Última atualização: 23/09/2016

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Capítulo 8

We got that sweet hot loving
Dancing in the dark
Out in the streets we're running
Shut down every block
So put your arms around me baby
We're tearing up the town
'Cause that's just how we do

’s POV

Era quarta-feira. Meio de semana. Apenas quinta e sexta-feira e eu estaria livre, pensei enquanto encarava o teto de meu quarto. Rolei na cama, para chegar até o criado mudo e desligar o abajur, já era tarde. Depois de deitar outra vez em meu travesseiro macio, respirei fundo e senti aquele familiar perfume masculino que eu sentia com bastante frequência desde que ganhara a camiseta de Liam, que era a que eu estava usando, aliás. Me perguntei se o cheiro era coisa da minha cabeça, já que eu já havia lavado uma ou duas vezes a roupa e continuava o sentindo, mas não podia ser. Além disso, me perguntei onde ele – e aqueles quatro idiotas – estaria há essa hora. Em algum lugar da Inglaterra, talvez? Em Londres? Em casa, visitando a família? Em suas casas, dormindo? Não via Liam desde o show, há duas semanas, e acho que sentia falta de seu jeitinho meigo e fofo perto de mim, o que era engraçado porque nunca me apeguei tanto a um garoto assim como me apeguei a ele. Eu realmente não sabia o que, mas algo nele era diferente. O que talvez não fosse bom também, porque ele tinha namorada e eu realmente não podia me apegar tanto assim, a ponto de sentir seu perfume sem mais nem menos antes de dormir e ficar pensando em onde ele devia estar.
Fui interrompida ao ouvir duas batidinhas na porta, e falei um “entra” baixo.
- Oi, . – botou a cabeça para dentro do quarto. – Posso entrar?
Olhei-a por um segundo. Eu estava evitando falar com ela, mas realmente não imaginei que ela, orgulhosa do jeito que é, não fosse vir me procurar tão cedo. Mas eu estava grata por ela fazê-lo.
- Entra.
Ela veio até minha cama e sentou na ponta, me sentei em seu lado.
- Vim atualizar os dados de quantas vezes mais vou ter que me desculpar. – Ela sorriu sem jeito. - Me desculpa, tá legal? Eu nunca quis te deixar daquele jeito. E eu sei que passo dos limites às vezes, mas nenhuma dessas vezes eu fiz com a intenção de te deixar chateada, e...
- Para – pedi. – Eu fui idiota em te falar aquilo, principalmente da sua mãe. Eu entendo, de verdade. E você tem todo o direito de ficar revoltada com a vida e sair por aí e tomar um porre pelo menos uma vez por ano, o problema é que eu não consigo fazer isso por achar errado e por isso acho que ninguém mais pode fazer. Eu passo dos limites também, e nunca quis te magoar ou ser rude com você.
- Estou desculpada?
- Sim – sorri. - Eu estou?
- Está – ela riu e me abraçou. – Eu não quero perder minha irmã. Você é uma das quatro coisas mais preciosas da minha vida, sabia?
- Para com isso – senti meus olhos marejarem, mas não era por tristeza nem nada do tipo. – Eu te amo, .
- Também te amo, boba.
Pude dormir muito melhor depois de fazer as pazes com minha irmã e melhor amiga. Tanto que até me senti mais disposta na manhã seguinte, quando fui trabalhar. O dia foi totalmente igual aos outros, às vezes eu me sentia presa em uma rotina cansativa e começando a entender porque adultos são tão chatos: nada nunca muda em sua vida. Eu estava com medo de minha vida cair no esquecimento e nada de novo acontecer nunca. Precisava que alguém me tirasse desse tédio profundo e me mostrasse algo novo. Talvez um lugar, um momento, ou um sentimento novo, algo que me surpreendesse.
Ao pensar nisso enquanto almoçava na lanchonete ao lado da editora, meu celular tocou em cima da mesa, me assustando.
- Alô?
- Oi , é o Liam.
- Liam!
- Tudo bem?
- Sim, você me assustou, eu estava...
- Desculpa! – Ele riu. – Está fazendo o quê?
- Almoçando. E você?
- Nada demais, tá um tédio aqui em casa, estou sozinho. E isso é estranho.
Fiz uma careta involuntária por algum motivo que não me incomodei em entender.
- Que droga.
Ele riu de novo.
- Então, eu te liguei para fazer uma proposta.
- Estou ouvindo – disse.
- Escuta, eu comprei um fim de semana em um hotel-fazenda com Danielle, mas ela acabou de me dizer que não vai poder ir. Zayn também comprou para ele e , eles vão ter que dar uma entrevista para um programa de TV juntos e Simon deu a ideia de irem para lá para parecer que estavam passando um fim de semana em casal.
- E...?
- E, que eu pensei que talvez você quisesse ir comigo. Você sabe, estou cansado de ficar sozinho.
Não falei nada por um longo segundo, pensando na proposta que me foi lançada. Era... qual é mesmo a palavra? Ah, certo, irrecusável. E estranha, contando que eu estaria no lugar da namorada dele em um hotel fazenda com ele.
- Não vai ser nada estranho, se é com isso que está preocupada – ele riu do outro lado, e me perguntei como ele sabia exatamente no que eu estava pensando. – Tem várias coisas divertidas para fazer lá, pensei que nós dois precisávamos descontrair um pouco, seria legal me divertir com você por um tempo. Eu não queria desperdiçar o dinheiro, sabe?
- Entendi... – falei, assentindo para mim mesma, sozinha no restaurante. – Pode ser, Liam. Obrigada por me convidar, vai ser divertido.
- É, vai ser – pude jurar que ele sorria do outro lado. – Então até mais tarde... eu acho.
- Até mais, Sr Payne.

’s POV

- , Liam me convidou para...
- Passar um fim de semana em um hotel fazenda com ele, eu e Zayn – concluí, enquanto se jogava no sofá ao meu lado.
- Isso. Como sabe?
- Zayn me contou.
- Então ele já te convidou também?
- Aham, me ligou hoje de tarde para convidar. Você sabe – suspirei e levantei as pernas, colocando-as em cima das pernas dela. – Vida da namorada de Zayn Malik não é fácil, não.
- Hum, já tá se achando assim, é? A fama tá subindo à cabeça?
Nós duas rimos.
- Coisas, hum... diferentes estão acontecendo entre nós, sabe.
- Ah é? – Ela me olhou, interessada. – Tipo o quê?
- Eu... – me senti um pouco envergonhada do nada. Talvez tudo não passasse de coisa da minha cabeça. – Eu já não sei mais até que ponto fingimos, e quando não é mais fingimento. Ele insiste em dizer que somos bons amigos, e nós somos, quer dizer, eu não espero que sejamos mais do que isso na vida real, mas...
Dei de ombros. Eu não sabia explicar.
- Você tá afim dele?
- Essa pergunta é completamente idiota, . Que pessoa na face da Terra não ficaria afim de Zayn? E vou confessar: – cheguei mais perto de seu ouvido. – Ele beija bem pra caramba. Mas não estou dizendo que estou apaixonada por ele e nada do tipo, eu só...
- Você beija o cara o tempo todo, e tem que ficar lembrando que isso é só fingimento, mas enquanto estão se beijando não parece que estão fingindo, e você se pergunta se ele também sente isso, e ao mesmo tempo tem que lembrar que na verdade são apenas amigos. Então tudo que você pode afirmar com certeza é que tem algo entre vocês, mas não sabe o que é.
-É, exatamente isso! – Falei para ela. – Como sabe?
deu de ombros.
- Só me coloquei no seu lugar.
- Você é boa nisso, hein?
riu e deu de ombros outra vez.
- Eu estou tranquila ainda, só espero que isso não tome proporções maiores e acabe estragando nossos planos. Eu quero mesmo ajudar Zayn, não posso deixá-lo na mão, e cá entre nós, fingir ser namorada dele é bem divertido. Ter um namorado é uma coisa bem legal, porque na frente das câmeras eu sou a namorada, e por trás delas eu sou a melhor amiga, que conversa besteiras e ri.
- É o melhor dos dois mundos, baby.
Ri de , e ela acabou por rir também.
Suspiramos e ficamos em silêncio prestando atenção na TV por um tempo. e estavam conversando no quarto e estava no quarto dela, era noite de quinta e estava tudo um pouco quieto demais naquela noite. Estávamos olhando um programa qualquer do Discovery Channel, que simplesmente adorava, chamado À Prova de Tudo.
- Posso te perguntar uma coisa? Mas responde sinceramente.
- Manda – disse.
- Você não acha estranho que Liam tenha me convidado para ir no lugar da namorada dele? Não estou insinuando nada, ok? Só acho meio estranho isso, era para ser um fim de semana romântico.
- Eu acho legal da parte dele, . Vocês vão poder curtir várias coisas legais como amigos, e o fato de você ir no lugar de Danni foi porque ela não pode ir e ele não queria desperdiçar o dinheiro. E todo mundo sabe que você e Liam são os que mais se dão bem juntos.
- É, isso é verdade. Eu gosto dele, sabe. Ele é tranquilo, quieto, na dele, e engraçado. Ele tem muito em comum comigo e não precisa se esforçar para me fazer rir, gosto de gente assim.
- É... dá pra ver isso, vocês se acertam.
- Bom – ela se espreguiçou. – O chato é que vamos perder o fim de semana na chácara com as meninas.
- Ah, nós temos muitas outras oportunidades para ir lá ainda. Só quero saber do Harry, coitado. Niall e Louis vão para Doncaster e ele vai ficar sozinho. Você sabe, ele é o bebê dos meninos, como a é pra gente.
- Harry sabe se virar, garanto que ele vai achar algo para fazer.
- É, tomara.

Harry’s POV

- Vão! Vão logo! – Gritei, dramaticamente. – Andem! Me abandonem sozinho na pacata e enorme Londres! Eu vou ficar em casa o fim de semana todo olhando Esqueceram De Mim e chorando! Andem, vão logo!
Louis, que já estava entrando no carro, voltou até mim e me empurrou para dentro de nossa casa.
- Eu perguntei mil vezes se você queria ir, cara! Anda, ainda tem cinco minutos para fazer as malas – ele olhou a hora em seu celular.
- Não quero ir para Doncaster e ficar fazendo nada com você, suas quinhentas irmãs e Niall o fim de semana todo! Eu quero que vocês fiquem.
- Ah, Harry, pelo amor de Deus, vai se catar – ele me empurrou de novo, mas depois se aproximou e me abraçou brevemente antes de entrar no carro de vez.
Suspirei, e acenei de volta para Niall, que sorria para mim, irritantemente feliz, no banco de trás. Paul e Louis estavam na frente, e Paul partiu em direção ao aeroporto.
Entrei de volta em casa e fechei a porta atrás de mim. Comecei a trocar os canais da TV sem prestar atenção, enquanto pensava em algo para fazer durante esse fim de semana totalmente sozinho. Liam e Zayn provavelmente sairiam logo de casa, se é que ainda não haviam saído, e iriam curtir um fim de semana em um hotel fazenda com suas respectivas gatas. Espertinhos. Bem, não exatamente, mas como eu mantinha minha teoria de que logo mais ocuparia o lugar de Danielle na vida de Liam, então era mais ou menos isso.
Eu gostava de ficar sozinho, até isso realmente acontecer. Era tão acostumado a viver cada segundo da minha vida louca com aqueles quatro, que quando estava sozinho eu me sentia um abandonado na vida.
Pensei em ficar em casa sozinho por 48 horas, pedir pizza, comprar cerveja e ficar comendo e bebendo até morrer, mas não me parecia a melhor das hipóteses. Pensei em ligar para Ed para convidá-lo para umas baladinhas ou para sair por aí fazendo tatuagens ou sei lá, mas aí lembrei que Ed estava na América tratando de assuntos da carreira. Pensei em ligar para várias outras pessoas, como Rita, Cher, Cara, Carol, Cath, Sara, os meninos do Mcfly, ou qualquer outra pessoa que tenha na minha lista de contatos, mas todos eles provavelmente tinham coisas mais importantes e interessantes para fazer. Nem minha belíssima e brasileiríssima vizinha, Victória, estava em casa para mim. Então, em um sinal claro de desespero, liguei para .
- Harry?
- ! Ainda estão em casa?
- Sim Harry, por quê? O que aconteceu, você tá bem?
- Estou – ri. Eu pareci um pouco desesperado demais quando falei. – Sim, estou bem. Só queria saber se vocês ainda estavam em casa, fiquei sabendo que vão para a chácara esse fim de semana.
- Na verdade, estávamos saindo agora. Por quê?
- Eu só queria ver se... bem. É que estou completamente sozinho! Eu acho que não fico sem os meninos assim desde o X Factor.
- Harry... – ela soltou um risinho meigo. – Estamos passando aí em dez minutos, se arrume.
- Valeu, ! Por isso você é minha preferida – disse essa última parte mais baixo e ela riu, antes de desligar.

Desliguei o celular e joguei-o em cima da cama enquanto pegava uma mochila e jogava duas ou três peças de roupas dentro dela.
Logo mais as meninas pararam ali na frente e me deram um toque para eu sair. Peguei a mochila e saí, entrando no banco de trás do carro logo em seguida. dirigia, estava no carona e estava deitada atrás lendo um livro, mas sentou quando eu entrei, para me dar espaço.
- E então, as meninas já foram?
- Já sim, Zayn e Liam passaram cedo por lá.
- É, eu soube.
- Prontos para quatro horas de viajem? – disse, dando partida no carro. – Apertem os cintos.
Coloquei o cinto e ouvi rir, olhei para ela e vi que era do livro que segurava em mãos.
- Olhem isso: “quantos homens são necessários para trocar um rolo de papel higiênico?” – Ela leu. – “não se sabe, isso nunca aconteceu.”.
As meninas riram, e eu olhei para a capa do livro para ver o título. Por Que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?
- “Sabe por que Moisés passou 40 anos vagando pelo deserto? Porque se recusava a pedir informações”.
Todas riam, e gargalhava tanto, que precisou limpar uma lágrima que escorreu.
- Aqui diz que a mulher não se importa em admitir que errou porque, em seu mundo, isso é visto como uma forma de aproximação e demonstração de confiança. Mas para o homem, isso é admitir uma falha. E você já viu gente mais orgulhosa do que homens?
- Você é meio feminista. – Concluí.
pareceu me ver ali pela primeira vez desde que eu entrei no carro.
- De fato, meu caro. Mas este livro é neutro. Apenas trata cientificamente sobre as nossas diferenças. Coisas em que homens são melhores, e vice versa.
- Como em escutar, jogar futebol, dirigir... – falei.
- Ei! – disse, ao volante, e sorri para ela.
- Nem sempre – ela me corrigiu. – Mas é quase isso.
- Ou ler um mapa, ler uma planta e imaginá-la em três dimensões, estacionar o carro, ter senso de espaço... – continuei e ela assentiu.
- Na maioria dos casos. Mas a mulher é melhor em várias outras coisas.
- Como o quê?
- Como achar o pote de manteiga na geladeira. Ou como falar ao telefone e olhar a TV ao mesmo tempo. – Ela deu de ombros e abaixou seu olhar para o livro outra vez.
- Mas você sabe que se o pneu do carro estragasse agora mesmo, quem teria que trocar seria eu, né? – Arqueei as sobrancelhas.
- Me dê as ferramentas, e se não conseguir eu encontro alguém que faça para mim – ela falou, sem desgrudar os olhos do livro.
Dei de ombros e coloquei meus fones no ouvido, era inútil discutir com ela.

Liam’s POV

- É lindo! – sorriu.
- É, eu sei – falei, todo orgulhoso. Havíamos acabado de chegar ao hotel-fazenda e levei até uma colina ao lado do celeiro, onde, mais abaixo da colina, havia um lago artificial, mas que era lindo de se ver. Havia alguns animais na água, e em pleno auge da manhã o sol refletia na água calma. A margem do lago era muito extensa, ia de um lado a outro das cercas que rodeavam as terras da fazenda. Era como olhar para o mar, não se podia ver o fim, apesar de eu saber que ele terminava logo que as terras da fazenda chegavam ao seu fim, há uns três quilômetros de distância. – Podemos dar um passeio lá depois, você vai gostar, eu juro. O Niall ama, pelo menos.
- Já estiveram aqui? – Ela perguntou, enquanto virávamos para voltar para a pensão e tomar nosso café da manhã.
- Sim, nós viemos todos juntos aqui para passar um fim de semana há uns seis meses. Foi legal, tínhamos tudo só para nós, porque não tinha muita gente hospedada. Mas você vai gostar daqui, essa noite tem uma festa, por exemplo, só para as pessoas do hotel.
Assenti com a cabeça para frente, para o imenso pavilhão feito de madeira polida onde ficavam as mesas enormes do almoço, que iam de um lado ao outro do pavilhão, e a cozinha. Mais para trás tínhamos o salão de festas, que era mais ou menos como um galpão enorme e muito bem organizado, com o piso de mármore, mesas, bares, um palco para a banda country que cantava até certo horário, e depois tudo virava uma boate. E, logo ao seu lado, o prédio muito bem desenhado, que não era tão alto, mas era largo, e tinha corredores enormes, e cinco andares cheios de todos os tipos de quarto. Você podia se perder lá dentro, ou se sentir como se estivesse dentro do Titanic ou daquelas mansões sinistras de filmes de terror. Era todo feito de madeira envernizada fora e dentro, os balcões e todos os móveis, com um aspecto de antigo e lustres enormes, velas e candelabros em algumas paredes e tudo parecia como um cenário de filme. Tirando, é claro, o campo de equitação, os pedalinhos do lago, os campos de golf, basquete, futebol, tênis e vôlei de areia, as piscinas com água quente e com água normal, as para crianças e as com tobogãs gigantes, que era mais usada geralmente na temporada de verão, e os passeios por dentro do campo para dar uma boa olhada em todas as vistas bonitas que o lugar proporcionava e se sentir mais em contato com a natureza. E ainda me perguntam por que eu amava aquele lugar?
- Acho que vou gostar daqui – ela sorriu.
- Eu sei que vai. – Ri.
Nós tomamos café juntos com e Zayn, conversando e rindo o tempo todo, o lugar estava lotado, não havia mais quartos disponíveis para ninguém, só consegui porque eu era Liam Payne, e olhe lá.
Enquanto tomávamos nosso café, uma música leve era tocada pelo pianista em um canto do enorme salão, e estava um pouco quieta, mas parecia se divertir com o som, pois balançava um pouco a cabeça ao toque da música enquanto Zayn contava a elas alguma história engraçada, mas ela parecia nem estar presente. Comecei a me perguntar como Zayn podia não perceber que ela estava tão ausente.
Parecia que só eu conseguia ver nela o que outras pessoas não viam, e que para mim eram coisas fascinantes, como o jeito como ela se desligava de tudo e o mundo em volta dela passava sem ela nem perceber, como se estivesse dentro de uma bolha, seu mundo particular onde nada além dela existia. E geralmente, quando estava assim, ela tinha um sorrisinho leve nos lábios que ninguém além de mim conseguia enxergar. Me perguntei se algum dia alguém já conseguira perfurar aquela bolha e conhecer o mundo dela, mas cheguei à conclusão de que apenas pessoas realmente merecedoras entravam lá, e só se fossem convidadas por ela. Eu me peguei adorando tudo nela.
Me sentia culpado por me sentir assim em relação à quando eu já tinha uma namorada, a qual eu amava, mas estando perto dela a preocupação sumia e dava espaço a uma vontade imensa de conhecê-la por completo, que crescia dentro de mim toda vez que eu a via, e isso me consumia a ponto de só querer fazê-la se sentir do mesmo jeito quanto a mim. Mas eu sabia que só me tinha como um amigo, ela parecia milhares de anos à minha frente nesse negócio de conseguir controlar sentimentos e eu me sentia inexperiente junto dela.
Não sabia o que tudo isso significava, e sentia que só estando junto dela eu descobriria.

- E então, Sr. Payne, o que fazemos agora? – perguntou, andando ao meu lado com as mãos atrás das costas enquanto descíamos pela grama até chegar ao pátio onde existiam todas aquelas coisas que citei anteriormente.
- Você é quem manda hoje. – Dei um passo à frente, ficando na frente dela e andando de costas para poder falar de frente para ela. – O objetivo principal desse passeio é que você se divirta e se lembre de como é ser uma pessoa de dezoito anos outra vez.
- Ah... – ela sorriu um pouco e jogou a cabeça para trás, olhando para o céu azul.
- Olhe em volta. Você não tem filhos hoje.
- Eu não tenho filhos – ela riu.
- Ok, irmãs mais novas. Elas não existem hoje.
- Só quem existe sou eu, é? Está querendo me transformar em alguém narcisista?
- Nunca, Srta. ! – Ri. – Apenas lembrá-la que você também deve dar atenção a si mesma. E se me permite: não é só você que existe hoje – cheguei ao pé de seu ouvido e sussurrei: - somos nós!
soltou uma risada gostosa, eu quase podia sentir seu som vibrando dentro de mim, mas então percebi que era meu coração batendo forte, porque estávamos andando rápido demais.
- E então, o que quer fazer? – Perguntei.
Ela parou e olhou em volta.
- Você conhece o lugar. – Deu de ombros. - Me surpreenda.
Pensei bem em todas as alternativas que tinha. Eu podia fazer muita coisa durante todo o dia. Olhei para ela, com sua blusa bege larga e com um cinto fino e marrom na cintura, um pouco da blusa para dentro do calção jeans claro e um pouco curto e suas sandálias de salto baixo também marrons. Seu cabelo estava preso em um coque frouxo que deixava algumas mechas caídas por seu rosto, coisa que ela fazia quando estava com calor ou quando queria livrar o rosto dos cabelos. Decidi que precisava de um bom banho, e talvez de algum motivo para ficar irritada, coisa que ela não se permitia ficar normalmente. Sorri.
- Certo, fecha os olhos.
- O quê? – Ela riu.
- Não confia em mim?
- Eu confio em você, Liam, mas... – ela levou a mão à cintura e apoiou o peso em uma das pernas.
- Sem “mas”. Se confia em mim fecha os olhos e vem.
- Eu não...
- Ah, para – interrompi-a e fui para trás dela, tapando seus olhos com as mãos e indo em frente.
- Liam!
- Só anda, . Se permite confiar!
- Ok. Ok – ela suspirou. – Estou confiando.
Ótimo, pensei. Isso vai deixá-la ainda mais brava.
- O que está tramando, hein? – Ela perguntou depois de alguns minutos em que andávamos em direção às piscinas.
- Eu só vou te dar uma dica, certo? – Falei e ela assentiu. Então inclinei minha cabeça para frente e disse baixo em seu ouvido: - Hoje é dia de experimentar novas emoções.
Eu sorri ao ver que estremeceu um pouco pela minha proximidade e a pele de sua nuca ficou arrepiada. Ela suspirou.
- Onde foi que eu me meti?
Parei de andar assim que vi as piscinas ao longe, mas estavam cheias de gente gritando e ela escutaria quando estivesse mais perto.
- Para aí.
Ela parou e eu fiquei em sua frente para me certificar de que não abriria os olhos, então peguei meu celular, com seus fones de ouvido que estavam enrolados em volta dele, e desenrolei, colocando Coldplay para tocar no último volume e botando em seu ouvido.
- Por que isso? – Ela disse, alto.
- Para você não ouvir o que se passa em volta. – Expliquei colocando o outro fone em seu ouvido.
- Estou com medo de você, Liam. – Ela disse.
- Não precisa. – Falei. – Você sabe que eu não faria nada.
Ela abriu os olhos, mas em uma fração de segundos tapei os mesmos com as mãos.
- Não olha! Ah, , você vai estragar a brincadeira!
- O quê?! – Ela quase gritou por causa dos fones.
Rapidamente, pensei em um jeito que a impediria de espiar definitivamente, e tirei minhas mãos de seus olhos devagar, ela os mantinha fechados. Já que eu iria me molhar de qualquer jeito, tirei minha camiseta preta de gola V e a dobrei, deixando-a certa para passar pelos olhos dela e o fiz.
- Liam! O que é isso? – Ela levou a mão ao rosto. – Eu não quero mais brincar! – Falou, fazendo bico.
- Já estamos chegando, eu juro. – Peguei sua mão e a puxei devagar. A grama fazia uma leve decida até onde iríamos chegar.
Fui com ela até a borda da piscina grande e deixei-a de frente para a água. Então, rapidamente tirei os fones de seu ouvido, já levava a mão ao rosto para tirar a venda.
- Me desculpa por isso – falei para ela, antes de ela conseguir tirar a venda e a empurrei. caiu na água com um grito e afundou, voltando para a superfície uns momentos depois, e tirando minha camiseta de seus olhos.
Ela arfou, e quando abriu os olhos e me olhou, aquele olhar poderia me queimar vivo.
- Liam Payne! – Ela gritou, irada.
Não consegui conter uma gargalhada e dei dois passos para trás, tomando impulso para pular, e ela saiu do meu caminho na piscina. Pulei em seu lado e senti a água gelada estremecendo cada centímetro do meu corpo.
- Argh! Que coisa gelada! – Falei, só para sentir um empurrão em meus ombros logo que voltei à superfície, antes até de conseguir abrir os olhos.
- Por que fez isso, seu idiota? Você sabe que eu não gosto de água, Payne! Já é a segunda vez desde que nos conhecemos! Eu te odeio!
- Não, você não me odeia, só está zangada.
- Você disse que eu podia confiar em você! Por que fez isso?!
Eu a encarei sorrindo.
- Me diz: há quanto tempo não sentia isso? Seu sangue ferver nas veias e a vontade de socar alguém? É bom, não é? Adrenalina! E você estava se esquecendo de como é. Não vou deixar você cair nessa monotonia de virar uma garota que só se importa em cuidar dos problemas dos outros e se esquece de si própria, . Eu não quero que se torne isso.
Ela me olhou por um tempo, seus cabelos estavam molhados e bagunçados e ela segurava minha camiseta em uma das mãos.
- Bem clichê, hein, senhor sensível! Ainda estou zangada. – Falou, depois de um tempo.
Eu ri e comecei a chateá-la para não ficar brava comigo.
- Vou começar a cantar Beatles bem alto para você, se ficar bicuda comigo.
- Não vai, não! Eu vou te bater com essa camiseta se você fizer isso!
Tomei fôlego e comecei a praticamente berrar uma das músicas mais famosas da banda: “DON’T LET ME DOWN! DON’T LET ME DOWN!” Todo mundo começou a encarar a gente, e ficou vermelha feito um tomate.
- Liam, Liam para! Para, caramba, para!
- Fala de novo! – Falei, entre risos.
- Falar o quê?!
- Me xinga de novo, .
- Meu deus, Liam, você está bêbado? Qual o seu problema?!
- Ah, qual é, você pode fazer melhor do que falar “caramba”. Anda!
Ela não disse nada por um longo segundo, então eu levantei uma sobrancelha como que para ameaçar começar a cantar de novo, e quando tomei fôlego ela pulou em mim e tapou minha boca.
- Não, não! Caralho Liam, para com isso, seu merdinha!
Comecei a rir sem parar depois disso, eu alcançara o primeiro objetivo do dia.
- Eu te odeio!
- Odeia nada. – sorri para ela, que me deu a língua. Minha voz saiu abafada pela mão dela que estava em minha boca.
E então, devagar, ela foi abaixando a mão para tirá-la de minha boca, e pousou a palma da mão em meu peito, me olhando nos olhos. Estávamos mais perto do que o permitido por lei a alguém comprometido. Mas a parte traidora de mim queria que ela se aproximasse mais, e foi isso que ela fez.
- Quero que saiba de mais uma coisa – sussurrei, tão perto dela.
- Pode dizer.
- Essa foi a única vez em que traí sua confiança. – Passei a mão em seu cabelo, colocando-o atrás da orelha. – Isso é uma promessa.
me encarou nos olhos, e aquele foi o momento mais intenso da minha vida.
Só que antes da boca dela tocar na minha, um cara GG escorregou pelo tobogã, que era ao nosso lado, e caiu bem atrás de , nos provocando uma chuva e fazendo uma onda enorme chacoalhar nossos corpos, ela quase caiu por cima de mim e se agarrou em meu pescoço.
- Puta merda – ela murmurou com o susto.
- Tá, já pode parar com os nomes.
- Eu sei – ela riu, nervosa.
Ri também e apertei mais minhas mãos que nem percebi quando foram parar ao redor de sua cintura, tomando proveito da situação para colar o corpo dela no meu. não parecia ter nenhuma objeção, pois ainda estava abraçada com força em mim e seus pés estavam em cima dos meus, seu corpo rígido.
- É impressão minha, senhorita, ou você tem medo de água?
- Eu não tenho medo... – ela começou a negar, mas parou e olhou para mim, e depois suspirou e rolou os olhos. – É, eu tenho medo de água sim, porque minha melhor amiga perdeu a mãe desse jeito e eu já me afoguei uma vez.
- Ah, é? – Perguntei, com um sorrisinho de canto e me aproximei de seu rosto.
- O que está fazendo? – Ela perguntou, os olhos arregalados.
Levantei uma das mãos que estavam em sua cintura para o meio de suas costas e o outro braço passei totalmente ao redor de sua cintura, passei um dos pés por trás das suas pernas e a empurrei levemente para trás, ela caiu devagar e eu pude segurá-la levemente em cima da água e com apenas a parte de trás da cabeça mergulhada, ela se segurou ainda mais forte em mim e pude sentir suas unhas arranhando minha nuca, mas seu corpo estava imóvel.
- Não precisa ter medo, eu não vou te deixar cair.
Ela olhou para mim, ainda um pouco assustada.
- É sério, , confia. Eu não vou te largar. – Olhei nos seus olhos. – Eu juro.
Aos poucos, foi relaxando o corpo e também as mãos em volta do meu pescoço, e agora eu a segurava totalmente na superfície da água.
- Agora fecha os olhos e abre os braços.
Ela pareceu me olhar com incerteza.
- Vai, vai lá – sorri.
respirou fundo e fez o que eu disse, abriu os braços e fechou os olhos, e eu já podia imaginar como ela se sentia. Isso dava uma sensação de liberdade e conforto, e era como se tudo em volta de você ficasse silencioso de repente, e nada importasse no mundo nesse momento, você podia entrar em contato com você mesmo e era a melhor sensação do mundo. Corpo relaxado, mente relaxada.
Com o tempo, ela já estava com as pernas esticadas também, e sorriu um pouco, o que me fez sorrir instintivamente. É normal isso? Se sentir tão bem fazendo uma pessoa feliz?
Era como se, para mim, tudo que existisse no mundo naquele momento fosse , e somente ela. E eu a estava segurando. Pela primeira vez em tempos, era ela quem pertencia a alguém, quem precisava ser cuidada e segurada, e eu queria que pudesse ser assim por mais tempo. Tê-la como prioridade e não deixá-la cair, não largá-la, era só isso em que eu conseguia pensar. Meu coração pulava em meu peito, e eu comecei a acreditar que algo muito especial estava rolando ali. Porque nunca havia sentido isso antes.
Depois desse momento em que perdi totalmente a noção do tempo e espaço ao meu redor, ela abriu os olhos e puxei-a de volta, deixando-a de pé em minha frente, e aquela droga de sorriso em seu rosto estava radiante direcionado a mim.
- Eu... – comecei a falar algo que nem sabia o que seria.
- Obrigada. – Ela disse. - Foi incrível.
me abraçou e seu rosto encaixou na curva do meu pescoço, senti sua respiração quente na minha nuca e me arrepiei. Mas ela ficou assim por um bom tempo, com a cabeça deitada em meu ombro e me abraçando pelo pescoço.
- Ei, Liam.
- Hum?
- Estou com fome. – Riu.
- Niall, é você? – Ri também.
- Sério.
- Então vamos lá. – Falei.
Nos separamos e fomos para a borda, subiu primeiro e eu subi logo em seguida, ela me deu minha camiseta e eu a torci, mas não me dei ao trabalho de colocá-la, todos os homens ali estavam sem camisa.

’s POV

- Finalmente! – Harry pulou de dentro do carro assim que estacionou em frente à casa. – Eu estou faminto.
Ri de seu jeito afobado. Harry se parecia muito com uma criança às vezes, e olhando pelo retrovisor para ele e no banco de trás, eram como duas criancinhas brincando, apesar de eles não trocarem muitas palavras um com o outro. Pelo menos, a relação deles parecia ter melhorado desde que os meninos voltaram da turnê.
- Espero que meus tios tenham comida pronta, porque eu não sei cozinhar – disse, descendo do carro assim como eu e , e fomos em direção à porta da frente.
- O Harry sabe – falou com descaso, e eu parei para olhá-la com uma sobrancelha levantada. – Ele cozinhou quando passei a noite na casa deles. – Ela deu de ombros.
- Hum...
- Dobby! – gritou, mudando de assunto rapidamente, logo que abriu a porta e o labrador pulou para fora. – Você vai para casa dessa vez, garoto! Temos uma casa para você agora!
Harry e ignoraram sentada na porta e passando a mão na cabeça do cachorro, e passaram reto, entrando na casa e indo para a cozinha apostando corrida. Eu me abaixei ao lado de e fiz carinho nas orelhas de Dobby também.
- E aí, garotão?
Dobby olhou para mim e lambeu minha mão como sua forma de me dar oi.
- O que aconteceu de verdade, na noite do bar, ? – Perguntei, curiosa.
- Eu já disse! Eu fiquei bêbada, Harry apareceu, o cara bateu nele e fomos para casa.
- Não me parece ter sido só isso. Quer dizer, ele está um pouco diferente com você desde então. Não sei se percebe, mas eu percebo. É como se cada movimento que você desse, ele observasse com todo cuidado do mundo para ver se você está bem. Não parece mais o garoto que te odiava há algumas semanas atrás.
- Acho que passamos dessa fase de brigas, só isso. Nós já superamos essa infantilidade.
- Ei! – o garoto de quem estávamos falando apareceu na porta da cozinha. – Tem pizza! Uhu!
Nós duas rimos.
- Talvez não tanto – ela disse, e nos levantamos para ir comer.

- Nós só comemos pizza, não é mesmo? – Falei. – Não é saudável.
- Quem liga? – deu de ombros.
- Ah, gente – terminou de comer e empurrou seu prato na mesa. – Vou subir e tirar um cochilo, acordei cedo demais hoje.
Ela se levantou e subiu escada acima correndo.
- Idosa! – Gritei quando ela estava no meio das escadas. - Legal, e agora a louça sobra para gente.
- Para gente nada – me disse. – Eu coloquei a pizza no forno, a louça é sua.
- Nada feito! – Gritei. – Qualquer um bota a pizza no forno.
- E qualquer um lava quatro pratos e quatro copos!
- Bom, meninas, o papo tá bom, mas eu vou subir e deitar um pouco também – Harry sorriu e fez o mesmo que .
Certo, agora sim sobrou só para mim.
- Vou assistir TV, divirta-se. – saiu da mesa e foi para a sala.
- Que injustiça... – falei para mim mesma enquanto tirava a mesa e colocava tudo na pia. – É assim que conhecemos as verdadeiras amizades, não é mesmo?!
Lavei a louça pensando em como Niall e Louis estariam agora, e o que estariam aprontando em Doncaster, e depois me juntei a no sofá.
- Lembra da Sue?
- A sua prima?
- É. Ela me mandou uma mensagem nos convidando para ir lá agora de tarde, conhecer o “boy” dela.
- De novo? Ela muda de “boy” mais do que de calça!
riu.
- Lembra quando ela e a quase arrancaram o cabelo uma da outra?
- Sim. Por causa de um rímel estúpido.
Se estivesse aqui, ela já retrucaria que “não era só um rímel estúpido, era Chanel! E eu ganhei! (Insira um sorriso convencido aqui)” ri.
- Legal, a Sue é gente boa.
- É. Quer ir?
Dei de ombros. Não faríamos nada de interessante em casa mesmo. Nós só fomos passar o fim de semana ali para pegar o Dobby, agora que morávamos em uma casa e ele tinha pátio para ficar.
- A não vai querer ir.
- E daí? – sorriu. – Vamos deixar ela e Harry dormindo. Garanto que nem vão perceber nossa falta. Cá entre nós, , eles sabem como se manter entretidos juntos.
- Você é malvada, hein? – Empurrei-a e nós duas rimos.


Zayn’s POV

- , anda logo aí, você já está no banheiro há uns vinte minutos.
- Você também usou esse tempo, Malik.
- Mas eu... eu sou o Zayn, não você – revirei os olhos. – Vamos nos atrasar. Já estão nos esperando.
- Querido, eu sou a namorada do Zayn, preciso ficar ainda mais gata que ele. E eles que esperem.
- – eu ri. – Nem tenta, ninguém é mais gato que...
- Você estava dizendo? – apareceu escorada na porta do banheiro, com um vestido azul céu de tecido leve e com a cintura bem marcada, um leve decote e os cabelos loiros presos em uma trança desfiada para o lado, um batom vermelho que desenhava muito bem sua boca e deixava em destaque sua pele clara, e uma sandália branca com um salto não muito alto. Eu me senti de volta aos anos cinquenta, preso em um quarto com a garota mais linda da década, a garota que causaria inveja em Marilyn Monroe. – Repete. – Ela tinha um sorrisinho no rosto.
Me aproximei uns três ou quatro passos sem nem me dar conta enquanto a fitava de cima a baixo.
- Eu... retiro o que disse – sorri de canto e ergui as mãos em forma de rendição.
Ultimamente, “ter” que aparecer com para as câmeras não era considerado um sacrifício para mim, e uma parte de mim gostava disso, pois eu podia beijá-la e me aproveitar muito bem da situação enquanto ela era minha namorada falsa. E não era difícil gostar disso.
Fui até ela, não ligando a mínima para o que pensaria de minha atitude, estávamos prestes a aparecer em uma entrevista e já podíamos começar a fingir alguns minutos antes. Eu a puxei forte pela cintura e seu corpo colou no meu com força, enquanto seus braços pousavam gentilmente ao redor de meu pescoço e me encarava nos olhos daquele jeito que eu gostava.
- O que está fazendo, Sr. Malik? – Ela sorriu, marota. – Entrando no personagem antes da hora?
- Me desculpa, acho que é esse batom. – Ri, encarando sua boca, que parecia bastante convidativa para mim.
soltou uma risada gostosa e encostou de leve a boca na minha por alguns segundos, sem movimentos bruscos para seu batom não borrar. Toda essa proximidade, os beijos, as piadinhas, todo esse “jogo” me deixava confuso. me deixava confuso. Eu nunca sabia o que ela realmente queria, se éramos amigos que se beijavam quando bem entendiam, ou se estávamos começando a confundir as coisas. Mas na maior parte do tempo, todas as perguntas iam para o espaço quando nos beijávamos e tudo que eu conseguia pensar era que eu não precisava de uma explicação, desde que isso não terminasse. Eu gostava de tê-la assim, por mais que não soubesse explicar ao certo de que modo eu a “tinha”.
Ela sabia como jogar, como deixar tudo mais divertido, e por baixo da nerd e certinha que todos conheciam, existia essa, a minha preferida, a qual só existia comigo e que me fazia perder a cabeça com pequenos atos, sorrisinhos e olhares, na maior parte do tempo sem nem perceber o que fazia.
mordeu de leve meu lábio inferior antes de se afastar, puxando-o um pouco e me fazendo soltar um gemido baixo, misturado com uma risada vinda de ambos os lados.
- Vamos? – Perguntou, se afastando de mim e pegando minha mão. Entrelacei nossos dedos e assenti, sendo puxado em direção à porta. Gostava do jeito que ela era decidida.
Nós saímos do nosso quarto e nos demos de cara com o corredor longo e feito apenas de madeira envernizada em todos os cantos, tudo extremamente brilhoso e limpo, com alguns vasos de flores de cor vermelha em umas mesinhas de canto. Viramos para o lado onde a equipe do programa já esperava, em um tipo de sala de espera que existia no fim do corredor, mas antes paramos para dar a habitual conferida um no outro e ver se estávamos em ordem, esse já era um dos nossos costumes. Afinal, vaidade era um mal do qual ela também sofria, então cada um conferia a aparência do outro antes de aparecerem em qualquer lugar.
- Certo – falei dela, antes de dar um leve tapinha na barra de seu vestido que estava levemente levantado.
- Aqui – ela passou o polegar embaixo do meu lábio inferior para tirar uma marca de seu batom, e depois assentiu para mim. – Certo.
Andamos até a sala e fomos recebidos com oizinhos e simpatias de cada um antes de sentarmos no sofá de couro vermelho de dois lugares em frente à poltrona do entrevistador. Sua mão se recusou a soltar a minha, e eu segurei nossas mãos entrelaçadas em cima de meu joelho, ela tinha as pernas cruzadas, dando uma boa vista ao cara sentado à nossa frente.
- Vamos começar – ele sorriu. – Meu nome é David, e essa entrevista vai ao ar na semana que vem, ok?
Assentimos e as câmeras se ligaram.
- Então, Zayn... – ele começou a falar, mas eu o interrompi.
- David, você se importa se eu pedir para trocar de lugar com a ?
Ele me olhou confuso, e ela também. Mesmo assim, se levantou e trocou de lado comigo, sentando o mesmo jeito, e eu puxei a barra de seu vestido para tapar sua perna. David viu e começou a rir.
- Isso tudo é ciúmes, amor? – me olhou rindo.
- Não, só estou cuidando o que é meu. – Sorri e revirou os olhos olhando para o entrevistador.
- Certo, podemos começar agora? – Ele riu.
- Por favor – assenti para ele.
- Bom, vamos começar perguntando sobre vocês dois. Como anda o relacionamento?
- Melhor do que nunca. – Falamos, quase ao mesmo tempo.
- E você, , como as fãs reagem a isso com você?
- Eu acho que tenho sorte, sabe, David? Uma grande parte delas parece gostar de mim, e eu tento agradá-las, sempre respondo perguntas no Twitter e sou simpática com aquelas que são simpáticas comigo.
- Você recebe ameaças ou coisas do tipo? Porque isso acontece muito com namorados de famosos.
Ela assentiu.
- Isso não acontece muito comigo, mas às vezes sim. Eu recebo mais xingamentos – ela riu. – Coisas como “sai de perto do meu namorado, sua cretina”.
David se aproximou mais dela e os dois riram, e eu me senti sobrando no meio da conversa. Pigarreei e chamei sua atenção a mim.
- Como você reage sabendo que sua namorada pode estar sendo ameaçada por suas fãs, Zayn?
- Ela nunca reclamou de nada sobre isso, e todos nós sabemos que existem aqueles que não apoiam, mas eu acredito que se algum dia ela for pressionada por alguém, saiba que eu sou o primeiro que devo saber para ajudá-la. Eu vou estar sempre ao seu lado.
- Isso é realmente bonito. – Ele disse para nós.
soltou minha mão, mas colocou a sua em cima da minha outra vez, depois de colocar uma mecha do cabelo atrás da orelha.
- Sabemos que você terminou o colegial há algumas semanas, certo ?
- Sim – ela sorriu.
- Você terá uma formatura?
- Na verdade, sim. A formatura será daqui a três semanas.
- E você vai levar Zayn como seu convidado?
Ela olhou para mim e riu.
- Sabe, eu não pensei nisso antes. Em todos os meus anos, nunca fui a bailes do colégio porque eu nunca era convidada por um garoto, ou porque achava tudo isso muito fútil. Você sabe, meninas competindo qual o vestido mais bonito, meninos competindo quem pega mais garotas, sempre achei meio idiota e preferia ficar em casa. Eu achava meio chatinha essa história de ter seu par, e ganhar uma flor para pôr no pulso, tirar fotos e ir para festa. Mas não posso perder a minha formatura, e acho que não tem ninguém melhor para me acompanhar do que ele.
- Isso é um pedido, aqui, ao vivo? – David sorriu.
- Pode ser – ela olhou para mim e eu olhei para ela. – Você quer ir à minha formatura como meu par, Zayn?
Ri e dei-lhe um selinho rápido.
- É claro que sim.
- Ok, casal – David bateu as mãos nas pernas, agora falando normalmente. - Agora eu vou fazer umas rapidinhas para vocês, vou perguntar o que cada um mais gosta no outro e quero que respondam. Vamos cortar essa parte e editar, então só quero deixá-los avisados.
Eu assenti.
- Espera – falou baixo, se aproximando um pouco de mim. – Isso não vai criar muito alvoroço? Quer dizer, nem é correto que eu apareça muito, suas fãs podem não reagir bem ao nosso relacionamento se ele aparecer demais.
- Simon disse que temos que fazer isso para parecer real, se aparecermos uma vez a cada mês em uma foto apenas nos beijando, vai parecer marketing. – Respondi a ela, também baixo, enquanto David trocava suas anotações com uma mulher da edição.
- Certo, estão prontos? – Ele sentou de novo em nossa frente.
Assentimos, e vi a luz vermelha da câmera ao nosso lado se ligar de novo.
- Ok casal, agora vou pedir para vocês fazerem um tipo de joguinho para nós. Quero que cada um diga a coisa que mais gosta no outro, e algo que mudaria.
- Vai, começa você – ela me cutucou.
- Não, primeiro as damas.
- Injusto – ela fez um biquinho. – Está certo, hum... o que eu mudaria em você, Zayn?
Ela pareceu pensar por um momento enquanto me olhava, e acho que cheguei à conclusão óbvia do que ela iria responder antes mesmo de fazê-lo.
- Eu gostaria que você parasse de fumar.
- Eu sabia que você ia falar isso! – sorri e dei um tapinha em seu joelho.
- Mas é claro que sim! – Ela riu.
Falamos algumas coisas ao mesmo tempo para David, que só sorria e mantinha o microfone perto de nós.
- Você sabia que ela não me beija depois que eu fumo? Ela me faz escovar os dentes antes, e mesmo assim fica meio longe.
- O cheiro daquilo é ruim, Zayn! – Ela reclamou.
- Então eu acho que vou ter que parar com esse vício, se tiver que escolher entre fumar e te beijar. – Brinquei. Até porque fumar não era minha escolha, e eu preferia mil vezes beijá-la por horas do que colocar aquilo na boca.
David sorriu com isso, e também.
- Ele está conseguindo parar – ela falou pra David. – Aos poucos. Eu não deixo ele colocar nada daquilo na boca quando está comigo.
- É verdade – concordei. – Ela é má.
me deu um tapa nas costas.
- Ok, agora o que eu gosto nele. – Ela pensou por um tempo. – O que eu gosto nesse idiota? – Riu e eu fiz bico. – Eu gosto do sorriso dele. E do jeito que ele... é... – ela fez uns gestos com as mãos. – Coloca a língua entre os dentes quando vai sorrir para uma foto. É adorável. Eu gosto do cabelo dele, que é macio, e o som da risada dele é a melhor coisa que existe.
Algo em mim amou ouvir aquilo, não só pelo meu ego, mas porque parecia que ouvir isso dela era mil vezes mais gratificante do que de qualquer outra pessoa.
- Eu gosto do jeito como ela morde o canto da boca quando está nervosa ou pensativa. – Comecei a falar, sem nem esperar que me perguntassem. – E de como ela pega minha mão. Eu gosto de como nossas mãos encaixam. E gosto de como ela é pequena e eu posso abraçá-la por completo e sentir que ela é só minha. E eu gosto do cheiro dela, principalmente o cabelo, cheira a flores. Eu amo o sorriso dela, e o beijo também. Eu amo como ela me faz sentir.
não fez nada além de me olhar por um tempo. Mas como a entrevista precisava continuar, ela apenas sorriu e me deu um selinho rápido também.
- Hum, e o que eu mudaria em você? – Pensei. Por um momento, me pareceu uma pergunta sem resposta, mas depois, a resposta ficou clara. – Eu queria que passasse mais tempo comigo. Mas eu tenho pouco tempo, e acabo não ficando com você tanto quando queria.
- Como você pode ver – ela disse para David. – Ele se supera na fofura.
Ele riu.
- É muito legal ver o quanto vocês se gostam. Zayn, , vocês têm sorte em terem se encontrado – ele sorriu genuinamente para nós dois. - Obrigado por participarem do nosso programa e eu desejo toda a felicidade para vocês.
Agradecemos, e as câmeras foram desligadas. Nós nos despedimos de David e a equipe começou a se retirar. Pensei que desceríamos para almoçar, mas me puxou rápido para o quarto e até chegarmos lá pensei que eu tinha feito algo que a deixou chateada.
Mas ela abriu a porta de nosso quarto, me empurrou para dentro, entrou logo depois e fechou a porta com um baque, me empurrando contra a parede bem ao lado da porta e me fazendo chocar meu corpo lá. Ela pousou a palma de uma das mãos em meu peito e com a outra, virou meu rosto para ela, e ficou na ponta dos pés, me beijando ferozmente em seguida.
Eu? Eu estava em choque. Completamente em choque. Eu não esperava por isso nem em meus sonhos mais loucos e surreais. Mas eu era homem e meu corpo agiu naturalmente, levando uma mão para sua cintura e a outra para sua nuca, para juntar mais sua boca na minha.
desceu devagar a mão pelo meu peito até a barra de minha calça skinning preta, subindo de volta por cima da camiseta branca de gola V e passando as unhas devagar, me fazendo arrepiar. Eu não pude evitar. Em um momento minha mão estava em sua cintura, e na outra estava subindo a barra de seu vestido e passeando pela sua coxa, do lado de dentro do vestido. levou a mão que estava em meu rosto para minha nuca e cravou um pouco suas unhas na minha pele, colando mais o corpo no meu, e com a dor eu apertei sua coxa e a puxei para minha cintura, virando-a logo em seguida e deixando-a prensada na parede.
gemeu baixinho entre nosso beijo e eu afastei nossos lábios para tomar fôlego, segurando o lábio inferior dela entre meus dentes e a fazendo sorrir, divertida. Desci minha boca para seu pescoço e comecei a trabalhar ali dando beijos e mordidas, e já bagunçava totalmente meu cabelo à essa hora, mas eu pouco ligava para isso. estava me levando à loucura.
Eu então coloquei minhas duas mãos em sua cintura e a puxei alguns passos para trás, para chegarmos logo à cama. Ela também parecia querer isso logo, pois deu passos largos para trás me empurrando, só que algo deu errado: quando finalmente senti a cama atrás de minhas pernas, eu perdi o equilíbrio e caí para trás, bem no canto da cama e rolei para o chão, com em cima de mim.
Ela deu um gritinho e logo em seguida começamos a rir loucamente.
- Porra, Zayn, segunda vez!
Eu ainda não tinha fôlego para parar de rir, então eu nos virei, deitando-a no chão e ficando em cima dela, com um braço me apoiando para olhar em seu rosto.
Fui parando de rir aos poucos, enquanto percebia cada detalhe de e notava que ela parecia ficar mais linda a cada momento. Até com a boca toda borrada de batom vermelho, como estava agora.
Ela levantou uma mão e arrumou meu cabelo, que caía um pouco em meus olhos.
- E de novo eu pergunto: o que estamos fazendo?
- E de novo eu respondo que não sei.
Ela riu um pouquinho, mas logo parou.
- Estou começando a ficar com medo, Zayn. Eu já não posso mais ficar perto de você sem te beijar. E não sei o que isso significa, e fico me matando para tentar entender o que você sente em relação a mim...
- Eu sinto o mesmo. – Me aprontei em dizer. – Não consigo parar de pensar em te beijar.
- Gosto de como somos sinceros um com o outro. E não quero te perder, tá? Então se você achar que isso pode estragar em algo isso que temos, me diga e nós paramos no mesmo segundo.
- E... – Passei a mão em seu rosto, tirando uma mecha de seu cabelo bagunçado de seus olhos. – E enquanto estamos numa boa, eu posso continuar te beijando?
Ela sorriu.
- Pode. Só... deixa nossos amigos fora disso, pode ser?
- Como quiser. Mas, , o que nós temos afinal?
- Eu não sei. Não precisamos botar um nome. Que tal? Sem rótulos. Estamos felizes, só isso. Não precisamos chamar de namoro, ou amizade, ou fingimento. Nós só... somos amigos que se beijam. – Ela sorriu.
- E que fingem namorar para o resto do mundo – sorri também. – Perfeito.
- Sabe o que eu vou amar?
- Hum?
- Se levantarmos do chão – ela riu.
Me levantei em um pulo e puxei-a pela mão, para ficarmos de pé. Então eu passei as mãos pelos seus cabelos bagunçados e a dei um selinho.
- Temos que aprender a ser menos violentos – ela riu, enquanto arrumava a gola de meu blazer preto. – Senão vamos sempre parar no chão.
- Tem razão.
- Meu Deus, você está igual ao coringa – ela falou de minha boca, que certamente estava toda vermelha pelo seu batom.
- Ei, gente, vamos almoç... – e Liam apareceram na porta do quarto, abrindo-a e nos pegando naquele momento. Nos afastamos no mesmo instante e eu peguei a manga de meu suéter e o passei algumas vezes em cima de minha boca para tentar tirar o batom. Liam estava a abraçando pela cintura, e eles estavam um pouco molhados.
- Oops – riu. Ela parecia diferente.
- Desculpa por interromper – Liam gritou, fechando a porta.
- Ai, meu deus – riu e escondeu o rosto nas mãos.

’ POV

Me acordei no meio da tarde sem saber exatamente que horas eram. Procurei por meu celular embaixo do travesseiro e vi que eram quase três horas da tarde, uma brisa refrescante entrava pela janela e o sol lá fora estava brilhante.
Fui até minha mochila, peguei um elástico e prendi meu cabelo, saindo do quarto logo em seguida. Desci as escadas e a casa estava estranhamente silenciosa, o que significava que as meninas estavam lá fora fazendo alguma coisa. Mas ao entrar na cozinha, me deparei com Harry que estava tomando um copo de água, ainda com cara de sono.
- Ai, que susto! – Levei a mão ao peito e pulei quando ele se virou para mim e dei de cara com ele.
- Eu sei que sou feio. – Ele levou o copo à boca e tomou um gole. – Mentira, eu sou lindo.
- E modesto – ri e fui até a pia, pegando um copo e enchendo-o com a água gelada da jarra à minha frente. Harry se escorou na bancada no meio da cozinha e eu podia sentir seu olhar nas minhas costas, enquanto encarava a parede à minha frente, tentando tomar coragem para perguntar algo a ele. havia enchido minha cabeça de coisas e agora eu precisava tirar a prova de que nada acontecera entre nós. – Harry...
- Hum?
Me virei para encará-lo e me encostei na pia atrás de mim, assim como ele estava encostado na bancada.
- Se importa se eu fizer uma pergunta?
- Manda.
- Você... hã, nós... – eu não sabia como perguntar isso, era um tanto quanto constrangedor. Ele levantou uma sobrancelha. – Aconteceu algo entre nós no dia do bar?
O semblante dele mudou de repente, com várias emoções que eu não consegui ler passando em seu rosto, e por fim ele voltou à sua expressão impenetrável.
- Não. – Disse, apenas. Mas agora eu sabia que algo havia acontecido, a expressão dele o entregou.
- Harry, sério. – Mudei o peso de um pé para outro, incomodada.
- Sério, . Por que eu não te contaria se algo tivesse acontecido? – Ele veio até mim e chegou perto demais, fazendo meu sangue congelar nas veias, e passou o braço por cima do meu ombro, para soltar o copo em cima da pia. Só depois que voltou à sua posição anterior meu corpo voltou ao normal.
- Eu não sei, me responde você. Tem algo que não está me contando?
- Eu não sei por que ainda está falando disso. Nada aconteceu.
- Não foi o que pareceu quando te perguntei. Você devia ver a sua cara.
- E se algo tivesse acontecido?
Fiquei totalmente de pé, saindo de perto da pia, meu coração dando um salto.
- O que aconteceu? Por que não me contou? O que você fez comigo? – Eu sei que meu rosto parecia horrorizado.
- Mas... ah! – Ele pareceu confuso, mas depois começou a rir. – Você tá falando de... não, que absurdo! De onde tirou essa ideia?
- Mas então o que foi? Eu não consigo pensar em nada pior!
- Por que acha que foi algo ruim?
- Porque você está escondendo de mim, Styles! – Peguei um pano de prato e joguei nele, que tentou se esquivar, mas mesmo assim acertou nele.
- Ei, para! Eu não fiz nada, já vai começar, é nervosinha?!
- Não enche! – Bufei. – Me conta o que você fez!
- Está falando como se eu tivesse abusado de você! Se enxerga, , olha para mim e depois para você! Por que eu iria fazer algo desse tipo?
Outch.
- Me fala o que aconteceu.
- Não precisa ficar toda tensa, criança – ele revirou os olhos. – Você ainda é virgem. – Ele sorriu, cínico.
- Quem disse que sou virgem?! – Quase gritei. A verdade é que eu era mesmo, mas não queria que ele ficasse falando de meu... meu... status desse jeito.
- É só olhar para você – ele revirou os olhos e desencostou do balcão, virando as costas para mim. – A cara da inexperiência.
- Falou o garanhão – revirei os olhos e ri. – Não entendo porque gente como você precisa desse tipo de fama de pegador para ficar feliz.
- Gente como eu? – Ele girou nos calcanhares e olhou para mim com uma sobrancelha erguida.
- É, famosinhos de merda.
- Cala a boca, você não sabe de nada. Não pode falar de mim ou da minha vida, não sabe o que fiz para chegar onde estou.
- Nossa, me emocionei. – Rolei os olhos. – Não preciso ser muito esperta para ver como chegou onde chegou, você já me mostrou isso, não lembra? Quando começou a me agarrar do nada na minha própria casa.
- Ah, você diz que não gosta do meu “tipo de gente”, mas aquele dia não sai da sua cabeça nunca – ele sorriu de canto. – Três a cada cinco coisas que você me fala tem a ver com aquilo. Gostou que eu te agarrei, não é? – Ele riu.
- Vira a boca para falar de mim! – Gritei, e empurrei-o para trás. – O que espera que eu faça? Que eu simplesmente esqueça? Aquilo foi muito maldoso da sua parte!
- Maldoso? – Ele riu. – Antes daquilo, você nem sabia o que era um beijo de verdade. Vê se cresce e depois vem querer me julgar ou às coisas que eu faço! Você não sabe nem a metade sobre mim. – Ele se virou de novo, mas eu não iria permitir que ele ganhasse essa discussão.
- Sei o suficiente para saber que nem seu pai aguentou viver com você por muito tempo.
Logo depois que falei, eu me arrependi. Harry parou e não falou nada para mim por um longo tempo, apenas ficou de costas para mim, o que não permitia ver seu rosto. Meu Deus, eu sou uma bruxa! Podia sentir o gosto de veneno em minha boca!
Harry soltou o pano que segurava no balcão e se afastou a passos largos.
- Harry! – Gritei, e o segui até lá fora, ele saiu pela porta de trás. – Harry, desculpa. Eu não devia ter falado isso, eu... eu fui uma idiota.
- É, foi mesmo. – Ele disse, se virando para mim. – E eu podia revidar. Te acertando naquele seu ponto fraco também, se lembra? Se lembra do dia em que sua mãe morreu? Em como você foi idiota por não ter feito nada?
Droga, eu nunca devia tê-lo contado isso. Senti meus olhos se encherem de lágrimas quase instantaneamente, era como apertar um botão, você fala nela e automaticamente lágrimas aparecem em meus olhos.
Mas Harry pareceu se arrepender do que disse assim como eu, e veio até mim de novo. Coloquei uma mão no rosto, para que ele não me visse enquanto tentava me controlar para não chorar.
- Ei, desculpa – ele puxou minha mão e eu funguei, retomando o controle sem derramar lágrima alguma. Pelo menos dessa vez. – Eu sinto muito, não devia ter falado isso.
- Você fez certo. Eu não podia ter dito aquelas coisas...
- Vamos esquecer disso. Está na cara que não conseguimos ficar juntos sem brigar. Mas o que acha de esquecermos dessa discussão, pode ser?
Assenti com a cabeça e ri fraco, a situação era até cômica. Ele me puxou para dentro outra vez.
- Quer jogar? – Perguntou, indo para a sala e se dirigindo ao videogame instalado na TV.
- Tá legal – sorri. Harry estava se esforçando para ser um cara legal, talvez eu devesse fazer o mesmo. Isso já era um bom começo.

’s POV

- Ai, Liam, cansei – falei, dando um tapa no peito de Liam, que estava deitado ao meu lado a pelo menos uma hora. – Vamos fazer alguma coisa.
- Ué, foi você quem disse que estava morta e precisava descansar.
- Não é para levar tudo que eu digo ao pé da letra – eu ri, e me levantei do gramado onde estávamos, debaixo de uma arvore grande, deitados olhando para o céu azul. Estávamos assim desde que saímos do pavilhão onde almoçamos e eu disse que estava cansada demais para fazer alguma coisa.
- O que quer fazer?
- Qualquer coisa que não envolva tentar me matar afogada.
Ele riu.
- Que tal se nós praticássemos algum esporte?
- Eu sou péssima nisso, mas tudo bem, escolha um e vamos à luta – ri.
- Vamos para o vôlei, assim você não se machuca muito caso cair. E convenhamos, você é meio desastradinha.
Dei a língua para ele, que riu e me puxou em direção às quadras de esportes. Haviam poucas pessoas por ali, porque o dia estava quente e quase todo mundo estava no lago ou na piscina.
- Você sabe jogar basquete? – Ele perguntou, entrando na quadra de basquete.
- Não.
- Nem eu – riu.
Liam pegou uma bola de cima de uma prateleira sobre rodas que tinham várias bolas, e jogou em direção à cesta. Errou feio.
- Agora você, vai.
Suspirei e peguei uma bola, jogando-a e também errando, mas chegando mais perto do que ele. Liam pegou outra, chegou mais perto e jogou, a bola rodou na caçapa por alguns segundos e entrou.
- Wow! – Disse, fazendo uma dancinha logo em seguida.
Tive que rir daquilo, peguei outra bola e joguei, acertando também.
- Certo, tá ficando fácil, agora quero ver você me marcar. – Ele falou, começando a pular na área dos dois e três pontos. Ri e balancei a cabeça, pegando outra bola e indo para perto dele. Liam me marcava em minha frente, com os braços esticados para cima e me fazendo sentir ainda mais nanica. Mesmo assim, eu fiquei de costas para ele, piquei a bola duas vezes, fingi que ia para um lado, fui para outro, o rodeei e joguei, acertando na cesta.
- Uhu! – Levantei as mãos e comecei a dançar também. – Ahan, eu sou foda, quero ver fazer melhor que eu, aham.
Liam riu.
- Minha vez. – Ele disse.
Comecei a marcá-lo, fazendo a mesma coisa que ele, mas com a diferença de que ele era pelo menos uns quinze centímetros mais alto. Liam ficou de costas para mim e eu tentei enxergar a bola, mas não conseguia, então eu o abracei por trás e o puxei com força.
- Ei! Não vale! Falta! Falta, juiz! Falta! – Começou a gritar.
- Oops, a juíza sou eu e eu digo que vale.
- Isso é injusto – ele se virou para mim outra vez e tinha um biquinho nos lábios, isso sempre me fazia rir.
Liam abriu seu melhor sorriso e senti o ar me escapar dos pulmões ao ver aquela cena incrível, o sorriso dele parecia brilhar. Em seguida, ele se aproximou do meu rosto devagar e eu pude jurar que minhas pernas iam parar de sustentar o peso de meu corpo a qualquer minuto, então ele jogou a bola e eu a ouvi entrar pela Cesta.
- Uma regra, juíza: nunca deixe o adversário te distrair. – Ele sorriu, vitorioso.
Empurrei-o pelos ombros, mas ele nem saiu do lugar. Apenas se instalou na minha frente, cruzou os braços, deixando-os definidos e fortes bem na minha frente, abriu as pernas e ficou parado na frente do meu corpo.
- Anda, forçuda.
Estreitei os olhos para ele e encostei as palmas das minhas mãos em seu peito, logo em seguida empurrei o corpo dele com força para trás, mas ele nem se mexeu.
- Isso é injusto, Liam! É física: se você jogar o peso do seu corpo contra mim, nunca vou te derrubar.
- Exatamente, tampinha – ele riu e bateu em cima da minha cabeça duas ou três vezes. Em seguida, pegou minha mão e me puxou para fora da quadra de basquete, indo para a de vôlei de areia.
- Jogar vôlei entre dois, que emocionante – falei.
- Para de reclamar. – Ele pegou uma bola e ficou na minha frente, mas ainda no mesmo lado da rede que eu. – Só toques.
Ah, pelo menos isso eu sabia fazer. Ficamos dando toquezinhos por um bom tempo, enquanto conversávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo, falando besteiras e rindo de coisas idiotas.
- Eu sei que isso é idiota, mas acredito! – Falei.
- Mas é muito idiota, .
- Não, Liam, é só uma lei com nome de Murphy que também pode ser chamada de pessimismo. E eu sou pessimista, até demais algumas vezes.
- Tá, então me explica direito. Se você estivesse em um hangar com trinta aviões, e soubesse que um deles estava com o motor falhando, e tivesse que escolher um para voar, você escolheria o com motor falhando mesmo sem saber que era ele?
- Não, isso é totalmente diferente. Eu teria um por cento de chance de escolher o avião errado entre trinta. E se eu o escolhesse, eu chamaria de Lei de Murphy.
- Isso tá totalmente errado. Se eu estivesse voando nesse avião e soubesse que ia morrer, eu me atiraria.
- Você iria morrer de qualquer jeito.
- É, mas morreria com a sensação de que eu pude voar pelo menos uma vez.
- Ah, clichê. – Ri. – Você gostaria de voar?
- Sim.
- Eu também. Adoraria voar.
Nesse momento, cansada demais para me abaixar e pegar a bola com as mãos, eu a chutei. Liam começou a jogar futebol com a bola de vôlei. Ele tentou me ensinar como se faz para driblar alguém, mas o problema é que eu não conseguia ser rápida o bastante sem pisar na bola e cair no chão. Mas quando era ele para tentar me driblar e meu trabalho era tirar a bola dele, era mais divertido.
Liam parou bem na minha frente, com a bola nos pés, a rolando para um lado e para outro, e eu aproveitei o espaço de tempo em que a bola rolava para o outro pé e a chutei, fazendo-a rolar pelo meio das pernas dele e dando a volta por ele para ir alcançar a bola, mas ele foi mais rápido e me segurou pelos braços enquanto eu tentava correr, e eu perdi o equilíbrio e caí. Liam caiu junto e eu agradeci pela areia ter amortecido essa queda.
- Ai, droga! – Falei, ainda sem parar de rir. Liam estava deitado ao meu lado, ainda rindo, quando se virou para mim, ficando deitado de lado na areia.
Fiz o mesmo que ele, e agora estávamos cara a cara e meu coração batia demasiadamente rápido. E eu sabia no fundo do meu coração que aquilo era completamente errado, e quantas coisas aquilo implicaria, e o quanto complicaria a minha vida e a deixaria de cabeça para baixo, mas, para ser sincera, isso tudo parecia valer a pena toda vez que ele se aproximava e seu olhar me fazia sentir a garota mais especial do mundo.
Então, pela primeira vez na minha vida, eu apenas fechei os olhos e deixei acontecer sem me permitir pensar no que aconteceria logo em seguida.
E o que aconteceu foi nada menos do que uma explosão de artifícios dentro de mim logo que senti seus lábios macios tocarem nos meus, quase como um sonho, como se eu tivesse a certeza de que era real, mas tivesse medo de abrir os olhos e tudo acabar. Eu sentia borboletas no estômago, as mãos soadas, mal sentia minhas pernas e não lembrava de meu próprio nome, mas aquele beijo era de longe a melhor coisa que já aconteceu comigo, e tudo acontecia tão naturalmente que eu jurei que estivesse sonhando. Era como se... eu estivesse voando.
Liam me puxou mais para perto dele pela cintura e eu pude sentir suas pernas encostando nas minhas, e logo depois ele levou a mão de minha cintura para a minha nuca e fez carinho ali, me arrepiando dos pés à cabeça. Me lembro de pensar em como um simples toque e um simples olhar podia fazer tudo em volta de mim parar como se congelasse.
Mas com o passar dos segundos, me senti obrigada a me afastar se quisesse respirar. Na verdade, se pudesse escolher entre respirar ou continuar aquele beijo para sempre, a segunda opção era a melhor, mas meu corpo agiu por si só em busca de oxigênio quando minha mão foi para seu peito e o empurrou levemente para se afastar. Eu abri os olhos na mesma hora, e pude ver Liam os abrindo devagar, como se sentisse como eu, que ao abri-los tudo não passaria de um sonho. Nos encaramos por um tempo, mas nada foi dito. Eu não sabia ao certo se o que me dominava era o desejo de mais, a felicidade, a entorpecência ou a culpa.
Logo depois de cair a ficha sobre o que acabara de acontecer, me sentei na areia e fiquei apoiada em minhas mãos, atrás de meu corpo, olhando para o nada e pensando no que eu acabara de fazer. Isso era um absurdo. Eu não podia me permitir querer isso, era extremamente errado!
- ? – Liam chamou, sentando também. Me virei de frente para ele, e Liam me encarou por um tempo.
- Nós...?
- , será que... eu... eu queria que... – Liam fechou os olhos e suspirou. – Eu queria que, pelo menos por hoje, não deixássemos isso afetar o que temos.
- Nossa... amizade? – Perguntei, horrorizada. Eu não podia sequer pensar em Liam me beijando e logo em seguida dizendo que só queria minha amizade, isso por si só já doeria demais.
Ele sorriu um pouquinho, mas seus olhos pareciam carregar um pouco de culpa também, e se aproximou, passando uma mão por debaixo dos meus cabelos e me puxando para um beijo em minha testa. Logo em seguida, ainda sem se afastar o suficiente, olhou em meus olhos.
- Depois disso, você ainda acha que o que sinto é só amizade?
- E-eu... – não sabia o que falar. Pude sentir o nervosismo por estar tão perto dele me tomando por completo, e eu logo começaria a tremer e gaguejar, e esquecer do meu nome outra vez.
- – Liam suspirou. – Eu quero que esqueçamos daquilo que nos impede de ficarmos juntos. Só por hoje. E sei que pedir isso é extremamente egoísta, mas eu... eu só... preciso de um tempo com você. Não sei se consigo ficar tão perto assim depois desse beijo, sem querer mais, e... meu Deus o que eu estou falando?
Eu acho que ele estava tão confuso quanto eu, e isso me fez rir um pouco.
- Não entendo o que você tem que me deixa assim – ele respirou fundo. – Eu juro que não entendo.
- É errado eu querer te beijar? – Perguntei, sem nem me dar conta do que estava falando, enquanto tudo que eu sabia era encarar aqueles lábios que estavam perigosamente perto de mim.
- É extremamente errado, ! – Ele disse e eu me assustei, olhando em seus olhos. – Mas eu sinto o mesmo. – Ele sorriu de canto por uma fração de segundos e puxou meu rosto para o dele outra vez, me beijando de novo.
Ainda leve, romântico, e totalmente calmo. Cada vez mais perfeito. E nesse momento eu me convenci de que Liam não era apenas meu amigo por quem eu tinha um apreço infinito. Era o cara que fazia meu coração dar uma cambalhota e que tinha o efeito de um imã, tornando impossível me afastar.
Esse efeito, o de me deixar extasiada e de fazer meu cérebro funcionar com dificuldade, tornou a ideia de ficar com ele pelo resto do dia e sem me lembrar das complicações aceitável.
- Liam... – murmurei, me afastando outra vez. – Talvez possamos... só dessa vez...
Ele assentiu algumas vezes, aquele sorriso que eu simplesmente amo aparecendo em seu rosto.
- Ninguém precisa saber, só... – continuei.
- Certo. Certo, só... só um dia para curtir com você. Tudo bem, eu posso viver com isso.
Ele se levantou e me deu a mão para levantar, e logo que eu o fiz, ele me pegou pela cintura e me levantou um pouco no ar, me fazendo rir. O quão clichê isso era?
E quantas vezes eu sonhara, mesmo que inconscientemente, com esse momento?
- Estou com vontade de fazer uma coisa, você me acompanha? – Ele perguntou e eu, prontamente, assenti.
Liam segurou minha mão e me puxou para o hotel outra vez, estava um tanto quanto vazio, pois a maioria das pessoas estava nas piscinas ou no lago, era um dia quente. Mas várias pessoas estavam conversando empolgadamente em um canto do saguão, fazendo um lanchinho ou apenas sentados para descansar. Liam só largou minha mão quando chegamos ao seu destino: o enorme piano preto em um canto do mais enorme ainda saguão, onde ninguém tocava nada.
- Andei praticando durante a turnê, espero que goste. Vem, senta aqui. – Ele bateu a mão ao lado dele no banco, e eu sentei ao seu lado. Liam ergueu a tábua que cobria as teclas e passou as mãos de leve, sem apertar nenhuma, por cima de todas elas por um tempo. Depois, devagar, ele levou as duas mãos às teclas corretas e começou a tocar uma melodia lenta, que logo descobri ser Moments, sua própria música.
Liam parecia tão concentrado em cada nota que tocava, que não parecia pertencer a esse mundo. As notas saíam meio embaralhadas e bagunçadas, mas ainda era possível reconhecer a música. E eu me peguei achando aquilo tudo a coisa mais linda do mundo. Seu biquinho de concentração, seu olhar cheio de foco, suas mãos ágeis, o jeito como ele balançava o corpo levemente, sentindo a música que tocava... tudo. Tudo formando um ser humano extremamente perfeito. Eu estava sinceramente com medo do que tudo isso dignificava e até onde isso iria, mas não queria parar agora.

Isso tudo era muito novo para mim. Liam parecia ser a única pessoa que tinha poder sobre mim, o poder de desligar meu lado racional e certinho, e me fazer sentir vontade de viver com intensidade pelo menos uma vez, desde que seja ao seu lado, como se ele me ensinasse a realmente viver as coisas boas da vida. Ele parecia fazer tudo valer a pena.
E aquela música me dava vontade de chorar. Era triste, e linda, e vindo dele parecia ainda melhor, e cada vez que ele fechava os olhos para ouvir alguma nota que tocava, era simplesmente incrível. E de repente, percebi que não só eu, mas todos que ali dentro estavam, prestavam total atenção àquele garoto que parecia tocar com tanto amor sua música. Era apenas impossível desgrudar os olhos dele.
- O que achou? – Ele perguntou, sorrindo para mim, depois de tocar a última nota.
- Simplesmente glorioso – sorri, e passei de leve minha mão ao lado do rosto dele, mas só até perceber o que fazia, e então recolhi minha mão rapidamente.
- Que bom. – Liam abriu mais o sorriso, e pareceu hesitar por um momento, mas por fim me abraçou e me deu um beijo longo na bochecha. Eu podia sentir as emoções que ele tentava me transmitir, por mais que não conseguisse lê-las. Toda e qualquer proximidade de Liam fazia meus batimentos acelerarem e meu sistema pifar.

Harry’s POV

Deixei ganhar de mim no videogame na maioria das vezes só porque isso fazia eu me sentir melhor quanto à nossa última discussão, e também porque ver o jeito como ela debochava de mim era de certo modo adorável, além de ser engraçado.
- Ganhei de novo! – Ela gritou, e logo depois suspirou pesadamente e largou o controle. – Estou cansada de ganhar de você, Styles! – Me deu um soquinho no braço.
- Eu costumava ser bom nesse jogo... – fiz cara de tristeza. – Não sei o que aconteceu.
Sentamos os dois no sofá, levantando do tapete no chão, e ela deu um risinho.
- É que agora você achou uma inimiga à altura – debochou, e não pude evitar rir. – Que tal se fizermos algo lá fora para pegar um sol? Você bem que tá precisando de uma cor.
- Acha que eu estou pálido? – Perguntei, levando a mão ao rosto.
- Um pouquinho, sim – ela riu. – Mas nada que sol não ajude.
- Certo, então. – Assenti, e saímos pela porta dos fundos. Paramos no pátio e olhou em volta com as mãos na cintura, buscando por algo que pudéssemos fazer.
- Dobby! – Ela gritou, e foi para perto do celeiro, onde seu labrador rolava na grama fazendo graça. Segui-a, e ela se abaixou ao lado do cachorro, fazendo seu short jeans subir mais do que devia e eu desviei o olhar de uma vez.
- Tudo bem, menino? Conhece o Harry? Harry, esse é o meu garoto, Dobby.
- Fala, cara – acenei para ele, mas revirou os olhos, e continuou passando as mãos em suas orelhas. – Eu vi ele quando chegamos. Eu também tenho uma garota, sabe – falei, me sentando ao lado do cachorro. – O nome dela é Sindy e ela é uma Audi 84.
gargalhou.
- Meninos e carros, uma dupla perigosa.
- Não mais do que meninas e carros.
- Não seja machista – replicou. – Eu serei uma motorista e tanto.
Dei de ombros, cansado demais para começar outra discussão com ela, já que tínhamos essa facilidade imensa em discutir por motivos idiotas. Não que fosse idiota o fato de eu não querer que ela se lembre de nosso beijo no outro dia no bar, mas aquilo era uma boa memória e eu não queria que ela ficasse sabendo e estragasse com tudo, vindo com suas frases racionais e botando a culpa em mim por me aproveitar de uma garota bêbada. Porque se eu bem a conheço, ela nunca acreditaria que foi ela que me beijou, e que eu sou inocente dessa vez.
- Sabe, prefiro gatos. – apontei para o cachorro.
- Eu amo cachorros, tenho alergia a gatos. Eles são chatos e só servem para dormir.
Bufei. Como alguém sem coração seria capaz de falar essas coisas de animais tão adoráveis?
- Tenho uma chamada Dusty. Eu a adoro, de verdade.
- Dobby costuma caçar gatos, é melhor deixar Dusty avisada – riu, mas não achei graça nenhuma a possibilidade de aquele monstro que ela chamava de cachorro devorar a minha gatinha.
Tá, tudo bem, o cachorro era totalmente amável, mas não tão precioso quanto minha Dusty.
- Olha só – ela apontou para a parede de madeira metade pintada e metade descolorida do celeiro à nossa frente. Mais ao lado, uma mesa improvisada de madeiras tinham alguns galões de tinta colorida, e pinceis grandes e pequenos. – Já assistiu Hannah Montana? – Ela riu.
- Ah, isso é sério?!
- A tia da queria um celeiro colorido... – ela deu de ombros. De repente, pareceu ter uma ideia grandiosa. Olhou-me e perguntou: - Ei, você topa pintar?
- A cada vez que venho aqui, me sinto mais Hannah Montana. – falei, me levantando para começar a pintar. Ela se levantou também e foi até a mesa, pegando um pincel e me dando um.
- Para de reclamar e pinta.
Molhei o pincel na tinta vermelha e comecei a passá-lo nas partes não pintadas, de cima para baixo, enquanto ela fazia o mesmo ao meu lado, mas com um pincel menor e mais detalhadamente.
- Isso é legal. – conclui, por fim.
- É, é bem legal.
- Nós, não isso. Nós dois, eu quero dizer. Conversando sem se matar.
- Ah... – ela riu. – Até que você não é tão insuportável assim quando não está tentando me matar.
- Você sabe que aquilo do seu cabelo não foi por querer, né?
- Tenho minhas dúvidas, Styles. – ela sorriu para mim.
- Por que me chama de Styles?
- Sei lá. – ela deu de ombros. – Como devo te chamar?
- Me chama de Harry, só Harry. É assim que todas me chamam.
- Tá bom, “só Harry”, mas quando é que você vai perceber que não sou como todas as outras? – ela perguntou, tranquilamente enquanto retocava um lugar que deixei sem pintar sem querer.
Tive vontade de responder que eu estava começando a perceber isso, mas eu não podia deixar de lembrar que eu tinha uma lista de A a Z de motivos para odiar essa garota, por mais que, nesse momento, seja difícil lembrar o porquê. Então, fiquei quieto.
foi passar o dorso da mão no rosto para tirar o cabelo dos olhos, mas passou um pouco de tinta na sua testa.
- O que você tá olhando? – perguntou, e só aí percebi que eu havia parado de pintar para olhá-la.
- Hã, nada é que... – me aproximei um passo. – você tá suja de tinta aqui.- Passei os dedos de leve no rosto dela.
- Ah... – ela passou a mão no rosto, mas só piorou, fazendo um risco vermelho em sua bochecha, e eu ri. – Não ri de mim, não!
- E por que eu não riria? – perguntei, ainda rindo.
Ela estreitou os olhos e olhou para mim de nariz empinado.
- Porque agora você também está sujo – disse, molhando as mãos na tinta vermelha e passando por todo meu rosto.
- . – Suspirei, fechando os olhos por um momento e voltando a abri-los, a encarando. – Você não espera que eu deixe barato, né? – peguei meu pincel e passei nela também, e em seguida já estava previsto o que aconteceria: guerra. Era óbvio que, mesmo de brincadeira, eu e amávamos brigar. Quando ela mergulhou as mãos na tinta verde, eu a empurrei e sem querer ela tocou com as mãos espalmadas na parede do galpão, deixando sua marca lá. Ela arfou e me olhou de olhos arregalados. Então eu dei a ideia de nós dois deixarmos marcas coloridas de mãos para não ter que pintar de vermelho outra vez, e ela topou, e o resultado ficou legal.
- Eu acho que fizemos um bom trabalho – ela sorriu, se afastando um pouco da parede para poder vê-la ao todo, e botou as mãos na cintura.
- É, também acho.
Quando se virou para me encarar, seus olhos encontraram os meus por uns segundos. A familiar sensação de “está rolando um clima” estava acontecendo. Mas com ela isso era diferente, como se ela visse algo em mim que eu não via, ou como se eu tivesse medo de seu olhar porque não sabia se o que ela estava vendo a agradava ou não. era definitivamente diferente, porque com ela, pela primeira vez eu sentia que não estava no controle da situação, não tinha controle sobre nada. Ela parecia ver em mim algo a mais do que as outras viam, apenas um cara famoso, ela via quem eu era de verdade e isso me agradava. Por mais que brigássemos o tempo todo, esses momentos de proximidade me faziam sentir algo forte por ela.
Meu corpo se moveu por si só dando dois passos em direção a ela e indo com as mãos para sua cintura.
- Sabe o que eu acho? – ela murmurou, olhando para meus lábios, mas com a voz tranquila e calma.
- Hum?
chegou mais perto, quase encostando em minha boca com a sua.
- Que precisamos de um banho. – ela riu, e deu as costas para mim, indo para a casa.
Fiquei parado por algum tempo olhando para o nada, e então decidi que eu precisava segui-la.
Entramos na casa e ela parou na frente do banheiro, olhando para dentro dele pensativa por um tempo.
- Ah! Vai entrando, já volto. – ela me empurrou com os ombros para dentro e subiu correndo escada acima.

’ POV

Ao entrar em meu quarto, peguei a parte de cima do meu biquíni laranja tomara-que-caia e o coloquei, botando um short jeans branco e curtinho em seguida. Minhas roupas sujas de tinta eu joguei no cesto de roupas sujas, e mais tarde eu lavaria.
Fui para o banheiro de novo, era grande, com um banco baixinho de madeira envernizada que acompanhava toda a parede de fora do box, a pia era de mármore preto e tinha um balcão grande feito do mesmo material. O espelho forrava toda a parede de trás da pia, e a parte de dentro do box era mais ou menos do tamanho de uma cama de casal, com uma ducha forte e relaxante e prateleiras também de mármore preto para colocar os produtos de cabelo.
O chuveiro já estava ligado e a sombra de alguém por trás da porta de vidro escura do box não me deixava ver quase nada. Percorri o olhar pelo cômodo, e vi os calçados de Harry na frente da porta, e deixei os meus juntos. Depois, vi sua camisa jogada em um canto no chão.
Fui até o box e o abri, e fiquei encarando minha vista privilegiada por um tempo, de um abdome definido, cachos e olhos verdes, ainda com sua bermuda preta, mas de pés descalços.
Ele também pareceu gostar do que via, quando sorriu depois de me olhar de cima a baixo.
Sem pensar muito, entrei no box fechando a porta e abri o registro de água – água gelada.

’s POV

- É, a Su é legal. – respirei fundo ao entrar em casa de novo com , rindo de coisas sem sentido que falávamos.
- Ela achou um cara para ficar de uma vez por todas, pelo menos.
- Ele não é lá tão bonito.
- Eles se amam, é o que conta. – dei de ombros, espiando para a sala enquanto ia pegar uma garrafa de água na geladeira. Nada daqueles dois.
- Será que eles sobreviveram?
Nessa hora, como uma resposta, ouvimos um grito agudo vir de dentro do banheiro seguido de gargalhadas femininas. Nos olhamos, assustadas.
- Para, Harry! – ela gritou, e dessa vez eu e levamos a mão à boca ao mesmo tempo.
- Ela chamou ele de Harry?!
Fomos até a porta do banheiro e encostamos nossa cabeça para tentar ouvir alguma coisa. Ouvimos risadas de ambos e um barulho de algo ou alguém se chocando contra a porta do Box.
- Para quieta, !
- ?! - riu de olhos arregalados. – Pega meu celular, pega pega pega pega! Tenho que gravar, ou ninguém vai acreditar! – Ela sussurrou, chocada, enquanto ria.
- Vai doer? – ela perguntou.
- Um pouquinho, mas...
- Ai! Você fez com muita força!
Olhei para horrorizada.
- Eu sinto muito... – ele respondeu, com carinho na voz.
- Tá tudo bem, agora vira, é minha vez.
engasgou com a própria saliva ao ouvir isso.
- Ai, meus ouvidos! Meus Ouvidos! – Berrei, cobrindo os ouvidos com as mãos e saindo de perto da porta com uma careta horrível. – O que eles estão fazendo?! Não! Não me conta! Não quero saber! – Apontei para antes que ela falasse.
Jesus Cristo. O que era aquilo?

Harry’s POV

Estávamos lutando contra a tinta em nossos cabelos quando ouvimos as meninas chegarem e começou com as frases de duplo sentido, eu só entrei na brincadeira. Isso rendeu boas risadas de nós dois. Nós, na verdade, só estávamos tentando pentear o cabelo um do outro para a tinta desgrudar.
- Essa água tá congelando – reclamei.
- Não seja chato, nem tá. – ela disse, tirando um pouco da espuma do cabelo com os olhos fechados.
Segurei ela pelos ombros e a colei na parede gelada, ela gemeu um pouco e arqueou as costas pela parede fria em contato com a pele, ainda de olhos fechados.
- Harry! – ela gritou, brava.
- ! – ri. – Tá gelado agora?
- Se eu ficar cega a culpa é toda sua!
- Ai, foi mal. – pedi, me aproximando com o corpo para mantê-la colada na parede sem usar as mãos, e com minhas mãos livres, passei-as em seus olhos para tirar a espuma para que não entrasse em seus olhos.
Logo que pode abrir os olhos, tudo que ela fez foi me encarar mordendo sugestivamente o lábio inferior e eu me lembro de tê-la amaldiçoado por fazer isso comigo. Isso tornava impossível recuar. E o esperado aconteceu, meu corpo foi sendo puxado para perto do dela como um magnetismo poderoso ali no meio. Tudo em que eu conseguia pensar no momento era o gosto dos lábios dela outra vez, mas ainda tinha medo de apanhar se chegasse mais perto.
- Por que você não me beija logo antes de voltarmos a nos odiar? – ela perguntou, com a voz manhosa e sexy ao mesmo tempo.
- Você leu meus pensamentos. – sorri.
Passei a mão por debaixo de seus cabelos e a puxei para perto pela nuca, fechando os olhos segundos antes de chocar nossos lábios e então senti a explosão, da colisão dos lábios quentes dela com os meus frios, em um beijo molhado. Era tudo que eu precisava, meu corpo pedia por isso há tempos. Não só aproximação feminina: aproximação dela.
Pedi passagem e ela cedeu, levando uma mão à minha nuca também. Eu desci com as duas mãos para sua cintura e a apertei um pouco contra mim, certo de que meus hormônios estavam à flor da pele e essa era a explicação por tanto desejo reprimido que escapa de repente. deixou um gemido baixo escapar de sua boca e eu mordi seu lábio inferior, antes de continuarmos o beijo, calmo, mas cheio de vontade.
Senti meus pulmões implorarem por ar, mas eu não conseguia me afastar e fiquei grato quando ela o fez. Minha respiração estava mais ofegante que a dela, e sorria parecendo tão tranquila como se já soubesse que isso aconteceria. Eu nem sabia o que pensar. Foi como se eu esperasse por isso, mesmo sem saber, por séculos.
- Isso foi incrível – ela riu um pouquinho, me afastando com a palma da mão em meu peito e saindo do box, me deixando sozinho e sem saber o que pensar pela segunda vez naquele dia, encarando a parede à minha frente.
Garota complicada.
Ela pegou uma toalha no armário e começou a passar no cabelo, e a outra alcançou para mim.
- Obrigado – falei, ao pegar a toalha. Saí do box também, sem conseguir desgrudar os olhos de seu rosto para tentar entender o que ela estava pensando, mas sua expressão estava impenetrável, quase como se nem tivesse acabado de me beijar. Eu me perguntava se aquela batalha interna só estava acontecendo comigo e por um lado me sentia um idiota.
Passei a toalha pelo corpo rapidamente, por cima do calção molhado que ainda usava, assim como ela passou por cima de seu biquíni e short.
- Tá me olhando assim por quê? – ela riu, vindo até mim e me dando um selinho.
O quê? Como assim, Harry Styles? Meu Deus, ela veio até mim e sorriu, e me deu um selinho ficando na ponta dos pés como se fossemos um casal há meses! Credo, não. Não mesmo.
- Hã... é... – gaguejei, sem resposta para nada.
Ela riu e passou sua toalha em meus cabelos, como se fosse ajudar a secá-los.
Será que ela ainda era a menina de duas horas atrás que me odeia e grita comigo sempre que tem a chance, ou ela foi abduzida e outra veio em seu lugar? Estou certo de que minha expressão era de pânico e confusão total enquanto estava meio que na ponta dos pés bagunçando meu cabelo com as mãos na tentativa de secá-los. Então ela veio e me beijou, assim, do nada? Podemos fazer isso agora? Bem, vou testar, e se eu levar um tapa isso significa que não.
Antes de conseguir raciocinar direito, roubei um selinho de , e me preparei para o pior logo que me afastei dela. Mas ao invés de gritar, me bater ou me empurrar, ela sorriu. Ela sorriu. Eu ficaria menos confuso se ela me esmurrasse, porque assim saberia exatamente o que estava acontecendo: ela ainda era aquela neurótica que tem ódio de mim. Mas sorrir? Eu não sabia como reagir a isso.
- Isso aí na sua cara é um sorriso? – Franzi o cenho olhando para sua boca, e levei um tapa no braço. – Ai.
Ela deu de ombros e virou de costas para mim, indo até a pia e limpando o espelho, para ver seu reflexo.
- Sim, por quê? Reclama quando eu brigo, e reclama quando eu sorrio também?
- Na verdade você fica mais bonitinha assim. – Comentei, tentando fazer graça quando a verdade é que eu estava aterrorizado. Não queria uma namorada. Não queria um relacionamento. Mas eu queria ela, seja lá o que viesse junto com isso.
Ouvi o toque de meu celular vindo de minhas roupas em cima da pia, enquanto eu secava meus cabelos. o pegou na mão e olhou para mim.
- Pode atender – disse, certo de que era um dos meninos.
Ela atendeu e disse “alô”, e logo em seguida, julgando pela sua expressão, não era nenhum dos meninos.
- Não é o Harry, é uma amiga dele. Sim. Pode deixar, eu dou o recado.
desligou a ligação e ficou olhando para o telefone em suas mãos com uma cara estranha por um tempo. Parei de secar os cabelos e fiquei esperando alguma resposta dela.
- Hã, Harry, querido. – ela falou, levantando o olhar para mim outra vez. Levantou meu celular no ar e o virou para mim. – sua amiga Victória pediu para avisar que ela está livre para uma noite agitada hoje, benzinho. – ela suspirou, abrindo de repente um sorriso terrivelmente calmo; tão calmo que assustava.
Victória me chamava de benzinho sempre que ligava para mim.
Dei um passo para trás e murmurei um “merda”, sem nem saber o porquê de fazer isso. travou o maxilar e me jogou o celular como se ele fosse uma pedra, e eu o peguei rápido no ar antes de ele se espatifar no chão molhado do box atrás de mim.
- Eu não acredito que fui tão estúpida. – ela falou para si mesma, virando para a pia e pegando seus calçados do chão.
- Ah, não! – fui até ela rápido e a virei pelos braços para mim. – Não pira de novo, por favor. Isso não... ela não é... ela é só uma modelo qualquer, e... – franzi o cenho. Por que diabos eu estava dando explicação a ela?
- Engraçado, isso é exatamente o que eu sou, também! – Ela riu, uma risada alta e nervosa, meio histérica. – Uma modelo qualquer! Aliás, salva meu número assim no seu celular: “uma modelo qualquer”. Quando estiver com outra modelo qualquer, ela vai ler e ver que é só mais uma qualquer! exclamou, a voz subindo duas oitavas muito, muito rapidamente. Ela puxou seus braços se livrando de mim e indo em direção à porta. Me chamou de Styles daquele jeito que ela costuma fazer quando está normal, falando como se fosse a palavra mais nojenta do mundo.
Eu a impedi de sair antes que ela tocasse na maçaneta e a virei para mim outra vez.
- Qual é o seu problema, afinal? Você tem alguma doença mental?! – Gritei.- Você me beija. Depois me chuta. Depois me beija. Depois começa a berrar. Você já foi no médico, ? Isso só pode ser um distúrbio grave!
- Vai à merda, Harry Styles! – Ela berrou, e dessa vez eu vi seriamente o fogo nos seus olhos. Eu me vi queimando no inferno dentro deles. Travei o maxilar e tentei respirar tranquilamente, dizendo a mim mesmo que ela era só uma garota qualquer. Que eu não precisava deixa-la me irritar tão profundamente.
- Só não entendo o motivo das suas crises neuróticas. Quer dizer, nem temos nada! Por que é que você está brava comigo dessa vez, se eu nem fiz nada?
- Não estou brava com você. Estou brava comigo mesma por me permitir esquecer que tipo de cara você é.
- Ah, é, princesinha? – Falei, agora realmente puto da cara. Por que é que ela não podia ir direto ao assunto nunca, e precisava ficar fazendo joguinhos? – E que tipo de cara eu sou?
- Exatamente o oposto do tipo que eu quero.
- Você parecia me querer há dois minutos atrás quando me beijou com vontade.
- Ah, Styles, pode ficar tranquilo, que não pretendo cometer esse erro duas vezes!
- Tem certeza? Você disse a mesma coisa quando me beijou naquele bar! – Não aguentei. Eu precisei soltar aquela.
Mas eu entendi o recado. E também não era meu maior fã por ter me permitido esquecer que ela é só uma menininha inconsequente que não sabe o que quer e vive fazendo drama para tudo, pensando que é o centro do mundo e sendo ignorante comigo. Eu não entendia como pude chegar a pensar que ela era diferente. Que apesar de marrenta, era o que eu queria em uma garota. Ela nem me conhecia, e não pensava duas vezes antes de esperar o pior de mim. Ela sempre fazia isso.
Soltei-a e me afastei, como ela pediu, antes que a proximidade dela fizesse crescer um ódio dentro de mim que sempre me consumia. virou de costas e saiu do banheiro a passos largos, e ao vê-la se afastar só conseguia pensar em como eu pude tê-la beijado mesmo sabendo que isso nunca acabaria bem. podia ser tudo, mas no fim estava certa: nunca seríamos perfeitos um para o outro.

Niall’s POV

- Onde fomos nos meter? – murmurei para Louis, ao ver que o número de garotas em volta de nós só crescia.
- Cadê o Liam em um momento desses? – Louis murmurou de volta.
O Sr. Gênio Tomlinson teve a brilhante ideia de irmos ao shopping com sua irmã para passar o tempo. Mas não esperávamos que as fãs já soubessem que estávamos ali, às vezes acho que algumas delas trabalham na Interpol, porque não é possível...
- Certo, meninas, chega de autógrafos, os garotos têm que ir – Paul apareceu ao nosso lado falado alto e fazendo todas as garotas gritarem um coro de “ahhhh” lamentando.
Paul nos guiou até o estacionamento e nós três entramos na vã.
- Droga, Fizzy, olha onde nos meteu! – Louis falou com sua irmã.
- Eu só disse que ia no shopping, não te pedi para vir junto, gênio. – ela revirou os olhos.
- E te deixar vir se encontrar com seu namoradinho escondida da mãe? Nem pensar – ele sorriu, cínico, e ela revirou os olhos.
- Vocês não deveriam estar brigando, se veem poucas vezes por ano. – me intrometi.
Louis suspirou e encostou a cabeça no vidro, olhando para fora por um tempo.
- Que dia feio em Doncaster – reclamou. – Zayn disse que o dia em Londres e nas redondezas está ótimo.
- Realmente não foi nosso melhor fim de semana – falei. – Podíamos ter ido para a chácara ou para o hotel fazenda.
- E atrapalhar os planos dos pombinhos? – Louis riu. – Cara, eu daria tudo para ser uma mosquinha hoje de noite só para ver o que vai acontecer no quarto do Liam.
- Liam não é o que namora com a dançarina? – Fizzy perguntou.
- È, mas ele anda de rolo com outra menina.
- Meu Deus! – ela abriu a boca em formato de O. – Imagina se a imprensa sabe disso?
- Fizzy! – Louis se aproximou dela e a segurou pelos braços. – Você não pode contar isso para ninguém, entendeu?
- Ai, credo, me solta! Eu não vou contar, Boo Bear, pode deixar, seu segredo está guardado comigo.
Louis bufou e a deu um tapinha fraco na cabeça.
- Legal, senão nossa mãe fica sabendo do seu namoradinho.
- Isso tudo é ciúmes de irmão mais velho? – ela riu. – Me lembro de achar isso em filmes muito mais fofo.
- Você é muito nova para namorar.
- Vai nessa – ela revirou os olhos.
Suspirei, jogando a cabeça para trás e olhando Doncaster passar pela janela enquanto voltávamos para a casa dos pais de Louis. Era uma cidade bonita ali, eu gostava. Me perguntei o que será que estava aprontando há uma hora dessas.
Provavelmente seu fim de semana estava mais interessante do que o meu.

Zayn’s POV

Eu tinha a leve impressão de que bebera um pouquinho demais logo que minha quinta dose de vodka acabou. Eu estava pedindo, pois ela ainda não era de maior, mas quem estava tomando mais era ela. Não dei muita importância de inicio, e pensei “vou deixar a garota se divertir, eu estou aqui para cuidar dela mesmo”, mas depois de algum tempo comecei a ficar com a consciência pesada.
- Ai meu Deus, eu amo essa música! – Ela gritou alto o suficiente para eu ouvir acima da música, e pegou o sexto copo de vodka da minha mão, virando tudo e engolindo de uma só vez antes de me puxar para a pista. Aquele lugar estava decididamente lotado, era um salão de festas enorme e com pessoas em todos os cantos, nem sei como cabia tanta gente dentro do hotel, porque todos que estavam ali eram os que estavam hospedados.
Girlfriend, da Avril Lavigne, podia ser ouvida alto o bastante. Não é uma música que toca em festas na maioria das vezes, mas eu gostava desse lugar porque as músicas eram diferentes, assim como todo o resto.
pulava e cantava como se fosse a melhor coisa do mundo, e eu apenas me mexia um pouco com a música e observava. Nunca fui um bom dançarino.
- Vem Zayn, dança! – ela gritou para mim, se aproximando mais e pegando minhas mãos para me chacoalhar um pouco.
- Não sou o melhor em dançar.
- Deixa disso, é só se mexer!
No final da música, eu já estava cansado. Ela conseguiu me fazer dançar. Do meu jeito, mas dancei, porque sua felicidade era contagiante. E logo depois, quando começou Like It Like That, ela dançou mais ainda. Mexia os quadris de um jeito que me fazia desviar o olhar para não encarar muito, e de vez em quando chegava perto demais e dançava com o corpo perto do meu.
E entre umas e outras músicas, nós já suávamos de tanto pular e dançar, mas não queríamos parar. Ela parecia ficar mais elétrica a cada música, parecia que alguém a havia dado corda. Ela até provocava olhares das pessoas que estavam em volta com sua dança às vezes, as pessoas gritavam a encorajando a ficar cada vez mais pirada. Para mim era tudo hilário e divertido.
Quando a próxima música acabou, me puxou pela mão para o bar outra vez e pediu para eu pegar outra dose de vodka.
- Você tem certeza? Quer dizer, não acha que já bebeu demais?
- Sim, mas e daí? Você vai me levar para nosso quarto mesmo – ela deu de ombros enquanto tirava os calçados de salto, cambaleando um pouco em um pé só.
Dei de ombros, ela estava certa. Pedi outra dose e a peguei.
- Tá fazendo o quê?
- É muito melhor sem calçado. – ela se levantou, jogando os cabelos para trás e soltando suas sandálias pratas de salto alto em cima do balcão, e depois roubou o copo de mim sem eu nem o tocar na boca antes, e tomou tudo em um gole só.
- Ok, só não entre em coma – ri.
- Anda, vem! – ela soltou o copo no balcão e voltou para a pista, e eu fiz o mesmo para não perdê-la de vista. Não podia perder por aí, bêbada e de pés descalços, senão me matava antes mesmo de eu fazê-lo.
Comecei a me perguntar se eu estava agindo certo ao não impedi-la de beber, mas pensei “quantas vezes essa menina já levou um porre? Essa provavelmente é a primeira vez e quero que seja comigo, porque eu não vou julgá-la amanhã”. E com o tempo e as que nós bebíamos, minha parte racional foi ficando menos sóbria, e quando vi eu já dançava e ria como ela.
Alguma música da Pink começou a tocar e eu fui para perto do balcão descansar lá um pouco enquanto mantinha um olho nela. Era aquela parte da festa em que a maioria dos que estavam dançando vão descansar e tomar alguma coisa, e a pista ficou um pouco menos cheia, as pessoas se amontoando nos bares para comprar bebidas.
Enquanto a música deu uma parada em que Pink falava alguma coisa, eu desviei os olhos por um momento e quando olhei de volta não encontrei mais a . Olhei em volta, e quando a achei ela estava literalmente acima dos outros, em cima do palco onde estava o DJ, com um copo na mão e gritando algo para alguém lá embaixo. Me afastei do balcão do bar e fui até lá, aquilo não parecia bom. Ela ria, mas parecia instável demais para estar na ponta de um lugar alto.
Apertei o passo, pressentindo que ia dar merda. E como eu previ, assim que cheguei até ela vacilou por um segundo apenas, pisou em falso na ponta do palco e despencou.
Não queria nem pensar na possibilidade de eu não estar ali embaixo para segurá-la. Mas ela nem pareceu ligar para isso, já que passou os braços pelo meu pescoço enquanto eu a colocava de pé e começou a rir.
- Sem mais álcool pra você – falei passando o braço pela sua cintura no momento em que aquela música acabou e uma mais calma começou a tocar. passou os braços pelo meu pescoço e encostou o rosto no meu peito, e começamos a dançar num balanço fraquinho, apenas sentindo a música.
Eu não sabia explicar, mas a proximidade dela me fazia sentir que tudo estava em seu devido lugar no mundo. Inclusive ela, perto de mim. Era como se já fizesse parte de quem eu era agora.
Eu peguei uma de suas mãos de meu pescoço e ela se afastou um pouco, e a fiz girar em volta de si mesma e se afastar de mim. Quando a puxei de volta, com força para perto de mim, seu corpo se chocou com força no meu e sua boca na minha. Parei de dançar. O mundo parecia girar em volta de mim, e pensei ser por causa da bebida. Passei um braço pela sua cintura e a outra mão pousei atrás de sua cabeça, com o intuito de que ela pudesse nunca mais desgrudar os lábios dos meus. Quem dera a vida fosse simples assim...
Uma prova de que ela não é, foi quando tivemos que nos separar para respirar. Sorrimos um para o outro, e eu senti aquela sensação outra vez: depois que o beijo acaba, nos perguntamos o que é que nós sentimos e o que é que nós temos um com o outro afinal.
- Quer ir tomar um ar? – perguntei em seu ouvido, e ela assentiu.
Peguei sua mão e nos conduzi para fora do salão, e a brisa do vento lá fora foi um grande alivio, pois lá dentro estava extremamente quente. Algumas pessoas também estavam tomando um ar pelo gramado em volta do salão, e a noite estava bonita, estrelada, e a Lua mais cheia do que nunca, parecia mais perto da Terra de algum modo, de tanto que brilhava.
Nos sentamos em um murinho e assim ficamos por um tempo.
- A noite tá bonita – ela disse.
- Sim – assenti. – Está linda.
Silêncio. Pigarreei e decidi fazer uma pergunta um tanto complicada.
- , o que nós somos? – ela me encarou, confusa. – Assim, na vida real?
Eu sei que havíamos discutido sobre isso mais cedo e que decidimos ser só “amigos que se beijam”, e decidimos não botar rótulo ao que temos, mas eu precisava de um rótulo. Precisava de um nome para o que tínhamos, precisava de uma garantia de que ela não trocaria seu “amigo a quem beija” por qualquer outro a qualquer hora.
não me respondeu de inicio, apenas me encarou por um longo tempo, e eu esperei que ela respondesse. Mas ela não respondeu. Em vez disso, quando foi tomar fôlego e eu pensei que fosse para falar, ela curvou o corpo e só ouvi um barulho de algo caindo na grama:
estava vomitando.

’s POV

Minha cabeça girava. Eu sentia tudo que bebi sair de dentro de mim enquanto Zayn segurava meus cabelos e dava leves tapinhas em minhas costas. Juro que vomitar não estava nos meus planos – sério. Eu nem senti que iria vomitar até de fato acontecer, foi de uma hora para outra. E depois de finalmente botar tudo para fora, eu senti um cansaço tão, mas tão forte, que apenas fechei os olhos e não senti mais nada.
Acordei algum tempo depois sendo deitada em nosso quarto no hotel por Zayn, que me carregava no colo. Abri os olhos e olhei para ele.
- Você meio que desmaiou – ele sorriu, parecia se sentir culpado. – Não devia ter te deixado beber tanto.
Eu só sentia dor de cabeça e na boca do estômago, mas o sono repentino havia passado. Sentei e vi Zayn soltar meus calçados no chão e ir para o banheiro. Voltou alguns segundos depois com uma toalha molhada e me pediu para deitar. Eu me encostei na cama e ele sentou ao meu lado, segurando a toalha em minha testa e senti a dor aliviar um monte.
- Ah, obrigada – suspirei.
- Não precisa agradecer.
Olhei-o, ele parecia um pouco cansado. Eu ainda sentia minha cabeça girar e senti vontade de rir por nada, o que me fazia imaginar que a bebida ainda estava fazendo efeito em algum lugar dentro de mim, nem que fosse um pouco. Eu me sentia mole, e ter a presença de Zayn me fazia não querer perder tempo, e experimentar coisas novas.
Depois de ficar segurando a toalha por um tempo, eu fui até o banheiro e troquei de roupa, colocando meu pijama de verão, com uma blusa larga e um calçãozinho rosa, escovei os dentes e prendi o cabelo. Voltei para o quarto e Zayn estava deitado só com uma calça de moletom preta e sem camisa, com os olhos fechados e só com a luz do abajur ligada. Não sabia se ele estava dormindo, mas eu esperei que não. Aquela imagem dele fez uma faísca acender dentro de mim. De verdade, foi essa a sensação. Algo quente acordar dentro de mim.
Bebida e hormônios, ótimo.
Deitei ao seu lado, e ele se assustou um pouco, acordando de seu quase sono com um suspiro. Olhou para mim – meu pijama não era a coisa mais sexy do mundo, mas eu nem pensei nesse detalhe – e depois se virou para desligar as luzes.
- Zayn – falei, antes de ele tocar no abajur.
- Oi?
- Tudo bem se eu não souber a resposta para a sua pergunta? O que nós somos?
- Tá, tá tudo bem. – ele suspirou. – Vamos dormir.
- Mas não quero dormir. – logo depois de falar, mordi minha língua. Gêmea má, o que pensa que está fazendo?! Zayn se virou devagar para mim e me encarou por um tempo.
- Quer fazer o que, então?
Ponderei o que falar. Era como se eu sentisse o anjo e o demônio dentro de mim conversando, e o segundo ganhou, me fazendo falar:
- Quero ver se adivinha. – murmurei, me aproximando e beijando-o. Zayn não se mexeu muito. Depois que me afastei para olhar em seus olhos, ele estava petrificado.
- Você não sabe o que está fazendo, está bêbada.
Suspirei.
- Eu sei! – disse. – Estou bêbada. Mas e daí? Não foi você que disse que a bebida pode ajudar levando a culpa no dia seguinte?
- Não quer fazer isso de verdade.
- Quer apostar? – ergui uma sobrancelha.
Superando minhas expectativas e me deixando meio confusa, Zayn riu. Virou-se para mim e me encarou por um tempo, aquele olhar que eu amava, de ternura e carinho, que me fazia sentir a garota mais especial do mundo. E, com calma, como ele sempre fazia, Zayn se aproximou do meu corpo e passou a mão por minha nuca, me beijando.
Eu não fazia ideia do que estava prestes a fazer, nunca fiz antes! Mas a vontade era tanta, e eu queria tanto que fosse com alguém especial como ele, que estava com vontade de fazer isso logo para descobrir o que acontece depois. O fato de eu ter a certeza de que Zayn acordaria ao meu lado amanhã de manhã já era alivio o suficiente para mim.
Zayn puxou uma das minhas pernas e a encaixou em sua cintura, sempre com aqueles movimentos calmos e muito bem pensados. Ele parecia ser tão experiente... Ele nos virou e ficou sobre mim enquanto passava as mãos em minha cintura debaixo da minha blusa, apertando um pouco minha pele. Não doía, apenas me fazia querê-lo ainda mais. Eu desci minhas mãos de leve por suas costas, passando as unhas devagar, até chegar à barra de sua calça. A abaixei um pouco e o resto fiz com os pés, não sei como consegui.
Zayn se sentiu em desvantagem e subiu suas mãos para os meus peitos. Há essa hora tudo já estava mais intenso e quente. Ele desceu um pouco na cama e levantou a barra de minha blusa devagar. Começou a beijar minha barriga e toda a região, me fazendo arrepiar. Logo que tirou minha blusa, eu me encolhi um pouco, a ficha estava caindo. Minha consciência estava voltando a existir.
- Qual é o problema? – olhou para mim e sussurrou.
- Nunca fiz isso antes. – sorri e mordi o lábio.
Ele subiu para meus lábios de novo, e afagou meus cabelos, sorrindo.
- Será um prazer ser o seu primeiro. – murmurou em meu ouvido olhando fundo em meus olhos.
Naquele momento não havia como duvidar de Zayn. Ele era meu declínio, a minha perdição. E fosse como fosse, eu era dele.

Liam’s POV

- ! Você está bêbada! Isso não é permitido! – gritei para a garota que corria a uns cinco metros a frente de mim, enquanto tentava alcançá-la sem sucesso.
- Não era esse seu intuito? Me fazer cometer loucuras que pessoas normais de 18 anos fazem? – ela riu. – Está funcionando!
- Tudo bem, tudo bem, mas... – tomei fôlego enquanto corria. – Mas não é minha intenção que você vá presa! Dá pra esperar por mim?!
- Claro. – ela parou de correr, segurando seus calçados de salto de camurça azul forte em mãos e logo eu a alcancei, parando um pouco para retomar o fôlego.
continuou em frente, dessa vez andando, e eu a segui.
- Você tem fôlego! – Disse, arfando, e ela riu.
- Olha que linda a Lua. Está tão grande! É a mais bonita da semana! – disse, olhando para cima.
- É verdade.
Chegamos à grade que dava acesso ao gramado em volta do lago, que estava trancado com cadeados grandes.
- Viu só? Está fechado. Vamos voltar agora. – dei meia volta e peguei seu braço, mas ela só riu e se livrou de minha mão, soltando seus calçados no chão. estava com um vestido preto marcado na cintura. Ela pegou a saia de seu vestido e a puxou toda para um lado, fazendo um nó e o fazendo ficar justo no corpo e mais curto, para poder ficar mais fácil de fazer o que ela estava planejando fazer. Em seguida, se segurou na grade e subiu em cima da primeira barra de ferro horizontal, e foi subindo pelas outras até chegar ao topo, o que eram dois metros e meio de altura.
- Você é louca!
- Sobe logo, Payne! – Gritou para mim.
Fiz o mesmo que ela, e logo estávamos do outro lado. Ela pegou seus calçados pelos vãos da grade e começamos a descer a ladeira até o lago. Quando chegamos à borda, começou a procurar por algo olhando em volta. A noite estava bem iluminada pela Lua, mas estava tudo silencioso ali ao não ser pelos barulhos dos grilos.
- Ali, perfeito. – ela apontou para um lugar onde o solo era mais alto em relação a onde nós estávamos, ficando a mais ou menos um metro e meio acima da água. Ela me puxou pela mão até lá e, quando chegamos, espiou lá para baixo.
- É perfeito. Vamos logo.
- Você não... – apontei para ela e para a água. – , isso é loucura!
- Eu sei! – ela riu. – Não é demais? Anda, tira a roupa.
Ela tentou alcançar o fecho de trás de seu vestido, mas não conseguiu, então se virou de costas para mim.
- , você não sabe nadar.
- E é por isso que você vai pular junto.
Suspirei pesadamente e olhei para ela com descrença. Ela levantou uma sobrancelha para mim.
- Uu eu vou te empurrar!
- Já testamos isso, você sabe que não consegue – sorri para ela.
- Então tá, se eu morrer afogada, sinta-se culpado.
Droga. Comecei tirando o blazer e ela sorriu, vitoriosa. Soltei meu blazer no chão e abri o fecho dela. Tirei minha camisa branca de gola V e tirei meus tênis enquanto tirava as alças de seu vestido com um pouco de dificuldade, ela estava um pouco bêbada. Logo que conseguiu se livrar das laças, seu vestido caiu inteiro no chão, me permitindo a vista de uma lingerie preta com renda e babados vermelhos. Mas que golpe baixo, !
- Tá esperando o quê para tirar a calça? – ela cruzou os braços e começou a bater um pé no chão.
- É... Calça também?
- É claro, senão eu fico em desvantagem.
Suspirei e abri meu cinto, abaixando minha calça bege em seguida, e depois que me levantei de novo sorriu, parecendo realizada agora. Eu me sentia mal estando só de boxer preta no meio de um campo com uma garota bêbada só de lingerie, podendo ser pego a qualquer momento.
- Certo, vamos lá. – ela estendeu uma mão para mim e eu a peguei.
- Um... – contou.
- Dois... – olhei para baixo, para a breve queda até a água que devia estar gelada. Aquilo era completamente duvidoso. Nem sabíamos o que nos esperava naquela água.
- Três!
Fechei os olhos e, sem pensar no que fazia, peguei impulso com o pé pulando para frente com . A próxima coisa foi a colisão com uma água extremamente gelada, do tipo que fez minhas articulações pararem de funcionar no mesmo segundo. gritou um pouco.
- Nossa Senhora, isso tá gelado! – ela gritou.
- Merda, merda, merda – sussurrei, tentando controlar meu queixo que não parava de bater.
- Essa foi a pior ideia que você já teve! – me empurrou fraco, também batendo o queixo, e eu ri.
Eu já a segurava pela cintura e nem percebi quando me aproximei assim. Mas ela também já se segurava em meu pescoço e eu sentia seus pés firmes em cima dos meus. Ela era um tanto mais baixa, então a água que pegava em meus ombros, pegava na sua boca, e ela tinha que ficar com o queixo levantado. Ambos tremíamos pela água gelada.
- Acho que vamos morrer de hipotermia antes de o resgate chegar.
- Se isso for Titanic, você é o Jack. – Riu.
Ri dela, e passei minha mão em seu rosto para tirar uma mecha de cabelo da frente de seus olhos.
- Promise me Rose. Never let go. – murmurei para . Queria que ela de algum modo soubesse que, na verdade, eu estava pedindo para ela prometer que nunca se esqueceria de como é ser jovem.
- I’ll never let go, Jack. I promise. – ela murmurou de volta, sorrindo como nunca antes.
Nós dois rimos feito idiotas um para o outro. Ela assentiu para cima, de onde havíamos pulado.
- You jump, I jump, right?
Gargalhei e concordei com a cabeça, e tentei me lembrar de mais alguma fala do filme. Eu não via Titanic há anos. Só consegui me lembrar de uma, enquanto mexia em seu cabelo. Eu amava mexer em seu cabelo. A proximidade entre nós era cada vez maior.
- Para onde, senhorita? – era o que Jack perguntava, na cena do carro no porão do navio.
pareceu perceber exatamente onde eu quis chegar e sorriu. Ela se aproximou de minha orelha e murmurou, como Rose:
- Para as estrelas. – E depois disso, passou uma das mãos em minha nuca e me puxou para perto, encostando nossos lábios.
Deus, eu me sentia tão mal por estar traindo Danielle! Nada nunca justificaria o que eu estava fazendo, mas aquilo era mais forte do que eu. era tudo que eu conseguia ver ou pensar, e a cada vez que ficávamos mais perto, eu a queria mais! Estava com medo de como isso ia acabar, mas eu estava empurrando com a barriga e deixando para pensar nisso depois. Porque curtir cada segundo do contato com a pele dela me parecia uma coisa melhor a se fazer do que morrer me martirizando por algo que fiz. Eu sei, era horrível pensar assim, mas Danielle estava dormindo em sua casa agora e não sabia o que estava acontecendo. Ela nem precisava saber. Isso logo acabaria, tinha que acabar. Eu só me sentia assim enquanto estava perto dela, e logo que nosso fim de semana acabasse e nossa vida voltasse ao normal, eu sabia que ia esquecer disso. Eu preciso esquecer disso. Não queria machucar nenhuma delas, e esse era o melhor jeito de fazer isso.
- Posso confessar uma coisa? – disse cortando o beijo.
- Uhum.
- Estou sóbria. A vontade de ter você não é uma ilusão porque estou bêbada. Eu sei o que quero. – ela se afastou de meus lábios e voltou ao meu ouvido: - E quero agora.
E quem era eu para recusar a ela, afinal? A quem eu queria enganar? Eu não recusaria nem em um milhão de anos.
A segurei pela cintura, erguendo-a um pouco para que ela não precisasse pisar no fundo, e ela pulou em meu colo, cercando minha cintura com suas pernas. Como na água tudo fica mais leve, foi fácil andar até a margem com ela. O chão embaixo dos meus pés não tinha nada além de grama, folhas soltas e plantas que chegavam até a altura do meu joelho. Logo que chegamos à margem, ela desceu do meu colo e fomos para onde havíamos deixado nossas roupas. Nós a colocamos de novo, molhando tudo, mas sem se preocupar nem um pouco com isso. veio até mim e segurou meu rosto, me dando um breve beijo.
- Vamos para nosso quarto? – ela pediu, e só assenti, abraçando-a e voltando pelo caminho que viemos para ir para o hotel.

Ambos queríamos aquilo mais do que qualquer outra coisa naquela noite, e sabíamos que iríamos faltar com o controle. Eu sabia que tinha namorada, mas era apaixonante, e nem que fosse por uma única noite, ela seria minha, por mais horrível que isso fosse. Seria somente por algumas horas, mas ainda assim era um tempo pra lá de precioso para nós dois. Minha cabeça tinha tantos nós enquanto eu a beijava vorazmente pelos corredores do hotel, e andávamos às cegas em busca da porta do quarto em que estávamos hospedados.
E ele fora encontrado.
O barulho que a porta de madeira escura fez ao se chocar com o portal não foi o suficiente para despertar nós dois do beijo apaixonante em que estávamos.
Desejos reprimidos por ambas a partes estavam ali, expostos. Os sentimentos que eu pensava que não passavam de amizade, agora tomavam outro rumo e eu não queria impedir aquilo tão cedo, pelo menos não quando que estávamos tão unidos, tão envolvidos numa única atmosfera que nós mesmos criamos. Eu não pensava em Dani, e nem em outra coisa que não fosse o quão arrepiante era a maneira que traçava minha nuca com a ponta das unhas nem tão compridas pintadas em um azul claro, que eu gostava na mão dela.
Lembrei-me da cor do esmalte. Sorri.
A necessidade de tê-la para mim, ali, naquele momento, era o que mais importava. Por mais que estivéssemos próximos, qualquer espaço era espaço, e espaço era demais.
De repente, ficou estática. Parou de se mexer, parou de respirar. Arregalou os olhos se afastando de mim, e eu a olhei.
- Isso tá errado. Você é comprometido, não devíamos nem ter nos beijado. Isso foi insano.
A minha expressão de desentendimento se manteve intacta até sentir deixando meus braços pra se sentar na beirada da cama.
Ela não desviou seu olhar do chão por alguns minutos, e eu não desviei meu olhar dela pelo mesmo tempo. Eu queria ela, e tinha certeza que aquilo era recíproco.
Avancei em passos leves até a cama, e subi nela, ficando de joelhos atrás do corpo de . Ela estava linda, e era linda até de costas! Afastei seu cabelo molhado para um ombro só e visualizei seu pescoço que tinha uma fina correntinha de prata. Aquilo destacava. E ela ficava tão mais linda!
Distribuí beijos quentes e calmos por ali. A voz dela sussurrava coisas que eu não entendia direito. Estávamos ali, à mercê um do outro, prontos para fazermos aquilo juntos. Nos deitamos juntos e nem nos demos conta da lua cheia que brilhava lá fora da janela aberta. O vento não era tão forte, só o suficiente pra fazer com que as finas cortinas brancas levantassem um pouco, movimentando. Pode parecer irônico, mas aquela foi a única noite na semana que a Lua esteve linda e brilhante daquela maneira.
Contato visual. Aquilo me provocou faíscas que somente gente apaixonada costumava ter.
Tanto carinho, cuidado. Tanta paixão, destreza, vontade. Eu me importava com , isso sempre foi óbvio! Qual é, nós éramos amigos, e eu amava ela. Mas naquelas carícias, meu amor era de uma intensidade diferente. Eu queria fazê-la sentir tudo o que eu queria sentir. Queria todo o prazer e carinho disponível no mundo postos naquele momento para encaixá-los perfeitamente. Por que aquilo parecia tão certo quanto nunca?
Nossas mãos estavam unidas. Nossos dedos cruzados. Estávamos confiantes.
Confiantes um no outro, confiantes naquele momento, confiantes naquilo que estava acontecendo. Como era capaz daquilo e eu nem sabia? Nem sabia o quão linda ela era por baixo das roupas fofas, dos trejeitos meiguinhos. Aquela era a que eu nunca imaginei que conheceria, e gostei.
Gostei de tocá-la, beijá-la, senti-la. Não queria acabar aquilo ali, mas não queria pensar no futuro agora.
Observei o rosto dela e sorri ao vê-la fechar os olhos e curvar as costas pra trás, mordendo o próprio lábio tentando esconder um longo gemido, que acabou escapando não muito alto. As últimas estocadas eram mais fortes, intensas, e nelas foram postas tudo o que escondi para mim mesmo desde sempre. Tive medo de marcar a cintura fina e delicada dela, mas não conseguia segurar minha força momentânea sozinho, e depositei parte dela nos dedos praticamente fincados na pele dela. As marcas seriam boas lembranças, eu tinha certeza disso.
Eu logo a acompanhei no auge do que poderíamos sentir, e arfei até parar aos poucos, extasiado pelo prazer.
O quarto era de um silêncio gritante. Percebi isso quando levantei para ir ao banheiro, tudo parecia movimentado. Eu sabia que era em minha mente, e na dela também. Logo voltei para a cama e fiz questão de abraçá-la por trás com todo carinho e dar as mãos com os dedos entrelaçados. Depositei beijinhos no ombro dela.
- Você deveria estar arrependido - A voz de tomou conta do quarto depois de alguns minutos de silêncio. - Deveria estar muito arrependido.
- Mas eu não estou - E eu não mentia. Não totalmente. - Me arrependo de não ter feito isso antes. Você é maravilhosa!
Ela sorriu, e eu percebi isso ao ver suas bochechas levantarem levemente.
A janela se mantinha aberta, as cortinas continuavam remexendo com o vento fraco vindo lá de fora. E a Lua. Ah, a Lua! Aquela foi a mais bonita e mais brilhante da semana!



Capítulo 9

Tonight
We are young
So let's set the world on fire
We can burn brighter
Than the sun


Niall’s POV

- E aí, como vão as coisas? – perguntei à , no telefone. Eu ligara para , mas ela ainda estava dormindo, às 10h30min da manhã de domingo.
- Tudo na mesma, Nialler. dormindo, eu tomando café, e Harry se odiando mortalmente...
- Sério? Pensei que eles estivessem dando uma trégua.
- Eu também! Ontem eles passaram a tarde toda juntos e sozinhos em casa, e quando chegamos eles estavam tomando banho juntos!
- Não brinca! – Arregalei os olhos.
- Te juro! E estavam rindo muito e parecia estar se divertindo... Aí eles saíram de lá se odiando novamente. De noite fizemos uma fogueira lá fora, a Lua estava linda ontem, você viu?
- É, eu cheguei a notar... – A verdade era que eu ficara até tarde da noite sentado no parapeito da janela olhando para a Lua lá fora e pensando...
- Pois é. Abrimos um champanhe para comemorar a vida e ficamos um pouco bêbados, isso facilitou para acharmos nosso sono rapidamente. Mas Harry assou uma carne no forno e eu e as meninas fizemos o resto da comida... foi bem legal, pena que vocês não estavam aqui, ia ser divertido. Sabe aquele clima de calmaria? Foi relaxante.
- Ah, que ótimo, adoro isso. Eu queria estar aí mesmo.
- O que estão fazendo por aí?
Olhei em volta, escorado na bancada da cozinha da Johanna, mãe de Louis. Algumas pessoas passavam às vezes, levando e trazendo pratos de aperitivos e bandejinhas com taças para os familiares que estavam fazendo uma festinha comemorativa por ter o filho prodígio em casa.
- Nada demais, a família do Lou decidiu se juntar antes de eu e ele termos que voltar hoje de noite.
- Ah...
Louis apareceu rindo escandalosamente aquela sua risada alta, para pegar outro prato de pasteizinhos de queijo que eu mesmo provara e estava ótimo.
- E ele está... ham, bem? – pareceu tentar disfarçar a voz, mas eu sabia de seu segredinho. Sorri.
- Sim, está melhor. Acho que ele pensa nela com menos frequência agora, sabe. Você faz bem para ele, . Devia se aproximar mais. Lou está aberto a relacionamentos agora.
- Ai Niall, eu não sei o que fazer. Ele gosta muito dela, não quero tentar nada com ele por enquanto e acabar levando um pé na bunda. Acho que vou começar pela amizade.
Ri com ironia.
- Vai por mim, essa não é uma boa ideia.
- Sei... – ela riu do outro lado, como se entendesse do que eu estava falando. – bom, de qualquer jeito, vou desligar para fazer o almoço das crianças. – riu.
- Tá certo . Até mais, cuida... dos garotos aí. Todos.
- Pode deixar, eu vou cuidar dos garotos. – ela deu uma risadinha.
Desliguei o celular e o coloquei no bolso da calça, pegando outro pastelzinho de queijo antes de voltar para a festa, mas esbarrei com uma garota antes de sair da cozinha. Loira e mais ou menos da minha altura.
- Ei, Niall! – ela sorriu, como se já me conhecesse, e fiz o mesmo para não parecer mal educado.
- Ei!
- Sou Lindsay, prima do Louis.
- Ah sim...
- Você... – ela me ofereceu a taça de champanhe em mãos, mas neguei.
- Não, obrigado. É cedo ainda.
- Tá certo – ela riu. Belo sorriso. – E então... como anda a vida? – ela deu de ombros, como se fosse a única coisa que passou na sua cabeça para perguntar.
- Bem, bem... E a sua?
Nós dois rimos de nossa falta de assunto.
- A faculdade é cansativa, não posso negar. Mas compensa.
- Você cursa o quê?
- Biologia. Eu estou me especializando em biologia marinha, na verdade. Quero trabalhar no aquário da cidade, não sei se você conhece.
- Não, Louis nunca me contou que Doncaster tinha um aquário.
- É, nós temos. É o único da região, tem algumas espécies um tanto raras, é como o orgulho da cidade em termos de pontos turísticos. Eu estou trabalhando como voluntária lá duas vezes por semana, é legal.
- E o que uma voluntária faz em um aquário? – perguntei, me interessando por nosso breve assunto e me escorando na bancada outra vez, ela fez o mesmo ao meu lado.
- Bom, eu limpo os aquários e dou banho nos animais, dou comida, essas coisas. – ela deu de ombros. – Os pinguins são minha parte preferida, eles nos entendem mesmo.
- Uau, eu quero conhecer pinguins um dia!
- Ah, eu posso te mostrar se quiser, o aquário é aberto aos domingos de tarde.
- Eu aceito – sorri.
- Sabe, adoro a banda de vocês. De verdade. Acho que são a melhor boyband desde os Beatles.
- Sério? – sorri. – Não ouvimos isso todo dia, obrigado.
- Só estou sendo sincera. – ela sorriu para mim. – Ah... – se virou para a mesa e pegou um guardanapo, virando para mim outra vez e se aproximando, para passar no canto da minha boca. – está sujo aqui.
Qual é? A garota era a maior gata, estava me dando mole e eu não era nenhum idiota. Só porque estava apaixonado por uma garota que não me via como nada além de um melhor amigo, não significa que eu não possa ficar com outras garotas.
- Obrigado – murmurei. Seus olhos eram azuis. Aquele tipo de ligação no olhar aconteceu em seguida, e ela olhou para os meus lábios e depois de volta para minha boca. Tá certo, Niall, tá na hora de ser homem uma vez na vida. Eu puxei a garota pela cintura e selei nossos lábios por uns segundos. Em seguida, me afastei outra vez, com medo da reação dela.
Uou. Muito rápido. Fazia literalmente sessenta segundos que havíamos nos conhecido.
- Me desculpa.
Ela apenas sorriu, e se aproximou de novo, me dando um selinho rápido. Depois se afastou, mas ficou decididamente perto de meu rosto.
- Eu sempre quis fazer isso.
- Então sinta-se a vontade, Lindsay – sorri.
- Lindy. Me chama de Lindy.
- Me chama de... – franzi o cenho. – Niall.
- Ok – ela riu. – Niall.
Colamos nossos lábios de novo. E não é que a menina beija bem? Nem me lembrava da última vez que eu havia ficado com alguém só por ficar, alguém que eu provavelmente nem veria mais. Fazia um tempo que eu não dava uma de “Harry”.
Louis pigarreando na porta da cozinha nos fez nos afastar rápido.
- Vocês dois não perdem tempo, hein? – sorriu, antes de trocar sua taça vazia por outra cheia. E depois voltou para a sala de novo.
Não me importei muito, e Lindy também pareceu não se importar. Depois que ele saiu e ficamos sozinhos outra vez, nós nos aproximamos de novo. Eu não beijava uma garota há tempos, isso era bom.

’s POV

- . – Zayn me cutucou pela terceira ou quarta vez. Será que ele não estava percebendo que eu não queria abrir os olhos agora? – !
- Ai, caralho, Zayn! – levantei uma mão e a levei até seu rosto, ainda com os olhos fechados, e meio que dei um tapa em seu rosto antes de achar sua boca e a tapar com minha mão. – Fica quieto e me deixa.
Eu estava deitada em seu peito, e ele tinha um dos baços ao redor da minha cintura. Ele me puxou para o lado e se virou, ficando em cima de mim e me fazendo cócegas nas costelas.
- Para com isso, cara! O que você tem contra uma boa noite de sono?! – Quase gritei, em um desespero momentâneo.
- Não tenho nada contra uma boa noite de sono, mas já é de meio dia! – Ele disse, com a voz risonha.
Ao ouvir isso abri os olhos em um click, me lembrando do que de fato fizemos durante a noite. Foi... estranho, por ser a primeira vez. E divertido, por ser com ele. Nada de “intensidade” de casais apaixonados, ele fez toda aquela coisa tensa de primeira vez sumir, e me fez sentir bem comigo mesma e com o momento.
- Ai, meu Deus! – me sentei na cama rapidamente, mas foi tão rápido que bati minha testa com a dele e nós dois caímos deitados no colchão outra vez, gemendo de dor e passando a mão na testa.
- Obrigado por mais um hematoma!
- Mais um? Como assim mais um? – olhei para ele. – Não caímos da cama ontem, né?
- Não – riu pelo nariz. – Mas minhas pernas doem por ter te carregado até o quarto. Ah, e tem isso... – ele mostrou seu ombro, onde marcas avermelhadas de unhas apareciam. – Ah, é, e isso – mostrou sua canela, com uma marca roxa. – Porque fui apagar a luz e bati na cama.
- Meu Deus! – Fiz uma careta e tapei o rosto com as mãos, completamente envergonhada, e Zayn riu aquela risada que eu simplesmente amo. – Onde fomos parar, Zayn? Olha o que fizemos!
- Ah, para de drama, vai. Nós tivemos uma boa noite de sexo, só isso. – olhei para ele por entre meus dedos e ele estava deitado com os braços atrás da cabeça e sorrindo para o teto.
Tirei minhas mãos do rosto de vagar, e o olhei.
- Só isso? – perguntei. Eu não sei se isso era bom ou não. Bom pelo lado de nós estarmos conseguindo controlar as emoções e fazendo isso só pelo lado físico da coisa, e ruim porque ele disse como se eu fosse só mais uma que ele já pegou, e isso não soou bem para mim.
- Bom, . – ele olhou para mim, agora sério. – Se vamos fingir ser namorados até sabe-se lá quando, e não vamos aguentar ficar na seca por muito tempo, nós podemos “tirar o atraso” um com o outro e continuar sendo amigos, não é? Afinal, não era disso que estava falando ontem? “Amigos que se beijam”? E mais algumas coisas agora, mas...
- Tá, entendi! – levantei uma mão para ele parar de falar. Eu apoiei minha cabeça nos cotovelos e o encarei de cima, ele não desviou o olhar do meu por nenhum segundo. Muitas palavras, muita informação para alguém de ressaca que acabara de acordar. – Sem sentimentos, então?
- Se for assim que você quiser, madame. – ele deu de ombros. – Se não, paramos imediatamente.
- Não funciona assim, Malik! Ou você tem sentimentos ou não! E então, você sente o quê?
Sei que o botei contra a parede, mas eu queria saber se para ele estava tudo bem ter uma relação desse tipo comigo. Não era uma via de mão única, a opinião de ambos era importante.
- Eu sinto desejo – murmurou para mim e se virou rápido, me empurrando pelos ombros e ficando em cima de mim. Logo depois ele chegou bem perto dos meus lábios e começou a roçar os seus ali.
- Tá, eu já entendi. – espalmei minhas mãos no peito dele e o empurrei, ele caiu deitado ao meu lado, ainda com um sorriso bobo.
- Minha cabeça dói. – reclamei.
- É a ressaca. – ele parou de sorrir por um minuto, e depois me encarou, sério. – Eu devo trazer café na cama para você?
Gargalhei. Eu ia dizer que não, até porque aquilo não era um filme romântico e supostamente não era para estarmos apaixonados, mas pensei melhor.
- Olha, seria interessante, Malik. Você me deve isso. – empurrei-o e ele se levantou resmungando. Foi rápido até a porta e a abriu. – Ei! – chamei, e ele olhou para trás.
- Quê?
- Vai assim?
Ele olhou para baixo, e voltou sorrindo idiota para mim. Ri da cara dele. Zayn vestiu as calças e a camiseta e voltou para a porta.
- Ei – chamei de novo, e ele voltou. Apontei para minha boca, fazendo biquinho.
- Você não é fácil! – ele riu e voltou até a cama, me dando um beijo mais calmo do que antes, e puxando de leve meu lábio inferior antes de virar as costas. Não pude me controlar, bati na sua bunda.
- !
- Trás logo meu café, escravo! – falei, fazendo um gesto para que ele saísse do quarto, e ele saiu rindo e balançando a cabeça negativamente.
Eu definitivamente me sentia uma nova pessoa. Não mais uma garota, mas uma mulher. Dizem que a primeira vez da gente acarreta em diferenças físicas e psicológicas. Eu nunca havia acreditado até acontecer comigo. Não me sentia muito mudada fisicamente, apesar de, naquele momento, eu estar me sentindo mais gostosa do que a Megan Fox quando me levantei da cama enrolada nos lençóis e fui até o espelho do banheiro para ver meu reflexo - fala sério que eu ia perder a chance de fazer uma cena dessas -, mas mentalmente, eu olhava para mim mesma e me sentia mais confiante. Me perguntava como pude ser tão insegura quanto à mim mesma e o meu corpo enquanto estava no colegial, e era apenas a nerdzinha que andava com a gata de cabelos enrolados e a modelo que era amiga de todos.
E agora, pela primeira vez, eu era... A protagonista.


POV

Minha cabeça pulsava. Os sons pareciam mil vezes mais altos do que o normal. Eu podia ouvir pessoas gritando no gramado lá embaixo mesmo estando no quinto andar em um dos quartos mais afastados das escadas.
Flashes da noite passada rodavam sem parar na minha cabeça, e eu estava com medo. Não que não tenha sido bom. Pelo contrário, e é aí que mora o perigo: foi ótimo. Mas eu me sentia suja. Porque eu, , a garota toda certinha, acabara de passar a noite com um cara que tinha namorada e era famoso mundialmente. E eu gostei.
E eu tinha medo dessa parte de mim, a que se mostrava apenas estando com ele. Quer dizer, em outros tempos, quando é que eu iria beber em uma festa até decidir que pular sem roupa em um lago era uma boa ideia? Nunca! E Liam despertou isso em mim. E eu também temia que ele só gostasse da que ele criou, e não da real “eu”, a garota que cuidava das amigas como se fosse suas mães.
Ah, e também tinha a parte de eu estar completamente ferrada pelo medo do que aconteceria a seguir. Como eu pude me permitir deixar esquecer que eu estava fazendo todas essas loucuras com um cara comprometido?! Eu era tão irresponsável! Não podia fazer isso! Ia doer quando eu e ele voltássemos para casa e fingíssemos que nada aconteceu! Eu sempre prometi a mim mesma que nunca arrumaria um cara que só ficasse comigo por uma noite, e olha aí onde fui me meter. Porque eu não esperava, nem em meus sonhos mais loucos, que Liam largasse Danielle por mim, isso era absurdo por diversos fatores.

Eu ainda não havia tomado coragem suficiente para abrir os olhos, mas quando o fiz, me espantei ao ver que Liam não estava ao meu lado. Ótimo, . Perfeito. Ele não estava ali. Minha mente já produzia milhares e milhares de possibilidades de onde Liam estava e porque não estava ali, quando a porta se abriu devagar, dando entrada a um Liam já todo bonitinho, vestindo uma camiseta preta de manga comprida e uma calça jeans da mesma cor.
E eis a melhor parte: Liam entrou com uma bandeja de madeira cheia de comida e com uma margarida. Mesmo não querendo, mesmo com todos aqueles conflitos internos pela noite de ontem e por ele, eu sorri instintivamente. Liam veio até a cama e sentou a meu lado, eu me sentei na cama e ele soltou a bandeja em meu colo, me dando um leve selinho e passando a mão ao lado de meu rosto depois.
Eu amava suas carícias. E naquele momento me vi querendo acordar daquele jeito todos os dias.
Dei uma olhada na bandeja. Tinha pão, geleia, café, chá, morangos e a margarida. Eu a peguei e senti seu cheiro, era um ótimo cheiro para se sentir de manhã.
- Gostou? Meio idiota, né? Eu sei. Mas pensei em um jeito de acordar a garota que te deu a melhor noite de sua vida, e... – ele deu de ombros, fazendo um biquinho. – Isso foi o melhor que consegui fazer com meus recursos.
- Está tudo perfeito, Liam. – Sorri para ele.
- Sabe, tem uma parte de nossa canção que diz “eu devo botar café e granola em sua bandeja, e te acordar com todas as palavras que eu ainda não disse?”. Levei isso em consideração e acordei mais cedo para fazer a bandeja, mas infelizmente a granola havia acabado. – Ele deu de ombros outra vez.
Ri, e peguei a xícara de chá, levando-a a boca e tomando um gole.
- Liam, a noite passada... – soltei a xícara na bandeja. – Foi tudo perfeito, mas...
- Você quer falar disso agora?
- Sim, eu quero. – Respondi, hesitando um pouco. Ele se ajeitou na cama e ficou de frente para mim.
- Tá, mas come. Você tá magra, né?
- Ótima maneira de mudar de assunto, Payne – ri.
- Droga – ele praguejou baixinho e riu também.
- O que vamos fazer? - perguntei, agora falando sério. Essa pergunta era a mais importante que eu tinha a fazer, porque sério, eu não tinha a menor ideia da sua resposta.
- Eu gosto muito de você, . De verdade. Não sou um cara que faz coisas erradas o tempo todo, eu penso em tudo antes de fazer e se devo ou não fazer. E o que aconteceu na noite passada está na minha lista de coisas a não se fazer em hipótese alguma, mas eu não consegui... parar.
Suspirei, pegando um morango. Eu não queria olhar em seus olhos agora, me sentia um pouco desconfortável.
- Realmente gosto de você. – Ele repetiu. – Muito. Mesmo. – Suspirou. – Mas... Eu amo a Dani.
Será que é possível o coração de uma pessoa se partir literalmente? Porque, de verdade, isso não foi só uma expressão, o que senti foi realmente a sensação de que algo no meu peito se quebrou. Mas eu quase nem deixei transparecer por meu rosto, e continuei com uma expressão tranquila encarando meus morangos.
- E eu não quero te machucar, . – Ele disse. Pareceu ser sincero. Pena que agora já era tarde. Desejei ter demorado um pouco mais para me envolver nisso. Mas agora, eu já estava envolvida. – E eu não quero perder o contato, ou a amizade, nem nada com você. Eu ainda acho que se mantivermos distância talvez nós conseguimos controlar isso, mas não quero ficar longe de você nem das meninas, vocês fazem parte da nossa vida agora. Você entende que eu não posso ter nada com você por causa da mídia? Imagina se eu terminasse com a Dani e fosse visto com você em seguida?
Eu juro que não percebi em que parte isso tudo meus olhos já estavam marejados, simplesmente aconteceu. Liam percebeu antes de mim. Ele levantou meu queixo e olhou em meus olhos, tornando mais difícil segurar as lágrimas.
- Ah, por favor, não faz isso, . – Ele murmurou, franzindo o cenho como se me ver chorar fosse o machucar de algum modo. – Por favor, não chora. – Pediu, com a voz baixa.
Liam pegou a bandeja do meu colo e a soltou na mesinha de canto, me puxando para seus braços e me abraçando forte, fazendo eu desabar em lágrimas. Droga, eu sou tão estúpida!
O certo a fazer agora seria odiá-lo? Porque eu não conseguiria mesmo se tentasse. Isso foi uma escolha de nós dois, não apenas dele. Eu também deixei que acontecesse, porque eu também queria.
- Estou me sentindo um cretino, . Eu juro. Tudo isso que estou falando, me faz sentir como se fosse um cara que só fica com as garotas por uma noite e depois as larga. Mas eu não sou assim! Eu juro! Se eu pudesse... – ele suspirou pesadamente. – Se eu pudesse mudar isso de algum jeito...
- Você mudaria o que tivemos ontem à noite? – Perguntei, a voz falhando.
- Nunca! – Ele me apertou mais. – Mas se pudesse, de algum modo, não te fazer sofrer! Não nos fazer sofrer! eu nunca quis te fazer chorar, você acredita em mim?
- Sim. – Falei. Eu podia sentir a verdade em cada palavra que ele dizia. Eu entendia. Não podíamos ficar juntos, e não era falta de vontade, nós simplesmente não podíamos.
- Eu juro para você que não estou pensando nem um pouco em mim! Eu só me preocupo com você de tal modo, que nunca poderia te expor à mídia desse jeito! Você não sabe como eles trabalham, , eles acabariam com você em alguns dias, frágil do jeito que você é! E eu não quero que isso aconteça.
Ele se afastou e segurou meu rosto com as duas mãos, limpando minhas lágrimas com os polegares e me dando um beijo na testa em seguida.
- Eu sinto muito. Nunca devia ter te convidado para vir aqui e passar por tudo isso. Nunca devia ter te deixado beber tanto ontem. Eu já sabia que isso ia acabar acontecendo. A culpa é toda minha.
- Não, Liam. Eu estou apenas sofrendo as nossas consequências, mas sou bem grandinha para saber o que faço. E quando disse que queria de verdade aquilo ontem, eu falei sério. Também não mudaria nada do que aconteceu ontem, eu juro! E mesmo estando magoada, esse fim de semana foi o melhor de toda a minha vida, e eu só tenho que te agradecer por isso. Então obrigada. – Balancei a cabeça, tentando colocar ordem em meus pensamentos, e engoli em seco. - E podemos manter contato. Só peço que me prometa que nunca vai deixar, de modo algum, isso que aconteceu aqui mudar em algo o que tínhamos antes.
- Eu prometo, .
Acho que ficamos assim pelo resto da manhã, abraçados na cama sem falar nada, apenas pensando em tudo que aconteceu durante o fim de semana, antes de voltarmos a agir como simples amigos outra vez. E foi a coisa mais difícil que eu já fiz.

’s POV

- Beleza, mandou a mensagem? – perguntou, estávamos todas em uma roda no nosso carpete da sala. Eu ainda nem havia tirado minha roupa com a qual trabalhei o dia todo na editora, naquela quarta-feira completamente cheia. E agora, de noite, eu estava exausta.
Conferi a mensagem “reunião de emergência, SOS. Na nossa casa, chame os outros.” E apertei em enviar para Louis.
- Acho que eles vão amar a ideia. – pulou de empolgação.

Alguns minutos depois, quando saí do banho e a campainha tocou, atendeu, deixando cinco meninos entrarem na casa e se jogarem em algum canto da sala. estava comendo pipoca, estava deitada no sofá assistindo filme e passando a mão no enorme labrador deitado no chão ao seu lado, estava arrumando a cozinha e estava enrolando o cabelo com um babyliss e seu espelho escorado na janela. Eu estava secando meu cabelo com a toalha.
- Então, o que foi? Alguém morreu ou algo do tipo? – Louis perguntou, agitado.
- É claro que não, né. – Ri, me jogando ao seu lado no sofá. – É uma novidade.
- Não me digam que vocês vão se mudar outra vez, porque dessa vez eu pago ajudantes, mas não carrego sofá para lugar algum! – Zayn reclamou. Ele havia sentado nos pés de , colocado em seu colo e agora fazia massagem nos pés dela, que já estava quase dormindo no sofá.
- Não, Zayn, não é uma mudança. Nós só...
- Desculpa – murmurou para Liam, sorrindo sem graça ao se sentar do lado dele, que era o único lugar sobrando, enquanto amassava uma bolinha de guardanapo na mão. Ela olhou para o chão logo que sentou. Aquela garota andava muito estranha, eu ainda ia descobrir o que aconteceu naquela chácara, mas não agora. – Prossiga – ela assentiu para mim.
- Bom, é o seguinte: como vocês já devem saber, meus pais passam quase o tempo todo em conferencias pelo país todo e quase nunca estão em casa. Nesse fim de semana eles vão para a América, e eu pedi para tomar conta da casa, o que quer dizer que vamos dispensar os seguranças e eles não vão ficar sabendo se algo acontecer com a casa. Então eu decidi dar uma festa!
- Uma festa escondido dos seus pais? Meu Deus, quantos anos você tem?! – Niall me olhou com um sorrisinho de canto.
- Devo deixar claro que tudo que eu sabia sobre a sua família até hoje é que eles são tipo parentes da rainha ou algo assim? – Harry deu de ombros, roubando pipocas de , e o mostrei o dedo do meio, voltando a atenção a Niall.
- Não é escondido, Nialler. Eu disse que daria a festa, mas falei que era uma festinha para os mais íntimos, eu meio que diminui as coisas, porque se for para dar festa, temos que fazer bem feito!
- Legal, é a primeira vez que ouço a palavra festa vindo de vocês, estão evoluindo! – Harry riu e eu o encarei, séria, por um momento.
- Ai! – reclamou se fazendo presente, visivelmente encostando a mão no babyliss quente. Ela estava de costas para nós.
- Legal, mas por que nos chamaram, afinal? – Liam perguntou.
- Porque, é claro, precisamos da ajuda de vocês! – Sorri abertamente e Zayn me olhou com um olhar homicida.
- Eu sabia! Qual é a da vez?
- Você quer que ajudamos com a decoração? Adoro fazer isso! – Lou sorriu abertamente e sorri de volta.
- Na verdade...
- Acordem! – gritou. – Vai ser legal se ajudarem os decoradores profissionais que contratou para a festa, mas ela estava falando de contatos! Mexam na agenda telefônica de vocês e chamem alguns amiguinhos importantes. A festa vai bombar se alguém como Ed Sheeran, Rita Ora ou – ela deu um gritinho. – Cher Lloyd aparecer por lá!
- E que tal Mcfly? – Harry falou, com descaso, passando os nomes em sua lista telefônica. engasgou com suas pipocas.
- Não brinca! – Gritou e se levantou do sofá, praticamente pulando em cima dele, olhando o celular. Harry riu.
- Tom? Tom? Tom?! – Ela exclamou com os olhos arregalados. – Esse é O Tom? O Fletcher?
- Esse mesmo. Quer que eu ligue?
- Quero!
Harry riu e apertou em ligar, levando o celular ao ouvido, e colou o ouvido no celular para tentar ouvir algo.
- E aí Tom, beleza?
O silêncio na sala se tornou mortal, até havia levantado para ver, e ouviu algo que a fez tapar a boca para não gritar. Seus olhos podiam pular das órbitas há qualquer momento.
- Aqui também. Olha só, eu liguei para te convidar para uma festa que vai rolar aí, vai ser de umas amigas nossas e... Sim, sim... É, queríamos que vocês aparecessem por lá. Não, não vai. Pode trazer, quanto mais melhor. – Harry nos encarou e sorriu para mim. - Sim, esse fim de semana. Tudo bem, nos falamos mais tarde. Até mais, Tom, se cuida.
E desligou.
- Ele disse que vai tentar aparecer.
- Era disso que eu estava falando, meninos – sorri, satisfeita.

’s POV

Devia ser o quarto ou quinto hematoma por queimadura que eu conseguia em meus dedos naquela noite, eu estava sem coordenação para enrolar os cabelos, mas precisava fazê-lo. Era aniversário de uma amiga, e prometi que apareceria.
– Ai, droga! – Reclamei, quando toquei o dedo no babyliss outra vez.
- Tem comida nessa casa? – Styles perguntou.
- Querido Harry, quando é que você veio aqui e não tinha comida? – sorriu e foi para a cozinha, e em seguida gritou de lá: - fiz a janta, venham comer!
- É legal porque a casa da é tipo a casa da vovó – ele falou e riu, levantando.
E em seguida, só ficamos eu, , que estava dormindo, e Zayn, que massageava seus pés sem nem perceber, na sala, enquanto olhava para a parede com o olhar fixo e visivelmente longe dali.
- Zayn? – O fitei pelo espelho.
- Hum? – Ele acordou.
- Não vai jantar?
- Não estou com fome, . E você?
- Já comi, vou sair.
Nesse momento, Harry apareceu com seu prato servido na sala. Eu ainda não sabia como tive coragem de beijar aquele imbecil, estando sóbria ou não. Foi um total engano, e pensar que por alguns segundos passou pela minha cabeça que talvez ficássemos bonitos juntos me dava náuseas.
- Na boa, eu acho que não temos comida de verdade nessa casa desde 2009. – vinha falando.
Em seguida, faltava apenas a parte da frente de meu cabelo para enrolar e todos já estavam na sala outra vez, cada qual com seu prato de comida.
- E então garotos, como foi o fim de semana? – perguntou para todos que passaram longe de nós, ou seja, e Zayn, e Liam e Louis e Niall se entreolharam e ficaram quietos. – Hum, Niall?
- Foi legal. – Ele disse apenas, enchendo a boca de comida de novo.
- Só legal? Ele passou o rodo na minha prima – Louis riu. – Esse babaca.
Niall o crucificou com o olhar e Louis achou melhor parar de falar e encheu a boca também. Eu olhei para enquanto segurava minha mecha de cabelo em volta do babyliss e vi seu olhar decepcionado automaticamente. Conhecia bem as amigas que tinha.
- Bem... – Niall estava muito vermelho, chegava a ser engraçado. – E o seu, Liam?
- Hum? – Liam ergueu a cabeça ao ouvir seu nome, acordando de um transe.
- O seu fim de semana?
- Ah... ah! Foi legal, é. Mas tenho certeza que Zayn e têm mais a contar. – Riu fraco.
- Ah, é, foi bom.
Depois disso, todos apenas ficaram em silêncio e jantaram. Será que só eu saquei que algo cheirava muito errado ali no meio? Algo com certeza aconteceu. Mas, bem, quem era eu para falar.
Vinte minutos depois e eu finalmente estava livre. Meus cabelos estavam cacheados desde cima, sem nem uma parte lisa, e coloquei uma tiara para puxá-lo para trás e dar volume nas pontas. Eu já estava começando a cansar daquele loiro.
Pensando nisso, peguei meu notebook e fui checar meus e-mails que não olhava fazia tempo, enquanto todos estavam em uma roda no chão jogando cartas e rindo.
- , ! – Cutuquei minha irmã com o pé e ela se curvou para perto de mim para ouvir.
- O quê? – Perguntou.
- Um representante da American Twelve disse que viu minhas fotos em um catálogo e quer que eu vá para os Estados Unidos para um ensaio! – Mostrei o e-mail a ela, falando baixo, mas acho que todos ouviram.
- , isso é ótimo! – Lou sorriu para mim.
- American o quê? Nunca ouvi falar. – nos olhou.
- Eu também não, mas quem liga? É americano! Eles viram meu trabalho fora do país e gostaram!
- Grande coisa, todo mundo sabe que você é uma gata – piscou para mim e dei a língua para ela, sorrindo.
- Quanto tempo?
- Hum... – chequei o e-mail de novo. – Duas Semanas. Em Nova York. Todas as despesas pagas, em um hotel perto do The Garden. Caramba! Me sinto a Oprah.
- Oprah? – murmurou.
- Foi a única pessoa que me veio à cabeça.
- Tanto faz, né? Você não pode ir. É muito tempo, seu pai não deixaria.
- Ou será que você não deixaria? – Ri, mas ela ficou quieta.
- É perigoso... mas acho que a já sabe se cuidar sozinha. – Liam disse, olhando para com todo o cuidado. Ela o encarou por um tempo e por fim suspirou.
- É, talvez você esteja certo.
Ri e balancei a cabeça. Me senti filha dos dois por um momento. Sinistro.
- Ainda tenho uma semana para responder. Vou pensar nisso mais tarde.
- Então quer dizer que você vai perder a formatura caso aceite? – perguntou. – Poxa, , é nossa formatura! Você não pode perder isso, é um rito de passagem!
- Ainda não sei se vou, tá! Eu vou pensar nisso.
Fechei o notebook. Harry gritou e levantou as mãos, me assustando.
- FULL HOUSE! Perderam, otários! Ninguém ganha do papai aqui!
- Eu se fosse você não comemoraria tanto, baby – sorriu. – Você é o único que está sem par.
- Tenho certeza que nenhum de vocês juntos consegue um Full House – ele sorriu para ela, cínico.
- E quanto a uma sequência? – Zayn soltou suas cartas com as de , sua dupla, e o sorriso de Harry murchou na hora. Ri dele e me levantei para atender o celular.
Uma das garotas que ia à festa avisou que já estava lá embaixo esperando e desliguei, pegando minha bolsa para descer.

’s POV

Feriadão não é tudo de bom? Naquele ano, o Spring Bank Holiday caiu perfeitamente, pois a festa da era no sábado e estávamos na quinta, tínhamos que terminar de arrumar o resto da festa para que tudo estivesse perfeito. Além disso, quem não curtia aquele feriado? A chegada da primavera era sempre uma coisa boa. A era uma ótima anfitriã em sua casa e também sabia fazer festas como ninguém.
- Não, eu disse copos vermelhos, vermelhos! Qual é a dificuldade em entender isso? – Ela gritava ao telefone, em sua enorme cozinha. – Não... só um minuto. – Tapou o telefone com uma mão e apontou para um garoto que passava pela porta da cozinha levando flores. – Não, eu quero tulipas. Na porta. Essas são nos fundos.
- , relaxa um pouco! – Pedi. – As veias de seu cérebro vão explodir desse jeito, sabia?
- Essa gente faz tudo errado – bufou. – Quero copos vermelhos para o ponche, não violetas e nem roxo avermelhado, vermelhos! – Gritou ao telefone e o desligou, soltando-o na mesa.
- Está bem, agora vamos relaxar um pouco, que tal? Os meninos acabaram de chegar e trouxeram um lanche.
- Mas, , olha, faltam dois dias e tudo está...
- Shhhh! – Puxei-a pela mão até sua sala de estar, onde todos estavam comendo uns doces e tomando refrigerante que os meninos trouxeram.
- Verde – Harry fez uma cara triste, e abriu a boca mostrando sua língua que estava verde pela bala que comeu. – Desafio.
- Eu quero que você... hum... – sorriu, maldosa. Eles estavam jogando verdade ou desafio e não me chamaram? Sentei-me na roda e vi um notebook com o site da Twitcam aberto e nos mostrando ao vivo para 140.382 pessoas. – Eu quero que você beije o Lou.
A frase sinistra me chamou a atenção e encarei , incrédula.
- Eeeew! – Berrei, com uma careta. – Beijo gay entre nossos melhores amigos é meio broxante, não acha? Além disso, vai acabar com o disfarce deles!
- Bom, um monte de gente anda reclamando que “Larry Stylinson” não é mais como antes, e vocês sabem, agora nenhum de vocês namora e não há nada que impeça, e...
- – Harry murmurou para ela, sério. – Não podemos fazer isso em rede internacional. Não podemos mesmo. – Ele frisou.
- Hm... – coçou o queixo. – Saquei. Ok, então... nos mostre sua cueca.
- ... – ele murmurou de novo, mas depois bufou e revirou os olhos, olhando para Louis com um olhar que quase o implorava.
- Quê?! – Lou o encarou, indignado. – Porra, Harry, você tá sem cueca de novo?!
pegou um cubinho de chocolate e sentou ao meu lado, também com os olhos colados nos dois garotos, como todos da sala.
- Cinco segundos! – gritou.
- Não! Não vou te beijar, pode mostrar essa sua bunda branca! – Louis gritou para Harry, que resmungou.
Harry levantou, virou de costas e, em uma fração de segundos, abaixou e levantou a calça fazendo todos gargalharmos. Ele voltou a sentar e desenhou as palavras “eu te odeio” com os lábios para enquanto ainda ríamos.
- Certo, minha vez – falei, pegando uma das balinhas pretas redondas do pote à nossa frente. Coloquei-a na boca e a mordi, estourando-a sentindo um gosto de cereja invadir minha boca.
- Vermelho – abri a boca e mostrei a língua. – Verdade.
- Eu te pergunto. – falou, sorrindo para mim.
era má, eu não queria nem saber o que ela planejava. Depois de um minuto de tensão, ela perguntou:
- Você gosta do Niall?
A sala caiu em um silêncio profundo. Niall estava sentado ao lado do notebook e quase de frente para mim, ele me encarava com suas bochechas rosadas e seu cabelinho todo bagunçado, com a raiz escura crescendo e do jeito que eu mais amava seu cabelo. Ele piscava seus grandes olhos azuis-quase-cor-de-água para mim, e eu me perguntei como alguém algum dia poderia não gostar daquela pessoa divina. Eu não só gostava de Niall, eu estava completamente apaixonada por ele desde... bem, desde que o conheci de verdade. Ninguém que passa a conhecer Niall não se apaixona por ele. Ele é a pessoa mais amável que eu já conheci, e eu daria tudo para que fosse mais do que sua amiga. Sei o que quis dizer ao perguntar isso e todo mundo soube também, mas eu sabia que o único jeito de escapar era me fingindo de idiota.
- Mas é claro que eu gosto do Niall, ele é o Niall, né. – Sorri.
- Mas... – ela foi falar, mas a interrompi:
- Eu já respondi, agora vai você.
deu de ombros e pegou uma bala, mordeu, e mostrou a língua: vermelho, verdade.
- O sexo com o Zayn é bom? – Perguntei, antes que alguém mais perguntasse, eu só queria me vingar. É claro que eu sabia que aquele namoro era falso, mas o resto do mundo que olhava para aquela cena não sabia, e eu queria saber como se saía falando de um assunto no qual não tem experiência alguma.
Ela me encarou com um olhar homicida.
- Ok, galera, hora do lanchinho! – Niall disse depois daquele momento de tensão, e fechou o notebook. – Hum... eu vou no banheiro – ele falou, se levantando.
- Primeira porta na frente da escada – gritou para ele, e ele seguiu pela escada acima de cabeça baixa.
Niall conseguia ficar a cada dia mais lindo. Me perguntei se algum dia eu teria alguma chance com ele, e se eu queria mesmo ficar parada e deixar todas as minhas chances escaparem. Talvez ele gostasse, lá no fundo, um pouco de mim do jeito que gosto dele, mais do que como amigo. E se algo acontecer e ele não gostar, eu posso pedir desculpas e pedir que voltemos a ser amigos como antes. Com o tempo tudo volta ao normal. Decidi naquele momento que eu queria arriscar, porque talvez estivesse perdendo minha única chance.
Depois de algum tempo, enquanto o jogo continuava, me levantei e, sem falar nada, fui devagar até as escadas também. Ninguém notou minha ausência.
Eu subi cada degrau pensando em o que eu estava querendo fazer e pensando se eu devia ou não fazer. Ao chegar ao topo da escada, vi a porta do banheiro entreaberta e fui até lá, mas antes de abri-la ouvi a voz de Niall vindo lá de dentro. Eu olhei pela fresta, e vi só o seu reflexo no espelho falando com ele mesmo:
- Você consegue, cara. Seja forte, Niall. Ela não quer nada com você.
Ela?
Antes de começar a pensar e desistir, eu empurrei a porta com força e fui até Niall, o assustando. Ele se virou de costa para a pia e se encostou ali, e fiquei na frente dele, o impedido de sair.
Ele me encarava e eu o encarava e era agora ou nunca, eu precisava tomar a iniciativa.
Os olhos de Niall eram dois orbes azuis enormes me encarando confusos, e sua respiração estava ofegante.
- Desculpa por isso, Niall... mas preciso fazer isso, ok? Eu só... preciso.
Fiquei na ponta dos pés e aproximei minha boca da dele. Isso era aterrorizante, tomar uma iniciativa assim, com tamanha probabilidade de fracasso. A verdade era que eu gostava tanto de Niall que só queria tê-lo por perto, não importava como fosse... mas estava arriscando de tal modo que, se ele não quisesse aquilo, botaria tudo a perder.

Ele hesitou entre olhares para meus lábios e meus olhos, e em seguida fechou os olhos e se aproximou devagar, eu fechei os meus e esperei pelo que estava por vir. Geralmente, quando essa cena acontece eu estou prestes a acordar, mas a sensação dos seus lábios tocando os meus, eu posso garantir, foi bem real.
Foi calmo, e ao mesmo tempo nós dois tínhamos essa urgência por matar todo o tempo perdido, saudade do beijo um do outro mesmo que nunca tenhamos nos beijado, porque esperamos por isso desde muito tempo. Eu não queria parar. Eu não conseguiria parar nem se quisesse.
As mãos de Niall foram para a minha cintura e ele me apertou contra o corpo dele, e eu enrolei meus dedos em seus cabelos, sentindo sua nuca se arrepiar. Ele deu um passo para frente e eu para trás, e nos chocamos contra a parede gelada do banheiro de . O mundo parecia um lugar do qual eu não pertencia naquele momento. Eu tinha meu próprio mundo particular, onde tudo que acontecia era aquele beijo e as emoções que ele transmitia, e a corrente elétrica que ele passava para o meu corpo. O mundo, lá fora, era como uma loja de souvenires decorativos de natal, e eu estava presa em um dos globos de neve com meu garoto, não queria sair de lá nunca mais.
Niall levou uma das mãos até meu rosto, e começou a brincar com meus cabelos, eu não queria me afastar dele nunca, mas um barulho de algo caindo lá embaixo e alguém gritando nosso nome nas escadas nos assustou, e nos afastamos automaticamente.
- Desçam logo, vamos começar a arrumar! – Era .
Nos encaramos por longos segundos.
- Nunca pensei que teríamos nosso primeiro beijo no banheiro da . – Murmurei, para evitar que o clima ficasse pesado.
- , eu...
Niall apenas balançou a cabeça algumas vezes, ele parecia atordoado. Não o culpava, eu acabara de agarrá-lo sem mais nem menos.
- Vamos apenas... descer, tudo bem?
- Hã... mas... ok. – Ele assentiu, parecia não saber como reagir, e peguei sua mão, o puxando para fora do banheiro e descemos as escadas um atrás do outro lentamente. O notebook já estava fechado e todos tiravam alguns enfeites de dentro de umas caixas.
- Certo, todo mundo! Vocês já sabem onde botar tudo, bom trabalho.
Niall sumiu para outro cômodo e quis me matar por ter feito aquilo. Eu sabia. O pior ia acontecer!
havia nos explicado como queria tudo logo que chegamos, então tudo que tivemos que fazer foi arrumar o que os entregadores foram deixando em qualquer canto da casa. Alguns dos contratados instalavam as luzes de neon no jardim, o bar no canto da sala de jantares onde seria o grande salão de festas, outros retiravam os móveis e os guardavam em um galpão nos fundos do pátio para que ficassem seguros durante a festa, outro estava em cima de uma escada gigante pendurando um globo de festa no teto...
- não brinca na hora de organizar uma festa – Harry apareceu ao meu lado olhando em volta.
- Ela sempre capricha. Vai ter tudo que uma festa incrível precisa. Ela contratou barmans que são strippers – ri.
- E as bargirls? Isso é injusto.
- Vão ter muitas garotas para você, Harry.
- É disso que eu gosto! – Ele riu e me deu um tapinha no ombro, antes de se afastar.
- Já trouxeram a cascata de chocolate? – passou gritando no telefone por mim, e ri dela.
Definitivamente, essa festa ia ser uma noite e tanto.

’ POV

Quando acordei na sexta-feira de meio dia (era feriado e isso quase nunca acontecia na Inglaterra, então sim, de meio dia), já não estava mais no quarto, como sempre. Ela era quem acordava mais cedo depois de , geralmente.
Fiz minha higiene e fui para a sala, encontrando na mesa com o notebook e tomando café com uma de suas canecas de desenhos.
- Bom dia. – falei, antes de me jogar no sofá e ficar por ali até e aparecerem. foi a última, só acordando quando foi chamada para o almoço. E almoçamos espaguete com strogonoff da .
Ficamos todas atiradas no sofá por um longo tempo depois do almoço, discutindo quem lavaria a louça, e chegamos à conclusão de que deixaríamos para quando os meninos chegassem lavarem para nós. havia aparecido há alguns dias com um puf enorme com estampa de zebra, e eu, e estávamos atiradas em cima dele, cada uma com seu notebook enquanto e estavam no sofá atrás da gente. A TV estava ligada, mas nenhuma realmente prestava atenção enquanto tentava fazer um penteado no cabelo de , conversava qualquer coisa, e comentava sobre como era bom estarmos todas juntas em casa curtindo a vida como fazíamos nos fins de semana antigamente.
me mostrava músicas que ela gostava das milhares de bandas que conhecia e eu nem sabia da existência enquanto estava perdida em seu Twitter, conversando com algumas fãs que ganhou por ser namorada de Zayn.
Estava quente, era metade da primavera e Londres estava florida e ensolarada. Era o melhor dia do ano até agora, sem sombra de dúvidas. A tarde foi passando, ficamos fazendo nada até cansarmos disso, ouvindo músicas antigas e comentando sobre pessoas que já morreram, olhando vídeos de caras como The Turtles, The Smiths, The Fray, The Who, The Kings, The Beattles, The Rolling Stones... Isso se prolongou até às quatro e meia da tarde, quando soltei o celular de lado e olhei para todas elas, cada qual em um aparelho eletrônico diferente.
- Estou com calor – bufou e soltou seu notebook em cima do sofá, se levantando. – Vamos fazer alguma coisa lá fora. Temos um pátio agora, mas ainda vivemos com esse complexo de apartamento. Até o Dobby é mais inteligente! – Comentou sobre o cachorro que corria atrás de uns passarinhos no jardim.
- Lá tá mais quente ainda, tem Sol.
- Sabe, essa esfera redonda feita de fogo que fica no céu e as vezes aparece por aqui faz bem para a saúde!
- Ai, ! – bateu a mão na testa. – Toda esfera é redonda, imbecil.
- Você entendeu... – Ela disse se levantando. Foi até a pequena porta da despensa onde enfiávamos toda e qualquer bagunça e tirou de lá algumas cadeiras de abrir, saindo da casa e deixando a porta aberta. – Venham!
se levantou e ela e foram para a cozinha pegar doces e refrigerante para fazermos um lanche da tarde, enquanto eu e éramos escoltadas por para sentar em nosso gramado com ela.
Ficamos por um bom tempo sentadas na sombra do lado de nossa casa, comendo bombons, tomando refrigerante e falando coisas sem sentido. O pátio não era muito grande, talvez uns cinquenta metros até o muro do portão e a metade disso até o muro que dividia do terreno vizinho. Mas era um gramado bonito e raso, sem árvores ou pedras, que ficava ainda mais bonito em dias ensolarados como aquele.
- Posso contar uma piada? – perguntou, quando todas estávamos em um momento de silêncio e eu olhava para o céu, aproveitando a brisa momentânea.
- Ai, lá vem... – suspirou.
- Conta, vai – ri.
- Por que o japonês não cai da moto?
Ficamos em silêncio por algum tempo, nos olhando. Eu pressentia uma das piadas horríveis de por vir.
- Não sabemos, . Por quê? – perguntou.
- Porque ele senta Yamaha! – Ela soltou uma gargalhada estranha. – Entenderam?
- Espera. Levanta aí, disse, parecendo procurar por algo em minha cadeira.
- Por quê? – Olhei para onde eu estava sentada.
- Tô tentando achar a graça.
- Eu sei que você ama minhas piadas! – jogou uma goma em , que se esquivou.
- Eu não.
- Se eu morresse você morreria de saudades delas.
- Se você morresse eu ficaria com o seu quarto – Comentou, com aquela naturalidade blasé de sempre que tinha, e até dava para enganar alguém que não a conhecia bem. Mas ela nos amava muito, e ah, como amava.
- , se você morresse eu sentiria falta das suas piadas – estendi a mão para ela e ela pegou minha mão, me mandando um beijo no ar.
- Por isso você é minha preferida!
Ri.
era completamente pirada. Ela não era a pessoa meiguinha e quietinha, que sempre falava coisas bonitinhas e amava unicórnios e arco-íris. Ela era louca e imprevisível, engraçada e idiota. Ela sempre tinha algo extremamente inútil e retardado para falar em todo ou qualquer momento para descontrair, ou apenas as caras e as expressões que usava já eram o suficiente para te fazer rir. E ela não precisava forçar nada, ela apenas era daquele jeito. Imprevisível. Você nunca sabe o que vai fazer ou falar, mas sempre espera algo dela. Só que essa , só quem conhece são pessoas com quem ela cria um pouco de intimidade, ou pessoas que ela provavelmente nunca mais verá na vida.
era chamada de menina das piadas sem graça no colégio, era a melhor em diversos esportes, inventava coisas loucas e sem sentido para descontrair o tempo todo, passava trotes para as pessoas quando desse na telha... Ela era tudo aquilo que eu ou qualquer garota queria ser, porque não tem ninguém que não goste dela do jeitinho que ela é. Uma vez, me passou um trote falando que estava grávida e brigamos por isso por uma semana inteira, porque de algum modo absurdo ela me fez acreditar.
- Ai – ela suspirou. – Podemos fazer alguma brincadeira, né? Cansei do ócio.
- O ócio é para poucos, baby – falou.
- Poucos e preguiçosos como você. Ah! Já sei! – Ela sentou na cadeira abruptamente e nos olhou. – Tenho uma brincadeira.
- Você percebe que temos dezessete, dezoito e dezenove anos? – falou.
- Isso é detalhe. É assim, a gente se rodeia até ficar bem tonta, e aí temos que correr em linha reta até aqui. E quem chegar primeiro ganha.
- Faz você, a gente grava e bota na internet. Vai! – Gritei para ela e pisquei, ela fez careta.
- Não, agora vamos. – Levantou. – Vamos! Qual é! Eu sei que por dentro vocês todas morrem de vontade de voltarem a ser crianças por um dia!
- ... – a olhou torto.
- Ninguém tá vendo, ! – Olhou em volta. – Olha, não tem ninguém por perto!
Com muita pouca vontade, eu, e levantamos e seguimos até perto do portão. Ela também tinha essa característica de conseguir quase tudo das pessoas, por mais ridículo que fosse.
- Você não vem, ?
- Não, eu cuido vocês quando estiverem vomitando.
- Espero que o prêmio seja um Louis Tomlinson – murmurou.
Todas nós nos posicionamos lado a lado e quando gritou já, começamos a nos rodear de pé, devagar. Eu odiava isso, minha cabeça doía, mas poucos segundos depois já estava completamente tonta. Cometi a estupidez de abrir os olhos e senti meu corpo quase cair para trás.
- Eu vou vomitar! – gritou.
- Vira pra lá, então!
- Olhem para o céu – disse, rindo.
Fiz o que ela falou e logo me arrependi, tudo rodava mil vezes mais intensamente, e tentei procurar algo para me segurar.
- Me sinto um boneco de posto – comentei.
- Já! – , que há essa altura já ria alto, gritou, e paramos de nos rodear e tentamos correr em linha reta até onde ela estava. Ok, eu subestimei o nível de dificuldade daquela brincadeira. Todas estavam correndo em direções diferentes, mas nenhuma para o lugar certo. Eu fui pendendo para o lado esquerdo aos poucos, e acabei por me bater no Smart de , caindo de joelhos no chão em seguida.
- Droga! – ria alto, assim como todas nós, cada uma jogada em um canto do gramado, no chão.
- Eu ganhei! – deu um pulo ao chegar em e se jogou no colo dela na cadeira.
- Eu quero revanche! – Disse, me levantando e perdendo o equilíbrio, me segurando no carro. – Vamos de novo.
Repetimos a mesma coisa várias vezes, e a brincadeira ficou realmente interessante, até começar a passar mal de verdade e sermos forçadas a parar. Cada uma se atirou em um lugar do gramado e fiquei deitada de olhos fechados até o mundo parar de rodar e meu estômago voltar para o seu lugar de origem.

se levantou depois de um tempo, mas não me importei em olhar para onde ela ia, até que, do nada, começou a chover em cima de nós. Mas não era chuva de verdade, era a mangueira de água que usávamos para lavar o carro.
- Ah, não! – Berrei, tentando proteger o rosto da água gelada, quando ela jogou um jato forte em todo meu corpo, me fazendo berrar. Logo em seguida fez em e em , e levantou meio desajeitadamente e saiu correndo atrás da .
- Vadia, eu tinha feito o cabelo ontem, volta aqui! – correu até a alcançar e pegar a mangueira de sua mão, começando a molhá-la em seguida. Logo estávamos todas encharcadas, e eu tentei lembrar qual fora a última vez que havia me divertido daquele jeito quando criança, mas foi difícil.
- Ter nove anos de novo é legal! – Eu disse, rindo, quando sentamos em um círculo na grama molhada.
- Ia falar a mesma coisa – riu.
- Vamos lavar os cabelos?
- É claro que vamos – fez uma cara de “duh”.
- Agora, gente.
- Não. Definitivamente não. – disse, categórica.

Dois minutos depois lá estávamos nós passando shampoo nos cabelos uma da outra no meio de nosso gramado.
- O que as pessoas vão pensar de nós? – riu.
- Que somos pobres – conclui, espalhando o shampoo no cabelo de .
- Não, estamos brincando de ser pobre – concluiu.
- Isso foi bem rude! – comentou. – E preconceituoso!
- É verdade, desculpa.
- Mas para a é uma brincadeira nova – brinquei.
- Ah é, vamos lá na casa da tomar banho nos irrigadores de jardim dela.
- Idiotas – bufou. – Minha casa é aqui.
- Ei gente, vocês viram que temos uma lâmpada aqui do lado da casa? – virou a cabeça para o lado. – Eu nunca tinha percebido. , já usamos essa lâmpada?
Dei um tapa em sua cabeça.
- Terra chamando !
- Eita, menina que viaja, hein! – riu.
- Nada a ver com a conversa, .
- Desculpa – ela riu.
- Não!

’s POV

- Essa tarde foi tão legal.– Comentei enquanto nos enrolávamos nas toalhas de banho para entrar em casa.
- É, foi ótima. Vamos combinar de não repetir nunca mais! – falou.
- Vocês sabem que quero passar muito mais tempo morando com vocês, não é? – Falei. – Que não quero saber de nenhuma namorando sério e saindo de casa para ir morar no namorado, nem pensando em casar, nem indo para outros países, senhorita , nem nada que nos afaste. Acima de trabalho, amor ou qualquer coisa, somos uma família, família de amigas e irmãs, e não quero que nos separemos nunca, porque não temos nada quando não estamos juntas, ok? – Eu disse, enquanto todas se secavam com a toalha.
- Awn, abraço em grupo? – abriu os braços, e todas nós fizemos o mesmo, nos aproximando e formando um grande abraço quíntuplo.
- Eu juro que nunca vamos nos separar, nós não somos nada uma sem a outra! – concluiu, e nos abraçamos outra vez.
- Momento meloso, né? – fez uma careta.
- E você veio estragar, pedrinha de gelo.
- Certo, garotas, fila para o banho! – bateu uma mão na outra e automaticamente corremos para o banheiro, mas ainda chegou primeiro.
tomava banhos mais compridos do que atravessar o atlântico de barquinho, então tivemos que apressá-la várias vezes. Depois de algum tempo conseguimos todas tomar banho, e quando eu, que fui a última, saí do banheiro, estava fazendo as torradas na cozinha.
Eu estava indo para o sofá, mas a campainha tocou antes, então fui atender.
Logo que abri a porta, me deparei com aqueles cinco rostos familiares sorrindo.
- Oi nanica, tudo bem? – Louis me deu um beijo no rosto e foi entrando, seguido de seus amigos. Niall estava glorioso. Ele parecia ter acordado há pouco tempo e apenas saído de casa sem nem passar a mão no cabelo, e sorri para ele assim que entrou, e fez o mesmo para mim.
Eu tentava me esforçar para pensar menos no beijo de ontem, mas aquele foi o erro mais incrível que já cometi, e não saía da minha cabeça em nenhum momento. Por um lado eu me sentia arrependida, mas por outro parecia que finalmente nosso relacionamento estava começando a dar indícios de que talvez, quem sabe, pudesse mudar, e eu estava esperançosa e queria apostar todas as minhas fichas nisso. Era hora de parar de agir como a amiguinha , e começar a agir como , a garota pela qual ele tem que pensar na possibilidade de sentir alguma coisa.
- , faz mais cinco torradas – gritou.
- Acho que precisamos de mais pão!
- Tem mais no armário, comprei ontem – disse.
- Tá certo, eu faço, mas não vou lavar essa louça enorme.
Ela se referia à louça do dia inteiro, estava gigantesca porque fomos sujando cada vez mais coisas e não lavamos. Eu sabia que sobraria para mim, pois era meu dia de lavar, e não fiquei muito entusiasmada com isso... Até ter uma ideia que mataria este e outro coelho de uma vez só.

- Estava ótima, – Liam falou, baixinho.
- Só viemos aqui para comer, tchau – Louis soltou o prato e foi se levantando, mas sentou de novo e riu.
- Idiota – jogou uma almofada nele.
Niall começou a pegar os pratos de todos e foi para a cozinha.
- A louça é sua, . – me disse.
- Eu sei, eu sei... – Levantei e fiz um bico de frustração. – Vou achar uma alma bondosa que aceite fazer um favor para uma pobre moça.
Sorri e fui para a cozinha, levar o resto dos pratos para Niall, que estava largando seus pratos lá.
- Oi – disse em seu ouvido, próxima demais, largando meus pratos também. Ele se assustou, e se virou para mim, nossos corpos estavam quase colados. Niall continuava com aquele péssimo costume de olhar para meus lábios e de volta para meus olhos.
- Ah, oi – sorriu.
- Está a fim de me fazer um favor?
- Que favor?
- Me ajudar com essa louça enorme. – Sorri um pouquinho. – Prometo que será bem recompensado.
- Bem... Bem recompensado como? – Ele pigarreou, ficando vermelho.
- Niall, tenha um pouco de imaginação! – Ri e me aproximei pegando um pano de prato seco na gaveta. – Você que sabe... escolha seu preço.
Niall se virou de costas para mim rapidamente.
- Como funciona essa lavadora de louça? – Começou a empilhar os pratos em cima da pia instantaneamente, e eu ri.
- Assim – abri a porta da lavadora prateada e puxei a grade aonde iam os pratos e talheres. Depois puxei uma cadeira da mesa e sentei atrás dele, o observando trabalhar. Niall olhou por cima do ombro.
- Te ajudar, né.
Ri e dei de ombros.
Não falamos muito durante a louça, Niall estava quieto e pensativo, então decidi voltar para a sala e ficar com todo mundo enquanto ele terminava.
Nós ficamos conversando sobre assuntos diversos, falando sobre as faculdades, sobre a banda, os nossos planos, a festa no dia seguinte, sobre as fãs que foram à loucura com a bunda do Harry na Twitcam, sobre a nossa tarde louca tomando banho no gramado...
- Precisamos dormir se quisermos ter energia para a festa amanhã – Liam falou. – Além disso, hoje a tarde foi louca.
- Ainda estou com cãibra na mão de tanto assinar revistas – Zayn mostrou a mão direita avermelhada entre o polegar e o indicador, e fiz uma careta.
- Ser famoso não é só glamour. – Comentei.
- Certo, temos que ir. – Louis assentiu. – Já estava quase dormindo nesse sofá.
- Já? – perguntou, fazendo bico. – Não, vocês estão certos, durmam bastante que amanhã não quero ninguém com os olhos fechados antes das seis da manhã.
- Vai ser a festa do ano – comentou.
- Niall, já acabou? – Harry gritou para o loiro na cozinha.
- Já – ele apareceu sorridente na porta. – Nós já vamos?
- Sim.
- Certo.
- Quanto tá cobrando a diária, Niall? – brincou, recebendo uma careta de Niall em troca. Eu ri.
Eu fui a única a me levantar para levá-los até a porta, eles já eram tão de casa que entravam e saíam na hora que quisessem, sem cerimônia. Abri a porta e dei tchau, mas Niall, que foi o último a sair, me lançou um olhar interrogativo, e me lembrei de nosso combinado.
- Ah, meninas, vou levar os garotos até o portão.
Niall deixou os garotos irem à frente até o carro. Quando já estavam longe o suficiente, ele virou para mim e me olhou sem falar nada por um tempo. Depois, ele se aproximou devagar de meu rosto, mas indo contra todas as células de meu corpo, virei o rosto antes que sua boca tocasse a minha.
Tudo que eu mais queria era beijá-lo. Mas eu não queria que fosse apenas um beijo qualquer, e que fizéssemos isso assim. Não queria ser a amiguinha colorida de Niall, eu queria ele todo, ou nada. E sempre disse e sempre provou que garotos gostam de garotas que não gostam deles. Não que de algum modo eu fosse conseguir fingir que não gostava de Niall, porque já estava óbvio para todo mundo, mas... eu queria que ele pensasse que não gostava tanto assim. E eu estava determinada a conseguir Niall para mim. Pela primeira vez na vida eu queria tanto alguém que estava disposta a fazer de tudo para conseguir que ele me quisesse da mesma maneira.

Niall me encarou por algum tempo, e depois se afastou de novo.
- Qual o problema?
- Nenhum, só não... não quero fazer isso agora.
- Por quê?
- Eu... – qual é a desculpa para não beijar Niall Horan? – Eu não posso.
- Não pode por quê?
- Porque... eu... estou ficando com um cara. – Falei a primeira coisa que me veio na cabeça, mas depois decidi que foi uma ótima ideia. Além de tudo, um ciuminho de vez em quando cai bem. – É, estou ficando com um amigo.
- Ficando? Você... – Niall balançou a cabeça e olhou para cima por um tempo, passando a mão no cabelo. – E por que disse que me beijaria?
- Eu nunca disse que te beijaria.
- ... eu não acredito. Você me fez de palhaço! Por que fez isso?
- Mas eu não disse que ia te beijar! Você que interpretou errado, Niall.
- É. Mas... você me beijou ontem!
- Ontem só... Aconteceu. Foi uma vez. Não vai se repetir... ok?
- Quer saber? Você é estranha. E eu vou para casa agora. – Ele parecia desconsolado, e se aquilo não fosse tão adorável eu até me sentiria mal.
- Boa noite, Nialler – acenei para ele, sorridente, enquanto ele entrava no carro, confuso, irritado e sei lá mais o quê. Ri baixinho quando o carro partiu.
O loirinho devia estar puto da vida comigo.

Liam’s POV

Garçons seminus, penas, luzes de neon coloridas que estavam me cegando, bebidas brilhantes e coloridas, garotas com vestidos demasiadamente curtos e outras apenas de biquíni, meninos procurando garotas para ficarem por apenas uma noite, Harry...
- Harry! – gritei, ficando aliviado ao ver um rosto familiar por dentro da enorme casa de , que parecia ficar ainda mais enorme à noite.
- O quê?
- Você já tá bêbado? – concluí tristemente.
- Não totalmente. E você, ainda não?
- A festa mal começou.
- Os jogos começam cedo, amigo – ele sorriu, malicioso, e apenas revirei os olhos. – Você não ia trazer a Danielle? – ele olhou em volta.
- Ela tinha apresentação hoje, estava cansada.
- Bom, então aproveite. Tem aproximadamente três garotas para cada garoto nessa festa!
Ele já ia se afastando para seguir uma menina que passou perto de nós, quando segurei o seu braço e o puxei para perto de mim para ele poder ouvir minha voz pela música:
- Onde estão as pessoas conhecidas nessa festa?
- Eu vi o Josh e o Dan ali atrás, no bar, Niall e no jardim e e Zayn perto da piscina.
Eu assenti e o soltei, para que Harry pudesse seguir alguma das garotas que viu passar por ele.
Andei meio sem rumo pelo salão – que no caso era a sala de jantar de – abrindo espaço pelas pessoas desconhecidas até chegar à sala de estar, que também estava cheia de gente e sem móveis, é claro, para que nada fosse quebrado. Um garçom apenas de colete preto e gravata borboleta, sem camisa e nada por baixo, esbarrou em mim e pediu desculpa antes de sumir entre as pessoas. Vi os montes de pontinhos brilhantes e coloridos que eram as bebidas e logo percebi um segundo bar no canto da sala de estar de , e fui para lá em seguida.
Assim que consegui sentar em um dos bancos no balcão, respirei fundo por ter conseguido sobreviver ao passar por tanta gente. De onde vieram tantas pessoas?
- O que vai querer? – o barman de cabelos arrepiados e sem camisa perguntou. Será que nenhum funcionário dessa festa tem roupas para colocar?
- Foi ordem da . – uma voz feminina – e bem conhecida, por sinal - falou ao meu lado, e ao me virar vi sentada no banco ao meu lado e roendo a unha do polegar. – Ela disse que não queria nenhum funcionário de camisa. Ah, e por falar nisso, indico que experimente a batida de laranja com vodka. Dizem que é a atração da noite. – ela sorriu e levou o dedo à boca outra vez. Eu olhei para o barman e assenti para ele, que foi pegar a tal batida.
- Está curtindo? – perguntei.
- O quê? – ela gritou.
- Está curtindo a festa? – perguntei mais alto.
Ela fez uma careta e um gesto com as mãos querendo dizer “mais ou menos”.
- Acho que estou precisando me soltar, mas não consigo fazer isso sozinha – ela deu de ombros.
- Acho que cheguei no momento certo, então.
- Eu acho que sim. Vou acabar enlouquecendo se não desligar meu lado racional. Harry acabou de passar por aqui tão louco que parecia chapado. Eu fico nervosa!
Peguei a bebida que o barman me ofereceu e me levantei, pegando a mão dela e puxando-a para a porta da frente que dava para o jardim.
Logo que saímos de dentro da casa, um ar fresco soprou fazendo os cabelos dela voarem e a música ficou notavelmente mais baixa.
- Bem melhor aqui fora.
Olhamos em volta, meninas de biquíni e meninos de calção corriam dos jatos de água soltados pelo chafariz no meio do gramado e pelos irrigadores na grama. Aquele lugar era tão grande, que um campo de mini-golf poderia ser montado no pátio em frente à casa de .
- Eu sei o que está pensando. Os pais da são pessoas importantes na região, são uma das primeiras famílias na classe alta de Londres. É até estranho que ela seja uma das mais humildes de nós cinco. Eu demorei meses para descobrir a procedência da família dela e até hoje não acredito quando venho aqui. Seus pais têm uma fortaleza difícil de ser derrubada, começando por uma das maiores imobiliárias de Londres, tem uma linha de lojas de roupas, uma linha de restaurantes...
- Uau...
- Acho que o próximo passo da mãe dela é virar BFF da rainha.
Nós dois rimos.
- Sabe, eu acho que é tão diferente do que se espera que ela seja por nascer nessa família, porque ela cresceu meio sozinha. Ela tem tudo, tudo que quiser, menos uma coisa, que sei que ela daria tudo para ter: união e amizade entre família. Ela não sabe o que é isso. É por isso que ela tanto fala do natal e está tão empolgada para o nosso primeiro natal juntas, para poder finalmente passar uma ceia de natal e festas de ano novo como uma família, entende?
- Sim.
- é incrível.
- É, é incrível mesmo. – eu disse, enquanto andávamos lado a lado e devagar pelo gramado. – Incrível como tem gente que tem tudo e nada ao mesmo tempo. Como as pessoas podem ter tanta coisa material e acabar se esquecendo de coisas muito mais importantes.
- Como é mesmo que Dalai Lama diz?
- “Os homens perdem saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde”. – falei, ela assentiu e sorriu.
- Oi, gente – e Zayn apareceram de mãos dadas e sorrindo ao nosso lado, estava com a parte de cima de seu biquíni e com um short jeans branco. Eu e olhamos para suas mãos entrelaçadas ao mesmo tempo. - Ah... – parou de sorrir e soltou a mão dele. – Nós... só...
- Tinham umas fãs ali. Acho que eram ex-colegas das meninas. – Zayn disse.
- Ah, é, certo. Elas tinham umas colegas que eram super loucas por vocês. Devem estar por aqui.
- É, então nós tivemos que dar as mãos e posar para fotos, e essas coisas.
- Vida de casal famoso não é fácil – suspirei e rimos.
- Querem sentar? – apontou para uma mesinha de pedra no meio do gramado, onde algumas outras mesas, também ali por perto, já estavam ocupadas.
Eu e , e Zayn sentamos na mesa e pedimos uma rodada de cerveja para adocicar a vida enquanto conversávamos e riamos um pouco. O papo estava interessante, falávamos sobre traumas de infância e sobre nossos pais, contou sobre onde morava antes de se mudar para o lado da casa de e como foi quando eles conheceram a família da casa ao lado.
Acho que logo que a festa começou a ficar boa, quando a madrugada começava a dar as caras, já estávamos mais felizes do que o normal por causa da cerveja. Eu gostava de cerveja porque era menos nociva, fazia efeito mais lentamente, e nos dava a sensação de ainda saber o que fazíamos.
Comecei a me preocupar um pouco com quando ela pediu vodka para um garçom, mas eu não podia fazer muita coisa, já que também já estava com o nível de álcool no sangue meio alto.
- Vamos entrar e dançar? – ela pediu.
Não vi problema nenhum nisso. Até que descobri que não era comigo que ela queria dançar, mas com Zayn. Não, não tinha meu nome, e não era minha propriedade, mas foi com ela que tive a melhor noite da minha vida, e fui eu que ela beijou, e não Zayn. Então por que ela não estava dançando comigo, e sim com ele?
- Eles nos trocaram – fez biquinho ao meu lado, e deitou a cabeça no meu ombro. – Ah, mas deixa eles para lá, vamos dançar eu e você. – ela puxou minha mão e foi para o meio das pessoas.
era legal, ela era uma das meninas, então é claro que era legal. Dançamos ao som de Last Friday Night, da Katy por algum tempo, girando e rindo do simples prazer de curtir como amigos. Ao terminar a música, Zayn e se aproximaram e trocamos de par, bem quando outra música começou a tocar.
- Como eu amo essa música! – ela disse ao pé do meu ouvido.
- Gostei desse DJ. Toca todos os tipos de música!
- A contratou ele por isso!
Em algum ponto da música, que falava sobre Paris, começou a dançar de um modo que me dava arrepios. Enquanto ela dançava momentos daquela noite no hotel fazenda percorriam minha mente, e precisei me controlar para ficar na minha. não era o tipo de garota que sabia como seduzir um cara de propósito, mas ela não precisava se esforçar muito para me deixar pirado. E do jeito que mexia os quadris estava tendo sucesso.
Ao terminar a música, seu cabelo estava molhado pelo suor e ela sorriu para mim, sua maquiagem levemente borrada embaixo de seus olhos, mas isso a deixava ainda mais linda. Acho que era pelo fato de ela ser, bem... Ela.
Dançamos mais algumas músicas até que começaram a tocar algumas lentas. Conversamos um pouco, e então os primeiros acordes de You’re Beautiful, do James Blunt tocaram, e se abraçou em mim, passando os braços por meu pescoço e deitou a cabeça em meu peito.
- Essa música é total golpe baixo – sussurrei baixinho e sorri, a abraçando apertado.
Fechei os olhos. James Blunt era um cantor e tanto, e ao mesmo tempo em que suas músicas eram tristes elas também eram relaxantes e bonitas. Eu sabia que amava Danielle, mas abraçar me proporciona essa sensação única de que ela era minha e eu era dela e tudo estava certo no mundo.
- Não é irônico como essa musica parece perfeitamente nossa? – disse em meu ouvido enquanto nos balançávamos para os lados em um ritmo calmo, e como uma prova do que ela quis dizer, a voz de James soou cantando “And I don’t know what to do, cause I’ll never be with you”.
Apenas concordei com um “uhum” fraco, as imagens dela chorando no outro dia no hotel vindo em minha cabeça. Eu não conseguia parar de pensar em nossa noite e em como tudo fora perfeito, e queria que as coisas fossem simples, mas eu honestamente não sabia mais o que estava fazendo.
A música estava prestes a acabar, e não queria sair daquele momento. Fechei os olhos e cantei baixinho:
- But I don’t know what to do...
Mas antes de terminar a frase, se afastou de mim para olhar em meus olhos, e então apenas aconteceu. Ela acariciou meu rosto e se aproximou, me beijando calmamente, e a sensação era de eu estar provando um pedaço do paraíso. Pela primeira vez, concluí que aquele era meu vício. Era o erro mais irresistível que já cometi. Eu estava completamente dependente dela.

Niall’s POV

- Vira, vira, vira, vira, vira! – Uma rodinha de pessoas que nunca vi na vida me olhavam e batiam as mãos no balcão, gritando para mim. Peguei o martelinho em minha frente e o encarei. É o último, Niall, pensei, só mais esse e você não vai mais precisar tomar. Ela não vai conseguir tomar mais do que isso. Antes de me arrepender, virei todo o líquido transparente na boca, sentindo o gosto horrível e o líquido descer queimando minha garganta até chegar ao estômago. Só o que ouvi foi um monte de gritos ao redor de mim. Segurei uma careta pelo gosto terrível da tequila e encarei à minha frente, com um olhar desafiador.
- Quero ver tomar mais do que isso.
- Ele tomou três. Se quiser ganhar, tome quatro. – o barman falou, parecia se divertir. Eu nem lembrava exatamente de onde estava ou como me convenci a entrar naquela. Apenas sei que precisava tomar mais que porque ela me desafiou, e era questão de honra. Tudo em volta de mim já girava.
- Manda. – ela sorriu de canto, e o barman assentiu e colocou quatro copinhos na frente dela, enchendo um de cada vez com a bebida.
- Vira, vira, vira, vira, vira! – todos começaram a gritar outra vez.
Por um breve momento lembrei que aquilo se tratava de tequila. Jose Cuervo puro. Em shots pequenos, mas que eram capazes de fazer um estrago danado. Logo depois, porém, eu ignorei esse pensamento.
nem parecia sentir, apenas pegou dois copos de uma vez e virou um atrás do outro, batendo-os com força no balcão outra vez e dando um gritinho. Depois, fez o mesmo com mais dois e respirou fundo, pegando o último.
ia entrar em coma alcoólico.
Ela sorriu para mim e me mandou um beijo, debochando de mim, e todos começaram a gritar outra vez. Em seguida, virou o último copo e o soltou no balcão, começou a pular e fazer high fives com todos em volta.
- Ela tomou cinco, se quiser ganhar tem que...
- Foda-se, você! – gritei para o barman sem camisa. – Eu desisto! Você não é humana!
apenas riu, e a rodinha começou a se dispersar aos poucos. Depois, ela me puxou para fora pela mão, e me senti grato por pegar um ar, porque eu estava prestes a vomitar lá dentro.
- Vamos para a piscina – ela gritou para mim, e apenas a segui, tentando continuar de pé. Eu sentia tudo girando como se tivesse me rodeado por horas. Vi correr na minha frente até a piscina cheia de gente, mas antes de chegar lá ela resvalou na água do chão e caiu sentada no chão. Eu comecei a rir que nem um idiota, e ela também. Fui até lá e estendi minha mão, me abaixando um pouco, mas a tontura foi tanta que também caí sentado.
Nos levantamos com dificuldade, e pegou distância da piscina e pulou. Eu me perguntava como ela ainda conseguia correr depois de tudo relacionado a apostas que fizemos naquela festa. Começava a gostar mais dessa garota a cada segundo, ela não era o que eu esperava, era completamente pirada, mesmo quando não estava bêbada. E eu amava isso. Tentei lembrar o motivo para ter tentado ficar bravo com ela no começo da festa, mas de qualquer maneira era impossível ficar bravo com por muito tempo.
- Vai ficar olhando aí ou vai entrar? – ela gritou lá de dentro, e entrei na água também. Com cuidado, para não fazer movimentos bruscos e a náusea voltar.
Fui para perto dela e ela para perto de mim, e ficamos nos encarando por algum tempo, Domino da Jessie J tocava lá dentro da casa, tão alto que tremia as janelas.
- Olha só para eles – ela olhou em volta e segui seu olhar, vendo todas as pessoas se divertindo na água e fora dela. – sinto pena deles.
- Ué, por quê? – perguntei, confuso.
- Porque eles nem sabem o que é se divertir de verdade. Eu é que sei o que é se divertir, por favor – ela bufou e revirou os olhos. Ri disso. Na verdade, comecei a sentir pena deles também. Ela estava certa. Pensam que estavam se divertindo, mas é que sabe o que é se divertir de verdade em uma festa.
- Quer ouvir uma piada? – ela perguntou, olhando para cima. balançava junto com a água, e me perguntei como ela ainda estava de pé.
- Quero.
- Qual foi a primeira coisa que o Batman falou para o Robin quando eles chegaram em Gothan City?
- Eu não sei... o quê?
- Foi... – ela ia falar, mas um garoto que estava atrás dela a empurrou para cima de mim e eu a segurei. começou a rir do nada. – Desculpa.
- Tá tudo bem. O que o Batman falou para o Robin?
- Hum... – ela cerrou os olhos e olhou para cima outra vez, parecia tentar pensar em algo. – Desisto, o que ele falou?
Gargalhei. Ela começou a rir comigo, e tentei parar de rir, mas eu não conseguia, então ficamos rindo um da risada do outro por um longo tempo, até que finalmente perdeu a graça.
foi até a borda e mergulhou. Ela demorou uns segundos, depois senti um jato de água quente em minhas pernas, e ela voltou para a superfície com a tampa do registro da água quente. Todos naquela área da piscina logo que sentiram a água morna nas pernas olharam para baixo confusos, e um breve momento de silêncio se instalou na piscina até gritar:
- Porra Niall, eu disse para você não beber tanto chá!
No momento seguinte, todos olharam para mim e saíram gritando da água.
- Meu Deus, eu não mijei na água, não! – gritei, mas ninguém pareceu me ouvir, e se curvava de rir na minha frente. – Dessa vez você se superou! Tá sujando minha reputação.
- Foi engraçado – ela deu tapinhas no meu ombro e se segurou na borda, subindo na mesma e saindo da piscina.
Fiz o mesmo que ela e seguimos para dentro da casa outra vez, com as roupas totalmente encharcadas. Ao chegarmos à porta, suspirou.
- Body shot. – Ela falou e sorriu para mim, como se sua mente houvesse se iluminado de repente.
- Oi? Onde? – Olhei em volta.
- Vamos fazer. – Ela falou e seguiu para perto do bar outra vez. Segui de perto, não queria perder aquilo por nada. Enquanto andávamos até lá, ela alguns passos na frente, encontrou no canto da sala com duas outras garotas e puxou a amiga pela mão.
- O quê?!
- Você vem comigo. E vocês também – apontou para as duas garotas com . – Vamos fazer algo.
- , eu não gosto disso... – disse, parecia uns dois terços mais sóbria que a gente, mas ainda assim talvez um pouquinho alterada. Ela seguiu mesmo assim até o bar, onde se esquivou no meio do grupinho da vez e chegou até o garçom, pedindo mais quatro shots de tequila e tirando a blusa molhada enquanto ele enchia o copo. Eu e mais a metade dos caras naquele lado da festa paramos para olhar. Ela pegou duas doses em cada mão entre os dedos e entregou um copo para cada uma das garotas.
- O que estão esperando? Tirem a blusa! – falou, como se fosse óbvio. – Não me olha com essa cara, quero ver seu sutiã agora mesmo, . – disse.
me encarou e fez uma careta, me entregando o shot que segurava na mão para tirar sua blusa.
- Você não devia ter deixado ela beber assim. – Avisou. – Não acredito que estou prestes a fazer um body shot.
Apenas ri e me olhou depois de tirar a blusa com uma mecha de cabelo no rosto.
- Você tá mais bêbado que ela, né?
Dei de ombros, ainda rindo. Ela pegou o shot de minha mão e observei enquanto as outras duas garotas tiravam a camiseta. Mais gente se aproximou para ver, era o início da brincadeira preferida de todo mundo que gosta de uma boa festa. E por falar em quem gosta de festa...
- Não. Não. Não. – Harry apareceu ao meu lado, segurando meu ombro e o apertando um pouco mais a cada vez que virava para nós. – Não. Não. Não. Não.
Olhei para ele.
- O quê? – Encarei seu olhar perplexo, os olhos quase saltando do rosto, e ri. – O que foi? Ela é bonita, né?
Harry ainda estava de boca aberta. Me olhou brevemente e voltou o olhar a .
- Não. Não. Não.
Harry estava prestes a ter um ataque epilético.
A plateia já estava grande quando as quatro pararam, uma ao lado da outra, e posicionaram seu shot de tequila entre os peitos. usava um sutiã rendado azul que caia tão bem no tom de pele dela. Se fosse eu, tiraria aquele sutiã com a boca.
Ah, é.
Nesse momento os caras começaram a brigar para irem até lá fazerem as honras. Olhei para Harry e abri a boca para dizer a ele para fazer aquilo, mas antes disso ele me olhou e arregalou ainda mais os olhos, como se fosse possível.
- Não. Não. Não.
- Ok. – Assenti baixinho.
Quatro sortudos foram até as garotas, e tentei não sentir ciúme daquele coadjuvante imprestável que parou em frente a . Aí elas deitaram um pouco o copinho, que começou a pingar tequila, e os garotos colocaram as mãos atrás das costas e subiram com a língua fazendo um caminho de suas barrigas até o copo, os pegando com a boca e tomando o resto da bebida.
A gritaria era imensa. Todo mundo queria fazer. Todo mundo ria. Todo mundo pulava. estava achando aquilo tudo muito hilário.
É só uma brincadeira. Tudo bem.
Elas deram lugar a outras meninas e a brincadeira continuou. Deixei Harry em seu estado de choque e segui a até o meio da pista de dança, enquanto ela recolocava a blusa.
Ouvi Charlie Brown começar a tocar e me virei para ela outra vez, estávamos perto da mesa do DJ e a música estava ensurdecedora, mas música boa assim é bom de se ouvir alto mesmo.
Estendi minha mão para ela, e ela a pegou, se aproximando e me abraçando pela cintura. era toda errada, certo? Ri e peguei seus braços, colocando-os ao redor do meu pescoço e passei os meus pela sua cintura. Estávamos tão próximos e ela era tão linda, que eu queria beijá-la para sempre.
- Como sabe que amo Coldplay?
- Simples, quem não ama? – sorri para ela, que correspondeu. Deitou a cabeça no meu peito, e eu suspirei, tentando imaginar um momento mais perfeito do que esse. Era óbvio, cada momento que passava com ela era único.
- E então, como vão as coisas com o... ham, qual o nome do garoto, mesmo?
- Qual garoto? – ela perguntou.
- O que você tá ficando.
- Ah... ah! É... Charlie. Ele é legal. As coisas vão bem.
- Que bom – falei, fazendo uma careta por cima de seu ombro. De repente percebi que eu queria poder achar esse Charlie e quebrar a cara dele. Porque eu queria ser ele mais do que qualquer coisa. Era incabível ter um segundo cara no meio da história, assim. Nós dois juntos já éramos o suficiente.
Algumas músicas tocara, e continuou se balançando no mesmo ritmo, pensei até que ela estava quase dormindo. Em algum momento de tudo isso, ela se desencostou de mim e pegou minha mão, eu a rodeei em torno de seu próprio braço e ela foi alguns passos para trás. Era hora de puxá-la para perto de mim de novo e continuar a dançar, decidi por algo muito melhor que dançar. Puxei-a pela mão outra vez e ela girou até mim, e quando chegou, nossos corpos e nossos lábios se chocaram ao mesmo tempo. Eu a segurei com uma mão firme em suas costas e a outra em sua nuca, e repousou levemente seu braços ao redor do meu pescoço outra vez e começou a mexer em meu cabelo. A sensação de mil borboletas nas paredes de meu estômago tentando voar me atingiram em cheio ao mesmo tempo em que meu coração batia tão rápido que eu podia ouvir meus batimentos atrás de meus ouvidos. Eu pedi passagem e ela cedeu, e nosso beijo ganhou uma voracidade misturada com paixão que só pude descrever como O Melhor Beijo de Todos.

Zayn’s POV

- Você tem certeza que quer fazer isso? – perguntei, apenas para me certificar de que estava certa do que queria, mas estava pedindo baixinho para ela dizer sim.
- Sim, Zayn! – ela puxou minha mão rumo às escadas, mas fomos parados antes por outro grupo de meninas que queriam fotos.
Eram três, e uma delas pegou a câmera e bateu a foto das outras duas comigo e , e pediu para a outra bater uma foto dela. Mas quando fomos nos juntar a ela, ela olhou para .
-Eu quero uma foto com o Zayn. Você não é o Zayn. – disse, com desdém.
- Mas é namorada dele. – respondi, no mesmo nível, antes que falasse alguma coisa. – E acho que não precisa de uma foto tanto assim.
Eu já ia puxando para longe quando ela nos parou de novo:
- Desculpa. Ela pode aparecer.
- Ah, melhor assim – sorri cínico e nos aproximamos dela de novo. Abri um sorriso forçado e senti o flash da câmera, e depois apenas me afastei sem falar nada. Odiava esse tipo de garotas.
- Me desculpa por isso – falei em seu ouvido.
- Tá tudo bem, relaxa – ela sorriu angelicalmente. – Vem, vamos brincar agora.
Subimos as escadas e as luzes do corredor se ligaram automaticamente. A festa já estava passando da metade, e provavelmente daqui a pouco as pessoas começariam a ir embora.
- Ainda acho que você deveria passar um tempo com suas amigas. Não quero ser o responsável por te roubar delas.
- Você quer fazer isso ou não? – ela botou uma mão na cintura. – Porque se não quiser me fala que eu desço outra vez.
Ver aquele biquinho de marrenta dela não era a coisa mais adorável do mundo?
Puxei-a pela cintura e colei nossos corpos bruscamente, ela sorriu um pouco.
- Olha para a minha cara e vê se eu recusaria te beijar algum dia, idiota. – dei um selinho nela antes de soltá-la de novo e ela sorriu mais.
- Ótimo, então. Vamos sentar, não quero ficar de pé.
Nos sentamos no meio do corredor em pose de índio um na frente do outro.
- Nem se preocupa, as escadas estão barradas, todo mundo acha que não pode subir para cá porque foi isso que a mandou dizer para todos. Então não vamos ter visitas inesperadas.
- Ok, agora começa logo que eu tô curioso.
- Zayn, esse é o jogo mais velho que existe, sério. É assim: você me pergunta algo sobre você, e se eu errar, você pode usar o doce em qualquer lugar do meu corpo.
- Você acabou de inventar isso, . – Estreitei os olhos para ela e ri. – Ok! Regras?
- Tem três: não pode errar as respostas, não pode repetir o lugar que coloca o doce, e... Tem que limpar com a boca – sorriu, maliciosa.
- Já amo esse jogo – balancei a cabeça e ela riu.
- Eu começo. Então, hum... qual a minha cor preferida?
- Eu... não sei. Espera. – pensei um pouco e decidi chutar. – Laranja?
- Acertou – ela fez um biquinho.
- Minha vez. Qual música eu cantei na audição do The X Factor? – eu perguntei por que sabia que ela não acertaria, mesmo já tendo visto. não era boa de memória.
- Ai, droga! É uma do Chris Brown, né? With You? – Tentou.
- Meu Deus, não! – ri. – Esse foi o Niall.
- Tá, hum... ah, não sei. – ela deu de ombros.
Peguei o frasco de chantilly e o balancei um pouco, enquanto pensava onde usá-lo. Existiam várias possibilidades.
- Qual foi a música?
- Let Me Love You. - Sussurrei para ela, sorrindo.
- Claro...! – Suspirou.
Eu cheguei mais perto dela e tirei seu cabelo do ombro, ela entendeu e virou a cabeça para um lado, deixando o pescoço a mostra. Apertei o spray e um pouco do chantilly saiu em sua pele, ela se arrepiou um pouco.
- Vou perder esse jogo estúpido – murmurou e eu ri baixinho.
Soltei-o no chão ao meu lado e passei uma mão por trás de seu pescoço, puxando-a para mais perto, e encostei a boca em seu pescoço, depositando ali um beijinho antes de limpar o doce com a boca, usando às vezes os lábios e às vezes a língua, mordeu o lábio depois que me afastei e sorriu, olhando para o chão.
- Como pode eu me tornar uma garota totalmente diferente perto de você?
- Eu provoco isso – dei de ombros, mas ela me deu um tapa. – Brincadeirinha!
O jogo continuou por algum tempo, cada vez mais interessante, até o momento em que nenhum de nós dois conseguia pensar em fazer algo além de se beijar. Nos levantamos e eu a empurrei para a parede atrás dela, chocando nossos dois corpos lá, fazendo-a soltar um gemido baixo por entre nosso beijo, ela arranhava minha nuca com as unhas e eu apertava sua cintura com as mãos, tentando não extravasar toda minha força momentânea ali para não machucá-la, mas o desejo era forte, e eu sentia que me controlar era cada vez mais difícil. Nós já estávamos no escuro há um bom tempo, porque as luzes no pé da escada só se acendiam quando alguém subia e logo se apagavam, e só podíamos nos ver pelas luzes fracas de neon lá do andar de baixo que iluminavam um pouco ali em cima.
abriu a porta ao lado da parede onde estávamos, mas antes de entrarmos vimos que a cama já estava ocupada por Niall e , desmaiados, esparramados na cama. Nos olhamos e demos de ombro, continuando os beijos ali mesmo. Se precisássemos de um quarto nós o encontraríamos.

’s POV

Eu estava orgulhosa de mim mesma por minha festa estar tão magicamente perfeita. Vi pessoas que nunca pensei que conheceria, que eram convidados dos meninos, e ao mesmo tempo eu tinha tantos problemas para resolver durante a festa que nem consegui parar para curtir. De onde veio tanta gente? Tá certo que eu disse para meus amigos convidarem amigos e para os amigos deles convidarem amigos, mas não sabia que tinha tanta gente a fim de festejar assim.
E depois, os boatos de que alguns estavam com umas drogas na festa espalhando para os outros me assustaram e coloquei os seguranças para pegar os tais e expulsá-los da festa. Começaram a reclamar que não tinha mais gelo suficiente e pedi para comprarem mais em qualquer posto que estivesse aberto àquela hora da madrugada. A máquina de gelo seco quebrou e tive que achar alguém lá dentro que pudesse concertar. Alguém reclamou que fizeram xixi na piscina, e pedi que alguém checasse e só por precaução soltasse mais cloro na água. Eu vi pessoas pegando bebidas alcoólicas sem mostrar a identidade antes, pessoas que obviamente não tinham idade suficiente para beber, mas decidi que eu não era responsável pela vida deles, e cada um sabia o que fazia.
E enfim, pude sentar no bar e desfrutar de meu Martini com gelo antes que algo mais desse problema e eu tivesse que resolver. Já havia perdido a metade da festa e não queria perder mais. Eu nem havia visto as meninas ou os meninos ainda. Até que...
- , gatinha – Harry sentou ao meu lado e riu, antes de pedir outra bebida ao barman. Ele estava visivelmente bêbado.
- Olha só o seu estado, criança – falei para ele, desgrudando umas penas que sei lá como estavam grudadas em seu cotovelo.
- Não fala “criança”. Essa palavra me lembra a sua amiguinha doidona fazendo body shots.
Dei uma tossida e olhei-o.
- Body shots?!
- Isso aí mesmo. Ela é uma...
Meu celular vibrou em meu bolso e deixei Harry falando sobre o que é, me virando de costas para ele para atender, eram meus pais.
- Alô? – gritei. - Mãe?
- ? – ela gritou, e tapei o outro ouvido para ouvir melhor.
- Oi, mãe!
- Onde você está? Isso tudo é na nossa casa?
- Relaxa mãe, só a música tá um pouquinho alta, mas eu peço para baixar.
- Pede mesmo, ! Está tudo bem?
- Sim, está tudo ótimo, a galera está curtindo, logo mais eu mando todo mundo embora – menti. Ela achava que apenas umas vinte pessoas estavam ali. Bom, acrescente mais um zero e você chega perto do que realmente tinha ali.
- Tudo bem então, tome cuidado, querida. Boa noite.
- Boa noite, mãe.
Desliguei e uma mão me virou para trás, e antes mesmo de conseguir ver ou fazer alguma coisa senti lábios macios encostando-se aos meus. Eu abri os olhos durante aquilo que parecia um beijo e vi que era Harry. O empurrei na hora pelos ombros, e ele cambaleou para trás. Limpei minha boca.
- Ai, meu Deus, Styles! – Gritei, histérica. – Você tá louco?! Consumiu drogas?
Ele arregalou os olhos para mim.
- Não...!
- Ai, Harry... – balancei a cabeça e o empurrei até o balcão do bar outra vez. – Você é o maior gatinho e tudo mais. Mas não pode sair por aí agarrando os outros sem permissão, tá? – Dei batidinhas em seu ombro, ele parecia uma criança perdida. Pedi uma água ao garçom e ele me alcançou uma garrafinha. Eu a abri e entreguei a Harry. – Aqui, toma isso e se recompõe. E sem mais bebida pra você!
Harry assentiu.
- Foi mal. Eu precisava beijar alguém e esquecer do... bleh.
- Whatever – murmurei. Harry era bizarro. – Vai tomar um ar, vai. Perto da piscina é fresco. – Empurrei-o pelos ombros e ele levantou, se afastando.
Ele se afastou do bar com a água.
Voltei a sentar em meu banco, decidida a esquecer que Harry tentou me beijar. Ele era louco. Ri sozinha. Logo depois, outra pessoa sentou ao meu lado e eu não pude ter ficado mais feliz ao ver quem era: minha noite estava completa.

Louis’ POV

- Um pensamento por suas liras. – Disse ao sentar no banco do bar, olhando para . – Opa. Você entendeu.
Ela riu.
- Minhas liras no momento estão com a intenção de encher a cara – falou, pedindo mais uma rodada de algo forte ao barman. Ele trouxe e serviu para nós dois, mas recusei.
- Já estou meio bêbado, e alguém terá que estar sóbrio amanhã de manhã.
- Bem lembrado. – Ela assentiu. Suspirou, e então de repente olhou para cima como se lembrasse de algo importante. – Eu amo essa música! – Gritou. – Vamos dançar? – Sorriu para mim, e não pude fazer nada além de dizer sim.
- Devo te alertar sobre meu domínio da arte da dança antes de...
- Shhh – ela tocou o indicador em minha boca enquanto me puxava para a pista.
A música que tocava era Domino, da Jessie J. A festa estava um tédio até eu dar a sorte de encontrar com no bar. Ela era simpática e engraçada, e eu gostava de sua companhia.
No começo estávamos fazendo gracinha e dançando como dois idiotas, mas em algum ponto disso ela começou a dançar de uma maneira... sexy. Eu apenas acompanhei, como a bosta de dançarino que era.
Era divertido acompanha-la e observa-la, porque se entregava completamente ao momento, fosse qual fosse a atividade que estava praticando. E somando isso à música, a visão era realmente bonita.
Ela pegou minhas mãos e me fez dançar bem junto a ela, e isso foi bom. Eu quero dizer, essa aproximação feminina depois de semanas sem sentir nem vontade de me aproximar muito de nenhuma garota por culpa de minha ex. Eu estava começando a criar ódio de Eleanor pelo simples fato de que botar a culpa nela pelo nosso término e pela minha vida virar uma morbidez sem tamanho era mais fácil do que enfrentar as coisas. Era o terceiro passo de um término doloroso, que vinha logo depois de negação seguido de depressão.
- Loooou, vem! – ela gritou e riu, pulando e cantando entre alguma música e outra, e eu a acompanhei dando risada das loucuras.
Acho que pulamos muito, pois eu fiquei ofegante e ela também. Depois que a música terminou, voltamos para o bar e começamos a conversar de novo, coisas idiotas como sempre. Isso era outra coisa que gostava nela: nossa capacidade de falar sobre absolutamente qualquer merda tão facilmente.
- Só que seguindo a lógica, se um gato morrer uma vez ele vai renascer com mais sete vidas, entendeu? – ela continuava pregando sua opinião de que gatos nunca morrem de verdade.
- Não, a regra é clara, : gatos têm sete vidas. Renascer não é como nascer. Eles nascem com sete vidas, mas não ganham mais quando renascem. É quase como jogar Mário. Nunca jogou?
- Mas é claro que já, você acha que não tive infância?
- Bom... O fato é que eu estou certo. E Mario era foda.
- Não acredito que estou tendo essa conversa – ela apoiou a bochecha na mão, encostada no balcão, e riu olhando para mim. – Vamos voltar ao apocalipse zumbi. Estava menos nonsense.
- Ah, tá. Falou a garota que disse que sobreviveria com um martelinho de alarme de incêndio.
- Quer saber, Tomlinson? Você não está convidado ao meu grupo de sobreviventes pós apocalípticos. Vá encontrar seu próprio grupo, e se nos encontrarmos, teremos que nos matar.
Estreitei os olhos para ela e ri quando ela riu também.
Acho que nessa altura já estávamos mais para lá do que para cá. Pelo menos , eu tenho certeza disso. Ela bebeu mais do que eu, e a festa já estava começando a ficar menos agitada, algumas pessoas já estavam saindo.
Nós ficamos por mais uma hora no bar, ela ainda estava bebendo, mas eu parei quando senti que estava começando a ficar tonto demais. já devia estar quase caindo do banco, ou eu que era muito fraco na bebida.
- Quando é que essa festa acaba? – perguntei com curiosidade, afinal isso podia durar até todo mundo decidir ir embora, e tinham pessoas que ainda não pareciam a fim de sair.
- Às cinco e meia falei para os seguranças irem desligando a música e acabando a festa... – ela escorou a cabeça na mão em cima do balcão e fechou os olhos, mas sua cabeça começou a escorregar de sua mão e ela meio que acordou. – Repete a teoria do gato, quero anotar para não esquecer mais.
- – ri da situação dela. – Onde é seu quarto?
- O primeiro à esquerda no corredor depois das escadas. Vai fazer o que lá? – Disse, de olhos fechados.
- Te botar na cama. Vem. – Levantei-me do meu banco e a puxei para ela ficar em pé, passando seu braço pelo meu pescoço e com o intuito de segurá-la pela cintura e a ajudar a caminhar até lá, mas ela não parecia a fim de caminhar, porque se abraçou no meu pescoço com os dois braços. Eu achei mais fácil carregá-la até lá então, e peguei suas pernas também, segurando-a totalmente no colo.
- Você é um perfeito babaca, Louis... – ela murmurou em meu ouvido, me fazendo rir.
- Obrigado, obrigado. Também gosto de você...
- Idiota. Você não entende nada.
- E você é a bêbada mais irritadinha que já vi – sorri, chegando às escadas com cuidado.
Subi a escada com um pouquinho de dificuldade já que era um pouco grande, e quando cheguei lá no topo as luzes se ligam automaticamente, como em corredores de prédios, me permitindo ver algo que eu provavelmente não poderia ter visto: Zayn e se pegando no corredor. Não, eu digo: se pegando de verdade. Eles não estavam fingindo e nem nada até porque não tinham porque fingir, já que a casa estava praticamente vazia e eles estavam em um corredor escuro se amassando.
- Louis! – gritou, se afastando dele rápido.
Tudo bem, decidi não fazer julgamentos. Estava na cara que isso ia acontecer uma hora ou outra. E também decidi que ninguém mais precisava saber, então eu guardaria esse segredo por meu amigo.
- Eu não vi nada. – falei, fechando os olhos, e depois abri só um pouquinho. – Abre a porta aqui para mim. – pedi.
Zayn abriu a porta, um pouco tenso, e eu entrei, indo até a cama para largar lá.
- O que aconteceu com ela? – perguntou.
- Nada, só bebeu um pouquinho demais. Onde é que eu vou dormir? Quer dizer, todos nós bebemos, e não podemos dirigir...
Soltei na cama e tirei seus calçados, peguei um lençol em cima da cômoda e estendi em cima dela.
- Sim, a deixou os quartos arrumados para todos dormirmos. Era para você e o Zayn dormirem no quarto dos pais dela, no fim do corredor, mas está chaveado e ninguém responde lá dentro, então vocês podem ficar com Niall aqui nesse – ela apontou para a porta atrás de si. – na verdade, era para ser dele e do Harry, mas Harry sumiu e está ali no lugar dele – ela riu.
Abri a porta de fininho e vi os dois bebezões dormindo jogados na cama. Tinham colchões no chão e eu me atirei em um, sentindo um cansaço repentino.
- Vem logo dormir então e apaga a luz, Zayn – falei.
- Já vou. – ele assentiu e, antes de fechar a porta do quarto para ficar sozinho no corredor com sua gata de novo, ele me olhou com aquele olhar suplicante.
- Para de viadagem. Eu sou um túmulo – pisquei.
Ele sorriu e fechou a porta.
Ri fraco. Como se fosse muita surpresa que os dois se gostavam.

’ POV

A festa de era a melhor que fui em tempos. Tinha o nosso estilo, tinha pessoas legais e música boa também. Dancei por horas com uma rodinha de colegas de faculdade das meninas, e eu devia ser a pessoa mais sóbria naquela festa, pois tirando o shot que tomei com , não havia consumido mais nada de álcool. Eu não precisava disso para me divertir.
A festa já estava começando a desacelerar o ritmo quando fui sentar no bar para tomar uma água e descansar. Tudo ia muito bem, até que, bem na minha frente e de modo completamente desnecessário, Harry chegou para dançar-barra-comer uma garota qualquer. Porque, meu Deus, aquilo não era dança. Era um tipo de ritual de acasalamento.
Resolvi ignorar, terminei minha água e voltei a procurar alguém para me divertir. Um garoto passou por mim e segurei seu pulso, o puxando para perto da pista sem nem olhar para seu rosto.
- Eu amo essa música! – Gritei para ele e viramos de frente um para o outro. Eu nem sabia que música era aquela, mas comecei a dançar como se soubesse o que estava fazendo. Ele sorriu maliciosamente para mim, seguindo a onda.
Dancei com ele por vários minutos, sem falar quase nada. Sei que o nome o garoto era Josh e ele era baterista. Rolou até um beijo ou dois, o cara era legalzinho, mas em sua testa parecia estar escrito “não presto”.

Em algum momento olhei para onde Harry estava antes, mas ele não estava mais lá. De repente dançar com Josh me pareceu sem cabimento; o que eu estava fazendo com ele?
A resposta veio em seguida.
Uma mão quente puxou meu cotovelo e virei de costas, automaticamente sentindo a hostilidade dentro de mim ganhar forma quando senti seu perfume. Harry cheirava sempre tão bem, droga. E, honestamente, ao vê-lo tão perto de mim e parecendo tão zangado como estava, uma parte dentro de mim sentiu-se profundamente satisfeita. Precisei reprimir um sorriso.
- O quê você quer?
- Vem. – Ele disse, começando a andar.
- Ei! Quem você pensa que é?
Mas o olhar que Harry me lançou deixou claro que aquilo não era uma brincadeira. Um arrepio percorreu minha espinha e eu o segui até as escadas da casa de . Não tinha ninguém lá em cima, proibiu a entrada dos convidados lá porque disse que não queria que rolasse pegação nas camas da sua casa. Deixei que Styles subisse um pouco na frente, e ao chegar lá o corredor estava vazio, escuro e silencioso. Eu o vi adentrar a última porta do corredor e segui até lá.
Entrei no quarto e não vi ninguém de início, mas o barulho da porta se fechando me fez virar de costas e encontrar o seu olhar em mim.
- Você parece uma assombração – disse, baixo. Minha voz parecia não querer sair.
- , qual é o seu problema?! – Harry olhou-me, sério.
- Hum... no momento? Você.
- Você... você e o Josh. O Josh! – Ele balançou a cabeça. Espera. Eles se conheciam? – E... body shots, e... O que você tem na cabeça?
- Cara, você tá tão bêbado.
- Não estamos falando sobre mim. E eu não estou bêbado. – De fato, ele não enrolava a língua. Mas Harry falando sério era tão estranho quanto um porco voando. – Você acha que é muito esperta, não é? Acha que é só... ficar se pegando com um cara na minha frente e vai me provocar. Me tirar do sério! – Suspirou, tentando manter a calma.
Franzi o cenho, tentando entender sua reação.
- Bem, pelo que vejo, eu te provoquei. – Dei de ombros e me detive a sorrir fraco. Harry travou o maxilar e meu sorriso sumiu um pouquinho. De repente aquele Harry do backstage do show voltou à minha mente. – Olha, Harry, já acabamos? Porque a festa está ótima e estou perdendo umas músicas incríveis... – apontei para a porta atrás de mim, dando alguns passos até lá. – Não tenho planos de passar o resto da noite com o desprazer de sua companhia.
- Você é só uma criança, . Uma garotinha infantil e imatura...
- Temos quase a mesma idade, Harry. – Suspirei, levando a mão à maçaneta. – E você não é muito diferente de mim.
Segurei a maçaneta por um momento, esperando a resposta que não veio. Porém, quando girei-a em minha mão, ouvi a voz dele dizer:
- A diferença é que eu não sou um virgenzinho inseguro.
Todo ou qualquer sinal de bom humor se esvaiu de dentro de mim em um milésimo de segundo. A discussão que tivemos na chácara voltou em minha cabeça, a reação dele quando perguntei sobre o que realmente acontecera na noite em que eu bebi. Harry sentiu que havia me atingido, pois se aproximou de mim enquanto eu ainda segurava a maçaneta.
Virei de costas e encontrei-o mais perto de mim do que eu esperava. Respirei fundo, sentindo meu sangue ferver. Aquela expressão de imbecil que sabia de tudo. Babaca.
- Eu sou a virgenzinha insegura que não sai da sua cabeça!
Harry deu uma gargalhada meio histérica.
- Você? Por favor, , não sonha tão alto...
Não consegui me conter. Quando vi minha mão já estava na cara dele, e o tapa fez um barulho alto. Harry virou o rosto, e quando voltou a olhar para mim sua expressão fez eu me arrepender. De repente e me pegando completamente desprevenida, Harry segurou meus pulsos e me empurrou para a parede atrás de mim com bastante força. Me choquei forte com a parede, e pisquei algumas vezes, os olhos arregalados.
Tirei dois segundos para me auto avaliar. Não era possível... eu estava gostando.

- Você quer mesmo fazer isso? – ele sussurrou no meu ouvido. Mesmo estando quente, aquilo fez meu corpo todo se arrepiar.
Sim.
- Não... – Me xinguei mentalmente por minha voz sair tão fraca, me denunciando completamente. Aquilo não fora uma palavra, fora quase um gemido. – Não! – Disse, tentando obter mais sucesso dessa vez, e o empurrei pelo peito, o fazendo se afastar um pouquinho de mim.
Mas então, mais uma vez me pegando de surpresa... seus olhos haviam mudado. No lugar daquele verde escuro e irritadiço, agora estavam dois olhos tão claros como água cristalina, e profundos como a água do mar. E, eu juro, naquele momento eu podia afogar-me neles.

Harry não precisou me segurar firme e nem nada do tipo para eu ficar quieta dessa vez. Ele não precisou fazer nada, porque eu queria estar ali. Então ele me beijou. Um beijo feroz, que tirou meu fôlego, amoleceu minhas pernas. Passou a mão por debaixo dos meus cabelos e segurou firme meu rosto contra o dele enquanto nosso beijo ganhava um ritmo próprio. Depois de se afastar para respirar, Harry começou a beijar meu pescoço de um jeito que fazia minhas mãos tremerem.
- Diz que você não quer isso, – ele falou entre os beijos.
Tive que me forçar a lembrar como se fala, e depois de alguns segundos murmurei baixinho:
- Eu não quero isso – Aquela mentira descarada saíra tão falsa, que ninguém seria capaz de acreditar. Senti um sorriso de satisfação nos lábios ágeis de Harry.
- Ah, ... – Ele se afastou de mim e senti falta da sua boca na minha pele no mesmo segundo. - Agora vou ter que te fazer mudar de ideia.
Depois de falar isso, Harry girou a chave duas vezes na porta, tirou-a e foi em direção à janela que dava para o jardim da .
- Não ouse... – estreitei os olhos, e ele sorriu mais. Colocou a mão com a chave para fora e segurou-a no ar por alguns instantes, abrindo a mão e deixando-a cair lá embaixo. Eu me importei muito menos do que devia com aquilo. Dissera que ele nunca me teria, e sabia que estávamos prestes a fazer o que ele faz com todas as outras, mas confesso que, naquele momento, eu queria ser dele.
Quando Harry voltou até mim, fui eu quem o beijei. Dei alguns passos até a cama sem parar o beijo, mas ele parou antes de me deitar na cama e abri os olhos, querendo saber por quê.
- Não vou fazer mais nada até que você peça.
Olhei-o, confusa.
- Já não é suficiente me ter, você quer que eu me rebaixe a esse nível?
Harry fez uma careta para mim, mas beijou meus lábios com calma em seguida.
- Não. Quero ouvir isso... para saciar a minha vontade. A vontade que tive desde que te conheci.
Tentei evitar o sorriso que surgiu em meu rosto, mas meio que falhei. Balancei fraco a cabeça.
- Não seja idiota.
- Não vou tocar um dedo em você sem ter certeza de que é isso que você quer. – Ele disse, categórico, e soube que não mudaria de ideia.
Ah, que ótimo, Styles.
- Você sabe que é isso que eu quero, Edward Cullen – falei, impaciente e Harry riu fraco. Depois disso se aproximou de mim outra vez e me deu outro beijo rápido, mordendo meu lábio de leve.
- Quero ouvir da sua boca – ele sussurrou no meu ouvido.
Ok, então ele queria mesmo isso. E eu já estava ficando impaciente. Respirei fundo e puxei seu rosto para perto do meu o segurando com as duas mãos, e olhei nos seus olhos, falando sério dessa vez.
- Faz amor comigo? – Pedi. Não era uma simples pergunta. Não era um “me fode” e nem um “vamos casualmente transar”. Porque era isso que eu queria. Naquele momento e, pra ser sincera, por muito mais tempo, eu desejava ele por inteiro. Não só o corpo, e também não só a alma. Eu queria Harry para mim. Mesmo com todas as brigas, mesmo sabendo que a gente não era perfeito um pro outro e mesmo sabendo que nos odiávamos na maior parte do tempo. Mesmo com tudo isso, eu o queria para mim. Queria sentir aquela chama que me consumia, de raiva, de desejo, de...
Eu apenas queria mais do que apenas essa relação irregular com ele. E essa era a mais pura verdade.
Harry sorriu, dessa vez não foi um sorriso qualquer, foi um daqueles que faz seus olhos brilharem e eu nunca havia ganhado um assim só para mim. Ele assentiu positivamente com a cabeça, dizendo sim ao meu pedido e agora toda a raiva e a frustração que sempre existia entre nós havia sumido. Era como se ele esperasse por esse pedido há tempos. Por um “faz amor comigo” com tudo que essas palavras significavam de verdade.
Ele me ergueu com facilidade em seu colo e eu passei minhas pernas ao redor da sua cintura enquanto o beijava e ele me deitava na cama. Harry me largou devagar ali, e deitou por cima de mim descendo desde meus lábios até minha barriga dando beijinhos leves. Quando voltou a beijar minha boca, de repente eu parei, me dando conta do que exatamente estava fazendo.
Abri os olhos e Harry me encarou, confuso.
- Não vai me bater, vai?
Ri nervosa e fiz que não.
- Eu nunca fiz isso.
Harry riu.
- Agora eu vou te bater.
- Você só tem que relaxar, – ele sorriu. – Confia em mim?
- Confio – falei sem nem pensar. Talvez fosse burrice. Eu queria mesmo confiar em Harry Styles?
Assustadoramente, sim.
- Então fecha os olhos e só... Curte comigo.

Senti que os lábios rosados que aquele garoto tinha voltaram para meu pescoço, intercalando com meu busto mostrado pelo decote não tão exagerado. As carícias que Harry deixava com rastros por meu corpo delicadamente, faziam meu nervosismo se esvair aos poucos, e ao encontrar sua íris verde com total preocupação em me deixar bem, me senti... Amada. Sim, isso que me senti. Isso soava estranho, porém, amada por Harry Styles, nem que fosse por uma fração de segundos. Sorri ao ver que ele me observava há algum tempo e fui correspondida com o mesmo ato, seguido de uma carícia no rosto.
Fechei meus olhos tentando curtir ao máximo sua pele quente em contato com a minha. Aquilo não acontecia com frequência, qual é a de curtir um pouco? Entrelacei meus braços por seu pescoço e suas ágeis mãos agarraram minhas pernas, fazendo-as seguirem o mesmo movimento realizado pelos braços. Harry se sentou na cama e virou, ficando de costas para a cabeceira. Me apertava em seu colo e sentia sua excitação, sem nada impedindo aquilo, sem nenhum pudor, sem ninguém barrando aquele momento.
O zíper comprido que ia até o final de minhas costas foi aberto calma e lentamente por ele, enquanto seus lábios mantinham-se colados aos meus. Minhas mãos acariciavam seus cachos, que se encontravam mais bagunçados que o normal pelos movimentos bruscos. Com calma e desejo nos olhos, Harry passou os dedos por meus ombros, levando dali o pano que os cobria e distribuindo leves beijos, me arrepiava.
Não me contive, e queria despi-lo da mesma forma, mesmo estando um pouco insegura. Retirei seu casaco e desabotoei sua camisa até o meio, porque depois ele mesmo o fez. Arfei quando senti meu corpo coberto somente pela calcinha, e fui deitada por baixo de Harry, o qual me olhou de uma maneira admirada e impressionada.
-Você é linda... Incrivelmente linda. E hoje é minha. - Sua voz era suave.
Corri com minhas mãos por seu tórax até atingir a barra de seu jeans, cujo foi rapidamente desabotoado e o zíper abaixado. Com os pés, fiz um extremo esforço para ajudá-lo a baixar o jeans, o qual levou juntamente (e graças, diga-se de passagem) a boxer preta que ele usava. O garoto de íris esverdeadas sorriu envergonhado por ser totalmente despido antes de mim. Rapidamente fiquei da mesma forma, porque dependendo de Harry, nada é muito devagar. Me beijou feroz e apaixonadamente, e então colou sua testa na minha, com os olhos ainda fechados.
- Me fala se algo te incomodar, por favor, me deixe saber de tudo.
- Eu confio em você. - Com isso ele sorriu, ao ouvir a mesma frase pela segunda vez da minha boca.
Me sentia uma criança fazendo arte, experimentando uma nova sensação pela primeira vez. E aquilo foi maravilhoso, como foi. Eu nunca imaginei sentir coisas tão boas em conjunto com Harry. Nunca imaginei que juntos pudéssemos fazer algo tão mais maravilhoso do que apenas discutir. Aquilo foi mágico... foi surpreendente. E talvez a melhor parte de todas foi ver em sua expressão tomada por prazer, que ele se sentia do mesmo modo.

- Acho que eu nunca tinha feito amor com alguém antes. - Sua voz grossa quebrou o silêncio do quarto depois de algum tempo, em que recuperávamos o fôlego.
Olhei-o confusa.
- Mas você não era virgem.
Ele riu fraco, e apertou seu braço em volta de mim.
- Já fiz sexo, com muitas garotas até. Mas "fazer amor", foi a primeira vez.
Sorri envergonhada e aninhei-me ao seu peito. Senti um edredom fino por cima de nós, então me aconcheguei mais ainda.
Eu não acreditaria naquilo, mesmo depois de dias. Seria difícil. Eu me rendi, fui totalmente fraca. Totalmente fraca por Harry Styles.

’s POV

- Não acredito que cometemos o mesmo erro de novo – falei, deitando minha cabeça no peito de Liam e sentindo sua respiração ainda acelerada. Ele mantinha seus braços na minha cintura, tornando impossível para mim me afastar mesmo que eu quisesse.
- Eu não sei o que te dizer. Não sei se peço desculpas ou digo que, eu sei que é errado, mas não estou arrependido.
Levantei um pouco a cabeça e pousei uma mão em seu peito, olhando para ele de baixo.
- Não está arrependido por trair ela? Quer dizer, você mesmo disse que a ama. – Resmunguei e deitei a cabeça de novo. – Liam, isso é horrível. Me sinto suja. Me sinto...
- Eu já nem sei mais... o que é amar alguém, . Não sei... Se o que sinto por você é errado, então o que é certo no mundo? – Liam sussurrou, tentando entender assim como eu como aquilo parecia tão certo.
- É estranho eu ser a garota racional e certinha em todos os momentos, mas não quando estou sendo a sua... Amante. – deitei de novo em seu peito e comecei a desenhar formas circulares em sua pele com a unha, de leve. Ele passava as mãos no meu cabelo.
- Não, não fala assim. Você é minha garota.
- Mas é o que sou. – Disse, engolindo com dificuldade pelo nó que se formou em minha garganta. Suspirei. - Você precisa de um tempo para se decidir. De preferência, um tempo longe de mim.
Ele apertou os braços ao redor de mim, como se eu tivesse falado que iria me afastar nesse exato momento.
- E-eu sei. – vacilou nas palavras. – Preciso pensar nisso. Tomar uma atitude... Mas não se afasta de mim, por favor. Tá?
- Liam... – suspirei. Eu não queria ser essa garota. Não queria por Danielle, porque pensar no que ela estava passando me dava náuseas.
- Por favor, ? – ele fez aquela voz de quando quer algo e sabe que ninguém seria louco para recusar. – Promete?
- Ah, seu galanteador insuportável! – dei um tapa em seu peito e rolei na cama para longe dele. – Eu prometo. Mas não quero que ninguém saiba disso. E não vamos ficar nos encontrando e nos pegando por aí sempre que ninguém estiver olhando. Tem que acontecer naturalmente. Eu estou dizendo que não vou me afastar como sua amiga, mas isso não vai mais se repetir, Liam. – Olhei-o. – Sério. Não enquanto você não tomar uma decisão séria. E se a sua escolha for ela... – dei de ombros. – Isso aqui nunca aconteceu.
Ele me encarou por um momento, e então assentiu.
- Eu entendo, você tem toda a razão.
- E é melhor que você se decida logo. E quer saber? Escolha quem achar melhor. Isso não é uma competição. Você nem vale tanto assim – Resmunguei, puxando o travesseiro e jogando-o nele.
- Ah, é? – Liam nos girou e ficou em cima de mim, cutucando minhas costelas. Eu tentei não rir muito alto, mas não consegui. Depois ele me deu um beijinho e deitou outra vez, me abraçando de lado. – Vamos descansar.
- Boa noite, senhor Payne.
- Boa noite, senhorita . – Ele sussurrou de volta.

’s POV

Que decepção quando você acorda ao lado de sua amiga na cama quando sabe que poderia estar acordando ao lado de alguém como Zayn Malik.
Quando abri os olhos de manhã, quando a claridade do sol me acordou, vi ainda dormindo ao meu lado. Mas assim que me mexi na cama, ela acordou. Ela ficou gemendo na cama por um bom tempo, passando a mão na cabeça e cobrindo a mesma com o travesseiro enquanto se rolava de um lado para outro. Eu acho que fui a única daquela festa que não bebi excessivamente. Nem precisei, Zayn me causava vertigem mesmo sem nenhuma gota de álcool em meu sangue.
- Para quieta e enfrenta a ressaca de frente, por favor! – Reclamei, depois que vi que ela não ia parar de rolar na cama e reclamar de dor na cabeça.
sentou na cama devagar, e depois me olhou.
- Cara, você tá detonada – ri.
- Valeu. Acho que valeu a pena, certo? Minha festa foi demais, não foi?
- Com certeza, a melhor festa que eu já fui – sorri.
Ela sorriu também.
- Ai, ai. – Tocou a cabeça. – Não me faz rir. Hum... Será que essa festa mudou em algo a vida de alguém? – Riu.
foi ao seu banheiro fazer sua higiene depois disso e decidiu descer para tomar um café e ver se passava a dor na cabeça. Eu desci com ela depois de escovar os dentes e finalmente pudemos ver o estrago que uma festa causa, tinha lixo e sujeira para todo canto.
- Meu Deus, sinto pena de quem vai limpar tudo isso – disse, olhando ao redor com uma careta quando cheguei à cozinha e peguei uma xícara de café puro.
- A equipe de limpeza chega de tarde – ela deu de ombros. – Vantagens de ter pais ricos.
- Ui, rica. – Atirei-lhe um bolinho e ela sorriu da melhor maneira que a ressaca permitia.

’s POV

- Niall, minha cabeça... – gemi baixinho logo que acordei e vi que Niall também havia acordado. – Niall! – gritei e sentei na cama rapidamente assim que me dei conta de onde e com quem eu estava.
Mas isso provocou uma dor intensa em minha cabeça, e tive que deitar ao seu lado de novo.
- Ai, ai, ai, ai... – Gemi.
- O quê?
- Por que estamos dormindo juntos? – Sussurrei.
- Acho que... A gente... Meio que... desmaiou... – Ele disse baixinho, com as mãos no rosto.
- Eu desmaiei?
- Ah, você sim. Você vomitou por tudo. Foi um nojo.
- Eca... – ri. – Eu nunca tomei um porre antes na minha vida.
- Eu também não! E a culpa é toda sua, que nos fez beber.
- Nem vem, eu não te forcei a nada.
- Foi pressão psicológica.
Suspirei e fui para o banheiro do quarto. Peguei uma das escovas de dente reservas que estava na gaveta cheia de escovas de dente reservas da casa monstro de , passei pasta dental, e me escovei escorada na porta olhando para Niall deitado na cama. Que vista para se ver de manhã cedo, hein? Se tudo der certo, quero ter essa vista para o resto da vida.
- E então, como você vai explicar para seu amiguinho que você tomou um porre, beijou, e dormiu com Niall Horan?
Eu amava o jeito como ele falava do meu “amiguinho” com desdém. E o pobre do cara nem existia.
- Ah, eu até pensaria em explicar, mas ele não acreditaria que isso tudo aconteceu com o cara do One Direction, então acho que não precisa saber disso.
- Ele não sabe que somos amigos?
- Não. – sorri. Voltei para o banheiro e enxaguei a boca, lavei o rosto e depois de explicar para Niall onde ficava tudo desci para a cozinha, encontrando com , , Liam, Zayn, e Louis tomando café preto e falando muito baixo.
- Impressão minha ou não fui só eu que tomei um porre ontem? – peguei uma xícara também, e minutos depois Niall apareceu e fez o mesmo.
- Gente... – olhou para todos nós. – Onde estão e Harry?
Nesse momento, todos procuraram pelos dois no meio de nós. Louis começou a contar baixinho, apontando para cada um. Ao perceber que só oito pessoas estavam ali, todos nos olhamos com uma mistura de pânico, humor e malicia.

Harry’s POV

A brisa que entrou pela janela de cima da cama foi o principal fator que me fez acordar, e logo que abri os olhos a luz forte me fez fechá-los outra vez.
Imagens de ontem à noite passaram pela minha cabeça assim que me perguntei onde eu estava. Lembrei de alguns borrões, garotas estranhas, música alta, muita bebida... de beijar . Merda! Mil vezes merda. Eu realmente não queria ter feito aquilo. Lembrete: pedir desculpas mais tarde. A notícia boa era que depois daquilo me ajudou a tirar um pouco o álcool do organismo, e fui capaz de pensar mais claramente. Então, eu lembrei perfeitamente do resto. e Josh. Muito ciúme no ar. O quarto dos pais de . Uma discussão. E nós dois.
Abri os olhos de novo, depois de meu pequeno flash de memórias da noite passada, e apertei meu braço bem de leve só para garantir que eu ainda a abraçava do mesmo jeito que dormimos ontem. Tentei mexer meus dedos, mas eu não os sentia. Há horas que meu braço não circulava sangue, certeza.
Foi tudo tão de repente, em um momento nós estávamos gritando um com o outro e no outro nós estávamos deitados juntos. Foi tudo tão diferente... Foi incrível.
Por algum motivo estranho, quando senti se mexer e dar indícios de que estava acordando, meu sangue congelou nas veias por um segundo e depois meus batimentos começaram a acelerar.
Puta merda, eu ia apanhar muito.
Eu definitivamente não sabia o que esperar desse momento, não sabia se ela iria gritar ou sorrir, e não sabia o que falar... nada. Mas então ordenei a mim mesmo que me acalmasse e respirei fundo, bem quando ela pousou uma mão em meu peito e a subiu um pouco mais, devagar, até meu ombro, como se me procurasse, assim como eu fiz questão de checar se ela ainda estava ao meu lado quando me acordei.
De repente, eu me senti totalmente calmo, como se isso tudo, de algum modo, fosse natural.
- ?- chamei.
- Hum? – Ela resmungou, acordando.
- Como está o seu humor?
Houve silêncio por um tempo, até ela suspirar e se aconchegar mais perto de mim.
- Ótimo.
Soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo e abaixei meu olhar para seu rosto. Dei de cara com aqueles olhos castanho claros brilhando mais que o normal, e um sorriso tranquilo nos lábios rosados que eu fiz questão de beijar com tanto cuidado na noite anterior, quase como se fossem de porcelana. Passei a ponta de meus dedos por cima de seus braços, me lembrando de como eu a tratei, como se ela toda fosse uma boneca e pudesse se quebrar a qualquer momento, e de como isso foi gratificante no final.
- ? – chamei outra vez.
- Hum?
- Você quer sair comigo hoje?
Ela riu.
- Eu adoraria, Harry.
Sorri.
- Você me chamou de Harry.
- Uhum. – ela se virou e ficou deitada de bruços, com as duas mãos em cima do meu peito e o queixo apoiado em cima das mãos, olhando para meu rosto e sorrindo um pouco.
- Sabe, não sou bom com relacionamentos.
- É, eu sei. – ela concordou.
- Mas...
- Mas?
Olhei para cima e fiz uma caretinha, como se ponderasse aquilo.
- Mas talvez eu possa tentar.
Ela riu.
- Babaca.
Sorri.
- ? Harry? – ouvimos pessoas gritarem e batidas fortes na porta.
Nós congelamos e nos olhamos assustados, sentando na cama em seguida, e recém nos demos conta de onde exatamente estávamos.
- Ai, meu Deus – sussurrou. – A vai me comer viva.
- Vocês estão aí? – ouvimos a voz de gritar.
- Eu acho que não, viu. – Louis falou.
- Ai...
- , calma – ouvi a voz de Liam falar, baixinho. – Eles estão em algum lugar.
pulou da cama e foi até a porta.
- ? Estamos aqui!
- ? O Harry tá aí? Vocês estão bem? Abram a porta.
girou a maçaneta e puxou-a algumas vezes, mas não adiantou muito. Depois, virou para mim.
- Você...
- Eu joguei a chave fora. – Assenti.
Como eu era um idiota. Qual a necessidade de ter feito aquilo? Não era como se ela quisesse escapar. Ela respirou fundo e fechou os olhos.
- E antes que comece, eu sou um idiota mesmo e sei disso, mas, por favor, não vamos brigar agora.
assentiu.
- Galera... – se encostou na porta. – acho que vão ter que chamar um chaveiro.
- O quê? Por quê?! – gritou lá de fora.
- Porque Harry jogou a chave fora. – Ela fez uma careta, esperando pela resposta.
- Deus – ouvi Zayn falar perto da porta. – Vocês são dois animais.
- Vocês dois vão apanhar de mim quando saírem! – gritou. – Vou chamar um chaveiro. E SAIAM DE CIMA DA CAMA DOS MEUS PAIS! AGORA!
Ouvimos as vozes se afastarem depois disso, e ela voltou para a cama mordendo o lábio.
- Onde estão as minhas roupas? – olhou em volta.
- Eu também queria saber.
procurou em baixo da cama e foi jogando peças de roupas nossas para cima de mim. Quando achou seu vestido amarelo, ela foi com ele até o banheiro, e saiu de lá de dentro vestida outra vez. Enquanto isso, também botei minha calça.
- Você estava bem daquele jeito, sabe...
Ela atirou minha camiseta em mim e riu fraco. Segurei minha camiseta e salvei um segundo para olhar para ela de verdade. Os cabelos bagunçados, a maquiagem borrada, a expressão amassada de sono e cansaço por termos dormido tão pouco. E o melhor de tudo: Aquele sorriso fraco nos lábios.
- Como consegue ficar linda de manhã? – Soltei. Quando ela me olhou, senti meu rosto esquentar. Não seja tão gay, Styles.
Ela sorriu.
- Do mesmo jeito que você. – Se jogou ao meu lado na cama e ficamos escorados na cabeceira conversando por uns minutinhos sobre coisas absolutamente fora de contexto. Acho que foi a primeira vez que eu e parávamos para conversar, dar risada de coisas bestas e concordar em algumas coisas assim. Conversar como seres humanos, eu digo. E foi a primeira vez que me senti totalmente, sem meios termos, mas completamente feliz estando com ela.
Algo aconteceu ali. E não fora só eu ter ficado com outra garota pela primeira vez, era algo diferente. Um sentimento diferente.
Não demorou para o chaveiro chegar e abrir a porta, e quando ela foi aberta, demos de cara com oito olhares curiosos em expectativa. soltou um suspiro audível quando nos viu.
- Pensei que alguém fosse estar sangrando.
- Olhos roxos. Sem alguns dentes. Essas coisas – Louis deu de ombros e revirei os olhos.
- Bem... Acho que sua festa realmente mudou a vida de alguém, . – disse a .

Niall’s POV

Estávamos todos na casa do Zayn. Bem, não todos, apenas eu e os garotos. O dia estava chuvoso e fomos embora da casa de logo depois que encontramos os dois pombinhos.
- Quanto tempo ainda temos até a vida continuar como era antes? Ficar em casa já está me deixando louco – reclamei.- Não nasci para isso.
- Simon não falou que era só mais essa semana?
- É. – Liam concordou, entrando em seu Twitter pelo seu notebook, concentrado.
- Eu estou com fome, sabia? – Louis reclamou, se levantando do sofá e indo procurar por algo na cozinha. – E então, como foi a festa de vocês?
- Boa... – Zayn disse, rindo. Preferi nem fazer comentários. Sortudo.
- Legal... – Murmurei sem muito entusiasmo.
Harry não disse nada, ele apenas permaneceu do mesmo jeito que estava desde quando chegou: deitado no sofá, com os braços atrás da cabeça e batendo os pés na guarda. Ele estava tão longe dali, que se fosse possível estaria em Hogwarts.
- Harry? – Louis sentou ao seu lado no sofá com uma latinha de Coca.
- Hum? – Ele pareceu acordar.
- O que de fato aconteceu com você e a essa noite?
O cacheado deu de ombros.
- Eu não sei muito bem.
- Como não sabe? Você estava tão bêbado que não lembra?
- Não, não, eu lembro. Nós... vocês sabem.
- Vocês...? – perguntei, olhando-o com curiosidade, me ajeitando no sofá.
Harry sentou no sofá devagar e arrumou o cabelo.
- “Fizemos amor”. – ele fez aspas no ar.
Louis engasgou com um gole do refrigerante e começou a tossir, e Zayn gargalhou. Eu pisquei algumas vezes, encarando-o. Harry estava sério.
- Foi assim que ela chamou! – Disse, ficando vermelho, e aí eu ri.
Louis deu um tapa estalado na cara de Harry e ele o olhou, bravo.
- O que, merda?!
- Você tá chapado? Fumou algo? Tá doidão? Comeu balinha de algum estranho na rua? Quem é você e o que fez com Harry Styles?
- Não enche o saco, Louis! – Ele suspirou, obviamente um tanto desconfortável em estar tendo aquela conversa. Me senti levemente culpado por não ser um amigo mais compreensivo mas A) eu realmente não compreendia e B) éramos todos caras... era assim que funcionava. - Ei, Nialler, que horas são?
Olhei em meu celular, achando toda aquela história muito hilária.
- São seis e meia.
Ele se levantou em um pulo.
- Que hora se deve passar para pegar alguém para ir em um encontro?
- Depende da hora que você combinou de se encontrar – Zayn disse rindo.
- E se eu não combinei?
- Se é a ... liga e diz que passa lá em alguns minutos – Lou disse e deu de ombros, tomando mais um gole da Coca.
- Isso, isso Lou! – Harry segurou o rosto de Louis e deu um beijo em sua bochecha antes de sair da casa de Zayn praticamente correndo com o celular na mão.
- O que diabos aconteceu com ele? – Zayn perguntou, olhando para todos nós. – Vocês também viram isso, ou eu estou alucinando? Liam? – Ele chamou o garoto em frente ao notebook aberto. – Me diz que você não perdeu isso.
Mas Liam não respondeu. Ele nem piscava, e comecei a me preocupar quando trocamos um olhar, eu Zayn e Louis, nos perguntando o que ele tinha.
- O que foi, dude? – Pulei para perto dele para ver a tela do notebook. A foto, em HD e espalhada diversas vezes em meio às mentions do Twitter, fez meu queixo cair até o chão.
- Acabei de estragar a vida de alguém.

’ POV

Era domingo, o dia mundial de não-fazer-nada. Eu havia passado parte da tarde dormindo para recuperar as energias da festa, e parte dela andando pela casa à procura do que fazer para tentar parar de pensar na noite passada. Obviamente, não obtive sucesso.
Joguei meu celular no sofá quando percebi que não parava de encará-lo como uma idiota de dez em dez segundos, e fui fazer alguma coisa para comer. Porém parei na metade do caminho para a cozinha quando ouvi o usual toque do Iphone e voltei correndo para a sala.
Peguei o celular, olhei o visor, respirei fundo e contei até dez lentamente. Sem parecer desesperada, , por favor!
- Oi, Harry – atendi ao telefone com uma voz tranquila.
- Oi! - Fiz círculos na guarda do sofá com o dedo enquanto esperava que ele falasse algo. - Então, hã... você ainda quer sair?
- Claro... mas hoje? – Fiz uma careta, esperando um sim apesar de minha pergunta casual. Diga sim, diga sim, diga sim.
- Sim.
- Ah, hum...
- A não ser que tenha outros planos na agenda.
- Espera um segundo. – Abaixei o celular e encarei , comendo uma torrada na mesa da cozinha e olhando atentamente para mim. Voltei ao celular depois de uns segundos.
- Acho que consigo te encaixar entre “assistir alguns filmes” e “voltar a dormir”, mas isso vai ter que ser breve.
Harry riu, e sorri fraco. Era muito, muito estranho falar com ele que nem gente.
- Certo, eu passo aí daqui a pouco, pode ser?
- Tá, pode ser.
- Ótimo. Até mais...
- Até!
Harry desligou e automaticamente o tempo começou a correr contra mim. Soltei o celular e levantei em um pulo, encarando o visor e repensando nessa ideia de sair com Harry. Tudo estava acontecendo rápido demais. Ontem eu o odiava, hoje estava marcando um encontro com ele. Mas, apesar de tudo, não havia no que pensar: eu queria isso.
Olhei para e ela ainda me encarava, enquanto mastigava calmamente um pedaço de sua torrada com cara de paisagem.
- Socorro! – Sussurrei para ela, com uma careta desesperada. – Encontro. Poucos minutos. Urgente.
- Encontro com quem? – quis saber, chegando na sala com cara de quem havia acabado de acordar.
- Com... o... Harry. – Respondi, ficando meio vermelha. Não que elas fossem idiotas, é claro que elas haviam notado o que aconteceu na noite anterior, mas não falamos nisso desde então, e ao que todos sabiam, eu e ele nos odiávamos. Era simplesmente difícil para mim dar o braço a torcer assim.
- Com o Harry. – repetiu, pensando. – Bem, o primeiro passo é tomar banho. Claro. – Ela apontou para o banheiro e assenti. Ótimo, pelo menos já sabia por onde começar.
Peguei uma toalha e fui para o banheiro do corredor tomar um banho rápido. Não me demorei, e quando saí todas elas já estavam em volta de mim. Aquela atenção que eu não queria, mas precisava.
- Então estamos esperando o que? – foi a primeira a pular do sofá e me puxar pela mão para meu quarto. tinha um ótimo senso de moda, isso era inegável.
Ela começou revirar em meu armário enquanto eu estava sentada na ponta da cama pulando no colchão de molas.
- Está frio lá fora, né?
- Tem um vento forte.
- E aonde vocês vão?
- Não sei.
- É ao ar livre, será?
- Eu não sei.
- Poxa – ela suspirou e virou para mim com as mãos na cintura. – Assim complica. Mas tudo bem, vou te deixar bem para qualquer ambiente. Então, , você tá empolgada para isso? – Perguntou, voltando ao armário.
- Eu estou meio nervosa. – avaliei meu estado. – Não sei ao certo o que esperar dele. Nem de mim. – Admiti.
- Bom, é o Harry. Começaremos por aí. Como isso aconteceu? Vocês não se odeiam?
Nesse momento, e apareceram no quarto e se sentaram ao meu lado na cama, olhando procurar alguma roupa decente.
- É estranho, sabe... Eu o odeio na maior parte do tempo, porque somos o completo oposto um do outro, e praticamente discutimos de graça, por motivos completamente fora de questão. Então a gente grita, e briga, e aí... – Dei de ombros, olhando para minhas amigas. – De repente, a nossa proximidade transforma o que sinto em desejo. E então a gente se beija, e eu sinto borboletas e minhas mãos suam, e eu me sinto feliz a ponto de explodir... Aí a gente se separa e ele fala alguma coisa idiota e estraga completamente o clima – bufei. Suspirei e continuei. – Mas na noite passada foi diferente... ele não estragou. Pelo contrário... só ficou melhor.
- Digo e repito, vocês têm problemas um com o outro – falou. – Mas talvez isso seja um sinal.
Balancei a cabeça.
- Tenho medo que ele realmente seja o cara que não presta que sempre pensei que ele fosse.
- Eu realmente acho que ele sente algo por você. – disse. – É sério, só vocês não enxergam o jeito que olham um para o outro. Mesmo que inconscientemente, vocês estão sempre se cuidando de canto de olho, reparando em cada movimento e em cada palavra, essa relação de amor e ódio é uma graça! – Riu.
- Relações falsas são uma graça também – disse para ela e eu e ela fizemos um high five, rindo.
escolheu-me uma blusa preta de manga comprida e bem colada, uma calça skinnig jeans preta com um cinto de pano branco com bolinhas pretas, e me emprestou seu sobretudo vermelho vivo que ia até um pouco acima do joelho e uma bota com salto médio também preta. Depois, fez uma maquiagem leve e bem rápida em mim, apenas para espantar a cara de quem estava na cama até agora. Ela passou um blush fraquinho, lápis de olho branco e um batom matte vermelho. “Matte é só para o caso de vocês darem uns amassos”, ela disse, me fazendo rir.
Me levantei e abracei-a.
- Obrigada, . Eu não sei o que seria de mim sem você.
- E eu? – fez bico. – Eu dei alto apoio moral!
Fui até ela e beijei seu rosto também, rindo.
- Olha só, o batom não borra mesmo – olhei para o seu rosto. – Isso vai ser muito utilizável.
riu.
- Safada – me empurrou.
Ouvimos a campainha tocar e eu arregalei os olhos. Me recuso a ficar nervosa por causa de Styles, pensei, mas foi em vão, porque eu já estava.
- Eu atendo – disse, indo para a porta.
- ... – murmurei, entrando em pânico. O quê? Eu já vira Harry tantas vezes antes e agora de repente resolvi ficar nervosa com sua presença?
- Não se preocupa, tudo vai dar certo, fica calma, confie em si mesma, e nós amamos você. – Ela sorriu ao falar tudo, separando cada item na frase. Passou as mãos levemente em meu cabelo e deu um passo para o lado, permitindo minha vista para a porta e a vista de lá para cá também.
Harry estava lindo. Naquele momento ele parecia uma pessoa completamente nova para mim, o que me encantava e também me assustava. Eu queria guardar aquele cara em minha mente, o cara com quem compartilhei aquela noite incrível... Não sabia quando tudo mudou assim, mas toda vez que eu o olhava, me lembrava do toque das mãos dele na minha pele. Seus cachos perfeitamente bagunçados, seus olhos verdes que naquele dia estavam ainda mais claros do que o normal, a ponto de estarem quase azuis, e que brilhavam para mim, sua boca quase vermelha e sua pele lisa, com aquelas duas covinhas que insistiam em aparecer mesmo que ele estivesse sério.
Harry, bonito assim, era um desafio à lei da gravidade. Porque eu mal conseguia me manter de pé.
Respirei fundo e fui até a porta depois de pegar minha bolsa e o celular.
- Você está... uau. – Harry soltou o ar com força, dando de ombros, o que me fez sorrir.
- Obrigada.
- Vamos? – Harry estendeu uma das mãos para mim e assenti, indo até ele.
- Meninas! – gritou de repente, me fazendo virar para vê-la. Ela estava parada no corredor, com cara de quem viu um fantasma. – É a . Ela... Vocês precisam ver por vocês mesmos – apontou para o quarto, de onde não saía há horas.

Todos fomos até lá, e me entregou seu celular aberto em uma página do Twitter, onde todos pudemos ver uma foto grande e em boa definição que brilhava à nossa frente, de duas pessoas se beijando. Eram claramente e Liam. Fiquei apenas encarando aquela imagem por alguns segundos, junto com , , Harry e , sem conseguir acreditar ou entender direito o que era. Desci a página e encontrei outros tweets falando sobre isso. Em um deles o user de estava marcado ao lado da frase “então esse é o perfil da vadia da foto com quem Liam traiu a Danielle?”.
Outros falavam coisas horríveis não apenas sobre , mas sobre todas nós, e comecei a me sentir enjoada com tudo aquilo. Eu nem sabia o que pensar. Eu nunca julgaria minha irmã, sabia que se ela fez o que fez havia pensado muito sobre isso, e com certeza já havia se martirizado demais sozinha. Mas eu não sabia o que dizer. Nem eu, e nem nenhuma de nós, que estávamos tentando falar alguma coisa, mas continuávamos gaguejando palavras aleatórias. foi a primeira a ir até , na cama, e sentar ao seu lado a puxando para um abraço forte. soluçou e começou a chorar em seu ombro, enquanto a abraçava e passava a mão em seus cabelos. e também foram tentar ajudar de algum modo, e eu não sabia o que fazer além de olhar e sentir agonia por ver minha irmã chorar.
- ... – me aproximei da cama, me abaixando para ficar na altura de e murmurei, levando a mão ao ombro dela.
- Sai, , vai para seu encontro, a gente toma conta das coisas aqui. – disse me afastando.
- Mas Sofia, eu...
- Vai, ! Harry, tira ela daqui.
Harry veio até mim e me abraçou pelos ombros, me levantando do chão onde eu estava ajoelhada, e quando me levantei, ele passou um braço ao meu redor e foi comigo para a sala.
Eu estava atônita, então apenas o acompanhei até lá fora, onde um Audi 84 prata nos esperava e logo deduzi que era a “garota” de Harry. Ele abriu a porta do carona para mim e me sentei, ouvindo a batida da minha porta sendo fechada, e logo após a do motorista. O carro deu partida e tudo que conseguia era olhar para a rua e pensar naquela foto e em . Como Liam pode fazer aquilo com ela? Como ele pode usá-la como uma rota de fuga de sua namoradinha sem graça? Eu não conseguia acreditar, Liam sempre foi um cara tão legal, e não havia nos contado nada... Eu não sabia mais o que pensar.
Harry pousou uma mão no meu joelho e olhei para ele nessa hora, ele alternava o olhar entre mim e a estrada de vez em quando.
- Você está bem?
Me senti aquecida por dentro de repente. De algum modo, o que as meninas disseram parecia verdade. Ele realmente parecia se preocupar comigo, e isso me passava uma sensação de segurança.
- Sim... eu acho. Estou meio confusa com isso tudo.
- Eu também não sabia. Mas seja lá o que aconteceu, sei que não foi culpa do Liam. Ou pelo menos não foi sua intenção.
- Ele parecia gostar bastante do que estava fazendo na foto.
- Assim como ela.
- Não é ela que tem namorada, e é bem manipulável. – Revirei os olhos.
- Liam não é manipulador, . Eu o conheço há um bom tempo para afirmar isso.
- Jura?
Harry abriu a boca para me responder, mas fechou os olhos e respirou fundo.
- Não vamos brigar, não vamos brigar, não vamos brigar... – ele murmurou algumas vezes.
Tratei de me acalmar também. Eu tinha que ajudá-lo a controlar nossas brigas, ou isso nunca daria certo. Seja lá o que fosse isso.
- Eu conheço Liam como ninguém. Só peço que dê uma chance para ele se explicar. Liam é tão humilde e preocupado com todos, ele quer sempre ajudar todo mundo e se preocupa mais com as pessoas do que consigo mesmo. Sei que ele não faria isso com ela e nem com ninguém. Talvez eles só estivessem um pouco bêbados. Você sabe o que a bebida faz. Nós dois sabemos. – riu de canto para mim e eu não pude deixar de sorrir um pouco.
Repousei minha mão sobre a sua em minha perna e pude sentir a dele quentinha, em contato com a minha gelada.
Harry teve que retirar a mão para trocar de marcha, mas depois a colocou em cima da minha outra vez e percebi que a mão dele era bem maior do que a minha, e isso de alguma forma pareceu certo para mim. As nossas mãos unidas, eu quero dizer.
- Aonde vamos?
- Eu fiz uma reserva no Bellini para nós.
- O Bellini? Meu Deus, esse lugar é caro e você só consegue entrar tendo reserva meses antes do dia!
Ele sorriu outra vez para mim.
- Eu sou o Harry, lembra?
- Ah, você é o Harry. – Suspirei. Eu ainda achava isso muito injusto no mundo, mas fazia sentido.
- Não reclama, ou estaríamos comendo cachorro quente na esquina.
- Eu até que gosto de cachorro quente – disse e ele me olhou. Sorri. – Relaxa.
- Não gosto do jeito como me trata e trata Harry Styles como se fossem duas pessoas diferentes.
- Como?
- Você odeia o cara sem ao menos dar a ele uma chance. Talvez se o conhecer melhor, ele possa te provar que não é só um famosinho idiota que usa a fama para pegar garotas.
- Prefiro não arriscar. – sorri para ele. – Ainda acho que o “apenas Harry” tem muito mais a oferecer do que Harry Styles. E é dele que eu gosto.
- Gosta?
Harry manobrou no estacionamento do Bellini e resolvi ficar quieta. Plantar esta dúvida na linda cabecinha dele era uma ideia interessante.
Logo que o carro foi estacionado eu desci, e Harry saiu logo em seguida, ligando o alarme do carro e se aproximando de mim.
- Posso? – ele perguntou, olhando para nossas mãos e roçando seus dedos nos meus. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos em um ato decidido, era engraçado como minha mão parecia se perder no meio da dele, mas era confortável.
- É melhor tomar cuidado, ou as pessoas vão começar a pensar que gostamos um do outro – sussurrei para ele, que riu.
- Besta.
Um dos frentistas do restaurante veio até onde nós estávamos com um guarda-chuva para nos levar até lá dentro protegidos da fina garoa que caia, e enquanto andávamos lado a lado até a entrada do restaurante eu me sentia uma menininha andando de mãos dadas com seu primeiro namorado no jardim de infância.
Assim que pusemos os pés dentro do restaurante, fui recebida por um rapaz simpático que ofereceu pegar meu sobretudo e eu o tirei, entregando-o a ele. Me perguntei se minhas roupas não eram simples demais para um jantar no Bellini, mas não me importei muito com isso. Roupas são apenas roupas.

’s POV

- O que fazemos agora? – Zayn me perguntou ao telefone.
Ele estava em sua casa, e pelo que me disse, estava com o Liam. Era um momento muito complicado. Ninguém esperava aquilo, foi um choque para todo mundo.
- Eu não sei, Zayn. Acho melhor que Liam mantenha distância por um tempo, isso tudo foi um choque para todos nós, eu não sei se está pronta para vê-lo agora.
- Por que está falando como se ele fosse o culpado? Não entendo vocês, claramente não conhecem Liam como eu conheço, e ele nunca seria capaz de fazer algo do tipo com ela!
- Por que está gritando comigo? – perguntei, mais baixo do que o tom de voz dele. Houve silêncio por algum tempo, e então ouvi um suspiro do outro lado da linha.
- Me desculpa, estou um pouco estressado.
- Você não me parecia estressado hoje de tarde. – Bufei.
- , estou... Estou tentando, você sabe... – ele parecia ter dificuldade em falar sobre seja lá o que estava falando.
- Ah, desculpa! Deixei minha bola de cristal na casa de . Está tentando o que, Zayn?
Ele suspirou de novo. Quando respondeu, falou baixo:
- Tem uma carteira de cigarro aqui em cima da mesa brilhando e implorando “por favor me abra”. Eu estou tentando não dar ouvidos a ela e me concentrar na sua voz, mas acho que não está ajudando.
- Ah... – entendi do que ele estava falando. Zayn estava conseguindo se segurar, ele já não fumava há semanas, mas sabia que isso ficava mais difícil a cada dia. – Você quer que eu vá aí para te entreter de uma maneira melhor? – falei baixinho para ninguém escutar. Ele riu.
- Seria uma bo... Ei, não! Não vai! Liam, fica aqui cara! Espera aí, – Zayn disse e ouvi ele soltar o celular. Ouvi vozes ao longe por um tempo, mas nada audível. Depois, só ouvi a porta batendo. Zayn pegou o celular de volta e suspirou pesadamente.
- O que aconteceu?
- Liam está indo aí.
- Puta merda. Ele tá louco?!
- Pois é.
Olhei para o teto por um tempo. Eu estava deitada no sofá olhando para o teto e conversando com ele enquanto assistia a TV e estava no quarto com ainda tentando acalmá-la.
- O que está fazendo?
- Estou deitado no sofá olhando para o teto e falando com você.
- Mesma coisa aqui. – sorri.
- Quero você aqui – ele choramingou. – agora.
- Infelizmente eu não sei dirigir, meu amor.
- Acho que vou ter que te ensinar. Ah, espera, eu também não sei.
Ri.
- Bom, pelo menos já temos o carro.
- Temos?
- É, o seu. Você sabe, o que é seu é meu.
- Nós casamos e ninguém me contou?
- Jesus disse para dividir o pão, sabia?
- Certo, me perdoe, Jesus. – ele riu.
Nesse momento, saiu do quarto.
- Ela dormiu – falou, suspirando e parecendo cansada. – Vou à farmácia comprar calmantes e remédios para dor de cabeça.
- Me dá uma carona?
- Até onde?
- A casa do Zayn.
- Vamos logo.
- Vou desligar, abre a porta – falei no telefone, me levantando do sofá e indo para o carro com .

Zayn’s POV

nem se incomodou em bater na porta assim que chegou. Ela era minha namorada, tecnicamente, então tinha passe livre para entrar e sair à hora que quisesse, o porteiro a conhecia. Eu estava sozinho e quase sendo engolido pelo tédio e pela vontade de sentir a nicotina amortecer todo o meu corpo, olhando de cinco em cinco segundos para a carteira de cigarro em cima da mezinha de centro e travando uma batalha interna comigo mesmo sobre se eu devia ou não fumar. Mas eu sabia que se fumasse ela não me beijaria assim que chegasse, então preferi perder um cigarro do que a noite toda com .
O total silêncio de minha casa e do tempo lá fora, apenas com a leve chuva caindo no telhado, era quebrado por minha playlist do Drake tocando em cima da mesinha em meu celular. Eu estava com sono. Mas quando ouvi o som da porta se abrindo e vi entrar por ela, meu sono se esvaiu no mesmo momento. Ela fechou a porta atrás de si e sorriu para mim, tirando seu sobretudo preto e meio molhado da chuva, e o pendurando atrás da porta no cabideiro, antes de vir até o sofá.
A única coisa que fez foi sentar em cima de minha cintura com uma perna em cada lado do meu corpo e repousar as mãos em meu peito, descendo até mim e me dando um beijo leve, calmo, e que parecia arrancar de mim qualquer vontade de alguma coisa que não fosse ela.
- Eu vim te salvar antes que acabe perdendo para essa coisa – ela disse, pegando a carteira em uma das mãos e a balançando na frente dos meus olhos. Depois, soltou a mesma em meu peito e abriu os botões do meu casaco azul. Ela me fez tirar, e depois suspirou, pegando a carteira outra vez e a abrindo com cuidado, como se tivesse medo de encostar no cigarro ou algo do tipo.
- E cigarro não morde, você sabe. – dei de ombros.
Ela revirou os olhos para mim, e pegou um cigarro. Ela o olhava como se fosse uma total novidade ver aquilo. Passou pelo nariz, depois de sentir o cheiro fez uma careta.
- Como pode usar isso?
- É um vicio.
- Pois bem, Zayn Malik. Está vendo isso? – ela passou o cigarro por debaixo do meu nariz, me fazendo inalar o cheiro da nicotina e aquilo me pareceu tão convidativo que senti vontade de arrancar de suas mãos e colocá-lo na boca. Em vez disso, eu virei o rosto e levei as mãos à sua cintura.
- Não me tortura.
Ela riu.
- Vou te mostrar que existe coisa muito melhor do que essa merda.
- Nas é claro que existe. – olhei para ela outra vez. – Eu inclusive estou segurando uma prova disso nas minhas mãos nesse exato momento. – Apertei minhas mãos em sua cintura e ela abriu meu sorriso preferido, se aproximando de mim e me beijando outra vez, enquanto bagunçava meu cabelo. Eu geralmente não gostava que alguém tocasse em meu cabelo, mas as mãos dela eram totalmente bem vindas em qualquer parte de meu corpo.
Ela se levantou outra vez, ficando sentada de novo, e brincando com o cigarro entre seus dedos.
- Como usa isso afinal? Você engole fumaça ou o quê? – ela fez uma careta, levando o cigarro à boca com ele no vão dos dedos.
Ri dela.
- As pessoas chamam de “tragar”. – eu a observava enquanto ela girava o cigarro na ponta dos lábios. – Você basicamente ingere a fumaça, a deixa descer até a garganta, ela volta... – tomei o cigarro de sua boca. – Você a larga e eu não devia estar de dando aulas de como fumar porque isso é errado.
soltou uma risada gostosa de ouvir e acariciou minha bochecha.
- É tão amável você se preocupando comigo.
- Eu sei. – dei de ombros.
- Também amo quando você é orgulhoso.
- Ah é? – arqueei uma sobrancelha.
- Aham. É muito Sexy – ela praticamente sussurrou essa ultima frase, fazendo isso sim soar sexy.
- É? – sorri.
- É. Muito.
- E você me ama muito, não é? – Brinquei.
- Ah, amo – ela falou, sorrindo e brincando.
- E você quer muito me beijar agora.
- Quero – assentiu.
- E quer muito esse corpinho aqui para você.
- Errado. Esse corpinho já é meu, amor. – ela sorriu vitoriosa e praticamente encostou sua boca na minha, mas ficou brincando comigo até eu não aguentar mais e colar nossos lábios com vontade.
Agradeci mentalmente por meu sofá ser largo quando eu a virei e a fiz deitar ao meu lado. Ficamos deitados de lado e um em frente ao outro, as pernas entrelaçadas e as mãos na cintura um do outro, olhando nos olhos e isso era bom.
- Zayn, eu sei que te provoquei e que sou muito má por isso – ela sorriu, mexendo em meu cabelo. – Mas realmente estou com vontade de fazer algo diferente essa noite.
- Vai passar a noite aqui?- abri um sorriso involuntário.
- Se você deixar, é claro.
- E por que motivo eu não deixaria, né? – Ri. Ela sorriu. – Você estava dizendo, quer fazer que tipo de coisa diferente?
- Não acha que pega muito mal eu vir aqui só para transar com você? Bem, eu acho. Me sentiria uma... prostituta ou algo do tipo. – ela fez uma pausa e riu. – Tá, nem tanto.
- Não precisa se aproximar de mim só quando quer sexo, sabia? Eu não sou uma maquina de fazer sexo sem coração.
gargalhou.
- Eu sei que não, mas... Olha só para nós. Aqui, deitados, trocando caricias e pensando em passar um tempo juntos sem fazer sexo e nem nada do tipo, só ficar junto pelo prazer da companhia um do outro.
- E qual o grande problema nisso? – murmurei, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Isso não parece mais um... tipo, um... você sabe... na...
- Não precisamos de rótulos, lembra? – eu a interrompi antes que ela precisasse falar aquela palavra.
- Certo. E o que vamos ficar fazendo?
- Fazendo nada pelo simples prazer da companhia um do outro. – Sorri. Ela assentiu.
- Ok.
- Então... – comecei a passar meus dedos de leve por cima de seus braços e por toda a extensão de seu corpo até onde eu alcançava, mais ou menos na metade da coxa, e voltar. – Me conta o porquê de você odiar tanto essa palavra com N.
- Essa...? Ah! – ela deu de ombros. – Historinha clichê, todo mundo já sabe de cor. – Revirou os olhos e sorriu fraco.
- E quem foi o idiota que foi capaz de tornar seu passado uma coisa ruim?
- Bem, o nome dele é Pedro, e... – ela parecia desconfortável em falar disso. – Ah, temos mesmo que falar nele?
- Não precisamos falar se não quiser, só estou tentando te entender.
- Bem, ele foi meu primeiro namoradinho, e eu gostava dele de verdade, mas era aquele tipo de amor inocente, de criança ainda, sabe? Só que com o tempo, e quando ele começou a ver que nada daquilo aconteceria, apenas porque eu não me sentia preparada, ele começou a me pressionar. Eu deixei claro em um dia, que não queria fazer sexo tão cedo, e ele disse que entendia, mas sei que ele ficou chateado. E então no dia seguinte, eu estava um pouco doente e não fui ao colégio, ele disse que entendia, mas era o jogo mais importante das interséries e ele era do time. Então saí de casa, mesmo doente, e fui até o colégio só para encontrar Pedro se agarrando atrás da quadra com a minha suposta melhor amiga na época. Não éramos muito próximas, mas, bem, eu não era muito próxima de ninguém. Ainda sou meio fechada, mas naquela época eu era realmente uma pedra... E ela era a única pessoa que chegava mais perto de ser uma amiga. Eu não sei se me abalei mais por isso... Por confiar nela, ou nele, ou nos dois, e quebrar a cara com duas pessoas ao mesmo tempo. Guardei tanto rancor dos dois que isso me fez mal de verdade.
Fiz uma careta. Pensar que existe pessoa com esse nível de idiotice me parecia extremamente inconcebível. Como alguém trocaria uma pessoa como ? Eu mal a tinha para mim e nunca seria capaz de deixa-la por garota nenhuma no mundo.
- É sério, Zayn. Aquele dia foi horrível, eu me senti uma tola, uma burra, idiota. E aí, no dia seguinte, eu pensei que ela pelo menos tentaria se desculpar. Mas ela usou aquilo para me ridicularizar na frente do colégio inteiro sobre a virgenzinha nerd que era estúpida demais para transar com um “cara como o Pedro”, como se ele fosse muita coisa. Todos me humilhavam toda vez que eu passava, eu virei a piadinha do colégio na época. Sabe, quando a galera não tem ninguém mais interessante pra pegar no pé e aí vai você mesmo? E com o tempo, eu fui me excluindo e sumindo para tentar ser esquecida, mas eles pareciam não querer me esquecer, só para me ver cada vez menor e mais insignificante, e... – ela levantou um pouco a manga da blusa e me mostrou uma cicatriz minúscula no pulso, não tinha mais que meio centímetro. – teve uma época em que eu cheguei a pensar em, você sabe, me cortar e essas coisas, mas antes de tentar de verdade, decidi que era estupidez demais. Eu comecei a me ver como uma piada. Não queria ser esse tipo de clichê. Eu sabia, no fundo, que podia ser muito mais. E foi aí que conheci a . Ela era tudo aquilo que eu queria ser, sabe? A garota nova na escola que estava causando. Eles a chamavam de apelidos idiotas e colavam coisas nas suas costas, e jogavam bolinhas em seus cabelos, mas em vez de se excluir como eu, ela ria e revidava. Ela era o tipo de pessoa que falava com todos e que todos gostavam, e que fazia todos rirem, e ela, diferente de todos os outros, me enxergou. Não como a menina virgem e nerd, mas como uma pessoa que tem sentimentos e que estava chegando ao seu limite. E ela se aproximou com e, bem, ela me salvou. – suspirou e pareceu voltar para o presente e sorriu para mim.
Ah, aquele maldito sorriso. Um sorriso que parecia iluminar tudo ao redor dela.
- Eu nem sei o que te dizer. – falei sinceramente.
- Você não precisa dizer nada. Isso passou, e agora estou deitada no sofá de Zayn Malik ganhando carinho dele, pf. – Ela riu, e percebi que eu ainda afagava seu cabelo.
passou a mão em meu rosto outra vez, e olhou em meus olhos, parecia ver até minha alma.
- Você me vê, Zayn. Assim como fazia. Você sabe quem eu sou, só olhando para mim. E eu amo isso em você.
- Eu vejo você. E vejo uma garota forte e extremamente bonita, e merecedora de tudo de melhor nesse mundo. E vejo um futuro brilhante pela frente, sem mais coisas ruins, porque você merece tudo isso.
- Obrigada – ela sorriu, e se aconchegou mais perto de mim. Eu abri meus braços e deixei que ela se aproximasse o quanto quisesse de mim, e depois a abracei e assim ficamos até eu perder a consciência ao som de alguma música calma de Drake e segurando nos braços a garota que iluminava tudo quando estava perto.



Capítulo 10

So don't you worry your pretty little mind,
People throw rocks at things that shine,
And life makes love look hard.
The stakes are high,
The water is rough,
But this love is ours.


Liam POV

Eu já sabia que era errado, e que estava de cabeça quente, e que a melhor coisa a se fazer era ficar em casa e esperar tudo passar, mas eu não podia. Eu não conseguia pensar em como estaria à uma hora dessas em casa sem odiar a mim mesmo, então tive que ir lá. Eu tentei milhares de vezes ligar para Danielle durante o caminho, mas chamava várias vezes e entrava na caixa de mensagem. Eu sabia que ela estava em casa e que não me atendia.
O que você deve fazer quando seu coração está dividido entre duas pessoas?
E eu estava com medo. Estava apavorado. Eu não tinha ideia do que fazer. Eu sabia que precisava me decidir, e isso por si só já se parecia complicado, mas agora com a mídia no meio ficaria mil vezes mais difícil. O mundo todo ficaria ao lado de Danielle, e se eu chegasse a escolher , ela seria perseguida por fãs e pela mídia pelo resto da vida. Não que agora eu tivesse muita escolha a fazer... Danielle já sabia de tudo. Acho que eu meio que sem querer escolhi isso para mim mesmo ao ficar com na festa.
Tudo que eu não queria para ela estava acontecendo, e agora ela estava totalmente exposta.
- Liam, você não devia estar aqui... – falou logo que abriu a porta para mim, daquele seu jeito delicado, tentando não ser rude.
- , por favor, me deixa falar com ela, eu preciso. Eu juro, não vou demorar, só... – eu tentava olhar para dentro e enxergar em algum lugar. Eu estava nervoso, prestes a vomitar ou sei lá. Eu precisava vê-la. Falar com ela. Saber que está bem. Dizer que tudo ficaria bem.
- Ela... ai, você vai chorar? Eu... – coçou a cabeça algumas vezes, confusa, e por fim abriu mais a porta e me deu espaço para entrar.
- Obrigado!
- Ela está dormindo, Liam. A foi na farmácia, já deve estar chegando, e se te ver aqui acho que ela te faz sair a vassouradas. Então seja breve.
- Obrigado, , de verdade. – Disse de novo.
Fui para o corredor e entrei na porta que sabia que era dela. A luz estava acesa e dormia na cama, enrolada em um cobertor roxo. Fui até o lado dela na cama e me ajoelhei para ficar ao nível dela. Fiz uma careta de arrependimento ao pensar por tudo que ela estava passando. Claro que eu não fizera aquilo sozinho, mas eu era o comprometido ali, eu estava mais errado. E eu a convenci daquilo. Eu nos convenci de que, de algum modo, era uma boa ideia. Mas era uma péssima ideia, olha onde estávamos agora!
Abaixei um pouquinho o cobertor e percebi que ela abraçava a boneca da Jessie que ganhou de mim. Suspirei, frustrado. Irritado, bravo comigo mesmo. Eu não devia ter deixado chegar a esse ponto. Droga, Liam! Passei a mão de leve em seu cabelo, eu podia sentir o perfume dela em todos os cantos daquele quarto.
- Eu sinto muito, . – murmurei para ela, e queria que ela pudesse ouvir o recado que deixei quando acordasse.
Levantei e olhei em volta, passando a mão na cabeça, tentando pensar com clareza. Eu não sabia o que mais fazer. Queria ajeitar tudo com as duas. Mas estar ali agora já dizia muito sobre o que eu sentia. A primeira coisa que pensei ao ver aquela foto no Twitter foi em como estaria. Danielle só foi cruzar minha cabeça depois.
Eu a amava também.
Fui até sua escrivaninha, vi que tinha papel e lápis, e resolvi deixar um bilhete antes que chegasse.
Eu o escrevi rapidamente e logo saí do quarto.
- Obrigado de novo, .
- Tudo bem Liam. Se cuida. E, por favor, não faça nada antes de pensar. Tudo que você fizer envolve ela a partir de agora.
- É, eu sei. Obrigado, e me desculpa. – Balancei a cabeça. Eu sentia que precisava me desculpar com todo mundo, pelos olhares que estava recebendo. - Por tudo.
Saí da casa das meninas sem saber ao certo se eu ia para casa ou procurava algum lugar melhor, onde não corresse o risco de ser encontrado.

Harry’s POV

Eu e conversávamos enquanto nossa comida não chegava, e sentia que eu nunca conheci nem a metade do que ela era de verdade. Essa garota, aqui comigo agora, era totalmente diferente da menina da qual eu só sabia os defeitos há alguns dias atrás. Eu gostava dessa nova , queria conhecê-la melhor.
Nós falamos bastante cada um sobre si, desde a infância até agora. Revivi momentos que eu havia esquecido sobre mim mesmo, e ela também. É claro que tínhamos nossas desavenças, nós não concordávamos em muitas coisas, mas era bom ouvi-la falar sem parar sobre qualquer coisa. Para ser sincero, eu gostava do jeito que sua boca se movimentava e ela sorria um pouco em meio às palavras. Me fazia ter diversos tipos de pensamentos sobre ela, desde coisas inocentes até... Bem.
Nós jantamos e tomamos um pouco de vinho, mas decidimos sair dali antes da sobremesa e andar ao ar livre para aproveitar que a chuva havia cessado. Ela alegou que Londres devia estar meio vazia por conta do clima feio e não podia perder a oportunidade de ter Londres só para ela. Como eu já imaginava, era meio doida.
- Eu te vi declarar seu amor por Queen naquele dia na loja de discos. – Falei, enquanto andávamos lentamente em um parque perto do centro da cidade, que estava completamente parado.
- Fala sério! Queen é a melhor banda da história, sem mais! – Ela sorriu. – E se você discordar de mim... – Me olhou rapidamente. – Eu terminei com o Dave por isso!
- Mentira – ri.
- Verdade. Ele não tinha um gosto musical muito bom – franziu o nariz. Gargalhei.
- Ah, ótimo motivo para terminar com alguém!
- A gente nem tinha nada sério – ela deu de ombros.
- Bem, eu conheço outras bandas boas – disse, mexendo em meu próprio colarinho e falando de mim e dos garotos. Ela riu.
- Você não espera que eu te compare com Freddie Mercury, né?
- Claro que não! Ele era feio.
- É disso que eu falo! – exclamou. – Você entende? Não era sobre a aparência, sobre as roupas ou a opção sexual dele! Era sobre ele fazer o que ama com paixão e ser bom nisso, e passar sua música para o mundo! Ele...
- Ele era tudo sobre a música.
Ela ergueu a mão e apontou para mim, concordando, os olhos bem abertos.
- Ele vivia da música, respirava a música, ele...
- Ele era a música – disse, e ela fechou os olhos.
- Exatamente – suspirou. – Agora fez eu ter vontade de te beijar.
Ri fraco, e aí uma coisa bizarra aconteceu: meu rosto esquentou. Pigarreei. Vira homem, Styles.
- O Freddie era o máximo. O que eu não daria para voltar no tempo, poder participar de um show deles ao menos, cantar Love of My Life com a multidão, e...
Para ser sincero eu não conseguia ouvir muita coisa, ela realmente falava demais para meu cérebro processar, mas o jeito como ela mexia as mãos no ar e falava empolgadamente, e olhava para o céu às vezes, era uma boa cena para se ver. Eu queria poder ficar olhando para uma cena como aquelas antes de dormir de novo e de novo... Porque tinha algo nela que me soava familiar, que me fazia sentir confortável e seguro, e... em casa.
- Harry, o que estamos fazendo aqui? – ela disse, depois de um breve minuto de silêncio entre nós.
- Foi sua a ideia. – fiz uma expressão confusa.
- E desde quando você não contesta minhas ideias malucas? Está ficando tarde, talvez seja perigoso. Será que não é melhor voltarmos?
- O quê? Ah, está tão bom aqui com você.
- Está? – ela sorriu.
Eu assenti.
- Posso fazer uma pergunta?
- Pode.
- O que... exatamente, hm, é isso? – fiz gesto com a mão para nós, no geral.
- Como assim? A gente tá saindo...
- Eu não quero ser o Dave – soltei de uma vez e olhei-a, me perguntando de onde veio aquilo. Ela parou de andar e parou em minha frente, tendo que olhar um pouco para cima para me olhar nos olhos. Me encarou por um segundo, procurando por algo como se quisesse decidir se eu estava brincando ou não.
- Como...?
- Não quero... ser só um cara. Que passou. Pela sua vida. – Disse, com dificuldade. Não era do meu feitio me abrir assim para uma garota. Para ninguém. Mas me forcei a falar, praticamente empurrando as palavras boca afora, porque queria que ela soubesse. – Eu... quero ser mais.
Franzi o cenho ouvindo minhas próprias palavras, e tentei entender sua expressão meio em branco. Ela só piscava, enquanto me encarava ainda nos olhos.
- É sério! – Disse, tirando-a de seu devaneio.
- Desculpa. – Disse, e ficou em silêncio por mais um tempo, me encarando.
- Ok, você tá me assustando.
- Você... desculpa, é sério? – Ela balançou a cabeça e sorriu fraco. – É que parece uma piada. Você me falando isso. Parece que quer tirar com a minha cara.
- – suspirei e dei um passo à frente, acabando com a nossa distância. – Isso não é muito menos estranho pra mim do que pra você. Tudo bem. Eu vou falar logo. Vou falar. Eu quero te beijar a hora que quiser, andar de mãos dadas e essas coisas aí, e ficar conversando com você por horas como fizemos antes, e quem sabe até brigar de vez em quando, e sair abraçado com você em fotos, e poder falar que você é minha, e te ajudar a ganhar prática no que fizemos ontem de noite... – ela me deu um tapa no braço por essa última parte, e eu ri. – É sério. É muito sério. Acho que estou querendo isso há algum tempo, mesmo sem perceber. Eu sabia que queria uma garota especial há algum tempo, não apenas mais uma... Só não sabia que – suspirei, olhando para cima por um segundo. Era difícil admitir aquilo até para mim mesmo. – Eu já havia a encontrado.
Ela abriu um sorriso enorme e lindo nessa hora, e eu caí um pouquinho mais na dela.
- Isso é um pedido, Styles? – Estreitou os olhos para mim. – Porque está me parecendo...
- Não faz isso... – levei os dedos às têmporas. – Eu estou me esforçando...
- Um pedido... – ela continuou, meio rindo, meio caçoando.
- ...
- De na...
- Ok! – Tirei as mãos das têmporas e dei um passo para trás. – Você quer que eu te peça em namoro? Eu vou te pedir em namoro!
Ela olhou em volta rindo. Estávamos parados na esquina do parque, não havia quase ninguém na rua, uma neblina fraca cobria a praça em que estávamos e um vento gelado soprava.
- Harry, não faça escândalo! – Ela me apontou um dedo, sorrindo.
Puxei o fôlego, e então só comecei a cantar – literalmente - a primeira música que me veio à cabeça:
- And I can’t explain…
- Ai, não. Ele tá cantando Lessions.
- But there’s something about the way you look tonight...
- Harry... – ela pediu, rindo fraco. Me senti satisfeito que agora era ela quem estava vermelha.
- Takes my breath away! – Cantei mais alto, passando a mão pelo poste de luz e dando uma volta ao redor dele, fechando os olhos.
- Harry, para! – Ela me deu um tapa no braço. Ao abrir os olhos, vi algumas pessoas em volta, olhando estranho.
- It’s that feeling I get about you deep inside. And I can’t describe, but there’s something about the way you look tonight!
- Styles, cala a boca! – ela pulou em mim e tapou minha boca com a mão, mas seu sorriso divertido a entregava: Ela estava adorando. Eu comecei a ver algumas luzes de prédios serem acesas para ver o que era, e algumas pessoas nas janelas olhando a cena.
Eu arqueei uma sobrancelha para ela e puxei o ar. Grand finale.
- Nã...
- GIRL YOU TAKE MY BREATH AW...
- Eu aceito! – ela gritou, para me fazer parar.
- Quê? – ri e soltei o poste em que eu estava praticamente pendurado. – Jura?
- Eu aceito namorar com você, seu imbecil, idiota e insuportável. Eu. Aceito. – ela falou, pausadamente, e depois sorriu. – Mas saiba que, argh, você me forçou a isso. Que maneira mais infantil de pedir alguém em namoro!
Gargalhei.
- Como quiser, mimadinha – provoquei e sorri também, puxando-a para perto de mim pela cintura e colando nossos lábios em seguida. Avaliando minha situação, eu podia dizer que estava satisfeito. E profundamente... feliz.

- Não acha que isso é perfeitamente errado? – disse, logo depois que veio para o meu lado outra vez e entrelaçou nossas mãos, começando a andar devagar.
- Defina sua frase. – Olhei para cima.
- Nós dois, eu quero dizer. Tá na cara que não temos nada a ver, e que discutimos na maior parte do tempo. E mesmo assim, acabei de aceitar ser sua namorada. Acho que esse namoro não dura um mês...
- É sempre bom ter aquele apoio especial. – Zombei. - Eu acho que vai ser uma aventura e tanto – ri. Na verdade eu não fazia ideia do que de fato aconteceria, mas queria descobrir. Quer dizer, era hilário. Até literalmente vinte e quatro horas atrás nos odiávamos. Com ela tudo sempre acontecia tão rápido...
- Eu confesso que estava com medo.
- Espera aí! , você acabou de dizer “eu confesso”? Eu testemunhei um milagre!
- Babaca – murmurou.
- Medo de quê?
- De ser só mais uma para você. Sabe, eu tento não ser clichê, mas... – ela deu de ombros e riu. – Nesses momentos não dá para evitar.
- Bem, você não é só mais uma. Tem algo no seu jeito extremamente irritante que me ganhou.
Ela me empurrou fraco pelo braço e estalou a língua.
- Pensei que você fosse do tipo que perde o interesse logo que leva uma garota para a cama.
- Com você não foi assim. – Dei de ombros. Eu não sabia ficar explicando o que era de tão diferente nela que acabou me agradando. Mas havia algo muito especial ali.
- Conquistador barato – ela sussurrou, rindo baixo em seguida.

’s POV

- Me dá um comprimido. – pediu, logo que apareceu na cozinha na manhã de segunda.
- Mas já? Não vai nem comer?
- Não quero comer – ela disse. Estava acabada, os cabelos bagunçados e os olhos inchados pelo choro da noite passada. Também estava de mau humor, o que era raro para . Apenas a alcancei um comprimido para dor de cabeça.
Ela o tomou com um gole de água e foi para o quarto de novo, voltando alguns minutos depois, logo depois de eu arrumar a mesa do café e pegar minha bolsa e as chaves.
- , tem certeza que você tá bem?
Ela assentiu brevemente e pegou sua bolsa também, indo para fora e entrando no banco do carona de meu Smart. Chaveei a casa e saí também, entrando do carro e dando partida.
Durante o caminho, ela tirou os óculos de sol da bolsa e os colocou, mesmo estando nublado, e sabia que era apenas para disfarçar os olhos inchados.
- Quer conversar? – tentei.
- Não.
- Você... podia ter ficado em casa. Eu explicaria a situação no serviço, e...
- Não tem nada para explicar. Todo mundo já viu, todo mundo já tirou suas próprias conclusões.
Resolvi ficar no meu canto depois disso, e dar espaço a ela. Desci no Starbucks para pegar o café da chefe, e depois fui direto para a editora. Quando descemos e entramos no prédio, era até desconfortável, eu sentia todos os olhares em nós. Não acredito que todas aquelas pessoas saibam de coisas sobre um garoto de uma banda adolescente. Mas é como dizem, quando a noticia é ruim se espalha rapidamente.
- Sabia que a tá namorando? – quis mudar de assunto enquanto subíamos até o oitavo andar no elevador.
- Legal. – Murmurou.
- Ela apareceu bem feliz em casa ontem de noite. – Sorri. – Acho que ela e o Harry se merecem.
- É.
Desisti de falar com ela depois disso. Ela precisava de um tempo quieta. passou o dia inteiro sem esboçar sorriso algum nenhuma vez e isso era sinal claro de que ela não estava nada bem.
Na hora do almoço, recebi uma ligação de .
- Oi.
- Sabia que eu estou na casa de Zayn? – ela disse, cochichando.
- Eu que te deixei aí, então acho que sabia. Por que tá cochichando?
- Porque não quero acordá-lo. Você não vai acreditar. Ontem rolou o maior clima!
- Ah, não brinca! – Revirei os olhos. – Um clima? Entre você e o Zayn! Uau!
Ela riu, nervosa. Houve silêncio por um tempo.
- Ai, caralho. – ela pareceu se bater em alguma coisa. - mas não estou falando de um simples clima. Eu contei para ele.
- Contou o quê, louca?
- Tudo, sobre Pedro e sobre como eu fiquei, e... E ele disse umas coisas muito... filho da puta!
- O que tá rolando aí, ?
- Eu to tentando achar meus calçados, mas as coisas insistem em quererem cair no chão.
Ri.
- Então contou para ele?
- Sim.
Uau, para falar daquilo com alguém tinha que ser alguém importante. Nem seus pais sabiam daquilo, só quem sabia éramos nós cinco e nem tocávamos nesse assunto.
- Vai fazer o quê?
- Vou fazer comida.
- Aí? – ri. – Você vai fazer comida? Na casa do Zayn? A coisa tá mais seria do que parece.
- Eu estou com um buraco negro no estômago e não sei onde tá o cartão de crédito dele, não enche o saco!
- Foi você que me ligou – dei de ombros, mexendo em meu prato com o garfo.
- Só queria saber da . O que rolou?
- Tá namorando.
- Pegou de jeito?! – ela riu. – Fico feliz por eles, já era hora de se revelarem!
- É, agora só falta você...
- E ? – Ela trocou de assunto.
- Ela está estranha. Não fala nada, está séria demais e fica dando patadas. Mas insiste em dizer que está bem, é claro. Ainda é a .
- Hum, não me surpreende. Vamos esperar para ver o que acontece agora. Era meio óbvio que alguma hora isso ia acontecer entre alguns de nós.
- Uhum – falei, comendo um pedacinho de carne.
- Bom, vou desligar e ver se acho algo decente para comer nessa casa.
- Vocês acordaram agora?
- Eu acordei agora, ele está dormindo ainda.
- Vocês são mesmo muito folgados. Boa tarde aos pombinhos!
- Tchau, besta.
Ligação finalizada. Como era delicada com as pessoas...

’s POV

- Oi, Niall! – falei, logo que ele atendeu do outro lado da linha.
- Oi, .
- Vai fazer algo hoje?
- A gente já deu uma entrevista e passamos a manhã toda assinando pôsteres. Então não. Por quê?
- Porque eu estou sozinha em casa e preciso almoçar.
- Cade a ?
- Ela saiu para caminhar com o Harry e o Dobby.
Ele riu.
- O quê?
- Foi levar os animais pra passear.
Ri também.
- O Harry, é?
- Estão namorando.
- Uau! O tempo voa! Como as coisas acontecem rápido! Eu dormi por quantos anos essa noite?! E como sempre, ninguém me conta nada.
- Eu acabei de te contar. E então, rola uma passadinha aqui para me levar até o McDonald’s ou algo do tipo?
- Por que não chama seu ficante?
Outch!
- Ué, por que... – pensei em algo. – ele está viajando.
- Viajando?
- É. Por que acha que ele não me acompanhou na festa? Ele foi visitar os pais... na Alemanha.
- Alemanha?
- É. Ele mora sozinho em Londres.
- Ah... que pena, tenho certeza que ele iria amar te levar para almoçar.
- É, iria mesmo.
- Estou passando aí em cinco minutos. – ele suspirou. – Fica pronta.
Antes mesmo de me dar chance para responder, ele desligou. Ok, . Melhor desmentir essa história toda de Charlie antes que tomasse proporções maiores ainda.
Mas brincar com Niall estava sendo mais divertido do que eu imaginava, agora que ele parecia se importar comigo. Como as pessoas amam o que não podem ter!

Como o prometido, cinco minutos depois lá estava ele. Fabuloso, como sempre, com seus cabelos bagunçados e um boné verde largado de qualquer jeito na cabeça, uma regata branca de algum time e uma jaqueta da Adidas por cima. Ele estava se esforçando bastante para não demonstrar que se importava, era visível, e era um pouco engraçado.
- Vamos?
- Sim, senhor. – Ri fraco.
Fomos ao primeiro McDonald’s pelo qual passamos, Niall não falava muita coisa, e o carro era preenchido pela música do rádio. Fizemos nossos pedidos e sentamos em uma mesa, esperando que eles chegassem.
- Você está tão estranho.
- Estou? É o boné – apontou para a cabeça.
Revirei os olhos para ele.
- Nós dormimos juntos há dois dias, nos divertimos pra valer na festa, e você estava normal. E agora age assim, como se eu estivesse fazendo algo de errado.
- Você não está fazendo nada errado... – Niall disse, sem de fato prestar atenção à nossa conversa, quando seus olhos se perderam na bunda de uma garota que passou por nós e até o fez virar a cabeça para acompanhar. Eu não pude evitar a careta de descrença, mas quando se virou de volta para mim rapidamente desfiz a cara feia.
- Então por que está agindo assim?
- Assim como, ?
- Grosso! E andando por aí com o nariz empinado, sem olhar para mim e fingindo que nem me ouve quando falo com você, como agora. – falei, me irritando um pouco enquanto falava e ele olhava para o cardápio na mesa. – Não gosto de você assim.
Ele suspirou, como se estivesse sem paciência, e levantou o olhar para mim.
- E como quer que seu capacho esteja? – Murmurou feito uma criança destratando a mãe, encarando o menu em cima da mesa.
- O quê?!
- Nada, ...
- Agora repete! – Cruzei os braços.
-Ok! Olha, primeiro você me beija. E aí você diz que vai me beijar de novo, mas depois diz que não pode, pois está ficando com um cara, e então você me beija de novo na festa e dorme abraçada comigo. E aí você me liga como se tudo estivesse perfeitamente bem quando não está! Obviamente você está me fazendo de trouxa, e eu, como o bom capacho que sou, estou sendo! Quer dizer, por favor, , se você pedisse para eu te levar até o carro no colo agora mesmo eu iria. Não finja que não sabe do que eu estou falando. – Suspirou. - Eu quero te entender, mas juro que não consigo, ao menos que você me explique!
Não gostei nada do jeito como a voz dele soava rude ao falar comigo, ele nunca foi assim antes. Ah, tá. Como se eu não fosse completamente idiota por você, Niall Horan.
- Não somos só amigos? – perguntei, a voz calma, tentando esconder o quanto eu estava ficando irritada com tudo aquilo. Eu enchi aquela frase de veneno, aquela maldita frase que só fazia estragar tudo sempre, sempre!
- Ami... – ele olhou para cima e riu, com descrença. – Amigos?! Éramos amigos há uma semana, como sempre fomos, e então você me beijou!
- O problema é esse, Niall? Eu ter te beijado? Bem, então eu prometo que não vou fazer de novo, se você odiou tanto! E quer saber? Perdi a fome. – me levantei e virei em direção à porta, mas antes de sair, olhei-o outra vez: - Bom almoço e morra engasgado!
Eu saí a passos firmes pela lanchonete com olhares curiosos para mim. Meu rosto estava queimando, isso era o que acontecia nas raras vezes em que eu ficava com raiva. Esse não era um sentimento que eu costumava sentir, por isso quando sentia não sabia como lidar com ele.
Quando eu já estava no estacionamento aberto, andando em direção ao ponto de táxi, ouvi meu nome ser chamado por ele atrás de mim. Xinguei-o em todos os idiomas que conhecia – e que não eram muitos – sem parar de andar.
- ! – ele gritou, bravo.
Parei de andar bufando e virei de costas, ele andava tão rápido quanto eu, com os punhos cerrados enquanto vinha em direção a mim e o rosto vermelho. Niall parecia furioso, eu nunca o vira tão bravo.
Mas então ele usou a força que estava reprimindo para puxar meus braços com força e colar a sua boca na minha de uma maneira nada gentil. Tentei empurrá-lo, mas minhas mãos perderam força assim que tocaram seus ombros, e tudo que fiz foi puxá-lo mais para perto. Quem eu queria enganar? Eu era completamente apaixonada por ele.

Liam’s POV

Resolvi ir ao apartamento de Danielle, eu não conseguia mais ficar em casa me martirizando por tudo e sem saber o que de fato estava acontecendo lá fora. Eu precisava encarar de frente, fazer alguma coisa. Mas ao chegar em seu apartamento, e logo que a porta foi aberta por uma Danielle derrotada, com os olhos inchados e profundas olheiras, e vi várias malas no chão de sua sala.
- O que está fazendo? – Perguntei, antes mesmo de tentar me desculpar como eu planejava fazer. Aquilo me pegou completamente de surpresa.
- Estou indo embora.
- Não. Não. – Olhei-a. - Por quê? Danni!
- Não me chama de Danni, Liam! Por que está aqui? – ela gritou. – Acho que está na cara que não quero te ver.
- Pelo menos me dá uma chance de explicar, por fa...
- Liam, você me traiu. Tem fotos! O mundo todo já sabe! Acho que isso já é explicação o suficiente!
- Danni, eu...
- Cala a boca, merda! – Ela gritou, e deixou uma lágrima escapar. Aquilo me atingiu como uma faca. – Você me disse milhares de vezes que ela era sua amiga! E eu fui idiota, e acreditei! Estava na cara que vocês tinham algo, Liam, por favor! Você estava comigo, mas não parava de falar nela um segundo sequer. – Ela virou de costas para mim, entrando mais profundamente no apartamento, e eu a segui. - Como eu fui... burra!
- Danni... Danielle – corrigi, fechando os olhos, e suspirando. – Eu sei que errei. E sei que você não tem o dever de me perdoar. Mas eu nunca menti em relação a isso, eu e ela éramos só amigos até...
- Até quando? Quando foi que isso começou? – ela virou-se de volta para mim, os olhos molhados.
Engoli em seco. Sem mais mentiras, Liam.
- Foi no final de semana passado, no hotel fazenda... – falei, baixo.
- Como eu imaginei. – ela assentiu. – Quando você a chamou para ir no meu lugar porque eu estava trabalhando.
- Danni, eu nunca quis que isso acontecesse, apenas aconteceu! Eu e ela éramos amigos até isso acontecer, e me senti terrivelmente culpado!
- Mas mesmo assim fez de novo, Liam! – ela gritou. – Você não pensou duas vezes, e ainda tem coragem de vir aqui e tentar se explicar! – Há essa altura, ela chorava sem tentar controlar.
Fui até ela a passos largos e segurei seu rosto com as duas mãos, olhando em seus olhos.
- Eu te amo, Danielle! Olha nos meus olhos! Você me conhece, sabe que eu não consigo mentir pra você! Eu sei que errei, e admito isso, não espero que você me perdoe, mas... Não quero que pense que eu fiz isso porque havia algo errado com você. Eu te amo e você é perfeita, você é linda... Você é muito mais do que eu mereço. Sempre vai ser. E sei que acredita em mim, você me conhece, e sabe quando eu falo a verdade.
Nos encaramos por segundos incontáveis depois disso, sem falar absolutamente nada. Seus olhos estavam tão perto dos meus, tão profundos. Seus cabelos enrolados em minhas mãos, o seu rosto molhado, sua expressão vulnerável. Eu soube que era a última vez que eu a segurava em minhas mãos, e aquilo me quebrou.
- Eu preciso ir embora – ela murmurou, por fim.
- Para onde você vai? – perguntei, soltando-a de vagar.
- Vou passar um tempo com Trisha.
Trisha era sua colega do grupo de dança, que morava em uma cidadezinha aos arredores de Londres, elas eram amigas de infância assim como ela era do irmão de Trisha, Thur. Sempre soube que eles já tiveram um caso um dia, e sempre tive medo da proximidade deles... Quem diria que seria eu a trair sua confiança com uma amiga.
- Liam, preciso ir. – ela foi até a porta e abriu-a para mim.
- Você vai com ele, não vai?
Sua expressão mudou de repente, para raiva.
- Está falando do quê? Você me traiu na frente do mundo todo, e ainda quer discutir sobre isso?! Quantas vezes te disse que minha história com ele acabou há tempos? Quer saber, é a minha vida. Você não tem mais nada a ver com a minha vida.
- Quantas vezes te disse que não acredito nisso? – gritei de volta.
- Liam, sai da minha casa. Sai agora!
Eu a encarei por longos segundos, e por fim fui até a porta, mas parei outra vez. Ela assentiu para a porta.
- Você não precisa ir embora.
Ela sorriu, derrotada.
- Você não faz ideia do quanto eu preciso ir embora. Isso aqui, Liam... – Ela sussurrou, perto de mim. – O que você fez comigo... é maior do que você pode imaginar.
Logo depois ela fechou a porta, me deixando atordoado e confuso. Do que Danielle estava falando?
Eu estava com raiva. Muita raiva. De mim, da merda que eu fiz, e de como tudo se virou contra mim de repente. Soquei a parede com força ao lado da porta. Eu estava me sentindo tonto, enjoado. Queria sumir, simplesmente sumir.

Louis’ POV

- , acho que vou te buscar hoje, o que acha?
- O quê? – riu do outro lado da linha, quando ouviu o que eu falei logo que atendeu ao telefone, sem ao menos ter tempo para dizer alô. – Ah, olá para você também, Tomlinson.
- Acontece que eu estou completamente mergulhado em tédio. Meu colega de apartamento está passeando com a namorada, o do lado está almoçando com a , o do lado dele está fazendo sei lá o que com a namoradinha de brinquedo que não é tão de brinquedo, e o da frente está por aí tentando concertar as merdas que fez. Eu não tenho absolutamente nada para fazer e sinto que você é minha única salvação. Sabe... eu não traí ninguém, nem estou namorando, nem andando por aí apaixonadinho por uma garota. Minha vida é um tédio! – Gritei, dramático, e ela riu outra vez.
- Somos dois, querido – suspirou. – Eu saio às seis, se quiser passar aqui... podemos tomar um café em algum lugar por aí.
- Tudo bem então, bom trabalho.
- Obrigada, e bom tédio para você.
- Engraçado – ironizei, ela riu. – Espero que sua máquina estrague.
- Lou... quer fazer alguma coisa legal?
- Eu estou aceitando qualquer coisa!
- Você sabe onde fica a editora, né?
- Sim.
- Certo. Então vem cá e eu vou te livrar do tédio.
- Mesmo? Tá. Até alguns minutos!
Desliguei o celular, feliz por ter achado algo decente para fazer. Eu já havia visto minha família naquelas férias, por isso não estava em Doncaster. Achava estranho estar sozinho longe de meus colegas de banda e sem nada para fazer, apesar de saber que logo que a turnê voltasse, eu imploraria por uma horinha apenas de descanso. Coloquei uma calça skinning preta dobrada nas pontas, como eu gostava, e meus sapatos brancos, com uma blusa branca de gola V e peguei o celular e as chaves e dei graças por finalmente sair de casa um pouco.
Dirigi calmamente até lá, todo tempo era tempo, e gastar tempo era o que eu queria. Assim que cheguei, perguntei na recepção em que andar ficava a editora e me disseram para subir até o oitavo.
Logo que saí do elevador no oitavo andar eu me bati com uma senhora e quase derrubei seu café, ela saiu me xingando e resolvi tomar mais cuidado.
- Com licença – chamei a moça que estava em uma das mesas à minha frente. – Hã... Kamila. – vi em seu crachá e ela levantou a cabeça para me olhar. Era ruiva e tinha os olhos azuis, o rosto cheio de sardinhas e tinha um sorriso meigo.
- Sim?
- Eu estou procurando por .
- Ah, sim. Só um minuto.
Assenti e ela pegou seu telefone, apertou em um dos números e esperou alguns segundos.
- , tem gente procurando por você. Tudo bem, tchau. – ela soltou o telefone outra vez e se levantou, vindo até mim. – Vou te levar até a sala dela.
- Ela tem uma sala? – arqueei as sobrancelhas. – Que chique.
Kamila riu, pousando uma mão em meu ombro e me acompanhando até um corredor pequeno e dando alguns passos nele.
- É a ultima porta à esquerda.
- Obrigado – sorri, e ela sorriu de volta, dando a volta para sua mesa em seguida. Boa bunda, pensei.
Legal. Eu já estava passando para o estágio quatro de levar um pé na bunda: começar a acordar para a vida novamente.
Fui até a porta de e bati algumas vezes, quando a porta se abriu e uma sorridente abriu a porta.
- Oi.
- Oi. – sorri para ela. A sala atrás dela tinha mais duas garotas, cada qual em sua mesa, uma delas era . Mas ela nem chegou a me deixar entrar.
- Já sabe como fazer, . – a garota que eu não conhecia, cujos olhos eram azuis e os cabelos pretos, falou, com a voz doce.
- Sim, Mi, obrigada. Vem – ela me puxou pelo braço. – Vamos.
- Vamos onde?
- Para o estúdio.
- Não te dou direito de usar minha imagem!
- Não quero sua imagem, honey.
- Ai – reclamei e ela riu. – Legal, então você tira fotos?
- E o que acha que eu faço aqui?
- Não sei, pensei que fosse menos importante.
- Eu era – ela riu. – mas profissionalismo e a sorte de a chefe gostar das minhas fotos me ajudou bastante.
- E chefe, no caso, é aquela lá? – Falei, da garota lá atrás.
- Milena Fray. Ela é a melhor fotógrafa de Londres, na minha opinião. Passa as fotos menos importantes para mim, por enquanto.
- E hoje vamos fotografar quem?
- Eu vou fotografar, e você vai olhar.
- Quem? – repeti.
- Cara Delevigne.
Não pude evitar e ri.
- O quê?
- Ex do Harry.
Ela riu também.
- Como assim? Ouvi falar que ela era ficante da Rita Ora.
- Harry tem esse, ham... poder. Sei lá, chame como quiser. Namorou com Caroline Flack e hoje em dia ela é bissexual. Já deu uns pegas na Rita e hoje ela está ficando com a Cara. Cuidado, que daqui a pouco a vai estar querendo você.
gargalhou.
- Bom, que seja, não vou fotografa-la porque ela é ex do Harry, nem porque é lésbica e muito menos porque é ficante da Rita, mas sim porque é uma das angels da VS.
- É, ouvi falar. Mas afinal, por que estou aqui?
- Para me ajudar, é claro.
- Ajudar com o quê?
- Caramba, Louis, quantas perguntas – ela riu. – Você já vai ver.
Entramos em uma porta que eu jurei que não fosse a porta de algo maior que um armário de vassouras, quando na verdade abria para um estúdio enorme. Cara Delevigne já esperava lá dentro, fazendo sua maquiagem e o cabelo.
- Louis! – Ela riu para mim enquanto alguém colava cílios falsos em suas pálpebras.
- E aí, Cara – acenei.
Depois que a maquiagem terminou, a modelo se juntou a nós.
- Temos mais um modelo, que vai posar com a Cara – explicou, indo até uma garota que saiu do camarim segurando algo enrolado em um pano. Ela pegou o negócio do colo da garota, que saiu do estúdio, deixando apenas nós três, e tirou o pano, revelando um gato egípcio para mim e Cara.
- Ai. Meu. Deus. Essa é a coisa mais feia que eu já vi na vida. – Fiz uma careta.
- Louis! – Cara exclamou, indo até o animal e o pegando do colo de . – Ele é lindo!
- Claro que é, você acha o Harry lindo!
riu.
- Ah, para. Ele é uma graça.
- O Harry ou o gato? – perguntou.
- O gato! – Cara revirou os olhos e riu. Eu e rimos e trocamos um olhar.
- Ok. Vamos começar logo com isso, temos trabalho a fazer. Esse ensaio tem que bombar!

Eu acompanhei o tempo todo como se ela fosse minha professora e eu seu estagiário, e ela me ensinou coisas do tipo “como ajeitar o foco de uma câmera profissional” e “de que ângulo tirar fotos e como a iluminação afeta isso”. me fazia olhar tudo pela câmera, e me fazia arrumar Cara e o gato em poses diferentes segundo o que ela me dizia para fazer. Era engraçado, porque o gato era quase um melhor modelo que a Cara. Gatos nasceram para os holofotes, mesmo. Eu ria de Harry com aquela gatinha feia que ele acabou me convencendo a deixar morar com a gente e trouxe de Holmes Chapel, mas ele estava certo no final das contas.
Com o passar dos minutos, nós três estávamos super soltos e tranquilos, e já riamos e fazíamos aquilo como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- Ok. – afastou a câmera do rosto e ajeitou o foco. – Topless agora. Louis, pega o gato.
Engasguei e arregalei os olhos para ela. Depois olhei para Cara, que não podia estar mais tranquila, já tirando a blusa.
- Epa, calma. – Levantei a mão.
- Você vai...
- Ela é uma modelo da Victoria’s Secret, Louis. Claro que vai fazer topless.
Olhei para a loira outra vez e ela piscou para mim, rindo.
- Ok. O gato. – Disse a mim mesmo, indo atrás do bichano estranho e sem um único pelo naquele corpo rosado e completamente pelado. Eu o peguei no colo e o levei até Cara, que segurava a blusa na frente dos peitos.
- Pega o gato, Cara.
Ela o pegou de minhas mãos e o segurou na frente dos peitos, cobrindo a visão proibida.
- Louis, vem cá. Vamos fazer todo mundo desejar ser esse gato.
Enquanto eu ia até , pensei comigo mesmo: eu já desejava.
Deus me livre. Querer o que já foi do seu melhor amigo era o pior dos pecados, mas era meio impossível não querer. E eu estava na seca há um tempo agora... O que só piorava as coisas.
Parei atrás de enquanto ela tirava umas fotos que não podiam ser chamadas de eróticas, mas com certeza absoluta eram provocantes. Aquele gato safado estava se divertindo, e eu só olhando. Não havia nada mais triste.
- Hum... – parou por um momento e coçou a cabeça. – Precisamos acender um pouco o clima aqui. Tá faltando alguma coisa...
- Acender mais? – Sussurrei.
- Já sei – ela me ignorou e tirou a faixa da câmera do pescoço, a entregando para mim. – Normalmente o fotógrafo não aparece na foto, mas vamos fazer isso apenas para aquecer, ok?
- O-o-quê?! – Eu estava boquiaberto, encarando com sua câmera em minha mão enquanto ela andava até Cara.
parou na frente da modelo e então simplesmente levantou os braços e tirou a blusa. Depois soltou o sutiã no chão junto à sua blusa e virou de frente para mim, com as mãos na frente dos peitos.
Certeza que meus olhos estavam quase chegando lá nelas, de tão arregalados.
- Você é o fotógrafo agora. Nos diga o que fazer. – sorriu e se eu não a conhecesse bem, diria que havia uma boa dose de malícia em sua voz.
Puta que pariu, eu ia morrer ali mesmo.
Respirei fundo. Pisquei algumas vezes e então me recompus. Olhei pela câmera para elas e mordi o lábio, pensando em algo.
- Ok. Pare atrás da Cara e passe a mão pelo ombro dela.
Ela fez o que pedi, e escondeu o corpo atrás do da modelo, pousando as mãos em seu ombro.
- Hum... bota o cabelo para esse lado – apontei, e puxou o cabelo longo e escuro por cima do ombro esquerdo, o deixando cair do lado do corpo. – Cara, vira o gato para mim – pedi, e ela o fez. Nada aparecia, mas ao mesmo tempo tudo aparecia. Tirei algumas fotos daquele jeito, e então pedi para trocarem de posição. Nem eu acreditava nas fotos e nos momentos que estava pegando com aquela câmera. Em uma delas, tinha os lábios tocados no rosto de Cara, e a outra tinha os braços atrás do corpo de , com as mãos na bunda dela por cima da calça jeans.
Nunca fiquei tão feliz em ter ligado para naquela tarde.

No final, nós três havíamos nos divertido muito e dado boas risadas. Nem me dei conta do tempo passando, e ficamos só eu e quando Cara foi embora, e, é claro, a produção que desmontava as luzes e guardava as maquiagens e roupas.
- Isso foi... Ham, divertido. Obrigado. – Sorri para ela.
- Nem vem, você ainda vai me levar para tomar um café mais tarde – ela falou.
- Claro que vou, eu não estou psicologicamente pronto para voltar para casa e ver Harry morrer de amores por pelos cantos. – Brinquei, quando na verdade eu sabia que o que veria mais tarde em casa era todas aquelas fotos que tirei novamente me minha cabeça.
- Eu acho eles super fofos – ela riu, limpando a lente de sua câmera.
- Sabe, você é boa no que faz. Acho que tem futuro.
- Você quer dizer como fotógrafa ou modelo topless? – Ela brincou.
- Os dois. – Ri, sem graça.
- Sério? – ela sorriu para mim.
- Uhum.
- Obrigada, ouvir isso de você é uma grande coisa.
- Por que de mim? Nem entendo de fotografia.
- Bem, por que... você é... você. – ela deu de ombros, e voltou a arrumar sua câmera.
- Ah, isso explica tudo. – disse, e ela riu.
- Você é tão idiota, Louis.
- Minhas fãs me lembram disso o tempo todo, obrigado.
- Elas estão certas, sabe.
- Mesmo assim elas ainda me amam.
- Eu as entendo. – ela riu.
Arqueei uma sobrancelha para ela, a encarando com um sorrisinho sugestivo.
parou de mexer em sua câmera e me olhou, se dando conta do que disse.
- Hã... v-vamos voltar? Tenho muita coisa a fazer.
- Tá. – assenti e fiz o caminho de volta até a porta do estúdio.
Talvez ela tivesse uma quedinha por mim, pensei e sorri por dentro com isso.
- Você espera alguns minutos até eu sair?
- Sim. Eu espero lá embaixo, na recepção.
- Tá, até mais.
Dei tchauzinho com a mão e fui em direção ao elevador outra vez, me batendo com a mesma velha de antes, que por acaso passava por ali de novo. Ela me olhou feio.
- Está me perseguindo, é? – ela gritou, quando eu apertava o botão do elevador. Enquanto as portas se fechavam, mandei-lhe um beijo e uma piscadinha de olho, e quando as portas se fecharam, eu ri.

’s POV

Que dia terrível, eu sentia vontade constantemente de jogar tudo para o alto e ir para casa, me trancar em meu quarto e nunca mais sair de lá. Eu não sabia se era porque estava me sentindo um lixo total que sentia todos me olhando torto onde quer que eu fosse, ou se o mundo todo realmente sabia que eu era a garota que ficou com Liam Payne.
Eu não sabia explicar o que estava sentindo em outras palavras: não estava com vontade de viver naquele dia. Eu me sentia uma máquina que estava trabalhando só porque era configurada para isso, me recusava a olhar nos olhos das pessoas por vergonha de mim mesma e não queria falar para não ouvir minha própria voz idiota.
Pedi que nosso motoboy pegasse comida para mim na hora do almoço quando todos saiam do escritório para comer, e tive sorte por ele ser meu amigo e fazer isso por mim.
- Aqui está, . – Ele disse, logo que abri a porta para ele, me entregando minha comida em uma sacola.
- Obrigada Matt.
- Hum... será que... você não se importa se eu almoçar com você? É que todo mundo já saiu, e eu peguei comida para mim também...
Eu fiz uma careta. Matt era meu amigo e mesmo que não fosse, estava na cara que aquele não era um bom dia para se estar perto de mim, mas antes mesmo de eu falar algo, ele me interrompeu:
- Eu sei que você não está bem hoje, mas... não precisamos conversar, se não quiser.
Suspirei e dei de ombros. Ele era o idiota por querer minha companhia naquele dia, então abri a porta e deixei-o entrar em nossa sala, minha, de e de Milena.
- Obrigado.
Nos sentamos em um sofá roxo no canto da sala, de costas para a janela de vidro que ia do chão até o teto e tinha vista para o dia nublado de Londres com uma avenida lá embaixo, na frente do prédio. Soltamos nossa comida na mesinha de centro e comemos quase o tempo todo em silêncio, mas não estava um clima pesado e nem nada, eu gostava de silêncio.
- E então... o que você tem?
- Disse que não precisávamos conversar – olhei-o com um sorriso maroto.
- Eu menti. – ele me olhou, com uma sobrancelha erguida, me fazendo rir, enquanto soltava o resto de comida em seu prato de alumínio na mesa.
- Você tem certeza que não sabe? O mundo inteiro sabe.
- O mundo inteiro? – ele franziu o cenho. – Está sendo exagerada, né?
Então quer dizer que ele não sabia mesmo? Dei de ombros.
- Foi o seguinte... – suspirei, largando meu prato também e me sentando com uma perna dobrada no sofá, e com o braço escorado na guarda do sofá, de frente para ele. – Tem uma foto minha beijando um cara de uma banda famosa circulando por toda a intenet.
- Ah... – ele assentiu algumas vezes, mas depois deu de ombros. – Não é tão ruim assim.
- Ele tem namorada.
- Retiro o que disse.
Mesmo que eu estivesse me sentindo um lixo, eu ri.
- E provavelmente todas as fãs dele me odeiam agora, então não é muito difícil eu sair na rua e ser acertada por uma pedra na cabeça.
- Que banda é essa, que tem tantos fãs? Você foi vista beijando Paul McCartney por acaso?
- Quase.
- One Direction? – ele riu, mas depois de ver minha expressão de pastel arregalou os olhos. – Não brinca?! Minha irmãzinha ama eles. Uau, ela deve te achar uma vadia nesse momento.
- Obrigada. – assenti.
- Nossa, desculpa. Acho que sou um pouco sincero demais às vezes, mas eu tomo remédio para isso, juro.
- Quer dizer que sinceridade agora é doença?
- No meu caso, pode apostar que é.
- Você não é tão mal. Seja sincero comigo de um jeito que vá me fazer mal. – desafiei-o.
- Hum, vamos ver. – ele me deu uma boa olhada de cima a baixo. – Você tá um lixo hoje.
- Nossa, Matt!
- Você quem pediu! – ele deu de ombros e riu. – Mas se serve de consolo, em todos os dias desde que chegou na editora, você sempre esteve deslumbrante.
Ele falou com tanta naturalidade que por um minuto fiquei olhando em seu rosto e procurando algum indicio de que era brincadeira, mas não encontrei. Senti minhas bochechas ficarem quentes, mas resolvi disfarçar com uma brincadeira:
- Está me vigiando, Matthew?
- Na verdade, sim.
Ri dele.
- Quanta sinceridade!
- Não é como se eu fosse um maníaco! – ele riu. – Eu só não consigo não te olhar quando você passa.
Nesse momento, graças a Deus, diga-se de passagem, a porta foi aberta e Milena e entraram rindo. O horário de almoço havia acabado. Matt se levantou com um suspiro, pegou nossos lixos na mesa, e antes de ir disse:
- Os dias estão melhores depois que você chegou, . – e depois acenou, indo para a porta.
Não que eu esperasse que Matt, um colega de trabalho, tivesse uma queda por mim ou algo do tipo, e não que Matt fosse feio, na verdade ele era uma graça. Mas minha vida já estava complicada o suficiente, e como se não bastasse, algo no meu corpo quis sentir o carinho com que Matt disse suas últimas palavras vindo da boca de Liam. Meu corpo agora deu de sentir falta dele, e dos toques e da voz e do sorriso, e de tudo nele. E eu sentia raiva de mim mesma por isso, porque sabia que dentre todos os homens com os quais eu poderia me relacionar Liam era o último. Porque eu simplesmente não podia. Eu tinha uma vida pela frente, uma carreira para começar, quatro meninas para cuidar, uma casa para ajudar a administrar, e essa era eu! A menina que tem muito mais do que 18 anos por dentro, e eu sempre vou ser assim, e se Liam não podia me aceitar do jeito que sou, tendo que me mudar toda vez que estava comigo, então definitivamente ele não era certo para mim. E que ele ficasse com Danielle e fosse tremendamente feliz, porque eu não podia negar aquele sentimento que me aquecia por dentro toda vez que ele estava por perto e o jeito como eu mudava completamente com ele.

A tarde passou com muito trabalho e pouco tempo para pensar. sumiu por algumas horas para fazer o photoshoot da Cara com Louis, e pouco antes do término do expediente ela voltou toda sorridente.
- Foi bom? – Perguntei, tentando ser um pouco mais amigável com ela do que fora anteriormente.
- Foi maravilhoso, minha amiga! Me lembre de ligar e agradecer a Cara pelo favorzão. – Riu.
Franzi o cenho.
- Que favor ela te fez?
riu e mordeu o lábio antes de me olhar.
- Mais tarde te conto. Agora vou sair, vou tomar um café com o Louis. Você e a Mi dão conta por aqui?
- Ela já foi embora.
- Ah – parou e soltou a bolsa que já estava em mãos em cima de sua mesa.
- Mas pode ir, eu termino por aqui.
- Tem certeza?
- Absoluta, , vai!
Ela suspirou e então sorriu, me mandando um beijo no ar antes de sumir da nossa sala.
Fiquei sozinha novamente, e então, de repente, senti outra onda de tristeza que vinha do nada me atingir. Isso estava acontecendo o dia todo.
Me levantei em um pulo de minha cadeira e fui para o banheiro, na última porta do corredor. Eu fui até as pias e me olhei no espelho, não conseguia olhar para mim mesma sem pensar no ser humano patético a quem eu estava me tornando. Eu passara minha vida toda olhando para o futuro, me preocupando com tudo que eu queria ser e que tudo ocorresse perfeitamente, e que minha vida fosse como sempre sonhei, e hoje sou uma garota que nem sabe mais quem é ao se olhar no espelho, a quem metade do mundo odeia por ter me tornado a amante de um cara famoso. Onde eu estava com a cabeça? E quem de fato eu era? Eu já não sabia mais se a verdadeira eu era a garota que sempre fui, ou aquela que só era ao estar com Liam.
Mas isso não importava, porque de agora em diante, eu precisava de distância dele.
Liguei a torneira e olhei a água escorrer por um tempo, depois enchi minhas mãos e molhei meu rosto. A torneira se desligou sozinha e peguei um papel toalha para secar meu rosto e as mãos. Depois, me olhei de novo no espelho e decidi que eu tinha que aceitar quem eu havia me tornado por um tempo, até achar um momento em que eu pudesse parar para refletir o que fazer para me tornar quem eu devia ser.
Antes de me virar para voltar à sala, meu celular vibrou em meu bolso e o peguei, era uma chamada de minha mãe. Achei estranho, ela nunca me ligava na hora do serviço.
- Oi, mãe. – atendi, tentando disfarçar minha voz.
Ouvi atentamente enquanto minha mãe gritava algumas coisas aleatórias sem conseguir se acalmar, mas peguei algumas palavras que me fizeram dar sentido à sua frase, e eu estaquei automaticamente, meu corpo congelou.

’ POV

- Entra. – abri a porta com minha chave e deixei Harry passar na frente. O sol tentava lutar contra as nuvens lá fora, já era quase noite. Logo e chegariam do serviço.
Logo depois dele, Dobby me puxou para dentro pela coleira que ele usava.
- Estou avisando, esse cachorro é um monstro. Qualquer dia desses vai sair te arrastando por aí. – Harry falou, se jogando no sofá grande e ligando a TV. Folgado.
Soltei Dobby e fui encher o seu pote de água na cozinha.
- Cadê a ? – Harry quis saber.
- Eu não sei... – respondi, indo para a geladeira assim que vi um papel do nosso bloquinho de notas pendurado ali com a caligrafia gordinha de . Nele dizia “fui almoçar com Niall, se divirta com o namoradinho e não faça nada que eu não faria, xox.” Ri comigo mesma, ...
- Ela foi almoçar com Nialler. – falei, voltando para a sala e sentando no sofá com Harry. Ele encolheu as pernas para me dar espaço, enquanto trocava os canais de TV, entretido.
- Almoçar? Mas, tipo, já faz horas...
- Vai saber o que eles estão aprontando! – Olhei para Harry e sorri, maliciosa. Ele riu.
- Hum... quer dizer que estamos sozinhos?
- Quer dizer exatamente isso, Styles. – ri.
Ele me lançou um sorrisinho malicioso e sentou no sofá, com uma perna em cima dele e a outra no chão. Me puxou mais para perto pela cintura e me fez cair deitada em cima dele, me dando um beijo em seguida.
- Enfim podemos curtir! Seu filho ali não me deixou chegar perto de você durante o passeio inteiro. – Ele apontou para Dobby, deitado no chão com a língua de fora e olhando curiosamente para nós.
Olhei para ele também e sorri.
- Bom garoto, Dobby! – Falei, e o cachorro abanou o rabo para mim algumas vezes. Voltei a encarar os olhos verdes de meu namorado. Estranho demais, isso. – Ele foi treinado para me deixar longe de encrenca. – Sorri.
- Mal sabe ele que encrenca é meu nome do meio. – Harry fez uma careta fofa para mim e me beijou outra vez, dessa vez um beijo mais intenso e longo. Ele levou as duas mãos à minha cintura, e uma apertava meu corpo contra o dele enquanto a outra me fazia carinho embaixo de meu casaco de camurça.
Logo que senti a ponta de seus dedos subindo pela minha barriga, sentimos algo pular ao nosso lado do sofá. Nos afastamos, e vimos Dobby, com as duas patas dianteiras em cima do sofá olhando para nós com a cabeça virada para o lado e choramingando baixinho enquanto olhava dentro dos olhos de Harry. Não pude deixar de rir.
- Ah, por Deus, Dobby! – Harry reclamou e se sentou de novo comigo. – Ela é minha também. Sai. Xô! Sai!
- Dobby, sai. – pedi e Dobby saiu do sofá, indo se deitar no meio da sala outra vez.
- Está brincando comigo. – Harry olhou com cara de descrença para mim.
Ri.
- Você tem que pedir com carinho! – expliquei, enquanto me ajeitava no sofá e passava uma perna para o outro lado de Harry ficando sentada em seu colo e com uma perna em cada lado de seu corpo. Comecei a arrumar a gola da camisa que ele usava por debaixo do suéter azul. – Temos muito tempo para nós, ok?
- Jura mesmo? Achei que nosso namoro só ia durar um mês!
- É, meu lindo, mas ainda temos vinte e nove dias! – Segurei seu queixo e ri.
- Gosto quando me chama de meu, acho que você deve fazer isso mais vezes. – Ele balançou a cabeça, com os olhos cerrados e com cara de pensativo.
- Idiota. – Ri. Era impossível resistir a Harry com ele estando tão perto de mim. Eu dei-lhe um beijo na boca e comecei a distribuir beijinhos em seu rosto e a linha do maxilar, descendo para o pescoço, ele deitou a cabeça para trás, enquanto eu sentia o cheiro maravilhoso de sua pele misturado com um leve perfume feminino delicioso, e... espera aí.
- Harry... – Puxei sua gola e a cheirei, sentindo cheiro doce de perfume feminino outra vez. – Que cheiro é esse?
- Que cheiro? – ele levantou a cabeça e abriu os olhos de novo.
- Esse perfume na sua blusa. Feminino.
- Perfume? – ele franziu o cenho, puxando a gola para cima e cheirando também.
Estreitei os olhos, já pronta para bater nele a qualquer segundo.
- Ah – ele sorriu para mim, parecendo achar algo muito engraçado. – É a loção que passaram na Dusty, no pet shop. O Louis deixou eu trazer ela de Holmes, aí eu mandei ela tomar banho ontem, ela voltou e se esfregou em mim. Mas ela já sabe que agora eu sou comprometido, então... – ele sorriu, sapeca.
- Dusty? – ergui uma sobrancelha.
- O que é isso, senhorita? Ciúmes?
- Claro que não, a não ser que suas outras namoradinhas tomem banho em pet shop – Revirei os olhos.
- Eu posso ser fiel quando quero, não se preocupe. – ele sorriu para mim e me deu um selinho rápido. – Quer dizer, eu acho.
- Olha que eu te surro – disse, séria, o fazendo rir.
- Não seja possessiva, por favor. Mulheres assim são horrivelmente chatas.
Me levantei e fui para a cozinha, sentindo ele me seguir.
- E eu preciso ser possessiva pra ser horrivelmente chata?
- Boa pergunta – riu, me seguindo.
Abri a geladeira e olhei para dentro dela por um tempo.
- Você já namorou muitas mulheres possessivas horrivelmente chatas?
Ele suspirou e fechou os olhos, massageando as têmporas.
- Lá vamos nós...
Fechei a geladeira e o olhei.
- Ah, qual é Harry. Não é novidade para você que eu sou chata. Lembra? Eu sou a . Aquela que te bate e que sempre começa as brigas.
- Podemos não falar das minhas ex hoje?
Encarei-o.
- Certo – dei de ombros, me virando para a geladeira. – Tem muitas, seria um papo longo.
- Aí, não é bem assim! – ele disse, e em seguida deu uma mistura de riso com um gemido de infelicidade.
- Tá, Harry. – abri a porta da geladeira de novo sem de fato procurar alguma coisa ali dentro.
- Poxa, você é difícil! – ouvi seus passos vindo até mim, e em seguida suas mãos envolverem minha cintura e me puxarem para perto. Coisa chata essa que ele fazia, de insistir em colar os nossos corpos assim, quando eu estava tentando me concentrar em alguma coisa.
Abri a porta do congelador e fiquei feliz ao ver uma caixa de lasanha pronta. Peguei-a e fechei a geladeira, me desvencilhando de seus braços para ir até o micro ondas.
- O que, estamos brigados? Já? Porque se formos brigar toda vez que falamos de alguma ex minha, então vamos brigar todo dia.
Eu coloquei o prato de alumínio no micro ondas e liguei-o, me virando para o garoto em seguida e suspirando.
- Por que você sempre encara meu silêncio como uma briga?
- Porque você nunca fica em silêncio. – Respondeu, óbvio. - Não estamos brigados?
- Sou eu quem decido isso sempre?
- Bem, era você quem estava com ciúmes.
- Eu só estava curiosa. – Expliquei calmamente, pegando dois pratos no armário e os levando até a mesa.
- Certo. Você quer falar sobre minhas ex, então? Vamos falar sobre elas. O que quer saber?
- Qual foi a última? – perguntei, com descaso, enquanto pegava talheres.
- Acho que Cara Delevigne.
- Você gostava dela? – levei os talheres aos pratos. Ele fez uma careta.
- Nem nos víamos muito, ela trabalhava quase mais do que eu e pouco nos víamos. Mas o sexo era bom.
Arqueei a sobrancelha para sua última frase, e ele pareceu se arrepender.
- Eu não devia ter dito isso, né? Vou arranjar um manual do que não dizer para sua namorada.
Dei de ombros outra vez, dando sinal de que não ligava.
- E... – peguei dois copos no armário. – O sexo comigo foi bom?
- Você não está insinuando que só fico com as garotas pelo sexo, né?
- Eu? Foi você quem falou. – dei de ombros mais uma vez.
- É que Cara não era do tipo que conversava muito. Só que quando falava, ela não parava mais. E eu não sabia se era pior ficar no silêncio o tempo todo ou ouvi-la falar de quando passou uma semana toda acampando em uma praia de nudismo e Ibiza. Tipo assim, ela era louca. Então usávamos a boca para outra... enfim, nosso lance era mais físico.
- E... – fui perguntar, mas ele me interrompeu.
- Se me perguntar se nosso lance é físico, eu juro que choro. – ele falou, manhoso, e eu ri.
- Como sabia que eu ia perguntar isso?!
Ele riu.
- Conheço você. E a resposta é não. Acho que já está na cara.
- Eu não caio de amores por você como todas as outras, Harry. Esse é seu ponto fraco. – Sorri, de costas para ele.
- Bem, isso é totalmente verdade. Mas eu ainda vou achar o seu também.
- Não respondeu a minha pergunta. – mudei de assunto.
- O quê? Do sexo? Hum, não estou certo... – ele fez careta. – acho que vamos ter que refazer para eu ter uma opinião mais forte. – sorriu para mim.
- Você não presta! – joguei nele um pano de prato e ri. Ele pegou o pano no ar e veio até mim, me abraçando pela cintura. Dessa vez me deixei levar pelos seus braços e deixei que ele colasse os nossos corpos o quanto quisesse, não podia negar que isso era bom. Muito, muito bom. E era novidade, o que era ainda melhor. Toda vez que ele me tocava assim me corpo se arrepiava e meu coração acelerava.
- Eu estou brincando, não quero te pressionar a nada. Fazemos isso quando você estiver pronta.
- Não estou adiando nada. Eu quero... só que ainda não tivemos a chance.
- Mas mesmo assim. Estamos juntos agora oficialmente, e quero que nós façamos isso do seu jeito.
- Eu sinto que estou testemunhando um milagre. – sorri para ele. – Você, não querendo as coisas do seu jeito!
- Você não vale nada. – Ele sorriu para mim também e me beijou.
Ouvi o micro ondas apitar e retirei nossa comida de lá de dentro. Nós jantamos, e depois voltamos para o sofá e nos deitamos lá para assistir Show de Vizinha, que era o filme que passava naquele canal.
- Fala uma famosa com quem ficaria. – puxei assunto. Ele olhou para o teto, pensando.
- Hum... Taylor Swift. E você?
- Um só? Difícil. Acho que... Ah! Tom Hiddleston. Jesus amado o que é aquele homem! Posso escolher dois? Também tenho um espacinho na minha lista par o Zayn.
- Eu sabia! – Harry gritou. – Sempre pensei que você tivesse uma queda por ele!
- Não viaja, Harry – ri. – Todo mundo tem uma queda pelo Zayn, ele é tipo irresistível. Mas eu não ficaria com ele, estava brincando. Ele é da .
- Hum... – ele me olhou desconfiado.
- Meu artista escolhido seria Harry Styles. Feliz?
- Melhorou – ele sorriu, assentindo, e beijou meu pescoço. Ri levantando o queixo e falei baixinho:
- Vai sonhando que trocaria o Tom por você.
Ouvindo isso, ele cutucou minhas costelas me fazendo cócegas e me fazendo rir e gritar.

Não sei quanto tempo ficamos conversando sobre várias coisas em meu sofá, eu estava deitada de costas no meio de suas pernas, escorada no seu peito, e ele mexia no meu cabelo enquanto conversávamos. Não parecia o Harry. A cada segundo aquele cara ali, comigo, ganhava um pedacinho mais do meu coração. Mas definitivamente não parecia o Harry de sempre.
- Ficou com quantos na festa além do Josh?
- Ninguém. Eu não fiquei com ele, aliás. A gente só dançou. Como conhece ele?
- Tá brincando? Ele é o baterista da gente.
- Da 1D? Sério?!
- Você não sabia?
- Não, só que ele era baterista. Mas e você, com quantas ficou?
- Algumas... Não lembro muito bem, só da tentativa falha de beijar . – Ele riu. – Eu estava tão bêbado... Ainda bem que ela me achou. Ajudou a me desintoxicar.
Me levantei do sofá em um pulo.
- Você beijou a ? – gritei.
- O quê? Não! Eu tentei beijar a , não foi como se eu tivesse agarrado ela... – ele se sentou e levantou as mãos para cima. – ELA NÃO TE CONTOU?! EU PENSEI QUE VOCÊS CONTASSEM TUDO UMA À OUTRA!
- Ah, não é como se você não saísse por aí agarrando todo mundo! – falei, sabendo muito bem que Harry, do jeito que é, se acha no direito de sair por aí e agarrar quem quiser a hora que quiser e onde quiser.
- Ah, , pelo amor de Deus! Não vamos começar agora, por favor!
- Você não me acha no direito de “começar agora” porque beijou minha melhor amiga? Vai a merda!
- Eu estava bêbado!
- Grande coisa! Também estava bêbado quando me beijou e me levou para a cama. Eu devo entender como se não quisesse ter feito nada comigo só porque estava bêbado?
- Você exagera tanto! Você entende tudo errado e bota palavras na minha boca, , você começa todas as nossas brigas! Não é bem assim, eu estava quase sóbrio com você!
Respirei fundo e ri fraco.
- Quase sóbrio. Que alívio! Na boa, Harry, eu não sei onde esse relacionamento vai nos levar! Você parece que tem transtorno de dupla personalidade ou eu sei lá, uma hora é um doce e na outra já é aquele mesmo cafajeste...
- Eu? Eu! Qual é, , olha um pouquinho no espelho antes de... ARGH! – Ele explodiu, sentando no sofá e passando as mãos no rosto, tentando se acalmar.
Respirei fundo, me acalmando também. É que era simplesmente difícil esquecer que ele era aquele cara que, há dois dias, eu abominava. Era difícil separar entre o cara que eu odeio e o cara que eu namoro.
- Não sei se isso foi uma boa ideia.
- Já está repensando? Gosta de mim tanto assim? Para durar só algumas horas? – ele bateu as mãos nas pernas, indignado. Era isso? Harry estava me perguntando o que eu sentia por ele? Nós revertemos os papeis agora?
Ao olhá-lo e digerir aquelas palavras, me senti mal por começar aquela briga. Suspirei pesadamente.
- Eu gosto de você, e sabe disso. Não teria ficado com você na festa se não gostasse. Mas se for para termos uma relação tão instável... – meu celular tocou em meu bolso, e peguei-o. Era . – Só um minuto.
Harry bufou e atendi o telefone.
começou a gritar coisas aleatórias, eu não entendi nada.
- , calma, fala com calma, não consigo entender nada. Respira, e depois fala.
- Seu pai. Sofreu. Um derrame. – Ela disse, pausadamente.
Na hora, meu rosto ficou como uma pagina em branco. Literalmente. Sem expressão, e senti o sangue fugir de meu rosto, foi como se eu pudesse me sentir ficando pálida em um segundo.
- O-o quê?- gaguejei, sentindo minhas mãos tremerem segurando o celular e meus joelhos ficarem fracos. Eu não sei em que momento meus olhos se encheram de lágrimas.
- , você está com Harry, peça para ele te levar ao hospital. Agora. – disse isso e desligou na hora. Tirei o celular do ouvido e o encarei, sem entender muita coisa.
- Amor? – Harry chamou. Eu perceberia nesse detalhe, na primeira vez que ele me chamou de um apelido carinhoso, se não estivesse tão em choque. – ? – Harry se levantou e pegou meu rosto, meus olhos estavam sem foco. – O que aconteceu? A está bem?
- Meu pai...
- Seu pai? Seu pai o quê?
- Meu pai sofreu um derrame. – murmurei, encarando-o sem ter certeza daquilo. Eu havia entendido as palavras de , mas mesmo assim custei a compreender o sentido delas. Meu pai era tudo que me restava de família, ele era saudável e não podia estar...
Harry fez um barulho com a boca e me puxou para seu peito, afagando meus cabelos assim que eu o abracei com força. Ele murmurava coisas como “vai ficar tudo bem”, mas sinceramente? Eu já passara por isso antes. E não queria passar de novo.
Hospitais me dão pavor desde então. E ir para lá para ver se meu pai, a única coisa que eu tinha no mundo desde então, estava bem? Repetir a mesma história? Eu fiquei aterrorizada.

Zayn’s POV

- Ok, já chega. – se levantou do sofá pulando e puxou minhas mãos.
- Ai , me deixa em paz! – bufei. – Eu não quero sair! Olha o tempo lá fora, o dia está a mesma merda de sempre!
- Isso porque você nunca dá uma chance para os dias nublados de Londres! Qual é Zayn, estamos na cidade eterna, e eu quero sair de casa! Só temos mais uma semana para curtir antes de você voltar à agenda lotada e eu procurar serviço, não quero perder isso!
- Você é um saco. – revirei os olhos, me levantando com muito desagrado.
- Obrigada pelo amor! – ela gritou, quando entrei em meu quarto para trocar de roupa. – Podíamos ficar jogando dominó a tarde toda... Aliás, a gente ficou! Agora vamos aproveitar.
Coloquei a primeira peça descente que vi pela frente e fui para o banheiro arrumar meu cabelo. Alguns minutos depois, estava pronto.
- Zayn, será que você tem alguma roupa que eu possa usar? Eu não estou com vontade de sair de pijama e com um sobretudo gigante por cima. – perguntou, olhando para dentro de meu guarda roupa com as mãos nas portas do mesmo, e eu me escorei na porta de meu quarto e cruzei os braços. Era uma boa cena.
- Tem sim, tem os casacos de times na porta a sua esquerda. E, hum... tem moletons aí em cima de você. Tem uma calça jeans sua, que deixou aí no outro dia.
Ela olhou para cima para procurar um moletom, mas... já disse que é nanica?
Fui até lá em um ato de compaixão pela tampinha. Peguei um monte de moletons dobrados uns em cima dos outros e larguei na cama. Ela ficou escolhendo um enquanto eu pegava sua calça na gaveta.
- O que você acha desse? – perguntou, colocando um moletom roxo da Jack Wills na frente do corpo. – É o único que não ficaria extremamente gigante.
- Harry deixou aí, ele usava todo dia antigamente. Pessoalmente eu acho ridículo.
- Então é esse. – Ela sorriu, cínica. – Era do Harry, é? Hum, isso explica o cheiro bom. Porque vou te contar, eita menino cheiroso o Harry... – ela falou, colocando a peça de roupa.
- Por que não finge que é namorada dele, então? – deixei escapar. Ela sorriu para mim.
- Ué, porque ele já namora.
- Hein?
- A . Estão namorando há mais ou menos... quinze horas. – ela riu. – Viu o que dá viver dormindo, Zayn? Você perde os acontecimentos!
- Se eu dormisse mais um pouco eles já não estariam mais namorando – ri. – Não boto fé. O Harry não presta. Ele é meu amigo, mas...
- Quando otimismo, hein! – Ela disse, arrumando o moletom em si.
- Mas é verdade? Então agora posso apostar com Louis sobre quanto tempo ele acha que vão ficar sem se matar.
riu e tirou a calça do pijama – do meu pijama, que ela adotou com muito gosto e até que ficava bem no seu corpo – e jogou-a em cima da cama, me permitindo notar a sua calcinha branca e com bolinhas vermelhas. Ri, coçando a nuca e virando de costas para ela, o intuito era sair de casa, e não nos trancar no quarto e ficar por lá a noite toda.
- Eu te seduzo muito – ela cantarolou.
- O mestre na sedução aqui não é você.
gargalhou.
- Já pode virar.
Me virei, e ela prendia os cabelos em um rabo de cavalo alto com uma borrachinha preta que tinha no pulso.
- Vamos?
- Vamos. Podemos dar uma volta na ponte do Tamisa e eu te deixo me pagar um café. – Ela deu de ombros, pegando minha mão e me puxando para fora de casa. Gostava de seu jeito decidido.

- Isso não é o máximo? Eu pareço a Eleanor. – falou, levantando seu copo do Starbucks para mim e sorrindo. – a menina completamente normal que anda de mãos dadas com seu namorado famoso pelas ruas de Londres com um copo de café na mão. E essa vista? – ela apontou para o London Eye, que chamava a atenção no horizonte, assim como seu enorme reflexo nas calmas águas do Tamisa à nossa esquerda. – Ah, eu tô passando muito bem! Muito bem!
Gargalhei de sua pose.
- Tá se sentindo a princesa Diana, hein? Com certeza, rende uma boa foto aos papparazzi. – comentei.
Ela parou de andar e se escorou nas barras de pedra verdes da ponte com os cotovelos, olhando para longe por um tempo. Era como uma miragem, de certo modo. Seus cabelos agora estavam soltos e voavam com o vento leve que soprava, contrastando com tudo em volta que tinha uma coloração cinza pelo dia nublado. O copo do Starbucks em cima da barra da ponte, ao lado de seu braço. Eu a olhava de costas, e isso me parecia mais como uma foto da internet. Saquei meu celular do bolso e tirei uma foto dela de costas.
- . – chamei-a, ela se virou para mim. – Sorria.
Ela apontou seu café para mim como se fosse brindar no ar, e fez uma careta fofa com um biquinho. Tirei a foto e sorri, enquanto ela se virava de volta para a vista.
Selecionei a foto para ser postada no Twitter, e reli algumas vezes a legenda para ter certeza de se postava ou não. “O engraçado é que ela acha que é ela a sortuda...”. Por fim, mandei um foda-se e apertei em Twitar.
- Vem, tira uma foto da gente. – Ela me ofereceu seu telefone e me puxou para perto, virando de costas para a água. Passei minha mão por sua cintura e peguei seu celular com a outra mão, posicionando-o em nossa frente. Ela passou seus braços pelo meu pescoço e me deu um beijo na bochecha. Ficou assim por tempo suficiente para a foto ser tirada e depois nos afastamos. Ela pegou o celular e o guardou no bolso.
Continuamos andando e fazendo alguns comentários sobre coisas quaisquer de vez em quando, até sairmos da ponte e irmos em direção a um parque ali perto. Apesar do dia nublado e da luz do sol quase se esvaindo, crianças brincavam, senhores sozinhos ocupavam os bancos de pedra, e mulheres caminhavam com seus cachorros ou seus bebês.
- À nossa direita. – Sussurrei em seu ouvido, e ela olhou disfarçadamente para o papparazzi que já nos seguia há alguns minutos, por trás das árvores com a sua câmera apontada para nós.
- Dá pra brincar com eles? – Ela sorriu, maldosa.
- Esse é meu esporte preferido. – ri para ela.
entrelaçou nossos dedos e foi em direção a ele, mas fingindo que não o via. Quando estávamos perto o suficiente para ele ouvir tudo que dizíamos, ela falou:
- Então, quando for me pedir em casamento oficialmente, você pode fazer isso em frente ao Coliseu, seria uma boa.
- Por que não em frente à torre Eiffel? – perguntei.
- Clichê demais, milhares de homens tem essa mesma ideia todos os dias.
- Tá, você quem sabe. – ri.
- E pensei em nos casarmos em Las Vegas. Seria bem interessante.
- Em um cassino, talvez?
- É, é uma ótima ideia! E talvez nós possamos passar a lua de mel no Brasil. É legal lá, calor e, você sabe... – ela sorriu para mim. – caliente.
- Ia ser uma lua de mel e tanto... – concordei, rindo. Eu puxei-a para perto para beijá-la e dar mais uma foto exclusiva ao papparazzi.
Depois do rápido beijo, sussurrei em seu ouvido:
- Você é pirada.

Harry’s POV

Minha mente estava agitada. Eu tentava prestar atenção na estrada enquanto dirigia o mais rápido possível para o hospital geral, mas ouvir os soluços de no banco do carona estava me desconcentrando. Liguei o rádio para tentar alegrar um pouco o clima, mas desliguei-o assim que James Blunt começou a tocar e eu fiquei com medo de abrir a porta e se jogar do carro.
Eu simplesmente não sabia o que dizer. Não era o melhor em consolar, muito menos quando se tratava de pais, eu não era perito nesse assunto. Mas podia imaginar o que ela sentia. Já havia perdido um, e agora podia perder o outro. Até eu estava com medo por ela. Queria transmitir forças ou dizer alguma coisa que a passasse conforto, mas eu apenas não sabia o quê.
Eu olhei-a, e um nó se formou em meu peito por ver seus olhos vermelhos e ela tentar, sem sucesso, limpar todas as lágrimas que escorriam. Suspirei, e pousei minha mão em cima da sua em seu joelho, ela apertou minha mão e a segurou firme.
- Vai ficar tudo bem. – foi a única coisa que eu disse, e a única que conseguia pensar em dizer desde que saímos de sua casa há alguns minutos atrás.
Chegamos ao hospital e deixei-a na porta antes de ir para o estacionamento deixar o carro. Eu estacionei em uma vaga próxima à recepção e desci, indo para lá também.
- Mas eu sou a filha dele! – ela falava, com as mãos em cima do balcão alto que quase a fazia ficar na ponta dos pés para discutir com a recepcionista.
- Eu sinto muito, senhorita , mas seu pai não pode receber visitas ainda.
- E um médico? Um enfermeiro? Alguém que possa me dizer como ele está? Onde encontro alguém?
Cheguei ao seu lado, abraçando-a pela cintura, e a mulher que encarava a tela de seu computador teve que me olhar duas vezes até fazer aquela conhecida cara de “eu sei quem você é!”.
- Oi. – sorri. – Será que a minha namorada pode falar com alguém que explique o que de fato aconteceu?
- S-sim! – ela sorriu de volta para mim, e em seguida olhou para , confusa. Depois voltou a olhar para mim. – Vocês podem aguardar ali que eu vou tentar encontrar alguém que me dê informações, Harry.
Assenti.
- Obrigado. – pisquei, e puxei pela cintura até os bancos da recepção.
- Entendo o que é ser Harry Styles agora. – ela falou, sua voz ainda falhando um pouco. Sorri.
Eu estava com uma sensação estranha de dèja vu, e comecei a olhar para os lados em busca de algo que me lembrasse de alguma coisa.
- Amor... –chamei, baixinho.
- Hum?
- Não foi aqui que nos conhecemos?
Ela olhou em volta, também.
- Foi... Foi aqui que fomos parar quando eu tive a reação alérgica à castanha. E depois, conheci os cinco meninos da tal banda que eu mal sabia quem eram. – ela sorriu. – Irônico como viemos parar aqui depois de tudo – riu.
- Irônico... – concordei. Eu nem fazia ideia naquele dia... Como a vida prega peças. Há alguns meses atrás eu estava sentado no mesmo banco, me perguntando por que meus amigos estavam sendo tão idiotas por causa de uma garotinha patética que estava ali por culpa exclusivamente do Louis, em vez de irmos para casa dormir. E agora, ela é minha namorada.
- ! – apareceu, vindo em nossa direção acompanhada de uma mulher que aparentava seus quarenta e poucos anos, loira e com os cabelos até os ombros, e se levantou, abraçando a amiga/irmã. – Oi, Harry. – sorriu fraco e acenou para mim por cima do ombro de .
- Oi. – acenei de volta.
Cara, a estava um lixo. Elas se separaram, e sentou outra vez ao meu lado.
- Essa é minha mãe, Mary. Mãe, esse é Harry, o namorado da . – Mãe? Tá brincando que a mãe dela é gata assim?
Me levantei para cumprimentar minha... sogra(?). Eu e ela nos demos um aperto de mão e ela sorriu o mesmo sorriso fraco de para mim, e todos nós nos sentamos.
- O que aconteceu, Mary? – perguntou.
- Não sabemos ao certo, . Voltamos de nossa caminhada e ele estava bem! Eu me afastei por segundos para pedir à Lidia um suco na cozinha, e foi quando ouvimos um grito vir da sala. Quando voltamos, ele estava caído no chão!
- Eu sempre achei que Peter devia parar com isso, ele não tem mais idade para correr de manhã cedo.
- Mas foi o médico que receitou exercícios físicos. – Mary respondeu à filha. – Ele é totalmente saudável, se alimenta bem, corre e caminha todas as manhãs por duas horas e meia, nunca teve nenhum tipo de problema! Eu não sei o que aconteceu... – ela choramingou.
não dizia nada. A cada palavra que ouvia do pai, eu a sentia ficar mais pequena e encolhida nos meus braços, como se ouvir qualquer coisa que poderia acontecer com ele fosse a pior coisa do mundo.

Eu perdi a noção de quanto tempo ficamos ali. Aquelas paredes brancas, pessoas passando o tempo todo, o dia lá fora virando noite, e ninguém apareceu para nos dar noticia alguma.
pegou no sono com a cabeça deitada em meu ombro. estava visivelmente exausta, ela não parecia ter tido um dia bom. Mary saiu às catas de algum lugar que vendesse comida para sua filha, mas continuava insistindo que não estava com fome.
- Você devia comer alguma coisa, não parece bem.
- Eu estou sem fome, Harry. – ela respondeu, com a cabeça escorada nas mãos.
- Isso tem algo a ver com...?
- Não quero falar sobre isso.
- Tudo bem – levantei as mãos.
- Eu achei isto. – Mary voltou, sentando outra vez, e balançando um pacote de Cheetos no ar.
- Ah, estou faminto! – falei. – Onde você achou esse?
- Tem uma máquina no corredor.
- Mãe, eu não quero, é sério! – empurrou o braço da mãe com a mão, fazendo uma careta.
- Harry? – ela me ofereceu.
- Não vai comer?
- Comprei uma barra para mim. – ela ergueu a barra de aveia nas mãos e me jogou o pacote de salgadinho.
- Eu devia acordar ela, mas ela parece bem cansada...
- Deixa ela dormir, se acordá-la vai piorar tudo. – explicou.
- Você percebe – Mary riu. – que é uma mãe melhor para do que eu, que deveria ter tomado esse papel em sua vida.
- gosta de você, até te chama de mãe às vezes. – ela disse.

Comi o salgadinho e ficamos por mais algum tempo esperando até que, finalmente, um médico apareceu para dar noticias.
- Eu sinto muito mesmo pela demora, Peter teve que passar por procedimentos arriscados a tarde toda.
- Como ele está?
- Está melhor, sim. A sua sorte foi ter chegado em tempo no hospital, mais alguns minutos e ele não sobreviveria, mas ele foi bem tratado e agora já está fora de risco.
- Graças a Deus! – suspirou. – Quando é que poderemos vê-lo?
- Talvez amanhã, mas agora ele precisa descansar.
- Como foi que isso aconteceu, doutor? Ele estava bem, e no minuto seguinte simplesmente caiu no chão!
- Bom, a idade trás junto alguns males, Mary. – ele sorriu, parecendo cansado. – Sei que Peter deu um grande susto em todos vocês hoje, mas ele é forte, não é todo homem de 49 anos que escapa ileso de um AVC. Vocês podem ficar tranquilos, Peter está bem. Bom, se me dão licença, eu preciso ir... fiquem tranquilos – dito isso, o médico virou as costas e saiu.
- Oi? – perguntei, meio perdido ali no meio. Ele conhecia elas?
- Dr. Spencer é o médico da família há anos, Harry. – me explicou. – Nos conhecemos quando viemos para Londres, é ele que atende nossa família sempre que algo acontece.
- Ah... legal.
Ela riu fraco, provavelmente da minha cara de perdido ali no meio.
- Bom, é muita coisa para assimilar. Estou exausto, vou levá-la para casa e dormir. Você quer uma carona, ?
- Não, acho que vou ficar com Peter, ele pode acordar.
- Bobagem, eu fico com ele. – Mary sorriu. – Vá para casa, coma alguma coisa, e descanse! – ela segurou o rosto de e a deu um beijinho na testa. – Eu te amo, filha.
- Tem certeza?
- Tenho, vai logo, está tarde.
- Fica bem, mãe.
se levantou, e eu sentei direito na cadeira com , ela se acordou um pouco.
- Ei, vamos para casa?
- O quê? – ela coçou os olhos e olhou em volta. – E o meu pai?
- Ele está bem, o médico acabou de nos avisar que está fora de risco, mas você só pode vê-lo amanhã. Vem, vamos para casa descansar. – a explicou, dando a mão a ela.
Ela pareceu meio confusa até assimilar tudo, mas assentiu e se levantou, deixando guiá-la para fora pelos ombros, e eu ia logo atrás.
- Eu não sei se sabem, mas vocês ficam extremamente fofos juntos. – comentou, já no banco carona do carro. dormia no banco de trás. – É bem estranho ver vocês dois juntos sem arrancar os cabelos um do outro.
- Acredite, eu acho o mesmo. – ri para ela. – Está sendo um... Um dia estranho. Às vezes parece que estamos indo muito rápido. Mas eu gosto. Eu gosto muito dela.
- Cuida dela, ela é nosso bebê.
- Sei como é ser o bebê. E pode deixar, acho que posso me acostumar com isso. Eu vou cuidar dela. Mas agora, mamãe, quero saber como você está.
- Ah, Harry... – Ela riu fraco.
- Sem “ah Harry”. Você é praticamente minha cunhada, seria estranho se eu não me preocupasse. Eu quero saber como está, porque sinceramente? O Liam tá um lixo ambulante.
- Também me chamaram de lixo ambulante hoje, não estamos muito diferentes.
- Quem te chamou de lixo? Eu posso bater nesse cara?
- Não – ela riu. – É um amigo da editora. Tá, agora vamos falar de coisa boa: nossos amigos. Você e finalmente se acertaram, e Niall parecem estar no caminho, e Zayn já namoram desde que começaram com essa farsa, mas não admitem nem para si mesmos, e e Louis se encontraram hoje!
- Verdade? Espero que isso seja uma boa notícia, o Louis precisa de alguém que o mantenha entretido, desde que Eleanor terminou com ele, ele anda tão quieto e distante, isso é estranho para ele.
Manobrei e estacionei na frente de sua casa, no painel do carro marcavam 00:32.
- É... Bom, obrigada pela carona, Harry.
- Não precisa agradecer. Abre a porta que eu deixo ela lá dentro. – apontei para e assentiu.
Eu saí do carro e dei a volta, abri a porta de trás e peguei-a no colo. abriu a porta e eu entrei na casa, indo até o quarto de e . dormia no sofá, eu ouvia uma musica baixinha vir do quarto de , e quando abri a porta, lia um livro deitada em sua cama que, pela capa, tinha o nome de “Volta Ao Mundo em 80 Dias” e parecia antigo.
- Até que enfim! – ela falou quando ouviu a porta se abrir. – Onde vocês est... ai meu Deus que coisa fofa! – gritou. – Ela não tá bêbada, tá? Nem desmaiada? Vocês não se bateram?
Ri e deitei-a na cama.
- Não, ela só está dormindo.
Tirei os sapatos dela devagar.
- Onde vocês estavam?
- No hospital.
- Hospital? Aconteceu alguma coisa com a ?
- Não, nada. O pai de teve um AVC, mas ele já está fora de risco. Agora, sobre a ... – disse mais baixo para . – É melhor fazer ela comer algo. Não vi ela comendo desde de tarde.
- Calma, Harry, uma coisa de cada vez. Um AVC?!
- Shhhh, ! – fiz sinal de silêncio com o dedo para ela, e depois apontei para .
- Desculpa. Ai, também, você! – Ela fez cara feia para mim. – Não vem me fazer shh na minha própria casa! – Sussurrou e eu ri. – Meu Deus, coitada da , deve ter morrido de susto!
- É, ela ficou bem assustada... – eu peguei o cobertor azul marinho todo peludo dos pés da cama e o soltei em cima dela.
- Eu não consigo acreditar que estou vendo você ser todo fofo com a , é tão surreal! – ela riu baixinho. – E já estava na hora, não acha?
- Todo mundo me disse isso hoje. Esse dia foi completamente surreal – balancei a cabeça.
- Mas é a verdade!
- Já está na hora de assumir seu namoro também.
- Harry, todo mundo sabe que nosso namoro é falso, e...
Olhei-a, com uma sobrancelha arqueada.
- Falso? Você praticamente vive na casa do Zayn, vocês passam mais tempo juntos a cada dia, e Zayn anda tão bobo e sorridente que parece até, hum, qual é a palavra mesmo? Ah! Apaixonado!
- Ai, você é chato mesmo, a tem razão! – Ela me jogou uma almofada cheirosinha de morango.
- Eu sei. – dei de ombros, soltando a almofada de volta na cama e sentando ao lado de .
Eu sabia que aquilo era a coisa mais idiota do mundo. Sempre via nos filmes e queria morrer de tanto romance água com açúcar, mas ali estava eu, passando minhas mãos no cabelo dela por um tempo, me perguntando o que diabos estava fazendo e porque aquilo era tão bom. Eu sabia que fazia um dia que estávamos juntos, nem isso direito, mas também sabia que isso que sentíamos um pelo outro já era de tempos! Todos sabiam, menos eu e ela, até agora. Peguei meu celular do bolso e tirei uma foto dela dormindo, e postei no Twitter. “I would take all your pain Just to see you smile”, era o que a legenda dizia. Definitivamente eu sentiria vergonha de mim mesmo na manhã seguinte. Mas queria que todo mundo soubesse logo que eu tinha alguém especial a partir de agora, eu queria poder contar para todos quando fizéssemos algo ou quando saíssemos de mãos dadas na rua. Não queria esconder, não queria fingir nada. Pensando em e Zayn, não sabia como eles conseguiam. Eu não conseguiria. Essa ainda era uma escolha minha, e eu escolhia que todos soubessem que eu estava feliz.
- Ai, por favor Harry, seja menos lindo! – me chamou a atenção outra vez. Olhei-a confuso, e vi que ela estava ali o tempo todo. Me senti um babaca.
- Eu só... Ok, eu vou indo. – me levantei. Estar na casa delas, principalmente sozinho, era como entrar em uma banheira de estrogênio. A testosterona caía lá no pé. Era isso.
- Não, você não vai! Eu vou me sentir muito mal se não te deixar passar a noite, então, por favor, fica aqui de uma vez que eu sei que você tá morrendo de vontade! E essa cara de acabado? Se você dirigir ainda vai sofrer um acidente!
- Mas... eu não... – olhei-a, confuso. – e você?
- Eu vou dormir com a mamãe. – ela riu, e pegou seu livro, se destapando e...
- , esse pijama é do Zayn, não é?
Ela olhou para si mesma, sua calça cinza com umas escritas em vermelho e sua blusa de manga comprida cinza e com as pontas das mangas vermelhas.
- É, E NÃO COMEÇA COM SUAS BESTEIRAS! É só um pijama. Boa noite, apaixonadinho, durmam bem. – ela foi ate a porta. – DURMAM! SÓ!
Fiquei rindo de por um tempo, e depois eu fui até o interruptor e desliguei a luz, encontrei um espaço para mim na cama de solteiro de e desliguei o abajur. Eu realmente estava cansado.

’s POV

- , vamos para o quarto. – ouvi uma voz sussurrar baixinho em meu ouvido.
Eu só conseguia me lembrar de Louis, depois que nos encontramos nessa tarde, então... era ele?
- , vamos para o quarto!
- Louis? – chamei, me virando onde quer que eu estivesse deitada mas, droga, o lugar não era tão grande assim e acabei no chão.
- Ai que idiota! – ouvi gritar, assim que caí.
- Não grita, ! – era . – , não é o Louis, sou eu, e estou falando para ir para o quarto.
Olhei em volta, eu estava dormindo no sofá. Ah, certo, dormi ali assistindo TV e esperando e chegarem de onde quer que estivessem.
- Tá, tá. – murmurei, me levantando para ir para o quarto e segurando o braço em que caí em cima.
Fui para o banheiro me escovar com , e vi entrar no quarto de e gritar para ela não demorar.
- Por que ela vai dormir ali?
- Pra deixar o Harry dormir com a .
- Ai... – olhei para ela, sorrindo.
- O...? Não! Não , deixa os dois quietos, não seja má!
- Ah, qual é, só quero ver os dois juntos! Isso é novidade total para mim.
- E pro resto do mundo. Que tal botarmos eles em uma jaula no zoológico? – Ela zombou.
Fui me escovando mesmo até a porta do quarto delas e abri a porta devagarzinho, encontrando os dois dormindo juntinhos, Harry a abraçando por trás e...
- Eu sei, são fofos. Pelo menos uma de nós tem sorte. – disse, se escorando na porta e olhando para a cena, suspirando.
- Como você está?
- Eu? Uma droga, como você já percebeu. Mas não quero falar de mim. E você? Como foi sua tarde com Louis?
- Ah, foi incrível. – eu ri, aquele sorriso bobo que acaba aparecendo em meu rosto automaticamente quando me lembrava dele. – O Louis é louco. Saímos do Mcdonald’s de cavalinho, e ele começou a gritar que estava grávido porque eu o desafiei – Ri. – Não me pergunte o que eu tive que gritar depois.
- Vocês são dois loucos que se merecem, na boa. – ela riu. – Ok, agora eu vou dormir, boa noite, . Foi um dia do cão, hoje.
- Boa noite, gata – pisquei e ela sorriu e entrou em seu quarto, fechando a porta.

’s POV

Ao entrar no quarto, já dormia no canto esquerdo de minha cama, virada para a parede. Peguei meu pijama rosa com branco de dentro da primeira gaveta da cômoda e coloquei o calção, peguei a blusa, e quando coloquei a gola, vi um papel de meu bloco de notas amarelo separado, com uma caneta preta e uma caligrafia que visivelmente foi escrita rapidamente. Não reconheci como sendo minha e nem de nenhuma das meninas, então peguei-o para ler.

Eu juro que nunca quis que isso acontecesse, . Sei e entendo que você não queira mais falar comigo, e você deve estar pensando o mesmo que eu agora: isso foi total burrice e nunca deveria ter acontecido. Eu concordo, mas eu continuo revivendo todos os momentos em que te toquei e em que senti sua pele em contato com a minha, e não consigo achar motivos para aquilo ser errado de alguma maneira. Tudo bem, eu traí Dani, e acabei te expondo de um jeito que nunca quis que acontecesse, e você tem o direito de me odiar por ter te feito fazer isso.
E agora, , agora eu acabei perdendo as duas pessoas que mais importavam para mim no mundo. Me desculpa, eu sei que sou um completo imbecil por estar escrevendo isso nesse exato momento, eu deveria falar tudo para você, mas você está dormindo aqui na sua cama enquanto te olho e não consigo tomar coragem para te acordar. Eu sinto muito, de novo. Por tudo. Por ter te exposto e por ser covarde. Eu não consigo te tirar da cabeça... e quando vi aquela foto, você foi a primeira pessoa em que pensei. Isso só pode significar uma coisa.
Por favor, fica bem e não chora. Amanhã é um novo dia, e quero que esteja bem. Vou cuidar de tudo, vou fazer o possível para não te prejudicar. Cuide-se.
Liam.

Ah, droga. Ele não devia ter colocado o “não chora” no final, quando eu já estava chorando. Eu odiava Liam, pelo simples fato de não conseguir odiá-lo por muito tempo.

Niall’s POV

Quando foi que nossa última semana de férias acabou e eu nem percebi? Eu me perguntava isso seguidamente quando fui acordado na segunda de manhã, morrendo de sono e com Paul gritando para me acordar e entrar logo na vã.
Nós tivemos inúmeras reuniões, fechamos alguns contratos, gravamos entrevistas, algumas propagandas, participamos de premiações, fizemos inúmeros photoshots, ficamos dias seguidos praticamente morando dentro do estúdio compondo, fomos para os Estados Unidos mais umas duas ou três vezes, para a Alemanha, Itália, Austrália e todos esses lugares para programas de TV como o The X Factor de todos os países, e tardes e mais tardes de autógrafos para fãs, e com o tempo nossa agenda ficava cada vez mais apertada e corrida e nossa vida voltava a ser exatamente como era antes. Nós nos encontrávamos exaustos no fim de cada dia, como sempre, e mal tínhamos tempo para respirar, dormir, comer, tomar banho, que dirá para contatar algum amigo, família ou coisas do tipo. Nós trocávamos mensagens nas horas vagas com as nossas mães, os meninos da banda, nossos amigos e as meninas, mas não era sempre.
Eu e conversávamos por mensagem de vez em quando também, mas não era como antes. Nós estávamos bem e tudo mais, mas acho que era esse o problema: nos beijamos várias vezes e ela correspondia, e depois dizia que não podia fazer aquilo e se afastava, e depois voltava a agir como se nada tivesse acontecido, me deixando cada vez mais pirado. Eu já não sabia mais o que fazer, então entrei no jogo dela de agir como se nada tivesse acontecido, mesmo que por dentro eu estivesse enlouquecendo.
Liam e não se falaram mais, ele estava em um estado deplorável, era de dar dó ver como estava triste e cabisbaixo, mas sempre dava um jeito de sorrir quando estava na mira de alguma câmera ou em frente às fãs. Nossa equipe gostava de avisar para não tocar nesse assunto com Liam e com nenhum de nós, mas quando algumas vezes as pessoas não seguiam nossa recomendação, nós desconversávamos e seguíamos a entrevista normalmente. Não era só Liam, mas nenhum de nós queria expor , sem contar que se ela fosse exposta as outras seriam expostas também, mais do que já estavam.
Zayn e estavam na mesma, acho. Eu me espantei com a quantidade de fotos dele e de tinha na internet, se eu fosse um fã qualquer com certeza acreditaria naquele namoro, eles realmente pareciam felizes juntos. E acho que no final das contas, não importa o que realmente role entre eles por debaixo dos panos, eles realmente eram felizes um com o outro.
Louis estava começando a se acostumar com a vida de solteiro na estrada e estava vendo que nem tudo é difícil na vida, desilusões amorosas passam, e existiam milhares de garotas por aí dispostas a entretê-lo o quanto ele quisesse.
E Harry, bem, Harry nem parecia o Harry de antes, levando cada dia uma garota diferente para o quarto, pegando números de telefones, flertando loucamente com qualquer garota que visse e saindo para festas sempre que podia. Ele riscou tudo isso de sua lista de “o que fazer durante o trabalho” e estava tão comportado quanto Liam sempre foi. Bem, é claro que seu instinto de Styles às vezes agia sozinho e ele acabava sorrindo um pouco demais para alguma fã, ou deixando ela se aproximar um pouco demais para tirar foto, ou dando autógrafos em lugares não muito legais para um cara comprometido fazer, mas ele estava tentando, e isso já era válido. Sem contar a parte mais divertida de todo o nosso trabalho: ver Harry falar com de manhã cedo na vã. Eles estão quase dormindo de sono, e ficam naquelas de “como vai ser o dia? Então bom dia para você. Até de noite. Eu te... ham, eu te adoro. Até mais, e se cuida”. E às vezes eles se perguntavam “como vai seu dia” umas três vezes antes de desligar. Era tudo muito hilário. Louis e eu caíamos em cima dele e o incomodávamos o dia todo por isso, e também por sua dificuldade em dizer “eu te amo”, mas ele falava que não tinha certeza disso. Isso sempre me fazia pensar... Eram apenas três palavras. Havia todo esse drama em volta disso, o primeiro “eu te amo”, mas quando você ama não tem dúvida e não tem meios termos. É só falar. E pronto. Eu falaria, com toda a certeza do mundo, se namorasse com a garota que amo. E falaria todas as manhãs e todas as noites.
E, como dá pra imaginar, eles discutiam até por telefone às vezes, só para não perder o costume, mas aí na hora do almoço um deles engolia o orgulho e ligava para se desculpar. Você sabia se a briga foi feia quando eles não se reconciliavam na hora do almoço.

E assim os dias foram se passando, lentos e surpreendentes. Não demorou muito para que eu sentisse falta das férias e de me sentir alguém normal de novo, como me sentia com as garotas. Mas algo estava diferente. Tirando Harry e Zayn, que tinham uma ligação com duas delas, nós não nos falávamos mais como antes, não éramos extremamente inseparáveis. Era como se apenas Harry e Zayn nos ligassem a elas. O que aconteceu com Liam pareceu nos afastar ainda mais. E eu sentia demais a falta de , mesmo sendo só minha amiga. Queria poder vê-la todos os dias, e sentia falta da sua voz. Mas não podíamos nos falar muito, estávamos ocupados demais com todas as coisas que fazer um álbum novo acarreta.
Sheeran nos ajudou muito com a parte da composição, ele era incrível nisso e quase sempre ajudava com a melodia, que era a parte mais difícil. Mas no geral, quem fazia tudo éramos eu e os meninos, desde a letra até a melodia.
Definitivamente estávamos correndo como nunca antes, cada minuto valia como ouro, literalmente.

’s POV

Setembro, inicio de outono na Inglaterra... Em Londres, dias ensolarados eram raros nessa época do ano, chovia e ventava muito, e os dias iam se tornando cada vez mais curtos de uma maneira deprimente. Ah, mas ver as folhas caindo das árvores era lindo, ninguém podia negar. Acima de tudo, era uma estação patética, desnecessária.
Agora junte isso com a busca por um emprego. Eu estava me matando, mas não tinha nem um currículo decente porque esse seria meu primeiro emprego. E a vontade de sair de casa naqueles dias feios e chuvosos era tão escassa que eu queria poder dormir o dia todo e ficar em casa com e comendo e assistindo filmes. As duas já haviam se matriculado na faculdade, de turismo e de jornalismo. Bem, com pais que bancam sua faculdade enquanto você não faz nada da vida nas horas vagas é fácil!
Eu e Zayn nos falamos muito pouco durante o tempo em que não nos vimos. Eu saia quase todos os dias para deixar currículo, fazia isso pela internet também... eu não procurava algo muito difícil ou chique, queria algo apenas para ganhar meu próprio dinheiro e ajudar as meninas com as despesas. Ainda não havia tido coragem para pensar em faculdade. Era um rito de passagem para quase todos da minha idade, mas, droga, eu não conseguia me contentar com qualquer faculdade convencional. Minha paixão era o cinema, mas meus pais nunca pagariam esse curso para mim.
Quando era pequena eu fazia aulas de teatro, e sempre amei aquela espécie de arte. Eu lembro de me sentir viva no palco, como não me sentia na vida real. A liberdade de poder ser qualquer pessoa me encantava. Mas quando fui crescendo, eu fui me distanciando dessa paixão. Só que agora ela havia voltado com tudo... e eu tinha medo de dar o primeiro passo.

- Anda logo com essa pipoca, ! O filme já vai começar! – gritou, da sala.
- Já vou, já vou! – gritei de volta, pegando o balde de pipocas do micro-ondas e levando-o para a sala. Me sentei no meio das duas com o balde em minhas pernas e ergueu o volume da TV.
- Eu também. – riu ao telefone.
- Desliga essa droga um pouco que eu quero ouvir o filme! – dando ordens outra vez. – Aí, diz pro Harry que já deu um mês, vocês já podem terminar! – Gritou.
- Harry mandou beijo, . – disse, dando a língua para ela. – Ok, vou desligar. É Diário de Uma Paixão. – ela fez uma pausa e sorriu para algo que ouviu de resposta no outro lado da linha. – Um dia vou te torturar com Titanic, você vai ver. Tudo bem. Você também. Beijo, tchau.
Eu e fizemos careta uma para a outra.
- Vou vomitar – fiz cara de nojo.
- Shhh, o filme já começou. – disse, levantando mais o volume e enchendo a boca de pipoca.
Meu celular vibrou em cima da mesinha, e me levantei para atender com olhares zangados de minhas amigas.
- Desculpa – murmurei.
Fui para o corredor e atendi.
- Alô.
- Oi amor, é a !
- Eu sei, tenho identificador de chamadas e tal... – ri.
- Certo. – ela riu também. – Tenho boas noticias!
- Fala.
- Eu falei com meu pai, e ele precisa de uma atendente na nossa loja de roupas aqui do centro. O salário não é muito alto, mas os horários são ótimos, e fica aqui mesmo na Oxford Street, a algumas quadras para cima, posso te dar uma carona.
- Sério? Eu adoraria trabalhar na Hicks, ! – Sorri.
- Ele vai fazer uma entrevista coletiva, mas você tem mais chance que as outras – riu.
- Muito, muito, muito obrigada!
- Imagina, ! Vou falar com ele e te aviso quando é a entrevista!
- Tudo bem, poxa, obrigada mesmo! Vou te encher de beijo quando chegar em casa, você vai ver só!
- Eu sei, eu sei. – ela riu. – Agora deixa eu voltar, trabalho me chama.
- Vai lá.
Sorri, dando um pulinho de empolgação. Ao voltar para a sala, resolvi ficar quieta no sofá antes que me xingasse outra vez.

’s POV

- Um brinde aos velhos tempos! – ergueu sua taça com champanhe até a metade e nós brindamos todas juntas, sentadas em círculo no colchão em nossa sala.
- Lembram quando éramos só eu e a ? – perguntou. – E ficávamos juntas assim só nos fins de semana? Parece que isso foi há anos!
- Eu prefiro assim, nossa vida está ótima!
- Concordo. – fez joinha para mim.
- Então, vamos começar. – disse, sentando em pose de índio e pegando uma bolinha de chocolate da redoma de vidro no meio de nós. – Qual jogo vai ser?
- Confissão! Fazíamos isso uma vez por mês antigamente e nunca mais fizemos! – pediu.
- É uma boa. Vai, você deu a ideia, você começa.
- Hum... – ela olhou para todas nós. – .
- Lá vem ela. – revirou os olhos.
- Qual é o lance entre você e o Zayn?
Todas nós olhamos curiosas para . Nesse jogo, contato visual é o que não pode faltar, a pessoa que foi escolhida para confessar tem que falar absolutamente tudo sobre o assunto, olhando nos seus olhos, sem esconder nada, e se esconder, nós vamos saber. Era diferente de perguntar normalmente. Confissão era sério, a gente não podia mentir. Tinha todo um código de conduta!
- Defina sua pergunta.
- Vocês já se deram uns pegas? – foi direto ao assunto, animada.
Ficamos esperando falar algo por um bom tempo, ela estava fazendo suspense e olhando cada uma de nós nos olhos.
- Sim. – disse, um sorriso se formando em seu rosto e sua expressão se suavizando.
- Eu sabia! – Bati minha mão na perna e exclamei, todas nós falávamos coisas aleatórias.
- E como ele é? Conta! – perguntou, dando pulinhos.
- Como vocês acham que ele é? Ele é incrível! Ele é... Ele é uma vista e tanto! Vocês têm que ver aquele homem sem roupa, é simplesmente o paraíso!
- Ei, ei, ei! Sem roupa? Então não foram só uns pegas? – perguntou, recebendo um olhar significativo de logo em seguida. Um olhar carregado de “é claro que não”.
- Ah, meu Deus! – gritou. – Conta tudo! Como foi? Quando foi? Foi bom? Não foi muito tenso? Ele foi carinhoso? Vocês estavam no escuro?
Gargalhei, empolgada.
- Foi na noite do hotel fazenda. Na verdade já havíamos ficado há um bom tempo atrás, a primeira vez que aconteceu de verdade foi na casa dele, na noite depois do show, mas não chegou a rolar nada. Quase rolou, porque estávamos parcialmente bêbados de vinho, mas nós decidimos que não sabíamos o que estávamos fazendo, então paramos. Depois, no mesmo dia no hotel fazenda, logo depois da nossa entrevista... ah, eu não pude me segurar! Ele parecia tão lindo e perfeito falando coisas fofas para mim naquela entrevista, e seus olhos olhavam bem no fundo dos meus enquanto ele falava, e eles brilhavam, e... Eu nem me importei se aquilo tudo era uma farsa ou não, eu só senti que precisava beijá-lo de novo! Então eu puxei-o para o quarto e beijei-o. – ela deu de ombros, todas nós estávamos ouvindo o que ela dizia sem nem piscar. – Mas também decidimos parar antes que acontecesse.
- Eu e... – disse, mas cortou a frase no meio subitamente. – Eu e...
- e Liam chegaram na hora, nos interrompendo.
- Uh! – riu.
- Mas então, de noite, nós estávamos naquela festa e eu pensei “poxa, quantas vezes na vida eu tenho a oportunidade de tomar um porre sabendo que vou estar totalmente segura no dia seguinte?” e eu sabia que Zayn tomaria conta de mim, então eu fui lá e bebi muito, mesmo. Eu me lembro até de ter subido em uma mesa e quase caído de lá, e me lembro de tê-lo feito dançar comigo, e foi muito divertido. Então nos beijamos ao som de Snow Patrol e saímos para o gramado, ele me perguntou o que rolava entre a gente e eu vomitei nos sapatos dele.
- Eeeeeew! – eu e as meninas gritamos ao mesmo tempo, fazendo rir.
- Eu meio que desmaiei, ele me levou para o quarto e me ajudou um pouco com a ressaca. E então, ele deitou e... Eu nem sei se era por causa da bebida, mas queria muito aquilo. E eu sabia que não me arrependeria por ser com alguém legal como ele, afinal estamos juntos nessa e que mal faz tirar um atraso um com o outro de vez em quando? Amigos fazem isso o tempo todo, não é? – ela deu de ombros.
- Não. – nós respondemos, todas juntas.
suspirou.
- De qualquer forma, eu não me arrependo. Zayn tornou aquela noite especial, ele foi carinhoso e me fez sentir como nunca antes.
- Uau, quem diria, nossa não é mais pura. – bateu palmas, nos fazendo bater também, e levamos travesseiradas de .
- Certo, agora é sua vez, .
- Hum... . – apontou para , que tomou um gole de seu champanhe e largou a taça na mesa, com um olhar desafiador.
- Manda.
- Nos conta desse negócio com o Harry.
- Que negócio? Estamos namorando, fim. Próximo!
- Não é bem assim! – gritei. – Vamos botar os pingos nos is aqui! Todas nós queremos saber, em um dia se odeiam e no outro estão namorando. Até parece um tipo de pegadinha com a nossa cara.
- É! – me apoiou. – E aquele dia na chácara, o que foi aquilo?
- Desde quando isso entre vocês está rolando? – foi a vez de perguntar.
- Certo. – suspirou. – Acho que temos isso desde... Sei lá, sempre. Começou com a primeira vez que fomos à chácara, nós ficamos lá no rio e aquela foi a primeira vez que nos aproximamos sem brigar por muito tempo. Rolou um clima, isso até eu perceber que ele era um tapado. Então, depois teve a noite no estúdio da Teen Mix e ele quase ateou fogo nos meus cabelos, e brigamos de novo e quase nos beijamos. Depois, ele veio e sem mais nem menos me agarrou no dia da mudança. Serio, ainda não sei por que ele fez aquilo, o cérebro do Harry é um total mistério para mim, nunca vou entender como ele funciona. Então veio o dia do show. Lembram que ele sumiu por 2 minutos do palco e tiveram que passar outro vídeo no telão?
- Sim, teve algo a ver com você? – perguntei, curiosa.
- Eu fui procurar o banheiro, e aí sem querer nos trancamos em uma despensa e a porta emperrou e, nossa, foi um caos, gritamos um com o outro e ele estava tão zangado que juro que pensei que fosse me bater. Depois disso, teve a chácara. Nós ficamos bem, tivemos só uma discussão sobre o que de fato aconteceu na noite em que ele me achou no bar e eu acabei descobrindo que eu beijei-o naquela noite, mas depois disso nós ficamos a tarde toda sem brigar.
- Uau, recorde. – riu.
- Então fomos tomar banho juntos porque estávamos pintando o celeiro. E sim, , estávamos vestidos. Nós nos beijamos e aí eu atendi o telefone dele, era uma vadia que ele comeu e nós brigamos porque ele disse que não tínhamos nada e que eu não devia estar com ciúmes e fiquei brava comigo mesma por ter sido só mais uma. Depois disso eu não suportava mais olhar na cara dele. Então teve a festa da , e focamos nos provocando de longe o tempo todo, e aí eu dancei com um amigo dele, ele me chamou para o andar de cima e nós brigamos feio. Ele me beijou e jogou a chave fora, e aí... Vocês sabem. E eu realmente gosto dele, algumas vezes. Em outros momentos, olho para ele e tenho vontade de arrancar sua cabeça. Eu não sei explicar, acho que sem ódio nosso relacionamento não teria amor também. E naquela noite, ele foi tão fofo e...
- Sem detalhes, por favor. É muito perturbador saber que a mais nova de nós não é mais virgem. – fez drama, tapando os ouvidos, mas sabíamos que ela não ligava para isso.
- Espera um minuto, quem aqui é virgem e quem não é mais, afinal? – Perguntei, inquieta. Da última vez que fizemos aquele jogo, as coisas eram diferentes.
, e levantaram a mão dizendo “não”. Sofia não era, também, há tempos. Ela dizia que teve sua primeira vez com um cara meio chapado e foi um horror, mas tecnicamente aconteceu, então ela estava fora da lista.
- ...
- Eu. – ela fez uma careta.
- Ficou com... ele?
- Espera, minha vez! – levantou as mãos. – , confessa tudo!
- Sim. Eu fui idiota. – Ela disse apenas, e deu de ombros.
- Ah, não fala assim! – fez uma careta. – Simplesmente aconteceu, . Vocês tiveram seus motivos. Sabemos disso. Você não faria isso se realmente não gostasse dele, e vemos em seus olhos que gosta. Não vamos te julgar por isso.
- Eu sei, garotas, e agradeço, mas o resto do mundo julga. E nem penso muito em mim, sabe. Mas na imagem dele e em como sujamos a sua imagem e em como eu estraguei o namoro dele e... Poxa, foi burrice! Eu queria ficar com ele mais do que tudo, e sei que ele também queria, mas foi coisa de momento. Se mantivéssemos distância nós conseguiríamos conter esse sentimento, eu sei...
- , se vocês precisam manter distância, tamanho é o sentimento, talvez estejam sentindo mais do que coisa “de momento”. Se quando estão juntos sentem como se nada fosse mais certo do que ficarem juntos, então é lógico que vocês gostam um do outro. E não é pouco.
Ela deu de ombros, olhando para suas mãos.
- Eu gosto dele. Muito. Chego a me sentir uma idiota por não conseguir controlar meu próprio corpo quando ele se aproxima. Parece que a partir desse momento, quem manda é ele. Eu fico... entregue. E é por isso que não quero mais ver Liam, eu não posso me aproximar tanto.
- Bom, olha pelo lado positivo, agora ele tá solteiro. – tentou ajudar.
- Imagina só o que aconteceria se saíssem fotos de nós dois juntos? Eu seria culpada por acabar com o namoro dele, seria conhecida como “a outra” e ainda seria acusada de chupar fama e essas coisas.
- É muito complicado. – concordei com a cabeça e suspirei.
- Bem, minha vez. Hum, .
- Eu. – levantei a mão. – Credo, eu sou a única pura aqui nesse grupo. Não me toquem, vocês vão todas pro inferno. – Brinquei.
- O que rola com o Niall ultimamente?
- Bem... – sorri de orelha a orelha para todas elas. – eu o beijei.
- NÃO BRINCA COMIGO! – pulou em cima de mim e me abraçou tão forte que fiquei sem ar. – Sério? Quando? O que ele fez? Estão ouvindo? Coro de aleluia!
Revirei os olhos.
- Foi naquela sexta, na casa da , quando ele foi no banheiro e subi para procurá-lo. Eu o beijei e ele gostou, e então no outro dia, eu prometi outro beijo, mas... não o beijei – fiz careta.
- Ué, por quê? Se ele queria, e obviamente você queria, então por quê? – pareceu confusa.
- está certa. Agora que sei que ele está interessado, tenho que fazer ele sentir mais do que só interesse, tenho que fazer ele ficar de joelhos! Apaixonado, em outras palavras.
- Ele já está assim há um tempão. – fez uma careta. – Só você não nota.
- Enfim, eu disse para ele que não podia ficar com ele porque estou ficando com outro cara.
- O quê? – pareceu mais confusa.
- , não faz isso. – fez que não para mim.
- , você tá mentindo para o garoto? – disse, meio revoltada. – Isso é burrice, sabia?
- Ah, , não é mentir. Quer dizer, é, mas é por uma boa causa, ele tem que gostar de mim! Não quero ser só mais uma para ele.
- Você não é, sua idiota! Niall gosta de você talvez até antes de você gostar dele! Pelo amor de Deus , só você não percebe isso!
- Ela tá certa. – concordou com , e as outras duas também.
- Se mentir para ele, Niall vai perder a confiança em você.
- , ele não precisa descobrir! Eu posso acabar com isso logo.
- De um jeito ou de outro ele vai descobrir! Isso se não perder o interesse logo, quando achar que não tem chance contra esse garoto imaginário que você criou. Na boa, estou desapontada com você.
- Ah, olha quem está falando. – revirei os olhos. – A menina que entende tanto de relacionamentos que foi lá e transou com um cara comprometido.
A sala toda caiu em um silêncio mortal depois disso, e senti vontade de me dar um tiro na cabeça. O que é que eu estava fazendo?!
- , desculpa...
- Pelo quê? Você tá completamente certa. – Ela deu de ombros, se levantando para levar todas as taças para a cozinha.
- , é sério... – eu ia me levantar para ir atrás dela, mas colocou uma mão em meu braço.
- Deixa ela, .
Suspirei. Eu tenho dom de estragar tudo.

Conversamos um pouco mais sobre o novo serviço que arrumou graças à ajuda do pai de , sobre nossa faculdade, sobre a formatura que era em uma semana, sobre os meninos, que voltariam para Londres amanhã, mas estavam um pouco ocupados e pelo que entendi o único que eu chegaria a ver era Harry, quando ele passasse para buscar para uma “surpresa”. Coisa de namorados, enfim. E falamos também sobre uma nova proposta da American Twelve para , de ir para os EUA por duas semanas para fazer ensaios para a revista. Seu prazo terminava naquela semana, ela tinha que dar a resposta depois de amanhã.
Depois disso, nós colocamos um filme e todas dormimos antes mesmo da metade, atiradas uma ao lado da outra no colchão.

Harry POV

Depois de um mês fora, voltamos a Londres por um dia apenas, para fazer coisas da banda. Partiríamos de volta para o trabalho em menos de vinte e quatro horas, e dentre todos, eu fui o único que consegui escapar do compromisso por um tempo, logo depois que as aparições publicas cessaram, e deixei os outros quatro cuidando de tudo para conseguir dar uma escapada. Fazíamos isso às vezes, uns seguravam as pontas para o outro poder respirar.
Fiz esse esforço porque depois de um mês, meu namoro com estava indo melhor do que eu pensava. De acordo com os cálculos dela, nem estaríamos mais juntos há esse tempo, e isso merecia uma comemoração, porque nós dois estávamos nos esforçando para isso, contando que até agora o namoro havia sido mais à distância do que “presencial”.
Eu já estava tratando da “surpresa”, que na verdade era mais como uma novidade, há uma semana e meia. Fiquei grato que tudo acabou dando certo justo no dia em que voltei para Londres, e resolvi que a melhor pessoa com quem compartilhar aquela novidade primeiro seria minha namorada.
- Então, onde está me levando?
- É surpresa, você sabe.
- Tá – ela suspirou pesadamente. – E como foi a semana?
- Foi cansativa, na verdade. Estamos compondo, e tentando lidar com a imprensa, e viajando feito loucos para gravar entrevistas e entrar em contato com as fãs de outros países, está sendo pesado.
- Ah, você merece um descanso. – Ela afagou as costas de minha mão com seu polegar e sorri.
- Senti sua falta. – olhei-a de canto, antes de voltar a olhar para a estrada, e pude notar um sorriso.
- Eu também, chatinho.
- E olha só, discutimos apenas três vezes essa semana, nós estamos melhorando.
- Por celular é mais fácil de relevar.
Assenti, concordando.
- E a faculdade?
- Me inscrevi. Estou empolgada! – Sorriu. – A gente espera tanto tempo por isso.
- Turismo? – olhei-a, aproveitando que estávamos parados em um semáforo, e ela assentiu. havia comentado sobre o amor por história, geografia e arte algumas vezes para mim. Turismo era sua primeira opção, pelo que sei. – E vocês, tipo, viajam muito durante o curso?
- Bem, às vezes sim. Mas não por muito tempo e nem para muito longe – deu de ombros. – Eles dão um estágio legal para alguns estudantes do curso, visto que estamos bem no centro de um grande foco de turismo do mundo. Mas não é assim tão fácil.
- Só espero que não vá para longe. – Disse, e ela me olhou. Eu a olhei também um momento depois. – O quê?
- Eu gostaria de ganhar uma oportunidade assim.
- E ir morar longe?
Ela assentiu, dando de ombros.
- Dependendo do lugar...
Entortei a boca e soltei um som, que definitivamente foi interpretado errado por ela.
- O que, Harry?
A observei.
- está infeliz. O que fazer? – Ela revirou os olhos e ri. - Faça o que te faz feliz, tá? Eu só tenho medo que você se afaste.
- Você se afasta o mês inteiro. Eu não reclamo.
- Ok, você está certa. – concordei apenas para não iniciar uma discussão. Essas eram as palavras chave, eu estava começando a aprender. “Você está certa” sempre apaziguava tudo.

- Sabe... – achei que seria uma boa hora para iniciar aquele assunto desconfortável, já que aparentemente estávamos calmos. – Acho que... não vamos poder estar aqui no natal.
- Ah, sério? Vocês vão para onde?
- Estados Unidos.
- Outra vez?
- É. Não é certo ainda, mas há uma chance de fazermos um show no Garden.
- Poxa, que incrível! Eu e as meninas queríamos muito passar a ceia com vocês, nós já estávamos até planejando... Mas eu entendo. – ela suspirou e depois abriu um sorriso para mim.
- Eu sei que é difícil. Sinto muito.
- Tudo bem, acho que tenho que me acostumar.
- , chegamos. – estacionei na frente de nosso condomínio.
- Harry, é a sua casa. – Ela riu.
- É. – Sorri e saí do carro, fazendo a volta e abrindo a porta para ela. Peguei sua mão e ela fechou a porta, acionei o alarme e a puxei para perto, abraçando-a pela cintura. Ainda era nova a sensação de namorar, depois de tanto tempo só mantendo relações com garotas rapidamente, mas meu corpo agia com o dela naturalmente, sem nem precisar pensar.
Atravessei a rua para o lado contrário do condomínio e ela olhou para mim de um jeito estranho, apontando para trás.
- Você já vai ver. – Tranquilizei-a.
Fui até um prédio bonito, moderno, mas não muito alto em frente ao nosso complexo e entramos na portaria. Me lembrei de Louis há algumas horas atrás, quando contei, logo depois de receber a mensagem avisando que estava tudo certo.
- Você começou a namorar há três semanas e já vai dar um passo grande desses?
- Lou, não estou fazendo isso só porque estou namorando, isso é por mim, não pelo namoro. Além disso moro contigo desde que saí de casa, preciso ter meu próprio canto.
- Tá certo, seria meio estranho ver dois dos meus melhores amigos se pegando no sofá da minha casa.
- Sem contar que estou logo ali, e nos vemos quase todo dia. Só não vamos mais dormir na mesma casa. Eu preciso de liberdade, agora.
- Tá legal, já saquei. Mas promete que vai botar o casaco quando estiver frio?”

Me encaminhei para o elevador do prédio com , era só a segunda vez que eu ia ali também. Ela ainda parecia confusa, mas me deixou levá-la até lá sem nenhuma objeção. Entramos no elevador e apertei no número sete, esperando as portas se fecharem para olhar para ela e sorrir.
- Gostei desse lugar, você não? É pequeno, mas tem espaço suficiente para nós dois. – olhei em volta para o elevador fechado.
- Você não presta mesmo, né?
Ri. Eu abracei-a pela cintura e colei o seu corpo no meu enquanto beijava sua boca. Senti falta dessa proximidade. Em outras épocas, eu nunca iria para a estrada com os meninos por duas semanas sem pegar pelo menos duas garotas diferentes, então precisava daquilo. Eu ainda era jovem, tinha hormônios, desejos...
passou as unhas por minha nuca enquanto me beijava, e isso arrepiou todo meu corpo. Eu prensei-a contra a parede do elevador enquanto ela puxava um pouco meus cabelos e deitei minha cabeça para trás, sentindo seus lábios gelados em contato com meu pescoço, dando beijos e às vezes algumas mordidas, misturadas com sua respiração já tão ofegante quanto a minha. Eu apertei sua cintura e ela se sentou na barra para paraplégicos passando as pernas em volta da minha cintura, eu a segurei firme contra mim enquanto era minha vez de beijar seu pescoço.
Só me lembrei de onde estava quando o elevador parou com um solavanco e se segurou em mim para não cair. A porta abriu e, por sorte, o corredor estava deserto, ela escondeu a cabeça na curva de meu pescoço e riu.
- A gente tá se pegando num elevador, Harry!
- Saudade? – ri para ela, puxando-a pela cintura para deixá-la de pé outra vez.
Ela se recompôs e saímos do elevador. Entrelacei nossas mãos e andei até a porta do 7B, no fim do corredor.
- Harry...?
Peguei a chave no bolso e abri a porta, mantendo-a aberta para que ela entrasse. Ela me olhou incerta e eu assenti para dentro com a cabeça, para encorajá-la.
entrou e eu entrei logo em seguida, na pequena sala já mobiliada e organizada, ela olhava em volta para todos os detalhes do apartamento, parecia encantada e confusa ao mesmo tempo.
- Você...?
- Comprei para mim. Bem, para nós, eu acho.
- Para nós? – ela se virou para mim e arregalou o olhos. Ri.
- Calma. Essa é minha casa, mas pode ser sua também, quando quiser. Quero dizer, eu não estou falando para se mudar para cá, mas pode vir quando quiser, passar um tempo. Vou te deixar uma cópia.
- Entendi... – sorriu, olhando em volta.
- Acho que já estava na hora de ter meu próprio canto e deixar Louis ter o dele. Aqui podemos ter nossa privacidade quando quisermos, sabe? Só eu e você.
- Só eu e você? – ela veio até mim e me abraçou pela cintura, tendo que olhar para cima para poder me olhar nos olhos. – Só eu e você parece bom.
- Só eu e você. – Assenti. - O que você acha? – eu me abaixei um pouco e peguei-a no colo, ela riu, mas passou as pernas pela minha cintura.
- Eu acho que quero conhecer o quarto agora. – Ela sussurrou no meu ouvido sorrindo.
- Ótimo! – não pude conter a empolgação, e ela riu alto.
Fomos até o quarto e deitei na cama de casal que havia ali. Eu deitei por cima dela, e reservei um momento para olhar para seu rosto e pensar em tudo que passamos desde que nos conhecemos até agora. Eu nem podia acreditar que aquela era minha namorada, nunca pensei nela desse jeito até de fato acontecer, mas na noite em que ficamos juntos tudo foi tão intenso, e diferente para mim, e... eu senti que nunca havia feito aquilo antes. Fazer amor, eu digo. Clichê, porém real. Para mim foi real. Foi diferente.

- Eu me sinto tão... – suspirou e me abraçou pela cintura, com a cabeça em cima do meu peito, ainda ofegante. – Tranquila. Feliz. Sabe?
Concordei, ainda de olhos fechados.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, ela fazia círculos em minha pele com a ponta do dedo, causando cócegas, enquanto eu passava as mãos em seu cabelo e encarava o teto.
- Está ouvindo isso? – sussurrei para ela.
- O quê?
- O universo colaborando ao nosso favor. Sem brigas. Sem discussões. Sem xingamentos. Só o silêncio.
Ela riu baixinho.
- Gosto assim.
- Eu também.
- Está ouvindo isso? – ela sussurrou de volta para mim.
- O quê?
- O som da minha barriga roncando!
Nossas risadas invadiram o apartamento silencioso por um tempo.

Nós ficamos por mais algum tempo deitados em silêncio até que decidimos levantar para sair e comer alguma coisa. Resolvemos ir ao McDonald’s. Nós pegamos algo no Drive Thru e ficamos comendo no carro mesmo, enquanto conversávamos besteiras e riamos um com o outro. Eram minhas últimas horas em Londres, e tudo estava especialmente bom naquele dia. Apesar do costume chato de de colocar os pés no banco do carro, o que era realmente desnecessário, mas eu estava me esforçando para ignorar.
- Você tem mais alguma seção de fotos na agenda? – puxei o assunto.
- Sim, na verdade recebi um e-mail da American Twelve há duas semanas, e tenho até amanhã para responder.
- Nossa! – ri e a olhei. – Sério?
- O quê?
- American Twelve. O que fez eles procurarem você? Quer dizer...
Ela largou a caixa já vazia do Mc no painel e se ajeitou no banco, virando de frente para mim e franzindo o cenho com um sorriso confuso nos lábios.
- Como assim?
- Você não vai aceitar, né? Aquele catálogo... – balancei a cabeça, fazendo uma careta.
- O que tem o catálogo, Harry? Eles pagam bem.
- O público deles são meninos de treze anos. Quer dizer, aquelas lingeries não agradam só os olhos das garotas... – dei de ombros, tomando um gole de Coca-cola.
- Ah, por favor, Harry. – ela revirou os olhos e riu. – São garotos de treze anos.
Eu a olhei, piscando algumas vezes.
- Você não tá pensando mesmo em aceitar, né?
Literalmente, a American Twelve era a pior escolha para ela. Eu não estava falando por ciúme, mas por pensar em sua imagem. Era uma coisa com a qual eu e os meninos lidávamos muito, esse negócio de imagem, e ela podia não entender muito de como tudo funcionava, porque ainda estava começando. A AT era um catálogo de lingeries americano, com franquia no Reino Unido também, famoso por suas modelos adolescentes que eram um agrado à vista dos garotos. Era quase mais conhecida por meninos do que por meninas, acho. Ganhou fama por culpa de algum boato que se espalhou sobre suas modelos pagarem para participar do catálogo, e não era com dinheiro, se me entende. Eu duvidava que fosse verdade, mas acabava dando aquele ar malicioso a todas que eram expostas na revista. Pelo menos era assim na época em que eu era um garoto de treze anos.
- Harry, são só roupas intimas. Além do mais, ninguém vai ficar olhando para a minha cara, e sim para as roupas, nem vão saber quem eu sou.
- Você acha que não? Minhas fãs são melhores que a Interpol, elas vão achar as fotos antes mesmo de elas serem expostas! – Ri, nervoso. – Não pega bem pra namorada de Harry Styles, entende?
- Por Deus, Harry! – ela botou a mão no rosto. – Você não disse isso.
- Eu disse sim! – Balancei a cabeça. – Qual é, ... Você só tem dezessete anos e quer ir sozinha para a América! Para tirar fotos de lingeries para uma revista! Você vai se expor demais, vai por mim!
- Ah, espera um minuto! – ela riu. – Agora você quer falar de idade? Não. – Abriu as mãos no ar. – Não vou ter essa discussão com você. Isso é uma proposta de trabalho, Harry. Um trabalho sério. Assim como o seu. Você se expõe também, e tem só dezoito, e anda pelo mundo todo sozinho com seus amigos. Você é a última pessoa apta a me dar lição de moral!
- Você está sendo infantil. – Olhei-a e suspirei.
Só que havia esse detalhe: não aceitava bem as críticas. Não mesmo.
- Vê se não fode, Harry! – Explodiu, e quase pude ver nosso progresso explodindo pelos ares também. - Você vem e age como um babaca e depois ainda diz que sou eu que sempre começo nossas discussões?! – Gritou. – Você não pode me dizer o que fazer como se eu fosse sua propriedade! Seu idiota!
Aí, viu só? Ela que começa a gritar e xingar, e eu que começo as brigas?
- Ah, por favor, rainha do drama! – Bufei. - Você faz de tudo para me tirar do sério! Você está jogando a culpa para cima de mim por eu estar tentando te impedir de ir lá e parecer uma vadia na frente de todo mundo! Sinceramente, , tem um idiota nesse carro e não sou eu! E vê se tira as patas do meu banco, por favor! – Empurrei seus pés do banco para o chão e ela me olhou com total descrença por minha ultima frase.
A sirene soou em minha cabeça um segundo depois, dizendo Harry, você fez merda. Eu senti aquela sensação conhecida de arrependimento pelo que acabei de falar ao mesmo tempo em que ela abriu a porta e saiu do carro, batendo-a com um ruído ensurdecedor. Praticamente colou a porta ao carro.
- Ótimo, vou precisar de um pé de cabra pra abrir isso aí depois! – Gritei, revirando os olhos.
Eu sabia que agi feito um idiota. O fato é que mesmo tendo razão, nas nossas discussões eu sempre era o culpado, era tipo uma regra. E eu sempre era quem tinha que pedir desculpas e voltar atrás só para não ficarmos brigados por muito tempo. Não era assim com todas elas, afinal?
Bufei e saí do carro também, cuidando ao fechar a porta, eu tinha bom senso com minha pobre garota. Andei a passos largos atrás de , que andava da mesma maneira rua afora.
- , espera!
Ela nem olhou para trás. Bufei.
- , para! Espera, porra!
- Vai pro inferno, Harry, eu vou embora daqui. Você definitivamente não quer uma namorada que se faz de vadia na frente do mundo todo e, ah, que não tira as patas do seu precioso carro! – Esbravejou sem parar de andar, batendo os pés. - Agora sim é que vou fazer essa merda, só pra você deixar de ser tão mach...
Eu alcancei-a e puxei seu braço com força, fazendo-a parar de andar e voltar até mim cambaleando um pouco. A encarei a milímetros do seu rosto, e ela me olhou com tamanha surpresa, que eu podia jurar que estava assustada.
- Você não... Não pode fazer isso. – Vociferei para ela, sentindo a raiva dominar meu corpo pelo jeito como ela falava comigo. Quase como há um mês. Como se eu não fosse nada para ela.
- E quem é que vai me impedir, você? Você vai fazer o que, Harry? Me trancar em casa, me amarrar no pé da mesa? Vê se cresce! É a minha vida, merda! – Gritou, a voz meio trêmula.
Ela me encarou no fundo dos olhos com a respiração ofegante e eu fiz o mesmo, e um silêncio mortal se instalou entre nós. Eu me perguntei como ela podia fazer isso comigo. Me fazer sentir essa vontade louca de socar a primeira coisa que eu vejo em minha frente, e ela perigosamente era sempre a única coisa por perto. Travei o maxilar e respirei fundo, tentando controlar minha respiração para voltar ao normal.
- Anda Styles, não temos a noite toda! Vai fazer o que para me impedir, me bater? Você é egoísta assim? É assim que nosso relacionamento vai funcionar, você achando que pode dizer o que eu vou ou não fazer? Porque se for, me fale agora e acabamos no mesmo segundo, porque eu não quero ficar presa a alguém como você!
Suas palavras me acertaram em cheio. O que eu estava fazendo? Eu devia apoiá-la. Até agora, apesar de tudo, ela sempre havia mostrado apoio em relação à banda. Eu não estava sendo justo. Eu estava sendo um babaca.
Soltei seu braço e dei um passo para trás, passando a mão pelo cabelo e a encarando, sem saber o que falar. Estávamos em silêncio há um tempo agora, e suas palavras ainda pairavam no ar. Ela gemeu um pouco e levou a mão ao braço onde minha mão antes segurava. Olhei para o chão balançando a cabeça.
se aproximou e ergueu o meu rosto para olhá-la nos olhos. Ela não parecia mais furiosa, só meio decepcionada.
- Como deixamos chegar a esse ponto, Harry? – Murmurou para mim. – Como deixamos isso acontecer? Como sempre acabamos assim?
- Eu sinto muito. – Toquei a ponta dos dedos em seu braço vermelho. – Eu fui um babaca. , desculpa. – Balancei a cabeça.
- Harry. – Ela puxou meu queixo, me fazendo encará-la. – Eu não quero nunca, em hipótese nenhuma, ter que temer você de novo, entendeu?
Engoli em seco e assenti. Eu suspirei e puxei-a para perto de mim para abraçá-la.
- Me desculpa... amor. Você tem razão. Faça o que quiser, eu não posso te dizer o que fazer. Eu não tenho esse direito.
- Não mesmo. – ela concordou e riu fraquinho, o que denunciou sua voz falhando e olhei em seus olhos que estavam marejados.
- Você não vai chorar, vai?
- Eu já estou chorando, Harry. E pode se sentir mal porque a culpa é toda sua. – Ela me deu um tapa e riu de novo.
E eu me sentia culpado mesmo. Envergonhado era a palavra certa, acho. Sempre reclamava dela, mas eu fazia tanta coisa errada também. E sem nem perceber.
- Eu não vou. – ela disse, por fim.
- O quê?
- Eu não vou para a América.
- Ah não, . Eu não quero me sentir pior do que já estou. Vai! Eu fui um cretino e exagerei muito, só porque você é linda, e... e gostosa, e não quero ter que te dividir com ninguém. Mas não é minha decisão!
- Não, eu não vou. – ela balançou a cabeça. – Eu não quero mais. Perdi a vontade.
- Você está me fazendo sentir um lixo. – Suspirei.
- Esse é o propósito. – ela riu. – Não, brincadeira. Eu não quero mais, Harry, sério. Quero que isso funcione e quero respeitar a sua opinião, já que agora estamos conversando civilizadamente. Para que, quando for preciso, você respeite a minha.
- Eu sei que tem muita coisa relacionada ao meu trabalho que você não gosta. Não é justo com você, assim.
- Nem seria com elas, não acha? Elas são suas fãs, são elas que te dão tudo que você mais ama, não eu. E esse é o seu trabalho, é diferente. Eu confio em você, Harry.
A encarei e soltei o ar pesadamente. Toquei seus ombros os apertando de leve.
- Você é tão incrível que me faz me sentir um inútil no nosso relacionamento.
- Ah, não é pra tanto! – Ela pegou minha mão e nos puxou de volta para o carro. – Você até que tem serventia, às vezes. – Riu. - Vem, vamos para casa.
- Para a sua casa ou para a nossa casa?
- Hum... – ela sorriu. – A nossa! Gostei daquela cama, sabia? Acho que é bem confortável. – sorriu para mim daquele jeito sapeca.
- Hum, que ótimo sinal! – Ri, abraçando-a enquanto caminhávamos.

Zayn’s POV

Já era um tanto tarde quando finalmente cheguei em casa depois de resolver negócios da banda. Tomei um banho rápido e, enquanto fazia isso, eu pensava que dentre todas as coisas que poderia fazer nessas horas que me restavam – dormir, principalmente, estava no topo da lista – o que eu mais queria fazer era estar com .
Mas eu realmente precisava dormir, senão o dia seguinte seria insuportável, por isso tentei esquecer da ideia de ver . Passara-se praticamente um mês desde que todos nós nos vimos pela última vez, mas podíamos esperar mais um tempo. Não era um desespero completo, certo?
Errado.
Então lá estava eu, deitado em minha cama, tentando dormir, rolando de um lado para o outro, olhando para as paredes, procurando uma posição confortável na cama. E nada de dormir, apesar de eu estar cansado. Aí eu comecei a me sentir uma garotinha desesperada, e comecei a tentar achar algum motivo para não ligar para ela, mas minha mente estava me sabotando, pensando em algum motivo para ter que ligar. E me xinguei internamente por deixar minha vida cair nesse círculo vicioso em que só o que existia era: Trabalho, , trabalho, , trabalho, ...
Minha cabeça estava uma bagunça, eu me perguntava o porquê de ela ser de repente tudo que eu pensava e quando foi que minha vida começou a se resumir só nela o tempo todo.
Em algum momento disso tudo, meu sono se esvaiu completamente e, ao invés de cansado, eu estava entediado.
E então eu pensei: o que as pessoas fazem quando estão entediadas? Elas fazem sexo! (Na verdade elas jogam Monopoly, xadrez, leem um livro, montam um quebra cabeça, montam um cubo mágico, jogam dominó, fazem castelos de cartas... mas, veja bem, eu precisava de uma desculpa!)

- Ei, gato! – a voz dela disse ao telefone, rindo, quando atendeu e foi a coisa mais estranha, eu senti todo o meu corpo relaxar exatamente como a nicotina faria. Era o mesmo efeito, tirar toda a tensão da minha cabeça e dos meus músculos, mas não fazia mal para minha saúde e fazia um bem danado para os ouvidos. – Sabia que você não ia aguentar.
- Amo a sua autoconfiança. – Sentei na ponta da cama e sorri.
- Depois de tanto tempo a gente aprende a confiar em si mesmo. – tinha certeza que ela estava sorrindo do outro lado da linha.
- Então, ...
- Fala, Zayn.
- Você tá a fim de sair?
- Sair ou passar a noite na sua casa?
- Segunda alternativa. – Suspirei. Como ela me conhecia tão bem?
- Que bom, porque se fosse a primeira eu ia ter que recusar. – Riu. - Passa aqui em trinta minutos.
- Tá bom. – sorri. – Me espera. – Levantei da cama e calcei os tênis.
- Se chegar atrasado eu vou te deixar de castigo. – Ela falou, rindo.
- Castigo consiste em greve de sexo? – Parei por um segundo no meio do quarto.
- Castigo consiste em eu ficar por cima.
Sorri mais.
- Você está de bom humor, isso é muito, muito bom.
- Pode apostar que é, mas não se acostuma. Agora tchau, você tem um encontro em meia hora.
desligou. Eu me encontrava sorrindo tanto que minhas bochechas doíam. Decidi parar de me perguntar se isso era ruim, e decidi sair logo de casa.
Coloquei uma roupa legalzinha e arrumei meu cabelo da melhor maneira possível em trinta segundos. Peguei as chaves do carro e saí de casa. Eu não tinha carteira, apesar de dirigir relativamente bem. Mas havia rodado duas vezes no teste por motivos idiotas, e por isso acabei desistindo. Preso eu sabia que não iria, mesmo.

O caminho até a casa das garotas foi tranquilo. Fui até a porta e apertei a campainha, sendo atendida por uma só de blusa do Batman e calcinha branca, e sorrindo como se eu fosse um irmão mais velho que estivesse acostumado com aquela imagem.
- Entra, Zayn! – ela falou, voltando para a sala logo que eu entrei.
Fechei a porta atrás de mim e dei de cara com três meninas só de blusa e com os cabelos presos em uma rabo de cavalo no sofá, comendo um doce de panela e assistindo a TV.
- Ewwwww! – gritou para a TV.
- Ela vomitou nos sapatos dele! – gritou também, e me lembrei de na noite do hotel fazenda. Ri.
Notei no desenho de suas camisas virando um pouco a cabeça. estava de camiseta do Batman, do Superman e do Lanterna Verde.
- Se eu soubesse, vinha com minha camiseta do homem aranha.
As meninas riram para mim.
- Estamos no espírito de salvar o mundo hoje.
- E a ?
- Está no quarto, você pode ir lá se quiser.
Assenti e fui em direção ao corredor.
- De porta aberta, crianças! – gritou.
Ri e empurrei um pouco a porta que estava com uma fresta aberta. cantava e dançava um pouquinho enquanto procurava por algo dentro do seu roupeiro alguma música do The Maine.
- Oi, senhor Malik.
- Oi... – ela estava com uma camiseta do Iron Man que provavelmente era dois números maior do que ela. E só. – .
- Gostou da minha camiseta?
- Hã? Ah, sim, ela é ótima.
- Então por que está olhando para minhas pernas? – Ela olhou para mim, com as mãos na cintura, e sorriu. Suspirei.
- Elas são demais. – Balancei a cabeça, derrotado.
riu para mim e balançou a cabeça.

- Ah, Zayn, eu estou com um problema. Não tenho roupas! – Ela fez um biquinho para mim.
A música trocou para I Miss You, do Blink 182.
- Amo essa música. – fui até o guarda roupas dela. – Deixa eu ver isso aí. Qual é, , você tem uma porrada de roupa aqui!
- Nenhuma é maneira. – ela se jogou na cama choramingando, de costas, e com o rosto nos braços. – Eu vou ir pelada! Vou sair pelada pela rua e vão pensar que eu sou uma mendiga!
- Isso tudo é crise existencial ou TPM, essas coisas de menina? – Perguntei, sentando ao seu lado e puxando sua blusa para baixo, para tapar a parte de trás da calcinha que mais parecia um calção bem curto. Pousei minha mão no final de suas costas e fiquei fazendo carinho ali, até perceber que havia algo escrito na calcinha e levantar a blusa para ler. A letra era preta em uma caligrafia pequena, e dizia rockstars only. Arqueei as sobrancelhas.
- Fala sério. – Ri. – Você só pode estar brincando.
Ela levantou a cabeça de cima dos braços.
- Ah, qual é, cadê seu senso de humor? Eu achei a sua cara!
Encarei-a e comecei a rir. Um segundo depois eu já gargalhava.
- Você não existe, ! – Disse deitando ao seu lado.
- Ok, ok! Agora voltando ao meu problema existencial, por favor. Você não sabe o que é ser uma menina!
- Se serve de consolo, você é linda de todas as maneiras, com ou sem roupa, ou maquiagem, ou... – dei de ombro. – Calcinha com frases de duplo sentido.
Ela riu.
- Mas devia ter meu nome nessa calcinha – brinquei e beijei a ponta de seu nariz.
- Você quer que eu seja só sua? – ela deitou de lado e escorou a cabeça na mão, me olhando nos olhos.
- Sim. – Admiti. – Eu tenho ciúmes de te dividir com mais alguém. - ficou em silêncio por muito tempo, por isso continuei: - Sorte que não preciso, porque eu sou tão foda que você não precisa de mais ninguém.
- E modesto, não vamos esquecer – sorriu, e me senti aliviado.
- Detalhes – estalei a língua e ela riu.
- Eu estava com saudade de você.
- Também estava de você. – Sorri.
Não falamos nada por um longo tempo, então eu a dei um selinho demorado.
- Também senti saudade disso.
Sorri mais. Em momentos como esse, em que eu estava com ela, nada importava além de eu e ela. Eu percebia que não precisava dar um nome àquilo que nós tínhamos ou àquilo que eu sentia por ela, só precisava sentir e aproveitar o momento. Eu tinha tudo que queria com ela, eu era feliz. Eu estava bem desse jeito, não precisava questionar.
- Você não precisa botar roupa nenhuma. Só vamos para a minha casa e você rouba outro pijama meu.
- Não precisamos sair para jantar antes? Graças a Deus, eu não estava nem um pouco afim!
Ri.
- Não. Vamos logo para casa.
Ela assentiu e se levantou, pegando um short jeans curto e botando-o.
- , tá frio lá fora...
- Está esperando o que pra me dar seu casaco, então? Ah, Zayn, sinceramente! Eu tenho que te ensinar até a como ser um cavalheiro? – balançou a cabeça desligando a música do celular e o guardando no bolso. Eu revirei os olhos e ri, tirando o casaco e o entregando para ela.
Era um esportivo preto com vermelho, ficava gigante nela e mesmo assim ela ficava linda.
- Tchau gente, vamos para a casa do Zayn, até outro dia, fiquem bem aí. – foi falando enquanto íamos para a porta da frente.
- Usem camisinha, pelo amor do santo Cristo! – gritou.
- Tchau, pombinhos! – acenou.
- Cuida da tampinha, Zayn! – mandou.
- Pode deixar, ! – Saí atrás de , puxando a porta. - E nós somos só amigos. – Falei antes de sair e riu.
- É claro que são. – Ela revirou os olhos. – E eu sou a Megan Fox. – Fez cara de “é óbvio”.
Balancei a cabeça e ri. Fechei a porta e segui até o carro.

’s POV

Gemi com o baque do meu corpo contra a parede do corredor.
- Um pouco mais com calma, por favor, eu quero estar viva amanhã de manhã. – pedi em seu ouvido, enquanto era beijada no pescoço pelos lábios macios de Zayn, que de alguma forma conseguia ao mesmo tempo trabalhar com as mãos tirando o seu casaco de mim.
- Então... como foi sua semana? – ele perguntava entre os beijos.
- É... foi, ham, bem normal. – eu tentava me concentrar em criar uma frase coerente, mas ele estava me distraindo muito com sua mão em minha cintura.
De repente, cansei daquilo e empurrei-o para trás, ele se chocou contra o outro lado da parede do corredor e eu fui até lá para tirar sua camisa.
- E a sua?
- Agitada. – ele murmurou entre um suspiro. – Você está insaciável, !
- Cala a boca, Zayn! – Eu ri e o dei um tapa. – Não fala como se fosse eu que tivesse te ligado para achar alguém para passar a noite.
Estávamos ambos sem camiseta, então ele abriu a porta de seu quarto e fomos até lá da melhor maneira possível sem deixar a boca um do outro por nenhum segundo. E fomos andando assim até a borda da cama dele.
- Você poderia ter recusado se não quisesse, mas ambos sabemos que você quer estar aqui tanto quanto eu. – ele falou enquanto beijava minha linha do maxilar e passeava com suas mãos pelas minhas costas.
- Você está agindo como um desesperado, nem consegue ir com calma. – Provoquei. – Nem parece que fez isso sei lá quantas vezes durante essas semanas longe.
De repente, Zayn parou de me beijar, o que realmente é uma pena, para me encarar nos olhos.
- O quê?
- O que você disse?
- Eu disse... – franzi o cenho. – Que nem parece que você tirou o atraso durante esse mês na estrada.
- E quem disse que eu tirei?
Ri.
- Zayn, por favor, você está há um mês longe, no meio de milhares de garotas o tempo todo... eu não sou burra, sei como as coisas funcionam! Mas está tudo bem. – Fui me aproximar para beijá-lo outra vez, mas ele foi um pouco para trás. – Qual o problema?
- Eu não fiquei com garota nenhuma na estrada. Eu não faria isso com você, você é a única, .
- Eu... sou? – Franzi o cenho. Essa havia me pegado de surpresa. Eu não sabia ao certo se isso era verdade, quer dizer, Zayn podia ter a menina que quisesse de todas as meninas nesse mundo! Era bem improvável que ele tinha perdido essa chance só porque fingia namorar comigo.
- É claro que é! Eu gosto de você, não preciso me entreter com mais ninguém enquanto estou longe, você é suficiente para mim.
Apesar de não esperar, aquilo soou como música para meus ouvidos. Sorri, mordendo o lábio, e me aproximei dele de novo.
- Mesmo? – Sussurrei, tocando nossos lábios de leve. Ele envolveu minha cintura com o braço e me apertou contra ele.
Eu não conseguia mais negar, disfarçar ou recusar o que sentia por Zayn. Não sei o que era, mas passava de desejo físico. É claro, eu não conseguiria resistir a ele nunca, e sempre que ele se aproximava e me puxava assim o ar fugia de meus pulmões e eu me sentia tonta. Mas algo estava diferente. Por um lado eu ficava feliz em me dar tão bem com meu “amigo” ou sei lá o que éramos, e por outro lado queria saber o que é que sentíamos um pelo outro. Mas eu não queria estragar tudo, então deixava assim como estava que já era de bom tamanho.
Zayn me divertia, fazia eu me sentir feliz e me amava ao mesmo tempo. Ele me fazia sentir todas aquelas sensações de que eu era livre e tinha o mundo todo ao meu alcance, e eu era grata por isso, ele nem sabia o que me fazia sentir só com sua presença.

- Uau! – Ele se deitou ao meu lado, também com a respiração acelerada ainda. Durante a noite toda eu fiquei me perguntando o que Zayn era para mim. Me deitei de lado, ficando de frente para ele, e fitei seu rosto por um tempo. Ele olhava para o teto, seu peito descia e subia com a respiração ofegante, e seu rosto de perfil continuava lindo.
- Obrigada. – falei, por fim. Zayn me olhou.
- Pelo quê?
- Por me fazer sentir como você me faz.
Ele se virou como eu, ficando de frente para mim.
- E como eu te faço sentir, ?
Peguei sua mão que estava no meio de nós dois e entrelacei nossos dedos.
- Você me faz sentir o infinito. – Murmurei para ele.
Zayn sorriu para mim, aquele sorriso perfeito e que pensei nunca me cansar de ver, não importava quanto tempo se passasse, seu sorriso ainda seria o meu preferido no mundo.
- Nós somos o infinito, . – ele murmurou de volta para mim, e ergueu nossas mãos entrelaçadas no meio de nós dois. Olhei para aquela cena. Meu corpo se aqueceu por dentro, e eu gostei do que vi. Me senti maravilhosa tendo ele.
Eu definitivamente não sabia o que era, mas meu peito se encheu de um sentimento forte nessa hora, e eu queria poder viver nesse momento para sempre.



Capítulo 11

I drove for miles and miles
And wound up at your door
I've had you so many times but somehow
I want more


’s POV

- Ahhhhhhhhh, não! – gritou quando seu castelo de cartas desmoronou por completo. – eu estava no ultimo andar, de sete!
- Sinto muito, sis! – Ri dela, que me olhou com um olhar homicida e veio para cima do meu castelo também, o desmanchando inteiro com as mãos.
- Sua vagabunda! – Eu gritei e dei um tapa em seu ombro. – Sua invejosa, só porque o meu castelo estava melhor!
Ela riu e eu pulei em , estávamos no chão e eu a empurrei deitada para trás e segurei seus braços no chão ao lado do corpo.
pigarreou e olhamos para ela.
- Eu ganhei. – disse, graciosamente e com um sorrisinho meigo, colocando os cabelos atrás da orelha como se fosse muito classy. Eu e olhamos para ela e soprou seu castelo, fazendo-o desmoronar também. Em seguida, ela arregalou os olhos e pulou em cima de nós também.
Nós riamos e gritávamos rolando no chão e fazendo cócegas e essas coisas. Estávamos entediadas, era domingo de tarde não havi absolutamente nada decente para fazer.
Quando a campainha tocou, eu me levantei respirando fundo, cansada de tanto rir.
- Eu atendo, continuem se matando.
Peguei um bombom de dentro do potinho e fui para a porta. Eu mordi o bombom e abri a porta, e esqueci de respirar logo que encontrei aquele par de olhos azuis brilhando para mim.
- Louis?
- Eu vim te pegar. – ele sorriu.
Deus ouviu minhas preces.
Ao ouvir suas palavras eu engoli o bombom e acho que ele entrou pelo lugar errado, porque comecei a ter um acesso de tosse.
- ? – Louis riu.
- Louis... – abri mais a porta e ele entrou. Eu peguei um litro de água de cima da estante e tomei um gole. – Você o quê? – Disse depois de conseguir respirar.
- Eu vim te buscar pra gente sair... – ele olhou de um jeito estanho para e se pegando no chão, que pararam quando o viram e congelaram no lugar. Depois se virou para mim e sorriu de novo. – Pra fazer alguma coisa útil por aí. Vocês podem ir também, se quiserem... – ele olhou para as meninas de novo, estava em cima de e elas estavam paralisadas. Olharam para mim, que estava atrás de Louis, e eu fiz que não com a cabeça.
- Ah, não, obrigada Lou... estamos bem aqui. – sorriu gentilmente, com uma perna e um braço de em cima de si e ele deu de ombros.
- Acho que somos só eu e você. – ele me disse.
Ah, que pena!

Fui para o quarto, tirei a camiseta amassada que usava e coloquei uma mais decente, que nem era tão decente assim, porque era do Bob Esponja. Mas Louis tinha senso de humor, então tudo bem. Coloquei uma calça jeans branca e um sapatinho vermelho, soltei os cabelos que estavam um caos, e esperava que fosse um caos bom, e passei a maquiagem mais básica e rápida que consegui.
Fazia algumas semanas que os garotos mal paravam em casa. A vida continuava, mas era sempre bom vê-los, de qualquer maneira. Então, naquele domingo, depois de passar o sábado todo reclamando que não tinham tempo nem para ir ao banheiro, um deles aparece lá para “me pegar”.
Obviamente eu havia ganhado da loteria, não só Louis Tomlinson bateu na minha porta como disse que veio me levar para sair. Por isso, não queria saber a justificativa para aquilo. Eu só ia aproveitar.
- Pronta? – ele disse, sorrindo para mim e se levantando do sofá.
- Sim.
Saímos de casa com e fazendo gracinhas do tipo “bom encontro, voltem cedo, se cuidem, blá, blá, blá.”
- Aonde nós vamos, Lou? – perguntei assim que entramos em seu carro.
- Sei lá. Vamos dar voltas até encontrar algo legal. Eu queria ficar a tarde toda dormindo, já que tínhamos o dia livre, mas olhei pela janela e decidi que um dia ensolarado em Londres há essa altura do ano não se desperdiça!
- Você tem razão – olhei pela janela.
- Ah, e eu estou tão entediado, nem o Harry tem mais para me encher o saco em casa. Não acredito que ele faz falta – bufou e eu ri.
- Ah, o negócio do apartamento, né?
- É, ele comprou um em frente ao nosso condomínio pra ter mais privacidade com a e tudo mais... E aí ele me abandonou. Um mês com uma garota e o Harry já quebra o código de melhores amigos.
Balancei a cabeça rindo do drama dele.
- Que triste, Louis. – Ri do biquinho que ele fez.
- Estou feliz por eles. – ele deu de ombros. – Mas não sei se dura muito, ora se amam e ora se odeiam.
- É verdade, é bem instável. Pelo menos eles estão felizes.
- Bem, de qualquer forma, eu me levantei hoje e pensei “poxa, eu não quero perder um dia legal desses, vou ligar para a ”. – ele imitou uma voz grossa, me fazendo rir. – mas em vez de ligar, eu resolvi ir na sua casa.
- E como sabia que eu queria sair com você? – Cruzei os braços, virando um pouco para ele.
- Bom, você tá aqui, né? – Louis me olhou de soslaio rapidamente, por estar dirigindo. – Eu não sabia, mas acabei descobrindo. – Riu. – E eu imaginei que você estivesse no tédio também.
- E estava, a gente estava fazendo castelo de cartas.
- Nossa. Há quanto tempo eu não tenho tédio a ponto de fazer castelo de cartas!
Sorri e dei de ombros.

Depois de dar diversas voltas pelos bairros mais divertidos de Londres, nós encontramos um parque de diversões montado perto de Greenwich, cheio de barraquinhas, e que estava em seu último dia na cidade. Descemos e andamos por lá por algum tempo sem saber ao certo aonde ir ou o que fazer.
- É o seguinte, . – ele se escorou em uma casinha de tiro ao alvo e olhou sorrindo para mim. - Escolha um jogo, nós jogamos, quem perder faz algum desafio que o outro escolher.
Eu tinha que aprender a não parar de respirar toda vez que ele sorria, isso estava ficando estranho.
- Então você é desses, é? Não sabe com quem está lidando – estreitei os olhos para ele. - Desafio aceito, Tomlinson. – Apertamos as mãos e ri. – Hum... Vem, vamos nesse. – Eu o puxei pela mão até a barraquinha do lado, com pistas pequenas de madeira em que você tinha que soltar as bolinhas e fazer elas caírem nos buracos. Cada buraco, dependendo de seu nível de dificuldade, valia um número diferente de pontos. Dois, quatro, seis e oito.
Primeiro eu comprei uma ficha, ganhei quatro bolinhas e ao todo consegui 14 pontos. E então, Louis comprou a ficha dele, jogou as quatro bolinhas e conseguiu 30 pontos, e eu me senti meio pequena em comparação ao seu resultado.
- Ah, droga. – Xinguei.
- Tudo bem, eu vou pegar leve, calma. – Ele riu, olhando em volta à procura do desafio que lançaria para mim. – Eu quero que você compre uma ficha para a barraca do beijo.
Procurei em volta a barraca do beijo e ao encontra-la, vi que a pessoa que atendia naquele momento era uma garota. Loira, estatura mediana, sorriso bonito. Ela era definitivamente acima da média.
- Isso é algum tipo de fantasia sua ou o quê? – Cruzei os braços.
- , trato é trato. – ele deu de ombros e riu.
- Ok. – Dei de ombros, numa boa. – Só tenta não se apaixonar.
Fomos os dois até a bilheteria e eu comprei a ficha da barraca do beijo. Suspirei e entre na fila, e aí era só eu no meio de vários menininhos de dez anos. Louis estava mais afastado, tirando fotos com seu celular e rindo. Mostrei o dedo do meio para ele pouco antes de chegar a minha vez, e ri.
Quando chegou minha vez, a menina loira e mais ou menos da minha idade franziu o cenho e abriu a boca para falar. Coloquei meu bilhete na urna e olhei-a também.
- Você...?
- Eu paguei por isso. – Dei de ombros, cruzando os braços.
A garota me encarou por mais um segundo, então simplesmente se aproximou e me beijou. Ela só encostou a sua boca na minha e ficamos assim por alguns segundos. Bem, não foi muito diferente de beijar um garoto, então não me importei.
Quando terminou, eu me afastei a lançando um sorriso tranquilo e fui para perto do Louis na mesma hora, ele ria encostado a uma viga que apoiava outra barraca. Me aproximei dele fazendo uma dancinha, cantando baixinho:
- I kissed a girl and I liked it, I liked it.
Louis gargalhou.
- Te ajudei a descobrir algum desejo escondido ou algo assim?
Encarei-o, balançando a cabeça.
- Acho que foi exatamente o contrário!
Ele me abraçou pela cintura e me deu um beijo na bochecha.
- Só para o caso de alguém aqui duvidar da sua sexualidade. – Sussurrou no meu ouvido. Epa, amigão. Espera aí. – E então, o que quer fazer agora?
Quero te beijar até eu não conseguir mais respirar, pensei.
- Eu quero revanche, lógico!
- Ok. Você escolhe, agora.
- Sei lá, qualquer coisa. – Dei de ombros, olhando em volta.
– Hum... que tal tiro ao alvo? Eu sou o melhor da banda nisso!
Estava prestes a responder que sim, eu era boa pra caramba naquela merda. Fizera algumas aulas de tiro ao alvo e arco e flecha com meu irmão quando era mais nova. Mas aí eu percebi que se não soubesse jogar, o resultado ia ser muito mais interessante.
- Não sei jogar. – Olhei para ele, fazendo careta.
- Ah, tudo bem, eu te ensino. – Ponto! Ele pegou minha mão e me puxou para a barraquinha. Pagou por uma ficha e pegou uma das arminhas, dando para mim. – Quer ganhar qual bichinho?
Apontei para um urso panda gigante em cima da prateleira. Lou sorriu.
- Vamos ganhar ele para você, então.
Deus abençoe o criador do clichê.
Ele me cercou com os seus braços, ficando atrás de mim, apoiou o queixo no meu ombro esquerdo e acompanhou os meus braços com os seus, segurou a arma e o gatilho com a mão em cima da minha, e a outra mão ele pousou na minha cintura. Eu sentia sua respiração calma no meu pescoço, fiquei com medo que ele percebesse que me deixava arrepiada apenas em estar próximo.
- Relaxa. – ele murmurou no meu ouvido, segurando minhas mãos que tremiam com mais força. Prendi a respiração, tentando controlar meu corpo. Aquilo era ridículo. Se controla, !
Mas eu me perguntei como, na face da Terra, alguém conseguiria relaxar estando em meu lugar.
Respirei fundo e tentei manter a calma, não era possível que Louis não estivesse fazendo aquilo de propósito.
- Você tem que focar no que quer acertar, relaxar, mirar... pode demorar o tempo que quiser. E então, quando estiver confiante... – Ele levantou um pouco mais a arma, podia sentir seus lábios na minha orelha. O alvo era fácil, com minha prática eu acertaria até mesmo sozinha. Ele apertou o gatilho por cima do meu dedo, e um barulho alto foi ouvido, até que vi o dardo amarelo colar bem no meio do círculo do alvo.
- Há! – gritei. – A gente conseguiu! Quer dizer, você conseguiu! – virei para ele e o abracei forte.
- Nós conseguimos. – ele riu.
O dono da barraca pegou o urso lá de cima e o entregou para Louis, que virou para mim com um sorriso sapeca no rosto e esfregou a mãozinha do urso de pelúcia no meu nariz. Eu ri.
- Toma pra você, princesa .
- Valeu, Lou! – Peguei o urso, que era bem grande por sinal, e o segurei com uma mão só como se fosse uma criança com as pernas na minha cintura.
- Eu quero um sorvete. – ele fez uma careta. – Ali, vamos comprar um?
- Ok, quero de morango.
Louis entrou na fila e comprou dois sorvetes, chocolate para ele e morango para mim. Continuamos andando no parque por mais um tempo, conversando besteiras e Louis se mostrava mais incrível a cada minuto. Esses meses longe de Eleanor com certeza haviam sido muito bons para ele.
Quando ficamos em silêncio por algum tempo depois de conversar sobre as vantagens de ser filha única enquanto ele morou com cinco mulheres a vida toda, Louis suspirou pesadamente e olhou para o céu.
- . – ele chamou, e me virei para olhar para ele.
- Hum?
Louis apontou o seu sorvete para mim e encostou no meu nariz.
- Ah, Louis! – Gritei, passando a mão no nariz.
- O quê? – Riu. – Qual é. É tão engraçado fazer isso.
- É verdade, é? – parei de andar e tentei fazer o mesmo com ele, mas foi difícil, até que sua mão que segurava meu pulso escorregou e meu sorvete deu em cheio no meio do rosto dele.
- Ah, ahhhhh, tudo bem, estamos quites! Meu Deus. – Ele parou, olhando para o chão. – Meu cérebro congelou.
Começamos a rir enquanto tentávamos limpar o rosto, e eu joguei o resto de meu sorvete no lixo.
- Quer ir em algum brinquedo?
Olhei para ele, limpando meu rosto com a manga da blusa que eu usava.
- Quero ir em todos. – Respondi.

Louis’ POV

Entramos na cabine da roda gigante do parque e sentou no canto do banco, para me dar espaço. Sentei ao seu lado e ela deu uma espiada para baixo, engolindo em seco e olhando para mim.
- Medo de altura?
- Quê? Não. – Franziu o cenho e cruzou os braços. A roda começou a girar e ela se segurou no assento do banco com força, arregalando os olhos. Eu ri e ela me olhou. – Por favor, fala sobre alguma coisa.
- Ok, ok. Hum... já andou numa dessas?
- Já. – Ela disse, meio tensa. – ahn... e você?
Ri fraco e assenti.
- Algumas vezes, era o brinquedo preferido no mundo para Eleanor. Sempre.
- Ah... – ela me olhou.
- É uma vista e tanto. – Dei de ombros e olhei para o longe. Não era o London Eye, mas podíamos ver ele dali. Ela sorriu e se arrumou na cadeira, ainda segurando firme na mesma.
- Quer vir aqui? – chamei-a para perto de mim. se aproximou e eu passei uma mão pelos seus ombros, ela ficou escorada em mim olhando para fora.
- Bem melhor. – ela disse.
- Sensação de segurança, né?
- É. – Riu fraco.
- Eu gosto de você, . – disse, por fim. Pude ver que ela sorriu. – Você é legal, bonita, engraçada, inteligente... é uma ótima amiga.
Seu sorriso sumiu um pouco.
- É, obrigada. – ela sorriu outra vez, olhando brevemente para mim.
- Como não tem namorado? Eu não entendo. Você tem tudo que um garoto quer... Eu te namoraria. – ri.
- Sério?
- Sim.
- Legal... Bem, e como anda a sua vida, Lou?
- A mesma coisa de sempre. Eu estou tentando me conformar com isso.
- Você ainda gosta dela. – ela concluiu.
- Eu estou na fase de sentir raiva dela. Quer dizer, ela me deixou com uns papos de “quero viver a minha vida” e...
Eu não sei quanto tempo nosso passeio durou, mas me espantei ao perceber que durante boa parte dele, contei a como me sentia. Ela ouviu numa boa, era uma ótima amiga por isso. E depois de contar exatamente como me sentia, eu me senti mais leve.

’s POV

- Sai! – gritou para Dobby, que a recebeu todo feliz e com o rabo abanando. Ele apenas abaixou as orelhas e veio para perto de mim, entrou bufando em casa e foi direto para o quarto.
Arregalei os olhos para Dobby, que me olhava com cara de “o que eu fiz?”.
- Ei, o que rolou? – gritei para ela. estava comendo na cozinha e eu estava deitada assistindo um filme.
- Minha vida é uma merda! – ela gritou de volta do quarto.
- Dramática. – revirei os olhos e ri.
- Amiga, olha pra mim. Olha pra mim! – veio batendo os pés de volta do quarto e parou na frente da TV, com apenas um dos calçados no pé e o outro na mão e o cabelo meio solto, meio preso. – Eu sou assim tão feia? Tão detestável? Tá escrito na minha testa “me faça de trouxa?”. É sério. Qual. É. O. Maldito. Problema. Comigo?!
- Ei! – Levantei as mãos, pedindo um pouco de calma. Fechei os olhos e só os abri depois de absorver tudo. – O que foi? Começa por aí.
- O Louis! O Louis que foi! Tivemos uma tarde digna de filmes da merda da Disney! Daqueles que a Amannda Baynes faz! E aí pra terminar bem, ao invés de um beijo ele me deu quarenta minutos de desabafo sobre a ex! E no final ainda fez questão de me taxar como melhor amiga! Melhor. Amiga! grunhiu, ela só faltava soltar fumaça pelas orelhas. Eu sabia o quanto Louis a deixava frustrada, e aquilo era meio chato até de presenciar. Ela nunca ficara assim por alguém antes. – Eu odeio ele, !
- , espera. Não dá uma de , não. Você gosta muito dele.
- É sério, ele falou tipo umas mil e quinhentas vezes que éramos amigos e que ele ama minha amizade, e quando não estava falando disso ele estava falando da ex dele! Eu... – ela jogou as mãos no ar, o rosto vermelho de raiva. – Eu... nem sei mais o que dizer! Eu estive simplesmente perdendo meu tempo nos últimos meses, mereço alguém melhor!
Fiz uma caretinha, trocando um olhar com , lá na cozinha. - Poxa, Louis pisou na bola, hein? – Ela se pronunciou, me salvando do furacão .
- Pisou, pulou em cima, cuspiu, sambou... Ele estragou totalmente meu humor! E eu tinha que ficar sorrindo e concordando com tudo, ah! – Ela gritou e foi para a cozinha, pegou um pote redondo de vidro no armário com bolinhas de chocolate, encheu as mãos e encheu a boca com aquilo.
- E o pior é que...
falou mais alguma coisa sobre Louis, mas com a boca cheia eu não entendi nada além de “babaca” e “merda”.
- Ok, . Vem cá – me ajeitei no sofá. - Se afoga em chocolate e vem assistir filme de romance comigo. – chamei-a para o sofá.
Ela veio com o pote na mão e sentou ao meu lado, eu a puxei para perto e fiz ela meio que se escorar em mim, e fiquei passando as mãos no seu cabelo. não tinha problemas em demonstrar emoção, mas ela raramente chorava. Eu mesma apenas a havia visto chorar uma ou duas vezes na vida. E apesar de não estar chorando naquele momento, ela estava muito próxima disso, o que por si só já era assustador. Perceber o quanto ela gostava dele.
Então eu só fiquei com ela no sofá mexendo em seus cabelos sem falar nada, porque sabia que era isso que ela precisava, e respeitei seu espaço. não sabia como lidar com isso, então foi para o quarto. dormiu logo depois, e eu deixei-a no sofá e fui para meu quarto também, depois de apagar tudo e deixar só a TV para fazer luz.
Fui para o meu quarto, mas ainda era cedo, então fiquei deitada lendo um livro qualquer até pegar no sono.

Acordei alguns minutos depois, assustada com meu celular vibrando na cômoda e com a bochecha doendo por ter pegado no sono em cima do livro. Procurei meu celular com a mão na cômoda até o encontrar e vi no visor o nome Liam. Eu fiquei olhando por alguns segundos para decidir o que fazer, mas talvez fosse algo sério e eu achava que desligar na cara de alguém é uma coisa meio infantil, fosse quem fosse.
- Alô?
Ninguém respondeu por um tempo.
- Liam?
- ?
Droga coração, fica calmo!
- Oi.
- Oi...
-Oi. – Respondi outra vez, me sentindo uma idiota.
- Oi... – ele disse e ouvi sua risada fofa do outro lado, não pude evitar rir também.
- Aconteceu algo?
- Sim.
Esperei que ele continuasse, mas ele não continuou.
- O que aconteceu?
- Eu estou com saudade.
A voz grossa de Liam e sua última frase pairou no ar enquanto eu tentava pensar em falar algo decente e acalmar meus batimentos ao mesmo tempo, mas eu mal conseguia piscar.
- Fala alguma coisa, por favor, o seu silêncio me mata.
Eu pensei em o que falar, mas sinceramente? Nada que eu dissesse seria verdade, exceto o que eu escolhi dizer:
- Eu também estou com saudade.
Ah, Deus! Essas eram as palavras mais verdadeiras que já saíram da minha boca! Eu sentia que uma parte de mim estava constantemente vazia, algo faltava no meu dia a dia, pelo menos a certeza de que ainda éramos amigos ou de que poderíamos nos ver quando quiséssemos, isso fazia uma falta enorme para mim. Ouvir a sua voz agora fora como respirar depois de um longo tempo debaixo da água, e eu sentia urgência em estar perto dele, meu peito se apertava de vontade de deixar as palavras “vem cá” saírem, mas eu não podia.
- Nós nunca mais vamos nos ver? – sua voz me acordou.
- Nunca mais é muito tempo, não acha?
- Muito tempo é um dia longe de você, .
Como ele sabia sempre o certo a falar para meu coração derreter? Eu não entendia. Eu juro que não entendia. Acho que, na verdade, mentalmente eu tinha uns dez anos e era fã de boybands e sagas de livros.
- Deus, odeio quando você fica em silêncio. Eu fico me perguntando se falei a coisa certa.
- O problema é que você sempre fala a coisa certa. – Suspirei pesadamente. Eu tinha certeza de que ele sorria do outro lado da linha, o que apenas me fazia sentir mais enrolada e boba. - O problema, Liam, é que eu não quero te ver e ter que fingir que estou feliz em ser só a sua amiga.
Dessa vez foi ele quem ficou em silêncio um pouco, e esperei pela resposta.
- Bom... – ele pareceu pensar por um bom tempo. – eu estou solteiro, se serve como consolo.
Sorri. Como ele era idiota.
- Quero que possamos começar tudo de novo.
- Se você me der outra chance eu vou fazer a coisa certa, dessa vez.
- Liam, eu estou com medo, de verdade. Eu faria isso para estar com você, mas sinto medo das suas fãs e do que elas podem me fazer. Isso é sério. Elas ficam me mandando ameaça de morte no Twitter! – Sussurrei, balançando a cabeça como se ele pudesse me ver. – Elas nem me conhecem.
- Minhas fãs não precisam saber de você, . Eu estava pensando em você no outro dia. Em nós. Não é impossível esconder as coisas delas... Basta a gente querer. Estamos sempre juntos, mesmo. – Ele suspirou. – E eu quero. E como eu quero!
- Eu não quero viver escondida. – murmurei. Era pedir demais poder ter liberdade para mostrar para todo mundo que ele era meu? Ah, espera, ele não era. E ah, é claro que era pedir demais, porque eu era vista pelo mundo todo como a vagabunda que fez Liam trair a pobrezinha da Dani.
- Mas eu não posso mais te expor, é muito perigoso.
Ficamos em silêncio, os dois dessa vez. Bons dois minutos se passaram, nossos pensamentos tão altos e embaralhados que quase podíamos ouvir um ao outro.
- Sabe como é difícil ter que escolher entre ter você ou te manter segura e feliz? A minha parte egoísta quer muito ficar com você e deixar todo mundo saber que você é minha, mas eu não posso. Não posso ser egoísta com você. Não podemos deixar todo mundo saber.
Suspirei. Eu entendia, no final das contas.
- Eu queria poder voltar e fazer tudo diferente.
- Eu também, mas não posso. Ouça, , eu estou disposto a isso por você, mas tenho que ter certeza que você também está por mim.
Eu estava? Estava disposta a ficar com Liam só quando desse e escondido de todo mundo? Eu queria mesmo isso para mim? Não. Eu não queria isso para mim. Mas eu queria ele para mim mais do que queria uma vida certinha e decente como sempre imaginei que teria. Eu queria fechar os olhos, dar um passo à frente e confiar que eu pisaria no lugar certo, pela primeira vez queria soltar meu futuro ao vento e deixar que o destino dissesse o que é melhor para mim. E eu sabia que era Liam quem me fazia sentir toda essa coragem.
- Eu estou disposta a isso se for por você, Liam.
Ouvi um suspiro do outro lado da linha, talvez fosse de alivio.
- Eu estou... tão... – ele riu. – feliz. Minha vida virou um inferno desde que tudo isso aconteceu, eu até comecei a pensar que nada bom aconteceria mais na minha vida. Eu estou feliz, .
Sorri.
- Liam, tem a formatura das meninas. – falei, por fim, depois de um tempo de silêncio. – talvez a gente pudesse ir. Você sabe. Juntos.
- Sim. Sim, é claro. Podemos! É no fim de semana que vem, certo?
- É. E aí botamos os pingos nos is.
- Ótimo, Zayn e Harry vão com as namoradas, eu posso te acompanhar.
- Tá. E vê se faz o Niall ligar para a pra ver se ela toma coragem e convida ele.
- Eu vou. – ele disse. – Vou falar com ele. Nós voltamos para a estrada amanhã depois de meio dia, e só voltamos semana que vem, então acho que... até lá.
- Até lá, Liam.
- Tchau.
- Tchau.
Um segundo de silêncio, eu não tinha coragem para desligar.
- Tchau.
- Tchau. – ri.
- Hã... tchau. – ele riu e ouvi o barulho de ligação finalizada.
Ligação finalizada com palavras não ditas. Mas com um final satisfatório.

Harry’s POV

Domingo de manhã, era um dia ensolarado, por incrível que pareça, contando que estávamos no começo do outono. Eu me acordei pela claridade do sol que entrava pela janela do quarto e iluminava tudo. E que janela enorme. Eu tinha que me lembrar de por umas cortinas ali.
Quando me virei, não estava mais na cama. Sentei e não consegui achar minhas roupas, mas eu tinha certeza que deixei minha camisa em cima da cama. Dei de ombros e levantei mesmo assim, só de cueca, ali não tinha perigo de algum vizinho me ver.
Eu ainda estava meio atordoado pelo sono e acredito que era tarde da manhã. Fui até a cozinha onde ouvia alguns ruídos, e encontrei parada na frente da pia de costas para mim, com uma mão na cintura, e aquele costume dela de botar um pé em cima do outro, só de calcinha e com minha camisa. Eu sabia que a havia deixado em cima da cama.
Os cabelos loiros estavam desarrumados e ela tentava sem sucesso aprender a mexer na minha torradeira. Ela parecia procurar algum botão ou algo do tipo, mas vi que ia dar merda quando ela aproximou o dedo da chapa. Ela encostou a ponta do dedo lá e deu um pulo, eu ri.
- Ai!
- Apa! – fui até lá e peguei sua mão, ela pareceu perceber minha presença só naquela hora. Eu dei um beijinho na ponta de seu dedo e ela sorriu. Seu nariz estava um pouco vermelho.
- Você está resfriada?
- Não, eu acho que... – ela parou por um segundo e olhou para cima, depois levou as mãos à boca e espirrou. – eu acho que sou alérgica a gatos. – apontou para Dusty, a mais nova moradora da casa, sentada no balcão da cozinha olhando para nós dois com curiosidade. Na verdade, eu duvidava que Gemma fosse deixa-la ali por muito tempo, mesmo que eu tenha dito que podia cuidar dela para mim.
- Ah, , que azar!
- É, e... eu descobri que não sei nem fazer torrada. – fez uma careta para minha torradeira.
- Você nunca usou uma dessas antes? Só tem que botar os pães aqui e esperar que eles esquentem. A torradeira joga ele para fora quando ele está pronto.
fez outra careta, e eu ri.
- Eu não tenho nem vinte anos, Harry! Isso aqui é medieval – bufou e eu ri.
- Você só está falando porque tem que implicar com algo da minha casa. – eu abracei-a e ela me abraçou também pela cintura.
se afastou abruptamente e levou a mão à boca de novo, espirrando.
- Ai, Dusty, acho que alguém aqui não gosta muito de você. – murmurei para minha gata e peguei ela no colo.
- Agora você nem ousa chegar perto de mim de novo antes de tirar os pelos dela de você.
- Então eu tenho que escolher entre minhas duas gatas? Isso não é justo.
- Não é essa aí que faz o que fizemos ontem... – me lançou um olhar significativo. Eu olhei para Dusty e larguei-a no chão.
- Adeus, Dusty. – passei a mão em sua cabeça e riu.
- De qualquer modo – voltou à torradeira. – Eu não consegui fazer torrada pra gente. Acho que é um sinal, não vou comer pão. Pão engorda, sabia?
- Mas é muito bom – disse, indo para a geladeira pegar uma garrafa de água. – E desde quando você se importa com isso?
Ela deu de ombros.
- Modelos se importam com isso. Eu nunca fui muito dessas coisas, mas... – ela virou para mim e se olhou. – Acha que eu tô gorda?
Dei uma boa olhada em seu corpo enquanto pensava.
- Ah meu Deus, você tá pensando! – arregalou os olhos.
Abri a boca, arregalando os meus também.
- O que, pensar é crime?!
- Ok, já entendi. Não me ensina a mexer nessa coisa ou eu vou ficar obesa!
- Você não está gorda. – disse. – Você tá linda, para disso! Você é linda!
Certo, eu falei certo, né?
- Essa é uma pergunta que nem se pensa antes de responder!
- Mas você me perguntou, eu quis ser sincero!
- Ah, então você tá mentindo!
- Você tá magra! – Soltei, abrindo os braços. Era isso que ela queria ouvir?
- Magra? Muito magra? – ela olhou para o próprio corpo. – Demais?
- O que você quer ouvir? – Ri fraco. - Se eu falo magra está ruim e se eu falo gorda você me joga da janela!
- Eu quero que você fale a verdade, Harry!
- , a verdade é que você é gostosa, perfeita, é essa a verdade. – Eu disse, agora mais seguro. Pareceu funcionar, pois ela sorriu. Mulheres são complicadas.
- Boa resposta. – ela se aproximou e me beijou. – Mas, olha, eu não sei não... tem certeza que não quer rever seus conceitos? – se afastou dois passos e abriu os botões da minha camisa, abrindo-a e me proporcionando a vista do paraíso em seguida. Ela riu, provavelmente da minha cara de idiota.
- Você provoca! – gritei e peguei-a no colo jogando ela no meu ombro e correndo até o sofá enquanto ela gritava e ria.
A soltei no sofá e comecei a fazer cócegas até chorar de rir, e depois disso ela me puxou forte e me fez cair deitado em cima dela. Nós nos beijamos outra vez, e quando eu estava quase achando a barra da camisa para abri-la de novo, me empurrou e botou as mãos na boca de novo para espirrar.
- Ai, que droga! – nós dois rimos.

O tempo passou, me viu arrumar a mala para voltar à estrada, perto do meio dia eu a levei em casa e nos despedimos, e foi uma coisa nada divertida.
- Então nos vemos na semana que vem, certo?
- Certíssimo. Esteja pronta para a formatura, porque vamos chegar arrasando. - sorri e beijei a ponta de seu nariz.
- Tá, e você se cuida. Modos! - ela riu, alisando meu ombro.
- Pode deixar, mãe.
Voltei para casa e encontrei os meninos saindo também cada qual com sua mala. Paul já nos esperava com a vã preta estacionada na frente dos condomínios, então tudo que fizemos foi jogar a mala no banco de trás e nos atirarmos cada qual em um canto do veículo para irmos para o aeroporto.
Liam era o único que falava durante todo o trajeto, tentando convencer Niall a fazer algo que não entendi o que era. Zayn dormia escorado em um dos bancos e com a cabeça encostada na janela, Louis teclava em seu celular e Niall parecia nem ouvir o Liam que não parava de falar em seu ouvido.
Nós chegamos ao aeroporto e entramos no avião, o voo era comercial e íamos de primeira classe. Me sentei com Zayn, que mal abriu os olhos para andar até lá e já dormiu de novo quando sentou.
Logo que o avião decolou, as aeromoças vieram servir o almoço, já que era meio dia. Zayn acordou para comer e sentou ao meu lado, esperando a sua comida ser servida. A aeromoça veio até nós, se curvou para soltar as bandejas mais até do que devia e definitivamente sorriu de um jeito que não deveria fazer para os passageiros.
- Olha, olha, Harry. – Zayn me cutucou e falou em meu ouvido assim que ela se virou para atender outras pessoas. – Tá te dando mole.
A mulher se virou de costas para nós para servir os caras do lado, dando uma boa vista de suas pernas a mim e Zayn. Suspirei e foquei na minha comida, eu não precisava ver aquilo, não precisava, não precisava.
- Ah, qual é, cadê o espírito Harry Styles? – ele me cutucou de novo.
- Qual é a sua? – Olhei para ele, desconfiado. – Tem um pacto com a ?
Zayn riu.
- Bom garoto, eu estava te testando.
- Vai se ferrar, Zayn. Você também devia parar de olhar, também tem namorada. – falei a ele, que ainda tinha os olhos cravados na mulher.
- Tenho nada. – ele suspirou. – É fachada.
- Vocês dois mentem muito mal. – revirei os olhos. – Qual é, eu sou seu amigo, você pode falar pra mim.
- Falar o quê? – ele me olhou, fazendo-se de desentendido.
- Que curte a ! Talvez no começo não gostasse mesmo, mas agora você gosta.
Zayn me encarou por longos segundos sem dizer nada. Por fim, suspirou pesadamente e começou a almoçar assim como eu.
- Sei lá, Harry, sei lá. Não sei mais de nada. Eu estou confuso. – ele colocou um pedaço de carne na boca e continuou falando. – Ela me deixa assim, e quando estamos juntos parece mesmo um namoro, nem fingimos mais, nós agimos naturalmente como namorados, mas a gente insiste em dizer que não precisamos de rótulos, porque o que eu sinto é que se chamar aquilo de namoro vou estragar tudo. E eu não quero perder a .
- E quando tudo isso acabar? E quando Simon te disser “você já pode parar de fingir”? E se ela se afastar de você? Zayn, você tem que se decidir logo. Ou assume isso de verdade, ou arrisca perder ela a qualquer hora.
- Desde quando você entende tanto disso, Shakespeare?
- Desde que eu tenho que entender pelo menos o básico pra não apanhar da minha gata. – ri. – E não é nada fácil, eu te garanto.
- Até que enfim você tá tomando jeito de gente! – ele riu também. – É tão estranho te imaginar namorando... Vocês já brigaram sério desde que começaram com o namoro?
- Ontem sim. – assenti, ele riu e balançou a cabeça. – Sabe o que mais? Eu sou um idiota. No fim ela tá sempre certa. – Balancei a cabeça.
- Como assim?
- Nós discutimos e eu... Eu fico tão irritado, que eu sinto vontade de bater em algo. Não nela, mas em qualquer coisa. E eu tenho medo de... sei lá. Não quero que ela me veja assim, sabe? – Dei de ombros. – Ela também não é fácil! Mas não justifica. Preciso ficar mais calmo, é que eu sempre tive as garotas tão fácil, sem precisar falar nada. E essa coisa dela não cair na minha sempre me irritou, e ainda irrita. – Dei de ombros de novo, suspirando.
- É simples, Harry. Você machuca a e eu quebro a sua cara. Assim como o Louis, Niall, Liam e até o Paul. – ele sorriu amigável para mim, e tive que rir. Levou outro pedaço de carne à boca.
- Legal saber que gostam dela assim.
- Gostamos muito de todas elas.
- É, é verdade. – Concordei, balançando a cabeça. – Elas são ótimas.
Zayn concordou. Terminamos nosso almoço conversando sobre as garotas.

’s POV

- Será que eu vou ganhar comissão por isso, ? – perguntei a , esperando que ela saísse do provador 08 da Hicks, onde agora eu era atendente. A loja era uma das mais maneiras da cidade, as roupas mais estilosas você encontrava lá e eu tinha vontade de gastar meu salário todo em coisas daquela loja. Por isso que é tão bem vestida, afinal. Era final de expediente de terça-feira, as outras meninas já haviam saído quando , , e apareceram lá depois do serviço para comprar vestidos para a formatura e mandou as outras saírem, dizendo que ela mesmo fechava depois.
- Atendendo fora do horário de serviço, não! – ela riu.
- Nem mesmo sendo a filha do chefe? – brinquei.
- Eu posso até pedir para o meu pai pensar no seu caso. – sorriu, abrindo a cortina vermelha do provador e fazendo uma pose logo em seguida.
- Ai, você tá linda! – gritei. – É esse com certeza!
O vestido era vermelho, rendado, e com as costas abertas. Vermelho caía muito bem para , com aquela pele clara e os cabelos escuros.
- Também acho, eu simplesmente amei esse! – ela se olhou no espelho de novo e passou a mão no vestido. – Bem, eu já encontrei o meu, como vai o progresso aí, meninas? – gritou para as outras garotas.
- Não gostei do creme. – jogou o vestido cor de creme por cima do provador e eu tive que pegá-lo no ar.
- , anda logo e vai provar os vestidos também! Você não está mais trabalhando! – mandou.
- Sim, senhora. – fiz careta, pegando a pilha de vestidos que eu gostei para provar. Eu apenas fechei a cortina que cobria todos os provadores e me troquei ali mesmo, não havia vergonha entre mim e as meninas.
Peguei primeiro o preto cheio de brilho e com mangas medias, mas eu decidi que era... brilhoso demais. Depois, eu botei um dourado e com uma gola grande, mas ele era muito... extravagante. Por fim, peguei um preto com renda, estilo clássico, cintura marcada e decote. Ele tinha o caimento perfeito, e em mim, acabou ficando ótimo. Mostrei para as garotas, que disseram que definitivamente era aquele, então escolhi.
- O único problema com o seu vestido é que a saia é meio pesada. – falou, enquanto me olhava no espelho com ele.
- Por quê? – olhei para meu reflexo. Não parecia haver nada de errado na saia do vestido, ela era linda.
- Porque desse jeito, vai ser difícil pro Zayn achar a sua...
- CALA A BOCA! – gritei, arregalando os olhos para , que começou a gargalhar. Apenas revirei os olhos e ri fraco.
- Ai gente, eu me sinto uma prostituta com esses vestidos. – suspirou de dentro de um dos provadores. – Mas até que gostei desse.
- Sai do provador, assim a gente pode te ver.
saiu meio insegura, estava com um tubinho branco, tomara que caia sem muitos detalhes. Ela fez uma careta.
- Eu me sinto um rolo de papel higiênico! – Ela abriu os braços, bufando, e ri.
- Olha, até que ficou legal. Combina com seu cabelo loiro.
- Mas vou mudar ele amanhã – ela fez uma careta.
- Vai ficar de que cor?
- Eu não sei, esse é o problema. – ela suspirou e andou até a frente do espelho. – Até gostei desse, mas eu não tenho um calçado que combine e me sinto com muita pouca roupa usando isso.
- Usar uma roupa sem se sentir bem com ela não rola. – disse a ela, parando ao seu lado.
- É, , e não é do seu feitio. E o Harry vai te achar gata de qualquer jeito. - sorriu.
- Bem... – ela suspirou. – Eu acho que vou experimentar o outro.
- Faça isso. – disse para ela e sorri.
entrou de novo no provador e saiu do outro.
- Blé, rosa demais. – ela torceu o nariz, mas, sinceramente, parecia uma princesa. De verdade, eu e paramos para olhá-la.
- Ai, meu Deus, ! Se você não for com esse vestido, eu choro! – ela falou.
- Credo, eu pareço um cupcake! Só falta a cereja no topo da cabeça. – Ela se olhou no espelho. – Não. Definitivamente não.
- Olha, eu amei esse. Amei mesmo! – Cruzei os braços. parecia uma princesa. – Mas se você não gostou, prova outro. Vai por eliminação.
Ela assentiu e voltou para o provador.
- Boa ideia! – Gritou de lá.
- , você morreu? – gritou na porta do provador de .
- Ainda não. – ela gemeu lá dentro.
- Quer ajuda?
- Não, não, eu me viro...
deu de ombros e saiu do provador dela, dessa vez com um vestido prata que também não lhe caiu muito bem.
- Ai, hoje não é meu dia de compras! – ela bateu um pé no chão, e logo depois olhou para trás de mim e sua expressão mudou totalmente, como se visse Johnny Depp na sua frente. Segui seu olhar e não vi nada mais do que uma arara cheia de vestidos onde escolhemos os nossos, mas ela correu até lá e pegou um vestido que não pude ver muito bem de inicio.
- Olha esse! É bonito, não é? – Virou-o para mim, e eu assenti.
- É diferente, também. Original. – Sorri, puxando um pedaço do tecido da saia. – Gostei. Prova!
entrou no provador com ele e saiu uns dois minutos depois com o vestido e, uau, realmente ficou bom.
- Tudo bem, ele é ótimo.
- Eu vou comprar ele e vai ser esse, mesmo. – Suspirou pesadamente, se olhando no espelho. – Isso tudo de escolher roupa é cansativo!
Ri, concordando.
- Ham, gente? – deu sinal de vida.
- Oi, .
- Eu vou sair, tá. Mas digam a verdade. É sério.
- Tá, a gente diz. Agora sai. – respondeu, se metendo na conversa lá de dentro do seu provador.
A porta se abriu e saiu devagar. E ela estava linda, linda, e linda! nunca ficou tão graciosa como agora. E era a única de nós com um vestido longo, mas ele caíra tão bem no corpo dela, que não havia outra palavra para descrevê-la que não fosse “graciosa”.
- , você tá linda! – abraçou-a de lado e ela sorriu.
- Verdade! Cara, todo mundo vai babar. – eu disse e ri.
- Eu estou me sentindo uma mendiga perto de você, por favor. – revirou os olhos, e olhamos para ela que havia saído do provador agora.
- ! Que vestido lindo! – Me aproximei dela, e depois olhei para de novo. – Ok, muitos vestidos lindos em um só lugar!
riu.
- Eu vou definitivamente ficar com esse.
- Não exagerem, na boa, todas nós estamos lindas! – sorriu. - Acho que vou ficar com esse.
- Meu amor, você vai ficar com esse, com certeza absoluta! – falou. – Você tá fabulosa. Todas nós estamos.
- Concordo super. – ri. – E agora, todas nós vamos arrumar a bagunça. – Bati uma mão na outra.
- Ué, mas é só você que trabalha aqui. – disse.
- Ué, não estou no horário de trabalho. – fiz careta para ela.
- Touchè! – ela riu.
As meninas começaram a me ajudar com a bagunça para terminarmos logo e podermos ir para casa, mas antes, passamos em uma pizzaria para pegar nossa janta para a viajem.

’ POV

- Alô. – a voz rouca de Harry atendeu ao telefone, sonolenta.
- Você disse que eu podia ligar se fosse uma emergência. – Disse, quase fechando os olhos de sono, contando que estávamos no meio da madrugada.
- Oi, princesa. – ele riu baixinho. – Qual é a emergência?
- Eu quero muito comer goiaba, Harry.
- O quê? – Ele soou genuinamente confuso. Bem, eu não o culpava. – Uma goiaba? Goiaba, a fruta?
- Conhece outro tipo de goiaba? – ri. – Eu quero muito uma goiaba, mas são três da manhã.
- Que pena que eu não sei onde achar uma goiaba pra você aqui na Escócia. – ele riu.
- Tá tudo bem, eu te perdoo.
- Como isso aconteceu?
- Isso o quê? – Perguntei, tentando conversar e me manter acordada ao mesmo tempo.
- Você sentir vontade de comer goiaba no meio da noite.
- Sei lá. Eu só acordei de súbito, e... Quis muito comer goiaba.
Harry riu do outro lado e ri junto.
- Você é estranha.
- Não, isso é completamente normal.
- Não é não, .
- Você não aprendeu ainda que eu sempre tenho razão?
Ele suspirou.
- É verdade, me esqueci.
Ficamos em silêncio, e eu pareci acordar um pouquinho.
- O que eu estou fazendo, te acordando no meio da madrugada mesmo sabendo que você tem trabalho amanhã? Eu sou uma pessoa detestável, vamos dormir.
- Que você é detestável eu já sei, mas não precisa desligar, gosto de ouvir a sua voz. – ele riu fraquinho.
- Na verdade, eu tenho outra emergência.
- Qual?
- Estou com saudade, e isso não é nada bom, sabe. Porque você foi ontem. E eu não posso ficar com saudade assim sempre que se afasta. – suspirei. – Não faz bem para mim.
- Sabia. Quando estiver com saudade, não precisa usar desculpas absurdas como uma goiaba. Pode ligar, eu gosto. – Disse, e eu ri.
- Ok. – Sussurrei.
- Como deve imaginar, eu estou sorrindo aqui.
Ri fraco.
- Sorrindo? Eu estou aqui, sofrendo de saudades e me revirando na cama a noite toda e você está sorrindo? – fiz drama, ele riu.
- Sim, porque isso prova que você gosta de mim, mesmo não querendo admitir.
- E você ainda tinha duvidas?
- Vindo de você, tudo é incerto.
- Eu vou te dizer o que não é incerto: o que sinto por você. – de repente, tive vontade de falar sério. – E não duvide disso, ok? Você tá aí, longe de mim, e não quero que fique com duvida sobre o que eu sinto.
- Ótimo, muito bom. Obrigado. – Sua voz era lenta e arrastada.
- Harry, esse é o momento em que você diz coisas fofas para mim. Acorda!
- Tá bem. – ele riu, respirando fundo. – Eu também estou com muitas saudades, e eu sinto vontade de ficar com você o tempo todo, mas infelizmente não posso. Eu já estou contando os dias para voltar, e o que sinto por você também é verdadeiro. E talvez até mais forte do que o que você sente.
- Ah, eu não vou cair nessa de ficar discutindo quem ama mais! – ri.
- Eu nunca disse que te amo, convencida.
- Outch! – Mordi o lábio. - Então tá, eu vou dormir agora.
- Não, eu estava brincando, ...
- Boa noite pra você.
- Amor, eu...
- Boa noite, Harry!
- Mas...
Desliguei o telefone e me virei na cama, sorrindo. Era tão bom ouvir a voz dele.
Acho que nem bem dois minutos depois meu celular tocou outra vez.
- O quê? – minha voz estava meio rouca.
- Se quiser eu digo que te amo.
- Eu não quero que você diga que me ama, convencido.
- Tudo bem, então vai ter que conviver sem o meu amor.
Ri.
- Você é tão idiota.
- Já disse isso.
Ele suspirou e ficamos em silêncio por um tempo.
- , eu... eu...
- Não quero ouvir um eu te amo, Harry.
- Eu não entendo você!
- Deixa acontecer naturalmente, tá? Agora esquece isso. Durma bem.
- Não quero dormir agora.
Sorri. Harry agia como uma criança muitas vezes.
- E o que você quer?
- Eu quero você aqui.
Sorri mais.
- Não permitido.
- Então... eu quero dormir quando você dormir.
- E como vamos fazer isso?
- Simples, fica no telefone comigo.
- Tá, então vamos ficar no telefone.
- Boa noite, imagine um beijo na bochecha. – ele riu.
- Boa noite, imagine que eu deitei no seu braço. – ri também.
- Ok, mas não fica assim muito tempo, que meu braço dorme.
Revirei os olhos.
- Harry!
Ele gargalhou.
Acho que demorou uns dois minutos para eu pegar no sono, com o telefone no ouvido, e só acordei na manhã seguinte, ainda do mesmo jeito.
Quando olhei no visor, a ligação ainda estava contando, mas estava tudo silencioso então deixei meu celular na cama e fui fazer minha higiene.
- Oi gata. – apareceu na porta do meu quarto quando voltei para lá.
- Oi, ! Então somos só eu e você de novo – ri.
- Só eu e você. – ela assentiu. – E você tem um ensaio hoje, não é?
- É, tenho sim. Mas eu vou almoçar com você e depois juro que compenso te levando no shopping amanhã.
- Tá, que ótimo, preciso de roupas novas. – ela me fez uma careta fofa e voltou para a sala.
Ri e fui para a cama, peguei meu celular de novo e o coloquei no ouvido. Ainda estava tudo silencioso então desliguei.
Eu fiquei o resto da manhã ajudando a organizar a casa, e depois almoçamos macarrão instantâneo porque nenhuma de nós sabia cozinhar.
- Sabe, , eu pensei que podíamos ir lá para a casa do Harry qualquer noite dessas. Eu e você, só. É legal lá, dá pra ficar de bobeira e dá pra ouvir música alta e dá pra subir para o terraço, é linda a vista lá de cima. E podemos deixar as três adultas que trabalham ficarem sozinhas para reclamar de como é difícil a vida de trabalhador. – disse, olhando-a pelo reflexo no espelho algumas vezes enquanto fazia meus olhos com delineador na sala.
riu.
- É uma boa, quer conhecer a casa de vocês.
- Não é nossa, é dele. E tem aquela gata que me dá alergia, mas tirando isso é um lugar ótimo e eu adoraria que você conhecesse.
- Eu aceito o convite, tá. – riu.
- Está sentindo esse cheiro? – parei de me maquiar e inspirei o cheiro ótimo que senti.
- Que cheiro?
- Goiaba! – Disse, soltando o delineador. Não é possível!
- Não... agora anda logo com isso que você vai se atrasar, viu.
- Nossa, verdade! – falei logo que vi a hora. – Vou ir logo que tenho que pegar o metrô! Beijos, te amo, até mais!
Peguei minha bolsinha do sofá e a coloquei saindo de casa correndo.
Acho que cheguei lá depois de uns quarenta e cinco minutos, e fui recebida muito bem por todos. Eu já estava até com saudade disso.
- O que vamos fazer aqui? – Joana, a cabeleireira, falou consigo mesma soltando meus cabelos e mexendo neles. – Seu cabelo não é loiro natural, é, fofa?
- Não. – Respondi, mexendo no Instagram enquanto ele falava.
- Então, hum... Carl, o que acha desse cabelo? – ela chamou um cara de cabelos arrepiados e visivelmente muito bem tratados, que se aproximou e analisou meu cabelo com cuidado.
- Acho que é uma boa fazer algo, mas mais perto do natural. Já chega de loiro para você, gracinha. – ele piscou para mim pelo espelho e sorri. Ótimo, porque eu não aguentava mais ser loira. É tão difícil de manter!
- Já sei! Tem aquele castanho, qual é mesmo o nome? Aquele que tem uma coloração meio roxa e no sol parece meio avermelhado? Ele é lindo, podemos repicar os cabelos dela e passar aquele.
- Ótimo Jo, acho que vai combinar com ela.
- Vocês vão deixar meu cabelo roxo? – perguntei, curiosa.
- Não. – ela sorriu. – É castanho com uma coloração arroxeada, é lindo, você vai ver. Tem chocolate misturado com roxo, então fica perto do natural.
- Bom, confio em vocês. – dei de ombros e deitei a cabeça no lavatório fechando os olhos. Eu só queria ver no final.
Eles passaram horas no meu cabelo. Como eu amava fazer isso! Às vezes sentia como se meu lugar fosse em frente à uma câmera, mas eu gostava assim, enquanto fazia por diversão, e não para conseguir dinheiro para bancar a casa. Eu acho que quando aquilo se tornava o que você tinha que fazer para sobreviver as coisas começavam a ficar mais complicadas e você tinha que escolher entre ser humilde e ser esmagada pela concorrência, ou ser uma vadia má que fazia de tudo para arrumar lugares em grandes desfiles que pagassem bem. Era isso que me contavam, pelo menos. Nada na vida é perfeito.
Depois de umas duas horas e meia no meu cabelo, fizeram a maquiagem e finalmente pude me ver. Era aquele choque de sempre, de ver a mudança, mas eu adorei o resultado, estava mais rock e desleixado do que aquele loiro que estava me transformando em uma Paris Hilton. E ao passar a mão nos fios, eles não estavam tão ressecados. Os cremes que mantinham meus cabelos hidratados custavam uma fortuna, mas era um luxo sem o qual eu não conseguia viver.
O ensaio foi divertido, para as fotos com as roupas em estilo retro fizeram um coque em meu cabelo e depois uma trança lateral. Para as roupas mais rock eles soltaram meu cabelo e me botaram na frente de um ventilador gigante – é sério.
Basicamente, eu me diverti bastante.

’s POV

- Espera, meu telefone tá tocando. – ri e levantei uma mão para .
Peguei o telefone do bolso e apertei em aceitar chamada antes mesmo de ver quem era.
- Alô?
- Oi, . – era a voz de Niall e... Socorro era o Niall! Senti todo meu sangue parar de circular em minhas veias por um momento só para fazer meu coração dar um salto e minha respiração ficar acelerada do nada. Já estava até desacostumada com essa sensação que ouvir a voz dele proporciona.
- Oi, Niall!
me lançou um olhar malicioso e levantou do sofá no terraço do prédio de Harry, indo espiar a vista na borda do prédio.
- Eu queria te fazer uma pergunta, posso?
- Claro, manda!
- Bem, você vai na sua formatura... Com o Charlie?
- Charlie?
- O seu... amigo, ficante, sei lá.
- O Charlie! – Bati em minha própria testa. Droga, eu não podia ter arrumado um nome menos complicado de lembrar do que Charlie? – Não, o Charlie... ele está na Alemanha com os pais, lembra?
- Ele vai perder a própria formatura?
- Ah, ele não liga pra essas coisas, não. – Franzi o cenho. Jesus, eu era uma péssima mentirosa. Precisava tirar esse Charlie do jogo logo!
- Hum... bem, eu queria perguntar se, você sabe, quer ir comigo. Só para não ir sozinha, afinal, amigos não deixam amigos na mão.
Era tão bom saber que Niall falava “amigos” com desdém, que eu até sorri.
- Sim, é claro. Obrigada Niall, eu adoraria ir com você.
- Ótimo. Eu tenho que desligar, . Estamos correndo aqui, nem podia ter ligado.
- Tá, tudo bem. Até mais, Nialler.
- Até mais.
Assim que a ligação terminou pulei do sofá e gritei.
- Vamos dançar , ele me convidou! Porra, eu pensei que ele não ia! Meu Deus, obrigada!
voltou para o sofá outra vez rindo da minha cara.
- Que legal! Pelo menos você não vai ter mais que ir com seu amigo imaginário.
- Ai, nem me fala nisso, eu tenho que contar para Niall que era tudo mentira. Eu sou uma idiota, eu não devia ter criado isso, mas no fundo deu certo. Sabe, eu sei que ele sente algo, não sei se é forte como o que eu sinto, mas já é melhor do que nada! Antes pensava que ele só sentia amizade, então eu estou muito feliz! Mas tenho medo do que ele vai pensar de mim por ter inventado isso, só que não posso mais mentir para ele... – Continuei tagarelando.
- Você nem precisava disso, era só ter beijado Niall e pronto. Vocês dois são tão tapados! Se gostam há muito tempo e só agora você tá tomando iniciativa.
- Olha só quem fala, né senhorita que só começou a namorar agora.
- É completamente diferente, eu nem sabia que podia sentir uma coisa dessas pelo Harry antes de ficarmos.
Suspirei e apoiei minha cabeça na guarda do sofá.
- Está gostando dele, tipo, de verdade?
- Tipo. – ela assentiu.
- “Tipo” é sim?
- Sim, aprendi com a .
Eu ri.
- Fico feliz por você, amiga. No fim das contas foi a primeira de nós a encontrar alguém.
- Eu sinto até medo disso, sabe? Tenho medo de todas vocês ficarem com cada um dos meninos, isso vai ser tão bizarro e surreal, vai ser tão “ficção” que tenho medo de como vai acabar.
- Por que você tem medo? – sorri. – Esqueceu que historias de romance sempre acabam bem?
- É, mas esse é o mundo real, né?
- ? Você está falando em realidade? Você, a menina que vive no seu próprio mundinho de Lua? Pensei que tivesse medo da realidade! – ri.
- Eu tenho, . Sinceramente meu mundinho é muito mais seguro do que essa tal de realidade, mas é nela que eu vivo, e não posso continuar presa numa fantasia de mundo perfeito onde nada dá errado para sempre. Eu vou fazer dezoito e vou começar a viver a minha vida. Tenho que crescer, né?
- E me diga qual é o grande problema em crescer e enfrentar a realidade do lado do seu príncipe encantado?
Ela riu.
- O Harry tá mais para o cavalo. Tá, um cavalo muito gato. Mas brigamos muito, e ele é bem rude às vezes, e... Vamos deixar isso pra lá e comer logo essa pizza que tá me chamando!
- Você é péssima em trocar de assunto, tem que ser mais sutil ao entrar em outro assunto. – ri.
- Você tá certa. – sorriu. – Ei, você acha que a e o Zayn...?
- Ah, melhorou, foi bem mais sutil!
Rimos.
- Eu acho que eles se merecem. – dei de ombros. – Ela fica tão feliz quando passa um tempo com ele, e convenhamos que ver nossa tampinha ranzinza feliz é a coisa mais bonita do mundo.
- Verdade. Amo o que ele faz com ela. – concordou, e enchemos nossa boca de comida logo depois.

Eu gostei dali. Era um pouco escuro, pois eram dez da noite, mas as luzes dos prédios ao redor iluminavam, e a vista era realmente bonita, dava até para ver uma pontinha da abadia de Westminster dali.
Eu e terminamos de jantar e depois descemos para o apartamento. Dormimos na única cama da casa: a de casal do quarto de Harry.
- Vai ser bem mais fácil eu dormir se você fingir que nunca usaram essa cama para fazer algo além de dormir, então...
riu.
- Poxa amiga, quer dormir no sofá? Porque eu não vou mentir que a gente nunca...
- AAAAAAAAAH ENTENDI CALA A BOCA E DORME! – gritei e levei as mãos aos ouvidos. – É broxante demais pensar nisso entre você e ele, tá?
- Broxante? , por favor, o Harry é um dos caras mais sexys que você vai um dia conhecer na sua vidinha miserável, então isso pode ser tudo, menos broxante. – ela pegou um pouco das almofadas de cima da cama e jogou-as em uma poltrona ao lado no quarto.
- É, mas vocês são meus amigos, e... sei lá, é estranho, e agora seria um ótimo momento de sutilmente mudar de assunto.
- Dusty, sai! – tocou a gatinha branca de cima da cama. – Xô!
Peguei-a e soltei-a no chão.
- Essa gata sobe em cima de tudo, que droga!
- Ela é tão amável, você não tem coração?
- Ela tranca minhas vias respiratórias, e eu já tenho o Dobby para amar, então não preciso dessa bolinha de pelo.
- O Harry ama ela, eu se fosse você cuidava mais da sua filha postiça.
- Vai se catar, . Agora vamos dormir, estou exausta e amanhã ainda temos todo nosso dia de preparativos para a formatura.
- Nem me fale! Já me deu preguiça. Boa noite, .
- Boa noite, .

Harry’s POV

- Oiê! – fui surpreendido por abrindo a porta de minha própria casa antes mesmo de eu pegar a chave. Ela botou a mão na cintura e fez pose, olhei-a e vi que estava com uma camisa branca minha qualquer, com um cintinho rosa marcando sua cintura e uma calça jeans. – Estou sensual, eu sei, mas não olha muito.
- Oi – ri. – Invadiram minha casa ou o quê? – entrei em casa e ela fechou a porta.
- Acontece que tenho contatos que têm contatos e... minha melhor amiga é sua namorada. – ela deu de ombros.
- E onde está sua melhor amiga? – soltei a minha mala no chão da sala e a procurei olhando em volta.
- No quarto. Bom, sinto muito por roubar essa camisa e tal, outro dia eu devolvo, mas a minha sujou de molho e eu tenho que ir encontrar as meninas no salão agora, e não quero ver seu reencontro lá no quarto... – ela fez careta. – Então tchau. E ah! Deixa a no salão a tempo, é uma ordem!
No momento seguinte ela já havia saído de minha casa em um piscar de olhos. Fui para o quarto em busca daquilo que eu procurava e a encontrei debruçada sobre o parapeito da janela com meio corpo para fora olhando algo, só de calcinha e com minha camiseta do Ramones.
Fui até ela e segurei-a pela cintura com as duas mãos por trás, ela deu um pulo e acabou batendo a cabeça na janela.
- Ai, Styles! – levou a mão à cabeça.
- Perdão! – ri. – Não foi de propósito, eu juro!
- Isso vai deixar um hematoma. – ela esfregou a mão atrás da cabeça. – E se perguntarem, você me bateu!
- Não fala besteira. Vem cá e me beija logo. – eu puxei-a para perto de mim e ela seguiu minhas ordens com bastante eficácia.
Depois que se afastou, e dei um passo para trás e a olhei de cima a baixo.
- Eu vou para a estrada namorando uma loira, e volto com uma morena me esperando? – sorri. – Que vida boa, hein?
- Gostou? – ela sorriu.
- Digamos que eu tenho uma queda por morenas. – dei-lhe um selinho antes de me afastar de novo e olhar para a camiseta.
- Ela ainda existe! Saudade da minha camiseta.
- Eu disse que um dia ia te devolver. – ela riu.
- É verdade, então devolve. – levantei uma mão para ela, pedindo minha camiseta de volta. – Passa pra cá.
estreitou os olhos e depois tirou minha camiseta, ficando só de sutiã.
- Bem melhor assim. – ri.
- A gente vai sair, né?
- Sim.
- Tá, tira essa roupa logo. – ela desabotoou minha camisa social azul e a tirou de meu corpo, jogando-a na cama atrás de si. Depois, parou um minuto para curtir a vista e suspirou, mordendo o lábio inferior.
- Você quase não se aguenta! – ri.
- Aguento sim. – ela falou, convicta.
- Ué, por que não experimenta tirar o resto?
- Para de me tentar, tá? Nós vamos sair agora. – ela pegou a camiseta preta e enfiou a gola na minha cabeça.
Terminei de coloca-la enquanto colocava algum moletom qualquer meu.
Depois nós saímos de casa, sem demoras, e eu a levei para alugar meu smoking antes de deixá-la no salão, só para poder matar a saudade por uns minutos antes de entregá-la às amigas e só a ver de noite.
Nós conversamos aquelas mesmas coisas de sempre. Como foi a semana, quais são as novidades, estava com saudade... falamos sobre coisas bestas, porque assuntos idiotas não podiam faltar...
- Estou louco para vocês ouvirem as músicas, estamos ficando bons nessa coisa de compor. – comentei, enquanto esperávamos sentados em um sofá estofado de vermelho no canto de uma loja toda branca.
- Quando vamos poder ouvir?
- Ainda não gravamos, mas logo a gente dá um jeito de mostrar, apesar de isso ir contra os contratos.
- Tudo bem, estamos ansiosas... Hã, Harry?
- O quê? – Olhei para ela.
- É... nada, deixa. Pensei ter visto alguém.
- Quem? – me curvei para olhar mais para dentro da loja, mas não vi ninguém além das provadoras e atendentes.
- Não, acho que foi engano.
- Harry Styles? – uma das mulheres da loja me chamou e eu me levantei.
- Já volto. – avisei.
Entrei em um dos provadores e subi no pequeno banquinho para fazer a prova da roupa e ver se precisava de alguns ajustes. A mulher com a fita métrica amarela parou na minha frente e abriu os braços, me mandando fazer o mesmo, e eu a imitei, olhando para o espelho em minha frente.

’ POV

- Moça, será que você...
- O senhor tem que sentar e esperar para ser atendido. – uma das atendentes nada simpática falou, sem nem olhar para a cara do rapaz antes de voltar para dentro da loja.
- Tudo bem, simpatia. – ele suspirou e disse baixinho, antes de vir se sentar do meu lado.
Terminei de escrever minha mensagem de texto para a tranquilizando e dizendo que logo chegaria ao salão, e larguei o celular em minha perna.
- Esses ingleses já foram mais simpáticos, viu? – o garoto ao meu lado comentou para mim, como se fosse muito mais velho, me fazendo rir.
Ao olhá-lo, porém, eu quase me engasguei com minha própria saliva.
- Ed Sheeran? – Sussurrei para mim mesma.
- Rebecca? – ele perguntou a mim, me olhando tão incrédulo quanto eu o olhei.
- Hã, não, eu...
- Tudo bem. – ele riu. – Eu só estava fazendo uma cena dramática, não sei seu nome. – deu de ombros, me fazendo rir outra vez.
Ai meu Deus, eu não conseguia desgrudar os olhos dele. Eu estava ciente de que parecia uma esquizofrênica, mas era o fucking Ed Sheeran!
- Por que está me olhando assim, eu sou tão assustador? – ele sussurrou.
- Não, é que... não dá pra acreditar que eu esteja conversando com você! – Virei um pouco para ele. – Você é, tipo, o maior poeta desde Shakespeare!
Ele gargalhou.
- Nossa, obrigado... hã...?
- Me chamo . – sorri.
- ? A ?
- Oi? Você me conhece? – perguntei, confusa.
- Ah, eu sabia que já havia te visto em algum lugar! Você é a do Harry! Como não me lembrei antes? Ele vive me mostrando fotos.
Não, me recuso a acreditar que isso não seja um tipo bem raro de sonho.
- Uau, você é gata mesmo, Styles se deu bem!
- Para... – ri, sem graça. – Harry fala mesmo de mim?
- Tá brincando? Ele me ligou de madrugada na noite em que vocês começaram a namorar, para pedir ajuda em uma letra de música. Daí me fez ficar o resto da noite ouvindo a história de como ele te convenceu.
Ri, completamente incrédula, e balancei a cabeça.
- Mas então, o que está fazendo aqui?
- Eu vim provar umas roupas para tocar em uma festa a pedido de um amigo, e você?
- Eu vim...
- Ei, Ed! – Harry voltou. – Estou vendo que já conheceu a minha garota.
Eu morri por dentro, apenas. Qual é, “minha garota”? Ele só queria ganhar pontos comigo, isso sim! E conseguiu.
- E aí, cara. Conheci, sim. Na verdade eu estava comentando com ela sobre como você é chato e fala o tempo todo dessa garota.
Harry revirou os olhos e suas bochechas ficaram com aquela corzinha levemente rosa que eu adorava.
- Não queima meu filme, Sheeran!
- Ele acabou de te fazer marcar pontos comigo, Styles. – ri.
- É mesmo? – ele riu também.
- Ih, olha só o jeito que ela fala, então é verdade mesmo. – Ed comentou rindo.
- Eu disse que ela era marrenta. – ele respondeu a Ed.
- “Ela” ainda está aqui, lembra?
- Ed Sheeran? – uma das mulheres chamou atrás de nós.
- Bem, eu tenho que ir, dever me chama. Até mais tarde gente, felicidades! – ele acenou e foi para dentro de um dos provadores.
- Harry, eu te amo tanto! Acabei de conhecer o Ed Sheeran por sua causa!
- Você gosta dele, é? – Harry riu, me acompanhando enquanto íamos para a porta da loja.
- E quem é que não gosta dele? Ed é provavelmente o cara mais lindo e fofo de Inglaterra!
- Ei, esse posto é meu, tá?! Não vem querendo tirar ele de mim.
- Mil desculpas, eu sou uma insensível com você, não é mesmo? – eu ri e pulei em suas costas quando saímos da loja, para dar-lhe um beijo na bochecha. Ele se virou para mim, dando passos para trás, e sorriu.
- Eu só te perdoo porque você é linda demais para não ser perdoada.
- Estou lisonjeada – sorri.
Ele fez uma expressão engraçada e abriu a porta do carro para eu entrar com uma reverencia. Ri, e entrei.
- Próxima parada, milady?
- O salão de beleza, duh. – ri. – Quero ficar gata hoje de noite.
- Você só tem que impressionar a mim, e não precisa ficar mais gata ainda para isso.
- Pra te impressionar basta tirar a roupa. – comentei.
- Bem, se quiser fazer assim, eu não vou te impedir... – ele riu, e dei-lhe um soquinho fraco.

’s POV

- Eu não estou psicologicamente pronta para essa noite. – suspirei e abri a porta de nossa casa, deixando as meninas entrarem na frente.
- Tá preocupada com o quê? Você vai estar gata, linda e desimpedida, e tá preocupada?
- Eu não sei se a senhorita Estou Namorando E Não Tenho Mais Tempo Para Minhas Amigas sabe, mas Louis vai ser meu acompanhante hoje.
- O quê? Você tá falando sério, senhorita Sou Mais Velha E Tenho Que Trabalhar Então Não Fale Comigo? – desdenhou. – Quando foi que isso aconteceu?
- Ontem, na verdade. Ele disse que se sentiu na obrigação, já que todos os meninos iam com alguma de vocês e só sobrava nós dois, e que melhores amigos não se deixam na mão e eu tive vontade de mandar ele pro inferno. Mas eu aceitei, porque sou uma boa menina.
- Melhores amigos? – bufou. – Furada na certa! Faça como eu, invente um amigo imaginário e faz ele ficar com ciúmes.
- Não é tão fácil assim, o Louis não é de quatro por mim como o Niall é por você, e ele ainda ama aquela vadia da ex dele.
- Eleanor era tão legal... – comentou, só para ser atingida por meu olhar furioso e olhar para o chão enquanto terminava de tomar seu milkshake.
- Hm, isso aqui tá ótimo. – disse, nos olhando com seus olhinhos brilhantes como se nem soubesse do que estávamos falando em uma tentativa clara de mudar do assunto “formatura” para “milkshake de baunilha”.
- E você, mocinha, nem pense em mudar de assunto! – apontei para ela. - Você vai com o Liam!
- Como sabe disso? – ela revirou os olhos e foi para a cozinha, eu a segui de perto.
- Ué, obviamente só sobra ele para você, ou estou errada? Ou tem mais um membro na banda que eu não conheço?
- Josh Devine! – ergueu um dedo para mim, mas eu a ignorei, nem sabia do que ela estava falando.
- Sua vadiazinha patética! – ouvi gritar da sala e fomos até lá ver o que era. levantou rindo do sofá e tomou algo branco de suas mãos.
- Me dá isso que é meu!
- Você ganhou isso do Zayn, foi? Meu Deus, quem é você sua pervertida!
- Foi eu que comprei, eu só achei interessante!
- Interessante para deixar o Zayn tirar, socorro você não existe!
- Ei, tem meninas aqui que querem fazer parte do assunto. – fez uma careta.
tomou de novo o negocio branco das mãos de e nos mostrou, uma calcinha escrito “rockstars only” na frente.
Todas nós a zoamos em seguida, com gritos e risadas histéricas. não era assim antes.
- Pelo menos não está escrito “utilize a entrada dos fundos” – disse, já chorando de rir no sofá e nós rimos mais ainda.
- Assim você aprende a não deixar as suas roupas no banheiro. – jogou a peça para ela de novo.
- Ok meninas, vamos nos arrumar logo que a maquiadora já está chegando. – pediu.
Nós estávamos voltando do salão agora pouco, enfim. Ficamos a tarde toda arrumando os cabelos, porque estávamos com preguiça demais para fazer algo em casa e nenhuma de nós é profissional nisso. Bem, todas nós menos , que foi ver o namoradinho antes, é claro. Ele nem bem chegou e a convidou para ir em algum lugar com ele, e ela nos encontrou no salão logo depois.
Depois que Hannah, a maquiadora, terminou seu trabalho e saiu, nós colocamos os vestidos logo ao perceber que já era tarde e logo nossos acompanhantes chegariam.
- Cabelos?
- Confere.
- Maquiagem?
- Confere.
- Unhas?
- Confere.
- Vestido?
- Confere. – assenti para de novo.
- Por que eu estou com a sensação de que estou esquecendo algo?
- Gente, to preocupada com os meninos no meio de várias adolescentes loucas por eles a noite toda, será que é seguro? – disse, roendo a unha recém feita.
- Paul não deixaria eles irem se não fosse.
- Bom, eu só tenho que olhar e aplaudir, já passei por essa fase de despedida do colégio. – comentei.
- Bla bla bla, sou adulta. – me fez careta.
- Eu só posso estar esquecendo algo... – ainda girava e olhava para todos os cantos da casa.
- Sua sanidade. – murmurou.
- Calma , a formatura nem é sua.
- Tá, tá, acho que eu não estou esquecendo.
- Gente, cadê meu outro brinco? – gritou, com uma mão na orelha.
A campainha tocou e todas nós que fazíamos alguma coisa paralisamos, olhando uma para a outra.

Liam’s POV

- Arruma essa coisa aqui, pelo amor de Deus, que eu não sei! – pedi para Niall ao meu lado, levantando o queixo para que ele fizesse um nó na gravata borboleta em meu pescoço que estava solta.
- Será que eu tenho que te ensinar até isso, Liam? – ele riu.
- Vocês acham que vai ter comida lá? – Zayn perguntou.
- Você roubou a frase do Niall. – Harry disse para ele, sorrindo debochado e virando para a porta outra vez em seguida.
- Cadê elas?
- Meninas, estão aí? – Louis bateu na porta e chamou alto.
- Já vamos! – ouvi gritar lá de dentro.
- Eu me sinto um garotinho indo ao baile do colégio outra vez. – falei a eles.
- Por um lado vai ser como a formatura que nós nunca tivemos, só que com gente que a gente nunca viu na vida.
- Eu queria ter ido na minha formatura, se tivesse terminado o sênior em Doncaster. – Lou suspirou.
- Estávamos ocupados demais fazendo um álbum! Não reclamem do que nós temos. – Harry falou.
A porta foi aberta por nessa hora, e eu me esqueci de respirar. Sinceramente, eu duvidei que uma garota como aquela fosse sequer olhar para mim algum dia, não podia acreditar que eu tive a sorte de tê-la pelo menos uma vez. Ela estava tão fabulosa que me perguntei de verdade como uma garota daquele nível olharia para um cara como eu, por mais que todos falassem que eu era grande coisa; quando olhava para ela, eu me sentia como o garotinho inseguro de Wolverhampton outra vez.
Ela estava com sua câmera profissional presa ao corpo pela faixa preta que rodeava seu pescoço e a segurava com a mão livre. sorriu e abriu mais a porta.
- Entrem, meninos.
Niall terminou de arrumar minha gravata e me deu um tapa no rosto.
- Não fica aí babando. – ele riu e entrou na casa.
- Liam. – ela abriu mais a porta para mim, mas eu não consegui fazer meus pés saírem do lugar.
- Você tá incrível. – era a única coisa que eu consegui dizer.
- Você também. – ela riu.
Entrei na casa e fechou a porta atrás de mim. Eu pensei que não fosse conseguir desgrudar meus olhos dela, mas as outras quatro garotas também estavam simplesmente lindas.
- Eu nem sei para quem olhar, alguém me ajuda. – Louis disse, todo escandaloso como sempre.
Me sentei no sofá, ao lado da única que estava sentada também, .
- Qual o problema, linda?
- O problema? – ela me olhou, parecendo zangada, mas depois suspirou. – O problema é que tem gente que não dá valor ao que tem.
- Um dia ele se toca. – murmurei em seu ouvido e ela me olhou, assustada. Sorri para ela e olhei para Louis, ela seguiu meu olhar.
- Merda, Liam. – ela xingou. – Por que eu não posso gostar de um príncipe como você, que nota o problema das pessoas só em olhar para elas? – ela deitou a cabeça no meu ombro.
Gargalhei. E ela ainda nem estava bêbada...
- Um dia, , um dia... você acha quem tá procurando. Ou ele acha você.
- Acredita nessas coisas?
- Mas é claro, eu cresci vendo filmes da Disney com minhas irmãs. Eu acredito que quando encontramos a pessoa certa a gente sente. E mesmo quando ainda não encontramos, a gente tá sendo guiado pro lugar certo sem saber.
- Tipo uma lanchonete no shopping de Londres? – ela disse, e desviei meu olhar de para . Ela tinha um sorriso cúmplice para mim. – Vejo como olha para ela.
Dei de ombros, um pouco envergonhado.
- Eu quero mais caras como você no mundo, Liam. – ela suspirou.
- Disney também é cultura. – ri. Suspirei e dei de ombros. – Não sei o que tem em vocês, meninas. Mas é algo especial. Tivemos tanta sorte. Dentre todas, foram vocês. – Balancei a cabeça. – Foi como encontrar a agulha no palheiro, e sem nem estar procurando.
- Ok, gente, eu quero todo mundo lado a lado ali perto da parede, vou botar dez segundos e ele vai tirar várias fotos. – disse, todos nós nos colocamos de pé em frente à parede da sala, ela arrumou sua máquina no tripé e apertou o botão, depois correu até nós e ficou ao meu lado segurando meu pulso. Eu vi que ainda restavam uns dois segundos até a foto ser tirada e abracei-a pela cintura, para sairmos parecidos com um casal na foto, como todos os outros, e ela não fez objeção alguma.
Vários flashes piscaram e várias fotos diferentes foram tiradas.
- Como vamos dividir os carros?
- Nós podemos ir meninas em um e meninos em outro.
- Quero chegar como um casal. – Harry teve que botar defeito.
- Que grude vocês dois, já podem voltar a se odiar! – Louis reclamou.
- Tá gente, faz assim: eu, Louis, e vamos no carro do Lou. – Niall disse. – e Harry vão com e Liam no da , e o Zayn e a vão no carro do Harry.
- No meu bebê? Esse aí nem tem carteira!
- Harry, não complica, ou é isso ou você vai com a gente. – pedi.
- Tá, tudo bem. – Harry jogou as chaves para Zayn, que as pegou no ar. – Mas cuida bem dela.
- Não exagera. – bateu no ombro dele e foi o empurrando para a porta da garagem.
- Vamos logo, não quero perder minha formatura.
Sem enrolar mais, todos nós fomos para os carros e as meninas nos guiaram até onde seria a formatura. O lugar estava parcialmente cheio, alguns fotógrafos e paparazzi nos esperavam na frente do local, mas não era nada que fosse fugir do controle. me guiou para perto de Louis e para sentarmos e esperarmos o evento formal terminar e cada aluno buscar seu diploma no palco.
Pelo que ela me contou, quem escolheu a música a ser tocada para cada aluno foram seus colegas de turma, e no telão passavam fotos do aluno desde a infância enquanto eles eram chamados para receber o “canudo”, ser homenageados e pegarem o diploma. foi a primeira das meninas a ser chamada lá em cima, e Firework começou a tocar para ela. Ela recebeu as parabenizações e pegou o canudo, ao que o homem que os entregava disse: – Publicidade e propaganda.
- Bem a cara dela, mesmo. – disse no meu ouvido, e concordei. Batemos palmas, outros alunos foram chamados e logo depois, .
- A garota vai tropeçar, tô dizendo. – comentou rindo. – Ela é muito azarada no colégio.
- Não bota praga, né !
conseguiu subir sem cair, e ouvimos lá de trás um grito de encorajamento para ela que só podia ser de . Over The Moon, Cher Lloyd, era a música para ela. foi parabenizada, recebeu o canudo e o homem proferiu: – Cinema.
- sempre foi assim com a no colégio. Uma vez uns meninos estavam incomodando ela e a foi lá e deu um soco na cara de um deles. Ele era enorme.
- Ele não fez nada?
- Ele olhou para ela e ela saiu correndo. – riu.
- Olha a foto, ! – apontou para o telão onde apareceu uma foto de e com talvez uns nove anos na praia fazendo castelos de areia e estava sem os dois dentes da frente.
- Tinha que ser a . – elas riram.
- Elas já se conheciam?
- Eram meio que vizinhas quando eram pequenas, mas aí se mudou e elas se encontraram de novo só quando a veio para cá e conheceu a e depois a no colégio.
- A próxima é a , eu tô até com medo! – disse.
Esperamos mais alguns minutos, a turma era grande. Quando finalmente chamaram , What Makes You Beautiful começou a tocar e Louis deu um grito de empolgação.
- Sou eu! Sou eu cantando! – Lou disse.
- Shiu, Louis! – pedi. – E na verdade é o Harry.
- Eu sou dessa banda, tá?
- Eu também, e nem por isso to gritando feito um viado louco.
riu alto.
- Ela odiou a música. Os colegas só escolheram para tirar com a cara dela.
Prestei atenção no palco, olhou para todos com cara de bunda quando ouviu a música.
- Aquela é Annelise – disse no meu ouvido. – a mãe dela.
Olhei a foto, a mulher tinha os cabelos bem pretos e os olhos e a pele claras, e abraçava que devia ter uns quatro ou cinco anos. Depois dessa, uma foto dela com , mais ou menos uns dez ou onze anos, com o pai dela e uma mulher loira que provavelmente era mãe de porque tinha o mesmo sorriso, em frente a uma grande casa branca com um filhote de labrador no colo.
- É o Dobby?
fez que sim com a cabeça.
pegou o diploma e o homem avisou: – Turismo.
Pouco a pouco, finalmente todo mundo passou pelo palco. Quando o último formando pegou o diploma, o silêncio foi preenchido por palmas altas e em grande quantidade quando ele desceu do palco e uma música eletrônica alta começou a tocar.
Todos se levantaram e foram para o outro canto do salão onde estavam o bar e a pista de dança enquanto um dos professores anunciava o começo da festa. As luzes foram apagadas, restando apenas as coloridas de neon em alguns dos cantos.
De repente um palco se fez presente no meio do breu, com uma fraca luz vermelha vinda de cima dele que se acendeu com um barulho. O palco era completamente escuro, não fosse a luz ele nem seria notado, era pequeno e tinha apenas um banco, um violão e um pedal. Reconheci os instrumentos na hora e percebi que aquilo só podia ser coisa de Harry. Ele havia se gabado a semana toda de estar preparando o melhor presente de formatura para as meninas, e era aquilo.
Todos pararam para olhar quem de fato apareceria ali, e depois de alguns segundos de silêncio, um garoto baixinho e de cabelos muito bagunçados e muito ruivos que eu conhecia muito bem, apareceu lá em cima pegando seu violão. Ed Sheeran.
Quase que automaticamente todo mundo gritou.
- E aí, gente. Surpresa. – ele sorriu. – Estou aqui a pedido de um grande amigo. – e então, ele piscou para alguém perto do palco e começou a dedilhar seu violão.
Drunk foi começada a cantar por Ed, e todos acharam um lugarzinho na frente do palco, e além da voz dele, nada era ouvido, porque Ed costuma fazer shows sem microfones, e pedir silêncio total para a plateia. Ele era um dos poucos caras que eu conhecia que conseguiam controlar tão bem uma multidão, simplesmente com seu talento. Em seus shows, Ed era apenas um cara e um violão. E ele fazia um show do caralho, completamente sozinho.
Como eu e estávamos mais atrás das pessoas, não conseguíamos ver muita coisa. Ela estava ao meu lado e vez ou outra tentava ficar na ponta dos pés olhando para cima para ver alguma coisa, mas ela era baixinha.
Eu olhei para ela em um todo outra vez. Nunca vira alguém tão linda. E nem era por aquele vestido que a deixava tão graciosa, e nem seus cabelos levemente enrolados na ponta que eu sabia que levaram horas para ficar daquele jeito, ou seus olhos marcados de preto pela maquiagem e seu batom cor de boca. Era por ser ela. Pelo som da voz dela, pelos seus traços infantis, pelo seu sorriso inocente, pelos seus olhos brilhantes, pelo jeito como ela comprimia e umedecia os lábios a cada dez segundos, pela expressão de preocupação que se formava em seu rosto quando ela franzia o cenho e uma ruguinha aparecia em sua testa. Era por suas mãos pequenininhas que estavam quase encostando nas minhas, roçando seus dedos nos meus, pela sua pele morena e macia, pelo jeito como mesmo não falando nada, era como se seu corpo enviasse uma mensagem para o meu me mandando protegê-la e cuidar para que ela nunca se afastasse e nunca fosse machucada por nada ou ninguém e que eu a abraçasse e a segurasse perto de mim para sempre e que ela fosse só minha.
Era por esses e outros milhares de fatores que eu queria poder roubar para mim e nunca mais ter que me afastar dela.
Quando a primeira musica terminou, e Ed começou a tocar as primeiras notas de Lego House, eu segurei sua mão que estava perto da minha e entrelacei nossos dedos. Assim, decidido e sem medo. Eu sentia que aquilo entre nós era natural e certo e ela devia ser minha tanto quanto eu devia ser dela, e sabia que ela sentia também.
me olhou com incerteza por um segundo, e então eu sorri para ela. Aquele tipo de sorriso que diz “está tudo bem, tudo vai dar certo”. E ela me devolveu aquele sorriso de “eu confio em você”, e me senti aquecido por dentro.
Eu puxei-a para perto pela mão, para longe de todos que se aglomeravam em frente ao palco, e ficamos no meio da pista de dança, no escuro e completamente sozinhos. Eu a puxei levemente para perto de mim e pousei uma mão em sua cintura enquanto a outra segurava sua mão junto com o meu peito. Queria que ela sentisse como fazia meu coração disparar enquanto nos balançávamos no ritmo da música.
De algum modo a voz de Ed, que era a única coisa que quebrava o silêncio em companhia do seu violão, parecia criar o clima perfeito entre nós dois. E aquela sensação de ter meu peito aquecido começou a crescer e crescer dentro de mim e começou a comprimir todos os meus órgãos e me implorar para que eu falasse aquelas palavras presas em minha garganta. Eu precisava falar, precisava que ela ouvisse.
suspirou e deitou a cabeça em meu peito no meio da música. Fechei os olhos e passei minha mão em seus cabelos.
- And it’s dark and a cold December, but I’ve got you to keep me warm… If you’re broken I will mend ya, and I keep you sheltered from the strom that’s raging on, now. – cantei baixinho em seu ouvido, acompanhando Ed na parte mais calma da música.
Quando o refrão recomeçou, eu peguei sua mão outra vez e a separei de mim, dando dois passos para trás e a girando em volta de si mesma uma vez antes de puxá-la com cuidado para perto de mim outra vez e a segurar firme contra o meu corpo com minha mão em suas costas. Colei os nossos corpos e abaixei minha cabeça, parando de dançar por um segundo e aproximando a boca de seu ouvido para que ela ouvisse minhas palavras:
- Eu amo você. – sussurrei.
Por um momento, eu pude jurar que o mundo parou. Tudo, tudo mesmo. Até meu coração. E então ele continuou. E levantou o rosto para me olhar nos olhos, sem nenhuma expressão além de calma, e procurou algo em meus olhos antes de puxar o meu rosto para baixo com uma mão em minha nuca e sussurrar em meu ouvido:
- Eu te amo também.
E foi isso. Eu me senti mil vezes mais leve, meu coração começou a bater normalmente outra vez, como se ele estivesse satisfeito com o que ouviu.
afastou o rosto para olhar em meu rosto de novo e me puxou para perto, para beijá-la. E assim o fiz, e nunca me senti tão feliz. Aquilo tudo era certo. Era real.
Nós nos afastamos depois do beijo e continuamos dançando, ela deitou de novo a cabeça em meu peito.
- I will love you better now. – afirmei com o final da musica de Ed.

Harry’s POV

- Essa próxima música vai para meu amigo Harry, e a garota dele, . E para todos os casais apaixonados desse salão. – Ed disse, antes de começar aquelas notas famosas de uma de suas músicas de mais sucesso.
- Que jogo baixo, Styles! Eu amo tanto essa música! – disse, pegando minha mão e entrelaçando com a dela, apertando-a com força.
- Você quer dançar? – perguntei.
Ela assentiu positivamente, e fomos para a pista como alguns casais já haviam feito. Eu deixei que ela passasse seus braços pelo meu pescoço e se aproximasse, deitando a cabeça em meu peito. Eu a segurei pela cintura e deixei que a música nos levasse lentamente.
Eu amava aquela música. E amava o que ela transmitia para quem a ouvisse. E amava o que me fazia sentir, e... eu amava aquela garota. Mais do que qualquer coisa que eu conseguisse me lembrar naquele momento. Eu só não conseguia pensar em perdê-la e acho que isso se chamava amor. Só podia ser. Eu podia não entender esse sentimento, mas isso não me impedia de senti-lo.
- Eu acho que você devia me beijar agora. – disse, levantando o rosto para mim e olhando em meus olhos, na parte da música em que tudo fica um pouco agitado e fora do controle, e que Ed começa a gritar “love me” e “give me love” no palco.
- Seu desejo é uma ordem. – eu a puxei e beijei-a bem devagarzinho. Era gostoso, e tinha aquela sensação boa de que nunca ia acabar.
E dançamos assim por mais algumas músicas. Além de amigo, eu era fã devoto de Ed e das suas composições.
Dançamos Kiss Me em uma velocidade mais lenta, e depois ele cantou You Need Me, I Don’t Need You só para dar uma agitadinha e para ninguém dormir.
Enquanto ele cantava essa, algumas meninas nos pararam para tirar fotos comigo, e eu me virei por, juro, dez segundos para tirar as fotos, e quando me virei de volta minha namorada não estava mais ali.
Pensei que ela poderia ter ido se divertir com as amigas ou sei lá e as minhas fãs me convidaram para dançar com elas em uma rodinha e fiquei por ali por um tempo para dar espaço para ficar com os amigos. A formatura era dela, afinal.

Louis’ POV

- Vem, vem, vem, eu me recuso a não dançar essa música, é um crime! – puxei pela mão para a pista quando Ed começou com The A Team.
- Ai, Lou! – ela choramingou.
- Sem ai, eu sou louco por essa música. Vai me fazer desfeita? – botei a mão na cintura e fiz bico para ela. suspirou, rindo.
- Nunca. – disse.
- Isso!
Ela riu e eu a puxei para perto para dançarmos de um jeito meio errado e desengonçado, bem, do nosso jeito, dando passinhos para os dois lados com a batida do violão.
- Its to cooooold out side, the anjels to fly! – cantei, sem me importar com as pessoas em volta. estava com suas mãos em meus ombros e eu com as minhas em sua cintura, mas tínhamos uma distância de alguns centímetros entre nossos corpos, eu sei lá porque para mim aquela distância não precisava existir. Ou sim, sei lá. Ela era minha amiga e eu gostava de dançar com ela e fazer algumas loucuras.
Comecei a cantar quase mais alto que o próprio Ed, mas lá de trás não dava para ouvir. riu da minha cara, mas um tempo depois ela já estava cantando junto. Nós cantamos a letra alto e rimos um da cara do outro.
E aí Ed se despediu e disse que a partir de agora era com o DJ não sei o que lá, e a luz do pequeno palco se desligou e umas luzes azuis de neon se ligaram em um canto, na mesa do DJ. Para já começar com todo mundo gritando por ouvir uma música boa, ele já colocou Starships de primeira e, como o esperado, todo mundo gritou e levantou as mãos.
- Tá, agora para o bar, por favor, que hoje eu quero tomar um porre. – falou, se afastando de mim e seguindo para perto do bar.
Ela pegou duas doses de vodka e mostrou a identidade. Dois minutos depois o barman soltou os copinhos na nossa frente e nós o pegamos. Nos olhamos e olhamos para o copo em nossas mãos, e então nós assentimos um para o outro.
- Um, dois, três!
E viramos. Aquilo desceu queimando, e bati o copo no balcão.
soltou um gritinho, fazendo careta.
- Eu não estava preparada! – Riu. – Ok. Ok. Próxima!
Balancei a cabeça, aquilo me fez rir feito um louco.
- Quero mais. Vamos tomar um porre juntos hoje. – Dei a brilhante ideia.
- Amigos servem para isso. – Ela me lembrou, fazendo careta.
E entre umas e outras doses de vodka eu já estava vendo duas s em minha frente, e decidi que era a bebida fazendo efeito. De qualquer modo, eu e fizemos um juramento de só parar quando desmaiássemos. Marcamos o juramento com o dedo mindinho.
- Vou pedir uma música, fica aqui! – Ela disse no meu ouvido e eu assenti. Tomei mais um gole de nossa cerveja e esperei escorado no balcão até voltar, o que não demorou muito, e uma música bem conhecida começou a tocar, fazendo ela sorrir para mim.
Ice Ice Baby, do Vanilla Ice. Eu comecei a rir.
- Vaaaai! Quem não adora essa música! – Ela gritou, me puxando para a pista.
dançava bem, ela estava arrasando na minha frente enquanto cantava o rap que eu não sabia a letra, então eu só acompanhava as palmas. Eu adorava como ela se soltava e fazia o que desse na telha, via muito de mim nela, éramos muito compatíveis e parecidos. Adorava que fossemos tão amigos, que pudéssemos sair para curtir juntos sem problema algum.

Então nós voltamos para o bar. E decidimos que aquela era a hora de ficarmos totalmente bêbados. Não, sério. Nós até sentamos para beber. Queríamos ver quem ficava de pé por mais tempo depois que nos levantássemos de novo. A música eletrônica entrava em meu cérebro e parecia fazer tudo pular.
Eu e , quando nos demos por conta, já não conseguíamos parar de rir por algo que nem lembrávamos o que era, a gente só se olhava e começava a rir e lágrimas saiam dos meus olhos. Decidimos nos levantar e dançar, era a única coisa que nos restava fazer até, sei lá, desmaiarmos.
Tik Tok, da Kesha, começou a tocar e fomos para a pista. Era uma boa música para dançar. Eu não sei bem se era pela bebida ou por estarmos ao lado de uma caixa de som, ou pelos dois, mas sentia que meu cérebro ia pular para fora da minha cabeça a qualquer momento.
- Fala sério. – reclamou da dor nos pés quando se levantou com dificuldade depois de tirar os calçados e os segurar nas mãos, ficando pelo menos dez centímetros mais baixinha.
Chegou aquela hora da festa em que todo mundo está meio cansado e precisando de uma bebida para continuar, e então o DJ aproveitou que tinha pouca gente na pista para botar uma música qualquer e sair da mesa para fazer alguma coisa. E como eu e estávamos bêbados e com muita energia guardada, a gente não precisou parar de dançar.

Tinha um pouco de água ou sei lá o que era no chão, que foi derramado de um balde com gelo onde estavam umas garrafas de bebida, e quando pisou lá ela olhou para baixo com uma careta.
- Realmente espero que seja água.
Ri.
- Vai saber. Talvez seja... – Mas parei de falar quando pisou no líquido e caiu de bunda no chão. Gargalhei e, para não ficar feio, eu fui ajudá-la e caí também. É o que chamam de espírito de equipe!
Depois que as pessoas voltaram a se aglomerar na pista, ficamos em um canto decididamente apertado para nós dois, e eu tentei sair de lá, mas ela me impediu e disse que gostou de ficar ali.
- Eu posso testar uma coisa? – me gritou acima da música alta, e eu apenas assenti, não fazia ideia de mais nada ao meu redor. Até que ela, sem nenhum tipo de aviso prévio, me puxou com força para a frente e colou nossa boca de um jeito nada gentil. Ela até deixou escapar um gemido baixo entre nossos lábios quando nos tocamos, e eu, como não sou nada idiota, só me deixei levar. Não que eu esperasse, e não que eu tivesse imaginado isso entre nós alguma vez, mas que mal faria? Nós dois estávamos ali, tão bêbados que nem lembrávamos nossos nomes e era lógico que algo assim ia acontecer. Até achei que demorou demais. Mas não me preocupei nem um pouco com isso, nem sabia se lembraríamos no outro dia.
E não era a garota mais sensível do mundo em relação a isso, pelo menos naquele momento. Ela me puxou pela gola de minha camisa branca, já aberta até a metade, e me segurou forte contra ela de um jeito que tornava impossível escapar mesmo que eu quisesse. Era novo para mim, ela tinha atitude e era ela quem mandava ali, e eu gostei de experimentar uma coisa dessas porque geralmente com Eleanor era sempre a mesma coisa parada de sempre. Próximo passo de um término: perceber que há algo melhor.
E não era por nada, mas... Por que demorei tanto para pensar em beijar ? Isso tinha que se repetir mais vezes. Além de tudo, minha amiga beijava bem.

Niall’s POV

“Party Rock is in the house tonight, everybody just have a good time” a música soava em meus ouvidos e eu só desejava poder fazer o que dizia nela, que era bem simples na verdade, me divertir. Mas não dava. Quer dizer, algo em estava me incomodando, pelo fato de estar incomodando ela. Era claro que algo a impedia de curtir, algo estava a deixando pensativa e distante, e mesmo eu mandando a todo tempo mensagens para meu cérebro de “finge que não liga, você só está aqui como um amigo e nada mais” não dava para não se preocupar. E eu estava me matando para tentar fazer aquele papel de quem não ligava para ela estar com algum problema, mas, ah, simplesmente não dava!
Eu até cheguei a pensar, por um breve minuto, que talvez parte daquilo fosse porque eu dancei a metade da noite com uma garota que conheci lá porque ela não queria dançar e porque ela fora dançar com um tal de Dan que veio de gracinha para cima dela, mas tratei de apagar essa hipótese porque era engraçado imaginá-la com ciúmes de mim.
E eu sabia que hoje era a noite e de hoje não podia passar, depois de tantos beijos sem explicações, eu tinha que virar homem e falar o que sentia antes que minha coragem sumisse de novo.
- , já chega, né? – Falei a ela, enquanto nos balançávamos sem entusiasmo algum no meio da pista de dança. – Não estamos com vontade de fazer isso.
Ela assentiu e eu peguei a sua mão, puxando-a para a porta do clube. Depois de sairmos pude perceber que na verdade estava frio lá fora. Nós paramos na grande escadaria que tinha na frente do clube e ela se escorou em um corrimão, cruzando os braços. Tirei o meu terno meio que automaticamente e coloquei-o em suas costas. Eu ainda não havia tido a oportunidade de dizer o quanto ela estava magnífica naquele vestido.
- Você tá... maravilhosa. – Disse, soltando o ar com força.
- Obrigada. – Ela sorriu para mim. – E você também, sabia?
Ri fraquinho.
- Sabe, ... é uma pena que o Charlie não tenha vindo. Ele realmente não sabe o que está perdendo, você tá perfeita. Você é perfeita, e... – Engoli em seco. Cara, eu me sentia com dez anos outra vez, em frente a uma garota que realmente me intimidava.
- Niall, eu tenho que...
- Por favor, me deixa terminar isso. – Pedi. Eu não podia deixar passar sem dizer aquilo. – , eu não posso terminar essa noite sem te dizer que você é... – Suspirei de novo, tentando me lembrar de tudo aquilo que ensaiei na frente do espelho umas mil vezes hoje mais cedo. Mas nada me veio à cabeça, nada além de um branco enorme e de como eu a amava. – Você é tudo o que eu sempre...
- Não existe nenhum Charlie. – Ela me cortou e soltou, rápido.
Por um momento tudo que fiz foi piscar e encará-la sem entender muita coisa.
- O quê? – Franzi o cenho.
- Não existe Charlie. Eu o inventei.
- Você... – Ri fraco. Essa era a hora em que ela falava que era brincadeira.
havia mentido? Ela havia me feito passar por tudo isso por nada? Ela não imaginava quantas noites eu passei sem dormir desejando poder ser ele por pelo menos um dia, desejando pela primeira vez desde que eu me conhecia por Niall Horan não ter a minha vida incrível, só para poder ser essa merda de garoto que nem era real! Em minha cabeça passava um filme, de como eu fui idiota. E como ela me via sendo idiota, quando ela sabia a verdade.
- Você mentiu?!
- Niall, me deixa explicar.
Eu não queria deixá-la explicar. Eu não queria ouvir. Eu queria... gritar feito uma criança birrenta de oito anos que não ganha o que quer. Eu havia sido feito de palhaço, ainda estava sendo um palhaço. Eu estava puto. Mas eu não consegui simplesmente virar as costas e ir embora, porque eu estava meio que paralisado, acho.
- Olha... Eu só inventei isso porque queria descobrir se você sente algo por mim. E por algum motivo idiota eu pensei que assim fosse ser de alguma maneira mais fácil do que apenas te perguntar isso, porque eu estava com medo de... Do que você poderia falar. – choramingou. – Eu queria que alguém se apegasse a mim, só uma vez, só para variar. A verdade é que meu maior problema é essa facilidade em me apegar às pessoas e me machucar no final. E quando nos beijamos, eu senti uma pontinha de esperança de, quem sabe, lá no fundo, você sentir algo também, mas eu nunca consigo acreditar em algo totalmente, eu sempre tenho esse pé atrás como um modo de me proteger. Eu duvido muito no sentimento dos outros por mim, Niall, e eu fico me perguntando o tempo inteiro porque você sentiria algo justo por mim tendo milhões de garotas por aí. E eu fico com medo. E então, eu inventei isso, e... eu sei que estraguei tudo. – Ela levou as mãos ao rosto. - Eu sempre estrago.
Encarei-a por um tempo sem tamanho, de olhos semicerrados, digerindo o discurso de comoção.
- Estraga mesmo! – Disse, por fim, explodindo. A raiva e a frustração não me permitiram pensar mais claramente sobre o que responder, então eu apenas liberei meus pensamentos no momento. - Eu... eu fui tão... idiota, eu... eu pensei que você nunca na vida fosse olhar para mim! Você passou todo esse tempo falando em “somos amigos” e aí de repente você decide que gosta de mim e que tem um namorado imaginário, e... você inventou tudo! Você criou tudo isso, é tudo da sua cabeça! – Abri os braços. – E agora vem com esse discursinho pronto para me comover? Que merda, ! Que merda! Você realmente estragou tudo!
tirou as mãos do rosto, e o olhar que me lançou fez meu estômago gelar. Eu quis me jogar daquela escada. Eu era tão problemático, eu podia ter simplesmente a beijado nesse exato momento e mandado um foda-se para o Charlie-amigo-imaginário, e provavelmente estaria me dando muito melhor agora. Mas por que aquilo me deixara tão irritado? No final das contas não era só o que eu queria ouvir? Ela sentia algo por mim! Então por que diabos dos infernos da merda dos relacionamentos complicados eu não conseguia me contentar com isso?!!!
Olhei para ela depois de dizer tudo aquilo e o arrependimento praticamente me deu um tapa na cara. Dá pra voltar? Dá pra fazer de novo?!
Tudo que fez foi olhar para o chão.
- Eu quero ir para casa agora.
- ...
Ela não me deixou falar nada. E por um lado até foi bom, porque do jeito que sou eu podia ter falado mais merda ainda. Se eu fosse ela, acho que me bateria. Aí ela tirou meu terno das costas e o entregou em minhas mãos, virando as costas.
- Aonde você vai?
- Vou para casa.
- Eu te deixo lá, pelo menos. , por favor, pelo menos isso. – Perguntei, coçando a nuca, enquanto a seguia. – Vai. Tá tarde.
- Não se importa em levar uma mentirosa em seu carro, se importa?
Que grande bosta, Niall.

Zayn’s POV

- Parece que temos uma reunião amanhã. – Falei para enquanto esperávamos nosso drink no bar.
- Uma reunião?
- É, Simon disse que queria nos ver a sós. – Dei de ombros. – Só temos que aparecer lá e ver o que ele quer, ham, como duas pessoas que só estão cumprindo o contrato e nunca ficaram quando não era preciso. – Olhei para ela para ver se ela entendeu o que quis dizer, e ela olhou para mim meio debochada.
- Ah, sei... entendi.
- É que, sei lá, ele pode vir com aquele papo de violação de contrato, o que na minha opinião é besteira, mas ele é Simon Cowel, então...
- Tudo bem, relaxa Zayn. – Ela me entregou um dos dois coquetéis que recebeu. – Aí, posso te pedir uma coisa?
- Claro.
- Eu quero que me apresente John O’Callaghan algum dia desses, tá?
- Hum – tomei um gole de meu coquetel e o larguei na mesa, olhando para ela e sorrindo. – Nem pensar.
- Por quê? – Ela fez bico.
Quer dizer, nem fodendo que eu iria apresentar para o famoso por quem ela tem uma queda, mesmo que eu o conhecesse. Seria como entregá-la de mão beijada para ele. Burrice total.
- É claro que não, . – Só revirei os olhos e me levantei, puxando-a pela mão para nós dançarmos.
- Isso é injusto, se lembra quando começamos com essa farsa? Eu disse que aceitaria porque queria benefícios, e você concordou.
- Isso é porque naquela época as coisas não eram como são agora entre nós. – Isto é: isso é porque naquela época eu não estava apaixonado por você. Espera... o quê?
- Você quer dizer, “isso é porque naquela época você não fazia sexo comigo”?
- Praticamente. – Concordei apenas para sair daquele assunto logo.
Ela deu de ombros e se aproximou para dançarmos. Era uma música nem lenta e nem rápida, era só para se balançar de qualquer jeito e dizer que estava dançando.
- Além disso, você tem a mim. Quer benefício maior? – Disse em seu ouvido sorrindo, e ela me deu um tapinha fraco.
deitou a cabeça em meu ombro enquanto dançávamos e com a mão que não estava em meu ombro, ela fazia um cafuné de leve em minha nuca. Ela mesma já havia dito que estava com sono há alguns minutos atrás, quando eu perguntei porque ela não estava curtindo pela última vez com os amigos. Acabei recebendo a resposta de que ninguém ali nunca tratou ela como nada mais do que a menina invisível do canto da sala, mesmo depois de as coisas melhorarem com a chegada de .
- Quer que eu te leve para casa?
- Eu quero ficar mais um pouco, se não se importa. Está bom dançar assim.
- Eu não me importo. – Dei de ombros.
Podia sentir a sua respiração batendo em meu pescoço o tempo todo enquanto dançávamos. Eu nem me dava conta de que música era, ou que horas eram, ou há quanto tempo estávamos ali. Já estava virando rotina, eu trocar qualquer coisa pelo prazer de mais tempo em sua companhia. E ficou mais legal ainda quando ela começou a distribuir leves beijos em meu pescoço, até onde ela alcançava. Eu comecei a sorrir enquanto dançava, sentindo aquilo fazer meu corpo se arrepiar. Não era nenhuma provocação ou coisa do tipo, era puro carinho, assim como a mão que passava as unhas bem de leve em minha nuca e nos meus cabelos dando aquela sensação gostosa. Eu era tão entregue a ela...
- Zayn?
- Hum?
- Você já pensou em... nós?
Abri meus olhos que já se encontravam fechados para curtir aqueles carinhos mais detalhadamente. O que ela queria dizer? De qualquer modo, ela também não soube encarar o meu silêncio.
- Você não precisa responder, se não quiser. – Ela falou. – Só queria saber. Estou começando a pensar que talvez não seja tão fácil manter uma relação sem saber de fato o que ela é.
- Como assim?
- Tipo, imaginar você com outra garota não é legal para mim. Mas eu sei que falamos que somos só amigos, então isso poderia acontecer. Então acho que não sei mais o que eu sinto.
- Eu não ficaria com ninguém estando com você.
- Nem eu, mas... ah deixa para lá. – Ela voltou a beijar o meu pescoço de leve, fazendo meus olhos se fecharem automaticamente
- .
- Sim?
- E se eu pedisse para namorar você?
Ela riu um pouco.
- Nós já namoramos, lembra?
- Não, eu digo, de verdade.
Ela levantou a cabeça e olhou no meu rosto, sem falar nada. Me perguntei se fiz certo em falar aquilo. Nem sabia de onde aquilo havia vindo, eu nem planejei falar.
- ? – Alguém a chamou antes que eu pudesse ouvir a sua possível resposta, e ela fechou os olhos e fez careta.
- Ah, não... – choramingou. – Pedro.
Ela se virou para trás devagar e olhamos para o tal cara de onde havia vindo seu nome. Um garoto alto e moreno, cabelo escuro e um blazer meio estranho sorria para ela, mas seu sorriso logo sumiu assim que me viu atrás de .
Ah, então esse era o babaca. Meio que por impulso eu a puxei por trás pela cintura e a colei comigo.
- O que é? – Ela disse, seca.
- Uau, você está linda. – Ele disse se aproximando um passo como se nem notasse a minha presença, o que me fez travar o maxilar em um sinal claro de irritação.
“Você está linda”? Como assim “você está linda”? Ela não estava linda, linda nem chegava perto do que ela estava ou era, e sinceramente, ele não falou aquilo para , e sim para suas pernas. Ah, qual é, por favor! Aquele moleque queria uma boa surra.
- E tem acompanhante. – Disse, encarando-o nos olhos.
Nesse momento ele olhou para mim como quem não podia mais fingir que não me viu.
- Então esse aí é o mauricinho? – Ele debochou. – Sinceramente, , você merece coisa melhor.
- Tipo você? – Ela desdenhou. – Ninguém merece algo como você.
A feição do merdinha mudou de repente. Ele já não era mais o cara tentando conquistar, mas sim alguém que percebeu que ela não dava a mínima e que não curtia humilhação pública.
- Bem que você gostava quando era a CDF virgem. – Ele sorriu de canto para ela e isso foi à gota. Segurei pelos braços e a afastei para o meu lado, dando um passo na frente dela para ficar cara a cara com aquele filho da mãe.
- Repete. – Falei em sua cara.
O pessoal em volta parou para olhar.
- Você não vai querer fazer isso, cara. – Ele me disse.
- Some daqui antes que eu quebre a sua cara, moleque. – Vociferei.
- Ah, entendi. Você quer bancar uma de macho? – Ele riu. – Olha só, acho melhor treinar mais, viadinho. – Deu mais um passo para frente até quase encostar em mim e me empurrou minimamente para trás. – Ah, e vê se come essa vadia logo antes que ela te enrole também.
Foi como se ele tivesse falado a senha para ganhar um soco no meio da cara de graça. Simplesmente aconteceu. Meu punho que estava fechado coçando para quebrar a cara dele simplesmente foi direto no seu nariz assim que eu o ouvi chamá-la de vadia. Ninguém chama de vadia.
O garoto vacilou para trás, mas não caiu. Automaticamente, todos em volta perceberam e abriram espaço, formando uma roda em volta de nós.
- Se você abrir o bico outra vez vai continuar apanhando por tudo que fez para ela!
Algumas pessoas comentavam baixinho sobre , provavelmente começando a se lembrar do episódio em que a humilhavam por causa dele. Eles nos olhavam com curiosidade, adorando uma intriga.
- Sua sorte é que não bato em viado, sua bicha! – Ele gritou para mim, levando a mão ao nariz que sangrava.
- Viado? – Ri com ironia. – Sinceramente, cara. Foi você com quem ela se recusou a dormir, e ouvi falar que era porque o tamanho não compensava... – abri um sorrisinho e as risadas e respostas da “plateia” se fizeram presentes em volta de nós. - Então acho que devia pensar melhor antes de chamar alguém de bicha outra vez. – Pisquei para ele e virei as costas, pegando pela cintura e nos afastando de todo mundo.
- Agora eu estou pronta para ir embora. – Ela riu. Olhei para seu rosto. Apesar de surpresa, ela parecia mais do que satisfeita com aquilo.
- Vamos para casa, então. – Ri junto.

Harry’s POV

- Ei, , que pressa é essa? – Corri um pouco para poder alcançar a baixinha invocada. Ela ficou brava comigo do nada e se eu prezasse minha vida e nosso relacionamento, era melhor ter tudo resolvido antes de ficar encurralado por ela em casa.
- Faz um favor para mim, Harry? – Sua voz saiu seca. – Se joga do Tower Bridge.
Legal, agora ela queria minha morte. Nunca teríamos um dia todo de paz, mesmo. entrou no carro e fechou a porta com força. Senti dó de minha garota, apanhando da minha namorada sem ter culpa alguma. Entrei no carro também e dirigi até a casa, ambos mergulhados em silêncio.
- , você pode me dizer o que houve? – Perguntei, seguindo-a de perto quando ela entrou em casa. Ela parou na porta do banheiro e se virou para mim, com um sorrisinho cínico no rosto.
- Não! – E fechou a porta com tudo.
- Ai, cacete! – Gritei quando senti que a porta havia sido fechada em meus dedos. – ABRE!
Ela abriu a porta e eu recolhi a mão rapidamente, examinando-a de perto.
- Espero que tenha arrancado! – E fechou a porta de novo. Vi minha paciência fugindo pela janela da sala.
- abre essa porta! – Gritei, batendo na porta.
- Vai embora, Harry!
- Eu estou na minha casa!
A porta foi aberta e ela voou por mim, indo para a sala. Segui a garota mais uma vez. Talvez estivéssemos ambos um pouco bêbados. Talvez.
- Você é um idiota!
- Qual é o problema, porra?!
- Por que está tão bravinho? Quando estava se esfregando naquela vagabunda não me parecia nervoso!
- Eu não estava nervoso até alguns segundos atrás quando eu quis saber o que aconteceu!
- Agora que você sabe, pode me deixar em paz, por favor?
- Ah, por favor, , deixa de drama, vai!
- Drama? Se eu sou dramática, você é um moleque, Harry!
- O que foi que eu fiz?! – Arregalei os olhos, gritando.
- Você estava lá, se esfregando na menina! Mas que saco! Não se faz de idiota, eu vi!
- Eu não estava me esfregando em ninguém!
- Ah, não! Agora eu que sou cega! – Ela riu, incrédula.
- Eu estava tirando foto com uma fã, !
- Essa é a sua desculpa para tudo! Quando você vai virar homem e admitir que você tem algum problema hormonal? Não pode ver um rabo de saia que vai correndo atrás!
- Pronto, vai começar a me ofender! Você é realmente um saco, hein?
- Vai pro inferno, Harry! Por que você não volta para a festa e volta a se esfregar com aquela loira?!
- Não fode, !
- Você me cansa, sabia? De verdade! – Ela cruzou os braços, o rosto já vermelho.
- Não estou nem aí!
- Claro que não está! Porque você só liga para você mesmo, seu egoísta!
- Eu que sou egoísta? Eu não posso nem falar com uma garota que você já vem com suas psicoses, me erra! Você é muito neurótica, você me sufoca!
- Agora eu sou psicótica?!
- Eu não sou sua propriedade, entende isso! – Me aproximei alguns passos, quase implorando.
- Ah, não? Ok então, podemos terminar aqui, o que você acha? Eu acho ótimo! – Ela berrou, jogando os braços no ar.
- Ótimo! – Gritei de volta.
- Espero que você aprenda algo com isso, porque você sempre afasta as pessoas que devem ficar.
- Cala a boca, !
- Seu pai foi embora, você consegue imaginar o motivo? Eu consigo: você é um saco, Harry!
Senti meu sangue ferver. Eu não pude segurar as palavras que saíram de minha boca:
- E você acha que sua mãe ficou debaixo d’água porque queria olhar nessa sua cara feia? Por favor!
- Vai se foder, Harry Styles! – Ela me empurrou pelos ombros nessa hora, furiosa.
- Não, , vai você se foder! – Apontei o dedo para ela, sentindo minha visão ficar vermelha. – Não aguento mais essas suas criancices!
- Que coincidência, porque eu cansei das suas também!
- Eu tentei te entender, , eu juro que tentei, mas você é impossível! Criar essa briga toda do nada, pra nada! Eu tentei uma conversa civilizada...
- Civilizada, Harry? Você é um cavalo! Não consegue ser gentil com ninguém, está sempre de crise com alguma coisa; é sua voz, é seu cabelo, é sua carreira, são as fãs, é a fama! Você parece uma adolescente em crise...
- PARA! PARA DE FALAR! MAS QUE MERDA , CALA A PORRA DESSA SUA BOCA! – Parti para cima dela, fazendo-a bater com as costas na parede, esbarrando numa coluna de madeira que sustentava um vaso de flores e ele se espatifou no chão. – VOCÊ NÃO SABE DE NADA, VOCÊ NUNCA SE INTERESSOU EM SABER DE VERDADE E FICA AÍ DIZENDO MERDA! DÁ VONTADE DE...
- De o quê, Harry? Quer me bater? ME BATE! - Nossos gritos provavelmente já haviam acordado os vizinhos há essa altura. - ME BATE SE VOCÊ TEM CORAGEM, MAS FAZ UM FAVOR, ME BATE PRA VALER, QUE É PRA EU NÃO PRECISAR MAIS VER ESSA SUA CARA DE MERDA, SEU IMBECIL!
Senti o sangue subir de uma vez para minha cabeça e a raiva me dominou por completo. Segurei-a pelos ombros e a pressionei mais contra a parede, segurando-me para não bater nela.
- E SE EU TE BATER O QUE VOCÊ VAI FAZER? QUEM É VOCÊ CONTRA MIM? VOCÊ ESTÁ PEDINDO POR ISSO, LAÍS! TÁ AGINDO FEITO UMA VADIA, PORRA!
- VADIA É A MULHER QUE TE COLOCOU NESSE MUNDO, ELA DEVERIA SER PRESA POR ISSO!
E então minha visão ficou completamente vermelha e por impulso eu soquei a parede ao lado de sua cabeça. O gesso rachou e minha mão afundou completamente, fazendo um pó branco nos sujar. Eu estava ofegante e os olhos de arregalados, um silêncio sepulcral entre nós.
- Vai, Harry. Vai em frente. Me bate até essa porcaria de raiva que você tem aí dentro sair por completo. Eu sei que você quer isso. Eu sei que você quer me machucar. – Sua voz estava num fio, o que a tornava ainda mais cortante. Ela tirou minha mão da parede e encostou meu punho em sua bochecha. Seus olhos estavam marejados e lágrimas gordas ameaçavam sair. – Acaba logo com isso, anda logo.
Olhei para baixo, não aguentando o nó que aqueles olhos machucados me proporcionavam na garganta. Nós dois procurávamos por isso há tempos. Uma briga dessa proporção. Desde que nos vimos pela primeira vez, desde a primeira troca de palavras desdenhosas. Nós dois éramos como dois elementos que causam uma explosão, sempre tão perigosamente perto, e isso estava destinado a acontecer há tempos. E estava cada dia mais perto. Até que aconteceu. Estávamos procurando por isso.
Vi a proximidade perigosa de nossos corpos e senti a raiva sendo substituída por aquilo que mais me dominava quando eu estava daquele jeito, tão próximo: vontade dela. Subi os olhos de novo e vi que ela encarava minha boca. Sem rodeios capturei seus lábios com vontade e ela me correspondeu. Passei minhas mãos pelas suas pernas e ela enlaçou minha cintura com elas. Segurei seu cabelo com força, trazendo-a para mais perto de mim, como se pudesse fundir sua boca na minha.
Saí dali e entrei na cozinha, aos tropeços com ela em meu colo. Puxei o forro da mesa com tudo e ouvi várias coisas caindo ao chão, algumas quebrando, outras apenas fazendo barulho metálico. Sentei ali e a trouxe mais para perto de novo, só que agora eu estava encaixado entre suas pernas.
- Me desculpa! – falei, entre o beijo, com uma mão segurando sua coxa firmemente ao redor da minha cintura, e a outra passando de leve o polegar em sua bochecha, para limpar uma lágrima que ela deixou escapar pelo susto. – Me desculpa, eu sou um idiota! Você tem razão!
Interrompi o beijo e colei nossas testas, ela estava com os olhos fechados, mas abriu-os e me olhou nos olhos.
Eu não sei ao certo explicar o que ela causava em mim, mas tinha medo de perder isso. Perder as brigas, o jeito como nos reconciliávamos, os momentos bons, o dia-a-dia com ela que tornava minha vida diferente de tudo que eu já tive. Eu tinha medo disso. Apesar de tudo. Tinha medo de perdê-la.
- Me perdoa – murmurei. – Eu...
- Shhhh... – ela levou um dedo à minha boca. – Esquece. Eu sinto muito.
- Eu não tinha a intenção de dar moral para ninguém naquela festa, e se fiz isso foi sem querer. – segurei seu rosto com as duas mãos, ela me olhava tão profundamente que duvidava que naquele momento alguém me conhecesse melhor do que . – Eu só tinha olhos para a garota mais linda daquela festa, que por sorte é minha namorada.
Ela sorriu um pouco e olhou para baixo, juntando nossos lábios em seguida outra vez.
- Eu sei que sou paranoica. E psicótica. E que te sufoco. – Ela fez uma pausa. – E que começo as brigas. – Revirou os olhos, e eu ri fraco. – É que eu não consigo evitar, tenho medo de te perder, tem tanta menina por aí muito melhor do que eu e que daria tudo para ficar com você, e...
- Não tem ninguém melhor para mim do que você. Tira isso da sua cabeça! Eu te... – parei de falar antes de concluir aquela frase, com medo do que ela geraria. Mordi o lábio inferior, a encarando.
- Fala... – ela fechou os olhos e roçou o nariz no meu, segurando meu rosto com as mãos e fazendo carinho no lado de meu rosto e no lóbulo de minha orelha. – Eu quero ouvir.
O que se faz em uma hora dessas?
- Eu te amo. – disse, simplesmente. Era isso que se fazia. Se dizia a verdade. Não havia mais nada que pudesse explicar um sentimento forte entre duas pessoas do que isso. Esse era o limite. E eu havia dito com todas as palavras. Falei poucos “eu te amo” na minha vida, e esse foi sem dúvidas o mais importante, porque não era uma coisa que meninas ouviam de mim frequentemente – tirando minhas fãs, mas isso era totalmente diferente. Mas falei porque era simples; era a verdade.
- Eu te amo, Harry. – ela disse, foi quase um murmúrio. Para ela parecia tão mais simples...
- Eu gosto do jeito que isso soa. – sorri, e ela sorriu para mim também.
passou as pernas pela minha cintura outra vez e os braços pelo meu pescoço, se segurando firme e me dando um breve beijo na boca. Segurei-a pela cintura e levantei-a, seguindo para o quarto com ela.

’s POV

Bem, acontece que eu era uma mentirosa mesmo. Mas ouvi-lo falar com todas as letras não foi legal. Me magoou. Principalmente porque Niall nunca falara assim comigo.
E aí, como eu era uma louca neurótica que não sabia sentir coisas muito fortes sem misturar absolutamente tudo, eu comecei a ficar com raiva.
Eu queria que a gente pudesse simplesmente dizer o que sente, sem fazer essa tempestade toda. Mas não conseguíamos. Queria ao menos brigar com ele, fazer algum sentido. Uma briga estilo e Harry. E no final a gente daria uns amassos e ficaria tudo bem. Mas não ia rolar. Éramos complicados demais.
Abri a porta de casa e voei para dentro, indo direto para meu quarto e sendo seguida por um Niall silencioso e que estava me irritando.
- Qual é o problema, afinal?
- Quero que vá embora. – Falei. Eu não queria ter que discutir com ele e dizer tudo aquilo que queria dizer há tempos, e acabar estragando tudo. Eu não queria falar, ponto final. Se falasse eu cagaria ainda mais a situação. Certeza.
- Ah, qual é , você não disse nada durante todo o trajeto, e silêncio, principalmente vindo de você, não é um bom sinal.
- O que? Tá me chamando de tagarela? – bufei, soltando minha bolsa na cama e me virando para ele.
- Claro que não. Do que você tá falando? Para. Não precisamos brigar mais.
Revirei os olhos.
- Olha, eu tive uma noite de merda. Eu queria me divertir, curtir a minha noite, passar um tempo com você. Queria que tudo se ajeitasse para nós. Mas eu fiquei a noite toda sentada em uma mesa esperando o meu par dançar com outra! E você foi lá e me trocou na cara dura. – Revirei os olhos. – Eu... só quero ficar sozinha agora.
- Eu te troquei? Eu te troquei, ? – ele perguntou, em um tom mais alto do que jamais falou comigo. – Você criou uma porra de um namorado imaginário e eu que te troquei? Passei a noite pensando que eu fosse seu estepe, merda! Passei as últimas semanas me sentindo um merda! Desejando ser um cara que nem existe!
Ficamos em silêncio, ouvir aquelas palavras me fazia congelar, encará-lo como se tudo fosse apenas um sonho. Um tipo estranho de sonho.
- E você ficou com a bunda pregada na cadeira a noite toda porque quis. – Ele disse, por fim, quebrando o silêncio. Pigarreou. – Eu te convidei para dançar mil vezes.
- Não importa! – Bati o pé. – Era minha noite! Eu queria só ficar perto de você! Mas eu fui no banheiro e quando voltei para te chamar para dançar, você já havia sumido!
- Ah, entendi. – ele riu com amargura e olhou para o teto, suas bochechas ganhando uma coloração vermelha. – Você quer que eu seja o seu fantoche. Já entendi o seu jogo, . Imagina que ótimo ir na formatura do colégio acompanhada de Niall Horan. Mas eu não sou o seu cachorrinho! – ele me olhou, com um olhar cortante.
Suspirei, frustrada. A briga não precisava tomar proporções maiores, essa era a hora em que a gente começava a se amassar. Mas nunca me contou como se saía de uma briga dessas. Parecia um buraco, que o quanto mais você cavava, mais fundo ia, e depois não conseguia subir.
- Então é isso? Você acha que eu só quero te usar? – balancei a cabeça algumas vezes, sem saber o que dizer que explicasse o quanto isso me afetava. – Acho melhor ir embora agora, Niall. – falei, baixo, e tentando não me descontrolar. Havia tantas coisas que deviam ser ditas, mas eu não podia estragar mais ainda as coisas. Quer dizer, nem era para termos chegado a um assunto sério. Eu queria entender o porquê de nunca conseguirmos ficar bem um com o outro, mesmo sendo tão fácil.
- Ótimo.
Ele se virou e foi em direção à sala, e eu o segui para chavear a porta depois que saísse, mas quando chegou na porta, ele levou a mão à maçaneta e parou por um tempo. Depois, virou para mim outra vez.
- Quer saber? Não. Eu não vou embora. Agora eu quero saber exatamente o que você quer de mim, porque eu não sei mais o que esperar de você. Eu não sei mais o que pensar de você. Eu não sei mais o que fazer quando tô perto de ti, eu vou enlouquecer! – Se aproximou um pouco, e então deu de ombros. – Me explica!
Eu estava tentando lutar contra meus olhos, que insistiam em ficar marejados, mas perdi a paciência nessa hora. Eu quero saber a mesma coisa, seu imbecil!, quis gritar. Por que é que fui começar uma briga, droga? Por que eu fui contar da droga do Charlie? Eu podia simplesmente ter ficado quieta! Eu era tão problemática e sempre fazia a coisa errada!
- Pensei que nós éramos amigos, e... – encolhi os ombros e comecei a falar aquilo que ele gostava de me lembrar, nossa linda amizade. Que já não era suficiente para mim.
- Não, , não! – ele gritou, me assustando. – AMIGOS MINHAS BOLAS! EU CANSEI DESSA MERDA DE “AMIGOS”! AMIGOS NÃO DORMEM JUNTOS, AMIGOS NÃO FALAM FRASES PELA METADE, AMIGOS NÃO SE BEIJAM SEMPRE QUE TEM A OPORTUNIDADE, AMIGOS NÃO SENTEM O QUE EU SINTO! ESTOU EXAUSTO DE TENTAR TE ENTENDER, ESTOU EXAUSTO DE SER O SEU CAPACHO, FAZER SÓ O QUE VOCÊ QUER E SER VISTO COMO O SEU AMIGUINHO!
- ENTÃO ME DIZ O QUE VOCÊ QUER, HORAN! PORQUE EU NÃO SEI LER MENTES, E VOCÊ TEM QUE SE DECIDIR! – Berrei, deixando algumas lágrimas escaparem sem dó. Eu chorava quando estava sob pressão. Na verdade, eu chorava em quase qualquer circunstância.
- Sabe qual o seu problema? – ele disse, olhando para os lados de vez em quando para evitar olhar em meus olhos. – Você só pensa em si mesma. Só quer que todo mundo faça todas as suas vontades, você não se importa com como nós nos sentimos! Não somos marionetes que você comanda para fazer o que você quer a hora que quer, ou ser o que você quiser para você!
- Eu não entendo qual é o ponto em que quer chegar – Disse, baixinho. Suas palavras já não faziam mais sentido para mim. Elas só pareciam querer me atingir a qualquer custo.
- Eu estou tentando dizer que você nunca se importou de verdade comigo ou com nada que não seja como você se sente!
- Niall! – gritei, já não aguentando mais, e dei um passo à frente, empurrando-o pelo ombro. – EU CANSEI DISSO! EU NÃO SEI O QUE VOCÊ QUER, VOCÊ NUNCA PODE OLHAR EM MEUS OLHOS E FALAR O QUE QUER DE VERDADE, VOCÊ NÃO PASSA DE UM COVARDE QUE NÃO TEM CORAGEM DE DIZER O QUE PENSA, SEU IMBECIL! EU TE ODEIO! – Berrei. - SAI DAQUI!
- ME ODEIA?! – ele berrou, segurando meus braços e me chacoalhando um pouco, agora eu já não fazia mais a mínima questão de esconder as lágrimas que caiam cada vez em maior quantidade. Ele estava vermelho e seus olhos azuis estavam quase que cinzas. – VOCÊ QUER QUE EU FALE O QUE EU QUERO?! EU VOU TE FALAR O QUE EU QUERO, ! EU QUERO QUE VOCÊ PARE DE BRINCAR COMIGO E ME DIGA O QUE EU TENHO QUE FAZER PARA TE TER! É ISSO QUE EU QUERO, PORRA!
Como não disse nada, Niall me largou bruscamente e deu dois passos para trás.
- Vai embora, Niall! Vai embora daqui, eu não quero mais ver essa sua cara, eu não quero mais ouvir essa merda! – Gritei, entre choros e soluços. Minha cabeça estava prestes a explodir.
Niall ficou parado olhando-me por algum tempo, enquanto eu tentava secar as minhas lágrimas sem sucesso.
- Sai! – apontei para a porta, e fui até ele, o empurrando para fora e fechando a porta com uma batida ensurdecedora em sua cara. Depois, só me encostei na mesma e desabei, chorando tudo aquilo que eu tentava segurar, enquanto me sentava no chão.
Não sei em que momento tudo dera tão errado. Eu só queria que essa noite fosse a nossa noite do finalmente. Mas acabei dizendo coisas que não queria dizer, e machucando-o, e magoando-me em retorno. Porque isso era mais fácil do que falar que o amava e talvez perdê-lo para sempre. Meu medo irracional de tê-lo para mim combatia a vontade que eu tinha, a necessidade que eu tinha de tê-lo. E eu já não sabia mais o que era mais urgente.

’s POV

Depois da festa eu e Zayn fomos para a casa dele. Ríamos de algo bobo dito por ele antes de entrarmos e logo depois percebemos que tudo ficou silencioso demais. Droga de falta de assunto.
- Quer ver um pouco de TV? - ele falava já se sentando no sofá, jogando o blazer em qualquer lugar por ali e com o controle remoto em mãos.
- Ah, acho que TV é uma boa pra quem perdeu o sono.
Me limitei a sentar ao seu lado e colocar os pés descalços na mesinha de centro. Ele fez o mesmo. Nada de interessante estava no ar, e nossos olhares só permaneciam fixos na tela porque pensávamos em algo nem tão idiota pra ser dito.
- Você tem belas pernas.
A voz grave, baixa e suave disse, quebrando o clima de "nada de bom passando, mas assistimos mesmo assim". Senti meu rosto queimar aos poucos, em um raro momento de vergonha, e puxei um pouco o curto vestido pra baixo numa tentativa mútua de cobrir o resto de minhas pernas. Ouvi uma risada anasalada ao meu lado.
- Boba, eu te elogiei.
- E eu fiquei com vergonha.
- "Obrigada Malik por perceber o quanto sou gostosa". - Zayn dizia fazendo uma voz chata, como se estivesse me imitando ou algo do tipo.
- Para, Zayn! - Empurrei-o com o ombro.
Rimos daquela situação até nossos olhares cruzarem. Fora uma das poucas vezes na noite que nos olhamos daquele jeito, tirando, talvez, a parte em que ele perguntou o que aconteceria se me pedisse em namoro e eu simplesmente não soube o que responder. Aquele garoto tinha algo diferente naqueles olhos castanhos claro, e eu gostava disso. Não assumia isso em voz alta, mas gostava. Era forte, era muito atraente.
O silêncio se instalou novamente, só que dessa vez mantivemos o contato visual.
- Por que você não me beija agora? - Ele disse com uma voz suave e confortável demais para resistir. Qual é, como eu deveria agir? Eu e Zayn tínhamos essa sintonia. Fingíamos nos amar pra todos, mas entre nós não tinha nada além de um rolo não denominado. Ou tinha?
De minha parte estava crescendo algo, eu sabia. Mas eu não queria que isso continuasse. Não mesmo! Não queria me apaixonar por alguém, principalmente quando esse alguém é o meu namorado de mentirinha. Eu estava tentando me convencer de que aquela era a hora de parar com essas brincadeiras e levar a sério, só ficar quando precisasse. Mas com ele fazendo esses tipos de coisa, ou me defendendo de meu ex como ele fez há alguns minutos, ficava bem difícil.
Não esbocei nenhuma reação e o senti envolver minha nuca com suas mãos grandes e delicadas. Ah, como eu gostava quando ele fazia aquilo! Me causava arrepios e cócegas, e era tão gostoso de se sentir.
Seus lábios colaram-se aos meus já pedindo passagem com a língua e não hesitei em nenhum momento. O meu corpo já reagia ao dele naturalmente, eu nem precisava pensar. Quando suas mãos desceram pra minha cintura e a envolveu com força puxando mais para si, pensamentos impróprios invadiram minha mente. Duvido que se fosse qualquer outra pessoa no meu lugar não pensaria as mesmas coisas.
Envolvi seu pescoço com meus braços e avancei nele de tal forma que ele deve ter percebido o que se passava por minha cabeça. Senti sua risada entre o beijo, que aprofundava cada vez mais. Puxei seus cabelos com uma força mínima e Zayn tateou minhas costas, me empurrando para deitar no sofá.
Senti seu corpo pesar sobre o meu e o puxei pra mais perto - se é que era possível.
Minhas pernas formigavam e tenho certeza que se alguém me fizesse andar naquele momento, eu cairia. Zayn me causava aquilo, e suas atitudes também. Não era a primeira vez que me sentia mole com aquilo, vinha sendo dos últimos beijos e amassos escondidos para que ninguém soubesse que tudo estava indo mais longe do que deveria.
Zayn se forçou contra meu corpo e pude sentir sua excitação presa pela calça escura. Arfei com os lábios colados aos seus e ele novamente sorriu. Droga de garoto!
Numa tentativa falha de me colocar por cima, girou nossos corpos nos levando ao chão e batendo na mesinha, fazendo com que o vaso de cerâmica caísse e quebrasse, arrancando mais risadas para a noite. Nada era dito naquele momento, só feito. E o que ele fez foi levantar comigo e me entrelaçar em sua cintura, me forçando na parede mais próxima dali instantes depois.
Zayn ainda colava minhas costas nas paredes enquanto tentava abaixar o zíper lateral de meu vestido, e eu desabotoava sua camisa branca. Abrir aos poucos e ter a melhor visão de seu tórax tatuado, deixava ele tão sexy. Minha visão um pouco turva por causa dos drinks bebidos da festa não me afetavam nem um pouco ao admirar cada detalhe dele, que me abraçava com força pelos quadris.
Grunhi ao tatear a parede fria e não encontrar nenhuma porta, podia ser até o banheiro, mas eu queria achar alguma porta! Zayn então abriu com força a de seu quarto e me jogou na cama com certa velocidade. Terminou de tirar a camisa - coisa que eu tinha começado - e engatinhou até mim na cama, beijando a extensão de minhas pernas até a barra do vestido. Sorriu ao ver que todo o caminho por ele percorrido tinha rastros de arrepios.
Com sucesso, força e avidez ergueu meu vestido e beijou até o cós de minha calcinha, me fazendo arfar.
Depois de me provocar, resolvi dar o troco. Dessa vez passando por cima - sem cair no chão - dele e tirando o cinto que insistia em prender sua excitação naquele jeans apertadinho escuro.

Poucos minutos depois senti seu corpo pesar sobre mim novamente e sua respiração descompassada ajudava seu peito nos movimentos rápidos de sobe e desce tentando ajustar o ar que entrava e saía de seus pulmões. Eu não estava diferente.
Depois de um tempo em silêncio, Zayn acariciou minhas bochechas rosadas e sorriu ao apoiar seu queixo em meu tórax ainda desnudo. Afaguei seus cabelos ao vê-lo fechar os olhos carinhosamente.
- Eu sinto algo por você - ele disse - e sei que é forte. Só não sei se estou preparado pra isso.
Sua voz singela me confortou ao sibilar aquelas palavras que tanto guardei em meu peito, com medo de expor meus futuros sentimentos por ele.
- Eu não quero te magoar, não quero me magoar. Não quero que um dia tudo isso tenha que acabar de uma maneira ou de outra se formos forçados a isso. Eu gosto de estar com você, gosto de derrubar alguns quadros, fotografias e vasos por aí - sorri com aquilo - mas eu tenho medo do que vão nos forçar a fazer daqui em diante.
Meu silêncio era de certa maneira alguma resposta pra toda aquela coisa dita por ele e também sentida por mim.
Senti a ponta gélida de seus dedos traçarem outros caminhos por meu rosto. Fechei os olhos.
- Aliás, eu preciso de um vaso novo, porque aquele era da minha mãe e se ela chegar aqui e vê-lo aos pedaços ela vai ficar furiosa.
Rimos com o comentário idiota - mais um - por ele feito.
- Eu acho que... me sinto da mesma maneira.
Com uma cara confusa ele respondeu:
- Quebrada?
- Não, idiota! - Ri e lhe dei um tapa fraco nas costas. - Tenho sentimentos fortes por você, mas não quero te machucar e nem me machucar. - Ele sorriu ao me ouvir.
- Acho que a gente devia dormir depois dessa confissão toda, não é mesmo?
Recebi um selinho demorado e ele logo se aconchegou ao meu lado. Dessa vez, tudo que Zayn fez foi jogar um lençol lilás sobre nós e foi ele quem se aconchegou perto de mim, deitando de bruços e com sua cabeça em cima da minha barriga. Era ótimo passar as mãos em seus cabelos, mas eu não fiz isso por muito tempo porque logo peguei no sono.

’s POV

- Isso absolutamente não é do meu feitio. – falei rindo, enquanto eu e Liam andávamos de mãos dadas passando por uma pontezinha bem estreita que passava por cima de uma fonte com alguns peixinhos e tartarugas dentro de um parque relativamente próximo ao clube. – E também não é nada discreto.
- E quem liga? Que se dane a imprensa, os paparazzi ou as revistas de fofoca. Você me ama. Eu não poderia ter ganhado algo melhor na minha vida.
- Você é tão clichê, Liam.
- Sim, e estamos andando de mãos dadas em uma ponte. Porque clichê é meu estilo de vida. – ele falou, meio afetado.
- Eu sinto muito, príncipe encantado. – ri e fiquei na ponta dos pés para dar-lhe um beijinho na bochecha.
- Anda, vamos logo ou nós perderemos o espetáculo. – Liam correu e me puxou pela mão. Eu o acompanhei até sairmos da ponte e chegarmos ao gramado do parque. E caramba, aquele lugar era alto mesmo. Era como um morro, podia se ver boa parte da cidade lá de cima, e tinham bancos virados para o leste, ou seja, para a vista da cidade e o nascer do sol.
Nós corremos até um deles. Estava muito quieto ali, o único ser vivo há metros de distância era um cachorro de rua dormindo na calçada do outro lado do parque. Quando chegamos até um dos bancos, nós nos sentamos e eu larguei meus sapatos que carregava nas mãos desde que chegamos ali. Meus olhos estavam ardendo um pouco pelo sono, mas entre ficar com sono ou ficar com Liam...
- E as luzes artificiais se apagam em três... – ele murmurou. – dois... um. – e assim que falou, a luz avermelhada do poste em cima de nosso banco se apagou, assim como todos os outros do parque, um a um, e ficamos parcialmente no escuro. Parcialmente, porque já se dava para enxergar bem, graças a pouca claridade que o sol, mesmo antes de aparecer, já dava ao céu. – E a luz natural aparece em dez...
Liam se levantou no banco e ficou de pé em cima dele, olhando para o horizonte à nossa frente, para o céu. Ele me chamou e fiz o mesmo, ficando de pé ao seu lado.
- Nove... oito... sete... seis... cinco... quatro... – Era incrível. De início duvidei que a contagem fosse dar certo, mas o Sol realmente começou a aparecer na metade do caminho até o zero. Parecia um filme ou sei lá. Tudo que sei era que aos poucos o Sol surgia no imenso céu à nossa frente, bem em frente aos meus olhos. Continuamos contando os dois juntos: - três... dois... um.
E então lá estava ele. Grandioso, brilhante, acabando de dar as caras para a Europa inteira, acabando de surgir.
- Está ouvindo isso? – Liam me perguntou sorrindo.
- O quê? – eu sinceramente não ouvia nada além do canto dos pássaros.
- O Sol está nos pedindo um favor.
Ri. Coisas do Liam...
- Ah, é? Qual? – Perguntei, entrando na sua onda.
- Ele é enorme, pode brilhar para todos o verem. Mas ele não pode falar. Ele quer que falemos por ele.
- Ele quer que falemos o que, Liam? – sorri, achando ele bobo e ao mesmo tempo apaixonante.
- Bom dia à Inglaterra!
- Então vamos falar!
- Mas tem que ser alto, . Você me acompanha?
- Sim. – ri, concordando com a cabeça. Em qual outra circunstância e com qual outra pessoa eu viveria um momento desses?
- Então tá. Um, dois, três e...
- BOM DIA INGLATERRA! – berramos para frente olhando para alguns bairros de Londres lá no horizonte. Eu comecei a rir de nossa loucura, me sentindo uma louca, mas me sentindo tão bem ao mesmo tempo. – BOM DIA! TENHAM UM DIA MARAVILHOSO! EU AMO VOCÊS! E A ME AMA! – Ele continuou, sozinho.
- Shiu, seu maluco! – ri e pulei nele, tapando sua boca com a mão.
- , olha para isso. É sério, olha. – ele apontou para o horizonte. – Olha o espetáculo que o Sol dá todas as manhãs, e pensa em todos os milhões de pessoas que estão perdendo isso agora mesmo, nesse instante. Nós somos privilegiados. Nós estamos vivenciando isso agora, nesse momento. Bem aqui. Juntos. Eu e você, e mais ninguém. Não é demais?
- É, é demais. E o que mais, filósofo Liam? – desdenhei.
- Estamos olhando um nascer do Sol e acho que você devia me beijar agora. – ele riu e me puxou para perto rápido, me fazendo rir também entre nosso beijo.
Toda vez que nos tocávamos minha pele queimava de um jeito bom, meu coração parecia dobrar de tamanho até comprimir meus órgãos e me deixar sem ar, e eu me sentia aquecida por dentro. Acho que nunca me acostumaria com isso.



Capítulo 12

I never loved nobody fully
Always one foot on the ground
And by protecting my heart truly
I got lost
In the sounds

’s POV
Algo estava vibrando em minha perna e algo estava chutando o meu braço. Abri os olhos devagar, me sentindo cega pela luz do sol em meu rosto, e me forcei para tentar entender onde eu estava e o que estava acontecendo ao meu redor.
- Ei, garota. Ei. Ei!
Olhei para cima e vi uma mulher com um terninho marrom e uma pasta preta nas mãos empurrando meu braço com os pés para que eu acordasse.
- Não pode dormir aqui. É patrimônio público. Você tem que sair daqui. Os dois. – E falando isso, ela continuou subindo as escadas – que era onde eu estava, deitada em umas escadas – e eu me sentei devagar, tomando cuidado para não deixar minha cabeça explodir.
Logo que me sentei, algumas crianças passaram em turma no outro lado da escada e começaram a apontar para mim e rir. Olhei para o lado e vi Louis ali, atirado ao meu lado, ainda dormindo com uma de suas pernas em cima de uma perna minha. Aliás, era dali que algo vibrava, do bolso dele. Peguei o celular de seu bolso e o atendi, quando vi que era Niall.
- Louis, até que enfim atendeu essa porra, cara! Onde você anda? Eu preciso de você, é uma emergência. Traz cerveja se tiver.
- É a , Niall. – Falei, murmurando. – E fala baixo.
- ? O que você está fazendo com o celular do Louis?
- Ele está dormindo.
- Dorm...
- Não é nada disso! A gente tomou um porre e eu não lembro de mais nada.
- Onde vocês estão?
- Hum... – olhei em volta. Olhei para trás, para onde as escadas davam, e vi um grande prédio atrás de nós onde várias pessoas entravam e saiam aos montes. – No museu de histórias naturais de Londres. – Falei, lendo o grande letreiro dourado em cima do prédio.
- Museu? Ah, esquece, . Diz para o Louis passar na minha casa depois. Ou talvez não, sei lá. Tanto faz. Tchau.
Nem pude responder antes de ele desligar na minha cara. Niall não parecia muito bem, mas tenho certeza de que estava em uma situação melhor do que a nossa.
- Louis, acorda. – dei-lhe uma cotovelada nas costelas para que acordasse antes de me levantar e passar as mãos na saia de meu vestido para ela se arrumar. Vi meu reflexo de longe nas portas de vidro do museu e, meu Deus, eu parecia o monstro do lago Ness. Passei as mãos nos cabelos também, fazendo o melhor possível para que ele voltasse ao lugar. Chutei de leve as pernas de Louis para que ele parasse de gemer e se levantasse de uma vez, e passei meus dedos debaixo dos olhos para tentar limpar um pouco a maquiagem que estava borrada. Assim que Louis se levantou e nos olhamos no rosto pela primeira vez, a mesma expressão foi dita por ambos:
- Ai, meu Deus!
Ele estava com marcas vermelhas do que parecia ser meu batom por todo o rosto, e até algumas marcas pretas que eu esperava que fosse de meu delineador porque ou era isso ou eu esfreguei sua cara no asfalto e não me lembrava. Seus cabelos que já eram naturalmente bagunçados estavam tão arrepiados que me perguntei de verdade se ele havia tomado um choque. Ele estava com a gravata presa à cabeça e com a camisa branca aberta até a metade como se tivesse sido atacado por um urso ou algo do tipo. Seu blazer estava preso às minhas costas enganchado no zíper do meu vestido.
Eu? Bem, deve ter um motivo para ele ter dito “ai meu Deus” também. Além do fato de meus cabelos estarem daquele jeito que eles geralmente ficam quando você escova eles de baixo para cima, de eu parecer um panda com marcas pretas debaixo dos olhos e ter resquícios de um batom vermelho que era para estar em minha boca, por todo o meu rosto. Um dos meus saltos estava quebrado e eu descobri que aquilo no rosto de Louis não era só maquiagem quando vi marcas pretas em meu braço do que parecia ser óleo de carro ou sei lá. Onde foi que nos metemos na noite passada?
Nós não tínhamos carro. Estávamos sem dinheiro. Meu celular estava na bolsa que deixei na chapelaria do lugar da festa. Zayn tinha reunião com e Harry e deveriam estar se comendo. Liam e sumiram logo no começo da festa e deveria estar dormindo se eu bem a conheço, Niall não parecia muito bem. A sorte era que estávamos até que perto da casa dos meninos. Mas como Louis deixara a chave de sua casa no carro de Harry, tínhamos que ir na casa dele antes para pegar, que ficava praticamente no mesmo lugar. Era perto do meio dia e eu esperava que eles pelo menos tivessem comida em casa, porque eu estava faminta. E muito, muito mal mesmo.
Então fomos a pé até o telefone público mais próximo e chamamos um táxi, e as pessoas olhavam para nós como se estivéssemos participando de um Zombie Walk de duas pessoas só. Para ajudar eu ainda estava mancando com um pé porque meu salto quebrou. Se olhasse muito para as pessoas que estavam encarando elas olhavam para o chão e fingiam que não nos viram.
Esperamos por bons minutos até o táxi chegar. Ele nos levou até a frente do prédio de Harry e Louis subiu, pegando a chave e dinheiro emprestado para pagar o motorista.


’s POV
- Ah, pelo amor de Deus, vão criar vergonha na cara vocês dois. – Louis entrou no apartamento fazendo uma careta e evitando olhar para mim e Harry, parecendo um mendigo ou sei lá o quê.
- Hã, nós estávamos ocupados e vocês não ligaram antes para avisar que vinham, então...
- Me poupe dos detalhes – Lou fez uma careta. – Caramba, começam cedo assim ou nem dormiram? Espera, não quero saber a resposta.
Eu e Harry rimos. Essa não era a melhor hora para um sem teto atrapalhar nosso momento, mas ele parecia precisar de ajuda, porque julgando por seu estado eu diria que ele foi raptado e pulou de um prédio.
- Precisamos perguntar o que aconteceu? – Perguntei.
- Ou melhor, nós vamos querer saber o que aconteceu? – Harry concluiu a pergunta.
- Nem a gente sabe, nós só tomamos um porre e... – Louis deu de ombros, se jogando no sofá e atirando as pernas para cima dele. – Ah, a tá lá embaixo, aliás.
Franzi o cenho, confusa e com preguiça de ouvir toda aquela história agora.
- O que quer aqui? Não tem comida, não tem água quente, não tem dinheiro e nem lugar para dormir, vai para a sua casa. – Harry foi até o sofá e tirou as pernas de Lou de cima do mesmo. – Anda, anda, queremos privacidade.
- Ah, é, pra voltar a brincar, sei. – Ele nos encarou sorrindo de canto. - Só vim pegar a chave de casa.
- Tá ali na estante.
Louis se levantou lentamente e pegou a chave, saindo em um passo muito lento até fechar a porta atrás de si.
- Ah, até que enfim! – Harry falou, voltando até mim com um sorriso safado. – Onde foi que paramos?
- Quer mesmo que eu responda? – Ri.
Ele voltou a me beijar e segurou sua camisa que me cobria para tirá-la, mas nesse exato momento seu telefone tocou.
- Ah, fala sério! – Ele praguejou.
- Pode ser importante, atende.
Harry bufou e foi pegar o telefone.
- Alô! – Disse, nada amigável. Depois de alguns segundos escutando, ainda assim duvido que ele tenha entendido algo do outro lado da linha porque, veja bem, eu estava brincando com sua atenção bem na frente dele. Harry Styles fica completamente vulnerável com uma garota nua na sua frente, e isso era engraçado. Mas então Harry pareceu entender algo do que falavam. – Espera, o quê? Niall, eu não entendo assim, você tem que falar mais devagar. Tá. Tá, eu vou. Me espera aí, já já eu chego.
Ah, fala sério. Fiz bico quando ele desligou o telefone.
- Eu sinto muito, muito, muitíssimo! – Ele veio até mim e me deu um beijo rápido. – Mas o Niall tá louco da vida, ele e brigaram feio e ela disse que nunca mais quer ver ele e sei lá, enfim, daqueles nossos tipos de briga, sabe?
- Nossa! Sério?
- É.
- Cara, eu tenho que ir ficar com a , ela deve estar precisando de mim agora!
- Tá, vamos nos vestir e eu te deixo lá.
Assenti e fomos os dois para o quarto colocar as roupas.

Depois de alguns minutos Harry já havia me deixado em casa com um breve beijo e um “eu te amo”, sussurrado. Agora essa era minha frase preferida, me fazia sorrir como uma idiota.
Quando cheguei e Liam estavam, pasmem!, sentados no sofá rindo um com o outro e cheio de carinhos e nhenhenhe. Daquele tipo de carinho que eu preferia não ver, mas era bonitinho mesmo assim.
- Uou. – Estaquei na porta antes de fechá-la. – Muita coisa acontecendo. Um de cada vez! – Gritei, fazendo-os rir.
Fui direto para meu quarto largar meu vestido lá, eu estava usando uma camisa de Harry e uma calça jeans. Namorar com alguém que tem roupas descoladas e que ficam bem em você realmente é útil.
Depois fui procurar por ali, ela devia estar em algum lugar. Acabei achando-a em seu quarto, deitada na cama com um livro nas mãos.
- Ei, garota. – Fui até lá e me sentei do seu lado, ela tirou os olhos do livro para olhar para mim. – Fiquei sabendo que coisas ruins aconteceram?
Ela soltou o livro e se sentou, me abraçando forte em seguida. Eu abracei-a também. Era sua amiga. Sua melhor amiga. Eu estava ali para isso.
- Ah, , foi horrível! Não poderia ter sido pior, amiga! Por que eu tive que ser idiota e criar esse tal de Charlie? Eu podia ter simplesmente dito o que sinto! O que eu faço agora? Eu disse tanta coisa, ! Tanta coisa que não queria ter dito!
- Ei, fica calma! – Pedi, me afastando o suficiente para olhar em seu rosto. – Vai ficar tudo bem, . Essas coisas acontecem o tempo todo, tá legal? Eu e o Harry também dizemos muitas coisas horríveis quando brigamos. E a gente se perdoa, porque a gente sabe que não falávamos sério.
- É, mas... – ela parou de repente e me olhou. – tipo o quê?
- Ah, coisas idiotas, não vem ao caso. – Dei de ombros. - E aqui estamos nós, firmes e fortes.
- Como você o perdoa?
- Ele... disse que me ama – dei de ombros e ela riu um pouquinho no meio das lágrimas. – Escuta, eu já perdi as contas de quantas vezes disse que o odeio, e mesmo assim estamos juntos.
- É, mas eu e Niall não somos como vocês dois, que vivem à base de brigas, . Nós nem somos um casal. E graças a mim, nunca vamos ser.
- Não fala isso, . O Niall gosta tanto de você! Vocês dois não têm noção de como ficam lindos juntos, sabia? Eu sei que esse não é o fim, pode parecer que é, mas não é. Escuta, você como uma romântica fiel sabe que todos os romances têm seus pontos altos e baixos, não é?
Ela assentiu com a cabeça, fraquinho.
- Então?
- Mas você mesmo disse que estamos na vida real, e não em um livro de romance.
- Eu disse? Onde eu estava com a cabeça quando disse isso? – Brinquei e ela riu de novo. – Olha , você o ama?
Ela me olhou nos olhos. Enxugou algumas lágrimas e fungou.
- Eu o amo. – Falou, com convicção. – Muito, . Eu não quero perdê-lo.
- Então só dá um tempinho até as coisas se acertarem. Eu sei que Niall te ama também. E em alguns dias nenhum de vocês vai se lembrar de motivos suficientes para ficarem longe um do outro e vocês vão se acertar. Eu te garanto isso.
- Obrigada.
- Não tem porque agradecer. – Sorri e limpei uma lágrima que caía em sua bochecha. Eu a puxei para perto e dei um beijinho em sua testa. – Agora o que acha de... hum... uma maratona de Nicholas Sparks? Com pipoca e chocolate?
- O dia todo?
- O dia todo. – Assenti e ri.
- Eu acho ótimo. – Ela riu também.
- Tá certo, eu pego os filmes.
Fui me levantar, mas ela pegou meu braço.
- Espera. Eu estraguei seu dia com o Harry.
- Ele foi consolar o Niall.
- Eu estraguei seu dia com o Harry, então. – Ela voltou a confirmar.
- Não, deixa isso para lá. Eu e ele nos vemos, tipo, sempre. – Sorri.
- Sempre? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Eles vão voltar para a estrada por um mês e meio amanhã.
Lembrar disso fez meu peito se contrair, mas tentei não deixar isso transparecer. Era verdade que eu havia planejado ficar deitada o dia inteiro fazendo nada além de conversar besteiras com Harry, mas nossos amigos precisavam de nós. Eu não podia ignorar isso. Amigos eram amigos, acima de qualquer coisa.
- A gente... dá um jeito. Você é minha melhor amiga, gatinha! – Pisquei para ela. - - Agora me deixa ir pegar os filmes, que vou incomodar a para fazer a pipoca.
Ela sorriu amarelo e soltou meu braço.
Fui para a sala suspirando pesado e tentando não me incomodar por isso. Eu ainda podia ver Harry de noite, pensei comigo mesma. Essas coisas acontecem, e eu definitivamente não deixaria minha melhor amiga na mão para ficar com meu namorado... que nem era tão legal assim!
- Ei, mamãe e papai. – falei ao chegar na sala ouvindo os dois no sofá rirem baixinho de algo que eu não sabia o que era. – tem uma garota precisando de chocolate e pipoca. Vocês fazem?
- Hum... – olhou para Liam para confirmar algo. Ele fez que sim com a cabeça. – A gente faz, sim.
- Ótimo, vou dar uma passadinha na locadora da esquina e pegar uns filmes, já volto.
Peguei a carteira de alguém de cima da mesinha e antes de sair chequei se tinha dinheiro dentro, e haviam algumas libras. Acho que era de Liam, mas quem liga. Dei de ombros, e saí.

Zayn’s POV
Olhei para de novo para me certificar de que ela sabia ao certo como agir. Pela décima vez, eu acho.
- Relaxa, Zayn! Somos amigos, fingimos um namoro para o mundo e nunca mantivemos qualquer tipo de relação por trás das câmeras. Desse jeito você é quem vai acabar nos entregando.
- É que é realmente muito difícil mentir para Simon. Ele não deixa escapar nada. Nada, mesmo.
- Fica tranquilo. – Ela segurou minha mão com firmeza, e olhei para nossas mãos juntas.
Eu estava convencido do que sentia por , principalmente depois da noite passada. Eu gostava dela. E mais do que isso: eu estava apaix...
- Já podem entrar. – A secretária morena me fez pular e retirou a mão da minha rapidamente. E então, ela se levantou e me chamou com a cabeça para fazer o mesmo.
Passamos pela secretária sorridente que segurava a porta da reunião aberta, e eu sorri fraco para ela também, só para não ficar feio. Fomos em direção à mesa compridíssima no centro da sala, com um Simon sentado à ponta direita. Ao fundo, uma parede completamente de vidro de cima a baixo mostrava o dia acinzentado e cheio de movimento da avenida de Londres lá embaixo.
- Olá, meninos. – Simon falou, em seu sotaque carregado e sua voz dura que sempre parecia carregar um pouquinho de ironia. Esse cara me dava medo, às vezes. – Sentem-se, por favor.
E foi o que fizemos. Apesar de eu tentar controlar, meu pé continuava batendo no chão continuamente enquanto ele falava algumas coisas sobre contrato e imagem, e fãs, e relacionamentos... eu não conseguia me concentrar, ou talvez eu apenas não quisesse, mesmo. Porque algo me dizia que aquilo não era bom.
E minhas suspeitas se confirmaram quando ouvi uma frase em especial no meio de tantas, que me chamou a atenção:
- Então, vocês já podem terminar publicamente. – Ele abriu um sorrisinho que significava “terminamos por aqui, tenham uma boa viagem de volta para casa” e largou os braços na mesa à sua frente, com as duas mãos entrelaçadas.
estava sentada em minha frente, de costas para a parede de vidro. Olhei para Simon, meio incrédulo. Bem, nem tanto.
- Oi? – Perguntei, foi a única coisa que eu podia ter falado.
- Zayn, não sei se ouviu tudo que eu disse até agora, mas entendeu certo. O tempo do contrato está no fim.
Tentei lembrar de ter visto alguma data de volta ao dia em que assinamos o contrato com Simon, mas aquele dia fora tão insignificante para mim. Eu nem fazia ideia do que viria a significar em minha vida.
- Sabem o que eu sempre digo sobre imagem, e que a imagem de alguém tão famoso quanto você e os garotos é uma coisa um tanto complicada de se lidar. Nós temos que saber muito bem como chegar a um consenso, um meio termo. É como uma balança, você entende? – Ele levantou as duas mãos no mesmo nível no ar. – Zayn solteiro a muito tempo – ele abaixou uma das mãos e subiu a outra. – Faz as fãs ficarem muito enlouquecidas. Zayn namorando por muito tempo – e então ele ergueu a mão de baixo e abaixou a de cima. – Faz as fãs se aquietarem demais e as vendas caírem.
Há tanto tempo que eu não lembrava desse detalhe. Mas a verdade era que estando nesse ramo, você é apenas um produto. Todo o seu emocional não importa. Você precisa se adequar ao mercado, exatamente como uma boneca nova na prateleira, lutando por seu lugar.
Mas naquele momento, pela primeira vez, isso me incomodou. Nem eu e nem muito menos merecíamos ser manipulados como fantoches. Nós tínhamos sentimentos, quer dizer, eu tinha sentimentos. Por ela. E não, eu não podia terminar com ela assim, do nada. Eu não queria. Pensar em como apenas uma amiga doía em mim, em algum lugar.
E tudo que consegui foi ficar mudo e encará-lo. E depois, encarar . Ela tinha os olhos fixos nele, sem vacilar um momento sequer, sem transparecer emoção alguma. Não soube até que ponto sua reação estava me incomodando.
- Simon... – tentei falar, delicadamente, o que eu precisava que ele entendesse. – eu... eu acho que isso é... é m-meio... – não dava para não gaguejar. Simplesmente não dava. Não quando eu sabia que o que eu falasse podia mudar tudo o que eu e ela tínhamos ali mesmo, era como se eu tivesse nosso relacionamento nas mãos e precisasse fazer a coisa certa para salvá-lo. – Injusto. – disse, por fim. – eu e , nós...
- Isso é o completo oposto de injusto, Zayn. – Simon disse. – Quanto a isso vocês não precisam se preocupar. A equipe da nossa gestão vem acompanhando a imagem de nas mídias desde que vocês começaram a namorar, e ela vem sendo a cada dia mais conhecida e comentada. Agora, e principalmente depois do término, ela ganhará ainda mais reconhecimento, vocês podem ter certeza. – Agora ele se voltou a ela. – Contanto que você saiba as pessoas certas a quem confiar sua imagem, seu futuro é brilhante.
Ela esboçou um sorriso mínimo, mas não respondeu coisa alguma. O sorriso parecia lutar para ser mantido em seu rosto à força.
- E eu tenho certeza que sua amiga não entraria nisso de boa vontade se também não soubesse das consequências, não é ?
Ela assentiu novamente. Eu estava ciente de que ainda parecia inconformado. Por isso, Simon voltou a falar:
- Zayn, precisamos dessa atenção. Precisamos desse término para voltar a equilibrar as coisas, agora que Harry está namorando. Estamos tentando a todo custo abafar o caso do namoro deles, porque Harry é a principal imagem da banda, e esse namoro é ruim, em termos de negócios. Vejam, garotos, essa... amizade que todos vocês criaram é perigosa. Acho que nenhum de vocês têm consciência do que isso realmente causa à banda economicamente falando, mas nós sabemos. E agora com toda a intriga de Liam com a ex, e de Louis estar solteiro... tudo está bagunçado. Precisamos controlar um pouco mais todos vocês, e eu estou tentando fazer isso da maneira menos prejudicial possível. Preciso que entendam isso.
Eu não entendia. Eu ainda era uma pessoa, não um robô. Todos éramos. Tínhamos o direito de controlar nossas próprias vidas. Mas claramente não havia mais discussão ali. Então eu não disse mais nada.
- Obrigada, Simon. – se fez presente pela primeira vez, sua voz estava mais forte do que a minha. Ela se levantou e rodeou a mesa, vindo até perto de mim. – Vamos, Zayn.
Olhei-a, sem entender como ela estava agindo assim. Tão... dura e profissional.
- Zayn, vamos. Levanta, vamos. – Ela deu uns tapinhas nas minhas costas, e me levantei, ainda incrédulo. Eu me recusava a acreditar que isso não fosse alguma piada ou algo assim.

Saímos da sala, passamos reto pela secretária e pegamos o elevador. Assim, sem nenhuma palavra. O rosto dela estava impenetrável, eu ficava olhando-a, mas não conseguia entender o que ela estava pensando. Eu quis perguntar, mas ela não parecia querer falar naquele momento. Estávamos mergulhados em silêncio, mas por dentro eu estava gritando.
Assim que saímos do térreo aquele ar irritantemente frio e cortante soprou, me arrepiando enquanto andávamos até o carro. ia, eu apenas seguia ela no encalço, há uns dois passos de distância. Era óbvio que precisaríamos falar disso alguma hora, não é?
Entrei no carro e dirigi até em casa, não falamos nenhuma vez sequer, e eu mal aguentava aquele clima.
Assim que chegamos em minha casa e eu desliguei o carro, ela olhou em volta.
- Você pode me levar para casa, Zayn?
- ? – Chamei, um tanto inseguro. Porque ela não estava querendo olhar em meus olhos e isso estava me apavorando.
- Zayn, por favor... – pediu, em um tom baixo.
- Por favor, vamos entrar, só por um segundo. Nós precisamos conversar, . Por favor.
Ela fechou os olhos por um segundo, suspirou e assentiu. Descemos do carro e fomos para minha casa. Assim que destranquei a porta, ela entrou e ficou parada no meio da sala. Assim, sem tirar o casaco ou pelo menos sentar. Sabe, como se fosse sair a qualquer momento, e eu não gostei disso.
Fechei a porta atrás de mim, e fui até ela, largando as coisas em cima da estante da TV. Pensei brevemente em como a noite passada fora incrível, como sempre era quando ela estava comigo. Em como tudo mudou de repente, literalmente da noite para o dia.
- O que vamos fazer agora? – Perguntei com cautela.
- Simon foi bem claro.
- O quê? – Fitei-a. – quer dizer, não pode estar falando sério? Terminar? Não podemos terminar, . Nós... não podemos.
- Não podemos nos esconder de Simon, Zayn. Você é famoso. Todo mundo perceberia. Não dá para continuar se as ordens dele foram bem claras. – Ela estava olhando para o chão, porque qualquer lugar parecia melhor do que meus olhos naquele momento. - Pode falar que foi você quem acabou, eu não ligo. Preciso ir. – Ela deu de ombros e se virou, indo em direção à porta.
Eu enlouqueci. Na boa, eu enlouqueci nessa hora. Eu só pensei “não posso deixar ela sair pela porta assim dizendo que terminamos e sem data programada para nos vermos de novo. Eu apenas não posso.” E aí o que fiz foi puxá-la pelo braço, foi a única coisa que me ocorreu. E eu a virei para mim outra vez. E beijei-a.
O que alguém deveria fazer numa hora dessas? Eu estava desesperado. Eu só não queria que ela fosse embora, queria que ela tivesse um motivo pelo qual ficar. E pensei que não havia nada melhor a se fazer do que beijá-la para fazê-la ficar.
E até que funcionou, por uns dez segundos. Mas então ela espalmou as mãos no meu peito e me afastou.
- Não, Zayn. Não dá. Eu tenho que ir.
- ! – Exclamei, ela pareceu se assustar e finalmente olhou nos meus olhos. Segurei seu rosto desse jeito, com seu olhar no meu. – Olha pra mim. Não podemos fazer isso, . Eu não posso... te deixar fazer isso.
- Zayn, não temos escolha! – E então eu entendi porque ela estava tão rígida e não queria me olhar nos olhos. Para evitar o que aconteceu em seguida, para evitar chorar.
Eu nunca a havia visto chorar.
- você ouviu o Simon, nós sabíamos que uma hora isso ia acontecer, nós... não podemos prolongar isso. Porra. Estava ficando sério demais, e então acabou. E foi bom que acabou agora, Zayn, antes que nos envolvêssemos demais e nos machucássemos mais.
Era irônico vê-la falar em “se machucar mais” quando estava óbvio que ela já estava machucada o bastante pelo jeito como chorava. E eu não estava chorando, mas vai por mim, havia um buraco em meu peito. Por vê-la chorar, e por perdê-la de uma hora para outra. Eu não sabia o que era pior.
- Eu já estou envolvido, . – Murmurei. – Mas não... tem que haver outro jeito. Eu não posso te perder.
- Tem que ser assim, tá bom? – Ela limpou o rosto.
- E tudo que nós tivemos? E quanto a tudo que você me contou? E quanto ao papo de “você me faz sentir o infinito”? E o “estamos juntos nessa”? – Eu segurava seus braços e a olhava no fundo dos olhos.
- Nunca tivemos nada, Zayn. – Ela murmurou também. Estava começando a controlar as lágrimas.
Aconteceu que essas palavras me pegaram em cheio. Como um soco no estomagou ou coisa do tipo. Porque eu finalmente entendi o papo de “não precisamos de rótulos”. Ela não queria que usássemos rótulos do tipo “namorados” porque sabia que seria um bom argumento a se usar quando tudo acabasse. Ela sabia que acabaria. E ela poderia falar que nunca fomos namorados de verdade. E na realidade estava certa, porque nunca fomos. Nós nunca fomos nada. Nunca tivemos nada. Porque não usamos rótulo algum. Então não estava acabando. Porque não se acaba algo que nunca começou.
Ela aproveitou que eu estava atingido demais para falar, piscar, respirar ou sequer pensar e se desvencilhou de meus braços. Fungou outra vez e limpou as lágrimas de novo, dando um passo para trás e depois se virando para ir até a porta.
- Eu sinto muito, Zayn. – Foi a última coisa que disse, baixinho, antes de sair pela porta e me deixar sentindo como se estivesse caindo em um buraco negro.

Niall’s POV
- Não entendo como conseguem, de verdade. – Eu falei para Harry. – Acho que se eu machucasse alguma garota, fosse rude de qualquer maneira, eu me ajoelharia na frente dela e falaria “pode me chutar, eu mereço”.
Ele riu.
- Não foi bem o que eu quis dizer. Sei lá, só... saiu. Ela me deixa muito irritado. E aí ela transforma isso em excitação.
- Vocês dois só podem ser duas máquinas de fazer sexo. – Zombei.
Estávamos deitados cada um em um sofá da minha casa, cada um com uma lata de cerveja olhando para o teto. Harry estava se saindo bem em me ajudar com tudo que aconteceu. Mas não melhor do que a cerveja, é claro. Era graças a ela que eu mal lembrava dos fatos ocorridos na noite passada, mas sempre que eu me lembrava ficava com raiva novamente.
O estrondo da porta de minha casa se abrindo com uma batida nos fez pular. E uma toda chorosa entrou por ela, falando rápido demais e tropeçando nas palavras, o que tornava impossível entendê-la.
- ? – Harry pulou do sofá e foi até ela no meio da sala, pousando suas mãos nos ombros dela e a olhando nos olhos. – Fica calma, respira.
Ela começou a inspirar e expirar da melhor maneira possível seguindo Harry, que fazia o mesmo.
- Isso, isso... agora fica calma, não chora. – Ele limpou umas lágrimas do seu rosto enquanto tudo que eu fiz foi sentar e olhar aquela cena de Styles sendo uma pessoa sensível e decente. Era engraçado como o amor muda as pessoas. – Assim, muito melhor. Agora me fala o que aconteceu.
- Eu e Zayn... n-nós... ter-rminamos – ela soluçava um pouco. – Nós termin-namos, Harry. Simon disse para terminarmos, e a g-gente... – e então ela começou a chorar de novo e não deu mais para entender nada.
- Tudo bem, , tudo bem... – ele a abraçou um pouco e a deixou chorar enquanto olhava para mim por cima de seu ombro e fez uma careta do tipo “socorro, o que eu faço?” e eu dei de ombros. – Quer que eu te leve para casa?
Ela assentiu.
- Foi por isso que vim aqui. – Ela explicou.
- Tudo bem se eu for, mate? – Harry me perguntou.
- Claro, vai lá. Te pago minha consulta depois – pisquei para ele. – Psicólogo Harry.
Ele riu.
- Acho que vou começar a cobrar. – Pegou as chaves do carro na mesinha de centro, largou a cerveja, e saiu com fungando ao seu lado.
Decidi ir ver se Zayn estava bem. Ele devia estar arrasado. Claro que aquilo tudo não passava de uma farsa, mas ninguém realmente acreditava quando eles diziam “somos só amigos”, e hoje isso estava provado: eles definitivamente eram bem mais do que amigos.
Ao chegar na casa dele, Zayn estava atirado no sofá com um cigarro em uma das mãos e com o olhar perdido em algum ponto do chão. As coisas estavam piores do que eu imaginei, ele estava fumando. Ele prometeu que pararia.
- Zayn, Zayn. – Me sentei ao seu lado e peguei o cigarro do vão dos seus dedos cuidadosamente, ele me olhou por um tempo, sem expressão.
- Acabou.
- Eu sei. – Fiz uma careta. – Sei como está se sentindo agora. Também acabou para mim.
- O mais engraçado, Niall, é que...
- Que nunca havia começado?
Ele assentiu.
- Também sei como é. – Ri fraco.
Ficamos em silêncio por um tempo. Depois do nosso fracasso na vida amorosa, pelo menos podíamos contar com a amizade ainda. Todo mundo pensava que ser a gente era ter qualquer garota que quiséssemos ter, mas não era bem assim. Justo as que queríamos, não se importavam por sermos quem éramos. Acabávamos sendo apenas caras normais aos olhos delas, o que acabava sendo – bem – difícil.

Harry’s POV
Eu ainda não sabia como lidar com uma garota chorando. Elas parecem tão instáveis emocionalmente que eu tenho medo de falar algo errado e elas chorarem mais ainda. E da muita dó de olhar para elas, sério. Mas até que facilitou um pouco as coisas, ela só ficou olhando pela janela o caminho todo até em casa.
Mesmo assim fiquei aliviado por não ter precisado falar algo quando chegamos e tudo que ela fez foi descer do carro e ir para a porta de casa enquanto eu acionava o alarme. Assim que entramos, ela só murmurou um “obrigada Harry” sem tempo de resposta e foi para seu quarto.
Eu não consegui responder, porque estava ocupado demais olhando para o casalzinho no sofá, e Liam. Agindo como se nada tivesse acontecido.
Chacoalhei a cabeça, sabendo que eu não ia conseguir entender tão cedo como as coisas acontecem rápido ao meu redor. Em vez de perder tempo tentando entender, eu olhei em volta procurando por quem eu realmente queria ver.
- A ...?
- Hazza! – Ouvi a voz de minha namorada gritar de um dos quartos antes mesmo de eu terminar de perguntar. Ela apareceu na porta do corredor e me chamou com a mão.
- Vem, gatinho.
- Eca! – olhou para a amiga. – Gatinho?!
- Gatinho?! – Liam riu, repetindo a pergunta, e mostrei o dedo para ele.
- O namorado é meu e eu chamo como quiser, Liam. – Ela deu língua para eles e voltou a olhar para mim.
- Vem cá, Harry. Precisamos da ajuda de um homem de verdade! – Debochou de Liam, que não poderia estar ligando menos.
Segui até o quarto de , onde eu ajudei-as a arrumar os cabos de áudio e vídeo da TV.
- A gente quase nunca usa ela, daí nem sabíamos mexer.
- Quer se juntar a nós e ver Diário de Uma Paixão? – perguntou a mim, abrindo um sorriso em seguida.
- Só por vocês, mesmo. – Suspirei e disse. – E eu acabei de trazer uma outra garota que precisa de terapia para coração partido.
- O quê? – pareceu confusa.
- A , ela... ela e o Zayn, meio que terminaram.
- O quê? – pareceu ouvir isso, e gritou da sala. – Eles brigaram?
- Não, o Simon disse para terminarem, vocês sabem, por toda aquela história de imagem e tudo mais.
- Meu Deus, a deve estar arrasada! – Ela gritou de volta, como se não estivesse no quarto ao lado, ali naquela mesma casa.
- Pois é, galera. – Me atirei na cama entre e . – Hoje é o dia em que tudo acontece.
- Por que é que a gente nunca consegue ficar todos felizes ao mesmo tempo? – voltou a perguntar. – Não entendo.
- Lei da vida, minha cara.
- Ok, meu caro – segurou meu braço. – Silêncio que o filme já vai começar. Liam! – Ela gritou e dei um pulo ao seu lado. – Precisamos de mais chocolate!
- Ah, essas crianças – Liam bufou lá da sala, e ri.

Na cama de casal, estávamos nós quatro apertados. estava na ponta, eu logo em seu lado, com e depois . pegou no sono logo no começo, e ficou até o final do filme, assim como eu e .
- Você não tem coração, não? – murmurou para mim quando me olhou e eu ri.
- Queria saber é porque você tá chorando. É só um filme.
- Porque... eles, tipo, morreram.
- Juntos. Não é isso que importa?
- Ah, você não entende! – explicou. - Ela não está chorando porque é triste, está chorando porque é lindo.
- Você olha pra mim todo dia e não chora porque eu sou lindo. – Disse para minha namorada.
- Era pra ser engraçado, Harry? – desdenhou.
- Só ignora, riu.
- Ou vocês podiam concordar que eu sou lindo!
- Ou – ela riu. – Você podia levantar e colocar Titanic ali pra gente assistir! – me empurrou.
- Titanic?! A gente vai ficar aqui até a semana que vem! – Resmunguei. – Não, sem Titanic. Me passa o controle, vamos assistir alguma coisa empolgante. – Me estiquei e peguei o controle de . - Vou encontrar algum Carga Explosiva aqui. Missão Impossível, talvez?
e exclamaram, reclamando e me empurrando, me fazendo rir. Era tão bom estar com elas. Com todas elas.

Só que eu havia me esquecido de que o tempo infelizmente passa. E quando o dia foi virando noite, eu tive que ir para arrumar as malas. Eu não estava disposto a dar tchau para por um mês e meio, então ela foi lá para casa. Dei tchau para o resto das meninas e fomos para casa, deixei Liam em frente à casa dele e subimos para a minha.
Então chegamos e procuramos por algo na geladeira. Tinha nuggets congelado. Nós fizemos e comemos enquanto assistíamos um programa de perguntas e tentávamos responder todas da melhor maneira possível, mas descobrimos que éramos burros. Eu com certeza não ganharia um prêmio naquele programa nunca.
E depois nós fomos dormir. Tomei banho e arrumei minha mala, depois me joguei na cama, e foi logo em seguida, só que ela não tinha roupas então ficou com uma camisa minha que era confortável.

No dia seguinte eu estava cansado, porque tive que acordar cedo mesmo para sair com os garotos. Acho que eram seis e quinze da manhã.
Como não quis acordá-la, eu só dei um beijo em sua testa e peguei a mala para sair, mas ela acordou mesmo assim e me levou até a porta. Ganhei um abraço apertado e um beijo no rosto, com um “volta logo” murmurado e que deixou meu coração apertado, e depois desci pelo elevador quase dormindo em cima da minha mala. Sorte foi que eu era o último e só fui jogado para dentro junto com minha mala e caí em um banco macio, me escorando para dormir de novo.

Às vezes, levando a vida que eu levava, era impossível não desejar ter uma vida diferente. Mas eu e os meninos não gostávamos de reclamar do que tínhamos, porque o que tínhamos era raro. E eu amava ser Harry Styles e fazer garotas gritarem. Só que às vezes algumas pessoas tornavam impossível não desejar, pelo menos uma vez, poder ser alguém normal. E agora eu entendia o que Liam e Lou sentiam o tempo todo quando namoravam com Dani e Eleanor. Eu sabia que por ser Harry Styles o esperado era as pessoas pensarem “ah, ela que tem sorte em namorar ele, e ele poderia ter qualquer outra menina por aí mas escolheu ela”, só que não era bem assim. Era inevitável pensar que ela poderia cansar de mim a qualquer minuto, simplesmente por eu não ser um cara que pode ficar com ela o tempo todo, e que está sempre disponível como um namorado normal seria. E isso realmente dava medo. Medo de enquanto eu estiver longe ela pensar que merece algo melhor, alguém que possa dar-lhe mais atenção, e desistir de nós.
Esse era um medo constante que caras como nós tínhamos quando amávamos alguém.

’s POV
Eu sinceramente não me lembro de ter acordado bem cedo de manhã e ido para a casa de Harry e . Mas isso aparentemente aconteceu, pois quando me acordei de novo eu estava deitada em seu sofá e sendo cutucada por , que estava sentada no outro sofá e estava me cutucando com o pé, porque as mãos estavam ocupadas demais segurando uma tigela com cereal.
- O que está fazendo aqui?
Me sentei no sofá, meio grogue. Boa pergunta, eu não me lembrava. Para falar a verdade, não me lembrava de nada claramente de domingo, só que passei o dia todo deitada no sofá de Louis reclamando de dor na cabeça e com uma bolsa de água quente na testa em um sofá, e ele no outro.
- Hum... eu acho que vim para cá quando Louis saiu hoje de manhã.
- Você acha? Está tipo a e o Zayn, é? Eles fazem as coisas e depois nem lembram?
- Não, é que... tomamos um porre na festa e ficamos o dia todo de ressaca ontem. A gente dormiu às sete da noite.
- Está com dor de cabeça? Harry tem bons remédios para ressaca, acho que ele passava bastante por isso antes.
- Não, eu já melhorei agora. Vou usar o seu banheiro.
Ela assentiu e encheu a boca com leite e cereal. Me levantei e afaguei minha cabeça, ela ainda girava um pouco. Assim que olhei para mim mesma, eu reconheci que estava com roupas de Louis. Uma calça xadrez de pijama e uma blusa branca de manga curta que tinha uma carinha amarela com três olhos e “have a Nice Day” escrito. Além, é claro, de um par de chinelos que ficavam grandes no meu pé.
Enquanto andava até o banheiro, me lembrei de Louis me levando até ali. Ele também não estava muito bem, quer dizer, também estava sofrendo as consequências da nossa pós-ressaca, mas mesmo assim me ajudou a chegar até o apartamento de Harry, me ajudando a atravessar a rua às seis da manhã e me botando no elevador para chegar até o andar sete. Depois, ele sorriu e me deu um beijo na testa, e as portas do elevador se fecharam enquanto ele acenava para mim.
Suspirei, enchendo as mãos de água e molhando o rosto na pia.
- Tem escovas de dente novas na gaveta do meio. – gritou.
Escovei meus dentes e lavei o rosto, depois saí do banheiro e enchi uma tigela com cereal para mim também.
- Legal a casa de vocês. – Olhei em volta.
- Não é nossa, é dele. Mas eu gosto. – Deu de ombros.
- Você tem a chave e tem roupas aqui, deve ser um pouco sua também.
- Ele diz que também é minha – ela deu de ombros. – Mas do jeito que brigamos o tempo todo e como não sabemos se a gente vai continuar junto no dia seguinte, eu prefiro não assumir uma coisa tão séria como um apartamento.
- É, você faz bem em não assumir. Pelo menos ainda não.
- Bom, mas e você e o Louis, o que aconteceu?
- Você acha que eu lembro de algo? A última coisa que eu me lembro é de dançar Vanilla Ice e depois acordar na frente de um museu de histórias naturais.
Ela riu.
- Será que vocês...?
- Não, não... quer dizer, eu acho que não. Porque, sei lá, eu não... sei lá.
- “Sei lá”. – Ela imitou. – Entendi.
- Eu não lembro. Se algo acontecesse eu saberia, sabe? E acho que ele lembraria.
- Talvez. Talvez não...
- Para de colocar coisa na minha cabeça!
Ela riu. Deu de ombros, e eu balancei a cabeça, suspirando.

Liam’s POV
Há quantos dias exatamente estamos na estrada, você me pergunta. Eu não faço a mínima ideia. Ultimamente tempo parecia uma coisa da qual eu não participava em minha vida. As coisas passavam tão rápido e ao mesmo tempo pareciam demorar tanto, eu estava sempre perdido em horas, dias, semanas... Mas não que isso importasse para mim. Na maioria das vezes meu corpo era quem fazia todo o trabalho, eu estava bem longe, mas meu corpo estava presente. Sorrindo para fãs, dando autógrafos, fazendo fotos, dando entrevistas... o único lugar onde eu realmente me fazia presente e participava era no estúdio, quando estávamos compondo.
Na pergunta “quem está namorando?” eu não erguia a mão, até porque eu não estava mesmo. Mas há uma grande diferença entre “estar namorando” e “ter alguém na sua vida”. Eu tinha alguém, só não a chamava de namorada. Na verdade, por incrível que pareça e ironicamente, Harry era o único oficialmente namorando no grupo. E então eles geralmente desviavam para o assunto “” e esqueciam de me perguntar sobre . Mas quando eles perguntavam, minha resposta era sempre a mesma:
é uma menina maravilhosa, passar o tempo com ela é muito bom, eu adoro sua companhia.” E só. Era isso que me permitiam falar e eu também não queria falar muito nela e acabar a expondo demais, tinha uma vida muito tranquila e eu não queria estragar isso.
- Como assim?! – Harry perguntou alto, me acordando durante meu momento de sono no meio de uma reunião com uns empresários da Modest. Eu não precisava ouvir nada que eles falavam, era sempre o mesmo: imagem, passar boa impressão, o que pode e o que não pode falar, blá blá blá.
Levantei a cabeça, meio perdido.
- O que foi? – Murmurei para Zayn ao meu lado, ele pelo menos estava acordado.
- Disseram que a gente não vai voltar para casa até o natal, só nos fins de semana. Harry ficou puto. – Ele me explicou.
- Só nos fins de semana? – Perguntei alto, e um dos caras me olhou.
- Sim, ou se preferirem vocês não voltam nem nos fins de semana, mas voltam seis dias mais cedo para casa. Vai dar no mesmo.
- Prefiro ter os fins de semana. – Louis falou.
Eu e os meninos concordamos, sem muito entusiasmo. Voltar nos fins de semana era extremamente cansativo, eram viagens atrás de viagens, aviões, malas, aeroportos...
Eu precisava voltar, sabia que Harry também, mas os outros três não estavam muito empolgados, porque para eles tanto fazia fazer de um modo ou de outro.

’s POV

Eu a passávamos mais tempo juntas do que o resto das meninas, porque éramos as únicas que ainda não trabalhavam e nossas aulas só começavam depois do ano novo.
Era uma quinta-feira, e eu e acordamos quase de meio dia e arrumamos um pouco a casa antes de almoçar macarrão instantâneo, já que as meninas não vinham para o almoço e não estávamos nem um pouco afim de fazer comida.
Os dias estavam passando. Lentamente, mas passavam. Eu já não tinha absolutamente nada para fazer e estava cansada de férias. Nem mesmo ficar esperando ansiosamente por uma ligação ou mensagem de texto de Niall não precisava mais, porque sabia que não receberia nenhum dos dois.
Sobre isso, era meio óbvio como eu me sentia. Na verdade, eu estava começando a me conformar. Eu só estava sofrendo as consequências do que fiz. E sim, eu sabia que era uma idiota e que isso tudo era minha culpa. Eu amava Niall, mas estraguei tudo. E eu sabia que só dependia de mim tentar fazer algo para salvar isso, mas não podia fazer nada com ele estando do outro lado do mundo.

- Olha isso, ! – gritou do outro sofá para mim. Eu estava concentrada demais no meu próprio Twitter, então não olhei de verdade, mas isso não a impediu de continuar falando. – Vão começar os testes para a nova série da TV aberta que disseram ser o próximo sucesso depois de Skins.
- Parei de ver Skins quando a primeira geração acabou. Eu era apaixonada pelo Maxxie.
- Eu também. – Ela suspirou. – Sabe, acho que devia tentar. Ela sempre foi boa nisso, e sempre disse que queria fazer teatro. Né?
- É, mas... não sei. Acho que isso é mais para profissionais. Eu não sei se é uma boa encher ela de esperanças de algo que pode não dar certo.
- Hum... mas nada custa tentar. Certo? – Ela me olhou. – O não ela já tem. Se ela conseguir o sim, está no lucro.
Dei de ombros, concordando.
- E a é durona.
- É. – Sorri. – Imagina que máximo ter uma amiga famosa?
- Como nós já temos cinco? – Ela riu.
- Ah, é. Eu tinha esquecido. – Fiz careta. Era incrível como meu cérebro apagava a parte de os garotos serem mundialmente famosos, porque quando estávamos juntos eles eram apenas uns caras normais. – E falando neles...?
- Eu não falei com o Niall. Desculpa.
- Tá, eu não esperava que tivesse falado. – Suspirei. – Você não anda falando nem com o Harry direito.
- É verdade, já estou com saudade.
Comecei a ouvir um toque de telefone em algum lugar, e pegou seu telefone do sofá assim que o ouviu.
- Olha, falando nele.... Oi, amor! – Disse, e eu logo tratei de colocar meus fones porque não estava afim de ouvir aquela melação de novo.
Suspirei. Melhor amiga namorando é um saco. Principalmente quando você queria estar namorando também.
Esses noventa dias seriam looooongos.

Zayn’s POV
- Não estou brincando com você, amor. – Harry falava ao telefone.
- Quem é que tá com fome? – Niall voltou de nosso quarto no hotel com duas caixas de pizza nas mãos. Era a primeira vez que ficávamos todos em um quarto só, mas era uma mega suíte e não tinha nem cabimento ficar cada um em um daqueles. Eu acho que me perderia se estivesse sozinho num quarto daqueles.
- Eu! – Louis exclamou.
- Ei – Liam cutucou minhas costelas com o cotovelo, sentado ao meu lado. – Que tal acabar com aquela melação ali? – Apontou com a cabeça para Harry jogado no outro sofá do Hall no telefone com . Aqueles dois... ninguém mais os aguentava. Era muita felicidade para nós, que estávamos encalhados e sozinhos. Menos Liam, acho.
- Ele tá contando que vamos voltar só nos fins de semana. – Expliquei.
- E daí?
- Vem cá – Louis puxou Liam pelo braço até perto de onde Harry estava. Ele pegou o garoto pelas pernas e Liam pelos braços, o fazendo soltar o telefone no sofá.
- Wow! Parem! Me larguem, me larguem! Tomlinson!
- Zayn, vem comer e deixa as crianças brincarem – Niall disse.
Me levantei ainda rindo e fui até a mesinha cheia de comidas com Niall, pegando um copo de refrigerante e sentando no chão enquanto ele se empanturrava de pizza.
- Não vai comer?
- Não estou com fome.
- Você nunca está com fome. – Revirou os olhos. – Precisa se cuidar mais, cara. Sua mãe não te ensinou, não?
- E a sua te ensinou demais, né? – Brinquei.
- Vocês são um saco! – O xiliquento do Harry apareceu arrumando os cabelos. – Não sei como aguento vocês.
- A gente é que não sabe como te aguenta. – Liam disse pegando um pedaço de pizza e enchendo a boca. – É amor pra cá, amor pra lá... – disse de boca cheia.
- Ai amor vamos voltar só nos fins de semana, vou sentir tanta saudade... – Louis o imitou com uma voz chata.
- Preferia quando se odiavam – Niall disse, de boca cheia.

Harry bufou e eles também sentaram para comer. A verdade era que ele sabia que estávamos brincando. Brincadeiras à parte, todos ali sabíamos que éramos como irmãos: quando um estava feliz, o outro ficava feliz por ele também.
No resto da noite fiquei escorado na parede tomando Coca Cola e observando a capacidade daqueles caras de falarem besteiras o tempo todo. Como estávamos na quinta-feira, eu já tinha que começar a planejar o que faria no fim de semana. Já não era como antes, eu não tinha mais a certeza de que eu me divertiria mesmo não planejando nada porque sempre sabia como me entreter. Porque eu não tinha mais nada a ver com e não precisávamos mais nos ver.
Acho que eu iria para Bradford outra vez, mas quem liga? A última vez que fui, fui com ela. Todo mundo ia me perguntar, e minhas duas alternativas eram: ficar em casa mofando com Niall ou visitar minha família e ficar o fim de semana todo respondendo sobe o que aconteceu entre eu e ela. Sabia o que minha mãe ia falar: eu tinha que fazer as pazes com , porque ela foi a primeira garota que minha mãe realmente gostou de conhecer. E como eu ia falar “não, mãe, não dá. Simon nos proibiu de ficar juntos porque aquilo tudo era um golpe de marketing e eu te enganei assim como enganei o resto do mundo. Então mesmo que eu esteja apaixonado de verdade por ela, e que eu queira que ela seja minha namorada de verdade, agora já não dá mais”. Não dá, né?

Quer dizer, eu achava tudo muito irônico. Mesmo sendo Zayn Malik, nunca tive sorte com garotas e agora percebi que isso não mudou. Começou quando nós estávamos jogando dominó e tivemos aquela ideia de jegue de fingirmos um namoro. E nós realmente achamos que ia funcionar, o que é engraçado, considerando os fatos agora. E convenhamos que aquela viajem à Bradford mudou as coisas, um pouco. Foi a primeira vez que vi quem ela realmente era. E eu gostei do que vi. Eu descobri que era uma garota incrível e apaixonante, e não tinha como não gostar dela. E então tiveram várias outras coisas, como a noite depois do show, e a noite do hotel fazenda que estava na minha lista de melhores noites da minha vida mesmo que ela tenha vomitado em meus calçados, e a noite em que ela me contou tudo sobre o seu passado, e depois aquela noite em que ela disse que eu a fazia sentir o infinito, e foi quando eu soube que aquele pulo que meu coração deu só podia significar uma coisa. E então, teve a noite depois da formatura, e eu queria ter dito tanta coisa, mas não consegui. Mal sabia eu que foi a última noite que ficaríamos juntos daquele jeito. Se eu soubesse, teria falado tudo o que queria que ela ouvisse.
O irônico, que eu digo, é a parte em que eu me apaixonei sem perceber e acabei quebrando a cara.
Então não culpava os garotos por me chamarem de chato e rabugento e todas essas coisas, porque na verdade eu era mesmo. E eu não ligava. Porque só eu sabia o que eu estava sentindo, e não estava afim de fingir estar bem. Porque eu não estava. Tudo que eu queria era poder ligar para ela e chamá-la e poder dizer que o que eu mais queria era que quando eu a chamasse de minha, não fosse tudo parte de uma farsa.
Por fim, acabei ligando para minha mãe na sexta de manhã e combinei de ir para lá no dia seguinte, não havia nada mais que eu pudesse fazer.

’s POV
- Ahhhh, hoje é sexta-feira, sexta-feira, hoje é sexta-feira! – fazia uma dancinha ridícula em cima do sofá logo que todas nós chegamos em casa.
- Nossa, amiga, que poder de observação, hein. – Debochei, largando umas sacolas de supermercado na mesa.
- Você não entende! Hoje é sexta, amanhã é sábado!
- Ai, meu Deus! Jura? – gritou para ela. – Aí, ! – Ela gritou para que entrava por último com as últimas sacolas nas mãos.
- O quê?
- Hoje é sexta e amanhã é sábado, acredita?
- Sério?!
- E a descobriu sozinha!
- Parabéns, tampinha! – riu e deu a língua para ela.
- vou ver o...
- O gatinho fez voz manhosa. – eca!
- Vocês não podem me ver felizes que têm que estragar? Poxa. – Ela cruzou os braços e se jogou sentada no sofá.
- Não faz biquinho, não. – Fui até o seu lado e peguei suas bochechas para apertá-las. – A gente te ama, e te ver feliz é muito bom! Mas como melhores amigas é nosso dever te encher o saco com o gatinho. – toda vez que falávamos “gatinho” tinha que ser com uma vozinha chata.
Ela revirou os olhos.
- Entendi, larga meu rosto.
- Bom, e como fomos no supermercado, trouxemos pizza... – disse, e foi interrompida por :
- Que milagre! – Debochou.
- E nuggets, o que vocês querem de janta?
- Pizza! – A resposta foi unânime.
- , me ajuda com a cozinha? – pediu e assenti.
Apenas trocamos nossa roupa de trabalho por algo mais confortável e fomos para a cozinha preparar a pizza e lavar a louça. Eu lavava enquanto ela secava.
- Milena te disse quando volta? – Perguntei.
- Ela volta quarta-feira, e disse que quer que você faça o photoshoot de terça-feira.
- Eu? Sério? – Sorri.
- Sério.
- De quem?
- William Moseley, eu acho. Na ficha dele estava escrito “ator e modelo” apesar de eu não conhecer pelo nome. Você conhece?
- Não. – Lembrei de algo e estalei a língua. - Ah, mas terça eu falei para que a levaria para conhecer a revista, droga.
- Ah, não tem importância. O Photoshoot da Cara eu fiz com o Louis vendo.
- Ah, que bom. E o de segunda que você vai fazer, é com quem?
- Kaya Scodelario. Se não me engano, é a garota que faz Skins.
- Adoro ela.
assentiu.

Depois que terminamos, nós arrumamos a mesa e chamamos todas as meninas para comer.
- E então, alguma novidade de vocês?
- Hm. – ergueu o braço e tomou um gole de suco para engolir antes de falar. – Eu e vimos ontem que estão fazendo testes para protagonistas de uma nova série que parece que vai rolar em um canal aí. Pensamos em avisar a .
- Que série? – perguntou.
deu de ombros.
- O nome ainda não saiu. Disseram que é uma série adolescente e tal, parece legal, mas nunca vi aquele canal antes. Acho que não vai ser muito famosa, na verdade. Aí, pensamos que você gosta dessas coisas, deveria tentar.
- Hm, talvez eu tente, se não precisar ter nenhum tipo de diploma. Quantos protagonistas tem?
- No site dizia que tem cinco meninas protagonistas, ou algo assim.
- Cinco Protagonistas? Assim fica fácil ter uma chance!
- Provavelmente vai ter um quilômetro e meio de fila de concorrentes para o teste – deu de ombros. – Não é assim tão fácil.
- Eu pesquisei, e a história parece interessante... – deu de ombros. – Não sei se precisa ter algum diploma, mas a primeira rodada de testes vai começar amanhã, em algum lugar do centro de Londres, agora não lembro onde é.
- Como assim, primeira rodada de testes? – perguntou.
- É tipo uma primeira entrevista, onde eles te perguntam sobre a sua vida. Se tem curso, se tem diploma, se já trabalhou na área. Mas eu sempre ouço que essa primeira rodada serve mais é para eles avaliarem sua aparência. Sabe que, no final, eles imaginam os personagens de determinada maneira, e não adianta nada você ser uma ótima atriz se não se encaixar nem que seja um pouco na personagem, fisicamente falando. – deu de ombros, explicando.
- Não sei dizer se isso é injusto, mas faz sentido – dei de ombros e concordei com a cabeça.
- Tudo bem, eu preciso treinar então. Tenho experiências com peças de teatro e tenho meu DRT... eu só preciso de um roteiro, e...
- DTR? É alguma doença? – fez careta. Eu ri.
- É meu registro de formação como atriz do curso de teatro, .
- Ah, tá...
- Você se formou? – franziu o cenho.
- Sim, mas no curso infanto juvenil. Não sei se é suficiente... – ela suspirou. – Com certeza vou competir com muitas garotas que têm DRT adulto, que já fizeram trabalhos de atriz, e até que já cursam cinema. Para ser notada, eu precisaria ser muito, muito boa. – Ela deu de ombros.
- Confiamos em você. – Toquei seu braço e sorri, e ela sorriu de volta.
Voltamos a comer, e um breve momento de silêncio se fez entre nós.
- Ah, estou cansada. – Reclamei. – O dia hoje foi cheio.
- O nosso também – disse. – Cheio de nada. Estamos cansadas das férias. Eu queria viajar! Meus pais querem ir para Bournmouth, mas eu já cansei daquela cidade chata.
concordou com a cabeça.
- Mary disse que eles vão passar o final de ano em um tipo de hotel fazenda. Ela não falou, mas eu entendi o recado: querem privacidade – lançou-me um olhar e eu ri, balançando a cabeça.

- Então vamos trocar de lugar. Aquela loja não parou por um segundo sequer hoje. – reclamou. – Já cansei!
riu.
- Fiquem tranquilas, suas aulas começam logo depois do Réveillon e vocês logo arranjam o que fazer por aí.
- Bom, se vocês me permitem, eu vou dormir. – falou, se levantando da mesa e colocando seu prato na pia. Depois, ela deu um beijo na bochecha de cada uma e foi para o quarto, todas nós nos entreolhamos por uns segundos.
- Ela está diferente. – Concluí.
- Magoada. – disse.
- Ela sente falta dele. – comentou.
- E muito. – Foi a vez de concordar, antes de pegar outro pedaço de pizza.
não era muito de demonstrar emoções e ficar dando beijinho e abraçando, ela não costumava fazer isso tanto quanto fazia nos últimos dias, e ela tentava disfarçar com sorrisos, mas conhecíamos ela e sabíamos que estava muito pra baixo, ela sentia falta de Zayn. Talvez esse só fosse o seu modo de lidar com isso.

Depois que comemos, eu deixei a louça para e e fui para meu quarto enquanto ia assistir TV na sala. Peguei o pijama e tomei um banho quente, e depois fui para o quarto e desliguei as luzes. Antes de dormir, peguei meu celular e fiquei olhando a proteção de tela que era uma foto de Liam na manhã depois da formatura que ficamos acordados a noite toda. Ele estava sentado naquele banco do parque, pouco depois do nascer do sol, e eu apertei suas bochechas o fazendo formar um biquinho fofo e tirei a foto. Se fechasse os olhos, eu me lembrava do momento, em que pouco depois da foto ser tirada, ele sorriu e me beijou, e depois sussurrou de novo em meu ouvido que me amava. Eu podia ouvir a sua voz.
Peguei no sono em segundos, e me senti extremamente descansada quando acordei na manhã seguinte. Porém eu não abri os olhos, só me virei na cama, e quando o fiz, senti que havia alguém comigo. E não, não era como quando tinha medo das tempestades com doze anos e vinha dormir comigo, como fazia com sua mãe, mas era alguém que me fez sorrir mesmo de olhos fechados, pois reconheceria seu perfume há quilômetros de distância.
- Liam...
- Bom-dia. – ele murmurou perto do meu ouvido. Abri os olhos e me deparei com seu rosto bem pertinho do meu, ele estava deitado ao meu lado.
- O que faz aqui?
- Estamos todos aqui, nós chegamos cedo e só passamos em casa antes de vir para cá. Já é tarde, sabia, princesa?
- Tarde? – Cocei os olhos e me sentei um pouco, ele fez o mesmo. – Tarde quanto?
- Tarde tipo quase de meio dia.
Gemi. Eu não dormia assim há meses. Era tão bom!
- Estava tão ansiosa para te ver que dormi feito pedra.
- Ah, agora estou aqui com você! – Ele sorriu e me abraçou. Senti falta disso. Eu o abracei de volta. – Quer ir ver os meninos?
- Não, eu quero que você deite comigo e fiquei aqui para sempre. Pode?
Liam abriu um sorrisinho, daquele que faz seus olhos ficarem estreitos e brilharem, e depois ele ergueu meu edredom rosa e se deitou embaixo dele comigo. Me abraçou e me puxou para perto dele.
- Sim, só que esse para sempre tem que ser rápido porque você tem visita. – Ele riu.
Eu ri também e me deitei no peito dele para ficarmos conversando até que fossemos chamados. E não demorou muito, na verdade.
- Gente, eu detesto incomodar, mas tem gente aqui que quer ver vocês também. – falou na porta.
- Já vamos, . – Liam falou para ela, rindo, e ela assentiu e saiu.
Suspirei e me levantei da cama, e depois eu puxei-o pela mão.
- Anda, vamos receber as pessoas.
Depois de trocar de roupa e escovar os dentes, fui para a sala com o resto das pessoas e dei abraços e boas-vindas a todos os meninos. Quem não estava ali eram e Zayn. havia saído cedo para fazer o primeiro teste na gravadora, e Zayn, pelo que os meninos disseram, foi para o aeroporto para pegar um avião para Bradford.
O clima entre e Niall estava tão bom que estavam cada um em um sofá, o mais longe possível, e tentando ignorar um ao outro.
Por outro lado, Harry e não se desgrudavam e Louis e conversavam empolgadamente como se fossem melhores amigos de infância.
Logo depois que almoçamos (almoçamos às duas da tarde), quando todos estavam conversando na sala a campainha tocou e fui atender. Me deparei com um Zayn parecendo cansado e com uma pequena mala preta na mão.
- Hã... Zayn?
- Oi, . Posso entrar?
- Não! – gritou do sofá. – Não deixa ele entrar, não.
Revirei os olhos e ri.
- Claro, entra. – Abri um espaço para ele. – O que aconteceu?
- Perdi o avião, fui atacado por fãs e fui parar em um bairro que nem sabia da existência.
- Ah, meu Deus, sério? – Arregalei os olhos.
- Sério. – Ele parecia exausto e seus olhos tinham olheiras profundas. – Também estou exausto e morrendo de fome.
- Ai, Zayn! – Ri fraco. - Vem, nós acabamos de almoçar e tem muita comida para você. – Eu o guiei para a sala com os outros e peguei a mala preta de suas mãos. – Senta aqui. – Eu o levei até o sofá.
- O que aconteceu com você, mate? – Niall foi até ele e sentou ao seu lado enquanto fui para a cozinha para pegar algo para Zayn comer.
Coloquei duas fatias de pizza em um prato e uma lata de refrigerante e entreguei a ele.
- Eu cheguei lá e o avião estava saindo, mas as fãs me barraram e eu não pude entrar. Não tinha outro voo por causa do mau tempo em Bradford.
- As fãs estão muito agitadas ultimamente. – Liam comentou.
Zayn almoçou enquanto nós conversávamos, quis perguntar se ele queria dormir um pouco, mas logo depois de comer ele se encostou no sofá e estava quase dormindo.
- Zayn, você quer dormir um pouco? – Perguntei, aproximando-me dele e falando baixinho. - Acho que os meninos não vão ir embora tão cedo, talvez você devesse deitar um pouco.
- Ah. Eu não durmo direito a dias, eu fico... – ele me olhou com aquele olhar significativo. – Hã... me revirando na cama, e não consigo dormir. Chega uma hora que o corpo não aguenta mais.
- Eu entendo. – Toquei seu braço. - Vem, eu te levo até o quarto, você pode descansar.
Peguei a sua mão e o puxei até o quarto de e , e o coloquei na cama de . Afinal, era o lugar mais provável para ele, não é?

’s POV
Ao chegar no estúdio onde rolaria o teste, eu vi muito menos pessoas do que esperaria ver. Literalmente, fui cedo da manhã porque esperava ver filas e filas de candidatas à vaga.
Foi aí que sentei na sala de espera, juntamente com as outras quinze ou vinte garotas esperando para o teste, e comecei a conversar, que soube que eles haviam mandado todo mundo que não tinha DRT para casa. Havia muito mais gente interessada, como eu imaginava, mas ainda assim não chegava ao número em que eu havia imaginado. Acho que estava certa, não ia ser uma coisa muito concorrida, porque a emissora era bem desconhecida.
Então eu esperei. Ganhamos crachás com um número de inscrição e eu era uma das últimas. A primeira rodada de testes durava mais ou menos vinte minutos para cada pessoa, então demorou um tempo até eu ser chamada. Notei que algumas das garotas que saíam da entrevista iam embora, enquanto outras voltavam para a sala de espera. Enquanto isso, eu ouvia os relatos de todas as minhas concorrentes sobre os serviços que faziam ou já fizeram na área artística, e me sentia um tanto (muito) inexperiente ali no meio, mas coloquei meus fones e não me deixei levar.

Quando chegou minha vez, sentei em frente há um grupo de cinco pessoas e respondi às perguntas que me fizeram. Primeiramente sobre meus dados pessoais, e depois sobre os serviços como atriz. Era engraçado, porque , que nunca havia feito teatro na vida, trabalhava como modelo muito mais do que eu, que deveria estar nessa área desde criança. Mas a verdade era que quando entrei no ensino médio e boa parte da minha auto estima sumiu completamente, eu me desliguei desse tipo de coisa. Apenas agora, que voltara a me sentir importante, a paixão por teatro voltava a florescer.
Comentei sobre os poucos serviços que fiz, e ao sair da sala depois de poucos minutos, eu sentia que não tinha chance. Voltei ao meu lugar na sala de espera, como eles indicaram fazer, e esperei.
O resto das garotas fez o teste, e agora éramos apenas quinze na sala de espera. Depois de mais ou menos meia hora esperando algum tipo de resultado, eu já estava quase roxa de fome, e queria ir embora. Eu com certeza não tinha chance nenhuma perto de todas aquelas garotas.
Foi então que o grupo dos entrevistadores apareceu na ampla sala de espera e uma delas, uma mulher de uns vinte e tantos anos, de cabelos curtos e modernos, começou a ler nomes em uma planilha.
- Abigail, Olivia, Suzzie, Jasmin e... . Por favor, sigam-nos. Ao resto das garotas, obrigada por terem participado.
Meu coração disparou. Mordi o lábio, tentando não ficar nervosa demais, e levantei juntamente com as outras quatro e segui os entrevistadores para outra sala, mais ao fim do corredor, passando pela sala onde foram as entrevistas individuais.
A nova sala era muito maior do que a anterior. Era um pequeno estúdio televisivo, com fundo verde, holofotes, um pequeno cenário improvisado de uma sala de estar e câmeras. Um dos entrevistadores, um homem alto e magro, parou no meio do estúdio e começou a explicar:
- Vocês foram selecionadas a continuar a segunda etapa do teste. Encenarão uma pequena cena para conhecermos seu talento com a atuação e, em seguida, serão dispensadas. Teremos testes a semana toda, então ligaremos até o outro final de semana para darmos o resultado. – Ele disse, enquanto entregava uma cópia do roteiro para todas nós. – Então... quem quer ser a primeira?
Uma garota levantou a mão sem nem dar tempo a nenhuma das outras. Eles deram cinco minutos para darmos uma lida geral no roteiro, e cada uma de nós se espalhou por um canto do estúdio, para ter mais espaço para treinar. Eu estava nervosa, meu coração estava batendo forte, e eu tentava me concentrar ao máximo.
- , certo? – A mulher dos cabelos curtos me perguntou, me pegando de surpresa. Eu não sabia que estava sendo observada.
- Isso.
- Oi. Sou a Ellie, prazer.
- Prazer – apertei sua mão.
- Vou ser sincera com você. – Ela disse, um pouco mais baixinho. – Você tem pouca experiência em relação às outras garotas, eles iam te mandar embora... – ela sorriu fraco. – Mas fisicamente você tem absolutamente tudo que precisamos para uma das protagonistas. Quando olhei para você, ... Eu vi a Charlie! – Ela disse, mais empolgada, e sorri. – Então eu os convenci a te dar uma chance. Use isso ao seu favor, e... – ela tocou meu braço e sussurrou. – Arrasa!
Assenti e a mulher se afastou. Respirei fundo. Ok, talvez eu tivesse uma chance. Eu só precisava dar tudo de mim. Mas será que eu conseguia, depois de tanto tempo sem atuar?
O tempo passou. Três garotas fizeram o teste, mostrando-se ótimas atrizes. Quando minha vez chegou, por um minuto senti a luz da câmera me cegar. Então... eu pensei em Zayn. Pensei em quem era quando estava com ele, e em como ele gostaria que eu fosse naquele exato momento.
E eu dei tudo de mim.

Saí do estúdio me sentindo satisfeita. Pouco importava se eu não conseguisse. O que senti ao estar em frente às câmeras foi incrível, me fez sentir como nunca antes. Eu fizera o possível, era suficiente.
Eu estava na esquina do prédio onde ficava o estúdio quando recebi uma ligação de um número desconhecido.
- Alô?
- Eles te querem!
Franzi o cenho.
- Quem fala?
- Ellie! Eles te querem! Te escolheram! Não houve dúvidas quanto a você. Você é a Charlie em pessoa!
Parei de andar e paralisei. Eu nem sabia reagir.
- Olha, eu nem devia ter te ligado, eles só vão dar a resposta oficial na semana que vem, mas precisava te contar.
- Isso... é sério?
- Sérissimo! – Ela riu. – Ok, preciso ir. Parabéns!
E a ligação ficou muda.
Eu ainda fiquei paralisada por uns dez segundos. E então... eu comecei a correr. Nunca corri tão rápido pelos tuneis do metrô. Fiquei tão inquieta dentro do trem, que eu podia ter um treco. Cheguei tão afoita em casa, que eu parecia que havia sido assaltada. Logo que as portas do metrô se abriram na minha estação, eu me certifiquei de que seria a primeira a sair no meio daquele mundaréu de gente que quase me esmagou. Segurei minha bolsa contra o peito para correr sem derrubar nada. Eu nem conseguia acreditar na sorte que tinha, no que de fato aconteceu comigo durante essa tarde, eu estava feliz como não me sentia há dias, só lamentava não poder ligar para Zayn para contar de primeira mão as boas notícias.
Assim que cheguei em nossa rua corri até o portão, e depois até a porta de casa, e entrei rápido e com a respiração ofegante e bati a porta atrás de mim, fazendo oito olhares curiosos pararem o que estavam fazendo e me olharem. Enquanto recuperava o fôlego e fazia suspense, eu sorri, mas meu sorriso desapareceu quando percebi que os olhos castanhos que procurei mesmo sem perceber não estavam ali.
- Eu consegui o papel. – Disse, assim que consegui tomar fôlego o suficiente.
Dois segundos se passaram até todas as minhas amigas correrem até mim e pularem em cima de mim gritando e me abraçando. Os meninos não entenderam nada, mas quiseram participar então começaram a gritar e vieram também.
- Certo, gente, calma! – Gritei. – Preciso de ar!
- Estamos tão orgulhosas de você! – disse.
- É verdade! – Harry concordou. – Mas... por quê?
- Lerdo. – o empurrou.
- Eu fiz um teste para um papel em uma nova série de TV e consegui o papel de uma das protagonistas! Eu vou ser famosa, gente! – Gritei. Ok, eu estava fora de controle. Era muita coisa para processar de uma só vez.
- Parabéns, ! – Niall falou. – Ser famoso é legal, só não deixa subir à cabeça. – Ele riu.
- Se você, que é Niall Horan, não deixou, eu acho que posso tentar. – Sorri para ele. – Principalmente tendo vocês todos como professores. – Pisquei e ri.
- Que fofo! – Louis comentou, me abraçando de lado.
- Qual é sua personagem? – perguntou, curiosa.
- Ah, eu ainda não sei de nada muito bem... Só sei que ela se chama Charlie.
Niall riu fraco e bufou. Olhei para os dois, e percebi que eles estavam ali.
- Ai, meu Deus, vocês chegaram! – Levantei os braços. Me dando conta realmente disso.
- Sim! – Liam riu e me abraçou, dando oi pela primeira vez.
- Que saudade!
Não demorou para que o assunto mudasse completamente para coisas diversas, e precisei pedir licença.
- Tudo bem, eu já volto. Preciso de um tempo para assimilar tudo, vou tomar um banho. Até daqui a pouco.
Saí do meio de todos eles e fui em direção ao meu quarto, suspirando pesadamente. Tinha sido um dia cheio de emoções, eu só precisava descansar. Cheguei em meu quarto e joguei minha bolsa na cama de e peguei meu celular de meu bolso. Assim que o destravei, fiz o que sempre fazia: ficar olhando para a proteção de tela que me dava um aperto no peito. Era aquela maldita foto de mim e Zayn na ponte do Tamisa, em que estou beijando sua bochecha e ele sorrindo de seu melhor jeito para a câmera. Eu sabia que precisava trocar aquela foto, mas não tinha coragem. Olhei a hora, e o guardei de volta em meu bolso, só que quando olhei para minha cama eu tomei um susto. Porque havia alguém deitado ali.
Fiz a volta na cama para ver o rosto da pessoa, com o coração acelerado e refazendo as contas de quem estava e quem não estava na sala. Talvez eu tenha perdido algo, mas tenho quase certeza que estava todo mundo lá. Exceto ele. Então... só podia ser...
Zayn. Esse mesmo. Estava deitado em minha cama, agarrado em meu edredom e dormindo tão profundamente que pelo que eu o conhecia, ele não acordaria tão cedo. Tinha uma expressão cansada e parecia mais magro do que a última vez que o vi, por mais que só tivessem se passado alguns dias. Acho que era o cansaço e as olheiras, e o cabelo extremamente bagunçado daquele jeito lindo. A barba estava por fazer e os seus lábios formavam aquele biquinho fofo de quando ele estava dormindo. Eu não conseguia resistir, me lembrava muito bem da sensação de sua barba roçando meu rosto, e de seus lábios quentes e macios. Eu queria tanto ele. Nunca pensei que tudo aquilo fosse tomar proporções tão grandes. Não sei dizer em que momento foi que me vi totalmente apaixonada por Zayn.
Passei minhas mãos pelos seus cabelos, entrelaçando os dedos no meio de seus fios macios. Ele nem se mexeu. Conhecia Zayn, e sabia que quando ele dormia assim só uma coisa o acordaria: um beijo no ouvido. Sorri comigo mesma ao pensar nisso. Mas não queria que nossa proximidade voltasse a acontecer, eu sabia que se mal conseguia resistir a ele mesmo dormindo, imagina se estivesse acordado. E não era certo ficarmos perto um do outro, ele tinha sua vida e a partir de agora eu não tinha mais porque fazer parte dela, e não queria o machucar.
Mas aproveitei que ele estava dormindo tão profundamente e me ajoelhei ao lado dele na cama. Passei a mão em seu rosto, e depois encostei meus lábios nos dele bem devagar e depositei ali um beijinho rápido. Eu sentia tanto sua falta...
Antes que eu o acordasse, peguei minha toalha e uma peça de roupas mais confortável e fui para o banheiro, meus pensamentos estavam em um turbilhão incontrolável de emoções que eu esperava que descessem pelo ralo com a água quentinha do chuveiro, mas não adiantou muito. Como, afinal de contas, alguma garota no mundo conseguiria ficar calma sabendo que Zayn Malik está deitado em sua cama no quarto há alguns passos dela?
Assim que saí, eu coloquei minha toalha e as roupas sujas na lavanderia e voltei pé por pé para meu quarto, precisava pegar meu celular. Quando olhei lá para dentro pela fresta aberta na porta, Zayn não estava mais na cama, o que me fez pensar que ele já estava acordado e no meio das pessoas que falavam sem parar na sala. Então me senti livre para entrar em meu quarto e ir até a escrivaninha, peguei o celular e... a porta atrás de mim se bateu, me fazendo pular e segurar um grito.
- Ai, Zayn! – Me virei de costas, com as mãos no peito.
- Desculpa... – ele tinha cara de sono.
- O que você está fazendo?
- Eu estava no banheiro, e... – Ele apontou para trás com o polegar. – Quando foi que chegou?
- Há alguns minutos.
- Ah...
Eu não consegui evitar. Olhar para seus olhos castanhos e brilhantes era mais forte que eu. E, Deus, ele parecia tão convidativo para mim que todo meu corpo se contraia de vontade de correr até ele e abraçá-lo e beijá-lo.
O silencio incômodo durou por longos segundos, e Zayn parecia tão perdido dentro de meu quarto, como se ainda não tivesse entendido que estava acordado.
- Hã... e os testes?
- Consegui o papel – sorri fraco.
- Você vai fazer uma série?
- Sim, é. Eu consegui um papel como protagonista.
- Uau! Isso é ótimo . Parabéns.
- Obrigada, Zayn.
Silêncio de novo. Olhares de novo.
- Eu vou... é, voltar para... – apontei para a sala e ele assentiu.
- Ah, sim. – Deu um passo para o lado, me permitindo sair do quarto. E mesmo não querendo eu o fiz, e saí de lá porque ficar na presença dele não me fazia bem. Não mais.
Voltei para a sala e tratei de me sentar quietinha em um canto do sofá e tentar me integrar da conversa dos outros. Eu pouco falei, contando que Zayn voltou para a sala e sentou no canto mais afastado de mim possível, e apesar de não falar também, ele ficava me olhando a cada dezessete segundos aproximadamente. Sim, eu contei.
- Bom, se vocês nos dão licença, mas nós vamos para casa agora. – Harry se levantou com e a abraçou pela cintura.
- Até demorou, né – Louis fez o comentário, nos fazendo rir.
- Até amanhã, garotas! – acenou para nós, e acenamos de volta.
- Eu posso ir com você, Harry? – Niall se levantou, indo para a porta com ele.
- Claro. Alguém mais quer carona?
- Eu. – Zayn se levantou também.
- Legal, também vou então, porque algo me diz que Liam não vai tão cedo para casa. – Louis deu uma batidinha em suas pernas e se levantou também, suspirando.
- Todos vão? – perguntou.
Louis era o único tapado que não percebia que a cara de ficava no chão toda vez que ele ia embora?
Mas quem era eu para falar em ficar com a cara no chão? Ri comigo mesma pelos meus pensamentos e me levantei para ir para o quarto. Zayn levantou o olhar do chão para mim de novo. Talvez ele pensasse que eu ia levá-los até a porta. Bem, eu não ia.
- Tchau, meninos. – Acenei e virei as costas, indo para o quarto de uma vez. Em outros tempos, eu tenho certeza que seria convidada para passar uma noite com Zayn. Em outros tempos.

Niall’s POV
- Mas você vai ficar jogado no meu sofá a noite toda? – Louis voltou a perguntar.
- Você quer que eu faça o quê?
- Sei lá, ouvi dizer que você tem uma casa.
Eu sabia que na verdade Louis não se importava nem um pouco em ter companhia, porque ele não tinha absolutamente nada demais para fazer.
- Se quiser eu vou embora e te deixo aqui abandonado.
Ele riu.
- Tudo bem, pode ficar.
- Sabe, eu, você e o Zayn podíamos sair para beber, e...
- Ei, nem vem querendo me incluir no grupo dos corações partidos dessa banda porque eu não tô afim!
- Calma, cara. – Levantei as mãos. – Você só está solteiro, e quer passar o fim de semana todo fazendo nada enquanto pode sair e pegar alguém.
- Eu duvido que você pegue alguém mesmo estando solteiro.
- Tudo bem, se você pegar, eu pego.
Ele me olhou desconfiado por alguns segundos. Depois, se levantou de seu sofá deixando sua xícara de chá de lado.
- Vou me trocar.
Pulei do sofá também e fui para a casa de Zayn, satisfeito por ter algo para fazer. Bati na porta algumas vezes, mas ele não atendeu.
- Zayn, abre, é o Niall. – Nada. – Zayn, é o Niall, abre a porta! – Nada outra vez.
Me abaixei e peguei a chave reserva debaixo do tapete e abri a porta, estava tudo escuro, apenas a luz da TV iluminava e o barulho do chuveiro vinha do banheiro. Entrei lá sem ser ouvido e fui até o box, puxando a cortina e fazendo Zayn se encolher e olhar para mim assustado. Soltei uma gargalhada e ele me jogou a bucha que usava na cara.
- Se arruma, cara. Eu, você e Louis vamos sair.
- Não quero sair.
- Ah, qual é, Zayn! Você não desfaz essa cara de bunda desde que terminou com a !
- Não tínhamos nada. – Ele murmurou, como sempre, voltando a tirar a espuma das costas.
- Claro, e eu sou americano. Você tem que seguir em frente uma hora ou outra! Vamos lá, se arruma e vamos sair para beber alguma coisa e se não gostar te trazemos para casa de novo.
Ele parecia indeciso por algum tempo, até que fez uma careta.
- Tá, mas só se sair do meu banheiro e me deixar tomar banho em paz.
- Te espero no Louis. – Gritei, já saindo e fechando a porta do banheiro.
Fui para minha casa e coloquei uma skinning branca, um tênis também branco e uma regata azul com um casaco esportivo preto por cima. Voltei para a casa de Louis e ele já estava ponto, então só nos jogamos no sofá e esperamos Zayn chegar.

Harry’s POV
- Amor, atende a porta. – Pedi, choramingando, no sofá.
- Eu? A casa é sua. Atende você.
- Você é preguiçosa demais, é sério.
- Me conte uma novidade. – me empurrou do sofá para o chão com as pernas e me segurei para não cair.
Levantei relutante e fui até a porta, bufando. Eu não queria sequer me mexer porque estava frio. E agora tive que ir até a porta para ver quem era o idiota que...
- Harry! – A garota sorriu parecendo um pouco sem graça, o rosto um tanto vermelho. – Eu... estou trancada para fora de casa. Estou ferrada. – Riu fraco e mordeu os lábios.
Ah, é. Com certeza você está.
Foi inevitável olhá-la dos pés à cabeça. Ela devia ser uma moradora do prédio, mas eu nunca havia visto-a por ali. Bem, eu não conhecia nenhum dos meus vizinhos, mesmo.
- Harry, quem é? – perguntou, do sofá. Vi a expressão da garota mudar em segundos e ela ficar branca. Comprimi os lábios, tentando não rir. Isso ia ser interessante.
- Hã, é só uma vizinha, que ficou trancada para fora, .
Minha namorada riu no sofá. É, parecia mesmo uma pegadinha. Ela veio até as minhas costas e me abraçou por trás, espiando por cima de meu ombro. Vi o seu sorriso desaparecer assim que ela viu que não era nenhuma piada.
Olhei de novo para a garota e ela deu um passo para trás.
- Quer saber... esquece. – Ela sorriu, envergonhada. – Eu acho que... você não tem o que eu preciso.
Eu e erguemos as sobrancelhas ao mesmo tempo.
- A porta! Achei que ele podia me ajudar com a porta! – A garota tratou de explicar logo. - Então... deixa pra outra hora.
- É, outra hora você vem aqui e eu te dou o número de um chaveiro muito bom! – sorriu, cínica, para ela e eu apertei mais os lábios para não rir.
- Certo. Boa noite. – A garota acenou e se virou, indo rápido até o elevador. me puxou pelo braço para dentro e fechou a porta com uma batida.
- Não acredito que isso tá acontecendo. - foi falando sozinha até a cozinha e pegou um copo de água. – Só pode ser uma piada.
- Viu só como eu sou desejado? – Fui atrás dela e parei perto da mesa, me apoiando na mesma. – Você devia ter me desprezado menos no passado.
- Não venha me dizer que gostaria tanto de mim se eu fosse como ela – olhou-me e apontou para a porta.
- Tem razão. Garotas difíceis são simplesmente irresistíveis. – Fui até ela sorrindo e a puxei pela cintura. Ela fechou os olhos e respirou fundo.
- Eu sei. – Ela disse, cheia de si.
Ri e peguei o copo de suas mãos, largando-o na pia antes de beijá-la. se segurou firme em meus ombros e eu a levantei pelas coxas para que ela ficasse suspensa em minha cintura, e ela o fez. Eu dei meia volta e a sentei na mesa, empurrando o que for que tivesse lá em cima para o chão. riu fraco, sussurrando um “wild” em meu ouvido, ao que eu ri também. Ela continuou me beijando até que o beijo se tornou algo quente. E era assim que eu queria.
Ela puxou o meu cabelo e levantou o rosto, encaixando meu rosto na curva de seu pescoço e entendi exatamente o recado. Comecei a beijar e morder seu pescoço, sentindo sua pele se arrepiar. Senti suas mãos procurarem o meu cinto descendo por meu peito até chegar lá, e o abriu devagar. Eu passei as mãos por trás das suas pernas e ela se deitou para trás, na mesa, e me puxou junto para continuar beijando-a. Nós tentávamos não largar os lábios um do outro em nenhum momento. Ela ergueu minha camiseta e subiu até meu peito com as unhas, depois arrancou-a de meu corpo e jogou-a em qualquer canto. Não demorou muito até eu fazer o mesmo com seu moletom cinza, e logo estávamos sem as peças de cima.
Desci de novo para seu pescoço e abaixei uma das alças de seu sutiã preto, enquanto alternava entre beijos, chupões e mordidas, e com as respostas que recebia de seu corpo, tinha certeza que ela gostava daquilo.
levou as mãos para minha calça outra vez e abriu o botão da mesma, logo depois abriu o fecho. E quando estava chegando perto de onde eu queria que ela chegasse logo, a maldita campainha tocou.
Nós dois paramos. Do mesmo jeito que estávamos, ela deitada na mesa e comigo entre suas pernas, com as mãos em minhas calças e eu curvado sobre ela e com a boca em seu pescoço. Levantei meu rosto, joguei o cabelo para o lado, e nos encaramos por um tempo, para se certificar de que não fora só um som qualquer que confundimos. Mas depois de longos segundos de silêncio, a maldita campainha tocou de novo, me fazendo bufar e ela choramingar. Me levantei, com muito desgosto, e ela também.
- Se for aquela vadia eu vou jogar água quente na cara dela – ela murmurou, tentando se recompor.
Fui para a sala quase correndo, o quanto mais cedo nos livrássemos de nossa visita melhor. pegou seu moletom do chão e chegou ao meu lado no mesmo instante em que abri a porta, apenas colocou a roupa na frente do corpo para se cobrir.
Niall, carregando um Zayn nada bem, observou-nos: seminua, minhas calças abertas e eu sem camisa, e suspirou, parecendo cansado.
- Chegamos em um mau momento, dude. – Ele bateu no ombro de Zayn, que estava se escorando em seus ombros, e o mesmo apenas abriu um pouco os olhos e nos olhou sem realmente nos enxergar.
- É, chegaram mesmo.
- Desculpa, perdemos o Louis. – Ele disse, entrando sem nem ser convidado.
- Como é? – Perguntei, sem paciência.
- Fomos para um pub. Zayn bebeu demais e passou mal, perdemos o Louis e só consegui pensar em vir para cá para, você sabe, para ele não vomitar no meu sofá. Ele precisa de um banho. Mas eu não posso dar um banho nele.
- E por que não, Niall? – Suspirei pesadamente.
- Porque eu não sei como fazer isso!
- Amor... – disse, com cautela, passando a mão em meu ombro. – Acho que eles precisam da nossa ajuda.
- Mas, , a gente estava... – choraminguei e me virei para ela, fazendo manha.
- A gente termina aquilo depois, Harry. – Ela me fez uma careta que dizia “não vamos falar disso na frente do Niall”.
Respirei fundo. foi até Zayn, ignorando totalmente o fato de que havia largado o moletom e estava só de sutiã na frente de Zayn e Niall, e pegou o moreno pelo braço, o levantando e levando-o até o banheiro do meu quarto.
- Estragou nossa chance de usar a mesa da cozinha como cama. Valeu, hein Niall. – Reclamei, fechando o botão da minha calça.
- Foi mal, cara. – Ele riu. – Acredito que vão ter outra chance.
- Eu espero, cara, eu espero!
Nós dois seguimos os dois que foram para o banheiro e encontramos Zayn sentado no banco ao lado da banheira e tirando a blusa dele. Suspirei.
- Zayn, colabora, levanta os braços. – Ela o deu um tapa nas costas. O garoto fez o que ela pediu da melhor maneira possível. Abaixei a tampa do vaso e me sentei ali, enquanto Niall se escorou na parede, e ficamos olhando a cena. Que confortável, ver minha namorada só de sutiã tirando a roupa do meu melhor amigo bêbado.
conseguiu tirar a blusa dele com um pouco de esforço e a jogou em um canto, Zayn se escorou na parede atrás de si e fechou os olhos. Ele murmurava coisas que ninguém entendia. levou as mãos ao cinto dele, e eu estremeci.
- ...
- Não tem nada que eu nunca tenha visto, Harry. Vou só fazer isso, para poupar a sua masculinidade, e o resto é com vocês.
Comecei a roer minhas unhas. Ah, que ótimo. Vai lá, tira a calça dele! Niall estava achando tudo muito engraçado, e eu o fuzilei com o olhar. abriu o cinto de Zayn e abriu o botão e o zíper, Zayn abriu os olhos.
- ?
Niall soltou uma gargalhada estrondosa, e não pude deixar de rir também. também riu.
- Está tão acostumado com as mãos de aqui, Zayn? – Ela riu.
Se levantou e tentou fazer Zayn ficar de pé, ele se levantou relutante e ela tentou abaixar a calça dele, mas Zayn se abraçou em seu pescoço e quase caiu em cima dela. Ela vacilou alguns passos para trás.
- Será que dá pra me ajudar aqui? – Ela gritou. Niall foi até lá e puxou Zayn para trás, ele estava mole e Niall o sentou outra vez. Zayn abriu os olhos de repente, e olhou para nós.
- O que tá rolando? Cadê... a...
Fui até ele e o chacoalhei um pouco.
- Acorda, cara! – Gritei. – Você tomou um porre em um pub e Niall te trouxe para a minha casa! Não tem nenhuma aqui, dude.
Ele nos encarou por algum tempo antes de se curvar para dentro da banheira e vomitar.
- Ai, que nojo! – gritou. – Ele tá vomitando na sua banheira, Harry!
- Entendeu por que eu trouxe ele pra cá? – Niall falou, enquanto dava algumas batidinhas nas costas de Zayn para ajudá-lo.
- Justo na nossa casa, cara? – Choraminguei.
Já era nossa chance de usar a mesa.

Liam’s POV
- Pipoca. – disse, abrindo a boca. Coloquei pipoca em sua boca e ela mastigou, sorrindo. – e agora o que eu faço? – Falou, olhando para as cartas em sua mão.
- Deixa eu ver. – virei o leque em suas mãos e ajeitei as cartas em ordem, nunca fazia isso. Enchi minha boca com pipoca também e depois usei as duas mãos para ajeitar suas cartas. – , eu já disse que tem que deixar as cartas em ordem de número e de naipe. Senão você nunca vai se achar.
- Ah, Liam, eu desisto. – Ela jogou as cartas para cima e eu ri. – Esse jogo não é para mim, ok?
- Você é tão estressadinha. Mas sabe que desistindo você dá os pontos para mim, né?
Ela suspirou.
- Por que fui aceitar jogar strip cards com você no meio da madrugada? – Ela abriu os braços e me permitiu tirar seu casaquinho fino de seus braços. Tirei as cartas e a bacia de pipoca do meio de nós na cama, que me impediam de chegar perto dela, e desdobrei minhas pernas. Enquanto deslizava devagar o casaco de seus braços, eu me aproximei e beijei-a na boca, e foi se deitando lentamente para trás.
- Eu estava com saudade disso. – Ela sussurrou em meu ouvido. – Essa proximidade. Sua.
Senti vontade de falar a ela tanta coisa... mas não quis estragar o momento. Só que por um segundo percebi que nada me impedia de falar a ela tudo aquilo que sei que ela queria e merecia ouvir de mim. Então, de uma maneira resumida, falei a ela algumas coisas enquanto eu sentia seu corpo colado no meu, suas mãos bagunçando os cabelos de minha nuca, suas unhas arrepiarem minhas costas...
- Eu senti saudade da sua voz, . E do seu sorriso, e da sua pele, e dos seus carinhos. É incrível como sua presença me muda totalmente, e como quando está longe você me faz sonhar com você o tempo todo. Imaginá-la. É uma coisa tão forte, é um amor tão diferente. É tudo que eu preciso, . Esses dias longe só me fizeram desejar poder voltar para ter você perto e te mostrar que eu posso ser tudo e a única coisa que você precisa.
- Eu percebi isso desde a primeira vez que você me beijou.
Estávamos ali, juntos. Sem pudores, sem nada que impedisse aquilo. Só nós dois. Podíamos falar tudo o que sentíamos sem ter medo do clichê. Era tão bom ouvir a sua voz me afirmando que ela sentia por mim o mesmo que sentia por ela.
A sequência de acontecimentos foi inevitável. E natural. Eu a tinha nas mãos e não podia deixar de pensar que aquela era a melhor sensação do mundo. Minhas mãos em seu corpo, sua pele tocando na minha, e eu tendo a plena certeza de que era o único homem na sua vida. Eu a despi com minhas próprias mãos e usando o carinho que ela merecia, como ela era digna de receber.
era incrível. Calma, graciosa, inocente. Mas também sabia despertar o meu lado selvagem como ninguém. Nossos movimentos eram sincronizados. Ouvi-la chamar pelo meu nome me deixava alucinado. Suas mãos apertavam meus ombros e seguravam-se neles como uma forma de também descontar a sua força, tamanho era nosso prazer, e eu queria que nosso momento nunca acabasse. O frio se esvaíra, e agora éramos apenas fogo. Era como se eu queimasse de dentro para fora. Eu queria ela. E por muito, muito tempo.
Nossa respiração tentava se normalizar enquanto olhávamos para as estrelinhas brilhantes coladas no teto de seu quarto. Ela estava deitada em meu peito.
- Você é só minha, não é? – Apertei-a contra mim, puxando-a pela cintura. Ela sorriu comigo.
- Ainda tinha dúvidas?
- Não, eu só estava tentando acreditar.
riu baixinho.
- Eu nunca fui de outra pessoa, Liam. Sou só sua.
- Que bom. – Murmurei. – Agora vamos dormir?
Ela assentiu com a cabeça.
- Estou exausta.
- Eu também.
Nós ficamos por algum tempo em silêncio, mas eu não achei que ela estava dormindo, realmente.
- Liam?
- Hum?
- Mas e você, é só meu?
Por algum motivo, Danielle me veio à cabeça nesse momento. Parte de mim sempre ia amar Danielle. Ela foi a primeira que me fez sentir assim. Mas o amor por era tão diferente. Com Dani era calmo e bom. Com , era uma coisa inquietante, uma sensação nova, uma vontade de mais a cada segundo. Eu amava a ambas, mas com intensidades diferentes. E sabia que com Dani havia acabado, não tinha mais esperanças, e nem vontade, para ser sincero. Ela se tornou apenas uma lembrança boa do passado.
- Sim, . – Passei a mão em seus cabelos. – Eu sou só seu.

’ POV
Logo que acordei no sábado de manhã e olhei para o lado, dei de cara com aquela vista perfeita com a qual pensei nunca me acostumar. Harry ainda estava dormindo.
Para acordá-lo, me deitei mais perto dele e comecei a mexer em seus cabelos e passar os dedos de leve em seu rosto. Ele logo gemeu e se virou, começando a abrir os olhos.
E como eu poderia algum dia me acostumar com o que ele fez em seguida? Ele abriu aqueles olhos verdes brilhantes para mim e, assim que me viu, abriu meu sorriso preferido, fazendo presente suas covinhas lindas e sorrindo feito um bebê.
- Bom-dia, princesa. – Murmurou com sua voz tremendamente rouca.
- Bom-dia, amor.
Ele foi se virar para levantar da cama, mas segurei seu braço antes e ele voltou a deitar.
- Me deixa aproveitar essa vista privilegiada que eu tenho, por favor?
- Acho melhor não. – Ele riu. – Senão você cansa mais rápido.
- Será?
- depois De alguns anos você nem vai mais se lembrar de porque acabou caindo na vida de acordar todos os dias do lado desse insuportável aqui.
Gargalhei e encarei-o.
- Talvez você esteja certo.
- Não era para concordar! – Ele fez um bico e riu, me dando um beijo rápido na testa antes de se levantar e ir para o banheiro.
Harry deixou a porta aberta enquanto escovava os dentes e eu me sentei na cama, olhando para cima e pensando.
- Harry, eu estava pensando...
- Hum?
- Eu queria fazer uma tatuagem.
Harry enxugou a boca e me olhou empolgado.
- Sério?
- Uhum.
- Quer tatuar meu nome, é?
- Há há. Nem bêbada, drogada, quase dormindo e sob tortura.
Harry estreitou os olhos para mim e voltou para a cama, se jogando ao meu lado.
- Quer fazer o que, então?
- Algo como pássaros.
- Pássaros?
- É, aqui. – Tirei meu cabelo dos combros e passei os dedos atrás do pescoço.
- Hum, é um bom lugar. E por que pássaros?
- Eles representam liberdade, tudo que sempre quis. – Dei de ombros. – Mas queria algo original, diferente.
- Meu tatuador faz desenhos originais. Eu posso te levar hoje para fazer.
- Ah, mas eu tenho medo. – Sorri e mordi o lábio.
- Não precisa ter, eu vou estar com você. – Harry sorriu, e pareceu se lembrar de algo. – Quando fiz minha primeira, Zayn foi comigo – riu.
- Sério? – Ri. Harry riu e assentiu. - Obrigada. – Sorri.
- De nada. – Ele sorriu de volta. - É engraçado, porque eu tenho uma gaiola vazia tatuada, então sua tatuagem vai completar a minha.
- Legal, eu nem sei quantas tatuagens meu próprio namorado tem.
- Nem eu sei quantas tatuagens eu tenho. – Nós rimos.
- Mas, Harry, não conta para a . Prefiro contar para meu pai primeiro, ele vai surtar menos.
- Nem esquenta, agora que o Liam tá por perto, ela fica bem mais calminha.
- Verdade. – Concordei, rindo.
Me levantei e fui para o banheiro. Escovei os dentes e lavei o rosto, e nem me importei em ir para a sala só de moletom e calcinha. Harry gostava de deixar o aquecedor fraco, para quando sairmos de casa o choque de temperatura não ser tão grande e não ficarmos resfriados.
Ele estava na cozinha, com sua fiel companheira sentada em cima da bancada balançando seu rabo peludo para ele.
- Oi, Dusty. – Passei a mão em sua cabeça e ela me olhou torto. Eu sentia como se brigássemos pela atenção de Harry. Havia uma grande tensão entre nós duas, e que vencesse a melhor.
Fui até ele na pia e o abracei a cintura. Dei um beijo rápido na bochecha e ele deu um sorrisinho enquanto continuava cortando uns morangos.
Harry amava preparar um café digno de quem ia comer sua última refeição antes de ir para a guerra. Gostava de dizer a ele que se não fosse um astro teen, ele seria chef de algum restaurante. Além de muito caprichoso, suas comidas eram deliciosas. Ele sempre dizia que era porque cresceu tendo que cozinhar para um bando de mulher e elas eram muito exigentes.
Fui para a sala e liguei o videogame, e assim que ouviu o barulho, Harry veio para a sala também e sentou no carpete ao meu lado no chão comendo um pedaço de bacon. Pegou o outro controle e me deu um pedaço na boca, e depois ficou sorrindo para mim por um tempo.
- O que é?
- Olha para você. Levanta da cama e nem bota roupa nenhuma ou arruma o cabelo antes de vir para a frente do videogame.
Olhei para ele, confusa. Harry sabia que eu não era uma dama. Mas antes de falar algo, ele me impediu e disse:
- Você é a mulher da minha vida. – Riu. – Por que gastamos tanto tempo nos desprezando?
Ri também e revirei os olhos.
- Para de ser mulherzinha e se prepara para apanhar.
Eu gostava demasiadamente do que eu e Harry tínhamos. Criamos um mundo nosso: nossa casa (que era dele, mas...) , nossas manias, nossas regras, nossa privacidade. E era tão confortável, que apenas pensar em perder aquilo já me deixava mal. Mal sabia eu, que aquele seria o último fim de semana em paz que teríamos...

Louis’ POV
- Alô? – Peguei meu telefone debaixo de meu travesseiro sem nem olhar no visor e levei direto ao ouvido.
- Oi, Lou. Eu te acordei, né? Desculpa, ligo mais tarde.
- Espera. – Pedi.
Silêncio se fez por alguns segundos até eu reconhecer a voz como sendo de .
- Ah, oi .
Ela deu uma risadinha.
- Oi.
- Eu acho que já devia estar acordado. – Me virei na cama e olhei o relógio digital marcando 11:15 da manhã.
- É, também acho. Você é o astro do pop aqui, e eu que acordo mais cedo.
Suspirei.
- Ser astro do pop cansa. Então, queria o quê?
- Queria ver se quer almoçar.
- Querer eu quero, . – Ri.
- Aqui, Lou. Ou em qualquer lugar, você que sabe.
- Hum... – pensei por um segundo enquanto botava minhas pantufas quentinhas e abria a cortina da janela. Um tempo cinza cobria quase tudo lá fora. Essa é a bendita Londres durante o outono. Uma bosta.
- Estou com tanta preguiça de sair nesse frio, ... – choraminguei.
- Quer saber? Esquece. Morra de fome, tenho certeza que não tem nada que preste na sua geladeira.
- Ei! Não fala assim! Tem meio pedaço de pizza comido!
Ela riu.
- Que tal você vir aqui?
- Ah, Louis...
- Anda, . A bem-disposta aqui é você, e não eu. Vem, por favor? – Pedi com minha melhor voz ainda embargada por causa do sono.
Ouvi um suspiro do outro lado da linha e soube que eu já havia ganhado essa.
- O que eu não faço por você?
E alguns minutos depois, lá estava eu atendendo minha porta e uma toda encasacada e com a ponta do nariz vermelho entrando.
- Você também fica assim no frio? – Ri.
- Eu estou quase congelando, tem um vento lá fora que quase me arrastou para longe.
- Entra logo. – Dei espaço a ela, e quando entrou eu tirei o casaco dela, que estava com as mãos cheias de sacola e não podia fazê-lo. Ela soltou as sacolas no sofá e passou as mãos nos braços.
- Coitadinha de você.
- Sinta-se culpado.
- Aw. – Abracei-a e a diferença de temperatura entre os nossos corpos era notável. Ela ficou meio imóvel no começo, mas depois foi se entregando e escondeu o rosto em meu peito - cara, você tá congelando. Não posso te deixar morrer de hipotermia.
murmurou algo contra meu peito, mas não consegui escutar.
- O quê?
- Cala a boca e me abraça. – Ordenou, mais audivelmente.
Eu ri e a apertei mais contra mim.
- Quer um chá?
Ela assentiu com a cabeça. Fui com ela até a cozinha e a coloquei sentada em um dos bancos da bancada enquanto colocava uma água esquentar no fogão. Eu não gostava de usar micro-ondas para fazer chá, ficava muito artificial.
Depois que o fiz, sentei em sua frente e empurrei a xícara para ela. tomou alguns goles até parecer aquecida o suficiente, e agora, em vez de seu nariz, eram suas bochechas que estavam rosadas. Pelo calor, quero dizer. Significava que o chá funcionou. Ah, eu sabia fazer chá como ninguém.
escorou os cotovelos na bancada e levou a xícara à boca. Depois, sem abaixar a xícara, sorriu para mim. Eu sorri de volta. Ela era engraçadinha, e... sei lá. Fofinha. E eu gostava dela. Era confortável estar em sua presença.
Quando nossos olhos ficaram juntos por muito tempo e deduzi que o clima logo ficaria pesado, eu me levantei.
- Vou ver o que trouxe nas sacolas.
- Ok.
Peguei as sacolas do sofá e voltei para a cozinha. Eu comecei a tirar tudo de dentro delas e colocar na mesa.
- O que planeja fazer com isso?
- Macarrão à bolonhesa. Que tal?
- Acho ótimo. Só espero que saiba fazer.
Ela riu e assentiu.
- Certo, então por onde começamos?
- Coloca uma panela com óleo para esquentar. – Ela apontou para o fogão e fiz o que dizia. – Você tem uma pantufa para emprestar? Quero te ajudar, mas meus pés congelaram.
Ri e fui até o closet no começo do corredor. Abri a pequena portinha e peguei uma pantufa cinza, que era de Harry, para ela, da prateleira mais alta do armário. Eu guardava tudo que ele deixara ali. Sentia falta de Hazza em casa, tudo era tão quieto.
- Aqui está.
- Obrigada. – Ela tirou as botas pretas de salto médio e colocou as pantufas.
Olhei por um momento para as suas botas no chão, e depois para seu casaco pendurado no cabide atrás da porta... suspirei, balançando a cabeça para espantar os pensamentos. A única vez que coisas femininas foram espalhadas pelo chão de minha casa, era quando eu estava com Eleanor.
- Vai picando a cebola, Lou. Vou botar a carne no micro-ondas para descongelar mais.
- Certo.
Peguei a cebola que ela comprara e comecei a picar em cima da pia. Depois, à medida que ela me falava o que fazer, coloquei a cebola picada na panela com óleo quente e fiquei misturando até ela dourar para que não queimasse.
- Tem vinho? É sempre bom cozinhar tomando vinho. Principalmente quando é uma boa comida italiana. – Ela perguntou, indo para a sala e procurando por algo dentro do meu “bar”.
- Escolha um.
Ela assentiu e olhou atentamente para cada bebida que ali havia, como se procurasse por um livro em uma biblioteca. ficava séria quando estava pensando ou procurando alguma coisa, isso era algo que já percebi a respeito dela. E era engraçado, e legal também.
- Louis, se vender sua coleção você pode comprar o Titanic! – Ela disse, depois de um tempo. - Olha isso! – Pegou uma das garrafas de vinho de lá de dentro. – Cheval Blanc é um dos vinhos mais caros do mundo! É de 1947, então tem mesmo que ser bom para custar dez mil libras!
- Como sabe tanto sobre vinhos, ? – Me encostei na parede e perguntei, curioso. Nem eu, que tinha aquilo em casa, não sabia. Foi coisa do decorador que eu e Hazza contratamos para decorar nossa casa, e ele levou a sério quando dissemos que não precisava poupar dinheiro. Qual é, somos jovens demais e temos tanto dinheiro que já nem sabemos mais como usá-lo.
- Meu pai é um magnata de Londres, Louis. Sei tudo sobre qualquer coisa que envolva riqueza apenas pela convivência com ele desde criança.
- Uau, você é da nobreza, então? Sempre soube que havia algo mais real em te chamar de “princesa ”.
Ela revirou os olhos e riu.
- Vai ser esse? – Apontei para a garrafa em suas mãos.
- O quê? Não! Eu me sentiria pressionada demais em tomar algo tão caro. Acho que passaria mal.
- Ah, qual é. – fui até ela e peguei a garrafa de suas mãos, e depois peguei duas taças que estavam penduradas na parte de cima da estante.
- Você quem sabe. – Ela deu de ombros.
Voltamos para a cozinha.
- E agora, qual o próximo passo? – Perguntei, servindo nossas taças. Ela tomou um gole da sua e prendeu seu cabelo com uma borrachinha que tinha no pulso.
- Agora vamos botar a carne.
Colocamos a carne junto com a cebola na panela, e ela ficou mexendo por alguns minutos até cozinhar bem. Enquanto isso, me fez picar tomate e cenoura. Depois, colocou o caldo, o molho, e me fez botar as coisas picadas.
- Marca quarenta minutos, Lou. – Ela disse, e sentou em minha frente no balcão de novo. Olhei no relógio do micro-ondas.
- Então, . Se é filha de um magnata, como é que não anda por aí com roupas da Prada e um chiuaua em uma bolsa?
Ela riu.
- Não quero isso para mim, Lou. Nunca quis. Meu irmão mais velho já tratou de ser o mauricinho da família, ninguém precisava que eu fosse assim também.
- Mas, você sabe, se nasceu rodeada por esse tipo de realidade, como foi que você...
- Que eu abri os olhos? Bem, não existe nada de errado com a minha família. Eles são ricos normais, sabe? Um filho mauricinho que assim que atingiu a maioridade decidiu ir para a América e estudar em uma universidade qualquer só para ser o capitão de um time de futebol como ele via nos filmes. E meu pai deu dinheiro a ele para que fizesse isso, então ele foi lá e fez. Minha mãe vive no SPA, e quando não está, ela está trabalhando duro assim como meu pai. Fui criada como a princesinha da família, mas por babás que eu nem conhecia. Eles nunca tinham tempo. Sei que é só o jeito deles, mas às vezes machuca. Mas eu sempre fui muito curiosa, sabe? Quando tinha quatorze anos eu incomodei meu pai até que ele me deixou entrar em um colégio público. Eu queria saber se era mesmo como contavam nos filmes. – Ela parou por um segundo e sorriu para o balcão. – Ele pensava que eu não aguentaria nem uma semana. Acabei terminando o ginásio e o colegial lá. Eu conheci as meninas no primeiro ano do colegial, , e ainda estavam no ginásio, e eu virei amiga de quase que automaticamente. Elas me mostraram que há coisas muito mais importantes na vida do que ser uma filhinha de papai que tem tudo nas mãos. Eu acho que a coisa mais divertida da vida é correr atrás do que você quer. Então para mim, que podia ter tudo, é uma diversão e tanto correr atrás das minhas conquistas na minha própria vida. Meus pais entendem, acho até que eles me invejam, às vezes. Não conseguiriam se livrar do dinheiro nem se quisessem. E é isso, a grande história da . Não tem nada de bonito ou reflexivo, é só... incomum.
- Eu achei legal. – Dei de ombros. – Você é diferente. Pensa diferente. É legal.
- Obrigada. Então, o que você tem para ouvir? – Ela levantou do banco e foi para minha sala, procurar por algum CD ou DVD.
- Escolhe um.
Ficou por lá por alguns minutos até que escolheu um DVD do Kings of Leon e nós ficamos tomando vinho e assistindo o DVD. Eu quase dormi, para falar a verdade. Mas ela prestou atenção. Quando passaram-se os quarenta minutos, pegou um CD do Coldplay, um do Snow Patrol e um do Ed Sheeran e pediu que eu falasse um número.
- Maneira muito madura de escolher alguma coisa.
- Fala logo, Lou.
- Hum, ok. Três.
- Deu Ed Sheeran. – Ela riu.
Colocou o CD e voltamos para a cozinha ao som de The A Team. Eu ainda não entendia como Ed conseguia fazer músicas que a gente nunca cansa de ouvir.
- Agora tira a cenoura.
- O que? Por quê?
- Era só para dar gosto. – Ela riu.
Tirei a cenoura e joguei-a no lixo. cuidava do macarrão que botou fazer na outra panela enquanto eu tirava a panela do molho de cima do fogão. Peguei um prato refratário de vidro redondo e ela colocou o macarrão lá. Misturei com molho e depois dela colocou um pouco de queijo ralado por cima.
- Meu estomago está quase ganhando vida própria. – Disse.
- É, também estou com fome. Mas mandamos bem, hein? – Ela sorriu.
- Minha casa nunca presenciou uma comida tão bem feita assim. Vou até tirar uma foto. – Saquei meu celular do bolso e tirei a foto, colocando como legenda “ veio salvar minha vida” e postei no Twitter.
- Mas acho que fizemos demais, sabia?
- É, até sobrou molho aqui. – Peguei a panela com o molho, e jogou a colher de pau que tinha na mão dentro dela, fazendo o molho respingar por todo o meu rosto.
Olhei para ela sério, e ela fez uma careta e começou a rir.
- Me desculpa! Não foi por querer, eu juro!
Peguei a colher e a enchi.
- Louis. – falou, firme, e apontou um dedo para mim. – Não se atrev-
Mas era tarde. Eu joguei o molho nela também, e pegou um pouco em seus cabelos e o resto em seu rosto.
- Louis! – Berrou, e avançou para cima de mim.
Eu comecei a rir e ela meteu as mãos dentro da panela e depois passou por todo meu rosto e minha camiseta. Eu estava grudento e todo sujo. Levantei a panela e virei todo o resto – que não era pouco – em cima de sua cabeça. parou e fechou os olhos enquanto o molho escorria pelo seu rosto.
Eu não conseguia parar de rir. Ela abriu os olhos, faiscando de raiva, e só disse uma única palavra:
- Corre!
Não hesitei em seguir sua ordem e soltei a panela, correndo com tudo para a sala, ela fez a volta pela bancada e foi pelo outro lado, cheguei atrás do sofá e pulei para o outro lado dele, ao mesmo tempo em que ela fez o mesmo e acabou me derrubando. Caiu por cima de mim no carpete da sala, a centímetros de minha mesinha de vidro. Foi um tombo feio, minhas costas doíam, e para ajudar ela estava em cima de mim.
Não demorou muito para começarmos a rir loucamente. Além de tudo, eu nem conseguia respirar de tanto que ria, ao som de Grade 8, do Ed. olhou para mim e eu para ela, e aqueles olhos extremamente negros refletiram minha própria imagem. Eles brilhavam tanto, que me perguntei se era normal. Era quase como se ela fosse chorar, mas sabia que aquilo não eram lágrimas. Era como se estivesse feliz. Assim como o seu sorriso também transmitia. Só felicidade. E meu peito se encheu de compaixão por pensar que talvez ela estivesse feliz por estar comigo. Talvez ela gostasse bastante de mim.
Nem percebi quando paramos de rir e só a voz de Ed Sheeran era ouvida. “Hold my heart to stop me bleeding now, now, now. And I’ll never let you down”.
Mas meu sangue gelou quando ela foi se aproximando aos poucos. Eu não podia fazer isso. Eu não... queria fazer isso. era minha amiga. Só isso. Talvez ela tenha entendido as coisas erradas. Eu não estava pronto para isso, não conseguiria.
- Hã... – levantei uma mão, e ela parou de se aproximar e me olhou com curiosidade. – você tá sujinha aqui, ó. – passei o dedo de leve ao lado da sua boca. Era uma piada, porque, é claro, ela estava suja em tudo.
riu outra vez e revirou os olhos. Depois, caiu deitada ao meu lado no tapete e eu suspirei, aliviado. O que foi isso?

Zayn’s POV
Minha cabeça pesava uma tonelada e meus olhos nem conseguiam ficar abertos. Pelo menos eu estava em casa. Como fui parar lá, era um total mistério.
Só que minha pergunta foi logo respondida, quando cambaleei até a sala e encontrei Niall deitado no meu sofá com um copo do Starbucks na mão.
- O que aconteceu?
- Quer saber de tudo ou só as partes importantes?
Olhei para ele com uma careta.
- Tá, resumidamente: você chegou no pub, sentou no bar, tomou vodka até esquecer seu nome, e quando uma garota veio para perto pra se jogar em cima de você, você a fez sentar e ouvir sobre sua vida amorosa. Aí, eu te encontrei depois que vomitou no barman e tentei procurar o Lou, mas como não achei, te trouxe para a casa do Harry. Ele e te deram um banho e aí nós te trouxemos para cá.
Deitei no outro sofá e fechei os olhos. Eu havia me superado nessa.
- Eu... falei alguma...?
- Você chamava a há cada dois minutos.
Legal. Além de tudo eu estava morto de vergonha de mim mesmo.
- Pedi pizza, tem um pouco em cima da mesa. Sua mãe ligou.
- Minha mãe? – olhei para ele, curioso.
- É. Ela disse que estão vindo, chegam no fim da tarde, e não é para esquecer do presente de Waliyha.
- O...? Ai, merda! É o aniversário de Waliyha! – me levantei rápido demais e meu cérebro virou uma cambalhota. – Que horas são, Niall?
- Duas e meia da tarde.
Fui para o banheiro me xingando internamente e entrei debaixo do chuveiro para ver se a água levava minha ressaca junto com ela para o ralo. Depois de um rápido banho, escovei os dentes e arrumei o cabelo, passei um perfume qualquer e coloquei uma roupa decente.
- Você não vai comer? Tem que comer. Está há horas sem comer nada, Zayn. – Niall me seguia até fora de casa.
- Não posso comer, Niall, eu tenho que achar um presente para minha irmã.
- Zayn. – ele pegou meu braço e me parou. – olha só para você. Vive à base de cigarro e cerveja e não come nada decente há uma semana! Por favor, vamos só... almoçar?
Eu apreciava a preocupação do loirinho, mas realmente não estava com fome.
- Não dá agora, Niall. De noite te chamo e nós jantamos. – principalmente porque minha mãe vai me entupir de comida, provavelmente. Mas não disse isso alto. Só fui para meu carro, deixando Niall para trás.
Droga, eu precisava providenciar minha carteira logo.
Saí para o centro da cidade à procura de qualquer loja que fosse chique o suficiente para fazer aquela pirralha feliz. Mas onde diabos eu encontraria uma loja assim, aberta no domingo? Se bem que Waliyha ficaria muito mais feliz se eu simplesmente fizesse Harry beijá-la.
Ei... talvez eu pudesse convidar Harry para jantar com a gente. Ah, mas não gostaria de saber que é para o aniversário de minha irmã mais nova que tem um abismo por ele. Bem, talvez ela fosse junto. Mas... Waliyha seria capaz de pular no pescoço dela, e eu não queria que isso acontecesse...
Enquanto estava absorto em meus pensamentos, avistei uma loja com um letreiro grande em dourado: Gilly Hicks. Ótimo. Aí eu compro uma blusa qualquer e digo que o presente mesmo é um jantar com Harry Styles. Ela vai pirar.
Estacionei o carro em frente à loja e entrei lá, rezando para que me atendessem mesmo sendo domingo.
Entrei na loja e o sininho da porta tocou. Uma garota morena e baixinha que lia algo em uma planilha e parecia apressada, se esbarrou comigo.
- Ah, desculpa, mas estamos fech... – A garota parou assim que me viu. – ah, meu Deus.
- O quê? – olhei-a, assustado.
- Você é Zayn Malik!
- Ah, é. – eu me esquecia que era famoso às vezes. – eu sou. Será que eu posso, por favor, só escolher uma blusa para minha irmã?
Ela fez uma careta.
- Por favor? – fiz um biquinho. Ah, pelo amor de Deus!
- Tá! – ela concordou. – tem umas garotas ali dentro, perto dos provadores. Elas vão te atender.
- Valeu! – sorri e ela continuou indo para a porta, dando ordens há alguns caras que entravam com caixas de papelão.
Avistei umas garotas tirando umas roupas de dentro das caixas no chão e colocando-as nos cabides, pendurando nas araras de roupa.
- Com licença, hã...
Duas delas olharam para mim. Uma se levantou. A outra escancarou a boca.
- Oi...
- Zayn Malik? Você é Zayn Malik?
- Eu costumo ser, é...
- ! – a garota que estava no chão gritou. Oi? – você tem que ver isso! Vem cá! – e aí ela se levantou e saiu correndo atrás de . Será que...? Não, não podia ser a que eu conheço. Seria praticamente a vida rindo da minha cara.
Mas, apesar de impossível, mesmo estando em Londres, a capital da Inglaterra, a cidade com mais de oito milhões de habitantes, era essa mesmo que trabalhava na Gilly Hicks que eu acabara de entrar. Ela foi puxada de dentro de um dos provadores e empurrada até a minha frente, quase caiu em cima de mim. Se apoiou com uma mão em meu peito e meu corpo todo arrepiou.
- Desculpa. – murmurou.
Seu cabelo estava preso em um coque que era segurado por uma caneta, sua franja caía em cima dos olhos e ela estava usava um óculos de grau, que caía tão bem em seu rosto que até assustava. Estava abraçada a uma prancheta também, com uma caneta no vão dos dedos.
- Oi. – falei. Foi isso que falei! Mas o que mais eu diria? Qualquer coisa que dissesse me faria parecer um idiota.
- Oi. – ela disse, também. Mas vindo dela não parecia idiota. Me fazia querer beijá-la. Se bem que qualquer coisa me fazia querer beijá-la.
- O que está fazendo aqui? – Perguntamos, os dois exatamente no mesmo momento. Balancei a cabeça, atordoado.
- Eu trabalho aqui.
- Desde quando?
- Há algum tempo, Zayn, o que você...
- Mas hoje é domingo.
Ela respirou fundo e passou a mão no cabelo.
- O que você faz aqui?
- Eu estou procurando um presente para minha irmã.
Ela disse alguma coisa e apontou para a porta com a caneta. Mas não ouvi o que era. Meus pensamentos gritavam tanto que me impediam de ouvir qualquer coisa. “Me beije! Me bejie! Me beije!” era o que eles diziam. Estava me sentindo tonto.
- Hã?
- A loja não está aberta. – ela repetiu.
- Ah, mas sua colega ali me deixou entrar. – apontei para a garota que estava na porta.
- Ah. – ela pareceu confusa. – tudo bem. Eu posso te ajudar. – pegou meu braço pelo cotovelo e caminhou comigo até as roupas da parede direita da loja.
Eu queria tanto dizer a ela. Dizer a ela tudo que eu não disse enquanto estávamos juntos, porque fui idiota demais e só percebi que sentia tudo aquilo quando já a havia perdido. Mas não era culpa minha, tampouco dela. Simplesmente precisamos acabar.
- O que você procura, exatamente, Zayn?
Pode ser a vendedora?
- Qualquer coisa, . – gostei de falar o nome dela. – minha irmã está fazendo 14 anos.
- Ok. Aqui nós temos...
ficou falando, e falando, e falando sobre as razões pelas quais minha irmã gostaria daquelas blusas. Eu não ouvi nada. Ainda estava me sentindo atordoado, o mundo girava, e eu sabia que ela estava sendo tão profissional porque não queria olhar para mim e se lembrar de como as coisas eram antes. Também não queria que ela se lembrasse, eu não queria que ela sofresse com isso.
- E então? – ela perguntou, com uma blusa branca em uma mão e outra, exatamente igual, na outra.
- Elas são iguais.
- Eu passei os últimos minutos te falando sobre a diferença delas e é essa a conclusão que você tirou? – ela suspirou, indignada, e passou o peso do seu corpo para outra perna.
- Desculpa. Qual você prefere?
deu uma boa olhada nas duas, que eu juro que para mim eram exatamente iguais, e depois ergueu a da esquerda.
- Então vou levar essa.
- Tá. – ela falou. Largou a outra no lugar onde estava, e foi para o balcão. Eu a segui devagar, estava muito instável e juro que aquela tontura estava começando a me assustar.
Quando cheguei ao balcão também, me segurei nele com força para não cair. Fechei os olhos, porque minha visão ficou dolorosamente branca e deu uma pontada em minha cabeça.
- Zayn? – chamou, e abri os olhos. Minha visão estava se normalizando. – você está bem?
- Sim, só um pouco tonto.
- Você... – balançou a cabeça como se espantasse algum pensamento e voltou a fazer o embrulho de presente da blusa.
- Você é linda. – falei, depois de um tempo observando-a. Ela parou. Levantou o rosto e me encarou.
- Oi?
- Você... está linda. – corrigi. – Hoje.
- Obrigada. – ela voltou a embrulhar a blusa. Quando terminou, colocou-o em cima do balcão para mim. – qual a forma de pagamento?
- .
- Hum?
- Você quer... tomar um café? Mais tarde?
Eu não podia sair dali sem pelo menos tentar me aproximar dela.
- Nós terminamos, não se lembra, Zayn?
- É, eu estou lembrado.
- Não podemos sair por aí e tomar um cafezinho juntos.
- Não éramos amigos antes de tudo?
- Isso não importa mais. Você sabe.
Assenti. Acho que ela já estava seguindo em frente. Eu era o único idiota que ainda lembrava do que tivemos, por mais que tivessem se passado apenas uma semana. Quando ela disse que era para seguirmos em frente, estava falando sério. Ela fez isso muito rápido, aliás.
Peguei minha carteira e catei algumas libras lá dentro. Apenas as joguei no balcão e peguei o pacote, seguindo para a fora da loja. Cheguei na porta de meu carro e destravei o alarme.
- Zayn! – ouvi sua voz me chamando de trás. Parei. Suspirei e olhei de volta. Ela estava parada no degrau de cima da porta da loja.
Me virei e voltei alguns passos até o meio da calçada.
- O quê?
Ela pareceu pensar no que falar por um segundo.
- Você esqueceu o troco. – levantou algumas notas que estavam em sua mão.
- Fica para você. – bufei e fui me virar de novo, mas ela chamou outra vez:
- Zayn!
- O que é, ?
Assim que me virei, fui surpreendido por um abraço muito forte que me puxou para baixo por seus braços. Eu envolvi a sua cintura quase que automaticamente.
- Eu sinto a sua falta, e não é pouco. Não pense que me esqueci de tudo. Eu penso em você o tempo todo. – sussurrou tudo em meu ouvido. Depois, ela passou a mão pelo meu cabelo, e me deu um beijo no rosto. – tem que ser assim.
- Eu não quero que seja assim. – respondi. – eu quero você. De verdade, dessa vez.
se soltou do abraço e colocou o troco no bolso de meu casaco.
- Eu também, mas não temos escolha.
- , eu posso pedir um...
Antes mesmo de terminar minha frase, ela já sabia o que eu queria. Me puxou para baixo pela nuca e encostou os nossos lábios. Foi tão rápido que mal pude sentir o seu gosto. Mas foi melhor do que nada. E depois disso, ela se virou e voltou para a loja sem dizer nada.
Olhei em volta, o dia continuava normalmente. Ninguém parecia ter presenciado aquilo. Suspirei, balancei a cabeça, desapontado com o rumo que minha vida estava levando, e entrei no carro.








Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.






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