CAPÍTULOS: [Único]











Should I? Could I?
Have said the wrong things right a thousand times
If I could just rewind, I see it in my mind
If I could turn back time, you'd still be mine
You cried, I died
I should have shut my mouth, things headed south
As the words slipped off my tongue
They sounded dumb
If this old heart could talk
It'd say you're the one
I'm wasting time when I think about it



Você já parou para pensar que não há como saber qual vai ser a última vez que duas pessoas vão se falar? Não há como saber qual será a última coisa que dirão um para o outro?

abriu os olhos e precisou de um tempo para se acostumar ao brilhante e lívido clarão do nada. Ele estava em lugar nenhum, em cima de coisa alguma, e não sentia nada. Não era frio nem calor, barulhento nem silencioso, real nem imaginário. A única coisa que ele tinha consciência – e isso era tudo que ele tinha e tudo que ele era, uma consciência – era do ofuscante branco que tudo ao seu redor era. Não havia nada além daquilo... o branco luminoso que cegava sua visão.
Ande logo, . Temos coisas a ver... Ou melhor, a rever. Temos coisas a repassar. E não temos todo o tempo do mundo.
Quem... O que... Como...? O que era isso em sua cabeça? Quem era que... Estava... Falando? Não havia nada em volta, não era um som que vinha de alguma direção, era mais como um... Pensamento? Não é possível. Podia isso ser... A sua...?
Consciência? Hm, podemos chamar disso, para poupar explicações. É, Consciência. Me chame de sua Consciência, ou tanto faz. Agora vamos. Precisamos começar.
Mas onde ele estava? E por que não se sentia... vivo? Por que não conseguia lembrar de nada, e de como parara ali? Por que tinha o estranho sentimento de que aquele era o fim?
Sim, . O fim. Chegaremos lá. Agora, vejamos. Onde tudo começou a dar errado? Pense. Onde foi o seu primeiro grande erro?
Erro? Bem, ele cometera muitos erros, será que tinha como ser mais específica?
Era uma sensação estranha, essa, a de não lembrar quem era nem o que fizera. Ele sabia que cometera muitos erros, por exemplo. Sabia, porque sentia, que era um cara que cometia erros o tempo todo, que era assim que ele era, e que não podia se desculpar por isso, porque ele não podia mudar. Ele sabia porque sentia que era assim, mas não lembrava do porquê, ou de ocasião nenhuma em específico agora. Será que perdera a memória? Talvez houvesse se acidentado e agora não soubesse quem é, apesar de saber que é alguém? Sabia quais eram as suas características, mas não sabia nada mais sobre ele mesm-
Oh, , por favor, chega. O egoísmo, o egoísmo que transcende barreiras. Essa, aliás, é uma característica sua, esse egoísmo. Por que acha que estamos falando de você? Não, não estamos falando de você. Então agora pense! Onde tudo começou a dar errado com ela? Pense!
Mas a palavra “ela” trouxe a a resposta sem que ele precisasse perguntar quem “ela” era. O rosto de apareceu – não, literalmente apareceu – no nada em frente a eles. Seu rosto simples e liso, seu cabelo escuro e curto, alinhado e reto, dançando acima dos seus ombros, materializou-se no branco ofuscante em volta deles, em forma de uma lembrança de seu sorriso enquanto eles dançavam em algum lugar, os olhos cor de mel da garota brilhando para ele. Ele quase podia sentir suas mãos segurando a cintura dela, ele lembrava exatamente qual era sua textura, o seu cheiro, a sensação. Os sons da festa logo começaram a ser ouvidos através da lembrança, e como se o sugasse de repente, logo ele caiu dentro do próprio pensamento. Estava dentro da própria lembrança, só que assistia como um terceiro.
olhou em volta, assustado e confuso, por um tempo. As pessoas que dançavam, riam e conversavam em volta dele pareciam menos reais, como se ele pudesse atravessá-los como se fossem fantasmas, e ele soube que ninguém ali o via, mas ele podia ver todo mundo. Então voltou-se para si mesmo no meio da sala de visitas onde a festa estava rolando e prestou atenção a si mesmo e a ela, a garota mis bonita da festa, parada em sua frente, dançando com ele. Ele sabia que era a eles que precisava assistir.
Ah, bingo. O seu primeiro grande erro. Logo na primeira noite, ou devo dizer madrugada?
olhou para o relógio na parede da casa, que marcava três e meia da manhã. Ele sabia o que viria a seguir, por isso olhou de novo para si mesmo e se viu aproximar-se do ouvido da garota e sussurrar alguma coisa:
- Quer sair daqui?
- Não sei se deveria. – Ela respondeu, ainda sorrindo. Ele se afastou um pouco do seu rosto para olhá-la nos olhos.
- E por que a dúvida?
- Porque você é o tipo de cara que faz parte dos piores pesadelos do meu pai.
reconheceu o sorrisinho satisfeito que apareceu no próprio rosto quando a ouviu falar isso, e ele mesmo, assistindo à lembrança, não pode evitar sorrir. Não se lembrava desse momento, mas ele realmente aconteceu – e a satisfação ainda era a mesma, só que dessa vez em relembrar do primeiro momento em que percebeu que gostava dela.
- Mas também posso fazer parte dos seus melhores sonhos. Só precisa me deixar te mostrar.
Esse foi o primeiro grande erro dela. Mas estamos aqui para falar do seu, não é?
suspirou pesadamente. Achava que sabia o que estava por vir.
Ele assistiu aos dois saírem porta afora da casa onde a festa estava rolando, e o garoto subir em sua moto e oferecer o capacete reserva a . Ela o pegou, depois de pensar por um segundo, e colocou na cabeça, subindo na moto atrás de , que colocou seu próprio capacete e deu partida na moto, voando para longe dali.
O que assistia a tudo voou com eles. O mundo era um borrão escuro com pontos de luzes amareladas passando por eles, enquanto os braços de apertavam sua cintura com força e o vento batia em seus rostos. A cidade estava vazia, silenciosa e parecia o palco perfeito para a maior obra prima que o mundo já vira.
O próximo destino fora o complexo de arenas mais famoso da cidade, fechado àquela hora, é claro. segurou firme a mão de e a fez correr com ele pelo estacionamento vazio mais rápido que o vento, a vendo rir enquanto perdia o fôlego o acompanhando. Eles chegaram à porta dos fundos de uma das arenas, e ela arquejou quando o viu tirar de dentro do bolso da jaqueta um molho de chaves e abrir a porta para os dois.
- Onde você...?
- É um sonho, não é? – Ele sorriu de canto para ela. – Sonhos não precisam de explicações.
Ainda segurando sua mão, entrou atrás dele no complexo deserto e escuro, e acompanhou-o por um grande corredor. Chegaram a uma porta que dava a uma escada, e subiram vários lances até chegarem a outra porta. Ele parou ao lado dela, segurou a maçaneta, e antes de abrir olhou no rosto dela.
- Feche os olhos. A melhor parte vem agora, e você não pode acordar.
Ainda sorrindo, ela concordou em fechar os olhos. Ele a posicionou em frente à porta, e então empurrou-a para que se abrisse. A garota deu um passo à frente, sentindo um fraco sopro tocar seu rosto, e ao abrir os olhos deu de cara com a imensidão de uma arena vazia, estando de pé na última fileira das cadeiras mais altas. O ar fugiu de seus pulmões, e seu sorriso deu lugar a uma expressão completamente desnorteada e surpresa por um momento. Estavam sozinhos no imenso The Garden, uma arena só para eles.
- Oh meu... Meu Deus.
- Mas você pode me chamar de . – Ele soltou um riso fraco e passou por ela, descendo alguns degraus no corredor entre os bancos à sua frente. Parou e virou para , a olhando. – Você não vem?
Depois de mais um momento, ela o seguiu. Começaram a descer, e logo estavam correndo novamente, descendo níveis e níveis, fileiras e cadeiras e mais níveis, até chegarem ao nível da quadra. Os dois pularam os ferros que cercavam a quadra e precisou de um momento, caminhando no enorme salão, para entender onde estava. Estava mesmo caminhando por onde os maiores astros do basquete passavam correndo, por onde os maiores astros da música ficavam de pé, em cima de seus palcos, para cantar. Ela não conseguiu para de andar a esmo no meio da quadra por um tempo, sem conseguir prestar atenção a nada além daquilo, e de como a imensidão da arena a fazia se sentir uma formiguinha.
Até que ouviu o eco de uma bola picar com força no chão se espalhar por todo o espaço, afastando-se em ondas sonoras e alcançando até a última fileira de cadeiras lá em cima. Olhou para o lugar de onde o som viera e viu que havia puxado um carrinho cheio de bolas de basquete de um canto, e tinha uma nas mãos, brincando com ela e picando-a no chão.
- Devemos?
Ela abriu um sorriso, sem conseguir evitar.
Jogaram por um tempo. Ele era bem maior, é claro, mas não contava com o fato de a garota gostar de basquete, e acabou levando várias fintas da garota, que não o dava descanso. Por fim, ela empurrou-o para longe com o peso do corpo e correu para a cesta com ele em seu encalço. Ela pulou no momento em que ele esticou os braços para segurá-la e conseguiu com o impulso arremessar a bola e fazê-la entrar, dando um grito de vitória, que transformou-se em um de susto quando sentiu ele a puxar para baixo e a fazer cair no chão. Acabaram por rolar um em cima do outro, rindo no final.
O rosto dele estava a centímetros do dela, as risadas foram lentamente dando lugar a olhares profundos e respirações entrecortadas, e encontrava-se novamente assistindo à cena e lembrando perfeitamente do modo como seu coração estava pulando em seu peito naquela noite, naquele momento.
- Não. – Ela murmurou, já de olhos fechados e com suas bocas há milímetros uma da outra. – Se nos beijarmos agora, eu vou acordar.
Um sorriso se formou no rosto dele. Ele assentiu, e se afastou, se levantando. Esticou uma mão para ela, a fazendo levantar, e se encararam por um momento com sorrisos nos rostos, até ouvirem uma porta ranger e barulhos de passos ecoando lá de cima, do lugar por onde entraram.
- Você...! , seu filho da puta! – O guarda, parado lá em cima nas arquibancadas, gritou antes de começar a descer correndo.
arregalou os olhos e agarrou o pulso dela.
- Corre! – Ordenou, a puxando junto quando começou a correr.
Praticamente pularam por cima das grades que rodeavam a quadra do lado oposto ao do que o guarda vinha enquanto ouviam os passos rápidos dele ecoarem atrás deles. a guiou pelo corredor que saia da arena enquanto corriam, os cabelos dela voando com o vento, a adrenalina pulsando em cada centímetro do seu corpo. Precisaram parar quando deram de cara com uma grande porta fechada e agilmente procurou a chave, a colocando na fechadura e girando enquanto via o guarda chegar cada vez mais perto deles, correndo. Ele empurrou a porta com força e a puxou com ele ao desatar a correr novamente, e ela o viu jogar a chave por cima do ombro e gritar:
- Valeu pelo favor, Bill!
Ao que o guarda novamente rosnou e começou a xingar entre a respiração ofegante, ainda correndo.
Chegaram ao hall do grande complexo e a guiou para fora, para a noite estrelada. Eles correram, correram muito, sem parar, pararam atrás de um dos prédios para recuperar o fôlego e tentar ouvir os passos do guarda que estivera atrás deles, e então correram um pouco mais, até enxergarem a moto de outra vez.
Eles subiram nela, colocaram os capacetes, e deram o fora dali mais rápido que um raio, deixando um guarda suado gritando palavrões enquanto dirigia um carrinho de golf para trás.
A próxima parada fora uma barraca de cachorro-quente na esquina de uma praça meio deserta, perto do apartamento dela. Havia um casal de garotos caminhando por ali de mãos dadas enquanto riam bobamente de algo, uma idosa com um cachorro, e eles. Tomaram duas garrafinhas e meia de água, compraram os lanches, e começaram a andar pela praça em volta da fonte de água enquanto comiam, o pensamento de ainda na loucura que fizeram há poucos minutos, em como ela nunca sentira aquilo antes.
- Foi... Incrível. Foi inacreditável, como em um...
- Sonho? – Ele a olhou, ambos sentados no muro que rodeava a fonte depois de terem comido, e riram juntos. Ela assentiu. Pensou por um momento, e voltou a olhar para o rosto do garoto, perfeitamente desenhado, perfeitamente imperfeito, como se saísse de um livro de ficção. Sua pele morena, seus olhos negros reluzentes que pareciam brincar, provoca-la, seus cabelos compridos, ondeados, rebeldes, desgrenhados, sua jaqueta de couro. A sua barba, que cobria um sorriso perfeitamente não ortodoxo.
- E eu ainda não sei o seu nome.
- Talvez... Você não devesse saber agora. Talvez devesse esperar, esperar para quando acordar, e ter certeza de que não vai esquecer.
O sorriso novamente dançou nos lábios dela, e ela procurou a mão dele com a sua para segurá-la.
- É preciso dormir antes de acordar. – Murmurou, trocando um olhar com ele, antes de levantar e puxá-lo com ela.
E então estavam em seu apartamento. Ele era bonito, organizado e estava vazio. Ela tinha um gato, morava sozinha e gostava de plantas e quadros, mas não descobriu aquilo naquela noite, porque nunca chegaram a ligar as luzes, e o caminho até o quarto fora coberto por beijos e tentativas de não tropeçar em nada. Mas da maciez da sua cama e do leve aroma de hortelã dos lençóis ele se lembra bem.
O resto da noite fora abafado, prazeroso e, depois que ela caíra no sono, um tanto quieto demais. Ele se lembra de sentar na cômoda e olhar pela janela para a cidade lá fora enquanto fumava um cigarro, antes de se levantar, olhar para a garota enrolada nos lençóis em cima da cama e com os cabelos cobrindo parte do rosto, e pensar que ela parecia uma obra prima, antes de decidir ir embora.
Antes que ela acordasse e pudesse saber o seu nome.
Mas o que nunca havia visto antes, e que vira agora, como um espectador de sua própria vida, fora acordando, horas depois, com o sol já alto no céu, e encontrando-se sozinha na cama. E a expressão em seu rosto ao olhar em volta e perceber que caiu no pior dos truques – um truque da mente, que te fazia desacreditar em si mesmo. Fora real? Fora mesmo um sonho? – e a imagem fez seu peito doer.

Tudo bem, . Tudo bem. Não havia como você saber, naquele momento, que isso era tudo que ela mais temia. Ser abandonada, mesmo que por um estranho, desde que fora deixada naquela parada de ônibus por sua mãe quando era pequena. Não era sua culpa que não soubesse, naquele momento, que para esse negócio de uma noite só nunca seria uma boa ideia. Que ela se apegava a tudo com a maior facilidade, porque era assim que ela era, que não conseguia evitar por mais que tentasse com todas as suas forças, e que ela já sabia que hora ou outra, podia ser uma hora ou um ano depois que te viu pela primeira vez, ela sofreria. já sabia disso. Ela soube quando viu você pela primeira vez.
Mas o seu erro foi fugir, como você sempre faz. Naquela noite, quando sentiu pela primeira vez um sentimento desconhecido, quando deixou o medo se apoderar do seu peito depois de perceber que as coisas foram diferentes de todas as outras noites, e quando fugiu, você errou. Esse foi o seu primeiro grande erro.
E é por isso que, agora, antes que o tempo acabe, precisamos partir para o segundo.


Could I? Should I?
Apologize for sleeping on the couch that night
Staying out too late with all my friends
You found me passed out in the yard again
You cried, I tried
To stretch the truth, but didn't lie
It's not so bad when you think about it


Talvez o maior erro dela tenha sido te dar outra chance. Você não concorda, ?
sabia que havia verdade naquilo. Ele não conseguia entender nada, além dos pensamentos em sua cabeça, daquela voz, que clamava ser dele próprio, dizendo aquelas coisas dentro do seu cérebro. Tudo além disso era branco e sem foco.
É, com certeza esse foi o maior erro dela. Você se lembra de como aconteceu?
Sim, ele lembrava. Lembrava da noite em que se reencontraram em uma festa de amigos que tinham em comum, uns dois ou três meses depois daquela noite. ainda sentia que a noite que tivera com ela foi mais intensa do que qualquer outra quando pensava naquilo, mas fato era que ele não pensava muito frequentemente naquilo. Então vê-la foi uma surpresa, e ele notou que ela já o havia visto, então não teria como fugir mesmo que ele quisesse. Foi aí, naquela noite, que ele, se sentindo estranhamente bem e em paz com essa decisão, decidiu dar uma chance ao que quer que pudesse acontecer. Esse tipo de coisa não era do seu feitio.
Eles conversaram. Primeiro, fizeram joguinhos, depois conversaram sério sobre aquela noite. Eventualmente descobriu que a noite fora tão memorável para ele quanto para ela. Ela viu em o que, a partir daquele momento, só ela via: quem ele era por dentro, quem tentava esconder a todo momento, o cara bom e vulnerável que ele não se permitia ser. E percebeu que era a única que via-o de verdade, como nem ele conseguia se ver, e ele não soube dizer se gostava ou não daquela sensação estranha de estar exposto.
Bla, bla, bla. Isso não é importante, vamos pular essa parte...
Sabe, você é bem irônica para uma consciência.
Bem, eu parti de você, então o que esperava?
Hm. Bem pensado.
Então, resumindo: eles ficaram juntos. A partir daquele dia, por muitos outros dias. Eles lentamente começaram a se conhecer, a descobrir os segredos e as particularidades um do outro. Eles se gostavam, ambos sabiam disso, até mais do que era saudável. sabia que era um cara difícil, e que ele a machucaria, porque ela também era bastante sensível. Mas ela o mantinha bem, e era como sua missão, mantê-lo bem. Porque ela via nele uma pessoa delicada, cujas particularidades e detalhes não eram percebidos por outras pessoas. Ela percebia até nos mínimos detalhes o que magoava , ela o lia como páginas de um livro, mesmo que nem ele se conhecesse tão bem. E ela amava conhece-lo assim. Ela amava cuidar dele, porque isso a fazia bem.
Só que ele não a fazia bem, às vezes. Ele era – é – explosivo, impulsivo e tudo de mal que pode derivar disso. Ele fala sem pensar, age sem pensar, xinga quando precisa pedir desculpas e no final das contas se culpa por tudo – até pelo que não era só culpa dele. Só que o problema disso, e o que mais desgastava a ela e ao relacionamento deles – era que apesar das milhares de desculpas e das milhares de vezes, ele sempre fazia de novo. E ela já estava começando a pensar que ele não tinha salvação.
A festa. Vamos falar sobre a festa.
E então, se lembrou. Como se só naquele momento ele fosse permitido de lembrar, como quando ela disse o nome de pela primeira vez, a festa veio na sua cabeça, e ele sentiu uma pontada de medo misturada com algo que parecia arrependimento e outras coisas ruins.
É, essa festa. Quanto tempo fazia que estavam juntos, nessa altura?
Uns dezessete meses, mais ou menos. Eles já se conheciam há um bom tempo. Já sabiam tudo que havia para saber de mais importante um sobre o outro.
Ok, então eis o contexto.
...
O contexto da festa.
Ah, sim. A festa. O contexto, é claro.

O que acontece é que foi criada pelos avós e pelo pai, militar de alto escalão do exército americano e sujeito muito rígido, para dizer o mínimo. Sua mãe, como já foi contado, a abandonou quando ela tinha dois anos e meio em uma parada de ônibus nas redondezas de um bairro pobre, com um bilhete no bolso que continha apenas o nome do seu pai biológico. Pouco se sabe sobre ela, além de que era uma mulher muito pobre e que fora um caso de uma noite só de seu pai, que nunca mais teve nada sério com uma mulher depois de descobrir da existência da filha. Tirando todo esse episódio traumático, fora criada por uma família muito amorosa, protetora e bem de vida. Ela era bem cuidada ao extremo, nada nunca a faltara.
Talvez seja essa coisa de a mocinha e o deslocado, a santinha e o encrenqueiro, a Dama e o Vagabundo que os tivessem juntado no final das contas. Sabe como pode acontecer muitas vezes de a vida, como uma piada cruel, imitar a arte de maneiras bastante convincentes.
Então, sobre a festa.
Na verdade a festa não estava nos planos de nenhum deles. Era um tipo de rave que duraria mais de 24 horas, só que mais particular, planejada por uns amigos de que constantemente causavam brigas entre ele e . Ela reclamava que não gostava deles, da influência que passavam e das coisas que eles faziam, e que se não podia impedi-lo de sair com eles, então ela não iria mais junto. Só que apesar de saber que a festa ia rolar, não demonstrou nenhuma vontade de aparecer por lá de início, então decidiram que fariam qualquer outra coisa juntos na noite da festa.
Foi então que ficou sabendo que seu pai estava voltando de uma viagem de muitos, muitos meses com o exército para ver a filha, e queria conhecer seu namorado.
E não soube dizer exatamente o que foi que o deu a pancada na cabeça: se aquilo, se o medo, o nervosismo, as conversas cada vez mais constantes sobre “devíamos adotar um gato, porque eles são ótimos animais de estimação”, ou a troca da palavra “se” por “quando a gente se casar”, ou o nível de intimidade que eles atingiram e que estava indo cada vez mais longe e o fato de que ele nunca havia sido tão próximo de alguém assim antes... Fato é que, como um bom e velho homem, fugiu.
O jantar com o pai dela fora marcado para aquela noite, a noite da festa. Ela sairia da aula de direito e iria para lá, e ele deveria sair do serviço e encontrar os dois no restaurante. Estava tudo planejado.
“Está tudo bem, ? Tem certeza? Tudo certo para amanhã há noite?”
“É claro, tudo certo. Combinado.”
Por fora ele estava bem. podia sentir o cheiro do medo, mas o que ela não conseguiu detectar a tempo fora o cheiro da merda que rolaria a seguir. Ela só achava que ele conseguiria enfrentar aquilo, e que seria um episódio engraçado para contarem aos filhos no futuro.
Mas não foi.
saiu do serviço naquela tarde e foi para casa, no automático, tomar banho e trocar de roupa para o jantar. Mas foi quando estava terminando de se arrumar em frente ao espelho que parou, encarou a si mesmo, e deixou que o sentimento enjaulado no seu peito de desespero se apoderasse dele, sem fazer objeção nenhuma. Assim como sabia ser um grande homem ele também sabia ser um grande babaca, e era quando ele decidia ligar o modo foda-se e deixar aquela parte dele comandar como se não houvesse amanhã que as merdas aconteciam. O que o motivou a fazer isso naquela noite foi olhar para si mesmo no espelho e ter mais uma vez aquele pensamento corriqueiro de “o que diabos um cara como eu está fazendo como uma garota como ela? merece algo melhor. Nós dois sabemos disso. Então vamos deixar o babaca agir”.
É, ele fazia muito isso. Ela já havia pegado o jeito, percebido que era um mecanismo de defesa dele, um modo de afastar as pessoas, de afastar ela, de fazê-la querer desistir dos dois, só que todas as vezes antes daquela noite ela havia pegado o blefe, ela o havia puxado de volta para os eixos.

Ah, , sempre fazendo besteiras. Nunca aprendeu... Nunca fez certo...
Então, como você já deve estar imaginando, ele trocou o jantar pela festa. Subiu em sua moto e dirigiu até fora da cidade, na chácara onde ela já devia estar rolando, e entrou depois de dar seu nome que estava na lista. Quando já estava dentro, olhou no relógio de pulso sentindo aquele nervosismo e embrulho no estômago e notou serem oito da noite, a hora em que combinaram de jantar. Sentiu o coração disparar ao pensar que ela estaria lá àquelas horas, no restaurante, se perguntando porque ele estava atrasado e se alguma coisa séria teria acontecido.
Como se lesse sua mente, seu celular tocou com o nome dela no visor. recusou a ligação e colocou o celular no bolso, olhando em volta e procurando por uma bebida. Encontrou uma garota gostosa bebendo shots de tequila com uma pequena multidão e foi até lá, recebendo um shot na boca da garota que passou o polegar por seu queixo onde uma gota do álcool escorreu e piscou, sorrindo para ele, quando engoliu a bebida.

Agora estamos chegando lá! No grande momento. No segundo erro!
Ugh, ok.
Duas horas se passaram, e já estava completamente alterado há algum tempo. Cada vez que sua mente viajava para onde estava e o quanto ele a havia magoado dessa vez, ele tomava mais uma generosa dose de álcool para se forçar a esquecer. Estava suado, ofegante e eufórico no meio das pessoas pulando e gritando ao som da música eletrônica ensurdecedora, e começou a pensar que talvez alguém tivesse botado algo em um daqueles copos de bebida que pegou por aí. Seu peito parecia prestes a explodir de tão forte que seu coração batia.
Em certo momento, ele pegou o celular para olhar a hora de novo, no meio da multidão, e viu as seis ligações perdidas dela. Antes mesmo que pudesse se sentir mal e procurar outra dose de bebida, o celular começou a vibrar com mais uma ligação de , e ele precisou de um tempo encarando a tela para pensar no que fazer.
Normalmente ele não atenderia, mas movido por seja lá o que fosse, ele atendeu. Levou o celular ao ouvido e começou a tentar sair do meio da multidão para algum lugar onde pudesse ouvir a voz dela, sendo empurrado vez ou outra por alguém. Só quando conseguiu chegar num canto afastado ele ouviu:
- ! Onde... Por quê?! – Foi tudo que ela disse, depois de um suspiro frustrado. – Por quê?
Bem, ela sabia onde ele estava e qual o estado em que provavelmente se encontrava, porque o conhecia. Então a única pergunta que restava fazer, realmente, era por que. Mas ela também provavelmente entendia a resposta daquilo melhor do que ele. era um medroso, covarde e egoísta. Aquilo não era segredo, e esse era o porquê.
- Por que não me disse... Que não queria, que não estava pronto, ou eu não sei... Eu diria a ele, eu explicaria, diria que você não podia hoje. Eu teria entendido se você não quisesse também, mas você não me fala, não é? Você nunca fala! Você sempre mente, e diz que está tudo bem, que tudo vai correr bem, que você vai se comportar como gente pelo menos uma vez! E eu acredito, eu sempre sou burra, tão burra, e acredito em você! – Agora ela estava chorando, aparentemente incapaz de parar de falar tudo aquilo que queria dizer. – Eu estou tão cansada das suas mentiras, estou começando a acreditar que isso não é sobre você, é sobre mim, é sobre não gostar de mim o suficiente... Acho que você realmente quer que eu desista, não é?
tinha um nó na garganta. Ele não tinha certeza se poderia chorar ou vomitar naquele momento, mas a segunda opção era mais provável. Depois de um momento de silêncio dele, ela gritou do outro lado da linha, entre o choro:
- Me responda!
- Faça o que quiser, ! – Ele respondeu, ríspido. O nó na garganta agora descia para o seu peito, o causando uma dor incompreensível. – Faça o que merda você quiser. Eu estou fazendo isso.
Ele pensou em desligar, mas antes disso ela novamente exclamou:
- Não! Você não vai fazer isso comigo assim, não hoje, você entendeu? Você já estragou tudo hoje, eu mereço mais do que isso. Eu quero olhar na sua cara enquanto você me diz a verdade pelo menos uma vez na sua vida. Eu quero que olhe para mim e diga que quer terminar, que todos esses meses que gastei com você foram em vão, que estou sendo idiota por achar que você sente o mesmo, ou que diga que você realmente vai mudar dessa vez, porque eu sou boa demais para isso, eu mereço mais! Então você vai vir aqui, falar a verdade na minha cara, ou eu vou ter que te forçar a isso?
- Eu não... – Sua voz morreu na garganta dele, enquanto segurava o celular com tanta força que sua mão doía.
- Claro que não. – Ela respondeu, um tempo depois. – Você nem deve estar em condições de dirigir.
Silêncio novamente.
- Essa é a última vez, . Eu vou estar aí em meia hora, e vamos terminar logo com isso.
A chamada ficou muda. encarou o celular por um tempo, sem conseguir acreditar que mais uma vez, mesmo depois de tudo, ela estava vindo por ele, porque sabia que ele não estava em condições de sair dali.
O mundo todo girava ao seu redor cada vez mais rápido, a música parecia embaralhar seu cérebro, e ele queria encontrar algo em que se apoiar, mas só conseguia ver borrões em sua volta. Sentiu um susto quando alguém tocou em seu ombro, o puxando para trás, e quando se virou ele deu de cara com a garota gostosa que estivera conseguindo drinks para ele a noite toda sorrindo para ele.
Ela o puxou pela nuca e o beijou, e quando se afastaram a gravidade parecia estar falhando, e a última coisa que lembrava era de sentir o corpo cair contra a grama úmida do chão.

Agora é onde as coisas começam a ficar confusas, certo? Então deixe eu te dar uma mão.
Meia hora depois, lá estava ela. também tinha o nome na lista, como acompanhante de na festa, então entrar não foi um problema. O lugar estava lotado, barulhento e sujo, e ela tentou ligar para ele duas vezes para encontra-lo, mas o telefone só chamava.
O que aconteceu em seguida foi típico e óbvio: ainda com o celular no ouvido ela o viu, caído no gramado em um canto daquela bagunça toda, com uma garota ao seu lado que parecia tão mal quanto ele, apesar de ainda estar consciente. A garota, confusa e atordoada, tinha o celular de na mão, que ainda tocava com a foto de no visor, quando ela o tirou do ouvido.
A garota que estava segurando o celular olhou para ela, parada há dois metros olhando para os dois, e olhou para o visor e novamente para ela.
- Hum... Você é a ? – Mostrou o celular, e engoliu em seco desligando a chamada.
Apesar de todos os pequenos erros que já cometera com ela antes, a garota nunca havia se sentido tão humilhada assim. E foi por isso que, naquele momento, ela desistiu.
Eis aqui o seu segundo grande erro: fazê-la desistir. Você conseguiu, , levar melhor garota que teria a sorte de conhecer em sua vida miserável, ao extremo. Machuca-la tão profundamente, que a fez desistir de algo que pensava que a fizesse bem, apesar de tudo. Foi nesse momento que desistiu de você.

I should have drove all night
I would have run all the lights
I was misunderstood
I stumbled like my words, did the best I could
I 'm hanging outside your door
I've been here before
Misunderstood


O seu terceiro grande erro, . O grand finale. Te dei a resposta para as duas últimas questões. Agora essa aqui é com você. Preparado?

saiu da festa o mais rápido que pôde. Ela só queria encontrar um jeito de apagar todas as coisas que vivera com um cara que tirou mais dela do que ela estava disposta a dar. Queria apagar os momentos ruins, mas principalmente os bons e tudo que mais sentiria falta, pois estava disposta a afastar-se dele para sempre, para o seu próprio bem. Ele era tóxico, a envenenava, a fazia mal. E o pior era que, conhecendo-o como ela o conhecia, ela sabia que aquele era ele, e ele não mudaria.
Ela pegou seu carro e dirigiu, o mais rápido que pode, para longe dali.

acordou minutos depois, a cabeça pesando uma tonelada e meia, a sensação em seu cérebro era de que ele havia rodado e rodado sem parar por minutos seguidos como quando era criança, e agora estivesse tentando se manter no lugar. Seus sentidos estavam comprometidos e ele se sentia tão enjoado, que a primeira coisa que fez ao abrir os olhos naquele gramado fora virar para o lado e vomitar.
Agora além de tonto e dolorido, ele sentia como se suas entranhas estivessem se desfazendo. Mas tão logo quanto conseguiu se pôr de pé vacilante, a primeira coisa que disse fora:
- .
Ela estava vindo. Estava vindo para falar com ele, busca-lo, e desde que aquela garota estranha o beijara e ele apagou no gramado daquela chácara, a única coisa que seu cérebro o dizia era “você precisa consertar as coisas. Essa é a última chance.”
- Ah, ela esteve aqui.
A voz da garota e o fato de ela ainda estar ali e ele não ter percebido o assustou. Ele olhou para ela, sentada no chão perto de onde ele estava, parecendo mal como se ela mesmo já houvesse vomitado algumas vezes. Sorriu amarelo para ele.
- Acho que peguei pesado naquele papel, não é? A mistura não fez bem.
- Você botou... droga... na...? – grunhiu, pressionando os punhos contra os olhos afim de tentar retomar a consciência completamente e parar de balbuciar coisas sem sentido.
- Sim, papel. LSD. Pensei que você quisesse, eu te perguntei e você fez que sim...
- Eu não ouvi nada do que você disse a noite toda. Eu não conheço você!
- Bem, isso não te impediu de nada, impediu? – Ela sorriu de canto e arqueou as sobrancelhas. Ele balançou a cabeça, afim de deixar aquilo para lá.
- Você disse que ela esteve aqui? ?
- Ah, sim. – A garota levantou a mão e o estendeu seu próprio celular. – Senti ele vibrar muitas vezes no seu bolso, então peguei. Era ela. Mas ela chegou aqui antes que eu pudesse atender. Te viu, aqui atirado, e... Se foi – deu de ombros, logo antes de começar a se levantar do chão com dificuldade.
A garota perdeu o equilíbrio mas conseguiu ficar de pé. Passou as mãos na saia que usava e olhou em volta.
- Preciso comer alguma coisa. Você vem?
Mas já estava há alguns metros dali, caminhando o mais rápido que conseguia até o lugar onde lembrava de ter estacionado sua moto.
Precisava encontra-la, precisava encontra-la agora. Aquilo não podia terminar assim. Ele sabia agora, sabia que fora um idiota por muito tempo, e que essa era sua última chance. Ele estava cansado de fazer besteiras e culpar a si mesmo depois e tentar fazer melhor e voltar a fazer besteira, precisava quebrar aquele ciclo. Precisava parar de resmungar sobre não ser bom o suficiente para ela e começar a ser. Ele sabia agora que estava pronto para jantares, gatos, apartamentos e casamentos, qualquer coisa, desde que fosse com ela. Não podia, não seria com mais ninguém.
Ignorou o que o segurança dizia tentando convencê-lo a chamar um taxi ou a pegar uma carona, e quase entrou em uma briga com o cara para conseguir pegar a chave de sua moto a força. O cara ficou xingando e disse que chamaria a polícia e daria a eles o número da placa, mas ele apenas ignorou. Não havia tempo a perder, nada podia impedi-lo agora, ele precisava alcança-la agora. Amanhã seria tarde demais.
colocou o capacete, deu partida na moto e correu para longe dali. Se perguntou há quanto tempo ela já devia ter saído enquanto entrava na estrada deserta e escura, tudo era um borrão em volta dele, o vento gelado cortava a pele de suas mãos no guidom, mas ele não se importava. Estava com os olhos fixos na estrada, mas enquanto isso sua mente voava cada vez para mais longe dali. Lembrou-se da noite em que a conheceu. Lembrou-se de como amava aquele rosto, aquele cabelo castanho, seu sorriso iluminado, seus olhos brilhantes, o espacinho entre seus dentes da frente, a pequena mancha que ela tinha no olho esquerdo. Lembrou-se como gostava da comodidade de acordar todo dia ao lado dela e se xingou, perguntando a si mesmo o que diabos ele queria em sua vida se não fosse ela.
Então nesse momento foi que percebeu. Ele percebeu que só não sabia dizer o que mais queria nesse mundo porque já tinha o que mais queria. Ele já tinha ela. Todo o resto não era tão importante, era por isso que ele se sentia tão vazio quando tentava fugir dela e do compromisso, porque fora daquilo, fora da vida que criaram juntos ele não tinha nada, ele não era nada. Ele reconheceu que a amava tanto, naquele momento, que faria o que fosse para poder conquistar o direito de provar que podia compensá-la por tudo.
Ele percebeu.
No momento em que a luz de sua moto, correndo há cem quilômetros por hora na estrada, iluminou aquele cervo atravessando a rua lentamente, ele percebeu. No momento em que por reflexo ele virou a direção bruscamente para a direita e percebeu automaticamente que não havia volta para aquilo, ele percebeu. No momento em que o mundo desapareceu, em que tudo ficou escuro, e seu espírito se separou do seu corpo, ele percebeu.

Então, . Já descobriu? Já sabe qual foi o seu último grande erro?
Já, ele pensou. Foi ter percebido o quanto a amava tarde demais.

I stumbled like my words, did the best I could
Damn, misunderstood
Intentions good


O vácuo perdurou por muito tempo. Sua consciência sumiu, e só o que restou fora silêncio e uma escuridão sem fim.
Então, finalmente, ele voltou a ver a luz. A luz ofuscante e dolorosa, que ardia os olhos, e que lentamente começou a espalhar a dor por todo seu corpo.
Por um momento, tudo ficou confuso. A primeira coisa a voltar fora o tato. Depois a visão e, então, lentamente, a audição.
- ? – Ouviu o murmúrio e sentiu o aperto doloroso em sua mão, mas nada conseguiu dizer.
Então sua visão se ajustou, e a primeira coisa que pode discernir fora uma cortina de cabelos castanhos e olhos brilhantes, a mancha que tanto amava no olho esquerdo.
Por último, veio aquele sorriso iluminado. E um bom tanto aliviado, também.
Fim.



Nota da autora: A melhor música do Bon Jovi não podia ficar de fora desse mixtape, né?! Por favor, se você leu e tem algum comentário/crítica, me deixe saber aqui embaixo. E se gostou da minha história, leia meus outros trabalhos! Tks xx
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