How Would I Tell Her...?

Finalizada em: 05/12/2017
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Capítulo Único

Como eu diria a ela que é tudo em que penso?
Como eu diria a ela que é linda?
Como eu diria a ela que é a garota mais incrível que conheço?
Como?
Como eu faria isso sendo a pessoa que ela mais detesta?
Estão aí perguntas que não saberei a resposta tão cedo. Ou será que sim? Depois de conversar com meus amigos e eles me zoarem eternamente, concordaram em me ajudar.
Ajudar? Mas ajudar com o quê?
Com minha declaração. Eu faria a primeira – e esperava que última também – declaração. Escolhi a pessoa certa para isso, visto que eu não faria para mais ninguém se não fosse ela.
Tudo bem, tudo bem. Sei que sou fofo. Mas ela não sabe desse meu lado, espero que aceite e acredite que eu posso ser verdadeiramente sincero sobre meus sentimentos.
- , então será amanhã, certo? – questionou, enquanto eu assentia freneticamente.
Repassamos o plano inteiro novamente. Estava contando com as amigas dela, tomara que colaborem e não contem nada a ela.
- Nervoso? – Liam inquiriu, dando tapas em meu ombro.
- Claro que não – tentei soar firme, mas essa tentativa só causou gargalhadas dos meus amigos e frustração de minha parte. – Tudo bem, eu estou em pânico.
- Relaxa, vai dar tudo certo, vai ver – Liam sorriu, gentil.
Queria poder acreditar tanto assim.
Apenas assenti para meu amigo, enquanto levantava.
- Bem, vamos comer?
- Opa! Estava só esperando a deixa – levantou, passando a mão na barriga.
- Calma, , você vai comer só amanhã. A Cassie provavelmente está dormindo agora – fez graça, fazendo-me olhar para com um sorrisinho maldoso.
- Sem comida pra você, desculpa – Liam riu.
revirou os olhos para todos nós e mandou um carinhoso dedo do meio.
- Vamos logo, antes que eu desista – foi o que disse.
- Ué, se quiser desistir a vontade, a porta da rua é serventia da casa – falou, distraidamente.
olhou indignado para ele. Eu só estava me divertindo com a situação, como em um jongo de ping pong, cada hora olhava para um. Liam estava como eu. Prendi um riso quando o garoto começou a pisar duro nas escadas. Belos amigos.
- Mas, então, ... – Liam disse alto o suficiente para os amigos da frente começarem a prestar atenção. – Como vai fazer amanhã na escola? Agir normal? Como se nada fosse acontecer? Se afastar da menina e das amigas o dia inteiro? Fingir que ela não existe?
Está aí uma boa pergunta. Não sei. Como eu deveria agir? Talvez ela agradecesse se eu a deixasse em paz, poderia falar com outros caras... Definitivamente não tiraria os olhos dela. Talvez ela percebesse que não enchi a paciência dela e ficasse curiosa para saber o porquê, o que, definitivamente, não sei se era bom ou ruim: bom, pois seria um sinal de que faço falta; ruim, pois poderia ir a fundo e descobrir tudo. Podia ser bom ou ruim também caso eu continuasse o mesmo babaca de sempre, isso me atrapalharia.
Suspirei. Não sabia o que fazer.
- Não sei – respondi, simples.
- Talvez seja melhor agir normal, sem nervosismo, fala com ela quando necessário, enche o saco uma ou duas vezes só e pronto. Nada de assuntos sobre as populares, nada de comentários estúpidos, nada de idiotice. Só... aja naturalmente, como alguém que goste da companhia dela. Seja amigável às vezes, ela vai querer descobrir o porquê da mudança, porém terá coisas melhores pra resolver, tipo, o trabalho que as amigas dela vão dar pra ela. me disse que não a deixaria respirar pra pensar em nada o dia todo. Então... Relaxa – contou, fazendo-me ficar atônito.
- Como você sabe que a vai fazer isso? – Liam inquiriu, sorrindo de canto para o amigo.
Ops. E o foco vai outra vez para nosso querido . Soltei uma risada, sentando-me a mesa do .
O dia prometerá, preciso estar bem alimentado.

Minhas mãos suavam frio, enquanto caminhava em direção ao portão de entrada. Em pouco tempo eu veria ela pela escola. me encararia, fechando a cara. Eu sorriria debochado enquanto por dentro estaria com o estomago revirando. Perturbá-la era meu passatempo favorito e pode soar meio clichê – vai soar muito clichê -, porém gosto da cara que ela faz quando dou uma resposta atravessada. Irritada. É normal fazer a pessoa que você é apaixonada ficar irritada em vez de alegre? Quem disse que nosso relacionamento é normal...
Arrumei a mochila nos ombros ao mesmo tempo em que pisava no gramado do grande pátio. Discretamente procurei a garota com os olhos, encontrando-a com as amigas embaixo da árvore. Laura encarou-me com os olhos semicerrados, sorrindo de canto. Fui até elas.
Enquanto caminhava sentia minhas pernas virarem gelatina. provavelmente ficou curiosa para saber o que tanto as amigas encaravam, pois se virou, deparando-se comigo. O sorriso que ela carregava foi diminuindo de forma considerável, uma fisgada no peito foi sentida. Engoli em seco, cogitando rapidamente a hipótese de desistir de tudo. Todavia tudo sumiu tão rápido quanto surgiu.
- Oi, meninas – dei um aceno com a mão para quase todas elas. – Oi, linda – falei, sorrindo presunçosamente para minha futura garota.
apenas me encarou, decidindo-se por responder.
- Oi – simples e seca.
- Qual é, amor, problemas no paraíso tão cedo? – arqueei a sobrancelha.
- ...
Já disse que amava meu sobrenome saindo de sua boca? Seria muito clichê?
Não me movi um segundo, agachando-me para ficar do seu tamanho. Segurei seu cabelo em questões de segundos e minha boca foi automaticamente para seu ouvido.
- Eu nunca vou te deixar em paz, se é isso que vai pedir. Sinto muito, linda, é importante demais pra mim pra que eu faça uma coisa dessas – soltei, baixinho em seu ouvido.
Vi a pele da mulher se arrepiar com minhas palavras e voz. Sorri internamente, satisfeito comigo. Depositei um beijo leve no vão de seu pescoço, levantando-me ao mesmo tempo em que piscava para suas amigas, que encaravam a cena sorrindo bestamente. Pelo menos o apoio delas eu tenho, o que é grande coisa.
Sai de perto dela, observando meus amigos que achavam que estavam olhando a cena discretamente. Ri da idiotice.
- E aí? – Liam questionou, passando os braços pelo meu ombro.
- Acho que agora ela fica curiosa – foi o que eu disse.
Não tive a intenção de confessar que era importante para mim, mas, assim que saiu de minha boca, percebi que podia ser uma oportunidade para que pensasse sobre isso e ficasse com uma pulga atrás da orelha. Queria que ela soubesse de antemão, pelo menos, um pouquinho do que sinto por ela. Agora, o que me resta durante o dia é esperar, pois colocaríamos o plano em prática às seis da tarde.
Ouvi o sino da escola soar, fazendo com que todos os alunos arrumassem suas coisas apressadamente e de qualquer jeito, o que contradizia comigo, que arrumava tudo muito lentamente, querendo que o momento durasse para sempre.
Estava nervoso.
Não era para menos. Eu estava prestes de fazer a maior loucura da minha vida – não que eu tivesse feito algo na vida, até porque era um adolescente preguiçoso.
Eram atualmente meio dia, faltando apenas seis horas para o grande momento. Deus me ajude!
- ! – alguém me chamou.
Levantei os olhos para a pessoa em questão, notando ali parado.
- Hm?
- Anda! Agiliza, temos muita coisa pra fazer ainda – foi o que disse, saindo pela porta.
Engoli em seco, repassando o plano na minha mente em questão de segundos. Um frio se apossou de mim, fazendo-me ficar arrepiado.
Esperava que tudo ocorresse bem.
Esperava que ela não me rejeitasse.
Novamente, o arrepio de pavor se apoderou de mim e logo tratei de dispersar esse sentimento.


POR ELA

- Vamos, ! – falava apressada, revirando os olhos a cada um segundo.
- Calma, é só um trabalho. Alice não vai nos matar por chegarmos atrasadas um pouquinho – falei de forma calma. – Aliás, hoje você está impossível! O que aconteceu pra essa agitação toda estar aí?
Ela abaixou a cabeça. Chutei que estava pensando.
- Ah...
- Você sabe que pode me contar tudo, não sabe? – proferi, sabendo que ela tinha consciência disso.
- Claro! Mas, não é nada, sério! – abanou as mãos no ar, como se dissesse um “deixa pra lá” – Agora, anda! – apressou novamente.
Revirei os olhos. Parando de passar o rímel.
- Tá bom, tá bom. Já acabei – levantei os braços em forma de rendição.
- Ah, o que foi aquele momento do hoje mais cedo? – questionou, enquanto pegava sua bolsa em cima da minha cama.
Senti minhas bochechas esquentarem na hora que processei a informação. Não sabia o que havia sido, porém havia gostado. Admito. Ele é um babaca, filho de uma boa mãe – porque a senhora era realmente ótima –, mas eu gostei do que ele disse.

“Eu nunca vou te deixar em paz [...]”
“[...] é importante demais pra mim pra que eu faça uma coisa dessas.”


Eu e tínhamos um relacionamento parecido com o do Tom e Jerry: querem se matar a todo momento, porém quando precisam se ajudar, ajudam; quando precisam um do outro, não pensam duas vezes na hora. A única diferença era que Tom não pegava Jerry, já pegava .
Opa! Como assim?
Bem, não era sempre. Só, às vezes, quando estávamos com muita raiva um do outro. Não sei o que acontecia nesses momentos, não sei o que se passava pelas nossas cabeças, mas quando percebíamos já estávamos grudados um no outro, como um imã que atrai polos opostos.
Eu o achava muito importante também.
Não me surpreendi quando em um dia monótono, estava pensando no garoto. Nem me preocupei em pensar sobre isso, pois já sabia a resposta.
- Já vi que teve o efeito ... – depois de um tempo, ouvi a voz da minha amiga, tirando-me de meus devaneios.
- É o quê? – encarei-a, indignada.
Ela abriu a porta principal, enquanto eu gritava um tchau a meus pais.
- Efeito em – repetiu, rindo.
- Eu não sei o que foi aquilo, sinceramente – foi o que respondi.
Ela me encarou com a sobrancelha arqueada.
- O que foi? Eu realmente não faço ideia. Se ele ficou louco, deveria ir a um manicômio se tratar.
caiu na gargalhada.
- Você bem que gostou – cutucou-me com o cotovelo.
A escola não era longe de casa, então fomos andando.
- Gostei – balancei a cabeça afirmativamente.
Ela me encarou surpresa, fazendo-me rir alto.
- Você admitiu? Oh, meu Deus!
A cena que se passou a seguir foi bem engraçada e vergonhosa: minha amiga começou a saltitar na rua, como uma boba apaixonada, bater palminhas e me abraçar ao mesmo tempo.
- Para com isso! – gargalhei com o exagero.
- Você gosta do ! – soltou, e eu sorri tímida com isso.
Eu sabia disso, porém nunca disse para mim mesma... até agora.
- Gosto – falei de novo a palavrinha mágica, fazendo minha amiga parar com o surto e me encarar atônita e novamente com o rosto estampado em surpresa. – Pelo amor de Deus, para com essa cara sempre que falo algo.
- Mas... Mas... – abria e fechava a boca, todavia nada saía. – Mas você o odeia!
- Odeio! – falei, convicta e séria. Abri o mesmo sorriso tímido de antes depois de dois segundos em que vi a expressão de mudar várias vezes. – Ele é um irresponsável, maluco, idiota, babaca, trouxa, só quero pegar o pescoço dele e esmagar, porém eu gosto dele – dei de ombros, o rosto pegando fogo.
Abaixei a cara e voltei a andar. Nem percebi que havíamos parado. nada fez, apenas voltou para o meu lado em silêncio. Olhei-a de rabo de olhos e vi em sua expressão algo como felicidade. Ela sorria tanto que pensei que a cara dela nunca mais fosse voltar ao normal. Franzi o cenho, confusa. Não questionei nada, apenas seguimos até a escola daquela forma.
Minutos caminhando, chegamos na entrada. A biblioteca estava liberada para nós, no entato começou a andar para o lado oposto do corredor onde ficava a biblioteca. Estranhei.
- ? Onde você vai? – gritei por ela.
Ela não olhou para trás, apenas seguiu em frente como se eu nunca tivesse gritado nada. Intrigada, somente corri até ela e andei ao seu lado, tentando entender o que a menina estava fazendo.
Chegamos na parte de trás da escola.
- ... – tentei de novo, dessa vez mais baixo.
Muda, de novo. Estava pronta para começar a questionar se tinha feito algo, quando ela parou de frente a porta dos fundos da escola. Aquela porta dava para debaixo da escada que subia para o segundo andar do colégio. Debaixo da escada do lado esquerdo havia uma abertura que você saía e dava para o corredor principal.
Não entendi absolutamente nada quando abriu a porta e me empurrou para lá sem dizer uma palavra. Ela fechou a mesma, deixando-me sozinha. Arregalei os olhos, assustada com seu ato.
- ? O que está acontecendo? – inquiri, desnorteada. – Cadê você? Por que não entrou? Por que me empurrou? Por que entramos por aqui? Por que está com uma luz bizarramente vermelha pelo corredor e embaixo da escada? A biblioteca mudou de lugar por acaso? Por que não está me respondendo? – soltei tudo de uma vez, esperando pela resposta de todas as perguntas.
Não veio. Nada.
Engoli em seco, começando a ficar assustada.
- Eu não vou sair desse lugar até você falar – falei, cruzando os braços e batendo os pés no chão impaciente.
Nenhuma resposta. Tudo bem. Não é como se eu fosse morrer esperando. Dei de ombros, sozinha. Sentando-me no chão, encarando a porta.
Uma qualidade – ou seria defeito? – que eu tinha e que no momento estava apreciando era a teimosia.
Fiquei sentada por uns bons três minutos? Não sei, para mim pareceu a eternidade, pois meu celular ficou com . Aquela idiota, nem para me devolver o celular antes de me prender aqui sem respostas... Ok, não era como se eu estivesse presa, afinal podia andar pelo corredor da escola e me ver livre daqui para encontrar minha amiga. Porém eu era idiota demais também... e teimosa.
Comecei a ficar impaciente e irritada.
Que saco! Era um tipo de jogo? Que pena se fosse, eu não estava afim de jogar. Ou, na verdade, eu não tinha escolha.
Suspirei, ninguém apareceria, eu sabia. Eu, no fundo, tinha total certeza de que teria que me virar sozinha e, bem, eu queria matar minha amiga no momento. Acho que não precisava de incentivo melhor para sair do meu lugar de conforto.
Decidi me colocar de pé e olhar para o corredor, que estava iluminado de vermelho. Hesitei antes de colocar o pé para o lado de fora. Vai que meus amigos eram na verdade assassinos cruéis e eu era a cobaia da vez?
Porém não senti medo quando pisei no chão e olhei para a imensidão a minha frente, foi muito o contrário de medo: eu fiquei paralisada, chocada, descrente, confusa, atônita... Muitos sentimentos para uma pessoa só. Fato.
Engoli em seco, abaixando-me para pegar uma das mais de vinte mil pétalas que estava no chão.
Que palhaçada era essa?


POR ELE

Não tive palavras para descrever a sensação que tive quando olhei para a expressão dela. Todo o tempo esperando a boa vontade dela em levantar e sair debaixo da escada foi recompensado com a cara que ela fez.
Sorri satisfeito comigo e nervoso. Meu coração batia freneticamente no peito, estava sentindo um calor fora do comum, que me fazia suar que nem um porco, o estômago dava cambalhotas, não se aguentando de ansiedade. Eu só queria acabar com isso logo e dar um beijo naquela mulher.
- Está chegando a hora, – Laura sorriu para mim, encorajando-me.
Assenti, apenas observando a garota pegar uma das pétalas. Amaciou-a, cheirou-a e, por fim, colocou-a no chão.
Era encantador a forma como fazia aquilo. Encontrava-me hipnotizado agora.
Vi, escondido, a menina levantar novamente e começar a caminhar, procurando por algo ou alguém. Na verdade, conseguia ver me seu rosto que ela estava meio desnorteada, sem saber para onde ir ou quem encontrar. Olhava maravilhada para as pétalas cores avermelhadas e rosadas. Tentava desvendar o mistério por trás das mesmas, sem obter sucesso.
Ela estava linda também, e aquela luz vermelha combinou com o tom de sua pele ou com a cor de seus olhos.
abriu cada uma das portas do corredor, ficando frustrada a cada uma a qual abria.
Não haviam nada nelas.
Sorri por fazê-la ficar confusa.
A menina andava até parar subitamente encarando o solo. Agachou-se, pegando um pedaço de papel branco amassado. Sorri novamente, dessa vez em expectativa.
Qual seria a reação dela ao ler o que estava escrito?
Descobriria agora:
1 – Franziu o cenho;
2 – Descrença;
3 – Frustração;
4 – Sorriso tímido;
5 – paralisia.
Daria tudo para saber o que ela estaria pensando agora.
Seguiu em direção a um dos armários, destrancando o mesmo com uma rapidez questionadora. Viu cair de lá outro papel, dessa vez rosa.
- Uma seta? – indagou, alto o suficiente para que todos os presentes ouvissem. Seu tom era indignado. – Como assim uma seta? O que essa porcaria vai me ajudar afinal? – olhou para os lados enquanto falava, na esperança que alguém a respondesse.
Veja o armário inteiro. Procure, , sei que é capaz.
Ao contrário do que pensei, ela fechou o mesmo fortemente. Suspirei, prendendo o riso.
- Alguém pode sair e me dizer que merda está acontecendo nesse lugar? – impaciente era o estado dela. – Eu não vou falar de novo!
Começou a caminhar rapidamente até a saída principal, constatando que estava trancada.
- O quê? – quase gritou. – É um psicopata que está aí?
Quase engasguei com a saliva, segurando uma gargalhada.
- Ela é burra ou o quê? – falou ao meu lado, sussurrando o mais baixo que conseguiu. – Se fossemos assassinos psicopatas não responderíamos um “claro que sim”, muito menos distribuiríamos pétalas delicadas de flores pelo chão. Talvez teriam facas ou sei lá o quê – terminou, divertido.
Sinalizei para ir até lá, enquanto ela olhava não sei o quê, e abrir o armário, como em um pedido mudo para que ela voltasse e procurasse. Meu amigo fez o que pedi, chegando e fazendo barulho ao abrir o armário. Correu até nós o mais rápido que conseguiu.
- Mas o que é isso? – quase gritou novamente. – Fantasmas?
Permiti-me sorrir, ouvindo as gargalhadas sendo presas. Olhei feio para e Laura ao meu lado.
Reparei que se rendeu e olhou procurando por mais alguma coisa. Assim que achou outro papel, bateu a mão na testa, como se estivesse se repreendendo por não ter pensado em checar tudo antes.
Meu coração acelerou mais do que já estava acelerado. Estava a ponto de enfartar. A mensagem que estava ali era algo revelador e assim que entendesse, sua expressão poderia significar muita coisa.
Ela leu e releu a mensagem, olhando para a seta, confusa. Pensou, olhou para os lados. Suspirou, coçou a cabeça... Até que sorriu. Porém o sorriso foi tímido, seguido de um arregalar de olhos.
- Ela ficou envergonhada! – Laura exclamou ao meu lado, baixinho.
Olhei para a menina e sorri, assentindo.
- Não sei o que escreveu, mas agora fiquei mais curiosa que nunca devido a reação satisfatória que deu.
Revirei os olhos, sorrindo tímido também. Observei a menina sair correndo para algum outro lugar, dessa vez fora da escola. Coloquei-me de pé, pronto para correr até lá. Eu precisava terminar de ver isso.
- Vamos! – foi o que eu disse, já correndo pelo segundo andar até a janela que dava ao lago.
Os dois me seguiram apressados. Apoiei minhas mãos na janela, olhando com dificuldade entre os galhos e folhas da árvore a menina.
se abaixou, puxando da água com uma pá uma garrafinha com um papel dentro. Apressou-se em abrir a garrafinha e bater nela para que o papel caísse. Assim que o mesmo caiu, abriu, lendo o conteúdo. Soltou uma gargalhada, surpreendendo-me depois.
- , ... O que você está aprontando? – disse, baixinho, sorrindo de um jeito lindo.
Soltei uma risadinha.
- Você colocou seu nome? – inquiriu, assustado.
Neguei com a cabeça, sorrindo para meus amigos.
- Então como ela sabe que é você?
Dei de ombros, ainda sorrindo misteriosamente.
- Coisa nossa. Agora... Minha hora está chegando, será que poderiam me ajudar? Eu quase não estou parando em pé – falei, fazendo Laura soltar uma gargalhada e assentir.
Fui em direção ao ginásio, sentindo todo aquele frio voltar dez vezes pior, assim como todas as outras situações. Era minha hora de entrar em cena.


POR ELA

Eu tremia como uma idiota, lendo e relendo todos os papéis enquanto andava – ou seria quase corria? – em direção ao ginásio de basquete.
Eu queria matar por fazer isso comigo. Mas eu queria matá-lo de beijos e abraços também. Seria isso normal? Bom, esperava que sim.

“Uma vez me perguntei: como diria a ela que é tudo em que penso? Bem, acho que acabei de descobrir.
Vá até o armário 56 (toda lembrança que se encontrar no local é mera coincidência)”


Era o que dizia o primeiro papel. Confesso que não entendi o que a última frase queria dizer, então simplesmente fui em direção ao armário, encontrando lá uma das minhas respostas.

“Uma vez fui a um lago, porém não era um lago comum, era O lago. Não tem nada de especial para alguns, mas para outros tem TUDO. Agora, me diga, ou melhor, pense: quantos lagos você conhece? Qual é o seu preferido?
Siga a seta que é sua lembrança. Confio em você.”


Eu conheço milhões de lagos e para mim, até aquele momento, eram meros lagos. Até eu me lembrar de um em especial. O lago em que eu corria para chorar; o lago em que beijei pela primeira vez; o lago em que o mesmo me consolou milhões de vezes; o lago em que fugi de madrugada duas vezes apenas para ver o menino idiota. O nosso lago. O nosso lago verde.
Muitas dúvidas correram pela minha mente naquele meio tempo, porém só as sanei com o terceiro papel.

“Posso ser um babaca, idiota, implicante... Mas o que eu posso fazer? Não é aquilo que dizem? Quem implica é porque gosta?
Ps: espero que não tenha sido o único que lembrou o que aconteceu nesse lago verde. Imagina que frustrante seria.
Ps 2: Siga a seta para o coração do colégio.”


E era o que eu fazia agora. Não mais andava, já corria como uma desesperada para o ginásio. O lugar de fazer educação física era o coração da escola por ser um dos maiores locais e pelo próprio time de basquete tê-lo denominado assim.
Para falar a verdade, eu não fazia ideia do que estava sentindo no momento. Meu coração acelerado. Minhas pernas tremendo assim como o resto do corpo. Eu só queria encontrá-lo logo.
“Quem implica é porque gosta”
Sorri, lendo novamente aquela frase. O que estava sendo dito indiretamente – ou nem tanto assim – na frase me causava um certo frio na barriga, mais conhecido como borboletas no estômago. Eu sorria para o vento. Descobrir esse lado do me fazia ficar mais agitada e ansiosa que o normal.
E esse ginásio que nunca chega?
Suspirei quase aliviada ao ver a grande porta de entrada. Acelerei mais até chegar, empurrando com tudo as portas da frente. Olhei em volta do local a procura de algo. Um papel, um objeto... Qualquer coisa.
Não havia nada.
Franzi o cenho, confusa. Andei mais para frente, observando melhor os assentos. Vai ver ele tinha colocado entre os mesmos. Comecei a andar entre cada um dos dois lados da quadra, não encontrando nada. Caminhei mais um pouco até o centro do lugar, sentindo, uma hora, minha perna direita coçar. Olhei para o chão, a fim de me abaixar e coçar, finalmente encontrando.
Uma rosa.
Uma rosa vermelha.
Uma única rosa vermelha no centro do ginásio.
Agachei-me, pegando a mesma. Observei o chão tentando achar algo escrito, quando o ouvi.


POR ELE

Essa música é do Justin Bieber, chamada Catching Feelings.

Eu só sabia olhá-la. Ela fitava com um sorriso de canto a flor, enquanto eu caminhava a passos silenciosos para perto da mesma. Meu coração estava estranhamente aquecido, minhas pernas tremiam e eu só queria largar tudo e beijá-la. Minhas mãos escorregavam por entre o violão que eu carregava.
Seria melhor que eu começasse de uma vez, antes que eu desistisse por falta de coragem e por correr até a menina e tomá-la nos braços.

In my head we're already together
I'm good alone, but with you I'm better
I just wanna see you smile
You say the word and I'll be right there
I ain't never going nowhere

Foi como eu comecei. Optei por não cantar a música inteira, pois seria muito grande e eu queria mais é largar tudo. Ela me encarou um tanto atônita quando cantei o primeiro verso; no segundo, abriu um sorrisinho de canto, divertido. Eu a encarava no fundo dos olhos. Queria que sentisse o quanto era importante para mim.

I'm just trying to see where this can take us
Cause everything about you girl is so contagious
I think I finally got it down
And all that's left to do now, it's get at the mirror,
And say it to her, yeah

Meus olhos nunca saíam de seu rosto. Agora, ela lançava um sorriso muito incrível a mim e eu só sabia sentir meu peito se aquecer.

Should I tell her how I really feel?
Should I moving closer just be still?
How would I know?
Cause if I take a chance, and I touch her hand
Will everything change?
How do I know, if she feels the same?

Eu cantava com a sobrancelha arqueada, como se realmente estivesse fazendo aqueles questionamentos a ela. Queria que ela sentisse o quão inseguro eu estava por fazer essa declaração sem nem ao menos saber se ela sentia o mesmo. Todavia, uma pontinha de esperança estava se instalando em mim ao perceber que o sorriso que ela sustentava havia aumentado em vez de diminuir. Continuei a música em um ritmo calmo, cantando a última estrofe.

Could it be a possibility
I'm trying to say what's up
Cause I'm made for you, and you for me
Baby now is time for us
Trying to keep it all together
But enough is enough
They say we're too young for love
But I'm catching feelings, catching feelings

Finalizei, olhando para baixo em seguida. Tirei o violão, colocando-o no chão mesmo, e fiquei em silêncio, tentando absorver todos os sentimentos que esse momento me deu. Meu estômago revirava, indicando sinal claro de nervosismo e ansiedade. Queria saber qual seria a reação da garota, no entanto o medo me consumia. E se eu fosse rejeitado? A dor da rejeição obviamente me consumiria, sem contar a humilhação que eu teria que lidar.
Respirei fundo, tentando afastar esses pensamentos ruins de perto de mim. Eu só precisava levantar a cabeça, somente isso. Suspirei e, assim que o fiz, percebi um cheiro diferente. Estava próximo a mim.
Arregalei os olhos minimamente ao reconhecer o perfume doce que usava. Dois pés se postaram diante de mim. Engoli em seco.
- ... – ouvi a voz da menina, suave.
Bom, deveria ser um bom sinal, certo?
Levantei lentamente a cabeça para encará-la. Assim o que fiz, foi como se meu coração parasse de bater. Ela sorria timidamente para mim, segurando a rosa em frente a seu corpo com as duas mãos, como se fosse um objeto muito importante para ela. Os cabelos, agora, presos em um coque. A dificuldade de respirar por tê-la tão perto se fez presente.
- Eu... – ela começaria a falar, todavia o que eu menos queria no momento era conversar.
Sei que deveria ouvi-la, sei que se fosse rejeitado seria muito horrível, mas, pelo menos, um último beijo eu merecia, certo? Depois de tudo o que fiz!
Então, eu simplesmente a interrompi, segurando sua cintura fortemente e a puxando para mim. Colei meus lábios aos dela de forma urgente. Eu havia segurado desde quando a vi entrando por aquela porta embaixo da escada, merecia saciar minha vontade.
O que me surpreendeu, no entanto, foi quando envolveu suas mãos em meus cabelos, assim que minha língua encontrou com a sua, retribuindo o beijo de forma desesperada. Poderia ser um bom sinal, mas poderia ser um mau sinal também... Preferia não pensar nisso agora.
Apertei mais meus braços ao redor de sua cintura, consequentemente puxando-a mais para mim, anulando qualquer tipo de espaço que poderia haver entre nós. retribuiu com uma puxada leve no meu cabelo, quebrando o beijo. Resmunguei sons ininteligíveis até para mim, sentindo seu corpo se afastar um pouco do meu. Mantive meu braço enrolado em seu corpo, não querendo que ela se afastasse totalmente. Uma risada foi ouvida ao mesmo tempo em que seus lábios se encostavam na minha bochecha. Abri meus olhos, encarando o rosto da garota de perto.
Linda.
Suspirei, baixinho. Observei cada traço de seu rosto, em busca de algum que denunciasse rejeição, ou pena, ou tristeza. Não encontrei nada além de felicidade. Meu peito se aqueceu mais ainda, e cogitei a hipótese do mesmo derreter. Franzi o cenho para ela, que reparou e riu alto.
- Se tivesse me deixado falar não estaria com essa cara confusa agora... – foi o que disse, sorrindo com diversão.
- Eu não quero te deixar falar – respondi, retribuindo o sorriso com um culpado.
Ela revirou os olhos, fazendo cara de impaciente, porém logo voltou com o sorriso radiante.
- Você não tem que querer. Faz uma coisa dessas pra mim e espera que eu não fale nada? – revirou novamente os olhos, beijando meus lábios em um selinho. Alguma coisa me dizia que eu gostaria do que ela falaria. – Eu quis matar minha amiga por ter me largado sozinha sem explicações, quis matar a pessoa que colocou aquelas rosas no chão, que me deixaram sem reação, nunca fica sem reação. Quis matar, também, você por ter me feito lembrar de coisas que eu tentava afundar na minha mente, assim como quis matá-lo por estar sendo fofo e não permitindo que eu me esqueça de nada. Quis matar por ele ter dito indiretamente que gosta de mim e ter me feito experimentar sensações incríveis. Na verdade, eu ainda quero matar você, esperava ansiosamente para te encontrar e te dar uns belos de uns tabefes na cara – falou, rindo, contagiando-me também. Agarrei-me mais a ela, apertando sua cintura mais forte ainda. Beijei a ponta de seu nariz. – Porém eu esperava mais ainda em te encontrar pra te dar um belo beijo na boca – foi o que disse, selando nossos lábios.
Sorri contra sua boca, soltando o ar quente de forma lenta.
- ... – comecei, sendo interrompido por um tapa.
- Eu não terminei! – exclamou, fazendo-me revirar os olhos, impaciente.
Poxa, eu queria falar!
- Eu gosto de você – falou. Prendi a respiração ao ouvir a declaração. – Mais do que é considerado saudável. Mas quero que fique sabendo de uma coisa: não vou parar de implicar com você ou de dar respostas atravessadas só porque teremos algo a mais! – foi sua ordem, e eu não pude deixar de abrir o maior sorriso do mundo para ela.
Era óbvio que não pararia de infernizar a vida dela, porém, melhor do antes, agora, eu infernizaria a vida dela com a mesma ao meu lado.
- Eu sou apaixonado por você, ! – falei, voltando a beijá-la.
Estávamos tão bem que nem percebemos algumas presenças ao nosso redor.
Um pigarro foi emitido e ouvido, todavia eu e ela tivemos a mesma ideia: ignorar. Sorrimos um para o outro no meio do beijo, divertidos.
- Eu também, , também sou apaixonada por você – soprou.
Senti-me o cara mais feliz da face da terra.
- Tá tudo muito lindo, tudo muito maravilhoso, mas temos trabalho a cumprir – Laura praticamente gritou, puxando a amiga pelas costas.
- Laura! – exclamou , irritada pela amiga ter feito isso.
- Nós temos que arrumar essa bagunça que o queridinho ali – apontou para mim – fez. Vem, vamos, casal! – disse, saindo pela porta do ginásio.
As pessoas em pé riram pelo ato da garota. soltou um gritinho e correu em direção a , estapeando-a. A amiga gargalhava até não dar mais.
- Você nunca mais faça isso comigo, tá me ouvindo? – ordenou, fingindo estar brava.
- Também te amo, amiga. Mas veja pelo lado bom, agora você tem um namorado – deu de ombros.
me encarou instantaneamente, de olhos arregalados. Ops, acho que não chegamos a falar sobre esse assunto direito...
Soltei um sorriso a ela, transmitindo – ou tentando transmitir – confiança. Ela ficou uns segundos sem saber o que fazer, até que retribuiu.
Naquele momento eu soube. Soube que ela tinha aceitado meu pedido mudo.


F I M!



Nota da autora: Escrevi essa shortfic em dois dias. Na verdade, quando pensei em fazê-la, uma longfic veio em mente, mas decidi por fazer apenas uma short. Eu, pessoalmente, achei-a bem fofinha e amorzinha. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei! Eu queria ter colocado o ponto de vista do pp, massss, senti uma necessidade de ter a pp comentando também, pois assim saberiamos melhor dos sentimentos dela.
Anyway,
Caso gostem, deixem um gostei na caixinha abaixo!
Moony. xX




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18. She Don't Love Me [Ficstape #50: Mind Of Mine - Finalizada]

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