tudo que senti lendo essa obra. Mesmo com as cenas de discussão, que me dão gastura, vocês captaram bem nossas essenciais. Obrigada por serem tão doces, observadoras, acolhedoras e parceiras. Amo vocês além do multiverso. Onde existe eu, tem vocês comigo. Parabéns por finalizarem essa obra grandiosa.
Ju S.: Universo Marvel
➺ Care Bears
➺ Project Neriine
➺ Vingt-Cinq
Gabe Dickmann & Ju S.: Fórmula Um
➺ Headlights
Ju S. & Milene L.: Universo Taste The Feeling
➺ 11:11 (Ben Barnes)
Milene L.: Universo Marvel The Amazing Spider-Man
➺ Flashes
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Escrever essa história, para mim, foi um presente. Primeiro, porque reúne tanta gente que eu amo em um lugar só, em cenários malucos e muito divertidos. Depois, porque tive a oportunidade de desenvolver um pouco mais de minha escrita, entrando nas profundezas dos sentimentos de personagens que são intensos e muito diferentes de mim. Aqui, aprendi muito, ri muito, me apaixonei muito e saio uma pessoa infinitamente mais feliz do que quando comecei a escrever essa história.
Por fim, isso tudo foi um presente porque tive a parceira de uma vida ao meu lado. TTF nasceu de uma ideia louca e só aconteceu porque tinha outra louca que topou escrever comigo. , você sabe, e sempre vou reforçar, que você é um brilho nos meus dias, um presentinho que a vida me deu e eu devo a você muito das alegrias desses últimos dois anos. Obrigada por tudo! Eu te amo!
Para quem chegou até o ponto final: muito obrigada por ter nos dado uma chance e por ter vivido TTF com a gente. Espero que essa história tenha sido doce, emocionante, divertida e muito leve, que tenha feito dos seus dias um pouquinho mais felizes como fez dos nossos.
Feliz Natal e até a próxima!
Beijos, Ju S. x
Nota de autora Mi: Tony Stark diz uma frase que me marca muito: Parte da jornada é o fim. E, com TTF não iria ser diferente. Posso definir essa história como um bolo com várias camadas saborosas que unidas ficam uma delícia e eu amei cada pedacinho.
A escrita dessa história me mudou completamente. Não sou a mesma desde que comecei e agradeço demais aos meus amores que foram inspiração para essa bagunça toda. Me declararia para vocês diariamente. A saudade vai ficar no peito, mas quem sabe a gente volte? Sem promessas, mas o futuro é incerto.
Quero começar a agradecendo a pessoa que mais me incentivou na escrita e na vida nesses dois últimos anos, é amor. Obrigada por estar sempre presente e me fazer amar cada loucura que inventamos entre um açaí ou banho. Obrigada por acolher minhas piadas sem graça e tornar delas detalhes importantes para TTF. Obrigada por ser exatamente quem você é. Eu te amo muito.
Depois agradeço a todo mundo que acompanhou até aqui, nós esperamos que tenha sido especial para vocês como foi para nós. Obrigada, obrigada!
Feliz Natal e não esqueçam de comer um docinho para lembrar da gente.
Mi 😊
Nota de scripter: Taste The Feeling foi mais que sentir o momento. Milene, Gabriela e Júlia se tornaram meu Porto Seguro. Parece uma loucura, ao passo que a gente se aproximou de uma forma tão repentina. Em meio a uma pandemia, reunimos nossa esperança, criatividade e deu um match inimaginável. Jamais imaginaria o quanto me tornaria próxima de vocês e o quanto sou apegada nessa história. Ninguém nesse mundo teria mais propriedade para me descrever do que vocês. Que escrita magnífica, que conexão incrível. Eu poderia escrever mil palavras aqui, e nenhuma delas transmitiria verdadeiramente tudo que senti lendo essa obra. Mesmo com as cenas de discussão, que me dão gastura, vocês captaram bem nossas essenciais. Obrigada por serem tão doces, observadoras, acolhedoras e parceiras. Amo vocês além do multiverso. Onde existe eu, tem vocês comigo. Parabéns por finalizarem essa obra grandiosa.
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