Última atualização: 23/09/2016
Capítulo 1
Everything changed
I knew I had to get you
Whatever the pain
POV
Era apenas mais uma noite tediosa em casa. Com mais algumas dessas e eu morreria bem em breve, de tédio supremo, apesar de, para ser sincera, não estar muito empolgada com o final das férias de inverno. Mas naquele momento eu morreria por algo interessante para fazer. Estava jogando a bolinha de borracha verde de Doby na parede de meu quarto, com as pernas para cima encostadas na parede.
Eu estava sozinha em casa por pelo menos três horas. Fiquei um pouco na internet, jantei, tomei banho, fiz umas lições do colégio, até tentei encontrar algo interessante na internet, e nada da senhorita , barra minha melhor amiga, barra rommate, barra meia irmã aparecer. Ela costumava ser a mais organizada e responsável, mas quando se tratava de horários era meio bagunçada. Ela saíra de tarde para procurar o estúdio onde trabalharia e acho que se perdeu, porque já eram oito e meia e nada de em casa.
Só para esclarecer: eu e éramos melhores amigas de infância e meias-irmãs há pouco tempo. A mãe dela se casou com meu pai, e acho que as grandes responsáveis por isso fomos nós. Os finais de semana em que fazíamos a mãe dela a levar para a chácara do meu pai e ficar por lá o fim de semana inteiro contribuíram para que eles se conhecessem até demais. Com o tempo, viramos uma grande e feliz família. Pai, mãe, duas filhas e o Dobby, nosso lindo labrador. E sim, era Dobby por causa do Harry Potter e fora eu quem escolhi o nome.
- ? – ouvi finalmente a voz dela da porta de casa.
- Aqui no quarto, bitch.
- Eu sei, estou atrasada, você não colocou fogo na casa nem nada do tipo, né?
- Tá brincando? Eu só inundei o banheiro, fica calma. – Respondi indo até a cozinha para encontrá-la.
- Há-há, idiota. Olha, trouxe o café.
- Hm, Starbucks. Você não sabe ser menos clichê? – revirei os olhos.
- Ok, fez os temas?
- Sim, mamãe.
- Foi mal – ela riu. – É que se bem te conheço, com o monte de tema das férias que tem, você não vai fazer nada sem um empurrãozinho.
- Eu tinha planos de copiar de –concordei, pegando um cupcake de chocolate que achei dentro da sacola que ela trouxe e indo para a sala olhar TV.
Eu e minha família viemos para Londres há pouco mais de três anos, por conta de uma promoção no trabalho de meu pai. Nós éramos de Wisconsin, cidade do centro-oeste dos Estados Unidos. No começo eu não gostava dali, mas depois de conhecer as garotas do colégio, minhas melhores amigas, eu comecei a gostar mais de Londres. Fazíamos tudo juntas, eu, , , e , a melhor amiga da . As duas eram mais velhas, apesar de parecer uma criança na maior parte do tempo. Elas cursavam a mesma faculdade de fotografia, enquanto nós, as pirralhas, ainda estávamos terminando o colegial.
Coloquei em qualquer canal de filmes enquanto brincava com Doby sentada no chão.
- Tira desse filme, você sabe que eu não gosto. – Pediu. Olhei para a TV e percebi ser O Chamado.
- Qual é, bebezona.
- , é sério. É sério! – Pediu de trás da bancada da cozinha.
Revirei os olhos.
- Ai, meu Deus, Samara vai matar alguém... – peguei o controle e aumentei o som da TV.
- ! Pelo amor de Deus! – Ela gritou e me jogou um pano de prato, a voz irritada.
Ri e aumentei mais. Irritar a era simplesmente o máximo, só pra ter o prazer de ver o biquinho que ela fazia depois.
POV
Subi correndo para meu quarto, meus pais discutiam outra vez na cozinha. Eles só sabiam fazer isso ultimamente. Ou melhor, desde sempre. Desde que eu me conhecia por gente. Entrei em meu quarto, bati a porta e peguei meu celular, colocando os fones e aumentando no máximo Want U Back, da Cher Lloyd.
Resolvi mandar mensagem para as meninas e ver o que elas estavam aprontando.
Sup ladies, o que tem para a agenda amanhã? Eu me recuso a não fazer nada em um sábado.
Não demorou muito e respondeu:
: A gente podia ir engordar um pouco por aí, né? A mãe da me fez jantar uma torta de legumes hoje e minhas coxas estão implorando por carboidrato.
: suas coxas, ?
: bem que podíamos ir no shopping, preciso de um calçado pra festa da Hilary semana que vem.
: minhas coxas dã, pra onde você pensa que a gordura vai? E shopping seria bom, eu preciso de uma mochila nova.
Eu: ok, shopping então? Eu faço qualquer coisa para sair desse hospício que minha casa tá virando. 14:30 na frente da Gucci.
: shopping pra mim tá bom, a disse que pra ela também.
Eu: Avisa ela que vou dormir aí.
: ok, então até amanhã.
: beijos vadias, durmam bem!
Depois de nossas mensagens em grupo, coloquei pijama, escovei os dentes e deitei, apagando em segundos.
POV
No sábado de tarde eu e as meninas nos encontramos na frente da loja Gucci às 14:45 graças à , como sempre. Como dormi na casa dela noite passada, eu tive que esperar ela se arrumar para ir encontrar as meninas e isso pode demorar horas. Eu tinha vontade de puxá-la pelos cabelos às vezes, ela era tão enrolada!
Enfim, a madame comprou o que precisava enquanto eu procurava minha mochila, e depois de terminarmos as compras nós demos uma volta pelas vitrines até encontrar um lugar para comer.
- MEU DEUS! PARA TUDO! SOCORRO! OLHA ISSO! – começou a gritar, provocando alguns olhares no meio do shopping.
- Ai, não. – Levei a mão à testa e suspirei. – Me diz que você não está falando do lustre-gigante-em-forma-de-pênis daquela loja.
- Tá brincando?! É o pênis mais bonito que eu já vi!
- Shhhh, ! – pediu e riu baixo.
parou de andar subitamente em minha frente, me fazendo bater em suas costas e parar também.
- Aquilo é um pênis? – Franziu o cenho. – Eu sempre pensei que fosse...
gargalhou antes mesmo que ela terminasse.
- Esse é o lustre em forma de picolé de morango que você disse que viu no shopping?
mordeu o lábio.
- Não – disse, meio de mal gosto.
Levou dois segundos para que explodisse em gargalhadas, levando todo mundo junto.
Encontramos uma lanchonete baratinha dentro da praça de alimentação e resolvemos entrar. O lugar estava deserto, por ser entre um Mc Donald’s e um Pizza Hut. Porém, minutos depois de escolhermos nossa mesa o lugar começou a encher extremamente rápido de grupinhos de garotas adolescentes que cochichavam entre si, empolgadas. Eu sugeri que fôssemos a outro lugar, mas calçou o pé e disse que de jeito nenhum sairia dali agora que já havíamos feito nossos pedidos.
Foi quando um grupo de garotos entrou e absolutamente todas as garotas do local explodiram em gritos histéricos que eu comecei a perceber que algo não estava certo.
Eu tinha a impressão de que já vira aqueles rostos.
Niall POV
Depois da tarde de autógrafos em uma livraria no centro de Londres, eu era o cara mais feliz do mundo ao ficar sabendo que nossa próxima parada era em uma lanchonete. Estava roxo de fome!
Apesar de parecer divertido, nós não íamos lá apenas para fazer um lanchinho. Tínhamos uma sessão com o pessoal da VEVO, que encontramos no caminho até a tal lanchonete. Eu não sabia exatamente como tudo ia rolar, mas já havia deixado claro que Niall Horan não entrava em uma lanchonete para sair de mãos vazias.
Entramos pela porta dos fundos “clandestinamente” e todo mundo veio correndo e se aglomerou na frente do balcão com celulares e câmeras. Cantamos What Makes You Beautiful e depois disso ficamos pelo menos quinze minutos dando autógrafos, tirando fotos e conversando com as garotas. Depois disso, o movimento na lanchonete diminuiu significativamente. Algumas pessoas foram embora e outras sentaram e agiram da maneira mais normal que conseguiram. Foi aí que escolhemos uma mesa para, finalmente, comer alguma coisa.
A garçonete, que estava ocupada demais flertando com Harry, trouxe os lanches completamente errados para nós e teve que trocar com os da mesa de trás, com quem havia confundido, o que me deixou mais impaciente.
- Que droga é essa? Eu pedi torta de castanha, não hambúrguer de salada. – Lou reclamou, já chamando a garçonete de volta.
- Desculpe. Eu devo ter trocado, vou pegar a sua torta. – Sorriu amarelo e pegou o prato, indo para trás do balcão.
Dois minutos se passaram até uma das meninas que estavam na outra mesa chamar ajuda. Eu e os meninos viramos para a mesa delas para ver o que estava acontecendo e uma garota despencou da cadeira sem mais nem menos, parecendo perder o equilíbrio enquanto tossia descontroladamente.
Dois garçons vieram correndo da cozinha para ajudar e eu parei de comer para prestar atenção no que estava acontecendo.
- Eu sei lá o que foi, ela tá passando mal! – Uma delas gritou com um garçom.
- Ela é alérgica a castanha, definitivamente não foi isso que ela pediu!
- Chama uma ambulância, droga! – Outra garota pediu, histérica.
Liam levantou do seu lugar na mesma hora, como era típico dele, e foi lá enquanto o resto de nós – juntamente com o resto das pessoas na lanchonete – ficava de olhos arregalados no lugar, sem saber o que fazer.
POV
Aquele era o dia mais estranho do ano. Primeiro, encontramos sem querer uma boyband superfamosa do Reino Unido, como se isso fosse normal. Aí recebe “de presente” uma torta doce deliciosa e começa a comer quando, de repente, despenca da cadeira e começa a tossir como se tivesse sido envenenada. Como se não bastasse, o cara da boyband vem nos ajudar e liga para uma ambulância enquanto o resto de nós – como eu – está petrificado demais para agir.
- O que ela tem? – Perguntou depois de desligar o celular.
- Alegria a castanha. Eu nem sei como isso veio parar aqui, ela pediu um hambúrguer de salada. Não foi? – olhou para todas nós em busca de auxílio.
- É – eu e as garotas concordamos.
- Mas que estúpida, será que não passou pela cabeça dela que isso era tudo menos um hamburguer? – disse, como se fosse óbvio, e olhei-a pedindo para se calar.
- Ah... – o menino olhou para a mesa dele e depois para nós outra vez. – Acho que trocaram os lanches dela e do meu amigo ali.
Eu nem vi a ambulância chegar. Pelo menos não tinham sirenes ligadas, porque seria um fiasco. Então, um paramédico chegou e levantou , levando-a para dentro da ambulância.
- Gente, eu vou com ela – disse, jogando as chaves do carro para . – Segue a ambulância e vem pro hospital.
sumiu. Nós começamos a levantar da mesa para irmos para o carro, eu esquecera completamente de comer. Estava assustada, tudo aconteceu tão de repente.
- O que foi aquilo? – os outros meninos da mesa apareceram perguntando.
- Nossa amiga tem alergia ao que comeu. Meu Deus será que a vai ficar bem? – perguntou, ainda assustada.
- Calma, gente, na ambulância eles têm injeções contra todo tipo de alergia que agem quase que instantaneamente – eu disse. – Sou alérgica a picada de abelha e sei disso porque uma vez também aconteceu isso comigo.
foi saindo da lanchonete com pressa e eu a segui até a porta.
- Caras, não seria melhor se a gente fosse com elas? – o garoto que chamou a ambulância disse, já seguindo-nos para fora do estabelecimento junto com o resto dos seus amigos. – Afinal, Lou, foi a torta que você pediu que fez mal à ela, seus lanches foram trocados.
- Como se a culpa fosse minha! Se não fosse o womanizer ali, a garçonete prestaria mais atenção no que faz. – o garoto fez uma careta, e o jeito como ele falou sério me fez rir.
- Espera – um deles falou, parecendo confuso. – Quer dizer que a garotinha que estava passando mal era alérgica ao que tinha na comida que o Lou pediu e foi para a mesa de vocês?
- Provavelmente graças ao seu flerte barato com a garçonete. – Outro deles respondeu, e eu não estava mais entendendo nada.
- Ok, meninas, vão que a gente segue vocês.
- Vocês não precisam ir se não quiserem. – disse. – Sério. Não é nada. Vocês são... tipo... famosos e tal. – fez uma careta. – Devem ter algo mais importante para fazer.
Todos eles se olharam por um tempo. Nós já deveríamos estar indo, mas todas pararam no lugar para esperar algo deles. Afinal, não é sempre que você encontra com caras famosos, era como se a decisão deles fosse muito importante, mesmo que nem nos conhecêssemos.
- Na verdade, acabamos por hoje. – um deles disse.
- E eu gostaria de ir para casa dormir. – o tal de womanizer falou, mas foi ignorado.
- Eu ficaria melhor em saber que a menina não morreu. – O único deles que ainda não havia se pronunciado falou pela primeira vez ali e deu de ombros.
- Ai, credo! – gritou. – A não vai morrer, ela combinou de me ensinar física!
Ri do comentário.
- Bom, façam o que quiserem, a gente tem que ir. – disse e nos olhou, antes voltar a andar e ser seguida por mim.
Liam POV
Entramos no carro e pedimos para Paul seguir o carro das garotas da lanchonete, explicamos o que aconteceu e ele concordou em nos levar para o hospital, já que não tínhamos mais nada marcado na agenda para aquele dia. Eu estava ciente de que era o único ali que me importava com o que aconteceu, e apesar de estar cansado ia me certificar de que tudo estava bem antes de voltar para casa e descansar. E eu ia levar todos comigo juntos, afinal não queria ser babaca sozinho.
- Espero que a menina esteja bem... – Niall disse.
- Quem má sorte, hein! Meu pedido ir para ela, justo ela que tem alergia – Louis falou.
- Graças à garçonete saidinha que o Harry tava paquerando. – Niall disse de novo.
- Ah é, vocês nunca mais vão parar com isso. Agora só falta você botar a culpa em mim.
- Esse era meu próximo passo.
- Não foi culpa de ninguém – falei.
- Se alguém tem culpa é a menina, não sabe a diferença entre um hambúrguer e uma torta?! – Harry Nada Sensível deu de ombros.
- Tomara que ela morra e você fique com a consciência pesada pro resto da vida – Zayn falou para Harry, sem desgrudar os olhos da janela.
- Credo, Zayn! Se ela morrer sou eu quem vou ficar com a consciência pesada! – Louis disse.
- Gente! – gritei. – Ninguém vai morrer hoje, ok? Que coisa.
- Então podemos ir para casa. – Harry resmungou, afundando no banco do carro. Eu resolvi não dar ouvidos a ele; era o cansaço de todos que estava falando.
Mais alguns minutos e chegamos ao hospital. Paul conseguiu permissão para entrar na garagem para não criar tumulto na frente do hospital, e subimos até a recepção por um elevador do subsolo.
- Ali, aquela garota não era uma das amigas dela? – Niall apontou para uma baixinha, de cabelos enrolados sentada na recepção e fomos até ela.
- Ah, oi! – Ela se levantou.
- Cadê suas amigas?
- A foi falar com os pais delas e a entrou no quarto. A ...
- Oi – a loirinha apareceu atrás de nós com dois copos de água.
- Está aí – a menina terminou.
- E você, qual seu nome? – Niall sentou do lado dela.
- Eu sou a , mas vocês podem me chamar de . Qual o nome de vocês, mesmo?
- Você não sabe? – Harry sorriu.
- Claro que sei, estou te testando! Você é o Mick Jagger e você é... – Ela apontou para NIall e franziu o cenho, fingindo pensar no nome dele em seguida. Todos nós rimos. – Brincadeira. Sinceramente, mesmo se eu quisesse seria difícil saber. Sou péssima com nomes.
- Ok, eu sou o Liam – disse. – Esse aqui é o Harry, Louis, Zayn e esse aí é o Niall.
- Quantos nomes – falou.
- Vocês também. – eu disse e rimos.
- Até agora não sei o nome da garota que passou mal – Louis falou.
- É .
Sentamos todos na recepção enchendo o local, até que outra delas, a irmã de , chegou e ficamos esperando até a chegar também. Quando ela chegou, foi logo perguntando:
- Como ela tá?
- Tá bem, foi só um susto. O médico deu um antialérgico forte para ela, mas alguém já pode ir lá no quarto para ver ela.
- Ok, eu vou ir. Já volto, meninas. – se levantou e foi para o quarto.
- Ainda bem que você chamou a ambulância rápido, né. – me disse.
- Verdade, salvou a vida da garota – Harry disse e eles riram. Sorri fraco.
Ficamos mais algum tempo esperando até voltar. Cara, eu era bom com nomes.
- Lou, depois dela você tem que ir lá pedir desculpas, né. – Niall falou baixinho entre eu e os meninos. – Daí a gente pode finalmente ir pra casa sem remorso – murmurou.
- É verdade – concordei.
- Finalmente. – Harry suspirou, parecendo impaciente.
Nessa hora voltou e Louis levantou para ir no quarto. Ela sentou ao meu lado, no lugar dele e ele foi para o quarto.
- Então você é irmã dela?
- Sim – ela sorriu. – Meia-irmã na verdade. Mas somos mais como melhores amigas.
- Ah...
- E vocês, algum parentesco entre si?
- Ah, não. Nos conhecemos em um programa de TV – sorri e olhei para meus colegas de banda.
- Interessante. E como é ser um superastro? – ela sorriu. – Cara, que pergunta péssima. Deve ser a primeira coisa que te perguntam toda hora.
Ri.
- Sem problemas. Eu acho melhor perguntar para o Harry, ele que entende disso. Eu ainda sou o mesmo Liam – sorri.
- E ele não é o mesmo Harry? – ela franziu o cenho.
- É, mas ele entende mais desse negócio de ser famoso. Ele é considerado o líder do grupo pela mídia, apesar do grupo não ter um líder.
- Entendi... – ela assentiu e sorriu. Sorri de volta.
POV
Eu, as meninas e os caras do One Direction (eu sei, nem me fale) estávamos na recepção há pouco mais de uma hora, agora todos conversavam sobre assuntos diversos e se conheciam mais. Aquilo era no mínimo interessante, mas eu me peguei pensando que, bem, algumas vezes na vida eles deviam ser obrigados a socializar com gente normal e desconhecida, assim como qualquer outra pessoa. Aquele acidente na lanchonete poderia ter acontecido com qualquer pessoa, mas foi muito legal da parte deles virem e interagirem.
Ah, se fosse a Britney Spears...
Além disso, eles pareciam mais interessados em nós por sermos gente normal do que nós neles, por serem famosos. Acho que nenhuma de nós tinha realmente entendido o que estava acontecendo ali.
- Gente, vou ver a de novo – avisei, levantando.
- O Lou ainda tá lá, você chama ele, por favor? Nós temos que ir. – Liam pediu.
Assenti e segui pelo corredor.
Fui até o quarto e vi que a porta estava entreaberta. Eu ia abrir e entrar, mas uma voz de dentro do quarto me parou. Fiquei olhando pela fresta Louis que estava perto da cama conversando baixinho com .
- Foi tão legal da sua parte vir aqui – ela sorriu. – Obrigada.
- Que parte do “eu sou o cara que quase te matou” você não entendeu? Ainda me agradece por isso!
Ela gargalhou.
- Como aconteceu, mesmo? Ficou meio confuso para entender.
- Pedi a comida que te fez mal, eles trocaram nossos pedidos sem querer. – ele explicou.
- Ah... que azar. – ela fez uma careta e riu com ele.
- Eu que o diga, você assustou todo mundo, inclusive eu e meus amigos, ainda bem que está melhor.
- Foi só um susto, eu já me sinto bem melhor. – ela sorriu.
- Tá, deixa só eu te pedir desculpa de novo. Me sinto péssimo – riu. - Não foi por querer, você sabe, mas mesmo assim...
- Louis – ela interrompeu-o e sorriu. – Tá tudo bem, sério, foi um acidente. Você tá um trapo, sem querer ser indelicada. Vai para casa dormir.
- Não sem antes você me desculpar. Garota difícil, você.
- Ok – ela riu. – eu te desculpo, Louis. Tá melhor agora?
- Muito – ele suspirou aliviado e eles riram.
Fiquei por mais uns minutos olhando os dois conversarem e ele a fazia rir praticamente o tempo todo, o sorriso dele era lindo, e eu não lembrava de tê-lo visto em algum videoclipe ou na TV em lugar algum. De todos eles, um ou dois eu reconhecia de rosto, mas ele parecia algum tipo de sonho, daquele tipo de pessoa que a gente não vê no mundo real, a gente sonha.
Seria tão legal ser amigo de gente como eles. Eu ficava trise só de pensar que nunca mais nos veríamos. Na semana que vem nenhum deles lembraria mais da gente. Droga.
- Ei. – entrei no quarto, chamando-os.
- Oi! – disse.
- Seus amigos estão te chamando - falei para ele. – Eles... disseram que precisam ir – falei isso sem tirar os olhos dos olhos azuis dele. E que olhos, hein, querido.
- Ah, obrigado – e agora ele sorriu.
- De nada. – disse enquanto ele se despedida dela com um beijinho na testa.
- A gente se vê por aí. – Falou antes de sair do quarto.
- Ai meu Deus! – exclamei, sentando ao seu lado quando ele estava longe. – Ele é a coisa mais adorável que eu já vi!
- Ai – riu. – Calma aí, , você nem conhece ele.
- Eu sei, isso é uma loucura! Quer dizer, amor platônico não é a minha praia, mas eu juro que nunca vi um cara assim antes, ele é diferente, tipo, o rosto dele, sei lá! - eu estava sussurrando e só agora percebi.
- Olha isso, Azevedo apaixonada?
- Não, né, dã! – fiz uma careta e ela riu. – Mas que ele é lindo, ah é.
- Mas então, quanto tempo eu ainda tenho que ficar aqui?
- Eu não sei, ainda não falamos com o médico, mas relaxa aí mocinha, você deu um susto em todo mundo. Tava tipo... morrendo engasgada. – ri ao lembrar da cena.
Ela me bateu.
- É, eu não posso morrer antes de terminar o colégio.
- Ah, crianças... – brinquei. – Parece que foi ontem que eu saí do colegial...
- E foi – ela me interrompeu. – Praticamente.
- Me deixa desfrutar da minha velhice! – dei-lhe um tapa na cabeça.
- Ah, é tão chato ser a mais nova – ela revirou os olhos.
Um médico abriu a porta nessa hora, entrou e checou o soro que estava sendo aplicado em , fez umas anotações e em seguida olhou para nós:
- Você é uma das amigas dela, não é?
- Sim.
- Ok, podemos conversar ali fora?
- Ali fora? – perguntou, desesperada. – Eu tô morrendo?!
- Não, não. – ele riu. – Na verdade você tá muito bem, mas é melhor sairmos pra enfermeira poder entrar e tirar seu soro.
- Ah, tá...
Saímos do quarto e o médico parou de caminhar.
- Sua amiga já está ótima, depois de tirar o soro já pode ir para casa, foi só um susto. Mas eu indico que alguém fique de olho nela pelo resto do dia, e se amanhã ela se sentir bem já pode agir normalmente. Por hoje, é melhor que ela tome alguma sopa ou mingau, coisas liquidas porque a alergia incha a garganta dela e a impede de respirar, e comer coisas fortes pode causar alguma reação.
- Tudo bem, pode deixar, entendi.
- Então a menina só vai ser tirada do soro e minha enfermeira já a acompanha até a recepção.
- Obrigada – agradeci e voltei para a recepção com os outros. Os meninos ainda estavam lá se despedindo, e ouvi Louis dizer:
- E se a precisar de algum cuidado, alguma coisa assim, qualquer coisa a gente vai ajudar tá? É só ligar.
- Queridos, foi só uma alergia, não uma maçã envenenada. – comentou. – Que droga, por que essas coisas só acontecem com a ?!
riu.
- Fiquem tranquilos, a gente cuida dela. Vocês têm coisas mais importantes para fazer. – Ela disse.
- Não, eu insisto. A é legal, e... Eu meio que devo isso a ela. – Louis riu.
Cheguei na conversa nessa hora e eles olharam para mim.
- E aí, ela já pode ir pra casa?
- Sim... – falei.
- E ela vai precisar de alguma coisa, ou...? – Louis me perguntou.
Depois de um tempo encarando os olhos dele, algo na minha cabeça estalou como se eu tivesse uma ideia e uma lâmpada se acendesse. Sem chance que esses caras vão simplesmente escapar assim. Nos encontramos por algum motivo!, pensei. Então, sem ter muito tempo para pensar, eu apenas soltei:
- Na verdade... – comecei a falar, mais tarde eu poderia me arrepender por isso. – O médico me disse que ela vai precisar ficar em repouso.
- Repouso?
- Ah, é. Repouso absoluto. – mordi minha língua.
- Por quanto tempo?
- Hum, uma semana. – eu devia ser atriz!
- Uau... – todos eles se olharam por um tempo. Tá certo, eu sou uma lesada por dizer que uma alergiazinha causaria uma semana de repouso, mas eles eram mais lesados ainda por acreditarem. E essa uma semana daria tempo suficiente para que todos se conhecessem melhor. E, é claro, eu poderia ver aqueles olhos azuis por mais tempo.
- Bom, então acho que vocês vão ter que aturar a gente por mais uns dias – Liam disse e deu de ombros, o que me fez soltar uma risada meio histérica por saber que minha mentira fora convincente, e também pelo fato de que era engraçado ouvir os meninos do One Direction falando isso para nós.
Harry POV
O bom de estar em uma banda de garotos é que você pode andar pelado na frente deles sem se preocupar, porque obviamente eles têm a mesma coisa que você no meio das pernas. Sem querer me gabar, mas acho que a minha coisa era maior.
- Harry, ninguém aqui quer te ver pelado – Liam disse jogando uma toalha do sofá para mim. Estávamos em minha casa, todos nós olhando um filme qualquer, exceto Zayn que apagou no instante em que se jogou no sofá. Inveja dele. Eu acabara de sair do banho.
- O Louis nunca se importou. E a casa é minha.
- E minha. – Louis me olhou.
Enrolei a toalha na cintura para Liam parar de fazer caretas e sentei no sofá, levantando a cabeça de Zayn e colocando-a em cima do meu joelho, era o único lugar disponível. Se acordasse, ele ia me espancar.
- O que vocês acham da gente pintar a cara dele e postar no Twitter? – perguntei.
- Ia ser divertido. – Lou concordou.
- Acho é que todos nós precisamos dormir, isso sim. – Liam comentou.
- Espera, você não vai ligar para as meninas e ver se a gente pode ir lá amanhã?
- De novo isso? – perguntei. – Gente a menina tá bem, ela não morreu e nem nada.
- Mas graças a nós ela vai ficar uma semana em repouso.
- Grande coisa, o que vai acontecer? Ela vai perder os temas de casa?
- O engraçado, Hazza, é que você fala como se fosse muito mais velho – Niall ironizou.
- Ah, fica quieto e come, anão.
- Você não precisa ir se não quiser, Harry, mas nós vamos.
- Ótimo – bufei. Era nosso fim de semana de folga e eles passariam na casa de umas garotas que a gente nem conhecia e nenhuma tinha mais de 25 anos. E ainda queriam me excluir!
- Não sei se você é tapado ou o quê, mas caso não tenha percebido, não é só por isso que queremos tanto nos aproximar delas. Elas são... diferentes. – Niall comentou de boca cheia.
- Ah é, Hobbit? – Olhei por cima do ombro para ele. – Tem como isso soar mais clichê?
Ele deu de ombros.
- Nenhuma delas quis sentar no seu colo. - Levantou uma sobrancelha.
Fiquei quieto. Aquilo era verdade. Não necessariamente era uma coisa boa... mas era verdade.
Louis ligou, e pelo jeito deixou combinado de irmos amanhã de tarde a casa delas. Yupi. Liam e Niall foram embora e Louis arrumou rapidamente a sala antes de dormir. Ele gostava de deixar tudo organizado. Quer ver o Lou irritado, tire as coisas dele do lugar.
- E o que a gente faz com isso aqui? – perguntei, cutucando Zayn.
- Deixa aí, amanhã ele vai pra casa.
Depois disso fomos cada um para seu quarto e não sei o Lou, mas eu dormi na mesma hora em que deitei.
POV
Estávamos todas no apê da , ela e eram as únicas ali que tinham sua própria casa e não dependiam mais da mamãe. Na verdade, dependiam sim, porque eram os pais delas que pagavam as despesas mensais até ela arrumar um emprego. Iriamos todas posar ali e passar o fim de semana juntas, o que fazíamos quase sempre. Não me lembro de qual foi a última vez que passei um fim de semana em casa. Eu e as meninas adorávamos passar o fim de semana juntas porque dava a impressão de que morávamos juntas e era isso que nós sempre quisemos.
estava no quarto repousando como fora mandado, e estavam se escovando, trocava os canais da TV há pelo menos dez minutos sem prestar a mínima atenção ao que estava fazendo e eu já havia botado o pijama e me atirado no colchão no chão da sala.
- Que louco, vamos receber caras famosos aqui amanhã. A gente tem que dar boa impressão. – falei.
- É...
- Foi legal da parte deles isso, né. Quer dizer, eles podiam simplesmente ter pedido desculpa e só. Nem foi culpa deles. – Ri.
- É...
- Mas eu não gostei muito daquele cabeludinho não, viu. Ele parece meio chatinho. – ri, certa de que eu soei como minha mãe.
- É...
- Estão falando do quê? – apareceu e deitou do meu lado.
- Eu estava comentando com as paredes sobre os meninos da boyband e elas me respondiam coisas bem mais interessantes do que a .
- Desculpa, – me cutucou com o pé. – Eu só tô com sono.
- Eu vi, tá passando esses canais há uma hora e nem percebeu.
- Ah, bom, eu vou dormir, até amanhã. – disse isso e se virou para o lado no sofá, jogando o controle para a gente.
- Tô com vontade de comer mel. – disse. – TEM MEL, ?
- Na porta de cima da pia – gritou de volta.
- Você não tem fim – falei para .
- Tô em fase de crescimento!
- Amiga, sinto muito informar, mas você só vai crescer pros lados. Quer dizer, eu se fosse você não teria muitas esperanças sobre ficar alta, e tal... – comecei e falar e recebi uma travesseirada na cara.
- Então tá, boa noite! – bufei e virei para o lado. Demorei um pouquinho, mas peguei no sono.
POV
Eu não sei por que aquele médico maluco me mandou ficar uma semana de repouso. Ele mesmo me disse que eu estava ótima! E desde que cheguei em casa as meninas me tratavam como se eu estivesse com uma perna quebrada ou algo do tipo, elas estavam até me assustando.
Na manhã seguinte fui até a sala e fiquei deitada no sofá assistindo Phineas e Ferb enquanto todas elas arrumavam a casa de um jeito que eu nunca havia visto antes. e principalmente, elas estavam disputando quem deixava as coisas mais limpas.
Eu estava bem, de verdade. Sem contar a irritação na garganta, mas não era uma dor absurda. Ruim mesmo foi quando eu comi aquelas castanhas. Tinha um gosto tão bom, mas de repente eu comecei a ficar sem ar e não conseguia mais respirar e nem falar nada, e tudo ficou tão quente. Acho até que desmaiei por uns segundos. Foi horrível, mas passou. E agora eu estava morrendo de fome porque tinha que tomar sopa ou mingau e isso não enche barriga de ninguém. Também estava preocupada com minhas aulas, eu estava no semestre final do meu último ano na escola e tinha três provas marcadas para essa semana que teria que deixar para a semana que vem.
Depois de três horas e muitos desenhos, as meninas finalmente pararam para almoçar. E depois do almoço ficamos todas assistindo Diário de Uma Paixão que estava dando na TV e comendo sorvete. Elas estavam comendo, porque não queriam me deixar comer também.
Quando o interfone tocou deu um pulo e ficou de pé no mesmo instante.
- São eles! – ela disse. – Eu atendo. – e foi até a cozinha atender.
Ouvi ela dizer um “pode deixar subir” e voltou para a sala. Em menos de dois minutos cinco meninos entraram na nossa casa enchendo totalmente o lugar e dando oi para todo mundo. Eu não pude conhecê-los oficialmente como as meninas, com exceção do Louis. Então cada um deles se apresentou para mim.
Realmente, eu não via a necessidade de todos estarem ali. Não era por mim, que eu sabia. Devia ser alguma outra coisa.
Louis veio me dar oi por primeiro e fez alguma piadinha sobre o estado da minha cara. Depois veio o Liam, que era o cara que chamou a ambulância. Logo veio o loirinho da banda, e depois Zayn Malik, o moreno que era, em minha singela opinião, o cara mais sexy daquela banda. Os outros ou eram mais ou menos ou eu era muito exigente.
Estava pensando nisso, achando que não tinha mais ninguém para me dar beijinhos quando virei o rosto de novo para o lado e ganhei um selinho de surpresa.
Arfei e me afastei um pouco e só aí percebi que o garoto estava tão assustado quanto eu. Sem querer, virei o rosto na hora em que ele se aproximou fazendo acertar o beijo na minha boca, e não no rosto.
- Merda – me afastei e balancei a cabeça enquanto ele se afastava.
- Foi mal – ele fez uma careta.
- E o Harry nem queria vir... – Louis disse entre risadas. Harry se sentou no outro sofá o mais longe possível de mim e eu agradeci mentalmente por isso.
Conversamos por horas. Admito que no começo achei que aquilo seria um desastre, que eles não dariam certo ali de jeito nenhum, em uma casa minúscula que mal aguentava cinco garotas bagunceiras. Eles estavam acostumados com outro tipo de vida. Mas eu estava errada. Os garotos eram muito legais e eu gostei bastante deles, realmente, porque eram o oposto do que eu imaginei.
contou a grande e empolgante história de nossa vida e daquele apartamento, que na verdade era bem simples e de grande não tinha nada:
Agora que ela era maior de idade, nossos pais compraram um apartamento a poucos minutos do centro e em um lugar calmo para nós, longe o suficiente deles para sermos autossustentáveis e adultas responsáveis, e perto o suficiente para correr para os braços da mamãe quando precisávamos. Então, como eu era a mais nova do grupo, meio que era minha responsável, pois morávamos juntas. Na verdade, supostamente eu não deveria morar ali. De início meu pai bateu muito o pé, mas disse que não estava pronta para morar sozinha, e fizemos Mary, sua mãe, convencer meu querido papai de que era uma boa ideia, e que seria bom até para que eu criasse “mais responsabilidade”.
Os garotos ouviram a tudo quietos. Eles não pareciam super ídolos. Na verdade, pareciam pessoas normais, que só precisavam de um tempo longe das câmeras, e que adoravam qualquer coisa sobre nossa vida absurdamente normal.
Eles pareciam mais fascinados com nosso estilo de vida do que nós com o deles.
POV
- Onde estão e Niall? – Liam perguntou. – Estavam aqui agora mesmo.
- Foram pegar alguma coisa para a gente comer.
- Que tal vocês irem ajudá-los com alguma coisa? Eu tô com fome! – reclamou.
- Não almoçou porque não quis, .
- Irmã mais velha? – Louis perguntou.
- Quatro meses – falei.
- Nem é isso! – interveio. – A adora dar ordens.
- Nem parece alguém que eu conheço... – Harry comentou, disfarçado, olhando para Liam.
- Você é o mais velho? – perguntei ao mesmo.
- Não, sou eu – Louis disse e levantou as mãos. – Tudo bem, eu sei que não parece.
- Tenho que concordar – falou.
- Mas eu sou, tá, e acho que vocês deveriam impor mais respeito ao responsável desse grupo – ele falou e todos rimos. Menos ele, que tinha tentado falar sério.
- Gente, a comida... – disse. – Vão lá, acho que não sou só eu que tô com fome. Tenho que ensinar vocês a como receber visitas? – ela me olhou e fez careta, parecendo entediada. Ah, sempre teve tudo nas mãos... – perdoem minhas amigas, garotos, elas esqueceram que vocês também comem.
- Verdade – Harry confirmou. – Eu mataria por uma pipoca agora.
- Ok , acho que essa é nossa deixa, vamos fazer comida para as crianças – Liam riu e se levantou, me puxando pela mão até a cozinha. Estranhamente, Niall e não estavam lá.
- Como o Niall conseguiu sumir com uma garota assim tão rápido? – Liam perguntou enquanto pegava a pipoca. – Isso é um milagre.
- Vocês se conhecem bastante, né? – perguntei, abrindo a pipoca e colocando no micro-ondas.
- Com certeza. Nossas fãs adoram isso, você tem que ver. – Revirou os olhos, mas riu. – Elas são ótimas.
- Vocês falam delas o tempo todo – comentei.
- Foi mal. A gente não percebe.
- Não, é legal. Dá valor a elas.
- Você me lembra minha namorada, ela fala assim às vezes.
- Ela gosta das suas fãs?
- É. Ela me apoia bastante. São algumas fãs que não gostam muito dela – sorriu.
- Isso deve ser difícil.
- É... – ele suspirou.
POV
- E aqui é o quarto da ... E acabou. – Ri. – Como você pode ver, a casa é enorme. Tenta não se perder, o corredor é por ali – apontei.
Niall gargalhou.
- Cara, isso é ótimo. A casa é ótima, vocês são ótimas. Adorei isso aqui!
Olhei para ele e sorri.
- Então é verdade...
- O quê? – Ele riu.
- Que você adora absolutamente tudo. Foi o que eu li na internet – dei de ombros e ri.
- Então você me stalkeou, é?
- Precisava saber que tipo de gente iríamos receber em nossa casa.
Ele assentiu e riu.
- Não, é sério. – Disse, seguindo-me para fora do quarto. – Você não imagina o quanto eu sinto falta dessa vida normal, tranquila, com casa pequena, com bastante gente. E os meninos também, é algo que não acontece muito nessa loucura que é a nossa vida.
Assenti.
- Eu não sei como é. Mas eu acho que também sentiria falta.
Chegamos à cozinha e e Liam estavam lá rindo de alguma coisa.
- O que perdemos? – perguntei.
- Liam tá tentando me enrolar dizendo que vocês conhecem a Rihanna.
Suspirei e olhei para Niall.
- Te disse que elas não fazem ideia do que tá rolando aqui.
Ele riu e concordou.
- E o que a gente perdeu? – perguntou, parecendo ainda não acreditar no lance da Rihanna.
- Nada, a só me mostrou a casa.
- Tentei esconder a bagunça da , mas não deu muito certo.
- Tá bom. – riu.
- Estão fazendo o quê? – Niall pulou para perto de e começou a ajudar.
- Pipoca para aquelas crianças na sala e sopa para a .
- Sopa de novo pra menina? – perguntei. – Ela vai morrer de fome!
- Ela não comeu de meio dia e tá com fome agora, o que mais eu posso fazer?
- Dar comida que preste pra ela, né .
- , eu só estou seguindo o que o médico disse.
- Acho que esse médico aí é meio exagerado. – falei, pegando bolachas de cima do armário e seguindo para a sala.
- Melhor prevenir do que remediar.
Louis POV
O assunto havia se estendido até esportes e quem gostava de jogar futebol, e disse que “não merecia aquilo” antes de se encostar em meu ombro e dormir em poucos minutos. Acho que foi meio sem querer, afinal ainda não nos conhecíamos bem, mas eu e ela tivemos uma conexão desde a gente se falou pela primeira vez.
Deixamos que ela dormisse e ficamos por mais alguns minutos ali. Todo mundo ali já havia sacado que nossa visita já não tinha mais nada a ver com o acidente com , estávamos ali para conversar com pessoas normais, que eram extremamente difíceis de encontrar. O papo realmente estava bom, mas começou a escurecer e nós tínhamos compromisso para dali a umas horas.
Antes de sairmos Liam deu a ideia de fazermos algo no dia seguinte, também teríamos folga. Ele usou a desculpa de “durante essa semana, merece um pouco de diversão” e todos fingimos acreditar que era só isso. Elas eram engraçadas e nós não teríamos tempo suficiente para visitar a família, então por que não sair de novo?
- O tempo pede por algo ao ar livre – disse.
- É verdade. Ei, vocês não disseram que gostam de esportes? A gente pode sair pra jogar alguma coisa. Conhecemos um clube ótimo. – Liam disse.
- Acho que podemos dar uma escapadinha.
Todos se despediram e quando descemos Paul já estava nos esperando. Ele deixou a gente na frente dos nossos condomínios e eu e Harry seguimos para nossa casa.
- O que achou da tarde? – ele perguntou.
- Foi bom, elas são bem legais, gostei. E você?
- É, não foi tão mal. – ele deu de ombros e jogou uma toalha de banho por cima do ombro indo para o banheiro. Eu fiz um sanduiche, mandei uma SMS para Eleanor e fiquei passando os canais para procurar um filme bom. E, para minha alegria, estava dando Grease – nos tempos da brilhantina em um canal de filmes.
POV
Logo que os garotos foram embora, fiz uma dancinha de comemoração por meu plano estar sendo um sucesso. Ninguém precisou saber o porquê, mas todas me olharam estranho.
De noite, depois de jantar uma pizza que preparou com muito gosto (na verdade tudo que ela teve que fazer foi botar no forno), fiz minha higiene, coloquei o pijama e fiquei sentada no sofá em “pose de índio” pesquisando coisas sobre os garotos que passaram a tarde com a gente na internet. As garotas fizeram uma roda nos colchões no chão e começaram a jogar Confissão (um jogo inventado por todas nós, e o nome já era autoexplicativo).
As meninas se divertiam confessando coisas constrangedoras a respeito de suas vidas e do que estava acontecendo nos últimos dias enquanto eu pesquisava fotos de Eleanor Calder, invejando a vadia.
Acabei perdendo a hora na internet, as garotas pararam de jogar, colocaram um filme e dormiram todas no chão mais ou menos no meio do filme. havia acordado às nove da noite e nem sei como conseguiu dormir de novo. O fato era que eu estava com insônia e no tédio e eram uma e meia da manhã. Levantei para tomar água, deitei com as meninas no canto do colchão e do lado de , que provavelmente me chutaria para o chão daqui a pouco, peguei meu celular e meus fones de ouvido e coloquei algumas faixas do Glee para tocar enquanto o sono não vinha. Acabei dormindo mais rápido do que imaginei.
No dia seguinte, acordei tarde com puxando o lençol de baixo de mim e me fazendo rolar para o chão. Pelo que percebi, eu era a única que ainda estava dormindo e pelo barulho da cozinha o almoço já estava em andamento.
Almoçamos um espaguete, que era a única coisa decente que sabia fazer, cada uma de nós trocamos de roupa para esperar os meninos – menos a , que não ficou muito triste por não poder sair, já que odiava esportes.
- Droga, estou tão chateada... – Ela fez um bico, puxando um cobertor de seu quarto até a sala. – Vou deitar aqui e colocar um filme legal enquanto como chocolate a tarde inteira sem precisar fazer absolutamente... – se atirou no sofá e suspirou, dando um sorriso presunçoso. Abriu os olhos e nos encarou. – Ah, é, isso é muito triste. Odeio vocês. – Fez o bico de novo e depois riu, piscando um olho.
- Você não presta – riu, atirando um travesseiro nela.
Os meninos chegaram depois de alguns minutos. Me xinguei internamente por achar Louis tão bonito. Que coisa ridícula, . Ficar afim de um cara de boyband. Como se ele já não tivesse um milhão de garotas afim dele.
Todos eles estavam com roupas mais esportivas, menos o Harry, que não parecia querer praticar esportes com a gente.
POV
Todas aquelas dez pessoas que estavam dentro do apê da naquele momento pareciam se entender muito bem em um curto período de tempo. Eu gostei deles, acho que ninguém seria capaz de não gostar, mas não foi como elas, que já agiam como se já se conhecessem há tempos e fossem melhores amigos. Todo mundo ali estava forçando um pouco a barra.
Para mim, eles eram cinco garotos bem legais e bonitinhos que estranhamente estavam rindo e brincando na sala da nossa casa. “Nossa” casa. Mas em uma semana seria mais ou menos assim: “Gente, vocês lembram quando tivemos nossos quinze minutos com o One Direction?”.
Talvez aí eu pudesse vender seus números de telefone.
Nós podíamos ter acidentalmente conhecido os Beatles. Seria mais proveitoso.
Quando estávamos prestes a sair Harry parou na frente da porta, voltando até a frente da TV e parando ali.
- Você não é de vidro – comentou, mas ele a ignorou.
- Ai, meu Deus, isso aí é o Discovery Channel? Gente! – Ele nos olhou, fingindo surpresa. – Não posso perder esse episódio de À Prova de Tudo nem morto! Vocês vão, eu fico. – Disse, sorrindo presunçoso.
- Filho da mãe preguiçoso. – Louis estreitou os olhos para ele.
- Harry, qual é... A gente precisa de um reserva! Só você é imprestável o suficiente pra ficar no banco! – Zayn comentou.
- Querido, sai da frente da TV. – voltou a pedir.
- Calma, criança – ele fez sinal com a mão para ela e virou para a gente de novo. - Vou poupar vocês do fiasco e ficar aqui mesmo – Harry falou, se jogando no sofá e pegando o controle da TV.
bufou alto.
- Levem ele, pelo amor de Deus. – Pediu, choramingando. Eu ri e olhei para as outras meninas.
- Ok... – fez uma cara estranha. – Vocês ficam. Mas se comportem!
- Tá, vamos logo que a gente tá perdendo tempo – Niall disse e com isso todos nós saímos do apartamento. Eu e as meninas fomos no carro da enquanto os meninos foram no carro de um deles.
Elas foram o tempo todo tagarelando, e vez ou outra eu fazia um comentário que as faziam rir. Chegamos ao clube, e era um lugar fechado, apenas membros e convidados entravam. Tinham algumas pessoas jogando futebol no campo, e pedimos para jogar também – não que eu fosse boa, porque na verdade eu era a pior dali, e por isso mesmo fiquei no gol – nos dividimos em quatro para cada lado e o jogo começou. Tudo que eu tinha que fazer: não deixar a bola passar por mim. É, e eu não era boa nisso. Em menos de três minutos já levei um gol e ganhei uma cara feia da , que era do meu time e não aceitava muito perder.
Em alguns minutos, lá foi ela e fez um gol em Zayn para o nosso time, era boa em tudo que envolvesse esportes e pelo jeito Zayn era tão bom como goleiro quanto eu. Ela e Louis se deram um tipo estranho de cumprimento em que depois que você faz um high five com as duas mãos, bate o peito um no outro, e isso foi bem engraçado. Mas eu não devia ter prestado tanta atenção, já que isso me desviou o suficiente para levar outro gol. Ah, qual é, eu estava suada, com sede e cansada, agora entendo porque Harry não queria vir.
O legal foi quando dominou a bola e quase fez um gol – o que fez eu e todas as meninas pararem tudo para ver aquela cena inédita –, mas não deu muito certo. Liam foi tirar a bola dela e sem querer acertou em seu pé, e não na bola. caiu sentada e logo levou a mão ao tornozelo.
Eu e , que estava perto de mim, nos olhamos com uma careta e Niall fez o mesmo com .
POV
Caramba, levar um chute dói! Estava bom demais, eu devia ter imaginado que não acabaria bem. O que eu pensei? Que iria fazer um gol? Por favor, eu não sei jogar futebol nem no videogame!
- ! – Liam se ajoelhou ao meu lado. – Você tá bem? Me desculpa! Eu juro que não foi por querer, parece que não sou tão bom quanto achei que era, desculpa mesmo!
Apertei o tornozelo de leve e doeu. Será que quebrou?
- Tá doendo muito? – ele perguntou. – Meu Deus do céu! Pode me processar! O que tá acontecendo com essa banda?! Tá doendo muito?! – Voltou a perguntar, falando tudo rápido.
- Um pouquinho. – um pouquinho? TA DOENDO PRA CARAMBA!
- Eu sinto muito de verdade, meu Deus...
- Tudo bem, Liam, sei que foi sem querer.
- Deixa eu ver – ele levantou um pouco minha legging preta e apertou com os dedos bem onde doía. Reclamei e ele parou.
- Tudo bem aí? – Louis chegou, perguntando.
- Acho que ela torceu – Liam respondeu.
- Já podemos parar? Eu tô todo suado – Zayn chegou também e fez uma careta, passando a mão no cabelo.
- Escutem aqui, se o plano de vocês é matar cada uma de nós lentamente, é melhor irem embora. – disse, séria, e parou no meio de todos com a mão na cintura. Um segundo depois, sua expressão mudou para olhos arregalados. – Gente, deixamos sozinha com o psicopata do Harry!
Niall gargalhou alto.
- Deixa eu te ajudar. – Liam pegou minha mão e me levantou, passando meu braço pelo seu pescoço e me apoiando desse jeito. – Eu vou levar ela para casa e pôr um gelo, vocês podem continuar.
Liam me levou até o carro, que acho que era dele, me ajudou a entrar e fez a volta, entrando e dando partida ao carro. Durante o caminho, acho que ele se desculpou mais um milhão de vezes.
- Caramba, primeiro a sua amiga e agora você...
- É mesmo – ri. – Mas acho que não foi sério, logo passa.
- Você ia marcar se eu não tivesse ido lá e te chutado. – O jeito como ele disse me fez rir.
- Isso seria bem improvável, eu nunca joguei futebol muito bem. No colégio era uma tragédia, ninguém me escolhia e se escolhiam eu era no gol.
- Tenho certeza que você é melhor que a .
- Pelo menos isso! Ela é péssima, coitada, odeia ficar suja, suada e cansar muito. Isso desarruma o cabelo dela, e aí já viu... Acho que só não é sua zona de conforto. – falei.
POV
- Podemos ir? – Zayn perguntou pela centésima vez.
- Tô com fome. – Niall também repetiu.
- Que milagre. – Louis disse. – Tô com fome também, vamos comer alguma coisa por aqui.
- Tô dentro! – eu disse.
- Ai não gente, olha só pra nós, estamos suados e fedidos, vamos passar no drive thru e vamos comer em casa. – propôs.
- Isso aí, se alguém chega a me ver assim vão dizer que me substituíram na banda e eu sou um impostor – Zayn falou e todos nós olhamos para ele e rimos. Louis deu um tapa na cabeça dele. – É sério!
- Certo, então vamos lá que eu tô louca por um banho – falou.
- E a gente vai como? Tem seis de nós aqui e só um carro. – perguntou.
- Eu dirijo! – Louis e gritaram ao mesmo tempo. Os dois se olharam de um jeito desafiador e correram para onde as chaves estavam, juntos.
- Só não se machuquem, crianças! – Gritei brincando.
- , você é a menor, vai no colo de alguém. – me disse.
- Eu ia dizer o mesmo do Nialler. – Zayn.
- É, só que eu sou gorda, vai o Niall.
- Mas... – Niall ia falar, mas eu botei a mão na frente de seu rosto.
- Você vai ir, né tampinha?
- Eu vou? – ele fez uma careta para mim.
- Vai sim, porque você é um cara legal, não é?
- É. – ele concordou com a cara amarrada.
Entramos no carro e Niall deitou por cima de mim, e Zayn. Por fim, depois de três minutos esperando Louis e terminarem de brigar, conseguiu a chave e foi dirigindo por um lugar menos movimentado para não topar com a polícia. Vivendo perigosamente era o nosso lema.
Fomos até o Mc, fizemos nosso pedido e pedimos também para os quatro em casa, e fomos para casa.
Harry POV
- Sua irmã disse para tomar o remédio às três. – falei para a garota que estava deitada no outro sofá. Ficamos quietos desde que eles saíram e eu nem sabia se ela estava dormindo ou acordada. Tinha trezentos e cinquenta canais, e nenhum deles tinha conteúdo interessante. Garanto que nos de senha o conteúdo era bem interessante...
- É, mas eu tô com preguiça. – Ela respondeu com a voz abafada.
- Mas você tem que tomar pra melhorar.
- Eu já to bem, já falei!
Suspirei e me levantei para achar o bendito remédio da garota. Eu estava com sono desde que abri os olhos hoje, dias de folga eram feitos para dormir muito, e não ficar passeando por aí. Peguei um remédio de cima da mesa e uma colher na pia, devia ser aquele. Chacoalhei o vidro, fui até o sofá e ela estava deitada para o outro lado do sofá, de costas para mim. Eu não tinha certeza se ela estava dormindo ou não.
- Vamos tomar o remédio, .
- Da pra parar de falar como se eu fosse uma retardada? – ela pediu, virando para mim. Eu fui me abaixar para ficar frente a frente com ela, mas a preguiça foi tanta que eu sentei no chão do lado do sofá.
- Desculpa. – Falei, meio sonolento. Eu só queria dar o remédio para ela e voltar a deitar no sofá para dormir um pouco. Enchi a colher com o remédio e dei para ela na boca, que fez uma careta.
- E a minha água, babá?
- Não enche.
O remédio era preto e estranho. Fiquei imaginando que devia ter um gosto ruim, ele parecia uma gosma grudenta. Peguei o frasco e cheirei o remédio, que tinha cheiro de chocolate. Hum, talvez não fosse ruim. Fechei o vidrinho e olhei para cima quando a garota riu.
- O quê?
- Olha – ela apontou para a TV e eu olhei. – O cara tem dois dedões.
- Que tipo de programa bizarro é esse?
- Eu não sei, você é que estava trocando os canais sem parar desde que deitou no sofá, gênio. – ela bufou. - É Discovery Channel. Um programa idiota.
- Bem idiota... – concordei. Eu não sei se era o sono, preguiça ou sei lá, mas fiquei ali no chão, escorado no sofá olhando o caso do homem com dois dedões por algum tempo. Esses programas bizarros dos canais de ciências nos prendem de um jeito estranho.
- Isso me lembrou daquela brincadeira. – Ela falou quando deu intervalo.
- Que brincadeira?
- O jogo dos dedinhos – riu. Olhei para ela.
- Hã?
- Você não conhece? Não teve infância?! Anda, me dá sua mão.
Dei a mão para ela e ela segurou meus quatro dedos com os seus, e nossos polegares ficaram para cima. Ela me ensinou a brincadeira em que quem pegasse o dedo do outro e segurasse por mais de três segundos seguidos ganhava. Aquilo era engraçado e divertido ao mesmo tempo. Depois do melhor de três em que perdi, do melhor de cinco, e de nove, e de doze e do melhor de vinte, acho que cansei de perder. Escorei minha cabeça no sofá na mesma hora em que ela deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Eu definitivamente precisava dormir.
Liam POV
Chegamos à casa da outra vez, eu a ajudei a sair do carro e subir as escadas até o segundo andar. Entramos e a primeira coisa que vimos foi uma cena bem inusitada: Harry estava sentado no chão ao lado do sofá, dormindo com a cabeça escorada ali e segurava a mão da que também estava dormindo deitada no sofá. Eu e olhamos para aquilo por uns segundos.
Será que meus amigos não sabiam se comportar nem um pouco? Harry não perdia tempo, mesmo.
- Isso aí vai dar coisa... – Ela riu. - Me ajuda a ir até a cozinha pegar gelo – pediu.
- Será? – perguntei, ajudando-a a ir até lá.
- Eu tenho uma boa intuição quanto a isso e ela não costuma falhar – ela sorriu.
- Se você diz... Mas já vou avisando que o Harry não faz o tipo de namorado perfeito.
- E a procura exatamente isso, um namorado perfeito. Mas você sabe que a vida prega peças – nos olhamos e depois rimos. Era engraçado pensar em Harry tentando conquistar uma garota porque geralmente era a garota que caía de amores por ele.
- Acho que ela combina mais com o Zayn, de todos nós. Os dois são mais quietos, e tal...
- Tá louco? tem tudo a ver com o Zayn! Acho que a combina com o Lou, ele é engraçado, ela gosta disso.
- Mas ele tem namorada.
- Isso é hipoteticamente. – Ela explicou e revirou os olhos. Ri.
- Ok. e Zayn, e Louis... e?
- Harry, acho. – Franziu o cenho.
- Então sobra eu e você, Niall e . O que me diz, grande Akinator?
gargalhou.
- e Niall, eles têm uma afinidade. – Balançou a cabeça. – Então, sobramos eu e você. – Pigarreou e se soltou do meu ombro. – Hipoteticamente, é claro.
Mordi o lábio.
- Certo. Acho que você está certa – ri.
- Estou – ela sorriu e pegou um saco de gelo do congelador.
- Mas você acha que combina mais com quem?
- Com a minha câmera fotográfica, e só.
- Você faz fotografia? – perguntei, me sentando ao seu lado na mesa. Ela botou o pé no meu colo e eu segurei o saco de gelo no tornozelo dela.
- Faço, sim. Na verdade comecei há pouco tempo. Acabei de entrar no segundo semestre e ainda falta um pouco, mas é incrível.
- Que bom que você gosta. Se tem uma coisa que eu posso dizer que sei, é que fazer o que a gente gosta é a melhor coisa que existe.
- É verdade.
Nesse momento, várias vozes podiam ser ouvidas entrando no apartamento conversando alto e rindo, era o resto do pessoal. Fomos até a sala para vê-los e eu levei até o sofá e a sentei ali.
- É aí, garotada bonita! – Niall e estavam lado a lado sorrindo para nós de orelha a orelha como duas crianças que acabaram de inventar algo incrível. - Nós. Trouxemos. PIZZA!
- Eu amo você! – olhou para Niall e piscou, rindo. – Pizza é o paraíso.
- Eu e a chegamos à conclusão de que cérebros famintos não podem jogar futebol. Saímos de lá e caímos direto no Mc Donald’s.
- Mas o que é isso, Styles! – Louis gritou, nos assustando e fazendo Harry e se acordarem em um pulo. – Me traindo? De novo?!
- Que susto, Louis! – xingou e nós rimos.
Os dois só pareceram perceber que seguravam a mão um do outro nessa hora e as soltaram rápido, cada um indo para um canto do sofá e olhando para um lado.
- Trouxemos comida, pessoal, e eu e as meninas acabamos de ter uma ideia incrível – Zayn falou, soltando as sacolas de comida na mezinha e falando de e que estavam com ele.
- Na verdade a ideia foi minha, querido Zayn – disse. – Mas eu deixo você levar os créditos.
- O que é? – Harry perguntou.
- Ok! – disse, batendo as mãos e sorrindo empolgada. – Vocês sabem aquele vídeo do Justin Bieber fazendo a paródia de Call Me Maybe?
mexeu as sobrancelhas, com expressão maliciosa.
- Credo – Louis murmurou.
- Querem fazer um igual? – Perguntei, coçando a cabeça. Pensei por um momento. – Legal. Serviria para apresentar vocês ao mundo.
A maioria de nós sorrimos enquanto nos olhávamos por um tempo.
- Ok, mas e quanto à e ?
- Ah, tudo bem, eu não quero aparecer, deixa pra próxima. – disse, massageando o tornozelo ao meu lado.
- Eu também, fala sério, tô sem passar maquiagem há tanto tempo que eu pareço a Fiona – disse – Vamos para a cozinha e arrumamos as coisas enquanto vocês gravam e depois a gente come. Que tal?
- Tudo bem, se vocês querem assim – Zayn deu de ombros.
POV
Eu e fomos para a cozinha, dei uma ajudinha a ela e a deixei sentada em uma cadeira enquanto arrumava os pratos, copos, talheres e lanches na mesa para quando eles fossem comer.
- O que foi aí?
- Liam me chutou no futebol – ela fez uma careta.
- Que idiota! – falei.
- Foi sem querer, .
- Mas mesmo assim – dei de ombros. – Quem ele pensa que é para chutar minha irmã?! – Ri.
- Mas e você? – ela perguntou e eu já sabia o que vinha pela frente. – Estava de mãos dadas com o Harry, é? Nem pareciam se odiar tanto naquela hora.
- Cala a boca, Mayer – revirei os olhos. Eu tinha o costume de chamá-la pelo sobrenome quando estava chateada.
- Então explica, ué – ela riu.
- A gente estava conversando, e dormiu. Só isso.
- De mãos dadas? – ela ergueu uma sobrancelha.
- Eu estava jogando o jogo do polegar com ele, shiu. – Fiz cara feia.
- Jogo do polegar, sei.
já estava me irritando, mas se fosse ao contrário eu também não acreditaria nessa história.
Mas, sério. Eu e Harry Styles. Não, obrigada. Sem chances. O ego dele deveria ocupar a casa toda, por isso ele não tinha relacionamentos, pensei e ri sozinha.
Ouvimos a música da Carly tocar uma, duas, três, quatro vezes e mais lá na sala enquanto eles gravavam em vários lugares da casa e faziam várias coisas diferentes em frente à câmera. Estava realmente divertido, e se eu não estivesse tão ogra eu participaria. Mas estava usando pijama gigante, sem maquiagem e de cabelo de vassoura a tanto tempo que demoraria para voltar ao normal. E eu, como uma boa modelo, tinha o costume cuidar bem da imagem.
Sim, eu era modelo. Fotográfica, é claro, porque era baixinha demais e também nunca quis desfilar em passarelas e ter que viver abaixo de regimes e ser um saco de osso ambulante. Para falar a verdade eu nem era tão apaixonada por aquilo, mas era legal. Eu fazia desde os 14 anos, quando estava no shopping comprando roupas com meu pai e uma fotógrafa de uma revista me viu e insistiu tanto que eu deveria fazer um ensaio fotográfico que meu pai teve que aceitar. A mulher pediu para ele a permissão para usar as fotos na revista, e eu ganharia em troca disso. Depois disso sempre arrumei um bico ou outro em revistas não muito importantes, mas que pagavam bem. Geralmente eram catálogos de lojas da cidade ou algo do tipo, e isso dava dinheiro suficiente para eu ajudar com as despesas e pagar boa parte da minha faculdade no futuro, então ser modelo até que era legal.
Enfim, depois de quase duas horas gravando cenas engraçadas e divertidas, eles finalmente pararam, e todos vieram para a cozinha comer ainda rindo enquanto só Harry ficou no notebook, aparentemente tentando editar o vídeo.
Fiquei na cozinha vendo todo mundo comer Mc enquanto eu comia uma sopa sem graça e odiando por isso, e depois que comi me escorei na porta da cozinha e fiquei assistindo ao engraçado episódio de “Harry Styles contra o programa de editar vídeos”. Era hilário a carinha do babaca, uma expressão de concentração total, com até mesmo um biquinho formado com os lábios, enquanto encarava a tela do seu Apple. Depois de olhar aquilo por mais alguns minutos rindo dele, senti pena e não me aguentei, indo lá ajudar.
- Quer ajuda? – sentei do lado dele, que nem desgrudou os olhos da tela.
- Não, eu me viro.
Fiquei ali sentada percebendo que ele nem sabia como cortar a cena e juntar com a outra sem fazer estrago.
- Harry, Harry, para com isso, sai daí – empurrei-o para o lado e me sentei na frente do Apple, tomando o controle daquilo.
- Sai daqui, metida, eu estava conseguindo!
- Conseguindo estragar o vídeo, isso sim, fica quieto aí que eu sei mexer nisso.
Ele ficou meio emburrado, mas fez o que eu disse e ficou quietinho enquanto eu editava o vídeo. Levei mais ou menos quinze minutos e deixei tudo perfeito.
- Pronto, agora você só tem que postar no Youtube, ou quer que eu te ensine a fazer isso também?
- Fica quieta, criança.
Revirei os olhos.
- Falou o adulto. Mas tudo bem – ri presunçosa. – Sei que é ruim quando o aluno supera o mestre, sinto muito – e me levantei, indo para o meu quarto.
Peguei minha toalha e fui tomar banho, para depois deitar assistir TV até dormir. Eu ainda tinha três dias de puro tempo perdido chamado repouso.
Segunda e terça passaram rápido, afinal o tempo sempre passa mais rápido quando estamos em casa curtindo a preguiça. Fiquei na maior parte do tempo deitada no sofá olhando algum filme, tapada com o cobertor e comendo alguma coisa que engorde, o que não era bom, pois recebi uma ligação com proposta de um ensaio fotográfico no fim de semana. Mas acho que estava na semana do meu ciclo menstrual, então estava mais sensível tanto fisicamente quanto emocionalmente e isso significa que eu precisava de chocolate o tempo todo. apareceu lá em casa na segunda depois do colégio para me deixar os cadernos para copiar as matérias, e na terça foi a quem o fez. ficou ocupada desde manhã até de tarde levando uns papéis para onde ia trabalhar, e só voltava para casa de meio dia e depois da faculdade tarde da noite.
Falei com Louis nos dois dias, ele parecia meio cansado e ocupado, mas sempre reservou cinco minutos para ver se eu estava bem.
POV
Cheguei em casa correndo e com a respiração ofegante. Antes mesmo de alguma pergunta dos meus pais, fui para o meu quarto e me tranquei lá, me jogando na cama para descansar.
Eu estava vindo do colégio, o caminho é um pouco longo e escuro, quando me topei com meu ex e os amigos dele. Aquilo me assustou de verdade. Pedro não era o garoto mais racional e certinho do mundo, e esse foi um dos motivos pelo qual terminamos, eu não suportava o jeito inconsequente dele.
O garoto veio para perto de mim assim que me reconheceu, cheio de gracinhas. Tentei passar reto, não falei muita coisa, mas ainda sim ouvi ele dizer um “nos vemos em breve, gracinha”. Eu O-DI-A-VA quando ele me chamava de gracinha. Era tão... argh, tão nojento que me dava náuseas.
Não querendo pensar no dia seguinte e no meu infeliz encontro com meu ex, eu tirei o uniforme, tomei um banho longo e quente e depois de secar o cabelo me sentei na escrivaninha e fui fazer os temas e estudar um pouco antes de ligar o computador. Todos me chamavam de nerd por ter meus 30 minutos para estudar de noite mesmo sem ter prova ou trabalho marcado, mas era um costume. E eu realmente achava que essa história de que estudar é a pior coisa do mundo não passava de um mito, as pessoas acham isso porque nunca tentaram, estudar até que é legal. E talvez eu seja nerd, mesmo. Who Cares.
Na quinta-feira o dia correu normalmente, estava com a gente de novo e isso era bom, pois sentimos falta dela. Eu tinha inveja dela na maior parte do tempo, mesmo que ela dissesse quase sempre que invejava meu sorriso e meus cabelos loiros (acho que era exagero). era uma pessoa espontânea e divertida, amiga de todo mundo na sala de aula e todos gostavam dela. Para dar conselho era ótima, mas acho que ela não seguia seus próprios conselhos. Ela ria, era alegre e não parava quieta na maior parte do tempo (por mais que fosse a pessoa mais hiperativa que eu já conheci) e tinha sempre alguma piadinha a fazer. Sem ela, realmente parecia faltar alguma coisa.
Encontrei o Pedro na escola. Então era isso que ele queria dizer com “em breve”, ele conseguira uma vaga no colégio. No intervalo fui até a biblioteca sozinha enquanto as meninas lanchavam na cantina e para minha desgraça encontrei com ele no corredor. O garoto grudou em mim o tempo todo. Não me deixava em paz. Quis saber de absolutamente tudo da minha vida desde que nos separamos e falava de dois em dois minutos que eu estava “ótima, muito melhor do que antes”. Ficava perguntando se eu estava namorando e eu enrolei até para não responder, mas tive que responder que sim. Era mentira, mas o manteria um pouco mais afastado. Ele disse que queria conhecê-lo e eu pensei que estava ferrada. Tive que aguentar aquela mala até as meninas chegarem para me salvar. fez caras feias para ele enquanto gritou no meio do corredor “vaza daqui que eu sou amiga do time inteiro de futebol” e ele saiu assustado.
- Meninas, vamos lá pra casa hoje. – disse na aula de biologia enquanto estávamos em grupo fazendo o trabalho. Eu estava fazendo. rabiscava algo no caderno e mexia nas pontas vermelhas do cabelo e reclamava de sono.
- Hoje? Não sei se eu posso, por que hoje?
- Porque sim.
- Por mim tudo bem, prefiro muito mais a casa de vocês do que a minha – falou.
- Eu vou ver se posso – disse.
Zayn POV
Eu estava com sono, e isso é tudo.
Eu e os garotos estávamos no carro indo para casa depois de um dia cheio e cansativo, eu estava na janela olhando para fora e pensando em minha vida amorosa. Tive uma conversinha com nosso produtor hoje e ele falou sobre a ideia de criar um namoro de fachada entre eu e Perrie Edwards, da Little Mix. E eu disse não, obrigado. Não que ela não fosse linda e tudo mais, mas namorar com alguém só para ajudar esse alguém a ganhar fama não é muito meu tipo. Mas aí ele falou que eu precisava ter a imagem de um garoto comprometido agora, e eu fiz a idiotice de perguntar por que e tive que ouvir uma hora de discurso sobre “imagem de um famoso, garotas histéricas e os perigos que isso gerava para mim e para a banda”. Pensei em perguntar por que o Harry não finge o namoro, mas cheguei à conclusão de que isso seria a maior piada do século.
Sem escolha, pedi que pelo menos me encaixassem com alguém não famoso, isso só pioraria tudo.
No carro, fui quieto ouvindo Louis, Niall e Liam falar sobre se encontrar com “o grupinho” de novo. Eles chamavam as garotas de “o grupinho” por que... Na verdade não sei bem por que. Tem algo a ver com o grupo de garotas que não são nossas fãs e por isso são especiais.
Capítulo 2
Tonight the streets are ours
And we're writing and saying
Don't let em take control
No we won't let em take control
’s POV
Eu consegui um emprego! Estava tão feliz por poder me sustentar sozinha, fiquei simplesmente radiante. Tá certo que eu consegui por ajuda de , mas vamos esquecer dessa parte. Ela conseguiu um estágio no lugar onde começara a trabalhar há pouco, quando ouviu que uma das estagiarias saíra e eles precisavam de alguém urgente.
As meninas me ligaram e disseram que o fim de semana ia começar mais cedo essa semana, e era para nós irmos para a hoje de noite, mesmo ainda sendo quinta-feira. Fui para casa, peguei minha bolsa que já era preparada para levar para lá e pedi para nosso motorista nos levar.
- Oi, meninas! Eu tenho uma noticia incrível que... – entrei no apartamento falando alto, mas minha voz foi diminuindo até sumir quando entrei e vi todos aqueles quatro lindos rostos me olhando com cara de furiosas. – Ai, meu Deus.
Elas descobriram. É isso. Elas descobriram.
- Sua vaca! Me fez ficar esse tempo todo deitada por nada! Eu te mato, ! – foi a que começou, pegando uma almofada e me jogando bem no rosto.
- Como descobriram?!
- O médico ligou. Ele disse que recebeu uma ligação do colégio confirmando o atestado, e disse que não havia atestado nenhum. teve que implorar para o diretor não contar para a mãe dela, porque foi só um mal entendido. O médico disse que ela nem precisava de repouso, estava ótima. – explicou.
- O que passou pela sua cabeça, sua idiota? – começou, vindo até mim. – Por que mentiu pra gente?
- Por onde eu começo? – larguei a bolsa no chão e comecei a andar de um lado para outro. – Me desculpa gente, é sério, eu não queria mentir, mas...
- Mas? – perguntou, sentada na guarda do sofá.
- Mas é que... – eu não queria falar a verdade. – É que... – olhei para a pedindo socorro, ela entendeu na mesma hora. Eu falei que tínhamos uma sintonia pelo olhar.
- Ah! – ela exclamou e começou a rir sem parar. – Eu não posso acreditar. Sua cretina! – a garota gargalhou e depois me xingou. – Eu não sei se fico mais brava por você ter mentido ou omitido isso de nós!
- Isso o quê? – perguntou, confusa.
- Ela está afim do Louis! Tá na cara! Eu vi isso nos olhos dela no dia em que ela o viu pela primeira vez.
- É isso? – perguntou e todas olharam para mim.
Olhei para o chão e suspirei.
- Sim, é isso. Desculpa galera. Eu só achei que era ridículo demais, quer dizer, me apaixonar a primeira vista por um ídolo teen. Isso é possível? Eu pareço uma pré-adolescente!
- Ei – veio saltitante até mim e me levou até o sofá para sentar. – Não é tão impossível como parece. E a gente teria te ajudado desde o começo se você contasse.
- Gente, parem, isso é uma ilusão. Ele é lindo, tem milhões de garotas aos seus pés e a namorada dele é uma princesa. De verdade, eu não tenho chance, já desencanei.
- Nada disso mocinha – veio até mim. – Você é uma gostosona e se eu fosse garoto ficaria com você com certeza. – ela falou e nós rimos. – Não da pra desistir tão fácil, não é uma missão impossível, ok?
- E olha que quem está falando é a garota que entende disso – disse, falando de .
- E, gatas, os meninos estão vindo aí, lembram? – falou.
- O que? Todos eles? Agora?!
- Agorinha mesmo! Louis ligou agora pouco e disse que queriam jantar. – deu de ombros e fez uma careta. – Como se nem tivessem casa! Eles vêm direto do último compromisso para cá.
- Então Liam ligou para a mamãe aqui – disse. – E marcou uma janta.
- Vocês não desgrudam mais, né? – disse para todas. – Nós nos vimos praticamente todos os dias! Não que isso não seja bom – sorri largo.
Todas elas concordaram. Fui até o banheiro enquanto elas arrumavam um pouco da bagunça e arrumei um pouco minha cara. Quando voltei estavam todas na cozinha preparando os talheres para o que quer que nós fossemos comer.
- Acho que vamos pedir pizza, é isso que Niall vai querer se eu bem o conheço – ouvi dizer.
- A então , qual era sua grande noticia? – veio até mim e me abraçou. Acho que eu e aquela garota tínhamos um bromance, sem brincadeira.
- Eu consegui o estagio na Seventeen! – falei, e todas elas vibraram comigo.
- Isso é sério? Que demais, , parabéns! – disse.
e me amassaram em um abraço e veio logo em seguida.
- Eu sabia que iam te chamar! – Riu. – Elas estavam precisando de alguém como você. Eu fiz uma boa propaganda.
- Ah, você é a melhorrr! – eu a esmaguei em um abraço apertado. – Te amo!
- Eu também, . Você merece, sei que vai mandar bem.
A campainha tocou e todas nos olhamos e sorrimos, menos a que continuava contando as colheres meio distraída.
’s POV
Todas fomos abrir a porta, só a ficou na cozinha ainda contando os talheres. E os cinco meninos lindos e cheirosos entraram no apartamento com quatro pizzas gigantes e refrigerantes, dando oi e beijinho em todo mundo e indo para a cozinha. Eles já eram praticamente de casa. Todos nós – não sei como – nos esprememos na cozinha e ficamos arrumando as coisas. Os meninos foram dar oi para . Louis a chamou de nanica e bagunçou seu cabelo e Niall a deu um beijo na bochecha.
- Espera, gente, eu tenho um comunicado a fazer! – ela disse e todos pararam para ouvir. – Na verdade são duas coisas. Numero um: a conseguiu um estagio na Seventeen então vamos bater palmas e abrir um champanhe em comemoração!
Todos comemoraram e abraçaram , e o Harry riu e disse:
- De que adianta se você ainda não pode beber?
O que foi respondido por um:
- Mas e você, querido, já pode? – piscou algumas vezes. Todos se olharam. Harry não respondeu, só resmungou.
- Já vi que está tudo normal, né – Liam disse e nós rimos.
- Qual era a segunda coisa, amor? – Zayn perguntou a ela.
- Ah, é. Eu estou tentando fazer um bolo, então eu não me responsabilizo se algum vazamento de gás matar todos nós. – ela deu de ombros a gente riu. Começamos a nos servir de pizza, e vi sentir o cheiro do bolo dela e entregar as colheres que tinha em mãos para o Liam.
- Gente sabia que... – , que estava em um dos balcões da cozinha olhando algo no notebook começou a falar e virou para nós. – As fãs de vocês estão falando da gente?
- Sério? – Zayn foi até o note e olhou para o twitter. – Verdade. Só não lê muito isso pra não enlouquecer – avisou.
- Olha, estão dizendo que faltam duas – apontou para a tela.
- É claro, duas das meninas não apareceram no vídeo do Call me Maybe. – Louis sorriu. – Então meninas, qual de vocês é a garota do Liam, e qual é a do Harry?
Eu e nos olhamos e falamos ao mesmo tempo:
- Eu sou a do Liam.
Todos riram.
- Eu sou a mais velha, maninha, perdeu.
- Isso não é justo. Só porque eu sou a última a escolher tenho que ficar com a sobra? – ela fez bico.
- Sobra que é disputado por seis milhões de garotas, pirralha. – Harry disse no ouvido dela e foi para a sala com seu prato e seu copo de pizza. Ela revirou os olhos e foi se servir.
- Vem, minha garota – Liam veio para perto de mim e com a mão que não segurava o prato passou o braço pelos meus ombros e fomos rindo até a sala.
Os outros vieram para a sala também nessa hora e cada um sentou em um lugar do sofá. Como ainda faltava lugar para cinco, jogamos uns pufes no meio da sala e , Niall, , Harry e Zayn sentaram neles.
- , desgruda desse notebook e vai comer, por favor?
- Sim, mãe – ela me respondeu. – É que é legal ver as coisas que estão me mandando no twitter.
- Sério? Quer dizer, a maioria das nossas fãs deve estar xingando vocês. – Niall falou.
- É, grande parte sim. Mas eu e as meninas não ligamos para isso. Né?! – ela nos olhou.
- Tudo bem, Lou, a gente não se importa mesmo – deu de ombros.
- É. Você acha que se eu namorasse o Justin Timberlake ligaria para o que falam de mim? – perguntou.
- Mas o Niall ficaria com ciuminho se isso acontecesse. – Liam debochou.
- De qual deles? – Harry sussurrou na maior inocência, mas todo mundo começou a rir logo depois, e a risada se espalhou. Eu ri mais ainda da gargalhada histérica de Louis. Quase me engasguei com minha pizza. É sério.
- Para de rir Louis, senão eu não consigo parar – falou rindo.
- To vendo, seu refri vai sair pelo nariz, sabia? – ele disse entre risos também. Sorte que eu desisti de tomar um gole de Coca nessa hora, senão teria cuspido na cara de alguém.
- Mas voltando ao assunto – disse depois de retomar o fôlego. – Esse negócio de ligar para o que dizem ao seu respeito é bobagem. Se eu namorasse o Ian Somehalder não ligaria a mínima para as fãs dele.
- E quem é que ligaria? – falou. – Fala sério, é só olhar pra ele.
- Ok garotos – Liam falou – Hora de começar a comentar sobre a Megan Fox.
- Huuuh – Niall se arrumou no sofá.
- Que mulher é aquela?
- Vocês já viram Transformers 2, certo?
- Espera gente – Harry levantou – Preciso de um momento sozinho depois disso.
- Ecaaaa – jogou uma almofada nele, que riu e foi em direção ao corredor.
’s POV
Depois de oito minutos e meio procurando o dominó na despensa finalmente o achei, debaixo de uma caixa velha do jogo Monópoli. Quantos anos a e a têm?
- Ache... ué, cadê todo mundo? – perguntei a Zayn, que era o único que ainda estava ali.
- Subiram para o terraço depois da ser desafiada a pular só de biquíni na piscina.
- Deixa eu adivinhar, Harry?
- Exato.
- Ela vai congelar. Tá frio pra caramba – falei, me sentando do lado dele no sofá. Zayn olhava A Proposta em um canal a cabo, e percebi que nunca havíamos trocado muitas palavras antes. – Não foi por quê?
- Não – ele negou com a cabeça. – Tá... frio demais, como você disse.
- Pois é...
Fiquei brincando com a caixinha do jogo até ele começar a rir do filme. Era a primeira vez que eu ouvia a risada dele, Zayn não é o tipo de garoto que se solta na frente de muita gente – o que é irônico, contando que ele é um superastro. A risada dele era adorável, olhei para a TV e comecei a rir também. Sandra Bullock estava fazendo gracinhas na tela.
- Hum, quer jogar? – perguntei, mexendo a caixinha do jogo na frente dele.
- Claro – ele deu de ombros e sentamos no chão.
Comecei a partida sentando com as pernas cruzadas no chão.
- Então... como vai a vida? – ele riu. Era a típica pergunta que significa “vamos nos livrar no silencio incômodo”.
- Bom... estou bem de notas no colégio, mas por outro lado ando com problemas em casa. Recebi a carta de uma boa universidade, mas por outro lado meu ex não larga do meu pé. Digamos que minha vida vai mais ou menos.
- Você quer cursar o quê?
- Cinema, esse é o meu sonho. Mas meu pai não aprova. Meu pai não aprova nada do que eu quero, na verdade – sorri fraco. – Mas e a sua vida?
- Boa, não tenho do que reclamar. Sou um cara famoso que tem milhares de fãs e recebo carinho do mundo todo, mas por outro lado nossos produtores querem me botar em um namoro falso para melhorar a minha imagem.
- Isso é tão ruim quanto a sua cara demonstra?
- Não é o que eu queria no momento. Além de fingir estar com alguém e mentir para todas as fãs, eu estaria tornando a vida dessa garota pública e acabando com a privacidade dela, e minhas fãs provavelmente tornariam a vida dela um inferno.
- Olha pelo lado bom... – dei de ombros, era minha vez de jogar, e eu tive que comprar uma pecinha. – Talvez a fama possa abrir algumas portas para a garota. Com as consequências vem isso que você falou, sem privacidade e tal, mas, francamente, é isso que toda garota quer. Sem contar que se ela for sua fã você vai estar fazendo uma garota feliz – sorri.
- Uma fã não pode, é perigoso demais.
- Então vocês vão fazer o quê? Contratar uma atriz?
- Eu tenho alguns dias para escolher uma garota, alguém em quem confio, se não achar nenhuma nesse prazo acho que é isso mesmo que eles vão fazer.
- Que horror. Bom, se serve como consolo eu acho que, se fosse por pouco tempo e para ajudar um cara legal, eu toparia fingir, desde que isso me trouxesse benefícios.
Peguei outra peça para colocar no numero um ou três, mas antes disso algo na minha cabeça se iluminou como nos desenhos animados e eu levantei meu rosto para encarar Zayn bem na mesma hora que ele fez isso. Acho que pensamos na mesma coisa.
- Quer se livrar do seu ex? – ele perguntou.
Sorri.
- Você quer uma namorada falsa? – ri.
- Acho que achei o que eu procurava. – ele riu também. – Você faria isso por mim, ?
- Desde que fosse nos meus termos.
- Quais são seus termos? – ele perguntou, agora mais empolgado.
- Bom, hum... se vamos fingir, temos que fingir bem. Quero que pensem que eu estou feliz com o namorado que tenho. Minha família não pode sequer imaginar que é mentira, as meninas são as únicas que podem saber, tenho que ganhar algo com isso e não estou falando de dinheiro, talvez eu possa conhecer alguns cineastas ou atores famosos para ganhar experiência – eu falava tudo contando nos dedos. – Também temos que fingir que é real para a sua família, já que para a minha vamos mentir, eu não quero que sua mãe não me aprove só porque sabe que eu sou uma farsa, e, por fim, quero um namorado fofo e gentil, um cara perfeito.
- Caramba – ele riu. – Não me pressione! – Brincou.
Zayn comprou uma pecinha. Encarou-a por um momento e, soltando a peça no chão, olhou para mim e assentiu com a cabeça.
- Eu topo!
- Ok Zayn, temos trabalho a fazer. Tenho que saber mais sobre meu namorado de mentirinha.
Louis’ POV
Depois do idiota do Harry desafiar a a pular na piscina e a mais idiota ainda da topar o desafio, fomos todos para o terraço. Antes foi para o quarto colocar o biquíni e voltou enrolada em um hobbie roxo de camurça. Ela estava de pés descalços e ia ouvindo o tempo inteiro dizer que não era uma boa ideia, ela ia ficar doente de novo.
Ao chegarmos lá, todos nós paramos como uma plateia na frente dela, esperando que ela pulasse. A boca dela já estava roxa, e ela tremia um pouco. respirou fundo e desamarrou o hobbie, soltando-o em uma cadeira ao lado e ficando só com o biquíni amarelo.
- Caramba! – gritei. – Quem é você e o que fez com aquela garota que eu conheci que só ficava deitada no sofá com um pijama gigante?
- Cala a boca, Louis – ela disse.
- A é modelo fotográfica – falou no meu ouvido sorrindo.
- Ah, isso explica muita coisa.
Depois de alguns “uhu” ela virou de costas e deu um passo para a piscina. Dei um passo para frente e disse no ouvido do Harry, que estava mais a frente:
- Fecha a boca, mano.
E aí ela pulou na água, indo até o outro lado antes de voltar para a superfície para tomar ar.
- Cacete, tá gelado! – ela gritou. – E agora, Styles? – ela sorriu.
- E agora o quê? Eu te desafiei e você aceitou, nunca disse que faria o mesmo.
Ela riu.
- Tá bom – ela disse, e voltou até a nossa borda da piscina. Quando ela voltou para a superfície de novo e se segurou na borda, olhou para cima e encarou Harry que estava parado bem ali na frente. – Só que não é assim que o jogo funciona – e dito isso, ela puxou o pé dele, que caiu com tudo dentro da água. Todos nós gritamos.
- Aaaaahh! – gritei, dando um passo à frente de todo mundo e me virando para eles. – Eu amo essa garota!
- Ah, que isso! – falou, dando um passo para frente também e me empurrando com força para trás. A próxima coisa que senti foi a água extremamente gelada no meu corpo todo.
Por que diabos essa garota fez isso? Voltei rápido para a superfície e a encarei, tirando o cabelo do rosto.
- Ah, isso é guerra?! – Gritei e respondeu uma penca de “não”, correndo para se esconder.
Saí da piscina o mais rápido possível, correndo atrás de com um pouco de dificuldade pelas roupas molhadas. começou a correr de mim e gritar desesperada, rindo.
- Você vai ver, sua nanica! – corri atrás dela, mas ela fez uma curva repentina e eu não consegui me equilibrar, caindo de bunda no chão. Ela parou para rir de mim, e eu me levantei e peguei ela no colo antes que ela pudesse fugir de novo.
- Não Lou, por favor, não faz isso... – corri até a piscina e pulei. – Não!
E lá estávamos nós na água. e Harry se jogavam água, mas de uma maneira mais violenta e brava do que “fofa” e comecei a fazer o mesmo com , só que como uma brincadeira, e não como se fosse a terceira guerra mundial.
’s POV
Agora já eram quatro na água e eu não queria ser a quinta.
- Ah, vamos lá , vai! – Niall continuava pedindo.
- Não, eu vou morrer afogada ou congelada. Vou voltar e tomar um chá enquanto vocês se matam – disse, indo para perto das escadas. Niall segurou meu braço.
- Eles estão se divertindo, olha, não parecem congelados.
- Eu não sei nadar, Niall! Quer que eu morra?
- Para com isso! – ele disse, e pegou minha mão, me puxando até a borda da piscina.
- Eu não quero ir!
- Olha pra mim. – ele disse rindo e segurando meu rosto para olhar nos olhos dele. – Você quer sim, que eu sei – ele continuava com um sorriso nos lábios o que me fazia querer rir.
- Eu quero – falei, mais manhosa agora. – Mas eu não quero. Entendeu?
- Boba – Niall disse, e pulou na água em seguida. Eu fiquei olhando até ele voltar para a superfície. – Uh, tá gelada mesmo. Vem – ele estendeu a mão para mim.
- Niall...
- Vem logo, !
- Eu não sei...
- Confia em mim, poxa.
Dava pra negar? Me abaixei, peguei a mão dele e sentei na borda, entrando rápido na água antes que eu desistisse. Um arrepio enorme passou pelo meu corpo pela água gelada na mesma hora em que um pouco de água entrou na minha boca, e eu instintivamente fiquei na ponta dos pés para inspirar ar.
- Caramba, é fundo aqui – falei. A água agora dava no meu pescoço e eu estava com a cabeça levantada.
- Não, é você que é baixinha – ele riu. – Vem cá. – Niall me puxou para mais perto e me fez subir nos seus pés. Agora eu fiquei mais alta e pude respirar direito e abrir os olhos. Abrir os olhos para ver que estava mais perto dele do que nunca.
A guerra de água dos outros fazia aquela parte onde estávamos balançar por causa das ondinhas que eles provocavam, e como ali estava um pouco escuro o reflexo da água deixava os olhos dele muito claros, quase como a cor da água. Niall ainda sorria. Ele sempre estava sorrindo, sempre. E eu adorava isso. O sorriso dele.
- Melhor? – ele perguntou, me acordando depois de alguns segundos naquele contato visual hipnotizante.
- Melhor – respondi, virando o rosto para o lado e encostando o queixo no ombro dele, que tinha os dois braços ao redor da minha cintura agora.
Eu não sei o que estava acontecendo ali, mas era bom.
Liam’s POV
- Você não vai me fazer entrar na água, ouviu Payne? – falou de um jeito autoritário e bravo para mim. Mas aquilo era tão adorável que me fazia querer rir.
- Ah, vai. Só falta a gente, olha só. – apontei para a piscina.
- Eu não vou entrar. Vou ter que cuidar de três meninas gripadas amanhã e não quero ser uma delas.
- Por que você age o tempo todo como se fosse mãe de todo mundo? – perguntei. Ela não respondeu. – vamos lá , só dessa vez aja como uma garota de 18 anos.
- Eu juro que vou ficar muito brava se você me fizer entrar – ela falou de novo e virou o rosto para o lado.
Estávamos na beira da piscina e ela segurava uma toalha, esperando alguém sair da água. Olhei para a água, e olhei para ela de novo. Mordi o lábio. Ela teria que me desculpar, mas eu não conseguiria aguentar. Principalmente agora que descobri que vê-la brava era a coisa mais adorável do mundo.
Abracei-a rápido e joguei nós dois na água antes que ela pudesse fazer algo para impedir. A água estava realmente gelada, e eu fiquei por um tempo embaixo até me acostumar com a temperatura. Quando fiquei de pé a primeira coisa que aconteceu foi levar um empurrão.
- Imbecil! Eu disse que não queria entrar, qual o seu problema? – ela gritou. – Seu... idiota, seu... chato! – ela me dava empurrões no peito enquanto falava.
- Chato? Foi o melhor que pensou em dizer? – gargalhei. – Um dia desses vou te ensinar a xingar decentemente.
Ela parecia não saber o que fazer para demonstrar que estava brava mesmo, então me jogou água no rosto. E, é claro, começamos uma guerra como os outros, que logo virou uma guerra geral e todos se jogavam água.
Harry’s POV
Honestamente, eu não estava naquela piscina à brincadeira. Primeiramente nem queria estar ali, não fosse a pirralha idiota. É sério. De todos os tipos de garotas no mundo, ela não fazia o meu.
Tinha algo que me fazia sentir prazer em xingar ela, e ela parecia sentir o mesmo. Sério, eu não gostava de . Eu não gostava, tipo, mesmo. Ela era mimadinha e metidinha e toda... argh. As outras eram até legais, engraçadas, bonitas. Elas se portavam mais como garotas. Como o meu tipo de garota. Mas ela não. Tudo que eu ouvia quando ela falava era bla bla bla. Eu não sei exatamente porque, mas só a presença dela já me irritava ao extremo. Acho que era o jeito de patricinha dela. Eu gostava de mulher de verdade.
- Foi bem feito eu ter te puxado. Você é mal educado, sabia?
- Falou a educação em pessoa, hein? – respondi.
- Te trato como você merece, superstar – ela revirou os olhos. Outra daquelas ondas de raiva percorreu meu corpo. Aproveitei que estávamos pertos e puxei a perna dela para frente com a minha fazendo-a perder o equilíbrio. Se estivéssemos em “terra” ela cairia sentada, mas ali a água apaziguou a queda.
O problema foi que não pensei no óbvio: ela aproveitou que estava lá embaixo para puxar as minhas pernas fazendo o mesmo comigo. Eu também caí, prendendo a respiração rápido. Era até engraçado como agíamos como duas crianças brigando. Abri os olhos embaixo da água e não a vi na hora, mas ali embaixo era bonito de noite. Pouca luz entrava ali, provocando alguns raios de claridade lá embaixo, sem contar que todos os sons eram abafados provocando um silencio bom. Procurei-a olhando para os lados e por ultimo me virei para trás, tomando um susto ao ver que ela estava atrás de mim e seu rosto bem perto do meu. Nossos cabelos estavam espalhados daquele jeito que ficam embaixo da água e nossas peles bem brancas.
me empurrou, e eu empurrei de volta. Ela segurou minhas mãos para tentar me fazer parar de empurra-la, mas eu me soltei, segurando-a pelos ombros.
Voltei para a superfície, porque precisava de ar, mas continuei segurando-a. Depois voltei a mergulhar, e ela me empurrava e se debatia, parecia brava, parecia querer...
Soltei-a rápido e ela subiu para a superfície de novo, subi junto.
- Você queria me matar?! – ela gritou, com a respiração ofegante.
- Desculpa, eu não percebi que...
- Não percebeu que eu estava sem ar? Você tem o que no lugar de um cérebro, garoto? – berrou, e falando isso ela subiu na borda e saiu da piscina, se enrolando no hobbie roxo e saindo dali.
Niall’s POV
Quando resolvemos voltar para o apartamento, já estava no quarto dormindo. foi tomar banho enquanto o resto de nós colocou umas toalhas no chão e sentou na sala para conversar.
- Então... – disse entre um minuto de silêncio e suspirou, guardando pecinhas de dominó. Ela pigarreou, e acabou obtendo a atenção de todos na sala.
- Estamos namorando. – Zayn soltou logo e, um segundo depois, todos explodimos em exclamações confusas, falando ao mesmo tempo.
- QUANTO TEMPO A GENTE FICOU LÁ EM BAIXO? – Liam olhou para todos nós, assustado.
- Namorando? NAMORANDO? Mas há quanto tempo nos conhecemos?! Eu não... eu... estou confuso... – balancei a cabeça diversas vezes, acompanhando o resto do pessoal em perguntas e mais perguntas.
Depois de algum tempo e passado o susto do “estamos namorando” todos nós já riamos na sala de novo. Foi um choque os dois terem dito aquilo, mas depois que explicaram, eu e os meninos entendemos bem, a gente já sabia que ele precisava de uma namorada. As meninas ficaram um pouco confusas, mas disse que explicava melhor mais tarde.
- Galera, cadê a , hein? – Liam olhou em volta.
- Ela passou por aqui que nem o Flash – explicou. – Foi direto tomar banho e disse que ia dormir.
- Eu, hum, meio que afoguei ela. Quase. – Harry sorriu amarelo, coçando a cabeça. – Foi sem querer! – Levantou as mãos quando nós o encaramos.
- O que há de errado com vocês?! – franziu o cenho, me fazendo rir.
- Niall? – me chamou, meio manhosa.
- Diga.
- Tá com fome?
- Sempre – ri.
- Vamos comer, acho que tem pizza ainda.
- Eu não posso recusar isso!
- Sabe o que a gente pode comer? – falava enquanto ia até os armários da cozinha. Eu fiquei escorado na parede olhando-a.
Ela estava com os cabelos molhados e enrolados, de pés descalços, com um short e uma camiseta grudados no corpo e mesmo que eu não quisesse eu olharia.
- Hum?
- Biscoito de chocolate.
- Com leite – completei.
- É! – ela ficou na ponta dos pés para alcançar no pacote de biscoitos do balcão aéreo, mas eu vi que ela só conseguiria se subisse em um banquinho, então fui lá para ajudar.
- Sai daí, vai – ri e puxei-a pela cintura para o lado, pegando o pacote.
- Se você já é nanico imagina eu – ela disse, pegando os biscoitos e largando na mesa, pegando duas xícaras e o leite e largando ali também.
’s POV
- Esses dois não têm fim no estomago – eu comentei com Liam ao meu lado na sala.
- As pessoas acham que é exagero quando dizemos que o Niall come mais que a vida. – Liam concordou com a cabeça. – Eu tenho medo quando ele vai lá em casa.
Ri.
e Zayn estavam na nossa frente, sentados no chão. e Louis estavam sentados lado a lado no outro sofá, mas não falavam nada e eu e Liam interagíamos um com o outro. Harry dormia no sofá de um jeito fofo, mas parecia desmaiado. Liam o cutucou e o chutou algumas vezes e ele apenas respirou fundo.
- Gente – falou com a voz suspeita e olhei para ela que tinha uma caneta permanente na mão. – Que tal trollar a ?
- Tadinha, ! – falei. – Vocês sabem que ela já tem mal humor de manhã, vão ter que aguentar ela o dia inteiro desse jeito amanhã se fizerem isso.
- Eu assumo o risco – ela riu.
- Eu também – disse. – Vamos lá.
- Vou só assistir de longe, eu não quero morrer – levantei os braços.
Louis, e foram até o quarto e eu e Liam seguimos eles. ligou a luz e foi pé por pé até a cama. Virou o rosto dela, que estava virado para a parede, para cima. desenhou um bigode e uns coraçõezinhos na bochecha, a garota nem se mexeu.
- Espera, tive uma ideia, alguém filma isso! – Louis disse e eu já podia imaginar o que era enquanto ele voltava até a sala. Voltou meio minuto depois com o Zayn o ajudando a carregar Harry até ali, não pude conter o riso. Abri a câmera de meu celular e comecei a gravar também.
- Como ele não acorda? – perguntei. Liam filmava tudo.
- O Harry dorme até no backstage do show. É realmente um dom. – Liam explicou.
Eles o colocaram do lado dela na cama. Lou veio até a câmera.
- Digamos que eles estão com uma pequena dificuldade para se acertarem, os dois são teimosos. Vamos dar uma ajudinha ao casal.
fez o mesmo no rosto de Harry, escreveu com um coração na testa dele e virou um para o outro. Zayn pediu para todos se afastarem da cama e ficamos gravando um pouquinho mais de longe. Enquanto isso, vi Liam gravar Zayn e abraçados como um casal de propósito, e eu saquei que aquilo era divulgação. Estava começando a entender aquela vida louca deles. Louis chamou Niall e dizendo “vocês não vão querer perder isso” e os dois vieram até o quarto, cheios de bolacha de chocolate nas mãos. começou a fazer cócegas no pé da e Zayn deu um tapa na cara do Harry sem dó, que ecoou pelo quarto, e eu estava trancando a respiração pra não cair na risada agora mesmo.
Ele se acordou na mesma hora e abriu os olhos de vagar. Os dois se encararam por meio segundo até se darem conta do que estavam vendo e gritaram ao mesmo tempo, ela sentou e ele foi para trás de um jeito que caiu deitado no chão. A essa altura, minha barriga já doía. Foi maldade, mas foi muito engraçado. Harry se levantou e puxou o travesseiro debaixo da cabeça da e jogou no Louis, que era o que ria mais alto enquanto ela cobriu até o rosto com o cobertor. Eu olhei para Liam e ele também ria muito, daquele jeito que faz seus olhos ficarem semicerrados. No final, foi ele quem postou o vídeo.
Louis sentou no chão rindo e Harry saiu empurrando todo mundo e foi até o banheiro.
- E essa foi a trollagem mais hilária que eu já vi – Zayn disse para a câmera e Liam a desligou.
- Todos juntos damos uma ótima equipe de trolls! – Louis falou, e todos foram esvaziando o quarto, ainda rindo.
Depois disso os meninos se despediram para irem embora. Todos se despediram, menos Harry que havia ficado chateado e desceu para o carro.
- Ele vai ficar bem? – perguntou.
- Vai sim, amanhã ele já esquece. – Lou deu de ombros.
- Obrigado pela noite, garotas – Liam agradeceu. – A gente se divertiu como nunca.
- Vamos marcar outra hora – Niall disse. – Já que agora um de nossos meninos está namorando com uma de suas meninas – ele sorriu e foi até Zayn apertando suas bochechas e balançando seu rosto para os dois lados. – Ai que bonitinhos o nosso casalzinho de pombinhos!
Zayn apenas piscava, sem esboçar nenhuma reação, olhando para Niall.
- Verdade! – disse, e ela e Niall se abraçaram como uma despedida.
- Até mais, – Liam veio me dar tchau, mas ficamos naquela entre “aperto a mão ou dou beijo no rosto” e depois rimos e ele me deu um beijo na bochecha.
- E aí casal, não vai ter nem um beijinho? – Louis perguntou para Zayn e que estavam se despedindo.
- Cala a boca – Zayn falou, empurrando Lou para fora do apartamento.
- E valeu pelo mergulho! – Niall riu.
Ficamos as quatro olhando os meninos irem até o elevador e eles ficaram mandando tchauzinho até as portas se fecharem. Tudo ficou silencioso por um tempo e suspirou, com um “ai ai”.
- Que silêncio – disse.
- É... – eu e concordamos.
- Eles deixam um vazio quando saem – sorriu, indo para a sala arrumar a bagunça toda que nós fizemos.
- É verdade – concordou, e eu fiquei pensando em como nos apegamos fácil aos garotos que não conhecíamos a nem bem duas semanas.
’s POV
Depois de empilhar todo o lixo das caixas de pizza e litros de refrigerante em um canto, recolher as toalhas molhadas do chão, secar onde estava molhado, colocar as louças na pia e guardar um pouco da bagunça nós botamos os colchões na sala e depois de cada uma trocar de roupa e se escovar deitamos uma do lado da outra, apagamos as luzes e ficamos olhando para o teto pela luz da Lua que entrava por uma frestinha da janela.
- Gosto muito daqui, – falei.
- Obrigada, meu amor – ela disse do outro lado dos colchões. Estávamos eu em uma ponta, , e na outra ponta. – Também adoro quando vocês estão aqui. Quando não estão parece vazio e silencioso demais.
- Queria poder morar com vocês – foi logo dizendo.
- E eu também – falou, e eu concordei com um “aham”.
- Vocês sabem que só falta a aprovação das mães de vocês. Tecnicamente o apartamento é meu, eu adoraria ter vocês aqui e poderíamos terminar de pagá-lo juntas, seria muito mais rápido.
- E depois podíamos vender e comprar um, um pouquinho maior. – falou.
- É – disse. – Sabe, eu gosto daqui, mas é meio apertado para cinco meninas. Cada uma com tantas roupas, calçados, maquiagem, acessórios, é demais para um apartamento tão pequeno.
- Mas a gente daria um jeito – falou como uma mãe. A “mamãe” do nosso grupo. – A gente sempre da um jeito.
- Podíamos dividir tudo – eu disse.
- É. E eu e ficaríamos no quarto que está sobrando, fica com a e a mamãe fica sozinha, porque é a mais velha e responsável. – falou e nós rimos.
- Bom, gente, tá ótimo sonhar, mas eu preciso dormir, acordei cedo – falou e todas nós concordamos.
Estávamos exaustas, acho que a água faz isso com a gente. Virei para o lado e ao fechar os olhos me lembrei do meu momento com Niall na piscina. Ele era tão fofo e lindo, era de tirar o fôlego. Todo ídolo teen é assim, eu sei, mas Niall era incrivelmente fofo em tudo que fazia, eu tinha vontade de mordê-lo o tempo todo. Às vezes era até constrangedor não conseguir tirar os olhos dele.
Depois me lembrei da nossa despedida. Quando o abracei na porta, ele me abraçou forte pela cintura e eu dei um beijo no seu rosto. Ele conseguia ser mais alto que eu, e para alcançar o ouvido dele eu tinha que levantar um pouco os pés. Quando ele se afastou e sorriu suas bochechas estavam rosa daquela maneira que eu simplesmente amo.
Dormi pensando nele e, estranhamente, isso deu certo. Dormi feito um anjo.
Zayn’s POV
Acordei na manhã de sexta me perguntando se eu estava mesmo namorando. Estranhamente acordei sorrindo. Eu não queria nem pensar em como as minhas redes sociais estavam nesse momento. Eu e provavelmente éramos a notícia de primeira página de pelo menos duas revistas. Eu não gostava da ideia de tornar a vida dela tão pública, ela não tinha noção do que isso significava, mas gostei da ideia de tê-la como companheira nessa farsa. Se eu precisava de alguém para ficar do meu lado que fosse alguém como ela. Tranquila, bonita, uma boa companhia no geral.
Tínhamos a agenda lotada hoje porque concordamos em passar tudo que tínhamos para o fim de semana para sexta, assim teríamos um fim de semana livre. Isso significava, é claro, que eu tinha um fim de semana com minha família, o que estava sendo adiado há tempos porque eu nunca tinha tempo. Agora eu poderia passar um tempinho em Bradford, também porque seria o aniversário do meu avô e eu não queria faltar.
Acordamos cedo. Cedo demais para mim e por isso fiquei quieto na maior parte do tempo, desejando uma cama quente e macia. Pra ser sincero eu desejava uma cama quente e macia quase o tempo todo. A cada vez que terminávamos algo e voltávamos para o carro para ir até o próximo compromisso, Niall reclamava de fome e pedia para Paul para, pelo amor de Deus, parar para comer. Louis estava mais quieto do que o normal, Harry estava bastante tranquilo e Liam sorridente.
- O que vão fazer nesse fim de semana? – perguntei, querendo quebrar o silêncio.
- Alguma coisa com as meninas. – Niall disse e todos olhamos para ele. – Né?
- Você não acha que a gente já tá se encontrando demais com elas? Desse jeito elas vão se cansar da gente. – Louis disse.
- E não queremos isso – Liam concordou.
- Espera – Harry desviou os olhos da janela. – Quem são os famosos bonitos e ricos entre nós?
- Ah, Harry, cala a boca. Pensei que você já tinha superado essa história.
- Quem não superou foi vocês. – Ele riu.
- Não, eu só pensei que... Zayn iria fazer alguma coisa com a nova namorada, sabe.
- Niall – suspirei. – É um namoro falso. Só precisamos fingir para a câmera.
- Tá, mas quem é que vai acreditar em um namoro assim por muito tempo? Pelo menos umas fotinhas fofas ou algo do tipo vocês têm que fazer.
- É – Paul disse lá da frente. – Simon avisou que quer que vocês apareçam juntos o máximo possível, para manter a imagem de casal e evitar as fofocas sobre você não estar feliz que você sabe que as fãs inventam. Não esqueça, até onde todo mundo sabe vocês já estão juntos há um tempo, mas só ficou público agora.
- Mas esse fim de semana eu vou pra casa – disse.
- Então leve ela – Paul falou e todos me olharam concordando com ele.
- Será? – perguntei apenas para ouvir um coro de todos eles falando “sim!”
’s POV
Eu estava feliz comigo mesma ao conseguir acordar cedo da manhã para ter tempo de me arrumar para o colégio sem pressa. Mas aí percebi que já estava acordada há um bom tempo.
- Como você consegue acordar cedo e ainda parecer feliz? – perguntei, ao pegar uma tigela e botar leite e cereal, e me sentar no sofá ao lado dela.
- Sei lá – ela deu de ombros. – Costume.
Ficamos olhando o canal de desenhos até eu terminar de tomar café, depois lavei o que eu havia sujado, prendi o cabelo e peguei meu Ipod.
- , vou caminhar um pouco.
- Que disposição, hein. Primeiro acorda às sete da manhã e depois vai caminhar?
- Fazer exercícios é saudável.
- Parabéns – ela riu. – Só não volta muito tarde, a e a vão acordar tarde e ficar brigando pelo banheiro para se arrumar, e eu já vou ter saído nessa hora.
- Ok, até mais. Bom trabalho – dei um beijo no rosto dela, coloquei os fones e saí.
Eu realmente estava disposta naquela manhã, acordar cedo era como uma coisa inédita para mim. Caminhei em um ritmo médio, nem rápido e nem de vagar demais por pelo menos uma hora, eu já estava cansando quando parei em um mercadinho comprar uma garrafa de água. Eu estava ouvindo minha playlist nomeada “girls” com o volume alto, então estava meio ausente de tudo ao meu redor. Paguei a água e voltei para casa mais de vagar, ouvindo Pussycat Dolls.
Quando cheguei em casa eram oito horas e apenas já estava acordada arrumando a cozinha, ela só começaria a trabalhar na segunda. continuava jogada no colchão da sala e provavelmente no quarto. Tomei banho antes que alguém mais quisesse usar o banheiro e já coloquei o maldito uniforme da minha maldita escola. Me alegrava lembrar que faltava pouco menos de três meses para eu terminar o colegial e me juntar a e na faculdade. Não que eu quisesse fazer fotografia, na verdade eu não havia parado para pensar em o que exatamente eu queria fazer, cinema ainda era algo distante para mim. No momento tudo que eu queria era conseguir a permissão da minha mãe para ir morar com as meninas, e o resto eu faria depois. Primeiro a independência, depois pensar no futuro.
Futuro me assustava e por um lado, apesar de eu querer sair logo do colégio, eu estava com medo do que me esperava. Eu tinha várias faculdades em mente, mas tinha medo de não ser bem sucedida em seja o que for que eu escolhesse. Eu só queria algo que me sustentasse e não exigisse que eu virasse uma maníaca por serviço que vive presa em um escritório.
Quando saí do banho, tomava café na cozinha com .
- Estou indo para a chácara dos meus tios nesse fim de semana – disse enquanto secava a louça. – Eles vão visitar uns parentes e a casa vai ficar sozinha. Vocês querem ir?
- Por mim é uma boa, eu adoro aquele lugar, é tão chique – disse.
- Isso é porque você fica só dormindo dentro da sauna – eu ri. – Também topo. O que a gente faria em casa mesmo?
- O mesmo de sempre – me respondeu. – Comer e olhar filmes de romance pra chorar.
- Isso sempre me parece uma boa, mas a chácara é mais divertida. Temos piscina, animais, campos, rio, comida boa, um espaço enorme só pra nós, fogueira...
- Sauna – riu para .
Fui à sala pegar o notebook e levei-o até a mesa da cozinha. apareceu por lá naquela hora ainda com uns corações desenhados na bochecha e o cabelo desarrumado.
- Bom dia flor do dia – falou, ela nem pareceu ouvir. Foi até a fruteira e pegou uma maçã. – Bom dia , que dia lindo né? – imitou a voz da .
- Custa responder, hein? – perguntou.
- Desculpa pela minha indelicadeza – parou na porta da cozinha com um copo de suco e uma maçã. – Bom dia amigas, vocês estão bem? Porque eu estou ótima. Fui feita de idiota na frente do mundo todo pelas minhas melhores amigas e eu não poderia estar mais feliz. Ah, e essas coisas pretas na minha cara. Lindas né? Vou roubar o corretivo de uma de vocês pra tapar isso aqui e se eu não for aceita no ensaio fotográfico hoje por causa disso. Assim, sem pressão – ela virou as costas e voltou para o quarto.
Todas nós nos olhamos.
- Que ótimo acordar com um chilique da nossa bebezona – deu de ombros com a boca cheia de marshmelows.
- Como você consegue comer isso de manhã cedo? – perguntou a ela, que só deu de ombros e tomou um gole do café.
- Esqueçam, eu também ficaria brava no lugar dela. Amanhã ou depois passa – falou.
- De que ensaio fotográfico ela falou? – perguntei.
- Ela me falou de algo como umas fotos para um catálogo de roupas de alguma loja local, mas eu não sei qual.
- Estou me sentindo mal por ontem... – disse.
- Nem esquenta, , a gente conhece a . Depois que o mau humor matinal passar ela melhora um pouco.
Meu celular começou a tocar nessa hora, era Zayn. Peguei o celular e fui para a sala atender.
- Alô?
- Bom dia, . Tudo bem? – Zayn disse parecendo meio cansado do outro lado da linha.
- Bom dia, tudo bem e você?
- Tudo. Eu tô ligando pra te fazer um convite, na verdade, mas acho estranho conversar por celular. Quer almoçar comigo pra gente conversar?
- Claro – sorri. – Que horas?
- Eu passo aí em uma meia hora, pode ser?
- Pode. Até daqui a pouco, então – disse.
- Até, ham... tchau.
- Tchau.
Desliguei o celular e voltei para a cozinha.
’s POV
- Afinal que negócio é esse de namoro falso? – perguntou depois que voltou para a cozinha.
- Ah, não é nada demais. Ele precisa de um namoro falso por causa da imagem e eu preciso me livrar do Pedro. É um bom acordo – ela respondeu.
- Nada demais, claro... tirando o fato de que ele é mundialmente famoso – eu falei.
- Eu não ligo pra isso, é só por um tempinho. – ela deu de ombros.
- – levantou da mesa. – Esse negócio não é tão fácil como parece. Você tá sendo vista pelo mundo todo como a namorada do Zayn Malik.
- Sem pressão, mas meninas do mundo todo te odeiam agora. – falou, terminando de secar a louça. - Você vai receber ameaças de morte pelas redes sociais, vai ser cuidada por papparazzi e se fizer qualquer coisa errada, as revistas vão criar um boato imenso. Isso pode acabar com o emocional de qualquer garota, é pressão demais.
- Parem com isso! – ela fez uma careta. – Vocês são muito pessimistas, acham que se alguma coisa pode dar errado ela com certeza vai dar.
- Isso se chama lei de Murphy, na verdade... – começou a comentar.
- É, mas eu não estou pensando pelo lado negativo. Vocês sabem que eu não ligo para o que falam de mim. Não mais. – Ela deu de ombros. – Não entro muito em redes sociais, não leio revistas e pra ser sincera eu estou mais do que calma mesmo sabendo que meu rosto está na capa de dezenas de revistas e milhares de garotas no mundo todo já sabem tudo sobre mim e possivelmente me odeiam. É sério. Quem liga pro que essa gente pensa? Elas não pagam as minhas contas. – Deu de ombros.
tinha o poder de não se preocupar profundamente com nada. Ela era tão tranquila que problemas pareciam não existir para ela, porque ela encarava tudo de um jeito tão calmo que acabava dando certo. Não que aquilo fosse um problema, porque por enquanto estava tudo bem.
- Quando começa seu estagio, ? – perguntou.
- Segunda. Estou tão empolgada!
- Isso é o máximo, . Imagina só se você conhece famosos? Ia ser incrível.
- Ia mesmo... – suspirei.
’ POV
Que dia mais insuportável. Já acordei morrendo de dor de cabeça, tive que aguentar as meninas falando comigo como se nada tivesse acontecido e não conseguia tirar os coraçõezinhos da minha bochecha. Depois do banho, entrei no meu Twitter e minhas mentions estavam lotadas de tweets. A maioria falava ou de “essa é a garota do Harry” e comentários sobre a minha aparência, ou sobre “coitadinha dela, os meninos trollaram eles direitinho”. Muita gente me xingava pelo simples fato de eu ter gritado quando vi o insuportável o Harry do meu lado, sendo que todas elas queriam “ter a minha sorte”. Ai, coitadas, se soubessem o troglodita que ele realmente é.
Por isso, como eu amava uma atenção, fui logo postando:
Se vocês gostam de xingar quem dorme com ele, deveriam começar a xingar umas às outras. Xx
E um tempo depois:
Nós apenas temos amigos em comum, e não passa disso. Nem vai passar.
Depois disso saí do Twitter. Eu não ia deletar minha conta, se era isso que elas estavam esperando. Adorava uma atenção, e se não fosse o animal do Harry eu até acharia a história interessante.
Zayn’s POV
Busquei para almoçar pouco antes de meio dia e a levei em um restaurante pouco movimentado ali perto.
- Eu estou ficando louca, ou tem um carro seguindo a gente desde que saímos lá de casa? – ela sussurrou no meu ouvido quando descemos no estacionamento.
- São os papparazzi, vai se acostumando. – eu ri e acompanhei-a.
- Ah... que estranho.
- Tudo bem pra você? Eu sei que no começo é difícil.
- Tudo bem. Eu não ligo muito pra isso.
- Tudo bem, então.
- Hum... você não devia... me abraçar, ou sei lá?
- Verdade! – sorri e passei meu braço pelos ombros dela. Tínhamos quase a mesma altura, eu era pouca coisa mais alto. Era estranho estar tão próximo de alguém que eu mal conhecia. Comecei a rever o meu plano mirabolante naquele momento, mas logo ignorei isso.
passou o braço pela minha cintura e riu para o chão.
- O que foi?
- Vai acreditar se eu disser que acho mais estranho estar agindo como sua namorada do que ser perseguida por papparazzi?
- Por quê? – ri.
- Eu não sei... só nunca pensei nisso.
- Relaxa, é mais fácil do que você pensa. Se você parar pra pensar, um namoro falso parece mais real do que um de verdade.
- É, acho que se a gente estivesse namorando de verdade não se abraçaria assim.
Concordei com a cabeça e entramos no restaurante, eu a guiei até uma mesa mais afastada no canto.
- Você tem que estar no colégio que horas?
- Uma e meia. Aliás, sinto muito por esse uniforme ridículo, eu costumo me vestir melhor do que isso.
- Não, tudo bem... – ri. – Tá bonita. Isso é ótimo. – Sorri para ela.
- O que é ótimo?
- Eu só... nunca pensei em namorar uma garota comum, que ainda vai na escola e tudo mais. Isso é ótimo. Muito melhor do que qualquer outra pessoa famosa e conhecida.
Ela fez uma careta, mas sorriu. A garçonete veio até nós e fizemos nosso pedido.
- E então, o que queria falar?
- Bom, eu sei que é estranho, tecnicamente estamos namorando há apenas um dia. Mas é que a mídia sempre acredita que quando uma pessoa famosa começa a namorar publicamente ela já estava namorando há mais tempo, só não havia tornado publico ainda. Então, nesse fim de semana eu vou para a minha cidade natal para ver minha família, e nosso empresário disse que quer que a gente apareça o máximo possível juntos. Então os meninos me disseram pra, hum, te convidar pra ir comigo.
Ela ficou quieta por um tempo e depois assentiu.
- Pode ser uma boa.
- Fala a verdade, se não estiver afim tudo bem. Eu só queria saber mesmo. Você pode ficar, se quiser. Tô pesando a barra, né?
Ela riu e negou com a cabeça.
- Não, não é isso, é que... E a sua família? Eles não vão achar estranho você ter começado a namorar assim, de repente e aparecer comigo lá?
- Ah, não, não. Eles estão acostumados com isso, quer dizer, eu não costumo contar quando estou namorando. Sei que eles vão te receber bem. – Dei de ombros.
- Eu não sei... Quero ir, eu disse que ia te ajudar, mas tenho medo do que eles vão pensar.
- Você tem medo do que a minha família vai pensar? – ri. – Devia ter medo das fãs que acampam na frente da minha casa e de todos os boatos que inventam.
- Não, isso aí é só besteira, logo todo mundo esquece. Mas se você diz que não tem problema se eu for, é claro que vou. Mas vamos ter que treinar mais esse negócio de sair abraçados do carro.
Nós rimos.
- Acho que pra primeira vez nos saímos bem.
- Acho que você tá agindo meio mecânico, tem que relaxar mais pra me abraçar – comentou.
- Não tenho não. E eu não sou mecânico, só estava tentando achar um jeito decente de te abraçar. E eu até que achei bem confortável te abraçar – dei de ombros. – Parece que... encaixou. – ri.
- Se você diz... ainda acho que só dar as mãos está ótimo.
- Me dá a sua mão – estendi a mão para ela sobre a mesa e ela fez o mesmo. Deixei a palma da minha mão para cima e ela colocou a dela sobre a minha. – Olha só isso, minha mão dá duas da sua.
- E daí? – ela eu de ombros. – É fofo!
Ri comigo mesmo.
- Garotas.
’s POV
Para minha sorte, eu tinha um horário de almoço estendido e quando estava de carro podia vir almoçar em casa, o que aconteceu naquele dia.
- Olha só isso aqui! – gritou da sala e eu e as meninas fomos até lá ver o que a ela viu no notebook que a deixou tão intrigada.
Era o Sugarscape com um post dizendo “Zayn Malik e sua nova namorada almoçando na manhã dessa sexta-feira”. Logo embaixo disso havia varias fotos dos dois. Em uma eles estavam saindo do carro e ela sussurrava algo no ouvido dele, que sorria. Em outra eles estavam entrando no restaurante abraçados e a última mostrava pela janela os dois segurando as mãos em cima da mesa.
- Isso é tão hilário! – disse.
- A finge bem. – eu falei.
- Vai saber se ela não está gostando? – falou com um sorrisinho.
- Eu estaria – deu de ombros e foi para a cozinha. Essa foi a primeira vez que ela falou depois do chilique de manhã, do qual fiquei sabendo.
- Olha esse! Foi postado há um minuto. “Zayn Malik deixando sua namorada no colégio na tarde dessa sexta-feira”.
- Você estaria gostando, é ? – riu.
- Tá brincando? Ele é muito gato. Eu até perdoaria vocês se tivessem botado ele no lugar do idiota do Harry na minha cama.
- Que isso, ? – eu ri. – Furando o olho da sua amiga?
- Primeiro, é um namoro falso. Segundo, eu achei ele gato desde que o vi. É o mais bonito da banda. E terceiro, eu só estou falando, não vou furar olho de ninguém.
- É, olhar não tira pedaço e bem que o Zayn é bonitão. – deu de ombros.
- Imagina só se o Niall ouve isso – brincou.
- Mas explica pra gente qual o grande problema entre você e o Harry? – perguntei à . – Ele é uma gracinha.
As meninas concordaram e rolou os olhos.
- Ele é um idiota. Se acha o centro do universo, pega uma menina diferente por dia, é daqueles famosinhos babacas. É só olhar pra ele. Vocês me conhecem bem pra saber que eu odeio esse tipo.
- Ah, para vai. Só pra se divertir não seria nada mal – insistiu. – Você sabe, só uns beijinhos. E talvez não devesse julgar tanto um livro pela capa.
jogou uma almofada em .
- ! – ela fez uma cara de “você não tem cérebro”.
- Eu ainda acho que tem mais nessa história. Por exemplo, ontem o que te fez sair da piscina daquele jeito? – perguntou.
suspirou e sentou no sofá.
- Ele quase me afogou! Precisa de mais do que isso?! – Ela nos olhou e revirou os olhos quando não esboçamos reação. – Vocês sabem que tenho medo...
Pigarreei.
- Você se assustou – assenti quebrando o silêncio incômodo, e logo pensei em mudar de assunto porque sei que ela não queria falar sobre isso. – Então, vocês querem carona? Preciso voltar pra editora.
- Sim. – levantou do sofá.
- Então vamos lá – levantou de súbito puxando a mão da para a porta, enquanto eu pegava as chaves do carro.
No caminho até o colégio fomos ouvindo musica e cantando Tonight Tonight do Hot Chelle Rae bem alto.
- , eu volto pra casa de taxi hoje de noite, tenho o ensaio depois do colégio.
- Que tipo de roupas são?
- São roupas intimas e tal. – Ela falou, mexendo nas unhas e eu encarei-a pelo retrovisor. – O que é?
- Como assim o quê? Você pirou?! Vai fazer um catalogo de lingeries? Como seu pai concordou com isso?
- Ele nunca lê todo o contrato. E não são lingeries, sua idiota, são roupas intimas de adolescentes. Tipo aquelas cuecas femininas e calcinhas da vovó com estampa de florzinha e carinhas de animais na bunda. Também tem pijamas e tudo mais. Não vai ser um ensaio sensual e nem nada – ela riu.
- Pelo menos o mau humor dela já passou – deu de ombros e falou para mim.
Parei o carro na frente do colégio.
- Você que pensa. – pegou a mochila e empurrou . – Meu mau humor vai passar quando eu ganhar de você na corrida até a quadra. – e falando isso ela abriu a porta e saiu correndo.
- Ah não! Tchau, ! – falou e saiu correndo atrás dela.
’s POV
Corri tão rápido atrás da que cansei. Mesmo assim ela chegou antes até a quadra de corrida. Depois voltamos até onde a provavelmente estava e ficamos com ela conversando sobre como ela era sortuda por estar com Zayn até o sinal tocar e irmos para a sala.
A tarde passou rápido, apresentamos um trabalho de física e quase provocou uma explosão no laboratório de química, o que fez todos rirem. Acho que tiramos uma nota boa.
- Ei, – atirei uma bolinha de papel nela, que estava sentada um pouco mais à frente. Ela virou para mim na hora.
- O quê?
- Posso ir com você no ensaio fotográfico? Gosto de ver.
- Claro!
- Ok.
Depois da aula, como o combinado, eu e ela nos despedimos da que ia encontrar a no carro para ir pra casa, e saímos do colégio. O dia estava nublado e tinha um vento frio, parecia que ia chover a qualquer momento.
Quando estávamos no portão de saída um cara com uma câmera e um bloquinho de notas se aproximou de nós de vagar.
- Com licença, e , certo?
Assentimos com a cabeça e ele sorriu, continuou andando e me levando junto.
- Vocês se importam se eu fazer umas perguntinhas? Vai ser rápido!
- Ele vai manipular nossas palavras, , não para de andar.
- Para de ser escandalosa – pedi baixo para ela, sorrindo para ele em seguida.
- Por favor. Vocês conhecem os meninos da One Direction, certo?
- Não. – respondeu e pegou minha mão, apertando o passo. – Somos um casal. Tá vendo? – levantou nossas mãos e eu quis rir. Ele olhou confuso para seu bloquinho, parecendo se perguntar se éramos as pessoas certas. Olhou para o portão do colégio.
- Desculpem, garotas. Acho que parei as pessoas erradas.
Ele se afastou e nós duas nos olhamos, caindo na gargalhada em seguida.
Eu achava legal como eles mudavam totalmente o cabelo dela. mudava constantemente de cabelo por causa dos ensaios fotográficos e eu nem lembrava mais se o seu cabelo atual era o original. Sei que agora ela estava com o cabelo preto e a camada de baixo era vermelha, mas para esse ensaio ela teria que pintar de castanho e enrolar. Uma vez, no começo do ano, me lembro de ela ter chegado loira e com as pontas do cabelo verdes. Isso durou só três dias, porque ela ficava muito estranha daquele jeito, mas era legal.
Depois de duas horas arrumando o cabelo e mais uma meia hora na maquiagem, ela ficou pronta e foi para a troca de roupas. O estúdio tinha um fundo branco e o fotógrafo estava preparando a câmera.
voltou com um pijama com o calçãozinho rosa e uma blusa branca cheia de estampas. Me encostei na cadeira pronta para uma hora de roupas lindas e caras e bocas da para a câmera.
’s POV
Assim que encostei o carro na frente do colégio e entrou no carro, um cara com uma câmera e um bloco de notas veio até a janela do carro.
- Oi garotas, achei vocês! Se importam se eu fizer umas perguntinhas rápidas?
Eu e clara nos olhamos e demos de ombro.
- Claro – falei.
- Então, você é a , certo? – ele apontou para mim.
- Certo.
- Ok. O que rola entre você e o Louis?
- Eu e o Louis?! Somos só amigos. – Ri. - Louis gosta muito da Eleanor, está nos olhos dele.
- Então por que as fãs dizem que rola algo entre vocês?
- Vai saber o que se passa na cabeça dessas garotas?
- Certo – ele anotou algo no bloco. – ?
- Oi?
- Você e Zayn estão namorando, né? Ou também é só amizade?
- Estamos namorando – ela sorriu.
- Há quanto tempo?
- Nos conhecemos há algum tempo, mas só tornamos isso oficial agora. – ela assentiu.
- E como ele é com você?
- Ele é um fofo, me diverte demais. Eu não tenho do que reclamar, Zayn é incrível.
- Ótimo, era tudo que eu precisava ouvir – ele sorriu. – Obrigado.
Sorrimos e eu dei partida no carro.
- Você mente bem – comentei.
-Você também – ela sorriu.
- O quê?!
- Com aquela carinha de “somos apenas amigos e eu estou feliz com isso”.
- Tenho que me conformar com a verdade – dei de ombros.
- Você gosta dele, né ?
- É, eu gosto.
Depois de alguns minutos em silêncio, ela perguntou:
- Por que não convida os meninos para ir com vocês para a chácara?
- “Com vocês”?
- Eu não vou – ela disse. – Zayn quer que eu vá com ele para a casa dos seus pais.
- Uau, já estão nessa fase? Usa camisinha, viu. – brinquei e levei um soco no braço.
- Idiota. Eu concordei em ajudá-lo e disseram que o quanto mais aparecermos juntos e para dar a impressão de casal feliz melhor.
- Mas conhecer os pais? Já? Eles sabem que é mentira?
- Não. Vamos ter que fingir, os únicos que sabem são vocês e os meninos.
- Isso me lembra muito um filme... – pensei.
bufou.
- Você sabe como essa história termina, certo?
- Mas essa é a vida real – ela revirou os olhos. – E além do mais, nem conheço bem ele.
- Só estou falando – dei de ombros.
- , estávamos falando sobre você convidar os meninos, lembra?
- Ah, é... – parei o carro em um semáforo. – É uma boa ideia.
- É, assim você pode passar mais tempo com ele.
- Eu vou pensar mais nisso... – assenti.
Chegamos em casa e eu, e ficamos olhando um filme qualquer na TV até as outras duas chegarem.
Liam’s POV
- Será que da pra parar de comer por um segundo? – Ouvi Louis perguntar a Niall na cozinha. – Você vai acabar com o nosso estoque, sabia?
- Louis, eu juro por Deus, não é querer ser o cara que nossas fãs dizem que eu sou, mas não comi nada a tarde inteira naquela merda de mesa de autógrafos! As fãs levam tudo que é tipo de porcaria, menos coisa de comer, Boo Bear! – ele respondeu, indignado.
- Não me chama assim, viado.
- Parem, crianças. – pedi.
- Você tá olhando Toy Story Liam, não tem moral pra chamar ninguém de criança – Harry falou, quase dormindo ao meu lado.
- Sério, cara, não tem absolutamente nada melhor. Juro. – Levantei as mãos. – Esse filme te dá uma puta lição de moral.
- Sim. De como não se deve maltratar seus brinquedos. – Harry debochou.
- E aí Zayn, já convidou a ? – Louis perguntou, voltando para a sala com uma bacia de pipocas.
- Sim.
- E aí?
- Ela aceitou.
- Só isso? Sobre o que mais conversaram?
- Nada demais.
- Que interessante – Harry bufou. – Você não sabe falar com uma garota?
- Ela é minha namorada falsa. – ele deu ênfase ao “falsa”. – Não precisamos conversar o tempo todo.
- É, até porque A: ela é mais inteligente do que você e B: você não sabe manter uma conversa porque só dá respostas curtas. É mais irritante que o Harry falando igual bêbado – Louis disse e eu ri.
Ouvimos o celular de Niall tocar na cozinha e ele atendeu, falando alegremente com a pessoa do outro lado da linha.
- Falem oi para as meninas – Niall apareceu com o celular na mão.
Todos nós murmuramos alguns ois fora de ordem.
- Oi! – foi o que recebemos em troca, de várias vozes femininas – Tudo bem, gente? É a .
- Oi, – eu disse. Certeza que soei como os caras dos alcoólicos anônimos.
- Eu queria fazer um convite a vocês. Vamos para uma chácara esse fim de semana, amanhã bem cedo. O lugar é dos meus tios, mas eles vão sair e a gente vai ter a casa só pra gente por dois dias. O lugar é ótimo, tem de tudo, eu e as meninas sempre vamos lá. Vocês podem vir junto, vocês sabem, se não tiverem nada melhor para fazer. – depois de um segundo, concluiu: - tipo o Grammy ou sei lá.
Ri, como se fôssemos importantes assim.
- É uma boa – Louis disse. – Mas o Zayn não vai ir.
- É, nem a – ouvi a voz da .
- O que vocês têm contra baladas? – Harry perguntou. – Desde que conhecemos vocês eu não saí mais nenhuma vez de noite.
- Eu só estou convidando, Harry. Se quiser ficar em Londres e ir para festas pode ficar – respondeu.
- Se demite da vida, Harry. – Louis debochou, rindo de boca cheia.
- Sozinho não tem graça – ele fez bico.
- Eu topo – Falei. – Parece legal.
- Eu também – Niall gritou.
- É, eu também. – Louis disse. – E o Harry também vai, porque sim.
Styles bufou, de olhos fechados no outro sofá.
- Certo – ela riu. – Então arrumem suas coisas e venham para cá amanhã bem cedo. Vamos sair às sete horas, vocês seguem a gente, pode ser?
- Pode – falei. Era eu que ia dirigir mesmo.
- Ok – respondeu. – Até amanhã, meninos. Tchau. – e desligou.
Zayn’s POV
Fui o primeiro a sair da casa do Louis e do Harry. Dei tchau para todos e nos desejamos um bom passeio. Fui a pé mesmo até em casa, morávamos em um complexo, como todos já sabiam, e era como se fossemos vizinhos. Cheguei, peguei uma roupa e antes de ir para o banho recebi mais uma mensagem de .
: Tá fazendo o quê?
Respondi:
Vou tomar banho agora, kss x
Tomei um banho rápido com a intenção de não demorar a responder a próxima mensagem que sei que ela mandou.
: Preciso saber que horas saímos amanhã.
Depois de ler, desliguei as luzes, fui até o quarto e me deitei na minha cama quente e confortável para respondê-la. Cara, como eu amava a minha cama.
Eu passo aí às seis e meia e vamos para o aeroporto, ok?
: Tudo bem. Quanto tempo até lá?
Quase três horas, por quê?
: tenho um pouco de medo de avião. Ridículo, eu sei, mas é a vida :\
Ri do SMS, e mandei outro.
Tenho medo de água, porque não sei nadar, e tenho medo de escuro então não me venha querendo competir sobre quem é mais ridículo.
: me sinto bem melhor ao saber disso, obrigada.
Não soube o que responder, então esperei alguns minutos e recebi outra:
: Não sei quase nada sobre você e estou prestes a conhecer sua família.
Relaxa , vai dar tudo certo amanhã. Bom, você já sabe meus medos e agora sabe também que minha cor preferida é preto. Gosto de dormir bastante, tenho um carro, mas não tenho carteira. Acho que é isso, não lembro de mais nada vergonhoso ao meu respeito.
: vou ter que conversar mais com suas fãs... se você quer saber sobre mim eu vou te levar na minha casa um dia. Minha mãe vai adorar pegar nossos álbuns de fotos e me constranger bastante com histórias de quando eu era criança.
Mal posso esperar – digitei isso e mandei antes que eu parasse e pensasse “não, ela pode entender errado”.
: eu também... bom, minhas coisas estão prontas. Vou dormir, te vejo amanhã?
Se você tiver sorte... brincadeira, haha, até amanhã ;P
: Sweet dreams, bad boy de Bradford.
POV
e chegaram rindo e falando alto sobre algo que não sabíamos o que era. Elas chegaram tarde, e já estava dormindo. estava tomando vitamina – eu sei lá porque diabos ela estava tomando aquilo antes de dormir – e eu estava deitada me decidindo entre ouvir musica ou olhar algum filme.
A primeira coisa que percebemos foi o cabelo da , que estava diferente de novo. Nós já estávamos acostumadas com isso, então nem falamos muita coisa além de um “bonito cabelo” vindo de mim. Eu sei que preferia coisas mais diferenciadas como mechas coloridas, mas esse tipo de cabelo era geralmente para roupas de alguma marca de roupas de “rock” ou para propagandas de perfumes. Esse cabelo de agora, enrolado e quase cor de mel, era mais comportado e eu achava legal. Com o tempo aprendemos a achar qualquer cabelo legal para ela, que estava sempre em mudança e gostava disso.
- Seu cabelo está igual ao da Eleanor – revirou os olhos.
- A culpa não é minha, . – ela fez cara de “sinto muito”.
- Tanto faz – falei. – Vão se trocar e dormir logo, porque amanhã acordamos bem cedo. Ah – estalei os dedos. – Os meninos vão para a chácara também. – foi falar algo, mas eu a interrompi, respondendo antes mesmo que ela perguntasse: - Sim, os meninos envolve o Harry.
- Droga – ela xingou baixinho e foi em direção ao banheiro.
- Cadê a ? – perguntou.
- Já dormiu.
- Hum... – se jogou no colchão ao meu lado.
- você não vai dormir com calça jeans de jeito nenhum, sabia que isso cria estrias?
- Eu não preciso ser bonita, eu sou inteligente. – ela virou para o lado e fingiu estar dormindo.
- Fala isso pro Justin Timberlake pra você ver.
- , não enche o saco, vai dormir, as pernas são minhas!
soltou uma gargalhada e fiz careta para elas.
- Bom – dei de ombros. – Não é a minha bunda que vai ficar toda caída. – e deitei.
Uns dez segundos depois ela levantou.
- Odeio sentir a consciência pesada – ela bufou e foi para o quarto trocar de roupa, eu ri.
Niall’s POV
Acordei com um soco do Harry.
- Anda logo – ele falou, ainda com a voz rouca de sono. – Liam disse pra te acordar.
- Desse jeito tão carinhoso? – perguntei, rolando da cama e indo quase me arrastando até o banheiro enquanto ele ia para minha cozinha.
- É. E não reclama porque eu estava pensando em jogar meu cereal em você.
- Você tá querendo dizer meu cereal? – perguntei da porta do banheiro indicando as coisas que estavam na minha cozinha enquanto botava pasta na escova.
- Você não devia falar nada, estamos sem comida em casa por sua causa. – ele deu de ombros e levou a colher cheia à boca.
- Vocês adoram implicar comigo porque eu tenho fome.
- Você é anormal, é diferente. – ele riu.
Revirei os olhos e terminei meu serviço no banheiro antes de ir para a cozinha tomar café.
- Que horas são?- perguntei.
- Quase sete.
- Ainda é ontem, quase, de tão cedo.
- Por que estão demorando tanto? – Liam apareceu na porta gritando.
- Niall ainda vai tomar café – Harry disse do sofá, sem tirar os olhos de Tom e Jerry.
- Nem pensar. Niall tem torradas no carro, já tá todo mundo esperando, vamos.
Peguei minhas coisas e saímos, enquanto eu chaveava a porta vi Liam dar a mochila de Harry a ele.
- Com todo mundo você quis dizer o Louis?
- É, Zayn já foi.
- Aposto que ele nem dormiu. Não é da natureza dele acordar tão cedo se bem o conheço – Harry.
Entramos no carro e Louis já estava no carona, também com cara de sono. Logo que entrei procurei as torradas, mas não as encontrei. Olhei furioso para Liam, que fez cara de “desculpa”.
- Era o único jeito de te fazer entrar no carro, já estamos atrasados.
- Estou com fome, Liam Payne!
’s POV
Sete horas da manhã e eu bem disposta, quem diria. Paul estava trazendo Zayn até aqui mais cedo porque o voo ia sair mais cedo do que Zayn esperava então ele não pôde esperar os meninos. Quando eles chegaram, o porteiro avisou e eu logo desci, com apenas uma mala preta e pequena que Paul colocou no porta-malas do carro – onde, pelo que pude perceber, cabiam pelo menos dois corpos. Sentei ao lado dele e sorri.
- Bom dia.
- Bom dia – falou, ainda meio sonolento.
- Que cara feliz, Zayn.
- Desculpa, não gosto de acordar... – ele parou por um segundo, e concluiu. – Cedo.
Eu ri.
- Te enchi o saco até muito tarde ontem, foi isso.
- Não, na verdade a hora que eu vou dormir não importa, acordar nunca é uma coisa boa pra mim.
- Sei como é, eu era assim até começar a acordar cedo para caminhar de manhã.
- Você caminha? Quando poderia estar dormindo?
- E você dorme quando poderia estar caminhando. É bom, sabe, dá ânimo. É um bom jeito de começar o dia.
- Meu dia começa ruim porque eu acordo. As pessoas acham que eu sou mal humorado, mas é que eu fico quase dormindo na maior parte do tempo, preguiça é meu maior mal.
- Um dia isso passa – sorri. – Eu era assim. Até semana passada, na verdade, para ser mais exata.
Zayn sorriu.
Fomos até o aeroporto e pegamos nossas malas. Fizemos o check in e sentamos para esperar o nosso voo. Logo que sentou, Zayn procurou por algo na sua mala, e eu me espantei ao ver que era uma carteira de cigarro.
- Você fuma?!
- Você... não sabia? – ele pareceu confuso.
- Não!
- Ah... é. – levantou a carteira na mão.
- Eu não tinha ideia.
Não acredito nisso. Zayn fumava? Eu não esperava por isso mesmo! Odeio fumantes, odeio cheiro de cigarro e isso me dava náusea. Me lembrava de um pedaço da minha infância em que meu avô era vivo e vivia falando que ia parar de fumar, mas nunca parava, e isso acabou o matando. E desde então isso era repugnante para mim.
- Você não tá feliz. – ele falou, não foi uma pergunta.
- Desculpa, Zayn, isso foi uma surpresa. Pra falar a verdade eu não gosto de cigarro, isso me da... náusea. – tentei ser cuidadosa ao falar.
- Tudo bem – ele levantou o cigarro ainda apagado, e colocou devagar na carteira de novo. – Vou tentar evitar perto de você.
- Obrigada – sorri, bem mais aliviada com isso. – Por que faz isso? Eu sei que é um vicio, mas... – fiz uma careta.
- Eu sei que é nojento. Quem não tem um vicio não sabe como é, parece que se eu não fumar de vez em quando algo em mim vai me deixando nervoso... É horrível, mas eu queria poder parar enquanto ainda estou no começo. Eu fumo bem pouco comparado aos fumantes de verdade. É uma carteira por semana, geralmente. Quando o nervosismo cresce eu preciso disso. Quero parar um dia, mas preciso de uma motivação. Eu tenho as fãs, os meninos e minha família, mas nenhum deles realmente briga comigo, arranca isso das minhas mãos e me força a parar, então não adianta.
Encarei-o por algum tempo refletindo as palavras dele e pensando em todas as consequências horríveis que isso tem. Não queria isso para Zayn, pensar nele em uma cama de hospital, com algum tipo de doença séria ou mesmo com aquelas tosses que nunca passam era muito ruim. Peguei a carteira de sua mão e joguei-a no lixo que estava bem ao meu lado, do lado do banco onde estávamos.
- Pronto – falei. – Agora você não tem mais o que fumar.
Ele pareceu meio surpreso de inicio, mas depois sorriu um pouco.
- E durante esse fim de semana, meu caro, você não vai colocar uma toxina perigosa na boca – falei. – Estou de olho em você.
Ele riu.
- Obrigado... eu acho.
’ POV
Acordar cedo não é legal. Eu estava me sentindo um zumbi, mal conseguia abrir os olhos, nem tirei o pijama e só peguei minha mochila, indo direto para o carro.
- Eu fui a ultima a acordar? – fiz a pergunta óbvia quando vi todas minhas amigas me olhando no carro. estava no banco de trás ao meu lado, comendo algum tipo de doce.
- Foi. – respondeu do banco do motorista.
- E estamos esperando o quê?
- Nada – falou. – Eles acabaram de chegar – apontou para um carro com quatro meninos que acabava de encostar do lado do nosso.
- Oi, meninas! – Liam sorriu no banco do motorista, seguido de Louis que estava no carona e acenava alegremente para nós.
Harry estava no banco de trás desse lado e eu só conseguia ver sua bochecha amassada contra o vidro, ele parecia estar dormindo. Por fim, podia-se ver Niall do outro lado com uma cara brava.
- O que o loirinho tem? – perguntou, abrindo a janela.
- Fome – Liam revirou os olhos.
- Ah... – ela olhou para o pacotinho de doces que tinha em mãos. – Toma – ofereceu o pacote ao Liam. – Dá pra ele, não estou mais com fome.
olhou para mim e eu e ela trocamos um sorriso malicioso.
O rosto de Niall se iluminou automaticamente e eu acho que não era por ver os doces, exatamente.
- Vamos? – perguntou.
- Pode ir que eu sigo – Liam deu de ombros e deu partida ao carro.
Logo que o carro começou a se movimentar, fechei os olhos e dormi em segundos, acordando não sei quanto tempo depois quando estávamos parando em um posto. As meninas conversavam sobre caras gatos, pelo que eu pude entender. O sol já estava alto, o que dava a entender que estávamos na metade da manhã. estacionou e pulou para fora no instante seguinte, indo para o banheiro ali perto.
Desci do carro e me alonguei, eu estava com dor por ficar muito tempo na mesma posição. As meninas também desceram e foi ao banheiro com enquanto foi até a loja de conveniência do posto.
Os meninos também estacionaram e desceram do carro, Liam me deu um beijo no rosto e foi até o banheiro rindo, seguido de Niall que me abraçou e também foi rindo. Qual foi a piada que eu perdi? Harry passou por mim e me olhou de canto, sorrindo e balançando a cabeça negativamente. Louis veio até mim e me abraçou.
- Tá gata, hein? – ele disse, logo depois seguindo os meninos.
Gata? Olhei para mim mesma e finalmente entendi do que estavam rindo, eu estava de pijama! Pijama curto! Como não lembrei disso antes de descer? Olhei em volta e algumas pessoas do posto me olhavam torto, eu peguei minha mochila do carro e fui correndo até o banheiro.
- Por que ninguém falou que eu estava de pijama? – entrei gritando para as garotas. arrumava o cabelo no espelho e saiu de dentro de um dos boxes nessa hora.
- Você tá tão fashion – riu da minha cara.
’s POV
comprou água e salgadinhos, o que foi ótimo porque eu estava morrendo de fome quando dei meu doce para Niall.
- Oi! – ele apareceu atrás de mim na porta da loja, me assustando.
- Oi. – sorri.
- Obrigado pelos doces mais cedo.
- Tudo bem.
- Pronto, sua morta de fome. – saiu da loja me jogando um pacote de biscoitos. Olhei envergonhada para Niall, que se limitou a sorrir.
- Você tá bem?
- Ótima – falei, abrindo o pacote e oferecendo a ele que, como eu já esperava, pegou um biscoito para comer. Mordi um também, e nos olhamos e rimos. Não era ser esfomeado. Era que comer era sempre bom, de verdade. Sempre.
Eu acho que estava louca, mas Niall não tirava os olhos dos meus, e eu me peguei encarando aquele azul brilhante dos olhos dele. Não sei por quanto tempo ficamos assim, porque a sensação era de que tudo havia parado. Depois de um tempo, ele desceu o olhar para... meus lábios? Olhei para os dele também, e pareciam realmente próximos dos meus. E eu estava gostando de toda essa proximidade, o que é mais assustador.
- Vocês estão surdos?! – Harry apareceu, dando um empurrão em Niall que se aproximou mais de mim por isso e acabou me empurrando também.
- Ei, Styles! – ele gritou, me segurando para que eu não caísse para trás. – Mais cuidado aí.
- Desculpa, mas estamos chamando vocês há um tempão – Harry disse, voltando para o carro.
- Desculpa – ele disse. - Sabe, seria bom você ir com a gente no carro. Tá faltando uma companhia feminina lá com a gente – ele riu.
- Eu não vou incomodar o sono do Harry?
Ele olhou para longe e pareceu ter uma ideia, então deu de ombros e disse:
- Vamos fazer ele ir com as meninas.
- Tudo bem – concordei, sorrindo meio boba.
Capítulo 3
We don't have the power but we never say never
Sitting in a sandpit, life is a short trip
The music's for the sad men
Harry’s POV
Niall me forçou a ir para o carro das garotas. O que ele tinha contra mim? Agora eu ia ficar no meio delas tendo que ouvir coisas como cabelo, maquiagem e unhas? Eu só posso ter grudado chiclete na cruz.
entrou de novo no carro e voltou a escorar a cabeça no travesseiro, eu não sabia ao certo se ela estava dormindo ou não. Estávamos cada um em uma extremidade do carro e meus olhos vagaram ali por dentro, vendo coisas como batons, bolsas, esmaltes e um pincel de passar na bochecha. levantou o som quando ouviu que One Thing estava tocando na Radio 1. Revirei os olhos e sorri. Eu ainda achava estranho ouvir minha voz no rádio, e estava um pouco cansado de ouvir essa música.
Quando voltei a passar os olhos pelo carro, instintivamente parei ao perceber que estava com um calção jeans curto. Sua pele era mais morena do que a maioria das garotas do Reino Unido, e por ser incomum isso era até um pouco... qual é a palavra? Sexy. Quem diria.
- Perdeu algo? – a voz dela me assustou. Olhei para seu rosto que me encarava.
- Não, eu só... – balancei a cabeça e desviei os olhos.
levantou mais a música na hora do solo de Louis e eu calei a boca para parar de gaguejar. Só agora percebi que o cabelo dela estava diferente, parecia um pouco com o da Eleanor, e estava enrolado. Ela me deu as costas, virando para a janela e eu tratei de virar para o outro lado também.
- Falta muito? – perguntei.
- Uns vinte minutos – respondeu.
E como eu imaginava, fui ouvindo as conversas delas sobre Ian Somerhalder e Chris Evans. Queria ter um fone de ouvido, mas deixei meu Iphone no carro dos meninos.
Chasing Cars, do Snow Patrol começou a tocar no rádio e pediu para aumentar, lendo meus pensamentos. Aquilo me lembrava do X Factor e de como a minha vida mudou, e eu adorava aquela música. Ela começou a cantar e as meninas também, e pelo jeito elas também gostavam daquela música.
Fomos pelo resto do caminho conversando, estranhamente elas me incluíram na conversa e o assunto estava mais interessante agora.
Enfim, depois de quinze minutos chegamos. O dia estava excessivamente calor, era o dia perfeito para se estar em um lugar bonito como aquele. Havia metros e metros de campos verdes e uma casa enorme de dois andares completamente feita de madeira envernizada, com uma sacada enorme no segundo andar e portas de vidro em todos os cantos. Era uma mansão.
Havia um pequeno chalé de pedra perto da casa, um celeiro ao longe e um galinheiro todo colorido ao lado.
- Onde estamos? – perguntei, quando estava chegando até a casa. – No set de filmagem de Hannah Montana o Filme?
riu.
- É mais ou menos isso – falou. – Adoro esse lugar.
- E seus tios são parentes da rainha ou o quê?
- Toda a família da é rica – disse.
- Lembrando que riqueza não é sinônimo de felicidade. – concluiu, um pouco triste.
– A casa dela parece o museu do Louvre. – comentou. - É gigantesca, eu sempre me perco quando vou no banheiro.
Eu ri.
- Doby está aqui, né ? – mudou de assunto.
- Sim, trouxe ele pra cá semana passada.
- Quem é Doby?
- Nosso cachorro – respondeu. – A traz ele pra cá às vezes para passar a semana, ar livre e bastante espaço é bom pra ele. Ele é grande demais para viver o tempo todo preso em um apartamento, precisa disso.
- Ah...
Assim que o carro parou, e desceram, eu as acompanhei e logo o outro carro parou também. Todos seguimos a que estava com a chave, e assim que ela abriu a porta só o que conseguimos fazer foi olhar em volta, de boca aberta. A casa era enorme, mais do que se podia imaginar olhando de fora, parecia alguma mágica de Harry Potter ou não sei o quê.
Todos soltaram as mochilas em um canto da sala e eu e os meninos continuávamos boquiabertos com tudo, a casa era simplesmente linda, toda de madeira envernizada em cada canto e móveis da mesma cor com detalhes pretos. Em um canto da enorme sala havia um piano preto que chamava a atenção de qualquer um. No outro canto, onde estavam os sofás e os pufes, havia uma mesinha de centro de vidro preta em cima de um tapete de tricô branco, uma TV enorme em uma estante baixa e ao longo de toda a sala haviam bancadinhas na parede cheias de fotografias de gente que eu não conhecia e vasos com pequenas e delicadas flores.
A cozinha era mais clara, porque era o último cômodo para trás da casa e tinha uma enorme parede de vidro que dava saída para os fundos da casa, onde se podia ver uma piscina gigante com várias cadeiras de tomar sol ao redor, uma extensão para a casa mais para o lado onde tinham aparelhos de academia, e um lugar ao ar livre com churrasqueira e mesas de madeira enormes.
- Estou me sentindo na casa de férias da rainha – Liam falou.
Aquele lugar me lembrava a chácara onde passamos uma semana para nos conhecermos bem na época do X Factor, só que beeeem maior. Como uma boyband famosa, eu e os garotos víamos luxo com certa frequência, mas eu ainda me espantava toda vez.
- Não exagerem, meninos – disse. – Podem subir, tem quartos suficientes lá em cima.
- Tem oito quartos nessa casa? – Niall perguntou, enlouquecido.
- Não, na verdade tem cinco. Eu e ficamos em um, e em outro e os outros três vocês dividem.
Todos subimos e eu e Louis ficamos cada um com um quarto, fazendo Niall e Liam ficarem juntos em outro. Eles não ligavam tanto pra isso, o que facilitou para convencê-los de deixar os quartos para nós. Depois disso, trocamos de roupa e fomos todos para a piscina.
’s POV
Duas horas em um avião. Eu estava tão tensa, nem me mexia no banco. Já haviam avisado que faltava pouco menos de quinze minutos para chegarmos, mas eu simplesmente não conseguia relaxar em momento algum. Eu me segurava no banco com as mãos e apertava mais forte a cada turbulência, só conseguindo pensar em “se eu sobreviver a isso, eu juro que nunca mais entro em um avião”. Zayn dormiu no momento em que encostou a cabeça no banco, e agora ele estava com a cabeça deitada no meu ombro sem nem perceber e seus lábios formavam um biquinho fofo.
Depois de cinco minutos ele pareceu acordar em uma turbulência um pouco mais forte. Esfregou os olhos, se espreguiçou e olhou em volta. Quando olhou pra mim, apesar de eu querer disfarçar, percebeu na hora que o meu “um pouco de medo” na verdade era uma fobia imensa de avião. Eu estava aterrorizada.
Ele sorriu, parecendo achar graça e em seguida olhou para minhas mãos que estavam apertando o banco com tanta força que eu nem as sentia mais. Ele colocou uma mão sobre a minha e tentou puxá-la de vagar, mas eu nem me mexi. Então, Zayn olhou nos meus olhos por um segundo.
- Tá tudo bem, , solta.
Eu não vou soltar! Gritei em pensamento. Vou morrer nessa coisa, isso vai cair a qualquer momento!
- Tá tudo bem – ele voltou a dizer, me olhava de um jeito tão penetrante que acho que fui soltando o banco sem perceber enquanto olhava para ele. – Isso... isso.
Depois que eu soltei o banco, ele continuou segurando minha mão e eu apertei-a – embora não tão forte quanto estava apertando o banco porque não queria quebrar sua mão.
- Não precisa ficar assim, falta pouquinho, não vai acontecer nada, tá bom?
Só assenti rápido com a cabeça, parece que se eu me mexesse muito aquele avião despencaria.
- Relaxa seu corpo, você tá do mesmo jeito desde quando eu dormi.
- Eu não... consigo, Zayn. Isso vai cair, eu juro.
- Não – ele riu. –Não vai, fica calma. Eu também não gostava, mas quando se é famoso e tem eu viajar quase todos os dias a gente acostuma. Olha, tenta algo que funciona para mim – ele pegou os headphones do tablet colado ao banco da frente e colocou em minha cabeça, ligando em uma música qualquer da memória do tablet do avião, e colocou bem alta. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me perder no meio daqueles sons, esquecer de onde estava. E com o tempo comecei a relaxar, estava dando certo.
- Melhor?
- Bem melhor. Valeu.
Dois minutos depois ouvimos o pedido para apertarem nossos cintos para a aterrissagem e mais alguns minutos depois eu estava livre. Nunca fiquei tão feliz em ver terra firme antes, só faltou eu me jogar na grama e agradecer.
Pegamos um taxi e fomos até a tal casa dos pais de Zayn, eu estava nervosa com isso e acho que estava visível no meu rosto.
- Fica tranquila, vai dar tudo certo. Minha família é como todas as outras, ok?
- Tá. Tudo bem, eu tô bem, é sério.
- Você tá um pouco tensa.
- Eu sei, mas já estou me acalmando – levantei as mãos e ele riu. – E então, está descansado agora?
- Um pouco mais, apesar de ainda estar com um pouco de preguiça, mas tenho certeza de que minha mãe vai estar com a comida pronta nos esperando e deve ter chamado todos nossos parentes para cá.
- Será que as fãs já sabem?
- Pelas garotas do aeroporto, acho que sim. É provável que tenham algumas em casa, então se prepare para as fotos.
- Se prepare você – falei. – Você é o famoso, e não eu.
- Mas você é a namorada do famoso. – ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, o que me fez congelar por um tempo. Será que ele estava confundindo as coisas? Ele ainda lembrava de que aquilo era só um fingimento, certo? É claro que sim, porque sem chance de Zayn Malik, aquele Deus grego na minha frente, sentir algo de verdade por mim, uma simples mortal que nem tão bonita era.
- Vamos? – ele disse, abrindo a porta.
Ok, dei uma de idiota. Pensei que Zayn estava confundindo as coisas quando ele só pegou minha mão porque estava na hora de descer do carro e fingir. Eu estava me sentindo uma tonta.
- Vamos – assenti.
Descemos e alguns flashes vieram da calçada, um grupinho com umas dez ou quinze fãs estavam paradas ali, com camisetas, faixas e cartazes para Zayn, todas elas começaram a pular e dar gritinhos quando nos viram, e vieram correndo até nós. Eu esperava que as garotas cercassem Zayn e o enchessem de beijos e abraços, mas elas vieram todas para perto de nós dois e, enquanto ele tirava foto com algumas, outras tagarelavam alegremente em volta de mim.
- , como ele é com você? – Uma delas perguntou, como se ele nem estivesse bem do nosso lado, agora assinando uma foto de uma garotinha.
- Ele é um fofo – falei o que já tinha decorado para quando precisasse. – Como vocês podem ver. Carrega minha mala e tudo – ri.
- É claro que sim, ela merece - ele piscou para a garota, como se fosse sua cúmplice, e ela derreteu em suspiros na mesma hora. Era até engraçado ver o efeito que ele provocava em todas as garotas que chegavam perto. Eu mesma me sentia um pouco tonta quando ele se aproximava demais.
- Posso tirar uma foto com você? – uma menina de uns treze anos, morena e com mexas rosas pediu com a câmera.
- Claro – falei, meio surpresa. Eu juro que esperava mais ganhar ameaças de morte do que todo esse carinho. Abracei a garota e sorri para a câmera, e depois de ouvir o click ela se afastou um pouquinho e olhou como tinha ficado.
Mais meninas se aproximavam. Algumas tiravam fotos com ele, algumas comigo e algumas com nós dois. Ele deu autógrafos e depois que todas se afastaram, nós finalmente pudemos entrar na casa. Zayn fez questão de levar minha mala mesmo depois de eu falar que não tinha mais ninguém ali.
Entramos e logo fomos cercados por um monte de gente e abraçados por todos, ganhando beijinhos e tudo mais, como se me conhecessem, muito mais receptivos do que eu sequer imaginava.
- Mãe, essa é a , minha namorada – ele falou, puxando sua mãe pela mão até um lugar menos cheio e apertando um pouco minha mão que estava entrelaçada na sua. – Lembra que te falei ontem sobre alguém especial? – Olhou para ela.
- É claro que sim, Sunshine! Oi, ! – ela me abraçou forte e me deu um beijo estalado no rosto. – Eu sou a Trisha – ela riu. – Muito prazer, você é linda! Eu já sabia que meu filho tinha bom gosto, mas nem tanto, hein – Ela sorriu para ele, que sorriu de volta meio envergonhado.
- Obrigada Trisha, você também é linda. Agora pude ver de quem Zayn puxou – disse e sorri, ele olhou para mim e sorriu também, provavelmente achando que eu estava me saindo bem.
- Espera só até ver o papai aqui – um homem alto e moreno veio até nós e estendeu a mão para mim. – Sou Yaser, pai do bonitão aí.
- Muito prazer – disse apertando a mão dele também. – Sou a .
- Se deu bem, hein filho? – ele riu.
- Mãe, pra que tanta gente? – Zayn perguntou.
- Porque fazia quase um ano que eles não te viam, Zayn! Estavam com saudades, o que você acha? Resolvi chamar os mais íntimos pra matar a saudade.
- Tá... – ele disse, não muito feliz.
- Dá oi pra todos e seja simpático – ela mandou, pegando a mão do seu marido e indo conversar com outras pessoas.
- Só os mais íntimos? – perguntei no seu ouvido.
- Tenho três irmãs, cinco tias, dois tios e vinte e um primos.
- Vinte e um?! – quase gritei. – Meu Deus!
- Pois é... então digamos que realmente sejam só os mais próximos. E ainda tá faltando gente, pelo que eu vi – ele espiou por cima dos meus ombros.
- Então vamos lá, temos trabalho pela frente.
Zayn pegou minha mão outra vez e me apresentou para algumas pessoas, nem a metade dos que estavam ali. Depois eu me aproximei de uma mesa com comidas e peguei um salgadinho, eu estava morta de fome. Fiquei por ali por um tempo enquanto ele dizia oi para o resto das pessoas, e me distraí. Só voltei para a Terra quando ouvi Zayn pedindo silêncio na sala, perto do sofá.
Já sabia o que ele estava prestes a fazer, e me arrependi por não ter dito antes que realmente não era necessário.
- Eu vou apresentar minha namorada a vocês, como não deu pra apresentar a todos. – ele me olhou e me chamou com a cabeça. Eu fui até lá, hesitante. Tudo bem que combinamos de esconder das famílias, mas eu não pensei que ela fosse tão grande. Metade do Reino Unido estava naquela sala. – Essa aqui é a famosa .
Nem tão famosa assim, pensei. Tecnicamente a famosa só existia há dois dias.
Acenei para todos, sorrindo, meio envergonhada e todos sorriram para mim amigavelmente.
- Como vocês se conheceram? – uma das tias dele perguntou.
- Hã... – nos olhamos meio perdidos. Não havíamos combinado aquilo.
- Eu estava... – nós dois falamos ao mesmo tempo. – em um café – eu disse ao mesmo tempo em que ele falou “no parque”.
- Eu estava no parque com os meninos e ela em um café lá perto – ele falou. – Então nós resolvemos entrar e...
- E eu estava saindo e...
- E a gente se bateu...
- E meu café derramou na minha blusa branca – falei, agora imaginando a cena, as ideias fluindo. – E então...
- Eu pedi desculpas e emprestei meu casaco a ela, e... quando ela disse que precisava ir embora eu senti que precisava vê-la de novo, então...
- Então ele disse que precisaria do meu telefone.
- E ela perguntou por que e eu disse...
- E ele disse “porque eu vou precisar para te pagar um novo café.”
- E desde então não nos desgrudamos mais – ele concluiu e sorriu para mim, um sorriso cúmplice. – Nossos amigos se tornaram amigos, e ficamos bem próximos.
Um garoto extremamente parecido com Zayn perguntou, perto do aparelho de som:
- E você é fã dele?
- Pra falar a verdade eu nem o conheci quando o vi – respondi sinceramente, e ele sabia que isso era verdade.
- Beija ela – alguém pediu e quase me engasguei, procurando o alguém descarado que fez esse pedido. Qual é, vida! Instantaneamente eu e ele nos olhamos assustados. Mas que coisa embaraçosa! Que família louca! Isso não estava no script!
- Gente... – ele começou, mas foi interrompido por outra pessoa.
- Vai, Zayn, mostra quem é o homem da família! – era Yaser, e seu comentário fez todos rirem.
Droga de mulçumanos idiotas.
- Eu não sei se... – Zayn ia falar de novo, mas todos começaram com “beija, beija, beija” e nós nos olhamos de novo.
Eu não estava acreditando.
Ele deu de ombros e murmurou alguma coisa que apenas eu pude ouvir. Eu assenti com a cabeça dando permissão e Zayn se aproximou devagar.
Zayn encostou os lábios nos meus bem devagar, parecia hesitar, e eu pude sentir no mesmo instante o quanto sua boca era macia e quente. Encostamos os lábios por alguns segundos enquanto ele me puxava mais para perto pela cintura, e a sala estava tão silenciosa que eu senti como se estivéssemos sozinhos tentando fazer uma coisa que nunca fizemos antes. Aos poucos, parecíamos nos encaixar melhor, como se apenas fosse preciso que nossos corpos se acostumassem. Seu beijo tinha um gosto bom, era diferente de tudo que eu me lembrava de ter experimentado e eu gostei. Tanto que, de verdade, não queria parar. Eu estava quase sem ar, de olhos completamente fechados e por um momento até esqueci que aquilo tudo era uma farsa e tinham pessoas olhando, e encarei aquele beijo como uma experiência real. E para falar a verdade, era.
Zayn terminou o beijo separando nossos lábios bem de vagar, me deixando com vontade de mais no mesmo segundo em que se afastou. Além de gato, beija bem. Eu mereço?
Ele olhou nos meus olhos por longos segundos enquanto o silêncio ainda reinava. Engoli em seco.
- Era disso que eu estava falando – o pai dele disse, quebrando o silêncio e fazendo todos rirem e alguém ligar a música de novo, continuando a festa.
Zayn me soltou gentilmente e se afastou um pouco, parecendo desconfortável.
Eu respirei fundo, tentando recuperar o fôlego e olhei em volta, para checar se mais alguém via o meu real estado.
Louis’ POV
Quando fui para o quarto me trocar antes de descer para a piscina com os outros, vi uma mensagem de Eleanor que dizia “me liga” e foi isso que eu fiz. Não nos falávamos há dias e eu estava morrendo de saudade dela.
- Alô? – ouvi sua voz tão familiar e... linda, do outro lado da linda.
- Oi, amor... que saudade. – Sorri.
Ela ficou em silêncio, e depois respondeu.
- É verdade... Tudo bem?
- Tudo, e aí? Fiquei preocupado, faz quase uma semana que não nos falamos, você não respondeu a nenhuma mensagem.
- Eu sei, me desculpa amor, de verdade, eu estava ocupada.
- Tudo bem... Como vão as coisas aí?
- Vão bem, eu acho que vou conseguir o contrato – ela disse, agora mais animada.
- Ah, que ótimo!
- É, muito. Você tá onde?
- Na casa de umas amigas com os meninos, tá muito bom aqui, só falta você.
- Hum... na casa das novas meninas do One Direction? – Riu. – Também tenho Twitter, sabe.
- Não é nada Els, juro. Somos todos bons amigos.
- Hum... – foi tudo que ela respondeu.
- Ei, eu te amo, lembra?
Ela suspirou.
- Eu também.
- Também se ama? – perguntei e ela riu.
- Eu também te amo.
- Eu sei, mas amo muito mais.
- Idiota.
- Linda – sorri. – Quero te ver logo.
- Eu também. – ela disse. – Volto para Londres em uma semana, a gente pode marcar.
- É claro, eu vou te buscar no aeroporto e te levo direto para casa.
- Certo. Lou, tenho que ir, estão chamando. Eu te amo, fica bem.
- Também te amo – repeti. – Muito. Fica bem, até mais.
- Até.
- E vê se não some! – gritei.
- Tá! – ela riu e desligou.
Fiquei encarando o telefone por um tempo, sorrindo feito bobo. Eu amava aquela garota. Muito, muito mesmo.
Liam’s POV
Aquele lugar era perfeito, tinha de tudo. Depois de uma meia hora em que todos nós – menos – ficamos nos refrescando na piscina, e Niall saíram para botar a pizza no forno. Depois que o fizeram, eles apareceram lá de novo e disseram para cuidar da pizza porque eles iam sair. vestiu só o short jeans e ficou com a parte de cima do biquíni, molhada mesmo, Niall continuou só de bermuda e eles botaram os chinelos e saíram caminhar pelo campo.
Fiquei mais alguns minutos na água, todos os outros saíram e eu fui o único que fiquei ali. Harry e entraram, para ver a pizza e Harry para se secar. Louis saiu, se secou um pouco em uma toalha e sentou do lado de e , que estava lendo algo sentada em uma das cadeiras, só de biquíni e com um óculos de sol, até parecia estar na praia, tomando vez ou outra um gole de seu suco de laranja que estava na mesinha ao seu lado.
Quando cansei de brincar na água, saí também para me secar e comer alguma coisa, eu estava com muita fome e nem meio-dia era ainda.
Me sequei em uma toalha, entrei e vi terminando de cortar as pizzas. Ela parecia tão concentrada em fazer uma tarefa tão simples que achei engraçado e fiquei observando, para não atrapalhar. Ela era sempre assim, quietinha e concentrada em tudo, até mesmo coisas que nem exigiam tanta concentração assim. Ela era tão distraída e parecia viver em um mundo só dela, era até engraçado, como se fosse cair em um buraco de coelho a qualquer momento.
- Quer ajuda? – perguntei, chegando na cozinha e parecendo assustá-la.
- Ah, você pode tirar a outra pizza do forno se quiser, antes que eu o faça e acabe queimando os dedos.
- Não queremos que isso aconteça – sorri para ela, jogando minha toalha nos ombros e pegando a luva protetora da sua mão.
- Não queremos – ela repetiu, dando meia volta e indo em direção aos copos.
Tirei a pizza do forno e enquanto largava ela na mesa, ouvi o barulho de vidro quebrando atrás de mim.
- ! – virei para ela, assustado com o barulho alto.
- Droga! – ela xingou. – Qual é o meu problema?!
- Deixa eu ver – puxei-a para longe dos cacos no chão e peguei sua mão que estava um pouco ensanguentada. – Seu problema é distração – falei, pegando um pano e segurando em cima do machucado sem apertar muito.
- Por que é que sempre que você tá perto eu me machuco? – ela falou, fazendo uma careta quando encostei o pano na sua mão.
- Vai ver eu te passo azar – dei de ombros. – Como isso aconteceu?
- Eu sei lá, o copo simplesmente estourou na minha... – ela deu um passo para trás e gritou, soltando um palavrão logo em seguida.
- Ai, meu Deus, ! – puxei-a para frente de novo, ela pulava em um pé só por ter pisado em um caco de vidro. – Vem pra cá – empurrei-a de vagar até o balcão atrás de mim, e levantei-a sem dificuldade alguma, sentando-a no balcão e levantando seu pé. – Você tem que ter mais cuidado!
- Tá muito feio? – ela choramingou.
- Tem um aqui, eu vou ter que tirar, espera...
- Não, não tira, por favor, não tira, Liam não tira, por favor! – ela começou a gritar e eu parei e olhei-a até ela parar e me olhar também.
- Eu nem toquei em você ainda. – disse calmamente e ela riu, meio nervosa.
- Não tira, vai doer muito!
- – chamei-a e ela olhou para mim. – Fica calma, confia em mim, vai ser rápido.
- Tá... mas rápido! – ela disse. – Anda logo antes que eu desista! – fechou os olhos com força e mordeu os lábios.
Levantei seu pé para ver embaixo e puxei o caco de vidro que ainda estava preso ali.
- Tira logo, Liam!
- Já tirei, mulher – mostrei o pedacinho de vidro ensanguentado na minha mão.
- Nossa... nem senti – ela riu.
- Eu disse, bobinha. – falei, pegando-a e deixando-a de pé de novo. – Agora vê se não anda mais sem calçado tá? Vamos cuidar disso aqui.
Levei-a até a mesa de madeira grande no centro da cozinha e procurei por um kit de primeiros socorros que provavelmente estava na pia. E lá estava, peguei a caixinha branca com o símbolo vermelho e levei até a mesa. Passei o remédio para limpar o machucado da sua mão com um algodão e depois botei um pedacinho de gaze e colei com a fita.
- Estou ficando bom em te socorrer – falei. – Se nada der certo, vou virar enfermeiro.
- E aí eu te contrato, porque acho que tô precisando.
- Tá mesmo, né.
Fiz o mesmo no pé dela e depois disse para ela ir colocar um calçado enquanto eu limpava a cozinha.
Passado o incidente, com a cozinha limpa outra vez chamei Lou, Harry, e para comer e Niall e também apareceram. Todos nos sentamos à mesa e almoçamos conversando e falando bobagem.
- Mas e se os ETs não forem pessoas de outro planeta, e sim vacas de outro planeta? Por que a gente acha que eles são pessoas? Somos tão egocêntricos! – reclamou, me fazendo rir.
Niall concordou, continuando:
-Exato, e seriam vacas superiores à raça humana.
- Ou talvez vacas que criassem e comessem humanos! - apontou para Niall, empolgada. Eu, , , e Harry nos olhamos e Harry arregalou os olhos para a mesa, provavelmente pensando que eles tinham alguma doença. murmurou um “evacuar local” e eu e eles levantamos da mesa, deixando os dois loucos rindo sozinhos.
Fomos para o sofá e começamos a assistir um filme, e depois de algum tempo Harry subiu e disse que ia tirar um cochilo. também subiu para seu quarto, e e Louis saíram, pelo que entendi ela disse que ia mostrar o celeiro a ele, e estava silencioso na cozinha, o que significava que Niall e também haviam saído.
- Meu Deus – disse e eu olhei para a TV junto com ela. – Tá dando Procurando Nemo, para tudo!
Ri.
Depois de algum tempo foi para a cozinha fazer pipoca para a gente, e meus olhos caíram no imenso piano preto que havia ali. Fui até lá de vagar, me sentei e levantei a tabua que cobria as teclas. Eu tocava quando era mais novo, mas acabei perdendo a prática. Fiquei por alguns minutos tentando me lembrar de como tocar alguma música que eu costumava saber inteira antigamente, mas não obtive muito sucesso.
- Você toca? - apareceu sorrindo ao meu lado e me assustou um pouco.
- É... – sorri. – Eu tocava, agora perdi a prática.
- Sempre quis aprender, mas minha mãe achou mais útil aula de balé que eu nunca mais usei na vida. – ela revirou os olhos.
- É mais fácil do que você imagina, vem aqui – bati com a mão ao meu lado no banco e ela prontamente sentou ao meu lado.
Tentei ensinar a ela uma sequência fácil de notas, mas ela sempre se perdia e esquecia de tudo. “Minha memória é de um peixinho” ela dizia e ria, me fazendo rir também.
- Dory, se concentre! – Ralhei brincando e ela balançou a cabeça.
Depois de algum tempo e com a ajuda da minha mão esquerda tocando uma parte e da direita colocando os dedos dela no lugar certo, finalmente conseguiu tocar a primeira parte da 9° sinfonia de Beethoven.
- Isso! – ela gritou e me abraçou forte.
Aquilo me pegou de surpresa, mas eu acabei retribuindo o abraço da mesma maneira. Quando ela se afastou, estava com um sorriso no rosto, que fazia seus olhos castanhos brilharem e eu admito que aquilo era adorável. Eu não sei em que momento foi que a distancia entre nossos rostos foi diminuindo de vagar e gradualmente e o sorriso dela foi sumindo da mesma maneira, à medida que nossos rostos se aproximavam mais.
Sendo famoso, eu tinha dezenas de garotas em volta de mim o tempo todo, tendo chance de ficar com a maioria delas a qualquer hora. Mas eu tinha um ótimo alarme cerebral que apitava sempre que chegava perto demais da boca de alguma delas, e que ficava gritando o nome de minha namorada até que eu me afastasse o suficiente. Naquele momento, o alarme falhou.
Mas de repente, e que bom, diga-se de passagem, se afastou rápido e fez uma careta. Senti um cheiro forte de queimado na mesma hora.
- Tá sentindo isso? – perguntei.
- A pipoca, Liam! – ela gritou e saiu correndo para a cozinha.
Niall’s POV
Era pouco mais de meio dia agora, talvez uma hora da tarde. Eu e saímos da cozinha depois de lavarmos a louça para , que estava toda machucada pelo incidente com os copos.
disse que ia me mostrar alguém, e eu fiquei curioso. Ela pegou minha mão e me levou até perto do chalé de pedra pequeno ali perto.
- Doby! – Ela gritou, e depois percebi que era para o labrador enorme que estava bem na nossa frente.
- Quem é essa fofura? – perguntei quando sentamos os dois na grama perto dele.
- É o cachorro da e da . Ele é lindo, né?
- Lindo mesmo... – fui passar a mão na cabeça do animal que estava deitado bem à nossa frente, e ela também fez isso na hora, fazendo com que minha mão ficasse em cima da dela acompanhando-a. Nos olhamos e sorrimos.
Depois de algum tempo de silêncio, disse:
- Acho que pessoas deviam ser mais como animais. Leais, fieis, ficarem juntos para sempre. Hoje em dia tudo acaba tão rápido...
Tudo que fiz foi olhar para ela e digerir as palavras que ela disse para entender bem.
- O quê? – ela riu quando viu que eu estava a olhando.
- Nada... eu só concordo. – dei de ombros. – Posso fazer uma pergunta?
- Claro – ela sorriu.
- Algum garoto... já te magoou de verdade? – Perguntei, sinceramente querendo ouvir um não.
- Não tenho muito histórico com garotos, Niall. Pra falar a verdade nunca namorei. Tive alguns rolos, mas eu sou totalmente péssima para escolher garotos. Então não, acho que nunca fui magoada de verdade por um cara. Por que a pergunta?
- Nada, é que pelo que você falou parecia.
- Não – ela sorriu. – É que meus pais estão se separando.
- Eu sinto muito – falei.
- Tudo bem. Na verdade eles estão na mesma desde que eu nasci, se separam e voltam, mas dessa vez parece sério. Eu já me acostumei com isso, só que queria que pudesse ser diferente. Eu sou do tipo romântica, queria mesmo acreditar que eu vou achar meu príncipe e viver feliz para sempre, mas vendo isso em casa todo dia, vendo a realidade de hoje em dia... é impossível acreditar em final feliz – ela deu de ombros. – Droga de Disney.
- Talvez... – comecei a falar, mas logo me arrependi.
- Talvez o quê?
- Talvez... – hesitei. – Seu príncipe esteja mais perto do que você imagina. – dei de ombros, querendo parecer tranquilo.
- Talvez – ela concordou. – Só espero que ele saiba disso.
- Talvez ele saiba.
- Talvez não – ela falou, e nos encaramos por um tempo. Depois ela riu, suavizando o clima com o som lindo de sua risada, e eu ri junto. tinha uma covinha discreta na bochecha esquerda, e eu achava lindo quando ela aparecia.
- Foi legal da sua parte me contar sobre seus pais – falei.
- Tudo bem, somos amigos, não somos? – ela piscou, e demorei a responder pensando no que li em um site. Ninguém preferia Niall Horan tendo Harry Styles, Zayn Malik, Louis Tomlinson e Liam Payne para ofuscar sua presença. E certamente não era diferente. – Niall?
- É, é. Somos amigos.
Ela assentiu, e eu não sei o que ela tinha naquele momento, talvez fosse o vento que fazia seus cabelos voarem, o sol que batia no seu rosto ou simplesmente o silêncio e a distância pequena entre nós que não me deixava tirar os olhos dela. E acho que ela percebeu, porque depois de um tempo riu de novo e olhou para baixo. Ela sempre fazia isso quando sentia que alguém a olhava.
Percebi naquele momento que eu já conhecia muito bem , as suas manias e até como a cor dos olhos dela mudavam dependendo do dia ou da cor da sua roupa. E eu me pegava pensando nela, em que ela estava fazendo, em o que ela iria pensar sobre alguma coisa a todo tempo, ela simplesmente se tornou... uma parte do meu dia-a-dia, uma parte que eu não queria perder. Ela era tipo um ponto de paz no meio da correria da minha vida. Meu oásis pessoal.
- O que foi, Nialler? – ela perguntou, um pouco vermelha.
- Nada... – falei, sorrindo. Me aproximei um pouco dela, e disse: - Sabia que você tem uma covinha?
- Tenho?
- Aham – me aproximei mais e toquei meu dedo de leve na bochecha dela. – Bem aqui, mas só aparece quando você sorri de verdade.
Ela sorriu e desviou um pouco o olhar para baixo.
- Como você fez agora – falei. Ela riu e voltou a olhar pra mim. – É fofo.
- Hm... eu adoro a cor dos seus olhos – disse de volta e depois riu, sem jeito.
Ri.
- Não precisava devolver o elogio, era de graça. Mas obrigado.
gargalhou e me empurrou de leve, levantando.
Fiquei desapontado ao chegar à conclusão de que talvez simplesmente não quisesse nada comigo, e eu estava sendo inconveniente. Levantei e bati a grama das calças.
- Qual é o problema? – ela se aproximou de mim de novo.
Apenas balancei a cabeça.
- Somos amigos, não é ? – A olhei e ela assentiu, olhando para o chão enquanto caminhávamos de volta para a casa. – Apenas gosto de ser sincero com você. Sem segredos.
Ela procurou algo nos meus olhos por um tempo. Depois assentiu outra vez e sorriu.
- Também gosto disso.
’ POV
Subi para o quarto logo depois do almoço e acabei dormindo por meia hora. Depois que levantei, tomei um banho rápido e coloquei um short jeans escuro e rasgadinho e uma regata branca um pouco soltinha, estava realmente quente ali. Eu prendi o cabelo e estava pronta para descer até o celeiro para dar uma volta de cavalo, não fazia isso há meses. Quando abri a porta, porém, parece que eu não era a única a acordar naquele momento, Harry estava saindo de seu quarto que era de frente para o meu e nos encontramos na porta.
- Oi – ele sorriu querendo dar uma de simpático e isso me irritou. Não era culpa minha se nossos santos não batiam, né? Revirei os olhos e fui descendo as escadas.
- É isso que a gente ganha por tentar ser educado – resmungou me seguindo escada abaixo. Fui até a cozinha com ele atrás de mim.
- Não enche o saco, Harry, você fica no seu canto e eu no meu, não precisamos brigar.
- Tudo bem, senhora simpática. Se acha tão melhor que os outros com seu narizinho empinado, mas não passa de uma pirralha que não sabe o que quer. – ele falou atrás de mim enquanto eu tomava água de uma garrafinha na geladeira. Larguei a garrafinha, bati a porta e olhei para ele com os olhos semicerrados. Ele queria brigar, era isso. Empurrei-o para o lado abrindo espaço e saí pela porta dos fundos para ir até o celeiro. Não ia dar-lhe esse gostinho.
- Ambos sabemos que não sou eu a metidinha entre nós, Harry.
- Podia provar isso demonstrando um pouco de educação, só acho – ele comentou, apertando o passo para me alcançar. Andou um pouco atrás de mim, quase ao meu lado. – Por que você ficou tão brava por aquilo na piscina? Você sabe que foi sem querer, eu não queria te matar... Não tanto.
Parei de andar abruptamente e virei para trás, o fazendo quase se bater em mim antes de parar de caminhar.
- Porque minha mãe morreu afogada quando eu tinha só oito anos, Styles, e eu tenho medo de água desde então. O que você queria que eu pensasse quando fiquei sem ar dentro daquela maldita piscina?! – gritei para ele, que pareceu se arrepender do que disse no mesmo minuto. Eu odiava falar daquilo, mas aquele garoto estava me irritando. – O que você está vendo é uma garota que perdeu a mãe quando era só uma criança e aprendeu sozinha a ser uma mulher, então não venha me dizer se eu devo ou não empinar meu nariz para passar por gente idiota como você. – Controlei um pouco a voz e bufei. – Agora para de me seguir.
Me virei e fui em direção ao celeiro outra vez, esperando ficar sozinha.
Harry’s POV
Fiquei plantado no meio do campo por um tempo, engolindo a reação de sem saber ao certo como agir. Eu queria cavar um buraco e me esconder, mas precisava me desculpar. Apressei o passo e segui até o celeiro, quando cheguei lá ela já estava colocando as botas para montar melhor no cavalo.
- Ei... – comecei, eu nem sabia com que cara olhar para a garota. – Me desculpa. Eu não tinha como saber, não tinha ideia.
- É claro que não, foi mais fácil me julgar antes de me conhecer.
- Quem é você pra falar? Me chama tanto de famosinho superstar sem nem me conhecer.
- Isso é diferente... – ela parou e me olhou. – Você age como um... parece um.
- E você também – rebati.
Ela virou de costas e continuou encilhando o cavalo para montar.
- Escuta, que tal uma trégua por hoje? – pedi. – Eu estou fazendo o meu melhor para não ser o cara detestável que você diz que eu sou, mas você não está colaborando.
- Trégua pra quê? Eu vou continuar sendo uma pirralha metida e você um famosinho idiota.
- Talvez com a trégua a gente tenha tempo para se conhecer e parar de se julgar. Só por hoje, vai .
Ela parou virada para mim com as duas mãos na cintura. Eu sentia que seus olhos me mediam, como sempre fazia quando olhava para mim, mas ignorei.
- Tudo bem, se você souber montar. – Disse, por fim.
- É claro que eu sei, antes de ser um famosinho idiota eu era um cara normal, acredite se quiser.
- Então pode arrumar seu cavalo, vamos dar uma volta.
Sorri ao ver que consegui uma trégua por algum tempo, pelo menos assim eu poderia me redimir por ter falado besteira.
Logo que montamos, foi devagar para a direção contrária da de onde estávamos e eu simplesmente a segui, certo de que ela sabia para onde estava indo.
- Que tal uma corrida? – ela perguntou alguns minutos depois, quando já nem se dava para ver a casa atrás de nós.
- Tudo bem – dei de ombros e ela aumentou a velocidade na mesma hora, passando de mim. Usei as rédeas como consegui, e fiz meu cavalo andar também. Em alguns segundos eu já havia a alcançado.
- Acho que meu cavalo é mais rápido, não é?
- Vai vendo, Styles! – Ela sorriu e tomou mais velocidade, passando de mim facilmente. Ao que se pode perceber ela tinha bem mais experiência nisso do que eu, então eu não ganharia de qualquer jeito.
Corremos por um bom tempo, ganhando ainda mais distância da casa. Estávamos tão longe que eu esperava que ela soubesse voltar, pois eu não sabia. Quando os animais cansaram, paramos de correr e deixamos eles nos levarem em um trote calmo e devagar para frente. Logo à frente pude perceber um rio e ouvir o barulho da água, e como já se era de esperar, o quanto mais perto fomos chegando, mais úmido o chão estava.
- Pelo jeito choveu por aqui ontem. – ela disse e eu segui seu olhar até o chão, que estava coberto de lama.
Levantei meu olhar para ela, com sua regata branca e seu short jeans, e sorri no minuto em que uma ideia maligna se formou em minha cabeça. Aproveitei que estávamos próximos e puxei sua mão esquerda, que estava apoiada em sua coxa, a fazendo cair do animal de costas na lama.
- Styles! – ela gritou, logo que caiu. Sua expressão era furiosa, mas eu não conseguia parar de rir mesmo que já esperasse pelo que ela faria. levantou rápido e também me puxou com força pela camiseta, e eu estava tão ocupado rindo que nem consegui me segurar. Comigo foi pior, caí de cara.
Logo que me levantei, ainda sem conseguir parar de rir, e limpei os olhos para poder enxergar vi na minha frente ainda com cara de brava.
- Você tem merda na cabeça, seu idiota?! – ela gritou.
- Relaxa...
- Relaxar? Você por acaso tá vendo o que fez comigo?! Se você quer me fazer te odiar menos, deixa eu te contar um segredo: não tá dando certo!
- Desencana, . Você é muito séria, tem que aprender a curtir.
- Eu não sou séria, para de falar de mim, você nem me conhece – fez bico.
- Não é séria? – perguntei, com uma sobrancelha erguida.
- Não!
- Então prova! – falei, me abaixando e pegando um pouco de lama, jogando nela.
Como já era de se esperar ela fez o mesmo comigo, o que desencadeou uma guerra de lama. O que eu não esperava, foi quando me abaixei para pegar mais lama e ela pulou nas minhas costas me fazendo cair de bruços e espalhando lama nos meus cabelos como se fosse shampoo, sentada em cima das minhas costas. Ela estava rindo.
- Tá achando engraçado agora? – ela perguntou, seguido de uma risada alucinada.
Me virei facilmente, fazendo-a cair deitada de costas e sentando nas pernas dela como ela fez comigo, e segurando seus braços no chão para que ela parasse de me estapear.
- ... – ri e me aproximei de seu rosto. – Até parece que não sabe que eu dou dois de você, e também tenho o dobro da sua força.
Ela fez uma careta de “não pensei nisso”.
- Então agora vai sofrer as consequências.
Soltei os braços dela e peguei a lama que estava em volta do corpo dela no chão, botando toda em cima dela. Ela tentava se levantar, mas não seria tão fácil. Não conseguíamos parar de rir, eu nunca pensei que estaria me divertindo tanto em rolar na lama, imagina se alguém visse isso.
Depois de algum tempo nessa brincadeira, nos levantamos e fomos até o rio, que estava bem à nossa frente. Ri ao ver uma corda amarrada na árvore com um pneu amarrado na ponta, como vemos em filmes. Fui até lá e me segurei na corda, colocando os pés em cima do pneu e ao olhar para ela estava com as duas mãos na cintura.
- Não acredito que vai fazer isso. – ela revirou os olhos.
- Pode acreditar – ri e peguei impulso, me soltando quando estava logo acima do meio do rio, e afundando na água gelada na mesma hora. Me senti melhor ao me livrar um pouco da lama, que já estava secando e me impedindo de me mexer direito. Logo que voltei à superfície para tomar ar, ainda estava do mesmo jeito parada no mesmo lugar.
- Vem!
- Pode esperar sentado, Hannah Montana. – Revirou os olhos.
- Tá com medo de se apaixonar, né? – ri. – Tudo bem, eu prometo que me comporto. – Levantei os braços.
- A última coisa que eu faria na vida é me apaixonar por você.
- Então prova. Entra aqui e tenta não me amar – pisquei para ela.
travou o maxilar e apontou para mim.
- Você tem que parar de dizer isso. – Falou e, por fim, com uma expressão derrotada ela foi até a corda e pegou impulso. - Tá muito gelada?
- Entra e descobre!
Ela tomou fôlego e fez o mesmo que eu, caindo a uns dois metros de mim e jogando água bem no meu rosto. Esperei por uns segundos até ela voltar à superfície, mas a água foi se acalmando e ela não voltou.
- ! – chamei, olhando em volta. – Muito engraçado, mas não vou cair na sua – passei mais água no rosto, limpando minha testa cheia de barro. – ?! – chamei mais alto, cadê essa garota?! Se eu matar ela as outras me matam.
apareceu bem na minha frente gritando e me jogando mais água no rosto.
- Eu te dei um susto daqueles! – ela falou e depois riu alto.
- Você já pensou em fazer stand up? – Revirei os olhos. – Pensei que tinha dito que tinha medo de água? – perguntei, jogando água nela também.
- Não enquanto ninguém tenta me matar afogada – ela rebateu. – Acho que meu medo é de quando mergulho muito fundo e estou longe da superfície quando começo a sentir falta de ar. Eu entro em pânico.
- Então... sua mãe, aquilo é mesmo verdade?
- Eu não mentiria sobre isso, Harry. – ela disse e eu achei até estranho ouvi-la me chamar de Harry e não Styles, para variar. Parecíamos pessoas normais e não dois indivíduos que se odeiam mortalmente.
- O que aconteceu? – eu sei que era falta de educação, mas a curiosidade falava mais forte. – Não precisa falar se não quiser.
- Bem, foi basicamente o que te contei. Nós fazíamos natação juntas nos fins de semana, e éramos apenas nós na piscina porque ninguém mais frequentava naquele horário. Eu saí da piscina antes, ela teve uma cãibra... não percebi porque estava no vestiário. – Deu de ombros. – É mais comum do que parece, na verdade. Acontece muito.
Desejei não ter perguntado, eu não queria deixa-la triste.
- Em um minuto ela está lá e depois eu simplesmente não a vejo nunca mais.
- Eu sinto muito... – falei. – Eu não devia ter perguntado.
- Tudo bem, eu já tive que contar essa história algumas vezes... acostumei. É triste, mas eu não virei uma psicótica que corta os pulsos por isso. Sinto falta dela, mas isso não vai trazê-la de volta. E em troca disso, ganhei uma irmã que é meio mãe, além de ser minha melhor amiga. – Riu.
Sorri para ela, que sorriu de volta e me jogou água de novo para suavizar o clima. Começamos com uma guerra de novo, mas agora era amigável, diferente de todas as outras vezes.
- Você – chamei-a, e ela parou para me olhar. – Tá suja aqui – indiquei para o lado do rosto dela que ainda estava sujo de lama.
- Você também – ela disse. – Aqui – se aproximou de mim e passou a palma da mão no lado do meu rosto, contornando-o até a base do pescoço.
- Obrigado – murmurei e dei o meu melhor sorriso por instinto.
Mas também parecia ter dado seu melhor sorriso, porque que sorriso era aquele?! Parecia que estávamos... flertando?
- Eu te beijaria agora se tivesse certeza de que você não iria arrancar o meu pescoço depois... – murmurei, chegando mais perto dos lábios dela. Era um jogo. Você deixa a presa com vontade, e depois parte para o ataque. Era tão... natural, como se fosse instinto.
- Por que você não experimenta? – ela ergueu uma sobrancelha e se aproximou também, só que sua expressão me deixava confuso, quase como se ela realmente fosse arrancar meu pescoço se eu tentasse beijá-la. Era como se daquela vez eu fosse a presa.
Mesmo assim eu me recusei a me deixar intimidar pela garota, e me aproximei ainda mais, prestes a beijá-la quando ela virou o rosto para o lado com um sorrisinho, me pegando de surpresa. Vi o sorriso divertido dela sumir de vagar e seus olhos ficarem arregalados enquanto ela olhava para fora do rio. Segui seu olhar.
- O quê?
- Nossos cavalos! – ela gritou, indo para a margem outra vez, e eu a segui. – eles fugiram!
- Fugiram? Como assim?!
- Fugiram, Styles, foram embora! Correram para longe!
- O quê?! Como? Como a gente vai voltar?
Saímos da água e ela correu até onde os animais estavam há meio minuto atrás.
- Ah, que ótimo! – ela gritava. – que ótimo! Estamos sozinhos e sem cavalo a dois quilômetros da casa no meio da tarde! Ótimo!
- Espera, tem que ter um jeito. Liga pro Liam, ele vem buscar a gente.
- Eu não tenho celular! Você acha que se eu tivesse eu estaria assim?
- Calma aí, nervosinha!
- Não começa, seu idiota! – Apontou para mim, gritando.
- Ah – ergui minhas mãos em forma de rendição. – O que foi que eu fiz dessa vez?
- Se você não tivesse feito a brincadeira idiota no barro isso não teria acontecido.
- Culpa minha, é claro – revirei os olhos. – Seu cavalo devia ser estúpido como você. – resmunguei baixo, apertando a blusa molhada para tirar o excesso de água.
- Estúpida é a sua mãe que te botou nesse mundo, babaca – ela respondeu e começou a andar batendo os pés.
Bufei, fervendo de raiva, e arranquei a camiseta molhada do meu corpo, apertando-a enquanto andava.
Nem podia acreditar que essa era a garota que eu estava prestes a beijar há dois minutos. Olha a situação em que isso me meteu.
’s POV
Louis gostou de conhecer Zeus, meu cavalo, mais do que eu imaginava. Eu o levei até o celeiro logo depois de almoço, e depois que passamos lá fomos até a sombra de uma arvore ali perto e deitamos na grama para curtir a preguiça do meio dia e relaxar ao som da natureza. Nem sei quanto tempo ficamos deitados sem falar nada, acho que por quase uma hora. Eu acho até que dormi um pouco, o clima estava tão bom ali que eu desejei não levantar mais.
Depois de algum tempo, levei Louis até o galinheiro que estava sendo pintado pelo dono da casa, para ele conhecer o local.
- Esse lugar é especial de algum jeito. – Lou disse. – Eu gosto daqui. É parecido com a casa em que fomos logo que nos conhecemos, eu e os meninos, e me faz lembrar da época em que eu era um Zé ninguém.
- E isso é bom? – perguntei.
- É. É estranho, mas eu sinto saudade. – ele sorriu. – Apesar de estar tudo melhor agora. – ele riu.
- Você parece melhor hoje. Mais animado.
- Falei com a Els mais cedo. Eu acho que era só saudade dela.
- Ah... – tentei agir normalmente. O pior de tudo era que mesmo mal conhecendo Louis eu conseguia gostar mais dele a cada vez que o via. Eu me sentia no colégio de novo, tendo amores platônicos por meninos mais velhos que nem sabiam que eu existia. – Você gosta mesmo dela.
- Você nem sabe o quanto – ele disse. – Mas e você, como vai o coração?
Vai batendo bem forte toda vez que você sorri, tive vontade de dizer, mas me limitei a dar de ombros e olhar para frente.
- Normal. Eu não tenho namorado desde... – fiz uma pausa para pensar. – sempre. Eu não sou de namorar. Não gosto muito de compromisso. Tem gente que nasceu pra isso, e tem gente que não.
- Eu acho que entendo. Então quer dizer que eu e meus amigos demos de cara com cinco meninas solteiras e super gatas por acaso nas ruas de Londres? – ele riu.
- Louco né?
- Parece até ficção.
Ri.
- E a gente, que deu de cara com uma boyband?
Ele concordou e riu também.
Voltamos para casa conversando e vez ou outra Louis soltava uma piada que me fazia rir. Não que ele precisasse fazer esforço para me fazer rir, porque eu ria de qualquer coisa que ele dizia ou fazia. Eu já era idiota ao natural, imagina com Louis.
- Qual foi a piada? – Liam perguntou quando chegamos. Ele, e estavam olhando uma animação na sala.
- A do cogumelo – Louis falou.
- E isso fez a rir assim? – ele fez uma careta. – Aquilo é tão sem graça.
- Só porque você já ouviu muitas vezes – Louis retrucou. – Espera só até ela ouvir a do cozinheiro.
- Qual? – perguntei.
- Qual é o cozinheiro que só vive uma vez? – ele perguntou e eu e as meninas nos olhamos, pensando.
- O pizzaYOLO. – Liam respondeu sem entusiasmo nenhum, acabando com a piada, mas eu e as meninas rimos um pouco.
- Cadê os outros? – perguntei quando eu e Louis sentamos no chão na frente do sofá.
- Niall disse que ia dormir um pouco, e e Harry saíram há algum tempo e simplesmente sumiram. – respondeu.
Começamos a prestar atenção no filme que eu descobri ser do Phineas e Ferb e pouco tempo depois passos apressados e fortes foram seguidos de uma emburrada e toda molhada e suja passando por trás do sofá, seguida ainda do Harry que estava nas mesmas condições.
olhou espantada para Harry e abriu a boca, mas ele balançou a cabeça antes que ela pudesse falar algo.
- Não pergunte.
- Harry, eu... – franziu o cenho e balançou a cabeça. – Não sei nem por onde começo a xingar vocês.
- Primeiramente, , sua irmã é insuportável, eu não sei como vocês a aguentam! – ele revirou os olhos. – Agora, se me dão licença, eu vou me limpar lá fora antes que suje a casa toda e a você me ponha para dormir no chiqueiro.
- Isso! – ela riu e ele foi.
Nos olhamos, confusos, e demos de ombros.
Zayn’s POV
- Ok, . Também to com saudade. Pode deixar que eu digo. Beijos, tchau. – desligou o celular e o soltou ao seu lado na cama com um suspiro.
- Muito cansada?
- Muito – ela sorriu fraco.
- Imagino. Você não dormiu nada no voo. E depois ainda teve que aguentar essa festa... minha mãe exagera um pouco às vezes. – me sentei do lado dela na cama. Estávamos no quarto de hóspedes, já que descobri que meu ex quarto agora pertencia à minha irmã mais nova.
- Tudo bem Zayn, eles só estavam com saudade. Não te veem há um bom tempo, isso é legal da parte deles.
- É, acho que sim. Você quer descansar? Ainda é cedo e minha mãe com certeza vai querer que eu saia ou faça mais alguma coisa com ela.
- Não, eu não posso dormir agora senão perco o sono de noite. Vem, vamos para a sala. – ela se levantou, coçou os olhos com as mãos e respirou fundo.
Me levantei também e ela estendeu a mão para mim. Peguei sua mão e entrelaçamos nossos dedos para voltar para a sala, agora só minhas irmãs e meus pais estavam em casa arrumando o que sobrou da festa.
- Que frio! – se encolheu do meu lado quando um vento gelado entrou pela janela de um dos quartos. Passei meu braço pelos ombros dela e nossa mão ficou entrelaçada em cima do seu ombro. – É estranho porque a disse que lá na chácara tá bem calor.
- Eu gosto desse clima. Acho que o tempo tá virando, olha só, tá tão escuro lá fora e são só seis horas da tarde.
- Está com frio, ? – minha mãe apareceu sorridente na nossa frente.
- Um pouco. Pensei que estaria mais calor aqui.
- Só tá assim porque o tempo está mudando, acho que vai chover. A semana toda foi quente e com um clima bom. Pena que não vieram mais cedo.
- Bradford é uma cidade bonita – expliquei a . – Normalmente temos bastante verão. Mais do que em Londres.
- Eu te emprestaria uma roupa, mas ficaria muito grande pra você. Zayn, vê com suas irmãs se elas têm uma roupa para emprestar para ela.
Eu e nos olhamos.
- Tudo bem, eu... esquento ela – hesitei um pouco para falar e ela assentiu positivamente, eu a abracei forte e rimos.
- Ótimo! – Trisha bateu palminhas e foi em direção à cozinha. Minha mãe nunca ficou tão feliz por me ver namorar como dessa vez, me fazia sentir meio culpado.
Nos olhamos e rimos assim que ela foi para a cozinha. Eu abri o casaco de couro preto que estava usando e se encolheu dentro dele enquanto sentávamos no sofá em frente à TV.
- Você também vai, né Zayn? – Safaa apareceu perguntando.
- Aonde, baixinha?
- No shopping comigo e com a mamãe. Estamos indo pra ajudar a Walyiha com um vestido para uma festa.
- E por que ela não vai sozinha? – dei de ombros.
- Que isso, Za... – me deu um tapinha. – Você não sabe que mulheres precisam da opinião de outras mulheres? – ela se levantou. – Eu vou, Safaa.
- Ótimo! – ela sorriu e voltou para a cozinha.
- Pensei que a opinião que importasse era a de nós homens.
- Mulheres ficam bonitas para outras mulheres, Zayn. É das garotas que precisamos da opinião. Ou melhor, quanto mais olhares invejosos recebermos, mais gata significa que estamos.
- Vocês são complicadas – ri.
Depois de alguns minutos já estávamos desembarcando no shopping. Doniya emprestou um casaco para a , e eu, Safaa, Walyiha e minha mãe fomos em busca do tal vestido. Logo que entramos no shopping, antes mesmo de chegar à loja fomos parados por várias garotas, falamos com algumas, mas como vimos que o número estava crescendo fomos logo para a loja e tivemos que mandar fechá-la. Eu sentei em um sofá de frente para o espelho perto dos provadores e fiquei ali por muito tempo, só olhando cada um dos vestidos que ela experimentava achando que todos estavam bons, mas elas conseguiam achar um defeito em todos. Quase dormi sentado ali até que depois de duas horas até que enfim acharam o vestido perfeito. Era bonito, como todos os outros. teve que me cutucar algumas vezes para eu levantar.
Pagamos pelo vestido e fomos todos para o carro de novo. Elas estavam tagarelando felizes e pareceram se divertir muito escolhendo vestidos. Mulheres são estranhas.
Quando chegamos em casa de novo, foi direto para o quarto e eu a segui. Ela pegou uma roupa e eu a indiquei o banheiro do corredor, e tomei um banho rápido no banheiro do quarto enquanto isso. Quando saí, coloquei uma roupa folgada e me atirei na cama quentinha, mas só não dormi pela luz que ainda estava acesa. Todo mundo estava acordado, mas minha mãe disse que podíamos dormir se quiséssemos porque o dia tinha sido cansativo.
Depois de alguns minutos voltou, com uma blusa branca de manga comprida e com o Piu Piu na frente, e um short amarelo. Dei uma risadinha quando vi.
- Não ri, eu pensei que teria um quarto só pra mim.
- Tudo bem – fechei os olhos de novo ainda rindo.
- Não abre os olhos, tá?
- Vai fazer o quê? – perguntei.
- Passar hidratante.
- Você podia ter levado o creme para o banheiro, loira.
- Não sou acostumada a dividir quarto com ninguém, e não faça comentários machistas. – Chamou minha atenção e comprimi os lábios, sorrindo. - Não se preocupe, isso não foi um plano elaborado pra te seduzir, Malik.
Ri. Comecei a sentir o cheiro do creme no ar, tinha cheiro de chocolate e era delicioso. Não pude resistir a abrir só um pouquinho os olhos, e quando o fiz vi mais ou menos espalhando o creme na perna direita desde a canela até o joelho, com a perna em cima do colchão.
- O mais estranho é sua mãe deixar o filho de dezenove anos dormir em um quarto com uma cama só com sua namorada. Se meus pais soubessem disso acho que eles me matariam.
- Sorte a sua que isso é um namoro falso. – tapei o rosto com o cobertor de vagar para me forçar a fechar os olhos. – Minha mãe confia em mim. E ela também não deve achar que eu sou um santo.
- É claro, mas ainda assim é estranho.
Ouvi o barulho da luz sendo desligada e logo em seguida senti deitando do meu lado, eu estava virado de costas para ela.
- Então... seus pais são muito bravos, é?
- São cuidadosos, como quaisquer pais. Talvez um pouco mais. Eu sou filha única, e minha mãe já perdeu uma irmã, então tem cuidado em dobro comigo. Eu a entendo, sabe, também seria assim se fosse ela. Mas modéstia parte eu sou uma ótima filha, notas boas e já recebi cartas de algumas universidades boas pela região.
- Uau...
- O que é? – ela riu. – Não parece que eu sou inteligente? Isso é porque sou loira? – Ironizou.
- Não é isso, é que... você não tinha me falado de si mesma antes.
- Já sabe que eu gosto de estudar, tenho medo de aviões e uso um pijama do Piu Piu. Ah, e que quero cursar cinema, mas não sei se seria uma boa profissional.
- Você vai se sair bem – ao falar isso, dei uma leve viradinha para trás como se eu pudesse ver sua expressão, mas obviamente eu não podia.
- Assim espero...
Ficamos em silêncio por algum tempo depois, e o sono começou a bater.
- Boa noite, . – murmurei. – Obrigado pela ajuda. Você é uma amigona.
Silêncio.
- Boa noite, Zayn.
’s POV
Já eram quase dez da noite e eu recém estava preparando a comida. Pizza de novo, porque ninguém ali parecia saber fazer mais do que isso. Estavam todos na sala, Louis, , e Liam jogavam Monopoly enquanto Niall e assistiam um filme em um canto do sofá e Harry procurava por algo ali na cozinha.
- O que você quer?
- Algo pra comer, eu tô com muita fome.
- Acalma o estomago Harry, já tá quase pronto.
- Não foi você que andou dois quilômetros hoje de tarde. – ele disse. Veio até o meu lado e levou a mão para perto da pizza que eu estava cortando, mas eu dei um tapa antes que ele tocasse-a.
- Sem mão suja na comida, garoto.
- Ai! – ele fez um biquinho que me fez rir.
Depois de pronta, levei as pizzas para a mesa de centro da sala e elas foram devoradas em questão de segundos. Ficamos conversando besteira por um tempo, Louis e Liam estavam ocupados em uma guerra, agora jogando Batalha Naval e e já estavam sentadas no sofá conversando empolgadamente com Harry sobre algo relacionado a sexo.
Ajudei Louis a ganhar de Liam e o biquinho que ele fez foi de dar dó. Depois entramos em uma disputa sem fim de canastra até Liam finalmente alcançar os quatro mil pontos e ficar dizendo “toma na sua cara” para Louis, que tentava responder que mesmo assim havia ganhando na Batalha Naval. Quando terminamos, eram duas e meia da manhã e só quem ainda estava acordado ali eram e Niall, cada um em um canto do sofá rindo de As Branquelas.
’s POV
, Liam e Louis foram os últimos a subirem para dormir depois do jogo de cartas. Eram quase três horas da manhã, mas eu estava totalmente sem sono e aquele filme era um dos meus preferidos, me fazendo rir o tempo todo. O que tornava ainda mais engraçado era a risada do Niall ali do meu lado, era um som muito estranho, mas agora eu sabia por que as fãs gostam tanto.
Mais ou menos na metade do filme fui até a cozinha pegar uma xícara de leite morno para ver se eu sentia sono até o filme acabar, porque eu não queria ficar acordada sozinha naquela casa enorme com insônia a noite toda. Peguei uma xícara pra mim e uma para Niall que eu sei que também queria, e voltei para o sofá, entregando a xícara a ele, que agradeceu. Me sentei mais perto dele dessa vez, com as pernas em cima do sofá. Tomei o leite e dei a xícara para ele que colocou junto com a sua na mesa de centro.
- Niall, essa tarde... – comecei a falar, mas eu não sabia como explicar. Se eu falasse a verdade, que não conseguia parar de pensar nele, eu seria atirada demais, e a última coisa que eu queria era ser como todas as outras para ele. – Você é especial, sabia?
Ele sorriu.
- Vem cá – ele passou o braço pelos meus ombros e me puxou para mais perto, me fazendo encostar a cabeça no seu peito. O filme começou a passar nessa hora e eu parei de falar.
Acho que o leite estava fazendo efeito, porque senti minhas pálpebras cada vez mais pesadas, e a última coisa que me lembro de ter visto foram as patricinhas do filme tomando um banho de tinta vermelha.
Niall’s POV
dormiu com o corpo encostado no meu no sofá.
Parece irônico como tudo colabora para que ela fique cada vez mais próxima de mim e eu goste cada vez mais dela. Eu sei que não devia, porque há algumas horas atrás ambos deixamos claro que éramos apenas amigos, tudo estava andando rápido demais e eu não queria ter nada sério com ninguém agora, a última coisa que eu queria é expor à mídia, sei como isso pode ser ruim. Era como se eu quisesse guardá-la em uma caixinha só para mim. Eu estava me tornando egoísta quando se tratava dela, porque a cada dia mais eu percebia o quanto gostava daquela garota.
Depois que o filme terminou não me importei em só desligar a TV e deitar a cabeça na guarda do sofá, ainda com um dos braços ao redor dela. Estranhamente, aquela parecia ser a melhor sensação do mundo. Não sei se era o corpo dela perto do meu, a respiração leve dela dormindo ou o simples fato de estar abraçando-a enquanto dorme e sentindo como se eu fosse sua proteção naquele momento, quase como se ela fosse minha. Mas era bom, muito bom. Porque eu nunca ficava próximo assim de uma garota.
Me apaixonar não estava nos meus planos.
No dia seguinte, acordei com alguém cutucando minha cabeça e abri os olhos para ver quem era.
- O que você quer? – Perguntei ao ver que era Liam.
- Avisar que já é de manhã ao casalzinho – ele riu e fez uma careta.
Me lembrei nessa hora que ainda estava comigo.
Liam voltou para a cozinha e eu tentei me levantar sem acordá-la, mas foi em vão. Ela abriu os olhos devagar e olhou para cima, para mim. A primeira coisa que fez foi sorrir, e eu sorri também. Depois ela se sentou e eu me sentei do seu lado, e levamos a mão ao pescoço ao mesmo tempo, dormir no sofá não foi nada confortável.
- Estou quebrada – ela disse.
- Eu também.
- Venham! – Harry chamou alto de trás. – Preparei o café.
Fomos até a cozinha.
- Que milagre foi esse, você fazendo alguma coisa? – desceu as escadas bem disposta e perguntou a ele.
- Sou ótimo cozinheiro, alguém fala pra ela – pediu.
- É verdade, admito.
- Quem diria – , que estava vindo de lá de fora com Liam, falou.
- Chega de papo, vamos comer que eu tô com fome. – falei.
Todos se sentaram à mesa e os que ficaram sem cadeiras sentaram em cima do balcão mesmo.
- Cadê a ? – Lou perguntou.
- Dormindo, a Bela Adormecida. – comentou.
- Nem pensem em acordá-la, deixe que ela faça isso sozinha, caso contrário o mau humor é insuportável – explicou.
- O que será que acontece se o Harry acordar ela? – Liam disse e riu.
- Acho que ela explode – deu de ombros e encheu a boca de comida.
’s POV
Me acordei de manhã em um susto, com o barulho forte de um trovão. Eu estava totalmente perdida. Tinha a sensação de ter dormido muito tempo, mas não fazia a mínima ideia de que horas eram.
Antes de me mexer na cama para procurar o celular, só levantei a cabeça que estava enterrada no meio de muitos travesseiros e forros de cama e pude ver que, assustadoramente, eu estava sendo abraçada por braços quentinhos.
Arregalei os olhos e balancei a cabeça, querendo fugir dali e ao mesmo tempo voltar a dormir.
Eu tinha o péssimo habito de me destapar toda de noite, o que me fazia acordar com frio toda manhã, e hoje não foi diferente, meus braços estavam gelados, mas os dele não. E ele estava me abraçando por trás, aquilo era realmente assustador. Me levantei devagar e me livrei do abraço dele, enquanto ficava de pé ainda um pouco tonta pelo sono e cambaleei até a mesinha perto da janela para pegar o celular. Dez e meia da manhã. Abri uma fresta da cortina e pude ver o céu desabando em chuva lá fora, tempo nublado e um vento forte que empurrava as árvores.
De repente ouvi duas batidinhas na porta, e paralisei.
- Quem é? –perguntei.
- É a Trisha! – ouvi em resposta.
- Hã... só... só um pouquinho! – gritei de volta e pulei na cama de novo, balançado toda a cama. – Zayn... – sussurrei para ele acordar. – Zayn. – chacoalhei-o e ele nem se mexeu, será que estava desmaiado? – Zayn! – mexi mais forte com ele e ele não acordou, mas mexeu a boca, resmungando algo. Fiz o que fazia para acordar e assoprei forte seu ouvido.
Ele deu um tapinha no próprio ouvido e abriu os olhos a contragosto, com um biquinho formado pelos lábios.
- Hum?
- Sua mãe tá na porta!
Ele demorou alguns segundos para processar o que eu disse e então se acordou bem, sentando na cama e passando um braço pelos meus ombros.
- Pode entrar, mãe! – ele disse alto.
Eu estava paralisada. Rígida, com cara de espanto, os braços dele me abraçando enquanto eu parecia um poste. Aquilo parecia tudo, menos natural.
- Bom dia! Eu não queria incomodar e nem nada crianças, só trouxe o café. – ela foi em direção à porta depois que deixou uma bandejinha na mesa dos pés da cama. – Ah! E se agasalhem bem, tá frio.
Sorrimos bastante até ela fechar a porta e depois nos separamos e voltamos a agir normalmente. Bem, ele voltou. Bocejou e se jogou no travesseiro de novo.
Eu quero a minha mãe, foi o que pensei. Estava na cama de Zayn Malik. NA. CAMA. DE. ZAYN. MALIK. Acho que estava tão exausta na noite passada que não tive tempo de pirar, mas agora a ficha estava caindo.
- Frio? – ele perguntou, me encarando, e eu o olhei de volta.
- É... – me levantei da cama e fui até o banheiro. Respirei fundo olhando meu reflexo no espelho e ordenei que mantivesse a calma, era tudo parte do plano. Esse plano idiota. Dormi de conchinha com um cara!
Escovei os dentes, penteei o cabelo, e como vi que ele não estava muito ao meu favor, o prendi em um rabo de cavalo firme. Coloquei uma calça jeans e uma blusa de manga curta, isso foi tudo que eu trouxe. Saí do banheiro me sentindo mais calma.
– Caramba! – reclamei ao sair do banheiro e ver que ele estava tomando o café da xícara preta em cima da cama. – Tá frio mesmo, se veste bem quando levantar.
- Pega o meu moletom ali – ele apontou com o rosto para a cômoda do lado da porta do banheiro, e eu vi um suéter azul com umas escritas em preto bem daqueles que nós ganhamos de natal das avós.
- Você tem certeza que não vai usar?
- Não, eu tenho um monte aqui.
- Ok. – peguei o suéter e o vesti, e, como eu esperava, ficou como um vestido, quase chegando ao joelho. Depois que o coloquei parei de frente para Zayn e abri os braços para mostrar o tamanho que ficou, e ele riu.
- Pelo menos te esquenta.
- É confortável e cheiroso, é como se eu estivesse dentro de um cobertor. – dei de ombros.
- Quer café? – ele apontou para a bandeja. – Tem um pão com canela que é simplesmente perfeito, eu nunca me canso dele.
- Não gosto de canela.
- Hum, mais uma coisa pra lista do que eu já sei de você.
Sorri e peguei a xícara branca com café com leite quentinho e tomei um gole. Fiquei olhando Zayn pegar o seu notebook e mexer por um tempo enquanto vez ou outra levava a xícara até a boca. Depois de um tempo olhando para a tela ele sorriu.
- O quê? – perguntei, indo até o lado dele e olhando também.
- Nossas fãs gostam de você. Acho que ganhou na loteria. – Me olhou. – Tem um vídeo nosso aqui.
- Vídeo? Como elas gravaram?
- Ontem, quando chegamos.
Olhei o vídeo em que uma das garotas nos dizia oi e tirava fotos com a gente. Bom, na verdade ela gravou, e não tirou foto.
- Isso é inédito. Geralmente meninas odeiam as namoradas dos ídolos.
- É, mas você é diferente – ele me olhou e deu de ombros. – Você não é famosa, nem tem cara de metida, nem é riquinha, você é como elas e acho que elas gostam disso.
- Que bom. – sorri. – E então, o que vamos fazer hoje?
- Eu queria te levar a um campo de golf ou algo do tipo, talvez um piquenique. Tem um parque aqui perto que é realmente lindo e um ótimo lugar, mas está chovendo, então podemos ficar olhando filme, eu, você e minhas irmãs. Ou talvez podemos levar elas no cinema, ou...
Por um momento me desliguei do que ele estava falando e só consegui olhar para seus lábios falando todas aquelas coisas como se realmente fossemos um casal. Isso era estranho para mim, porque eu não namorava há tanto tempo, e não queria pirar como aconteceu mais cedo, mas eu estava me sentindo meio sufocada. Acho que era porque, infelizmente... eu estava gostando mais do que devia.
- E... o que foi? – ele parou o que estava falando e sorriu.
- Hã? Nada! Nada, eu só... não estou acostumada com isso.
- Isso o quê?
- Ter um namorado – fiz uma expressão confusa.
- Já saquei, eu tô pegando pesado, né?
- Não, não, Zayn, você está sendo ótimo. Eu só acho estranho porque faz uns... Uns dois anos que não me lembrava como é estar com um garoto, e digamos que da última vez não acabou muito bem. Mas a gente tá se saindo bem! – Sorri para ele, passando tranquilidade.
- É que eu acho que se vamos fazer isso, então vamos fazer bem.
- Claro! Você tá totalmente certo. – Assenti.
- Então que tal o cinema?
- Cinema tá ótimo – sorri para ele.
Capítulo 4
You take me to the edge then you hit the brakes.
Some people say it's so wrong
But even when we fight, it'll turn me on
We make up then we break up all the time
Louis POV
- Eu não acredito! – Ouvimos gritar descendo as escadas correndo.
- O que foi, louca? - perguntou do sofá.
- Teen Mix! Isso que foi! – Ela apareceu pulando no meio da sala virada para .
- E...?
- E?! E?! E daí que eles me mandaram um convite para fazer fotos para eles! Fotossss! Para a Teen Mix!
- Teen Mix não é uma revista de roupas de garotas? – Niall perguntou confuso.
- É! É uma das revistas de garotas mais famosas de Londres! E eu, euzinha aqui, fui chamada para fazer fotos para eles!
- Vai ser em que categoria? – perguntou, e eu ainda estava boiando.
- Pijamas, de novo.
- Pijamas em pleno verão na Teen Mix? – perguntou, inquieta. – Não sei se seu pai vai deixar, ...
- Para de ser besta – jogou uma almofada nela. – São só fotos para um catálogo. Eu não vou sair por aí com mini-pijamas ok.
- Sei lá, você se vira com ele. – Disse enquanto sentava em um canto.
- Zayn está mandando beijos – Liam chegou na sala com o telefone no ouvido.
- Manda outro! – gritei.
- Até mais, cara. Tchau. – Liam desligou o celular e sentou.
- Como eles estão? - Niall perguntou.
- Bem, eles vão ao cinema de tarde com as irmãs do Zayn e depois vão jantar todos juntos antes de eles voltarem para Londres.
- Tadinha da . Ela morre de medo de aviões. – disse.
- Pelo jeito eles estão se dando bem – deu de ombros.
- Até demais – se jogou no sofá. – Vi na internet uns vídeos deles dando autógrafos e andando de mãos dadas no shopping, até parecia real.
Todos na sala se olharam com olhares maliciosos. Era óbvio que aquilo ia dar coisa.
Liam POV
- Posso falar com você? – cochichei para Niall do meu lado no sofá enquanto todos estavam entretidos com o filme que estava dando.
Ele assentiu e se levantou devagar para que , que estava escorada no seu ombro, se sentasse.
- Vai aonde? – Ela perguntou.
- Na cozinha pegar uma água. – Ele disse e olhou para mim. Foi até lá e segundos depois eu também fui.
- O que foi? – Ele perguntou, me oferecendo um copo de água e se escorando no balcão. Me escorei do seu lado e suspirei.
- Essa nossa amizade com elas... tá ficando séria.
- Tá falando do quê?
- De tudo, Niall. Você e a , que certamente rola algo entre vocês e se você ainda não percebeu então tem que acordar. A e o Harry com aquele ódio todo que eu não sei de onde veio, nós sabemos como isso termina. A e o Zayn e agora... – olhei para baixo um pouco envergonhado.
- Você e a . – Ele concluiu.
- Eu amo a Danni. – Falei sério.
- Eu sei – ele sorriu. – Só que você gosta da .
- Sim.
Ele tomou um gole da água encarando a parede à nossa frente.
- O que eu faço? – Sussurrei.
- Como eu vou saber? Nem sei o que eu faço.
- Para você é muito fácil, nenhum de vocês tem namorado.
- Ela só quer amizade – ele me olhou entediado. – E você está querendo dizer que quer largar a Danni por ela?
- Não, né Niall. – Revirei os olhos. – Só que eu não quero que a goste de mim. Eu sei que é estranho, mas se ela gostar de mim vai ficar ainda mais difícil para mim, hã... qual é a palavra?
- Resistir a ela?
- É. – Dei de ombros.
- Ela já gosta de você um monte, acorda – ele me deu um tapinha na cabeça. – Isso aconteceu de uma hora para outra?
- Não, eu não estou dizendo que tô apaixonado por ela, Niall. É que ela é legal, e fica bancando de mãe, mas no fundo eu vejo que tudo que ela quer é alguém que cuide dela para variar. E esses momentos em que ela chega perto demais continuam acontecendo e me deixando confuso. Não quero que continuem acontecendo, entendeu?
- Será que não pode ser só atração? – Ele fez uma careta.
- Eu espero que sim – dei de ombros e tomei um gole de água. - E, sobre você e , eu juro que não parece que ela só quer amizade.
- Eu sei. Às vezes parece que ela está brincando comigo.
- Posso saber o que vocês estão cochichando aí? – Harry apareceu de repente, pegando a jarra de água e enchendo um copo para ele.
- Nada – falamos juntos e soltamos o copo na pia.
- HARRY, PEGA AGUA PRA MIM? – gritou da sala.
- Claro, gata! – Ele gritou de volta, e depois de encher dois copos voltou para a sala. Ser Harry parecia tão fácil se comparado à minha situação agora.
- Eu acho que você precisa de um tempo com a Danni. Só vocês dois.
- É, acho que sim – concordei.
POV
O resto do dia foi ótimo, estava calor demais e uma tarde toda na piscina ajudou com isso. Na hora de voltarmos, nos dividimos bem e eu e fomos com Liam, Louis e Niall no carro dos meninos enquanto , e Harry foram com a . Ao chegarmos à frente do nosso prédio nos despedimos e os meninos agradeceram muito pelo fim de semana incrível. Foi ótimo de verdade, e eu sei que não era só eu que estava com vontade que aquele fim de semana durasse mais tempo.
Foi ótimo brincar com o Louis idiota na água, apesar de ele tentar me afogar de brincadeira. Eu pulei nas costas dele e fiz ele implorar por trégua antes que eu o matasse asfixiado. No fim da tarde, Liam ligou uma twitcam rápida e todos deram oi para a câmera, contando como foi o dia. Nos dávamos tão bem com eles que é como se não fosse mais a mesma coisa sem ter eles por perto.
Segunda-feira de manhã, quando acordei já havia saído para o serviço, então tomei banho, me arrumei e almocei sozinha.
Quando cheguei ao colégio, depois de ter que pegar o metrô porque eu não tinha carteira e minha irmã-motorista não estava, e quase me fizeram cair ao pular em cima de mim como duas loucas gritando e fazendo todos olharem para nós provavelmente pensando “o que essas idiotas têm na cabeça?”.
- O que é isso, suas doidas?
- Temos duas notícias! – Elas falaram ao mesmo tempo e eu ri ao me lembrar dos gordinhos do filme Alice no País das Maravilhas.
- Uma é ótima – falou.
- E a outra, acho que você não vai gostar muito, não. – concluiu. – Qual quer primeiro?
- Sei lá, pode ser a ruim – dei de ombros e me sentei em um banco com elas.
- Está rolando uns boatos na internet de que você e o Harry estão, tipo, juntos.
- O quê? – Gritei. – Está bem, isso não é tão ruim assim, é só desmentir.
- Mas não é simplesmente “eles estão juntos”. A gente não entendeu direito, é algo como “ é neurótica e fica brincando com o coitado do Harry, que não sabe dizer se ela o ama ou o odeia”. Era exatamente isso que falava em um site.
Não consegui controlar uma risada histérica.
- Quem foi o idiota que escreveu isso?! Isso é ridículo, é sério. Ele é um babaca.
- Sei lá, né, as pessoas amam inventar um boato. A metade das meninas do mundo devem te odiar agora. – falou.
- Meu Deus, vou morrer! – Revirei os olhos. – Qual é a notícia boa?
- Ah! – pulou e deu um gritinho. – Minha mãe deixou eu morar com vocês! Ela deixou, tipo, mesmo!
- O quê?! – Me levantei e fiquei estática. – É sério isso? Morar comigo e com a ? Ela deixou mesmo?
- Sim! – ela gritou. – Você sabe que meus pais estão se separando, e eu deixei bem claro que não quero escolher entre ela e ele, e ainda tenho um ano de menoridade, então incomodei tanto, tanto, tanto ela que acabou ficando maluca – riu. - Ela ficou louca da vida, e disse que ia ligar para a mãe da para conversar. Está praticamente certo! Ela vai me ajudar com dinheiro para dividir as contas com vocês e se precisar de uma casa maior, ela ajuda a procurar.
- Não acredito! – Abracei e ela riu e me abraçou também. – Agora só faltam duas! As meninas já sabem?
- Já contamos pra , mas não conseguimos falar com a ainda.
- Agora temos que falar com a sua mãe e a da – falei para .
- Acho que a minha vai ser mais difícil, a já tem dezoito e só não foi para lá com vocês porque, convenhamos, a casa dela é muito melhor do que a de vocês.
- Ok – fiz uma careta. – É verdade. Nossa casa é o quarto dela – ri.
Quando estávamos subindo para nossa sala de aula, me lembrei que não passou o fim de semana com a gente.
- Ei, como foi com o Zayn?
- Foi legal... – ela disse, sem emoção.
- Legal nada! – deu um tapa nela e olhou para mim. – O cara é um príncipe mesmo quando não está fingindo. Na boa , eu se fosse você parava com o fingimento logo. Ela dormiu com ele!
- Você dormiu com ele? – Gritei.
- Shhhh! – Ela olhou para os lados para se certificar de que ninguém estava ouvindo. – A gente só dormiu, um de cada lado da cama. Só!
- E no dia seguinte eles estavam abraçados. – disse. – E tomaram cafezinho juntos, e a família dele amou ela, e ele segurou a mão dela o voo inteiro até Londres porque sabe que ela tem medo, e ele abraçou ela no voo para ela poder dormir.
- ! – gritou. – Não precisava sair contando pra todo mundo o que eu te contei.
- Vadia – exclamei. – E você não ia me contar isso? É sério, quer trocar de lugar? Eu finjo com muito gosto que sou namorada dele se ele me tratar assim também!
- Ah, é, ... A tem uma queda pelo Zayn.
- e sua boca grande – ri.
- É? – disse, parecendo não se importar muito. – Pensei que você fosse a menina do Harry. Fala sério, ele é uma graça.
- É um escroto! Eu troco com você de bom grado se você quiser. Ele quase me matou afogada, depois me encheu de lama e ainda me fez andar dois quilômetros. Se isso é ser uma graça...
- Hum, trocar até não seria uma má ideia – riu. – O Harry até que é bem dotado, sabe. E ele tem uma voz sexy e aquele sorriso... hum.
- Para com isso – revirei os olhos. – Sério.
- Ciúmes? – perguntou.
- Fica quieta, pedaço de gente.
- Outch – riu.
- É sério, . Todo mundo sabe como esse tipo de coisa termina. Em algum momento vocês vão se odiar tanto, mas tanto, que em vez de te bater ele vai descontar a raiva te beijando, e aí vocês vão acabar se apaixonando.
Eu e nos olhamos confusas enquanto olhava para cima.
- Hã... nem tudo significa romance, Mrs. Horan.
- Para de ver tanto filme, sério.
- Agh... Niall já era! Eu e ele empacamos na amizade, e a coisa só piorou.
- Não parecia quando vocês estavam deitados de conchinha no sofá ontem. – debochou.
- Foi legal... – sorriu, boba.
- Apaixonada? – Perguntei, ficando na frente da e andando de costas até entrar na nossa sala.
- Quem está apaixonada, dona ? – Ouvi a voz da megera da professora de história atrás de mim.
- Hã... – me virei para ela e vi todos os alunos já sentados no seu lugar.
- A pelo Harry Styles – ouvi uma garota gritar lá de trás e outras fazerem cara feia.
- Inveja mandou beijo... – falei, sentando em meu lugar. – Desculpa pelo atraso.
- Da próxima vez quero uma autorização para entrar. Das três. – Ela olhou com cara feia para todas nós e continuou a aula.
Eu precisava admitir. Harry era um babaca, mas eu gostava da atenção de ser amiga deles.
POV
Não tive tempo de ver o celular depois que cheguei à editora de tarde, e por isso quando tive tempo de ver, no horário de almoço, ele estava cheio de ligações de minhas amigas. Devia ser algo bobo, então não liguei de volta e terminei de almoçar para voltar a trabalhar.
De repente, no meio da tarde, recebo uma ligação do colégio delas.
- Alô?
- Oi, ?
- Isso.
- Aqui é do colégio da , seu número está como número de contato aqui na agenda dela.
- A está bem? O que foi? – Olhei em volta e fui para um canto para não ser ouvida.
- Pedimos que você venha até aqui para buscar ela e as amigas para levá-las para casa. Elas foram suspensas por brigar no colégio e aqui diz que você é a responsável. Certo?
- Hã... sim – respondi, rápido. – Já estou indo.
- Obrigada.
Desliguei o celular. What the fuck? O que essas meninas aprontaram agora? Precisei pedir permissão para dar uma saída rápida e ir até o colégio, alegando que minha irmã estava mal, e ao chegar lá enfrentei uma série de xingamentos pelo comportamento delas, dois dias de suspensão e eu deveria deixar a e a em casa porque os pais delas seriam contatados.
Eu não podia estar mais furiosa. Sabia que daria merda ser a “responsável” de na escola quando ela escolheu botar meu contato como irmã mais velha ao invés de seu pai. Ela sempre fazia isso e eu, como a trouxa que era, não sabia dizer não.
Já no carro, todas estavam sentadas atrás e depois de sair do colégio, ao parar em um sinal vermelho, eu finalmente perguntei:
- Mas que porra aconteceu aqui?!
- Ih, ela falou palavrão – disse e coçou a cabeça.
- Sem brincadeira, , o que aconteceu?
- Tá, deixa que eu conto – , que estava no meio, pulou no banco e foi com o corpo para frente para chegar mais perto como se fosse me contar uma fofoca quentinha. – Foi assim: a gente chegou um pouco atrasadas e estão rolando uns boatos da e do Harry na internet. Como metade das meninas da nossa sala são loucas por ele, elas ficaram um tempão incomodando ela. Tinha um grupinho lá atrás e uma delas não parava de jogar bolinhas na , então um tempo depois a não aguentou mais e virou para trás e gritou “será que dá pra parar, porra?!” – imitava a voz da . – Daí a menina levantou e veio até a frente dela e disse “Por quê? Você vai fazer o quê, vadia neurótica? Me bater?” E todos riram. Aí ela Levantou...
- Eu não sei por que essa idiota não ficou quieta no canto dela, a guria era gigante! – disse.
- Eu não ia ficar quieta para ela – fez uma careta.
- Enfim – continuou. – aí a levantou e disse “E se for isso mesmo?” E elas ficaram se encarando por um tempo, daí a professora disse para elas sentarem, e quando a menina virou as costas...
- Essa idiota aí tinha que ter ficado quieta, mas não, né – falou e deu um tapa no braço da .
- Aí a disse “Bem mandada, cachorra”.
Pisei no freio com tudo nessa hora.
- O quê? – gritei. – Você falou isso mesmo?! Recebi algumas buzinas dos carros de trás e continuei andando.
- Escapou - fez uma careta e deu de ombros.
- Aí todos da sala fizeram “ooooh” e a garota virou para trás e pulou em cima da . Daí vieram as amigas da menina e começaram a puxar ela, e eu e a tentamos puxar a , mas uma delas me arranhou e eu empurrei ela e aí a gente começou a brigar também. Foi muito... – falava empolgada. Qual o problema delas? – Foda! Foi legal demais, quando tudo terminou e levaram a gente para a direção, ligaram para você e aí você já sabe do resto.
- Vocês são umas idiotas! – Falei, irritada.
- , seu celular está tocando – disse, pegando meu celular do banco do carona.
- O que vocês estavam pensando? Vocês simplesmente resolvem brigar no colégio porque umas garotas estavam te incomodando por causa de boatos na internet? Eu juro, , juro que só não ligo para os nossos pais porque eles nos impediriam de morar juntas na mesma hora! Que merda!
- , fica quietinha para eu poder falar. – disse, levando o telefone ao ouvido. – Oi Liam.
- Liam? – Sussurrei. Liam estava me ligando?
- Ah, na verdade ela estava nos dando uma bronca agora. Tudo bem, eu falo. Beijo, tchau.
- O que ele queria? – Perguntei, urgente demais até para mim.
- Falar com você, mas diz que liga depois.
Bufei e olhei pela janela ao perceber que meus sermões não valiam de nada para elas.
- Por favor, meninas – fechei os olhos por um tempo. – Só não façam mais isso. Eu estou... exausta de tentar ser responsável com suas notas, suas gracinhas e agora isso, . Por favor. Eu não sei ser sua mãe, então... não me peça tudo isso. – Tentei falar da maneira mais delicada que pude, e ela assentiu com a cabeça e ficou em silêncio depois disso.
Liam POV
Pude ouvir muito mais do que eu esperava quando liguei para para perguntar se ela ainda estava com a camiseta que eu a emprestei no domingo de tarde. Primeiro, tendeu o telefone e eu pude ouvir ao fundo dando sermão nelas, e depois esqueceu de desligar, me permitindo ouvir a voz de pedindo para elas não fazerem mais seja lá o que foi que elas fizeram.
Desliguei o telefone e joguei-o na cama ao meu lado, suspirando e abaixando a cabeça até minhas mãos. Eu pude ouvir na voz dela a súplica por ser uma garota normal de dezoito anos mesmo que nem ela tenha notado. estava longe de ser uma garota forte e equilibrada como queria que todos pensassem. Eu queria poder levá-la para um lugar onde ela pudesse ser ela mesma de novo por algum tempo.
- Danielle! –Niall apareceu gritando. – Você ia ligar para a Danielle! Então pega esse celular e liga logo antes que acabe “sem querer” discando o número da de novo.
Ele sentou do meu lado na cama, comendo umas batatinhas. Niall estava certo. Peguei o celular de novo e disquei o número da Danni.
- Oi, meu amor! – Sua voz disposta e alegre me atendeu.
- Oi amor, tudo bem?
- Tudo ótimo, só estou com saudades. O que foi, hein? Milagre me ligar a essa hora.
- Eu estava com saudade de ouvir sua voz – disse e pude ver Niall fazendo uma careta do meu lado.
- Liam... tá tudo bem? Você parece estranho.
- Pareço? Não, tá tudo bem.
- Ah... bom, estou voltando para Londres em seis dias, então na tarde de domingo podemos nos ver, que tal?
- Tá ótimo pra mim. Até mais, então.
- Até mais, eu te amo.
- Também te amo – disse e desliguei.
- Hum – Niall deu de ombros. – Eu prefiro a .
Olhei-o bravo e ele se levantou e saiu do quarto gritando que Paul estava nos esperando.
Depois da tarde longa como todas as outras, com uma entrevista em uma rádio e uma chamada para um programa de TV, finalmente estávamos livres. Quando Paul nos deixou em casa, fui para minha casa e me atirei na cama, tirando os sapatos e colocando as mãos embaixo da cabeça para fitar o teto. Me lembrei que eu havia dito que ligava para mais tarde, então peguei o celular e liguei.
- E vê se cala a boca – ouvi ela murmurando para alguém. – Alô?
- Oi – ri. – Tudo bem, ?
- Oi Liam, tudo. E você?
- Tudo ótimo. Mas tem certeza que está bem? Quem está te enchendo o saco aí?
- Adivinha! – Ela disse e riu.
- ?
- Exato.
- O que foi que ela aprontou hoje, hein?
- Briga no colégio, acredita? – Ela disse e suspirou pesadamente. - Cuidar dessas meninas não é fácil.
- Você tá merecendo uma folga.
- Também acho.
- Bom, mas eu só liguei para ver se você ainda está com a minha camisa... – era estranho falar isso, então eu fui abaixando a voz enquanto falava, isso não soava normal de se falar para ela.
- A xadrez? Estou sim – ela riu. – Ela combina tanto comigo, eu estava rezando para você não se lembrar.
- Ah é? – Sorri. – Fica com ela então.
- Sério?
- Sério, eu tenho outras. Adoro xadrez.
- Eu já percebi. Mas pensei que essa fosse especial para você, parece aquela que você usa em shows.
- E é aquela. É a minha preferida.
- Então eu não vou aceitar ok, fica com ela.
- Deixa de ser boba, eu tenho várias, é só uma camiseta. – Ri.
- Uma camiseta que se parece com a do Woody.
- , para de me dar motivos para não te dar essa camiseta.
- Ok! – Ela riu. – Eu vou ficar com ela e agora não tem mais volta. Você vai ter que comprar outra se quiser.
- Aí, é assim que se fala, garota – ri. – Então até mais tarde.
- Até mais. O estranho é que já passamos quase um dia todo sem se ver sem marcar nada para o fim de semana. Estamos evoluindo.
- É, estamos. Vamos ver quem vai ficar com saudade primeiro.
- Vamos ver, então. – Ela disse e eu comecei a me perguntar se estávamos falando de nós dois ou de todos em geral. – Tchau.
- Tchau.
desligou e eu fiquei ouvindo o barulho de ligação finalizada por um tempo antes de levantar.
Harry POV
Essa semana foi excessivamente lenta. Tínhamos tantas coisas para fazer por dia que eu ficava esgotado no fim da tarde e não sobrava tempo para nada além de tomar banho e dormir.
Talvez seja por isso que hoje, no fim da tarde de sexta-feira, eu esteja tão faminto a ponto de ser comparado a Niall. Eu estava devorando um pacote de salgadinhos, mas na verdade queria mesmo algo doce. Incomodei tanto Louis para comprar, mas ele não queria levantar do sofá por nada.
- Que horas são, mano? – Perguntei, enquanto terminava de comer o salgadinho.
- Seis e quinze.
- Tem que ir ao mercado, não tem nada de bom na geladeira.
- Droga! – Ele sentou de repente no sofá e me deu um susto com seu grito.
- O quê?
- Tenho que ir buscar a Els!
- Mas ela não vinha no voo das oito?
- Ela me avisou que pegou um mais cedo, mas eu me esqueci. Harry, preciso de sua ajuda. – Ele me olhou com aquela cara de cachorro pidão.
- O que é?
- Eu disse que ia levar a no estúdio da Teen Mix hoje e depois a levaria para casa, mas não vou poder ir e eu não posso deixar ela na mão.
- Nem pensar! – Falei quando entendi o que ele queria.
- Harry, por favor, por favor – ele veio para o sofá onde eu estava e começou a pular de pé.
- Eu não gosto dela, droga! – Disse. – Mas eu busco a sua namorada... – sorri para ele e levei um tapa.
- É por mim, não por ela. – Ele se ajoelhou e ficou do meu lado. – Por favor, vai. Por Larry Stylinson, por favor – Louis começou a me chacoalhar com força para frente e para trás pelos ombros.
- Por que diabos Larry Stylinson só existe quando é para te beneficiar em alguma coisa? – Dei um soco fraco nele e levantei.
- Obrigado! – Ele pulou em mim e me deu um beijo na bochecha, gay.
- Odeio essas viagens que nossas fãs criam – bufei.
- Eu sei, você me ama. – Ele pegou as chaves do seu carro e saiu correndo para a porta. – E passa no mercado! – Gritou antes de sair.
- Não somos casados, ok Louis? – Disse para mim mesmo, já que ele já estava longe.
Suspirei e peguei a carteira e a chave para ir buscar .
POV
- Você está gata, agora sai da frente da TV. – dizia sentada no sofá.
- Eu preciso ficar apresentável para os caras da edição da Teen Mix, ou eles não vão mais me chamar, entenderam?
- Você está bonita, diacho! – gritou e levantou, me empurrando para longe da TV.
- TPM pegando, hein? – Reclamei.
- TPM – e se olharam com um olhar malicioso.
- Que é? No meu tempo TPM significava tensão pré menstrual.
- Mas eu e a criamos a TPM da – elas se olharam. – Tesão pelo Malik – as duas falaram juntas e deram um high five recebendo uma almofadada da .
- Então eu também sofro disso, desculpa – levantei as mãos.
- Todas piram no namorado da .
- Parem com isso! – Ela gritou. – Ele é meu namorado de mentirinha, inferno!
- Deixem a coitada em paz antes que ela exploda! – , que estava tomando café em sua tão amada xícara na mesa da cozinha, disse.
- E você, não tira mais essa camiseta aí? Vai grudar no corpo, viu? – disse.
- É – ri. – É bom tomar banho de vez em quando, .
- Eu gosto dela, tem cheiro bom.
- Oh, tem cheiro de Liam – falei, imitando uma apaixonada boba.
- Eu vou te jogar essa faca se você não calar a boca – ela disse, me apontando uma faca.
- Cadê a sua carona, hein ? – perguntou.
- Tá querendo se livrar de mim, é?
- Sim.
- A carona dela acabou de chegar – Harry apareceu do nada na porta fazendo todas pararem para olhá-lo.
- Oi Harry! – todas As meninas disseram sorrindo. Sério, o que tem de bom nele que eu não enxergo?
- Cadê o Louis? – Perguntei.
- Ele não pode vir.
- Obviamente – revirei os olhos e me virei para . – , por fav...
- Já disse que não te levo. Vai com o Harry, olha ali, veio de lá até aqui pra te levar. Parece até que tomou banho!
Harry mostrou o dedo para ela.
- Não tenho a noite toda. – Ele avisou e eu bufei, pegando minha bolsa.
- Tchau pra vocês – falei, indo para a porta.
- Boa sorte! – gritou enquanto eu saía pela porta seguida por Harry.
Descemos até seu carro em silêncio.
- Como subiu até lá sem tocar o interfone? – Perguntei, curiosa.
- Sou Harry Styles – ele deu de ombros.
Eu ri, debochada e ele olhou para mim.
- O quê?
- Como se isso explicasse muito.
- E explica, para a maioria das meninas que eu conheço.
- Não sou a maioria. – Falei. – Onde está o Lou?
- Foi buscar a Eleanor.
- Hum...
- Ciúmes? – Ele perguntou.
- O que? Eu não sou afim do Lou.
- É que vocês são bem próximos.
- Já ouviu falar de amizade?
- Não entre homens e mulheres.
- Ah, é, esqueci que você é Harry styles – falei, imitando sua voz.
Chegamos ao estúdio e Harry sentou em um canto enquanto fui para perto das pessoas que me arrumariam.
- Não seria pijamas? – Perguntei, ao ver uma arara cheia de roupas mais rock.
- Trocamos com outra modelo, tudo bem? – A mulher baixinha e com óculos grandes falou para mim.
- Tudo...
- Ok gente, deem um jeito no cabelo dela! – Ela gritou para todos que estavam em volta e todos vieram para perto de mim, me levando até a cadeira em frente ao espelho e começando a puxar para um lado e para outro meu cabelo.
Ficamos ali por um bom tempo, arrumar cabelo geralmente era demorado.
- O que vão fazer? – Perguntei.
- As roupas são fashion e mais rock, então eu pensei em um tipo Avril, Goodbye Lullabye.
- Você tá falando da capa do disco? – Alterei a voz, uma mistura de empolgação com choque.
- Sim, gata! – O cabeleireiro piscou. – Ao não ser que tenha algum problema em ficar loiraça – riu.
- Não vou ficar... estranha? Nunca fui loira antes.
- Nah, a gente vai te deixar linda, nem esquenta. Seu cabelo parece resistente, e te dou um hidratante poderoso. Você não tem medo de mudar, não é? Nesse ramo, não se pode ser assim.
- Não tenho – confirmei, sorrindo em seguida. Eu não tinha, mesmo. Gostava de mudar. – Pode começar, então.
Um longo tempo depois, depois da descoloração de quase uma hora, e depois de esperar por mais quase uma hora a tinta fazer o efeito esperado, eu estava sentada na cadeira terminando de tirar a tinta preta das mechas de baixo do cabelo e vi Harry no mesmo canto de antes conversando com um menininho que também era modelo. Era a coisa mais fofa que eu já vi. O menininho, eu quero dizer.
Terminamos de fazer as mechas, secamos meu cabelo e agora uma menina estava fazendo minha maquiagem enquanto o cabeleireiro terminava de botar apliques em todos os cantos do meu cabelo.
- Vai demorar muito? – Harry apareceu na minha frente quando a garota da maquiagem terminou.
- Ainda nem começamos.
- Ah – ele suspirou. Estava brincando com um isqueiro que achou em cima do banco onde estava sentado. Ele o ligava, segurava um pouco, e desligava. – Caramba! – Harry se aproximou tanto do meu rosto que eu congelei. – Você tá parecendo um boneco de cera – riu e estreitei os olhos para ele.
- Prontinho, gata – o cabeleireiro falou, enquanto chacoalhava um spray fixador na mão. Harry estava atrás de mim também agora, e eu podia vê-lo pelo espelho.
- Como o cabelo dela está grande.
- Se chama aplique, querido. – O cabeleireiro respondeu enquanto Harry se abaixava para ver as pontas do aplique. Quando viu melhor quem era, porém, o homem pareceu ter um treco. Olhou em volta. – Alguém me explica o que Harry Styles está fazendo nessa editora?!
Harry riu. O cabeleireiro olhou para mim, espantado.
- Eu sabia que te conhecia! Você... vocês são... amiguinhos, né.
- Não. – respondemos juntos, dando fim ao assunto. O homem pareceu aceitar, apesar de parecer inconformado, e voltou a chacoalhar o spray em sua mão.
- Parece tão real... – Harry falava do aplique, olhando de perto.
Nessa hora Harry acendeu o isqueiro na mesma hora em que o cabeleireiro apertou o spray, fazendo um jato de fogo sair da ponta e pegar nos meus cabelos. Sorte foi que eu gritei e puxei a cabeça para frente na mesma hora em que o homem parou e começou a assoprar meu cabelo, enquanto Harry levava a mão à boca em choque pelo que acabou de fazer.
Me levantei da cadeira meio cambaleando pelo salto que eu estava usando e fui até ele.
- Qual... é... o... seu... problema... seu... idiota! – A cada palavra eu o empurrava uma vez, e ele se defendia com os braços, enquanto eu o empurrava em uma mistura de tapa e empurrão para trás. – Você é retardado?! – Gritei.
Ele falava coisas como “desculpa, não foi por querer, eu juro” enquanto eu batia nele.
- Por que você faz tudo errado? Seu imbecil! Por que você não pode simplesmente sentar e ficar quieto no seu canto sem aparecer por pelo menos cinco minutos?!
Eu ainda o estava empurrando, mas vi que não existia mais nada além de parede atrás dele e eu o estava fazendo se bater na parede cada vez que o empurrava.
- Você quase botou fogo em mim!
- Desculpa , de verdade! – Ele parecia mesmo não ter feito de propósito, mas eu o odiava mesmo assim. Odiava a presença dele e como ela me deixava irritada!
Parei de empurrá-lo e ele segurou meus pulsos devagar, parece que com medo de eu pular no pescoço dele a qualquer hora, e abaixou minhas mãos me fazendo retomar um pouco do controle.
- Eu te machuquei? – Ele perguntou, preocupado.
- Não. – respondi, ainda ríspida, mas agora um pouco mais calma. Ele ainda segurava meus pulsos e por isso estava um pouco perto do meu rosto. Depois de me encarar por alguns segundos, ele soltou o ar, aliviado, e me abraçou, ainda mais devagar. Não sabia o que fazer naquele momento, ele estava me abraçando? Harry Styles estava me abraçando?
- Me desculpa... foi sem querer, eu juro que foi.
Eu realmente não sabia o que fazer então só levantei meus braços e dei alguns tapinhas nas costas dele.
- Ok, Harry – me afastei. – Só... para de tentar me matar. – Disse, olhando nos olhos dele, e isso fez se formar um sorriso divertido em seus lábios.
- Eu não estava tentando te matar. Não dessa vez.
Esse momento me pareceu bastante com aquele do rio, quando estávamos próximos demais e algo nos olhos dele me faziam querer se aproximar. Era estranho estar tão perto dele sem estar gritando ou batendo nele, e era mais estranho ainda o jeito como era tudo tão bipolar entre nós dois.
De repente percebi que o espaço entre nós – e principalmente entre nossos lábios – estava bem mais curto agora, a ponto de me fazer sentir a respiração dele no meu rosto. Quando Harry estava prestes a se aproximar tanto que me faria fechar os olhos, o fotógrafo aparece do nada do nosso lado.
- Pronta para os clicks? – Ele perguntou, nos fazendo dar um pulo.
- Sim – respondi e encarei Harry, me afastando, querendo dizer para ele se manter longe de mim. Não queria que isso acontecesse de novo. Eu não gostava dele.
Caminhamos até uma salinha onde eu podia trocar de roupa e depois de me vestir fui para o meio do estúdio.
- Alguém retoca o queixo dela! – Uma mulher gritou, fazendo duas ou três pessoas vierem retocar meu queixo.
- Só se solta e deixa rolar, gata – o fotógrafo disse. – Pode fazer isso?
Olhei para Harry nessa hora, que havia voltando a sentar em um banco afastado de tudo e mexia em seu celular mordendo a boca.
- Hã... sim, eu posso.
Respirei fundo e comecei a me soltar para fazer o que eu fazia de melhor.
Louis POV
Cheguei ao aeroporto bem em tempo de ver uma Eleanor perdida na entrada olhando para os lados a procura de alguém. Sorri instintivamente ao vê-la e fui ao seu encontro, e quando ela me viu se aproximando colocou a franja atrás da orelha e sorriu. Eu abri os braços e ela soltou a mochila no chão e veio até mim também de braços abertos, e quando eu a ergui no ar ela enterrou o rosto no meu pescoço.
- Que saudade – ela disse.
- Eu também estava, meu amor. – Soltei-a no chão e segurei seu rosto, eu amava como ela era menor do que eu, me dando a sensação de ser a sua proteção. – Como você está?
- Bem. Estou ótima, na verdade.
- Que bom, vamos? – Peguei sua mochila do chão e abracei-a de lado, indo até meu carro.
- Estou com fome, tem comida em casa, Lou?
- Pensei em passarmos em algum lugar para comer.
- Ótimo.
Fomos até o carro e eu dirigi até uma lanchonete mais reservada onde paramos para comer um hambúrguer e conversar por um tempo. Ela estranhamente parecia ausente, apesar de ser a mesma Eleanor que conheci há algum tempo atrás.
POV
- Eu não sei, gente – fiz uma careta, mas na verdade tudo que eu precisava ouvir era mais um motivo para me convencer a ligar para Louis.
Onde eu estou com a cabeça, você me pergunta. Eu não sei. Sei que ele está com a Eleanor, e ele a ama, e que mesmo que ele não estivesse com ela ele teria milhares de outras meninas e eu provavelmente não teria chance, mas aquele amor platônico estava crescendo mais a cada dia dentro de mim até quase me esmagar.
- Anda logo, , é isso que você quer – disse, era verdade.
Fitei o celular com o número dele nas minhas mãos e apertei o botão verde tomando fôlego e repetindo “não desiste agora, não desiste!” Depois de três toques alguém atendeu.
- Oi Lou... ham, é a .
Silêncio.
- A , das meninas... sabe? – A esse ponto o silêncio do outro lado da linha estava me fazendo quase desligar o celular e começar a gritar. – Louis?
- Não é o Louis aqui. – Uma voz feminina respondeu, delicada. – É a Eleanor, namorada dele.
- Ah... – foi tudo que saiu da minha boca enquanto arregalei os olhos para as meninas sentadas na minha frente sem expressar reação nenhuma.
- Estamos jantando, o Lou foi ao banheiro, você quer que eu peça para ele te ligar de volta?
- Ah, não, tudo bem... – falei, o mais normal possível. – Me desculpa por atrapalhar, Eleanor.
Os olhos de saltaram de suas orbitas.
- Não foi nada – ela parecia sorrir do outro lado. – Ah, espera, o Lou ta voltando, vou passar para ele!
E antes mesmo de eu protestar ouvi um barulho do outro lado e logo a voz disposta e alegre que eu tanto conhecia.
- ! – Ele quase gritou e me fez sorrir instintivamente, nervosa. – O que você quer, baixinha?
- Lou! Desculpa por atrapalhar, eu não podia ter ligado em um horário pior, eu sei, mas...
- Que nada, , tudo bem, só estamos de bobeira.
- Certo. Eu ia mandar uma mensagem, mas resolvi ligar por que... Bem, porque eu resolvi, enfim. – As meninas fizeram uma careta para a minha frase confusa e sem nexo e eu ouvi o silêncio do outro lado da linha como uma espera para eu prosseguir. – Estamos reunidas, como sempre, eu e as meninas aqui na e a gente estava prestes a chamar vocês para uma reunião de emergência.
- Sério? – Ele pareceu divertido. – Como em uma sociedade secreta?
- Como você queira – dei de ombros e ri da quantia como ele parecia criança.
- É claro que vamos! Ligue para os meninos, se é urgente, eu vou estar aí em poucos minutos. Mas posso levar uma companhia?
- Claro – dei de ombros, um pouco menos feliz agora.
- Então até daqui a pouco, beijos.
- Beijos... – desliguei o celular e suspirei.
- Ele vem? – perguntou, empolgada.
- Sim! – Sorri.
- Que ótimo! , liga para o seu namorado e chama ele e os meninos. – Ela mandou.
- Ele não é...
- Cala a boca e liga – empurrei ela, que pegou seu celular com uma cara feia.
Zayn POV
Ouvi o barulho de mensagem recebida no meu celular e procurei-o pelo sofá para ver o que era. Uma foto de aparecia na tela, e eu abri a mensagem que dizia: reunião de emergência, chame os meninos, no apê da . Beijos xx.
Mandei outra respondendo que nós já estávamos indo e eu acordei Niall, que tirava um cochilo no meu sofá, com a cabeça quase caída em meu ombro.
- Reunião de emergência na casa das meninas, vamos chamar o Liam.
Ele só assentiu com a cabeça e coçou os olhos antes de se levantar comigo enquanto eu pegava a carteira e as chaves da mezinha de centro. Olhei para a carteira de cigarro e hesitei por um momento, até pegá-la mas Niall fez um som com a boca em tom de protesto. Olhei para ele, curioso. Ele já havia se acostumado com meu habito, nem reclamava mais.
- Acho que não é uma boa ideia.
- Por quê?
- não gosta, não é? Talvez você devesse tornar a função dela, de ficar perto de você, mais fácil.
Ele estava certo. Juntei alguma força de vontade e joguei a carteira de novo na mesinha, olhando-a como se ela piscasse e logo saí de perto daquilo que parecia me chamar para perto. Eu já sentia um nervosismo, um tipo de agonia na minha garganta pelo tempo em que estava sem fumar, e ficar olhando para aquilo só pioraria.
Depois de sair e chavear a porta fomos até o apartamento do Liam e batemos algumas vezes na porta, ouvindo um “entra” lá de dentro. Entramos e ele estava no telefone, acabando de falar com alguém que provavelmente era Danielle.
- Combinado então. Até mais tarde, te amo. Tchau. - Ele desligou. – E aí caras, o que foi?
- Reunião de emergência, casa da , agora. – Niall disse, calmamente, mexendo em um vidrinho de cristal de cima da mesinha.
Liam, assim como Niall, só assentiu e pegou suas coisas. Nunca fomos convocados para uma reunião de emergência com as meninas antes, e não sabíamos o que isso significava, mas era como se de algum modo estivéssemos gratos por elas terem nos chamado. Desde que as conhecemos, as coisas pareciam um pouco vazias quando elas não estavam junto.
Entramos todos no carro do Liam, que foi dirigindo até lá enquanto jogávamos conversa fora. Depois de alguns minutos, já estávamos lá na frente.
Harry POV
Ela vai ficar brava até quando? Era o que eu me perguntava enquanto íamos para sua casa em silêncio no carro. Estávamos assim desde que saímos de lá. Aliás, desde que eu quase incendiei a menina, não trocamos mais uma palavra um com o outro. Não sei se aquilo se devia mais ao fato de eu quase ter ateado fogo aos seus cabelos sem querer, ou se ao fato de que quase nos beijamos de novo.
Era estranho porque beijá-la parecia uma ideia totalmente idiota e absurda até o momento em que ela se aproximava, e então, tudo parecia ter mais sentido. Era totalmente bipolar.
Eu não me arriscaria a puxar assunto porque sinceramente estava com medo do que ela diria.
O biquinho em seus lábios que indicava que ela ainda estava zangada era, de certo modo, adorável. Me peguei imaginando um universo alternativo em que ela uma garota legal de se conversar. Talvez déssemos certo.
Devo admitir, também, que seus cabelos loiros, por mais que estivessem bem estranhos, também combinavam com ela. O que será que não combinava com ela?
Enquanto passávamos em silêncio por uma rodovia pouco movimentada e iluminada, tentei fazer uma lista de coisas que não gostava nela. Isso me mantinha ocupado o bastante para não pensar que eu quase a beijei, e para não dar o braço a torcer e puxar conversa. Então vamos lá:
é estúpida.
é uma criança.
não faz meu tipo.
me odeia.
é metida.
é mimada.
é arrogante.
gosta de me irritar.
me trata como um idiota.
não me leva a sério.
me faz agir como um imbecil.
não conhece meu lado bom.
me acha um cretino.
Certo, eu sou um cretino.
se irrita com tudo que eu faço.
não me dá uma chance de ser uma boa pessoa.
é persuasiva.
Sua presença me tira do sério.
é irritante.
é extremamente teimosa.
me deixa sem argumentos.
tem sempre respostas na ponta da língua.
se recusa a me ouvir.
é sarcástica.
não tem senso de humor.
me deixa louco.
- Styles! – gritou, me chamando de volta para a terra.
- Hã?
- Você passou reto – ela revirou os olhos.
Acordei para a realidade e fiz o retorno na esquina e parei em frente ao seu prédio.
- Está entregue. – falei, ao estacionar o carro.
- Você não vai subir? – Ela perguntou, com uma sobrancelha levantada. Isso me deixou confuso. Ela queria que eu subisse? Pensei que ela me odiasse.
- Você quer que eu suba?
- Será que você não ouviu o que eu acabei de falar? – Ela parecia impaciente. – As meninas estão chamando todos vocês para uma “reunião de emergência” – ela fez aspas. – Em que mundo você vive?
- Eu só estava distraído – bufei, pegando minhas coisas para sair do carro.
Logo que eu e ela saímos e batemos nossas portas em uníssono, eu dei a volta no carro e fui para o lado dela para que o porteiro me deixasse entrar, e ouvi uma voz de homem chamando por Harry atrás de mim. Me virei, e era um cara com uma câmera. Ou seja: papparazzi.
- Ignora – virei para e falei em seu ouvido, colocando uma mão sobre seu ombro e a empurrando levemente para que ela andasse mais rápido até a rampa que dava acesso à portaria.
- Harry! Essa é a sua namorada? – Ele perguntou. Fiquei quieto.
- O que eles estão fazendo? – Ela sussurrou. – Como descobriram onde eu moro?
- Fuçando na vida dos outros e inventando boatos falsos, é isso que eles fazem.
- Eu não quero que achem que estamos juntos, desminta.
- Não para eles.
- Como não?! – Ela retrucou.
- Deixa de ser teimosa e anda. – Empurrei-a um pouco mais forte e ela apressou o passo até o porteiro, que abriu o portão.
- Harry! – pediu por respostas.
- Papparazzi destorcem tudo que nós dizemos. Eles não são fontes confiáveis. Se eu dissesse que não estamos juntos para ele, na manhã seguinte sairia nas bancas: “Harry Styles termina com namorada misteriosa por causa ainda não revelada.”
- Agrh – ela fez uma careta com nojo e comprimi uma risada.
POV
Louis, Eleanor, Liam, Zayn, Niall e as meninas. Só estava faltando o casal ternurinha e pronto, todos estariam presentes. Eu e as meninas estávamos tão entusiasmadas para contar as novidades, e estar com eles tornava o ambiente mais divertido, seja qual fosse o ambiente. Niall e estavam em um canto do sofá rindo e fazendo planos para não sei o que, estava com Zayn e era apresentada a Eleanor por Louis, que estava mais radiante do que nunca por estar com ela. Liam estava sentado em um canto do sofá, meio quieto, e eu sentei do seu lado.
- Vim te incomodar.
- Você não incomoda – sorriu. – Bonita camisa – ele assentiu para a camisa que eu ganhara dele.
- Obrigada – ri. – É a minha preferida, gostou?
- Adorei. – Ele riu também.
- O que está rolando?
- Nada. E aí?
- Nada – disse e tive a leve impressão de que a conversa morreria por ali não sendo por e Harry que invadiram o espaço roubando a atenção com a batida que a porta deu ao ser aberta com força por ele.
- Você é um saco, hein garota.
- Não fui eu que quase botei fogo em você. Se bem que não é uma má ideia – ela disse, fazendo ele bufar.
- Você só sabe reclamar.
- E você só faz cagada.
- Idiota.
- Estúpido.
Cada um foi para um canto da sala com cara de poucos amigos. foi para perto de que começou a falar sobre o seu cabelo loiro na mesma hora, e Harry foi dar oi para Eleanor.
- Bom – respirei fundo e bati com as mãos nas pernas, levantando. – Alguém quer pizza?
Todos fizeram um coro de “sim” e eu fui até a cozinha pegar as três caixas de pizza grande que pedimos. Coloquei-as em cima da mesinha de centro e todos sentaram em uma roda no carpete cinza do chão em volta das pizzas, cada um pegando um pedaço com a mão sem rodeios.
- E então, qual é a grande novidade? – Zayn perguntou.
- Bom, até agora só quem sabe sou eu, a , a e a – falei. – Foi decidido agora mesmo.
- O quê? – perguntou.
- Estamos oficialmente morando todas juntas! – disse, empolgada e todos comemoraram por um tempo. Isso era muito importante para nós, e os meninos sabiam disso melhor do que ninguém.
- Como? – gritou.
- Bom, a já podia ter vindo há muito tempo, então ela decidiu que viria oficialmente enquanto estávamos conversando agora pouco. E então ligamos para nossos pais e fizemos eles convencerem os pais da de que morarmos juntas é muito melhor do que cada uma em um canto, porque além de vivermos juntas quase sempre e de sair muito mais caro um apartamento para cada uma, nós nos viramos bem melhor juntas.
- Isso é verdade – disse.
- Então – continuou. – Eles disseram que vão achar uma casa para a gente. Grande o suficiente para as cinco e vão nos ajudar a pagar. Ou seja: teremos nossa própria casa, poderemos chamar quem quiser e sem se preocupar com o barulho que dez adolescentes podem fazer em um apartamento. Só esse mês levamos duas multas por perturbação do sossego – riu.
- Legal! – Niall sorriu. – Vamos ajudar com a mudança, certo?
- Era para isso que chamamos vocês – disse e riu. – Vamos precisar de vocês para a mudança. E vocês sabem, serão sempre bem-vindos.
- Mi casa és su casa. – falou e Niall deu um peteleco no seu nariz.
- Isso até parece um sonho – estava sorrindo.
- Eu sei – falei. – Ainda não acreditei.
- Poxa, parabéns! – Eleanor falou. – Eu não estou aqui sempre como os meninos, mas sei como é querer morar com as amigas, deve ser o máximo.
- E é, apesar de ser uma bagunça – disse e nós concordamos.
Ficamos conversando, comendo e tomando Coca-Cola por um bom tempo depois disso.
Niall POV
Nossa semana de shows começava hoje – uma segunda-feira bem movimentada e fria em Londres. Tínhamos shows por volta da cidade, em cidades grandes do resto da Inglaterra e Reino Unido. O maior e mais importante deles ocorreria na Escócia sexta-feira, e estávamos ansiosos por isso. E no sábado de tarde, quando chegássemos em Londres outra vez, teríamos uma mudança para ajudar. Os pais das meninas acharam uma casa boa o suficiente na tarde de domingo, graças à ajuda do pai da , que era um tanto quanto poderoso na região.
Enquanto voávamos para Cardiff, a capital do País de Gales, coloquei minha playlist para tocar no Iphone e me escorei ao lado da poltrona de Zayn, que já estava no décimo sono.
Chegamos lá, as mesmas coisas de sempre: deixar as malas no hotel, dar atenção às fãs, ir para a rádio, responder perguntas costumeiras, cantar uma música às vezes, fazer a chamada para o show, voltar para o hotel, dar mais atenção às fãs, almoçar, passar o som, e ir para o show.
Harry POV
A semana passou lentamente, parecíamos em outro mundo. Os shows estavam sendo ótimos, todos lotados, os lugares eram incríveis, as fãs cada vez melhores, em todos os sentidos. Recebi vários papéis com telefones, assim como os meninos, mas eles eram idiotas e preferiam ignorar, então eu ficava com todos. Também autografei em vários lugares que os meninos se recusavam a assinar, e, é claro, eu sempre me dava bem.
- Mas eu já falei demais sobre mim – Thifany..., Taylor... bem, eu não lembro o nome dela. A garota do bar do hotel estava falando. Definitivamente ela já tinha falado demais de si mesma. – Como é ser Harry Styles?
Sério? Essa foi a melhor pergunta que ela pensou em fazer? Por que é tão difícil achar uma garota bonita e com um papo bom? Ela estava me deixando entediado.
- É normal para mim. – Dei de ombros. – Escuta Tiffany...
- Tayra.
- Tayra. Eu tenho que ir agora, mas eu te ligo amanhã.
- Ok – ela pareceu desapontada. – Liga mesmo, Harry – Tayra me deu um beijo no rosto antes de eu me levantar e subir as escadas para o quarto outra vez.
O tempo passou normalmente e quando vi já estávamos no camarim há segundos antes de entrar no palco do segundo show da semana.
- Será que dá pra parar? – Louis perguntou outra vez para Zayn. – Eu não fico uivando no ouvido dos outros e tempo todo.
- Eu estou aquecendo a voz. Você também devia fazer – Zayn respondeu.
- Esqueceu que eu não tenho nem a metade dos solos que você tem.
- Ok garotos, hora do show – Liam disse, e nos posicionamos na entrada para o palco, esperando a contagem regressiva de cinco segundos até entrarmos no palco pulando e começando a cantar Na Na Na.
Enquanto Liam fazia seu solo mais longo nessa música, olhei para a plateia, escutando aquela multidão enlouquecida, e os gritos, e por um momento minha visão ficou fora de foco e eu me perdi em pensamentos, ouvindo pela primeira vez o que a letra daquela música realmente dizia. E, por ironia, a primeira pessoa que veio à minha cabeça foi . Por um momento eu só consegui pensar que ela era desejável algumas vezes. Eu não sei bem porque, mas algo naquela raiva que ela emanava perto de mim fazia, bem lá no fundo, meu corpo ferver não só de raiva, mas de empolgação. Era... divertido. É isso. Essa necessidade de estar sempre em conflito com ela me divertia de um modo que nada mais o fazia.
Chegando perto da hora de eu cantar, eu “acordei” e olhei para o meu lado onde, mais afastado, Louis olhava para mim e sorria como se lesse minha mente. O olhar dele dizia “eu sei em que você está pensando” e isso me fez formar uma careta de negação no mesmo segundo.
POV
O apartamento das meninas agora estava uma bagunça de dar dó. Metade da semana, todas levando cada vez mais coisas para lá e a gente mal conseguia achar as próprias roupas no meio de tanta bagunça, mas estávamos felizes demais.
Estávamos encaixando as coisas aos poucos para a mudança de sábado, e agora todas nós estávamos dormindo na sala porque os quartos já estavam todos encaixados e desmontados. Era quarta-feira de tarde, eu e as meninas estávamos terminando um trabalho de biologia, milagrosamente quietas.
Eu não conseguia parar de imaginar se os meninos estavam bem, mas isso era idiota, porque eles são os caras famosos e eles provavelmente estariam se divertindo bem mais do que nós. Em lugares diferentes, com garotas diferentes...
- Ei – me chamou.
- O quê? – Sussurrei de volta.
- Algum dos meninos deu sinal? – Ela parecia preocupada.
- Ainda não – respondi. – Sem SMS, sem ligação, sem sinal de fumaça, nada.
- Eu estou... preocupada.
- Eles devem estar bem. Se não estivessem, já saberíamos.
- É, verdade... – ela deu de ombros, e voltou a escrever no caderno.
Olhei para a fileira do lado e vi checando o celular pela vigésima vez também.
- Psiu – chamei. – Nada?
Ela negou com a cabeça.
- Droga – murmurei, mordendo a pontinha da minha caneta.
Era estranho pensar que eles eram mundialmente famosos, por mais clichê que isso soasse. Porque conosco eles eram apenas... normais.
POV
Eu estava subindo para o quinto andar pela quarta vez naquele dia, pelas escadas, é claro, porque subir dois andares de elevador parecia idiota. Todos naquela revista só me viam como alguém para fazer favores, e a editora com quem eu fazia o estágio já havia dito que no começo é sempre assim. “E é melhor que você sirva como uma boa empregada se quiser um lugar aqui” ela disse. “Comigo também foi assim no começo”.
Peguei os papéis que me foram pedidos e desci outra vez, devagar, eles podiam esperar. Enquanto descia, me certifiquei de que eu não havia recebido nenhuma mensagem de texto ou nada no celular, por mais que eu já soubesse que se tivesse recebido o celular teria vibrado.
Nada.
Mas logo que entreguei as folhas, recebi uma mensagem da e fui até o banheiro para encontrá-la, não gostávamos de ficar fofocando no meio de todos, nós duas estávamos lá há pouco tempo para isso.
- O que foi? – Perguntei, me encostando na pia de mármore.
- Nada?
- Nada – suspirei.
- Ah – ela parecia frustrada e meio irritada também. – Eles nem devem sentir a nossa falta.
- Também pensei assim. Mas eles só devem estar ocupados, sei lá. A gente não sabe como é a vida de um famoso.
- Pedi para a mandar uma mensagem pro namoradinho dela, mas ela disse que não queria incomodar porque eles nem são namorados de verdade.
- Eu imaginei que ela falaria isso.
- Bom – ela suspirou. – Qualquer coisa me avisa.
- Você também. – Sorri e entrei em um dos boxes enquanto saia do banheiro. Assim que saí também, um tempo depois:
- , vai até o Starbucks pra gente?
Respirei fundo e abri um sorriso.
Liam POV
A semana estava sendo puxada! Cada dia um lugar diferente, pessoas diferentes, atividades diferentes. A única coisa que não mudava eram as perguntas. Agora, além de todas as perguntas que eles já faziam, começaram a perguntar das meninas. É isso que acontece quando uma pessoa não famosa é exposta para a mídia. Eu não queria isso para as meninas porque sei como podia ser ruim, mas por enquanto parecia estar tudo sobre controle.
“E como vai o namoro, Liam?” “Bem, obrigada”. Era sempre assim. Não que não fosse verdade, mas... eu não sei. Estava com saudade da Danni.
- O que foi, mano? – Perguntei à Louis que estava meio sério sentado ao meu lado na mesa longa a nossa frente, onde estávamos assinando os livros das fãs que vinham até nós.
- Eleanor. Ela veio de novo com esse papo de “temos que conversar” e acho que isso não é um bom sinal. Eu estou com medo, cara.
- Mas... não aconteceu nada sério, né? Serio suficiente para ela querer terminar. Ou você fez alguma cagada?
- Não que eu saiba, Liam, mas você sabe como é ser a gente. O medo constante de que elas cansem da distância e decidam que merecem algo melhor.
- Você é o melhor cara que a Eleanor poderia ter, Louis – afirmei e ele me encarou por um segundo, para depois relaxar e sorrir.
- É, eu sou – riu.
- Melhor assim – ri. - Você é Louis Tomlinson, as fãs notam de longe quando você não tá feliz.
Ele assentiu e voltou a ser o Louis que todos conhecem depois disso.
Zayn POV
Eu estava exausto no fim da noite de quinta-feira, e quando me atirei na cama tudo que queria fazer era dormir. Mas, estranhamente, todo aquele cansaço não adiantou de nada, eu não conseguia fechar os olhos e ficava encarando o teto do meu quarto de hotel e pensando na vida. Percebi que eu não fumava há quase uma semana. Isso realmente era um bom sinal. Me lembrei que há tempos eu queria mandar uma SMS para , para dar sinal de vida, mas nunca dava tempo, então peguei o celular naquela hora.
Oi , tudo bem? Desculpa por sumir assim, as coisas aqui estão agitadas, temos pouco tempo até para dormir, e isso está nos deixando exaustos. Você deve estar dormindo agora, então... boa noite. Responde quando der para eu saber que você leu ;*
Esperei por alguns minutos, o sono agora tomando conta de mim, e logo que vi que não iria receber nenhuma mensagem, eu fechei os olhos e apaguei.
POV
Me senti um pouco mal logo que não respondi à mensagem de Zayn. Já era tarde e estavam todas dormindo, mas eu estava sem sono. Mesmo assim, parecia meio bobo, mas eu estava um pouco chateada por não ter recebido mensagem nenhuma durante todos esses dias. Eu sei que nem somos namorados de verdade, e que ele justificou que estava sendo puxado lá, mas ele era meu amigo e eu duvido que não tenha tido nem um minuto para escrever uma mensagem. Então deixei-o um tempo sem resposta para que ele também passasse por isso, e fiquei me revirando na cama por um tempo até o sono vir.
No dia seguinte fui a última a acordar e só tomei banho e almocei, antes de eu e as meninas sermos deixadas no colégio por , que ia voltar para o serviço. Só aí peguei o celular para responder.
Acho que perdi o namorado para a turnê ;)
Nem sei por que mandei isso. Foi ridículo, mas foi o que me veio na cabeça e eu simplesmente digitei e mandei.
Pode apostar que não, hahahah ;P xx
Uau! Como agora ele tinha tempo?! Engraçado, não? Ele deve estar ocupado usando os dedos para mandar mensagens para outras pessoas, e é por isso que não deu sinal de vida a semana toda.
- quietinha não é boa coisa – sentou do meu lado em um banco no colégio, cantarolando.
- Não foi nada – sorri.
- Então, você acha que combina? – me perguntou sobre algo que elas deviam estar falando antes e eu obviamente não ouvi.
- Hã?
- Acha que combina o garoto novo com a ? – Ela apontou a cabeça discretamente para o outro lado da entrada, onde tinham uns garotos em uma rodinha em um banco.
- Ele tá junto com os esquisitos? – Fiz careta.
- Não, idiota, é o do lado.
Olhei para o lado e vi um garoto alto, cabelo preto e pele branca, jaqueta de couro preta e calça jeans escura. De longe dava para notar que ele era bonito sem nem ver o rosto, só pela atenção que ele recebia das meninas.
- Hum, parece bom. – Comentei. – Talvez combine com ela agora.
- Agora? – Ela perguntou.
- É, eu acho que uma loira combina mais com ele do que uma morena.
- Isso é estética – revirou os olhos. – Ninguém liga.
- Como “ninguém liga”, ? Infelizmente a coisa que mais importa hoje em dia é a aparência.
- E é por isso que ele é interessante – comentou.
- Exatamente – ri. – Mas eu ainda acho que você combina mais com o Harry – falei só para irrita-la e pelo jeito funcionou. me olhou com cara de “você é retardada”.
- Vai sonhando.
- Tô dizendo, o cara tem uma queda por você.
- Sinceramente? Eu não acho impossível. Tirando o fato de que ele quase me afogou, me sujou, me fez andar uma maratona e quase me botou fogo, é, com certeza tem algo em mim que ele gosta muito. Acho que ele sente prazer quando eu o chamo de acéfalo – ela disse, cheia de sarcasmo.
- Quanto ódio – riu. – Vamos para a sala, o sinal já soou faz tempo.
começou a andar em direção à entrada para as salas e eu e a seguimos. É tão bom ser sexta-feira.
POV
Londres está cada vez mais instável. Me lembro que no começo da semana estava um firo danado, e agora, sexta-feira de noite, estávamos todas de regata saboreando nosso delicioso sorvete de creme, chocolate e morango no sofá.
- Amanhã os meninos vêm. – disse, provavelmente lendo a mente de todas nós que estávamos quietas.
- É... - concordamos.
- Passa a calda de chocolate, ? – pediu. se esticou até a bancadinha e pegou a calda, atirando-a para ela.
- Deixa aí! – pediu, quando eu passei por um dos canais a cabo.
- Doce Vingança? É de terror.
- É legal.
- ! – exclamou. – É aquele filme sobre a mulher que é abusada e quase morre, e depois ela volta e mata um por um dos caras que abusaram dela. Tira. É nojento.
Eu não sabia o que fazer com o controle, se trocava ou não.
- É nojento? – Perguntei a , que deu de ombros.
- Só a parte em que ela arranca os dentes dele.
- E a parte em que ela mergulha um deles no ácido sulfúrico, e a parte em que ela bota anzóis nos olhos do outro para ele não piscar, e a parte em que ela enfia uma arma na bunda do xerife.
Troquei de canal rápido.
- Eu não vou olhar isso.
- Sua medrosa – revirou os olhos.
- – olhou para ela, intrigada. – A mulher faz um dos caras comer os próprios testículos.
- Certo gente, chega, a gente tá comendo. – pedi.
Depois de algum tempo olhando Enrolados, todas nós fomos botar os pijamas e escovar os dentes para dormir.
Já deitadas todas lado a lado nos colchões da sala, que era o único lugar onde podíamos dormir porque o resto da casa inteira já estava encaixotada, todas demos boa noite.
- Quando eles chegam?
- Cedo – respondi a .
- O tempo não passa.
- , fica quieta e dorme – pediu. – Assim o tempo passa.
- Grossa.
Ficamos todas quietas por um tempo, mas eu sei que ninguém estava dormindo. Além de .
- Não tá passando – falou e eu e a que estávamos do lado dela pegamos os travesseiros e começamos a bater nela. Ela e a riam enquanto bufava em um canto.
- Chega! – berrou. – Eu me rendo!
- Ok, agora, crianças, durmam. – disse.
- Grossa – repeti o que disse.
- Shiu!
- querida? – chamou.
- Quê?!
- Vai à merda e para de ser chata!
E falando isso, todas nós pulamos em cima dela, que reclamava o tempo todo que nós éramos chatas.
- Ok gente – falei, me recuperando da nossa crise de riso. – Vamos dormir.
- Boa noite. – .
- Durmam bem. – .
- E sonhem com pernilongos também – cantarolou. E depois sou eu a criança.
Logo que peguei no sono, comecei a sonhar coisas estranhas, como um lago e uma floresta, como se eu estivesse presa lá dentro, e de repente me vi presa do lado de dentro de um espelho. Era muito estranho. Fui acordada com um peso caindo em cima de mim do nada, e tentei me levantar, assustada, mas não consegui. Abri os olhos e, para minha total surpresa, era Louis atirado em cima de mim e uma gritaria infernal de cinco meninos no apartamento pulando nos colchões e cantando que era hora de acordar. A luz do sol entrava forte pela janela e parecia ser mais tarde do que deveria.
Eu e as meninas sentamos no colchão, todas confusas e com cara de sono.
- O quê...? – começou a falar, mas foi impedida de terminar por Zayn, que se atirou ao lado dela e a abraçou. Ela parecia surpresa.
- O quê? – Também perguntei, confusa. – Como entraram aqui?
- Você – Liam apontou para mim, de pé na minha frente. – Tem cara de quem guarda uma chave reserva na caixinha do extintor de incêndio. – Ele balançou a chave no ar.
- Cara! – disse. – Eu falei que não era um bom esconderijo, !
Louis riu e estendeu a mão para ela, que pegou sua mão e ficou de pé, dando um beijinho no rosto dele e indo para o banheiro. Logo em seguida, Louis fez o mesmo com . nem estava mais ali do meu lado, pelo jeito já tinha levantado.
- Cadê o Harry? – Perguntei, enquanto era levantada por Liam.
- Haaaarry! – Louis chamou fazendo barulho de quem chama cachorro logo depois, me fazendo rir. – Vem, garoto!
Harry apareceu na porta olhando torto para Louis, mas logo deixou isso para lá e sorriu, um sorriso encantador, e tirou um buque de rosas vermelhas de trás das costas.
- O que é isso? – perguntou baixinho e riu.
- Trouxemos para as garotas mais legais que a gente conhece. Estávamos com saudade – Zayn respondeu, sorrindo. Eu devia estar louca, mas o jeito como ele olhava para ela era diferente, parecia notar cada mudança em seu rosto. Como se olhasse de verdade para ela pela primeira vez.
Harry distribuiu uma para cada uma, e quando saiu do banheiro, mais decente agora, ele pegou a última e ofereceu a ela também, que ficou tão surpresa quanto todos na sala. Não só pela rosa, mas principalmente pela reverência que fez na sua frente e por depois beijar a mão dela. só conseguiu olhar para a cena de boca aberta tal como eu.
Ou Harry estava de muito bom humor, ou essa semana mudou bastante todos eles.
POV
- Vamos começar! – bateu uma mão na outra, chamando nossa atenção depois que os colchões já estavam levantados, e todos já estavam bem acordados. – O caminhão chegou, vamos nos dividir.
- As garotas pegam as caixas e eu e os meninos vamos carregando as coisas maiores. – Liam levantou. – Temos trabalho a fazer.
- Vão com calma, ok, temos o dia todo – disse. – Descer dois lances de escada com um sofá e coisas do tipo não é coisa fácil.
- E vocês com certeza não estão acostumados a botar a mão na massa assim – disse. – Não quero ninguém me botando na justiça por algum menino do One Direction ter se quebrado todo.
Eu ri.
- É bom ser uma pessoa normal, que faz mudanças e coisas do tipo de vez em quando. – Zayn disse, levantando. – E obrigado, garotas, por nos proporcionarem isso. Vocês estão sendo essenciais para nos lembrar de como é bom ser normal.
Eu e as meninas emitimos um som de agrado juntas, e ele riu.
- Ok, agora vamos começar.
Eram exatamente dez horas da manhã. Eu e fomos para o quarto da pegar as caixas não muito pesadas de lá e a fez o mesmo em seu quarto, e desceram com as coisas menos pesadas da cozinha enquanto os meninos tentavam passar o sofá pela porta.
Depois de esvaziar o quarto da , eu e fomos para a sala, pegar as caixas que tinham ali e ir descendo, estava terminando de ajudar na cozinha e os meninos já estavam na geladeira. conseguiu desmontar a mesinha de centro e levou-a desmontada para o caminhão. Beleza, os quartos já estavam vazios, tirando as partes mais pesadas do roupeiro que ainda estavam desmontadas lá, mas a cozinha e a sala estavam uma bagunça só.
Niall ajudou a levar os roupeiros desmontados para baixo enquanto os meninos levavam a estante da sala, e eu e as meninas estávamos levando as caixas da despensa.
Depois de horas ali, conseguimos esvaziar o apartamento no meio da tarde, o fato de termos que descer e subir a escada era um atraso.
Finalmente paramos, todos estavam famintos e cansados, a comida chinesa que pedimos chegou na hora em que terminamos de carregar o caminhão e nós resolvemos comer pela última vez todos juntos no apartamento. Ele parecia muito maior agora, mas ainda era aconchegante. Estávamos todos sentados no carpete, espalhados pela sala, comendo comida chinesa e conversando e rindo sobre qualquer coisa.
- Vou sentir falta daqui. – disse, olhando em volta.
- É, eu também. – concordou.
- Todos nós vamos – eu sorri.
- Até a gente vai – Harry disse rindo.
- É muito bom aqui. É quente, aconchegante e bonitinho. Passamos ótimos momentos. Mas agora é hora de mudar. – falou.
- Verdade – suspirou e limpou a boca com um dos guardanapos, se levantando. – Temos trabalho ainda, gente.
POV
A nova casa, como nós já sabíamos, era bem maior e mais ajustada para todas nós. Tinham quatro quartos, o que significa que eu e , as mais novas, teríamos que dividir um dos quartos, e por esse mesmo motivo ficamos com o maior. Mas quando chegamos lá, nos demos conta do nosso erro idiota: não limpamos a casa durante a semana. Não estava totalmente sujo, mas precisava de uma boa limpeza no chão, pelo menos.
- Como vocês esqueceram de limpar a casa antes de se mudar? – Harry perguntou.
- Não deixa o motorista do caminhão ouvir ok, a gente vai enrolar enquanto vocês limpam – disse e puxou Liam pela mão para fora.
- Bom jeito de se safar da limpeza! – Niall gritou para eles.
Fui até o caminhão e peguei os produtos de limpeza que precisaríamos. Louis pegou o sabão em pó da minha mão e o jogou por todo o chão, pegou um balde e encheu de água, espalhando por tudo também. Eu, Harry e Zayn pegamos vassouras enquanto pegou um rodo com pano, e deu um pano para Niall, , e Louis para passarem depois de nós. A quantidade de sabão foi crescendo o quanto mais esfregávamos, e eu ri tanto quando Zayn caiu de bunda no chão, que acabei perdendo o equilíbrio e caindo também.
Nos divertimos bastante até finalmente dar um jeito naquela bagunça e nós finalmente conseguimos começar a descarregar o caminhão. Foi mais rápido do que carregar, é claro. Empilhamos algumas caixas em um canto perto da despensa e começamos a tirar as coisas grandes, todos nós, o que diminuiu mais ainda o tempo em que terminamos de descarregar. Pelo menos a estante e os sofás já estavam no lugar. Tinham caixas pela casa toda.
- Já está começando a escurecer – notou.
- Que tal se a gente pegar uns filmes e bastaaaante comida? – Louis deu a ideia.
- Ok, vamos nos dividir – Niall falou. – Eu e vamos pegar as pizzas, tem uma pizzaria aqui perto, não tem?
- Tem pizzaria em todas as ruas dessa cidade.
- Eu e vamos pegar os doces. Sabe o que eu mais gostei daqui? – Louis comentou. – Fica perto de tudo. Tem uma loja a três quadras daqui com todos os tipos de doces que eu já vi.
- Eu e Liam podemos ir escolher os filmes – disse.
- Nem pensar que vocês vão ir sozinhos para pegar toda a prateleira da Disney em filmes. Eu vou junto só para garantir – Zayn falou. – Vem comigo ?
- Tá – ela deu de ombros sorridente.
- E eu – Falei pela primeira vez na sala. – Vou colocar minhas coisas no nosso quarto só para garantir que eu vou ficar com a melhor parte – Sorri para que fez uma careta para mim.
Cada um foi para o seu lado, inclusive eu para o nosso quarto, e em poucos minutos a casa ficou silenciosa. Só me lembrei que Harry ainda estava ali porque ouvi um barulho vindo da sala.
POV
Louis me guiou até a tal loja de doces, e era muito maior do que eu imaginava. Tinham todos os tipos de doces possíveis ali, de verdade. Eu quis experimentar uns que tinham formatos e cores estranhas.
- Cara! – Ele gritou, me puxando pela mão. – Você tem que provar isso aqui. – Louis me deu uma caixinha retangular com a ponta como uma casinha, abriu e botou umas na minha mão. Eram balinhas de cores diferentes e tinham o formato daquelas balinhas de amendoim. Coloquei uma amarela na boca, e tinha um gosto horrível, não consegui conter a careta, e peguei ela de volta na mão.
- Que nojo!
- Você pegou amarelo né? – Ele riu, olhando para a parte de trás da caixinha. – Sabor cera de ouvido.
- O quê?! – Gritei para ele. – Que nojo, Louis! Ecaaa! O que é isso?!
- Calma, não é de verdade! São fejõezinhos de todos os sabores.
Hesitei por um tempo olhando para ele com os olhos cerrados.
- Como os do Harry Potter?
- É.
- Que irado! – Tomei a caixa da mão dele. - Mas mesmo assim é ruim.
- Uma vez peguei de vomito.
- Eca! Vamos levar uns pra pôr na comida da – dei a ideia.
Pegamos vários doces, peguei também uma barra de chocolate meio amargo para mim e Louis pegou alguns Twix para o Harry. Quando estávamos voltando, a pé mesmo – Louis carregava as sacolas – eu tropecei em uma pedra e ele começou a rir comigo.
- Droga! – Ri. – Ah, eu tô cansada. Me mexi demais essa tarde – suspirei pesadamente e parei no meio da calçada, soltando a sacola no chão e passando a mão no cabelo.
- Sem problemas! – Ele andou até ficar na minha frente e se abaixou um pouco, colocando os braços por trás das minhas pernas e quando eu entendi o que ele queria fazer comecei a rir. Peguei a sacola e Louis me colocou nas costas e segurou minhas pernas na frente, eu fui meio de “cavalinho” em suas costas.
- Você é anoréxica, só pode, não pesa nada!
- Nossa, fortão! – Ri.
- Cara – Louis falou baixo. – Tem um papparazzi nos fotografando desde que saímos da sua casa, imagina só o que vai sair amanhã nas bancas com essa imagem que a gente está proporcionando para eles.
- Você pode me soltar se for melhor, ok – eu cochichei.
- Não, tudo bem, eu não ligo a mínima para eles.
- Sério? – Perguntei, confusa, e Louis deu um passo em falso nessa hora, me fazendo segurar nele com mais força.
- Sério – ele deu de ombros.
Imagina só como eu devia estar me sentindo. Estava nas costas do Louis, e ele era tão simplesmente encantador em tudo que fazia, que eu me pegava suspirando o tempo todo.
Liam POV
Escolhemos três filmes que agradassem a todos e fomos até o balcão. insistiu em pagar, mas quem pagou fui eu, e depois saímos da locadora sem nem Zayn e perceberem.
- Então, hã... como vai o namoro? – perguntou e olhando para ela, percebi que estava envergonhada.
- Vai bem... eu acho.
- Você acha?
- É que... – eu não sei mais o que responder para essa pergunta. – Eu... ah...
- Vocês devem cansar da distância.
- É, é isso mesmo. Eu ando meio confuso, é... É complicado.
- Tá, eu sei, não tenho nada a ver com isso – ela sorriu, envergonhada.
- Não, tudo bem, todo mundo me pergunta sobre isso. Já acostumei.
- Sabe o que eu acho? – Ela levantou o olhar do chão para olhar para mim.
- O que você acha?
- Ela tem sorte. – Logo depois de falar isso, ela pareceu ter se arrependido. Talvez pelo modo como eu pudesse entender. – Por que...
- Eu entendi. – Sorri. – Obrigado. Tenho certeza de quem quer que ganhe seu coração um dia vai ser sortudo também.
- Eu não tenho tanta certeza... – ela pareceu falar mais para si mesma, e depois olhou para mim e olhou para baixo.
Vi que não queria falar sobre isso, então achei melhor ficar quieto. Depois de um tempo sem falar nada, eu puxei assunto de novo:
- Tá com a minha camiseta de novo. – Ri. – Você gosta dela, hein.
- Já disse que eu gosto – ela riu também e fez um bico.
- Como você sabia que é a que eu uso nos shows, já viu um show nosso?
- Não, mas de dez fotos suas na internet, em nove você está com ela. É meio óbvio.
- Entendi, então você não conhece nenhuma música nossa?
- É claro que conheço! A comprou o CD de vocês esses dias.
- E qual sua música preferida?
- É Save You Tonight. Ela é linda.
- Sua cara – ri.
- Idiota – ela revirou os olhos e riu também.
Niall POV
- Você tá linda – falei enfim. Eu estava guardando isso para mim desde que cheguei na casa delas hoje de manhã.
- E você tá muito irlandês.
- Por que será, né? – Nós rimos.
- Você também está lindo – ela falou. – Mas isso não é novidade, você deve ouvir isso umas duzentas vezes por dia.
- Não de você.
Ela ficou vermelha e olhou para o chão e, Deus, como eu amava aquilo!
Estávamos voltando para casa, com as pizzas e as bebidas. ficou brava quando eu ri dela por não poder comprar nada com álcool ainda por ser de menor, mas isso só durou alguns segundos, e foi a coisa mais fofa que eu já vi. Tudo nela era lindo, e essa semana longe dela parecia tê-la deixado ainda mais linda. E por esse motivo eu tinha que começar a admitir logo que ela tinha algo muito especial. Talvez fosse, sei lá, seus olhos brilhantes. Eram simplesmente lindos. E eu não conseguia desgrudar os olhos dela quando a olhava, acho até que já estava pegando mal.
- Moeda! – Ela falou, chamando minha atenção.
- O quê?
- Uma moeda. – se abaixou e pegou a moeda do chão.
- Calma , tá tão pobre assim é? – Brinquei.
- Se ela estiver com a cara para cima, representa sorte, Niall.
- Eu detesto informar, mas você não deu sorte – olhei para a moeda com o número para cima no chão.
- É... bom, provavelmente alguém por aí precisa de sorte mais do que eu. – Ela disse e virou a moeda com a cara para cima. – E seja quem for que esbarrar nela, vai ficar com sorte.
- Você acredita mesmo nisso?
- Talvez, vai saber – ela deu de ombros, pegando a sacola com a pizza de novo e continuou andando devagar. Fui andando um pouco atrás dela, observando-a por completo. O vento fazia seus cabelos voarem. Ao perceber o que eu estava fazendo, me peguei pensando em o quão idiota eu sou.
- Você sabe que tem um cara nos filmando, né?
- Não, onde? – Perguntei.
- Do outro lado da rua – ela disse, disfarçada. – Desde que saímos da pizzaria.
- Isso é normal – dei de ombros.
Depois de mais um tempo observando-a, andei até ficar ao seu lado e comecei a assoviar I’m Yours aleatoriamente. começou a acompanhar com a cabeça, e cada um olhava para um canto, acho que o que ela estava fazendo era uma tentativa falha de disfarçar para o paparazzi. Ela não estava acostumada a ser fotografada toda vez que saia na rua, mas isso para mim já era normal. Era legal até fazer algo idiota quando sabíamos que estávamos sendo fotografados, só para ver o que sairia na mídia no dia seguinte. Paparazzi quase nunca representam um perigo real para nós, porque todo mundo sabe que não são uma fonte confiável, então brincar com a cara deles era legal algumas vezes. Pensando nisso, enquanto assoviava a música do Jason Mraz olhando para o lado contrário de onde estava, encaixei minha mão naturalmente na sua, entrelaçando nossos dedos e tirando proveito daquela situação. se surpreendeu com o ato, olhou para nossas mãos e depois para mim.
- O que está fazendo? – Ela sussurrou.
- Brincando com a cara dele, e não precisa cochichar. – Sorri.
- Mas você...
- Amanhã ele vai chegar no trabalho, entregar as fotos e falar “eu tirei foto do momento em que Niall pega na mão da garota que estava com ele, pode falar para a imprensa que eles estão namorando e temos provas”. E aí alguém da Sugarscape vem, pergunta se é verdade, eu nego e o emprego dele fica por um fio.
- Você é tão malvado – ela riu, segurando minha mão com mais força e entrando na brincadeira.
Malvado, pensei. Por tirar proveito de uma situação dessas para imaginar como seria estar com você.
Zayn POV
estava tendo mais um ataque de riso enquanto eu contava para ela do dia em que levei uma arma para o colégio. Eu só contei aquilo porque ela insistiu em saber por que tenho fama de badboy, porque não é uma coisa da qual eu me orgulho. Estávamos agora sentados em uma mesinha no lado de fora de uma cafeteria, ela tomava um cappuccino sem canela, e eu com. Decidimos ir ali quando percebemos que e Liam haviam fugido de nós, então pensamos que fazer um caminho mais longo até em casa não seria um crime tão grande.
E agora, como eu disse, estava ouvindo mais uma das suas risadas de divertimento, era um som gostoso e me fazia rir junto. Não da piada em si, até porque o fato de eu ter levado uma arma para o colégio era bem idiota. Era pelo jeito como ela ria, de algum modo, parecia diferente de uma semana para cá. Algo nela estava diferente. Ou talvez fosse algo que eu não havia notado antes.
- Você é definitivamente um badboy.
- Eu fui um badboy. E se acha isso engraçado, espera só até eu te contar como me vestia e andava.
- E como era? – Ela perguntou, tomando um gole do seu café e se apoiando nos cotovelos em cima da mesa, chegando um pouco mais perto, como se estivesse mesmo interessada nisso.
- Bem, eu...
E não me pergunte quanto tempo fiquei contando para ela sobre minha vida patética antes da fama, sempre seguindo os exemplos errados e me achando o máximo por isso. E isso provocou mais risadas de ambos os lados.
Depois de algum tempo até pararmos de rir aos poucos, um momento aconteceu. Não foi nada planejado, não estávamos fingindo ser namorados por obrigação. Naquele momento éramos só dois amigos que estavam conhecendo melhor um ao outro, até esse momento em que ela me encarou, e eu a encarei, e pude perceber que seus olhos tinham uma cor bem bonita de noite. Eu não conseguia distinguir ao certo que cor era, e isso prendia meu olhar ao dela. Era como um castanho, cor de mel, cor de ouro... eu não sei que cor era, mas era um tom bonito. Também não sei por quanto tempo nos olhamos assim. Estava sendo um dia estranho, eu estava perdendo a noção do tempo repetidas vezes.
abaixou o rosto para a mesa com um sorrisinho discreto nos lábios e sua franja caiu nos olhos.
- Acho que estão nos observando.
- Eu tenho certeza que estão. É sábado de noite e Zayn Malik está tomando um cafezinho com sua namorada enquanto os outros membros da banda estão em algum lugar da cidade cada qual com uma garota. É um prato cheio para eles.
pareceu pensar nisso por algum tempo enquanto olhava para mim. Me senti um pouco... envergonhado? Levei meu café à boca e tomei um gole, soltando-o na mesa logo depois. se inclinou para frente nesse momento, passando um dedo delicadamente ao lado da minha boca, onde provavelmente um pouco de café havia ficado, e logo depois aproximou o rosto do meu, ficando a centímetros. Eu não sei se entendi na hora o que deveria fazer, ou se foi meu corpo que agiu instintivamente, mas me aproximei também e beijei-a. Foi como um selinho prolongado, encostamos os lábios um no outro e ficamos assim por alguns segundos. Eu não sei se da parte dela era encenação, mas juro que não parecia. Além de ter sido bem inesperado.
Depois que nos separamos, nos olhamos nos olhos por um segundo antes de ela voltar para o lugar. Ficamos assim por mais uns segundos até clara se levantar, e eu fiz o mesmo. Deixei o dinheiro dos cafés e uma gorjeta na mesa e saímos dali. Quase me esqueci de pegar em sua mão, mas antes mesmo de eu fazê-lo, ela se aproximou e passou um braço pela minha cintura. Passei o meu pelos seus ombros e ela riu.
- Ainda sou baixinha para você.
- Sem problemas. – Sorri. – Acho que estou pegando o jeito.
- É, estou me acostumando com essa ideia.
Harry POV
Logo depois que todos saíram, a casa ficou estranhamente silenciosa, eu parecia até estar sozinho ali, não fosse por , que eu sabia que estava no quarto. Peguei uma caixinha pequena onde tinham objetos da estante e comecei a desembrulhá-los de vagar, colocando cada um em seu devido lugar. Uau, acho que eu devia ser designer. Depois disso apareceu de novo na sala, se abaixou e começou a tirar coisas da cozinha de uma caixa ali na sala. Fui até o sofá devagar e me escorei ali na guarda, observando-a por um tempo. Ela estava com uma regata branca, um calção claro e de cintura alta, e com um coque nos cabelos loiros, com um tipo de... sei lá, acho que o nome daquilo era lenço, na cabeça. Garotas e suas manias de “moda”. Eu especialmente achava que ela ficaria bonita com qualquer roupa, não precisava usar alguma coisa na “moda”. Talvez um moletom velho, ou uma... roupa de ginástica, ou... um pijama curto...
Chacoalhei a cabeça, para tentar espantar os pensamentos. Eu sei exatamente o que estava acontecendo: desde que conhecemos essas garotas eu não fiquei com mais ninguém. E aí estava uma garota gostosa bem na minha frente, abaixada no chão e com um calção provocante, o que esperavam de mim? Eu sou humano.
Cruzei os braços e comecei a pensar: ela até não era tão ruim assim quando estava de boca fechada. Não que ela fosse querer algo comigo algum dia porque, é claro, ela me odeia, e isso é obvio. E só para deixar claro, eu também a odeio. Sério. Ela é irritante e eu tenho uma lista de A a Z com motivos para odiá-la. Eu não podia me esquecer disso.
Só que comecei a pensar, e pensar, e o silêncio da casa, e nós dois sozinhos ali, e a imagem dela na minha frente, e a seca de um mês que eu estava...
Me levantei lentamente e fui até devagar, parando na frente dela e a fazendo olhar para mim. Estendi uma mão para ela, que a pegou e se levantou, ainda me olhando nos olhos. Devagar, puxei-a pela cintura e colei seu corpo no meu, passei uma mão por debaixo dos seus cabelos aproximando seu rosto do meu até nossos lábios quase se tocarem. Quase. Ficamos a centímetros um do outro, e eu rocei meus lábios nos dela de leve porque sabia o que isso provocava. Ela avançou para minha boca com vontade depois de alguns segundos em que brinquei com ela, e aí se iniciou um beijo feroz e rápido. passava uma das mãos pelo meu peito enquanto eu a segurava pela cintura e ia descendo as mãos devagar pelo seu calção. Ela passava as mãos pelos meus cabelos, bagunçando-os e aquilo já estava me deixando louco. Em um momento em que nos afastamos para tomar fôlego, levantei-a pela cintura e ela tomou impulso, passando as pernas pelos meus quadris. Dei alguns passos até umas caixas atrás de nós e a sentei ali, se afastou de mim e desceu as mãos devagar pelo meu peito até chegar à barra da minha camiseta, e desceu mais até chegar no...
- Ei! – Ela gritou, me acordando. – Além de tudo você é surdo?
- Hã? – eu perguntei, atordoado.
Acabei de ter uma fantasia! Com ela! Com a ! Qual é o meu problema?!
- Eu tô falando com você há uns dois minutos, idiota.
É, definitivamente essa não é a garota da minha fantasia. Ouvir uma garota me chamar de idiota não é tão excitante assim. Mas tive que admitir, agora olhando para ela mais de perto, que não era uma má ideia. Se ela calasse a boca e usasse-a para algo mais útil, podia se tornar uma garota quase perfeita para mim.
- Desculpa, o que você disse? – perguntei, ficando em pé e dando um passo para frente.
- Me ajuda com essa caixa aqui. – ela disse. Fui até a caixa e peguei-a, seguindo até a cozinha e soltando a caixa na bancada, onde ela havia indicado para soltar.
A garota suspirou, botando as mãos nos bolsos de trás do calção e olhando em volta.
- Temos tanto trabalho... – ela parecia mais falar sozinha do que comigo. Dei um passo em sua direção.
- É por isso que eu estou aqui. – falei, minha voz saindo mais grossa do que eu esperei. Ela me olhou, com os olhos cerrados e vi que não funcionou. – Eu e os meninos, hã... pra ajudar.
- Hum... – ela pareceu não se importar muito com o que eu disse. Qual é a dessa garota? Agora eu queria saber até onde eu podia ir com ela. Dei outro passo em sua direção.
- Tá cansada?
- Um pouco. – ela disse, coçando os olhos e suspirando de novo, e eu me aproximei mais dois passos, agora estava a apenas um dela.
- Talvez eu possa ajudar.
- Onde você quer chegar, Styles? – ela fez uma expressão desconfiada e parecia estar pronta para atacar a qualquer momento, mesmo assim não abaixei a guarda. Minha curiosidade e, admito, talvez um pouco do meu desejo, eram mais fortes do que o medo do perigo.
- Calma aí, relaxa – falei, chegando até ela e colocando as mãos em cima dos seus ombros, que estavam arqueados. Ela relaxou os ombros, mas continuou olhando para mim do mesmo jeito. – Eu estava dizendo... – falei devagar, colocando seus cabelos para o lado, em cima do ombro direito. – que talvez eu possa te ajudar a relaxar.
POV
Eu podia sentir meus batimentos cardíacos atrás dos meus ouvidos, de tão rápidos que estavam. E só porque esse imbecil se aproximou demais. Eu não estava muito certa de onde ele estava querendo chegar, mas já tinha uma ideia. Mesmo assim era meio difícil de acreditar.
- Como? – fiz a pergunta que ele obviamente estava esperando e que alguma coisa em mim dizia para eu não fazer, mas meus instintos agiram mais rápido.
- Assim... – e depois de sussurrar essa única palavra com sua voz rouca perigosamente perto de mim, Harry se aproximou rapidamente e me beijou. É. Ele me beijou. Harry Styles. Estava. Me. Beijando.
E o pior? Eu estava correspondendo. Eu não sei o que me deu! Meu corpo estava agindo sozinho enquanto minha mente estava bagunçada e chocada demais para agir, então tudo que meu corpo fazia era corresponder ao beijo estranhamente delicioso daquele retardado. Não. Não, eu não queria isso. Não podia querer isso. Afinal, quantas meninas esse cara já pegou?
Harry me segurava tão firme contra ele que tornava impossível escapar daquele beijo. Droga. Eu nem sei mais o que estava fazendo. Não sei se o odiava, ou se o beijava, ou se me afastava. Afastar. Isso. Isso , se afasta. Ele não presta.
Mas meus braços não me obedeciam. Eles não queriam sair do redor do pescoço de Harry. Eles não queriam largá-lo. Eu já estava ficando sem ar, mas, sinceramente, isso era o que menos me importava naquele momento. Minha mente simplesmente resolveu desligar a parte racional e trabalhar com o piloto automático. Beijá-lo. Beijá-lo mais, e mais, e não se afastar. Era isso que minha mente estava mandando meu corpo fazer. Eu estava em conflito interno enquanto beijava-o sem conseguir parar.
Quando Harry se afastou um pouquinho só para tomar fôlego, eu o empurrei para trás e ele me olhou, assustado. Depois de algum tempo ele sorriu, e isso fez um ódio extremo por ele surgir em cada fibra do meu corpo. Eu queria pular no seu pescoço e apertá-lo até Harry ficar roxo. Eu queria matar aquele filho da mãe, porque ele não podia pensar que eu era mais uma de suas vadias que ele beijava a hora que quisesse. Eu o odiava, com todas as minhas forças, agora mais do que nunca e queria poder achar uma faca naquela bagunça de mudança para poder jogar do meio da cara dele!
Eu juro que quase pulei nele, mas me contive e fui até ele e o empurrei para trás com força, mas aquele sorriso idiota não saia do seu rosto.
- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! – gritei. – QUEM VOCÊ PENSA QUE É?! – empurrei-o mais até ele se chocar com a parede, e a partir daí, como eu não podia empurrá-lo mais, comecei a bater nele. – EU NÃO SOU SUA VADIA COMO AS OUTRAS, HARRY STYLES! EU NÃO SOU MAIS UMA IDIOTA QUE CAI NA SUA LAIA SÓ PORQUE VOCÊ TEM ESSE SORRISINHO ENCANTADOR!
- Esqueceu dos cachinhos que você simplesmente ama ver – ele sorriu mais.
- IMBECIL! – continuei batendo nele da maneira que conseguia. – Você acha o quê? Que eu vou me interessar por um tipinho como você? Você é um idiota! Você não é ninguém! Eu já conheci caras muito melhores que você, você é só uma criança que não sabe dar valor a uma pessoa! Você não tem nenhum poder sobre mim Harry, nem agora e nem nunca,entendeu?
- Então por que eu te deixo tão nervosa assim? Hein? – ele continuava sorrindo.
- Eu... eu não... – não sabia o que falar. Não tinha mais argumentos. A raiva que eu sentia não podia mais ser extravasada com palavras, o único jeito de extravasá-la agora era quebrando a cara dele.
- Viu só? Não venha me dizer que você não sente nada por mim. Eu já tinha minhas duvidas e agora tirei a prova. Você não é totalmente imune. Você fica nervosa e gagueja quando está perto de mim, e gostou de me beijar. Correspondeu com vontade. – ele ergueu uma sobrancelha. – Aposto até que quer me beijar mais.
- Você... – eu não sabia o que falar, tudo que queria era matá-lo com as próprias mãos, e acho que teria feito isso se ele não tivesse segurado meus pulsos no ar. Ele segurou meus braços e chegou bem perto do meu rosto.
- Você quer mais? – sorriu, se aproximando e eu me esquivei.
- Eu não quero te beijar de novo nem que você seja a última pessoa na Terra! – gritei para ele, me livrando das suas mãos.
- Vou fingir que acredito... – ele deu de ombros.
- Você é tão infantil. – fui até ele e o empurrei de novo, mas acho que foi forte demais, porque ele foi para o lado e se chocou contra umas caixas, derrubando uma delas no chão no mesmo instante em que a porta se abriu e todo mundo entrou, rindo e olhando para a gente.
- Eu disse que eles não ficariam sozinhos sem se matar – Louis falou. – Me deve cinco dólares, Zayn.
- Tirem esse idiota daqui! – pedi. – Ele é um cretino. Só sabe fazer merda. Eu não quero mais essa... coisa na minha casa, não quero mais olhar para a cara dele.
- Ok a gente já entendeu, – Louis veio até mim e me abraçou de lado. – Dava pra ouvir os gritos de vocês lá da esquina.
- Viu, sua desequilibrada – Harry debochou e Louis teve que me segurar para não pular no pescoço dele nesse momento.
- Para Harry! – Liam e falaram ao mesmo tempo. – Vê se cresce. – Liam continuou. – Você passa dos limites sempre que pode. Para de ser infantil!
Dei um passo para perto dele e apontei o rosto para sua cara.
- Não toca mais em mim, Styles, que eu juro que na próxima te arrebento. – Vociferei e me soltei de Louis, voltando para a cozinha.
Harry finalmente ficou sério depois disso e eu me senti bem melhor em vê-lo com uma cara infeliz.
- Ok, depois desse clima tenso... – Niall falou depois de um tempo de silêncio. – PIZZA! – gritou e ele, e correram para a cozinha.
Capítulo 5
I always freeze when I'm thinking of words to say
All the things she does
Make it seem like love
If it's just a game
Then I like the way that we play
Ninguém sabe ao certo o que rolou entre e Harry, só se sabe que rolou pancadaria e que estava extremamente irritada com isso. Ela era minha amiga, e eu não queria perdê-la por uma besteira de Harry. Todos ali estavam meio chateados com ele por ter passado dos limites, e é por isso que ele estava no canto mais afastado de todos em cima do sofá enquanto o resto de nós estava nos colchões no chão. estava quase dormindo em um dos meus braços e estava em outro, seu corpo meio rígido pelo filme de terror que estávamos olhando. Se eu estava me sentindo O Cara com duas garotas bonitas, uma em cada braço? Sim.
Todas as meninas estavam meio tensas, isso era um clássico: depois das pizzas com uma animação da Disney que tivemos que olhar, e depois do Ice com uma comédia do tipo American Pie, apagávamos as luzes, pegávamos as pipocas e era a hora do terror. Era a tática perfeita para ter uma desculpa para abraçar uma garota.
- Eu não vou ver isso – escondeu o rosto no meu peito e eu ri.
- Ah, olha vai, ele só vai arrancar a própria perna com um serrote. – Falei, passando a mão em seus cabelos.
- Louis! – Ela reclamou, me fazendo rir.
- Baixinha medrosa.
- Shiu Louis – pediu. Acho que era ela quem estava protegendo o Zayn de olhar o filme.
levantou uma mão para tapar a minha boca, mas como não estava olhando colocou a mão em cima dos meus olhos e depois desceu com a mão até a minha boca. Sorri.
’s POV
Liam dormindo era a coisa mais fofa que eu já vi. Ele tinha um biquinho formado com os lábios e respirava calmamente. Pensei em poder vê-lo dormir por horas. Era lindo de verdade. Eu e ele nos deitamos entre e Zayn, e Louis e as meninas e ele só fechou os olhos e segundos depois estava dormindo com a cabeça quase que em cima do meu ombro. Estava meio apertado ali para todos então eu estava deitada de lado, de frente para Liam e perigosamente perto. Decidi fechar os olhos e dormir logo, antes que tivesse tempo de pensar besteiras.
- Eu sou o cara mais foda que eu conheço, olha só. – Louis disse, provavelmente se referindo às duas meninas dormindo uma em cada braço seu. , pelo que eu vi, passou até o braço pela cintura dele e se eu bem a conhecia ela estava adorando.
Só eu e ele ainda estávamos acordados.
- Boa noite, Lou.
- Boa noite, .
Antes de dormir, levantei a cabeça para olhar bem aquela cena e gravar na memória: e dormindo no peito do Louis, Zayn deitado no braço de parecendo uma criança, e Niall atirados na parte de baixo do colchão onde deveriam estar seus pés, os dois bem próximos um do outro e pareciam duas crianças que foram vencidas pelo cansaço, com as pernas uma por cima da outra. Ah, e também tinha Harry, atirado no sofá com uma mão caída para fora e a outra na frente do rosto como um gatinho fofo.
Deitei de novo e sorri, era engraçado como a amizade de todos nós fazia isso parecer normal. Mas se tirassem uma foto de todos assim as pessoas diriam que aconteceu uma suruba nessa sala.
b> ’s POV
Quando acordei pude sentir que ainda era bem cedo, mas eu não conseguia mais dormir pelo incômodo que era a cólica que eu estava sentindo. Odeio esse “presentinho” que recebemos uma vez por mês.
Todos ainda estavam dormindo, então me levantei devagar e fui até a cozinha procurar um remédio na bagunça de caixas espalhadas pelo chão. Acabei achando a caixa de remédios caída no chão, quando Harry se bateu nas caixas na noite passada, derrubou essa, sem querer. Peguei um comprimido para cólica, enchi um copo com água e tomei-o, sentando na mesa em seguida e abaixando a cabeça, segurando-a com as mãos.
- Ei. – Olhei para cima e vi Niall com cara de sono e cabelo bagunçado. – Tudo bem?
- Cólica – fiz uma careta.
- Ah, odeio isso – ele falou, sério, me fazendo rir. Logo depois, sentou do meu lado. – Ainda é bem cedo, não quer voltar para a cama e tentar dormir?
Ouvir isso dele era estranho, mas me fazia imaginar como seria acordar do seu lado todos os dias e estar acostumada com isso. Era um pensamento bom.
- Não, eu prefiro tomar algo quente e ficar sentada por um tempo.
- Tudo bem – ele levantou. – Quer o quê? O chef aqui vai providenciar.
- Niall – ri. – Você não sabe onde estão as coisas.
- Eu encontro. O que você toma?
- Chá – disse. – Chá verde. As xícaras estão naquela caixa – apontei. – E os chás, em uma caixa vermelha por aí.
- Tudo bem, pode deixar. Só fica sentada quieta aí, ok.
Fiz exatamente o que ele disse enquanto o observava se mover por toda a cozinha.
- Eu não entendo muito sobre isso, contando que eu era pequeno quando morei um tempo com a minha mãe logo depois que meus pais se separaram, e depois fui morar com meu pai e meu irmão mais velho, mas sei o suficiente.
- E o que você sabe?
- Sei que vocês ficam mais sensíveis, e que adoram chocolate mais do que tudo nessa época. Acho que se eu fosse uma garota estaria sempre de TPM, para comer chocolate sempre.
Ri com isso.
- Também sei que vocês ficam muito emocionais, o que sempre foi um mistério para todos os homens. Não dá pra entender vocês na maior parte do tempo, imagina então na TPM. Então, o que nós, garotos, devemos saber é: não faça movimentos bruscos e nem nada que possa enfurecer uma garota nessa época do mês. É como naqueles filmes e séries de vampiros, sabe, em que um vampiro recém-transformado tem as emoções mais fortes. Com vocês é a mesma coisa, eu acredito.
- É exatamente isso. Você deve ter sido uma garota na vida passada – ri. - E essa coisa de chocolate varia. Eu não sei explicar, mas melhora. Quando uma garota está na TPM, fica se odiando, achando cada atitude que toma idiota, se acha ridícula, cansa de ouvir a própria voz e se sente a pessoa mais errada do planeta. É como o apocalipse todo mês. Parece que tudo vira um problema, e os problemas ficam ainda maiores. Então, quando a gente come chocolate loucamente, isso parece diminuir, mas aumenta a culpa por estar engordando.
- Vocês são tão complicadas – ele riu. Deu de ombros, parado na frente da pia de costas para mim e preparando alguma coisa. – Mas não entendo essa parte de se odiar. Quer dizer, cara, vocês não precisam fazer isso. Eu acho que cada garota é única, não existe uma menina que pense igual a outra nesse mundo, e cada uma é tão incrível! Eu odeio caras que brincam com as emoções das garotas, porque vejo algo de especial e cada uma... – ele me explicava, enquanto colocava o filtro do chá dentro da água quente que esquentou no micro-ondas. - E cada uma de vocês é linda do seu jeito, não deviam se achar feias em nenhum momento. Cada garota tem um jeito diferente de encantar os meninos, e às vezes eu me sinto encantado por todas elas. Tipo, minhas fãs, sabe? – Ele veio até mim e se abaixou na minha frente, colocando a xícara apoiada nas minhas pernas e eu segurei-a. – eu as vejo em todo lugar. Na plateia de um show, cada uma com um brilho diferente nos olhos, e implorando mentalmente para ter nossa atenção por um minuto sequer. Eu queria poder dar atenção a todas elas.
Não conseguia desgrudar os olhos dele e prestava atenção atentamente a cada palavra que ele dizia, me sentindo encantada por como ele era incrivelmente perfeito. Niall era de longe o menino mais incrível que eu já conheci.
Ele me olhou e sorriu, envergonhado, colocando as mãos quentinhas sobre as minhas geladas na xícara.
- Você deve me achar um idiota.
- Que costume chato esse seu, de pensar que eu vou te achar idiota por dar sua opinião. Se você quer saber, eu acho isso incrivelmente fofo, e...
- E? – Ele perguntou o que eu estava prestes a falar, mas decidi não dizer na hora, com medo do que ele iria pensar.
- E... – Hesitei, mas falei igual – e quando você começar a namorar, Niall, sua namorada vai ser a menina mais sortuda do mundo.
Ele sorriu de novo, um sorrisinho de canto, dessa vez sem graça e abaixou o olhar para nossas mãos.
- Você não está falando isso só porque suas emoções estão mais fortes hoje, não é?
- É claro que não – ri. – Eu tenho plena certeza disso desde o dia em que te conheci.
- Bom, e se eu te disser que...
- Ei, gente – Harry apareceu nessa hora, sua voz baixa e rouca e seus cachos desordenados naquela cabeleira. – O que aconteceu ontem de noite, hein? Parece que eu tomei um porre. Só me lembro de uma mudança, uns Ices e um filme com muito sangue. – Ele disse, vindo até a mesa e sentando, coçando os olhos logo depois.
- Foi mais ou menos isso aí – respondi, rindo.
- Bom – Niall, que havia sido interrompido, levantou – eu vou acordar os outros, ainda temos trabalhos aqui. – E dizendo isso, ele segurou meu rosto e me deu um beijo na testa antes de voltar para a sala. Eu e Harry nos encaramos, e tomei um gole do meu chá.
- Eu interrompi algo aqui, ou...? – Ele abriu um sorrisinho de canto.
- Cala a boca, garoto que agarrou minha amiga. – Respondi e tomei um gole do chá.
- Eu não agarrei ela – ele revirou os olhos. – Eu beijei ela. E pode acreditar que já me arrependi.
- Foi pela surra que você levou depois? – Perguntei, tirando sarro dele, que fez uma careta para mim.
- Ela bate como uma mulherzinha. E não, foi porque ela é ela. Eu não sei o que me deu. Aliás, sei muito bem: eu estou na seca há mais de um mês, então estava desesperado. Sua amiga não é tudo isso, não.
- Cala a boca, Styles, a é demais para você, isso sim. – Disse, me levantando e indo para a sala, deixando-o sozinho ali.
Harry era legal, mas passava dos limites às vezes.
’s POV
Acordei em um pulo, com alguém gritando e um barulho alto. Mas logo que abri os olhos eu me encontrava outra vez na sala da nossa casa, com todo mundo, e vi que foi só um sonho. Ver Jogos Mortais não faz bem antes de dormir, logicamente. Mas o lado bom disso: dormi abraçada com Louis. Dá para acreditar? Uma coisa dessas só acontece em filmes ou em fanfictions da internet! Eu era a garota mais sortuda do mundo, e não conseguia parar de sorrir ao sentir os braços dele que estavam em volta de mim. Me senti tão bem, como... Como Eleanor deveria se sentir na maior parte do tempo.
Só que quando levantei o olhar para seu rosto, vi que ele estava acordado e me olhava sorrindo, quase como se quisesse rir da minha cara. Que vergonha! O cara deve achar – e com razão – que eu sou mais uma menininha apaixonada por ele.
- Oi – falei, envergonhada.
- Bom dia, princesa . – Ele falou, sentando um pouco e se espreguiçando. estava virada para o outro lado e dormindo com a cabeça em cima das duas mãos. – Você me assustou. Teve um pesadelo, é?
- Na verdade, sim. Fui eu quem te acordei?
- É. Você deu um pulo agora mesmo.
- É – ri. – Sonhei com alguma coisa ruim que não lembro direito agora. Sei que tinha sangue.
- É isso que dá olhar aqueles filmes.
- E aí caras – Niall apareceu e nos deu oi, antes de pular no meio de e Liam como se eles fossem uma piscina.
- Ai, cacete! – Liam gritou, sentando. – Você quebrou minha costela!
- NIALL! – berrou. – Me deixa respirar!
- Sai de cima dela, garoto – Liam empurrou-o e Niall rolou para cima de mim.
- Ai! Você é pesadinho, hein. – Ri e ele sorriu também ao ver que caiu com a cabeça bem em meu colo.
- Tudo bem gata? – Ele ergueu e abaixou as sobrancelhas e deu uma piscadinha.
- Idiota – dei um tapinha em sua testa, rindo, e depois comecei a mexer no cabelo dele.
- Mas que gritaria é essa? – sentou, com os cabelos loiros bagunçados. – Será que não se pode dormir mais em paz nessa casa?
- Bom dia, raio de sol – Louis puxou ela para um abraço e deu um beijinho no topo de sua cabeça.
- Adivinha quem ainda está dormindo. – Liam falou para todos.
- .
- Zayn – a resposta foi alternada entre o nome dos dois, mas ambos acertaram.
- Exato.
Todos olhamos para eles, que estavam dormindo de um jeito realmente fofo, deitada no braço direito de Zayn, que tinha o braço esquerdo ao redor da cintura dela.
- Que coisa mais adorável – comentou, voltando da cozinha com uma xícara de alguma coisa nas mãos. – Esses “namorados falsos” de hoje em dia – riu.
- É... – Eu concordei.
- Bom! – Niall quase gritou, se sentando rapidamente. – Vamos acordar os Sr. e Sra. Soneca e começar a trabalhar com essas caixas, que tal?
- E aí – Harry apareceu, com o cabelo todo bagunçado, da cozinha. – Não temos uma entrevista hoje de tarde?
- Yep – Liam disse. – Por isso temos que começar logo com isso.
- Vocês já ajudaram demais, sabe, garotos – falou. – Não precisam fazer mais nada aqui. A gente se vira.
- É divertido aqui, eu quero ficar, se não foi incômodo. – Niall falou.
- Eu também. É claro que não é incômodo, elas nos amam, irlandês. – Lou falou, me fazendo rir.
- Isso é verdade, sabe – falou, jogando uma almofada em Louis. – Amamos mesmo. – Ela riu.
- Mas estou pensando em criar um abaixo assinado para que essa banda tenha apenas quatro garotos – falou, e levantou para ir ao banheiro. Eu ri.
Em pouco tempo todos levantaram, e só restaram e Zayn na cama. Louis tirou uma foto dos dois dormindo antes de acordá-los, porque disse que se não tivéssemos provas, eles não acreditariam que estavam naquela posição. E logo depois, Lou postou no Twitter com a legenda “quem diria, badboys também amam” e eu imagino que em alguns segundos o mundo todo foi à loucura com aquela foto.
Depois disso, ele puxou Zayn pelo pé até fora do colchão para que ele acordasse, e Zayn sentou no chão com a cabeça abaixada e ficou assim por algum tempo até acordar o suficiente para se levantar. Logo que Zayn soltou , ela se acordou.
POV
- Pelo amor de Deus, , bota uma música aí – pedi para , que estava no nosso quarto comigo, me ajudando a pôr tudo em ordem. O silêncio estava me incomodando.
Ela pegou seu celular e colocou sua playlist tocar no aleatório, e Please Don’t Leave Me, da Pink, começou a tocar nessa hora, preenchendo o silêncio do quarto.
Era pouco depois de meio dia, e os meninos se despediram de nós para irem para casa poucos minutos atrás, quando receberam uma ligação de Paul enlouquecido porque foi na casa de todos eles e nenhum estava em casa. Paul chegou lá pouco tempo depois e disse que eles tinham uma hora para ir em casa e se arrumarem para tal entrevista que iria ao ar em um programa local no final da tarde.
Vocês podem imaginar o quanto de bullying eu sofri depois que me mostraram a foto no Twitter de eu e Zayn dormindo abraçados. Eu estava prestes a matar Louis por aquela foto, minha TPM estava quase me deixando louca. Nesses dias do mês, até o jeito como olham para mim me irritava. Mas eu consegui fugir do assunto e colocar nos holofotes depois que lembrei do episódio “Harry tarado” de ontem, e todas as meninas começaram a fazer perguntas incessantemente sobre o que de fato aconteceu e o que foi dito. Depois contou o que ele havia dito na cozinha de manhã, e só dizia o de sempre: ele é um retardado. Disso nós já sabemos, querida , queremos saber quando é que vai ser o casamento, tive vontade de dizer, mas eu provavelmente apanharia. O ponto fraco de é Harry, se você falar o nome dele perto dela, a irrita de uma maneira que a gente não consegue entender. Mas eu e as meninas sabemos que há algo a mais nessa história. Não é novidade para nós que adora um desafio, coisas exóticas, diferentes. Quer coisa mais diferente do que um cara lindo daqueles que é ousado e chega agarrando as meninas assim, do nada? Eles ainda se casariam um dia, apenas.
Depois de cada uma trabalhar em um canto da casa, ficou mais com cara de “casa” e nós finalmente paramos para descansar. Pelo menos a sala estava livre, e todas nós sentamos no sofá para ver a entrevista dos meninos que iria ao ar em cinco minutos.
Liam’s POV
Os meninos estavam todos na minha casa, cada um atirado em um canto comendo alguma coisa. Eles sempre vêm para cá quando o estoque de comida deles acaba e eles estão com preguiça de ir ao mercado. O lado bom, é que quando termina meu estoque também, eles têm que ir ao mercado e já compram para mim também.
Nenhum de nós curtia muito nos vermos na TV, mas a TV estava ligada no canal onde passaria a entrevista e ninguém se incomodou em trocar, até que ela começou.
- Então como vocês já sabem, muita gente pediu para trazermos o One Direction para o programa. Esses garotos realmente são um estouro mundial! Mas, como são muito ocupados, não conseguimos um espaço na agenda deles para vir ao programa esse mês.
- Lembrando que eles mesmos confirmaram que mais adiante querem vir ao nosso programa, quando tiverem um tempo – o outro apresentador falou.
- Exatamente. Mas conseguimos uma entrevista com os meninos onde vocês, do Twitter, puderam mandar suas perguntas e os sortudos tiveram as respostas que queriam. Vamos conferir?
A entrevista começa a passar no telão, onde todos aparecem em um sofá branco e a repórter está no sofá menor, bem ao nosso lado. Depois de uma breve introdução e de darmos oi a todo mundo, começamos com as perguntas:
- Alice Queen quer saber se vocês estão solteiros.
Eu olhei para os meninos para ver quem ia responder dessa vez. Zayn foi em direção ao seu microfone:
- Eu, Louis e Liam estamos namorando, na verdade.
- Ah, sim. – Ela disse. – Sua namorada, a garota nova, não é? é o nome dela, certo?
Ele assentiu.
- Então Zayn, só para matar a curiosidade das suas fãs, como anda o namoro de vocês? O que todos sabem é que foi tudo muito de repente, o namoro de vocês simplesmente surgiu do nada, sem nenhum boato antes, como geralmente acontece.
- Na verdade, já nos conhecíamos há alguns meses, mas nunca fomos pegos juntos e não era nada oficial, então, quando se tornou oficial, logo contamos para nossas fãs.
- Certo. Catlin Vegas pergunta a você, Harry, o que uma menina tem que ter para te conquistar ou se você está afim de alguém no momento.
- Hã... não, no momento. Eu não tenho ninguém em especial em mente para a minha garota perfeita. Eu acho que ela deve ter senso de humor, ser carinhosa e entender nossa agenda louca. Se for uma pessoa companheira já está de bom tamanho.
- Harry, você acabou de descrever qualquer fã nossa, faça uma descrição mais direta – Louis pediu, e sorriu para Harry que o encarou em silêncio por um tempo.
- Bom, Louis... Só não vá ficar com ciúmes depois, ok? – Ele riu. – Acho que alguém que tenha aquela coisa especial que me faça ficar encantado. E que me faça... ter trabalho – deu de ombros.
- Legal – a repórter riu. – Você quer alguém que tenha that one thing, certo?
- Certo – ele riu.
- Ótimo. Carolinna quer saber quando sai a próxima música de trabalho.
- Em breve – respondi.
- Hum, vamos ver... Jasmine perguntou como funciona esse relacionamento seu com suas amigas, e como as conheceram?
- Você quer responder essa, Niall? – Perguntei.
- Bom – ele começou. – Somos só amigos, como nossas fãs já sabem. Elas são garotas bem especiais para a gente e nós as consideramos uma parte bem importante da nossa vida no momento. Elas se tornaram como... – ele pausou para achar o termo certo. – como o nosso meio de permanecer com os pés no chão, nosso refúgio quando queremos ser pessoas normais outra vez, pessoas que têm amigos e saem para comer alguma coisa, jogar um futebol ou só ficar em casa olhando filmes até pegar no sono. Eu acho que falando por todos os meninos, , , , e são nossas melhores amigas, e é isso. – Ele sorriu. – E sobre como nos conhecemos, temos um culpado aqui entre nós.
Todos nós apontamos para Louis, que encolheu os ombros.
- Como assim? – A repórter perguntou.
- É que estávamos em uma lanchonete, e eu pedi um lanche com castanhas. A garçonete trocou o meu pedido com o pedido das meninas da outra mesa, que por acaso eram elas, e meu lanche foi para a . Ela era alérgica à castanha e teve uma reação alérgica. Fomos todos para o hospital e lá nos conhecemos melhor. É claro que ficamos amigos assim depois de uma semana em que teve que ficar de repouso e íamos vê-la sempre que podíamos, porque se não, acho que não teríamos nos conhecido tão bem.
- Agradeçam ao cara responsável aqui que insistiu em ir até o hospital – apontei para mim mesmo e ri, sendo seguido por todos.
- Ótimo meninos, é isso. Obrigada pela participação, e espero que vocês apareçam mais vezes no nosso programa.
A semana que se passou, cheia de entrevistas, tardes de autógrafos e fotos para revistas, passou lentamente. Cada dia demorava anos para passar, era até entediante. Não vimos as meninas em nenhum dia, mas sabia que no fim de semana todos nós esperávamos encontrá-las.
Falei com Danni todas as noites na semana, e enquanto falava com ela eu lembrava o porquê de tê-la escolhido como minha namorada, Danielle é incrível. Eu não tinha dúvidas de que a amava enquanto falava com ela, mas depois... Imagens vinham à minha cabeça e eu ficava confuso outra vez.
Louis POV
Quando finalmente chegou sábado, eu e os meninos almoçamos juntos no apê do Liam, que era o único que ainda tinha comida. Depois do almoço cada um deitou em um canto e dormiu por uma meia hora, aproveitando o silencio do lugar. Queríamos ir às meninas, porque domingo começaria nossa maratona de um mês, em que quase não iríamos parar em Londres. Até para Los Angeles nós íamos ir nesse período, com certeza ficaríamos cansados, então ainda tínhamos sábado para descansar.
Fomos para lá mais ou menos às duas da tarde, para encontrar com cinco meninas sérias e emburradas, cada uma em um canto da casa fazendo uma coisa diferente e sem trocar uma palavra sequer com a outra.
- Ih, o que tá rolando aqui, hein? – Perguntei, ao entrar.
O olhar que lançou para mim respondeu tudo. Eu era bem acostumado com isso por morar com mulheres por toda a minha vida, então entendi logo de cara. Fiz um gesto com a cabeça para os meninos assentindo para fora da casa, e eles saíram de novo.
- Já voltamos, meninas. – Saí da casa e fechei a porta atrás de nós. Meus amigos me olhavam confusos, estranhando porque saímos. Chamei os meninos para perto e fizemos uma roda, nos abraçando como se isso fosse um treinamento de futebol – eu acho que todos já entendemos o que tá rolando aqui, certo?
- Não. – Harry disse.
- TPM... coletiva? – Zayn fez uma careta.
- Exato. Eu compro os chocolates, Niall ache sorvete por aí. Zayn, você fica encarregado dos filmes. Romance, muito romance. Harry, compre... flores, meninas amam flores, principalmente acompanhadas de chocolate. E Liam, vá àquele bazar que eu te mostrei que a Eleanor simplesmente ama, lá tem de tudo para uma garota. Compre coisas que você acha que elas vão gostar.
- Mas eu não... – Harry começou a falar, mas foi interrompido por todos que concordaram comigo.
- Eu não sei nada sobr...
- Onde fica o bazar mesmo?
- Procura o nome na internet. Vai de carro, o resto de nós vamos a pé, tudo que precisamos tem aqui perto.
- Espera! Estamos fazendo tudo isso por que mesmo? – Harry perguntou. – Só para tirar a dúvida. É nosso último dia de folga e eu queria estar dormindo...
- Corta essa, Styles – Liam revirou os olhos para ele.
- Quê?!
- Você está aqui porque gosta de estar aqui. Ninguém te obrigou a entrar no carro, né?
Ele ficou em silêncio com uma carranca.
- Harry – suspirei e coloquei a mão no seu ombro. – Nossas melhores amigas são garotas, e por azar ficam de TPM na mesma época. Você quer entrar lá de mãos vazias e enfrentar a terceira guerra mundial, ou entrar lá armado, e ser amado por todas elas?
- Não existe a opção ir para casa e dormir? – Ele fez uma careta.
- Não – Zayn disse.
- Engole esse ego. Só porque uma delas te deu um fora, não significa que não gostem de ti – Liam tocou a mão no ombro dele e riu.
- Eu sei que no fundo você as adora tanto quanto nós. – Disse e me afastei, indo para um canto enquanto os meninos também se espalhavam.
Harry’s POV
- Quanto exagero... – resmunguei sozinho.
Era uma merda, mas no final Louis estava certo: eu gostava muito das meninas também. Apesar de não ir a uma festa decente desde que as conhecemos, elas eram divertidas e o tempo que passávamos com elas sempre compensava. Fui até a mesma floricultura que já havia ido antes para comprar flores para as meninas, e fui atendida pela mesma menina, uma garota da minha altura e de cabelos loiros naturais, pouca maquiagem e olhos azuis. Era bonita, e seu sorriso também. Se eu bem me lembrava, seu nome era Catherine.
- Harry Styles por aqui de novo. – Ela sorriu. – Estou começando a acreditar que tem alguém especial na sua vida, que mereça receber rosas vermelhas, a flor da paixão, todo fim de semana.
- Tem mesmo gente importante na minha vida. Cinco.
- Uau – ela riu. – Cinco? Você não brinca em serviço, hein!
- Cinco. E como assim “flor da paixão”? Flores têm significados? – Franzi o cenho.
- É claro que têm. A rosa vermelha significa paixão, amor, sedução... não seria a flor ideal para se dar à sua chefe, se você tivesse uma, por exemplo.
- Uau... eu não fazia ideia. – Cocei a nuca.
- Garotos... – ela balançou a cabeça e entrou mais para o fundo da loja, eu a segui. – Qual é a ocasião?
- TPM.
- Ah! – Ela riu. – Nesse caso, se for sua namorada, tenho certeza que ela vai amar algumas rosas.
- Não, eu já te disse, Cath, não tenho namorada – sorri para ela.
- Então o que ela é sua?
- São cinco. E são amigas.
Catherine parou.
- Vai dar rosas às suas amigas porque estão de TPM? Também quero.
Ri.
- Tudo bem, certo. Amizade e TPM. – Ela assentiu e foi até mais fundo na loja. – Bem, aqui temos as rosas amarelas, que representam amizade e felicidade. Mas ainda acho que não são certas para a ocasião. Meninas na TPM gostam de ver coisas bonitas e elegantes, e gostam de se sentir importantes. Rosas amarelas lembram mais uma formatura do que o amor de amigos.
Assenti.
- Begônia – ela apontou para pequenas flores cor de rosa e amarelo misturadas em um buque cheio e grande. – Representa entre outras coisas, a purificação das emoções. Emoções são coisas delicadas nessa época para as meninas, então isso representaria bem, mas não é uma flor tão linda assim. Ah! – Ela pulou para a prateleira do lado, e eu a segui. – Bromélias! Já ouviu falar?
- Mais ou menos – fiz uma careta.
- Representam amizade eterna e felicidade plena, são lindas e grandes, mulheres adoram tanto a aparência quanto o cheiro dessa flor. É uma boa.
De fato, a flor era bonita, grande e colorida. Me pareceu uma ótima escolha.
- Ótimo, são essas, Cath. Faça um buquê com cinco, por favor.
- Pode deixar – ela sorriu. Fiquei brincando com uma fitinha do balcão até Catherine voltar com o buque de Bromélias amarradas juntas por uma fita de seda amarela.
- Cath, que flor é essa? – Perguntei a ela sobre uma flor diferente e bonita em cima do balcão.
- Ah, essa é a Orquídea. Não tem muito aqui na Inglaterra, existem mais na América do Sul, e no Brasil chega a ter mais de duas mil variedades.
- E o que ela representa? – Perguntei, passando a mão delicadamente sobre a pétala da flor.
- Muitas coisas, dentre elas a perfeição, beleza feminina, desejo, amor, luxúria...
Sem nem perceber, sorri.
- Você lembrou de uma garota – Catherine concluiu, e sorriu para mim. – Isso é tão adorável.
Olhei para ela e franzi o cenho.
- Quê? Não. Nada a ver – falei, ruborizando e me sentindo um babaca.
- Tem sim! – Ela riu. – Você tá vermelho! Bom, ela é uma garota de sorte por ter chamado sua atenção no meio de tantas.
- É meio impossível de não a notar em uma multidão. – Falei e ri. – Você pode colocar uma dessas para mim no buquê?
- Claro – ela assentiu, pegando a flor e colocando-a no meio das outras delicadamente. – aqui está.
- Obrigada, Cath, você é incrível – falei, deixando o dinheiro em cima do balcão e dando um beijo em seu rosto antes de me afastar e deixá-la sorrindo sozinha no balcão.
Andei o caminho de volta até a casa das meninas devagar, a fim de não ter que esperar muito sozinho lá na frente até os meninos voltarem.
Bazar. Meninas. TPM. Presentes. Eu estava me sentindo perdido. O que escolho? Louis parecia ter me deixado com a parte mais difícil. Mas eu logo descobri que não, pois realmente tinha de tudo naquele bazar. Tudo mesmo.
Vamos ver... . ... . é estilosa e está sempre em mudança. Algo me diz que ela gostaria de algum tipo de acessório. Mas logo lembrei que Harry daria o presente a ela, pois isso cabia a ele, então resolvi que sabia exatamente o que fazer Harry dar a . Fui até a prateleira de pelúcia e peguei uma coisa que seria simplesmente hilário ver ganhando de Harry.
. Algo me dizia que qualquer coisa vinda de Louis para era bem-vindo, então eu decidi que dar algo relacionado a ele para ela seria perfeito. Vi um suspensório e logo fui até ele, imaginando-a vestida com aquilo, daquele jeito fashion que as meninas sabiam se vestir. E como suspensórios eram a primeira coisa que ligavam ao nome do Louis, peguei ele mesmo.
. Niall poderia simplesmente beijá-la e torná-la a garota mais feliz do mundo, mas isso para eles pareciam muito mais complicado do que realmente era. O que dar a ? Ah! Logo que vi uma pulseira com um pequeno pingente da torre Eiffel e outro um pouquinho maior escrito “melhores amigos” achei que seria perfeito. Afinal, não é isso que ela diz que eles são? Melhores amigos?
. Ela era a mais fácil de todas. Zayn e eram supostamente namorados, então que tal tornar isso oficial? Fui até a prateleira onde vi o presente perfeito para Zayn entregar a ela quando entrei na loja e peguei-o. Quem faltava? Ah, . O mais complicado, porque quem o daria era eu. De repente me senti péssimo em escolher presentes. Olhei em volta e não consegui ver nada que fosse perfeito para dar a ela. Até que tive uma ideia de coisa que, querendo ou não, a faria lembrar de mim sempre que visse.
Peguei todas as cinco coisas e levei até o balcão, pedindo para embrulhar todos para presente e pagando, saindo dali logo em seguida. Quando cheguei à frente da casa das meninas, Harry e Niall já me esperavam.
- Esse é seu – entreguei o presente a Niall. – e esse seu – dei a Harry.
- Pra mim? – ele sorriu que nem um idiota.
- Não, tonto – Niall deu um tapa em sua cabeça.
- Pra você dar para a , idiota.
- Ah – ele deu um sorrisinho afetado.
Logo Louis e Zayn chegaram. Zayn havia pego Titanic, Diário de Uma Paixão e Cartas Para Julieta, que ele pensou ser Romeu e Julieta. Não se pode confiar em Zayn, que anda sempre dormindo por aí.
- Bom, se elas ainda não estão completamente deprimidas isso vai terminar o trabalho – falou, levantando Titanic no ar e me fazendo rir.
’ POV
Eu estava prestes a perguntar se os meninos haviam fugido de nós logo que viram que todas estavam no mais avançado estágio de TPM e quase matando umas às outras ali dentro quando a porta se abriu e pude ouvir uma gargalhada escandalosa inconfundível de Louis.
- Queridas! Chegamos!
- Louis – apareci na sala, vindo da cozinha com um croissant na mão. – não grita – pedi, apontando para a minha cabeça.
- Ah, sinto muito baixinha – ele sussurrou e veio até mim, me dando um beijo na testa. Louis era um amor. – Toma, isso aqui é pra você, quem sabe ajuda a acalmar essa cabecinha, hã? – ele disse, tirando uma caixa em formato de coração da sacola que segurava e me entregando.
- Chocolate? – abri um sorriso na mesma hora, abrindo a caixa sem rodeios. Chocolate é bom. Muito, muito bom.
- Sabia que você ia gostar.
- Só ela ganha? – apareceu na porta da cozinha atrás de mim, com um bico.
- É claro que não, princesa – ele riu e foi até ela. – tem muito mais de onde veio esses – Lou falou, tirando uma caixa igual à minha da sacola e dando a ela, que se iluminou na mesma hora.
- Meninas! – Louis gritou outra vez, indo até a cozinha em busca das outras e recebendo um coro de “shhhhh” em resposta. Ele nem se dava conta de que falava demasiadamente alto.
- Vocês acertaram, seus idiotas – sorri, botando um dos chocolates na boca e ignorando meu croissant completamente. – chocolate é a glória.
Zayn riu, vindo até mim.
- Não foi só isso que trouxemos. – ele falou me entregando uma flor rosa. Uma bromélia, pelo que pude perceber. Tinha um cheiro delicioso.
- Eu adoro o cheiro dessa flor, como sabia?
- Foi escolha do Harry – ele sorriu de canto e meu sorriso desapareceu na mesma hora, enquanto lembrei que Harry estava ali.
- Essa é a sua – o idiota veio até mim, me entregando uma orquídea. Era bem incomum encontrar uma dessas pelas ruas de Londres.
- Você está me dando uma flor que representa a beleza feminina e luxúria? – ergui uma sobrancelha e ele ergueu os braços em sinal de rendição.
- Será que eu sou a única pessoa desse mundo que não sabia que flores têm significados? – ele gritou.
- shhh! – empurrei seu ombro com força.
- Desculpa – sussurrou.
Tive que rir, mesmo não querendo, da cara de desespero dele. Eu sabia um pouco sobre flores, porque adorava o cheiro de algumas delas.
- Sim, estou te dando uma dessas aí sim. Para... hã... me desculpar pelo nosso último encontro. Não foi muito elegante da minha parte. Minha mãe ficaria decepcionada. – Harry tentou fazer graça e disse isso baixo, e com certeza ele não queria que mais gente ouvisse. Duvido até que ele realmente sentisse muito, mas ele sabia que isso era o que eu queria ouvir.
- Eu te desculpo por ter quase ateado fogo aos meus cabelos sem querer, mas não por ter me agarrado sem justificativa alguma.
Ele fez uma cara feia e foi para a cozinha. Eu ri.
- O que mais vocês têm aí?
- Hum, sorvete, filmes e... – Niall fez uma pausa dramática. – presentes!
A palavra chave foi dita, na mesma hora quatro rostos curiosos apareceram da cozinha em volta de Niall e Liam, que riram.
- Opa, façam filas! – Niall ergueu os braços rindo.
- Calma, calma gente. Cada uma recebe de um ok, pra não ficar injusto. Agora sentem. – Louis disse e nós fizemos exatamente o que ele falou. Ouvi Liam e Niall trocarem sorrisos como quem diz “Louis é tão bom com garotas”. Ou adestrando cães.
- Ok gente, deem o presente das meninas e vamos logo comer sorvete e assistir filmes até o mundo acabar – falei, e os meninos foram em direção às meninas.
- Não é só elas que ganham. – Harry disse, e veio até mim. Isso com certeza seria no mínimo... Interessante.
- O que é? – perguntei, quando ele me deu a caixinha quadrada e prata, se ajoelhando na frente do sofá para se apoiar.
- Abre.
Abri e, ao ver um ursinho pequeno e branco segurando um coração escrito I Love You olhei torto para Harry, segurando o presente para ele com cara de “seriously?”. Ele revirou os olhos e suspirou.
- Liam! – gritou. Eu ri.
POV
- Não precisava comprar um presente para mim só porque eu estou na TPM, Zayn.
- Foi ideia do Louis – ele riu. – e eu acho que precisava, sim.
- O que é? – perguntei.
- Hum, vamos ver – ele disse, abrindo a sacolinha pequena e quadradinha em que meu presente se encontrava. – olha só, que interessante – Zayn falou, erguendo uma sobrancelha e tirando uma caixinha como a de uma aliança de dentro da sacola. Um arrepio percorreu meu corpo nessa hora e eu olhei para ele. Ele deu de ombros, fazendo um biquinho, e abriu a caixinha virada para mim. Eu peguei-a e olhei o conteúdo de dentro mais de perto.
- Você comprou anéis de compromisso pra gente?
- Eu comprei? – ele perguntou. – Ah, foi mal, é que quem escolheu os presentes foi o Liam.
- Ah tá – falei, agora entendendo tudo.
- Mas, hã – ele limpou a garganta. – seja de verdade ou não, estamos comprometidos, não é? Que mal faz usar?
- Você está certo – sorri para ele, estendendo minha mão. Zayn a pegou e colocou um dos anéis na minha mão, e eu nem acreditei que estava vendo aquela cena.
’s POV
- É uma lembrança, literalmente – Liam disse, pela terceira vez e meu coração estava acelerado para ver o presente. - E não um presente.
- Liam – suspirei. – eu tô curiosa, será que da pra me dar o presente logo? Todo mundo já ganhou!
- Ok – ele riu, e me entregou o presente que, pelo que notei, era macio.
- É pra você... lembrar de mim.
Abri o plástico prateado onde se encontrava o presente e tirei de dentro uma Jessie de pelúcia idêntica à de Toy story 2. Eu achei tão... tão... tão estranhamente fofo e perfeito que meu corpo se contraiu todo em uma vontade de abraçar Liam bem forte. De verdade. Não sei se era a TPM, mas eu nunca sentira essa vontade tão forte antes. De ter o corpo dele junto ao meu... de todos os jeitos possíveis... mesmo.
! Meu subconsciente gritou comigo mesma. Para com isso! Ele tem namorada e é seu amigo! Para! Para! Para, ta tudo errado!
Odeio esses momentos em que a TPM faz nossa cabeça ficar confusa.
- Ah, droga, você não gostou. – ele disse. – Não gostou. Você odiou.
- O quê? Para, Liam! Eu adorei! – falei seriamente para ele. Acho que Liam pensou isso porque eu não conseguia tirar os olhos dele com uma expressão neutra. Simplesmente não conseguia. TPM. Ela mexe com nossos nervos. E nos faz desejar coisas que não podem ser desejadas. Calma aí, .
Suspirei.
- Eu adorei. De verdade. – Sorri. – quer dizer, é totalmente a minha cara, e eu vou lembrar de você todas as vezes que ver isso.
- Ah – ele parecia mais aliviado. – que ótimo!
Sorri ao ver o sorriso dele. Parecia o de uma criança inocente.
- Ah, tem mais uma coisa. – ele disse e pegou a boneca da minha mão, erguendo a sola do sapato dela para mim. Estava escrito “”. – Escrevi com a minha chave... foi mal.
- Que lindo! – ri. – mas, espera... – procurei no meu estojo em cima da mesinha do lado do sofá e peguei o corretivo, escrevendo “... & Liam” embaixo do meu nome. – agora tá perfeito.
Ele olhou para mim e sorriu de canto, um sorriso tímido e lindo e eu tenho que parar com isso já!
- Você tá diferente hoje – ele disse, se abaixando na frente do sofá e botando as mãos sobre as minhas.
- Estou?
- É... parece diferente.
- Em que sentido?
- Eu... não sei direito. Parece...
- OLHA QUE COISA MEIGA! – Louis, como sempre, gritou ao trazer empurrando-a pelos ombros pela sala. Ela estava usando um suspensório idêntico aos que Lou sempre usava. Sua expressão, no entanto, remetia a algo como descrença, o que me fez rir bastante. Mas depois de um tempo ela riu junto.
-Eu odiei. Me larga. Quem escolheu essa coisa, eu pareço uma palhaça. – Reclamou.
- Que isso, tá linda, mais até do que eu! – Louis gargalhou e apertou suas bochechas.
- Só falta o nariz vermelho.
- Vai arrasar corações!
- Sai, Louis. Depois me empresta o resto da sua fantasia – ela disse, tirando o suspensório. Apesar de estar com cara de merda, estava fazendo todo mundo rir.
- Zayn, eu quero um anel também. Nunca mais deixa o Louis escolher um presente.
Liam riu sem graça na minha frente e apoiou a testa em meu joelho.
’s POV
Dor de cabeça, cólica, mal estar. Tudo simplesmente evaporou no momento em que ele entrou pela porta e sorriu. Mas eu não sabia o que pensar no momento em que ele colocou no meu pulso uma pulseira de Melhores Amigos. Eu havia dado a ele essa ideia de que éramos apenas melhores amigos? Ele pensava que era só isso que eu queria? Ou era isso que ele queria que fôssemos? Apenas? Eu estava com medo dessa história. Confusão de merda.
Agora estávamos olhando um episódio de The X Factor 2010 na internet com o cabo do notebook conectado à TV. Rimos tanto quando Zayn se recusou a dançar, e eu e as meninas quase choramos ao ver quando os meninos foram mandados para casa. Me segurei forte para não chorar quando vi Niall chorando e dizendo que a pior sensação do mundo é esperar seu nome ser chamado e ele não ser.
- Credo, Zayn, agora entendo o que dizem sobre o dinheiro fazer milagres. – falou, sem freio nenhum na língua. Ela já não tinha, mas na TPM, então...
- E a cara do Niall, Jesus Cristo Niall, você fez uma plástica das cruéis. – Louis zoou.
- E você assassinou a música do Plain White T’s com uma serra elétrica – ele revidou, rindo.
- “Ai, eu quero ser como o Justin Bieber...” – Louis imitou a voz dele.
- “Com licença Simon, eu vou cantar Hey There Delilah tentando imitar um gato enforcado.”
- Agora apontem um defeito sobre mim. – Harry falou.
Todos caíram em silêncio.
- Exatamente.
Depois de olhar o começo, um ou dois episódios em que eles aparecem, começamos com as pipocas e os filmes de romance. Zayn pegou Titanic e eu pensei que nunca pararia de chorar ao ver aquela droga de filme.
Agradeci mentalmente por ter Niall ao meu lado para eu chorar no seu ombro enquanto ele ria da minha cara. Era tão... romântico, não é mesmo?
Romântico até o ponto em que águem jogou pipoca em e ela retribuiu, começando uma guerra que provavelmente seria limpada por nós depois. E no final não conseguíamos olhar um para o outro sem rir.
Zayn’s POV
As meninas nos fizeram limpar toda a bagunça da guerra de pipoca, o que durou alguns minutos. tirou pipocas até de dentro da blusa, e dos cabelos. Depois disso, nós ainda tínhamos mais umas duas horas para ficar ali até termos que ir para casa e começar os preparativos para a longa turnê.
- Então foi por isso que nos mimaram tanto? – perguntou, se jogando no sofá com os braços cruzados. – para depois de tudo, dizerem que vão ficar um mês fora? – ela parecia brava e ameaçava chorar a qualquer momento.
- Você vai chorar? – Louis perguntou. – Tá legal que você nos ama, mas chega a tanto assim?
- Eu estou na TPM, Louis, se alguém disser “pudim” eu choro. E foi muito chato da parte de vocês.
- Espera, garotos – Harry levou uma mão ao bolso. – Vou ligar para o Simon agora e desmarcar a turnê porque a vai chorar.
mostrou o dedo do meio a Harry, que sorriu irônico.
- Eu concordo com a . – disse. – então vocês vêm aqui, nos trazem sorvete, filmes, presentes e nos tratam como princesas porque acham que isso vai tornar mais fácil dizer que vão ficar um mês fora.
- Ei – fui até ela e segurei seu braço.– tratamos vocês como princesas sempre, porque é isso que vocês são, ok? E não é que a gente quer ficar longe de vocês.
- Nós amamos as turnês – Liam continuou - mas nós também odiamos ficar longe de vocês, porque sentimos uma falta imensa.
- E qual é o grande problema nisso? – lá vem o Sr. Styles Insensível para estragar tudo. – a gente tinha uma vida antes de se conhecer, e ainda temos, lembra? Tá, a gente vai sentir saudade, é claro que vai, mas temos que ir.
- Harry – Niall olhou-o com um olhar severo que dizia “tenta ajudar, em vez de estragar” enquanto estava abraçando no sofá.
- Sabemos que vocês têm que ir. E a gente sobrevive numa boa sem vocês – revirou os olhos. – Mas... – agora olhou para mim de relance. – e se vocês encontrarem novas amigas pelo caminho?
As meninas olharam umas para as outras como se tivesse botado na cabeça delas a pior coisa que poderia acontecer no mundo. Eu achei engraçado saber que elas tinham medo de nos perder. Como se isso fosse possível. Começou com uma troca de lanches em uma lanchonete e agora éramos inseparáveis. De verdade, tanto eu quanto os outros meninos não precisávamos falar nada para perceber que nenhum de nós se via mais longe delas, e eu não sei explicar o que exatamente era tão bom e confortável em estar com elas. Era como se estivéssemos em casa, seja lá onde casa é. Era simplesmente bom poder ser nós mesmos com elas. Poder falar idiotices e pisar na bola às vezes. Ser só caras normais que não precisam ser perfeitos porque não estão sendo observados pelo mundo todo o tempo inteiro. Era um alivio ter elas na nossa vida para poder voltar, pelo menos por pouco tempo, a ser só pessoas normais. Então não, elas não nos perderiam tão cedo.
- Vocês são tão bobas – Liam sorriu e sentou entre e . – Vocês acham o quê? Que vamos achar meninas tão incrivelmente lindas, fofas e compreensivas como vocês em qualquer esquina?
Me joguei ao Lado de e no sofá, como Liam fez, e passei meus braços ao redor delas.
- Ai, vou vomitar – resmungou.
- Vocês são incomparáveis, garotas. De verdade. E não seriamos idiotas a ponto de trocar vocês por ninguém nesse mundo, ok?
- Vocês são é conquistadores baratos, isso sim – falou.
- Gente – disse depois de um tempo. – nunca conversamos sobre One Direction. Quem aí curte eles?
Eu e os meninos nos olhamos e rimos.
- Eu curto – disse. – a música deles é tão fofa.
- Também acho legal –.
- Hm, prefiro The Maine. – fez careta, e Louis a cutucou.
- É, eles são legais, mas eu tô com a . The Maine é melhor. – .
- Sua traidora! – falei. – Você tem que gostar da música do seu namorado, não do The Maine. E que eu saiba seu namorado não é John O’callaghan.
- E que eu saiba – Niall interveio – “somos namorados só de brincadeira” – ele imitou minha voz.
- Verdade! – falou e riu.
- Idiotas – eu e concordamos.
- Mas eu estava querendo dizer, hã, somos amigos há algum tempo. Nunca vimos vocês cantar. É até estranho, eu me esqueço que vocês são astros mundiais na maior parte do tempo.
- Gostamos disso em vocês.
- Bom... se elas querem que a gente cante, que mal tem?
- Vocês têm um violão por aí? – Niall perguntou.
- Eu tenho – disse. – mas nunca toquei.
Eles foram até o quarto pegar o violão.
- O que vocês querem ouvir? – Harry perguntou.
- Qual é mesmo a música da praia que você não aguentava mais ouvir, ? – perguntou.
- Cala a boca, idiota.
- Ah não, já estou tão cansado de cantar essa música – Harry choramingou.
- Que tal se a gente mostrasse pra elas... nossa música nova?
- Live while we’re Young? Já conhecemos, toca toda hora na rádio. – falou.
- Não, Little Things. Vai lançar essa semana.
- Bom... pode ser – disse e deu de ombros.
- Vocês foram fabricar o violão? – Louis gritou para Niall e no quarto.
Ouvimos um barulho de coisa caindo no chão e gritando que já estavam vindo.
- Acho que elas vão adorar – Liam falou e eu concordei.
- É triste? Porque se for, me deixa ir pegar os lenços de papel antes – pediu.
Niall’s POV
Fui logo atrás de para o quarto, seguindo-a e ficando escorado na parede do lado da porta, com as mãos para trás na parede.
- Você tem um violão, mas nunca tocou?
- Eu fiz curso por alguns meses, mas depois que parei, esqueci como toca.
- Tem que continuar praticando sempre, pra melhorar.
- Não tinha tempo – ela deu de ombros e pegou o violão. – Não liga pra essa bagunça, ainda não arrumei o quarto.
- Tudo bem – ri. Tinham algumas caixas pelo chão e um monte de roupas na cama em cima do edredom branco e com as palavras em preto “Love is easy”.
estava voltando até mim quando tropeçou em uma caixa no meio do quarto e foi para frente, eu a segurei. Logo depois comecei a rir e ela abaixou a cabeça.
- Droga – ela disse.
- Foi engraçado, para.
- Foi nada – ela riu. – Para de rir.
- Você tá rindo.
- Fui eu quem caiu, posso rir, mas eu não te dou permissão.
- Então me obriga a parar – olhei-a com expressão de desafio e ela me olhou da mesma maneira.
Ela se equilibrou, ficando em pé outra vez na minha frente, mas meus braços não queriam soltá-la.
- Estou esperando – murmurei enquanto sentia aquela sensação de me perder nos olhos dela outra vez. E enquanto a observava, vi seu olhar cair para os meus lábios. Agora nenhum sorriso existia mais no meu rosto, eu só estava esperando que ela tomasse a iniciativa de se aproximar, porque tinha medo de se eu o fizesse, ela recuar.
levantou a mão livre e colocou a franja atrás da orelha, em seguida passando a mão de leve ao lado do meu rosto, e eu fechei os olhos. Realmente acreditei que aquele fosse o momento que eu estava esperando. Realmente ia acontecer, eu estava sentindo. Já podia sentir o gosto do seu beijo, e imaginar como seria bom, ia ser exatamente como eu imaginei. Ela estava se aproximando, dessa vez tem que dar certo, falta pouco, falta menos, já posso sentir seus lábios...
- VOCÊS FORAM FABRICAR O VIOLÃO? – Louis gritou da sala, e eu quase fui até lá correndo para bater nele até Louis desaparecer.
se afastou rápido, assustada, e soltou o violão, fazendo ele cair no chão com um estrondo.
- Desculpa... – ela gritou de volta, nervosa. – Já vamos.
passou por mim na porta com a cabeça baixa.
- ...
- Niall, vamos só... voltar pra lá, ok.
- Ok – concordei, desapontado. Juntei o violão do chão e fui até a sala de novo.
Ao chegar à sala as meninas estavam sentadas no sofá e os meninos no carpete do chão, um do lado do outro. Sentei ali também e olhei para eles, perguntando qual música. Liam respondeu “Little Things” e eu agradeci por ser só um dedilhado. Na maioria das vezes dedilhado é mais difícil de tocar do que música com batida, mas Little Things eu já havia tocado tantas vezes que peguei o jeito.
Comecei com o dedilhado calmo e o clima na sala ficou cada vez mais leve, como aquela música sempre fazia. Zayn começou a cantar o começo, olhando para baixo e fazendo círculos no carpete com o dedo, mas depois levantou o olhar para as meninas. Liam veio logo em seguida, com sua voz grossa e fez seu solo com um sorriso discreto nos lábios, e eu já não tinha certeza de em quem ele estava pensando. Zayn voltou a fazer o seu segundo solo, com Liam fazendo o backing vocal com a voz mais fina e baixa, e seu rosto era teatral, quase como Liam faz, transparecendo todas as emoções que a musica transmite.
Logo depois veio Louis, com sua voz mais fina e ao mesmo tempo um pouco rouca, cantava sorrindo e com a cabeça levemente virada para o lado. Parecia até o garoto que cantou Hey There Delilah há dois anos nas audições do X Factor. Harry acompanhou-o, vindo em seguida com sua voz baixa e rouca, e as meninas, que já pareciam encantadas, ficaram um tanto quanto surpresas pela voz dele, rouca, baixa e sexy.
Quando chegou a minha vez, simplesmente cantei da melhor forma que consegui. Mas eu estava pouco ligando para como minha voz soaria para elas ou qualquer coisa do tipo. Meus dedos percorriam as cordas do violão tão automaticamente como a letra da música saia da minha boca, mas tudo que eu conseguia era olhar nos olhos dela e pensar que, de verdade, todas as palavras que eu estava cantando agora eram para ela. E não era de hoje. Tenho que começar a admitir, em todos os shows que fizemos desde que eu conheci , todas as palavras que eu cantava eram decididamente para ela, por mais que eu só fui perceber isso hoje. Não havia nada de especial no dia de hoje, mas nela sim. Nela sempre havia algo de especial. Deixando de lado por um momento o jeito adorável como seus olhos brilhavam e dando atenção ao seu sorriso que iluminava tudo instantaneamente. Ou sua risada, que ecoava na minha cabeça por horas depois que eu a escutava e era provavelmente a última coisa da qual eu lembrava antes de fechar os olhos para dormir. Ou ainda, deixando de lado tudo nela que era perfeito, eu tinha que admitir que estava apaixonado porque só não conseguia tirar cada detalhe dela da minha cabeça por um segundo sequer e porque tudo que via me fazia pensar “poxa, eu tenho que falar isso para ” ou “cara, a ia amar ver isso”. Os motivos eram muitos que me levam a crer que eu finalmente havia achado minha garota. E esse foi o primeiro momento em que eu admiti isso para mim mesmo. Enquanto cantava as palavras de uma música nossa olhando em seus olhos e dedicando cada palavra para ela. Mesmo que ela só quisesse minha amizade.
’ POV
Pela primeira vez desde que conheci os meninos, eu vi um pouco mais de humanidade nos olhos de Harry. Ele podia ser o cara mais idiota da face da Terra, mas quando ele cantava... Tudo parava por um segundo e só o que existia no universo era a voz dele.
Tá certo, era só uma música, nem era uma música tão boa, e isso não era motivo para eu começar a babar ovo do idiota do Harry agora, mas... algo realmente aconteceu no momento em que ele cantou e eu pude ouvir sua voz rouca e baixa. Algo... bom.
No momento em que suas cinco vozes juntas preenchiam a sala, pudemos finalmente perceber quem eram eles e porque eram o que eram: One Direction não são só cinco meninos que conhecemos por acaso e que, para nós, pareciam só meninos normais. A voz deles eram inacreditáveis, e juntas era como se alguma mágica acontecesse, e por mais triste que a música fosse, fazia tudo parecer bom e certo.
Quando Niall tocou a última nota no violão os meninos nos olharam com expectativa, mas eu estava encantada demais para falar qualquer coisa. Olhei para as meninas, mas elas pareciam do mesmo jeito que eu. Os meninos sorriram, como se entendessem que não estávamos em condições de fazer comentários e Liam murmurou algo para Niall, que assentiu e começou a tocar outra música.
Shut the door, turn the light off
I wanna be with you
I wanna feel your love
I wanna lay beside you
I cannot hide this even though I try
Assim que Harry começou a cantar, um momento há alguns meses passou em minha cabeça. Estávamos no carro, eu, e . O rádio estava ligado na BBC Radio 1, e uma música começou a tocar baixinho. Conversávamos animadamente sobre alguma coisa, por isso não prestei atenção na música até que ficamos quietas e ouvi um pedacinho dela.
If we could only have this life for one more day...
- De quem é essa música, vocês ouviram? – Perguntei no silêncio do carro. – Meu Deus, que voz é essa? – Fechei os olhos. – Aposto que o cara que canta é um bonitão de um metro e oitenta.
- Não é do Justin Bieber, não? – perguntou.
- Não! – disse e riu.
Eu guardei aquela frase da música na minha cabeça para pesquisar depois... Acabei nunca pesquisando, mas não esqueci da frase.
If we could only turn back time...
Cantei baixinho junto com ele na sala de nossa casa, e balancei a cabeça sem acreditar que aquilo estava acontecendo. O mundo era tão pequeno!
Cara, esses meninos não existem. Pensei que boybands e todos os outros tipos de famosos só fossem perfeitos na frente de uma câmera. E talvez até fossem, mas isso não se aplicava a eles. Eu nunca na vida me senti tão fangirl como naquele momento. E era legal.
Eu me sentia uma das cinco meninas mais sortudas do mundo naquele momento.
- E aí? – Liam perguntou logo que a música acabou.
- Eu não sei o que falar. – disse. – de verdade – encolhi os ombros.
- É tão... perfeita! É tão perfeita! – disse e eu ri. – a música, eu quero dizer. É perfeita.
- É mesmo – disse. – eu nem sabia que vocês... quer dizer... a voz...
- Vocês são incríveis, garotos – se manifestou, salvando a pátria. – Mesmo. Eu nem imaginava que pudessem ser tão bons ao vivo.
Todas nós concordamos com isso.
- Obrigado... eu acho. – Louis falou. – Ficamos felizes que vocês gostaram.
Ficamos todos em silêncio por um momento, até que notei Liam encarar o chão e franzir a testa com alguma coisa que lhe ocorreu.
- I keep playing it inside my head… all that you said to me – ele cantou baixinho e olhou para os outros meninos. – Que música é essa, mesmo?
- I should’ve kissed you – Niall disse, soltando o violão de lado.
Liam concordou com a cabeça e continuou.
- I lie awake just to convince myself that this wasn’t just a dream. Cause you were right here…
- And I should’ve taken the chance! - Harry começou a acompanhar Liam e balançar a cabeça, um sorriso divertido e sapeca no rosto. Sorri também.
- But I got so scared…
- And I lost the moment again!
Quando vimos, todos já cantavam inspirados no meio da sala, levantando do chão. Louis veio até o sofá e puxou pelas mãos, fazendo ela sair pulando com ele pela sala, enquanto o refrão começava e logo os outros meninos nos fizeram levantar e fazer o mesmo. Eu não conseguia parar de rir, porque Zayn me fazia dançar mesmo sem música nenhuma, era só a voz deles cantando algo que nem conhecíamos.
A sala agora estava agitada com todos dançando aleatoriamente, e no refrão antes do solo de Zayn, nós giramos e quando eu voltei para ele de novo, não era ele, e sim Harry. Olhei para o lado e Zayn estava dançando com .
Por um momento, enquanto apenas balançava o corpo de qualquer jeito junto com eles, me peguei observando aquela cena. Todos se divertiam tanto... e tentei guardar aquela imagem em um cantinho especial de minha memória.
Assim que eles pararam de cantar, eu me joguei no chão e sentei.
- Cara, cansei – Disse. – pulei demais. Ai minha cabeça.
- Você não pode negar que foi divertido – Harry riu.
Ri também e nos olhamos. Até que sorrindo ele era menos detestável. Mas era melhor esses sorrisinhos entre nós pararem. Eu não gostava dele. Me levantei e fui sentar no sofá.
-, traz água pra mim? – perguntei, quando vi indo para a cozinha.
- Não.
- Valeu – fiz uma careta, me levantando e indo para a cozinha também.
- Isso foi divertido – Falei, e ela concordou, me dando a jarra com água e um copo.
- Eles são demais.
- São mesmo.
- Vou sentir falta deles – ela disse, se escorando na pia e olhando para o chão.
- Para com isso – suspirei. – É só... um mês inteiro.
- É... Não é muito... – disse e virou para a pia, de costas para mim. Eu ri nervosa, e saí dali antes que aquilo me contagiasse também.
- Ok meninas, nós temos que ir.
- Mas já? – fez um biquinho.
- Não faz assim, cara – Niall pediu e virou de costas para ela. Ela riu, e o abraçou, fazendo ele virar para ela e a abraçar também.
- Não vamos sentir saudades, mas agora saiam logo daqui antes que as coisas piorem – falei, rápido, apontando para a porta.
Não que isso fosse o fim do mundo, mas eu odiava clima de despedida. E TPM é foda.
- Parem com isso, a gente volta em um mês. Um mês, meninas, só isso.
voltou para a sala e todas nós recebemos um beijo e abraço de cada um, e eu estava segurando a porta aberta para eles saírem. Assim que Harry me deu um beijo no rosto – morram, isso aconteceu mesmo – e saiu, eu fechei a porta atrás de nós e todas nós nos olhamos por um tempo, antes de cada uma ir fazer alguma coisa em algum canto distinto. Como foi para o nosso quarto, eu ia ficar na sala mesmo. Mas antes de sentar no sofá, eu parei e me lembrei de algumas coisas que não gostaria de lembrar sobre porque odeio despedidas. Droga.
Abri a porta e corri até a calçada, e por sorte eles ainda estavam indo até o carro, que deixaram estacionado na esquina. Liam era o que estava mais atrás, com Zayn do seu lado e os outros três na frente, chegando no carro.
- Ei, meninos.
Liam e Zayn olharam para trás.
- Ei. Esqueceu algo?
- Sim, na verdade – respondi a Liam, indo até ele. – eu... – suspirei. – é só que... não sou boa com despedidas, mas é que... – eu tinha que parar de gaguejar. Respirei fundo e falei. – eu sei como coisas ruins podem acontecer de uma hora para outra, e como eu posso não ver mais vocês. E sei que pareço uma boba, mas... ok, vocês não estão entendendo, mas... eu só queria dar mais um abraço em vocês, e pedir para, pelo amor de Deus, se cuidarem.
Os outros três já estavam a alguns passos de nós de novo.
- Você não vai chorar, vai? – Zayn perguntou, assustado. – Louis vem cá, ela vai chorar.
Ri, mas o som saiu esganiçado.
Louis veio até mim e me abraçou forte, e droga, por que um abraço nos faz querer chorar mais?
Olhei para Harry por cima do ombro de Lou e ele tinha as mãos nos bolsos e chutava umas pedrinhas com os pés. Sorri fraco.
- Se cuidem, ok? Eu já perdi alguém antes, e não quero perder vocês. Parece pouco tempo para crescer uma amizade tão grande entre vocês e nós, mas, de verdade meninos, vocês estão levando uma parte de nós também, então se cuidem. E não liguem para o meu ataque aqui, é que eu sou um pouco chata com isso. – Ri. – Meio... – Dei de ombros, não sabia que palavra usar.
- Traumatizada – Harry disse, e olharam para ele. – quanto a isso. Despedidas. Ela é um pouco traumatizada. Eu conto tudo depois.
- É, ele tá certo. – falei.
Os meninos pareciam surpresos pelo Harry saber coisas de mim que eles não sabiam, e eu entendia isso.
- Enfim, se cuidem. E liguem, tá? Não sumam, porque estamos esperando ligações e mensagens. Um mês é muito tempo pra pessoas normais que não são popstars.
- Fica tranquila – Niall disse, vindo até mim e me dando um beijo no rosto. Depois ele me abraçou e falou bem baixinho no meu ouvido.
- Você vai cuidar bem dela por mim?
Assenti com a cabeça, sorrindo. Ah, se soubesse...
- Ok. Então eu vou cuidar bem dele pra você – ele falou, antes de se afastar sorrindo e eu o encarei desconfiada por um momento.
Recebi mais um abraço de Liam, Zayn e até Harry me abraçou, dizendo “fica tranquila” rápido antes de se afastar. Eu vi eles entrarem no carro e acenarem, antes de Louis dirigir para longe.
Depois disso, fui para casa de novo e fiquei olhando filmes na TV até pegar no sono no sofá.
Harry’s POV
Tá certo que eu a odiava, ela me odiava e nós nos odiávamos muito e tal... Mas vê-la nervosa daquele jeito e ser o único que sabe o porquê, foi triste. Eu queria acalmá-la, mas provavelmente se me aproximasse demais eu apanharia. De novo.
Perder a mãe do jeito que ela perdeu foi bem... traumatizante, então eu entendo porque ela ficou tão preocupada com a gente. Não que não soubéssemos nos cuidar, mas eu também ficaria daquele jeito se fosse ela.
Enquanto íamos para casa, eu contei sobre o acidente com a mãe dela para os meninos, e depois que chegamos, fomos cada um para sua casa. Eu fui tomar banho enquanto Louis terminava de arrumar sua mala para a turnê que começaria no dia seguinte. Só percebi que esqueci da toalha quando desliguei o chuveiro, então fui até a porta na ponta dos pés e gritei para Louis:
- Traz minha toalha, por favor? – por um longo segundo, ele não respondeu. – Louis? – gritei. Nada. Dei de ombros e saí do banheiro.
Fui até a área de serviço e vi que a toalha não estava lá, então o único lugar onde ela poderia estar era lá fora, no espaço que temos no nosso condomínio para estender algumas roupas ao ar livre. Fui até lá. Qual é, era de noite e ninguém estaria lá há essa hora.
O problema é que existe um espaço para roupas com dois varais para cada dois apartamentos do complexo, então quando eu finalmente cheguei até minha toalha, peguei-a e enrolei-a na minha cintura, me virei para trás e dei de cara – literalmente – com uma das três garotas que eu sabia que moravam no apartamento do lado esquerdo ao nosso – porque o lado direito era ocupado por Niall. Nós nos chocamos de verdade, forte mesmo, e cada um deu alguns passos para trás passando a mão na cabeça pela dor da batida. Logo que eu levantei o rosto, vi uma garota enrolada só na toalha e com o corpo e os cabelos loiros ainda molhados.
Ah, qual é, uma coisa dessas só acontece comigo, mesmo.
- Desculpa – falei, baixo. – eu não te vi aí.
- Você é o cara do 103 que anda pelado pela casa? – ela riu. – tudo bem.
Certeza que fiquei vermelho.
– O quê? – olhei-a. – Você é a menina do 102 que fica me observando?
- Já somos vizinhos há um tempo e a janela da minha cozinha dá para a sua sala. – Ela deu de ombros e riu. - Vocês são aqueles caras da boyband, certo?
- Certo. – eu já estava acostumado a ser chamado pelas garotas como “o cara da boyband”, então só concordei. Pra falar a verdade, eu não conseguia tirar os olhos das suas pernas. Eram bronzeadas, mas eu tenho certeza que aquilo era artificial, porque ninguém que mora em Londres tem um bronzeado assim.
- Sou modelo – ela disse, notando para onde eu estava olhando. –Por isso o bronzeado – ela falou normalmente, segurando a toalha com uma mão e pegando uma calcinha do varal. Boa jogada, cara, ótima jogada. A calcinha era minúscula. Eu ainda não estava totalmente recuperado e também não acreditava na própria sorte que ser Harry Styles proporcionava. Uma modelo gostosa acabou de surgir na minha frente como mágica!
- Você quer entrar? – perguntei, apontando com a cabeça para a porta de trás da nossa cozinha. Ela só assentiu e foi até a porta.
Ela foi até a sala enquanto eu pegava um cubinho de gelo na geladeira e levava até ela, para botar na testa, onde havíamos nos batido.
- Obrigada.
- Então, o que você estava fazendo lá fora há essa hora?
- Moramos em três ali em casa, e todas dormem tarde. Infelizmente, hoje eu fui a última a tomar banho porque, você sabe – ela deu de ombros. – é melhor dormir sem roupa.
Sorri. É, eu concordo. Me sentei ao seu lado no sofá, mas ela se levantou e começou a olhar as fotos de cima da mesinha, minha, do Louis, de nós dois, das nossas famílias...
- Você e o outro cara... vocês não são gays, são?
Louis Tomlinson. O melhor amigo mais queima filme que existe.
- Não, não somos. Somos só amigos e colegas.
Ela olhou as fotos por mais um tempo e então soltou a pedrinha de gelo na mesa, ficando de frente para mim. Ela parecia esperar que eu falasse alguma coisa.
- Há quanto tempo você fica me olhando andar pelado pela casa?
- Não sei, mas, honestamente – ela riu. – a vista não é das piores, não. – a garota piscou com um dos olhos azuis. – Agora, quero que seja honesto também. Nada mais justo – disse e soltou a toalha, deixando-a cair nos seus pés. – O que acha?
Se Deus existe, ele me ama.
Louis’ POV
- Você não está com sono? – Els perguntou no telefone. – já é tarde e você precisa acordar cedo amanhã.
- Quer me despachar?
- É claro que não, bobo, só estou pensando no melhor pra você.
- O melhor pra mim é conversar com você, dã.
Ela riu. Me arrumei melhor em cima do murinho onde eu estava sentado em nossa casa, entre nossa varanda e o do Niall, perto dos arbustos.
- E o Harry?
- Ele estava tomando banho há dois minutos e agora já tá se pegando com uma modelo que eu acho que caiu do céu lá na sala.
- Na sala? – ela falou. – Como você aguenta ele?
Eu ri. Eleanor não era a maior fã de Harry.
- Ele é meu amigo, Els. É o jeito dele.
- Ele é um tarado, sério. E de onde ela surgiu? Não quero saber que tem modelos caindo aos montes aí na sua casa não, hein?
- Que adorável você com ciúmes. Nem se eu fosse como Harry, um imã para mulheres, eu trocaria você por elas.
- Eu sou sortuda, hein? – ela falou, me fazendo rir.
- Bom, amor, acho que você tá certa. Eu vou dormir logo, antes que fique aqui fora mesmo. Sabe como o Harry é espaçoso. E eu te ligo amanhã.
- Beijo, Lou. Se cuida.
- Te amo.
Silencio.
- Eu também.
Desliguei o celular, e fui para a porta da casa do Niall. Todos nós deixávamos uma cópia da chave em baixo do tapete, mas não foi preciso usar a de Niall porque eu ouvi um som de violão lá de dentro e presumi que ele não estava dormindo.
- Niall?
- Entra.
Abri a porta e entrei, ele estava com o violão em cima do sofá, e a TV estava ligada baixinho na Disney, dando O Rei Leão 3.
- Você tem um retardo mental?
- Convivência contigo – ele piscou e riu.
- Que romântico, cara. Também amo você.
- Louis, porque você não vai pra sua casa dormir em vez de vir na minha me incomodar?
- Vejamos... – me joguei no sofá. – É que o Harry está copulando com uma modelo lá na sala.
- Modelo? De onde surgiu uma modelo há essa hora?
Dei de ombros, pegando o controle para trocar a TV.
- Cara... O que significa quando sua namorada não responde eu te amo de volta, mas só um “eu também”?
- Olha só, Louis, você perguntou pro cara certo. Vou pegar minha enciclopédia de ex-namoros... Espera, não tem nenhum.
Ri e balancei a cabeça. Resolvi ignorar aquilo, era besteira minha.
- Vou dormir aqui hoje.
Niall não falou nada, só continuou tocando o violão.
Capítulo 6
Judging by the faces that she's making
And I think she's pretty
But pretty's just part of the things she does that amaze me
She calls me sweetheart
I love it when she wakes me
When it stills dark
And she watches the sun
She's the only one I have my eyes on
Zayn’s POV
- Acorda! – Alguém gritou para mim.
Resmunguei. Eu ficaria feliz ouvindo qualquer coisa, menos “acorda” naquele momento. Não queria levantar. Só mais cinco minutos!
- Caramba, Zayn, você parece desmaiado!
- Não me enche – falei com a voz abafada embaixo das cobertas.
- E se eu te disser que a casa tá pegando fogo?
- Sai daqui e me deixa – falei, de novo.
- Anda logo, Paul disse que ele mesmo vem te tirar da cama se eu não conseguir. Você sabe que ele não é nada delicado, não sabe?
Com muita relutância, arrumei forças para me sentar na cama e coçar meus olhos. Ser acordado por Paul não era legal. Ele apenas nos puxava pelo pé até cairmos no chão e depois nos levantava e nos botava nos ombros, nos largando na vã de qualquer jeito em cima dos outros antes de dar partida no carro. Sei disso por experiência própria.
- Você tem meia hora para ficar perfeito, porque vamos para o aeroporto em quarenta minutos. – Louis disse.
- Eu quero ficar em Londres, cara.
- Sem essa, temos shows para fazer. Vários shows.
Depois de finalmente conseguir sair da minha cama quentinha sem nem querer pensar no que me esperava, eu coloquei uma roupa, peguei minha mala e fui até a vã.
- O que temos hoje? - Perguntei a Paul, que dava partida ao carro.
- Entrevista na Itália, às dez e meia da manhã.
- Não vai mandar mensagem para sua namorada avisando que está bem? – Niall perguntou, andando ao meu lado enquanto íamos até o avião no aeroporto.
- Minha...? Ah, ! Depois eu mando.
Ele deu de ombros, colocando mais um punhado de salgadinho de batata na boca.
- Ei, você não pode entrar com comida. – Um dos seguranças do avião falou, parando Niall.
O loiro olhou para o pacote em suas mãos.
- Eu paguei por isso aqui e ainda está na metade, vou comer.
- Então coma aqui fora.
- Já estamos atrasados!
- Então jogue fora e entre – o cara revirou os olhos.
- Escuta cara, você sabe quem eu sou?
- Niall Horan do One Direction? É, eu sei. Tenho uma filha de seis anos.
Niall pegou a caneta do bolso do blazer preto do segurança e pegou o braço dele, escrevendo “Um beijo de Niall para sua maior fã”.
- Prontinho, mostra isso para sua filha – Niall disse, colocando a caneta de volta no bolso do homem e dando dois tapinhas em seu ombro, antes de passar pelo segurança e entrar no avião ao meu lado, com o pacote de salgadinhos na mão.
- Que garoto rebelde. – Zoei.
- Cala a boca – ele riu. – Estávamos falando de . Manda uma mensagem para ela, vai, elas pediram para manter contato.
- Não faz nem dez horas que saímos da casa delas!
- Zayn – Niall pediu.
- Tá – concordei, pegando meu celular e digitando uma mensagem para .
Oi , tudo bem? Estamos pegando o voo para a Itália agora, bom dia ;*
Antes de enviar, mostrei para Niall que balançou a cabeça negativamente, e eu tive que esperar ele engolir os salgadinhos antes de falar o que queria.
- Manda algo como “já estou com saudades”. Ela vai acordar e ler, e vai sorrir. Ela vai gostar.
Respirei fundo e escrevi.
- Pergunta: por que você não está mandando isso para em vez de me fazer mandar para ?
- Porque eu e ela somos só amiguinhos – ele revirou os olhos. E não namorados.
Dei de ombros. Eu já nem falava mais “eu e não somos namorados de verdade” porque eles já estavam cansados de ouvir isso.
Me escorei no banco e fechei os olhos, pronto para dormir até aterrissar em Roma.
’s POV
Me acordei em um pulo na cama com meu despertador berrando para mim. Por que diabos isso estava tocando justo agora que eu estava sonhando com uma piscina de chocolate?
Quando vi a hora, entendi o porquê. Eram sete e meia. O que significa que eu tinha uma hora para chegar ao meu serviço que era há quarenta minutos dali. Eu havia esquecido de pedir para me acordar e ela provavelmente não o fez por medo que eu a matasse.
Só me levantei, coloquei qualquer roupa que vi (“qualquer roupa” consiste em um Jeans escuro, uma blusa preta de manga comprida e um cachecol azul de crochê, porque de manhã tenho frio no pescoço), fiz minha higiene, peguei bolsa, celular, chave, casaco, derrubei algumas caixas e fui correndo até a garagem pela cozinha, que tinha uma porta para lá. Abri o portão eletrônico da garagem enquanto entrava no meu carro e soltava todas as minhas coisas no banco ao meu lado. Meu pai havia me dado um Smart amarelo logo que eu tirei minha carteira (na primeira vez que fiz a prova, por sorte). Acho que meu pai amava tanto me mimar, porque não era lá o pai mais presente na face da Terra. Para falar a verdade, desde que ele havia perdido minha apresentação de natal na quarta série, ele começou a me dar cada vez mais presentes. Não que eu ligasse para aquela apresentação idiota onde eu me vesti de arvore de natal e fiquei o tempo inteiro parada no mesmo lugar no palco, mas na época era algo importantíssimo em minha cabeça.
Dirigi feito louca até o prédio onde eu trabalhava, e antes de deixar o carro na minha vaga de sempre e pegar minhas coisas para descer, passei no McCafee e peguei alguns cafés porque sei que era isso que me pediriam para fazer logo que eu chegasse. Não era um Starbucks, mas teria que servir. Como era início de mês, passei na banca da esquina e o dono, um senhor muito fofo e que parecia o papai Noel, me entregou todas as revistas da concorrência e eu deixei o dinheiro no balcão.
- Obrigada, Sr. Garcia! – Gritei, antes de sair correndo de volta para o carro com meus cafés e minhas revistas. Minha chefe, Samantha Bittencourt, sempre pedia todas as revistas dos concorrentes da Seventeen que já haviam saído no início do mês, porque a Seventeen só saía dia 15 de cada mês, assim eles tinham tempo para dar uma conferida no que os outros estavam fazendo só por garantia de que não lançariam alguma matéria parecida.
Ao chegar finalmente no prédio onde ficava a editora da revista, coloquei meu casaco, minha bolsa no ombro, guardei as chaves e peguei em uma mão os cafés e na outra as revistas. Sorte a minha que uma mulher toda bem vestida que gritava com alguém sobre um tal de Ian no telefone estava entrando e segurou a porta para mim. Dei oi para Sasha, a recepcionista, e fui correndo para o elevador que estava prestes a fechar. Um cara de terno preto que eu sempre via por ali perguntou “que número?” e eu respondi “oito” e sorri. Ele apertou o oito para mim, que estava com as mãos ocupadas.
Ao chegar às pressas no meu andar, ainda esbarrei com alguém na hora de sair do elevador e minhas coisas só não caíram por sorte.
Fui até a sala de Samantha e larguei as revistas ali, deixando também seu habitual leite com canela descafeinado.
- Que correria! – Kamila, a secretária do departamento onde eu ficava com Suzana (que é a fotógrafa de quem eu sou estagiaria) disse.
E estava uma correria mesmo. Depois de alguns serviços repetitivos e chatos, Suzana me chamou e disse que sairia mais cedo, e o último ensaio deixava em minhas mãos. Era com um modelo qualquer para uma coluna bobinha para adolescentes, mas eu me senti muito especial. Era meu primeiro ensaio como fotógrafa!
’ POV
Assim que retomei a consciência na segunda de manhã, ouvi Today My Life Begins, do Bruno Mars, tocar nos meus ouvidos. Eu havia pegado no sono na noite passada com os fones no ouvido, e não desliguei. A janela estava aberta e uma claridade excessiva entrava por ali, junto com um vento que me fez me encolher mais na cama. Assim que tapei o rosto com o cobertor branco, me lembrei do sonho que tive durante a noite. Bem, algumas partes. Eu estava em uma praia, estava escurecendo, e aí, do nada Harry estava lá também.
Me levantei da cama rápido ao lembrar com quem sonhei. Credo. Era bom que eu rezasse uma boa Ave Maria depois desse sonho.
Levantei da cama e, ainda cambaleando, fui até a porta do banheiro, que se encontrava fechada. Esperei por uns minutos até começar a ficar realmente apertada e bati na porta com força.
- Ahhhhhhhhhhhhhh ! – Gritei. – Sai logo desse banheiro se não quiser que eu faça xixi nas calças, por favor!
Prendi meu cabelo em um coque enquanto sapateava na frente da porta do banheiro.
- O que foi? – perguntou saindo do quarto e bocejando.
- A idiota da não sai do banheiro. Acho que ela morreu lá.
- ! – bateu na porta, e ela gritou lá de dentro:
- Já vai, cara! Me deixem escovar os dentes pelo menos.
deu de ombros e eu grunhi. Ela foi para a cozinha e eu continuei dando pulinhos na frente da porta.
Barulho de coisas caindo vieram da cozinha, e eu fui ver o que era enquanto não abria a porta.
- , o que você fez?
- Eu só queria pegar uma panela, mas tudo de cima dela caiu. – ela falou, juntando as coisas do chão.
Suspirei. Ótimo jeito de começar o dia.
Depois de finalmente conseguir tirar a do banheiro, e ajudar a com a bagunça na cozinha, todas nos arrumamos e depois fiz um macarrão bem básico para nós. Fomos para o colégio mais cedo, para dar tempo de chegar na hora pegando o metrô, já que não tínhamos carona.
Basicamente, o dia foi bem lento, assim como os outros que se seguiram.
Liam’s POV
Não dava para acreditar que eu estava na estrada há uma semana. Para falar a verdade eu não sei explicar se o tempo passou rápido ou devagar, só sabia que eu parecia não pertencer ao meu corpo na maior parte do tempo, porque as coisas aconteciam ao meu redor e eu nem notava. Entrevistas em rádios passavam como se nem tivessem acontecido, shows eram tão rápidos que eu nem notava...
Dani me ligava todas as noites para ficar conversando até pegar no sono, e eu não lembro de ter tido tempo para falar com alguma das meninas. Pelo menos não eu, mas eu acredito que um dos meninos tenha falado com elas.
Aliás, acho que era isso, estávamos tão ocupados que o tempo parecia passar rápido demais. As fãs eram demais, agitadas e loucas por atenção como sempre, mas gostávamos desse clima. Ver um bando de fãs enlouquecidas era sempre bom para lembrar-nos que quem nós éramos. Eu e Niall ficamos no mesmo quarto de hotel durante toda essa semana, em todos os hotéis que passamos. Louis e Harry também, e Zayn ficava sozinho.
Harry estava sorridente e saltitante como o Harry de alguns meses atrás. Acho que ele era o que mais amava turnês, porque só assim ele tinha desculpas para não ligar para as garotas que ele ficava e também para não dormir a noite toda com elas. Era mais ou menos assim: “eu divido o quarto com o Louis, então se você não se importar, é melhor nos despedirmos agora. Não, eu não garanto que vou te ligar amanhã porque tenho a agenda cheia. Sim, eu prometo que não vou me esquecer de você, querida”.
Acho que era terça-feira e estávamos terminando de cantar More Than This, prestes a começar a ler nossos tweets preferidos da noite.
Entre uma pergunta divertida e outra, eis que surge o tweet preferido de Niall, que era “que música descreveria vocês no momento?”.
- Boa pergunta – Zayn falou.
- Por que não começa você, Liam? – Louis comentou.
Eu realmente não sabia o que cantar, mas todos pareciam esperar por mim. Então, pensei em algo logo, e eu cantei o primeiro verso que me veio em mente, que havíamos cantado há pouco:
- Well, you're the charming type, that little twinkle in your eye gets me every time.
Sorri com a reação da plateia e fiz um joinha, olhando para meus colegas de banda.
- E quanto a você, Harry? – perguntei, curioso.
Harry ficou pensando por um tempo, tornando o silêncio longo demais, como ele sempre fazia, até que Louis, impaciente, levou o microfone à boca e cantou:
- Oh she makes me feel like shit, it's always something. But I can't get over it, she thinks it's nothing. 'Cause she's everything I ask for…
Harry estreitou os olhos para Louis, que gargalhou. A plateia, mesmo estando por fora, gritou enlouquecida.
- Eu já posso até ver os boatos na internet – Niall falou no meu ouvido. – Louis estava mandando uma indireta para Harry, eles supostamente tiveram uma briga de casal.
Concordei com ele rindo.
Já no backstage, depois do final do show, estávamos esperando o lugar esvaziar um pouco para nossa saída não ser tão agitada. Niall estava comendo um alfajor argentino da mesa de doces, Harry estava atirado em uma das poltronas sem camisa, e Zayn quase dormindo em um dos sofás, enquanto eu e Louis nos espremíamos em uma poltrona minúscula só para um.
- Quem aí falou com as meninas recentemente? – perguntei. – Eu não falei com ela desde que chegamos.
- Eu falei com a ontem – Niall respondeu. – Ela disse que estão todas bem, e eu comentei que estamos meio sem tempo, mas ligamos sempre que pudemos. Zayn está mantendo contato direto com a , mas eu não sei sobre o que eles vivem conversando por mensagem, que esse assunto nunca termina.
Zayn pareceu nem ouvir, atirado no sofá. Ele só resmungou e se virou para outro lado. Harry se divertia jogando pedacinhos de isopor de uma caixa que achou ali no chão no cabelo e no rosto do pobre Malik.
- Eu queria falar com elas, mas acabo nunca podendo. De noite eu estou cansado, e converso com a Dani até pegar no sono. É ela que geralmente desliga. – Franzi o cenho.
- Quanta consideração! – Louis riu. - “então eu disse para ela que não ia trocar meu vestido só porque ela comprou um igual, você não concorda, meu bem? Meu bem?! Liam?! Ah, dormiu de novo.” – Louis imitou uma voz fina. Niall e Harry riram.
- Na boca! – Harry gritou um momento depois, e Zayn sentou no sofá tirando um pedaço de isopor de dentro da boca. Ele olhou bravo para Harry, que por sua vez apontou para mim.
’s POV
Duas semanas desde que Zayn saiu de perto de mim, e tudo já estava um caos. Não, não tinha nada a ver com meu emocional estar em frangalhos pelo amor da minha vida estar longe de mim nem nada desse tipo. O problema era Pedro. Aquele imbecil não largava do meu pé. Era sempre o mesmo argumento, “seu namoradinho não precisa saber o que rola por aqui quando ele está fora”.
- Garanto que ele nem sabe te beijar. – Pedro resmungou, sentado ao meu lado na mesa da biblioteca onde eu tentava sem sucesso ler um livro de biologia em paz.
- Sério? – perguntei, agora sem mais nem um pingo de paciência. – Você realmente acha que Zayn Malik não sabe como me beijar? – olhei para ele, irritada. – Por favor, Pedro. Não vamos esquecer quem foi que não conseguiu manter um relacionamento de seis meses comigo, certo?
Pedro pareceu um pouco atordoado. Eu nunca respondia, nunca mesmo, era simplesmente legal demais. Mas não conseguia engolir o fato de ele se achar melhor que Zayn. Há-há.
- Isso foi um equívoco que pretendo corrigir – ele revirou os olhos. – E você vai ver, . O cara é riquinho e famoso e parece perfeitinho, mas logo você vai perceber que ele não presta.
Fechei o livro com força e deixei-o na mesa, me levantando e indo para a porta da biblioteca, com a intenção de deixar aquele idiota para trás.
- É sério, , lá no fundo você sabe que o que a gente teve foi muito bom.
- Foi a pior coisa que eu fiz na minha vida, Pedro. – falei, enquanto seguia corredor adentro sem olhar para ele. – Eu pensei que, sei lá, talvez de algum modo você fosse ser um bom desafio. Pensei que pudesse extrair algo que não fosse futebol da sua cabeça, mas não consegui. E, além disso, ainda tive o infortúnio de te pegar no flagra. Foi a cena mais nojenta que já vi.
Pedro deu uma risada seca.
- Também não exagera, né? Você pode ser a namorada do cara famoso agora, mas convenhamos: quem era você naquela época?!
Isso doeu em algum lugar dentro de mim. Ninguém além de mim podia remexer nos fantasmas do meu passado. Ninguém.
Apertei o passo e o lancei um olhar homicida, ele levantou os braços e suspirou.
- Desculpa. Mas ah, , para com isso, aquilo com a Ashley foi passado. Eu mudei. Você me conhece há anos, crescemos na mesma vizinhança, você me viu crescer, mas e ele? Você não o conhece nem bem há dois meses! Ele é só um viadinho de uma banda idiota – Pedro vociferou e isso foi à gota.
Eu conversara por SMS com Zayn durante todas essas duas semanas, e absolutamente tudo na nossa conversa, desde o bom dia até o boa noite, me fazia sorrir e querer que ele estivesse comigo. Eu sentia mais saudade dele do que imaginei que sentiria. Queria poder passar mais tempo com ele e conhecer melhor esse cara magnífico que ele era por mensagens, eu me pegava lembrando da sua risada o tempo todo... realmente me apeguei a ele, e quando ouvi Pedro chamá-lo dessas coisas meu sangue ferveu.
Virei para trás e empurrei-o com força pelos ombros.
- Não ouse falar mais uma palavra do meu namorado, seu imbecil! Ele é uma pessoa melhor para mim do que você jamais seria. Zayn é legal, é engraçado e carinhoso... ele é... ele é meu melhor amigo. Enquanto você é só um erro que eu cometi. – falei tudo isso para ele quase sussurrando, porque não queria que ninguém ouvisse aquilo. Eu já subestimara o poder da mídia sobre mim algumas vezes, não faria de novo, arriscando ler em algum site a manchete “namorada neurótica de Zayn Malik ataca estudante”.
Pedro me encarou em silêncio, e eu me perguntei o mesmo que ele devia estar se perguntando. De onde aquilo veio? Zayn era legal... Mas eu não sabia que tinha tamanha consideração por ele guardada dentro de mim assim.
Virei as costas e fui rápido para a minha sala, aproveitando que Pedro parara de falar. O intervalo já estava quase acabando, e eu não queria me atrasar para a aula.
’ POV
Eu mal podia acreditar que já faziam duas semanas e meia que aqueles idiotas estavam longe de nós. De verdade. Eu não queria pensar nisso, principalmente porque era difícil de acreditar o quanto me apeguei a eles.
Era quarta-feira de noite, e eu tinha acabado de assistir um episódio inédito de The X Factor USA com a antes de irmos dormir. Mas eu não estava com o mínimo sono, então peguei meu notebook e abri um site de filmes e séries buscando algo interessante para assistir.
Acabei assistindo um filme de comédia romântica qualquer, e fui dormir às três e meia da madrugada.
Parecia que fechei os olhos por segundos antes de ser acordada por .
- Porra , porra! – reclamei. – para de me acordar toda manhã!
- me deixou de responsável da casa – ela disse pela milésima vez.
- E daí? Isso não significa que você tem que me acordar.
- Mas eu vou, e pronto. Agora levanta, já é tarde e você tem que tomar banho.
- Eu sinto pena dos seus futuros filhos com o Zayn – falei, levantando da cama e jogando nela meu travesseiro antes de ir para o banheiro.
O dia parecia estar claro demais, de algum modo. Isso tem algum sentido? Mas todos pareciam estar excessivamente felizes e eu não estava com paciência para as pessoas. Quando estava assim, geralmente precisava de um tempo sozinha, então depois que chegamos ao colégio (tivemos que sair uma hora antes do normal para pegar o metrô) eu me isolei em um canto da sala de aula e fiquei dormindo durante a aula de oratória onde, graças a Deus, eu não fui escolhida para passar três minutos cronometrados lá na frente lendo alguma redação sobre um assunto qualquer que eu fiz. Até porque eu não havia feito nenhuma.
Deus abençoe o ensino médio, huh?
Nem acreditei quando o sinal para o intervalo tocou e eu percebi que havia sobrevivido a três períodos inteiros de aula. e já estavam longe, elas me conheciam bem o suficiente para saber que eu estava precisando de um tempo sozinha para voltar ao normal, então eu meio que não culpei as duas por abandono.
Aproveitei que não tinha nada para fazer durante aqueles minutos sozinha e fui até a biblioteca procurar por algum tipo de livro que me ajudasse a me preparar para nosso teste de física. Estávamos na penúltima semana de aula, e as provas finais estavam todas marcadas para a semana seguinte. Eu não estava tão preocupada com isso, pelo menos não tanto quanto devia, mas sabia que de um jeito ou de outro eu me sairia bem.
A bibliotecária acabou empurrando uma pilha de livros para cima de mim, apesar de eu duvidar que faria bom uso de qualquer um deles, e quando fui sair da sala eu não consegui abrir a porta por minhas mãos estarem ocupadas.
O garoto mexendo na prateleira mais próxima da porta puxou a maçaneta para mim, vendo minha dificuldade.
- Obrigada – agradeci e olhei para o garoto. Erro. Só pude perceber que aquele era o menino da jaqueta de couro, que eu e as garotas chamávamos assim por não saber o nome de verdade dele. Então é aqui que você se esconde?!, pensei.
Ele apenas sorriu, e eu me aprontei em sair da biblioteca de uma vez, carregando meus livros escada acima e pensando em o quão nerd eu pareci para ele.
- Ei – fui chamada. Quando olhei para trás, era ele. Obra do destino, claramente. – Seu nome é , não é?
- É sim – assenti com a cabeça. – Por quê?
Ele apressou o passo até chegar até mim, e depois continuou andando, e eu o segui. Antes de continuar, e enquanto recuperava o fôlego, ele pegou os livros das minhas mãos e carregou para mim.
- Fazemos francês juntos. – ele sorriu.
- Ah, é... é claro. Não... – apontei para os livros. – Não precisa carregar. Me dá aqui – tentei pegar, mas ele desviou os livros de mim.
- Garota independente, huh?
- Estou tentando ser – dei de ombros.
Ele riu e me entregou alguns livros, ficando com a outra metade para si.
- Então, você... tá precisando de aulas de física? – ele se dirigiu aos livros.
- Não, não... – respondi. Eu não precisava que ele soubesse que eu estava em recuperação em física. – Eu só preciso recuperar uns pontinhos, tipo... todos os do trimestre – fiz uma careta.
Ele riu.
- Eu posso ajudar se você quiser, sou bom com física. Mas fiquei sabendo que você é boa em oratória, talvez pudesse me ajudar em troca.
- Ah, isso é porque você não viu como sou boa em filosofia! – Ri. – Eu te ajudo, sim. Temos um trato.
- Ótimo – paramos na porta da minha sala e ele largou os livros em uma mesa. – Como a gente faz?
- Eu tenho a noite livre hoje, se você quiser.
- Na sua casa?
- Pode ser – dei de ombros.
- Tudo bem. – sorriu.
- Me dá seu número – falei, entregando meu celular a ele. – Eu te passo meu endereço mais tarde.
Ele digitou o número no meu celular e me entregou de volta.
- Até mais tarde então... – ele falou. Sorriu meio sem jeito e se afastou com um aceno.
Fiquei parada por um segundo, revendo a minha sorte. Nessas horas minhas amigas podiam voltar a se aproximar, seria de grande ajuda.
’s POV
Fim de tarde é sempre a melhor parte do meu dia, simplesmente porque voltamos para casa e podemos descansar e, é claro, tomar café. Não me incomodei em esperar , que foi na secretaria pegar um documento e disse que aquilo poderia demorar um pouco, então peguei o metrô antes dela.
Ao chegar em casa, me deparei com e o garoto da jaqueta de couro sentados no carpete da sala, com alguns livros abertos na mesinha de centro e rindo de alguma coisa.
- Ah, Oi , esse é o Dave.
- E aí – ele acenou.
- Oi , oi Dave, tchau , tchau Dave – falei, jogando minha mochila no sofá e indo para a cozinha.
Aquela história seria no mínimo interessante. Por que ele estava ali? Como isso aconteceu? Era algo que ela precisaria nos contar mais tarde, mas primeiro eu precisava comer. Meu cérebro não funciona sem comida.
Fiz um leite com chocolate e peguei um banquinho para subir e alcançar o balcão aéreo da cozinha e pegar o pote de bolachas, enquanto ouvia e chegarem da editora, seguidas de . Inclinei meu corpo para o lado e tateei com as mãos pelo armário para alcançar o pote e nada.
- , o Niall tá no telefone! – apareceu avisando na porta.
Ao ouvir isso, inclinei mais o corpo para o lado sem querer, e a próxima coisa que senti foi o chão.
’s POV
- ! – gritou da cozinha, e eu e nos olhamos do sofá. Fomos até lá ver o que era, porque não pareceu com um grito de “devolve meu rímel”, mas sim de “você tá bem?!”.
Nos deparamos com no chão e ao lado dela, sentada e ajudando-a com uma mão, enquanto segurava o telefone com a outra.
- O que foi? – Perguntei, enquanto ia para perto ajudar.
- Ela caiu em cima do braço.
- Tá doendo, cara, não toca! – gritou com que tentava pegar seu braço.
- Vamos levar você no hospital, pode ter quebrado – falou, pegando as chaves do carro e indo para a garagem. – , ajuda a , VAMOS SAIR NÃO FAÇAM NADA ERRADO, OS DOIS! – Ela gritou para o quarto, onde e Dave foram estudar. Estudar.
- Niall, eu vou ter que desligar, mais tarde eu ligo de volta, tchau – disse apenas, desligando o celular e me ajudou a levantar com cuidado para levá-la até o carro.
- Sério, a gente chega exausta e pra ajudar você tem que quebrar o braço?! Não gosto de hospitais.
- Legal, me deixa aqui que eu vou a pé – bufou do banco de trás, quando já estávamos na metade do caminho.
parecia pensativa e nervosa no volante.
- deveria ter ficado em casa para cuidar daqueles dois.
- A é inteligente, . Além do mais ela faz o que quiser da vida dela, né? – deu de ombros.
- Não é por isso. O cara é um desconhecido e deixamos ele sozinho com ela em nossa casa nova. Esse não é o tipo de ato irresponsável que quero ter.
riu fraco.
- Pela cara dele, não faria mal a uma mosca. Ai! – Reclamou quando tocou seu braço.
O caminho até o hospital não demorou muito mais de vinte minutos ao todo, e não parava de reclamar de seu braço, que estávamos tentando mexer o mínimo possível. Fora isso, ela não se machucou muito além de ralar o joelho. Quando finalmente chegamos lá, foi levada para o exame de raio X e nós esperamos na recepção, não parava quieta, acho que a mãe de ficaria mais calma que ela.
Niall’s POV
- Mas que diabos aconteceu que você pensa que pode entrar gritando no meu quarto, cara? – Harry reclamava, segurando a toalha na cintura. – E se eu tivesse... visita?
- Tipo uma groupie? Enquanto isso está lá “estudando” com seu novo amiguinho – falei, nervos
o.
- Estudando? Que amiguinh... Niall – ele mudou de assunto. – O que você quer? Parece que viu um fantasma.
- Tô procurando o Liam, Harry. Onde ele tá?!
- Eu acho que o vi no Hall de entrada com Zayn – Louis, que estava jogado em um sofá com um livro em mãos, falou para mim. – O que aconteceu? Acabou a comida?
- Engraçado – bufei. – Eu estava falando com e... e aí elas pararam do nada e começaram a gritar coisas tipo “socorro a caiu ai meu deus ela tá morrendo” – imitei a voz delas, agora quase pirando. – E aí ela desligou na minha cara.
- Niall, calma – Harry falou. – Até eu, que não ouvi nada, sei que você exagerou agora. Morrendo?
- Tá – revirei os olhos. – Eu exagerei. Mas eu só entendi que se machucou, e não me falaram nada! – Gritei. – Ouvi coisas como hospital, braço e “tá doendo”. Eu não sei o que aconteceu!
- Tenta ligar para elas depois, cara. – Louis falou calmamente. – Ou agora. Garanto que uma delas vai atender.
Me sentei e respirei fundo, pegando o celular e procurando o número de qualquer uma delas. Liguei para primeiro, mas ela não atendeu. Depois, tentei ligar para , que no terceiro toque atendeu.
- Oi, Niall.
- Oi, ! Até que enfim! O que aconteceu?
- Ah, a caiu de um banco em cima do braço.
- Ela tá bem?
- foi ver o resultado do raio X agora, e ela disse que fraturou o cotovelo.
- É muito sério, ?
- Você nunca quebrou um braço? – Ela parecia divertida e risonha. Me senti idiota. – É só um... osso. Sei lá. Logo ela está bem de novo.
Fiquei quieto por um tempo, desejando estar lá para ajudá-la. Droga.
- Niall?
- Oi, . Obrigado por avisar. Eu... eu ligo mais tarde, diz pra que eu mandei um abraço.
- Tudo bem... tchau.
Desliguei e os dois garotos me olhavam com um olhar de interrogação.
- Ela quebrou o cotovelo caindo de um banquinho.
- Ah... – os dois fizeram juntos.
- Que droga, cara...
- Por que será que isso parece ser a cara da ?! – Harry sorriu.
- Bem, pelo menos não foi nada muito sério.
- Nem esquenta, a Gemma já quebrou o pulso uma vez – ele falou. – Em dois meses estava perfeito de novo.
- Ótimo – murmurei. – Vou voltar para o quarto.
Logo que fui para o quarto, deitei na cama e dormi. Nem cheguei a ver Liam entrando no quarto, só acordei na manhã seguinte me sentindo mais cansado ainda. Quis ligar para ver como estava, mas fui arrastado para nossa vã por Paul, que ficava repetindo que estávamos atrasados.
- Credo, Niall, que cara de zumbi – Liam reclamou.
- O que você esperava? Mal tive tempo para escovar os dentes!
- Quer? – Harry perguntou, me mostrando um saco de pipocas doces. Arranquei o saco de sua mão e enchi a boca com elas, esperando que isso ajudasse com meu mau humor. Pelo jeito não ajudou muito.
Nosso dia foi simplesmente cheio, não tivemos tempo nem para almoçar e eu queria só dormir, minha cabeça doía. E as coisas não pararam por aí, fomos dormir no meio da madrugada depois de uma entrevista ao vivo para um país onde o fuso horário era de quatro horas adiantado, e eu simplesmente apaguei para dormir apenas quatro horas, antes de ser acordado e começar tudo de novo. Ao longo daquela semana me senti mais cansado do que em toda a minha vida, e eu não tinha tempo nem para respirar direito. Nenhum de nós tínhamos. Os dias foram cada vez mais longos, e ao final de alguns shows eu sentia que não conseguiria falar por uma semana. Mas eu tinha. Queria apenas deitar e dormir por dois dias, e eu estava grato pelo tempo ter finalmente passado até chegar àquela noite de quarta-feira, dois dias antes do fim da turnê. Tudo que sabíamos era falar sobre o nosso último show da turnê Up All Night que ocorreria em Londres no domingo.
Zayn era o único que, às vezes, conseguia trocar algumas mensagens com , escondido de Paul para ver se estava tudo bem.
Estávamos empolgados para voltar logo e ter um dia de descanso antes do último show.
Quando chegamos no hotel na noite de quarta, eu só tomei um banho e ignorei minha fome por um tempo para ligar para . Era tarde da noite por lá e eu não queria incomodar, mas tinha que saber como ela estava.
- Alô? – A voz dela, mesmo que meio rouca, atendeu.
- Oi , é o...
- Niall! – Ela disse, me fazendo sorrir.
- Você tá bem, baixinha?
- Estou melhor sim, e você?
- Cansado... mas bem. Como vai o seu braço?
- Está melhorando aos poucos. Ainda dói. Você tá cansado, né?
- E você também.
- Não estou cansada, estou com sono. É diferente. – Bocejou.
- Você tá tomando muitos remédios?
- Alguns – ela suspirou. – É para a dor. Ainda dói bastante e isso incomoda durante o dia.
- Você tá indo no colégio?
- Sim, eu tenho e quero ir, é nossa última semana. Para sempre. Eu nunca mais vou voltar, então quero curtir. Mesmo com o pulso quebrado – ela riu fraco.
- Eu queria... – deixei escapar, mas me segurei antes de terminar a frase.
- Você queria o que, Nialler?
Suspirei.
- Eu queria estar aí para cuidar de você – fechei os olhos ao falar, esperando a resposta.
Ela ficou em silêncio por algum tempo.
- Também queria que você estivesse aqui.
Nós dois ficamos quietos por alguns segundos, acho que não tínhamos mais nada a falar. Sei que ela estava tentando interpretar isso, assim como eu.
- Vou estar aí em 48 horas, eu juro.
- Se cuida, então. – Ela pausou. – Não quero que se atrase.
- Eu não vou. É uma promessa.
- Obrigada. Boa noite, irlandês. – Riu.
- Boa noite, .
Quando ela desligou, tudo que fiz foi ficar ouvindo o barulho de ligação finalizada.
Faltava algo nesse dialogo que acabamos de ter. E as palavras quase escaparam da minha boca, sem eu nem pensar antes se era certo ou não. Eu sei, podia ser cedo, eu não queria que isso acontecesse, porque de algum modo eu estava tentando me preparar para o pior, mas quando desejei boa noite, deixei minha frase inacabada. Faltaram três pequenas palavras no final.
’s POV
Os dias na editora eram realmente loucos. Por enquanto eu sentia como se estivesse no lugar de (que estava começando a dar os primeiros cliques), servindo para pegar cafés e arrumar horários, deixar tudo organizado para quem realmente fazia o trabalho duro – e legal.
Quando sexta-feira chegou (todas nós esperávamos ansiosamente por isso por mais que ninguém falasse nada), ficou combinado de irmos buscar os meninos no aeroporto, como uma surpresa. Eu não tinha certeza de que era uma ideia segura, mas a intenção era válida. E por mais incrível que pareça, as horas passaram rápido. Era o último dia do colégio das meninas, e algo naquele dia era especial. Talvez fosse a véspera das férias.
Quando cheguei em casa com , as meninas nem nos deixaram descer, elas só entraram no carro e disseram para seguirmos para o aeroporto. E foi o que fizemos, e quando chegamos lá, estacionamos e ficamos esperando-os. estava sentada em um dos bancos escrevendo algo em seu gesso (ela estava transformando aquilo em um carnaval), eu e andávamos de um lado para outro e e estavam olhando a vitrine de uma loja de souvenires do aeroporto.
Com o passar dos minutos, o lugar onde estávamos começou a ficar cheio de grupinhos de meninas, que de longe dava para notar que eram fãs. E, uau, eu não podia desmerecer essas garotas, elas eram todas lindíssimas. À medida que o tempo passava mais gente começou a chegar, e agora tinham cerca de cinquenta meninas ou mais por ali. Eu e as garotas ficamos meio assustadas com o jeito como algumas nos olhavam e com a quantidade de fãs ali, e nos juntamos todas, ficando em um canto juntas. Algumas às vezes pareciam reconhecer a gente e ficavam cochichando algo olhando para o nosso lado. Eu ainda não tinha certeza se aquilo era bom ou ruim.
Quando o próximo voo chegou, gritinhos histéricos começaram a ser ouvidos em todos os cantos do aeroporto. Nem eu sabia exatamente qual era o voo deles, como elas poderiam saber?!
Como fomos umas das primeiras a chegar, nós estávamos na grade que dividia o portão de desembarque da pista de pouso. Eu realmente pensei que seria esmagada, estava difícil de respirar e eu tenho a impressão de que algumas daquelas garotas estava fazendo de propósito, julgando pelo jeito como elas nos olhavam há alguns minutos atrás. Eu me perdi das garotas, só quem eu sabia que não estava ali era , que por estar com o braço machucado preferiu esperar sentada em um banco atrás da multidão. As fãs gritavam cada vez mais alto a cada pessoa que desembarcava e não eram os meninos, e cada vez vinham mais para frente, tentando freneticamente arrumar um lugar bom na multidão para vê-los. A grade estava apertando minha barriga, e eu estava me sentindo um tanto tonta, sem contar com a dor que a barra de ferro estava causando. Queria me abaixar e sair dali engatinhando, mas sabia que se eu fizesse isso eu provavelmente seria pisoteada. Sério, como é que alguém sai intacto de um show deles?!
Mesmo não olhando para o avião, pude perceber quando os meninos desceram, devido aos gritos alucinantes das fãs. Assim que ergui a cabeça, vi cinco vultos coloridos virem em direção ao bando de garotas, seguidos por três vultos bem maiores e com roupas pretas, um deles era Paul. Eles sorriam e não olhavam para onde eu estava, mas eu esperava que algum deles encontrasse as meninas antes que elas se machucassem como eu.
Devia ser mesmo difícil amar todos eles e ser apenas mais um rosto irreconhecível na multidão, pensei por um momento.
Vi Niall acenar para as fãs enquanto esperava que os guardas e os seguranças fizessem uma passagem segura para eles, e quando eles o fizeram, ele correu pelo meio dela na direção de onde estava. Louis dava high fives nas meninas e Harry pegava algumas câmeras e celulares para tirar fotos, devolvendo-as logo em seguida. Liam, que estava fazendo praticamente as mesmas coisas, estava lentamente vindo na direção de onde eu estava, cumprimentando e tirando fotos para as fãs mais da frente. Eu só queria sair dali, aquela loucura toda não valia isso. Só estávamos tentando ser amigas normais, mas esquecemos que eles são tudo, menos normais.
Parece que demorou uma eternidade, mas ele finalmente olhou para onde eu estava, e veio para perto imediatamente, mudando seu semblante alegre para preocupado.
- Paul! – Ele chamou, enquanto chegava até mim. – Paul, ajuda aqui!
Paul chegou gritando coisas como “vão para trás, mais para trás!” E aos poucos eu pude sentir minhas pernas, que pareciam estar separadas da parte de cima do meu corpo, outra vez. Assim que pude respirar um pouco melhor, Liam levantou os braços por cima da grade e disse:
- Vem, me dá suas mãos!
Levantei os braços e ele segurou meus pulsos, me puxando para cima e eu entendi que ele estava tentando me puxar para o outro lado da grade. Coloquei meus pés em uma grade mais alta e passei os braços pelo pescoço dele enquanto ele puxava minha cintura para o outro lado, e quando me dei por conta já estava no colo de Liam e quase caímos para trás quando ele me puxou por inteiro para o outro lado. Ele me soltou no chão, e eu recuperei o fôlego por alguns segundos.
- Está tudo bem? Eu sinto muito por isso, , de verdade! – Ele parecia se sentir culpado e eu me senti mal por vê-lo daquele jeito. Olhei para onde eu estava e notei que eu não era a única garota dali que estava sendo esmagada contra a grade. Todas as que estavam na frente estavam assim, algumas não pareciam notar, mas outras sim.
- As meninas... – falei o que pude, passando minha mão de leve pela barriga onde ainda doía.
- Elas também estão aqui?! – Ele quase gritou, procurando pelo meio das garotas. – Faz alguma coisa, manda alguém tirar elas daqui – ele falou para Paul. – Olha o que estão fazendo!
- Achei a aqui – Harry falou casualmente em um canto, como se achasse uma moeda, e deu a mão para ele a puxar para o outro lado assim como liam fez comigo. Apesar de seu cabelo bagunçado, ela parecia bem melhor do que eu, nem precisou quase pular no colo de Harry como eu fiz. Ao pensar nessa situação louca e no que sairia nos sites em alguns minutos sobre isso, senti minhas bochechas esquentarem. Eu não queria encrenca para os meninos, e me sentia mal por estarmos ganhando “benefícios”.
- Aqui, a ! – Zayn falou, e ele e Louis ajudaram , que ria feito uma louca, com uma manga de sua blusa meio rasgada.
- Eu juro que alguém arrancou um maço do meu cabelo. – Ela falou, ainda rindo.
- Cadê a ? Cadê?! Cadê a , Paul! – Zayn perguntava nervoso, enquanto ele e Paul procuravam pelo meio das meninas olhando para todos os lados possíveis. – Onde ela tá? Paul! Acha a , caramba!
- Ai, se acalma! – fez uma careta. – Ela voltou para lá com a quando aqui ficou cheio demais.
- Ah... que bom – Zayn sorriu fraco.
- Podemos, por favor, sair daqui? Suas fãs são... – olhou em volta e disse mais baixo: - loucas.
- Vamos conversar em outro lugar – Paul falou, insinuando o “corredor” que os seguranças fizeram para a passagem dos meninos, e todos nós passamos por ele, indo em direção a uma vã parada no estacionamento. Quando Niall e nos viram, vieram junto.
- Que caras são essas? Viram alguém morrendo? – Niall falou.
- Fomos atacados por uma horda de zumbis famintos... chamados suas fãs. – riu mais alto.
Minha amiga era louca.
’s POV
Assim que vi que aquelas garotas iam ficar loucas daquele jeito quando o avião chegasse, decidi ficar quietinha lá no banco onde eu estava terminando de fazer um desenho em uma ponta do meu gesso. Assim que os meninos chegaram, mesmo sem conseguir enxergar eu notei pelos gritos histéricos delas. E uns dois minutos depois vi Niall passar por um corredor feito pelos guardas, e assim que me viu ele abriu um sorriso ao mesmo tempo em que eu fiz o mesmo ao ver ele.
Ele veio até mim, soltando a mala em suas mãos um pouco antes de me alcançar, e eu me levantei, abrindo o braço que não estava machucado para recebe seu abraço. Assim que nossos corpos se tocaram eu percebi o quanto senti falta dele, mais até do que pensei que sentiria. Me permiti encaixar a cabeça na curva de seu pescoço e o perfume delicioso da sua pele me atingiu na mesma hora. Só Deus sabia o quanto eu amava aquilo. Niall me levantou alguns centímetros no ar com as duas mãos em minha cintura e eu soltei um rizinho, fazendo-o rir também.
- Que saudade – ele disse no meu ouvido, eu podia sentir o sorriso em seu rosto.
- Nem me diga.
E depois de alguns minutos esperando aqueles lerdos se encontrarem lá na frente, finalmente pudemos entrar na vã junto com todos. Eu estava tão feliz e boba por estar com Nialler que só percebi a ausência de e Louis ali dentro quando chegamos na frente de um condomínio, descemos e eu pude ver os dois atrás da vã no carro da .
- Que lugar é esse? – perguntou, meio perdida.
- Obviamente é a casa deles. – Eu respondi. – Lerdinha.
- Esqueceu que temos que ir para algum lugar depois de sair da casa de vocês? – Liam perguntou, dando uma batidinha de leve na cabeça de .
- Estávamos conversando no voo e nos demos conta de que vocês nunca vieram aqui – Louis falou enquanto passávamos pela portaria. A segurança era rígida e o local era enorme. Só que no lugar de prédios gigantescos, as residências eram casas. Todas elas iguais, mas de cores diferentes. Nem eram tão grandes... mas eram bonitas. Muito bonitas.
- Então vocês ficam falando de nós tanto assim é? – brincou.
- Mais do que você imagina– Liam riu.
- Vocês fazem parte do nosso dia-a-dia agora. Sério. São como família. – Niall explicou.
- Vocês também são importantes para a gente – eu disse, enquanto chegávamos em uma das casinhas e Louis abria a porta com a chave.
- Bom, esse aqui é meu e do Harry. Aqui é o do Niall – ele apontou para o do lado direito da sua casa.
- Espera, vocês moram todos nesse complexo? – perguntou.
- É, como os Teletubies. – Zayn riu.
’s POV
- Vou ali em casa largar minhas malas – Liam disse, tirando o braço dos meus ombros, que estavam ali há algum tempo agora. Eu assenti para ele e passei as mãos nos braços, tentando me aquecer, mas o vento logo me deixou arrepiada. – Você quer vir junto? É logo ali.
- Pode ser – assenti, seguindo-o. Eu sei que é totalmente errado e desnecessário, mas eu agia rápido demais quando se tratava de Liam, falava e fazia as coisas sem pensar, pelo simples impulso. Eu concordava com ele em uma fração de segundos só para poder ficar com ele por mais tempo, e eu sabia que isso era muito errado. Mas não podia evitar. Simplesmente não podia. Liam era uma pessoa boa demais... E isso me encantava.
Fui atrás dele até o outro apartamento, que incrivelmente era modesto e pequeno. Bom, tinha a cara do Liam, é claro, era um ambiente que combinava com ele. Assim que ele abriu a porta e me deu passagem para entrar, eu entrei e olhei em volta, era um lugar aconchegante para uma pessoa. Se bem que eu tinha quase certeza que algum dos garotos ficava ali com ele na maior parte do tempo.
- Pode sentar se quiser. Você quer alguma coisa?
- Hum, uma água seria legal – sorri.
- Aqui é a cozinha – ele apontou para uma passagem para outro cômodo. – Pode vir aqui e se servir. Tem copos em cima da mesa e o filtro é do lado da geladeira. Eu vou só trocar de roupa e já venho.
- Tudo bem.
Fui até a cozinha, que como o resto da casa também era bem iluminado e organizado. Peguei um copo na mesa e fui até o filtro, colocando o copo no botãozinho de apertar para sair a água e deixando que ela saísse até encher o copo. Enquanto ele enchia, olhei para trás para ver o resto dos cômodos da casa, e vi a porta do banheiro entreaberta. Pelo espelho da pia, pude ver Liam tirando a camiseta e... mas que droga, !
Depois que tirou a camiseta, ele colocou outra mais folgada e de manga comprida por cima, com o peito branco e as mangas azul escuras. Liam saiu do banheiro e veio em direção a mim.
- Tá com sede, hein – ele riu.
- O quê? – Perguntei, confusa, e olhei o filtro que agora derramava água de cima do meu copo, que já estava cheio. – Ah, ah... droga! – Esbravejei, soltando o copo na pia e pegando um pano. – Eu sou tão estúpida!
- Tudo bem – ele riu, pegando o pano da minha mão. – Deixa isso, tá tudo bem. Só cuida para não derrubar o copo, se cortar, essas coisas de . – Riu.
Sorri.
- Caramba, desculpa Liam – murmurei.
- Tá tudo bem, sério. – Ele tinha um sorriso sapeca no rosto e me perguntei se tinha percebido que eu o olhava antes.
Quer dizer, era para não olhar? Porque, né...
Tomei um gole da água e larguei o copo cuidadosamente no balcão outra vez.
- Melhor? – Ele perguntou, suspirando e se apoiando com a mão no balcão.
- Melhor.
- Você se machucou muito? Eu realmente sinto muito por isso, as fãs passam dos limites às vezes. Você acha que foi de propósito?
- Talvez – eu fiz uma careta. – Algumas delas nos olhavam de um jeito bem estranho...
Ele fez uma expressão dura.
- Mas talvez tenha sido só um mal entendido – Fui logo falando. – Eu não quero que você fique contra suas fãs por mim e as meninas. Além de tudo, isso só pioraria tudo.
- Eu não vou, mas vou dar um toque nelas. Elas precisam cuidar mais o que falam, têm que enxergar a barreira que as separa de nós. Senão, em algum tempo elas estarão entrando na nossa casa pela janela.
Ri.
- Mas você se machucou? – Ele voltou a perguntar.
- Hã, eu não sei... – falei, eu não sabia mesmo. Não havia parado para avaliar minha situação. Levei a mão à barriga, onde ainda doía um pouco.
- Deixa eu ver – Liam veio até mim e segurou a barra da minha camiseta, depois olhou para mim. – Com licença – sorriu, levantando um pouco minha camiseta e minhas bochechas ficaram quentes.
Ele tossiu, meio que querendo disfarçar, mas não conseguiu muito.
- Você tem um pircing? – ele disse, intrigado.
Levei a mão à barriga, cobrindo o local, e revirei os olhos.
- Eu sei, bobeira de adolescente. – Dei de ombros.
- O engraçado é que você fala como se tivesse sido adolescente há dez anos. – Ele riu.
- Ai! – Reclamei, quando Liam tocou de leve onde a barra de ferro tinha apertado.
- Tá bem vermelho, acho que vai ficar roxo depois. Você quer um remédio? – Liam perguntou, sem nem me esperar responder antes de ir para um armário alto e pegar uma caixa cheia de remédios.
- Eu não acho que... – ia falar, mas ele falou junto.
- Por quê?
- Porque eu não gosto de remédios.
- Não, não isso, por que age desse jeito, tão responsável e séria? Por que não se permite curtir um pouco? – ele perguntou, vindo para perto com um comprimido branco enorme e o meu copo de água do balcão.
- Quem está falando, Daddy Direction?
- Touchè – ele riu. – Mas não é o mesmo. Eu me divirto. Você age realmente como uma mãe. Isso não é uma coisa normal para alguém de 18 anos.
Ele viu meu olhar duvidoso para o comprimido e sorriu, indo até a pia e dividindo o comprimido no meio com uma faca. Depois trouxe até mim de novo.
- Eu não sei... – dei de ombros. – Sou assim desde... sempre.
Peguei uma metade da sua mão e engoli, tomando um gole de água, e depois fiz o mesmo com a outra metade.
- E seu pai? – ele perguntou, virando de costas e soltando o copo na pia. – Onde ele está?
- Ele foi embora quando eu tinha uns oito anos. – dei de ombros outra vez. – Nem me lembro da última vez que o vi, mas fiquei sabendo que ele casou de novo. Sei que ele não se importa em me procurar, então também não me importo em procurá-lo, eu considero o pai da como meu pai também. Eu... cuidava da minha mãe sempre que sabia que ela estava triste depois que ele foi embora, então acho que amadureci mais cedo.
- É verdade que a mãe da morreu?
- É, logo antes de nos conhecermos. O que foi uma pena por um lado, mas foi o que os fez se mudarem para a casa ao lado da nossa. Eu tinha perdido um pai, ela uma mãe, e nossos pais os seus companheiros. Com o tempo e com a quantidade de vezes que eles precisavam se ver, começaram a gostar um do outro. E mesmo antes de morarmos juntas era como uma irmã mais nova para mim, eu a cuido como uma mãe desde que nos conhecemos.
- Então aí está. Você amadureceu cedo, e depois virou irmã mais velha e responsável de uma hora para outra. Chegamos ao porquê de você ser assim, tão “mãe”.
- Liam psicólogo – ri. – Nunca tinha pensado assim antes. É simplesmente o jeito que eu sou. As meninas também são como minhas irmãs mais novas, eu me sinto responsável por elas, sempre tive esse amor maternal por pessoas que eu gosto. Geralmente, isso acaba afastando, você sabe... garotos – ri, nervosa.
- Eles são uns idiotas mesmo – Liam sorriu. – Isso é tão legal. Você é diferente.
- É, eu acho. – concordei, enquanto estávamos indo para a porta, para voltar para a casa de Louis. – Obrigada.
- Não por isso.
Ele chaveou a porta e voltamos de vagar pelo pátio até junto com os outros.
- Sabe, eu nunca falei sobre isso com ninguém que não fosse minhas amigas. – olhei para ele.
- E isso é bom?
- Eu acho. Que dizer, é. Significa que você é importante para mim. Você sabe... – hesitei. – Vocês todos.
- Claro – ele sorriu.
Louis’ POV
Liguei para Eleanor antes de voltar para a sala com todo mundo, e avisei que chegara bem. Amanhã nos veríamos no show, e depois ela iria para nossa casa. Peguei algumas taças e abri um champanhe, e apareceu na cozinha para me ajudar a levar para todos na sala.
- O que estamos comemorando? – Liam e apareceram, perguntando.
- O último dia das meninas no colegial, o nosso reencontro depois de um mês, nossa turnê que foi incrível, nossa amizade... o que vocês preferirem. – respondi, soltando as taças.
- Só que metade de nós nem pode beber – riu.
- Considere nosso segredinho então, huh? – pisquei.
- Sentimos falta de vocês, garotas – Zayn falou.
- É, sentimos mesmo – concordei.
- Nós também sentimos. – disse. – Várias coisas aconteceram, como o trabalho da e o braço da . O que vocês têm de novidade?
- Ah, eu já ia chegar aí – Liam falou. – Domingo é nosso último show da turnê do Up All Night, e queremos que vocês venham com a gente. Vai ser importante.
- Uau! – falou pela primeira vez no cômodo. Ela e Niall estavam sentados lado a lado em um canto do sofá e ele desenhava algo no gesso dela concentrado. – De verdade? Que sonho!
- Vai ser legal – disse. – Mas se a gente não souber cantar algumas músicas, nos perdoem.
- Besteira – Sofi riu. – Pelo menos eu e a vamos saber. Elas são as posers.
- Eu conheço aquela da praia – deu de ombros.
- Só tá um pouquinho atrasada – Harry falou. Eles riram. Uau, eles riram. Sem contar que estavam sentados um ao lado do outro sem se bater ou se matar.
- É a única que me lembro, desculpem.
- Ah, tem aquela... – tentou lembrar de alguma coisa. – Aquela que foi gravada aqui em Londres mesmo, é...
- One Thing – eu e os meninos falamos juntos.
- Isso, One Thing.
- Não tem aquela lá que tem o sol... e vocês perseguem ele? – coçou a cabeça e levantei de súbito.
- Sai da minha casa – apontei para a porta.
Niall gargalhou.
- Isso é The Wanted, !
O resto deles todos zoaram ela, e ela ficou vermelhinha me fazendo rir e sentar novamente.
- Desculpem...
- Acho que alguém aqui precisa de mais aulas sobre vocês, meninos... – falou, rindo.
- Não seja por isso – Harry pulou do sofá, indo até a prateleira da estante da TV e pegando o nosso DVD. – E eu empresto o DVD para vocês, mas vocês têm menos de 48 horas para decorar todas as musicas, moças, porque têm um show para ir amanhã.
- Vamos ficar na pista vip? – fez bico.
- Vocês vão é ficar no backstage, bem ao nosso lado e com a melhor vista da casa. – Harry respondeu, se jogando ao lado dela de novo depois de botar o DVD. Eu e Zayn trocamos olhares com as sobrancelhas arqueadas. Era um milagre, mas eles pareciam se entender. Quem diria, o que um mês longe não faz.
Liam’s POV
No sábado nem acreditei que acordei tão tarde, não fosse pela luz do sol que entrava pela janela do meu quarto. Dormir até tarde depois de um mês foi simplesmente glorioso. Depois de fazer minha higiene Danni logo chegou para irmos almoçar, que foi o que combinamos.
Saímos, e como sempre fomos seguidos por uns papparazzi irritantes. Dani me contou como o serviço dela estava indo – ser dançarina era uma coisa que ela simplesmente amava fazer – e ficou por uns bons 40 minutos falando sobre uma briga que teve com uma colega do seu grupo de dança, ou algo parecido.
- Você tá tão ausente... – ela falou, quando nossos pedidos chegaram, me chamando a atenção.
- O quê?
- Falei que você tá ausente. Parece que não ouviu nada do que eu falei até agora. – ela se inclinou mais para frente e pegou uma das minhas mãos. – O que tá acontecendo, Liam?
- Não é nada, amor, eu só estou meio cansado... mil desculpas. – Suspirei e sorri para ela.
- Nossa, desculpa... eu falei tanto de mim esse tempo todo! Me conta sobre você e os meninos, como estão as coisas?
- Estão bem, esse mês foi uma correria danada, amanhã temos um último show da turnê aqui e depois teremos um pouco de descanso.
- Hum, vai ter mais tempo para mim? – ela sorriu, e eu correspondi.
- Espero que sim.
- E as amigas de vocês, aquelas de quem todos falam agora?
- Ah, as meninas são incríveis. – sorri mais. – Nós nos conhecemos em uma lanchonete, por acaso, você acredita? Trocaram o lanche do Louis com a e ela era alérgica. Todos nós temos uma afinidade incrível, e nossas fãs até criaram esse negócio de “casal”. É coisa delas, claro, mas é divertido, é como um bromance. Sabe, Niam? Meu bromance com o Niall? É tipo isso. Aliás, o Niall está super caidinho por uma delas, é hilário! Eu e a somos muito compatíveis, ela é uma amiga e tanto, ela é tão... responsável, sei lá, ela é diferente das meninas da nossa idade...
Perdi a noção de quanto tempo falei de e as garotas e Dani só ouviu calada enquanto almoçava. Mas quando me dei por mim da besteira que eu estava fazendo, calei a boca e só almocei.
Durante o resto da tarde resolvi fazer como Niall havia me dito que eu devia fazer, passar um tempo só com Dani, então fomos em um parque e ficamos por lá durante a tarde, só conversando e lembrando de coisas boas.
Foi legal.
Louis’ POV
- Você vai, não vai? – perguntei para Els outra vez, sobre o show de amanhã. – Você tem que ir. É o último.
Eleanor estava comigo na nossa casa, almoçando. Harry sabia que se ficasse seria inoportuno, então acho que foi para a casa de Zayn incomodar um pouco por lá.
- Eu não sei, Lou, preciso ver minha família antes de viajar!
- Você ficou com eles o mês inteiro! – fiz bico. – E eu? Eu não mereço, é?
- Ai, que chorão que você é! – ela riu e levantou da mesa, fazendo a volta e vindo até mim. Sentou no meu colo e eu passei as mãos pela sua cintura, ela me deu um morango na boca e depois um selinho. – Eu vou, está feliz?
- Sim! – ri. – Agora sim.
- E essa semana vamos ficar juntos, ok?
- Vamos? – abri um sorriso que a fez rir.
- Sim, nós vamos. Vamos matar a saudade de todo esse mês que ficamos sem nos ver.
- Sou o cara mais sortudo! – Ri.
- Você é tão idiota, Tomlinson!
- E você é linda, Calder.
Depois do almoço, eu queria sair para dar uma volta, mas Els preferiu pegar um filme e ficar o dia todo no sofá, então eu só obedeci. O importante era ficar com ela. Tiramos algumas fotos com a câmera profissional que eu comprei só porque queria gastar dinheiro com algo que nunca usaria, entramos um pouco no Twitter, conversamos por horas aquelas conversas idiotas e rimos e namoramos bastante. Senti falta de ficar um tempo com ela, isso era bom. De tardezinha, resolvemos fazer como um casal de idosos e fizemos chá para tomar sentados na varanda – só que eu não tinha varanda, então tomamos sentados na janela. Eleanor era uma típica garota britânica, viciada em chá e café e seguia as tradições do nosso povo cegamente. Essa era uma das mil e uma coisas que eu amava nela desde que a conheci em um daqueles backstages do The X Factor.
Ela acabou dormindo comigo, enquanto ainda era cedo da noite, e na manhã de domingo acordou cedo e voltou para casa, me dando apenas um beijo e dizendo “nos vemos no show”.
’ POV
- Alguém viu meu rímel roxo? – perguntou, aparecendo na sala.
- Vai ver alguém jogou aquilo no lixo, é ridículo – , a Srta. Sensível, disse.
- Eu gosto, anta. Alguém viu?
- Eu acho que vi dentro do armário do banheiro. – falei. – E, aliás, também gosto dele, .
- Azar o seu.
- Eita humor, hein – comentou. – Relaxa, baixinha, você namora com o cara mais gato desse país, devia estar feliz.
- Sem contar que está se arrumando para um show dele nesse exato momento. – riu.
- Eu que namoro ele, e vocês que são iludidas. – ela bufou. – Gente, Zayn e eu somos amigos.
- Hum, então pensa no seu amiguinho todo cheiroso e gostoso para o show. – Ri. – E se ele te chamar no palco, ou falar o seu nome?
- Você tá é pensando no Harry fazendo isso com você.
- Ai, credo! – Gritei, rindo. – Nem fala muito alto, vai que alguém escuta. Ia pegar super mal pra mim.
- Não parecia que odiava ele tanto assim, vocês estavam bem amiguinhos ontem.
- Só não estávamos brigando porque ele não estava sendo insuportável como de costume. Só porque fazia um mês que não o via. – esclareci, terminando de fechar o zíper da minha bota e me levantando do sofá. – Como estou?
Sofi fez um joinha observando minha roupa country style.
- Gostei.
- Obrigada.
Fui até o quarto de e me olhei em seu espelho de corpo inteiro. Eu estava com um vestido florido e claro até a metade da coxa, uma bota de couro com um salto não muito alto, marrom, até a canela e com o cabelo enrolado em cachinhos perfeitos, com um lenço que combinava com o vestido no cabelo, usado como uma tiara. A maquiagem era leve. Me sentia uma Taylor Swift com aqueles cabelos loiros, mesmo meus cabelos estando mais loiros do que os dela. Eu já estava começando a enjoar, de qualquer maneira.
- Eu já estou pronta.
- Aleluia – me respondeu. – Agora só falta a Sra. Simpática ali – ela lançou um olhar para , que estava no banheiro.
- Estou terminando, vai tirando o carro.
estava com um short jeans rasgadinho de cintura alta e uma regata mais larga e branca que ela botou por dentro do short, puxando ela para fora. Ficou bem legal. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo soltinho e para o lado, com alguns fios caindo e sua maquiagem também era leve. Calçava um All Star com cano médio branco e de detalhes vermelhos. Eu adorava como ela fazia parecer tão simples ficar daquele jeito. Quer dizer, parece até que ela simplesmente acordou, prendeu o cabelo, botou uma roupa qualquer e ficou magnífica. Quem dera fosse fácil assim.
Ela pegou a chave e foi para a garagem tirar o carro.
- Também estou pronta, só falta você, . – Sofi disse.
Ela, por sua vez, estava com os cabelos pretos bem cacheados e presos de um jeito que caíssem sobre um ombro só. Sua maquiagem era um pouco mais forte, porque sabia fazer um ótimo uso de delineador que eu invejava. Usava um blush leve e um batom rosa. Estava com uma calça jeans azul forte, e uma blusa listrada da mesma cor, com o suspensório que ganhou de Louis por cima e um sapatinho delicado de couro com cadarço fino.
estava linda, como sempre está. A beleza dela era outra que era natural. Seu sorriso e seus grandes olhos verdes já falavam por si só, mas algo nela, acho que a felicidade que ela emanava para todos que estavam perto, a fazia brilhar. Não havia ninguém que conhecesse e não a amasse. Ela estava com os cabelos cacheados soltos ao natural e com uma maquiagem leve, uma saia de cintura alta por cima de uma regata preta que combinava com a cintura e as bolinhas da saia, que também eram pretas. Usava uma sandália fechada, mas toda furadinha e com um salto pequeno, e até mesmo seu gesso estava todo lindo depois dos desenhos feitos por Niall. Acho que estava orgulhosa de ter que carregar aquele gesso junto com ela, porque não parecia se preocupar muito com isso.
As duas foram para o carro enquanto eu esperava a , que logo saiu do banheiro.
- Tá gata – falei. – Como sempre. Agora vamos, você nos fez perder a hora, senhorita.
estava muito “Demi Lovato”. seguia a moda, apenas. Com uma facilidade imensa. Ela conseguia copiar os looks lindos de capas de revista com qualquer coisa que tinha no seu armário e ficar maravilhosa. Naquele dia, por exemplo, ela estava com os cabelos loiros presos em um coque alto digno da Demi, com uma regata mais soltinha de cor rosa fraco, e um calção jeans que era meio coberto pela blusa, deixando suas pernas a mostra, mas não de um jeito vulgar. Usava um tênis da Nike vermelho, que dava equilíbrio, pois era da mesma cor da sua boca bem desenhada em um vermelho vivo.
Visuais à parte, entramos todas no carro logo depois de meio-dia e fomos até o estádio onde, mais tarde, ocorreria o show. Chegaríamos mais cedo, porque queríamos evitar que muita gente nos visse e começasse a falar, mas quando chegamos lá milhares de meninas já estavam na fila. Entramos pelo portão de entrada da produção graças à autorização que ganhamos de Paul e estacionou lá em algum lugar perto da entrada para os camarins. Logo que descemos do carro, um segurança nos levou até um espaço gigantesco, na frente do palco onde, mais tarde, meninas morreriam gritando para conseguir um olhar daqueles cinco idiotas que estavam fazendo a passagem de som em cima do palco naquele momento. Cinco idiotas que, por sorte, destino, acaso ou sei lá, eram nossos melhores amigos.
O mais engraçado era que, por mais incrível que parecesse, eles ainda eram garotos extremamente normais aos nossos olhos.
Logo que nos viram, eles pararam de cantar Torn, da Natalie Umbridge, e sorriram.
- Meu Deus... – Niall disse, com cara de perdido.
- Espera só – falei às minhas amigas. – Esse é o momento em que eles percebem o quão sortudos são. – Joguei o cabelo e gargalhou.
- Demos sorte, caras – Zayn concluiu.
Abri um sorrisinho em seguida e dei de ombros.
- Venham – Louis chegou na beirada do palco e estendeu a mão para nós. Fui a primeira a pegá-la, sendo puxada para cima por ele e ficando de pé no palco. A grade de contenção ainda não estava posicionada. – Você tá muito linda – ele sorriu para mim. – Todas estão.
- Obrigada. – ri e me virei de costas para ir dar oi aos outros meninos, e pude ouvir Louis gritando atrás de mim algo como “, seu look me lembra alguém”.
Louis era simplesmente uma figura.
Dei de cara com Harry. Não que isso fosse uma coisa boa para mim, mas tenho que confessar que ele estava lindo. Até seu perfume era delicioso, e ele estava entretido de um jeito que, quando esbarrou em mim, pareceu um pouco assustado, me segurando pelos ombros em seguida.
- Cuidado – ele disse, virando as costas e voltando a girar o microfone nas mãos de costas para mim. Por algum motivo meu sorriso murchou. Não que eu gostasse dele ou algo do tipo, na verdade, nesse momento me lembrei que não gostava dele mesmo. Mas... eu estava linda. Estava me sentindo linda. Por que ele não notou isso?
Ah, quem liga? Harry Styles não era alguém de quem eu precisava da atenção.
- Oi gata, tá perdida? – Zayn apareceu, rindo do meu lado.
- E aí, gato – ri,revirando os olhos. – Tá lindão hein?
- Não é surpresa pra ninguém – ele deu de ombros, fazendo um biquinho. – Sou magnífico.
- Ah, claro – ri, e dei um tapa em seu cabelo, o fazendo passar a mão por ali para ajeitar outra vez.
Por bons minutos apenas ficamos por ali na frente do palco ou em qualquer lugar naquele espaço enorme, olhando os meninos ensaiarem e conversando, ou comentando sobre qualquer coisa.
- Você e o garoto, o Dave – Sofi disse.
- O que tem ele?
- Estão saindo?
Dei de ombros, pegando uma maçã verde de cima de uma mesa cheia de doces e guloseimas no backstage.
- Tipo.
- Tipo? – ela riu. – “Tipo” quer dizer sim?
- Eu acho, mas quem liga? Quer dizer, eu gosto como está, não precisamos rotular.
- Você tá fazendo de novo – ela revirou os olhos.
- Fazendo o quê?
- Sendo como as garotas dos filmes que você gosta de assistir. Você tem que parar com isso. Você é a , não a... sei lá, a Summer.
- Summer? Isso é ridículo, Sofi.
- Eu sei, e por isso mesmo você tem que parar. Fingir que é alguém que não é só para parecer com sua personagem preferida é idiota. Você não engana ninguém dizendo que não acredita em amor, que tem medo de relacionamentos e prefere ficar sozinha. Você não é assim, .
- Sofi – suspirei. – Eu só disse “tipo” e você veio com um texto para cima de mim. E que história é essa? Quem é você para falar alguma coisa, menina que sofre de uma paixão platônica por um ídolo teen?
- Outch – ela fez uma carinha afetada e eu ri.
- Hum... – apontei com o queixo para perto do palco. – Temos companhia.
Ela se virou e viu Eleanor chegando e dando um beijo em Louis, antes de ir dar oi para os outros meninos. se virou para mim outra vez e bufou.
- Ela é tão princesinha.
- Você não tem argumentos, para de mentir, ela é perfeita.
Nós duas rimos, e eu larguei a maçã que nem cheguei a colocar na boca.
- Oi meninas – El veio até nós e nos deu um abraço em cada uma. – Tudo bem?
- Tudo, e você? Não nos vemos há algum tempo.
- Sim, tudo ótimo – ela sorriu, mas não parecia um sorriso verdadeiro, ela parecia meio ausente ou preocupada. – Como vai a vida? Fiquei sabendo que saiu do colégio ontem, parabéns. – ela me disse, e eu sorri em agradecimento.
- Sofi, por que você não ajuda a com aquele lenço ali? Obviamente ela não tá achando o jeito de prender o cabelo – apontei e me lançou um olhar homicida antes de ir.
Eu não queria nenhuma explosão relacionada a ciúmes naquele show, e conhecia bem a amiga que tinha. Ela não perderia a oportunidade de ser extremamente desconfortável.
- E a sua vida, como anda? – Puxei assunto.
- Hum, bem, eu acho... fechei um contrato, até que enfim, como modelo. Ah – ela pareceu se arrepender de ter dito na hora. – Mas não conta para o Louis, por favor.
- Tudo bem – sorri. – É surpresa?
- Na verdade... – ela parecia um pouco triste. – é. É como uma surpresa. – Sorriu fraco.
- Entendi – assenti e sorri. Voltei a atenção à mesa de comidas, procurando por algo bom para tomar. Acabei abrindo uma garrafinha de chá gelado e tomei um gole. Eu adorava chá gelado.
- Mas e você e o Harry, como vão?
Engasguei com um gole do líquido e Eleanor pareceu assustada. Tossi um pouco e respirei fundo.
- Oi?
- Você e Harry... eu ouvi falar que... ah, meu Deus, eu nem me dei ao trabalho de perguntar para Louis se os boatos eram verdadeiros antes de falar! Me desculpa, !
- Não – ri, limpando a boca. - Tudo bem, sério. Os boatos são falsos. Eu e Harry meio que não nos damos muito bem... – fiz uma careta.
- Sei como a mídia é. Quer dizer, eu não sou famosa e nem nada, mas, você sabe, ser namorada do Lou a todo esse tempo tem suas complicações.
- Você acha complicado ou chato?
- Não para mim, mas Dani sofre mais com isso. É que eu tenho sorte porque a maior parte das fãs gosta de mim, acho que tem algo a ver com eu ser só uma garota normal, como elas, assim como sua amiga . Mas a Dani, eu não sei, as fãs pegam mais no pé dela e eu não sei como ela consegue ser tão paciente. Eu não conseguiria. – Deu de ombros.
- Não conseguiria o que, minha princesa? - Lou apareceu atrás dela, abraçando-a por trás e dando beijinhos em seu rosto. Eu sorri, sem graça, e dei um jeito de escapar para deixá-los sozinhos, com a desculpa de “vou ali e já volto”.
A tarde foi passando, o dia estava nublado, mas com uma temperatura gostosa. Logo que os portões foram abertos, os meninos pediram que nos levassem para o backsage porque não nos queriam junto com as fãs, “era perigoso demais” principalmente depois do episódio de sexta, no aeroporto.
’s POV
Eu não fui a única a ficar completamente maravilhada já na primeira música do show. Não tanto pelas músicas em si, mas por quem as cantava.
Os meninos estavam do outro lado do backstage, onde eram os camarins, onde trocavam as roupas e tudo mais, mas nós nos víamos pela porta, eles de um lado e nós de outro do palco enquanto, lá no meio, meninas gritavam enlouquecidas para os meninos entrarem logo. Então antes de entrarem no palco, Zayn me mandou uma mensagem que dizia “Enjoy the moment, I hope u like it”, e quando olhei para o lado dos camarins, ele mandou um tchauzinho da porta.
Acho que a parte que mais gostei foram os covers. Ou talvez os tweets, que os fizeram socializar com a plateia, ou, além disso, a parte de Use Somebody, música que eu simplesmente adorava. Cantei o que sabia cantar, curti ao som daquelas que eu não conhecia direito, meu coração palpitou quando ouvi Moments outra vez... foi uma noite mágica, valeu qualquer coisa para ter visto aquilo de um lugar tão privilegiado. E eu não conseguia tirar os olhos de Zayn, o que estava me deixando estranha, me fazendo sentir diferente, nervosa daquele jeito que te faz rir.
Eu não sei o que era, mas a potência de sua voz mais a emoção com que ele cantava simplesmente me fazia sentir como se meu coração explodisse. Eu não queria mesmo dar o braço a torcer na frente de todas as minhas amigas, mas Zayn era um sonho de consumo.
E como se a noite não tivesse sido perfeita o suficiente, logo que o show terminou todos eles vieram para o nosso lado do palco correndo, todos agitados e suados. Todo mundo ali conversava alto e ria, e pelo que entendi nós iríamos esperar ali até um pouco das pessoas irem embora.
Fiquei em um canto quietinha esperando a adrenalina e o movimento parar um pouco para não incomodar, até que Zayn veio até perto de mim depois de se acamar um pouco.
- O que achou? – Perguntou, ele ainda estava um pouco ofegante e suava.
- Foi incrível – falei, sincera. – Simplesmente incrível.
- Que bom que gostou – ele abriu um sorriso enorme, enquanto tirava o smoking preto, me permitindo notar que a camisa branca de baixo estava grudada em seu corpo pelo suor. Não que eu... mentira, eu quis olhar sim. E olhei mesmo, pronto.
Zayn deu mais alguns passos na minha direção, mas se ele se aproximasse mais, me derrubaria, então eu dei uns passos para trás também até chegar em uma coluna que acompanhava aquela parede. Ele se aproximou tanto de mim, que meus batimentos se aceleraram do nada, mas no fim foi só para pegar uma toalha que estava pendurada em um gancho na parede atrás de mim. Ele passou a toalha no rosto e pegou uma garrafinha de água.
- Você tá exausto. – concluí, olhando para ele.
- Pareço tão mal assim? – Riu. – Ainda não senti, mas quando chegar em casa e me acalmar, eu desmaio.
Ri.
- Aliás, ... tem um monte de repórteres e papparazzi por aqui, e por perto da minha casa hoje, é que era um dia bem especial para nós por ser o último show da turnê, sabe?
Assenti, acompanhando seu raciocínio. Ele tomou uns goles de água e depois parou por um momento, parecendo raciocinar. Me encarou.
- Pensei que talvez... você pudesse... quisesse, quer dizer...
- Posar na sua casa? – Concluí, não conseguindo conter a curiosidade até ele terminar de falar.
Zayn soltou o ar com força.
- Estava com medo que você fosse me achar um tarado.
Gargalhei.
- Já dormi com você antes, esqueceu?
Ele deu uma batidinha na testa.
Uau! Havia muito, muito calor entre nós naquele canto minúsculo. Meus hormônios estavam tão agitados por estar perto dele com toda aquela adrenalina e aquela alegria no ar, que eu tinha que lembrar a mim mesma que era uma boa garota, e que ele era apenas meu amigo no final das contas.
- E então, tá afim?
- Sem problemas – respondi, dando de ombros para parecer mais blasé – Quer dizer, tenho que ver com a , porque eu ia ficar com ela hoje para ela não ficar sozinha... as meninas vão para a casa dos pais.
- Ah... – ele pareceu desapontado por um momento. – Tudo bem.
- Mas eu vou falar com ela – disse, rápido. Lógico que eu não tinha a mínima intenção de recusar ao seu convite, mas precisava parecer menos desesperada.
Procurei por minhas amigas no meio daquele monte de gente para encontrar logo a e me livrar dessa, mas estava meio difícil, o backstage estava super apertado.
- ! – chamei quando a encontrei e, como eu já esperava, ela estava com Niall. – .
- Oi?
- Eu vou dormir na casa do Zayn.
Ela ficou surpresa e meio divertida na mesma hora em que falei.
- Hum, o seu “namorado de mentirinha”? – ela perguntou, e Niall riu.
- Deixa de ser idiota.
- Não posso ficar sozinha em casa, ! As meninas vão para os pais delas e você disse que ficaria comigo, poxa. Aquela casa é enorme.
Revirei os olhos, impaciente.
- Ah se vira ou... – olhei para Niall e sorri. – Chama o Niall pra ir com você. Eu tenho certeza que ele vai, não é Nialler? – perguntei para o loirinho, que parecia meio confuso. – Bom, boa noite para os dois, espero que se divirtam.
Virei as costas e voltei para perto de Zayn antes que pudesse ouvir qualquer “ai”.
- Falei com ela, o Niall vai ficar com ela essa noite.
- Provavelmente ela gosta mais da companhia dele, sem ofensa – ele sorriu. – Me dá uma ajuda aqui? – perguntou, erguendo o queixo e eu desfiz a gravatinha borboleta que estava em seu pescoço. – Obrigado.
Quis perguntar se ele não queria uma ajudinha para abrir a camisa também. Deus do céu, o que é isso, ? Hormônios, por favor, se acalmem.
Depois de esperar por mais algum tempinho ali dentro, dei tchau para as meninas e Zayn pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos e me guiando para a saída de emergência que dava onde a vã nos esperava. Foi um frenesi até entrarmos no carro, com flashes, gritos e tudo mais. Com muito cuidado e bem devagar, conseguimos sair de lá. A vã balançava de um lado para outro com as batidas as garotas em volta.
Me encostei no banco e fechei os olhos, senti Zayn me puxar para seu peito em um ato que pareceu passar despercebido por ele mesmo. Seu corpo ainda estava quente e seu coração acelerado, como antes. Mas era tão gostoso ali...
Atravessamos a cidade até a casa dos meninos, enquanto isso Louis e Liam conversavam animadamente sobre o show, eles pareciam felizes por serem tão bem sucedidos. Quase peguei no sono, e acho que Zayn nem percebeu que mexia no meu cabelo devagar, isso contribuiu para minhas pálpebras pesarem mais. Quando Paul começou a desacelerar a vã, abri os olhos e olhei um pouco para cima, Zayn ainda mexia no meu cabelo e olhava pela janela com um olhar fora de foco e a cabeça encostada no banco. Seu rosto era tão sereno, e de algum modo a proximidade dele me passava uma tranquilidade que me fazia querer estar assim por horas.
- , chegamos. – ele falou, baixinho, acho que pensava que eu estava dormindo.
- Uhum – respondi.
Os meninos desceram antes, e depois nós dois.
- Tem fotógrafos ali fora, ok? – ele avisou, tirando uma mecha de meu cabelo que havia prendido em meu batom.
- Tá.
Assim que botamos os pés para fora dois ou três flashes me cegaram, e Zayn veio para perto logo em seguida, me envolvendo com os braços e indo comigo até a portaria. Ele parou na porta, enquanto os meninos falavam algo para o porteiro, e ficou de frente para mim.
Zayn sorriu um pouco, e suspirou passando a mão em meu cabelo, ele me olhava de um jeito tão real... Se aquilo era só cena, então Zayn era um ótimo ator. Logo em seguida, ele se aproximou e tocou meus lábios com os seus, doces, macios e quentes. Era a melhor sensação do mundo. Não era a intenção, mas meus batimentos aumentaram notavelmente nessa hora, e ele passou seus braços pela minha cintura carinhosamente enquanto eu passei os meus por seu pescoço, ficando um pouco na ponta dos pés. Não queria que aquele beijo terminasse, confesso, e já que ele me beijava assim, a hora que bem queria, eu também tinha o direito de prolongar o beijo e deixá-lo mais real. Afinal, estávamos juntos nessa farsa.
E eu também sabia ser uma ótima atriz.
Depois que se afastou lentamente, fazendo meu corpo se arrepiar onde estava o dele há segundos atrás, ele sorriu de novo. Tirou o smoking preto que havia botado de novo por cima de sua camisa branca mais cedo, e colocou-o sobre meus ombros.
- Eu... – falou, e mordeu o lábio inferior.
- Você? – perguntei, curiosa.
- Estou... cansado. Vamos? – pegou minha mão outra vez e foi em direção aos meninos, que agora entravam no complexo e iam em direção às suas casas.
Dei boa noite aos garotos e fomos para sua casa, e enquanto Zayn procurava a chave certa para abrir a porta, eu segurei seu smoking com mais força contra meu corpo. Algo ali, entre nós, estava definitivamente diferente. Quase mais real.
’s POV
’s POV
- Vamos de van? – fiz a pergunta óbvia, vendo o carro preto e enorme parado bem na nossa frente.
- É, vamos. Por quê? – Niall riu.
- É que eu depois desse show pensei que vocês andassem em algo mais chique, você sabe, tipo umas limusines ou sei lá – brinquei.
Entramos nos bancos de trás da vã e o segurança que dirigia, que obviamente não era Paul, logo deu partida. Niall explicou onde nossa casa ficava e começamos a fazer o trajeto até lá pelas ruas movimentadas de Londres.
- O show hoje foi incrível – disse. Era a mais pura verdade.
- Que bom que gostou – ele sorriu. – Então, onde as meninas vão?
- e vão passar a noite nos pais delas, pelo que sei hoje é tipo aniversário de casamento dos pais delas e eles sempre comemoram juntos. A vai posar em casa, aproveitando que os pais voltaram de viajem. E a posaria comigo, mas pelo jeito recebeu uma proposta melhor do Sr. Malik.
- É – ele riu. – Mas agora você tem outra companhia.
- Ótimo – sorri.
Depois de chegarmos em casa, logo que chaveei a porta Niall já estava jogado no sofá.
- Por acaso essa é sua casa, moleque? – Ri e ele riu junto.
- Eu só preciso de um banho. – ele disse.
- Sem problemas, eu te alcanço a toalha. Você trouxe roupas?
- Paul mandou colocarem uma mochila para mim na vã, ele é tipo nosso pai.
- Certo, você sabe onde é o banheiro – apontei para o corredor.
- Abre aqui pra mim? - ele pediu, erguendo a cabeça enquanto abria os botões do seu terno preto.
- Qual é o problema de garotos com gravatas, hein?
- É mais legal uma mulher tirando, a gente se sente o James Bond.
Gargalhei. Eu levei a mão até sua gravata e desfiz o nó bem devagar, mas com um pouco de dificuldade, e quando Niall tirou o terno preto de cima, ficou apenas com uma camisa branca desabotoada até a metade e a gravata solta em volta de seu pescoço. Não pude evitar de olhar para ele de cima a baixo, e ele seguiu meu olhar, sorrindo. Quando olhei em seu rosto de novo, eu ri meio sem graça e ele riu também. Puxei sua gravata e enrolei-a em cima de seus olhos, virando-o para o corredor e o empurrando até o banheiro enquanto ele ria.
- Você gostou! – ele gritava. – Gostou do que viu, eu sei!
- Para! – ri. – Anda logo, duende, quero você bem cheiroso para a janta!
Parei com ele de costas para mim na porta do banheiro e puxei sua camisa branca de cima do seu peito, deixando-a deslizar por seus braços antes de tirar totalmente do corpo dele, e segurei-a em minhas mãos enquanto o empurrava para dentro do banheiro.
- Quer tirar o resto? – ouvi ele gritar lá de dentro enquanto fechava a porta.
Eu ri. Alguns segundos depois ouvi o barulho da água do chuveiro caindo. Peguei sua camisa e senti o perfume leve e delicioso de Niall emanar dela, senti vontade de roubar a roupa para mim e dormir abraçando-a. Hoje, principalmente depois daquele show perfeito, eu não estava em condições de disfarçar o que sentia por ele. E nem com vontade de fazê-lo.
Soltei a camisa na guarda do sofá e peguei seu terno, colocando por cima dos meus braços que estavam um pouco frios e fui para a cozinha fazer algo que preste para nós comermos. Procurei como se fazia macarrão na internet, porque na cozinha eu só sabia fazer gelo, e depois de achar, comecei a seguir a receita. Foi difícil cozinhar com apenas um braço quando eu não sabia fazer direito nem com os dois, mas não demorou muito e o cheiro bom do molho já se espalhava pela casa toda.
- , você tem a toalha aí? – Niall gritou do banheiro.
- Sim, já vou – gritei de volta, indo até o armário e pegando uma toalha azul claro para Niall. Eu havia esquecido de pegar antes. Levei até a porta do banheiro e entreguei a ele, pude ver seus cabelos molhados e bagunçados.
- Obrigado – ele disse, e voltei para a cozinha para colocar a massa em um prato refratário de vidro e misturá-la com o molho.
- Hum, que cheiro delicioso, linda – ele veio até a cozinha falando, com uma regata branca e uma calça de moletom que parecia um pijama. Sorri.
- Obri... gada– parei por um momento percebendo o jeito como ele me chamou. – Do que me chamou? – Olhei por cima do ombro.
- De... – ele falou, tão surpreso quanto eu. Não sei se pelo que ele disse, ou por como eu agi. – de nada, esquece – falou, enchendo um copo com o suco de cima da bancada e levando-o à boca.
Resolvi ignorar meu coração idiota, que a essa altura batia forte só por ouvir uma palavra que ele disse, e fui até o armário para pegar dois pratos.
- Vamos comer?
- Vamos, por favor – ele falou, pegando um prato e se servindo. – Meu buraco negro tá gritando.
- Não sei se tá bom – avisei. – Não sou uma cozinheira exemplar.
- Tá brincando? Isso tá incrível – ele falou, de boca cheia. Comecei a rir da cara dele enquanto Niall enchia mais e mais a boca.
- Nojento! – Ri e o bati com o pano de prato. - Hora ruim para avisar que tem sangue meu nesse molho aí?
Niall fez careta e parou de mastigar, e gargalhei. Joguei o pano na sua cara.
- Engole isso aí, é brincadeira.
- Quem é nojento agora?
Niall comeu mais do que eu pensei que comeria, não por ele ser o Niall, é claro, mas porque era uma comida simples feita por mim e nem era tão boa assim.
- Fico faminto depois dos shows, isso gasta muita energia – ele explicou quando já estávamos no sofá, atirados assistindo um filme qualquer que passava.
- Você, faminto? – brinquei. – Sério?
- Idiota – ele riu e me empurrou para o lado de leve. Niall estava com a cabeça deitada na guarda do sofá e olhando para o teto, com as pernas no meu colo e eu estava sentada.
- Adoro essa música – falei da que Chris Evans tocava na guitarra no filme na TV.
- Three Times A Lady? – ele falou. – Sei a introdução dela no violão.
- Você bem que podia me ensinar quando meu braço melhorar, né? – Pedi.
- Claro, Bia. Sou um ótimo professor. – Ele riu. – Ei, enquanto isso... eu posso tocar uma música para você? – ele perguntou.
- É lógico, né – ri.
Niall se levantou e foi até meu quarto pegar meu violão, sentando em pose de índio na minha frente quando voltou.
- É uma música inédita, eu escrevi com a ajuda dos meninos, vai entrar na edição do Yearbook do novo álbum.
Eu apenas assenti.
Niall começou a tocar um dedilhado calmo e eu fechei os olhos.
Eu não posso acreditar que você está aqui e deitada ao meu lado.
Ou será que eu sonhei que nós éramos perfeitamente entrelaçados
Como os ramos de uma árvore, ou galhos em uma videira.
Como todos os dias, semanas e meses, tentei roubar um beijo.
E todas aquelas noites sem dormir e devaneios onde eu imaginei,
Eu sou só o azarão que finalmente conseguiu a menina,
E eu não tenho vergonha de dizer isso para o mundo.
Verdadeiramente, loucamente, profundamente, eu estou
Totalmente, completamente caído.
De alguma forma, você cedeu todas as minhas paredes,
Então baby, diga que você vai sempre me manter
Verdadeiramente, loucamente louco, apaixonado por você.
Devo colocar café e granola em uma bandeja na sua cama,
E acordá-la com todas as palavras que eu ainda não disse?
E toques suaves, apenas para mostrar como me sinto.
Ou eu deveria agir de forma legal, como se não fosse grande coisa?
Gostaria de poder congelar este momento em uma moldura
E ficar assim.
Eu vou colocar o dia de hoje em replay,
E continuar revivendo-o.
Porque aqui está a verdade trágica, se você não sente o mesmo:
Meu coração desmoronaria se alguém dissesse o seu nome.
Espero não ser uma vitima,
Espero que você não vá se levantar e sair,
Eu não significo tanto para você,
Mas para mim, isso é tudo, tudo.
Verdadeiramente, loucamente, profundamente, eu estou
Totalmente, completamente caído.
E de alguma forma você cedeu todas as minhas paredes.
Então, baby, diga que você sempre me manterá
Verdadeiramente, loucamente louco, profundamente apaixonado por você.
Apaixonado por você.
Por você.
Niall’s POV
Depois dessa declaração disfarçada de música, tudo que eu mais queria no mundo naquele momento era beijá-la. Meu coração estava acelerado, e eu esperava por alguma reação dela, mas seu rosto não esboçava reação alguma. Deus, como eu quero te beijar, , eu ficava pensando. Quero ela para mim, agora mais do que nunca, e cada minuto mais. Eu cheguei em um ponto em que não conseguia mais esconder, muito menos disfarçar.
Quando começamos a escrever alguns esboços ainda alguns meses antes de conhecê-las, Liam apareceu com uma melodia semelhante àquela para mim e disse que precisava de uma letra. Ele e Louis eram os melhores com as melodias, enquanto eu era bom com a letra. Mas ao ouvir a melodia, eu pensei “cara, isso vem do fundo da alma... apenas uma letra à altura pode acompanhar.” Então, como não sabia sobre o que falar, guardei aquela melodia até ter a letra certa.
Um dia depois de conhecer , a letra naturalmente apareceu em minha cabeça.
- Niall... – murmurou, um pouco perdida.
Sim, pensei, , essas músicas são descaradamente para você. Você sabe disso.
Ela não falou nada, só se aproximou e me abraçou. Um abraço cheio de carinho, diferente do outro, e eu podia sentir a respiração dela acelerada, ela não tentava esconder isso. Era como se ela me abraçasse tentando dizer “vai ficar tudo bem”, como se meus olhos pedissem (e eles pediam) por uma aproximação dela. Ela passava os dedos pelos meus cabelos e parecia como se estivesse me consolando. Apesar de tudo, estar tão perto dela era tão difícil e tão bom ao mesmo tempo.
- Está tudo bem – menti. – Mesmo.
- Eu amei a música, eu... estou sem palavras.
- Que bom.
Ela se afastou e me olhou, meio triste. Eu não queria estragar o resto de nossa noite agora, então sorri.
- Você quer pedir outra música, moça? – troquei de tom de voz e de assunto.
- Hum... que tal algo do Mcfly? Eu adoro os caras.
- Ah é?
- Cá entre nós, Niall, Tom é meu namorado imaginário.
Ri. Comecei a tocar sua música mais recente, Love Is Easy, porque além de linda era fácil. Os caras do Mcfly eram nossos amigos, e eu gostava de suas músicas também.
Por alguns minutos, enquanto tocava para , me forcei a esquecer sobre aquele clima todo entre nós a pouco minutos. Porque cantar para ela parecia tão certo... era a única coisa que eu sabia fazer melhor do que ninguém, o que me fazia mais feliz, e tocar para ela parecia fazer tudo melhor.
Quando nos demos por conta, já eram quase duas horas da manhã.
- Meu Deus, você deve estar exausto. Deve não, você está exausto! – ela falou, se levantando do chão e me dando a mão para eu levantar também. – precisamos dormir.
- Você tá certa, tô cansado mesmo.
- Vem, vamos nos ajeitar para dormir – ela me puxou pela mão até o banheiro e nos escovamos antes de ir para o quarto dela. saiu do quarto de novo e enquanto isso me joguei em sua cama de casal macia e me enfiei debaixo do edredom branco e fofo. Dormir juntos não parecia uma ideia estranha para mim, e eu não conseguia pensar em nenhuma malicia ou segundas intenções. Porque, afinal de contas, ainda era só minha melhor amiga.
voltou dois minutos depois com uma calça de pijama xadrez tipo a que Louis tinha, e uma blusa de manga curta com um cachorrinho e escrito “quero dormir...”. Ri de sua roupa.
- O quê? – ela perguntou, deitando ao meu lado.
- Tão meiga...
- Para – ela me empurrou e riu também. Pegou o controle e passou os canais até chegar na Disney, onde dava Alice no País das Maravilhas. Deixou ali e eu tentei me concentrar no filme o máximo possível para não cair no sono porque não queria perder nenhum segundo ao lado dela, mas minhas pálpebras já estavam se fechando sozinhas. Eu estava deitado virado para cima e tapado até a boca, e estava com os braços destapados.
Algum tempo depois ela se virou de lado, de frente para mim e me olhou por um tempo. Por fim, fiz o mesmo e ficamos olhando um para o outro por um tempo. tirou o edredom da frente de sua boca e disse:
- Boa noite, duende.
- Boa noite, zinha. – sorri. – Foi uma ótima noite com você.
- Foi mesmo... obrigada por me fazer companhia.
- Me chame sempre que precisar.
Ela assentiu, e continuamos os dois olhando um para o outro.
- Niall – ela disse, depois de um tempo.
- Sim?
- Posso... hum, pedir para você me abraçar? – perguntou, um pouco receosa.
Ri.
- Não. – respondi, ela ficou vermelha e eu me aproximei um pouco rindo, tomando cuidado com seu braço engessado. parecia um pouco envergonhada. Envergonhado deveria estar eu, por ser um idiota e ter que esperar a garota tomar uma iniciativa dessas para se aproximar. – Claro que sim, vem cá. - Levantei meu braço, indicando que havia um espaço guardado ali para ela, pertinho de mim, e se aproximou devagar, deitando a cabeça em meu braço. Com o braço desocupado, abracei-a e ela suspirou, antes de fechar os olhos. Fechei os meus também.
. E eu tinha plena certeza de que aquela garota era absolutamente única no mundo.
’ POV
Passar o aniversário de casamento de nossos pais com eles era um costume de família, porque as responsáveis por juntar os dois, no final, fomos eu e .
Então depois da janta fui ajudar Mary com a louça enquanto foi para a sala com meu pai. Aprendemos a ser muito próximos uns dos outros, como uma verdadeira família, ao longo dos anos.
- Está quietinha – Mary tocou o quadril no meu, me puxando de volta à realidade e ri fraco secando um prato.
- É... dia cansativo. – Dei de ombros.
- Nenhuma novidade? Você sabe, garotos...
Ri fraco, mas isso durou por só um segundo. Quando Harry apareceu em minha mente fechei os olhos e soltei o prato, suspirando, querendo que aquilo parasse. Depois dessa noite... Tudo que eu não queria era pensar nele.
Eu acho. Mas nem disso tinha mais certeza.
- Nada. Nada demais.
- Hum. Ah... Gosto de perguntar para você porque as respostas geralmente são diferentes das que me deu a vida toda. Mas hoje você soou exatamente igual a ela.
Ri, agora nervosa. Falar em garotos e pensar em Harry... e depois ainda ficar nervosa. Não era nada bom.
Terminei de ajuda-la e fomos para a sala tomar chá com os outros dois e conversar. Depois de falarmos sobre como estava no serviço e o que eu planejava fazer agora que acabei o ensino médio, nós conversamos sobre qualquer coisa por mais algum tempo e fomos dormir. Acabamos dormindo no antigo quarto de , que tinha uma cama de casal, mas agora era quarto de visitas, e dormimos na mesma cama e tudo mais, porque nossa Mary havia arrumado assim.
Mas quem disse que consegui dormir? Eu vinha mantendo a calma e o segredo sobre o que aconteceu há algumas horas atrás no backstage do show dos meninos porque não queria ter que falar sobre isso com ninguém, queria esquecer que aconteceu, mas por dentro ainda estava nervosa.
Eu estava curtindo muito o show até aquela altura, cantando tudo que conseguia e me divertindo com as garotas, quando chegou à segunda vez da troca de roupas dos meninos, antes de começar Use Somebody. Eles tinham exatamente dois minutos para trocar a roupa enquanto um vídeo passava no telão para as fãs.
Enquanto eles saiam correndo do palco, decidi usar os dois minutos para ir ao banheiro e não perder a próxima música, eu infelizmente tomara muito chá antes do show. Então, já que não achei ninguém ali que me dissesse onde tinha um banheiro, saí às catas de um pelo corredor que ligava um lado do palco ao outro. E eu achei o banheiro e tudo mais, estava dentro de um tipo de dispensa com varias araras cheias de roupas iguaizinhas às que os meninos usavam no show, mas mais parecia um depósito.
Então tudo certo, fui ao banheiro e tudo mais, depois passei uma água no rosto, eu estava suada e agitada, e quando saí do micro banheiro de dentro daquela dispensa, vi Harry entrar correndo e empurrar a porta atrás de si com força, fazendo um estrondo que foi abafado pelo barulho ensurdecedor das fãs e do vídeo no telão. Ele nem me viu ali, foi direto tirando o blazer e a camisa... e isso realmente não vem ao caso. Enquanto colocava as calças – eu é que não ia ficar vendo – só fui até a porta com o intuito de sair dali sem, de preferência, ser notada. Só que quando girei a maçaneta, a porta nem se mexeu. Puxei com mais força, e nada.
- Temos um problema – falei, e pela primeira vez ele virou de costas e pareceu me notar ali.
- ... – ele disse ao me ver, e seu semblante mudou para assustado quando olhou para porta. Veio até mim e puxou a porta com mais força, me dando uma mãozinha. Nada. Ela nem se mexeu.
- Tudo bem, vamos de novo. Mais forte. – Apoiei o pé na parede ao lado da porta e o ajudei a puxar, mas a porta nem gemeu. Comecei a suar mais, soltei a porta, comecei a ficar ofegante e assustada e nervosa e enjoada e tonta e basicamente tudo que há de ruim nesse mundo. Comecei a tremer e andar de um lado para outro enquanto Harry tentava abrir a porta sozinho.
- Ai, droga! – comecei a gritar nesse momento, totalmente em pânico. – Por que isso continua acontecendo?
Harry socou a porta com força, parecendo bem irritado, e deu alguns passos para longe de mim andando de um lado para outro e fitando o chão, como eu fazia.
Subitamente aquele lugar pareceu tão pequeno e abafado, e eu me senti horrivelmente assustada. Não havia uma mísera janela, e ninguém lá fora ouviria qualquer coisa.
Aí eu comecei a ficar também com raiva. Dentre todas as pessoas desse mundo, o Harry? Sério, Deus? Sacanagem das grandes.
- Que merda, por que isso tem que continuar acontecendo? – gritei mais, eu não conseguia controlar os nervos, levei uma mão ao rosto, eu queria sair dali, só em pensar em ficar trancada com ele por sabe-se lá quanto tempo era aterrorizante. – Por que justo com você? Podia pelo menos ser com o Louis, ou o Zayn, mas... Jesus Cristo, não acredito que isso tá acontecendo, Styles...
- Cala a boca. – ele falou, um pouco baixo, mas eu só ignorei.
- Isso tem que acontecer logo comigo? Por quê? Eu quero sair daqui, acho que vou sufocar! Não tem ar!
- CALA A BOCA, DROGA! – Styles praticamente berrou para mim, parando de andar de um lado para outro e me olhando com raiva. Estaquei onde estava com seu grito que me fez pular e o olhei de olhos arregalados.
Bastou um segundo para que o susto virasse raiva.
- Vai à merda! – Joguei os braços no ar, querendo que Harry se explodisse, eu estava no meio de uma crise ali, será que não dava para ver?!
Porém Harry pareceu me levar a sério, veio para perto de mim a passos largos e com os punhos cerrados, e naquele momento eu congelei, meu coração pulou uma batida. É hoje que eu morro.
Meu corpo se moveu por si próprio dando um passo para trás para se esquivar dele e encostei-me à parede atrás de mim. Ele chegou até mim e fechei os olhos com força, tudo aconteceu em três segundos, mas foi o suficiente para me paralisar.
Em seguida, só ouvi um barulho forte ao lado do meu ouvido direito, e ao abrir os olhos devagar, percebi que Harry havia socado a parede bem ao lado do meu rosto, e estava com o corpo a centímetros do meu e com os olhos fechados. Ele respirou fundo, visivelmente tentando se acalmar, a respiração tremendo.
- Cala a boca, por favor. – pediu, baixinho.
Engoli em seco com um nó em minha garganta e tentei procurar minha voz – e minha dignidade – quando falei, tão baixo que nem sei como ele ouviu:
- Assim ficou melhor.
Meu corpo ainda estava paralisado e meu coração quase saltando do peito. Ele me assustou. Mesmo. E ao abrir os olhos, também devagar, Styles notou isso. Não foi difícil notar, meu corpo grudado à parede e meus olhos arregalados falaram muito por si só.
Então ele se afastou de mim, ficando na minha frente a dois passos de distância.
- Desculpa. – ele murmurou. Parecia um pouco envergonhado. Com a distância, meu corpo foi voltando ao normal de novo e eu relaxei um pouco.
- Você é maluco. – disse, medindo-o receosa.
- Desculpa, eu... só... você não pensou que eu iria te bater ou coisa do tipo. Pensou?
- Foi o que pareceu! – aumentei um pouco a voz, trincando o maxilar logo depois, a raiva vindo à tona.
- Mas você nunca cala a boca, ! Será que você não percebeu que eu tenho dez segundos para estar no palco?! Não dá para, por um segundo, deixar de ser tão egoísta, porra?!
- Você espera que eu me preocupe com você? – gritei. Azar o dele. Cada um com seus problemas, e no meu caso, o problema era estar presa em um lugar escuro e abafado com um cara que eu realmente odeio.
- Eu... não! Você tem razão, eu não esperava mesmo que você se preocupasse com algo que não fosse você pelo menos uma vez. Você não é capaz disso. Acha que o mundo gira à sua volta, não é? – Me olhou com desdém, e algo dentro de mim se quebrou. É, esse foi o meu orgulho.- Mas não gira, , eu sinto muito. – ele disse friamente e voltou a socar a porta, ignorando minha presença ali.
Não devia, mas me afetou. Não por ser ele que disse... eu acho. Mas por que... era verdade. Eu não queria ser aquela pessoa nojenta que fora com ele. Não queria ser egoísta e egocêntrica, sem nem um pingo de consideração, mesmo que fosse por ele. Harry estava certo.
Mas a verdade era que ele era o culpado. Eu não seria capaz de ser assim com ninguém. Harry despertava o pior de mim.
Por sorte, Liam estava procurando loucamente por ele e passou pela porta no mesmo momento em que Harry batia, e ele e Paul abriram a porta empurrando de fora para dentro.
Aconteceu que Harry e os meninos entraram para o palco com dois minutos de atraso, mas sem danos sérios, e eu fiquei sentada no chão da despensa por um tempo ouvindo as músicas de longe e pensando sobre o que acontecera.
Por isso naquela noite fora tão difícil conseguir dormir. Fiquei me revirando na cama e ouvindo reclamar que eu não parava quieta por um bom tempo. Harry não saia de minha cabeça... e não de um modo bom.
Capítulo 7
Throw my hand on a blade for ya
I'd jump in front of a train for ya
You know I'd do anything for ya
Oh oh, I would go through all of this pain
Take a bullet straight through my brain
Yes, I would die for you, baby
But you won't do the same
Zayn POV
Eu não tinha ideia de tempo ou espaço quando me acordei na manhã (ainda era de manhã?) de... Que dia era afinal? Apenas abri os olhos e logo senti uma pontada na cabeça, pela luz forte da droga da janela de vidro do meu quarto. Ela deveria estar fechada, eu quase nunca a abro.
Depois de retomar um pouco da minha consciência, o que sempre demorava um ou dois minutos de manhã, pude perceber que abraçava alguém. Pela cintura. E esse alguém – eu espero – devia ser , afinal ela era tecnicamente minha namorada. E é lógico que eu precisava de um bom café para acordar o suficiente.
Abri os olhos outra vez e procurei pela minha companhia no meio dos edredons. Isso me ajudou a lembrar que na noite passada acabou a luz, e por isso dormimos com tantas cobertas, porque o aquecedor não estava funcionando. Mas isso foi depois do vinho... Eu sabia! Vinho! Bebemos vinho, bastante vinho, pelo menos eu. E conversamos sobre coisas estranhas, conversas idiotas e sem sentido que por algum motivo me faziam rir mais do que deviam.
Puxei o edredom branco para baixo e pude ver os cabelos loiros de espalhados pelo travesseiro ao meu lado. De algum modo essa vista era boa para se ver de manhã cedo, logo que acordava.
Espera, será que...? Não pode ter rolado nada, não é? Quer dizer, é , a garota mais racional que eu conheço. Mas se ela bebeu a metade do que eu bebi, então...
Tentei me lembrar de algo. Felizmente as memórias não estavam tão escondidas em minha mente, apesar de isso provocar mais dor na minha cabeça.
Me lembrei do vinho, e das conversas banais. Uma delas em especial.
- Eu não acho que um casal de mentirinha deve ter medo disso.
- Da aproximação, você quer dizer.
- É, Zayn – ela riu. Suas bochechas estavam um pouco rosadas e a língua um pouco enrolada, e eu tinha certeza que era pelo vinho. – você sabe... Se somos namorados falsos isso ainda tem que parecer real. E para parecer real temos que nos conhecer. Saber como seria se fosse real.
- Eu te namoraria – dei de ombros, falando mais do que devia. – mas você quer dizer que... Então isso se aplica também ao beijo?
- Conhecer? Conhecer o beijo um do outro?
Assenti. Eu não sabia para que rumo a conversa estava tomando, o vinho já estava nos dominando.
- Eu acho que é.
- Então se a gente se beijar, agora, - falei, pausadamente. – não vai ter importância? Quer dizer, tecnicamente... vai ser só para se conhecer? Saber como seria?
- Eu acho... hum. – ela soltou a taça pela metade na mesa de centro outra vez (estávamos sentados no carpete) e se virou, sentando de frente para mim. riu.
- Não acho que deveríamos ter bebido tanto.
- Deveríamos sim, a bebida vai ajudar um monte.
- Como?
Dei de ombros.
- Amanhã teremos a quem culpar por fazer isso. – E ao falar isso, soltei minha taça junto à dela, e me aproximei mais, segurando seu rosto com as duas mãos e encostando minha boca na dela.
E isso era tudo que eu lembrava até aí.
Não. Quer dizer, eu lembrava do resto, do que aconteceu depois. Mas não me lembrava de ter pensado “eu não devia fazer isso”, “tenho que parar de beber”, “não sei se isso é certo, Zayn” ou “não faça isso, cara”. Eu simplesmente fiz. Sem pensar. E talvez algo dentro de mim quisesse isso de verdade, mas essa parte de mim só tomou o controle quando fiquei bêbado. Eu estava me sentindo idiota, mas algo me dizia que aquilo ia ser realmente bom.
- Não devemos fazer isso. – disse, ofegante, enquanto me beijava pela terceira ou quarta vez.
- Você quer parar? – perguntei, um pouco nervoso.
- Não – ela sorriu. Então sorri de volta, e continuei. A bebida havia me deixado mole, e sabia que ela estava assim também. Mas seja o que for que iria acontecer entre nós, não queria que fosse no chão da minha sala, por mais macio que meu carpete fosse.
Então, fiquei de pé com muita dificuldade e levantei-a, erguendo-a facilmente em meu colo. Uma das muitas vantagens de se ter uma namorada pequena. Porque, é claro, há essa altura eu já nem me lembrava do detalhe “namorada de mentirinha”.
Ela passou as pernas ao redor da minha cintura e eu caminhei devagar até meu quarto, enquanto ela ria por eu estar cambaleando. Na verdade, demorei um pouco para chegar lá, contando que eu estava a beijando enquanto caminhava. Entre os beijos, às vezes falávamos alguma coisa:
- É um bom jeito de nos conhecermos. – disse, enquanto tomava fôlego.
- Uhum. – ela mexia no meu cabelo. Parei na porta do quarto e sentei em cima de uma mesinha na parede, derrubando alguns porta retratos no chão. Tirei sua blusa e voltei a beijá-la. Eu acho que nunca em sã consciência faria as coisas com tanta pressa. Não que aquilo não estivesse bom, para falar a verdade, estava incrível.
Abri a porta do quarto com o pé e dei alguns passos em direção à cama, mas quando senti meus joelhos chegarem até a cama, a luz simplesmente acabou. Assim, do nada. Nos deixando no completo breu da madrugada, bêbados e sem ter nem ideia do que estávamos fazendo. É, eu estava bêbado, mas tinha a noção de que no dia seguinte iríamos nos arrepender mesmo que eu não estivesse ligando para isso.
Ficamos em silêncio por um tempo, completamente parados, então senti passar uma mão pelo meu rosto, como se estivesse me procurando. Parou quando chegou com o dedo indicador em cima dos meus lábios.
- Acho que isso poupou seu serviço de desligar as luzes. – falou, e logo depois nós dois rimos.
Deitei-a na cama devagar e fiquei por cima de seu corpo.
- Onde você tá? – murmurei, e minha mão foi em direção à dela como mágica, só o que senti foi seus dedos entrelaçando nos meus. Quando fui beijá-la, ela riu.
- Aí é minha bochecha. Aqui está minha boca. – me beijou outra vez, dessa vez um pouco mais calma. Acho que no escuro, tudo que temos é o sentido do tato, e por isso aproveitamos mais.
Mas à medida que o tempo passava, as coisas começaram a ficar mais rápidas outra vez, e os beijos mais quentes. Ela tirou minha camiseta, e eu depositava alguns beijos por seu pescoço antes de chegar à boca, podia sentir que ela estava sorrindo.
E foi quando, sem querer, rolamos da cama e olá chão! Caímos com tudo! Eu pensei que nunca fosse parar de rir de nosso tombo, então me deitei ao lado dela no chão e ficamos rindo até a barriga doer. E depois que a risada foi parando, com suspiros e “ai ais”, segurou minha mão entre nós dois e disse:
- Zayn, o que estamos fazendo?
- Eu... não sei.
- Estamos bêbados.
- Completamente bêbados.
Como minha visão se acostumou ao escuro, eu podia ver sua silhueta pela luz da noite que entrava pela janela, e vi que ela ficou deitada de lado e com a cabeça escorada na mão, olhando para mim.
- Eu não quero que pense que é você ou algo do tipo. Quer dizer, você é Zayn Malik e ninguém resiste a você. E não vou nem comentar que sou a garota mais sortuda do mundo, por mais que na verdade sejamos só amigos. Mas não estou pronta. Você entende?
- Sim. – falei. Eu entendia mesmo.
- Porque quero que aconteça com alguém especial. E em um lugar especial. O chão do seu quarto não é exatamente o que eu tinha em mente.
- Você está completamente certa, . – respondi. – Você merece tudo de bom nessa vida, e isso não envolve ter sua primeira vez com um amigo a quem está fazendo um favor no chão do quarto dele. Estamos bêbados. Não deveríamos ter feito isso. Apesar de que não me arrependo de ter te beijado. – Dei de ombros.
Pude ver que ela sorriu. Logo depois, senti um beijinho longo e gostoso na bochecha e sua mão apertar mais forte a minha.
- Você além de um melhor amigo incrível e lindo, é um namorado melhor ainda.
Sorri com isso. Eu nunca pensei que fosse ficar tão feliz comigo mesmo por agradar uma garota. era especial.
- Vamos dormir, agora? – perguntei, me levantando do chão e puxando-a comigo. Subi na cama outra vez e ela também, se deitando ao meu lado e eu só abracei-a pela cintura. Assim, os dois sem camiseta e tudo mais. E só acordei hoje de manhã (ou seja lá que horas eram) do mesmo jeito que dormimos na noite passada.
Ao me lembrar de tudo, sorri. Foi uma noite e tanto. E ao contrario do que eu pensei, eu não estava arrependido. Estávamos numa boa, e sei disso porque eu estava agora olhando para o rosto de minha melhor-amiga-e-namorada-de-mentirinha que dormia tranquilamente no meu braço com um sorriso leve nos lábios. E era uma vista e tanto.
Acho que sentiu meu olhar no rosto dela, porque começou a ficar inquieta e coçou os olhos com as mãos, abrindo-os logo em seguida.
- Hum... – ela levantou um pouco a cabeça e parecia estar no mesmo estado que eu, perdida no tempo. Quando olhou para a janela, ela gemeu baixinho e fechou os olhos, tapando o rosto com o edredom. Ri daquilo.
Eu estava com a cabeça apoiada nas mãos e me pegava olhando para o rosto dela e sorrindo. De algum modo, aquele momento era tão bom que eu queria que não acabasse.
- Bom dia – falei.
- Não. – ela resmungou apenas, e virou para mim em baixo das cobertas. Senti sua cabeça encostar no meu peito e abracei-a mais forte. – Meu crânio vai explodir.
- O meu também, precisamos de um café.
- Tem um café aqui perto, não tem?
- Tem sim, praticamente na esquina.
- Quem vai? – ela perguntou, e ficamos em silêncio por um tempo.
- Você! – Dissemos juntos, e depois rimos.
- Vamos nós dois, assim não fica injusto.
- E podemos aproveitar e pegar uma comida. Eu não sei cozinhar nada – disse.
- Também não. – ela fez uma careta.
levantou com algum esforço e depois me arrastou para fora da cama pelo pé.
- Isso é maldade!
- Grande coisa, garoto de Bradford. Vamos logo, antes que eu desista.
foi para o banheiro enquanto eu colocava uma blusa branca com gola V e um casaco preto esportivo por cima, depois catei algum dos meus pares de Nike por baixo da cama e peguei os azuis, que foram os únicos que achei. Botei uma calça jeans preta que foi a primeira que vi.
saiu do banheiro ainda com os cabelos um pouco bagunçados, mas com rosto lavado, visivelmente sem maquiagem e mancando em um pé porque estava com um tênis só.
- Você viu meu outro tênis por aí?
- Você viu minha camisa de ontem? – Perguntei, procurando por baixo da cama. – Preciso levar para a lavanderia.
- Não, de que cor ela era? Deve estar por aqui em algum lugar.
- Seu tênis – levantei o Nike vermelho que achei do lado da cômoda e ela pegou, calçando. estava agora com o Nike, com o mesmo short jeans de ontem e ainda de sutiã preto com bolinhas brancas.
- Agora só preciso achar minha regata. – Ela saiu para a sala, às catas da sua roupa.
- Vê perto da mesinha do corredor – gritei. Foi lá que eu a tirei.
- Achei! Zayn, você vai ter que me emprestar um casaco, tá frio pra caramba aqui fora – ela reclamou, enquanto eu ouvia o barulho da porta sendo aberta.
- Sem problemas, tem um no cabideiro atrás da porta, ele é jeans, pode ser?
- Sim.
Fui até o banheiro e tentei da melhor maneira possível arrumar meu cabelo, que estava um caos depois de ser totalmente desordenado pelas mãos dela na noite passada. Ele não estava colaborando muito, então apenas o deixei baixo, mas comportado, e saí do banheiro depois de fazer minha higiene, pegando as chaves em cima da mesinha e a carteira de cigarros também, sem nem perceber, era a força do habito.
Botei-a no bolso do casaco e fui até a porta, onde estava escorada, abraçando o próprio corpo com meu casaco que ficava grande para ela. Ainda sim estava linda. Parei ao seu lado e segui seu olhar, mas ela só olhava para longe, sem um ponto fixo.
- Tem paparazzi lá fora, não tem?
- Tem. Vamos logo? Acho que vou morrer de fome.
Ela assentiu e pegou minha mão, eu chaveei a porta e saímos do complexo. O dia estava nublado e um tanto frio do lado de fora.
- Até voltarmos o aquecedor já voltou a aquecer a casa. – Falei.
- Ótimo, porque acho que vou congelar.
- Pena que eu não posso te emprestar minhas calças.
Ela riu.
- Ficaria estranho.
Enquanto íamos pela calçada até o café que ficava na esquina, não falamos nada. Mas o silêncio não era incômodo, era até bom. Só precisávamos andar de mãos dadas e isso já era confortável o suficiente.
- Você pega os cafés e eu pego a comida, pode ser? – Falei, ao chegarmos à frente da cafeteria.
- Sim. Vai pegar o quê?
- Pode ser chinesa? – Apontei para o outro lado da rua, para o restaurante chinês.
- Ótimo. Eu te espero aqui na frente.
- Certo.
- Capuccino de chocolate com canela – pedi para ela.
- Tá.
Nós ficamos no “o que eu faço?” até ela se aproximar e me dar um selinho, e logo em seguida entrar na cafeteria, então virei e atravessei a rua. Ao entrar no restaurante, peguei meu celular para entrar no Twitter, eu não entrava há algum tempo. Fiz os pedidos e esperei escorado no balcão, não costumava demorar muito para nossos pedidos ficarem prontos ali contando que a comida deles era parcialmente pronta.
Eram 11h30 da manhã. No Twitter, tudo normal. Eu recebia várias mentions em línguas estranhas o tempo todo, e várias em inglês com declarações e essas coisas. Não podia responder, apesar de querer responder algumas, porque seria injusto com as outras.
“bom dia querida Londres, bom dia pessoal xx (:”
“dia bonito, ótimo para se estar com pessoas especiais...”
Depois desse último tweet recebi vários comentários como “dia bonito? Prestes a chover?” e “Você está apaixonado, só pode”. Ri e fechei o Twitter quando a comida ficou pronta e peguei-a, deixando o dinheiro no balcão e saindo do restaurante. Antes, porém, decidi que eu precisava de um cigarro. Eu vinha sendo forte por um tempão, já devia fazer umas três semanas ou mais que eu não botava um cigarro na boca. Só um não faria mal, não é?
Atravessei a rua outra vez, acendendo o cigarro e vendo sair do café com dois copos grandes na mão. Cheguei ao lado dela e troquei as sacolas de lado para pegar em sua mão, segurando o cigarro no meio dos dedos que seguravam a sacola. Eu me aproximei dela para beijá-la de novo – eu sei, continuava usando desculpas para beijá-la o tempo todo, porque sinceramente ela era boa nisso -, mas assim que viu o cigarro, ela virou o rosto e ficou séria.
- Não vou te beijar, chaminé.
- ... – fiz uma careta para ela. – Sério?
- Seríssimo, Malik. Eu não vou te beijar enquanto não escovar os dentes.
Suspirei, e continuamos andando de volta para casa. Ela estava tendo sucesso no que seja que estivesse tentando fazer, porque me arrependi de ter acendido aquele cigarro.
Durante o resto do dia ficamos juntos na minha casa, olhando filmes e conversando bobagens, amávamos fazer isso. Eu sentia cada vez mais um vínculo entre mim e , estávamos ficando cada vez mais próximos. Nosso relacionamento era estranho, porque me conhecia tão bem que seria minha namorada perfeita. Eu me divertia com ela como não fazia com mais ninguém. Estávamos criando uma intimidade tão grande, que devido a essa coisa de “namoro falso” podíamos até nos beijar ou ficar sem roupa – como aconteceu hoje de manhã – na frente do outro e mesmo assim ainda éramos superamigos. Eu me sentia bem com ela, podia ser eu mesmo e falar besteiras, e ela era minha confidente e amiga na hora de aparecer para as câmeras e fingir ser quem eu não sou.
’s POV
Na manhã (lê-se tarde) de domingo, acordei com tamanho mau humor que nem eu mesma me aguentava. Porque era tão cansativo gostar cada dia mais de um cara que literalmente nem olhava para mim. Essa não era eu! O que diabos Louis Tomlinson havia feito comigo?!
Depois daquele show maravilhoso, ele e Eleanor foram os primeiros a irem embora juntos, cheios de beijinhos e carinhos e blá blá blá. Sim, eu estava fervendo de ciúmes e vontade de ser ela. Mas eu não podia deixar parecer que eu estava quase explodindo porque estava na casa dos meus pais passando um tempo com eles. Então tentei esquecer disso por um tempo e almocei com eles, antes de voltar para casa para descontar minha frustração em e .
Ao chegar em casa, abri a porta e tudo estava silencioso, mas devia ser duas da tarde, então elas deveriam estar no quarto tirando uma soneca.
- , ! – Gritei. – Preciso de meus sacos de pancada! – Eu fui soltando minha bolsa no sofá e tirando os calçados, soltando o cabelo e falando ao mesmo tempo. – Eu não aguento mais a Eleanor! Eu não me aguento mais! Odeio o Louis, o que eu faço para parar de notar cada mísero detalhe nele?
Não recebi resposta nenhuma, mas meus gritos já deviam ter acordado até os vizinhos, então fui em direção ao quarto de onde podia ouvir som baixinho de TV ligada.
- Por que ele tem que ser assim? Quer dizer, o que ele fez para me deixar tão ca... – ao chutar a porta para abri-la dei de cara com e Niall deitados na cama assistindo filme, e Niall me olhou com curiosidade nessa hora. Senti vontade de me matar. Me jogar pela janela e cavar um buraco no chão até chegar na China!
me olhava com um sorriso debochado, e eu planejei uma morte lenta e dolorosa para ela mais tarde.
- Niall?
- Oi, . – Ele sorriu, tímido.
- O que vocês dois estão fazendo? Eu quero saber? – Arregalei os olhos.
- foi dormir no Zayn então ele veio para cá para não me deixar sozinha. – me falou, quase rindo da minha cara de idiota.
- Ah... ok. Sejam felizes. Tchau. – Mas antes de sair, voltei para dentro do quarto. – Niall. Sabe o que significa TPM?
- Uhum.
- É isso que eu tenho. Então, você não ouviu nada.
- Não ouvi o quê? – Ele sorriu.
- Isso mesmo – pisquei para ele e fui para a sala.
Niall apareceu alguns minutos depois na sala sendo seguido por .
- Tchau, .
- Já vai?
- Estou aqui desde ontem, tenho que ir para casa. Tchau, baixinha – ele foi até e a deu um beijinho na testa e depois me deu um beijo na bochecha antes de sumir pela porta.
- Tchau, baixinha – imitei a voz dele, a fazendo rir e me olhar com brilho nos olhos.
- Ai... – suspirou apaixonadamente, se jogando nos meus pés no sofá, e eu me preparei psicologicamente para ouvir ela falar sobre ele por horas.
Harry’s POV
Eu e Liam desembarcamos no shopping depois de decidir que precisávamos de jogos novos para Xbox. E chegamos a essa conclusão quando nós éramos os únicos que não tínhamos absolutamente nada para fazer na tediosa tarde de domingo. Eu era o único daquela banda que não tinha namorada – Niall era uma exceção, porque sua paixão por já estava mais do que na cara -, e Liam estava sem a sua porque ela estava ocupada demais dançando sabe-se lá aonde.
Então descemos do carro já no estacionamento e subimos até o primeiro andar do shopping, onde ficava uma loja só de jogos.
- Esse aqui – Liam levantou um jogo que me parecia uma imitação de merda de Godo f War. – Dizem que é bom.
- Parece uma versão pirateada de God of War.
Ele deu de ombros e soltou o jogo de novo.
- O novo Medalha de Honra talvez?
- Já cansei de ganhar de você, Liam. – Suspirei, pegando um dos primeiros “Mario Cart” que provavelmente era originário de cartuchos para Nintendo e mostrando para ele. – Isso sim é clássico.
- Isso sim é clássico. – Ele levantou um do Pac Man e ergui as mãos em forma de rendição.
- Pega o novo Street Fighter, vou te dar umas porradas ao estilo “briga de rua”. – Incomodei-o e ele gargalhou.
- Já é!
Eu ri.
- Cara, tenho que ir na loja de CDs, te encontro depois.
- Vai comprar o quê, CDs do Justin Bieber?
Olhei-o.
- Tá me confundindo com o Niall? Quero o novo CD do Kings Of Leon.
- Beleza, te encontro por aqui.
Assenti e saí da loja.
Atravessei o corredor até as lojas do outro lado e entrei diretamente na loja de CDs, caindo diretamente na seção de discos de vinil. Passei pela prateleira dos pops, onde, lá em cima, como em um pódio de ouro, um disco de Thriller do Michael Jackson ficava. Parei para olhar mais de perto todos os discos que ali estavam, e ouvi uma voz feminina bem conhecida vinda da prateleira de rock.
- Aqui! – exclamou, levantando um disco do Creedance nas mãos. – Isso sim é que é música.
Sério que de todos os Shoppings de Londres, e em todos os domingos tediosos possíveis, ela foi escolher justo o meu domingo tedioso e o shopping onde eu estava? Com certeza ela estava me perseguindo.
- Ainda prefiro Iron Maden – o cara que estava com ela disse.
- Hum... – ela passou as mãos sobre os discos, como se fosse escolher um na sorte. Estava com um casaco esportivo, o cabelo loiro preso em um coque desarrumado e maquiagem leve, com uma calça jeans e um sneaker preto nos pés. Estava bonita. – Que tal esse, Dave?
Ela levantou o disco do Queen e ele torceu o nariz.
- Ah, qual é, vai! Queen é de longe a melhor banda de rock que já pisou nesse planeta!
- Você está exagerando, . Existem muitas outras melhores que eles. Tipo... Guns.
- Você tá louco? – Ela exclamou, indignada. – Tá certo que Guns foi uma banda grande, mas tá longe de ser a melhor. Enquanto isso, Freddie Mercury fez história!
- Só porque ele era gay?
- Não! Ele era um vocalista de uma banda de rock, gay! E assumido, sabe? Isso não é incrível?
- Eu não vejo nada de incrível em I Want To Break Free.
Que cara mais babaca. Queen era a melhor banda de todas. Balancei a cabeça discordando de cada palavra dele enquanto caminhava pela prateleira de trás de onde eles estavam.
- Ai, meu Deus... – ela riu fraco. - E o que me diz de Bohemian Rhapsody? É a única música que mistura pop, rock e clássico junto.
- Guns tem o melhor guitarrista do mundo.
Fiz uma careta. Esse cara não podia saber menos sobre música.
- Dave – ela suspirou. – Não me faça deixar de gostar de você. Jimmy Hendrix é o melhor guitarrista do mundo.
- Yeah! – Concordei baixinho, batendo o pé com a afirmação dela.
- Você não vai me convencer – ele sorriu. – Sou fã devoto.
- Ah...
Aqueles fãs de Guns N’ Roses eram uma piada. Achavam que entendiam muito de rock porque curtiam um cara que tocava guitarra usando uma cartola.
Dave se afastou por um minuto para atender o telefone, e enquanto isso eu a observei, por entre a prateleira, ler os tracks do CD do Nirvana atentamente. Logo depois, pegou o dos Ramones. Dave voltou.
- O que você acha de Pink Floyd? – Ela ergueu o disco de The Wall.
- Também não é meu preferido.
- Poxa, você é difícil.
- Aqui, – ele ergueu o disco de Nevermind, do Nirvana. – Isso é música.
- Não venha me dizer o que é música – ela riu e o deu um soquinho no braço. – Freddie Mercury fazia música. E melhor que ninguém.
- Kurt era melhor. E ele não era gay.
- O que você tem contra gays? Kurt era suicida.
- E daí? Pelo menos não ganhou fama por ser o vocalista gay da banda de rock que canta “eu quero ser livre”.
- Ser gay fazia dele um ícone. – Ela fez biquinho. – Naquela época... Ele era sem precedentes. Não existiam limites. Nem preconceito. Todos estavam lá pelo amor à música.
Aquele cara estava fazendo tudo errado. Quando você quer pegar uma garota, tem que concordar com ela. E ele obviamente não estava ali para comprar um disco.
- Sei lá. One Direction, a banda mais gay do Reino Unido... E eles não são ícones.
- Ei! – Ela o encarou, descontente.
- Não vai dizer que é fã daqueles caras, né?
- Não sou fã, sou amiga deles. E eles são bons, Dave.
- Você é amiga deles de verdade? – Ele arqueou as sobrancelhas.
Bufei. Ok, hora de sair do anonimato. Larguei o disco que segurava e fui para perto dos dois, com as mãos nos bolsos.
- Ei, – falei como se ela fosse uma velha amiga de infância e nos déssemos muito bem.
- Harry? – Ela pareceu um tanto assustada.
- Foi mal, eu estava passando por aqui e vi a , e... – olhei para ela, que me olhava confusa. – Pensei em passar e deixar um oi. - Depois de um tempo, ela sorriu um pouco para mim.
- Bom, eu... – ele pareceu receber uma mensagem, então a leu e depois guardou o celular de novo. – Ah. Preciso ir. Eu sinto muito, é urgente.
- Mas a gente não ia ao cinema? – disse, e eu olhei para ele.
- Vamos ter que deixar para outra hora , eu sinto muito. Tudo bem para você? É que é urgente, eles estão no meio de um jogo e o atacante não foi. Preciso fazer essa por eles.
Eu não acreditava que ele estivesse falando sério. O cara superou minhas expectativas de babaquice. Estava trocando a garota mais bonita que já conheceu por um jogo, e achava que eu era o gay?!
- Ah... – ela disse, parecendo um pouco desapontada. Babaca, babaca, babaca. – Não, tudo bem, vai lá. Marcamos outra hora.
Ele se despediu dela com um beijo no rosto e saiu da loja. Esperei apenas dois segundos para falar.
- Ele é um babaca, você sabia? – Disse, sorrindo para ela. Mas só ficou piscando para mim como se não entendesse porque eu estava falando com ela. – Ei, escuta... Desculpa por ontem. Eu estava nervoso e não quis gritar com você, sei que eu não tinha razão para fazer aquilo, mas...
- Não, tudo bem. – Ela assentiu. – Você estava certo. Em tudo que disse. Eu não devia ter pirado, você estava precisando de ajuda. E eu peço desculpas por ter sido tão idiota.
- Mesmo assim, eu gritei com você. Não costumo sair por aí gritando com outras garotas, eu geralmente sou um garoto educado.
- Temos problemas um com o outro, Harry. – Ela sorriu.
- Pois é... – Suspirei e olhei no relógio do celular. – Sabe, eu te levaria no cinema se não estivesse de passagem.
- Você está fazendo o que aqui? – Ela perguntou, apoiando o peso em um pé só e abraçando o corpo com um braço.
- Eu e Liam viemos comprar uns jogos.
Ela assentiu e ficamos em silêncio por um tempo, só olhando um para o outro sem saber o que falar.
- Então, eu acho que vou lá, ele deve estar me esperando, e...
- Ah, certo, vou lá também.
- Você está a pé?
- Sim, mas chamo um táxi. Até mais, Harry.
Ela se virou e foi embora, antes mesmo de me dar a chance de oferecê-la uma carona. Fiquei parado por um tempo, eu mal acreditava que havia a encontrado e falado com ela sem ofensas ou briga nenhuma. Então lembrei do que viera fazer ali, e peguei o CD, paguei e saí da loja, encontrando Liam logo em seguida. Ele me mostrou os jogos que comprou, e saímos da loja de jogos também. Decidimos comer um sorvete ao passar pelo McDonalds, então levamos mais ou menos dez minutos devido à fila no local. Enquanto isso parecia que o mundo ia desabar lá fora, com a chuva. Londres sempre receptiva.
- Não podemos passar um fim de semana em casa sem que o mundo desabe, não é? – Liam disse, enquanto caminhávamos pelo estacionamento em busca de meu carro.
- Moramos na Inglaterra. É tipo o grande chuveiro do mundo.
Encontramos seu carro, entramos nele e saímos dali. Ao sair do estacionamento, a primeira coisa que aquele temporal me permitiu ver foi uma garota na chuva voltando para a fachada do shopping. E adivinhem que garota? Dobrei o carro e Liam olhou para mim como quem diz “é para o outro lado”, e parei na calçada. Assenti para o lado e ele olhou pela sua janela.
- É a ?
- É, oferece uma carona aí.
Liam abriu a janela.
- Ei, .
Ela levantou a cabeça para procurar quem a havia chamado.
- Ah, oi Liam. Oi, Harry. De novo. – Ela revirou os olhos, parecendo indignada. – Roubaram meu táxi!
Eu ri.
- Entra aí que a gente te deixa em casa. – Falei, me abaixando um pouco para que ela me visse pela janela.
- Hum, meninos, eu vou molhar todo o carro de vocês, acho melhor...
- Sem problemas, o carro é do Harry. – Liam sorriu. – Aposto que você vai adorar dar trabalho a ele.
De fato, ela ama fazer isso.
sorriu, e depois de olhar para mim e eu assentir positivamente, ela entrou no banco de trás do carro.
- Obrigada, gente.
- Imagina... Se soubesse que você estava aqui teria oferecido antes – Liam falou enquanto eu dava partida no carro outra vez e fazia a volta. Olhei pelo retrovisor, ela estava com pequenas marcas pretas de maquiagem embaixo do rosto e os cabelos molhados e bagunçados, mas eu não consegui pensar em algo mais bonito.
- Você deve estar congelando – Liam notou, e olhei pelo espelho para notar que ela tremia um pouco. Liam tirou o casaco e ofereceu a ela. – Toma, bota.
- Liam...
- , eu não preciso dele, e não sou eu que vou ficar gripado se não colocar.
Ela suspirou e pegou, colocando-o por cima das roupas molhadas.
- Agora nos conte, o que aconteceu? – Ele perguntou.
- Eu liguei e pedi um táxi, então ele me ligou alguns minutos depois para avisar que havia chegado e estava na frente do shopping. Eu fui até lá, e de qualquer jeito teria que me molhar um pouco, mas quando estava chegando perto outra garota entrou nele. Como ele saberia que não era eu? Aí eu fiquei com cara de idiota parada na chuva por um tempo.
Eu e Liam rimos.
- Essas coisas acontecem – ele disse. – Às vezes.
- É. Sorte que eu tenho vocês. – Ela riu fraquinho.
Ver sendo uma garota normal, legal e simpática como as outras amigas, sem brigar ou gritar comigo era uma novidade para mim.
Liam’s POV
- Vê se parem – reclamei de Louis e Niall se batendo em cima do meu sofá e entreguei um copo de chocolate quente para Zayn.
- Eu não entendo por que você tá assim. – Harry disse, sentado ao lado de Zayn e meio virado para ele, Harry estava o encarando desde que Zayn chegara ali sorrindo de orelha a orelha e se atirou no meu sofá, me pedindo um chocolate quente.
- Assim como, Harry?
- Assim, todo feliz.
Me sentei entre Lou e Niall e encarei a TV.
Após alguns segundos de silêncio, Niall suspirou e eu olhei para ele.
- O quê? – Perguntei.
- O que o quê?
- Pra quê o suspiro?
- Não posso suspirar? Vai incomodar o Louis, ali.
Me virei para Louis.
- Ele tá na cara né, teve uma noite boa com a Eleanor.
Lou sorriu e mexeu as sobrancelhas para mim por um tempo, eu ri.
- Me deixa, moleque! – Zayn reclamou empurrando o Harry, que ainda encarava Zayn com uma cara estranha, parecia até um psicopata.
- É que você tá estranho.
- Meu Deus! – Zayn fez uma cara de doente.
- Beleza, será que dá pra me explicar porque tá todo mundo absurdamente feliz?
- Liam, obviamente a gente não entende porque somos os únicos que não passamos o domingo com uma companhia feminina. – Harry disse.
- Isso é estranho – Fiz uma careta. – Olha o Niall, ele nem pediu chocolate quente. Você tá se sentindo bem, Niall?
- Tem chocolate? – Niall ergueu a cabeça. – Onde?
- Na cozinha – ri e ele foi lá buscar.
- Dá próxima vez ofereça às visitas!
- Como foi com a , Zayn? – Louis perguntou.
- Foi legal.
- O que fizeram? – Harry.
- A gente só assistiu filme e conversou.
- E de noite? – Olhei para ele com um sorrisinho.
- Nada, a gente só dormiu – Zayn me olhou com cara de “dã, é óbvio”.
- Isso não é bom. – Harry falou. – Ela é sua namorada.
- De mentira.
- Mas é namorada igual, idiota. Você beija ela sempre que tem a chance. Ou pensa que a gente não viu ontem de noite lá na frente? E ela é uma loira gata, você não devia desperdiçar a chance.
– Somos amigos. Amigos só dormem de noite. E é isso. Vou dormir, tchau. – Zayn disse, levantando e deixando a xícara de chocolate em cima da mesa de centro.
- Ele ficou nervoso – Louis falou e Harry concordou depois que Zayn saiu.
Ficamos em silêncio por mais algum tempo.
- E você, Nialler? – Perguntei.
Niall pareceu acordar de seu transe, e olhou para a gente parado com a xícara de chocolate quente amarela na boca, olhando para nós com olhos grandes.
- O que tem eu? – Ele perguntou, tirando a xícara da boca e ficando com um bigode marrom.
Eu ri, e passei a mão em cima de sua boca e em seguida na sua blusa para limpar a mão do chocolate. Ele passou o dorso da sua mão na boca.
- Como foi a noite com a , criança?
- Hum, foi legal(?) – ele fez uma careta.
- Só isso? – Harry parecia desapontado. – Só “legal”?
- É, deveria ser mais do que isso?
- Nialler – Harry suspirou. – Como posso explicar isso sem acabar com a sua inocência de irlandês?
Louis gargalhou.
- Harry, cala a boca! – Riu. – Ele quer saber se vocês se pegaram – olhou para Niall.
- É claro que não – ele revirou os olhos. – Somos só amigos.
Ficamos em silêncio por dois segundos antes de todos nós cairmos na risada. Niall ficou sério no começo, mas depois riu um pouquinho.
- Boa, boa – suspirei, tentando parar de rir. – Melhor piada que eu ouvi hoje. Você é louco por ela!
- É, mas toda vez que tento me aproximar ela vem com essa de “somos amiguinhos” para cima de mim.
- Abre o jogo com ela – Harry deu de ombros.
- Não é tão fácil. Eu posso perder a amizade dela. Não quero arriscar. Se ser amigo dela é a única forma de me manter perto, então vai ser assim.
- Por que sempre tem que ser como as garotas querem? – Louis perguntou, indignado.
- Verdade. Elas nos manipulam com seus lindos olhinhos brilhantes e quando nos damos por conta elas já estão no comando. – Suspirei pesadamente.
- Pois é...
- Não acredito que tenho amigos tão tapados – Harry deu um tapa na própria testa. – Vocês dormiram na mesma cama que elas. Qual é o problema de vocês?
- Você e o Zayn dormiram na mesma cama na primeira semana em que se conheceram, Harry. Fez alguma coisa com Zayn? – Arqueei a sobrancelha.
Revirou os olhos.
- Quer saber, eu vou para casa. – Disse, se levantando. – Seu bando de virgem!
- Vou com você, Curly – Louis disse e pulou do sofá. – Tchau!
- Tchau – eu e Niall respondemos.
- Posso passar a noite aqui? Não vou conseguir achar a minha cama na bagunça que é a minha casa.
- Claro – dei de ombros. Era mais normal Niall ficar na minha casa comigo do que eu ficar sozinho, então ele tecnicamente nem precisava perguntar.
’s POV
- Qual é o problema dessas garotas? – Perguntei à , me sentando do lado dela no sofá com minha xícara de chá. havia ido dormir mais cedo, e logo depois e foram também, conversando empolgadas.
Não , quer dizer, não tinha nada demais em ir se trancar em seu quarto, ela gostava de ficar sozinha. E, pensando bem, era feliz sempre. Ela era o brilho de luz de nossas vidas paradas, nunca a vira triste por muito tempo antes. Só que o conjunto de tudo, elas irem dormir cedo... Parecia estranho.
- Amor faz isso com as pessoas. – Ela deu de ombros.
- Menos com você – observei, ela não parecia a pessoa mais feliz do mundo naquele dia. Outra coisa usual de .
- É diferente. Elas ficam empolgadas com aquela dúvida interna de “será que ele sente o mesmo?”. Eles fazem bem a elas. E comigo é quase a mesma coisa, mas sem a parte de fazer bem. – Riu fraco.
- Eu sinto muito, – abracei-a de lado e ela retribuiu. – Sabe, o Lou é um cara muito legal, mas se é para magoar minha amiga, então eu acho que você merece alguém melhor.
- É, eu concordo, mas o coração não escolhe o que ou por quem vai sentir. Infelizmente. Quer dizer... – ela riu com amargura. – Não é irônico que eu tenha me apaixonado platonicamente por um cara famoso e que tem milhares de meninas aos seus pés? E mais irônico ainda que ele seja meu amigo? Tipo assim, Deus, você armou feio contra mim!
Não sabia o que dizer, então apenas fiquei a abraçando até deitar a cabeça no meu colo e dormir ali. Olhei um pouco de um documentário sobre o Holocausto no Discovery Channel e logo depois acordei e levei-a ao seu quarto. Fui para o meu também e tentei dormir, mas eu não conseguia parar de me revirar na cama.
As lembranças de Liam, minha música preferida no show da noite passada ficaram rodando minha cabeça. Ele era tão... Excelente. Liam era excelente.
No dia seguinte, eu e acordamos mais cedo do que todas as outras, tomei café e me arrumei enquanto acabava de secar o cabelo e fui até o quarto de e , dando instruções para que não deixasse as outras duas botarem fogo na casa até porque ela era a mais responsável dali. Assim, só para relembrar. Mas eu duvidava que ela tenha ouvido de qualquer maneira, apenas murmurou um “aham” e virou para o outro lado.
Eu e fomos para a editora em seu Smart amarelo, presentinho do papai. Virtudes de nascer em berço de ouro...
O dia passou lentamente, eu continuava sendo a estagiária do café, mas subiu um pouco lá dentro, ela editava e às vezes tirava algumas fotos, trabalhando como braço direito de Milena. Ela estava se saindo bem, e eu ficava feliz que pelo menos durante o dia ela estava distraída o suficiente para não pensar em Louis.
Fomos para casa em nosso horário de almoço, e encontramos tentando fazer algo que eu não entendi o que era na cozinha, enquanto secava os cabelos na frente do espelho do corredor e, pelo barulho, tomava banho.
Eu definitivamente sentia falta de meu único compromisso ser a escola, mas essas eram as consequências de crescer.
Louis’ POV
Depois de uma semana inteira com Els, eu me sentia revigorado. Só Deus sabia o quanto eu amava aquela garota, estar com ela era a melhor coisa que eu podia ter. Mas eu continuava sentindo que ela estava cada vez mais ausente, seu olhar não se prendia no meu por muito tempo e ela evitava me beijar. Sabia que algo estava errado, Eleanor segurava minha mão e andava olhando para o lado oposto de mim, e isso nunca foi do tipo dela. Ela costumava ser toda fofa e cheia de carinhos e beijinhos quando estávamos juntos, e eu estava mesmo preocupado. Na sexta nós acordamos juntos, tomamos café, olhamos desenho deitados no sofá só de pijama pela manhã toda, e depois saímos para almoçar. Eu tentava arrancar sorrisos dela o tempo todo, sem muito sucesso na maioria das vezes. Els estava distante e fria, eu só não entendia o porquê.
Depois do almoço, andamos de mãos dadas sem rumo por um tempo, caminhando por um parque perto de casa. Els sentou em um banco e esperou até eu voltar com nosso algodão doce. Talvez ela gostasse do rosa, sei lá. E talvez ela só estivesse na TPM também. Ela estava prestes a ir viajar para fazer um teste importante de modelo, pelo que me contou. Devia estar nervosa.
Ao sentar ao seu lado outra vez, ainda com meu sorriso no rosto, Eleanor se virou para mim e falou baixinho o que parecia querer falar a algum tempo:
- Temos que conversar.
Meu sorriso sumiu.
- Sobre o quê? – Franzi o cenho. Eu sabia que não queria ouvir o que ela tinha a falar, seja lá o que fosse. Só desejava que ela desistisse da ideia.
- Podemos ir para casa agora?
- Tá... Tudo bem. – Concordei e me levantei, pegando sua mão e andando com ela até o nosso carro.
O caminho todo foi silencioso. Minhas mãos suavam e mil possibilidades passavam pela minha cabeça, nenhuma delas era boa. Tentei rever em nossos últimos meses de namoro, algo que eu possivelmente tenha feito errado, mas nada me ocorria. Eu era o mais presente possível. Eu era carinhoso, e dava presentes, ligava quase sempre, eu era tudo que ela precisava que eu fosse. Ela sempre entendeu minha vida louca. E eu estava com Eleanor há tanto tempo, que não via minha vida sem ela. Indiretamente, eu imaginava nosso casamento, nossa casa, nossos filhos. Depois que a fama passasse e a poeira baixasse, seríamos apenas eu e ela. E seria bom. Eu não via a hora.
Quando chegamos à minha casa, ela desceu e entrou em casa enquanto eu guardava o carro no estacionamento. Logo que entrei em casa, Eleanor não estava em lugar nenhum da cozinha ou da sala, então fui até meu quarto. E lá estava ela, terminando de fechar sua pequena mochila que levou lá para casa.
- Els? – Chamei-a, e ela pareceu se assustar, se virando para mim. – O que está fazendo? Pensei que iria daqui direto para o aeroporto.
- Lou, nós... Precisamos conversar.
- É... – Me aproximei um pouco dela. – Você já disse isso.
- Eu... Não tenho sido totalmente sincera com você.
- Como assim? – Minha voz falhou.
- Lou, eu... Não vou a uma viagem de uma semana para a Itália, eu vou ficar lá por seis meses.
- Como? – Perguntei, agora totalmente confuso.
- Eu já assinei o contrato há algum tempo. Vou morar lá por no mínimo seis meses.
- Mas... Por que não me disse? - Soltei um risinho, que pareceu mais nervoso do que engraçado. Ela sabe que eu entenderia, ninguém tem a vida mais louca do que a minha.
- Porque eu estava tentando evitar ao máximo esse momento, Louis. – Ela veio até mim. Depois passou a mão macia levemente pelo lado do meu rosto, e eu fechei os olhos.
- Que momento, Els? Sabe que a Itália não é assim tão perto, mas nós damos um jeito. Sempre damos.
Ela me abraçou forte por um tempo, e isso foi tudo que fez. Senti o cheiro de rosas emanar de seus longos cabelos castanhos que eu tanto amava. Por longos segundos, apenas me abraçou e eu a abracei, esperando por respostas. Depois que se separou de mim, olhou em meus olhos, e nos dela parecia haver certa... Dor?
- Não podemos continuar, Lou.
- Els... – Comecei, sem nem saber o que iria falar. Eu não estava nem um pouco preparado para isso. Até poucos dias estávamos bem!
- Não, Lou, me deixa explicar os meus motivos. Você merece saber.
Apenas assenti, fraco demais para protestar naquele momento. Eu não conseguia acreditar, estava tudo bem e de repente... tudo desmoronou.
- Louis, eu te amo. De verdade, eu te amo muito e sou a garota mais feliz e mais sortuda do mundo com você. E a última coisa que queria era que isso acabasse, mas... sinto que tenho que dar um rumo à minha vida. Eu tenho vinte anos, e não sei o que faço além de ser a namorada de Louis Tomlinson. Eu preciso procurar por quem eu sou, você entende? E sinto que esse contrato é minha chance, vou ir para lá e trabalhar com o que gosto, sozinha comigo mesma, me entregar ao que eu sinto que nasci para fazer e tentar descobrir quem eu sou. Não queria dizer que isso é um fim, mas... não quero mentir para você. Por enquanto, preciso me afastar. Eu não estou feliz. Eu te amo, mas isso já não é mais o suficiente para mim.
Tentei engolir as palavras dela, sem sucesso. Precisei de vários segundos para tentar fazer minha voz sair. Dentre todos os motivos pelos quais eu amava Eleanor, ela compreender minha vida louca estava quase no topo da lista. Mas eu sempre pensei que ela entendesse, e nunca realmente parei para ver o seu lado da história. E suas palavras doíam como tapas.
- Mas nós... estávamos tão bem, e de repente você... vem e diz isso, e... – balancei a cabeça, sem saber mais o que falar.
- Lou, por favor... – ela suspirou e veio até mim, me abraçando outra vez. – Eu só quero o seu bem nessa vida, e não vou levar mágoa alguma, mas tudo que peço é pelo mesmo em troca. Por favor, não me odeie. Eu gosto muito, muito te você. Isso apenas... não funciona mais para mim.
O que ela esperava que eu fizesse? Assentisse, dissesse que tudo bem e que eu entendia? Pois bem, eu não entendia! Estávamos bem! Éramos felizes há até um mês atrás! Eu a amava! Eu a amava, e...
E então, cheguei ao ponto da questão: eu estava sendo egoísta. Eleanor estava certa em tudo. Eu estava querendo a guardar só para mim, longe do resto do mundo, e me esqueci que ela também tinha uma vida. Uma vida que eu, por ser extremamente idiota ou talvez por amar demais, esqueci que também precisava ser vivida. Eu não a dei espaço. E agora a perdi. Eu a amava, e só o que podia fazer há essa altura, era deixá-la ir.
- Els, eu... – pisquei e, sem perceber, uma lágrima caiu. Fiquei sem reação. Eu estava chorando. Por uma garota. E era o mais recíproco que eu fui em toda a minha vida. - Tudo bem – falei, por fim. Era o que me restava. Pelo menos deixá-la seguir sua vida sem um peso na consciência. Eu nunca conseguiria odiar Eleanor. – E eu acho que te entendo, no fim das contas. – Disse, limpando rapidamente uma lagrima com a manga do casaco. Minha voz saiu rouca. – Você está certa em tudo. Merece isso. Merece achar alguém que possa te dar a devida atenção, passar mais tempo com você e te fazer feliz de um jeito que eu, sendo quem eu sou, nunca poderia fazer.
- Não, para! – ela balançou a cabeça. – Isso não tem nada a ver com você, Lou. Você foi uma ótima companhia, eu não tenho nada a reclamar quanto a isso. Nunca te deixaria se o que eu precisasse fosse carinho, amor, atenção ou coisas desse tipo. Eu sempre tive isso de sobra com você. Mas a questão agora sou eu. Preciso arrumar a minha vida e tenho que fazer isso sozinha. - Ela assentiu com a cabeça positivamente, como se falasse essas coisas para ela mesma. – É... É. E eu tenho que ir agora. – Tirou a mão de meus ombros e depositou um último beijo macio e suave em meus lábios. Depois, passou a mão na minha bochecha outra vez e sorriu com ternura para mim. – Eu nunca vou me esquecer de tudo que você foi para mim, ok? Mas aqui entre nós, quem merece alguém que tenha muito amor para dar é você, Lou. Eu não preciso disso agora. Mas você sempre vai merecer. Então esteja aberto há possibilidades... Não espere por mim. Viva a sua vida.
E falando isso, ela pegou sua mochila já pronta da cama, jogou-a nos ombros e saiu do quarto, largando meu ombro quando já estava longe o suficiente para alcançá-lo, e deixando ali um vazio significativo. Não só na minha pele, no quarto, ou na minha casa. Mas na minha vida. E eu não sabia o que fazer a partir de agora, além de tentar controlar o nó na garganta.
Eleanor sempre fora uma certeza tão absoluta em minha vida, que eu nunca havia pensado em perdê-la.
Eu estava acabado.
’ POV
Era um saco ter a minha idade e os meus hormônios às vezes. Havia semanas normais, semanas um pouco legais, semanas mais do que boas, e também havia semanas insuportáveis. Essa estava sendo uma delas.
Tirando o show dos meninos, que foi o ponto alto dessa semana, tudo estava indo de mal a pior. Estávamos quase na reta final de nosso último ano e eu estava afundada em provas, trabalhos, dúvidas... E eu estava tentando conciliar isso tudo com Dave, agora que estávamos meio que saindo, mas ele parecia estar aéreo o tempo todo, sempre fugindo quando as coisas começavam a ficar interessantes. Era fato que ele não estava muito a fim de mim, a pergunta era por que ele ainda estava se dando ao trabalho de sairmos? E por que eu estava?
Eu sabia, no fundo, porque eu estava. Porque eu estava carente, e no final sabia que ia ficar forçando a barra com ele até que ela... rompesse e me desse mais um motivo para reclamar. Mas isso também não tinha nada a ver com Dave.
Minha mãe. Há nove anos, minha mãe morrera bem naquela semana. E apesar de, no resto do ano, eu lidar bem com a ausência dela, naquela semana, todos os anos, eu me permitia pirar um pouco. Só que nesse ano em especial estava fugindo do controle, e eu ia explodir, eu sabia, era só uma questão de tempo.
- Mas que droga, ! – Peguei a primeira coisa que vi em cima de minha cama (que por acaso era uma caixinha de suco vazia) e joguei em na cama do lado da minha. Ela parou de cantar e olhou para mim com cara feia, tirando os headphones dos ouvidos.
- Você totalmente cortou a minha vibe.
- E você tá totalmente cortando a minha concentração! – Revirei os olhos e apontei para o caderno aberto na cama na minha frente. – Dá pra guardar, assim, só um pouquinho dessa autoconfiança excessiva que você ganhou do Zayn e de repente começou a usar? Tá irritando.
me encarou com os olhos semicerrados por um instante, e então se levantou e saiu do quarto batendo a porta.
- Ótimo. Obrigada – murmurei, tentando voltar a atenção aos estudos.
Mas não estava sendo fácil...
Uns minutos depois as meninas pareciam realmente se divertirem com algo na sala pelo barulho, e eu desejei largar tudo e ir lá para me divertir também e tentar esquecer tudo. Em qualquer outro momento eu conseguiria fazer exatamente isso, mas não naquele dia.
Quando percebi que não ia rolar mesmo de estudar mais, eu guardei meus materiais e coloquei os fones, ligando no aleatório bem alto.
A música mais vergonhosa possível começou a tocar em meus ouvidos: Taken. Uma nova aquisição à minha playlist, puramente porque, merda, eu adorava a voz do Styles naquela música.
Desejava poder guardar apenas a voz dele em um potinho, e jogar o resto dele no fogo.
Suspirei ouvindo a música de olhos fechados, mas quando alguém sentou em minha cama e eu senti o movimento no colchão sentei depressa, assustada, e arranquei os fones do ouvido os enterrando bem fundo embaixo do travesseiro para que não pudessem ser ouvidos.
- O que é?! – Disse de olhos arregalados para , que me olhava com um sorriso.
- Vamos comer taconêses. Quer?
- Que bicho é esse? – Balancei a cabeça.
- São tacos. Com comida chinesa. Taconêses.
- Ideia da , né.
Ela assentiu e riu.
- Quer?
- Não, valeu – voltei a deitar e puxei o cobertor por cima de mim, virando de costas. – Estou cansada, vou dormir.
- , você tá...
- , só... Fecha a porta quando sair? – Olhei por cima do ombro. – Obrigada.
Ela suspirou. Levantou um momento depois e saiu, fazendo o que eu pedi.
Mas uns cinco minutos depois quando eu estava pegando no sono meu celular tocou com a palavra “pai” no visor. Eu atendi, mesmo sabendo que quem disse para ele me ligar foi a .
- Oi, princesa!
Bastou que eu ouvisse aquilo para desabar em lágrimas involuntariamente. e sua boca grande!
Harry’s POV
- Ah, qual é Louis, vamos lá, levanta desse sofá, dude – peguei a mão de Louis e o puxei mais uma vez, mas ele não estava colaborando. Apenas ficou deitado no sofá o tempo todo desde que eu cheguei ali no sábado de tarde. – Você não pode ficar assim para sempre.
- Só faz dois dias – ele se virou de lado e cobriu a cabeça com o cobertor que usava.
- Louis – suspirei e me sentei ao seu lado outra vez – Cara... Um dia você vai ter que superar. Quem devia estar assim era ela! Foi ela que saiu perdendo... –Dei de ombros. - Vamos lá nas meninas, dar umas risadas e tentar esquecer disso por um tempo, que tal?
Louis virou a cabeça e olhou para mim por um tempo.
- Eu não quero sair de casa hoje.
- Você tá parecendo uma menininha de onze anos. – Bufei.
- Um dia você vai ficar assim, e ao invés de te ajudar, eu vou rir.
- Rá. Isso vai demorar. – Ri. - Eu garanto que lá na casa das meninas você vai esquecer isso por um tempo. E depois se quiser pode voltar para casa e se trancar aqui, e ficar trancado pelo resto das férias, não vou te incomodar.
Louis suspirou.
- Só porque elas são legais. – Disse levantando do sofá.
Ri e embolei a manta que o tapava, jogando-a ao lado do sofá. Louis me deu uns tapinhas no ombro antes de se levantar para ir ao banheiro.
- Obrigado.
Sorri e acenei com a cabeça. Aquele era Louis Tomlinson. Quando ele não sorria, o mundo não parecia certo!
- De nada, bro.
Lou levantou e foi arrastando os pés até o banheiro, e voltou alguns minutos depois com uma roupa decente e os cabelos ainda bagunçados, mas dessa vez propositalmente. Fomos até a porta e assim que a abrimos, demos de cara com Niall que abriu um sorriso ao nos ver. Éramos apenas nós três nesse fim de semana: Liam foi a Wolverhampton com Danielle para visitar a família e Zayn havia ido a uma festa de aniversário de uma tia em Bradford, agora que estávamos de folga.
Niall pulou ao lado de Louis e bagunçou seu cabelo com a mão.
– Como você está?
- Nada bem.
- Bom. Melhor do que extremamente deprimido. – Deu de ombros.
Londres estava linda como sempre, naquele fim de tarde. Alguns minutos dentro do carro e logo estávamos na frente da casa das meninas. Estacionei na frente da casa, descemos e fomos atendidos por , que comia um docinho de caramelo em forma de fita e sorriu ao nos ver, abrindo mais a porta para nós entrarmos. Pelo que vi, todas já estavam de pijama, o que significa que hoje seria mais um sábado sem festas. Todas menos , que não estava na sala junto com as outras.
- Estranho não ver Liam e Zayn com vocês – falou, e nós concordamos.
- É, eles resolveram rever a família agora que estamos de folga.
- Ficamos sabendo – pigarreou, e olhou de canto para Louis. – E ficamos sabendo sobre você e Eleanor também, Lou. Eu sinto muito.
- Eu também – ele deu de ombros. – Acontece.
- É... – suspirou e a sala caiu em um silencio por um tempo.
- Cadê a ? - Niall perguntou para a alegria da minha curiosidade.
- Está no quarto, hoje não é um bom dia para ela também – fez uma careta e suspirou.
- O que aconteceu? – Lou perguntou.
- É meio que “aniversário” da morte da mãe dela, e ela sempre fica bem estranha nesses dias. Passa a semana inteira quieta e meio afastada. Nem a vimos direito durante essa semana, mas eu entendo, dou espaço a ela desde que somos da mesma família. – explicou.
- Espero que ela fique bem. – Falei, sinceramente. Recebi alguns olhares receosos, como se eles estivessem procurando ironia na minha voz. Fiz careta para todos.
- Gente, vamos fazer alguma coisa essa noite, o clima tá tão tenso, precisamos descontrair – disse.
- Não estou afim de sair hoje – disse.
- Novidade – falei, e ela me deu a língua.
- E que tal você, Louis? – chamou Louis, que levantou a cabeça na hora.
- Hã? – Ele pareceu voltar à realidade.
- Que tal sairmos para fazer alguma coisa? Você está precisando se animar um pouco.
- Ah, ... – sabia que ele ia negar, todos sabiam. Mas foi mais rápida.
- Não aceito um não. – ela se levantou em um pulo do sofá e ficou parada na frente dele com a mão estendida para ele. – Vamos lá! Vai ser divertido! Ou você quer quebrar o meu coração também? – Fez biquinho, e, qual é, quem diria não àquilo?
Ele suspirou e sorriu.
- Tudo bem, vai ser divertido.
- Isso! – ela bateu uma mão na outra e deu um pulinho. – Me dê dois minutos, vou trocar de roupa.
sumiu da sala em um piscar de olhos.
- O legal é que ela convida a gente. – ergueu as sobrancelhas, eu ri.
- Tô afim de pegar um cinema. – Niall disse ao meu lado como quem não quer nada, mas o que ele quis dizer obviamente era “Ham, que tal irmos assistir um filme, só eu e você, ?”
- Eu também! – ela disse, sorrindo. – Que tal se formos ver aquele filme novo do Chris Evans?
Puta merda, Jesus Cristo não.
- Fechado! – ele sorriu.
Meu Deus. Niall definitivamente estava apaixonado.
- Ótimo, vou me arrumar também. Alguém mais vai?
Até que seria bom pegar um cinema, nem que fosse sozinho, mas no momento em que ergui o olhar, Niall me olhou com um olhar homicida, e desisti de me pronunciar.
- Não... – eu, e negamos.
Alguns minutos depois, as duas apareceram prontas na sala e todos saíram no carro de , que dirigia.
- Só sobramos nós... – falei. – Vamos fazer o quê?
- Ei, vocês querem jogar cartas? – convidou. Eu e nos olhamos e demos de ombro.
- Já somos um bando de velhas, mesmo – ri.
pegou o baralho de cartas e sentamos no carpete, tirando a mesinha de centro do meio para ficarmos em uma roda. Começamos com uma rodada de canastra, e depois fomos para paciência, mas nenhum de nós realmente tinha paciência para aquele jogo, então eu tentei as ensinar um pouco de pôquer. Mas eu também não era um expert, por isso não apostamos nada além de grãos de arroz. abriu uma garrafa de vinho e tomamos todos juntos, nada melhor que um tinto suave para aquecer as noites frias de Londres. A noite durou horas, e até que eu me diverti um monte, como só elas faziam a gente se divertir. De um modo natural e normal.
- Então tá – me levantei, peguei as chaves do carro, coloquei o sobretudo e larguei a taça de vinho na mesa. – Vou para casa, o vinho me deu sono.
- Quem diria, Harry Styles vai para casa às... – olhou em seu relógio de pulso. – nove horas da noite para dormir. Tá tomando jeito, hein Curly Boy.
- Fica quieta, tampinha – dei um tapinha leve em seu cabelo e ela riu. – A preguiça de vocês é viral!
- Tem certeza que você tá bem para dirigir, Harry? – perguntou me acompanhando até a porta.
- Sim, mãe, fica tranquila. Eu nem tomei tanto, sou acostumado com mais.
- Certo, liga para avisar que chegou bem.
- Podem deixar – eu dei um beijo na testa de cada uma antes de sair. A temperatura estava caindo aos poucos, típico clima da Inglaterra.
Entrei no carro e dei partida, colocando meu CD do Snow Patrol para tocar baixinho enquanto fazia meu caminho para casa devagar.
’s POV
Deixamos e Niall no cinema e eu falei que quando o filme terminasse era para eles ligarem, que eu ia buscar. Enquanto isso, eu teria que achar algo decente para fazer com Louis por Londres. Não devia ser tão difícil.
- Podemos ir a um ring de patinação – dei a ideia.
- É uma boa... – Louis disse, apontando para a direita em uma rua pouco movimentada – Dobra aqui.
Eu disse a ele que era para sairmos sem rumo e então ele estava me guiando para lugar algum, só me dizendo para dobrar em lugares aleatórios, por diversão.
- Já passamos por aqui antes, não passamos?
- Tá louca? – ele riu. – Estamos do outro lado da cidade.
- Para onde fica o London Eye? – perguntei, tentando me situar. – Acho que nunca vim para cá antes.
- Ali não é o museu de histórias naturais? – ele apontou para uma grande construção na esquina de uma rua. As ruas eram pouco iluminadas, apenas por um poste de luz em cada esquina e estava tudo molhado pela pequena garoa que caia lá fora.
- Qual deles? Tem pelo menos uns cinco na cidade.
Ele riu.
- Segue reto e acho que a gente vai voltar para a avenida.
Fiz o que ele disse, e logo chegamos de volta em uma das ruas principais de Londres, para minha alegria. Passamos pelo palácio de Buckingham e fomos para uma praça com certa movimentação de turistas e carros andando em círculos pelo simples prazer de sair de casa sem nada em mente para fazer, como nós dois.
- Olha – ele apontou para um pequeno letreiro em vermelho e azul de neon onde tinham pinos de boliche. – Que tal se formos ali?
- Parece pequeno.
- Melhor assim. Não precisamos ir a um lugar grande e cheio de gente em volta. O que acha?
Dei de ombros. Na verdade qualquer coisa que ele quisesse para mim estava bom. Eu fiquei um pouco assustada por saber de seu término com Eleanor, qual eram as chances?! Mas por outro lado, sabia o quanto ele a amava e que ele não estava passando por uma fase boa no momento, por mais que a parte traidora de mim ainda gostasse de saber que agora ele era solteiro.
- Pode ser – falei. Estacionei o carro bem em frente ao local e entramos, nos deparando com uma pista pequena e modesta de boliche, um balcão ao canto e mesinhas espalhadas pelo local mal iluminado. Pouco mais de cinco pessoas estavam ali, mas pareciam se divertir. Era um lugar com apenas uma função: boliche. Sem barzinho, lanchonete ou coisas do tipo. Apenas as pistas de boliche e dois banheiros ao canto. Apesar disso e de não ser o lugar mais bonito que já vi, parecia aconchegante para se ter um tempo com ele. Como qualquer outro lugar do mundo em que estivéssemos apenas eu e Louis, sozinhos.
Pedi meu par de calçados e ele os dele, e fomos jogar. Jogamos um contra o outro por um tempo, até o casal de outra mesa nos convidar para jogar com eles. Aceitamos, e agora éramos uma equipe. Louis jogou a primeira e derrubou quatro pinos.
- Tudo bem, vai – falei, dando um tapinha em seu ombro e ele deu de ombros fazendo um biquinho. O homem da outra mesa fez um strike e logo era minha vez de jogar.
Peguei a bola preta e arremessei-a, virando a cabeça enquanto a bola escorregava pela pista até dar em cheio em todos os pinos e derrubá-los de uma só vez.
- Isso! – gritei, dando um soquinho no ar.
- Boa, !
Sorri para ele, que sorriu de volta e esperamos a mulher jogar. A bola dela caiu na caneleta um metro antes de alcançar os pinos.
Enfim, o jogo foi divertido e durou mais de meia hora, e devo ressaltar que quando ganhamos Louis me levantou no ar e girou algumas vezes, para depois quase perder o equilíbrio e cair. Rimos e nos divertimos bastante, e eu fiquei feliz comigo mesma por fazê-lo se sentir melhor mesmo que por pouco tempo. Nos despedimos do casal do boliche e voltamos para o carro.
- Podemos comer alguma coisa? Estou morrendo de fome – ele pediu.
- Claro, pode ser McDonalds?
- Perfeito, é tudo que eu preciso para terminar essa noite clichê.
Ri.
- Ao clima londrino, Tomlinson – pisquei para ele.
Dirigi até o Mc e entramos no Drive Thru, fizemos os pedidos e depois de pegá-los eu saí dali e estacionei em uma rua pouco movimentada para podermos comer, porque decidimos que estávamos suados e sem condições de aparecer em público. Já era super tarde quando começamos a comer, no relógio marcava meia noite.
- Eu não sei se sou tão bom com contos de fadas – Louis disse, depois de engolir um pedaço de seu hambúrguer, ao longo de nossa conversa sem nexo. – Sempre soube que Papai Noel era fake.
Eu ri.
- Como assim? Quer dizer que nunca escreveu uma carta para ele e deixou debaixo do pinheiro?
- É claro que sim, mas foi para os meus pais pensarem que eu acreditava no velho com todas as fibras do meu ser, sentirem pena, e comparem o que eu pedi.
- Você é tão esperto! – Brinquei.
- Mas isso só funcionou até eu pedir uma passagem para Hogwarts, e então acho que compliquei demais para meus pais.
Ri alto, não conseguindo conter minha gargalhada e ele riu junto.
- Quando eu tinha nove anos, fui até o metrô e corri em direção à parede entre as plataformas 9 e 10. Eu tive que fazer pontos e tenho a cicatriz até hoje.
- Sério?! – ele riu.
- Aham, aqui – ergui minha franja lateral e me aproximei de Louis, esperando que a luz do carro, que estava ligada, fosse o suficiente para ele enxergar o pequeno risco branco em cima de minha sobrancelha.
- Ah, eu vejo... – ele observou minha cicatriz por um tempo e depois riu. – Isso foi burrice sua.
- Nem vem, garoto que pediu uma passagem para um colégio de magia!
- Touchè. – ele apontou para mim.
Sorri e amassei o papel de meu hambúrguer, colocando dentro da caixinha do Mc, e depois tomei o último gole de meu refrigerante botando-o dentro da caixinha também. Louis fez o mesmo depois que terminou de comer, e olhei para ele por um tempo. Cara, eu tinha que aprender a disfarçar melhor, ou descobrir um truque para desgrudar meus olhos dele.
- O que foi? – ele perguntou com um sorrisinho quando viu que eu o olhava. Praguejei internamente.
- Tá sujo aqui – peguei um guardanapo de papel de cima do painel do carro e passei de leve ao lado de sua boca, e só depois que o fiz, percebi minha proximidade com ele. Infalível essa história de “tá sujo aqui”. Obrigada, Hollywood.
- Ah, obrigada – ele segurou o guardanapo em seu rosto e eu voltei para meu banco, colocando o cinto e desligando a luz antes de dar partida no carro para ir até o cinema.
Logo que encostei na frente do cinema, o filme estava acabando e e Niall entraram no carro assim que me viram.
- Ei, passem no McDonalds pra gente comer alguma coisa? Estamos famintos – Niall pediu.
- Acabamos de comer lá. – falei. – Vocês estavam no cinema, não comeram nada, não?
- Pipoca não mata a fome – deu de ombros.
Suspirei, dobrando para fazer a volta e voltar para o Drive Thru. Aquilo ia levar tempo.
Harry’s POV
Acordei no meio da noite – tudo bem, não era tão tarde assim – para atender meu telefone que berrava desesperadamente debaixo de meu travesseiro.
- Alô? – falei, sem nem me dar ao trabalho de abrir os olhos para ver quem era.
- Harry? Harry, é a , você estava dormindo?
O que você acha? Quis perguntar, mas não queria ser rude. Além disso, sua voz parecia um tanto nervosa.
- O que aconteceu, ?
- Foi a , ela saiu pouco depois de você e não sabemos onde ela se meteu, não voltou até agora.
- Como assim, “saiu?” – me sentei na cama, procurando por meus chinelos no chão escuro do quarto.
- Ela simplesmente saiu. Bateu a porta atrás de si sem nem olhar para a gente e dizer aonde ia. Estou com medo, Harry, eu e a estamos esperando há duas horas!
Parei olhando para o nada e pisquei algumas vezes.
- Tá, mas e eu com isso? – Levantei, fui até o interruptor e liguei a luz, me deparando com meu reflexo no espelho da cômoda, de cabelos bagunçados e com cara de sono.
- Porque os outros ainda não chegaram e você é o único que pode nos ajudar.
- Ajudar? Ajudar como? Eu nem sei o que...
Balancei a cabeça. Eu não conseguia pensar em alguma forma de eu ajudar a achar por Londres. Nem algum motivo pelo qual faria isso.
- Harry, ela saiu a pé, não deve ter ido longe. A tá com o carro e nenhum deles atendem, e a gente não sabe onde procurar, e não quero ligar para o pai dela, ele me mataria, ele nos levaria de volta para casa ou sei lá o quê...
Suspirei. Não conseguia acreditar que eu estou ouvindo uma coisa dessas enquanto poderia estar dormindo no quentinho de minha cama. Por que diabos eu atendi ao telefone?
- Tá, tá, tá, já vou. – respondi, antes de desligar e bufar.
. Tinha que ser a .
Coloquei uma calça jeans bege, enfiei qualquer tênis nos pés, peguei meu sobretudo preto e as chaves do carro e fui para fora de casa, soltando o casaco no banco do carona enquanto dava partida no carro. Em poucos minutos eu já estava na frente da casa delas outra vez, e apertei a campainha uma vez enquanto botava o casaco e já fui atendido por uma que parecia nervosa. Entrei e passei as mãos pelo cabelo.
- Ela não levou o telefone?
- Não, já ligamos um milhão de vezes e só cai na caixa de mensagem. Ela levou a carteira, mas a nunca anda com muito dinheiro, então mesmo que pegasse um táxi não iria longe. Tem esses barzinhos que ficam abertos a noite toda há alguns quarteirões daqui. Ela só pode estar lá, não tem ninguém que a gente conheça que more por aqui.
- Me expliquem uma coisa – pisquei duas vezes e me escorei na porta, erguendo um dedo. – Qual o grande problema nisso? Ela está estressada e quer ficar sozinha para pensar, e...
- Harry Styles. – me segurou pelos ombros, me balançando. – Você obviamente não faz a menor ideia do que uma garota bonita, nova e sozinha pode atrair pelas ruas de Londres, não é?
Engoli em seco por apenas um segundo, depois me recompus.
- Garotas. Ela deve voltar a qualquer momento, é menor de idade e não vai conseguir bebida em barzinho nenhum.
- Harry! – exclamou sem paciência. – Barmens não precisam ver a identidade de quem tem um par de peitos para mostrar ao invés disso!
Encarei-a por alguns segundos, e então me desencostei da porta, colocando as mãos nos bolsos.
- Onde é que ficam esses bares? – perguntei.
No momento seguinte eu estava correndo com meu carro até cinco quarteirões de distância para ver se eu achava uma pirralha perdida pelos bares de um bairro de Londres no meio da madrugada. Não sei o que eu tinha na cabeça. Eu podia estar dormindo à uma hora dessas.
Aliás, não sei o que ela tinha na cabeça. Será que ela poderia ter previsto que ia acabar me dando trabalho? Porque se sim, então ela com certeza fez de propósito.
Eu me sentia patético. Podia ver, em um balão cômico em minha cabeça, sentada em algum bar rindo da minha cara. Com um barman tarado encarando seus peitos.
Passei por uma rua um tanto iluminada, que foi onde encontrei algum sinal de vida noturna, mas por lá não havia nem sinal dela, e não iria se meter em um lugar estranho daqueles. Ela era maluca, mas tinha bom senso. Eu esperava.
Continuei dando voltas até encontrar uma rua, um pouco mais próxima da casa delas, mas do lado contrário de onde elas disseram, onde estava rolando um tipo de house party. Talvez algum amigo da escola?
Avaliei que ali podia ser um lugar válido para acha-la, então eu estacionei o carro um pouco longe dos outros e fui até lá. Tinha gente no gramado, fumando, bebendo e se pegando aos montes. A música estava ensurdecedora, e aquilo não era festa de colégio. Era de universidade, e também não eram novatos. Os caras tinham aparência de uns vinte e tantos, quase trinta.
Ah, ótimo. Ela foi se enfiar em um local em que eu definitivamente apanharia se arrumasse encrenca.
Como previ, ao entrar e dar uma breve olhada lá dentro, encontrei-a sentada no banco em frente a um bar improvisado montado no canto da sala, conversando com o barman. Me aproximei devagar e sorrateiramente, sem querer chamar atenção ou causar algum estrago.
- O que está fazendo aqui? – perguntei, tentando ser cauteloso.
me olhou, surpresa.
- Me diga que é um pesadelo.
Sua língua estava enroladíssima. Ótimo, perfeito.
- . O que você está pensando?
Ela me encarou como se não acreditasse que estava me vendo, então levantou a mão aberta na frente do rosto e encarou seus dedos por um momento.
- Eu ainda tenho cinco dedos. Não deveria estar vendo assombração.
Revirei os olhos e arranquei o copo de sua mão, cheirando. Whisky.
- Tomou quantos desses?
- Hã... – ela olhou para o barman. – Eu tomei quantos desses?
Ele deu de ombros e sorriu.
- Uns quatro?
Ela sorriu de volta.
- Agora só faltam mais cinco doses pra completar meu telefone! – Piscou para ele, que riu.
Bufei e puxei o seu braço, fazendo-a virar para mim.
- Você não mostrou os peitos pra ninguém, mostrou? – travei o maxilar, com medo de ouvir a resposta.
- O que? Peitos? Como eu não pensei nisso? Seria mais fácil – ela balançou a cabeça algumas vezes e escorou o queixo nas mãos. – Bem mais fácil, eu tive que dar meu celular a ele. Quer dizer, a metade do meu celular até agora... – ela me olhou e começou a rir e se curvou para perto de mim, sussurrando: – Mas eu não me lembrava do meu celular. Espera... – ela riu mais. – onde está meu celular? – apalpou os bolsos do casaco e da calça.
- Olha só para você – balancei a cabeça. – Está podre! Tem noção de como suas amigas estão preocupadas? Você não pode sair por aí sem rumo e ficar bêbada! Tem só dezessete anos, !
- Grande coisa, Harry Styles – ela revirou os olhos, embaralhando as palavras. – Você não é tão mais velho assim.
- e estão morrendo de preocupação em casa. Você está sendo infantil e irresponsável.
- O que tem isso? – ela riu outra vez. – Eu decidi sair de casa hoje e imitar você, Harry! Idiota, e sem escrúpulos, irresponsável, não pensa em ninguém...
- Agora você está me insultando de graça? – Arqueei as sobrancelhas para ela. – Ok, já chega. Vamos embora. – Levantei do banco ao lado dela.
Ela levantou também e puxou o braço que eu segurava, cambaleando um pouco. Eu fiz menção em segurá-la, mas ela me afastou.
- Você acha... Harry... Acha que se ela fosse viva... Ela se importaria com isso? Acha que se ela estivesse aqui, talvez fosse ela dirigindo no meio da noite para me procurar?
Fechei os olhos por um momento. Eu não queria ser o cara a dizer à criança que coelho da páscoa não existe. Me aproximei dela, ficando há centímetros dela, e a segurei gentilmente pelos ombros.
- , ela não está aqui. Eu estou aqui. E não adianta você chorar, espernear ou sair de casa sem avisar aonde vai para chamar atenção... de alguém que não pode te ver.
Eu tentei explicar o mais gentilmente possível, juro que tentei. Mas ela ainda me olhou como se estivesse magoada. Mordi o lábio.
E então aconteceu.
Ela tocou uma mão em meu peitoral, e só ficou assim, parada, com a mão pousada no meu peito como se quisesse sentir meu coração ou algo assim, e aproximou o rosto do meu.
Eu estava um tanto quanto em choque pela aproximação repentina, então não movi um músculo e meu corpo ficou rígido. passou os braços pelo meu pescoço, fazendo com que minha resposta natural fosse passar as minhas pela cintura dela, e então passando uma de suas mãos pelos meus cabelos e minha nuca antes de puxar meu rosto de encontro ao dela e selar nossos lábios devagar.
Tudo bem, ela devia estar quase entrando em coma alcoólico. Eu devia me preocupar?
Não sei o que me deu, mas mesmo sabendo que ela não tinha noção do que estava fazendo, eu correspondi ao beijo com vontade. Porque era bom. E não sabia o quanto queria fazer isso de novo até que aconteceu. Ela pediu passagem e eu cedi, separando meus lábios e começando de verdade um beijo com sincronia e sem raiva ou qualquer tipo de emoção forte demais, como fora da ultima vez. Era calmo, e bom. E suas mãos que brincavam com meus cabelos me faziam arrepiar, era como se ela estivesse me segurando em suas mãos, ao contrário de como geralmente é, e eu me sentisse meio vulnerável. Mas de um jeito gostoso.
sorriu em meio ao beijo, e isso de alguma forma fez parecer que ela via isso. Que sentia isso. E eu me senti exposto, estranho, e tão de repente como apareceu, o sentimento bom sumiu, me deixando meio envergonhado de mim mesmo.
Então eu a afastei de mim pelos ombros, e nos encaramos por, tipo, três segundos, até que ela começou a me estapear.
- Ai, ai, ai! – Segurei seus pulsos. – Tá louca?!
- Você! Tá abusando! De mim! – Disse, ainda tentando me bater.
Arregalei os olhos.
- Você tá maluca?! Você é louca, ?! Eu nem te...
Eu nem sabia o que dizer. Eu ria? Eu chorava? Eu gritava? Decidi pela quarta opção: arrastá-la dali para casa nem que fosse à força. Mas uma voz masculina me impediu antes, virando ela para trás pela cintura e a puxando para perto.
- Oi, docinho – O cara disse, sorrindo.
Era só o que estava faltando. Um tarado bêbado e maníaco.
- Será que eu posso te pagar uma bebida?
- Eca! – Ela fez careta. – Você tá fedendo. Me solta! – Tentou empurrá-lo.
- Só mais um, vai, linda.
Respirei fundo. Era disso que eu precisava.
- Ela disse que não. – falei, puxando de perto dele, e antes mesmo de ouvir a sua resposta, eu acertei seu nariz em cheio com o meu punho. O cara vacilou e meio que caiu por cima de uma mesa, eu balancei a mão no ar pela dor do soco e sorri. Agora sim eu estava realiz...
Um punho fechado também acertou bem no meio da minha cara antes mesmo de eu comemorar o soco que dei, e não consegui ver nada antes de meu corpo cambalear sobre um banco e minha cabeça bater com força no mesmo, e depois veio a pontada aguda de dor na cabeça.
- Ei, ei, ei! – dois homens apareceram empurrando o infeliz para trás. – sem briga na minha casa! Vazem, vazem!
O resto aconteceu em um borrão.
Me levantei cambaleando e segurei firme pela mão, puxando-a para fora do bar comigo enquanto minha outra mão tentava estampar o sangramento no meu nariz. Fui até o carro puxando-a pela mão enquanto ela caminhava rápido ao meu lado tentando me pedir para ir mais devagar, mas eu não dei ouvido.
Abri a porta do carona e a fiz entrar, ela sentou e eu fechei a porta, dando a volta no carro e entrando nele, antes de fechar a porta com um baque. Suspirei e fechei os olhos, deitando a cabeça para trás para estampar o sangramento.
Quando liguei o carro, decidi ir para minha casa, nem fodendo que alguém algum dia saberia que isso aconteceu.
- Está indo para onde? – ela perguntou, olhando curiosamente pela janela.
- Para a minha casa, já é tarde. – olhei no relógio do painel que marcava 1h45min. – amanhã te levo para casa.
não respondeu, e desviei meus olhos da rua para ela, vendo que ela estava com a cabeça escorada no banco e quase fechando os olhos.
Cheguei em casa outra vez depois de alguns minutos, ela já dormia profundamente no carro e achei difícil acordá-la, então parei o carro na frente de casa e abri a porta, deixando-a aberta e voltando para o carro para pegá-la. Nem eu acreditava no que estava fazendo, tudo que eu queria era um lugar confortável para deitar e dormir, e esquecer que absolutamente tudo sobre essa noite aconteceu.
Peguei passando um braço pelo seu pescoço e o outro por debaixo dos seus joelhos e tirei-a do carro, segurando-a com mais força e empurrando a porta do carro com o pé para fechá-la.
Entrei em casa e Louis, que estava sentado no sofá olhando algo na TV, se levantou na hora, meio assustado.
- Meu Deus, cara, você matou alguém?
- Cala a boca, Louis. – revirei os olhos.
- Espera, é a ?! – ele gritou. – O que fez com ela? E o que aconteceu com seu rosto?
- Longa história. Me ajuda aqui.
Ele foi até meu quarto e abriu a porta para mim.
Entrei no quarto, larguei-a na cama devagar e tirei seus cabelos do rosto. Tirei seus All Star surrados e larguei-os no chão sem fazer barulho, depois coloquei o edredom por cima de seu corpo e olhei-a de cima, para me certificar de que havia feito um bom trabalho. Eu sempre me impressionava: quieta ela era tão mais bonita. Quase angelical.
Fui até a porta e desliguei a luz, deixei um vão da porta aberto e voltei para a sala.
- O que foi que aconteceu, afinal?
Contei brevemente o que havia acontecido para Louis e pedi que ele mandasse uma mensagem para as meninas para avisá-las de que estava tudo bem enquanto eu guardava o carro. Depois que voltei, ele já estava no banheiro escovando os dentes.
- Como foi a noite com ? – perguntei, enquanto pegava uma toalha e molhava a ponta, para limpar o sangue que estava em meu rosto. Não era tanto assim, mas minha boca já estava começando a inchar.
Fui até o armário do corredor para pegar um travesseiro e um edredom para me cobrir.
- Legal – ele disse, e logo depois cuspiu a pasta e enxaguou a boca. – Ela é engraçada. – deu de ombros, indo para seu quarto. Ele parou na porta e me olhou. – Vai dormir na sala?
- O que você acha? – perguntei, enquanto largava o travesseiro no sofá e estendia o edredom ali.
- É que é engraçado – ele riu. – Uma garota que fique até de manhã na sua cama, faça você apanhar, e ainda te faça dormir no sofá. E vocês supostamente se odeiam.
Cansado, eu apenas sentei e mostrei o dedo do meio a ele, tirando os calçados e deitando no sofá.
Louis riu e entrou para seu quarto, fechando a porta em seguida. Fui até o interruptor e desliguei a luz, certo de que agora eu poderia ter algumas horas de sono tranquilo.
’ POV
Me virei na cama ao ouvir um barulho distante de sirenes. Mas assim que me mexi, meu cérebro pareceu dar uma volta em minha cabeça, se batendo em todas as paredes de meu crânio e me fazendo soltar um gemido de dor instintivamente. Abri os olhos, e tudo só piorou quando a luz forte da janela cegou meus olhos, então fechei-os outra vez. Pensei que fosse explodir a qualquer momento. Então me levantei devagar, tentando não fazer movimentos bruscos, e fiquei sentada na cama, olhando em volta. Onde é que eu estou?
Estava em um quarto onde os moveis eram brancos e o chão era escuro. A cortina estava aberta, e a vista da janela de vidro dava para a lateral de um prédio. Eu não reconhecia aquele lugar.
Me forcei a pensar em o que aconteceu na noite passada, enquanto tentava sem sucesso achar meus calçados ou meu celular. Me levantei e fui cambaleando até a porta, onde olhei meu reflexo acabado no espelho de uma cômoda. Meu Deus, o que eu fiz na noite passada?
Abri a porta devagar, e olhei para fora antes, me deparando com uma casa organizada e silenciosa. Andei pé por pé até a sala, e reconheci o lugar como sendo a casa de Louis e Harry. Mas... como eu fui parar ali?
Harry estava dormindo no sofá, com uma mão na frente do rosto e traços tranquilos, e pensei em esperar até ele ou Louis acordarem sem fazer barulho, mas ao dar um paço para trás me bati em uma mesinha de centro e derrubei um copinho de metal.
- Merda! – praguejei juntando o objeto.
Harry se mexeu no sofá e logo abriu os olhos, olhando diretamente para mim.
- Ei... – sua voz estava rouca e baixa pelo sono. – Você já acordou. - Ele sentou no sofá e passou as mãos nos olhos. – Como está se sentindo?
- Por que está gritando? – murmurei com uma careta.
Ele riu pelo nariz e se levantou.
- Vem cá – falou, dessa vez um pouco mais baixo, enquanto ia para a cozinha e eu o segui. Ele pegou uma xícara e colocou café dentro, depois levou-a ao micro-ondas e eu me sentei em uma cadeira.
- O que aconteceu com a sua cara? – perguntei, sem conseguir conter a curiosidade.
- Ah... – ele levou a mão à boca, onde estava cortado e um pouco inchado. – Tomei um soco – ele deu de ombros.
O micro-ondas apitou e ele tirou a xícara, senti o aroma de café preto vindo dela, e ele me entregou nas mãos.
- Toma, faz bem para ressaca.
Fiz uma careta e tomei um gole. Ele sentou na minha frente e esperou que eu tomasse um pouco do café, olhando para mim.
- O que exatamente aconteceu ontem à noite? – perguntei, tentando manter minha voz calma. – Fui eu que te bati? – Meu rosto se iluminou um pouco com essa ideia, mas logo sumiu. Eu era uma pessoa terrível.
- Você não se lembra de nada? – ele sorriu.
- Nada. – chacoalhei a cabeça, mas parei logo que percebi que isso provocava mais dor.
- Estava sozinha em um bar quando eu te encontrei. Você tomou um porre. – ele riu.
Olhei para a mesa e suspirei.
- Eu fiz muita merda, não foi?
- Bastante – ele concordou.
- Como foi que me achou?
- me pediu para te procurar – ele deu de ombros. – Vai entender. Eu te achei logo em seguida, então você começou a dizer um monte de coisa sem sentido...
Coloquei as mãos no rosto e suspirei.
- Eu vou me esconder em um buraco. – Resmunguei, e levantei a cabeça - E depois?
- Depois? – ele pigarreou. – Hã, depois um cara veio te agarrando e eu quebrei o nariz dele. E aí ele... – Harry apontou para seu rosto.
- Foi por minha causa? – me levantei, falando mais alto do que o necessário. – Que droga, Harry!
Ele me olhou como se tentasse medir a minha reação. Fui até a pia onde geralmente é guardado o kit de primeiros socorros e o achei ali. Soltei a caixa branca na mesa e a abri, pegando um pedaço de gaze e o soro para limpar seu machucado, molhando um pouco a gaze com ele.
- Vou cuidar disso, é o mínimo que eu posso fazer. Fica quieto. – Suspirei. – Você é maluco, fazer isso por mim...
- Bem, isso é verdade. – ele disse, no momento em que me sentei na cadeira ao seu lado e encostei a gaze no canto de seu lábio superior, onde estava cortado. Ele fez uma careta e deu um pulinho para trás.
- Desculpa – falei, apertando menos a gaze em seu machucado. – Ainda não recuperei totalmente os sentidos.
- Tudo bem. Como está a cabeça?
- Shh, para de falar. – Pedi. – Parece uma granada.
Ele sorriu, mas reclamou de dor em seguida.
Não pude evitar e ri um pouco dele. Quer dizer, olha para aquelas covinhas e os olhos verdes. Naquele momento, elas pareciam profundamente merecedoras de amor. Talvez tenha sido apenas o que ele fez por mim...
Ultimamente Harry tem demonstrado um pouco da bondade, e isso era algo que me chamava a atenção. Eu gostaria de conhecer seu lado humano, só para ter certeza de que aquele continua sendo o imbecil que eu conheci há alguns meses atrás.
- Os seus olhos são... legais. – Harry disse, olhando em meus olhos. Eu ainda segurava a gaze de leve em cima de seu lábio e estava bem perto de seu rosto.
Tipo essa humanidade, pensei.
Eu não podia negar que, fosse quem fosse, um idiota ou não, eu queria beijá-lo.
Tirei a mão de sua boca e me aproximei um pouco mais, só pela curiosidade do que aconteceria em seguida. Harry também se aproximou, e eu podia sentir sua respiração em meu rosto. Ignorando toda a minha racionalidade que pedia que eu me afastasse dele porque aquilo realmente não era uma boa ideia, fechei os olhos e encostei minha boca na dele com cuidado, mas Harry gemeu baixinho e eu me afastei.
- Não. – ri. – Não vai dar certo.
- Eu estava disposto a tentar. – Ele deu de ombros.
- Ainda te odeio. – Eu falei, e ele me encarou, sério.
- É recíproco – respondeu, fazendo uma caretinha.
Ri dele, mas me assustei quando Louis pigarreou na porta da cozinha.
- Ah, não, não. Por favor, não parem por mim – sorriu.
Suspirei e me levantei, um tanto (muito) constrangida, indo até Louis e dando um beijo em seu rosto.
- Bom dia, Lou.
- Bom dia, . Como está a cabeça?
- Como uma bomba. – ri. – Então, hã... será que um de vocês me dá uma carona até em casa?
Harry e Louis se olharam por um tempo, e olhei para eles também. Pareciam conversar pelo olhar e eu me senti de fora da conversa. Louis assentiu para ele e se virou para mim, batendo uma mão na outra:
- Não quer almoçar aqui em casa hoje?
Harry cozinhou enquanto eu tomei um banho e depois vesti uma blusa emprestada dele e uma calça que ficou da Eleanor. Nós almoçamos, o clima era leve, minha cabeça se recuperava aos poucos, e depois de um tempo eu nem lembrava mais de tudo que me afligira na noite passada.
Eles me deixaram em casa de tarde, e foram fazer alguma coisa da banda.
- Meninas, cheguei! – Gritei, ao entrar em casa depois de me despedir de Louis.
De primeira, não vi ninguém. Mas assim que virei para fechar a porta, alguém me deu um tapa forte no ombro direito.
- Sua idiota! Como você simplesmente sai do nada e deixa todo mundo com o coração na mão?! – era .
- Oi , me desculpa, eu...
- Eu não quero saber das suas desculpas! Você quase nos matou de preocupação! Será que pensou em nós, ? – apareceu, gritando.
- , eu sei que pisei na bola, vocês têm todo o direito de estarem bravas comigo...
- Ainda bem que você sabe, drama Queen. – disse.
- Gente, não vai se repetir, eu só estava mal por causa de minha mãe e então saí para tomar um ar, eu não planejava causar tudo aquilo...
- Quer saber? – disse, acabando com minhas desculpas por ali. – Eu estou cansada das suas desculpas. Você sempre acha que pode agir como uma irresponsável e sair ilesa. Cresceu pensando assim porque foi assim que seu pai te criou. Mas pra mim chega, tá bom? Eu não preciso disso! Não preciso ficar a noite toda acordada e ligar para meio mundo de pessoas para me ajudarem a te procurar, porque eu não sou sua mãe. Sua mãe morreu, , e isso não é justificativa para você sair por aí e fazer o que bem entender. Eu não vou tomar o lugar dela. Eu não sei como ser uma mãe, e estou cansada de tentar ser uma. Eu estou cheia desse comportamento. Cansei. A partir de agora, se quiser sair por aí e ficar bêbada, fique por conta própria, porque eu não vou mais ficar como a mamãe preocupada e idiota da história. – deu meia volta em seus calcanhares e foi pisando duro para seu quarto, e olhei para as meninas, assustada.
De onde veio tudo aquilo?
Niall’s POV
Começo de semana, a vida continua. Com ou sem namorada, com ou sem sol, porque aquele dia nublado estava horrível, e com ou sem comida no estômago, porque ninguém parecia querer parar em lugar algum para eu comer.
- Será que vocês podem parar para comprar um hambúrguer ou algo do tipo ou querem dar essa entrevista sem um membro do grupo presente? – exclamei em nossa vã.
- Por que daríamos uma entrevista sem você? – Zayn perguntou, com a cabeça encostada no vidro e olhando o tempo lá fora.
- Porque eu vou morrer de fome!
- Por Deus, Niall! – Paul gritou lá da frente.
- O quê?! – revirei os olhos. – Eu fui acordado em cima da hora, mal tive tempo para botar uma cueca, e depois vocês ficam falando que eu sou esfomeado? Eu não comi nada! Eu preciso de algo no estômago agora.
- Menino chato! – Liam reclamou, e Harry me jogou um pirulito em formato de coração que encontrara no porta-luvas do carro, lá no banco da frente.
Paul parou no drive Thru pediu o maior hambúrguer possível para mim e o maior copo de Coca-Cola.
- Coma isso – ele me entregou tudo nas mãos. – E se aquiete, já estamos atrasados.
- Valeu Paulão – ri.
- Me dá um pedaço? – Harry pediu, ao meu lado, mas virei o corpo para o outro lado, negando. Quem ele pensava que era? Eu não dividia comida. Com ninguém.
Tá, tirando a pipoca que dividi com no cinema de domingo. É que ela achava que uma grande era demais, então me pediu para pegar uma só e dividiríamos. E quem sou eu para dizer não a ela? Tudo que ela falava é como uma ordem para mim, eu me sentia idiota e ao mesmo tempo feliz por realizar todas as suas vontades. Era mais bobo do que o normal quando estava com ela. No final das contas nem vimos o filme direito, apenas rimos do homem que estava em nossa frente dormindo, enquanto sua acompanhante estava emocionada com o final da história. Quando Chris Evans tirou a roupa toda, ficando só de cueca, tapei seus olhos e ela riu bastante, e logo depois segurou minha mão para tirá-la de seus olhos e não a soltou mais durante pelo menos meia hora. Parecia coisa boba, afinal tenho certeza de que ela nem percebeu que segurava minha mão, mas eu aproveitei cada minuto da pele dela em contato com a minha como se fosse o último. Eu já era um caso perdido quando se tratava de .
- E como vai o coração, Niall? – a entrevistadora perguntou a mim, me tirando de meu devaneio. Quando digo que penso nela o tempo todo, é o tempo todo mesmo, eu nem vejo as coisas acontecerem à minha volta.
- Batendo... – respondi, apenas, roubando risadas dela e das fãs que estavam no estúdio.
- Sabe a quê me refiro. E quanto à ? Vimos várias fotos de vocês dois juntos ultimamente, a última tirada ontem na entrada de um cinema.
- É, eu e ela realmente passamos muito tempo juntos, principalmente nesse tempo em que estamos descansando da turnê em Londres. Estamos meio que em férias, e gosto de aproveitar meu tempo com ela. é uma garota divertida e simpática, é uma boa companhia no geral, e todos aqui gostariam de conhecê-la.
- Gosto o jeito que fala dela. – a mulher sorriu, e olhei para baixo, me perguntando se eu falara demais ou se meus olhos me entregaram enquanto falava dela. Olhei de canto para Liam, e ele me lançou um sorriso tranquilo.
- E quanto ao fim de... – ela olhou em seus cartões. – Elounor... li direito?
- Sim. – Louis falou. – Sim, Elounor era o nome de meu romance com minha ex-namorada, Eleanor. Coisa das fãs – ele deu de ombros.
- Ah, entendo. E então, como você está passando por isso?
- Eleanor é incrível. Nós concordamos em ser bons amigos.
Bullshit.
A entrevista – assim como a semana – passou lentamente. Essa semana tudo que tínhamos para fazer era dar entrevistas e achar jeitos de ficarmos mais próximos das fãs por meio de tardes de autógrafos em vários lugares por dentro do Reino Unido. Na quarta-feira, quando fomos para a Irlanda, senti saudade de casa, mas sabia que logo eu voltaria para minha casa para rever meus pais por um ou dois dias, assim que pudesse. Não vimos as meninas ou falamos muito sobre elas, por mais que todos já soubessem que uma delas nunca saísse de minha cabeça.
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