Capítulo Único
Acordar preguiçosamente na cama de em um domingo de manhã, só trazia uma coisa a mente de . Cozinhar juntos. Ele amava passar qualquer tempo com o namorado. A rotina dos dois era pesada. era estilista de uma das maiores agências de moda da Coréia e era capitão das forças especiais do exército. Momentos como esses em que os dois tinham todo o final de semana de folga eram raros, então eles aproveitavam para fazer tudo juntos, essa cumplicidade os conectava muito e o amor fazia cada segundo juntos valer a pena.
abriu os braços, esticando o corpo para despertar e ouviu cantarolando algo do box da suite principal. A vontade foi de entrar naquele banheiro e fazer o que fizeram noite passada, mas ele sabia como o almoço de domingo era importante para o amado e se eles se distraírem daquela forma, não teriam tempo de ir ao mercado e comprar os legumes frescos que tanto gostava de comer. Esperou até que parasse de ouvir o barulho do chuveiro para se levantar e seguir arrastando o corpo até o banheiro.
— Bom dia, meu amor. — disse, se aproximando do mais novo e depositando um beijo leve nos lábios dele.
— Dormiu bem, bebê? — perguntou, olhando para o corpo do namorado de cima a baixo. Ver com aqueles ombros largos molhados e nus, o deixava em estado de alerta e a cueca amarela dele não ia esconder aquela animação por muito tempo. Era difícil se controlar quando o ambiente estava tomado pelo cheiro da pele de e aquela visão dele com uma toalha presa em volta da cintura enquanto usava a outra para secar o cabelo deixou parado uns dois minutos só observando aquele homem que fazia seu coração bater mais forte só pelo fato de existir e deixá-lo fazer parte dessa existência.
— ? — chamou, acenando a mão em frente ao rosto do rapaz a sua frente. — Planeta terra chamando. Você ouviu o que eu disse?
Não. Ele não tinha ouvido e não estava mesmo prestando a atenção em mais nada que não fosse no corpo do amado.
— Desculpe, meu amor. — puxou o namorado pela cintura, colando o corpo no seu que estava encostado na pia do lavabo. — Eu estava entretido com outra coisa. — Olhou com desejo nos olhos do mais velho, que tinha colocado a toalha em volta do pescoço, passando as mãos para a nuca de . — Mas agora minha atenção é toda para sua boca, pode me dizer de novo, por favor? — Ele mordiscou e puxou o lábio do rapaz que sorriu e puxou levemente os cabelos dele.
— Eu vou repetir, mas porque eu sou um namorado muito bonzinho e compreensível, ok? — Ele deu uma piscadela e abriu um sorriso que iluminou seu rosto todo.
— Estou atento!
— Bom, eu disse que vamos primeiro no mercadinho ali da esquina, porque só preciso dos legumes para o Bibimbap, o resto dos ingredientes eu tenho aqui em casa. — Passou uma das mãos pelo rosto do namorado, sorrindo. — Vai tomar um banho, eu vou preparar nosso café.
Como podia ter se apaixonado por alguém como ele, era tudo que pensava quando via o namorado sendo fofo daquele jeito. Ele era alto, lindo, inteligente, seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos, a pele era maravilhosa e aquela boca que tirava qualquer ser humano de órbita, fora a personalidade, carinhoso, atencioso, prestativo e o melhor, cozinhava super bem.
agradecia todos os dias duas coisas. A primeira era acordar vivo e saudável mesmo depois de tantos conflitos e tantas missões que ele era enviado e a segunda era ter aquele homem na sua vida, ter aquele sorriso e aqueles olhos brilhando em sua proteção de tela, ter uma mensagem de bom dia e de boa noite todos os dias para quem responder.
— Eu te amo, . — disse, apertando o mais velho em seus braços para que ele não saísse daquele abraço, respirou fundo o perfume do sabonete que saia da pele dele e roçou seus lábios pela bochecha do rapaz.
— Eu te amo mais, . — disse, fechando os olhos com o toque macio dos lábios em sua pele. — Eu te amo muito. — Ele finalizou, alcançando os lábios do namorado e iniciando um beijo terno, deslizando a língua para dentro da boca dele e sentindo o gosto que a noite passada deixou no local.
xxxx
Cinco anos depois…
Nada realmente conseguiria estragar o clima daquele jantar que já estava programado há semanas. Os pais de completavam 23 anos de casados e essa noite tinha que ser a mais especial de todos os outros anos. Bong-Cha e Kyong tinham combinado com o filho de jantar no apartamento dele e de . Bong-Cha e Kyong estavam tristes por ser o primeiro ano sem a presença do filho mais novo, Myung estava no exército e só queria que os pais ficassem felizes naquela noite. Ele sentia uma tristeza por morar em Seul enquanto os pais ainda tinham uma vida e residência em Suwon. Não era longe da capital, mas era um tempo perdido para deslocar alguns km sempre que passava um tempo por lá. Olhou para o celular, conferindo se não tinha nenhuma ligação deles ou de e em alguns minutos estava na porta principal digitando a senha no painel eletrônico. Antes de sair para o trabalho foi atrás de todos os legumes, carnes, massas e principalmente a sobremesa que era a preferida deles. Tudo tinha que estar perfeito e como combinando iria adiantar os legumes para enquanto ele não chegava de uma reunião importante no quartel. Assim, tudo ficaria pronto e quente para o horário que os pais chegassem, estava tão ansioso por esse jantar e também por passar um tempo a mais com o namorado. Estavam tão distantes nesses últimos meses, a correria a reunião entre as Coreias e todas as burocracias que eles tinham que lidar, tudo tão intenso e corrido que ele só precisou do apoio do namorado que tinha o dom para a cozinha e Bong-Cha sempre foi muito atenciosa com o namorado do filho, ela sempre vivia passando fins de semana no apartamento deles e era quase um ritual que cozinhasse para ela pelo menos no jantar. A felicidade da senhora de meia idade em ajudar o genro era tão contagiante que às vezes achava que a mãe só ia visitá-lo para ver .
— ? — o chamou, deixando o sapato na entrada e calçando seu chinelo preto de espuma. — Acabei de chegar, passei no supermercado e trouxe mais alguns legumes. Podemos fazer uma sopa verde… — Ele foi caminhando em direção à cozinha, encontrando o namorado sentado encostado de um lado olhando algo no celular.
— Qual é o seu problema? — o empurrou ao passar pela porta da cozinha, notando que não tinha começado o jantar que ele tanto havia pedido para que ele não esquecesse. — Nós não combinamos que tudo estaria pronto às 17:00 horas? — Ele cruzou os braços, soltando um longo suspiro ao ver os alimentos todos em cima da pia do mesmo jeito que ele havia deixado.
— …
— Nossa, o que aconteceu com você? Nem parece mais a pessoa dedicada e companheira que conheci anos atrás. — , saturado todos esses anos com a indiferença de , começou a falar tudo o que estava entalado em sua garganta, mas o que o deixou impressionado era o fato dele não mudar a expressão e nem importar com o que estava sendo falado. — Nem ao menos se preocupa com o nosso relacionamento, com as minhas coisas pessoais e nem sei o que é o seu toque pelo meu corpo. — Um sorriso fraco saiu pelos lábios de e ele parou, abaixando a cabeça. — Nós somos dois desconhecidos vivendo sob o mesmo teto há anos. E essa é a parte que me machuca tanto. Por saber que meu companheiro não é mais o mesmo.
— Por que tudo isso de repente? — deu alguns passos em direção à ele, segurando em seu ombro. — Não foi intencional, . Desculpe…
— Nada é intencional, . Nada do que você ultimamente anda fazendo é intencional. — cortou o contato, indo na direção oposta. Ele queria ser capaz de entender o que acontecia em seu relacionamento que até então julgava ser sereno e estável, mas já não era o mesmo, não tinha mais interesse, preocupação e nem parecia amar com a mesma intensidade dos primeiros anos juntos. A vida aconteceu, situações complicadas, arrependimentos e um desgaste que ele só deu conta que estava acontecendo depois de não tê-lo dividindo o mesmo espaço na cama. — Esquece tudo o que eu disse. — Ele balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura e olhando pela janela do apartamento, o sol estava quase desaparecendo no céu e ele só precisava respirar um pouco de ar puro. Discutir com não iria ajudar em nada. — Não se preocupe…
— Claro que eu me preocupo, . — tentou aproximação novamente e foi barrado pelas mão de , que o empurrou pegando distância. — O que foi? Por que você está assim? — Ele ficou exaltado com aquela recusa, começando a achar demais todo aquele teatro criado pelo namorado.
— Por que eu estou assim? — riu nervoso.
— Sim, não tem motivos para ficar falando essas coisas e…
— Cala a boca, ! — apontou o dedo na direção dele, perdendo a paciência. Ele não queria passar dos limites, mas suas pernas ficaram fracas de raiva com o desprezo do companheiro pelo dia importante. — O que eu tenho? O que você acha que eu tenho? — Ele caminhou até ele, o empurrando um pouco. — Nós combinamos um jantar para os meus pais e você vem tratando isso como se fosse qualquer coisa, alias, qualquer coisa é o como você vem me tratando. — Sentindo a cabeça girar e o peito apertar, buscou um pouco de ar naquele ambiente que ficou de repente abafado. — A droga do nosso relacionamento não é mesmo. Nós não somos os mesmos e eu fiquei cansado de tentar te amar todos os dias e não receber isso de volta, não receber o seu amor, o desejo e a felicidade de dividir os seus dias comigo. É isso que eu sinto, sinto que não temos mais nenhuma ligação e somos dois estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. — As palavras saíram rapidamente e quando ele notou os olhos de já estavam ficando surpresos e espantados com tudo jogado daquela maneira em sua cara.
— Isso tudo por causa de uma droga de jantar? — rolou os olhos, desacreditando no caos e no drama que estava criando por causa de algo simples. — Tive milhões de problemas durante a tarde e sinto muito por não conseguir fazer essa droga de jantar que é tão importante para sua vida, alias, desculpa por ter um trabalho e não conseguir ficar totalmente em casa e me dedicar 100% para você. Porque a sua vida é melhor que a minha e porque EU tenho que sempre ser o melhor em tudo. — respirando fundo ele buscou um ponto daquela cozinha para prender a sua atenção. tinha passado dos limites e ele também estava exausto de sempre ter que estar disponível para tudo que envolvia a vida sentimental, pessoal e até mesmo em alguns momentos que não tinha necessidade a presença dele na vida do namorado.
— Droga de jantar? Droga? — tentou controlar a raiva de partir para cima dele, mas tudo de repente começou a girar e seu estômago embrulhou com o desespero. — Droga é o que está acontecendo nessa cozinha. Droga é tudo o que você acabou de falar, droga é esse relacionamento e droga são todas as promessas que fizemos em nosso futuro. Não existe futuro, nunca existiu e nós dois juntos? — Ele pausou, abrindo os braços no alto sentindo o peso do corpo mais forte. Era real, seu relacionamento estava destruído. — Nunca aconteceu, na verdade. — olhou triste para o rosto de , não conseguindo falar mais nada.
— , nós dois estamos de cabeça quente e não podemos conversar a respeito disso agora…
— Nós não vamos conversar mais a respeito disso, . — pareceu determinado ao falar aquela frase completa, mesmo com um nó na garganta e a vontade absurda de chorar. — Não precisamos mais do jantar. — Ele disse por fim, indo em direção à porta da cozinha. — Espero que você fique bem. Ainda te amo e amo muito. Só que hoje me sinto quebrado e nem tudo o amor consegue consertar o que uma vez quebrou. — Segurando as lágrimas ele correu para porta principal do apartamento, deixando para trás o seu grande amor de anos, o grande amor que jurou nunca esquecer e nunca deixar que circunstâncias da vida o afastasse. O grande amor que antes era a sua luz e a sua proteção, hoje esse amor tinha se tornado um desconhecido. A sua luz não brilhava, sua proteção não existia e nem o mesmo olhar e o sorriso era possível encontrar em seu rosto. queria ser capaz de sorrir ao lembrar dele, mas se esse era realmente o fim a única lembrança que levaria de era uma tristeza profunda e um arrependimento de ter perdido cinco anos ao lado de uma pessoa igual a todas as outras do mundo. Mesquinha, egoísta e mentirosa.
XXXX
Algumas horas e ligações depois da discussão, resolveu que nada iria estragar a noite dos seus pais. Eles não tinham culpa das decisões erradas do filho e não iriam ter uma ruim por causa dessas decisões. Longe de casa, essas horas que ele esteve na rua, o fizeram ponderar não somente as ações de nesses últimos tempos, mas também as suas. Os dois estavam passando por momentos difíceis em suas vidas profissionais, ele estava cada semana mais envolvido com as relações políticas e defensivas da Coréia do Sul nesse tratado de paz com a Coréia do Norte e estava mudando seu ateliê para um espaço maior e a contratação de pessoal e disposição dos cargos estavam tomando grande parte do seu dia. O que realmente aconteceu com o relacionamento deles foi a falta de diálogo, a soma de pequenas mágoas e agora aquelas palavras mal ditas. Ele percebeu que não estava preparado para abrir mão do namorado, mas eles iriam precisar de uma longa conversa e alguns pedidos de desculpas. Novamente pensando na situação de sua vida amorosa sentiu vontade de chorar, mas estava chegando ao restaurante no qual tinha feito reserva mais cedo e não queria transparecer a tristeza e a angústia que sentia, sua mãe iria passar a noite enchendo de perguntas e realmente ele não queria que aquela noite ele fosse o foco. Antes de chegar ao local enquanto andava devagar pelo caminho até o estabelecimento sentiu o celular vibrar no bolso.
APPA CHAMANDO…
— Pai? Aconteceu alguma coisa? — atendeu o telefone apreensivo, olhando o relógio no pulso para conferir se não estava atrasado. Ele tinha ligado mais cedo para o pai e informado a mudança de planos do local do jantar.
— Filho, você tem que vir para seu apartamento, agora! — A voz de Kyong estava estranha e sentiu um pequeno aperto no peito.
— Como assim? O que estão fazendo ai? Eu não disse que eu fiz mudança de planos? Aconteceu alguma coisa com o ? — Assim que lembrou como respirava, sentiu seu corpo todo tremer só de pensar que alguma coisa ruim pudesse ter acontecido com o namorado. Procurou com os olhos algum táxi próximo e entrou imediatamente no carro, esperando a resposta do pai, que estava a muito tempo em silêncio. — Alô! Pai? O senhor ainda está ai?
— É uma longa história como viemos parar aqui, mas foi bom temos vindo. Vem logo pra casa, , é uma coisa séria! — A voz firme e autoritária do pai fez perder as forças da pernas e se estivesse em pé, muito provavelmente estaria jogado no chão.
Assim que as palavras saíram da boca de Kyong ele desligou a chamada o que deixou ainda mais nervoso. Tentou ligar para e só dava caixa postal. Ele não ia se perdoar se alguma coisa ruim tivesse acontecido com o namorado depois que ele saiu daquele jeito.
Sabia o quanto era sensível e que Deus o livre o drama e até um atentado contra sí era possível ter acontecido. Pediu mentalmente para estar tudo bem, e que fosse só a mãe fazendo cena por ter encontrado somente chateado e pediu para que o pai o ligasse e eles se entendessem. Pelo quanto ele sabia que a mãe gostava do genro, aquela não era uma possibilidade nula. Ele estava a pouco tempo de sua residência, mas aquele trajeto pareceu durar a vida toda. saltou do carro e correu diretamente para o elevador, sentiu que deixou de comprimentar alguém no caminho do saguão até onde estavam os elevadores, mas estava desesperado demais para se importar com isso no momento. Mesmo sabendo que não iria fazer diferença nenhuma ele apertou pelo menos umas vinte vezes o botão do elevador e quando finalmente chegou, ele continuou tentando ligar para , mas sem nenhuma resposta positiva. Já no andar pode ver que nenhuma luz saia pelo pequeno vão embaixo da porta. O que significava que não estavam na sala e isso o deixou ainda mais nervoso, digitou a senha pelo menos três vezes errada até finalmente acertar o código e entrar no apartamento.
— ? — chamou assim que tirou os sapatos e seguiu em direção a sala. — Pai, Mãe? — Ele alcançou o interruptor e ligou a luz do cômodo.
— Aqui, querido. — Ouviu a voz suave de sua mãe responder da cozinha. Com o coração ainda acelerado ele seguiu em direção a cozinha e assim que abriu a porta que dava acesso ao cômodo, avistou a mãe, o pai, e . Todos sentados a mesa e um jantar que tinha um cheiro maravilhoso posto ao móvel.
— Surpresa! — Os três disseram juntos. E começou a chorar parado onde estava.
— O que aconteceu, amor? ㅡ se levantou de onde estava e foi até o namorado, o envolvendo em um abraço. — ? O que foi? — Ele afastou um pouco os corpos.
Levantou o rosto do rapaz e enxugou as lágrimas dele. olhou nos olhos de e começou a dar alguns tapinhas no peito dele.
— Qual o problema de vocês? — disse ainda em meio às lágrimas. — Eu estava tão preocupado, e eu pensei que… Pensei. — Não foi capaz de concluir o raciocínio pois as lágrimas estavam virando soluço. o envolveu em um abraço apertado, sentindo a camisa ficar um pouco molhada com as lágrimas.
— Se acalma, , está tudo bem. — passava a mão pela cabeça de e o apertava ainda mais em seu abraço, tentando o fazer se sentir protegido.
— Filho, não foi nossa intenção. — A mão de Bong-Cha parou nas costas do filho.
— Acho que eu sou um ótimo ator. — Kyong disse rindo, olhando para os três parados na porta.
— Amor, está mais calmo? — perguntou quando sentiu que o namorado já chorava mais. não conseguia dizer nada ainda, só balançou a cabeça positivamente. — Vem, vamos nos sentar. — Ele finalizou, levando até o seu lugar na mesa.
— Foi tudo combinado, querido, não imaginamos que você iria ficar tão chateado assim. — A mãe de pegou as mãos dele e começou a fazer carinhos. — queria fazer uma surpresa para você e ele sabia o quanto esse jantar era importante pra você e pra gente. — Ela sorriu carinhosamente, o que fez se acalmar ainda mais.
— Eu disse que nosso menino era sensível, não é porque ele tem essa patente no serviço que ele não ia se preocupar. Filho, o pai foi contra, mas você sabe que voto vencido não vale não é? — Kyong riu, e todos incluindo riram junto.
O jantar foi maravilhoso, tinha feito seu melhor com a comida, e o clima entre eles e os pais de estava incrível como sempre foi. Foi bom sentir novamente o calor daquele relacionamento e ver que talvez ele estivesse errado quanto as palavras que disse mais cedo. Depois de muito papo e da sobremesa que Bong-Cha tinha levado, os pais de foram embora, tinham uma boa estrada pela frente e queriam deixar os dois mais a vontade para curtirem o resto da noite.
— Foi uma ótima noite. — disse, fechando a porta ao ver os sogros tomarem o elevador.
— Foi. — disse, soltando um longo suspiro. — A gente precisa conversar, . — Ele sentou no sofá, se esparramando pelo local.
— , amor. Que tipo de conversa? — O olhar de tristeza era muito forte no rosto de , que se sentou ao lado do mais novo.
— Eu preciso, eu acho que devemos desculpas um ao outro. — começou o assunto com facilidade, ele já tinha passado a tarde toda pensando sobre o assunto. — Nosso relacionamento está passando por uma crise, mas podemos resolver isso, a gente quer resolver isso? — Ele se ajeitou, olhando para o rosto do namorado.
— A gente quer ser feliz, , e a gente só é feliz junto. Nossa falta de tempo, e a correria da vida está atrapalhando nossa felicidade, mas a gente tem que ser mais forte e maleável com isso. — se aproximou e pegou as mãos de . — Eu te amo, eu te amo demais e isso é a única certeza que eu tenho na vida. Nossas carreiras estão tomando nosso tempo agora, mas isso só significa que nosso futuro vai ser bom, e depois que tudo isso passar vamos poder falar o quanto somos fortes e o quanto precisamos um do outro.
sentiu as palavras o preencher, eles ainda tinham aquela sintonia de sentimentos semelhantes e de pensarem sobre o futuro e o relacionamento igual. Eles podiam estar estressados, mas quando paravam e pensavam a resposta era a mesma para os dois.
— Eu disse palavras horríveis, , quando eu também estava errado.
— Nós dois dissemos, bebê, mas a gente está aqui agora, e temos que combinar uma coisa, ok? — passou uma das mãos pelos cabelos de , que balançou a cabeça positivamente esperando que terminasse. — Então todas as vezes que alguma coisa incomodar, vamos parar e conversar, colocar as cartas na mesa e sem conflito vamos resolver, pode ser? Eu ainda estou cheio de coisas no ateliê e acredito que você também com todas essas reuniões. Vamos dar nosso melhor dentro e fora de casa. Eu te amo demais pra deixar que o nosso fim seja esse.
o abraçou forte, sentindo o coração do mais velho bater de forma irregular, aquela era uma situação de nervosismo e de declaração, sabia como aquelas coisas deixavam agitado.
— Concordo plenamente, meu amor. — disse, apertando ainda mais o abraço. — Eu te amo, e eu odeio me sentir assim, prometo que vou me abrir mais em relação aos meus sentimentos. Eu preciso desse abraço pro resto da minha vida, , e só você pode me proporcionar isso.
separou os corpos e se levantou do sofá, captou as intenções do companheiro e levantou também. Abraçou por trás e foram andando até o quarto. Durante todo o caminho enquanto sentia o cheiro daquela pele de e seu corpo responder aquele contato percebeu mesmo que viver longe daquilo tudo seria muito difícil, e aquela situação era algo contornável. Parou no meio do corredor que dava ao quarto e precisava sentir o gosto daquela boca. Encostou as costas na parede e virou o corpo do namorado de frente ao seu.
— Te amo, . — disse com os olhos fixos nos olhos do mais velho.
Antes de ouvir o que iria falar quando abriu a boca, puxou o rosto do namorado para o seu e iniciou um beijo feroz, sentindo o corpo ser prensado contra a parede, as mãos de ambos passeavam pelos corpos e o calor do ambiente aumentou gradativamente. separou os lábios mordiscando de leve, e puxou a camiseta do namorado pra fora do corpo.
— Odeio brigar com você, meu amor. Mas eu amo as reconciliações. — disse, voltando a beijar .
Aquilo realmente era o que os dois mais gostavam nessa relação, podiam se desentender, mas o amor e o desejo estava ali, e viver aquilo era tudo o que eles precisavam.
abriu os braços, esticando o corpo para despertar e ouviu cantarolando algo do box da suite principal. A vontade foi de entrar naquele banheiro e fazer o que fizeram noite passada, mas ele sabia como o almoço de domingo era importante para o amado e se eles se distraírem daquela forma, não teriam tempo de ir ao mercado e comprar os legumes frescos que tanto gostava de comer. Esperou até que parasse de ouvir o barulho do chuveiro para se levantar e seguir arrastando o corpo até o banheiro.
— Bom dia, meu amor. — disse, se aproximando do mais novo e depositando um beijo leve nos lábios dele.
— Dormiu bem, bebê? — perguntou, olhando para o corpo do namorado de cima a baixo. Ver com aqueles ombros largos molhados e nus, o deixava em estado de alerta e a cueca amarela dele não ia esconder aquela animação por muito tempo. Era difícil se controlar quando o ambiente estava tomado pelo cheiro da pele de e aquela visão dele com uma toalha presa em volta da cintura enquanto usava a outra para secar o cabelo deixou parado uns dois minutos só observando aquele homem que fazia seu coração bater mais forte só pelo fato de existir e deixá-lo fazer parte dessa existência.
— ? — chamou, acenando a mão em frente ao rosto do rapaz a sua frente. — Planeta terra chamando. Você ouviu o que eu disse?
Não. Ele não tinha ouvido e não estava mesmo prestando a atenção em mais nada que não fosse no corpo do amado.
— Desculpe, meu amor. — puxou o namorado pela cintura, colando o corpo no seu que estava encostado na pia do lavabo. — Eu estava entretido com outra coisa. — Olhou com desejo nos olhos do mais velho, que tinha colocado a toalha em volta do pescoço, passando as mãos para a nuca de . — Mas agora minha atenção é toda para sua boca, pode me dizer de novo, por favor? — Ele mordiscou e puxou o lábio do rapaz que sorriu e puxou levemente os cabelos dele.
— Eu vou repetir, mas porque eu sou um namorado muito bonzinho e compreensível, ok? — Ele deu uma piscadela e abriu um sorriso que iluminou seu rosto todo.
— Estou atento!
— Bom, eu disse que vamos primeiro no mercadinho ali da esquina, porque só preciso dos legumes para o Bibimbap, o resto dos ingredientes eu tenho aqui em casa. — Passou uma das mãos pelo rosto do namorado, sorrindo. — Vai tomar um banho, eu vou preparar nosso café.
Como podia ter se apaixonado por alguém como ele, era tudo que pensava quando via o namorado sendo fofo daquele jeito. Ele era alto, lindo, inteligente, seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos, a pele era maravilhosa e aquela boca que tirava qualquer ser humano de órbita, fora a personalidade, carinhoso, atencioso, prestativo e o melhor, cozinhava super bem.
agradecia todos os dias duas coisas. A primeira era acordar vivo e saudável mesmo depois de tantos conflitos e tantas missões que ele era enviado e a segunda era ter aquele homem na sua vida, ter aquele sorriso e aqueles olhos brilhando em sua proteção de tela, ter uma mensagem de bom dia e de boa noite todos os dias para quem responder.
— Eu te amo, . — disse, apertando o mais velho em seus braços para que ele não saísse daquele abraço, respirou fundo o perfume do sabonete que saia da pele dele e roçou seus lábios pela bochecha do rapaz.
— Eu te amo mais, . — disse, fechando os olhos com o toque macio dos lábios em sua pele. — Eu te amo muito. — Ele finalizou, alcançando os lábios do namorado e iniciando um beijo terno, deslizando a língua para dentro da boca dele e sentindo o gosto que a noite passada deixou no local.
Cinco anos depois…
Nada realmente conseguiria estragar o clima daquele jantar que já estava programado há semanas. Os pais de completavam 23 anos de casados e essa noite tinha que ser a mais especial de todos os outros anos. Bong-Cha e Kyong tinham combinado com o filho de jantar no apartamento dele e de . Bong-Cha e Kyong estavam tristes por ser o primeiro ano sem a presença do filho mais novo, Myung estava no exército e só queria que os pais ficassem felizes naquela noite. Ele sentia uma tristeza por morar em Seul enquanto os pais ainda tinham uma vida e residência em Suwon. Não era longe da capital, mas era um tempo perdido para deslocar alguns km sempre que passava um tempo por lá. Olhou para o celular, conferindo se não tinha nenhuma ligação deles ou de e em alguns minutos estava na porta principal digitando a senha no painel eletrônico. Antes de sair para o trabalho foi atrás de todos os legumes, carnes, massas e principalmente a sobremesa que era a preferida deles. Tudo tinha que estar perfeito e como combinando iria adiantar os legumes para enquanto ele não chegava de uma reunião importante no quartel. Assim, tudo ficaria pronto e quente para o horário que os pais chegassem, estava tão ansioso por esse jantar e também por passar um tempo a mais com o namorado. Estavam tão distantes nesses últimos meses, a correria a reunião entre as Coreias e todas as burocracias que eles tinham que lidar, tudo tão intenso e corrido que ele só precisou do apoio do namorado que tinha o dom para a cozinha e Bong-Cha sempre foi muito atenciosa com o namorado do filho, ela sempre vivia passando fins de semana no apartamento deles e era quase um ritual que cozinhasse para ela pelo menos no jantar. A felicidade da senhora de meia idade em ajudar o genro era tão contagiante que às vezes achava que a mãe só ia visitá-lo para ver .
— ? — o chamou, deixando o sapato na entrada e calçando seu chinelo preto de espuma. — Acabei de chegar, passei no supermercado e trouxe mais alguns legumes. Podemos fazer uma sopa verde… — Ele foi caminhando em direção à cozinha, encontrando o namorado sentado encostado de um lado olhando algo no celular.
— Qual é o seu problema? — o empurrou ao passar pela porta da cozinha, notando que não tinha começado o jantar que ele tanto havia pedido para que ele não esquecesse. — Nós não combinamos que tudo estaria pronto às 17:00 horas? — Ele cruzou os braços, soltando um longo suspiro ao ver os alimentos todos em cima da pia do mesmo jeito que ele havia deixado.
— …
— Nossa, o que aconteceu com você? Nem parece mais a pessoa dedicada e companheira que conheci anos atrás. — , saturado todos esses anos com a indiferença de , começou a falar tudo o que estava entalado em sua garganta, mas o que o deixou impressionado era o fato dele não mudar a expressão e nem importar com o que estava sendo falado. — Nem ao menos se preocupa com o nosso relacionamento, com as minhas coisas pessoais e nem sei o que é o seu toque pelo meu corpo. — Um sorriso fraco saiu pelos lábios de e ele parou, abaixando a cabeça. — Nós somos dois desconhecidos vivendo sob o mesmo teto há anos. E essa é a parte que me machuca tanto. Por saber que meu companheiro não é mais o mesmo.
— Por que tudo isso de repente? — deu alguns passos em direção à ele, segurando em seu ombro. — Não foi intencional, . Desculpe…
— Nada é intencional, . Nada do que você ultimamente anda fazendo é intencional. — cortou o contato, indo na direção oposta. Ele queria ser capaz de entender o que acontecia em seu relacionamento que até então julgava ser sereno e estável, mas já não era o mesmo, não tinha mais interesse, preocupação e nem parecia amar com a mesma intensidade dos primeiros anos juntos. A vida aconteceu, situações complicadas, arrependimentos e um desgaste que ele só deu conta que estava acontecendo depois de não tê-lo dividindo o mesmo espaço na cama. — Esquece tudo o que eu disse. — Ele balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura e olhando pela janela do apartamento, o sol estava quase desaparecendo no céu e ele só precisava respirar um pouco de ar puro. Discutir com não iria ajudar em nada. — Não se preocupe…
— Claro que eu me preocupo, . — tentou aproximação novamente e foi barrado pelas mão de , que o empurrou pegando distância. — O que foi? Por que você está assim? — Ele ficou exaltado com aquela recusa, começando a achar demais todo aquele teatro criado pelo namorado.
— Por que eu estou assim? — riu nervoso.
— Sim, não tem motivos para ficar falando essas coisas e…
— Cala a boca, ! — apontou o dedo na direção dele, perdendo a paciência. Ele não queria passar dos limites, mas suas pernas ficaram fracas de raiva com o desprezo do companheiro pelo dia importante. — O que eu tenho? O que você acha que eu tenho? — Ele caminhou até ele, o empurrando um pouco. — Nós combinamos um jantar para os meus pais e você vem tratando isso como se fosse qualquer coisa, alias, qualquer coisa é o como você vem me tratando. — Sentindo a cabeça girar e o peito apertar, buscou um pouco de ar naquele ambiente que ficou de repente abafado. — A droga do nosso relacionamento não é mesmo. Nós não somos os mesmos e eu fiquei cansado de tentar te amar todos os dias e não receber isso de volta, não receber o seu amor, o desejo e a felicidade de dividir os seus dias comigo. É isso que eu sinto, sinto que não temos mais nenhuma ligação e somos dois estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. — As palavras saíram rapidamente e quando ele notou os olhos de já estavam ficando surpresos e espantados com tudo jogado daquela maneira em sua cara.
— Isso tudo por causa de uma droga de jantar? — rolou os olhos, desacreditando no caos e no drama que estava criando por causa de algo simples. — Tive milhões de problemas durante a tarde e sinto muito por não conseguir fazer essa droga de jantar que é tão importante para sua vida, alias, desculpa por ter um trabalho e não conseguir ficar totalmente em casa e me dedicar 100% para você. Porque a sua vida é melhor que a minha e porque EU tenho que sempre ser o melhor em tudo. — respirando fundo ele buscou um ponto daquela cozinha para prender a sua atenção. tinha passado dos limites e ele também estava exausto de sempre ter que estar disponível para tudo que envolvia a vida sentimental, pessoal e até mesmo em alguns momentos que não tinha necessidade a presença dele na vida do namorado.
— Droga de jantar? Droga? — tentou controlar a raiva de partir para cima dele, mas tudo de repente começou a girar e seu estômago embrulhou com o desespero. — Droga é o que está acontecendo nessa cozinha. Droga é tudo o que você acabou de falar, droga é esse relacionamento e droga são todas as promessas que fizemos em nosso futuro. Não existe futuro, nunca existiu e nós dois juntos? — Ele pausou, abrindo os braços no alto sentindo o peso do corpo mais forte. Era real, seu relacionamento estava destruído. — Nunca aconteceu, na verdade. — olhou triste para o rosto de , não conseguindo falar mais nada.
— , nós dois estamos de cabeça quente e não podemos conversar a respeito disso agora…
— Nós não vamos conversar mais a respeito disso, . — pareceu determinado ao falar aquela frase completa, mesmo com um nó na garganta e a vontade absurda de chorar. — Não precisamos mais do jantar. — Ele disse por fim, indo em direção à porta da cozinha. — Espero que você fique bem. Ainda te amo e amo muito. Só que hoje me sinto quebrado e nem tudo o amor consegue consertar o que uma vez quebrou. — Segurando as lágrimas ele correu para porta principal do apartamento, deixando para trás o seu grande amor de anos, o grande amor que jurou nunca esquecer e nunca deixar que circunstâncias da vida o afastasse. O grande amor que antes era a sua luz e a sua proteção, hoje esse amor tinha se tornado um desconhecido. A sua luz não brilhava, sua proteção não existia e nem o mesmo olhar e o sorriso era possível encontrar em seu rosto. queria ser capaz de sorrir ao lembrar dele, mas se esse era realmente o fim a única lembrança que levaria de era uma tristeza profunda e um arrependimento de ter perdido cinco anos ao lado de uma pessoa igual a todas as outras do mundo. Mesquinha, egoísta e mentirosa.
Algumas horas e ligações depois da discussão, resolveu que nada iria estragar a noite dos seus pais. Eles não tinham culpa das decisões erradas do filho e não iriam ter uma ruim por causa dessas decisões. Longe de casa, essas horas que ele esteve na rua, o fizeram ponderar não somente as ações de nesses últimos tempos, mas também as suas. Os dois estavam passando por momentos difíceis em suas vidas profissionais, ele estava cada semana mais envolvido com as relações políticas e defensivas da Coréia do Sul nesse tratado de paz com a Coréia do Norte e estava mudando seu ateliê para um espaço maior e a contratação de pessoal e disposição dos cargos estavam tomando grande parte do seu dia. O que realmente aconteceu com o relacionamento deles foi a falta de diálogo, a soma de pequenas mágoas e agora aquelas palavras mal ditas. Ele percebeu que não estava preparado para abrir mão do namorado, mas eles iriam precisar de uma longa conversa e alguns pedidos de desculpas. Novamente pensando na situação de sua vida amorosa sentiu vontade de chorar, mas estava chegando ao restaurante no qual tinha feito reserva mais cedo e não queria transparecer a tristeza e a angústia que sentia, sua mãe iria passar a noite enchendo de perguntas e realmente ele não queria que aquela noite ele fosse o foco. Antes de chegar ao local enquanto andava devagar pelo caminho até o estabelecimento sentiu o celular vibrar no bolso.
— Pai? Aconteceu alguma coisa? — atendeu o telefone apreensivo, olhando o relógio no pulso para conferir se não estava atrasado. Ele tinha ligado mais cedo para o pai e informado a mudança de planos do local do jantar.
— Filho, você tem que vir para seu apartamento, agora! — A voz de Kyong estava estranha e sentiu um pequeno aperto no peito.
— Como assim? O que estão fazendo ai? Eu não disse que eu fiz mudança de planos? Aconteceu alguma coisa com o ? — Assim que lembrou como respirava, sentiu seu corpo todo tremer só de pensar que alguma coisa ruim pudesse ter acontecido com o namorado. Procurou com os olhos algum táxi próximo e entrou imediatamente no carro, esperando a resposta do pai, que estava a muito tempo em silêncio. — Alô! Pai? O senhor ainda está ai?
— É uma longa história como viemos parar aqui, mas foi bom temos vindo. Vem logo pra casa, , é uma coisa séria! — A voz firme e autoritária do pai fez perder as forças da pernas e se estivesse em pé, muito provavelmente estaria jogado no chão.
Assim que as palavras saíram da boca de Kyong ele desligou a chamada o que deixou ainda mais nervoso. Tentou ligar para e só dava caixa postal. Ele não ia se perdoar se alguma coisa ruim tivesse acontecido com o namorado depois que ele saiu daquele jeito.
Sabia o quanto era sensível e que Deus o livre o drama e até um atentado contra sí era possível ter acontecido. Pediu mentalmente para estar tudo bem, e que fosse só a mãe fazendo cena por ter encontrado somente chateado e pediu para que o pai o ligasse e eles se entendessem. Pelo quanto ele sabia que a mãe gostava do genro, aquela não era uma possibilidade nula. Ele estava a pouco tempo de sua residência, mas aquele trajeto pareceu durar a vida toda. saltou do carro e correu diretamente para o elevador, sentiu que deixou de comprimentar alguém no caminho do saguão até onde estavam os elevadores, mas estava desesperado demais para se importar com isso no momento. Mesmo sabendo que não iria fazer diferença nenhuma ele apertou pelo menos umas vinte vezes o botão do elevador e quando finalmente chegou, ele continuou tentando ligar para , mas sem nenhuma resposta positiva. Já no andar pode ver que nenhuma luz saia pelo pequeno vão embaixo da porta. O que significava que não estavam na sala e isso o deixou ainda mais nervoso, digitou a senha pelo menos três vezes errada até finalmente acertar o código e entrar no apartamento.
— ? — chamou assim que tirou os sapatos e seguiu em direção a sala. — Pai, Mãe? — Ele alcançou o interruptor e ligou a luz do cômodo.
— Aqui, querido. — Ouviu a voz suave de sua mãe responder da cozinha. Com o coração ainda acelerado ele seguiu em direção a cozinha e assim que abriu a porta que dava acesso ao cômodo, avistou a mãe, o pai, e . Todos sentados a mesa e um jantar que tinha um cheiro maravilhoso posto ao móvel.
— Surpresa! — Os três disseram juntos. E começou a chorar parado onde estava.
— O que aconteceu, amor? ㅡ se levantou de onde estava e foi até o namorado, o envolvendo em um abraço. — ? O que foi? — Ele afastou um pouco os corpos.
Levantou o rosto do rapaz e enxugou as lágrimas dele. olhou nos olhos de e começou a dar alguns tapinhas no peito dele.
— Qual o problema de vocês? — disse ainda em meio às lágrimas. — Eu estava tão preocupado, e eu pensei que… Pensei. — Não foi capaz de concluir o raciocínio pois as lágrimas estavam virando soluço. o envolveu em um abraço apertado, sentindo a camisa ficar um pouco molhada com as lágrimas.
— Se acalma, , está tudo bem. — passava a mão pela cabeça de e o apertava ainda mais em seu abraço, tentando o fazer se sentir protegido.
— Filho, não foi nossa intenção. — A mão de Bong-Cha parou nas costas do filho.
— Acho que eu sou um ótimo ator. — Kyong disse rindo, olhando para os três parados na porta.
— Amor, está mais calmo? — perguntou quando sentiu que o namorado já chorava mais. não conseguia dizer nada ainda, só balançou a cabeça positivamente. — Vem, vamos nos sentar. — Ele finalizou, levando até o seu lugar na mesa.
— Foi tudo combinado, querido, não imaginamos que você iria ficar tão chateado assim. — A mãe de pegou as mãos dele e começou a fazer carinhos. — queria fazer uma surpresa para você e ele sabia o quanto esse jantar era importante pra você e pra gente. — Ela sorriu carinhosamente, o que fez se acalmar ainda mais.
— Eu disse que nosso menino era sensível, não é porque ele tem essa patente no serviço que ele não ia se preocupar. Filho, o pai foi contra, mas você sabe que voto vencido não vale não é? — Kyong riu, e todos incluindo riram junto.
O jantar foi maravilhoso, tinha feito seu melhor com a comida, e o clima entre eles e os pais de estava incrível como sempre foi. Foi bom sentir novamente o calor daquele relacionamento e ver que talvez ele estivesse errado quanto as palavras que disse mais cedo. Depois de muito papo e da sobremesa que Bong-Cha tinha levado, os pais de foram embora, tinham uma boa estrada pela frente e queriam deixar os dois mais a vontade para curtirem o resto da noite.
— Foi uma ótima noite. — disse, fechando a porta ao ver os sogros tomarem o elevador.
— Foi. — disse, soltando um longo suspiro. — A gente precisa conversar, . — Ele sentou no sofá, se esparramando pelo local.
— , amor. Que tipo de conversa? — O olhar de tristeza era muito forte no rosto de , que se sentou ao lado do mais novo.
— Eu preciso, eu acho que devemos desculpas um ao outro. — começou o assunto com facilidade, ele já tinha passado a tarde toda pensando sobre o assunto. — Nosso relacionamento está passando por uma crise, mas podemos resolver isso, a gente quer resolver isso? — Ele se ajeitou, olhando para o rosto do namorado.
— A gente quer ser feliz, , e a gente só é feliz junto. Nossa falta de tempo, e a correria da vida está atrapalhando nossa felicidade, mas a gente tem que ser mais forte e maleável com isso. — se aproximou e pegou as mãos de . — Eu te amo, eu te amo demais e isso é a única certeza que eu tenho na vida. Nossas carreiras estão tomando nosso tempo agora, mas isso só significa que nosso futuro vai ser bom, e depois que tudo isso passar vamos poder falar o quanto somos fortes e o quanto precisamos um do outro.
sentiu as palavras o preencher, eles ainda tinham aquela sintonia de sentimentos semelhantes e de pensarem sobre o futuro e o relacionamento igual. Eles podiam estar estressados, mas quando paravam e pensavam a resposta era a mesma para os dois.
— Eu disse palavras horríveis, , quando eu também estava errado.
— Nós dois dissemos, bebê, mas a gente está aqui agora, e temos que combinar uma coisa, ok? — passou uma das mãos pelos cabelos de , que balançou a cabeça positivamente esperando que terminasse. — Então todas as vezes que alguma coisa incomodar, vamos parar e conversar, colocar as cartas na mesa e sem conflito vamos resolver, pode ser? Eu ainda estou cheio de coisas no ateliê e acredito que você também com todas essas reuniões. Vamos dar nosso melhor dentro e fora de casa. Eu te amo demais pra deixar que o nosso fim seja esse.
o abraçou forte, sentindo o coração do mais velho bater de forma irregular, aquela era uma situação de nervosismo e de declaração, sabia como aquelas coisas deixavam agitado.
— Concordo plenamente, meu amor. — disse, apertando ainda mais o abraço. — Eu te amo, e eu odeio me sentir assim, prometo que vou me abrir mais em relação aos meus sentimentos. Eu preciso desse abraço pro resto da minha vida, , e só você pode me proporcionar isso.
separou os corpos e se levantou do sofá, captou as intenções do companheiro e levantou também. Abraçou por trás e foram andando até o quarto. Durante todo o caminho enquanto sentia o cheiro daquela pele de e seu corpo responder aquele contato percebeu mesmo que viver longe daquilo tudo seria muito difícil, e aquela situação era algo contornável. Parou no meio do corredor que dava ao quarto e precisava sentir o gosto daquela boca. Encostou as costas na parede e virou o corpo do namorado de frente ao seu.
— Te amo, . — disse com os olhos fixos nos olhos do mais velho.
Antes de ouvir o que iria falar quando abriu a boca, puxou o rosto do namorado para o seu e iniciou um beijo feroz, sentindo o corpo ser prensado contra a parede, as mãos de ambos passeavam pelos corpos e o calor do ambiente aumentou gradativamente. separou os lábios mordiscando de leve, e puxou a camiseta do namorado pra fora do corpo.
— Odeio brigar com você, meu amor. Mas eu amo as reconciliações. — disse, voltando a beijar .
Aquilo realmente era o que os dois mais gostavam nessa relação, podiam se desentender, mas o amor e o desejo estava ali, e viver aquilo era tudo o que eles precisavam.
Fim.
Nota da autora: Primeiramente queremos agradecer ao santo kpop por nos proporcionar não somente músicas incríveis como shippes reais, depois agradecer todo o espaço e carinho da equipe do FFOBS por terem acolhido tão bem duas doidas loucas por esses meninos. Namjin é uma coisa muito linda nessa terra, os pais da nação, fora que são os amores das nossas vidas. Acreditamos que Anne e Ella funciona tão bem, principalmente nesse estória porque temos a mesma visão sobre os meninos e de quebra são nossos bias, Anne a louca do Namjoon e Ella perdida no Jin.
Esperamos que gostem e agradecemos desde já por estarem aqui conosco ♡ Fiquem ligados que teremos mais emoções chegando.
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