Última atualização: 23/09/2016
Capítulo 18
But I love you
Seems that I'm always thinking of you
You treat me badly
I love you madly
You've really got a hold on me
You do me wrong now
My love is strong now
You really got a hold on me
Liam’s POV
- Oi, amor.
- Oi!
- Estou com fome. Minha família já foi. E estou com fome. – repeti, no telefone. riu. – Quer vir aqui e me trazer comida?
- Hum... eu vou pensar.
A campainha tocou e fui atender, ainda com o telefone no ouvido.
- Faz essa por mim, vai!
Abri a porta, e ali estava ela. Uma camiseta do Batman com um cinto fino e delicado na cintura, um lenço na cabeça, Mc Donald’s em uma mão e o celular no ouvido em outra.
- Agradeça por eu te conhecer muito bem. – ela falou, desligando o celular e ficando na ponta dos pés para me dar um selinho.
Sorri quando ela entrou.
- Você é incrível.
- Incrível, eu? Espera até provar esse hambúrguer. – ela jogou o pacote para mim e o peguei no ar.
Enquanto eu comia, planejamos o que levar para a viagem.
- Olha, tenho uma entrevista por telefone em uma rádio agora, mas depois que terminar a gente faz as malas. Tudo bem?
- Claro. Vou tomar um banho. – ela piscou e foi para o banheiro do meu quarto.
Entre umas e outras perguntas usuais, conversei por alguns minutos com o cara do rádio.
- E a sua namorada? A... ahn...
Algumas pessoas ainda confundiam e Danielle. Porque não sabiam se deviam chamar de minha namorada, e porque não sabiam exatamente o que foi que aconteceu com Danielle, que sumiu sem mais nem menos da minha vida.
- .
- Isso, . Como estão as coisas?
- Vão muito bem, obrigado. Estamos ótimos.
- Todo mundo quer saber: como se conheceram?
- As nossas fãs já devem ter decorado essa história. Ela é do grupo de meninas que conhecemos em uma lanchonete após um engano com os pratos. É uma das nossas cinco melhores amigas.
- Mas quando percebeu que isso entre vocês era mais que amizade?
- Bom, eu não sei exatamente. Ela foi me ganhando aos poucos. Quando percebi, eu já era um caso perdido. – ri. – Ela é magnífica. Me encanta. É exatamente o que eu sempre quis.
- Isso é ótimo, mas algumas fãs não parecem apoiar. O que você pensa sobre isso?
- Isso realmente me deixa chateado. Elas falam que não me merece, falam coisas horríveis dela, mas elas não a conhecem. Ela é uma garota tão incrível, só quer o bem de todos acima de tudo, e nunca desejaria nada de mal a ninguém, eu posso garantir. E se alguém nesse relacionamento teve sorte, esse alguém fui eu, então acharia mais correto dizer que eu é que não a mereço. Ela é definitivamente demais para mim.
- Ótimo, Liam. Muito bem. – ele me parabenizou pela resposta.
saiu do banho com os cabelos molhados e uma blusa larga, sem se preocupar em usar nada além de uma calcinha. Seus cabelos estavam meio enrolados, como geralmente ficam quando estão molhados, e eu amava daquele jeito. Enquanto fazia a entrevista, eu a vi pegar um pote de sorvete e vir para o sofá. Sentou ao meu lado, comeu assistindo TV, e depois largou o pote e deitou a cabeça em meu colo. Em questão de minutos, ela dormiu. Minha entrevista acabou, e tive uma ideia brilhante. Peguei o celular, abri o aplicativo da câmera e coloquei para gravar.
- Amor... – chamei.
Ela mal se mexeu.
- , diz oi aqui. – chamei de novo.
- Hum... hum? – ela resmungou.
- Diga oi aqui.
- Hum, oi... oi? – ela abriu os olhos e olhou para mim. – Li, você tá gravando isso? – ela escondeu o rosto nos braços. Ri e parei de gravar.
- Só queria ter isso gravado, para não esquecer como é.
- Então eu sou bonita quando acordo? – ela disse, ainda com o rosto escondido e bocejou.
- Não, , você é horrível quando acorda. – Revirei os olhos.
Levei um soco na barriga e nós rimos.
- Vamos arrumar as malas? – ela perguntou, sentando no sofá.
- Sim.
- Corrida? – levantou a sobrancelha para mim.
Saímos correndo na mesma hora para o quarto, rindo que nem loucos.
’ POV
- Você não quer ficar em casa e tentar dormir?
- Harry, eu não estou com sono. Não adianta tentar me obrigar a dormir. Se você achar melhor, eu fico. Só não tenho o que fazer em casa.
- Não, tudo bem. Vai ser divertido te levar junto. – ele sorriu e pegou a carteira e as chaves. - Vem, vamos. Não saímos na rua juntos há tanto tempo. Quero que nos vejam juntos de novo.
Sorri. Ele pegou minha mão e saímos de casa. Descemos de elevador até o estacionamento e de lá saímos de carro e só descemos dele quando chegamos na frente da academia. Descemos, fizemos questão de demorar alguns segundos a mais fora do local para que o papparazzi do outro lado da rua pudesse tirar fotos de nós dois juntos, e então entramos. Embora eu esperasse que Harry fosse para a sala dos aparelhos de musculação, ele seguiu me guiando até uma sala mais ao fundo, onde se lia aula de boxe.
- Boxe? – perguntei, surpresa.
- Esse é o meu segredo... – ele sussurrou, em tom de brincadeira, e ri. – Alguns têm um quarto de brincadeiras sexuais, outros são vampiros. Eu...
Gargalhei.
- Pratica boxe. Desde quando? – Perguntei, curiosa.
Ele pareceu pensar por um tempo.
- Há alguns meses. Onde pensa que eu consegui todos esses músculos? – ele levantou um braço e eu ri.
- Quais? – cheguei mais perto e fingi que não via nada.
- Besta. – ele segurou meu rosto e me deu um selinho. – O treino me ajuda muito. Desde que terminamos e que percebi o idiota que andava sendo, eu comecei a pegar mais pesado nas aulas, descontar tudo que tinha em mim aqui – ele me contou enquanto andava. – É como minha própria terapia. Você não sabe o quanto me ajuda.
Entramos na sala e me direcionei para umas cadeiras estofadas no canto da sala. Haviam sacos de areia e energéticos e luvas de boxe para todo lado. Caras enormes e suados socavam coisas ou gritavam e havia também um ring bem no meio da sala, alguns espelhos nas laterais e uma música alta e forte de fundo.
- Hum... esse não é o melhor ambiente para uma garota como você. Desculpa. Eu esqueci que hoje tinha treino. Se você quiser, nós voltamos.
Harry estava assim, mais carinhoso, atencioso, e ao meu ver, isso era estranho. Era bom, eu não podia mentir, mas eu só não estava acostumada.
- Não venha me dizer onde é lugar para uma garota como eu – retruquei em tom de brincadeira, sentando e me encolhendo um pouco quando um cara esmurrou um saco de areia com um berro.
- Eu... hum...
- Harry, vai logo. – revirei os olhos, abrindo o zíper do seu casaco azul. Ele o tirou e deixou comigo, ficando só com a regata branca e a touca cinza. Usava uma bermuda larga e preta e um tênis esportivo branco.
Ele assentiu e então se afastou.
No começo, tudo estava bem. Harry conversava com seu treinador e ele o ensinava alguns movimentos de defesa, uma mulher, por sinal muito bonita, fazia uma chave de braço em um cara no chão do outro lado, e um cara conversava alto com outros homens e jogava água com sua garrafa no próprio corpo. Aquele lugar, mesmo tendo duas ou três mulheres, transbordava testosterona.
Eu comecei a me sentir mal mesmo quando cometi o erro de comparar meu tamanho ao de todo mundo ali dentro. Nesse momento foi que dois caras resolveram subir no ring e socar a cara um do outro por diversão, a música começou a ficar mais alta, tal qual os gritos dos caras que treinavam e meu coração começou a palpitar.
Certeza que aquilo não era boxe.
Eu não conseguia entender meu corpo desde que saí do hospital. Eu estava muito instável. Em uma hora estava completamente bem, e na outra eu começava a me sentir sufocada, tudo em volta encolhia, a atmosfera ficava mais pesada. Eu suava frio, meu coração batia forte de uma hora para outra, minhas mãos tremiam, e eu me sentia a beira de um ataque de nervos.
Fechei os olhos e tentei me controlar. Não, não era possível que isso fosse acontecer agora. Eu já quis sair de casa para tentar esclarecer um pouco a mente, respirar novos ares e relaxar, e agora estava acontecendo de novo. Era como um ataque de pânico. Droga, droga, droga.
Eu precisava sair dali agora. Abri os olhos e procurei Harry. Eu o encontrei socando um saco de areia com seu treinador incentivando do lado. Não consegui desgrudar os olhos. Como ele batia naquilo com força, determinação nos olhos, as veias dos braços saltando da pele, a posição de ataque, a força nas mãos. Aquilo fez minhas mãos começarem a tremer, como elas faziam muito ultimamente. Eu não conseguia parar. Olhei para minhas mãos, além de trêmulas estavam suadas. Minha respiração, ofegante quase como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Meu queixo começou a tremer como se eu fosse chorar a qualquer momento. Eu me sentia pequena. Era como naqueles pesadelos que você está presa em um universo paralelo e estranho, sabe que é um sonho, mas não consegue acordar.
Me levantei de repente. Senti-me um tanto tonta, mas não voltei a sentar. Soltei o casaco, celular e carteira de Harry no banco e corri para a porta da sala. O ambiente externo era a sala de musculação e dança, a música estava alta, o barulho das molas do Jump eram fortes, os pesos dos aparelhos se chocando uns contra os outros pareceram dobrar de volume, e corri até a porta de saída da academia. Assim que saí, tudo ainda girava e o mundo parecia uma pequena bola de vidro ao meu redor, onde eu estava sufocando. Podia sentir tudo que comi naquele dia revirando em meu estômago. Me sentei no muro que servia como corrimão das escadas e abracei meu próprio corpo, fechando os olhos com força e tentando respirar regularmente, tentando fazer meu estômago voltar para o lugar.
Droga, o que é que havia de errado comigo? O que estava acontecendo? Qual era o meu problema?
Eu não conseguia evitar. Talvez estivesse ficando louca. Precisava de um diagnóstico. Eu estava desesperada, e sem motivo algum. Meus olhos se encheram de água e meu queixo começou a tremer, em um sinal claro de que eu estava a segundos de chorar. E talvez isso estivesse sendo filmado ou fotografado para ser mostrado para o mundo todo. Ótimo. Maravilhoso.
Senti duas mãos nos meus braços me virarem rápido para trás e antes mesmo de conseguir ver seu rosto, Harry me abraçou forte contra seu peito e assim eu pude chorar. Ele estava ofegante pelo treino, e um pouco suado também. Não me importei. Apenas escondi o rosto ali e chorei tudo aquilo que tinha que chorar, sabe-se lá Deus porquê, enquanto ele passava a mão no meu cabelo e murmurava coisas sem nexo.
Se eu não conseguia entender, imagine Harry. Eu estava soluçando feito um bebê. E nem sabia o motivo. Talvez porque eu estivesse assustada feito um bebê que foi abandonado pela mãe. Não sabia o que fazer, não reconhecia nada à minha volta, não sentia nada além de medo.
Harry colocou seu casaco no meu ombro e me levou até o carro, ainda escondendo meu rosto. Ele abriu a porta, me fez entrar e a fechou. Entrou no banco do motorista e se certificou de que os vidros estivessem bem fechados primeiro.
Sequei meus olhos.
- O que aconteceu, ? O que foi? – parecia preocupado.
Balancei a cabeça, ainda sem conseguir falar, limpando o rosto.
- Eu... eu n-n... não sei... eu não sei... eu... – respirei fundo e tentei parar de soluçar. Nem lágrimas caíam mais. – Eu só... eu... só... eu não conseguia respirar. Eu acho q-que estou... enlouquecendo. Eu est-tou...
- , isso tem que parar.
Olhei-o.
- Esses seus ataques. Parece que você vai desmaiar ou ter uma convulsão. Não é normal. Parecem ataques de pânico, como se você tivesse passado por um trauma recentemente, e... – ele parou, parecendo ouvir as próprias palavras. Olhou-me. – você precisa de um psicólogo.
Balancei a cabeça, mas antes mesmo de negar, ele me cortou: - Sem não. Você vai. Só até se sentir melhor, você vai sim. Não aguento mais te ver assim, isso acontece a noite toda, você chora e balbucia coisas que eu não entendo, e se agarra no meu braço como se algo fosse te tirar de mim e nunca mais fosse trazer de volta. Você está me assustando, amor, e isso não é normal. Você tem que descobrir o que é.
Pensei por um tempo. Eu não dormia bem há dias, não sentia fome e agora esses ataques. Também, a pior parte e aquela que eu custava a admitir, era a aversão que sentia toda vez que Harry me tocava. Eu sentia... medo. Vontade de me afastar. Não era ele, eu sabia que não, porque olhando para ele eu sentia a mesma atração de sempre, mas algo no meu corpo reprimia aquilo.
- Você tem razão. Mas por favor, Harry, depois da viagem. Eu não quero estragar os planos de ninguém, e quero muito essa viagem. Talvez alguns dias relaxando na praia me ajudem.
Ele pareceu não aceitar bem no começo.
- Por favor. – pedi. – Por favor, Harry, deixa isso entre nós. Eu juro que vou, depois que voltarmos. Eu juro.
Ele se aproximou de mim e limpou uma lágrima que não foi limpada debaixo do meu olho esquerdo com o polegar. Me deu um beijo demorado na testa, e depois se afastou só o suficiente para olhar nos meus olhos.
- Tudo bem. Mas eu não quero mais te ver assim, é horrível. Eu te amo, e só quero o seu bem.
- Eu sei. Eu também te amo.
Ele sorriu por um segundo, e depois ligou o carro e foi para casa. Depois que chegamos, eu deitei na cama, ele tomou um banho rápido e deitou também.
- O que você sente?
- Quer dar uma de psicólogo?
- Eu só quero te ouvir. – riu. – O que você sente?
- Medo... principalmente.
- Medo? De quê? Dei de ombros.
- Hoje, mais cedo, na academia... você estava... batendo naquele saco de areia com tanta raiva. Me lembrou de...
- Shhh. Não. Não era raiva. Era só concentração. Aquele é um bom jeito de extravasar todas as coisas ruins. Eu não estava com raiva. De fato, eu não sinto raiva há um tempão. Nem quero sentir, nunca mais.
Concordei com a cabeça.
- Bem, também tem essa sensação de que tudo diminui e eu estou trancada em um globo de vidro que vai me sufocar. Os sons ficam mais altos, meus batimentos aceleram de modo que eu posso quase ouvi-los e minhas mãos tremem e suam. Eu... – Balancei a cabeça. – Sinto que estou enlouquecendo.
Ele concordou com a cabeça, ouvindo atentamente. Estávamos escorados na cabeceira da cama, quase que deitados, e ele segurava uma das minhas mãos, com seu braço em volta de mim.
- Olha, eu tenho asma. Vou te mostrar um truque que me ensinaram uma vez. É ótimo para quem sofre de doenças que te fazem ficar desesperado, tipo claustrofobia e essas coisas. Talvez te ajude. O importante é manter a calma. Deita.
Nós dois deitamos e encarei o teto.
- Agora fecha os olhos.
Fiz o que ele disse.
- E agora imagina que está deitada em um campo verde enorme. Sem paredes, sem carros, sem luzes, sem prédios, sem urbanização.
- Hum...
- Só você. E acima de você, um céu vasto e enorme. Completamente iluminado por milhares de pontinhos de luzes brancas e brilhantes. Em todos os cantos. E uma lua cheia enorme, linda, bem acima de você, quase como se você pudesse levantar a mão e tocá-la. – ele sussurrava no meu ouvido.
De fato, senti vontade de esticar o braço e tocar na Lua.
- Controla sua respiração. – disse baixinho em meu ouvido. Comecei a inspirar e expirar devagar, contidamente, compassadamente. Meu corpo relaxou. Harry levou as mãos aos meus ombros e os massageou levemente. – Só existe você no mundo. Você está em paz. E nenhum...
Eu não tenho ideia de quanto tempo isso durou até que eu pegasse no sono – de verdade, dessa vez – e conseguisse dormir pela primeira vez em dias.
Zayn’s POV
- Já estamos fora da cidade? – perguntou no banco de trás.
- Você está vendo algum prédio? - Niall teve que responder.
Ela não fez questão nem de fingir que o ouviu. Aqueles dois estavam hilários.
- Eu vou ler o roteiro. – decidi, pegando o mapa com o pedaço de papel na mochila de Liam.
- Nós temos um roteiro?! – perguntou empolgada, quase pulando em mim, ao meu lado.
- É claro!
- Me deixa ver isso aqui. – ela arrancou o papel das minhas mãos. Leu por um tempo, e fez careta.
- Deixa que eu te mostro no mapa. – abri o mapa da melhor maneira possível para que não ocupasse muito espaço. Não bastava um mapa da Europa, Niall teve que pegar um mapa mundi. – Saímos daqui. – coloquei a caneta em cima do pontinho que era Londres. – Atravessamos o Canal da Mancha e paramos direto em Calais. Lá, nós podemos almoçar.
- Não. – Liam balançou a cabeça, sem tirar os olhos da estrada no banco do motorista. – Almoço só em Paris.
- Uh la la. – disse e todos rimos.
- Vocês sabem da existência de uma coisa chamada Google Maps? – Harry retrucou lá de trás, mas o ignorei.
- Como vocês podem ser tão felizes às sete da manhã? – reclamou no banco do fundos ao lado do namorado. – Estou tentando dormir!
A vã era assim: três fileiras de bancos com três bancos em cada, mais o banco do motorista e do carona na frente. Nos mais do fundo estavam , Harry no meio e , na fileira do meio estávamos eu, no meio, e Niall, na da frente estava e Louis, no motorista Liam, e no carona estava .
- Estamos indo para Paris, como você pode não estar feliz? – disse.
- Continua. – pediu.
- Ok. – me concentrei no mapa outra vez, e voltei a caneta a ele. – Então vamos para Lion e depois para Milão.
- Milão! – se empolgou. – A cidade internacional da moda! Ai, meu Deus, a gente tem que ficar lá por pelo menos dois dias.
- Nem pensar. – Harry falou. – Temos que chegar em Creta em pelo menos três dias.
- Mas temos tempo. Eu digo, pra curtir um pouco os lugares onde vamos parar. Né? Senão, qual é a graça?
- Sim, temos tempo, mas não vamos ficar dois dias esperando as garotas fazerem compras. – Louis riu.
- Ah, qual é... Não tem tipo algum... time de futebol por lá? – Nanda deu de ombros.
- Vamos lá, meninos, se imponham! – Louis falou alto. – Juntos venceremos.
- Vocês podem até vencer a batalha, mas nunca vão vencer a guerra. – comentou.
- Uhhhh...
- Desafio aceito.
- Que os jogos comecem.
- Se descermos em Milão vocês não vão seguir sem nós até Creta. – disse.
- Mulheres, entendam: não se ganha uma guerra contando ao adversário seus planos de ataque. Liam, não para o carro em Milão. – Niall falou, recebendo um sorriso cúmplice de Liam pelo retrovisor.
- Liam, você vai parar o carro em Milão ou então eu não vou dormir no mesmo quarto que você.
- Sinto muito, Niall. – Liam fez careta.
Eu ri.
- Meninos, entendam: nunca batalhem contra adversários mais inteligentes, persuasivos, e sexys. – falou.
- Ou seja: mulheres.
- Zayn... – pediu que eu continuasse e voltei a prestar atenção no mapa, rindo.
- Ok, hum... Então, de Milão partimos para Veneza.
- Eu simplesmente amo Veneza. Temos que ficar por lá por pelo menos algumas horas. É incrível. – Harry disse.
Tive que concordar. Já fizemos shows lá e é sempre muito bom. É um dos meus lugares preferidos.
- De Veneza vamos para a província de Pisa, e depois de lá só vamos parar de novo em Roma.
- Podemos ir em Nápoles? – pareceu empolgada pela primeira vez na manhã.
- O que você quer fazer em Nápoles, ?
- Eu quero conhecer o Vesúvio! Podemos ir? – ela olhou para mim, esperançosa. Dei de ombros e olhei para Liam, que fora quem criara o roteiro.
- Eu... – ele fez careta. – Eu não botei isso no script...
- Liam, vamos! Vamos, por favor, vamos! – Ela pulou no banco e fez bico para ele, juntando as mãos em prece. – Qual é! É o único vulcão da Europa a ter entrado em erupção nos últimos cem anos! É o maior monte da Terra! Precisamos ver isso de perto!
- Excuse me?! – arregalou os olhos para ela. – Eu quero é distância desse negócio! Além disso, de quente você já tem eu, monamour. - falou e eu gargalhei.
- Shhh, ! – eu a língua a ela.
- Ah, tudo bem. – ele assentiu.
- Isso!
- E depois de Nápoles, então? – voltou ao mapa.
- Então, depois de Nápoles nós vamos viajar por mais algumas horas, atravessar o mar Jônico de balsa e chegamos diretamente em Corfu. Vamos passar por um pequeno pedaço da Albânia até chegar de novo na Grécia e parar em alguma pousada para descansar. Depois, vamos direto para Atenas, depois Kalamata e aí só paramos em Creta.
- Meu Deus. – falou, baixinho. – É muito chão para andar.
- Onde vamos nos meter? – riu.
- Vai ser incrível. Sério.
Depois de dar toda essa volta pela Europa mentalmente, olhei pela janela. Ainda nem havíamos saído dos arredores de Londres.
Continuamos conversando empolgadamente por horas. Quando alguns ficavam em silêncio, outros puxavam um assunto novo. Eram raros os momentos em que ficávamos todos juntos assim, podíamos nos relacionar em um grupo, conversar todo mundo junto, rir, fazer piadas, bater um papo legal sobre algum assunto polêmico ou simplesmente comentar sobre algo ou algum carro ou alguma paisagem que víamos. Isso era bem legal. Mas com o passar das horas, as coisas foram ficando mais silenciosas e alguns de nós dormimos. Inclusive, é claro, eu.
Acordei apenas quando entramos no Eurotunel e logo dormi de novo. Depois, acordei quando saímos dele e chegamos em Calais, na metade da manhã. Estávamos oficialmente em território francês agora.
Fiquei conversando com e Niall baixinho, para não acordar quem ainda dormia, até perto de Paris, quando todos se acordaram, empolgados. E aí, enfim chegamos lá. Mas acontece que Paris é um lugar muito bonito para só passarmos lá para almoçar, então decidimos ficar lá até o outro dia. Ainda tínhamos tempo, e podíamos ser guias turísticos das meninas. Já havia perdido as contas de quantas vezes fomos lá.
- Vamos na torre Eiffel? – perguntou.
- Eu já fui lá, realmente estou com fome e isso pode esperar. – disse.
- Querida, eu não sou rica, nunca vim aqui antes. O mais longe que já fui na vida foi a Bournemouth, então se não se importa... – respondeu.
- Ok, gente. – Liam parou a pseudo discussão. – Vamos aonde quisermos. Mas cada uma das meninas tem que ir com um menino, nós conhecemos essa cidade melhor do que vocês e não queremos que se percam. Então, combinamos uma hora para nos encontrarmos no hotel de novo.
- Pode ser às sete? – pediu. – Eu tenho tanta coisa a fazer aqui, e Niall vai ter que me levar. – ela disse, enganchando o braço no do Niall.
- Opa, ganhei uma gatinha? – Ele brincou.
- Bom, eu vou comer. Quem vem junto? – chamei, estávamos na recepção do hotel e só o que nos separava do restaurante era uma parede de vidro, meu estômago implorava por comida.
- Eu vou. – pulou ao meu lado e Liam entrelaçou a mão na dela automaticamente.
- Vou levar a pra provar alguma comida de rua. É ainda melhor do que restaurantes. Você topa?
Ela fez que sim. Louis pigarreou e colocou as mãos nos bolsos.
- Vou levar as malas para cima. Como vamos dividir?
- Eu fico com você, mate. – falei. Eu sabia que não ia dividir com , o que era uma pena. Ele assentiu e subiu com o cartão do nosso quarto e sua mala em outra mão.
- E vocês? – falou, olhando para Harry, e .
- Eu vou subir, trocar de roupa, voltar e almoçar. Não sei vocês. – respondeu.
Harry concordou com a cabeça e eles pegaram um dos cartões de quartos com o Liam.
- Mais tarde vamos na torre. Né amor?
- Vou pensar. – ela brincou, e os dois subiram conversando.
- Bom... – suspirou e cruzou os braços. – Sobrei.
- Você pode vir com a gente, . – deu a ideia.
olhou para Niall e torceu um pouco o nariz. Depois, olhou para mim, , e Liam e revirou os olhos.
- Que escolha eu tenho?
Alguns minutos depois, estávamos eu, , e Liam sentados na mesa do hotel pensando no que fazer a seguir. Já havíamos almoçado.
- Estou com vontade de subir e dormir, mas não posso desperdiçar tempo em Paris. – comentei.
- Acho que vou dar uma volta com a . O que você acha? – Liam perguntou à ela, que fez que sim com a cabeça.
- Acho que vou em uma loja que quero ir há tempos. – falei, levantando da mesa.
- É a loja de skate, não é? – Liam sorriu para mim e sorri de volta, empurrando minha cadeira de volta para o lugar.
- Alguém me acompanha? – olhei para .
Ela abriu a boca por um segundo, mas depois voltou a fechá-la e olhou para a mesa.
- Acho que vou... – parou no meio da frase e deu de ombros. – Não sei.
- Pode vir com a gente. – Liam ofereceu.
- Até mais, então. – dei tchau com a mão e me virei.
- Ah, Zayn.
- Sim?
- Marquei o jantar para as sete e meia aqui, com todo mundo. A comida é boa, o lugar é aconchegante, e é dentro do hotel. Amanhã saímos cedo, então...
- Tudo bem, tudo bem. Até mais tarde. – acenei com a cabeça e voltei a me virar.
’s POV
- Eu agradeceria se você parasse de flertar com todos os franceses que passam e deixasse alguns para mim. – sussurrou em meu ouvido, dando a volta por trás de mim e parando em frente ao espelho da butique, enrolando uma echarpe nude no pescoço.
Tirei os olhos do balconista chamosinho e olhei para ela pelo reflexo.
- Pensei que você estivesse mais interessada no Ni...
- Não termina essa frase. – abriu a palma da mão para mim e fez careta. – Ew.
- Há duas semanas atrás você o amava. O que eu perdi?
- Há duas semanas ele não era a criatura nojenta e repugnante que é agora.
Procurei Niall pelo reflexo do espelho, escorado ao lado do balcão, bocejando e com cara de tédio enquanto olhava algo em seu celular sem vontade alguma. O boné vermelho na cabeça, o peito meio de fora pela regata branca e os olhos contrastando com o azul céu do casaco. Calça branca folgada e supras vermelhos da mesma cor do boné. Ele me parecia qualquer coisa, menos repugnante e nojento.
- O que ele...
- . – fez careta outra vez, barrando o assunto.
- Ok.
- Mas o balconista, hein? – Ela sorriu para mim. Sorri de volta e olhei para o cara atrás do balcão, que vez ou outra me olhava de canto por cima da revista de esportes que tinha em mãos. A barba mal feita era um chamativo muito sexy naquela cena. Mordi o lábio, e virei para trás rapidamente.
- Niall!
Ele levantou os olhos do celular, com um susto.
- O que você acha? – coloquei a mão na boina preta com um pequeno laço bege delicado em minha cabeça.
- Ham... eu acho... legal?
Revirei os olhos. Olhei em volta, e como sabia que só estávamos nós ali dentro, me aproximei do balcão.
- E você, o que acha?
- Excuse?
Suspirei, triste. Era lógico que ele não me entenderia.
- Você. Gosta. Da. Boina? – falei pausadamente e fazendo gestos.
- Oh, oui, oui. Boina muito bonita em você.
Sorri de seu sotaque forçado e seu inglês mal falado e apoiei os cotovelos no balcão. Ele era tão fofo... assim como todos os outros dez caras com quem eu cruzei lá fora.
- ? – Niall chamou.
- O que é? – olhei-o brava por ter me tirado do meu momento ternurinha com o francês fofo.
- Já podemos ir?
Fiz cara de “de que você tá falando?” para ele.
- Na loja de skate. Aquela, que eu disse que ia. Lembra? Antes de vocês me arrastarem para cá e me fazerem esperar vocês experimentarem cada peça de roupa que veem pela frente?
Bufei. Soltei a boina no balcão e acenei um breve tchauzinho para o balconista, que me retribuiu, antes de seguir e Niall para fora da butique.
- Eu não quero ver skates sem graça. – fiz birra.
- E você acha que eu queria ver os cinquenta tons de esmaltes rosa lá atrás?
- Você é um chato, Niall.
- Obrigada. – ouvi falar, atrás de nós, e virei para ver o que era. Estávamos passando por uma praça onde muita gente que pareciam turistas também caminhavam de um lado para outro, falando línguas estranhas, e um monte de vendedor de rua carregava todos os tipos de coisa que você pode imaginar para lá e para cá.
- Olha o que eu ganhei. – ela me mostrou um balão de gás hélio pequeno e em forma de coração, pendurado em um fio, que voava em cima de sua cabeça.
Ri.
- De quem?
- Daquele senhor ali... – ela olhou para trás. – Ele estava ali há segundos atrás.
Ri de novo e olhei para o céu ensolarado, o clima gostoso e a brisa leve.
- Amo essa cidade.
- É linda. Absolutamente linda.
- Você nunca tinha vindo aqui mesmo? – olhei para .
- Não, eu já disse. A única vez que saí do país, fui para a Espanha conhecer uma tia que estava morrendo, e eu devia ter uns sete anos.
Fiz careta.
- Que passeio triste.
- Tanto faz. – Ela deu de ombros.
- Ei, olha! – apontei para uma pequena lojinha com um letreiro que eu não fazia ideia do que dizia – para uma garota rica, francês não era mesmo o meu forte – mas que tinham vários souvenires e enfeites para quarto lindos. – Eu preciso! Preciso!
- Ai, não... – ouvi Niall reclamar quando corri para lá.
Niall’s POV
- Eu quero comer. – falou, mesmo tendo um sorvete na mão. Eu entendia o que ela quis dizer, já estava sonhando com algo como um Mc’Donalds.
- Fala isso pra sua amiga ali. – reclamei. Meu estômago implorava por qualquer coisa comestível, mas insistia em parar em cada loja que via pela frente. Até eu já estava carregando suas sacolas. Nunca mais saio com essas neuróticas.
olhou em volta e virou de costas. Estávamos fora da lojinha esperando . Era assim, ela nem sequer se dava ao trabalho de se lembrar que eu estava por perto. Quando eu falava, às vezes me perguntava se minhas palavras de fato morriam antes de chegar aos seus ouvidos. Essa atitude infantil estava me deixando tão irritado, que eu queria sumir e deixar perdida por Paris sozinha.
- O que é aquilo? – ela apontou para algo que um vendedor de rua carregava em um carrinho. Era chamativo.
- Não sei.
- E o que está escrito lá? – apontou para o letreiro de uma loja.
- Eu não sei.
- Você é um péssimo guia.
- Você é uma companhia pior ainda.
- Babaca. – murmurou, como se eu não fosse ouvir.
- Idiota. – Murmurei, no mesmo tom de voz. A diferença era que eu não esperava mesmo que ela ouvisse.
Ela se virou para mim com os olhos cerrados. Em um piscar de olhos, enterrou o sorvete no meu nariz e depois fez questão que ele caísse e se espalhasse por meu casaco.
- V-você... – olhei-a confuso e bravo ao mesmo tempo, enquanto passava a mão no rosto.
Peguei aquele balão ridículo de coração que ela estava carregando há pelo menos vinte minutos como uma criança e o apertei na minha mão até ele estourar. Ela abriu a boca em protesto, irada comigo.
- Olha, é Niall Horan! – gritou e apontou para mim. – Do One Direction! Niall Horan! Bem aqui! – Começou a berrar, chamando atenção.
Olhei em volta, as pessoas começaram a se aproximar muito rápido, com celulares e câmeras e até canetas que não sei de onde tiraram.
- ! – berrei, furioso, antes de ser atacado por uma onda de gente que pensei nunca acabar.
Mais de dez minutos depois, consegui me livrar de grande parte das pessoas. Mas elas pareciam sair de todos os lugares, e tive que arrastar e de volta ao hotel antes que aquilo ficasse pior. Pegamos um táxi, e antes de ir direto ao hotel, fomos para outro lugar para despistar. Depois, enfim, chegamos ao hotel e desci do carro a passos largos depois de dar alguns euros para o taxista.
- Eu vou para o quarto e tomar um banho. – ouvi avisar a atrás de mim. Entramos no elevador e ela desceu um andar antes do nosso, já que estava em um quarto diferente com . O quarto de era no mesmo andar que o meu, e o de Zayn e Louis.
- Você mereceu. – ela disse baixinho, quando a porta se abriu já no nosso andar. Senti um leve pesar, talvez um pouquinho, um mínimo de culpa em sua voz, mas nada que não sumisse em questão de segundos.
- Você é uma traidora idiota e louca. Eu nem sei o que vi em você. – deixei escapar essa última frase sem querer, dos meus pensamentos. Fui para a porta do meu quarto, em frente ao dela, e procurei o cartão no bolso. Não o achei.
- Traidora, idiota, louca. Pelo menos não me chamou de mentirosa dessa vez.
- Ah, eu não disse? – olhei-a, cínico. – Devo ter esquecido. Mentirosa! – me aproximei do seu rosto e falei com todas as letras.
Ela me empurrou pelo peito e dei um passo para trás.
- Como pude te ver como amigo um dia? Você é nojento! É patético! Você não presta, Niall.
- É claro que não. Sou só mais um exemplo de como suas escolhas são um lixo, não é? Afinal, foi você quem escolheu me beijar naquele banheiro antes de começar com aquele joguinho barato de Charlie.
- Você tem que aprender a superar e a curar o orgulho ferido. – ela riu. – É tão imbecil que teve medo de não ser melhor do que um cara que nem existe. – ela se aproximou de mim e me olhou nos olhos. – Você transborda insegurança em tudo que faz.
Isso não era uma novidade para mim nem para ninguém nesse mundo. Niall Horan sempre fora o mais inseguro de todos. Eu só não havia encontrado ninguém que me jogasse na cara como ela o fez agora. E não era a melhor sensação do mundo. Meu sangue ferveu nas veias.
- E você, acha que é melhor do que alguém? – gritei. Nunca pensei que alguém fosse conseguir me fazer ficar tão furioso. – Olha só para você. Patética. Eu já peguei melhores. – Cuspi as primeiras palavras cruéis que consegui encontrar em meu cérebro nela.
Não surtiu o efeito que eu esperava. Eu estava tão bravo que esperei ver a dor nos olhos dela como ela certamente viu nos meus quando falou da insegurança. Mas isso não aconteceu. Ela paralisou por uma questão de segundos e depois de piscar duas vezes um sorriso maroto surgiu em seus lábios. Ignorei-a e voltei a procurar o cartão em meus bolsos, mas ele não estava em lugar algum. Ela se virou, pegou o seu cartão do bolso e foi para a sua porta.
- Ouvi dizer que comeu uma garota na festa de natal. Na despensa, hein? Uau.
Parei de repente. Não era possível, eu só contei isso para Louis. Olhei-a. Ela estava de costas, passando o cartão em sua porta. Abriu-a com um clique e deixou uma fresta aberta, com a mão na maçaneta. Olhou por cima do ombro, ainda com o sorriso, cada vez mais debochado.
- Ouvi dizer que falou o meu nome. – sua voz soou divertida.
Meu sangue subiu para meu rosto no mesmo segundo. Além da vergonha e da confusão por não saber como diabos ela sabia disso, sendo que esse detalhe vergonhoso eu não contei nem para Louis, eu estava fervendo de raiva. Fez meu corpo todo esquentar.
Antes que ela pudesse entrar no quarto, eu mesmo a virei para mim em um movimento bruto e a empurrei para dentro do quarto. Fechei a porta com uma batida surda e a prensei contra a parede ao lado da mesma com força.
Sem que eu percebesse, meu corpo já estava colado no dela. Respirações ofegantes, olhares cruzados, calores misturados, corações disparados. Desci meu olhar de seus olhos assustados e ainda levemente divertidos, para seus lábios que estavam tão perto como eu não via há meses. E lá estava de novo, o desejo me queimando vivo. Não importava o quanto eu dissesse a mim mesmo que odiava , isso nunca seria verdade, e nunca seria mais forte do que o desejo que sentia por ela.
- Era você, não era? – vociferei sussurrando para ela, e meus lábios roçaram nos seus.
fechou os olhos. Depois de alguns segundos, em que eu tentava entender a raiva no meu corpo se transformando em outra coisa, uma coisa mais forte, poderosa, um... Um desejo louco e descontrolado, ela gemeu baixinho. Não foi um gemido qualquer. Ela não tinha motivos para fazê-lo. Falou o meu nome em meio à ele. Subi de novo meus olhos que já se encontravam na sua regata colada, para seu rosto. Ela mordeu o lábio inferior, se aproximou do meu ouvido ainda de olhos fechados e fez de novo:
- Hm, Niall... Se lembra disso? – Sussurrou.
A memória veio como um flash. Tudo que a bebida daquela noite me fez esquecer, me atingiu como uma pedra. Era mesmo . A sua pele macia, os seus lábios habilidosos, suas mãos ágeis. Era ela. Se eu estivesse sóbrio, saberia que era ela naquela noite. Ela era inconfundível em cada aspecto. Não lembrei só da noite na despensa, mas também da noite depois do show, há muito tempo atrás, na cama dela, assistindo TV e falando bobagens. Quando éramos amigos e eu era o babaca mais sortudo desse mundo. Por que isso teve que mudar?
- Niall...
Abri os olhos de volta e soube exatamente o que tinha que fazer. Aquela provocação disfarçada, na verdade eram um pedido dela. Eu sabia que ela queria. Tanto quanto eu. Queria isso e já fazia tempo. Eu só demorei demais para agir.
Capturei seus lábios rapidamente, levando uma das minhas mãos para os seus cabelos e a puxando mais para perto de mim, sua boca na minha enquanto minha outra mão puxou sua coxa para encaixar na minha cintura e ela puxava minha regata desesperadamente com as duas mãos, tentando achar um jeito de tirá-la sem desgrudar a boca da minha. Suas unhas roçando e arranhando minha pele a todo segundo, até que ela se afastou só o suficiente para arrancar minha blusa e darmos alguns passos para trás antes de cairmos na cama e o corpo dela cair sobre o meu, sua boca na minha de novo. Eu estava sem fôlego, mas quem precisava de fôlego quando se tinha isso? Essa paixão ardente, que me queimava e consumia por dentro. Eu nunca sentira antes e nunca sentiria por ninguém o que sentia por ela, nunca queimaria tanto de desejo por uma pessoa como queimava por ela. era única. E agora, no exato momento, ela era minha. Somente minha.
’s POV
Eu podia jurar que havia dormido, quando na verdade só fechei os olhos por algum tempo. Meu corpo estava relaxado, minha respiração compassada e eu me sentia em sintonia com cada célula do meu corpo.
Me virei na cama, suspirando e me enrolando mais no lençol de seda branco. Era delicioso. Mantive os olhos fechados, enquanto sentia a leve brisa parisiense que entrava pela janela e fazia as cortinas balançarem.
Quando abri os olhos, ele estava ali. De olhos fechados, como eu, mas eu podia dizer por sua expressão tranquila, mas alerta, que ele também não estava dormindo. Odiava admitir o quanto eu esperei por isso. Senti de novo a sensação de minutos atrás, as mãos dele em mim, seus lábios no meu corpo, e tudo aquilo que ele me fez sentir, tudo de novo, e de novo. Não seria fácil esquecer desse momento.
Niall abriu os olhos, e depois sua expressão relaxou um pouco, pude notar pela intensidade com a qual franzia o cenho. Seus olhos percorreram o meu rosto, enquanto eu só pude contemplar aquele azul e tentar entender como ele podia ser tão perfeito.
- Há quanto tempo você esperava por isso? – me perguntou, a voz baixinha, com medo de quebrar o silêncio.
- Como? – falei, confusa.
- Quero saber, para descobrir se faz tanto tempo quanto eu.
Pensei.
- Muito tempo, Niall. Desde... hum, talvez... dois meses depois que nos conhecemos.
Ele assentiu.
- Nós demoramos demais.
Por um momento eu perguntei o que isso significava. Não podia estar tudo completamente certo. Tudo bem, agora tínhamos certeza de que de fato sentíamos algo um pelo outro, mas isso não era o suficiente para esquecermos tudo o que um fez para o outro. Tudo o que falamos, e tudo o que fizemos. Eu gostava muito de Niall, mas precisávamos achar um jeito de fazer isso dar certo, e não seria com uma transa que tudo se resolveria.
Eu, , ia ser sempre assim: resolvendo as coisas pelo caminho mais difícil.
O erro de Niall era ser exatamente igual a mim.
- Você era virgem? – perguntou, tranquilamente.
Eu o olhei, um pouco embaraçada.
- Antes da festa, eu digo.
Senti meu sangue subir para meu rosto. Eu ainda não me conformava com o quanto fui idiota. Nem precisei responder, o rubor nas minhas bochechas respondeu por mim. Niall sorriu e se aproximou, deixou um beijinho na ponta do meu nariz e um outro, um pouco mais longo e calmo, nos meus lábios. Deitou de barriga para cima, olhando o teto e suspirou.
- Bom... – ele ri. – Fico feliz assim.
Deu uma risadinha que não pude decifrar entre orgulho ou simplesmente felicidade. Tive que sorrir junto.
- Por quê?
Ele me olhou de canto.
- Por quê? Você não percebe? – Me olhou. – Mesmo sem sabermos, mesmo sem querer... eu fui o seu primeiro. Isso só pode ser um sinal.
Meu coração disparou. , ele não falou nada demais, por favor, se controle.
- Foi.
O sorriso dele aumentou outra vez. Depois de pensar por um segundo, parou de sorrir e pareceu levemente preocupado por um minuto.
- Eu não planejei que fosse assim. Daquele jeito, eu digo, na despensa, e...
Fiz que não com a cabeça.
- Nem eu. Eu não sabia direito o que estava fazendo. Descobri que era você na manhã seguinte.
- Eu não... eu... – ele franziu o cenho outra vez. – Eu te trataria melhor se soubesse. Me desculpa.
- Tá tudo bem.
Ficamos em silêncio. Ao que me pareceu, ele se sentiu culpado por ter me tratado como todas as outras mesmo sem saber.
Quando o silêncio se espalhou por muito tempo, o clima começou a pesar. Sei que ele estava pensando o mesmo que eu, se perguntando o que aconteceria agora, imaginando as consequências disso e chegando à conclusão de que havia muito a ser consertado. Que sexo não nos fez esquecer por completo das muitas que ele pegou, de quando eu o chamei de inseguro, de quando disse que o odiava, de quando ele disse que eu era patética. Niall tinha um orgulho tão grande quanto o meu, e ambos continuavam feridos. Orgulho ferido não deixa você perdoar. Não até curar por completo.
- Ninguém pode saber disso. – Niall tirou as palavras da minha boca. Concordei.
Se levantou em um pulo, e vestiu a calça tão rápido que eu nem vi. Jogou a regata no ombro e foi para a porta. Antes de sair, porém, virou para mim e voltou para a cama, em passinhos rápidos. Pareceu incerto sobre o que fazer, mas abaixou e me deu um selinho. Correspondi. Voltou para a porta e então a abriu. Quando saiu, colocou a cabeça para dentro de novo.
- Até... depois. – disse, antes de sair.
Louis’ POV
- Eu definitivamente amo essa cidade. – falou, tomando um gole de sua bebida em seguida.
Liam bocejou.
- É, é tudo tão lindo aqui.
- É incrível! – exclamou. – Conheci um cara... ele me convidou pra uma festa perto daqui. Preciso ir. Preciso!
- , nós saímos cedo amanhã... – Liam disse, apoiando o cotovelo na mesa e a bochecha na mão.
- Eu sei. Volto antes do amanhecer, juro.
- Não é perigoso? Eu digo, sair por aí em uma cidade desconhecida com gente desconhecida? - falou, alerta.
- Amor, deixa ela se divertir. – Liam disse, mexendo em um fiozinho solto no suéter de .
disse algo e Harry riu.
- O quê? – perguntei.
- “Amor, deixa as crianças brincarem”. – Harry imitou.
- “Mas eles vão se machucar, Liam!” – complementou. Ri também, com o resto da mesa.
- Isso, zoem da minha cara. – fez bico.
- Ok, tudo bem. – levantou os braços. – Se você achar melhor, eu não vou.
- Não, vai sim, . – Liam fez que sim com a cabeça.
- Eu só acharia melhor se fosse com alguma companhia. – avisou.
- Alguém quer ir? – olhou para mim, Niall, , e Zayn, que estávamos no lado oposto deles da mesa.
Niall fez que não com a cabeça, pigarreou e também negou.
- Vou ficar sozinha no quarto? – fez bico.
- Voc... – Zayn olhou para , e depois para . – Ham, estou cansado. – fez careta.
- Qual é! Vocês vão mesmo negar a minha companhia?
- Todo mundo acordou cedo hoje, . Estamos todos cansados. – falou.
Concordei com a cabeça e a expressão dela murchou.
- Ok. Eu vou sozinha. – avisou para .
- Ótimo. Tomara que você seja assaltada.
Congelei só em pensar na cena. Mas que droga.
- Alô! Estamos na França, aqui é outra categoria. Gente francesa não faz isso.
- Você que pensa, maldade há em qualquer canto. – alertou, e ri fraco pensando em como ela falara igual à minha mãe.
- Isso é verdade. – Zayn concordou.
- Vou arriscar. – deu de ombros, teimosa.
- Agora uma dúvida: como é que você conseguiu perder o cartão do seu quarto? – Zayn perguntou à Niall, mudando de assunto.
- A manchou minha jaqueta e eu perdi ela no meio das fãs com o cartão no bolso.
- Que bom que eles têm um extra. – Liam comentou.
- Gente, vamos subir. – avisou, e ela e Harry se levantaram.
- Eu só vou ali pagar a nossa parte. – ele disse.
- Pagar a sua parte? Por quê? – Perguntei. – Como se não fôssemos, você sabe, ricos.
- Porque sim. – ele deu de ombros. – Questão de costume.
- Questão de orgulho masculino, creio eu. – comentou quando ele se afastou, e eu concordei.
- Não tem nada a ver com orgulho masculino. – Liam disse.
- Ah, cala a boca, mano, você sabe que tem. – Zayn apontou para ele. – Todos nós somos assim. Já paguei a minha parte, aliás.
- Eu também. – Niall riu e coçou a cabeça.
- E quem pagou a minha parte? – se fez de ofendida.
- Como se a senhorita também não estivesse cheia da grana com essa série, não é? – Apontei para ela.
- Eu, cheia da grana? Não fui eu que fiz um photoshoot para a Gucci. – apontou para a .
- Culpada. – ela suspirou. – Mas meu namorado é milionário.
- Também não é assim. A gente manda quase todo nosso dinheiro para nossa família e são eles que administram.
- E esses pequenos cartões de crédito na sua carteira, Louis? – riu. – São o quê? para enfeite?
Fiz careta pra ela.
- Vamos? – Harry voltou e a chamou.
veio até mim e me deu um beijo na bochecha.
- Boa noite, Lou.
Pisquei para ela.
- É bom ver vocês juntos de novo. – sussurrei, e ela sorriu.
- Obrigada.
Harry’s POV
- Essa cidade... – falava. – É absurdamente linda. Cheia de vida, de esperança.
- Coisa de futura estudante de turismo. – concluí. Ela me olhou e riu.
- Provavelmente. Mas... sabe quando você tem uma música preferida no mundo? Paris é como minha música preferida. É algo que eu reviveria de novo e de novo e de novo. Sempre quis morar aqui.
estava debruçada sobre o parapeito da janela, olhando para a noite na praça do outro lado da rua. Ficamos com o melhor quarto do hotel, tenho certeza. A torre Eiffel ficava a duas quadras na frente dali, e podíamos vê-la dali.
Ela levou a mão à cabeça e praguejou, e tirei meus olhos da camiseta que eu dobrava para olhá-la assustado.
- O que foi?
- Estamos em Paris. Paris! Ah, meu Deus, Estamos em Paris!
Olhei confuso para ela.
- E...?
- O Louvre! – ela exclamou e estalou os dedos, apontando para mim em seguida. – Eu me esqueci totalmente de visitar o Louvre, tive um dia todo em Paris e não visitei o Louvre!
Ri.
- Sua louca! Me assustou, eu pensei que você estava tendo outro daqueles ataques!
- Você tem noção do quanto isso é sério?! O museu mais foda do mundo, Harry! – continuou, ignorando minha última frase e voltou a olhar pela janela.
Fui até ela e a abracei por trás, descansando meu queixo em seu ombro.
- Você não vai ver ele daqui, você sabe. – Comentei. – Ele fica mais ou menos... pra lá – apontei, e em seguida encostei a boca em seu ombros. - Não desmereça nossa tarde, ela foi incrível.
- É claro que foi, me desculpa. Eu só dei uma surtada porque o Louvre é um dos lugares mais fodas desse mundo para mim. Eu nunca pude conhecê-lo inteiro.
- Nós namoramos há algum tempo e eu ainda não conhecia esse lado seu que se interessa por arte e cultura.
- Você não conhece a maior parte de mim. Só a minha metade ruim, eu diria. – riu.
Peguei sua mão e fui até a cama, sentando e fazendo ela sentar do meu lado.
- Então me conta.
- Contar o quê? – Me olhou, confusa.
- Sobre essas partes de você que eu não conheço.
Ela mordeu o lábio, pensativa. Sorriu depois.
- Bem... Quer saber o que a meu respeito? Vou contar o básico – Disse, colocando o cabelo atrás da orelha. - Meu maior sonho sempre foi mochilar. Desde os doze anos, mais ou menos. Isso nunca mudou. Minha paixão pelo mundo é imensurável. Hm... Eu amo livros. De verdade. – Ela enumerou os fatos que contava nos dedos. - Já tive minha fase de fangirl pelo Green day. E depois pelo The Maine, mas essa eu passei para a . Eu também já passei pela fase de mal com o mundo onde eu geralmente entrava na minha bolha com um livro e fones de ouvido e não dava a mínima para ninguém que estivesse em volta. Isso foi no ginásio, e nessa época eu não me importava com popularidade ou fazer social e tudo que eu queria era ficar sozinha e ouvir Evanescence e ler meus livros em paz. – ela riu.
- Não brinca. – acompanhei-a. – Estou tentando te imaginar meio gótica, assim... – Disse e ela riu.
- Eu também tenho muitos sonhos. Se você não tivesse provocado o pior de mim logo na primeira vez em que nos vimos, você notaria que eu sou assim. Eu posso estar sempre a par da conversa, interagindo com todos, mas uma parte de mim sempre está nas nuvens, sonhando com alguma coisa. Fico imaginando um dia em que vou estar em algum dos lugares mais inóspitos do mundo, somente eu e minha mente. – ela sorriu e olhou para as mãos. – Às vezes gosto de dar uma de escritora. Desde cedo, comecei com isso. Antes de conhecer você, minha visão de futuro perfeito era sair por aí, sem rumo, conhecendo gente diferente e culturas e línguas novas, sempre com um caderno em mãos escrevendo minha história do tipo Comer, Rezar, Amar. – Riu. - Eu até cheguei a criar na minha cabeça um desfecho, onde uma personagem tem que decidir entre viver seus sonhos ou desistir de tudo por um amor. Na minha cabeça, eu sou uma Nora Roberts. – Riu de novo, brincando. – Acho que esse é o principal. Pareço grande coisa, mas na verdade eu sou só uma garota que usa o Tumblr de vez em quando para fugir da realidade, assim como as suas fãs. Fico tentando imaginar como é meu futuro quando não tenho nada para fazer. Você está acompanhando? Desculpa, esqueci da parte em que eu falo demais.
- Na verdade, não entendi a parte do “antes de conhecer você.” Por quê? – Franzi o cenho.
- Ah, é que... eu não sei. Desde que estamos juntos, isso tudo parece menos importante. Quando estamos juntos somos só eu e você, e o futuro me parece uma coisa que pode esperar, ficar para depois. Eu não gosto mais de imaginá-lo tanto assim, porque tenho medo de não te ver nele. – disse baixinho e suspirou. - Eu geralmente gostava de olhar para o futuro e ver algo incerto, mas desde que te conheci, só desejo que você esteja nele e o resto vai ficar bem. Eu deixei meus sonhos em segundo plano, porque você se tornou o primeiro. Sabe... é assim que as coisas são. A verdade é que você conseguiu causar um impacto e tanto desde o começo, Styles. – piscou.
Fiz uma careta.
- Então é como se... Se você estivesse desistindo dos seus sonhos por um amor?
- Bem, não, eu só... – ela parou quando viu onde eu queria chegar. Me olhou, depois que concluiu o pensamento. – Ah, meu Deus.
Levantei as sobrancelhas e sorri minimamente para ela.
- Você é meu personagem, Harry. Como eu deixei isso escapar?! – riu.
- O que ela escolhe? Vida dos sonhos, ou história de amor? – Ri, tocando seu ombro.
mordeu o lábio.
- Bom, ela decide que desistir de tudo pelo que sempre sonhou e lutou para viver algo incerto é insano e não vale à pena. Ela percebe que um amor pode achar várias vezes na vida, mas a vida, de fato, só acontece uma vez, e ela precisava aproveitar. Não podia deixar tudo que sempre sonhou e acreditou por algo que não sabia se ia durar. É aí que a louca paixão Hollywoodiana seria vergonhosamente derrotada, e a história provaria que existem causas mais importantes para se lutar do que um amor. – Ela olhou para cima. – Fala sério, eu sou uma poeta – me olhou e riu, e ri junto.
- Ah, Deus... – pareci desolado.
- Ah, Harry, não. Eu não imaginava nem em meus sonhos mais loucos que um Harry Styles fosse aparecer em minha vida assim, de paraquedas. Quem esperaria por isso?
- A reviravolta Hollywoodiana – arregalei os olhos para ela, que riu.
- Não. Eu já disse. Você é minha prioridade. – ganhei um beijinho na bochecha. – Bom, acho que agora você me conhece melhor. Acabamos de ter um primeiro encontro de novo. – Cruzou os braços e sorriu.
- É. Ótimo. Descobri várias coisas sobre minha namorada hoje, inclusive que eu sou responsável por ela desistir dos seus sonhos.
- Dramático. Anda, vamos arrumar as malas e dormir, porque eu estou exausta.
- Certo, certo. – concordei e me levantei. – Ajuda?
- Ajudo.
Peguei uma camiseta e ela algumas blusas espalhadas na cama. Abri e mostrei-a que era a dos Ramones.
- Ah, essa camiseta me lembra aquela do Queen que vimos hoje de tarde! Eu preciso daquela camiseta! Por que eu não levei, mesmo?
- Porque você viu a menina com o cachorro e quis passar a mão nele.
- Ah... isso. Fofos, eles. – Ela mordeu o lábio.
- Prefiro Ramones à Queen.
Ela apontou para mim.
- Você não vai querer começar com essa discussão, vai por mim.
- Ah, é. – olhei-a sorrindo. – Por causa daquela parte de você que surta e enlouquece total toda vez que alguém fala mal de Quee... – fui interrompido quando ela pulou em cima de mim e me derrubou na cama.
- Calado!
- Ou o quê? – Gargalhei.
- Ou eu vou te... morder!
- O Freddie desafinou total aquela vez que... – não pude terminar quando ela mordeu meu ombro e grunhi de dor. – Ahhhhh! Meu Deus! Não pensei que estivesse falando sério!
- Vai fazer o quê? – Ela riu para mim.
- Eu vou te beijar. Se prepara.
Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, eu a virei e avancei para sua boca. Ah, uma das melhores coisas que ela sabia fazer com a boca era me beijar, não devia parar nunca.
Não era nossa intenção, mas mesmo sem perceber minha mão foi parar debaixo da sua camiseta. Eu estava louco por isso há tempos, precisava disso, e mesmo tentando segurar a barra e repetindo o tempo todo “sem pressão, Harry, sem pressão” na minha cabeça, quando vi minhas mãos já procuravam seu sutiã. Era mais forte do que eu.
apenas cercou meu pescoço e continuou me beijando, mas eu pude perceber que ela não fazia questão de continuar com aquilo. Seu corpo estava parado, não correspondia.
Terminei o beijo devagar, e me afastei um pouco.
- ?
- Hum? – ela abriu os olhos.
- Qual é o problema?
Hesitou.
- Problema nenhum, Harry. – me puxou para continuar o beijo, mas eu me afastei um pouco mais e sentei na cama.
- Você não quer fazer isso, quer?
Ela fez uma careta e sentou também, abaixando a camiseta.
- Me desculpa. – choramingou. – Eu sinto muito, mesmo.
- É algum problema comigo?
- Não, eu não sei o que é. Eu só travo. Eu não consigo... algo em mim me impede de... ah. – ela suspirou e passou as mãos no rosto. – Eu sinto muito.
Eu precisava manter a calma. Me esforçar mais, esperar o tempo dela. Talvez isso tudo até fosse por minha culpa, e ela tivesse algum tipo de medo reprimido de mim ou algo assim. Eu odiava isso. Mas precisava me esforçar, entender seu lado da história e manter a calma.
- Harry, você vai ficar chateado comigo? – ela se aproximou de mim e passou as mãos pelos meus ombros. – Desculpa. Desculpa.
- É claro que não. – olhei-a e sorri. – Não precisa se forçar a fazer isso, , eu espero.
- Eu queria explicar, mas eu não sei...
- Deixa isso pra lá. – mudei o tom de voz para algo mais extrovertido. – Tenho uma ideia melhor.
- Melhor? Tipo o quê?
Me levantei e puxei sua mão, correndo para a porta do quarto.
- Anda, vem. Vamos achar aquela camiseta do Queen.
Louis’ POV
Eu me encontrava em um bar. É, um simples bar. Com música alta, gente bebendo chope e jogando bilhar, dançando, rindo e se divertindo em grupo. A música era um estilo de rock nem tão pesado, e o lugar era todo feito de madeira, com alguns quadros pendurados nas paredes altas. No geral, vários marmanjos mal-encarados conversavam em grupo, e algumas mulheres, quase todas bonitas e bem vestidas, no meio deles. Não era algo que você esperava ver em Paris, na verdade.
Apesar das garçonetes com roupas justas e apertadas, ainda me parecia ser a coisa mais linda daquele lugar. E me irritava um pouco ver ela usando todo seu charme, fazendo mil e uma gracinhas e rindo descaradamente com um cara que ela mal conhecia. Meio que me lembrava de quando era eu no lugar dele. Às vezes eu achava que fui só mais um para ela. Talvez eu tenha sido, afinal.
Me concentrei em ficar com a cabeça devidamente abaixada na mesa perto da janela, onde eu estava sozinho. Eu podia estar sendo paranoico, de verdade, eu me sentia paranoico, mas eu só estava cuidando de uma amiga... sem ela saber.
Meio stalker obsessivo da minha parte? Talvez.
Acho que fiquei ali por tanto tempo que comecei a cochilar com a cabeça escorada na mão, e segurando minha garrafa de cerveja. Acordei em um pulo umas três ou quatro vezes por culpa das risadas escandalosas de algumas pessoas no local, e me certifiquei de que ainda estava no mesmo lugar. Na última vez, porém, eu a vi levantando com ele e assentindo para algo que ele falou, antes de pegar sua mão e ele a conduzir devagar para a porta, que era perto de onde eu estava. Enquanto eles se aproximavam, me levantei rapidamente pensando em um jeito de me esconder. Fui até perto da mesa onde uns caras jogavam bilhar e fiquei por ali, fingindo estar junto. Porém, antes de sair para ir atrás deles, minha mão bateu em uma das bolas do jogo dos caras, e eu me virei para trás, assustado. Dei de cara com um dos caras, e, droga, ele era enorme.
- F-foi mal, cara...
Ele gritou algo em francês e me empurrou com força para trás. Em segundos todo mundo no bar parou para olhar. Vacilei tentando procurar algo em que me segurar, mas como não havia nada, acabei caindo no chão e batendo a cabeça em algo. Fui levantado de novo antes de poder sequer pensar pelo colarinho da camisa e quase fiquei na ponta dos pés, quando o cara virou um soco de direita no meu rosto. Tudo isso por uma bola de bilhar? Esse cara levava o jogo a sério.
Só o que eu pude sentir foi a dor no maxilar e mantive os olhos fechados quando vi que ele ia partir para cima de novo, mas não senti nada. Só ouvi uma voz feminina no meio, e quando abri os olhos estava na frente dele, com as mãos abertas e pedindo para ele se afastar. Os dois não se entendiam por falarem línguas diferentes, é claro, mas ele se afastou mesmo assim. Já estava bêbado, o cara. se ajoelhou ao meu lado, puxou meu rosto e depois me levantou, me arrastando para fora do bar. Minha cabeça girava e eu estava tonto, então não entendi bem o que ela disse ao cara que estava com ela. Só sei que fui atirado no banco de trás de um carro e apaguei ali mesmo, pela pancada forte na cabeça.
Não sei quanto tempo depois, acordei com algo gelado, úmido e macio sendo passado no canto da minha boca, e abri os olhos. Uma dor aguda atravessou minha cabeça e eu gemi.
- Tudo bem... – ouvi a voz dela murmurar, parecendo longe. Mas senti seu hálito no meu rosto, e pude notar que ela estava perto. – Tudo bem, Lou...
- ... – assim que abri os olhos e pude vê-la na minha frente, ela se aproximou mais de mim e levantou meu rosto pelo queixo, fazendo-me encará-la nos olhos.
- Está melhor?
- Ahn... Um pouco, acho...
Senti sua palma arder no meu rosto e virá-lo para o lado, e meu cérebro virar uma cambalhota.
- Ai!
- O que você estava fazendo?! – Ela gritou. – Idiota!
- Eu só... eu... ahn... – gemi outra vez e levei as mãos frias à minha testa, tentando aliviar a dor. – Eu só queria tomar conta de você.
- Eu não sou uma criança, Louis. E você não tem que me seguir para todos os lugares. Eu já sou grandinha. Você é quem precisa de cuidados. – Falou, ríspida.
- É que aquele cara, ele...
- Quem? O cara que fez a gentileza de nos trazer de novo ao hotel mesmo nem sendo sua obrigação? O cara lindo e fofo que me divertiu horrores e que devido ao seu showzinho não pudemos terminar a noite?
Olhei em volta, percebendo de repente que estávamos no Hall do hotel. Estava tudo quieto, por ser madrugada, e o recepcionista cochilava atrás de seu balcão.
- Eu... me desculpa. – Balancei a cabeça.
suspirou pesadamente e voltou a erguer meu queixo, passando o pano úmido de leve no canto da minha boca.
- Você é um idiota.
- A tentativa foi válida.
- E desnecessário.
- , e se ele fosse um maníaco sexual que sequestra turistas, os leva para casa, abusa, mata e corta em pedacinhos? Hein?
- Você não poderia ter feito nada, e acabaria morto também. – Ela falou em tom sério, mas havia um sorrisinho no canto dos lábios.
Fiz uma careta. É, isso é verdade, pensei.
- Pelo menos eu morreria com você, né?
Ela bufou.
- Quantas cervejas você tomou, mesmo?
- Menos do que você.
- Uau, você realmente é um stalker de primeira. – Riu, agora segurando o pano em cima da minha sobrancelha direita. Gemi e me afastei um pouco, mas ela segurou meu rosto e pressionou o pano com mais força.
- Que horas são?
- Hora de dormir, antes que nos procure e perceba que você se meteu em confusão.
Concordei com a cabeça. Ela estava levemente inclinada para perto do meu rosto, de joelhos na frente do sofá vermelho de couro onde eu estava sentado. Sua boca estava rosada pelo jeito como ela geralmente mordia o lábio inferior, como fazia agora. E também, eu supunha que ela estava com aquele brilho labial com sabor de morango. Tinha um cheirinho bom, e era macio e gostoso. Era quase uma marca registrada dos seus lábios.
- O que foi, Lou?
- Hum? – Acordei de meu transe quando ela me chamou.
- O que você está olhando?
Percebi que eu não parava de encarar seus lábios. Olhei nos seus olhos para desviar o olhar, e ela parecia curiosa.
- Você... eu... – havia algo nela que me fazia esquecer das palavras. Esquecer como pronunciá-las. – Obrigado.
- Só estou retribuindo. – Sorriu. Que droga de sorriso.
Sorri de volta, não muito certo de que o meu sorriso sairia tão convincente.
Não sei quanto a segui-la, mas ter levado um soco por ela realmente foi uma boa ideia. Pelo menos agora, estávamos em uma situação um pouco melhor do que antes, não importa se era só amizade ou não. Eu só queria que se sentisse bem comigo por perto.
’s POV
- Não, a gente devia mesmo fazer isso! – Apoiei. – Sério.
- ? – cutucou , atirada no sofá da recepção com a cabeça escondida em uma almofada.
- São seis da manhã! – Ela exclamou, sua voz saindo abafada pela almofada.
- Cara, vocês não estão entendendo, vocês têm que fazer isso! – Niall falou, empolgado. – Vai ser muito legal!
- Não, Niall, você é que não está entendendo! – olhou para ele de cara feia e amassada, e com os cabelos virados num caos. – São seis da manhã e eu quero dormir!
- Ai, , cala a boca. – fez careta para ela. – Se é para passar a viagem inteira dormindo, por que veio afinal?
ficou quieta e passou as mãos no cabelo, sentando no sofá com os pés em cima dele.
- Você é muito chata de manhã. – disse.
- E irritante. – Completei.
- E mimadinha. – Harry falou baixinho.
- Mais do que de costume...
- Tá! Ok, ok! – Ela levantou os braços. – Então vamos sair às seis da manhã para gravar um video dublando uma música do Justin Bieber na frente da torre Eiffel. Por que não? – Deu de ombros. – É a coisa mais normal do mundo, se você parar para pensar...
Ela acabou recebendo uma almofadada na cara e não tenho certeza quem foi que jogou.
- Vocês gravam, nós terminamos de arrumar as nossas coisas e em uma hora nos encontramos aqui para o café e depois partimos para a estrada. – Liam falou.
- E por que vocês não vão aparecer também? – Perguntei curiosa.
- Não, Justin Bieber é muito gay para nós.
- Falou o cara que é chamado de cupcake pelas fãs. – rebateu Harry.
- Além disso, é bom vocês fazerem algo sozinhas para a mídia falar coisas boas de vocês separadamente de nós. – Zayn disse. – Também pode ajudar na visão que as fãs têm de vocês. Pode ajudar muito.
- Ótimo, está decidido. Vamos logo, o tempo está passando.
Não demorou para gravarmos. Nós íamos fazer a mesma coisa que fizemos com Call Me Maybe há algum tempo atrás, mas dessa vez só as meninas. Usar essa viagem para divertir um pouco as fãs também. Dar a elas o que falar.
- Só dez segundos? – perguntou, ficando na ponta dos pés para olhar o que gravamos na câmera.
- Sim, né. Afinal, é All Around The World e não All Around Paris.
- Tá.
- A gente tem que gravar em outros lugares de Paris, não vamos completar a música toda com só dez segundos em cada cidade que pararmos.
- É verdade. – concordou. – Quanto tempo ainda temos?
olhou em seu relógio de pulso.
- Mais de meia hora, ainda.
- Vamos no...
- Não vamos no Louvre. – cortou , e ela fez uma careta.
- Vocês são chatas.
- É muito longe daqui, não daria tempo. E ninguém quer ver a cara de falsa da Monalisa.
- Nem dá pra gravar lá dentro, gênia – , retrucou baixinho.
Decidimos gravar pela praça mesmo, e no parque a três quadras dali. Era pouca coisa, apenas dublar a música e fazer palhaçadas, ou só agir normalmente já que quase tudo que e faziam juntas era hilário.
’s POV Bocejei outra vez e deitei a cabeça no ombro de Louis.
- Você está me passando esse sono todo. – Ele reclamou.
- Onde estão e Zayn? – perguntou, voltando do balcão com um pacotinho de M&Ms.
- Dormindo. – Harry respondeu, com a cabeça escorada na mão em cima da mesa e a maior cara de sono. – No carro.
- Hum...
- Amor? – Liam pegou um pouco do mousse de limão que comia e me ofereceu, mas recusei. – Só eu que não estou com sono?
- É, diferentão. – respondeu com a voz abafada por estar de cabeça abaixada em cima dos braços. – Podemos parar em algum lugar? Eu quero dormir.
- Não, agora só vamos parar em Lyon. – Liam respondeu.
- Mas eu estou exausta! E a também, né ? – levantou a cabeça e cutucou ao seu lado, mas ela dormia com a cabeça escorada no ombro de Louis e seu garfo na mão sem nem bem ter tocado na comida.
- Acho que ontem todos nós agitamos tanto que uma noite de sono não foi o suficiente. – Harry disse, a voz arrastada (lê-se mais arrastada do que já é normalmente).
Ficamos em silêncio por mais algum tempo, e todo mundo, com a exceção de Liam, é claro, quase dormiu.
- Cadê a ? – Liam perguntou, de repente. Levantei a cabeça e olhei em volta, mas ela não estava ali.
Cinco minutos depois, quando entramos no carro de novo, eu precisei aguentar e Zayn crucificando por ter rabiscado com canetinha preta no rosto deles e postado no Instagram.
Então, ficamos por mais umas boas três horas no carro. Eu fui no banco do carona dessa vez, , Zayn e nos bancos da frente, Louis, e Niall nos do meio e Harry e jogando baralho nos três bancos de trás.
Lyon era uma cidade linda. Bem a cara da Europa do século XVIII, prédios não tão altos para não quebrar o aspecto antigo, estava ensolarada e nós tiramos algumas fotos e compramos algumas besteiras lá antes de voltarmos a andar. Não podíamos perder muito tempo, apesar de tudo estávamos ansiosos para chegar a Creta, e agora faltavam só quatro dias para a virada de ano.
Chegamos em Milão quando já era de noite, e todos nós estávamos exaustos por um dia inteiro dentro do carro. Eu e as meninas, pelo menos, tratamos de tirar todas as nossas malas do carro assim que Zayn pegou os cartões dos nossos quartos, nós não podíamos deixar brechas para eles ganharem a discussão e partirem daquela cidade antes de termos tempo de conhecer o lugar.
e Louis subiram para seus respectivos quartos antes de qualquer coisa, e alegaram que pediriam comida no quarto, porque estavam cansados demais para jantarem com a gente. O resto de nós fez reserva para dali a uma hora no restaurante do hotel e todos subimos para tomar banho e trocar de roupa.
Os quartos se dividiram entre: Eu, Liam e Zayn, Niall, Louis e , e Harry, e e .
Eu subi, esperei Liam sair do banheiro enquanto Zayn se atirara no sofá no canto do quarto e já dormia, e depois tomei banho e acordei ele para que tomasse banho e descesse também.
’s POV
Uma suíte para três pessoas. Cabiam vinte ali dentro, e podíamos dar uma festa.
Niall descera para jantar, e já fazia mais de duas horas que não voltava para o quarto, o que era estranho, contando que o jantar já devia ter acabado. Eu dormi por bons vinte minutos logo que me joguei na cama esperando Louis sair do banho, e quando acordei ele acabara de sair.
Então, fui para o banho e depois pedimos nossa comida. Ele pediu uma pizza de calabresa, mas tive que pedir outra porque eu não gostava de calabresa. E eu estava mais faminta do que esperava, comi metade da minha pizza enquanto mexia no Twitter pelo meu celular, sentada em um dos sofás vermelhos da suíte, e Lou comeu quase a sua pizza inteira sentado no extremo oposto do outro sofá.
Ficamos em silêncio o tempo todo, cada um absorto em seu próprio celular, e em sua própria pizza, e em seu próprio mundo. O barulho de mensagem recebida me assustou quando meu celular vibrou em minhas mãos, e abri para ver o que era.
“Fiquei sabendo que gosta de bad boys...”
Olhei-o, confusa, mas ele não levantou o olhar do celular para mim, como se nem tivesse mandado nada. Resolvi responder mesmo assim.
“sim...”
A resposta veio logo em seguida, depois que eu o vi teclando algo rapidamente.
“Bom, eu não estou tentando te impressionar ou algo do tipo, mas quando o Disney Channel pediu para eu entrar no seu website com a permissão dos meus pais, eu não pedi permissão.”
Não consegui conter uma crise de riso. Ele me olhou, e riu também. Minha barriga doía, mas eu não conseguia parar de rir, e não sei em que parte disso tudo foi que eu joguei uma almofada nele, e ele revidou, e alguns segundos depois estávamos pulando no sofá com almofadas na mão em meio a uma guerra acirrada.
Niall’s POV
- Vamos dar uma volta na praça. – Harry anunciou, se levantando com .
- Piazza Del Duomo. – Ela corrigiu, e ele deu de ombros murmurando um “tanto faz”.
- Eu posso ir? – se levantou, e os seguiu.
- , que falta de educação, o casal quer ficar sozinho. – riu.
- Eles ficam muito tempo sozinhos. – Ela revirou os olhos.
- De qualquer jeito, eu te acompanho – Zayn falou, levantando também. – Esse lugar é tão lindo, deve ficar melhor ainda de noite.
- ? – Liam levantou da cadeira num pulo e estendeu a mão para a namorada, que a pegou e se levantou também. – Niall, você paga a conta?
Assenti e todos eles foram para a porta do restaurante. Olhei de canto para , ela brincava com um guardanapo que fora dobrado em formato de coração. Chamei o garçom que passava por ali e pedi a conta. Ele assentiu e se afastou de novo. levantou, e deu alguns passos para longe.
- Vai aonde? – Perguntei, levantando também.
- Para o meu quarto. – Olhou por cima do ombro, e me lançou um olhar que talvez significasse muito mais do que parecia, ou talvez eu só estivesse enganado. Sorriu por uma fração de segundos e foi para a porta do restaurante. O garçom voltou com a conta, e só deixei os euros necessários em cima da mesa antes de correr para alcançá-la. Essa vontade era maior do que eu, mais forte. Eu não me governava.
Corri até o elevador, que se fechava, e consegui segurá-lo. , que olhava seu reflexo na parede de espelho, parou subitamente e me olhou sem expressão alguma por um segundo. Então entrei no elevador, me posicionei ao lado dela e a porta se fechou. Ela apertou no sete, que era seu andar, e no nove, que era o meu.
A música irritante de fundo tocava baixinho, e nós dois estávamos imóveis. Ok, então nós transamos no dia anterior, e aí decidimos que aquilo nunca aconteceu porque nós precisamos organizar nossa vida primeiro, para depois tentar termos algo um com o outro, e aí agora nós agimos literalmente como se nada tivesse acontecido. Isso era estranho, por mais que tivesse sido o combinado.
Um casal de idosos entrou no segundo andar, e desceu no quarto, e enquanto isso a atmosfera parecia ficar cada vez mais pesada naquele pequeno cubo de metal. É só que... ela estava tão perto, eu daria tudo para poder tocá-la.
Nós nos olhamos de canto quando o casal desceu do elevador, e quando a porta se fechou, mesmo sem nada combinado, mesmo que de súbito, nossos corpos já sabiam o que fazer e eu simplesmente fui até ela com voracidade no mesmo instante em que ela veio até mim do mesmo modo, e quando nossas bocas se encontraram, aquele choque todo percorreu o meu corpo.
Minhas mãos eram urgentes assim como as dela, minha boca procurava sua pele e beijava cada novo centímetro dela ao meu alcance. Eu a empurrei para trás e quando seu corpo se chocou sem dó contra a parede de espelho gelada, o elevador tremeu. Nem sequer notamos isso, e ela gemeu baixinho e se segurou firme ao redor do meu pescoço, enquanto uma das minhas mãos estava na sua coxa por cima da calça jeans extremamente justa e pressionava o meu corpo mais forte contra o seu.
Eu tivera a sensação de tê-la para mim praticamente pela primeira vez no dia anterior, e tudo em que conseguia pensar a cada segundo do dia era em repetir a dose. Ela era viciante, desligava meus sentidos, me deixava louco. Eu precisava mais daquilo.
Quando o elevador parou no seu andar com um solavanco, nós nos separamos só o suficiente para sairmos de lá e ela me puxar pela mão até a parede do corredor ao lado da porta de seu quarto. Nós paramos na frente da porta, e ela tentou tirar o cartão do bolso, mas se atrapalhou e demorou mais do que dois segundos, e eu não consegui esperar e continuei beijando-a ali mesmo, enquanto ela fazia força par alcançar o cartão dentro do bolso da calça. Quando conseguiu pegá-lo, me afastou para trás com as mãos em meu peito e passou o cartão tão rápido que eu mal pude ouvir o bipe da porta destravada antes de fechá-la de novo atrás de nós e procurarmos qualquer cama que houvesse por ali.
’ POV
- Amor, olha. – Harry veio correndo da pequena mesa perto da janela e deitou ao meu lado na cama, com o notebook no colo. Abaixei o livro que eu lia, e abaixei os óculos de leitura.
- As principais consequências do aborto espontâneo são depressão e aversão a relações sexuais.
Ri. Ele me olhou.
- O quê?
- Nada. É engraçado te ouvir falando isso.
Ele fez cara feia.
- Você parece uma nerd com esses óculos e eu não falei nada.
Fiz careta.
- Continua.
- Talvez seja necessária uma ajuda psicológica nos primeiros meses, principalmente se a mãe queria o filho. Para o casal, o mais importante é paciência, com o tempo a mulher conseguirá retomar a ordem natural dos fatos.
Suspirei.
- Você vai ter que se contentar sem sexo por um tempo. – Brinquei.
- Eu não sou um maníaco em sexo. Posso muito bem viver sem isso por um tempo.
- Desafio lançado! – Levantei uma sobrancelha.
- Desafio aceito. - Ele fechou o laptop e o soltou no criado mudo ao lado da cama. – Ok, . Agora, sério. Você acha que precisa de um acompanhamento? Porque eu quero te ajudar. Eu pago, se quiser. Faço qualquer coisa que precise, se você quiser eu vou junto.
- Amor, eu estou bem. É sério. Não me dá aqueles ataques há alguns dias, eu estou mais relaxada e tranquila, acho que só precisava de uma mudança de ambiente. Se eu voltar a me sentir mal, eu juro que te falo.
- Ok. Nós vamos superar isso, e logo, logo, vai estar no passado. – Ele me abraçou, dando um beijinho no topo da minha cabeça. – Eu prometo.
Assenti e ficamos assim por um tempo.
- Harry, tá começando a me sufocar. – Reclamei, e ele me soltou. Deitei no seu braço e ficamos de frente um para o outro. – Posso perguntar uma coisa?
- Pode.
- O que aconteceria, se... – Meu olhar desceu para a minha barriga. Ele deu de ombros.
- A gente daria um jeito, eu e você. Talvez eu pudesse fazer um acordo com Simon, parar por alguns meses, quando você precisasse. Eu não me importaria. Eu cuidaria dele, daria o meu amor... Ele seria uma parte de nós. Amor, não faltaria.
Sorri. Coisas como essas me deixavam estranha. Eu odiava ser tão emocional, e me pegava imaginando o que poderia ter acontecido, por mais que aquilo tudo tivesse sido muito inesperado.
- Você não vai chorar, vai?
Fiz que não com a cabeça. Peguei meu livro de novo, e coloquei os óculos nos olhos, abrindo na página marcada. Li um pedaço com Harry ao meu lado, me fitando, e tentei ignorar. Mas quando ele viu que precisaria apelar a outra coisa para roubar minha atenção, chegou pertinho e sussurrou no meu ouvido:
- Relações sexuais.
Não consegui me controlar e dei uma gargalhada.
- Idiota! – Falei, rindo. Ele pegou meus óculos e o livro da minha mão e soltou tudo na escrivaninha.
- Seu idiota quer dormir. – Me encheu de beijos e enquanto fazia isso, cobria a gente com o edredom.
- Mas eu quero ler... Harry. Me alcança o livro. Harry. – Ele fechou os olhos e fingiu dormir. – Você é chato, moleque!
Virei de costas para ele, e ele me abraçou, colando os nossos corpos. Era aconchegante assim. Era o melhor jeito de dormir.
Liam’s POV
- Vocês sabem que não precisam fazer isso, né? – Ouvi Zayn falar do lado de fora da nossa cabana. – Tipo, eu posso fechar os olhos e botar fones, ou me trancar no banheiro até vocês terminarem.
gargalhou.
- A gente não vai fazer isso!
- Por que outro motivo vocês fariam uma cabana de lençóis?
- Porque é legal.
- E romântico. – Terminei.
- Vocês são tão gays. – Ele disse, rindo.
Eu e nos olhamos e fizemos cara de “só ignora ele”. Peguei a última ponta do lençol e prendi em um quadro pendurado na parede.
- Pronto.
- Aqui também. – Ela disse, equilibrando a última lanterna em cima de todas as outras.
- Zayn, desliga a luz, por favor?
- Por que eu?
Porque se a gente se mexer, as lanternas caem. – disse.
Zayn bufou e alguns segundos depois a luz estava desligada. Eu e ligamos todas as lanternas, começando por baixo, e a luz formou uma flor no teto da nossa cabana. Nos olhamos e pisquei para ela.
- Momentos como esse me fazem sentir como uma personagem da Disney. – Ela disse, baixinho, quase sussurrando. – É irônico, por toda a sua fixação em Disney.
Ri.
Chegamos mais perto um do outro para falarmos baixo e podermos nos escutar, por mais que desse para ouvir o barulho do fone do Zayn de tão alto que estava.
- Esse é o propósito.
Ela riu também. Nós dois continuávamos segurando as lanternas no meio de nós para não caírem, e fitei seu rosto por um tempo. À meia luz, seus olhos brilhavam e só um lado do seu rosto ficava iluminado. Ela também me fitava, e ficamos nesse momento por alguns segundos.
Olhei para cima de novo, para a flor no teto. Eu me sentia uma criança descobrindo algo novo, vendo algo incrível pela primeira vez. Era como me sentia toda vez que olhava para ela. Algo no meu peito me aquecia de uma maneira boa, como se eu fosse tão sortudo em ver aquilo, e em poder chamar de minha.
Olhei-a. me olhava do mesmo jeito, e cara, como isso era gratificante. Ela piscava algumas vezes, a expressão calma, a respiração tranquila, olhar fixo em mim, e um mínimo sorriso nos lábios que dizia “eu te amo tanto”.
- Você é uma princesa. – Passei meu polegar de leve em seu rosto, fazendo carinho, e ela sorriu.
Puxei-a para perto e a beijei sem pressa, com carinho.
- Vocês me dão diabetes! – Zayn jogou algo, que eu imagino ser uma almofada, e fez tudo despencar.
Nós dois rimos feito loucos.
- Você não tinha que estar ouvindo! – disse, em meio ao riso.
Desligamos todas as lanternas, tiramos o lençol que caiu em cima de nós, e deitamos para dormir.
Zayn’s POV
Perdi o sono no meio da noite, perto das quatro horas da manhã, e só o que me restou fazer foi abrir a cortina e sentar na janela, já que nem fechar os olhos eu conseguia. Podia ver a praça do outro lado, toda iluminada e completamente deserta, e a catedral de Milão enorme mais à direita.
Fiquei ali por bons vinte minutos, olhando para o nada à meia luz, com minha mente vagando em qualquer coisa por aí, e indo parar na garota loira do quarto 24 C, que tinha assuntos pendentes comigo e fazia meu coração disparar.
Ouvi um barulho baixinho e olhei para trás, se levantara da cama.
- Perdeu o sono? – Perguntou, vindo até a cômoda perto da janela onde eu estava sentado em cima para pegar um copo de água.
- Sim.
Ela assentiu enquanto bebia. Largou o copo e sentou ao meu lado, olhando para fora também. Ficamos em silêncio por um tempo, há algo na madrugada que te faz não querer quebrar o silêncio.
- Está pensando em quê? – Ela me olhou.
Dei de ombros.
- No rumo que a minha vida levou... – ela continuou esperando que eu concluísse a frase, então eu concluí: - depois de conhecer vocês.
Sorriu.
- Especialmente a ?
- É. – balancei a cabeça e sorri. – É tudo mais complicado. Mas de algum modo, vale a pena.
- Sabe, Zayn... – ela falava baixo para não acordar Liam. – Eu acho tudo isso estranho demais. Eu, você e os outros. Cinco meninas, cinco meninos, cada um tem mais afinidade com um. Quando no mundo isso aconteceria?
Concordei.
- Eu também penso nisso. Cheguei à conclusão, depois de várias noites mal dormidas, que as culpadas são vocês. – Cutuquei-a e sorri.
- Por que nós?
- Porque são irresistíveis. Não existe um garoto nesse mundo que não se apaixonaria por pelo menos uma de vocês se convivesse diariamente como nós.
Ela sorriu.
- E o fato de sermos cinco e cada um ter se interessado por uma em especial, é só coincidência mesmo.
deu de ombros.
- Ainda é difícil para mim acreditar.
- Bom, se você for pensar, não é tanto. Louis, no começo, tinha namorada e não via nenhuma de vocês como algo a mais. Apesar de ele continuar falando que são todas só amigas, nós sabemos que agora ele e tem mais afinidade por terem convivido mais do que ele e outra de vocês. Harry e , quem diria no começo que eles ficariam juntos? E agora estão aí, firmes e fortes, em um relacionamento assumido e sério. Eu e , começou com uma brincadeirinha de criança e agora olha só onde eu me meti! De quatro pela garota. Niall e foi uma questão à parte, o Niall foi o único de nós que realmente se apaixonou à primeira vista por uma de vocês. E eu não duvido do tamanho do amor daquele loirinho pela apesar das complicações entre eles. Eles só precisam de tempo.
Ela concordou com a cabeça.
- Eu e Liam, no começo não passávamos de dois amigos. – Ela olhou por cima do ombro para ele dormindo na cama. – Eu nunca imaginaria que ele se tornaria a minha vida assim, tão subitamente. Eu não entendo, Zayn. No começo, eu não sabia o que sentia, eu só sabia que havia algo entre nós que não podia ser ignorado, uma ligação, uma corrente elétrica. E agora, ele se tornou... – deu de ombros. – Tudo.
- Eu gosto muito de ver vocês juntos. – Falei. – É a imagem do amor verdadeiro. Daqueles de filmes, de contos de fadas. Como ele é com você, e como vocês confiam um no outro e como passam por tudo juntos. É de dar inveja. Talvez seja por isso que você recebe mais o ódio das fãs.
Ela sorriu.
- É sério?
- É, sim. Parece que tudo o que você quer fazer ele sente. Agora, quando eu perdi o sono, fiquei olhando para vocês. Você estava deitada de lado, virada para mim, e ele com o braço em volta de você, e segurando a sua mão. – Parei e sorri. – E você ameaçou virar, e automaticamente ele ergueu o braço, e deitou de barriga pra cima, esperando você se virar para ele. E foi o que você fez, você deitou no peito dele, e ele te abraçou de novo.
Ela só conseguia sorrir, então ri dela.
- Viu? Seus olhos brilham e você parece uma boba.
riu comigo, e Liam sentou na cama, coçando os olhos, meio perdido.
- ?
- Já estou indo. – Olhou para mim e riu de novo. Se levantou, e então veio até mim, me deu um beijo na bochecha, e voltou para a cama.
Eu fiquei por mais alguns minutos ali antes de voltar para minha cama e tentar dormir.
’s POV
- Tem gente que me compara com a Miley Cyrus. – Me aproximei do espelho e passei a mão na bochecha para tirar o excesso de blush. – Naquela fase em que ela estava com os cabelos loiros e curtos.
Olhei para Zayn pelo reflexo do espelho atrás de mim, sentado na janela há uns vinte minutos, em silêncio praticamente o tempo todo. Tragou um cigarro e soltou a fumaça devagar.
- Você voltou a fumar? – Não me contive. Ele fez que sim com a cabeça, olhando para dentro do quarto.
Suspirei e voltei a olhar meus olhos, um tanto inchados de tanto dormir, no espelho. A maquiagem não disfarça tudo, ou eu simplesmente não sei usá-la. Dei uma última checada em minhas roupas, afinal agora eu era uma pessoa pública e importante, mesmo que minimamente, para a sociedade. Eu apareceria em alguma revista de moda feminina em algum lugar do mundo no dia seguinte, por mais que não fosse assim tão conhecida ainda. A série estava crescendo inacreditavelmente rápido, era muito mais do que qualquer um achava que cresceria, eu ganhava mais seguidores no Twitter a cada dia e já não tinha condições de responder a todos. Ajudava o fato de eu ser ex de Zayn Malik, e ajudava ainda mais o fato de continuarmos sendo vistos juntos e gerarmos boatos. Eu não sabia o que Simon pensava disso, e nem me interessava. Aquele cara já caiu no meu conceito quando me fez terminar com Zayn assim que as coisas começaram a ficar interessantes entre nós.
Arrumei o cós alto da minha saia com uma estampa colorida-mas-nem-tanto e coloquei meu crop top jeans no devido lugar. “O que é bonito é para ser mostrado”, Sandy, nossa figurinista, dizia sempre. Eu me dava bem com aquela vida. Não podia negar que minha conta bancária estava um bom tanto recheada, mas eu tentava não ligar para isso. E agora eu precisava saber mais sobre moda, já que qualquer deslize ia parar em alguma revista.
O calçado era um sapato fechado com apenas uma abertura na frente onde havia um cadarço, de salto quadrado e cor nude. Fiz uma trança atrás da minha cabeça e prendi o cabelo em um coque.
- Estou pronta.
Zayn apagou o cigarro amaçando a pontinha na janela e jogou-o no lixo.
- Você quer tomar café?
Fiz que não com a cabeça. Saímos do quarto e entramos no elevador.
- Dá pra acreditar que elas foram e me deixaram?
- Provavelmente não queriam te acordar.
- Talvez elas tenham tentado. Eu simplesmente desmaiei ontem, e por sorte acordei com você me cutucando.
- Foi porque eu tive paciência e insistência. – Riu.
Ri também e ficamos em silêncio. Era estranho falar com Zayn como se fôssemos as mesmas pessoas de quando nos conhecemos, só dois estranhos que tem amigos em comum e andam juntos por aí. Como se não tivéssemos “namorado”, e depois eu não tivesse me apaixonado por ele.
Revirei os olhos, bufando comigo mesma enquanto saíamos do hotel e o leve sol de Milão esquentava nossa pele.
- Onde elas disseram que estariam, mesmo?
- É só a algumas quadras daqui. – Ele apontou para o final da quadra. – Em uma loja que, segundo , elas não podiam deixar de visitar.
Assenti e nem bem demos dez passos até alguém com uma câmera começar a nos seguir e uma garota nos parar. Ele deu autógrafo e tirou foto com ela e mais umas três ou quatro. Esperei pacientemente até o momento em que ele teve que esperar, porque o papparazzi veio até nós.
- Vocês ainda estão namorando? – Falou, começando a andar para trás parado na nossa frente quando viu que não pararíamos de caminhar. Ainda tinha a câmera em mãos e eu não duvidava que aquilo estivesse sendo filmado.
Quando viu que eu não faria nada além de abaixar a cabeça e colocar meus óculos, Zayn tomou a palavra.
- Não – me olhou de canto. – Nós decidimos manter a amizade.
- Amizade, hein? Não passou pela cabeça dos seus produtores que um namoro com Zayn Malik daria muito marketing à sua série? – Apontou para mim.
Paramos em frente a uma loja e Zayn pegou meu pulso, e percebi que era ali que as meninas estavam. Antes de entrar, porém, abaixei os óculos e olhei o papparazzi.
- Eu não aceitaria usar ninguém para fazer a minha imagem. Isso é coisa de gente baixa. – Voltei a botar o óculos e então virei as costas, livrando meu pulso do aperto de Zayn e entrando na loja na sua frente.
Assim que entramos, fui ao encontro de e .
- Caxemira, hein? – passava a mão no tecido do cachecol que usava.
- Muito brega.
- Não é brega, é...
- Oi. – Falei, roubando a atenção.
- Olá, bela adormecida. Achamos que você não vinha.
pegou uma peça de roupas trazida por uma atendente e foi para um provador.
- Tá brincando? É Milão. – Olhei em volta - Onde estão os outros?
- disse que essa loja era de velhas, e preferiu ir em uma loja de equipamentos de surf com Liam e Louis. , Niall e Harry foram junto e disseram que iam procurar uma loja de souvenires.
- E eles saíram a pé?
- É. – deu de ombros. – Não planejamos nos afastar muito do hotel.
- Eu e Zayn demoramos o dobro do tempo previsto para chegarmos até aqui só por causa das fãs e de um papparazzi. – Balancei a cabeça, sentando em um banco.
- Vou ajudar a a escolher a roupa. – Piscou para mim e foi para perto dos provadores.
Peguei o celular e comecei a checar as mentions do Twitter. Senti meu estômago se contrair, e lembrei que estava com fome, então chamei uma das atendentes que estava parada no balcão falando com a balconista.
- Tem um Starbucks aqui perto? – Perguntei à ela. A garota me olhou diferente, com aquela cara de “eu conheço você”.
- Tem... sim. Com licença, mas... você não é a garota da série de TV?
Sorri e assenti, pegando alguns euros da pequena bolsa que eu levava.
- Você me faria a enorme gentileza de pegar um para mim?
- Sim, ham... Claro. – Pegou os euros e eu sorri.
- Cappuccino duplo de chocolate com canela e chantilly, por favor. Muito obrigada.
Ela assentiu e saiu, lançando um olhar significativo para a garota do balcão antes de sair da loja, e a outra também me olhou com curiosidade. Era estranho ser reconhecida, eu nem sabia que a série já havia se espalhado pelo resto da Europa.
Recebi uma mensagem e a abri na mesma hora. Era da nossa assessora, Ellie.
“Você vai acreditar se eu disser que a MTV quer uma entrevista com você???? As outras meninas vão morrer de inveja!”
“O que a MTV quer comigo??” Respondi. A resposta veio logo em seguida:
“O que você acha? Duh! Quer falar sobre o Zayn, é claro! Mas é um bom marketing, você sabe... Eu também consegui que eles perguntassem sobre o Jeremy, então já sabe o que responder. Boa sorte!”
“Quando vai ser isso, Ellie?!”
“Agora! Eles devem te ligar em instantes! Não precisa agradecer, e pode apostar que eu sei que sou demais!”
Mordi o lábio ao ler. Droga, eu não estava pronta para responder sobre Jeremy. Desde que disse ao produtor que não queria fingir um namoro, ele disse que pelo menos eu enrolasse a mídia. Como? Não negando nada. Dando a eles o privilégio da dúvida, deixando a questão em aberto.
Ouvia a conversa baixa das minhas amigas no provador sobre alguma peça azul. Procurei por Zayn dentro da loja e o vi assinando algo para uma das atendentes e conversando com ela e mais três que pediam fotos e sorriam como bobas.
Meu celular tocou, e dei um pulo. Era um número desconhecido, o que significa que eram eles, então atendi adequadamente. Não foi muito diferente de qualquer outra entrevista, sempre as mesmas perguntas, a maioria sobre Zayn, o motivo de nosso término - o qual eu sempre deixava em branco ou apenas dizia que não tínhamos mais tempo e queríamos evitar estragar o que tínhamos -, se ainda éramos amigos, o que eu sentia em relação à ele. Depois, vinham as poucas perguntas sobre a série e os planos para os próximos capítulos, o rumo da história até o fim da temporada e meu relacionamento com os colegas. Aí, no final, veio a pergunta sobre Jeremy:
- Você e Jeremy Sumpter estão namorando mesmo ou só são um casal em frente às câmeras?
Fiz silêncio por um segundo, porque se respondesse muito rápido seria óbvio que era uma resposta ensaiada. Nessa hora, Zayn sentou ao meu lado no banco, depois de finalmente ganhar uma folga das atendentes.
- Hã, eu e Jeremy nos damos muito bem. Ele é um cara incrível e divertido, me faz rir e é uma pessoa maravilhosa...
- Você não respondeu minha pergunta, . – A mulher do outro lado da linha disse com um tom de voz divertido.
- Acho que não tenho como te responder isso com certeza por enquanto. – Ri e ela riu também.
- Ótimo. Era só isso. Obrigada mais uma vez por nos atender, e tenha um bom dia.
- Obrigada, igualmente.
A chamada foi finalizada, e guardei o celular na bolsa.
- Você... – Zayn olhava para minhas mãos em meu colo. – Você e ele, vocês estão...?
- Não.
- Então por que você não negou?
- Eu também não confirmei. – Olhei-o.
- Eu estou nesse mundo há muito mais tempo do que você, . Sei qual é a resposta que se dá quando não quer assumir um relacionamento, mas também não pode negar.
- Zayn... – suspirei. – Eu não preciso das suas dicas de popstar, posso ser nova nisso, mas sei o que faço.
Ele travou o maxilar ao ouvir isso, e desviou o olhar.
- Você me disse que você e ele não tinham nada.
- A gente não tem.
- Não é o que todo mundo vai pensar!
- E você liga muito para o que vão pensar, não é?
- Eu ligo, sim! Até ontem... – ele cortou a própria frase e abaixou o tom de voz. – Até ontem você era minha! E agora você simplesmente decide começar um namoro, que eu não dou a mínima se é falso ou não, com aquele babaca que nem te conhece direito!
- Você é que não me conhece direito! – Me levantei e ele fez o mesmo. – Eu e você passávamos a maior parte do tempo trancados no quarto, você acha que me conhece só porque tínhamos sexo bom? A única coisa que sabe sobre mim, Zayn, foi porque eu decidi te contar, e não é porque sabe da minha historinha triste que pode sair por aí falando que me conhece como ninguém!
- Isso não vem ao caso. – Ele revirou os olhos. – Você me disse na festa que não ia ficar com ele. Você mentiu.
- Eu não menti! – Senti meu sangue esquentar e comecei a ficar com raiva daquele garoto. – E sabe o que mais? Não temos mais nada um com o outro, e eu faço o que bem entender da minha vida, Malik. Eu não preciso da sua aprovação.
Eu estava prestes a sair de perto dele quando fui puxada de novo para o mesmo lugar.
- , não finge que não sente nada de uma hora para outra. O que aconteceu com nós? Com tudo que nós tínhamos?
- Nós? – Olhei-o, agora irritada de verdade. – Que nós, Zayn? Não existe nós, você nunca percebeu isso? Só o que tivemos foi um caso vago, que nem um nome tinha, encoberto e escondido de todo mundo, nos encontrávamos nas suas horas vagas, as coisas tinham que acontecer em segredo e só quando você tinha tempo. Isso não é “nós”. Isso era um garoto necessitado e uma menina burra. Só isso que “nós” éramos.
- Shhh! – Ele pediu, olhando em volta. As meninas da loja já estavam olhando, e não me espantaria se fotos saíssem na internet mais tarde. Chegou mais perto, me puxando pelo braço. – E quanto aos nossos “eu te amo”? Não valeram de nada?
- Eu pensei que valessem. – Controlei mais a voz, puxando meu braço. – Mas nada do que veio de você foi verdade, então por que eles seriam?
- O quê? Que história é essa agora, ? Você não acredita em mim? Que motivos você tem para de uma hora para outra simplesmente desacreditar em tudo que nós tivemos? – Ele parecia um tanto magoado. – Até alguns dias atrás, você gostava...
- Sabe quais são os meus motivos? Eu não tenho provas. Você fala demais, diz que abriria mão de tudo por mim, diz que por mim seria capaz de arriscar, mas você nunca realmente fez alguma dessas coisas. Você nunca provou o seu amor, Zayn e eu só... Eu cansei de ser trouxa, e esperar que um dia você tome as rédeas da sua própria vida. Você não passa de um pau mandado do Simon, que não tem coragem de fazer o que realmente quer. Então não, eu não acredito mais em nada que você me diga até provar que é verdade.
Ele não falou depois disso. Olhei para trás, e as garotas estavam na porta do provador, olhando tudo quietas. Merda, isso não era bom. Me afastei, e fui para a porta, batendo com a garota do café. Peguei o café da mão dela e murmurei um obrigada fraco.
- Vou procurar os outros. – Falei, antes de sair da loja.
Tomei um gole grande do café forte e quente para tentar engolir junto com ele o choro. Eu era forte, capaz de aguentar isso. Eu já aguentei coisas piores, dizia a mim mesma. Eu consigo.
’s POV
- Vai na frente. – Me deu um selinho e falou em um sussurro.
- Então você vai ter que me soltar. – Peguei seus braços e tentei tirar da minha cintura, mas ele não quis. – Niall.
- Eu não consigo.
- Niall. – Mordi o lábio. – Eles vão nos pegar.
- Qual é o grande problema em nossos amigos saberem de nós, mesmo?
- É que não temos nada concreto ainda, e se eles souberem vão querer meter o nariz e acabar estragando tudo.
- Ah, – ele foi direto ao meu pescoço outra vez e depositou alguns beijinhos ali, me fazendo rir. – Eles não são tão maus assim. – Falou no meu ouvido, mordendo meu lóbulo.
- Não, mas nem nós sabemos o que vai acontecer com a gente. Nós combinamos que íamos conversar melhor depois da viagem, não foi? Precisamos organizar a nós mesmos antes de eles saberem, eles não entenderiam.
- Certo, certo. Mas acho meio ridículo ficarmos nos escondendo. Quer dizer, só nós dois estamos sumidos, eles já devem ter notado.
- Você acha? Eles têm os próprios problemas, os próprios relacionamentos e pensam que nos odiamos.
- . – Ele me olhou, cético. – Estamos em um provador.
Olhei em volta e ri.
- É patético. – Concordei.
Ele fez que sim com a cabeça.
- No meu quarto hoje? – Perguntou, voltando a beijar meu pescoço e orelha.
- Não sei se vai dar. A não parece estar nos melhores dias, e quando está mal ela dorme, então no meu quarto não dá pra ser. E no seu, tem a e o Louis.
- Hum. – Ele fez bico. – Tudo bem. Eu aguento.
Estar com Niall me fazia sentir completa. Era um sentimento incrível, como se meu peito se enchesse de amor e tudo que há de bom nessa Terra.
Puxei seu queixo e beijei-o outra vez antes de me afastar.
- Como eu estou? – Perguntei, passando a mão na saia preta de renda e nos cabelos.
- Linda. Você é linda.
Sorri. Fui para a porta dos provadores da loja. Depois do meio dia, eu e Niall decidimos acompanhar Harry e em um pequeno tour pela cidade, e acabamos ficando a tarde toda dando voltas e voltas por ali. Então, depois de um sorvete nós fomos olhar umas lojas, e como já estava escurecendo ninguém mais estava ali além de nós, Harry pediu para fecharem a loja só até sairmos, senão causaríamos tumulto.
- Turquesa. – segurava um vestido azul na frente do corpo e falava para ele. – É turquesa.
- É azul.
- Azul-turquesa.
- Ainda é azul.
Ela suspirou e colocou o vestido na arara de roupas outra vez.
- E aí! – Harry me viu e os dois viraram para nós. – Vai ficar com a roupa?
- Hum, não. Ela ficou meio justa demais. – Fiz careta.
- Ah, tudo bem, a gente acha outra. – veio até mim e se escorou com um braço ao redor do meu pescoço. – Vamos voltar? Eu cansei. E estou com fome.
- Vamos, Liam mandou uma mensagem para todos se encontrarem às sete na lanchonete do hotel. Cadê o Niall?
- Eu acho que na sessão masculina. – Apontei para trás, e Harry foi até lá procurá-lo. Sorri comigo mesma.
Outro grande motivo para estarmos fazendo isso, é porque era divertido. Eu não podia negar, era muito divertido. Mas ainda assim eu e Niall precisávamos resolver algumas coisas.
- Ops. – Harry colocou o capuz do casaco preto que usava e colocou as mãos nos bolsos enquanto andávamos de volta para o hotel. – Fãs à vista.
Tirei os olhos do Twitter no meu celular e olhei em volta, para um grupo um tanto grande de meninas – talvez umas dez - que se aproximavam. Já estava parcialmente escuro. Guardei o celular no bolso e apertei mais o passo.
- Se elas nos pegarem aqui, não chegaremos a tempo no hotel. – Niall falou.
- Vamos logo, então. – disse, mais baixo.
Nós apertamos o passo, mas as meninas continuaram falando entre si e apontando, entrando em uma discussão sobre se éramos nós ou não, porque não se dava para enxergar direito.
- O que tínhamos na cabeça quando decidimos sair a pé por Milão, mesmo? – Niall falou, mais baixo também.
- Não interagíamos com fãs há tanto tempo que esquecemos que somos famosos.
- Nem uma semana faz. – riu.
- Mas quatro dias é muito tempo para nós.
Nós conseguimos despistá-las entrando em um bar qualquer, e quando vimos que elas foram para outro lado voltamos a andar para o hotel. O tempo estava bom, nem quente e nem frio, e tudo parecia calmo e quieto, apesar de estarmos em uma cidade tão populosa.
- Vocês estavam onde? – perguntou quando entramos na lanchonete, já que vimos que eles já estavam lá. Mordeu uma tortinha de morango.
- Nós fomos perseguidos por fãs e precisamos fugir e nos escondermos!
- Não exagera. – Ri de Niall, puxando uma cadeira para sentar na mesa também.
- Nós pedimos café para vocês.
Por um tempo, tudo que nós fizemos foi comer em silêncio.
- O dia hoje foi cheio.
- É...
- Hum, meninas? – segurou a xícara de café perto da boca com as duas mãos. – Não temos que gravar um pedaço do vídeo?
Todas nós nos olhamos.
- Droga, eu esqueci completamente. – colocou a mão na testa.
- Ah, tudo bem, a catedral fica mais bonita à noite. – deu de ombros, derramando um pouco de chocolate em uma panqueca.
Louis’ POV
Depois que deixamos Veneza, logo depois que saímos de Milão, momentaneamente o clima ficou triste. Era uma cidade tão linda, que era difícil de deixar. Nada muito importante aconteceu por lá, creio eu. As meninas gravaram mais do vídeo, passamos mais ou menos metade de um dia lá, dormimos e saímos logo cedo. Então, passamos rapidamente pela província de Pisa e almoçamos lá e depois fomos direto para Roma. Lá nós tivemos que parar. Essa viagem estava ficando cada vez maior do que esperávamos, e tínhamos agora três dias para chegar em Creta até a virada de ano. Na internet, devido às fotos que postávamos, todo mundo estava acompanhando a viagem também, e o vídeo das meninas estava agora pela metade.
- Eles estão bem unidos, né? – Comentei com ao meu lado, baixinho, olhando para e Harry se afastando de nós no sentido contrário quando todos saíamos do hotel.
- Isso é muito bom, não é? Quer dizer, depois de tanta briga e coisa de criança, uma hora eles teriam que amadurecer. O que aconteceu foi uma boa razão para eles crescerem.
- É, é verdade. É só que é estranho pensar nos dois como o “casal ternurinha” do grupo.
Ela riu e concordou.
- Mas para isso sempre vamos ter e Liam. – concluiu.
Entramos na vã e fomos para onde todos os turistas da cidade geralmente iam, menos Harry e que iam visitar Pompéia já que queria porque queria ir até lá. Eles voltariam no final da tarde na hora em que partiríamos para a estrada de novo.
- Gostou da vista? – Perguntei.
- Você tá brincando? É o Coliseu, Louis. Eu gosto da vista até em foto. – Sorriu e olhou para mim.
Estávamos sentados no longo gramado que se estendia em um dos lados do grande Coliseu, perto dos nossos amigos mas não perto o bastante, junto com um monte de outros turistas com câmeras e tudo mais. Quando ela virou o rosto para mim, uma mecha do seu cabelo voou no rosto e apertei minhas mãos em punho para conter a vontade de colocá-la no lugar.
Ela ignorou a mecha no cabelo e deitou para trás na grama, de braços abertos e não se importando com quem olhasse. E alguns olharam. Seu cabelo ficou um pouco no rosto, e ela de olhos fechados. Deitei ao seu lado.
- Nós devíamos entrar lá.
- É proibido.
- E daí? Nós devíamos fazer mesmo assim.
Olhei-a, como se perguntasse se era sério. Ela olhou para mim e levantou uma sobrancelha.
- YOLO! – Me disse.
- Queria ver você dizer YOLO quando fosse presa pela polícia italiana.
Ela riu.
- Eu correria até a nossa embaixada.
- E você acha que eles te dariam cobertura? Eles mandariam mais é te prender mesmo. Te mandariam para casa em um avião de carga de galinhas e te jogariam lá de cima em algum lugar só com um paraquedas. Isso aqui, – apontei para a enorme construção à nossa frente – é o xodó do país.
Ela riu mais, sua gargalhada era boa de se ouvir, e se virou escondendo o rosto no meu ombro.
Eu, ela e o resto dos nossos amigos voltamos para o hotel, era fim de tarde e já havíamos tomado café e gravado outra parte do vídeo das garotas. Só precisávamos esperar Harry e para podermos começar nosso caminho até algum lugar na costa da Itália e pegar uma balsa para atravessar o mar até chegar em Corfu, e eu mal sabia onde isso ficava.
Harry’s POV
- Outch! – reclamou quando o flash disparou e coçou os olhos.
- Desculpa – virei a câmera para mim. – Eu jurei que tinha tirado o flash.
- Acho que eu preciso de óculos. – Ela reclamou.
- Talvez...
- Pega seu celular. É bem mais fácil só postar no Instagram.
Peguei o celular com uma careta de “como não pensei nisso antes?”. Nós íamos nos atrasar com certeza para voltar ao hotel. Seguimos um grupo de turistas guiados por um guia italiano por mais ou menos trinta minutos a pé, foi cansativo e não tínhamos nem sequer água, mas valeu a pena. ficava o tempo todo falando, mais atrás do grupo comigo, coisas como “viu como ele fala? Ele tem que entreter o grupo. Fazer eles pensarem o tempo todo que a viagem vale a pena” e “viu as piadinhas que ele faz?”.
Eu estava meio receoso no começo, principalmente quando o tal de Luigi, que parecia ser o nome do guia, fez uma piadinha do tipo “não se preocupem, ele não vai entrar em erupção hoje... eu acho”. Mas aí chegamos lá em cima e a vista valia a pena. Era uma cratera enorme bem na nossa frente, e em alguns lugares haviam fumarolas de onde saía vapor como uma chaminé, e haviam pedras em um tom rosado pelo caminho, sem contar a vista maravilhosa das cidades lá de baixo.
Tiramos a foto, e postei no Instagram.
- Você acredita que tem sinal aqui em cima? – Ri.
O tempo lá em cima era um tanto mais frio, mas estávamos cansados e suados pela caminhada, então eu mal sentia. prendeu o casaco na cintura e fez um coque com o cabelo. Respirou fundo.
- Eu acho esse lugar incrível. Como você pode não estar pulando de empolgação?
- Se eu pular, posso cair lá dentro.
Ela riu.
- Idiota.
Virei de costas e olhei para a vista das cidades da redondeza lá embaixo.
- Você sabia que no ano 79 Pompeia e Herculano foram totalmente soterradas pelo vulcão?
- Ok, vamos descer. – Peguei seu pulso.
- Não! Medroso. – Puxou a mão.
- Então... – virei para ela. – Me mantenha entretido, guia.
Ela deu alguns passos para trás.
- Ok. Esse é o grande Vesúvio, o único vulcão da Europa Continental a ter entrado em erupção nos últimos cem anos. Ele é considerado um dos vulcões mais perigosos do mundo, apesar de estar inativo. Ele tem mil duzentos e alguma coisa de altura e, hum... Eu não lembro o resto. Preciso estudar. – Riu. – Nós faremos uma pequena parada aqui, vocês podem explorar aqui por perto, sem se afastar muito. Se tiverem alguma dúvida, venham até mim.
Ri.
- Eu tenho uma dúvida.
- Você - apontou para mim. – O cacheadinho ali da frente.
- A guia tem namorado? – Pisquei para ela.
riu.
- Ela tem, e ele é ciumento.
- Ótimo, isso era um teste. – Fui até ela e a abracei pela cintura. – Você passou.
- Ufa!
Sorri.
- Você tá suja aqui – passei o dedo no lado do seu olho, mas ela se esquivou.
- Não... Harry!
Mostrei meu polegar onde tinha uma manchinha preta.
- Viu?
- Isso se chama delineador, gênio.
- Ah...
Descemos depois de alguns minutos, seguindo o grupo de novo. Logo que começamos nosso caminho para Nápoles de novo, várias mensagens de Liam chegaram, e também umas ligações perdidas. Eu não me importei, eles só deviam estar esperando a gente para ir. Eles superariam.
Chegamos no hotel onde passamos só metade do dia, e eles nos fizeram entrar direto no carro.
- Vocês atrasaram todo mundo!
- Grande coisa, a gente não tem hora.
- Mas a balsa tem, e não tem jeito de chegar lá a tempo, a menos que você tenha um carro que chegue a trezentos por hora. – Liam fechou a porta com uma batida forte.
- Hum... na verdade...
- Cala a boca, Harry.
- Ei! – levantou a mão. – Chega, calma. A gente pega a próxima! Qual o problema?
- É que já estava tudo no esquema, agora a gente se perdeu.
- Sem drama, Liam. – pediu. – Eles só estavam curtindo juntos. Não é um pecado.
Ele ficou quieto e deu partida. Por algum tempo, todo mundo ficou em silêncio.
- Então, como foi a tarde de vocês? – perguntou à , ao nosso lado.
- Foi legal, a gente foi ver o Coliseu e tudo mais. O Niall tropeçou na grama e a tirou foto, olha só – ela tirou os fones de ouvido e estendeu o celular para nós com uma foto do exato momento em que o Niall foi ao chão. Nós dois rimos. – O dia foi... Divertido. – sorriu.
Capítulo 19
You cry the long night through
Well, you can cry me a river
Cry me a river
I cried a river over you
’s POV
Me acordei em um pulo quando uma buzina alta foi ouvida e uma luz forte pegou no meu rosto. Liam também acordou assustado e voltou para o nosso lado da pista.
- Liam, você pegou no sono. Tá exausto, é melhor trocar. Deixa eu dirigir um pouco.
- Você também estava dormindo.
- Alguém aí vem dirigir? – Gritei lá para trás e acordei alguns, outros continuaram dormindo.
- Não precisa, eu estou bem.
- Você não pode continuar dirigindo, Liam. Sério. Vamos trocar.
- , eu não vou parar o carro! – Ele disse no exato momento em que o carro foi parando de repente. Liam fez uma cara de confusão e olhou para seus pés. Continuou apertando no acelerador mais forte, mas o carro diminuiu a velocidade até quase parar, então ele foi para o acostamento.
- O que aconteceu? – Alguém perguntou lá atrás.
- Eu não sei, talvez tenha sido a bateria.
- Vai ver o motor pifou! Desce lá para ver.
- Não. – Tirei o cinto e fui para perto do painel, batendo o dedo no vidro em cima do contador da gasolina. – A gasolina acabou.
- Quê? – disse. – Quem foi o gênio?
- Eu... – Liam parecia perdido. – Merda. Eu saí tão rápido que esquecemos de abastecer.
- Olha, não somos só nós que erramos! – Harry ironizou. – Você também é humano, Liam?
- Se não fossem vocês se atrasarem eu teria lembrado de abastecer, Harry!
- Você também podia ter lembrado, né ? – disse. – Não é a ajudante aí do Liam?
- Ajudante? – Fiz careta. – Eu só estou sentada no banco do carona, .
- Dá no mesmo. – disse.
- Não dá não! A culpa não é minha se ele esqueceu, vocês também podiam ter lembrado!
- Além disso, o último que dirigiu hoje de tarde foi o Louis, ele devia ter lembrado de avisar que a gasolina estava pouca.
- Eu? Não me mete no meio disso, não!
Em seguida, uma gritaria começou no carro com cada um falando seu ponto de vista e culpando alguém e não dava para ouvir ninguém em especial.
- Ei! EI! CHEGA! – Segurei a buzina por tempo suficiente para abafar o som e todos pararem de gritar. – Discutir não vai mudar nada, a gente tem que pensar no que fazer!
- A gente tem que achar um posto. Onde exatamente estamos?
- Em algum lugar perto da costa da Itália. – Zayn disse, já com o mapa aberto no colo.
- Nós temos um GPS. – Liam revirou os olhos para ele, ligando o aparelho no painel. – Algum lugar perto da costa da Itália.
- Obrigado, gênio. – Zayn bufou.
- Um de nós tem que procurar um posto. – Niall disse.
- Vou entrar no Street View e procurar algo por aqui. – Harry sacou o celular do bolso.
- Tá frio e escuro lá fora e são... – pegou o celular. – Três da manhã.
- Vamos em dois ou três então, é mais seguro. Podemos ser assaltados. – Louis falou.
- Ou pior: raptados. – Niall disse.
Revirei os olhos.
- Vocês não vão agora. Deixem para ir de manhã, é mais seguro.
- Ou o quê? Vamos dormir aqui?
- Vocês já estavam dormindo antes, . Não vai fazer diferença com o carro parado.
Pelo jeito ninguém ficou muito feliz com isso, mas era o certo.
- Não tem sinal aqui. – Harry disse, tirando o cinto e abrindo a porta.
- O que você vai fazer? – olhou-o com uma cara estranha.
- Vou procurar sinal. – Fechou a porta e todos nós ficamos em silêncio por um tempo.
Ouvi os passos de Harry em algum lugar perto do carro, e depois tudo parou. Silêncio lá fora, silêncio aqui dentro. Então, do nada, a vã balança com força e um baque soa atrás dela.
- Ai, meu Deus! É um urso! – berrou.
- Shhhhh! – Niall tapou a boca dela. – Será que pegaram o Harry?
- O quê?! – olhou para ele.
- Achei! – Ouvimos lá de fora a voz de Harry em cima das nossas cabeças.
- Você tá em cima do carro?! – Liam abriu a janela e olhou para cima. – Se o Paul sonha com isso ele te espanca.
- Hum... tem um posto aqui perto, a uns três quilômetros naquela direção. – Apontou para frente. – E uma pousada pouco depois, e então... dez quilômetros à frente chegamos na balsa. Não estamos longe.
- Ótimo. Agora desce daí e volta para o carro, vamos de manhã.
Ouvimos um barulho no teto e Harry pulando no chão.
- Vou pegar cobertas e uns salgadinhos, alguém quer?
Liam puxou a alavanca de abrir o capô e os outros gritaram que queriam lá atrás.
’s POV
- Assim... – Harry plugou seu USB no GPS da vã e clicou em algo. – E... voilà! Agora estamos virtualmente quentes.
Voltou a sentar e todos nós olhamos para a lareira que aparecia queimando lenha na tela do GPS, em um daqueles aplicativos ridículos que Harry mantinha. Pelo menos agora tínhamos alguma luz, já que até as luzes do carro nós desligamos para não matar a bateria.
Olhei em volta, todos nós estávamos enrolados em uma manta xadrez, comendo salgadinhos e marshmellows crus e dividindo uma única garrafa de vodka pela metade para esquentar um pouco. Os vidros estavam abafados e alguns com uma fresta aberta para não morrermos asfixiados e também não morrermos de frio. Parecíamos em um acampamento, se não fosse o pouco espaço, a fogueira falsa e o frio imenso no meio daquela estrada em algum lugar da Itália.
Todos nos entreolhamos e de repente percebi que eu estava feliz por estar com eles. Estávamos em uma situação estranha, desconfortável, mas estávamos juntos e isso me deixava radiante, assim como sei que deixava-os também, porque todos trocamos um sorriso feliz.
Na manhã seguinte, acordei choramingando de dor no pescoço. Dormi escorada em , que estava escorada em Harry, que estava escorado na porta. Atrás de nós era praticamente a mesma situação com , Niall e . estava escorada em Niall, que a abraçava. Eu tiraria uma foto daquilo se não estivesse com uma dor tremenda no pescoço. Liam havia deitado um pouco o banco, já que minhas pernas estavam em cima do meu banco e ele tinha espaço. estava com os pés no painel e a cabeça escorada no vidro. Na última fileira lá atrás, Louis e Zayn estavam atirados cada qual em uma direção. Todas as janelas escorriam água lá fora como se tivesse chovido, mas era só a nossa respiração.
Um pouco de geada se acumulava na grama molhada e a estrada ainda estava quieta.
Aos poucos, todo mundo foi acordando. De algum modo, agora o GPS mostrava a imagem de uma lareira apagada com apenas uma brasa acesa.
Depois de dividirmos a comida como se estivéssemos em uma guerra, demos duas garrafas de água para Harry, Liam e Zayn e eles foram para a estrada com o celular de Harry como mapa.
- Gente... – falou, depois de um tempo em que ligamos o som para ver se achávamos alguma rádio interessante. – Eu preciso fazer xixi.
Quando os meninos voltaram, depois de uma longa sessão de tortura no carro ouvindo reclamar de vontade de ir no banheiro e de fome, nós finalmente demos partida no carro e aí chegamos na balsa. Os meninos haviam trazido salgadinhos do posto e pararam lá para irmos no banheiro.
Bom, nada demais aconteceu nesse meio termo entre balsa-parada em Corfu-almoço-viagem o dia todo até chegar em uma pousada no meio do nada logo que chegamos na Grécia, depois de passar por um pequeno pedaço da Albânia. Exceto que ficamos exaustos, de verdade. Ah, também teve um pequeno momento de pânico quando Niall estava dirigindo, e ele foi mais ou menos assim:
- Estamos perdidos? – perguntou, olhando mais atentamente pela janela.
- Eu disse que não devíamos ter pego aquele atalho. – falou, no banco do carona e ao lado de Niall.
- Você viu a quantidade de carros naquela estrada?
- O que custava esperar, Niall?
- Daquele jeito, nós só iríamos chegar em Creta e já teríamos que voltar.
bufou.
- Vai se foder, Niall.
- Por que não pedimos informação? – Dei a ideia.
- Não! – Todos os meninos do carro exclamaram juntos.
- Ah, qual é, gente. – disse.
- Vocês só podem estar brincando. – completou.
- Não precisamos de informação. – Liam falou.
- Liam, se você for mesmo idiota assim, nem vamos mais dividir um quarto ou eu vou ter que dormir no chão. – falou, olhando-o torto.
Liam se levantou um pouco e olhou pela janela.
- Eu acho que vi um cara ali. Niall, para o carro.
Todos nós rimos de novo.
E foi isso. O tempo todo alguém estava dormindo, e todos foram revezando o volante para não cansarmos muito, inclusive eu dirigi por um tempo.
Harry estava na direção quando paramos na pousada.
- Esse lugar me lembra daquele desenho, qual é mesmo o nome? – pensou. – Hum, Coragem, o cão covarde.
- Eu tinha trauma daquilo! – riu.
- Tinha mesmo, era só eu colocar se quisesse que a fosse correndo para o quarto. – disse enquanto todos descíamos e pegávamos alguma bolsa ou mala com roupas para entrar na pousada.
- Espero que isso não seja um filme de terror. – Louis comentou.
- Se for, vocês sabem que o mais burro sempre morre primeiro. – Niall.
- Awn. – Louis foi até e a abraçou, dando um beijinho no topo da sua cabeça. – Eu vou sentir sua falta, .
Ela se desvencilhou dele e passou a mão no cabelo com uma careta.
- Por que sempre comigo?
- Loira do grupo. – Eu e falamos juntas e fizemos um high five.
- Então se despeçam de mim também. – Niall fez um bico fofo, pegando duas mochilas de trás da vã. Entregou uma à .
- De quem é essa? – Liam levantou uma das minhas maletas rosas de tamanhos diferentes, a segunda menor delas, com uma mão só.
- Minha. – Peguei e me dirigi para dentro da pousada, sendo seguida por outros deles.
- Você quer parar?! – Ouvia pedindo à Louis lá atrás. – Eu não vou dormir direito!
- Não olha pra trás, !
- Espíritos gostam de te ver dormir de noite... – disse antes de levar outro tapa de . Ela estava no meio dos dois, que botavam medo nela. Ouvi algo caindo do carro e olhei para trás, vendo algumas malas despencarem. voltou correndo para ajudar Niall e Liam, e aproveitei para chamar todos os outros que estavam perto de mim.
- Que tal fazer os dois ficarem no mesmo quarto? – Fiz um gesto com a cabeça para e Niall.
- Ótimo. – Harry passou uma mão na outra. – Mas como?
- A gente barra eles. Faz os dois não terem opção.
- Ok, ótima ideia. – sorriu.
Entramos no lugar e Zayn foi até a recepção falar com a senhora que atendia lá. Tudo estava quieto e vazio, tirando pela conversa em uma língua estranha no rádio a pilha – isso mesmo, um rádio - detrás do balcão.
O lugar era de madeira envernizada e tinha um teto alto, com lustres e móveis rústicos e um aspecto antigo. A luz era um tanto avermelhada, e dava um aspecto meio assustador ao local, mesmo.
Logo Liam, e Niall voltaram e Zayn nos trouxe as chaves dos cinco quartos.
Entregou um a cada um dos “casais” que se formaram e logo notou algo errado, mas Niall estava ocupado demais vendo algo no celular para notar.
- Ei... ei, ei! Nem pensar que eu fico no mesmo quarto que esse daqui! Eu fico com a .
Niall levantou a cabeça para ver o que estava acontecendo nessa hora.
- Hã? – olhou-a. – Não. Não, eu... eu vou... – ela deu uma boa olhada para todos nós. Viu que só sobrava Louis e Zayn, e tenho certeza que também desconfiaria se ela dissesse que ia com Louis, então o mais provável era Zayn. – Eu vou com Zayn. – Se aproximou dele.
- Por quê? – olhou-a com os olhos cerrados. – Vai dar pra ele?
a encarou, cínica.
- Sim . A noite toda. E com você lá, não vai dar. – Deu de ombros e sorriu.
Zayn, que estava com as mãos nos bolsos, pigarreou e deu um mínimo passo para trás. Eu havia ouvido algo sobre uma briga entre eles que e presenciaram, mas não sabia disso.
- Ok, então eu fico com a ...
- Não. – Cortei-a. – Eu e o Lou já combinamos antes.
- Vocês...
- A gente vai... – Lou começou.
- Jogar Monopolly. – Concluí. Quando todos me olharam com cara de “quê?!” eu concluí que aquilo foi idiota e fiz uma careta. Dei de ombros.
então olhou para Harry e , que negaram e se abraçaram.
- Ah, qual é! Eu não vou ficar no mesmo quarto desse bundão!
- Ótimo. – Niall sorriu e bateu as mãos. – Então você fica no sofá da recepção. – Deu um tapinha no ombro dela. – Perfeito.
No final, eles acabaram aceitando ficar no mesmo quarto, e isso seria interessante. Eu queria estar lá para ver... ou talvez não.
Como todos estavam exaustos, subimos para os quartos, que eram dois no segundo andar, dois no terceiro e um no último. A senhora nos avisou que a janta seria em uma hora e que podíamos estacionar o carro dentro da garagem que era separada da casa, a alguns metros no gramado. Liam foi até lá.
Louis me deixou ir para o banho primeiro, e saí enrolada em minha toalha para me vestir no quarto enquanto ele tomava banho. Abri minha mala e mexi nas roupas mais debaixo, procurando algo folgado e confortável para descer e jantar antes de colocar o pijama para dormir.
Niall’s POV
- Eu devia ser um ator. – Falei, enquanto me olhava no espelho de meio corpo do banheiro. – Não devia? É sério. Eu devia ser um ator se não fosse um ótimo cantor.
- E humilde. – disse da cama.
- Eu acho que sou filho do Brad Pitt. – Baguncei o cabelo e cheguei mais perto do espelho. – Talvez eu tenha sido adotado. Talvez minha mãe tenha tido um caso com ele. Meu cabelo natural é da cor do dele, quase. Talvez... né? – Fui para trás e olhei para a cama lá do banheiro.
- É claro, como isso nunca te ocorreu antes? – perguntou sem prestar atenção, mexendo na própria boca e com os olhos vidrados no laptop.
Me escorei na porta e cruzei os braços.
- E você também. Eu diria que você é filha de... Charlize Theron.
- Uau! – Ela olhou-me e riu. – Uau, Niall. Eu nem sou tudo isso!
Dei de ombros sorrindo.
- É, bom... Você é. - Fui até a cama e deitei do seu lado.
- E o que mais eu sou? – Ela soltou o laptop e se escorou em um cotovelo.
- Uma ótima atriz também, né. Aquele negócio todo de discussões no carro e na recepção. Foi ótimo. Acho que nós somos oficialmente o novo casal problemático desse grupo.
Ela riu.
- Provavelmente. Isto é: se fossemos um casal. – Ela levantou uma sobrancelha e continuou me olhando.
Roubei um selinho de súbito e ela estreitou os olhos.
- Acho que deveríamos descer, né?
- Deveríamos. Você quer descer?
Ela fez que não com a cabeça.
- É, foi o que eu pensei. – Me aproximei dela e puxei-a pela cintura.
Quem se importava com o que nós tínhamos? Eu só sabia que estava feliz. Tudo aquilo que tentei por meses esquecer ou esconder que sentia por ela, voltou de repente com uma intensidade imensa, me atingindo e não me permitindo sentir nada que não fosse isso.
Eu não sabia o que podia acontecer no dia seguinte, e não conseguia me importar. Porque eu só conseguia pensar no agora, no momento em que tinha ela nos meus braços, a sua pele na minha e seus olhos nos meus. Era tudo em que eu pensava.
Eu amava e aquela era a única explicação para o jeito como meu corpo reagia à tudo que ela fazia. Eu a amava, e era simples. Queria poder continuar assim para sempre. O que começou com uma brincadeira, virou algo tão sério que eu não sabia se conseguiria passar de novo por um período de abstinência dela.
Louis’ POV
- Vem cá. – Peguei a mão de . Ficamos no último andar da pousada e no último quarto do corredor. Havia uma cômoda velha debaixo da janela grande e facilitava para sairmos e sentarmos no telhado. Era grande e podíamos pegar um ar fresco ali. Tinha um ar um tanto gelado, mas o quarto era tão macabro, com fotografias velhas nas paredes, que eu preferia ficar no frio.
Puxei-a para o lado de fora e sentamos na borda do telhado. O céu estava estrelado e a lua, enorme. Nós deitamos ali, com as pernas penduradas no telhado, nem tive coragem de olhar para baixo porque a queda não era das menores.
- Não vejo a hora de chegar logo em Creta. – Deitei a cabeça em cima dos meus braços. – É um lugar rodeado de história, sem contar as praias e festas.
Ela me olhou.
- Tem festas boas?
- Das melhores. Ouvi dizer que se compara com Ibiza em temporadas de verão. Pena que ainda não chegamos no verão mesmo.
- Hum, Ibiza! Isso vai ser interessante.
- Quando foi que você virou essa maníaca festeira?
Ela riu.
- Eu sempre fui assim. Acho que sou a que mais gosta de sair das meninas, na verdade. Você só ainda não conhecia essa parte de mim.
Eu assenti.
- Dá para acreditar que vai fazer um ano que nos conhecemos? E tanta coisa já aconteceu nesse meio termo! O falso namoro do Zayn, a série da , todo o rolo com o Harry e a , a já quebrou o braço, o término do Liam, porque eu jurava que ele ia casar com Danielle um dia, as fãs caindo em cima da , Niall e se enrolando há tanto tempo!
- Você e Eleanor.
Fiz uma careta.
- Também.
- É. É realmente muita coisa. – Suspirou.
Ficamos em silêncio. Vi uma estrela caindo devagar e prestei mais atenção no céu. Em Londres ou nas grandes cidades em que geralmente frequentávamos, não se dava para ver tantas estrelas assim. Precisamos ir parar no meio do nada para podermos enxergar uma beleza dessas.
- Olha só essas estrelas! – Exclamei.
- Lindas, não é?
- Sabe o que mais é lindo? – Virei para ela, e jurei que vi corando minimamente, mesmo que isso não fosse de seu feito.
- O quê?
- Eu. – Suspirei pesadamente e voltei a deitar minha cabeça em cima dos meus braços.
Ela riu e bateu em meu peito.
- Você não é bonito, é melhor nem se iludir.
Ri.
- Obrigado pela sinceridade.
Ela concordou.
- É.
- É.
De novo o silêncio.
- Gosto da sua companhia, .
Ela me olhou por um tempo, mas diferente do que eu esperei, não respondeu. - Ah... han, eu... acho que tá na hora de dormir. – Se sentou.
Sentei também. Era sempre assim, algum corte, alguma desculpa. Ela nunca parecia cem por cento feliz comigo. Talvez tenha sido algo que eu fiz, ou talvez ela guardasse mágoas de mim por tudo aquilo que falou daquela vez, no meio da avenida em Londres.
- É verdade.
Voltamos para dentro do quarto, e foi para a cama maior. Peguei um cobertor de dentro do pequeno guarda-roupas e um travesseiro e fui para perto do sofá-cama no canto do quarto, mas me chamou antes.
- Lou.
- Oi?
Ela olhou para a parede em cima de si, onde todas aquelas fotos estranhas estavam penduradas.
- Tem lugar aqui pra você. – Levantou o cobertor ao seu lado. – Vem.
Parei por alguns segundos. Eu já devia ter me acostumado em não entender , ela gostava de me confundir.
- Tem certeza?
- É, vem logo. – Chamou com a cabeça e deitou.
Soltei as coisas no sofá e fui para a cama. Deitei ao seu lado, mas logo vi que ela havia virado de costas para mim, então virei de costas também e tentei dormir.
Zayn’s POV
- Ei, qual de vocês tem mais seguidores no Twitter? – Perguntei às garotas.
Quem ficou de motorista dessa vez fui eu. Louis e Liam haviam ido em uma loja de materiais para surf em algum ponto do centro da cidade, disseram que preferiam ir aqui em Atenas do que comprar em Creta, onde todos os materiais bons já teriam sido vendidos quando chegássemos lá... Niall quis ficar na piscina do hotel e Harry foi em um estúdio de tatuagem. Eu não tinha nada a fazer, então me contentei em servir de chofer. Quem tem a sorte de ser mordomo de cinco garotas lindas assim não desperdiça a chance.
- Eu acho que a ... – falou, atenta ao visor de seu celular.
- Não, da última vez que eu vi era a . – falou.
- Duh, ela é famosa agora.
- Quando você vai ganhar uma conta verificada, ? – que estava no carona ao meu lado virou para trás para perguntar.
- Assim que a série começar a ganhar dinheiro. – Ela parecia dispersa, olhando pela janela o tempo todo.
- Olha lá! – apontou para uma placa na beira da avenida. – Plaka é por ali.
- Por que vocês querem ver um monte de coisas velhas e sem graça quando a gente podia estar fazendo compras ou procurando uma boate legal? Eu não entendo. – bufou e se encolheu no banco.
- Antiguidades são incríveis, . – disse. – Elas são... antigas.
- Não! – Todas as outras garotas e eu também falamos em uníssono com uma voz carregada de sarcasmo. Nós rimos.
- Acho que sua convivência com o tapado do seu namorado tá afetando seu cérebro.
- Deixem ele em paz. – Ela disse baixinho e fez uma careta.
- Olha... Eu não sei vocês, mas eu preferia estar em um bar conversando com amigos e bebendo alguma coisa. – pegou o celular no bolso de trás na calça e começou a teclar algo nele.
- Gostava do tempo em que nós éramos suas amigas. – reclamou um pouco.
- Vocês são minhas amigas, pequena draminha. – Ela respondeu.
- Nós definitivamente éramos mais unidas antigamente. – concordou com a cabeça. – Agora você anda tão diferente. Sai pra festas o tempo todo com seu novo grupo de amiguinhos descolados.
- Olha quem está falando. Gostava mais quando seu namorado ameaçava dar na sua cara o tempo todo, assim vocês não se isolavam tanto do mundo como agora.
O carro ficou em silêncio e percebeu que o que falou foi levado muito mais a sério do que ela planejava. Levantou o olhar para a rua à nossa frente e mordeu o lábio. Mas não se desculpou, nem disse nada. Eu não ousei falar nada também, afinal só um louco se meteria no meio do fogo cruzado entre cinco meninas.
Olhei pelo retrovisor e continuava olhando pela janela, entretida. ainda estava em seu celular, e batia os pés no chão, parecendo ansiosa. mexia nas pontas do cabelo e olhava para qualquer lugar menos para .
- Onde querem parar primeiro?
- Por que você não entra no bairro e aí a gente vai a pé para ver tudo o que quisermos? – deu a ideia.
- Tudo bem.
Alguma delas recebeu uma mensagem e descobri ser quando ela pegou o celular do bolso da jaqueta. Ela leu e sorriu. Ah, ótimo, antes mesmo de perceber eu estava morrendo de ciúmes e mordendo a parte interna da minha bochecha para não deixar aparecer, porque sabia de quem era a mensagem. Ótimo, ótimo, ótimo.
Fiquei no carro enquanto elas desciam e iam dar uma volta. Falei que talvez eu saísse e procurasse elas depois, mas no momento eu só queria um pouco de paz e ficar sozinho ali, tomando um ar e pegando um sol, ouvindo o silêncio da rua e as poucas conversas dos turistas que passavam de vez em quando, sem criar tumulto.
Fiquei no carro mexendo no celular, ouvindo música, fazendo nada por um bom tempo. Depois de realmente começar a ficar entediado, fui dar uma olhada no perfil do Twitter das meninas, parece que todo mundo no nosso grupo de amigos era mais ligado nessas coisas de tecnologia do que eu.
- MALIK! – Me assustei ao ver as batidas no vidro ao meu lado. Abaixei o mesmo e me olhou feio. – Eu não quero tomar um banho, será que dá para destravar as portas?
- Desculpa. – Disse, destravando as trancas e soltando o celular no painel. Olhei para o céu enquanto as meninas entravam todas na vã, e vi que o tempo bonito e ensolarado havia se esvaído em questão de segundos. Um vento forte soprava de lado, fazendo as folhas no chão voarem para todos os lados e as pessoas recolherem suas placas das calçadas e fecharem suas portas para a chuva que viria.
Nós voltamos para o hotel e então cada um foi para seu quarto. Dessa vez dividimos os quartos entre uma suíte para as garotas e uma para os garotos, porque a suíte deles realmente era enorme e não havia necessidade de mais de duas.
Ao chegar, alguém estava em um dos dois banheiros, e esperei que ele saísse para ver quem era. Liam saiu do chuveiro com um calção e sua toalha no ombro.
- O mundo tá caindo lá fora, hein? – Disse, passando a toalha nos cabelos que pingavam.
- É... Cadê o Louis?
- Desceu pra comer.
- Ah, tá. E o Niall?
- Ele... – Liam foi interrompido na hora em que a porta se abriu e um Harry ensopado de cima abaixo entrou, seguido de Niall que comia uma tortinha de chocolate.
- E aí eu disse que ligaria de volta. – Niall riu, terminando algo que já havia começado antes. Harry não parecia prestar muita atenção. Olhou para mim e Liam com cara de poucos amigos.
- Eu não ando dez quadras nesse temporal pra chegar no quarto e achar dois marmanjos sem camisa. – Bufou.
- Então bateu na porta errada, amigo. – Ri.
- Vou tomar banho. – Ele disse, indo para sua mala perto da cama.
- Falou tarde, eu vou primeiro. – Disse correndo para o banheiro e trancando a porta.
Ignorei Harry gritando do lado de fora e me permiti um banho quente e relaxante, até mesmo bem longo diga-se de passagem, tudo para irritar Harry. Quando saí ele não estava mais no quarto, mas Niall ainda estava ali.
- Onde tá o Harry?
- Foi tomar banho no quarto das garotas.
Fechei a cara. Espertinho.
Nós dois descemos para jantar, e quando chegamos lá todo mundo estava em uma mesa do restaurante. A chuva havia acalmado um pouco, mas ainda chovia. Sentamos na mesa, e olhei em volta. Faltava alguém, mas com tanta gente tive que esperar alguns segundos até perceber quem era.
- Cadê o Harry e a ?
chegou na mesa nessa hora com um sorrisinho sapeca no rosto.
- O que você aprontou? – Liam perguntou enquanto ela sentava ao lado de . Levantou a mão e mostrou uma cueca preta.
- !
- Isso é de Harry? – disse, rindo. Ela concordou com a cabeça. – Brilhante! – E as duas fizeram um high five.
- Você roubou as roupas dele?! – perguntou, se servindo de um pouco de molho.
- Na verdade, eu só deixei no corredor, na frente da porta daqueles nadadores.
- Os caras são enormes. – Niall riu. – Ele vai apanhar se for pego.
- Com sorte o casal do 312 vai ver ele pelado, e a velhinha vai ter um treco. – Louis falou.
Concordamos e começamos a janta. Não demorou muito até que terminasse e se levantasse, tomando a cueca das mãos de e subindo.
- Esses dois estão tão chatos ultimamente. – entortou o nariz, comendo um pedaço de tomate.
- Eles estão afastados do resto de nós, não é?
- É o que parece, pelo menos.
Concordei.
- Então, como foi a tarde? – perguntou à Liam ao seu lado, passando um guardanapo no lado da sua boca.
- Foi legal, é. Nós compramos as coisas, conseguimos pegar os melhores equipamentos da loja, não é Louis?
Louis estava de boca cheia, então só concordou com a cabeça.
- E aí nós resolvemos voltar, e chegamos segundos antes da chuva começar.
- Harry chegou irritado porque não conseguiu nenhum táxi com aquela chuva toda. – Niall comentou. – Ele veio andando.
- Que idiota, era só achar um ponto de táxi. Aqui eles não param em qualquer esquina, você tem que saber onde ir.
- Fácil falar quando você teve um motorista particular a tarde toda. – Fiz careta para e ela riu.
O jantar foi tranquilo e voltamos para nossos quartos logo depois. E naquela noite, com o barulho constante de chuva, consegui dormir que nem pedra, nem lembro direito de ter levantado cedo e arrumado as coisas para voltar para o carro. Nós deixamos a van de Paul em um estacionamento pago e deixamos metade do dinheiro dos dias em que ela ficaria lá. Então pegamos um voo rápido até Creta porque esse era o único meio de chegar à ilha. Depois de pouco mais de uma hora de voo, chegamos no pequeno e lotado aeroporto da ilha, onde pessoas de todas as partes do mundo se encontravam em uma multidão barulhenta, esperando seus voos chegarem ou partirem.
Esperamos um tempo até que Liam e Harry conseguissem se entender com os guardas e descobrir onde poderiam alugar um carro, e depois mais um pouco para pegar a chave da casa na imobiliária. Era nessas horas que eu pensava o quão mais rápido e prático teria sido só vir de avião como todo mundo fazia. Mas aí eu lembrava de toda a diversão que já passamos até agora, e decidia que fazer essa viagem foi nossa melhor ideia até agora.
’s POV]
“Vou te levar para jogar golf um dia então...”
Sorri e respondi a mensagem antes de guardar o celular no bolso quando alguém gritou “estamos chegando”.
- É aqui. – Liam disse, olhando para o GPS quando estacionou o carro.
Tive que dar uma boa olhada para acreditar no que eu via. Não era uma casa grande, não, longe disso, mas.... tínhamos uma praia no quintal!
- Uou! – Eu e falamos juntas quando olhamos para fora.
- Brincou! – Louis gritou antes de soltar o cinto. Ele e foram os primeiros a saírem correndo do carro e darem a volta na casa, antes mesmo de sequer pensarem em entrar nela. Liam riu, e enquanto isso , Niall e Harry também saíram correndo do carro.
Eu saí com calma, assim como , , Zayn e Liam. Pelo que percebi, o lugar onde estávamos fugia um pouco da cidade, era mais afastado, como um interior, uma cidade vizinha, ou, pelo que eu imaginava, uma vila, porque não chegava a ser do tamanho de uma cidade. Era tranquilo e com pouco movimento, o pouco de pessoas que vimos passando pelas ruas eram pessoas já de mais idade.
A casa era feita de madeira e toda pintada de branca, era em um tamanho médio e só tinha dois andares. Na frente, antes da porta, havia uma pequena varanda para proteger da chuva. Era cercado por uma pequena cerca branca de madeira que devia pegar nos meus joelhos ou coxas, e tinha um pequeno portãozinho na frente. O jardim tinha flores coloridas ao longo da cerca, e alguns anõezinhos no chão perto dos irrigadores. A grama era bem verdinha, e algumas cadeiras de sol eram espalhadas pelo mesmo.
Ajudei os garotos a tirarem nossas coisas do carro (alugamos um carro bem parecido com o de Paul, só que de cor diferente) e levei minhas malas para dentro da casa.
- É a casa de um casal de senhores. Está toda mobiliada, e muito bem cuidada. Eles alugam durante a temporada de verão e de turismo, então não vamos precisar nos incomodar com isso. A praia principal fica só a alguns minutos daqui, e enquanto não quisermos voltar para a capital temos uma praia mais particular aqui atrás de casa, sempre ao alcance. – Liam explicou.
- Isso é incrível, Liam! – disse, tirando os fones de ouvido. – O lugar é lindo.
- Espera só até ver dentro dela! – Ele disse pegando a chave do bolso e abrindo a porta.
A casa era simples. Tinha móveis simples, nada muito chique ou fora do normal. Nada que um casal idoso precise muito, sem muitas mordomias, mas tinha tudo que precisávamos, como microondas e afins. Tinha até lareira. Na sala de lazer, um único sofá enorme e em formato de L, cor cinza. Alguns bancos e cadeiras grandes e confortáveis, e duas poltronas brancas. Uma TV de plasma não muito grande, e um DVD. Eu duvidava que eles usassem muito disso, mas eram coisas essenciais para se ter em uma casa que vai ser habitada por gente mais nova em determinadas épocas do ano. Ao longo da parede esquerda, embaixo da janela, uma coluna de madeira sustentava alguns vasos de flores muito bem cuidados e algumas fotografias. Tinha um rádio antigo, também. Podia ser considerado uma verdadeira antiguidade, muito bem cuidado e daqueles que você pode achar em alguns museus.
Na sala de jantar, uma mesa grande e redonda, com exatamente dez lugares. Mas de novo: eu não acreditava que os donos daquela casa comessem na mesa. Era grande demais para duas pessoas. O centro da mesa era giratório e ajudava as pessoas a se servirem. Além disso havia um pequeno balcão no meio da cozinha como em nossa casa, e a pia e os armários aéreos.
Os quartos eram quatro: dois em cima, e dois em baixo. Eram pequenos, mas bons o suficiente. Os de baixo eram maiores do que os de cima, vale dizer.
Não haviam casas nos lados, apenas a uma boa distância dos dois lados. Pelo que eu vi, havia várias casinhas pequenas e todas iguais, provavelmente também habitadas por turistas.
Nós decidimos rapidamente que um quarto seria para mim, e , outro para Niall, Louis e Zayn, e os outros dois para os casais. Era justo. Então larguei minhas coisas no quarto que eu ficaria com as garotas, que era um dos maiores do segundo andar e tinha uma cama de casal e uma de solteiro. Depois, pensei em tomar um banho, mas os gritos e risadas lá atrás ao longe me fizeram ir até a janela do quarto. Já estávamos no final da tarde, e o sol começava a sumir, deixando o céu ainda iluminado, mas com cores rosadas e nuvens ao longe. Dali, por ser o quarto dos fundos, eu podia ver a praia lá atrás e meus amigos correndo, jogando água uns nos outros e rindo. Eu sorri ao ver todos se divertindo daquela maneira, como crianças.
Então tudo que fiz depois foi tirar meus chinelos de dentro da minha mala e colocá-los nos pés, em vez da botinha de couro, e descer as escadas correndo. Saí pela porta dos fundos que havia na cozinha e corri pela areia, sentindo o ar fresquinho passar pelos meus cabelos e fazer eles voarem. Vi Louis se aproximando e corri para a água, rindo. Fui só até onde a água chegava nas canelas, mas ele me surpreendeu por trás e se jogou em cima de mim, me derrubando justo quando uma onda vinha e molhei todo o corpo.
Sentei na água e tossi umas vezes, mas logo nós dois começamos a rir loucamente. Joguei agua nele, e ele revidou.
’s POV
- A temperatura aqui cai bastante de noite. – Liam observou, tomando um pouco de seu café.
Concordei com a cabeça e virei o laptop para ao meu lado no sofá.
- Tem muita coisa a se fazer nesse lugar. Muita mesmo. A gente não vai conseguir fazer tudo!
- A gente tem que se dividir, cada um faz o que quiser.
- Desde que a gente passe um tempo juntos, afinal essa é a finalidade dessa viagem.
- Gente, a virada do ano é amanhã de noite, certo? – falou. – Então durante o dia a gente faz o que quiser, e de noite nós nos juntamos em algum lugar...
- Praia, de preferência. – Louis apontou para ela, e ela concordou com a cabeça.
- E aí a gente fica junto.
- Podemos ir para uma festa depois. – Dei a ideia.
- Vai ser maneiro.
- Eu vi aqui, que na capital Heraklion tem muita festa bacana.
- A gente tem que ir. – falou para mim, e eu concordei.
- Gente – Zayn chamou da porta dos fundos, só com um aceno de cabeça para fora. Ele, Harry e Niall estavam lá atrás fazendo alguma coisa.
Nós que estávamos na sala nos entreolhamos e fomos para fora. Do lado de trás da casa, antes do cercado branco acabar, havia algumas flores em fileira e mais algumas cadeiras de sol, todas uma ao lado da outra. Uma pequena trilha na calçada que seguia até o portãozinho e depois começava na areia da praia. A uns dez metros depois que a areia começava, havia uma fogueira. Uma de verdade, dessa vez, com uns banquinhos de madeira em volta, e Niall cutucava no fogo com um galho comprido, e a outra mão dentro do bolso do calção enquanto ria de algo que Harry falou.
- Como vocês fizeram isso?! – chegou mais perto, seguida do resto deles, inclusive eu.
- É fácil, só tem que ter álcool, madeira e uma caixa de fósforos.
- Sem a ajuda de um aplicativo? – Olhei para Harry. – Muito bem, Harry! Estou impressionada!
- O que você tá falando? – Ele fez careta. – Meu celular nos salvou aquele dia.
- Ah, é, eu me senti muito mais aquecida vendo um fogo falso queimar. – falou irônica.
- Estou falando do mapa!
- Certo, certo. – olhou para nós. – Deixa ele pensar que nos salvou.
- Como assim, cunhada?! – Ele a olhou, fingindo incredulidade.
Todos sentamos em volta do fogo e Niall pegou um pacote de marshmellows, enquanto Zayn dava um graveto fino para cada um de nós. Niall deu um marshmellow para cada e sentou ao meu lado.
- Eu nunca fiz isso antes... – falei, olhando o jeito como ele espetava o marshmellow na ponta do graveto e fazendo o mesmo.
- Eu te ensino. – ele disse, sorrindo para mim. Fixou bem o meu doce na ponta do graveto e pegou a minha mão, fazendo eu colocar o doce perto do fogo. – Assim, viu?
Sorri para ele.
- Obrigada. – Murmurei.
- De nada. – Murmurou de volta.
- Tem algumas cervejas aqui. – Zayn soltou uma caixa de isopor pequena perto dos nossos pés e cada um veio pegar uma latinha para si. Depois que todos sentaram de novo e começaram a conversar entre si, Niall se abaixou e pegou uma para mim. Peguei-a, e ele se abaixou para pegar outra para ele, mas sem querer bateu na minha mão e derrubou a minha. Me abaixei com ele para pegar a minha, e ele falou baixinho:
- A casa tem um sótão.
Olhei-o.
- E daí?
- Tem um quarto pequeno lá. Ninguém sabe. Depois que todos dormirem. – Piscou para mim, e levantou.
Levantei também e olhei-o, reprimindo uma risada. Ele sorriu, e virou o rosto para outro lado para não rirmos.
- Aqui, Niall! – Liam alcançou o violão a Niall, e ele apoiou-o na perna e começou a afinar as cordas.
- Eba, música! – comemorou.
- Façam seus pedidos.
Niall começou um dedilhado calmo e baixinho como música de fundo até alguém pedir.
- Toca alguma coisa do Ed. Ed nunca erra. – pediu.
- Pode ser Kiss Me? – Niall perguntou e ela assentiu, então ele começou um dedilhado calmo e lento, e pediu a ajuda dos garotos para cantarem. Liam começou cantando a primeira parte, depois Harry continuou. Louis cantou o refrão com Zayn fazendo uma segunda voz baixinha. A música criou uma atmosfera gostosa no ar, e logo todos estavam mais atentos à próxima música que seria tocada. Em seguida, Louis pediu The Fray, e no refrão de How to Save a Life todos nós cantamos juntos. Nas duas casas longes dali, dos dois lados, havia um pessoal aproveitando a noite também, só que eles não tinham uma fogueira.
Depois, foi a vez de Liam pedir, e ele pediu I’m Yours, do Jazon Mraz. Clássica música de praia. Quando terminamos de cantar essa, pediu Sweet Disposition do The Temper Trap, e depois foi a vez de pedir Use Somebody, do KOL. Quando essa terminou, pediu para eles cantarem Californication do RHCP, e aí depois quem pediu fui eu: Love Me Do, dos Beattles. Todo mundo cantou baixinho, e Niall tocou a música com perfeição, cuidando para me olhar só quando ninguém estivesse vendo.
Depois Zayn pediu Secrets, do One Republic, e todos cantaram essa também, como o esperado. Aí, Harry pediu Drunk, também do Ed, e voltou a pedir Bubble, da Colbie Caillat.
Então Niall disse que era a vez dele de escolher uma música, e cantou You Really Got a Hold On Me, como se adivinhasse que eu amava incondicionalmente aquela música. Me lembrava de nós sempre que ouvia a letra, e senti vontade de beijá-lo ali mesmo.
Para terminar a noite, ele tocou Wonderwall, que não podia faltar, e todos nós cantamos juntos, bem alto e sem se importar. O barulho alto do mar era relaxante, e junto com a nossa voz deixava tudo melhor ainda.
Quando a fogueira foi se apagando aos poucos e começamos a ficar com frio, aí por duas da madrugada, nós começamos a entrar aos poucos. Primeiro Harry e , e depois correu para dentro rindo de uma piada idiota de Louis e Liam a seguiu. Aí, eu entrei e fui para nosso quarto e arrumei a cama de solteiro, onde eu ia dormir, pois assim era mais fácil de sair sem ser notada depois. Ouvi as últimas conversas de quem restou lá embaixo, e algum tempo depois tudo ficou silencioso.
Esperei mais um tempo só por precaução e então levantei. Fui até o corredor, e vi uma porta pequena no final do mesmo. Abri, e ali tinha uma escadinha pequena de madeira em espiral que subia alguns centímetros até um quarto bem pequeno. Se eu levantasse os braços, tocava no teto.
Havia algumas prateleiras com coisas velhas e uma janelinha redonda, colorida e pequena, e embaixo dela uma cama de solteiro velha, mas que tinha um colchão grosso e parecia confortável. Em cima desse colchão, um Niall brincava com umas bolinhas penduradas por um fio no teto, parecendo com um orbe de uma maquete do sistema solar, com todos os até então nove planetas e uma bola maior no centro, balançando no ar. Olhei em volta, e aí percebi os desenhos infantis colados na parede, e alguns brinquedos em um baú num canto, e o lençol com umas figuras de carrinhos e bolas de futebol. Olhei-o, mordendo o lábio.
Niall levantou da cama e veio em minha direção devagar. Me puxou pela blusa e quando eu cheguei perto, colou as nossas testas e tentou me beijar. Eu olhei para o lado, e quando ele me olhou estranho eu ri.
- É um cômodo de criança. Você não acha... errado?
- Não. – Ele falou, e beijou meu pescoço, mas eu recuei mais, e ele se afastou. Olhou em volta. – Talvez. – Admitiu.
Ri de novo.
- A gente não precisa fazer nada, tudo bem? – Falou, pegando uma mecha do meu cabelo de cima do meu ombro, e o enrolando. – Eu só quero poder passar um tempo com você, sem ter que me preocupar com mais nada. Você não sabe o quanto é difícil ficar perto de você sem poder te beijar a todo instante.
Meus batimentos aceleraram ao ouvir aquelas frases bobas e fofas. Puxei-o pela nuca e colei as nossas bocas.
- Eu não me importo. – Falei entre o beijo. – Não me importo com os desenhos na parede, nem com os brinquedos... – dei alguns passos para trás empurrando-o comigo e chegando na cama. Ele caiu sentado e deitei-o, deitando em cima. – Não me importo com o lençol, nem com esses planetas girando em cima da minha cabeça...
Niall ria enquanto eu o beijava e o atacava ao mesmo tempo, e levou a mão à minha cintura levantando minha camiseta.
- Eu não ligo. Você é um conquistador e sabe muito bem o que faz. Eu não ligo. – Me afastei só o suficiente para olhar no rosto dele. – i’m not even sorry. – Disse e nós dois rimos, antes de voltarmos ao beijo.
’s POV
Abri os olhos assim que ouvi um baque na parede. E depois outro. E logo após, mais um. Olhei para o nada por um tempo, o quarto estava um total breu e só o que eu ouvia além do barulho na parede era o barulho do mar lá atrás.
Baque. Baque. Baque. Baque. Baque.
Me virei na cama, e chamei o Harry. Nada. Baque de novo, e dessa vez percebi que o barulho vinha de cima, do teto.
- Hazza – chamei de novo, sacudindo seu ombro. – Harry.
- Hum... – ele virou de frente para mim e cobriu o rosto com o travesseiro.
- Harry, acorda! – Dei um tapa em seu braço e ele levantou a cabeça, assustado.
- O quê? – Piscou algumas vezes e me olhou, depois deitou a cabeça de novo. – Hum... o que foi?
- Que barulho é esse?
- Que barulho, ? – Ele choramingou. O barulho se fez presente de novo. – O que... o que é isso? – Olhou para o teto.
- Foi o que eu perguntei!
Nós olhamos para o teto de novo. Esperamos um tempo, e quando deu de novo, ele sentou na cama.
- Será que tem um bicho no telhado?
- Eu acho que tem um sótão. – Ele falou, baixo.
- E se tiver um rato lá? – Fiz cara de nojo e me encolhi na cama.
- E se tiver um espírito lá? - ele me olhou com os olhos arregalados.
- Você morre primeiro! – Empurrei-o. – Vai ver o que é!
- Tá, ok. – Ele coçou os olhos e colocou os calçados.
- Ei, espera. – Pedi.
Nós dois paramos e ficamos em silêncio, nos olhando por quase um minuto.
- Eu acho que parou.
- É?
- É.
Fizemos silêncio de novo.
- É, parou.
- Volta pra cama, então – levantei o edredom e ele veio para baixo dele na mesma hora.
- Acho que o espírito dormiu de novo.
Ri. Puxei seu travesseiro de baixo da sua cabeça e virei de costas para ele, colocando o travesseiro na altura da minha cintura e colocando minha perna em cima. Ah, assim que eu gosto de dormir!
- Ei, e eu?
- Só fecha o olho e dorme.
- Sem travesseiro não dá!
Ri, mas não respondi. Alguns segundos depois, Harry veio para perto de mim e deitou a cabeça em cima de mim. Suspirei pesadamente, mas não tardei a dormir mesmo assim.
Acordei de novo algumas horas mais tarde, quando a luz do sol já entrava na janela, e dessa vez quem servia como travesseiro era Harry. Ele pegou o seu travesseiro de volta em algum momento, e agora estava de bruços na cama, com os braços debaixo do travesseiro e eu acordei deitada em suas costas.
Levantei devagar e abri a cortina, o dia estava ensolarado e ver o mar pela janela do quarto dava um ânimo que me fez sorrir instantaneamente.
Coloquei uma roupa curtinha e saí para o corredor ouvindo risadas baixas virem da cozinha, que cessaram assim que eu apareci. Eram e Niall. Estranhei, mas eles trataram de virar de costas um para o outro e pararem de falar naquele mesmo segundo. Olhei para o relógio branco na parede, era nove e meia da manhã. A casa estava toda aberta, e vi em uma cadeira de sol lá atrás na areia, com óculos escuros e um biquíni, mexendo no celular. Além dos dois, ela era a única acordada.
- Bom dia!
- Bom dia... – Os dois responderam.
Enchi um copo de leite na geladeira, peguei um pote de morangos e fui para o lado de Niall na pia. Peguei um prato, e comecei a picar os morangos.
- O que vai fazer?
- Café para o donzelo. – Sorri.
- Hum... – ele disse e roubou um pedaço da fruta antes que eu pudesse impedir. Empurrei-o e ele riu. – Tem uma calda de chocolate na geladeira.
- Ok.
Cortei mais as frutas e enquanto o fazia, eu tomava meu leite. Niall riu de mim quando eu soltei o copo de novo e fiquei com um “bigode branco”. Fiz careta e limpei com um guardanapo.
- Como foi a noite? – Perguntei, sem assunto.
- Bem...
- Legal. – falou, enquanto fazia um sanduiche no balcão.
- Vocês não ouviram um barulho estranho de noite?
- Não... que barulho? – Niall me olhou.
- Eu não sei, parecia no teto. Como algo batendo. No teto.
Um barulho de vidro quebrando me assustou e dei um pulo olhando para trás.
- Ai, que droga... me desculpem, que droga. – disse, se abaixando para pegar os restos do copo de água que derrubou. – Merda.
- Você quer ajuda? Se machucou? – Perguntei.
- Não, tudo bem, eu limpo. Escorregou da minha mão... Mas deixa comigo.
- Vou pegar o pano. – Niall foi para a despensa debaixo da escada.
- Cuidado com os pés. – disse, e continuei arrumando o café de Harry.
Juntei os pedaços de morango e esquentei a calda de chocolate no micro-ondas, coloquei um pouco por cima e fiz duas torradas pequenas. Meu estômago também pedia por comida. Enchi um copo com suco de laranja e também piquei uma banana, porque, bem, é Harry, e... bananas.
Coloquei tudo em uma bandeja pequena e fui para o corredor de novo. Ao passar pelas escadas, descia com uma cara de sono e ia para o banheiro. Alguém devia estar usando o lá de cima. Parei na porta do nosso quarto sorrindo para Liam que saía do quarto deles, na frente do nosso, e depois entrei. Larguei as coisas na cômoda, acordei-o com beijos perto do ouvido e depois fiquei arrumando minhas roupas na minha mala que estava um caos enquanto ele comia.
- O que vamos fazer hoje?
- O que você quer fazer? – Perguntou, tomando um gole do suco.
Dei de ombros.
- A gente faz o que você quiser. É você a guia aqui.
Me ajeitei na cama.
- A gente pode ver o que os outros vão fazer, e ver se quer fazer algo junto.
- Tá. E quanto àquele espírito, hein? – Ele soltou as coisas na cômoda.
- Eu não sei, mas aquilo foi estranho. Além do mais, sabe o que mais é estranho?
- Hum? – Ele perguntou, vindo para perto de mim, tirando meu cabelo do ombro.
- A e o Niall.
- Já sei que eles são estranhos. Mas o que tem eles? – Se concentrou em beijar um lado do meu pescoço e a linha do maxilar.
- Eles estão... estranhos. Sem aquele ódio todo.
- E isso é ruim?
- Hum, não, mas... só é estranho. Eles estão mais próximos. Parece que estão escondendo algo. – Encarei o teto, pensativa.
- Deixa eles se acertarem do jeito deles, ok? – Mordeu meu lóbulo. Ri e me encolhi.
- Ok. – Tentei afastá-lo, mas ele continuava me beijando e aquilo provocava cócegas e arrepios. – Harry, vamos... Harry... – comecei a rir. – vamos sair, e... pegar um sol, ok?
Ele fez um som de desaprovação.
- Por favorrrr!
- Ah, ok. Ok, você ganhou. Argh. – Ele se afastou e coçou os olhos.
- Você vai ficar louco logo, logo. – Ri.
- Eu já estou... – fez bico.
Levantei e dei um beijo na sua bochecha antes de ir para a praia com um “te espero lá”. Levei uma cadeira para mim e sentei ao lado de e para tomar um sol, passei o protetor e por um tempo só ficamos deitadas conversando enquanto o resto deles acordava e ia para a água.
- Eu acho que vou dar uma volta pela cidade, comprar umas coisas legais, escolher uma roupa bacana para de noite, procurar uma festa maneira... – disse.
- Eu posso ir junto? – perguntou. – Não tenho nada em mente.
- Pode, sim. O que você vai fazer, ?
- Eu e Harry ainda não nos decidimos.
Ela virou para mim.
- Por que vocês não desgrudam mais?
Dei de ombros.
- A gente só... gosta de ficar junto. Qual é o problema?
- Não é nada, é que desse jeito vocês vão acabar afastando todo mundo.
- O quê? Isso não faz sentido, .
- É claro que faz. Olha, nós somos um grupo de amigos. e Niall têm suas desavenças, e Zayn estão fodidos, só o que nos mantém juntos é a amizade. Se os dois casaizinhos resolverem se trancar em mundos particulares o tempo todo, não vai sobrar nada.
- E você realmente se importa? – Levantei o óculos para o meu cabelo. – Você só quer saber de beber e festejar. Isso é... ciúme porque você não deu certo com o Louis?
Ela riu e sentou na sua cadeira, colocando os calçados.
- Por favor, . Por que eu teria ciúmes de um relacionamento onde você tem que passar o tempo todo com medo de levar na cara?
Se levantou e foi para dentro da casa. Ótimo, eu não tinha resposta para isso. Ótimo. Olhei para , e ela me olhou por um tempo. Pelo menos, eu acho. Não consegui ver seus olhos por trás dos óculos. Então, ela deitou a cabeça de novo e virou para o outro lado, se ajeitando na cadeira.
Tá certo que eu já estava acostumada com o gênio forte e difícil de , mas isso não era normal. Quer dizer, costumávamos ser inseparáveis, só brigar por coisa besta. Mas isso era sério. E agora estava mais quieta do que o normal, estava agindo estranho há um bom tempo, e... procurei com ao redor, e a vi se ajoelhar na areia e abaixar para beijar Liam que estava deitado em cima de uma toalha. Eles também estavam se afastando. E, tudo bem, eu e Harry também. O que estava acontecendo com a gente?
’s POV
Um bom resumo da minha tarde foi: lojas, milkshake, fotos, caminhada e sol. Foi isso que eu fiz. Tomei sol até a hora de almoçar, depois assisti TV por uns minutos e peguei no sono no sofá, me acordou para irmos à cidade às duas, nós pegamos o carro e fomos. Saímos para o meio do povo (só turistas, diga-se de passagem) e compramos dois milk shakes, tiramos foto em tudo quanto é lugar legal e foram todas para o Instagram, paramos em todas as lojas, compramos acessórios e um par de roupa para cada para passar o ano novo e ir em alguma festa legal, e depois voltamos para casa, exaustas, tomamos banho e comemos algo rapidinho antes de eu me jogar no sofá de novo e ficar passando os canais.
- Mas não é o natal que tem ceia? – Perguntei, girando no banco do balcão da cozinha e comendo um biscoito.
- Vamos ter uma hoje também. – disse, cortando uma cebola.
- Tá, eu posso ajudar com algo?
- Você pode cuidar o molho. – Ela acenou para o fogão – Para ele não queimar.
- Nah... – fiz careta. – Eu só perguntei por educação, não quero fazer nada, não.
Ela sorriu para mim, cínica, e ri da cara dela.
Louis entrou, rindo como um louco, e foi até a geladeira, abrindo-a e perdendo bons trinta segundos olhando para dentro dela.
- Cadê a cerveja?
- Eu já disse que terminou, tem que comprar mais.
- Mas a essa hora já não tem mais nada aberto!
- Louis, tem mercado em cada esquina, é só dar um pulinho no centro da cidade! Convida alguém que saiba dirigir e esteja mais sóbrio que você, e vão logo. E chama alguém para me ajudar aqui! – Ela gritou quando ele estava saindo de novo.
- Os meninos estão fazendo churrasco? – Olhei para fora.
- Sim.
- Eu nem vi que tinha churrasqueira!
- Vocês viram meu brinco? – veio lá de fora, com a mão na orelha. – Eu perdi o meu brinco. Alguém viu o meu brinco?! – E antes de podermos responder, ela subiu as escadas correndo.
- Enfim, né. – suspirou. – A churrasqueira é aqui do lado, no canto.
- Ah...
Niall entrou também.
- Acho que o Louis guardou o violão lá em cima, né? – Perguntou e passou voando por nós, subindo escada acima.
Parei de comer meu biscoito uns segundos depois e olhei para , que também me olhou com os olhos semicerrados.
- Ela não usa brinco. – disse. – Nunca.
Apontei com o indicador para o violão em cima de um banco no meio da sala.
- Será que...?
- Não... – nós duas falamos ao mesmo tempo. – Não pode ser. – finalizei e ri, olhando para .
Ela riu também, e então tratamos de ignorar aquela ideia maluca e voltar a atenção à comida.
Liam’s POV
- Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois... – todos se olharam. – UM! HAPPY NEW YEAR!
Pudemos ouvir foguetes e bombas e fogos ao longe, e alguns ali, dos vizinhos que soltaram alguns também. Todos nós nos abraçamos em um grande círculo enquanto falávamos coisas diversas e segurávamos as taças no ar para não derrubarmos o champanhe.
- Eu AMO VOCÊS! – Louis gritou, já mais para lá do que para cá por causa das cervejas.
- Um brinde à nossa amizade. – segurou a taça no alto e nós todos tocamos as nossas na dela.
Em seguida, todos se abraçaram e a primeira a me abraçar foi . Beijei-a enquanto colocava uma mecha do seu cabelo no lugar, e abri os olhos ao ouvir Louis fingindo um choro. Ele olhava para mim e , e para e Harry.
- Não tenho ninguém pra beijar! – Ele resmungou.
Eu ri, lembrando da cena de Chandler em Friends. Bem, eu não seria o Joey. Mas aí o puxou pela gola da camiseta e selou os lábios deles por cerca de cinco segundos, e quando se separaram os dois ficaram quietos por um segundo, antes de voltarem a abraçar todo mundo. Eu me afastei de e olhei em volta, mas parecia ter sido o único a ver.
- E sabe qual foi o melhor? – disse. – Foi conhecer vocês. Apesar de algumas coisas ruins, alguns momentos inconfortáveis, acima de tudo isso nós vivemos muitos momentos felizes, engraçados, loucos, ficamos bêbados, caímos, beijamos, choramos, festejamos... e tudo valeu à pena porque foi com vocês. Sério, acho que foi o melhor ano da minha vida!
- Eu concordo. – mexeu a cabeça. – Mas esse ano tem tudo pra ser ainda melhor.
E aí todos tocaram as taças de novo antes de tomarem tudo de uma vez só.
- Conhecer vocês foi a melhor coisa que poderia nos acontecer. – Niall falou, recebendo atenção. – Vocês nos salvaram da monotonia que é ser cinco caras conhecidos no mundo todo.
Rimos.
- Exatamente isso. – Apontei para ele. – Só temos a agradecer.
- Já deu de falar o quanto somos incríveis? – fez bico. – A gente já sabe disso, pf.
- Eu concordo com todos vocês. – Harry disse, limpando a garganta e todos olhamos para ele. Ele ficou quieto por um segundo, até perceber que todos estavam esperando que ele continuasse. – O quê? Eu não sei fazer um discurso. Eu sou um homem de poucas palavras. Eu amo vocês, só isso, tchau. – Ele disse, sentando na sua cadeira de novo.
- Que bonitinho. – Louis caçoou, nos fazendo rir.
Depois disso nós ainda brindamos ao amor, à paz, à amizade, ao novo ano e que ele fosse bom, à nossa carreira, à nossa família e a tudo mais que lembramos. Depois, ficamos olhando os fogos no horizonte, soltados pelas pessoas da cidade a alguns quilômetros de onde nós estávamos.
- Ok, vamos humilhar os vizinhos agora. – Louis falou, posicionando melhor os fogos que compramos no chão.
- Não, sai daí. – Eu o empurrei para longe – com o tanto de álcool que você bebeu, vai entrar em combustão interna se chegar muito perto.
Niall me ajudou a acender os fogos que nós compramos todos juntos, e eles estouraram em um intervalo de tempo de cinco segundos, formando cascatas de fogos coloridos no céu estrelado.
Então entramos para nossa “ceia de ano novo”, e nos acomodamos todos na grande mesa redonda. Havia uma espécie de banquete que não sei como conseguiu preparar praticamente sozinha, só com a ajuda de e em algumas partes.
Beijei seu rosto do meu lado e falei no seu ouvido:
- Você é incrível.
Ela sorriu e colocou algumas coisas saudáveis no meu prato, mesmo depois de eu fazer cara feia.
- Me passa a maionese, por favor? – pediu, levantando um pouco.
Entreguei-a a travessa com a maionese, e quando ela foi sentar enroscou o braço na taça de Harry e o líquido foi todo parar no seu vestido. Ele a olhou com os olhos arregalados.
- Desc...
- Ai, não! Você já começa o ano assim?! – Ela falou, limpando a roupa com um pano.
- Foi sem querer... – ele tentou ajudar.
- Deixa, sai que eu arrumo – empurrou ele.
Ri. Certas coisas nunca mudam.
Niall’s POV
As nossas gargalhadas foram ouvidas por todo mundo que estava perto de novo.
- Mais um, mais um! - Louis pediu ao barman e ele serviu mais quatro doses de vodka.
- Três, dois, um! – Liam contou e viramos ao mesmo tempo, nos estourando em risadas outra vez.
Eu já não sabia quantas doses havia tomado. Mas eram várias. Minha cabeça estava pesada e eu me pegava pendendo para o lado o tempo todo, então me segurei firme no balcão de madeira à minha frente enquanto tomava outras bebidas com os garotos. Liam talvez estivesse até mais bêbado do que eu, o que a gente não via todos os dias. Nós falávamos coisas idiotas e ríamos de tudo que falávamos. Louis era o pior entre nós, por estar bebendo desde que saímos de casa.
Nós decidimos ir para alguma festa legal de fim de ano, menos, é claro, e Harry que já não se misturavam mais com a gente. Em um determinado momento, quando começamos a chamar a atenção de todo mundo em volta pelo escândalo, o resto das meninas se afastaram para não passarem vergonha, mas nós já estávamos tão bêbados que nem ligamos.
- Aqui, tira uma foto. – Liam deu o celular à Louis e veio para perto de mim, levantando a camiseta e fazendo uma careta. – Vamos dar algo para as nossas fãs, elas devem estar querendo algo sobre o que falar.
Fiz uma careta e um gesto com a mão, e depois eu e Louis também tiramos fotos idiotas. Mais algumas fotos com flash foram tiradas sem querer e postadas, e eu garanto que aquilo era um prato cheio para todas as fãs, e também que iríamos nos arrepender mais tarde.
Saímos então para procurar por Zayn que havia se afastado de repente, e tirar umas fotos dele também, só que nós não os encontrávamos, principalmente porque estava difícil de andar com aquela gente toda.
- Ali está ele. – Liam apontou, mas meu olhar se perdeu antes de chegar no lugar desejado, quando percebi, em um outro bar mais reservado, depois da pista de dança e da multidão, sentada tomando uma bebida.
Mesmo com um alto nível de álcool no meu corpo, eu ainda travava ao vê-la. Toda vez.
Meus pés me direcionaram para lá instantaneamente sem eu perceber, e ouvi os garotos me chamando, mas ignorei. Atravessei as pessoas na pista de dança, me esquivando delas da melhor maneira tentando não tropeçar nos meus próprios pés e cair. Porém quando cheguei a apenas alguns metros de onde ela estava sentada, notei algo errado naquela cena.
estava sentada com as pernas cruzadas, em seu vestido rodado branco e não muito curto, com apenas um grampo segurando seus cachos soltos sobre o ombro esquerdo e bebia calmamente um coquetel azul com um pequeno guarda-chuva em um palito com duas azeitonas na ponta. Ela era simplesmente maravilhosa. Mas algo estava errado naquela imagem, e era o cara sentado ao seu lado usando uma camiseta polo vermelha ridícula e uma calça bege, com um tênis também vermelho. Ela não estava dando muita moral, até desviou o rosto quando ele chegou mais perto para falar algo, olhando para o outro lado. Ele não aceitou a recusa e colocou a mãozona na coxa dela, e apertei meus punhos com força, dando um passo para frente instintivamente. Ela virou para ele com cara feia e empurrou sua mão, só para dois segundos depois ele pegar seu pulso e puxá-la.
Eu acabei com o espaço até lá em poucos passos decididos, dessa vez sentindo de verdade o meu corpo, porque ele estava queimando de raiva. Puxei-o pelo ombro para virar para mim tão rápido quanto meu punho acertou a cara dele, e o cara vacilou atingindo o chão atrás de si.
gritou e se levantou do banco no mesmo momento em que uma galera começou a se amontoar para ver o que acontecera. Percebi alguns flashes, mas não pensei que aquilo era um sinal claro de que eu devia sair dali logo, porque estava bêbado demais para me importar com a mídia.
puxava meu braço para me tirar dali, mas eu virei para trás e a afastei pelos ombros alguns passos para ela sair da zona de perigo. Quando virei de volta para frente, antes de poder fazer qualquer coisa um punho também me acertou ao lado da minha boca. Pude ouvir meu maxilar se deslocando, e caí no chão tão rápido quanto uma pedra, minha cabeça servindo como âncora. Depois disso, eu não senti muita coisa, a bebida e a pancada entorpeceram meus sentidos, e eu acho que cheguei a desmaiar por um segundo. Mesmo assim sei que levei mais alguns socos antes de alguém tirar o cara de cima de mim.
- Niall! Por favor! – Ouvi baixinho, ao longe, e então abri os olhos e os sons altos da festa me atingiram de novo. – Niall! – virou meu rosto para ela e colocou uma mão bem onde doía mais, ao lado da minha boca, e depois passou a mão no vestido e manchou um pouquinho de sangue. Me dei conta do que estava acontecendo, de novo. – Vamos sair daqui!
Ela agarrou meu braço e me puxou, mas eu não conseguia levantar porque estava muito tonto, então precisei ir tropeçando até que conseguisse me levantar de verdade enquanto ela me puxava. Em segundos uma porta foi fechada atrás de mim e a música ficou mais baixa, e eu consegui me sentir aliviado. Pude ouvir o barulho de uma chuva leve caindo no chão, mas estávamos em algum lugar coberto.
- Ai, meu Deus!
- O que aconteceu? O que é isso?
- É sangue? Ele se machucou?
- Niall!
Levei a mão à cabeça e reclamei de dor.
- Shhh! – pediu para as outras vozes que eu sabia ser de , e .
- O que aconteceu?
- Vamos sair daqui antes de tudo. Tiraram fotos, em alguns minutos vai estar tudo na internet.
- Temos que achar os garotos! – Alguém que reconheci ser falou.
- Alguém volta lá, então. Precisamos entrar no carro agora.
- Eu volto, tudo bem.
- Eu ajudo, vem. – veio para o meu lado e pegou meu outro braço, e as duas me escoltaram até dentro do nosso carro.
As duas me sentaram no banco de trás e foi para o banco do motorista enquanto sentava no carona.
levantou meu queixo e eu reclamei de dor, sem conseguir abrir meu olho direito muito bem. Ela passou o dedo de leve em cima da minha sobrancelha e senti um corte ali.
- Você é louco? – Perguntou, baixinho.
- Ele... ele estava te... incomodando.
- Você se meteu em uma briga séria! – Ela pegou alguns lencinhos de papel que alcançou do porta luvas e passou no meu rosto. – Aquele cara te encheu de porrada, Niall!
- Pelo menos saiu de perto de você.
- Shh! – Pediu. Segui seu olhar rápido para os bancos da frente e mordi a língua. Supostamente nós não gostávamos um do outro. Supostamente.
- Onde estão os outros? Precisamos sair daqui logo!
- A foi procurar os outros bêbados. – suspirou. – Isso pode levar um tempo.
- Eu vou ajudar ela. – disse, e a vi saindo do carro em direção à chuva, que despencava agora mais forte lá fora.
’s POV
Liam, Louis e Zayn ainda precisavam ser achados. O primeiro que vi foi Liam, conversando com o DJ da festa com uma garrafinha pequena de cerveja na mão.
- Ei – chamei, colocando minha mão em seu ombro e ele se virou para trás para ver quem era.
- ! – Gritou e me abraçou forte, me tirando do chão como se não me visse há anos.
- Liam, já chega. Me escuta, vai para o carro agora, a gente tem que sair daqui, ok?
- O que aconteceu? Relaxa, você só vive uma vez. – Piscou para mim, e eu bufei.
- Não pergunta, só vai. As meninas estão no carro, bem na frente da porta dos fundos, vai. – Empurrei-o para a direção da porta e ele foi, cambaleando.
Ri enquanto saía à procura dos outros. Liam era uma figura até bêbado.
Não achei Louis em lugar algum, e algo me dizia que ele seria o mais difícil de achar então deixei para que o entendia melhor e resolvi procurar por Zayn. Eu nunca vira Zayn bêbado antes, até fiquei um tanto curiosa para ver a cena.
Depois de atravessar uma pequena área com algumas pessoas dançando, eu o encontrei perto de um balcão com bebidas coloridas e borbulhantes e discos giratórios. Me aproximei de lá, mas antes de chegar eu vi a última coisa que desejava ver. A garota ao seu lado riu praticamente em cima dele com uma mão em seu ombro, e em seguida se aproximou bastante, e ele não fez nenhuma objeção. Então, vendo como um sinal verde, ela apenas puxou-o pela nuca e grudou a boca na dele. E ele correspondeu. Até a segurou pela cintura. Minhas pernas travaram e todas as expressões fugiram do meu rosto juntamente com o sangue. O choque que percorreu o meu corpo não foi uma sensação boa, e eu me senti tonta e deslocada de repente. Minha mente se tumultuou.
Eu não devia sentir isso, e era extremamente errado exigir qualquer coisa dele depois que gritei com ele naquela loja e deixei claro que não tínhamos nada. Mas eu não conseguia parar de pensar que aquela garota devia ser eu. E quantas outras já não passaram pelas mãos dele só nessa noite? Senti meu estômago revirar de novo. As mãos que me seguravam com tanta firmeza. Os olhos que olhavam nos meus passando segurança. A boca que roçava na minha para provocar. A respiração acelerada que eu provocava. Tudo nele devia ser meu, e só meu. Só em pensar em outras garotas no meu lugar, meus olhos ficaram embaçados.
Isso é errado, . Você não pode se abalar com algo que venha dele. Ele não é mais nada seu. Nunca fora. Nunca seria. Ele tinha o direito de seguir em frente, até porque foi eu quem exigi isso dele.
Levei uma mão à cabeça, me sentindo tonta. Eu não conseguia mais olhar aquela cena. Ele se afastou da garota e seu olhar foi parar em mim na mesma hora que, em choque, virei de costas para evitar seu olhar. Eu precisava sair dali. Fingir que nunca vira aquilo. Que nunca aconteceu. Que eu não me importava.
Andei (corri) em direção à porta da frente da boate, que estava mais perto de mim. Ouvi sua voz chamar meu nome algumas vezes, cada vez mais perto, enquanto tudo que eu queria era fugir, me esconder, deitar em minha cama e me enrolar embaixo dos cobertores e evitar chegar perto dele para sempre. Eu me sentia a garotinha frágil e insegura do colegial outra vez. Tudo o que já passamos de repente ficou muito recente para mim, me atingia como tapas na cara, todas as vezes que nos beijamos, abraçamos, trocamos carinhos e ele garantiu que largaria tudo por mim. Tudo mentira! Não passou de uma grande e gorda mentira.
De repente as lágrimas se misturaram com lágrimas de frustração e raiva, eu odiava Zayn Malik, odiava! Tudo estava tão bem antes de ele entrar na minha vida com seus sorrisos tímidos, suas palavras persuasivas, sua voz sexy e suas mentirinhas mascaradas de declarações! Ele nunca fora melhor do que Pedro. Tudo o que eles ou qualquer garoto que chegava perto de mim fazia era provocar um monte de decepções cada vez maiores e mais fundas. Eu não aguentava mais.
Empurrei a porta com força e irrompi para fora do local, sentindo em questões de segundos minhas roupas e meu cabelo ficarem encharcados pela chuva forte. Olhei em volta, mas não havia nada além de uma rua mal movimentada e uma pequena fonte de água do outro lado no meio do que parecia ser uma praça. Corri para lá sem pensar. Eu não queria voltar para o carro, queria ficar sozinha.
- ! , por favor! – Ouvi a porta se fechando na boate por cima do barulho da chuva. Os passos dele batendo contra as poças de água e se aproximando de mim.
Quando vi que não havia mais para onde correr, me virei para ele.
- Não chega perto de mim! – Apontei e gritei com raiva, para que ele me ouvisse. Aquilo já não fazia o menor sentido. Eu estar brava com ele. Eu havia pedido para ele se afastar e deixado claro que nunca tivemos nada. Ele tinha todo o direito de ficar com quem quisesse. E eu estava sendo tão irracional, mas aquilo não era mais só raiva por ele estar beijando uma qualquer na minha frente, era porque ele me usou todo esse tempo para satisfazer suas vontades e me encheu de calúnias e ilusões, e eu fui burra e acreditei em tudo.
- , por favor, vamos conversar. Ela não... – ele apontou para trás. – Ela não era ninguém. Eu juro. Eu mal sei o nome dela.
- Como se isso melhorasse as coisas! – Meus gritos saíam em uma voz estrangulada, raivosa e magoada, em meio ao choro. Passei as mãos nos olhos, certa de que isso provocaria marcas pretas ainda piores em função da maquiagem borrada.
Ele se aproximou um passo, as mãos levantadas como que para me acalmar, a expressão assustada e arrependida.
- Por favor, me perdoa. – Disse, cuidadoso. – Eu... eu não sei o que estava fazendo. Eu só deixei que ela se aproximasse, eu... nunca foi minha intenção. , eu pensei que você nem se importasse.
- Eu não... eu.... – Ele estava certo. Em tudo. Em estar confuso, e em achar que eu não me importava. Eu não devia me importar.
Ele deu outro passo em minha direção e eu me afastei.
- Você pode fazer o que quiser com a sua vida, Zayn. Você pode comer quantas vadias quiser. – Falei, tentando me recompor e secar um pouco as lágrimas.
- Não faz assim...
- Não chega perto de mim. – Repeti, me afastando.
- Não, quer saber? – Ele explodiu, o jeito cuidadoso dando lugar à um cara um tanto impaciente e confuso. Veio até mim em dois tempos e me segurou pelos ombros, com firmeza. – Você me pede para te deixar em paz, diz que nunca tivemos nada e que nunca vamos ter. Que cansou de mim. E aí você me deixa um lixo, só te olhando de longe e te desejando pelos cantos. Então, quando eu começo a curtir e ficar com outras garotas de novo, você grita comigo e chora. Eu não te entendo! Me explica, , porque eu não entendo!
Por algum motivo eu comecei a chorar de novo. Tipo, como uma criança com medo. É porque nem eu me entendo, Zayn. É porque eu ainda te amo.
- Eu... eu só... não pensei que você fosse me esquecer tão rápido. – Falei a primeira coisa que passou pela minha cabeça. Não era totalmente mentira.
- Por que você está chorando? – Ele choramingou, soltando um pouco meus ombros, segurando com mais cuidado. Levantou uma mão, e passou o polegar com delicadeza pelo meu rosto para limpar uma lágrima. – Por que, ?
E lá vem ele de novo. Eu senti vontade de perguntar se ele não cansava. De me fazer de boba, de amolecer meu coração de novo e de novo repetidas vezes com os gestos e as palavras só para me ver arrasada de novo no final.
E lá vinha a raiva de novo. Empurrei-o com força pelo peito, mas quem cambaleou para trás fui eu.
- Por que você não para de me iludir! – Berrei.
Eu não lembro exatamente o que aconteceu depois. Em um segundo, eu berrava todas as piores palavras do meu vocabulário para Zayn enquanto o enchia de tapas e empurrões, suas roupas e seus cabelos tão ensopados quanto os meus, e em outro ele simplesmente segurou meus pulsos com tal facilidade e me puxou com força contra o seu peito, me chocando contra ali e me beijando antes que eu pudesse pensar.
A cena toda foi tão rápida, que no mesmo momento meu corpo todo sentiu aquela corrente elétrica quente e forte passar desde os fios de meu cabelo até a ponta dos pés. E isso me colou a ele de tal forma que de repente nada mais existia. Nem a chuva, nem o frio, nem as lágrimas, os gritos e a raiva. Só eu e ele. E o beijo. Quente, molhado e urgente. E as mãos dele na minha cintura, me segurando com tanta força que nem se eu quisesse escaparia dos seus braços. E o pior, é que eu não queria.
’s POV
Onde encontrar três garotos idiotas e bêbados e perdidos em uma festa?
Peguei meu celular e comecei a ligar para qualquer um dos garotos, mas ou o celular chamava e ninguém atendia, ou nem chamava. Olhei em volta, perto dos bares, no meio da pista, perto do DJ, nos banheiros e nada. Meu celular vibrou em meu bolso e eu o peguei, lendo uma mensagem de :
“Zayn e Liam já chegaram, ache Louis e vamos sair logo daqui.”
Parei de novo perto da entrada para os banheiros e pensei um pouco. Onde Louis Tomlinson podre de bêbado se meteria numa festa dessas senão no bar ou na pista? Então, de repente me ficou claro. Olhei em volta e como imaginava não havia quase nenhum daqueles grupinhos de garotas que existiam em toda festa. Onde One Direction está, as garotas estão, logo, basta segui-las para chegar até ele.
Comecei a andar de volta pela pista de dança que tinha um enorme formato oval, e então vi em uma das extremidades algumas garotas dançando em grupo. Fui para lá, e o quanto mais seguia, mais garotas e barulho e risinhos haviam ali. O lugar começou a ficar apertado, e eu as empurrava para poder passar. Até que vi um grande grupo de garotas dançando em um tipo de círculo e sabia, pelas palminhas, gritinhos de encorajamento e risos que ele estava ali no meio, por mais que eu não pudesse vê-lo.
Afastei duas garotas, e quando fui afastar a próxima, que dançava e se mexia freneticamente como algum louco tendo uma convulsão, ela virou para mim com cara feia.
- Sai daqui, garota! – Gritou para mim por cima da música alta. Tentei ignorar e passar, mas ela não fazia o favor de sair da frente. – Vaza daqui, ninguém te chamou!
Suspirei pesadamente e apoiei o peso do corpo em uma perna só enquanto cruzava os braços e a olhava com superioridade.
- O que foi, fofa? Você não quer briga, quer?
Ela riu fraco.
- Vai fazer o quê? Chegamos aqui primeiro.
Suspirei enquanto a observava de cima à baixo brevemente. Não acreditei que existissem tipos daquele fora dos filmes.
- Seguinte, Regina George. Você e suas amigas não têm chance com o Louis, então é melhor nem perderem tempo – sorri fraco.
A garota riu alto e me olhou por um momento.
- E acha que você tem? – Ela disse com tal convicção que tive que erguer as duas sobrancelhas. Uau. Essa vadia queria mesmo ser humilhada. – Com essa sua cara feia?
- Olhe e aprenda comigo e minha cara feia. – Pisquei para ela e avancei para frente, afastando-as cada uma para um lado e passando no meio delas, indo em direção a Louis que dançava de um jeito idiota no meio das garotas. Não acredito que eu gostava desse tapado. Eu fui até ele, e quando ele me viu parou de dançar e sorriu.
- ... – levantou os braços para exclamar meu nome, mas antes que ele pudesse fazê-lo, eu segurei seu rosto com as duas mãos e o beijei.
Adorava a sensação de pegá-lo de surpresa, seu beijo era ainda melhor assim. Os braços de Louis foram para a minha cintura e me apertaram contra si. Depois que nos afastamos, e só porque o fôlego acabou, ele me olhou um pouco (completamente) confuso, mas não deixei que ele falasse. Apenas puxei-o pela mão pelo mesmo caminho de onde vim e passei pelas garotas, incluindo principalmente a patricinha metida. Despejei um sorriso cínico e um beijinho para ela, e então saímos dali.
À medida que nos afastávamos, comecei a me dar conta do que fiz e minhas pernas tremeram de empolgação e nervosismo. Empolgação porque eu arrasei com aquelas garotas e isso sempre era uma coisa boa a se fazer, e nervosismo porque... bem, eu o beijei. De novo.
- , ... – Louis chamava, mas eu não ousei parar. Até que ele mesmo parou e tive que parar também, porque segurava sua mão.
- Temos que ir logo, estão todos nos esperando. Niall se meteu em encrenca.
- Você... é que... – ele parou um pouco e colocou as duas mãos na cabeça, meio confuso. Depois, começou a rir. Um riso de bêbado. Revirei os olhos.
- Louis, vamos. – Peguei seu pulso e fui andar, mas ele puxou o braço de volta e permaneceu no mesmo lugar. Parei e olhei-o. – Qual é o problema?
- Problema nenhum, você... – ele apontou para trás onde nossa ceninha havia acontecido há poucos segundos. – Você me beijou. Eu estou perfeito. Eu... eu acho que vi estrelas!
- Louis... – fiz cara de pena. – Você tá bêbado. Vamos logo.
- Não, eu, eu, eu... – tropeçou algumas vezes, e apontou um dedo para me calar. – Eu vou... eu vou aproveitar e falar agora, ok? Só que você tem que escutar bem, escuta bem. – Parou, e me olhou por vários segundos com cara de alguém sob o efeito de muito álcool. Só cruzei os braços e esperei.
- Me fala, Louis.
- Eu... eu acho que eu acho que... – ele fez uma cara confusa. – Eu acho – começou de novo, mais pausadamente. – Que você é a garota mais linda que eu já vi em toda a minha vida.
- Eu não tenho tempo pra isso. - Revirei os olhos e me aproximei para puxá-lo. Ele se esquivou de novo.
- Não, você tem que saber, você tem! Você tem que saber que... que a sua boca tem gosto de morango e me lembra a minha infância e que os seus olhos são a minha cor preferida porque me lembram de... de... – olhou para as mãos e começou a pensar enquanto fazia um gesto estranho com elas. – De... bala de café. É delicioso, sabe. E o primeiro beijo da gente teve gosto de caramelo e eu gosto como os seus cabelos eles se enrolam nos meus dedos quando eu toco neles, e quando você deixa eles naturais e joga para um lado só você parece a Sandy Olsson naquela cena de You’re The One That I Want... – Ele parou para retomar o fôlego que gastou falando muito rápido e sem pausas. – E eu amo Grease.
- Lou... – dessa vez minha voz saiu mais como um pedido de “não faz isso comigo”.
Ele está bebado, , bêbado, pensei.
- É verdade, , e... – Ele sorriu, cambaleando um pouco. – E eu amo te chamar pelo seu apelido, e eu amo o seu jeito petulante quase como eu quando quer, e também como você age como uma irmã mais velha das garotas quando é preciso, mas como é a pessoa mais festeira e louca que eu já conheci, e eu acho estranho e magnifico ao mesmo tempo quando você me beija de surpresa e depois age como se nada tivesse acontecido, porque você me deixa louco! E... e tem mais muitas outras coisas que eu amo, , mas... acho que todas elas se resumem em... eu acho que eu amo v...
- Não. – Puxei-o com firmeza dessa vez e ele cambaleou, me seguindo. – Não, você está completamente bêbado e não sabe o que está falando e a última coisa que eu preciso é ouvir essa porra, tá bom? – Falei, meio brava. – Você é uma criança, Louis, olha só pra você! Nem parece que já tem vinte e um anos! Você é só um cara bêbado que não sabe o que fala e gosta de ter tudo nas mãos porque é rico e famoso. Só. Esquece isso. Esquece, porque da próxima vez que ficar bêbado vai falar o mesmo para a primeira garota que você ver. A última coisa que eu preciso é de um idiota como você colado no meu pé! – Falei, enquanto andava para fora da boate.
Ele se calou depois disso, como uma criança levando um sermão. Soltei seu pulso quando estávamos perto da vã e entrei no banco de trás, deixando que ele se virasse sozinho para entrar no do meio.
Me encolhi ali e tratei de começar a refazer o muro que ele havia derrubado com todas aquelas palavras, o muro que havia feito com tanto cuidado só para ser destruído toda vez que ele falava algo desse tipo.
’s POV
A gente chegou em casa e e Harry dormiam no sofá, com um filme de ação rodando baixinho na TV. Tudo que consegui ver foi Angelina Jolie na tela antes de desligar a mesma e os outros entrarem atrás de mim, fazendo barulho por estrarem bêbados.
Fui puxada para trás de surpresa e Liam me beijou. Afastei-o com as duas mãos em seu peito.
- Sai. Você tá bêbado. Sai.
- Ah, ...
- Não, Liam, vai tomar um banho.
Ele só se jogou no sofá e escorou a cabeça na guarda, descansando. Zayn bateu em algo e derrubou um porta-retratos no chão, quebrando-o e assustando o casal, que acordaram em um susto.
- Ai, meu Deus. – levantou quando viu o estrago na cara de Niall que vinha escoltado por e , tanto por estar bêbado quanto pelo machucado. – O que aconteceu?
- Sai, Harry. – chutou de leve a perna de Harry e ele se levantou do sofá coçando os olhos, ainda um pouco perdido. – Ele se meteu numa briga. Alguém trás um pano molhado.
foi até a cozinha e voltou momentos depois com um pano, que passou cuidadosamente – até demais – no rosto dele. pareceu notar o mesmo que eu, e fez uma expressão confusa.
- Espera aí... ele se meteu numa briga por quê?
- Tinha um cara... – mexeu a cabeça, fazendo uma careta.
- Um cara tentando agarrar ela. – Ele falou pela primeira vez, tentando afastar a mão dela, mas sem sucesso. – Eu não podia deixar.
- Você defendeu ela? – levantou uma sobrancelha. – Por quê? Vocês não são tipo... tipo nós? – Fez um gesto para Harry e ela.
- Eu acho que estão esquecendo de nos contar algo. – cruzou os braços e sorriu um pouquinho.
- E então? – olhou para eles também. Até os bêbados pararam de fazer sabe-se lá o que estavam fazendo para olhar para os dois.
mordeu o lábio, mas não olhou para ninguém, e só continuou limpando o machucado.
- Ele só me defendeu. Ou vocês esperavam que...
- Nós estamos juntos. – Niall interrompeu-a e disse, em alto e bom tom.
Todos ficaram em silêncio por um tempo.
- Zayn, você me deve cinquenta libras. – Louis disse, tropeçando numa poltrona e indo para a cozinha.
Zayn, por sua vez, praguejou e se jogou em uma das poltronas, puxando uma pequena alavanca que fazia os pés dela levantarem e as costas deitarem. Ele soltou um “ahhh” de prazer e se virou para dormir.
- Vocês estão juntos?! – falou, um tanto empolgada.
- É, nós estamos. – suspirou.
- E por que não contaram? – Perguntei.
- A gente só queria evitar esse tipo de reação de vocês. Não queremos tomar nenhuma decisão precipitada.
- A gente não vai se meter na vida de vocês. – foi até e a deu um beijinho na bochecha. – Só queríamos saber. A gente meio que já imaginava, vocês não são as pessoas mais discretas do mundo.
- Desde quando? – perguntou.
- Hum... – olhou para Niall, pedindo ajuda. – Desde Paris?
- Eu acho... – ele falou, pegando a mão dela que agora descansava em sua perna. – Paris... ou Lyon.
- Isso é tão legal! – exclamou. – Quer dizer, agora são três de nós. Só faltam dois. – Ela olhou para e com um tom de esperança.
- Eba! – bateu palminhas em um tom falso e irônico. – Vamos dar pulinhos de alegria. – E depois passou por ela e subiu as escadas.
- O que essa menina tem contra mim ultimamente?
- Você tá feliz, raio de sol. – foi até ela e a deu um peteleco no nariz. – E ela, não. Pelo menos não do jeito que gostaria de estar. Dá um desconto pra . – disse e seguiu para a cozinha.
- E eu acho que rolou algo entre ela e o Lou hoje, quando chegaram no carro o clima estava super tenso. – Olhei para o sofá e vi Liam dormindo. – Liam! Acorda, seu imprestável. – Chutei suas canelas e ele acordou assustado. Ri.
- Ai, que nojo! – Ouvimos gritar da cozinha e fomos até lá.
- Não vem. – Harry barrou e eu na entrada da cozinha. – O Louis vomitou. Eu vou limpar antes que vocês vejam e vomitem também.
- Tá certo. – Puxei o braço da e voltamos para a sala. A gente ficou por lá conversando um pouco sobre como a festa rolou depois que eles foram embora, logo no começo. Contei sobre os meninos decidirem tomar um porre juntos e tirarem fotos para postarem na internet. Eu tinha até preguiça de pensar em como o fandom estaria louco há essa hora. Ela me disse que há umas duas horas atrás entrou na internet e todo mundo só falava da viagem, de como era injusto não ter fotos deles na hora da virada de ano como nos outros anos, de que as meninas (no caso a gente) tomavam todo o tempo deles e agora eles nem tinham mais tempo para elas, e etc. A mesma coisa de sempre. Talvez boa parte fosse verdade, mas também queríamos eles para nós. Principalmente eu e , e agora também a . Imaginei como seria quando soubessem dos dois. Niall é o bebezinho do fandom, elas o protegem com unhas e dentes, eu teria medo por se não estivesse preocupada sentindo medo por mim mesma. Mesmo depois de meses elas ainda se lembravam do episódio Danielle e eu.
- Vocês já podem vir. – Harry falou, guardando os produtos de limpeza na despensa.
- Que tal se a gente jogar esses bêbados no mar? –Perguntei a eles.
- É uma boa. – Disse , descendo as escadas. Niall já havia subido para tomar um banho e descansar, acho até que quem colocou ele na cama foi ela. – Harry, você ajuda?
Ele fez que sim e foi para a poltrona pegar Zayn; e ajudaram ele a carregar o garoto que mais parecia desmaiado.
- Louis tá lá perto da agua já, é só empurrar ele.
- Eu posso fazer ele cair? – riu. – Eu amo isso.
- Vai em frente, pequeno gafanhoto.
Enquanto eles iam, eu ri e fui para o sofá. Sentei ao lado de Liam e beijei sua bochecha e pescoço de leve.
- Li...
- Hum?
- Vem cá, comigo. – Levantei e puxei sua mão. Ele levantou, abrindo um pouco os olhos, ainda em um estado de sono.
Ele me seguiu para fora da casa, e o guiei até a água. Quando cheguei lá, fiz ele parar onde a água lhe batia na canela.
- , o que...
- Shh...
Pedi, esperando a onda chegar. Ela veio bem grande, a maré estava alta e a água estava uns cinco metros para cima do normal. Quando a onda chegou, pegando quase na cintura dele, eu o empurrei pulando com força em suas costas e como ele ainda estava meio dormindo, caiu de joelhos e foi coberto totalmente pela agua, e eu levei água na cara também. Quando a água estava se recolhendo de novo, ele se jogou na areia e me molhou completamente também, me fazendo tossir um pouco quando pude respirar. Comecei a rir, e ele me tirou das suas costas e me segurou deitada no chão até a próxima onda vir, me cobrindo inteira com a água de novo, como punição por eu ter feito isso com ele. Ele repetiu a mesma coisa umas três vezes enquanto eu não parava de rir, e mal conseguia respirar porque quando eu não estava submersa na água, estava rindo muito. Até que voltei para a superfície, tossi um pouco e me segurei no pescoço dele, desesperada por ar e ele me segurou no colo por um tempo.
- Você foi uma garota muito má, muito, muito má!
- Pelo menos você não tá mais tão bêbado! – Beijei sua bochecha.
- Uau, , olha pra isso. – Ele disse, olhando para cima. Olhei também e o céu começava a ganhar um tom meio avermelhado no horizonte.
- Se chama amanhecer, Li. E é lindo, mesmo.
Nós saímos da água e sentamos na areia, vendo e Harry brincarem na água, bem como Louis, , Zayn e . Depois de alguns minutos, eles cansaram de cair em cima um do outro, tentarem se afogar de brincadeirinha e se derrubar na água, e vieram sentar perto de nós e aproveitar do espetáculo que a natureza dava todas as manhãs. Isso me lembrava demasiadamente daquele amanhecer depois da formatura das garotas, onde eu estava com Liam, e me senti tão feliz por ainda estar com ele tantos meses depois. E quem sabia até quando isso podia durar? Eu é que não sabia, e queria aproveitar ao máximo, porque quem sabe uma semana ou um mês depois algo pudesse nos separar.
Ele pareceu perceber os meus motivos, e me abraçou protetoramente como se dissesse “esse é o seu lugar, e daqui ninguém vai te tirar de mim”. Ficamos lá por uns quinze minutos, enquanto o céu passava de uma coloração avermelhada para laranja, e então um rosa forte, que ficou fraco, e depois em um tom lilás fraquinho até finalmente revelar o que seria um dia bonito e ensolarado de céu azul claro com nuvens branquinhas.
Os outros foram se retirando aos poucos, sendo a primeira e Louis o último, e eu e Liam fomos os últimos a entrar e ir para o quarto.
- Boa noite. – Ele deu um risinho e beijou meu rosto, quando deitamos na cama preparados para descansar.
- Boa-noite, amor. – Disse, apertando mais seu braço ao redor da minha cintura.
Capítulo 20
We´re looking for something dumb to do
Hey baby,
I think I wanna marry you.
Is it the look in your eyes,
Or is it this dancing juice?
Who cares baby?
I think I wanna marry you
Harry’s POV
- Isso não é bom. – avaliei nossa situação, observando a timeline do Twitter e os sites que falavam sobre nós, nem todos de uma maneira boa.
- Hum? – sentou para trás no sofá e olhou na tela – O que foi?
Havia diversas teorias e opiniões diferentes sobre cada um de nós separadamente, ao todo ou em casais. Nem todas eram boas, vale dizer. Muitas fãs reclamavam que era culpa das garotas que além de não darmos mais a devida atenção à elas, nós ainda estávamos mudando muito. Isso era, basicamente, pelas fotos postadas pelos garotos na festa de ontem, todos bêbados e idiotas ao extremo. Então, havia uma ou duas fotos de Niall logo após a briga e a maioria das pessoas também falava que aquilo era tudo culpa das garotas, como se fossem elas que tivessem pedido para ele se meter em uma briga ou dado um murro na cara dele em pessoa. E aquilo era ridículo. Niall se meteu em uma briga porque estava bêbado, isso não era óbvio para elas?
Enquanto acompanhava os tweets, eu fazia uma média de o quanto elas estavam putas com tudo aquilo. Diziam que e eram companhias erradas para nós, que estavam se aproveitando da nossa fama para benefícios próprios, que Zayn estava magoado e não era como antes – o que possivelmente era verdade -, e que eu estava me afastando de tudo por causa de . Resumidamente, o fandom resolveu se virar contra as garotas de repente, ignorando o fato de que elas nos faziam bem como nada mais fazia e vendo todas como algum tipo de ameaça, quando na verdade elas nos ajudavam mais do que qualquer coisa.
- O quê?! – ela exclamou, indignada. – Olha que absurdo! – apontou para um link na barra ao lado direito do site, com os outros posts recentes, que se chamava “qual das amigas particulares dos garotos da One Direction pode ser considerada o pior ícone de moda?”
Ela tomou o Mac do meu colo e clicou no link.
- Eu não estava falando disso. – Suspirei.
- Elas nos odeiam por que a gente usa cores vivas no inverno? – fez careta. – Olha isso! Esse casaco é meu! – ela apontou para uma foto de saindo da locadora em Londres com um sobretudo vermelho, e embaixo dizia “esse pode ser considerado o pior de todos”.
- Qual é o problema com o seu casaco? – Dei de ombros.
- Ela tá usando com uma legging estampada roxa. – suspirou pesadamente.
- Aqui – ri e apontei para uma foto de voltando do mercado com em uma manhã, provavelmente em novembro antes de voltarmos da turnê. Ela estava com uma pantufa de coelho.
Era tão estranho ver fotos das nossas amigas fazendo o que sempre fazem, como ir à locadora, na lojinha de doces, no mercado ou voltando do serviço em sites internacionais. Assim como muita gente falava mal, muita gente usava elas como ícone de beleza e personalidade, o que realmente condizia muito mais com a realidade de quem as conhecia como nós. Era difícil para mim e os garotos dividí-las com o mundo; elas, que deviam ser só nossas. Mas era um preço justo a pagar por tê-las. E, de qualquer modo, elas lidavam tão bem com aquilo que era inacreditável.
Fechei o Mac e coloquei na mesinha de centro, puxando-a para o meu colo e ela veio sem pestanejar.
- As suas fãs são difíceis. Eu pensei que elas gostassem de mim. – falou, bagunçando meu cabelo.
- Elas gostam. Metade dos tweets que recebo são mencionando vocês, com algumas fotos ou vídeos, e a maioria deles são bons. Elas amam a amizade de vocês e como são unidas, e aquelas que falam mal... – apertei de leve a ponta do seu nariz. – É porque têm inveja, e queriam ser vocês. A fama é tudo sobre isso. Você vai ter que se acostumar, modelo internacional da Gucci.
Ela sorriu.
- É, faz sentido. – levantou do meu colo e abaixou um pouco o short jeans colorido e curto que usava. – Eu vou fazer alguma coisa pra gente comer, você quer o quê?
- Uma banana. – pedi, coçando os olhos.
Férias davam tanto sono. Nós planejamos tanta coisa para se fazer em Creta, mas desde que chegamos só o que conseguimos fazer foi ficarmos deitados juntos, seja na cama, no sofá, no carpete, na areia da praia, até mesmo nas cadeiras de sol. Sempre juntos. Eu simplesmente não conseguia parar de desfrutar dela, da sua companhia, não importava o que fazíamos ou se o assunto acabava em algum momento, eu só queria ficar perto dela mesmo que em silêncio. Era quase como se eu estivesse me apaixonando de novo e de novo por ela todo dia.
E isso também estava provocando um avanço crescente na vontade física dela de ficar perto de mim. Eu podia cada vez mais sentir a eletricidade entre os nossos corpos toda vez que os nossos beijos ficavam mais urgentes, e apesar de ela sempre travar e se afastar, eu aceitava numa boa. Podia sentir que estávamos indo cada vez mais longe, e quando algo a lembrava de coisas ruins ou ela tinha muitos pesadelos à noite, no outro dia eu planejava alguma coisa legal para fazermos e apagar qualquer resquício de coisas ruins da sua memória.
- Acabou a banana, você vai ter que comer comida de gente. – ela disse rindo quando voltou para a sala.
- Que preconceito com... Macacos. – fiz um gesto de desaprovação para ela. se jogou ao meu lado no sofá e me deu um pedaço de torrada na boca. – Hum, sabe o que eu pensei?
- O que você pensou?
- Que a gente podia aproveitar a festa que eles querem ir amanhã e fazer uma noite só para nós aqui em casa.
- Hum... e fazer o que aqui?
- Ah, eu posso usar meus dons especiais para preparar um jantar bem gostoso pra gente, e aí depois a gente abre um vinho... – roubei o resto de sua torrada e coloquei na boca.
- Ei!
- E aí?
- É uma boa ideia, mas eu quero minha torrada de volta.
- Tem certeza?
Ela fez cara de nojo.
- Nojento.
e Niall nos tiraram do foco da conversa quando ela subiu as escadas correndo e rindo, sendo perseguida por ele.
- Não é lindo ver os dois finalmente se acertando?
- É...
- Eu queria ver a e a felizes assim... – ela suspirou e se enroscou em mim. – Será que um dia todos nós vamos ficar felizes juntos ao mesmo tempo?
- Eu não sei... – coloquei seu cabelo atrás da orelha. – Você tá feliz?
- Eu não posso ficar melhor. – sorriu.
- Que ótimo. Muito bom. – sorri de volta e beijei-a, alisando seu cabelo. – Minha garota.
’s POV
- Tudo bem.
- Eu sei que é injusto, , me desculpa. – Ellie falou outra vez. – Me desculpa mesmo. Não são ordens minhas. Megan estava passando as férias no Caribe e ficou furiosa.
- Fica tranquila, eu entendo. Só diz pro Jer que ele não precisa vir. Eu pego o avião amanhã, e de tarde já estou aí.
- A gente vai deixar um banquete te esperando para a hora do almoço. Todos estão com saudade! Beijos.
- Tchau.
Sorri pela empolgação sempre presente de Ellie, assessora de imprensa da série. Era chato ter que voltar bem antes do que o esperado para Londres, mas era por causa da série, e não tinha o que eu pudesse fazer. Eles resolveram começar a gravar a segunda temporada logo, e eu já estava com saudade de estar em frente às câmeras, tenho que admitir. Não tinha mais nada que me prendesse aqui, além das garotas, mas elas teriam que entender que estava voltando por motivos importantes.
Suspirei, sentando na cama e decidindo o que fazer. Peguei o guia telefônico de cima da mesinha ao lado da cama e disquei o número do aeroporto. Depois que me certifiquei de que havia um voo disponível para a hora em que eu precisava, comprei a passagem pela internet mesmo e depois tomei um banho. Então, coloquei minha mala em cima da cama e dobrei todas as roupas que estavam desarrumadas ali. Coloquei minhas roupas de cima da cama dobradas lá dentro e fechei tudo, deixando organizado.
Só aí eu desci, quando já era finalzinho de tarde. Já fazia quatro dias que estávamos ali e tudo que fizemos hoje foi ficar na praia a tarde toda, fazendo lanches, nos refrescando na água e ficando juntos.
- Ei. – sentei no balcão da cozinha, observando preparar alguma coisa e Zayn colocar uma xícara no micro-ondas.
- Oi , quer café também?
- Não, não... – peguei uma maçã, dando uma mordida. – Ei, escuta. Eu vou ter que voltar amanhã para Londres.
Tanto quanto Zayn me olharam.
- Por quê?!
- É porque resolveram começar mais cedo as gravações da segunda temporada. Eu não tenho muito o que fazer. Já comprei a passagem.
- Ah, que droga! – ela pareceu visivelmente chateada. – Você devia poder desfrutar das férias. Ah, mas tudo bem se esse é o seu trabalho. A gente vai sentir falta de você aqui!
- É. – Zayn concordou, apenas. Olhei-o.
Eu e ele não nos falamos depois daquela noite do beijo. Tudo que aconteceu era que eu arrumei forças de algum lugar de dentro de mim e me afastei dele, acabando com qualquer esperança tanto dele quanto minha de que nós pudéssemos voltar a ter algo juntos. E eu estava orgulhosa e arrependida ao mesmo tempo, porque parecia tão mais fácil só sucumbir ao desejo e me entregar à ele outra vez. Mas aí eu sabia que toda a decepção e a dor viriam de novo uma hora ou outra, e nós dois merecíamos algo melhor do que aquele vai e volta, que só nos fazia mal.
- Obrigada. Mas tudo bem, porque a gente vai trabalhar tanto que eu nem vou ter muito tempo pra ficar sozinha além de na hora de dormir. E qualquer coisa, eu fico na casa dos meus pais.
- Quando você vai?
- Amanhã ao meio dia. Já está tudo pronto.
- Ok, então eu vou arrumar uma janta pra gente, em sua homenagem.
Ela piscou e eu concordei, para deixar feliz. Ajudei-a a preparar a comida e depois fui chamar todos os que passaram o dia todo na praia e ainda estavam lá brincando. Louis, principalmente, amava água. Mas só quem estava lá eram Niall, , Zayn e Liam.
- Onde estão Louis e ? – perguntei à e Harry deitados no sofá rindo de algo que eu nem imaginava o que era.
- Eles saíram no meio da tarde para visitar algo aqui perto. – falou, levantando a cabeça e deitando-a logo em seguida.
- Ah, tudo bem. Venham jantar, a comida tá pronta.
Sentamos todos na mesa, e todos estavam famintos por terem passado o dia todo agitando lá fora. Bem, quase todos. Até mesmo eu, que nem cheguei à ficar a tarde toda na praia, estava exausta e faminta. Minhas pálpebras pesavam e coçavam um pouco, e pude ver pelo rosto de todos que passaram o dia ao ar livre, que se sentiam iguais, senão mais exaustos do que eu. Não conseguia parar de rir da faixa vermelha que cruzava o rosto de Niall, nas maçãs do rosto e em cima do nariz, por ter pegado muito sol. Ele estava hilário.
- Estou preocupada com e Louis, eles já deviam ter voltado. – suspirou.
Louis’ POV
- Já chega, vamos voltar. – ela falou, soltando o GPS no painel.
- , acho que a gente achou... – apontei para uma estradinha de chão que começava no meio da estrada também de chão em que nos metemos.
- Não, Louis. A gente tá perdido. Aceita isso e por favor vamos voltar antes que a gasolina acabe.
- Tudo bem. – fiz bico e entrei na estradinha para fazer o retorno. – Mas eu realmente acho que é aqui.
- A gente já entrou em três estradas cada vez menores e estamos cada vez mais longe da rodovia. Daqui a pouco vamos chegar na Turquia! – Disse e eu ri. - Eu te disse, vi na internet que de onde estávamos dava só quarenta minutos até lá. Andamos por três horas. E você está vendo algum lago por aqui?
- Não. – suspirei. – Tudo bem, vamos voltar.
Nós andamos por cerca de dois minutos em silêncio até que o carro começou a falhar e falhar até parar.
- O quê? O que aconteceu? – ela se ergueu um pouco para olhar para fora. – Foi a gasolina, Lou?
- Não. – olhei no painel. – A gasolina tá legal. Acho que isso aqui é a luz do óleo. Fica aí, eu vou descer e ver o que é.
Peguei uma lanterna embaixo do banco, onde o senhor que nos alugou a picape disse que ela estava. Ele falou que o carro estava na melhor condição, e Liam falou que se quiséssemos sair era para alugar outro carro, porque eles podiam ter que usar o que está em casa. Então, pegamos uma picape azul, porque enlouqueceu por ela.
Ainda não estava completamente escuro, o sol ainda lançava seus últimos raios deixando o céu com uma coloração diferente. Quando cheguei no capô percebi que estava quente, e saindo uma fumaça. Pelo jeito a picape não era tão boa quanto nos disseram.
Dei uma olhada rápida, mas não consegui descobrir o que era. Eu não era acostumado àqueles carros... antigos.
- Eu não sei, acho que vamos precisar de ajuda. Talvez o motor tenha pifado. – falei, pela janela.
- E agora, Louis, o que nós fazemos? – ela pareceu irritada. – A gente tá no meio de lugar nenhum!
- Não grita, ok? A gente pode ligar pra alguém, chamar ajuda, algo assim. – procurei meu celular no bolso, demonstrando calma, mas estava dentro do carro. Ela pegou o dela.
- Eu não tenho sinal. – ela bufou. ficava linda bravinha, e quase senti vontade de falar isso em voz alta. – Me deixa ver isso aí. – desceu do carro e foi para o capô enquanto eu entrava no banco do motorista para procurar meu celular.
Enquanto procurava por ele no porta luvas, eu a observava procurando por algo lá dentro, franzindo o cenho quando não entendeu nada e depois colocando as mãos na cintura e batendo o pé. Eu queria ela, decidi isso naquele momento. Queria de verdade, pelo menos uma vez, pelo menos para tentar entender o que eu sentia, sem joguinhos e brincadeirinhas, sem essa confusão que criamos de amizade e amor misturados. Eu queria .
Peguei meu celular e o desliguei.
- Tem sinal? – ela perguntou pela janela.
- Não. – mostrei a tela. – Sem bateria.
Ela me olhou parecendo furiosa por um tempo, como se a culpa fosse minha, e depois meteu a mão no painel e puxou sua bolsa com força.
- Ei! O que está fazendo?
- Eu vou procurar ajuda! Você nos meteu no meio do nada, eu não quero ficar aqui a noite toda.
- ! – gritei, saindo do carro e batendo a porta com força demais. – , volta aqui! Você não pode sair por aí sozinha no escuro e no meio do nada!
- Ah, eu posso sim, e é isso que vou fazer! – ela gritou, se afastando em passos largos quase como se estivesse marchando.
- ! Volta aqui, mulher! – apressei o passo e quando cheguei razoavelmente perto puxei seu pulso, e ela voltou com um puxão para perto de mim, batendo com força contra o meu peito.
- Ai! – reclamou, me afastando pelo peito, mas segurei seus braços ali e sorri para ela. – Louis, me solta e vê se me deixa em paz!
Achei que seria uma boa beijá-la naquele momento. Ela estava brava, parecendo adorável com seu bico de desaprovação, e eu queria muito aquele beijo. Então antes que ela escapasse, eu pressionei os meus lábios nos dela, e aí ela se debateu contra mim, mas sem nunca realmente se afastar. Mesmo com todo aquele jogo, sentia algo por mim, algo que eu não sabia o que era, mas a fazia gostar da nossa proximidade tanto quanto eu.
Quando eu me afastei e ela me empurrou mais, parecia ainda mais brava. Eu nem fiquei surpreso quando ela bateu no meu rosto, só fechei os olhos e virei o rosto para o lado, passando a mão ali e reclamando de dor.
- Tudo bem... eu mereci.
- Por que fez isso?
- Eu não sei! – levantei os braços. – Me desculpa! – comecei a rir. Algo naquela cena era engraçada.
- Se você continuar rindo, eu vou quebrar a tua cara. – apontou para mim, e parei de rir, ficando o mais sério que conseguia.
- Foi mal.
- Idiota. – jogou a bolsa no chão e cruzou os braços. – O que a gente vai fazer?!
- Me deixa pensar. – passei as mãos no rosto e no cabelo, olhando para os lados. Não havia nada que cercasse a pequena estradinha de chão além de mato e mais mato. E agora já estava tão escuro que eu mal a enxergava. – Ok, volta para o carro e eu vou caminhar por aqui e procurar algo. Quando achar algo, ou se ficar muito tarde, eu volto. Tudo bem?
- E por que eu não vou junto?
- Talvez alguém ache a gente primeiro. Você tem que ficar no carro, é perigoso, pode ter algum bicho ou... sei lá.
- Tudo bem... – ela disse, ainda meio incerta. – Mas e se alguém chegar como eu vou te avisar?
- Você espera, que eu volto logo.
- Tá. – pegou a bolsa no chão e voltou para o carro, batendo a porta com força. Eu fui até a carroceria e peguei uma lanterna vermelha e pesada que havia ali em uma pequena caixa de ferramentas com algumas outras ferramentas úteis.
Fui até a janela do carona e olhei para ela, encolhida no banco.
- Eu não demoro.
- É bom, mesmo. – disse, mas pareceu mais receosa do que brava.
Me afastei sorrindo e liguei a lanterna, que tinha uma luz tão forte que iluminou um grande caminho à minha frente. Eu pensei em onde estávamos, qual a última vez que vimos a estrada, em qual o formato da estradinha que percorremos, e preferi ir para frente do carro do que para trás, porque andamos demais ali, e eu não encontraria nada por onde já passei antes.
Depois de dez minutos andando por um caminho cheio de curvas e pedras, eu avistei uma luz ao longe. Andei mais um pouco e percebi uma casa tão grande que eu tinha certeza que só podia ser uma pousada, e então outras luzes começaram a aparecer, um posto de gasolina, alguns carros passando, algumas casas ao redor e até mesmo uma música meio animada e conversas entre caminhoneiros no posto. Olhei para tudo aquilo. Nós andamos tanto, e acabamos parando há poucos minutos da civilização. Ri.
Voltei em passos mais rápidos até o carro, e quando eu o avistei, corri para a porta do carona afim de contar as boas noticias. Porém quando abri não estava ali. Eu fiquei assustado e olhei em volta procurando ela. Não havia som. Ai meu Deus, será que alguém achou aquela garota ali e a fez algum mal?
- ?
- Aqui, Lou.
Fiquei aliviado no mesmo segundo e segui a voz, para o outro lado do carro. Eu a encontrei abaixada procurando algo no chão com seu celular. O calção jeans que ela usava subiu até as suas coxas e ela parecia provocante daquele jeito, a pele levemente bronzeada pelos momentos em que ficou tomando sol na praia, que eu só conseguia enxergar por conta da lanterna que apontava para ela.
ergueu a cabeça e jogou o cabelo para o outro lado, colocando a mão no rosto para bloquear a luz forte. Eu abaixei a lanterna para o chão.
- O que está fazendo?
- Procurando minha corrente. Eu a perdi. Preciso achar agora.
- Mas você não vai achar nada aí agora.
- Eu preciso achar, Louis.
- Ela é valiosa?
- É de ouro branco. Mas não vem ao caso, foi meu pai que me deu. Eu preciso encontrar agora.
Suspirei e me abaixei ao seu lado.
- Eu te ajudo. Mas como sabe que perdeu aqui?
- Porque eu vim com ela e sei que estava com ela no carro. E não está lá dentro. Só pode estar aqui.
- Tudo bem.
Procurei por um tempo com ela por perto do carro.
- , a gente não vai achar nada agora...
- Eu tenho que achar! Foi meu pai quem me deu!
- E ele vai ficar chateado?
- Não, mas... é o único presente dele que tenho comigo. – ela virou para mim e suspirou, parecendo triste, meio desapontada.
- Eu pensei que vocês não se dessem muito bem.
- Mas a gente se dava quando eu era pequena. Essa é a única lembrança que eu tenho de quando ele ainda... se importava.
Não gostei de vê-la triste, então eu me abaixei e voltei a procurar e ela logo me acompanhou. Toquei em algo pontiagudo e olhei o que era. Me deparei com uma correntinha e a coloquei na palma da mão.
- Você achou?
- Hum? – olhei para , fechando a mão.
- Você achou alguém para pedir ajuda?
- Ah... – olhei mais uma vez para ela procurando algo no chão, e para a corrente, e para ela de novo. – Não.
- Não? – ela pareceu assustada e me olhou. – Não achou ninguém? E agora?
- A gente vai ter que... passar a noite aqui. – dei de ombros.
- Mas... como, Louis? – ela se levantou. – Ai meu Deus! Eu perdi minha corrente e agora tenho que ficar a noite toda no meio do nada!
- Calma, . Olha aqui, é essa? – peguei a corrente e mostrei à ela. Ela se aproximou e a pegou, fazendo um som de alivio instantâneo.
- É! Muito obrigada! – me abraçou forte.
Sorri.
- Tudo bem. A gente dá um jeito, quando amanhecer a gente procura melhor aqui por perto, tá legal?
- Tudo bem... – ela disse, meio contrariada.
- Ótimo. Olha, o tempo tá super agradável, a gente pode até dormir aqui fora.
Ela me olhou assustada e eu ri, abraçando-a pelos ombros e a levando até o carro. Nós entramos e deitou a cabeça no banco, parecendo cansada.
- E agora?
- Eu já sei. – sorri para ela, tendo uma ideia. – Sei como a gente vai dormir.
- Como?
- Você não trouxe aquele cobertor que pegou para o caso da gente acampar no lago?
- Sim, e os travesseiros. – ela da de ombros. – Mas não tem espaço aqui dentro.
- É, mas... – abri a porta e fui para a carroceria onde ela deixou as coisas. – Nós podemos montar uma cama.
abriu a porta do carro e me seguiu.
- Uma cama?
- É, você nunca viu isso em filmes? É divertido, dormir em uma picape.
- Deve ser desconfortável. – Fez careta.
- Ah, qual é, burguesinha da cidade grande. – brinquei. – Dá uma chance pro caipira aqui. – sorri e pisquei para ela, e ela riu.
- Caipira? Você passa a maior parte das suas noites em hotéis cinco estrelas há mais de três anos. – Balançou a cabeça. - Tudo bem, que escolha melhor eu tenho? – deu de ombros.
- Para de reclamar e pega aqueles salgadinhos e a cerveja que a gente comprou. – Ri.
Eu pulei para cima da picape e puxei-a também. Peguei os travesseiros e o cobertor, que estendi no chão da carroceria e coloquei os travesseiros por cima, depois sentei e me escorei em um deles e ela fez o mesmo com o outro, soltando as comidas ao seu lado. Puxei para perto de mim e ela veio sem protestar, e se escorou em mim. Por um segundo, parecíamos um casal. Observei-a, olhando seu rosto por um tempo enquanto ela olhava para cima.
- Até que é legal. – disse, depois de um tempo. Segui seu olhar para cima, e percebi que o céu estava mais estrelado do que nunca, e a Lua estava tão grande que eu podia ver seu rosto tranquilamente sem nenhuma outra luz. – Tirando os mosquitos.
- Sempre que a gente tá junto, o céu parece mais bonito. – eu disse à ela e a olhei, esperando a reação em seu rosto. Ela sorriu e concordou.
Olhou para o meu rosto também e eu olhei para a sua boca.
- Por que será?
- Acho que é você. – eu sorri.
- Eu? Não sou eu a estrela aqui. – ela revirou os olhos e brincou.
- Há controvérsias, princesa . – disse descontraído e tirei uma mecha do seu cabelo do rosto. Essa era a hora em que geralmente recuava, mas dessa vez ela só se aconchegou mais perto de mim e suspirou.
Nós ficamos assim por um longo tempo, sem falar nada e eu estava gostando.
- Lou, eu gosto de você. – ela disse, deitando a cabeça mais para cima, no meu ombro. – Gosto de estar com você. – olhou para mim.
- Eu também gosto de estar com você, . – olhei para ela. – Eu sempre gostei.
- Mesmo todas as vezes que eu te bato e te dou cortada?
- Claro. – ri. – Eu também gosto de fazer isso com as pessoas. É divertido.
Ela concordou com a cabeça e continuou a olhar no meu rosto, e eu senti meu rosto esquentar e acho que isso significava que estava corando. Pigarreei, me sentindo um idiota, e olhei para frente. Ela riu. Levantou uma mão e bagunçou meus cabelos fazendo carinho em minha cabeça, e fechei os olhos com a sensação boa.
- O seu cabelo é sempre tão bagunçado, parece que você nem arruma quando acorda.
- Outch!
Ela riu de novo.
- É legal. Eu gosto.
Continuei com os olhos fechados.
- Hum, ?
- Oi?
- Sabe tudo aquilo que eu disse naquela festa?
Ela me olhou.
- Sim.
- Sabe, eu estava bêbado, e...
- Eu sei, Lou. Tudo bem. Todo mundo diz coisas idiotas quando tá bêbado.
- Mas eu disse a verdade.
Ela me olhou, confusa.
- O... quê?
- Era verdade. Eu lembro. Era verdade, tudo aquilo. Tudo o que eu falei...
Ela franziu o cenho e colocou a mão na minha boca para me impedir de falar.
- Lou, eu não sou esse tipo de garota.
- Que tipo? – falei com a voz abafada por estar com a sua mão na minha boca.
- Do tipo que cai de amores por uma declaração de amor. Eu não... – ela fechou os olhos. – Eu prefiro que as coisas sejam de um jeito mais... mais natural, simples... Mais livre.
Eu concordei com a cabeça. Conhecia ela o suficiente para entender. Ela gostava de ser livre, de não se prender a algo ou alguém. Ela era assim, era seu jeito. Talvez ela sempre fosse demais pra mim.
Zayn’s POV
Subi as escadas alegando que estava cansado logo depois do jantar. era a única que já havia subido também, e eu precisava de um tempo a sós com ela.
Bati duas vezes na porta.
- Entra. – ela falou, lá dentro.
Abri a porta devagar, e ao me ver ela ficou um pouco surpresa.
- O que foi?
- A gente pode conversar?
- A gente tem o que conversar?
Eu não sabia o que falar. Estava confuso, nós dois, tudo o que nós viramos de repente... Eu já nem sabia o que ela queria, se que é queria alguma coisa. Parei na sua frente, com as mãos atrás do corpo. Mordi o lábio em duvida do que falar por um tempo.
- ... por que você não fica? Eu tenho certeza que se você decidir ficar, eles vão ter que aceitar.
- Nada me prende aqui, Zayn. Eu estou mesmo louca pra voltar e trabalhar no que eu sei fazer de melhor, e esquecer do resto do mundo.
Ela não olhava para mim, só enrolava alguns carregadores e fios e colocava dentro da mala.
- Até Niall e estão juntos nesse lugar. É tudo tão bonito, e... eu sei que você sente algo por mim. Por que não podemos esquecer do que passou e voltarmos a ficar juntos? Eu sei que você quer tanto quanto eu. – Dei de ombros. Aquilo era óbvio. E simples. Por que não podia dar certo?
Ela balançou a cabeça.
- Até quando, Zayn? Até quando nós ficaríamos juntos até que outra coisa acontecesse e nós nos afastássemos e nos magoássemos exatamente como da última vez? Eu não quero mais isso para mim. – ela fechou a mala e balançou a cabeça. – Eu estou cansada. Eu só quero distância de você e do que você me causa. Foi bom enquanto durou, aceita que já acabou, e vamos seguir em frente, ok?
Neguei com a cabeça.
- Eu não posso! Eu amo você, eu já disse isso e digo mais quantas vezes você quiser. Eu quero ficar com você porque você me faz bem, ! – Levantei a voz, levantando os ombros.
Ela terminou de fechar a mala e foi até a porta, abrindo, em um pedido claro de que eu me retirasse. Fui até lá, mas parei a centímetros dela, olhei em seus olhos e desejei que ela visse a verdade em meus olhos. Eu sabia que tudo que estava falando era verdade. Que tudo que ela disse naquela loja era verdade. Ela estava certa.
- Por favor, me dá outra chance de fazer as coisas funcionarem.
Clara pareceu quase ceder, por um milésimo de segundo. Mas então seu olhar voltou a endurecer, e ela levantou o queixo.
- Não. Eu cansei de me decepcionar, acha alguém que os seus empresários aceitem que seja vista com você. – abriu mais a porta.
Eu a encarei por um tempo interminável, e ela não fraquejou nenhuma vez. Deus, como eu queria beijar aquela garota, tanto que chegava a ficar com raiva. Raiva do curso que aquela história estava levando. Eu odiava que tivéssemos tantos problemas, ela estava ali na minha frente, tão perto que eu já podia tocá-la, então por que era tão difícil tê-la para mim? Meus olhos ardiam e eu já nem sabia se era raiva ou eu estava prestes a chorar de frustração. Não chorava por nada há muito tempo, mas , ela mexia comigo de maneiras inimagináveis. Era tão injusto que um amor recíproco como esse fosse de alguma forma... Proibido. Era idiota. Respirei fundo, soltando o ar com força.
- Tudo bem. Então, vai. Vai logo, e não faz isso doer mais. Eu já não aguento te ver indo embora de novo e de novo sem poder te chamar de minha. – dei as costas a ela e puxei a porta com força atrás de mim, porque eu não queria parecer fraco - mais do que já parecera - na sua frente.
Eu tentara de todas as formas que podia, e talvez nunca entendesse o que era que queria que eu fizesse para merecer tê-la de volta. Talvez ela não quisesse mais nada, simplesmente não quisesse mais ficar comigo. Talvez eu a tenha perdido de verdade, dessa vez. Então, eu desisti de tentar e falhar seguidamente quando se tratava de nós dois. Ela estava certa, merecíamos algo melhor, precisávamos seguir em frente. E essa fora a última vez. Então, eu percebi que era como uma despedida. Porque eu não ia mais tentar tê-la de volta, e ia deixar ela em paz a partir de agora. E toda despedida precisa ser lembrada, não é mesmo?
Virei de novo para a porta e a abri com determinação. Não foi difícil encontrá-la, ainda no mesmo lugar, paralisada com minhas últimas palavras. Eu segurei o seu rosto e a beijei suave e calmamente, e ela não fez nenhuma objeção, talvez porque soubesse, a partir do momento que eu saí por aquela porta, que era a última vez se dependesse de mim.
Quando me afastei, ela me olhou por um segundo antes que eu saísse do quarto de novo. Ela estava certa, eu precisava aceitar que não havia mais nada entre nós. E era o que estava fazendo. A partir de agora, não havia mais absolutamente nada entre mim e .
’s POV
- Obrigada. – sorri para Jason e pulei do muro em que eu estava sentada. – Eu vou ler, e te trago amanhã, tudo bem?
- Claro. – ele continuava sorrindo. Acho que nunca parava de sorrir quando me via.
Bom, talvez fosse errado tomar proveito do vizinho que estava afim de mim para conseguir algum livro bom para ler. E além de livros legais, eu consegui uma câmera fotográfica incrível! Era uma antiga, modelo Polaroid. Jason me garantiu que a imagem era das mais bonitas: Muito bem definida e com um aspecto vintage que a deixava ainda mais legal. Eu tentara conseguir uma daquelas por muito tempo, mas nunca consegui uma boa como aquela.
me esperava sentada no encalço da nossa porta, com aquela cara de “agora dá alguma recompensa ao pobre garoto que foi tão legal com você!”. Ele sabia que eu tinha namorado. Talvez até fizesse uma ideia de que ele era famoso, porque as outras meninas que dividiam a casa com ele pareceram reconhecer os meninos no outro dia quando estavam na praia perto da gente. Eles eram do outro lado da rua, então tinham que passar pelo lado da nossa casa para ir para a praia. Ele surfava. Não era dos piores, na verdade ele era alto, atlético, loiro, simpático e parecia de algum país da Europa central, apesar de eu não entender muito bem seu sotaque. Mas, bem, meu tipo não era aquele.
Ele se levantou do seu muro também e ficou parado na minha frente.
- Hum... – passei os olhos por , lá do outro lado da rua, e olhei para ele. – Obrigada! – disse, e beijei sua bochecha, só que ele virou o rosto e eu quase o beijei na boca. Me afastei, sorrindo e quando dei as costas eu fiz uma careta de “essa não!”. Voltei correndo para casa, e levantou e entrou comigo em nossa casa.
- O que você conseguiu? Conseguiu O Símbolo Perdido?
- Aqui. – soltei a pilha de livros na mesinha. – Ele emprestou todos os que trouxe. Você estava certa, ele tinha O Símbolo Perdido.
Ficar tantos dias na praia sem uma boa distração era meio tedioso, por isso queria os livros.
- Eu disse que vi ele com o livro outro dia na praia! E o que é isso? Ai, meu Deus, é uma Polaroid! – ela pegou a maquina das minhas mãos.
- Seu pai te deu uma, uma vez. Lembra?
- Ah, sim. Eu perdi alguns dias depois, acho que deixei no clube... Bom, elas são as melhores! E o que foi aquilo? Você quase beijou o garoto. – ela riu.
- Ele é que quase me beijou! – ri. – Tudo pra conseguir esses livros pra você.
- Pra mim nada, você também quer, tenho certeza. – levantou o exemplar de O Menino do Pijama Listrado e jogou-o para mim, eu o peguei no ar.
Vi Liam descer do segundo andar e corri até ele.
- Ei, Li. Olha o que eu consegui. – mostrei o livro para ele, e ele mal olhou.
- Legal, o vizinho fez por um preço bem baixo, não é? – ele disse, indo para o quarto sem me dar muita atenção.
- Hm, acho que ele viu alguma coisa... – disse, com uma careta.
- Ai, Deus. – fiz careta. Eu não estava em clima para uma discussão e Liam era a pessoa mais ciumenta que eu já conheci.
- Quer que eu fale com ele?
Olhei para .
- Não, mãe. – Ri fraco. – Eu me acerto com ele, não se preocupa. – Pisquei.
Deixei o livro junto com a pilha na mesinha e fui para o quarto, com me desejando um “boa sorte” com uma risadinha. Entrei no quarto e fechei a porta devagar atrás de mim, Liam estava estendendo o cobertor. Às vezes você tem que aceitar que seu namorado tem direito a um pequeno ataque de ciúmes... afinal, somos humanos. Mas não o tempo todo, também.
- Ei, Li... – eu parei atrás dele e passei minhas mãos pela sua cintura, abraçando ele por ali e passando minha mão em seu peito. – Não fica chateado por causa daquilo, tá legal?
Ele se afastou, indo estender o cobertor do outro lado da cama.
- Por que eu ficaria, afinal? – ele falou, irônico. – Não foi nada!
- E não foi mesmo. – eu disse, pegando meu pijama e tirando a blusa, jogando-a em cima da cama. Enquanto colocava a blusa do pijama, ele pegou a minha blusa e a jogou em cima de uma cadeira. – Eu só fui tentar conseguir alguns livros para ler quando estiver no tédio!
- Claro, e ele só pediu um beijo em troca.
- Ele não pediu nada. – revirei os olhos e tirei o calção jeans.
- Ah, ótimo, você deu de bom grado. Isso melhora muito.
- Olha, Liam, eu não to com paciência pra isso. – joguei o calção na cadeira também e peguei o do pijama. – Você tem essas crises de ciúme o tempo todo só porque eu chego perto de um cara. Aquilo não significou absolutamente nada, por que eu iria querer algo com o Jason se eu tenho você?
- Porque o Jason é um cara mais atraente? – Ele deu de ombros. – Ouvi a e a comentando sobre ele ontem.
Revirei os olhos, não acreditando que estava ouvindo aquilo.
- A e a não são eu! – perdi a paciência. – Ah, qual é Liam! Que pé no saco, você! Para um cara mundialmente famoso, nunca pensei que fosse tão inseguro!
- Que bom que o Jason é muito seguro! – sorriu cinicamente para mim.
Apontei para ele, brava.
- Não levanta a voz pra mim! Eu aturo você no meio das suas fãs por meses sem dar nem um pio, aguento todo mundo me jogando pedras porque eu namoro você sem reclamar nenhuma vez, aguento até a sua família hipócrita que me julga sem saber absolutamente nada sobre mim e você acha que eu te trocaria por um surfistinha de praia que tem cara de criança e eu só vi duas vezes na vida?!
Percebi que eu exagerei ao chamar sua família de hipócrita. Me arrependi no mesmo segundo, família é uma coisa com a qual não se brinca e eu não perdoaria se ele falasse da minha.
- Liam... – fechei os olhos. – Desculpa...
Ele apenas se virou e foi para o armário, e pegou um travesseiro e um edredom.
- O que você vai fazer? – olhei quando ele passou para mim para ir para a porta. – Li, eu sinto muito. Vem, vamos conver-
- Você não vai querer dormir com um hipócrita. – ele me olhou. – Eu vou deixar você sozinha. Deve ser melhor.
- Liam, para com isso! – fui até ele e puxei o seu braço. – Anda, me desculpa, eu falei de cabeça quente. Larga isso, fica aqui. Eu não vou ficar sozinha nesse quarto. – bati o pé no chão.
- Então eu vou. – empurrou o travesseiro e o edredom para mim e foi para a cama. Eu o olhei boquiaberta por alguns segundos, mas ele apenas desligou os abajures e virou de costas para mim.
Eu não acredito.
Bufei e saí do quarto, batendo a porta com força atrás de mim. Fui para o sofá e joguei as coisas lá. Eu fui despachada do meu quarto! Ah, ótimo, Liam, muito bom.
Niall’s POV
- Eu gosto daquela ali, ó. – ela apontou para uma das estrelas mais afastadas colada no teto do quarto. – Ela é azul e pequena, diferente das outras, que são verdes e grandes. – virou para mim. – Ela é tipo você, se destaca no meio do grupo.
Eu ri.
- Não fala isso pro Zayn! – pisquei para ela.
- Ah, Niall. – ela suspirou e começou a fazer círculos no meu peito.
- – chamei, acariciando a sua cintura embaixo do lençol, enquanto meu outro braço estava debaixo da minha cabeça e eu olhava para cima. – Eu quero casar com você.
Olhei para baixo, para avaliar sua expressão ao mesmo tempo em que ela olhou para cima, surpresa e curiosa ao mesmo tempo.
- O quê?
- Eu quero casar com você. Eu digo, um dia. Um dia eu quero casar com você. Pra ter certeza absoluta de que você é só minha, porque – balancei a cabeça. – não parece real até agora.
Ela concordou com a cabeça.
- Vamos casar um dia, então. – ela riu e fechou os olhos. – Você seria um bom pai. Talvez meio assustado, no começo. Você cantaria para o nosso filho, e conversaria com ele, falaria coisas sem nexo e... – ela sorriu.
- E eu ficaria do seu lado e seguraria a sua mão quando a gente fosse descobrir o sexo. E quando eu pegasse ele, eu falaria “eu tenho medo de te machucar, pequeno”. – murmurei para ela.
Ela sorria. Ficamos nessa de imaginar aquela cena tão nítida e feliz na nossa cabeça por um tempo, até o nosso sorriso sumir e uma careta engraçada aparecer no lugar, talvez no momento em que a gente chegou na hora da fralda.
- É... pena que eu não curto crianças. – ela sentou na cama e arrumou o cabelo. Eu comecei a rir.
- Eu também não sou muito fã.
Fiquei pensando por um segundo enquanto ela amarrava o cabelo em uma trança lateral.
- Ei, . Por que a gente não se casa agora?
- Agora? – ela me olhou, duvidosa.
- É. Agora mesmo. Por que não, afinal?
- Mas são cinco e meia da manhã. – ela me disse, com um tom de “caso você não tenha percebido”.
- E daí? – levantei da cama e peguei sua mão. – Eu te amo. Você me ama. Somos dois idiotas que perderam muito tempo. E queremos fazer isso um dia, podemos começar por aqui. – Sorri, ao que ela sorria ainda mais para mim. - Vamos, ! – puxei-a para a porta e descemos a pequena escada correndo. – Eu acordo os meninos e você as meninas.
- É sério, Niall? – ela me olhou, puxando minha mão e me fazendo parar na sua frente.
- É serio. – dei-lhe um beijinho rápido. – A gente vai casar! – pisquei.
Ela riu, mas entrou no quarto de e , e eu entrei no de Zayn e Louis.
- Acorda! – joguei um travesseiro em Zayn, na cama de solteiro do canto, e chutei Louis algumas vezes. – Vamos, acorda Louis! Acorda Zayn! É importante, anda logo! Acordem! Agora! – eu gritava enquanto procurava por algo em minha mala, jogando roupas para todo lado.
Louis reclamou e se virou na cama, levantando a cabeça para me olhar. Zayn nem se mexeu.
- A casa tá pegando fogo?
- Não.
- Então por que, em nome de todos os santos, você estaria gritando à essa hora?
Peguei um blazer preto que trouxe para alguma possível ocasião especial e virei para o espelho de corpo inteiro, colocando-o na frente do meu corpo. Era o melhor que eu podia fazer.
- Eu vou me casar.
Louis se jogou na cama de novo, enterrando a cara no travesseiro.
- Vai dormir, cara.
- Não. É serio. Eu e a vamos nos casar. Levanta agora. Eu quero você como padrinho.
- Você é sonâmbulo? Isso não constava na ficha do X Factor.
- Louis, é sério. Levanta. Puxa o Zayn. Vamos logo. – tirei o pijama, coloquei uma blusa branca e o blazer preto por cima.
- Você cheirou alguma coisa?
- Agora, Louis!
- Tudo bem! – ele bufou e levantou, puxando as pernas de Zayn para que ele saísse da cama também.
Tirei as calças de abrigo e coloquei uma jeans escura. Passei as mãos no rosto e levantei os cabelos, e só. Ri de mim mesmo para o espelho.
- O que exatamente tá acontecendo? – Zayn passou por mim algum tempo depois, com os olhos ainda fechados e se arrastando para o banheiro.
- Vocês vão ver. Anda logo, vou acordar os casais lá embaixo. Não demorem, e desçam logo.
Saí do quarto e desci as escadas correndo, encontrando com saindo do quarto e bocejando, com os olhos estreitos.
Quando cheguei no pé da escada, passou por mim correndo lá para cima com uma sapatilha branca nas mãos, sorrindo ao me ver. Ela era provavelmente a única que era tão feliz às seis da manhã.
Bati forte algumas vezes na porta de Harry e .
- Harry! ! – gritei antes de entrar porque, vocês sabem, eu queria avisar que estava entrando antes que encontrasse com uma cena indesejada. Quando abri a porta, porém, eles só estavam dormindo. Fui pé por pé até a cama, rindo da cena, porque estava com uma perna destapada por cima das pernas de Harry e o rosto todo coberto. Fui até o pé da cama e puxei o edredom, destapando os dois com um susto.
- LEVANTEM, É UM NOVO DIA, TUDO PODE MUDAR, EU VOU ME CASAR E VOCÊS VÃO SER OS PADRINHOS!
sentou na cama e me olhou, confusa, sem abrir os olhos direito. Harry só resmungou e colocou outro travesseiro em cima da cabeça.
- Sai daqui, Niall. – ele disse, a voz rouca e abafada.
- Não. , querida. – dei a volta na cama e peguei a mão dela, puxando-a para fora da cama. Ela ainda me olhava, confusa. – Bota a pantufa, um hobby e vem comigo. É um dia especial. A gente vai casar. Preciso de vocês. Tudo bem?
Ela preferiu não falar nada, e só assentiu. Talvez ainda estivesse meio que dormindo.
- Ótimo. Traz o seu namorado junto. – fui em direção à porta. – E faz ele colocar uma calça – gritei por cima do ombro enquanto saía.
- Não acredito. – Zayn repetia seguidamente, nos olhando com descrença. – Isso é ridículo. Eu quero dormir. Qual é.
- Se você calar a boca, acaba mais rápido. – disse, e ele se calou.
Tudo o que eu fiz foi encarar saindo pela porta de trás da casa em direção à areia, toda linda em um vestido rodadinho branco com cara de verão e uma sapatilha da mesma cor. Eu estava adorando aquilo, porque talvez assim ela entendesse o quanto eu a amava. E aquela história toda de casamento, na verdade significava que eu a queria, eu a queria para sempre. E queria que ela entendesse isso, entendesse o quanto eu a desejava, o quanto eu gostava do que nós dois tínhamos. Felizmente tínhamos amigos legais que nos apoiaram e entraram na onda, fazendo musiquinha de casamento e tudo mais enquanto ela andava até mim.
Eu conseguia perfeitamente ver essa cena daqui há alguns anos, em uma igreja de verdade, ela vindo até mim com um vestido branco e um buquê. Eu tinha certeza que aquilo se concretizaria, porque era o que eu mais queria na vida naquele momento.
Liam falou o principal que se é dito pelo padre em uma cerimônia, com a ajuda de e em algumas partes porque não conseguia lembrar, e depois de todo esse negócio que não durou mais do que um minuto, peguei um gravetinho seco no chão e o moldei, fazendo um círculo perfeito e enrolando as bordas para que ele não desenrolasse. Coloquei-o no dedo de , e ela fez o mesmo, desajeitadamente, e colocou no meu. Depois do beijo e dos gritinhos empolgados (mas nem tanto, pelo fato de o sol recém estar nascendo) a gente conversou um pouco até alguns deles voltarem para casa e dormirem de novo.
Ficamos por fim, eu, , , Harry, , e Louis sentados na areia longe da água, conversando e vendo o sol nascer, que era algo muito legal de se fazer mesmo.
- Eu acho que vou voltar a dormir então, galera. – Lou falou, levantando e bagunçando o cabelo de antes de voltar para dentro com um “bom dia” de todos nós.
E ficamos mais algum tempo em silêncio até o próximo deles desistir de lutar contra o sono.
- Amor, será que a gente pode voltar agora? – ouvi Harry pedir baixinho para . Eu e rimos quando escutamos.
- Tudo bem, vamos. – ela se levantou e o puxou para cima. – Até mais tarde, gente. – disse e demos tchau para eles também.
- Eu acho que vou entrar, o vento tá bem forte aqui fora. – levantou também. – Vou preparar um café e quando vocês estiverem com fome é só entrar e comer.
- Eu vou te acompanhar. – disse, se levantando e batendo a areia do short. – Perdi o sono.
- Até mais – eu e dissemos.
Esperamos um segundo.
- Enfim a sós? – ela perguntou, rindo para mim.
- Enfim! – sorri. – Como se sente?
- Hum – ela olhou para o próprio dedo. – Casada de mentirinha com um anel de palha.
- Foi o melhor que eu consegui, mademoiselle. – fiz uma careta.
Ela riu.
- Tudo bem, porque eu amei. É original. É tão... a sua cara. – me abraçou pelo pescoço e beijou minha boca.
- Hum – sorri entre o beijo. – Então é lindo.
deu uma gargalhada e eu a acompanhei. Peguei sua mão delicada, beijando em cima do “anel” e a olhando.
- Isso vai ser real um dia. Você vai ser só minha.
- Você não entende, não é? – Ela passou a mão em meu cabelo, afastando-o do meu rosto. – Eu sou só sua desde que te conheci.
’s POV
Respirei fundo de novo e levantei a mala pesada, descendo as escadas rapidamente para não cansar antes de chegar lá embaixo. Quase caí por cima da mala quando cheguei no chão, mas consegui. Então, ergui o puxador e arrastei-a até a porta da cozinha, onde todos estavam ao redor da mesa prontos para o almoço.
Olhei no relógio, para ter certeza de que ainda estava em tempo. Eram onze e quinze.
- Gente, eu vou... – levantei o polegar e apontei para trás, mas fui cortada por Harry, que correu da praia porta adentro e veio até mim, me rodeando e parando atrás de mim. Segurava meus ombros para que eu ficasse na sua frente, como se estivesse se escondendo de algo, mas entendi o que era logo que entrou correndo atrás dele.
- EU VOU MATAR VOCÊ! – ela me rodeou também, mas ele me virou fazendo ela continuar na minha frente e ele atrás de mim. Harry ainda me segurava e eu estava assustada por estar no meio do fogo cruzado.
- Eu juro que elas gostaram, , eu juro! – ele dizia rindo, mas parecendo pedir desculpa. - Olha os comentários, é só coisa boa, eu...
- Harry, você é um imbecil! – pegou seu chinelo de dedo e tentou acertar nele por trás de mim, mas eu me abaixei.
- Ei! – gritei. – Parem! Me solta, Harry! – tentei me esquivar.
- Não, , ela vai me matar!
- O que é isso? – Liam perguntou.
- Eu vou fazer você engolir o seu celular! – ela disse, furiosa.
- Amor... – ele riu, mas mordeu o lábio para tentar ficar sério. – Me desculpa, eu não sabia que você ia se importar...
- Que porra tá rolando aqui?! – quis saber, confusa. – , solta o chinelo. Harry, solta a . Parem de gritar!
Ele me soltou aos poucos, mas ainda parecia duvidoso quanto à sair de trás de mim. Dei um passo para o lado e assim que o fiz ela o acertou com o chinelo no braço e ele se encolheu.
- Ai, porra!
- Você vai apagar! – apontou para ele.
- É só um vídeo!
- Que vídeo? – perguntou, gritando tanto quanto eles para ser ouvida. – Meu Deus, falem logo, eu vou morrer!
- Ele... – ela apontou para ele, mas cortou a frase no meio. – Você me paga. – disse à ele e jogou seu Iphone nele, e ele tentou pegar, mas não teve muita sorte. O celular caiu no chão, mas não chegou a quebrar. Ela foi para o quarto e bateu a porta com força.
- O que aconteceu, afinal?
Ele pegou o celular, rindo bastante.
- Eu gravei... eu... eu gravei ela... – ele ria tanto que se curvou quando se abaixou e sentou no chão, rindo. – Eu gravei ela dançando lá no quarto e postei, e ela não reagiu muito bem.
- Só isso? Ela deu um ataque só por isso? – parecia um tanto decepcionada.
Ele só balançou a cabeça e então respirou fundo algumas vezes para parar de rir.
- É engraçado mesmo. – levantou o celular para ela e ficou sentado no chão enquanto todo mundo se aglomerava para ver o vídeo na telinha do Iphone. Eu só pude ouvir uma música de fundo, porque já não tinha mais espaço para eu ver.
Todos riam no final do vídeo, botando de novo e de novo.
- Isso aqui é um pijama de porquinho?
- Você merece umas chineladas, mesmo! Eu acho que mataria quem fizesse isso comigo.
- Que nada. – ele levantou. – Ela tá tão sexy. – riu.
- Mas é uma coisa pessoal, sei lá. – riu.
- Bom... ela perdoa em meia hora.
Louis e Zayn se olharam.
- Dez pratas. – Louis disse.
- Apostado. – Zayn concordou e eles bateram as mãos.
Ri deles e balancei a cabeça.
- Gente, eu vou pro aeroporto. Quem é que me leva?
- Eu levo, . – Liam foi para a mesa de centro e pegou a chave do carro. – Vamos lá. – pegou minha mala com a outra mão e saiu da casa.
- Até alguns dias. – disse para os outros e dei um beijo em cada um. Menos em um deles, e não é difícil imaginar quem.
Gritei tchau para , mas não recebi resposta e saí da casa.
Harry’s POV
Estávamos posicionados em duas linhas. Exatos cinquenta metros uns dos outros, e na metade do caminho uma linha roxa no chão marcava o ponto de separação entre nosso campo e o delas. Se uma delas fosse atingida no nosso campo, não importa quem atirasse, ela saía do jogo. Se fosse no seu campo, apenas se você fosse acertado cinco vezes saía do jogo. Só não valia no rosto.
Olhei para Zayn, fora do campo. Estava de pés descalços na areia assim como nós. Éramos quatro à quatro. Sorri maleficamente para a minha principal oponente, e quem seria? Minha preciosa, baixinha, marrenta e neurótica namorada. Ela sorriu para mim também. Estava com um top branco e um short jeans escuro, com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Seu sorriso dizia “você não me bota medo, Styles.”
Você vai ver, docinho. Sorri mais.
Ao seu lado, estava . Ao meu, Liam. Logo depois eram e Louis, e então e Niall. Zayn soprou o apito, e então o jogo começou. Corremos para o nosso tanque improvisado. Era um galão de plástico vazio enorme, cheio de bexigas, que enchemos com tintas de todas as cores. Cada cor valia um ponto, e ao final do jogo, além do time que sobrasse apenas um vencedor e esse ganhasse o jogo, também contávamos os pontos. Cada vitória significava uma coisa: a equipe do único vencedor recebia comida, bebida e mordomias da outra equipe por um dia inteiro. A equipe com mais pontos das cores, ganhava o direito de escolher algo para a equipe perdedora fazer ao vivo para todas as nossas fãs.
Liam e Louis encheram as mãos com bexigas amarelas e verdes, que eram as mais de cima, e saíram correndo para o nosso campo. Os dois campos eram cheios de obstáculos e lugares para se esconder, não tão grandes é claro.
- Cadê as vermelhas? São as que valem mais! – Niall gritou, mexendo no galão.
- Estão bem em baixo. – Zayn falou, tranquilo, prestando atenção ao resto do jogo como um bom juiz.
- Isso não é justo!
- É claro que é justo. É o que dá graça ao jogo.
Eu e Niall nos enchemos com as amarelas e verdes e então corremos para algum lugar no nosso pequeno campo. Não tivemos tempo para formular um bom plano de ataque, mas podíamos nos comunicar por sinais. Eu me joguei atrás de um tronco de árvore que fazíamos como banco quando geralmente fazíamos nossas fogueiras. Era grande de comprimento, mas não o bastante de largura então eu precisei ficar quase deitado para ficar completamente escondido. No exato momento em que me joguei no chão uma bexiga passou por cima de mim e estourou em algum lugar atrás de mim. Era amarela. Não valia muito.
Olhei para o outro lado para tentar identificar quem jogou, mas não vi praticamente nada.
O jogo permaneceu calmo por uns bons três minutos, sem ninguém dar as caras. Olhei para o lado onde, à alguns metros, Liam estava sentado de costas e escorado em uma barreira improvisada com várias cadeiras de praia. Ele fez algum sinal, e eu levantei a cabeça para olhar para o outro lado. Fiz que não quando não vi ninguém visível no time das meninas. Ele fez um sinal com os dedos nos olhos, e depois um número um com o dedo indicador. Certo. Em um minuto, se ninguém saísse nós saíamos. Assenti.
Cara, a gente era o 007.
Cuidei em meu relógio de pulso. Ninguém. Quando faltavam apenas quinze segundos, ouvi uma conversa no meio do silêncio.
- Eu não vou! ! Eu não vou! – era claramente quem falava, por mais que fosse baixinho.
Sorri. era a melhor esportista no meio delas, e não gostava muito de perder. Se eu tivesse que apostar, seria nela. Mas infelizmente para elas, tínhamos Liam em nossa equipe e os meninos eram sempre melhores em jogos de estratégia e tiro ao alvo. , eu podia garantir, era péssima em questão de coordenação motora. Ela não tinha nem chance, minha pobre e inocente menina.
Levantei a cabeça e observei. provavelmente estava com um plano em mente. Depois de alguns protestos de , ela foi empurrada para fora da linha de proteção de uma barreira de vasos de flores e caiu sentada no meio do campo. Ela olhou assustada para o nosso campo e então olhei para mais longe à minha direita, onde Niall se levantou rapidamente de trás de algumas pedras e acertou um verde bem no braço de .
Liam bateu a mão na testa e balançou a cabeça em desaprovação ao ato de Niall, e entendi o porquê quando, antes mesmo de ele se abaixar de novo, dois vultos se ergueram no campo das meninas e jogaram bexigas nele, se abaixando de volta. Foi tão rápido que mal pude ver, mas tinha certeza que foram e , exatamente ao mesmo tempo. Vi um balão amarelo e um verde explodirem na pele de Niall e ele se abaixar praguejando.
Mais alguns minutos se passaram. Olhei para a minha esquerda agora, e Louis fez um gesto para mim. Era o gesto de “silêncio” com o dedo indicador e logo em seguida apontando com o polegar para trás. Significava se aproximar em silêncio. Eu assenti, concordando em dar cobertura e ele foi. Pé por pé, não fez barulho algum até chegar na linha que dividia os campos. Apontei para onde estava escondida, pois ela era a mais forte. Ele fez que não, obviamente porque seria uma viagem sem volta se fosse parar logo na “casa” da pior rival. Foi então para onde provavelmente estava. Porém, antes que ele pudesse se aproximar demais, ela se levantou rapidamente e jogou um balão azul em Louis. Passou longe, como eu disse ela era péssima em questão de coordenação. Mas isso alarmou as outras. A questão foi: como ela o viu? Estava atrás de dois grandes troncos de madeira e não existia buraco por onde olhar. Então, antes de se abaixar eu vi um pequeno espelho “inseparável, é de fazer a sobrancelha”, como ela mesmo dizia, em suas mãos. Ri. Espertinha, espiando pelo reflexo.
Quando o balão de alarmou as outras, Louis se jogou de volta para trás e caiu do nosso lado do campo antes de ser atingido duas vezes por e . Antes que pudesse ser atingido uma terceira, tastaviou para o seu esconderígio de volta e conseguiu se salvar sendo atingido três vezes. errou apenas uma bexiga amarela. A garota era boa.
E assim o jogo continuou por um bom tempo, até que Niall e Liam começassem a atirar pedrinhas no outro campo para alarmar as garotas e com isso conseguiram acertar mais duas vezes em e uma em .
Louis e eram os mais fracos no momento por serem os mais atingidos. Então quando foi acertado uma quarta vez, faltando apenas uma bexiga para sair do jogo, ele aceitou agir como isca e foi para o outro lado de novo. Dessa vez, correndo e gritando para causar alarde. Niall aproveitou a deixa e saiu de seu esconderijo também, mas permaneceu no nosso campo. Então, todas as garotas, menos , acharam que era um ataque e também saíram dos seus esconderijo e a “batalha” de verdade começou. Eu e Liam nos levantamos e começamos a jogar bexigas e se esquivar de outras bexigas, e eu precisei correr até o galão duas vezes e ainda não havia acertado ninguém. Louis, assim que atravessou a linha, foi acertado por e saiu do jogo, mas não sem antes acertar sua última bexiga em e levar ela consigo.
Zayn mandou que os dois tirassem um pouco dos obstáculos e deixassem apenas um em cada time. Agora o jogo havia ficado interessante.
Liam era um gênio. Ele se esquivava de todas, e estava travando uma batalha acirrada com enquanto eu e Niall cuidávamos de e .
agia tão rápido que ela sumia em um lugar e aparecia em outro sem nem ser notada. não era a melhor, mas tinha sorte além de saber se esquivar bem. Niall acertou um nela, e quando ele não estava olhando, ela acertou outro nele, bem no pescoço. Agora, Niall havia sido atingido três vezes.
Demorou mais algum tempo até que acertasse um balão vermelho bem no meio do peito de Niall quando ele voltava para trás do tronco da arvore, depois de ir “reabastecer”. Com o choque, ele tastaviou para trás e não tardou em acertar outra nele. Niall estava fora do jogo.
Ele foi dar um tchau para a namorada ou sei lá o que eles eram, e depois de dar um beijo na ponta do nariz, saiu do jogo também.
- Você tem que dar beijinho em quem é do seu time! - Liam gritou, e eu ri que nem louco.
Liam e eu trocamos um olhar que significava tirar . Ela já havia levado quatro bexigadas àquela altura, e tirando ela, ficaria quase totalmente desarmada. O plano era exatamente esse: deixar sem recursos. Ela só havia sido acertada duas vezes. Eu já levara quatro também, e provavelmente era o seu próximo alvo, já que Liam estava apenas com dois.
Então, deitamos no chão rente ao tronco, e falamos baixinho:
- Certo, é a próxima. já tá quase sem bexigas e vai ter que abastecer logo, e a vai dar cobertura. Então, nós a pegamos.
- Por que não atiramos em ?
- Apenas uma bexiga é suficiente para tirar ela, e ainda temos mais cinco. Quando sair, vai estar desprotegida.
Ele balançou a cabeça.
- Quando eu acertar em , você tenta uma na . Ela é rápida, então vamos ver o que conseguimos.
Nós nos levantamos e em vez de gastarmos nossas armas apenas esperamos que ficasse sem. E lá foi ela, depois de um breve momento em que ela e trocaram uma palavra atrás dos arbustos. Ela correu por trás das pequenas árvores e eu tentei acertar alguma.
- Lá vai! – Liam gritou e, segundos depois... – Adeus, !
- Droga! – ela saiu de trás do arbusto com uma mancha vermelha na coxa. – Como você me viu?
Ele apenas riu e deu de ombros.
- Isso! – pulei e gritei quando acertei uma em , e me abaixei no momento em que ela virou para mim, furiosa. Ela jogou algumas bexigas, mas eu consegui me esquivar. Então, como percebeu estar sozinha, correu de volta até os arbustos, se esquivando das bexigas de Liam.
Éramos agora dois contra dois. Eu nunca pensei que chegasse tão longe, mas não dava para ignorar que agora era a vez dela. e Liam eram os melhores, e que a batalha final fosse conservada. Então, era meu dever tirar antes que eu mesmo saísse. Minha situação era preocupante, visto que eu só precisava ser atingido mais uma vez para sair do jogo, e Liam já não tinha mais armas.
- É o seguinte, eu vou pegar bexigas e vou ficar desprotegido. Em vez de me dar cobertura, você acaba com a enquanto eu roubo a atenção de .
- Certo. – assenti.
Eu ainda tinha dois balões. Sabia que provavelmente não voltaria, assim que percebesse. Levantei, e vi que estava levantada e olhando para mim também. Nós dois sabíamos que ela não acertaria de tão longe, então teria que correr até mim, e era aí que eu ganhava vantagem. Mas ela também havia sido acertada quatro vezes, então provavelmente sabia que também estava agindo de isca para o time dela. formulou o mesmo plano que o nosso. Sabendo que esse era nosso “destino”, eu corri ao seu encontro e ela ao meu. só tinha um balão, e eu fiquei com pena. Se não tivesse sido atingido as quatro vezes, eu a deixaria acertar em mim antes que eu a acertasse. Por esse motivo, cheguei o mais perto possível dela para a fazer achar que tinha alguma chance e tornar meu arremesso mais certeiro ainda.
Estávamos a apenas alguns passos um do outro, mas ainda um em cada campo, cada vez se aproximando mais da linha divisória. Era a hora, ela estava há dois metros de mim. Quando virei a mão que segurava um dos balões, por ela estar suada, a porra do balão caiu no chão e estourou. Quase parei para praguejar, mas se parasse ela me acertaria. Então, peguei o outro no exato momento em que pisou em falso ao chegar na linha divisória e tropeçou, caindo no chão.
Eu vi seu tornozelo torcer. Eu soube que era verdade. Então, eu me abaixei para ajudá-la quando ela sentou e colocou a mão em cima do tornozelo torcido, reclamando de dor.
- Harry...
- Você torceu? Consegue mexer? – caí de joelhos na areia ao lado dela e me abaixei para ver o seu pé.
- Eu não sei... tá doendo... – ela disse.
- Onde, ?
- Aqui... – apontou para o local onde os ossos do pé e do tornozelo se encontravam e eu me abaixei mais para ver de perto. Foi então que eu senti um estouro nas costas e a tinta gelada se espalhar pela minha pele. Fechei os olhos antes mesmo de olhá-la. Eu havia caído. Eu subestimei os poderes persuasivos da minha namorada. Ela me tirou do jogo.
Na mesma hora, Louis e estouraram em uma gargalhada, trazendo os outros junto. e Liam olharam, dispersos, e Liam me lançou um olhar bravo.
levantou rápido, antes de Liam poder pensar, e atirou suas ultimas duas bexigas nele, fazendo-as estourarem em sua cintura e perna. Agora só restava uma para ele perder. Liam conseguiu pensar, e atirou uma em , que também saiu do jogo, e observamos o final quando e Liam já estavam praticamente cara a cara. Liam ainda tinha duas bexigas na mão. , nenhuma. Ela estava atrás de seu galão e ele estava vazio. Ela o olhou, com um olhar de “essa não”, e ele sorriu.
- Você perdeu?
- Eu...
- Admite, . Você perdeu. Agora, vem aqui perto e perca como uma pessoa digna. – ele chamou ela com o dedo.
se aproximou, triste, e parou em sua frente. Ele pegou uma bexiga e a levantou. Porém, antes de jogar nela, ela levantou uma mão.
- Espera!
- O quê?!
- Isso – ela disse, rindo, e em um movimento muito rápido empurrou a mão dele para perto de seu próprio peito. A Bexiga vermelha de Liam estourou na blusa dele, e ele olhou incrédulo para si mesmo.
- RÁ! – Louis gritou. – Eu não acredito! Me diz que você gravou isso, cara! – Olhou para Niall.
Nós começamos a rir, e batemos palmas para a jogada de . Liam começou a reclamar continuamente que aquilo não valia, apesar de Zayn explicar que ele só perdeu por ter dado mole.
’s POV
- E... corta.
Fui puxada pelos ombros para um abraço de Jeremy enquanto limpava as lágrimas falsas. Bem, não tão falsas contando que foram produzidas por mim mesma.
- Desculpa.
- Foi só uma cena, Jeremy. – ri.
- Mas eu gritei com você. Desculpa. – Me afastou e olhou no meu rosto.
- Relaxa! Você é um ótimo ator, mas tem que aprender a separar mais o real da ficção. – Pisquei para ele e me separei do abraço, saindo do cenário em direção ao set.
- Eu sei fazer isso. – ele me seguiu e paramos na mesa de comidas para pegar um bolinho inglês. – É você que me faz sentir culpado. Parece que está chorando de verdade. Sofrendo de verdade.
- Charlie é uma personagem bem emotiva... – concordei me escorando na mesa e dando uma mordida em meu bolinho.
- Ótimo, , muito bem, você está de parabéns hoje. – o diretor me deu um tapinha nas costas e foi em direção ao meio do cenário com seu alto-falante. – É o seguinte galera, por hoje chega. Vocês estão de parabéns. Estejam aqui amanhã às oito e vamos terminar o episódio dois e começar a gravar o três. Nesse ritmo, a gente vai ao ar de novo mais cedo do que eu planejava, vai ser ótimo, quando planejarmos a coletiva de imprensa da segunda temporada vocês serão notificados. Estão dispensados por hoje. Parabéns.
Como sempre batemos palmas para nossos colegas, toda a equipe técnica e de produção e até para nós mesmos. No fim do dia um sentimento de trabalho em equipe feito com sucesso era sempre gratificante.
Fui até meu camarim e tirei as roupas da “Charlie”, que eram um uniforme de escola. Coloquei-as nos cabides de novo em seu devido lugar e vesti minha camiseta polo azul escuro e a calça jeans escura. Calcei a sapatilha preta confortável e prendi os cabelos em um rabo de cavalo alto, me dirigindo ao banheiro.
- ! , você não vai acreditar! – Ellie, feliz como sempre, deu algumas batidinhas seguidas na porta, e eu abri deixando que ela entrasse enquanto procurava os produtos para tirar a maquiagem.
- O que foi?
- Eles querem você!
- Quem me quer? – encarei-a confusa pelo espelho.
- A Warner Bros.!
Larguei todo e qualquer produto que eu havia posto as mãos e encarei-a incrédula pelo reflexo.
- O quê?!
- Bem, não é cem por cento confirmado ainda...
Relaxei os ombros e voltei a olhar meu próprio reflexo, pegando o creme. Ellie tinha o péssimo costume de deixar seu entusiasmo tomar conta e acabar falando as notícias boas – e exageradas – antes das más. Na verdade, era como dar o doce para a criança e tirá-lo logo em seguida. Eu já havia me acostumado.
- Mas você é uma das primeiras opções, ! Você tem noção do que é isso? Warner Bros. Entertainment está cogitando a possibilidade de ter você como a nova Cinderela! A maior produtora de filmes de Hollywood e do mundo! – agora ela estava a ponto de explodir de entusiasmo, sua voz subindo duas oitavas a cada vez que ela pronunciava uma palavra. – E você está disputando com Lilly James, Emma Watson e Lucy Hale!
Tentei não me deixar levar pelas boas noticias também. Eu não queria dar um passo maior que a perna e acabar caindo de cara no chão.
- Eu tenho a série, Ellie. Não posso deixá-la.
- , você é uma atriz agora. E é uma iniciante! Não pode se dar ao luxo de recusar um papel de Hollywood, é como se sua vida dependesse disso!
Espalhei o creme pelo o rosto enquanto encarava-a pelo espelho, sua expressão de súplica a cada segundo mais intensa para mim. Mas a verdade era que eu não acreditava mesmo que aquilo fosse ser possível. Quem em sã consciência me trocaria por uma daquelas três atrizes famosas e conhecidas? Eu era só uma iniciante, e nem era muito famosa.
- Ellie, eu entrei pela porta daquela gravadora como uma menina normal, que tem planos de seguir a faculdade e levar uma vida tranquila. Só tentei a sorte grande e não tenho noção de como fui parar sendo uma das protagonistas de uma série. E além disso eu nem consigo acreditar que esteja tão conhecida, isso tudo ainda é muito novo e estranho para mim, eu não acho que posso. – Balancei a cabeça, explicando.
- – ela se aproximou e me virou pelos ombros, colocando sua prancheta embaixo do braço e espalhando melhor o creme para mim. – você é uma das pessoas mais talentosas com quem eu já trabalhei. Tudo bem, eu não trabalhei com muita gente conhecida, mas tenho orgulho de cada pessoa que já passou pelas minhas mãos. Mas sinto que você é a minha maior conquista. Eu não estou falando isso porque quero muito ter a chance de ver uma das minhas ir para Hollywood, e talvez, é claro, quem sabe – deu de ombros e sorriu. – me levar junto. Não. Eu estou falando porque acredito que você tenha potencial para isso. Você é um talento nato. Não entendo como demorou tanto tempo para ser descoberta.
Suspirei e deixei meus ombros caírem.
- Tudo bem... talvez eu possa pensar melhor no assunto. – Ri fraco. Pensar em ir para Hollywood, caso isso (por um milagre) me fosse imposto. Que pessoa normal recusaria algo assim?
- Isso! – ela deu um pulinho e bateu as mãos. – Isso, . E não se preocupe, é completamente normal que um ator trabalhe em dois projetos diferentes, só seria mais corrido, mas você conseguiria administrar o filme e a série ao mesmo tempo, eu tenho certeza.
Levantei uma sobrancelha.
- Mesmo que os dois sejam em lados opostos do mundo? – sorri.
- Sim! – ela disse e foi para a porta saltitando. – Sim, sim, sim! E pode ficar tranquila. Vou trabalhar na sua imagem como uma louca. Tudo que eu puder fazer para atrair a atenção de um jeito bom para você, eu farei. Vou tentar arranjar um sapatinho de cristal para você usar na coletiva de imprensa! – saiu porta afora gritando para mim, e eu fiquei rindo da loucura de Ellie.
Depois de finalmente tirar todos os resíduos de maquiagem do rosto e passar um brilho labial apenas para proteger os lábios do frio, saí do banheiro e peguei minha bolsa. Peguei o sobretudo e joguei sobre o braço, saindo do camarim.
- Você não espera que eu te deixe pegar o metrô.
Dei um pulo e um grito quando Jeremy surgiu do nada no corredor, me fazendo quase ter um ataque.
- Sumpter, você quase me mata de susto! – falei com a mão no peito.
- Uh, ela me chamou pelo sobrenome. – ele riu, divertido. – Desculpa.
- Não. – passei por ele, indo para o set de filmagens outra vez. – Já é a terceira vez que você me assusta assim nessa semana. Isso é atentado contra mim!
Ele deu uma risadinha.
- Tudo bem. – colocou uma mão nas minhas costas e me dirigiu para a saída do set. – eu ainda vou te levar para casa de qualquer jeito.
Fiz bico.
- Já que eu não tenho escolha.
Ele me puxou pela mão e pegamos o elevador que já fechava as portas.
Não levamos muito tempo até em casa por um caminho meio parado. É claro que em pleno meio de semana Londres estava agitada como sempre, mas fomos por dentro dos bairros, porque eu ameacei comer minha própria mão se não chegássemos logo.
Logo que chegamos, eu disse que Jeremy ficasse à vontade e fui para a cozinha pegar um pacote de cookies de chocolate com baunilha. Voltei para a sala onde ele estava sentado e sentei ao seu lado, ligando a TV. A casa ficava muito quieta sem as meninas, então eu preferia mesmo que ele ficasse ali até tarde.
- E aí.
- E aí.
Ofereci um cookie e ele pegou.
- Quer olhar o quê?
- Tanto faz, quer olhar o quê?
Olhei para ele com os olhos estreitos.
- Assim não rola!
Ele riu.
- Tanto faz, mesmo. Bota um filme legal.
- Faz o seguinte, vai escolhendo algo aí que eu vou tomar um banho. – soltei o controle no colo dele e os cookies no sofá, e fui para o banheiro do quarto de , que era melhor. Tomei um banho demorado e relaxante, lavei os cabelos e depois sequei mais ou menos e prendi em um rabo de cavalo alto para não atrapalhar. Voltei para a sala e ele olhava um filme de ação. Sentei no sofá e ficamos assistindo o filme por um bom tempo, porque era meio cômico por ser exagerado demais. Com o tempo, deitei no sofá e quando vi já estava escorada em Jeremy, mas tudo bem porque ele também já estava cochilando. Fechei os olhos e me perdi no sono.
’s POV
Algo estava errado entre nós. Eu já vinha percebendo há algum tempo. Observava isso deitada em minha cadeira de sol, enquanto todos nós curtíamos algo na praia. e Niall foram caminhar há alguns minutos e já desapareceram do nosso campo de visão. e Harry estavam na água nadando, conversando, rindo, etc. teclava em seu celular, Louis dormia no sofá lá dentro e Liam estava em qualquer lugar que me evitasse, ele ainda não havia superado muito bem nossa briga. Zayn estava ao meu lado deitado com uma lata de redbull. A parte errada de tudo isso era que estávamos separados. De algum jeito, nós não estávamos mais unidos como antes e eu sentia isso.
- Vocês ainda estão estranhos?
Concordei com a cabeça.
- Eu meio que peguei pesado.
- Você só deixou escapar. Não te culpo, não é fácil estar no seu lugar.
- Mesmo assim, eu não tinha o direito.
- Liam é assim, você sabe que ele vai perdoar.
- É...
Ficamos olhando a praia por um tempo. Depois, olhei-o.
- Por que você está triste?
- Você não sabe mesmo? – sorriu-me.
- Você sente a falta dela, não é? – meu semblante se encheu de pena.
- Muito. – concordou. Fez uma pausa longa, e eu esperei. – Eu queria poder voltar, .
- É?
- É.
- Por quê?
- Para fazer tudo diferente. Mostrar à ela que eu sou melhor do que isso. Ter uma segunda chance.
- Eu sinto muito que vocês não tenham dado certo, Zayn.
- Eu também. – ele suspirou. – Mas, sabe, eu jurei para mim mesmo que era a última vez. merece alguém melhor.
- É legal da sua parte pensar assim quando é tão mais fácil ser egoísta e dar razão aos próprios sentimentos.
- Eu acho que isso é o que chamam de amor. – ele sorriu para mim, e sorri de volta.
Zayn tinha um coração de ouro, e por isso eu desejava profundamente que ele e tivessem outra chance para ser feliz. Só não via como isso era possível. Como fazer para apagar todas as mágoas e conseguir começar do zero quando tudo já foi longe demais?
’ POV
- Tem um jeitinho pra ligar o forno, eu já expliquei pro Harry. Tem que apertar bem e segurar por um tempo. Mas só por via das dúvidas, ajuda ele. Eu não quero que botem fogo na casa.
- Ok, tudo bem.
- Ah, eu descongelei a carne para o...
- . – interrompi-a. – Vai logo. A gente vai ficar bem. Somos adultos.
- Tudo bem. – ela pegou a pequena bolsa no sofá. – Só não esqueçam do...
- Vai. – empurrei-a de leve até a porta e fechei, antes que ela se lembrasse de falar mais alguma coisa.
Quando enfim a última pessoa saiu, respirei fundo.
- Estamos sozinhos. – avisei a Harry, que estava na cozinha.
- Até que enfim! – ele gritou de lá.
- Bom, confesso que dessa vez eu realmente queria ir na festa. – me joguei no sofá e passei os canais da TV desanimadamente. – Parece que vai ser legal.
- Ah... – ele limpou as mãos em um pano e veio até o sofá, sentar ao meu lado. – Por que não disse antes?
Dei de ombros.
- Eu estava animada com a sua ideia de jantar e uma noite só para nós. – olhei-o. – Ainda estou.
- Tudo bem, olha – ele olhou em seu celular. – Ainda é cedo. São nove da noite. Eu garanto que eles vão virar a noite lá, podemos ir mais tarde, na hora em que a festa realmente ficar legal. Que tal?
- Tudo bem. – sorri.
- Ótimo – ele sorriu comigo e me roubou um selinho antes de voltar para a cozinha.
Enfim conseguimos uma brecha para termos aquela noite sozinhos e o jantar que ele tanto queria preparar. Eu amava as comidas de Harry, ele era tão bom nisso.
Como e estavam muito entusiasmadas com uma festa que teria na cidade, elas contagiaram todos os outros com isso, inclusive até mesmo eu, um pouco. Então eles saíram mais cedo do que o normal para jantarem fora e nos darem um tempo sozinhos, e depois iriam direto para a festa.
Deitei no sofá e tentei prestar atenção no filme enquanto Harry aprontava a comida na cozinha, mas logo percebi que era algo de terror. Então, quando chegou no famoso momento em que o personagem de repente se encontra em um lugar escuro e vazio eu tratei de levantar do sofá e ir ver se meu namorado precisava de ajuda na cozinha.
- Quer que eu faça algo? – me apoiei no balcão.
- Você pode pegar os nossos pratos. – ele sorriu para mim e indicou a porta onde os pratos ficavam.
Fui até lá e peguei dois pratos, mas quando fui colocar na mesa ele pegou-os da minha mão e fez que não com a cabeça.
- O quê?
- Vamos jantar na sala.
- Na sala?
- É pra ser romântico, . – ele revirou os olhos. – Como vamos ter um jantar romântico numa mesa enorme assim? A gente ficaria há quilômetros um do outro.
Eu ri.
- Tudo bem, o mestre em romance aqui é você. – levantei os braços.
Harry jogou o pano de prato no ombro e pegou uns copos com a mão livre.
- Eu quero que suba e coloque sua roupa preferida, ok?
- Mas...
- Você tá de pijama. – ele sorriu.
- E o que tem? – Olhei para mim mesma e segurei minha calça mais ou menos duas vezes do meu tamanho, rebolando um pouco. – Eu fico tão sexy!
Harry me olhou, com o olhar óbvio.
- Tá, saquei. Romance. – imitei sua voz. Virei de costas, mas depois virei para ele de novo. – Mas só pra deixar claro, se não me quis assim – apontei para mim mesma. – Não me procure quando eu estiver de lingerie no catálogo da Gucci – joguei um beijo no ar para ele, que riu enquanto eu me afastava.
Harry passou por mim indo para a sala e me deu um beijinho.
- Demore o quanto quiser.
- Pode deixar.
Subi as escadas até o quarto das garotas. havia pegado minha mala e levado para cima para escolher uma roupa minha para usar na festa, e depois, é claro, não colocou de volta no lugar. Subi com calma, de um em um degrau com muito pouca vontade. Entrei na bagunça que ela e ousavam chamar de quarto e fui até minha mala aberta em uma das camas. Procurei pacientemente e ponderei entre três vestidos, um preto, um branco e um vermelho. Era o melhor que eu tinha. Eu queria algo que pudesse ser ao mesmo tempo confortável. É claro que nada seria tão confortável quanto meu pijama. Fiz bico ao ter que tirar o pijama, com vontade de colocar meu conjunto de veludo azul fraco, mas Harry provavelmente não acharia apropriado para um “jantar romântico”. Ah, garotos.
Depois de jogar os vestidos de volta na mala e escolher uma calça jeans preta e uma camiseta larga com gola V, eu soltei os cabelos e passei qualquer batom. Era isso que Harry teria para a noite.
Desci as escadas de novo e notei ao chegar ao topo da mesma que lá embaixo estava estranhamente mais escuro. As luzes desligadas e apenas uma luz fraca que eu não consegui identificar de onde vinha. Fiquei com medo de descer ao lembrar do filme ridículo que eu vira há uns minutos atrás. E se um demônio estivesse à minha espera?
Ah, por favor, quantos anos eu tinha mesmo?
Dei um passo à frente e coloquei a mão no corrimão.
- Harry? – chamei. De inicio, nada. Então uns segundos depois ele se pronunciou.
- Aqui, princesa.
A voz parecia extremamente perto. Forcei meus olhos até que consegui identificar a sua sombra no escuro, no pé da escada. Desci até lá.
- Você me assustou. – falei, quando chegue até ele. – Terminou a luz ou...
Porém minha frase ficou no ar quando vi o porquê de as luzes estarem apagadas. Fiquei impressionada, Harry era realmente ótimo com essas coisas de romance. Nem parecia o garoto que conheci há um ano atrás.
A sala estava iluminada por uma tênue luz tremeluzente que vinha de cima da mesinha de centro, das velas de cor vermelha, acesas em cima da mesma. O fogo criava um círculo de luz em volta da mesa e dava para ver nosso jantar e a bebida em cima da mesinha, esperando por nós. Além disso, a TV estava ligada baixinho em um show do Coldplay no Netflix, o que criava a atmosfera perfeita. Fiquei por um tempo contemplando aquilo e suspirando, até lembrar que ele estava ali comigo.
- Você é tão bom nisso...
- Você não viu nada. – ele riu e me puxou pela mão até a mesa. – Vamos comer? Estou com fome.
- Por favor. – concordei com a cabeça e nós dois nos sentamos nas almofadas fofas no chão, um de cada lado da mesinha. Eu estava faminta, e só percebera naquela hora.
E então, resumidamente nós jantamos. Conversamos enquanto eu provava da sua comida maravilhosamente bem feita, às vezes ganhando um pedaço de carne na boca e tomando vinho tinto suave, porque ninguém ali queria ficar bêbado, pelo menos não antes da hora. Nos breves momentos de silêncio que precediam o inicio de um assunto diferente, Coldplay preenchia o momento e o tornava ainda melhor. Harry sabia mesmo como me fazer sentir extremamente à vontade e confortável como ninguém. Me perguntei se ele seria assim com outras garotas, e era esse o porquê de sua fama de mulherengo na mídia, e sorri com esse pensamento.
Mas a melhor parte de tudo era olhar para ele e perceber o quanto havia mudado. Ele cumpriu a promessa, era uma pessoa diferente. Ele me fazia bem. Praticamente apagou tudo de mal que tivemos nos últimos meses. Eu nunca acreditei que alguém pudesse mudar assim, até que ele o fez. E eu era tão grata, e tão orgulhosa de Harry ao mesmo tempo.
- Você é linda. – ele disse, depois de um breve momento. Já tínhamos acabado de comer, e agora só conversávamos sobre alguma coisa enquanto bebíamos o resto do vinho, escorados no sofá olhando o show na TV. Talvez já tivéssemos bebido demais, afinal a ponta dos meus dedos formigava. Mas eu não me sentia embriagada, apenas levemente desinibida e à vontade.
- O que mais, Harry?- olhei-o e sorri.
- O que mais o quê?
- Quais seus outros truques para ganhar a garota?
- Hum... – ele olhou para os lados fingindo pensar. – Bom, tem esse aqui também: - ele sentou de frente para mim e passou as duas mãos nos cabelos, bagunçando-os e então virando-os para o lado. Olhou para mim com um sorriso inocente e forçado, mas lindo. – Eu adoro a cor dos seus olhos. – disse, em uma voz doce.
Ri e empurrei-o de leve pelo ombro. Nós parecíamos um casal de conhecidos saindo juntos pela primeira vez e flertando um com o outro.
- As garotas nunca resistem.
- Hum, e o que mais?
- Ah, tem várias coisas. Mas acho que a melhor delas, com certeza é... – ele se mexeu um pouco e pegou algo do bolso da calça. Era pequeno, então não pude ver até que Harry pegou minha mão direita e colocou algo no meu dedo.
Meu sorriso sumiu e arregalei os olhos. Ele sorriu de canto, porra de sorriso, e beijou minha mão, bem em cima de onde havia posto o anel. Então virou-a e colocou outro anel igual na palma da minha mão e me ofereceu sua mão direita.
- O que...
- Eu amo você. E quero que lembre disso onde quer que nós estejamos, perto ou longe, juntos ou separados, brigados ou de bem. Eu quero que se lembre toda vez que olhe para esse anel, que não importa nossas diferenças, brigas, desencontros ou problemas, eu sempre vou te amar. E mesmo ainda sendo cedo para ter você como a minha mulher oficialmente, você já é minha, assim como eu sou seu de corpo e alma.
Levantei meu olhar do anel em minha mão para ele. Harry falava sério. Nunca o vi falar tão sério em toda minha vida. E, Deus, eu amava tanto aquele garoto. Peguei o anel com a mão esquerda, tremendo um pouco, e coloquei em seu dedo, para abraçá-lo forte logo em seguida.
- , você quer namorar comigo? – disse baixinho no meu ouvido e riu.
Eu me afastei só o suficiente para olhar para ele.
- Nós já somos namorados.
- Nunca fiz o pedido com um anel. E aliás, eu não me sentia merecedor de te chamar de namorada depois daquela merda que fiz. Foi como se eu tivesse perdido o direito. Então agora, estou o recuperando.
- Eu quero ser a sua namorada, Harry Styles. – disse, distribuindo beijinhos em todo o seu rosto e fazendo-o sorrir.
- Ah, mais uma coisa. – ele me afastou um pouco. – Tem algo gravado no anel.
Eu olhei com mais atenção para o anel, colocando-o perto do rosto. Era difícil ver à luz de velas, mas apertando os olhos pude ver uma pequena linha, finíssima, no meio do anel. Era uma linha de prata, no meio de um anel todo de ouro. Porém quando meus olhos se acostumaram, percebi que não era uma linha, e sim palavras: for you I’d bleed myself dry. Li as palavras, reconhecendo-as na música que Coldplay cantava na TV.
Era o nosso “eu te amo” pessoal. Sorri para ele, incapaz de pensar em um jeito de demonstrar o quanto aquilo me fizera feliz.
Liam’s POV
- Liam...
- Virei de costas e voltei a encarar meu drink no bar.
- Liam, vamos conversar, eu cansei dessa criancice! – disse, sentando no banco ao meu lado e batendo a mão no balcão. – Por favor?
Fiquei quieto. Eu ainda estava chateado demais para fingir que nada aconteceu. Qual é, era o meu orgulho ferido também!
- Olha, Liam, eu sinto muito por ter chamado sua família de hipócrita.
Olhei-a, para que ela continuasse.
- E é só isso! Eu não tenho porque sentir muito pelo resto, eu só falei a verdade, seu ciúme é irritante, eu não suporto aquilo. Eu amo você, eu não me importo com qualquer outro garoto.
Suspirei e tomei um gole da bebida.
- Você não vai mesmo falar comigo?
Não respondi.
- Sério? Quantos anos você tem?
Nada.
- Liam.
Me mantive firme, por mais que eu quisesse falar com ela. Talvez, afinal, ela estivesse certa, um pouco...
- Liam James Payne! – ela disse, com um tom tão bravo que foi automático virar o rosto para olhá-la. – Eu vou levantar desse banco e curtir essa festa com o primeiro cara que eu ver na minha frente se você não parar de birra agora mesmo e dizer que me desculpa.
Revirei os olhos, e olhei para minhas mãos no balcão.
Ela ameaçou levantar, e minha cabeça virou rapidamente para olhá-la.
- Não. – a palavra escapou da minha boca sem que eu percebesse.
- Então fala comigo. Para de me ignorar assim.
Fiquei quieto por mais alguns segundos.
- Você é insistente.
Ela sorriu, finalmente.
- Você me perdoa?
- Tudo bem... – falei baixinho.
- O quê?
- Tudo bem. – respondi, mais alto.
- Ótimo. Vem cá – levantou e me puxou pela camisa até que eu levantasse também e ela me deu um selinho rápido na ponta dos pés antes de me puxar para o meio das pessoas.
Aquele lugar estava bombando. Talvez até demais.
Niall’s POV
- Que palhaçada é essa, cara?
- E eu sei lá! – gritei para Louis por cima da música.
Tudo bem, eu gosto de festas. E o quanto maiores e mais agitadas, melhor. Mas aquela ali parecia estar fugindo do controle. A cada segundo, mais e mais gente chegava e o ar já estava escasso ali dentro. Eu e Louis havíamos nos perdido dos outros, e agora eu não fazia ideia de onde estava. Ela e foram para o bar pegar mais bebidas há mais ou menos quinze minutos atrás, e agora eu nem sabia mais para que lado o bar ficava. Sem contar que a boate ficava na beirada da praia principal, que era famosa por seus morros altos com faróis. Era um bom ponto de turismo de dia, mas não um lugar muito seguro para pessoas completamente bêbadas no meio da noite e encorajadas pelos amigos. Pular de lá era uma viagem sem volta, mas pessoas bêbadas não percebiam isso.
- Vamos sair daqui, Niall. Vamos para fora, e quando conseguirmos nos situar a gente volta e procura elas.
- Tudo bem.
Nós seguimos abrindo espaço entre as pessoas desajeitadamente em linha reta até conseguirmos sair de lá de dentro. Olhei para a praia enquanto finalmente respirava ar puro. A maré estava alta, o mar bem agitado. Podíamos ver vários grupos de pessoas em cima do morro mais ao lado, com luzes de fogueiras, lanternas e, com certeza absoluta, uma grande quantia de bebida. Eu só esperava que ninguém fosse idiota a ponto de se jogar de lá.
- Niall! – Liam me assustou ao me virar para ele.
- E aí, cara! – falei, mais animado de repente. – Aquilo tudo tá uma loucura, hein!
- Demais. Eu acho melhor irmos embora, já tá tarde, e... Cadê as garotas?
- É... – apontei para trás. – A gente meio que... perdeu elas lá dentro e...
- Niall. – se fez presente, saindo de trás de Liam e ele soltou sua mão. – e estavam parcialmente bêbadas.
- Completamente. – corrigiu Louis.
- Ah, meu Deus. – colocou a mão no rosto e suspirou, e Zayn apareceu de sei lá onde e colocou a mão em seu ombro para consolá-la.
- Nós vamos procurá-las de novo, e aí as trazemos para cá, tudo bem? – Louis disse a eles, já pegando meu pulso para me puxar para dentro de novo.
- Tá. Eu vou ligar para Harry e e chamá-los para cá. Nos encontramos aqui.
- Harry e estão aqui? – franzi o cenho. – Eles não iam ter uma noite sozinhos e tudo mais?
- Eles chegaram às duas horas. Aproveitaram pouco a festa, mas agora já não é mais hora pra gente ficar aqui.
- Tá, tudo bem...
Eu e Louis entramos na festa outra vez, e parecia incrivelmente ainda mais lotado do que antes. A música estava ensurdecedora, e eu não me sentia bem lá dentro de jeito nenhum. Nós andamos, e andamos e aquela boate parecia não ter fim e nos infiltramos pelo meio de todo mundo ali, mas nada de e .
Tentei ligar outra vez quando saímos de novo. Liguei duas, três, quatro, cinco vezes, e na quinta até que enfim alguém atendeu. Eu podia ouvir no outro lado da linha a mesma música que ouvia ali de fora da boate, só que bem mais distante, como se ela estivesse longe dali.
- Onde você tá, ? – fui logo perguntando, o mais alto possível. Não houve resposta. – ? Onde você e a se meteram? ?!
- Oi, Niaaaaall! – ela disse, como se recém tivesse percebido o celular. – Você não vai acreditar! Eu achei uma galera legal aqui em cima, eles são tão maneiros, eles... não acreditam que eu conheço você, e tem um cara...
As palavras estavam emboladas. Eu mal entendia o que ela estava dizendo, e não me parecia fazer o menor sentido.
- Ele e a estavam quase se pegando, e eles... – houve um barulho como se o celular tivesse caído, e um tempo depois a voz dela voltou. – Ele pulou! Ah meu Deus! Morgan... , cadê a , a minha amiga, ela... cadê a... não, eu não vou, não, eu...
Franzi o cenho, tentando entender alguma coisa. Haviam vozes e tumulto e risadas e alguma música mais calma de fundo.
- , onde você tá?! – minha voz saiu mais alta e urgente agora. – !
A chamada havia caído.
- Droga! – praguejei, e Louis me olhou.
- O que aconteceu?!
- Ela falou umas coisas que eu não entendi, e a chamada caiu!
- Onde elas estão, Niall?
- Eu não sei, Louis! Eu não sei, ela comentou algo sobre “aqui em cima” e “ele pulou” e... – ao ouvir minhas próprias palavras meus olhos subiram para o morro, ali perto. Louis seguiu meu olhar.
- Ai caramba.
Louis’ POV
A subida até lá em cima era longa e um tanto cansativa, por um caminho de degraus nas pedras. Durava quase dez minutos normalmente, mas subimos correndo, então fizemos em um tempo recorde de pouco mais de cinco minutos. Ao chegar lá, muitos grupos de amigos, gente bebendo, se drogando, se pegando, rindo alto e fazendo todo o tipo de bizarrice havia ali. Nós procuramos por um tempo em meio às pessoas, em volta das fogueiras até que finalmente eu ouvi algo que me parecia familiar: uma risada feminina inconfundível. Olhei em volta, sabendo que era e ela estava perto. Olhei para onde nós tínhamos acabado de passar, por um grupo que ria alto e cantava em volta de uma fogueira.
- Niall, ali. – fiz um gesto com a cabeça para lá.
- Onde?
- Do lado do cara do narguilé.
Niall estreitou os olhos até enxergar sentada ao lado do cara dos dreads, com o narguilé na mão.
- Puta merda, eu vou apanhar se chegar lá.
- Com essa tua cara de gay, vai mesmo. – empurrei ele amigavelmente e me aproximei devagar.
Quando cheguei perto o suficiente para atrair a atenção de alguns, coloquei as mãos no bolso e fiquei me balançando por um tempo. olhou para mim, e então soltou um pouco de fumaça pela boca e começou a tossir. O cara ao lado dela riu e disse algo como “calma aí, linda”.
- Qual é a do baixinho? – um deles olhou para mim e fez um gesto com a cabeça, e mais deles olharam. O cara do violão também, porém sem nunca parar de tocar.
Eu olhei apenas para e fiz um aceno para ela, como se a chamasse para vir comigo.
- Esse foi o cara de quem você falou? – o cara ao lado dela perguntou, e ela riu de um jeito bobo e assentiu com a cabeça.
O quê? Ela falou de mim?
- Sim. É ele mesmo. – Ela sorriu.
se levantou e veio até mim cambaleando um pouco, e quando chegou em mim, me deu um beijo leve. Ela se afastou devagar e eu a ajudei a se manter de pé equilibrada.
- Cadê a ? – perguntei baixinho, para ela.
apenas deu de ombros. Então eu vi em meio às mechas do seu cabelo soltas em cima do seu ombro, que uma delas não era como as outras. Passei o dedo por cima da mecha, e percebi ser um dread. Eu apenas suspirei.
- Vocês são tão influenciáveis quando estão bêbadas.
- Você gostou? É o máximo, não é? Lorene que fez em mim! – apontou para um dos caras, cheio de dreads da raiz às pontas e só então percebi que o cara na verdade era uma garota. Virei pacientemente para e segurei-a pelos ombros.
- , cadê a ?
- Eu já disse que não sei. Ela foi para a ponta ver a água com o garoto das pulseiras. – apontou para longe, onde estava mais escuro, por não ter nenhuma fogueira, na beira do paredão que se estendia por uns bons sessenta metros até a água agitada lá embaixo.
Niall correu para lá no mesmo segundo, automaticamente. Eu o segui, e veio atrás por eu estar segurando sua mão. Encontramos em uma parte bem escura, sentada ao lado de um cara na beirada do paredão olhando para baixo. Meu coração pulou, e senti vontade de correr até lá e puxá-la, mas tive medo de com isso assustá-la, porque ela podia de verdade cair. Ela riu de algo que ele mostrou, o cara não parecia ter segundas intenções e nem nada, mas era nítido até de longe que estava mais chapado que a Amy Winehouse. Bia soltou uma risada estranha, de gente bêbada, e se curvou mais para olhar para baixo.
Mordi o lábio, com medo. Eu sabia que ela não havia feito por mal, mas era inocente e bobinha, que nem precisava de ninguém para deixa-la bêbada, ela fazia isso sozinha.
- !
Ela se assustou e olhou para trás. Quando viu Niall, sorriu e foi um pouco para trás, colocando as pernas em cima da grama outra vez, e eu relaxei um pouco.
- Ei, gente! – Ela se levantou um tanto tonta e Niall foi até lá para pegá-la. Ele a puxou para longe daquela queda enorme e ela se abraçou nele. – Onde vocês estavam?! Achamos uma galera legal, e queríamos que vocês vissem, mas eu não conseguia achar sinal.
Niall torceu o nariz e se afastou do abraço, pegando apenas a mão dela.
- Vamos sair daqui agora, .
- Mas... não vamos dar tchau para os...
Ele puxava-a com velocidade para perto das pessoas pelo mesmo caminho de onde viemos, e eu o seguia, trazendo comigo.
- Vocês não vão dar tchau à ninguém. Eu tenho certeza que amanhã vão ter mil e uma fotos de vocês duas chapadas e bêbadas no meio daqueles caras... como umas vadias!
arquejou atrás de mim pelo jeito como ele falou. Eu não disse nada, estava mais calmo, mas ainda assim aquilo infelizmente era verdade. Só que metade daquilo era ciúmes de Niall, isso era óbvio.
parou abruptamente e ele virou para ela, bravo.
- Você não pode julgar as pessoas assim! – ela apontou um dedo para ele. – Isso é muito... feio, Niall! - falava como uma criança, o que era até engraçado julgando a quantidade de álcool que ela bebeu. Sem contar que devia estar meio chapada também, julgando a quantidade de gente que fumava lá. – Eles são pessoas legais, eles... e... e além disso, você é muito grosso! Não pode sair me chamando de vadia assim. Quem você pensa que eu sou? Não sou que nem a !
Mordi o lábio, a merda estava feita. Eu soube, pela expressão perdida, confusa e meio tonta no rosto de que ela não quis dizer exatamente aquilo. Mas gente bêbada não tem o controle da língua.
- O quê?! – gritou atrás de mim. – Falou a chapada maluca que foi pra ponta de um precipício com um cara porque achou a pulseira dele bonitinha!
a olhou, afetada.
- Você quase deu para dois caras ali e toda vez que vê o Louis agarra ele porque não consegue se conter! Nem tenta negar porque é verdade.
ficou quieta pelo que acho ser a primeira vez que eu vi. Ela nunca saía por baixo em uma briga, nunca mesmo. Achei até estranho.
Então soltou a minha mão bruscamente e marchou a passos largos até , passando por ela e a empurrando com o ombro.
- Não fui eu quem fiquei com o namorado da minha melhor amiga. – disse alto o suficiente para que todos nós escutássemos.
- Como é que é? – Niall olhou para , furioso dessa vez.
- Niall... – ela juntou as mãos e olhou-o, receosa.
- Quer saber, eu não quero mais ouvir. – ele deu de ombros e virou as costas para ela, seguindo morro abaixo por onde havia ido.
Eu e ficamos parados por um tempo, até que fui até ela e a abracei pelos ombros para ajudá-la a descer aquilo tudo sem nenhum hematoma. Ela parecia precisar mais do que .
- Vamos lá, gatinha. – falei, para encorajá-la de alguma forma.
Zayn’s POV
- O que, pelo amor de Jesus Cristo, aconteceu afinal? – perguntou, tentando botar ordem no carro quando todos falavam alto demais e eu não conseguia entender uma frase inteira sequer de nenhum deles.
- Essas duas idiotas estavam no meio de um monte de macho bebendo e fumando feito loucas!
- Ai, você é tão exagerado! – empurrou Niall com força. Tinha certeza que aquilo era um grande exagero, só pelo jeito como ele falou.
- Você sabe o que vai acontecer? Vocês duas têm noção da porra que fizeram, ? Amanhã mesmo a mídia vai cair em cima de vocês como abutres! Vocês vão ser os principais alvos das nossas fãs, Simon vai ficar furioso e o pior é que eu nem vou ter argumentos para discordar, porque os certos são eles!
Todo mundo ali sabia que Niall estava certo nisso, pelo menos.
- Então quer dizer que nós não podemos ser nós mesmas se quisermos ser amigas de vocês? - disse, um pouco mais calma que . – Eu não sabia que existiam regras. Eu não assinei nenhum contrato!
- Ei, espera aí. – levantou um dedo. – Só que vocês não eram assim antes. Não podem dizer que estavam sendo vocês mesmas, porque vocês nunca foram de fazer vexame, tomar porre em todas as festas, fumar e se pegar com todo mundo que veem pela frente. Vocês não eram assim antes, e agora só estão fazendo para chamarem a atenção por algum motivo!
- Você tá insinuando que...
- , fica no teu canto que ninguém te chamou pra conversa. – interrompeu e apontou para .
- Não, ! Chega de aguentar você sendo uma estúpida! Você tem que admitir que está virando uma criança sem responsabilidade alguma e eu aposto um dedo como isso é tudo pra chamar a atenção do Louis! Eu cansei de ouvir as merdas que você fala quieta! Ninguém aqui é obrigado a aceitar suas patadas com um sorriso no rosto!
se levantou, mas Louis segurou-a firme no banco e ela voltou a sentar.
- Ai meu Deus, ai meu Deus... – Liam murmurava no volante, como alguém que já estava ficando louco. Eu não estava muito diferente.
- Escuta, não importa o que aconteceu, a gente não pode mais mudar isso. – Harry falou. – Agora só o que podemos fazer é tentar mudar essa imagem que vocês duas criaram de si mesmas e fazer com que a mídia...
- Mas essa sou eu, porra! Vocês não entendem? – levantou os braços. – Eu cansei de ter que me cuidar em tudo que faço porque tenho que manter a minha imagem para a mídia! Cansei de ser escrava da mídia por causa de vocês, ok? Eu nunca pedi por isso, nunca quis que isso acontecesse. Eu me recuso a ser como a , e acabar saindo toda fodida emocionalmente por causa do que a mídia pensa ou diz sobre mim! Eu não ligo!
Tudo bem, eu senti a indireta.
- Você nunca cuidou da imagem, . – rebateu. – Ultimamente você só quer saber de ser a porra louca da história e foda-se o resto. Você tá sendo egoísta e pensando só em si mesma.
- Eu nunca concordei em precisar ser a menininha perfeita se quisesse ser amiga de vocês. Eu não sou assim, vocês querendo ou não. Sinto muito.
- Quer dizer que não quer mais ser nossa amiga? – Louis perguntou.
Ela não respondeu, e por um longo tempo tudo ficou quieto. Isso não era possível, era até perturbador imaginar. Se um de nós “abandonasse o grupo” as coisas sairiam de seu equilíbrio original. Éramos uma família. Nove de nós nunca seríamos tão fortes quanto dez de nós juntos.
O silêncio ficou pesado e incômodo ao extremo, e eu quase desejei não estar ali.
- Não quero nem pensar no que o Simon vai falar de tudo isso... – Harry comentou.
- Ele nem sabe da pior parte. – Niall vociferou baixinho, como se falasse consigo mesmo.
- O quê?
- Que pior parte? – perguntei, curioso.
- Por que você não conta para eles? – Niall olhou para Harry, bravo, e Harry franziu o cenho.
- Contar o quê?
- Ah, qual é. Vocês dois pretendiam manter segredo até quando? – o loirinho revirou os olhos e voltou a olhar a janela. Olhei para Harry e , que trocaram um olhar assustado.
- Esconder o quê? – perguntou.
soltou uma risada debochada, e também meio cansada.
- Você realmente não se ligou ainda, não é?
- , eu confiei em você. – disse à , cheia de desdém.
- Você me chamou de vadia, amiga. – respondeu.
- Eu só estava falando a verdade!
- Por que não começa falando a verdade à sua melhor amiga? – apontou com o polegar para .
- Que verdade? – perguntou, desesperada.
- Amor...
- Cala a boca, Harry. , o que aconteceu? – agora ela estava séria.
trocou um olhar nervoso com Harry e eu assistia a tudo isso de camarote. fechou os olhos e respirou fundo, e então falou de uma vez:
- Eu e o Harry nos beijamos.
Nesse momento Liam deu um tranco no freio e o carro parou abruptamente, jogando todos um pouco para frente. Então ele desligou o carro e percebemos que estávamos na frente de casa.
A primeira porta a ser aberta foi a de e ela saiu porta afora quase criando buracos no chão de tão forte que eram seus passos.
- Muito obrigado, . – Harry disse, irritado, e saiu do carro também, batendo a porta com força.
Niall foi o próximo à sair, bravo, e saiu logo depois seguida de que parecia cansada. Então eu, Louis, e Liam nos olhamos por um bom tempo. Nada foi dito. Mas a situação estava fugindo do controle e algo estava nos separando de verdade. Nosso grupo não era mais unido como antes.
Creta devia ter o objetivo de nos juntar mais ainda! Quando foi que tudo deu tremendamente errado?
Harry’s POV
Corri um pouco para tentar alcançar , mas sabia que era melhor deixá-la por hoje e tentar conversar amanhã. Ela já estava irritada por , agora esse negócio de mim e a deixou mais furiosa ainda. Eu sairia com um hematoma do quarto se tentasse conversar, se é que ia mesmo dormir no quarto.
- , eu sinto muito. – disse depois que já estávamos no nosso quarto. Fechei a porta com cuidado atrás de mim e fiquei escorado ali por um tempo, me sentindo estranhamente cansado, enquanto ela tirava a roupa e jogava de qualquer jeito na mala ficando só de calcinha e sutiã na minha frente.
Suspirei, tentando controlar meus batimentos que agora batiam mais forte por algum motivo, apenas de eu ter corrido do carro até o quarto.
- Olha, você está brava, eu sei. Eu só quero dizer que aquilo não significou absolutamente nada para mim nem para ela, você sabe que... – parei para respirar. Eu comecei a me sentir meio tonto, e abri alguns botões da camisa. – que... a ama o Niall. E eu amo você, lembra? – levantei o dedo com o anel, mas logo levei a mão à garganta. Eu estava com falta de ar. Asma. Não tinha uma hora pior para isso? Porra.
pegou um pijama de veludo rosa curtinho e vestiu, ainda de costas para mim.
- Hum, . , por favor... – abri mais a blusa e tentei inspirar bastante ar, mas era como se algo bloqueasse meus pulmões. Meus batimentos ficaram tão fortes que eu podia sentir nas minhas têmporas. Dei alguns passos até a cama e abri desajeitadamente minha mala, procurando a maldita bombinha. Joguei algumas coisas para o chão e foi só aí que olhou para mim. Ela correu até mim e passou as mãos em meu cabelo, os tirando do meu rosto. Quando viu do que se tratava, abriu melhor a mala, procurando com mais eficiência até achar a bombinha dentro de um dos bolsos. Ela segurou desajeitadamente e colocou a ponta perto da minha boca, apertando o botão e o jato do medicamento saiu. Respirei fundo, tentando inalar o jato e ela fez isso mais duas vezes até que eu conseguisse me sentir melhor. Colocou a bombinha na minha mão, e eu sentei no chão ao lado da cama e fiquei normalizando a respiração ali por um tempo. fechou a mala e tirou-a de cima da cama, e depois ficou de pé olhando para mim por um tempo.
Quando eu me senti bem o suficiente, olhei-a de baixo e me levantei devagar para ficar na sua frente. Ela me olhou por um segundo, e então começou a me encher de tapas.
- Eu odeio você! A , Harry?! Podia ser qualquer outra, mas justo a ?! Que merda! – Disse, enquanto ainda me estapeava. - Vai se foder, você faz tudo errado, eu não acredito, você ficou com a minha melhor amiga, você é um cretino! – me empurrou forte para trás, mas eu mal saí do lugar. Continuei com os braços na frente do corpo para tentar me proteger. Não que aquilo doesse, mas... acho que ela não pararia enquanto não achasse que estava doendo.
- Me desculpa... me desculpa, eu juro que não significou nada, eu juro ! Foi só um beijo, nem foi bom! Eu estava pensando em você e ela no Niall!
- Você beija minha melhor amiga e depois me dá um anel incrível, e aí agora você quase me mata de susto com esse ataque, eu... – Ela passou as mãos nos cabelos, balançando a cabeça. - Eu não nasci pra aguentar tudo isso de uma vez só, tá legal? – levou a mão ao peito, parando enfim de me bater.
- Desculpa. – foi a única coisa que eu disse.
Ela grunhiu alto, frustrada, e então foi para a cama, ainda chateada demais para falar alguma coisa. Fiquei parado no meio do quarto por uns segundos, e então passei a mão no rosto e tirei a roupa, colocando apenas uma calça de moletom e deitando ao seu lado. Eu fiquei imóvel, sem saber se podia abraçá-la ou levaria mais tapas. Então ela virou para mim e me puxou para perto meio bruscamente, me fazendo deitar a cabeça em seu peito e passando as mãos trêmulas em meus cabelos. Pude sentir seu peito batendo forte.
se assustara com o ataque de asma, e eu fui salvo de uma briga enorme apenas por isso. Não pude conter o sorriso. Salvo pelo gongo, Harry. Fechei os olhos, ainda me sentindo meio estranho, e tentei acalmar meu próprio corpo.
Capítulo 21
But the story of us might be ending soon.
Now I'm standing alone in a crowded room
And we're not speaking
And I'm dying to know is it killing you like its killing me? I
don't know what to say since the twist of fate when it all broke down...
The story of us looks a lot like a tragedy now.
’s POV
- Muito obrigada. – Falei com toda a sinceridade que me restava depois de uma noite em que quase bebi até cair. Louis apenas sorriu para mim.
Tomei um gole do café extremamente forte e contive uma careta.
- O quanto mais forte, mais ajuda.
Assenti e tomei por mais uns segundos. Era bem cedo. Nem sei como consegui acordar tão cedo tendo dormido tão tarde. Eu acho até que desmaiei, pois não me lembro de ter ido para a cama na noite anterior. Levantei meu olhar para ele prestes a perguntar sobre isso quando Louis me interrompeu concordando com a cabeça.
- Te levei para a cama na noite passada. Você sentou na bancada e dormiu com a cabeça encostada no mármore. – Ele sorriu.
- Obrigada.
- Por nada.
- Você deve ser o único que não me odeia agora. – Tomei mais do café.
- Eu nunca te odiaria, . Temos o mesmo comportamento explosivo, eu sei como é falar algo sem pensar e magoar os outros. Nós somos idênticos.
- Então sabe que eu não devia ter dito nada.
- É claro que não. Você já vem falando coisas erradas há tempos. Mas se serve de consolo, o nosso grupo todo ter se fragmentado na noite passada não foi só culpa sua. Além disso, você estava bêbada demais para saber o que estava falando.
- Essa não pode ser a minha desculpa sempre. – Balancei a cabeça. – está certa.
- Por que não diz isso para ela?
Olhei-o estranho.
- E machucar o meu ego? Nem pensar.
Ele riu e concordou.
- Somos idênticos. – Voltou a dizer e concordei.
Ficamos sentados juntos no sofá por um tempo, apenas curtindo a companhia um do outro antes que a vida voltasse ao normal.
Liam’s POV
- Façam as malas.
- O quê? – perguntou enquanto Harry ainda coçava os olhos por ter recém levantado.
- Nós vamos embora.
- Quando? – Harry nos olhou, parecendo ter acordado.
- Hoje. Mais tarde. Foram ordens do Simon.
- Ele te ligou? – perguntou, confusa.
- Sim. A festa de ontem repercutiu muito. Resumidamente, vamos precisar de um longo tempo nos redimindo com a mídia para voltarmos a ser os queridinhos. No momento, nós somos vistos como os festeiros sem escrúpulos.
olhou direto para , sentada em um lado oposto da sala, como eu já previra.
- Você está feliz? – Falou, brava. – Acabou com a nossa viagem. Acabou com as férias de todo mundo. Vocês duas. – Agora olhou para .
Eu e trocamos um olhar preocupado, era exatamente isso que temíamos.
- Vai pra porra. – murmurou, girando devagar a cadeira giratória onde estava sentada com o pé.
avançou um passo para a frente, mas Harry segurou o braço dela. Não que aquilo fosse dar em algo, porque não era do tipo que entrava em uma briga física.
- Eu sei que boa parte da culpa é minha. – disse, mais baixo. – Minha e da . Se não tivéssemos nos comportado daquele jeito ontem, nada disso teria acontecido.
- Isso já vem de dias. – Zayn disse, balançando a cabeça. – Há dias a mídia e as fãs andam falando que vocês não são boas companhias para nós.
- Vocês uma ova. – disse, bufando. – São elas que as fãs não gostam. São elas que pagam de ridículas nas festas bebendo até cair e fazendo escândalo. Eu não vou sujar a minha imagem por causa de duas garotas que obviamente não sabem a hora de agir como adultas. Quem diria que eu sou a mais nova aqui.
- , se acalma. – pediu. – Nós sabemos que você não tem culpa nenhuma nisso, ok? Simon explicou exatamente o que ele quer a partir de agora. Ele quer que e se afastem pelo menos por um tempo, e se elas continuarem agindo assim não vão mais poder ser amigas dos meninos. Quanto a mim e você, estamos livres. A gente não fez nada de errado.
- É um absurdo que eles coloquem a culpa na gente por sermos livres. – reclamou. – Qual é, quem é que nunca tomou um porre na vida?
- O problema é que não foi só um, e não foi um simples porre. As fotos na internet não mentem, e podem ser bem... Nocivas, vendo pelo lado delas.
- , se não é capaz de entender a mídia então é melhor que não apareça nela. Somos nós que devemos nos ajustar à fama, e não a fama a nós. Não temos escolha. Ou voltamos para Londres agora, mantemos distância por alguns dias até todo mundo esquecer isso e tratamos de mudar nossas atitudes, ou a gente não vai mais poder se ver. – Zayn tentou explicar com calma, e não fez nenhuma objeção. – Estamos lidando com algo sério aqui.
- Vou fazer as malas. – Niall levantou de um pufe e foi para o quarto, irritado. Então, os próximos a voltarem para o quarto foram e Harry, para fazerem as malas. Eu e já havíamos feito as nossas. devolvera os livros do vizinho e ligara para a imobiliária para avisar que desocuparíamos tudo mais cedo. Paul ligou e avisou que o voo já estava marcado. Estava tudo pronto. Deixaríamos Creta essa noite.
’s POV
- Por hoje é isso pessoal, bom trabalho, até amanhã.
Tirei os calçados de salto e fui até meu camarim. Enfim pude tirar o vestido apertado e desconfortável, gravar cenas de uma festa durante seis horas era cansativo. Depois de trocar de roupa, sentei em um pufe e me permiti ficar de olhos fechados aproveitando o silêncio por um tempo. Durante as últimas três horas de gravações a música alta ecoava em minha cabeça e as luzes de neon me cegavam. Tudo bem que foi o final de um episódio muito divertido, porém cansativo.
Depois que pude controlar melhor os sentidos, levantei e tirei a maquiagem, peguei minha bolsa e saí do estúdio, dessa vez sozinha. Jeremy saiu mais cedo, quando as suas cenas acabaram de ser filmadas, porque tinha um compromisso.
Eu não tinha carro. Não queria pegar o metrô. E queria um café. Então, andei sem rumo por uma rua que sabia que abrigava uma Starbucks e mais algumas cafeterias bacanas, e depois que tivesse meu café procuraria o ponto de táxi mais próximo.
E foi o que eu fiz. As ruas naquele lado da cidade já estavam parcialmente vazias e o tempo escurecido, as lojas começavam a fechar suas portas e os bares a abrirem as suas. A temperatura estava relativamente boa, e o céu estrelado. Nada melhor.
Vi uma mulher receber flores do que talvez fosse seu marido, e logo depois os dois se beijarem alegremente do outro lado da rua, e tive que sorrir com a cena. Quando virei à esquina, as coisas ficaram mais silenciosas, ali havia menos movimento.
Tudo estava bem até o momento em que senti alguém atrás de mim. Quando me virei, era tarde demais. Duas mãos extremamente fortes e brutas me empurraram para a parede da loja mais próxima e meu corpo foi colado na parede de tijolos maciços. Senti uma pontada de dor na minha bochecha direita quando meu rosto se bateu contra a superfície gelada, mas a adrenalina do susto foi tanta que eu mal senti aquilo por muito tempo. Uma mão ainda empurrava meu corpo com força contra a parede, enquanto a outra segurava algo gelado contra minha cabeça. Meu coração pulou quando deduzi ser uma arma. Pronto. É agora que eu morro.
- Entrega a bolsa. – Uma voz áspera falou contra o meu ouvido e fechei os olhos, assustada demais para reagir de qualquer forma possível.
Como eu entregaria qualquer coisa? Minhas mãos estavam imobilizadas, presas na frente do meu corpo entre meu peito e a parede, e minha bolsa estava pendurada em meu antebraço. Tentei tirar o braço dali para soltar a bolsa, mas não consegui.
Percebi um leve rumor e vozes baixas próximas a onde eu estava, mas não pude distinguir onde era. Então levantei a cabeça como pude e vi que eram os funcionários da loja que se aglomeraram atrás do vidro da vitrine e agora olhavam a cena, aterrorizados.
Não pude conter um grito agudo quando o cara tirou a arma da minha cabeça e depois só o que ouvi foi o vidro da vitrine se espatifando no chão da calçada. Fechei os olhos com o barulho, que causou um zumbido alto em meu ouvido esquerdo, e ele voltou a empurrar minha cabeça contra a parede.
- Larga a bolsa! – Disse, e ouvi sua voz abafada pelo zumbido no ouvido.
Puxei meu braço com força, sentindo a pele arranhar, e quando eu o liberei só deixei a bolsa cair no chão, e ele se abaixou rapidamente para pegar. O pessoal da loja ainda estava estático, a maioria havia corrido para dentro e apenas alguns se aventuravam a espiar o que estava acontecendo ali fora. O brutamonte então arrancou o celular do bolso de trás da minha calça e me soltou bruscamente, me empurrando tão forte para o lado que perdi o equilíbrio e caí no chão. Ele se afastou, dando alguns passos de costas ainda apontando a arma para mim e fiquei imóvel, cheia de medo, de olhos arregalados. Ele virou a arma para dentro da loja e pude notar um cara lá dentro dar alguns passos para trás, com os olhos arregalados.
- Solta o celular.
O cara levantou as duas mãos acima da cabeça, segurando o celular que antes segurava no ouvido, na mão esquerda.
- Agora joga ele aqui.
O homem da loja obedeceu, com a mira da arma ainda apontada para seu peito, e jogou o celular no ar até o cara com a arma pegar e então abaixar a arma. Ele saiu dali praticamente correndo depois disso, e fiquei sentada no chão sem entender o que havia acontecido por algum tempo.
Era Londres, por Deus! Era para ser uma cidade segura! Ninguém via isso naquela parte de Londres!
- Ah meu Deus, moça. – O homem de dentro da loja correu até mim depois de um tempo e se abaixou ao meu lado. – Você tá bem?
Olhei-o. Usava uma camiseta pólo azul céu com o logo da loja em um cantinho do peito, e um crachá com sua foto e o nome Craig.
- Moça?
Subi o olhar do seu crachá outra vez para o seu rosto.
- Você está bem? Se machucou? Ele machucou você?
Depois de pensar por um tempo, abaixei o olhar e avaliei a mim mesma. Apesar de ver meu braço e o joelho meio esfolados, eu não sentia nada, porque a adrenalina ainda corria em minhas veias. Fiz que não com a cabeça, e ele segurou meu braço me ajudando a ficar de pé.
- Venha, entre aqui que a gente te ajuda.
Ele me guiou até dentro da loja e me sentou em um banquinho atrás do balcão de madeira dourado e então um bando de garotas mais ou menos da minha idade vieram para perto de mim e começaram a tagarelar e perguntar se eu estava bem. Eu não conseguia falar ou fazer muito mais do que concordar com a cabeça, e quando alguém me deu um copo de água tomei até a última gota, sentindo minhas mãos tremerem.
- A gente já chamou a polícia, como é o seu nome?
- . Meu nome é . – Falei pela primeira vez desde o ocorrido.
Aos poucos fui retomando a consciência. Olhei em volta e percebi que agora nos encontrávamos dentro de uma loja fechada. Algumas meninas já haviam ido embora, mas muitas delas ainda estavam ali, falando sobre o ocorrido para as pessoas que se aglomeraram na calçada e tentavam espiar para dentro da loja por entre a vitrine quebrada. Comecei a sentir uma ardência incômoda nos meus machucados, e uma sensação ruim de impotência.
Ah meu Deus, eu fui assaltada. Preciso ligar para as meninas!
Quando percebi que eu não tinha mais celular e nem bolsa, me senti praticamente nua. Foi uma coisa horrível, eu só quis ir para casa e encontrar minhas amigas lá para me darem um apoio.
- Eu posso fazer uma ligação? – Pedi à Craig, que pelo que entendi era o gerente da loja.
- É bom que não chame ninguém agora, você precisa esperar a polícia chegar para dar seu depoimento.
- Eu só quero chamar uma carona. Quero ir para casa. Eu dou o depoimento e depois vou embora.
Ele assentiu e então pegou o telefone de loja. Tentei o celular de todas as meninas, e os poucos que eu lembrava dos garotos. Também não me lembrei do telefone de Ellie, então só puxei de cabeça o número de Jeremy e disquei, esperando veemente que alguém atendesse. Por fim, depois de chamar algumas vezes ele atendeu, a voz bem humorada e alegre como sempre.
Expliquei o ocorrido e ele se prontificou a me buscar na mesma hora e me levar para casa. Pedi então o endereço à Craig e ele me disse, e passei à Jeremy pelo telefone.
- Tudo bem. Chego aí em quinze minutos, , fica calma ok?
- Tudo bem. – Suspirei, me sentindo mais aliviada por em breve ver um rosto conhecido.
Eu esperei por um tempo, e a polícia chegou antes mesmo de Jeremy. Eles me fizeram algumas perguntas e respondi da melhor forma possível, tentando lembrar do rosto do sujeito o mais claramente possível e então fui liberada. Agradeci à Craig e Jeremy me levou para casa logo depois.
Ele desceu comigo e foi até o portão, e então parou no degrau debaixo da pequena escadinha que havia na porta. Olhou para mim, agora de igual para igual e passou as mãos nos meus braços.
- Você vai ficar bem?
- Pode entrar comigo? – Fiquei surpresa ao ouvir minha própria voz tão indefesa ao fazer o pedido. Ele pareceu surpreso também, mas não hesitou. Ligou o alarme de seu carro e me deu um beijinho na testa antes de me abraçar pelo ombro e entrar comigo em casa.
- Por que não vai tomar um banho e relaxar e enquanto isso eu faço um chá para você? – Ele falou quando entramos na sala, e só concordei e fiz o que ele me disse.
Pensei no motivo pelo qual nenhuma das meninas atendeu ao telefone, mas me recusei a ficar preocupada com isso também, eu já tinha problemas suficientes na cabeça aquela noite. Talvez elas tivessem avisado algo por mensagem, que não pude ver por estar sem celular. Quando saí do banho, com os cabelos molhados e uma roupa confortável, fui direto deitar no sofá. Um tempo depois Jeremy apareceu ali, soltou uma xícara de chá na mesinha e colocou uma caixinha com remédios em cima do seu colo. Ele me puxou para que eu sentasse e, sem falar nada, passou uma gaze com soro nos machucados em meu braço e no joelho.
- Você quer falar sobre isso?
Pensei enquanto observava ele passar a gaze delicadamente em meu antebraço. Balancei a cabeça e suspirei.
- Foi tudo tão de repente. O dia estava tão bom, um clima legal, e de repente... – dei de ombros. – O cara chegou me empurrando. Foi assustador.
- Mas já passou. – Ele terminou de cuidar dos meus pequenos arranhões e me abraçou. – Esquece disso, ok?
- Tudo bem.
- Argh, no único dia que eu não estou com você isso acontece. Eu estou me sentindo culpado. – Senti Jeremy encostar o queixo no topo da minha cabeça enquanto me abraçava.
- Fica tranquilo, isso acontece, né.
- É, você tá certa. Mas ainda bem que nada sério aconteceu com você.
- E o que você iria fazer, Peter Pan? – Ri. – Sair voando?
- Está na hora de dormir, . – Ele riu comigo e me encostei em seu ombro para ficar mais confortável.
Logo essa seria a segunda vez que eu adormeceria com a ajuda de Jeremy só naquela semana.
’s POV
Soltei meu Iphone no braço da poltrona ao lado do de Niall. Eles eram iguais, e fiquei observando aquilo por um momento.
- Nosso celular é igual. – Falei, por falta do que falar e pelo silêncio chato estar me incomodando.
Ele pareceu nem ouvir. Eu queria me atirar do avião assim que entrasse nele, mas até isso parecia estar demorando hoje. O dia estava sendo exaustivo e os minutos se arrastavam por horas, eu nunca havia presenciado um clima tão ruim entre mim e a galera antes. E grande parte da culpa era minha. Tá aí mais um motivo para eu querer pular do avião. Além de cagar seja lá o que eu tivesse com Niall, eu havia separado todo o grupo. Sério, para quê exatamente eu sirvo além de para fazer merda?
- Niall, você vai me ignorar para sempre?
- Se estiver se sentindo sozinha, sempre dá para recorrer ao Harry. – Ele virou para mim e me lançou um sorriso cínico, virando o rosto de novo para o outro lado.
Abaixei a cabeça e segurei-a entre as mãos, choramingando e bufando ao mesmo tempo. Que merda eu fiz. Eu sabia que aquilo era só ciúme, e uma hora ou outra ele ia ter que superar, até porque o beijo entre mim e Harry não significou exatamente nada. Mas eu estava me sentindo terrível naquele momento.
Quando ouvimos a chamada para nosso voo, todos começaram a se levantar ou voltarem de onde haviam ido para entrarem logo no avião, afinal fazer nada no saguão do aeroporto e fazer nada sentado na poltrona do avião daria no mesmo. Niall levantou e pegou seu celular, e fiz o mesmo guardando o meu no bolso de trás. Segui o resto do pessoal até fazermos o embarque e senti o celular vibrar em meu bolso.
“Beleza, boa viagem de volta e até amanhã. Não esquece, temos reunião!”
Franzi o cenho. Aquilo não era para mim. Vi o remetente, e era um tal de Luke H. Luke? Eu não conheço nenhum Luke. Olhei a mensagem anterior, e percebi que era o celular de Niall. Ah, certo, o cara do cabelo bagunçado daquela banda que o Niall gosta.
- Ei, Niall. – Corri um pouco para alcançá-lo quando ele parou, ainda de costas para mim, para olhar no celular. O meu celular. Apertei mais o passo. – Ei, esse aí é o meu. Nós trocamos. Aqui, toma. – Parei ao seu lado e ofereci o celular a ele, mas ele continuou olhando para a tela do meu. – Niall, esse é o meu.
- Eu já entendi. – Falou, seco, e tomou seu celular das minhas mãos, me entregando o meu. – Charlie mandou lembranças.
Mas que droga!
- Niall, esse não é o...
- Eu estou confuso, ! – Ele disse, parando de andar de novo e virando para mim. – Ou você mentiu antes, ou mentiu agora. Das duas formas você continua mentindo. Como foi que eu caí duas vezes?
- Mas esse não é o Charlie!
- Ah, é claro, porque ele não existe, não é? – Ele revirou os olhos e deu um tapa na própria testa. – Que idiota eu sou.
- Niall, por favor, me deixa...
- Não. Eu cansei. Você não faz força alguma para demonstrar que se importa com a gente. Você faz tudo errado, e eu aposto até que é de propósito para se livrar de mim. Estávamos certos quando achávamos que nunca daríamos certo! A gente nunca vai dar certo mesmo, .
Encarei-o por um tempo indeterminado. Estávamos no meio de um monte de gente, alguns passavam encarando, outros nem percebiam, mas eu mal me importava. Só conseguia ouvir as palavras dele e tentar digerir tudo aquilo, que me atingiu como tapas na cara. Niall estava certo. Eu estragava tudo, e mesmo querendo muito que ficássemos juntos, sabia que sempre algo daria errado e sempre acabaríamos magoados. Essa coisa que tivemos começou na viagem, porque estávamos longe de nossa vida real e pareceu que seria uma boa ideia, mas não era. E terminaria com a viagem, ta2mbém. Essa fora nossa última tentativa. Ele não merecia alguém como eu, e eu não era boa o bastante para ele. Nunca seria.
Abaixei o olhar para o pedacinho de galho seco e com uma coloração amarelo-dourada enrolado em um fino arame em meu dedo. A coisa mais patética e de mais valor que já ganhei. Tirei-o do dedo com cuidado excessivo e dei os três passos que nos separavam, chegando perto dele. Soltei a “aliança” em sua mão.
- Eu acho que estamos divorciados, então. – Disse baixo, pelo nó na garganta, e tratei de entrar logo naquele avião antes que as lágrimas caíssem ali mesmo.
’ POV
- Oi... Jeremy? Oi! Ah, sim. Tudo bem. A gente tá em Londres. Estamos indo para casa. Eu te conto mais tarde, longa história. Fica aí até a gente chegar? Obrigada! Tchau.
- Jeremy? – Liam olhou curioso para .
- Ele tá lá. Disse que ela já está dormindo e ele ficou lá por um tempo para não deixá-la sozinha.
- Sempre curti ele. – Comentei em tom baixo, porque o carro todo estava em um silêncio estranho para nós.
- Pois é.
Depois disso, ninguém mais falou de novo. Paul foi nos buscar no aeroporto. Era bom ver Londres outra vez, sentir-se em casa, mas não foi nada legar deixar Creta tão de repente e com um clima tão horrível entre todos nós.
- Para qual casa você vai? – Harry me apertou em seu abraço e olhou para o meu rosto. Olhei pela janela, evitando seu olhar.
- Eu só tenho uma casa.
- Ah, para com isso. Você tem duas, e sabe disso.
- Ah, você está falando da casa em que moro com minhas quatro amigas, inclusive as duas que você beijou, e a casa em que você pegou minha amiga?
- , por favor, não vamos começar de novo. Você vai ficar me torturando com isso até quando?
- É melhor você se acostumar. – Bufei.
- – ele suspirou. – Eu beijei a porque estava bêbado. E faz muito tempo! E a , foi porque eu estava triste por nós dois estarmos brigados.
- Uau! Eu não quero nem saber o que você faz com as garotas na estrada se beija alguém toda vez que brigamos.
- Argh. – Ele colocou uma mão no rosto. – Eu desisto de você.
- Vai com Deus. – Murmurei.
E o silêncio voltou.
A viajem até em casa foi até mais tensa do que no avião, porque no avião nós pudemos dormir, ouvir música, ler ou fazer qualquer coisa para evitar uns aos outros, mas não aqui. Quando Paul finalmente nos deixou em casa, mal me despedi de Harry. Tentei virar o rosto quando ele me beijou, mas ele previu isso e segurou meu rosto, me beijando.
- Deixa de ser marrenta, ok? Eu amo você. E só você. E vou te ligar mais tarde, então, por favor, não ignora meu telefonema.
Encarei-o, porque era a única coisa que eu podia fazer, já que ele segurava meu rosto em frente ao dele. Quando ele finalmente me soltou, apenas desci do carro e peguei minhas malas, carregando-as para dentro com um pouco de dificuldade. O carro partiu, e depois de todas entrarem foi Jeremy que fechou a porta. Ele nos ajudou a levar cada mala para seu determinado quarto, e quando entrei no meu já dormia em sua cama.
- Ela está bem? – Ouvi perguntar na sala. Não era difícil ouvir qualquer coisa lá dentro, fora o volume da TV ninguém falava nada o que era muito, muito estranho para todos nós.
- Sim. Na verdade, mais ou menos.
Passei pelos dois quando fui para a cozinha tomar água depois de colocar meu pijama. Enchi um copo de água e voltei para a sala.
- Por que mais ou menos? – Perguntei a Jeremy, me inteirando do assunto.
- Ela foi assaltada hoje mais cedo.
- Ah, meu Deus! – arquejou. – Sério? Ela se machucou?
- Não muito. O cara só a empurrou e ela ralou um pouco os braços e o joelho, e roubou sua bolsa e celular. Não foi nada tão sério, poderia ter sido pior. Eu sinto muito, , eu sempre a acompanho até em casa, mas dessa vez eu não pude. Me sinto mal.
- Tudo bem, Jer, você não tem culpa! Mas que horror, coitada da !
- E ela ficou bem? – Perguntei, meio abalada. – Não ficou meio... traumatizada?
- Ela se assustou bastante. – Ele concordou com a cabeça. – Mas eu cuidei dos machucados e tentei acalmá-la, espero que amanhã ela já esteja bem. Dei um chá com leite morno e ela logo caiu no sono.
- Muito obrigada por cuidar do nosso bebê, Jeremy – riu. – Ainda bem que nada mais sério aconteceu.
- É... – Ele suspirou e sorriu, se levantando. – Bom, eu tenho que ir. Precisamos ensaiar cedo amanhã. Vocês vão ficar bem?
- Sim. – levantou, levando-o até a porta. – Obrigada de novo.
- Tchau – ele acenou, e eu acenei de volta quando fechou a porta.
- Eu vou dormir, . – veio até mim e me beijou no rosto. – Lá em Creta já seriam – olhou no relógio digital de cima da bancada ao lado do sofá. – quase três da manhã. – Sorriu.
- Tudo bem, eu vou logo também. – Sorri. – Boa noite.
- Boa noite.
desligou a luz da sala e fiquei no escuro, não sendo a luz da TV. Deitei a cabeça na guarda do sofá, planejando só assistir mais um episódio da maratona de Friends que passava na TV e depois ir para o quarto também. Eu me sentia cansada.
Meu celular vibrou ao meu lado, me assustando, e peguei-o. Ignorei a chamada quando vi o nome de Harry na tela. Ele que aguentasse meu mau humor agora. Sabia a namorada chata e irritante que tinha, ninguém mandou meter a boca na minha melhor amiga. E será que eu ainda podia chamá-la assim? Revirei os olhos, irritada de repente com todas as ações infantis de . Ela não só fodeu tudo comigo, como com Niall também, e boa parte do grupo. Nós nem éramos mais como no começo, quando não passávamos um dia sem fazer algo juntos. Não podia deixar de perceber que, por mais irônico que fosse, enquanto os casais finalmente iam se acertando, mais afastado o grupo parecia estar ficando.
Caí no sono com imagens fresquinhas de Joey Tribiani tentando aprender a falar francês com Phoebe. Eu amava aquela série, acho até que apaguei com um sorriso no rosto. Era um alívio que eu pudesse dormir tranquilamente sem medo dos pesadelos. Harry conseguiu me curar quase que por completo de tudo aquilo que me tirava o sono e me dava medo na maior parte do tempo. Eu apenas sabia que podia fechar os olhos tranquilamente porque sabia que ele estaria ali quando eu os abrisse de novo. Eu aprendi a confiar tudo a Harry. Ele era meu porto seguro.
Louis’ POV
- O que foi isso, cara? – Liam perguntou, logo que ficamos sozinhos na sala de reuniões da Modest Management.
Suspirei, tentando desgrudar o olhar da mesa de mogno escura. A cadeira de Simon ainda balançava levemente, e o barulho da porta batendo atrás de si quando ele saiu ainda ecoava pelo local.
- Todos nós já esperávamos isso. Essa reação, essas... novidades. – Dei de ombros. – A gente sabia que uma hora ou outra isso ia acontecer. Não é? – Esperei, mas ninguém falou nada. – Caras, nós sabíamos desde o começo que ter amigas como elas nunca foi o ideal para caras no auge do sucesso como nós. Principalmente quando começamos a nos envolver com elas. Simon foi legal em ser paciente por tanto tempo.
- O melhor para elas e para nós é nos afastarmos por uns meses.
Harry levantou os olhos.
- Uns meses? Mas... Mas a é minha...
Liam colocou a mão no ombro dele.
- Não temos nada a ver com isso. Como Simon disse, as fãs já aceitaram, bem ou mal, mas aceitaram que nós temos namoradas. Só que e realmente pisaram na bola. - Liam encarou a todos nós com uma expressão séria - Eu acho que o ideal agora, para nós e para elas é mantermos uma distância segura. Não para sempre, mas, vocês sabem, teremos que cortar as viagens, passeios, almoços, festas e visitas em grupo por alguns meses. A gente precisa fazer isso se quisermos salvar nossa amizade.
Todos nós concordamos, e fez-se um silêncio por um tempo.
- Mas e essa turnê que caiu do céu, hein? - Niall comentou. - Isso me pegou desprevenido!
- Uma hora ou outra a gente teria que começar os preparativos para essa turnê, afinal. - Zayn deu de ombros, mexendo em um objeto de enfeite em cima da mesa.
- Isso vai ser grande, mano. - Comentei mais para mim mesmo, suspirando em seguida.
Harry’s POV
- Eu não sei você, mas acho que essa turnê caiu muito bem - falei, jogado no sofá de Louis.
- Tirando o fato de que é lógico que Simon resolveu adiantar isso para tomar todo o nosso tempo e impedir a gente de gastar tempo com as meninas, é. Eu acho que até esqueci como é ser um cantor durante essas férias. Tiramos quanto tempo de descanso? Um mês?
Fiz as contas. Estávamos agora no final de janeiro, o que nos dava pouco mais de trinta dias de descanso.
- Parece muito mais.
Ele concordou comigo e olhei para o jogo que passava na TV.
- De qualquer forma, eu já estava entediado de ficar tanto tempo em casa. Sinto falta dos palcos.
- Isso vai ser diferente de tudo que fizemos. Vai ser maior do que o show do MSG.
Concordei com a cabeça.
- Vai ter uma duração maior, não é? Algumas músicas a mais.
- É. E o estilo vai ser diferente. Sabe, sem sofás e fogueiras no meio do palco.
- É - sorri imaginando nossa próxima turnê e como ela seria diferente de tudo que já experimentei.
Levantei do sofá em um pulo, ansioso com todas as possibilidades do que nos esperava no primeiro ensaio de amanhã.
- Vou para a aula de boxe, até amanhã.
- No ensaio?
- É.
Dei uns tapinhas nas costas de Louis e saí de sua casa, entrando em meu carro que estava estacionado em frente ao meu prédio logo ali na frente. Fui para a academia, para uma de minhas duas aulas semanais de boxe, coisa da qual eu já sentia falta durante as duas semanas em Creta. Socar um saco de areia não parece tão divertido para quem olha, mas para quem pratica é relaxante e tem um efeito psicológico melhor do que qualquer médico ou remédio poderia causar. Além disso, as defesas pessoais eram minha parte preferida. Eu já praticava o boxe há alguns meses, logo depois de meu quase incidente com , e tinha um treinador particular que me dava aula na estrada, além de ser um ótimo segurança. Era contratado diretamente de Paul, e Paul só conhecia os melhores.
Ao sair da academia, depois de suar e cansar bastante, fiquei sentado dentro do carro parado por um tempo recuperando o fôlego e imaginando o que fazer em seguida no meu último dia de sossego em muito tempo.
Peguei o celular e disquei o número de minha namorada, que nem sequer cogitou me ligar nos últimos quatro dias. O número chamou quatro vezes e então ela atendeu.
- Fala - a voz dela era direta e ofegante.
- O que está fazendo? - Franzi o cenho.
- Saí para correr com e Ellie. - ela respondeu, tentando controlar a respiração.
- Hum, que namorada mais saudável.
- É. E aí, o que você quer?
Pelo jeito eu ainda não estava perdoado. A solução para os meus problemas pulou em meus olhos no mesmo segundo.
- Eu quero te fazer um convite. Se lembra do nosso jantar em Creta?
- Você me deu um anel de compromisso.
Sorri.
- Isso. Então, estou pensando em fazer de novo.
-Hum. Vai me dar outro anel?
Ri.
- Não, eu vou te dar outro jantar e uma noite maravilhosa.
Ela fez silêncio por um segundo.
- Só se você comprar morangos.
- Fechado. Está com desejo, é?
- Tipo isso.
- Tudo bem. Eu te pego às oito.
- Eu vou com o Jeremy, ele pode me dar uma carona.
- Tudo bem, . Até mais tarde, eu amo você.
- É claro que ama. - Após isso, a ligação ficou muda.
Liguei o carro e passei em um super mercado para comprar todas as coisas necessárias... E morango. Depois, fui direto para casa e tomei um banho rápido para começar logo a preparar a janta. Coloquei um CD do Steve Wonder e comecei minha obra prima, ligando para minha mãe e conversando com ela pelo viva-voz enquanto isso.
Caprichei na comida, na decoração e na minha aparência. Sem perfume, como gostava. Cheiro de perfume a irritava e ela dizia que não havia cheiro melhor do que o da minha pele ao natural. Bom, se foi ela quem disse, quem sou eu para discordar?
Por fim, escolhi um vinho bom e arrumei a mesa, com cada coisa meticulosamente arrumada em seu devido lugar. estava atrasada, então não me contive e tomei minha taça de vinho, enchendo-a novamente em seguida. Quando completaram-se vinte minutos de atraso, comecei a me perguntar se aquilo não era uma vingança. Não por , mas pela vez em que fui eu quem deixei-a esperando por horas. Quando essa ideia começou a me apavorar, o som da campainha tocando foi a melhor coisa a se ouvir. Abri a porta afobado, para minha namorada maravilhosa que ficava ainda mais bonita em um vestido delicado em tom vermelho. Que cabeça a minha em pensar que ela faria o mesmo comigo. sempre seria uma pessoa muito melhor do que eu, era bom que eu não esquecesse disso.
ficou na ponta dos pés e me deu um beijo rápido, entrando no apartamento em seguida. Ela parecia bem. Sabe, não irritada. Arqueei as sobrancelhas, meio impressionado com isso, enquanto fechava a porta. Entrei e peguei sua mão, levando-a até a cozinha onde tudo já estava preparado.
- Eu pensei que você não vinha.
- É claro que eu vinha. – Ela disse, sentando na cadeira que eu puxei. – Eu não te deixaria esperando sozinho.
Talvez eu tenha sentido uma leve ironia em algum lugar naquela frase, mas acho que foi coisa da minha cabeça.
- Além disso, eu tenho o pressentimento que depois de hoje você vai ficar bem ocupado por algum tempo.
Suspirei, concordando com a cabeça e sentando em meu lugar.
- Provavelmente sim. Depois que os ensaios terminarem, a gente vai começar a turnê e... – Olhei-a, e ela fez uma careta enquanto mexia com o garfo em sua comida.
- Meses fora, eu sei. – Seu olhar caiu um pouco, mas logo tratei de levantá-lo, levantando seu queixo com o indicador.
- Não fica assim. – Pedi. – Vai ser muito pior para mim.
- Tá. – Ela revirou os olhos. – Vai sonhando.
Sorri e beijei-a rápido antes de sentar de novo.
Nós falamos sobre as meninas, o clima entre elas e como está tão estranho quanto eu e os meninos. Falamos de e do convite que recebeu da Warner, ou algo assim. Falamos também de tudo que aconteceu em Creta e como foi bom, e como vamos sentir falta daquilo, e de como vai ser difícil durante a turnê, e falamos sobre o aniversário de Zayn, e logo depois o meu. Falamos bobagens, como sempre fizemos afinal nós somos assim, e depois discutimos brevemente sobre alguma série de TV. Depois, a gente discutiu de novo por motivos de: Dusty largar pelos no sofá. E logo em seguida, a discussão foi porque ela queria um cachorro, e não podia ter um cachorro por causa de Dusty. Aí, ela disse que eu não queria aquilo porque tinha medo de dar um passo a mais, e eu revidei dizendo que tudo tem que ser sempre do seu jeito. Então, ela falou que eu gostava de jogar a culpa nela, e falei que é exatamente o contrário, adicionando ainda que é ridículo que ela diga que eu tenho medo de dar um passo à frente quando já mudei tanto por ela. Então, ela falou que eu não devia esperar que ela deixasse que eu tome todas as decisões só por causa disso, e só porque eu já estava cansado e confuso, pedi desculpas mesmo sem lembrar porque começamos a briga.
elogiou minha comida, elogiou o vinho e elogiou minha roupa. Elogiou meu cabelo, e elogiou meu perfume natural e elogiou a comida de novo. Eu elogiei sua roupa, e seu perfume, e seu cabelo, e seu colar novo, e suas unhas e seus olhos, e o seu sorriso e seu batom e a sua boca. Em algum momento de tudo isso, entre elogios e discussões já estávamos no sofá. Eu gostava como era tão fácil entrar em nosso mundinho particular quando estávamos sozinhos, cheio de discussões bobas, momentos felizes, uma briga atoa e um beijo logo em seguida, com uma atmosfera que passava de insuportável a deliciosa em segundos. Amava até mesmo quando eu não suportava mais nem ouvir a sua voz, e segundos depois me pegava escutando-a tagarelar feliz como se aquilo fosse a coisa mais maravilhosa do mundo. Quando estávamos assim, sozinhos em nosso mundo, nada podia conturbar nosso universo delicado e instável.
- Argh, estava demorando! – Coloquei as mãos na cabeça e gemi.
- O quê? Eu só fiz uma pergunta. – Ela disse, tranquila.
- Quando você vai esquecer isso, ?
- Eu só perguntei se o beijo foi bom, Styles! E não me chama de ! – Apontou o dedo para mim.
- Não me chama de Styles, então. – Fiz careta.
Ela suspirou e se aproximou de mim, sentando em meu colo no sofá. Passou as mãos em meus cabelos, fazendo carinho ali por um tempo e fechei os olhos. Tomei um choque quando senti os seus lábios macios no meu pescoço, distribuindo beijinhos leves ali, o que era relaxante ao mesmo tempo em que fazia minha pele arder em chamas por ela. Estávamos sem sexo há algum tempo, qual é.
Assim, sem pressão, claro. Eu não ia pressionar ninguém. Mas aquilo fazia uma falta...
Suspirei, mordendo meu lábio enquanto ela continuava com aquilo. , por favor, se não vai me dar o pacote completo então não dá o começo. Porque, droga, era difícil largar.
- Hazzy. – Murmurou – Você gosta assim?
- Uh-uhum – limpei a garganta quando minha voz falhou. – ...
- Hum... – ela subiu para minha orelha e deu mordidinhas ali, arrepiando toda a minha espinha.
- Hm, ... por favor...
Ela se afastou só o suficiente para me olhar nos olhos.
- Eu quero... – alisou minha camiseta, olhando para o meu peito para evitar os meus olhos, talvez por vergonha ou algo do tipo. – É a nossa última noite juntos antes da sua vida voltar a virar uma loucura. Eu quero... – voltou a olhar para mim. – Que seja especial.
Encarei-a por um segundo.
- Você tem certeza? – Levantei as sobrancelhas. – Está pronta para isso?
Ela apenas fez que sim sem ter que pensar muito. Agradeci o voto de confiança, e senti que aquele episódio triste do nosso passado já estava sendo enterrado.
- Obrigado por confiar em mim... – afastei uma mecha de cabelo dos seus olhos. – Minha garota. – Sorri e fui retribuído com o mesmo, então puxei-a para perto pela nuca e a beijei.
’s POV
Alright stop, colaborate and listen, ice is back with a brand new invention, something...
Levantei da cama com uma disposição desconhecida por mim mesma, e fui direto para o banheiro cantarolando a música de meu despertador.
Entrei no banheiro, fiz minha higiene e depois saí, indo para a cozinha e vendo que tinha tempo de sobra para tomar café e me arrumar para ir para o serviço.
E foi exatamente isso que fiz. Exatamente duas semanas depois de voltar de Creta, nossa vida finalmente recomeçava normalmente. Aulas, trabalho, etc. Eu estava com saudade disso, sentia aquela conhecida sensação de “esse ano vai ser diferente, melhor” que sentimos todo começo de ano. Algum tempo depois, quando terminei meu café, levantou também e passou por mim indo para a cozinha.
- Bom dia.
- Bom dia. – falei, apenas.
Nosso relacionamento – e quando eu digo nosso, é de todas nós – estava bem estranho ultimamente. Eu sei, a culpa provavelmente era quase toda minha. Eu só era muito orgulhosa para me desculpar, e esperava que esquecêssemos isso antes que tomasse proporções maiores.
Fui para o quarto, coloquei alguma roupa bem legal e fiz uma maquiagem enquanto ainda tinha bastante tempo. Coloquei o necessário em minha bolsa e saí, e quando o fiz também já estava arrumada.
- Podemos ir no Smart? Eu vou deixar o Onix em casa, só para o caso de não chegarmos a tempo de levar as meninas até a faculdade.
- Elas não podem ir de metrô? – dei de ombros, pegando a chave e indo para a garagem.
- Você sabe como é o primeiro dia de aula. – ela sorriu, entrando no Smart quando eu desliguei o alarme.
Concordei, acionando o botão que abria a garagem, e entrei no carro também. Claro que , e não tinham carteira de motorista ainda, mas em casos de emergência sabia se virar bem na direção.
Nós saímos de casa, e o dia tinha tudo para ser legal. Estava bonito, apesar de nublado, e as ruas estavam movimentadas e barulhentas, mas de um jeito bom, aconchegante para quem era acostumado àquilo, como nós. Passamos em uma cafeteria e pegamos cafés antes de irmos para a editora.
- Eu te vi na capa de uma revista! - foi a primeira coisa que Camille gritou ao me ver quando saí do elevador no oitavo andar. Ri e ela me abraçou, abraçando em seguida. - Meninas, eu quero que me contem absolutamente tudo sobre essas férias em Creta. Aliás, não sou só eu. O escritório todo quer. - ela riu e algumas meninas conhecidas concordaram.
- Talvez a gente marque um almoço coletivo. - sugeri e pisquei para Camille sorrindo, enquanto seguia até a nossa sala.
Vai sonhando, era o que eu pensava. Dar detalhes a essas fofoqueiras só para terem o que falar pelas nossas costas. As únicas pessoas em quem eu confiava ali dentro eram e Milena.
Antes de entrarmos em nossa sala, vi a costumeira figura de Matt correndo corredor adentro, o que era até aconchegante de tão usual. Era um claro aviso de que nada havia mudado ali dentro desde que saímos de férias. Se Matthew ainda estava correndo pelos corredores desde que chegávamos até a hora em que íamos embora, então tudo estava perfeitamente normal. Ele passou por nós e,como eu imaginava, parou ao ver .
- Ei! Vocês estão de volta! - falou, sorrindo para nós duas - mas especialmente para ela. - Senti falta de vocês pelos corredores.
- Em quem você andou derrubando café na minha ausência? - brincou e ele sorriu.
- Em ninguém. Sou um cara leal.
Nós três rimos.
- Hum, eu tenho que ir. Preciso pegar uns documentos para a diretora no cartório e estar de volta em vinte minutos. - ele deu um tapinha em meu ombro e passou por nós. - É bom tê-las de volta!
Andamos até a última sala do corredor que era onde nós ficávamos.
- Estou dizendo, sem aqueles óculos e aquela jaqueta de carteiro três vezes maior do que ele, Matt deve ser um cara bem gato.
- Menos, . - riu.
- É sério! Ele é um protótipo de Andrew Garfield de olhos azuis. - fiz uma pausa com uma careta. - E talvez jeans um pouco folgados demais.
Nós duas rimos e entramos em nossa sala. Era bom ver que pelo menos com ela estava tudo bem outra vez depois dos longos dias que passei sem conversar direito com nenhuma das meninas.
- Amores! - Milena nos abraçou logo que entramos na sala. - Que bom ver vocês! Eu já estava ficando louca, Trisha e Katie não sabem fazer nada direito. - ela nos acompanhou até o centro da sala. - Como foram as férias? Ah, temos muito sobre o que falar.
- Com licença, - ouvi a voz de Camille chamar na porta. Olhei-a e ela leu algo em um papelzinho. - O primeiro ensaio do dia é com você. Steven Strait te espera no estúdio sete. Ela fechou a porta e virei para Milena, arregalando os olhos.
- Aquele moreno sensual que fez 10.000 a.C?!
- O que fez Super Escola de Heróis também? - disse, com uma risadinha confusa. Ah, e seus filmes da Disney.
- Esse mesmo. - Milena me deu um tapinha no ombro. - Deixei ele para você porque sabia que fazia mais o seu tipo.
- Eu te amo! - Abracei-a e ela começou a rir.
Era em momentos como aquele que amava mais ainda meu trabalho.
Niall’s POV
Abri a geladeira e procurei por qualquer coisa comestível ao meu alcance. Tudo que pude achar foi uma lata de chantilly. Peguei-a, fechando a geladeira com o pé, e deitei a cabeça para trás apertando o spray da lata e enchendo minha boca com o doce.
- Você é nojento, Niall. – Liam disse, mexendo em um objeto de decoração em cima do balcão.
- Quer um pouco? – ofereci, de boca cheia.
Ele fez que não com a cabeça e deu um peteleco na ponta do objeto, fazendo uma bolinha se chocar contra a outra com um barulho alto de sino. Liam arregalou os olhos e segurou o negócio contra o peito para abafar o som.
Ri daquilo e sentei, enchendo a boca outra vez.
- Você acha que vamos precisar ensaiar por mais quanto tempo?
- Talvez mais um mês ou dois.
- Já estamos fazendo isso há um mês. Eu não sei você, mas eu já aprendi todo o necessário para fazer um show de verdade.
- Você sabe que a cabeça do Harry trabalha de maneira mais lenta, Niall. Ele precisa de mais tempo que a gente.
Ri e concordei.
- Mas eles podiam nos mandar para casa enquanto treinam os outros. Sabe, talvez treinar um por semana, ou um por dia. Assim a gente teria um pouco de descanso. Eu já estou esgotado.
- E você acha mesmo que Simon está disposto a nos deixar chegar perto das garotas justo agora que estamos tomando jeito de novo?
Nos olhamos por um tempo.
- Não, né? – fiz careta.
- É claro que não. – ele levantou e me deu um tapa na cabeça. – Eu vou dormir, talvez eles me deem uns minutos de sono. Quem grava a próxima tomada é você.
Balancei a cabeça e fiquei comendo meu chantilly até ser chamado. Acreditem ou não, estávamos em movimento dentro do nosso ônibus. Nós estávamos viajando de cidade em cidade para divulgar o Take Me Home, fazendo entrevistas e photoshots e mais entrevistas e gravações de projetos futuros. Não podíamos nos dar ao luxo de pararmos por um segundo. Agora, às três e meia da madrugada, eu estava esperando Louis sair do pequeno compartimento no fundo do ônibus onde ficava nosso pequeno estúdio.
- Niall, sua vez. – o produtor técnico chamou e eu pulei de meu banco, soltando a lata no balcão antes de segui-lo.
É claro que um ônibus, por maior que seja, não tinha uma cozinha inteira. O que tínhamos ali era só o básico do básico. Uma pequena geladeira que mais parecia um frigobar embaixo de duas portas aéreas que serviam como estante para comida ou qualquer outra coisa, ao lado disso um forno que nunca usávamos e um balcão pequeno com dois bancos de cada lado. Na frente da “mini cozinha”, tinha um sofá cama que, quando aberto, alguém podia deitar para dormir, mas só podíamos abrir depois que recolhêssemos o balcão do meio do corredor. Depois disso, nós tínhamos dois beliches, um em cada lado do corredor minúsculo. O último a gravar era sempre quem dormia no sofá, e os outros quatro ficavam nos beliches. Passado isso, o resto era o estúdio com espaço para um banheiro minúsculo em um canto.
Enquanto ia até lá, senti o ônibus parar e logo a porta se abriu, dando espaço a um Zayn e um Harry exaustos, resultado de uma entrevista ao vivo para uma rádio do Japão. Os dois foram direto para as camas, e eu fui gravar um pedaço de uma música que eu compus com a ajuda de Louis no dia anterior. Estávamos planejando, desde agora, mais um álbum que sairia ainda esse ano, mas ainda não tinha data.
Trabalho feito, fui tentar dormir. Mas antes o produtor deixou a tarefa de acordar Zayn comigo. Ótimo.
Puxei a cortina de sua cama e cutuquei suas costelas.
- Zayn, acorda aí. Você tem que gravar.
- Me deixa – falou, puxando a cortina de novo, mas eu a abri. Havia um motivo para acordar o Zayn ser uma tarefa difícil: ele era a pessoa mais preguiçosa da banda.
- Zayn, não complica. Só grava e você pode voltar a dormir. Vamos lá, cara.
Ele demorou mais alguns segundos, mas por fim decidiu levantar e coçou os olhos.
Fui para minha cama improvisada tentar dormir um pouco. Eu devia ter uma hora, ou talvez um pouco mais do que isso para dormir antes que nosso dia corrido recomeçasse, dessa vez em uma cidade diferente. Estávamos nessa correria há tanto tempo que eu já havia perdido a noção de quanto tempo se passou desde nossa viajem. Aquilo tudo parecia ter ocorrido em outra vida.
’s POV
- Meninas? – chamei quando abri a porta, e a casa padecia em um silêncio suspeito.
Fechei a porta e fui rápido até a cozinha, soltando as sacolas do mercado que estavam pesando em meu braço. Ao chegar lá, me deparei com ao telefone e procurando algo na geladeira.
- Estamos sem comida. – reclamou, ao me ver chegar. – Totalmente sem comida. Eu estou morrendo de fome.
- Eu trouxe umas gostosuras aqui... – remexi numa das sacolas.
- E eu estou pedindo pizza. – disse.
- Onde estão as outras? – perguntei, tirando tudo das sacolas para guardar em seus devidos lugares.
- está no banho, e está no quarto fazendo alguma coisa.
- Bom, foi bom que você pediu pizza, porque eu trouxe uns doces e um champanhe.
- E temos alguma ocasião especial? – me olhou, curiosa.
- Eu só achei que... – encolhi os ombros. – nós podíamos fazer umas confissões antes de dormir.
- E assistir uns filmes – sorriu, achando os filmes que peguei na locadora.
- Uhum – sorri de volta. – Como nos velhos tempos.
- É uma ótima ideia. – falou.
- O que é uma ótima ideia? – chegou à cozinha, secando os cabelos na toalha.
Explicações à parte, nós nos reunimos quando a pizza chegou, sentamos em um círculo no carpete da sala como de costume, e enquanto comíamos conversamos sobre tudo que estava acontecendo em nossas vidas.
Muita coisa aconteceu desde que voltamos de Creta, e para mim aquilo já parecia ter acontecido há anos atrás. Eu acho que talvez estivesse mesmo trabalhando demais. e começaram a faculdade há algumas semanas, fez o teste para o filme da Warner, mas ainda não recebera o resultado. Eu e estávamos, mesmo que sem um pronunciamento oficial, subindo de cargo na revista. Nós fazíamos photoshoots com muito mais frequência agora, e podíamos opinar e explicar exatamente para a edição como queríamos nossas fotos publicadas na revista. Além disso, Milena largou varias outras coisas importantes do cargo dela em nossas mãos, porque saiu de férias por um longo tempo com o noivo e, segundo ela, estava pensando seriamente em não voltar mais. Isso se devia ao fato de ela ter conhecido um cara da Escócia que simplesmente roubou seu coração e em menos de dois meses eles já programaram até o casamento, mas ele queria que ela vivesse com ele em seu país. Cá entre nós – eu e , pelo menos – era coisa de louco. Mas Milena era uma ótima pessoa e merecia tudo de bom nessa vida. Eu só me preocupava um pouco sobre quem ficaria no seu lugar caso ela saísse. Se fosse eu, me sentiria culpada por ter ganho de , e se fosse ela, eu ficaria com uma pontinha de inveja – mas nada incontrolável.
Nós acabaríamos nosso segundo ano de faculdade dali a um mês, e com esse estágio de formação muita gente já pegaria o diploma e seria oficialmente um fotógrafo profissional (eu quero dizer, nada de ser contratado como estagiário, depois do segundo ano os alunos já estavam aptos a trabalharem por conta própria). É claro que alguns podiam escolher entre continuar o curso e alcançar uma formação ainda mais completa dali a mais um ano, mas eu e não víamos mais necessidade nisso, pelo menos por enquanto já que já tínhamos um emprego fixo na editora e sem a palavra “estágio” no meio também.
Eu e Liam estávamos ótimos, tirando, é claro, aquela saudade que só piorava toda vez que nos falávamos por telefone. A última vez que eu o vira em pessoa, fora há duas semanas por cerca de dez minutos quando nos encontramos para comemorar com apenas uns beijos os nossos seis meses de namoro (já!). Eu não o culpava, os garotos estavam trabalhando duro com todas as gravações para o novo CD, o filme (que foi um choque e tanto quando descobriram que iria mesmo rolar, já que fora a realização de um grande sonho depois do MSG) e, é claro, agora além de tudo a turnê. Já fazia algumas semanas que eles estavam em turnê. 121 shows confirmados por toda a Europa, Estados Unidos, América central e boa parte da Austrália. Eu estava orgulhosa, assim como suas famílias, suas fãs e eles mesmos estavam. Os garotos ficavam esgotados, mas de uma maneira boa. Era um sentimento de realização toda vez que eles terminavam um show e caíam na estrada, dormindo apenas algumas horas antes de voltarem à ativa. Eu ficava a par de toda a situação pelo telefone, já que não passávamos mais de dois dias sem nos falarmos.
Então acho que era correto afirmar que Simon se deu bem em seu plano de nos manter afastados por um tempo. Veja bem, eu não via ele como um vilão. O cara apenas trabalhava em favor daquilo, e, vamos combinar, se não fosse ele e o resto da gestão esses meninos (e nós também) estariam completamente perdidos. Seriam todos marionetes da mídia, e ela acabaria com a sua vida aos poucos. Eles tinham sorte que estavam em boas mãos, mãos de quem sabe o que faz por anos de experiência como Simon Cowel, e ainda podiam aproveitar a fama de uma maneira muito boa.
Uma pena que para isso, coisas boas como Niall e , e Zayn e de certo modo até e Louis não pudessem acontecer (se bem que esses dois últimos eu colocava a culpa mais sobre , era ela quem não queria mais se envolver).
Pensando nisso foi que eu tirei minha pergunta na hora em que era minha vez de pedir para alguém confessar alguma coisa.
- Hum, . – apontei para ela. – O que você sente pelo Lou, afinal? As coisas mudaram tanto...
- Nós somos amigos. – ela me olhou com cara de “é óbvio, agora vamos mudar de assunto”.
- Ah, conta outra. – revirou os olhos. – Vamos lá, , admite.
- Mas eu não tenho nada pra admitir. – ela olhou do mesmo jeito para . – É sério.
- É sério... – a imitou e fez bico para ela. – Você é louca por aquele menino desde o dia em que o conheceu.
- Mas acontece que eu já superei. – ela olhou para com um olhar de superioridade que, para mim, foi bem duvidoso.
- Quer saber?! – apontou para ela. – Eu não acredito em uma palavra do que você está dizendo. Conta a verdade! Nós somos suas melhores amigas! Somos família!
- Argh! – ela exclamou e bateu as mãos nos joelhos, um momento depois de tentar sem sucesso sustentar o olhar de todas nós. – Tudo bem, ok! Eu sou completamente apaixonada pelo Louis e acho que sempre fui. – ela fez uma pausa e engoliu em seco, provavelmente digerindo suas próprias palavras. era durona, admitir algo – principalmente para si mesma – era algo bem difícil para ela. Mas aquilo nunca foi surpresa. – Mas eu não quero me machucar mais... E nem machucar ele, tá legal? Por isso me afastei. Por isso, e porque correr atrás de alguém que não me quer nunca foi o meu tipo.
Esperamos que ela continuasse e eu me mexi, inquieta.
- Como assim?
- É que eu não gosto de compromisso e essas coisas. – ela deu de ombros e revirou os olhos, mexendo no cabelo em um ato de nervosismo. – E, sabe, acontece muitas vezes de eu ter um crush enorme em um cara, mas cansar dele logo depois que o beijo.
- Você já beijou o Louis antes, que a gente sabe. – a cutucou. – E você cansou dele?
- É diferente.
- Não é, não – sorriu para ela.
- É sim! É diferente, porque ele eu ainda não tive. Eu ainda não tive a sensação de... – ela levantou as mãos, procurando as palavras – “ele é meu, eu tenho o controle, ele me quer”. Logo depois que eu tenho essa certeza por algum outro cara, eu enjoo dele fácil. Perco o interesse, sei lá. Eu só canso, e não aguento mais beijá-lo. Por isso é que eu não gosto de namoros. Não é tanto para não me magoar, é mais para não magoar os caras. Sabe, não é fácil para um cara se entregar a um namoro, e é pior ainda levar um chute na bunda e sair achando que não foi o suficiente. Eu só não quero ser a culpada por criar esses cafajestes que saem magoando todo mundo porque um dia também foram magoados. – Revirou os olhos e bufou. - Eu não quero ser outra garota má na vida de Louis.
Eu e rimos dela.
- Você tem coração! – olhou para ela com compaixão e alisou suas costas, e nós rimos mais.
- Idiota! – ela empurrou a amiga, mas riu também.
- Eu acho que você gosta dele de verdade, e dessa vez não vai ser assim. E sei que você também tem essa sensação, lá no fundo. – disse e piscou para ela, e sorriu minimamente. Depois de semanas a fio só brigando e discutindo e se detestando pelos cantos, aquelas duas estavam começando a voltar ao normal. Era necessário relevar muita coisa para ser amiga de , e era a que mais tinha dificuldade nisso.
- É, mas e se eu estiver errada?
deu de ombros.
- Meus conselhos acabaram. – riu.
- Bom, por isso você tem que pensar bem antes. – eu disse. – Sabe, você tem que ter certeza. Pensar em como ele te faz sentir, em tudo que vocês tiveram juntos, na química... Se você realmente se enxerga com ele no futuro. O Lou é um cara mais caseiro, eu acho que ele tá procurando por alguém duradouro.
- E eu não posso magoá-lo. Eu não... conseguiria conviver com isso! – ela disse, exasperada.
- Eu acho que isso já diz muito por si só. – falei, e ficamos em silêncio por um tempo.
’ POV
Kate Hudson fazia eu e as garotas rirmos na TV, ensinando como perder um homem em dez dias. Aquele sempre seria um dos meus filmes preferidos.
- Esse cara é gato.
- Ele tem cara de velho!
- E o nariz dele é gigante.
- Eu acho ele sexy.
- Vocês estão todas doentes. – ri das minhas amigas, todas deitadas lado a lado nos colchões na sala. – Acho que está mesmo na hora de dormir.
- É – levantou o controle e desligou a TV, nos fazendo cair no escuro total. – Amanhã é sábado, temos algum plano especial?
- Eu tenho que ir à universidade pegar umas folhas e fazer uma pesquisa para um trabalho. É provável que eu passe a tarde toda em uma biblioteca, o que é meio triste. – disse.
- Você quer ajuda? Eu posso ajudar... – ofereceu.
- , nós temos o almoço com nossos pais, lembra?
- Ah! Certo!
- Eu vou almoçar com minha mãe em um restaurante aí – disse, sem fazer muito caso.
- Bom, eu vou só decorar scripts e mais scripts e talvez eu saia para fazer algo com as meninas da série. – foi quem falou.
- Então vamos estar todas separadas. – disse. – A gente vê o que pode fazer juntas domingo.
- É, não ficávamos juntas assim há algum tempo.
- Eu sentia falta disso. – disse, suspirando ao meu lado, e passei a mão em seu ombro.
- Eu também, que amorzinho nós somos, não é? – falou, pegando um travesseiro. – Agora vamos dormir.
- Quando é que a ficou tão rabugenta e eu nem percebi? – reclamou.
- Você trabalha demais – disse.
- Fácil pra você falar, vida boa. – riu.
- É, legal, agora sério, gente. – pediu. – Vamos lá. É só fechar os olhos.
Começamos a rir e eu a dei uma almofadada antes de me ajeitar para dormir.
- Ai, meu Deus! – gritou quando bati nela com meu cotovelo sem querer e pulei, me aproximando dela e tocando a mão em algum lugar em cima do seu rosto.
- Desculpa! Desculpa, desculpa, desculpa. Eu te machuquei? Tá sangrando?
- Tá tudo bem aí? – perguntou. empurrou minha mão do rosto dela.
- Além de quebrar meu nariz, você queria me matar asfixiada também? – Me perguntou indignada e ri fraco, me aproximando e a abraçando.
- Desculpinha, Biazinha. – Fechei os olhos. Ela riu, me abraçando também.
- Aí, as fãs do Harry estão certas. A gente faria um lindo casal de lésbicas.
gargalhou e pulei para meu lugar no colchão novamente.
- Alguém troca de lugar comigo. – Sussurrei, e todas riram.
A noite foi longa e confortável, daquelas que te deixa completamente descansado no dia seguinte. Mas acordei com me cutucando na cintura, pois o resto das meninas ainda estava dormindo.
- Hum?
- Você arruma o meu cabelo? – ela pediu com tanto jeito que tive que virar e encará-la para ter certeza de que não havia piadinha, ironia ou brincadeira sem graça.
- Claro – disse, sentando e coçando os olhos. Depois mexi no cabelo e levantei, indo até banheiro.
Quando terminei minha higiene e fui para o meu quarto, onde já esperava sentada na cama com uma chapinha esquentando, peguei meu celular na cômoda e olhei. Dezessete mensagens novas de Harry. Ah, Deus. Minha cabeça de peixinho me fazia esquecer do celular, e eu o deixava falando sozinho quase sempre. Eu não estranhava ele achar que eu o estava trocando, o que era até engraçado, quando ele tinha aqueles ataques de ciúmes por alguém da sua imaginação.
Respondi suas mensagens e perguntei quando eu podia ligar sem atrapalhar algo, e soltei o celular de novo na cômoda prometendo dessa vez não esquecer. Então peguei a chapinha e comecei a mexer no cabelo levemente enrolado de .
- Você gosta disso, né – perguntei quando fechou os olhos e deitou a cabeça para trás.
- É relaxante.
Sorri.
- Acho que vou abrir um salão de beleza.
Ela riu.
- Então vai se preparando para ser processada logo. Avoada do jeito que é.
Concordei com a cabeça.
- É, não é uma boa ideia.
Nós conversamos um pouco sobre coisas banais e eu sabia que o gelo entre nós estava começando a derreter. Eu e não nos entendíamos, em parte porque ela não gostava de aceitar novas opiniões que não fossem as dela e era direta demais. E eu geralmente ouvia tudo quieta até o ponto em que explodia, o que foi o que aconteceu. Mas nós estávamos lentamente dando um jeito naquilo.
- ...
- Fala! – puxei outra mecha de seus cachos e prensei-os dentro da chapinha. tinha os cabelos levemente cacheados da metade às pontas, e eu a invejava.
- Me desculpa por ter sido uma vadia.
Continuei concentrada nos seus cabelos.
- Tudo bem, . Nenhuma de nós foi a pessoa mais racional do mundo.
Ela aceitou isso de bom grado como sendo um perdão. E de verdade, foi. não era a melhor em falar como se sentia sem piadinhas e ironia e eu entendia isso. Não queria deixá-la em uma posição desconfortável, essa rixa entre nós nunca fora meu objetivo.
- Mas agora já é passado. – comentei, alguns segundos depois.
- É.
- E quem vive de passado é museu.
Ela riu.
- É, .
’s POV
E essa era a última.
Fechei o livro com um alivio indescritível. Finalmente terminei o trabalho monstruoso, me sentindo com dever cumprido. Minhas mãos estavam exaustas de digitar, mas eu não parei até que terminasse aquilo, eu queria me ver livre logo.
- Pronto? – Charlie perguntou, com a bochecha grudada na mesa em um claro tédio desesperador.
- Eu te disse para vir mais tarde! – baguncei seu cabelo e empilhei todos os livros que usei.
- Mas eu pensei que seria útil para algo.
- Você foi. – levantei e soltei os livros em seus braços. – Você é um ótimo carregador de livros.
Ele riu.
- Ah, você é tão abusada!
Empurrei-o até a estante E, e ele colocou os livros onde eu apontei.
- Agora você pode me levar para casa.
- Isso é porque eu já tenho carteira de motorista. – ele me olhou e levantou as sobrancelhas. Tive uma crise de riso com aquilo e mal percebi quando ele barrou minha passagem, me mantendo presa de costas para a estante. – Porque eu já sou quase um adulto, e em hipótese alguma uma garota teria motivos para achar que eu sou novo demais. – ele levantou uma sobrancelha para mim em um tom horrivelmente acusatório. – Entendeu?
Ri mais.
- Mas é estranho...
- Shhh – ele me interrompeu, colocando o dedo na minha boca. – Agora repete comigo. Charlie é quase um adulto. Ele não é novo demais para mim.
- Charlie, eu já...
- Shh! – ele fez de novo, e segurei uma risada. – Repete, .
- Charlie é quase um adulto, ele não é novo demais para mim! – revirei os olhos, rindo.
- Ah, agora eu gostei de ouvir! – ele riu e se afastou.
- Um quase adulto terrivelmente infantil. – falei baixinho e ele cerrou os olhos para mim.
- Ah, agora você vai ver!
Ele fez menção em me fazer cócegas e soltei um grito, correndo corredor adentro. Mas Charlie me pegou de costas e colocou a mão na minha boca.
- Shhh! Você está em uma biblioteca, mocinha. Não pode fazer barulho. – sussurrou no meu ouvido, e eu acharia aquilo provocante se sentisse algo mais forte por ele.
Charlie me virou e ficou em minha frente outra vez, me prendendo na estante. Tirou uma mecha de cabelo dos meus olhos e olhou para meus lábios e tudo que eu fiz foi ficar parada como uma boa garota, observando a cena.
- Por que é que eu não consigo ver você como algo a mais, Charlie? – falei, com um bico. – Você é tão legal, me faz rir tanto, me faz tão bem... eu queria sentir algo mais forte por você.
- Porque você está presa ao outro. – ele falou a última palavra com uma leve pontinha de desdém, se referindo a Niall. – Mas, olha, se você me der uma chance eu posso te fazer...
- A gente já conversou sobre isso.
- É, mas eu posso...
- Charlie, não.
Ele me encarou com um meio sorriso.
- Mas eu poss...
- Charlie.
Ele riu e abaixou a cabeça, olhando para o chão. Uma mão estava ao lado da minha cabeça apoiada na estante, e a outra apoiada em uns livros na mesa ao lado dele. Levantou os olhos, com um olhar sedutor e fofo ao mesmo tempo.
- Isso não funciona comigo.
- Mas que droga! – ele praguejou baixinho e se desencostou da estante, me fazendo rir. – Por que é que você tem que ser tão difícil?
Dei de ombros.
- E por que é que eu tenho que ser tão louco justo por você? Isso não é justo. Não é nada justo. Você não pode sair por aí encantando os caras desse jeito, sem dó nem piedade, . – apontou um dedo para mim em tom de brincadeira.
- O que eu fiz? – Abri os braços, arqueando as sobrancelhas.
- Você... anda por aí... com esses... esses olhos lindos e esse rosto... sendo... você! Não é nada justo!
Gargalhei.
- Eu não faço por querer. – fiz uma careta.
Ele me encarou por um segundo, a expressão firme, mas então desabou.
- Ah, só um beijinho? – fez um sinal de pouco com os dedos. – Um bem rápido?
- Não! – empurrei-o pelo peito e ri. – Não, Charlie, não. Agora me leva para casa.
Ele suspirou.
- Um dia você vai me deixar beijar você. – disse, se dando como vencido por enquanto, e me acompanhando até a saída da biblioteca.
- Um dia quem sabe, Charlie. – dei umas batidinhas em seu ombro.
Niall’s POV
Zayn estava começando a ficar realmente irritado quando decidimos parar de zoar a cara dele e irmos dormir.
- Ok, só estou dizendo que o seu tombo foi o pior de todos até agora. – Liam levantou os braços e riu.
- Você cai todo santo dia e está falando de mim? – Zayn cerrou os olhos e olhou para Liam.
- Ei, isso faz parte da minha performance! - Liam apontou para ele. – E além do mais, eu não caio de bunda no chão, senhor mistério.
Harry riu lá do sofá na “sala” do ônibus, virando o seu pacote de salgadinho na boca para comer o final.
- Ah, qual é, Zayn?! Foi engraçado, você tem que admitir! – Lou falou.
- Eu acho que nós devemos é dormir.
- Tudo bem – eu e Liam concordamos e deitamos também.
- Poxa, estou ansioso para amanhã. – Lou comentou.
- É, eu também. Finalmente um fim de semana depois de... quanto tempo, mesmo? – franzi o cenho.
- Três meses. – Zayn respondeu.
- Três fucking meses! Minha casa deve ter virado casa de aranhas.
- Você não pediu a ninguém que fosse limpar? – Louis perguntou.
- Você pediu?
- É lógico, Niall. Sua casa deve estar soterrada em poeira.
- Chamo alguma faxineira amanhã. – dei de ombros e virei para o lado da parede do ônibus, fechando minha cortina.
- Sabe, nem acredito que já faz um ano que conhecemos as meninas. Quer dizer, há um ano e ainda estavam estudando e recém haviam conseguido um emprego, e agora elas vão se formar!
- Pelo menos para isso vamos estar lá para comemorar. – Zayn disse. – Harry e você fizeram seis meses de namoro há algum tempo, não foi?
- É. Eu comemorei por, hum, dez minutos.
- Uau! – dei uma gargalhada. – Isso é que eu chamo de rapidinha.
Liam chutou minha cama, já que dormia embaixo e eu ri mais.
- Eu nem pude comprar nada.
- Eu comemorei pelo telefone. – Harry falou, demonstrando que estava mais ligado na conversa do que parecia, já que a TV estava ligada.
- É. São tempos difíceis para se ter uma namorada, mano. – Louis comentou, suspirando. – Mas bem que eu queria uma.
- É... – Zayn concordou, e essa era à hora perfeita para eu dormir. Não queria fazer parte daquela conversa e relembrar de e todo o quase namoro que vivemos, e que acabou do mesmo jeito que começou: do nada.
- Então, até amanhã – Liam falou. – Boa noite.
Todos nós respondemos um boa noite desanimado, e Harry desligou a TV e a luz do ônibus. Estávamos a caminho de Londres, e passaríamos a noite toda na estrada. Pelo menos dessa vez não seríamos acordados no meio da noite para gravar algo, a gente se certificou de adiantar todo e qualquer trabalho que teríamos no fim de semana para podermos curtir antes de voltar ao trabalho duro. Amanhã, no sábado à noite, teríamos a formatura de e . Depois, no domingo, nós combinamos de ir para a chácara e curtir a tarde que prometia fazer calor antes de termos que voltar para a estrada.
Eu apaguei logo que fechei os olhos, de tão cansado que estava. Aquele colchão estava longe de ser muito confortável, mas proporcionou uma boa noite de sono simplesmente porque não fomos interrompidos na metade. Também sacolejávamos um monte por estarmos em movimento, e eu não ousava mudar muito de posição para não ir parar no chão. Mas tirando isso, foi uma noite muito bem dormida.
Liam me acordou com uns empurrões amigáveis no dia seguinte, na metade da manhã quando chegamos em Londres. Sabe, andar pela cidade dentro de um ônibus enorme com fotos gigantes da nossa cara e do nome da nossa banda estampada em todos os lados não era o jeito mais disfarçado de chegar na cidade, sendo que nem era para estarmos ali. Nós falamos com Simon, explicamos sobre a formatura, sobre estarmos cansados e querermos ver nossas amigas e nossa casa, e prometermos nos comportar. Ele não fez objeção alguma, e ainda frisou que não tinha o direito de mandar na nossa vida, que ele só ajudava a fazer nossa imagem, mas quem decidia éramos nós. Simon não queria ser o vilão da história, e nós – pelo menos eu – entendíamos isso.
De qualquer jeito, concordamos entre nós que era melhor não chamarmos a atenção, então Paul mandou que descêssemos no hangar de um avião de carga no aeroporto e sairmos de lá de carro. Fizemos isso, e fomos direto para casa.
A primeira coisa que Liam e Harry fizeram ao chegarem na cidade foi ligar para as namoradas. Foi aí que eu percebi que não tinha lá tantos motivos para estar ansioso em estar em casa, porque eu não tinha porque ligar para as meninas ou para... uma delas em especial. Eu só estava feliz por ver minhas amigas e estar em casa. Não existia mais nenhum motivo especial para isso.
Fui para casa, tomei um banho, decidi sair e fazer umas compras para manter a geladeira mais ou menos cheia (eu não sei exatamente porque, já que ia embora outra vez em dois dias, mas queria ter a sensação de estar em casa como um cara normal faria), depois voltei com as compras e tomei uma cerveja enquanto arrumava a casa, é, eu arrumei minha casa. Humildade é para poucos.
Então, depois disso e me sentindo pateticamente solitário, fiz comida enquanto assistia desenhos que passavam em um canal na TV e dormi pelo resto da tarde. Era boa a sensação de ter uma casa, de arrumá-la do seu jeito, deixar as coisas como você gosta, se sentir confortável em algum lugar. Mesmo que por apenas dois dias.
Daí, depois Louis passou lá em casa e me convidou para sair e comprar uns jogos novos para o Xbox e um presente de formatura para e . Fui com ele até o shopping, encontramos algumas fãs e elas logo aumentaram de quantidade até encherem um corredor do shopping e termos que voltar para casa. Fomos no Zayn e ficamos jogando FIFA até escurecer, como amigos normais fazem.
Em um determinado momento, Zayn suspirou e soltou o controle, dando pause.
- Eu acho que uma hora ou outra a gente vai ter que encarar o fato de que teremos que visitar as meninas.
Nós três nos olhamos e concordamos. Era algo que compartilhávamos, essa vontade, mas ao mesmo tempo incapacidade de encará-las e, junto com isso, encarar tudo o que já tivemos, de um jeito ou de outro. Eu acho que tínhamos um pouco de receio de, por causa de nós três e nossa relação com as garotas, acabarmos estragando toda aquela amizade.
- É. – Louis disse, e encarou a TV. – Mas pode ser mais tarde, né – disse, e ligou o jogo outra vez.
Aí, jogamos mais umas quatro partidas e no final nos sentimos obrigados a levantar, nos arrumarmos e irmos para a casa delas. Coloquei alguma roupa legal que achei na mala, pois meu armário só tinha roupas inúteis. Arrumei o cabelo, e fiquei espantado em perceber que eu fora o que mais demorei a me arrumar, mais até do que Zayn.
- Liam me ligou umas vinte vezes para perguntar onde nós estávamos. A formatura já está começando.
- Vai ter festa, não é? – Louis perguntou, enquanto eu entrava na porta de trás do carro.
- É.
- Ótimo. Estou com vontade de beber umas.
Então chegamos à festa. Foi tudo aquilo que qualquer formatura sempre é, meio chata, mas aí na hora em que vemos nossos amigos lá em cima dá um orgulho e começamos a aplaudir e a gritar coisas como “é isso aí”, “vai lá”, e tudo mais. Mas eu estava mais interessado era na festa. E nem era por , toda linda no seu vestido rosa com umas pedrinhas de brilho e com um batom rosa fraco que me fazia querer agarrá-la, porque ela estava com um cara. Provavelmente Charlie, se é que ele existia mesmo. Era mais pela bebida, eu queria é fazer companhia à Louis enquanto tomávamos umas.
Então quando a festa mesmo começou eu fui direto para lá com ele, incapaz de olhar para aquele nojo que era ver rindo de tudo que aquele pirralho falava. Porque sério, ele tinha cara de 14 anos.
- Você até que tá lidando bem. Eu já teria pirado. – Ele disse, me alcançando nossa segunda dose de vodka. Depois disso, eu planejava tomar só cerveja, porque não estava a fim de beber até achar que bater numa criança daquelas era uma boa ideia. Também era bom que Louis segurasse a onda, ou ia acabar fazendo merda que nem da última vez.
Dei de ombros.
- Eu não posso fazer nada.
- Será mesmo, cara?
- É, Louis. Quer dizer, não somos mais nada um do outro.
- Você casou com ela. – ele brincou.
- Nós nos divorciamos. – olhei-o, mas desviei o olhar quando ele me olhou com algo parecido com pena. Louis pousou a mão em meu ombro.
- Olha pelo lado bom...
Encarei-o.
- Pelo menos ela não ficou com o seu carro.
Não consegui conter a risada, e ele riu comigo.
- Olha, vou tentar ajudar de alguma forma. Vamos lá, vamos dançar. – ele disse, pedindo uma dose de alguma coisa forte e segui Louis até perto de e o pirralho na pista de dança. Ele tomou o resto da bebida e deixou o copo em minhas mãos, indo em direção a ela.
- Ei, gatinha, quer dançar?
Ela sorriu para ele, e o garoto se afastou para dar espaço à Louis.
- Vou pegar uma bebida pra gente – ele avisou, virando as costas para Louis e , que já estavam se balançando com a música.
Passou por mim com um sorriso feliz no rosto, sempre feliz. Eu não o culpo. Crianças são mesmo felizes o tempo todo. Ele me deu apenas uma batidinha no ombro como sinal de que me conhecia por ser amigo dela. Me perguntei se ele sabia de alguma coisa entre mim e , e esperei que não, porque se soubesse, aquela batidinha no ombro foi um tipo de sarcasmo.
Então, Louis olhou para mim com um olhar significativo e fez um gesto com a cabeça para que eu me aproximasse. Chamei uma garota qualquer que estava perto deles para dançar e nós dançamos juntos por um tempo, só o suficiente para eu tentar ouvir um pouco da conversa de Louis e .
Devido a musica, eu não ouvi quase nada, mas quando chegávamos mais perto suas vozes ficavam mais altas por alguns segundos.
- Mas o tal de Charlie não era invenção sua?
Mais alguma coisa e vi concordar com a cabeça. Lou falou mais alguma coisa que eu não pude ouvir, e ela negou dessa vez.
- Eu não quero nada, Lou. Eu não consigo. Eu não consigo... me desapegar dele, deixar de pensar nele, eu não... não consigo esquecer o Niall. Eu ainda amo...
E a música ficou mais alta do que sua voz outra vez. Mas eu não precisei ouvir o resto da frase para entender. Ela ainda me amava. E eu, apesar de toda a força que fazia para tentar barrar isso da minha própria mente, não podia negar que correspondia esse amor.
Então por que diabos eu fazia as coisas parecerem tão complicadas?
Liam’s POV
- Graças a Deus, porque aquela roupa era ridícula. – soltou o diploma, o chapéu e tirou a beca, ficando só com o vestido de festa por baixo.
- Mas faz parte da comemoração, dã. – puxei-a pela mão para entrar no salão que serviria de festa a partir de agora. Eu a puxei até o centro e olhei em volta rapidamente, abraçando-a pela cintura para que pudéssemos dançar. – Você é a formanda mais linda que eu já vi.
- Eu trabalhei muito para isso! – ela riu.
- Você está feliz? – perguntei, colando minha testa na dela para ficarmos mais perto e podermos nos ouvir, e dançar em um ritmo lento ao mesmo tempo.
- Eu estou muito feliz! Principalmente porque você pode vir. Ah, Liam, eu estou me formando em fotografia, com meus pais, meus amigos e meu namorado aqui, e... não podia ser melhor. Muito obrigada por vir, eu estou tão feliz. Você não faz ideia.
- Eu fico feliz por isso. – sorri e dei-lhe um selinho. – Porque, escuta... eu sinto muito por não estar presente. Eu não sei mesmo quando vamos poder ter um descanso depois disso, quer dizer... é a fama e, sabe... – encolhi os ombros. – a gente nunca sabe quando vai acabar. Não podemos parar agora, porque estamos no auge da carreira. Se pararmos, a gente é esquecido e aí tudo pelo que lutamos some.
- Você não precisa ficar dando justificativas, eu entendo. Você faz bem em aproveitar esse tempo, porque um dia ele vai acabar, e... não volta mais, Liam. É uma pena que a gente não possa estar o tempo inteiro juntos, assistindo um ao outro crescer e realizar sonhos, mas é melhor ter você longe do que não te ter.
Encarei-a por um tempo, pensando na minha sorte. Não só por ter , mas por tudo que estava acontecendo de maravilhoso na minha vida. Eu não conseguia deixar de me imaginar bem velhinho lembrando de todas essas coisas boas que me aconteceram quando era jovem. Por isso ela estava certa, e eu tinha mesmo é que aproveitar.
- Você tem razão. – sorri.
- Eu sempre tenho razão, você ainda não aprendeu?
Fiz careta para ela e ela fez para mim também.
- Idiota, você.
- Esse é meu sobrenome.
Rimos.
- Hum, eu não vi Zayn em lugar nenhum depois do começo da festa. – ela olhou em volta.
- É, ele foi embora. – suspirei. – Zayn não tem muita coisa para fazer aqui agora que ele e não têm mais nada. Ele não parece se importar em ficar em uma festa. Você entende, não é?
- Sim. – ela me olhou, meio triste. – Só fico triste pelos dois.
- É – passei o polegar na sua bochecha. – Eu também fico.
Harry’s POV
- Você tá tão quietinha.
- Eu acho que estou meio gripada. – ela disse baixinho, quase não pude ouvir.
- Quer que eu te leve para casa?
fez que sim com a cabeça, e senti porque sua cabeça estava encostada no meu peito enquanto dançávamos.
- Ok. – fui me afastar para pegar sua mão, mas ela me segurou.
- Espera a música terminar?
Ri.
- Tudo bem.
Continuei me mexendo lentamente ao som de uma música mais calma da Pink, e depois que ela terminou nós avisamos a que estávamos indo e saímos dali. Mesmo que eu estivesse gostando da festa, ouvir a música ficando mais baixa enquanto nós nos afastávamos foi um alívio para o meu cérebro.
Fomos até o meu apartamento em um silêncio confortável. Bem diferente do silêncio que rolou no final daquela outra formatura que fomos, no ano passado. Ri comigo mesmo ao lembrar.
Ao chegarmos ao meu apartamento, ela se jogou na cama e enterrou o rosto nos cobertores. Fui trocar de roupa e escovar os dentes no banheiro, e saí de lá com uma calça cinza de moletom e mais nada. ainda estava na cama, agora de olhos fechados. Fui até a cama e deitei ao seu lado, de frente para ela. Coloquei o dorso da minha mão em cima de sua testa e percebi que estava um pouco quente acima do normal. Aí, peguei o termômetro e fiz ela colocar na boca.
O silêncio se seguiu por mais um tempo, até que eu pudesse ouvir o bip do aparelhinho.
- Trinta e sete. Vou te dar um remédio e esperar baixar, tá?
Ela fez que sim com a cabeça, e peguei a caixa de remédios. Dei um comprimido e um copo de água para ela, e então liguei a TV do quarto e desliguei a luz. Ficamos deitados por um tempo, e pegou no sono com meu carinho em seu cabelo. Eu também peguei no sono por um tempo, mas por algum motivo acordei mais tarde no meio da madrugada. Ela já estava menos quente. Pensei em desligar a TV e voltar a dormir, mas eu havia perdido o sono. Então fiquei assistindo a um filme antigo sobre faroeste.
Mas aí também acordou e perdeu o sono, e então éramos dois assistindo um filme completamente sem sentido e, acima de tudo, velho.
- Eu já me sinto melhor. – ela se espreguiçou. Levantou, foi na cozinha, pegou um pedaço de bolo para comer e voltou para a cama.
- Ah. – ela me olhou, e olhei-a de volta.
- Hum?
- Sobre a faculdade.
- Ah, é! Como está indo isso? Você tá gostando?
- É ótimo. – ela concordou. – Hum, meu professor de arquitetura histórica comentou que vão abrir vagas para intercâmbios de alunos, e quando isso acontecer ele vai escolher seus melhores alunos para colocarem o nome lá. É claro, só aqueles que se interessarem.
- Hum. Isso é legal.
- É. Acho que sou a aluna preferida dele.
Olhei-a e ela fez uma careta.
- Você não vai se mudar, . Né?
Ela sorriu e fez que não com a cabeça.
- É provável que não.
- É provável? – levantei uma sobrancelha. – Não me assusta.
- Não, Harry. Eu não quero sair de Londres. Vou ficar bem aqui, com você. – ela fez uma careta. – Metaforicamente falando.
- Quando todo esse caos da turnê terminar eu juro que vou te recompensar por todo esse tempo longe.
- Você vai me dar uma lamborghini?
Ri, principalmente do jeito natural como ela disse, com um quê de curiosidade.
- É tanta saudade assim que precise de uma recompensa tão cara?
- É claro, você tá pensando o quê? Que pode me comprar com alguns beijinhos?
- Hum, que garota difícil. – beijei-a. – Na verdade eu estava pensando em uma viagem de férias. Quem sabe Havaí?
- É uma ilha vulcânica! – os olhos dela brilharam e ela se animou.
- Eu sei! Não sou tão ruim em geografia assim. Mas também pensei em Austrália, ou talvez México. Ou Brasil. O que você acha?
- Qualquer coisa com você. – ela me beijou de volta.
- Sério? – sorri.
- Não. Havaí. – disse, séria.
Ri.
- Você quem manda. – dei de ombros.
- E como está indo a turnê até agora?
- Está bem. Bem cansativa, exaustiva, e etc, mas bem. É divertido.
- Sabe, eu leio tantos boatos de garotas que você pega na estrada. – ela quebrou um pedacinho do bolo que colocou em um prato e levou até a boca, mas eu dei um tapa em sua mão antes que ela o colocasse na boca. me olhou confusa. - Ai!
- Desculpa. – peguei o prato da sua mão e olhei o bolo. – Tem castanha nisso aqui. – olhei-a. – Você quer morrer?
- Eu não sabia! Você é que quer me matar?!
- Ah, é claro, eu imaginei que você fosse pegar um pedaço de bolo sem antes ler a palavra enorme escrita na caixa!
Ela fez bico.
- Eu não li a caixa.
- A culpa não é minha, então.
- Tá. – fez careta para mim e deitou. – Que saco, você.
Retruquei com algo inaudível, e levei uma cotovelada.
- Sobre o que estava falando, você sabe muito bem que não passam de boatos. Não é? – olhei-a de canto de olho, comendo um pedaço do bolo.
Ela deu de ombros.
- Me diz você.
- , por favor, já conversamos. Você confia em mim, não é?
- Não é essa a questão.
- Então qual é?
- A questão é que não é fácil ver o seu namorado sozinho pelo mundo afora e não poder saber o que é verdade e o que não é sobre o que dizem dele.
- Mas você sabe. A verdade é o que eu conto pra você.
Ela me olhou com uma careta.
- Você tem noção de como isso soa ridículo? Como se só o que você dissesse fosse lei para mim.
Revirei os olhos.
- Então a questão é que você não confia no que eu digo.
- Não, Harry! É só que eu tenho medo de pagar de idiota.
- Você está sendo idiota agora. – Comentei.
- Feriu meus sentimentos. – falou, fazendo pouco caso. – Olha, eu não quero começar uma briga em prol disso. Só estava comentando. Se fosse eu no seu lugar, você enlouqueceria. Lembra do episódio do catálogo americano?
- Aquilo é diferente.
- Não, não é. – ela sorriu. – É exatamente a mesma coisa.
- Argh, você me irrita. – Soltei o bolo na cômoda, depois cruzei os braços e deitei também.
- Awn, bebezinho. – ela me cutucou e riu. – Saiba perder uma discussão como um adulto.
- Eu vou dormir.
riu, mas virou para o lado e desligou o abajur, e eu fiz o mesmo.
Louis’ POV
Subi no palco e peguei o microfone. Eu já havia combinado tudo isso com o DJ, algumas libras foram o suficiente para ele me deixar subir lá. Tudo bem, talvez eu tivesse bebido um pouco demais, mas foi tudo programado, porque eu sabia que só bêbado poderia falar tudo o que precisava.
- Eu quero um momento de atenção, por favor. – Pedi, tentando não cambalear e fingir que o nível de álcool no meu sangue não era muito mais alto do que indicavam os médicos.
Todos pararam para olhar, curiosos.
- Tem uma garota nessa festa, aí no meio de vocês, que ama me deixar louco. Ela simplesmente ama. E fato é que eu podia tê-la para mim há muito tempo, mas enxerguei o quão linda ela é tarde demais. E ela sabe disso. Ela é linda.
Algumas pessoas, ao perceberem que se tratava de uma “declaração”, começaram a ficar curiosos e empolgados.
- Eu sou péssimo nessa coisa de declaração e romantismo. Então vou pular para a parte que interessa. Quero dedicar uma música a ela, porque é isso que eu sei fazer: cantar.
Algumas pessoas exclamaram em forma de apoio, me instigando a continuar. Fato é que só existia uma coisa que as pessoas gostavam mais do que barraco público: declaração pública. E de uma pessoa bêbada como eu estava, ainda melhor. Aquela música era muito importante para mim, mas como era muito grande, eu só cantaria algumas partes. Procurei por no meio das pessoas, e quando a encontrei eu comecei a cantar, sem música alguma de fundo.
- Oh it's what you do to me... Oh it's what you do to me…
Quando os caras da banda entenderam qual era a música, o do violão começou a tocar devagarzinho.
- Hey there I've got so much left to say. If every simple song I wrote to you would take your breath away, I'd write it all… Even more in love with me you'd fall… We'dhave it all...
estava bem no meio de umas pessoas, que alternavam o olhar entre ela e eu. Ela tinha os cabelos soltos e bagunçados, com o penteado desmanchado de uma maneira tremendamente sexy. Quando me olhou, fez uma careta para mim. Ela não parecia feliz, estava com aquela expressão de “não faz isso comigo”. Sorri, porque por mais que eu adorasse a de antes, tinha algo nessa garota durona e difícil que me deixava de joelhos.
- Our friends would all make fun of us and we'll just laugh along because we know that none of them have felt this way. I can promise you that… - fechei os olhos por um momento, e então olhei para os caras da banda. O cara do violão continuou tocando e mexeu a cabeça para mim, me instigando a continuar, mas… eu havia esquecido a letra. – Ah… hum, é isso. Obrigado pela atenção.
E aí, todo mundo aplaudiu e deu gritinhos de apoio, alguns rindo. Ah, eu também riria. Por algum motivo, sempre que eu cantava Hey There Delilah o fiasco era iminente. Começou na audição do X Factor, em que eu quase aniquilei a música, e agora isso. Mas a maioria das pessoas naquela festa já estava tão bêbada quanto eu, por isso não se importaram muito. Menos ela, é claro, que há essa altura já era o centro das atenções e todos olhavam para ela e para mim, esperando alguma reação de . As pessoas haviam formado uma roda em volta dela. Tudo que ela fez, foi ficar parada perto da mesa de bebidas.
- Sinto muito. Você não devia ter feito eu me apaixonar por você agora. – sorri para ela.
apenas soltou seu copo na mesa e deu meia volta, saindo pela saída de emergência ao lado da mesa para ir até o corredor. Todos viraram para mim, esperando uma reação também.
- Droga. – murmurei, entregando o microfone ao DJ para poder ir atrás dela. Desci o palco cambaleando, meio tonto, e fui até o lugar por onde ela havia saído.
Olhei para os dois lados do corredor, que estava pouco iluminado. Ouvi o barulho de seus saltos batendo com força no chão enquanto ela se afastava pelo lado da direita, e corri o melhor que pude para tentar alcançá-la.
- . , espera! – cheguei até ela e peguei seu braço. – Ei...
- Me deixa, Louis! – ela se virou para mim e puxou seu braço, se afastando um passo. – Mas que droga. – disse mais para si mesma. – Que droga você pensa que está fazendo? Que coisa horrível. Que fiasco! Eu estou roxa de vergonha!
- O que eu fiz dessa vez? Eu só...
- Você foi lá e... falou todas aquelas coisas, você não pode. Não pode, entendeu? – apontou para mim, e depois fez uma careta. – Olha só o seu estado!
Ignorei sua menção à minha leve embriaguez.
- Eu não entendo você! Eu me declarei, disse que estou apaixonado lá na frente de todos! Eu estou apaixonado por você, ! – falei em um tom que implorava por um pouco de compreensão - Você poderia me dar algum crédito! Não é isso que toda garota quer? – Dei de ombros, levantando as mãos.
- Quer que eu te jogue confete? Que eu bata palmas, que caia nos seus braços? Fala sério, Louis! Se bota no meu lugar! Eu fui apaixonada por você por todo esse tempo, e agora que finalmente parti pra outra você faz isso? Você não espera que eu aja como se estivesse tudo bem? Porque não está!
Tudo bem, ela estava certa.
- Você tem razão. – falei, me afastando um pouco. – Eu não devia... eu devia te deixar em paz agora. É só que você é muito importante para mim, e eu quero achar um jeito de te ter por perto de novo. E justo agora que eu sinto isso, é tarde demais, e eu não suporto te olhar e te ver com esses caras que não conseguem ver a metade da pessoa incrível que eu vejo em você. Você é boa demais para mim ou para qualquer um deles. , você é maravilhosa, e eu sinto muito que só consiga dizer isso estando bêbado. Mas olha para mim – levantei os braços. – Agora eu sei o que estou falando. Confia em mim.
Ela suspirou, colocando as duas mãos na frente do rosto.
- Você não pode fazer isso comigo... – falou baixinho.
Puxei um pouco seu pulso, mas ela não descobriu o rosto.
- ... – cheguei mais perto. – O que eu fiz, ? O que eu fiz pra você? Você me deixa louco... Você é que não pode fazer isso comigo, não agora... Não mais. – o tom de minha voz era um sussurro que implorava.
- Eu... eu não quero me magoar, Louis. Eu não quero te magoar. Eu não quero me arrepender depois, eu... argh, Deus, como eu quero beijar você. – ela tirou as mãos do rosto. – Mas você está bêbado, e amanhã...
- Sim, eu estou bêbado. – A interrompi, pegando seu rosto com as duas mãos e olhando no fundo dos seus olhos. – E você é linda. – passei meu polegar na sua bochecha, chegando mais perto. Aquela era provavelmente a primeira vez que eu sentia entregue a mim, nas minhas mãos. E eu gostei tanto da sensação. Como se de repente ela fosse minha, e foi tão bom... – E amanhã de manhã eu estarei sóbrio, mas você ainda será linda.
Dessa vez o beijo não foi surpresa, como das outras vezes. Mas fui eu quem a beijei, dessa vez. Com calma, com todo o carinho e o amor que eu sentia e que estava começando a me enlouquecer. Eu queria essa garota, eu queria ela para chamar de minha. E agora, sentia a esperança de que talvez eu a tivesse.
Zayn’s POV
As notas tranquilas de Niall no violão me deixavam relaxado. Eu estava tomando um sol, sentado em uma cadeira de balanço no meio do gramado da chácara de , de olhos fechados só absorvendo os sons e acolhendo-os de boa vontade em meu cérebro. Era uma ótima sensação.
Olhei de relance para Niall quando ele errou uma nota, mas tratou de corrigi-la no mesmo momento. Ele estava sentado em uma cadeira de praia, daquelas grandes que você pode deitar, com os joelhos dobrados e os pés em cima da cadeira, e o violão praticamente deitado em seus joelhos. O olhar estava perdido em algum ponto do gramado, no vazio. Sua mente podia estar em qualquer lugar longe dali.
Companhias silenciosas como as dele eram geralmente as que mais me agradavam. Não precisávamos trocar palavras que, em geral, deixavam um ar tenso. O silêncio já era de bom tamanho.
Olhei em volta, e precisei chamar Niall e apontar com a cabeça para me certificar de que eu estava vendo certo. e Louis, ambos meio deitados, meio sentados em um sofá na varanda, rindo de algo juntos. A cabeça dele estava deitada no colo dela, e ela mexia nos seus cabelos. Eles pareciam bem, quase... como um casal. Niall me olhou, tão confuso quanto eu, e deu de ombros.
Aí, tínhamos Liam e conversando em volta da churrasqueira, porque ele era o mais apto a cuidar de um churrasco entre nós. e estavam na cozinha, dentro da casa, onde eu podia vê-las pela porta enorme de vidro. mexia em alguma comida lá dentro e estava vindo para fora com seu biquíni. Foi para perto da piscina, soltou os cabelos e a toalha em um banco, e entrou devagar na água, provando antes se ela estava gelada. E então tínhamos Harry, de pé no meio do gramado, ensinando defesas pessoais para . Ele estava em posição de defesa e tinha as duas palmas das mãos abertas na frente de si, e pedia para ela dar alguns socos e chutes nas mãos dele, ensinando exatamente onde, quando ou como bater.
Finalmente a harmonia entre todos nós, outra vez. Por mais que seja óbvio que não é mais como antes, eu quero dizer, antigamente estaríamos todos juntos falando besteira. Não que aquilo ali significasse que não éramos mais amigos como antes, ou sei lá. Mas algo separou alguns de nós. Há quase um ano atrás eu e começamos a “namorar”. E há mais ou menos meio ano, eu já a amava. E há três meses, jurei a mim mesmo que eu a beijei pela última vez. A partir daquele momento, eu não me lembro de ter trocado mais nenhuma palavra com ela depois daquilo. Niall e , bem, quem é que sabe o que aconteceu? Tudo que eu sei é que eles agem agora como se tudo que aconteceu na viagem nunca tivesse acontecido de verdade. De fato é tão normal esse buraco negro entre eles, que eu me pergunto se cheguei a imaginar tudo aquilo que rolou entre os dois naquela cidade. E aí tem Louis e , que me deixam tão confuso que eu prefiro nem comentar, porque juro que acho que estou ficando louco.
- Aqui, agora. – Harry bateu com uma mão na palma da outra. – Duplo.
deu um soco com a direita na mão esquerda dele, e em seguida um chute com a canela. Harry segurou a perna dela no ar e ela deu um grito agudo e perdeu o equilíbrio, caindo no chão e puxando-o junto. Comecei a rir da cena, enquanto Harry rolava na grama rindo dele mesmo e também.
Liam e se viraram para ver a cena, e por um breve momento nossos olhares se cruzaram. Ela estava sorrindo. Não para mim, não por algo que eu fiz, mas estava sorrindo e olhando nos meus olhos e só Deus sabe o quanto eu sentia falta disso. Mas tão rápido quanto aconteceu, o momento passou, e tudo voltou ao que era antes.
Então eu e Niall levantamos para carregar e montar uma mesa de madeira lá fora no gramado, e veio com a comida enquanto a carne aprontava. A gente arrumou a mesa, e sentamos. Eu, Niall e sentamos e ficamos esperando, conversando.
- Alguém chama a , por favor? – pediu, enquanto dobrava os guardanapos distraidamente formando um coração com eles.
- Claro – levantei, coloquei minha cadeira de volta no lugar, e fui em passos lentos até a piscina.
estava mergulhando bem no fundo da piscina, de uma extremidade a outra, então eu sentei na borda com os pés para dentro e esperei. A água pegava quase no meu joelho. Eu só podia vê-la pelo reflexo dela na superfície da água, e comecei a me perguntar como ela conseguia prender tanto o fôlego assim.
Quando ela saiu da água na extremidade em que eu estava na piscina, antes mesmo de abrir os olhos, ela se segurou no meu tornozelo. Abriu os olhos e levantou o olhar para mim, franzindo o cenho.
- Ah! Oi. – Ela riu, soltando minha perna.
- Você por acaso é filha de sereia? – brinquei.
Ela encolheu os ombros.
- Não sei, quer me ouvir cantar?
Ri e ofereci a mão a ela.
- Vamos lá, a comida tá pronta, pequena.
Ela me deu a mão e colocou o pé no degrau, mas aí seu pé deslizou e no segundo seguinte lá estava eu na água.
Voltei para a superfície assim que caí, passando a mão no rosto e no cabelo para tirar a água. Olhei em volta, e ainda estava submersa, mas logo subiu. Tossiu algumas vezes e riu.
- Me desculpa, Zayn! – ela riu mais. – Ah, droga, eu juro que não foi de propósito!
Ri junto.
- Tá tudo bem, eu estava com calor mesmo. – dei de ombros.
- Foi um tombo e tanto. – Disse rindo. Olhei-a.
- É – concordei e nós rimos mais.
Depois de um breve ataque de riso, saí da piscina e ajudei-a a sair, dessa vez sem acidentes. Tirei a blusa e me sequei brevemente com uma toalha que ela dividiu comigo, e voltei para a mesa com a bermuda molhada mesmo.
Nós comemos, conversamos, rimos, trocamos ideias e nos divertimos. Depois, alguns de nós ajudamos as meninas com a louça e os outros meninos guardaram a mesa e a churrasqueira. Então a gente jogou um pouco de vôlei e ficamos na piscina, e nem percebemos o tempo passar. Tivemos que voltar para Londres, e na hora de deixar as garotas em casa foi uma choradeira só.
E quem disse que adiantava abraçar e dizer que logo nós nos veríamos de novo? Aquela despedida foi diferente das outras. Nós ficamos angustiados, mais do que o normal. Pelo menos eu fiquei. Senti vontade de ficar ali, com elas. De passar mais tempo, conversar mais, de protegê-las. Sei lá, foi estranho, mas eu ignorei isso, caso contrário seria mais difícil voltar para a turnê.
’s POV
- Vem cá – Lou me puxou para a parte de trás do carro quando os meninos começaram a se despedir.
Fui até lá com ele, e sentei no capô do carro, e ele ficou na minha frente.
- Escuta, eu não sei o que nós somos, ou o que nós temos. Eu nem quero saber, se você prefere assim – ele deu de ombros. – Eu só quero... poder ligar pra você, te dar boa noite, desejar um beijo... Tudo bem pra você?
Eu não sabia o que dizer à Louis. Na noite anterior com tudo o que aconteceu, com todas as palavras, eu desisti de afastá-lo e não me arrependia disso. Talvez eu devesse mesmo dar uma chance a nós, a mim mesma, afinal minha conversa com as meninas naquela noite me fez perceber que não importa o que aconteça, eu sempre vou tê-las quando precisar de um apoio. E eu não podia mais enganar a ninguém, eu era louca por Louis Tomlinson.
Fiz que sim e sorri.
- Tudo bem para mim... Sim.
Ele sorriu também e se aproximou, colocando uma mão na minha cintura descoberta pela blusa. Tocou o rosto no meu e beijou minha boca levemente, e eu me senti como uma pré adolescente com o coração saindo pela boca, e era tão bom!
- Bem, eu vou...
- Ok, olha, vocês têm que parar de se pegarem às escondidas, beleza? – Niall apontou para nós e olhamos para o portão da nossa casa, onde todos eles olhavam de volta. Eu ri e puxei Louis para perto deles pela mão.
- Nós não estamos nos escondendo.
- É claro que não – Zayn revirou os olhos, mas riu, batendo nas costas de Louis.
- Nós temos que ir, galera. – Liam disse a todos.
- Mas antes, podemos ter um abraço em grupo? – Zayn, para minha surpresa, pediu abrindo os braços.
Todos nós assentimos e fizemos o mesmo, formando um grande círculo que foi diminuindo até que todos nós ficássemos juntinhos em um grande abraço.
- Eu amo vocês. – falou baixinho com um sorriso, e todos sorriram em resposta.
- Eu amo muito mais! – Niall berrou em resposta alguns segundos depois e todo mundo caiu na risada.
- Se cuidem, por favor. – pediu.
Todos nos afastamos lentamente do abraço, e acho que ninguém realmente queria sair dali. Abracei Louis, ao meu lado, e abraçou Harry, e abraçou Niall, e todos se abraçaram brevemente antes de se largarem.
- Ok, você vai me matar de tanto amor – disse, sendo quase sufocada por Zayn. – Tudo bem, big boy, eu ainda estarei aqui pra mais desses abraços de urso quando você voltar – ela brincou e Zayn a soltou, rindo e beijando o topo de sua cabeça. suspirou audivelmente. – Gente, Zayn Malik não é mesmo estonteante?
Ri, balançando a cabeça para as piadinhas de . Era realmente estranho de um jeito bom ver Zayn expressando tanto carinho daquele modo. Me fazia querer abraçar todo mundo de novo.
- Tem razão. – sorriu. – Vamos estar todas aqui esperando vocês, como sempre é. Então realmente se cuidem. – Olhou para Liam ao seu lado, agora. – Por favor. Porque precisamos de vocês.
Engoli em seco, brevemente com um nó na garganta que respirei fundo para fazer sumir.
- Vocês também, meninas. Nós voltamos em breve! A gente se fala, tá legal? – Lou acabou com o nosso abraço, o que foi bom, contando que o clima já estava ficando um pouco sentimental demais e todo mundo ia cair em lágrimas a qualquer momento. Até mesmo eu. E por quê? Eu não fazia ideia. Essa não era a primeira vez que nos despedíamos. Tudo ia ficar bem!
Depois que eles entraram em seu carro e partiram, ficamos entre suspiros e no meio de um silêncio vazio ali na frente de casa antes de entrarmos.
Mas não demorou muito para que a vida seguisse seu curso normalmente.
Liam’s POV
Por algumas semanas, tudo ficou em perfeito equilíbrio. Conversas diárias por celular, risadas, planejamentos, tudo bem entre todos nós. Nós parecíamos o grupo de amigos que sempre fomos, sem rixas, sem brigas, sem problemas amorosos ou não. Tudo maravilhosamente bem, apesar da distância. A vida seguiu, a turnê seguiu, as entrevistas, os photoshoots, os jantares beneficentes e os desfiles, tudo estava no seu devido lugar.
Até que...
- Você tá brincando comigo?! – Harry gritou no telefone, tirando minha atenção da TV.
- Alguém viu uma gravata de smoking em algum lugar? – Louis olhava em volta procurando a tal gravata, enquanto calçava um sapato preto às pressas.
- Olha isso – aumentei o volume da TV, fazendo Harry se trancar no banheiro com seu celular e bater a porta com força. Era na TV.
- Ela conseguiu o papel da Warner? – Louis perguntou, e ele e Zayn sentaram ao meu lado na cama do hotel, prestando atenção na tela.
- Hum... Eu acho que não é exatamente isso.
- Ela é ótima – a voz de Jeremy falava na TV – É divertida e engraçada, e nós já estamos juntos há algum tempo, mas só decidimos levar isso à público agora. Eu pessoalmente sabia que era apaixonante desde que a vi pela primeira vez. Em um elevador! – ele riu e Louis tomou o controle da minha mão, desligando a tela.
- Bom! – ele bateu uma mão na outra. – Vocês não vão se arrumar? Estamos atrasados, o Paul já está esperando há uns dez minutos!
Olhei-o e ele me lançou um olhar de “colabora aí”, então levantei da cama também.
- É verdade. Vamos, Zayn, levanta a bunda e se mexe – dei uns tapinhas nas costas do moreno, que levantou sem muita vontade. – Cadê o Niall? – olhei em volta.
- Ele desceu pra comer. – Zayn respondeu, calçando os tênis.
- Comer? Nós vamos em um jantar beneficente, que parte disso ele não entendeu?
- Você sabe como é... – Louis deu de ombros e nós três olhamos para o banheiro quando o som de algo batendo com força na porta chamou nossa atenção. - Será que ele precisa de ajuda para botar as calças também? – Louis riu.
- Briga com a namorada. – falei, fazendo pouco caso. – Logo mais ele sai – fui até a porta e dei duas batidinhas lá. – Harry, anda logo estamos atrasados!
Não houve resposta, então nós três demos de ombro.
Nesse momento Niall entrou no quarto correndo.
- Você! – ele apontou para mim. – Vem comigo, agora.
- O que foi?
- Agora, Liam! – ele gritou e saiu correndo porta afora de novo.
Olhei para Zayn e Louis, e os dois me olharam estranho de volta. Por via das dúvidas, segui Niall pelo corredor até chegar ao térreo onde um fluxo grande de pessoas entravam e saíam do restaurante mesclado ao hotel. Porém não foi para lá que Niall foi. Ele caminhou até a lojinha de souvenires e decorações e parou pouco antes da porta, olhando para algo lá dentro como um detetive que espia alguém.
Parei ao seu lado, curioso, e olhei-o. Ele me olhou de volta e me puxou um pouco para o lado, ficando atrás da porta de vidro que abria quando chegávamos muito perto. Ficamos atrás de uma viga, e ele apontou para alguém no canto mais distante da lojinha. De início, vi um homem alto, um menininho com seus pais e uma mulher de costas. Só então que percebi que conhecia aqueles cabelos enrolados e levemente loiros em algumas partes. Era Danielle.
Olhei-a por um tempo, eu tinha certeza que era ela apesar de não ver seu rosto. O homem alto virou-se para ela e beijou sua boca antes de apontar para algo em uma prateleira, algo que eu não podia ver porque eles estavam na frente. Aquele cara, eu conhecia bem, era Thur. O principal causador de nossas brigas. Eu sempre soube que eles ficariam juntos, pelo menos se dependesse dele.
Por um momento, fiquei feliz por vê-la feliz com outro cara. Estava tudo bem. Ela podia muito bem ter esquecido como eu a magoei. Ainda guardava sentimentos bons e memórias legais com Dani, ela sempre fora uma boa pessoa para mim.
Mas isso durou só até que ela se virasse, e eu pudesse ver um fato que me passou despercebido. Danielle estava ali, a uns bons quarenta metros de mim. Grávida. Muito grávida.
Senti um estalo em minha cabeça e olhei para Niall, assustado. O tamanho daquela barriga devia indicar para o tempo que havia se passado desde que nós nunca mais nos vimos. Oito ou nove meses. Quando ela sumiu do mapa de uma hora para a outra, sem explicação, e eu nunca mais a vi, e nem notícias ou fotos sobre ela.
Não, ridículo. Isso era ridículo. Não era possível. Ela estava com Thur, provavelmente aquele filho era dele. Não, com certeza era dele. Absoluta.
Depois de um tempo encarando aquela cena sem conseguir acreditar, dei um passo para trás sem perceber. Aquilo já não tinha mais nada a ver comigo. Porém antes de virar as costas, Niall me olhou confuso.
- Você não vai falar com ela?
- Eu não tenho nada para falar com ela. – peguei seu braço. – Vamos sair daqui, Niall. Vamos esquecer isso, tudo bem?
- Mas Liam... – ele parou quando comecei a andar para o lado oposto, segurando seu braço. Olhei-o. – Aquele filho...
- Não. Não tenho nada a ver com isso.
Ele ergueu uma sobrancelha.
- Não tem nem chance?
Fiquei quieto por um tempo. Chance tinha. Mas não era. Eu tinha certeza absoluta disso. Não sei como, apenas tinha.
- Não. – minha voz saiu incerta, nem a mim e nem a ele convenceu. Suspirei e continuei andando. – Não pode ser, Niall. Ela teria me contado. E nós nos cuidávamos. Não tem nem chance. Vamos só esquecer que isso aconteceu, tudo bem?
- Eu sou um túmulo. – ele deu de ombros e fomos para as escadas outra vez. Não tinha necessidade de usar o elevador, sendo que ficávamos no segundo andar.
- Por que acha que ela está aqui? Ela deveria estar em Londres, que é a casa dela e dele.
- Talvez ela esteja a trabalho. – ele deu de ombros outra vez. – Ela também viajava bastante por causa daquele grupo de dança.
- Mas você acha que uma mulher naquelas condições vai dançar como ela dançava, Niall? – olhei-o e revirei os olhos.
- Sei lá então, Liam!
Duas mãos grandes pousaram em nossos ombros e nos viramos para dar de cara com Paul.
- Será que dá pra agilizar? Vocês estão atrasados até o próximo século!
E o trabalho chamava outra vez. Era bom, só assim eu tirava meu foco daquela imagem de minha ex namorada grávida na minha frente. Era um pouco assustador.
’s POV
Bocejei pela quinta vez em um minuto, e dois segundos depois fez o mesmo. Nós rimos outra vez.
- Eu sinto que vou desmaiar a qualquer momento. – ela disse, e concordei com a cabeça.
Era a terceira vez naquele mês que ficávamos até extremamente tarde na editora sozinhas para terminar uns relatórios e arrumar toda a bagunça das papeladas que um dia inteiro de trabalho provocava naquele escritório. Milena fazia muita falta, principalmente em momentos como esses, em que todo o trabalho pesado vinha para o nosso ombro e precisávamos ficar horas após nosso expediente, organizando tudo para que não se acumulasse e ficasse pior ainda no dia seguinte.
- A gente podia passar em algum lugar para jantar depois que sairmos daqui, o que acha? – disse, grampeando umas folhas e soltando-as em alguma gaveta.
- Seria ótimo, acho que meu estômago já está comendo meus outros órgãos.
- Talvez um KFC ou... – derrubou um porta lápis com tudo dentro e praguejou, se abaixando para juntar tudo no chão.
Eu ri e terminei de enviar um email bem na hora em que recebi outro em meu email pessoal, que estava logado no computador da editora também. Não tinha nome, apenas um endereço de email de um cara chamado Victor alguma coisa. Abri, e li a pequena mensagem na tela.
Atenciosamente, V.
Tive que ler a mensagem mais duas vezes. Não tinha nada a ver com o fato de que eu estava com sono, mas sim que o cara tinha o meu sobrenome. O sobrenome de meu pai. Aquele que eu nem cheguei a conhecer. E era um antigo amigo de minha mãe? Isso soava muito estranho.
Fechei o email, mas aquilo continuou martelando em minha cabeça pelos próximos minutos em que ficamos no escritório. Eu queria sair logo dali, chegar em casa, tomar um banho relaxante e ligar para minha mãe, para assim poder perguntar quem era o tal de Victor e porque ele queria marcar um encontro comigo para me conhecer. Eu não sei ao certo se esperava coisas boas ou ruins daquilo tudo. A falta de uma figura paterna em minha vida não durou muito tempo, logo que minha mãe e Peter se conheceram eu já torcia loucamente para que eles dessem certo, mesmo ainda sendo uma criança. Acho até que ela foi quem mais sentiu a falta de um pai para sua filha. Ser mãe solteira em uma cidade grande e com o custo de vida tão alto quando Wisconsin era uma coisa muito difícil a se fazer.
bateu mais um grupo de folhas na mesa para juntá-las e grampeou-as, jogando-as na gaveta também, e então finalmente levantou. Esperei meu computador desligar enquanto ela se espreguiçava e bocejava mais algumas vezes, e depois peguei minha bolsa e levantei também.
Peguei a chave e nós duas saímos, loucas por uma boa comida gordurosa e calórica para repor as energias. Tudo que eu tinha no estômago eram alguns copos de café expresso de Matt, e era apenas graças a ele que eu não morria de fome o dia todo. Matthew lembrava que eu precisava me alimentar melhor do que eu mesma.
- Eu já sinto o sabor do frango... – suspirou quando eu colocava meu cinto de segurança e ela partia com o Onix até o KFC mais próximo. – ?
- Hum? Oi? – olhei-a, acordando de meu transe.
- O que foi?
- Sono!
- Ah! – ela riu e se ajeitou melhor no banco enquanto parava em um sinal vermelho. – Eu estou sonhando com a minha cama, e você?
- Também – suspirei e fechei os olhos. – E com uma vida em que nós pudéssemos faltar o serviço no meio da semana.
- Seria o paraíso...
Ela dirigiu enquanto falávamos sobre coisas banais, e quando chegamos ao famoso restaurante, pedimos nossa porção de frango frito e esperamos ansiosamente enquanto checávamos nossa vida virtual, cada uma em seu telefone.
- Liam ainda não me ligou hoje...
- O Lou me ligou mais cedo, mas eu nem pude atender. – ela suspirou, apoiando a bochecha na palma da mão na mesa.
- Vocês estão bem mesmo, não é? – sorri.
- Eu acho que estamos, sabe, ... Ele está pegando leve. Está tentando não me sufocar, e eu estou tentando ser uma... Hum, algo parecido com namorada, eu acho. – ela franziu o cenho. – Carinhosa e, você sabe, todas essas coisas aí. – ela deu de ombros. – É um trabalho em equipe.
- É incrível. – balancei a cabeça e me escorei na mesa com os antebraços. – Sempre que uma de nós se acerta, a outra perde todo o avanço que teve na vida amorosa. Olha só você e o Louis, tão de bem um com o outro justo quando e Niall decaíram outra vez. E agora , está parecendo quase feliz com aquele lance que tem com o Jeremy e a e o Harry voltaram a gritar que nem loucos um com o outro...
- Eu juro que pensei que dessa vez os dois tomariam jeito. Você viu? Até um anel ele deu para ela. – ela suspirou tristemente. – Acho que a felicidade de uns custa a tristeza de outros.
- Isso é muito, muito injusto. – balancei a cabeça e nosso frango frito chegou.
- Aleluia! – pulou na cadeira e nós duas atacamos o pequeno balde de carne de galinha, esquecendo de qualquer problema que a vida impunha sobre nossas vidas por um curto período de tempo.
’s POV
Encontrei no final da aula quando saímos da faculdade para irmos juntas procurar ou na frente do prédio. Já fazia um tempo que todas as minhas noites eram ocupadas ou por vôlei, ou por faculdade. Eu decidira optar por publicidade, aliás. Era algo pelo qual eu sempre me interessei. Eu estava gostando das aulas, apesar de algumas serem um saco, eu estava aprendendo coisas legais. Além disso, em uma cidade tão importante quanto Londres, nunca faltaria emprego em uma área como essa.
Decidi começar a focar em meus estudos e minha vida social com meus amigos de fora depois que percebi que eu nunca teria uma vida amorosa normal como (ou com quem) desejava. Eu simplesmente desisti disso, e me conformei em deixar tudo se ajeitar da maneira correta, e acreditar naquela velha frase: quando for para ser, será. Vai que quem disse isso estava realmente certo?
Então, agora além da aula, de cadeiras noturnas três vezes por semana e vôlei nos outros dois dias, eu saía quase todo sábado à noite com algumas pessoas da faculdade ou com Charlie, e no domingo passava o tempo com a minha família (acredite se quiser) ou praticava alguma atividade física, ou só ficava matando tempo com as meninas em casa, já que domingo era o único dia da semana em que nós estávamos todas juntas (e olhe lá, porque geralmente tinha algum compromisso, precisava estudar, ou e tinham mil e uma coisas para adiantar para o dia seguinte na editora. Mesmo assim, tentávamos ficar juntas mesmo que tivéssemos outras coisas para fazer).
Sobre os meninos, há quase um mês que eu não sabia mais quem era One Direction. Via-os quase só na TV, e a última vez que eu falei com um deles foi quando Louis ligou para mim sem querer quando Zayn sentou em seu celular. E tecnicamente nós nem nos falamos, eu só ouvi uma conversa sobre uma tal de groupie chamada Amélia que era “gostosa pra caralho”, segundo Niall e Harry. Aí desliguei o celular, e desde então, nunca mais.
Sabe-se lá onde eles estavam? Acho que estavam na metade da turnê nos Estados Unidos, e quando eu parava para pensar em Creta e em nossas férias mágicas, parecia que aquilo acontecera em outra vida. Dia desses parei para fazer as contas, e cheguei à conclusão que aquilo aconteceu há exatos cinco meses atrás. Sabe o que isso significa? Há cinco meses eu não encostava a boca na boca de ninguém, e isso me deprimia.
- Não, eu não quero ouvir mais essa desculpa. Ah, qual é, você fala isso o tempo todo, e... Cala a boca? Cala a boca você! Não, Styles, você não vai desligar esse celular enquanto não me contar o que... ARGH! – quase jogou o celular longe quando, aparentemente, a ligação foi finalizada antes que ela pudesse terminar de falar.
- Calma aí, amiga. Seu namorado é bonito, mas não vale um iPhone. – peguei o celular da mão dela e guardei em sua bolsa.
- Eu não aguento mais, . Eu estou no meu limite! – ela passou as mãos no rosto e no cabelo.
- Estou vendo. – puxei uma mecha do cabelo dela que estava para o lado errado. – Você está com olheiras terríveis.
- Eu não ando tendo boas noites de sono. – ela disse, sem vontade.
Enganchei meu braço no dela e caminhamos até a frente da universidade. Minha pobre e problemática melhor amiga, com seu relacionamento e seu namorado também problemáticos. Suspirei e encostei minha cabeça em seu ombro quando paramos na frente do prédio para esperar uma das meninas que já devia estar chegando.
- Eu vou ter que ter uma conversinha com esse garoto outra vez, não é?
- Eu acho melhor não. – ela revirou os olhos. – Ou esqueceu o que aconteceu da última vez que tiveram uma conversinha?
- Você às vezes é sufocante. Eu meio que entendo o Harry por um lado.
Fui fuzilada com o olhar e tratei de ficar quieta.
- Eu não preciso ouvir isso. Eu preciso mesmo, é de alguém que me diga que eu tenho a razão, que esse relacionamento ainda tem chance e que Harry não é o cretino que todos estão dizendo que ele é.
- Não está mais aqui quem falou. – ri. – Mas, , por favor. Você tem que confiar nele. Por que acha que você é a única garota nesse mundo que tem um anel de compromisso com ele na mão direita? Isso não foi em vão.
- E quem garante que eu sou a única? Esse mundo é muito grande, .
- É claro que é! – bufei. – Qual é, . Você não sabe confiar. Desse jeito, o cara vai desistir de tentar te provar fidelidade!
Ela suspirou e pegou o celular da bolsa outra vez, abrindo alguma coisa e esperando alguns segundos para me mostrar uma foto. Uma foto em que Harry estava no maior amasso com uma garota. Bom, talvez não fosse mesmo ele, porque não aparecia o rosto de nenhum dos dois. Porém as roupas, as tatuagens e a cor de pele não legavam. Provavelmente aquele era Harry mesmo. Estava sentado no chão de algum lugar, uma garota praticamente em cima dele e bem quando estava chegando em seus rostos havia um casaco pendurado na frente.
- Uau. – levantei as mãos, não conseguindo pensar no que dizer. – Você tem que dar uma surra nesse moleque.
estava tão esgotada, que se limitou a dar um sorrisinho muito forçado. Eu não tinha como falar nada depois disso, então só fiquei ao seu lado esperando nossa carona, lembrando brevemente da conversa em que ouvi de Niall e Harry comentando sobre a groupie gostosa.
logo buzinou com o Onix branco e entramos no carro, sem ela nem precisar estacionar porque o sinal estava vermelho. Ela também parecia meio cansada, com cara de sono. Mesmo assim, falou e falou e falou sobre uma garota nova da redação e sobre os planos de mudança na revista, e novos catálogos, e sobre possivelmente ter conseguido um pequeno ensaio para ... Eu quase dormi no banco de trás.
Quando chegamos em casa, a porta do carona batendo me fez dar um pulo e então saí do carro. Fomos recebidas por Doby, pulando e lambendo e latindo felizmente como boas vindas. Como fui a única a parar e dar um carinho ao pobre labrador, acabei ficando no jardim por um tempo e olhando as estrelas, que podiam ser enxergadas com mais clareza pelo céu limpo. Mas depois entrei, tomei banho e fui comer um macarrão instantâneo. As garotas estavam tomando chá ou café preto com umas bolachas integrais, mas para mim que praticava esporte não ia fazer mal um pouco de gordura, diferente daquelas quatro gordas sedentárias.
Sentamos todas na mesa em um raro momento entre a hora em que ia para a cama e a para o banho. Conversamos um pouco, rimos um pouco, bocejamos um pouco, comemos, e aí falamos mais algumas bobagens antes de alguém fazer a pergunta de um milhão de dólares:
- Quem vai lavar a louça?
Todas nós nos olhamos, e em seguida uma explosão de vozes inventando todos os tipos de desculpas foi ouvido.
- Ah, mas a não faz nada além de estudar, ela pode lavar!
- Eu lavei ontem e antes de ontem! – falei. – Além disso, a faz menos do que eu, porque euzinha aqui pratico algum esporte.
- Grande coisa, – fez careta para mim.
- A anda dando desculpas há meses! – disse – Além disso, quem vocês acham que mantém a casa organizada todas as tardes?
- Eu só sei que já faço demais e não vou lavar nada – avisou, juntando os pratos de todas nós. – Pronto, já fiz a minha parte. Eu já faço demais por vocês.
- Eu fui buscar as duas madames na escolinha – apontou para mim e .
- Eu preciso dormir, porque não posso chegar com cara de sono nas gravações.– deu de ombros.
- Essa foi a pior desculpa que você podia inventar – disse, e fez careta para ela.
- Ok, gente. Vamos tirar no par ou impar. – deu a ideia.
Todas concordaram, e fizemos o jogo uma vez. perdeu.
- Ah, não! Não, eu não vou lavar nada!
- Você quem deu a ideia, qual é?! – olhou-a feio.
- Vamos de novo! Eu não vou lavar a louça!
Todas falaram por um tempo, mas acabamos jogando outra vez, e no final perdeu de novo.
- É você, . Eu sinto muito. – ri e ela levantou com um bico muito feio.
Depois dessa pequena briga, todas demos boa noite e cada uma foi para seu quarto. Fiquei assistindo TV como todas as noites, porque simplesmente não conseguia dormir cedo, e depois de lavar a louça também tomou banho e foi para a cama. Acabei dormindo no sofá, como eu fazia quase sempre.
’s POV
Na sexta feira, Jeremy me levou para jogar golf. Sem mais detalhes, foi um saco. O garoto era legal e tudo mais, golf me parecia até ser um esporte nobre, e talvez o problema fosse isso, era nobre demais. Eu não sei o que era, mas foi a coisa mais tediosa da minha vida. Mesmo assim, para não ficar feio, fingi estar feliz o tempo todo, como se aquele não fosse o último lugar que combinasse comigo na face da Terra.
Eu podia mesmo estar exagerando nos últimos dias, mas sentia como se eu tivesse perdido toda a cor e estivesse cinza. Eu me pegava lembrando de dois anos atrás, quando ainda era a estudante tímida escondida por trás dos livros e óculos de leitura, que adorava ler Hamlet e estudar sobre planetas, que raramente pegava uma revista sobre famosos e quase nunca ouvia músicas de adolescentes normais. Hoje em dia, o que eu era? Completamente o oposto. Eu era a garota que precisava ser desinibida e estar na frente das câmeras, sempre sorrindo, atuando, fingindo. Eram as minhas fotos nas páginas daquelas revistas, e tive um rolo (algo que me marcou e muito) com o cantor daquelas músicas chiclete que não saem da cabeça. Minha conta bancária estava ganhando cada vez mais números, e cada vez que eu olhava para aquilo não fazia a menor ideia do que fazer com o dinheiro, então simplesmente o deixava lá. Não me reconhecia mais, e em contraponto, o mundo todo dizia me conhecer muito bem. Eu me pegava perguntando a mim mesma quem era a garota que eles juravam que eu era. Eu podia não saber mais quem era, mas de uma coisa tinha certeza: essa não era eu há dois anos, e eu nunca imaginaria que me tornaria essa garota.
Não que eu estivesse reclamando. Ou sim, ou... sei lá. Atuar era uma das coisas que eu mais adorava fazer, os momentos em que eu me sentia mais livre e bem comigo mesma eram em frente a uma câmera, mas, de algum modo, e eu sei que é contraditório, eu não gostava dos holofotes. Não muitos, pelo menos. Jeremy também era legal, mas ele me parecia um garoto tão certinho. Ou talvez o problema fosse que ele não me causava nenhum frio na barriga.
Para mim, e acho que somente para mim, ele não era uma aventura. Ele não me causava arrepios, não me fazia sorrir ao me lembrar de algo que falou em algum momento, e não fazia meu coração disparar. Mas ele era meu amigo, e eu me sentia confortável perto dele. E só.
E talvez fosse isso que faltasse: uma aventura. Onde estavam meus sonhos, minha paixão pela arte, minha vontade de viver coisas insanas e dançar, e cantar, e ouvir musica alta, e beber em festas e beijar alguém de quem eu realmente estivesse afim? Meu espírito jovem? Às vezes eu me sentia com cinquenta anos, presa em um corpo de jovem. Ou, e o que é pior, um espírito jovem preso em um corpo velho, sem saber como me libertar, como usar aquela força interior.
E isso tudo não fazia mais sentido para mim.
Eu me tornara a coisa mais sem graça dessa história toda em que minha vida se baseava. E o pior? Eu não sabia como mudar isso.
Certa noite, antes de pegar no sono, eu rezei para que a força interior que move o mundo e faz com que as coisas sejam como são (ou Deus, se preferir chamar assim) devolvesse minhas cores, ou passasse uma borracha em minha mente e me forçasse a redescobrir exatamente quem eu era. Mas achei tão patético, que no final dessa oração apenas disse “esquece, isso é ridículo. Por favor, crie paz no oriente médio.” E dormi.
Ellie me entregou alguns guardanapos para que eu limpasse o sangue falso de minha testa e sentou na poltrona em minha frente.
- Deixei a sua roupa para a festa de amanhã no seu vestiário. Você pode levar para casa e tudo mais. Jeremy vai te buscar às oito, e eu mesma aluguei a limusine.
- Pra que uma limusine? – fiz careta.
- Ora, é a primeira premiação que vocês foram convidados! Precisam chegar bem, eu tenho certeza que muita gente vai esperar por vocês lá.
- Tanto faz – revirei os olhos. Como dava para ver, era Ellie que comandava toda nossa relação. Não duvido que fosse Ellie quem escolhesse as cuecas de Jeremy também. Às vezes eu me irritava com o fato de que ele não se importava a mínima com isso, alguém estar vivendo a vida dele por ele. Ele aceitava isso numa boa. Argh.
- Agora você trata de ir pra casa e descansar, porque amanhã nossa equipe de preparação passa cedo na sua casa para te arrumar e você está com carinha de sono.
Assenti e levantei, feliz por poder sair daquele set de filmagens e ver a luz do dia pela primeira vez em 14 horas. Também fiquei muito aliviada – o que era errado – quando vi que hoje Jeremy havia saído mais cedo e eu iria sozinha para casa. Peguei um taxi na frente do set e cheguei em casa quase uma hora depois, por conta da droga do tráfego.
Só o que consegui fazer foi engolir algo, tomar um banho longo e relaxante e cair na cama.
Harry’s POV
- Você não pode reclamar, não mesmo. – Niall sacudiu a cabeça de novo. Ele comia uns palitinhos de caramelo com chocolate enquanto eu teclava uma mensagem em meu celular.
- Você é a última pessoa apta a dar conselhos amorosos.
- Não são conselhos, Harry. É só um fato e você sabe muito bem que eu estou certo.
Murmurei um tanto faz e continuei com a atenção presa ao celular. Eu podia ouvir os sons que vinham de onde Zayn treinava boxe com um de nossos seguranças, e Liam e Louis passavam a bola um para o outro. Niall deu de ombros e desistiu de me encher o saco, indo para perto deles jogar também.
Disquei de novo o número conhecido e caiu na caixa de mensagens. Bufei e desliguei, jogando o celular no sofá ao meu lado e deitando, olhando para o teto do estádio em que estávamos dentro.
estava me evitando há uma semana. Mas tudo bem, porque eu também não estava tão afim assim de falar com ela. Ela era a criança entre nós, e eu defenderia isso até o fim.
Estávamos tão bem há algum tempo atrás, mas tudo começou a mudar com nossa distância. E dessa vez eu podia dizer com alivio que a culpa não era minha. Em uma primeira olhada pode parecer que sim, mas não era, e ela não queria aceitar isso. Tudo bem, eu beijara mesmo Paige Reifler. Mas porque ela me agarrou! Não é óbvio só de ver a foto?
Então o que aconteceu foi: eu estava em um camarim trocando de roupa para fazer um photoshot qualquer de pouquíssimas fotos com um grupo de modelos de Nova York, que havia passado os últimos dias com a gente para gravar um comercial. Tinha que vestir uma roupa realmente estúpida com um all star que só parecia ser surrado, e como não havia um maldito banco naquele cubículo entupido de roupas, eu sentei no chão mesmo e amarrei os calçados. Só que estava exausto, e como sabia que ainda tinha uns minutos até os outros caras terminarem de se arrumar, deitei no carpete macio e fechei os olhos. Eu acho que não dormia há umas vinte e cinco horas, eu podia dormir por um mês inteiro naquele momento, eu podia hibernar feito um urso! Não sei se peguei no sono ou se nem houve tempo para isso, mas minha cabeça estava longe, e não ouvi ninguém entrar. E a próxima coisa que aconteceu foi que Paige Reifler estava em cima de mim. E, tudo bem, eu a beijei. Mas foi por um tempo simbólico, só até eu voltar aos meus sentidos, e então eu a afastei. E aí, vinte minutos depois, havia uma maldita foto daquele momento postada no blog do filho da puta do Perez Hilton, e já estava circulando por todos os cantos da internet mundial e transformando minha vida em um inferno.
Paige sabia que eu tinha uma namorada, mas obviamente ela não dava a mínima para o fato de que queria comer meu fígado comigo ainda vivo. E juntando aquilo com mais algumas fotos nossas da semana em que passamos juntos, todos nós e as modelos, parecia que estávamos tendo um caso. Então a mídia toda estava do lado de . O que era justificável, porque eu sabia que minha história, apesar de verdadeira, podia parecer duvidosa. Mas eu não queria que aquilo tomasse proporções maiores, então depois de não conseguir que acreditasse em mim eu só comecei a pedir desculpa, e foi aí que ela entendeu como se eu estivesse mesmo tendo um caso com Paige. Então eu também fiquei irritado. Qual é, eu era inocente! E nem ela acreditava em mim!
E eu estava quase sempre exausto, estava começando a ficar realmente puto com as criancices dela e só o que queria sempre que saía de um show era deitar em uma cama e dormir por anos. Eu não tinha forças para discutir por horas e horas com minha namorada e sempre sair perdendo. Minha paciência se esvaía cada dia mais. Tudo que eu queria era uma namorada compreensiva, era pedir demais?
Bom, ao que parece, era.
Estávamos em nossos minutos de descanso antes do começo de mais um show nos Estados Unidos, e pelo jeito a arena já estava lotada. Eu e os meninos ficamos por mais uns cinco minutos apenas matando tempo e relaxando, cada qual se preparando do seu jeito para subir no palco, e depois disso nos aquecemos e fomos fazer nosso trabalho.
A platéia foi à loucura. Abrimos o show com Live While We’re Young. Nos apresentamos. Cantamos mais. Respondemos a perguntas. Interagimos com as fãs. Desafinei uma vez ou duas, esqueci a letra e pedi para cantarem, mas nada perceptível ou fora do normal. E no final, me senti com o dever cumprido e cansado por um ano inteiro. De novo.
- Pede um balde de frango frito! – Liam pediu à Paul, logo depois que saímos correndo do palco em direção ao banheiro do camarim. Sempre era uma briga para ver quem chegava primeiro. Como quem ganhou dessa vez foi Louis, fizemos uma espécie de fila na porta e esperamos ele sair. Quando saiu, eu corri e me tranquei lá dentro aproveitando um momento de distração dos outros. Geralmente não tomávamos banho nos camarins, porque não eram os melhores banheiros à nossa disposição, mas quando pedíamos comida ainda no estádio e sabíamos que íamos demorar antes de voltarmos para o hotel, pelo menos eu gostava de tomar. Então, tomei um banho rápido e coloquei um par de roupas disponível por ali. Quando saí, a comida já havia chegado e os garotos nem me esperaram para atacá-la. Não que eu achasse que eles fossem esperar.
Depois que a gente comeu, voltamos logo para o hotel. Minhas cidades preferidas eram aquelas em que nós tínhamos dois shows marcados, porque assim não precisávamos passar a noite em um ônibus de turnê sacolejando a noite toda. Apesar de sermos a maior boyband do século, noites em hotéis eram uma raridade para nós.
Quando finalmente tranquei a porta de meu quarto com o cartão e me atirei na cama, clamando por algumas horas de sossego, meu celular começou a vibrar loucamente. Abri os olhos, não querendo acreditar que justo agora alguém fosse perturbar minha paz, e peguei o celular da cômoda.
“” era o que aparecia no visor. Bem, era óbvio, afinal, quem sabia me perturbar melhor do que ela?
Atendi e deitei de novo, colocando o celular em cima do ouvido que estava para cima e deixando-o ali sem a ajuda da minha mão.
- Fala.
Por um tempo, tudo ficou quieto. Quieto demais.
- Eu ainda estou brava, Harry. – a voz dela saiu baixa, quase como se fosse um segredo e ninguém mais pudesse saber, porque era inconcebível que ela se expusesse a isso por mim.
Fechei meus olhos e suspirei. Às vezes ela me irritava tanto, que só em ouvir sua voz eu apertava os punhos e começava a pensar em como podia existir alguém tão teimosa, orgulhosa, ciumenta, manipuladora, ridiculamente contraditória a mim em tudo que dizia ou fazia pelo seu próprio prazer. Eu sentia mesmo vontade de ignorá-la, deixa-la sozinha por um tempo para refletir sobre seus atos e concluir que não era o centro do universo ou a dona da razão. Mas dentre todas as coisas que eu odiava naquele pequeno ser, de todas as coisas ruins que a faziam quem ela era, existiam também as coisas boas, as coisas que somente ela provocava em mim e o sentimento de que, não importa como ela seja, o quão irritantemente sensível e bipolar e contrária e incompatível a mim, eu não conseguia imaginar alguém mais impensável e perfeito para mim ao mesmo tempo. A única coisa que me fazia mais irritado do que ela, era o pensamento dela nos braços de outro ou longe demais dos meus. me fazia egoísta, e por mais que na maioria das vezes nós nos repelíssemos como cargas elétricas, ela era minha e de mais ninguém, e vice versa.
- Deixa eu adivinhar, você só queria ouvir a minha voz?
- Sim. – ela respondeu, ainda baixo. Pela sua voz, eu arriscava dizer que ela também estava deitada e possivelmente debaixo dos cobertores para não acordar .
Fiquei em silêncio por tempo indeterminado, ouvindo sua respiração e pensando no que fazer em relação àquela situação constante de disputa entre quem tinha a razão. Por um momento, pensei que nenhum de nós fosse falar nunca mais. O silêncio, vindo dela, era sempre algo assustadoramente ameaçador. Ameaçava tirar de mim uma das coisas que eu mais amava.
- Fala alguma coisa. – ela pediu, agora sussurrando.
- Eu sinto sua falta. – abri os olhos e olhei para o nada no escuro do quarto esperando por uma resposta.
A resposta demorou mais um longo tempo para vir, e não fora exatamente recíproco:
- Obrigada. – a resposta veio novamente em um sussurro e então a linha ficou muda.
Tirei o celular do ouvido e olhei-o. Depois respirei fundo e soltei-o na cômoda outra vez, me virando na cama. Pelo menos um de nós ouvira o que queria ouvir, e outra vez esse alguém não fui eu.
Niall’s POV
Na terça-feira teríamos algumas horas de folga durante a tarde, então decidi aproveitar para ir para a piscina depois que tirei meu cochilo no quarto.
Troquei de roupa, coloquei um chinelo e joguei minha toalha no ombro. Coloquei meus óculos escuros e fui para a piscina. Harry também estava lá, conversando com uns caras. Ele fazia amizade rápido demais.
Fiquei na água por um tempo, mas logo percebi que logo eu e os meninos tínhamos uma entrevista de rádio marcada para dali uma hora, então saí. Antes de entrar no hotel, umas garotas me pararam para pedir fotos e fiquei enrolado na conversa com elas por algum tempo. Eram três meninas, uma de uns oito anos, outra com mais ou menos doze e a outra devia ter uns dezesseis. Elas eram legais, mas não estavam querendo me deixar entrar no hotel. Então quando eu falei que precisava entrar, elas pararam por um tempo e falaram “na verdade, também estamos hospedadas aqui” o que era claramente uma mentira, mas não me importei muito.
Fomos para o elevador com a mais nova fazendo todos os tipos de perguntas do tipo “qual é a sua cor preferida?” ou “que sabor de suco você mais gosta?”. Apertei o botão para o meu andar e perguntei o delas, então a mais velha pareceu se lembrar desse detalhe e apertou qualquer botão.
- Eu tenho um cachorrinho com o seu nome.
Olhei para a garotinha mais nova e então ri.
- Muito obrigado, eu acho! Ele também é esfomeado?
Ela riu e deu de ombros, mas quando começou a falar de novo foi cortada por um solavanco no elevador. De repente ele parou, como se tivesse travado, e as luzes piscaram por um momento e então se desligaram.
Olhei para cima.
- Ai, caramba – saquei o celular do bolso e disquei o número de Harry.
- Fala.
- Cara, fiquei preso no elevador.
- O quê?
- O do hotel, Harry. O elevador empacou. Chama o Paul.
- Ah. Ah, sim. Tudo bem. - Revirei os olhos com a lentidão de meu colega de banda. – Hum, eu vou procurá-lo e te ligo.
- Valeu.
Desliguei e guardei o celular de novo depois de dar uma olhada na hora e praguejar baixinho.
Não era a primeira vez que isso acontecia comigo. Quando eu tinha uns quatorze anos, fiquei preso em dois elevadores no mesmo mês. Mas em nenhuma das vezes eu tinha uma entrevista de rádio marcada para dali a quarenta minutos.
Ficamos inquietos, tanto eu quanto as garotas, e a mais velha falou ao telefone com a mãe uma vez. Ela evitou falar exatamente onde estava, mas disse que logo que pudesse encontrava com a mãe. Afinal, que mãe seria compreensiva se escutasse “estou presa no elevador de um hotel com o cara daquela banda que eu gosto”?
Depois de uns dez minutos sem nenhuma notícia, sentei no chão onde as duas menores também haviam sentado. Tudo estava escuro, mas por algum lugar entre os vãos do teto do elevador alguns raios de luz entravam. Eram poucos, mas eu podia ver a silhueta das minhas três companheiras.
Paul me ligou algum tempo depois e disse que uma equipe já estava tentando concertar o elevador e nos tirar de lá. As duas garotas menores conversavam baixinho entre si e tentavam brincar de alguma brincadeira de “adivinhe que cara eu estou fazendo agora”, então só quem sobrávamos era eu e a mais velha.
- São suas irmãs?
- Primas. – ela disse, me olhando. – São filhas da minha tia que mora aqui na cidade, eu e minha mãe viemos visitá-los.
- Ah... – balancei a cabeça.
- Você deve ter algum compromisso, não é?
- Entrevista na rádio.
- Ah, sim. – ela sorriu e ficamos em silêncio por um tempo olhando para as garotinhas que riam. – Posso fazer uma pergunta, Niall?
- Vá em frente. – me ajeitei no chão e encostei a cabeça na parede.
- O que rola entre você e a ?
Pensei por um tempo. Eu não falava nisso há alguns meses, agora, apesar de ser uma pergunta frequente antes.
- Não rola nada entre nós.
- Mas já rolou, né?
Olhei-a.
- Me desculpa – ela ergueu os braços. – Eu só sou curiosa. Minha intenção não é sair espalhando para todo mundo o que você me contar, mas não precisa falar se não quiser. Deve ser complicado essa coisa de ser famoso e não poder confiar em todo mundo.
- Não, tudo bem. – balancei a cabeça e respirei fundo. – O negócio é o seguinte: eu e ela sempre nos gostamos. Nosso maior erro foi ter esperado demais para dizer isso um ao outro. Nós esperamos tanto, que as coisas esfriaram e nunca mais tivemos nosso momento. Eu acho que se tivéssemos ficado juntos desde o começo, quando era para ser, talvez tivesse dado certo. Mas nós tentamos algumas vezes depois disso e simplesmente... – dei de ombros. – tudo ia contra. Nós somos pessoas muito diferentes, sempre vamos pelo caminho mais difícil e só o que acontece quando resolvemos tentar é mágoa para todos os lados. Não é saudável, você me entende?- Ela assentiu. - Então nós paramos de tentar.
- Mas você ainda gosta dela?
Precisei pensar por longos segundos.
- Eu tento procurar em alguma garota algo que me chame atenção, mas... – neguei com a cabeça. – não existe. Tudo que eu vejo me lembra ela. Eu me pego comparando as outras à ela e acabo sempre encontrando mil motivos para ela ser a única pessoa nesse mundo que eu preciso ter.
- Então a resposta é sim. – ela riu.
Concordei sorrindo.
- Isso não é uma coisa boa. Nós não estamos juntos, então... Eu preciso achar um jeito de me livrar disso. Mas não estou realmente procurando um.
- Niall... – ela juntou as mãos e mordeu o lábio. – Eu sei que posso estar falando por uma parcela bem pequena do fandom, mas... Mas eu realmente acho que vocês ficam ótimos juntos. Os seus olhos brilham muito quando você está com ela, é perceptível, e o seu sorriso é tão verdadeiro que... Que dói! – ela riu. – E existem muitas garotas que concordam comigo. Sabe, suas fãs sempre vão ser ciumentas, possessivas e a maioria delas nunca vai aceitar que você namore com ninguém, independente de se essa garota é uma princesinha ou beba todas em uma festa, elas só acham que ela simplesmente nunca vai ser o bastante para fazer o nosso bebezinho feliz.
Ri com ela e prestei mais atenção ao que a garota dizia. Era interessante, porque estávamos sempre rodeados de fãs, mas quase nunca tínhamos a chance de realmente entender o que se passava na cabeça delas.
- O que eu quero dizer, é... Qual é o ponto em você tentar esconder e conter algo que sabe que nunca vai passar? Quer dizer, você é um cara mundialmente famoso e tudo mais, mas não é exceção à regra. Você é um adolescente. Tem direito ao seu primeiro amor, a viver um amor que julga ser para a vida inteira, a sonhar em se casar e ter filhos, mesmo que isso não dure para sempre. Tem direito a lutar pelo que quer mesmo que o mundo inteiro, ou boa parte dele, não aprove. E eu tenho certeza absoluta que ela ainda sente o mesmo por você. Suas fãs enxergam muito mais do que você imagina. – ela me cutucou e, nesse momento, as luzes voltaram.
Por um breve momento tudo que eu fiz foi encarar o chão e pensar em tudo isso. De repente as coisas ficaram muito claras para mim. Aquilo tudo me fazia muito sentido, e por um momento eu me senti desprovido de toda aquela covardia que me segurou por tanto tempo com . Pena que eu estava longe demais para fazer qualquer coisa. Por enquanto.
Então, olhei para a menina sentada ao meu lado.
- Obrigado.
Ela assentiu.
- Tudo bem. – se levantou e chamou as garotas. – Só pensa nisso.
Assenti e as portas se abriram no quarto andar. Elas desceram, depois de um breve tchau, e me levantei e esperei até chegar ao meu andar, ainda com tudo aquilo na cabeça. Talvez eu só precisasse ouvir de alguém que tinha uma visão externa de toda a história, que não estava nem de um lado nem do outro. Alguém que me dissesse que isso tudo entre mim e ela era apenas uma grande perda de tempo, e que precisávamos parar de criar grandes tempestades em pequenos problemas porque assim nunca daria certo.
É. Fazia total sentido.
’ POV
Alguma música da Kelly Clarkson tocava na rádio da universidade, que ecoava baixinho por todos os auto falantes do campus.
- ! !
Olhei para trás ao ouvir meu nome sendo chamado e um garoto magro e muito alto parou na minha frente, recuperando o fôlego da corrida.
- Você é a , certo?
- Sim?
- Jonathan está te chamando de novo na sala. – ele apontou para trás. – Ele quer falar com você.
- Comigo? – olhei para dentro do prédio das salas de aula de novo. – Obrigado. – sorri e ele assentiu, então passei pelo garoto e refiz meu caminho.
Voltei até a sala, levando meus cadernos na mão e o resto dos materiais na bolsa pendurada em meu ombro. Ao chegar à sala, vi pela janelinha de vidro que meu professor ainda estava sentado em sua mesa, fazendo algumas anotações. Apesar de ser um quarentão, o cara tinha lá seu charme. Dei duas batidinhas e ele fez um sinal com a mão para que eu entrasse.
- O senhor estava me chamando?
- Sim. Sente-se, por favor.
Assenti e fiz o que ele pediu, sentando na carteira à sua frente e segurando meus cadernos no colo.
- . – ele levantou os olhos para mim. – Você é uma aluna muito dedicada.
Sorri.
- Obrigada.
- Só consigo imaginar duas alternativas, você gosta do que faz ou gosta de ser a melhor. Qual delas é a certa?
- Hum, eu diria que as duas. – ri. – Mas sempre fui fissurada por turismo, então estudar um assunto que me chama atenção é realmente interessante.
Ele concordou com a cabeça e apoiou os antebraços na mesa, segurando as mãos. Fez silêncio por um tempo, parecendo ponderar alguma coisa.
- Bem, como sabe o curso dá algumas chances a alguns alunos de diferentes áreas uma vez por semestre para que eles possam fazer algum estágio e aprender mais enquanto o curso está em andamento. Turismo não seria diferente. Nesse semestre, eu preferi fazer diferente e não comentar isso com a turma no início das aulas, porque com meus anos de experiência acabei percebendo que quando as pessoas sabem que estão sendo observadas elas atuam muito mais. Então, preferi observar sem comentar nada para escolher alguns dos meus alunos que realmente merecem a chance, e você com certeza foi uma das que mais se destacou.
Eu apenas ouvia a tudo, atenta, um pouco orgulhosa e curiosa também, mexendo a cabeça de vez em quando para que ele soubesse que tinha minha atenção.
- Então... Estou lhe propondo um intercâmbio de duração de um ano para estudar e trabalhar como guia em outro país enquanto estuda, com moradia e emprego fixo garantidos pela faculdade. Essa é com certeza a melhor oportunidade de carreira que você terá em suas mãos, porque tendo isso no currículo, você nunca ficará sem opções de emprego, em qualquer área que quiser a partir de agora.
Meu sangue congelou nas veias. Eu estava surtando por dentro, querendo sair correndo e contar para todo mundo, louca para saber mais sobre isso e por um momento quase que a palavra “sim” escapou pelos meus lábios. Então, pensei por um segundo e decidi que era uma decisão séria e eu devia agir de acordo.
- Uau! Ahm... Intercâmbio para onde? – Perguntei, mordendo o lábio, tentando me controlar.
- França. Paris, para ser mais exato. Todo semestre nós mudamos de lugar, e o último garoto que ganhou para Paris acaba de se formar e voltar para Londres, está obtendo muito sucesso financeiramente e tem diversas outras oportunidades de emprego. E eu sei que, com a sua dedicação, o mesmo vai acontecer com você. E então?
Paris. Eu me lembro de comentar que gostaria de morar lá um dia. Comentar com Harry. Bastou me lembrar do nome dele para que todas as minhas expectativas se acalmassem até quase sumirem de dentro de mim. Eu não podia. Não podia largar tudo, minha vida e tudo que eu construíra, por mais que não fosse muita coisa, para começar uma vida completamente nova, com emprego novo, amigos novos e em uma cidade nova. Seria ótimo, sim, seria, e boa parte de mim estava morrendo para dizer sim porque todas as fibras do meu ser sempre gostaram de estar em constante mudança. Mudança de lugar, de espírito, de sentimentos, mudança física. Eu amava mudar. Mas não podia simplesmente largar tudo... Largar ele. E isso ia contra tudo que eu sempre acreditei. Se isso acontecesse há um ano, eu nem pensaria duas vezes antes de aceitar. Sempre achei que meus sonhos sempre viriam na frente de qualquer amor bobo que eu poderia encontrar em qualquer esquina. Mas ele... não. Não era possível que eu deixasse Harry, os garotos, as minhas amigas e toda a minha vida de Londres para ir para Paris. Pelo menos não por enquanto.
Respirei fundo depois de pensar por uns momentos e olhei para o professor Jonathan.
- Eu sinto muitíssimo, Jonathan, mas não. Não posso aceitar. – engoli em seco, falando a mim mesma que essa era a coisa certa a fazer e eu não me arrependeria.
Ele arqueou as sobrancelhas, visivelmente pego de surpresa.
- Não?
Balancei a cabeça negativamente.
- Eu não posso... Eu... – pensei em uma desculpa menos ridícula do que “não quero deixar meu namorado e minhas amigas”. – estou passando por uma fase complicada, e no momento não posso largar tudo para fazer esse intercâmbio. Me desculpa, ah... Só Deus sabe o quanto eu queria dizer sim para essa oportunidade, e eu posso me arrepender, mas... Não posso. Sinto muito.
Ele precisou de um momento para se recompor, e alinhou alguns papéis em sua mesa. No final, deu de ombros e balançou a cabeça, com um ar de “bom, fazer o quê”.
- Tudo bem, você tem direito à escolha. Mesmo assim, deixo minha proposta em aberto por alguns dias. Eu sei que é uma decisão difícil, mas pense um pouco. Não precisa dar sua resposta final agora. Qualquer coisa sabe onde me encontrar.
Fiz que sim com a cabeça e levantei.
- Obrigada.
- Às ordens.
Saí da sala meio desolada. Não estava feliz comigo mesma, mas também sei que não ficaria se tivesse dito sim. Era uma decisão muito complicada, e ele estava certo, eu precisava de algum tempo para pensar. Mas dentro de mim, eu tinha a plena certeza de que não teria a coragem necessária para dizer sim àquilo.
Eu precisava falar com Harry.
Louis’ POV
No fim de semana, Paul conseguiu que eu tirasse uma folga para ir até Doncaster para o aniversário de Fizzy. Mas como eu havia entendido errado, falei para minha mãe que só chegaria no sábado de meio dia. Só na sexta foi que descobri que na verdade eu pegaria o avião na sexta de tarde, depois de uma entrevista. Então, como minha mãe só esperava que eu chegasse no sábado, dei um jeitinho de dar um pulo em Londres antes disso.
É claro que ninguém esperava, afinal nem os meninos sabiam.
Quando toquei na campainha, se não fosse pelo carro na garagem eu julgaria pela demora que não havia ninguém em casa. Mas depois de algum tempo, alguém atendeu.
- Boa noite, meu nome é Louis Tomlinson e eu estava me perguntando se você teria um tempo para ouvir sobre a palavra de Deus?
- Hum... Eu e o senhor Deus não temos uma comunicação muito boa, então acho que bateu na porta errada, amigo.
- Ah, tudo bem. – dei um passo para trás. – Ei, eu posso fazer uma pergunta?
- Claro.
- Justamente hoje, eu e uma garota estamos fazendo dois meses juntos. Como ela não gosta muito desse negócio de namoro e de rótulos, e de romancezinho, eu só comprei isso para ela. – tirei uma caixa de chocolates em forma de coração e um buquê de rosas de trás das costas. – Me dá a sua opinião. Você acha que ela vai gostar?
- Hum... – mordeu os lábios, contendo um sorriso. - Eu não sei não, sabe... Isso aí me parece meio romântico demais, talvez não seja muito a praia dela.
Olhei para as coisas.
- Sabe de uma coisa, você tá certa. E é exatamente por isso que eu planejei uma surpresa para ela.
- Ah, é?
- É, sim. Olha aí no meio. – entreguei o buquê a ela e esperei. Demorou alguns segundos até que ela encontrasse as duas pulseiras.
- Louis! – ela gritou, e soltou o buquê no chão para segurar as pulseiras com as duas mãos.
- Feliz dois meses de alguma-coisa-que-não-é-namoro! – ri e puxei para um abraço pela cintura.
Ela riu e me abraçou também, segurando meu rosto e me beijando em seguida.
- Muito – beijo. – Obrigada – beijo – Pelo – beijo – Presente!
- De nada. – sorri e me afastei um pouco. – Eu pensei em anéis, mas é muito convencional para você. Uma pulseira não significa exatamente que você está em um relacionamento.
- Você está mandando bem nessa coisa de “vamos aos poucos” - ela sorriu e tirou as pulseiras do saquinho, me entregando uma. Eram de ouro e finíssimas, com um pequeno pingente com a frase “you’re my sunshine” escrito nele. Gostei da frase em especial, porque não havia como negar: iluminava meu mundo.
Coloquei a dela, e ela colocou a minha e então nos beijamos de novo.
- O que está fazendo aqui? – Balançou a cabeça.
- Tirei o fim de semana de folga enquanto os meninos gravam umas músicas. – dei de ombros. – Eu sou o que menos canta. Nunca fiquei tão feliz por isso. – sorri e passei o polegar na sua bochecha.
- Tudo bem – ela riu e deu um passo para trás. – Vem, entra. – me puxou pela mão e eu entrei, fechando a porta atrás de mim.
Me abaixei e peguei o buquê no chão.
- Tudo bem, já que isso é romântico demais então vamos nos livrar disso e...
- Ei! – ela tomou a caixa das minhas mãos. – Eu quero os chocolates – disse, indo para o sofá e abrindo a caixa.
Ri e dei de ombros, seguindo-a.
- Por que está tudo tão silencioso?
- As meninas saíram. e foram no mercado e as outras duas estão na universidade.
- Ah, claro – bati na testa. – É sexta de noite. As pessoas têm uma vida na sexta de noite.
- Bom, eu não tenho – ela sorriu e me puxou pelo colarinho, puxando-me para cima dela e deslizando até deitar no sofá.
Soltei um gemido de aprovação e minha mão foi automaticamente para sua cintura, debaixo da blusa. Cá entre nós, o desejo ali no meio era forte. puxou os cabelos da minha nuca, e senti um arrepio descer por minha espinha, puxando-a para mais perto ainda agora com as duas mãos em sua cintura.
E os beijos continuaram, cada vez mais urgentes e deliciosos, e as pernas dela já estavam em volta da minha cintura quando me afastei para respirar e desci para seu pescoço.
- Isso é... muito... bom.
- Uhum – respondi apenas, descendo os beijos para o seu colo.
- Lou... – ela sussurrou, mordendo meu lóbulo.
- Sim?
- Por que eu tenho a sensação de que você já me tocou assim?
- Eu não sei, princesa... – disse, em meio aos beijos. – Você acha que isso já aconteceu antes? - levantei a cabeça para olhá-la, um pouco ofegante. Lembrei daquela noite em que tomamos um porre e o que fizemos durante a madrugada era um completo mistério.
- Eu acho que só há um jeito de descobrir – ela falou, sorrindo para mim.
Sorri de volta, mas antes de voltar a beijá-la, olhei em volta.
- E se alguém chegar?
- Elas não vão chegar tão cedo. Mas por via das dúvidas... – ela se desvencilhou de mim e levantou do sofá, puxando-me pela mão até seu quarto. Entrou, e depois que fechou a porta e passou a chave, veio direto para mim outra vez.
Não havia jeito melhor de ser recebido na cidade.
Zayn’s POV
Uma brisa fraca e um cheirinho de chuva bateu em meu rosto, e me virei para olhar para o Tâmisa, que se estendia em quilômetros e quilômetros de rio Londres afora. Quando olhei para o outro lado, ali estava ela segurando minha mão como daquela vez. Exceto que dessa vez era de verdade. Sem fingimentos. Sem mentiras. Sem complicações. Somente eu e ela, e...
- Você me faz sentir o infinito – ouvi-a sussurrar em meu ouvido e então a chuva chegou, e com ela trouxe todas as incertezas e as más lembranças. Seu semblante virou raiva, e ela se afastou.
Repentinamente, os grossos pingos de chuva caíam sobre nós, e o dia virara noite.
Uma sucessão de cenas ocorreu, com lágrimas, gritos e “não chega perto de mim”.
“Você pode fazer o que quiser com a sua vida, Zayn!”, a frase se repetia de novo e de novo. “Não temos mais nada um com o outro.”
E então tudo sumiu, e as vozes se repetindo eram a única coisa em minha cabeça.
“Não existe nós, você nunca percebeu isso?” “Zayn... Zayn...”
- Zayn!
Acordei em um pulo na cama do hotel e sentei, olhando em volta.
- O que foi?
- Você estava se contorcendo. – Niall deu de ombros e voltou a encher a boca com salgadinho e olhar para a TV.
Passei as mãos no rosto e suspirei, levantando da cama e indo para o banheiro. Lavei o rosto com água fria e fiquei um tempo parado na frente do espelho, pensando em alguma coisa sem importância. Depois que saí, sentei na cama desarrumada outra vez e olhei para Niall, ainda absorto em algum jogo na TV.
- Onde estão os outros?
- O Harry tá fazendo uma entrevista, eu acho... lá no quarto dele com o Louis. E o Liam foi numa loja de skates aí.
- E o vagabundo nem me convidou. – suspirei e ele riu.
- Você já parou para pensar que em duas semanas nossa turnê americana acaba?
- É... Só duas semanas, dude. – balancei a cabeça e roubei um pouco de salgadinho dele. – O tempo voa.
- E como! – ele disse, e ficou quieto por um momento, mas eu podia julgar pelo quão bem conhecia do Niall, que ele não estava prestando a mínima atenção ao jogo. – Sabe, eu ando pensando, e... tenho umas novas ideias na cabeça.
- Ah, é? – olhei-o, curioso.
- É. Ultimamente eu venho pensando muito nisso.
- Me conta, então. – falei, pegando mais salgadinho.
- Sabe, nós vamos ter aquelas três semanas em Londres, enquanto trabalhamos em novas músicas e fazemos uns dois shows por semana. Vai ser mais ou menos uma folga, eu acho. Antes da turnê na Austrália.
- Certo – concordei, para ele prosseguir.
Niall fez um silêncio que devia ser interpretado como suspense enquanto comia, mas depois desistiu disso e se virou para mim, empolgado.
- Eu vou fazer dar certo com a .
Levantei as sobrancelhas.
- Jura?
- É! Eu cansei desse negócio de ficar se lamentando e imaginando como seria. Se eu tento tanto e não tem o que me faça esquecer dela, então acho que isso significa que ainda não acabou. E eu cansei de joguinhos e de coisas nos impedindo de ficarmos juntos. Sei que ela ainda gosta de mim também, e nada nos impede. Absolutamente nada. Eu quero esperar até que nós voltamos para Londres, e a primeira coisa que farei é procurar por ela. Estou decidido. – ele sorriu.
- Isso é ótimo, Niall. Quer dizer, você deixou de ser tapado! – dei um tapa em seu ombro. – Muito bem, estou orgulhoso!
Ele riu.
- Olha só quem fala! Você devia me usar como exemplo.
- Só que comigo as coisas não são nem de perto tão simples como para você. Só um milagre me ajudaria – ri e balancei a cabeça. – Mas enfim, eu te apoio, cara. Você sabe que pode contar comigo pra isso. Vocês dois ficam bem juntos, e ela te faz muito feliz. Já devia ter dado certo há muito tempo, não sei por que criaram tantos problemas ao longo do caminho.
Ele balançou a cabeça.
- é uma pessoa complicada... Quase tanto quanto eu.
Nós dois rimos, e nesse momento Liam entrou no quarto um tanto afobado.
- Vi Danielle de novo – ele disse, olhando diretamente para Niall, porque eu era o único fora das novidades por ali.
- Como é? – perguntei.
- Ela está com o bebê. E com o Thur.
- Ela está na cidade? – Niall fez cara confusa.
- Acabei de vê-la em uma loja para crianças no shopping com ele. E tem mais, olha isso aqui – ele mostrou um artigo em um site aberto em seu celular para Niall, e eu olhei também.
O nome era “Peazer enfim ganhou o bebê... possível herdeiro de um superstar?!”
- Puta merda, Liam Payne! – olhei-o, transtornado. – Você engravidou aquela lá?!
- Não! – ele me disse, assustado pela acusação. – Não, eu não engravidei! Não nos vemos há tanto tempo! Há quase um ano!
- Há onze meses – Niall disse, lendo o artigo com o celular em sua mão. – Há onze meses, o que é ainda mais assustador. – Olhou para nós dois. – Porque a vimos dois meses atrás e ela estava quase ganhando aquela criança! Onze meses, Liam!
- Do que está falando? – Liam perguntou, e nós dois sentamos, cada um em um lado do garoto loiro e olhamos para a tela também.
- O bebê tem quase dois meses. As datas batem quase que perfeitamente com a última vez que se viram. Você sabe, que se viram de verdade, antes de terminarem.
Liam passou a mão no cabelo e abaixou a cabeça, respirando fundo. Ficamos todos em silêncio por um tempo, esperando por algo dele, e Niall e eu nos encaramos.
- Como foi que eu não vi isso antes? É quase como se... Como se ela tivesse mantido tudo às escondidas desde que descobriu que estava grávida. Mas por quê? – ele perguntou.
- Talvez porque ela não quisesse que isso – Niall levantou o celular – acontecesse. Olha, aqui até diz que ela parou de trabalhar com o grupo de dança desde que descobriu da gravidez e passou boa parte do tempo na casa de uma amiga, a irmã do “suposto pai”, em uma cidade da Irlanda. Ih, meu tio é de lá!
- Niall! – Liam bufou e arrancou o celular de suas mãos, dando uma olhada no artigo. Depois, soltou o celular e levantou, andando para lá e para cá.
- Não é muito estranho? Que agora do nada ela resolva vir passar os primeiros meses do bebê na América com a família feliz bem quando nós estamos aqui? Se ela manteve isso em segredo por tanto tempo, por que veio para cá agora, e não continuou se escondendo?
- Talvez ela só estivesse cansada de se esconder. Quer dizer, ela não podia ficar para sempre lá no fim do mundo. – falei e dei de ombros, e acho que Niall me olhou feio por isso.
- Mas vir justo para a América? E, pela segunda vez, estar na mesma cidade que eu?
- Liam, talvez seja só uma coincidência. Uma parte da família dela não é daqui? Talvez ela esteja com os pais, você sabe como as mulheres gostam de estar perto das mães quando têm um filho. É completamente normal. E isso também explica o porquê de ela ter simplesmente sumido do mapa por tanto tempo.
- Mas agora todo mundo sabe, e... Isso aí vai explodir em todos os sites. – ele parou, encarando o chão. Depois, em um movimento brusco pegou o celular de novo. – Preciso falar com antes que ela mesmo veja.
E aí, tão de repente como entrou, Liam saiu do quarto e me deixou com Niall, confuso e perdido pelas novas notícias.
Liam’s POV
A parte racional e a moral do meu cérebro lutavam entre si, me deixando inquieto e amedrontado. Enquanto a moral tentava me tranquilizar e dizer que aquilo não era possível, a racional ponderava a hipótese de ser possível.
Liguei para , mas ela não atendeu e isso me deixou com medo de entrar em uma crise por algo que podia não ser um problema de verdade. Eu ainda me importava com Danielle, e essa era a verdade, e eu queria saber de quem era aquela criança e porque ela não me contou. Mas tinha medo que descobrisse que eu fazia tanta questão em falar com minha ex, e isso piorar tudo.
Também não conseguia deixar de me perguntar se, naquela última vez que nos vimos em seu apartamento, ela já sabia que estava grávida. Por isso decidiu ir embora tão subitamente, sem fazer absolutamente nada. O jeito como ela agira naquela tarde... Dani não era assim. Ela gritaria comigo, ela faria uma grande briga e um grande drama. Mas não, ela só me mandou embora e, desde então, eu nunca mais a vi. Até agora.
Quando tentei ligar de novo para , para meu alívio ela atendeu no segundo toque.
- E aí, garotão!
- ?
- É. Você está bem? – a voz dela estava tranquila.
- Sim... Estou bem. E você?
- Eu estou com fome, mas bem. Desculpa não atender antes, eu só vi agora, porque estava limpando a estante de livros com a , e colocamos música alta. A começou a espirrar muito por causa da poeira, e a gente teve que sair pra comprar anti alérgico. – ela riu e tudo ficou silencioso. – Liam, o que aconteceu?
- Hum? Não, nada. Nada aconteceu. Mas, hum, a melhorou, então?
- Sim. Por que está tão quietinho?
- Não é nada importante.
A porta do quarto se abrindo me chamou a atenção e Paul falou baixinho:
- Desce que a gente precisa ir passar o som.
Fiz que sim com a cabeça e voltei à ligação.
- Amor, eu preciso desligar agora. Eu te ligo mais tarde, e... Olha, por favor, qualquer coisa que ler na internet... Não pensa besteira antes de falar comigo. Eu amo você.
- O que... Tudo bem... Ah, tudo bem, a gente se fala mais tarde. Eu te amo. – disse, e eu desliguei o celular.
Respirei fundo algumas vezes, a fim de esquecer de toda essa história por algumas horas.
’s POV
Corri do quarto até a sala, pulando no encosto do sofá e caindo deitada do outro lado. Levantei rapidamente e fui tropeçando nas coisas pelo caminho até a cozinha onde as outras meninas estavam, e puxei da frente do fogão, colocando-a na minha frente.
- Não, não, saí, não chega perto, não fui eu, me deixa...
- Ela deixou meu batom em cima do forno e ele derreteu! Eu vou matar você, não pega mais minhas coisas! Você me deve muita coisa, !
- Ei, ei ei! – levantou as mãos e parou a gritaria. – O que foi?
- A sempre estraga minhas coisas!
- Você faz Chico por tudo!
- Ela o quê? – fez careta.
- Cria problema, é uma gíria – expliquei, antes de voltar ao problema. – Me desculpa, eu compro outro batom pra você! – juntei as duas mãos.
- Argh! – bateu o pé no chão. – E um lenço também. E o blush que você acidentalmente jogou pela janela – ela me apontou um dedo.
- Tudo bem, tudo bem! Caramba, preciso de um emprego... – suspirei, e desistiu de me bater.
- Gente, vocês não estão sentindo um cheiro... – fez careta. – De... queimado?
Eu cheirei e também senti, e quando virei de costas para olhar para o fogão procurei alguma panela que estivesse queimando.
e gritaram e começaram a bater com um pano nas minhas costas.
- Ai, ai, ai, ai! O quê?!
- Seu cabelo pegou fogo! – disse, me dando tapas nas costas.
- O quê?! – puxei minha trança e olhei as pontas, e então vi de onde o cheiro estava vindo. – Ai, caramba, meu Deus do céu! – Gritei, arregalando os olhos.
E cinco minutos depois, estava eu sentada em uma cadeira no meio do quarto de esperando ela cortar meu cabelo.
- Não acredito que estou fazendo isso.
- Relaxa, eu sei o que faço.
- Se estragar o meu cabelo, , eu juro que mato você.
- Tudo bem, relaxa aí, garota. – ela passou a mão na minha cabeça e eu suspirei. – , fica bem quieta, tá bom? Se você se mexer eu posso errar.
- Tá legal. – disse, respirando fundo, nervosa.
Esperei até que cortasse as pontas com a tesoura, e depois senti aquelas leves puxadinhas nos fios quando ela usou a navalha. acabou tirando muito mais do que eu esperava e fiquei meio que em pânico por isso, mas estava no quarto também, então se ela estivesse fazendo uma merda já teria avisado.
Quando acabou, ela pegou um espelho redondo que tínhamos pendurado no corredor e com um pouco de dificuldade o levantou para que eu visse através do espelho do quarto, atrás do meu cabelo. Ficou bem menor do que era, ela tirou quase a metade do comprimento e agora estava pouco abaixo dos ombros. Também ficou bem repicado e desalinhado, mas não errado. Ficou legal, e deu um ar moderno que eu gostei mais do que esperava.
Por um tempo, refleti sobre isso. Meu cabelo era um bom exemplo de que mudanças inesperadas podem ser melhor do que pensamos. Eu tinha pavor em pensar em cortar meu cabelo daquele jeito, mas agora que o fiz, gostei demasiadamente. O mesmo podia ser levado paraminha vida.
- Obrigada, . Ficou ótimo. Você leva jeito com isso! – beijei seu rosto e ela sorriu.
- Eu sei – revirou os olhos e nós voltamos para a sala, para que eu pudesse mostrar às meninas a obra de arte de .
Ficamos um tempo falando de cabelos e cortes legais e coisas de meninas, e então arrumamos os colchões na sala para fazermos como antigamente.
- A Danielle teve um filho. – disse, depois que todas as luzes foram apagadas e nós já estávamos deitadas.
- Quê? – eu, e perguntamos.
- O que quer dizer com isso? Ela tomou um susto? – perguntou, me fazendo rir.
- Não, ela teve um bebê. Eu vi na internet. E todo mundo está falando que é do Liam.
- Ah, meu Deus! Sério?! Por isso ela sumiu do mapa por tanto tempo?
- Pelo jeito é. – suspirou. – Mas o Liam me ligou, e disse que eu não devia tomar conclusões precipitadas antes de falar com ele. Eu não sei, mas... Estou custando a acreditar nisso.
- Bom, eu também! – Falei. – O Liam não engravidaria ela. Ele não seria tão burro.
- Ah, você só tem que relaxar, não pode deixar que isso abale vocês – falou, e bocejou em seguida. Bocejei também e virei de lado.
- Vocês estão certas, meninas. Bom, agora vamos dormir... Vai ser bom para todas nós.
’s POV
Hoje em dia, o tempo voa. Uma semana se passou desde os boatos do filho de Danielle ser de Liam. Eu não estava feliz com tudo aquilo, mas logo depois que surgiram e criaram um bafafá daqueles, como de costume tudo sumiu por um tempo. Mas não a minha dúvida. Qual é, era bem possível, apesar de improvável.
Liam e eu passamos praticamente uma madrugada toda conversando sobre aquilo, e mesmo depois disso, quando desliguei o celular as dúvidas ainda surgiam em minha cabeça. Não nos falamos muito depois daquilo, e apesar de não nos falarmos há quase uma semana, eu estava tentando acreditar que nada estava estranho entre nós. O que não era verdade. Meu namorado possivelmente era pai do filho de sua ex. Não preciso nem comentar que o ódio contra mim nas redes sociais triplicou.
Ah, e tirando isso, há algumas semanas eu andava mantendo contato com meu pai por email. Sim, meu pai de verdade, aquele que fugiu da responsabilidade e largou minha mãe grávida e sozinha há dezenove anos. Ela não sabia, é claro, até porque se soubesse possivelmente me acharia uma traidora. Não que eu estivesse morrendo de amores pelo cara, mas afinal era meu pai, e... isso era uma coisa que só eu podia entender. Nem as meninas entendiam porque eu estava o dando outra chance de se aproximar. Mas eu estava fazendo jogo duro.
Ele me convidou para jantar na quinta de noite, e precisou desmarcar de última hora, me deixando sozinha no restaurante. Me senti uma idiota, mas como sou boa demais acabei perdoando. Ele falou que tinha uma consulta no médico e era urgente. Mas se era tão urgente assim, por que não avisou que não estava se sentindo bem para um jantar antes?
Então hoje, na sexta, fui eu quem o dispensei. Disse a ele que tinha outros planos com minhas amigas, apesar de que nossos planos eram ficar em casa e assistir filmes de romance enquanto comíamos pizza e arrumávamos nossas mochilas para irmos para a chácara no fim de semana.
No domingo à noite, os garotos estavam chegando. O que era ótimo, porque todos nós estávamos morrendo de saudade uns dos outros.
- Onde está ? – perguntou, colocando o primeiro filme que alugamos para nós vermos.
- Ela já está vindo, me ligou agora pouco pedindo para guardar pizza para ela. – disse. – Estava no cabeleireiro.
- Arrumando a droga que eu fiz? – fez bico.
- Não ficou uma droga. Eu gostei, pelo menos. – dei de ombros. – Talvez ela quisesse mudar um pouco.
- Qual filme é, ?- perguntou.
- É aquele lá com a Cameron Diaz... O que vimos o final na TV esses dias.
- Aquele em que ela não consegue chorar?
- Esse mesmo.
- Aquele com o Jude Law?
- Meu Deus, aquele homem é uma delícia – suspirou.
- Por isso eu peguei Sherlock Holmes... de novo. – riu.
- Ele faz a invenção de Hugo Cabret! – sorri.
- Enfim, também tem o Jack Black, e vocês sabem como gosta do cara – riu.
- Ela ri que nem uma gazela em Escola de Rock. – riu.
- Shiiiiu! – Ela riu. - Ele é engraçado – fez bico e sentou no sofá com o controle do DVD.
- Além disso, do que está falando? Você gosta de Todo mundo em Pânico. – falei para .
- O que tem?
- Aqueles filmes são horríveis – fez careta.
- , você assiste Premonição. É a pior saga de terror já inventada.
- Tenho que concordar – balancei a cabeça.
- Olha quem fala, garota da Disney – disse e todas nós rimos.
- Nossos gostos não são os melhores.
Todas concordaram e voltamos a rir. A porta de entrada se abriu e entrou por ela, carregando a bolsa no ombro. Seu cabelo, aquele que costumava ser enorme antes de ser queimado há uma semana, agora estava pela metade, com os cachos bem modelados e de cor diferente: ruivo.
- Uau! – eu disse, e todas nós paramos para olhar.
sorriu, soltou a bolsa na guarda do sofá e deu uma voltinha, passando a mão nos cabelos.
- Estou gata, falem.
- Maravilhosa!
- Diva, com certeza.
- Incrível, hein? Me dá um autógrafo!
Ela riu e deu de ombros.
- Decidi mudar um pouco.
- A mudança veio em boa hora – sorri e balancei a cabeça. – Combina muito com você.
- Concordo!
- Ah, que bom que gostaram. – ela suspirou e se jogou no sofá. – E aí, qual é o programa para a noite?
- Romance, comédia e pizza. – falou, passando a capa dos filmes para ela.
Nós terminamos de arrumar nossas mochilas e eu fiz uns sanduiches para levarmos na viajem até a chácara amanhã de manhã, e depois arrumamos os colchões na sala outra vez e deitamos com pizza, refrigerante e pipoca doce e salgada para assistirmos aos filmes.
- Gente, vocês acham que eu devia ter pintado a sobrancelha também? – disse, quando estávamos quase dormindo sem nem prestar mais atenção ao filme que dava.
- Não, né! Sua sobrancelha é super clara, ia ficar estranho um negócio vermelho na sua cara – disse.
- Mas quando você pinta o cabelo...
- Eu sou morena, quando pinto o cabelo de claro tenho que pintar a sobrancelha também.
- Aí, vocês lembram da vez que a arrancou um pedaço da sobrancelha com... – começou a dizer.
- Ai, não! – Ela gritou, e eu gargalhei. – Não lembrem disso!
Levantei do colchão e fui correndo para o quarto, deixando-as comentando sobre aquilo e rindo, e peguei a caixa com os álbuns de fotos que eu tinha na gaveta, tentando achar aquela foto. devia ter uns treze anos, e estava brincando com a lâmina quando decidiu que ia tirar a sobrancelha sozinha. Ela acabou tirando a metade da sobrancelha direita, e virou piada na nossa família por uns bons meses. Claro que as garotas conheciam aquela história, porque era clássica. Era ainda mais engraçado porque era a “embaixatriz da beleza” entre nós, e ela morria de vergonha daquela parte obscura do seu passado.
Levei todos os álbuns para a sala e todas nós ficamos olhando as fotos e comentando sobre elas por um tempo. Encontramos fotos de todas nós bem mais novas, quando a maioria ainda não nos conhecíamos, e ficamos por vários minutos fazendo piadinha uma sobre a outra.
- Jesus, eu tinha uma monocelha. – levantou uma foto dela com uns oito anos, com os dentes sujos de chocolate, e todas nós rimos.
- Espera aí! – pegou o celular de e tirou uma foto dela com sua foto ao lado do rosto. – Posta no seu Twitter!
- Só se vocês também fizerem!
- Eu faço – peguei uma foto minha com doze anos com um chapéu da Jessie, do Toy Story, e coloquei ao lado do rosto, tirando a foto.
e também fizeram, pegando as fotos mais tenebrosas que tinham, mas foi realmente um parto conseguir que tirasse a foto ao lado de sua foto da “meia sobrancelha”. No final, todas nós postamos no Twitter com a legenda #storyofmylife, que era uma das músicas do próximo álbum dos garotos, e apenas nós de fora da equipe deles sabíamos. O legal foi que, cinco minutos depois, todas as fãs estavam usando a tag e fazendo o mesmo.
Depois de um tempo nós fomos dormir, com cantarolando alguma coisa que ouvira mais cedo na rádio e reclamando que ela cantava mal pra caralho.
Harry’s POV
- Obrigado LA, vocês foram incríveis essa noite! Nos vemos muito em breve, nós amamos vocês!
Pulei em minha saída de palco e caí em cima de algo fofo debaixo do palco. Levantei, saí de lá e peguei uma toalha de rosto branca com um dos roadies enquanto voltava para o camarim, todo molhado de suor.
Liam já havia tomado posse de um dos banheiros, então fui rápido e peguei o outro. Depois de lavar o rosto e passar uma água no cabelo também para refrescar, saí de lá e peguei uma banana para comer enquanto esperava os outros terminarem e o pessoal do M&G vir para suas seções.
Nós conhecemos alguns fãs, tiramos algumas fotos, ganhamos alguns presentes e depois de mais ou menos uma hora e meia de trabalho fomos liberados finalmente. Entramos na vã que estava estacionada dentro da enorme garagem e mais umas quatro vãs exatamente iguais formaram uma barreira ao redor da nossa para dificultar o reconhecimento de em qual delas estávamos. Ao sairmos, muita gente ainda esperava por uma chance de nos ver do lado de fora, mas era meio que contra as regras abrir a janela, então só me encostei em meu banco e dei uma olhada no Twitter.
Liam e Louis estavam agitados, comentando sobre algo na plateia. Zayn entrou na conversa logo depois, e Niall estava quase dormindo encostado na porta.
Pouco antes de chegarmos ao hotel, Niall me cutucou e virei-me para ele.
- Pode conseguir uma hora no Belini para mim na segunda à noite?
- No restaurante?
- Não Harry, no puteiro. – ele revirou os olhos. – É claro que é no restaurante.
- Tudo bem – dei de ombros. – Para quantos?
- Dois.
- Você e que macho? – cutuquei-o e ele me empurrou e riu.
- Nenhum dos seus, fica tranquilo.
Ri também.
- É para mim e .
- ?
- . – ele assentiu. – Vou acertar as coisas. Eu planejei tudo. Vou comprar um anel de verdade e levar flores e todas essas coisas que um cara precisa para se declarar. É agora ou nunca, garotão.
- Uau, Niall! Quando foi que você evoluiu e eu não percebi? Parou de usar água oxigenada na cabeça?
- Eu só acordei pra vida. – ele riu e olhou pela janela. – Tenho um bom pressentimento sobre isso.
- Eu também. – assenti. – Estou torcendo por vocês.
- Valeu, dude.
Voltamos para o hotel e cada um foi para seu quarto e pediu sua comida. Todos nós estávamos exaustos demais para descer e comer algo no restaurante, e só queríamos um bom banho e uma boa noite de sono. A turnê norte americana acabara de chegar ao fim, e depois disso mais dois meses e alguns dias, e adeus Take Me Home tour. Era louca, essa vida de famoso. O tempo passava tão rápido, que o futuro me amedrontava por chegar tão cedo.
Depois de uma boa e relaxante noite de sono, fui acordado cedo para finalizar nosso trabalho no continente americano antes de voltar para minha terra. Demos algumas entrevistas em rádios, em jornais e em revistas, conhecemos algumas filhas de caras importantes, almoçamos com pessoas mais importantes ainda, visitamos algumas ONGs e instituições, tiramos umas fotos, e no meio de tudo isso estava Niall tentando lutar contra o relógio e preparar tudo perfeitamente para ele e no dia seguinte. Em poucas horas, pegaríamos um voo para Londres e no final da tarde estaríamos em casa.
Falei com minha mãe, e ela pediu que no próximo fim de semana eu fosse passar alguns dias em casa. Eu concordei, e deixei tudo acertado.
Então, no meio da tarde pegamos nosso voo particular para voltar para Londres, sem paradas e com o descanso merecido. Nos despedimos daqueles da equipe que só voltaríamos a ver quando fôssemos para a turnê na Austrália, e os garotos do 5 Seconds of Summer e nossos seguranças mais próximos foram no avião com a gente.
Chegamos em Londres pouco depois das seis da tarde do domingo, e não há como descrever como era bom estar de novo na atmosfera londrina.
Niall’s POV
- Caramba – bufei e puxei um pouco a gola da minha camisa social, sentindo-me sufocar dentro do carro de Louis. – Eu estou morrendo aqui dentro.
- Eu até zoaria mais da sua cara, mas já fiz tanto isso que cansei – Lou disse, fazendo os outros rirem.
Bom, isso era verdade. Eles não pararam de me encher o saco durante toda a viagem de avião até Londres. Na verdade, durante o fim de semana todo. Eu pouco me importava. Estava decidido a fazer isso, a conquistar a minha garota outra vez e não dar ouvidos a nada que pudesse nos impedir, e isso me deixava tão feliz e tão nervoso que eu mal conseguia respirar. Eu sabia que seria um sucesso. Não conseguia ver um futuro onde eu e não ficássemos juntos. Eu acho que apenas a amava mais do que podia imaginar.
- Onde estamos indo, afinal? – Harry perguntou, confuso.
- Eu liguei para as meninas, e elas disseram que estão voltando da chácara. Estão quase em Londres. Elas pediram que nós fossemos até a casa delas, e aí nos encontrávamos lá. Acho que devemos chegar lá no mesmo horário que elas, esse é o caminho que elas pegam para voltar da chácara.
- Bom, eu não sei vocês, mas eu vou passar uma semana em Bradford. – Zayn se espreguiçou ao meu lado.
- Vou ficar alguns dias em Holmes Chapel também. – Harry suspirou. – Minha mãe me mataria caso eu não fosse.
- Eu ainda estou pensando em ir para Yorkshire, mas sinceramente... – Lou franziu o nariz.
- Sinceramente, ele prefere ficar com a nova namoradinha. – Zayn riu sozinho.
- Isso mesmo, pior você que não pega ninguém e não tem coragem de tomar uma iniciativa como nosso príncipe encantado ali. – Lou riu e lançou um olhar para mim.
- Outch! – alguém murmurou e eu ri baixinho.
- Falando nisso, príncipe: – Zayn me cutucou. – A sua princesa já sabe que vocês vão jantar essa noite?
- Não ainda. – falei.
- Ah. Uau... E o que acontece se ela não aceitar?
- Eu vou ser um cara solitário bebendo vinho em uma mesa para dois no Belini.
- Ou você pode sempre chamar seus machos – Harry levantou um dedo.
- Tipo você?
Louis e Liam começaram a rir nos bancos da frente.
- Sério, Niall. – Zayn me olhou. – Você devia ligar e avisar à ela. Dar tempo de ela processar as coisas sabe?! Senão vai acontecer que ela vai chegar, vai demorar três horas para se arrumar e vocês vão perder o horário, e a noite vai ser um fiasco.
Olhei para ele e arregalei os olhos. Eu não havia pensado nesse detalhe. Saquei o celular do bolso, procurando o número de e batendo os pés enquanto esperava chamar. Mas caiu direto na caixa, elas ainda deviam estar onde o celular não pegava. Tentei mais umas vezes, mas quando vi que não ia rolar, eu acabei deixando um recado:
- , sou eu, Niall. Me liga assim que o celular pegar, eu tenho um convite à fazer. Eu... – Fechei os olhos, tentando ignorar a presença de todo mundo naquele carro. – , eu amo você. – Disse, mais baixo.
Não era algo a se dizer por mensagem de voz, mas se ela não entendesse isso talvez pensasse que eu estava ligando para criar mais confusão entre nós, ou sei lá. De qualquer forma, eu estava desesperado para que ela soubesse.
- Awn, que coisa mais meiga! – Louis gritou lá da frente, e os outros três também explodiram em zoação para cima de mim.
Ah, aqueles garotos... Ainda bem que eu tinha eles para desviar minha atenção do que me esperava e me fazerem parar de tremer as mãos descontroladamente. Mas logo que eu lembrava que estava prestes a arrumar tudo com , eu voltava a tremer.
Tudo bem, porque no final da noite eu planejava ter uma namorada. Sorri.
’s POV
O caminho de volta para casa estava sendo um pouco silencioso demais. Desde que paramos em um posto no caminho e trocou de lugar com , a não ser pela música no rádio, nenhum outro som era ouvido. Acho que todas nós estávamos um pouco cansadas do fim de semana.
- Nem acredito que os meninos finalmente chegaram! – comentou, entre e nos bancos de trás.
- É... – comentou, ao meu lado no banco do carona.
Caímos em um silêncio outra vez, e as luzes de Londres começaram a ser enxergadas lá na frente.
- Ai gente, vamos conversar. Odeio silêncio! – pediu.
- Percebi – comentou, suspirando pesadamente.
- O que você tem, afinal? Ontem estava bem e hoje acordou com a macaca.
- Aposto que é o “relacionamento” dela com o Louis – disse , fazendo aspas no ar e olhando pela janela.
Ok, estávamos tão bem há um dia, por que agora nós estávamos alfinetando uma à outra? TPM coletiva outra vez ou...?
realmente estava diferente desde hoje cedo, na verdade. Talvez tivesse se desentendido com Lou, ou sabe-se lá mais o que pode vir a ser um problema na cabeça dela. E , bem... Ela estava estranha por um motivo óbvio: os meninos estavam voltando, e com eles Zayn. Ela podia tentar esconder, mas era completamente em vão.
- Olha só quem fala. E aí, , como vão as coisas com seu namorado de mentira? Opa, mandaram vocês terminarem. – disse, sem expressão ou tom nenhum na voz.
- Meu relacionamento de mentira com Zayn ainda era melhor do que essa coisa sem nome que tem com o Louis. – ela respondeu, categórica, e foi aí que percebi que levou mais para o pessoal do que deveria levar algo vindo de , que falava as coisas sem pensar antes.
Pelo jeito, nessa hora também percebeu que era guerra. Eu e , que estava no carona, trocamos um olhar de canto, apenas.
- Cala a boca, . – ela disse, tentando manter a calma.
suspirou, sem tirar os olhos da janela.
- Você é tão covarde que não tem coragem de falar o que sente de verdade e fica se escondendo por trás dessa máscara de “eu não ligo”.
- ! – alertou, baixinho. Saiu como um pedido de “por favor, não vamos entrar nessa, garotas”.
- Não se mete, , que você também não é a pessoa mais corajosa quando se trata de relacionamentos.
olhou para com uma expressão de “não acredito que está sendo tão cretina”. Eu também olharia assim para ela se não estivesse cuidando a estrada. Quer dizer, ser cretina é papel de ! Vi pelo retrovisor olhar para com cara de “o que foi que eu fiz? Só disse a verdade”.
- Eu prefiro ser covarde do que ser uma vagabunda como você era de Zayn. – disse, abaixando o celular da altura dos olhos para olhá-la brevemente.
murmurou um “outch!” e tirou o cinto, ficando de joelhos no banco virada para trás para ver a cena toda.
- Senta direito, . – pedi, mantendo a calma e os olhos na estrada.
- É verdade, senhorita corajosa – disse, me ignorando. – Prefiro ser covarde do que a prostituta pessoal de um cara.
Começamos a entrar na cidade, nessa hora.
- Eu não era prostituta de ninguém!
- Ah, é. – deu um tapinha na própria testa e revirou os olhos. – Prostitutas cobram.
- Fala sério, Zayn chamava e você ia correndo para a cama dele.
Ah, qual é! Isso foi há anos! Não deixava de ser verdade, mas elas já estavam apelando. Todas elas.
pegou seu celular do porta luvas, que apitou alguma coisa, e franziu o cenho depois de ver o que era. Olhei pelo espelho de novo e vi , que até agora estava quieta no meio do fogo cruzado, levantar a cabeça e exclamar:
- Ei gente, chega!
- Cala a boca! – as três responderam juntas e as olhou, incrédula.
- Você não tem moral para falar nada, !
- É, sua vida é perfeita e você nunca teve que sofrer por um cara, você não sabe o que é isso. – disse, bem quando entrei na Oxford Avenue.
tirou o foco da discussão por um momento, levando o celular ao ouvido.
- Vocês é que fazem muito drama, tá bom?!
Essa frase foi o estopim para todas começarem a gritar coisas aleatórias umas para as outras, enquanto se apontavam e tentavam falar mais alto do que a outra, e pulavam em seus bancos. Enquanto isso, ouvia algo do outro lado da linha no telefone e parecia estática, e era muita coisa acontecendo dentro de um espaço tão pequeno, e eu estava atordoada. Depois de alguns segundos nessa gritaria, não me aguentei, e empurrei o volante com raiva, virando para trás para pedir silêncio.
- Chega! Mas que porra, vocês! – gritei. – Calem a boca! Vocês não têm cinco anos de idade! Cresçam!
No segundo seguinte, tudo ficou silencioso. Demasiadamente silencioso. Então, só teve tempo de gritar e apontar para frente, e quando olhei a última coisa que vi foi o semáforo vermelho, antes de tudo ficar preto.
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