Última atualização: 26/11/2018

Capítulo Único

girou a chave na fechadura e soltou um suspiro alto, antes de entrar em casa. Aquele dia havia sido um completo inferno e ela passara grande parte das horas desejando a banheira que havia parcelado em três vezes no cartão de crédito, uma música tranquila, chocolate e lenços de papel. Porque sim, ela pretendia chorar até finalmente estar cansada o suficiente para cair no sono e não conseguir sonhar. Como havia feito nas últimas duas noites e o faria até que ela dor sumisse de seu peito.
Largou as chaves no balcão da cozinha e deixou a bolsa em cima do sofá, antes de seguir para o banheiro e ligar a torneira. Colocou alguns sais de banho na água e foi para seu quarto. Tirou parte das roupas e aquelas não precisaria lavar, guardou no closet. Voltou para a cozinha e já se pôs a preparar alguns sanduíches. Estava sem paciência para cozinhar e sem nenhuma vontade de pedir comida, então teria que se contentar com aquilo para o jantar. Com a geladeira aberta, procurou por alguma bebida. Ela tinha suco, cerveja, vinho e uma espumante, que ela estava guardando para a comemoração dos dois anos de namoro com . sorriu triste e pegou a espumante, não se dando ao trabalho de encher uma taça e bebendo direto no gargalo quando abriu a garrafa. não se importaria se ela bebesse a espumante. Afinal de contas, eles não iriam comemorar dois anos de namoro porque eles não estavam mais namorando.
- Merda, . - a garota reclamou, antes de abandonar a garrafa em cima da mesa e correr para o banheiro. Havia perdido a noção de tempo encarando o nada e a banheira quase havia transbordado. Maldito e o inferno que ele fazia em sua cabeça.
precisou de duas idas até a cozinha para buscar tudo que precisaria para afogar suas mágoas naquela noite. Os sanduíches, a garrafa de espumante, duas barras de chocolate e seu celular. Ela tinha uma caixa de som via bluetooth no banheiro e só precisou conectar seu celular. Colocou a playlist Life Sucks do Spotify e então se despiu, entrando na banheira e soltando um suspiro alto. A água quente certamente faria maravilhas com a tensão em sua lombar e a mulher logo voltou a beber, com o celular ainda em mãos, enquanto ela checava as redes sociais. Consequences da Camila Cabello soava pelo banheiro e xingou o ex namorado mais uma vez, o amaldiçoando por estar em todas as letras de música que ela ouvia.
e se conheciam desde muito crianças. Moraram a uma quadra de distância um do outro em Toronto e estudaram juntos por todos os anos em que esteve na escola regular. Eles eram melhores amigos e foi a primeira pessoa para quem contou sobre seu desejo de se tornar músico. Ela também foi a primeira a ouvir as músicas de e a primeira a saber do contrato dele com a Island Records. Eles começaram a namorar um ano depois do lançamento do primeiro álbum do rapaz, no qual algumas músicas haviam sido escritas para ela, uma vez que sempre fora apaixonado por e nunca havia sido honesto sobre seus sentimentos. Ela esteve presente durante toda a ascensão do rapaz no mundo na música. De pocket shows ele havia ido para arenas, estádios e festivais com público mundial. se orgulhava muito de . Mas isso não tornava o relacionamento deles mil maravilhas. Tinham vezes em que eles ficavam meses sem se ver. Alguns dias, mal conseguia cinco minutos para que eles pudessem conversar. As trocas de mensagens eram escassas. E ele não era o único atarefado. cursava medicina na Universidade de Toronto e também tinha seus compromissos. A diferença entre eles era que ao menos ela tentava. já estava cansado de tentar. E por isso, eles haviam terminado seu relacionamento na noite de sábado.
Não foi algo premeditado. Nenhum deles esperava que uma conversa normal acabasse daquela maneira. Eles estavam fazendo planos para as festas de final de ano e então comentara sobre um convite para tocar na Times Square no final do ano. Ele estava animado com a possibilidade e mesmo com o desapontamento, o incentivou. Mas naquele dia, ela não conseguira disfarçar tão bem e logo estava questionando se estava tudo bem. Daquilo, eles precisaram de apenas mais duas palavras trocadas para que desabasse e confessasse todas suas frustrações. Ela sentia falta dele. Queria estar perto, queria abraçá-lo, queria beijá-lo, queria ouvi-lo cantar para ela e não por uma chamada de voz no celular. Contou que já havia perdido as contas de quantas vezes ele havia cancelado seus planos e era sempre ela que tinha que mudar sua rotina para ir encontrá-lo. E quando isso acontecia, eles viviam dentro de carros, mudando de um compromisso a outro. não espera o fim do relacionamento com aquele desabafo. Ela esperava que a escutasse e eles resolvessem aquilo. Que ele combinasse de passar o Natal em Toronto e a virada do ano na Times Square. Eles podiam se beijar durante a meia noite e fazer promessas de um ano diferente para os dois. Mas nada daquilo havia acontecido. apenas se sentia culpado por ter negligenciado seu relacionamento. Se detestava por fazer sofrer e odiava aquela distância. E ele não queria mais vê-la naquela situação. Então era mais fácil que seu relacionamento acabasse.
E de uma hora para a outra, eles não existiam mais.
suspirou, sentindo as lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos. Ela se sentia estúpida por estar chorando novamente por conta de um relacionamento. Em sua opinião, aquilo não era nada empoderador e feminista, e ela estava odiando todo aquele turbilhão de sentimentos dentro de si mesma. Mas ela não conseguia frear a tristeza. era uma parte importante demais de sua vida e ela não iria simplesmente agir como se não doesse não tê-lo mais ao seu lado, mesmo que de forma figurativa. O domingo após o término havia sido horrível. Havia cancelado o almoço com seus pais e passara o dia na cama, chorando e vendo filmes de romance. Mas aquela segunda-feira havia sido pior. tinha uma rotina com , mesmo a distância. Ela mandava áudios para ele todas as manhãs, enquanto corria para pegar o transporte que a levaria para a faculdade. Ele a respondia horas mais tarde e eles se falavam por vídeo durante o almoço. Ela mandava snaps de tudo o que fazia e ele retornava sempre que podia, mesmo com horas de atraso. mandava áudios cantando para que ela não ficasse nervosa antes das provas, porque a voz dele era muito mais eficaz que calmante para . Mas naquele dia, ela não tivera nada daquilo. Seu papel de parede não estampava mais o sorriso de e as mensagens em seu celular eram de sua mãe e suas amigas. Ela ainda o seguia nas redes sociais, mas havia silenciado os stories e o feed dele. Preferia evitar qualquer coisa que tivesse relação a , mesmo que ele não saísse de seus pensamentos.
Com esse pensamento em mente, quase deixou seu celular cair dentro da banheira quando a notificação de um e-mail em sua caixa de entrada chegou. Ela franziu o cenho e soltou um muxoxo inconformado ao ver o endereço que usava antes da fama como remetente da mensagem.
Eu não queria começar essa mensagem com um “oi, tudo bem?” porque eu sei que as coisas não estão bem para você. Muito menos para mim. Eu tentei te enviar mensagens por todas as redes sociais quando percebi que você havia bloqueado meu número. E a única maneira que encontrei de falar com você foi essa. Tão 2006, não é? De toda a forma, te envio essa mensagem do táxi. Estou em Toronto, indo para a sua casa, pois precisamos conversar. Eu sei que foi eu quem terminou tudo. Eu sei que fui eu que fiz merda. Mas eu passei o final de semana inteiro me sentindo um perdedor. Eu tinha uma premiação para ir ontem a noite, tinha entrevistas para dar hoje durante o dia, tinha compromissos para comparecer… Mas nenhum deles parecia bom o bastante. Sabe o que dizem sobre o topo do mundo? A visão só vale a pena se temos com quem partilhar. Eu não quero estar no topo do mundo sem você, .
Por favor, abra a porta quando ouvir a campainha.
Com amor, .

A mulher precisou apenas de dois segundos para sair correndo da banheira em busca de uma toalha ao finalizar a leitura da mensagem do ex namorado. Desligou a caixa de som, que por alguma coincidência tocava uma música de e esvaziou a banheira. Só teve tempo de vestir uma lingerie comum e cobrir-se com um robe antes da campainha soar. , a meio caminho de esconder a garrafa de espumante e sumir com os chocolates, respirou fundo, de olhos arregalados e o coração na boca. A campainha soou mais duas vezes antes de ela finalmente abortar seu plano de idiota de sumir com os vestígios de sua fossa e finalmente se direcionar para a porta. Destrancou a fechadura e logo estava à sua frente. não prestou atenção nas roupas do garoto ou em qualquer outra coisa que não fossem as olheiras abaixo dos olhos dele. tentou abrir um sorriso fraco, sem muito sucesso e o segurou pela mão esquerda e o puxou para dentro do apartamento.
- Me desculpe. - ele murmurou. - Eu sou um idiota.
- Eu sei. - ela concordou. Fechou a porta às suas costas e bastaram dois passos para que ela tivesse jogado seus braços em torno do pescoço dele e a abraçasse pela cintura com força, como se suas vidas dependessem daquilo.
- Eu prometo não fazer mais isso. - suspirou, soltando o abraço e dando espaço para fitar a mulher de corpo inteiro.
- Você não pode prometer isso, . Não enquanto a sua carreira for prioridade na sua vida. - o olhou nos olhos, dando de ombros em seguida. - Mas você pode prometer tentar mais, como sempre fez.
- Você tem certeza? De que quer isso? - indagou, sem desviar o olhar do dela. assentiu. - Eu não quero te prender em um relacionamento ruim, .
- Você não está me prendendo a nada, . Fui eu quem decidiu lutar por isso que temos. Eu só preciso que você acredite em mim quando digo que podemos dar um jeito e não fique se culpando pelas escolhas que eu fiz. - falou.
- Eu sou um idiota. - repetiu, puxando-a para seus braços. - Senti falta dos seus snaps durante todo o dia. - confessou. Tinha o queixo apoiado na cabeça dela e um sorriso fraco nos lábios.
- Você ganhou o prêmio ontem? - a garota indagou por fim.
- Meu prêmio é você. - falou simplesmente.
- Cafona. - retrucou, puxando-o pelo queixo e o beijando. - Mas eu te amo.
- Eu também. - ele sorriu. - E a propósito, eu ganhei o prêmio.
- Claro que sim. - riu, se aconchegando melhor nos braços do rapaz.
Porque não importava quantos prêmios ganhasse. Sem para se orgulhar dele, ele sentia-se um vencedor. Ela era a melhor coisa que ele tinha na vida.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic, envie um email para este endereço.



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