Finalizada em: 20/04/2021

Parte I.

2004

Basement Dance Studio
Holloway, Londres

- Só mais uma vez e eu consigo! - pediu bastante determinada para a professora ao que a mais velha assentiu.
A garota se olhou no espelho e concentrou o máximo. As batidas da música voltaram a ecoar pelo autofalante e ela esperou pelo momento certo. Seus quadris quebraram no ritmo do reggaeton que ela tanto gostava e que finalmente estavam aprendendo. seguiu seus instintos e saiu um pouco da coreografia que tinha que fazer, seus braços seguindo o movimento fluido que seus pés comandavam. Manteve seus olhos fechados para evitar decepções. Apenas se entregou ao que tanto amava fazer: dançar.
Ela rodopiou pelo que reconhecia do salão sem enxergar e, como um parafuso, girou no próprio centro, sem deixar que sua cintura parasse de se movimentar da forma como mais gostava. Incrementou com alguns passos de street e, depois de alguns segundos, com um último giro perfeito, ela parou no mesmo momento em que a música cessou. Por mais amedrontada que estivesse para abrir os olhos, não pôde deixar de sorrir quando uma salva de palmas ecoou na sala.
- Muito obrigada, senhorita Flores. - disse um dos juízes da pequena banca improvisada - O resultado sairá amanhã. - a garota assentiu e agradeceu brevemente antes de sair do centro para ir se sentar junto a sua amiga Morgan Donaldson. Apenas um olhar da professora Pollard foi o suficiente para saber que algo de certo tinha feito. Talvez ela realmente tivesse chances de participar do seleto grupo que ensinaria uma coreografia ao elenco juvenil de Harry Potter e o Cálice de Fogo.

[...]

- Como foi, querida? - Irina questionou assim que a garota entrou em casa junto com Morgan. As duas eram tão grudadas que quem visse, não poderia imaginar que a amizade tinha pouco mais de dois anos - E você, Morg?
- Os resultados só vão sair amanhã, senhora Gordon. Até lá, vamos roer todas as unhas de preocupação e ansiedade. - Morgan se jogou teatralmente no sofá e a mais velha riu.
- Se você me disser que tem um parente latino, eu não vou estranhar, querida. - Irina riu e viu a filha negar com a cabeça.
- Vocês são minhas parentes latinas e estou muito feliz por isso, obrigada. - Morg riu e se jogou ao seu lado, mas não sem antes lhe bater levemente com uma almofada - Sua filha é agressiva demais. - ela se queixou.
- Acho que fomos bem, mamá. Mas a senhora do drama aqui está certa, só vamos saber das coisas amanhã. - deu de ombros - Mas muita gente boa estava inscrita, achei que poucas pessoas tinham 15 anos na academia.
- Eles deixaram o pessoal de até 18 anos competir, . A senhora Pollard comentou que o pessoal do filme estava procurando por figurantes também, então é bom para todo mundo.
- Isso só me deixa mais apreensiva, mas vamos ter bons pensamentos. Eles nos levam mais longe do que balões em um dia de vento. Não era assim que a abuela falava? - tentou soar otimista e Irina riu, concordando com a garota.
- Agora vamos comer, porque eu imagino que existam dois pequenos dragões querendo ser alimentados.
- Se eu já falei algo ruim sobre a senhora, eu não lembro! - Morgan se levantou e foi correndo abraçar a mãe da melhor amiga que já estava aos risos pelo jeito da garota.
- Você é muito vendida, Donaldson. - reclamou, enquanto se juntava às duas na mesa e viu a amiga lhe mostrar a língua como uma criança - Me lembre de fazer isso com a sua mãe para conseguir comida de graça.
- Pode tentar, mas ela não consegue fazer tortillas maravilhosas como a sua mãe. Aí é com você. - Morg debochou e as três riram, enquanto conversavam sobre qualquer assunto que não envolvia dança. As meninas estavam bastante ansiosas e acharam melhor deixar o foco para outras coisas.

[...]

- Senhorita Flores? - Abbie Pollard, a professora de dança, chamou a garota assim que ela entrou no estúdio de dança e sentiu o coração parar de bater por alguns segundos antes de ir ao encontro da mulher que estava parada na porta do escritório. - Entre, gostaria de conversar por alguns minutos com a senhorita. - ela lhe convidou e não teve alternativa.
- Senhora Pollard, me desculpe! - a garota soltou antes que a professora pudesse falar alguma coisa - Eu sei que ontem não cumpri toda a coreografia e que adaptei alguns passos, mas eu achei que, como estávamos sendo avaliados, deveríamos mostrar tudo e, eu entendo se a senhora quiser me tirar da competição, mas eu também posso me apresentar de novo e-
- , se acalme! - Pollard teve que aumentar um pouco o tom de voz para interromper a garota que falava sem parar - Tranquila? - a garota assentiu, receosa e viu a professora respirar fundo antes de seguir para a própria cadeira e indicar que a aluna se sentasse também - Eu só queria elogiar o que fez ontem. Vocês tinham três músicas para escolher e você deu seu toque pessoal a que mais gostou. Isso diz muito de um dançarino. 50% da sua dança vem do coração, técnica é só a outra metade e você nos impressionou bastante.
- Isso quer dizer alguma coisa? - a garota quis saber sem conseguir controlar a língua e a professora sorriu, compreensiva.
- Você sabe como detesto suspenses, então posso dizer que seu nome está junto aos selecionados para integrarem o grupo de dança que vai para os estúdios da Warner na próxima semana. Mas, - adicionou antes que pudesse pensar em comemorar - é importante que saiba que lá não é lugar de improvisos e sim de cumprir ordens. Tudo tem que estar perfeito para eles, é o nome da companhia em jogo. Principalmente considerando que vamos dançar junto à companhia do Wayne McGregor. – completou, severa e viu a garota assentir - Você pode ir comemorar com a senhorita Donaldson agora, se quiser. - ela lhe dispensou e sorriu, agradecida, antes de deixar o escritório da professora. sabia que a senhorita Pollard não era adepta de demonstrações de afeto. Aquele pequeno aviso foi o suficiente para que a adolescente soubesse que tinha a confiança de sua professora. E ela não quebraria aquilo.
saiu do escritório e foi logo procurar por Morgan, não demorando muito para encontrar a amiga feliz próxima à lista de convocados. Elas não precisaram falar nada, apenas se abraçaram contentes no meio de tantos adolescentes que comemoravam e outros que eram consolados pelos companheiros. A música tinha feito chegar até ali e agora ela estava a ponto de se tornar personagem dentro do universo que tanto amava.
- Mas e se não tivermos nomes dentro do filme? - Morgan zoou a amiga, mesmo estando tão ansiosa quanto.
- A gente inventa e vai ser tão divertido quanto se fôssemos do trio de ouro. Já imaginou uma mexicana em Hogwarts? - suspirou, contente e a amiga riu concordando - Ia tirar um pouco dessa seriedade de vocês ingleses.
- Você fala como se nós vivêssemos em um eterno chá das cinco com a rainha.
- Onde você costuma estar às cinco da tarde, Donaldson? - questionou e viu a amiga sem graça - Então, eu estou certa. Quando você parar de tomar seu chá, a gente conversa. - ela sorriu e jogou seus cabelos cacheados para o lado como sempre fazia quando tinha conseguido provar um ponto.
- Eu te odeio, Flores.
- Me odeie em Hogwarts e está ótimo para mim. - brincou e as duas escutaram o sinal tocar indicando que a aula de dança começaria em poucos minutos - Vamos antes que a senhora Pollard tire a gente da lista.
- Nem brinca, eu preciso conhecer os irmãos Phelps! - Morgan suspirou, enquanto as duas corriam para alcançar a porta antes da professora.
- Eles são mais velhos que a gente, garota! - recriminou e Morgan lhe encarou, descrente. As duas já estavam se aquecendo junto ao restante da turma.
- Qual é, 3 anos não é nem uma criança que sabe ir ao banheiro.
- E eles vão olhar para uma pirralha de 14 anos, é?
- Eu sou meses mais nova que você e logo farei 15, ok? - Morgan retrucou mais baixo assim que viu a professora chegar para começar a aula. só conseguiu rir da amiga. Ela estava até pagando de santa, mas também tinha uma pontinha de esperança de conhecer os ruivos. Bem, não só eles. O elenco era grande demais.

Leavesden Film Studios (Warner Bros)
Watford, Inglaterra

- Atenção, pessoal! - David Heyman subiu em uma das mesas que compunham o cenário do Salão Principal e, com a ajuda de um megafone, conseguiu captar o foco de todo o elenco que estava nos arredores - Sei que já é quinta-feira, mas vamos receber um grupo de jovens bailarinos que irão nos ajudar a compor a cena do Baile de Inverno, além de atuarem como estudantes de Beauxbatons e Durmstrang. Então, espero que vocês sejam ótimos anfitriões! Principalmente vocês, Phelps e Grint. Nada de pegadinhas com os novatos. Vão me deixar de cabelos em pé!
- Você quase não os tem, Dave! - Rupert disse em voz alta e o produtor riu junto com todos os que estavam próximos.
- Eu devo isso a vocês, vou mandar a conta do meu terapeuta aos seus agentes! É isso, pessoal. Podem voltar aos seus afazeres agora, hora de trabalhar! - e com uma palma, ele dispersou a equipe para conseguir se reunir com a chefe da equipe de figuração, Amber Wintler. Eles ainda tinham muitas cenas a gravar e agora precisavam incluir os dançarinos.
- Eu estou dando graças aos céus por não ter destaque nessa cena. - Tom Felton comentou junto a Daniel Radcliffe e Alfie Enoch que estavam discutindo um exercício de matemática passado pela tutora dos adolescentes. Alfie concordou na hora e Daniel apenas bufou fazendo os amigos rirem - Quem mandou ser o Santo Potter? Todas as câmeras estarão focadas em você, Dan.
- Eu não estou preocupado em dançar, o problema é que o Harry não sabe dançar, então eu tenho que parecer descoordenado. - ele tentou se justificar, mas os garotos não compraram muito a desculpa - Vocês viram como foi a cena com a Katie, a gente teve que gravar umas cinco vezes, porque eu nunca parecia nervoso o bastante.
- Quer dizer que o senhor Radcliffe sabe muito bem como chegar nas garotas? - Rupert chegou acompanhado de Emma Watson e Bonnie Wright que pareciam bem curiosas - Será que isso funciona sem o efeito Potter nelas?
- Não existe isso de efeito, eu só não sou tão pilhado quanto o Harry. - Daniel deu de ombros e os outros riram.
- É, a gente viu bem isso com aquela garota na lanchonete, Dan. - Bonnie soltou e o garoto ficou desconfortável, fazendo as risadas aumentarem ainda mais no grupo.
O fatídico caso com a garota da lanchonete tinha acontecido há umas quatro semanas quando o elenco resolveu se reunir em uma lanchonete próxima aos estúdios e, quando Daniel se interessou na jovem atendente, ao invés de conseguir uma aproximação mais sutil, derramou um milkshake em cima da garota que saiu congelando e praguejando sobre nunca mais assistir a Harry Potter na vida. Ele provavelmente tinha perdido uma fã para a Saga, mas dera aos amigos uma história para rir pelo resto da vida.
- Que tal a gente apenas se concentrar no fato de que vamos ter que dançar daqui há alguns dias? - Daniel tentou disfarçar e Emma entrou na conversa para lhe ajudar.
- Você reclama, mas não vai ter que fazer isso em cima de um salto. O Stan é tão alto que a Jany está me fazendo provar saltos cada vez maiores. - ela quase chorou e Bonnie se solidarizou - De todo modo, ouvi dizer que o coreógrafo é bem conhecido e todo mundo sabe que não somos dançarinos nem nada, né?
- Estou contando com isso! - Dan confidenciou, mas logo estava sendo chamado pelo alto falante do estúdio para que pudesse gravar. Ele se despediu rápido do pessoal e, depois de prometer voltar a estudar com Alfie, ele se dirigiu para o lado de fora. Se o seu horário estivesse certo, eles passariam a marcação de espaço do retorno de Voldemort no cemitério.
O garoto foi andando para a parte traseira, onde tinha sido montada a estrutura para o cemitério e percebeu uma ligeira movimentação de uns dois ônibus sendo estacionados. As portas se abriram e um mar de garotos e garotas saiu dos veículos e o falatório ao redor era insano.
Daniel continuou andando, mas forçou a vista para tentar distinguir as pessoas e ver se conhecia alguém. Sua mãe comentara sobre seu primo estar participando de um teste para integrar a equipe de dançarinos de Cálice de Fogo e ele queria ver se encontrava Henry. Era sempre bom ter rostos familiares nos sets. Principalmente se eles fossem diferentes dos seus pais que andavam marcando em cima com suas notas.
Depois de um tempo procurando, ele encontrou a cabeleira quase loira do primo Henry. O garoto era um ano mais velho, mas eles mantinham uma boa relação. Claro que antes, quando frequentavam a mesma escola, se viam mais e brincavam. Mas agora, a vida de Daniel era mais corrida e os encontros nas festas de família não foram o suficiente para manter uma amizade estreita.
No entanto, ter encontrado o primo ali foi o suficiente para Daniel se animar e resolver cumprimentá-lo. Ignorando que talvez estivesse um pouco atrasado para começar a pensar na organização da cena, o garoto caminhou a passos largos até Henry que agora conversava com duas meninas.
Quando Henry se deu conta de quem vinha ao seu encontro, interrompeu a conversa e, assim que Daniel chegou perto o bastante, eles trocaram um abraço rápido e um aperto de mão. Por sorte, as pessoas ao redor estavam tão extasiadas que não perceberam a presença de Daniel Radcliffe por perto. Henry aproveitou para apresentar as garotas que, a essa altura, estavam com o queixo próximo ao chão.
- Meninas, esse é meu primo, mas acredito que vocês já conheçam. - Henry tentou controlar a risada vendo as duas quase entrando em combustão espontânea - Dan, essas são Morgan Donaldson e Flores.
- Se você me apresentar ao Rupert eu prometo que não faço um escândalo por estar te vendo. - Morgan soltou antes que Daniel pudesse lhe cumprimentar e lhe bateu com a mochila enquanto tentava se recuperar da cara de pau da amiga.
- Morgan, você ficou maluca? - disse em voz baixa e quis se esconder no primeiro bueiro que encontrasse - Desculpa, Daniel. Ela está descompensada, mas prometo que vou mantê-la longe do seu caminho. - ela disse, puxando a amiga para longe dos garotos e tentando não fazer contato visual com nenhum deles.
- Sotaque diferente o dela, de onde ela é? - Daniel perguntou, curioso, ao primo que soltou uma risadinha debochada antes de responder.
- Ela é mexicana e cresceu por lá. - Henry deu de ombros - Não perde tempo, hein.
- Eu só perguntei de onde ela era, Henry. Não exagera. - Daniel bufou antes de resolver se despedir do primo para que pudesse correr de volta para o set. Poucos passos foram dados até que Henry lhe chamasse novamente e ele virasse para lhe dar atenção.
- O nome dela é , não esquece! - o loiro gritou e Daniel agradeceu pela pequena multidão de dançarinos já ter dispersado, assim como a tal e sua amiga. O garoto negou com a cabeça e começou a correr para onde deveria ir. Uma boa bronca de Mike Newell e alguns takes depois, Daniel ainda conseguia se lembrar do sotaque de .

[...]

- Ei, Dan. - David Barron, o produtor executivo do filme, veio conversar com o garoto enquanto ele estava sendo maquiado alguns dias depois. Hoje eles gravariam algumas cenas do Torneio Tribruxo no labirinto e o garoto precisava parecer machucado - Como andam as coisas com a senhorita Dawn?
- Dave, você só pergunta sobre os estudos quando vem dar alguma péssima notícia. O que foi? Alguma coisa mudou no roteiro? - o garoto questionou, pegando sua cópia do dia e começando a repassar mentalmente as falas.
- Na verdade, eu tenho uma boa e uma má notícia.
- Diga.
- Não quer escolher qual das duas vai receber primeiro?
- Só tire o curativo, Dave.
- Bem, nas próximas duas semanas o pessoal terá uma carga maior de ensaios com os dançarinos para a cena do Baile, mas você não precisará participar agora. - Barron começou e Daniel soltou a respiração aliviado - Mas, -
- Sempre tem um “mas”. Diga.
- Nós gravaremos a cena em 3 semanas e, com a sua rotina de gravação, treinamento e estudo, você terá um intensivo de apenas 2 dias para aprender tudo. Acha que dá conta?
- Espera, todo mundo vai ter duas semanas para aprender o que eu preciso decorar em dois dias? - Daniel ficou boquiaberto com a situação e Barron resolveu contornar antes que isso criasse um problema.
- Podemos lhe conseguir um dia a mais. Você aprenderá a coreografia com uma bailarina e Shefali vai estar junto para que possam ensaiar também.
- Alguma chance de conseguir mais tempo de ensaio? Eu não sou nem de longe o melhor dos dançarinos.
- Eu posso tentar falar com Wayne e a senhorita Pollard se algum dos bailarinos está disposto a ficar por mais tempo no set, mas não tenho como te garantir nada.
- Já seria de grande ajuda, Dave. Obrigado!
- Tudo bem, garoto. Agora termine aí que precisamos gravar com você e o Pattinson antes do almoço. - ele saiu da sala de maquiagem e deixou Daniel terminando de se arrumar. O garoto só torcia para que conseguisse dar conta de tudo.

[...]

- Cinco, seis, sete, oito. Sobe. - o coreógrafo Wayne McGregor comandava os dançarinos que se apresentavam na frente do elenco, mostrando a eles o que aconteceria durante a cena do Baile de Inverno - Flores e Russel venham até aqui, quero que eles tenham uma visão mais clara. Soltem a valsa do começo.
Henry e se posicionaram no centro do estúdio improvisado para os ensaios e começaram a valsar como tinham aprendido. Um, dois. Trocavam as mãos. Mais alguns passos, trocas de mãos novamente. Quando a música dava um pico, Henry pegava a garota pela cintura e lhe girava no ar por poucos segundos antes que voltasse a pousar graciosamente no chão. O dançarino lhe girava em seu próprio eixo e ela seguia o ritmo segurando a barra da saia longa que lhe tinham dado.
Enquanto dançavam, percorria o olhar por todos os espectadores e, eles pareciam bem animados para se juntar. Não era uma coreografia difícil, no fim das contas. Um último giro perfeito com Henry tomando-a pela cintura finalizou a dança e palmas foram ouvidas por todo lado.
- Foi ótimo, garotos! Agora quero que cada ator se junte a um bailarino para que vocês possam aprender melhor a coreografia. Vamos lá! - Wayne pediu antes de se juntar a Pollard para que pudessem passar entre os jovens e corrigir pequenos erros.
- Se incomoda de me ajudar? - ouviu enquanto estava dando dicas para Emma Watson sobre como se equilibrar em cima dos saltos quando voltasse ao chão. Quando a garota se virou, Daniel Radcliffe estava parado lhe encarando em expectativa.
- Claro, vamos lá. - ela se despediu de Emma e prometeu que voltariam a conversar e seguiu Daniel até um espaço vazio no canto do estúdio - Achei que você não ia ensaiar hoje. - ela comentou, enquanto lhe mostrava como se aquecer.
- Eu não ia, mas consegui um espacinho para começar a aprender a coreografia hoje, meus horários serão meio malucos a partir de agora. - ele deu de ombros, enquanto copiava o alongamento que ela fazia e tentava esticar os braços tanto quanto a garota.
- Deve ser uma loucura ter que se preocupar em aprender a dançar no meio de um filme em que a ação é o mais importante. - ponderou e Daniel riu, concordando - Então, espero que você aprenda direitinho comigo e que não faça feio no filme.
- Bem, o Harry não tem muita coordenação, então, não se culpe se ele acabar pisando nos pés de alguém.
- O Daniel vai se esforçar para aprender a coreografia? - ela quis saber e, pela primeira vez, ele conseguiu olhar bem nos olhos dela. Eram de um castanho mais claro, quase verde, quase mel. Contrastavam lindamente com a pele negra dela. Ele perdeu um pouco o foco. Só assentiu para não fazer papel de idiota - Então, ficarei satisfeita. - ela sorriu e se aproximou, dando fim ao alongamento - A ideia é que você consiga fazer os passos sem precisar olhar para os seus pés, então segue o que eu fizer.
Sem cerimônias, pegou uma das mãos de Daniel e ficou de frente para ele. Ela tentou se manter o mais profissional que conseguiu, mas seria mentira dizer que não estava nervosa por estar tão perto do garoto. Ele era Daniel Radcliffe. Mas, ali eles eram apenas ator e dançarina.
O garoto se manteve concentrado nos movimentos precisos dos pés de , tentando imitar o que ela fazia. Dois para lá, dois para cá.
- Eu preciso que você segure na minha cintura agora. - ela pediu meio envergonhada e Daniel assentiu, abraçando seus quadris e olhando para seu rosto. Eles mal se conheciam, mas estavam tão próximos. começou a se movimentar, Daniel seguiu sua deixa.
- Seu nome é , não é? - ele quis confirmar para tentar deixar o ambiente menos desconfortável.
- Em alguns segundos, você vai precisar me levantar, tudo bem? - ela sorriu e eles continuaram dançando. O barulho das outras pessoas conversando ao redor não era nada. Eles só seguiam a música que saia dos alto-falantes. Daniel só seguia o que dizia - Nos vimos por menos de meio minuto há uns dias e você ainda se lembra?
- Eu não esqueceria de você. - ele disse simplesmente e, quando a garota indicou, Daniel levantou-a pela cintura e desceu graciosamente até que ela firmasse os pés no chão novamente.
- Esse é o tal efeito Potter que ouvi seus amigos comentando? - ela quis saber. Os dois tinham parado de dançar e apenas se olhavam. Daniel negou com a cabeça e sorriu ficando vermelho. Tinha gostado da garota.
- Talvez seja só o efeito Daniel. - ele deu de ombros e sorriu. Antes que ela pudesse responder, Wayne batia palmas para chamar a atenção dos adolescentes ao redor - Você me ajudaria com a coreografia em outros horários? - ele perguntou, impedindo que a garota se afastasse.
- Será um prazer, Daniel. - concordou, mas o garoto negou com a cabeça.
- Você pode me chamar de Dan.
- , então.
Eles só conseguiram sorrir um para o outro, o flerte palpável no ar não passou batido por Rupert e Tom que dançavam ali próximos, muito menos por Morgan que ajudava o ruivo a aprender passos básicos, já que não precisava de coreografia.

[...]

- Você não quer mesmo que eu te espere, ? - Morgan perguntou no quarto dia de ensaio nos estúdios da Warner. ficaria dançando por mais tempo com Daniel e o coreógrafo Wayne.
- Não precisa, meu pai vai passar aqui depois do trabalho para me buscar durante esses dias.
- Aproveita para tentar ficar uns minutinhos sozinha com o garoto.
- Morg, ele quer só aprender a coreografia, o diretor mesmo reforçou o pedido e ficaremos juntos com o senhor Wayne. Não exagera.
- Você acaba comigo sendo tão inocente assim, Flores! - Morgan negou com a cabeça e deixou um beijo na bochecha da amiga antes de sair correndo para alcançar o ônibus que levaria os outros dançarinos embora do estúdio.
- Senhorita Flores? - a garota ouviu às suas costas e encontrou o coreógrafo ao lado de Daniel lhe esperando. Ela aproveitou para prender seus cabelos enquanto caminhava até os dois - Vamos começar. - ele ligou o rádio com a valsa tocando e lhes indicou o centro do pequeno local de ensaios - Cinco, seis, sete, oito.
Daniel e dançaram até quase a exaustão, repetiram as trocas de mãos, mas o garoto sempre ficava nervoso quando precisava levantar a dançarina e colocá-la no chão novamente. Eles ficavam ainda mais próximos nesses momentos e os olhos dela lhe desconcentravam. Se ela percebia, fingia que não.
- Mais uma vez a levantada, Daniel. Lembre-se de ser um impulso para que ela possa subir. - Wayne pediu pela décima vez depois que se desequilibrou um pouco. Ele não era o único afetado ali. Quando o garoto tentou e quase deixou a menina cair de novo, o coreógrafo achou melhor dar por encerrado o ensaio daquele dia - Vamos deixar para depois essa parte, sim. Vamos nos encontrar em dias alternados para que você possa ensaiar melhor, Daniel. Teremos a Chowdhury mais para frente para que você possa ensaiar direto com ela para a cena. Flores, lembre-se de que você vai ensaiar com as meninas para a entrada das alunas de Beauxbatons. - ele informou antes de sair e deixar os garotos para trás.
- Então você vai ser uma aluna francesa? - ele puxou assunto enquanto a garota terminava de juntar suas coisas na mochila.
- Eu esperava ser uma aluna de Hogwarts, mas já é um ótimo começo para minha carreira aparecer em um filme desses. Não pude escolher. - deu de ombros e os dois foram caminhando para o lado de fora dos estúdios. Ela ainda precisava esperar pelo pai.
- De qual casa você seria? - Daniel quis saber, enquanto os dois se sentavam no meio fio.
- Corvinal, com certeza! Não me vejo sendo de outra casa.
- Acho que combina, você parece extremamente centrada. Principalmente quando dança.
- Ah, mas esse tipo de música não tem muito a ver comigo. Eu ainda prefiro ritmos mais latinos, hip hop, essas coisas.
- Eu adoraria te ver dançando um dia desses. - ele soltou e a garota mordeu o lábio para tentar disfarçar um sorriso.
- Será um prazer. - concordou, mas antes que pudesse falar algo a mais, ouviu uma buzina e viu o carro conhecido de seu pai - Eu preciso ir. Combinamos isso depois, sim?
- Como um encontro? - ele tentou.
- Se é o que espera, tudo bem. - ela deu de ombros e saiu correndo até o carro. Nele, Bradley Gordon esperava cheio de curiosidade sobre o dia da filha.


II.

- Deve ser ele, . - Morgan comentou, enquanto espiava pela janela depois de ouvir a campainha ser tocada. estava terminando de lidar com seus cachos para que eles ficassem de forma harmoniosa essa noite. Não era o primeiro encontro da garota, mas certamente era a primeira vez que sairia com Daniel Radcliffe.
- Você parece mais nervosa do que eu, é apenas o Daniel. - ela deu de ombros e terminou de passar o batom claro. Se olhando no espelho, ela correu as mãos em seu vestido alinhando o que já estava perfeito.
- Estou te achando calma demais para quem vai sair com o Harry Potter, garota. Me deixa surtar, por favor? - Morgan se jogou na cama da amiga fazendo a rir, desacreditada - Agora vai que eu estarei te esperando quietinha para saber cada detalhe desse encontro de vocês.
- Vai mesmo ficar aqui a noite toda?
- Se Irina Gordon me mandou ficar, quem sou eu para dizer o contrário? - a menina sorriu, esperta e se levantou, empurrando a amiga para fora do quarto - ? - Morgan chamou de novo - Vê se manda um accio e agarra esse garoto! - soltou antes de fechar a porta do quarto de , deixando a menina chocada do lado de fora.
- Claro, senhora Gordon. Não se preocupe. Vamos ao restaurante de um amigo dos meus pais, sem imprensa ou qualquer coisa do tipo. - Daniel explicava para a Irina sobre o encontro quando viu descendo as escadas. A garota estava linda com um vestido claro e cabelos soltos. Em seus pés, uma sandália sem saltos delicada.
- Olá, Dan. - cumprimentou e os olhos azuis do garoto faiscaram ainda mais em sua direção.
- Você está linda. - ele não conseguiu se conter e a garota sorriu, envergonhada pelo elogio. Depois de algumas recomendações de Irina, os dois garotos saíram para um carro estacionado na frente da casa de . Daniel abriu a porta traseira para ela e logo os dois estavam a caminho do programa preparado por ele - Eu pensei em te trazer flores, mas achei que fosse ser clichê demais.
- Talvez um pouquinho. - ela deu de ombros - Onde iremos?
- Você prometeu dançar para mim. Ou comigo, se preferir.
não entendeu muito, mas não pôde deixar de sorrir quando eles chegaram ao restaurante. Daniel tinha fechado o terraço de um restaurante para eles, apenas uma mesa redonda estava ali.
- Exagerado? - ele questionou, vendo que olhava para os lados meio nervosa.
- É só que temos 15 anos, não imaginei viver um encontro desses até, sei lá, os 30. - ela riu e Daniel lhe acompanhou.
- Se eu te contar que a ideia inicial era ir comer um hambúrguer depois de irmos ao cinema, você acredita? Eu caí na besteira de perguntar para minha mãe o que poderia ser um encontro perfeito.
- Ela não está errada e, eu adoraria a ideia do cinema, assim como gostei dessa aqui.
Eles foram se entrosando à medida que o tempo passava. Daniel estava nervoso, parecia ser a primeira vez que se encontrava com uma garota que não estava preocupada em saber sobre as gravações ou sobre como era viver o Harry Potter. Ele podia ser Daniel Radcliffe, mas também conseguia ser o Dan.
- Por que você usa o sobrenome da sua mãe? - ele perguntou de repente. Os dois já tinham terminado de comer e eles estavam dançando uma música qualquer. Dançando era exagero, talvez mais um dois-para-lá-dois-para-cá.
- Meus pais tiveram muitas idas e vindas desde que eu nasci, eles ficaram muito tempo separados e nós duas vivemos bons anos no México antes deles se acertarem. - deu de ombros, mas não perdeu o tom leve. Já tinha sido questionada antes - Eu já tinha me entendido como Flores antes de começar a usar o Gordon, então, ficou como sobrenome para mim. Eu acabo corrigindo as pessoas quando elas falam o nome do meu pai.
- Parece bem legal o modo como você se relaciona com as suas raízes, mesmo estando aqui.
- Fala sobre o meu sotaque? - ela riu e ele assentiu - Ingleses são muito sérios, até para falar.
- Acha realmente isso, ? - Daniel, que até o momento estava segurando uma das mãos da garota enquanto dançavam, fez questão de girá-la em seu eixo e, ela soltou uma risada alta.
- Tenho plena certeza disso, Daniel. - ela negou com a cabeça e os dois ficaram se olhando em silêncio por algum tempo. Nenhum deles sabia direito o que acontecia, mas a vontade de se manter perto era mútua.

2008

Hampstead, Londres

- Dios mío! Eu não acredito que você vai beijar a Bonnie nesse filme! Finalmente! - dizia sentada na cama de Daniel enquanto o garoto procurava em sua estante por algum DVD que os dois pudessem assistir - É como se o meu sonho virasse realidade.
- Você quer beijar a Bonnie? Eu posso falar com ela por você - ele sugeriu e a garota lhe jogou um travesseiro na cabeça. Ele reclamou por isso.
- Eu quis dizer que estava louca para ver um beijo do Harry e da Ginny, idiota. Já escolheu?
- Que tal um clássico?
- Você vai me fazer assistir a Tempos Modernos de novo, não vai? - ela suspirou, cansada e viu o garoto assentir, enquanto sorria - É nessas horas que eu agradeço por não te ver todos os dias.
estava em Londres por algumas semanas, aproveitando as férias da universidade. A jovem tinha conseguido uma vaga em Juilliard no verão passado e tinha se mudado para Nova York, o que fazia seu contato com Daniel fosse bastante reduzido, principalmente durante as gravações de Harry Potter.
Os dois, depois do encontro maravilhoso que tiveram há alguns anos, tinham se aproximado o suficiente para conhecer muito bem o outro. Em certo ponto, preferiram não atrapalhar a amizade e o companheirismo tão bonito que criaram.
- Você morre de saudades de mim, . Minha caixa de e-mail não me deixa mentir. - Daniel se sentou ao lado da amiga e repousou a cabeça no colo dela que logo começou um carinho nos cabelos negros dele.
- Talvez eu só não aguente mais a Morgan falando no meu ouvido. - ela desdenhou e Daniel lhe encarou com seus olhos azuis espertos - Ok, eu sinto sua falta, mas isso não é crime e começa logo esse filme.
Radcliffe apenas riu, mas fez o que ela pediu. Ele adorava quando lhe fazia essas visitas, principalmente porque podiam ter um tempo a sós. Agora que já não morava mais com os pais, o ator não precisava se preocupar com a falta de privacidade ou com receber pessoas em casa.
Os dois seguiram vendo o filme escolhido, mas como era algo repetido, pararam várias vezes apenas para contar algum causo que lhes vinha à mente. dividiu com ele que tinha conseguido entrar, definitivamente, para a companhia de Wayne McGregor. Depois de ter trabalhado com ele em Cálice de Fogo, o coreógrafo vinha seguindo seus passos como dançarina e ela já tinha conseguido até uma ponta dançando ao lado de Britney Spears em um de seus clipes atuais.
Mas, independente de estarem assistindo ao filme ou só conversando, Daniel e seguiam de mãos dadas. Fosse trocando carícias, fosse brincando um com os dedos do outro. Eles só queriam se manter juntos, aproveitar o tempo que tinham enquanto não se separavam.

Leavesden Film Studios (Warner Bros)
Watford, Inglaterra

- Vamos começar! - David Heyman pediu silêncio no set montado do que seria a Sala Precisa. estava um pouco mais afastada junto a Emma e Rupert que estavam lhe acompanhando enquanto Daniel gravava - Bonnie, quando você estiver pronta. - e a magia começou a acontecer.
Daniel estava parado e encarava a ruiva meio nervoso, como Harry estaria se fosse Ginny ali. No momento era. Bonnie veio lentamente em sua direção, já interpretando, e tirou de suas mãos o livro que ele segurava.
- Muito bem. - Ginny disse - Feche seus olhos assim você não vai ver. - ela foi se afastando para trás devagar. - Feche seus olhos. - sussurrou uma vez mais. Harry fez o que lhe era pedido. Algum tempo depois, a garota voltou e colou seus lábios aos dele, como estava no roteiro. - Isso também fica escondido aqui, se quiser.
- Corta! - Dave pediu e aplaudiu os dois atores - Vamos de novo, garotos. Daniel, tente parecer um pouco mais ansioso, ok? Vamos tentar assim. De novo, sim?
A cena do beijo foi gravada umas dez vezes e de ângulos diferentes até que eles se dessem por satisfeitos. , que não dera uma palavra durante todo o processo, não tinha tirado os olhos de Daniel e isso não tinha passado batido por Emma.
- Você está bem, ? - a garota perguntou, preocupada, enquanto a dançarina acompanhava a gravação do restante do take. Rupert tinha sido chamado para a maquiagem, pois iria gravar em poucos minutos - Normalmente você não cala a boca quando estamos juntas.
- Fico muito feliz por me achar faladeira, Watson. - suspirou e a atriz riu baixinho - Eu só estava prestando atenção e pensando.
- Pensando no quê?
- Talvez em como parece ser fácil atuar, vendo de fora. - ela deu de ombros - Eu sei que são Harry e Ginny ali, mas é difícil não imaginar que, no fundo, são o Dan e a Bonnie se beijando repetidas vezes.
- E isso te incomoda. - Emma afirmou e a garota só olhou para ela.
- Você acha que isso me incomoda?
- Não é para mim que deve perguntar, . Acho que deveria conversar com o Dan. Eu não sei nem porque vocês não engataram um namoro depois daquele encontro há alguns anos.
- Nós viramos amigos depois daquilo, nem beijo aconteceu, Emma. Sei lá, pode ser só coisa da minha cabeça.
- Em algum momento, pensando enquanto via essas cenas, você chegou a se imaginar com o Dan nessa situação?
- Talvez. - passou a mão no rosto de forma cansada - Mas isso não significa nada.
- Por que não?
- Porque eu me imagino com ele em várias situações, mais uma não seria novidade. - ela soltou sem perceber e Emma abriu um sorriso enorme - Ops.
- É, ops. - a atriz riu, enquanto abraçava a outra de lado - Vai querer a minha ajuda?
- Aceito. - suspirou e as duas continuaram a ver a gravação até que os atores fossem liberados. A jovem tinha que pensar em alguma ideia para colocar em prática.

[...]

- Onde está me levando, Emma? - Daniel perguntou para a jovem que dirigia até uma parte de Londres que ele pouco conhecia - Você disse que queria conversar, achei que falaríamos sobre o Tom e não que você ia me sequestrar assim.
- Deus, como você é curioso! - ela bufou, enquanto dobrava à direita e estacionava na frente do que parecia um sobrado - Só entre ali e suba às escadas. Você pode me agradecer depois. - ela instruiu, apontando uma porta verde entre tantas outras.
Daniel saiu do carro meio confuso, mas fez o que a amiga pediu. Ele achou estranha a situação e a tal surpresa preparada, mas não quis dar motivos para chatear Emma. Ela já andava bastante sensível com o sentimento que guardava.
Ele foi até a porta verde que estava destrancada e bastou que ele a empurrasse para que um rangido preenchesse o pseudo silêncio. Uma escada se apresentava, os degraus indicavam que o que ele queria saber estava a uns bons centímetros acima de distância. Assim que Daniel chegou ao topo, empurrou com pressa a porta de vidro que lhe encobria a visão e viu vestida de branco, com uma rosa nas mãos, parada no centro do que parecia um estúdio de dança à sua espera.
- O que é isso? - ele questionou, enquanto se aproximava sem conter um sorriso. Ela estava linda, mas Daniel seguia curioso.
- Eu te vi atuar e, de repente, percebi que foram poucas as vezes em que dançamos juntos. - ela deu de ombros e lhe entregou a rosa - Dança comigo?
- Com toda a certeza. - ele sorriu e estendeu a mão para ela que pegou de bom grado. Uma música que Daniel desconhecia preencheu o ambiente. - Como é o nome desse ritmo?
- Reggaeton, cariño. - ela comentou depois que Daniel lhe girou e tomou sua cintura de forma possessiva.
- Cariño? - ele a encarou, confuso, mas com um sorriso no canto dos lábios. Já conhecia essa palavra em espanhol.
- Talvez eu precise de te dizer uma ou duas palavras além da dança. - ela sorriu e Daniel apenas assentiu. Por alguns momentos, eles se permitiram só curtir a música.
Os dois estavam tão entregues naquele momento que não viam nada mais. Quando ele fez com que pendesse para trás, ainda seguindo o ritmo da canção, ela apenas se deixou levar, serpenteando de volta para os seus braços. Eles estavam bem.
Alguns minutos se passaram, a música já tinha emendado em uma segunda, até que tivesse reunido a coragem que precisava.
- Possivelmente é bem idiota o que eu estou prestes a dizer, mas não acho que consiga segurar por mais alguns anos. - ela soltou quando eles se separaram alguns centímetros e Daniel lhe instigava com seus olhos azuis.
- Eu podia dizer que nada do que você fala é idiota, mas isso arruinaria a base da nossa amizade. - ele deu de ombros e apenas riu.
- Você não pode me odiar, ok?
- Te odiar por ter a coragem que me falta há anos? - ele rebateu e ela ficou confusa - Eu também gosto de você, .
- Você gosta?
- Desde aquele nosso encontro e em todos os outros dias depois dele, mas não quis dizer nada.
- Amizade? - ela sugeriu e ele assentiu.
- Isso e por achar que você tem um caminho tão grande pela frente. Não queria te limitar a ser conhecida pela “namorada de Daniel Radcliffe”.
- Eu seria sua namorada? - ela perguntou, esperta, um sorriso nascendo no canto dos lábios. Ele sorriu de volta.
- Se você quiser ser, eu vou ser o cara mais feliz do mundo.
- Sabe que isso é tudo menos romântico, certo? - eles riram - Eu tinha preparado um discurso e foi tudo por água abaixo por sua causa.
- Faria diferença se fosse romântico? Porque eu posso tentar ser mais delicado ao te pedir em namoro.
- Eu estou com você. - se aproximou - Isso importa mais do qualquer tipo de romance.
Ela colou a boca dos dois em um beijo que tinha sido muito esperado. Bons quase quatro anos de espera. O beijo era urgente, sôfrego, os dedos de Daniel apertavam a cintura dela juntando seus corpos ainda mais. descobriu com as mãos os braços do ator, dedilhando o caminho até sua nuca, onde deixou leves arranhões sobre a pele clara.
Os dois só pararam o beijo quando o ar lhes faltou, mas eles se mantiveram de olhos fechados, seus lábios se roçavam vez ou outra.
- Você quer namorar comigo? - ela soltou depois de um tempo em silêncio. Eles estavam tão próximos que conseguia sentir a respiração de Daniel tão acelerada quanto a sua.
- Você ainda precisa de uma resposta? - ele depositou um selinho demorado em seus lábios, mas a garota assentiu - Seria uma honra namorar você, Flores Gordon.
- Não precisava dizer todo o meu nome, Dan.
- Eu sei, mas eu estou apenas te lembrando dele. - ele deu de ombros, mas a garota não tinha entendido - Quando nos casarmos, ele pode acabar se modificando. - completou e ela abriu um sorriso enorme. Não demorou muito para que voltassem a se beijar e ficassem assim pelo resto da noite. Nos braços um do outro.
2020

West Village, Nova York

- A luz tá boa assim? - perguntou arrumando a ring light que tinha comprado mais cedo quando Daniel recebeu de sua agente a proposta de fazer um vídeo com o BuzzFeed.
- Acho que um pouco mais para a esquerda. - ele sugeriu enquanto se encarava na tela do computador - Aí! Obrigada, babe.
- Eu vou te deixar fazer o vídeo, então. Vou ficar na sala. - ela foi saindo do escritório, mas o ator lhe chamou de volta.
- Por que não fica aqui comigo? - ele se levantou e foi até ela. Daniel abraçou pela cintura e lhe beijou levemente os lábios.
- Tem certeza? Eu não quero te atrapalhar, cariño.
- Você nunca me atrapalha. - o ator lhe guiou até a poltrona que a mulher normalmente usava para suas leituras e voltou para frente do computador - Sem contar que eu acho que você pode gostar desse vídeo.
- Vai finalmente me falar sobre o que é? - ela perguntou, mas ele negou com a cabeça e se posicionou para começar a gravar.
- Oi, eu sou Daniel Radcliffe e estou aqui com o BuzzFeed hoje para ler tweets sedentos. - ele começou mais sério e não controlou uma gargalhada alta. Daniel deixou de olhar para a câmera - Eu disse que você ia acabar se divertindo. - ele piscou para a namorada e olhou novamente para o computador - Cortem essa parte, pessoal. - ele pediu e continuou a falar um pouco mais.
- Eu não acredito que você vai mesmo fazer isso, Dan. Amei. - ela comentou quando ele deu uma parada antes de começar a ler o que a equipe tinha preparado para ele.
- Vamos ao primeiro, então: “Eu acredito em mágica e essa mágica é o tanquinho do Daniel Radcliffe.” - ele leu e começou a rir novamente, mesmo tentando se controlar para não sair na entrevista - Isso é muito gentil. - ele continuou, meio envergonhado - Se vocês conseguirem ouvir alguém rindo disso, é a minha namorada. - Dan olhou rapidamente para ela que lhe mandou um beijo no ar, enquanto ainda ria. - Próximo: “Daniel Radcliffe de barba é o meu fetiche.” - leu e a mulher fez um joinha com as duas mãos. Também era o dela. - Bem, sorte sua! Esse é um prato cheio para você, então.
- Seus fãs são os mais sensatos do mundo, Dan. - disse enquanto se endireitava na poltrona. Estava adorando essa “entrevista” dele.
Ele leu mais alguns, a maioria deles com cantadas clássicas de Harry Potter e já tinha saído para buscar água umas duas vezes para tentar conter o riso.
- “Eu queria que o Daniel Radcliffe me enviasse nudes para eu poder imprimir e colar em um travesseiro.” - ele leu outro - Esse tem um tom de safadeza e inocência. - não conseguiu evitar achar o homem adorável por isso e logo soltou um “eu ia adorar ter um” que ele bem ouviu antes de continuar - Minha namorada acabou de dizer que quer um travesseiro desses, então ela concorda com você, pessoa da internet.
Daniel seguiu lendo os tweets restantes e fazendo brincadeiras com a namorada em vários momentos. Ingleses são tão educados, pensou ao ver Dan agradecer às mensagens e comentar as frases. Ele estava, claramente, se divertindo com aquilo.
- “Daniel Radcliffe podia fazer aquele feitiço para abrir as minhas pernas” - ele leu e olhou rapidamente para ela que, só para brincar, abriu as próprias pernas e olhou para ele de forma sugestiva. Ele engoliu em seco, mas manteve a compostura e voltou para o vídeo como se nada tivesse acontecido - Meu conhecimento no latim improvisado não é bom o suficiente para conseguir criar esse feitiço agora e eu tenho certeza de que isso não aparece nos livros.
Não demorou muito para que ele finalizasse e agradecesse uma vez mais, depois de falar que ligaria para os pais e pediria para não assistirem a essa entrevista. Assim que ele concluiu o vídeo, enviou para sua agente para que ela pudesse ver e lhe dizer se era necessário gravar de novo.
- Gostou? - Dan perguntou enquanto fechava o notebook e desligava a ring light. Ele se levantou e se agachou na frente da poltrona dela. começou a lhe fazer carinho na barba.
- Eu posso subir em você como se fosse uma Firebolt? - ela sugeriu com um sorrisinho de lado e o ator assentiu contente.
- Só se você dançar para mim.
- Tudo tem que terminar em música para você, Dan. - ela negou com a cabeça e o pegou pela mão levando-o até o pequeno estúdio de dança que mantinha no apartamento.
- Graças a ela, em vários níveis, nós estamos juntos. - ele deu de ombros, enquanto via a mulher tirar a blusa e ficar apenas de top e short.
- A música me fez te amar. - ela assentiu e se alongou junto a parede. Daniel andou até ela e juntou seus corpos.
- Na verdade, foi o efeito Potter que fez você me amar. - ele piscou para a mulher que lhe abraçou pelo pescoço.
- Eu não posso concordar mais. - sorriu e beijou Daniel apaixonadamente. O ator começou a dançar de um lado para o outro com ela, sem interromper o beijo ou a conexão que tinham. Não importava quanto tempo passasse, eles sempre dançariam juntos e se amariam.



FIM.




Nota da autora: Hola, generación ♥ Esse é meu primeiro ficstape - espero que esteja com cara de ficstape - e eu não podia deixar de unir duas coisas que amo: RBD e Harry Potter. Eu espero que vocês tenham gostado dessa história tanto quanto eu gostei de escrever! Deixem nos comentários o que vocês acharam, vou adorar saber :) Beijos e nos vemos nas atualizações das minhas outras histórias ♥



Outras Fanfics:
Like a Virgin (Oneshot +18 - Finalizada)
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Blood, love and Death (Crepúsculo - Em andamento)
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I'm not your fan (KARD - Shortfic +18 - Finalizada)
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Pura Magia (Harry Potter - Em andamento)

Fanfics em parceria com a LOLA:
Amor em Dobro (Shawn Mendes - Em andamento)
Nas garras do lobo (Harry Potter - Shortfic - Finalizada)

Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.




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