Capítulo Único
Logo depois do banho demorado e mais alguns sentimentos de culpa e lembranças indesejáveis, estava pronto para começar uma conversa séria com . Isso já era uma rotina diária, já que ele não me deixava esquecer sobre o grande erro que havia cometido naquele dia da briga e muito menos me deixava chorar em paz por lembrar como tudo aconteceu. Essas lembranças sempre me deixavam de péssimo humor, sem contar o aperto no coração ao lembrar, mesmo acordado, da maneira desesperada que começou a gritar e a xingar por todo o corredor daquele hotel. O olhar vago, decepcionado e eu me sentindo um completo idiota e babaca por não ter sido capaz de falar em voz alta tudo o que sentia por ele. Tudo o que ficou entalado em minha garganta junto a vontade de gritar o EU TE AMO, TAMBÉM na mesma intensidade que ele, com a mesma voz, com o mesmo amor e as mesmas palavras que deixaram o meu coração batendo desenfreado com aquela declaração. Não era uma simples declaração. Era uma chance, uma liberdade para que aquele sentimento fosse recíproco e a única chance para que todos ficassem cientes de que não eram apenas encenações todas as nossas trocas de olhares, gestos, carinhos e palavras de conforto.
— Que inferno! — Minha voz saiu fraca quando encostei a cabeça na porta do closet. O quarto estava muito escuro e só o que escutei foram os passos de no andar debaixo.
A minha angústia e o meu desespero eram lidar com esses fatos e saber que nunca iria ter outra chance como aquela e a culpa surgiu novamente sem ser convidada. havia sido corajoso e dito em meio a uma multidão tudo o que sentia e eu apenas fiquei em silêncio tomando cada vez mais distância dele.
— Eu sempre te amei. Esse sentimento nunca foi amizade, sempre foi amor.
Confessei no silêncio daquele quarto, sabendo que era tarde demais e que minha chance já havia ficado para trás. Minha realidade estava lá embaixo, com me esperando para a tortura. Inspirei fundo, relaxei os músculos, busquei uma roupa confortável e em minutos já estava no andar debaixo me jogando no sofá branco, esperando que não demorasse em iniciar logo a mesma conversa de sempre. Ele era sempre tão previsível com sua expressão. Ou eu que estava convivendo demais com ele para saber todas elas. Tudo bem. Estava pronto para escutar novamente tudo aquilo que ele iria falar. Nada havia sido diferente durante os últimos meses. morando na minha casa, comendo minha comida, deitando no meu sofá e usando meu perfume. Ele chamava isso de uma amizade verdadeira. Já eu preferia chamar isso de meu amigo é folgado pra caramba.
— Comece. — Falei, cruzando os braços e olhando diretamente para ele. já estava muito confortável. Notei o prato com um lanche ao lado do sofá e várias latas de refrigerantes espalhadas pelo chão. Amizade verdadeira, ok? Soltei um suspiro longo olhando para ele.
— — Ele disse com dificuldade, não decidindo se engolia metade do lanche ou se falava comigo. Agora eu sei por que minha vida segue essa rotina. Não era homem para impor a minha masculinidade naquele ambiente. —, você devia ir falar com ele, cara. — aconselhou novamente. Dessa vez ele foi direito, não ficou enrolando como das outras vezes. Acredito que ele também estava ficando cansado daquela situação. Afinal, quantas vezes fui obrigado a responder: , por mais que eu o ame não tenho mais o direito de falar sobre isso quando perdi a única chance para ser verdadeiro. — Eu sei o que você vai falar. nunca vai me perdoar por ter ficado em silêncio. — Ele engoliu imediatamente o lanche, incomodado. — Posso ser sincero novamente com você?
— Tenho escolha em não ouvir? — Meu humor estava daquele jeito. Logo eu estava arrumando um motivo para me atirar por aquela janela. Ou então atirar com aquele prato, sem esquecer das latas também.
— , você ama esse garoto. — disse, eliminando a chance que eu tinha para argumentar. Ele era bom nisso. — O que você está esperando? Sério! — Ele abriu os braços, revoltado. — Ele sempre esperou que você tomasse uma atitude e assumisse o que sente por ele. E agora? Ele tomou a coragem por vocês dois e disse tudo. O que você fez? Foi um cretino! — pareceu inovar os xingamentos naquela noite. — Aquilo que o coração ama fica eterno é tão profundo e sincero? — Havia doído. — Sua vida não vai ser a mesma, aceite isso. Você ama esse garoto e ele te ama também. — Ele fez uma pausa, olhando para saber se eu estava escutando. — De que vai adiantar você ficar trancado nesse apartamento chorando dessa maneira? Parece uma flor delicada e chorosa. — parou dando outra mordida em seu lanche. — Até acho legal um homem chorar. Mostra que também temos sentimentos e isso é muito importante. Só que eu estou ficando cansado de segurar a sua mão toda noite. Isso já está fugindo do nosso contrato de amizade.
— ... — Revirei os olhos, cansado demais para protestar. Ele nunca iria entender os motivos pelos quais eu estava optando pela distância. Eu o AMO com todas as forças que possam existir, mas sei que não sou a melhor pessoa no momento para ficar ao lado dele. Era tão simples. Qual a complicação nisso?
— No que você está pensando? — Ele perguntou sério, deixando de lado o último pedaço de lanche. Era ali que o assunto iria começar realmente e eu estava perdido. — Cansei de tratar você com toda paciência. — se levantou, revoltado, e eu não estava esperando por aquilo. Fiquei na defensiva, com medo dele ser capaz de me jogar algo, porque sim, ele era capaz disso e de muitas outras coisas. — Duas coisas. — Ele levantou o dedo, parando a poucos metros de distância. — Você não o ama o suficiente para ser capaz de falar isso olhando dentro dos olhos dele? Por que ficou em silêncio quando teve a oportunidade? — Jogou baixo. Baixo demais. — Você prefere vê-lo se afastando dessa maneira? — Ele disse firme, me tirando o foco. — , quanto tempo mais você vai ficar vivendo dessa maneira? Você sempre soube sobre esses sentimentos e não entendo o que aconteceu naquela noite. Parece que você ficou com medo ou vergonha e o deixou fazendo um papel de idiota no meio de todo mundo. — acertou o ponto exato onde estava doendo. Aquele dia e o choro dele na sequência ainda eram muito presentes em minhas lembranças. — Acorde de uma vez por todas e pare de lutar contra algo que existe entre vocês dois. Pouco importa o que vai acontecer, ninguém quer saber se é certo ou errado! O que você precisa é ser corajoso e encarar de vez esse sentimento.
— …
— Cala a boca! — Ele gritou, fechando uma das mãos. E conhecendo daquela maneira eu sabia que ele estava realmente ficando nervoso. — Ele sempre demonstrou que gostava de você! Todas as ligações, todas as festas e todos os presentes de fim de ano. E o que você fez? — perguntou e eu me senti perdido e com a cabeça doendo com aquele questionamento. Naquela noite ele parecia mais agressivo nas palavras. Intenso e sem paciência. — Preferiu ignorar todo esse sentimento e deixar que o achasse que nunca sentiu nada por ele. Sério? — De braços abertos ele andou de um lado para o outro.
— , sei que fui um covarde e não consigo explicar por que travei naquele momento... — Tentei me convencer daquela frase e a risada de por todo o apartamento foi tão alta que me senti mais tolo do que nos outros dias.
— Engraçado que você fica arrumando desculpa para tudo, não? — Novamente uma pergunta que me desarmou e me ajeitei no sofá buscando não olhar diretamente para as expressões de . — Será que você vai parar algum dia de ser tão idiota desse jeito? Fraco. Tolo. Frouxo. — Ele fez uma pausa sabendo que estava indo longe demais. — Você quer ficar buscando razões para ficar longe dele, então não lamente o dia que você ficar sozinho. não vai ficar esperando a vida inteira por uma pessoa que não sabe lutar pelo próprio sentimento. — falou de uma maneira que colocou um ponto final naquela nossa conversa e me deixou totalmente confuso em meio a tudo que surgiu de repente em minha cabeça. O medo de ficar sem a presença de , seu sorriso, a voz e o brilho em seus olhos sempre que estava feliz por algo. Cinco semanas distantes já estavam me deixando abalado, a distância não me ajudou a esquecer dele um só segundo e tudo o que eu precisava era somente saber como ele estava e se ainda existia alguma chance para nós dois.
— O que eu faço? — Perguntei, confuso. — Como eu posso quebrar essa distância que ficou entre nós dois? — Novamente perguntei não conseguindo recuperar as forças de tudo o que o havia falado. Quem eu estava tentando enganar? Amava com todas as minhas forças e esse sentimento era a única coisa que realmente importava naquele momento. — Me sinto perdido. Confuso. Em desespero por querer correr para os braços dele e ter coragem suficiente para isso. — Chorei, revelando aquilo e ficou em silêncio apenas escutando com atenção. — Eu queria ter gritado naquele corredor tudo sobre esse amor que sinto. Gritado um “eu te amo” na frente de todo mundo e ter beijado aquele garoto da maneira que sempre desejei. — Minha vontade falou mais alto do que minha razão e eu senti meu corpo tremer.
— E você não fez isso ainda por que? — me encarou de maneira fria e calculista. Eu sabia o que ele estava falando, como em todas as noites anteriores. sempre foi capaz de me alertar sobre coragem, aceitação e a liberdade de amar outra pessoa sem me preocupar com o resto do mundo. — Já disse muitas vezes que a única pessoa que separa vocês dois é você mesmo. — Ele por fim repetiu a mesma frase que usou dias atrás.
— Será que ainda tenho tempo? — Perguntei, desestabilizado.
— Eu sei onde ele está. — falou olhando para o celular e depois girou o aparelho em minha direção. Olhei para a foto de sentado no restaurante na esquina da casa dele e aquele lugar para variar estava lotado. Ele sempre tinha esse costume de comer alguma coisa ali quando estava com preguiça de cozinhar. — Ele me mandou não tem cinco minutos. Acho bom você vestir a sua capa de chuva, porque com esses relâmpagos é provável que vá chover. — Ele alertou ao ver um clarão pela cortina da sala. — É a sua chance de encontrá-lo. vai voltar para o Japão e não sabe o tempo que vai ficar por lá. — Ao ouvir aquilo meu coração bateu tão rápido que minha cabeça começou a girar. — Talvez um tempo longe de você...
— Indo embora? — Perguntei rápido, sentindo minhas pernas ficarem trêmulas com aquele anúncio, não podia ir embora assim, tão de repente. Não podia ser verdade e eu não conseguia acreditar na possibilidade de ficar longe dele. — Não pode ser. — Fiquei estático e totalmente em choque. — Não posso deixar isso acontecer.
Levantei rapidamente, indo em direção ao meu quarto. Minha cabeça começou a ficar pesada e minha respiração desigual. Busquei no closet a roupa mais prática e em segundos estava com a chave do carro em mãos, indo em direção ao motivo de meu coração bater descompassado. não podia ir embora sem ao menos escutar o que eu tinha para falar, sem ao menos escutar que o amava e que não existia outro dono do meu coração e dos meus pensamentos. sempre foi o meu melhor amigo e também minha única paixão.
xxxx
A velocidade que era permitida foi ficando para trás quando eu senti o carro atingir 90 km por hora na avenida principal de Hongdae. Não me importava com radares, multas e nem com o que acontecesse com a minha permissão, eu só queria chegar logo ao Ryunique, antes que fosse embora. Daquele lado da cidade o tempo estava mais severo e não demorou muito para que uma chuva forte começasse a cair, atrapalhando minha visão da avenida principal. O tempo não seria meu inimigo e aquela chuva não seria a razão para que a coragem desaparecesse. Estava determinado a impedi-lo de ir embora e não iria perder a chance, não daquela vez.
— Droga! — Minha respiração ficou mais pesada e eu senti que talvez fosse tarde demais para falar algo para . Ele não iria me ouvir e nem daria uma chance para que eu começasse a pedir desculpas. — Por favor, me espere! — Implorei, observando que o restaurante estava a alguns quarteirões de distância. — Só me deixe confessar o quanto eu te amo e que essa distância não foi capaz de quebrar nenhum sentimento, pelo contrário. Tudo o que eu sinto por você ficou mais intenso. E eu te amo, amo cada parte que existe em você. — Somente em pensamentos eu tentava me confortar de que daria certo e que ele estaria ainda esperando por mim. não sabia que eu estava indo, mas a possibilidade de uma última esperança era o que eu estava pedindo para os céus. Olhei para o relógio no painel do carro conferindo o horário e mais alguns minutos de trânsito e eu estava finalmente estacionando em frente ao Ryunique com a forte chuva caindo daquela maneira. Coloquei a touca da blusa na cabeça e antes que pudesse correr para dentro do restaurante esbarrei com na porta e fiquei sem ar. Ele estava lindo usando uma blusa de frio branca e uma calça preta toda rasgada no joelho. Ele ficou surpreso ao me ver e prendi minha respiração não demonstrando a euforia por ele ainda estar ali. Os olhos dele ficaram presos ao meu e precisei rapidamente achar o assunto para explicar o que eu estava fazendo. Não era exatamente esse o plano, mas com aquele olhar eu me senti perdido e acuado.
— O que você faz aqui? — Ele, surpreso, buscou um verdadeiro motivo que tivesse me levado para aquele restaurante àquela hora.
— Preciso falar com você, . — Respondi imediatamente, esperançoso de que ele me deixasse ao menos tentar conversar. Minha coragem não iria permanecer por muito tempo e eu tinha que aproveitar a adrenalina que corria em meu sangue e confessar para aquele garoto o que eu sempre senti em todos esses anos.
— Preciso ir pra casa, . Tenho que terminar de arrumar minhas coisas. Viajo cedo amanhã. — O tom magoado na voz dele só me fez perceber o quanto eu precisava continuar com aquela coragem e dizer meu sentimento antes que fosse tarde demais.
— Não vai demorar, . Eu prometo que só preciso de cinco minutos.
— Seja lá o que for, eu não quero ouvir. Estou cansado dessas suas conversas super importantes que não dão em lugar nenhum, . — Ele abriu seu guarda-chuva transparente, colocou sobre a cabeça e começou a caminhar em direção a sua casa, que não ficava longe dali.
Eu sabia que minhas tentativas em sua grande maioria foram falhas e que na hora eu mudava de assunto, mas daquela vez seria diferente. Em uma outra ocasião eu viraria as costas e voltaria para meu apartamento. Naquele dia seria diferente. Eu precisava dizer e ele escutar, era minha última chance. Saí debaixo do parapeito que me protegia da chuva e fui correndo, com a tempestade molhando minhas roupas, até chegar próximo a ele. Segurei seu braço e ele se virou com o olhar surpreso.
— , eu te amo.
Assim que as palavras saíram de minha boca meu coração começou a pulsar forte e se não fosse pelo barulho da chuva todos a um quarteirão de distância poderiam ouvi-lo.
— Eu te amo desde o primeiro momento em que vi seu sorriso, no nosso primeiro encontro, quando me apresentou a você e aos outros rapazes. — O olhar dele ainda parecia apreensivo e eu estava ansioso depois do longo período de silêncio, só ouvindo o barulho das gotas batendo no plástico do guarda-chuva dele.
— O que é tudo isso agora, ? — Ele virou o corpo todo e ficou parado de frente para mim. — Você está bêbado? Por que tá jogando isso tudo em cima de mim assim? — Os olhos dele se encheram de água e uma melancolia tomou conta do rosto de .
— , por favor. Não fica assim, não era a minha intenção. — Aproximei-me dele ainda mais e segurando em seu braço tornei a distância mínima entre nós. Deslizei minha mão do braço dele alcançando a sua e a segurei firme, olhando dentro de seus olhos. — Me perdoa por ser um fraco e achar que o melhor para esse sentimento era a distância. Eu não sei como pude viver admirando esse sorriso e essas suas pintinhas de longe por tanto tempo. — Com a mão livre passei o dedo indicador sobre as pintas que ele tinha no rosto e quando cheguei na do lábio, desci a mão para a lateral da bochecha de .
— , não. — Ele fechou os olhos, apertando forte a minha mão.
— Sim, . sim. Eu demorei muito tempo e me arrependo por isso, mas você me ama e eu te amo, então a resposta é sim. — Cheguei com meu corpo colando ao dele, acariciei sua bochecha e o vi abrir os olhos lentamente. — Vamos nos permitir, . Só uma vez e se… E se a gente achar que a resposta era realmente não, pelo menos a gente tentou. — Soltei um longo suspiro, só conseguindo me concentrar no quanto eu queria beijar aquela boca.
Os olhos de estavam arregalados e a expressão de surpresa ao receber aquelas palavras era palpável. De todos os momentos que tivemos juntos aquele era o meu preferido. Subi a mão que segurava a dele colocando uma mexa de seu cabelo, que caia no rosto, para trás da orelha. Segurei o rosto dele firme com as duas mãos e sem muitos rodeios levei meus lábios aos dele. não negou o movimento e deixando o guarda-chuva cair no chão me puxou pela camisa que estava molhada e colada no meu corpo. Assim que nossos corpos colidiram, aumentei o ritmo do beijo. O calor que o corpo dele transmitia para o meu era algo indescritível e a forma como a língua dele explorava minha boca como se a conhecesse tão bem deixou o momento ainda mais especial. Não nos importamos com a chuva torrencial que caia sobre nós e nem com o possível resfriado que pegaríamos. Estávamos concentrados apenas no nosso momento e na forma desregular e semelhante que nossos corações batiam.
— Que inferno! — Minha voz saiu fraca quando encostei a cabeça na porta do closet. O quarto estava muito escuro e só o que escutei foram os passos de no andar debaixo.
A minha angústia e o meu desespero eram lidar com esses fatos e saber que nunca iria ter outra chance como aquela e a culpa surgiu novamente sem ser convidada. havia sido corajoso e dito em meio a uma multidão tudo o que sentia e eu apenas fiquei em silêncio tomando cada vez mais distância dele.
— Eu sempre te amei. Esse sentimento nunca foi amizade, sempre foi amor.
Confessei no silêncio daquele quarto, sabendo que era tarde demais e que minha chance já havia ficado para trás. Minha realidade estava lá embaixo, com me esperando para a tortura. Inspirei fundo, relaxei os músculos, busquei uma roupa confortável e em minutos já estava no andar debaixo me jogando no sofá branco, esperando que não demorasse em iniciar logo a mesma conversa de sempre. Ele era sempre tão previsível com sua expressão. Ou eu que estava convivendo demais com ele para saber todas elas. Tudo bem. Estava pronto para escutar novamente tudo aquilo que ele iria falar. Nada havia sido diferente durante os últimos meses. morando na minha casa, comendo minha comida, deitando no meu sofá e usando meu perfume. Ele chamava isso de uma amizade verdadeira. Já eu preferia chamar isso de meu amigo é folgado pra caramba.
— Comece. — Falei, cruzando os braços e olhando diretamente para ele. já estava muito confortável. Notei o prato com um lanche ao lado do sofá e várias latas de refrigerantes espalhadas pelo chão. Amizade verdadeira, ok? Soltei um suspiro longo olhando para ele.
— — Ele disse com dificuldade, não decidindo se engolia metade do lanche ou se falava comigo. Agora eu sei por que minha vida segue essa rotina. Não era homem para impor a minha masculinidade naquele ambiente. —, você devia ir falar com ele, cara. — aconselhou novamente. Dessa vez ele foi direito, não ficou enrolando como das outras vezes. Acredito que ele também estava ficando cansado daquela situação. Afinal, quantas vezes fui obrigado a responder: , por mais que eu o ame não tenho mais o direito de falar sobre isso quando perdi a única chance para ser verdadeiro. — Eu sei o que você vai falar. nunca vai me perdoar por ter ficado em silêncio. — Ele engoliu imediatamente o lanche, incomodado. — Posso ser sincero novamente com você?
— Tenho escolha em não ouvir? — Meu humor estava daquele jeito. Logo eu estava arrumando um motivo para me atirar por aquela janela. Ou então atirar com aquele prato, sem esquecer das latas também.
— , você ama esse garoto. — disse, eliminando a chance que eu tinha para argumentar. Ele era bom nisso. — O que você está esperando? Sério! — Ele abriu os braços, revoltado. — Ele sempre esperou que você tomasse uma atitude e assumisse o que sente por ele. E agora? Ele tomou a coragem por vocês dois e disse tudo. O que você fez? Foi um cretino! — pareceu inovar os xingamentos naquela noite. — Aquilo que o coração ama fica eterno é tão profundo e sincero? — Havia doído. — Sua vida não vai ser a mesma, aceite isso. Você ama esse garoto e ele te ama também. — Ele fez uma pausa, olhando para saber se eu estava escutando. — De que vai adiantar você ficar trancado nesse apartamento chorando dessa maneira? Parece uma flor delicada e chorosa. — parou dando outra mordida em seu lanche. — Até acho legal um homem chorar. Mostra que também temos sentimentos e isso é muito importante. Só que eu estou ficando cansado de segurar a sua mão toda noite. Isso já está fugindo do nosso contrato de amizade.
— ... — Revirei os olhos, cansado demais para protestar. Ele nunca iria entender os motivos pelos quais eu estava optando pela distância. Eu o AMO com todas as forças que possam existir, mas sei que não sou a melhor pessoa no momento para ficar ao lado dele. Era tão simples. Qual a complicação nisso?
— No que você está pensando? — Ele perguntou sério, deixando de lado o último pedaço de lanche. Era ali que o assunto iria começar realmente e eu estava perdido. — Cansei de tratar você com toda paciência. — se levantou, revoltado, e eu não estava esperando por aquilo. Fiquei na defensiva, com medo dele ser capaz de me jogar algo, porque sim, ele era capaz disso e de muitas outras coisas. — Duas coisas. — Ele levantou o dedo, parando a poucos metros de distância. — Você não o ama o suficiente para ser capaz de falar isso olhando dentro dos olhos dele? Por que ficou em silêncio quando teve a oportunidade? — Jogou baixo. Baixo demais. — Você prefere vê-lo se afastando dessa maneira? — Ele disse firme, me tirando o foco. — , quanto tempo mais você vai ficar vivendo dessa maneira? Você sempre soube sobre esses sentimentos e não entendo o que aconteceu naquela noite. Parece que você ficou com medo ou vergonha e o deixou fazendo um papel de idiota no meio de todo mundo. — acertou o ponto exato onde estava doendo. Aquele dia e o choro dele na sequência ainda eram muito presentes em minhas lembranças. — Acorde de uma vez por todas e pare de lutar contra algo que existe entre vocês dois. Pouco importa o que vai acontecer, ninguém quer saber se é certo ou errado! O que você precisa é ser corajoso e encarar de vez esse sentimento.
— …
— Cala a boca! — Ele gritou, fechando uma das mãos. E conhecendo daquela maneira eu sabia que ele estava realmente ficando nervoso. — Ele sempre demonstrou que gostava de você! Todas as ligações, todas as festas e todos os presentes de fim de ano. E o que você fez? — perguntou e eu me senti perdido e com a cabeça doendo com aquele questionamento. Naquela noite ele parecia mais agressivo nas palavras. Intenso e sem paciência. — Preferiu ignorar todo esse sentimento e deixar que o achasse que nunca sentiu nada por ele. Sério? — De braços abertos ele andou de um lado para o outro.
— , sei que fui um covarde e não consigo explicar por que travei naquele momento... — Tentei me convencer daquela frase e a risada de por todo o apartamento foi tão alta que me senti mais tolo do que nos outros dias.
— Engraçado que você fica arrumando desculpa para tudo, não? — Novamente uma pergunta que me desarmou e me ajeitei no sofá buscando não olhar diretamente para as expressões de . — Será que você vai parar algum dia de ser tão idiota desse jeito? Fraco. Tolo. Frouxo. — Ele fez uma pausa sabendo que estava indo longe demais. — Você quer ficar buscando razões para ficar longe dele, então não lamente o dia que você ficar sozinho. não vai ficar esperando a vida inteira por uma pessoa que não sabe lutar pelo próprio sentimento. — falou de uma maneira que colocou um ponto final naquela nossa conversa e me deixou totalmente confuso em meio a tudo que surgiu de repente em minha cabeça. O medo de ficar sem a presença de , seu sorriso, a voz e o brilho em seus olhos sempre que estava feliz por algo. Cinco semanas distantes já estavam me deixando abalado, a distância não me ajudou a esquecer dele um só segundo e tudo o que eu precisava era somente saber como ele estava e se ainda existia alguma chance para nós dois.
— O que eu faço? — Perguntei, confuso. — Como eu posso quebrar essa distância que ficou entre nós dois? — Novamente perguntei não conseguindo recuperar as forças de tudo o que o havia falado. Quem eu estava tentando enganar? Amava com todas as minhas forças e esse sentimento era a única coisa que realmente importava naquele momento. — Me sinto perdido. Confuso. Em desespero por querer correr para os braços dele e ter coragem suficiente para isso. — Chorei, revelando aquilo e ficou em silêncio apenas escutando com atenção. — Eu queria ter gritado naquele corredor tudo sobre esse amor que sinto. Gritado um “eu te amo” na frente de todo mundo e ter beijado aquele garoto da maneira que sempre desejei. — Minha vontade falou mais alto do que minha razão e eu senti meu corpo tremer.
— E você não fez isso ainda por que? — me encarou de maneira fria e calculista. Eu sabia o que ele estava falando, como em todas as noites anteriores. sempre foi capaz de me alertar sobre coragem, aceitação e a liberdade de amar outra pessoa sem me preocupar com o resto do mundo. — Já disse muitas vezes que a única pessoa que separa vocês dois é você mesmo. — Ele por fim repetiu a mesma frase que usou dias atrás.
— Será que ainda tenho tempo? — Perguntei, desestabilizado.
— Eu sei onde ele está. — falou olhando para o celular e depois girou o aparelho em minha direção. Olhei para a foto de sentado no restaurante na esquina da casa dele e aquele lugar para variar estava lotado. Ele sempre tinha esse costume de comer alguma coisa ali quando estava com preguiça de cozinhar. — Ele me mandou não tem cinco minutos. Acho bom você vestir a sua capa de chuva, porque com esses relâmpagos é provável que vá chover. — Ele alertou ao ver um clarão pela cortina da sala. — É a sua chance de encontrá-lo. vai voltar para o Japão e não sabe o tempo que vai ficar por lá. — Ao ouvir aquilo meu coração bateu tão rápido que minha cabeça começou a girar. — Talvez um tempo longe de você...
— Indo embora? — Perguntei rápido, sentindo minhas pernas ficarem trêmulas com aquele anúncio, não podia ir embora assim, tão de repente. Não podia ser verdade e eu não conseguia acreditar na possibilidade de ficar longe dele. — Não pode ser. — Fiquei estático e totalmente em choque. — Não posso deixar isso acontecer.
Levantei rapidamente, indo em direção ao meu quarto. Minha cabeça começou a ficar pesada e minha respiração desigual. Busquei no closet a roupa mais prática e em segundos estava com a chave do carro em mãos, indo em direção ao motivo de meu coração bater descompassado. não podia ir embora sem ao menos escutar o que eu tinha para falar, sem ao menos escutar que o amava e que não existia outro dono do meu coração e dos meus pensamentos. sempre foi o meu melhor amigo e também minha única paixão.
xxxx
A velocidade que era permitida foi ficando para trás quando eu senti o carro atingir 90 km por hora na avenida principal de Hongdae. Não me importava com radares, multas e nem com o que acontecesse com a minha permissão, eu só queria chegar logo ao Ryunique, antes que fosse embora. Daquele lado da cidade o tempo estava mais severo e não demorou muito para que uma chuva forte começasse a cair, atrapalhando minha visão da avenida principal. O tempo não seria meu inimigo e aquela chuva não seria a razão para que a coragem desaparecesse. Estava determinado a impedi-lo de ir embora e não iria perder a chance, não daquela vez.
— Droga! — Minha respiração ficou mais pesada e eu senti que talvez fosse tarde demais para falar algo para . Ele não iria me ouvir e nem daria uma chance para que eu começasse a pedir desculpas. — Por favor, me espere! — Implorei, observando que o restaurante estava a alguns quarteirões de distância. — Só me deixe confessar o quanto eu te amo e que essa distância não foi capaz de quebrar nenhum sentimento, pelo contrário. Tudo o que eu sinto por você ficou mais intenso. E eu te amo, amo cada parte que existe em você. — Somente em pensamentos eu tentava me confortar de que daria certo e que ele estaria ainda esperando por mim. não sabia que eu estava indo, mas a possibilidade de uma última esperança era o que eu estava pedindo para os céus. Olhei para o relógio no painel do carro conferindo o horário e mais alguns minutos de trânsito e eu estava finalmente estacionando em frente ao Ryunique com a forte chuva caindo daquela maneira. Coloquei a touca da blusa na cabeça e antes que pudesse correr para dentro do restaurante esbarrei com na porta e fiquei sem ar. Ele estava lindo usando uma blusa de frio branca e uma calça preta toda rasgada no joelho. Ele ficou surpreso ao me ver e prendi minha respiração não demonstrando a euforia por ele ainda estar ali. Os olhos dele ficaram presos ao meu e precisei rapidamente achar o assunto para explicar o que eu estava fazendo. Não era exatamente esse o plano, mas com aquele olhar eu me senti perdido e acuado.
— O que você faz aqui? — Ele, surpreso, buscou um verdadeiro motivo que tivesse me levado para aquele restaurante àquela hora.
— Preciso falar com você, . — Respondi imediatamente, esperançoso de que ele me deixasse ao menos tentar conversar. Minha coragem não iria permanecer por muito tempo e eu tinha que aproveitar a adrenalina que corria em meu sangue e confessar para aquele garoto o que eu sempre senti em todos esses anos.
— Preciso ir pra casa, . Tenho que terminar de arrumar minhas coisas. Viajo cedo amanhã. — O tom magoado na voz dele só me fez perceber o quanto eu precisava continuar com aquela coragem e dizer meu sentimento antes que fosse tarde demais.
— Não vai demorar, . Eu prometo que só preciso de cinco minutos.
— Seja lá o que for, eu não quero ouvir. Estou cansado dessas suas conversas super importantes que não dão em lugar nenhum, . — Ele abriu seu guarda-chuva transparente, colocou sobre a cabeça e começou a caminhar em direção a sua casa, que não ficava longe dali.
Eu sabia que minhas tentativas em sua grande maioria foram falhas e que na hora eu mudava de assunto, mas daquela vez seria diferente. Em uma outra ocasião eu viraria as costas e voltaria para meu apartamento. Naquele dia seria diferente. Eu precisava dizer e ele escutar, era minha última chance. Saí debaixo do parapeito que me protegia da chuva e fui correndo, com a tempestade molhando minhas roupas, até chegar próximo a ele. Segurei seu braço e ele se virou com o olhar surpreso.
— , eu te amo.
Assim que as palavras saíram de minha boca meu coração começou a pulsar forte e se não fosse pelo barulho da chuva todos a um quarteirão de distância poderiam ouvi-lo.
— Eu te amo desde o primeiro momento em que vi seu sorriso, no nosso primeiro encontro, quando me apresentou a você e aos outros rapazes. — O olhar dele ainda parecia apreensivo e eu estava ansioso depois do longo período de silêncio, só ouvindo o barulho das gotas batendo no plástico do guarda-chuva dele.
— O que é tudo isso agora, ? — Ele virou o corpo todo e ficou parado de frente para mim. — Você está bêbado? Por que tá jogando isso tudo em cima de mim assim? — Os olhos dele se encheram de água e uma melancolia tomou conta do rosto de .
— , por favor. Não fica assim, não era a minha intenção. — Aproximei-me dele ainda mais e segurando em seu braço tornei a distância mínima entre nós. Deslizei minha mão do braço dele alcançando a sua e a segurei firme, olhando dentro de seus olhos. — Me perdoa por ser um fraco e achar que o melhor para esse sentimento era a distância. Eu não sei como pude viver admirando esse sorriso e essas suas pintinhas de longe por tanto tempo. — Com a mão livre passei o dedo indicador sobre as pintas que ele tinha no rosto e quando cheguei na do lábio, desci a mão para a lateral da bochecha de .
— , não. — Ele fechou os olhos, apertando forte a minha mão.
— Sim, . sim. Eu demorei muito tempo e me arrependo por isso, mas você me ama e eu te amo, então a resposta é sim. — Cheguei com meu corpo colando ao dele, acariciei sua bochecha e o vi abrir os olhos lentamente. — Vamos nos permitir, . Só uma vez e se… E se a gente achar que a resposta era realmente não, pelo menos a gente tentou. — Soltei um longo suspiro, só conseguindo me concentrar no quanto eu queria beijar aquela boca.
Os olhos de estavam arregalados e a expressão de surpresa ao receber aquelas palavras era palpável. De todos os momentos que tivemos juntos aquele era o meu preferido. Subi a mão que segurava a dele colocando uma mexa de seu cabelo, que caia no rosto, para trás da orelha. Segurei o rosto dele firme com as duas mãos e sem muitos rodeios levei meus lábios aos dele. não negou o movimento e deixando o guarda-chuva cair no chão me puxou pela camisa que estava molhada e colada no meu corpo. Assim que nossos corpos colidiram, aumentei o ritmo do beijo. O calor que o corpo dele transmitia para o meu era algo indescritível e a forma como a língua dele explorava minha boca como se a conhecesse tão bem deixou o momento ainda mais especial. Não nos importamos com a chuva torrencial que caia sobre nós e nem com o possível resfriado que pegaríamos. Estávamos concentrados apenas no nosso momento e na forma desregular e semelhante que nossos corações batiam.
Fim.
Nota da autora: E todo mundo pergunta de novo a Anne e a Ellla? E nós vamos responder, sim! Estamos novamente aqui com I Like You e originalmente essa fanfic foi escrita com VKOOK que é o grande SHIPP da nossa existência. A sensação de escrever e explorar esse PP foi tão legal e satisfatório que adoramos o clima e essa chuva no final. Algo bem leve e amoroso como eles merecem.
Obrigada por terem lido e para todos que estão acompanhando a nossa mudança de plataforma. O que vocês acharam dessa história?
Um grande abraço para todos.
Beijos.
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Obrigada por terem lido e para todos que estão acompanhando a nossa mudança de plataforma. O que vocês acharam dessa história?
Um grande abraço para todos.
Beijos.
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