Última atualização: 23/09/2016
Part 1
Devia ser apenas um final de domingo qualquer. E, para a maior parte do mundo, simplesmente foi. As pessoas estavam em suas casas, se preparando para a correria da segunda seguinte, para a vida recomeçar. A segunda-feira tem esse poder, o de parecer um recomeço, mais uma chance de ter um bom dia, uma boa semana, uma boa vida. Muita gente desperdiça.
Mas era só um final de domingo e ninguém estava dando muita importância a ele.
Só que existia um grupo de pessoas que sentiam como se aquele fosse o momento mais importante de suas vidas.
E talvez realmente fosse.
Agora.
- chamou para o almoço. – gritou da porta dos fundos da casa, por cima do barulho das ondas se quebrando.
Ela ouviu a gargalhada desvairada de Louis correndo de dentro da água e riu junto, ao ver Harry e Niall apostando corrida até a casa como duas crianças. Liam se demorou um pouco mais, fazendo Pietro largar os brinquedos na areia e pegando sua mão para que ele viesse caminhando ao seu lado, e Louis ajudou a se levantar da cadeira de sol onde ela estava, mesmo que não houvesse sol naquele dia.
- Eu vou comer como um cavalo.
- Não é você que está grávido, Louis – disse, levando uma travessa para a mesa, enquanto sentava em uma das cadeiras. – Meninos? Limpem os pés para entrar, a casa não é nossa.
- Vocês ouviram a mamãe – disse a Harry e Niall, barrando a entrada. – limpem os pés, como se o resto do corpo de vocês não estivesse encharcado.
- Amor... – Harry pediu, batendo os queixos incessantemente, com a boca meio roxa. – pega uma toalha pra gente?
- Eu avisei para não entrar na água – ela cantarolou, indo até a sala e pegando duas toalhas de banho.
Jogou uma a Niall e abriu a outra, enrolando nos ombros de Harry e tirando seu cabelo molhado do rosto.
- Que frio – ele disse, passando os pés no pano no chão e entrando, abraçando-a.
- Ah, Harry! – ela gritou, tentando se afastar do abraço. – Eu não quero me molhar!
- Deu, vocês dois – Liam chegou na porta, empurrando Harry e . – Eu disse que não quero demonstrações de carinho demasiadas na frente do meu filho.
imitou a voz de Liam, falando “blá blá blá” enquanto ia para a mesa com Harry.
Todos sentaram e, um a um, começaram a se servir.
- Vocês já sabem o que vamos fazer essa noite? – perguntou.
- Qualquer coisa que não exija muito movimento. – suspirou. – Ou eu explodo.
Niall riu, como sempre achando graça de tudo que tinha a ver com a gravidez dela.
- Eu acho que a gente só deve fazer uma janta e esperar os fogos lá na praia, como da outra vez. – Liam disse.
- É, eu também – Harry falou, servindo seu prato. – E acho que todo mundo concorda. Estamos meio velhos para ir para festas.
- Velhos? Ninguém aqui passa dos vinte e cinco anos. – falou.
- Disse a mulher grávida.
Niall riu de novo.
- Disse o pai da criança – ela resmungou para Louis, o chutando.
- Enfim, gente – apaziguou.
- Quando o Zayn e a chegam? – perguntou, olhando para as duas cadeiras vazias.
- O voo dela já chegou, eles devem estar voltando.
- A tá chique, né? Pulando do Havaii para Los Angeles, de Los Angeles para Creta...
- Mais até do que nós. – Louis concordou.
Todos almoçaram, e mais ou menos alguns minutos depois os dois que faltavam chegaram. deitou em um dos sofás, o maior, como sendo a “grávida do grupo” que sempre tinha as vantagens. e Harry sentaram no sofá menor, assistindo a algum filme animado na TV. e Zayn lavaram a louça, já que foram os últimos a almoçarem, e colocou Pietro para dormir no quarto mais próximo da sala e foi para a praia com Liam, Louis e Niall.
- ... já escolheu os nomes? – perguntou.
- Eu estou em dúvida entre Rebecca e Louise. – ela passou a mão na barriga. – Mas ele vai ser Henry.
- Henry é nome de gay – Harry disse, e levou uma almofadada na cara de . Fez bico para .
- Você mereceu – ela deu de ombros.
- Como se Harry não fosse, né?
- Harry é nome de popstar.
e riram, e quando o assunto morreu, começou a acariciar a barriga involuntariamente com as duas mãos enquanto assistia a TV. continuava assistindo aquela cena, embora nem percebesse, com os olhos um tanto brilhantes. Ela não percebia, mas Harry sim.
- Um dia vai ser você.
Ela o olhou e sorriu.
- Eu não sei se...
- A gente vai continuar tentando, até dar certo.
- Certo.
- E se não der, , existem milhares de crianças nesse mundo que precisam de pais.
- É. – ela concordou. – Talvez um dia, né?
- Um dia – ele beijou o seu rosto, e continuou olhando para ela quando ela voltou a atenção à TV.
Antes.
Quando Harry alcançou a sala de desembarque naquela noite de domingo, o que pode ver foi um avião decolando e, juntamente com ele, o motivo pelo qual ele correra até lá.
Ele ficou um tempo parado no meio das pessoas que corriam para alcançar seus voos, sem saber ao certo o que fazer. Não conseguia se ver voltando para casa depois de ter corrido tão desesperadamente para alcançar a garota que ele queria, porque o sentimento de fracasso e impotência o fazia sentir a pessoa mais idiota do mundo.
De que adianta agir como se estivesse em um filme de romance, se o universo não colaborava?
Ele sentou em um banco de plástico e lá ficou por vários minutos, tentando pensar em motivos para se convencer a desistir, e combatendo-os pelos motivos pelos quais ele devia correr atrás dela.
Pensou por minutos intermináveis, e tinha vontade de perguntar às pessoas que passavam encarando o que ele devia fazer.
Então, ao desistir momentaneamente de fazer alguma coisa, prestes a se obrigar a levantar e ir embora, ele lembrou de um momento, um pequeno e insignificante momento há dois anos atrás.
Eram apenas os olhos de ao acordar, na primeira noite que passaram juntos depois daquela discussão ridícula no quarto de . Deus, eles eram tão infantis.
Harry se perguntou, ainda pensando naquele dia, se faria tudo de novo ao voltar àquele pequeno momento, mesmo sabendo como tudo terminaria dois anos depois, com ele sentado sozinho em um banco do aeroporto se perguntando o que fazer.
Ele até pensou que não faria. Que sairia daquele quarto na noite anterior sem gritar com ela, sem beijá-la e sem leva-la para cama, mesmo sabendo o quanto queria, porque não valia a pena passar por tudo o que passou depois disso. Mas aí ele lembrou dos olhos dela outra vez, e da sensação que sentiu ao saber que foi seu primeiro homem, e o desejo intenso que tomou conta dele ao pensar em ser o único. Não tinha nada a ver com ele ou com suas necessidades. Era o sentimento de ter um papel tão importante na vida de uma mulher. Na vida dela.
E Harry soube que, mesmo se fosse embora naquela noite, ele não conseguiria ignorar o que sentia por . Ele sabia que uma pessoa só tinha a sorte de amar alguém assim uma vez, e tinha a plena certeza de que ela era a sua única chance de amar. Ele sabia que nunca foi sobre o ódio que virou amor. Era amor o tempo todo, mesmo quando era ódio.
Ele se levantou do banco decidido.
Agora.
- Ah, eu esqueci de te dizer! – Zayn falou a , enquanto eles iam para a praia também depois de terminarem a louça.
O sol estava começando a dar as caras agora.
- O quê?
- Uma produtora do canal E! me ligou, e disse que eles estão dispostos a fazer qualquer coisa para terem um documentário sobre a gente.
- Um documentário? Como assim?
- Sobre a nossa história e etc. – Ele soltou as duas cadeiras na areia e ela abriu uma delas, sentando e colocando os óculos.
- Mas a gente já contou tipo um milhão de vezes, até em rádios latinas.
Ele riu.
- Eu sei, mas... que mal vai fazer? Ela disse que todo mundo chama a gente de casal não sei o quê.
- E você aceitou?
- Disse que ia falar com você. Sabe, vou te dizer... é muito melhor agora, poder tomar minhas próprias decisões sem ter que pedir a permissão da Modest. Nós ficamos melhores sem eles.
- Eu sei. Além disso, acabou sendo bom para Liam e Louis também, agora que eles são papais. – ela disse. – Ah... A gente tem uma premiere na semana que vem.
- Mas nós ainda vamos estar de férias na semana que vem.
- Eu sei. A gente pode fingir que esqueceu, né?
- É – ele sentou e pegou a mão dela em cima da sua guarda da cadeira. – Precisamos de um tempo longe da fama.
Ela sorriu e entrelaçou os seus dedos, observando as ondas se formarem, lá longe da praia. Pensou sobre algo que acontecera dia desses. Já fazia algum tempo que a mídia os comparava com Johnny e Winona, talvez o casal mais ”it” do mundo dos famosos há anos atrás. Ela gostava da comparação, apesar de não ver muita semelhança entre ela mesma e Winona Ryder. Foi então que resolveu responder um tweet qualquer dizendo que “não eram Johnny e Winona. Eram e Zayn, e não havia nada igual.” Aparentemente, aquele tweet virou viral em poucos minutos, e desde aquele dia, não se falava mais em outra coisa. A mídia toda foi à loucura. Todos os amavam, desde que eles resolveram assumir o que sentiam para o mundo.
Antes.
Enquanto Harry tomava uma decisão no aeroporto, em outro canto da cidade abria a porta para a dúvida de sua vida. Ela não o convidou para entrar, e ele também não fez questão em pedir isso. Estava um tanto molhado por uma fina garoa que começava a cair, os cabelos grudados na testa, o rosto molhado.
Ele só olhou para ela. Dessa vez, queria ouvir alguma coisa. Queria uma resposta. Um sim ou um não. Um oito ou oitenta. Um final ou um recomeço.
balançou a cabeça negativamente, olhando para o chão, e ele sentiu todas as esperanças que ainda nutria sumirem. Não sabia o que faria agora, mas sabia que devia recomeçar sabendo que tentou de tudo, que fez tudo o que estava ao seu alcance para redimir-se de seu erro.
- Não... – ela disse. – Não sei como não percebi isso antes, Zayn.
Ele levantou a cabeça e olhou-a.
- O quê?
deu um passo à frente, sentindo a garoa molhar seus cabelos e rosto. Ela o fitou uma última vez antes de dizer o que sentia.
- Nós somos o infinito.
Agora.
- ! – berrou na porta dos fundos, e olhou por cima do ombro. – Chama o Louis pra mim?
Louis ainda estava na água, feliz como uma criança que foi à praia pela primeira vez na vida. Ele ouviu ser chamado e saiu de lá correndo, indo até a casa enquanto se secava com uma toalha.
- O que foi?
- O Henry me pediu para dizer que ele quer geleia de uva.
- Mas que droga, Henry – ele olhou para a barriga de . – Você gosta de ver eu me ferrar, não é, pirralho?
Ela riu.
- Desculpa, mas...
- Onde eu vou encontrar isso na Grécia? Nem é temporada de uva... eu acho. Não pode ser geleia de banana? Banana tem o ano inteiro. Ou talvez pasta de amendoim.
- Uva, Louis. Se não for uva, eu juro, ele vai nascer com a cara roxa.
Ele suspirou, coçando a cabeça.
- Ok, eu vou sair e procurar. – disse, indo até a prateleira onde soltou a carteira e as chaves do carro. – Eu gosto é da minha princesinha – ele se abaixou e beijou a barriga. – você não quer ver o papai se ferrar, quer, Louise?
- Ou Rebecca.
- Louise – ele a olhou feio, mas depois sorriu e foi para a porta. – Volto logo.
- Volte mesmo. – ela riu.
Antes.
Aquela pequena casa de pedra estava enfrentando uma onda de emoções nunca vista antes em um lugar tão pequeno. Na porta da frente, Zayn ouvia a frase que sonhara em ouvir desde que acordara.
Já no quarto dos fundos... Louis tentava não desmaiar.
- Você está brincando.
- Eu não... Louis, lê essa droga de novo, lê isso aqui, é um exame de sangue, eu... eu estou grávida e, que eu saiba, só pode ser de você!
Ele não conseguia digerir a informação. Escutava, mas não enxergava a gravidade do seu significado. Era como ler um livro didático de história, quando você rele uma frase mil vezes, mas não entende o que ela quis dizer. Louis estava paralisado, petrificado, travado, em choque, em branco.
- Você está gravida? Você está gravida.
- E você me pediu em noivado. – ela disse, como se fosse uma acusação quase tão séria como “você está grávida”. – eu... me dá isso aqui – arrancou a caixa de veludo das mãos de Louis, que ainda estava paralisado no lugar encarando o exame de sangue.
abriu a caixinha, e a safira azul brilhou para ela como se piscasse um olho, cúmplice. Não era apenas o anel mais lindo que ela já vira, ele significava o gesto de Louis ao pedi-la em noivado, significava o amor que ele – realmente – sentia por ela.
Casamento e gravidez eram duas palavras barradas para . Ela tinha vinte anos. Nunca em toda a sua vida até agora desejou nenhuma das duas coisas para si mesma, ela sentia vontade de vomitar ao pensar nisso. Mas aí, tinha Louis, o idiota do Louis, com cara de banana parado na sua frente. Os olhos azuis quase como aquela safira. Os cabelos tão estranhos quanto os dela, o nariz pontudinho, os lábios finos, a voz de criança, as caretas e a ironia, as idiotices e a mentalidade infantil.
Ela imaginou-o segurando um bebê e o chamando de filho, por um momento. Assim como Liam. Foi muito estranho aceitar o fato de que Liam era pai, e também seria com Louis, mas com o tempo eles se acostumariam assim como foi com Liam.
Ela estava simplesmente aterrorizada como nunca estivera em toda a sua vida. Não tinha ideia do que ia fazer. Não estava pronta para ser mãe, ou para colocar aquele anel e ser chamada de noiva, não conseguia se ver casada ou cuidando de uma criança, mas... o fato de que ela tinha Louis a fazia encarar essa situação assustadora como uma enorme e nova aventura, na qual ela estava prestes a embarcar. Com ele.
E a ideia de ter uma parte do cara que amava crescendo em seu útero... a fazia querer chorar.
Era como um iceberg sendo lentamente derretida visto a olho nu, bem ali, no meio do quarto. Ela sabia que não estava pronta e que seria difícil. Mas pareceu o caminho certo a seguir com sua vida.
Agora.
- A Danni ligou, sabe... – Liam olhou para sentada na cadeira de sol ao seu lado. – Ela disse que quer buscar ele na semana que vem.
Liam estava gostando do rumo que o namoro dele e de estava tomando. Eles começaram do zero, como haviam prometido fazer, como era o certo a fazer. Ela se dava tão bem com Pietro que às vezes parecia sua própria mãe, e ele também gostava muito dela. Até arriscava conversar algumas frases confusas com ela, agora que estava falando.
Mas Liam tinha um pouco de receio do que ia acontecer quando eles voltassem a viver suas vidas depois dessas férias, ele com sua agenda corrida e ela de volta à sua casa, ao seu trabalho, à sua vida. Aliás, não era só ele. Todos estavam com esse receio, afinal, todos eles estavam recém recomeçando algo que desejavam que durasse por anos e anos.
- Será que... eu posso ir lá ver ele às vezes? Mesmo que você não esteja junto?
- É claro que pode! , você pode até levar ele pra casa quando quiser, ok? A Danni está voltando à ativa, ela me contou que quer procurar outras academias de dança, quer virar professora... Ela precisa deixar o Pietro com a babá quando tem que sair, mas odeia isso. Você pode falar com ela.
- Ok – ela sorriu. – Assim você pode falar comigo e com ele ao mesmo tempo.
- Ah, meus dois amores – ele levantou e beijou-a, voltando para sua cadeira em seguida. Riu. – , talvez um dia a gente tenha o nosso.
- Tipo a .
- É.
- Mas eu quero ter tempo para planejar.
- Você planeja tudo – ele riu.
- Quando o Pietro tiver dez anos, que tal?
- Mas vai demorar quase nove anos!
- Eu sei! Assim você já não vai mais estar no auge do sucesso, e ele vai ser velho o suficiente para me ajudar a cuidar do bebê, e quando o bebê crescer, ele vai poder protege-lo.
- É... – ele olhou-a. – pensando assim, é uma ótima ideia.
- Então tá combinado – ela riu. – Vou anotar na minha agenda pra daqui há uma década.
Antes.
- Eu quero te pedir uma coisa – Liam disse a , depois que o choque da descoberta sobre a gravidez de deu uma trégua.
- Ah, sim... desculpe – ela colocou a mão no rosto. – Você ia falar alguma coisa no hospital, o que era?
- Bem... – ele puxou uma cadeira da mesa e sentou, e ela fez o mesmo, sentando em sua frente. – Eu... ouvi dizer que vai para Madrid com o Andrew...
- Matthew. – ela corrigiu.
- Isso. Bem... , eu vi vocês no outro dia. Não sei o que você e ele têm, não sei se estão juntos... mas... a perda de me fez perceber que a vida é muito curta. – ele balançou a cabeça, nervoso. – O que eu quero dizer, é... todos os nossos amigos estão lutando para ficar juntos, e eu quero fazer isso também. Eu não sei se a gente ainda tem alguma chance, se você ainda gosta de mim. Mas eu ainda te amo, e eu pensei que isso fosse passar com o tempo, que eu conseguisse pensar na possibilidade de encontrar outra pessoa, mas eu não consigo, e eu não consigo porque... é você, . Entende?
- Liam, eu... – ela se inclinou na mesa, pegando a mão dele.
- Não – ele interrompeu-a. – deixa eu terminar antes que não consiga... falar tudo. Eu... eu queria te pedir para pensar mais uma vez sobre nós. Eu não posso te impedir de ir para Madrid com Matthew, e não sei se você gosta dele ou não... Mas... Por favor...
- Liam! – ela apertou sua mão. – Eu... não vou para Madrid.
Ele parou, nesse momento, e olhou-a.
- Não? – perguntou, um tempo depois, meio travado.
- Não. Eu vou recusar. Nunca foi minha intenção aceitar essa proposta. Matt é um cara muito legal, mas... Eu não posso sair agora, deixar tudo assim... acaba de morrer, e eu... eu tenho coisas a fazer. – ela suspirou. – E, além disso...
- O quê? – ele se sentiu nervoso, e apertou sua mão com mais força. – O que foi?
- Sempre foi você, também. – ela sorriu, envergonhada. – E agora eu percebo que Pietro não muda isso. Ele apenas... me faz te amar mais.
Part 2
Antes.
O próximo voo para Paris só saia às cinco horas da manhã. Harry pensou em ir embora, mas como não tinha a menor ideia de como as coisas iam rolar em Paris e não ia conseguir dormir pensando em motivos para desistir daquela estupidez, ele decidiu ficar sentado naquele banco pelo resto da noite.
Enquanto isso, quando eram cinco da manhã se virou pela terceira vez na cama depois que acordara. Ela não podia dizer que realmente dormiu, apenas cochilou algumas vezes, mas não conseguiu descansar completamente durante a noite toda. Ela continuava pensando em tudo que acontecera no final de semana.
Às seis, ela levantou da cama, tomou um banho bem quentinho e relaxante e fez um café forte para ajudar a expulsar o cansaço. Comeu um café da manhã reforçado, não dando a mínima para os carboidratos das torradas, fez uma maquiagem bem reforçada para esconder todas as olheiras e, às sete e meia, pegou o metrô. Desceu na segunda estação depois da que subira e caminhou as duas quadras até o museu agarrada ao seu guarda-chuva, odiando aquele tempo cinzento que parecia nunca mais ir embora.
Quando chegou no Louvre, pegou seu crachá de “guia” e tomou um copo de água, esperando o primeiro grupo de excursão, uma turma de nível iniciante da faculdade de história da arte da Universidade.
Quando eles chegaram, ela não perdeu muito tempo olhando-os. Apenas virou as costas e pediu que os seguissem, levando consigo um pequeno bloco de anotações com as datas que geralmente esquecia sobre as obras menos importantes de Da Vinci, desejando que aquele dia acabasse logo.
deu a volta por todos os quadros do salão, desde a Virgem das Rochas até a Adoração dos Magos, Homem Vitruviano e São João Batista. Ela falou o básico sobre todos, e respondeu a algumas perguntas quando elas surgiam.
Quando finalmente chegaram à Monalisa, todos arquejaram à sua “beleza”. Ela revirou os olhos, ainda de costas para o grupo, e parou do lado do quadro.
- Essa é Monalisa, a mais famosa obra de Da Vinci. Criada de 1503 a 1517, Mona Lisa também é conhecida como A Gioconda ou Mona Lisa del Giocondo. – ela falou em inglês e, depois, em francês.
- Qual é a técnica usada na pintura? – um garoto perguntou, ao longe.
- É... – ela franziu o cenho, lembrando da palavra. – Sfumato – disse, em francês. Esperou mais alguma pergunta, mas não a recebeu, então continuou – Se vocês observarem com calma, verão que a linha do horizonte que Da Vinci pintou se encontra num nível mais baixo que a da direita, fazendo com que Mona Lisa parecesse muito maior vista da esquerda do que da direita. Historicamente os conceitos de feminino e masculino estão ligados aos lados, sendo o esquerdo feminino e o direito masculino.
A sua voz saiu extremamente ensaiada, como quem recita um poema que acabou de decorar.
- Eu tenho uma pergunta.
- Sim? – ela perguntou, suspirando, ainda mais cansada, e tirou uma mecha do cabelo do rosto.
- Dizem que é o sorriso mais bonito do mundo.
- Sim. – ela concordou, olhando para o grupo de estudantes, procurando de onde vinha a voz.
Um garoto mais no fundo deu um passo para o lado, se destacando do resto das pessoas.
- Eu discordo veemente disso.
Seu estomago gelou. abriu a boca, e ficou assim por um tempo se perguntando porque diabos estava olhando para seu ex namorado que odiava história da arte. Deu um passo na direção dele, chocada demais para falar.
- E... eu... – gaguejou. – eu volto em um minuto. – disse. – Sem fotos – apontou para Mona Lisa, dizendo a todos os estudantes.
pegou o braço de Harry e o puxou até fora do salão, no corredor.
- Por Deus, o que você está fazendo aqui? Eu estou trabalhando! – xingou, mas por dentro seu estômago e seu coração pareciam se contorcer.
Harry tinha aquele sorrisinho presunçoso de quando surpreendia alguém que ele amava e odiava ao mesmo tempo. E apesar de parecer ter sido amassado por uma manada de búfalos, ele ainda estava estonteante.
- Eu vim para dizer que... – ele falou, e em seguia puxou-a pela nuca e colou seus lábios nos dela, sem falar mais nada.
gemeu, surpresa, mas não conseguiu se afastar. Ela mantinha os braços afastados do corpo dele, e tentou empurrá-lo pelos ombros sem sucesso, até que começou a espernear e resmungar e ele se afastou.
- Você não para quieta até quando eu estou te beijando?
- Isso é coisa que se faça?! – ela empurrou-o, falando alto demais.
- ! – ele suspirou, e então olhou-a nos olhos. Abriu o sorriso de novo. – Eu queria dizer que sei porque você veio embora.
- Ah, você sabe? É claro que sabe. Acabou de ver. Eu estava trabalhando! – apontou para dentro da galeria outra vez.
- Não, não tem nada a ver com isso. Você queria que eu viesse atrás de você.
- Isso é...
- Shhh. – ele levantou um dedo. – E eu sou tapado, então esperei todas essas reviravoltas entre nós acontecerem antes de vir. Mas ... eu não volto para casa sem você dessa vez.
Ela não sabia mais o que dizer. Ainda estava incrédula, mas por outro lado, reconhecia que esperou tanto tempo por isso.
- É como um filme da Disney. – ele deu de ombros, quebrando o clima. – Se você quiser, te peço em casamento.
- Ca...casamento? – ela arregalou os olhos.
- Na frente da Torre Eiffel. Ela está ali do outro lado do rio.
Ela bufou, e pela primeira vez sorriu um pouco.
- Eu não quero que você me peça em casamento!
- Não? Porque eu já até escolhi o anel.
Ela levantou a mão.
- Já tenho um anel. – mostrou sua aliança. Ele sorriu.
- Eu também – mostrou a dele, e ela se sentiu presunçosa ao saber que ele também nunca havia tirado a aliança.
Os dois se olharam por um segundo.
- Nunca terminou de verdade, não é? – ele perguntou.
- Eu acho que não, Harry. Eu nunca senti como se tivesse terminado.
- Então volta para casa. – Tocou os ombros dela, sua voz adquirindo um tom mais suave e carinhoso. - Eu prometo que dessa vez não te deixo mais ir. Sempre que você pensar em ir embora, eu vou estar lá no mesmo segundo te pedindo para voltar. – Disse, apertando seus ombros.
Ela suspirou. Tocou o rosto dele, e afagou a sua bochecha, onde ficava aquela covinha. De algum modo, parecia natural.
- Tudo bem.
- Tudo bem? – ele sorriu. – Simples assim?
- Sim. Tudo bem. – ela o abraçou, e ficou na ponta dos pés para beijá-lo. – Desde que você me peça em casamento.
Ele arregalou os olhos, e ela riu.
- Algum dia.
- Certo – ele a levantou alguns centímetros do chão, como o clichê exigia, e a girou um pouquinho enquanto ela ria.
Naquele momento, o universo finalmente colaborou.
Dois meses depois, e Liam, e Louis, e Harry e Niall e Zayn esperavam descer do avião de volta a Londres, do Havaí.
Zayn estava quase desmaiando de nervoso. Eles haviam conversado e, pelo beijo que ela lhe deu, tudo estava bem. Mas uma semana depois ela partiu, planejando voltar só dois meses depois de uma temporada de verão da série com muitos beijos cinematográficos em Jeremy.
Em uma noite, ela ligou e pediu que ele assistisse ao programa dominical de Nick Grimshaw. Ele ligou a televisão a tempo de vê-la dizer em um vídeo no telão que entre ela e Jeremy nunca houve amor de verdade, e sorrir para a câmera dizendo que o amava, e que essa era a única coisa da qual ela sempre teria certeza.
Zayn não podia ficar mais feliz, é claro. Mas ele ainda estava nervoso.
- Zayn, tudo bem, é só a .
- Não. É a minha . – ele sorriu fraco, respirando fundo.
Ela desceu alguns minutos depois, sorrindo ao ver todos eles esperando. Passou pelo desembarque e correu até eles, abraçando, em primeiro lugar, Zayn. Ele se lembra de ter pensado em como ela ficava linda bronzeada.
Depois de abraçar a todos, ela soltou sua bolsa em cima das malas que trouxera e respirou fundo.
- Eu tenho que fazer uma coisa.
- Tem um banheiro bem ali – Louis apontou, fazendo-a rir e bater nele.
- O quê?
- Quebrar o “clichê da Disney” para vocês pararem de reclamar. – fez aspas no ar e olhou para cada um dos garotos.
- O que você vai fazer? – Harry riu.
Ela respirou fundo de novo.
- Ai, meu Deus – escondeu seu rosto nas mãos ao sentir o rosto esquentar, mas logo tirou-as dali. – Ok. Eu vou fazer isso.
tirou alguma coisa do bolso e ficou de joelhos, abrindo uma caixinha com dois anéis pratas.
- Ai, MEU DEUS – gritou. – Acho que vou ter um filho!
Louis começou a gargalhar, e colocou as mãos na boca e pulou, pulou muito, batendo no braço de .
- É só um anel de namoro! – gritou, rindo, ainda toda vermelha, ajoelhada.
Zayn, que não podia sorrir mais – literalmente – se ajoelhou na frente dela.
- Isso é para mim? – sussurrou.
- Na verdade é pro Harry – ela revirou os olhos. – É claro que é pra você!
Zayn riu, deliciado, e encarou o anel por um momento.
- Você quer namorar de verdade comigo?
Ele concordou com a cabeça, com um sorriso que chegava às orelhas. Beijou-a na testa, na ponta do nariz e enfim nos lábios, e então pegou os anéis e colocou no dedo dela. Ela colocou no dedo dele, também, e os dois se levantaram.
- Não acredito que você pediu – Niall disse, rindo.
- Eu tinha que pedir. Zayn já fez demais por mim.
- Ok, pombinhos. – disse, sorrindo. – Vamos para casa, tem muita pizza esperando pela gente.
- Eu sabia! – disse e riu, abraçando a amiga. – Senti falta de vocês.
Aquele foi o primeiro momento em que os verdadeiros Zayn e finalmente puderam se mostrar para o mundo outra vez.
- . Você vai vomitar? – Louis perguntou baixinho no ouvido da namorada – ou noiva, agora.
- Não. Eu não sei. Talvez. – ela apertou a mão dele. – É provável.
A porta do escritório se abriu e uma moça leu em uma prancheta.
- Louis e ?
- Aqui – ele disse, levantando a mão e eles se levantaram, indo até lá.
Caminharam por um corredor até entrar na porta que a moça indicou. O médico os esperava lá dentro. Ele pediu que fosse até a cama e ela se deitou lá, Louis sempre em seu encalço. Ele ajeitou o travesseiro para ela, e beijou a sua testa.
- Segura a minha mão – ela o fez.
estava assustada, mas tão empolgada e nervosa e curiosa ao mesmo tempo que sentia que ia explodir. Era o primeiro exame de ultrassonografia em que eles poderiam de fato ver o bebê, e toda a história de gravidez ainda era surreal para ela. Ela não acreditaria de verdade que estava grávida até que sua barriga crescesse, e olhe lá, talvez precisasse sentir o bebê mexendo para se certificar de que não era outra coisa.
- Vamos lá... – o médico pegou um frasco de plástico e levantou a blusa dela, derramando um pouco de gel ali. se arrepiou.
Ele pegou então um pequeno aparelho e começou a passar por cima de sua barriga levemente, como se quisesse espalhar o gel. Os três encaravam a telinha pequena do monitor ao lado da cama, enquanto ela se concentrava para manter o coração dentro do corpo.
Ao ver a primeira forma do que parecia ser uma cabeça, ela apertou a mão de Louis e arquejou.
- É ele? – olhou para o médico.
- É, é sim – ele sorriu. – Vamos ver se a gente consegue ver o... – ele parou de repente, e franziu o cenho. – Espera aí.
- O que foi, tem alguma coisa errada? – Louis perguntou, nervoso.
- Ahn... não, nada errado. É só que... está vendo isso aqui? – o doutor apontou para duas linhas verdes no monitor.
- Sim, o que é?
- São batimentos cardíacos. – ele olhou para . – Dois.
- Dois? Tipo dois corações?
- O meu e o do bebê? – perguntou, confusa.
Dessa fez foi Louis quem apertou a mão de .
- Não, amor. São... dois bebês? – a voz dele tremeu ao olhar para o médico.
- Sim. – ele assentiu, passando de novo o aparelho na barriga. – São dois. Estão vendo? Bem aqui – ele apontou para a tela, onde formas estranhas apareciam. Louis não via muita coisa, mas seu coração ameaçava sair pelos ouvidos.
- Eu vou ter dois bebês? – ele disse, mais para ele mesmo do que para .
- Eu vou ter dois bebês! – Ela falou, desesperada. Não era possível. Já não conseguia acreditar que houvesse um ser humano crescendo dentro dela, mas dois?! Como era possível que cabesse?!
- Ah, meu Deus. – Louis balançou a cabeça, pensando nas duas gestações de sua mãe em que ela teve gêmeos. Era como uma pré disposição da família. – Ah. Meu. Deus.
- Ah, meu Deus! – apertou sua mão, e só então percebeu que sua voz soava... empolgada. Ao olhar para ela de novo, Louis percebeu que seus olhos brilhavam como se ela fosse chorar.
- Sim, são gêmeos. Parabéns!
- Louissss! – se levantou da cama em um pulo, pulando no pescoço do garoto, meio rindo e meio chorando. – Ah, meu Deus, Louis! Dois! Bebês! Dentro! De! Mim! – Gritou, ainda um tanto terrorizada, mas de um modo bom.
- Princesa... – ele riu. – Eu não acredito.
- Eu te amo. Eu te amo!
Naquele momento não eram mais apenas dois corações batendo forte. Eram quatro.
- Então, Pietro... Esse é o Dobby. – se abaixou ao lado de Dobby e na frente de Pietro. – Dobby, meu amor, dê oi ao Pietro.
Dobby, que balançava o rabo incessantemente, cheirou o rosto de Pietro e depois deu-lhe uma lambida e latiu, empolgado.
Pietro riu, mas com a latida ele ficou assustado, porque era muito alta.
- Ok. Vai brincar, Dobby. – bateu as mãos. – Vai, vai pra lá!
Dobby se afastou dos três, balançando o rabo e correndo pelo meio do campo.
- Eu acho que eles vão ser grandes amigos – Liam riu, enquanto Pietro voltava a brincar com seus legos.
- É, eu também. – suspirou e sentou na cadeira ao lado dele.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo.
- Esse lugar me dá saudade da .
- Acho que dá a todos nós.
Ela assentiu.
- Eu queria que ela tivesse conhecido Pietro, ou que soubesse que está grávida. Queria saber o que ela diria a respeito.
- Provavelmente, ela piraria.
riu.
- Sim, ela piraria. Principalmente ao saber que voltou.
- É bom imaginar que ela vê tudo lá de cima, né? – Liam pegou a mão de e beijou o dorso.
- É, sim. É ótimo. Mas eu ainda sinto como se ela estivesse aqui.
- Eu acho que sempre vamos nos sentir assim.
olhou para Liam e passou a mão no seu rosto, fazendo-o olhar para ela.
- Eu nunca quero te perder. Você promete que se um dia me deixar vai ficar aqui comigo mesmo assim?
- É claro que sim – ele sorriu. – Eu vou ficar te cuidando a cada passo que você dá. Você vai ficar até paranoica. Vou ser seu stalker.
- Tá bom, nem tanto assim, Liam.
Ele riu.
- Certo. Mas eu não vou te deixar, amor. Sei que agora vai durar para sempre.
- Para sempre até um de nós morrer.
- Sim, mas a gente pode morrer bem velhinho e juntos, ué.
riu e balançou a cabeça.
- Tá, Liam. Mas vamos deixar isso de lado. A gente tá vivo, é isso que importa.
- E eu te amo. – ele cantarolou, depois de um segundo de silêncio, fazendo-a rir.
Depois de alguns meses, quando o ano se aproximava do final, o grupo resolveu que todos tirariam férias ao mesmo tempo para irem a Creta outra vez, como um jeito de relembrar da última vez que foram.
- Ok, ok. – Liam levantou as mãos ao posicionar os foguetes de maneira correta, e pediu que todo mundo se afastasse. – Vamos lá. Contagem regressiva.
- Sai daí, você bebeu demais, mate. – Niall se aproximou e pegou o isqueiro da mão de Liam.
- Doze... onze... AGORA.
- Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três... dois... um!
Niall deu um passo para trás e o primeiro foguete voou, explodindo no céu. Os outros três fizeram o mesmo, e eles gritaram e aplaudiram, e todos se abraçaram.
- Eu amo vocês! Eu sou apaixonada por vocês! Eu sempre vou amar vocês!
- Ninguém mais dá bebida pra – pediu, e todos riram.
- Galera... – eles se afastaram, e Niall tomou um gole da champanhe. – Estamos comemorando nosso quase quarto ano de amizade, e vocês fazem parte da minha vida de uma maneira surreal. Começou como uma amizade boba, todos nós conhecemos essa história... – ele prosseguiu. – mas agora... vocês são muito mais que meus amigos, são a minha família. Agora somos só nove de nós... e com o passar dos anos, e o passar do tempo, e quando formos ficando velhos, nós vamos ter que nos preparar para perdermos uns aos outros, mas é sobre isso que essa amizade se trata. Sobre estarmos juntos até o último minuto. Eu vivi e ainda vivo meus melhores momentos com vocês. E quero morrer com vocês!
- Por favor, outro abraço – pediu, limpando uma lágrima.
Todos se abraçaram forte, muito forte, se dando conta por um segundo do que aquilo significava. Eles eram uma família que estava crescendo, se multiplicando e com o tempo envelheceria. E eles sempre seriam essa família.
Depois de se afastarem do abraço, Harry ergueu sua taça.
- Eu proponho um brinde à . Não por sua ausência, mas por ter nos proporcionado os melhores momentos quando estava por aqui.
- À ! – Todos concordaram e bateram suas taças, brindando.
Cinco minutos depois de todos os brindes de ano novo, Niall arranjou um tempinho para escapar por um momento. Pegou o diário que guardava em suas coisas e caminhou de pés descalços pela praia por um tempo, abrindo alguns botões da camisa branca que o sufocava. Ele caminhou até a casa estar longe, e depois se aproximou da grande pedra arredondada que havia ali, próxima à algumas flores rosas e amarelas que cresciam em volta. Ele já estivera ali mais cedo naquele dia, quando sentiu vontade de ficar sozinho.
Mais cedo naquele dia, Niall sentou em cima da grande pedra e encarou o horizonte por tempo indeterminado, pensando em . Ele já havia aprendido a se conformar com sua falta. Já havia aprendido a suportar a dor. Já estava até aprendendo que a vida ia continuar, e que tudo bem se ele encontrasse outra pessoa, porque ele sempre ia amá-la, e ninguém nesse mundo tomaria o seu lugar como seu primeiro amor.
Se lembrou da tarde daquele dia há dois anos atrás quando eles haviam se casado na praia. Eles correram para fora da água, rindo, beijando-se, falando besteiras, e chegaram até ali. Eles subiram na pedra onde ele sentara, e ficaram apontando para alguns barcos de passeio que passavam bem ao longe, e conversando sobre aquilo, uma conversa sem importância alguma. Mas Niall nunca se sentira mais feliz, naquela tarde.
Eles rabiscaram os nomes na pedra, mas agora, dois anos depois, tudo que havia ali eram pequenos riscos quase apagados.
Niall abriu a página marcada do diário que só tivera coragem para ler há algumas semanas atrás.
Leu de novo o texto que já lera mil vezes.
“Eu estava pensando em nós dois essa noite antes de dormir e perdi o sono, então levantei para escrever aqui. Eu estava lembrando da nossa discussão no aeroporto, aquela coisa idiota e sem sentido. Depois, comecei a pensar em todas as outras discussões, e no motivo de todas elas, mas eu esqueci. Eu nem sei se algum dia houve mesmo um motivo. Não sei porque perdi tanto tempo.
Eu planejo dizer a Niall o quanto o amo algum dia, quando tomar coragem. Até lá, eu posso sempre tê-lo por perto, sempre vê-lo, compartilhar de sua companhia, simplesmente observá-lo sorrir, ouvir a sua risada, ver os seus olhos. Eu podia morrer olhando para os seus olhos, que não sentiria dor alguma.
Então, pensando nisso, nos seus olhos, eu cheguei a uma conclusão. Mesmo que a vida acabe amanhã, mesmo que eu nunca chegue a sentir como é ser dele de verdade, eu morreria feliz porque sei que tive a chance de conhece-lo, de tocá-lo, de beijá-lo, e isso já fez minha vida valer à pena.
E se eu morresse hoje, diário, eu morreria pensando naqueles olhos.”
Niall fechou o diário e passou a mão pela capa, suspirando. Ao ler aquilo pela primeira, segunda, terceira vez, ele chorou. Dessa vez, sabia que aquele texto existia por uma razão: ele significava que estava na hora de seguir em frente.
Niall soltou o diário no chão ao lado da pedra. Soltou uma coroa de flores rosas e amarelas que fizera essa tarde em cima da capa, e se levantou. Bateu a areia da roupa, e pegou uma pedra. Ele reescreveu os nomes na pedra, Niall e . Soltou a pedra, beijou sua mão e tocou em cima dos nomes.
Niall fechou os olhos. Respirou fundo.
- Eu te amo, .
Ele assentiu, e então virou as costas.
Estava pronto para seguir em frente.
Fim
Nota da autora: Minha mãe sempre me diz que amigos não duram para sempre. Eu sempre quis discordar dela, mas depois percebi que mãe sempre está certa. A única coisa que dura para sempre é a família. E é isso que os protagonistas da IBHBYS são. São uma família.
A I’ll Be Here By Your Side foi finalizada em três de maio de 2014. Mesmo antes de planejar o The Finale, eu planejei ter um Epílogo. Quando pensei no final do capítulo 25, em deixar tudo pela metade, eu quis fazer aquilo para castigar a todos os leitores naquela época, deixá-los loucos, dizendo que a fanfic terminara de um modo terrível e que eu era uma péssima escritora. Eu postaria esse epílogo algum tempo depois, para testar os leitores e ver quem realmente ficaria comigo até o final mesmo se pensasse que a fanfic acabou de um jeito péssimo.
Então eu tive uma surpresa. Todas a minhas – adoráveis - leitoras amaram o final do capítulo 25 (ou quase todas). E mesmo quem não amou, entendeu um recado que nem eu mesma percebi ter passado ao termina-lo daquela maneira: a vida continua, e não há nada que a gente possa fazer a respeito.
Eu até podia deixar daquela maneira, já que todo mundo entendeu o recado que eu quis passar. Mas a verdade era que eu não estava pronta para dar adeus aos meus protagonistas. Eu não estava pronta para parar de escrever a I’ll Be Here By Your Side, história que seguiu comigo por mais de dois anos da minha adolescência, participando de cada mudança, de cada noite de insônia. Eu não podia parar sem ter certeza (e sem deixar os leitores com a certeza) de que eles ficaram bem, apesar de tudo.
Então fiz esse epílogo. Não é um final clichê. É só a resposta para todas as perguntas que vocês fizeram ao terminarem de ler o último capítulo. Como sabem, a vida continua, e assim como tudo está bem, tudo não está.
Essa fanfic fez parte da minha vida por mais de dois anos. Eu a escrevi desde 2012 até 2014, e finalmente termina-la foi aliviante e assustador ao mesmo tempo. Ao todo foram 1.313 páginas, (e 514.211 fucking palavras) que acompanharam a minha vida, o meu progresso e as minhas mudanças durante todo esse tempo. A IBHBYS foi a primeira fanfic em que eu pude sentir todo esse “amor do público”. Eu nunca pensei que fosse mudar a vida de tanta gente desconhecida, nem se fosse por apenas alguns minutos, com os meus escritos, mas ao termina-la, eu recebi tanto carinho e agradecimentos, que foi um choque. Nunca pensei ter o poder de fazer alguém chorar com as minhas palavras, e isso ainda é algo surreal para mim.
Eu li textos maravilhosos de algumas das leitoras da fanfic que me agradeceram por proporcionar a elas ler essa história, mas a verdade é que sou eu quem deve agradecer por ter a chance de fazer parte das suas vidas com ela.
Eu tenho o sonho de um dia ser autora de um best seller, e para mim, a IBHBYS foi um começo glorioso para seguir esse caminho. Se depender de mim, esse é só o começo. Escrever é como eu me comunico com o mundo, e isso nunca vai mudar. Espero ter a companhia de vocês durante meus próximos projetos.
Mais uma vez, obrigada a todos que leram, criticaram e elogiaram, a todos que de alguma maneira participaram disso comigo, da primeira, da segunda, ou de ambas as vezes.
Com todo o amor, Laís Stéfani.
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Então eu tive uma surpresa. Todas a minhas – adoráveis - leitoras amaram o final do capítulo 25 (ou quase todas). E mesmo quem não amou, entendeu um recado que nem eu mesma percebi ter passado ao termina-lo daquela maneira: a vida continua, e não há nada que a gente possa fazer a respeito.
Eu até podia deixar daquela maneira, já que todo mundo entendeu o recado que eu quis passar. Mas a verdade era que eu não estava pronta para dar adeus aos meus protagonistas. Eu não estava pronta para parar de escrever a I’ll Be Here By Your Side, história que seguiu comigo por mais de dois anos da minha adolescência, participando de cada mudança, de cada noite de insônia. Eu não podia parar sem ter certeza (e sem deixar os leitores com a certeza) de que eles ficaram bem, apesar de tudo.
Então fiz esse epílogo. Não é um final clichê. É só a resposta para todas as perguntas que vocês fizeram ao terminarem de ler o último capítulo. Como sabem, a vida continua, e assim como tudo está bem, tudo não está.
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Eu li textos maravilhosos de algumas das leitoras da fanfic que me agradeceram por proporcionar a elas ler essa história, mas a verdade é que sou eu quem deve agradecer por ter a chance de fazer parte das suas vidas com ela.
Eu tenho o sonho de um dia ser autora de um best seller, e para mim, a IBHBYS foi um começo glorioso para seguir esse caminho. Se depender de mim, esse é só o começo. Escrever é como eu me comunico com o mundo, e isso nunca vai mudar. Espero ter a companhia de vocês durante meus próximos projetos.
Mais uma vez, obrigada a todos que leram, criticaram e elogiaram, a todos que de alguma maneira participaram disso comigo, da primeira, da segunda, ou de ambas as vezes.
Com todo o amor, Laís Stéfani.
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