Finalizada em: 27/12/2020

Capítulo Único

- Eu não faço a mínima ideia de como fazer isso. – Falei assim que Emily fechou a porta e Delilah passou as mãos em meus ombros.
- É tão simples, Mack! – Ela falou. – Todo mundo já falou isso um milhão de vezes. É só falar sobre sua vida, momentos importantes, altos e baixos e, obviamente, sua ligação com a música, como surgiu, como você chegou na banda. – Ela suspirou. – Esse é o ponto importante, certo? Como chegaram à .
- Mas como eu começo?
- Do começo? Da sua infância lá em Wisconsin? Fala os detalhes mais importantes da sua vida. Aposto que eu estarei em vários deles. – Ri fracamente.
- Você, Mike, Melanie... – Suspirei. – Só que tem algumas coisas que o Mike já contou...
- Conte novamente, do seu ponto de vista agora. – Matutei com a cabeça, respirando fundo.
- Nossa, vai ser difícil juntar todos os detalhes, tem muitas coisas que eu não lembro exatamente como começou. É um tanto confuso na minha cabeça.
- Aparentemente poucos mencionaram datas específicas, faça como você se lembra. A ideia aqui é fazer algo genuíno, certo? – Suspirei.
- Talvez, mas antes de você e Melanie, minha vida nunca teve nada de muito interessante.
- Mesmo assim, além de que é a oportunidade perfeita para você mostrar para todo mundo que você não é tão louco quanto eles pensam de você.
- Eu tenho mais pose... – Rimos juntos e ela estalou um beijo em minha bochecha.
- Pense nas coisas que importaram para você, organize em sua mente e comece. – Ela se levantou. – E logo...
- Eu tenho um mês para entregar.
- Eu sei, mas você é louco para enrolar e deixar tudo para última hora, aí fica uma caca que você nunca fica satisfeito. – Suspirei, era incrível como aquela mulher me conhecia.
- Ok, vou ver se consigo pelo menos organizar a ordem aqui.
- Não demore, combinamos de jantar com Melanie no novo apartamento dela. – Ela falou.
- E o novo namorado. – Falei, debochado e ela riu.
- Já conversamos sobre isso, Mack. Não adianta proibir a menina, ela está feliz, bem-sucedida, é o que importa. E você não tem moral nenhuma para falar de sexo quando jovem, porque ela veio de duas pessoas com 14 e 16 anos. – Ponderei com a cabeça.
- Ela já passou a gente, pelo menos.
- Exato! – Ela falou.
- E pelo o que ela nos falou, esse Jacob é um cara bom, faz engenharia, vem de uma família boa, tem três irmãs, estagia em um escritório... Vai dar certo. – Suspirei.
- Ok, ok!
- Além de que a Mel praticamente faz parte da banda e está sempre aqui, também não está nos escondendo nada. – Bufei.
- Está bem! Vou ver se dá para fazer algo e logo vou tomar meu banho.
- Eu estou indo, boa sorte. – Assenti com a cabeça, abrindo o notebook e respirei fundo.
- O que eu vou fazer com você? – Suspirei, encarando as últimas palavras do texto de Emily.

Acho que deveria começar falando que eu nem sou tão louco quanto imaginam, eu não era porra louca e era muito normal, pelo menos na minha cabeça. Claro que eu tinha uma inclinação para problemas, encrencas e explosivos, mas minha família sempre gostou bastante de mim dessa forma e eu sou grato a eles todos os dias por me deixarem ser quem eu sou.
Mas por partes.
“Quero começar falando que a visão que vocês fãs têm de mim é completamente errada. Todo mundo acha que o Mike é o bonitinho quietinho e eu sou o bad boy maloqueiro. Não, não é assim! Eu sou um pouco mais cabeludo, tatuado e animado, mas eu te juro que sou uma boa pessoa. Já fumei maconha uma vez, comecei a fazer tatuagem cedo e, obviamente, me arrependo de algumas, mas é isso! Nunca roubei, nunca matei, nunca...”

- Você realmente vai querer começar assim? – perguntou e eu dei de ombros.
- Por que não? Todo mundo tem uma visão deturpada de mim. – Ela negou com a cabeça.
- Mas são 15 anos de banda, Mack! As pessoas já devem ter se acostumado! – Rimos juntos.
- Posso continuar, por favor? – Revirei os olhos e ela riu.

“Enfim, nunca fiz nada do que vocês pensam que eu fiz, meu estilo só é um pouco diferente do que vocês estão acostumados, vai. Mas, continuando, isso realmente não é uma boa forma para se começar.
Agora, todo mundo acha que a minha vida é mais emocionante por essa aparência que eu tenho, mas não é bem assim, pelo menos eu acho. Eu tive sim alguns altos e baixos na minha vida, o que, se comparado com a vida do meu irmão, apesar da demora, teve sempre um foco só: ele e Lacey. Desde que ele conheceu aquela coisinha de cabelos loiros, ele sabia que seu coração seria dela a vida inteira.
Eu não tive exatamente a mesma certeza. Meu coração foi de Delilah desde o dia em que eu a conheci também, mas eu não sabia disso, então não a tratei da melhor forma, ainda acho que as vezes não trato e estamos casados há alguns anos já. Mas sempre fomos nós dois, todos diziam isso, eu só não acreditei.
E todas as nossas brigas e indecisões nem sempre foram por minha culpa, lá na época da escola foi culpa dela que não queria nos assumir, depois foi pelas nossas diferenças. Imagina água e óleo? Somos nós, atualmente nós só cansamos de discutir...
Mas vamos voltar um pouco vai.
Oi, galera! Eu sou Mackenzie Derrick, baixista da The Fucking Stone e o gêmeo mais legal. Sou filho de Amy e Nathan e nasci em Baraboo, no estado de Wisconsin e minha vida foi a mesma até os meus 18 anos, mas provavelmente Mike já deve ter falado isso. A diferença entre mim e ele é que ele entrou na banda pelos “meios convencionais”, passou por testes e tudo, e eu meio que fui escolhido de última hora, olha que emoção! Mas acho que preciso voltar um pouco antes de Stone e Delilah.
Bom, diferente de Mike, eu sempre tive inclinação para música, acho que é uma das minhas primeiras memórias reais – não aquelas que a gente cria por meio de fotos e filmagens. Acho que eu tinha por volta de seis anos quando botei na cabeça que queria fazer aula de violão. Meu pai tocava violão desde a época da faculdade, as más línguas dizem que foi assim que ele conquistou minha mãe, então de vez em quando ele tocava em casa e eu acabei gostando da brincadeira.
Mas eu era bem hiperativo, digamos assim, então fiquei no violão até os 11 anos, depois entrei na bateria, mas só aos 15 anos que eu realmente caí no baixo. Fui fazendo aulas experimentais, conhecendo novos sons, acompanhando alguns ídolos da música, e cheguei no tão conhecido baixo.
Acho que minha meta de vida era ser sozinho o Blink 182, minha banda favorita na época, eu sabia tocar todos os instrumentos deles, tinhas as músicas de cor e ainda arrastava meu pai em todos os shows que eles faziam aqui na época. Claro que meu futuro acabou sendo um pouco mais brilhante do que one man show, mas vamos continuar um pouco.
Apesar da minha inclinação à música, sonhar em ser um rockstar e tudo mais, depois que Delilah engravidou, sinceramente eu achei que meu futuro na música nunca iria acontecer, mas como sempre, , Mike, Delilah e meus pais me ajudaram muito na realização desse sonho, até Melanie foi parte importante disso.”

“Como Mike disse, na época da escola, dos nossos três até os 10, 11 anos, nós éramos muito parecidos. Senhora Amy fazia questão de nos vestir como boa parte das mães que tem gêmeos: iguais. Isso em tudo, roupas, cortes de cabelo, sapatos, era quase o Tweedledee e Tweedledum ou os Bananas de Pijama e posso te dizer que não era nada parecido com o meu estilo hoje. Não era parecido nem com o estilo do Mike e ele sempre foi mais fofinho e arrumadinho.
Mas aí quando chegamos no Middle School, depois dessa idade que eu citei, mais ou menos, nos separaram em duas salas, e não, não foi porque eu repeti de ano, ok?! Mas porque a psicóloga da escola achou que seria melhor para a criação das nossas personalidades. Vemos que isso deu bastante certo, não é?! Eu acabei me tornando um pouco mais liberal e Mike até criou sua personalidade, mas não saiu muito do que minha mãe nos fazia usar!
Minha vida começou a mudar quando eu conheci Delilah, foi com meus 11 anos. Ela era dois anos mais velha que eu e estava na sétima série, para um garoto que gostava de um desafio, ela era o meu foco de vida. Obviamente que na época ela não dava bola nenhuma para mim, se vocês já passaram pela puberdade, sabem que a gente sempre se acha mais do que realmente é na época da escola, além de sempre achar que estamos abafando.
Enfim, eu a conheci em um dos vários castigos que eu fiquei na escola, tinha algo a ver com soltar bombinhas no banheiro feminino, mas quem sabe dizer se era verdade, não é mesmo? E o castigo da vez era ajudar o pessoal do teatro a pintar cenários para o espetáculo da primavera ou do outono, vai saber.
- Mackenzie! – O professor de teatro falou. – Suba aqui. – Deixei minha mochila em uma das poltronas do teatro e subi no palco onde vários alunos de diversas idades estavam pintando, ensaiando ou organizando.
- Professor. – Falei, ele também era o professor de ciências.
- Cumprindo castigo, certo?
- Como sabe? – Perguntei.
- Eu estou falando com você, Mackenzie, não com Michael. – Ponderei com a cabeça.
- Então você sabe que eu não tenho como mentir. – Dei de ombros e ele revirou os olhos.
- Tem experiência com pincel? – Ele perguntou e eu ponderei com a cabeça.
- Um pouco.
- Não faça besteira. – Ele me esticou o pincel. – Cor azul: lua e mar. – Ele apontou para um canto e notei uma grande lua feita de papelão e uma parte vazia no fundo, onde faltava um mar.
- Sim, senhor. – Segui para o local que ele mandou.
- Você pode pegar um avental ali! – O garoto que pintava o sol me falou e eu olhei para alguns aventais sujos e peguei um, colocando por cima da minha roupa.
- Valeu! – Falei e ele assentiu com a cabeça.
- Detenção? – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Bombinha no banheiro feminino e você?
- Discussão com o professor em sala. – Ele deu de ombros. – Sou Gary.
- Mack! – Falei e fizemos um toque de pulsos rapidamente.
Peguei a lata de tinta azul clara e me aproximei da lua, começando por ela. Eu não tinha experiência com pincel, pintura ou algo do tipo, mas acho que toda criança sabia pintar um pedaço de papelão por inteiro, certo? Errado! Pelo menos segundo Delilah. Vocês sabem que ela é artista plástica, ela comanda uma galeria de arte aqui em Los Angeles atualmente com uma colega, depois de desistir de sobreviver vendendo suas artes.
Desculpe, amor, mas são estranhas.
Mas desde aquela época, antes de mim, Melanie ou de uma faculdade, ela já tinha inclinação para arte e a maior felicidade dela naquela época, era ajudar no clube de teatro, ser presidente do clube de artes e outros casos em que ela podia liberar sua criatividade em excesso. Vamos dizer que quando eu a conheci, eu não estava pronto para isso.
- O que você está fazendo? – Ouvi uma voz estridente atrás de mim e me assustei, virando de costas e encontrando-a atrás de mim.
Delilah não mudou nada desde aqueles anos até hoje. Tirando alguns cabelos brancos, mas quem não, certo? Ela sempre foi alta, a pele estilo Beyoncé, cabelos e olhos pretos, um colírio para qualquer um que a visse, além dela destoar bastante das outras alunas, então ela sempre chamava atenção, mesmo dentro daquele uniforme ridículo da escola.
- Pintando?! – Falei em tom de pergunta, um tanto confuso se eu estava fazendo alguma coisa de errada.
- Cadê as sombras? Cadê as crateras da lua? Cadê as demarcações que eu fiz? – Ela me afastou, encarando o papelão e eu olhei para Gary confuso, ele só abanou a mão do tipo “normal”. – Você estragou tudo.
- Desculpa? – Perguntei confuso.
- Está horrível, vai ter que começar tudo de novo.
- Senhorita Bravia, se acalme, é uma peça de escola, não uma exposição no Louvre. – O professor falou e Delilah se avermelhou na hora, me fazendo arregalar os olhos.
- Se o senhor quer que a peça seja medíocre, fala isso para os alunos que esperam olheiros da Julliard aqui. – O professor revirou os olhos e se afastou.
- Deixe o garoto trabalhar e faça a sua parte.
- Argh! – Ela reclamou e se afastou batendo os pés.
- Quem é a gata? – Perguntei para Gary.
- Delilah, sétimo ano, ela acha que toda parte de pintura e arte pertence à ela e, se não fizer do jeito dela, está errado.
- Caramba! – Falei.
- Acredite, eu já levei uma dessa, mas ignore-a, é o que eu faço. – Ele falou, voltando a focar em sua pintura e eu mergulhei o pincel na lata novamente e fui em sua direção.
- Com licença. – Toquei o ombro da garota.
- O que você quer, garoto? – Ela falou, brava, se virando para mim.
- Desculpe pela pintura, mas eu sou novo por aqui.
- Deu para notar. – Ela falou, debochada.
- Como eu posso te compensar? – Falei, galanteador, eu me achava naquela época.
- Começando de novo? – Ela falou como se fosse óbvio e eu ponderei com a cabeça.
- Pensei em te levar para tomar um sorvete mais tarde, que tal? – Perguntei e ela soltou uma gargalhada sarcástica.
- Vai sonhando, pirralho! – Ela falou e saiu andando, me fazendo rir sozinho.
Desde aquele dia eu soube que Delilah Bravia seria um obstáculo a vencer. Parece que quanto mais somos rejeitados, mais elas nos querem! Por mais que eu diga que não, que era só meu jeito de ser, depois de saber como Delilah, Mike jurava de pé junto que eu aprontava na escola só para ser mandado para a detenção para poder ficar perto dela.
Acredite, tinha que ser muito inteligente para pensar nisso, mas eu não estava nesse nível ainda. Então, aprontar na escola, jogar bombinha, tirar muitas notas baixas, brigar com jogadores ridículos do time de basquete, cumprir detenção, ser chamado na sala da diretora com e sem meus pais, ser expulso algumas vezes, não era planejado para chamar atenção de Delilah, mas acabava que funcionava.
O teatro da escola sempre precisava de uma ajuda extra espetáculo de verão, espetáculo de inverno, parecia que o ano tinha mais estações do que eu sabia, pois cada vez que eu ia para a detenção era algo diferente que eles estavam montando.
Eu usava essas oportunidades para tentar chamar sua atenção. Ela sempre estava lá, se tinha cenários envolvidos, coisas para montar e pintar, ela sempre estava lá. Mas como sempre, ela nunca dava bola para mim e fazia questão de me chamar de “criança, pirralho, pivete” e afins.”

“Mas lá pela sexta série as coisas realmente tiveram um impacto até que bacana na minha vida. Pequeno, mas bacana. No final da sexta série, eu tinha muita detenção para cumprir, então acabei vivendo lá com a turma do teatro para cumprir isso da melhor forma possível, acabava vendo um pouco Delilah, ela implicava comigo e eu ia embora feliz, mas isso eventualmente acabou me enchendo o saco. Eu gostava dela, tentava me aproximar e era escorraçado igual um cachorro. Confesso que inicialmente meu objetivo era ficar com ela, sabe aquela besteira do cara que é rejeitado? Enfim, eu era assim.
Mas um dia aquele esquema de detenção do teatro veio a calhar. Todo fim de bimestre tinha uma peça e no fim do ano teria a peça de verão, então, lá estava eu a caminho da detenção para pintar cenários e sei lá mais o quê. Só que diferente de outros dias, algumas pessoas do teatro estavam realmente interessadas em tirar notas boas e passar de ano. Eu já tinha reprovado em 50 por cento das matérias, então não faria tanta diferença, além de que sair de casa me fazia relaxar do caso Mike e Lacey.
Só que nesse dia em especial, eu estava virado para lua, tinha brigado com minha mãe, meu pai, Mike, tinha ido mal em duas provas, então tudo estava conspirando contra. Além que Delilah finalmente se rendeu a meus encantos.
- Mackenzie, o senhor veio! – O professor falou quando entrei no teatro.
- Sim?! – Falei estranhando e joguei a mochila na poltrona mais próxima.
- Sabe organizar os cenários lá atrás?
- Sim, só nomear conforme as demarcações, certo? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça, me entregando um papel.
- Exato! Eu vou tomar um café e logo volto. – Bufei, sozinho, vendo que até o professor não tinha pique para ficar aqui e subi no palco, querendo acabar logo com isso.
Quem sabe com menos gente trabalhando, eu finalizaria tudo logo e podia voltar para casa? Observei os cenários finalizados e fui para a direção da corda. Inicialmente não tinha ninguém, ali, até que uma voz estridente fez com que eu me arrependesse em levantar naquele dia. Claro que isso antes de ela me beijar.
- Não toque nisso! – Ela gritou e virei para trás, só para checar se era ela que realmente estava enchendo.
- Ah, você! – Falei, revirando os olhos e voltei a analisar as cordas bagunçadas.
- Eu estou falando, Derrick, não mexa nisso! – Ela abaixou minha mão.
- O que você quer, garota? – Falei, bravo. – Me deixa fazer meu trabalho em paz, você não é a dona do teatro, só está aqui porque é o único grupo que realmente precisa dos seus trabalhos. – Bufei. – Você acha o quê? Isso não é a Broadway. E um toque: a lua não tem feições, elas têm várias crateras. – Revirei os olhos.
- Ninguém nunca falou assim comigo. – Ela falou em um tom de voz mais baixo e virei para ela.
- Talvez porque você nunca tenha dado a oportunidade para ninguém. – Dei de ombros. – Só quer saber de mandar e só suas ideias são boas, mas deixa eu te dar um papo, elas podem ser boas, mas você é um pé no saco. – Revirei os olhos. – Me deixa trabalhar, vai, depois você volta e altera da forma que achar melhor. – Virei meu corpo e ela me puxou pelo ombros.
No segundo seguinte, eu estava beijando Delilah Bravia. Não era um dos beijos que compartilhamos hoje, era um beijo de crianças, qual é, tínhamos 12 e 14 anos, o que sabíamos? Posso te garantir que eu não sabia nada, mas estava achando demais. Mesmo não sendo aquele beijaço, eu desci minhas mãos para sua cintura e ela apoiou as suas em meus ombros, somente por segundos, que para mim duraram uma eternidade.
- Se você contar isso para alguém, eu te arrebento. – Ela falou isso com seu tom habitual de raiva e saiu andando.
- Ok. – Falei baixo, mas sentindo meu rosto esticado de orelha à orelha.
Bem, se você acha que depois desse dia viramos o novo casal 20 da escola, você está completamente enganado. Ela já me ignorava e esnobava antes do beijo, depois ficou pior ainda. Ela fazia questão de me chamar de pirralho e criança quando estava perto dos amiguinhos mais velhos dela, mas chegou uma hora que eu nem me importava mais, se ela queria me irritar, eu a irritaria da mesma forma.
Eram coisas tontas, chamava sua atenção enquanto estava com outras garotas, fazia questão de paquerar ela na frente dos outros, além de outras coisas. Nada fora do que eu já fazia antes, agora a diferença é que ela se mordia de ciúmes e eu me divertia com isso. Mas, apesar de tudo, nossa relação não passava de alguns beijos trocados às escondidas e muita provocação enquanto isso não acontecia.
Oficialmente, não gostávamos um do outro, pelo menos era isso que insistíamos em dizer para qualquer um que comentasse sobre na escola, mas oficialmente, eu estava me apaixonando por ela cada dia mais, eu só não sabia disso.”

“Enfim, durante esse tempo de enrolação com Delilah, que posso já adiantar que demorou três anos, eu acabei ajudando Mike com o seu pequeno problema de vida: Lacey. Nessa época, ela e Mike estavam um tanto quanto afastados como amigos. Ele sabia que sentia algo por ela, tentava mostrar em forma de ciúmes, mas ela não pegava a deixa, ou pegava e simplesmente ignorava, mas antes de eu me envolver nessa merda toda, eu acabei descobrindo outro talento meu que eu uso para trabalhar: o canto.
Como sabe, The Fucking Stone é uma banda que todos sabem cantar, com nossas vozes sendo usadas de forma natural, mas muito bem pensada. Lá com nossos 12, 13 anos, era só a nova brincadeira que Mike tinha encontrado.
Eu comecei na música desde cedo, mas demorei para me encontrar, agora Mike assim que entrou, já se encontrou e começou a descobrir até onde ele iria. E uma dessas coisas foi seu dom de cantar. Então, para mim, isso só significava uma coisa: que eu também sabia cantar!
Era óbvio, não?! Somos gêmeos, nascemos de uma mesma placenta, nos aguentamos juntos por seis meses, se ele tinha esse dom, eu também tinha. E foi a coisa mais engraçada quando eu descobri isso, parecia o Joey quando descobriu a existência de um gêmeo de mão em Friends. Mas, ao contrário dele, eu não fiquei esbanjando meu talento na escola para qualquer mortal, eu usava só nas aulas de baixo e olhe lá.
Enfim, mas uma ideia que eu e Mike sempre falávamos era sobre a ideia de formarmos uma banda juntos, tipo os Hanson, sabe? Seria legal, mas ele estava com problemas maiores naquela época e Lacey voltava à sua cabeça toda a hora.
Nos dias de educação física na parte da tarde, Mike arrastava seu violão para escola e ficava cantando e tocando para as menininhas que ficavam loucas por ele. Acredite, entendo a beleza do meu irmão e tudo mais, mas naquela época ele só era um tonto.
- Meu irmão virou galanteador, rá! Essa é boa! – O zoei encostado na parede e Mike revirou os olhos para mim.
- Toca mais uma para gente, Mike! – Uma das meninas falou e eu segurei a risada.
- Melhor amiga passando! – Lacey falou movimentando as mãos e eu até me afastei um pouco, ignorando o fato de que Lacey tinha se tornado uma verdadeira chata. Eventualmente eu acabei descobrindo que tudo isso era ciúmes por Mike também, ela também, igual eu, só não via dessa forma.
- “Melhor amiga”? Você não fala comigo faz três semanas. – Fiquei ouvindo a conversa dos outros atrás da murada.
- É porque eu não gosto de te ver com essas garotas e elas estão parecendo urubus em cima de você! – Segurei a risada, realmente achando verdade.
- Engraçado! Quando eu falei que não gostava do Adam em cima de você, eu fui totalmente ignorado. – Dei alguns passos para longe quando percebi que Mike se levantou.
- Me desculpe, agora eu percebo que ele é um idiota. – Ela fez uma cara de cachorro sem dono e me perguntei se Mike seria idiota a esse ponto.
- Eu disse isso, você não confiou em mim. Achei que amigos eram para essas coisas.
- Me desculpe, Mike. Podemos ser amigos de novo? – Joguei a cabeça para o lado para ver melhor a cena.
- Eu gosto de você, Lacey. E não como amigos. – Arregalei os olhos com essa declaração de Mike e quis pular em suas costas...
- Eu não gosto de você desse jeito, Mike. – Oh, pena que não foi da mesma forma.
- Então, é melhor que a gente se afaste. – E ele se manteve forte. – A gente se vê por aí. – Ponto! Parece que eu estou narrando um jogo de futebol, mas enfim.
- Mike! – Ela gritou e apareci atrás da murada, me aproximando mais de meu irmão. – Por favor... – Ele precisaria de mim naquele momento.
- Eu gosto de você desde nosso primeiro dia de aula, eu não consigo mais! – Ele veio em minha direção e notei que ela se afastou cabisbaixa, direto para o banheiro feminino.
- Pesado, cara! – Falei, abraçando-o pelos ombros.
- Eu não consigo mais, Mack! – Ele falou, choroso. – Eu a amo demais, mas não consigo mais ficar perto dela só como amigo.
- Ah, meu irmão! Preciso te ensinar como ser esnobado. – Brinquei e ele riu.
- Você e a Delilah ficam de bem semana sim, semana não! – Ele constatou e eu assenti com a cabeça.
- Ah, eu e a Delilah somos outra história! Eu gosto dela, mas eu não gosto dela, sabe? Enfim! – Rimos juntos. – Na pior das hipóteses, podemos montar uma dupla, você tá cantando bem, irmãozinho!
- Ah, claro! – Ele foi irônico.
- Estou falando sério! Você canta bem.
- Não estou falando disso, você acha que daria certo nós trabalhando juntos? Eu e você? Como uma dupla? – Ponderei com a cabeça.
- Bom, não, mas quem sabe? Se isso desse dinheiro, poderia valer à pena. – Rimos juntos.
- Idiota! – Ele me deu um soco e eu revirei os olhos.
- Agora vamos! Depois vamos na sorveteria para você afogar as lágrimas. – Falei, vendo que o professor chegou à quadra.
Daí em diante, Mike ficou uns bons três anos afastado de Lacey e acompanhamos seu crescimento e amadurecimento, nada que me interesse, confesso, foi até bom ver meu irmão parar de ser trouxa eventualmente, mas seu coração era de Lacey da mesma forma que o meu era de Delilah, eu só não enxergava isso.
Bom, apesar do meu irmão ter esnobado minha ideia genial de formarmos uma banda, quando entramos no ensino médio, acabamos entrando na banda da escola. Claro que não era Blink 182, estava mais para coral de Natal da rua 34 misturada com fanfarra, mas era legal, eu podia treinar meu baixo em outro lugar que não fosse no conservatório e conheci pessoas novas. O que era bom, deixava Delilah se mordendo de ciúmes.
Nessa mesma época eu comecei a deixar meu cabelo crescer, o que era algo parecido com aquele lambido que vocês conhecem do começo da banda e coloquei dois piercings, que eu fiz questão de tirar antes de entrar na banda, eu virei um pai de família, qual é. Um era um piercing transversal na orelha e outro era uma argola no lábio inferior.
Mas voltando ao assunto da banda da escola. Eu confesso que me empolgava bastante, parte porque eu realmente gostava da coisa, o baixo é um instrumento sutil, a pessoa tem que ser muito boa para sentir a falta de um baixo – valeu, – mas não são todos que ouvem, então eu realmente me empolgava nas aulas, empolgava tanto a ponto de ouvir sempre professor me dizer:
- Isso não é um show de rock, Mackenzie. – Revirei os olhos.
- Por que não pode ser os dois? – Falei pela milionésima vez e fiquei sem resposta pela milionésima vez.
Enfim, dali para o próximo ano as coisas não tiveram nenhuma mudança. Com a chegada dos meus 15 anos, eu comecei a tentar conquistar Delilah para que a gente saísse das sombras, mas ela estava muito convicta de que isso nunca aconteceria e quando ela saísse da escola no próximo ano, nós nunca mais nos veríamos. Confesso que também pensei nisso, mas a vida já tinha todos os planos arquitetados e eu nem esperava que isso fosse acontecer.”

“Em um dos jogos da escola, no fatídico jogo em que a escola inteira viu a bunda de Lacey e que ela e Mike finalmente ficaram juntos, eu e Delilah também nos encontramos, só que de uma forma bem diferente!
Quando Lacey saiu correndo para fora e eu percebi que meu irmão largou seu violão e foi atrás. Eu logo prestei para juntar suas coisas e deixar separado para depois do jogo. Não tínhamos um violão para fazer o final com a banda, mas também depois daquele show, a banda não teria mais utilidade, já que as líderes de torcida se retiraram também. Não entendi, nunca achei que elas se preocupassem, no futuro acabei descobrindo que elas não sabiam fazer a rotina com uma a menos, mas enfim, péssimas de improviso.
Assim que o evento acabou, eu peguei minhas coisas e a de Mike e fui me preparar para ir embora e esperar a fila gigantesca dos orelhões diminuir para que eu pudesse ligar para um dos meus pais virem me buscar, não daria para voltar com dois cases e uma mochila de bicicleta, era pedir para morrer atropelado, mas Delilah salvou minha vida nessa.
- Ei, você quer uma carona? – Ela me perguntou e eu franzi a testa.
- Você está me oferecendo carona? O que vão dizer se me verem contigo? – Perguntei e ela riu debochadamente.
- Eu vou continuar fingindo que não te conheço. – Dei de ombros e fiquei feliz por pelo menos ter uma carona para voltar para casa.
Delilah já dirigia e seu pai lhe emprestava a camionete para alguns momentos, esse era um desses momentos. Coloquei tudo lá trás e entrei em seu carro no banco da frente. Seguimos o caminho inteiro em silêncio, até perceber que ela não estava indo para o lado certo.
- Minha casa é para lá. – Disse e ela riu fracamente.
- Não estou te levando para casa. – Ela falou e eu franzi a testa, vendo-a piscar o olho. Ela parou o carro perto da sua casa, quase fora da cidade, se virando para mim.
- O quê? – Perguntei na inocência.
- Seu irmão finalmente se resolveu com a Lacey, hein?! – Ela perguntou e eu ri fracamente.
- Espero que sim. E você me trouxe até aqui para isso?
- Você sabe que não, é um dos poucos lugares e momentos que a gente pode ficar juntos.
- A gente precisava parar de enrolar. – Falei. – Igual meu irmão. Se até ele conseguiu se resolver, a gente também consegue.
- Você sabe que isso nunca vai dar certo, Mack. – Ela se virou para mim. – Somos igual água e óleo. Eu vou fazer faculdade em Nova York e você vai tocar em uma banda. – Ela deu de ombros. – Isso nunca daria certo.
- Talvez, mas eu não teria tanta certeza disso. – Falei, acariciando seu rosto e ela suspirou.
- Antes de decidir isso, podemos aproveitar o hoje? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça, beijando-a em seguida.
Não sei qual vai ser a faixa etária desse livro, mas vamos parar por aí! Depois disso, acho que todos já imaginam o que aconteceu. Mack aqui finalmente perdeu sua virgindade e, infelizmente, o negócio foi bom demais a ponto de Delilah engravidar. Era minha primeira vez usando uma camisinha e aparentemente dela também, devo ter furado sem querer quando fui abrir a porcaria dessa embalagem.
Enfim, são coisas que acontecem, não são para acontecer com um garoto de 15 anos, mas acontecem. Depois desse dia, as coisas ficaram muito mais estranhas para nós, ela estava distante, se afastou de mim e até faltou alguns dias na escola. Inicialmente pensei que o negócio tinha sido uma bosta e que a menina tinha ficado traumatizada pelo resto da vida, mas depois acabei sabendo que foram os primeiros sinais da gravidez aparecendo, a confusão com a novidade na sua vida, entre outras coisas.
Nesse meio tempo, entre nossa primeira vez e ela me contar, meu pai permitiu que eu fizesse minha primeira tatuagem. Foi um gavião em meu ombro. Na época tinha um significado bem bacana, mas agora depois de sei lá quantas, eu já nem lembro mais. Fazer tatuagem para mim é quase uma forma de lembrar de algum momento importante da minha vida, então tenho de diversas temáticas, dos mais diversos tamanhos, em diversas partes do corpo. Tanto que tenho uma foto do banda inteira tatuada em minhas costas e o rosto da tatuado na minha coxa esquerda.
E esse gavião, por bem ou por mal, acabou me ligando à minha filha! Então, se você encontrar esse gavião, saiba que representa Melanie até hoje.”

“Adiantando coisa de dois meses, Delilah finalmente me contou que teríamos um filho. E como todo cara jovem que descobre que vai ser pai, eu fui um babaca. Assumo, mas vamos aos fatos.
Depois que transamos, ela apareceu normal na escola por cerca de um mês, seis semanas, depois, de repente, ela sumiu. Ninguém sabia dela. Eu perguntava para seus amigos, e eles não sabiam de nada – isso sem antes me ignorarem algumas vezes -, uma vez fui na casa dela e os pais dela disseram que ela não estava lá. Achei tudo muito estranho e na época não tínhamos celulares para ficar mandando mensagem ou stalkear nas redes sociais.
Enfim, com isso entramos em férias, já tinha passado quase dois meses e nada dela aparecer. Eu havia desistido disso tudo, honestamente, afinal, ela que sempre dizia que aquilo não era para sempre, então comecei a valorizar o que ela disse e pensava no meu futuro como todo garoto normal de 15 anos.
Até que um dia, quando eu saí da minha aula de baixo do conservatório, ela estava lá. Eu tomei um susto gigantesco, fazia muito tempo que eu não a via, e nem assim eu havia me esquecido como ela era bonita. Mas ela estava estranha, Delilah tem o tom de pele bem acobreado e nesse dia, ela estava quase pálida, um pouco mais magra do que eu a conhecia e grossas olheiras embaixo dos olhos.
- Meu Deus, Delilah! Você apareceu! – Abracei-a fortemente quando corri para o outro lado da rua. – Me desculpe, sei que você não gosta de demonstrações em público. – Falei, me afastando rapidamente.
- Não, eu preciso disso! – Ela me apertou novamente em seus braços e eu não entendi nada, só deixei que ela me abraçasse e a apertei o máximo que consegui. Ao virar o rosto para o lado, percebi sua mãe há alguns passos para gente, me olhando com uma feição calma.
- O que aconteceu? Você sumiu, Delilah! Eu estava preocupado. Sei que não temos nada fixo, mas pelo amor de Deus. – Acariciei seus cabelos, percebendo que ela estava chorando. – O que aconteceu, Lilah? – Perguntei, segurando seu rosto entre minhas mãos.
- Eu preciso te contar uma coisa. – Ela respirou fundo.
- O quê? – Perguntei, olhando fixo em seus olhos negros. – Você é linda, mas você não me parece muito bem.
- Eu não estou! – Ela respirou fundo. Te juro que nesse dia achei que ela me contaria que estava doente. – Você é meio louquinho, mas você é uma boa pessoa, não é, Mack?
- Sim! – Falei fracamente. – Eu não vou bem na escola e nem sou o mais inteligente, mas...
- Não, eu digo aqui. – Ela colocou a mão em meu peito.
- Você está me assustando, Lilah. O que aconteceu? – Respirei fundo e vi que ela fez o mesmo, soltando a respiração devagar. – Você pode confiar em mim, apesar de tudo.
- Eu estou grávida, Mack. – Eu travei no minuto em que ela falou, parecia que minha visão tinha ficado turva, só meus ouvidos trabalhavam e não muito bem, já que tinha um zunido estranho vindo deles. – E posso te garantir que é seu, porque você foi meu único.
Eu não sei quanto tempo eu travei, mas eu simplesmente travei. Eu não falei nada, eu não surtei, eu não me joguei na frente de um carro, eu só travei como uma estátua. Acho que foi bastante tempo, pois Lilah cansou de esperar. E eu não a julgo, o que fazer quando o pai do seu filho trava? Soube futuramente que ela achou que eu não gostaria de ter nada com isso, mas não. Eu simplesmente travei.
- Bom, agora você sabe, se você quiser ter alguma relação com essa criança, me procure. – Foram suas últimas palavras e depois ela saiu.
Eu ainda me lembro de ter ficado travado por um tempo, meus ombros ficaram doendo por dias depois daquilo, eu travei, eu simplesmente tencionei meu corpo e isso acabou ficando pior do que a notícia, mas não vem ao caso.
Quando a ficha caiu, eu peguei minha bicicleta e saí correndo para casa, eu precisava contar para Mike, eu precisava contar para alguém, liberar essa angústia que eu estava sentindo. Claro que para minha sorte, a maior chuva de Baraboo caiu poucos minutos antes de eu chegar em casa, aí que tudo foi para baixo, eu derrapei umas três vezes e caí da bicicleta, o case do baixo já estava todo enlameado e não queria nem imaginar como ele estava ali dentro.
Larguei a bicicleta e o case no quintal e entrei em casa correndo, batendo a porta da entrada e segui em direção ao quarto que eu dividia com Mike, batendo a porta fortemente assim que entrei, encontrando-o dedilhando algumas coisas em seu violão.
- Mike! – Gritei, batendo a porta com força.
- Meu Deus, Mack! O que aconteceu? Parece que alguém morreu! – Ele deixou o violão do lado e se levantou, me jogando uma toalha.
- Não, mas se demorar mais um pouco quem vai morrer sou eu! – Falei, tentando puxar o ar fortemente.
- Você está me assustando! – Ele cruzou os braços e me encarou.
- Aconteceu um negócio e eu não sei o que fazer, não sei como contar para a mãe, eu estou ferrado! – Ele franziu a testa. Acho que pensou que eu estava tendo um ataque ou algo assim.
- Não me diga que você matou alguém ou roubou alguma coisa. – Revirei os olhos. – Você não pode usar essa rebeldia sem causa para fazer o que quiser! – O ouvi gritar e abanei as mãos.
- Não grita! – O segurei pelo braço. – E acredite se quiser, eu estaria bem melhor se uma dessas suposições tivessem acontecido.
- Primeiro: só tem a gente em casa, segundo: você está me assustando! – Ele assumiu e eu respirei fundo.
- Não quer se sentar? Eu acho melhor. – Perguntei.
- Não, eu não vou me sentar. E acho melhor você desembuchar logo, se não eu vou contar sim para mãe. – Bufei.
- Acredite, não dá para esconder.
- Fala logo, criatura! – Respirei fundo, soltando o ar algumas vezes.
- Não me mate, ok?!
- Vou te matar se você não falar logo! – Ele foi firme.
- Então, é que... – Olhei para o céu, procurando palavras para contar, mas só tinha um jeito. – Me ajuda, ok? – Falei para Deus, respirando fundo. – A Delilah está grávida, Mike! – Ele arregalou os olhos. – E o filho é meu!
Para ajudar meu desespero, no segundo seguinte meu irmão desmaiou na minha frente, batendo a cabeça com tudo no chão. Ótimo, eu tinha engravidado uma garota e agora era responsável pelo AVC do meu irmão.
Mas entendo seu surto, eu seria pai aos 15 anos, isso era loucura.
Eu não sabia o que fazer com Mike, chequei se ele não estava sangrando, se ele ainda tinha pulso e o coloquei na cama, esperando que ele acordasse logo, mas isso demorou um pouco, quase duas horas, pois foi quando meus pais chegaram. Fiquei feliz por Lacey não ter aparecido, pelo menos por agora, acho que a situação só pioraria. Assim que meu irmão abriu os olhos, fiquei mais relaxado.
- Ah, graças a Deus! – Suspirei. - Eu pensei que você tinha morrido! – Ele franziu a testa e olhou em volta.
- E você me deixaria morrer no quarto? Ah, minha cabeça! – Ele levou a mão ao local.
- É, você bateu com a cabeça feio no chão.
- E eu repito: e você não me levou para o hospital? – Ele se sentou devagar e eu o encarei. Eu realmente deveria tê-lo levado ao hospital, mas como, de bicicleta?
- Que porra tá acontecendo?
- Você desmaiou quando eu te contei...
- Ah, meu Deus! Então é verdade, você realmente engravidou...
- Xí! – Falei e a porta se abriu, me fazendo pular de susto.
- Ah, Mike, finalmente o Mack conseguiu te acordar, é?! – Minha mãe falou. – Jantar está na mesa, venham comer! – Ela disse e puxou a porta novamente.
- Você não contou para ela? – Ele falou em um sussurro forte, dando vários tapas em meu braço, corpo, rosto, me fazendo desviar de suas mãos. – E você ainda me colocou na cama e falou que eu estava dormindo? Você é mesmo um idiota, Mackenzie! – Respirei fundo.
- Dá para você me xingar e me bater depois? Você ouviu o que eu falei? Delilah vai ter um filho meu, Mike! Eu vou ser pai e eu só tenho 15 anos.
- Transou com ela porque quis. – Ele falou firme. – Quando se transa essas coisas podem acontecer! – Falávamos baixo.
- A gente usou proteção! – Respirei fundo, vendo-o fechar os olhos fortemente.
- A camisinha não é 100 por cento perfeita, seu idiota! Você é muito novo para ser pai! – Respirei fundo.
- E você acha que eu não sei?
- E o que você fez quando ela te contou?
- Eu travei, igual você, a diferença é que eu não caí igual um...
- Mackenzie! – Ele me repreendeu.
- Eu travei e ela foi embora, disse para eu falar com ela se tivesse algum interesse em ajudar com essa criança!
- Ah, mas você é um idiota! – Recebi mais alguns tapas. – Ela também está assustada, seu idiota, pior que ela não vai poder esconder isso, porque vai estar escondido embaixo da blusa dela! – Senti um forte tapa em meu rosto, arregalando os olhos.
- Você não está ajudando! – Falei.
- Eu não ligo, Mack! Queira ou não queira, você não vai deixar a Delilah sozinha nessa! – Ele falou firme. – Vocês brigam mais que gato e sapato e agora vão encarar essa juntos, o filho também é teu! – Suspirei. – Você vai contar para nossos pais isso, ouvir todos os xingamentos possíveis na boa, aceitar os castigos e encontrar Delilah o mais rápido possível para dizer que ela não está sozinha nessa, me entendeu? – Assenti com a cabeça. – Depois você vai sair pela cidade e procurar um emprego para começar a juntar dinheiro para bancar essa criança. Esqueça faculdade, esqueça festas, esqueça qualquer plano que você tenha, Delilah e essa criança dependem de você. – Soltei o ar devagar pela boca.
- Ok! – Falei. – Eu vou fazer tudo isso, eu vou apoiá-la, eu vou ser presente, eu e ela vamos aguentar essa barra juntos. – Mike concordou, dando uns tapinhas em minhas costas.
- Agora vamos, vamos contar para mamãe. – Bufei.
- Precisa ser hoje? – Perguntei.
- Precisa! – Mike falou firme.
Saímos do quarto e seguimos para a cozinha, sentindo o cheiro da deliciosa lasanha que teria para jantar, eu e Mike nos sentamos lado a lado e ele me encarou, assentindo com a cabeça, como se me apoiasse minha decisão.
- Mãe, pai, preciso contar um negócio para vocês! – Falei, respirando fundo.
- O que aconteceu, filho? – Meu pai perguntou e ambos olharam para mim e eu travei..
- Vai, cara! Força! – Mike falou e eu o encarei de volta.
- Eu não vou enrolar, vou falar tudo de cara. – Falei mais para mim do que para eles.
- Isso é enrolar, querido! – Minha mãe falou e eu respirei fundo.
- Eu engravidei a Delilah! – Falei e meus pais travaram, vi a careta que Mike fez, mas ele assentiu com a cabeça, segurando minha mão por alguns segundos.
- Eu vou deixar vocês três conversarem! – Ele pegou seu prato e talheres e saiu de lá.
- Mãe, pai, por favor. – Falei baixo, tentando esperar alguma reação deles. – Falem alguma coisa.
- O que você quer que a gente fale, Mackenzie? – Meu pai falou, bravo. – Você engravidou uma menina! Você tem 15 anos, o que você estava pensando?
- Eu não estava...
- De todas as suas bagunças e erros, esse foi o pior que você poderia ter feito! Você tem 15 anos, você está me entendendo? Sua vida toda vai mudar por causa de um erro seu. Você entende a gravidade da situação? – Ele falava e minha mãe tinha travado ao meu lado.
- Eu entendo, pai. Eu só...
- Não! Você “só” nada, você não pensou nas consequências, não pensou em nada. Sei que você e Delilah tem uma relação incerta, mas você não pode brincar assim com as pessoas.
- Eu não estou brincando com ela, pai! Eu realmente gosto dela. – Me levantei. – Ela que parece que não quer nada comigo. – Falei firme e ele respirou fundo. – Eu gosto dela, pai. Desde o dia em que a conheci, a gente só não teve nada por causa dela. – Suspirei, me sentando de novo.
- Pelo visto agora você vai ter...
- Nathan! – Minha mãe destravou e notei que lágrimas deslizavam pela sua bochecha. – Por favor, não piore as coisas. – Respirei fundo e a senti acariciar meus cabelos. – Quando isso aconteceu, querido?
- Há uns dois meses, no dia do jogo da escola, quando Mike se resolveu com Lacey. – Suspirei, passando as mãos no rosto, sentindo que estava chorando. – Ela me trouxe para casa e... – Abanei a cabeça. – Enfim, foi nossa primeira vez.
- Meu Deus! – Meu pai se exaltou e minha mãe esticou a mão para ele.
- Nathan! – Ela o repreendeu. – E depois, querido?
- Ah, os dias passaram normais, ela fugia de mim e me esnobava, como sempre, ela sumiu pouco antes do fim das aulas, faz umas três semanas acho. Fui na casa dela, perguntava para os amigos dela que encontrava na rua e nada, ninguém me falava onde ela estava.
- E como você descobriu? – Suspirei, passando as mãos nos olhos.
- Ela apareceu no conservatório hoje e me contou. – Respirei fundo.
- Ela tem certeza que é seu?
- Eu fui seu primeiro, pai, e eu confio nela. – Falei firme para ele, antes que ele falasse outra coisa.
- E como você reagiu? – Minha mãe perguntou e eu suspirei.
- Eu travei, igual vocês, e ela foi embora. – Suspirei.
- E o que você quer fazer? – Ela perguntou. – Você não tem escolha, mas o que você quer fazer?
- Eu não posso deixá-la sozinha, mãe. – Suspirei, sentindo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto. – Eu sei que o que temos não é convencional, não é nem certo, mas foi um erro nosso, ela não deve passar por isso sozinha. – Ela assentiu com a cabeça, me abraçando fortemente.
- Assim que se fala. – Ela sorriu. – Agora vamos, vamos falar com ela, ok?! Ela deve estar muito assustada também e vai ser ela que vai ter que carregar uma criança por nove meses.
- Ok, mãe. – Suspirei.”

“Minha mãe pediu para que Mike cuidasse das comidas e nós três entramos no carro e fomos direto para casa de Delilah. Eu estava muito tenso no banco de trás, mas minha mãe segurava minha mão e falava que tudo ficaria bem. Acho que foram suas palavras que me deram forças para seguir com isso. Lembro que naquela época eu estava muito assustado! Era coisa de outro mundo, sabe? Mas depois que a ficha foi caindo e os dias foram passando, a gente acaba se acostumando com a ideia.
A mãe de Delilah se assustou quando chegamos na casa deles, mas me abraçou fortemente quando me viu. Nos chamaram para dentro e nos acomodaram no sofá, depois ela foi chamar Delilah e seu marido. Delilah se assustou quando me viu, mas deu um pequeno sorriso logo em seguida, me fazendo sorrir também.
- Bom, nós viemos resolver isso. – Minha mãe falou. – Estamos juntos agora, não é mesmo?
- Sim! – A mãe de Delilah falou, sorrindo. – E fico feliz por essa visita, acho que todos concordamos que ninguém esperava por isso, não é mesmo?
- Não! – Eu e Delilah falamos juntos.
- Nós só queríamos dizer...
- Mãe! – A interrompi. – Eu falo, o filho é meu. – Ela deu um sorriso e se sentou novamente.
- Eu quero dizer que eu estarei aqui para tudo, ok?! – Falei fracamente. – Eu estou com medo, eu estou assustado, mas isso foi um erro nosso. – Engoli em seco. – Nós dois quisemos e nós dois devemos lidar com as consequências. – Delilah sorriu, segurando minha mão. – Mas as decisões de como fazer isso, vão vir de você. – Falei para Delilah. – Eu vou conseguir um emprego, eu vou começar a juntar dinheiro para pagar todos os gastos que vão vir, quero que saiba que eu estarei disponível para você, não importando a hora do dia, eu estarei aqui, ok?!
- Eu agradeço muito. – Ela falou e eu assenti com a cabeça. – Acho que o melhor agora é cada um morar na sua casa mesmo, somos novos, eu me formo esse ano e você tem alguns anos pela frente ainda. – Assenti com a cabeça. – Eu não sei como vai ser quando o bebê nascer, mas você vai poder visitá-lo sempre que quiser e eu vou adorar ter sua participação em tudo.
- Você pode contar comigo. – Respirei fundo e ela encostou a cabeça em meu ombro.
- Bom, muito bom. – A mãe de Delilah falou.
- E agora vamos falar de custos médicos. – Meu pai falou. – Vamos ajudar e dividir tudo o que Delilah precisar fazer, além de montar o quarto do bebê, tratamentos que ela precise fazer, tudo mesmo, ok?! – Ele falou firme e eu sorri.
- Obrigado, gente! Acho que realmente precisávamos disso. – O pai dela falou e assenti com a cabeça.
- Vou pegar as informações que temos do médico até agora. Vocês gostariam de um café? Eu faço rapidinho. – A mãe de Delilah falou e meus pais se entreolharam, assentindo com a cabeça e os quatro levantaram.
- Você não vai mais poder me afastar, ok? – Cochichei para ela que assentiu com a cabeça.
- Ok! – Ela respondeu. – Obrigada por isso. – Assenti com a cabeça e depositei um beijo em sua cabeça.”

“Depois desse dia as coisas se acalmaram. Eu fazia visitas regulares à Delilah, acompanhava ela na médica e fazia mil e uma perguntas para ela sobre tudo, a médica até ria do meu desespero em querer saber realmente tudo. Era férias, então as coisas estavam mais calmas, mas ainda tinha um ano para Delilah se formar, então precisávamos pensar o que aconteceria quando as aulas voltassem.
Logo depois do anúncio da gravidez, parece que eu e Lilah não tivemos mais nada físico, só conversávamos como bons colegas que teriam um filho junto, era engraçado, mas eu ainda sentia que eu gostava bastante dela, só estava deixando as coisas acontecerem do jeito que ela achasse melhor.
Como a barriga de Delilah já dava sinais de aparecer, nós decidimos desde o primeiro dia de aula voltar de mãos dadas, não para provar que éramos o casal ou algo assim, mas para a culpa não cair inteiramente sobre ela. O susto das pessoas foi sobre nós dois, que sempre estávamos em pé de guerra, estarmos juntos, mas depois as coisas melhoraram.
Quando a barriga começou a crescer, as coisas ficaram mais tensas ainda, inicialmente todo mundo achou estranho, incluindo nossos amigos, afinal, era uma adolescente grávida, mas depois as coisas foram se soltando, os dias e meses foram passando e eles até chamavam nosso bebê de mascotinho.
Não, não era normal, mas era a nossa realidade naquele momento e precisávamos lidar com ela, se não quiséssemos viver em pé de guerra. Sofremos alguns preconceitos ao longo do caminho, fomos chamados na diretoria para falar disso, mas não tinha o que fazer: estávamos juntos nessa.
Eu consegui um emprego para trabalhar em uma loja de construções e Delilah em uma sorveteria há três quarteirões dali, ela trabalhou só até os sete meses, depois ficou impossível, além de sua formatura estar cada vez mais próxima e ela ainda ter sonhos em seguir com a carreira de artista plástica.
Eventualmente eu acabei largando a música. Eu saía da escola uma da tarde e entrava na loja as duas e seguia até 10 da noite, então eu não tinha tempo. Nos fins de semana eu ficava com Delilah, fazíamos os procedimentos necessários, comprávamos as coisas, então eu acabei largando o baixo por um tempo. Entre estudar, trabalhar, cuidar de Delilah, quando sobrava tempo eu queria dormir o máximo possível.
A gravidez passou sem problemas, Delilah era saudável e nosso bebê também, mas ainda éramos Mack e Lilah, então todas as decisões que precisávamos fazer causava briga, todas mesmo. Até a médica eventualmente se acostumou com nossas desavenças. Na maioria das vezes eu achava que Delilah não concordava de propósito, mas não iria falar isso, porque sabia que aí ela discordaria comigo.
Quando passava dos cinco meses, nós descobrimos o sexo do bebê. A cada nova consulta do médico éramos acompanhados por Carol, melhor amiga de Delilah e por Gary e Mike, além de nossos pais, obviamente, que iam, caso seus trabalhos permitissem. Eventualmente Carol e Gary ficaram juntos, mas isso é história para outra hora.
- Olá, gente! – A médica entrou na sala com um largo sorriso no rosto.
- Oi, doutora Johnson. – Sorrimos e Delilah se ajeitou na maca em que estava.
- Como você está? – Ela perguntou, se sentando no banco e puxando seus materiais para frente.
- Tudo bem. – Delilah falou. – Só estou com muita vontade de fazer xixi sempre, incomoda um pouco.
- O bebê está crescendo, ele começa a apertar sua bexiga, isso é completamente normal. Alguma outra reclamação? – Ela olhou para mim.
- Acho que nada.
- Vejo que você engordou um quilo e meio desde a sua última visita e seus níveis sanguíneos estão todos bem. – Assentimos com a cabeça.
- E você, Mackenzie, tudo bem?
- Tudo bem. – Sorri. – Será que dá para ver o sexo hoje?
- Será? – Ela brincou e rimos juntos. – Eu nunca vi bebê tão escondido quanto o de vocês. – Rimos juntos. – Vamos lá? – Ela espremeu o gel na barriga pontuda de Delilah e apertou o ultrassom em sua barriga.
- Como está sua alimentação, Delilah? Fazendo a dieta à risca?
- Em partes. – Falei e Delilah riu.
- Eu estou com muita vontade de comer doces, mas estou tentando me controlar.
- Por favor, não queremos que você engorde tanto, isso pode alterar vários níveis na hora do parto.
- Ah! – Ela suspirou. – Eu sei que ele vai ter que sair em algum momento, mas eu tenho medo.
- Não se preocupe, querida. Caso você não queira encarar o parto normal, faremos a cesárea, mas já te falei e repito, você é jovem, o parto normal é totalmente saudável e na maioria dos casos você tem alta no mesmo dia. – Delilah assentiu com a cabeça.
- Eu sei, doutora, eu ainda estou pensando, juro! – Rimos juntos.
- Olha quem decidiu aparecer. – Ela falou e olhamos rapidamente para a tela. – Ela está toda aberta hoje.
- Ela? – Delilah falou, animada.
- Sim, é uma menininha! – A médica falou e senti meus olhos se encherem de lágrimas.
- É uma menina? – Perguntei, rindo fracamente e apertei a mão de Lilah, vendo-a com um largo sorriso no rosto.
- É uma princesinha. – Sorrimos.
- Oh, meu Deus! .
- Agora podem escolher o nome já. Ideias?
- Barbara.
- Ann. – Falamos juntos e nos entreolhamos.
- Joana!
- Kristen!
- Ah, não! – A médica falou, nos fazendo rir. – Depois vocês decidem. Delilah, eu vou pedir mais exames de sangue para você e tente maneirar nos doces, ok?!
- Pode deixar! – Rimos juntos.”

“Melanie fez questão de chegar com quase nove meses, quando Delilah passou dos oito meses, ela parou de ir na escola, e eu levava para ela matérias e trabalhos que seus professores passavam, ela poderia fazer as provas quando o bebê nascesse, então foi tudo bem. Eu continuei frequentando a escola normalmente e trabalhava na loja na parte da tarde.
Minha filha fez questão de chegar no dia em que mais nevou em Baraboo, e olha que dificilmente nevava em Baraboo. Todos estávamos no laboratório de biologia, eu, como sempre, estava em um tédio indescritível.
- Com licença, professora! – A coordenadora bateu na porta e todos olhamos para ela.
- Claro! – Ela deu espaço.
- Mackenzie Derrick? – Ergui o rosto, olhando para ela.
- Sim?
- Sua mãe acabou de ligar, sua filha está nascendo agora. – Arregalei os olhos.
- O quê? – Mike gritou e eu e ele começamos a organizar nossas coisas.
- Vocês estão liberados para ir. – A professora falou e eu ri junto.
- Vai lá, Mack! – Os garotos da sala começaram a gritar.
- Posso ir também? – Lacey perguntou. – Eu sou a tia. – Rimos juntos.
- Vai, vai! – A professora falou, rindo. – Deem notícias!
- Valeu! – Falei e saí correndo pela escola.
- Como que a gente vai até lá? – Lacey perguntou.
- Bicicletas, é só o que a gente tem! – Mike falou e nos entreolhamos, correndo para os arames em que as bicicletas estavam e tiramos os cadeados.
Eu acho que nunca pedalei tanto na vida. Segui em frente e Lacey foi com Mike na outra bicicleta! Derrapamos algumas vezes no gelo, principalmente na ladeira que dava para o hospital, mas chegamos inteiros. Praticamente pulei da bicicleta em movimento e larguei-a na entrada do hospital, entrando correndo, sacudindo a neve de meus cabelos.
- Filho! – Meu pai estava na sala de espera. – Venha! Estavam esperando você! – Ele me segurou pelos ombros.
- Eu não sei se aguento, pai. – Assumi.
- Aguenta sim, por Delilah! Por tudo que passaram nesses meses. – Ele sacudiu meus ombros. – Vai, sua mãe está lá dentro com ela. – Assenti com a cabeça e entrei correndo atrás deles.
- Mackenzie? – Encontrei uma enfermeira assim que passei às portas e sorri. – Venha comigo, por favor.
A segui, sentindo minhas pernas mexerem como se quisessem dançar. Eu estava nervoso e aquilo me irritava bastante. Mas meu maior receio era se eu estava pronto para isso. Eu via a barriga de Delilah crescer, brincava com a menininha que crescia dentro dela, mas eu não tinha a mínima ideia de como seria daqui para frente.
Eu estava nervoso, confuso, tudo aquilo parecia uma bagunça para mim, mas eu só tinha certeza de que eu tentaria ser o melhor pai para essa criança. Enquanto andava pelos corredores, pensava que apesar da pouca idade, ela deveria vir de forma positiva para me ajudar a cuidar dela. Eu teria mais pique, isso é verdade, mas minha vida toda mudaria à partir daquele dia.
Mas hoje, isso não significa nada, Delilah está grávida de novo e eu continuo tremendo de nervoso de tudo o que eu posso ou não oferecer. Melanie cresceu bem, mas eu acompanhei pouco seu crescimento por causa da banda, agora com esse novo bebê eu tinha chances de consertar os erros que cometi, apesar que Melanie fala que não mudaria nada na vida dela.
Coloquei todos os aparatos do hospital e segui para dentro do quarto em que Delilah estava, encontrando nossas mães e a doutora Johnson.
- Mack! – Delilah sorriu quando apareci e segurei sua mão, sorrindo.
Ela estava com todos os equipamentos e na posição para o parto normal. Dei um beijo em sua mão e me aproximei dela, colando meus lábios em sua testa.
- Eu estou aqui para você. – Falei firme e ela assentiu com a cabeça.
- Obrigada! – Ela sorriu.
- Como estão as coisas? – Perguntei para a médica.
- Ela está com sete centímetros de dilatação, precisamos de 10. – Assenti com a cabeça, olhando para Delilah.
- Você consegue, amor. – Falei e ela sorriu.
- “Amor”? – Ela perguntou e eu ri fracamente, dando de ombros e ela colou seus lábios nos meus delicadamente. – Amor. – Ela confirmou e eu assenti, sorrindo.
- Vamos lá? – Perguntei, apertando sua mão e ela sorriu.
Demorou quase duas horas para que a médica anunciasse que Delilah chegou na dilatação correta, já estavam começando a cogitar que ela teria que ir para a cesárea, em compensação, quando chegou na dilatação, não demorou nem 15 minutos e um choro fino já preencheu o quarto, fazendo com que meus olhos se enchessem de lágrimas.
- Aqui está a sua menininha! – A doutora trouxe para nós um embrulho ainda sujo que gemia levemente, me fazendo sorrir.
Delilah a segurou no colo e sorri para aquela coisa tão gordinha e pequenininha em seu colo. Senti as lágrimas deslizarem pelas minhas bochechas e olhei para Delilah, vendo seu olhar emocionado igual o meu. Passei a mão em seus cabelos e dei um beijo nela.
- Parabéns, papais! – A doutora falou e rimos.
- Obrigada, doutora. – Sorri.
- Ela é linda, perfeitinha! – Delilah falava, passando os dedos na mãozinha esticada de minha filha.
- Ela é sim, belo trabalho, crianças! – Minha mãe falou e eu sorri, me afastando e dando espaço para que as avós vissem sua neta.
- E qual vai ser o nome? – A doutora perguntou e a sala inteira riu fracamente.
- Eu deixo você escolher o nome que quiser! – Delilah falou e eu ri fracamente.
- Agora você diz isso? – Olhei para nossa filha. – Ela não tem cara de Ann ou de Kristen. – Suspirei. – A senhora tem algum nome do meio, doutora? – Perguntei e ela riu fraco.
- Melanie. Meu nome do meio é Melanie. – Virei para Delilah.
- O que você acha? – Perguntei e Delilah sorriu.
- Parece perfeito. – Rimos juntas e a doutora negou com a cabeça.
- Aposto que se fosse sugerido antes, nenhum dos dois iria gostar.
- Provavelmente. – Sorri. – Mas somos assim mesmo, doutora. – Ela sorriu.
- Filho, não quer anunciar para o pessoal? – Minha mãe perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Sim, eu vou lá! – Dei um beijo na testa de Delilah e segui para fora do quarto. Assim que pisei para fora do quarto, saí correndo pelo hospital, com um largo sorriso no rosto, rindo igual um tonto.
- Nasceu! – Meu grito ecoou pelo corredor até a sala de espera, vendo meus parentes se levantarem. – Nasceu! – Repeti rindo, pulando nos braços de Mike. – Nasceu, maninho! – Voltei para o chão, sacudindo-o.
- Como ela é? – Ele perguntou e eu respirei fundo antes de responder.
- Ela é linda, tão gordinha! – Rimos juntos. – Tão pequena, parece uma bonequinha!
- Parabéns, filho! – Meu pai falou. – Agora faça a coisa certa!
- Parabéns, cunhado! – Lacey disse, me abraçando rapidamente.
- Eu preciso voltar, já chamo para vocês verem ela! – Falei e saí correndo de novo.
Demorou mais um pouco para que eles pudessem entrar, Melanie precisava ser limpada e fazer todos os exames do mundo, além de alguns trabalhos que nós precisávamos preencher, mas eu não me importava, eu estava bem feliz, confesso.
Quando pude pegá-la em meu braço, foi como se todo medo e nervosismo se esvaísse e eu encontrasse a felicidade. Aquela garota em meus braços sempre seria muito maior que tudo em minha vida.
- Oi! – Mike entrou no quarto devagar e desviei o rosto do pequeno pacote nos braços de Delilah.
- Entra, gente! – Me levantei, dando espaço para os dois.
- Viemos conhecer a Melanie! – Lacey falou.
- Venham, venham! – Delilah disse e eles se aproximaram da gente. – Segura ela!
- Eu não sei se...
- Não precisa ter medo, Mike! – Lilah disse e ele riu, pegando minha filha em seus braços devagar.
- Ela é linda demais! – Lacey comentou e eu sorri.
- Apesar de tudo, parabéns, gente! – Mike falou e nós sorrimos, dando as mãos.
- Como vocês farão agora? – Lacey perguntou.
- Vamos continuar da mesma forma, vamos devagar. – Delilah respondeu e eu assenti com a cabeça, colocando Melanie no colo de Lacey.
- Nós gostaríamos de perguntar algo para vocês! – Falei e me aproximei de ambos.
- O quê? – Mike perguntou.
- Como sabem, eu não tenho irmãos, e sabemos que agora que vocês estão juntos, ficarão pelo resto da vida. – Eles riram. – Então, gostaríamos de convidar vocês para serem os padrinhos de Melanie! – Delilah falou e eles sorriram.
- Ah, gente! – Mike falou em uma voz afinada e gargalhamos juntos.
- Mas é claro que sim! – Lacey se adiantou, me fazendo rir.
- Nós vamos cuidar bem da sua pequena. – Abracei fortemente meu corpo, sorrindo para eles.
À partir daí, nossas vidas seguiram o curso normal. Nos primeiros quatro meses foi um pouco mais louco por causa da escola, mas todo mundo ajudava, incluindo meu irmão e sua namorada. Depois quando Delilah se formou, as coisas aliviaram um pouco. Eu ainda trabalhava e estudava, mas todo tempo que podia, eu ficava com Delilah. Dormia lá, saíamos nos fins de semana, estávamos realmente tentando viver como uma família.
Eu e Delilah ainda brigávamos igual gato e sapato, mas eu sabia que seria assim pelo resto das nossas vidas. E é! A gente se casar foi um milagre da vida, ou algo assim, mas ainda brigamos e ainda somos muito implicantes um com o outro, acho que essa é a única certeza da minha vida.”

“Bem, a vida se seguiu normal, minha meta de vida tinha saído de ser um astro do rock para ser pai de família, então minha meta era realmente me formar e trabalhar para sustentar minha família e, quem sabe, futuramente, eu não conseguia fazer uma faculdade? Delilah tinha começado uma à distância, mas também queríamos que ela tivesse toda a experiência de faculdade e tudo mais.
Entre o fim do segundo ano e o começo do terceiro, me aproximando cada vez mais da minha vida que vocês conhecem hoje, Mike conseguiu um contrato para tocar nos barzinhos do Hard Rock e eventualmente conseguiu o contrato com a Virgin Records, fazendo parte da banda que vocês conhecem hoje.
Mike começou a se profissionalizar, começou a dar certo, até que eventualmente anunciou que largaria a escola. Sim, gente! Eu me formei no ensino médio, Mike largou nos 45 do segundo tempo!
Enfim, piadas à parte, eu fiquei com muito ciúmes do Mike nessa época. Sei que são escolhas da vida, e não me arrependia nada de ter Melanie, mas são coisas inevitáveis de se pensar, e se eu não tivesse Melanie, será que a vida me permitia coisas assim?
Quando ele fechou o contrato com a Virgin Records, foi uma choradeira lá em casa. Eu, meus pais, Delilah e Lacey estávamos felizes por Mike, isso sem dúvidas, mas o clima pesou, sabe? Lembro de que estávamos todos jantando em casa. Apesar da ausência de Mike, fazíamos questão de Lacey estar perto sempre. Assim que ele me contou, fiquei feliz com ele, mas depois pedi alguns segundos para ficar sozinho e Delilah veio me consolar.
- Me desculpe, eu não deveria estar assim, é só que... – Suspirei.
- Você não precisa se explicar para mim, Mack. – Ela falou. – Eu entendo, você gostaria de ter isso também.
- Sim. – Suspirei. – Ele vai conseguir, você vai ver. Ele é ótimo.
- Sim! – Ela fez um carinho em minha cabeça. – Você também. – Suspirei.
- Desculpa, eu não deveria pensar nisso, tem você, Melanie...
- Você não precisa se explicar para mim. – Assenti com a cabeça e ela me abraçou fortemente.
- Eu estou feliz por ele, é só que eu sempre quis isso também.
- Eu sei, você vai ter sua chance, você vai ver. – Sorri.
Acabou que eu tive minha chance, uns três ou quatro meses depois que Mike, mas ainda assim. Minha vida entrou em uma rotina depois que eu me formei, não sabia o que eu faria da minha vida, então eu comecei a dar algumas aulas no conservatório e continuei trabalhando na loja de materiais de construção, ironicamente, eu era bom em vendas, o que eu até gostava.
No fim do ano, recebemos um convite para a divulgação da banda de Mike, seria quase perto do Natal, então aproveitaríamos para ir a família inteira. Ele tinha vindo na formatura, mas já fazia bastante tempo que não o vimos. Ele mandava algumas informações sobre Stone, a cantora que ele faria parte, mas nada muito detalhado, eles não queriam divulgar nada ainda. Então estava tudo combinado para que fossemos visitá-lo em Los Angeles, mas quem diria que a vida sorriria para mim antes? Eu estava na loja de construção, atendendo um cliente, quando me informaram que tinha uma ligação para mim.
- Mack? – Virei para o lado, vendo Newt, filho do dono. – Telefone para você. Teu irmão!
- Meu irmão? – Franzi a testa. – O senhor me dá licença por um segundo? – Falei para o cliente que escolhia as maçanetas e ele sorriu.
- Claro, fique à vontade. – Ele falou e eu corri para o escritório, pegando o telefone da mão de Newt.
- Obrigado! – Falei. – Alô? Mike?
- Fala aí, maninho? – Ele gritou e eu coloquei a mão na orelha.
- Meu Deus, não grita. Você está bêbado? – Ele riu.
- Não, só que eu tenho uma oportunidade para você que não poderá negar!
- O quê? O que está acontecendo? – Perguntei.
- Eles precisam de um baixista, Mack, e eu falei de você.
- O quê? – Falei um tanto alto. – Brincou?!
- É sério, Mack, eles finalizaram as demos e falaram que falta um baixista, na hora eu pensei de você e eles gostaram de você. Eu tenho um vídeo que eu gravei na escola ainda, lembra? Tá meio ruim, porque tem muita gente tocando junto, mas eles gostariam que viesse fazer um teste aqui.
- Nossa! Claro! Mas como eu vou fazer, Mike? Eu trabalho e tem a Melanie...
- Eles pagam sua passagem de avião e não se importam de fazer isso no fim de semana, mas se você passar, e eu vou te ajudar para que passe, você e Delilah vão ter que decidir o que vai fazer.
- Ok, ok, eu vou! O que eu faço?
- Sábado de manhã, você vai para Madison, vai no guichê da Delta e que vai ter uma reserva para você no nome de Jessica Stone, o voo é as 10 da manhã, chegando aqui, vai ter um motorista para te trazer para a gravadora, estaremos te esperando. Traga seu baixo, você vai vir direto para cá.
- Ok, combinado. Eu vou! Te encontro aí.
- E treine uma música que você seja muito bom! Além de cantar, todo mundo aqui sabe cantar, com você não vai ser diferente. – Respirei fundo.
- Ok, Mike. Obrigado, muito obrigado mesmo. – Suspirei.
- Não tem de quê. – Sorri. – Até sábado.
- Até! – Falei e desliguei o telefone, respirando fundo.
- Tudo certo, Mack? – Newt perguntou.
- Tudo certo. – Sorri para ele, voltando a atender meu cliente.
Antes de ir para casa aquele dia, eu fui para casa de Delilah ver Melanie, mesmo que ela já estivesse dormindo e perguntei o que ela achava disso. Ela era sensacional e sabia dar ótimos conselhos.
- Ah, Mack, até parece que você não sabe minha opinião. – Ela falou enquanto Melanie mamava. – Eu acho que você deve ir e se conseguir deve agarrar essa oportunidade. – Suspirei.
- Mas e você? Melanie – Ela riu fracamente, dando de ombros.
- A gente dá um jeito. – Ela falou. – Eu posso ir para Los Angeles, trabalhar lá, tem várias galerias de arte. Você vai ser famoso, vai ter mais dinheiro. – Ela riu fracamente. – Tudo vai se ajeitar, só consiga essa vaga antes, ok?! Seu irmão está sendo seu anjo da guarda. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Obrigado! – Sorri e ela assentiu com a cabeça.
- Ei, Mack, está aqui? – O pai de Lilah apareceu e eu sorri.
- E aí? – O cumprimentei rapidamente.
- Quer jantar? Tem sobra na geladeira.
- Acho que vou aceitar! – Falei, rindo e Delilah sorriu.
- Vai lá, logo desço. – Ela falou e eu suspirei.”

“Eu usei o resto da semana para treinar que o fim de semana chegou logo. Preparei algumas músicas da minha banda mais importante: Blink 182, e eu fiquei o voo inteiro matutando todas os acordes para não errar a música.
Era minha primeira vez em Los Angeles, mas não pude aproveitar a vista, pois o nervosismo estava falando mais alto. Assim que cheguei no prédio, o motorista, Juan, me deixou lá e eu subi calmamente até lá. Respirando fundo quando vi o logo da gravadora quando as portas se abriram.
- Olá, no que posso ajudar? – A mulher falou.
- Eu vim falar com...
- Mack! – Vi meu irmão e ele me abraçou fortemente.
- Mano! – Gargalhei, abraçando-o fortemente.
- Você chegou na hora, como está? E Delilah? Melanie? – Ele perguntou rapidamente.
- Sim, tudo certo! – Sorri. – Você está ótimo, irmão. – Ele riu.
- Um pouco de dinheiro e olha o que acontece. – Rimos juntos. – Agora vamos, depois conversamos mais. – Ele me puxou para a parte de trás da gravadora e tudo estava vazio, me fazendo observar melhor todos os escritórios. – Não se intimide. – Ele falou e seguimos para uma sala, onde eu encontrei cerca de 10 pessoas ali.
- Não se intimidar? – Perguntei baixo e ele riu.
- Esses são , Jack, Emily, Louis, Jessica, Henry e Brandon. – Acenei rapidamente para todos. – Esse é o meu irmão Mack. – Falei.
- É um prazer te conhecer, Mack. – A tal da veio antes.
- Ela é Stone. – Assenti, cumprimentando-a rapidamente. – Ela é a chefe.
- Isso, Mike, vamos deixar seu irmão mais nervoso, que tal? – Rimos fracamente. – Fique à vontade, se coloque em um lugar que se sinta mais confortável e pode começar.
Respirei fundo, tirando meu baixo do case e ajeitei a corrente em meu ombro. Me aproximei deles, ajeitando os dedos e respirei fundo, começando a tocar uma das minhas músicas favoritas.
- All the small things, true care truth brings. I'll take one lift, your ride best trip. Always I know, you'll be at my show. Watching, waiting, commiserating, say it ain't so, I will not go. – Movimentava as mãos no ritmo da música, tentando parecer mais interessante. Só com o som do baixo era difícil saber como a música ficaria. - Turn the lights off, carry me home. Na, na, na, na. Na, na, na, na, na, na, na, na, na, na, na. – Olhei rapidamente e ela sorria enquanto encarava o tal do Brandon. - Late night, come home. Work sucks, I know. She left me roses by the stairs. Surprises let me know she cares. Say it ain't so, I will not go. Turn the lights off, carry me home. Na, na, na, na…
- Acho que eu já ouvi o suficiente. – Ela falou e eu parei devagar, respirando fundo. – Para mim é um sim. – Abri um pequeno sorriso.
- Você acha que vai dar certo? – Jessica perguntou.
- Ele é um Derrick, aposto que sim. – Ela sorriu. – Mike confia nele, não tenho motivos para não confiar.
- Você a ouviu, Mack. A vaga é sua! – Mike falou e eu sorri.
- Oh, obrigado, obrigado, obrigado! – Falei repetidamente e ela riu.
- Agradeça ao seu irmão! – Mike veio ao meu lado e passei os braços em seus ombros.
- Vamos fazer dar certo, ok, Mackenzie? – Jessica falou e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada!
Bom, é isso! O resto vocês já sabem, na longa história de . O pessoal realmente fez fazer dar certo e hoje somos tudo isso por causa dessa decisão de . Acho que todos aqui devem agradecer à pela oportunidade dada na vida, foi por ela que tudo isso aconteceu e me deixa incrivelmente feliz. Então, é isso, continuem se apaixonando pelas nossas vidas e nossas histórias que eu sei que nunca pararemos! Câmbio e desligo.”

- Muito bem, Mack! – sorriu. – Eu adorei! – Ela riu fracamente. – É sensacional, principalmente você e Delilah que, meu Deus, se eu achava o negócio louco quando te conheci, foi interessante saber como tudo começou.
- Isso nunca vai mudar, somos nós, sempre teremos picuinhas e concessões. Por isso que Mike fala que Melanie é mais responsável que nós dois juntos.
- Alguém precisa ser. – Ela falou da outra sala, nos fazendo rir.
- Está realmente bom, obrigado por compartilhar isso com a gente. – Beijei sua cabeça.
- Eu que agradeço por deixar eu ter essa história para compartilhar. – Sorrimos e ela riu fracamente.
- Agora vai, entregue para Dave e vamos acabar logo com isso. – Fechei o notebook e ela me abraçou rapidamente, antes de se levantar. – Avise ao pessoal que eu vou lá para Hollywood Hills, ok?! Vou dormir no .
- Hum, alguém quer privacidade! – Zoei e ela riu.
- Está difícil ter isso um pouco, não é mesmo? – Revirei os olhos.
- Nem me fala. – Abanei a mão e suspirei.
- Não precisa nem se mexer, eu sei que é para mim. – Virei para trás, vendo David entrando pela porta da garagem.
- Sim, chegou sua vez, meu japonês favorito. – Ele suspirou.
- Para vocês é mais fácil, são 20, 25 anos de história, eu tinha quase 40 quando entrei na banda, minhas memórias não são mais as mesmas. – Dei de ombros.
- Eu não posso te ajudar com isso, mas é legal fazer essa busca pelas memórias. Fotos talvez ajudem. – Ele suspirou.
- Eu vou tentar. – Dei uns tapinhas em suas costas.
- Boa sorte! – Falei e ele riu, abanando a mão.
- Vai me ajudar, Melanie? – O ouvi perguntando para minha filha e ela riu.
- Sem colar! – Gritei e eles riram.




Continua em Bem Antes do Amor Acontecer.



Nota da autora: A história do Mack foi uma das mais engraçadas de escrever, eu acho, ele sempre foi meio porra louca sim e ainda todo rolo dele com a Delilah e a Melanie já são assuntos o suficiente para deixar tudo muito louco, né?! Além da diferença entre os dois.
Bom, gente, faz mais de um ano que essa história está escrita e foi bom relembrar esses personagens!
Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar!
Beijos e até a próxima. ♥




Outras Fanfics:
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    Nota da beta: Amei conhecer um pouco mais do Mack, ele é maravilhoso e a Lilah também e que altos e baixos esses dois passaram, hein? Mesmo brigando muito, são um casal incrível! Parabéns, Flá! <3

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